setúbal - jornal municipal out/nov/dez'13

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SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL. outubro | novembro | dezembro 2013 .ano 13.n.º 50 Território de lazer pág. 6 Setúbal define estratégia de desenvolvimento O Parque Urbano da Várzea, numa área de quarenta hectares, vai ser a principal zona verde da cidade, com diversos equipamentos. Campos ajardinados e alamedas convivem com a memória agrícola págs. 4 e 5 págs. 14 e 15 pág. 10 TAS de volta a casa pág. 17 especial Afirmação na Europa em defesa do convento Verdadeira Bela Vista no cinema Todos pelo Vitória! Campanha inédita recupera Estádio do Bonfim Autarquia financia produção de filmes pág. 16

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Edição do Setúbal - Jornal Municipal de outubro, novembro e dezembro de 2013

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Page 1: Setúbal - Jornal Municipal Out/Nov/Dez'13

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.outubro | novembro | dezembro 2013.ano 13.n.º 50

Território de lazer

pág. 6Setúbal define estratégia de desenvolvimento

O Parque Urbano da Várzea, numa área de quarenta hectares, vai ser a principal zona verde da cidade, com diversos equipamentos. Campos ajardinados e alamedas convivem com a memória agrícolapágs. 4 e 5

págs. 14 e 15 pág. 10

TAS de volta a casa

pág. 17

especial

Afirmação na Europaem defesa do convento

VerdadeiraBela Vista

no cinema

Todos pelo Vitória!Campanha inédita recupera Estádio do Bonfim

Autarquia financia produção de filmes

pág. 16

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2SETÚBALoutubro|novembro|dezembro13

Setúbal - Jornal Municipal

Propriedade:

Câmara Municipal de Setúbal

Diretora: Maria das Dores Meira,

Presidente da CMS

Edição: DICI/Divisão de Comunicação

e Imagem

Coordenação Geral: Sérgio Mateus

Coordenação de Redação: João Monteiro

Redação: Hugo Martins, Manuel Cordeiro,

Marco Silva, Susana Manteigas

Fotografia: Mário Peneque, José Luís Costa

Paginação: Humberto Ferreira

Impressão: Daniel & Lino, Lda.

Redação: DICI - Câmara Municipal

de Setúbal, Paços do Concelho,

Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal

Telefone: 265 541 500

E-mail: [email protected]

Tiragem: 15.000 exemplares

Distribuição Gratuita

Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornalpodem ser enviadas ao cuidado da redaçãopara o endereço indicado nesta ficha técnica.

informações úteis

sumário

edit

oria

l

CâMARA MUNICIPAL

Paços do ConcelhoPraça de Bocage265 541 500 | 808 200 717 (linha azul)Gabinete da Presidê[email protected] de Administração Gerale Finanças | [email protected] da Participação Cidadã[email protected]

Edifício do Banco de PortugalRua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7265 545 180Departamento de Cultura, Educação,Desporto, Juventude e Inclusão SocialDepartamento de Recursos Humanos

Edifício SadoRua Acácio Barradas, 27-29265 537 000Departamento de Ambiente e Atividades Econó[email protected] de Obras [email protected] de Urbanismo

Gabinete de Apoio ao ConsumidorMercado do Livramento, 1.º andar265 545 390

Gabinete de Apoio ao EmpresárioAv. Belo Horizonte– Escarpas de Santos Nicolau265 545 [email protected]

SEI – Setúbal, Etnias e ImigraçãoRua Amílcar Cabral, 4-6265 545 177 | Fax: 265 545 [email protected]

Gabinete da JuventudeCasa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 [email protected]

TURISMO

Casa da Baía de SetúbalCentro de Promoção TurísticaAv. Luísa Todi, 468265 545 010 | 915 174 442

Posto Municipal de Turismo - AzeitãoPraça da República, 47212 180 729

Loja municipal “Coisas de Setúbal”Praça de Bocage – Paços do [email protected]

ESPAçOS CULTURAIS

Biblioteca Pública MunicipalServiços CentraisAv. Luísa Todi, 188265 537 240

Polo da Bela VistaRua do Moinho, 5265 751 003

Polo Gâmbia, Pontes e Alto da GuerraEstrada Nacional 10, Pontes265 706 833

Polo de S. JuliãoPct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola)265 552 210

Polo Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão212 188 398

Fórum Municipal Luísa TodiAv. Luísa Todi, 61-67265 522 127

Casa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 168

Museu de Setúbal/Convento de JesusExposição de longa duraçãoAvenida Luísa Todi, 119265 537 890

Museu do Trabalho Michel GiacomettiLg. Defensores da República265 537 880

Casa BocageArquivo Fotográfico Américo RibeiroRua Edmond Bartissol, 12265 229 255

Museu Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11Vila Nogueira de Azeitão212 188 399

Casa do Corpo SantoMuseu do BarrocoRua do Corpo Santo, 7265 534 402

Cinema Charlot – Auditório MunicipalRua Dr. António Manuel Gamito265 522 446

EqUIPAMENTOSDESPORTIVOS

Complexo Piscinas das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 729 600

Piscina Municipal das PalmeirasAv. Independência das Colónias265 542 590

Piscina Municipal de AzeitãoRua Dr. Agostinho Machado Faria212 199 540

Complexo Municipal de AtletismoEstrada Vale da Rosa265 793 980

Pavilhão Municipal das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 739 890

Pavilhão João dos SantosRua Batalha do Viso265 573 212

UTILIDADE PÚBLICA

Loja do CidadãoAv. Bento Gonçalves, 30 – D265 550 200Balcão CMS: 265 550 228/29/30

Piquete de água 265 529 800Piquete de gás 800 273 030Eletricidade 800 505 505

URGêNCIAS

SOS 112Intoxicações217 950 143SOS Criança808 242 400Linha Saúde 24808 242 424Hospital S. Bernardo265 549 000Hospital Ortopédico do Outão265 543 900Companhia Bombeiros Sapadores265 522 122Linha Verde CBSS800 212 216Bombeiros Voluntários de Setúbal265 538 090Proteção Civil265 739 330Proteção à Floresta117Capitania do Porto de Setúbal265 548 270Comissão Proteção Criançase Jovens de Setúbal265 550 600PSP265 522 018GNR265 522 022

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.outubro | novembro | dezembro 2013.ano 13.n.º 50

Território de lazer

pág. 6

Setúbal define estratégia de desenvolvimento

O Parque Urbano da Várzea, numa área de quarenta hectares,

vai ser a principal zona verde da cidade, com diversos

equipamentos. Campos ajardinados e alamedas convivem

com a memória agrícola

págs. 4 e 5

págs. 14 e 15

pág. 10

TAS de volta a casa

pág. 17

especi

al

Afirmação na Europa

em defesa do convento

VerdadeiraBela Vista

no cinema

Todos pelo Vitória!Campanha inédita recupera

Estádio do Bonfim

Autarquia financia

produção de filmes

pág. 16

4 PRIMEIRO PLANO A maior zona verde da cidade dá os primeiros passos já em 2014. O Parque Urbano da Várzea, com quarenta hectares, alia lazer, com diversos equipamentos, a contenção das cheias.6 ESPECIAL A estratégia de desenvolvimento do concelho para os próximos quatro anos está definida pelo Executivo municipal. Três eixos centrais – rio, cidade e trabalho – congregam as opções políticas.7 LOCAL O novo mandato da Câmara Municipal de Setúbal aponta para a realização de investimentos que continuem a modernizar o concelho. A recuperação total do Convento de Jesus é um deles.12 FREGUESIA A freguesia do Sado está a requalificar uma das principais entradas, na Ponte Seca, enquanto S. Sebastião recuperou um terreno junto do hospital. Em Azeitão, a GNR recebeu duas motos.13 TURISMO A ObservaNatura potencia os recursos naturais de Setúbal. A Herdade da Mourisca, palco desta feira, recebe diversos eventos ao longo do ano. Os festivais gastronómicos também estão em alta.14 PLANO CENTRAL O Vitória está a viver uma jornada ímpar na sua história, com centenas de setubalenses a mostrar a forte ligação que têm ao clube. Miúdos e graúdos arregaçam as mangas para alindar o estádio.16 CULTURA Três filmes sobre a Bela Vista, premiados em festivais, mostram o bairro como ele é. O modernizado Fórum Luísa Todi e a Casa da Cultura completaram um ano de muita atividade.20 SEGURANÇA A parceria com o Exército na criação de condições para a prevenção de incêndios está a dar resultados na Arrábida. A resposta das escolas para a eventualidade de um sismo é outra preocupação.21 DESPORTO A forte ligação entre a Autarquia e o Vitória ficou demonstrada no jantar do 103.º aniversário do clube, uma aliança que é para manter. Os Jogos do Sado 2013 acabaram com uma prova de duatlo.22 EDUCAÇÃO Duas dezenas de alunos do 1.º ciclo fizeram de conta que eram autarcas durante uma manhã, em visita aos Paços do Concelho. Destaque ainda para a receção à comunidade educativa.23 ACADEMIA Finalistas da Escola Superior de Saúde trabalharam a prevenção de comportamentos de violência. Professor da Escola Superior de Tecnologia coordena um projeto de apoio aos negócios24 RETRATOS De defesa central a artesão de peles. quando Luís Octaviano arrumou as botas atirou-se ao negócio de produção de artigos de vestuário e adereços de moda, com casa na Baixa da cidade.25 INICIATIVA Os artistas de Setúbal dispõem de uma fábrica que os promove em vídeos no Youtube. João Fernandes é o obreiro de um projeto que, além da divulgação na internet, assume o formato de festival.26 MEMÓRIA Doze quintas compõem a Várzea de Setúbal, onde, em tempos, a agricultura reinou, território de um futuro parque urbano. O mirante aí existente tem tanto de valor como de mistério.28 PLANO SEGUINTE A entrada em 2014 é celebrada em tons de azul, em nova união de Setúbal e Troia com o Sado como elo de ligação. O Natal é festejado com muita animação por todo o concelho.

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oria

lO ato eleitoral de setembro passado revelou a vontade dos setubalenses e azeitonenses que escolheram prolongar um ciclo de extraordinário desenvolvimento e transformação do seu concelho.Negá-lo é negar a própria realidade.Setúbal é hoje um concelho diferente, que se modernizou.que, pela via da qualificação das suas estruturas, da criação de mais e melhores condições na área da educação, da inclusão social, da cultura e do desporto, se afirma como a Capital da Margem Norte do Sado, dá melhores condições de vida às suas populações e atrai mais gente.Um concelho que, pela via da criação de melhores métodos de funcionamento da autarquia, oferece novas condições para atrair mais investimento e gerar mais trabalho e mais emprego.Aqui chegámos, daqui partimos de novo.Daqui partimos para um novo ciclo de trabalho com novas ideias, umas em construção, outras já bastante avançadas na sua concretização.O nosso trabalho assentará nos três vetores estratégicos definidos no programa que apresentámos em setembro e nos quais, aliás, assentou parte considerável de toda a nossa comunicação política.

Vamos fazer Mais Cidade, e com isto queremos significar que entendemos a cidade de modo amplo como urbanidade, congregando todos os cidadãos e núcleos urbanos do concelho e as diversas áreas de intervenção relacionadas com os múltiplos aspetos que concorrem para a qualidade de vida das comunidades.Vamos reforçar a aposta que já iniciámos para ter Mais Rio, pois o Sado é um elemento essencial na vida e no desenvolvimento do nosso território, sendo transversal às suas múltiplas expressões, das atividades económicas ao lazer, da vida social à relação e projeção de Setúbal no mundo.

Vamos reforçar a aposta na criação de emprego, e por isso afirmamos que queremos Mais Trabalho, desde a criação de emprego à sua qualificação, do incremento das atividades económicas à sua diversificação, do planeamento territorial à defesa dos valores ambientais.É da conjugação destes três vetores estratégicos que se construirá o caminho para um concelho mais forte, mais inclusivo, onde haja mais trabalho e mais riqueza.No contexto destes três vetores, assumimos como objetivos a concretizar neste mandato, condicionados, naturalmente, pelas realidades financeiras existentes a cada momento e pelos apoios que forem disponibilizados, obras como a recuperação completa do Convento de Jesus e a requalificação de toda a área envolvente, a construção da nova Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, do novo Parque Urbano da Várzea, do “Terminal 7 – Centro de Interpretação do Mar”, continuando a ação de devolução do rio à cidade, no seguimento das intervenções no Parque Urbano de Albarquel e Passeio Ribeirinho da Praia da Saúde, e ainda a construção de um Parque de Estacionamento subterrâneo na Baixa da cidade.Vamos também criar as condições para intervir nos centros históricos de Setúbal e Azeitão com a criação das Áreas de Reabilitação Urbana.Destaco, porém, uma iniciativa que é de enorme importância para a cidade, pela qualidade de vida acrescida que proporcionará, mas também pela possibilidade que nos dá de resolver, ou melhor, minorar um problema de décadas da nossa cidade e que é o problema das cheias, iniciativa a que, aliás, damos relevo nesta edição do Jornal Municipal.Refiro-me ao Parque Urbano da Várzea, iniciativa municipal cujos projetos estão já bastante avançados, e que permitirá constituir enormes bacias de retenção das águas da Ribeira do Livramento, que, em caso de chuvas intensas, serão ali depositadas e libertadas controladamente para evitar as cheias na Baixa da cidade.Permitirá, por outro lado, uma importante requalificação da principal entrada da cidade, oferecendo-lhe um novo desenho urbano e novas funcionalidades de circulação automóvel.Tenho afirmado que Setúbal é, sem qualquer margem para dúvidas e sob todos os pontos de vista, uma das mais importantes cidades de Portugal. Fomos, somos e seremos uma das mais importantes cidades do país. Sei, porém, que ainda há muito por fazer. Por isso, afirmámos com tanta intensidade que queremos Mais Cidade, Mais Rio, Mais Trabalho.Fomos ouvidos pelos setubalenses. Aqui estamos para continuar a trabalhar. Para, com todos e para todos, continuar a fazer Mais Setúbal!

A Capital da Margem Norte do Sado

Partimos para um novo ciclo de

trabalho com novas ideias, umas

em construção, outras já bastante

avançadas na sua concretização

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

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prim

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ampos ajardinados a perder de vis-ta convivem harmoniosamente com vestígios de uma antiga ocupação dos terrenos da Várzea. As memórias da atividade agrícola cruzam-se com espaços e equipamentos destinados a eventos culturais, desportivos e de lazer. É um novo parque urbano para estar, ver e usufruir.A Câmara Municipal está a preparar o futuro Parque Urbano da Várzea, um projeto ambicioso, que dá os primeiros passos já em 2014 e que promete transformar por completo uma zona descaracterizada. Numa área com cerca de quarenta hectares é criada uma nova centralidade am-biental e recreativa para Setúbal.“Estamos perante um importante e im-ponente projeto para a cidade, um novo pulmão verde, com uma centralidade fantástica, que funciona como uma requalificação âncora para toda a área habitacional envolvente à zona da Vár-zea”, destaca a presidente da Autar-quia, Maria das Dores Meira.O Parque Urbano da Várzea, proje-tado para uma ocupação informal, é composto por uma ampla zona de relvado, no qual se encontram extensas alamedas propícias para passeios. Os trajetos confluem em pequenas praças que apelam a mo-mentos mais prolongados de lazer.Pelo caminho, há um conjunto de equipamentos a experimentar, para usufruto de várias gerações, como um parque infantil, para os mais novos, e máquinas desportivas que puxam pelo físico e ativam um estilo de vida mais saudável voltado para o bem-estar.O futuro e maior jardim da cidade, atravessado pela Ribeira do Livra-mento, vai ter também uma ciclovia, que percorre todo o perímetro do

Várzea devolvida à populaçãoUm novo pulmão verde para Setúbal.

O futuro Parque Urbano da Várzea é feito de extensos relvados, com valências viradas

para o lazer e o recreio, mas também para as memórias da antiga ocupação agrícola. O projeto, com os primeiros passos em 2014,

passa também pelo desenvolvimento de uma estratégia que visa solucionar e prevenir

problemas de inundações na cidade

parque, quiosques e variado mobiliá-rio urbano, assim como dois grandes lagos com funções recreativas e que podem funcionar, igualmente, como pontos de retenção de águas.Para dar seguimento à criação deste equipamento, a Autarquia, proprie-tária de apenas uma parcela naquela zona de reserva agrícola, sem gran-de valor imobiliário, está a ultimar “os protocolos de cedência de terrenos privados com vários proprietários”, explica a presidente da Câmara Mu-nicipal.O projeto, ainda sem um orçamento e prazos de construção estabeleci-dos, engloba ainda a criação de ba-cias de retenção de águas pluviais, bolsas de estacionamento automó-vel e a requalificação de uma ampla área de frente urbana.O Parque Urbano da Várzea, cujo projeto base está a ser elaborado

pela ACB Arquitectura Paisagista, é uma das principais apostas do atual mandato do Executivo municipal e pretende aproveitar o financiamen-to comunitário no âmbito do novo qREN – quadro de Referência Es-tratégico Nacional.“Vai ser um espaço de recreação e de lazer, com prática desportiva e cultural, um equipamento para ver, estar e usu-fruir”, realça Maria das Dores Meira.

Prevenção de cheias

Há uma estratégia pensada para controlar potenciais situações de inundação na cidade. A criação do Parque Urbano da Várzea permite alterar a topografia daquela área e adotar medidas técnicas que visam contornar um constrangimento que, há largos anos, afeta a cidade.“Este é um aspeto fundamental do pro-

jeto do Parque Urbano da Várzea e que queremos ver implementado. Traduz-se numa ação com claros benefícios para a proteção das populações e que pode evitar problemas relacionados com cheias”, adianta a presidente da Câ-mara Municipal.O problema de inundações veri-fica-se em vários pontos de Setú-bal, sobretudo no centro histórico. Acontece, normalmente, quando um período de pluviosidade forte e intensa coincide com a preia-mar.Parte da solução preconizada passa pela remodelação dos terrenos da Várzea e pela alteração da topogra-fia daquela área do território. Estas ações, após a criação do futuro espa-ço verde, tornam o equipamento pú-blico numa grande bolsa de absorção de águas.A estratégia definida para o controlo de inundações envolve ainda a ado-

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Várzea devolvida à população

PORMENORES DO FUTURO PARqUE URBANOPROJETO. Em fase de execução pela empresa ACB Arquitectura Paisa-gista, o Parque Urbano da Várzea dá os primei-ros passos em 2014. O prazo de construção ainda não está definido, bem como o custo total da intervenção.

ÁREA. O futuro equipa-mento de Setúbal nasce numa área com um total de quarenta hectares. Há a possibilidade de expandir o Parque Urbano da Várzea para terrenos agrícolas a norte da intervenção, com trinta hectares.

LAZER. Além de um imenso espaço ajardi-nado, o projeto inclui equipamentos para usufruto da população, como quiosques, um parque infantil, per-cursos pedonais, uma ciclovia e dois lagos com valências recreativas.

MEMÓRIA. A herança agrícola é mantida no Parque Urbano da Vár-zea com a recuperação de antigas estruturas, como casas, aquedutos e noras. Uma das áreas do parque está reservada à plantação de um grande laranjal.

PREVENÇÃO. Uma das funções primordiais do futuro espaço verde é prevenir a ocorrên-cia de inundações na cidade, meta proposta com a regularização da topografia do terreno e com a criação de bacias de retenção de águas.

URBANO. A concre-tização deste projeto visa criar uma nova centralidade ambiental e de lazer na cidade e permite reabilitar um conjunto de infraestru-turas urbanas na área envolvente e criar mais estacionamento.

