mulheres empreendedoras 11

128

Upload: tiaraju-de-almeida

Post on 10-Mar-2016

390 views

Category:

Documents


23 download

DESCRIPTION

Revista Comunicacao Especial Mulheres Empreendedoras de Tapejara 2011

TRANSCRIPT

Page 1: Mulheres Empreendedoras 11
Page 2: Mulheres Empreendedoras 11

Altair Peruzzo - Representante - 9996.0336 - [email protected]

Rua 15 de Novembro, 03 - Subsolo - Tapejara RS (54) 3344.1785

uniformes escolaresartigos esportivosuniformes para empresasconfecções em geralestamparia têxtilbordados

uniformes escolaresartigos esportivosuniformes para empresasconfecções em geralestamparia têxtilbordados

Entre em campo com essa marca!Entre em campo com essa marca!Entre em campo com essa marca!Entre em campo com essa marca!Entre em campo com essa marca!

Altair Peruzzo

Rua 15 de Novembro, 03 - Subsolo - Tapejara RS

Altair Peruzzo - Representante - 9996.0336 - [email protected]

(54) 3344.1785 - Representante - 9996.0336 - [email protected]

(54) 3344.1785 - Representante - 9996.0336 - [email protected]

(54) 3344.1785 - Representante - 9996.0336 - [email protected]

Rua 15 de Novembro, 03 - Subsolo - Tapejara RS

- Representante - 9996.0336 - [email protected]

Rua 15 de Novembro, 03 - Subsolo - Tapejara RS

- Representante - 9996.0336 - [email protected] - Representante - 9996.0336 - [email protected]

Page 3: Mulheres Empreendedoras 11
Page 4: Mulheres Empreendedoras 11

Mulheres...Com paciência

O mundo soube conquistar.Mulheres duras, fracas.Mulheres de todas raças

Mulheres guerreirasMulheres sem fronteiras.Mulheres... Mulheres...

Parabéns a todas as Mulheres empreendedoras de Tapejara

Page 5: Mulheres Empreendedoras 11

5Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Page 6: Mulheres Empreendedoras 11

6Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Expediente

Publicação Especial:Revista ComunicaçãoEditora de Comunicação Norte Gaúcho Ltda.Av. 7 de Setembro, 1227 Centro - Tapejara - RSFone: (54) 9935.0946e-mail:[email protected] e Editor Chefe: Sandro Rampazzo

Departamento Comercial: (54) 3344.2760 (com Sandro)(54) 9996.0336 (com Altair)Diagramação e Arte:Tiaraju de AlmeidaImpressão: Gráfi ca TapejarenseCirculação: Tapejara, Água Santa, Coxilha, Charrua, Santa Cecília do Sul, Vila Lângaro, Ibiaçá, Sananduva, Passo Fundo.Os conceitos emiti dos nos arti gos assinados não refl etem necessariamente a opi-nião da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Page 7: Mulheres Empreendedoras 11

7Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

EDITORIAL

Neste ano de 2011, a Revista Comunicação publica a sua primeira edição especial. Trata-se do resultado de uma pesquisa e reconstituição do resgate da trajetória sócio-cultural das mulheres de Tapejara. Esta parte dos primórdios até recentemente, umas moldando tempos e espaços e outras recentemente, construindo suas marcas nos tempos e espaços. Protagonistas nos primeiros tempos, con�inadas no anonimato, enfrentando tempos exigentes e espaços precários. Mas com fé e tenacidade superaram esses fatos, dando contorno à época e a lugares. Outras, aos poucos e recentemente, estão conseguindo romper o silêncio imposto e emergir no cenário sociocultural, tendo assim, a possibilidade de estarem construindo suas marcas.

Tanto as protagonistas de ontem que moldaram um período, como as re-centes, que estão construindo sua marca para deixarem a sua moldura, ambas contribuem para o desenvolvimento sócio-econômico educacional e cultural do Município de Tapejara, desde as suas origens, passando pela saga da imi-gração e colonização; a constituição do Núcleo Itália; do povoado da Sede Tei-xeira; �lorescimento do Distrito de Teixeira; e desenvolvimento do Distrito de Tapejara que motivou e mobilizou a localidade em prol da conquista da eman-cipação política administrativa conseguida em 9 de agosto de 1955.

