susep normatiza a venda de microsseguros no brasil · e atendendo as bases de clientes das grandes...

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A Superintendência de Segu- ros Privados (Susep) aprovou, em junho deste ano, as oito circulares que formam a regu- lamentação completa dos mi- crosseguros, apólices de baixo valor voltadas para a população de menor poder aquisitivo. As medidas podem significar a in- clusão de uma parcela da popu- lação de baixa renda que, nos últimos anos, se beneficiou do crescimento econômico do país e que passou a ser chamada de “a nova classe média”. Com o da pelo órgão regulador a atuar como inter- mediário, desde que habilitado para isso. “Esse profissional terá de fazer um cur- so diferente do realizado para corretores tradicionais. Houve um entendimento de que esse corretor de microsseguros seria um importante elo entre o mercado segu- rador, que ainda não faz parte da cultura daquelas comunidades, e a população lo- cal. A pessoa que se habilitar, conhecerá a região, saberá como abordar o assunto. Isso sem falar no aspecto social da medi- da, que ajuda a gerar emprego e renda na localidade”, diz Santanna. As normas permitem, ainda, o uso de cor- respondentes de microsseguros, como forma de estreitar a relação com o consu- midor. Para ofertar e promover planos de microsseguros, os fornecedores deverão estabelecer contrato ou firmar convênio com as sociedades seguradoras. As se- guradoras deverão registrar o esta- belecimento junto à Susep. O prazo mínimo de vigência das co- berturas de microsseguro será de um mês. As sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência complementar deverão protocolar junto à autarquia os planos de mi- crosseguro, incluindo condições ge- rais ou seus regulamentos. “Outra norma limita o valor das coberturas nas apólices para que o produto seja caracterizado como microsseguro. Como exemplo, a indenização para perda de bagagem Luciano Portal Santanna Superintendente da Susep 3 Microsseguro, o pequeno gigante chega ao mercado brasileiro 5 Susep normatiza a venda de microsseguros no Brasil Microsseguro representa macroavanço para o mercado segurador 4 Dos seguros populares aos micros- seguros: perspectivas para um novo segmento 2 Microsseguro – Cresci- mento e regulamentação poder de compra aumentado, essas pes- soas passaram a adquirir bens de consu- mo duráveis como carros, eletrodomésti- cos, casas, a matricularem seus filhos em escolas particulares e passaram a consu- mir produtos com tecnologia de ponta. “O foco do microsseguro é a chamada classe de renda mais baixa, que, como sabemos, ganhou musculatura de com- pra nos últimos anos. Isso não impede que pessoas com mais recursos não pos- sam adquirir este tipo de produto. Mas nos empenhamos em estabelecer nesta normatização regras que sejam pertinen- tes a este público. Nossa ideia é que o microsseguro não perca o seu perfil de inclusão social”, explica Luciano Portal Santanna, superintendente da Susep. Entre as medidas destacadas está a figu- ra do corretor de microsseguro, pessoa da comunidade que será treinada e autoriza- está em R$ 1 mil; para seguro de vida, em R$ 24 mil; e reembolso de despesas com funeral em R$ 4 mil. A regulamentação ainda permite uso de celular na venda de seguros e a inclusão de sorteios pela capitalização”, acrescenta Santanna. Os bilhetes de microsseguro emitidos pelas sociedades seguradoras deverão conter informações como: nome do plano ao qual se vincula o documento; nome e CNPJ da sociedade seguradora; número do processo administrativo de registro junto à Susep; número de controle do bilhete; entre outros.

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Page 1: Susep normatiza a venda de microsseguros no Brasil · e atendendo as bases de clientes das grandes empresas como lojas de varejo, administradoras de cartão, empresas te-lefônicas

A Superintendência de Segu-ros Privados (Susep) aprovou, em junho deste ano, as oito circulares que formam a regu-lamentação completa dos mi-crosseguros, apólices de baixo valor voltadas para a população de menor poder aquisitivo. As medidas podem significar a in-clusão de uma parcela da popu-lação de baixa renda que, nos últimos anos, se beneficiou do crescimento econômico do país e que passou a ser chamada de “a nova classe média”. Com o

da pelo órgão regulador a atuar como inter-mediário, desde que habilitado para isso.“Esse profissional terá de fazer um cur-so diferente do realizado para corretores tradicionais. Houve um entendimento de que esse corretor de microsseguros seria um importante elo entre o mercado segu-rador, que ainda não faz parte da cultura daquelas comunidades, e a população lo-cal. A pessoa que se habilitar, conhecerá a região, saberá como abordar o assunto. Isso sem falar no aspecto social da medi-da, que ajuda a gerar emprego e renda na localidade”, diz Santanna. As normas permitem, ainda, o uso de cor-respondentes de microsseguros, como forma de estreitar a relação com o consu-midor. Para ofertar e promover planos de microsseguros, os fornecedores deverão estabelecer contrato ou firmar convênio com as sociedades seguradoras. As se-

guradoras deverão registrar o esta-belecimento junto à Susep.O prazo mínimo de vigência das co-berturas de microsseguro será de um mês. As sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência complementar deverão protocolar junto à autarquia os planos de mi-crosseguro, incluindo condições ge-rais ou seus regulamentos. “Outra norma limita o valor das coberturas nas apólices para que o produto seja caracterizado como microsseguro. Como exemplo, a indenização para perda de bagagem

Luciano Portal SantannaSuperintendente da Susep

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Microsseguro, o pequeno gigante chega ao mercado brasileiro

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Susep normatiza a venda de microsseguros no Brasil

Microsseguro representa macroavanço para o mercado

segurador4

Dos seguros populares aos micros-seguros: perspectivas para um novo

segmento

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Microsseguro – Cresci-mento e regulamentação

poder de compra aumentado, essas pes-soas passaram a adquirir bens de consu-mo duráveis como carros, eletrodomésti-cos, casas, a matricularem seus filhos em escolas particulares e passaram a consu-mir produtos com tecnologia de ponta.“O foco do microsseguro é a chamada classe de renda mais baixa, que, como sabemos, ganhou musculatura de com-pra nos últimos anos. Isso não impede que pessoas com mais recursos não pos-sam adquirir este tipo de produto. Mas nos empenhamos em estabelecer nesta normatização regras que sejam pertinen-tes a este público. Nossa ideia é que o microsseguro não perca o seu perfil de inclusão social”, explica Luciano Portal Santanna, superintendente da Susep. Entre as medidas destacadas está a figu-ra do corretor de microsseguro, pessoa da comunidade que será treinada e autoriza-

está em R$ 1 mil; para seguro de vida, em R$ 24 mil; e reembolso de despesas com funeral em R$ 4 mil. A regulamentação ainda permite uso de celular na venda de seguros e a inclusão de sorteios pela capitalização”, acrescenta Santanna.Os bilhetes de microsseguro emitidos pelas sociedades seguradoras deverão conter informações como: nome do plano ao qual se vincula o documento; nome e CNPJ da sociedade seguradora; número do processo administrativo de registro junto à Susep; número de controle do bilhete; entre outros.

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Microsseguro – Crescimento e regulamentação

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Maurício JunqueiraPresidente da Câmara dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul

O crescimento da economia impulsiona com força ainda maior o mercado de se-guros. Com as pessoas melhorando seu poder aquisitivo, podendo comprar e se planejar, começam a priorizar a proteção dos bens conquistados, a se prevenirem dos infortúnios da vida e até mesmo da sua sobrevida, pensando no futuro. As empresas investem em benefícios para atrair e reter mão de obra, contribuindo para o crescimento dos planos de saúde, dos seguros de vida e da previdência pri-vada. O resultado de tudo isto pode ser verificado com o crescimento de 22,1% da indústria de seguros nos primeiros cinco meses deste ano, comparados ao mesmo período de 2011.A estabilização da economia também fez emergir um novo público de consumo que sempre esteve às margens deste merca-do: as classes C, D e E. No entanto, foi necessário desenvolver produtos espe-cíficos, com acesso facilitado e cobrança simplificada. Cresceram os planos affini-ties, também chamados de massificados, destinados a venda em grande escala e atendendo as bases de clientes das grandes empresas como lojas de varejo, administradoras de cartão, empresas te-

lefônicas e outros canais, atingindo um grande nú-mero de negócios a um custo bem competitivo. Esta tem sido a maior ferramenta de sociali-zação do seguro. Estes produtos deram acesso às classes menos favo-recidas a terem proteção patrimonial e financeira que não tinham antes. Assim nasceram os seguros populares, com

