projeto de atendimento psicoterapêutico-jurídico-familiar a famílias

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PROJETO DE ATENDIMENTO PSICOTERAPÊUTICO-JURÍDICO-FAMILIAR A FAMÍLIAS EM PROCESSO DE DIVÓRCIO Ana Maria Cremasco Salvador

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PROJETO DE ATENDIMENTO

PSICOTERAPÊUTICO-JURÍDICO-FAMILIAR A FAMÍLIAS EM PROCESSO DE DIVÓRCIO

Ana Maria Cremasco Salvador

II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 53: Estratégias inovadoras de contratação, organização e serviços

PROJETO DE ATENDIMENTO PSICOTERAPÊUTICO-JURÍDICO-FAMILIAR A FAMÍLIAS

EM PROCESSO DE DIVÓRCIO

Ana Maria Cremasco Salvador

RESUMO Introdução: Na sociedade moderna o divórcio já é aceito com naturalidade, porém, é considerado um fato acidental no ciclo familiar, e provoca sofrimento nos membros familiares, visto que não é solução, e sim interrupção de um projeto de união permanente entre os cônjuges. Interrupção esta, gerada pelo não enfrentamento dos problemas e conseqüente aumento progressivo dos conflitos relacionais. Nesse rompimento, os filhos permanecem um elo entre os pais. A terapia familiar (TF) proporciona ajuda à reestruturação da vida de cada indivíduo evitando o aparecimento de sintomas e/ou doenças com repercussões sociais indesejadas, oferecendo meios de intervenção, com estratégias que diminuem o sofrimento dos membros familiares, ao mesmo tempo em que proporcionam a liberação de seus recursos e habilidades, num aprendizado de utilização destes, na retomada do desenvolvimento confortável e saudável. Justificativa: Após a separação observa-se com freqüência: abandono material e afetivo dos pais em relação aos filhos; esses e outros conflitos também gravíssimos como filhos cuja guarda e responsabilidade os pais não assumem, deixando crianças e adolescentes em estado de total desamparo, gerando problemas de difícil resolução, que podem culminar em criminalidade. A TF contribui com o Poder Judiciário (PJ), pois este pode obrigar um pai a pagar pensão, mas não a dar o devido afeto, o que torna de suma importância essa parceria permitindo um trabalho articulado. Objetivo: Oferecer ao PJ meios de lidar com conflitos pós-separação, que levam ao alcoolismo, uso de drogas e outros desajustes que repercutem no âmbito social. Infiltrar na essência familiar intervindo na crise, oferecendo meios de superar as dificuldades do divórcio, pois temos a família como nosso porto seguro, e nos sentimos desintegrados quando nos deparamos com a realidade que este porto seguro é formado por nós mesmos, isto é, por seres humanos compostos por qualidades, mas também muitas fragilidades e defeitos, fato este que vem a tona, na separação do casal. Metodologia: Sendo iniciada a separação judicial é elaborado relatório do nível de conflito e da necessidade da família ser encaminhada para TF, devendo comparecer todos os membros. Durante as sessões é avaliado o relacionamento entre pais e filhos, a relação entre os ex-cônjuges e de todos com a família extensa. Promove-se: melhora da afetividade, um novo tipo de dinâmica familiar, reforço do papel permanente de pai e mãe, valorização da instituição familiar acima da relação conjugal e várias intervenções conforme a necessidade. Ao final da TF é enviado relatório ao PJ.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 03

2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 04

3 OBJETIVOS............................................................................................................ 07

4 METODOLOGIA..................................................................................................... 08

5 RECURSOS HUMANOS NECESSÁRIOS............................................................. 10

6 INVESTIMENTO NECESSÁRIO PARA IMPLANTAÇÃO DO PAP........................ 11

7 POSSÍVEIS DIFICULDADES PARA IMPLANTAÇÃO............................................ 12

8 RESULTADOS ALCANÇADOS.............................................................................. 13

9 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 16

10 ANEXOS – Laudos de casos atendidos no PAP/Viana........................................ 17

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1 INTRODUÇÃO

O pedido de separação de um casal pode ser o único e/ou último meio de

resolução de um sistema adoecido, no caso, o familiar, onde muitas são as razões

que podem gerar conflitos.

Atualmente o divórcio é visto como moderno natural e aceitável

socialmente, mas na realidade é um processo muito doloroso, tanto para o casal

como para os filhos desse casamento, pois o divórcio é a morte de certa condição de

convivência; é morte de uma família, cujos integrantes continuam vivos, porém com

inúmeras interrogações que assombram e assustam a todos os envolvidos, tanto da

família nuclear como das famílias de origem. Emocionalmente, neste período, todos

os membros estão abalados, pesando em parte, a fase do ciclo de vida particular da

família, como gravidez, faixa etária dos filhos, perdas etc.

Visto que o divórcio não é solução e sim interrupção de um projeto de

união permanente, uma ocorrência acidental do ciclo de vida familiar, onde os

problemas não resolvidos, por não terem sido encarados, analisados etc., geram

outros problemas e dificuldades a ponto que os pais tomam a decisão de se separar,

e os filhos ficam de algum modo ligando aquele pai e aquela mãe; torna-se visível a

necessidade de ajuda, para que seus membros ultrapassem esse ciclo vital

acidental, o divórcio, remanejando as próprias vidas, alcançando um novo nível de

estruturação, evitando assim o aparecimento de sintomas-doenças e permitindo aos

mesmos que abracem novamente seu processo de desenvolvimento.

O PAP através da terapia familiar oferece meios que possibilitam a

renovação e o redimensionamento dos veículos intrafamiliares, considerando que o

divórcio traz consigo uma proposta de mudança, pois a separação ao mesmo tempo

em que é desejada é temida. Torna-se evidente a necessidade de desenvolver junto

às famílias em processo de separação, estratégias para amenizar o sofrimento

decorrente do rompimento do sistema, intervindo na estimulação e redistribuição da

responsabilidade de cada membro e conscientizando-os da vital importância de se

comprometer em mobilizar seus recursos, tornando-os co-autores de seu próprio

bem estar e desenvolvimento, a fim de que o movimento interrompido seja retomado

de um modo confortável, favorecendo diretamente toda a sociedade, pois a família é

a célula da mesma.

Os casais vêm ao consultório na expectativa de encontrar alguém que

possa ouvir o que eles próprios não conseguem mais ouvir: seus próprios sons, suas

esperanças e seus medos. (Beatriz Coutinho)

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2 JUSTIFICATIVA

Quando a família não cumpre o seu papel de socializar, educar, instituir a

lei e proteger, o ônus do individuo desagregado e marginalizado recai sobre os

órgãos públicos, Municipais, Estaduais e Federais, em forma de problemas onerosos

e de difícil resolutividade na área social. Fatores que levam a criminalidade além da

falta de capacitação profissional, assistência, educacional e outros. Na maioria dos

casos, o assunto comum à Vara de Família versa sobre abandono material,

emocional, e afetivo praticado, principalmente, pelos pais em relação aos filhos após

a separação do casal. É um problema comum em nosso cotidiano, que causa

prejuízos enormes ao desenvolvimento saudável da criança e do adolescente que

infelizmente o PJ não tem recursos para enfrentar, conforme VIANA. Oficio/PMVI/no

36/07, de 05 de julho de 2007. Protocolo no 3742/2007. Corrêa, Jane Maria Vello.

A Justiça pode obrigar um pai, sob pena de prisão, a pagar alimentos a

seu filho, mas não dispõe de dispositivos legais que possa obrigá-lo a dar o devido

acompanhamento afetivo ao mesmo, o que gera problemas que demandam

intervenção judicial com a colaboração de profissionais da área da terapia familiar

sistêmica, pois o Poder Judiciário e os demais órgãos públicos não têm condições

de atuarem isoladamente frente a esses conflitos, sendo assim é de suma

importância a elaboração de um convênio que permita um trabalho articulado e em

parceria.

Compete ressaltar que a equipe de trabalho, não deve ser colocada como

peritos dotados de um saber, mas como profissionais que procuram junto com a

família, compreender e significar a situação que estão vivenciando, cujo início deu-

se por muito antes do momento atual e que se configura em mais um capítulo no

desenrolar de sua história de vida. É fato comprovado que a maioria dos

adolescentes em conflito com a lei ou dependentes de substâncias químicas tem um

histórico de abandono familiar, principalmente, o paterno. Todos esses problemas

demandam acompanhamento e intervenção judicial com a colaboração de

profissionais da área da terapia familiar e da assistência social.

Além desses graves problemas existem outros tais como, dificuldades da

mãe permitir a convivência de seus filhos com o pai e a nova companheira por

mágoas decorrentes da separação e outros, também gravíssimos, como filhos cuja

guarda e responsabilidade nenhum dos genitores quer assumir após a separação,

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ficando crianças e adolescentes em estado de total desamparo. Esses casos, em

sua maioria, podem ser revertidos com intervenção da Terapia Familiar Sistêmica,

pois esta pode infiltrar de forma intensa, porém rápida, na essência familiar

interferindo na sua crise, oferecendo maneiras de resgatar ou encontrar meios para

enfrentar suas dificuldades, superar seu ciclo vital acidental (o divórcio), munida de

recursos confortáveis que já se encontravam neles, como a capacidade de amar, de

compreender, de perdoar, de ser fiel, de valorizar o outro etc., e ao que parece

faltava o poder para utilizar esses bens, a autorização para vivê-los, como se uma lei

invisível incapacitasse essas qualidades de se manifestarem.

Em suma, devido à observação em nosso município de diversas

repercussões sociais indesejadas, que foram desencadeadas por conflitos pós

divórcio, surgiu a idéia do PAP, que foi acolhido com carinho pela prefeita Solange

Siqueira Lube e pela promotora Dra. Jane Maria Vello Corrêa, devido à sua

sensibilidade e preocupação com a população e Dr. Fernando Augusto de

Mendonça Rosa.

Entendendo que as famílias apresentam-se como sistemas vivos, como

umas organizações que em função dos elementos que a constituem formam

estruturas totalmente diversificadas e com características únicas, que só poderão ser

conhecidas se interagirmos com elas sistemicamente, a Prefeitura Municipal de

Viana em parceria com o Ministério Publico e com o Poder Judiciário, celebraram um

convênio que objetiva o acompanhamento integral das famílias com processo

impetrado na vara de Família da Comarca de Viana, que tiverem crianças e

adolescentes envolvidos, assim o PAP (Projeto de Atendimento Psicoterapêutico-

jurídico-familiar a Famílias em Processo de Divórcio) foi implantado no município de

Viana, Estado do Espírito Santo, no ano de 2007, como um projeto de caráter

inédito, uma vez que desconhecemos práticas semelhantes executadas em outras

localidades. Inclusive, esse trabalho foi escolhido para apresentação no VIII

Congresso Brasileiro de Terapia Familiar de agosto/2008 como projeto inovador em

Desdobramentos da Terapia Familiar.

OBS: Atualmente, nos são encaminhados, também casais em processo

de divórcio que não têm filhos, casos de reconhecimento de paternidade, pedidos de

ação e de reversão de guarda, e todos os casos que envolvem família.

Somente com a contratação de Terapeutas Familiares Sistêmicos, e

utilizando o material físico, (local, telefone etc.) e humano (secretária, faxineira etc.)

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já disponíveis na organização a ser implantada, pode-se com o PAP, conseguir

benefícios incalculáveis, tanto do ponto de vista da melhoria de qualidade de vida,

desde o individuo até a sociedade, como também diminuindo sensivelmente, os

gastos públicos utilizados com a problemática humana que ocorre em decorrência

da desestruturação familiar.

Pessoas bem-sucedidas e ponderadas podem se dar mal no “lar”,quer esse lar seja a família ou um grupo de trabalho unido. As famílias são estáveis e flexíveis;é preciso uma perturbação substancial para catalisar uma pequena mudança. (Peter D. Kramer)

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3 OBJETIVOS

� Elevar a instituição familiar acima da relação conjugal, extraindo assim,

para o cidadão membro da família em crise, o máximo de proteção e

socialização.

� Obter um melhor relacionamento entre os casais que se separam,

utilizando estratégias que proporcionem o divórcio emocional, liberando

assim os antigos cônjuges a reconstituírem suas vidas sem

prejudicarem seus filhos, pois em muitos casos o casal se separa

legalmente, mas não emocionalmente; chegando a usar os filhos como

mediadores de suas transações, gerando triangulações afetivas ou

outras formas de ligações perversas.

� Melhorar o trato dos pais com os filhos, na intenção de prevenir

conflitos familiares pós-separação que os tornam instáveis e inseguros,

levando-os a alcoolismo, uso de drogas, e uma gama de desajustes

destes consigo mesmo, com os membros da família e com repercussão

no âmbito da sociedade.

� Trabalhar a responsabilidade da perpetuação do vínculo pais (genitor x

genitora) e filhos, independente do fim do relacionamento conjugal

(marido x mulher). Atenuando os diversos prejuízos causados ao

desenvolvimento saudável dos filhos, crianças ou adolescentes,

provenientes do abandono material, emocional e afetivo dos pais em

relação a eles, desenvolvendo nos filhos a certeza da proteção dos

pais, livre do fato de estarem separados.

� Conscientizar os antigos cônjuges de seu papel de socializar, educar e

proteger os filhos, prevenindo várias patologias mentais, alcoolismo,

dependência de drogas, dentre outros problemas.

� Contribuir com o poder judiciário, promovendo a afetividade dos antigos

cônjuges em relação a seus filhos, visto que a maioria dos

adolescentes infratores ou dependentes de drogas tem um histórico de

abandono familiar, principalmente o paterno; ressaltando que a justiça

não dispõe de meios legais que possam obrigá-los a dar o devido

acompanhamento afetivo aos filhos do lar desfeito.

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4 METODOLOGIA

A intervenção com técnicas e estratégias da Terapia Familiar Sistêmica

nos membros do lar desfeito, realiza-se com o objetivo principal de assessor o Poder

Judiciário, devolvendo-lhes os membros familiares em questão, agora já

reestruturados e redimensionadas, onde os maiores beneficiados são principalmente

as crianças e os adolescentes que estão envolvidos.

Desta forma, assim que o casal com filhos ou uma das partes der entrada

ao processo, o mesmo será encaminhado para os seguintes atendimentos:

� Entrevista Familiar preliminar – Agendada anteriormente, o casal ou

uma das partes, será entrevistada individualmente, para preencherem

questionário socioeconômico, que possibilite diagnóstico detalhado da

situação social. Conforme a complexidade do caso será encaminhada

ao atendimento psicoterapêutico, grupal ou individual.

� Visita Domiciliar – Nos casos que a entrevista preliminar não for

suficiente para dar conta do caso em questão.

� Atendimento psicossocial, grupal e / ou individual – Possibilita

infiltrar de forma intensa, porém rápida, na essência familiar, com

atendimento familiar, intercaladas ou não com sessões com o casal

e/ou individual, interferindo na sua crise, oferecendo maneiras de

resgatar ou encontrar meios para enfrentar suas dificuldades, superar

seu ciclo vital acidental, munida de recursos confortáveis, que já se

encontravam neles, como a capacidade de amar, de compreender, de

perdoar, de ser fiel, de valorizar o outro etc., e ao que parece faltava o

poder para utilizar esses bens, a autorização para vivê-los, como se

uma lei invisível incapacitasse essas qualidades de se manifestarem.

Em todas as etapas de atendimento, deverão ser remetidos relatórios, à

Vara de Família de Viana.

OBS: a) Essa foi a proposta inicial porém, com o desenvolvimento do

projeto e pela observação do desenrolar das atividades, todos os casos que

envolvem relacionamento familiar, e não só os que se encontram em processo de

divórcio, em tramite no Poder Judiciário de Viana, são imediatamente enviados para

terapia familiar sistêmica, dispensando as duas primeiras etapas, que só em raros

casos são solicitadas pelo próprio terapeuta familiar.

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b) A principio, foi proposto enviar ou remeter ao Poder Judiciário em todas

as etapas de atendimento, relatórios ou parecer técnico com informações que

poderiam propiciar um entendimento mais amplo da nova situação familiar, isto é,

das transformações positivas ocorridas na mesma, à Vara de Família de Viana.

Também esses relatórios foram dispensados frente à alegação de que a

meta essencial está sendo atingida e que tal desburocratização proporciona um

ganho no tempo a ser dispensado para um maior número de atendimentos. Porém

onde o PAP for implantado, as autoridades terão autonomia para optarem pela

maneira que mais se adequar aos mesmos.

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5 RECURSOS HUMANOS NECESSÁRIOS

� Terapeuta Familiar (01 ou mais conforme a demanda).

� Secretária (que pode ser a que dá assistência ao órgão em

funcionamento já existente).

� Assistente Social.

� Estagiário de direito. (esses dois últimos, caso seja viável no local a ser

implantado o PAP, acrescentam ainda mais à qualidade do mesmo).

As Parcerias poderão ser realizadas entre Judiciário e os seguintes

Órgãos:

� Prefeitura Municipal

� Ministério Público

� Defensoria Pública

� Órgãos governamentais Estaduais e Federais

� Igrejas e Pastorais Religiosas

O PAP pode ser implantado nos CIC (Centros Integrados de Cidadania ou

“Casa do Cidadão”), nos CRAS (Centro de Referência de Ação Social), nos Fóruns,

a fim de atender as demandas das Varas de Família, Infância e Juventude, Criminal,

Juizado Especial Criminal, Defensorias Públicas, Conselhos Tutelares etc.

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6 INVESTIMENTO NECESSÁRIO PARA IMPLANTAÇÃO DO PAP

� Sala adequada (mesa, cadeiras, agenda, arquivo, pastas, telefone etc.).

� Terapeuta Familiar

� Secretária.

� Assistente Social (opcional).

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7 POSSÍVEIS DIFICULDADES PARA IMPLANTAÇÃO

� Recusa do Poder Judiciário, por não conhecer os benefícios que a

terapia familiar sistêmica pode oferecer, promovendo mudanças

altamente positivas em curto espaço de tempo.

� Prefeitura não cooperar na implantação do projeto, pelo mesmo motivo.

� Para enfrentar as dificuldades acima descritas houve ampla negociação

entre as partes e foi sugerido um período experimental com posterior

avaliação dos resultados, como os mesmos foram positivos foi

determinada a continuidade do projeto.

Já podemos notar nítida e intensamente benefícios com o desenrolar

do programa.

Depois de enviado mandado judicial praticamente cem por cento dos

famílias comparecem ao atendimento, embora, a maioria de seus componentes

chegam receosos do que encontrarão. Em alguns casos as partes não aceitam,

inicialmente, sequer entrar juntos na mesma sala, tendo uns pelos outros, intenso

ódio. Porém ao final da terapia, relatam que realmente foram por obrigação, mas que

foi a melhor coisa que aconteceu em suas vidas.

Foram atendidas neste espaço de tempo cerca de 60 famílias com

excelentes resultados. Houveram algumas exceções, devido ao não

comparecimento de uma das partes, porém mesmo nesses casos não consideramos

insucesso, pois foram realizadas intervenções terapêuticas com os membros

familiares que compareceram trazendo assim algum benefício.

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8 RESULTADOS ALCANÇADOS

O sucesso do PAP é observado:

� na satisfação que as famílias demonstram ao final da terapia familiar

sistêmica que freqüentaram;

� nas transformações percebidas nos relacionamentos antes de ódio

mortal e ao final cordiais e agradáveis;

� no fato de que famílias que não estão com processos no judiciário mas

de alguma forma souberam do sucesso do projeto, procurarem o

juizado solicitando encaminhamento para o PAP;

� na atitude de advogados que inicialmente participaram de sessões

(como condição de uma das partes para participar do projeto), e que ao

serem incluídos nas mesmas como parte ativa, se encantaram e

passaram a ser nossos aliados, inclusive propagando o projeto;

� nas falas dos juizes, dizendo que o PAP diminuiu sua clientela, pois tais

casos eram sempre reincidentes, isto é, resolvia-se uma questão

juridicamente, e em pouco tempo um ou outro membro abria outro

processo alegando outras queixas, num jogo sem fim, o que segundo

tais autoridades não está acontecendo mais;

� nas normalizações de patologias antes existentes nos membros mais

sensíveis e vulneráveis dos lares desfeitos, como por exemplo: melhora

no aprendizado escolar, de quadros depressivos, de síndrome do

pânico, de fobias, além de conquista de empregos, libertação do uso de

álcool, ex-conjujes e suas novas famílias cessando desavenças e

auxiliando-se na educação dos filhos do lar desfeito;

� nos casos em que ambas as partes desistem da separação e alegam

ter sido a melhor coisa que aconteceu em suas vidas, pois segundo os

mesmos, nem antes da crise que os abateu, conseguiam viver com tal

harmonia;

� e outros inumeráveis benefícios.

A aprendizagem alcançada com o PAP em vigor no Município de

Viana aconteceu em várias dimensões:

Mesmo as pessoas que cometeram alguma infração de grande peso, no

seio familiar, e às vezes com repercussão até na sociedade, as quais recebem

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vários rótulos, patológicos e/ou criminais, podem ser olhadas como vítimas de um

sistema adoecido há muitas gerações, mas que vinha sendo camuflado pela própria

incapacidade da sociedade lidar com tais dificuldades, mas que com auxílio

profissional especializado são passiveis de normalização

Com dedicação, amor ao próximo (mesmo sem conhecê-lo) e boa

vontade, podemos não só amenizar a dor dos nossos semelhantes, como também

contribuir na construção de um mundo melhor, cujos efeitos vão se tornando

progressivamente mais abrangentes, onde nossos sucessores (mesmo a longa

distancia de tempo e lugares: netos, bisnetos etc.) usufruirão de uma humanidade

mais sadia.

Com as dificuldades enfrentadas pela justiça e pelo poder publico frente

aos conflitos pós-divórcio que frequentemente ocorrem, e tal incapacitação

encontravam-se ávidos por uma integração disciplinar, e desta maneira o PAP

correspondeu prontamente preenchendo esses vazios, colaborando assim com o

poder judiciário, harmonizando as relações entre dos antigos cônjuges, dos mesmos

com seus filhos, que passam a sentir que mesmo com seus pais separados, podem

contar com sua proteção paterna e materna, o que também tranqüiliza a família de

origem dos ex-conjujes, minimizando as desavenças e a extensa e variada

problemática gerada pelos mesmos na tentativa de protegê-los promovendo a

afetividade em relação a seus filhos.

Os profissionais atuantes no PAP devem vigiar-se em todo tempo por:

a) Manter-se com neutralidade frente às partes que se apresentam, não

tomando partido de nenhum dos lados e...

b) Ao mesmo tempo, colocar-se na posição de cada membro ali presente,

olhando a situação por trás das aparências e sentindo e entendendo o

porquê dos comportamentos e atitudes, tendo assim como atuar com

estratégias e técnicas mais precisas e eficazes.

c) Agir com amabilidade maior do que a utilizada nos consultórios

particulares, pois há que se conquistar em primeiro lugar esses

cidadãos, visto que estão indo à Terapia Familiar como uma imposição,

e não como nas clínicas particulares onde os clientes nos procuram

ávidos por mudanças.

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d) Ressaltar que a equipe de trabalho, além ser adequadamente munida

de saber e de ciência, deve comportar-se não como peritos, mas como

profissionais que procuram, junto à família, compreender e ressignificar

a situação que estão vivenciando, cujo início deu-se antes do momento

atual e que se configura em mais um capítulo no desenrolar de sua

história de vida.

De algum modo, o PAP deveria ser implantado a nível Nacional, para que

a sua continuação não fique na dependência da aceitação ou não dos políticos e/ou

autoridades judiciárias. Esse ideal de o PAP fazer parte do próprio poder Judiciário

em todo Território Nacional, evitaria inclusive que advogados de uma das partes

interfira como barreira de impedimento às mudanças, inclusive transferindo o caso

para outra jurisdição, pois se assim for, em qualquer instância que se desenrolar o

processo, os membros do lar desfeito obrigatoriamente se submeterão ao processo

terapêutico, usufruindo de seus benefícios.

Seria também de suma importância haver uma remuneração razoável (o

que na realidade seria ainda bem mais barato que tratamentos individuais nos

antigos parâmetros, pois atende a todos ao mesmo tempo, com resultados eficientes

em curto espaço de tempo) aos profissionais da área, isto é, Terapeutas Familiares

Sistêmicos, visto que essa terapia breve exige muito dos mesmos, dificultando assim

a contratação de tais profissionais, por ser esse trabalho muito mais desgastante e

menos compensatório financeiramente que nos consultórios particulares.

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9 REFERÊNCIAS

AQUINO, F. Sereis uma só carne. 16. ed. São Paulo: Cleófas, 2005. 67 p. DESIDÉRIO, F. M. Encontros, desencontros, reencontros em família. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 1987. 177 p. FELDMAN, C. Encontro. Minas Gerais: Crescer, 2004. 372 p. GROISMAN, M. Além do paraíso. Rio de Janeiro: Núcleo Pesquisas, 2003. 319 p. GROISMAN, M.; LOBO, M. V.; CAVOUR, R. M. Histórias dramáticas. 2. ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2003. 205 p. KRAMER, D. P. É hora de acabar? Rio de Janeiro: Record, 2000. 396 p. MCGOLDRICK, M.; CARTER, B. As mudanças no ciclo de vida familiar. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2001, 509 p. NÚÑEZ, A. G. O casal humano na Bíblia. Petrópolis: Vozes, 1955. 162 p. PE. LÉO, SCJ. Sede fecundos. 3. ed. Cachoeira Paulista: Canção Nova, 2005. 124 p. VIANA. Ofício/PMVI/no 36/07, de 5 de julho de 2007. Protocolo no 3742/2007. Corrêa, Jane Maria Vello.

___________________________________________________________________

AUTORIA

Ana Maria Cremasco Salvador – Pós-Graduação lato sensu em intervenção sistêmica com famílias. Especialização em hipnoterapia. Professora e Membro da Diretoria do Instituto Milton Erickson do ES Terapeuta Familiar no PAP de Viana – Espírito Santo. Prefeitura Municipal de Viana – Secretaria Municipal de Ação.

Endereço eletrônico: [email protected]

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10 ANEXOS – Laudos de casos atendidos no PAP/Viana

No do processo: xxxxxxxxxxx

PAP/Viana Projeto de atendimento Psicoterapicojuridicossociofamiliar (a Famílias em Processo de Separação Judicial/Divórcio)

Juizado de direito/prefeitura municipal

Laudo Psicoterapicojuridicossociofamiliar

Nome do Cliente/Casal: Sabrino X Marluce

Compareceram ao Atendimento: Sabrino (53), Sandra da Silva (38) e foram atendidos, durante 1hora e 55 minutos.

Quando a sessão estava terminando, chegaram Marluce (24), José (24) e Maria Eduarda (3).

Data Atendimento: 13/03/2008

Duração do Atendimento: 3 horas e 30 minutos

Objetivo Jurídico: Ação de modificação de cláusula de Guarda

Objetivo terapêutico Principal: Descobrir a causa real do objetivo jurídico e promover a integração da família de origem materna e a nuclear.

Histórico Familiar: Sabrino (53), viúvo de Veronica (+), que morreu há 6 anos vitima de câncer uterino, pai de 4 filhos: Aurea (26), Edison (25), Zilda (24) e Celia (23), juntou-se com Sandra (38).

Sandra é filha do meio de Dona Maria (64) e de pai desconhecido de Sandra, segundo ela, quando perguntava pelo pai, que se separou de sua mãe quando ela tinha 2 anos, sua mãe dizia que ela era filha do capeta, e que parecia muito com ele, mas até hoje ela não sabe por que parecia com ele.

Dona Maria juntou-se com o senhor João Inocêncio com quem teve outra filha, Sirlene (meia irmã de Sandra). O senhor João Inocêncio, estuprou Sandra, na época com 9 anos, e teve com ela um filho, Carlos (28).

Daí a um tempo Sandra namorou com “Tião”, com quem teve Marluce (24), mas que não a assumiu. Quando Marluce tinha 2 anos, Sandra conheceu um senhor, também chamado “Tião”, separado da mulher, pai de 2 casais de filhos que moravam com a mãe, e foi morar com ele e com Marluce. Não teve filhos com ele, mas ao se separarem ele deixou a casa pra ela. Hoje ela mora com o senhor Sabrino há uns cinco anos.

Marluce tem uma filha, Maria eduarda (3 anos), e não revelou quem é o pai.

Quadro clínico Apresentado: Afastamento afetivo, com sentimento rancoroso entre Marluce e sua mãe Sandra, entre Sandra e sua mãe Maria (64).

O atual companheiro de Sandra, Sr. Sabrino, viúvo e pai de quatro filhos, padrasto de Marluce, registrou como filha sua “neta enteada”, ou seja, Maria eduarda, filha de Marluce e de pai não revelado pela mesma.

O casal de avós, (ela biológica e ele adotivo), acusam Marluce de levar a criança a lugares indevidos, oferecer bebidas alcoólicas à mesma, e permitir que seu companheiro ande despido pela casa na presença da criança.

Intervenções abordadas: 1a Etapa: Com o casal que chegou na hora marcada foi usada Técnica da cadeira vazia, inversões de papeis, e outras intervenções mais aprimoradas no

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intuito de libertar Sandra do ódio e da raiva que trazia consigo devido ter sido estuprada aos nove anos de idade, e violentada sexualmente por longo período pelo padrasto, já falecido.

Segundo ela, sua mãe só se deu conta, quando a levou para o hospital infantil porque estava muito gorda e passando mal, e os médicos disseram pra ela qual era o seu mal. Ainda segundo Sandra, sua mãe se desesperou e não acreditava, mas depois eu a criança nasceu, continuou a morar com o João Inocêncio, cuidando de Carlos (28) como filho e desprezando Sandra.

2a Etapa: Com a família de origem e a família nuclear de Maria eduarda juntas: com o consentimento de Sandra revelou-se para Marluce e seu companheiro o que havia acontecido com Sandra no passado, e foi perguntado à ela o que estava sentindo ao saber disso.

Seu semblante tornou-se espantoso, e após um silêncio desafiador olhou para a mãe e disse ter passado o mesmo que ela, só que aos 11 anos, com a diferença que não chegou haver penetração, e que não engravidou.

Dona Sandra se revoltou, ficou furiosa e disse ser invenção de Marluce e de sua mãe, pois desde o dia em que ia chegando do trabalho, e viu o tumulto, com a polícia que dona Maria havia chamado e tudo mais quis ver os exames e não lhe mostraram. Dona Sandra disse só acreditar se puder ver os exames, que segundo ela não existem.

Foi feito aconselhamentos profissionais e uso de metáforas, após a Revelação dos segredos para facilitar o entendimento pelos membros familiares de que estavam reproduzindo os mesmos padrões sem se darem conta.

Quadro Familiar ao Final da sessão: Aparente disposição em cooperarem com o processo de mudanças que se iniciou, porém ainda sem nenhum movimento nesse sentido.

Tarefas Pós Sessão Recomendadas: Ler o livro “7 necessidades básicas da criança”, anotar o que mais chamar atenção e trazer.

Desfilar o nome de todos seus familiares, de um lado e de outro,: fulano ama Maria eduarda, por 7 dias, parar 3, repetir 7, parar mais 3, repetir mais 7, e anotar as mudanças positivas que forem notando nela.

Recomendações de terapias seqüências: sessões com as duas famílias de Mirella, sessões com família nuclear de Mirella e sessões com família de Sabrino e avó materna de Mirella.

OBS: Envio anexo, como nos demais relatos já enviados, parecer por escrito de cada membro familiar.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador

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No do processo: xxxxxxxxxxx-x

PAP/Viana Projeto de atendimento Psicoterapicojuridicossociofamiliar (a Famílias em Processo de Separação Judicial/Divórcio)

Juizado de direito/prefeitura municipal

Laudo Terapêutico Seqüencial

Nome do Cliente/Casal: Sabrino X Marluce

Compareceram ao Atendimento: Sabrino(53), Sandra (38)

Data Atendimento: 07/04/2008

Duração do Atendimento: 2 horas e 10 minutos.

Quadro clínico Apresentado: Como Marluce, não compareceu à sessão, a mesma aconteceu somente com Sabrinoe Sandra. Através dos dois ficou claro que o relacionamento entre os mesmos e Marluce continua conflituoso.

Porém, Sabrino relatou que varias mudanças foram percebidas em Sandra, segundo ele, a mesma vivia “num estado de nervo”, “que dava coice na hora”, que “se brincasse com ela ou então tocasse, ela escrachava o com cara”, e que agora deixou de ser agressiva, que mudou 100%.

Quando foi perguntado a ele se havia notado alguma mudança também no sexo, ele silenciou e não quis responder, e Sandra imediatamente declarou: Eu era mais ficar sozinha do que ele tocar em mim, eu brigava com ele... Pra dizer a verdade (foi dizendo essas coisas com varias interrupções acompanhadas de profundas e visíveis compenetrações), era difícil, a gente ficava, mas... Pra ficar... Era difícil... Era difícil... Nas mesmas horas sentia nojo... Sentia ódio da mesma coisa... Era como uma obrigação de ter um companheiro.

Ambos revelaram que varias coisa foram aparecendo e se encaixando como num quebra cabeças depois daquela sessão.

Sandra se lembrou que sua mãe deu o bebê, ainda na maternidade, mas que ela não deixou que o levassem.

Lembrou ainda que seu filho Carlos foi registrado 2 vezes: uma com o nome de Fabio (um sobrenome)e na 2a vez sua avó , D. Maria o registrou como Fabio (sobrenome de outro).

Intervenções abordadas: Aconselhamentos profissionais e metáforas com a finalidade de tentar mudar o padrão com que olham Marluce.

Quadro Familiar ao Final da sessão: Agradável.

Tarefas Pós Sessão Recomendadas: Caminhadas para ambos;

Pegar o vestido de quando Marluce era bebê, e toda noite acariciá-lo desfilando o nome de todos familiares dizendo que a ama.

Recomendações de terapias seqüências: Sessões em separado com Marluce, preparando-a para a aceitação de sessões com todos juntos.

OBS: Envio anexo, como nos demais relatos já enviados, parecer por escrito de cada membro familiar.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador

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No do processo: (xxxxxxxxxx)

PAP/Viana Projeto de atendimento Psicoterapicojuridicossociofamiliar (a Famílias em Processo de Separação Judicial/Divórcio)

Juizado de direito/prefeitura municipal

Laudo Terapêutico Seqüencial 2

Nome do Ciente/Casal: Rosalina x Jorge.

Compareceram ao Atendimento: Jorge, Carla, Rosalina, Elna e Vitor.

Data Atendimento: 27/03/2008

Duração do Atendimento: 2 horas e 40 minutos.

Quadro clínico Apresentado: Foi relatado por ambas as famílias que Vitor foi quem apresentou várias modificações positivas após terem iniciado a terapia familiar, o que indicou ter ocorrido melhoras no relacionamento das duas famílias com a criança em relação aos sentimentos que passavam sobre a família do outro e vice-versa. Porém, ficou nítido não haver nenhum movimento dos membros familiares em relação a acolherem uns aos outros. Usando inclusive, como desculpas, para a falta desse entrosamento entre as duas famílias, inclusive dizer que não queriam violar a Lei e que estavam seguindo ordens do advogado.

Intervenções abordadas: Promovido diálogo entre Vitor e seus pais biológicos.

Vitor, utilizando palavras próprias de sua idade, perdoou o pai por ter desejado que Rosalina o abortasse e agradeceu à mãe por tê-lo mantido em seu ventre até seu nascimento enfrentando todas as dificuldades inerentes à uma mãe solteira

E como a senhora Carla expressou e foi confirmado com ênfase por Elna (companheira de Rosalina) os dois, Jorge e Rosalina, não se comunicavam. Foi trabalhada a relação entre Jorge e Rosalina e ao iniciar uma técnica com os mesmos, na presença dos demais, Jorge manifestou que gostaria que fosse a sós, atitude que foi exaltada, visto que ele demonstrou que pode, ao contrário do que a família de Rosalina dizia, ter atitudes próprias.

Foram utilizadas metáforas estratégicas que promoveram o pedido de perdão por parte de Jorge sobre o aborto que havia aconselhado, como também, houve da parte de Rosalina a aceitação do pedido e foi dado perdão.

Quadro Familiar ao Final da sessão: Jorge declarou que tinha em seu íntimo forte vontade de pedir perdão a Vitor, mas achava que precisava dele ter mais idade e que ter podido fazê-lo já, o deixou aliviado. Acrescentou que jamais havia pensado em se retratar com Rosalina, que pedir perdão à Adrien era um forte desejo seu, mas que à Rosalina nunca tinha imaginado e que ter feito isso, lhe fez muito bem e o libertou de grande peso.

Ficou notadamente visível no semblante e na postura corporal de Rosalina, a sua transformação. E após ter conseguido não só dialogar como também perdoar, reconhecer também sua falha e estabelecer um relacionamento de mãe x pai com Jorge. Rosalina, antes tão calada, reservada, séria e mantendo fisicamente distante da família de Jorge dentro da sala, agora apresenta-se sorridente e integrada ao ambiente.

Os mesmos se comprometeram amigavelmente a cultivar a afetividade entre eles, como pais, esquecendo o passado, começando a partir de agora a construir uma nova família para Vitor.

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Tarefas Pós Sessão Recomendadas: Também foi passado como tarefa: 1) que os dois comuniquem aos outros membros da família o que aconteceu na sessão quando ficaram somente os dois na sala a pedido do próprio Jorge; 2) marcarem uma saída com Vitor, para explicarem o mesmo para ele.

Recomendações de terapias seqüências: Foi remarcado uma sessão familiar para o dia 29/05/2008, às 11 horas, somente para se ficar a par das melhoras que se sucederam à sessão, pois foi colocado para todos os membros presentes que o objetivo já estava alcançado e já estava concluída a terapia.

OBS: Envio anexo, como nos demais relatos já enviados, parecer por escrito de cada membro familiar, do que foi participar desse projeto.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador

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No do processo: (?)

PAP/Viana Projeto de atendimento Psicoterapicojuridicossociofamiliar (a Famílias em Processo de Separação Judicial/Divórcio)

Juizado de direito/prefeitura municipal

Laudo Terapêutico Seqüencial

Nome do Ciente/Casal: Rosalina x Jorge.

Compareceram ao Atendimento: Jorge, Carla, Rosalina, Elna e Vitor.

Data Atendimento: 17/03/2008

Duração do Atendimento:

Objetivo Jurídico:

Objetivo terapêutico Principal:

Histórico Familiar:

Quadro clínico Apresentado: Foi relatado por ambas as famílias que Adrian foi quem apresentou várias modificações positivas após terem iniciado a terapia familiar, o que indicou ter ocorrido melhoras no relacionamento das duas famílias com a criança em relação aos sentimentos que passavam sobre a família do outro e vice-versa. Porém, ficou nítido não haver nenhum movimento dos membros familiares em relação a acolherem uns aos outros. Usando inclusive, como desculpas, para a falta desse entrosamento entre as duas famílias, inclusive dizer que não queriam violar a Lei e que estavam seguindo ordens do advogado.

Intervenções abordadas: Promovido diálogo entre Vitor e seus pais biológicos.

Adrian, utilizando palavras próprias de sua idade, perdoou o pai por ter desejado que Rosalina o abortasse e agradeceu à mãe por tê-lo mantido em seu ventre até seu nascimento enfrentando todas as dificuldades inerentes à uma mãe solteira

E como a senhora Carla expressou e foi confirmado com ênfase por Elna (companheira de Rosalina) os dois, Jorge e Rosalina, não se comunicavam. Foi trabalhada a relação entre Jorge e Rosalina e ao iniciar uma técnica com os mesmos, na presença dos demais, Jorge manifestou que gostaria que fosse a sós, atitude que foi exaltada, visto que ele demonstrou que pode, ao contrário do que a família de Rosalina dizia, ter atitudes próprias.

Foram utilizadas metáforas estratégicas que promoveram o pedido de perdão por parte de Jorge sobre o aborto que havia aconselhado, como também, houve da parte de Rosalina a aceitação do pedido e foi dado perdão.

Quadro Familiar ao Final da sessão: Jorge declarou que tinha em seu íntimo forte vontade de pedir perdão a Vitor, mas achava que precisava dele ter mais idade e que ter podido fazê-lo já, o deixou aliviado. Acrescentou que jamais havia pensado em se retratar com Rosalina, que pedir perdão à Vitor era um forte desejo seu, mas que à Rosalina nunca tinha imaginado e que ter feito isso, lhe fez muito bem e o libertou de grande peso.

Ficou notadamente visível no semblante e na postura corporal de Rosalina, a sua transformação. E após ter conseguido não só dialogar como também perdoar, reconhecer também sua falha e estabelecer um relacionamento de mãe x pai com Jorge. Rosalina, antes tão calada, reservada, séria e mantendo fisicamente distante da família de Jorge dentro da sala, agora apresenta-se sorridente e integrada ao ambiente.

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Os mesmos se comprometeram amigavelmente a cultivar a afetividade entre eles, como pais, esquecendo o passado, começando a partir de agora a construir uma nova família para Vitor.

Tarefas Pós Sessão Recomendadas: Também foi passado como tarefa: 1) que os dois comuniquem aos outros membros da família o que aconteceu na sessão quando ficaram somente os dois na sala a pedido do próprio Jorge; 2) marcarem uma saída com Vitor, para explicarem o mesmo para ele.

Recomendações de terapias seqüências: Foi remarcado uma sessão familiar para o dia 29/05/2008, às 11 horas, somente para se ficar a par das melhoras que se sucederam à sessão, pois foi colocado para todos os membros presentes que o objetivo já estava alcançado e já estava concluída a terapia.

OBS: Envio anexo, como nos demais relatos já enviados, parecer por escrito de cada membro familiar, do que foi participar desse projeto.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador

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No do processo:xxxxxxxxxxxx

PAP/Viana Projeto de Atendimento Psicoterapicojuridicossociofamiliar

(a Famílias em Processo de Separação Judicial/Divórcio) Juizado de Direito/Prefeitura Municipal

Laudo Seqüencial 1

Nome do Ciente/Casal: Marcilene x Rodolfo

Compareceram ao Atendimento: Marcilene, Lucia, Angela e Mauricio (13)

Data Atendimento:03/03/2008

Duração do Atendimento: 1 hora e 25 minutos

Objetivo Jurídico:

Objetivo terapêutico Principal:

Histórico Familiar:

Quadro clínico Apresentado:Marcilene chegou relatando que as famílias que antes estavam “em pé de guerra”, com brigas e ofensas constantes inclusive, segundo as mesmas, sendo ameaçadas e perseguidas, agora voltaram a conversar, e inclusive , na busca de Angela nos finais de semana, estão dialogando sobre a sua saúde , e até estão trocando algumas amabilidades do tipo colher frutas e dar pra eles. E Marcilene disse que isto a fez sentir-se muito bem.

Ambas relataram muitas mudanças.

A senhora Lucia disse que Marcilene está com mais responsabilidades, e ao ser perguntado em que atitudes da mesma ela percebeu isso, ela respondeu que não precisa mais lembrá-la dos horários de fazer mamadeira, de dar almoço, de dar banho etc.

Marcilene disse que se acomodava como se fosse irmã de Angela, que dizia pra sua mãe “fica aí com ela” e ia pra rua, disse também que “ela tava começando a chamar mamãe de mãe”, “agora tô fazendo questão de mostrar pra ela quem é a mãe dela”, “aprendi ser mãe e o que é ser filha”.

“Ela não sabia, mas eu ficava até com ciúmes dela com a Angela”, “eu via minha mãe como uma rival”.

“Eu brigava muito com minha mãe, por mais que ela tentasse me ensinar ser mãe eu não conseguia... me acomodava... gritava pra ela: não vou cuidar da Angela não, porque ela fica mais com você que comigo... e ia pra rua”.

Intervenções abordadas:

Foi trabalhado o reforço dessas mudanças e aproveitado a presença do irmão de Marcilene, Mauricio (que é considerado pela família e pela comunidade como “especial”, porque quando pequeno levou uma “lajotada” de outra criança, foi dado como morto etc. e tal. A criança faz de si mesma a imagem que os outros fazem dela), e feito:

A – algumas técnicas, para tirá-lo desse lugar cômodo que lhe deram de ser especial;

B – técnica para que os familiares sintam-se autorizados a atribuir tarefas e cobranças dando a ele possibilidades de crescimento;

C – técnicas instruindo-os a colocarem nele limites, pois devido ao rótulo que lhe deram de ter “distúrbio de comportamento” (e do qual ele havia se apropriado fazendo de todos o que

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quisesse. A censura deve ser dirigida a ação errada que a criança faz, e não a pessoa dela.), o deixavam solto, livre, para não irritá-lo e nem deixá-lo nervoso.

E ficou muito claro que ele possui todos os recursos para crescer e se desenvolver, pelo fato de que, ele tendo passe livre para usar no ônibus, era quem trazia Marcilene para o local de atendimento, voltava , e trazia a mãe, para não pagarem passagem.

Quadro Familiar ao Final da sessão: A sensação de surpresa acompanhada de sentimento de leveza circulou entre os membros da família em relação ao novo olhar que puderam colocar sobre Mauricio.

Tarefas Pós Sessão Recomendadas: algumas tarefas que iniciem Mauricio nesse processo de desenvolvimento, além de conselhos para procurar lugares públicos onde possam colocá-lo como participante de esportes.

Recomendações de terapias seqüências: Marcada volta juntamente com a família de origem paterna de Angela.

OBS: Envio anexo, como nos demais relatos já enviados, parecer por escrito de cada membro familiar.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador

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No do processo: 050070016311

Laudo Psicojuridicossociofamiliar

Nome do Ciente/Casal:Maura E Pedro.

Compareceram ao Atendimento: O casal, Altamir-33 (filho da primeira união dela), Gilvan, Carlos, Mario, Maria e uma neta.

Data Atendimento: 13 dezembro 2007 às 14 horas.

Duração do Atendimento: 2horas e 45minutos.

Objetivo Jurídico: Não Recebimento da Pensão desde 04/2007

Objetivo terapêutico Principal: Unânime entre os filhos a queixa de ter vergonha do que os outros comentam, e o desejo de que haja harmonia e união, entre eles.

Histórico Familiar: Mãe tem três filhos da primeira união com João Camilo Nascimento: Altamir, Vanusa e Rudiney. Quando separaram, os filhos ficaram com ela.

Da união com o Sr Pedro têm 7 filhos, sendo 3 mulheres e 4 homens; Natali e Geciara, que têm união marital de 7 e 8 anos respectivamente, e vivem em suas respectivas casas. Maria de 10 anos morava com a mãe e desde abril, está morando com Rudiney, de 30 anos, seu meio irmão,

Atualmente, vivem com Maura, o jovem Carlos.

Com o Sr Pedro vivem: Altamir, (seu enteado), Gilvan e Mario. Reginaldo vive com os dois.

Houveram três abortos, dois entre Mario e Maria, e um depois dela. Inclusive, segundo a mãe, na época, o Sr Pedro bebia, e numa briga, que ela classificou de acidente, aconteceu...

Quadro clínico Apresentado: Desordem familiar, com grande sofrimento dos membros, por não aceitarem o fato dos pais serem separados, pela falta de união entre os membros familiares e por sentirem vergonha pelo que “falam de sua mãe”.

Casal está separado a nove anos. Tentaram reconciliar-se por umas três vezes, e desistiram definitivamente.

O pai alega ter parado de dar pensão, porque todos os filhos foram morar com ele, com exceção do Carlos, (idade cronológica diferente da idade psicológica), que reside com a mãe, e do Reginaldo (não compareceu a sessão) que mora com os dois; e segundo ele, além de não ter emprego, e não ser aposentado, é “meeiro” e ganha pouco.

A mãe diz sobreviver da “pensão alimentar e de dormida” que fornece para três rapazes. (Fato esse que parece não ser aceito, pelos membros masculinos da família).

Altamir, filho mais velho da primeira união tem serias seqüelas decorrentes de tiro que levou em briga com ex-mulher, e mora com o Sr Pedro.

Maria sofreu abuso sexual, de vizinho e desde então, mora com o meio irmão Rudiney, o Conselho Tutelar já a encaminhou para acompanhamento psicológico.

Intervenções abordadas:

Utilização de metáforas, Técnica da cadeira vazia, Técnica da separação dos papéis.

Final da sessão: Ficou claro e visível em todos os filhos presentes que independente do casal estar separado, a promoção da união dos pais, e da aceitação de que os mesmos têm direito de ser mulher e homem causou bem estar e permitiu a integração da família com promessa de harmonia entre seus membros.

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Tarefas Pós Sessão: Cada membro da família deverá surpreender os outros membros com atitudes novas, sem revelá-las, e anotar. Por sua vez, os outros membros deverão tentar descobrir que atitudes foram essas, e também anotar, para trazer na próxima sessão.

Recomendações de terapias seqüências:

1 sessão para o casal. (Para promoção do divórcio emocional)

Acompanhamento psicológico individual, psiquiátrico e neurológico para Altamir.

Acompanhamento psicológico individual e neurológico, para Carlos.

1 sessão familiar após 1 mês.

Terapeuta Familiar Ana Maria Cremasco Salvador