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OS FINALISTAS DE 2018

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OS FINALISTAS DE 2018REALIZAO

PARCERIA

3 Apreenao

5 Carta do inisro

7 Carta da Secretria 8 Categria 10 EDUCAO INFANTIL

CRECHE

15 EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

20 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

25 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

30 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

35 ENSINO MDIO

40 Temtica epeciai 42 O ESPORTE COMO ESTRATGIA DE APRENDIZAGEM

47 PRTICAS INOVADORAS DE EDUCAO CIENTFICA

48 USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO NO PROCESSO DE INOVAO EDUCACIONAL

51 EDUCAO EMPREENDEDORA

57 BOAS PRTICAS NO USO DE LINGUAGENS DE MDIA PARA AS DIFERENTES REAS DE CONHECIMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL E NO ENSINO MDIO

Seja bem-vindo leitura dos relatos dos vencedores regionais e das temticas especiais da 11 Edio do Prmio Professores do Brasil.

Foram mais de 4 mil trabalhos inscritos, que apresentaram uma mul-tiplicidade de formas, contedos, envolvimento, resultados, cooperao, en-cantamento, aprendizagem, trocas e, principalmente, crescimento.

Avaliar cada um dos trabalhos exigiu, de todos os envolvidos, um olhar para os aspectos que tornam esse prmio singular: a possibilidade de replicar a prtica pedaggica descrita. So os relatos de quem faz a Educao aconte-cer em sala de aula que nos inspiram e fortalecem ainda mais a crena de que possvel uma Educao de qualidade para nossas crianas e nossos jovens.

Esperamos que a divulgao dos projetos motive outros professores a continuar a busca do conhecimento e da troca de experincias, que , sem d-vida, a melhor alternativa para criar possibilidades de escolha e atender aos diferentes momentos da dinmica da sala de aula.

Repensar a prtica pedaggica leva a novos caminhos, e compartilhar experincias no Prmio Professores do Brasil contagia seus pares a participar das prximas edies.

COORDENAO NACIONAL DO PRMIO PROFESSORES DO BRASIL

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com grande satisfao que chegamos 11 Edio do Prmio Professores do Brasil. Ao longo dos anos, fomos aprimorando a forma de execuo do Prmio, buscando maneiras de acolher cada vez mais inscritos e no apenas possibili-tar a valorizao dos trabalhos apresentados, mas tambm conhecer os desa-fios com os quais os professores deparam cotidianamente.

Graas ao desenvolvimento do sistema de inscrio e avaliao dentro do Ministrio da Educao, temos hoje o registro de um material riqussimo. Esta publicao traz alguns exemplos notveis, que revelam a qualidade do corpo docente das escolas pblicas.

Por meio de seus relatos, os professores nos convidam a vivenciar sua rotina de trabalho e conhecer seus objetivos, recursos, carncias e motivaes, fornecendo um diagnstico valioso e nico da realidade de nossas escolas que evidencia em quais reas devemos focar as aes para apoiar nossos docentes.

Esperamos que a cada ano mais e mais professores se sintam encora-jados a inscrever suas prticas pedaggicas e partilhar histrias que apontem tanto para a melhoria dos indicadores educacionais brasileiros como para o fortalecimento de valores de incluso social, sustentabilidade e cidadania.

ROSSIELI SOARES DA SILVA MINISTRO DA EDUCAO

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Criado para reconhecer o valor dos professores e de seu trabalho em sala de aula, o Prmio Professores do Brasil chega a sua 11 edio como uma das mais importantes premiaes da Educao Bsica pblica brasileira. Com mais de 4 mil inscries de todas as regies do Pas, os trabalhos revelam realidades que, em sua distncia geogrfica, guardam proximidade de desafios, motiva-es e engajamento profissional.

nos relatos da prtica pedaggica que se conhece como so feitos o planejamento das atividades, a avaliao da aprendizagem dos alunos e a ar-ticulao do currculo com a realidade, alm da cumplicidade entre professor e equipe gestora das escolas. Refletir a respeito da prpria prtica, a partir da Base Nacional Comum Curricular, foi essencial para balizar os objetivos e as estratgias de ensino apresentados pelos educadores.

Ao promover a divulgao desses trabalhos, esperamos inspirar a mul-tiplicao de prticas e ideias que podem ser utilizadas por outros professores pelo Pas, alcanando as metas traadas pelo Prmio e mostrando sociedade a qualidade de nossos educadores, profissionais indispensveis na construo de uma sociedade mais justa, solidria e cidad.

KTIA CRISTINA STOCCO SMOLESECRETRIA DE EDUCAO BSICA

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EDUCAO INFANTIL CRECHE

EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

ENSINO MDIO

10 EDUCAO INFANTIL CRECHE

Adriane Gisele S enezeEDUCAO INFANTIL CRECHE

Unidade Municipal de Educao Infantil de SantanaSantarm, Par

BEBS EM MOVIMENTO: BRINCADEIRAS E DESCOBERTAS NO BERRIO

Na Unidade Municipal de Educao Infantil (UMEI) de Santana, em Santarm (PA), a professora Adriane Gisele S Menezes foi designada para trabalhar com a primeira turma de berrio formada na escola no perodo da tarde. No entanto, por ser um atendimento relativamente novo na rede municipal, ainda no existia uma prtica pedaggica consolidada para essa faixa etria.

Ela decidiu, ento, orientar-se sobre o tema com a leitura, por exemplo, do documento Brincadeiras e brinquedos na creche, do Ministrio da Educao (MEC). Levando em considerao o princpio de que a Educa-o visa o desenvolvimento da autonomia, pensou em estratgias para estimular os bebs de maneira segura e saudvel. Foi assim que chegou a um conjunto de atividades que trabalharam a mobilidade e a coordenao motora e proporcionaram aos pequenos experincias cognitivas, relacionais, emocionais e sensoriais.

O trabalho, Bebs em movimento: brincadeiras e descobertas no berrio, comeou com a anlise da realidade de cada criana, por meio da leitura das fichas de cada uma; a seguir, foi feita a adaptao do local em que os bebs passavam a maior parte do tempo, visto que um entorno adequado uma das caractersticas mais relevantes para o desenvolvimento dessa faixa etria.

Assim, Adriane reorganizou cada um dos espaos: sala principal, sala de repouso, fraldrio e solrio. Re-distribuiu a moblia (para favorecer a circulao das crianas) e criou cantinhos especficos para cada atividade (leitura, percepes sensoriais, brinquedos). Feito isso, deu incio s atividades motoras, plsticas e sensoriais com os pequenos: pinturas e contato com materiais como urucum; msica e apresentao de personagens cita-dos nas canes infantis; uso de papelo e outros materiais em atividades para estimular o tato e a viso.

Durante os dois meses do projeto, a dificuldade das atividades aumentava gradativamente, para os bebs explorarem por completo suas habilidades motoras. A certa altura, foram estimulados a percorrer circuitos com obstculos sobre colchonetes e no parquinho da escola. Tambm brincaram com gua, usando mangueira, baldes, esponjas e bacias.

Os resultados positivos foram notveis: as crianas reconheciam os espaos da creche e circulavam por eles com segurana; decidiam as atividades que queriam fazer e sabiam como desenvolv-las por conta prpria; e lidavam melhor com o momento de separar-se da famlia. Alm disso, houve o favorecimento da fala e dos movimentos em algumas delas. Adriane espera que seu projeto possa ser um modelo de prtica aos profissionais que tambm comearo a trabalhar nos novos berrios da rede municipal de ensino.

EDUCAO INFANTIL CRECHE 11

Critiane Santo de eloEDUCAO INFANTIL CRECHE

Centro de Educao Infantil Doutor Djalma RamosLauro de Freitas, Bahia

MEU CABELO, MINHA RAIZ!

Meninas e meninos negros assistem a desenhos e programas, ouvem msicas e se identificam com personalida-des que muitas vezes no representam fisicamente a etnia qual pertencem. Refletindo sobre essa problemti-ca, a professora Cristiane Santos de Melo criou o projeto Meu cabelo, minha raiz!, para crianas de 3 e 4 anos que frequentam o Centro de Educao Infantil (CEI) Doutor Djalma Ramos, em Lauro de Freitas (BA).

Com o objetivo de fazer com que o cabelo e o corpo negros fossem elementos identitrios apreciados, reconstrudos e ressignificados por elas, construindo assim sua marca identitria afro-brasileira, Cristiane pro-ps 12 atividades que apresentaram diferentes referenciais por meio de histrias, personalidades, expresses artsticas e brincadeiras. Desde o incio, o projeto contou com a participao dos funcionrios da escola e, prin-cipalmente, dos familiares. Na primeira reunio do ano, em 2017, foi divulgada a proposta do trabalho, realizado entre junho e novembro.

As crianas conheceram histrias da frica e experimentaram pinturas corporais africanas; manipula-ram argila e aprenderam seus usos artstico e curativo, como praticados pelos ancestrais; exploraram as uti-lidades das folhas medicinais e tomaram um banho relaxante; apreciaram e degustaram um alimento africano (acaraj); leram literatura infantil em casa; tiveram momentos de embelezamento/empoderamento com os pa-res; aprenderam a valorizar a importncia de gostar de seu cabelo; contemplaram diferentes personalidades e suas histrias com o cabelo; vivenciaram momentos de brincadeiras de embelezamento entre pais e filhos; descobriram a importncia de cuidar do cabelo com outras crianas; e, por fim, realizaram a apresentao da cano Raiz de todo bem, de Saulo Fernandes.

Durante todo o projeto, a escola solicitou o envolvimento dos familiares. Na atividade de leitura, por exemplo, Cristiane orientou cada criana a levar para casa o livro Cabelo bom, o qu?, de Rodrigo Goecks, e a pedir aos pais que lessem com ela. Eles tinham de tirar uma foto contando a histria para o filho, que depois re-gistraria no papel suas impresses. Em outra atividade, os pais assistiram na escola a vdeos de conscientizao sobre cabelos crespos e fitagem, tcnica de definio de cachos. Depois, foram convidados a pentear o cabelo dos filhos utilizando esse aprendizado. Em seguida, as crianas pentearam os pais. Todos adoraram.

Ao final do projeto, as crianas comearam a se reconhecer e compreender um pouco de sua ancestrali-dade. Passaram a dizer que estavam bonitas e eram negras assim como os personagens das histrias, os pais e as professoras, revelando uma autoestima mais elevada.

12 EDUCAO INFANTIL CRECHE

DESCOBRINDO SENSAES: TRABALHANDO OS SENTIDOS NO BERRIO

Entre maio e novembro de 2017, a professora Anielise Mascarenhas Guedes, em parceria com suas colegas de berrio, realizou o projeto Descobrindo sensaes: trabalhando os sentidos no berrio no Centro de Edu-cao Infantil (CEI) Jos Eduardo Martins Jallad Zedu, em Campo Grande (MS). Ao todo, foram quatro turmas participantes, contemplando bebs de 6 meses a 2 anos de idade.

A inteno do projeto de Anielise era proporcionar aos pequenos uma experincia positiva de descoberta do mundo a sua volta, visto que, para eles, comear a frequentar a creche um momento marcante, em que percebem que o mundo no se limita ao ambiente domstico. Assim, o objetivo principal era ampliar o conhe-cimento do mundo fsico e natural por meio dos sentidos e das sensaes. As metas especficas eram ampliar as possibilidades de expresso, sensao e comunicao dos bebs; inseri-los em contextos de movimento e explorao de diferentes materiais; e possibilitar a explorao do meio natural e social.