Com essa iniciativa, desejamos que todas e todos possam compreender o signi�icado e contribuição das empreendedoras no decurso do tempo e, assim, valorizar e reconhecer a trajetória da contribuição do saber e fazer das empre-endedoras ao desenvolvimento do Município de Tapejara.

Preservar e divulgar os diversos saberes e fazeres, em especial as manifes-tações sócio-históricas-culturais das raízes, do povo, do território e do Gover-no é o convite que fazemos a todas e todos.

Lembramos aos leitores que as entrevistas e fala das pessoas citadas man-tiveram a escrita coloquial.

Boa Leitura.

Sandro RampazzoEditor - Chefe

Page 8: Mulheres Empreendedoras 11

8Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Nos primórdios do anonimato desa� ando tempos difíceisA Saga das Imigrantes e Descendentes, A Partida: O Começo do Calvário, A Viagem nas Águas Re-

voltas, O Desembarque e a Quarentena, Embarcadas em Vapores, Caminhando pelas Picadas e Pernoi-tando na Escuridão do Mato, Assentadas em Lote de Pouca Terra e Acidentada, Renasce a Esperança: Recomeça a Peregrinação, As Picadas Abertas, Construída a Morada e a Organização do Lote, A Orga-nização da Casa Nova. A Colonização do Núcleo Itália, Herdeiras e Herdeiras da Tradição Católica, A Assinatura de Compra e Venda, Registro e Organização do Lote. Sede Teixeira, De Dia Ocupada com os Afazeres da Casa e à Noite Carregando Peso, Assumindo Risco de Vida no Local de Trabalho do Marido. Revolução Federalista. Sede Teixeira para Vila Teixeira, Militância em Favor de Posições Ca-tólicas, A Missão de Forjar o Caráter e Transmitir Conhecimentos. Vila Tapejara, Primeiro Hospital. A Missão de Cuidado e Assistência ao Povo, As Fundadoras, A Missão de Cuidados a Vida Desenvolvida no Hospital Santo Antônio, Empregadas e Aprendizes do Frigorí�ico São Paulo S/A. O Movimento Pró-emancipação de Tapejara, Desencadeado o Processo Emancipatório, A Militância no Movimento de Emancipação, A Primeira Tentativa – Arquivamento, A Luta pela Emancipação Continua, A Consulta Plebiscitária, Lei de Criação do Município de Tapejara, A Constituição do Poder Legislativo e Poder Executivo, Sessão Solene de Instalação do Município, Novos Desa�ios.

Superando o anonimato e rompendo o silêncioAvança o Desenvolvimento: Marcas no Tempo e Espaços, Rompendo o Silêncio;

A trajetória das empreendedorasASSOCIATIVISMO: Amélia Gajardo Sossella.• COOPERATIVISMO: Coopervita - A Inserção das Mulheres em uma Cooperativa de Pro-• dutos Orgânicos.COMUNITÁRIA: Regina Campagna Spuldaro, Luiza Forti Costa, Jocelina Vieira Bristott, • Dilva Madalozzo Sasset. COMÉRCIO: Regina Migliorini Bianchini, Edda Diniz Girardello Lindner, Ivone Rech de • Quadros, Lair Loiva Schimitt Taube, Margarete Dallagasperina Sbeghen e Eliana Piroli.CULTURA: Marta Bruch.• EDUCAÇÃO: Aurora Braganhollo da Silva, Serenita Doring Muxfeldt,• Catharina Borba, Maria de Lourdes Basso, Therezinha Cauduro Pina e Loreci Maria Bia-• si.INDÚSTRIA: Olga Menegaz Bortolotto, Terezinha Gollo Pietrobon, Iara Gardelin.• SAÚDE: Maria Petronilla Pellizoni, Augusta Zanatta, Catarina De Bastiani, Concheta Ma-• ria Sebben, Guilhermina Alvina Sager Bauermann.SINDICALISMO: Anadir Danieli Marcon.• SERVIÇOS: Irma Kafer Canali, Maria Menegaz Felini, Neli Olga Rintzel Miotto, Amélia • Artusi, Rosa Muxfeldt e Enilde Melara Spagnol.

O desa� o de romper preconceitosO avanço e limites das mulheres no mercado e empreendimentos, preconceitos a serem derrota-

dos.

I

II

III

IV

Page 9: Mulheres Empreendedoras 11

9Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Resgatar a trajetória sócio-cultural das mulheres em-preendedoras de Tapejara remonta num voltar no tem-po em buscar, identi�icar e reconstituir as origens e a rota navegada, a trilha seguida, o caminho e o destino tomado pelas empreendedoras nos primórdios e recen-temente, pois constituem o alicerce e as bases para en-tender o presente e para se projetar o futuro.

O ponto de partida do ensaio reconstituiu a via-crucis das imigrantes, a degradação, as tribulações da viagem na travessia do Oceano Atlântico, a quarentena no Rio de Janeiro, outro tempo de sacri�ícios; a chegada enfrentando o frio, a escassez de alimentos e a primeira morada e vida gerando �ilhas e �ilhos para dar conta nas terras no Rio Grande do Sul, novo calvário.

Entretanto, nova notícia chega aos ouvidos das imi-grantes e suas descendentes: novas colônias estão sur-gindo nas regiões do Alto Uruguai e Norte do RS. A notí-cia dava conta que muita movimentação de imigrantes e descendentes estava acontecendo por aquelas bandas. Nelas as terras estavam sendo negociadas por uma com-panhia e era sublinhado em bom tom que as terras eram férteis, de fácil acesso e os preços eram em conta.

Entre as colônias, surgia neste tempo a Colônia do Rio do Peixe localizada no norte do Rio Grande do Sul, que tinha sua sede no então Distrito de 7 de Setembro, per-tencente ao Município de Passo Fundo-RS, atualmente Município de Charrua. Entre os núcleos, estava se for-mando um povoado que era denominado de Italiano do Alto do Rio do Peixe em um dos pontos do seu território denominado na época de Núcleo Itália.

Era para o Núcleo Itália que as primeiras imigrantes e descendentes tiveram como destino. Ali as terras eram divididas em glebas e as glebas em lotes. Elas recomeça-ram a colonização, novo suplício para organizar o lote e a terra para tirar o sustento da família e a construção da morada. Chãos arados, sementes lançadas, logo pode-riam colher o que semearam. Além de alimentos, trigo e milho dariam palha para trançar e fazer chapéus, me-lhor proteção sob o sol forte e espórtulas para transpor-tar pequenas quantias de alimentos. Moídos, os cereais iriam se transformar em pão e farinha para a polenta. Das parreiras sairiam as uvas que, esmagadas com os pés, virariam vinho.

Espraiada a notícia pelas primeiras colonizadoras pe-los quatro cantos do Rio Grande do Sul, principalmente nas velhas colônias, acabou por motivar e mobilizar mais gente a passar seus pequenos e improdutivos lotes e tomar o rumo e destino ao Núcleo Itália. Assim, não demorou uma dezena de anos para que o Núcleo Itália

fosse elevado à Sede Teixeira.Na zona central, em 1914, era erguida a primeira ca-

pela e nos anos seguintes eram construídas outras, nos arredores e em diferentes pontos do território da então Sede Teixeira por iniciativa, também, das descendentes e das imigrantes portadoras de herança religiosa de seus antepassados europeus. As capelas eram espaços onde as famílias se encontravam no �inal de semana e em datas especiais para manifestar a sua convicção e sentimento religioso, além de locais para organização e realização de eventos festivos. Neles a presença e parti-cipação ativa das mulheres na preparação e realização das atividades religiosas e festivas repercutia positiva-mente, pois, contribuía para fortalecer os laços de ami-zade e solidariedade entre os membros da localidade e entorno.

Em poucos anos, as capelas aumentaram em número e se tornaram centro de coesão e de desenvolvimento de grupos que desembocaram na formação de comuni-dades. Esse fato resultou na criação da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em 30 de dezembro de 1926 e inau-gurada com o povo e Frei Gentil aos 23 de janeiro de 1927. O primeiro Pároco: Pe. Júlio João Marin, nomeado em 6 de dezembro de 1926, tomando posse no dia 23 de janeiro de 1927. Em 4 de julho de 1927 começava a funcionar a Escola Paroquial, contando com 101 alunos. As aulas eram dadas pelo padre, quando este estava em casa.

