os 100 segredos das pessoas felizes david niven

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5/21/2018 Os100SegredosDasPessoasFelizesDavidNiven-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/os-100-segredos-das-pessoas-felizes-david-niven 1/ Os100segredosdaspessoasfelizes David Niven, PH,D. Tradução : Maria Claudia Coelho A Ciência da Felicidade Não existe a menor dúvida: ser feliz o dese!o de todo ser humano. Mas o "ue ser feliz e #omo fazer $ara atin%ir a feli#idade #om "ue todos sonhamos& 'aseado nas $es"uisas e estudos de #ientistas !unto a milhares de $essoas, o $si#(lo%o e #ientista so#ial Dr. David Niven or%anizou a lista dos #em se%redos mais sim$les "ue são realmente #a$azes de tornar as $essoas felizes. ) #omo a leitura de um #om$li#ado tratado #ient*fi#o $ode ser #ausa de infeli#idade, esses se%redos estão a"ui #olo#ados de forma interessante e #om exem$los "ue vão nos fazer identifi#ar as situaç+es des#ritas e #om$reend-las. um livro $ara ser lido deva%ar, de%ustando #ada t($i#o, deixando "ue ele $enetre em nossa #ons#in#ia, nos "uestionando e transformando. /ssim vo# ir0 #om$reender as diferenças entre as $essoas felizes e as $essoas infelizes, e a sa1er o "ue $ode fazer $ara a$roveitar melhor a vida. Agradecimentos 2ou %rato ao (timo tra1alho de 3ideon 4eil e da e"ui$e da Har$er2an5ran#is#o, "ue a!udaram a fazer deste livro uma 1oa ferramenta $ara seus leitores. /%radeço tam1m a meus a%entes, Maureen 6asher e )ri# 6asher, #u!os interesse e f neste $ro!eto foram inestim0veis. Nota aos leitores Cada um dos #em t($i#os a$resentados a"ui 1aseia-se nas #on#lus+es de $es"uisas desenvolvidas $or #ientistas so1re a feli#idade e a satisfação na vida. Cada t($i#o #ontm uma des#o1erta-#have, #om$lementada $or #onselhos e $or um exem$lo de#orrente da des#o1erta. Para $ermitir ao leitor en#ontrar mais informaç+es so1re #ada t($i#o, in#lu*mos em #ada um deles uma refern#ia a um tra1alho e forne#emos tam1m uma 1i1lio%rafia de o1ras re#entes so1re a feli#idade. Introdução Tudo o que eu posso fazer é apontar o caminho e torcer para que você o siga 7Nin%um #a$az de fazer os outros felizes em um $asse de m0%i#a. 8 "ue $odemos a!udar as $essoas a verem a"uilo "ue $re#isam ver, a$ontar o #aminho e tor#er $ara "ue elas o si%am.7 9sto foi dito $or Harr 3ilman, meu $rofessor de $si#olo%ia. )le $oderia ter levado uma vida tran";ila $u1li#ando os resultados de $es"uisas #ient*fi#as e fazendo #onfern#ias $ara seus 1

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Os 100 segredos das pessoas felizes

Os 100 segredos das pessoas felizes

David Niven, PH,D.

Traduo : Maria Claudia Coelho

A Cincia da Felicidade

No existe a menor dvida: ser feliz o desejo de todo ser humano.

Mas o que ser feliz e como fazer para atingir a felicidade com que todos sonhamos?

Baseado nas pesquisas e estudos de cientistas junto a milhares de pessoas, o psiclogo e cientista social Dr. David Niven organizou a lista dos cem segredos mais simples que so realmente capazes de tornar as pessoas felizes.

E como a leitura de um complicado tratado cientfico pode ser causa de infelicidade, esses segredos esto aqui colocados de forma interessante e com exemplos que vo nos fazer identificar as situaes descritas e compreend-las.

um livro para ser lido devagar, degustando cada tpico, deixando que ele penetre em nossa conscincia, nos questionando e transformando. Assim voc ir compreender as diferenas entre as pessoas felizes e as pessoas infelizes, e a saber o que pode fazer para aproveitar melhor a vida.

Agradecimentos

Sou grato ao timo trabalho de Gideon Weil e da equipe da HarperSanFrancisco, que ajudaram a fazer deste livro uma boa ferramenta para seus leitores.

Agradeo tambm a meus agentes, Maureen Lasher e Eric Lasher, cujos interesse e f neste projeto foram inestimveis.

Nota aos leitores

Cada um dos cem tpicos apresentados aqui baseia-se nas concluses de pesquisas desenvolvidas por cientistas sobre a felicidade e a satisfao na vida. Cada tpico contm uma descoberta-chave, complementada por conselhos e por um exemplo decorrente da descoberta. Para permitir ao leitor encontrar mais informaes sobre cada tpico, inclumos em cada um deles uma referncia a um trabalho e fornecemos tambm uma bibliografia de obras recentes sobre a felicidade.

Introduo

Tudo o que eu posso fazer apontar o caminho e torcer para que voc o siga

"Ningum capaz de fazer os outros felizes em um passe de mgica. O que podemos ajudar as pessoas a verem aquilo que precisam ver, apontar o caminho e torcer para que elas o sigam."

Isto foi dito por Harry Gilman, meu professor de psicologia. Ele poderia ter levado uma vida tranqila publicando os resultados de pesquisas cientficas e fazendo conferncias para seus colegas. Mas Harry achava que seu trabalho no podia consistir em publicar artigos cientficos para leitores especializados. Uma vez, ele afirmou num seminrio: "De que serve descobrir alguma coisa que nos parece importante se no a revelarmos para as pessoas que possam realmente usar a informao? Por que passar a vida inteira brincando de 'eu tenho um segredo que s conto para alguns poucos privilegiados'?" Eu tive o privilgio de ser seu aluno e de aprender com ele o que procuro transmitir neste livro.

Harry se preocupava de fato com as pessoas e era isso que fazia dele um professor extraordinrio. Em seus cursos de psicologia, ele pedia que os alunos entregassem semanalmente um caderno de anotaes onde escrevessem qualquer coisa que quisessem: seus pensamentos, preocupaes, esperanas, medos. Max Leer, um dos meus colegas, quase sempre escrevia sobre seu relacionamento com o pai, um homem que parecia nunca estar satisfeito com sua vida ou com o filho.

Harry lia nossas anotaes atentamente e as comentava. Ele escreveu no caderno de Max: "Para algumas pessoas no h vitrias, somente vrias maneiras de perder."

Nunca me esqueci dessa frase. Era uma maneira poderosa de reforar aquilo que Harry havia discutido na sala de aula: boa parte da nossa vida apenas uma questo de perspectiva, do ngulo pelo qual olhamos o que acontece. As coisas no so boas ou ms, sucessos ou fracassos em si mesmas. o modo como escolhemos encar-Ias que realmente faz a diferena.

"O que voc faz da sua vida? Essa a questo", dizia Harry para seus alunos. "Acar, farinha e ovos so bons ou ruins? Voc pode fazer um bolo com eles ou ento uma baguna. Mas o que bom e o que ruim para cada pessoa: o bolo ou a baguna? Voc pode fazer com esses ingredientes uma coisa boa para voc? Sem dvida. Voc pode transform-los em uma coisa ruim? claro que sim."

Em outra ocasio, Harry exps a mim e a meus colegas aquilo que ele chamava de capacidade quase ilimitada dos seres humanos de ignorar as conseqncias de longo prazo de suas decises, preferindo concentrar-se nos resultados de curto prazo. Ele falou sobre a diferena entre um observador lgico e imparcial, que tomaria sempre decises de longo prazo, e a pessoa que no consegue enxergar nada alm da satisfao imediata. "Uma criana sempre vai pegar o pirulito; somente o adulto capaz de observar e refletir pensa nas cries e na m nutrio", dizia Harry. "Precisamos nos esforar para ser o adulto observador, em vez de apenas viver o momento. Devemos observar, como se estivssemos fora de ns mesmos, aquilo que est acontecendo, aquilo que deveria acontecer, aquilo que estamos fazendo e que vai acabar nos prejudicando."

Adorvamos as aulas de Harry, pois sentamos que elas nos ajudavam a viver. A medida que a formatura se aproximava, nossas conversas muitas vezes desviavam-se para o tema de nossos futuros e escolhas profissionais. "O que voc pode fazer com a psicologia?" era a pergunta que Harry repetia. E ele mesmo respondia: "Tudo o que podemos fazer divulgar as melhores respostas que tivermos. Desta forma as pessoas tero uma chance de us-Ias."

No dia da formatura, fui procura de Harry para agradecer-lhe. "Eu no sei como agradecer, Harry. Voc fez de mim uma pessoa melhor."

"Obrigado, David", respondeu ele, "mas eu no fiz de voc uma pessoa melhor. Tudo o que eu posso fazer apontar o caminho e torcer para que voc o siga."

( ( (Ofereo a vocs Os 100 Segredos das Pessoas Felizes com esta inteno revelar as descobertas das pesquisas psicolgicas sobre as pessoas felizes e torcer para que vocs as sigam.

Qual a diferena entre as atitudes das pessoas felizes e as das infelizes? As publicaes cientficas esto cheias de respostas para essa pergunta. Mas se voc tentar ler alguma delas descobrir que so escritas numa linguagem hermtica, incompreensvel para os leigos comuns que procuram a felicidade.

E a que Os 100 Segredos das Pessoas Felizes entra. Aps ler mais de mil trabalhos escritos na ltima dcada sobre as caractersticas e crenas das pessoas felizes, escolhi os conselhos que considerei melhores e mais prticos. Em vez de utilizar o jargo acadmico, Os 100 Segredos das Pessoas Felizes apresenta as concluses dessa pesquisa sob a forma de conselhos simples e teis. Acrescentei a eles exemplos do modo como as pessoas encontram a felicidade e conseguem continuar sendo felizes.

( ( (No se esquea: por mais simples que os conselhos paream ser, eles refletem os resultados de srias pesquisas cientficas sobre a vida de pessoas comuns. Eles ajudaro voc a compreender as diferenas entre as pessoas felizes e as pessoas infelizes e a saber o que pode fazer para aproveitar melhor a vida. Estou apontando o caminho agora e espero que voc o siga.

1

Use uma estratgia para alcanar a felicidade

Costumamos achar que as pessoas felizes e infelizes j nascem feitas. Mas no assim. Tanto as pessoas felizes quanto as infelizes fazem coisas que criam e reforam seus estados de esprito. As pessoas felizes permitem-se ser felizes. As pessoas infelizes continuam a fazer coisas que as aborrecem, prejudicam, contribuem para sua infelicidade.

( ( (Qual a primeira condio para que um negcio d certo? Um plano de negcios bem feito. Este o argumento defendido pelos tcnicos do Centro de Administrao Estratgica, uma firma de consultoria empresarial. Eles acreditam que cada negcio precisa definir seu objetivo e em seguida criar uma estratgia para alcan-Io.

O mesmo acontece com as pessoas. Defina o que voc quer e ento use uma estratgia para consegui-Io.

Por incrvel que parea, as crianas so melhores nisso do que os adultos. As crianas pequenas sabem muito bem qual o momento e o modo de fazer pirraa para conseguir um sorvete. E sabem qual o nvel de gritaria que provocar uma reprimenda dos pais. As crianas compreendem que h regras e padres previsveis na vida e usam uma estratgia para conseguir o que querem.