FASES. O projeto é executado de forma faseada. A remode-lação dos terrenos e a construção das bacias de retenção de águas, numa primeira etapa e, depois, o jardim urbano e a recuperação de estruturas antigas.

ção de outra solução técnica, imple-mentada igualmente durante a exe-cução da primeira fase do projeto, com a criação de caminhos de enca-minhamento de águas e a construção de três grandes bacias de retenção.Com esta medida, após uma situa-ção de ocorrência de precipitação forte e continuada coincidente com a preia-mar, as águas ficam retidas e não se dirigem imediatamente para zonas potencialmente críticas de cheias. À medida que a maré bai-xa, as águas retidas acabam depois por desaparecer, de forma natural e controlada.

Memória agrícola

A preservação das memórias e da identidade agrícola setubalense é outra das funções do futuro Parque

Urbano da Várzea. Ali, é dado des-taque aos antigos campos de cultivo, com extensos laranjais, que existi-ram naquela área da cidade.“O objetivo é recuperar uma série de quintas agrícolas que existiam naquele território. Esta requalificação permite guardar as memórias da identida-de agrícola do passado de Setúbal”, adianta a presidente da Câmara Mu-nicipal, para acrescentar que as an-tigas estruturas ficam disponíveis à população.Para preservar e promover um dos principais símbolos da cidade, a la-ranja, uma parte do futuro equipa-mento está reservada para uma cria-ção especial. “Uma grande área está consignada para a plantação de um laranjal, um dos símbolos de Setúbal e uma marca distintiva, em concreto, a laranja.”

Além de pequenas casas de apoio, reconstruídas com o intuito de se-rem utilizadas com novas e variadas funções, integram o Parque Urba-no da Várzea recursos agrícolas de outros tempos, como aquedutos e noras, elementos que terão ações de restauro. O mirante, um dos primeiros exem-plos de construção em betão armado em Setúbal e no País, uma obra de arte datada do início do século XX, bem como o edifício contíguo são também alvo de profundas opera-ções de reabilitação no âmbito deste projeto (sobre as quintas e o mi-rante, ver secção Memória).

Paisagem rural

O jardim urbano, dotado de um con-junto de equipamentos para usufru-

to da população e que está na base de uma nova centralidade projetada para Setúbal, é apenas uma das par-tes do Parque Urbano da Várzea.O projeto, em fase de execução, pre-vê o alargamento do equipamento público para um total de setenta hectares, com mais valências que tornam este espaço verde, o maior da cidade, ainda mais apelativo. Numa área mais a norte, na frontei-ra com o concelho de Palmela, surge uma antiga exploração agrícola, uma vasta quinta, com perto de trinta hectares, que possui um conjunto de terrenos muito férteis, proprie-dade do Ministério da Agricultura e do Mar.Ali, ainda se trabalham os campos. Certamente não da mesma forma como antigamente, mas a herança é mantida.

Naquele espaço, às portas da cidade, funciona uma extensão do Estabele-cimento Prisional Regional de Setú-bal.Um presídio em regime aberto, no qual os reclusos trabalham a terra, sobretudo na produção de citrinos e de hortofrutícolas. Aprendem a atividade, cumprem regras, parti-cipam em projetos comunitários e até mantêm em funcionamento uma loja de venda ao público, a preços convidativos.Com a criação do Parque Urbano da Várzea, pretende-se incorporar a antiga quinta no roteiro de utilização do equipamento. Uma ligação que permite manter viva a tradição rural de Setúbal, que ocupou uma signifi-cativa parte do território, e criar um conjunto de circuitos pedonais in-terpretativos.

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espe

cial Setúbal aponta

ao desenvolvimento

Mais Setúbal para um melhor futuro. A visão estratégica da Câmara Municipal para o desenvolvimento do concelho nos próximos quatro anos é projetada em harmonia com o Sado. É feita em conjunto com a população, num município participado que vai da intervenção urbana à criação de novas oportunidades de vida. É mais rio, mais cidade, mais trabalho

A construção de um concelho com mais qua-lidade nasce a partir de um profundo conhe-cimento da realidade de Setúbal. Assenta numa visão integrada e sustentada do terri-tório e tem no rio, na cidade e no trabalho os eixos orientadores de uma estratégia que congrega grandes opções e planos.Das atividades económicas ao lazer, da vida social à relação e projeção de Setúbal, o rio Sado é um elemento transversal às múlti-plas expressões preconizadas para o futuro e constitui um recurso fulcral para o desenvol-vimento do território.A concertação institucional para uma melhor fruição da frente ribeirinha, a estabelecer através de um programa de ação territorial, é um dos objetivos do eixo “Mais Rio”, tal como a consolidação e o reforço da atividade do Porto de Setúbal e a implementação de um sistema de transportes multimodal.O desenvolvimento de atividades náuticas de recreio e marítimo-turística, a criação de condições para a implementação de um ter-minal de cruzeiros e a requalificação de áreas ribeirinhas degradadas, com a ampliação dos espaços de usufruto e relação com o rio, estão também no horizonte da Câmara Municipal, assim como a instalação de novos negócios qualificadores desta área privilegiada do ter-ritório.A valorização das praias, em termos de equi-pamentos e acessibilidades, com o impul-sionamento dos planos de Ordenamento da Orla Costeira e das Praias são outras metas

estabelecidas nas opções propostas neste eixo, que visa, ainda, garantir a sustentabili-dade e o crescimento do setor das pescas nas diversas atividades, da artesanal e do cerco à piscicultura.

Projeção urbana

A nova urbanidade pretendida para o mu-nicipio de Setúbal é feita de “Mais Cidade”. Este eixo estratégico definido para os pró-ximos quatro anos junta todos os cidadãos, os núcleos urbanos do concelho e as demais áreas de intervenção relacionadas com os múltiplos aspetos que visam a melhoria da qualidade de vida.Entre objetivos gerais, como o reforço de Se-túbal no quadro regional, nacional e interna-cional, a valorização do património cultural e ambiental e a reabilitação de áreas desca-racterizadas, destaca-se a criação de novos equipamentos, como os parques urbanos da Várzea e Florestal de Algeruz.A construção da Cidade Desportiva, com um conjunto de infraestruturas para a prática do desporto, incluindo um centro de estágio, a instalação da nova Biblioteca Pública Muni-cipal e a conclusão das obras de recuperação do Convento de Jesus, que integra as novas instalações do Museu de Setúbal, são tam-bém prioridades da Autarquia.Na área das acessibilidades, está programada a melhoria da mobilidade para os cidadãos, ação que engloba a ampliação das redes pe-

donal e de ciclovias. Nesta vertente, destaque ainda para a criação do Sistema de Circulação Radiocêntrico, com uma via circular ao nú-cleo urbano, e o desenvolvimento da rede de transportes coletivos.A implementação do Plano Estratégico de Setúbal Nascente, a criação do Polo de Equi-pamentos Regionais de Azeitão e a dinamiza-ção da Estrutura Ecológica Metropolitana são outros objetivos apontados, assim como a continuidade dos projetos “Setúbal Mais Bo-nita”, “Nosso Bairro, Nossa Cidade” e “Ouvir a População, Construir o Futuro”.O reforço da gestão e da programação inte-grada dos equipamentos municipais com as parcerias e estruturas socioculturais é outro dos objetivos deste eixo, no qual consta ainda a promoção da participação pública nas op-ções de desenvolvimento do concelho, atra-vés de novos fóruns de discussão.

Aposta na economia

O desenvolvimento proposto para Setúbal assenta ainda no eixo “Mais Trabalho”, ver-tente que comporta a criação de emprego e a qualificação das pessoas, o incremento das atividades económicas, o planeamento terri-torial e a defesa dos valores ambientais. Nesta linha orientadora enquadra-se a pro-jeção da Mitrena como polo industrial de referência, a criação do Polo de Logística, Serviços e Indústria Ligeira de Poçoilos e do Parque de Ciência e Tecnologia e a atração de

novos investimentos para o Polo Comercial do Monte Belo.A implementação de uma Rede de Inovação e Empreendedorismo e a geração de mais e qualificado emprego são outros objetivos estratégicos definidos, assegurados por uma relação sustentável entre o desenvolvimento económico e a preservação dos valores natu-rais e ambientais do concelho.Além da atração territorial de novas funções de caráter público e privado, destaque para a especialização e organização em rede da oferta territorial em logística e o aumento da competitividade do tecido empresarial a ní-vel local, regional e internacional.Neste eixo cabem ainda o reforço da oferta e atividade turística e a valorização das quintas de Setúbal e Azeitão, bem como a consoli-dação dos recursos turísticos existentes, da Serra da Arrábida ao Estuário do Sado, em novos produtos e iniciativas.As metas propostas para o atual mandato do Executivo municipal dão continuidade a um trabalho realizado nos anos anteriores e que permitir tornar Setúbal num concelho mais atrativo e com uma melhor qualidade de vida.A transformação do concelho é materializa-da, por exemplo, na criação de um conjun-to de equipamentos dedicados à cultura, na construção de novos estabelecimentos de ensino e de espaços verdes e na dinamiza-ção de diversos projetos, tudo do âmbito de um município participado, que aposta numa política de proximidade com as populações.

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loca

l

Delegação nas juntas prorroga protocolos

Orçamento a pensar na qualidade de vidaA Câmara Municipal de Setúbal aprovou, a 11 de dezembro, o Orça-mento e Grandes Opções do Plano para 2014, com uma dotação inicial de 125 milhões e 950 mil euros, de-finido com o objetivo de garantir qualidade de vida às populações.O montante representa uma dimi-nuição de 6,2 milhões de euros face aos 132 milhões e 164 mil euros do orçamento corrigido de 2012, o qual vigorou em 2013, o que se traduz numa descida de 4,7 por cento.O preâmbulo destaca a difícil con-juntura económico-financeira em que o documento é produzido, no-

Mandato abre ciclo de modernização

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal afirmou na tomada posse que este mandato abre um novo ciclo de desenvolvimento e transformação do concelho. O trabalho a realizar assenta nos vetores cidade, rio e trabalho. O aproveitamento dos fundos europeus do QREN para ser possível concretizar investimentos avultados que sirvam as populações é uma aposta a manter

A presidente da Câmara Munici-pal de Setúbal assegura que o novo mandato autárquico se caracteriza pela continuidade de uma política de melhoria da qualidade de vida das populações com o prossegui-mento da requalificação geral do concelho.Na cerimónia de tomada de posse da Câmara e da Assembleia Municipal para o mandato 2013-2017, realiza-da a 16 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, Maria das Dores Meira indicou que, apesar da maioria absoluta, a CDU conta com a colaboração das restantes forças partidárias no desígnio de “prolongar um ciclo de extraordinário desenvolvi-mento e transformação do concelho”.A Autarquia, anunciou, pretende avançar com um “novo ciclo de trans-formação” e “de mudança”, compos-to por “novas ideias, umas em cons-trução, outras já bastante avançadas na sua concretização”, assentes nos vetores estratégicos “mais cidade, mais rio, mais trabalho” definidos no programa eleitoral da CDU.A intenção, no caso da cidade, é congregar cidadãos e núcleos urba-

A Câmara Municipal de Setúbal aprovou a 11 de dezembro, em reu-nião pública, a prorrogação dos protocolos de delegação de compe-tências celebrados com as juntas de freguesia do concelho vigentes em 2013.A medida é justificada pelo facto de a nova Lei das Finanças Locais, a Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro, que estabelece o regime financeiro das autarquias locais, só entrar em vigor a 1 de janeiro de 2014, devido à atual situação das juntas de fre-guesia, que não estão dotadas dos meios necessários à prossecução das novas competências.Para “garantir a qualidade no serviço até agora prestado às populações do concelho, nos vários domínios, torna--se necessário manter as transferên-cias financeiras até 31 de dezembro de 2013 e, em 2014, até que seja possível substituir os atuais protocolos pelos novos instrumentos de delegação de competências”, sublinha a delibera-ção camarária.

meadamente devido às medidas anunciadas no âmbito da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2014, as quais “terão um impacte significativo na estrutura da receita e despesa do Município de Setúbal”.A diminuição de quase 320 mil eu-ros de transferências da adminis-tração central, a manutenção do IVA a 23 por cento na eletricidade e gás, a que se junta a quebra da receita da renda da central termoelétrica em perto de 1 milhão de euros, o pa-gamento do subsídio de Natal em duodécimos, o aumento da taxa de contribuição da entidade para a Cai-

xa Geral de Aposentações de 20 para 23,75 por cento e o pagamento ante-cipado e por estimativa dos encar-gos com trabalhadores em matéria de prestações de saúde são algumas dessas medidas apontadas.Estas repercussões resultantes do Orçamento do Estado para 2014, a que se juntam outras decisões do Governo, como a manutenção das restrições à contratação de pesso-al, ao endividamento municipal e à prestação de serviços e a definição de isenções de impostos que são re-ceitas dos municípios, levam a que se encontre “condicionada a ativida-

de municipal e a satisfação das neces-sidades dos munícipes de Setúbal”.Apesar destes constrangimentos, a Câmara Municipal de Setúbal res-peita as responsabilidades assumi-das em matéria de investimento, designadamente com projetos ma-terializados com o apoio de fundos europeus, e continua a prestar os serviços “essenciais à população”, al-guns da “responsabilidade do Estado, em virtude dos cortes sociais verifica-dos nos últimos anos”.Para 2014, estão previstos investi-mentos relacionados com o Projeto Integrado de Proteção Civil e So-

corro e com a reabilitação da Casa da quatro Cabeças, que perfazem cerca de 2,5 milhões de euros, com financiamento garantido de mais de 2 milhões, no âmbito do quadro de Referência Estratégico Nacional (qREN) e do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).Este orçamento, assinala o preâm-bulo, “representa um esforço evidente na criação das condições que permitam a todos os setubalenses e azeitonenses ter um concelho de que se orgulham” e “dispor dos equipamentos desportivos, educativos, culturais e sociais necessá-rios para a qualidade de vida”.

nos e as diversas áreas de interven-ção relacionadas com os múltiplos aspetos que concorrem para a qua-lidade de vida das comunidades. Em relação ao rio, a Câmara Municipal pretende intensificar a aposta na ligação deste recurso ao desenvol-vimento do território, em setores como as atividades económicas e de lazer. O vetor trabalho visa a adoção de políticas que reforcem a criação de emprego e a qualificação.“Esta visão estratégica traduz-se nos grandes objetivos para o desenvolvi-mento do concelho de Setúbal, proje-tando-o no futuro”, sumarizou Maria das Dores Meira. “É uma visão ampla do desenvolvimento nas suas variadas dimensões – territorial, sociocultural, económica e ambiental – que enraíza no desígnio do progresso e da elevação da qualidade de vida e de trabalho.”A Câmara Municipal de Setúbal pre-tende aproveitar os fundos europeus disponibilizados pelo próximo qua-dro comunitário de apoio (qREN 2014-2020) para concretizar inves-timentos de modernização do con-celho, à semelhança do que fez, sem igual no País, no mandato anterior.

Para tal, “de forma atempada, decorre há algum tempo todo o trabalho pre-paratório conducente à elaboração de diversas candidaturas”, salientou a reeleita presidente da Autarquia.

Projetos programados

Na lógica dos três vetores estraté-gicos de intervenção – cidade, rio e trabalho –, há um conjunto de projetos programados, como são os casos da recuperação total do Con-vento de Jesus e requalificação da área envolvente e da construção da nova Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, do Parque Urbano da Várzea e do Terminal 7 – Centro de Interpretação do Mar, “continuando a ação de devolução do rio à cidade, no seguimento das intervenções no Parque Urbano de Albarquel e Passeio Ribeiri-nho da Praia da Saúde”.A construção de um parque de es-tacionamento subterrâneo na Baixa da cidade e a criação de condições para intervir no reforço da regene-ração dos centros históricos de Se-túbal e Azeitão com a conceção das Áreas de Reabilitação Urbana são

outras grandes áreas de intervenção para este mandato.A Câmara Municipal de Setúbal, ga-rantiu a autarca, manterá nos pró-ximos quatro anos os programas de intervenção social, em particular aqueles que apostam na melhoria das condições de vida e de habita-bilidade dos bairros sociais, “depo-sitando nas mãos dos próprios mora-dores a responsabilidade de decidirem o que querem fazer e como querem fazer do seu bairro um espaço melhor”.Para o mandato 2013-2017, a Câ-mara Municipal de Setúbal é cons-tituída por Maria das Dores Mei-ra (presidente), André Martins, Carlos Rabaçal, Carla Guerreiro, Manuel Pisco e Pedro Pina, todos da CDU, por João Ribeiro, Paulo Lopes, Sandra Gomes e Fernando José, do PS, e por Luís Rodrigues, do PSD/CDS.Os membros da Assembleia Muni-cipal de Setúbal também tomaram posse e, na primeira reunião de funcionamento, elegeram a Mesa, presidida por Palma Rodrigues e com Jerónimo Lopes e Yolande Cloetens como 1.º e 2.º secretários.

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Honrada e emocionada por ser a primeira mulher distinguida pelo Núcleo Valoris Fidelis Causa, do Vitória Futebol Clube, Maria das Dores Meira recebeu o Golfinho Verde, na categoria personalidade, das mãos das velhas glórias, num encontro que decorreu a 15 de de-zembro.“Em meu nome e em nome de Setúbal, da cidade que represento, dedico-vos

A urgência na recuperação do edifício conhecido por Casa das quatro Ca-beças, em severo estado de degradação, dita a expropriação deste imóvel de interesse municipal.Nesse âmbito, foi realizado em dezembro um estudo geológico e geotécni-co por uma equipa especializada, medida fundamental para a elaboração do projeto de execução da reabilitação do imóvel, localizado na Rua Fran Paxeco, no centro histórico de Setúbal.Esta ação, uma imposição legal, permite fazer uma avaliação estrutural mais pormenorizada do edifício e detetar eventuais problemas de caráter geológico existentes na zona, através de operações de perfuração mecânica para recolha de amostras do solo nas imediações.A Casa das quatro Cabeças está ligada a uma das lendas mais antigas que se contam de geração em geração. De real valor é o seu interesse cultural, histórico, arquitetónico e artístico, que tem vindo a deteriorar-se.Goradas as tentativas de contacto com os proprietários do imóvel, avalia-do em 86 mil euros, a Autarquia determinou a urgência na expro-priação do edifício para avançar com uma can-didatura feita ao Insti-tuto da Habitação e da Reabilitação Urbana, já aprovada para finan-ciamento, destinada à reabilitação do edifício e com a adjudicação da obra em sete meses.

Operação salva património

Personalidade do ano

A primeira mulher a ser laureada

com um Golfinho Verde, atribuído

pelas velhas glórias do Vitória, é Maria das Dores

Meira. Honrada com a distinção,

a presidente da Câmara

Municipal lembrou durante o encontro

do Núcleo Valoris Fidelis Causa

a relação forte que a Autarquia

mantém com o clube

[às velhas glórias] este Golfinho Ver-de”, afirmou a presidente da Câma-ra Municipal. “Hoje ainda me sinto mais vitoriana do que já sentia.”A autarca, distinguida como perso-nalidade do ano, mostrou-se hon-rada por sentir que, “com este troféu, é reconhecido o apoio que a Câmara Municipal e a cidade dão ao Vitória”.Maria das Dores Meira lembrou, em agradecimento, a extrema im-

portância que o clube tem na vida da cidade, reconhecendo mérito ao Vitória, “um forte aliado” da Câmara Municipal, ao promover o despor-to, o associativismo e o nome de Setúbal.Uma relação ainda mais fortaleci-da, desde 13 de dezembro, data em que foi assinada a escritura de um terreno cedido pela Autarquia ao clube, com mais de 30 mil metros

quadrados, em Vale do Cobro, ava-liado em 227 mil e 100 euros. Destinado à instalação de um equi-pamento, o terreno é composto por duas parcelas, com 20 mil e 10.280 metros quadrados, sendo esta últi-ma desanexada de um terreno com 12 mil metros quadrados.As duas parcelas, com uma área total de 30.280 metros quadra-dos, pertencem a um terreno com

36.400 metros quadrados que a Autarquia cedera em 1986 ao Vi-tória Futebol Clube em direito de superfície.Além de Maria das Dores Meira, o Núcleo Valoris Fidelis Causa dis-tinguiu o futebolista Rúben Vezo, o médico Henrique Jones, o músico Jorge Nice, o ex-atleta Diniz Vital e o antigo massagista Arlindo San-tos.