as características dos massificados, mas direcionados a população de baixa renda. Diagnosticada a potencialidade deste mercado, a SUSEP criou o microsseguro, regulamentando este segmento e estabelecendo condições de comercialização, parâmetros obrigatórios e formas de contratação. Esta é uma nova maneira de distribuir seguros e o mercado precisa estar preparado para aproveitar esta oportunidade. A regulamentação prevê a utilização de meios remotos para emissão de bilhetes, apólices e certificados, podendo contratar e pagar o prêmio do microsseguro pela internet ou pelo celular.Estas medidas vão incrementar ainda mais o setor e o governo também de-monstra interesse na sua difusão, que desonera o erário público de parte das despesas causadas pelo infortúnio as po-pulações menos favorecidas. A legislação prevê a criação da figura do corretor de microsseguro, com o objetivo de multipli-car a força de distribuição destes produ-tos, o que é motivo de preocupação para a categoria do setor, pois estes agentes foram criados com intenção comercial e não assistencial como operam hoje os

profissionais corretores de seguros. Há alguns pontos importantes para serem discutidos como, por exemplo, a liquida-ção dos sinistros. O processo deverá ser rápido e desburocratizado, muito diferen-te do que ocorre hoje. Outras questões estão relacionadas a forma de cobrança, a inadimplência, a participação indispen-sável do profissional corretor de seguros para assistir os interesses dos segurados. Particularmente, considero toda interfe-rência num mercado livre, preocupante. A iniciativa privada tem a capacidade de ajustar seus interesses às necessida-des do consumidor e a regulamentação pode engessar o processo e estabelecer conflitos que acabam criando demandas judiciais e comprometendo a credibilida-de do segmento. Questiono sobre a real necessidade desta regulamentação, já que o mercado vem praticando a venda de seguros muito semelhantes e se adap-tando as suas oportunidades e necessi-dades. Se não havia conflito, ou prejuízo à sociedade, a quem interessa esta regu-lamentação? Considero mais importante a legitimação jurídica dos canais de dis-tribuição e cobrança, pois o sucesso des-ta importante ferramenta de difusão da cultura do mutualismo está relacionada a possibilidade da sua massificação para suportar os baixos custos oferecidos.O importante é que a sociedade seja a grande beneficiada de todo este processo. Para que isto aconteça o mercado deve estar preparado para suprir esta demanda e, principalmente, corresponder a suas expectativas.

SóciosHomero Stabeline MinhotoPaulo André Corrêa MinhotoPaulo Henrique Corrêa MinhotoAna Paula Corrêa Minhoto

Jornalistas Responsáveis:

Fotos: Divulgação

www.oficinadotexto.com.br

Paulo Alexandre e Andressa Cardoso

EXPE

DIE

NTE

Contatos, críticas, sugestões e contribuições pelo e-mail:[email protected] - www.minhoto.com.br

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Há tempos discute-se no Brasil o tema dos microsseguros. No início havia controvérsias sobre o tamanho do mercado, como atingi-lo, quais os produtos de interesse e como atuariam seguradoras e corretores nesse “novo” universo. Em dezembro de 2011, porém, a Resolução 244/11 da SUSEP veio definir o que é microsseguro – proteção securitária destinada à população de baixa renda ou aos microempreendedores individuais. Recentemente, seis circulares fixaram desde os procedimentos exigidos para operar com microsseguros até a definição de coberturas, limites e exclusões. Criaram-se também as figuras do correspondente de microsseguros e do corretor de microsseguros. A utilização de meios remotos para comercialização foi permitida, um avanço muito importante. Há muito mais experiência nesse mercado do que se supunha. O PASI – Plano de Amparo Social Imediato, por exemplo, lançado em 1989, destinado inicialmente a operários da construção civil, é, possivelmente, a primeira solução desenhada especificamente para proteger a população de baixa renda. Outros produtos e modelos de negócio – seguros de viagem, residenciais, de garantia estendida, de proteção financeira, de acidentes pessoais, de vida e para funeral – foram criados, sobretudo a partir do advento da “nova classe média brasileira”, movimento que agregou mais de 30 milhões de pessoas a

um novo patamar de consumo em menos de 10 anos. Ocorreu também um extraordinário crescimento dos seguros do tipo “prestamista”, que garantem a quitação de dívidas na hipótese de falecimento do devedor. Entre 2004 e 2011, esses seguros cresceram a uma taxa média anual de 36%, passando de um volume anual de R$ 511 milhões em 2004 para R$ 4,5 bilhões em 2011.Nesse cenário, o microsseguro representaria não apenas uma proteção social para os trabalhadores do setor informal, mas também um novo mercado para as seguradoras e um meio de acesso ao mercado consumidor a pessoas de baixa renda. Ele estimula o mercado interno ao reduzir riscos dos empréstimos e incentiva o alongamento dos prazos de financiamentos. As soluções podem ser encontra-das por meio da rede de correto-res, rede bancária, rede de lojas va-

