rebuscando a memória frases e fatos
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Este é um livro para ser lido com calma, sem compromisso com o tempo dispendido ou com a conclusão de sua leitura. Relata trezentos e doze (312) Frases proferidas por diversos e pelo Autor. Descreve ocorrências históricas de Mato Grosso Uno, Mato Grosso do Sul, do Brasil e do Mundo. A maioria encerra ensinamentos / experiências que necessitam ser analisadas detidamente. Deverão ser motivo de reflexões por parte do Leitor para alcançar o seu objetivo e obter-se bom aproveitamento. O implícito, muitas vezes, supera o explícito.TRANSCRIPT
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REBUSCANDO A MEMÓRIA
FRASES E FATOS
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Rubens Nunes da Cunha
REBUSCANDO A MEMÓRIA
FRASES E FATOS
Campo Grande / MS
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REBUSCANDO A MEMÓRIA – FRASES E FATOS Cunha, Rubens Nunes da. Campo Grande / MS
É proibida a reprodução:
Nenhuma parte desse livro poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou
mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações sem prévia
permissão por escrito do Autor, na conformidade da lei no 9.610/98.
Impressão e Acabamento:
Gráfica Pantanal
Fotolitos:
Digital Tecnologia em Pré-Impressão
Este livro é uma produção independente, seu conteúdo é
de responsabilidade do autor.
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EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Pesquisas e textos
Rubens Nunes da Cunha
Organização/Paginação
José de Araújo Alencar
Revisão
Maria Nunes da Cunha
Martha do Amaral Fonseca
Ilustração Artística
Guilherme N. da Cunha Fernandes
Apoio Editorial
Livraria Hamurabi
José Cícero de Pino
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AO LEITOR
Este é um livro para ser lido com calma, sem
compromisso com o tempo dispendido ou com a
conclusão de sua leitura.
Relata trezentos e doze (312) Frases
proferidas por diversos e pelo Autor.
Descreve ocorrências históricas de Mato
Grosso Uno, Mato Grosso do Sul, do Brasil e do
Mundo.
A maioria encerra ensinamentos /
experiências que necessitam ser analisadas
detidamente.
Deverão ser motivo de reflexões por parte
do Leitor para alcançar o seu objetivo e obter-se
bom aproveitamento.
O implícito, muitas vezes, supera o
explícito.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS..........................................Pág. 11
DEDICATÓRIA..................................................Pág. 13
PREFÁCIO. ............................................................... Pág. 05
INTRODUÇÃO ......................................................... Pág. 08
REGISTRANDO HISTÓRIAS .................................. Pág. 12
FRASES E FATOS
o DIVERSAS FIGURAS EXPRESSIVAS
o Século XIX .................................................... Pág. 21
o Século XX
Década de 30 .................................... Pág. 22
Década de 40 .................................... Pág. 24
Década de 50 .................................... Pág. 42
Década de 60 .................................... Pág. 68
Década de 70 .................................... Pág. 86
Década de 80 .................................... Pág. 95
Década de 90 .................................... Pág. 109
o Século XXI
2000 – Primeira Década ................... Pág. 115
FRASES DE GRANDES PENSADORES ................ Pág. 120
HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO DE MANOEL
BONIFÁCIO NUNES DA CUNHA
o BIOGRAFIA ................................................. Pág. 126
o FRASES ........................................................ Pág. 136
o FATOS .......................................................... Pág. 144
O AUTOR
o TRAJETÓRIA DE VIDA ............................. Pág. 150
o FRASES ........................................................ Pág. 156
o FATOS .......................................................... Pág. 170
MATO GROSSO DO SUL
o SUA HISTÓRIA - SUAS POTENCIALIDADES
..................................................................... Pág. 187
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AGRADECIMENTOS
A minha irmã Maria, escritora, pedagoga, pelo
inestimável apoio dado a este trabalho. Além do incentivo, leitura
crítica do texto original e correção gramatical e estilística. A Martha, pelo entusiasmo a nós transmitido e grande
colaboração.
Ao amigo José de Araújo Alencar, companheiro de
todas as horas nesta iniciativa, colaborador nos aspectos de
digitação, formatação e diagramação.
Ao Guilherme Nunes da Cunha Fernandes, sobrinho e
publicitário que colaborou com o seu talento na parte artística.
Ao Cícero, proprietário da Livraria Hamurabi – Campo
Grande/MS, grande colaborador na parte operacional, para que
esta obra chegasse ao público.
A Abbott Laboratórios do Brasil Ltda., pela prestimosa
colaboração na impressão desta obra.
Nossos parabéns a Abbott pela grande honraria
internacional recebida, direcionada à indústria farmacêutica, o
prêmio GALEN PRIZE, pelo desenvolvimento do seu produto
ADALIMUMABE, que tanto nos tem auxiliado, como
reumatologista, no controle de determinadas patologias graves.
A Deus, que após os setenta anos nos deu saúde e
condições de discernimento para executar este trabalho.
Rubens Nunes da Cunha
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DEDICATÓRIA
A meus pais, Manoel Bonifácio Nunes da Cunha e Nair
Fenelon Nunes da Cunha, motivo de minha existência.
A minha esposa Hilda Margarida.
Aos meus filhos Ana Paula e Vitor.
Aos meus netos Nicole, Marcela, Amanda, Júlia e Vitor
Henrique.
Aos meus irmãos Leonardo, Afonso, Maria, Estevão e
Antônio e suas esposas Rose Meire, Aparecida, Mariazinha e
Gladys.
Aos sobrinhos Léia, Leda, Leonardinho, Maria Alice,
Tetê, Rogério, Ana Laura, Gabriel, Isabel, André, Bruno, Daniel,
Totônho e Maitê.
A tia Zizinha, irmã de nosso pai, hoje com 96 anos de
idade.
A D. Hildinha, minha estimada sogra. Seu jovial entusiasmo e
incentivo têm sido importante em nossas vidas.
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PREFÁCIO
Num gesto de nímia gentileza, RUBENS NUNES
DA CUNHA outorgou-nos a responsabilidade de traçar o
PREFÁCIO deste seu primeiro livro.
Em verdade, o prefácio, na definição comum,
representa, apenas, um esclarecimento, uma justificação que
precede ao texto de uma obra literária.
No caso presente, necessidade não há de um novo
prefácio, por isso que, com sua formidável inteligência, sua
cultura, sua penetrante perspicácia, RUBENS prefaciou sua
própria obra – no magnífico Capítulo “INTRODUÇÃO”
quando discorreu a respeito dos FRASISTAS, isto é,
“aquelas pessoas que têm a capacidade de, em curto diálogo,
utilizando apenas um punhado de palavras, resumirem um
ensinamento profissional, uma diretriz de trabalho, uma
critica, uma filosofia de Vida, FRASISTAS que souberam
observar o Mundo, estudá-lo, entendê-lo e transmitir
conclusões através de frases com objetividade, atuando no
campo social, na política, nos negócios, na agricultura, na
pecuária, nos clubes de serviço”.
Nos FRASISTAS (e o próprio Rubens o é),
RUBENS baseou esse seu primeiro livro num precioso
trabalho de pesquisa, de memória, de compilação, a
exemplo do trabalho consubstanciado no livro DO
BESTIAL AO GENIAL (Paulo Buchsbaum e André
Buchsbaum). Dedicou o livro em homenagem ao 1º Centenário de
nascimento de seu pai – Dr. Manoel Bonifácio Nunes da
Cunha, cuja excelente biografia condensou no Capítulo
“HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO”.
Nascido em Poconé, Mato Grosso, no dia 5 de junho
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de 1908, e falecido no dia 16 de abril de 1985, aos 76 anos
de idade, o Dr. Manoel Bonifácio Nunes da Cunha
emplacou uma vida rica de realizações, e de relevantes
serviços prestados ao Estado de MATO GROSSO UNO,
merecendo todas as nossas homenagens.
No decorrer das páginas de “REBUSCANDO A
MEMÓRIA”, as frases vão brotando, desfilando, numa
sucessão de ricos ensinamentos:
- “No Capitalismo selvagem contemporâneo, o
homem sem dinheiro é mercadoria sem serventia”
(Rubens Nunes da Cunha).
- “O Estadista russo Mickhail Gorbachov: tenho-
o como o homem mais sábio, entre os Estadistas, das
décadas de 80 e 90 do Século XX” (idem).
- “Duas cousas são perigosas para o matuto:
Cavalo lerdo e mulher ligeira”. (folclore de MS – 1963).
- “Vamos fazer festas continuamente. Caso
contrário, acabamos nos encontrando somente nos
velórios”. (Rubens N. da Cunha – 2004).
- “Para tocar uma questão/demanda, Você
precisa ter três requisitos: um saco de RAZÃO; um saco
de DINHEIRO; um saco de PACIÊNCIA”. (Dr.
Bonifácio N. da Cunha).
- “Quem FALA não sabe. Quem SABE não fala”
(Lao Tse – 600 a.C.).
- “O filho quando está mamando na mãe não quer
dizer nada. Duro é quando passa a mamar no pai!”
(Ovídio Costa).
- “Somente o AMOR constrói para a
Eternidade!”. (Congresso Eucarístico – Cuiabá – 1952).
Nesse rico cascatear de conceitos, ao final da leitura
de “REBUSCANDO A MEMÓRIA”, além do prazer,
estaremos mais ricos intelectualmente.
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PARABÉNS, RUBENS NUNES DA CUNHA!
Heliophar Serra
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INTRODUÇÃO
FRASES E FATOS, acontecimentos que presenciei,
que vi, que vivenciei dos sete aos setenta anos, quando dei
inicio a este trabalho.
Relatados por pessoas com mais idade, entrando
apenas a comunicação verbal, essas frases e fatos foram
importantes para o meu aprendizado.
Uma boa parte das coisas aprende-se em casa, na
família. Em seguida, no colégio, na universidade, na pós-
graduação.
Após o término de pós-graduação na área médica,
depois de freqüentar do primário à pós-graduação por 21
anos – escola, ginásio, universidade, hospitais, enfermarias
– um novo aprendizado na “escola da vida”:
1 – Sobreviver às intempéries políticas,
profissionais, nos negócios, na administração hospitalar, na
pecuária, na agricultura, no setor madeireiro e de carvoaria,
no comércio, na prestação de serviços de moto-mecanização
e hotelaria, como chefe e como subordinado nos mais
diversificados escalões do setor público.
2 – Administrar o relacionamento de familiares,
esposa, filhos, genros, netos, irmãos e clientes.
Enfim, um vasto relacionamento humano.
Aprendi a administrar e suportar o tolhimento da
liberdade individual por todo um ano.
Penalizações advindas de manifestar opinião
política, ser adepto do equilíbrio entre o capital e o trabalho,
privilegiando um relacionamento civilizado entre
empregador e empregados. Enfim, inserir o nosso país no
contexto das nações que entendem o que é cidadania.
Sempre apreciei os “FRASISTAS”!
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Denomino “FRASISTAS” aquelas pessoas que têm
a capacidade de, em curto diálogo, utilizando apenas um
punhado de palavras, resumirem um ensinamento
profissional, uma diretriz de trabalho, uma crítica, uma
filosofia de vida.
Dar contextura a uma situação às vezes crítica. Falar
de suas próprias idéias, ideais, opiniões. Relatar episódios
pitorescos, jocosos, mordazes e insólitos.
Erigir uma palavra de ordem, de natureza política,
levantando uma nação como Winston Churchil ou dando um
comando de luta, de ação, como Mao Tse Tung.
FRASISTAS eméritos como Bonifácio Cunha,
Joaquim de Arruda, Wady Miguel, Sebastião Fenelon Costa,
entre outros, estão incluídos neste trabalho.
Souberam observar o mundo, estudá-lo, entendê-lo e
transmitir conclusões através de frases, com objetividade.
Espelhei-me neles e semeei o método. Tornei-me um
Frasista.
Um dos objetivos foi registrar a atuação de pessoas
no social, na política, nos negócios, na agricultura, na
pecuária, nos clubes de serviços.
REBUSCANDO A MEMÓRIA – FRASES E
FATOS – um trabalho de pesquisa, de memória, de
compilação.
Enfeixa relatos da história de Mato Grosso (UNO) e
de Mato Grosso do Sul.
Preceitos pedagógicos relacionados à educação
formal e comportamental, à agricultura, à pecuária, à
pilotagem, às relações humanas e negociais, à segurança
individual, à preservação do meio ambiente.
Antropologia cultural, descrevendo hábitos
alimentares, de consumo, de trabalho, de acesso à
informação da população das diversas décadas, evolução das
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práticas agrícolas, manejo pecuário, de transporte individual
e de carga, enfoque a respeito da atuação de algumas
lideranças políticas.
Ensaios filosóficos dos quais poderão ser tiradas
conclusões interessantes.
Conceituação aplicável ao dia-a-dia das pessoas, das
profissões. Ênfase especial ao aspecto subjetivo no
relacionamento médico/paciente, com profícua troca de
informações no aspecto psico-social.
Natureza chistosa de algumas frases e fatos descritos
dos quais se poderão extrair ilações.
Tudo apresentado de maneira sutil, encaixando-se
nas frases/fatos/histórias narradas, o que poderá levar o
leitor à reflexões a respeito do que acontecia no nosso
pedaço de chão e no mundo, no século XX e inicio do
século XXI.
De cada FRASE/FATO caberá ao leitor retirar as
informações, conceitos e ensinamentos cabíveis.
Na descrição das FRASES E FATOS procuro
passar experiências que poderão ser úteis às pessoas, desde
que atentamente analisadas.
Além do meu próprio senso de pesquisa, procurei
levar em conta a argúcia, a capacidade de observação e de
transformar em coisas práticas as virtudes das quais foram
dotadas algumas pessoas com as quais convivi no passado e
convivo na atualidade.
Recordo, ainda, frases que ajudaram a plasmar
nossa maneira de ser, as quais prestei bastante atenção:
Jesus Cristo – Líder maior do Cristianismo; Lao Tse –
Fundador do Taoísmo; Hipócrates – pai da medicina, minha
profissão principal; Arquimedes – sábio grego. Líderes
contemporâneos como Mao Tse Tung, Winston Churchill,
Getúlio Vargas. Intelectuais como Paulo Freire; do grande
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mestre da medicina que foi o Prof. Augusto Paulino.
Aquidauana, minha terra, Poconé, berço de meu pai,
Cuiabá, o Pantanal, Uberaba/MG, terra de minha mãe, Rio
de Janeiro, Mato Grosso (Uno), e Mato Grosso do Sul, por
divisão foram motivos especiais de meu carinho e de minha
lembrança!
Completei 70 (setenta) anos em 06 de setembro de
2006.
Quero de uma maneira especial agradecer à Mãe
Natureza, que tem provido a minha subsistência desde o
período gestacional.
Quero consignar o meu agradecimento aos
agricultores, aos bovinocultores que me proporcionaram a
proteína da carne e dos produtos lácteos; aos criadores de
suínos, ovinos, caprinos e aves, aos pescadores e
piscicultores que nos forneceram os peixes.
Àquelas pessoas modestas que na labuta da terra,
com suas mãos, nos forneceram o arroz, o feijão, o milho, o
trigo, a mandioca, as hortaliças e os legumes que nos
alimentaram e alimentam.
Aos mineradores que nas profundezas da terra
extraem a matéria prima para nossas ferramentas, máquinas,
utensílios caseiros, transmissões de energia, etc.
Aos cientistas, que no silêncio dos laboratórios de
pesquisas, desenvolvem os conhecimentos e os fármacos
que prolongam nossas vidas e as tornam mais saudáveis.
Enfim, a todos que garantem o nosso bem-estar em
casa, no trabalho, no entretenimento cultural, no lazer.
Neste livro, em especial, em memória, presto uma
homenagem a meu pai pelo Centenário do nascimento que
se dará em junho de 2008.
O Autor
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REGISTRANDO HISTÓRIAS
Como Médico, Agente Político, Administrador
Público, Empresário, notei que as pessoas de Mato Grosso
do Sul e do Brasil, como regra geral, têm total
desconhecimento sobre seus ascendentes e outras pessoas.
Na maioria das vezes nada sabem sobre homens e
mulheres, que em tempos anteriores muito fizeram pela sua
formação e pelo seu Estado e seu País.
Por esse motivo quero deixar informações, entre
outros, sobre Bonifácio Cunha, Joaquim de Arruda, Fenelon
Costa, Fenelon Costa Júnior, João Nunes da Cunha
(Joãozinho Califórnia), Manuel Nunes da Cunha – Barão de
Poconé, Erasmo Cunha e de outras pessoas lúcidas como
Wady Miguel.
Para que as pessoas tenham noção do pioneirismo,
do grande surto de progresso que, em especial, Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul tiveram entre 1945, fim da Segunda
Guerra Mundial, e 2006.
Eletrificação, grandes estabelecimentos de ensino,
telecomunicação, modernização e tecnicidade da agricultura
e pecuária, evolução política, etc.
Relato FRASES E FATOS relacionados à minha
existência, meu trabalho, minha experiência de vida, minha
vivência nos diversos setores.
Quero que as pessoas percebam como era o mundo
quando uma notícia levava quarenta (40) dias para ir de
Cuiabá a Poconé; quando uma viagem de carro de Campo
Grande a Aquidauana levava quinze (15) horas; quando
ouvir rádio era proibido durante a Segunda Guerra Mundial,
para pessoas cujas nações de origem pertenciam ao Eixo
Alemanha/Itália/Japão; quando pessoas oriundas desses
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países tiveram seus bens expropriados.
Quando maçã, pêra e uva eram alimentos de uso
privativo de convalescentes; quando apenas seis pessoas e
suas famílias tinham acesso, em Aquidauana, à leitura de
jornais de São Paulo e Rio de Janeiro (Diário de São Paulo,
Correio da Manhã, Diário Carioca); quando se ofertava
presente de dez mil hectares de campo nativo (mato não
tinha valor); quando uma viagem de trem de Aquidauana ao
Rio de Janeiro demorava três dias e três noites, com
baldeações em Bauru e São Paulo.
Quero que os cidadãos contemporâneos saibam que
andar de carro na década de 40 era privilégio de poucos.
Em Aquidauana existiam apenas nove veículos: dois
carros de praça (táxi), do Correinha e do Zizi Cáfaro; duas
“baratinhas”, pertencentes a Totó Rondon e Cláudio Alves
Correa; cinco veículos, pertencentes a Antonio Trindade,
Laudelino Barcelos, José Alves Ribeiro, Bonifácio Cunha e
Estácio Muniz.
Quero que saibam que o transporte para a nossa
Vargem Grande e demais propriedades rurais, era feito por
comboio de carretas tracionadas por bois de carro; que
saibam que o nosso mestre carreteiro era José Piqui, índio
Terena, magro, espadaúdo, residente na Reserva Lalima
(este prestava serviço na Vargem Grande) e que durante sua
existência, da infância à sua morte, nunca fez uso de um
calçado, seja botina, sapato, alpargata.
O carregamento das carretas era feito na Casa
Candia, ainda hoje existente na Travessa Ragalzi, na antiga
Margem Esquerda, hoje Anastácio.
Seus proprietários eram Armando e Janjão Trindade.
Quero que saibam que meu tetravô pelo lado
paterno, Manuel Nunes da Cunha, foi agraciado com o título
de Barão de Poconé (por Dom Pedro II) e que sua esposa, a
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Baronesa de Poconé, foi homenageada no Rio de Janeiro,
dando-se o seu nome a uma rua próxima à Lagoa Rodrigo
de Freitas.
Que saibam também que o pai de nosso bisavô (Zeca
Pontes) pelo lado materno foi um alemão de sobrenome
Brunswick, que residiu em Minas Gerais. Os seus olhos
azuis se repetem em boa parte da nossa família.
Quero que tomem conhecimento de que uma parte
do aprendizado é auferida na Escola, na Universidade;
porém, a formação ética, cultural, comercial, o senso de
observação, o desenvolvimento, sedimentam-se no convívio
com os pais, avós, tios, amigos inteligentes e experientes.
Nossa vida é, ao final, uma coletânea de
informações, de conhecimentos, de aprendizados, que vão se
sedimentando em nosso cérebro, da 1ª infância à velhice.
Quero que saibam que o mundo passou por total
transformação com a chegada do transistor, que barateou e
popularizou a mídia falada, através do rádio transistorizado.
Saibam também que a informática e a sua irmã
gêmea, a Internet, são ferramentas que necessitam
domesticação. Podem fazer o bem e o mal.
As FRASES E FATOS correlacionadas a Manoel
Bonifácio Nunes da Cunha e ao Autor, ocuparão espaços
individualizados.
De algumas pessoas com as quais o contato foi mais
próximo, relatarei várias FRASES E FATOS e alguns
dados biográficos para que se correlacione as pessoas às
frases:
1 – Joaquim de Arruda Rondão
Nascido em Poconé, dotado de grande sensibilidade
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e inteligência. Pouco pode estudar em sua infância.
Autodidata, conhecia de política nacional e internacional,
mecanismos de procedimentos bancários, psicologia.
Possuía uma verdadeira intimidade com a terra, com
as variações climáticas, amor pelos animais e afeição ao
trabalho.
Tinha verdadeiro orgulho da tropa marca
“Sombrinha”. Em sua fazenda onde trabalhavam no campo,
média de dez pessoas de patrão a peão, em cada semana no
trabalho, usava-se tropa de uma mesma pelagem:
Branco/tordilho, alazão/douradilho, castanho/zaino.
Tropa uniforme sem exceção.
Grande conhecedor da lide no campo, tanto de
pantanais como de terras altas.
Foi comerciante em Bela Vista. Também
“correspondente” do Banco do Brasil.
Administrava os interesses locais do Banco que não
possuía Agencia na Região.
2 – Wady Miguel
Sírio. Ex-sacerdote ortodoxo em sua terra.
Renunciou à ordem e mudou-se para o Brasil. Trouxe toda a
sabedoria da cultura milenar do Oriente Médio.
Cultura vasta, grande sensibilidade e acuidade para
negócios. Profundo conhecedor da mente humana, das
relações de poder/subordinação.
Exímio no preparo de carne de carneiro, pão sírio,
quibe, esfiha.
Especialista em curtir peles de carneiros
transformando-as em belíssimos pelegos, virtudes trazidas
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do Oriente Médio.
Passou-nos conhecimentos invejáveis. Alertava-nos a
respeito da primazia dos conhecimentos sobre os bens
materiais, já em nossa infância.
3 – Estácio Muniz
Médico formado em 1923, pela Faculdade Nacional
do Rio de Janeiro.
Mudou-se para Aquidauana, juntamente com a
esposa, Dona Carmem, e aí nasceram seus quatro filhos.
Tornou-se paradigma de capacidade profissional,
cultura humanística, dedicação ao trabalho. Um médico
iluminado sob todos os aspectos.
Raciocínio brilhante, amor à profissão, sensibilidade
inigualável para diagnosticar com os parcos recursos e
exames complementares que dispunha à época.
Precisão, coragem, competência eram as estrelas que
brilhavam em seu firmamento.
4 – Sebastião Fenelon Costa
Nosso avô. Trago a lembrança da intrepidez, da
coragem pessoal, da determinação de que era dotado.
Espírito arrojado desde a adolescência.
Partiu aos 14 anos de Sergipe para o Rio de Janeiro
onde iniciou sua vida de trabalho. Lá, no convívio com
empresários da época, alguns estrangeiros, aprendeu a ousar.
Sua vida de homem de negócios foi cheia de altos e
baixos, porém com vontade férrea para empreender.
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Dono de estabelecimentos comerciais, fazendas de
gado, proprietário de vastas extensões de terras, político.
Em todas as atividades deixou sua marca de pessoa
altaneira, destemida, determinada e sincera. Um dos
fundadores do atual município de Águas Claras.
Teve dois contratempos que tumultuaram sua vida
financeira:
1º - Prejuízo dado pelas tropas federais que
acamparam em sua Fazenda Mimoso, no Alto Sucuriu,
quando no encalço da Coluna Prestes. Requisitaram e
abateram a maior parte do seu rebanho, para alimentar os
soldados. O ressarcimento nunca ocorreu.
2º - O segundo foi a grande crise mundial de 1929 e
anos subseqüentes, que abalou o mundo, inclusive com a
quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
A quebradeira chegou ao Brasil e tirou a condição
financeira de muitos e muitos fazendeiros do sudoeste de
Goiás, Vales do Araguaia, Sucuriu, Aporé e Indaiá Grande
que ficaram impedidos de saldar seus débitos com Fenelon.
5 – Políbio Justino Garcia
Trabalhou para Fenelon como cobrador junto aos
fazendeiros espalhados por vasta área. Contou-me sobre o
insucesso em relação aos recebimentos.
Homem rural, grande conhecedor da atividade
pecuária, em especial formação de pastagem na era pré-
mecanização.
Com seu trabalho, dois filhos formaram-se médicos e
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encaminhou um terceiro, Albenat.
Autodidata dedicava-se ao estudo da História e da
Geografia.
6 – Gaúchos do Chapadão
No convívio com os brasileiros do sul, agricultores
em sua maioria, que migraram para Mato Grosso, em
especial chapadões que pertenciam ao município de
Cassilândia, muito aprendi a respeito de tecnologia para
transformar um solo com bom potencial
(plano/roxo/argiloso/sem pedra) dentro de uma região com
micro clima favorável, porém com deficiência de micro e
macro elementos, acidez elevada, em terras altamente
produtivas.
Pude perceber também o destemor, o espírito
empresarial, a coragem para contrair empréstimos quando
bem se aplica o capital tomado emprestado.
Aprendi com eles que a dívida gerada por um
insucesso não pode se tornar uma “neurose” e também que o
homem que sabe o que faz, dando-lhe tempo e oportunidade,
salda o compromisso.
