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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR BALURO CARDOSO DE MATTOS – FASERRA
ALEX VIANA DE MORAES REGIANI DA SILVA SANTOS
PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO
DOMÉSTICO
SERRA – ES 2016
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ALEX VIANA DE MORAES REGIANI DA SILVA SANTOS
PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO DOMÉSTICO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Jakson Costa Laranja
SERRA – ES
2016
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ALEX VIANA DE MORAES REGIANI DA SILVA SANTOS
PLANEJAMENTO FINANCEIRO E ORÇAMENTO DOMÉSTICO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos, do curso de Graduação em Ciências Contábeis, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovado em _______de______________de 2016
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Prof. Jakson Costa Laranja
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos Orientador
__________________________________________ Prof. Ângelo Fiorio
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos
__________________________________________ Prof(a). Mônica Porto
Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos
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RESUMO
O presente trabalho se propõe a apresentar como o planejamento financeiro e o orçamento familiar podem auxiliar na diminuição dos gastos domésticos, objetivando uma estabilidade econômico-financeira para as famílias que se encontram endividadas por falta de controle de suas despesas. Com isso, contaremos com o objetivo deste estudo de evidenciar métodos simples de planejamento financeiro que podem contribuir para o equilíbrio das finanças, tornando-se um hábito com o passar do tempo, pois é um assunto que a cada dia se torna uma realidade não só no âmbito empresarial, mas também no ambiente doméstico. Portanto, pretende-se fornecer orientações e ferramentas simples que possam auxiliar em um controle financeiro, podendo se tornar uma realidade o equilíbrio entre as receitas e despesas de uma família, obtendo o domínio sobre o consumismo sem que tenha a necessidade de restringir o acesso a itens necessários aos padrões usuais da família. Para entendermos a abrangência deste assunto este trabalho contou com uma pesquisa de campo, obtendo resultados que serão apresentados através de gráficos. Por fim, o propósito do estudo apresentado é incentivar novas pesquisas sobre o assunto para difundir as práticas de planejar e organizar no ambiente familiar, com foco na melhoria da qualidade de vida de seus membros. Palavras Chaves: Gastos; orçamento; planejamento.
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Dedicamos esse trabalho as nossas famílias que atuaram como base de apoio e incentivo e a todos que direta ou indiretamente contribuíram com a nossa formação acadêmica.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus por essa vitória alcançada, pois Ele nos concedeu paciência, sabedoria e perseverança ao longo desses quatros anos de formação. Aos nossos professores que ao longo da nossa graduação se dedicaram ensinando e compartilhando conhecimentos nas diversas áreas da contabilidade. Aos familiares e amigos pelo incentivo e apoio. Aos colegas de turma, com os quais convivemos dividindo experiências e conhecimento. Agradecemos também de maneira especial, o nosso orientador, professor Jakson Laranja por todo apoio na confecção desse trabalho e pela sua contribuição na nossa vida acadêmica.
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Antes da batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis. (Dwight Eisenhower)
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: O quanto você considera importante ter um planejamento financeiro
orçamentário em casa? ............................................................................................. 25
GRÁFICO 2: Você sabe como fazer um planejamento financeiro?...........................26
GRÁFICO 3: Você possui um planejamento financeiro em casa?.............................26
GRÁFICO 4: O quanto você se considera endividado?.............................................27
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................12
2.1 CONTABILIDADE DOMÉSTICA ...................................................................... 12
2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ..................................................................... 15
2.3 ORÇAMENTO FAMILIAR ................................................................................ 17
2.4 MÉTODO DE PLANEJAMENTO ..................................................................... 20
3 DESENVOLVIMENTO............................................................................................25
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................28
REFERÊNCIAS..........................................................................................................29
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1 INTRODUÇÃO
Ter um planejamento financeiro familiar é essencial para quem quer ter controle
de suas finanças e proporcionar um futuro seguro para toda a família. Contudo,
são inúmeros os casos de famílias que se rendem ao descontrole orçamentário
e acabam elevando a estatística das famílias com endividamento doméstico.
