revista rock meeting #50

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Revista Rock Meeting #50 - Destaques: Sepultura, Coluna – Doomal no Doomsday Fest, News – World Metal, Shows – Monsters of Rock, Entrevista – Instincted | Riccardo Veronese | Sodoma | Hicsos, Diário de Bordo – Black Sabbath, Novas Colunas – Lapada | Movie. [email protected] | rockmeeting.net. Free download - http://bit.ly/RockMeetingN-50

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Editorial

Todo mundo tem um sonho. A dimen-são chega a ser surreal, inconcebível, impossível. O campo das ideias é tão

fértil que assusta. Mas é um campo que deve ser explorado. Aí, o sonho de torna real. Seus medos foram colocados em segundo plano – ou des-cartados –, a vida ficou mais fácil, até respirar ficou mais simples. Coração batendo mais for-te, arrepios, friozinho na barriga... Neste sentimento que estamos aqui, na edição Nº 50, feita com toda dedicação e pensando simplesmente no que apresentar ao leitor. Grandes novidades, promoções e uma infinidade de informação que trazemos para todos. Queremos que aproveite ao máximo esta edição especial e confira a coletânea que produzimos especialmente para os nossos lei-tores. Muito obrigado. Sem vocês não estaría-mos aqui!

I had a

dream...

Page 4: Revista Rock Meeting #50

Table of Contents06 - Nova Coluna - Lapada 09 - Coluna - Doomal13 - News - World Metal17 - Entrevista - Riccardo Veronese22 - Diário de Bordo - Black Sabbath26 - Review - Monsters of Rock32 - Capa - Sepultura44 - Entrevista - Instincted48 - Nova Coluna - Movie51 - Entrevista - Sodoma54 - Entrevista - Hiscos

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Direção Geral Pei Fon

Revisão Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima Colaboradores Canuto Jonanthas Ellen Maris Mauricio Melo (Espanha) Sandro Pessoa Wildred Gadelha Agradecimentos Alexandre Afonso Charley Gima

CONTATO

Email: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

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Quando, há alguns meses, a amiga Pei Fon me convidou para escrever uma coluna na Rock Meeting, eu aceitei

imediatamente. Mas depois me perguntei: sobre o que eu escreverei? Tá bem, eu escre-vo sobre metal desde 1990 e assunto nunca vai faltar. Nunca. O aspecto que me deixou inicialmente preocupado, é que, nunca houve tanta notícia sobre metal. São milhares de sites, blogs, colunas, textos, vídeos, podcasts e por aí vai. Muita informação. Talvez, em ex-cesso, mas isso é uma outra questão. De modos que me lembrei na hora de escrever este texto de um debate que partici-pei no dia 17 outubro. O pessoal do festival No Ar Coquetel Molotov, evento que completou a décima edição no mês passado, me convidou para discutir a cena pernambucana junto a Mathias Canudo (guitarrista do Desalma) e Alcides Burn (designer, vocalista do Inner Demons Rise e dono da The Burn Produc-tions). Entre os assuntos que conversamos, um, eu gostaria de explorar mais a fundo: a presença (no caso, a ausência) do público nos eventos mais recentes.

Há alguns anos, a reclamação geral era que os shows locais não eram prestigia-dos pelo público local. Uma cena que conta com nomes como Decomposed God, The Ax, Malkuth, Terra Prima e Cruor, só para citar os mais antigos, estava sofrendo com audiên-cias pequenas. Mas os shows de bandas do Sudeste e de fora do Brasil sempre tinham bastante público. De uns dois anos para cá, a coisa se ampliou. Não só os eventos locais es-tavam vazios. Gradativamente, você via que bandas de São Paulo também tocavam para

De quem é a culpa?

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ninguém. E notamos, infelizmente, este ano que o fenômeno chegou aos nomes estrangei-ros. Só neste ano, tivemos no Recife shows de bandas como Skull Fist, Enforcer, Destruc-tion (duas vezes), Circle II Circle, Legion of the Damned e Vader. À exceção do primeiro show do Destruction, em janeiro, e do Abril Pro Rock (que teve Sodom, Krisiun e Dead Kennedys), todos os outros eventos deram prejuízo. Agora a pergunta: por que isso está ac-ontecendo? De quem é a culpa? Das bandas?

Dos produtores? Do público? Em minhas conversas e pesquisas, a reclamação geral é com o público. Mas, em minha opinião, é quem menos tem culpa. Para mim, o que há de errado é a maneira como se está comuni-cando com quem frequenta os shows. É um assunto complexo e, muito provavelmente, vai voltar à coluna Lapada. Vai, porque, ou ele se resolve de uma maneira ou de outra. Mais importante: sem público, não se faz metal. Até o mês que vem.

De quem é a culpa?Foto: Pei Fon

Público compareceu em massa no primeiro show do Destruction em janeiro, no Recife. O que não aconteceu na sua segunda passagem, em setembro.

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Doomsday Fest - Resenha Como a grande maioria das pessoas sabem, o doom metal não é dos subgêneros mais populares da música pesada. Mas isso não impediu de forma alguma o sucesso do primeiro Doomsday Fest, evento que reuniu cinco excelentes bandas do gênero na noite do último dia 12 de outubro. Cheguei ao Arena Metal às 22h, horá-rio em que estava previsto o inicio do even-to, e a casa ainda estava relativamente vazia. Claramente havia um atraso na programa-ção, coisa que já virou de praxe em eventos do tipo. O que surpreendeu, no entanto, foi a quantidade de pessoas que começaram a che-gar no local. Logo o espaço do Arena, que não é pequeno, se encontrava quase todo ocupa-do. Com aproximadamente uma hora de atraso por conta de problemas técnicos e o

tempo de setlist reduzido, a Lúgubres sobe ao palco para dar início ao festival, abrindo com a música “Heavy Chains Of Sorrows Put My Soul to Down”. O grupo, que lançou um slipt com a banda Les Mémoires Fall em 2012, ape-sar de ter seu tempo de palco reduzido, não mostrou desânimo. Passando uma energia super positiva ao público, emendaram com “Autumn Of The Soul”, também contida no split. Para fechar o set escolheram a ótima e inédita “Death (or Hymn Of Essential True)”.A banda paulistana mostra um doom metal cheio de melodia, peso e bem executado. Só fica minha ressalva para o vocais, que a meu ver, poderiam ser mais trabalhados. Após um pequeno intervalo para troca

Por Mirella Max (HellArise)Fotos: Fabio Braga

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de equipamentos das bandas, vem ao palco Les Mémoires Fall, banda de São José dos Campos (SP) que se prepara para lançar o primeiro álbum intitulado “Endless Dark-ness of Sorrow”. Dando início ao show com a inédita “Mourning Your Death” e emendando com “My Death”, o grupo mostra a que veio, tocando um doom com fortes influências de gothic metal, mesclando vocais guturais com femininos. Seguiram com as também novas “River Of Pain” e “My Last Pain”, para finali-

zarem o set com a ótima e já conhecida “De-ception”. A banda, que tem apenas dois anos de idade, deixa uma ótima primeira impressão ao ouvinte. Fugindo daquele doom mais ar-rastado e adicionando um pouco mais de dinâmica às músicas, o sexteto liderado por Emerson Mördien deixa uma boa impressão ao vivo e aquela curiosidade de conferir o vin-douro full-lenght. Logo após, diretamente de Goiânia (GO), veio o ApocalyptichaoS. Depois de uma breve introdução intitulada “Prelude to De-cember” a banda entra com a nova “Lies”, emendando na empolgante “Reborn From My Ashes”. Os goianos seguem com “Cry In The Dark”, o excelente single de 2012 que vem apenas para aumentar a empolgação do público. Em seguida, sobe ao palco Rafael Sade (HellLight) para um cover improvisado de “Teargas” do Katatonia, o que cativa ainda mais os presentes. “Never Be”, mais uma no-vidade para os fãs, vem para anteceder “Ne-mesis”, o primeiro single da banda, que fecha o set no ponto alto do show. Mesmo com a voz do vocalista San-dro Pessoa danificada em função da longa viagem, a banda conseguiu fazer uma apre-sentação extremamente bem executada, di-

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nâmica e que em momento algum se tornou entediante. Com um som pesado mas cheio de melodia, com passagens tanto lentas quan-to mais rápidas, o ApocalyptichaoS deixa um gostinho de quero mais, pois se os trabalhos de estúdio tem uma ótima produção, ao vivo o grupo não fica nada atrás. Com um intervalo um pouco mais lon-go dessa vez, chega a vez do Mythological Cold Towers, aclamada banda com 20 anos de estrada e amplo reconhecimento nacio-nal e internacional. Abrindo com “Lost Path to Ma-noa”, música do aclamado “Immemo-rial” de 2011, a banda leva o público à frenesi, emendando com a clássica “In The Forgotten Melancholic Waves of The Eternal Sea”. Em seguida arrebatam com o público com “Fal-len Race” e “Like an Ode Forged In Immemo-rial Eras”, também do último trabalho, e “The Shrines of Ibez”. “Immemorial” e “Akakor” foram escolhidas para dar sequência ao espe-táculo, terminando com “Contemplating The Brandish Of The Torches”. Mantendo a atenção dos presentes em todos os momentos, a banda mostrou o por-quê do sucesso entre o público do doom me-tal. Apesar de não ser um som pra qualquer um, tendo menos dinâmica e músicas com uma característica mais arrastada, a exce-

lente execução e todo o feeling esbanjado pe-los paulistanos garante o bom entretenimen-to. Por último e já com a casa um pouco mais vazia (aparentemente boa parte do pes-soal havia vindo especialmente para ver o Mythological Cold Towers), veio o HellLight, banda de funeral doom já bem conhecida na cena e que dispensa apresentações. Deram início com as novas “No God Above, No De-vil Below” e “Shades of Black”, seguindo com

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a já clássica “Nexus Alma” do album “Fune-ral Doom”. Apresentando a também nova “Unsacred”, deram sequência com “Winter’s Theatre”, do primeiro álbum do grupo. Para encerrar o set escolheram “Fear No Evil”, que foi recebida com entusiasmo e cantada por boa parte dos presentes. Assim, a banda de São Paulo fecha o evento, tocando com maestria um fune-ral doom cheio de melodia, feeling e peso (o que atribuo especialmente ao baterista Phill Mota, que não tem dó de sentar a mão na ba-teria). O único ponto negativo fica para o som da casa - o vocal de Fábio estava estourando e os teclados estavam extremamente altos, di-ficultando a audição e até incomodando em

certos momentos. Com um público estimado de 320 pes-soas vindas de diversos estados do país espe-cialmente para o evento, chega-se a conclusão de que a cena doom metal não é tão pequena quanto se pensa, e que basta boa vontade e união entre as bandas e os fãs pra fazer o mo-vimento crescer. A qualidade do som da casa também fica como ponto positivo, tendo pecado ape-nas na última apresentação. E que venha um próximo Doomsday Fest!