7 – Fenelon Costa Junior – Toquinho
Engenheiro, nosso querido tio Toquinho, falava com
fluência, além do português, francês e inglês, com sólido
conhecimento de latim. Coisa rara na década de 50, quando
convivemos.
Educação aprimorada, socialista sincero, analista
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objetivo, sem fanatismo.
Era aquela pessoa extremamente preocupada com o
bem-estar dos povos de todos os continentes.
Enxergava com clareza os desvios da Revolução
Russa de 1917, que em especial após a vitória sobre o
Nazismo, juntamente com os demais aliados, em 1945,
ocupou países do Leste Europeu e Ásia Central e adotou
posições hegemônicas.
8 – Outras Figuras Expressivas
Pelo convívio próximo com os peões, capatazes,
gerentes de estabelecimentos que se dedicavam à pecuária,
no pantanal e terras altas, agricultura, serrarias, dormenteiras
e carvoarias, muito pude observar da cultura, dos costumes,
da ética, do espírito galhofeiro dessas pessoas.
O senso de observação relacionado às coisas da
natureza, comportamento dos animais é acurado. Têm noção
do que dá certo e do que dá errado.
Suas frases jocosas, interessantes, suas piadas têm
muito a ver com sua maneira de ser.
Privilegiam a alimentação farta e dão muita
importância a esse aspecto. Justifica-se: O trabalho com
esforço do corpo consome muita caloria e gera a fome.
Recordo-me até do nome de Fazenda Ronca Tripa
dado a um estabelecimento pecuário da região de Anastácio.
São pessoas e acontecimentos importantes que
levamos em consideração em “REBUSCANDO A
MEMÓRIA – FRASES E FATOS”.
Importantes, também, episódios relacionados à
Segunda Guerra Mundial, suicídio de Getúlio Vargas, (o
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estadista que na realidade comandou a primeira e grande
inclusão social no Brasil); política nacional, internacional de
Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul.
Revolução Chinesa, Independência da Índia, da
Argélia, Revolução Castrista, Guerra da Coréia, do Vietnã,
criação e implantação do Estado de Israel (1948).
Luta Divisionista do Estado, cujas raízes remetem ao
final do século XIX e inicio do século XX, tendo como
teóricos: Mario Travassos, Meira Matos, Golbery do Couto
e Silva, Ernesto Geisel.
Como ativistas vários líderes: Jango Mascarenhas e
Bento Xavier no inicio do Século XX, Gomes na segunda
década e Vespasiano Martins e outros companheiros de luta,
com ênfase na fronteira, (Bela Vista, Caracol e Porto
Murtinho), na Década de 30.
A Revolução Constitucionalista, capitaneada por São
Paulo e a Luta Divisionista, pleiteando a divisão do Estado
de Mato Grosso, se imbricaram em 1932 na parte Sul deste
Estado.
Movimento militarista de 31 de março de 1964
Primeira Guerra do Golfo.
Dissolução da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS), etc.
Estes acontecimentos ocorreram no Século XX.
Boa parte deles contou com o nosso atento
acompanhamento
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FRASES E FATOS
DIVERSAS FIGURAS EXPRESSIVAS
SÉCULO XIX
Se você pode sonhar, pode realizar!
Dom Bosco – italiano
Século XIX / XX
Fundador da Ordem dos Salesianos.
Os Salesianos se destacaram no mundo pelo seu
empenho no setor educacional.
Em Mato Grosso administram o Colégio São
Gonçalo, onde fiz a 4ª série ginasial.
Em Campo Grande, o Colégio Dom Bosco, onde
também estudei e a UCDB (Universidade), com vastíssimos
serviços prestados ao Estado.
O viajante que por aqui passar saberá
que morto eu continuo mais vivo do
que nunca!
Jango Mascarenhas
Século XIX / XX
Inscrição no túmulo de Jango Mascarenhas, no
cemitério de Aquidauana.
Líder divisionista sucumbiu lutando pela causa da
divisão do Estado.
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SÉCULO XX
DÉCADA DE 30
Vocês na verdade não estão com sede! E lançou
fora a água.
Fenelon Costa – Década de 30
Dois cavalheiros chegaram à loja do Cel. Fenelon,
em Três Lagoas. Estavam com sede e pediram água.
Fenelon trouxe uma jarra com água e apenas 01 copo.
Serviu a água e tentou passá-la a um dos sedentos.
Este querendo ser educado dirigiu-se ao outro
cavalheiro: - Tenha a bondade, o senhor primeiro; o outro
em resposta: - Tenha a bondade, o senhor primeiro.
Fenelon aborreceu-se e recolheu a jarra e o copo.
E as visitas continuaram com sede.
Amanhã escreverei a Joaninha!
Zeca Pontes – Década de 30
Zeca Pontes, condutor de boiadas e mascate nos
sertões, era sogro do Cel. Fenelon. De poucas letras, casado
com Joaninha, mãe de catorze filhos e orientadora religiosa
de comunidades em Uberaba. Em suas tropeadas, com
algumas biritas pelo meio, quando lhe perguntavam coisas
embaraçosas, proferia a frase.
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O costume aqui é peão dormir no chão
em cima de um couro!
Anfitrião – Década de 30
Dom Aquino Correa, Arcebispo de Cuiabá, membro
da Academia Brasileira de Letras, Bispo sagrado na Itália
aos 28 anos de idade, figura exponencial da igreja, da
literatura, da política.
Em época de grande turbulência na política mato-
grossense, foi convidado para ser candidato único e
pacificar o Estado.
Uma vez eleito e empossado fez uma visita a vários
municípios do Estado, inclusive em cidades da fronteira,
aqui no Mato Grosso do Sul. Foi hospedado por abastado
pecuarista.
Trouxe como secretário/assessor um padre. Após um
dia inteiro de trabalho ao chegar à hora de acomodar-se o
encaminharam aos aposentos em que iriam pernoitar.
Havia uma só cama.
Perguntou com muita gentileza: Aonde vai repousar
o meu secretário?
Recebeu a resposta desagradável.
Com jeito acomodaram-se as coisas e o secretário foi
acostar-se.
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DÉCADA DE 40
Quem trabalha demais não tem tempo
para ganhar dinheiro!
Carlos Ferreira Viana Bandeira
Jornalista/Promotor Público
Década de 40.
Doutor Bandeira veio da Bahia. Formado em Direito.
Em Salvador militou na imprensa.
Foi fundador e editor-chefe do Jornal do Sul.
Com a sua mudança para Campo Grande, vendeu-o a
Bonifácio, também Jornalista e Advogado.
Os precursores da mídia falada em Aquidauana
foram Elidio Teles de Oliveira (Rádio Difusora) e Garcia
(Rádio Independente).
Nada existe de mais desastroso para
terceiros do que um intelectual que não
seja dotado de bom senso!
Joaquim Arruda – 1941
Pela tendência de se acreditar nos letrados que
podem infundir grandes prejuízos a uma família, um país,
uma sociedade.
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Somente se sabe quantas latas de ba-
nha vai dar o capado, após abatê-lo e
fritar o toucinho!
Mariquinha Fenelon Costa – 1945
Minha avó materna. Referia-se ao fato de se saber
realmente o patrimônio que a pessoa tem, após pagar as
dívidas.
Com aquele “bagabundo” (pagador
problemático), recebida esta conta que
me deve, jamais farei outro negócio... E
(após passar a mão na cabeça com
pouco cabelo), bem, se o negócio for
bom eu o farei!
Wadi Miguel – 1945
Wady Miguel, referindo-se a um devedor, uma
pessoa importante de Aquidauana.
Esta mercadoria (imóvel, gado) foi ad-
quirida por cem mil homens em ar-
mas!
Sebastião Fenelon Costa – 1945
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Estou comemorando a nossa vitória
sobre o nazismo e Hitler!
Antonio Mendes – 1945
Marceneiro – Aquidauana
Estudava no Colégio XV de Agosto, que fazia
vizinhança com a marcenaria do Sr. Antonio Mendes,
português, através de uma cerca de tela de arame.
Estávamos no intervalo das aulas (recreio), e
assistíamos Antonio Mendes, com um revólver calibre 38,
com o cano voltado para cima e, a seguir, disparou os 06
tiros.
Perguntado sobre a “salva”, deu-nos a explicação – a
derrota de Hitler.
Meu pai, Dr. Camilo Boni, Major Acioly, João de
Souza, Assunção, Wady Miguel e eu ouvíamos diariamente
o desenrolar da 2º Guerra Mundial pela BBC de Londres.
Ter rádio naquele tempo era um problema. Além de
caro, tinha que ter licença dos Correios e Telégrafos. Era
proibido para certos estrangeiros.
O cavalo para ser bom tem que se pa-
recer com o dono!
Joaquim de Arruda – 1946
Se o dono é jovem ele tem que ser fogoso, ligeiro;
se o dono é idoso tem que ser manso, lento, pachorrento.
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Paulista é o único povo que conheço
que comemora derrota!
Joaquim de Arruda – 1946
Referia-se às festividades de 09 de julho,
comemorativas da Revolução Constitucionalista, na qual
São Paulo foi derrotado pelo Governo Central.
Não compro touro reprodutor usando
fita métrica para medir o comprimento
da orelha. Esta (a orelha) sai no couro!
Joaquim de Arruda – 1946
Referindo-se à “onda” em que o gado valia pelo
comprimento da orelha e não pela conformação da carcaça.
A raça de gado de minha preferência é
“qualidade bastante”!
Vicente Jacques – 1946.
Referia-se à polêmica entre usar touros Gir, Guzerá,
Indubrasil, Nelore.
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Fazer negócio com gente burra dá pre-
juízo. Você sai perdendo e ainda é
chamado de ladrão!
Wady Miguel – 1946
Quem na vida está por cima, escreve a
lei nas costas de quem está por baixo!
Wady Miguel – 1946
Serviu-me muito para entender as coisas: Não
trombar de frente. Agir na hora certa.
Um paulista rico gasta em uma festa o
correspondente ao capital de um mato-
grossense que é tido como rico.
Wady Miguel – 1946
Wady foi a um casamento de árabes ricos em São
Paulo e trouxe como “souvenir” uma colherinha de ouro.
Em face de minha estupefação passou-me o
ensinamento para dimensionar como eram restritas as posses
dos mato-grossenses.
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Pessoa salafrária, safada, mau caráter,
você tem que mentalmente imaginá-la
deitada e acender simbolicamente velas
em torno de seu corpo. Quando acen-
der a última completando o percurso
ela parará de prejudicá-lo! Já terá se
acabado como homem de negócios.
Joaquim de Arruda – 1946
Fulano é um sujeito “patife”!
Augusta Rondon da Cunha – 1946
Minha avó paterna. Referia-se a homem temeroso,
sem coragem, desanimado, pusilânime.
No mundo do capital quem pode mais
geme menos!
Wady Miguel – 1946
Guarde o capital do seu papai na cabe-
ça!
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Wady Miguel – 1947
Conselho a mim passado aos 11 anos de idade.
Existem pessoas que nasceram para
viver na pobreza. Enquanto não bo-
tarem fora tudo o que herdaram ou
que receberam através do casamen-
to não conseguem ser felizes!
Wady Miguel – 1947
Frase há 58 anos passada para mim. Faço o
acompanhamento. Infelizmente é verdadeira.
Dr. Bonifácio vim trazer este galo para
o senhor fazer o favor de me comprar!
Rafael –1947. Expedicionário.
Rafael era expedicionário da FEB. Assisti a sua saída
num trem da Noroeste iniciando viagem para os campos de
batalha na Itália. Assisti também o retorno vitorioso após a
rendição da Alemanha.
Trouxe bom dinheiro. Gastou-o sem planejamento.
Entregou-se ao alcoolismo. Ficou pobre.
Certamente sua aposentadoria de “febiano” deu-lhe
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um fim de vida razoável.
Chegou com o galo embaixo do braço na porta
aberta do escritório de meu pai, na Rua Estevão Correa, em
Aquidauana.
Outro “febiano”, Olavo, ajuizado, noivou e casou-se
com Irene, nossa funcionária em casa.
O pior inimigo é o do mesmo ofício
(profissão) que o seu!
Joaquim Arruda Rondão
Meu padrinho. Meu guru em pecuária da época.
Chegou a hora do “dragão amarelo”
empolgar e dominar o mundo!
Frase corrente – 1948
Usada após o aniquilamento de Hitler e Mussolini,
que representavam o nazismo e o fascismo. O dragão
amarelo seria a representação de poder do povo asiático
(raça amarela)!
Quero que a senhora me entregue esse
anel que está guardado na boca!
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Membro do bando dos baianinhos Década de 40
A Fazenda Santa Rosa, no município de Miranda, foi
cercada à noite pelo “bando dos baianinhos”, grupo
organizado de pilhagem e saque.
Prenderam e amarraram os peões no galpão. Sitiaram
a casa e deram ordem a Joaquim e Zulema que abrissem a
porta.
Feito isso revistaram toda a casa, cortaram os
colchões com faca, tiraram as argolas de alpaca dos arreios,
e “requisitaram” um par de botas novo, confecção do
famoso sapateiro Neno Piagetti de Bela Vista.
Terminado o saque, determinaram que se prendesse
a tropa de cavalos mansos no piquete. Levaram-na e
deixaram a tropa cansada.
Vendo que Zulema ocultava alguma coisa na boca,
obrigaram-na a entregar o anel de estimação.
Os velhacos também envelhecem!
João Vilasboas – 1948. Senador – Líder da oposição.
João Vilasboas era homem de grande cultura e
acuidade mental, foi relator no Senado, do “Tratado de
Roboré”, assinado entre o Brasil e a Bolívia.
Era articulista do Jornal “O Combate” de
propriedade dos udenistas.
Um grande chefe do partido contrário de notório
prestigio, na época, ia receber uma homenagem pelo seu
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aniversário. Pediram a Vilasboas que escrevesse um
editorial denegrindo seus méritos.
Atendeu e escreveu o editorial com o título acima.
Ultimamente estou acreditando em tu-
do. Só não vou acreditar quando me
disserem que um homem deu a luz a
uma criança!
Cavaleiro Dantas –1948. Peão recolutador.
Dantas era um homem esguio com algum parentesco
com argentinos.
Estava fazendo a recoluta da tropa marca
“Sombrinha”, famosa à época, pertencente a Joaquim de
Arruda, que fora “expropriada” pelos “baianinhos” quando
ocorreu o saque do grupo na Fazenda Santa Rosa.
Estava impressionado com os avanços tecnológicos
da 2ª Guerra Mundial: bombas voadoras, submarinos,
kamikazes, bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki,
experiências do Dr. Josef Mengel nos campos de
concentração nazistas, descoberta da penicilina, do TNT
(potente explosivo), etc.
O senhor pretende realizar uma opera-
ção cirúrgica ou uma operação bancá-
ria?
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Wady Miguel – 1948. São Paulo/SP
Wady apresentou dor no abdome, mal definida. Dr.
Muniz aconselhou-o a ir a São Paulo onde Wady tinha
grandes amizades na colônia sírio-libanesa.
Foi a um médico e este lhe fez várias perguntas
sobre a extensão de suas terras, número de reses que
possuía, etc.
A seguir mandou que deitasse em uma mesa de
exames e apalpou seu abdome.
De pronto, sem exames complementares, disse-lhe:
“O seu caso é de operação”.
Recebeu a resposta.
Álvaro de Castro. Endereço: Nas ruas
de Aquidauana.
Carta remetida de Cuiabá por Camilo Boni –
1948
Álvaro era solteirão, além de andar por toda a
Aquidauana durante o dia, era notívago.
Camilo Boni achou mais fácil o carteiro encontrá-lo
na rua. Era muito conhecido.
Rubens: Estou de partida para a Ba-
hia. Retorno dentro de seis meses!
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Maturino – Década de 40 Capataz da Fazenda Vargem Grande.
Maturino era um baiano barbudo com muito
conhecimento como homem rural e que tinha habilidade
como químico na fabricação de sabões, sabonetes,
detergentes, etc.
Trabalhou por longo tempo como capataz da
Fazenda Vargem Grande, pertencente a nossa família.
A cada cinco anos, tirava uma licença prêmio:
fabricava um par novo de alpargatas, preparava matula de
rapadura, farinha e carne seca, e partia a pé para sua terra
natal, a Bahia.
Dentro de seis meses estava de volta e reassumia seu
posto.
Teve um período de vida conturbado. Apaixonou-se
por Iria, uma indiazinha, e acabou por ciúmes assassinando-
a em Aquidauana.
Foi preso e removido para a Colônia Penal, próxima
a Cuiabá.
Por obra do acaso, o Juiz de Direito, à época,
Lacerda de Azevedo, fora testemunha ocular do crime.
Compadre, quero de todo coração, lhe
dar de presente 10.000 hectares de
“campo”, medido e cercado, para ter a
honra e o privilégio de tê-lo como vizi-
nho!
Proprietário de terras.
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Aquidauana – Década de 40
Presente oferecido por abastado proprietário de
terras ao Dr. Estácio Muniz.
Este agradeceu penhoradamente a oferta do presente.
Alegou não ter vocação e nem habilidades para a luta
do campo.
O que é que o senhor tem?
Médico de Mato Grosso.
Folclore. Década de 40
O modesto homem do campo que foi à consulta
começou a relatar, após a pergunta, que sentia uma dor,
indisposição, etc.
O médico atalhou: - “Estou perguntando o que o
senhor tem: boi, carreta, vaca, cavalo”.
Constrangido o “matuto” deu a resposta.
Em seguida o médico disse: - “Agora quero saber o
que o senhor sente”.
Este cidadão trabalha sistema sucuri:
enrola-se em torno da presa, esmaga
seus ossos por compressão e depois a
engole!
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- 43 -
Joaquim de Arruda – 1949
Referia-se a pessoa com a qual não simpatizava, e
que exercia um método egoísta nos negócios.
Mulher bonita e terra cobiçada têm
que estar em cima. Senão dança!
Camilo Boni – 1949
Engenheiro de Milão. Fez plano urbanístico de
Campo Grande e Aquidauana, como Secretário de Obras de
ambos os Municípios.
Este fazendeiro costuma dar sal para o
gado, na garrafa!
Joaquim de Arruda – Década de 40
A suplementação de bovinos à época era quase igual
a zero. O gado procurava salitrar-se em barreiros naturais.
Comia muito barro o que causava verminose e outras
doenças.
Iniciou-se então a oferta de “sal boiadeiro”, grosso e
fino, importado do nordeste. Era servido puro em coxos de
madeira.
Alguns fazendeiros não querendo gastar, racionavam
a oferta de sal.
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Aqueles que economizavam o insumo eram
“gozados” de dar sal na garrafa para os bovinos lamberem
através do gargalo.
Quando em 1968 abrimos a Fazenda Estiva, à
margem esquerda do Rio Indaiá Grande, ainda usava-se a
“salmourada” (alguma quantidade de sal diluído em grande
volume de água).
A mistura era servida em largos e longos coxos de
madeira de lei.
Quem disseminou o uso de sal boiadeiro em
Aquidauana e região foi o italiano chamado Patta; residia
em São Paulo, era “caixeiro viajante” e como se diz hoje,
fazia a cabeça dos fazendeiros a respeito das vantagens de se
oferecer o suplemento ao rebanho.
Patta, amigo e patrício do Dr. Camilo Boni, teve em
relação à minha pessoa, uma função “civilizadora”.
Trazia para Dr. Boni queijos especiais, salames
italianos, componentes de cestas de Natal, como nozes,
avelãs, amêndoas, chocolates, licores, panetones.
Trazia também material para cobertura de pizzas
(aliche, atum, presunto, etc.).
Tivemos assim contato com a cozinha européia.
A comida regional à época era muito simples: arroz,
feijão, ovos fritos, farofa, batatinha, carne de panela.
No domingo: maionese caseira, macarronada e
pastéis.
Era o almoço de gala.
Como também tinha a “roupa de missa”, de ir à
igreja aos domingos.
Bife não era usual. Churrasco não se consumia
habitualmente.
As geladeiras eram fabricadas de folhas de flandres:
em cima uma caixa onde se colocava barra de gelo enrolada
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em estopa com proteção de casca de arroz. Embaixo outra
repartição onde se colocava água e algumas coisas mais para
gelar.
Não eram confiáveis para leite e carne, altamente
perecíveis.
A primeira geladeira a querosene, importada por
Camilo Boni, com ajuda do sr. Patta, conheci-a no final da
década de 40.
Meu nome é Maria Só!
Maria Cunha – Década de 40
Nossa família é composta de cinco homens e apenas
uma mulher, chamada Maria.
Quando pequenina, perguntada como era seu nome
(que as pessoas achavam que deveria ter um complemento:
do Rosário, do Carmo, da Glória, etc), constrangida proferia
a frase.
Maria, pelo convívio com os irmãos homens,
aprendera a jogar futebol como goleira, jogava bolita (bola
de gude), e era exímia escaladora de muros e árvores
frutíferas.
Alimentava-se basicamente de frutas como os
passarinhos. Era magrinha, mas tinha uma saúde de ferro.
Aqui na Fazenda Belo Horizonte, as
queimadas são racionadas. O gravatá é
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combatido e as nascentes são protegi-
das!
Joaquim Arruda – Década de 40
Passava como rotina minhas férias de final de ano,
na Fazenda Belo Horizonte, em Bonito, juntamente com os
tios Joaquim e Zulema.
Eles tinham como companhia àquela época, a filha
adotiva Síria Barbosa.
Joaquim era um defensor da natureza. Proibiu matar
aracuã, perdizes, jaó, jucutinga, mutum e outras aves
existentes.
Tinha informações sobre defesa do meio ambiente
auferidos nos livros de Assis Brasil, grande conservacionista
gaúcho.
Os campos da Belo Horizonte, ricos em grama
vermelha, eram o que existia de melhor em termo de
pastagens nativas para a criação de gado.
Animais cavalares davam-se muito bem com essa
gramínea que existia somente no sudoeste de Mato Grosso.
Para progredir na vida você não tem
que se preocupar com o que tem ou
que fez. Apenas com o que não tem ou
com o que não fez!
Wady Miguel – final da década de 40
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Não se preocupe com o diploma que já tem, com a
fazenda que já ganhou ou que já comprou, com a casa que já
adquiriu.
Preocupe-se com novas aquisições, com novas metas
a alcançar.
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DÉCADA DE 50
Você tem que fazer esse pedido a Zu-
lema!
Joaquim de Arruda – 1950
Joaquim e Zulema, casal sem filhos biológicos, eram
bastante capitalizados.
Quando um sobrinho fazia um pedido que envolvia
dispêndio financeiro, remetia o postulante à Zulema que
analisava a procedência ou não do pedido.
Se os velhos pudessem e os novos sou-
bessem, as coisas na vida seriam mais
fáceis!
Joaquim de Arruda – 1950
O tamanduá bandeira está escondendo
as unhas!
Joaquim de Arruda – 1950
Referia-se às pessoas com objetivos escusos
(políticos ou comerciantes blefando para abaixar o preço da
mercadoria/gado).
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Qual o motivo para as pessoas nesta
cidade se levantarem tão cedo? Respos-
ta: Para ter mais tempo para ficar à-
toa!
Erasmo Cunha – 1951
A notícia da Proclamação da Repúbli-
ca somente chegou a Poconé, às véspe-
ras do Natal de 1889!
Enedina Nunes da Cunha – 1951
Tia Enedina contou-me que somente após 40 dias, a
notícia da Proclamação chegou a Poconé, através do carteiro
que ia uma vez por mês, a cavalo, a Cuiabá, buscar
correspondências.
O primeiro a ser comunicado foi João Nunes da
Cunha (Califórnia), republicano histórico. Este abriu a loja e
espocou fogos pela madrugada acordando toda Poconé
assustada.
Líder Republicano foi eleito para o cargo de
Deputado Constituinte em 1891.
Por esse fato deduzimos o que era a velocidade da
comunicação.
A fome, a miséria, as guerras, a submissão de povos
são milenares, o que não acontecia era a divulgação.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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Aquele cidadão cria filhotes de casca-
vel no bolso!
Erasmo Cunha – 1952
Referia-se à pessoa sovina que não enfiava a mão no
bolso para ajudar a pagar despesas, ratear contas, etc.
Não sou “cueio” para comer “foia”!
Cuiabano – 1952
O hábito de comer vegetais folhosos/verduras não
era comum em Cuiabá; em especial nos extratos mais
modestos da população.
A Secretaria de Agricultura, a partir de uma Estação
Experimental, em Várzea Grande, iniciou campanha de
distribuição de verduras e sementes.
Pessoas de hábitos alimentares arraigados, nos quais
não se incluíam hortaliças, apresentaram resistência.
A paciência é a mãe de todas as virtu-
des!
Colégio Salesiano São Gonçalo
Cuiabá – 1952
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A ignorância é o peso maior que a ter-
ra suporta!
Colégio Salesiano São Gonçalo
Cuiabá – 1952
O Brasil somente terá solução do ponto
de vista político, se organizarmos uma
aliança “contra o roubo e contra o
crime!”
Carlos Lacerda – 1952
Deputado Federal / Jornalista Governador do Estado da Guanabara
Lacerda foi brilhante orador, jornalista e deputado
federal, pertencia aos quadros da UDN e era adversário
ferrenho do getulismo.
Participou de eventos políticos diversos, que
culminaram inclusive com o suicídio de Getúlio Vargas.
Posteriormente, insurgiu-se contra João Goulart,
herdeiro político de Getúlio, que foi deposto pelos militares,
em março de 1964.
Só faço acerto de peões e empreiteiros
com a caderneta de contas correntes na
mão e perante no mínimo duas teste-
munhas!
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Domingos Lima – 1952 Agrimensor – Cuiabá.