Na zona central e em alguns pontos do território da Sede Teixeira, tais como Paiol Novo, Carreteiro, Vista Alegre, Colônia Lângaro, além das capelas assentadas e colocadas em funcionamento, também começaram a surgir instalações de armazéns, embriões das casas comerciais, instalados pouco mais tarde no centro da sede que, posteriormente, viraria Vila Teixeira. Eles que comercializavam: querosene que servia para abastecer os lampiões, instrumento pelo qual sua chama acesa iluminava as moradas; sal, para temperar os alimentos e os derivados dos animais; salga, carnes, embutidos, salames e os derivados do leite, queijo, manteiga e puí-na; o açúcar para adoçar o café e as compotas e geléias feitas das frutas; o breu e a soda para fazer sabão, das partes dos animais abatidos que não eram aproveitados para o consumo humano e a compra de milho e trigo que vinha dos colonizadores e depois eram revendidos ou trocados por mercadorias, em Passo Fundo. Entre os primeiros armazéns, cabe destacar os assentados na zona central da Sede Teixeira, entre os quais, o de Vale-riano Ughini e o de João Batista Dalzotto.

Introdução

Page 10: Mulheres Empreendedoras 11

10Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Nestes estabelecimentos, as mulheres dos proprie-tários, além dos afazeres domésticos e dos cuidados das �ilhas e �ilhos, ajudavam tanto no atendimento aos fregueses quanto na limpeza e organização do espa-ço, onde funcionava o estabelecimento. Muitas vezes, descarregavam a mercadoria que chegava trazida pelo marido ou por carreteiros que eram contratados para levarem produtos agrícolas da sede e trazerem na volta produtos; ademais carregavam nas carroças os produ-tos coloniais, entre os quais, milho, trigo, frutas, banha e salga, que eram transportados e vendidos, em Passo Fundo.

Durante o tempo da Revolução Federalista, em me-ados da década de 1920, quando da passagem de um grupo de combates na Sede Teixeira, eles saqueavam os armazéns e selarias em busca de comida, além de ani-mais domésticos que abatiam para saciarem a fome, le-vavam os animais de carga, cavalo, mula e os apetrechos que encontravam.

Estas situações eram enfrentadas pelas mulheres, já que os homens ao serem avisados que o grupo de com-bate estava se aproximando ao centro da sede, tratavam de procurar se refugiar levando os animais que podiam em algum ponto do mato, pois caso permanecessem no local de trabalho e ali chegando a tropa eram obriga-dos a fazer parte e seguir em frente com os revoltosos. Entretanto, uma boa notícia circulou de boca a boca e tornou-se realidade em pouco tempo, justamente nes-ta época de risco de vida e ameaça à integridade �ísica e atribulação sofrida e suportada pelas colonizadoras, provocada pelas chegadas de grupos das tropas. A boa notícia era a vinda de duas famílias, nas quais as mulhe-res exerciam o o�ício de parteira. A primeira chegou em meados de 1923, se estabelecendo nas proximidades do centro da sede, a segunda chegou em meados de 1925 e assentou morada num dos pontos povoados pertencen-tes à Sede Teixeira.

Poucos anos depois, pelo Ato Municipal de n° 463, de 25 de janeiro de 1929, assinado pelo então Intendente Dr. Nicolau de Araújo Vergueiro foi criado o Distrito de Teixeira, com a desanexação de territórios dos Distritos 2º e 10º.

Em Vila Teixeira, a urbanização encontrava–se em um perímetro mais quadrangular do que o inicial, que era retangular, os quarteirões eram basicamente de 100x100 e os lotes de 20x40, ocupando o traçado ori-ginal do Plano da Companhia Colonizadora, onde conti-nuava a se destacar a via que une Passo Fundo à Sanan-duva, atual Rua do Comércio. Começaram a aparecer edi�icações, em alvenaria, em substituição à madeira, em meados de 1929.

O território foi cada vez mais ocupado e povoado devido à chegada de mais famílias de colonizadoras e colonizadores atraídos pelas notícias dos pioneiros, que acabaram por in�luenciar a vinda de nova leva para a

localidade. Os que estavam estabelecidos começaram a agregar e desenvolver atividades na agricultura e incre-mentar o comércio, pequenas indústrias, prestação de serviços e diversi�icação de o�ícios.

