ultraleve trike - um emocionante estilo livre de voar motorizado

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Ultraleve Trike - Um emocionante estilo livre de voar motorizado Texto Cláudia Terra #cmdterra Matéria disponível na Aero Sport Magazine, 4ª edição Para quem acha que trike é uma simples asa delta com motor, melhor rever esse conceito, pois o ultraleve trike é um ultraleve pendular com características únicas dentre os demais ultraleves existentes. É uma aeronave com muita tecnologia que ganha novos modelos, instrumentos e maior autonomia de voo, garantindo seu espaço no mundo da aviação desportiva. Os trikes estão em alta e estão conquistando a preferência de muitos brasileiros. Estes ultraleves incríveis que parecem saírem direto do voo livre para o universo dos ultraleves mais sofisticados do planeta, despertam a curiosidade e o encantamento de pilotos e entusiastas da aviação. Mas, quais os custos para ter um trike, quais rotas a seguir para se habilitar a pilotar este ultraleve que surgiu na distante década de 1970 e que a cada dia desperta mais o interesse de novos pilotos. Agora no século 21, com suas asas flexíveis e ainda mais coloridas, ganham a cada dia mais adeptos por seu estilo de voo, que lembra os primeiros voos dos pioneiros da aviação (só que bem mais seguros), que nos voos dos seus inventos de sucesso, sentiam o vento no rosto, uma característica do voo livre. Sua praticidade operacional em terra, dentre os ultraleves, é insuperável. O trike tem características únicas, como poder ser transportado em um simples reboque ou caminhonete. Suas asas são desmontáveis como uma asa delta comum. Pode ser hangarado em qualquer garagem,

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Ultraleve Trike - Um emocionante estilo livre de voar motorizado

Texto Cláudia Terra #cmdterra

Matéria disponível na Aero Sport Magazine, 4ª edição

Para quem acha que trike é uma simples asa delta com motor, melhor rever esse conceito, pois o ultraleve trike é um ultraleve pendular com características únicas

dentre os demais ultraleves existentes. É uma aeronave com muita tecnologia que ganha novos modelos, instrumentos e maior autonomia de voo, garantindo seu espaço

no mundo da aviação desportiva. Os trikes estão em alta e estão conquistando a preferência de muitos brasileiros. Estes ultraleves incríveis que parecem saírem direto do voo livre para o universo dos ultraleves mais sofisticados do planeta, despertam a curiosidade e o encantamento de pilotos e entusiastas da aviação. Mas, quais os custos para ter um trike, quais rotas a seguir para se habilitar a pilotar este ultraleve que surgiu na distante década de 1970 e que a cada dia desperta mais o interesse de novos pilotos. Agora no século 21, com suas asas flexíveis e ainda mais coloridas, ganham a cada dia

mais adeptos por seu estilo de voo, que lembra os primeiros voos dos pioneiros da aviação (só que bem mais seguros), que nos voos dos seus inventos de sucesso,

sentiam o vento no rosto, uma característica do voo livre. Sua praticidade operacional em terra, dentre os ultraleves, é insuperável. O trike tem características únicas, como

poder ser transportado em um simples reboque ou caminhonete. Suas asas são desmontáveis como uma asa delta comum. Pode ser hangarado em qualquer garagem,

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sendo necessário só o desmonte da asa. Para os pousos e decolagens não há necessidade de longas pistas.

A pilotagem em si é bastante simples. É um ultraleve fácil de comandar. A habilitação para voar dentro das normas legais da aviação desportiva, é necessário ter o CPL

(Certificado de Piloto de Aeronave Leve Esportiva). Para aprender a voar tem que se procurar uma escola homologada pela ANAC. No

Brasil não há tantas como parece, pois abrir uma escola de voo, não é tão simples e poucas são as que se enquadram nos padrões exigidos para o seu pleno

funcionamento. Aprender a voar também não é tão simples como aprender a dirigir, o que até sozinhos aprendemos, na aviação os riscos são maiores, as consequências

podem ser irreparáveis e por isso mesmo é necessário ter conhecimentos técnicos específicos. É preciso voar com responsabilidade e segurança, pensando em si mesmo e em quem esta no solo e não tem, diretamente, nada a ver com seu voo. Muitos entusiastas criam seus próprios trikes de forma artesanal e até colocam essas criações à venda, porém, para quem prima por segurança e tranquilidade durante o voo, a melhor opção é sempre realizar a compra de sua aeronave de fabricantes reconhecidos pelos órgãos competentes, no caso dos ultraleves, pela ANAC. Os equipamentos desses fabricantes podem ser mais caros, porém, 100% mais seguros.