Setúbal fortalece prestígioSetúbal viu reforçado o prestígio internacional no IX Congresso das Mais Belas Baías do Mundo, encontro realizado no início de dezembro no Cambodja.A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, que é, simultaneamente, vice-presi-dente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, levou até ao sudeste asiático as potencialidades e as linhas es-tratégicas de desenvolvimento do concelho, apresenta-das na conferência “Cidade Verde, Mar Azul”.No IX Congresso das Mais Belas Baías do Mundo, com representantes de mais de trinta delegações dos diver-sos países que integram este clube, marcou também presença o vereador André Martins, presidente da As-sociação Baía de Setúbal.Setúbal pertence desde 14 de novembro de 2002 ao

restrito Clube das Mais Belas Baías do Mundo, o qual é constituído por mais de três dezenas de enseadas dis-tribuídas um pouco por todo o planeta.Portugal é representado nesta organização apenas por dois locais. Além de Setúbal, está também, desde 2011, a baía da Horta, no Faial, Açores, aceite no clube após uma candidatura apadrinhada por Setúbal.O organismo, constituído a 10 de março de 1997, em Berlim, com a designação “Club des Plus Belles Baies du Monde”, promove a troca de experiências entre os membros ao nível de políticas de proteção, conserva-ção e desenvolvimento sustentado das baías, bem como a partilha de intercâmbios culturais, sociais, desporti-vos, económicos e industriais entre os habitantes das regiões das baías.

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Azeitão prolonga saneamentoUma operação liderada pela Câma-ra Municipal está a prolongar a rede de drenagem de águas residuais do-mésticas na Rua do Bairro, uma área habitacional da Jardia, em Brejos de Azeitão. A empreitada, um investimen-to de 12.531,74 euros, com conclusão prevista para o início de 2014, inclui a extensão da rede de saneamento em 25 metros e a ligação ao coletor exis-tente na Rua Cabo das Tormentas, bem como a construção de vários ramais. A operação inclui ainda a instalação de um marco de incêndio e a passagem de contadores domésticos para o exterior das propriedades.

Intervenções nos passeiosA melhoria das condições de segurança e circulação pedonal é alcançada com a execução de um conjunto de interven-ções de manutenção e conservação de vários trajetos urbanos em Setúbal e Azeitão. A operação, concretizada por empreitada, em virtude da maior di-mensão dos problemas identificados, materializa um investimento da Autar-quia de 9.980,54 euros. A obra, dina-mizada ao longo de três meses, inclui trabalhos como a regularização de pas-seios, com a aplicação de novos pavi-mentos, operações de calcetamento e a retificação e abertura de caixas de visita e de sumidouros.

Passagens pedonais reforçadasA Câmara Municipal vai avançar, no primeiro trimestre de 2014, com uma empreitada que visa a definição, re-construção e alteração de um conjunto de passagens pedonais de superfície em vários locais do concelho. A inter-venção, orçada em 8.276,59 euros, in-cide, sobretudo, na pintura de passa-deiras e, nalguns casos, na relocalização das mesmas, trabalhos que implicam a execução de ações adicionais, como a reconstrução de passeios e lancis. A operação, centrada no Bairro do Mon-talvão, tem como objetivo melhorar e reforçar as condições de circulação e segurança dos munícipes.

Empreitada reabilita redes

Bairro da Bela Vista renova habitações

Um conjunto de novas ações de beneficiação do edificado

da Bela Vista avança no primeiro semestre de 2014. Reabilitações nos espaços

comuns, colocação de equipamentos e reparação

de fachadas são alguns dos trabalhos na agenda da

Autarquia

A Câmara Municipal avança, no primeiro se-mestre de 2014, com um conjunto de interven-ções de beneficiação em edifícios no Bairro da Bela Vista, um investimento da ordem dos 40 mil euros que visa a melhoria das condições de vida dos munícipes daquela área habitacional.Uma das operações, com um custo de 21.200 euros, a desenvolver em três meses, centra os trabalhos na reparação de fachadas de um con-junto de prédios do “Bairro Amarelo”, traba-lhos que incluem a limpeza de superfícies e a aplicação de novos revestimentos no edificado.A reparação da caixa de escada de um prédio localizado na Avenida Francisco Fernandes é outra das ações programadas para o bairro. A

obra, uma empreitada de 17.091,87 euros, visa a beneficiação daquele espaço comum e reforça as condições de segurança dos moradores.Igualmente lideradas pela Autarquia setuba-lense, encontram-se em execução interven-ções de beneficiação daquela área habitacional, com obras a decorrer em vários edifícios da Bela Vista.A recuperação de muretes da caixa de escadas é uma das ações em curso no n.º 11 da Rua do Moinho, operações que estão igualmente pro-gramadas para os edifícios 9 e 11 da Avenida da Bela Vista.No 10 da Avenida da Bela Vista, além da co-locação de novas caixas de correio, a Câmara

Municipal tem programado o tratamento dos muretes da caixa de escadas.Já no Bairro Alameda das Palmeiras, os traba-lhos na agenda da Autarquia incluem a repara-ção e substituição de claraboias de habitações, a colocação de janelas e ações de impermeabi-lização de caleiras, bem como a reparação de fachadas.Estas são intervenções de reforço do trabalho que está a ser desenvolvido pela Câmara Muni-cipal no âmbito da reabilitação da área habita-cional da Bela Vista e zona envolvente, medidas apoiadas por trabalhos complementares dina-mizados na esfera do programa “Nosso Bairro, Nossa Cidade”.

As condições de abastecimento de água em zonas habitacionais nas freguesias do Sado e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra saem melho-radas com uma intervenção liderada pela Autarquia, num investimen-to de perto de 100 mil euros.A empreitada, a decorrer até ao final de janeiro, inclui a renovação da rede de distribuição de água no Bairro do Capador, nas Pontes, e o re-forço do abastecimento de água na Rua Alves Redol, em Santo Ovídeo.No Bairro do Capador, os trabalhos visam a substituição de um troço com 720 metros da rede de distribuição, a execução de 53 ramais de abastecimento e a colocação de três marcos de incêndio.Já na Rua Alves Redol, os trabalhos englobam a implantação de uma conduta de abastecimento numa extensão com 590 metros, a instala-ção de sete hidrantes e a desativação de uma conduta obsoleta existen-te na Travessa Elmano Sadino.A empreitada, iniciada no final de outubro, com um custo de 96.592,44 euros, permite otimizar as redes de abastecimento e de distribuição de água, com o aumento do caudal, e suprimir situações de roturas nas infraestruturas.

Uma intervenção de urgência para resolução de problemas de abati-mentos no pavimento da Avenida José Saramago foi realizada recen-temente pela empresa responsável pela execução original da rodovia, uma operação sem custos para a Câmara Municipal.Os trabalhos decorreram no âmbito da garantia da obra, acionada pela Autarquia após verificação de anomalias nesta via com pouco mais de um ano, localizada nas imediações da nova unidade logística da Deca-thlon.As reparações, realizadas em poucos dias, em dezembro, além da re-gularização de pequenos troços em ambos os sentidos da Avenida José Saramago, com a aplicação de massas asfálticas, incluíram a reparação de algumas zonas de passeios e de ciclovia.A Avenida José Saramago, um troço com 854 metros de comprimento e quatro vias de circulação, duas em cada sentido, liga as estradas de Algeruz e de Poçoilos, numa área de expansão da cidade. A rodovia representa a primeira fase da Via Urbana P1, projetada para servir Setúbal com uma circular interna, ao ligar o novo polo comercial do concelho até praticamente a frente ribeirinha da cidade.

Avenida reparada

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O modelo e as possibilidades de financiamento para a concretiza-ção da obra de reabilitação total do Convento de Jesus foram debati-dos no encontro anual da Europa Nostra, realizado em Bruxelas, em dezembro.Na reunião desta organização não-governamental de defesa do património e da herança cultu-ral europeias, foi apresentado à assembleia-geral o relatório da equipa de peritos que em setembro esteve em Setúbal a inteirar-se de todos os aspetos do projeto para o Convento de Jesus.Na altura, a equipa multidiscipli-nar teve oportunidade de visitar os trabalhos que decorrem no âmbito da primeira fase de recuperação do Convento de Jesus, empreitada liderada pela Câmara Municipal de Setúbal com conclusão prevista para março de 2014.Peter Bond, um dos técnicos pre-sentes na visita de setembro, ao apresentar o relatório na Europa

HOMENAGEM. A deposição de flores junto da estátua de São Francisco Xavier, no jardim da beira-mar, no dia 3 de dezembro, foi um dos momentos altos do programa evocativo do padroeiro de Setúbal dinamizado pela Autarquia. “É uma figura da cidade e do mundo”, sublinhou o vereador da Cultura, Pedro Pina, numa cerimónia com a participação de várias entidades. A homenagem incluiu a celebração de uma eucaristia, visitas guiadas à Capela de S. Francisco Xavier, no Palácio Fryxell e o lançamento de uma obra literária.

Europa avaliafinanciamentodo convento

O processo de financiamento europeu

da recuperação geral do Convento de Jesus

avançou em dezembro numa reunião em

Bruxelas. Enquanto o modelo de apoio às

obras não fica definido, a Autarquia prossegue

com os trabalhos que sustêm a degradação

do monumento. Pelo caminho, estão

a ser descobertos significativos achados

arqueológicos

Nostra, salientou a riqueza histó-rica e cultural, material e imaterial do projeto de reabilitação do Con-vento de Jesus. Destacou, igual-mente, a importância nacional e internacional desta operação.O técnico, ao reforçar que a equipa de peritos vai fazer todos os esfor-ços para a obtenção de financia-mento, frisou que a concretização do projeto é uma peça-chave para o desenvolvimento do concelho de Setúbal, nomeadamente ao nível do crescimento económico, turís-tico, educativo e cultural.No encontro anual da Europa Nostra na capital belga marcaram presença, entre outras individua-lidades, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pe-dro Pina, o presidente da Associa-ção Portuguesa das Casas Antigas, Hugo O’Neill, e o presidente do Centro Nacional de Cultura, Gui-lherme d’Oliveira Martins.Oliveira Martins sublinhou a im-portância dos contactos realizados

pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo Centro Nacional de Cultura junto do Estado português para a obtenção de acesso aos fundos co-munitários necessários.Já Pedro Pina e Hugo O’Neill refor-çaram o empenho de Setúbal neste projeto. No âmbito deste encontro, a comi-tiva nacional teve ainda a possibili-dade de debater o projeto do Con-vento de Jesus com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barro-so, com a comissária europeia da Cultura, Androulla Vassiliou, bem como com o presidente da Europa Nostra, Plácido Domingo.A importância histórica e arquite-tónica do Convento de Jesus moti-vou a inclusão deste monumento nacional num programa europeu de reabilitação, apoiado pelo Ins-tituto do Banco Europeu de Inves-timento, que visa a recuperação de património em risco.O apoio à reabilitação do Convento de Jesus foi anunciado em junho,

Um conjunto de proje-tos em desenvolvimen-to na área ambiental para os próximos anos foi apresentado em meados de novembro pela ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, numa sessão que decorreu no audi-tório da Casa da Baía. O presidente do conse-lho de administração da agência e vereador do Ambiente da Câmara Municipal, Manuel Pis-co, sublinhou que a área ambiental “começou por ser apenas uma moda, mas é hoje uma moda que pegou, fazendo parte, inclusivamente, das atuais normas comunitárias”.Na sessão foi apresentado o YAECI, projeto em curso desde 2012, destinado à otimização da informação nas

Ambiente com mais projetosetiquetas energéticas sobre eletrodomésticos à venda em estabeleci-mentos comerciais. O Recoil, criado com o objetivo de transformar os óleos alimentares usados na produção de biodiesel, através da separação seletiva, foi outro dos projetos des-tacados na sessão, bem como o SEEP – Sistema de Etiquetagem Ener-gética de Produtos.Manuel Pisco, ao frisar a abertura de uma nova

linha de financiamento através do qREN – quadro de Referência Estratégico Nacional, com fundos comuni-tários a distribuir no período de 2014 a 2020, vincou a importância de “ter novas candidaturas preparadas” nesta área.

em Atenas, Grécia, nas celebra-ções do quinquagésimo aniver-sário da Federação Pan-Europeia para o Património Cultural, que englobou o edifício do século XV numa lista restrita de monumen-tos em risco.A decisão, conduzida e votada por unanimidade por um painel de peritos internacionais, permite o restauro integral do imóvel e a rea-bertura em pleno da joia manueli-na com novas valências culturais e turísticas.

Achados arqueológicos

Um importante conjunto de acha-dos arqueológicos foi descober-to recentemente no decorrer da empreitada de reabilitação do Convento de Jesus, obra liderada pela Câmara Municipal, num in-vestimento superior a 3,2 milhões de euros, que permite, numa pri-meira fase, suster a degradação do monumento.

No exterior, na área poente, os tra-balhos exploratórios permitiram descobrir antigos acessos, espaços que se julgam ter sido de utiliza-ção semipública, perdidos quando o imóvel passou a ter a função de hospital.Entre várias peças descobertas, sobretudo cerâmica, azulejos e elementos de ferro de antigas ja-nelas conventuais, dos séculos XVII e XVIII, encontram-se sinais dos pátios dos Padres e das Velei-ras, bem como vestígios de uma roda, utilizada para ações de doa-ção.Traços da antiga ocupação do con-vento foram também descobertos após escavações na área norte. Um sistema de regadio arcaico cui-dadosamente desenhado no chão deixa a claro a possível utilização do terreno noutros tempos – uma zona de cultivo, com pequenas hortas e jardins. A nascente, foram encontrados mais fragmentos de cerâmica e peças intactas.

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“Do Bairro ao Museu – Olhares do Bairro”. A Bela Vista de Setúbal esteve em destaque, em outubro e novembro, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, numa exposição, com várias iniciativas pontuais, que pretendeu aproximar a vivência e a cultura dos bairros à cidade.“É um reflexo do trabalho que está a ser desen-volvido nos bairros da Bela Vista, um esforço conjunto que envolve uma mudança profunda na forma de estar dos moradores e na relação com a Autarquia”, destacou o vereador Carlos Raba-çal, a 19 de outubro, na abertura da exposição fotográfica e documental.A mostra “Do Bairro ao Museu – Olhares do Bairro”, organizada por moradores das cinco zonas habitacionais englobadas no programa

SOLIDARIEDADE. Muitos setubalenses participaram na marcha “Caminhamos juntos para um mundo sem discriminação”, realizada a 30 de novembro, por ocasião do Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Sida, organizada pela Cáritas Diocesana de Setúbal. Entre a Praça Teófilo Braga e a Praça de Bocage, com passagem pela Avenida Luísa Todi, foi criado um enorme laço de fraternidade.

A união de esforços para se alcançar uma sociedade verda-deiramente igualitária, com qualidade de vida para cidadãos com e sem deficiências, é o objetivo da Semana Temática da Deficiência, projeto municipal cuja quinta edição decorreu no início de dezembro.“É fundamental olharmos para todos como cidadãos”, subli-nhou o vereador com o pelouro da Inclusão Social, Pedro Pina, na abertura da Semana Temática, a qual decorreu en-tre os dias 3 e 8, com um programa extenso de atividades.Um dos pontos altos da edição de 2013 foi a realização de um encontro dedicado à temática “Igualdade de Género e Deficiência”, que teve lugar, a 5 de dezembro, no Cinema Charlot – Auditório Municipal.“Esta é uma frente de trabalho social e humana, uma jornada de luta contra as desigualdades na sociedade na qual todos te-mos responsabilidades partilhadas”, destacou o vereador Ma-nuel Pisco no início do encontro, que incluiu um conjunto de conferências temáticas sobre a eliminação de comporta-mentos discriminatórios nas sociedades contemporâneas.A mobilidade para todos, área na qual a Câmara Municipal de Setúbal tem feito um grande investimento nos últimos anos, foi um dos exemplos enunciados na criação de me-lhores condições de vivência, uma ação que resulta de um trabalho multidisciplinar e que conduziu a um levantamen-to exaustivo de necessidades.“Os edifícios camarários estão agora dotados de acessibilida-des para todos, um objetivo concretizado através do Rampa, programa ainda a decorrer e que inclui a eliminação de várias barreiras arquitetónicas urbanas”, adiantou Manuel Pisco, ao realçar que este trabalho já valeu ao Município a atribuição de várias distinções.

Semana de luta contra a exclusão

Bela Vista partilha olharesOlhares da Bela Vista foram partilhados no

Museu do Trabalho Michel Giacometti.

A iniciativa, que espelhou a relação dos bairros com a cidade,

incluiu uma exposição, patente em outubro e novembro, bem como várias atividades, da

gastronomia à música, da cultura aos jogos

tradicionais

“Nosso Bairro, Nossa Cidade”, com o apoio da Autarquia, apresentou alguns dos momentos mais marcantes dinamizados na Bela Vista ao longo de quase dois anos.A exposição assenta “numa lógica de um tra-balho continuado que procura demonstrar a profunda ligação entre os bairros e a cidade, bem como o trabalho notável que tem vindo a ser de-senvolvido na construção de uma vida nova, de um futuro melhor”, sublinhou.Carlos Rabaçal afirmou ainda que o progra-ma “Nosso Bairro, Nossa Cidade” é para “dez anos”, com mais iniciativas e ações de benefi-ciação nos bairros.Na inauguração da mostra, foi exibido “Bela Vista”, documentário realizado por Filipa Reis e João Miller Guerra, e decorreu uma mostra

de trabalhos manuais do núcleo de Tricot e Crochet do programa, uma prova gastronó-mica e uma sessão de música e poesia com apontamentos de funaná pelo Grupo “Nôs Talentu” e animação por Manuel Tequilla.No âmbito desta iniciativa foram dinamiza-das, entre outubro e novembro, outras ações culturais no Museu do Trabalho, como a exi-bição da curta-metragem “Cama de Gato”, bem como momentos de animação musical integrados também no programa do Mês da Música.A iniciativa culminou com uma tarde inter-cultural, realizada a 30 de novembro, no mes-mo espaço museológico, com música, dança, literatura, jogos tradicionais e degustações, momentos de convívio e de partilha multi-

Uma ação de formação, intitulada “Roteiro para a Prevenção e Intervenção em Contexto Institucional. Situação de Maus Tratos a Pessoas com Deficiência Intelectual e/ou Multide-ficiência”, o debate “As Autarquias na Promoção dos Valo-res de Inclusão e Direitos das Pessoas com Deficiência e Respetivas Acessibilidades”, organizado em parceria com a Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes, e o espetáculo “Rampit – Tudo Sobre Rodas”, projeto de dança inclusiva realizado no Fórum Municipal Luísa Todi, foram outras iniciativas que decorreram durante esta semana te-mática.A 5.ª Semana Temática da Deficiência reuniu ainda outras atividades profissionais do setor da inclusão social e procu-rou desenvolver ações públicas para sensibilizar a popula-ção para a eliminação de comportamentos discriminatórios para pessoas com deficiências.

cultural em que marcaram presença mais de cem pessoas.“Do Bairro ao Museu – Olhares do Bairro” materializou um dos exemplos do espírito de intervenção ativa desencadeado pela popu-lação no âmbito do “Nosso Bairro, Nossa Ci-dade”, programa que assenta no princípio de que todas as ações devem ser protagonizadas pelas próprias pessoas, promovendo a auto-nomia, a responsabilidade e o crescimento coletivo.O programa municipal envolve moradores, entidades sediadas no território e serviços municipais, numa área que engloba os bair-ros de habitação social da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Forte da Bela Vista, Manteiga-das e quinta de Santo António.