rejistas, dos cartões de crédito, de serviços de utilidade pública como a telefonia, por meio ainda de asso-ciações de classe e sindicatos etc. Esse mercado representado pela população de baixa renda, que tem se mostrado tão dinâmico e em contínuo crescimento, já está sendo parcialmente atendido; por isso cabe perguntar: o que irá acontecer agora, com essa nova regulamentação?Muita coisa. Os canais de distribuição irão se ampliar, novos produtos irão surgir e antigos paradigmas deverão ser quebrados, com o reconhecimento formal de que nossa população tem direito a satisfazer suas necessidades de consumo, mas também suas necessidades de proteção, tanto dos bens patrimoniais, aos quais está agora tendo acesso, quanto do futuro dos familiares. É óbvio, portanto, que há um grande caminho a ser percorrido. Os produtos populares alcançam parte dessa população, mas há uma base da nossa pirâmide que ainda está por ser atendida com simplicidade e clareza, e é para ela que se orienta o conjunto normativo dos microsseguros em nosso país.

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Dos seguros populares aos microsseguros: perspectivas para um novo segmento de mercado

Bento A. Zanzini Diretor geral de Seguros de Pessoas do Grupo Segurador BB e MAPFRE

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Microsseguro representa macroavanço para o mercado segurador

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Mais que definir características, crité-rios e meios para comercialização, en-tre outros detalhes de ordem técnica e operacional, a regulamentação dos mi-crosseguros é um grande avanço para o mercado segurador, por conta de uma série de fatores. O primeiro e principal deles é o maior alcance que as apólices passam a ter, sobretudo junto a públicos que talvez nunca tenham pensado em fazer um seguro. Depois, a medida “de-safia” as seguradoras a se aperfeiçoa-rem no desenvolvimento de produtos e serviços que atendam às necessidades específicas deste nicho. Enfim, motiva os profissionais (corretores, por exemplo) a também se adequarem às novas opor-tunidades de negócios demandadas por esse perfil de clientes.A própria definição de microsseguros nos ajuda a entender o efeito principal de sua regulamentação. Trata-se de apólices com valores mais acessíveis, justamente para atender a clientes que viam, no pre-ço, um inviabilizador para a contratação deste importante instrumento de prote-ção familiar. Essa é a nossa concepção de seguros: meio pelo qual se protegem os investimentos feitos para proporcio-nar mais conforto e qualidade de vida às pessoas, seja por meio de bens (casa, carro, empresas, etc.), cuidados com entes queridos (seguros de vida), entre outras possibilidades. Já existe um amplo público identificado como potencial para o desenvolvimen-to dos microsseguros. De acordo com números conjuntos da CNSeg (Confe-deração Nacional das Seguradoras) e do Cenfri (Centro para Regulação e In-clusão Financeira), são 128 milhões de clientes em todo o país, que se mostram interessados em diversos ramos e aten-tos à necessidade de proteção para va-riados riscos. Outro levantamento da CNSeg, feito em comunidades do Rio

de Janeiro, mostra que as apólices que mais despertam o interesse desses clientes são vida, seguro funerário, auto (também para motocicletas), residên-cia, acidentes pessoais e seguro de-semprego privado. Quanto aos riscos que mais preocupam, estão incapaci-dade física, desemprego e acidentes.Diante deste cenário, cabe às segurado-ras se especializarem, cada vez mais, na formatação de seguros com coberturas, serviços e benefícios (também entende-mos o seguro como algo para ser apro-veitado no dia a dia, e não apenas no momento de um sinistro) próprios para o público-alvo dos microsseguros. Vale destacar que, antes mesmo da regula-mentação, algumas companhias já viabi-lizavam alternativas com esse propósito, em ramos como vida, assistência funeral, auto com serviços básicos, entre outros.Ressaltamos ainda que o papel do corretor

de seguros continua indispensável na contratação destas novas apólices, mesmo diante de opções previstas na regulamentação, como vendas por celular. O corretor deve permanecer como referência para amparar o cliente em toda a negociação e certamente poderá conquistar significativas oportunidades, desde que se especialize. Uma vez regulamentados, os microsse-guros são um passo importante para que os produtos securitários atinjam um nú-mero cada vez maior de pessoas, garan-tindo proteção e tranquilidade para uma faixa maior da população.