Voar é uma brincadeira séria e voa mais quem voa com responsabilidade.

Somos seres muito felizes por termos uma grande diversidade de máquinas voadoras seguras e que nos levam aos céus com motor ou sem motor. Podemos sentir o vento

no rosto ou voar protegido das intempéries naturais. A escolha por um ou outro meio de voar, vai além do financeiro, ela também é determinante quanto ao estilo de voo

pelo qual mais nos encantam. A escolha para realizar o velho sonho de voar tem muitos preços, porém, nenhum sonho é caro demais ou tarde de mais para ser

realizado. Pode até ser caro pagar por um sonho, mas ter o prazer de realizar um sonho, não tem preço.

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O custo para se adquirir um ultraleve trike é muito variável, vai depender do tipo de

aeronave em que se deseja voar. A começar pelo número de passageiros, por exemplo. Existem os trikes biplaces, para duas pessoas ( piloto e 1 passageiro) e os monoplaces (só para o piloto). Decidido isso, há muitos outros fatores importantes a se considerar, pois mesmo no universo dos trikes há muitas possibilidades, tanto para os monoplaces, quanto para os biplaces. Um dos trikes mais baratos do mercado brasileiro é o minitrike, este, diferente dos trikes tradicionais, que são aeronaves capazes de fazerem viagens longas, é mais apropriado para voos de curta duração, sem passageiros, em panorâmicos de algumas poucas horas, isso por causa de sua pouca autonomia de voo e também por não ter potência para altas velocidades. Mas, apesar dessas limitações, esta microaeronave proporciona o mesmo prazer e divertimento do voo em trike grande.

Além do versátil ultraleve pendular convencional que pousa em terra, há as variações

que pousam e decolam na água e os que usam esses dois tipos de ambientes para os pousos e decolagem, que são os hidro trikes, trikes anfíbios, talvez a modalidade mais

cara dentre os trikes, de modo geral. E, dentro de quais queres dessas modalidades há

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os trikes que são belas obras de arte aeronáuticas, que além de exibirem lindas asas coloridas, também se apresentam com boa diversidade de carenagens, algumas dessas

na área frontal da aeronave, parte das laterais e da traseira, escondendo quase totalmente o motor. A maioria dos trikes tem bagageiros amplos que são perfeitos para as muitas horas de navegação. A tecnologia está também nos tipos de motorização, que podem ser os de 2 ou 4 tempos (ambos com diversas possibilidades de potência) que podem funcionar com a tradicional gasolina ( que pode ser a mesma que se usa nos carros), álcool e elétricos. Existem alguns trikes carenados como o elegante PulsR The Ultimate Tourer, fabricado no Reino Unido pela P&M Aviaton. O PulsR é um flexwing, suas asas são dobráveis para facilitar o transporte e hangaragem, pois permite que ele possa ser guardado sem problema em qualquer garagem. Tem uma autonomia de voo de mais e 10 horas, em média, tem o limite de peso máximo para decolagem de 472,5 quilos. O peso do ultraleve vazio é de 239 kg sem o paraquedas e com o paraquedas é de 251 kg. A capacidade máxima de carga é de 220. Ele tem 3.2 metros de comprimento e altura geral de 2,82 metros. Motor Rotax 912S ( 100ph ) à gasolina, capacidade de 78 litros de combustível e média de consumo é de 13 Iph. O preço médio é desse modelo é de 42 mil libras.

Mas, na hora da compra de um trike é bom considerar a facilidade de abastecimento. No Brasil ainda é mais fácil o abastecimento com gasolina, combustível que se

encontra em qualquer lugar habitado. Essa praticidade faz toda a diferença na hora das longas viagens ou mesmo em caso de algum imprevisto durante um voo e se

precisar recorrer a um abastecimento da aeronave. Os preços dos ultraleves trikes, no entanto, variam muito, há vários fabricantes no Brasil e há os importados. Para se ter uma noção, por exemplo, o valor do kit triciclo + asa é de R$ 19.500,00. Na aeronave completa o cliente vai investir cerca de R$ 37.000,00, pagamento que pode ser parcelado, sendo a entrada no valor de 50% do

total do valor do trike, além disso, os trikes da Ícaros podem ser também adquiridos por meio de consórcios. Este minitrike (Minifly) tem o tricícolo dobrável e pode ser

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transportado em um porta malas de carro, a montagem completa leva cerca de 30 min, tem trem de pouso retrátil. De acordo com Thatiane Favero, uma das

proprietárias da Trike Ícaros, o Minifly, só pode ser comercializado na forma de kit, pois ele não se enquadra na nova legislação dos LSA´s devido ao trem retrátil. Seu consumo é de 2,5 litros por hora, tanque com capacidade de 10 litros, tem autonomia de até 4 horas, velocidade máxima de 85 km por hora. Motorização Polini THOR 100 - 20HP / Polini THOR 200 - 29HP/ Simonini MINI 3 - 36HP. Decolagem e pouso em pista de 100 metros ou menos, dependendo da direção do vento.

O minitrike é uma boa alternativa, quanto ao custo, praticidade no transporte e na própria pilotagem, isso por que o pequeno trike tem pilotagem mais fácil em relação

ao trike biplace por ser mais leve e ágil na respostas dos comandos. O piloto, recém formado Pedro Paulo Rebellees, partiu de Minas Gerais para São Paulo para realizar o

sonho de voar.Os 5 mês viajando só nos finais de semana para fazer o curso e tirar o CPD valeram a pena. Ele fez o curso prático no trike biplace e agora está na fase de

adaptação para a pilotagem do mini trike. Ele conta que o seu desejo de voar bateu forte e ele , depois e muitas pesquisas decidiu-se pelo trike sem mesmo ter voado ou

visto pessoalmente um ultraleve desse: “ Eu pesquisei bastante e só ouvi elogios ao trike. Encontrei os trikes da Ícaros e decidi, sem mesmo conhecer de perto um trike, a

comprar o MiniFly. Depois fui fazer o curso de pilotagem com Luiz Faveiro, que é um grande instrutor e sabe muito. Fiz o curso no trike biplace e estou agora fazendo

adaptação para voar no meu minitrike, que é uma aeronave muito menor e muito

mais fácil de controlar, os comandos são menores e ele responde rápido. O mini é muito dócil de pilotar, com seu tanque cheio que ,é de 10 litros, já voei por 2 horas. Gosto de voar muito com o pessoal do paraglider, na Serra da Bocaina, em Lavras-MG, no meu

mini. Ele é excelente para pegar térmica, dá até pra arriscar sem motor. Voar de mini é muita diversão”, diz Pedro, muito entusiasmado e feliz com sua conquista.

Quanto aos cursos de pilotagem eles se dividem em curso teórico e prático. A idade mínima para se tornar piloto e tirar o certificado é de 18 anos. Mas pode fazer o curso

quem tiver 16 anos, desde que tenha autorização dos pais ou responsáveis e mesmo a pós a conclusão do curso só poderá fazer voos acompanhados pelo instrutor. No curso

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para CPD aprende-se sobre as leis e regulamentação aeronáutica, teoria de voo, conhecimentos técnicos, meteorologia e navegação aérea. Duração 47horas/aula.

O curso teórico para o CPR inclui as matérias para o CPD e mais as matérias de desempenho e planejamento de voo, desempenho e limitações humanas pertinentes aos Pilotos de Ultraleves, procedimentos operacionais e radiocomunicações. Essas aulas são aplicadas por representantes da ANAC ou da ABUL. A parte prática para alunos sem o CPD é de 30 horas, sendo 15 horas de voo de instrução básica, 5 horas de voo de instrução solo e 10 horas de voo em área controlada de no mínimo duas de navegações completa. Para alunos com CPD são 25 horas Além da inscrição em uma escola de aviação é preciso fazer exame médico, com profissional credenciado pela ANAC ou ABUL. Não há obrigatoriedade em se associar à ABUL, mas é recomendado, pois essa associação oferece muitas vantagens aos seus associados no dia a dia como pilotos. Em contra partida, quanto maior o número de associados, mais forte se torna a associação. ABUL ( Associação Brasileira de Pilotos de Aeronaves Leves), fundada em 1987, reconhecida e autorizada pela ANAC entre outras coisas, a emitir o CMPU (Certificado Médico de Piloto de Ultraleve) para seus filiados, assim como está autorizada a realizar todo o processo para a obtenção dos certificados de pilotos.