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Os meios operacionais da GNR de Azeitão foram reforçados com dois motociclos, veículos entregues, no final de outu-bro, pela Junta de Freguesia de Azeitão.As motos, adquiridas em segunda mão e posteriormente preparadas de acordo com as necessidades da GNR, foram entregues numa cerimónia realizada no Posto de Turismo de Azeitão, em Vila Nogueira, que incluiu a assinatura de um protocolo.“Estes motociclos, que colmatam a falta de meios logísticos da GNR de Azeitão, permitem que esta força tenha uma maior mo-bilidade, abrangência e celeridade de atuação no território”, salienta a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Ce-lestina Neves.Antes de serem entregues, as motos foram alvo de uma ins-peção e de operações de melhoria, como a colocação de no-vos pneus, polimento e pintura de materiais e substituição dos assentos.Os veículos, com um custo de 10 mil euros, foram entregues pela junta de freguesia, que, adianta Celestina Neves, “lan-çou um repto às forças vivas de Azeitão para o financiamento necessário à aquisição das motos”, com o valor a ser recolhido na totalidade.Paralelamente à entrega, a Junta de Freguesia de Azeitão vai atribuir à GNR de Azeitão, num protocolo semelhante, uma moto do tipo “acelera”, talhada para apoiar os guardas em pequenas deslocações e tarefas administrativas.

Zona da Ponte Secarequalifica entradaMais segurança. As condições de circulação pedonal saem reforçadas com uma obra a decorrer na zona da Ponte Seca, junto de uma escola. A intervenção embeleza uma área habitacional da freguesia do Sado e cria uma bolsa de estacionamento

Reorganização das áreas administrativas

Motos reforçam GNR de Azeitão

Arranjo urbanístico

Uma intervenção com vários trabalhos ao nível da segurança e mobilidade pe-donal, bem como da otimização das estruturas urbanas, está a requalificar uma das principais entradas na fregue-sia do Sado, na zona da Ponte Seca.Os trabalhos, em curso previsivelmente até ao final de 2013, visam a beneficia-ção de um troço com mais de 300 me-tros da Estrada Municipal 536-1, com-preendido entre um estabelecimento de ensino e a confluência com a Estrada de Santo Ovídeo.A criação de zonas de circulação pedo-nal, com novos passeios e lancis, a re-gularização de acessos a propriedades

privadas e a definição de uma área para utilização de transportes públicos são algumas das ações promovidas nesta obra da Junta de Freguesia do Sado.“A intervenção aposta na melhoria da mo-bilidade e no reforço da segurança pedonal e permite, ao mesmo tempo, alindar a en-trada na parte urbana deste território de Setúbal”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias. A obra, dinamizada com o apoio da Câ-mara Municipal, inclui a criação de uma bolsa de estacionamento com cerca de uma dezena de lugares, o reforço da iluminação pública e a criação de re-entrâncias para a correta colocação dos

contentores de resíduos sólidos urba-nos e de recolha seletiva.As operações, conduzidas por admi-nistração direta, ou seja, com recurso a meios técnicos e humanos da própria junta de freguesia, são uma resposta di-reta às necessidades evidenciadas pelas populações.“Esta intervenção vem no seguimento de um trabalho exaustivo que foi dinamiza-do no âmbito do projeto ‘Ouvir a Popula-ção, Construir o Futuro’”, adianta Manuel Véstias, ao reforçar que o objetivo pri-mordial da obra, realizada pela junta de freguesia, é melhorar as condições de vivência dos munícipes.

As condições de usufruto e de vivência urbana fo-ram reforçadas numa área habitacional nas ime-diações do Hospital de São Bernardo, numa ação urbanística dinamizada pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia de S. Sebastião.A intervenção, centrada num antigo terreno des-caracterizado com 1200 metros quadrados, lide-rada pela Autarquia numa primeira fase, visou a execução de um novo arranjo urbano com a cons-trução de acessibilidades pedonais e rodoviárias e o reforço da iluminação pública.

A criação de passeios e lancis foi outra das ações executadas nesta empreitada, um investimen-to global de perto de 60 mil euros, assim como a definição de áreas ajardinadas dotadas de rega automática, a cargo da Junta de Freguesia de S. Sebastião.“Além da criação de uma bolsa de estacionamento [com perto de três dezenas de lugares] e do orde-namento do parqueamento automóvel, foi resolvi-do o problema de acesso às garagens ali existentes”, sublinha o presidente da Junta de Freguesia de

S. Sebastião, Nuno Costa.A par destas inter-venções, concluídas em meados de no-vembro, está prevista a reparação de uma escada existente na-quela zona habitacio-nal, localizada entre as traseiras do edifica-do existente nas ruas Professor Francisco Gentil, Professor Egas Moniz e Dr. Celestino Rosado Pinto.

O concelho de Setúbal é agora constituído por cinco freguesias, desfecho de uma reorganização adminis-trativa imposta pelo Estado, no cumprimento da Lei nº 56/2012, de 8 de novembro, e da Lei nº 11-A/2013, de 28 de janeiro, que resultou na extinção de três fre-guesias existentes.O concelho conta agora com a União das Freguesias de Setúbal, numa agregação das antigas freguesias de Santa Maria da Graça, S. Julião e Nossa Senhora da Anunciada, território com 36,72 quilómetros quadra-dos e perto de 40 mil habitantes, presidida por Rui Canas.A Freguesia de Azeitão, também ela nova, resultante da união de S. Lourenço e de S. Simão, ocupa um terri-tório com 69,31 quilómetros quadrados, no qual resi-dem perto de 20 mil munícipes. Celestina Neves lidera esta nova freguesia de Setúbal.A reorganização administrativa manteve as freguesias de S. Sebastião, com 25,78 quilómetros quadrados e mais de 50 mil habitantes, presidida por Nuno Costa, do Sado, com 65,49 quilómetros quadrados e perto de seis mil habitantes, encabeçada por Manuel Véstias, e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, com 32,97 quiló-metros quadrados e quase seis mil habitantes, presi-dida por José Belchior.

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blico, com os expositores a fazerem vendas significativas.A VI Feira de Outono incluiu ainda passeios de barco, palestras temáticas sobre agrodi-versidade na Península de Setúbal, serviço de restauração pela chef Fernanda Amaro e ativi-dades para crianças.O certame foi organizado pela Reserva Natu-ral do Estuário do Sado, pela Câmara Munici-pal de Setúbal e pelas juntas de freguesia do Sado e de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra.

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A importância da ObservaNatura na dinamização das potencialidades naturais de Setúbal foi destacada pela presidente da Câmara Munici-pal na abertura da quinta edição do certame, realizado nos dias 12 e 13 de outubro, na Herdade da Mourisca.“Setúbal tem um conjunto de riquezas naturais únicas, sobretudo no segmen-to do turismo dedicado à observação da natureza, área de interesse em relevo nesta feira”, salientou Maria das Do-res Meira.A ObservaNatura, dedicada ao turis-mo ornitológico, uma modalidade do turismo de natureza com desta-que para a observação de todo o tipo de aves, direta ou com recurso a bi-nóculos ou a sofisticados telescópios de campo, decorreu num recinto instalado próximo do Moinho de Maré da Mourisca, em pleno Estuá-rio do Sado.“A Herdade da Mourisca é um espaço abençoado pela natureza e um local privilegiado para o desenvolvimento das mais variadas atividades e inicia-tivas”, reforçou a autarca, que subli-nhou a relevância da parceria entre o Município e o Instituto da Conser-vação da Natureza e das Florestas na dinamização do Moinho de Maré.A criação de mais-valias turísticas com o aproveitamento dos recursos naturais existentes foi destacada

Meia centena de restaurantes de Setúbal apresentou ementas especiais no Festival do Salmonete, na segunda quinzena de novembro, evento que incluiu ainda uma sessão de cozinha ao vivo.Os restaurantes envolvidos no certame gastronómico, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal, serviram receitas tradicionais deste pei-xe, nomeadamente o famoso salmonete grelhado, bem como propostas inovadoras.No final, o festival promoveu um live cooking, na Casa da Baía, conduzi-do pelo chef Joaquim Sobrinho, que preparou ao vivo diversas receitas gourmet, degustadas depois pelos presentes.

Perto de cinco mil visitantes passaram pela Feira de Outono, realizada a 10 de novembro na Herdade da Mourisca, certame de pro-moção dos produtos gastronómicos locais da época.Um dos pontos altos desta sexta edição da fei-ra foi um magusto, em que a castanha assada, a batata-doce e a água-pé foram servidas com momentos de poesia por Andrelina Amado e apontamentos musicais por Sandro Maduro e João da Ilha. O recinto da herdade e o Moinho de Maré da Mourisca foram visitados por milhares de pessoas da região, mas tam-bém de Lisboa, que, além do magusto, dis-puseram de um con-junto de atividades.Os produtos do Sado e da Arrábida, como hortofrutícolas, mel, sal, ostras, pão, vinho, queijo e ervas aro-máticas, foram muito apreciados pelo pú-

De olhos postos na natureza

Salmonete à mesa

Outono saboroso na Mourisca

A ObservaNatura aproveita os recursos naturais do Estuário do Sado para fins turísticos. Durante

dois dias, a Herdade da Mourisca recebe muitos visitantes. Uns pelo simples desfrute de uma

área de excelência. Outros movidos pelo interesse crescente da observação de aves

pelo secretário de Estado do Orde-namento do Território e da Conser-vação da Natureza, Miguel de Castro Neto, ao elogiar a pertinência da rea lização da ObservaNatura.O papel do certame na estratégia definida para o território do Estuá-rio do Sado foi salientado pela pre-sidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Paula Sarmento. “Este evento é um pilar para potenciar as riquezas naturais e promover este segmento de turismo.”A ideia foi partilhada por João Ma-deira, da Troia Natura. “Esta feira é um excelente exemplo daquilo que pode ser feito utilizando, em exclusivo, as ri-quezas naturais que temos disponíveis e uma forma de maximizar, de forma sustentável, os recursos e valores da na-tureza.”Seguiu-se um conjunto variado com mais de duas dezenas de inter-venções, conduzidas por técnicos e especialistas nacionais e inter-nacionais nas mais diversas áreas e atividades ligadas ao turismo de natureza e, em particular, à área or-nitológica.

Atividades variadas

Fora da tenda de conferências, hou-ve uma série de pontos de interesse, como mais de quatro dezenas de ex-

positores de associações, empresas e outras entidades do setor, além de instituições públicas. Em grupos de amigos ou em famí-lia, a Herdade da Mourisca foi muito procurada, sobretudo, pela possi-bilidade de contemplação de aves. Com material de observação mais ou menos sofisticado, desde má-quinas fotográficas amadoras a po-tentes lentes e binóculos, o espaço promoveu prolongados momentos de lazer em contacto direto com a natureza.“Este ano já vim preparada com mate-rial mais potente”, comentou Idalina Sousa ao encontrar um grupo de amigos, com os quais tinha travado amizade na edição do ano transato. “É sempre um prazer voltar a este es-paço maravilhoso”, frisou a lisboeta,

enquanto se preparava para captar uns instantâneos.Para quem não vinha munido de material, num posto fixo de ob-servação junto do Moinho de Maré havia telescópios, binóculos e guias de campo, equipamentos que per-mitiram vislumbrar, com sorte e paciên cia, algumas das aves do Es-tuário do Sado, como flamingos, garças e colhereiros.Na Loja da Natureza, espaço dividi-do entre o Moinho de Maré e o ar-mazém, foram disponibilizadas ao público publicações sobre as várias atividades que podiam ser realiza-das no âmbito do turismo de na-tureza, como percursos pedestres interpretativos e guias de natureza, entre outras informações.No Moinho de Maré, além da expo-

sição permanente, havia mostras de produtos regionais, entre vinhos e doçaria, assim como algum ar-tesanato. Já a área de restauração, era um ponto de encontro para re-temperar energias e trocar algumas experiências de trabalho de campo.As riquezas e potencialidades natu-rais da Herdade da Mourisca foram exploradas com um conjunto de atividades que incluíram passeios pedestres, de charrete, de canoa e caiaque, de barco ou até de balão de ar quente.A 5.ª edição da ObservaNatura foi organizada pelo Instituto da Con-servação da Natureza e das Flores-tas, pela Reserva Natural do Estuá-rio do Sado e pela Troia Natura, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal e outras entidades.

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recupera estádio

As cores que pintam o Estádio do Bonfim estão como novas. Numa jornada inédita, centenas de pessoas aderiram

ao “Vitória Ma Bonite!” e mostrarem a ligação umbilical da cidade ao clube. Além de pinturas, muitas intervenções

foram executadas e outras estão previstas

mãos, as crianças e os jovens revezavam-se nas tarefas. “Agora é a minha vez”, ouviu-se frequentemente, pois todos queriam contri-buir.Em pouco mais de uma hora, o muro que delimita o campo de treinos do Estádio do Bonfim, na área norte do recinto, ficou como novo. “Está cinco estrelas!”, enalteceu o artista setubalense Jorge Nice, um dos dinamizado-res da campanha. “É um exemplo de cidadania que deve ser passado a todos e uma esperança para o futuro.”

Recinto melhora condições

Paredes e gradeamentos pintados de novo, trabalhos de limpeza, remoção de inertes e pequenas reparações em instalações foram ações executadas no equipamento desportivo, entre os dias 11 e 13 de outubro, no arranque da campanha “Vitória Ma Bonite”.A iniciativa materializa um desafio lançado pela presidente da Autarquia, Maria das Do-res Meira, que dá continuidade ao projeto ca-marário de embelezamento urbano “Setúbal Mais Bonita”.“É um exemplo de cidadania que comprova o sen-timento de união muito próxima que existe entre a população de Setúbal e o Vitória Futebol Clube”, afirmou a autarca, que integrou, com outros

membros do Executivo municipal, as equipas de voluntários.As ações dinamizadas nos primeiros dias, além do embelezamento geral do Estádio do Bonfim, permitiram melhorar as “condições de utilização do equipamento desportivo, não só para os atletas do clube, da equipa profissional às modalidades amadoras, mas também para os associados e simpatizantes”, destacou.A pintura de muros e fachadas, na zona do campo de treinos e na área de ginásios das modalidades, a recuperação de um gradea-mento localizado na área sul do Estádio do Bonfim e a limpeza e a remoção de materiais inertes nas zonas da pista de tartan e dos peões também contribuíram para a melhoria da imagem do recinto desportivo.

Equipa também contribui

Reforços inesperados. Os jogadores da equipa profissional do Vitória e o staff técnico tam-bém participaram na iniciativa, logo no pri-meiro dia, num momento de confraternização com os associados do clube.O capitão Ney Santos foi o primeiro a dar o exemplo. Entre solicitações para uma foto-grafia e os cumprimentos dos muitos sócios e voluntários presentes, o jogador meteu mãos à obra. “Passa aí a trincha”, pedido acedido

PINTURAS. O novo verde e branco do Estádio do Bonfim é o exemplo mais visível da panóplia de trabalhos executa-dos nesta campanha pelos voluntários, de uma ponta à outra do equipamento desportivo.

MATERIAIS. Mais de quatro mil litros de tinta, entre pri-mários, cores finais e diluentes, foram uti-lizados na primeira fase de beneficiação do recinto despor-tivo no âmbito da campanha “Vitória Ma Bonite!”.

REPARAÇÕES. Ações de limpeza e remoção de iner-tes, colocação de janelas e substitui-ção de cadeiras e de sinalética no estádio também estão agendadas no âmbito desta campanha de voluntariado.

VEGETAÇÃO. O embelezamento do estádio incluiu a remoção e poda de árvores e a regenera-ção das zonas verdes. Os canteiros repara-dos estão agora em condições de receber novas plantas e vegetação.

ENVOLVIMENTO. Meio milhar de par-ticipantes já marcou presença na campa-nha, desde associa-dos e simpatizantes do Vitória de Setúbal, a atletas e pessoal técnico, assim como alunos e munícipes em geral.

VOLUNTÁRIOS. Informações sobre a iniciativa estão dis-poníveis em https://www.facebook.com/vitoria.ma.bonite e http://vitoriama bonite.com, página que disponibiliza a ficha de inscrição para voluntários.

ora Lá!!!”. A expressão típica setubalense deu forma ao “Vitória Ma Bonite!” e fez-se ouvir, com orgulho, nos trabalhos da campanha, iniciada em outubro, com o envolvimento de centenas de pessoas, unidas por uma causa comum.A intervenção de larga escala de beneficiação geral do recinto, organizada por um grupo de vitorianos, em parceria com a Câmara Muni-cipal de Setúbal e o Vitória Futebol Clube, tem um objetivo claro: tornar mais atrativa a ima-gem do “velhinho” Estádio do Bonfim, com meio século de vida.Mais verde e branco renovado. As cores que pintam o recinto desportivo começaram a ga-nhar uma nova vida a 11 de outubro, logo pela manhã, no arranque da iniciativa. Equipados a rigor, com a camisola da campanha, os vo-luntários meteram mãos à obra.Aos primeiros participantes juntou-se mais de uma centena de alunos de estabelecimen-tos de ensino do concelho, um contributo es-pecial numa ação de pintura e embelezamento de uma parte das instalações, em concreto a zona do campo de treinos.O sentimento de entusiasmo espelhava o ros-to de crianças e jovens de quatro escolas. Para muitos, era a primeira vez no estádio do Vitó-ria de Setúbal. A euforia de começar a pintar só rivalizava com o ímpeto de saltar para o rel-vado sintético do campo de treinos e dar uns toques na bola.Passo a passo, o muro que delimita o campo de treinos no Estádio do Bonfim começou a ganhar novas cores. De pincéis e trinchas nas

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VITÓRIA MA BONITE! À LUPA

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Bonfimfeito históriaO “velhinho” Estádio do Bonfim, inaugurado há 51 anos, é um dos símbolos da cidade. Considerado um dos mais modernos recintos desportivos, foi palco de grandes jogos internacionais, na época de ouro do Vitória Futebol Clube. Ponto de encontro dos adeptos e simpatizantes sadinos, além de de-safios da seleção nacional, acolheu importantes eventos culturais. A história do Estádio do Bonfim é feita de marcos e memórias.

21 de novembro. O memorável jogo da época 1993/94 frente ao Benfica, que culminou no triunfo sadino por 5-2, ainda hoje é recordado nas estatísticas vitorianas. A pérola ni-geriana Yekini, ao bisar na partida, levou o Estádio do Bonfim, completamente esgotado, à loucura.