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“To my father”

O renomado guitar-rista gaúcho Paulo Schroeber lançou o vi-deoclipe para a música “To My Father” em divul-gação ao elogiado álbum “Freak Songs”, lançado em 2011. No belo vídeo o músico contracena com a bailarina Lisa Susin e demonstra mais uma vez toda sua técnica, marcan-do o retorno de um dos grandes nomes da guitarra brasileira!Para assistir o videoclipe clique AQUI.

Liberado

A banda carioca Hatefulmurder liberou a música “Gates Of Despair” para audição gra-tuita no SoundCloud oficial na última segun-da-feira (30/09). A faixa estará presente em seu disco full-lenght, ainda sem data de lança-mento prevista.Para audição gratuita da música clique AQUI.

Primeiro vídeo

A banda feminina de Hard/Grunge Marie Dolls lançou o primeiro videoclipe da carreira para a música “Desires My Fall”, que integra o track list do EP de mesmo nome, lançado em 2013. O vídeo foi produzido pela Quadro Pro-ductions com direção de Kleyton Souza.Para assistir o videoclipe clique AQUI.

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Maio de 2014

O Metal All-Stars, formado por Phil Anselmo, Max Cavalera, Joey Belladonna, Nick Menza e outros músicos, fariam uma tour sul-a-mericana em novembro, porém os planos foram adiados.A mudança ocorreu pelos inúme-ros shows no mês de novembro. Agora só para ano que vem, para ser mais preciso, em maio de 2014 que poderemos ver um show do Metal All-Stars. O que já tem confirmado é a tour europeia que vai contar com a presença de músicos como Udo (Accept), Ross The Boss (Manowar), Rob “Blasko” Nicholson (Ozzy Osbourne), Cronos (Venom) entre outras feras.

“Jeff não está mais aqui”

O baixista/vocalista do Slayer, Tom Araya, concedeu uma entrevista para a Bilboard.com e falou sobre o futuro da banda. E sobre tocar sem Hanneman, Araya se emociona: “De vez enquando tenho que lembrar que ele não vai voltar mais. É desse jeito agora. Te-nho que me lembrar de que ele não está mais vivo. Isso é difícil”, pontuou.

Cd em 2015

A banda finlandesa Nightwish foi entrevis-tada pelo o site holandês Lord of Metal, den-tre outras coisas, o tecladista Tuomas Holo-painen conta que o cd será lançado em 2015 e que no verão de 2014 vão se juntar para pro-duzir o sucessor de “Imaginaerum”. O cd será lançado na primavera europeia e logo virá a turnê mundial. Enquanto isso assista mais um trailer de “Showtime, Storytime” AQUI.

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Confirmado

Há quem pensava que o ita-liano Fabio Lione não servisse para o Angra. Ledo engano. Em entrevista para o Cult Ma-gazine, Felipe Andreoli con-firmou que Lione vai gravar o próximo álbum da banda. E ainda disse mais: “Fabio é um cara que toma a sua cervejinha e fuma o seu cigarro antes do show, mas a voz dele não aca-ba. É impressioante. Ele não alcança os tons mais altos do Andre, mas faz um trabalho maravilhoso”. Agora é só esperar para conferir o novo álbum do Angra.

Março de 2014

A banda finlandesa HIM já tem mês marcado para vir ao Brasil. Por meio do jornalista José Norberto, que adiantou a notícia, e confir-mado pelo baterista do HIM pelo facebook, a banda já fechou uma turnê pela América La-tina. Além do Brasil, a banda vai passar pela Argentina, Chile e México. Agora é aguardar as informações sobre o local, data e valores dos ingressos.

Novo álbum

A banda estadunidense Adrenaline Mob, de Russel Allen (Symphony X), já divulgou a data do sucessor de “Covertá”. E não vai aguardar muito, o disco está previsto para 18 de fevereiro de 2014. A banda ainda não tem um substituto para Mike Portnoy que deixou a banda por falta de tempo e agora segue com o The Winery Dogs. Por hora, Allen disse que não vai esperar por ele (Portnoy), mesmo porque, o “Omertá” já estava pronto antes dele entrar na banda chamado por Allen.

Foto: Pei Fon

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Trabalhando Duro

Sebastian Bach está tra-balhando duro no seu pró-ximo álbum que tem pre-visão para lançamento no início de 2014. O sucessor de “Kicking & Screaming” está sendo produzido novamente por Bob Marlette que já tra-balhou com Rob Zombie, Black Sabbath e outros. O novo cd traz a participa-ção de Duff McKagan, John 5, Steve Stevens, Devin Bronson, por exemplo. “Estou extrema-mente animado para que todos vocês ouçam”, e nós também Bach.

Documentário

Os mineiros do Tuatha de Danann lança-ram um documentário de 26 minutos que fala sobre a volta da banda após um hiato de três anos. Intitulado “The delirium is not over” o vídeo reanima os fãs da banda. Produzido pela Black Project Produções e dirigido por Bruno Estever narra o período em que a ban-da esteve parada e a sua volta aos palcos. As-sista ao documentário AQUI.

Depoimento

A banda paranaense Kattah liberou um ví-deo com depoimentos do produtor Roy Z e o engenheiro de som Andy Haller, que estão trabalhando na produção do novo álbum de estúdio do grupo, intitulado “Lapis Lazuli”. No vídeo ambos falaram sobre pré-produção, processo de preparação para gravação, a im-portância de bons equipamentos no estúdio e muito mais! Assista AQUI.

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“(...) passei por muita dor e dificuldade na minha vida,

então é por isso que eu gosto de compor músicas

sombrias”Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding)Tradução: Marcelo BauduccoFotos: Divulgação

EntrevistaRiccardo Veronese

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Conversamos, recentemente, com o guitar-rista Riccardo Veronese (à direita na foto), que é um dos nome mais atuantes dentro do cenário Doom. Dentre as três bandas que Riccardo participa, podemos chamar uma de super grupo Doom: Aphonic Threnody. Ela reúne membros do Urna, Gallow God, Pantheist e Leecher. Nessa conversa ele nos contou mais sobre suas bandas, download ilegal, seu estado de saúde e por ai vai.

Olá, Riccardo, como você está se sen-tindo depois daquele seu pequeno problema de saúde?Oi, Rodrigo. Eu estou bem melhor agora, obrigado. Foram alguns meses difíceis e só agora estou voltando à minha rotina nor-mal.

Você aproveitou pra compor durante esse tempo em casa?Eu não fiz nada relacionado a música por cerca de um mês. Mas, nos últimos meses, estive ocupado escrevendo material novo. De um modo geral, até que escrevi bastante música.

Para os leitores que não conhecem sua banda, Gallow God, poderia fazer uma biografia resumida?O Gallow God começou há alguns anos, em 2004. Eu e o Dan começamos a trabalhar juntos num projeto de Doom Metal usando o nome Celephais, com a intenção de não ser nada além de um projeto de estúdio que lan-çaríamos se o resultado acabasse sendo bom. Quando estávamos terminando de gravar o EP, decidimos expandir o projeto numa ban-da completa e trouxemos Jim Panlilio para a bateria e Martin Singleton para o baixo. A mudança de nome de Celephais para Gallow

God foi feita no início de 2010. Martin deixou a banda, então eu e Dan voltamos a trabalhar só nos dois no álbum The Veneration of Ser-pants e o completamos em 2012. Então nós trouxemos o Mitch como baixista e o Cris, da minha outra banda, Dea Marica, para a bate-ria.

Em que pé está o Gallow God? Vocês lançaram o Veneration of the Seraents em abril, como foi a recepção?A recepção foi ok, mas o álbum não deslan-chou como eu imaginei que iria. Isso se deve, parcialmente, a sua fraca divulgação e a falta de um contrato. As pessoas esperaram mui-

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to tempo por este álbum e, quando nós terminamos, ainda demorou cin-co meses até ele ser lançado. Então, acredito que muito do interesse des-pareceu.

Houve uma mudança no lineup desde o EP False Mystical Pro-se para este novo CD. Ouvindo o disco, não parece que estes membros foram substituídos, devido ao entrosamento da ban-da. Como está a situação atual?Pra ser honesto, eu e o Dan tocamos tudo no EP False Mystical Prose e no The Veneration of Serpants. O Mitch tocou baixo no The Circle, pro qual o Dan já tinha escrito as linhas de baixo e o Jim e nosso ex-baterista adiciona-ram algumas partes em algumas fai-xas. Então não tivemos muita contri-buição dos outros membros.

Neste meio tempo, você lançou um projeto chamado Dea Mari-ca junto com Roberto Mura, do Urna. Como surgiu a ideia para

este projeto?Eu estava esperando o Dan acabar as partes dele, já que ele tinha muita bateria e guitarra pra gravar, então decidi fazer outro projeto, já que tinha muito material que não ia usar no Gallow God. O Roberto me contatou e nós começamos o projeto Dea Marica.

No EP “The Ritual of the Banished”, comparando com este novo material, nós notamos uma grande evolução nos vocais do Roberto. Neste material, você puderam explorar mais a fundo esta linha que falhou no EP?

Eu acho que no novo álbum nós tivemos uma estrutura melhor e o Roberto teve mais liber-dade para se expressar. Eu escrevi tudo para Ritual e foi legal deixar o Roberto fazer a ma-gia dele e se soltar neste álbum, o que ele fez com muito sucesso. O feedback tem sido óti-mo.

O álbum The Curse of the Haunted Al-bum foi lançado recentemente, mas o áudio já estava disponível na página deles no bandcamp. Como foi a recep-ção deste material?Foi muito positiva e nós assinamos logo em seguida com a Weird Truth Productions, en-tão estamos muito felizes com o resultado. As pessoas estão começando a ver do que real-mente se trata a nossa música. Não contente com todas essas bandas, você atualmente faz parte do projeto Aphonic Threnody, que inclui outros membros de bandas conhecidas do ce-nário Doom. Como surgiu a ideia deste projeto?Eu e o Roberto estávamos de boa um dia e eu disse “vamos fazer um projeto de Funeral Doom”. Ele riu, mas logo percebeu que eu es-tava falando sério. Nós começamos a trabalhar bem rápido nele, a ideia da banda e o conceito foram feitos em alguns dias. Eu nunca tinha feito este estilo de música e é uma nova área fantástica que posso explorar.

O CD vai ser lançado pela Weird Truth Production no Japão e o vinil pela Avantgarde Prod. Existe uma pequena diferença na capa dos dois discos. Foi algo pré-determinado ou simplesmen-te aconteceu?

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Ok. O Dea Marica está sendo lançado pela Weird Truth Production apenas em CD e do-wnload via bandcamp. O Aphonic Threnody está sendo lançado em CD pela Avantgarde Music e o vinil pela Terror From Hell Re-cords. A mudança nas capas é pra Aphonic Threnody. O Roberto deu a ideia de trocar as capas, o tipo de ideia em que ele é ótimo em ter.

Vocês já tem um terceiro álbum pron-to, o que podemos esperar dos próxi-mos lançamentos?Eu comecei o trabalho no terceiro álbum do Dea Marica e temos umas quatro músicas no momento. Nós também vamos remasterizar três faixas do Ritual EP como um bônus com a participação de convidados. Em relação ao Aphonic Threnody, nós praticamente terminamos o segundo álbum. Só precisa de mais uns instrumentos e vai estar pronto. Deve sair no ano que vem. Nós também temos o Greg do Esoteric numa faixa e o Mike do Loss também. Eu também tenho cinco faixas prontas para o terceiro álbum do Aphonic.

Mudando de assunto, a respeito dos downloads grátis, qual a sua opinião?Sou bem de boa quanto a isso, pois, uma vez

que sua música está nas ruas, as pessoas vão passá-las pro computador de qualquer jeito e não tem muito que você possa fazer quanto a isso. O lado positivo é que mais pessoas vão poder ouvir sua música.

Um tema que costumo abordar nas mi-nhas perguntas é a morte. Qual é a sua relação com o além-túmulo?Eu penso bastante na morte. Eu sempre tive esse lado, o lado depressivo, e passei por muita dor e dificuldade na minha vida, então é por isso que eu gosto de compor músicas sombrias. Eu não acho que seja algo ruim. Não há nada de errado com a morte. É uma parte da vida, então por que não aceitá-la e tornar todo mundo mais miserável através da música?

O que você ouve hoje em dia? Qual o seu playlist atual?Eu tenho ouvido o novo projeto do Urna, que estou adorando. Não foi lançado ainda, mas o Roberto gravou os vocais comigo, então pre-parem-se para este álbum. Também tenho ouvido Ataraxie e Before the Rain.

Riccardo, obrigado pela entrevista.Como sempre, foi um prazer, meu chapa.

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Black Sabbath e Megadeth Campo de Marte, SPPor Alexandre Afonso - Rádio Rock FreedayFotos: MRossi

Cheguei à São Paulo um dia antes do show, pra trabalhar e, sobretudo, re-ver amigos e parceiros - Se bem que

meu trabalho é irmão da diversão e primo da sorte - Ah, mas não precisa explicar isso. O grande lance mesmo foi constatar que o heavy metal é um dos gêneros da música que mais chama atenção, de todos, seja pelo lado de quem o ama ou de quem o detesta. A fiel horda de seguidores desse estilo musical chega a impressionar e se destacar dentre os demais mortais, em razão de tanta paixão e loucura. Paixão essa que faz um cidadão sair da Bahia – em pleno meio da semana – pra ir a São Paulo, cobrir e conferir um dos maio-res espetáculos da Terra (pois foi!). Sim, uma banda liderada por um senhor de mais de 60 anos que, reza a lenda, comeu um morcego (louco! rs). Então, tudo começou com o poderoso Megadeth de Dave Mustane & cia. Antes dos

pais do Metal, foi simplesmente sensacional! A abertura de luxo começou de maneira di-ferente, se levar em consideração as mais re-centes apresentações que os americanos rea-lizaram nas últimas onze vezes que pisaram em solo nacional. O Megadeth deixou de utilizar na aber-tura a música “Trust”, do álbum “Cryptic Wri-tings”, de 1997. Repetindo o script da atual turnê latino-americana, o grupo executou o clássico “Hangar 18″, do aclamado “Rust in Peace”, de 1990. Como o show era curto, a banda desfilou uma penca de músicas im-portantes da carreira. A dobradinha “Wake Up Dead”, do disco “Peace Sells… but Who’s Buying?” (1986), e “In My Darkest Hour”, do álbum “So Far, So Good … So What!”, de 1988, fez a alegria dos fãs mais antigos, que vibraram muito neste momento da apresen-tação. Num salto para os anos 90, o Megadeth

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trouxe a ótima “She-Wolf”, do “Cryptic Wri-tings”, e a sempre empolgante “Sweating Bul-lets” do “Countdown To Extinction”, de 1992. O quarteto veio com um belo fundo de palco formado pelo telão central, que reproduzia imagens ligadas às músicas e até trechos de videoclipes históricos da banda. Do novo ál-bum, tocaram “Kingmaker”. A banda norte-americana trouxe a maravilhosa “Tornado of Souls”, do “Rust in Peace”, que deveria ser obrigatória em todos os setlists. Na sequência, “Symphony of Des-truction”, do “Countdown To Extinction”, fa-zendo tudo e todos pularem, (inclusive esse que vos escreve). Ainda rolou “Peace Sells” e “Holy Wars… The Punishment Due”. Uma apresentação digna, sabendo que sua con-dição dessa vez era de coadjuvante, de luxo, mas coadjuvante. Ok, agora a porra ficou séria... Em ins-tantes, na minha frente, no palco, o Black

Sabbath. Na boa gente, nunca pensei que pu-desse viver aquele momento, sério... Nem nos meus pensamentos mais otimistas. Então, às 21h05, dez minutos antes do horário anunciado para o início da apresen-tação, um tal de Ozzy Osbourne começou a “reger” o público que lotou o Campo de Marte para o show. Antes que ele pudesse nos ver e nós a ele, foi possível ouvir sua voz, por trás das cortinas pretas no palco, incitando um coro de “ôô-ôô”, seguido por um “u-huu!”e um “let me hear you!”. Que figura! rs Com mais de 70 mil ingressos esgo-tados, quatro meses antes, o Black Sabbath subiu ao palco em São Paulo sem precisar arriscar ou provar nada. A resposta dos fãs, visível e audível nos comentários durante os intervalos entre as músicas, parecia um misto de reverência e respeito. A simpatia de Ozzy, Tony Iommi um gentleman (com a fisionomia serena, a fineza

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e a precisão de sempre) e o baixista Gee-zer Butler cumprem com maestria exata-mente o que se espera deles. Discretos, se movimentando pouco, eles são os alicer-ces de uma banda que não precisa de gra-cinhas ou discursos para conquistar seu público. Ao longo das duas horas seguintes, Ozzy repetiria incontáveis vezes os pedi-dos de coro, e, principalmente, dizia sem parar – até mesmo durante as músicas – o quanto ama todo mundo. E, curiosamen-te para alguém que lançou há poucos me-ses uma música em que questiona “God is dead?”, repetiria muitas vezes um “Deus abençoe todos vocês”. O Black Sabbath optou por revisi-tar as principais canções - dos seus qua-tro primeiros discos - e distribuir algumas das músicas do recém-lançado 13. Já na primeira música, “War Pigs”, era possível sentir a catarse de todos, a segunda músi-ca, “Into the Void”, deve ser invejada por todos que acham que possuem músicas com bons e pesados riffs. Tony consegue dar uma densidade única através de notas quase minimalistas, sem firulas ou recur-sos ultra tecnológicos. Aí veio “Snowblind”, a nova “Age

of Reason” e a épica “Black Sabbath” para deixar a plateia plantada no chão, apenas acompanhando - ou com a cabeça ou com a garganta - as batidas e riffs sincopados dos reis do heavy metal. Parecia uma fá-brica de headbangers - cada um balançan-do à sua maneira e ao seu equilíbrio. O príncipe das trevas anunciou “Fairies Wear Boots”, depois Ozzy saiu na instrumental “Rat Salad”, que precedeu o solo de bateria - competente de Clufetos. E voltou para “Iron Man, God is Dead, Dirty Woman e Children of the Grave”. Então, veio o bis - uma introdução de “Sabbath Bloody Sabbath“ e nada, mais que “Para-noid”, e com pedidos para ficar, a plateia deu aos pais do heavy metal a energia que merecem - com 65 anos de rock n’ roll. A noite do nosso encontro com os criadores do metal foi memorável, leve e inesquecível, apesar do som não ter aju-dado muito uma coisa ficou certa: o Heavy Metal, assim como seus criadores e discí-pulos, impressiona pela lealdade e respei-to. Ir, ver, sentir e cantar com uma galera de mais de 70 mil pessoas só me fez ter uma certeza que, se pudéssemos ver no-vamente esses monstros no palco, faría-mos tudo de novo... Sem pensar muito!

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Aerosmith encerra Monsters Of Rock com maestria

Por Charley Gima (FuteRock | MiG 18)Fotos: Stephan Solon - XYZLIVE

O Aerosmith, banda liderada pelo vo-calista Steven Tyler, encerrou o fes-tival Monsters of Rock com muita

disposição e música boa! O dia, que havia co-meçado com as bandas Doctor Phoebes e Dr. Sin, prometia muita Hard Rock e faria a ga-lera das antigas se deliciarem com as bandas do cast. Tá certo que, na minha singela opi-nião, faltou uma ou duas atrações com mais nome, já que somente Whitesnake junto com o Aerosmith levariam o mesmo público ao Anhembi, que ficou bem abaixo do dia ante-rior. Prova disso foi a grande quantidade de pessoas que chegaram somente para ver estas duas bandas. O Dokken entrou no palco e muitos fãs reclamaram do vocalista, que não conseguiu agradar ao vivo. A banda realmente parou no tempo e Don Dokken pediu pros fãs imagina-rem estar em 1987…

O Queensrÿche de Geoff Tate fez um show empolgante, mas atrapalhado pela má sonorização dos PAs. Não faltaram hits como Jet City Woman, Empire e Silent Lucidity, cantada em coro por todos no Arena Anhem-bi. É inegável que a banda que acompanha Geoff Tate é ótima, mas para um fã das an-tigas do Queensryche como eu nada melhor que ver e ouvir Chris DeGarmo tocando e cantando com Tate. Com o Sol a pino, músicos e fãs sofriam com o calor! Neste dia o boné deve ter sido o merchandise oficial mais vendido e, com cer-teza, as cervejas se acabaram! Quem cami-nhou pela Arena Anhembi pôde vibrar com as tendas do Wikimetal e Rock on Line, onde bandas tocavam vários sucessos. O bar Mani-festo também se fez presente com uma tenda vendendo bebidas, assim como a Tagima es-tacionou seu ônibus dentro do festival e mos-trou algumas guitarras e baterias.

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Marcelo Rossi, fotógrafo oficial das cinco edições do Monsters of Rock, fez uma apresentação de algumas fotos de todas as cinco edições do Monsters of Rock, um apa-nhado geral, mostrando artistas e fatos como montagem de palco e backstage. Tive e hon-ra e o privilégio de ter duas fotos minhas en-trevistando Sebastian Bach para a BURNN! Magazine do Japão, no Monsters of Rock de 1996, incluídas nesta compilação! Voltando ao palco principal era hora Buckcherry, que fez um show simples e não acrescentou muito ao festival, assim como o Ratt, que fez um set para agradar os fãs, e só, tocando sucessos como Body Talk, Back for More e Round and Round abrindo caminho para o Whitesnake de David Coverdale, que se mostrou muito simpático no palco e na en-trevista pré show concedida a Eddie Trunk, do That Metal Show. É lógico que não faltaram hits como

“Love ain´t no stranger”, “Is this love” e vá-rias outras músicas que falam sobre sexo e transas, como definiu o próprio Coverdale durante a entrevista antes do show. Os solos dos músicos do Whitesnake foram cansativos e desnecessários, do ponto de vista do fã, mas sabendo que Mr. Coverdale precisa tomar um fôlego pra poder continuar o show até que é aceitável… Foi então que, após um certo atraso fora da programação, entrou no palco Steven Ty-ler e Cia, mais conhecidos como Aerosmith! É gratificante ver músicos do calibre de Tyler e Joe Perry tocando juntos por tanto tempo, mostrando química e energia no palco, atitu-des que uma verdadeira banda de Rock deve ter! O Aerosmith misturou músicas e hits de várias épocas diferentes, e abriu o show com Back in the Saddle com Love in Elevator já na sequência, seguida por Toys in the Attic.

Aerosmith

Queensrÿche

Whitesnake

RATT

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Foi então que Steven Tyler falou com o públi-co: ”Oi, São Paulo. Vocês sentiram nossa fal-ta que nem sentimos a de vocês?”, perguntou o vocalista do Aerosmith. “Eat the Rich” me fez lembrar o Mons-ters of Rock de Donigton Park, na Inglaterra, quando vi o Aerosmith pela primeira vez ao vivo, em 1994. Me senti privilegiado por po-der ver a banda em duas edições distintas do festival, em dois países diferentes! Living on the Edge e I don´t wanna miss a thing foram cantadas em uníssono pelos fãs da banda. In-felizmente essa hora já havia muito menos público, já que os fãs que contavam com o transporte público pra poder voltar pra casa já haviam ido embora, muito a contra gosto… No bis tivemos “Dream On”, com Ste-ven Tyler no piano, seguida de “Sweet Emo-tion”, que encerrou o show. Um final com gosto de quero mais, com Tyler apresentan-do toda a banda após o término da música e saindo do palco aos poucos, fazendo muitas gracinhas com o público através da câmera e dos telões. Que venha o Monsters of Rock de 2014!

Slipknot, Korn, Limp Bizkit e Sepultura detonam no primeiro dia do Monsters Of Rock

Começou mais um festival Monsters Of Rock, a quinta edição brasileira, tendo como principais atrações do dia o Sli-

pknot, Korn e Limp Bizkit. Muitos devem es-tar falando agora “mas o Sepultura não tocu no Monsters of Rock“, sim, é verdade, mas leia o texto e acompanhe a trajetória do Se-pultura neste festival. Sim, foi o dia do New Metal, ou Metal pula-pula, com uma faixa etária mais jovem e 30 mil ingressos vendidos! Nada mal para um festival pós Rock In Rio e diversos shows

em São Paulo, com valores de ingressos carís-simos, como Iron Maiden e Black Sabbath. As primeiras bandas a se apresentarem foram Gojira e Hatebreed que mostrou uma performance forte e arrojada. O Gojira fez um show sob um calor infernal e esquentou mais ainda a galera quando homenageou o Sepul-tura! O Sepultura aliás foi a banda mais cita-da do dia, já que o Hatebreed também tocou Refuse/Resist, com participação de Andreas Kisser. E esta seria apenas a segunda menção do dia ao Sepultura…

Buckcherry

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O Killswitch Engage, tocando no Brasil pela segunda vez na carreira, veio logo após e mostrou ao público brasileiro seu “novo” vocalista, Jesse Leach, que mandou “esta é minha primeira vez no Brasil e vocês estão incríveis hoje!”. Fizeram um set dinâmico e o baixista Mike D’Antonio é uma figuraça to-cando! Vale a pena acompanhar sua perfor-mance no palco. O Limp Bizkt, com Fred Durst apare-cendo no telão minutos antes do show dan-do uma entrevista para Eddie Trunk, do That Metal Show, fez a galera pular, sendo esta a terceira apresentação da banda no Brasil. O guitarrista Wes Borland surpreendeu aos fãs que esperavam aquela famosa figura pinta-da de preto, já que ele subiu ao palco com uma roupa brilhante, com luzes próprias, ora branca, ora vermelha, dando um destaque es-pecial no palco. Tocaram Rollin’ logo de cara

e ganharam os fãs! Fizeram ainda covers de “Smells Like Teen Spirit” e “Killing In The Name“, do Rage Aginst the Machine e “Fai-th” de George Michael, isso é claro, sem con-tar “Take a Look Around”, a música tema de “Missão Impossível“. Um fato negativo é que tem muita pausa entre as músicas, quebran-do um pouco o clima, esfriando a galera… O Korn me surpreendeu com a perfor-mance no palco bastante energética! Os fãs não aceitaram muito o fato da banda tocar as músicas novas, mas mesmo assim os músicos no palco faziam um show brilhante! Então, para surpresa geral, Jonathan Davis chamou ao palco Derrick Green e Andreas Kisser para tocarem juntos “Roots Bloody Roots”, do Se-pultra, e incendiou novamente o Anhembi! Pude cumprimentar Derrick e Andre-as, quando eles estavam a caminho do palco, acompanhados por Eloy Casagrande. O Papi-

BuckcherryHatebreed

Korn Limp Bizkit

Killswicth Engage

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to Supla, também estava presente no show. E para fechar a noite os mascarados do Slipknot! Com os músicos todos masca-rados, como de costume, muita parafená-lia no palco, pirotecnia e macacada geral, a principal atração da noite começou com “Disasterpiece” e fez todos no Anhembi pula-rem como deveriam! Vieram então “Wait and Bleed”, “Get This” e o hit “Before I Forget”. Corey Taylor mandou então “demorou muito tempo para voltarmos para São Paulo. Obrigado!” tendo

uma resposta mais que atenciosa dos fãs. Um momento inesquecível para os fãs do Slipknot foram os dois hits “Psychosocial” e ”Duality” na sequência. Corey ainda pediu pra todos no Anhembi se abaixarem e pular junto no co-meço de “Spit It Out” . Para os fãs do gênero, foi uma noite re-almente inesquecível! Para os rockers menos “modernos” foi apenas o prenúncio da vol-ta de um festival que fez história no Brasil! Monsters of Rock is back!

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“O fã do Sepultura sempre espera o inesperado!”

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“O fã do Sepultura sempre espera o inesperado!”

Foto: Divulgação

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São Paulo, 10 de outubro. Audição do novo álbum do Sepultura. Num lugar muito legal, o The Sailor Legendary Pub. A imprensa estava lá para sentir o primeiro impacto do novo álbum dos ca-

ras. Primeira impressão: porradeira.Os músicos estavam lá, de fácil acesso e dava para tirar proveito

deste momento, trocar algumas ideias e tietar, por que não? Possibilidade. Tudo é possível nesta banda que já está prestes a

completar 30 anos de existência, de influência e representativida-de no mundo.

Pois bem, aos amigos leitores da Rock Meeting, trouxemos uma entrevista super bacana com o Andreas Kisser, guitarrista do

Sepultura. A entrevista é uma de nossos presentes na comemo-ração da edição nº 50 deste periódico virtual.

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Fernando Schlaepfer (I Hate Flash)

Vamos aos trabalhos. O novo álbum chegou, que nome enorme, vale salien-tar. Conta para nós como foi o processo de composição, escolha de temática? E, claro, quem foi que escolheu o nome? Andreas Kisser - Eu escolhi o nome. Nós começamos um processo de composição. Eu faço uma pesquisa, procuro realmente um nome, um tema para o que estamos fazendo. Livro e filmes são sempre uma fonte de inspi-ração fértil, dá para achar bastante coisa. En-fim, este filme, o Metropoles, foi encontrado imagens que estavam perdidas em Buenos Ai-res, então relançaram o filme e assisti o filme em HD e tem um impacto fantástico, princi-palmente com a trilha sonora original. E esta frase que está no filme é a frase que começa e termina. É a mensagem que o filme mostra, que diz: se você tiver informação na cabeça e ação pelas mãos, sem ter o coração/ a parte humana, sem ter o poder de argumento, de protesto, do questionamento, é como ser um robô, é só informação e ação sem saber o que está fazendo.

Pow, eu vejo muito disso através da religião, da política, da mídia. As pessoas estão votan-do sem explicação sem nada, e vivem através de algo que não sabem defi-nir, é uma atitude robó-tica. As pessoas acham que este título é grande e tal, isto é um pensa-mento robótico, não estão acostumado com nada novo, nome de disco tem que ser curto. Não tem de ser curto, a arte está aqui para quebrar regras. A arte está aí para te dar no-vas possibilidades de pensamento, de ação. O Sepultura sempre trouxe algo novo em cada disco, o fã do Sepultura sempre espera o ines-perado.Não tem regra alguma de usar nomes curtos ou longos, de poder usar quinze, dezoito ou vinte e cinco palavras num disco. Todo mun-do usa um nome curto e tem de ser assim? O Sepultura sempre exerceu esta liberdade, de poder se expressar de uma forma e abrir pos-

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sibilidades sempre.

Tendo espaço para por o nome no dis-co...Mesmo se não tivesse, poderia começar na frente e terminar atrás. O próprio Megadeth já fez isso e o nome não era tão grande assim. “Peace sells, but who’s buying?” e continua com “Killing is my business and my business is good”. Acho que as possibilidades são infi-nitas e a arte está aqui está aqui para mostrar.

Este é o primeiro álbum que Eloy par-ticipa. O que você pode dizer deste me-nino prodígio?

É um baterista fora de série. Fantástico. Um moleque de 22 anos e, apesar de ser jovem, já tem muita experiência. Já tocou com mui-ta gente, já viajou o mundo, começou a tocar bateria muito cedo, um monstro na batera. Provavelmente, o melhor batera que já to-quei. E abriu possibilidade para a banda, tem uma técnica incrível. Praticamente quem es-creveu o álbum foi eu e ele. Começando assim com guitarra e bateria, ele escreveu algumas partes de batera sozinho e mandou para mim e assim que começou. Até a gente se juntar numa sala de ensaio e desenvolver as ideias, Derrick nas de voz, o Paulo na parte do baixo. No final é um trabalho de equipe.

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O Eloy trouxe muita energia nova, está ajudando a levar a banda para um nível dife-rente. Ele tem uma pegada metal. Jean Dol-labella, nosso antigo baterista, super músico, ele não tinha um background Metal, não era um estilo que dominasse totalmente. Com Eloy é mais natural, ele conhece mais, curte as bandas do estilo. Tem essa pancada, essa violência aliada com a técnica e o Sepultura tem essa tradição de bateristas espetaculares. Coisas que o Igor e o Jean escrevam, o Eloy coloca o jeito de tocar dele. Ele trouxe uma motivação e energia fantástica para a banda.

Ouvindo o The Mediator, nota-se uma versatilidade maior dos vocais de De-rick, riffs mais pesados e uma levada Hardcore. Como você pode apresentar este novo álbum? Eu acho que tem um pouco de tudo que o Sepultura já fez. Tem um lance mais Death

Metal no começo, mais Thrash, coisas da per-cussão brasileira, tem coisas mais melódicas, mais diretas. Tem de tudo um pouco. Define o trabalho com um nome, no “Mediator”. Se-pultura é Metal. Fazemos o que estamos afim, ser algo mais livre. Não ficar muito preso aos estilos. Lógico que é Metal, a maneira mais direta de se expressar, o estilo que gostamos, tem influência da música brasileira, dos esti-los Metal.

Outros elementos são notados como a percussão (ainda mais participativa), blast beats, Death e Doom (como em “Grief”). Pode-se dizer que “The Me-diator” foi mais ousado dentre os cd’s que o Sepultura já lançou?Acho que sim, cada música tem uma história. Já fizemos de tudo! Estes trabalhos percus-sivos, com orquestra, o próprio Zé Ramalho. O Sepultura tem esta versatilidade de manter

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a característica e ir para outros territórios e não perder sua identidade. Vai ser Sepultu-ra do todo jeito. Temos uma maneira de se expressar bem peculiar e uma identidade que todo artista busca ter. Você vai sentir que tem a característica Sepultura. Diante disso, não temos medo de ir para outros territórios musicais, arriscar, expandir os limites. A arte está aí para quebrar as amarras que limitam o ser humano. A coisa é ser livre mesmo.

Em “The Mediator” já uma faixa can-tada em português do Nação Zumbi e você mostra seu lado vocalista. Até para o Derick cantar e, principalmen-te, compreender as muitas gírias que há na música seria complicado. Por que escolheram esta música? Existe al-guma homenagem por trás desta esco-lha?Sempre quando fazemos um cover é uma ho-

menagem. Desde o Ratos de Porão, aquela pegada mais Hardcore. Fizemos Black Sab-bath, Motörhead e até as coisas mais inusita-das como Titãs, U2. A gente sempre teve uma chance de fazer uma versão Sepultura destas bandas que nos influencia tanto. Desde 1994, quando lançamos o “Chaos AD”, tocamos “Polícia” do Titãs, não tocamos em português. Mas aí o Max saiu da banda, fizemos o “Ratamahatta” do Carlinhos Bro-wn, um português mais gíria, uma coisa mais musical. O Derrick entrou, um gringo, e nunca mais tivemos uma oportunidade de fazer al-guma coisa para o Brasil. Apesar do Derrick falar razoavelmente bem o português, ele não compreenderia as gírias, o modo de falar. Foi difícil até pra mim. O Chico Science tinha um modo único de se expressar, tem o sotaque do Nordeste, coisas únicas desta região. Eu já tinha usado

Foto: Divulgação

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a minha voz algumas vezes no backing vocal, mas é a primeira vez que assumo um vocal de uma música inteira. Derrick foi para a percus-são. Gostamos tanto do cover que decidimos colocar no disco e vamos fazer um videoclipe da música.

E vão sair dois vídeos: “The Vatican” e “Da lama ao caos”. Tem previsão de quando serão lançados?Estamos fazendo com o mesmo diretor, o Ra-fael Kent, que é baiano, tem uma equipe fan-tástica. Fizemos o “The Vatican” e “Da lama ao caos” com ele também. Neste primeiro momento, será lançado “The Vatican” e só depois a música do Nação Zumbi.

A parceria que vocês já fizeram, tal-vez, nunca houve tanta repercussão como foi no Rock in Rio com o Zé Ra-malho. Como foi isso de chamar o Zé

Ramalho, tocar músicas deles no estilo Sepultura, dele cantar Sepultura “a zé ramalhado”? Foi maravilhoso! Trabalhar com Zé Ramalho foi um privilégio, uma grande honra. Um cara que tem uma história maravilhosa na música brasileira. Um cara que tem princípios, tem um ponto de vista muito bem definido. Começou quando tivemos a oportuni-dade de fazer a trilha sonora de “Lisbela e o prisioneiro”, em 2003~2004. Fizemos uma música do Alceu Valença, “Dança das Borbo-letas”. Desde então tivemos essa vontade de chamar ele para o palco, chamar ele para o show. O palco Sunset nos dá esta oportunida-de e nasceu ali com o Tambour du Bronx em 2011. Foi um grande impacto. Fomos a pri-meira banda a ser anunciada no Rock in Rio 2013. E agora o impacto foi muito maior. Ar-tista brasileiro. E você ver aquela galera Metal

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cantar as músicas do Zé Ramalho, abrindo os braços para ele, de modo respeitoso. Foi algo fantástico. Sempre existe o risco de algo as-sim não dar certo, acontecer “N” coisas, mas se não houver este risco é melhor não fazer. A galera ficou querendo cd, mais shows juntos. O show foi específico para o fechamento do Palco Sunset, mas nos deixou possibilidades para algo novo mais para frente e ver o que podemos fazer algo no futuro, de fazer mais músicas, vamos ver qual vai ser.

Beirando os 30 anos de banda, seria possível acontecer uma tour brasileira de ter a participação de Zé Ramalho ou qualquer outra influência?Sepultura, tudo é possível. Sempre deixamos aberto e temos o privilégio de poder viajar e conhecer o mundo, conhecer muita gente, vários músicos de diferentes vertentes. As possibilidade com o Sepultura estão sempre

abertas, mente e ouvidos abertos.

Mesmo com este novo trabalho saindo do forno, existe a possibilidade de gra-var um DVD?Vai sair o dvd com o Tambour do Bronx, gra-vado no Rock in Rio, com toda a estrutura do festival e vai sair ano que vem. Esta foi a intenção, de um show que deu tão certo em 2011, fizemos a mesma apresentação no Rock in Rio Lisboa, no Wacken Open Air e todos assim com uma resposta espetacular, e aí ti-vemos a oportunidade de gravar o dvd. Com o Zé Ramalho é possível, ainda não há nenhum plano específico para que se possa fazer isso, por hora.

Já tem data de lançamento?Ainda não, ainda não vi nada, o festival aca-bou tem pouco tempo. Agora é que vamos ter a oportunidade de ver o material do Rock in

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Rio. Só sei que será em 2014, vamos lançar muitas coisas em comemoração aos 30 anos de banda, e o dvd será algo especial.

Falando em parcerias. E aí o projeto com o “De La Tierra”? Uma música já saiu para a audição da galera. Como está sendo o retorno após o lançamen-to da música “Maldita História”?Tem sido muito bom. Putz, fantástico! É um projeto que foi feito este ano, nós músicos fi-nanciamos o projeto, não foi uma coisa feita por empresário. Nunca tocamos juntos, ape-nas nos ensaios, são músicos com mais de 20 anos de carreira. Já fizemos um vídeo do sin-gle “Maldita História”. Fechamos com a War-ner para a distribuição na América Latina e a RoadRunner para distribuir no mundo não latino. O pessoal está animado, uma banda nova, uma pegada nova, uma proposta nova, em espanhol e em português. Nunca hou-ve algo parecido, uma banda de “portunhol” no mercado. E com a junção dos músicos do Maná, Sepultura, Fabulosos Cadillacs e Ani-mal y Demente cada um no planeta, mas fa-zendo parte do mesmo universo. E isso é o que estamos juntando aqui, está sendo um projeto interessante, estou curtindo bastan-te. De acordo com as datas do Sepultura e as demais bandas vamos marcar os shows, en-tre março e abril. Estou bastante ansioso com este projeto, um feedback muito positivo.

Dá para achar datas para tocar?O Maná é uma banda gigante no mundo lati-no, super requisitado e tudo, as demais ban-das também. Já sabíamos que seria assim, um projeto, nos organizar e quando houver uma brecha vamos nos apresentar.

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Costumo dizer que você é o músico “ar-roz de festa”, está tocando em tudo que é banda (risos) Anthrax, por exemplo. Mais recente foi o Hatebreed e o Korn no Monsters of Rock. Como é ser essa referência para a galera, ser o músico que inspira outros músicos?É para você ver o respeito dessas bandas, sempre mencionaram o Sepultura como grande influência. E tem esse convite dos ca-ras, para tocar com eles, em grandes festivais, no palco de um modo geral. São bandas que influenciamos e acabam que nos influenciam. É um ciclo super saudável. É bom ter esse re-conhecimento de bandas que estão fazendo história e que até hoje respeitam o Sepultu-ra de uma maneira espetacular. O Hatebreed foi um convite mesmo, mas o Korn foi ali no dia, aprendendo a música no camarim, nem ensaiamos, fomos lá e tocamos. Este é o es-pírito, da jam mesmo. Não tem coisa melhor.

Quem seria a Dream band? Quem se-riam os músicos para a formar uma banda dos sonhos?Eu estou muito satisfeito com a banda que te-nho com Eloy, Paulo, Derrick. Seria meio in-justo falar o nome de outros caras. Tem tantas possibilidade de juntar músicos de tendên-cias diferentes. Acho que todos são possíveis. Estou satisfeito com o que a gente tem, com os elementos que temos.

Existe algum músico que você sonha em poder tocar?Gostaria de fazer algo com o Bono, The Edge, alguma coisa assim. Seria uma oportunidade única poder fazer alguma coisa juntos. Seria lindo! (risos).

Para matar a minha curiosidade, o que

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você tem escutado ultimamente? Pode-ria listar as cinco bandas e álbuns. Co-mente um pouco sobre eles.Eu ainda escuto as coisas velhas. Você vê aí o Black Sabbath botando 70 mil pessoas num show, e ainda depois de tantos anos. Você vê a força que essas bandas têm. Então, Black Sabbath, Deep Purple, Led Zeppelin. Cada vez que você escuta o cd deles sempre encon-tra algo novo. Das coisas mais novas, por causa do meu programa na rádio 89 FM que faço com meu filho. Tenho um espaço aberto para as bandas nacionais, e tenho me surpreendi-do bem positivamente com o que tem saído.

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Bandas cantando em português, fazendo um trabalho muito bem feito, as próprias bandas batalhando e fazendo a produção e botando a banda na estrada. Então, o know-how da galera tá muito melhor e a profissionalização. Tem muita coisa boa no underground brasi-leiro.

Bandas nordestinas, você tem alguma proximidade, conhece o som feito por estas região?Sim, entrevistei os caras do JackDevil, do Ma-ranhão. Estiveram em São Paulo, uma galera legal. Eu não vou me lembrar o nome, mas tenho recebido materiais muito bons e me

surpreendido positivamente com a qualidade que a galera tem feito os trabalhos. Por fim, o que ainda podemos esperar do Sepultura para este ano? Sauda-ções, sucesso ainda mais. Este ano temos uma turnê no EUA por três semanas, a primeira tour do novo álbum. Em fevereiro tem a turnê europeia e em abril vol-taremos para o Brasil para a divulgação do material. Muito obrigado e até mais!

Nota: Quando esta entrevista foi realizada ainda não se tinha notícia do cancelamento da tour nos EUA que ocorreu por conta de problemas no visto da banda.

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“Tínhamos que gostar realmente do que estávamos criando sem pensar no que iriam falar e deixar fluir”

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Renan Facciolo

Olá Fábio, satisfação enorme em con-versar um pouco contigo sobre sua ou-tra banda, o Instincted. Neste primeiro momento, apresente a banda para os nossos leitores.Fábio: E ai pessoal! A satisfação é minha por participar pela terceira vez na revista, e agora com a minha banda. Hoje, nós somos um quarteto e, além de mim no baixo e nas vozes, contamos com o Rogério Fergam nas vozes principais e programação dos samples, Rafael Sousa nas guitarras e vozes e Roberto Santos nas baterias e vozes.

“... Is All that I am” é o primeiro lan-çamento do grupo. São músicas ex-perimentais e, minha memória falha agora, mas não lembro de algum outro

registro com a pegada “louca” que tem. Fale um pouco sobre o EP.Fábio: Ele foi construído sobre essa inten-ção, de chegar ‘chegando’ aos ouvintes. Além da proposta de tentar soar inovador, todas as artes são baseadas no surrealismo, deixando tudo a livre interpretação. Ainda não tínha-mos a identidade que adquirimos hoje, pois a nossa fórmula modificou-se bastante e, feliz-mente, para melhor.Rogério: Obrigado pelo “pegada louca”(ri-sos). Mas acredito que experimental seja algo mais além disso. O EP foi criado com a in-tenção de ser o mais verdadeiro possível em primeiro lugar. Tentamos fugir do óbvio, mas sem forçar a barra entende? Tínhamos que gostar realmente do que estávamos criando sem pensar no que iriam falar e deixar fluir.

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Soa engraçado, mas a voz do vocalista só me remete ao “Somebody save me” do seriado Smallville. Mesmo ali, na-quela ficção, o personagem busca fir-mar-se enquanto indivíduo. Instinc-ted busca sua afirmação também, pelo menos no que se pode ouvir. Esta bri-ga entre o eu e seu ponto de loucura é presente nas músicas. É isso mesmo ou estou errada?Rogério: Nunca me compararam com ele (Risos)… Acho que o medo é nosso aliado e nosso inimigo. Aliado porque coloca um li-mite em algumas circunstancias e inimigo quando o limite vira um vicio. Não somente nas letras, mas nas músicas como um todo tentamos fugir completamente desses limi-tes, seja ele aliado ou inimigo, pois artistica-mente podemos (e devemos) ser completos. Se isso é um “ponto de loucura” de cada um, então, acho que você está certa sim, pois essa briga existe em todo mundo, seja artista ou

não, acho que no final todos buscam o auto conhecimento.

A banda já existe desde 2009. A pro-posta do som se manteve desde o iní-cio?Fábio: Sim e não. Na verdade, eu já tocava com o Rafael em uma outra banda com uma proposta um pouco mais tradicional, mas quando o Rogério chegou, ele nos apresentou essa ideia de misturar elementos diferentes. Confesso que demorou um pouco para eu digerir, mas hoje vejo que foi a melhor coi-sa que nos aconteceu. Sinto que amadureci muito musicalmente, e inclusive até a minha maneira de compor foi modificada.Rogério: Quando entrei a banda tinha um outro nome e uma outra proposta, então acho que com o nome Instincted foi desde o come-ço sim.

É possível ouvir alguns elementos de

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“tribos” diferentes. Se a proposta foi essa, conseguiram. Aliado ao peso das guitarras e as variantes o som é bem progressivo. “...Is all that I am” saiu do jeito que pensavam?Fábio: Na minha opinião, sim. Ele foi fru-to de muitas tentativas e testes, já que ainda estávamos engatinhando nessa mistura. Ali-nhar os instrumentos, vozes e samples sem deixar nada para trás é um grande desafio. O EP tem algumas ideias antigas e também coi-sas de ex integrantes, então também foi um fator para ‘embolar’ ainda mais a mistura.Rogério: O trabalho de mixagem foi muito difícil. E, pra quem faz isso, sabe que ele não tem fim. Fazer tudo ficar compreensível foi um grande desafio pois em ensaios não dava pra ter a noção de como iria soar. Foram lon-gos meses até chegar num consenso e no final acho que deu tudo certo.

Confesso que a voz do vocal me intri-gou muito quando ouvi pela primeira vez. Mas aí você vai ouvindo e entran-do na vibe das músicas. “Essential Ig-norance” é uma das faixas que mais gosto. Qual a inspiração de vocês? Rogério: Como eu citei acho que a grosso modo é a completa ausência de medo. Faço músicas há muito tempo e sei o quanto isso me completa, se vou escrever sobre mim ou sobre uma situação que assisti tanto faz, o importante é ela criar a emoção que preciso, como uma droga.

Você que compôs 3 das 4 faixas, de onde vem estes questionamentos do eu?Fábio: Vem da busca incessante de se en-contrar. Todos os dias vemos diversas situa-

ções onde nos perguntamos se ainda é possí-vel sermos nós em sua essência, mas também devemos analisar ‘quem somos nós’, já que estamos em constante evolução e transfor-mação. O Rogério me ajuda muito com es-ses pensamentos, e hoje em dia ele assumiu grande parte das letras da Instincted... Me contento em colaborar com uma palavra ou outra, e focar mais no instrumental.

Mas me diga, Fábio, o que você tem ou-vido ultimamente? Cite as cinco ban-das e fale um pouco sobre elas. Trivium – Atualmente eles são os melhores

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para mim. Conseguem manter aquele thrash oitentista na pegada do Metallica e mesclar com a modernidade. O quarto CD deles, Sho-gun, é um dos melhores da história. In Flames – Essa é uma banda que consegue acertar em tudo o que faz, principalmente do Clayman pra frente. Sou muito fã da identi-dade que a banda possui e que amadureceu ao longo dos anos, pois no começo da carreira eles eram bem diferentes.Trayce – Conheço a banda desde o seu nasci-mento, tenho os dois discos e é a minha ban-da nacional preferida. É um metalcore mui-to bem feito e com uma produção cristalina.

Gostaria muito de dividir o palco com eles um dia!Rush – É um banda atemporal e fonte de ins-piração. Geddy Lee é um monstro sagrado e seguramente um dos meus baixistas preferi-dos. O último trabalho deles é o melhor em muitos anos.Stratovarius – É curioso voltar a ouvir essa banda... Durante muitos anos ela foi muito importante na minha formação musical, mas depois que houve algumas baixas na banda, ela começou a cair, porém com esse novo dis-co, senti muitas mudanças positivas e conse-guiram se reinventar, inclusive com elemen-tos eletrônicos.

2014 já está aí, será que sai um cd do Instincted? Quais os planos para ano que vem?Fábio: Seguramente virá um novo EP para 2014, e muito mais louco do que este primei-ro! Os planos são manter o que já vemos fa-zendo, porém num ritmo maior. Infelizmente tivemos uma baixa com um dos integrantes e isso nos custou (e ainda nos custa) um bom tempo para readaptarmos as músicas, já que decidimos seguir como um quarteto. Vocês podem acessar o link www.instincted.com que lá tem tudo sempre atualizado.

Para finalizar, quando é que a galera pode ver um show de vocês? Sucesso e continue nesta loucura. Rogério: Primeiramente obrigado ao Rock Meeting pela entrevista e a toda galera que tem nos apoiado. Por enquanto estamos em fase de novas composições e adaptações das musicas que temos para uma guitarra só. Ainda não temos nada marcado, mas em bre-ve teremos novidades!

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Por Alcides Burn

REMAKES: AME-O OU ODEIE-O!

Vamos começar com O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA - 1974. Lançado em 1974, o filme foi proibido em vários países e chocou o público com sua realidade. Inspirado num caso verídico de Ed Gein, um psicopata que assassinou várias pessoas em 1906 em sua cidade. Ed retirava a pele de suas vítimas e usava como roupas, então surge ai o vilão Leatherface, o mesmo usava uma mascara feita de pele humana, us-ava uma motosserra para matar suas vítimas e morava numa casa no texas com sua família de sádicos. O filme conta a história de 5 jov-ens que viajam na estrada do Texas e acabam dando de frente com o louco e sua família, a única sobrevivente foi Sally Hardesty. O filme

De uns anos pra cá, a onda de refilma-gens tomou conta do cinema mun-dial. Especialmente no gênero “Ter-

ror”. Grandes clássicos ganharam uma nova roupagem e, claro, agradou uns e decepcio-nou outros fãs do estilo. Vou falar de quatro filmes que tiveram essa nova roupagem mais recentemente.

tem um tom “Gore” e puxa muito pra o terror psicológico. Teve um orçamento de de US$ 150 mil dólares e rendeu mais de US$ 100 milhões de dólares. Até hoje o Massacre da Serra Elétrica é considerado uma obra prima para os fãs de terro.

MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA – O REMAKE (2003) Em 2003, a produtora Platinum Dunes, empresa criada pelo diretor Michael Bay (Transformers, A Ilha, Armgedon...) re-solveu “recriar o massacre”. A história é basicamente a mesma, com algumas mudanças. Uma delas na parte dos personagens. apenas Latherface faz parte da família de Sádicos. Para direção do filme, foi contratado Marcus Nispel, que era um dire-tor de vídeo clipes e colocaram Toobe Hoop-er, diretor do original, como co-produtor. O filme é bom, pelo menos eu gostei, apesar de faltar alguns elementos clássicos. A história é simples, mas bem bolada. Algumas das cenas clássicas estão lá, mas a principal, a da mesa

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de jantar, não! Eles poderiam esquecer de tudo, mas a parte mais perturbadora do film-es eles não poderiam ter deixado de lado. Dos atores, Jessica Biel (Erin) e Thomas Hewiit (Leatherface) se destacam. Uma coisa legal também é que o começo do filme é como se fosse um documentário, deixando a trama mais interessante. Depois do remake foram produzidos mais dois filmes, O Massacre da Serra Elétrica – O Início, que é focada na história de Leatherface e Massacre da Serra Elétrica 3D é uma continuação do orginal de 74, o filme começa exatamente onde termina o original. Vale a pena assistir esses também.

SEXTA-FEIRA 13 (1980) Em 1980, chega aos cinemas Sex-ta-Feira 13. O filme que, depois do primeiro nos apresentou um dos maiores serial killers que o mundo já conheceu, Jason Voorhees. Um garotinho com problemas que se afogou no acampamento Crystal Lake, a culpa foi dos monitores que não estavam prestando atenção na hora. No primeiro filme quem mata é mãe de Jason só a partir do segundo que ele real-mente aparece. O filme teve várias sequência, mas se tornou meio repetitivo a passar dos

anos.

SEXTA-FEIRA 13 – REBOOT/REMAKE (2009) Em 2009, mais uma vez a Platinum Dunes de Michale Bay, resolveu ressuscitar o Assassino da mascara de Hóquei e, mais uma vez, contou com Marcus Nispel na direção. Sexta-Feira 13 de 2009 funciona como um Reboot e um Remake, na verdade, ele descarta todas as sequências. O filme começa no fim do original com Jason criança vendo sua mãe sendo decapitada e depois passamos para os dias atuais. O Crystal Lake agora está abandona-do e um grupo de jovens vai lá procurar uma plantação de maconha escondida. Chegando lá, quem eles encontram?O filme, na minha opinião, é excelente. Ve-mos o assassino, Jason, como nunca vimos. É como se ele fosse um caçador. Ele corre, coisa que nunca vimos nos outros filmes e ele não é não retardado como parece. Mostra como ele conseguu a clássica mascara de Hóquei, antes ele usava um saco na cabeça como no segun-do filme da série, tudo isso com uma história bem legal. Muitas homenagens aos antigos filmes também podem ser vistas neste. En-

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fim, de todos os remakes, esse pra mim foi o melhor de todos.

A HORA DO PESADELO (1984) Freddy Krueger, de todos os vilões do cinema, sempre foi o meu preferido. Sou fã! Tenho todos os filmes em casa, Action fig-ures, camisas... A Hora do Pesadelo é um daqueles filmes que misturam Terror com um pouco de comédia na dose certa. Criado em 1984, por Wes Craven, o filme conta a historia de Freddy Krueger, um gentil zelador de colégio de Springwood que depois se mostrou um pedófilo e abusou e ma-tou várias crianças da cidade, então, alguns pais se juntaram e queimaram ele vivo. Mas, depois que as crianças da Rua Elm cresceram, começaram a ter pesadelos com um homem queimado com uma luva que nos dedos tin-ham lâminas e se alimentava do medo dessas pessoas. Então começa toda carnificina! Como em Sexta-feira 13, o filme teve várias continuações e até uma briga com Ja-son em Freddy. Robert Englund, ator que deu vida a Freddy Krueguer foi genial. Ele criou

uma personalidade sarcástica e aterrorizante ao mesmo tempo.

A HORA DO PESADELO (2009) Em 2009, veio a decepção. Mais uma vez, a empresa de Michael Bay, que ia tão bem nos seus remakes, acabou transforman-do Freddy num verdadeiro pesadelo. A primeira besteira que ele fez foi ter mudado totalmente o visual da face do assas-sino. A roupa, o chapéu e as garras estavam lá, mas o Freddy Krueger não era o mesmo. Nem mesmo a personalidade do personagem foi respeitada no filme. A história foi mudada. Tinha algumas cenas clássicas do primeiro mas, a person-agem principal Nancy não tinha nada haver com a original, ela na verdade parece ser mais uma coadjuvante, só começa a apare-cer bem depois. A única coisa que prestou foi ter mostrado como Freddy foi perseguido e assassinado pelos pais das crianças e nada mais, o resto é uma decepção. Alguns Remakes que eu indico: A Mosca, King Kong, Evil Dead, Halloween, Su-per-Man e Batman.

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“O homem responde por si”Sem rodeios, a banda Sodoma conta um pouco sobre o seu novo álbum, cena underground, público e o futuro. Confira agora esta entrevista feita

com o guitarrista Samidarish

Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Divulgação

Muito obrigado por aceitar nosso con-vite e, para início de conversa, gostaria que apresentasse a banda para nossos leitores da Rock Meeting. Agradecemos o convite. A banda é formada por Hate (‘vochaos’/baixo), Samidarish (gui-tarra), Seth (guitarra) e Dagon (bateria).

Sodoma está na ativa há uma década, desde 2003. O que chama a atenção é o fato das letras serem em português, o que ajuda a entender com mais facili-dade. Foi uma escolha natural manter essa linha ou realmente o inglês não estava nos planos?As letras, em geral, são todas vociferadas em português. No entanto, acrescentamos frases em algumas músicas em outras línguas como latim e aramaico arcaico.

Antes do lançamento do 1° álbum, “Sempiterno Agressor”, haviam gra-vado duas demos (“Sadomazocristo” e “Renascida em Trevas”). Quais as mudanças mais notórias das demos para o álbum?Analisamos que, de um álbum para o outro, há uma evolução significativa na qualida-de sonora, de gravação e produção, e uma perspectiva diferente a ser abordada. Porém, sempre mantendo a identidade fiel ao que propomos. O “Sadomazocristo” é mais ríspido e cru. “Renascida em Trevas” já tem uma at-mosfera mais obscura, excelente qualidade sonora e de arte. O début “Sempiterno Agres-sor”, consegue unir isso tudo, agregado à no-vos elementos, atitudes e pensamentos.

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Quais as temáticas que foram aborda-das neste álbum do Sodoma? Abordamos a liberdade do ser, seja ela carnal ou mental, o homem responde por si, não há doutrina que o valha, nem mesmo submissão a dogmas, não há lei a se curvar perante o universo.

Como foi e como está sendo a resposta do público com o “Sempiterno Agres-sor”?Tem sido bastante satisfatório. Principal-mente o reconhecimento ao nosso trabalho e a nossa luta. Isso cada vez mais nos fortalece a seguir em frente desbravando barreiras e derrubando dogmas.

O álbum tem músicas dos demos an-teriores ou foram novas composições para a gravação do primeiro disco?Há uma composição intitulada “Manto de Lúcifer” que foi gravada na nossa primeira demo (“Sadomazocristo”) e que resolvemos

acrescentar no “Sempiterno Agressor” junto com as demais composições novas.Para chegar em alguns festivais o cami-nho é longo. Com o disco gravado ficou mais fácil de tocar em festivais como o Forcaos e mostrar o trabalho da ban-da?A cada material lançando notamos a evolução de nossas músicas e o que elas tem nos pro-porcionado, seja tocar em lugares diferentes ou festivais diversos, é o reconhecimento que é fruto de muito esforço e dedicação. Sabe-mos que é apenas o começo de toda a destrui-ção que ainda está por vir e que se faz pre-sente em nossos caminhos, no cotidiano de trabalho e profissionalismo disseminando o caos aos quatro pontos.O Nordeste sempre é citado por ban-das de outras regiões como o melhor público do Brasil. Sodoma já tocou em vários estados e pode sentir um pouco desse retorno, como é chegar num lu-gar que nunca tocaram antes e ver que

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o público conhece o trabalho de vocês?Gratificante! Sabemos que a cena underground nacional está fortalecida e os reais bangers sempre estarão presentes nas celebrações apoiando a cena e dando suporte as bandas.

O Death e o Black Metal são duas ver-tentes que sempre tiveram fãs fieis e assíduos mas, ultimamente, esses dois gêneros estão agregando cada vez mais seguidores. Qual a sua opinião sobre esse aumento de fãs que estão aderin-do essa vertente do Metal?Achamos interessante essa junção de verten-tes. Onde se está fazendo algo de bom e que agrade mentes, sempre,será notado e apre-ciado.

Você acha que ainda falta muito para que o Metal tenha um pouco mais de visibilidade e venha a ter mais espaço em grandes festivais?Apesar de ser um gênero novo 70/80, desde sempre, tem mostrado sua força seja em pe-quenos ou grandes festivais. Mas as coisas só acontecem, por conta das bandas que fazem

por merecer e o público comparece manten-do o elo. Apesar da exposição de grandes fes-tivais, é no dia-a-dia que a batalha é travada até chegar ao ápice, que é o show, onde tudo se resume àquele momento.

O Brasil já foi explorado pela banda, há pretensões ou propostas para tocarem no exterior? Já foram?Há contatos na América do Sul, Europa, Amé-rica Central e Japão, porém, também há luga-res no Brasil que ainda não tocamos. Fecha-remos uma tour mais ampla por esses lugares e concretizaremos esse giro pelo mundo.

Já existe alguma data ou previsão para o lançamento do segundo álbum?Estamos em processo de composição, fina-lizando as últimas músicas do tracklist, pre-parando um material ainda mais destruidor, então, gravaremos. A previsão para o lança-mento é no fim do 1º semestre de 2014.

A Rock Meeting agradece pela entre-vista e deseja mais sucesso para a So-doma.Sodoma agradece o convite. O caos prevalece.

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Por Vicente de Albuquerque MaranhãoFotos: Divulgação

A banda de Thrash Metal, Hicsos, é uma das mais experientes do cenário underground nacional. Com mais de

20 anos de estrada, os cariocas são conside-rados precursores do metal nacional já divi-dindo os palcos com grandes nomes da cena mundial, possuindo tês full-lenght gravados e com uma extensa lista de turnês, tanto no Brasil, quanto no exterior. A mescla, do Thrash Metal com Har-dcore, exprime toda a marcante caracterís-tica sonora da banda. Já as letras, abordam assuntos como religião, política, conflitos da personalidade humana e o cotidiano. Em Julho de 2013, a banda lançou seu 3° álbum de estúdio intitulado “Circle of Vio-lence” através da Laser Company, uma das mais importantes gravadoras do gênero na América Latina. O disco foi recebido pela crí-tica especializada com um dos melhores re-gistros do ano e considerado o trabalho mais

pesado da banda. A Rock Meeting bateu um papo com a banda.RM - A banda surgiu em 1990, tendo lançado sua primeira Demo “The Face of the Abyss” em 1991. De onde surgiu a ideia para o nome Hicsos e o que mo-tivou a montar uma banda de Thrash Metal?Anvito - A escolha do nome foi iniciada por uma ideia do primeiro guitarrista ( Allan Ar-bbas ). Procuramos conhecer mais sobre o povo bárbaro e começamos a admirar a his-tória, daí veio a vontade de adotar esse nome. O Thrash Metal era o que mais escutávamos na época. Nossa maior influência vinha de bandas como: Slayer, Exodus, Testament, Nuclear Assault e etc... Foi natural a vontade de fazer esse som.Do lançamento da primeira demo em 1991 até o debut, Eatin’ Concrete, em

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“Nós não paramos nunca!”2004, passaram cerca de 13 anos. Du-rante este tempo o grupo passou por algumas mudanças no line up, lançou mais duas demos e participou de sho-ws com grandes nomes do metal mun-dial como: D.R.I, Exodus e Mercyful Fate. Apontem o que mudou na banda em termos de sonoridade e qualidade de produção durante todo esse perío-do.Marcelo Ledd - Ficamos cada vez mais experientes. Cada show desses com bandas consagradas foi um aprendizado muito gran-de. Eu entrei na banda em 1997 e sempre que troca a formação tem uma freada no traba-lho. Quando se compõe com novo integrante, algo se acrescenta em nossa musica. Nós não paramos nunca! Estamos sempre em movi-mento . O movimento do Metal porrada.

Ouvindo a discografia, fica claro a pre-

sença de elementos do metal e do hard-core nas músicas. Quais são principais as referências que influenciam no pro-cesso de composição de um novo tra-balho?Marcelo Ledd - Isso é difícil de dizer. In-fluência, para mim, é tudo o que eu ouço e fica na minha cabeça. Então, no meu caso, por exemplo, tem muito hardcore, punk, mas também Thrash e Heavy Metal Tradi-cional(NWOBHM). Porém, tem um monte de coisas de fora do rock ou do rock clássico como Led Zeppelin e The Who.Tudo isso me influencia a fazer o meu som. Sem cópias des-se ou daquele artista, entende?Anvito - Não ficamos pensando em referên-cia quando estamos compondo. Fazemos o que vem e naturalmente sai aquilo que cada um se identifica mais. Acredito que isso é um ponto positivo, pois assim criamos uma iden-tidade própria.

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O Hicsos faz parte de um seleto gru-po de bandas com origem no Rio de Janeiro consideradas precursoras do Thrash Metal Nacional e que tem mais de 20 anos de atividade na cena under-ground. Ao que se deve toda essa histó-ria e tempo de carreira?Marcelo Ledd - Acho que o tesão pelo som que fazemos,o respeito dos fãs e o o vício cha-mado Heavy Metal.

Em 2007, vocês lançaram o segun-do full lenght intitulado “Technologic Pain”. Apesar de contar com a mesma produção do disco anterior, o álbum é extremamente voltado à temas polí-ticos, contando, inclusive, com a polê-mica faixa “Pátria Amada” composta em português. Expliquem quais foram as questões que influenciaram na com-posição deste segundo trabalho e o que levou vocês a optarem pela composi-ção em português?Marcelo Ledd - Bem, o primeiro trabalho tam-bém tem uma conotação politica nas letras. O “Tecnologic” teve uma produção melhor, com mais cuidado e saiu quase como queríamos. A música em português surgiu naturalmen-te. Eu tive a idéia de fazer um paralelo com o hino e não faria sentido se fosse em inglês. A mensagem de Pátria Amada é bem clara e as letras desse trabalho são bem variadas como sempre foi na História da banda, porque nós nos dividimos, cada um que escreve uma le-tra apresenta para o resto da galera e vamos separando as melhores.No ano de 2008, houve rumores da produção de um documentário em DVD em comemoração aos 18 anos de carreira da banda denominado Violen-ce and Blood, tendo sido disponibiliza-

do na internet um teaser de divulgação deste documentário. Como anda a pro-dução deste projeto e há alguma esti-mativa para seu lançamento?Marcelo Ledd - Bem, esse DVD deveria ter sido lançado agora junto com o novo álbum, mas novamente teve a saída do Nilmon e isso atrapalhou a finalização do material. O Cel-so esta na banda agora e estamos refazendo todo o material incluindo o Celso que agora faz parte de mais uma página em nossa car-reira e deve estar presente nesse documen-tário. No entanto, acredito que em 2014 ele será lançado.

Em 2009, o Hicsos lançou um Split com a banda Mortal Factor (Suíça), onde as faixas são do álbum echnolo-gic Pain através da Mr. Vain Records. Este fato aconteceu conjuntamente com a turnê europeia da banda. Conte-

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-nos como surgiram as oportunidades do lançamento do Split e da circulação na Europa.Marcelo Ledd - Cara, isso foi por causa da tour. O cara da Mr. Vain entrou em contato e falou sobre esse split e nós topamos. Quan-do começamos a tour, ele nos disse que mais da metade do que tinha sido lançado já havia sido vendido e antes de terminar ficou esgo-tado. Foi muito gratificante a resposta dos europeus para com o Hicsos.

No mês de Julho deste ano vocês lança-ram o terceiro full-lenght denominado “Circle of Violence”. Algumas resenhas da mídia especializada consideraram este álbum como o mais pesado da car-reira da banda. O que no processo de composição do disco gerou este “peso” e quais as diferenças deste álbum para os discos anteriores?

Marcelo Ledd - Acho que em termos de peso está a mesma coisa, porém, esse tem um “Q” de Death Metal que não havia nos ante-riores e isso foi pela influencia que o Nilmon (ex-guitarrista) trouxe quando criamos as músicas, ou seja, mais uma coisa para mistu-rar: Thrash, Metal, Hardcore e Death Metal. A diferença, pra mim, é essa; talvez com um pouco menos pitadas de hardcore.

Comentem um pouco sobre como foi o show de lançamento do Circle of Vio-lence no RJ e como está sendo a aceita-ção do público para o novo álbum.Anvito - O show de lançamento foi muito bom. Tivemos presença de bandas amigas na abertura, a casa tinha uma estrutura muito boa pra show e um bom público também. Na verdade foi uma grande festa onde podemos mostrar o novo trabalho e a nova postura do Hicsos nos palcos.

O novo disco da banda foi lançado em contrato com a Laser Company, con-siderada uma das maiores gravadoras do mercado fonográfico sul-america-no, como surgiu e se concretizou essa parceria?Marcelo Ledd - Eles já conheciam nosso som , por causa da repercussão do “Tecnolo-gic Pain”, e vinhamos tendo contato com al-guns caras de lá. Até que, quando estava tudo pronto, nos reunimos com a Laser e acerta-mos o lançamento.

O “Circle of Violence” foi lançado no exterior ou há planos para isso? A ban-da tem algum retorno de fãs de outros países que conheceram o Hicsos atra-vés da internet?Marcelo Ledd - Sim, temos planos para o

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exterior com o “Circle of Violence”,mas ainda é cedo para falar sobre isso.Temos muitos fãs fora do Brasil, incluindo a Europa. Alguns conheceram pela internet e outros nos shows da turnê. Nesse ponto, a internet é muito importante para um artista divulgar seu trabalho.

O Hicsos sempre foi uma banda que apostou muito nos recursos multimí-dias para a divulgação do seu trabalho (seu primeiro álbum em 2004 já con-tava com uma faixa extra contendo o vídeo clipe da música Insane Future). Hoje, com a democratização de con-teúdo através da internet, quais as mu-danças vocês observam no comporta-mento da cena e quais as perspectivas para o futuro?Marcelo Ledd - Fico muito irritado ao ver pessoas vendendo discos piratas em shows, pra mim, isso é roubo e ponto. Por outro lado, como eu disse antes, serve para divulgar e le-var sua musica a lugares distantes de forma rápida e eficiente. Como tudo na vida tem o lado bom e o ruim.Anvito - Acho que a internet é a maior ferra-menta de divulgação hoje em dia. Você pode alcançar distâncias inimagináveis até então. Acredito que esse é um dos principais moti-vos do crescimento da cena de hoje. Porém, o principal ainda não aconteceu, que é o fã de Metal sair de casa e ir aos shows de bandas autorais. Infelizmente, o público que comparece ainda é muito pequeno. Mas quando é uma banda renomada a gente vê estádios cheios. Falta a galera se unir mais e ver o que real-mente é gostar de Metal, dar mais valor as bandas nacionais. Mas por outro lado, tem a mentalidade dos produtores que precisam

mudar também... Enfim, ainda há muito o que mudar.

Sendo vanguardistas deste tipo de tra-balho, qual a opinião de vocês sobre o uso de redes sociais para a divulgação de bandas e o que vocês consideram de pontos positivos e negativos em rela-ção à troca de músicas pela internet e ‘download’ gratuito?Marcelo Ledd - Se for liberado pela banda tudo certo, se não...Roubo! Acho que as redes sociais servem como meio de comunicação e divulgação, mas a maioria das pessoas usam como divã para expor seus problemas e sua vida particular.

O Rio de Janeiro teve uma forte cena Metal nos anos 80 e 90 com bandas de estilos diferentes como Azul Limão, X-Rated, Dorsal Atlântica, entre ou-tros. Como está hoje o espaço para as bandas de Metal?

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Marcelo Ledd - Boa pergunta, como está? (risos)Anvito - Espaço tem. Bandas tem. Alguns produtores fazem um excelente trabalho. Mas na maioria vemos espaços com som ruim e isso afasta o público.

Devido ao fato do Brasil ser um país continental muito se fala sobre os di-versos problemas para a realização de grandes turnês. Qual avaliação que vo-cês fazem, visto o longo tempo que a banda já tem de estrada? Quais regiões brasileiras vocês gostariam de estar tendo oportunidade de divulgar seu trabalho?Marcelo Ledd - Cara, nós já rodamos bas-tante, mas queremos levar nossa “Thrash Violence Tour “ para lugares que não fomos ainda como o Centro-Oeste. Voltaremos nos lugares por onde já passamos e queremos muito ir novamente para o Nordeste. O Norte do país está em nossos planos, temos muitos

fãs nessas áreas. O que realmente dificulta é a distância longa. Mas vamos reverter isso com certeza.

A Rock Meeting agradece imensamen-te a oportunidade dessa entrevista his-tórica e gostaríamos de deixar o espaço para vocês mandarem uma mensagem para os fãs e amigos que curtem o tra-balho do Hicsos e para os novos fãs da banda que surgirão através do Circle of Violence!Marcelo Ledd - Nós é que agradecemos, es-tamos muito contentes com o novo trabalho e peçam para os produtores locais a violência musical em sua cidade que nós iremos.Anvito - Muito obrigado a vocês da Rock Meeting. Valeu aos fãs que nos acompanham, sem vocês não teríamos a força necessária pra dar continuidade ao trabalho. Obrigado a todos, um grande abraço!

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