As atividades pensadas e desenvolvidas com as turmas tiveram como foco propiciar a descoberta de si, a aquisio de conhecimentos sobre o mundo natural e o desenvolvimento da comunicao e da linguagem oral.

Para isso, algumas das prticas feitas com os bebs foram: cesto dos tesouros; explorao de elementos da natureza; explorao do tnel de tule; explorao de diferentes texturas; cabide sensorial; tapete sensorial; caixa-surpresa com espelho; explorao de gelo colorido; explorao de objetos sonoros; atividades no espelho da sala; atividades com imagens e projees com lanterna; caixas de imagens; caixas com frutas, verduras e hortalias; explorao e plantao de legumes; cuidados com a horta; explorao da natureza; degustao de diferentes sabores; degustao de diferentes sucos e frutas; garrafas sensoriais; saquinhos perfumados; lenos perfumados; banho de espuma; e diferentes melecas comestveis.

Essa ampla oferta de prticas propiciou a explorao dos cinco sentidos tato, paladar, olfato, viso e audio , que foram trabalhados de modo integrado e simultneo, assim como acontece nas experincias coti-dianas. Isso levou ao desenvolvimento da autoconfiana e da curiosidade nos pequenos.

As experincias do projeto Descobrindo sensaes mostraram-se ricas fontes de informaes sobre cada um. Com base em suas reaes, foi possvel perceber, individualmente, os gostos, as habilidades mais ou menos desenvolvidas e as oscilaes em estados emocionais. Essas anlises foram repassadas s famlias. No final do ano, o portflio de registro das atividades (fotos e produes das crianas) ficou exposto para toda a comunidade escolar.

Anielie ascarenha GuedeEDUCAO INFANTIL CRECHE

Centro de Educao Infantil Jos Eduardo Martins Jallad ZeduCampo Grande, Mato Grosso do Sul

EDUCAO INFANTIL CRECHE 13

Lucimar Izabel e FariaEDUCAO INFANTIL CRECHE

Escola Municipal de Educao Bsica Albino FreitasDiadema, So Paulo

ESTTICA MUSICAL NA PRIMEIRA INFNCIA

Por reconhecer a capacidade que a msica tem de afetar as emoes e o intelecto, a professora Lucimar Izabel de Faria desenvolveu um trabalho de educao musical para aguar o senso esttico das crianas de 2 e 3 anos da Escola Municipal de Educao Bsica (EMEB) Albino Freitas, em Diadema (SP).

Embora ainda pequenas, elas esto muito abertas para ouvir e criar msica e movimentar-se. Quanto mais sensibilizadas, mais perceptivas podem se tornar para fazer as prprias escolhas musicais. Esses fatores impulsionaram o projeto Esttica musical na primeira infncia, desenvolvido entre maio e junho de 2017.

Lucimar realizou uma sequncia didtica de 13 aulas. Cada encontro tinha uma rotina: histria musicada; msicas para ouvir ou cantar; atividade para brincar e expressar-se corporalmente ou de explorao sonora; e relaxamento.

Na primeira parte, a professora contava a histria, ora cantando com as crianas as verses musicadas, ora dramatizando os personagens com timbres de voz caractersticos (grave, mdio, agudo), ora criando sus-pense com o suporte de um teclado (elementos sonoros), ora transformando fragmentos de clssicos da msica erudita em fundo musical para diferentes cenas da histria. Na segunda, o objetivo era proporcionar a elas con-tato com um repertrio variado de estilos e gneros musicais (msica infantil, folclrica, erudita, MPB), para que experimentassem contrastes de durao, intensidade, timbre, altura, andamento e carter musical de maneira ldica e prazerosa. Na terceira, havia diversas atividades. Em algumas delas, as crianas podiam se movimentar livremente ao ouvir canes ou brincar com msica ao fundo. Outras promoviam exploraes sonoras, como ouvir o som do papel sendo amassado (depressa ou devagar, forte ou fraco).

Na ltima parte, criava-se um ambiente tranquilo na sala. Em certas ocasies, a luz era apagada e os alunos deitavam no cho de olhos fechados. Nessa experincia, aprenderam o efeito relaxante que a msica pode proporcionar. Diferentes gneros e estilos foram tocados, desde Lago dos cisnes, de Tchaikovsky, at Acalanto, de Dorival Caymmi.

A avaliao foi feita com base na observao das crianas: receptividade, concentrao, participao, envolvimento, manifestao de emoes, sentimentos e desejos. Constatou-se que elas desenvolveram um gosto pessoal. Dessa maneira, responderam aos estmulos musicais na expresso corporal, no semblante, no aumento de repertrio, nos pedidos de querer mais, no questionamento de que se naquele dia cantariam ou brincariam com msica, nas preferncias pessoais e nas criaes espontneas.

14 EDUCAO INFANTIL CRECHE

Luciana Bssy DemrioEDUCAO INFANTIL CRECHE

Centro de Educao Infantil Professora Alzelir Terezinha Gonalves PachecoJoinville, Santa Catarina

FILHOS DA CHUVA: CONHECENDO NOSSA CIDADE PELA TICA DE JUAREZ

A professora Luciana Bossy Demtrio realizou um amplo trabalho a partir de uma obra de arte com a turma de maternal do Centro de Educao Infantil (CEI) Professora Alzelir Terezinha Gonalves Pacheco, em Joinville (SC). A ideia surgiu quando ela diagnosticou a necessidade de os pequenos, bem como seus pais, conhecerem melhor a cidade onde viviam, principalmente porque alguns eram de outras regies do Brasil e at do exterior.

Luciana apresentou s crianas de 3 anos produes do artista plstico conterrneo Juarez Machado, que imprime em suas obras caractersticas que traduzem a cidade. O quadro que chamou mais a ateno delas foi Filha da chuva, inspirao para o ttulo do projeto.

O contato com a obra possibilitou um leque de experincias aos pequenos. Eles comearam identificando os principais elementos do quadro: uma garota de vestido florido andando de bicicleta em um dia de chuva em uma regio da cidade. Depois, associaram cada elemento cultura de Joinville: o clima chuvoso; muitos ciclistas (algumas crianas so transportadas para a escola de bicicleta); flores nas casas; e alguns prdios retratados na obra, como o Prtico de Joinville e o Museu dos Imigrantes, que a turma reconheceu.

Em seguida, o projeto tornou-se mais prtico: as crianas experimentaram e entenderam como funciona o guarda-chuva. Compreenderam que ele as protege das gotas e tambm faz sombra, e simularam como andar ao lado de algum em um dia chuvoso. Em outra etapa, estamparam toalhas de mesa com a temtica do quadro e tiveram contato com diferentes materiais, como papel, TNT, esponja e tinta.

Elas tambm discutiram a chuva e a bicicleta. Ao serem estimuladas a pintar gotas, surgiu um impasse: que cor usar? A dvida entre branco e azul virou objeto de trabalho, e Luciana demonstrou, com um recipiente transparente, que a gua no tem cor, mas ganha o tom do objeto ou do lugar onde estiver. Intrigadas com a bicicleta, as crianas conheceram a histria desse meio de transporte; viram fotos e vdeos de verses antigas; compararam diversos modelos contemporneos; e uma bicicleta de verdade foi levada escola. Compreende-ram, ento, os cuidados necessrios ao us-la, a funo dos equipamentos de segurana e a importncia de sempre andar em ciclofaixas.

As produes artsticas deram origem a uma instalao, complementada por objetos da natureza, como terra, pedras, bambu, flores, folhas e penas de animais tudo para ampliar ainda mais o repertrio sensorial das crianas. O marco final do projeto foi o convite para todas as turmas da escola desfrutarem o espao criado aps a rica experincia inspirada pela obra de Juarez Machado.

EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA 15

REAPROVEITAR PARA BRINCAR DINOSSAUROS

Devido limitao dos recursos oriundos do poder pblico, a diretora do Centro Municipal de Educao Infantil (CMEI) Nelson Dias, localizado em Ji-Paran (RO), props aos professores um projeto de reaproveitamento de materiais para construo de brinquedos. No entanto, a professora Rosngela Blaka Pereira no queria apenas construir brinquedos aleatrios com os alunos sua inteno era que eles sentissem o desejo de participar ativamente de cada etapa do projeto. Assim nasceu o Reaproveitar para brincar Dinossauros, realizado se-manalmente entre maio e junho de 2018.

Ao observar as brincadeiras da turma de crianas de 5 anos, Rosngela percebeu que os dinossauros faziam parte do imaginrio infantil. Por isso, fez uma sondagem dos conhecimentos prvios delas em uma roda de conversa. Constatou que sabiam pouco sobre esses animais pr-histricos basicamente conheciam o que se v na TV em desenhos infantis. Em seguida, apresentou a ideia de construir brinquedos no formato de dinos-sauros e o conceito de reaproveitamento de materiais. Os alunos interessaram-se quando foi combinado que selecionariam esses materiais em casa, pensando na construo dos dinossauros que criariam juntos na escola.

Na segunda semana, as crianas levaram um questionrio para casa para pesquisar sobre as caracte-rsticas dos dinossauros. Discutiram, ento, os resultados e analisaram as imagens e as revistas trazidas pela professora. Depois, decidiram quais dinossauros construiriam.

Uma semana mais tarde, comearam a produzir um Iguanodonte e um Estegossauro com copos e garrafas de iogurte, garrafas PET, caixas de ovos e de sapato, colheres plsticas, fita crepe, papel crepom, cola e gua. Na etapa seguinte, construram ovos de dinossauro com papietagem em bales, trabalhando conceitos matemti-cos. Antes, em roda, decidiram quantos ovos fariam. Registraram cinco no quadro e tiveram a oportunidade de refletir se o nmero escolhido era o que realmente estava registrado. Por fim, contaram o total de sete garrafas plsticas que poderiam ser usadas para construir os Apatossauros.

O objetivo principal do projeto foi mostrar s crianas que materiais que costumam ter como destino o lixo podem se tornar objetos teis e interessantes. Elas fizeram escolhas e conheceram uma nova tcnica de artes, a papietagem. Em matemtica, resolveram problemas com quantidade, registrando, analisando e considerando a fala e o pensamento do outro. Quanto ao tema dinossauros, souberam que existiam animais carnvoros e herbvoros e aprenderam a reconhecer a diferena entre eles pelo formato da cabea e da boca nas imagens.

Rosngela Blaka PereiraEDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Centro Municipal de Educao Infantil Nelson DiasJi-Paran, Rondnia

16 EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Rosana Torre da SilvaEDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Escola Municipal Artur de SalesSalvador, Bahia

O COTIDIANO E SEU VALOR PARA A VIDA NA ESCOLA... POR UMA ESCOLA COM VIDA

O projeto O cotidiano e seu valor para a vida na escola Por uma escola Com Vida aconteceu entre maio e junho de 2018 na Escola Municipal (EM) Artur de Sales, em Salvador (BA). Comeou com o Grupo 5 de Educao Infantil e posteriormente expandiu-se para as outras turmas da escola, que atende at o Ensino Fundamental Anos iniciais (1, 2 e 3 anos).