Domingos Lima era português, de meia idade,
sobrancelhas grossas.
Prático em Agrimensura, executava trabalhos de
campo para o Dr. Camilo Boni, cujo escritório detinha os
maiores contratos da época em Cuiabá.
Domingos trabalhou na demarcação de lotes em
Rondonópolis, Barra do Bugres, Mirassol do Oeste, Pontes e
Lacerda, Barra do Garças, Alta Floresta, SINOP.
Foi a década dos grandes colonizadores desbravando
Mato Grosso: Grupo Matsubara, Ariosto da Riva, Enio
Pepino, Colonizadora Rio do Sangue.
Em prosseguimento à Colônia Agrícola Federal de
Dourados, implantaram-se os loteamentos rurais e urbanos
de Angélica e Naviraí. Angélica pelos Neder (Humberto e
René) e Naviraí por Ariosto da Riva.
O Departamento de Terras e Colonizações era parte
da Secretaria de Agricultura, que tinha como titular
Bonifácio Cunha.
Assisti com entusiasmo a arrancada de Mato Grosso
no rumo do progresso.
Como dissera inicialmente, Domingos, europeu
prudente, mexia com homens rudes. Não queria encrenca
com eles. Daí o seu cuidado no acerto das contas.
Somente o amor constrói para a eter-
nidade!
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Congresso Eucarístico – Cuiabá – 1952
Em 1952 houve um Congresso Eucarístico
Internacional em Cuiabá. Essa cidade dedicou o Congresso
como uma homenagem a Dom Aquino Corrêa.
Desfilaram no púlpito grandes oradores: Dom Helder
Câmara, Dom Aquino Corrêa, Gustavo Corção, Tristão de
Ataíde, Ataliba Nogueira e Carlos Lacerda.
Em toda minha vida não assisti nada igual. Show de
oratória e erudição.
A frase acima era o slogan do Congresso.
Essa pessoa é apenas dotada de “cultu-
ra livresca”. Lê, mas não digere o que
leu!
Ezequiel – 1952. Filósofo Cuiabano
Ezequiel era uma figura ímpar. Vestido
modestamente, andava acompanhado de um bando de
cachorros. Morava em uma casa abandonada.
Sem nunca ter saído de Cuiabá, falava o português,
inglês, francês, latim.
Dom Aquino Corrêa, membro da Academia
Brasileira de Letras, cognominado “O Príncipe dos Poetas”,
o consultava sobre raízes de palavras portuguesas, (assunto
de Filologia).
Vi Ezequiel conversando em inglês nos saguões do
Grande Hotel em Cuiabá com a tripulação dos aviões
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Hércules, da Força Aérea Americana que fazia o
levantamento aerofotogramétrico da Amazônia.
Também o assisti conversando com outros
estrangeiros nos idiomas citados.
Era dotado de hábitos extravagantes, levando-se em
consideração a sua vastíssima cultura.
Foi um autodidata.
Conhecimento de Filologia é o que existe de mais
profundo em um idioma. Vai às raízes dos vocábulos e
construção de frases.
Isto está me parecendo briga de bugio!
Ditado poconeano – 1952
Em Poconé existia grande fartura de bugios,
inclusive, as cordas das violas de coco, de tocar músicas
para se dançar o cururu e o siriri são feitas da tripa do bugio.
Estes animais quando estão brigando, defecam na
mão e jogam as fezes nos adversários.
Bonifácio, estamos convidando você e
sua família para as festas do Espírito
Santo e São Benedito, em Poconé. So-
mos os festeiros. Eu e minha esposa!
Joaquim de Pio e Esposa Janeiro – 1952
Poconé.
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A esposa de Joaquim de Pio é filha de Giovanni
Nunes Rondon, nosso primo. Fui à festa representando a
família em companhia do Dr. Cid Nunes da Cunha e Inez.
A casa de Joaquim de Pio ficava na praça principal.
As festividades em Poconé cada ano tinham um
casal como festeiros.
Esses festeiros eram encarregados de organizar as
festividades, junto com a família. Levando uma bandeira,
arrecadavam prendas, durante vários meses, visitando
inclusive as propriedades rurais.
As festas eram realizadas num casarão existente na
praça. Pertencera ao nosso parente Ben Rondon.
As comemorações tinham ritmo de 24 horas – café
da manhã, almoço, lanche, jantar e ceia. Tudo na “CASA
DA FESTA”. Conjunto tocando dia e noite. Jovens, adultos
e idosos dançando.
Na quinta-feira era o “dia do leilão”. Este tinha a
finalidade de arrecadar fundos para ajudar na cobertura das
despesas. Especialmente fazendeiros e comerciantes
ofertavam muitas prendas.
Lá convivi com Giovanni Nunes Rondon, Hugo
Nunes Rondon, Joaquim de Pio e esposa, Yolete, Terezinha
e Eucaris Nunes da Cunha e muitos outros parentes
poconeanos.
Contaram-me muitas histórias a respeito da família
de meu pai. Meu Avô e Avó eram poconeanos.
Manoel Jovino, meu avô, foi Prefeito de Poconé e
mandou construir o “tanque”. Este era um açude onde
nadaram e se divertiram muitas gerações de crianças
poconeanas.
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Dr. Erasmo sou um cara azarado. De-
morei tanto para me casar e acabei me
casando com uma mulher sem vagina!
Fazendeiro – 1953 Cidade pantaneira.
Erasmo era fiscal da CREAI - Banco do Brasil.
Muito comunicativo, fez grandes amizades com os clientes
do Banco.
Havia um fazendeiro bem de vida, porém solteirão.
Arrumou uma noiva e casou-se. Ocorreu o fato.
Fez a dissolução do casamento.
Era uma má formação congênita.
Vamos fazer um acordo: Nenhum vizi-
nho furta gado do outro e todos vigia-
remos o procedimento de nossos em-
pregados em relação a furtos!
Wady Miguel – 1953
Frase dita a um vizinho que foi queixar-lhe que
estava tendo seu gado furtado.
Anteriormente, Wady havia constatado que vinha
costumeiramente sendo furtado por esse vizinho,
constatação feita através de existência de couros vacuns com
sua marca a fogo em um comerciante de couros em
Aquidauana.
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Wady passara ordem para seus empregados furtarem
gado do citado vizinho, consumir com o couro e fazer
charque da carne. Estava cansado de fazer queixas às
autoridades.
Quem nasceu para dez réis nunca che-
gará a tostão!
Enedina Nunes da Cunha – 1953
Tia Enedina relatava-nos histórias interessantes
quando a visitávamos.
Isto, além de nos servir pratos pobres em colesterol:
torresmos e banana da terra frita, farinha de mandioca e
açúcar.
Era solteira, morava com Tia Noemi.
Gente que nunca foi de morrer está
morrendo agora!
Jovino N. da Cunha – 1953
Externando sua preocupação com parentes e amigos
longevos que faleceram àquela época.
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O mamão que comi ontem não me fez
bem!
Jovino N. Cunha – 1953
Com 80 e vários anos, no jantar da véspera comeu
lingüiça e ovos fritos, farofa. Mamão na sobremesa.
Briga em clube de gafieira é coisa sé-
ria: Quem está fora não entra; quem
está dentro não sai!
Ditado carioca – 1954
Escutei a frase quando iniciei meu curso de medicina
no Rio de Janeiro. Usada em vários sentidos.
Lé com Lé, Cré com Cré!
Dª. Hilda Cunha da Silva – Década de 50
Aconselhando as filhas solteiras a procurarem noivos
compatíveis com o nível intelectual e financeiro em que
viviam. Nem milionários, nem pobretões.
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À sanha dos meus inimigos ofereço
meu sacrifício. Saio da vida para en-
trar na História!
Getúlio Vargas – agosto de 1954
Presidente, Vargas inseriu o Brasil, após 1930, na
modernidade.
São de sua autoria as leis trabalhistas e
previdenciárias; o sistema de saúde estatal, o direito do voto
secreto, o voto das mulheres, os primeiro programas sociais
implementados pela Legião Brasileira de Assistência
(suplementação alimentar e escolar), através do Programa de
Apoio ao Pequeno Jornaleiro.
Promoveu a nacionalização do subsolo brasileiro,
criou a Petrobrás, concedeu o perdão da dívida aos
pecuaristas.
Alô! Alô! Atenção! Aqui fala o Repór-
ter Esso em edição extraordinária: –
“Acaba de suicidar-se no Palácio do
Catete, o Presidente Getúlio Vargas”!
Eron Domingues – agosto/1954
Cheguei ao Rio de Janeiro para fazer o 3º científico e
preparar-me para o vestibular de medicina em janeiro de
1954. Ano conturbado politicamente.
Próximo à data do suicídio de Getúlio, as ruas do Rio
de Janeiro foram tomadas por tanques de guerra. Os
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acontecimentos políticos desembocaram no suicídio de
Getúlio.
Nesta época também foi sepultada a cantora Carmem
Miranda, cujo corpo foi trazido dos EEUU e velado na
Câmara dos Vereadores.
Não se guarda na cabeça tudo que po-
de estar contido em uma agenda, um
livro, um apontamento!
Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956
Ensinamentos de ingleses com os quais estudou.
Dentro da concreta concepção de dis-
tribuição do bem-estar, do patrimônio,
das oportunidades, os Estados Unidos
serão a primeira nação efetivamente
comunista do mundo!
Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956.
O mundo nos próximos 50 (cinqüenta)
anos será dividido ao meio: metade sob
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influência americana: a outra metade
sob influência russa!
Fenelon Costa Júnior, Toquinho – 1956
Doutor, vim aqui para tirar uma dúvi-
da. Falaram que minha filha não é
mais moça. Uma vizinha fuxiqueira!
Mãe de adolescente – 1958
O médico que tinha o consultório em uma sala
grande com um biombo que separava a sala de espera
mandou a mãe e a adolescente entrarem.
Após examiná-la disse à mãe (o que foi escutado na
sala de espera): “Minha senhora, virgem ela é, mas rastros
de “pinto” estão em todos os lados”.
Tenho uma inveja louca de quem “faz
luxo” para comer, trajar-se e se preo-
cupa com o penteado até para ir à fei-
ra!
Rosinha Peres Chaves –1958 Rio de Janeiro.
Dona Rosinha, esposa do Prof. Dagmar Chaves,
nosso professor de ortopedia na faculdade e mãe do nosso
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colega Fernando era uma linda mulher, filha de espanhóis,
riquíssima.
Seus pais deixaram-lhe mais de cem imóveis no Rio
de Janeiro.
Viajava muito ao exterior, porém era de uma
simplicidade a toda prova.
Se for macio corte com bisturi; se for
medianamente denso corte com tesou-
ra delicada, se for muito denso corte
com tesoura forte; se for mediamente
compacto use formão ou saca-bocados;
se muito compacto use o arco com ser-
ra!
Professor de Técnica Cirúrgica – 1958 Rio de Janeiro
O dinheiro é o “anti-astênico univer-
sal”. Realiza todas as aspirações!
Antonio Gutman – 1959
Hospital General Vargas
Astenia é termo médico que significa falta de
vontade, preguiça, indolência, ausência de determinação,
moleza, vagareza.
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Esta mulher “ferra” mais que enxame
de abelha africana!
Marido Queixoso
Expressão usada para classificar mulher que solicita
muito dinheiro.
Amor de mato-grossense do Sul é igual
laranja de casca fina e lisa de Bela Vis-
ta!
Folclore regional.
Constatei na década de 50. A laranja de casca fina e
lisa, que havia em Bela Vista, após amadurecer no pé, em
vez de secar, reverdece e torna criar caldo, tornando-se
novamente palatável.
Talvez com o advento dos laranjais de enxerto, mais
precoces, tenha se extinguido.
“Marmelada” é todo bom negócio no
qual não conseguimos participar!
Ditado popular carioca
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Se eu conseguisse lhe comprar pelo que
você vale (patrimônio, capacidade inte-
lectual, pretensa retidão de caráter) e
lhe vendesse pelo que você acha que
vale faria um negócio milionário!
Ditado Poconeano.
Cesteiro que faz um cesto é capaz de
fazer um cento!
Ditado Poconeano.
Referindo - se à safadeza, deslealdade, trairagem.
Jaboti em cima de galho de árvore caí-
da ou cabeça de moirão no Pantanal ou
é “enchente” ou é “mão de gente”!
Ditado poconeano
Refere-se a fatos com explicação obscura, que
demandam um esclarecimento.
A situação está tão brava que jacaré
está nadando de costas!
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Ditado nabilequeano
Para evitar que as piranhas dilacerem a parte mole do
abdome.
Aonde vai o “sirigote” (arreio), vai a
“caçamba” (estribo).
Ditado poconeano
Dizendo da obrigação de mulher acompanhar
marido.
Se a parelha (junta) de bois de carros
soubesse a força que tem, não aceitaria
maus tratos e gritos do carreiro!
Ditado pantaneiro
Os bois são acicatados por ferrão (picana) e
conduzidos com gritos.
Chega lenha na fornalha: ou apura o
melado ou derrete o fundo do tacho!
Ditado poconeano
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Exigindo mais determinação, empenho,
investimentos.
Udenista para mim não tem defeito!
Fernando Corrêa da Costa. Década de 50.
Recriminando em reunião realizada, no então sul de
Mato Grosso, companheiros que achavam mais defeitos que
qualidades nos correligionários. Estava compondo seu
governo.
Professor Mota Maia. O senhor perdeu
o seu tempo e levantando a calça mos-
trou-lhe a canela, protegida por espes-
sa caneleira!
Dr.Summer – 1959. Hospital Miguel Couto
Manoel Cláudio de Mota Maia era emérito cirurgião
e professor da Faculdade. Seu pai fora médico de Dom
Pedro II.
Temperamental ao extremo. Quando se irritava com
os auxiliares durante o ato cirúrgico, costumava chutar-lhes
as canelas por baixo da mesa cirúrgica.
Dr. Summer agüentou as cacetadas e após o término
do ato cirúrgico fez a gozação. Eram grandes amigos.
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Os vinte dias não querem dizer nada.
O problema são as vinte noites que eu
passarei acordado pensando no cum-
primento do pagamento!
Rico proprietário de gado Década de 50
Esse pecuarista, já de idade, vendia boiadas de
1500/2000 bois de uma só tacada.
Certa feita um comprador, empregado de um
invernista paulista, se interessou por sua boiada. Foi à
fazenda e olhou o gado.
Voltou a Campo Grande para numa segunda etapa
realizar o aparte e marcações.
Procurou contato com o patrão no interior de São
Paulo.
As linhas telefônicas eram precárias e usava-se o
seletivo da EFNOB e rádio SSB.
Voltou e deu a resposta: Ficava com a boiada, mas
necessitava 20 dias de prazo.
O negócio não aconteceu.
Fui informado que o senhor é candida-
to a prefeito. Eu e minha noiva preten-
demos votar no senhor, porém, preci-
samos de uma ajuda, que nos presen-
teie com uma cama de casal e um col-
chão!
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Jovem casal de noivos. Década de 50.
Aquidauana.
O casal foi fazer o pedido ao Dr. Estácio Muniz,
candidato a Prefeito, por sinal vitorioso.
Dr. Muniz irritou-se, pediu que eles se retirassem e
disse-lhes: Vocês não têm condição de comprar nem a cama
que vão dormir, como é que querem se casar?
Levei quatro dias e quatro noites para
atravessar a mata do Rio Paraná, em
território paraguaio!
Mário de Barros. Década de 50.
Capataz da Vargem Grande.
Mário de Barros trabalhou 25 anos com nossa
família. Depois se aposentou e foi morar na propriedade que
adquiriu próxima à nossa.
Nascido em Corrientes, província da Argentina, lá
estudou algum tempo.
Contou-me que já naquela época (idos de 1922), o
ensino em Corrientes já era obrigatório. Criança que faltasse
a aula a polícia ia buscar o pai para explicar-se sobre a
ausência do filho.
Contou-me que adolescente veio da Argentina para o
Brasil, via Paraguai. Relatou-me que se passavam quatro
dias dentro da mata virgem praticamente sem tomar sol.
A cada 30 quilômetros (05 léguas), os carreteiros
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abriram grandes clareiras e plantaram capim. Era aonde
pernoitava o comboio de carretas e os bois pastavam.
Os Comboios atravessavam parte do território
paraguaio e entravam no Brasil no trecho entre Ponta Porã e
Amambaí, zona de ervais. Portanto, 120 km de mata
contínua à beira do Paranazão.
Caçador mente desde que começa a
contar uma história. Pescador somente
quando mostra o tamanho do peixe
que pegou!
Dr Mário Gonçalves. Década de 50
Escutei esse ensinamento e prestei atenção nele.
Arrisco-me a relatar algumas experiências somente
para dar uma idéia como os rios de Mato Grosso do Sul,
estão degradados em termos de recursos pesqueiros.
Tive oportunidade na Fazenda Vargem Grande, na
década de 50, de ver um pacu de 14 quilos, pescado no Rio
Miranda por um terena alcunhado Professor. Pescou-o a
pedido do Sr. Mário de Barros, então capataz da fazenda
Vargem Grande.
Na década de 60, nossos companheiros de pescaria
ferraram pela aba e tiraram fora do Rio Aquidauana, na
Fazenda Retirinho, uma arraia que pesou 36 quilos.
Tomei conhecimento por pessoas idôneas que em
Aquidauana, durante uma enchente, pescaram um jaú de 100
quilos, próximo à ponte Aquidauana/Anastácio.
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Por intermédio de pessoas idosas, quando muito
freqüentei Porto Murtinho na década de 80, procurei saber
sobre a veracidade de se ter pescado um jaú de 160 quilos
no Rio Paraguai.
Confirmaram-me ter conhecimento que na década de
30, um pescador por nome Paulo Machado fizera a proeza.
Hoje, pescar um pacu de 4 quilos é motivo de
satisfação para um pescador.
Filtrada e fervida serve para tomar
banho!
Década de 50
Laudo vindo dos Estados Unidos a respeito de água
do Córrego João Dias, em Aquidauana, que foi enviada para
análise pelos padres redentoristas.
Viemos até Aquidauana e, daqui, se-
guiremos para a Fazenda Tupaciretã
para conhecer os viveiros, os ninhais
existentes naquela fazenda. Lá preten-
demos realizar uma caçada de onça
pintada!
Grupo de Turistas. Década de 50.
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Tive a oportunidade de conversar com um grupo de
pessoas de São Paulo, que transitava por Aquidauana rumo a
Fazenda Tupaciretã, no Pantanal do Rio Negro.
O proprietário da Tupaciretã, Totó Rondon,
aquidauanense, pantaneiro de nascimento, foi casado com
Sofia, cantora cuja voz maravilhosa sempre enriqueceu as
solenidades sacras na Igreja Matriz de Aquidauana.
Totó e Joaquim de Arruda foram as primeiras
pessoas que conheci em minha infância e adolescência,
dotadas de sensibilidade conservacionista. O tema hoje é
moda, naquela época não era divulgado.
Além disso, foi grande empresário da pecuária e
gozou de vastíssimo círculo de amizades na cidade de São
Paulo, aonde possuía um apartamento.
Era dotado de grande amor pela fauna pantaneira em
especial as aves. Caçadas de onças concedidas a alguns
amigos não era o esporte de sua preferência. Eram
conduzidas por Deodato Barata.
Seu forte era preservar os animais silvestres e criar o
melhor gado nelore, em grande quantidade no pantanal de
Rio Negro.
Jânio Quadros, quando candidato a Presidente da
República, após comício em praça pública, pernoitou na
Fazenda Guanandi, também de Totó, que se inicia
praticamente dentro da cidade.
Comentou-se à época que Totó teria feito um pedido
e recebido uma promessa: Jânio, se eleito, viabilizaria a
criação do Parque do Pantanal do Rio Negro, utilizando
parte da Fazenda Tupaciretã (falava-se em 4000 hectares).
O período de governo de Jânio foi curto,
interrompendo-se com sua renúncia e não houve tempo para
o projeto se concretizar.
Totó foi à época o mais progressista de todos os
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fazendeiros aquidauanenses. Primeiro na criação de nelore
de qualidade em grande quantidade. Suas novilhas eram
vendidas para povoar a Amazônia Legal.
Encontrei gado com a marca de Totó em Santa
Terezinha, próximo à Ilha do Bananal, na Amazônia mato-
grossense.
Homem estudado, bacharel em Direito, visão
empresarial, Totó organizou o maior complexo pecuário da
região: cria extensiva de nelore no pantanal, inseminação
artificial na Fazenda Guanandi para preparar touros para
servirem ao criatório, comitivas para trazer o gado por terra
da Tupaciretã até Aquidauana, propriedade próxima ao
embarcadouro da EFNOB, com abundante aguada para
repouso da boiada, acomodação da tropa e alojamento para
os peões.
O gado era embarcado nas gaiolas da NOB e
desembarcado em Presidente Wenceslau, aonde possuía
fazenda de colonião (Tupaciretã Paulista), para engorda dos
bois.
Após a finalização da engorda eram abatidos em
frigorífico da região (Moura Andrade e outros).
O gado de Totó ia do útero da vaca ao gancho do
frigorífico sob seu domínio, sem intermediários.
Nesse tempo vender boi gordo era privilégio de
paulistas.
Totó quebrou esse paradigma.
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DÉCADA DE 60
Nosso colega Rubens é um “fenôme-
no”; entrou na faculdade de medicina,
dormiu e acordou médico!
Colega de turma – dez/60 Por ocasião das festas de formatura
Colega português de nascimento, sotaque carregado,
bem mais velho que a maioria dos colegas, emérito piadista.
Observou que eu tirava homéricos cochilos nas aulas
do período da tarde, quando se apagava a luz para se fazer
projeções de slides.
Dou um boi para não entrar em uma
encrenca. Uma boiada para não sair
dela!
Pantaneiro – 1960 Apreciador de litígio.
No mundo do negócio quando o con-
corrente anda a cavalo você tem que
andar de carro; quando ele anda de
carro você tem que andar de avião; se
ele conseguir comprar um avião, você
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tem que ter um mais veloz do que o de-
le!
A. M. Nunes Rondon (Filhote) – 1961
Hoje, se vivo, estaria na Internet em tempo real.
Filhote como outros, foi importante “comprador de
gado” na época que precedeu aos leilões de Tatersal e
televisivo.
Tivemos nas décadas de 30 a 80, grandes
intermediários nos negócios de gado: Fenelon Costa, no
Bolsão; tendo como condutor das boiadas seu sogro “Zeca
Pontes”.
Na Região de Aquidauana, Pantanais e “Encima da
Serra”, Antonio Trindade, Decorozo Ortiz, Aires Leiria
Pereira, Leôncio de Brito, Timóteo Proença, Marcelino
Pereira Mendes, Domingos Medeiros e Honorivaldo Alves
de Albres, entre outros.
Vários deles foram pilotos e proprietários de aviões
monomotores.
A fama positiva, a reputação de um
médico ou de outro profissional liberal,
se espalha por toda a superfície como
se fosse uma quantidade de óleo der-
ramado por sobre a água!
Pelópidas de Souza Gouvêa – 1961
Médico, clinicou por muitos anos em Três Lagoas.
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Após a aposentadoria residiu no Rio de Janeiro. Por esta
ocasião eu fazia minha residência em Cirurgia na 13ª
Enfermaria da Santa Casa.
Não bebo água gelada. Somente na
temperatura natural!
Neuro Rodrigues de Almeida Década de 60.
Neuro residiu sempre em fazendas que não contavam
com eletrificação rural. Não queria depender de geladeira a
gás ou querosene.
Sempre alegou não querer “perder a rusticidade”,
pois nota que o citadino que se habitua a gelados muito
sofre no meio rural.
Vou fazer juntamente com a Zulema,
na Fazenda Belo Horizonte, uma festa
que será lembrada por várias décadas.
Será comemorativa de nossas Bodas de
Ouro, em 09/09/64.
Joaquim de Arruda – Setembro – 1963
E de fato a festa aconteceu e se tornou inesquecível
para os que dela participaram. Oito dias de festança, dia e
noite. Três conjuntos animando e se revezando no Salão.
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Abateram-se dezesseis novilhas gordas para
churrasco. Afora carneiro, porco, peru e galinha.
A bebida e o gelo eram trazidos de Aquidauana, pois
não havia eletrificação rural para acionar freezer.
Dançaram e se divertiram pessoas de todas as idades.
A moçada de Bonito, Guia Lopes e Jardim vinha
todas ás tardes e retornava ao amanhecer.
Fizeram-se presentes amigos de todo o Mato Grosso,
do Norte e do Sul, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e de
outras cidades.
Nessa ocasião tornei-me noivo de Margarida.
O senhor quer que eu solte esses leões e
tigres aqui na estrada, para desatolar o
caminhão? Mas o senhor terá que aju-
dar a prendê-los de volta.
Dono de um comboio de circo. Abril / 1963.
Serra de Piraputangas. Aquidauana/MS.
Formei-me em 1960. Em abril de 1963, após
concluir residência no Rio de Janeiro, empreendi viagem
para trabalhar em Aquidauana.
Saímos do Rio em um Jeep Willis lá adquirido, a
01:00 hora da manhã chegando em Porto XV, às margens do
Paranazão às 09:00 horas da noite.
Aguardamos até às 02:00 horas da madrugada do dia
seguinte para efetuar a travessia de balsa. Seguimos viagem
para Campo Grande lá chegando ao meio dia.
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Após visitar parentes, às 18:00 horas, seguimos para
Aquidauana pela antiga estrada de terra que passa por
Palmeiras, Piraputangas e Camisão.
Chegamos a um trecho de estrada muito estreito,
beirando a morraria, entre Palmeiras e Piraputangas, pela
madrugada. Chovia muito.
Encontramos um comboio de caminhões de circo,
alguns atolados, com carregamento de feras, trancando a
estrada.