Viver uma vida feliz na idade adulta como tentar conseguir aquele sorvete em criana. Voc precisa saber o que quer e usar a melhor estratgia para consegui-lo. So pequenas' coisas e pequenas atitudes, que, somando-se, vo construindo a felicidade. Quando eu estudava na universidade, fazia muito calor durante uma aula e o professor no tomava qualquer iniciativa para ligar o aparelho de ar condicionado. Os alunos comearam a resmungar, murmurando coisas do tipo "que calor infernal", "que sujeito sovina". De repente, uma das alunas, com um sorriso amvel, disse em voz alta: "Por favor, o senhor poderia ligar o ar condicionado?" Ato contnuo, o professor se levantou e acionou o aparelho. Houve protestos: "Ela a queridinha dele." O mestre olhou para a turma e afirmou serenamente: "No, ela foi a nica que pediu." Situaes como essa se multiplicam pela vida afora. Pense nas coisas que voc realmente deseja e na melhor forma de consegui-las. Descubra as que lhe causam tristeza e procure conscientemente a melhor maneira de evit-Ias.

( ( (As pessoas felizes no tm um sucesso aps o outro, e as pessoas infelizes, um fracasso aps o outro. As pesquisas mostram que as experincias de vida das pessoas felizes e infelizes tendem a ser muito semelhantes. A diferena que a pessoa infeliz (no estamos falando de grandes desgraas) passa boa parte do tempo pensando no que lhe acontece de negativo, ou mesmo nos aspectos negativos de acontecimentos positivos, enquanto que as pessoas felizes tendem a valorizar tudo o que lhes acontece de positivo ou a extrair o aspecto positivo de todas as suas experincias.

Lyubomirsky, 1994

2

Usufrua as coisas comuns

Durante o dia fazemos inmeras coisas que podem ser realizadas de forma automtica e rotuladas de "tarefas", mas que podem tambm ser vividas como diverses prazerosas. Levar o cachorro para passear algo que precisa ser feito, sem dvida, mas enquanto caminha com o cachorro voc est fazendo exerccio, tem tempo para pensar e uma oportunidade de ver a paisagem e a vizinhana. Usufrua aquilo que voc faz todos os dias.

( ( (Sabemos que a maior parte dos dias ser comum. Teremos na vida alguns dias e momentos especiais que permanecero conosco para sempre, mas a quase totalidade dos dias deste ano que voc est vivendo provavelmente no ter nada de especialmente marcante.

Ainda assim, nesses dias comuns sempre h muitas coisas que podem nos dar prazer e alegria. Vamos pensar um pouco nelas: ao acordar, tome conscincia do aconchego da cama onde voc descansou e usufrua a maciez dos lenis. Veja a gua descer do chuveiro como um milagre dirio e sinta-a escorrer por seu corpo, limpando-o, refrescando-o. Aspire o perfume do caf fresco que invade a casa, mastigue vagarosamente o po quentinho, sentindo seu sabor. No deixe essas preciosidades passarem despercebidas. Olhe o azul do cu ou alegre-se com a chuva, pensando nas plantas que ela nutre. Desenvolva em voc essa capacidade de ateno para os pequenos e grandes privilgios que se oferecem a cada momento. s uma questo de mudar a tica, de deixar de considerar naturais as belezas e os confortos que nos cercam. Se tiver filhos pequenos, chame a ateno deles para isso, eduque seus sentidos e sua sensibilidade para usufruir os dons que o mundo nos oferece cotidianamente.

( ( (Em um estudo realizado com mais de treze mil pessoas, noventa e seis por cento dos entrevistados classificaram sua satisfao com a vida como no mximo "razoavelmente positiva". A vida satisfeita no feita de grandes momentos, mas de um cotidiano agradvel e positivo.

Diener e Diener, 1995

3

Seja uma pessoa positiva

Em casa, no trabalho ou na companhia de amigos, seja uma pessoa que transmite otimismo, e voc ver que esse otimismo voltar para voc e influenciar favoravelmente sua vida.

( ( (Se voc estivesse diante de um desafio seja subir uma montanha ou terminar um projeto no trabalho , que tipo de pessoas voc gostaria de ter a seu lado? Pessoas pessimistas que lembrassem da probabilidade de fracasso ou pessoas otimistas que acreditassem no seu sucesso?

Pense nas pessoas em cuja companhia voc gosta de estar. ~ Pense nas pessoas cuja presena faz bem a voc. O que elas tm em comum? Alguma delas pessimista est sempre esperando que acontea o pior? No. Nossa tendncia nos aproximarmos das pessoas que encaram a vida com expectativas agradveis.

O mximo que encontrei nesse sentido foi uma mulher que, apesar de ter passado por experincias duras e sofridas, estava sempre animada e disposta. Perguntei-lhe a que devia esse otimismo e ela me respondeu sorrindo: "Deus me deu de presente um temperamento feliz. Num cu cinzento, se vejo uma pequena nesga mais clara, seguro as nuvens com as duas mos e abro-as para que o azul do cu aparea."

Viver com satisfao um dos grandes desafios da vida. melhor que o enfrentemos com otimismo.

muito difcil para os cientistas determinar o grau de felicidade de uma pessoa com base nas experincias vividas por ela. muito mais fcil avaliar a felicidade de algum pelas crenas e atitudes dessa pessoa.

Chen, 1996

4

Abra-se para novas idias

Nunca pare de aprender e de se adaptar. O mundo est sempre mudando. Se voc se limitar quilo que sabia e com que voc se sentia vontade em outra poca da vida, ir se isolando medida que envelhecer e sentindo cada vez maior frustrao com as circunstncias sua volta.

( ( (Era um casal na faixa dos oitenta anos. Eu tinha uma relao de amizade com a famlia e por isso convivi muito com eles. Na grande mesa de refeio que reunia filhos e netos aos domingos, o contraste entre os dois era flagrante. Ela, atenta ao que se dizia, curiosa em ouvir histrias e opinies, em entender o que se passava no mundo, s vezes escandalizada com a linguagem dos jovens, mas colocando seus limites sem censurar. Ele, desinteressado, emburrado mesmo, porque ningum prestava ateno a suas histrias, contadas e recontadas centenas de vezes. Eu soube que ela mantinha um dirio e que, tendo dificuldade para escrever mo, fizera um curso de computador e digitava diariamente suas experincias e o que se passava na famlia. Estava descobrindo a Internet e se maravilhava viajando na tela. Os netos vinham visit-la durante a semana e, com gosto, contavam suas histrias. Ele era ouvido com tdio e condescendncia, pois estava fechado para escutar, para aprender, para descobrir, apegado a um passado que lhe dera segurana. Comeava a morrer em vida.

Mas no preciso estar na faixa dos oitenta para que isso acontea. H pessoas razoavelmente jovens aferradas a seus hbitos, idias, valores, "donas da verdade", surdas s idias e argumentaes que possam contestar seus dogmas, centradas em si mesmas e despidas de qualquer curiosidade em relao novidade com que o mundo constantemente nos presenteia. Esto preparando um envelhecimento precoce e condenando-se a uma melanclica solido.

( ( (Em pesquisas realizadas com americanos idosos, a satisfao estava mais relacionada capacidade de adaptar-se do que s suas finanas ou qualidade de seus relacionamentos. Se estivessem dispostos e abertos para mudar alguns de seus hbitos e expectativas, sua felicidade se manteria mesmo que as circunstncias mudassem. Aqueles que eram resistentes s mudanas e que se fechavam para o novo tinham chances inferiores a um tero de se sentirem felizes.

Clark, Carlson, Zemke, Gelya, Patterson e Ennevor, 1996

5

Concentre-se naquilo que realmente importante para voc

Ningum quer que suas pessoas queridas sofram qualquer mal, mas preciso deix-Ias viver suas vidas e passar por suas experincias. Ficar o tempo todo se preocupando e tentando impedir que faam aquilo que desejam um risco: aqueles que protegemos no desenvolvero seus prprios recursos e mecanismos de defesa, no crescero aprendendo com as experincias e ns ficaremos incessantemente preocupados.

( ( (Na rua onde moro vivem duas famlias com crianas pequenas. O comportamento de cada uma em relao aos filhos ilustra bem o que quero falar sobre superproteo. Na primeira, as crianas so cuidadas, protegidas de perigos, mas tm espao para criar seus prprios jogos, inventar suas brincadeiras, convidar os amiguinhos de escola, s vezes ir dormir na casa de algum deles. So crianas alegres, soltas, comunicativas, capazes de achar graa nas pequenas diverses. Se acontece algum problema, o pai conversa com os filhos, procurando faz-Ios entender o que aconteceu e, se for preciso, colocando limites.

Na segunda, as crianas so sufocadas pela superproteo: seus horrios so absolutamente preenchidos pelos pais com aulas de todo tipo, no so deixadas sozinhas em nenhum momento, no podem freqentar a piscina dos vizinhos, as roupas que usam em qualquer ocasio so escolhidas pela me e em hiptese alguma dormem fora de casa. So fechadas, desconfiadas, e eu as vejo olhando as brincadeiras das outras com visvel desejo de participar, mas sem ter coragem ou permisso para faz-Io.

( ( (Pesquisas realizadas com milhares de pais e mes mostraram um menor nvel de felicidade nos que tinham um comportamento superprotetor. A energia e o tempo gastos por causa das preocupaes tiravam-nos de outras atividades prazerosas e causavam um nvel mais alto de estresse, alm de prejudicar seus filhos.

Voydanoff e Donnelly, 1998

6

No confunda bens materiais com sucesso

O tipo de carro que voc tem, o tamanho da sua casa ou a rentabilidade dos seus investimentos no fazem de voc uma pessoa melhor ou pior. Lembre-se daquilo que realmente importa na vida.

( ( (Imagine que hoje o seu ltimo dia na Terra. Agora, faa uma lista mental de todas as coisas que conseguiu, todas as coisas de que se orgulha e todas as coisas que deixaram voc realmente feliz.

O seu carro est nessa lista? A sua televiso? Seu aparelho de som? O seu salrio faz parte da lista? No acredito. O que est na lista so os elementos fundamentais de uma vida plena seu relacionamento com seus amigos e sua famlia, suas contribuies para a felicidade dos outros, os momentos marcantes e de maior emoo. Estes so os alicerces da sua lista.

Muitas pessoas vivem dia aps dia se enganando. Em vez de ;investirem no que fundamental, priorizando esses valores, colecionam coisas materiais e prestgio sem questionar o que o sucesso" significa realmente.

Em um estudo baseado em questionrios e na observao cotidiana, os recursos materiais eram nove vezes menos importantes para a felicidade do que os recursos "pessoais", como a relao amorosa com os amigos e a famlia.

Diener e Fujita, 1995

7

Cultive as amizadesReaproxime-se dos antigos amigos e aproveite as oportunidades no trabalho ou na vizinhana para expandir seu crculo de amizades. As pessoas precisam sentir que fazem parte de um contexto maior onde h uma troca de afeto e ateno.

( ( (Andy desejava conhecer seus vizinhos, mas em geral o que via eram cercas altas e portas fechadas.

Anos antes, Andy havia comprado um computador com a inteno de us-lo para trabalhar. Em um dia de folga, comeou a explorar a Internet. Visitou vrios sites onde pessoas que tinham interesses comuns em livros, esportes ou arte reuniam-se on line para conversar sobre seus passatempos.

Ele comeou a conversar com uma pessoa em particular durante suas viagens cibernticas e logo descobriu que tinham muito em comum. Passaram a conversar um com o outro, embora por intermdio de um computador.

Semanas mais tarde, durante uma conversa ciberntica de Andy com seu novo amigo, sua casa ficou sem luz eltrica. Quando a eletricidade voltou, Andy procurou seu amigo e descobriu que ele, exatamente no mesmo momento, tambm ficara sem eletricidade.