1993

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1962

17 de junho. O espólio museológico do clube ganha um lugar condigno no Estádio do Bonfim, na Sala de Troféus Josué Monteiro, depois de anos no Palá-cio Salema. O espaço, criado com apoios mecenáti-cos, registou obras de remodelação e ampliação em 1987 e em 1995.

23 de setembro. O triunfo por 9-0 frente ao Olhanense é a maior go-leada de sempre do Vi-tória no Estádio do Bonfim. A marca foi alcançada na época 1973/74, a temporada em que os sadinos marcaram mais golos. Na equipa jogavam Jacinto João, Zé Maria, Arcanjo e Torres, entre outros.

22 de agosto. A inau-guração do sistema de iluminação artificial do Estádio do Bonfim foi motivo de orgulho. Composto por um total de 96 projetores, instalados em quatro postes com 46 metros de altura, foi considerado, à época, o mais tecnologicamente avançado em Portugal.

23 de julho. A realização da iniciativa “Sardinhada Vitoriana”, um momento de confraternização da família sadina, serviu de pretexto para a recolha de fundos para a iluminação no Estádio do Bonfim. Três anos mais tarde, foi adjudicado o contrato para a instalação do sistema no recinto.

23 de setembro. O relvado do Bonfim recebe, pela primeira vez, um encontro internacional. Na época de estreia em provas europeias, em 1962/63, os sadinos perdem a segunda mão da primeira eliminatória da Taça das Taças contra os franceses do Saint-Étienne por 3-0.

16 de setembro. O Es-tádio do Bonfim é inau-gurado numa festa com a presença do Presidente da República, Américo Tomás. O momento incluiu um desfile com atletas de todas as modalidades e o jogo de abertura, frente à Académica de Coimbra. O Vitória perdeu 1-0.

O arranque da campanha marcou também o início do projeto de preservação e con-servação do património museológico do Vitória bem como da sala de troféus, iniciativa realizada no âmbito de um protocolo de colaboração entre a Autarquia e o clube sadino.“É um grande desafio que está a ser conduzido por voluntários e técnicos especializados da Autarquia. Este espólio com mais de três mil peças conta a história centenária do clube e merece estar em exposição condignamente”, vincou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal.A Sala de Troféus Josué Monteiro, que deverá estar encerrada ao público durante cer-ca de um ano, é composta por um património que contém, aproximadamente, 2460 taças/troféus, 500 medalhas/placas/condecorações, 150 salvas, 30 diplomas e 120 fo-tografias.A intervenção no património do clube inclui também o estudo e interpretação preli-minar dos dados obtidos, numa perspetiva integrada, como contributo para o enri-quecimento da história centenária do clube.A própria Sala de Troféus Josué Monteiro, além de trabalhos de limpeza e eliminação de insetos nocivos para a conservação do espólio, vai ser intervencionada através de um conjunto de trabalhos de beneficiação, incluindo a colocação de um novo pavi-mento, ações que permitem melhorar as condições de exposição e visita daquele es-paço localizado no Estádio do Bonfim.

Preservação museológica

rapidamente, até porque o tempo estava con-tado.Ao jogador seguiu-se o presidente do clube, Fernando Oliveira, que destacou a impor-tância de uma iniciativa com “um conjunto de ações que melhoram a imagem do Vitória”. O dirigente, ao agradecer “o apoio incansável” desta Autarquia ao clube, enalteceu a presença da equipa profissional na campanha. “É uma demonstração de cidadania e solidariedade que revela a união e proximidade dos jogadores com os associados.”Também o treinador José Couceiro fez questão de contribuir para o embelezamento do recin-to desportivo. “É uma iniciativa fantástica e o Estádio do Bonfim merece estas beneficiações.”

Embelezamento continua

Apesar de a grande generalidade dos trabalhos ter sido executada em meados de outubro, a campanha continuou ao longo de novembro com outras ações pontuais de embelezamen-to, nomeadamente na pintura do exterior do Estádio do Bonfim.O balanço é positivo. “Em termos de trabalho

superou as expectativas. A malta é incansável”, enalteceu Jorge Nice. “Agora é dar continuidade ao trabalho e esperar que mais pessoas se inscre-vam nas equipas.”Depois das pinturas e de pequenas interven-ções, o “Vitória Ma Bonite” continua numa segunda fase, com novas ações de beneficia-ção, em concreto nas instalações sanitárias e na zona dos balneários, enquanto no interior do estádio, após o final da presente época des-portiva, estão previstas algumas intervenções.

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A imagem real da Bela Vista, com uma vivência multicultural humana rica, feita de relações de vizinhan-ça, é mostrada em três filmes por-tugueses sobre o bairro, exibidos em Setúbal e Lisboa depois de pas-sagens, com distinção, em festivais nacionais e estrangeiros.Iara Teixeira, atriz em “Um Fim do Mundo”, moradora na Bela Vista como o elenco deste e dos outros dois filmes, considera que esta foi uma oportunidade de dar “uma imagem positiva do bairro”, numa experiência que vai “guardar para o resto da vida”.Companheiro de filme, Manuel Gomes, igualmente presente numa sessão especial com a presença de realizadores e atores das três pelí-culas, no âmbito das duas semanas de exibição do Cinema Charlot, em novembro, entende que “Um Fim do Mundo” “mostra que o bairro não é aquilo que as pessoas dizem”.O realizador desta média-metra-gem, Pedro Pinho, fala numa “mui-to boa” experiência. “Depois de as

SAUDADE. Manuel Medeiros, o “Livreiro Velho”, o divulgador pioneiro, o escritor, faleceu aos 77 anos, a 22 de outubro, e deixa um vazio no meio cultural setubalense. Na sua Culsete, que completou quarenta anos, promoveu as obras e o pensamento literários, formou leitores. “A cidade fica mais pobre”, assinala a Câmara Municipal, “mas o seu legado cultural perdurará para sempre na memória de todos os que fazem de Setúbal a sua cidade.”

Bairro com vista para o mundoA Bela Vista com ela é. Três filmes de realizadores

portugueses estão a conquistar as salas e a espantar a comunidade cinematográfica,

aquém e além-fronteiras. Os moradores transformaram-se em atores para mostrarem

ao exterior como se vive no bairro

pessoas perceberem o que estávamos ali a fazer, houve um acolhimento muito bom.”Bom acolhimento teve também o filme, um retrato de um dia de um grupo de adolescentes do bairro, com a participação em diversos fes-tivais, à semelhança de “Bela Vista” e “Cama de Gato”, curtas-metra-gens da dupla Filipa Reis e João Miller Guerra.As três películas, produzidas com financiamento da Câmara Munici-pal de Setúbal no âmbito do progra-ma RUBE, de requalificação geral da Bela Vista e zona envolvente, es-tiveram presentes em países como México, Cuba, Chile, Brasil, Holan-da, Alemanha, Itália e Espanha.“Bela Vista”, sobre a utilização dos espaços comuns do bairro, o pri-meiro a ser realizado, foi consi-derado a Melhor Curta-Metragem Internacional na 17.ª edição do FIDOCS – Festival Internacional de Documentários de Santiago do Chile e conquistou uma menção honrosa no Festival MiradasDoc,

em Guía de Isora, Ilhas Canárias, Espanha.“O facto de termos começado por fazer o documentário ‘Bela Vista’ ajudou a que as pessoas do bairro se fossem ha-bituando à nossa presença”, salienta Filipa Reis. “É muito difícil entrar em qualquer bairro ou zona e esperar que só a nossa presença justifica que as pessoas nos aceitem. Não é assim em sítio nenhum.”O outro filme da dupla de realiza-dores, “Cama de Gato”, a melhor

Cem anos de Álvaro CunhalAs comemorações do centenário de Álvaro Cunhal mostraram as várias facetas do homem, do político e do artista, em exposições e conferências, mas tam-bém com teatro e cinema.Uma conferência na Casa da Cultura salientou a atua-lidade do ensaio de Álvaro Cunhal “A Arte, o Artista e a Sociedade”, de 1996, na ligação da Arte com a So-ciedade, relação que o conferencista, Manuel Augusto Araújo, considera ser hoje inexistente com a priori-dade que, refere, é dada à vertente comercial no pro-cesso de criação artística.Antes, um ciclo de colóquios, na Biblioteca Pública Municipal, baseado em textos das “Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal”, analisou o percurso político do líder histórico do Partido Comunista Português no contexto do País e da Europa.Desenhos que Álvaro Cunhal elaborou enquanto esteve preso pelo regime fascista figuraram numa mostra na Casa da Cultura, a qual está a ser exposta, de forma itinerante, em diversos locais de Setúbal, como sedes de juntas de freguesia e de instituições e escolas.As 25 obras mostram as diferentes condições de lu-minosidade do encarcera-mento, com o contorno dos desenhos, mais ou menos definido, influenciado pe-las condições das prisões. No Aljube, com luz artifi-

cial de dia e de noite, o traço é pouco claro, enquanto no período de Peniche, já com luz natural, os contor-nos são bem mais visíveis.Mais duas exposições, biográficas, integraram o pro-grama comemorativo, uma na Biblioteca Municipal, com fotografias, documentos da clandestinidade e livros publicados, a outra com mais de 200 imagens, desde a infância, apresentadas em slideshow na Casa da Cultura.Neste equipamento foram exibidos dois filmes base-ados em livros de Álvaro Cunhal, “Cinco Dias, Cinco Noites”, com realização de José Fonseca e Costa, e “Até Amanhã, Camaradas”, de Joaquim Leitão.A “Casa de Eulália”, outra obra de Cunhal, igualmente assinada com o pseudónimo literário Manuel Tiago, mereceu um espetáculo do Teatro do Elefante no Fó-rum Municipal Luísa Todi.

curta-metragem portuguesa no IndieLisboa 2012, é centrado na história de Joana Santos, uma mãe adolescente. “A experiência do ‘Cama de Gato’ foi basicamente o conhecermos a Joana. Ela apareceu num casting e fomos partilhando experiências e trocando curiosidades. Foi a partir dessa rela-ção que se construiu juntos o filme”, explica João Miller Guerra.O sucesso da produção das curtas--metragens na Bela Vista, uma “ex-

periência incrível, gratificante para os dois lados”, revela o cineasta, esteve em “dar, receber e devolver em vez de ser chegar, fazer e ir embora”.Os três filmes centrados nas vivên-cias da Bela Vista, além da estreia nacional em Setúbal e Lisboa, numa iniciativa da Câmara Municipal de Setúbal, da Zero em Comporta-mento, da Projectos Paralelos, da TerraTreme e da Vende-se Filmes, estiveram disponíveis para escolas, em sessões especiais no Charlot.

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17SETÚBALoutubro|novembro|dezembro13

Banco de interesse

As portas do Teatro de Bolso voltaram a abrir, em novembro, para devolver à cultura, dois anos depois do encerramento, uma renovada sala de espetáculos em Setúbal, com lotação para cinquenta espetadores.A casa que acolhe o Teatro Animação de Se-túbal, um espaço cedido pela Câ-mara Municipal, está irreconhe-cível aos olhos do público que ali viu diferentes cenários e assistiu a dezenas de peças representadas por atores de várias gerações.A qualidade do espaço deve-se ao investimento da Autarquia, em cerca de 100 mil euros, em obras de beneficiação e de moderniza-ção, que envolveram o revesti-mento da sala com materiais que permitem melhores condições térmicas e acústicas, a recupera-ção das poltronas existentes na

O antigo edifício do Banco de Portugal, agora com uma ga-leria municipal de exposições, após obras de requalificação, é o mais recente imóvel candidato à classificação de interesse nacional, público ou municipal. Com o processo a avançar, através da Direção-Geral do Património Cultural, e até que seja decidido o tipo de classificação, o edifício inte-gra uma zona de proteção de 50 metros, o que impõe um conjunto de cuidados especiais e restrições nessa área de intervenção, nomeada-mente no que respeita à autorização para a realização de obras.O antigo edifício do Banco de Portugal, datado do primeiro quartel do século XX, da autoria do arquiteto Arnaldo Adães Bermudes, foi adquirido pela Câmara Municipal que o recuperou para o transformar num equipamento cultural.O reconhecimento do espaço, uma referência arquitetónica da cidade do século XX e da arquitetura financeira, com uma linguagem eclética decorativa, de desenho neoclássico revivalista, vem engrossar a lista do património de Setúbal que tem vindo a ser valorizado.

Verdade na expressãoO Festival ExpressArte – XIV Encontro de Teatro e Dança da APPACDM de Setúbal é um acontecimento especial, não só para os utentes da instituição organizadora do certame, como para os setubalenses que assistem, em vários espaços da cidade, aos momentos que o certame proporciona. Entre muitos eventos, este ano, o grupo de teatro anfitrião Puzzle, do Clube Ani-mação Jovem, estreou a peça “Tábuas da Ver dade”.

Espelho Mágico vaidosoO GATEM – Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico está orgulhoso por ter ar-recadado o prémio de melhor figurino no II Festival Amador de Leganés, em Ma-drid, com a peça “O Galinho Vaidoso”. Este reconhecimento vem juntar-se a outros que o grupo de Setúbal tem conquistado, como o da Federação Portuguesa de Tea-tro da Póvoa de Lanhoso, em 2012, e o da última edição da “Teatrália”, em 2010, da Fundação Inatel.

Jazz dá música e cinemaDuas centenas de pessoas assistiram, nos dias 2 e 3 de novembro, aos concertos do terceiro Círculo de Jazz, festival organiza-do pela Câmara Municipal, Experimen-táculo e Capricho Setubalense. Além da música, esta edição contou com a exibição do documentário “Wild Man Blues”, sobre a banda de jazz de Woody Allen, e com a exposição de esculturas de Alberto Kissola “Músicos de Jazz”, na Casa da Cultura.

Rock ecoa no SadoDoze bandas atuaram a 15, 16 e 23 de no-vembro no Ecos do Sado’13, promovido pela Fábrica de Artistas de Setúbal, com apoio da Autarquia. A terceira edição, que decorreu na Capricho Setubalense e no Club Setubalense, contou com os grupos For The Glory, Switchtense, Your Day To Pray, Vitae, Sam Alone & The Gravedig-gers, Moe’s Implosion, Skills & The Bunny Crew, EMMA, Filho da Mãe, LeaVangarde, Kalafate e Tio Rex.

Teatro aberto

A cultura é uma das prioridades da Câmara Municipal. Prova disso é o crescente número de espaços culturais novos ou modernizados. O Teatro de Bolso é o mais recente investimento. O TAS recuperou o palco predileto

bancada destinada ao público e a pintura de todo o interior.Além da zona de bilheteira e da criação de uma sala de ensaios, todas as exigências le-gais, em termos de segurança, foram cumpri-das ao nível da iluminação de emergência, da

elaboração de planos de segurança e de eva-cuação, do sistema de deteção de incêndios e da ventilação da sala de espetáculos.Por tudo isto, a abertura do novo Teatro de Bolso só poderia ser feita com a antestreia da nova peça do TAS, “Bartoon II”, com tex-

to, conceito e direção de Carlos Curto e interpretações de Duarte Victor, José Nobre, Sónia Martins e Carlos Rodrigues, nas primeiras apresentações, e Miguel Assis, depois.A 121.ª produção da companhia de teatro setubalense, baseada numa seleção de dez anos das tiras que o cartoonista Luís Afonso pu-blica no jornal “Público”, esteve em cena até dezembro e volta em fevereiro, com sessões às sextas--feiras e sábados às 22h00 e aos domingos às 16h00.

ARTE. Novas correntes e sensibilidades musicais foram exploradas na segunda edição do Lado B, no início de dezembro, festival que incluiu ainda cinema. A música minimal doce e crua de Joana Guerra (na foto) abriu o ciclo de concertos, que contou também com Shampoo Planet, a dupla Carlos Barretto e António Eustáquio, Jibóia e Sign.

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Bastou um ano para que o Fórum Municipal Luísa Todi recuperasse o lugar de destaque que ocupou durante décadas na vida cultural de Setúbal.As programações quadrimestrais continuam a surpreender e a atrair público de cada vez que são anunciadas.Os espetáculos de instituições locais de música, dança e teatro demonstram a dinâmica artística que se sente no concelho, mas, no Fórum, as artes ultrapassam em muito o mero território de Setúbal.O Festroia – Festival Internacional de Cinema coloca o concelho nos holofotes de todo o mundo.Só que nesta sala muito se faz para todo o género de gostos.Com um vinco mais forte na música erudita, representada por espetáculos dedicados, por exemplo, ao bicentenário de Wagner e a sonatas de Rossini, mas também por elencos como a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Sinfónica Juvenil e a Or-questra do Tartaristão, o Fórum Luísa Todi recebe todo o estilo de expressão artística.Luís Represas, João Gil, Jorge Palma, Ala dos Namorados e Tito Pa-ris são apenas alguns dos embaixadores da música que já passaram pelo Fórum.Na arte do movimento, a Companhia de Dança de Almada e a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo não só atuaram na maior sala de espetáculos do concelho como escolheram Setúbal para a estreia de coreografias especiais, algumas, como “Fado”, de Vasco Wellenkamp, que seguem diretamente em 2014 para digres-são internacional.O êxito humorístico de teatro “Lar, Doce Lar”, com Maria Rueff e Joaquim Monchique, esgotou a sala em fevereiro, bem como nas duas reposições que se seguiram, a última em novembro.Dezembro fecha o ano em grande, com espetáculos que prome-tem ainda mais e melhor. “O Messias”, de Haendel, o regresso do carismático Opus Ensemble, a atuação da Orquestra Clássica do Sul e o desfecho das comemorações dos 25 anos do Conservatório Regional de Setúbal elevam as expectativas para um ano de 2014 que se adivinha inesquecível.