Anos mais tarde, por volta de 1935, o então Distrito de Teixeira possuía seus limites de�inidos pelo poder público de Passo Fundo: A oeste com o Município de José Bonifácio (Getúlio Vargas), ao Sul com o Distrito de Água Santa e a leste com os Distritos de Coxilha e Sertão, sendo que a população calculada era cerca de 8.200 habitantes. Era a Sede do Distrito, “Vila Teixeira”, um núcleo com edi�icações distribuídas sobre uma co-lina. Além da Sede, muito povoada, existiam no Distrito outros centros povoados por famílias de colonizadores, nas comunidades de São Silvestre, Carreteiro, São Do-mingos, São João Batista, Vista Alegre, Linha Glória, São Jacob, Rio Coroado, Paiol Novo, Santana, Santa Terezi-nha, Nossa Senhora do Carmo e Sede Rocha, que na sua maioria, batizadas com o nome dos padroeiros e padro-eiras, das capelas que ali surgiram da manifestação e sentimento religioso das famílias dos colonizadores que são, na sua quase totalidade, de origem italiana.

Nessa época, o subprefeito e subdelegado era Antô-nio Franklin da Silva, suplente Aquilino Cavichiolli, Juiz distrital Armando Bertoldo, suplente José Zanini, Vigá-rio Pe. Calógero Tortoricci.

A chegada de mais famílias de imigrantes e seus des-cendentes para a sede posteriormente Vila Teixeira, no período entre 1920 e 1940, juntando-se àqueles já assentados e instalados, contribuiu para efetiva partici-pação de segmentos da comunidade, na implementação de pequenas atividades industriais, comércio e presta-ção de serviços, com melhorias na agricultura e bene-�iciamento da madeira e no atendimento da população em suas necessidades básicas. Além disso, consolidar a Ação Pastoral Evangelizadora da Igreja Católica.

Nesta época os antigos armazéns eram sucedidos por casas comerciais pelas �ilhas e �ilhos das descendentes que assumiram a direção dos negócios. Cabe destacar as casas comerciais: Ughini Bertoldo & Cia, Dalzotto & Ghidini. As casas passaram a fornecer, além dos produ-tos oferecidos pelos armazéns, armarinhos, tecidos e utensílios domésticos.

As mulheres começaram a �icar mais tempo atenden-do as freguesas. O interior da casa era dividido em dois espaços, num lado estava a frente o balcão, no meio as atendentes e nas suas costas existia a prateleira abarro-tada de tecidos e utensílios domésticos. Elas atendiam as freguesas que ali chegavam para comprar os artigos disponíveis. Do outro lado existia balcão dos homens, nas suas costas a prateleira e tulhas, com os produtos e mercadorias que então ofereciam os armazéns. Ali fa-ziam negócios de compra de milho, trigo e banha.

Foi o momento evolutivo da Vila Teixeira, em que as mulheres começaram a despontar na linha de frente, no

Page 11: Mulheres Empreendedoras 11

11Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

centro da comunidade teixeirense ao in�luenciar no des-pertar o conhecimento. Difundir princípios no processo ensino - aprendizagem para formação de personalidade e caráter das crianças e na busca de votos. Tarefa em-preendida pelas católicas e professoras, no movimento da Liga Eleitoral Católica, na busca junto às eleitoras e eleitores do voto, em prol de propostas defendidas pela Igreja Católica e nos estabelecimentos de ensino conhe-cidos, o Colégio das Irmãs e o Grupo Escolar.

Ao mesmo tempo os irmãos Giácomo e Bejamin Ma-rin adquiriram no centro do distrito o antigo casarão de madeira que até então era ocupado por uma casa co-mercial e, fazendo as devidas reformas transformaram-no no primeiro hospital, em Vila Teixeira. A edi�icação estava localizada na zona central da Vila, denominado Hospital Santo Antônio e dispunha de 14 quartos, 25 leitos e sala de operação. A direção médica estava a car-go do Dr. Ivanorich Sawa Lachus (russo) auxiliado pelo Dr. A. Dabem Capilavischy e como administrador Beja-min Marin.