Suspeitando da coincidncia, Andy e o amigo resolveram revelar seus endereos. Entre todos os lugares do mundo em que poderiam estar, descobriram que moravam na mesma rua!

Andy aprendeu uma lio: h pessoas maravilhosas bem perto esperando que voc as descubra.

( ( (As relaes ntimas de amizade so os fatores mais relevantes para a felicidade. Se voc se sente prximo de outras pessoas, voc tem quatro vezes mais chances de sentir-se bem consigo mesmo do que se no se sentir prximo de ningum.

Magen, Birenbaum e Pery, 1996

8

Lembre-se de onde voc veio

Pesquise sua origem e celebre-a. Todos ns pertencemos a um grupo ou a uma famlia que tem sua histria, seus valores, sua cultura, que passou por muitas experincias e desafios at chegar a voc. Isso traz um enorme reforo sua identidade e faz com que voc se sinta um ser nico e original no meio de um mundo vasto e complexo.

( ( (Vivemos num mundo massificado que nos impe seus costumes e nos identifica por nossas caractersticas mais superficiais. Nossas casas parecem iguais, nossas cidades parecem iguais, vemos os mesmos filmes, obedecemos ditadura da moda, repetimos as opinies impostas pelos meios de comunicao. Freqentemente nos sentimos perdidos em meio a toda essa repetio, sem mesmo nos darmos conta de que ansiamos por saber qual o nosso lugar no mundo. Conhecemos nosso crculo familiar mais prximo, ouvimos remotamente falar de nossos ancestrais, mas no temos idia do que viveram e representaram. "De onde vim e como cheguei a este lugar?" uma pergunta que raramente nos ocorre, apesar de sua resposta ser importante para nossa identidade.

A Fundao Pr-Fortalecimento um bom exemplo. O grupo ensina crianas negras americanas a conhecerem sua herana por meio de aulas de histria, arte e celebraes com msica e comida.

O que esses alunos adquirem com essas aulas? Orgulho. Um senso de realizao, de pertencer a um grupo. Os efeitos so impressionantes. Os alunos que participam tendem a melhorar sua freqncia e suas notas na escola. Uma aluna da oitava srie explicou que o programa a havia feito esforar-se mais, dedicar-se mais a um objetivo profissional e "sentir-se melhor consigo mesma porque agora conhecia sua herana".

Uma famlia amiga minha decidiu recuperar sua memria organizando uma pesquisa de que todos crianas, jovens e adultos participaram. Durante seis meses, recolheram retratos, recortes de jornal, histrias, depoimentos que, numa reunio com a presena de todos, foram expostos, relatados, compartilhados. O processo promoveu uma unio maior entre todos, uma enorme alegria e uma profunda satisfao pelo sentimento de ligao com as mesmas razes.

( ( (Em pesquisas feitas com estudantes, o fortalecimento da identidade tnica est associado a uma satisfao na vida dez por cento maior.

Neto, 1995

9

Faa as coisas nas quais voc se sente competente

Precisamos nos sentir competentes. Quando voc realiza tarefas para as quais tem talento, sejam elas quais forem, voc o faz com prazer, mesmo que tenha que pedir ajuda. Reconhea tranqilamente quais so as coisas para as quais voc no tem jeito e recuse-se a desempenh-Ias, se for possvel.

( ( (Os pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvnia notaram uma tendncia muito acentuada nas notas dos alunos. Nos departamentos em que h menos matrias obrigatrias, as notas so geralmente mais altas. Inicialmente, os pesquisadores acharam que isso se devia ao fato de os alunos escolherem os cursos mais fceis. Mas depois descobriram que esses alunos tinham notas mais altas tanto nos cursos eletivos quanto nos obrigatrios.

A concluso foi de que, tendo mais liberdade para escolher seus cursos, os alunos tendiam a escolher as matrias nas quais estavam interessados e nas quais poderiam se sair bem. Mas, o que mais importante, o bom rendimento nesses cursos eletivos melhorava seu desempenho em todas as matrias, porque os hbitos positivos criados pelo sucesso nas disciplinas escolhidas eram levados para os cursos obrigatrios.

( ( (Quem mais feliz: a mulher que toma conta da casa e dos filhos ou a que trabalha fora? Em estudos comparativos realizados com membros dos dois grupos, os pesquisadores descobriram que, se a pessoa se sente competente naquilo que faz, a felicidade acontece em ambas as situaes.

Haw, 1995

10

A sua vida tem um propsito e um sentido

Voc no est aqui apenas para preencher um espao ou para ser um figurante no filme de outra pessoa.

Pense nisto: o mundo seria diferente se voc no existisse. Cada lugar onde voc esteve e cada pessoa com quem voc j falou seriam diferentes sem voc.

Estamos todos interligados e somos todos afetados pelas decises e mesmo pela existncia daqueles que vivem no mundo conosco.

( ( (Gosto muito do exemplo de Peter, uni advogado da Filadlfia, e seu cachorro, Tucket. Tucket estava ficando gradualmente paralisado por um tumor na medula.

Peter no conseguia encontrar um mdico veterinrio que pudesse salvar seu cachorro. Desesperado em busca de algum que pudesse ajud-lo, ele procurou um neurocirurgio peditrico. O mdico concordou em tentar ajudar Tucket e em troca pediu a Peter uma doao para o hospital infantil no qual trabalhava.

Jerry nunca viu Peter ou Tucket. Jerry um menino de cinco anos, louro e de olhos azuis, que adora pur de batatas. Jerry tambm tem tumores na espinha e no crebro.

Com a ajuda da doao que Peter fez ao hospital, Jerry foi submetido a uma operao bem-sucedida para a retirada dos tumores.

A cirurgia de Tucket tambm foi um sucesso.

Os estudos realizados com americanos mais idosos descobriram que um dos fatores mais importantes para a felicidade saber profundamente que sua vida tem um propsito. Sem um propsito claramente definido, sete em dez indivduos sentem-se inseguros em relao a suas vidas. Em contrapartida, quase sete em dez pessoas que tm conscincia de haver um propsito em suas vidas sentem-se satisfeitas.

Lepper, 1996

11

No enfrente os seus problemas sozinho

Quando estamos sozinhos, alguns problemas s vezes parecem insolveis. Precisamos compartilhar nossos problemas com os outros, seja com aqueles de quem gostamos e em quem confiamos, seja com pessoas que enfrentaram ou enfrentam problemas semelhantes. Ao falar e ouvir o que os outros tm a dizer, as questes e ficam mais claras e assumem sua verdadeira dimenso. O fato de sabermos que o nosso interlocutor pode ser uma pessoa ou um grupo j viveu e superou um problema igual ao nosso nos d nimo e fora para enfrentar aquele momento. Pode ser que a soluo encontrada pelo outro no nos sirva, mas certamente teremos mais facilidade e discernimento para encontrar a nossa.

( ( (Esta uma histria que o pessoal que trabalha numa empresa de consultoria ouve com freqncia. Ei-la: Sam deixou de pagar uma prestao de sua hipoteca. Em seguida, deixou de pagar uma segunda. E ento uma terceira. Por fim, o banco veio e tomou a sua casa.

Quando ele deixou de fazer o primeiro pagamento, muitas coisas que Sam desconhecia poderiam ter sido feitas para proteg-lo. Sam tinha amigos capazes de ajud-lo. Mas como se sentiu envergonhado, ele no os consultou, achando que poderia sair sozinho daquela situao. A medida que o tempo passava e a situao se agravava, Sam ficava mais preocupado e envergonhado. Por isso, foi se isolando cada vez mais e, antes que seus amigos descobrissem o que havia acontecido, Sam tinha sido despejado.

A nica coisa que voc consegue escondendo seus problemas garantir que ningum o ajude.

( ( (Um grupo de mulheres com baixo nvel de satisfao na vida foi submetido a uma experincia. Algumas foram apresentadas a {outras pessoas que viviam problemas semelhantes aos seus e outras foram deixadas sozinhas s voltas com suas preocupaes. Aquelas que interagiram com outras pessoas tiveram, com o tempo, suas preocupaes reduzidas em cinqenta e cinco por cento, enquanto que aquelas que foram deixadas sozinhas no apresentaram qualquer melhora.

Hunter e Liao, 1995

12

Diga aos outros como eles so importantes para voc

Os relacionamentos se baseiam no apreo mtuo e no h maneira melhor de demonstrar esse apreo do que dizer a uma pessoa que ela importante para voc.

( ( (Na Universidade de Houston, alguns cientistas pesquisaram as razes que nos impedem de dizer s pessoas que gostamos delas ou que elas so importantes para ns. Uma das reas estudadas foi a reao a eventos tristes, como a morte de um parente prximo.

Um entrevistado, Bill, perdeu recentemente seu pai. Alguns amigos de Bill enviaram telegramas de psames, outros enviaram flores, alguns, mensagens, outros disseram-lhe que estavam disposio para qualquer coisa de que precisasse. E outros no fizeram nada.

Por que alguns de seus amigos no disseram nada?

Talvez porque tivessem medo de se aproximar ante a situao de morte. Sentiram-se intimidados, deixaram o tempo passar e depois ficaram sem jeito de manifestar-se, achando-se culpados por no o terem feito no momento certo. Isso inevitavelmente criou um afastamento.

Um amigo me contou que quando sua me morreu subitamente ele aprendeu uma lio importante. Alguns poucos amigos, ao saberem a notcia, telefonaram imediatamente. Ele se surpreendeu com o que sentiu como "coragem" dos amigos, mas a manifestao de solidariedade e carinho deles confortou-o imensamente. "Depois disso, nunca mais deixei de manifestar-me em qualquer ocasio de perda, seja de que natureza fosse", me falou ele.

Mas no apenas em situaes de morte que as pessoas tm dificuldade de expressar seu amor, sua admirao ou gratido. As ';vezes, engolidas pela correria do cotidiano, as pessoas no encontram espao para isso, ou partem do pressuposto de que no necessrio expressar afeto e apreo porque o outro j sabe que importante ou amado. Talvez elas achem que dizer ao outro o quanto ele importante signifique ser vulnervel, rebaixar-se. Para essas pessoas, os relacionamentos podem ser mais uma competio que uma celebrao, e as competies esto baseadas na fora, no poder e na posio.

Os pesquisadores alertam que no vencemos nos relacionamenros, vencemos tendo bons relacionamentos.

( ( (Pesquisas feitas com adultos desempregados mostraram que a durao do perodo de desemprego era menos importante para auto-estima da pessoa do que apoio recebido dos pais, parentes e amigos.

Lackovic-Grgin e Dekovic, 1996

13

Seja agradvel

Seja urna pessoa fcil de lidar. No brigue ou se zangue impulsivamente. A verdade pode ser dita e tudo pode ser resolvido com calma.

( ( (Em urna manh de sbado, Frank foi jogar golfe com seu amigo Mark, dizendo para sua esposa, Michelle, que estaria em casa por volta das duas horas e que sairiam noite para jantar. Frank era um marido amoroso e dedicado, mas urna pessoa muito distrada. Aps o golfe, Mark pediu a Frank que o ajudasse a consertar a porta de sua casa e depois ofereceu-lhe um sanduche. E assim a tarde se foi. A caminho de casa, Frank olhou para o relgio e ficou espantado de ver que j passava das cinco e preocupado porque no ligara para Michelle. Ela devia estar furiosa, iria brigar com ele e tudo isso estragaria a noite.

Frank entrou em casa tenso, j na defensiva, pensando em vrias e justificativas para dar, mas em vez disso pediu desculpas mulher e explicou o que tinha de fato acontecido. Michelle sorriu, puxou carinhosamente a orelha do marido, disse que tinha ficado aflita com a demora, mas agora sentia um grande alvio e queria comemorar com o jantar planejado. Juntos passaram urna noite feliz.

Os cientistas descobriram que adotar urna atitude positiva em relao s pessoas com quem convivemos um dos critrios mais importantes para a satisfao pessoal. Quem opta pela rispidez e agressividade tem suas chances de felicidade reduzidas para menos da metade.

Glass e Jolly, 1997

14

Aceite-se tal como voc incondicionalmente

Voc no o tamanho da sua conta bancria, o bairro onde mora, a roupa que usa ou o tipo de trabalho que faz. Voc , como todo mundo, uma mistura extremamente complexa de capacidades e limitaes.

( ( (H um novo tipo de comportamento de Ano Novo que vem se tornando cada vez mais popular nos Estados Unidos. Em vez de se concentrarem em algo que acham que est errado consigo mesmas, muitas pessoas, comprometendo-se com as mudanas que desejam fazer, esto escolhendo uma nova abordagem. Elas decidiram aceitar o modo como so e reconhecer que, apesar dos defeitos, so pessoas completas, boas pessoas. Acham que, estimulando o que tm de positivo, em vez de darem maior nfase em consertar o negativo, podem crescer e serem melhores. Mais felizes.

Kathleen, que uma adepta dessa filosofia da aceitao, explica que costumava sentir-se como se estivesse em uma armadilha da qual no podia escapar. Ela tentava corrigir-se e modificar-se, e o fracasso dessas tentativas de mudana a fazia mais infeliz do que o prprio problema original. Ela sentia-se uma neurtica grave, devido s presses para mudar e ao peso do fracasso.

Agora Kathleen trabalha com aconselhamento na linha do "aceite a voc mesmo". Isso no significa de forma nenhuma ignorar seus prprios defeitos ou no tentar melhorar em nada. Aceitar-se significa "acreditar no prprio valor em primeiro, segundo... e ltimo lugares, sempre".

( ( (Em um estudo sobre a auto-estima dos adultos, os pesquisadores descobriram que as pessoas que esto felizes consigo mesmas constatam os defeitos procurando entend-Ios e aceitam as falhas e derrotas tratando-as como incidentes isolados que no diminuem sua capacidade. As pessoas infelizes se culpam pelas falhas e superdimensionam as derrotas, tomando-as como um indicador daquilo que so e usando-as para prever um resultado negativo para os futuros acontecimentos de suas vidas.

Brown e Dutton, 1995

15

Sorria

O seu sorriso deixa outras pessoas felizes e tambm faz voc feliz.

( ( (Se voc pudesse fazer uma coisa que deixasse as pessoas felizes, isso no lhe custasse nem tempo nem dinheiro, voc a faria? Se essa mesma coisa tambm lhe trouxesse felicidade, voc a faria? Que coisa mgica essa que pode alegrar seu dia e o dia das pessoas sua volta sem lhe custar nada? Um sorriso. No trnsito, nas lojas, nas filas, nas salas de espera, por onde voc andar, semeie sorrisos. Voc vai se surpreender ao ver um rosto fechado iluminar-se e abrir-se. E mesmo que no haja retribuio, no se importe: o seu sorriso faz bem a voc.

Um grupo de cientistas da Universidade da Califrnia identificou dezenove tipos diferentes de sorrisos, com uma caracterstica em comum: todos eles so capazes de comunicar uma mensagem agradvel.

( ( (Em uma pesquisa realizada com adultos de vrias idades descobriu-se haver uma tendncia nas pessoas a imitar as expresses daqueles que esto a seu redor. Em outras palavras, rostos tristes provocam mais rostos tristes, e rostos sorridentes provocam sorrisos e felicidade.

Lundqvist e Dimberg, 1995

16

Goste daquilo que voc temAs pessoas satisfeitas apreciam aquilo que tm na vida e no se preocupam em compar-lo com o que os outros possuem. Valorizar o que se tem em vez de lastimar-se pelo que no se tem ou no se pode ter leva a uma felicidade maior.

( ( (Alice tem quatro anos. Ela corre para a rvore de Natal e v presentes maravilhosos. No h dvida de que ela recebeu menos presentes do que alguns de seus amigos e provvel que no tenha ganho algumas das coisas que mais queria. Mas, nesse momento, ela no pensa no que no ganhou e no se compara com os outros. Em vez disso, ela fica deslumbrada com os tesouros sua frente.

Pode ser que eu parea insistir muito nesta questo: usufruir o que se tem, no comparar-se com os outros, no exigir de si mais do que se capaz de dar. Insisto mesmo, porque h uma forte tendncia no ser humano em fazer o contrrio e porque considero esses uns dos mais importantes segredos para a felicidade.

Quando olhamos nossas vidas, muitas vezes pensamos naquilo que no temos e naquilo que no conseguimos. Esse sentimento inevitvel e devemos nos dar conta dele, sem neg-lo. Mas esse enfoque nos tira o prazer. Voc no seria capaz de sentar-se junto rvore de Natal e chamar a ateno de Alice para os presentes que ela no ganhou, ou para comparar seus presentes com os dos outros. Por que ento fazer isso com voc mesmo? Reconhea quando esse sentimento despontar e desapegue-se dele, substituindo a imagem das coisas que no tem pela das que possui, buscando a alegria que elas lhe oferecem.

( ( ( As pessoas que tm mais coisas podem ser to felizes quanto aquelas que tm menos. Mas as pessoas que gostam do que possuem tm chances duas vezes maiores de ser felizes do que aquelas que de fato possuem mais.

Sirgy, Cole, Kosenko e Meadow, 1995 17

Seja flexvel

Muitas vezes, quando queremos estar na companhia de nossos amigos e parentes, queremos que as coisas aconteam exatamente como desejamos. Se todas as pessoas lidassem com as relaes dessa maneira, ningum se sentiria feliz. Em vez de pensar apenas naquilo que voc quer, leve em considerao tambm aquilo que os outros querem. Aceite que sempre haver diferenas entre as pessoas e que, se voc for flexvel, poder aproveitar melhor o encontro e reforar os laos de afeto.

( ( (Depois que seus pais morreram, trs irms, Donna, Marie e April, decidiram manter a tradio da festa de Natal da famlia, que sempre lhes dera muita alegria. Donna, a mais velha, determinou que a primeira festa seria em sua casa. Sem consultar as outras, definiu o cardpio, acrescentou mais alguns convidados, eliminou a cerimnia do amigo-oculto, que a incomodava. Quando as irms souberam o que estava sendo planejado, protestaram. Marie no se dava com uma das pessoas que Donna ia convidar e April gostava especialmente do ritual do amigo-oculto. Discutiram, mas Donna ficou inflexvel.

A noite de Natal no reproduziu a alegria dos anos anteriores. Alm da ausncia dos pais, havia um clima de constrangimento entre as irms que contaminava todo o ambiente.

Foi o ltimo Natal que passaram juntas. Donna acusou as irms de estragarem a festa, April e Marie ressentiram-se do autoritarismo da mais velha. Ningum foi capaz de negociar e ceder em nome de um bem comum que era a unio que durante tantos anos as fizera felizes.

No casamento, particularmente, fundamental para a felicidade e haja flexibilidade na negociao dos desejos de cada um. So duas pessoas diferentes, com suas histrias e suas caractersticas prprias, que se propem a serem felizes juntas. No se trata de uma competio para ver quem ganha, mas da administrao conjunta de um bem comum. E para isso fundamental, ser capaz de ouvir e acolher o desejo um do outro com flexibilidade.

( ( (Todos ns passamos por mudanas significativas no correr do tempo. Aqueles que encaram essas mudanas como inevitveis e permanecem abertos possibilidade de que elas sejam positivas tm trinta e cinco por cento mais chances de estarem satisfeitos com a vida do que aqueles que resistem s mudanas e as sentem como perdas.

Minetti, 1997

18

Faa algo todos os dias

s vezes os dias vo embora sem nos darmos conta do que pensamos e do que fizemos. Como se o tempo nos carregasse e no fssemos donos de ns mesmos. Assegure-se todos os dias de fazer algo, por menor que seja, em busca dos seus objetivos.

( ( (Todos ns j ouvimos o provrbio "uma viagem de mil milhas comea com um nico passo" .

Ao final de cada ano, Carole faz uma reunio com seus amigos onde pergunta a cada um: "O que deseja para voc no prximo ano?" Isso os obriga a pensar, e as respostas so variadas, indo desde bens materiais at desejos de crescimento e realizao pessoal. Ela anota as respostas e, no final do ano seguinte, conferem juntos os progressos. Definir um objetivo nos d uma referncia e um sentido para os passos de cada dia. No significa que no possamos mudar de objetivo no correr do ano, mas nos torna atentos ao processo e aos avanos, por menores que sejam.

bom que voc preste ateno nos seus progressos. Pode ser uma palavra que disse ou deixou de dizer, um gesto, uma iniciativa, uma descoberta. Perguntese: o que consegui hoje? Se voc tiver uma resposta, se puder ver o progresso que fez em sua jornada e se alegrar com ele, ento voc teve um dia valioso, um bom dia.

Em uma pesquisa realizada com centenas de estudantes universitrios descobriu-se que os indivduos ficavam mais felizes quando sentiam que estavam se aproximando de seus objetivos. Os dantes que no viam seu progresso tinham chances trs vezes ores de se sentirem satisfeitos do que aqueles que o viam.

McGregor e Little, 1998

19

Seja seu prprio f

Precisamos confiar em ns mesmos com fora e constncia. Quando sentir desnimo, reconhea-o, mas no se entregue a ele. Procure super-lo e seguir em frente.

( ( ( O rapaz foi at o ginsio de sua escola. Um papel afixado na parede listava os jogadores que haviam sido selecionados para integrar o time.

O jovem Michael Jordan, de quinze anos, percorreu a lista de cima a baixo. No encontrou seu nome. Michael Jordan no havia sido escolhido para o time.

Michael Jordan considerado, pela maioria dos especialistas, como o melhor jogador de basquete de todos os tempos. Mas foi preciso acreditar em si mesmo para chegar l. Na poca em que muitos jogadores de basquete comearam a receber centenas de cartas de tcnicos de universidades procurando recrut-los para seus programas, Michael Jordan no recebeu sequer uma carta, porque no fora escolhido para o time da escola.

Michael Jordan no desistiu. Ele acreditava em si mesmo e em sua capacidade, e treinou com persistncia. No ano seguinte foi escolhido para integrar o time. E tornou-se sua principal estrela.

Ser seu prprio f acreditar em si mesmo e tratar-se como voc trataria algum que amasse e admirasse muito. A rejeio s significa fracasso quando no acreditamos em ns mesmos. Para aqueles que acreditam apenas um desafio.

( ( (.A tendncia para manter e reforar a autoconfiana aumenta a satisfao na vida em cerca de vinte por cento tanto para homens quanto para mulheres.

Seybolt e Wagner, 1997

20

Junte-se a um grupo

Quando temos com outras pessoas uma relao baseada no afeto e nos interesses comuns, ns nos sentimos mais felizes. As pessoas que participam de grupos desenvolvem relaes pessoais positivas que fazem com que se sintam menos solitrias e mais seguras.

( ( (Doris hoje uma senhora de oitenta e seis anos. H vinte anos, depois que todos os filhos saram de casa, ela se perguntou como preencheria seu tempo. Encontrou-se um dia com algum que lhe falou de uma creche numa regio pobre da cidade que precisava de ajuda. Doris chamou algumas amigas e com elas formou um grupo para produzir artigos cujo resultado da venda revertesse para a creche. Faz vinte anos que se renem todas as semanas. Enquanto trabalham, trocam experincias, receitas, falam dos filhos e netos, apiam-se mutuamente. Algumas j morreram, novas amigas as substituram. Sentem-se como se fossem uma grande famlia, e Doris s vezes reclama de falta de tempo, tantas so suas atividades.

