oemworkingpaper 01 2015 luxemburgo

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  • 7/24/2019 OEmWorkingPaper 01 2015 Luxemburgo

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    oemObservatrio da Emigrao

    Empresrios portuguesesno Luxemburgouma primeira aproximao

    Jos Carlos Marques

    Instituto Politcnico de Leiria, CICS.Nova (ncleo de Leiria) e CES, Coimbra

    OEm Working-Paper 01 maio de 2015

    Este artigo constitui um estudo preliminar sobre os empresrios portugueses no exterior,

    centrado no caso dos portugueses no Luxemburgo. Caracteriza-se, na primeira parte,

    a evoluo da emigrao portuguesa para aquele pas e a sua insero no mercado

    de trabalho. Na segunda parte, aprofunda-se o conhecimento sobre as atividades

    empreendedoras dos emigrantes portugueses e analisam-se diferentes fatores com impacto

    sobre a criao e o desenvolvimento de prticas empreendedoras entre os portugueses

    no estrangeiro. [Palavras-chave: emigrao portuguesa, empreendedorismo migrante]

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    Title Portuguese entrepreneurs in Luxembourg: a preliminary approach.

    Abstract This paper is a preliminary study of Portuguese entrepreneurs abroad, focused on

    the case of the Portuguese in Luxembourg. We characterize, in the first part, the evolution of

    Portuguese emigration to that country and their integration into the labour market. In thesecond part we analyse the entrepreneurial activities of Portuguese emigrants and analyse

    different factors that impact on the creation and development of entrepreneurial practices

    among Portuguese abroad.

    Keywords Portuguese emigration, migrant entrepreneurship.

    Receo: 30 de Setembro de 2014.

    Aprovao: 25 de maro de 2015.

    Nas publicaes do OEm usa-se a notao anglo-saxnica dos nmeros:

    os milhares so separados por vrgulas e as casas decimais por pontos.

    Observatrio da Emigrao

    Av. das Foras Armadas, ISCTE-IUL, 1649-026 Lisboa, Portugal

    Tel. (CIES-IUL): + 351 210464018

    E-mail: [email protected]

    www.observatoriodaemigracao.pt

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    [OEm.WP.2015.01] EMPRESRIOS PORTUGUESES NO LUXEMBURGO

    OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt 3

    ndice

    ndice de quadros e figuras .................................................................................................. 4

    Introduo .......................................................................................................................... 5

    1 Portugueses no Luxemburgo ...................................................................................... 6

    2 Empreendedorismo dos portugueses no Luxemburgo ............................................... 10

    2.1 Caracterizao dos inquiridos ........................................................................................... 11

    2.2 Atividade empresarial ....................................................................................................... 13

    2.3 Determinantes do desenvolvimento do empreendedorismo: a ao de fatores deatrao e de repulso ....................................................................................................... 16

    2.4 Dificuldades experimentadas no processo de criao empresarial e no decurso

    da atividade da empresa ................................................................................................... 19

    2.5 A construo e manuteno de relaes econmicas externas por parte dos

    empreendedores portugueses no exterior ....................................................................... 22

    Notas finais ....................................................................................................................... 24

    Referncias bibliogrficas .................................................................................................. 25

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    OEm Working Papers | 01 [maio de 2015]

    4 OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt

    ndice de quadros e figuras

    Quadros

    Quadro 1 Empresas criadas .................................................................................................... 13

    Quadro 2 Caractersticas das empresas.................................................................................. 14

    Quadro 3 Nacionalidade dos empregados, clientes e fornecedores ...................................... 15

    Quadro 4 Incentivos e presses para o desenvolvimento da atividade

    empresarial ............................................................................................................. 18

    Quadro 5 Dificuldades sentidas no perodo inicial da constituio da empresa

    (% de respostas positivas) ...................................................................................... 21

    Quadro 6 Dificuldades sentidas no funcionamento da empresa (% de respostas

    positivas) ................................................................................................................. 21

    Figuras

    Figura 1 Entrada e sada de portugueses no Luxemburgo, 1970-2012 .................................. 6

    Figura 2 Evoluo da populao estrangeira e da populao portuguesa no

    Luxemburgo, 1960-2013 ........................................................................................... 7

    Figura 3 Principais sectores de atividade dos portugueses, 2011 .......................................... 8

    Figura 4 Condio perante a atividade econmica dos portugueses, 2011 ........................... 9

    Figura 5 Caractersticas sociodemogrficas dos inquiridos .................................................. 12

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    OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt 5

    Introduo

    O Luxemburgo constitui, juntamente com outros pases na Europa, um renovado destino da

    emigrao portuguesa contempornea que se intensificou, em especial, com o acentuar da

    crise econmica nacional. A acuidade com que este fluxo migratrio se desenvolveu nos

    ltimos anos, no deve, contudo, fazer esquecer que a emigrao portuguesa para o

    Luxemburgo uma realidade contnua desde os anos 60 do sculo XX, apresentando ao longo

    do tempo diferentes ritmos e intensidades. A anlise da insero econmica dos emigrantes

    portugueses no Luxemburgo (e em particular das suas prticas empreendedoras) que se

    esboa neste artigo reflete esta longa histria.Numa primeira parte do artigo descreve-se, de forma sinttica, a evoluo da emigrao

    portuguesa para o Luxemburgo e a sua insero no mercado de trabalho luxemburgus. Numa

    segunda parte, procura-se aprofundar o conhecimento sobre as atividades empreendedoras

    dos emigrantes portugueses (uma rea que, como mostra uma recente bibliografia sobre a

    emigrao portuguesa, no tem merecido um estudo aprofundado no conjunto dos estudos

    sobre a emigrao portuguesa)1e analisar os diferentes aspetos que influenciam a criao e

    desenvolvimento de prticas empreendedoras por parte dos portugueses no estrangeiro.

    Recorre-se para esta anlise a um inqurito realizado, em 2012, a empresrios portugueses no

    Luxemburgo. Como indica o ttulo do artigo, trata-se de uma primeira aproximao ao estudo

    dos empresrios emigrantes portugueses, a qual, por isso, sofre das limitaes prprias de

    qualquer abordagem inicial.

    1Na referida bibliografia que coteja a produo cientfica sobre a emigrao portuguesa entre 1980 e 2013, existem

    apenas seis referncias que abordam, por vezes de forma indireta, as prticas de empreendedorismo dos

    emigrantes portugueses (Candeias, Gis, Marques e Peixoto, 2014).