O trabalho teve duas motivaes. A primeira foi que professores, funcionrios e corpo administrativo observaram que muitas crianas recusavam a merenda escolar balanceada e nutritiva e preferiam a trazida de casa, em geral composta por alimentos industrializados, pobres em nutrientes. Ao levar os alunos ao refeitrio e cozinha da escola para prepararem uma salada de frutas na tentativa de incentiv-los a melhorar a qualidade da dieta, o segundo ponto veio tona: havia falta de vida cor, informao e interao no refeitrio.

Para mudar esse cenrio, a professora Rosana Torres da Silva desenvolveu, em parceria com as demais docentes da escola, uma rotina para ajudar tanto os funcionrios do refeitrio como os alunos a se organiza-rem para o lanche. Ela selecionou quatro crianas ajudantes, que ficaram responsveis por algumas atividades dirias: contagem e registro da quantidade de colegas em cada sala e o nome das respectivas professoras; entrega dos registros s cozinheiras, lendo as informaes levantadas; contagem e organizao de utenslios nas mesas (dez minutos antes do horrio da merenda); e divulgao do cardpio do dia no quadro da entrada do refeitrio.

Alm de ajudarem com a logstica diria das refeies escolares, as turmas tiveram a oportunidade de remodelar o espao, deixando-o mais atraente. Uma das novidades foi o uso de msica no ambiente, alm do aviso com o cardpio do dia e outros cartazes feitos pelas crianas, com desenhos e informaes sobre os ali-mentos que consumiam na escola. Em pouco tempo surgiram os resultados: os alunos que se recusavam a comer o lanche da escola foram questionados pelos colegas e passaram a aceitar a merenda, e turmas que antes no usavam o refeitrio passaram a frequent-lo.

As crianas desenvolveram habilidades de leitura e escrita; familiarizaram-se melhor com nmeros ao us-los para a contagem de estudantes e utenslios; passaram a demonstrar mais cuidado com a alimentao, o refeitrio e os utenslios; e aprenderam a trabalhar em grupo, entendendo a importncia da integrao de mui-tas pessoas para que a hora da merenda funcione bem todos os dias. O prximo passo ser construir uma horta que ajudar tanto o projeto da merenda como as aes ecoativas realizadas na unidade.

EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA 17

Eva Adriana Gme BarbosaEDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Escola Municipal Professora Ana Lcia de Oliveira BatistaCampo Grande, Mato Grosso do Sul

NS PODEMOS SER A MUDANA QUE QUEREMOS NO TRNSITO

A professora Eva Adriana Gomes Barbosa criou um trabalho de conscientizao intitulado Ns podemos ser a mudana que queremos no trnsito, com base nas experincias negativas no trnsito vivenciadas por seus alu-nos. O projeto surgiu porque as crianas comentaram em uma roda de conversa infraes cometidas pelos pr-prios pais no trajeto escola: eram transportadas no guido de bicicletas; muitas vezes conduzidas na calada; sentavam no banco da frente do carro, sem cinto de segurana ou sem assento adequado; no usavam capacete quando transportadas em motocicletas.

Eva percebeu ento a relevncia do tema trnsito, uma experincia social que acompanhar seus alunos por toda a vida. Liderado pela turma de Pr 2 (idade entre 5 e 6 anos) da Escola Municipal (EM) Professora Ana Lcia de Oliveira Batista, em Campo Grande (MS), o projeto acabou envolvendo as 125 crianas da Educao Infantil, bem como suas famlias.

Os objetivos eram: instigar valores importantes para a convivncia em sociedade (tolerncia, respeito, pacincia e responsabilidade); mobilizar os pequenos para refletir sobre situaes-problema no trnsito nos arredores da escola com seus familiares; promover a mudana de comportamento; conhecer as condies de se-gurana de trnsito; e buscar melhorias por meio de polticas pblicas. Para embasar as discusses e encontrar as solues para os problemas, Eva apresentou aos alunos materiais e fontes confiveis de informao, como o Cdigo de Trnsito Brasileiro, as Diretrizes Nacionais da Educao para o Trnsito na Pr-Escola e cartilhas da Agncia Municipal de Trnsito (Agetran) adaptadas para crianas, como Pedestre, eu cuido!.

O projeto conquistou o apoio de todos os setores da escola e da Agetran. Um policial militar ministrou s famlias uma palestra sobre as posturas adequadas no trnsito, na qual os pequenos tiveram a chance de ques-tionar seus pais sobre as razes de descumprirem as regras. Os alunos tambm simularam blitzes na frente da escola, distribuindo multas a quem infringia alguma regra as infraes traziam informaes reais sobre valores a serem pagos, pontos na Carteira Nacional de Habilitao e outras consequncias. Essas aes, alm de permiti-rem o desenvolvimento de princpios ticos, trabalharam a comunicao oral e a escrita.

Desenvolvido entre abril e agosto de 2017, o projeto trouxe resultados para a comunidade: o trnsito no entorno da unidade melhorou em segurana, tolerncia e cuidado com o outro, e a escola ganhou uma rampa, favorecendo a acessibilidade. Outra conquista, prometida mas no efetuada at outubro de 2018, a construo de uma ciclovia na regio, visto que a bicicleta um meio de transporte utilizado por muitas famlias.

18 EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Eli Beatriz de Lima FalcoEDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Centro de Educao Infantil Criarte Universidade Federal do Esprito SantoVitria, Esprito Santo

ALFABETIZAO NA EDUCAO INFANTIL: A DIMENSO SIMBLICA DA ESCRITA

Em 2017, a professora Elis Beatriz de Lima Falco permaneceu com a turma com a qual havia trabalhado no ano anterior no Centro de Educao Infantil (CEI) Criarte Universidade Federal do Esprito Santo (Ufes), em Vitria (ES). As crianas, agora com 5 e 6 anos, estavam no momento de apropriao da escrita.

Sua inteno era levar a turma no s a conhecer as primeiras manifestaes grficas criadas pela huma-nidade, valorizando a escrita e os nmeros como produo histrica e cultural, mas tambm a descobrir outros smbolos empregados na linguagem escrita e a entender o que as letras do alfabeto representam. O objetivo era que tudo fosse feito por meio de um trabalho que contemplasse a articulao entre vrias linguagens, no apenas a verbal.

Por isso, o projeto Alfabetizao na Educao Infantil: a dimenso simblica da escrita abordou conte-dos como os sistemas de escrita pictogrfico, ideogrfico e alfabtico; pinturas rupestres; smbolos, marcas e logomarcas; e, claro, o alfabeto (histria, nomes e formas das letras).

O trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira, a turma estudou a sociedade pr-histrica, ou dos homens das cavernas, refletindo e pesquisando sobre como seria a vida desses povos que invenes criaram, como registravam suas ideias e como contavam os objetos. J que a proposta pedaggica da escola no ano letivo abordava o universo da Turma da Mnica, o personagem Piteco foi apresentado aos alunos e usado nas refle-xes. Nessa etapa, foram abordadas as pinturas rupestres e a inveno dos nmeros e do alfabeto.

Na segunda fase, j conscientes sobre o alfabeto e as palavras, as crianas trabalharam sobretudo com histrias e sons. Elis contou com a ajuda de dois estudantes bolsistas de um programa federal para explorar o dilogo entre as linguagens verbal e musical envolvendo onomatopeias. Novamente as histrias em quadrinhos apareceram, mas dessa vez com foco em palavras que simulavam diversos sons. Esse recurso enriqueceu o tex-to escrito pelos alunos. O aspecto sonoro foi abordado tambm por meio de gravaes: eles puderam contar suas histrias e reproduzir as onomatopeias. Depois, ouviram o CD juntos e perceberam como esse recurso causa um efeito impactante na hora de ouvir uma narrativa.

Como resultado, as crianas conquistaram o domnio das letras (antes, algumas delas no sabiam sole-trar o prprio nome) e foram estimuladas a usar smbolos e outros elementos que tambm expressam significa-dos, entendendo que no precisam se limitar s letras. No entanto, conscientizaram-se de que o alfabeto um sistema indispensvel para as pessoas, pois ajuda a expressar uma infinidade de conceitos e sentimentos.

EDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA 19

Jocelaine SilveiraEDUCAO INFANTIL PR-ESCOLA

Centro de Educao Infantil Professora Juliana de Carvalho VieiraJoinville, Santa Catarina

O QUE TEM NO MATO: MISTRIOS DA NATUREZA!

Em uma roda de conversa, uma turma de crianas de 5 anos demonstrou interesse em descobrir o que havia no mato nos arredores do Centro de Educao Infantil (CEI) Professora Juliana de Carvalho Vieira, em Joinville (SC), situado em um terreno acidentado com solo argiloso e rea verde em que os pequenos podem brincar com terra, escalar barrancos e aventurar-se em expedies para pesquisar e investigar, conhecer e explorar os seres vivos do lugar. Assim surgia o projeto O que tem no mato: mistrios da natureza!, idealizado pela professora Jocelaine Silveira.

As expedies realizadas no entorno da escola permitiram aos alunos observar, identificar, catalogar e conhecer a utilidade das plantas. Ao toc-las, levavam as folhas instintivamente ao nariz para sentir seu aroma. Diante de tal interesse, Jocelaine sugeriu que preparassem um ch. A turma colheu algumas folhas, higienizou--as e transformou-as em um mix para o preparo da bebida.

Observando o comportamento das crianas e sua ligao com a natureza, ficou evidente a necessidade de dar o devido suporte a essas aprendizagens, pois, ao encontrarem uma planta, logo queriam saber se era possvel preparar ch com ela. Assim comeou a investigao: os chs foram sendo identificados, pesquisados e provados.

Com a superviso da professora, os alunos confeccionaram um catlogo de plantas com as folhas das ervas pesquisadas e provadas; criaram um cantinho do ch na sala, com chaleira eltrica e xcaras trazidas de casa; armazenaram e etiquetaram ervas secas em potes de vidro; fizeram a secagem das folhas colhidas em um mbile de bambu na sala; visitaram o laboratrio de farmacognosia e o horto de plantas medicinais txicas e no txicas de uma universidade do municpio; montaram um laboratrio de pesquisa em sala, com um cantinho de experimentaes; pediram doaes de mudas para a comunidade; planejaram e construram uma horta em espi-ral de plantas medicinais; realizaram rodas de chs em volta da fogueira. Alm disso, foi realizado um trabalho de resgate e valorizao da cultura das benzedeiras e do uso das plantas medicinais, tambm de conhecimento dos indgenas.

As crianas deixaram de considerar as plantas apenas mato e passaram a investig-las antes de toc-las, para saber o que so. Querem saber se so adequadas para fazer ch ou venenosas, se servem para comer ou s para brincar. Tomar ch virou um hbito. A horta da escola est disponvel para que os alunos, os professores, os familiares e a comunidade possam usufruir da conquista do grupo. Alm disso, a troca de conhecimentos fortaleceu o cooperativismo, o cultivo de plantas medicinais e a cultura da comunidade.