Um cidadão irritado pela espera, falou com o dono
do circo.
Levou a resposta enunciada na frase.
Duas coisas são perigosas para o “ma-
tuto”: cavalo lerdo e mulher ligeira!
Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963
Este cidadão é mais manso e caborteiro
que égua de charreteiro!
Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963
Caneta é Parker; relógio é Omega, re-
volver é Smith Wesson, avião é Skyla-
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 79 -
ne; cavalo é Quarto de Milha, mulher é
Paraguaia!
Folclore de Mato Grosso do Sul – 1963
Mutuca é que tira boi bravo do mato!
Ditado sul-mato-grossense – 1963
Refere-se a constrangimentos legais, pressão
política, para fazer uma pessoa se explicar em relação às
suas obrigações.
O filho quando está mamando na mãe,
não quer dizer nada. Duro é quando
passa a mamar no pai!
Ovídio Costa – 1964
Demanda por viagem, apartamento, ajuda para casar.
Quem detém a informação, detém o
poder!
Golbery do Couto e Silva – 1965
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 80 -
Aqui está o dinheiro da 1ª prestação –
as mesmas notas. Queria apenas ver o
seu senso de responsabilidade. É um
presente meu!
Joaquim Arruda – 1965
Quando estava por terminar minha residência em
cirurgia no Rio de Janeiro, pedi ao tio e padrinho,
dinheiro emprestado para comprar instrumentais
cirúrgicos.
Emprestou-me o correspondente a 200 vacas.
Assinei duas promissórias.
Ao cabo de algum tempo de trabalho levei à Rua
José Antonio, em sua residência, em espécie, o valor
correspondente a 1ª promissória. Recebeu-o, abriu o
cofre e guardou o dinheiro.
Um ano após tive o correspondente para quitar a
2ª promissória.
Não recebeu.
Abriu o cofre e devolveu-me o mesmo dinheiro
que havia anteriormente lhe passado e as duas
promissórias.
Tempo de muita fartura / esbanjamen-
to. Véspera de tempo de necessida-
de/crise!
Joaquim de Arruda – 1965
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 81 -
Água dá. Água leva!
Joaquim de Arruda – 1965
Relatando sua experiência de criança e adolescente
no pantanal de Poconé.
A água em boa dosagem reaviva as pastagens,
progredindo o rebanho. Em excesso nas enchentes causava
grande prejuízo.
Relatou-me que assistiu vacas leiteiras mansas
morrendo à mingua nas enchentes sem nada poder fazer.
Não era entusiasta do criatório em pantanal baixo
sem refúgio contíguo.
Pula daí menino. Pula daí menino. Seu
pai está lhe ordenando!
Árabe residente em Mato grosso do Sul – 1965
E o menino pulou do muro alto e fraturou o
antebraço. O pai levou-o ao hospital.
Quando choramingava na maca da sala de curativos,
disse-lhe: “Isto é para você aprender a não fazer tudo o que
os outros mandam”.
O negócio somente é bom quando ajus-
ta o interesse de ambas as partes. Sai
rápido e todos ficam satisfeitos!
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Joaquim de Arruda – 1965
Com mil vacas criadeiras, aclimatadas,
bem conduzidas, eu me considero rico!
Joaquim de Arruda – 1965
Joaquim e Zulema não tinham filhos biológicos.
Suas despesas eram restritas e controladas.
Quando lhe falei sobre a intenção de além da
medicina, exercitar a pecuária, passou-me a orientação
acima.
Doutor, estou com uma dor muito
grande. Acho que é hemorróida!
Cozinheiro de comitiva – 1965
Coloquei o paciente na cama de exames. Era de meia
idade e magro. Notei algo estranho no abdome. Apalpei-o.
Pareceu-me o gargalo de uma garrafa, próxima à boca do
estomago.
Fiz um toque retal e constatei a presença de uma
garrafa, tamanho médio, na ampola retal e alça descendente.
Levei o paciente ao hospital para operação.
Abri o abdome e com o relaxamento do esfíncter
anal consegui retirar a garrafa. Era uma garrafa de guaraná.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 83 -
A boa parceria só se obtém com pesso-
as “que não ciscam para fora, moda
galinha”!
Ditado pernambucano Anastácio – 1965
A única preocupação que o senhor não
precisa ter em Mato Grosso (uno) é
com a falta de sol!
Clarindo Costa – 1966. Fazenda Santo Antônio – Bonito.
Frase dita ao seu empregador, Dr.Garcia, que se
achava preocupado com a germinação das sementes em
virtude de tempo nublado por vários dias.
Venderam a maior parte para comprar
condução!
Maria Pereira de Camargo - fevereiro de 1966 Cassilândia
Resposta à pergunta sobre o que havia sido feito do
gado dos Camargo, em fazendas, na região do Chapadão,
Vales do Indaiá e do Aporé.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Os senhores pretendem criar formigas
ou cupins na Fazenda do Chapadão?
Bombista – Cassilândia. Setembro de 1966
Estive na Fazenda Estiva, no Chapadão, então
Município de Cassilândia, em fevereiro de 1966, quando se
realizou o recadastramento de imóveis rurais. Estava
acompanhado dos irmãos Estevão e Antônio, e do motorista
Demétrio Morales, que veio a se tornar nosso primeiro
capataz.
Abrimos na ocasião em uma parte de campo limpo,
defronte aonde seria a futura sede, um campo de pouso.
No mesmo ano, em setembro, lá retornamos, de
avião, passando por Cassilândia, na época, pequenina cidade
para reabastecimento da aeronave.
O bombista, que abastecia os aviões tirando a
gasolina de tambores, curioso, perguntou qual seria nosso
destino. Dissemo-lhe que estávamos indo para o Chapadão
onde iniciávamos a abertura de uma fazenda.
Fez-nos a pergunta referida.
Em sua ingenuidade e falta de conhecimento
tecnológico, não poderia antever o que viria a ser o hoje
Chapadão do Sul, com mecanização e correção de seus
solos. Além da planura, altitude, solos argilosos, tem o
melhor micro clima de Mato Grosso do Sul para a
agricultura.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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Esta mulher pega mais no pé do que
micose de unha do dedão!
Expressão do meio médico – 1966
Se eu gostasse de choro ao invés de va-
cas eu criaria somente gatos.
GIGO – 1967. Fazendeiro do Nabileque
Trabalho de gado. Sol inclemente. Peões
reclamando.
A grande aspiração de um peão panta-
neiro é nascer ignorante, viver desin-
formado e morrer de susto!
Filosofia de Nhecolândia – 1967
Duas coisas deixam um homem pobre:
querer consertar uma terra ruim e
apaixonar-se por uma mulher boa de
cama!
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Políbio Garcia – 1967
Água de morro abaixo, fogo de morro
acima e mulher que quer trair, nin-
guém segura!
Políbio Justino Garcia – 1968
Casal estável, considerado financeira-
mente próspero, quando a mulher ino-
pinadamente pede separação pode es-
crever: “O marido está „quebrado‟ e
ela está a fim de salvar o seu direito de
meiação”.
Políbio Justino Garcia – 1968
Lugar de paciente grave ir a óbito é em
São Paulo!
Dr. Estácio Muniz – Década de 60
Fazia questão de sugerir às famílias o
encaminhamento de pacientes graves a São Paulo (costume
da época).
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Do paciente a única coisa que nos res-
ta, como regra geral, é o pagamento
pelo serviço prestado!
Dr. Estácio Muniz – Década de 60
Não esperar gratidão, reconhecimento, elogios, etc.
Críticas são mais comuns.
Quando estiver voando cuide-se da
chuva escura. A branca não oferece
perigo!
A.M. Nunes Rondon (Filhote) – 1968
Por ocasião em que eu havia tirado a minha carteira
de piloto privado.
Cirurgião “ruim de mão” (sem destre-
za) é capaz de dar nó no próprio dedo
durante um ato cirúrgico!
Prof. Augusto Paulino - Década de 60. 13ª Enfermaria – Santa casa – RJ
Nesta 13ª Enfermaria fiz a residência em cirurgia
geral.
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Lugar de cachorro e de criança à noite
é em casa e não em festa de adulto!
Médico em Aquidauana – Década de 60
Esse amigo, muito sociável, freqüentava festas e
gostava de jantar em restaurantes. Não apreciava
“entreveros” de crianças perturbando.
Seus filhos, muito disciplinados, não iam às festas /
jantares de adultos.
Carreguei, em sistema de revezamento,
o Capitão Luiz Carlos Prestes, em mi-
nhas costas, acometido de febre, pelos
sertões do Brasil!
Pedro Furtado de Mendonça –1968 “Chapéu Mole” – Fazenda Estiva.
“Chapéu Mole”, cearense, egresso da Coluna
Prestes, se refugiou na Bolívia e posteriormente foi
funcionário da Prefeitura de Aquidauana.
Trabalhou na implantação do serviço de água,
inaugurado em 1939, na gestão do Dr. Bonifácio Cunha.
Anteriormente foi marinheiro, encarregado de
manutenção de máquinas.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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A cana de açúcar será a redenção do
Brasil!
Pedro Furtado de Mendonça –1968 “Chapéu Mole” – Fazenda Estiva.
Explicou-me que pelas suas andanças tinha
constatado que a cana de açúcar se dava bem em todos os
estados brasileiros, do norte ao sul, de leste a oeste, com
maior ou menor vantagem.
Era conhecedor do valor do açúcar e dos demais
derivados.
Como marinheiro havia conhecido a Europa e viu os
sacrifícios de se produzir o açúcar nos climas nórdicos, a
partir da beterraba.
O álcool combustível àquele tempo ainda não havia
despontado como commoditie.
Em nossas conversas noturnas, nas horas de
descanso, na Fazenda Estiva, aonde implantava
encanamento, fossas, poços mortos, contou-me histórias
interessantes.
Conhece-se a idade de um bovino, pelo
enrugamento da pele, pela pelagem
que se descaracteriza, mas, sobretudo,
pelos anéis de envelhecimento nos chi-
fres. Mas se a rês for mocha (sem chi-
fres)?
Políbio Justino Garcia – 1968
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Políbio ensinou-me e eu verifiquei ser verdadeira sua
afirmativa. O mesmo anel de envelhecimento se repete nos
cascos dianteiros e traseiros.
Este camarada tem mais voltas e en-
rosco que o Rio Miranda!
Ditado regional – Década de 60
Diz-se da pessoa complicada, cheia de subterfúgios
para tratar de casos.
O Rio Miranda é de uma sinuosidade
impressionante. Nasce no alto da serra na região de Antonio
João, desce sinuosamente até se encontrar com o
Aquidauana em pleno Pantanal do Abobral.
Corre por terras férteis com vegetação densa. Os
galhos de árvores caem para dentro da água e se acomodam
no fundo. Os anzóis engancham constantemente nesses
galhos, o que muito aborrece os pescadores.
Tudo bem patron. Tudo bem patron!
Aguillera – Década de 60. Capataz de Timóteo Proença.
Fazenda Retirinho.
Timóteo era proprietário da Fazenda Retirinho, no
Pantanal, à beira do Rio Aquidauana. Hospitaleiro, recebia-
nos para pescar: Rubens, Rudel, Renato Anderson, Caubi
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Moretini, Pedro Medeiros, Odorico de Arruda e o Mestre
João Correa.
Comprou certa feita um touro reprodutor nelore de
alta linhagem e o levou para o Retirinho. Lá foi acomodado
em uma cocheira e recebia arraçoamento.
Falava diariamente pelo rádio SSB com o capataz,
mestiço de paraguaio. O capataz não gostava de dar notícias
ruins.
Certa manhã Timóteo perguntou-lhe: Tudo bem por
aí? Respondeu: Tudo bem patron, tudo bem patron.
Só que bicho do chão (cobra) picou seu touro e ele
morreu.
Pau que nasce torto, até o desenho da
cinza deixado na terra, após as quei-
madas, é torto!
Ditado caboclo – década de 60.
Refere-se à má índole de que são dotadas algumas
pessoas desde a adolescência.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 92 -
DÉCADA DE 70
Se o senhor engolir uma “alabanca”
ela derrete no seu estômago!
Velho Nenê – curandeiro. Fazenda Estiva – 1970
Nenê era metido a entender das coisas e ministrar
tratamentos.
Questionei-o qual a mistura ele achava mais
venenosa. Respondeu: carne de porco, manga, jacuba (leite,
farinha, rapadura) misturados com tereré são fatais.
Ingeri todos esses alimentos no almoço, um tereré
por cima e fui sestear.
Quando acordei, perguntei-lhe: E daí, senhor Nenê?
Estou ótimo.
Ao comprar milho ou feijão, ninguém
pede ao vendedor que o “caruncho”
venha junto!
José Florido – 1970 Chapadão do Sul
E ele muitas vezes vem. O mesmo acontece nos
relacionamentos amorosos. As pessoas se unem e de repente
aparecem os parentes pouco desejados.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 93 -
Do fruto que você gosta eu como até as
sementes!
Aniz Salamene – 1972 Assessor de Deputado.
Frase dita a uma pessoa que na Assembléia pedia um
obséquio difícil de ser atendido.
Você está convidado para fazer o nosso
curso de curta duração em Estudos So-
ciais!
Doris Trindade Diretora do CPA – Aquidauana
Década de 70
Após clinicar alguns anos em Aquidauana e “puxar”
112 dias de cadeia como preso político em 1964, por conta
do Movimento Militarista, fui convidado por Doris para
cursar Estudos Sociais.
Já tinha razoável conhecimento na área, porém, acedi
ao convite.
Lá tive aulas e travei amizade além de Doris, com
professores vindos de São Paulo: Arnaldo e Vilma Begossi,
Joana, Dorothéa e outros.
Grupo de Professores iniciou naquela fase trabalho
sobre o tema “Organização Econômica de Mato Grosso”,
com ênfase em Sistematização Fundiária de Aquidauana /
Anastácio. Este trabalho não teve finalização.
Teve a colaboração no tocante às informações, entre
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 94 -
outros, de Bonifácio Cunha, advogado com vasto
conhecimento na área.
Aquidauana possuía inicialmente imensas áreas de
terras devolutas. Duas grandes áreas foram legalizadas no
Pantanal.
A Fazenda Rio Negro, pelos Rondon, Ciríaco entre
outros, e a Fazenda Taboco, por Jeje Ribeiro, com
colaboração de seu filho José Alves Ribeiro, o tradicional
chefe político, Cel. Zelito. Este era genro de Pedro
Celestino, que foi Governador e também Senador pelo
Estado de Mato Grosso.
Uma terceira grande área foi legalizada pela família
Mascarenhas, Cecílio entre outros. Esta seria a maior de
todas. Hoje pertencente a Anastácio.
As propriedades foram sofrendo seccionamento e
hoje na mesma área existem centenas de propriedades,
senão milhares.
As fontes de pesquisa documental foram indicadas
por Bonifácio ao Grupo de Trabalho: Cartórios de
Aquidauana, Miranda, Nioaque, Delegacia de Terras de
Cuiabá, etc.
Houve época, anterior a Lei do Registro Público, em
que as terras eram registradas nas Prefeituras e nas
Paróquias.
O cafezal virou carvão!
Amigo corretor – 1975
O sul de Mato Grosso entrou na onda do café.
Grande corrida atrás de terras com 600 ou mais
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 95 -
metros de altitude.
O sonho durou pouco. Ocorreu uma “geada negra”
em 1975, vento gelado vindo dos Andes que aniquilou os
cafezais.
Nova geada em 1978 foi a pá de cal. São Gabriel do
Oeste e Serra de Bodoquena eram os pólos principais.
Este sujeito tem espírito de “andorinha
poca”!
Loretto Lima – Estiva – 1976
Trata-se de uma variedade de pássaro que não faz
casa e nem ninho, usando os de outros pássaros, Bota ovos
nos ninhos alheios, misturando-os aos aí existentes para a
outra ave chocá-los. Verdadeiro sanguessuga.
Doutor: o meu, o senhor “separa na
panelinha!”.
Loretto Lima – 1976
Loretto era glutão, preocupadíssimo com comida.
Quando saía em uma missão que possivelmente
ultrapassaria o horário da refeição ficava preocupado com o
fato de os outros peões comerem toda a comida e ele ficar
na volta de fora.
A expressão se vulgarizou em nosso meio e é usada
em sentidos diversos: não esquecer do nosso pagamento,
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F R A S E S E F A T O S
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nosso vale mensal, nossa participação (comissão) em
negócios realizados com nosso concurso/colaboração.
Manga acaba. Serviço não acaba!
Empreiteiro Indígena – Dez. 1976
Questionado em dezembro de 1976, por que motivo
não poderia trabalhar, em caráter excepcional no sábado, na
Vargem Grande, disse que não podia, pois os companheiros
tinham que chupar manga.
Dinheiro de “comprar fiado” não ter-
mina nunca!
Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul
Gaúcho lavourista é como papel higiê-
nico: ou está no rolo ou está na merda!
Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Gaúcho lavourista é homem de pala-
vra: diz que não paga uma conta ao
Banco do Brasil e não paga mesmo!
Filosofia de gaúcho lavourista –1978 Chapadão do Sul
Mercadoria ruim (arroz) dá prejuízo
para quem plantou, quem comerciali-
za, quem transporta e até para quem
come!
José Florido –1978 Chapadão do Sul.
Quando a situação está difícil, o “cabo-
clo” tem que trabalhar com o corpo in-
teiro: cérebro, coração e músculos!
José Florido –1978 Chapadão do Sul.
É companheiro, as coisas nunca estão
tão ruins que não possam piorar!
Hércules Maymone – 1979
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
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Maymone, “consolando” companheiro político
choroso, que se queixava da falta de apoio nos escalões
superiores da administração estadual.
Não adquira nada na Bolívia. Se não
você vai ter aborrecimentos!
Experiente corumbaense – 1979
Estava na moda comprar terras na Bolívia.
Explicou-me que a revolução liderada por Paz
Estensoro havia expropriado as terras mesmo de bolivianos,
deixando apenas uma pequena fração do imóvel
desapropriado para o ex-proprietário residir.
Leve esta mensagem ao Rosalino!
Vivien Paes de Proença. Década de 70
Fazenda Estiva – Chapadão do Sul
Vivien abriu uma morada a 08 quilômetros da sede,
na Fazenda Estiva e lá morou solitário tendo apenas um
cachorro por companhia.
Ensinou-o a carregar mensagens escritas dentro de
um vidro de penicilina que era amarrado à coleira.
As mensagens eram remetidas ao filho Rosalino que
morava na sede e administrava a fazenda.
Exemplo de criatividade.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 99 -
Doutor Rubens: estou me transferindo
para o Nortão. Lá a gente ou traz o ou-
ro ou deixa o couro!
Piloto aquidauanense – Década de 70
Tirei carteira de piloto privado no Aéreo Clube de
Aquidauana, em 1968.
Lá fiz muitas amizades, além disso, era médico
credenciado pelo Ministério da Aeronáutica, o que nos
aproximava.
Quando aparece alguma coisa boa pa-
ra Miranda, até o Papa se posiciona
contra!
Neuro Rodrigues de Almeida Década de 70 – Aquidauana
Miranda teve fases de sucesso e de estagnação.
Foi cogitada a implantação de uma destilaria de
álcool na Fazenda Bodoquena. Iniciaram-se os viveiros de
mudas.
Irrompeu um movimento ambientalista contra.
Houve passeatas em Campo Grande comandadas por
deputados estaduais, que votaram lei proibindo a
implantação de destilaria.
O Papa fez pronunciamento endossando a opinião
dos ambientalistas.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 100 -
Quando os ponteiros dos relógios se
encontram em meio à jornada solar,
em nossa Terra, num amplexo signifi-
cativo, apresentamos:
“Notas ao Meio-Dia”; Informando e
comentando casos e coisas, sob a res-
ponsabilidade do Jornalista “Cento e
Vinte”.
Antonio Garcia Década de 70
Aquidauana
Garcia era, além de jornalista, proprietário á época
da Rádio Independente. Chamava-a carinhosamente de
“Rádio Martelinho”.
“Cento e vinte” era o seu número de registro como
Jornalista.
Sinai Trindade, locutor e jornalista, fazia o jornal
falado da co-irmã Rádio Difusora.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 101 -
DÉCADA DE 80
A agricultura e a pecuária não são es-
sencialmente atividades econômicas.
Representam um estilo de vida!
Antônio Delfim Neto – 1980
Em Mato Grosso do Sul planta-se bra-
quiária todos os meses do ano com êxi-
to, usando-se boa semente!
A. M. Nunes Rondon – 1980
Fulano não é companheiro confiável;
não priva da intimidade com a verda-
de!
Pinheiro Tolentino – 1980
O forte daquele cidadão é não pagar as
contas devidas!
Pinheiro Tolentino – 1980
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 102 -
Negociar com aquela pessoa é compli-
cado. Não priva da intimidade com a
inteligência!
Pinheiro Tolentino – 1980
Senhor Governador: Ajoelhe-se, colo-
que seus ouvidos junto à terra e escute
os clamores do povo de seu Estado!
Petrônio Portela – Brasília – 1980
Conselho dado a Marcelo Miranda, quando de sua
posse em Brasília como Governador nomeado de Mato
Grosso do Sul.
Foram anos de turbulência política no Estado recém
criado: Harry Amorim Costa, o governador foi substituído
por Marcelo Miranda e este por Pedro Pedrossian, em curto
período de dois anos.
Paulão, você está desafiado para travar
uma disputa gastronômica comigo!
Peão, ajudante de caminhão – 1983. Vargem Grande.
Paulão era famoso por sua capacidade gastronômica
e a fama corria.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 103 -
Certa feita recebeu um desafio de outro jovem para
fazer uma disputa gastronômica.
Foi marcado o dia. Dª. Maria do Carmo fez comida
para valer.
Sentaram-se à mesa e lá pelo 6º prato fundo cheio de
arroz, feijão, carne e mandioca, o desafiante pediu arrego.
Paulão não se deu por vencido. “Vou ainda para a
sobremesa”.
Havia um cacho de bananas-macã, maduras,
pendurado na varanda.
Pediu o cacho a Dª. Maria e passou a comer todas as
bananas nele existentes.
Tiro leite das duas às quatro horas da
madrugada!
Lídio Bermuda – 1984 Nabileque.
Os mosquitos atacam de maneira intensa no clarear
do dia e na boca da noite.
Lídio experiente pantaneiro, acordava-se às 02:00
horas e ordenhava as vacas, soltando-as para o pasto
acompanhadas dos bezerros.
Era uma maneira de evitar “confronto” com os
mosquitos.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 104 -
Vamos usar com eles o que se utiliza
para fazer viajar “marrucos” em gaio-
la de caminhão boiadeiro!
Sebastião Carneiro – 1984
“Marrucos” são briguentos e injuriados por natureza.
Touros velhos que necessitam ser substituídos. Estranham-
se por todo o tempo.
A estratégia consiste em deixá-los por 24 horas, ou
mais, presos juntos em um mangueiro reforçado para
brigarem a vontade, cansarem e ficarem exaustos.
Após isso são embarcados. Viajam calmos, não
brigam e não quebram a gaiola do caminhão.
Sebastião se referia a maneira de administrar
desavenças entre peões.
O pantaneiro que disser que se acos-
tumou com mosquitos é o maior menti-
roso. Tolero esses “infelizes” por ne-
cessidade!
Lídio Bermuda –1984 Pantaneiro – Nabileque.
Para obter sombra somente planto ár-
vores que dêem frutos comestíveis!
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 105 -
Aparício Figueiredo –1984. Nabileque.
Boca de peão, estômago de peão, cal-
deirão do inferno. Tudo derrete!
Peão pantaneiro – 1984
A variedade da comida é secundária. O
problema é que a quantidade tem que
ser grande!
Peão pantaneiro – 1984
Número, traga-me água helada!
Oficial de Dia –1984 Guarnição de Fronteira.
Fomos visitar uma cidade de fronteira. Apresentamo-
nos às autoridades locais.
Próximo à roda de pessoas sentadas, ficava um
soldado que se designava “número”, perfilado para receber
ordens. Recebeu duas ordens.
A primeira para servir água gelada e a segunda para
servir tereré.
Enchia cada cuiada e a entregava nas mãos dos
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 106 -
visitantes e voltava à posição de sentido.
Vamos a hacer una faxina!
Oficial de Dia –1984 Guarnição de Fronteira.
Em seguida vários “números” (soldados) se reuniram
para a faxina. Pegaram suas ferramentas e um couro vacum
seco.
O lixo reunido era colocado no couro, seguro por
quatro homens e levado para ser jogado longe.
Era o carrinho de mão.
Vamos a comer um assado de costilla
amanhana!
Dona de pensão – 1984. Cidade de Fronteira
Estava hospedado em uma pensão. Na cidade muito
pequena abateram uma vaca gorda. O costilhar (conjunto de
costelas) foi adquirido pela pensão e deixado pendurado por
02 dias, ao natural, para maturar.
A carne quando foi para o forno já estava “fuerte” ou
“aceda”, conforme a classificaram. Ao assar exalava odor
pouco agradável.
Fui a uma quitanda e adquiri ovos para misturar ao
arroz e abacaxi para sobremesa.
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Agradeci o “assado” mui gentilmente.
Faz treze dias que eu estou aguardan-
do a condução!
Pedrão – Nabileque – 1984. Capataz da Fazenda Rancho Alegre
Estávamos às voltas com enchente no Nabileque e
tirando o gado da Fazenda Tupaciara.
A travessia era feita a nado no Rio Nabileque, na
Fazenda Singular e chegava-se na Fazenda Capivara, na
barra do Niutaca com o Nabileque.
Fui levar mantimentos e dinheiro para a comitiva
que naquele dia deveria pousar na Capivara.