Luiz Pomarole Diretor geral da Porto Seguro

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Osmar Bertacini Diretor da Humana Seguros

Microsseguro, o pequeno gigante chega ao mercado brasileiro

importantíssimo para o mercado crescer. Tínhamos apenas um órgão responsável por resseguros, hoje existem diversas resseguradoras no País. O poder aquisitivo do brasileiro vem aumentando, e tudo isso está contribuindo para o aquecimento do mercado segurador. O microsseguro, se bem trabalhado, será a alavanca propulsora para o crescimento significativo do mercado de seguros.

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Caros leitores, antes de abordar a temática do microsseguro propriamente, é necessário fazer algumas considerações sobre o mercado de seguros porque, a partir daí, podemos perceber melhor o impacto que o microsseguro trará ao mercado segurador.Evidente que o mercado de seguros vem crescendo, isso todos podemos perceber. Temos um mercado segurador aquecido e crescente, pois o seguro está atrelado à economia do país. Se a economia cresce, o seguro cresce, principalmente pela geração de novos empregos.O mercado segurador, no meu entendimento, está consolidado, mas com muito potencial de expansão, principalmente se analisarmos o Brasil. E o microsseguro pode contribuir para essa expansão. A Susep (Superintendência de Seguros Privados) editou circulares regulamentando a atividade dos microsseguros e não é exagero dizer que o microsseguro vem impulsionar crescimento bastante expressivo, pois ele atingirá uma parcela da população que até então não possui a proteção do seguro.O seguro em sua totalidade, não é um produto de primeiro consumo, seguro é um produto que você busca a partir do momento que o seu orçamento está folgado, e o microsseguro vem para mudar isso. Veja da seguinte maneira, no primeiro momento, o consumidor compra um seguro pequeno, por exemplo, seguro contra roubo do seu aparelho celular. No momento que ele se conscientiza da necessidade, e do que é o seguro, se tornará o consumidor do futuro, para outro seguro maior.

As seguradoras possuem papel fundamental nessa tarefa de trazer a cultura do seguro para o dia-a-dia da população. O foco delas tem de ser o foco institucional, ou seja, divulgar a proteção do seguro como necessidade e desmitificar que os seguros são caros e burocráticos. No caso do microsseguro, o estigma de valor alto não é válido, pois foi pensado e criado para ser acessível a todas as classes sociais, e agora cabe às seguradoras acabar com as burocracias, principalmente na hora de fazer a liquidação do sinistro no microsseguro. Outro ponto muito importante, e que nos cabe ressaltar, é o papel do corretor. Independentemente de ser microsseguro ou qualquer outro tipo de seguro, o corretor é, e sempre será, o elo entre o segurado e a seguradora. Como o microsseguro é um seguro de baixo valor, a comercialização dele terá que ser diferente da forma de vender os demais seguros, porque não geraria lucro ao corretor. A alternativa que vejo é o corretor ficar atento ao mercado que está se abrindo e comercializar o microseguro através de associações e fundações, dessa forma agregaria um número grande de pessoas, fazendo-o ganhar na quantidade. O mercado segurador vive, hoje, um de seus melhores momentos. E minha visão sobre o microsseguro é otimista. Com o lançamento do Plano Real, o mercado segurador se agitou, saímos de 1% do PIB para 3,5% do PIB, isso contribuiu de forma significativa. Outro fator que contribuiu positivamente foi a abertura do resseguro, passo

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Principais normas da Susep e legislação relacionada ao seguro