De vez em quando o grupo de amigas visita a creche e fica feliz em constatar que as crianas esto recebendo um bom tratamento graas ao seu alegre esforo.

Pertencer a um grupo faz com que as pessoas se sintam mais prximas umas das outras e aumenta a confiana e a satisfao pessoais em cerca de sete por cento.

Coghlan, 1989 21

Os acontecimentos so temporrios

Coisas ruins acontecem, mas em geral seus efeitos em ns no para sempre. O tempo realmente cura tudo. Nossas decepes so importantes e srias, mas a tristeza passa e a vida nos por novos caminhos. D tempo ao tempo.

( ( (No dia em que Gloria se separou do marido, depois de um casamento de vinte e sete anos, foi como se o mundo desabasse, perdesse a cor, ficasse opaco e um grande vazio se abrisse diante dela.

Encontrei-a dois anos depois, bonita, cheia de vida, feliz com sua profisso e com dois netos que acabavam de nascer. Perguntei como ela tinha superado a dor do divrcio e ela me respondeu, convicta: "Da melhor maneira possvel. Se tivesse sabido como seria, j teria me separado h mais tempo. Recuperei minha autoestima, minha alegria de viver, minha liberdade."

Tenho me maravilhado ao ver o poder curativo do tempo e a vida avanando e empurrando as pessoas para a frente. Por isso, quando me deparo com algum que est sofrendo por uma perda qualquer, afirmo convicto: "Pode ter certeza, isso vai passar."

Pesquisas realizadas com milhares de americanos mostram que as pessoas felizes no esto imunes a acontecimentos negativos. O que as difere das infelizes sua capacidade de pensar que aquele momento vai passar e que elas recuperaro a alegria.

Bless, Clore, Schwarz e Golisano, 1996

22

Desligue a televiso

A televiso tem o poder de nos afastar do que h de fundamental em nossas vidas.

( ( (Quando voc vai a um supermercado, voc compra algum coisa em todas as sees? claro que no. Voc vai para as sees onde h algo que quer e passa direto por aquelas onde no h nada de que voc precise. Mas, quando se trata da televiso; muitos de ns parecemos consumidores vorazes que no resiste a qualquer oferta. As segundas-feiras vemos televiso. As teras vemos televiso. E s quartas vemos televiso. Muitas vezes vemos televiso porque estamos viciados e no porque haja algo que realmente desejemos ver. Quando voc estiver na frente da televiso, faa-se a pergunta: "Eu quero mesmo ver isso? Ou poderia estar batendo um papo com amigos, com a famlia, lendo um bom livro, fazendo uma caminhada?"

Os psiclogos descobriram que algumas pessoas assistem tanta televiso que sua capacidade de conversar chega a ficar prejudicada. Nas palavras de um psiclogo: "A televiso rouba nosso tempo e nunca o devolve."

No ligue a televiso somente porque ela est l e isso o que voc costuma fazer. Tire-a da sala, faa da hora da refeio um momento de troca de vida. Ligue-a apenas quando houver algum programa que voc realmente queira ver. Voc vai aprender a usar suas horas liberadas de formas enriquecedoras, criativas, que lhe daro muito mais prazer e felicidade do que o entorpecimento passivo que a televiso acionada pelo controle remoto pode lhe trazer.

( ( ("As pesquisas mostraram que assistir televiso em excesso pode triplicar a sua nsia consumista, e cada hora diria de televiso reduz em cerca de cinco por cento sua satisfao pessoal.

Wu, 1998

23

Nunca troque seus princpios por um objetivo

As pessoas que abrem mo daquilo em que acreditam para alcanar um determinado objetivo terminam frustradas com suas realizaes. Se voc no mantiver seus princpios ticos, no conseguir alcanar a satisfao.

( ( (H alguns anos, um estudante de Yale foi expulso da universidade. Influenciado por colegas, ele falsificara todos os documentos de sua proposta de admisso: histrico escolar, cartas de recomendao, suas atividades. Sua proposta parecia to boa que Yale o aceitou. Ele teve timo desempenho nos cursos e estava prximo da formatura.

O que aconteceu? Ele simplesmente confessou. Esse aluno era uma pessoa bem-intencionada, proveniente de uma famlia que procurava viver de acordo com seus princpios. A idia de ter falsificado os documentos o atormentava a tal ponto que ele preferiu abrir mo do diploma do que obt-lo com base em uma fraude. O fato de que suas realizaes estariam sempre calcadas em uma mentira as transformava em fracasso.

Estar feliz e ter um comportamento tico so atitudes que se reforam mutuamente. Os depoimentos das pessoas que se sentem antiticas mostram que elas tm chances cinqenta por cento menores de se sentirem felizes do que aquelas que procuram viver de acordo com seus princpios.

Garrett, 1996

24

No finja ignorar as atitudes que incomodam nas pessoas a quem voc ama

Algumas pessoas tentam evitar assuntos que podem provocar conflitos com a inteno de serem agradveis e no brigar. Mas fazer isso com as pessoas que amamos no contribui para o relacionamento. Primeiro, porque no preciso brigar. Podemos dizer o que nos incomoda com carinho, no desejo de manter a relao feliz. Se optarmos por silenciar, duas coisas podem acontecer: o ressentimento e a raiva iro se acumulando at desgastar relao, e no daremos chance ao outro de mudar e de crescer. ale sobre os aspectos ou atitudes que incomodam, mas faa-o de modo amoroso e construtivo, sem raiva ou agressividade. Afinal, so duas pessoas administrando sua prpria felicidade.

( ( (Mary cabeleireira. Sua irm Kim trabalha no mercado financeiro. Mary gosta do seu trabalho e, em geral, no se compara com a irm. Mas a me de Mary apresenta suas filhas aos amigos da seguinte maneira: "Mary cabeleireira. Mas Kim trabalha num banco importante." Cada vez que ouve isto Mary sente-se arder por dentro. Por que sua me precisa falar da profisso das filhas dando a impresso de que est decepcionada com o seu trabalho?

Talvez porque sinta tanta raiva, Mary prefere no falar sobre o assunto com a me, para no brigar. Mas sempre que esto juntas, a me reclama que Mary desagradvel, fechada, ou "muito deprimida". Ela nunca imaginou que so seus prprios comentrios que a deixam assim.

Finalmente Mary resolveu dizer me da forma mais tranqila que pde como suas palavras a feriam. A me ficou surpresa, pois nunca se dera conta do que fazia. Afirmou que tinha orgulho de ambas as filhas pelas pessoas que eram, no pelo trabalho que realizavam. E que a ltima coisa que desejaria fazer seria magoar as filhas, por quem tinha tanto amor.

( ( (Nos relacionamentos, as pessoas que conseguem expressar seus sentimentos e necessidades a seus parceiros tm quarenta por cento mais chances de se sentirem felizes do que aquelas que no: sol se sentem vontade para fazlo.

Ferroni e Taffe, 1997

25

No se culpe

Quando as coisas vo mal, s vezes comeamos a nos torturar listando nossos fracassos e acusando-nos pelas falhas. Alm de os fazer sofrer, esse tipo de pensamento pode nos paralisar. A verdade que qualquer situao resultado de coisas que esto sob nosso controle e de outras que nos escapam. E que faz parte a condio humana errar e aprender com o erro. Se voc se entregar ao sentimento de culpa, perder at a capacidade de reparar o erro.

( ( (As visitas esto chegando, e a lavadora de loua est vazando gua. A gua inunda a cozinha e aproxima-se da sala. Voc se pergunta: "Por que eu fui inventar de ligar a mquina agora? Se eu tivesse lavado a loua manualmente, isso no estaria acontecendo. Se eu tivesse esperado para usar a lavadora amanh, ela no estaria arruinando a minha noite. Bastaria ter um pouco de bom senso. Por que cargas-d'gua fui comprar essa lavadora? Aposto que, se eu tivesse comprado outro modelo, minha cozinha no estaria inundada!"

Quando as coisas do errado procuramos logo um culpado e apontamos um dedo implacvel e acusador para ns mesmos. Ao fazer isso, deixamos de perceber duas coisas: que agente aprende com o erro e que intil desperdiar tempo nos culpando. Em vez de culpar-se, a mulher de nosso exemplo poderia optar por achar graa no desastre produzido, pensar em fazer diferente numa prxima ocasio, respirar fundo algumas vezes e quem sabe convocar os amigos para enxugar a cozinha e a sala?

( ( (A felicidade no depende do nmero de coisas ruins que acontecem com algum. O importante a maneira de encarar o que acontece: a pessoa que tende atirar concluses negativas sobre si mesma quando coisas negativas ocorrem certamente menos feliz do que as que se tratam com complacncia. As pessoas que vem a si mesmas como causa dos acontecimentos negativos tm uma probabilidade quarenta e trs por cento menor de estarem satisfeitas do que aquelas que no o fazem.

Panos, 1997

26

Compre aquilo de que voc gosta

No acumule bens compulsivamente. Por outro lado, no se negue aquilo que voc realmente quer ou de que precisa. Se voc comprar as coisas que so importantes para voc, elas lhe causaro uma satisfao que eliminar a necessidade de encher a casa com tudo o que vir nas lojas.

( ( (Claudia tinha os armrios abarrotados. No apenas os de seu quarto, com uma quantidade de roupas que ultrapassavam sua capacidade de us-las, mas os da cozinha, com todo tipo de equipamentos e louas. Comprar era uma verdadeira compulso, desfazer-se do suprfluo, uma grande dificuldade. Ao mudar-se para outra cidade, foi morar num apartamento muito menor e se viu obrigada a escolher aquilo de que realmente precisava. Viver com o estritamente necessrio parecia uma perda enorme, mas acabou se revelando uma descoberta fantstica: cada pea de roupa passou a adquirir um valor especial e a ser melhor usufruda. Claudia espantou-se com a quantidade de equipamentos muitos enferrujando sem nunca terem sido utilizados que conseguira acumular. Selecionou dois servios de jantar que olhou mo se os visse pela primeira vez. Fez um bazar para vender o que era novo e distribuiu as roupas usadas. E sentiu um grande alvio, como se um espao tivesse sido aberto dentro dela para ser preenchido por outros valores.

Muitos de ns acumulamos coisas alm do que necessitamos, orno se isso pudesse satisfazer-nos. Nesses casos, estamos gastando mais, porm obtendo menos, porque no so as coisas que compramos que respondem s necessidades essenciais do ser humano.

Outras pessoas chegam ao extremo oposto, privando-se do que desejam, negando o prprio desejo. Permita-se comprar aquilo que importante para seu cotidiano e que lhe d prazer, pois este : um gesto de estima e generosidade com voc mesmo.

( ( (A aquisio de bens de consumo pode contribuir para o bem-estar pessoal. Entretanto, dar excessiva importncia aos bens materiais diminui a felicidade.

Oropesa, 1995

27

Faa do seu trabalho uma vocao

Se voc encara seu trabalho apenas como um emprego, ento ele se torna uma carga que no traz realizao ou crescimento. as se voc o v como o exerccio de uma vocao, ele deixa de um sacrifcio. Transforma-se numa expresso sua, uma parte importante de sua vida.

( ( (Victor motorista de nibus. Durante cinco dias da semana ele transporta passageiros num longo percurso. Victor chama a ateno todos por um aspecto notvel e raro: ele adora seu trabalho.