Arte em todas as escalas

Um ano depois da inauguração da Casa da Cultura e da reabertura do Fórum Luísa Todi salta à vista a vida artística rejuvenescida que dinamiza o quoti-diano de Setúbal.Os dois equipamentos municipais conquistaram um espaço de referên-cia no mundo das artes não apenas no concelho, mas na região.Sem se abrir mão da identidade arqui-tetónica com que o Fórum Luísa Todi caracteriza desde os anos 60 a princi-pal avenida da cidade, existem agora naquela ponta da artéria urbana 634 lugares prontos a receber nas melho-res condições da atualidade o público

A nova oferta de Set úbalque deseje assistir aos intensos pro-gramas quadrimestrais de eventos que ali despontam.Já na Casa da Cultura, às portas da Pra-ça de Bocage, onde em tempos fun-cionou o Círculo Cultural de Setúbal, revelante centro de tertúlias e de con-testação ao regime fascista, é dada voz ao movimento associativo com uma dinâmica pouco vista noutras ocasiões da história do concelho.Polo de exposições, de colóquios, de concertos, nesta casa é dada primazia e à criação de autor e aos eventos pro-duzidos pelo movimento associativo, mais ainda do que se regista no Fórum

Luísa Todi, onde ocorrem diversos espetáculos das instituições culturais presentes no concelho.Desde 15 de setembro de 2012 que o Fórum Luísa Todi, sob a direção de João Pereira Bastos, agarrou as rédeas dos grandes espetáculos oferecidos a Setúbal.A data assinala a reabertura do equi-pamento ao público após um período de encerramento para obras de requa-lificação e, principalmente, moderni-zação.Novas cadeiras, novo e maior palco, mais e melhores condições técnicas, além de uma plateia amiga de pessoas

com dificuldades de locomoção, sem esquecer o último piso, com a Sala Mul-tiusos, dotada de um café, para eventos de menores dimensões perante um cenário deslumbrante sobre a cidade e a baía. O Fórum tem tudo para pro-porcionar momentos inesquecíveis no âmbito das artes e do lazer.Tal como a Casa da Cultura, onde, para lá da fachada tradicional do edifício, se descobre uma linha arquitetónica de vanguarda, digna de visita.Este polo, inaugurado a 5 de outubro de 2012, onde funcionam ainda o Ga-binete da Juventude, um estúdio de gravação e espaços da Associação de

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Casa aberta à criaçãoO edifício que acolheu em tempos o Círculo Cultural de Setúbal abriu as portas para receber a novíssima Casa da Cultura, espaço anfitrião de uma fervilhante oferta artística que se faz e ganha novo fôlego na cidade.Desde a inauguração, a 5 de outubro do ano passado, esta casa já deu “guarida” a artistas como Carlos Mendes, Ana Deus e Francisco Fanhais, responsáveis por salas cheias, quando não esgotadas.quadros de Rita Melo, obras do ilustrador António Jorge Gonçal-ves, fotografias de António Correia e uma mostra de surrealismo promovida pela Associação de Artistas Plásticos de Setúbal são apenas dois de entre vários exemplos possíveis de como a pintu-ra captou a atenção de muito público na Casa da Cultura.Mega Ferreira, convidado do ciclo de encontros Muito Cá de Casa, a apresentação de um livro do ator Carlos Rodrigues, acarinhado pelo público como “Manel Bola” e as conferências promovidas pelo Centro de Estudos Bocageanos são eventos demonstrativos da atratividade e variedade de oferta da Casa da Cultura em apenas um ano de funcionamento.Até o teatro encontra espaço aqui para se mostrar, como foram os casos das peças “Destinatário Desconhecido”, da TrêsMaisUm, e “Contrabaixo”, peça apresentada pela companhia Visões Úteis.A excelência é imagem de marca da Casa da Cultura, ponto de encontro para festivais de jazz e de música experimental, mas também para mostras raras, como a “Winterreise”, onde se admirou pela primeira vez em Portugal desde 1985 as gravuras que Bartolomeu Cid dos Santos, um dos maiores artistas-grava-dores do século XX, criou após inspiração na obra homónima de Schubert.Pais e filhos também marcam presença neste equipamento cultural de Setúbal, dotado de diferentes espaços, onde, através do serviço educativo, famílias participam com regularidade em iniciativas de pintura e leitura ou de dança e cinema infantil.Assim se vive na Casa da Cultura, onde a arte é recebida de braços abertos em plena sala de estar.

cult

uraA nova oferta de Set úbal

Artistas Plásticos de Setúbal, da As-sociação José Afonso, do Centro de Estudos Bocageanos e da Capricho Se-tubalense, é palco das expressões ar-tísticas menos conhecidas do público e lugar de eleição para a originalidade e a qualidade governarem em harmo-nia com a sede cultural que se sente no concelho.Seja qual for a preferência, o Fórum Luísa Todi e a Casa da Cultura são hoje bandeiras hasteadas ao sabor dos ventos artísticos que se levantam em Setúbal, onde o público encontra pro-postas – e respostas – para qualquer que seja o gosto cultural.

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segu

ran

ça

Uma operação de larga escala de limpeza e be-neficiação de caminhos rurais, com recurso a meios militares, para prevenção de incêndios florestais, está a ser promovida pela Câmara Municipal de Setúbal no Parque Natural da Arrábida.A intervenção, com conclusão prevista no final do primeiro trimestre de 2014, num território rural com uma extensão de 27 qui-lómetros, é executada no âmbito de um pro-tocolo de colaboração celebrado entre a Au-tarquia e o Regimento de Engenharia n.º 1 do Exército, unidade especializada neste tipo de operações.

VOLUNTÁRIOS. A delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portugal foi reforçada com 16 novos voluntários, que prestaram juramento a 16 de novembro, na Praça de Bocage. A cerimónia, dirigida pelo major-general Governo Maia, da Cruz Vermelha nacional, contou com as presenças do vice--presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, do presidente da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha, Duarte Machado, e de representantes de várias instituições públicas, de segurança e proteção civil.

O alarme soa às 09h30 de 14 de outubro de 2013 em todos os estabelecimentos de ensino público. Está em marcha um simulacro de sismo, cenário escolhido para a realização de um exercício com a evacuação geral e autónoma das escolas, que envolve alunos, docentes e pessoal não docente num teste aos planos de segurança escolar.“É um exercício importante, no seguimento de outros que são conduzidos regularmente na rede escolar do concelho, que testam e metem à prova os planos de segurança existen-tes”, sublinha o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos Rabaçal, a acompanhar o simulacro no Centro Escolar da Brejoeira, em Azeitão.

O 95.º aniversário do armistício que recupe-rou a paz após a I Guerra Mundial foi assina-lado a 11 de novembro, junto do Monumento aos Combatentes da Grande Guerra.A cerimónia, organizada pelo Núcleo de Se-túbal da Liga dos Combatentes, contou com a participação da presidente da Câmara Muni-cipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, num ato solene em que estiveram representadas várias entidades públicas, em particular de forças de segurança.Num dia em que “é celebrada primordialmente a Paz”, a autarca sublinhou que importa res-peitar os contributos dos militares “que perde-ram a vida em circunstâncias brutais” para ga-rantir o futuro de uma Europa que, considera, cede cada vez mais aos interesses financeiros em detrimento do desenvolvimento das po-pulações.Como é tradição, durante a cerimónia, diri-gida pelo sargento-mor Francisco Rita, do Núcleo de Setúbal da Liga dos Combatentes, depuseram-se coroas de flores no monu-mento e ouviram-se os toques de silêncio, de homenagem aos mortos e de alvorada.No ato marcou também presença uma força militar do Polo Permanente do Regimento de Artilharia n.º 5 de Vendas Novas.A I Guerra Mundial, que decorreu entre 1914 e 1918, teve a participação ativa de Portugal através de um contingente designado de Cor-po Expedicionário Português, força consti-tuída por 107 mil homens, dos quais sete mil morreram em combate e nove mil ficaram feridos durante o conflito.

Abertura de caminhosprevine fogos florestais

Máquinas do Exército estão a desbravar

caminhos no Parque Natural da Arrábida

numa operação que visa prevenir os incêndios

florestais. Outras intervenções incluem trabalhos de limpeza

de mato, reparação de valetas e canalização

de águas

A prevenção de incêndios florestais é o prin-cipal objetivo desta iniciativa, que inclui a execução de trabalhos de limpeza de mato e a abertura, correção e alargamento de cami-nhos e trilhos rurais para acesso a viaturas de socorro em caso de situações de emergência e de perigo naquela área da Arrábida.A criação e reparação de valetas e taludes e a colocação de manilhas em locais de passagem de águas são outros trabalhos em execução por aquela unidade do Exército português, apoiada por um conjunto de maquinaria pe-sada, como camiões, cilindros e retroescava-doras.

O asfaltamento, com recurso a inertes prove-nientes da Siderurgia Nacional, em toda a ex-tensão de caminhos e trilhos na área abran-gida por esta operação, é outro dos trabalhos em curso. A colocação de revestimento é sus-tentada por um parecer positivo da Agência Portuguesa do Ambiente.O protocolo de colaboração celebrado no iní-cio de junho entre a Autarquia e o Regimento de Engenharia n.º 1 do Exército prevê a in-tervenção num total de 16 locais, incluindo o desmonte de terras no Parque Sant’Iago, nas Manteigadas, e a desmatação de uma área de canavial na Estrada de Palmela.

Cerimónia pela paz

Sismo a fingir levado a sérioAo sinal de perigo, são acionados os mecanismos de segurança previstos aquando da ocorrência deste tipo de acidentes, com os alunos a serem encaminhados, ordeiramente e por caminhos previamente estabeleci-dos, para o exterior do recinto escolar.O simulacro, realizado “com sucesso” naquele equipa-mento escolar, permite “detetar eventuais falhas nos procedimentos de segurança e melhorar algumas rotinas”, reforça Carlos Rabaçal.Para o futuro, está a ser planeado um exercício em “ambiente de recreio, numa situação mais complexa e num contexto de maior desorganização”, anunciou o autarca.O exercício, enquadrado nas iniciativas que assina-

laram o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, foi de-senvolvido pela Autarquia, através do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, em conjunto com os agrupamentos verticais de escolas.“Este é mais um exemplo do trabalho consistente e permanente dinami-zado pelo Município em matéria de prevenção e proteção, com respostas estruturadas que permitem minimi-zar eventuais impactes em situações de catástrofe e perigo”, realça Carlos Rabaçal. Reunidas as condições normais de segurança, os alunos voltam às sa-las de aula, continuando o ciclo de aprendizagem previsto.

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des

port

oPerto de sete dezenas de atletas participaram, a 19 de outubro, no “I Duatlo Cidade de Setúbal”, no Parque Urbano de Albarquel, com canoagem e corrida.O evento, organizado pela Câmara Municipal e pelo Clube de Ca-noagem de Setúbal, juntou atletas de nove clubes do distrito, de in-fantis a veteranos. A competição foi iniciada com 4000 metros em canoagem, seguindo-se 1000 metros de corrida, num percurso ao longo do Parque Urbano de Albarquel, e mais 2000 de canoagem.A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e o vereador do Desporto, Pedro Pina, marcaram presença na cerimónia de entrega de prémios, com todos os participantes a receber ainda ofertas da Autarquia.O “I Duatlo Cidade de Setúbal” foi a última prova do calendário dos “11.os Jogos do Sado”, programa municipal com perto de três dezenas de eventos dinamizados entre fevereiro e outubro.O calendário de atividades desportivas desta edição, no espírito de desporto para todos, integrou um total de 18 modalidades, incluin-do a introdução das disciplinas de pentatlo moderno, hóquei em patins e triatlo, bem como iniciativas direcionadas para a comuni-dade escolar e para a população em geral.

Cerca de 700 pessoas encheram de bicicletas as ruas de Setúbal, na manhã de 6 de outubro, durante o III Setúbal Bike Tour, projeto que dá a conhecer à população zonas cicláveis da ci-dade.O evento, do programa municipal “11.os Jogos do Sado”, desafiou os entusiastas do ciclismo amador a percorrer um trajeto de 16 quilóme-tros em ambiente urbano, por zonas da cidade onde é possível circular de bici-cleta em segurança e sem grande esforço.O passeio, organizado pela Câmara Municipal e pelo Núcleo de BTT de Vila Fres-ca, tem aumentado o núme-ro de participantes a cada ano, um deles, como vem sendo hábito, o verea dor do Ambiente, Manuel Pisco.“Nota-se o envolvimento cres-cente das famílias e que os automobilistas se estão a ha-bituar à presença de ciclistas

ÊXITO. O judo do Vitória Futebol Clube continua na senda do sucesso. No Campeonato Nacional de Cadetes por Equipas, realizado em Odivelas, a 23 de novembro, as representações masculina e feminina do clube, comandadas pelo mestre Tiago Lopes, arrecadaram medalhas de prata e bronze, respetivamente.

União sólida com o VitóriaA aliança entre a Câmara Municipal de Setúbal e o Vitória Futebol Clube não é de agora, mas é para manter. A presidente da Autarquia deixou essa garantia no 103.º aniversário do clube. E recordou exemplos recentes dessa ligação

Duatlo encerraJogos do Sado

Pela cidade de bicicleta

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal garantiu no jantar do 103.º aniversário do Vi-tória Futebol Clube, realizado a 22 de novem-bro, que a forte ligação existente entre as duas instituições é para prosseguir.“A aliança sadina será sempre mantida, com a obrigatória assunção por cada um dos aliados das responsabilidades próprias que lhes cabem, sempre num espírito de cooperação franca e aber-ta”, afirmou Maria das Dores Meira, na sessão comemorativa, realizada no Pavilhão Antoine Velge.A autarca assinalou que, ao longo dos anos, há diversos exemplos dessa união, a qual traduz uma “permanente disponibilidade da Câmara Municipal e dos autarcas que em cada momento ali tiveram responsabilidades para apoiar o que é, indiscutivelmente, um símbolo da cidade”.O projeto de voluntariado “Vitória Ma Boni-te”, de recuperação das instalações do Estádio do Bonfim, resultado de um desafio lançado pela Autarquia, a disponibilidade de dotar o campo da Varzinha de um novo relvado sinté-tico para utilização pelo clube e a abertura do relvado do Complexo Municipal de Atletismo para treinos de equipas de várias modalida-des são alguns exemplos recentes.“Esta é a relação que queremos manter e que tudo temos feito para a fortalecer”, salientou Maria

das Dores Meira, que a reputou de “grande cooperação e respeito mútuo”, a qual foi “sempre temperada pela necessária responsabilidade e respeito pelo papel, competências e possibilidades de cada um”.A autarca destacou que a postura seguida pela Câmara Municipal de Setúbal assenta na de-fesa de que “cada um assuma as suas respon-sabilidades, respeitando as decisões dos órgãos dirigentes, mantendo total disponibilidade para dialogar e encontrar soluções”.Uma atitude, acentuou, “que contém em si a re-jeição dos malefícios que podem resultar dos ex-cessos na interpretação, partilhada por alguns, poucos, aliás, do que devem ser as responsabili-dades camarárias, responsabilidades que estão reguladas por um quadro claro”.O Vitória de Setúbal, instituição “fundamen-tal à vida da cidade”, com um “papel central na promoção do desporto e do associativismo”, tem sido “decisivo na representação da capital da margem norte do Sado para lá dos estritos limites das suas fronteiras”, referiu.Em noite de festa, com homenagens, Ma-ria das Dores Meira agradeceu a associados, atletas, técnicos, dirigentes e trabalhadores, muitos deles presentes na ocasião, “por faze-rem do Vitória o grande clube que é e continuará a ser”.

na cidade, nomeadamente perante a passagem dos participantes do Bike Tour”, salienta Miguel Silva, do Núcleo de BTT de Vila Fresca.O Setúbal Bike Tour pretende incentivar a po-pulação do concelho para o uso de transpor-tes amigos do ambiente, conjugando valores ecológicos com a prática regular de exercício físico.

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edu

caçã

o

Alunos da EB1/JI Azeda ficaram a conhecer ao pormenor os Paços do Concelho numa vi-sita realizada a 24 de outubro no âmbito do projeto educativo municipal “Faz de conta que somos autarcas”.O edifício e os vários serviços autárquicos deixaram de ser segredo para os 19 alunos de uma turma do 4.º ano da escola da Azeda, que aprenderam, por exemplo, para que serve a secção de Contabilidade ou como funciona e o que se pode resolver no Atendimento ao Público.Durante esta excursão, 19 blocos de notas passeavam suspensos no ar ou procuravam freneticamente apoio em paredes, mesas, pernas e costas para translinear em grafia de ensino primário cada palavra da guia do Mu-seu do Trabalho Michel Giacometti, equipa-mento municipal que promove o programa de visitas orientadas para a comunidade escolar.

Mais de 500 pessoas estiveram na receção à comu-nidade educativa, a 23 de outubro, no Fórum Luísa Todi, cerimónia com momentos de música e dança em que a presidente da Câmara Municipal destacou o investimento feito na Educação.“Nada é como antes, e ainda bem que assim é”, subli-nhou Maria das Dores Meira, ao destacar que, com a construção de novas escolas e a reabilitação e ape-trechamento de outros equipamentos, “70 por cento dos estabelecimentos de ensino já funcionam em regime normal”.O reforço da cobertura da rede de educação pré--escolar no concelho, a dinamização de atividades de apoio às famílias em todos os jardins de infân-cia e a implementação do Plano Tecnológico do 1.º ciclo, com computadores na sala de aula, quadros interativos e internet, foram outras mudanças as-sinaladas.

No papel de condutores e peões, crianças aprenderam as regras de circulação e sina-lização rodoviária numa caravana educativa, com atividades lúdicas e pedagógicas, di-namizadas a 15 e 16 de outubro, no Largo José Afonso.Pedal do acelerador do pequeno kart elétrico a fundo e partida para uma volta no cir-cuito rodoviário montado no âmbito do programa nacional “Caravana da Educação Rodoviária”, iniciativa nacional da Fundação Mapfre, organizada em Setúbal com o apoio da Câmara Municipal.A reta não constitui grande desafio mas no final surge o primeiro elemento de sinali-zação vertical. Há uma cedência de passagem a cumprir. Olhar para a direita, contornar a curva à esquerda e continuar o percurso. O circuito, com sete veículos a circular em simultâneo e transeuntes a utilizar as passa-gens pedonais, tem várias alternativas. Ao virar à esquerda, surge um sinal stop. Mais à frente, há peões para atravessar a passadeira e uma sinalização semafórica a respeitar.A aventura rola sem grandes problemas, mas há sempre condutores mais distraídos que não evitam um pequeno toque na traseira de outro veículo, uma curva feita na via errada e até mesmo transeuntes que atravessam a estrada sem olhar.A participação no circui-to instalado no Largo José Afonso foi o ponto alto da aprendizagem lúdica e pedagógica proporcionada na “Caravana da Educação Rodoviária” mas, antes, houve uma formação teó-rica num espaço com re-cursos multimédia, para transmissão de regras de trânsito.

Todo o cuidado é pouco

Boas-vindas ao ano letivoO trabalho dinamizado pelas juntas de freguesia do concelho graças aos protocolos de delegação de competências também foi enaltecido por Maria das Dores Meira. “Têm correspondido de uma forma pron-ta e eficiente na manutenção e arranjo dos espaços esco-lares”, destacou a presidente da Câmara Municipal.A autarca lamentou os cortes da administração cen-tral no setor da educação. “Muita coisa ainda está por fazer e que gostaríamos de resolver tão prontamente como desejado. Com estas restrições, somos forçados a abrandar, mas nunca a desistir”, afirmou.A habitual festa e confraternização dos agentes e in-tervenientes na comunidade educativa contou com momentos de música e de dança, com BelaBatuke, grupo de percussão da EB 2,3+S da Bela Vista, e com Coro Lima Vox, composto por alunos do 5.º ao 12.º ano da EB 2,3+S Lima de Freitas. No final, foi exibi-do o filme “Setúbal: Cultura e Educação”.

Os Paços passo a passo

A Câmara Municipal é grande

e tem muitas funções. Crianças

do ensino básico fizeram de conta

que eram autarcas. O principal é

aprender, em visitas guiadas, a função pública dos Paços do Concelho. Está

tudo apontado

“Meus pequenos, se vão estar a escrever tudo aquilo que digo, acabam por não ouvir mais de metade das explicações”, alertava Madalena Correia. Aviso anotado, aliás, percebido, embora por pouco tempo. Segundos depois já se viam os blocos à procura das paredes para dar apoio à escrita.Às portas da Tesouraria, por exemplo, apren-deu-se que é ali onde o Ricardo pode receber o que a Câmara lhe deve por uns bancos de jardim que vendeu à Autarquia ou onde a Ma-ria pode pagar uma taxa municipal.A atenção colegial era máxima, ao ponto de a pequena Mariana olhar para o relógio para confirmar se a Tesouraria estaria efetiva-mente aberta de acordo com o horário indi-cado à entrada.A Sala de Sessões, o Salão Nobre e o Gabinete da Presidente arrancaram os maiores suspi-ros de admiração do grupo visitante.