Lá chegando, logo em seguida, fui abordado por
“Pedrão”, que estava aguardando condução para Bonito.
Perguntei-lhe: E ai Pedrão, há quanto tempo você
aguarda condução por aqui?
Deu-me a resposta acima.
Paciência de Pantaneiro!
Não existe o bom sem defeito!
Lídio Bermuda –1984 Nabileque.
Referia-se aos peões capazes acima da média.
Alguns defeitos teriam. Ou viciados em cidade, ou em
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álcool ou alguma outra coisa.
Quando chego para trabalhar em uma
fazenda visito a cozinha. Se as panelas
são pequenas fico desconfiado. Se ser-
virem chá pela manhã e sopa à noite,
peço as contas!
(Peão pantaneiro – 1984).
Os peões pantaneiros são habituados a comer carne
três vezes ao dia; no “quebra torto” pela manhã, no almoço e
no jantar.
Aqui em Brasília não se “adjetiva” e
nem se “fulaniza”!
Um tecnocrata – Brasília – 1986
Cheguei a Brasília, no início de 1985, para exercer a
função de Assessor Especial do Superintendente da
SUDECO, Senador Mendes Canale, Governo José Sarney.
Inicialmente como “estranho no ninho”, sofremos
restrições por parte do corpo técnico. Porém, logo nos
enturmamos.
Um servidor veterano explicou-me as coisas: O
costume em Brasília é não usar adjetivos: burro, desonesto,
incompetente, etc., e sim, afirmativas menos agressivas
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- 109 -
como não afeito à inteligência, honestidade, competência,
etc.
Também não se diz como na antiga gíria, o nome do
santo. Usa-se a expressão: “uma determinada pessoa”.
Explicou-me também que o “tecnocrata” era o
servidor unicamente dotado de conhecimentos inerentes à
burocracia e que o policrata era a pessoa com
conhecimentos técnicos, porém dotado de sensibilidade e
“know how” político; o nosso caso.
A essência de mineiridade está em sa-
ber distinguir o significado de “dar li-
berdade” e de “dar intimidade!”.
Engenheiro mineiro – 1986
Dar liberdade é uma coisa mais superficial. Dar
intimidade, conceder intimidade é uma coisa muito
profunda, pouco usual. Segundo o Engenheiro.
Para se obter uma vitória, conseguir
um objetivo há que se ter uma mente
privilegiada (planejamento); um cora-
ção que pulse forte a favor da idéia e,
sobretudo, duas pernas fortes e muscu-
losas, para correr atrás!
Cel. Bombeiro Cardoso – 1987
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Ensinamento que lhe foi passado em colégio de
padres em que estudou.
Abraçar não é oportuno; porém apal-
par não é proibido!
Mendes Canale – 1987. Superintendente da SUDECO.
Proferiu a frase quando conversávamos sobre
sondagem em determinada área política, ou pedido de apoio
para aprovação no Congresso, de legislação de interesse do
Centro-Oeste e da SUDECO.
Para mim bebida alcoólica cara ou ba-
rata é a mesma coisa. O bom de todas
é a “Zonzeira”!
Luís Fagundes – 1988.
Não via diferença entre cerveja, uísque, aguardente.
Olhei para longe. Vi as pastagens. Vi a
morraria. Vi as matas; não me agradei
da paisagem!
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Peão de serraria –1988 Fazenda Vargem Grande
Estávamos precisando de funcionários na serraria da
Fazenda Vargem Grande. Com muito custo arrumei um na
cidade e o trouxe para a fazenda, à tarde.
No outro dia informou que queria ir embora.
Questionei-o sobre o motivo, justificou-se.
Usted desrepeto el pavilhon nacional!
Oficial de Dia –1988 Cidade de fronteira.
Acompanhei um amigo que pretendia fazer compra
de gado em determinada cidade. Apresentamos-nos às
autoridades locais. No dia seguinte o companheiro viajou
para o interior.
Eu fiquei no hotel e resolvi dar um passeio na
avenida que margeava o Rio Paraguai. Trajei-me de short,
camiseta, chinelo e boné.
Fui surpreendido por um soldado que atravessou
uma larga avenida e deu-me ordem para acompanhá-lo a um
quartel que ficava do outro lado de larga avenida (mais de
100 metros).
Lá chegando fui levado ao Oficial de Dia que me fez
severo sermão.
Disse-me que eu tinha passado enfrente ao pavilhão
Nacional sem tirar o boné. A punição seriam dois dias de
detenção fazendo faxina no quartel.
Depois de solene pedido de desculpas, liberou-me.
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- 112 -
Deus concedeu-me o privilégio de ver o
“espetáculo das águas”!
Joaquim Francisco – 1988. Ex-Governador de Pernambuco
Joaquim Francisco veio ao Estado em missão
política. Estávamos vivendo a maior enchente do pantanal,
desde que se iniciaram as medições em Ladário, em 1901.
Houve grandes enchentes em 1905, 1913, 1959,
1979, 1980 e, posteriormente, as de 1988 e 1995.
Sofrido com as secas do nordeste disse, em discurso,
que os mato-grossenses tinham a benção dos céus.
Apesar de alguns transtornos que as enchentes
provocam, a natureza, o meio ambiente e a biodiversidade
agradecem de coração.
Eu voltei a morar com a mamãe!
Cliente com 60 anos, portador de “gota” – 1988
Certo cliente veio à consulta com dor e inchaço no
pé, suspeita de “gota”. Foi prescrita a medicação e a
orientação dietética.
Disse-me que quanto à alimentação haveria
dificuldade, pois estava se separando da esposa.
Voltou 60 dias depois em boa situação. Deveria
continuar a orientação alimentar.
Perguntei-lhe se estava tudo certo, se já havia
solucionado o problema de alimentação.
Deu-me a resposta acima.
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- 113 -
O “pedrismo” não é uma corrente polí-
tica. É uma religião!
Dr. Luiz Cordella – Década de 80 Médico em Miranda.
Época em que Pedro Pedrossian, com grande número
de seguidores, havia substituído o Governador nomeado de
Mato Grosso do Sul, Marcelo Miranda
.
Se for um gato eu traço; se for uma ga-
ta eu traço também!
Jornalista – Década de 80
Tive oportunidade de conhecer uma jovem jornalista
em Campo Grande. Notei que cultivava os bonitos e jovens
namorados e que também mantinha relacionamento algo
duradouro com algumas garotas.
Disse a ela que não entendia a situação. Deu-me a
resposta bastante elucidativa.
Meus filhos são todos bonitos, sem ex-
ceção!
Nair Fenelon Cunha – Década de 80
Minha mãe, mãe coruja, não admitia discriminações
quanto aos filhos.
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- 114 -
Este sujeito (vizinho, peão, parente) me
incomoda mais do que porco solto!
(Zézão – década de 80) Capataz do Nabileque.
O porco criado fora do chiqueiro entra na cozinha,
embaixo da cama, cava a soleira da porta, etc.
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DÉCADA DE 90
Pobre somente se preocupa com comi-
da. Classe média com poupança e la-
zer; rico com sexo e viagens longas!
Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.
Inventário funciona da seguinte ma-
neira: Os herdeiros brigam de se arre-
bentar. Tudo acertado, tudo termina-
do, confraternizam-se saboreando um
excelente churrasco!
Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.
Nunca achei peão ruim na minha vida
de gerente. Todos eles, porém, têm que
trabalhar junto a mim. Ombro a om-
bro!
Antonio Rancho Grande –1990 Gerente de serraria.
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Morar em fazenda é coisa para velho.
Se encontrar um jovem morando em
fazenda ou tem parafuso frouxo ou es-
tá foragido da Justiça!
Orestes dos Reis – 1991
Nunca se afaste de seus sonhos porque
se eles se forem, você continuará vi-
vendo, mas terá deixado de existir!
Um pensador – 1992
Comunicamos à Família Nunes da Cu-
nha que nesta Casa foi aprovada pro-
posta, já sancionada pelo senhor Go-
vernador, dando o nome de Manoel
Bonifácio Nunes da Cunha, ao Fórum
da Comarca de Aquidauana!
Assembléia Legislativa de MS. Década de 90
A Proposta foi apresentada pelo Deputado Roberto
Orro, aprovada em Plenário e sancionada pelo Governador
Wilson Barbosa Martins.
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- 117 -
Instalou-se o Fórum no prédio anteriormente
ocupado pelo Ginásio Candido Mariano.
Novo prédio foi construído e inaugurado na
Administração José Orcirio dos Santos, levando também o
nome de Bonifácio.
Ele quer que eu venda a minha casa,
construída em terreno meu, com o di-
nheiro do meu salário. Para aceitar a
separação quer que eu venda a casa e
divida o dinheiro!
Funcionária Pública – 1994. Consulente em prantos.
Relatou-me que arrumou um namorado que foi
recolhido à sua casa.
Vendo que o relacionamento não dava certo, pediu a
ele que se mudasse e a deixasse em paz.
Da minha parte como médico, queria um atestado de
longo prazo para ficar bem longe do namorado que a
pressionava.
Aconselhei que enfrentasse o problema e, se
necessário, fosse à Justiça.
Tirar leite é bom negócio para o sitian-
te. Você vende, diariamente, a foto da
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- 118 -
vaca representada pelo leite e fica com
o bezerro e a vaca!
João Gomes da Silva –1995 Colônia Paulista – Anastácio/MS.
Doutor Rubens, na cidade não está
tendo serviço para homem que não se-
ja instruído, doutor. Existem apenas
serviços para mulheres!
Maria do Carmo Matias – 1996
Maria, funcionária de fazenda, casada com Luizão,
também funcionário, observava que os bancos, lojas,
repartições, restaurantes, quase que somente contratavam
mulheres.
Aos homens sobrava o trabalho rural.
Eu pensava que os políticos eram cor-
ruptos; cheguei à conclusão que os
verdadeiros corruptos são os eleitores!
A. Bastos – jornalista – 1996
Bastos era jornalista e criticava muito a classe
política. Inventou de ser candidato a vereador e teve uma
votação inexpressiva.
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- 119 -
Disse-me que a maioria dos eleitores queria alguma
coisa em troca para votar nele: cesta básica, telha, tijolos,
cimento, areia para construção, consertos e pneus para
carros, dentadura, medicamento, etc.
Já tinha eu passado pela mesma experiência em
1986, quando fora candidato a Deputado Estadual sem êxito,
em parte, pela insuficiência de fundos financeiros.
A moda já era antiga.
No emaranhado dos negócios e na in-
vestigação policial, qualquer informa-
ção é válida, mesmo que aparentemen-
te destituída de fundamento!
Delegado de Polícia – 1997
Todo policial que se envolve em ilícitos
morre sabendo de onde partiu o tiro
que o vitimou!
Delegado de Polícia – 1997
Frase ouvida na Secretaria de Segurança de Mato
Grosso do Sul em minha passagem por lá: 1994 – 1998.
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- 120 -
O senhor não tem receio de confundir
esses medicamentos?
Cliente de Reumatologia – 1999
À maior parte dos clientes são prescritos
medicamentos manipulados. A farmácia galênica foi
ensinada no 3º ano da faculdade.
Nos primeiros 20 anos da profissão, usamos
praticamente medicamentos já preparados por
multinacionais com nomes fantasia.
Nos últimos 12 anos os medicamentos com fórmulas
manipuladas passaram a ser largamente usados.
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- 121 -
SÉCULO XXI
PRIMEIRA DÉCADA
Estou vivendo os melhores dias da mi-
nha vida!
Funcionária estadual – 2002
A cliente confidenciou-me que havia pedido
transferência de Campo Grande e estava atuando em cidade
a 150 KM da Capital
Deixou o marido, também professor, e quatro filhos,
inclusive adolescentes e foi curtir um novo relacionamento.
Perguntei a ela se não estava com remorso,
arrependimento.
Deu-me a resposta acima enunciada.
Falar é fácil. Duro é colocar a mão na
macaca!
Vicente Gaeta – Aquidauana – 2004
Macaca no seu falar é sinônimo de carteira, bolso,
bolsa. Diz a frase a pessoas que vêm com planos brilhantes,
porém, sem capital para subvencioná-los.
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- 122 -
Quero a presença de todos os primos
para comemorar os cem anos de ma-
mãe!
Maria do Carmo Gouvêa – dez/2004
Maria do Carmo é filha de Jolinda, irmã de nossa
mãe Nair, e Dr. Pelópidas Gouvêa, médico paraibano que
clinicou em Três Lagoas.
Tia Jô, como carinhosamente a chamávamos,
completou 100 anos em dezembro de 2004. A família,
residente em Londrina, organizou as festividades.
Foi alugada uma grande casa que serviu de
hospedagem aos parentes de fora.
Estiveram presentes os filhos de Fenelon, de Nilton,
de Nair, de Dª. Aninha, além de filhos, netos, bisnetos de
Jolinda e Pelópidas.
Missa em ação de graças, almoço com música de
câmara, amigos e parentes do Paraná, de Goiás, de São
Paulo, estiveram presentes.
Não se fizeram presentes apenas Sebastião, filho, e
os netos da Piinha.
Passarinho que anda junto e faz ami-
zade com morcego, acaba amanhecen-
do pendurado!
Empresário Sul – Mato-grossense – 2005
Refere-se ao fato que maus companheiros acabam
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- 123 -
levando a pessoa ao sacrifício.
Não aprendi a ganhar muito. Aprendi
a gastar pouco. Assim constituí meu
patrimônio!
Aloízio Gomes de Souza – médico Campos dos Goitacazes/RJ
2000 – Primeira Década.
A Segunda Guerra Mundial deixou ví-
tima em Mato Grosso!
Um Aquidauanense – 2005
João Lopes Assunção, voluntário, filho de
Aquidauana, teve morte na explosão de uma mina terrestre
em campo de batalha da Itália, na 2ª Guerra Mundial.
Foi sepultado no cemitério de Pistóia.
Doutor, estou com as dores do “enco-
lhimento”!
Uma paciente de 65 anos Campo Grande/MS – 2005,
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- 124 -
Face ao meu espanto, explicou-me: Tenho visto
muito falar em “dor do crescimento” em adolescentes. Esta
dor que estou sentindo deve ser a “dor do encolhimento”.
Escrever cartas é coisa de velhos!
Cláudio Lembo – set/2006. Governador de São Paulo.
Referindo-se a uma carta aberta escrita pelo Ex-
presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Senhor já está incluído em minhas
preces há muito tempo!
Uma cliente – Santa Casa – 2006
Em junho de 2006, uma cliente de modestíssimas
posses disse-me que tinha vontade de dar-me um presente,
porém não tinha o dinheiro suficiente para dar o presente
que ela julgava seu médico ser merecedor.
Disse a ela que se me incluísse em suas preces eu
estaria bem recompensado. Como resposta tive a frase
acima.
Aliás, algumas centenas de clientes já me disseram a
mesma coisa em relação às preces, o que muito me alegra e
conforta.
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- 125 -
Jerusalém pertence aos Árabes!
Saddan Husseim – 30/12/06
Frase proferida por Saddan, minutos antes de sua
execução na forca.
Legítimo “Grito de Guerra” aos Muçulmanos.
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- 126 -
FRASES DE GRANDES PENSADORES
Levanta-te e anda; a tua fé te curou!
Jesus Cristo em sua peregrinação. Antecedeu sua crucificação e morte.
Representativa da Fé positiva – Acreditar em seus
propósitos.
Quem fala não sabe. Quem sabe não
fala!
Lao Tse – TAO – ano 600 a.C. Sábio do Oriente - fundador do TAOÍSMO
A sabedoria/conhecimento é sempre
acompanhada da modéstia. O desco-
nhecimento e a estultice da prepotên-
cia.
Médico/Filósofo.
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- 127 -
Você é o que você come e o que você
bebe. (Modernamente, o que você aspi-
ra: cigarro, poluição, maconha e cocaí-
na)!
Hipócrates – 460 AC. Pai da Medicina
Relatou verdades que sobreviveram aos milênios.
As mulheres e os eunucos não estão su-
jeitos à podagra!
Hipócrates – 460 a.C.
Verificou que as mulheres e os homens castrados na
adolescência, não estavam sujeitos a ataque de gota no
dedão do pé (podagra).
Dai-me uma alavanca e um ponto de
apoio e eu erguerei o mundo!
Arquimedes – 212 a.C Matemático grego
Determinação. Busca de apoio emocional,
financeiro, circunstancial.
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- 128 -
A esperteza/sabedoria quando é exage-
rada vira bicho e come o esper-
to/sabido!
Sabedoria Mineira.
Ninguém é capaz de enganar a todos
por todo o tempo!
Sir Winston Churchill – 1940
O Primeiro Ministro da Inglaterra referia-se a Adolf
Hitler, que, com propostas de desenvolvimento econômico e
social conquistou como aliados a Itália e Japão.
Logo após iniciada a 2ª Grande Guerra (1939 –
1945), desmandou-se e cometeu atrocidades, genocídios,
invadiu a Europa Central, Ocidental, Oriental e África.
A Inglaterra não capitulará. Custe o
sangue de nossos soldados, o suor do
esforço de guerra de nossos operários,
as lágrimas das esposas, viúvas e noi-
vas de nossos combatentes!
Sir Winston Churchill - 1943.
Logo após a capitulação de França frente aos
nazistas e sob intensos bombardeios sobre Londres pela
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aviação alemã.
Na medicina e no amor nem sempre,
nem jamais!
médico francês – século XIX.
Queria dizer que em determinada doença nem
sempre tal sintoma é obrigatório. Essa é a verdade.
A medicina não é ciência exata.
No amor ocorre da mesma maneira.
Uma palavra vale uma moeda; o silên-
cio vale duas!
Pensador árabe.
Muita prudência no que vai passar adiante, Somente
falar na hora certa para a pessoa certa.
Para percorrer mil léguas é necessário
dar o primeiro passo!
Mao Tse Tung – 1947
Exato. Grandes projetos se concretizam somente
após a primeira iniciativa.
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A cada um de acordo com as suas ne-
cessidades. A cada um de acordo com a
sua capacidade!
Mao Tse Tung – 1952
Quis dizer que todos têm direito a suprir suas
necessidades básicas de saúde, educação, alimentação,
vestuário, habitação.
Porém o investimento do Estado no
desenvolvimento intelectual avançado tem que ser seletivo.
A “liberdade” que se superpõe aos li-
mites aceitáveis dos homens e das mu-
lheres é na verdade uma licenciosida-
de!
Paulo Freire Entrevista televisiva.
Nunca me senti melhor do que nin-
guém por ser brasileiro; nunca me sen-
ti pior do que ninguém por ser brasi-
leiro!
Paulo Freire Entrevista televisiva.
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Quero ser lembrado como uma pessoa
que amou profundamente os homens,
as mulheres, os animais, o ar, as árvo-
res, as águas, enfim a vida!
Paulo Freire Entrevista televisiva.
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HOMENAGEANDO O CENTENÁRIO
MANOEL BONIFÁCIO NUNES DA
CUNHA
BIOGRAFIA
Descendente de tradicional família mato-grossense,
bisneto do Barão de Poconé, nasceu no dia 05 de junho de
1908, em Poconé. Faleceu em 16 de abril de 1985, em
Campo Grande.
Fez o curso secundário em Cuiabá, no Liceu
Cuiabano. Ainda estudante, no ginásio, em Cuiabá, foi
revisor do Diário Oficial do Estado e articulista do jornal
estudantil “Crisálidas”.
Advogado, formou-se em Direito na Faculdade
Nacional de Direito, Universidade do Brasil, hoje
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1932.
Universitário, trabalhou na Casa da Moeda, no Rio
de Janeiro.
Instalou sua primeira banca de advocacia em Bela
Vista. Nessa cidade participou como Secretário Geral, do
Comitê Revolucionário (Revolução de 1932) presidido por
Pego Loureiro.
A seguir transferiu-se para Miranda. Em Miranda se
casou com Dª. Nair Fenelon Costa, mãe de seus filhos
Leonardo, Rubens, Afonso, Maria, Estevão e Antônio, todos
nascidos em Aquidauana, cidade onde o casal fixou sua
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- 133 -
residência, em janeiro de 1935.
Advogado do Banco do Brasil S/A entrou para o
Serviço Jurídico desse estabelecimento em 1949, a convite
da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, tendo
anteriormente atuado como Contratado.
Jornalista, desde estudante, colaborou sempre na
imprensa mato-grossense, tendo sido Diretor e proprietário
do Jornal do Sul, de Aquidauana.
Na área de atuação na vida pública assumiu pela
primeira vez, em setembro de 1935, o cargo de Prefeito de
Aquidauana, sendo reconduzido a esse cargo mais 4 (quatro)
vezes. Governou, assim, o Município de Aquidauana , com
pequenas interrupções de 1935 a 1944.
Prefeito de Aquidauana remodelou a cidade
nivelando a sua parte central e dotando-a de calçadas de
mosaicos, jardim público, arborização, Serviço de
Abastecimento d’Água, Posto de Higiene e reformulou o
Serviço de Luz e Força. Lançou as bases para a construção
do Hospital de Aquidauana.
Na área de educação, na Prefeitura, fundou escolas
urbanas e rurais (Escolas Laudelino Barcelos, Teodoro
Rondon), promoveu a remodelação do Grupo Escolar
Antonio Correa e Escolas nos Distritos de Camisão,
Piraputangas e Palmeiras, entre outras.
Organizou o Núcleo Agrícola de Piraputangas
(NOB), criou o Patrimônio de Corguinho, hoje município.
Viabilizou os assentamentos da Colônia Jango de Castro,
hoje Piraputangas, Colônia Paxixi, hoje Camisão e Colônia
do Cipó, hoje Distrito de Cipolândia, além do apoio a Fala-
Verdade e Corguinho, então pertencentes a Aquidauana.
No setor de transportes construiu estradas e pontes,
melhorou o campo de aviação e pugnou pela construção da
atual Rodovia Aquidauana/Nioaque/Bela Vista.
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- 134 -
Quando residente em Aquidauana, acumulando com
as funções de Prefeito, foi nomeado pelo Interventor de
Mato Grosso, Julio Muller, Delegado Especial do Sul de
Mato Grosso com vasta área de atuação.
Nesta missão desarticulou, com o auxílio de
Delegados nomeados Rodrigo Peixoto e Orcirio do Santos,
que comandaram segmentos de Polícia denominados
“Capturas”, os bandos armados de Selvino Jacques e dos
“Baianinhos”. Ambos se dedicavam à pilhagem e saque em
propriedades rurais.
Estes dois grandes auxiliares sofreram revezes:
Rodrigo Peixoto foi morto em Bela Vista pelos
“Baianinhos” e Orcirio no último combate com o bando de
Selvino perdeu seu irmão caçula Horácio
Nestas missões contou, nos idos de 1939, com
efetiva contribuição de setores produtivos, em especial
famílias residentes em Bela Vista, Vila de Porteiras, hoje
Caracol, Porto Murtinho e Guia Lopes da Laguna.
Estas pequenas cidades detinham rudimentar
estrutura de segurança pública.
Durante a 2ª Guerra Mundial, após o Brasil aderir à
luta contra o Eixo, como Prefeito, foi executor do
Racionamento de Guerra. Neste, os produtos estratégicos
(gasolina, querosene, pneus, trigo e açúcar), tinham
consumo regulamentado e contingenciado para todas as
classes sociais, sem levar em consideração o poder
aquisitivo.
Procurador Jurídico do Território Federal de Ponta
Porã, na gestão do Cel. Noronha, foi incumbido da
estruturação jurídica e administrativa do novo Território
Federal, quando teve oportunidade de participar da
organização do loteamento da Colônia Federal Agrícola de
Dourados, criada por Getúlio Vargas, em 1942.
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- 135 -
No período de 1935 a 1951 atuou na política,
primeiramente, no Estado Novo (Era Vargas) e após a
redemocratização, em 1946, na organização do Partido
Social Democrata – PSD, nos municípios do Sudoeste do
então Mato Grosso (Uno).
Exerceu sempre com denodo a advocacia, como sua
atividade principal não só representando o interesse de
grandes empresas rurais (Fazendas Bodoquena e Miranda
Estância), e de bancos (Banco da Produção, Banco do
Brasil), como também defendendo os direitos de médios
produtores e dos trabalhadores urbanos e rurais.
Patrocinou os direitos dos adquirentes de parte da
Fazenda Taboco. Estes tiveram seus direitos reconhecidos
sobre um excedente de área considerável.
Como advogado defendeu os trabalhadores das
Colônias Jango de Castro, Paxixi e Cipó, além dos
garimpeiros de “Fala-Verdade”.
Hoje essas colônias desenvolveram-se e foram
alçadas à condição de Distritos de Aquidauana, com boa
infra-estrutura em todos os setores. “Fala-Verdade”,
agregado a outras áreas, deu formação ao Município de
Corguinho.
Foi, ainda, sócio e advogado da Cooperativa
Agropecuária de Aquidauana, uma das mais importantes
empresas da região sudoeste, à época. A Cooperativa
mantinha estabelecimento comercial na Praça Nossa
Senhora da Conceição para atendimento aos cooperados.
Em 1946, no Governo Pessedista de Arnaldo
Estevão de Figueiredo, tendo Dr. Camilo Boni como
Secretário de Estado na área específica, apoiou o
assentamento fundiário do Campão, posteriormente,
designado Colônia Arnaldo Estevão de Figueiredo, hoje,
Bodoquena.
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- 136 -
Intermediou com moderação, bom senso e
competência, no período 1946-1950, os interesses do Banco
do Brasil e os dos pecuaristas devedores ao Banco.
Apesar de se ter gado não se realizava dinheiro.
Imensa crise ocorreu após o final da 2ª Guerra
Mundial, em especial após a derrocada da “euforia do
zebu”.