Cada passageiro que entra no nibus acolhido com um sorridente "bomdia!", e, se for um conhecido, Victor pergunta pela sade e pela famlia. As mes confiam tanto nele que entregam seus filhos pequenos para que ele os deixe na porta da escola que ca no trajeto. Nenhuma pessoa idosa precisa se afobar ao subir descer do nibus: Victor espera pacientemente e, em casos mais difceis, estende a mo para ajudar.

medida que o nibus avana, Victor vai mostrando os gares mais interessantes e dando informaes sobre as ruas e conexes com outros nibus.

As pessoas afirmam que seu dia sempre mais feliz quando comea no nibus dirigido por Victor.

Quando lhe perguntamos por que desempenha seu trabalho com tanto gosto, Victor respondeu: "Acho que de famlia: quando eu tinha cinco anos, meu pai, que hoje um motorista aposentado, um dia me levou para trabalhar com ele. Eu fiquei muito impressionado olhando as pessoas e os prdios pela janela. Naquele dia eu soube que queria ser motorista de nibus."

( ( (Em estudos realizados com mulheres, os pesquisadores descobriram que, mesmo entre aquelas que tinham o mesmo tipo de emprego, o trabalho podia ser visto tanto como uma carga pesada e aborrecida quanto como uma experincia positiva atravs da qual as mulheres se realizavam e adquiriam autonomia. Entre as de que viviam seu trabalho como vocao, a felicidade era vinte e oito por cento mais alta do que entre as demais.

Thakar e Misra, 1995

28

Voc uma pessoa, no um esteretipo

As pessoas so mais felizes quando permitem que sua personalidade individual aflore, e no quando se adaptam a imagens determinadas pela cultura. Os homens que acreditam que devem ser dures e as mulheres que acham que tm que ser dceis esto aprisionados por um conjunto de expectativas que no tm nada a ver com aquilo que realmente so.

( ( (Olhe ao seu redor em um enterro e voc ver mulheres chorando e homens com expresses impassveis. Os homens aprenderam a ser dures; a no revelar suas emoes. Cresceram ouvindo dizer que "homem no chora" e acabaram confundindo dureza com masculinidade. As mulheres aprenderam a ser mais abertas, mais expressivas, a soltar seus sentimentos. O Instituto aciona! de Sade tem evidncias de que, tanto com a dor fsica quanto com a dor emocional, os homens revelam muito menos desconforto do que as mulheres.

Entretanto, importante lembrar que isso so modelos estereotipados que no correspondem realidade, pois os seres humanos so diversos por natureza.

Um homem que sente vontade de chorar em um funeral mas no se permite faz-lo porque aprendeu que deve ser duro no t sendo o que . Est fingindo ser aquilo que acha que os outros esperam que ele seja. Uma mulher que se fora a ser expansiva com os outros mas que preferiria ser mais discreta no uma pessoa melhor por mostrar suas emoes, e no se sentir mais feliz por ter que agir de um modo que para ela artificial.

importante agir da forma que nos natural, e no do modo como achamos que o homem ou a mulher devem se comportar. As nossas generalizaes sobre os homens e as mulheres freqentemente So falsas e muitas vezes prejudiciais.

( ( (Descobriu-se que a adequao de homens e mulheres aos esteretipos de gnero relativos masculinidade e feminilidade no traz satisfao na vida.

Rarnanaiah, Detwiler e Byravan, 1995

29

Tenha um objetivo

Sem um objetivo, tudo perde o sentido. Voc pode trabalhar quarenta horas por semana, arrumar a casa, brincar com os filhos, e divertir-se, tomar resolues para o novo ano. Entretanto, se voc no tiver uma razo para estar fazendo tudo isso, nenhuma dessas coisas ter qualquer sentido.

( ( (Digamos que voc um estudante. Para que estudar para uma prova? Para sair-se bem no curso. E que importncia tem sair-se bem no curso? importante para conseguir um diploma. Mas para que serve um diploma? Para ajudar a obter um bom emprego. verdade que o emprego s vir daqui a vrios anos, mas ele que alicera todo o seu esforo. Sem o objetivo final, todos os passos intermedirios viram passatempos e perdem o sentido. Para que se dar ao trabalho de fazer todas essas coisas se eIas no conduzirem voc at algo que deseja? Se no houver um objetivo, prefervel ficar toa do que estudar para a prova.

muito mais fcil dedicar-se a qualquer atividade, seja ela para famlia ou para o sucesso pessoal, se tomarmos conscincia do que queremos. Caso contrrio, viramos autmatos que repetem comportamentos sem conhecer a razo. Saber qual o objetivo que queremos alcanar com determinada atividade nos permite avaliar se estamos avanando em sua direo e nos possibilita mudar de rumo se for necessrio.

Em uma pesquisa realizada com estudantes universitrios fez-se uma comparao entre os estudantes que gostavam da vida que levavam e de seus estudos e os estudantes que se sentiam insatisfeitos. Constatou-se uma diferena significativa: os estudantes do primeiro grupo tinham conscincia do que desejavam da vida, enquanto os outros simplesmente iam tocando.

Rahman e Khaleque, 1996

30

Voc ainda no terminou a melhor parte de sua vida

Diz-se que os jovens desperdiam a juventude. As pessoas que afirmam isto esto aceitando o mito de que s os jovens podem aproveitar a vida plenamente. A verdade que as pessoas mais velhas no consideram que a juventude tenha sido a melhor poca de suas vidas. A maioria aprecia mais a maturidade do que qualquer outra fase da vida.

( ( (Um grupo de colegas de universidade, que se encontram todos os anos, est reunido quarenta anos depois da formatura. Em determinado momento, uma delas resolve perguntar s outras quais foram os mitos que mais atrapalharam suas vidas.

Algumas dizem que foi o mito do casamento perfeito, como os filmes e contos que terminavam com "e foram felizes para sempre". Outras insistem que o mito da maternidade como uma experincia maravilhosa as fez sofrer quando se depararam com clicas do beb no fim da tarde e a sensao de que nunca mais teriam uma noite bem dormida. Mas todas so unnimes em afirmar que o mito da juventude como uma fase privilegiada gerou perplexidade e frustrao. Falam de todas as inseguranas e dvidas, do tempo que levaram para tomar posse de si mesmas e deixar de responder s expectativas externas. Lembram dos chs-de-cadeira nas festas em que nenhum rapaz as tirava para danar, a tortura do telefone que no tocava, da incerteza ante o futuro.

E se do conta, extremamente satisfeitas, dos ganhos da maturidade. H algumas rugas, os cabelos embranqueceram e foram pintados , o corpo no tem os mesmos contornos da juventude e alguns limites comeam a se manifestar. Mas so pequenas perdas compensadas por extraordinrios ganhos. Aprenderam a administrar as crises do casamento e construram com o marido uma cumplicidade que garantiu uma feliz convivncia. Os filhos esto criados; e descobriram a maravilha que so os netos. Constataram que ningum " feliz para sempre", mas que a vida cheia de pequenas e grandes alegrias. Momentos de sofrimento so inevitveis, mas aprenderam e sabem que a capacidade de superao do ser humano extraordinria. Sentem-se mais livres, mais capazes de fazer suas prprias escolhas e de usufruir o que est a seu alcance. Nenhuma delas lamenta a juventude perdida, com e algumas chegam a afirmar: "Eu no queria voltar de maneira nenhuma aos meus dezoito anos!"

( ( (Um grupo de pesquisadores realizou um estudo de longo prazo com habitantes do norte da Califrnia, entrevistando-os diversas vezes ao longo de trs dcadas. Quando lhes perguntavam qual a poca mais feliz de suas vidas, oito em cada dez pessoas respondiam "agora".

Field, 1997

31

Dinheiro no traz felicidade

Passamos tanto tempo correndo atrs de dinheiro, preocupando-nos com dinheiro e contando dinheiro. Talvez seja surpreendente saber que a satisfao com a vida no mais freqente entre os ricos.

( ( (Pense nisso: nos Estados Unidos, jogar na loteria mais comum do que votar. Todos ns queremos ser ricos. Ou ao a menos todos pensamos que queremos ser ricos. Mas comum verificar que os ganhadores da loteria muitas vezes descobrem, passada a primeira euforia, que o dinheiro no trouxe a felicidade que fantasiavam.

Existe a famosa histria de algum que saiu com a incumbncia de trazer para o rei a camisa de um homem feliz. Correu mundo afora, pesquisando, entrevistando, buscando incansavelmente, at que encontrou um pastor que cuidava de seu rebanho no meio de uma paisagem buclica. Sentado no meio de um campo, contemplando o pr-do-sol, este homem descreveu sua vida de tal maneira que o enviado do rei concluiu ter encontrado finalmente o homem feliz que procurava. Havia apenas um problema: o homem feliz no usava camisa.

H nos Estados Unidos um novo movimento dos chamados "minimalistas". So pessoas que decidiram viver com menos dinheiro. Elas compram menos, gastam menos, ganham menos e tm menos coisas. Tambm passam menos tempo no trabalho e mais tempo com seus amigos e sua famlia. Os minimalistas chegaram consciente concluso de que o dinheiro no podia: comprar-lhes a paz e alegria que desejavam.

Isso no significa que quem rico no feliz. Poder satisfazer seus desejos e necessidades certamente fator de satisfao. Mas de nada vale o dinheiro se os valores fundamentais de amor, compaixo e solidariedade no so atendidos. De nada vale o dinheiro se o nvel de exigncia to alto que no h nada que o preencha. De nada vale o dinheiro se a competio, faz com que algum se compare sempre com quem lhe parece acima. De nada vale o dinheiro se acharmos que so os bens materiais que fazem a felicidade.

( ( (Uma pesquisa realizada acerca da satisfao na vida examinou vinte fatores diferentes que podem contribuir para a felicidade. Os cientistas chegaram concluso de que dezenove fatores examinados eram importantes e um no era. O nico fator que no tinha importncia era a situao financeira.

Hong e Giannakopoulos, 1995

32

No se detenha em conflitos insolveis

Siga adiante. Gaste sua energia e seu tempo apenas com os problemas que sejam importantes e possveis de solucionar. No sendo assim, melhor seguir adiante para resolver coisas que podem ser mudadas.

( ( (Na mitologia, Ssifo foi condenado tarefa interminvel de empurrar uma rocha montanha acima. Imediatamente antes de chegar ao topo, ele a deixava cair e a rocha rolava para baixo novamente. Ssifo a empurrava de novo para cima e, quando estava restes a atingir o topo, ela caa novamente. claro, aquilo era intil. Era apenas uma sentena de morte.

Alguns de ns tratamos algumas questes e relacionamentos como se fossem a rocha de Ssifo. Insistimos numa relao que j e revelou doentia e repetimos os recursos esgotados, fechando-nos para outras oportunidades. Persistimos numa profisso, apesar de sentirmos que no temos vocao para ela, s porque nosso pai esperava que o sucedssemos. Empurramos, empurramos, empurramos e nunca percebemos que intil e que estamos desperdiando um tempo e uma energia que poderiam abrir outros caminhos de felicidade. Mas no somos, como Ssifo, condenados morte: ningum, a no ser ns mesmos, nos obriga a empurrar a rocha. Podemos larg-la, s querer de verdade.

Muitas pessoas querem "abraar o mundo com as pernas", no deixando passar nenhuma oportunidade. Resultado: fazem tudo na correria, pela metade, sem usufruir profundamente nada, e acabam frustradas por no conseguirem o que desejam. Aquelas que resolvem no brigar com o tempo, reconhecendo o fato de ele ser limitado e adequando-se a esta realidade, tm chances vinte e cinco por cento maiores de se sentirem bem com elas mesmas.