Jurisprudência

Resolução CNSP nº 253 de 05/07/2012 – Refe-renda a Resolução CNSP 250/2012, a qual alterou a Re-solução CNSP nº 166/2007, que dispõe sobre os requisi-tos e procedimentos para constituição, autorização para funcionamento, transferência de controle societário, reorganização societária e cancelamento de autoriza-ção para funcionamento das entidades que especifica.Publicação e vigência: 09/07/2012.Resolução CNSP nº 254 de 05/07/2012 - Altera a Resolução CNSP nº 229, de 27 de dezembro de 2010, que dispõe sobre o Regimento Interno da Susep. Publicação e vigência: 09/07/2012.Resolução CNSP nº 255 de 05/07/2012 – Refe-renda a Resolução CNSP nº 245/2011, a qual revo-gou o § 2º do artigo 14 da Resolução CNSP nº 168, de 17 de dezembro de 2007, que dispunha sobre a definição de empresas ligadas, ou pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro. Publicação e vigência: 09/07/2012. Resolução CNSP 256 de 05/07/2012 – Referen-da a Resolução CNSP nº 247, de 2011, que revoga dispositivos da Resolução CNSP nº 182, de 15 de abril de 2008; da Resolução CNSP nº 183, de 15 de abril de 2008; da Resolução CNSP nº 184, de 15 de abril de 2008; da Resolução CNSP nº 219, de 6 de dezembro de 2010 e dá outras providências, as quais dispõem sobre o Seguro Obrigatório de Res-ponsabilidade Civil do Transportador.Publicação e vigência: 09/07/2012. Resolução CNSP 257 de 05/07/2012 – Referen-da a Resolução CNSP nº 248/2011, a qual altera o art. 7º da Resolução CNSP nº 173, de 17 de dezem-bro de 2007, que dispõe sobre a atividade de corre-tagem de resseguros, e da outras providencias.

Publicação e vigência: 09/07/2012.Resolução CNSP nº 258 de 05/07/2012 – Referente as Resoluções CNSP nºs 248/2011 e 252/2012, que dispõem sobre a atividade de corretagem de resseguros, de ramos elementares e dos corretores de seguros de vida, capita-lização e previdência, bem como seus prepostos.Publicação e vigência: 09/07/2012.Resolução CNSP nº 259 de 05/07/2012 – Altera a Resolução CNSP nº 243, de 6 de dezembro de 2011, que dispõe sobre sanções administrativas no âmbito das ati-vidades de seguro, cosseguro, resseguro, retrocessão, capitalização, previdência complementar aberta, de cor-retagem e auditoria independente; disciplina o inquérito e o processo administrativo sancionador no âmbito da Susep e das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem e dá outras providências.Publicação e vigência: 09/07/2012. Resolução CNSP nº 260 de 05/07/2012 – Torna sem efeito a Resolução CNSP nº 246/2011, que dispunha sobre a comercialização de planos de seguro por meio de bilhete. Publicação e vigência: 09/07/2012. Resolução CNSP nº 261 de 11/09/2012 – Altera a Reso-lução CNSP nº 166, de 17 de julho de 2007, que trata sobre os requisitos e procedimentos para constituição, autoriza-ção para funcionamento, transferência de controle socie-tário, reorganização societária e cancelamento de autori-zação para funcionamento das entidades que especifica.Publicação e vigência: 13/09/2012.Circular Susep nº 445, de 02/07/2012 – Dispõe sobre os controles internos específicos para a prevenção e combate dos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, ou os crimes que com eles possam relacionar-se, o acompanhamento das ope-rações realizadas e as propostas de operações com

Nesta edição serão apresentadas três decisões inte-

ressantes de diferentes temas, sempre relacionados ao

seguro.

A primeira decisão é proveniente do Superior Tribunal

de Justiça e considerou legítima a negativa de cobertura

pela seguradora de veículo utilizado por empregado de

empresa segurada, cujo bem não foi devolvido após o

término do contrato de trabalho:

“RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE AUTOMÓVEL.

APÓLICE DE COBERTURA CONTRA ROUBO E FUR-

TO. VEÍCULO UTILIZADO POR EMPREGADO DA

EMPRESA SEGURADA. NÃO DEVOLUÇÃO APÓS

TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO. SINIS-

TRO. COBERTURA SECURITÁRIA NEGADA. RISCO

NÃO COBERTO.

1) Apólice de seguro contratada por pessoa jurídica

que prevê cobertura para as hipóteses de furto e

roubo de veículo.

2) A conduta de ex-empregado que não devolve ao

empregador veículo utilizado no trabalho não se as-

semelha a furto ou roubo.

3) Legítima a negativa de cobertura pela segurado-

ra. Especificidades do caso. O contrato de seguro é

interpretado de forma restritiva.

4) Precedente da Terceira Turma.