Inicialmente ocorreu a “Moratória” concedida aos
devedores. A seguir o “reajustamento” (renegociação da
dívida).
Após essa renegociação, no Governo Dutra,
cinqüenta por cento do débito foi assumido pelo Tesouro
Nacional. No Governo de Vargas, que sucedeu à Dutra, os
outros cinqüenta por cento, por lei aprovada pelo Congresso
Nacional, também foram assumidos. Evitou-se a
inadimplência de importantes pecuaristas.
Ocupou em 1951 e 1952, a Secretaria de Agricultura,
Indústria, Comércio, Energia, Viação e Obras Públicas, no
Governo Fernando Corrêa da Costa, destacando-se como
defensor das terras extrativas e das áreas reservadas para a
colonização, incentivando medidas tendentes ao fomento e
defesa das produções animal e vegetal.
De sua iniciativa os convênios com o Ministério da
Agricultura para o fomento da produção animal,
principalmente na Zona Norte e fabricação, no Sul, de
vacina contra a aftosa.
Através do Departamento de Terras e Colonização,
teve a oportunidade de liderar, então, o primeiro grande
processo de colonização do Mato Grosso (UNO), processo
esse que adquiriu dinamismo e se estendeu pelas décadas
seguintes.
No Sul de Mato Grosso, apoiou a discriminação
fundiária de boa parte da Grande Dourados e do Cone Sul.
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- 137 -
Surgiram cidades como Naviraí, loteada por Ariosto da
Riva, Angélica, loteada por René e Humberto Neder.
De Coxim para o Norte, surgiram os assentamentos
de Rondonópolis, Jaciara, São Pedro do Cipa e, mais para o
Nortão, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Mirassol do
Oeste, Barra do Bugres.
Aconteceram também as colonizações em Barra do
Garças, Santa Terezinha, São Félix do Araguaia, na região
Leste do Estado.
Em fase posterior ocorreram as colonizações de Alta
Floresta, Juina, Joara, Sinop e outras.
Tiveram atuação preponderante, os desbravadores
Enio Pepino, Ariosto da Riva, Grupo Matsubara,
Colonizadora Rio do Sangue e diversos corretores, Vasilio
Seminov entre outros.
No Governo Ponce de Arruda, período de 1956 –
1960, Bonifácio Cunha atuou como Secretário de Educação,
Cultura e Saúde.
Em sua gestão nessa Secretaria Estadual, na área de
Saúde, reorganizou o Departamento de Saúde do Estado e
suas unidades sanitárias, hospitais e serviços.
Na sua atuação, destacam-se a instalação do Serviço
de Assistência Médica Rural, o Serviço de Abreugrafia de
Campo Grande, o Plano Integrado de Saúde de Dourados, as
atividades do SESP – Serviço Especial de Saúde Pública e a
construção de postos de saúde.
O Plano Integrado de Saúde da Grande Dourados
envolveu a implantação de diversos programas na área de
assistência médica preventiva e curativa, tendo como apoio
o Hospital Distrital construído em Dourados.
Criação da Escola de Saúde, em Várzea Grande, que
passou a formar pessoal de apoio para toda a área de saúde.
Por aí passaram servidores de vários postos de saúde do
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- 138 -
Estado.
Na região de Aquidauana, o Sistema de Assistência
Médica Rural, foi coordenado pelo Dr. Alfredo Garcia,
tendo como auxiliares servidores dos diversos postos de
saúde. O acesso muitas vezes era feito por meio de pequenas
aeronaves.
Bonifácio Cunha deu apoio às atividades de
saneamento básico, educação sanitária, suplementação
alimentar, combate a endemias entre outras as verminoses e
tuberculose que grassavam em grande escala entre as
populações indígenas.
Na área de Educação, modernizou o Departamento
de Educação e Cultura, criou bolsas de estudos para jovens
mato-grossenses irem cursar o terceiro grau em grandes
cidades. O médico de Campo Grande, Dr. Rafael Cubel, foi
um desses bolsistas.
Em Aquidauana, em sua gestão na Secretaria
Estadual de Educação, o Estado adquiriu ao casal Antonio
Salústio e Maria Areias, o Educandário denominado
“Colégio Candido Mariano”, que funcionava então nas
dependências de parte do Grupo Escolar “Antonio Correa”,
transformando-o em Escola Pública.
Implantou-se, também, em Aquidauana, a Escola
Normal Jango de Castro e foi construído o prédio próprio do
Colégio Estadual Cândido Mariano, próximo a Praça dos
Estudantes.
Bonifácio Cunha desenvolveu programas de
aperfeiçoamento do magistério (CADES – Formação para
professores leigos), a ampliação da carga horária para o
Curso do Magistério, então denominado Escola Normal, a
instalação da Faculdade de Direito de Cuiabá, os Ginásios
de Guiratinga e Paranaíba, implantação da merenda escolar
nas escolas públicas e incentivo às bibliotecas.
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- 139 -
Medida de grande alcance político, administrativo e
cultural, quando à frente da Secretaria de Educação, Cultura
e Saúde, foi a realização de concursos públicos para
preenchimento e efetivação dos professores nos cargos do
Magistério, acabando, de vez, com a intranqüilidade que
existia a cada mudança de Governo, quando eram demitidos
todos os professores do partido derrotado para nomeação de
professores do partido vencedor das eleições.
Como participante do Governo, deu apoio à
implantação da Rodovia KM 21 – Bonito, sendo empreiteiro
da obra o ex-Deputado Audelino da Costa Sobrinho.
No Governo Ponce de Arruda (1956-1960), foi,
ainda, incumbido de efetivar a regularização fundiária de
mais de meio milhão de hectares de terras no Pantanal do
Nabileque, que tinham sido recebidas pelo Estado como
pagamento de tributos devidos pelo Fomento Argentino,
dissolvendo-se grave foco de tensão na fronteira com o
Paraguai e pequeno segmento de fronteira com a Bolívia
abaixo do Forte Coimbra (Puerto Bush).
Deu-se, então, o povoamento do Nabileque de
maneira organizada. Nestes cinqüenta anos transcorridos
muito ICMS e ITR foi gerado para os cofres públicos.
Após o término do Governo Ponce de Arruda, em
1960, Bonifácio teve breve período de atuação no Banco do
Brasil, do qual se tornaria, por mérito, Advogado do Quadro
Permanente, em 1949.
No Governo João Goulart, (1962-1963), cedido pelo
Banco do Brasil ao Governo Federal, exerceu a função de
Assessor Especial do Ministro da Saúde, Dr. Wilson Fadul.
Em 1964, ainda sob o impacto da prisão política dos
filhos Leonardo, Rubens e Afonso, redigiu importante
documento direcionado aos filhos e demais familiares.
Nele relatou sua fé no Estado de Direito, na
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- 140 -
Democracia, na distribuição de rendas e oportunidades, no
êxito que as pessoas alcançariam através da erudição, do
conhecimento, da informação e do acatamento e exercício
dos princípios da Ética.
Também está inserida uma Profissão de Fé na Escola
Pública por ele freqüentada desde o primário até o Curso
Superior de Direito no Rio de Janeiro.
Seria esta o verdadeiro instrumento, em sua
concepção, para a modificação das condições de vida das
pessoas e autêntica redistribuidora de oportunidades.
Com o movimento militarista de 31 de março de
1964, deixou de prestar serviços ao Governo Federal e
retornou às suas atividades no Banco do Brasil. Foi então
designado para substituir o Dr. Wilson Barbosa Martins na
representação jurídica do banco na região sul do Estado de
Mato Grosso com sede em Campo Grande/MT.
Após poucos anos nessa atividade, aposentou-se no
Banco do Brasil e passou a gerir seus negócios na área agro-
pastoril, tendo fundado a Agropecuária Vargem Grande
Ltda., em sociedade com seus filhos.
Aderiu, em 1975, ao Programa Polocentro do
Governo Federal, Projeto Integrado Agricultura/Pecuária,
constante de desmatamento, enleiração, gradeação, correção
de solo, adubação.
Implantou-se, na propriedade, infra-estrutura
(armazém, moega graneleira, silos de carga e descarga,
secador) e adquiriram-se plantadeiras, tratores,
colheitadeiras, etc.
Em algumas ocasiões o clima ajudou. Em outras não,
como soe acontecer com os agricultores: perdas por falta de
chuvas e por excesso de sol.
Transferiu a seus filhos o patrimônio referente à
Fazenda Vargem Grande e também, o amor pelos estudos e
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- 141 -
pelo aprendizado.
Ensinou-nos que, com boa base de conhecimentos e
integridade, auferem-se os ganhos necessários à nossa
subsistência, a uma vida digna.
Entre advogados, médicos, engenheiros, veterinários,
professores, bancários, policiais militares, ascende a 33
(trinta e três) o número de descendentes e parentes de
Bonifácio que auferiram de sua orientação, seus conselhos,
seus recursos financeiros para conquistarem o Terceiro
Grau.
Mato Grosso do Sul, recentemente, prestou-lhe
honrosa homenagem atribuindo seu nome ao Fórum da
Comarca de Aquidauana.
Em Campo Grande, a Escola Estadual Manoel
Bonifácio Nunes da Cunha, representa uma justa
homenagem ao cidadão e homem público que muito
contribuiu para a educação.
Outra singela homenagem a registrar, em Campo
Grande, foi o nome de Manoel Bonifácio Nunes da Cunha
ter sido escolhido patrono da Associação Cultural Manoel
Bonifácio, que reúne jovens estudantes de música, dança e
teatro, sob a coordenação do Maestro Nilson Almiro
Marques.
Recentemente, em 05/06/2007, data de seu
aniversário e marco inicial das homenagens pelo Centenário
de seu nascimento, bela placa com a denominação do Fórum
foi colocada na fachada do prédio que o abriga.
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- 142 -
FRASES
Amanhã muito cedo farei a leitura. Ho-
je, provavelmente, o assunto a que se
refere o telegrama não terá solução!
Bonifácio Cunha – 1944
Bonifácio, lá pela década de 40, recebia muitos
telegramas tratando de assuntos advocatícios, política,
negócios.
Quando o telegrama chegava ao cair da tarde,
costumava guardá-lo para abrir e ler no dia seguinte.
Questionado por mim sobre seu hábito deu-me a
resposta.
Não convivia com a ansiedade.
Pecuarista arguto inicia seu criatório
adquirindo vacas paridas, com crias ao
pé. Estas já provaram que têm a ferti-
lidade necessária e leite suficiente para
criar o bezerro! -1946
As pessoas de bom senso diminuto têm
que ser administradas no regime do
limite curto! - 1947
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 143 -
Confiar em guarda-costas é meio ca-
minho andado para você ser morto à
traição! - 1948
Resposta aos amigos que o aconselhavam a contratar
seguranças após ter comandado o controle dos
“bandoleiros” que exerciam suas atividades de pilhagem no
Sul do então Mato Grosso.
Sente-se, por favor. Assunto tratado
com a pessoa em pé não tem finaliza-
ção favorável! - 1948
Quando eu, ou meus irmãos íamos lhe pedir algumas
explicações ou fazer pleito, pedia que sentássemos para
tratar do assunto.
Verifiquei ser um bom hábito.
Quem cuida de criança e mulher inter-
nadas em hospital são os médicos e as
enfermeiras. Aos pais e esposos cabe
agir para providenciar o dinheiro para
pagar a conta! – 1950
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 144 -
Nasci nu e estou vestido com a graça de
Deus. O dinheiro para mim só tem va-
lor para resolver determinadas situa-
ções que dependem dele. Não me es-
cravizo a ele! - 1951
Valorizava de maneira especial a informação, o
conhecimento, a erudição e através destas habilidades se
realizaria dinheiro, conforme ensinava.
Cuide com desvelo da tua vida e dos
teus problemas, pois outros deles não
cuidarão! – 1954
Estude para ser alguém! – 1956/1960
Slogan da Secretaria de Educação, Cultura e Saúde,
quando exerceu o cargo de Secretário da Pasta no Governo
Ponce de Arruda.
O mundo e os brasileiros doravante vi-
verão em função de Sua Excelência o
Automóvel! - 1957
Comentário coincidente com o lançamento do
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 145 -
primeiro veículo brasileiro em 1957.
Os parâmetros de poder, status, refinamento,
felicidade seriam medidos pelo automóvel que a pessoa
possuiria.
Não importa os meios como conseguiu o dinheiro
para efetuar a compra.
Cada escola construída significa a ne-
cessidade de uma cadeia a menos! -
1958
Slogan de campanha eleitoral
O crédito e a credibilidade são constru-
ídos a duras penas, em longo prazo.
Um negócio com suspeita de duvidoso
ou uma atitude desastrada pode der-
rubá-lo em pouco tempo! – 1959
A vida é uma seqüência de lutas, difi-
culdades, apreensões, entremeadas por
raros e fugazes momentos de descon-
tração e de felicidade! – 1964.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 146 -
Os problemas não podem ser resolvi-
dos antes da hora propícia; nem depois
da hora, mas sim, no momento certo e
adequado! - 1964
Nunca gaste os últimos cinqüenta mil
réis. Eles poderão ser a sua salvação! -
1965
Indicativo de prudência. Ser previdente.
Todo preguiçoso que chega a chefe cos-
tuma ser extremamente exigente com
os colegas! - 1965
Nos negócios, na política, no exercício
da profissão, cuide-se daqueles que têm
pouca vocação para colaborar porque,
via de regra, são talentosos para atra-
palhar! - 1965
Evitar impaciência. Ser previdente. Estar atento.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 147 -
No carteado profissionalizado o que
menos se perde é o dinheiro. – 1965
Perde-se o tempo, perdem-se as noites bem
dormidas, perde-se a saúde com o consumo de cigarros e
bebidas alcoólicas; perde-se, por fim, a moral e a ética na
obsessão para se ganhar sempre!
Evite inquirir/questionar uma pessoa
sobre assunto que você sabe será desa-
gradável ou desinteressante para ela
responder! - 1965
Aconselhava pesquisar a resposta desejada ou
necessária em outras fontes.
A Terceira Guerra Mundial não terá
sua eclosão no confronto Estados Uni-
dos/União Soviética. Terá possivelmen-
te seu início no Golfo Pérsico, na altura
do Estreito de Ormuz! - 1966
O Estreito de Ormuz é determinado pela presença da
Ilha de Ormuz, território iraniano, em certo trecho do Golfo
Pérsico.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 148 -
Livre-se dos aproveitamentos oportu-
nisticos e inócuos: Resolver problemas
em demasia, em uma única ida ao cen-
tro da cidade; colocar excesso de carga
no veículo para aproveitar a viagem;
apanhar com sua condução, em uma
mesma ocasião, pessoas com progra-
mações diversificadas! - 1976
Evite determinar a pessoas com pouca
capacitação, duas ou mais incumbên-
cias para serem cumpridas em ações
simultâneas, em uma única ocasião.
Uma incumbência de cada vez! - 1976
A situação dele é de tirar bife do pró-
prio músculo! - 1980
Referia-se a pessoa que se encontrava em grande
dificuldade financeira.
Eu sou o Dr. Bonifácio Cunha. De
Aquidauana! – 16/04/1985 (Clínica
Campo Grande/MS)
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- 149 -
Na manhã de seu falecimento o médico assistente,
desejando avaliar sua orientação, perguntou-lhe qual era o
seu nome.
Recebeu a resposta acima.
Bonifácio elegeu Aquidauana como sua segunda
terra natal.
Aí nasceram os seus seis filhos, aí os educou,
exerceu advocacia, administração pública, a política
partidária, atividades empresariais como pecuarista e
agricultor.
Para Bonifácio Aquidauana e Anastácio, antiga
Margem Esquerda, irmãs gêmeas, tinham um mesmo
significado.
O seu arraigado amor por Aquidauana manifestou-o
em seu último dia de vida.
Ligou seu nome à cidade.
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- 150 -
FATOS
Obriguei-me a usar a “energia serena”
para coibir a atitude deste cidadão que
não quis entender as regras do “Racio-
namento de Guerra!” – 1944.
Bonifácio Cunha era Prefeito de Aquidauana.
A Prefeitura foi designada para ser a Executora do
racionamento de guerra.
Estávamos dentro da 2ª Guerra Mundial. O Brasil
participava junto com os demais aliados da guerra nos
campos de batalhas da Itália.
Determinado engenheiro, gerente da usina de força e
luz, não obedeceu à determinação para manter parada a sua
motocicleta.
O consumo de gasolina era restrito. Os fazendeiros
recebiam quotas de acordo com a distância de suas
propriedades.
O número de viagens mensais era pré-estabelecido.
Foi recolhido à Cadeia Pública e seu veículo
apreendido.
Bonifácio definia como “energia serena” aquela
atitude firme, dentro da lei, sem concessões, porém sem
abuso de autoridade.
Para tocar uma questão/demanda você
necessita de três requisitos: um saco de
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- 151 -
razão; um saco de dinheiro; um saco
de paciência! - 1948
Frase dita ao cliente Anacleto dos Reis, que fora
consultá-lo sobre “tocar uma demanda” com um vizinho,
contestando a localização de um aramado. Anacleto recuou.
Leve essa importância para você come-
çar a resolver seu problema. Não tem
prazo e não tenha preocupação em de-
volvê-la! - 1950
Solução dada a uma pessoa que veio lhe pedir um
aval.
Explicou-lhe que pelas suas implicações
profissionais e políticas, não podia correr o risco de ser
executado.
Abriu o cofre em sua sala de trabalho, pegou um
maço de dinheiro que correspondia a mais ou menos 15% do
valor e passou-o ao cidadão que veio lhe pedir o aval.
Vou levá-lo amanhã, para a solenidade
de assinatura do contrato da Usina de
Urubupunga, que acontecerá em frente
à Catedral! – 1952 (Cuiabá)
Naquele dia estaria em Cuiabá o Governador de São
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- 152 -
Paulo, Lucas Nogueira Garcez.
Seriam assinados pelo governador de São Paulo e
pelo Governador de Mato Grosso, Fernando Corrêa da
Costa os atos constitutivos das Centrais Elétricas de
Urubupunga, em solenidade pública.
A proposta de aproveitamento do potencial
hidrelétrico do Rio Paraná partiu do Governo de Mato
Grosso, daí a homenagem de Lucas Nogueira Garcez.
Na ocasião meu pai Bonifácio Cunha era titular da
Secretaria de Agricultura, Indústria, Energia, Comércio,
Viação e Obras Públicas. Teve atuação importante na
elaboração dos atos constitutivos da companhia que
construiu Jupiá, Ilha Solteira e várias outras hidrelétricas
nos rios Paranaíba, Tietê, além do Paraná.
Quero sua presença hoje à tarde na Se-
cretaria! – 1952 (Cuiabá)
Naquela tarde, em solenidade na Secretaria, foi
assinado o contrato entre o Estado e a empresa TECHINT
para a construção da Usina Hidrelétrica do Rio da Casca,
hoje conhecida como CASCA I.
Trabalho da Secretaria de Agricultura, Energia e
Obras Públicas, Governo Fernando Correa da Costa.
Na ocasião o governo era tocado com apenas duas
secretarias. A de Agricultura já citada e a do Interior, Justiça
e Finanças, com Demóstenes Martins.
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- 153 -
Benitez estarei aqui na Vargem Gran-
de no dia vinte e três do próximo mês
às dez horas! – junho de 1963
Benitez, empreiteiro de cerca, finalizava um
trabalho.
No dia do acerto houve um imprevisto: Bonifácio foi
chamado ao Rio de Janeiro.
Muito cedo se trajou com terno e gravata, tomou um
táxi aéreo e foi até à Fazenda realizar o pagamento.
De lá voou diretamente para Campo Grande e tomou
lugar em vôo comercial para o Rio de janeiro.
Ensinava-nos que não deveríamos “faltar” com
aqueles que nos prestam serviços. Assim se obteria a
reciprocidade.
A partir do momento que estamos vi-
vendo, o mundo será outro! - 1965
Frase proferida referindo-se à influência dos meios
de comunicação e a descoberta e utilização do transistor.
O comentário foi feito quando o empreiteiro Bezerra
relatou na sede da Fazenda Vargem Grande que através de
seu pequeno rádio escutava, diariamente, às 04h00 da
madrugada, programa editado em São Paulo que orientava
sobre direitos trabalhistas, previdenciários, do parceleiro, do
invasor de terras,etc.
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- 154 -
Até peão de obra que esquenta a mar-
mita no fogo de jornal, tem direito a
repouso na hora do almoço! - 1967
Estava de passagem por Aquidauana. Eu e
Margarida o convidamos para almoçar. Surgiu uma cirurgia
da Equipe A, constituída por Rudel, Garcia, Rubens e
Roberto.
A equipe B era constituída por Carlos Anastácio,
Claudio Stella, Pedro Ubirajara e Laudison. O forte de
Bonifácio era conversar, dialogar, trocar idéias.
Inconformado com o fato de eu ter que almoçar às
pressas, fez-me a advertência. Deveria administrar melhor o
tempo: Hora de trabalho – trabalho. Hora de refeição –
refeição. Hora de repousar – repouso.
Vamos a partir de agora percorrer o
“caminho crítico”, marcado por forças
imponderáveis, sobre as quais não te-
mos domínio! – Dezembro de 1976
Bonifácio, com 68 anos de idade, como era de seu
estilo, topou um desafio: com financiamento do Governo
Federal (Polocentro), plantar na Fazenda Vargem Grande,
Miranda/MS, então de sua propriedade, uma lavoura de
arroz de sequeiro (sem irrigação), de 1100 hectares.
Seguindo seu exemplo eu e meus irmãos Estevão e
Antonio também plantamos uma lavoura de 1200 hectares
na Fazenda Estiva, no Chapadão dos Gaúchos, então
município de Cassilândia.
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- 155 -
O trabalho foi árduo: desmatamento, enleiração,
gradeação, catação de raízes, correção do solo com calcário
e fosfato e plantio usando-se sementes selecionadas e adubo
granulado contendo nitrogênio, fósforo e potássio.
Em ambas as propriedades foram construídos
armazéns para estocagem de grãos com secador, moega
graneleira, silos de carga e descarga, além da infra-estrutura
de oficina mecânica, com solda e borracharia.
Eram os mato-grossenses arrojados seguindo o
exemplo dos gaúchos. Fez-se todo o trabalho e em meado de
dezembro, estávamos com as duas áreas plantadas (Miranda
e Chapadão). Houve então o “descanso do guerreiro” por
ocasião do fim do ano.
Naquela ocasião nosso pai advertiu-nos para nos
colocar na realidade dos fatos, que o “imponderável” era
conduzido por São Pedro. A nossa parte estava feita. Em
alguma ocasião fomos beneficiados pelo imponderável, em
outras não.
A advertência foi feita para limitar o nosso
entusiasmo de cristãos novos na atividade.
E assim foi percorrido o “caminho crítico”.
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- 156 -
O AUTOR
TRAJETÓRIA DE VIDA
Nasci em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, então
Estado de Mato Grosso.
Sou médico, formei-me em Medicina, na Faculdade
de Ciências Médicas, hoje Universidade Estadual do Rio de
Janeiro – UERJ, em 1960.
Exerço a medicina em Campo Grande, cidade em
que resido. Clínica médica com especialização em
Reumatologia.
Fiz o curso primário, juntamente com meu irmão
Leonardo, no Colégio XV de Agosto, pertencente
primeiramente ao Prof. Demétrio Serra e, posteriormente, às
irmãs cuiabanas Íris, Augusta e Maria Pereira.
Curso ginasial e colegial em Campo Grande
(Colégio Dom Bosco) e em Cuiabá (Colégio São Gonçalo e
Estadual).
Universidade, Pós-graduação e Residência Médica
no Rio de Janeiro.
De 1963 a 1978, exerci a profissão de Médico como
Clinico e Cirurgião em Aquidauana.
Também as funções de Diretor-Presidente, Diretor-
Financeiro e Diretor-Comercial, no Hospital Adolfo Lutz –
SOCIMED Ltda. No Hospital Estácio Muniz, o cargo de
Diretor-Clínico.
Dediquei-me, em parceria com sócios e irmãos, às
atividades pecuária, agrícola, madeireira, prestação de
serviço de moto-mecanização; no Chapadão do Sul,
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Pantanal do Nabileque, Fazenda Vargem Grande (Miranda)
e cidade de Anastácio.
Especialização na área médica em Paris, França, em
1997.
Desde o curso primário, na Escola XV de Agosto,
tomei conhecimento de que Aquidauana, minha cidade
natal, não era um município qualquer, nascido ao acaso!
Aquidauana foi uma cidade fundada por homens
cultos que desgostosos com os rumos políticos na cidade em
que residiam, resolveram se mudar.
Adquiriram área e fundaram uma cidade, à margem
direita do Rio Aquidauana, com direito à Ata de Fundação e
tudo o mais. A cidade já nasceu adulta, intelectual e
administrativamente.
Exerci em Mato Grosso do Sul, desde sua fundação,
a partir do Governo de Harry Amorim Costa, em 1979,
cargos de relevância, que tive a honra de ocupar.
Inicialmente, como pertencente ao quadro da Secretária de
Desenvolvimento de Recursos Humanos, tendo à frente
Odilon Romeu e como Secretário Adjunto Dr. Augusto
Assis Filho.
Posteriormente, ocupei o cargo de Secretário de
Desenvolvimento de Recursos Humanos – SDRH.
Promovemos o desmembramento do SDRH, criando
três novas Secretarias: de Educação, Saúde e
Desenvolvimento Social.
Fui, então, nomeado para a Secretaria de
Desenvolvimento Social, compreendendo as áreas de
Trabalho, Promoção Social, Desporto, Cultura e Lazer.
Tivemos a oportunidade de elaborar, com apoio de
Equipe Técnica, o Sistema Executivo do Desenvolvimento
Social, que foi à publicação.