Caproni, 1997

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Os seus objetivos devem estar alinhados entre si

Os quatro pneus do seu carro precisam estar adequadamente alinhados. Se no for assim, os pneus esquerdos estaro voltados ara uma direo diferente daquela dos pneus direitos e o carro no vai funcionar. Os objetivos tambm so assim. Precisam estar dos voltados para a mesma direo. Se os seus objetivos estiverem em conflito uns com os outros, possvel que a sua vida no funcione.

( ( (Jorge Ramos era um profissional bem-sucedido na rea do jornalismo televisivo. Ele apresentava um telejornal transmitido para os EUA e para a Amrica Latina cobrindo os principais assuntos polticos. Ele agarrava todas as chances de cobrir guerras e arriscar sua vida no Oriente Mdio, na Amrica Latina e na Europa.

De acordo com sua prpria avaliao, Ramos estava se saindo excepcionalmente bem, tanto profissional quanto economicamente. Ele queria impulsionar ainda mais sua carreira. Ele queria, em as prprias palavras, "penetrar nas mentes daqueles que dominam planeta e estar nos lugares em que a Histria se transforma".

Mas Ramos tambm sentia muita falta de sua famlia. Quando oIhava uma foto de sua filha chegava a chorar pensando no empo de afastamento, na distncia, nos perigos a que ele havia e exposto e no efeito que isto poderia ter sobre ela.

Ramos finalmente compreendeu que no podia manter a mesmo tempo os dois objetivos e precisou fazer uma escolha Abriu mo do sucesso imediato para poder ficar no lugar mais importante para sua felicidade: a famlia. A perda doeu bastante mas o ganho de paz e alegria compensaram o sofrimento.

( ( (Em um estudo de longo prazo, realizado com indivduo durante mais de uma dcada, a satisfao apareceu associada, coerncia dos objetivos definidos para a vida. Os objetivos relacionados com a carreira, a educao, a famlia e o lugar de moradia eram importantes e juntos respondiam por cerca de oitenta por cento da satisfao. Esses objetivos precisam ser coerentes entre si para produzirem a felicidade que se busca.

Wilson, Henrv e Peterson, 1997

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No se concentre nas tragdias do mundo, mas em suas esperanas

Muitas coisas tristes acontecem em nosso mundo, mas, em vez de concentrar-se nelas, tenha esperana no futuro. Pense em quantos avanos j houve e no potencial do mundo. Talvez o futuro nos reserve a cura das doenas, o fim da violncia, a diminuio da pobreza e da fome. Se voc tiver esperana, sentir estmulo e contribuir para as mudanas. Se sua perspectiva for pessimista, achar que no adianta fazer nada e perder o nimo.

( ( (O Conselho de Bandeirantes de San Jacinto queria fazer algo divertido, excitante e que unisse a comunidade. Decidiram tentar criar o maior crculo de amizades do mundo, um crculo de pessoas de mos dadas celebrando a unio entre os seres humanos.

As bandeirantes convidaram os habitantes da cidade a se juntarem a elas e, em uma manh de sbado, formaram o crculo. Seis mil e duzentas e quarenta e trs pessoas participaram do evento, incluindo o prefeito. O crculo tinha quase dois quilmetros de extenso, com pessoas de mos dadas, celebrando a mensagem escolhida: "A amizade vence o dio."

Essa celebrao reforou a esperana de todos os que a viveram, dando-lhes um novo estmulo para se empenharem em criar um mundo melhor, mais justo, com as mesmas oportunidades para todos.

Em mdia, nove em cada dez americanos se sentem preocupados com algum aspecto do mundo e da sociedade. O que faz com que essas pessoas sejam mais ou menos felizes a atitude que assumem ante essa preocupao: as pessoas menos felizes remoem os problemas que vem, enquanto as mais felizes concentram-se nas possibilidades de melhoras futuras.

Garrett, 1996

35

Voc no tem que vencer sempre

As pessoas ultracompetitivas, que precisam vencer sempre, terminam usufruindo menos das coisas. Quando perdem, ficam muito frustradas, e, quando ganham, era isso o que esperavam, de qualquer modo. Sobretudo no se harmonizam com o ritmo natural da vida, que feito de ganhos e perdas.

( ( (Richard Nixon estava concorrendo reeleio para a presidncia em 1972. Ele orientou sua equipe a tomar todas as medidas disponveis para conquistar tantos votos quanto possvel. Dentre essas medidas, a mais famosa foi a invaso aos escritrios do Partido Democrtico no Edifcio Watergate para plantar aparelhos de escuta. Isso alm de uma srie interminvel daquilo que o prprio Nixon batizou de "truques sujos". Seus funcionrios telefonavam para pizzarias e encomendavam cem pizzas para serem entregues no escritrio de um candidato de oposio. Distribuam panfletos falsos comunicando que o comcio de um oponente havia sido cancelado. Ligavam para centros de convenes e cancelavam as reservas feitas por oponentes para seus eventos. Por que isso acontecia? Porque Nixon estava obcecado por vencer a qualquer preo.

A maior ironia dessa histria que Nixon estava vencendo, de qualquer modo, e no precisava de nenhum desses truques. Mas sua incapacidade de lidar com a possibilidade de perder o fazia adotar essas tticas extremas, que acabaram lhe custando o prmio que ele almejava to desesperadamente.

Mas nem preciso recorrer a recursos escusos para garantir a vitria. As pessoas que querem vencer sempre no se do conta de que a vida feita de altos e baixos, de alternncias. Quem no souber disso e vincular sua felicidade s vitrias constantes seguramente vai sentir-se infeliz.

( ( (A competitividade pode impedir a satisfao na vida, porque nenhuma realizao ser suficiente, e os fracassos tornam-se especialmente devastadores. Como as pessoas ultracompetitivas tm um altssimo nvel de exigncia, elas no se alegram tanto com seus sucessos, mas se desesperam com os fracassos.

Thurman, 1981

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Deixe que seus objetivos sejam o seu guia

Depois de escolher objetivos razoveis, significativos e compatveis entre si, persiga-os com todo o seu corao.

( ( (Voc est na cozinha e deseja fazer um bolo bem gostoso para os netos que vo chegar. Imagine-se passando horas pegando todos os produtos que esto no armrio e toda a comida da geladeira, despejando-os em uma tigela gigantesca, misturando-os, assando-os e em seguida servindo o resultado mesa. No h dvida de que, mesmo que se esforasse muito e gastasse muito, voc acabaria fazendo uma gororoba impossvel e ser comida.

Se, em vez disso, voc seguisse uma receita cuidadosamente, fosse ao supermercado comprar exatamente o necessrio, usasse a quantidade certa dos ingredientes certos e os preparasse conforme as instrues, em pouco tempo a casa ficaria perfumada por seu bolo e seus netos felicssimos.

A vida funciona da mesma maneira. Quando se quer atingir um objetivo seja um bolo, a organizao da festa de Natal, o sucesso no trabalho ou nos relacionamentos no se pode ir pegando tudo o que aparecer pela frente desorganizadamente. preciso planejamento e pacincia para seguir as instrues.

Em entrevistas durante um longo perodo de tempo com um grupo de advogados observou-se uma transio ntida medida que a famlia ia assumindo uma importncia maior do que a carreira. Aqueles que reconheciam a mudana e reorganizavam suas prioridades de acordo com ela expressaram uma satisfao na vida vinte e nove por cento superior dos que simplesmente se deixaram levar pelos acontecimentos.

Adams, 1983

37

Tenha expectativas realistas

As pessoas felizes no conseguem tudo o que querem, mas querem a maior parte do que conseguem. Em outras palavras, viram o jogo a seu favor, escolhendo dar valor s coisas que esto ao seu alcance.

As pessoas insatisfeitas com a vida muitas vezes determinam metas inatingveis para si mesmas, programando-se assim para um fracasso inevitvel. importante tambm saber que as pessoas que definem metas ambiciosas e as alcanam no so mais felizes do que aquelas que definem e alcanam objetivos mais modestos.

Para saber o que voc quer e do que capaz, torna-se necessrio conhecer-se bem e entrar em contato com seu prprio desejo, em vez de estar sempre respondendo s expectativas dos outros. No uma tarefa fcil quando vivemos numa cultura que identifica felicidade com sucesso em todos os campos. Cuidado ara no cair na armadilha que comea a ser armada com a melhor das intenes por nossos pais desde o nosso nascimento.

Quando voc estiver avaliando sua posio no trabalho ou seu relacionamento com sua famlia, no comece com imagens fantasiosas, almejando posies de destaque ou harmonia absoluta. Primeiro, porque o importante na vida profissional dar o melhor rendimento possvel de sua capacidade. Segundo, porque harmonia absoluta no existe, pois os conflitos, crises e ambigidades fazem parte da natureza humana. Mantenha um p na realidade e lute para melhorar as coisas, e no para torn-las perfeitas. No existe perfeio. As coisas sero o que puderem ser a partir de nossos esforos.

( ( (Era uma grande festa em homenagem ao diretor de uma escola na Pensilvnia, que se aposentava aps trinta anos de trabalho. As pessoas comentavam entusiasticamente sua maravilhosa contribuio para a educao de milhares de crianas. Ao fim da noite, ele disse a um amigo: "Quando tinha vinte e trs anos, eu achava que acabaria como presidente dos Estados Unidos."

Ali estava um homem extremamente respeitado que havia se dedicado vocao essencial da educao e que havia ascendido se na carreira at o cargo de diretor de uma escola. E, em vez de celebrar suas realizaes, ele lamentava sua derrota. Era um homem extremamente bem-sucedido, que trouxera uma importante contribuio para a sociedade, mas, em comparao com suas metas m, imensas e inatingveis, ele no conseguia usufruir seu sucesso.

( ( (A harmonia entre os objetivos de uma pessoa e a sua capacidade uma garantia de felicidade. Em outras palavras, quanto mais realistas e possveis forem os nossos objetivos, maior probabilidade teremos de nos sentirmos bem com ns mesmos. As pessoas que chegam concluso de que seus objetivos esto fora do de alcance tm menos de dez por cento de chances de estarem satisfeitas com a vida.

Diener e Fujita, 1995

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No se esquea de se divertir

Reserve, todos os dias, algum tempo para se divertir, para dizer bobagens, para rir.

( ( (Observe as crianas correndo em um playground e voc logo ver pensando: "Como elas se divertem!" Por que elas esto divertindo tanto? Uma pergunta melhor seria: "Por que voc no est se divertindo mais?" As crianas correm e brincam como por instinto. Elas no se perguntam se deveriam se divertir, elas simplesmente seguem seu impulso e se divertem. A medida que vamos crescendo, vamos nos tornando mais srios, reprimindo nossos desejos ldicos, confundindo maturidade com sisudez.

Convide um de seus amigos para fazer algo divertido e possvel que oua dele: "Eu no tenho tempo para isso", ou "Vou ficar ridculo". Imagine se uma criana que convidada para ir ao zoolgico, ou para tomar um banho de chuva, vai responder: "Eu ligo pra voc depois, estou muito ocupada agora, alm mais o que vo dizer de mim?" s vezes as crianas so mais sbias do que ns. Divertir-se mais, bater papo e dar risada, reservar algum tempo para coisas que poderiam ser consideradas bobagens, mas nos do alegria, essencial para a felicidade.

Divertir-se regularmente um dos cinco fatores centrais para uma vida satisfeita. Os indivduos que dedicam algum tempo a se divertir tm chances vinte por cento maiores de ficarem felizes em sua vida diria e trinta e seis por cento maiores de se sentirem bem com sua idade e com a etapa que esto vivendo.