“Que grande!”, soltou a pequena Inês Pe-reira, ao dar os primeiros passos na Sala de Sessões, onde a turma teve oportunidade de simular uma reunião da Assembleia Muni-cipal.O presidente da Assembleia, Gonçalo, aprendeu a passar a palavra aos membros. O tema em discussão foi o problema dos cães abandonados.A deputada Maria Inês fez o primeiro uso da palavra. “Senhor presidente, senhores deputa-dos, minhas senhoras e meus senhores, acho que os cãezinhos devem ser apanhados e bem trata-dos”, defendeu.A oposição, pela voz do Alexandre, seguiu caminhos um pouco mais ríspidos. “Acho que cães abandonados podem fazer mal à saúde das pessoas. Temos de os abater.”A visita acabou por prosseguir para outros locais dos Paços do Concelho, não fosse de-

cretado o extermínio de toda a bicharada abandonada pelas pessoas.“Sabem quem é presidente da Câmara? Sim! A senhora Maria das Dores Meira!” A resposta sapiente, dada na ponta da língua, teve a aju-da de uma aula de preparação prévia realiza-da na escola.No Salão Nobre, onde está exposto o Trípti-co dos Ilustres Setubalenses, de Luciano dos Santos, à pergunta “quem está ali?”, só “o na-rigudo” Bocage colheu os frutos da populari-dade. O restante elenco acabou por ter de ser apresentado um a um.Concluído o périplo, houve um período de dúvidas, com muitos braços no ar. A maioria foi esclarecida, mas, algumas, ficaram com os pontos de interrogação pendurados. Pelo menos ficou claro nos jovens autarcas o que a Câmara Municipal de Setúbal pode fazer pela população.

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Criatividade ao serviço do negócioac

adem

iaA possibilidade de ver uma ideia abstrata ganhar forma com recurso às novas tec-nologias de informação e comunicação é um dos objetivos de um projeto coorde-nado por Pedro Cunha, professor da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal (EST/IPS).“Novos modelos de negócio e ferramentas de suporte” é o resultado de uma par-ceria entre instituições públicas e privadas, no âmbito do Polo de Competitividade ProduTech – Tecnologias de Produção, com vista a assegurar respostas concretas a quem pretende dar início a um negócio, originando-se igualmente respostas a nível da sustentabilidade a quem já tem um produto no mercado.“Ter uma boa ideia não basta. É preciso ter também as ferra-mentas adequadas para gerir da melhor forma um negócio”, salienta Pedro Cunha, docente de Planeamento e Organi-zação Industrial na EST/IPS.Pensar simultaneamente em todos os blocos que consti-tuem uma empresa, entre os quais se encontram a organi-zação, as tecnologias a alocar e as competências humanas necessárias, é a tarefa magna que o projeto visa abarcar.Uma aplicação informática que permite ao utilizador visua-lizar graficamente cada fase de um negócio, “de forma in-dependente, e possibilitando que sejam executadas tarefas por diferentes pessoas e com diferentes competências”, é uma das novidades disponíveis em fevereiro de 2014, data da con-clusão do projeto, iniciado em 2011.A interatividade do software permite que se trabalhe uma ideia livremente, já que o programa quantifica todos os pormenores e alerta até para o facto de a necessidade em

que se está a insistir poder estar a ser explorada por outros, o que justifica uma alteração ao modelo de negócio.A criatividade na conceção de um produto ou a capacidade de reinventar um já existente é aquilo que o investigador responsável pelo trabalho destaca como fator-chave para o sucesso empresarial no atual contexto mundial. É imperativo “deixar fluir a criatividade”, aponta Pedro Cunha.Como exemplo salienta que, quando se pensou não existirem outros modos dis-poníveis para vender café, surgiram as cápsulas, num formato dirigido a um seg-mento de mercado médio/alto, que acabou por se impor com um êxito assinalável.

O mesmo se aplica à produção regional setubalense, re-fere num exercício de criatividade espontânea ao lhe ser sugerido o mel da Arrábida. Este produto, indica, pode ser apresentado de diferentes formas, para apelar a uma refei-ção em família ou como alternativa de pequeno-almoço, por exemplo, ou ainda assumindo sabores alternativos.“Se por acaso fosse possível ter um kit de abelhas em casa para produção de mel, para consumo próprio ou para revenda, seria legítimo pensar nessa ideia e até trabalhá-la mais, porque a criatividade nunca deve esgotar-se”, destaca Pedro Cunha.Antes da conclusão deste trabalho, as mentes criativas e empreendedoras podem recorrer ao Centro de Integração e Inovação de Processos, instituição presidida por Pedro Cunha, através da página www.ceni.pt, na qual se encon-tra uma oferta dinâmica de cooperação para a execução de projetos, para que uma boa ideia não passe apenas disso e ganhe forma.

Alterações ao nível alimentar, diminuição da alegria, recusa em ir à escola, com a justifica-ção de que não há aulas, por dores de cabeça ou de barriga ou simplesmente porque o frio é demasiado, são sinais preocupantes.Estes comportamentos podem indiciar que crianças ou jovens estão a ser vítimas de bullying e justificam uma atenção especial de pais e encarregados de educação.Estas são preocupações do projeto “Regras do Jogo”, da Escola Superior de Saúde do Insti-tuto Politécnico de Setúbal (ESS/IPS), o qual visa intervir em escolas públicas para a pre-venção de situações associadas à violência entre estudantes, para que estes desenvolvam competências que lhes permitam lidar com comportamentos de indisciplina ou agressi-vidade e geri-los.Iniciado em 2011, o projeto, protocolado com o ACES (Centros de Saúde) e escolas de diversos concelhos, a realizar ao longo de vários anos letivos, contou em 2012/2013 com sessões promovidas junto de estudantes do 7.º ano de escolaridade, incidindo no caso de Setúbal na Escola Secundária D. Manuel Martins.Adriana Dias, Ana Martins, Marina Simões, Inês Delgado, Sheila Rosa, Teresa Peres e Carolina Paulino, finalistas do curso de En-fermagem, são as operacionais que, entre fevereiro e maio, levaram à prática uma in-tervenção criada pela ESS/IPS e parceiros, tutelada por Paula Leal e respetiva equipa, que visa refletir com os alunos sobre os te-mas do bullying, um tipo de violência física, psicológica ou informática praticada de forma continuada, e a sua influência na saúde.Paula Leal, docente de Enfermagem, escla-rece que, quando há atos exercidos num ciclo de continuidade sobre a mesma vítima, que encontra poucas estratégias ou já nenhumas

O grupo como local de aceitação

Estudantes finalistas da Escola Superior de Saúde trabalharam o ganho de competências de alunos do 7.º ano na prevenção de comportamentos de violência. Um professor da Escola Superior de Tecnologia coordena um projeto de suporte aos negócios

para conseguir lidar com o problema, esta-mos perante o formato do bullying.Já o agressor, em contexto escolar, pode ser uma criança ou um adolescente que se sen-te mal consigo mesmo e, por dificuldade em relacionar-se com os outros, exerce poder e faz-lhes mal, sem perceber que o está a fazer.A intervenção prática do “Regras do Jogo” foi realizada com alunos do 7.º ano, já que sobre este ano escolar recaem 95 por cento dos re-gistos de desobediência ou de episódios de violência, enquanto o fenómeno se esbate nos anos seguintes de escolaridade, sendo quase nulo a partir do 10.º.A razão para o trabalho ser essencialmente feito com os alunos do 7.º ano deve-se igual-mente ao início da adolescência, período de grandes alterações, em que há necessidade de um ganho de competências de comunicação e

relação com os outros, sem as quais têm difi-culdade em ser aceites num grupo.O trabalho de campo decorreu em dez ses-sões, com a primeira e a última destinadas à recolha de dados. As oito intervenções efe-tuadas centraram-se em estratégias dinâ-micas cujos exercícios práticos permitiram aumentar o nível da empatia e do espírito de grupo, materializados através de atividades lúdico-pedagógicas.As estudantes deste projeto académico usa-ram uma estratégia de corresponsabilização, tendo todo o trabalho com os alunos sido rea-lizado num processo de relação de ajuda. Esta metodologia pretende que o adolescente se ajude a ajudar-se e visou essencialmente “de-senvolver competências ao nível da assertivida-de, resiliência e autoestima”, destaca Carolina Paulino.

Preconceito, racismo e desenvolvimento da capacidade de se proteger de um ambiente hostil foram os temas principais das ativi-dades que envolveram as futuras técnicas de saúde e os jovens entre os 12 e os 14 anos.As ações com exercícios práticos, como, num ambiente musical, ter de “dizer bem nas costas do outro”, escrevendo numa folha em branco as boas características dessa pessoa, resultaram na maior parte das vezes em gran-de e positiva surpresa para quem estava a ser alvo de intervenção, com ganhos efetivos a nível individual, salienta Teresa Peres.quanto aos benefícios ao nível da pertença a um grupo, o “roleplaying” foi uma das téc-nicas utilizadas, ao se propor que os alunos, em conjunto, encontrassem as respostas ade-quadas ao nível da construção de uma relação saudável com outra pessoa, quando colocados perante situações de tensão.No balanço sobre o efeito causado nos jovens abrangidos pelo projeto “Regras do Jogo”, Carolina Paulino destaca que encontrou uma realidade em que “cada um parecia viver numa concha” e que após a intervenção já havia bons indicadores no sentido da união, pertença e interajuda entre os alunos.A implementação do projeto, assegura a pro-fessora Paula Leal, tem gerado benefícios de saúde em quem foi intervencionado, tanto nos aspetos relacionados com a construção do indivíduo, como no plano social.Não devem ainda ser descurados os ganhos futuros, pois a prevenção do bullying, atra-vés de intervenção adequada, pode proteger todos os outros contextos onde há relações entre pessoas, de forma a evitar a perpetua-ção desta forma de poder, designadamente no mundo do trabalho, descrita como mobying.

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retr

ato

s

Um mostruário pequeno, com quatro ou cinco prateleiras, é tudo quanto Luís Octaviano tem para mostrar do trabalho que cria. A exi-bição espartana das malas, cintos, botas e botins que faz a partir de pele genuína não é mero marketing des-curado. Cada peça é única, original, personalizada aos gostos da clien-tela e o artesão não tem nada para mostrar na loja pois todas as cria-ções andam nas cinturas e nos pés das proprietárias das encomendas.A página do Facebook de Luís Octa-viano Designer é a melhor montra do artesão.“Não há duas peças iguais. Noto que, quando entra uma cliente pela pri-meira vez, a tendência é estranhar um pouco o conceito. Até desconfiam. De-vem-se perguntar o que sairá no final do trabalho”, analisa o setubalense de 47 anos.A verdade é que outra tendência que constata é o regresso das clien-tes com mais pedidos e com muitos mais pormenores e ideias sobre o que querem. “Sinal de que ficaram contentes, o que é sempre uma satisfa-ção pessoal”, conclui.

Animais à medida

Luís Octaviano recebe os clientes com um lápis e um papel branco. A

Central de bom gosto

A assinatura Luís Octaviano é a marca

de um artesão de peles. Cria peças únicas, ao

gosto e medida das encomendas. O ofício

foi castigo por faltar às aulas quando os campos de futebol o

raptavam da escola. Mesmo quando chegou

a profissional, da bola, neste caso, não esqueceu a moda. As

chuteiras que o digam

folha A4 serve de tradutor da tro-ca de ideias entre cliente e artesão. No final da conversa, a mesma fo-lha revela num esquisso tudo o que é pretendido. O resto é trabalho de oficina.Vacas e cabras, mas também croco-dilos e cobras. Luís trabalha qual-quer pele e todas as propostas são válidas para assegurar um trabalho final de excelência. “Vá, a de crocodi-lo é das mais difíceis, pois a pele quebra com facilidade. Pode ser uma tortura, mas isso não é problema. Só que a de cobra é bem mais fácil e pode dar resul-tados bem giros.”Acima de tudo, Luís Octaviano su-blinha que, além da originalidade, é a própria personalização das peças que marca a diferença. “Tudo é fei-to à medida. Não faz sentido ter uma coisa que mais ninguém tem, mas que também não se pode usar”, explica o artesão, enquanto mostra uns bo-tins especiais, trabalhados para uma cliente com próteses nas pernas e que necessitam de ajustes ainda mais precisos e específicos.

De olhos no chão

O ofício é uma paixão que admite sem pruridos. Aliás, reconhece o “vício terrível de estar sempre a olhar para os pés das senhoras para ver o que

estão a usar”. O que pode ser uma pena, “pois seria bem mais interessan-te se ao menos olhasse também para as caras, que são tantas vezes mais agra-dáveis do que os pés”, brinca.O hábito fez com que reparasse, in-clusivamente, em peças que criou a “passear” pelas ruas.O espírito crítico chegou a atraiçoá--lo nessas situações. “É engraçado, mas já reparei em peças que não gostei de ver. Notei depois que eram minhas! Mas aí tento ficar calmo e ouvir a mi-nha mulher a lembrar-me de que estão ao gosto das clientes. Bom, ao menos estão a usá-las, deve ser bom sinal…”, graceja.

Cunho de Porsche

No atelier pequeno, o tal onde existe o mostruário singelo, Luís Octavia-no faz tudo.Ao se entrar no número 9 do Lar-go do Ximenes, na Baixa da cida-de, próximo da Praça de Bocage, nota -se de imediato um odor in-tenso. Ali estão as peles que vão ganhar as formas dos corpos e gostos dos clientes e o cheiro é prontamente esquecido quando o olhar se distrai ao percorrer a de-coração acolhedora e a exibição de peças praticamente terminadas. Desenhos, peças em desenvolvi-

mento, pedaços de pele, pregos de aço, martelos e até chaves de fen-das. Em cima de duas bancadas a arte mistura-se de certa forma com o cenário de trabalho pesado. Afi-nal, o labor da pele exige do físico.Noutra dependência exígua da sala encontra-se o “Porsche” de Luís, a máquina de fresar e lixar, na qual faz os moldes à medida dos pés das “cinderelas” que encomendam tra-balhos no atelier. “Não quero ser pre-tensioso, mas considero que todas as peças que saem daqui são esculturas”, diz, despretensiosamente.

Equipado a rigor

Octaviano tem uma história de vida pouco comum. A paixão de hoje, o ofício, nasceu de um castigo.Gaiato, esteve prestes a chumbar por faltas, quando achava, aos 12 anos, que tudo o que queria aprender es-tava nos relvados, jogar futebol.A mãe, assustada pelo desapego aos livros, mandou o pequeno Luís de castigo para a oficina de um vizinho que fazia peças em pele. Foi tiro que saiu pela culatra.O contramestre reparou nas ape-tências do catraio quando o man-dou espiar e desenhar, ilegalmente, modelos em exibição nas montras da Baixa. As cópias saíram perfei-

tas, o gosto de Luís despontou e a escola virou, nessa altura, nota de biografia.Contudo, do futebol nunca abdicou. Octaviano chegou mesmo a profis-sional, ganhando notoriedade como defesa central, “como os antigos lí-beros”, principalmente no Campo-maiorense, onde levou a equipa à 1.ª Divisão na época 94/95.Uma lesão mal diagnosticada “e al-gumas invejas pela liderança que tinha na equipa” remeteram-no para a lis-ta de dispensáveis no campeonato seguinte, já no principal escalão da modalidade.A carreira acabou poucos anos de-pois, deixando “muita saudade pelo companheirismo”.Segurança durante seis meses, re-solveu apostar no atelier quando foi desafiado num reencontro com o vizinho e antigo contramestre.Embora o artesanato tenha ficado “esquecido nos anos do futebol”, nunca perdeu a sensibilidade para a moda.“Cheguei a pintar as chuteiras de preto para condizerem com o equipamento”, recorda a rir. “Temos de ver o mundo em que estava metido. A malta até me olhou de lado. Mas superava-me em campo e isso é o que conta. Era o líder da equipa. Não fazia mal nenhum jogar apresentável”, goza com as me-mórias o implacável defesa.

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rostoNúmero de série: folk

inic

iati

va

Linha de montagem culturalNão é artista, mas conhece muitos. Com uma crença muito forte no potencial da cidade, João Fernandes decidiu que tinha chegado a hora de fazer algo pela dinâmica cultural de Setúbal. Montou uma fábrica e já se veem resultados

João Fernandes, movido pela cons-tatação de que o concelho produz um manancial elevado de novos ta-lentos artísticos, sentiu necessida-de de arregaçar mangas e promover a atividade cultural made in Setúbal.Para isso, o jovem setubalense, 25 anos, criou um novo movimento juvenil de promoção dos artistas locais, o qual batizou, com recurso a “uma boa metáfora”, de Fábrica de Artistas de Setúbal. “Esta é uma ci-dade onde há imensos talentos a des-pontar”, defende.João Fernandes recorreu à mais po-tente arma promocional do século XXI, a internet, e abriu no Youtube o canal da Fábrica de Artistas.Uma câmara de vídeo, “emprestada por um amigo”, e um computador para pós-produção bastam para que o projeto esteja no ar “cibernético” desde junho de 2012.Neste empreendimento, despido de aparatos cinematográficos e bandas sonoras elaboradas, João Fernan-des é cameraman, jornalista, editor, produtor. Sozinho, realiza as curtas entrevistas que a Fábrica apresenta sobre jovens artistas talentosos mas a quem lhes falta o reconhecimento do público.“Quando tenho uma ideia tento tor-ná-la o mais prática possível. Por isso os vídeos são tão crus. O entrevistado é o principal”, sublinha.Miguel Reis, jovem cantautor co-

nhecido nos palcos por Tio Rex e amigo de João Fernandes, foi o últi-mo convidado da primeira tempo-rada da Fábrica de Artistas, consti-tuída por 11 episódios.“Notei diferenças no antes e no depois da entrevista. Fui mais vezes abordado e mais vezes chamado para espetácu-los”, constata.

Segunda temporada

Com o envolvimento de João Fer-nandes noutros projetos, o canal da Fábrica de Artistas entrou numa espécie de período sabático, mo-mento que está prestes a conhecer uma viragem.“Quando tenho tanta gente a dar-me na cabeça para voltar [ao Youtube], só posso pensar que estou no bom ca-minho. Em janeiro, vou regressar com novos episódios”, garante.Consciente de que a atenção do público precisa de ser desafiada, João já pensa nalgumas alterações ao formato dos vídeos, sem, com isso, alterar o espírito do projeto. Os episódios continuam a ter entre cinco a oito minutos, mas ponde-ra promover debates ou conversas informais entre jovens artistas de Setúbal.O espírito eclético, esse, é intocá-vel, com a Fábrica a dar tempo de antena a músicos, produtores de eventos, tatuadores, designers de

moda. Ou seja, todo o “catálogo” de arte urbana que o concelho tem em produção.“Há a tentativa de mostrar a diversi-dade cultural em Setúbal. Julgo que as pessoas não sabem do potencial da oferta que aqui existe. Há mui-tos anos que convivo com as vitórias e derrotas dos artistas de cá. Porque não ajuda-los a ter mais projeção?”, desafia(-se) João Fernandes.