Planejar e criar orçamentos são práticas muito comuns em empresas, para evitar
prejuízos e manter o equilíbrio entre os ganhos e os gastos obtidos. Considerando
então a casa como uma entidade financeira, é possível apontar a importância de se
ter um orçamento e um planejamento financeiro doméstico e evitar gastos
excessivos que produzem dívidas que por vezes são desnecessárias, portanto a
questão é: como diminuir gastos no ambiente doméstico com orçamento e
planejamento financeiro?
Esse trabalho científico tem como linha de pesquisa o planejamento e o controle
orçamentário doméstico, baseando-se no clima organizacional do ambiente
doméstico e no controle financeiro na busca de resultados positivos.
A casa funciona como uma empresa e assim como no ambiente empresarial é
preciso saber o quanto se ganha e fazer projeções para prevenir gastos que
ultrapassam o valor da renda familiar. Esse rigoroso controle nas finanças de uma
família a possibilita identificar onde está sendo aplicado seu dinheiro, se essa
aplicação é de fato necessária e evita que a poupança fique no vermelho.
Na atualidade muitas famílias não conseguem fazer um planejamento financeiro
para a obtenção da diminuição dos gastos, visando alcançar resultados positivos
para uma melhor condição econômica de vida. Mantém-se então um hábito de
consumo exacerbado sem preocupar-se com o bem estar econômico familiar.
A pesquisa apresentada tem como objetivo geral evidenciar a utilização de um
planejamento financeiro no ambiente doméstico, seguido de seus objetivos
específicos que são:
a) Entender o planejamento financeiro
b) Analisar o orçamento no ambiente doméstico
c) Demonstrar como o planejamento e o orçamento podem diminuir os gastos
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A metodologia aplicada a esse estudo é a revisão bibliográfica exploratória, tendo
como coleta de dados livros, artigos e internet de maneira descritiva e uma breve
pesquisa de campo como princípio de evidenciar se há por meio das famílias um
controle nas finanças, sendo essas observações necessárias para a obtenção de um
estudo claro e objetivo na intenção de que as ideias apresentadas sejam entendidas.
Essa pesquisa de campo foi realizada a partir de um questionário, as respostas
coletadas foram representadas graficamente para atingir uma visão mais evidente
das informações relevantes ao estudo apresentado.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTABILIDADE DOMÉSTICA
A contabilidade é a ciência que estuda as variações qualitativas e quantitativas do
patrimônio de uma entidade, fornecendo o máximo de informações úteis para a
tomada de decisões dentro e fora da empresa. Seu objeto de estudo é o patrimônio,
ou seja, os bens que é tudo o que possui com valor econômico, direitos que são os
recursos que tem a receber e as obrigações que representam as dívidas a serem
pagas.
Crepaldi (2013, p. 3) afirma que a contabilidade é uma ciência configurada para
coletar, registrar, resumir e interpretar informações e fenômenos que influenciam as
situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer empresa.
Tem como finalidade o registro dos fatos e a produção de informações por meio
desses registros que possibilitam o controle e planejamento do patrimônio da
empresa.
Assim como para empresas a contabilidade pode ser aplicada no ambiente
doméstico, afinal a casa também funciona como uma entidade financeira gerando
gastos e obtendo ganhos.
A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisão (MARION, 1998, p. 27).
A contabilidade possui ferramentas que chamamos de demonstrações contábeis
para mostrar a situação financeiro-econômica das entidades, dentre elas
destacamos o balanço patrimonial onde são registrados os valores dos bens, dos
direitos e das obrigações.
O ativo compreende as aplicações de recursos, normalmente em bens e direitos. O passivo compreende as exigibilidades e obrigações. E o patrimônio líquido representa a diferença entre o ativo e o passivo, ou seja, o valor líquido da empresa (IUDICIBUS, MARTINS E GELBECKE, 2000, p. 34).
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A demonstração do resultado do exercício é um relatório separado onde se apuram
as receitas e despesas, segundo Silva, Tristão (2000, p.213).
A Demonstração do Resultado do Exercício é a representação em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante um período de tempo, de forma a destacar o lucro líquido do período. (IUDICIBUS, MARTINS E GELBECKE, 2000, p. 34).
Essas demonstrações também podem ser utilizadas por pessoas físicas para
avaliarem seu patrimônio que ao longo do tempo assim como o das pessoas
jurídicas sofrem alterações.
Como exemplo de Balanço Patrimonial e DRE de pessoa física, pode-se criar tabelas como a seguir:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Dinheiro vivo Contas a pagar
Conta corrente Cartão de crédito
Contas a receber Empréstimo bancário
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
INVESTIMENTOS Financiamento do imóvel
Caderneta de poupança Financiamento do veículo
Previdência privada
IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículo O quanto tenho de fato (ativo-passivo)
Imóveis
Móveis e utensílios
TOTAL: TOTAL:
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DRE
RECEITAS
Salários
Outros recebimentos
DESPESAS FIXAS
(-) Alimentação
(-) Plano de saúde
(-) Aluguel
DESPESAS VARIÁVEIS
(-) Água
(-) Luz
(-) Combustível
DESPESAS FINANCEIRAS
(-) Tarifas bancárias
(-) Juros de financiamento
LUCRO/PREJUÍZO
Nas tabelas acima podemos ver que é possível utilizar os conceitos e as
ferramentas da contabilidade no ambiente doméstico, vale ressaltar que para a
utilização da contabilidade por uma família é importante que os membros possuam
um conhecimento básico a respeito e estejam empenhados na execução dos
registros.
Podemos analisar a contabilidade doméstica como o primeiro passo para um bom
planejamento financeiro, isso porque na elaboração das demonstrações é preciso
descrever item por item, incluindo tudo o que a entidade possui o que dificilmente
ocorre em um simples planejamento ou orçamento onde só são levados em
consideração as receitas e despesas.
As demonstrações contábeis não só embasam o controle financeiro como também
auxiliam na gestão das entidades, ou seja, nas decisões a serem tomadas a partir
dos dados coletados, o que define a contabilidade como financeira e gerencial.
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2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO
O planejamento é uma importante ferramenta de gestão e administração utilizado na
preparação, estruturação e organização para se alcançar um determinado objetivo,
substancialmente planejamento é o ato de se antecipar. É a elucidação prévia de
como se conduzir uma situação futura quando esta se decorrer, é uma maneira
também de driblar os imprevistos.
Planejar é algo muito comum. Constantemente e em alguns casos de modo
imperceptível planejamos as coisas que iremos fazer e como as faremos, como por
exemplo, uma festa, um passeio, o que fazer nas férias, os estudos, como agir
diante de um problema, como evitar desperdícios diversos, etc.
Faria (1993, p. 96) afirma que:
O estabelecimento da distribuição racional no tempo e no espaço dos recursos disponíveis, com o objetivo de atender com menor desperdício possível a hierarquia de prioridades necessárias para a realização, com êxito, de um propósito previamente definido. É a seriação lógica de fases para a melhor utilização dos recursos disponíveis visando a conduzir a pessoa ou instituição à consecução de um objetivo com o menor dispêndio e risco.
Em resumo, o planejamento é a coordenação antecipada do desempenho futuro,
atendendo as exigências de uma necessidade de recursos e de possibilidades para
melhor utilizar suas disponibilidades.
Faria (1993, p. 96) ainda relata que:
O plano é a sequência lógica de fases necessárias para a realização de um trabalho, e quando os elementos são distribuídos no tempo total disponível, temos a programação. O planejamento é, pois, o estabelecimento de planos a longo prazo, já a programação é o estabelecimento de planos a curto prazo, considerando o rateio do tempo disponível entre suas fases. Normalmente, um bom planejamento sincroniza e coordena diversos programas.
O planejamento é classificado em Planejamento estratégico, planejamento tático e
planejamento operacional. O planejamento estratégico é um processo permanente e
contínuo e está voltado para o futuro; o planejamento operacional é o que formaliza
a implantação das ações previamente estabelecidas e o planejamento tático é o
nível intermediário entre os outros dois processos a finalidade é especificar como o
que foi planejado ajudará a alcançar os objetivos necessários.
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Desde os mais longínquos tempos o homem se atentou a inevitabilidade de se
preparar para as mais diversas situações e infortúnios do meio em que vive. Isso é
planejamento. Quanto à origem do planejamento Faria (1994, p. 71) comenta que:
O planejamento é tão antigo quanto a história. A construção das pirâmides egípcias não se concretizou sem que tivessem sido elaborados complicados planos e projetos, e sem que os administradores tivessem se preocupado com a alimentação de milhares de trabalhadores, escravos e soldados, assim como planejado o transporte dos enormes blocos de granito, originários de local, na região sul do Egito.
O planejamento financeiro tem como finalidade evitar surpresas e desenvolver
planos alternativos. É possível criar metas de consumo realistas e planejar
aquisições de médio e longo prazo, tais como: como aquisição de um imóvel, de um
veículo ou de até mesmo, investimentos em educação. Para que o sucesso
financeiro possa ser garantido é necessário controlar o que se ganha e o que se
gasta.
Para Gitman (1997) o planejamento financeiro é um aspecto importante para
sustentação e funcionamento de uma unidade econômica, pois fornece roteiros para
coordenar, controlar e dirigir ações na consecução de objetivos. Deve estabelecer o
modo pelo qual os objetivos financeiros podem ser alcançados. Dessa forma, o
plano financeiro é uma declaração do que deve ser feito no futuro.
O planejamento financeiro de uma pessoa e de sua família, para uma vida inteira não é, de maneira alguma, um conceito rígido e inflexível. Ao contrário, cada um pode estabelecer metas por si próprio. Mas, uma vez que as define, deve sempre mantê-las em sua mente e lutar com determinação para alcançá-las [...] depois de definidas as metas podem sofrer alterações. Faz parte do planejamento realizar revisões periódicas. (FRANKENBERG, 1999, P.32).
Disciplina e organização são fundamentais para se alcançar o objetivo final de um
planejamento financeiro, o não cumprimento das metas estabelecidas pode
desestruturar o plano inicial.
Conforme Ferreira (2006, p. 18) “planejar finanças pessoais significa determinar
antecipadamente o que pretendemos com nosso dinheiro e detalhar os planos
necessários para alcançar o(s) objetivo(s) definido(s)”.
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2.3 ORÇAMENTO DOMÉSTICO
O conceito de orçamento como mecanismo de planejamento e gerência surge no
ambiente empresarial, sendo utilizado na administração para estabelecer o cálculo
das receitas e das despesas de uma empresa. No cotidiano as pessoas reconhecem
a palavra orçamento como o ato de verificação de preços de um determinado
produto ou serviço que desejam adquirir.
“Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação
contábil hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo exercício,
considerando as alterações já definidas para o próximo exercício (PADOVEZE,
2009, p. 235).”
Carneiro e Matias (2010) relatam que quando se escuta que uma organização está
elaborando um orçamento, significa que ela está planejando suas receitas e gastos
futuros, não apenas fazendo uma verificação de preços.
De acordo com Zdawicz (1983 apud LUNKERS 2009), o orçamento em empresas
privadas, teve seu primeiro registro em 1919, pela empresa Du Pont nos Estados
Unidos. Segundo Carneiro (2014) somente a partir de 1940 o orçamento passou a
ser foco de estudos no Brasil, atingindo grande relevância a partir de 1970, quando
empresas passaram a fazer uso com mais frequência.
O orçamento familiar, assim como o empresarial é um plano financeiro para projetar
os gastos e receitas do ambiente doméstico. O objetivo econômico - financeiro no
âmbito doméstico para controlar o quanto se gasta fazendo projeção das despesas e
das receitas, pode ser o aumento do patrimônio pessoal (imóveis, veículos...), a
realização de um sonho ou simplesmente para obter estabilidade financeira.
Carneiro (2011) menciona que:
Pode – se dizer que orçamento familiar é um instrumento (um meio), que pertence à ciência das finanças pessoais, que visa fazer com que as famílias façam a gestão de seus recursos financeiros de forma mais eficaz, ou seja, fazendo com que atinjam seus objetivos econômico-financeiros.
É de suma importância a participação de todos os membros da família na
implantação de um orçamento, visto que o resultado com a utilização desse
mecanismo beneficiará a todos.
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De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio,
Serviços e Turismo (CNC) publicada em primeiro de setembro de 2016, em agosto o
grau de endividamento das famílias brasileiras subiu chegando a 58%. Uma nova
pesquisa da CNC divulgada no dia vinte e sete de setembro de 2016 apontou mais
um aumento no endividamento das famílias, atingindo então 58,2%. Esse
endividamento além de ferir o bolso atinge também o psicológico de quem se
encontra nessa situação.
“Não bastasse os transtornos, ainda são verificados casos extremos de chefes de
família que sucumbiram ao desespero chegando ao suicídio” (SOUSA, 2013, p. 9).
Criar planos estratégicos financeiros pode ser a solução para diminuir as dívidas,
uma ferramenta muito simples e eficaz para controlar o quanto de dinheiro entra e o
quanto sai é o fluxograma de caixa, ou simplesmente fluxo de caixa. Registram se
os dados financeiros de um determinado período podendo ser diário semanal ou
mensal. Serve para visualizar melhor as movimentações financeiras, assim é
possível identificar gastos excessivos ou desnecessários.
O orçamento previsto pode ser modificado de acordo com as informações contidas
no fluxo de caixa, principalmente se for para eliminar gastos irrelevantes e
reestruturar o orçamento para resultados positivos.
“[...] o fluxo de caixa é onde observamos as variações das nossas receitas e despesas projetadas com as realizadas todos os meses. Por isso, é aconselhável fazê-lo para o ano inteiro, pois, assim como controlamos nosso dinheiro todos os meses, no final do ano podemos fazer a consolidação e verificar as variações ocorridas no ano inteiro”. (FERREIRA, 2006, p.52).
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Para tanto, podem ser utilizadas planilhas simples como o exemplo abaixo.
Planilha 1: Exemplo de Planilha de Fluxo de Caixa.
Ferreira (2006, p. 51) afirma que:
Para nos auxiliar no controle de nosso dinheiro, nada melhor do que utilizar o fluxo de caixa, que consiste no detalhamento mensal das suas receitas e de suas despesas, ou seja, a entrada e a saída de dinheiro. É aconselhável que a projeção do fluxo de caixa seja feita para o ano inteiro.
Além do fluxo de caixa já existem aplicativos que podem ser baixados no celular que
ajudam no controle das finanças, alguns deles mostram os resultados em gráficos o
que proporciona ao usuário uma visão mais ampla de seu planejamento.
Dentro do processo de orçamento existem quatro fases que podem facilitar o
controle das finanças, que são: planejar, executar, controlar e agir.
Planejar é conhecer a situação financeira atual, para isso basta fazer um
levantamento de tudo o que se é gasto em um mês. As despesas fixas; as contas de
água, luz, telefone; as despesas variáveis; o quanto se deve no cartão de crédito;
impostos como: IPVA, IPTU.
Executar é conscientizar todos os envolvidos no planejamento, fazer negociações de
dívidas atrasadas e começar a evitar desperdícios.
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Controlar é fazer avaliações diárias do orçamento para saber se está sendo seguido
o planejamento, classificaras despesas para saber onde e quanto está se gastando
e se esse gasto é de fato necessário e compartilhar os resultados obtidos com
todos.
Por fim agir é tomar atitudes perante o resultado demonstrado pelo controle, se a
algum desvio no plano identificar a origem e apontar solução, se o consumismo
exagerado permanece buscar meios de diminuir se for preciso até mesmo modificar
o planejamento para alcançar o objetivo final. Sempre incentivar os envolvidos
mostrando o que poderá ser feito em curto ou longo prazo com esse controle e
manter o equilíbrio na tomada de decisões, sejam individuais ou coletivas.
2.4 MÉTODOS DE PLANEJAMENTO
Algumas famílias mesmo tendo um controle de suas finanças, ainda se encontram
endividadas, isso ocorre quando o planejamento não é seguido da forma correta, ou
quando simplesmente a família anota o que é gasto com a intenção de saber o que
tem que pagar sem planejar sem fazer as devidas projeções do quanto se pode
gastar de acordo com os ganhos.
Abaixo segue um passo a passo de como obter um planejamento simples e eficaz:
Junte todas as receitas da família, pois é essencial saber o quanto está sendo
arrecadado.
Faça um levantamento de dívidas que estão com pagamento atrasado, caso
não tenha a possibilidade do pagamento a vista negocie a dívida para facilitar
o pagamento.
Agrupe os gastos da família, tendo em vista que todos são fonte de despesas
da mesma forma que aqueles que trabalham são fonte de receitas.
Tenha uma planilha, ainda que seja simples, para controlar as entradas e
saídas.
Seguindo este passo a passo é possível criar uma planilha para o planejamento e
controle das finanças de toda família. Apresentamos um exemplo simples logo
abaixo.
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Planilha 2: Exemplo de Planilha de Planejamento de Gastos
JAN/16 FEV/16 MAR/16
RECEITAS RECEITAS RECEITAS
Salário R$ 2.680,87 Salário R$ 2.711,31 Salário R$ 2.680,87
Aluguel R$ 0,00 Aluguel R$ 0,00 Aluguel R$ 0,00
Pensão R$ 0,00 Pensão R$ 0,00 Pensão R$ 0,00
Horas extras R$ 0,00 Horas extras R$ 0,00 Horas extras R$ 0,00
Outros R$ 0,00 Outros R$ 0,00 Outros R$ 0,00
Total de Receitas R$ 2.680,87 Total de Receitas R$ 2.711,31 Total de Receitas R$ 2.680,87
DESPESAS DESPESAS DESPESAS
Alimentação R$ 800,00 Alimentação R$ 800,00 Alimentação R$ 900,00
Escola R$ 275,00 Escola R$ 275,00 Escola R$ 275,00
Telefone R$ 69,90 Telefone R$ 74,89 Telefone R$ 75,03
Saúde R$ 215,00 Saúde R$ 363,28 Saúde R$ 363,28
Água e Luz R$ 280,00 Água e Luz R$ 288,94 Água e Luz R$ 325,96
Lazer R$ 125,00 Lazer R$ 0,00 Lazer R$ 0,00
Cartão de credito
R$ 432,50 Cartão de credito
R$ 560,00 Cartão de credito
R$ 547,80
Gás R$ 45,00 Gás R$ 45,00 Gás R$ 45,00
Transporte R$ 235,40 Transporte R$ 235,40 Transporte R$ 235,40
Outros R$ 0,00 Outros R$ 0,00 Outros R$ 0,00
TOTAL R$ 2.477,80 TOTAL R$ 2.642,51 TOTAL R$ 2.767,47
SALDO R$ 203,07 SALDO R$ 68,80 SALDO (R$ 86,60)
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Execute o planejamento. Para isso é só preencher a planilha com todas as
movimentações financeiras efetuadas.
Analise o resultado. Observe se tem algum exagero nas despesas fazendo
com que o resultado fique abaixo do esperado.
Agora é hora de começar a cortar gastos e economizar. É importante que se
faça uma reserva de emergência para os imprevistos que podem surgir.
No dia a dia opte por fazer compras a vista, crie metas dentro do
planejamento e procure aumentar a renda da família para manter o equilíbrio
financeiro. Evitar desperdícios além de diminuir gastos faz bem para o meio
ambiente.
Conforme Silva (2004, p. 65), deve-se ter paciência e enxugar os gastos de uma
maneira que não perca a motivação de continuar o trabalho de educação financeira,
realizar os ajustes paulatinamente, gastando menos sem ser muito rígido, apenas se
disciplinando.
Marion (2009, p. 152), investimento é toda aplicação feita pela empresa com a
finalidade de gerar retorno (lucro).
Investir o dinheiro que sobra é uma boa forma de aumentar a renda familiar, existem
diversos tipos de investimento que uma pessoa física pode fazer como, por exemplo,
a previdência privada, a poupança, fundo de renda fixa entre outros. Investir pode
não ser uma tarefa muito fácil e todos os tipos de investimentos possuem um grau
de risco, portanto antes de tudo é preciso se informar e analisar qual seria o tipo de
investimento mais adequado a se fazer.
Na previdência privada pode haver incidência de taxas de administração,
carregamento e IR, essas taxas são variáveis. Investindo no plano de previdência
privada pode se optar entre duas modalidades que se diferenciam principalmente na
tributação: o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de
Benefício Livre (VGBL), nesses dois planos temos o período de investimento que é
quando ainda se gera renda e o de benefício que inicia a partir da idade escolhida
para receber o retorno do que foi investido anteriormente.
O PGBL é mais indicado a quem faz a declaração de IR pelo formulário e é tributado
diretamente na fonte, isso porque é possível por esse plano deduzir o valor das
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contribuições da base de cálculo do IR o que permite uma redução do imposto ou
aumento na restituição. O VGBL traz mais vantagens a quem faz a declaração
simplifica ou não é tributado na fonte, pois a tributação acontece apenas sobre o
ganho de capital.
Os títulos de renda fixa funcionam com um empréstimo que o investidor faz a
alguém, como a um banco, ao governo, a uma empresa, em contrapartida recebe
uma remuneração. Esse é o tipo de investimento em que as condições de
rentabilidade são determinadas no momento da aplicação. De acordo com a CETIP
este mercado cresceu muito aqui no Brasil somando mais de três milhões de
investidores que movimentam mais de R$ 2 trilhões.
De acordo com Fortuna (2005, p. 303) a poupança “é a aplicação mais simples e
tradicional, sendo uma das poucas, senão a única, em que se podem aplicar
pequenas somas e ter liquidez, apesar da perda de rentabilidade para saques fora
da data de aniversário da aplicação”.
A poupança em relação às taxas é a que garante um investimento mais barato e
seguro, nessa modalidade não há taxas de administração, carregamento ou IR. Uma
poupança pode ser feita por qualquer pessoa em uma agência bancária e o dinheiro
aplicado pode ser retirado a qualquer momento, o mínimo para se iniciar esse
investimento varia de banco para banco. O rendimento da poupança é mensal e é
sempre atualizado na data de abertura.
Para quem pode cair na tentação de retirar o dinheiro da poupança antes do previsto
existe a opção de poupança forçada. O banco automaticamente retira o valor a ser
depositado da conta do cliente e o transfere para essa poupança e o dinheiro nela
aplicado só poderá ser retirado a partir do período determinado na contratação do
serviço. Essa é uma boa opção de investimento em curto ou longo prazo.
Seja pelo método da contabilidade ou por meio de planejamento financeiro ter o
controle das finanças dentro de casa é o sonho de muitas famílias, e esse sonho
pode sim ser alcançado. Como já dito anteriormente é preciso muita disciplina para
não perder o foco, as metas e objetivos traçados são de grande importância por
serem uma motivação a mais para poupar e economizar.
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Como disse Sir John Templeton (2012) “se você quer ter resultados melhores do
que a maioria das pessoas, faça as coisas de forma diferente da maioria”. Nesse
caso planeje controle e poupe.
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3 DESENVOLVIMENTO
A pesquisa foi realizada com oitenta e cinco entrevistados de maneira aleatória,
onde a maior parte apresentada é do gênero feminino, correspondendo a 55,3% dos
entrevistados, complementando a pesquisa com 44,7% do sexo masculino.
Quanto à renda familiar dos entrevistados, foi identificado que dos participantes da
pesquisa apenas cinco possuem renda de no máximo um salário mínimo, trinta e
seis deles possuem renda de um a três salários mínimos, vinte e dois voluntários da
pesquisa com renda de três a cinco salários mínimos, obtendo também uma
quantidade de vinte e dois participantes com renda superior a cinco salários
mínimos.
Gráfico 1: O quanto você considera importante ter um planejamento financeiro e
orçamentário em casa?
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao serem perguntados sobre a importância de ter um planejamento financeiro e
orçamentário em casa, referenciados em uma escala de zero a dez onde zero
significa sem importância e dez significa muito importante, obtivemos como resposta
que a maior parte dos entrevistados entendem como muito importante, totalizando
76,5%.
Nesta pesquisa não foi obtida nenhuma resposta com escala de zero a quatro,
assim como em escala seis, estando os 23,5% das respostas restantes distribuídos
nas escalas cinco, sete, oito e nove.
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Gráfico 2: Você sabe como fazer um planejamento financeiro?
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao responder à pergunta sobre o conhecimento para realizar um planejamento
financeiro, cinquenta e um participantes informaram que sabem fazer o
planejamento financeiro, dezesseis entrevistados não sabem como realizar este
método e dezoito participantes nunca tentaram fazer.
Ainda como dados desta pesquisa setenta e quatro participantes informaram que
não conseguiriam controlar os gastos domésticos sem um planejamento e apenas
onze dos participantes disseram que conseguiriam controlar os gastos
independentes de um planejamento financeiro doméstico.
Gráfico 3: Você possui um planejamento financeiro em casa?
Fonte: Dados da pesquisa
Entre os oitenta e cinco participantes da pesquisa 45,9% informaram que não
possuem nenhum planejamento financeiro em casa e outros 54,1% possuem um
planejamento financeiro.
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Gráfico 4: O quanto você se considera endividado?
Fonte: Dados da pesquisa.
Ao responder sobre o quanto cada participante se considera endividado em uma
escala de zero a dez, onde zero significa pouco endividado e dez significa muito
endividado, a escala zero apresentou o maior número de participantes da pesquisa,
totalizando 23,5% do total, sendo que os outros 76,5% ficaram distribuídos entre as
escalas de um a dez.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado teve como primícias demonstrar a importância de se ter um
planejamento no ambiente doméstico para diminuição dos gastos e obtenção de
equilíbrio financeiro, consequentemente reduzindo o índice de famílias endividadas.
A pesquisa elaborada para o presente estudo demonstra que grande parte dos
entrevistados tem a consciência de como é importante adotar um método de
planejamento econômico para gerar um controle sobre suas despesas e receitas.
Contudo, existem famílias que apesar de saber como fazer um planejamento
financeiro adequado não o adotam,ficando mais vulneráveis a um descontrole
econômico.
Todavia diante do que foi apresentado ao longo do trabalho percebeu-se que o
endividamento das famílias brasileiras ainda é muito alto, o que indica a
necessidade de se desenvolver um planejamento mais eficaz ou até mesmo iniciar
um planejamento.
Além do planejamento e do orçamento evidenciou se também a possibilidade de
implantar a contabilidade como meio de controle e avaliação do patrimônio familiar.
Mesmo o assunto abordado sendo bem atual, relevante e bastante comentado,
evidenciou se a falta de conteúdo para obtenção de informações mais específicas,
ficando assim notória a indispensabilidade de novos estudos e pesquisas na área,
para obter outros pontos de vista a cerca do que foi descrito.
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