Lepper, 1996

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Escolha suas comparaes com sabedoria

Comparar-se com os outros inevitvel, at porque nossa cultura estimula a comparao desde que nascemos: mais gordo ou mais magro, maior ou menor, mama mais ou menos, falou e andou antes ou depois do que o primo, o irmo, o vizinho, o filho da amiga? O ideal seria no nos compararmos e tratarmos de usufruir a vida dentro de nossas possibilidades.

Muitos dos nossos sentimentos de satisfao ou insatisfao vm do fato de nos compararmos com as outras pessoas. Quando nos comparamos com aqueles que tm mais, ns nos sentimos diminudos. Quando nos comparamos com quem tem menos, somos mais capazes de valorizar o que possumos. Muito embora a vida seja exatamente a mesma nos dois casos, os nossos sentimentos sobre ela podem variar enormemente, dependendo da pessoa com quem nos comparamos. Compare-se com as pessoas que voc admire no tanto pelo que tm, mas pelo que so. Escolha sobretudo aquelas que fazem voc se sentir bem com o que e com aquilo que tem.

( ( (Joe o mais velho de seis irmos. As idades variam de vinte e um a quarenta e dois anos. A famlia nunca teve muito dinheiro, e os irmos mais velhos foram criados de forma modesta. Quando terminaram o segundo grau, Joe e seus dois irmos mais velhos logo procuraram um trabalho. Entretanto, quando os trs mais jovens terminaram o segundo grau, foram para a universidade.

Os mais velhos sentem que no tiveram a mesma oportunidade. Se eles se compararem com seus irmos mais novos, Joe e seus dois irmos talvez sintam decepo e cime. Mas se eles se compararem a muitos de seus amigos homens da mesma idade e com oportunidades semelhantes s deles , vero que tm mais do que muitos deles em termos de realizao profissional e familiar.

Joe tem conscincia de que privar seus irmos mais jovens da oportunidade de estudar no traria nenhuma vantagem para ele. Mas isso no impede que se sinta mal quando se compara a eles. A soluo, ento, no comparar-se. procurar olhar para o progresso dos irmo mais moos como fruto tambm do esforo dos mais velhos, um esforo que os fez crescer e progredir de outra forma. tomar conscincia de que as circunstncias em que se desenvolveram foram completamente diferentes e, portanto, no houve injustia e preferncia. Em vez de ficarem decepcionados fazendo essa comparao, Joe e seus dois irmos podem sentir-se bem tanto em relao aos irmos mais novos quanto em relao a si mesmos. Basta que aprendam a valorizar o que construram a partir do que a vida Ihes ofereceu. Se quiserem comparar-se a outros, escolham aqueles que, partindo do mesmo ponto, no conseguiram as mesmas realizaes.

( ( (Um grupo de estudantes recebeu um jogo de palavras cruzadas para resolver. Os pesquisadores compararam a satisfao daqueles que o resolveram rapidamente e daqueles que o fizeram mais vagarosamente. Os que terminaram com razovel rapidez, mas se compararam com os mais rpidos de todos, ficaram insatisfeitos consigo mesmos. Os que gastaram mais tempo resolvendo as palavras cruzadas, mas se compararam com os mais lentos, ficaram satisfeitos consigo mesmos e tenderam a ignorar os resultados dos mais rpidos.

Lyubomirsky e Ross, 1997

40

Seja responsvel

Termine o que comear. Preocupe-se com o que estiver fazendo e faa-o bem feito. Embora ser responsvel exija mais do que ser relaxado, ns nos sentimos melhores com ns mesmos quando fazemos um bom trabalho.

( ( (No sudoeste da Flrida, os engenheiros haviam projetado uma das maiores pontes do estado. A ponte era to grande que tiveram que constru-la partindo simultaneamente das duas margens e encaminhando-se para o centro. O problema que, quando chegaram ao meio, os dois lados no se encaixavam. Havia uma diferena de sessenta centmetros. Milhes e milhes de dlares e milhares e milhares de horas de trabalho foram desperdiados. Voc sabe o que eles fizeram? Construram outra ponte.

um velho ditado, ainda atual. A pressa inimiga da perfeio.

( ( (Pesquisas feitas com adultos revelam que a tendncia a ser disciplinado, persistente e consciencioso exerce um efeito positivo sobre a felicidade de dezoito por cento.

Furnham e Cheng, 1997

41

Arranje um passatempo

Os passatempos so uma fonte constante de interesse, fornecendo dois ingredientes essenciais para a vida: estabilidade e diverso.

( ( (Elsa coleciona livros antigos. Ela tem todo tipo de livros arrumados nas estantes de sua casa, alguns clssicos, algumas primeiras edies raras e outros cujas pginas ela simplesmente gosta de folhear. Para Elsa, colecionar livros uma fonte de entretenimento e uma maneira de estabelecer relaes com as pessoas mais diferentes em todo o mundo, pois ela se comunica tambm por correio eletrnico. Cada cidade que Elsa visita um espao potencial de aventuras, pois ela vai s lojas de antigidades e aos sebos buscando livros para sua coleo. O que a coleo de livros significa para Elsa? "Ela me pe em contato com a Histria, com outras pessoas com quem me encontro para trocar livros e, mais importante do que tudo: tenho um gosto enorme de viver cercada de livros."

( ( (Em pesquisas realizadas com milhares de adultos, descobriu-se que aqueles que possuem um passatempo tm chances seis por cento maiores de avaliar suas vidas de modo favorvel.

Mookherjee, 1997

42

A amizade mais importante do que o dinheiroSe voc quiser saber se uma pessoa feliz, no pergunte a ela quanto dinheiro tem no banco. No pergunte qual seu salrio lquido. Pergunte sobre seus amigos.

( ( (Dois consultores financeiros trabalhavam juntos h mais de dez anos quando o mercado entrou em crise. Eles lutaram o quanto puderam, mas acabaram perdendo tudo o que tinham. Na hora de recolher os pedaos, os conflitos e acusaes foram tantos que, com o dinheiro perdido, foi-se a amizade.

Depois de passarem mais de um ano sem se falar, encontraram-se para almoar. Ambos admitiram que haviam vivido uma enorme perda. E no era o dinheiro, era a amizade. Um disse: "O dinheiro como uma luva. A amizade como a mo. Um til, o outro essencial." Foi preciso passarem pelas duas perdas para descobrirem isso.

( ( (Os pesquisadores identificaram os fatores essenciais para uma vida feliz. Os componentes bsicos so o nmero de amigos, a proximidade dos amigos, a proximidade da famlia e as relaes com os colegas e vizinhos. Juntos, esses fatores respondem por cerca de setenta por cento da felicidade pessoal. Nem riqueza nem fama entram nessa lista de fatores essenciais.

Murray e Peacock, 1996

43

Invejar os relacionamentos das outras pessoas intil

As pessoas que tm muitos amigos s vezes invejam aqueles que so mais ligados famlia. Em contrapartida, as pessoas cujo relacionamento predominantemente com a famlia invejam aqueles que vivem cercados de amigos. O segredo para uma satisfao constante na vida est em usufruir o que se tem, em vez de tentar copiar os outros. A inveja no necessariamente negativa: ela pode ser estmulo para obter algo que se deseja. Mas o fundamental alegrar-se com o que voc possui sem deixar que as comparaes com o que dos outros diminuam seu prazer.

( ( (H alguns anos, um grupo de filsofos e historiadores reuniu-se para estudar as vantagens da vida familiar dois sculos atrs. Sua preocupao era a instabilidade das relaes familiares modernas e o medo generalizado de que nossa sociedade esteja sofrendo da falta dos laos familiares tradicionais. Os estudiosos perguntavam-se se a unidade familiar agrria um vnculo estvel entre me pai e um nmero grande de filhos era o modelo ideal para os seres humanos e se algumas das lies do passado ainda seriam teis hoje.

Eis sua surpreendente concluso: hoje invejamos a coeso e estabilidade da famlia tradicional, imaginando que elas garantiam a felicidade de seus membros. Mas constatou-se que, h duzentos anos, os membros da famlia tradicional freqentemente sentiam como se sua individualidade estivesse sendo sufocada pelo grupo familiar sentiam-se como se no fossem vistos como uma pessoa plena, mas apenas como uma pea na engrenagem familiar.

A ironia dessa situao chamou a ateno dos pesquisadores. Quantas vezes fantasiamos relaes ideais entre os outros, achando que s ns temos problemas e conflitos. Mas no h relao perfeita, o que h so pessoas que mistificam seus relacionamentos, querendo dar a impresso de que vivem uma situao ideal. A felicidade consiste em aproveitar os relacionamentos que temos, sem forlos a alcanar um padro artificial ou compar-los com a vida e os amores de outras pessoas.

( ( (Em uma pesquisa realizada com mais de oito mil adultos, os pesquisadores examinaram mais de cem fatores que contribuem para a felicidade. Entre os fatores de maior efeito negativo estava o fracasso nos relacionamentos causados por comparaes, o que reduzia a felicidade em vinte e seis por cento.

Li, Young, Wei, Zhang, Zheng, Xiao, Wang e Chen, 1998

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Acredite em si

Nunca se d por vencido. Se voc no acreditar em si, nada vai dar certo.

( ( (Steve Blass era um grande jogador de beisebol. Na verdade, era um dos melhores. Para surpresa de todos, repentinamente ele se desligou do time. Ele se machucou? No. Alguma coisa mudou?

Uma coisa mudou: Steve Blass perdeu a confiana em si mesmo. Ele comeou a pensar em todas as coisas que podiam dar errado e logo elas comearam a dar errado mesmo. Ele no acreditava mais que pudesse jogar, e num piscar de olhos no podia mais realmente.

A capacidade de fazer qualquer coisa precisa ser acompanhada pela crena de que somos capazes de faz-lo. To importante quanto aprender a fazer aprender que voc pode fazer. No se trata de arrogncia ou pretenso, mas de uma atitude positiva e de crena no seu poder de realizao. No precisa ser um astro do beisebol ou um grande concertista, mas voc precisa acreditar que pode jogar bem um esporte ou tocar um instrumento musical que lhe d prazer. No deixe que experincias de desvalorizao na infncia ou julgamentos dos outros a seu respeito influenciem sua confiana em si.

Em todas as idades e em todos os grupos, uma slida crena nas prprias capacidades aumenta a satisfao em cerca de trinta por cento e nos torna mais felizes tanto na vida familiar como na profissional.

Myers e Diener, 1995

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No acredite demais em si

Acreditar excessivamente em si tambm pode significar arrogncia e pretenso: voc se acha incapaz de cometer qualquer erro. No pense que s porque voc uma pessoa talentosa no tem nada a aprender com os outros e no deveria nunca ser criticada.

( ( (H algum tempo, um sujeito muito rico e inteligente concorreu a governador de um estado. Ele s tinha um grande defeito: excesso de auto-suficincia. No gostava de receber instrues de ningum, detestava ser criticado e investia ao mximo para ser admirado. verdade que ele vencera por seu prprio esforo e competncia, mas isso o levara a achar que ningum tinha nada de til para lhe ensinar porque j sabia tudo o que era necessrio.

Por causa dessa atitude, duas coisas aconteceram. As pessoas mais prximas comearam a afastar-se, achando-o cheio de si, desagradvel e grosseiro quando reagia s crticas mesmo construtivas e pouco digno de confiana. Mas a derrota veio mesmo junto ao grande pblico: por excesso de pretenso, achou que no precisava assessorar-se para um debate na TV. Ante uma pergunta import