20 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Suelen Arajo BarbosaENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Escola Municipal Martinha Thury VieiraBoa Vista, Roraima

LIBRAS: ALFABETIZAR PARA APRENDER A CONVIVER

Na Escola Municipal (EM) Martinha Thury Vieira, em Boa Vista (RR), Suelen Arajo Barbosa foi professora de uma turma de 2 ano que apresentava desafios: alm dos repetentes, havia uma estudante com deficincia au-ditiva (DA). No incio de 2017, ela constatou situaes complementares em sala. A criana com DA se recusava a fazer atividades adaptadas. De outro lado, os demais alunos pediam professora bilngue da sala que lhes explicasse alguns sinais, para que pudessem se comunicar com a amiga. Esse cenrio fez Suelen refletir sobre o processo educacional e de integrao da criana com DA.

Nasceu, ento, o projeto Libras: alfabetizar para aprender a conviver, de alfabetizao em lngua brasi-leira de sinais (Libras). O objetivo foi desenvolver uma Educao bilngue, atendendo ao direito de aprendizagem da aluna com DA, bem como utilizar esse recurso para o trabalho de alfabetizao das crianas com dificulda-des, que teriam na Libras uma ferramenta a mais para seu desenvolvimento.

Para facilitar a participao e tornar a aprendizagem mais prazerosa, Suelen recorreu a cantigas infantis populares, contextualizando-as em algum contedo trabalhado no livro didtico. Ela e a professora bilngue, com o apoio da gesto escolar, elaboraram grande parte do material pedaggico. A proposta foi comunicada turma e todos perceberam a importncia de participar.

Duas vezes por semana, os alunos faziam atividades em grupos, ajudando-se mutuamente. Primeiro, conheciam a cantiga a ser aprendida tambm em Libras. Depois, a professora bilngue ensinava os principais sinais da letra de maneira pausada e, ento, com a melodia, at que todos soubessem a maior parte dos sinais. Em seguida, eram realizadas atividades impressas criadas pelas professoras. Nesse momento, elas observavam as interaes que iam acontecendo entre as crianas as que tinham mais facilidade de aprender os sinais, medida que a msica era repetida para os treinos, dispunham-se a ajudar os colegas.

Como as atividades utilizavam tambm o recurso visual, alguns alunos com dificuldades na aprendiza-gem de lngua portuguesa conseguiam executar as atividades em Libras com xito, percebendo que todos so dotados de inteligncias diversas que podem ser aproveitadas de vrios modos e em muitas situaes.

No fim do ano, a turma apresentou um coral em Libras para a escola, o que proporcionou aos demais es tudantes da unidade o primeiro contato com essa linguagem. Os resultados imediatos do projeto foram a in-cluso da criana com DA e a superao das limitaes cognitivas dos alunos com dificuldades, graas ao uso da lngua de sinais.

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS 21

Tatiane Nvai BrioENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Escola Municipal Sebastio NovaisIbiassuc, Bahia

UTILIZAO DA MODELAGEM MATEMTICA NA CONSTRUO DE SIGNIFICADOS PARA OS CONCEITOS MATEMTICOS

A Escola Municipal (EM) Sebastio Novais est localizada na zona rural do municpio de Ibiassuc (BA) e atende alunos da comunidade local e de comunidades vizinhas. Com sua turma multisseriada de 17 alunos do 2 e 3 anos, a professora Tatiane Novais Brito desenvolveu o projeto Utilizao da modelagem matemtica na construo de significados para os conceitos matemticos, metodologia que visa transformar situaes cotidianas em proble-mas matemticos, levando os estudantes a investigar matematicamente situaes-problema de outras reas.

Para contextualizar a matemtica em sala de aula, Tatiane decidiu transformar o problema do desperdcio de merenda escolar em tema do projeto, dividindo-o em quatro etapas. Na primeira, de familiarizao e compreenso do tema, ela investigou os conhecimentos prvios dos alunos sobre o assunto em uma roda de conversa suscitada por perguntas norteadoras. Na segunda, de matematizao da situao-problema, Tatiane fez uma pesquisa na sala para saber sobre a fruta preferida de cada um. Depois de colocar os resultados no quadro, cada aluno recebeu o esboo de uma tabela e de um grfico para registrar as informaes. O objetivo era fazer uma sondagem do conhe-cimento que as crianas j possuam sobre tabelas e grficos. Em seguida, a professora convidou a merendeira para uma entrevista, e os alunos perguntaram quais eram as merendas mais e menos desperdiadas. Aps a conversa, Tatiane elaborou um questionrio e o esboo de um grfico com as merendas preferidas e as menos apreciadas.

Na terceira etapa, de coleta e interpretao dos resultados, os alunos do 3 ano obtiveram os dados sobre as merendas nas outras turmas, e os do 2 ano fizeram a pesquisa dentro da sala, j que todos deveriam partici-par do levantamento para obter resultados precisos. Depois da socializao dos dados, os alunos construram, em papel-carto, os grficos das preferncias das opes doce e salgada da merenda com muito cuidado para no errar, j que os cartazes seriam exibidos. Em vez de apenas exporem os grficos no ptio, pediram profes-sora para apresentar os resultados s outras salas, expressando seu orgulho pelo trabalho.

Na quarta fase, de busca de solues, foi proposto um debate para discutir maneiras de evitar o desper-dcio ou de reutilizar as sobras da merenda. Tatiane chamou a ateno de todos para a sugesto de um aluno do 4 ano, que tinha mencionado o adubo. Depois de assistirem a um vdeo sobre reciclagem de lixo orgnico, as crianas compreenderam aspectos desse processo e sua importncia para a natureza. Para terminar, montaram uma composteira e passaram a ir horta para analisar os resultados da adubao.

22 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

TAMBM VENCEDORA NA TEMTICA ESPECIAL BOAS PRTICAS NO USO DE LINGUAGENS DE MDIA PARA AS DIFERENTES REAS DE CONHECIMENTO (P. 57)

Vandee Pereira LimaENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Escola Classe 08 do CruzeiroBraslia, Distrito Federal

UMA MENSAGEM PARA VOC

Para motivar os alunos a desenvolver a capacidade de ler, escrever e compreender textos breves, a professora Vandete Pereira Lima elaborou o projeto Uma mensagem para voc, em que os alunos do 2 ano da Escola Classe (EC) 08 do Cruzeiro, em Braslia (DF), aprenderam o gnero textual bilhete no formato de mensagem de texto do aplicativo WhatsApp. Ela tambm vencedora em Boas prticas no uso de linguagens de mdia para diferentes reas de conhecimento no Ensino Fundamental e no Ensino Mdio (p. 57).

Tudo comeou com uma roda de conversa na qual o grupo discutiu como as pessoas se comunicam na atua lidade. O zap logo foi citado, e os alunos comentaram que j sabiam enviar mensagens de voz, mas no conseguiam escrever e ler no celular. A professora relatou a importncia do aplicativo no trabalho e no coti-diano das pessoas e perguntou se desejavam aprender a enviar esse tipo de mensagem. A resposta positiva foi unnime. Os alunos alertaram que no possuam celular, e ela, ento, props brincar de escrever mensagens em celulares de papel durante o bimestre. Na primeira etapa, Vandete discutiu com a turma os conhecimentos prvios necessrios para escrever bilhetes e apresentou exemplos. A primeira mensagem foi escrita por ela para cada um dos alunos, e as crianas leram as palavras e viram as imagens anexadas. Na segunda, cada aluno sorteou um colega para enviar uma mensagem, que tinha de ser annima. A professora assumiu a posio de escriba e escreveu o que cada criana pediu. No terceiro encontro, foi realizado novo sorteio e, em grupos, os alunos escreveram bilhetes. Os colegas escribas ajudavam os que ainda estavam em processo de aprendizagem.

Na quarta etapa, cada um contou a um colega como tinha sido o fim de semana. Embora o assunto fosse diferente, chegaram concluso de que havia partes parecidas nas mensagens: incio (para quem e o cumpri-mento inicial), meio (o assunto e o para qu) e fim (a despedida e o nome de quem escreveu a mensagem). Perce-beram que alguns termos sempre apareciam e, por isso, a professora montou um banco de palavras.

Nas trs fases seguintes, as mensagens foram mudando conforme os objetivos, por exemplo: perguntar algo e fazer um elogio ao colega usando os vrios recursos de pontuao. A turma tambm trocou mensagens com a outra classe de 2 ano, convidando os colegas para comer uma salada de frutas na sala. Na oitava etapa, os alunos escreveram uma mensagem aos pais, comunicando que teriam de levar ingredientes. No dia marcado, as duas turmas lancharam juntas e, finalmente, foram escritos bilhetes de agradecimento pela presena. Os alunos mostraram-se muito motivados, e foram constatados avanos nos objetivos de leitura, escrita, pontuao e uso da linguagem multimodal.

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS 23

Luciana Sare unizENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Escola de Educao Bsica da Universidade Federal de UberlndiaUberlndia, Minas Gerais

DIRIO DE IDEIAS: LINHAS DE EXPERINCIAS

Em pleno processo de alfabetizao, os 15 alunos do 1 ano da professora Luciana Soares Muniz tiveram a chan-ce de comear a desenvolver a escrita e a leitura por meio do projeto Dirio de ideias: linhas de experincias. Para cada um de seus aprendizes, Luciana fez um caderno personalizado que serviu como dirio de bordo, visto que eles registravam no material no apenas as experincias vividas na Escola de Educao Bsica (EEB) da Universidade Federal de Uberlndia (UFU), onde estudavam, mas tambm os acontecimentos vivenciados em outros espaos sociais em casa, em lojas, no hospital etc.

No dirio, as crianas escreviam palavras, frases, textos, inventavam termos e histrias, podiam ex-pressar curiosidades, preferncias e interesses por temas diversos e elaboravam relatos pessoais com base em investigaes, entre outras anotaes. Para que o trabalho ficasse mais ldico, foram incentivadas a usar elementos grficos, como fotos, figuras, embalagens de produtos, desenhos etc.

Elas comearam fazendo registros simples, como slabas e palavras curtas que conheciam relativas aos diversos ambientes que frequentavam. Luciana notou especial interesse da turma por termos que nunca tinham visto. Por exemplo, uma menina ficou encantada com o kkkk que viu no celular da me e com o significado desse conjunto de letras.

A professora percebeu tambm que assuntos relacionados natureza, como os animais e os quatro ele-mentos essenciais (terra, ar, gua e fogo), eram constante fonte de inspirao para os alunos. No decorrer do semestre, eles j conseguiam registrar palavras mais complexas e at frases inteiras.

Uma das consequncias mais valiosas do projeto foi a interao entre as prprias crianas e entre elas e as famlias. Os pais foram orientados a acompanhar e incentivar o uso do dirio de bordo, e isso foi uma rica fonte de informao para que descobrissem como seus filhos enxergavam e compreendiam o mundo ao redor.

Na sala de aula, toda semana, as crianas compartilhavam as descobertas com os colegas, gerando o que Luciana classificou como escuta sensvel, isto , o interesse e a empatia pelas vivncias do outro, alm da construo conjunta de conhecimentos.

O desenrolar do projeto favoreceu a alfabetizao, inclusive de alunos que apresentavam mais dificul-dade e que, a princpio, rejeitaram ou ignoraram o dirio. Tambm ficou evidente que as crianas entenderam o valor social da escrita para as diferentes atividades cotidianas e se deram conta de como as experincias de vida ajudam a construir a histria de cada um.

24 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Alesandra BremmENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (CICLO DE ALFABETIZAO): 1, 2 E 3 ANOS

Escola Estadual de Ensino Fundamental Doutor Silveira NetoLagoa Vermelha, Rio Grande do Sul

PROJETO CIDADO MIRIM A VEZ E A VOZ DA NOSSA COMUNIDADE

A professora Alessandra Bremm sempre esteve prxima Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Dr. Silveira Neto, onde fez seu primeiro estgio, ainda no magistrio. Sua ligao com a escola e a preocupao de melhorar o entorno a motivaram a criar o projeto interdisciplinar Cidado Mirim A vez e a voz da nossa comu-nidade, que levou os alunos do 2 ano a conhecer e a valorizar o bairro e a comunidade de Lagoa Vermelha (RS).

Eles chegavam s aulas incomodados com o lixo nas ruas, os cachorros soltos e o barulho produzido por vizinhos. Para ajud-las a enfrentar esses problemas, foram realizadas aes como: anlise do mapa do bairro; passeios pela vizinhana para fotografar os problemas; entrevistas com moradores e vereadores; pesquisas e leituras para descobrir solues; produes escritas para registro e divulgao do projeto. Os alunos identifica-ram os principais desafios do bairro e pensaram em solues para conscientizar famlias e demais membros da comunidade para reivindicar seus direitos junto s instituies pertinentes.

Eles perceberam que algumas das situaes indesejveis identificadas eram causadas ou agravadas pelos prprios moradores. Ento, apostaram na conscientizao como principal forma de resolv-las e pesquisaram o horrio de coleta de lixo no bairro, as possibilidades de reciclagem de materiais, textos e leis sobre convivncia social, estatutos de defesa dos animais etc. A seguir, criaram e distriburam um panfleto.

Restavam os problemas que no podiam ser resolvidos apenas com mudana de comportamento. Ales-sandra convidou a diretora da associao do bairro para contar o que ela tinha feito em seus 20 anos no cargo. As crianas conduziram a entrevista, fazendo perguntas formuladas previamente. Nesse dia, descobriram que levar o problema ao conhecimento dos vereadores era importante e decidiram escrever uma carta a eles. O momento da escrita foi oportuno para estudarem o gnero textual em questo, treinarem a letra cursiva e aprenderem a assinar o nome completo. O projeto contava com um blog e uma pgina no Facebook, e os ve-readores comearam a se manifestar pela internet, apoiando as causas levantadas pela turma. O presidente da Cmara Municipal visitou a escola e contou sobre propostas j existentes que ajudariam a combater os problemas identificados.

As crianas aprenderam que devem buscar informaes em boas fontes e escutar pessoas que entendem dos assuntos abordados. O projeto tambm trabalhou matemtica (anlise e construo de dados); geografia (orientao no espao e urbanizao); cincias (produo e reciclagem de lixo); e, principalmente, lngua portu-guesa (as linguagens oral e escrita foram indispensveis para registrar e difundir as aes da iniciativa).

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS 25

Paulino Rocha BarbsaENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Escola Municipal Vila ProgressoMacap, Amap

PEQUENOS AUTORES: NAVEGANDO ENTRE MITOS E LENDAS DAS ILHAS QUE BAILAM

A pedido da diretora, o professor Paulino Rocha Barbosa elaborou uma oficina de incentivo ao hbito da leitura crtica e reflexiva com os alunos do 5 ano da Escola Municipal (EM) Vila Progresso, localizada no arquiplago do Bailique, distrito de Macap (AP). O objetivo era prepar-los para os desafios do prximo ciclo de estudos em outra instituio.

No diagnstico, Paulino percebeu que eles no se interessavam pelo acervo de literatura infantil e infan-tojuvenil da escola, mas lhe pediam que contasse histrias semelhantes s que ouviam dos familiares. O desafio, ento, voltou para os alunos: teriam de pesquisar e recriar as narrativas que conheciam da comunidade sobre pescadores e agricultores, a floresta e os rios, para que outras pessoas pudessem ter acesso a esse patrim-nio imaterial contido na memria dos mais velhos, repassado oralmente de gerao a gerao. Assim nasceu o projeto Pequenos autores: navegando entre mitos e lendas das ilhas que bailam, que valoriza os saberes tradicionais e a cultura ribeirinha.

Realizado na sala de leitura no contraturno escolar, a iniciativa comeou em outubro de 2017. Os alunos compartilhavam as histrias que conheciam, escolhiam uma delas para ser trabalhada na semana seguinte e a pesquisavam na famlia. Na outra semana, cada um expunha na roda de conversa o que apurara sobre a nar-rativa escolhida, enquanto o professor registrava as contribuies para ajud-los a sistematizar o texto. No momento de escrever, constatou-se a distncia entre a produo oral e escrita dos alunos. Ento, eles levavam o texto para ser corrigido em casa e lido com a ajuda da famlia. No encontro seguinte, o professor apontava os erros gramaticais e ortogrficos para cada aluno, que os resolvia ao reescrever a histria em uma cartilha indivi-dual, confeccionada para o projeto. O estudante tambm criava a ilustrao e dava um ttulo para sua produo.

Na aula seguinte, realizava-se a leitura em sala para cada um socializar sua histria com os colegas. Em-bora a temtica fosse a mesma para todos, a interpretao e o enredo eram nicos, pois cada aluno escrevia de acordo com sua viso de mundo. Os colegas comentavam o texto e o professor aprofundava outros contedos propiciados pelas narrativas: artes (ilustraes); geografia e histria (o modo de ser e viver do povo ribeirinho: meios de transporte, identificao geogrfica dos lugares por meio de ilhas e rios, histria das comunidades); cincias (fenmenos naturais, plantas medicinais, extrao de leos naturais); matemtica (medio de tempo, grandezas e espaos). Na segunda fase do projeto, os alunos vo produzir e encenar radionovelas, tendo como roteiro as histrias que criaram.

26 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Isaa da SilvaENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Escola Multisseriada Santa Terezinha do Menino JesusVitria de Santo Anto, Pernambuco

CAD OS INDGENAS NOS LIVROS DIDTICOS? TEM INDGENAS EM PERNAMBUCO?

Abordar em sala de aula contedos sobre os povos indgenas brasileiros, suas histrias e culturas est previsto pela legislao desde 2008. No entanto, muitos docentes no se sentem preparados para faz-lo. Em Pernam-buco, estado com marcada presena de diferentes etnias indgenas, o professor Isaas da Silva decidiu que pre-cisava mudar a ideia estereotipada que seus alunos tinham sobre esses povos e, por isso, criou o projeto Cad os indgenas nos livros didticos? Tem indgenas em Pernambuco?.

Seus 15 alunos, de 9 a 14 anos, esto em uma sala multisseriada (4 e 5 anos) da Escola Municipal (EM) Santa Terezinha do Menino Jesus e moram na zona rural de Vitria de Santo Anto (PE). Os conhecimentos que possuam sobre os indgenas eram limitados e equivocados: achavam que esses povos j no existiam; tinham como referncia os ndios da poca da chegada dos portugueses ao Brasil; pensavam que eles faziam parte de civilizaes inferiores, brbaras e com hbitos atrasados; e no percebiam as diferentes etnias.

A conscientizao sobre o tema surgiu aps a proposta do professor de refletirem, durante um ms, sobre os povos indgenas do Brasil em especial os de Pernambuco , buscando desmistificar os esteretipos e mos-trar que os indgenas tm, sim, uma histria e no podem estar fadados a desaparecer.

Para que os alunos entendessem melhor as histrias e culturas indgenas, Isaas promoveu diversas ati-vidades. Aps um debate para diagnosticar os conhecimentos deles sobre o tema e contrapor as percepes equivocadas com informaes consistentes, exibiu o documentrio Povos indgenas: conhecer e valorizar (2011) e pediu que exercitassem a escrita com textos sobre o respeito a esses povos. Depois, props que interpretas-sem a histria Kar Tar O pequeno paj, do escritor indgena Daniel Munduruku.

Uma das atividades que mais chamaram a ateno do professor e da classe foi a anlise dos livros did-ticos adotados pela escola. Os alunos se impressionaram com a pouca quantidade de informaes encontradas e notaram que em livros de determinadas matrias nem sequer eram citadas as contribuies indgenas para a rea, como em cincias e matemtica. O encerramento do projeto deu-se com a pesquisa e a confeco de cartazes informativos individuais sobre os 12 povos indgenas que habitam Pernambuco: Xucur, Atikum, Tux, Truk, Pankar, Pankarar, Entre Serras, Pankaiwk, Kambiw, Kapinaw, Fulni- e Pipip. Cada trabalho foi socializado em sala para aumentar o repertrio de todos a respeito do assunto e permitir aos alunos explorar habilidades relacionadas ao discurso oral. Isaas terminou o projeto com a certeza de que ser professor-pesqui-sador fundamental para conseguir repensar a prtica.

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS 27

aria de Lourde Severino CosmoENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Centro de Ensino Fundamental Cermicas Reunidas Dom BoscoPlanaltina, Distrito Federal

PRODUTOR LEITOR: PLANTANDO HISTRIAS, COLHENDO OS FRUTOS

O Centro de Ensino Fundamental (CEF) Cermicas Reunidas Dom Bosco fica na zona rural de Planaltina (DF) e os alunos permanecem na escola por dez horas. A professora Maria de Lourdes Severino Cosmo queria tornar as au-las de lngua portuguesa atraentes para uma turma nica de 27 alunos, visto que so cinco horas aps o almoo.

Ela, ento, dedicou as tardes de segunda-feira leitura, trabalhando habilidades e proporcionando aos estudantes o contato com tipos variados de textos. Em fevereiro de 2018, surgia o projeto Produtor leitor: plantando histrias, colhendo os frutos, com o objetivo de despertar neles o gosto pela leitura, para que se tornassem bons leitores.

Para auxiliar na rotina desse dia da semana, a professora reuniu um material especfico: trs caixas de madeira com alturas diferentes, para serem utilizadas como palquinho e pdio; uma pasta-lbum para cada alu-no; um caderno de desenho adaptado com uma ficha de anlise literria; medalhas de ouro, prata e bronze para premiaes; um chapu de palha caracterizado por aluno; e um balaio para acomodar a coleo de 27 livros de literatura para rodzio (os dois ltimos remetendo ao entorno rural).

Regente da turma havia trs anos, Maria de Lourdes conhecia as potencialidades e necessidades dos estudantes e props uma srie de atividades individuais, em grupos e coletivas, como roda de leitura, anlise li-terria e apresentao de textos diversos. Na aula, o primeiro momento era dedicado leitura e elaborao de uma ficha na qual cada aluno devia, silenciosamente, descrever o que dizia o texto e propor uma ilustrao. Em seguida, as produes eram apresentadas a todos e cada um justificava o desenho criado. S ento a professora explicava o texto.

Os 27 livros do balaio podiam ser levados para casa, conforme o ritmo e o compromisso de cada estudante. Depois da leitura, era preciso fazer um resumo e uma ilustrao. O reconto da histria para a turma fazia parte da roda de leitura. Essa atividade podia, ainda, contemplar leitura segmentada (cada aluno lia uma parte do texto), em duplas, em grupos ou coletiva. A cada encontro, algum ganhava uma medalha por sua conquista como leitor.