Quanto aos custos operacionais para manter um trike, não há complicações. A principal é que a aeronave precisa ser inspecionada anualmente, precisa manter-se em

dia com o seguro obrigatório, o valor varia de acordo com o tipo de ultraleve. Para o minitrike o valor é de cerca de R$950,00, para o trike grande é de R$1200,00. Outras

manutenções como a troca da asa, irão depender das horas de voos e do cuidado com que cada piloto cuida do seu equipamento. O custo operacional por hora do Minifly é de R$ 61,00 e do Adventure R$ 150,00.

Com a máquina, piloto e tempo em perfeitas condições de voo, hora de ganhar as

alturas! O trike permite viagens longas, de muitas horas, dias ou até anos. Em nosso país, mesmo com nossas dimensões continentais e condições relativamente boas

durante todo o ano, ainda há poucos aventureiros nos trikes nas expedições por aqui, mas há grupos que sempre realizam viagens em grupo, com boas horas de

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navegação, um desses grupos é o Adventure Flying Team, grupo criado pela Ícaros para reunir os amantes de trikes e divulgar o esporte com esses ultraleves que são

considerados a motos dos céus, com estilo livre de pilotagem com motores potentes e vento no rosto. E bem ao estilo da lendária Harley Davidson, que tem o grupo HOG, de acordo com Thatiane Favero, quem compra uma Ícaros, já se torna automaticamente membro do grupo, mesmo que a compra seja de um Ícaros usado, e diferente do HOG, na Ícaros o associado do grupo não precisa pagar mensalidade. O Team Flying é exclusivo para quem tem um Ícaros, porém, proprietários de outras marcas podem voar com o grupo nas suas viagens. As exigências são para que piloto e aeronave estejam com a documentação em dia e o piloto seja um aliado na divulgação da aviação desportiva com ultraleves trikes. O grupo tem mais 40 integrantes proprietários de Ícaros, que durante o ano realiza viagens pelo país. “Durante o ano normalmente fazemos as pequenas viagens para eventos, festas. Mas sempre organizamos uma grande viagem. Ano que vem, provavelmente em junho, voaremos para a Chapada Diamantina-BA”, explica Thatiane. No grupo há pilotos de vários níveis técnicos, inclusive há recém formado, que de acordo com Luiz Faveiro, criador da Trike Ícaros, instrutor de voo e um dos lideres desses alados, no grupo os pilotos se ajudam muito e sempre dão total apoio aos

novatos durante as viagens. Ainda de acordo com o experiente piloto, não há muitas regras no grupo, a principal é o piloto voar com responsabilidade. Ele dá a dica: ”Para

as longas viagens, a primeira coisa é entender que uma longa viagem é a soma das pequenas viagens. Voar sempre, independente da distância, ajuda na preparação para

as longas viagens. Com cerca de 100 horas um piloto já está pronto para partir nas longas viagens. Depois é fundamental fazer um bom planejamento. Na minha escola, Looping, os alunos sempre são estimulados a voarem com os pilotos veteranos, a participarem das viagens mais curtas pela região e também, esses depois de formados, são convidados a irem para as longas viagens pilotando suas aeronaves dando carona a um piloto mais experiente, assim ele vai aprendendo mais durante a viagem com as instruções durante o percurso”.

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Essa união e solidariedade entre os pilotos novatos e experientes do universo do trike é muito estimulante para quem deseja começar nessa prazerosa aventura que é voar

de trike. Há muita amizade e harmonia no meio desportivo, não importa no que se voa, a paixão pelos céus é a mesma. Voar é uma questão de estilo, não importa como

você começa, com o tempo conseguirá voar na sua máquina dos sonhos. O mais difícil do voo era alguém acreditar que o ser humano voaria. Alguns acreditaram e, há mais

de um século a humanidade voa. Podemos voar sim, e em nossos tempos, de muitas formas. Bons voos a todos do nosso universo alado!

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