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    6 OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt

    1 Portugueses no Luxemburgo

    A partir do final dos anos de 1960, os portugueses comeam a representar um dos principais

    grupos de imigrantes que anualmente chegam ao territrio luxemburgus, assumindo, a partir

    de 1986, o lugar cimeiro na hierarquia numrica dos cidados estrangeiros que anualmente

    chegam ao Luxemburgo.2

    Os dados das entradas e sadas de portugueses no Luxemburgo (figura 1) permitem

    identificar dois momentos centrais na formao da comunidade portuguesa. O primeiro, entre

    o final dos anos 1980 e meados dos anos 1990, em que as entradas representaram sempre

    mais do dobro das sadas anuais. O segundo, a partir de 2003 em que se repetiu, a nveis maiselevados, o verificado no primeiro momento.

    Em resultado desta evoluo do fluxo migratrio, os portugueses tornaram-se, a partir

    de 1981, a principal comunidade de imigrantes no Luxemburgo, representando, em 2013,

    36.9% do total de estrangeiros residentes no pas e 16.4% da populao total.

    Figura 1 Entrada e sada de portugueses no Luxemburgo, 1970-2012

    Fonte STATEC (vrios anos, disponvel em http://www.statistiques.public.lu).

    2Para uma anlise aprofundada da histria da emigrao portuguesa no Luxemburgo, veja-se Beiro (1999) e

    Arroteia (1986).

    -1.000

    0

    1.000

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    6.000

    1970

    1981

    1983

    1985

    1987

    1989

    1991

    1993

    1995

    1997

    1999

    2001

    2003

    2005

    2007

    2009

    2011

    Saldo migratrio Entradas Sadas

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    OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt 7

    Figura 2 Evoluo da populao estrangeira e da populao portuguesa no Luxemburgo, 1960-2013

    Fonte STATEC (vrios anos, disponvel emhttp://www.statistiques.public.lu)

    Em termos demogrficos a populao portuguesa no Luxemburgo pode ser

    caracterizada como jovem (com uma idade mdia de 32.9 anos) e com uma repartio por

    sexo ligeiramente enviesada a favor do sexo masculino (52.5%).3

    Em termos de habilitaes escolares, trata-se de uma populao em que predominam

    os baixos nveis de escolaridade (45% dos portugueses com mais de 14 anos apenasfrequentaram o ensino primrio e 24% o nvel inferior do ensino secundrio),4seguidos pelos

    nveis de formao intermdios (sobretudo de natureza profissionalizante). A anlise dos nveis

    de formao por grupo etrio permite verificar que os baixos nveis de formao predominam,

    praticamente, em todos os grupos etrios, embora com uma proporo decrescente medida

    que se observam os grupos de idade mais jovens. Assim, 80 ou mais por cento dos portugueses

    com 40 e mais anos apenas apresentam como nvel de qualificao escolar o ensino primrio

    ou o nvel inferior do ensino secundrio (percentagem que sobe para mais de 90% nos

    emigrantes com 55 e mais anos). Nos grupos de idade mais jovens a proporo dos detentores

    de nveis de formao mais baixos reduz-se para 69.2%, entre os que tm entre 35 e 39 anos, e

    para 45.4% no caso dos que tm entre 25 e 29 anos. Assiste-se, deste modo, a uma expanso

    3Dados referentes ao recenseamento da populao de 2011.

    4O nvel inferior do ensino secundrio equivalente ao 9 ano em Portugal (Portaria n. 699/2006 de 12 de julho).

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    0

    75.000

    150.000

    225.000

    300.000

    1960 1970 1981 1991 2001 2011 2013

    Total de estrangeiros Portugueses % de portugueses

    http://www.statistiques.public.lu/http://www.statistiques.public.lu/http://www.statistiques.public.lu/http://www.statistiques.public.lu/
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    temporal da formao escolar dos portugueses no Luxemburgo, embora a um nvel inferior ao

    registado pela populao total (STATEC, 2013).5

    interessante observar que, tratando-se de uma migrao de cariz laboral, somente

    51.2% dos portugueses se encontram ativos no mercado de trabalho luxemburgus. Este dadoreflete o desenvolvimento dos processos de reagrupamento familiar e da formao das

    famlias portuguesas no Luxemburgo. Assim, da populao inativa, 22.7% so estudantes e

    7.3% so reformados. ainda de notar que 4.9% dos inativos se encontram numa situao de

    desemprego.

    Figura 3 Principais sectores de atividade dos portugueses, 2011

    Fonte STATEC (vrios anos, disponvel em http://www.statistiques.public.lu)

    A insero dos portugueses no mercado de trabalho luxemburgus marcada pela

    concentrao de uma parte importante dos emigrantes nos sectores de atividade

    tradicionaisda construo civil (23.6%) e do comrcio, hotelaria e restaurao (16.5%)

    (figura 3). Para alm destes sectores de referir a relevncia assumida pelo sector dos servios

    de apoio que emprega 10.3% dos portugueses. Os dados relativos aos sectores de atividade

    dos jovens ativos (15 a 29 anos) mostram que estes tendem a apresentar algumas diferenas

    em relao estrutura ocupacional geral dos portugueses, embora se mantenha o padro

    ocupacional global. Verifica-se, no grupo dos ativos jovens, uma ligeira diminuio no sector da

    5Na populao total a percentagem dos que possuem nveis mais baixos de formao de 19.2% para os jovens

    entre os 25 e 29 anos, 21.7% para os que tm entre 30 e 34 anos e 27.1% para a populao entre os 35 e 39 anos

    (STATEC, 2013).

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    Indstrias

    transformadoras

    Construcao Comrcio,

    transportes,restaurao e

    hotelaria

    Actividades,

    cientficas,tcnicas,

    administrativas eservicos de apoio

    Administrao

    pblica, educao,sade e serviosde apoio social

    Outros sectores

    Total 15-29 anos

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    construo civil (21.7%) e um aumento no sector do comrcio, restaurao e hotelaria (31%) e

    em sectores que, em termos gerais, ocupam menos portugueses: os servios (17.6%) e a

    administrao, educao e sade (12%).

    Quanto condio perante a atividade econmica, a esmagadora maioria dos ativosportugueses encontra-se a trabalhar por conta de outrem (92.1%) (figura 4). Os trabalhadores

    por conta prpria representam, em 2011, 3.5% dos ativos (no total 1,384 pessoas) e os

    restantes 4.4% distribuem-se por ativos em formao (2%) e pelos que no indicaram o seu

    estatuto profissional (2.4%).6

    Apresentadas de forma sinttica algumas das caratersticas da populao portuguesa no

    Luxemburgo, importa, de seguida, olhar para as prticas empreendedoras destes portugueses.

    Figura 4 Condio perante a atividade econmica dos portugueses, 2011

    Fonte STATEC (vrios anos, disponvel em http://www.statistiques.public.lu)

    6Os dados relativos caraterizao econmica dos portugueses resultam de um levantamento solicitado ao servio

    estatstico luxemburgus (STATEC).

    Conta de outrm; 92,1%

    Conta prpria; 3,5%

    Aprendizes; 2,4%

    Sem indicao; 2,4%

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    2 Empreendedorismo dos portugueses no Luxemburgo

    Os dados relativos insero econmica dos emigrantes portugueses no Luxemburgo, atrs

    apresentados, mostram que a percentagem dos que trabalham por conta prpria no

    quantitativamente muito significativa. Como, contudo, reconhecem diversos autores, no

    obstante a importncia relativa das atividades de empreendedorismo imigrante para as

    economias dos pases de acolhimento, no deve ser descurado o significado substantivo e as

    implicaes prticas destas atividades para os prprios imigrantes.7A aferio destas

    consequncias prticas significa conhecer se o autoemprego constitui uma opo face ao

    desemprego, se cria oportunidades de trabalho para um indivduo e/ou os seus co-nacionais,se confere recursos econmicos, se possibilita ou assenta na manuteno de relaes

    transnacionais, etc. (Lightet al., 1994; Portes e Sensenbrenner, 1993).

    A aplicao de um questionrio aos empresrios portugueses no Luxemburgo procurou,

    precisamente, contribuir para o conhecimento destes aspetos, atravs da incluso de um

    conjunto de questes dirigidas:

    a) caracterizao da atividade empresarial dos emigrantes portugueses;

    b) identificao dos principais determinantes do desenvolvimento das prticas

    empreendedoras, possibilitando, assim, conhecer a influncia dos recursos individuais e

    de grupo e a ao de fatorespull epush(de incentivo e de presso);

    c) anlise dos problemas e das necessidades de apoio sentidas pelos empresrios de

    origem imigrante e, em particular, a relevncia dos recursos familiares e co-nacionais

    no processo de desenvolvimento empresarial;

    d) ao reconhecimento da construo e manuteno de relaes econmicas externas por

    parte dos empreendedores portugueses no exterior, em particular as relaes

    econmicas mantidas com o pas de origem.

    7 Utilizar-se-o de forma indiferenciada ao longo do texto as designaes empreendedorismo imigrante e

    empreendedorismo tnico. Reconhece-se, contudo, que o empreendedorismo tnico se refere a prticas de

    autoemprego de um segmento da sociedade cujos membros partilham (ou acreditam partilhar) uma origem tnica

    e cultural comum e que se envolvem em atividades partilhadas nos quais esta origem comum constitui um

    elemento central, enquanto a noo de empreendedorismo imigrante se limita aos indivduos que efetivamente

    encetaram um movimento migratrio (excluindo, por isso, aqueles que nasceram no pas de acolhimento) (Volery,

    2007; Yinger, 1985).

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    OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt 11

    2.1 Caracterizao dos inquiridos

    Antes de prosseguir com a anlise dos dados do inqurito, importa apresentar, de forma

    breve, as caractersticas dos inquiridos. O inqurito foi aplicado entre janeiro e fevereiro de2012 a 156 empresrios portugueses no Luxemburgo (ou seja, a aproximadamente 11% dos

    portugueses que, segundo o Censo de 2011, trabalhavam por conta prpria). Naturalmente

    que o nmero de inquiridos e a metodologia de amostragem utilizada dificilmente permitem

    extrapolar os resultados obtidos para a generalidade dos emigrantes empreendedores

    portugueses no Luxemburgo.8Contudo, esse tambm no constitua o objetivo central da

    investigao realizada, a qual foi orientada pelo interesse em expandir o conhecimento sobre

    as atividades empreendedoras dos emigrantes portugueses, uma rea que, como referido na

    introduo, tem estado pouco presente nos estudos sobre a emigrao portuguesa.Dos 156 inquiridos, 58% eram do sexo masculino e um pouco mais de dois teros

    (70.5%) tinham entre 35 e 54 anos (figura 5). Quanto ao ano da primeira entrada no

    Luxemburgo, pode notar-se que 32.3% emigrou nos anos 1990 e 21.9% na primeira dcada do

    sculo XXI. Os dados relativos entrada no Luxemburgo, em especial as que decorrerem

    durante a ltima dcada do sculo XX, indicam a manuteno do fluxo migratrio portugus

    para este pas aps o anunciado final dos movimentos emigratrios nacionais. Os sectores

    econmicos em que se inseriam os emigrantes antes de se tornarem independentes eram os

    do alojamento e restaurao (32.1%), construo civil (13.7%), comrcio (15.3%), o sector

    imobilirio e sector dos outros servios (11.5%, referentes sobretudo, prestao de servios

    domsticos, limpezas e servios pessoais, etc.).

    8A tcnica de amostragem seguida foi a de bola de neveque se reveste de especial utilidade num estudo de cariz

    mais exploratrio, no qual se procura uma primeira aproximao ao tema que permita uma posterior sustentao e

    desenvolvimento de um estudo mais aprofundado. A tcnica da bola de nevefoi constrangida pela imposio de

    quotas relativas ao gnero e ao sector de atividade. Procurou-se, deste modo, incluir migrantes ativos em

    diferentes sectores de atividade e uma proporo importante de homens e mulheres, assumindo que ambos os

    sexos apresentam diferentes oportunidades no mercado de trabalho e na prossecuo de uma atividade

    independente.

  • 7/24/2019 OEmWorkingPaper 01 2015 Luxemburgo

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    OEm Working Papers | 01 [maio de 2015]

    12 OEm Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt

    Figura 5 Caractersticas sociodemogrficas dos inquiridos

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012

    Homens;58,3

    Mulheres;41,7

    Sexo dos inquiridos (%)

    14,7

    39,7

    30,8

    12,2

    2,6

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    25-34 35-44 45-54 55-64 65-69

    Idade (%)

    23,2 22,6

    32,3

    21,9

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    1968-1979 1980-1989 1990-1999 2000-2011

    Ano de entrada (%)

    6,1

    11,5

    13,7

    15,3

    32,1

    0 20 40

    Imobiliria e prestao deservios

    Outros

    Construo

    Comrcio

    Alojamento e restaurao

    Sector de actividade antes actividadeindependente (%)

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    2.2 Atividade empresarial

    A maioria das empresas dos participantes no inqurito foi criada no sculo XXI e, emparticular, a partir de 2006 (44.2%). Neste perodo, foram, sobretudo, os emigrantes que

    chegaram ao Luxemburgo na ltima dcada do sculo XX, ou na primeira dcada do

    sculo XXI os principais responsveis pelo desenvolvimento de uma atividade

    empresarial (respetivamente, 32.4% e 38.2%).

    Quanto forma de incio da atividade, a quase totalidade dos inquiridos (99.3%)

    comprou uma empresa j existente e s uma minoria percorreu todo o processo de criao

    inicial de uma empresa. A forma jurdica escolhida para a constituio da empresa foi,

    maioritariamente, a sociedade annima (55.6%), seguindo-se formas de propriedadeindividuais (35.3%) ou de sociedade unipessoal (5.2%).

    Quadro 1 Empresas criadas

    Indicador % N

    Ano de criao

    At 1980 5.2 8

    1981-1990 10.4 16

    1991-2000 20.1 31

    2001-2005 20.1 31

    2006-2011 44.2 68

    Forma de propriedade

    Empresrio em nome individual 35.3 54

    Sociedade unipessoal por quotas 5.2 8

    Sociedade annima 55.6 85

    Outra 3.9 6

    Forma de financiamento

    Poupanas pessoais 40.9 63

    Crdito bancrio 39.0 60

    Emprstimos de familiares/amigos 7.1 11

    Poupanas e crdito bancrio 11.7 18

    Outra 1.3 2

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

    Os recursos prprios (40.9%) ou institucionais (crdito bancrio) (39.0%) constituem os

    principais recursos utilizados pelos portugueses no momento de criao da sua empresa. Os

    recursos oriundos da comunidade (familiares ou amigos) assumem uma proporo bastante

    reduzida (apenas 7.1% afirmaram recorrer a este tipo de ajuda). Este reduzido acesso aos

    recursos econmicos da comunidade assinalvel atendendo a que a insuficincia de recursos

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    econmicos e financeiros constitui uma das principais dificuldades apresentadas pelos

    emigrantes empreendedores portugueses. Parece, assim, que, ao contrrio do

    frequentemente sugerido na literatura relativa ao empresarialismo imigrante (ver, por

    exemplo, Light, 1987; Light e Gold, 2000; Smallbone et al., 2003), a escassez de capitaisprprios no , no caso dos empresrios portugueses, compensada pelo acesso a mecanismos

    de solidariedade financeira oriundos da comunidade ou da famlia.

    Uma elevada proporo das empresas criadas pelos inquiridos so de pequena ou mdia

    dimenso quer em termos de nmero de empregados (at 9 empregados), quer em termos de

    volume de negcio (geralmente inferior a 75 mil euros) (quadro 2).

    A anlise dos sectores em que os emigrantes portugueses constituram as suas

    empresas mostra que estes so, sensivelmente, os mesmos sectores em que exerceram a sua

    ltima ocupao antes de se tornarem independentes, a saber: o sector do alojamento erestaurao (57.8%), do comrcio (16.9%) e do imobilirio e prestao de servios (11.7%). O

    sector da construo civil , do conjunto de sectores mais significativos em termos de insero

    dos portugueses, o que apresenta uma percentagem inferior de autoemprego. Acreditamos

    que tal se justifica pelos elevados valores de investimento em capital geralmente associados a

    uma atividade empresarial neste sector.

    Quadro 2 Caractersticas das empresas

    Indicador % N

    Sector de atividade

    Alojamento e restaurao 57.8 89

    Comrcio 16.9 26

    Imobilirio e prestao de servios 11.7 18

    Construo 3.2 5

    Outro 10.3 16

    Nmero de empregados

    Nenhum 17.5 27

    1 a 9 67.5 104

    10 a 29 9.7 15

    30 e mais 5.2 8

    Volume de negcios

    At 75,000 86.3 132

    75,000 a 150,000 13.7 21

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

    O cruzamento do sector de atividade anterior atividade empresarial com o sector de

    desenvolvimento empresarial no Luxemburgo mostra que para 40.5% dos inquiridos no

    houve qualquer alterao e que para os restantes a alterao foi, maioritariamente, do sector

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    da construo civil para os sectores do alojamento e restaurao ou do comrcio e do sector

    do comrcio para o do alojamento e restaurao e da prestao de servios. A comparao

    entre os sectores de atividade, apesar de permitir detectar uma relao interessante entre o

    ltimo sector de trabalho por conta de outrem e o primeiro em que desempenha umaatividade por conta prpria, no elucida sobre toda a experincia profissional anterior do

    emigrante. A partir de entrevistas conduzidas a informadores privilegiados (que servem,

    sobretudo, para completar as informaes obtidas a partir do inqurito) possvel afirmar que

    uma parte substancial dos empresrios portugueses no Luxemburgo criou a sua empresa em

    atividades onde, numa fase anterior do seu percurso profissional, desenvolveram uma

    atividade laboral. Assim, por exemplo, muitos decidem tornar-se independentes no sector da

    restaurao porque trabalharam durante algum tempo como empregados neste sector,

    adquirindo a competncias relativas ao funcionamento do sector (em termos de clientes,fornecedores, possibilidade de lucro, etc.).

    A reduzida participao familiar no processo de financiamento inicial da empresa, atrs

    mencionada, no significa que a famlia, ou a restante comunidade portuguesa, se mantenha

    margem do funcionamento da empresa aps a sua formao. Assim, quase 40% dos inquiridos

    afirmaram que empregavam pelo menos um membro da sua famlia e aproximadamente trs

    quartos dos inquiridos indicaram que os seus empregados eram exclusivamente de

    nacionalidade portuguesa (quadro 3).

    Quadro 3 Nacionalidade dos empregados, clientes e fornecedores

    Nacionalidade Maioria dos empregados (%) Maioria dos clientes (%) Principais fornecedores (%)

    Portuguesa 78.3 43.1 9.0

    Portuguesa e outra 7.8 30.7 9.7

    Luxemburguesa 3.9 19.0 72.9

    Outra 10.1 7.2 8.4

    Total (N) 129 153 155

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

    Os dados relativos nacionalidade dos empregados, clientes e fornecedores permitem

    notar que as empresas formadas por portugueses, embora tenham uma forte componente

    nacional em termos da estrutura de trabalhadores e da estrutura de clientes, no subsistem

    sem a interao com a sociedade luxemburguesa, a qual assume um papel central no

    fornecimentos dos bens s empresas detidas por portugueses. Trata-se de um resultado

    natural que, em grande medida, decorre do sector de atividade da maioria das empresas

    restaurao e pequenos comrciosque tm necessidade de promover o abastecimento dos

    seus produtos nos fornecedores locais, prximos da rea de ao das empresas.

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    Em termos de uma distino frequentemente realizada nos estudos de empresarialismo

    imigrante (entre o funcionamento empresarial em mercados fechados formados por cotnicos

    ou co-nacionais ou em mercados abertos) possvel verificar que os empresrios portugueses

    no Luxemburgo no se encontram limitados a um mercado especfico (quadro 3): no caso dosfornecedores o mercado aberto assume maior preponderncia, no caso da estrutura de

    clientes assiste-se a uma situao mais diversificada (embora com predominncia dos

    nacionais portugueses) e no caso dos empregados verifica-se uma maior ao dos recursos da

    comunidade e do funcionamento do mercado de co-nacionais.

    2.3 Determinantes do desenvolvimento do empreendedorismo: a ao de fatores de

    atrao e de repulso

    Os diversos autores que tm analisado o empreendedorismo imigrante tm identificado a

    influncia de um conjunto de fatores no desenvolvimento de prticas de autoemprego por

    parte da populao migrante. Particularmente relevantes nos ltimos anos tm sido os

    estudos que propem uma abordagem multidimensional e que reconhecem a relevncia da

    interao entre fatores individuais e condies ambientais ou situacionais (Kloosterman e

    Rath, 2001; Waldingeret al., 1990). Como refere Oliveira (2004), no so somente os recursos

    comunitrios e as oportunidades na sociedade de acolhimento em si que determinaro a

    iniciativa empresarial, mas tambm a capacidade que o indivduo tem de aproveitar os

    recursos e as oportunidades.9As oportunidades incluem as possibilidades para aceder ao

    mercado e s condies de funcionamento do mercado de trabalho, ou aos recursos, que

    podem at ser caractersticas partilhadas por determinado grupo e que constituem uma via

    para iniciativas de autoemprego (Putz, 2002).

    Em sntese, tm sido apresentados os seguintes fatores como explicativos do

    desenvolvimento do empreendedorismo imigrante:

    a) os recursos individuais: em especial a disponibilidade de capital humano e financeiro.

    A reconhecida limitao de acesso aos recursos financeiros necessrios ao

    financiamento da constituio das atividades empreendedoras, tem, segundo diversos

    estudos, sido compensada pela recursos existentes na comunidade imigrante e, em

    especial, pelo apoio familiar (Sanders e Nee, 1996; Smallboneet al., 2003).

    9Veja-se, ainda, Portes e Zhou (1999).

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    b) os recursos do grupo tnico ou co-nacional e o capital social. Atende aos recursos

    tnicos e ao capital social, isto , aos recursos materiais e imateriais que podem ser

    mobilizados pelos membros dos grupos tnicos para a prossecuo das suas atividades

    empreendedoras (Granovetter, 1985; Portes e Sensenbrenner, 1993).c) os fatores estruturais. Reconhece a importncia das condies no pas de destino, isto

    das oportunidades existentes na sociedade de acolhimento, no desenvolvimento do

    empreendedorismo imigrante. Ateno particular dedicada ao dos mercados e

    estrutura do mercado de trabalho, assim como aos fatores legais e institucionais (Rath,

    2000, Waldingeret al., 1990).

    d) os incentivos e presses (factores push e pull). Identifica dois conjuntos de motivos

    extremos para o desenvolvimento de atividades empreendedoras: motivos relacionados

    com a autorrealizao (pull) e motivos decorrentes de uma economia de necessidade(push). Nos primeiros motivos dominam o desejo de autonomia, de independncia e a

    liberdade de escolha, enquanto nos segundos so preponderantes os fatores

    relacionados com a resposta a uma situao ou ameaa de desemprego, ou a

    insatisfao com a relao laboral (incluindo a insatisfao com as condies

    remuneratrias) (Clark e Drinkwater, 2000; Dawson e Henley, 2012; Dawsonet al., 2009;

    Hillmann e Rudolph, 1997).10Reconhece-se que na prtica a constituio de uma

    atividade empreendedora quase sempre o resultado de um conjunto de incentivos e

    de presses, pelo que a simples categorizao das motivaes apenas em dois polos

    extremos no suficiente para a compreenso integral das razes do desenvolvimento

    de uma atividade empreendedora.

    Admite-se no presente estudo que as iniciativas empreendedoras no so determinadas

    somente pelos recursos (humanos e financeiros) disponveis, mas tambm por certos

    incentivos e presses e que as decises relativas ao desenvolvimento de uma atividade

    empresarial so complexas, combinando, em grau varivel, um conjunto diversificado de

    motivaes. A identificao destes incentivos e presses (ou destes fatorespushepull)

    particularmente interessante quando se procura conhecer os motivos que desencadearam a

    prossecuo de uma atividade independente por parte dos imigrantes.

    No mbito deste estudo, considerou-se importante conhecer as razes que conduziram

    adoo de uma atividade independente e, em particular, conhecer se esta foi iniciada mais

    10Os fatores de atrao e de repulso que conduzem adoo de prticas empreendedoras so na literatura (em

    particular na produzida no mbito do Global Entrepreneurship Monitor) conhecidas, tambm, por

    empreendedorismo baseado na necessidade e empreendedorismo baseado em oportunidades (Reynolds et al.,

    2002).

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    por fatores de atrao ou motivada por uma presso resultante da limitao das

    oportunidades no mercado de trabalho. No se pretendendo discutir de forma aprofundada a

    ao de todos estes fatores no processo de autoemprego dos emigrantes portugueses no

    Luxemburgo, debruar-nos-emos de seguida apenas sobre os incentivos e as presses dosemigrantes de modo a conhecer, nesta primeira abordagem, os motivos que conduziram ao

    desenvolvimento de prticas empreendedoras por parte dos emigrantes portugueses. Trata-

    se, sobretudo, de fatores subjetivos, apontados pelos inquiridos no momento da inquirio,

    restando conhecer a relevncia efetiva de cada um destes fatores no processo de deciso de

    desenvolvimento de uma atividade independente.

    Quadro 4 Incentivos e presses para o desenvolvimento da atividade empresarial

    Questo Motivo/indicador Fator %

    ideia da famlia Famlia Incentivo 4.7

    mudana nas circunstncias familiares Famlia Presso 1.3

    tinha esse objetivo quando emigrei Disposio/realizao Incentivo 0.6

    tinha capital para investir Disposio Incentivo 3.9

    sentia essa necessidade Disposio/realizao Incentivo 1.3

    queria trabalhar por conta prpria Autonomia Incentivo 19.3

    oportunidade para obter proveitos prprios Autonomia Incentivo 14.3

    tinha uma boa ideia de negcio Reconhecimento de oportunidade Incentivo 4.7

    tinha bons contactos para parceiros de negcios Reconhecimento de oportunidade Incentivo 1.1

    surgiu a oportunidade Reconhecimento de oportunidade Incentivo 26.3

    conhecia bem o sector de negcio Reconhecimento de oportunidade Incentivo 13.1

    estava desempregado Desemprego Presso 1.3

    estava insatisfeito com a minha situao anterior Insatisfao Presso 9.0

    Nota As razes que conduziram ao desenvolvimento da atividade empresarial foram aferidas atravs de uma questo de

    resposta mltipla (limitada a um mximo de trs respostas). Apresentam-se no texto as percentagens de respostas assinaladas.

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

    Os dados do quadro indicam que os fatores de atrao (incentivos) parecem ser os mais

    importantes na deciso de constituio de uma empresa (no total, estes fatores obtiveram

    89.3% das respostas). O reconhecimento de oportunidades, em conjunto com o conhecimento

    do sector de negcio, constituem importantes motivos na prossecuo de uma atividade

    independente (39.4% das respostas), o que sugere a importncia do conhecimento do sector

    de atividade (decorrente, por exemplo, de uma experincia profissional anterior) no processo

    de constituio das empresas. O desejo de adquirir independncia ou de obter proveitos

    prprios recolhe, igualmente, um nmero elevado de respostas (33.6%). Os inquiridos

    atriburam uma menor relevncia no processo de deciso aos fatores repulsivos (ou, de

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    presso), tais como insatisfao com a situao laboral anterior, ou o desemprego

    (respetivamente 9.0% e 1.3% das respostas).11

    A categorizao dos motivos de constituio de uma atividade empresarial

    independente em fatores de presso e de incentivo, apesar de interessante do ponto de vistaanaltico e til para o desenvolvimento de polticas promotoras do empreendedorismo, ignora

    que no processo de tomada de deciso intervm, frequentemente e de forma conjunta, ambos

    os conjuntos de fatores. Por exemplo, os inquiridos que consideraram que na origem da sua

    iniciativa empresarial esteve a insatisfao com a sua situao laboral (fator de presso),

    indicaram, tambm, como motivao a identificao de uma oportunidade ou o desejo de

    trabalhar por conta prpria (fatores de incentivo). No total, 33.3% dos inquiridos associaram

    um fator de presso a um fator de incentivo e os restantes apenas identificaram fatores de

    atrao. , assim, importante reconhecer que ambos os conjuntos intervm, em diferentesgraus, no processo de constituio de uma atividade empreendedora e que se torna

    necessrio conhecer a importncia relativa de cada um destes fatores e a importncia efetiva

    de cada um dos fatores apresentados no processo de deciso (o que no possvel de ser

    realizado com o dados do inqurito que se tm vindo a usar).

    2.4 Dificuldades experimentadas no processo de criao empresarial e no decurso

    da atividade da empresa

    A deciso de iniciar uma atividade empreendedora associa-se identificao dos recursos

    (conhecimentos, capital econmico, capital social, etc.) disponveis para prosseguir a

    concretizao da iniciativa empresarial. Trata-se neste lugar, sobretudo, de identificar os

    constrangimentos experimentados pelos migrantes no processo de constituio e

    desenvolvimento da sua atividade. No mbito do presente estudo, os inquiridos foram

    questionados sobre os problemas experimentados em dois momentos distintos: aquando da

    criao da empresa e durante o perodo de funcionamento da mesma.

    Como mostram os dados do quadro seguinte, as dificuldades experimentadas pelos

    empreendedores portugueses no Luxemburgo no momento de criao da empresa so,

    sobretudo, de natureza estrutural (questes de financiamento, problemas de pessoal,

    insuficincia de clientes e dificuldade em encontrar instalaes). A insuficincia de recursos

    financeiros e a dificuldade de aceder s instituies de crdito surgem como fatores

    11 semelhana da maioria das respostas a questes sobre eventos passados, as respostas dadas pelos inquiridos

    podero ter sido influenciadas pelo enviesamento autojustificado que tende a sobrevalorizar os efeitos positivos,

    isto , os fatores de atrao (Pearsonet al., 1994).

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    estruturais particularmente constrangedores no incio da atividade empresarial. de assinalar,

    igualmente, a relevncia atribuda escassez de recursos humanos. Trata-se de um dado

    interessante se tomarmos em considerao que, como mencionado atrs, a maioria dos

    empregados que trabalham nas empresas dos inquiridos so de nacionalidade portuguesa.12Ainda no mbito dos obstculos estruturais, as questes burocrticas (contato com as

    instituies e gesto do processo administrativo) surgem, embora com menor relevncia,

    como o terceiro conjunto de dificuldades experimentadas pelos empreendedores portugueses

    no incio da sua atividade empresarial. A menor importncia atribuda a estes dois fatores

    poder ser justificada pelo conhecimento prvio do funcionamento da sociedade

    luxemburguesa e, em particular, do sector de atividade em que os emigrantes portugueses

    iniciaram a sua empresa.

    Para alm das dificuldades de natureza estrutural, os obstculos de ndole pessoaltambm contribuem para dificultar a fase inicial da constituio da empresa. Neste aspeto o

    desconhecimento das leis do pas ou das tcnicas de gesto surgem como os fatores mais

    relevantes para os inquiridos, seguidos pelos problemas com os scios. As dificuldades

    relacionadas com aspetos considerados centrais na formao de uma empresa (ideia de

    negcio, definio de estratgia e capacidade de organizao) so consideradas pouco

    relevantes pelos inquiridos.

    No geral, os emigrantes portugueses inquiridos atribuem aos fatores pessoais uma

    relevncia menor que aos fatores estruturais. Trata-se de um resultado que no deixa de ser

    natural atendendo a que o processo de criao empresarial requer, para alm de outros

    fatores, determinadas caractersticas pessoais (por exemplo, ao nvel dos conhecimentos do

    sector, da predisposio para o risco, etc.) cuja ausncia inibe a prossecuo de uma atividade

    empresarial. Dado que o inqurito foi aplicado apenas aos que concluram o processo de

    criao de uma empresa e que ainda detinham uma atividade empresarial, de admitir que

    estejamos perante uma amostra positivamente selecionada, isto uma amostra em que os

    referidos fatores pessoais (e, tambm os de natureza estrutural) apesar de se constiturem

    como obstculo no foram suficientes para inviabilizar o desenvolvimento da atividade

    empresarial.

    Ultrapassados os obstculos iniciais constituio da empresa os emigrantes registam

    uma evidente diminuio das dificuldades nos momentos posteriores. Esta reduo evidente

    quer nas dificuldades de natureza estrutural, quer nas de natureza pessoal (quadro 6).

    12 Poder admitir-se a hiptese da escassez de pessoal identificada pelos empregadores poder, aps o incio da

    atividade, ser colmatada com o recrutamento de nacionais em Portugal.

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    Quadro 5 Dificuldades sentidas no perodo inicial da constituio da empresa (% de respostas positivas)

    Dificuldades sentidas % Nmero de respostas

    Problemas com scios 14.2 141

    Conhecimentos insuficientes de tcnicas de gesto 18.3 142

    Ausncia de recursos econmicos ou financeiros 44.5 144

    Falta de mo-de-obra disponvel 27.5 149

    Ausncia de uma ideia de negcio ou oportunidade 4.1 128

    Dificuldade no contacto com instituies no pas de acolhimento 12.5 144

    Desconhecimento das leis no pas de acolhimento 19.0 147

    Dificuldade em definir uma estratgia empresarial 4.8 146

    Dificuldades de organizao e funcionamento 6.1 148

    Dificuldade em obter informao adequada 10.8 148

    Problemas no abastecimento de mercadorias 6.8 147

    Falta de clientes 28.4 148

    Dificuldades em encontrar instalaes apropriadas 20.7 150

    Dificuldades de acesso a crdito bancrio 19.2 141

    Racismo ou discriminao 19.1 147

    Dificuldades de gesto do processo administrativo com as autoridades oficiais 10.2 147

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

    Quadro 6 Dificuldades sentidas no funcionamento da empresa (% de respostas positivas)

    Dificuldades sentidas % Nmero de respostas

    Problemas com scios 5.6 141

    Conhecimentos insuficientes de tcnicas de gesto 6.9 145

    Ausncia de recursos econmicos ou financeiros 18.5 146

    Falta de mo-de-obra disponvel 12.9 148

    Dificuldade no contacto com instituies no pas de acolhimento 4.1 146

    Desconhecimento das leis no pas de acolhimento 6.1 147

    Dificuldade em definir uma estratgia empresarial 4.1 147

    Dificuldades de organizao e funcionamento 4.1 147

    Dificuldade em obter informao adequada 4.8 147

    Problemas no abastecimento de mercadorias 5.4 147

    Falta de clientes 14.4 146

    Dificuldades em encontrar instalaes apropriadas 6.8 147

    Dificuldades de acesso a crdito bancrio 6.9 146

    Racismo ou discriminao 10.2 147

    Concorrncia 9.4 149

    Dificuldades de gesto do processo administrativo com as autoridades oficiais 6.1 147

    Fonte Inqurito aos empresrios portugueses no Luxemburgo, 2012.

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    2.5 A construo e manuteno de relaes econmicas externas por parte dos

    empreendedores portugueses no exterior

    Analisadas as caratersticas do empreendedorismo portugus no Luxemburgo, importaconhecer em que medida esta atividade recorre s ligaes que o emigrante mantm com o

    seu pas de origem para potenciar o funcionamento do seu negcio. Trata-se, no essencial, de

    avaliar a extenso e intensidade das prticas de empreendedorismo transnacional entre os

    portugueses empreendedores no Luxemburgo.13A este respeito, o questionrio usado

    continha um conjunto de questes para, primeiro, aferir a relao que o emigrante mantinha

    com o seu pas de origem e, segundo, para recolher informao sobre a utilizao dos contatos

    com Portugal no desenvolvimento da atividade empresarial.

    A generalidade dos emigrantes portugueses inquiridos exprime um relacionamentoprximo com o seu pas de origem, em particular com a realizao regular de frias em

    Portugal,14ou a realizao de investimentos no pas (sobretudo, de natureza imobiliria,

    dirigidos aquisio de casa prpria). A maioria dos inquiridos (56.8%) afirmou j ter realizado

    algum investimento em Portugal e dos que ainda no realizaram investimentos no pas, 34.3%

    indicaram pretender no futuro concretizar algum tipo de investimento em Portugal. Uma parte

    desta percentagem de intenes futuras de investir no pas poder ser justificada pelo

    contexto econmico desfavorvel que o pas atravessava no momento do inqurito. Os dados

    do inqurito no permitem confirmar esta assero, mas permitem notar a existncia de uma

    relao significativa entre os planos futuros dos inquiridos e as intenes de investimento. Dos

    que indicaram no ter inteno de investir Portugal, 70.5% afirmaram pretender permanecer

    definitivamente no Luxemburgo e 20.5% revelaram ainda no terem planos definitivos em

    relao ao futuro.

    Relativamente a outra forma tradicional de manuteno de relaes com o pas de

    origem, o envio de remessas financeiras, a maioria dos inquiridos (73.5%) afirmou no enviar

    dinheiro para Portugal.

    Para alm das referidas relaes dos emigrantes portugueses com o seu pas de origem,

    as quais no so exclusivas dos emigrantes empreendedores, so de referir as relaes que os

    empreendedores portuguese no Luxemburgo estabelecem com empresas em Portugal. Estas

    relaes econmicas externas podem representar um potencial importante quer no incio do

    13 Sobre a noo de empreendedorismo transnacional, veja-se, entre outros, Portes, Guarnizo e Haller (2002) e

    Drori, Honig e Wright (2009).14

    49.7% dos inquiridos afirmaram realizar regularmente frias em Portugal e 41.3% assinalaram realizar

    ocasionalmente frias no pas. Somente 0.6% dos empresrios portugueses que responderam ao inqurito

    afirmaram no fazer frias em Portugal.

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    desenvolvimento da atividade empresarial, quer no decurso da mesma. Os contatos com

    empresas, fornecedores e distribuidores no pas de origem podero permitir a ativao de

    oportunidades de acesso privilegiado (em termos de custo e tempo) a recursos importantes

    para os seus negcios. A ausncia de barreiras lingusticas e culturais e o conhecimento,explcito e implcito, das estruturas formais e informais do pas de origem, podero facilitar o

    desenvolvimento das relaes comerciais dos empresrios portugueses com parceiros de

    negcios em Portugal. A construo e evoluo destas relaes transnacionais no , contudo,

    uma realidade evidente ou natural para todos os emigrantes empreendedores. A distncia

    espacial e temporal (diferena entre o tempo da procura e o tempo da oferta de bens e

    servios) e o tipo de indstria ou a natureza do produto ou servio comercializado exercem

    uma forte influncia sobre a existncia e a intensidade das relaes econmicas externas dos

    migrantes empreendedores.

    15

    Para os empreendedores portugueses no Luxemburgo as relaes comerciais com o pas

    de origem constituem uma atividade regular (29%) ou ocasional (41.9%). O relacionamento

    comercial com empresas, fornecedores ou distribuidores em Portugal mais intenso no

    conjunto de sectores econmicos assentes na comercializao de bens de origem portuguesa.

    A maioria dos inquiridos que afirmou manter relaes regulares ou ocasionais com empresas

    em Portugal desenvolvem a sua atividade empresarial no sector do comrcio (16.5%) ou no

    sector da restaurao (61.5%).

    As relaes comerciais com o exterior no se limitam s empresas situadas no pas de

    origem. Elas podem, igualmente, envolver outras empresas detidas por emigrantes

    portugueses localizadas noutros pases de acolhimento. Embora se trate de uma questo

    importante para aferir as relaes que se estabelecem entre os emigrantes empreendedores

    portugueses residentes em diferentes pases e para analisar o potencial associado a este tipo

    de interao, o instrumento usado para recolher os dados para este estudo no inclua

    questes direcionadas a esta realidade.

    15A estes fatores h a acrescentar, a nvel macro, o quadro regulatrio e institucional dos diferentes pases.

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    Notas finais

    Os dados relativos s prticas empreendedoras dos portugueses no Luxemburgo permitem

    realizar uma caracterizao inicial desta realidade. Eles referem-se a um momento especfico

    no tempo (o momento da inquirio) e no permitem, por isso, avaliar o desenvolvimento

    longitudinal das atividades empresariais. Fica, deste modo, por conhecer o grau de sucesso ou

    insucesso das empresas constitudas (particularmente as de constituio mais recente), ou as

    alteraes verificadas na situao das empresas dos inquiridos. No obstante esta limitao

    possvel assinalar que o empreendedorismo portugus no Luxemburgo constitui uma realidade

    bastante presente e importante para a comunidade portuguesa a residente quer pelavisibilidade associada s atividades desenvolvidas, quer por se constiturem como espao de

    insero laboral (e de sociabilidade) de muitos emigrantes portugueses. Concentradas,

    principalmente, nos sectores do comrcio e da restaurao, as atividades empreendedoras dos

    portugueses resultam, sobretudo, da identificao de oportunidades particulares no mercado

    de trabalho e menos de constrangimentos impostos ao percurso laboral do emigrante (como,

    por exemplo, o desemprego). A identificao destas oportunidades e o reduzido nvel de

    dificuldades burocrticas experimentadas no processo de constituio da atividade

    independente resultam dos conhecimentos sobre o funcionamento do sector da atividade

    adquiridos num perodo em que os emigrantes empreendedores se encontravam a trabalhar,

    frequentemente, nesses mesmos sectores como trabalhadores por conta de outrem.

    Os resultados do estudo sobre o empreendedorismo portugus no Luxemburgo

    apresentados de forma sinttica ao longo das pginas precedentes constituem um passo

    preparatrio no estudo das prticas de empreendedorismo dos emigrantes portugueses. A

    longo prazo espera-se conseguir alargar a anlise a outros contextos nacionais e conhecer os

    desenvolvimentos contemporneos das prticas empreendedoras dos emigrantes portugueses

    e, em particular, estudar o desenvolvimento de prticas empreendedoras transnacionais quer

    entre os emigrantes portugueses residentes no exterior quer entre este e o seu pas de

    origem.

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    [OEm.WP.2015.01] EMPRESRIOS PORTUGUESES NO LUXEMBURGO

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    Outras publicaes do OEm

    Emigrao Portuguesa na Unio Europeia: Dados dos Censos de 2011 (maio de 2014)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/1272]

    Emigrao Portuguesa por Pas: Espanha (outubro de 2013)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/3725.html]

    Emigrao Portuguesa por Pas: EUA (julho de 2014)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/3914.html]

    Emigrao Portuguesa: Relatrio Estatstico 2014 (julho de 2014)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/1207]

    Portuguese Emigration Factbook 2014 (dezembro de 2014)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/1269]

    Remessas 2013 (dezembro de 2014)

    [http://www.observatorioemigracao.pt/np4/1273]

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    oemObservatrio da Emigrao

    O Observatrio da Emigrao integra o Centro de Investigao e Estudos de Sociologiado Instituto Universitrio de Lisboa (CIES-IUL) e resulta de uma parceria entre o Instituto

    e a Direo Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas (DGACCP).

    Srie OEm Working-Paper | 01

    Ttulo Empresrios portugueses no Luxemburgo: uma primeira aproximao

    Autores Jos Carlos Marques

    Edio Observatrio da Emigrao, CIES-IUL, ISCTE-IUL

    Data maio de 2015

    ISNN 2183-5438

    DOI 10.15847/CIESOEMWP012015

    URI http://hdl.handle.net/10071/8894

    Como citar Marques, Jos Carlos (2015), Empresrios portugueses no Luxemburgo:

    uma primeira aproximao, OEm Working-Paper, 01, Lisboa, Observatrio

    da Emigrao, CIES-IUL, ISCTE-IUL. DOI: 10.15847/CIESOEMWP012015

    Observatrio da Emigrao | www.observatorioemigracao.pt