Muitas vezes, as duplas eram formadas por estudantes de diferentes nveis. Essa interao enriqueceu o projeto tambm nas apresentaes os mais tmidos eram motivados pelos colegas a participar , que ex-trapolaram os muros da unidade. O grupo se apresentou em outra escola e em um seminrio para professores, ambos em Braslia, com grande sucesso. Para Maria de Lourdes, ficou uma certeza: os alunos desenvolveram potencialidades para a vida toda.

28 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Rosalina aria Pereira GnalveENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Escola Estadual Professora Marta Aparecida Hjertquist BarbosaBauru, So Paulo

SETE MARAVILHAS DE BAURU

Em 2017, a professora Rosalina Maria Pereira Gonalves assumiu uma turma de 5 ano na Escola Estadual (EE) Professora Marta Aparecida Hjertquist Barbosa, em Bauru (SP). Ao analisar as fichas dos alunos, deu-se conta de que quase metade havia recebido um diagnstico baixo quanto produo textual. Para despertar o interes-se deles e das famlias, apostou em um tema prximo da comunidade escolar: as Sete Maravilhas de Bauru.

Para comear, os alunos foram incentivados a ouvir histrias de familiares e conhecidos sobre a cidade e tiveram a oportunidade de conhecer suas sete grandes atraes: o Museu Ferrovirio, a Avenida Naes Unidas (e o teatro municipal), o Anfiteatro Vitria-Rgia, o lanche bauru, o Templo Tenrikyo, o jardim botnico e o zoolgico.

Rosalina trabalhou, ento, diferentes gneros textuais, como poema, registro pessoal e biografia. A tur-ma teve a chance de ler e entender cada um e depois elaborar textos em grupos um estudante com melhor desempenho em escrita sempre ajudava os colegas com dificuldade.

Depois, a professora apresentou o livro Sete maravilhas de nossa cidade, da autora conterrnea Isabela Pereira Ferraz. Sua expectativa era de que a histria da escritora de 19 anos inspirasse os alunos a seguir seu exemplo. Para isso, eles produziram uma biografia sobre Isabela e a entrevistaram.

Uma conversa com o poeta bauruense Luiz Vitor Martinello ajudou o grupo a entender o gnero textual poema. Depois de uma aula sobre a importncia das rimas, Rosalina percebeu o empenho de todos em rimar termos mais complexos. A organizao de um sarau no final do ano, em que as melhores poesias foram eleitas pelo pblico, tambm incentivou o comprometimento da turma.

O gnero relato pessoal foi trabalhado com o registro de cada experincia vivida, que serviu de insumo para os alunos estruturarem textos sobre as descobertas e aprendizagens mais marcantes do projeto. A visita ao zoolgico foi uma das mais apreciadas, bem como a degustao do prato mais famoso da cidade: o lanche bauru.

Cada atividade ajudou no desenvolvimento de aspectos importantes para a escrita: entender as classes de palavras e suas funes; diferenciar os registros formais e informais; aprender a relatar os fatos em ordem cronolgica; perceber os diferentes efeitos da linguagem (emotivo, informativo, conotativo etc.). O projeto encerrou-se em novembro com a realizao de uma exposio e de um sarau para apresentao das poesias, quando Rosalina constatou que os alunos conseguiram evoluir do nvel de escrita bsico para adequado ou de adequado para avanado.

ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS 29

Patrcia Regina Wanderline AlveENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS: 4 E 5 ANOS

Escola Bsica Professora Judith Duarte de OliveiraItaja, Santa Catarina

JUNTOS PELA PAZ: TEMPO DE SEMEAR

Em 2017, diante da indignao da turma de 5 ano com um texto jornalstico, trazido por um aluno, sobre a morte de um idoso em uma discusso de trnsito, a professora Patrcia Regina Wanderlinde Alves criou um projeto para desenvolver os valores da paz e da no violncia. Iniciado com esse grupo, o projeto Juntos pela paz: tempo de semear foi ampliado para os demais alunos da Escola Bsica (EB) Professora Judith Duarte de Oliveira, em Itaja (SC).

Patrcia elaborou atividades que desenvolveram habilidades lingusticas da fala, escuta, leitura e escri-ta. Trabalhou com a turma o relato O jovem e as estrelas do mar; a cano A paz, da banda Roupa Nova; o videoclipe e a traduo da msica Heal the world, de Michael Jackson; o livro O pequeno prncipe, de Antoine de Saint-Exupry; a Declarao e Programa de Ao Sobre uma Cultura de Paz, da Assembleia Geral da Organi-zao das Naes Unidas (ONU); e o quadro Guerra e paz, de Candido Portinari. Os alunos escreveram, ento, um poema com o tema paz.

Toda semana, eles recebiam uma frase de Martin Luther King e uma de Mahatma Gandhi para discutir em casa com os pais e, no dia seguinte, conversavam sobre a reflexo em famlia. Tambm fizeram entrevistas sobre amizade com quem tinham afinidade e trocaram ideias sobre elas.

No laboratrio de informtica, pesquisaram e conheceram alguns pacifistas notveis. Escolheram cinco (Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, madre Teresa de Calcut e Anne Frank) para, em gru-pos, aprofundar a pesquisa e, posteriormente, escrever um livro sobre eles, reunidos na Coleo Semeadores da Paz. Com a ajuda do professor de informtica, a coleo foi transformada em um aplicativo com os livros digitais e a verso em udio, frases, imagens e quizzes sobre cada personalidade.

No Dia Internacional da Paz (21 de setembro), a turma apresentou a msica Sou da paz, do grupo Cia. Tribo de Dana, em um evento realizado em frente ao Museu Histrico de Itaja. Tambm plantou mil cata-ven-tos, confeccionados por todos os alunos.

Dando continuidade ao projeto no incio de 2018, Patrcia realizou um sonho pessoal: lanar o Informativo Semeadores da Paz com alunos de todas as turmas, para valorizar e estimular a leitura e a produo textual. As equipes responsveis pelas sees selecionam para a edio do ms assuntos e matrias enviados pelos estu-dantes. Com a ajuda de patrocinadores locais, o jornal de 12 pginas tornou-se acessvel a toda a comunidade, com tiragem de 3 mil exemplares e uma verso digital.

30 ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

aria Iracilda Gome Cavalcane BonifcioENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

Colgio de Aplicao da Universidade Federal do AcreRio Branco, Acre

LITERACIA: DA NARRATIVA MITOLGICA TRANSMIDITICA

No Colgio de Aplicao da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco (AC), a professora de lngua por-tuguesa Maria Iracilda Gomes Cavalcante Bonifcio percebeu que seria possvel trabalhar a leitura e a literatura com o 7 ano aproveitando o interesse dos alunos por tecnologia e redes digitais. Assim, ela se uniu ao professor de histria e a um dos pais, um pedagogo, e formou um grupo de trabalho para efetivar o projeto Literacia: da narrativa mitolgica transmiditica.

A literacia (capacidade de compreender e usar a informao escrita contida em vrios suportes a fim de desenvolver conhecimentos) foi estimulada visando promover a aquisio e o desenvolvimento da prtica da leitura. Para isso, o estudo dos alunos teve como foco narrativas mticas e de heris, tema que os atraa. Outros objetivos do projeto foram: melhorar o desempenho em letramento e em produo de textos escritos; desenvol-ver, por meio da leitura e da escrita, a autonomia, o senso crtico, a reflexo e a oralidade; melhorar o desempe-nho escolar em outras disciplinas, com o aprimoramento das habilidades de leitura, escrita e interpretao de textos; e estimular a curiosidade, a criatividade e o interesse em conhecer novos livros e autores, para, lendo com compreenso, fazer inferncias e posicionar-se criticamente.

O projeto de Maria Iracilda teve quatro fases. Na primeira, foi feito um levantamento dos conhecimentos prvios dos estudantes sobre mitos e heris, alm de suas concepes de leitura. Na segunda, comearam as Oficinas de Mediao de Leitura, com atividades ldicas para incentivar a leitura, desenvolver o letramento e prepar-los para a produo de textos escritos. A terceira etapa contou com Oficinas de Escrita Criativa, nas quais uma ferramenta online de produo de textos colaborativos permitiu a criao de e-books, compartilhados em rede. Na quarta e ltima fase, realizou-se uma exposio que carregou o nome do projeto.

A grande temtica pesquisada pelos alunos (narrativas mticas e de heris) foi dividida em quatro subte-mas, que buscaram abranger referncias multiculturais antigas e modernas: Mitos e heris: da Antiguidade ao mundo contemporneo; Heris dos animes e mangs; Heris da DC Comics; e Heris da Marvel Comics. Entre o resultado do trabalho de pesquisa, a leitura e a produo de textos, eles aprenderam a utilizar essas habilidades para conhecer melhor e apreciar a literatura (tanto a cannica como a contempornea); avanaram da decodificao para a interpretao de textos, descobrindo as especificidades do gnero narrativa mtica e de heris; praticaram procedimentos autorais, criando textos a partir de outros textos; e desenvolveram a ha-bilidade de ler e pensar o mundo com autonomia. O projeto prosseguiu focando a narrativa de fico cientfica.

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Ana Beatriz Cmara acielENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

Escola Estadual Doutor Graciliano LordoNatal, Rio Grande do Norte

JOVENS ESCRITORES DA REVISTA GEOGRFICA GL: NOSSA ESCOLA

No incio de 2017, a professora Ana Beatriz Cmara Maciel observou que duas classes de 6 ano da Escola Es-tadual (EE) Doutor Graciliano Lordo, em Natal (RN), apresentavam deficincias em leitura, interpretao e escrita, prejudicando a aprendizagem de contedos de sua disciplina, a geografia. Para motiv-los, elaborou o projeto Jovens escritores da Revista Geogrfica GL: nossa escola, em que os alunos produziram uma revista com contedos interdisciplinares da cincia geogrfica escritos em diferentes gneros textuais e relatos de suas prprias vivncias e da comunidade local.

Dividido em trs momentos, o trabalho teve oito meses de durao. Na primeira etapa, Ana Beatriz trans-mitiu os contedos propostos para o ano de maneira ldica e prtica: os estudantes leram textos complementa-res (de interesse geral e de geografia), materiais paradidticos e cordis; assistiram a filmes e ouviram msicas; e acessaram sites de Educao (jogos, cruzadas e desenhos). Desde o incio, eles elaboraram pequenos textos, histrias em quadrinhos, pardias e cordis relacionados s temticas propostas para a revista.

No segundo momento, atividades de campo foram incorporadas s aulas. As turmas visitaram o planet-rio de Parnamirim; o Barco-Escola Chama-Mar, do Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Meio Ambiente (Idema), onde verificaram problemas ambientais e conheceram um pouco da histria de Natal; e o Museu de Minrios do Instituto Federal Rio Grande do Norte (IFRN), para aprender sobre os tipos de rochas e minerais presentes no estado e na cidade.

Na terceira fase, os alunos comearam a redigir a Revista Geogrfica GL. Reunidos no laboratrio de infor-mtica, decidiram as funes de cada um, de acordo com as habilidades e competncias individuais (fotografia, desenho, pardias, pesquisa), e escolheram a temtica-chave para cada edio e o formato (cores, fundo, fotos, textos, msicas, pardias etc.). Nos demais encontros, digitalizaram os textos que haviam produzido.

Lanada na Mostra de Cultura no final do ano e em um evento sobre os projetos da Secretaria de Educa-o do estado, a Revista Geogrfica GL mobilizou toda a comunidade escolar, visto que reuniu conhecimentos de outras disciplinas: lngua portuguesa (construo dos textos, pardias, cordis), artes (produo do design da revista, desenhos, cordis, histrias em quadrinhos), cincias (conhecimento da fauna e da flora da regio de Natal, tipos de doenas), matemtica (produo de jogos com nmeros e operaes bsicas), histria (do bairro, da escola, do esturio do rio Potengi), ensino religioso (abordagens sobre tica, cidadania, meio ambiente e sexualidade) e educao fsica (movimento do corpo, responsabilidade e liderana).

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Clia Dione acedo SilvaENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

Escola Municipal de Educao Bsica Jesus CrianaCuiab, Mato Grosso

SE AS MULHERES NO TM VOZ, O SEU GRITO NO TEM SOM

Com 40 alunos de 15 a 60 anos da 3 e 4 fases da Educao de Jovens e Adultos (EJA), equivalentes ao 5 e 6 anos do Ensino Fundamental, a professora de lngua portuguesa Clia Dione Macedo Silva, ao ouvir frequente-mente relatos de violncia contra mulheres, desenvolveu o projeto Se as mulheres no tm voz, o seu grito no tem som, na Escola Municipal de Educao Bsica (EMEB) Jesus Criana, em Cuiab (MT).

Os estudantes da escola vivem de perto a violncia contra a mulher. Em uma pesquisa realizada no mbito do projeto, 50% das alunas entrevistadas declararam ter sofrido violncia domstica e 81% dos alunos disseram ter presenciado algum tipo de violncia contra a mulher. Para refletir sobre isso, Clia estabeleceu objetivos que os ajudariam tambm a desenvolver as habilidades de comunicao oral e, principalmente, de escrita.

Assim, props que estudassem os tipos de violncia domstica e os mecanismos disponveis para comba-t-la, como a Lei Maria da Penha, que compartilhassem histrias de vtimas de violncia domstica, que debates-sem solues para evitar essa situao, que conhecessem histrias de mulheres inspiradoras, como Tereza de Benguela e Maria Carolina de Jesus, e que produzissem textos de memrias relacionados a vidas femininas.

Primeiro, conduziu uma discusso sobre o problema na classe. Os alunos ouviram a experincia de cada um e aplicaram o questionrio sobre casos de violncia a todas as turmas de EJA. Na aula inaugural, em 8 de maro de 2018, Dia da Mulher, eles conheceram a histria da mato-grossense Tereza de Benguela, que lutou pelo quilombo do Quariter e liderou o movimento de resistncia escravido e culturalizao europeia. Nessa ocasio, que teve a participao dos 80 alunos de EJA da escola, Clia compartilhou dados sobre a violncia contra a mulher no Brasil.

Iniciou-se, ento, um trabalho com diversos gneros textuais (charges, biografias, artigos e entrevistas) que ajudou os alunos a compreender melhor a problemtica. Nesse ponto, a professora percebeu que alguns no se sentiam confiantes em criar textos que no fossem cpias. Com a chegada do Dia das Mes, em maio, a histria de vida de muitas alunas serviu de exemplo vivo das dores e dos sabores da maternidade, mote para os estudantes descreverem suas mes fsica e emocionalmente. O desempenho e o interesse deles foram signifi-cativos nessa atividade. Por fim, as alunas gravaram vdeos de depoimentos sobre violncia de gnero relatando alguma violncia em sua vida, emocionando os colegas. Alm da conscientizao sobre a violncia contra a mu-lher, o projeto aproximou os estudantes de diferentes gneros textuais e propiciou que muitos conseguissem ler fluentemente ao final dos quatro meses de trabalho e aprendessem a localizar informaes especficas em um texto e a escrever com mais detalhes, usando adequadamente a paragrafao e a pontuao.

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Raquel Santo ZandonaiENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

Escola Municipal Sebastio Tavares de Oliveira Praia Grande, So Paulo

MINHAS MEMRIAS: O EMBATE DE VOZES NA CONSTRUO DA IDENTIDADE DE ALUNOS-SUJEITOS

A escrita de um livro de memrias foi o desafio da turma de 8 ano da professora Raquel Santos Zandonadi na Escola Municipal (EM) Sebastio Tavares de Oliveira, em Praia Grande (SP). Sua inteno era desenvolver as habilidades escritoras dos alunos, valorizando seus saberes, suas identidades e suas famlias por meio de hist-rias de vida. Organizado em oito captulos, o livro autobiogrfico incluiu tambm os gneros entrevista, receita, instruo e poema, alm de fotos, mapas, desenhos e notas explicativas.

Raquel iniciou o projeto Minhas memrias: o embate de vozes na construo da identidade de alunos--sujeitos com uma dinmica: os estudantes contrapuseram a percepo de si mesmos dos colegas em relao a eles, entendendo que as identidades so construes pessoais e sociais. Depois, seguiram para a escrita do primeiro captulo, Quem sou eu?, que permitiu professora fazer um diagnstico das principais deficincias de cada um. Para auxili-los em todo o processo, ela apresentou textos de memrias de escritores consagrados, alm de msicas e filmes. Tambm relatou aspectos de sua vida para servir de exemplo ao grupo, abrindo espao para a contao de histrias.

Para a produo do segundo captulo, Nascimento, os alunos perguntaram famlia detalhes sobre o dia do nascimento e acontecimentos ocorridos no Brasil ou no mundo na data. Na exposio Lembranas do nascimento, contaram histrias de objetos pessoais trazidos de casa. No terceiro, Minha infncia, falaram sobre esse perodo e as brincadeiras marcantes para eles. A elaborao do quarto, Origem da minha famlia, envolveu entrevistas com os familiares, e a do quinto, Minha famlia, a construo da rvore genealgica. Esses captulos originaram uma exposio sobre a famlia em novembro.

No sexto captulo, Minha escola, os estudantes escreveram a respeito da instituio com base em uma discusso sobre seus aspectos positivos e negativos e o que podiam fazer para melhor-la. No stimo, A his-tria e eu, contando com a ajuda do professor da disciplina, levantaram fatos histricos no Brasil e no mundo ocorridos durante a vida deles e construram uma linha do tempo. No oitavo e ltimo, Meu futuro, relataram, em poemas, como se imaginavam em 15 anos, seus desejos e seus sonhos.

Para valorizar o empenho dos alunos, houve a premiao de cinco escritores revelao e de sete men-es honrosas. Na feira cultural da instituio, todos os livros foram apresentados comunidade escolar.

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Ana Teresinha ElickerENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS: 6 A 9 ANOS

Escola Municipal de Ensino Fundamental OldenburgoRolante, Rio Grande do Sul

TEXTOS DIGITAIS MULTIMODAIS DE FORMA COLABORATIVA ENTRE OS ALUNOS

Em Rolante (RS), municpio com pouco mais de 20 mil habitantes, o estilo de vida rural ainda muito presente mesmo para quem mora no meio urbano. turma de 9 ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Oldenburgo, a professora de lngua portuguesa Ana Teresinha Elicker props o projeto Textos digitais e multi-modais de forma colaborativa entre os alunos, para ajudar os estudantes a compreender hipertextos e textos hipermiditicos e a se comunicar nos contextos em que eles so veiculados, aproximando a escola questo.

A ideia do projeto surgiu quando Ana Teresinha, nova na escola, constatou que o grupo de 9 ano no se sentia vontade com a abordagem tradicional das aulas de lngua portuguesa, pois associava a disciplina a um monte de regras chatas. Determinada a pensar e usar a lngua com mais eficincia e sentido, ela conversou com a turma e percebeu um grande interesse comum: a escrita em redes sociais.

Assim, a professora deu-se conta de que poderia aproveitar situaes comunicativas do meio digital para ensinar sobre textos e abordar contedos gramaticais da disciplina, como oraes (e suas formas), pronomes, ver-bos, formao e estrutura das palavras, concordncia, semntica e sintaxe. Queria que os alunos percebessem que o uso da internet em aparelhos digitais no serve apenas para o entretenimento, mas tambm para a aprendizagem.

O tema Hortas orgnicas e sustentabilidade: mudanas de hbito e de vida inaugurou os trabalhos. Ana Teresinha apresentou a eles o editor de texto colaborativo e gratuito do Google Drive, que usariam para escre-ver os projetos de pesquisa, em grupos, no laboratrio de informtica da escola, podendo utilizar os prprios celulares e notebooks, caso tivessem.

No editor de texto, os grupos descreveram os objetivos e a metodologia que usariam na pesquisa, regis-traram os contedos que a subsidiariam (entrevistas, tabelas etc.) e propuseram assuntos de outras disciplinas que poderiam ajud-los no trabalho, o que tornou o projeto interdisciplinar. Nesse ponto, identificaram a comu-nicao com os seguintes tpicos: em matemtica, medidas de terrenos; em cincias, tipos de plantas; em ingls, vocabulrio relacionado ao tema; em histria, pocas de plantio; em geografia, tipos de relevo e de clima; em ensino religioso, o poder de cura das plantas; em artes, o desenho dos vegetais; e, em educao fsica, hbitos alimentares saudveis e efeito dos nutrientes no corpo.

Com o andamento do projeto, as habilidades de leitura e escrita dos alunos progrediram notavelmente. Alm disso, eles demonstraram autonomia para gerenciar os grupos de trabalho e as produes coletivas, co-nheceram vrios gneros textuais e adquiriram conhecimentos aplicveis diretamente a sua realidade social.

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Llia Critiane Barbosa de eloENSINO MDIO

Escola Estadual de Ensino Fundamental e Mdio Brigadeiro FontenelleBelm, Par

TERRA FIRME: JUVENTUDE PERIFRICA DO EXTERMNIO AO PROTAGONISMO!

Terra Firme um dos bairros mais pobres, populosos e violentos da regio metropolitana de Belm (PA). Embo-ra tenha uma imagem estigmatizada, reforada pela mdia local, a comunidade resiste a essa realidade com a atuao de coletivos culturais de teatro, dana de rua, grupos de MCs, rappers, boi-bumb, quadrilhas malucas, formao musical de percusso e danas folclricas, que ocupam as ruas com ensaios e eventos. Ao notar que os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Mdio (EEEFM) Brigadeiro Fontenelle mais participa-tivos eram os que integravam esses coletivos, a professora de portugus Llia Cristiane Barbosa de Melo fez um levantamento e contou mais de 70 grupos. Ento, teve a ideia de realizar o projeto Terra Firme: juventude perifrica do extermnio ao protagonismo!, com o objetivo de reconhecer e valorizar a juventude local.

A escola disponibilizou seus espaos para que os coletivos oferecessem oficinas aos estudantes, e as tur-mas do Ensino Mdio regular e de Educao de Jovens e Adultos (EJA) ficaram responsveis pela divulgao das atividades comunidade escolar. Cada grupo visitou um coletivo para entender a importncia de sua atuao e gravou um vdeo para apresentar em um seminrio e divulgar nas redes sociais. Em paralelo, os alunos tiveram contato com artistas de projetos de outros estados, como Srgio Vaz, do Cooperifa (SP), Nelson Maca, do Black-tude (BA), e Mano Teko, do Proceder (RJ), e analisaram sua produo, reconhecendo aspectos de sua realidade. Tambm convidaram poetas do bairro para rodas de conversa e realizaram o primeiro minissarau.

Durante o projeto, formaram-se grupos de multiplicadores de poesia, msica, esporte, dana, rimas, rap etc. Para divulgar as atividades, os alunos preocuparam-se com o registro formal da lngua. A diviso das fun-es como gravar vdeos e tirar fotografias, organizar os debates, ser palestrante deu-se de acordo com a preferncia de cada um e a conduta dos jovens amadureceu: quando queriam algo da direo, faziam o pedido formalmente. Nessa etapa, estudaram os gneros textuais solicitao, requerimento, relatrio, abaixo-assina-do, entre outros.

Dada a relevncia do filme Pantera Negra (2018) para as discusses de identidade e cultura afro e diante da impossibilidade financeira dos estudantes, a escola promoveu uma campanha virtual que levou mais de 400 jovens ao cinema. Essa ao criou parcerias com universidades, museus e coletivos, iniciando uma agenda de bate-papos e com outras comunidades. Tambm aconteceram oficinas audiovisuais de bolso, o que culminou na inaugurao do Cine Clube TF, que contar a histria de Terra Firme sob a tica de seus moradores por meio de vdeos que sero exibidos em pontos estratgicos do bairro.

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Leandro Silva CostaENSINO MDIO

Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio Grande do NorteCear-Mirim, Rio Grande do Norte

A PESQUISA CIENTFICA EM SALA DE AULA COMO PRTICA DE APRENDIZAGEM, INOVAO E TRANSFORMAO SOCIAL

Ao lecionar biologia para as turmas de 3 ano (do curso integrado de informtica) no Instituto Federal de Educa-o, Cincia e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) de Cear-Mirim (RN), o professor Leandro Silva Costa considerou importante que os jovens vivenciassem a pesquisa cientfica de maneira efetiva e, assim, criou o projeto A pesquisa cientfica em sala de aula como prtica de aprendizagem, inovao e transformao social.

Sua principal inteno era mostrar aos alunos que eles podiam desenvolver na escola pesquisas voltadas para resolver problemas locais de ordem social, econmica ou ambiental , aproveitando conhecimentos com os quais tinham afinidade, como a construo de sites e aplicativos ou o uso de materiais de eletrnica. Incenti-vando-os a utilizar esses conhecimento na prtica, Leandro tambm queria desmistificar a cincia, encarada por muitos como algo distante de sua realidade ou mesmo impossvel de fazer por conta prpria.

As aes propostas no projeto ocorreram ao longo de todo o ano. O primeiro bimestre foi dedicado ao en-tendimento do que pesquisa cientfica e suas possveis metodologias de investigao, bem como definio do problema cientfico que seria tratado pelos grupos de alunos. No segundo, os grupos elaboraram e apresentaram o projeto cientfico; no terceiro, procederam experimentao, coleta e anlise de dados relevantes a cada tema de estudo; e, no quarto, escreveram o relatrio final dos projetos.

Foram apresentados 13 projetos, que abordaram problemticas locais relacionadas aos contedos de biologia, entre elas: reeducao ambiental, anlise de recursos hdricos, coleta de lixo eletrnico, saneamento bsico, sade. Em cada etapa, havia metas especficas a alcanar e, no fim, sete projetos cumpriram todas elas, alm dos critrios estabelecidos para garantir a eficincia do estudo e a aplicao das solues propostas.

O incentivo pesquisa cientfica na escola trouxe uma srie de benefcios ao processo de ensino-aprendi-zagem, como valorizao da experincia cotidiana dos estudantes; estmulo leitura, anlise e interpretao de textos; letramento cientfico; e desenvolvimento de competncias de investigao e compreenso.

Alguns projetos foram reconhecidos em premiaes cientficas de abrangncia nacional, como a Feira Brasileira de Cincias e Engenharia (Febrace), e expostos na mostra internacional Hong Kong Student Science Project Competition, o que levou os alunos participantes a aprimorar, tambm, o domnio de ingls, lngua usada na apresentao e arguio dos projetos no exterior.

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aria de Fima FariaENSINO MDIO

Colgio Estadual Professor Pedro GomesGoinia, Gois

FORMAO SUPERIOR E CARREIRA PROFISSIONAL

As turmas do Ensino Mdio do Colgio Estadual (CE) Professor Pedro Gomes, um dos mais antigos e tradicionais de Goinia (GO), participaram do projeto Formao superior e carreira profissional no segundo semestre de 2017.

Ao constatar o interesse dos alunos em ingressar na universidade, a professora de qumica Maria de Ftima Farias realizou uma pesquisa sobre as pretenses de escolha do curso superior: 36% declararam inte-resse por direito; 24%, por engenharia; e 22%, por medicina isto , as atenes de 82% deles estavam voltadas apenas para trs reas. Com tal diagnstico, surgiu a hiptese de que a pouca diversidade estava relacionada ao status social atribudo a essas profisses, uma vez que os jovens no tinham conhecimentos bsicos sobre as formas de ingresso, o currculo e a estrutura desses e de outros cursos, tampouco sobre as perspectivas do mercado de trabalho. Era necessrio, portanto, a ampliao do debate acerca da formao superior e da atuao profissional.

Por meio de aulas expositivas, Maria de Ftima sistematizou informaes a respeito da estrutura e do funcionamento dos cursos e das universidades, das formas de ingresso e de financiamento estudantil e das di-versas modalidades de bolsas e programas de incentivo formao. Na sala de informtica, os alunos buscaram informaes nos sites das universidades sobre a oferta de cursos, currculos, possibilidades de atuao profis-sional, concorrncia, notas de corte etc. Tambm foram realizadas oito palestras semanais com profissionais de diversas reas (psicologia, fonoaudiologia, advocacia, medicina, biomedicina, administrao e publicidade), que compartilharam suas experincias acadmica e profissional.

A iniciativa possibilitou o dilogo sobre a funo social das profisses, ou seja, sua importncia para o bem-estar coletivo, e sobre as questes ticas relacionadas ao exerccio delas, transformando o modo de pensar e agir dos jovens. No fim do ano, eles deram depoimentos, em vdeo, de como a participao no projeto impactou sua percepo sobre o tema. Alm disso, preencheram um questionrio elaborado pela professora, com o objetivo de investigar se haviam ampliado seu conhecimento sobre as diversas possibilidades de escolha do curso superior.

Ao final do trabalho, direito, medicina e engenharia passaram a representar a preferncia de 33% dos estudantes, em contraposio aos 82% iniciais. A opo por licenciaturas e pedagogia subiu de 1,5% para 23%, e foram feitas referncias a cursos que no haviam sido mencionados no diagnstico inicial: arte, nutrio, fisioterapia, geografia, educao fsica, contabilidade, comunicao social, biomedicina, biologia e administra-o de empresas.

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Eveline Andrade DiaENSINO MDIO

Escola Estadual General Mascarenhas de MoraesElias Fausto, So Paulo

PENSAR BEM NOS FAZ BEM. PENSAR BEM E JUNTOS NOS FAZ MELHOR (SIC)

Ao assumir a disciplina de sociologia na Escola Estadual (EE) General Mascarenhas de Moraes, em Elias Fausto (SP), a professora Eveline Andrade Dias viu-se diante de um novo desafio: era seu primeiro contato com o Ensino Mdio aps anos atuando no Ensino Fundamental Anos Finais com aulas de histria e geografia. Ela percebeu que faltava aos alunos reflexo crtica sobre questes histricas, polticas e sociais.

Pela maneira como conversavam sobre a realidade do Pas, deu-se conta de que, em seus argumentos, havia matizes de preconceito, intolerncia e discriminao. Decidiu, ento, trabalhar de modo mais amplo e di-versificado o entendimento e a prtica da reflexo crtica, capacidade essencial para a formao cidad, e criou o projeto Pensar bem nos faz bem. Pensar bem e juntos nos faz melhor (sic).

A iniciativa envolveu, a princpio, o 3 ano e, depois, o 1 e o 2. A primeira etapa foi dedicada a leituras e escritas, com destaque para uma reviso bibliogrfica por meio da qual os estudantes conheceram o pensamen-to de socilogos e intelectuais das reas de Educao, legislao, segurana pblica e psicologia. Em seguida, foram promovidos debates com pessoas que realizaram trabalhos sociais relevantes, o primeiro deles com o jovem advogado brasileiro Felipe Neves, cujo projeto Constituio na Escola, que promove o entendimento dos direitos e deveres civis, foi premiado em uma iniciativa do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Com a ajuda do professor de filosofia, ocorreram rodas de conversa sobre os temas racismo, reformas polticas e composio do Estado brasileiro. Ento, os alunos do 2 e 3 anos enviaram textos argumentativos sobre o projeto Cidade Linda 1 Olimpada Constitucional de So Paulo. Um deles obteve meno honrosa.

Os estudantes tambm tiveram a oportunidade de conversar por videoconferncia com a professora Gina Ponte do projeto Mulheres Inspiradoras via aplicativo Hangout sobre a violao dos direitos civis; com um grupo formado por um profissional da Diretoria de Ensino, um advogado e uma policial civil sobre temas relacio-nados ao Estado e Justia; e com uma ex-aluna da escola acerca do papel dos jovens na sociedade. O encerra-mento do projeto deu-se com visitas Cmara Municipal e Assembleia Legislativa do Estado de So Paulo, o que permitiu aos alunos entender melhor sua funo e relevncia social.

Eveline percebeu que eles passaram a ter mais cuidado ao expor opinies, evitando o senso comum e aprofundando os conhecimentos antes de se posicionarem diante de questes polticas e sociais, ganharam mais confiana no momento de argumentar, oralmente e por escrito, e se tornaram multiplicadores da prtica da reflexo crtica.

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Joo Pedro Wizniewky AmaralENSINO MDIO

Instituto Estadual de Educao Olavo BilacSanta Maria, Rio Grande do Sul

ESTDIO DE CRIAO: O CINEMA COMO POTNCIA CRIADORA E TRANSFORMADORA

Depois de ouvir as queixas dos alunos das trs turmas de 3 ano do Ensino Mdio do Instituto Estadual de Edu-cao (IEE) Olavo Bilac, em Santa Maria (RS), de que a escola no estimulava sua criatividade, o professor de portugus Joo Pedro Amaral decidiu desenvolver com eles o projeto Estdio de criao: o cinema como potn-cia criadora e transformadora, de letramento e criao audiovisual.

Para Joo Pedro, o cinema constitui uma boa estratgia porque os jovens tm contato frequente com esse tipo de linguagem e por ser uma arte que permite o exerccio da alteridade, da criatividade e da cooperao, bem como o trabalho em grupo. Assim, os estudantes integraram um projeto voltado para um produto criativo: um curta-metragem. No diagnstico de aprendizagem, em uma roda de conversa, eles se revelaram consumidores vorazes de audiovisual, desde cinema at vdeos no YouTube, passando por sries de TV e telenovelas. O projeto seguiu cinco etapas, similares s fases de um roteiro padro.

A introduo contou com aulas de apreciao e anlise de produes audiovisuais. Foram estudados os elem