Nesse trabalho, sob a nossa orientação, trabalharam
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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Sueli Neder, Augusto Maurício Wanderlei, Beatriz Dobashi,
Américo Calheiros, Maria da Glória Sá Rosa, Lacy Rondon,
Ana Lúcia Nunes da Cunha, Drª. Raimunda, Maria Emília
Sulzer, Paulo Cabral, Idara Duncan, Thie Higushi, Neuza
Arashiro, Margarida Marques, Professores Mesquita e Silvio
Lobo, entre outros.
Deram-nos apoio Ivan Bitelbrum, Gabriel Spipe
Calarge e Cid Antunes.
Pelo trabalho, ficou evidenciado que o novo Estado
era refém do binômio BOI/SOJA; que a energia elétrica
rural era pouquíssimo usada para fins agro-industriais; que o
mercado de trabalho era restrito; que as populações
indígenas eram relativamente desamparadas; que os espaços
cobertos para eventos esportivos e culturais eram raros (02
ginásios cobertos em Aquidauana, 02 em Corumbá, 01 em
Três Lagoas, e no máximo 03, em Campo Grande).
Constatou-se, também, que a identidade cultural de
Mato Grosso do Sul era muito precária, nada havendo de
forte que agregasse os sul-mato-grossenses.
Não havia, na realidade, espaços onde as
comunidades, em especial os jovens, pudessem se reunir.
Foi desenvolvido projeto de “Espaço Coberto de
Múltipla Utilização”. A primeira edificação se deu em
Amambaí, com apoio do Deputado Zenóbio dos Santos.
Com a exoneração de Marcelo Miranda, assumiu
Pedro Pedrossian.
Pedro Pedrossian disseminou o projeto em muitas
cidades do Mato Grosso do Sul.
Iniciou-se um verdadeiro processo de mobilização da
população, que se fez presente em eventos esportivos,
culturais, políticos, de lazer (shows/carnavais), um
verdadeiro “start” da cidadania.
Os grupos culturais dos diversos segmentos foram
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- 159 -
mobilizados: Grupo ACABA, Academia Isadora Duncan,
Tetê Espíndola e demais Irmãos Espíndola, Almir Satter,
Paulo Simões, grupos de teatro, etc.
Foram firmados convênios para apresentação dos
agentes culturais em todo o Estado.
A cultura foi levada ao povo, gratuitamente.
No Governo Wilson Barbosa Martins atuei como
Assessor na Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Assessor Especial do Senador Mendes Canale,
Superintendente da SUDECO, de 1985 a 1987, morei em
Brasília, e à época, visitei de maneira continuada os Estados
de Rondônia, Acre, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do
Sul e o Entorno do Distrito Federal.
De monomotor, bimotor Navajo, de turbo-hélice, de
Boeing, rastilhei a Amazônia e o Pantanal.
A SUDECO (Superintendência do Centro-Oeste)
supervisionava o Programa Polonoroeste, contratado entre o
governo brasileiro e o BIRD – organismo de crédito
multilateral, no governo do Gal. Figueiredo.
O valor do investimento foi de US$
1.300.000.000.00 (um bilhão e trezentos milhões de
dólares).
Fez-se o asfaltamento Cuiabá, Cáceres, Vilhena,
Porto Velho, Rio Branco; dezenas de assentamentos
fundiários, implantação de lavoura de cacau, bacia leiteira,
hidrelétrica de Samuel, em Rondônia, programas
educacionais e de saúde (a malária então endêmica na
região), demarcação de reservas indígenas. Enfim, um
programa de grande abrangência.
O Pantanal de Mato Grosso do Sul foi incluído no
Programa, com os sub-programas de fiscalização, educação
ambiental e monitoramento das águas. Graças ao empenho
de Mendes Canale, pantaneiro de Miranda.
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- 160 -
A vastidão das florestas, sua suntuosidade a riqueza
das águas. (travei contato com os rios Araguaia, Tocantins,
Madeira, Acre, Juruá, Purus e outros caudais), a grande
quantidade de madeiras nobres (castanheira, cerejeira,
mogno), os solos férteis, agricultáveis, as riquezas minerais
(ferro e manganês em Mato Grosso do Sul, cassiterita em
Rondônia, ouro e pedras preciosas em Mato Grosso), deram-
me uma nova dimensão do Brasil.
Quando em Cruzeiro do Sul, extremo oeste do
Brasil, no Estado do Acre, perguntava a mim mesmo: O
Brasil termina ou começa aqui? Cruzeiro do Sul encontra-se muito perto do Pacífico.
Nos países do Pacífico, nas próximas décadas, está o futuro
do Brasil através de trocas comerciais e de informações
culturais com os países asiáticos (a civilização Atlântica está
em fase de exaustão).
Tive oportunidade de conhecer o Museu da Estrada
de Ferro Madeira-Mamoré, saber detalhes dos “Soldados da
borracha”, nordestinos intrépidos que desbravaram muitos
setores da Amazônia, Reservas Indígenas como a Ilha do
Bananal, várias etnias, entre elas Carajás, Xavantes,
Boróros, Tapirapé e outras.
Conhecer pessoalmente Juruna e Raoni, grandes
lideranças que intermediavam os pleitos das nações
indígenas as quais pertenciam.
Atualmente, consagro minhas atividades na medicina
e como produtor rural.
A nossa expectativa é que Mato Grosso do Sul, nos
anos vindouros, consolide a implantação de atividades de
desenvolvimento sustentado na planície pantaneira (21% do
seu território), com ênfase ao turismo e pecuária de grande e
médio porte; transforme o restante de seu território, à
exceção dos parques naturais e demais reservas em vasta
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- 161 -
zona produtora de alimentos, matérias primas para celulose,
etanol, biodiesel; processe essas matérias primas e,
sobretudo, se transforme em um Estado brasileiro,
respeitado pela cultura de sua gente e competência de seu
empresariado e da máquina administrativa.
Eu e Margarida, minha esposa, temos uma filha, a
Ana Paula, e um filho, o Vitor, que nos presentearam na
vida com quatro netas: Nicole, Amanda, Marcela e Júlia e o
recém-chegado Vitor Henrique.
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- 162 -
FRASES
Sou do tempo em que maçã, pêra e uva
eram frutas que se davam de presente
a convalescentes. Nas visitas às senho-
ras que tiveram filhos recentemente ou
a pacientes hospitalizados! - 1961
Na minha infância maçã, pêra e uva não existiam à
venda em Aquidauana.
Quando se necessitava dessas frutas para se
presentear alguém, ia-se aguardar o “trem de passageiro” da
EFNOB e se adquiria no carro restaurante.
As frutas triviais eram: laranja caipira, mexerica,
goiaba, manga, bocaiúva, abacaxi, banana e mamão.
As coisas vão mudar no Brasil. Tempos
bicudos chegarão para nós e para nos-
sos filhos! – 1968 (Sitio Babilônia –
Aquidauana)
Frase dita aos amigos Cecília e Almir Moura. Cecília
de quando em vez me repete a frase.
Naquela época a classe média brasileira vivia tempos
confortáveis.
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- 163 -
Em uma cidade ou Estado de pequena
expressão, ou sociedade de qualquer
natureza, quando uma pessoa talentosa
se sobressai , os medíocres unem-se pa-
ra anulá-la. E na maioria das vezes o
conseguem! - 1986
Político profissional é, por definição,
aquela pessoa capaz de passar cinco ou
mais dias junto a você, em um
spa/congresso/passeio e não dizer nada
do que verdadeiramente pensa, apesar
de conversar o tempo todo! - 1986
Não admito impontualidade. A enrola-
ção/embromação não leva ninguém pa-
ra frente! – Década de 80 (Campo
Grande)
Cobrando diligência dos filhos Ana Paula e Vitor.
Relatei-lhes que entrei na escola aos seis anos e
completei a pós-graduação aos 27 anos.
Nestes 21 anos, nunca soube o que foi perder provas
mensais, vestibular, aulas, plantões hospitalares, início de
cirurgias, por negligenciar horário, acordar tarde, etc.
Um sistema de vida!
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- 164 -
A segurança individual de cada mem-
bro de uma família tem que ser a preo-
cupação primordial de quem a lidera.
Não se dá alimentação, saúde, educa-
ção, para quem não mais está vivo! -
1998
Há 03 classes de fazendeiros:
1. Fazendeiro mesmo – Aquele que
sabe executar todas as atividades
agropecuárias.
2. Fazendeiro de merda – Conhece
teoricamente, porém não tem
condições de executar todas as
tarefas (trançar couro, montar
em burro aporreado).
3. Merda de fazendeiro – Aquele
que chegou à fazenda via certidão
de nascimento ou de casamento e
não entende nem da teoria e nem
da prática. – 1998
Somente considero pessoas/entes
dotados de superioridade de espírito,
aquelas que:
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- 165 -
1º - Não temem a velhice com os
seus desdobramentos (perda de
beleza física, dependência de
terceiros, diminuição da
capacidade de trabalho);
2º - Não temem a doença em si ou
em suas pessoas queridas;
3º - Não temem a redução
patrimonial, seja perda de bens,
emprego;
4º - Não temem a morte, sua e de
seus entes queridos. Encaram-na
como ser ela um fenômeno
natural da Vida! - 1999
Reflexão passada a clientes prestes a se entregarem à
depressão pelos motivos mais variados.
Cuide-se com o automóvel. Com
exceção de vendedores e/ou
determinados prestadores de serviço
que necessitam dele o retorno do
capital investido é precário. Não fique
gerando motivos para trocá-lo
constantemente! - 2000
Alerta aos filhos e familiares.
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- 166 -
À família cabe não se acomodar
quando vive à sombra de um ou mais
holerites gordos! – 2000
Holerites representam galhos de uma árvore
frondosa, que oferece sombra a todos.
Desde que o mundo é mundo, existiram
e existem dois tipos de pessoas: Uma
minoria que veio para preocupar-se
com os problemas familiares, sociais,
econômicos, enfim para trabalhar e
uma grande fração que veio a passeio;
preocupa-se com feriadão, festas,
bebidas, lazer, pescarias, etc. – 2000
Devoto grande respeito e admiração,
aos matemáticos, astrônomos, médicos
e outros pensadores da Antiguidade.
Do nada, sem instrumental, sem
exames complementares, erigiram
verdadeiros Monumentos ao Saber na
matemática, na geometria, na
astronomia, na medicina e demais
áreas da ciência. – 2002
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- 167 -
Compreendo o seu sofrimento. Sei que
a dor da artrite reumatóide é como se
fosse um dente inflamado em cada
junta! – 2002
Frase dita aos pacientes portadores de artrite
reumatóide que dizem não ser bem interpretados pelos
familiares, amigos e inclusive por médicos, que minimizam
seus sofrimentos.
Livre-se dos namorados/maridos
tranqueiras cinco estrelas:
Sem vocação para o trabalho,
Bebedor em excesso,
Ciumento,
Agressivo e,
Namorador! – 2003
Orientação às pacientes com distúrbios emocionais e
dores desencadeadas por relacionamentos indesejáveis.
No capitalismo selvagem
contemporâneo, homem sem dinheiro é
mercadoria sem serventia! – 2004
Não é “charmoso” nem para a mulher, nem para os
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- 168 -
filhos e nem para os amigos.
Vamos fazer festas continuamente.
Caso contrário acabamos nos
encontrando somente em velórios! –
2004
Aos parentes e amigos próximos.
Nossa classe dirigente, em especial,
políticos e empresários, atuais
mandatários – homens na faixa de
50/60 anos – receberam um país
“redondo”. – janeiro/2004
A partir da revolução de 30, progressos ininterruptos
na área social, econômica e institucional; leis trabalhistas,
previdenciárias, sistema de saúde, sistema nacional de
habitação, voto da mulher, voto secreto, voto do analfabeto,
diretrizes e bases de educação, nacionalização do subsolo,
Volta Redonda, Mannesman, Petrobrás, Petroquímica,
Eletrobrás, Embratel.
Revolução tecnológica na agricultura, no comércio
exterior, indústria automobilística, naval, BNDES, enfim,
um presente dos deuses, respaldado pela Constituição mais
moderna do mundo.
Só falta o trem ser colocado no trilho, ou seja, o
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- 169 -
Judiciário e o Ministério Público chamarem os errados à
responsabilidade.
Ser cristão não é somente preocupar-se
com os problemas da prole, da família:
esposo/esposa, filhos, noras, genros,
netos. É preocupar–se com os
problemas sociais da comunidade, do
planeta, com a fome de Bangladesh e
da Etiópia, com o progresso da ciência,
extensivo a todos os povos, preocupar-
se com o equilíbrio da “Mãe
Natureza!” – 2004
Todo homem tem seu fraco em relação
ao sexo feminino; o meu é mulher de
pé bonito! – 2004
Desde a adolescência adquiri o hábito de reparar com
atenção os pés das mulheres. Criei uma admiração especial
por pés bonitos.
Podem ser pequenos, médios ou grandes, desde que
não exagerados, mas têm que ter uma uniformidade
anatômica.
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- 170 -
É duro fazer negócio com velhacos.
Alguns têm sangue frio como barata;
outros nem sangue possuem! – 2005
Para a classe média brasileira tudo o
que um poderoso de ocasião ou
capitalizado faz ou diz é interessante,
inteligente, importante, talentoso. Em
compensação, tudo que uma pessoa
sem poder ou descapitalizada faz ou
diz é bobeira, bobice, asnice, sinal de
má orientação! – 2005
O investimento em livros, cursos,
jornais, boas revistas, computadores,
enfim na formação e informação,
retorna com juros de um milhão por
cento. O que se aprende aos vinte anos
gera receita até os oitenta ou mais! –
2005
Observação aos filhos e sobrinhos.
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- 171 -
Fazendeiro que troca caminhonete
diesel a cada dois anos por uma zero,
em trinta anos de atividade faz gasto
equivalente a quinhentas vacas! – 2005
Todas as pessoas têm uma parte boa,
honesta, transparente mesmo no meio
de vários defeitos. Procure identificar
essa parte boa e faça parcerias! – 2006
Para melhorar das suas dores só dando
um jeito no “tranqueira cinco
estrelas!” – 2006
Fibromialgia é uma patologia com dores por todo o
corpo, ligada ao emocional (aborrecimento, decepção, etc.).
O namorado/marido “cinco estrelas” é a pedra na
chuteira das fibromiálgicas.
A China é hoje considerada potência,
porém está meio século atrás do Brasil
na solução de seus problemas
primordiais! – 2006
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- 172 -
Problemas em sua expansão populacional e
ocupação territorial (65% praticamente desabitada).
Apenas 11% de seu território são compostos de
terras agricultáveis; seus sistemas de saúde, previdência
social, relações trabalhistas são caóticos.
Irá passar por grandes problemas que o Brasil já
superou nos últimos 75 anos.
No feudalismo, os servos da gleba eram
mais libertos que um brasileiro do ano
2006! – 2006
A informática com os seus métodos aprisionadores
sujeitou-nos a todos: controles eletrônicos de nossas vidas,
de nosso CPF, do nosso RG, o cruzamento de dados, a
ditadura da SERASA e do SPC, a voracidade da Receita
Federal, da Super Receita, a invasão da nossa privacidade
através da quebra do sigilo bancário, telefônico, fiscal e
outras técnicas dignas da GESTAPO e da KGB.
A nossa liberdade, a nossa privacidade partiu.
Pouco nos estamos apercebendo dessa violência. Chegou de vez para invadir todos os lares, todas as mentes,
a intimidade das pessoas.
Caçadora implacável de bisbilhotices através do
número do CPF que não tem homônimos. Dilacera as
entranhas dos brasileiros e dos demais cidadãos do mundo
contemporâneo.
Não mais mandamos em nossa
intimidade/privacidade.
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- 173 -
Necessito de companheiros para
trabalhar em parceria conosco.
Preciso de pessoas que saibam lidar
com malabaristas e dançarinos em
negócios, mas, que não acreditam no
êxito desses posicionamentos! –
maio/2006
A reeleição do presidente no regime
presidencialista, que a admite como
nos EEUU e atualmente no Brasil, é
uma constante. As exceções foram
Bush pai e Jimmy Carter. Desde 1946
acompanho o processo! – junho/2006
Quase todos os presidentes dos EEUU que se
candidataram foram reeleitos. Somente não o foram Bush
pai e Jimmy Carter. Aqui no Brasil o mesmo sucedeu com
Fernando Henrique, quando instituída a reeleição. A gama
de poderes que o presidente manipula é muito grande.
Cláudio Lembo, Governador de São
Paulo, disse neste mês de outubro,
referindo-se a Fernando Henrique
Cardoso, que escrever cartas é coisa de
velho. Lembrar de coisas antigas talvez
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- 174 -
também o seja! – outubro/2006
Como reumatologista atendo grande número de
pacientes com 60, 70, 80 e até 90 anos. Descobri que
lembrar das coisas da mocidade faz bem ao psiquismo das
pessoas.
Recordo com meus clientes: ferro de brasa, fazer
sabão de cinza no terreiro, torrar café em panela de ferro ou
em torradores artesanais, ferver roupas em latas de 20 litros,
colocando-se água, folha de mamão, além do sabão; usar
anil na última água para clarear a roupa; rachar lenha no
terreiro usando-se machado 3 ½ libras, assar bolo ou pudim
botando brasas por sobre a forma, na ausência de forno!
Bonifácio Cunha foi o educador entre
os educadores; o Mestre-Escola
durante toda sua existência. Sob sua
guarda e orientação, até os animais
deveriam ser educados! – 2006
Meus filhos, minhas netas, não sejam:
alfaiates / costureiras, sem acabamento
/ finalização! – 2006
As coisas que ficam sob nossas responsabilidades
têm que ser executadas até o final, ao acabamento.
Caso contrário seria como o alfaiate/costureira que
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- 175 -
ao entregar a roupa nova se esquece de pregar os botões da
barguilha, do paletó, não faz o caseado, não faz a barra da
calça ou do vestido.
Apesar do gasto o traje para nada serve.
A década de cinquenta foi de Sua
Excelência o Automóvel. A primeira
década de 2000, de Sua Majestade o
Computador! – 2006
Dona Maria do Carmo pertence à
família Matias. A família Matias tem
uma história interessante! – 2006
Por 03 gerações seguidas, Dona Maria, sua filha e
sua neta foram avós aos 26 anos de idade.
Ser fazendeiro no Estado de Mato
Grosso do Sul é um “estado de
espírito”! – 2006
Sua propriedade é o local aonde ele se sente à
vontade: sem guarda de trânsito, sem sirene de polícia,
bombeiro ou ambulância, sem pedintes abordando-o à
procura de ajuda, sem local proibido para estacionar o que
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- 176 -
gera aborrecimentos e multas, sem batidas no trânsito, sem
rachas para importuná-lo durante a madrugada.
O horário da sesta é respeitado, a comida por ele
apreciada é sempre servida.
É o seu mundo.
Saúde excelente em pessoas de setenta
anos ou mais, é caso de PROCON!
Trata-se de propaganda enganosa! –
junho/2007
Obter sucesso em empreendimento
problemático, quase impossível é uma
benção dos Céus!
Deve-se ter a coragem, determinação e
audácia suficiente para encará-lo! –
junho/2007
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- 177 -
FATOS
Por que a denominação “Voluntários
da Pátria” que dá nome a importante
via pública no Rio de Janeiro e em
várias outras cidades? – Década de 50
Tive a explicação em Cuiabá e Poconé. Um de
nossos bisavôs paterno, Major Firmino Nunes Rondon, foi
um “Voluntário da Pátria”.
Em certa fase da Guerra do Paraguai, as forças de
Lopes tiveram supremacia sobre as brasileiras. Avançaram e
conquistaram Corumbá, Coimbra e grande parte do território
sul-mato-grossense. Nossas tropas eram insuficientes.
Foi aberto voluntariado em Cuiabá e outros pontos
do país.
Major Firmino foi um dos Voluntários.
Adestrados militarmente, chegaram até Coxim para
bater as tropas invasoras.
O Exército Brasileiro conseguiu rechaçar o avanço e
vencer a guerra.
As filhas dos Voluntários (na nossa família: Augusta,
minha avó, Calúpia, tia Elisa Caporossi), foram agraciadas
com pensões.
Também filho do Major Firmino, meu tio e padrinho,
Joaquim Arruda Rondão, muitas vezes citado.
A guerra do Paraguai deixou um herói poconeano:
Ten. Antônio João Ribeiro, que comandou a resistência e
sucumbiu, estando sepultado em um mausoléu em Antônio
João, Mato Grosso do Sul.
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- 178 -
Não tenho preocupação. A mim eles
pagarão! – 1963
Chegando em Aquidauana, em 1963, para começar o
exercício de medicina, colegas vendo-me atender
determinadas pessoas diziam: “esse não paga nem promessa
para santo”.
Desistimulavam-me.
Não segui o conselho deles e dei-me bem.
Pare de se lamentar colega. O seu mal
não tem cura! – 1963
Quando da minha chegada em Aquidauana para
trabalhar, em 1963, determinado colega queixava-se do ônus
e da injustiça jogadas sobre as costas da classe médica:
salários baixos, aposentadorias precárias, atendimento à
época de grande faixa da população sem nenhuma
remuneração, como “indigentes”, sem ganhos e sem
abatimentos no Imposto de Renda.
Tentei explicar-lhe: “Você nasceu e trabalha num
país subdesenvolvido, num estado subdesenvolvido e em um
município interiorano e subdesenvolvido. Escolheu por
profissão aquela em que o maior número de usuários são
sub-alimentados, carentes, de condição socioeconômica
precária.
Portanto, não adianta se lamentar, seu mal não tem
cura. Carregue a sua cruz!”.
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- 179 -
Meu tio Toquinho, necessito de um
favor de sua parte: que se case por
procuração com a minha noiva aí no
Rio de Janeiro. – setembro/1964
O pedido foi atendido. Não seria aconselhável
ausentar-me de Aquidauana pois estava respondendo
processo como incurso na Lei de Segurança Nacional, em
decorrência do Movimento Militar de março de 1964. E o
casamento realizou-se na Pretoria, sem a minha presença,
em dezembro daquele ano.
Balbino Machado, nordestino, zelador
e responsável pela praça Estevão
Correa, em Aquidauana, tinha um
hábito exótico: degustar carne de
jaboti! – 1968
Balbino muito se empenhava pelo bom andamento
das coisas na tradicional “pracinha” de Aquidauana.
Pequena, porém, festejada praça.
Ali, nos finais de semanas, tínhamos a presença da
esperada “Retreta”, festival de música a cargo da banda da
prefeitura. Na praça aconteciam os flertes, os namoros e
pedidos de noivados.
Era a mesma engalanada por coqueiros da Bahia e
Palmeiras Imperiais. Foi desativada em nome do progresso e
em seu lugar construíram-se prédios.
O melhor presente para Balbino era um jaboti.
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- 180 -
É a verdade?
Somente a verdade?
É bom para todos os companheiros?
Será útil à comunidade?
Rotary Club. Prova Quádrupla Análise/Reflexão
Década de 60/70, pertenci ao Rotary Club
Internacional em Aquidauana, ocupando inclusive a
presidência.
Minha senhora, a consulta é demorada,
quando o paciente além de dor nas
juntas é tomado de dor na alma! –
1987 (Previsul)
Certa feita uma paciente aflita pela demora para ser
atendida e pelo número limitado de agendamentos, queixou-
se dizendo que se eu não demorasse tanto para atender cada
paciente poderia atender um número bem maior de pessoas.
Dei-lhe a resposta contida na frase.
O Pantanal e a Amazônia me
emocionam, comovem, entusiasmam! –
1987
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- 181 -
Nos três anos de trabalho na SUDECO, em Brasília,
percorremos a Amazônia e o Pantanal.
Bajuca, você que é muito prático em
pecuária, explique-me o que está
acontecendo com os garrotes que têm
pouco desenvolvimento! – Década de
90
Respondeu-me: “Cigarrinha de chifre”, ou seja,
excesso de lotação. A cigarrinha é uma praga que ataca a
braquiária, consumindo-a e concorrendo com os bovinos.
Aliás, Joaquim de Arruda, 40 anos antes, já havia me
alertado sobre os malefícios do excesso de lotação de
bovinos e ovinos.
Na Fazenda Belo Horizonte, além de bovinos,
criavam-se também 1000 ovelhas.
Desculpe-me companheiro. Vou lhe
contrariar. Em minha opinião o
problema do pecuarista não está nos
custos operacionais da fazenda! – 1995
Convivendo com pecuaristas que se queixam de que
o custo operacional da fazenda está muito elevado, não
condizente com a atividade, tenho discordado.
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- 182 -
Pela minha pesquisa, o custo da folha de pagamento,
encargos, insumos e limpeza de invernadas não é o
complicador para a vida financeira do pecuarista.
Essas despesas são extremamente baixas se
comparadas com a troca de viatura por pressão familiar,
gasolina que se gasta na cidade, custos com educação,
recreação e lazer, academias de ginástica, aulas de inglês,
natação, dança,com os familiares. Estes custos não são da
Fazenda.
Além do mais, em Mato Grosso do Sul, como regra,
criou-se um hábito: os filhos uma vez adultos se
desinteressam pela permanência na fazenda para ajudar nas
lides rurais.
As praias são mais interessantes.
No entanto, não se apercebem que já que gostam da
cidade, devem ganhar dinheiro com atividades citadinas
(médico, advogado, dentista, corretor, artista plástico, etc.).
O que não dá certo é não colaborar com a fazenda,
em termos de trabalho, e querer viver do dinheiro dela.
Quero conhecer a Capital da Cultura,
do Refinamento e a Meca do
Capitalismo! – 1996
Preparei em 1997, viagem de Campo Grande para
São Paulo e dali para Paris. Conheci o Louvre, Arco do
Triunfo, Túmulo de Napoleão Bonaparte, Notre Dame.