Satisfação é aspirina Na linha de montagem desta Fábri-ca de Artistas faz-se mais do que vídeos promocionais.Pelas mãos de João, nasceu há três anos o Festival Ecos do Sado, criado com o mesmo princípio com que o canal na internet se rege: a divulga-

ção e oferta de diversidade cultural.“Não é fácil. Até é uma grande dor de cabeça. Mas, daquelas boas, que vale a pena ter”, confessa, por entre pau-sas suspiradas.Os cartazes do festival passam pelo metal e viajam até ao folk, visitando toda a imensidão de géneros musi-cais que se encontram pelo meio.Nuno Neves, amigo de João, que criou o genérico dos vídeos no Youtube e ajuda na concretização de projetos que a Fábrica realiza, salienta que “é tudo feito através de uma filosofia de honestidade e justiça cultural”.Conceitos algo abstratos quando aplicados às artes, mas que Nuno coloca com facilidade num plano concreto. “São projetos honestos por-que não procuram o lucro fácil. Não se

De entre vários talentos que a Fábrica de Artistas de Setúbal ajudou a promover, Tio Rex é um dos que prometem seguir mais longe.“Se este trabalho existe é porque a Fábrica pegou em mim e me fez acreditar que há potencial”, afirma Miguel Reis, sem que a voz denuncie qualquer nota em falso.Tio Rex saiu da Fábrica de Artistas com um “número de série” cunhado pelo folk e referências como Simon & Garfunkel, Johnny Cash, Joan Baez e Bob Dylan.Munido apenas de uma guitarra, compõe as letras, maioritariamente em inglês, e ficou-se durante muito tempo pelo “palco” da própria garagem.No grupo de amigos que o desafiavam para outros voos estava João Fernandes, cujo movimento cultural permitiu o grito do Ipiranga de Tio Rex, atualmente já com concertos para plateias mais vastas e até fora de Setúbal.Em abril, lançou o álbum “Tio Rex is preaching to a choir of friends and family” e agora já pensa na possibilidade de se juntar a mais músicos e dar outro corpo ao projeto.“Porquê ‘Tio Rex’? Essa é uma explicação que nunca ouvirão de mim. É uma piada privada. Mas até é giro, não é?”, fecha-se em copas o cantautor. Fica o marketing enigmático.

aproveitam do valor dos artistas e têm sempre presente o bem e o interesse da comunidade. São justos porque aca-bam por dar visibilidade a quem me-rece, tanto pela qualidade, como pelo empenho que demonstram.” Ambos, Nuno e João, sentem que lutam contra algumas tendências sociais com sintomas de apatia e comodismo. Sabem que há inte-resse pela cultura, mas nos eventos realizados pela Fábrica de Artistas notam alguma resistência, por ve-zes indiferença.Mesmo quando incluem nomes conhecidos muito para lá das fron-teiras do concelho. “Parece que há desconfiança sobre os projetos feitos por movimentos culturais como este”, desabafa João Fernandes.Ironicamente, Nuno Neves consi-dera que a internet tem um papel relevante na adesão do público a certos eventos.“Faz com que as pessoas se acomo-dem. Procuram trailers elaborados, cheios de efeitos especiais. Mesmo que seja um concerto da treta, um vídeo à Hollywood pode ser suficiente para captar a atenção”, avalia.Ainda assim, consciente destes fe-nómenos sociais, João Fernandes não abre mão da honestidade cul-tural e, na Fábrica de Artistas de Setúbal, Hollywood nunca decorará os valores que despontam na baía do Sado.

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História

Doze quintas compõem a chamada Várzea de Setúbal, área que teve os seus tempos áureos de agricultura, sobretudo na produção de laranja, e que agora vai dar lugar a um espaço verde de lazer, o Parque Urbano da Várzea.quinta do Paraíso, a maior, das Pal-meiras, a mais pequena, São Joa-quim, Azeda, Azedinha, Saudade, Boa Esperança, Inveja, quadrado, Próstes, Restaurada e Mouca foram as quintas que ocuparam a várzea devido aos solos férteis e às águas subterrâneas, conferindo a Setúbal uma notável importância na expor-tação de grande variedade de pro-dutos hortícolas e frutícolas.A atividade agropecuária, forte-mente marcada nos séculos XVIII e XIX, com extensos pomares da suculenta laranja da região, nalguns casos mantidos ainda no século XX, não era apenas desenvolvida nestas quintas do norte de Setúbal, mas também noutras zonas, principal-mente a oeste. No entanto, com o crescimento da população e da in-dústria conserveira, em detrimento da atividade rural, o espaço agrícola acabou por ser urbanizado e ocupa-do por infraestruturas inerentes ao

quinta que já deu frutoA laranja de Setúbal correu mundo num tempo em que o asfalto e as urbanizações

eram impensáveis nas paisagens de então. Dos solos férteis das quintas brotavam

os mais variados produtos hortofrutícolas. Algumas

subsistem, outras, abandonadas, como as da Várzea, vão dar lugar

a um espaço aberto ao lazer dentro da cidade

desenvolvimento socioeconómico.Algumas das propriedades da vár-zea, de pequena e média dimensão, dão atualmente nome a urbaniza-ções como a quinta das Palmeiras e a quinta do quadrado. Tal como a variante que contorna precisa-mente a várzea, construída para desviar o trânsito automóvel, prin-cipalmente o pesado, do centro da cidade, fazendo a ligação sobretudo entre a Avenida Antero de quental e a Estrada dos Ciprestes à Estrada Nacional 10, em direção a Azeitão e Lisboa.Outras quintas, como a da Aze-da, agora com a área prestes a ser convertida em parque urbano, foram descuradas pelos proprie-tários embora subsistam ainda elementos patrimoniais intrínse-cos à atividade agropecuária. Inês Vidal de Goes, na dissertação de mestrado em Arquitetura Paisa-gista, em 2012, refere que “muitas destas quintas encontram-se agora em abandono”, propriedades que se estendem sobretudo a norte da cidade, em direção à Baixa de Pal-mela. Cada quinta, além da parcela de cultivo, contava com uma área residencial dos proprietários, outra

dos caseiros e equipamentos fun-cionais e estéticos.

Poço de história

No estudo que fez sobre a Várzea de Setúbal, intitulado “De Espa-ço Rural Agrícola a Espaço Público Urbano”, Inês Vidal Lopes ressalva o valor patrimonial das quintas do Paraíso, da Azeda e de Próstes.Moradias, tanques e sistemas de rega e de distribuição de água são elementos que ainda persistem, embora em estado de degradação ou mesmo em ruínas.O sistema de distribuição de água da quinta de Próstes é, talvez, um dos exemplos desse património deixado ao longo de várias gerações. Um poço, uma nora e um aqueduto encontram-se em ruínas, é certo, ainda na área daquela propriedade.A autora menciona no seu trabalho académico que “a água retirada do poço, através da nora, era lançada sobre um aqueduto”. Dali, a água era encaminhada, “para oeste, para um grande tanque de rega” e, “para este, para casa do proprietário”, local onde ainda se encontra um pombal entre um aglomerado de ruínas.

Um processo rudimentar mas en-genhoso, com a água a correr por caleiras, construídas em alvenaria e tijolo, e a regar os campos através do sistema de sulcos e caldeiras.Indissociável da quinta da Aze-da é o emblemático mirante (ver peça nestas páginas) que, embora degradado, além do valor estético que possui, constitui um marco na arquitetura do início do século XX, sendo uma das mais antigas obras em que foi utilizado betão armado. Além do monumento, existe a re-sidência de dois pisos, do final do século XIX. Curiosa é a ligação da habitação ao mirante, feita através de um passadiço aéreo em ferro.

Laranja de regresso

Originalmente da China, a laran-ja chegou à Europa no século XV e estima-se que, um século depois, o citrino produzido em Setúbal figu-re na lista dos produtos exportados por Portugal.Até ao desenvolvimento industrial e, em particular, ao advento da in-dústria conserveira, Setúbal era fa-mosa pelas suas quintas, sobretudo no norte e no oeste, com pomares a

perder de vista e os melhores pro-dutos hortofrutícolas a abastecerem mercados.Cobiçada em terras distantes, era a laranja que aqui nascia em solos prósperos, como os da quinta das Machadas, pertencente à famí-lia O’Neill, desde o século XVIII, a grande responsável pelo incentivo da produção deste citrino.“Setúbal foi considerada a capital da laranja. Onde começou a sério foi aqui e só depois passou para o Algarve”, lembra Hugo O’Neill, que recriou recentemente naquela propriedade o pomar original pela simples razão da inexistência de cultivo organiza-do de laranja na zona e pelo marco histórico e económico deixado pe-los antepassados.Por vaidade ou simples orgulho, as palavras de um dos escritores que marcaram a literatura do século XIX, o dinamarquês Hans Christian Andersen, que passou por Setúbal em 1866, são reescritas incansavel-mente:“Em breve temos Setúbal a St. Ybes dos ingleses, onde laranjais, seguindo-se uns aos outros, cobrem todo o vale, de Palmela a S. Luís e à Arrábida para os lados do oceano.”

AZEDA. Foto de 1958, do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

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Edifício

Estória

mem

óri

a

hojeontem

Sessenta décadas separam uma e outra imagem do edifício que foi a primeira instituição bancária de Setúbal e que

agora possui uma galeria de artes municipal. Américo Ribeiro captou,

em 1953, a então agência do Banco de Portugal, que funcionou, entre 1918 e 1994, numa Avenida Luísa Todi ainda

despida da atual urbe. No contexto inverso e, no entanto, a partir do mesmo

ângulo, o fotógrafo José Luís Costa mostra o aproveitamento de um dos mais belos edifícios art deco num espaço em que a

moeda de troca é agora a cultura.

Horizontesem memória

Modelo 8 (GB)Se fosse hoje, teriam ficado destruídos os sé-culos de história que arderam no incêndio de 1910 nos Paços do Concelho? Provavelmente, não, mas se recuarmos trinta anos é possível que toneladas de papel voltassem a desapa-recer nas cinzas, tal como no início do século passado. No entanto, em plena era digital, um (com-plexo) sistema informático permite registar com maior rapidez e em maior quantidade quaisquer dados e em rede. É o que acontece nas empresas e nos serviços públicos, como os da Câmara Municipal de Setúbal. Embora haja um sem número de vantagens quoti-dianas, o certo é que muitos ofícios manufa-tureiros tornaram-se obsoletos e foram-se perdendo no tempo. O Orfanato Municipal de Setúbal, que aco-lhia rapazes até aos 18 anos, foi um local de aprendizagem do ofício de tipógrafo e de en-cadernador. Nas oficinas do orfanato foram executados os chamados livros Modelo 8, re-quisitados pela Autarquia para o registo das

MIRANTE. Foto da Estrada dos Ciprestes, de 1974, do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro

receitas cobradas através das taxas e licenças municipais. “Este livro, dadas as suas dimensões de um me-tro de comprimento e pelo seu peso, era sempre

uma dor de cabeça para o mestre da tipografia”, recorda António Santos, que cresceu no or-fanato, autor do livro “Para Lá dos Portões do Asilo”.

Até chegarem às mãos dos funcionários dos serviços da tesouraria e da secretaria, que com todo o prumo se esmeravam no manu-seamento e na caligrafia, os 24 exemplares de Modelo 8, dois para cada mês e serviço, passavam por um processo moroso, dadas as especificidades do material utilizado.A capa que revestia cada exemplar era fei-ta com duas folhas de papelão sobrepostas, pregadas com taxas próprias. Já as folhas in-teriores, impressas na máquina Marinoni, com todas as colunas exigidas para o processo administrativo, eram “cosidas a ponto de luva”, serradas para serem separadas em cadernos e novamente cosidas, prontas para receberem as “guardas em papel almaço de 120 gramas”. Depois de aparadas, o que normalmente acontecia noutras oficinas porque a guilhoti-na do orfanato não suportava corte daquelas dimensões, os cadernos eram montados com as capas já preparadas, levando uma lombada revestida a tecido de algodão sarjado cinzen-to, reforçada nos cantos com a mesma cor.

O mistério em volta do mirante da quinta da Azeda mantém-se década após década, continuando desco-nhecida até hoje a sua função.E como tudo o que é curioso suscita diferentes inter-pretações muito se tem cogitado aqui e ali sobre a ser-ventia daquele monumento em betão armado e ferro forjado, convém dizer que esta é uma construção do início do século XX.Impossível não dar por ele, sobretudo para quem des-ce a Avenida Antero de quental, umas das principais entradas na cidade, e converge com a Estrada dos Ci-prestes, desconhece-se o seu proprietário, bem como da quinta onde está localizado.Diz-se que o dono o mandara construir para poder “mirar” a entrada e saída dos barcos na barra de Setú-bal. Outra versão é a da serventia para própria quinta, de onde os capatazes controlavam os trabalhadores. Por último, a interpretação que parece ser a mais ló-gica é a função meramente decorativa e ostentativa do chamado Mirante da Várzea, rivalizando assim com as quintas vizinhas, de maior dimensão.Por muito que se especule sobre a razão da sua constru-

ção, o mirante está referenciado pela Direção-Geral do Património Cultural como um exemplar das primeiras utilizações do betão armado não só em Setúbal como no País, no início do século XX.Também o ferro acompanha a estrutura piramidal, de três pisos, assente em dez pilares que rodeiam uma cisterna. A escadaria, que conduz ao último piso, abri-

gado por um teto cónico, e o varandim em torno dos patamares são exemplos da influência da arquitetura em ferro.Já o acesso a esta curiosa peça arquitetónica faz-se, não pelo chão, mas por um passadiço aéreo em ferro que liga o monumento à habitação, uma construção dos fi-nais do século XIX.

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inte

As audições da primeira edição de “Luísa Todi – Jovens Clássicos”, entre 26 de 28 de dezem-bro, prometem encerrar em grande a progra-mação cultural de 2013 do Fórum Municipal, com a música erudita a assumir um lugar de destaque.A iniciativa não se trata de um concurso, mas sim de uma rampa de lançamento de cantores líricos jovens ou em início de carreira.Idealizado e dinamizado pelo diretor do Fórum Luísa Todi, João Pereira Bastos, o projeto, de periodicidade anual, tem como principal ob-jetivo que os candidatos selecionados todos os anos integrem uma lista de artistas de qua-lidade elegíveis para futuras contratações em elencos de produções musicais profissionais a realizar com o selo do Fórum Municipal.O projeto setubalense vai funcionar em estrei-ta parceria com o Prémio Jovens Músicos, pro-movido pela RTP para distinguir instrumentis-tas de música erudita em início de carreira.Os vencedores de ambos os projetos vão assim constituir uma lista de jovens profissionais que poderão ser convidados no futuro a participar em espetáculos a produzir a partir de Setúbal, mas que se pretende que sejam abraçados por uma rede de auditórios públicos em todo o País.As primeiras audições, de entrada livre ao público, realizam-se no dia 26, às 15h00 e às 21h00. Os finalistas anunciados no dia 27 à tarde participam na finalíssima, com bilhetes a dois euros e agendada para 28 de dezembro, às 21h30. Todas as prestações decorrem, natural-mente, no Luísa Todi.Depois de um ano de 2013 em que o Fórum Municipal se afirmou no concelho e na região como uma referência no panorama cultural, 2014 promete reservar um polo artístico que ultrapassa a simples sala de espetáculos, afir-mando-se como um centro com uma palavra a dizer no campo da intervenção social no âmbi-to da cultura.

Natal vai às

janeiras

quadra jovem e clássica

Concertos, cinema, teatro, dança, animação de rua e artesanato inte-gram o vasto programa “Natal em Setúbal 2013”, dinamizado ao longo de todo o mês de dezembro e que só termina em janeiro.O programa é desenvolvido pela Câmara Municipal em parceria com várias associações, coletividades e instituições do concelho, bem como juntas de freguesia.Ao nível de espetáculos, o projeto apresentou vários concertos, en-tre os quais se incluem atuações da Orquestra Clássica do Sul, pela primeira vez em Setúbal, e da Or-questra Metropolitana de Lisboa e do coro Lisboa Cantat, com a obra “Oratório – O Messias”, de Haendel, ambos no Fórum Municipal Luísa Todi.

De entre os inúmeros espetáculos musicais a decorrer no concelho, destaque ainda para a “Tempora-da Musical em Azeitão”, promovida pela junta de freguesia local, com concertos, até 1 de fevereiro, em vá-rias igrejas e capelas.Mas nem só de música se faz o “Na-tal em Setúbal”. Teatro infantil nos serviços centrais da Biblioteca Pú-blica, equipamento municipal que, no Polo da Gâmbia, também aco-lheu ateliers para os mais novos e workshops de gastronomia de culi-

nária na Escola de Hotelaria e Turis-mo de Setúbal são outras propostas no programa pensado para a quadra natalícia.O desporto, presente através de uma manhã ativa dos utentes do projeto municipal “Desportivamente em (Re)Forma”, ateliers de origami na Casa da Cultura e animações de rua pela Baixa da cidade com as compa-nhias Teatro do Elefante e Espelho Mágico desafiam de forma original a população a viver ativamente o espí-rito de Natal.

Na cidade, por exemplo, pais na-tal motards desfilaram pelas ruas e entregaram prendas a crianças ca-renciadas, enquanto na Gâmbia se realizou a tradicional festa natalícia para a miudagem local.Na Casa da Cultura, já em Setúbal, atores do Teatro Animação de Setú-bal contaram histórias infantis aos mais novos e, em Vila Nogueira, tem lugar o programa “Espírito de Natal em Azeitão 2013”, com diversas ini-ciativas.O cinema, patente através de esco-lhas temáticas para o Fórum Luísa Todi, inclui ainda, nesta sala, atra-vés do ciclo “Lauro António Mas-terclasses”, a projeção especial da longa-metragem “Natal Branco” em pleno dia 25 de dezembro, à tarde.O programa festivo da quadra con-ta com um concerto de reis, a 5 de janeiro, na Igreja de S. Simão, em Vila Fresca de Azeitão, sendo que, a 6, nos Paços do Concelho, o Grupo Coral “Os amigos do Independen-te” e o grupo Toquivozes cantam as janeiras. O programa completo do “Natal em Setúbal 2013” pode ser consultado em www.mun-setubal.pt.

Ano Novocelebrado à beira-rio

A entrada em 2014 é celebrada com uma festa que liga Setúbal a Troia, na qual são

esperadas mais de 20 mil pessoas. O programa “Azul”, dinamizado ao longo de cinco dias, tem música, atividades de

turismo de natureza e um espetáculo de fogo de artifício sobre o plano de água do rio

na noite mais longa do ano

Setúbal e Troia voltam a juntar-se para dinamizar o programa “Venha Passar um Fim de Ano Azul numa das Mais Belas Baías do Mundo”, com muitos momentos de animação e iniciativas para as populações e visitantes das duas margens do rio. Na Doca dos Pescadores, epicentro das festividades em Setúbal, a ani-mação musical começa às 22h30 com um concerto por João da Ilha. Mais tarde, à meia-noite e meia, há um set musical proporcionado pelo DJ Monchike.Pouco antes das 12 badaladas, os olhares centram atenções no hori-zonte do Sado para um fogo de artifício projetado sobre o plano de água do rio. À hora certa, erguem-se os copos num brinde a 2014. A animação da noite mais longa do ano envolve a participação de mais de duas dezenas de bares da Avenida Luísa Todi e da zona à beira-rio, que promovem um programa especial de divertimento e folia que, nalguns casos, se prolonga até ao amanhecer. Em Troia, o programa da noite de passagem de ano inclui, no espaço “Tenda Azul”, a partir das 21h00, a atuação do DJ Tó Patronilho e, no Casino de Troia, das 21h00 às 05h00, um set pelo DJ Nebur.O “Fim de Ano Azul”, disponível na versão integral em www.fimde-anoazul.com, dinamizado entre 28 de dezembro e 1 de janeiro, con-ta, em Troia, com várias atividades de lazer e de turismo de natureza

orientadas para as famílias, além de espetáculos de música e ateliers temáticos, iniciativas dinamizadas ao longo de cinco dias, em vários locais da península.O réveillon 2014 integra o programa “Azul”, projeto iniciado em 2012, o qual deu o arranque a uma parceria Setúbal-Troia na realização de eventos de aproximação das duas margens do rio.A iniciativa é organizada pela Câmara Municipal de Setúbal e troia-resort, em parceria, entre outras entidades, com o Turismo Lisboa e Vale do Tejo, a Câmara Municipal de Grândola, a Águas do Sado e a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra.