revista rock meeting #46

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Revista Rock Meeting #46 - Destaques: Alírio Netto, Legion of The Damned, Doomal, O que estou ouvindo?, World Metal, Matéria – Kiss, Entrevista - Danko Jones, Shadowside, Project 46, Avoid. [email protected] | rockmeeting.net. Free download - http://bit.ly/RevistaRockMeeting46

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Editorial

De repente, “as vozes” das mídias so-ciais ganharam eco. Deixamos de ser os “revolucionários” do computa-

dor e saímos para protestar por aquilo que “achamos” ser o correto. Começou pequeno, ganhou força e forma. Hoje já são milhares de pessoas nas ruas “porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”, ou seja, “vem pra rua”. É um emblema bem forte, que veio de uma campanha publicitária para felicitar a Copa das Confederações que ocorreu no Bra-sil – aquele teste para o maior evento que acorrerá no próximo ano. Todo mundo está indignado com os gastos exacerbados – claro, não é para se aco-modar. A Fifa, a maior entidade do futebol, manda e desmanda no país. É uma revolta de poucos insatisfeitos que agregou pessoas que mal sabem o que está sendo debatido. Não cola essa do discurso decorado, ok? Sem con-tar que o que motivou a “revolta” foram os aumentos absurdos das passagens de trans-porte público nas grandes cidades. Acompanhando as manifestações nas cidades, as reportagens, os relatos dos parti-

cipantes, é muito fácil separar o joio do trigo. Por quê? Pode perguntar para qualquer um que está na manifestação saber qual é a fun-ção dele ali. Ir à manifestação virou folia. Manifestar não é depredar. Não é ma-chucar o outro. Manifestar é pacificidade, é protestar de forma ordeira, ou seja, é ter san-gue de barata, como diz o ditado. Toda esta onda de protesto que assola o Brasil é um “investimento” em longo prazo. É conscientizando hoje para colher respostas no futuro. Em curto prazo, é para mostrar que não estamos calados e engolindo tudo o que estão empurrando de goela a baixo. Sabe aquele seu deputado/vereador/senador que você votou na eleição passada? Já enviou algum e-mail cobrando suas pro-messas de campanha? “Ah, isso é perda de tempo!”, “nunca vão ler o meu e-mail”, “isso não funciona”. Mas já tentou? Você o colocou lá, por que não vai cobrar também? Assim como baixou o valor do reajuste nas passagens do transporte público, deixo aqui a pensar noutro assunto pertinente: que tal baixar dos ingressos dos shows também? Fica a dica.

#VemPraRua

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Table of Contents07 - Coluna - Doomal11 - News - World Metal16 - Matéria - Kiss 20 - Review - Legion of The Damned28 - Entrevista - Project 4636 - Capa - Alírio Netto48 - Entrevista - Shadowside57 - Entrevista - Danko Jones66 - Entrevista - Avoid 76 - Coluna - O que estou ouvindo?

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Direção Geral Pei Fon

Revisão Breno Airan Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima João Marcelo Cruz Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Igor Miranda Mauricio Melo (Espanha) Wesley Varjão Agradecimentos Ellen Maris Sandro Pessoa

CONTATO

Email: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

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ECLIPSE DOOM FESTIVAL O inverno chegou e se você ainda não havia ficado sabendo não se culpe, compreen-demos que em nosso ensolarado país é um tanto complicado diferenciar uma estação da outra. Mas, de modo, para trazer um pou-co daquele sentimento ocasionado pelo frio e pelas terras onde o sol não se faz tão pre-sente, chega até nós a sexta edição do Eclip-se Doom Festival, evento de maior renome quando se trata deste estilo musical. O evento vem apresentando grandes nomes do gênero e mergulhando o público em uma atmosfera de obscuridade mesclada a peso, agressivida-de e drama. Para começar a entrar no espírito do festival vamos falar um pouco sobre sua trajetória. Em meados de 2007, Dailton Arkn e Silvio Acioli Jr. decidiram unir forças a fim de desenvolver um projeto voltado especial-

mente ao Doom Metal, devido à grande pai-xão pelo gênero compartilhada por ambos. Somada ao conhecimento e experiências na organização de shows, a iniciativa em reali-zar um evento como este chamou bastante atenção do público, tanto da região como de outros Estados, pois até então nunca se havia falado de algo exclusivo ao Doom Metal em nosso país. Apesar dos poucos recursos e uma ca-rência relacionada a patrocinadores, o Eclip-se Doom Festival foi praticamente custeado pelos próprios organizadores, um evento to-talmente independente, com bandas auto-rais, sem a perspectiva de grandes lucros.

Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press)

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Realizada no dia 17 de maio de 2008, a pri-meira edição do Eclipse Doom Festival ocor-reu na cidade de Joinville, Santa Catarina, contando com as bandas Lachrimatory, Al-dren Liebe, Volupia Noturna, Eternal Sorrow e Katharsick. O evento reuniu um público de mais de 500 pessoas, um verdadeiro marco para história do Doom Metal no Brasil. Por conta da boa repercussão do festi-val, logo surgiu a sua segunda edição. O Eclip-se Doom Festival II ocorreu em 7 de março de 2009, também na cidade de Joinville, reunin-do as bandas Vetitum, A Sorrowful Dreams, A Tribute To The Plague e Pain of Soul. Mais

u m a vez, o

evento foi aclamado por sua qualidade e des-taque, abrindo portas para bandas que até então nunca haviam tocado, além das bandas mais experientes, apresentando ao público toda a sua maestria. Realizados também na cidade de Jo-inville, a terceira e quarta edição seguiram os mesmos padrões dos eventos anteriores, ocorrendo respectivamente nos dias 1 de no-vembro de 2009 e 17 de julho de 2010. Bandas como Agony Voices, Amon Seth, Volkmort e Morningrise fizeram partes destas edições, inclusive com a banda As I Die, cover de Pa-radise Lost.

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Após as quatro edições e um período de pausa, o Eclipse anuncia a sua quinta edição e, para a surpresa do público, agora na cidade de São Paulo. Com isso o festival alcança um novo patamar, com chances de um público maior e com a presença de bandas que antes não poderiam participar devido à grande ex-tensão de nosso país. O evento ocorreu no dia 15 de julho de 2012, com as bandas Helllight, Mortarium e O Mito da Caverna. Infelizmen-te a banda Les Memóires Fall, que também faria parte dos shows, por motivos particula-res acabou por não participar.

Para a felicidade dos doomsters bra-sileiros, outro Eclipse já tem data marcada. A sexta edição ocorrerá no dia 6 de julho de 2013, também na cidade de São Paulo. Pre-senças confirmadas das bandas Lachrima-tory, Helllight, Soul’s Silence e Bullet Course. Mais uma vez o evento promete ser um su-cesso em uma grandiosa celebração do Doom Metal nacional! Ao longo de todos esses anos, o Eclip-se Doom Festival fez história e arrecadou diversos parceiros que acreditam no grande valor que este exerce no cenário brasileiro. A Persephone Dark Clothes é patrocinadora do

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evento desde sua segunda edição, os sites Fu-neral Wedding e Doom Metal BR e também a União Doom Metal Brasil apoiam este even-to. Por conta disso, a organização do evento já estuda a possibilidade de levar o festival para outras cidades como Curitiba e Porto Alegre.Existe uma enorme mobilização nos meses que precedem o festival para que tudo saia em ordem e na melhor qualidade possível, apesar dos recursos ainda serem escassos. O importante é que, a cada edição, o Eclip-se Doom Festival torna-se maior, deixando de ser apenas um evento de caráter nacional, competindo em popularidade com diversos festivais voltados ao Doom Metal na Europa. E a resposta para todo esse ótimo tra-balho exercido pela produção do evento dá-se por uma poderosa ferramenta: a paixão pela música. Acesse: www.facebook.com/Eclipse-DoomFestival

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No gosto popular

O duo Daft Punk, involuntariamente, está colocando o Loverboy nos playlists das pes-soas. Quem procura por “Get Lucky”, novo single da dupla, nos formatos digitais, aca-ba se deparando com o álbum de mesmo nome da banda canadense, lançado em 1982. O trabalho vendeu 4 milhões à época de seu lançamento e consagrou o hit “Wor-king For The Weekend”. O serviço de compartilhamento onli-ne Sounddrop emitiu uma nota comentan-do a ascensão do disco nas últimas semanas. Ele se tornou um dos mais ouvidos no segmento oitentista. “Não importa como estão nos encontrado. Isso mostra que nossa música sobreviveu ao teste do tempo”, declarou o guitarrista Paul Dean.

Insubstituível

Jason Newsted falou ao Legendary Rock In-terviews sobre a tarefa de ter substituído Cliff Burton no Metallica. “Levou alguns anos para as pessoas me aceitarem. Eu era um grande fã dele, mais do que qualquer um. Eu mesmo es-tava triste por ele não estar mais ali. Ninguém pode substituí-lo, você apenas ocupa aquele lugar e faz a sua parte. Comigo foi assim e com Robert está sendo agora”.

Satisfeito

O guitarrista Jon Schaffer falou ao Rocking.gr sobre como está a relação com o vocalista Stu Block após quase dois anos de trablho no Iced Earth. “É muito bom trabalhar com ele. Tra-ta-se de um cara positivo, trabalhador, sem-pre pronto para dar 100% de si e trazer boas ideias. Conversamos não apenas sobre música, mas assuntos pessoais, o que torna tudo ainda mais especial”.

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Sortudo por ser adotado

O vocalista e guitarrista Robb Flynn (Machine Head) conversou com o LA Weekly. Eis um trecho da entrevista.Ia perguntar de onde você acha que seu ta-lento musical veio, mas então descobri que você foi adotado. Você sabe se os seus pais biológicos foram músicos?“Não os conheço. Na minha família adotiva nin-guém era, apenas ouvíamos música. Engraçado que não fui criado ouvindo Metal. Minhas experiências musicais quando jovem foram com os Beatles.”Você já tentou procurar seus pais biológicos?“Honestamente, lutei contra isso. Por muito tempo, simplesmente os odiei. Escrevi uma música no álbum Through The Ashes Of Empires chamada Left Unfinished, que era basicamente uma forma de mandá-los se foder. Recentemente, passei a pensar no assunto, mas não sei se eles se importariam.”Eles realmente teriam algo a se orgulhar, baseado no que você conseguiu fazer em sua vida.“Me considero sortudo. Conheci centenas de pessoas que possuem pais biológicos e não foram educa-dos como eu. Não vou ficar chorando pelo que aconteceu comigo. Tive sorte em ser adotado aos seis meses de idade. Encontrei uma boa família e sou feliz por isso”.

Esperança

Em entrevista ao RumorFix, Richie Sam-bora falou de forma bem mais amena sobre sua relação atual com o Bon Jovi. E deu espe-ranças de um retorno. “Amo os fãs e a banda. Jon e eu temos uma relaç ão de confiança de 30 anos. As coisas vão se ajeitar. Somos uma família, não se expõe problemas internos. Por hora, vou me concentrar em outras coisas. Domingo, viajarei com a minha filha. Iremos a Roma e Paris Quero mostrar o mundo a ela”.

Nova banda

O Ghost Ship Octavius conta com os gui-tarristas Christopher Amott (Arch Enemy, Armageddon) e Matthew Wicklund (God Forbid, Warrel Dane), além do baterista Van Williams (Nevermore, Ashes Of Ares). Eles se juntam ao vocalista Adon Fanion e à bai-xista Sara Abrams. O grupo já tem 13 músicas prontas para um disco de estreia

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Melhor do que eu

Em entrevista ao BraveWords.com, Dave Mustaine falou sobre seu atual companheiro de armas no Megadeth. E aproveitou para fazer uma análise rápida de todos os que passaram pelo posto na história da banda. “Chris é o melhor com quem já toquei. Não falo isso para desmerecer os outros ca-ras, todos são talentosos. Chris Poland é um grande músico de Jazz, mas tivemos proble-mas pessoais. Jeff Young também era ótimo. Marty Friedman dispensa apresentações, mas ele entrou em parafuso. Não sei o que aconteceu. Al Pitrelli é um cara legal, mas não era a pessoa certa para o lugar. Ele sabe disso. Glen Dro-ver funcionou por um tempo, nos ajudou. E foi ele que recomendou Chris. Ele tinha estudado seus antecessores. Lembro que, quando Randy Rhoads morreu, Brad Gillis entrou na banda de Ozzy. Ele é incrível, mas não reproduzia os solos como conhecíamos. Não acho isso bom”.

Tecnológico

A banda finlandesa Nightwish lançou mais um mimo para seus fãs: um aplicativo para tablets. O mimo pode ser visualizado nas pla-taformas do IOS e Android, porém não é pos-sível ver em smartphone. O aplicativo dará ao fã a possibilidade de ver vídeos, música e receber atualizações sobre a banda. E antes que pense, não, o aplicativo não é pago. Corre, clique AQUI

“Unfold”

A banda brasileira Almah, informou que o sucessor do aclamado “Motion” já tem nome e capa: “Unfold”. O quarto álbum da banda vai sair neste se-gundo semestre de 2013 através do selo “Sub-stancial Music”. Já em processo de finalização, falta gravar as guitarras conduzido pelos músicos Marcelo Moreira e Gustavo di Pádua. Veja a capa do novo álbum AQUI.

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RNR é MAIS Saudável DO QUE IR À iGREJA

Questionado pela BBC so-bre o segredo de ainda estar tocando e excursionando aos 69 anos, Keith Richards não deu fórmula mági-ca, apenas o óbvio. “Tocar Rock and Roll faz bem para a saúde. Ainda mais em uma banda como os Rolling Stones, que hoje leva uma vida limpa. Todos deveriam experimentar. É melhor que ir à igreja”.

Algo Novo

Apesar de Steven Tyler ter anunciado que tra-balhará em um álbum solo, a atividade não atrapalhará sua banda principal. “Não signi-fica que também não faremos um novo disco do Aerosmith. Preciso deixar bem claro que esse será o nosso próximo passo”, declarou o vocalista à Billboard.

Unplugged

Acontece nos dias 11, 12 e 14 de setembro as gravações do MTV Unplugged do Scorpions. Será o segundo trabalho do grupo no forma-to. Os shows acontecerão em Atenas, Grécia. Além de seus hits, a banda executará músicas inéditas e contará com uma série de convida-dos, que ainda serão anunciados.

*Todas as notas foram escritas por João Renato Alves e retiradas do site Van do Halen.

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Por Igor Miranda (@silvercm)Fotos: Divulgação

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No último mês - mais exatamente em 18 de junho -, o histórico show do KISS no estádio do Maracanã com-

pletou 30 anos. Foi a primeira banda de Rock a fazer um show realmente grande em ter-ras tupiniquins. Passagens de outros grupos como Queen e Alice Cooper não chegaram nem perto da plateia aqui aglomerada. A turnê desse concerto marcou uma transição na carreira do KISS, por ser a úl-tima a contar com as famosas maquiagens e ter novos músicos na banda. Eric Carr inte-grou o conjunto em 1980, mas mal chegou a se apresentar nos Estados Unidos. Vinnie Vincent foi efetivado após uma seletiva que incluiu até nomes como Richie Sambora e Doug Aldrich. O aspecto musical também era distinto: as músicas estavam mais aceleradas e com uma afinação mais aguda. A recepção da turnê Creatures Of The Night, de uma forma geral, não foi nada calo-rosa. O grupo estava em decadência na área que sempre tirou de letra: a comercial. Apa-rentemente, o público estava enjoado da his-tória de “super-heróis” e “além-humanos”, e os últimos discos não apresentavam a menor linearidade musical. Mas tudo foi recompensado aqui no Brasil. O KISS bateu um recorde mundial ao reunir 137 mil pagantes, segundo o site oficial da banda (fora imprensa, convidados, equipe e os que provavelmente pularam o muro) em um show de banda única, sem ser festival. O recorde pessoal do grupo foi batido de longe: 77 mil pagantes em Tóquio, Japão, no ano de 1977.

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Era possível ver fanáticos pelas ruas, gritando trechos (na maioria das vezes com o inglês errado) de músicas como “I Love It Loud”, “Detroit Rock City” e “Rock And Roll All Nite”. Informações circulavam que a ban-da era “enviada do inferno”, que esmagavam pintinhos no palco, que o canhão da bateria de Eric Carr soltava uma raposa no público, entre outros factoides. O KISS, por sua vez, recebeu o primeiro disco de ouro no país – justamente pelas vendas de “Creatures Of The Night”. Tudo isso foi merecido, pois a perfor-mance da banda foi digna. Todo o aparato de fogos de artifício e tecnologias veio com o grupo – e ficou por aqui durante seis me-ses, graças a um problema com a alfândega que reteve os equipamentos. Musicalmente, a banda estava afiadíssima, com o melhor mo-mento de seus integrantes. O amadorismo só é notável no Bra-sil, até porque as tecnologias demoravam bastante para chegar por aqui naquela épo-ca (mais do que o delay atual). Então, os re-gistros produzidos pela televisão local, bem como fotógrafos e afins, não são tão bons. Os vídeos dessa postagem, aliás, foram coleta-dos do KISSology 2, pois passaram por uma edição por parte da equipe da banda. Reza a lenda que o coro em “I Love It Loud” impressionou até mesmo os chefões Gene Simmons e Paul Stanley, segundo re-latos. E com esse cartão de visitas, todos os shows posteriores do KISS no Brasil, nos anos de 1994, 1999, 2009 e 2012, arrastaram multidões.

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Na primeira passagem do Legion of the Damned por Recife, a banda viu o quanto o público é insano

Texto e foto: Pei Fon (@poifang | [email protected])

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Na primeira passagem do Legion of the Damned por Recife, a banda viu o quanto o público é insano

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20 de junho de 2013. O país estava tomado por manifestações em todo lugar. As principais ave-nidas do Recife estavam abarrotadas por jovens que buscavam chamar a atenção da população para a situação no seu município, estado e país. O local do show, Downtown Pub, é locali-zado no coração do Recife Antigo, onde se con-centrou a passeata pacífica que, também por lá, uma minoria quis acabar com a tranquilidade do movimento. Com pedras, poucos mais de 20 manifes-tantes atacavam. Não foi a polícia. Outro grupo de pessoas também respondia do mesmo modo que foram atacadas. Ou seja, era uma chuva de pedras. Todos que estavam no lado de fora da casa de show, entre bandas e convidados, foram forçados a entrar nas dependências da casa para não serem atingidos. Enfim, foram contidos e pu-demos sair. A manifestação atrapalhou um pouco os planos da organização em relação ao público, pois todas as vias de acesso estavam bloqueadas. No entanto, quem conseguiu chegar, não se arre-pendeu.

O SHOW

Cheguei bem antes do início do show. En-tre conversas e risos, pude acompanhar a passa-gem de som das bandas e ali já prometia que seria uma noite maravilhosa. O Downtown Pub não é aquele lugar enor-me que você imagina ser – talvez, o termo “pub” já te diga alguma coisa. Muito embora, é por de-mais aconchegante e de qualquer lugar você po-deria assistir ao show com muita facilidade. Ha-via mezaninos que te faziam ficar o mais próximo possível da banda. Mas o Legion não é daquelas bandas inatingíveis. Pelo contrário: os rapazes são muito acessíveis e qualquer pessoa poderia trocar alguma ideia com eles.

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A noite prometia três bandas de peso: Expose Your Hate (RN), Fueled by Fire (EUA) e Legion of The Damned (HOL). Os primeiros a subirem foram os poti-guares do Expose Your Hate. Devo pontuar uma coisa bastante pertinente: a bateria é o coração da banda. Suas “palpitações” deter-minam as batidas e fazem aumentar a emoção pela música, por conseguinte, pela banda. Confesso que não me lembrava muito bem destas “palpitações”. E logo na primeira mú-sica dos caras, pude sentir toda esta emoção. Eu estava sendo regida, emocionalmente, pela técnica e velocidade do baterista Khal Drogo (uma alusão ao personagem do seriado Game of Thrones) – desculpa, Marcelo Costa. Cláu-dio Slayer, Luzdeth, Flávio França e Herman Sousa completam a banda. Enérgica, a banda só trouxe músicas próprias e conquistou o público pernambuca-no. Destaco a música que dá nome a quinteto e “The Media Virus”. Se você já escutou o som do Expose Your Hate e achou pancadaria total, você precisa escutar ao vivo. Fica a dica! Em seguida, os donos da noite, os caris-máticos do Legion of the Damned, assumiram o palco. A trupe holandesa, liderada pelo sim-paticíssimo Maurice Swinkels, logo de cara to-cou a minha predileta “Death’s Head March”. Ou seja, eu não sabia se fotografava ou curtia o som... bom, fiz um pouco dos dois. O show dos caras foi um passeio pelos cinco álbuns já lançados e com uma prévia do novo disco, “Ravenous Plague”, que está para ser lançado. Dentre as músicas tocadas, estavam “Malevolent Rapture”, “Cult of the dead”, “Ravenous abominations”, a novíssima “Werewolf corpse”, a música da noite “Sons of Jackal” e finalizando com a música título da banda. O grupo ainda passou por São Paulo e seguiu a tour na Argentina e no Chile.

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O ponto negativo da noite foi a ausência da banda americana Fueled By Fire. Os ame-ricanos saíram de carro da Bahia para Per-nambuco. No meio do caminho pegaram um acidente. Tentaram caminhos alternativos, mas não obtiveram êxito. Ao final do show do LOTD, a organização do evento explicou os motivos do não comparecimento e poucos ficaram reclamando. Mas vale salientar que é uma situação que não está no controle do staff do show e essas coisas estão suscetíveis a acontecer. Enfim, com duas bandas presentes, o evento foi incrível! Quem não foi, perdeu um grande show.

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ENTREVISTA

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Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Assessoria/Divulgação

“Tudo começou com uma brincadeira e foi crescendo e absorvendo...”. A música con-ta muitas histórias e dela podemos tirar gran-des lições de vida como a amizade. Através deste nobre sentimento que une as pessoas, para um objetivo comum, nasceu a banda de Metal/Hardcore Project 46. A Rock Meeting conversou com o ba-terista, Henrique Pucci e conseguimos extrair dele algumas coisas e novidades, galera! Fi-que esperto e não deixe de ler esta entrevista super divertida. Enjoy!

O começo nunca é fácil, principalmen-te pessoas que queiram realmente abraçar o projeto e encarar as barrei-ras que qualquer banda enfrenta. Fale um pouco sobre como iniciou a banda. A formação é a mesma desde o início? A banda começou com amigos de in-fância que andavam juntos e ouviam muito metal em 2008. O projeto foi iniciado com o Vini e o Jean, que tocavam no Slipknot cover.

A formação hoje teve apenas uma mudança, com Henrique Pucci, no lugar de Guilherme Figueiredo nas baquetas, seguindo nessa for-mação sólida desde 2011.

Como é ser uma banda independente no Brasil? É muito bom! Ninguém te fala o que você deve tocar, tudo que acaba saindo é por-que a banda que fez, ninguém conquistou isso pra gente. Porém, exige muito mais de todos, mas a parte mais legal de todas é tocar. Temos hoje uma banda com habilidades em designer gráfico, vídeo, estúdio, marketing e encaramos a banda profissionalmente, so-mos profissionais independentes trabalhan-do duro no que amamos.

Mesmo com todas as dificuldades que uma banda independente passa, vocês tocaram no “Maquinaria Fest”, no Chi-le. Como foi essa experiência? Foi surreal. Tocamos com as maiores bandas de Metal do mundo e fizemos parte

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de tudo isso... Tivemos um reconhecimento do publico muito maior do que esperávamos, fomos destaque no jornal de Santiago. Entre-vistas em rádios e outros shows lotados. O difícil é voltar orgulhoso pro Brasil e ver que as maiores mídias especializadas no país nem sabiam que tocamos lá.

O reconhecimento do público veio após tocarem no Maquinaria Fest ou já ha-via um público formado? No Chile sim. No Brasil nosso reconhe-cimento vem da forma mais sólida que con-seguimos: nos shows. Onde a verdade é enca-rada e fãs e bandas se encontram cara a cara para o momento da verdade.

Aconteceram outras turnês interna-cionais? Estamos querendo, mas não de qual-quer jeito. Se for pra fazer, que seja algo bem feito, que valha a pena. Mas está cada vez mais difícil para uma banda independente.

E no Brasil, já aconteceu alguma turnê pelo Norte/Nordeste? Sempre tivemos pessoas interessadas e muito publico, mas os custos para shows e tour no Nordeste são muito altos, então é necessário trabalhar um pouco mais para que uma tour bem feita possa acontecer e todos saírem felizes. Queremos muito tocar no Nor-deste. Temos muitos fãs na região.

A sonoridade do Project 46 é bastante heterogenia, com pegadas que vão do Thrash ao Hardcore e uma influência de Nu Metal. Como é que fazem para misturar tantas vertentes e não tornar o álbum monótono e repetitivo? Acredito que seja porque não é nada forçado, tudo sai do coração e da nossa vivên-cia. Não queremos saber se a base é Thrash, New Metal ou Hardcore. Se comover é bom, é o que somos e o que vivemos. Não tenta-mos ser o que somos, somos brasileiros, que cantam em português e nossa vivência acaba sendo expressa nas nossas músicas.

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O álbum “Doa a Quem Doer” é o pri-meiro da banda após o lançamento de uma demo. Como foi a produção do ál-bum? Começamos a compor o que seria o “Doa a Quem Doer” logo após gravarmos o EP em 2009. Fomos compondo em estúdio e muitas vezes tocávamos as músicas novas ao vivo, para ver como era a recepção da galera. Nesse meio tempo, conhecemos pela internet a banda Ponto Nulo no Céu e já de cara fica-mos impressionados com a qualidade da gra-vação deles. Fomos atrás, trocamos ideias com os caras e, através deles, conhecemos o produ-tor Adair Daufembach, de Criciúma (SC). Decidimos gravar o disco novo com ele e em 2010 começamos a gravar o “Doa a Quem Doer”, que se chamaria “Feel That”. Na épo-ca, cantávamos em inglês, mas no meio das gravações, no começo de 2011, nós decidimos mudar todas as letras para o português. Foi uma ótima decisão pra gente, já que hoje em dia isso se tornou um diferencial da banda. O processo de gravação foi bem tran-quilo, pois fizemos aos poucos... Gravamos as baterias em São Paulo, no Estúdio Pucci, as guitarras no estúdio do Adair em Criciúma e os baixos, solos e vozes foram gravados em São Paulo em nossas casas, do melhor jeito Home Studio, feito pela estação móvel do Adair (risos).

As letras do EP foram feitas em inglês e as do álbum em português, menos “Im-punity” que é um bônus. Qual o motivo de tal mudança? Na gravação do “Doa a Quem Doer” enquanto estávamos gravando os vocais, o Adair nos deu a ideia de gravarmos o disco

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todo em português, como o Ponto Nulo no Céu, já havia feito. Não ficamos muito anima-dos a princípio, mas decidirmos gravar uma música para ver como ficava. Então grava-mos a “Tomorrow” em português, que virou “Amanhã Negro”. Depois de gravar, ouvimos, fomos tomar uma cerveja, e foi unânime: todos gostaram e não pensamos duas vezes para mudar tudo. Jogamos tudo o que tínha-mos gravado em inglês fora e regravamos tudo em português. A música “Impunity” (no disco, “Impunidade”) foi um single que sol-tamos no MySpace, antes de regravarmos os vocais para português, então decidimos dei-xa-la como bônus do disco! Um resquício do nosso começo, que era em inglês (risos).

Já há previsão para o próximo lança-mento?Sim, começo de 2014.

O webclipe da faixa “Capa de Jornal” foi um registro feito a partir de ima-gens do lançamento do disco. Fale um pouco sobre como foi o show o público presente. O show foi surpreendente, porque foi nele que as pessoas começaram a cantar as le-tras junto conosco. Ficamos muito emociona-dos, porque as pessoas se identificaram com a gente, com as mesmas coisas que passamos. Compartilhando os mesmos sentimentos.

No início da música “Capa de Jornal” diz: “Aê pilantra, pensou que ia se dar bem? Roubou, matou, explorou. Tirou de quem não tem?”. Isso é bem atual no Brasil. Você é a favor dos protestos que estão acontecendo? Estão partici-pando? Somos a favor, apoiamos e participa-

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mos. O povo do Brasil é muito trabalhador e muito bom para merecer os políticos e go-vernantes que tem, que ao invés de nos re-presentar, nos exploram, pedem nosso apoio para nos explorar, não tem ética e nenhuma decência. Então, está na hora do Estado te-mer o povo e não o povo temer ao Estado.

Todo esse movimento serve de inspira-ção para as próximas composições? Com certeza, sempre serviu, sempre teve jura merda acontecendo e só não via quem não queria. Chegou a hora de acordar para a vida e essa é a hora que nos sentimos mais úteis para a sociedade com o que faze-mos e a música amplia seu sentido, de entre-tenimento para protesto.

Você acredita que a luta travada entre o povo e os dominantes trará algum avanço ou mudança para as futuras ge-rações? Com certeza absoluta! Está havendo uma politização das pessoas que perceberam que a apatia social é apenas mais uma forma lasciva de se fazer política e que para merdas acontecerem é só você não fazer nada.

Top 5. Esta é uma pergunta que costu-mamos fazer para os nossos entrevis-tados. Pois bem, liste as cinco bandas que servem de inspiração para o Pro-ject 46. Cite um álbum de cada banda escolhida e fale um pouco sobre eles. Sepultura – “Chaos AD” - aqui a banda não teve medo de mostrar suas raízes, arris-cando sair do lugar comum do metal; Slipknot – “Slipknot” - redefiniu o me-tal e ganhou fãs que não seriam metaleiros, trouxe muitos jovens para o metal; Lamb Of God – “Ashes Of The Wake”

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- traz uma nova sonoridade e maneiras dife-rentes de tocar; Despised Icon – “Day Of Mourning” - levou a música para um nível mais técnico de uma maneira bem musical; John Wayne – “Tempestade” - bases pesadas falando da nossa mesma realidade com uma visão bem poética.

Um episódio que foi ao ar em rede na-cional e acabou repercutindo nas re-des sociais foi aquele caso do jogador de futebol americano do Corinthians que pediu uma música de vocês por ter feito três touchdowns (o que pode ser comparado a três gols) e pediu uma música no Esporte Espetacular. A mú-sica era “Se quiser” e eles trocaram por uma música romântica. Não imagino qual foi a reação de vocês, mas o que acharam? Vocês devem ter visto, num é? Se sentem ofendidos? Nos sentimos ofendidos sim e acredito que o jogador também. E mesmo depois de saberem isso não fizeram nenhuma nota de correção, levando a conclusão que realmen-te foi proposital. Eles não querem dar espaço para o metal e nada que venha comprometer o status quo. Acabou nos deixando com mais sangue nos olhos e mais vontade de fazer mú-sica, assim como todas as merdas que aconte-cem aqui.

A Rock Meeting agradece pela entre-vista, muito sucesso. E os planos para esta metade de 2013? Muitos shows, gravar o CD ao fim do ano, tocar, tocar e tocar. Agradecemos de co-ração o interesse da Rock Meeting e do publi-co. Esperamos tocar em breve para o publico do Nordeste.

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“SEM HIPOCRISIA, ACHO QUE EU TENHO

O PERFIL PARA O ANGRA SIM”

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ALÍRIO NETTO

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Divulgação

“SEM HIPOCRISIA, ACHO QUE EU TENHO

O PERFIL PARA O ANGRA SIM”

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Alírio Netto era um jovem que herdou vinis de sua mãe das bandas clássicas do Rock como o Led Zeppelin. Certa vez ganhou um disco do Queen e do Guns’N’ Roses e sua vida mudou. Decidido a cantar, tropeçou muito até resolver estudar canto lírico. Sua dedicação o levou a ser cantor de musical. Pode soar estranho, mas conheça um pouco mais sobre este cara que ainda vai dar muito o que falar e a Rock Meeting faz a ponte entre você e ele. Aprecie sem moderação!

Opa Alírio, prazer imenso. Muito obrigada ceder alguns momentos para esta entrevista. Sinta-se à vontade e não meça as palavras. Por favor!

Apesar de não precisar fazer isso, mas sempre tem aquela pessoa mais desli-gada. Apresente-se para os nossos lei-tores. Então galera, sou Alírio Netto voca-lista das bandas Khallice, Age of Artemis e Lince. Tenho mais de 20 anos de carreira e já fiz quase de tudo na música: cantei em produ-ções de ópera, teatro musical, bandas de bai-le, velório de cachorro, etc rs... Estudei canto, piano e música em geral. Hoje sou professor de canto no GTR que e a escola do meu par-ceiro Marcelo Barbosa do Khallice.

Você é vocalistas de diversas bandas e está à frente do Age of Artemis há qua-tro anos. O que mudou do Alírio desde período para hoje, musicalmente fa-lando? Nesses quatro anos várias coisas boas aconteceram na minha carreira. Primeiro foi o Ártemis, que caiu de paraquedas na minha

vida. Segundo tem o Lince, que é um projeto de prog muito bacana e, em terceiro lugar, es-tou trabalhando também meu CD com o Ra-fael Bittencourt, que tem uma pegada mais acústica e que, por motivos de força, maior vai atrasar um pouco. Por último, um livro de técnica vocal que estou escrevendo e nego-ciando com uma editora.

O primeiro CD do AOA, “Overcoming Limits”, foi produzido por Edu Falas-chi (ex Angra/Almah). Como surgiu o contato entre vocês até resultar na produção do álbum? O Artemis já estava sendo produzido pelo Edu quando eles precisaram encontrar um vocalista para gravar o CD, trabalhar em algumas melodias e escrever as letras. O Edu é meu amigo há alguns anos e me indicou pra banda. Nossa amizade facilitou muito todo o processo, porque ele conhece bem a minha voz. Os toques e a direção que ele mostrou para banda foram determinantes para que obtivéssemos o reconhecimento que tivemos nesse primeiro CD, fora que ele conseguiu nosso primeiro contrato no Japão com a King Records.

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Vocês já estão produzindo o novo ál-bum. O que pode nos adiantar? É sa-bido que tem a produção da galera da Norcal Studios. Já tem nome e data de lançamento? Estamos na pré-produção e ainda não temos um nome pro álbum, que deve sair no final do ano. Gravamos nosso primeiro CD no Norcal Studios e por conta disso estreitamos os laços. Eles são extremamente profissionais e sempre nos deram todo o suporte necessá-rio para a realização do Overcoming Limits, então não foi difícil decidir onde fazer esse próximo CD.

Participações especiais no sucessor de “Overcoming Limits”? Temos algumas em vista que não posso revelar porque ainda não fechamos (Risos).

Prometo que assim que fecharmos anuncia-remos o mais rápido possível.

Khalice, a sua outra banda, o que tem de novo, cara? O Khallice é meu xodó, algo realmente importante na minha vida, mas, na real, não sei o que vai acontecer. Eu e o Marcelo Barbo-sa queremos sim lançar algo novo, não sabe-mos quando nem como, mas possivelmente vai acontecer quando o momento for oportu-no.

“Zero” é o lançamento do Lince, sua outra banda. Porém tem a linha musi-cal das outras. Shows, notícias, o que há de novo? O Lince é um projeto onde dificilmente veremos shows da banda, todos os integran-

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tes têm outros projetos, outras bandas e tal... Mas, apesar disso tudo, a gente tem sim al-guns shows que estão para serem anunciados para o segundo semestre, possivelmente no Sul do país. Quanto a um CD novo, não tenho a mínima ideia de quando rolaria.

BIO - Alírio Netto

Vamos conhecer um pouco mais sobre a sua vida. Você começou bem cedo no canto, ainda aos 15 anos, em Florianó-polis. Como foi sua aproximação com a música, em especial com o canto? Comprei meu primeiro disco de vinil aos 11 anos, mas herdei vários outros da mi-nha mãe e dos meus tios, que para minha sor-te, eram bem roqueiros. Ganhei deles discos do Led, Pink Floyd, Purple, Journey, Beatles, entre outros... Dentre eles estava o Greatest Hits do Queen. Esse disco mudou minha vida, junto com o Appetite for Destruction - do Guns - e o New Jersey, do Bon Jovi. Passei a tentar gritar as músicas na tentativa de imi-tar os caras, minha mãe me achava um doi-do! (Risos) Foi quando me convidaram para cantar em uma banda com uns amigos meus, que moravam no mesmo bairro. Meu primei-ro show foi em uma festa no quarto de um deles, horrível! Mas meu primeiro cachê foi especial, um sanduiche de presunto e queijo sem queijo. (Risos)

Por que decidiu aprender canto lírico? O canto lírico apareceu na minha vida quando comecei a pesquisar sobre os canto-res. Na época era muito difícil encontrar ma-terial para estudo. Percebi que os cantores lí-ricos pareciam ter mais controle da voz e uma qualidade vocal melhor. Foi quando decidi estudar canto.

Você teve duas ótimas referências no canto, como Rute Gebler e Marconi Araújo. Se não fossem eles, quem seria Alírio Netto hoje? Tive a sorte de encontrar dois profes-sores que foram determinantes na minha formação. Primeiro a Rute Gebler, que era a professora mais conhecida de Florianópolis, onde eu morava na época. Então, depois de economizar toda minha grana para fazer uma aula com ela (na época eu era muito quebra-do), pedi para uma tia minha que já a conhe-cia ligar dizendo que tinha um sobrinho que era cantor e que adoraria fazer aula com ela. A Rute é uma senhora muito recatada e tal, imagina a cara dela quando cheguei de bike para fazer aula todo suado, camisa do Iron e todo cheio de correntes. Achei que ela iria chamar a polícia. Ela me adorou, começou a me ensinar a técnica vocal e ainda me colocou pra cantar em vários concertos. Cerca de um ano depois, ela me apresentou o maestro Mar-coni Araujo: o cara simplesmente foi e ainda é o professor dos cantores mais bem prepa-rados do país. Foi quando mudei de ‘Floripa’ para Brasilia, para estudar com ele. Tive sor-te de ter sido praticamente adotado por ele, até dinheiro pra eu ir ao cinema com minha namorada da época ele me dava... O cara me tratou como um filho mesmo. Com ele, cantei e estudei de tudo, desde árias de opera, mu-sicais, pop, jazz, até musica erudita e popular brasileira em geral. O maestro Marconi me deu uma profissão, pois além de ensinar téc-nica vocal me ensinou a dar aula, tocar piano e teoria musical. Tive sorte de encontrar esse grande mestre no meu caminho.

A sua biografia musical é bastante di-versa. Cantor em musical, você se ima-ginaria em algo relacionado ao teatro

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“Sinto muita falta, esse papel foi

um divisor de águas na minha

vida”.

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utilizando-se do canto? Sim, já participei de algumas produções de musicais, o que fez com que minha performance no palco ficasse mais intensa.

Passou uma temporada no México trabalhando no musi-cal “Jesus Christ Superstar”, onde ficou por quase dois anos. Saudades deste tempo? Com certeza! Sinto muita falta, esse papel foi um divisor de águas na minha vida, interpretar Jesus não é fácil nem para um ator, muito menos para quem canta. A partitura vocal do personagem exi-ge muito controle da voz por ser muito grave e muito agudo, além do número elevado de apresentações por se-mana, entre sete e nove. Esses musicais, por serem versões oficiais, são franquias dos mu-sicais da Broadway e Londres, com o mesmo nível de produção de lá. Cresci muito como artista nessa produção.

Outra parada: agora na conceituada Berklee College of Music para um cur-so de verão. Você foi agraciado com um curso regular na escola. Tinha planos para este curso ou foi uma surpresa? Conta para nós esta experiência. Quando eu estava no México fazendo o Jesus Christ, tive um período de férias no qual aproveitei para fazer um dos cursos de verão da Berklee. No final do curso eles me ofereçam uma bolsa para ingressar no ensino regular de três anos deles, infelizmente não nasci em berço de ouro. Mesmo com a bol-sa não tive condições de ingressar no curso. O que me deixou mais chateado foi que nem

Age of Artemis

com a bolsa da Berklee, Jesus Christ Supers-tar, várias produções de ópera no teatro Na-cional em Brasília no currículo, não foi pos-sível conseguir apoio dos governos de Santa Catarina e do Distrito Federal. Houve até um episódio onde um dos ministros da cultura da época me mandou um recado dizendo que eles só apoiam artistas genuinamente brasi-leiros. E eu sou o que? Argentino?

A bagagem é grande. Tem saudades deste período de afirmação no canto e das descobertas como músico? Faria tudo de novo? Ainda estudo bastante e estou sempre descobrindo algo novo. Vou sempre para São Paulo fazer aulas com o maestro Marconi e com certeza faria tudo de novo.

ANGRA

Vamos às polêmicas do momento. A

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Khallice

pergunta que não quer calar: vários boatos nas “contigos” do Rock/Metal no Brasil insinuam que você seria o próximo vocalista do Angra. Como é isso cara? Isso é natural quando uma banda como o Angra fica sem um membro, principalmen-te o cantor. Na verdade, esse tipo de especu-lação não aconteceu só comigo, vários nomes estão sendo especulados também.

Boato ou não, se sente honrado pela galera ter se lembrado de você neste momento de transição do Angra? Com certeza! É sim uma honra, o An-gra é uma das maiores e mais importantes bandas de metal da historia do país, quem não estaria honrado? É muito bom perceber a quantidade de pessoas do público que me querem na banda, que fazem campanha nas redes sociais e tal... Adoraria fazer parte do Angra, então se tiver que ser eu será, se não,

está tudo certo.

Angra. Angra. Angra. Não sai da cabe-ça. Mas conta aí, você já se viu cantan-do na banda junto com Felipe, Rafael, Kiko e Ricardo? Já sim e na minha cabeça está funcio-nando bem. Tomara que na deles também. (Risos)

Hoje, se você enumerar os vocalistas que podem ser os sucessores de Edu Falashi, quais seriam esses caras? No-mes e porquês. O próprio Rafael. Já falei isso pra ele! Ele, na minha opinião, seria o mais indicado. Mas, se tiver que falar de mais alguém, tem o Fabio Lione que já esta em tour com eles, Nando Fernandes, o Bruno Sutter - que canta muito - e o Thiago, do Shaman.

Para fechar o assunto Angra. Se você

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artistas por cima. Acredito que a concorrên-cia obriga o novo a ter um trabalho mais pro-fissional e também obriga os grandes a não confiarem somente em sua história.

Você acredita que hoje os consumido-res da música estão mais preocupados com o número de gigabytes que tem de música do que consumi-la num show, por exemplo? Com certeza. Parece papo de velho, mas na minha época comprar um disco era quase um ritual. Você esperava um tempão para o disco chegar na loja com uma capa e encartes grandiosos tendo que cuidar do mesmo como se fosse uma joia pra não estra-gar. A relação era outra, a gente tinha mais tempo pra degustar os discos, hoje você baixa uma discografia em poucos minutos, não tem como conhecer o trabalho e evolução de uma banda desse jeito

O que está faltando, de fato, para movi-mentar a cena do Metal no Brasil? Pre-ços acessíveis, condições som/local do show, divulgação, qualidade nas ban-das? De quem é a culpa? Das bandas ou do público? Ou é tudo uma fase? Existe culpado? Acho que o texto sintetiza o que real-mente esta acontecendo e sim, um pouco de tudo isso que você falou, um conjunto de fa-tores que já acontece há muito tempo. Bandas que não se respeitam, produtores amadores, etc... Mas não é só isso. Por exemplo: o Lobão disse em uma entrevista que, depois que co-meçamos a sentar na boquinha da garrafa não paramos mais, estamos sentando ate hoje. Infelizmente é verdade! Estamos vivemos uma monocultura musical, com uma quanti-dade absurda de músicas ruins na grande mí-

fosse convidado para ser o vocalista, teria alguma dificuldade em cantar al-guma música ou álbum, a exemplo do “Angels Cry”? Sem hipocrisia, acho que eu tenho o perfil para o Angra sim. Tenho a idade apro-ximada dos caras, a experiência necessária para contribuir nas composições e no palco e, principalmente, me sinto confortável cantan-do qualquer música do repertorio do Angra, independente da fase da banda, sem imitar ninguém e imprimindo minha cara nas mu-sicas. Fora que estou com a faca nos dentes. (Muitos risos).

CENA NO BRASIL

Recentemente saiu uma matéria no “Estadão” (LEIA AQUI) sobre onde es-tão os fãs do Metal. Até cita o Age of Ar-temis e seu som autoral bem como ou-tras bandas. O público atual é público de internet e de banda grande? Os fãs estão por aí sim! Ávidos por ban-das novas e competentes, só que com a che-gada do youtube eles se afastaram um pouco dos shows, o que faz com que estes fãs pre-firam ficar em casa ao invés de ir aos shows mesmo de bandas grandes.

No texto, fala sobre o embate entre bandas. Que no passado a união era mais presente e hoje há uma “briga” de egos. Na real, isso de fato acontece? Ouvimos tantos boatos a respeito que, enquanto fãs, achamos que tudo isso é verdade. Isso tem em qualquer lugar: entre ban-das, gravadoras, médicos, dentistas e etc. O que tem que acontecer e que essa “briga” aconteça de forma saudável, nivelando esses

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dia. Isso influenciou duas gerações. O jovem de hoje é muito mais imediatista do que era no passado, o que é até normal nesses tem-pos de internet, o problema é que isso acabou afastando e fragilizando um pouco essa gale-ra que reclama de tudo. Tudo é bullyng hoje. Que saco! Sou do tempo que “bule” fazia café! (Risos). Sei que tem gente que sofre e tal, mas tem muita frescura e essas músicas de hoje expressam isso. Aí você junta isso com produtores de rock incompetentes, que fazem as coisas nas coxas, com shows mal produzidos, banheiros sujos, sem segurança e com estruturas que mais parecem que saíram de um programa dos trapalhões, não tem outra, vai dar merda! Isso sim é bullyng! (Risos) As bandas gastam grana que não têm pra gravar os CDs, fazer clipes, pagam pra tocar - dão a vida por isso - se organizam do jeito que podem e etc... Isso é exaustivo e caro! A nossa sorte é que tudo na vida e cíclico e acho que o metal vai vol-tar alguma hora. Ainda existem fãs fiéis que acreditam sim nas bandas, que se emocionam com as musicas, compram ou baixam os CDs, compram as camisetas, mostram as bandas para os amigos, divulgam nas redes sociais e que verdadeiramente apoiam as bandas, mas eles também se cansam e, se não mudar logo, vamos perder esses também.

Até onde você acredita que internet fa-cilitou a propagação da música e, ao mesmo tempo, condenou o consumo físico da mesma? Facilitou o acesso a bandas novas, o que possibilita mais interação entre as mesmas, mas enfraqueceu as gravadoras que eram quem realmente tinha o poder para divulgar e investir nas bandas. A tendência é acabar com o CD e apostar em sistemas de vendas

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como Itunes e outros, o que também é legal.

CD hoje é artigo de colecionador? Acho que assim como o vinil, o CD vai virar item de colecionador, teremos mais es-paço nas prateleiras para livros. Ops! Isso também já era...

Ok, parei! Top 5. O que você está ouvin-do, Alírio? Liste o seu top 5 das bandas que tem escutado recentemente e fale um pouco sobre cada um delas.1 Angra – Acho que nem precisa comentar o motivo, né.2 Queen/ Freedie Mercury – Estou preparan-do um concerto para voz e piano cantando so-mente musicas do Freddie Mercury, que vai ser em São Paulo em agosto, provavelmente dia 7 ou 8, no teatro Itália, falta confirmar ainda.3 Journey – Porque nunca paro de ouvir. 4 The Winery dogs – Esse CD é o melhor des-se ano até agora.5 Almah – o Motion não sai do meu Ipod, as musicas são muito empolgantes.Vou incluir um a mais: o CD novo do Dynah-ead (Chordata) aqui de Brasilia, uma paula-da!

Para finalizar, o que podemos esperar de Alírio Netto em 2013 e de suas ban-das? Sucesso, cara. E nos esbarramos por aí. Primeiramente gostaria de agradecer os fãs pelo apoio e a vocês pela entrevista. Com certeza teremos um álbum novo do Ar-temis e talvez o meu CD com o Rafael Bitten-court, que conta também com a participação do Felipe Andreoli, que vai gravar o baixo, e do Tito Falaschi na batera. Valeu!

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Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Assessoria/Divulgação

ENTREVISTA

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2013 já começou pegando fogo para a banda paulistana Shadowside. Durante a sua turnê Norte/Nordeste no final de 2012, a ban-da divulgara uma super tour internacional com as consagradíssimas Helloween e Gam-ma Ray, o que dizer? Só parabenizar pelo tra-balho desenvolvido durante todos esses anos. Três álbuns, algumas mudanças e a mesma sintonia. A Rock Meeting conversou com a frontwoman da banda, Dani Nolden e, dentre outras detalhes musicais e novidades, tivemos o momento “conversa de Luluzinha”, para entender como é uma mulher entre mar-manjos numa tour. Só uma dica: não deixe de ler!

Saudações Dani. Vamos lá para mais uma bateria de perguntas. Dois meses na Europa junto com Hel-loween e Gamma Ray. Neste retorno ao Velho Mundo, o que foi de diferente? A galera reconheceu vocês, já conheciam as músicas do “Inner Monster Out”? Várias pessoas já nos conheciam da tur-nê de 2010, algumas nos conheciam da inter-net, várias outras conheceram por causa do anúncio da turnê com o Helloween e Gamma Ray, mas é claro que ainda éramos novidade para muita gente e isso tornou o show um de-safio muito maior. Quando você está tocando para os fãs que foram ao show apenas para ver você, é claro que existe a responsabilidade de agradar a essas pessoas, porém é mais fácil agradar quem já gosta de você a convencer, naquele momento, quem nunca ouviu seu nome ou ouviu muito pouco. Porém, é um desafio di-vertido, que nos permite brincar com o públi-co, interagir com ele de uma forma diferente. Sempre brincamos dizendo que os especta-dores devem ficar quietos se acharem que a

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música é um lixo e gritarem se acharam que foi legal... felizmente eles sempre gritaram (risos). É algo muito legal chegar como uma banda relativamente desconhecida e ver que as pessoas estão surpresas, que gostaram do que você tem a oferecer e, a partir da segunda ou terceira música, começam a interagir com a banda como se fossem fãs há anos.

Esta foi a primeira tour internacional com Fabio Carito, o novo baixista. Já estão mais adaptados, qual era o clima entre vocês? Afinal, foram dois rápi-dos meses divulgando e consolidando o Shadowside na Europa. Sim, completamente adaptados, ele já havia feito vários shows conosco no Brasil. Ele está mais que acostumado a essa rotina de turnês e a forma de trabalhar do Shadowside. Mas é claro que ele foi zoado o tempo todo, afinal é o cara mais novo na banda e o cara mais novo sempre tem que passar pela prova de fogo de nos aturar durante dois meses se-guidos (risos). Ele é um cara tranquilo, sabe o que quer da vida. Essa turnê foi meio que um teste para ele, pois muita gente desiste de ser músico ao perceber que a vida na estrada é bem mais di-fícil do que parece ser. Muito músico talentoso não aguenta e acaba não querendo mais tocar em banda, prefere tocar na noite porque não tem que morar em um ônibus e ficar longe do conforto, das pessoas queridas. Não é fácil e só tínhamos como saber como ele se sentiria depois de fazer a turnê com ele. Felizmente ele aguentou e quer mais!

Mas e aí, conta pra gente como foi o show de retorno da tour europeia. Foi incrível, realmente não tenho pala-vras! O público foi insano, cantou as músicas

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do começo ao fim. Lembro que pensei na hora que eu não podia errar as letras, pois os fãs es-tavam me acompanhando o tempo todo e per-ceberiam se eu cantasse alguma coisa errada (risos). A recepção deles na volta ao Brasil não poderia ter sido melhor, tanto em São Paulo, onde pudemos finalmente fazer a produção que tanto queríamos aqui no Brasil e entre-gar aos fãs que nos seguem há tanto tempo tudo aquilo que estivemos fazendo no exterior desde 2007, quanto em Manaus, onde os fãs também cantavam tudo, choravam ao som de algumas músicas e gritavam “Shadowside” ao final de cada música. Foi emocionante, pois nós representamos o nosso país lá fora com muito carinho e recebemos esse carinho do público daqui de volta. Sempre valorizamos o público brasileiro, sempre fomos gratos e sempre gostamos de tocar aqui, acho que isso fica tão evidente que eles retribuem esse senti-mento na hora do show. O público que assiste a uma apresentação do Shadowside é sempre muito intenso, assim como nós somos no pal-co.

O setlist executado no show com o Su-prema foi repleto de músicas que não eram tocadas com frequência. Quais surpresas foram essas? Nós fizemos um medley com algumas músicas do álbum “Theatre of Shadows”, como “Vampire Hunter” e “We Want a Mira-cle”, pois queríamos abranger várias músicas antigas que a galera vinha pedindo há muito tempo. E não havia lugar melhor para estrear esse medley que em São Paulo, onde nunca ha-víamos tido a oportunidade de fazer um show completo. Tocamos também algumas músicas do “Dare to Dream”, que estavam abandona-das, e quase o “Inner Monster Out” inteiro,

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além da jam com o pessoal do Suprema ao fi-nal do show. Foi uma festa inesquecível para todo mundo!

Esta parceria com o Suprema rendeu um pouco mais. Pela primeira vez vo-cês estiveram em Manaus, dividindo o mesmo palco. Como foi esta estreia? Manaus foi incrível, foi um dos públicos mais malucos que já vimos! Eu não imagina-va que seríamos tão bem recebidos, ao me-nos não por tanta gente. Entramos no palco bem confiantes depois de tantas turnês, mas é claro que estávamos ansiosos, especialmente porque tocar em Manaus era um sonho anti-go, que era para ter acontecido na turnê que fizemos em 2012 pelo Norte e Nordeste, mas que não foi possível porque ficou difícil colo-car na rota. Mas finalmente aconteceu agora e ficamos muito felizes. Foi um dos shows mais legais da nossa carreira e não esqueceremos o público maravilhoso de Manaus. A galera foi à loucura na jam com a galera do Suprema e eu pensei que eles derrubariam o palco (risos).

Saindo um pouco dos shows. “Inner Monster Out” entrou na lista dos álbuns mais importantes para o Heavy Metal brasileiro por uma revista especializa-da. Como se sentem após esta honra-ria? Dever cumprido? Dever cumprido, não... Nós ainda te-mos muita coisa a fazer, tem muito pela fren-te e acredito que nossa mentalidade tem que ser de sempre superar o que fizemos anterior-mente... Esse não é nosso auge, ainda temos muito que trabalhar. Considero isso como um passo muito importante na nossa carreira, como uma honra sem tamanho, pois o metal brasileiro é riquíssimo e estarmos entre os ál-buns mais importantes nos deixa gratos. Fica-

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mos felizes que as pessoas estejam gostando do que estamos fazendo.

Em falar no IMO, muitos shows pela frente, mas já há algum esboço para o seu sucessor? Temos algumas ideias, mas vamos co-meçar a trabalhar de verdade no próximo ál-bum a partir do segundo semestre e acredito que vamos começar a gravá-lo em algum mo-mento de 2014. Temos que fechar o ciclo do “Inner Monster Out” primeiro para então fi-carmos completamente focados no novo tra-balho, queremos fazer com calma, sem pres-são para sair um álbum ainda melhor que o atual. Só posso garantir que será pesado!

Papo de ‘luluzinha’. Dizem que mulher numa tour é complicado, pelas razões naturais e necessidades de toda “meni-na”. Você prova que isso é balela. Mas tem algum momento que você se sente “isolada”, de algum modo? Não dá para ser mulher e evitar o “mo-mento luluzinha” (risos). Complicado, até pode ser... Mas não significa que não é possí-vel. O que não pode acontecer é a menina ter frescura, de querer ser mimada e querer que todo mundo carregue as coisas pra ela, por exemplo. Se ela vai consciente de que vai ser cansativo, de que ela não vai ser mimada e que ninguém vai ficar esperando ela fazer maquia-gem para começar o show, tudo dá certo. Ser mulher significa que vamos passar

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mais tempo com essas coisas de beleza e cui-dado pessoal, portanto também significa ter organização com os horários e começar a se arrumar mais cedo que todo mundo. Signifi-ca saber que não adianta levar o guarda-roupa inteiro para a turnê, porque o espaço é aper-tado dentro do ônibus e todo mundo precisa guardar suas coisas. Uma mulher na turnê é tratada como uma mulher de negócios, como uma lutadora, como alguém capaz de se virar sozinha e não como uma princesinha frágil. Eu me sinto isolada mais por ser uma vocalista do que por ser uma mulher, porque vocalistas precisam dormir bastante, ficar quietos, enquanto todo mundo está conver-sando, socializando, eu tenho que estar des-cansando, sempre. Às vezes vocalistas ganham

fama de “mala” por isso (risos).

Para finalizar, o que podemos espe-rar do Shadowside em 2013, será que sai um DVD? Muito obrigada Dani por mais uma vez que você dedica um tem-po para nós. Sucesso! Eu gostaria muito, mas para fazermos um DVD, precisamos planejar com muito cui-dado para fazer algo do nível que os fãs mere-cem. Não sei se conseguiremos fazer algo em 2013, mas os fãs podem ter certeza que fare-mos o mais breve possível. O que os fãs podem esperar com certeza em 2013 é Shadowside na estrada e logo mais, trabalhando em um novo álbum. Muito obrigada pelo espaço e vejo vo-cês em breve!

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“Não importa que lugar ou idioma se fala, é a música que interessa a todos”Por Mauricio Melo - EspanhaFotos: Calle Stoltz

Foto: Mauricio Melo

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Quem já esteve num show dos canadenses Danko Jones sabe muito bem do que o texto a se-

guir se trata. Rock descarado, letras de amor grosseiro, línguas de fora e muito mais. Um vocalista/guitarrista que de-finitivamente anima a noite do mais desanimado expectador; que faz rir, que faz de seu personagem o bobo da corte com o intuito de levantar que os assistem e sair do recinto com a alma lavada. Ele é um verdadeiro show à parte. Agora, o que descobrimos foi que o verdadeiro Danko não se parece em nada com a imagem de durão que se veste de preto. Por trás deste personagem se esconde um cidadão comum, simples, inte-ligente e com cara de universitário fã de heavy metal. Com voz pausada, paciência e nitidamente cansado, após a ava-lanche de perguntas que respon-deu nas entrevistas anteriores. Mr. Danko Jones nos recebeu no cô-modo sofá, num terraço ao ar livre da sala Music Hall em Barcelona, numa tarde chuvosa do passado mês de maio, para básicas respos-tas sobre seu último disco: “Rock and Rock is Black and Blue”, além do novo baterista, turnês, trilogia de vídeo clipes e muito mais. Com vocês o verdadeiro Danko Jones.

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Começando pelo disco novo, é claro. O título The Rock and Roll is Black and Blue?…Danko - Black and Blue é um termo, acho que norte-americano, que significa que você foi batido, ou que levou uma porrada. Então significa que se você foi golpeado em “Black and Blue” é porque foi duramente golpeado.

Então o fato do Rock and Roll is Black and Blue quer dizer que o Rock já não é tão

popular quanto já foi um dia.

Musicalmente podemos dizer que Danko Jones deu um passo mais à frente?Espero que não…

Claro que sim, sua voz melho-ra a cada disco…Mas eu também cantava bem nos outros. Particularmente não gosto quando bandas progridem, talvez não seja isso, mas é o que a palavra transmite. Porque talvez seja um mau sinal.

Sim, mas tento dar outro sen-tido. Estávamos acostumados com músicas como “Sticky Situation”, que são músicas mais rápidas e cantadas com menos técnica. Com o disco Never Too Loud a mudança foi notada à distancia…Isso sim, desde o lançamento de Never Too Loud estou cantando mais do que gritando. E de lá pra cá já são três discos.

Já que falamos em Never Too Loud. Foi o único disco

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que vocês não trabalharam com o pro-dutor Matt DeMatteo?Não, na verdade também não trabalhamos em Born a Lion. Quer dizer, ele foi o engenheiro de som, mas não o produtor. Já todos os ou-tros sim, com exceção da coletânea B-Sides em que a maioria das músicas nem produzidas fo-ram. Em todos os outros é claro que, neste que acabamos de lançar, também foi o produtor.

A banda mais uma vez apresenta um novo baterista. Como foi encontrar Adam Atom Willard, uma pérola dando sopa?Sabia que ele tocava com o Rocket From the Crypt. Depois tocamos com Angels & Airwa-ves em 2006, durante um festival e tomamos conhecimento de que ele gostava de nossa banda. Aí nos aproximamos e fomos apre-

sentados. Desde então mantivemos contato e quando tivemos a necessidade de um novo baterista, só tivemos o trabalho de telefonar e ele topou. Foi simples assim.

Você já deu o currículo de Atom. Tocou com o Rocket, Angels & Airwaves, com Social Distortion… Podemos dizer que é um californiano em todos os sentidos. Danko Jones é uma banda de Toronto…Sim. Quando estávamos compondo o disco ele pegava um voo, passava uma semana traba-lhando duro e voltava para casa. Sentávamos numa sala do meio dia até as sete oito horas da noite durante toda uma semana, foi inten-so. Aconteceu mês a mês, quando já tínhamos as músicas prontas, fomos aperfeiçoando até voltarmos a nos encontrar no mês seguinte. Isso aconteceu durante seis ou sete meses até

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chegarmos ao estúdio e gravarmos as melho-res.

Aconteceu alguma vez de, durante estes encontros, bater aquela preguiça e pen-sar: hoje não estou a fim. Sim ou não?Não, não exatamente. Não é como os discos acontecem, não é um show ao vivo. É mais tranquilo. Existem tanto a fazer quando se está preparando um disco que, não podemos ser assim.

Danko Jones tem uma trilogia em vídeo clipes. Alguma intenção de um disco conceitual?Não. Definitivamente não gosto de álbuns conceituais.

Por quê?

Porque o processo é simplesmente paranoico. Já tenho pessoas trabalhando seriamente com minha música, muito mais do que deveriam estar. Por mais que seja interessante vendo de fora, se uma banda quer fazer um disco con-ceitual, tudo bem, mas não é para nossa ban-da, nós não encaixamos no perfil.

O último vídeo lançado foi “I Believed in God” e foi gravado nos Estados Unidos enquanto vocês estavam em uma turnê na Austrália. Gostaram do resultado final?Sim, estávamos na Austrália quando a pro-dução aconteceu. Sim, é um bom vídeo, mas é como eu disse, não estávamos por perto, foi conversado sobre o conceito a utilizar, exis-tem tantas coisas que você não pode contro-lar quando não se está por perto. Deixamos nas mãos dos Diamond Brothers que foram

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os responsáveis pela gravação da trilogia no disco anterior, do documentário que está no DVD e também a produção do mesmo. Então temos um bom relacionamento com eles que também produziram e gravaram o vídeo da música “Beautiful Day”. Deixando nas mãos deles foi mais fácil fazer, confiamos neles.

Quando assistimos a um de seus shows, você definitivamente parece estar co-nectado com o público. Sim. Não importa que lugar ou idioma se fala, é a música que interessa a todos. Independen-te se o público vai entender o que digo ou não, o que importa é que se crie um ambiente e ten-to meu melhor para criar este ambiente, seja tocando ou entre uma música e outra.

E já aconteceu de encontrar por diante uma plateia “congelada”? Ainda que eu não acredite nisso.

Claro! Acontece sempre. Como um perfor-mista tenho a obrigação de sentir como está o ambiente e fazê-lo mudar ou mesmo não deixa-lo tão tenso. Mas existe muita coisa que se possa fazer para mudar. Pode andar pelo palco e tentar sacudir a galera ou apenas tocar as músicas e entre uma música e outra tentar uma comunicação com a mesma e deixar que as coisas fluam.

Danko Jones quando está no palco pa-rece ser um cara durão, passa a ideia de zoador, festeiro. É como ter uma re-putação a preservar (no palco). Mas no fundo você não fuma, não bebe e por aí vamos.Nunca disse em nenhuma de minhas músicas que bebo ou que beberei esta noite, que fumo, etc. Não utilizo estes termos e muito exponho isto aos shows. Seja o que as pessoas querem ou que imaginam que aconteça é um pensa-

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mento deles. Não bebo, não me drogo…

Mas existe algo que você adora na Es-panha, Horchata de Chufa… Já conhe-cemos a história do Mango Kid (garoto manga), mas a da Horchata?Claro, adoro mas não é uma bebida alcoólica é refrescante (risos). Aconteceu naturalmente. J.C. me apresentou a esta bebida e realmente gostei. Levei para o palco e acharam diverti-do, realmente gostei da bebida e me expressei sobre.

Danko Jones é uma banda que coincide em festivais ou sai em turnê com outras de estilos totalmente diferentes, como The Rolling Stones e Metallica em um festival e também com Anthrax, Hell-fest Festival, etc. Mas me chamou mui-to a atenção quando você comentou so-bre estar cantando “Patience” junto ao

Guns and Roses. Como foi?Sim, passamos um ano inteiro com os Guns and Roses. Passamos por dez países e em um deles cantei “Patience”. Passamos por Dina-marca, Moscou, Irlanda, Noruega, Romênia, entre outros.

Melhor dividir o palco e cantar “Patien-ce” com Gn’R ou tocar “Too Drunk Too Fuck” com Jello Biafra?Ambos foram divertidos de tocar e por razões diferentes e verdadeiramente assustadoras de fazer, por se tratarem de duas pessoas bem co-nhecidas e admiradas por diferentes motivos.

Também vi um vídeo em que você co-mentava que ao encontrar o Anthrax num festival australiano, tentaria com que a banda autografasse o disco Among The Living. Conseguiu?Consegui o autógrafo de Joey Belladona. Mas

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tocaremos com eles outra vez neste verão, na Polônia, acho que só existem bandas polone-sas e tocaremos antes do Anthrax e tenho a boa sensação de que conseguirei os autógrafos de Chalie, Frank e Scott Ian. Também tocare-mos em outros festivais por aqui, o Hellfest, por exemplo, com Volbeat, Newsted, Danzig. Será nossa terceira fez neste evento, tocamos em 2006 e 2009.

Você é um grande fã do metal, po-deria fazer uma lista dos, pelo me-nos, top 5 discos que mais gosta? Sei que é difícil fazer isso sem come-ter injustiças, mas que sejam os cin-co primeiros que venha na mente. Gostaria de incluir Reign in Blood do Slayer,

Master of Puppets do Metallica, Powerslave do Iron Maiden, Sabotage do Black Sabbath, Entombed com Wolverine Blues, mas não sei se colocaria exatamente estes discos como Top 5 de todos os tempos, que é o que esta-mos falando agora. Acho que nem Powerslave entraria entre os 5, é uma lista difícil de fazer.

Projetos paralelos?Não acredito que um dia tenha um. Acho que projetos paralelos… bem, deixo claro que to-dos os desejos musicais que tenho, tudo o que quero fazer está expresso no Danko Jones. Não há mais nada que queira vender, fazer ou tocar. Tudo o que gosto está dentro des-ta banda. Projetos que tenho fora da banda posso dizer que escrevo colunas para algumas

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revistas, faço podcasts e não sei se podemos classificar isso como projetos paralelos, mas se pudermos, diria que estes são meus proje-tos paralelos. Não consigo me imaginar crian-do outro disco, tocando outro estilo ou sei lá o que seja. Nunca entendi bandas que formam projetos paralelos para tocar o mesmo tipo de música. Porque não colocar todas estas mú-sicas na banda principal? Também pode ser uma indicação de que, pessoalmente, não es-teja satisfeito com o que toca, talvez por estar “forçado” a tocar aquele tipo de música e no projeto ele toca o que realmente gosta. Danko Jones é tudo o que quero para mim e o que quero tocar. Não é porque gosto de metal que quero tocar. Sou um grande fã, mas não quero tocar, só escutar. Então não haverá nenhum

outro projeto.

Planos para nosso país?Sempre queremos tocar no Brasil e passar um tempo por lá. Da última vez falamos que volta-ríamos em poucos meses e já se passaram qua-se quatro anos e não conseguimos voltar. Se dependesse de mim iria a cada ano, até porque de Toronto só temos que descer em linha reta, é um voo direto. Definitivamente queremos voltar, se o publico nos quer, lá estaremos um dia. Foi uma luta conseguir chegar lá e quando conseguimos tivemos uma recepção incrível em todas as cidades que tocamos e não temos motivos para não voltar e já se passaram três anos e meio, então vontade não falta.

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As portas da AvoidMaior banda de Thrash Metal alagoana, parada há mais de uma

década, volta com shows e documentário na manga

Por Breno Airan (@rockmeeting | [email protected])Fotos: Pei Fon

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As portas da AvoidMaior banda de Thrash Metal alagoana, parada há mais de uma

década, volta com shows e documentário na manga

Por Breno Airan (@rockmeeting | [email protected])Fotos: Pei Fon

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A qualquer crítico de músico, você, lei-tor, pode perguntar: os anos 1990 fo-ram bons para o Rock? Eles saudarão

os ’60 e ’70, apenas. Lá é onde se encontram os gigantes. Mas e os Davis, diante desses Golias? Os que procuram um lugar à sombra ou ao menos para se apoiar nessas referências-mor do es-tilo? Não contam? Claro que houve bandas boas. Inclusi-ve, diga-se, no underground. O que é certo e não se pode negar de jeito algum é que o movimento grunge de Seattle acabou com as esperanças e bons fru-tos vindouros de grupos do Glam Rock ao Thrash Metal. Nada seria mais o mesmo. As rádios não tocariam mais aquelas baladinhas ro-mânticas. O público se inclinaria para outro modo de ver a vida: de calça colada e rasgada jeans e camisa xadrez. Bandas de Thrash, como o Megadeth, em época de turnê do estimado e premiado “Countdown to Exitinction”, de meados de 1992, vestiram, aliás, esses trajes. Também despojado, o quarteto do Pan-tera fez sua aparição máxima com “Cowboys From Hell”, de 1990. Correndo por essa mesma linha estrei-ta, os garotos da banda Avoid, de Alagoas, não queriam saber de grunge. A formação, que estava há mais de uma década parada, é a mesma da época do debut “And Join The Fun”, de 1995, consistia em Enio Luciano na bateria, Raphael Ramos nas guitarras, Léo Calheiros nos vocais e Myro Rodrigues nas linhas de baixo. Mas, ainda em 1993, eles lançaram um EP chamado “Contradiction”, que mostrava talento precoce e versatilidade. As portas es-tavam se abrindo para a Avoid e para o reco-

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nhecimento. A banda é o carro-chefe do Metal da-quela década. Alagoas tinha seu Sepultura.Tinha não, tem. O quarteto resolveu jungir forças e novamente se reuniu após tamanho ostracismo. No início deste ano, um show fei-to no Clube Fênix Alagoana, em Maceió, co-locou Léo, Enio, Myro e Raphael no pedestal que merecem. O encontro foi tão proveitoso que um documentário sobre aqueles tempos áureos está sendo feito. E mais shows, combinados. Esperemos, enquanto...

Rock Meeting - Quando e como a Avoid surgiu? Vocês eram amigos de infân-cia?Enio Luciano: Em 1990 e pouco. Surgiu através do Raphael e do Léo. Eles se conhe-ciam e começaram a ensaiar. Só depois entra-mos [o baixista] Lelo Goiaba e eu.

Qual a média de idade de vocês na épo-ca?Naquele tempo, 20 e poucos anos e agora todo mundo na casa dos 40 (risos).

Antes de lançarem o full-length, a Avoid colocou no mercado uma fita cassete intitulada “Contradiction”, em 1993. Ela trazia, contando com a intro, cinco músicas, todas elas gravadas e mixadas no Estúdio Wave. Qual a par-ticipação de Paulo Bergo nisso tudo?Poxa, bem lembrado. Paulo Bergo foi nosso primeiro pai, digamos assim. Teve a maior paciência com a gente no estúdio. Estávamos com pouco dinheiro, mas muita vontade. Um grande cara.

Nessa fita K7, quais os desafios enfren-

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tados para lançá-la? Foi mais a com-posição ou o dinheiro para produzir o material?Dinheiro, né, cara? Tudo era difícil naque-la época, mas conseguimos depois de muita batalha fazer nossos primeiros shows fora de Maceió. Fomos a primeira banda daqui a ir pra MTV ser entrevistada no programa Fúria Metal, com o apresentador Gastão, e aí foi um pulo pro CD.

Qual era o clima da época com relação ao Heavy Metal? Era basicamente a era do Crossover, pondo fim à ‘briguinha’ entre punks e headbangers. Havia essa tensão aqui em Alagoas? Lá nos EUA, pelo menos, era quebra-pau.Aqui havia alguns idiotas, com ciuminho... Coisa de moleque, porque nossos shows sem-pre eram lotados e tal. Mas nunca brigamos com ninguém! Pelo contrário. A gente tocava com a galera do Metal e de outros estilos tam-bém. Tudo no maior respeito.

E as influências de todos?Ouvíamos de tudo, cara. Metallica, Iron Mai-den, Pantera, Slayer, Megadeth, Sepultura e outras como Alice in Chains, Nirvana, Pearl Jam e muitas bandas. Muitas mesmo!

Como vocês, sendo de Alagoas, um dos estados onde a tríade sempre se deu em forró-pagode-axé, tinham acesso aos vinis da época? Eram caros? Ti-nham que vir de fora do estado? Ou de fora do país? Muita coisa era trazida pelo meu primo que morava fora e eu tinha a Rock Shop, aí era mais fácil pra mim. Oh, época boa (risos).

O grande lance para uma banda sem-

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pre foi fazer música própria. Assim, ela ganha o respeito da comunidade roquística. Porque viver de cover, afi-nal, é coisa de quem toca em barzinho, não é? Como foi o processo de compo-sição de vocês? Se reuniam em algum local específico? Faziam algum ritual da sorte pra compor?O Raphael e o Léo faziam as letras e nos en-saios fazíamos o resto. Mas, na maioria das músicas, o Raphael já trazia tudo pronto e en-saiávamos na casa do Luck da Banda da Lua, um grupo só de malucos. A gente ensaiava junto e era aquela festa! Parecia show. Os en-saios cheio de gente e muita birita (risos).

Vocês conseguiram criar um som só da Avoid, mas e as letras falavam, em sua maioria, sobre o quê?Bem, as letras falavam de tudo: guerra, rela-cionamentos/amor, religião, essas coisas.

O cenário underground dos anos ’90 em Alagoas certamente foi um dos mais frutíferos. Bandas como Living in the Shit, Ball, Mental, Morcegos, Misantropia, Dread e Mopho – esta de Arapiraca – surgiram para aquecer e turbinar o meio. Como era a recepção do público?Os anos ‘90 em Maceió eram feitos no tesão mesmo, na marra, sem grana, sem internet. Nada disso de hoje existia. Agora é muito mais fácil ter banda.

Vocês chegaram a tocar em algum fes-tival?Tocamos em vários, mas teve um no Rio de Janeiro que foi foda! Até macumba teve no palco (risos). Tocou antes da gente uma ban-da chamada Gangrena Gasosa com um “Sara-

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vá Metal” (risos). Os caras faziam rituais no palco: tinha farinha, galinha e sangue. Doi-deira da porra! (risos) E, pra completar, na saída do show, havia um corpo estirado na rua; os traficantes da região tinham matado um cara. Nunca tínhamos visto isso.

Você, Enio, tinha uma loja chamada Rock Shop, como disse anteriormen-te. Como era o movimento? A venda de produtos? Hoje deu uma caída desse tipo de segmento, não? Não se vê mais lojas do tipo por aqui, apenas a Mausó-leu Rock Store, na Rua da Praia. Você

vê a necessidade de mais destas por aqui?Verdade. Antes de eu abrir a Rock Shop, eu vendia discos na Praça Deodoro, que era o point da galera roqueira naquela época. E aí juntei uma graninha e abri a Rock Shop. De-pois eu fechei a loja. Já não dava mais pra se-gurar.

Quem fez aquela arte na capa do “And Join The Fun”? (Ele é de 1995, não é isso?) Quem produziu? Como foi o pro-cesso de composição?Quem fez a arte da capa foi o artista e ami-go nosso Suel; a produção foi nossa mesmo. Bancamos tudo.

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A banda acabou por quê? Brigas, di-vergências musicais ou questões de es-tudo e tal? Cada um seguiu seu rumo, né? Raphael foi pra música sertaneja. Léo tá cantando com a Varial e a L100. E você faz o quê? E o Myro?Pois é, até hoje não sabemos bem porque a banda acabou. Tínhamos acabado de lançar o CD, vários shows marcados e tal. Mas aí Raphael e Léo estavam brigando direto e foi isso. Hoje, eles têm as suas respectivas carei-

ras, como você sabe. O Myro trabalha na área de informática e eu trabalho numa produtora de shows e peças de teatro e, de vez em quan-do, faço show também na produção.

Falando nisso, o Myro era roadie da banda? Que história é essa? Como ele substituiu o Lelo Goiaba, primeiro bai-xista da Avoid?O Myro já trabalhava com a gente. Realmen-te, ele era roadie e sempre ia nas viagens, nos shows e tal. E o lelo pediu pra sair. Não estava mais a fim de tocar. E aí, chamamos o Myro e taí esse motherfuker até hoje (risos).

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Que bacana! Mas vem cá: o que você acha das atuais bandas alagoanas de Rock? Em Arapiraca e Palmeira dos Índios, o movimento está novamente ascendendo com grupos como Eyevil, Azul Manteiga, Manolation, Kranko, Capona, Arranha-Céus, A Arca e Ariel/Kaliban. Como você vê as coisas aqui em Maceió?Cara, pra te falar a verdade das bandas no-vas, só uma que achei interessante, que é a Autopse. Gosto muito do som deles e da mina que canta [Daniela Serafim]! E eles estão aí na batalha! Isso me faz lembrar do tempo em que tocávamos muito fora de Maceió. Conhe-ço poucas coisas das antigas, a Morcegos que ainda está na ativa e a Dread que voltou tam-bém. Inclusive, queremos fazer um festival em abril deste ano: a Avoid, a Dread, o Men-tal e a Morcegos. Seria massa! Só as bandas dos anos ‘90.

Com o advento da internet, muito ma-terial pode ser adquirido por meio dos downloads ilegais. O que você acha disso? Ao mesmo tempo é promoção da banda – uma divulgação gratuita –, mas algo se perde no caminho, não acha?Eu particularmente acho massa quem baixa pela internet. Eu mesmo baixo sempre que

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tem algo interessante. E sim, é bom pra promo-ver as bandas, já que hoje os grupos de Rock não ganham com venda de CDs; lucram é com shows e merchandise.

Como foi esse reencontro com os caras da Avoid? Como decidiram voltar à ati-va?Cara, eu sempre ando com o Myro. O Raphael e o Léo têm suas bandas e sempre estão ocupados e tal. Mas sempre fomos amigos; só estávamos distantes e hoje é outra cabeça. Todo mundo tá mais velho, é pai, todos têm filhos hoje em dia. A cabeça muda e é massa esse reencontro.

E os novos shows? Algo novo para gra-var.Sim, haverá, sim, novos shows, contundo “algo novo para gravar”, bem... a gente está fazendo um documentário sobre a banda desde o co-meço até essa volta e deve sair em julho. Esta-mos filmando, fazendo entrevistas com a galera daquela época. A respeito de alguns shows da UESA que gravamos em VHS, estamos passan-do pra DVD em julho vai está nas lojas, se Deus quiser. Vamos quebrar tudo! E fiquem atentos que vêm mais coisas por aí!

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Brymir - Breath Fire To The Sun

Estava eu sem ter aquela banda chicle-te, ouvindo de um tudo, mas sou dessas que aceita dicas. Em uma bela noite, me marca-ram numa postagem no facebook. Curiosa, fui ver do que se tratava. A publicação falava de uma banda que era muito interessante e tudo o mais. Fui ver o vídeo. Num é que gos-tei? Cá estou para falar do primeiro álbum da banda finlandesa Brymir e o disco “Brea-the Fire to the Sun” de 2011. A banda come-çou no verão de 2006 (acho tão engraçado essa colocação de tempo que os nortenhos têm) e soa muito como outro grupo finlan-dês, o Ensiferum, que gosto bastante. Ouso até dizer que é uma cópia. O vocal é muito parecido feito por Petri Lindroos, vocalista do conjunto em questão. Este ar folk metal que eles têm me atrai muito e foi este o motivo que me fez gostar bastante da banda, muito embora

hoje as bandas mais novas se repitam muito. Mas as que costumo ouvir têm lá seu toque diferente. Quase todo álbum do estilo folk co-meça com uma introdução épica, feito bata-lhas medievais. Imagine o filme “Rei Arthur” (claro que não dá para comparar com Hans Zimmer, mas só imagine). É bem assim a introdução de “Breathe Fire to the Sun”. Do disco, destaco: “Uncoquerable”, “In Si-lence”, “Burning Within”, “Cycle of fame”, “Ragnarök” (a que mais gosto) e a faixa títu-lo. No mais, a banda não traz nada de novo. Não é nenhuma surpresa, mas é uma ótima banda. Quem quiser conhecer mais sobre é só ir na fanpage deles no Facebook ou catar por aí (risos). Agora com novo baterista, vamos ver se sai algo novo este ano!

Pei Fon (@poifang | [email protected])

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Black Sabbath - 13

Uma das bandas mais lendárias do Heavy Metal está, oficial e finalmente, de volta. 13 marca a volta dos trabalhos com o trio Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler. A reunião deveria também envolver Bill Ward, mas o baterista aca-bou ficando de fora por conta de uma série de de-savenças internas, que envolvem desde dinheiro até capacidade física para tocar.

O competente Brad Wilk (Rage Against The Machine, Audioslave) foi convidado para substi-tuir Ward – e correspondeu muito bem. A pro-dução de Rick Rubin era a minha única preocu-pação, pois o talento dos músicos já é conhecido. Colabora o fato de eu não ser muito fã do trabalho desse produtor. Mas devo admitir que ele soube trabalhar com o Sabbath, sem propor mudanças mirabolantes. 13 trouxe o que deveria trazer.

“End Of The Beginning” tem início climático e inicialmente lembra muito a canção “Black Sa-bbath”, que dá nome à banda e ao disco que está presente. Tem um bom riff a partir do 2° minuto e uma exibição digníssima de Tony Iommi, além de mostrar que Brad Wilk não está brincando em serviço. “God Is Dead?”, primeiro single do regis-tro, demora muito a engrenar. Fica legal a partir da segunda metade e tem performance exuberan-te de Geezer Butler. Mas é uma das canções mais fracas.

“Loner” traz o entrosamento infalível de Iom-mi e Butler, com interpretação raivosa de Ozzy Osbourne. Os melhores riffs do disco estão aqui. “Zeitgeist” é um dos destaques. Balada climática,

guiada por violões, vocais editados, baixo soli-dário e percussão muito bem colocada. “Age Of Reason” traz Sabbath em sua essência, com visce-ralidade e guitarras em destaque. Mas apresenta também o bom toque dado por Wilk na bateria. A sua presença é pra lá de acertada nesse disco.

A climática “Live Forever” carrega um pou-co de desespero. Não apenas pelos vocais de Os-bourne, mas pelo próprio clima criado com o ins-trumental, sobretudo pela dupla Iommi/Butler. A arrastada “Damaged Soul”, a minha predileta, traz um pouco de Blues e tem a transmissão da inspiração de Tony Iommi em seis cordas. Além disso, conta com um solo de gaita desonestamen-te ótimo.

“Dear Father” fecha o disco com o mesmo de-sespero citado em “Live Forever”, mas de forma mais acentuada ainda. Doom em sua essência. Vale ainda destacar as ótimas faixas bônus, que são “Methademic”, “Peace Of Mind” e “Pariah”. Seguem o padrão do registro.

A expectativa imensa sobre 13, a meu ver, foi correspondida. O trabalho foi muito recebido por fãs e crítica até o momento. A maioria daqueles que não gostaram, aparentemente não são fãs de Black Sabbath, pois o grupo fez o dever de casa. Trouxe alguns pontos adicionais, como um peso distinto e maior destaque a Geezer Butler, além de não ter apenas mastigado o passado (como faz o Iron Maiden). Mas sem inovações drásti-cas, ainda bem. Até porque, para o Sabbath, não é hora para isso.

Igor Miranda ([email protected])

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Devil in Me

O que estou ouvindo? Bem, não sei certamente se este texto se encaixa nas ba-ses de outros “O que estou ouvindo?”, mas para uma primeira participação, aí vamos. Não esconderei de ninguém que em agosto estarei presente no Resurrection Fest 2013, que acontece na cidadezinha de Viveiro, re-gião da Galícia, Espanha. Ano passado o cartaz era repleto de nomes históricos do punk/rock/hardco-re como Descendents, Suicidal Tenden-cies, Agnostic Front, Good Riddance, Dead Kennedys e alguns bons nomes do metal, Unearth, Municipal Waste e At the Gates. Neste ano, apesar dos pesos pesados no har-dcore, o festival apresenta uma versão mais metal. Tudo bem que lá estarão Madball, Biohazard, Jello Biafra, D.R.I., Bad Religion e Black Flag mas do lado metal a peteca não cairá com Slayer, Lamb of God, Exodus e Killswitch Engage e entre o recheado cartaz podemos destacar alguns “novos” nomes. Não sei se os portugueses do Devil in

Me entram na categoria de “novos”. A ban-da já leva algum tempo na estrada, já tem moral em cima do palco e na última visita à cidade de Barcelona, em junho do ano pas-sado, se deram o luxo de uma jam junto ao Madball. Com verdadeiros hinos hardcore, voltarão ao festival três anos após sua mítica apresentação, quando dispensaram o palco e tocaram no meio do público. Nem mesmo a bateria ficou de fora desta aventura. A banda é apelidada de “Sick of it All português”, ainda que em minha opinião es-teja mais para Comeback Kid. Vale ressaltar que a relação entre estes grupos é muito for-te, os lusos demonstram todo seu poder no videoclipe da música “The End” que conta com participações especiais da mais pura nata hardcore, old e new school da face da terra, ou seja, Agnostic Front, Terror, Ma-dball, os já citados Comeback Kid e Sick of it All, Wisdom in Chains, entre outros. O que realmente os lusos vão aprontar este ano, só saberemos daqui a pouco mais de um mês.

Mauricio Melo - Espanha

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Paralamas do Sucesso - Cinema Mudo

A década de 1980 foi bastante produ-tiva para a música no Brasil. E falando espe-cificamente no Rock, várias bandas daquela época ainda estão na ativa. Entre elas, está o Paralamas do Sucesso, que surgiu para a mí-dia em 1983 com o álbum “Cinema Mudo”. De lá para cá, são 12 discos de estúdio, com altos e baixos como qualquer outro grupo.

É difícil descrever apenas um álbum. Então, pegando a discografia dos caras, se-parei os clássicos que fui encontrando em cada disco. Cheguei à conclusão que os ca-ras são muito mais do que eu imaginava. Por décadas, ficaria mais fácil. Nos anos 1980, devem ser lembrados clássicos como “Vital e Sua Moto”, “Química” (canção de Renato Russo), “Óculos”, “Meu Erro”, “Ro-mance Ideal”, “Ska”, “Alagados”, “Melô do Marinheiro”, “Selvagem”, “Lanterna dos Afogados”, “Assaltaram a Gramática”, “Per-plexo” e “O Beco”. Só aí, dá para fazer uma pequena coletânea.

Os anos 1990 foram meio conturba-dos para a banda aqui no Brasil. Os fãs não aceitaram as experimentações feitas pela

banda no álbum “Grão”. Mas a Argentina os abraçou de uma maneira incrível e os ca-ras até hoje são bastante populares na terra dos hermanos. Mesmo com problemas, su-cessos como “Vamos Batê Lata”, “Tendo a Lua”, “Trac-Trac” (uma das que mais gos-to), “Lourinha Bombril”, “La Bella Luna”, “Busca Vida”, “Depois da Queda o Coice” e “Ela Disse Adeus” foram lançados.

No início da primeira década do segun-do milênio, Hebert Vianna sofreu um aci-dente aéreo que por pouco não ceifou a sua vida. E o que parecia impossível aconteceu: ele se recuperou sem danos cerebrais. Mas, infelizmente, não voltou a andar. Dos três álbuns lançados de lá pra cá, vale ressaltar as faixas “O Calibre”, “Seguindo Estrelas”, “Cuide Bem do Seu Amor”, “A Lhe Esperar”, “Mormaço” (com participação do saudoso Zé Ramalho) e “Hoje”.

Essa é uma daquelas bandas que eu des-crevo com 100% de dedicação. Mais uma que passei a minha vida inteira ouvindo em casa por causa dos meus pais. Recomendo.

Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])

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