De Paris, voei para Nova York. Lá conheci o
Metropolitan, Museu de Arte Moderna, a sede da ONU, a
Meca do Capitalismo (Wall Street), Washington, Atlantic
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- 183 -
City. Em abril e maio de 1997.
O povo francês é efetivamente
educado. Além do grande acervo
cultural, Paris, sua capital, conta com
uma população que respeita as leis do
trânsito, devota grande respeito aos
compradores, mesmo forasteiros, e tem
um excelente comportamento em
ambientes coletivos, não elevando a
voz, mesmo quando com consumo de
álcool! – abril/97 (Relatório de Viagem
a Paris)
O fato mais marcante que, de fato,
diferencia os americanos dos
brasileiros são seus hábitos culturais,
seu sistema de vida, que propiciam o
self made men ... – maio de 97
(Relatório de viagem aos EEUU)
Os jovens, em sua maioria aos 16 anos, tanto homem
quanto mulher, procuram o seu rumo.
Devem morar, acertar e errar sozinhos, não ter
dependência dos pais, inclusive com relativa independência
financeira.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
F R A S E S E F A T O S
- 184 -
Dos dez aos sessenta anos travei
contato com a cultura lusitana, negra,
indígena e hispânica, do Brasil, do
Paraguai e da Bolívia.
Aos sessenta anos fui à França, que
teve forte influencia no Brasil, antes da
Segunda Guerra Mundial, e aos
Estados Unidos, que através de
Hollywood e da televisão, tiveram
significativa ascendência sobre nossos
hábitos e costumes.
Agora aos setenta, tenho vontade de
conhecer a Ásia. Na China, a Grande
Muralha e a Hidrelétrica das “Três
Gargantas”, no Rio Yang Tse.
Nos demais países, os grandes templos
budistas e o dinamismo das suas
economias! - 2000 (Campo
Grande/MS)
Talvez tenham sido fabricados em
horário errado! – 2000
Resposta a um amigo que fazia observações
desfavoráveis a capacidade de concentração, falta de
determinação dos jovens atuais, no serviço, nos estudos.
R e b u s c a n d o a M e mó r i a
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- 185 -
Uma fração da população está hoje
necessitada de alimentação, outra de
educação, outra de médicos, hospitais,
remédios.
Porém, cento e setenta milhões de
brasileiros, incluindo crianças, adultos
e idosos, dependem diuturnamente de
Segurança Pública.
Esta, lastimavelmente, é muito pouco
provida / fornecida! – junho/2001
Carta enviada ao Presidente Fernando Henrique
Cardoso e posteriormente reenviada para o Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, após sua posse.
Sugeria-se uma nova estratégia para a Segurança
Pública, onde o investimento fosse direcionado em 1º lugar
ao policial.
Considero brilhante a conclusão a que
chegou, e a atitude que tomou, o
Estadista russo Mikhail Gorbachov.
Tenho-o como o homem mais sábio,
entre os Estadistas, do final do Século
XX (Década de 80 e inicio da de 90)! –
2001
Acompanho Política Internacional desde 1943.
Juntamente com meu pai e seus amigos acompanhei o
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- 186 -
desenrolar e o final da Segunda Guerra Mundial.
O Marxismo-leninismo e o Socialismo tiveram sua
teorização no Século XIX com Marx e Engel. Lênin
conseguiu colocá-lo na prática com a Revolução de 1917 na
Rússia, derrotando a Dinastia Czarista e implantando uma
República Socialista.
Em 1945, após o final da Segunda Guerra Mundial, a
Rússia, vitoriosa com os demais aliados sobre o Nazismo,
expandiu o seu domínio sobre a Europa Oriental e criou a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
A Federação englobava quinze (15) Repúblicas com
relativa autonomia, porém, sob o comando da República
Russa. Com o passar dos anos duas situações emergiram:
1º - Criou-se mal-estar entre as nações subjugadas
que queriam autonomia de fato;
2º - O Socialismo, idéia-mãe consolidada na União
Soviética, espraiou-se por todos os continentes: Ásia (China,
Coréia do Norte, Vietnã); América Latina (Cuba); África
(vários paises africanos); Europa (Leste Europeu), etc.
Gorbachov intuiu que deveria tirar a Rússia de cena.
Implementou a Glasnost e a Perestroika.
Através destes mecanismos deu a autonomia
desejada por diversos paises da antiga “Cortina de Ferro”;
refreou por parte da República Russa a “Corrida
Armamentista”, diminuindo as suas despesas e o seu
poderio militar.
Sua inteligência arguta fê-lo enxergar que o
Socialismo era uma idéia universalizada à disposição de
todos os povos; a idéia não mais necessitava ter “gurus” e
cada povo que a seguisse ou deixasse de segui-la, conforme
sua inclinação.
A República Russa, após período de adaptação, com
alguns contratempos econômico-financeiros, recuperou a
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- 187 -
qualidade de vida de seu povo e só se sabe de melhorias
naquele país.
Distribuição de rendas, distribuição de
oportunidades, inclusão social, distribuição patrimonial
através de desapropriações, de tributações progressivas,
nada mais são que postulados do Socialismo.
Fiz um trato com São Pedro. Não
lucrei, mas o meio ambiente
agradeceu! – 2003
Comprei uma propriedade no pantanal baixo do
Nabileque.
Durante os 22 anos em que fui proprietário somente
não houve enchente em cinco anos.
Ocupava a propriedade com dificuldades e já tinha
que correr das enchentes.
Perguntado sobre o meu prejuízo, por não poder
ocupar racionalmente a propriedade, dei a resposta.
Conheci Bonito, e suas belezas
naturais, em estado “selvagem”! – 2004
Primeiramente, na década de 40, quando passava as
férias na Fazenda Belo Horizonte e ia, a cavalo, buscar
correspondência para Tio Joaquim.
Como médico radicado em Aquidauana, na década
de 60, levado por Clealdon Assis (baiano), de avião
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- 188 -
Paulistinha, ia a Bonito prestar assistência médica.
Conheci o Rio Formoso, Ribeirão Sucuri, Gruta do
Sr. Homero (Lago Azul), e muitas outras belezas naturais.
Hoje grandes atrativos turísticos.
Em minha infância confeccionava
cigarros de palha para vovô Fenelon e
Wady Miguel! – 2004 (Campo
Grande/MS)
Picava o fumo com canivete, enrolava em palha de
milho, dobrava as pontas.
Em troca eles me contavam histórias.
Indago, a título de pilhéria, a pacientes
bem humorados, qual a grande ajuda,
que marido e mulher podem dar um ao
outro, depois dos sessenta e
cinco/setenta anos de idade, filhos
criados, casados, netos nascidos! – 2004
Ajudar a lembrarem-se das contas que irão vencer,
de apagar a luz, de achar determinado número telefônico
necessário, de verificar se as portas e janelas estão bem
fechadas, se já tomou os remédios, se já ligou para o
aniversariante do dia.
Parece pouco, mas é muita ajuda.
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- 189 -
Não existe na vida nada mais
complicado do que guerrear
juridicamente com o Governo Federal.
Possui uma legião de advogados que
necessitam criar ônus ao contribuinte
(tributos, multas, ilícitos) e têm o dever
de recorrer sempre das sentenças! –
2005
Quero conhecer o Pátio do Colégio! –
abril/2005
O amigo Ely ofereceu-se para ciceronear-me na
cidade de São Paulo.
Passei àquela ocasião, 80 dias naquela cidade e em
Campinas, aprendendo sobre teoria dos grupos sanguíneos e
sistemática operacional bancária, a nível internacional, para
complementar meus conhecimentos nessa área.
Pedi-lhe que me levasse para conhecer o PÁTIO DO
COLÉGIO, ponto histórico de alta relevância tanto para São
Paulo, como para o centro-oeste brasileiro.
No colégio fundado pelo Padre José Anchieta,
iniciou-se o verdadeiro processo civilizatório dos gentios.
A partir desse núcleo, São Paulo se desenvolveu e
através das Entradas e Bandeiras, os Paulistas penetraram
nos confins de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás à
procura de pedras preciosas e materiais nobres.
Levaram os ensinamentos e a doutrina católica
através dos jesuítas.
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- 190 -
Era a civilização ocidental conquistando os gentios
pela religião e pela instrução.
Lá estão carinhosamente guardados os ossos de José
de Anchieta para visitação pública.
A Constituição brasileira de 1988, em
seu TITULO VIII, Capítulo VIII, que
trata da proteção às Comunidades
Indígenas, foi infeliz!
Conseguiu ser desfavorável aos
interesses dos indígenas e dos
proprietários rurais! – setembro/2005
Através de seu próprio texto e de leis acessórias,
pretende viabilizar terras para os silvícolas de uma maneira
equivocada.
Em virtude das falhas em suas redações, ocorrem
intermináveis disputas judiciais.
Ao Congresso Nacional cabe a correção dessas
distorções.
O primeiro fato registrado em minha
memória foi a procissão em
homenagem a Pio X, em Três Lagoas!
– 2006
É o primeiro fato de que me recordo. Foi uma
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- 191 -
procissão, em Três Lagoas, relacionada ao 7º dia de
falecimento de Pio X. Final de 1939.
Tinha três anos e alguns meses de idade.
Viajamos de trem em companhia de nossa mãe (eu,
Leonardo e Afonso, ainda de colo). Fomos visitar os tios
Jolinda e Pelópidas e os primos Etelvina, Gute, Sebastião e
Maria do Carmo.
Não me lembro se o “Neguinho” já era nascido.
Tia Jolinda, católica praticante ajudou a organizar a
Procissão que se seguiu à missa solene de 7º dia.
Lembro-me, também, em Três Lagoas, da figura
popular do “Zé Camisola”.
Estou comemorando vitória em cima
de insucessos anteriores. Para mim
vale a pena. Para outros talvez não
faça sentido! – 2006
Não sei falar alto. Fui educado em
colégio de padres salesianos onde falar
alto dava castigo: ficar em pé embaixo
do sino durante o recreio! – 2006
Resposta a uma funcionária de xérox que pediu para
eu falar alto de fora do balcão enquanto ela operava uma das
copiadoras e queria ganhar tempo.
Tive entre outros, dois exemplos
dignificantes de determinação e força de
vontade. Dois colegas extraordinários
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- 192 -
em busca de um diploma de curso
superior (3º grau)! – 2006
Quando cursei a quarta série ginasial em Cuiabá, no
Colégio Salesiano São Gonçalo, fui colega de Severino
Marques, menino muito pobre, amazonense que lá estudava.
O colégio, a título de incentivo, não cobrava
mensalidade do aluno que obtivesse o primeiro lugar entre
todas as séries.
Severino nunca pagou uma só mensalidade da
primeira à quarta série ginasial.
Fizemos “vaquinha” para proporcionar-lhe o terno
para que pudesse comparecer às festas de formatura.
No Colégio Estadual de Mato Grosso (Cuiabá), onde
fizemos o 1º Científico, também despontou em 1º lugar.
Severino com esforços sobrenaturais conseguiu
estudar Engenharia no Rio de Janeiro e ingressou no Quadro
de Engenheiros da Petrobras.
Outro exemplo marcante foi de determinado colega,
na Faculdade de Ciências Médicas Rio de Janeiro, onde me
formei.
Para conseguir a sua sobrevivência (tínhamos aulas
nos dois períodos), tocava pistão nos cabarés da Lapa, pelas
madrugadas.
No quarto ano, por excesso de esforços e fraca
alimentação, foi acometido de grave afecção pulmonar.
A doença não limitou sua determinação e colou grau
junto com a turma em 1960.
Exemplos edificantes de perseverança!
Daqui a séculos quando se estudar nossa história,
chegar-se-á a conclusão que o século XX foi o “século de
ouro” do Brasil. Rubens Cunha – 2008.
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- 193 -
MATO GROSSO DO SUL
SUA HISTÓRIA - SUAS
POTENCIALIDADES
Mato Grosso do Sul não é um estado qualquer, surgido ao
acaso!
Foi idealizado nos primórdios do século XX, dentro de duas
ópticas:
1º - Insatisfação de lideranças políticas, entre elas Jango
Mascarenhas, Bento Xavier, Gomes, João Teixeira Muzzi,
João Barros Cassal, Vespasiano Martins e outros com a
condução da Administração Pública do Sul de Mato Grosso,
pelo Governo de Cuiabá.
2º - Concepção Geopolítica através de trabalho de Mário
Travassos, então Capitão, que propôs a redivisão territorial
do Brasil e recebeu apoio do Estado Maior das Forças
Armadas.
Jango Mascarenhas, 2º Vice-governador de Mato Grosso,
então residente em Nioaque, fez a primeira tentativa
separatista.
Exilou-se no Paraguai.
Reorganizou suas forças e fez nova incursão, sendo morto às
margens do Rio Taquarussú, no hoje Município de
Anastácio. Está sepultado no Cemitério Público de
Aquidauana.
Em 1907, tivemos a revolta do gaúcho Bento Xavier, na
região de Bela Vista.
Na segunda década do Século passado houve a “Revolta do
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- 194 -
Gomes” que sublevou o Destacamento da Polícia Militar de
Bela Vista, insurgindo-se contra o Comando de Cuiabá.
Em época mais próxima tivemos, em 1932, o engajamento
de Vespasiano Martins e companheiros que foram à luta por
ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, aliando-se
ao General Klinger.
Os movimentos “Constitucionalista” e “Divisionista”
tiveram grande apoio em Bela Vista, Vila de Porteiras, hoje
Caracol e Porto Murtinho. Nesta região se travaram as
maiores batalhas militares, envolvendo revoltosos, Exército
Brasileiro e Marinha de Guerra, que deslocou equipamentos
de Ladário e veio dar apoio às tropas terrestres em Porto
Murtinho.
Nesta época tiveram os Divisionistas apoio de Oficiais do
Exército que serviam no Sul de Mato Grosso, entre eles
Gastão Nunes da Cunha e Crescêncio Monteiro da Silva.
Com a derrota de Klinger e dos demais
Divisionistas/Constitucionalistas, esses Oficiais foram
afastados do Exército, sendo posteriormente reintegrados.
Nesta ocasião (1932), houve instalação do Estado tendo sido
impresso, inclusive, Diário Oficial.
Em 1947, houve proposta de Divisão do Estado na
Assembléia Legislativa em Cuiabá.
Houve empate na votação e o Presidente da Casa deu o Voto
de Minerva, desfavorável à Divisão.
No Regime Militar que iniciou em 31/03/1964, a idéia da
Divisão foi impulsionada pelos Geopolíticos, Generais
Meira Matos, Golbery do Couto e Silva e Ernesto Geisel.
Este último como Presidente efetuou a Divisão do Estado
através de Lei Complementar, sendo o primeiro Governador
do Mato Grosso do Sul, o Engenheiro Harry Amorim Costa.
A redivisão territorial do Brasil frutificou de maneira parcial
na era Vargas/Dutra.
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- 195 -
Foram criados os Territórios: Federal de Ponta Porã, que
abrangeu certa área do Estado de Mato Grosso do Sul,
Guaporé, que se constituiu no Estado de Rondônia, Acre,
Amapá e um quinto que veio a constituir o Estado de
Roraima.
Na concepção de Mario Travassos, dentro da redivisão
territorial do Brasil, na área hoje geograficamente ocupada
por Mato Grosso do Sul, deveria ser criado um dos novos
Estados.
Estado forte, com forças armadas adequadas, em número e
preparo apropriado para manter a soberania em nossas
Fronteiras.
Deveria o Estamento Militar ser coadjuvado por competente
aparelho policial, para dentro de suas atribuições
constitucionais, se contrapor ao descaminho, contrabando,
evasão fiscal e tudo o mais que fosse lesivo aos interesses
nacionais.
Serviria, inclusive, como Sentinela Avançada da Pátria,
frente à quaisquer interferências lesivas, seja do ponto de
vista ideológico, econômico, social, destruição de recursos
pesqueiros, floristicos, faunistico e chegada clandestina de
emigrantes.
Nessa época o narcotráfico e o contrabando de armas não
tinham se afirmado ainda como problemas prioritários.
Em sua opinião (Mario Travassos), as influências exógenas
e exóticas teriam mais chances de chegar ao Brasil via
Oceano Pacífico, Paises Andinos / América Hispânica.
Um Estado leve do ponto de vista burocrático, em outras
áreas que não as relacionadas ao policiamento ostensivo e
preventivo, e aparelho arrecadatório.
Dotado de eficiência e eficácia.
Bem equipado para fiscalização/repressão aérea, fluvial e
terrestre.
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- 196 -
Judiciário, Ministério Público e Sistema Prisional
consistentes.
As atividades econômicas ficariam à cargo da iniciativa
privada.
Conforme prevê a lei, haveria restrições à localização de
não-brasileiros nas áreas de Fronteira e Segurança
Nacionais.
Sistematização em relação às licenças de ocupação para as
terras lindeiras a paises vizinhos.
Há que se notar que Mato Grosso do Sul está em posição
estratégica privilegiada em relação a Bolívia, Paraguai e
Chile e com grande proximidade da Argentina e Uruguai.
Relativamente próximo ao Oceano Pacífico.
O Estado a ser implantado, deveria funcionar como uma
plataforma, um enclave avançado no âmago da América
Latina com finalidades precípuas:
1ª – Angariar o respeito dos paises hispânicos que ao Sul e
ao Oeste nos cercam.
2ª – contrapor-se ao nosso isolamento lingüístico e cultural
em relação aos paises da América Espanhola;
3ª – Funcionar, como base exportadora, de nossa cultura,
impar no Continente, (luso-afro-amerindea);
4ª – efetivar, enfim, “a Marcha para o Oeste”, ambicionada
por muitos Estadistas desde a Velha República.
5ª – A estas finalidades inicialmente perseguidas,
acrescentou-se mais uma com a dinâmica do progresso
econômico: “Funcionar como Pólo dinâmico de Comercio
Exterior, dinamizando os Setores de Importação e
Exportação”.
Vale lembrar que Campo Grande já funciona como
importante pólo, na prestação de serviços na área médica,
aos países vizinhos, recebendo consulentes do Paraguai e
Leste da Bolívia.
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- 197 -
Temos a considerar em relação ao Mato Grosso do Sul e ao
Brasil:
Em relação aos paises da América Espanhola muita pouca
coisa temos em comum; nossas populações se diferenciam
do ponto de vista étnico.
Somos um caldeamento de portugueses, africanos e fraco
componente indígena. As populações hispânicas têm uma
forte influencia indígena, miscigenada com fraco
componente europeu. Caso da Paraguai, Venezuela,
Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e Chile.
Do ponto de vista ideológico são, grosso modo, os
hispânicos, guiados pelos ideais de Simon Bolívar
(bolivarismo).
O Bolivarismo, na verdade, é uma política nacionalista e,
modernamente, adotou certo matiz de “Socialismo dos
Trópicos”.
No Brasil predominam negros e mulatos, em igual número
da população branca, na maioria originária de portugueses.
Fazem exceção os Estados do Sul e certa influencia
remanescente no Nordeste, da ocupação holandesa.
Também, certa porcentagem de cruzamento com raça
asiática, em especial japonesa.
Mato Grosso do Sul, tem do ponto de vista econômico, uma
vocação para produzir commodities, seletivamente: grãos,
papel/celulose; açúcar/álcool; carne bovina/couro vacum;
ferro/manganês/aço; biodiesel a partir da mamona, girassol,
soja, pinhão manso; mandioca/fécula/farinha.
O turismo tem seu lugar no Pantanal pela sua beleza
paisagística.
Mato Grosso do Sul tem, entretanto, limitações climáticas
importantes e alguma limitação de solo.
O Estado está localizado na faixa inter-tropical. Em virtude
dessa posição geográfica, é vitima de tropeços climáticos
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- 198 -
importantes: calor excessivo pela proximidade com o
Equador; frentes frias e ventos gelados provenientes da
Patagônia, ao Sul; da mesma maneira frentes frias e massas
geladas provenientes dos Andes a Oeste.
Temos experiências pouco satisfatórias em termos de
agricultura em Mato Grosso do Sul, em algumas culturas.
A destruição dos cafezais em formação em 1975 e 1978.
Perda praticamente total do arroz de sequeiro em 1978.
Podemos exemplificar com o ocorrido na Fazenda Estiva,
no Chapadão do Sul, então de nossa propriedade.
Constatamos -4º C (quatro graus negativos) em maio de
1968 e 42º C (quarenta e dois graus positivos), à sombra em
fevereiro de 1978, com 22 dias de estiagem quando o arroz
formava seus cachos.
Em Aquidauana, na década de 60, constatei numa tarde, a
temperatura cair de 36º C para 12º C no intervalo das 14 às
20 horas (conseqüência de ventos gelados provindos dos
Andes).
Somente gado de corte, em especial zebuíno e plantas
rústicas, como mandioca, mamona, pinhão manso, e
determinadas frutas como manga, goiaba, e limões,
suportam as extraordinárias variações climáticas. O gado de
origem européia sofre o impacto negativo do excesso de
calor em boa parte do Estado.
Soja e girassol têm limitações relativas.
A cana de açúcar ainda não foi testada. Plantios em grande
escalas não sofreram o impacto de geadas como as de
1975/78.
Grandes geadas de nosso conhecimento aconteceram em
1919, 1932, 1968, 1975 e 1978, ou seja, cinco em um
século.
Ocorrência de geadas de menor intensidade é mais
freqüente.
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- 199 -
Há que ser feito estudo a respeito do aproveitamento
maciço, a curto prazo, da cana em casos de geadas, quando
ocorre o congelamento do caldo, contido no caule, podendo
inviabilizar a vida da planta.
Milho e arroz sem irrigação, têm serias limitações.
Florestamento com eucalipto/pinus, tem dado certo.
Para que haja desenvolvimento econômico, social, criação
de empregos e renda, capitalização dos setores produtivos, o
caminho a trilhar será o inicialmente idealizado, com a
utilização das experiências, dados estatísticos e tecnologias
auferidas ao longo do Século XX.
O microclima é conhecido, os solos (21% pantanais, ± 70%
terras mistas/arenosas de média e baixa fertilidade).
Um máximo de 9% de terra fértil padrão Norte do Paraná,
Ribeirão Preto, Pontal do Tietê.
Concluindo, a posição geográfica é privilegiada, o
empresariado está preparado, o solo e clima tem limitações.
Mato Grosso do Sul deverá trabalhar em cima de objetivos
definidos:
1º - Agricultura/Pecuária/Agroindústrias utilizando
raças/plantas compatíveis com microclima e solos. Agregar
valor aos produtos primários.
2º - Pólo de florestamento/papel/celulose com plantas
adaptadas;
3º - Pólo minero/siderúrgico com o aproveitamento do
manganês/ferro/calcário existentes em Corumbá, Ladário e
Serra da Bodoquena;
4º - Pólo sucro/alcooleiro com planejamento estratégico para
aproveitamento dos canaviais em caso de grandes geadas;
5º - Pólo de fabricação de biodiesel utilizando-se plantas
adequadas à realidade das terras e do clima;
6º - Turismo com a exploração sustentada das nossas
belezas paisagísticas;
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- 200 -
7º - Implantação de competente sistema de transportes
intermodal com a colaboração do Governo Federal e dos
Paises vizinhos;
8º - Procura incessante das rotas para atingir o Oceano
Pacífico;
9º - Implantação de armazéns alfandegados/portos secos e
pujante informatização, visando comercialização de
matérias-primas e produtos industrializados de Mato Grosso
do Sul, buscando expansão para o Sul e Centro de Mato
Grosso, Sudoeste de Goiás, Noroeste de São Paulo, Norte e
Noroeste do Paraná, Norte e Noroeste do Paraguai, Leste da
Bolívia;
Importante iniciativa nesse sentido ocorreu em 28/09/2007,
com a assinatura de contratos para a implantação do
Terminal Intermodal de Cargas (TICC) e do Centro
Logístico e Industrial Aduaneiro de Campo Grande (CLIA),
ambos na Capital.
10º - Batalhar por uma maior presença dos produtos de
Mato Grosso do Sul junto aos centros consumidores da
América Hispânica;
11º - Política aeroviária definida, lutando para que os vôos
com destino à América Hispânica, Canadá, Estados Unidos
e Ásia (tendo neste caso, como apoio, aeroportos do EEUU
e Canadá), façam escalas em Campo Grande;
12º - Buscar um competente intercâmbio cultural, trazendo-
se estudantes e jovens executivos de todos os paises
hispânicos para estagiarem em Mato Grosso do Sul.
Em contrapartida remeter recursos humanos de nosso
Estado para estagiar naqueles países.
13º - Massificar o aprendizado do espanhol para que esse
idioma se torne a segunda língua dos sul-mato-grossenses.
(É sabido que o espanhol é bastante falado e entendido tanto
no EEUU como nos países europeus).
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- 201 -
Daí, a primeira iniciativa, dar-se com o aprendizado do
espanhol, de mais fácil assimilação por nossos jovens.
A língua inglesa e as asiáticas ficarão para uma segunda
oportunidade.
14º - Expandir o aprendizado das habilidades em Comércio
Exterior.
COMENTÁRIO
Em nossa opinião, o Turismo contemplativo/ecológico não
deve ser esquecido, porém tem limitações. Nosso Pantanal,
pela limitação de clima (excesso de calor) e pela abundancia
de mosquitos, sofre restrições.
Por último, como “META SÍNTESE” destas sugestões,
criar um verdadeiro “Tigre Sul-Mato-Grossense”.
Tenho fé que Mato Grosso do Sul,
através de seus filhos e dirigentes, em
especial Governadores competentes,
audazes e criativos, Parlamentares com
espírito público, irá cumprir a missão
para a qual foi idealizado e criado!