5) Recurso especial improvido.” (REsp 1177479/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão

Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA

TURMA, julgado em 15/05/2012, DJe 19/06/2012)

A segunda decisão foi proferida pelo Tribunal de Justiça

de São Paulo, apreciando ação movida pela ANADEC –

Associação Nacional de Defesa da Cidadania e do Con-

sumidor, pela qual pretendia a declaração de nulidade de

diversas cláusulas inseridas nos contratos de seguro de

vida e acidentes pessoais de determinada seguradora:

“EMENTA: SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PES-

SOAIS - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - APÓLICE - RISCOS

EXCLUÍDOS (HÉRNIA, PARTO, ABORTO, INTOXICA-

ÇÃO ALIMENTAR E SUAS CONSEQÜÊNCIAS) - RIS-

CO DE SALVAMENTO – DESPESAS EXCESSIVAS

- INVIABILIDADE DA ATIVIDADE SECURITARIA E

PRÊMIOS INVIÁVEIS AO MERCADO CONSUMIDOR

- CLÁUSULA ABUSIVA NÃO RECONHECIMENTO

- Inexiste abuso contratual pela exclusão de riscos

que tornem inviável a atividade securitária por gerar

despesas excessivas e impedir ou dificultar o aces-

so do consumidor ao produto, por conta do alto cus-

to financeiro do prêmio.

SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS - AÇÃO

CIVIL PÚBLICA - APÓLICE - RISCOS EXCLUÍDOS:

PARTO, ABORTO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS –

ATO VOLUNTÁRIO E DETERMINANTE EXCLUSÃO

- CABIMENTO - É cabível a exclusão dos riscos

parto, aborto e suas consequências pelo ato

voluntário e determinante da segurada na

concepção humana.” (Tribunal de Justiça de São

Paulo, Apelação nº 1020633-0/1, relatora: Desembarga-

dora Claret de Almeida, julgamento: 17/11/2008)

A última decisão, também exarada pelo Tribunal de Jus-

tiça de São Paulo, trata de seguro de vida e de acidentes

pessoais, cuja indenização foi pretendida pelos bene-

ficiários do segurado, que durante prática de roubo de

veículo acabou falecendo por disparos de arma de fogo

efetuados por policiais militares. Considerou-se, com total

acerto, agravamento intencional do risco:

“SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS -

AÇÃO DE COBRANÇA - Segurado morto por dispa-

ros de arma de fogo efetuados por Policiais Militares

na contingência de ato ilegal praticado por ele (rou-

bo de veículo automotor) - Agravamento intencional

do risco a liberar a seguradora da responsabilidade

contratual assumida, por força do disposto no art.

768 do Código Civil - Recurso não provido.” (Tri-

bunal de Justiça de São Paulo, Apelação nº 0074491-

66.2009.8.26.0000, relator: Antônio Benedito Ribeiro Pin-

to, julgamento: 21/10/2010)

Felizmente, alguns Tribunais observam e fazem

cumprir importantes cláusulas do contrato de seguro.

O espaço está sempre aberto para divulgação das

decisões, bastando, para tanto, remetê-las para o

e-mail: [email protected].

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pessoas politicamente expostas, bem como a pre-venção e coibição do financiamento ao terrorismo.Publicação e vigência: 04/07/2012. Circular Susep nº 446 de 04/07/2012 - Dis-põe sobre a suspensão dos efeitos da Circular Susep nº 410, de 22 de dezembro de 2010, que instituiu o teste de adequação de passivos para fins de elaboração das demonstrações financei-ras e define regras e procedimentos para sua realização, a serem observados pelas socieda-des seguradoras, entidades abertas de previ-dência complementar e resseguradores locais.Publicação e vigência: 05/07/2012.Circular Susep nº 447 de 09/08/2012 - Dispõe sobre o acesso ao cadastro de corretores por enti-dades representativas do mercado e sobre contri-buição sindical.Publicação: 10/09/2012. Vigência: 10/10/2012.Circular Susep nº 448 de 04/09/2012 - Esta-belece critérios para fins de cálculo da provisão de sinistros ou eventos ocorridos e não avisados (IBNR), da provisão de prêmios não ganhos para riscos vigentes mas não emitidos (PPNG-RVNE) e da provisão de riscos não expirados para ris-cos vigentes mas não emitidos (PRNE-RVNE), a ser adotado pelas sociedades seguradoras e entidades abertas de previdência complemen-tar que não disponham de base de dados sufi-cientes para utilização de metodologia própria.Publicação e vigência: 10/09/2012.

*publicadas entre 4 de julho de 2012 e 17 de setembro de 2012.