Com o desenvolvimento conquistado na sede e diver-sos pontos do então Distrito Teixeira e o apoio das auto-ridades do município mãe Passo Fundo levou o Decreto de Lei n° 729, de 29 de dezembro de 1944, Prefeito Mu-nicipal Arthur Ferreira Filho em atividade, Sede Distri-tal de Vila Teixeira passar a denominar-se Tapejara.

O período de 1940 até meados da metade da década de 1950 da então Vila Tapejara foi caracterizado por um crescente protagonismo das mulheres, nos cuidados e assistência à saúde, desenvolvido nas iniciativas da fun-dação, instalação e funcionamento do novo hospital da localidade, no desempenho do o�ício de parteira e na assistência e cuidados dentários. Também no trabalho na primeira Casa Bancária, Sulbanco. E numa das indús-trias da época o Frigorí�ico São Paulo S/A. Ademais no engajamento das mulheres, oriundas além dos quatro cantos do território do Distrito, no Movimento em prol

da emancipação política administrativa do então Distri-to de Tapejara, que foi encetado em meados dos primei-ros anos de 1950.

A partir das primeiras décadas da emancipação do Município, as mulheres que viveram neste período con-tinuaram em sua trajetória, onde sua presença e atua-ção deixaram também marcas nos tempos e espaços ou ainda moldando tempos e espaços, em diferentes seto-res e áreas da sociedade Tapejarense.

O avanço e limite no mercado e o protagonismo das empreendedoras em Tapejara é marcado e repercute principalmente no bojo do desenvolvimento sócio-ecô-nomico-cultural que o Município atravessou nas últimas três décadas e meia, onde sua presença tem, também deixado marcas nos tempos e espaços.

Entretanto, o seu estilo agregado a uma série de atri-butos positivos enfrenta um conjunto de preconceitos a serem derrotados em relação à mulher no mundo do trabalho, do serviço e nos negócios. Entre eles, a rarida-de do ascender e se tornarem protagonistas dos empre-endimentos, são poucas que conseguem chegar e ocu-par a direção aos altos escalões. Impedidas e barradas por justi�icativas pouco convincentes do mercado, estu-dos e pesquisas recentes mostram que as estimativas nas próximas décadas são de que quase a metade dos cargos de comando dos empreendimentos será ocupa-da por mulheres.

A questão então não é apenas saber como podem as mulheres participar do desenvolvimento, mas como de�inir a natureza da economia doméstica no conjunto nacional e avaliar a sua importância. É precisamente por causa do papel que desempenham na economia doméstica invisível que as mulheres ocupam os níveis mais baixos dos diversos quadros estatísticos relativa-mente à contribuição social e econômico dos setores produtivos.

Page 12: Mulheres Empreendedoras 11

12Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Mostrando o rosto das protagonistas empreendedoras

“As pessoas fazem a História, mas raramente se dão conta de que estão fazendo” Christopther Lee

Como Presidenta da Câmara de Vereado-res de Tapejara no exercício de 2010, elegemos como uma das prioridades em nossa ação par-lamentar o resgate da memória sócio-cultural histórica da trajetória das empreendedoras do Município desde os primórdios até recente-mente.

Os traços sócio-culturais de uma empreen-dedora não se de�inem por momentos ou por manifestações esporádicas. Sua �isionomia vai se fazendo aos poucos, deixando marcas nos tempos e nos espaços, ou ainda moldando tem-pos e espaços que passam a constituir-se em memória e tradição. O selo de autenticidade dessas manifestações é a vida que elas contêm e a força de permanecerem pelo tempo, mar-cando e vitalizando o presente. Assim, tradição e memória não são simples lembranças de um passado que se passou, ou que vai �icando cada vez mais distante, mas são numa certa medida,

o modo de entendermos e vivermos o nosso tempo. Não há nisso nenhum tipo de saudosismo, há sim as bases para projetar o futuro, a partir do resgate da nossa memória histórica social e cultural.

Reconhecer a expressividade, a legitimidade e o insubstituível signi�icado do saber e fazer que acompanham o reproduzir-se as empreendedoras, como algo que lhes pertence e que revela uma contribuição singular ao desenvolvimento da coletividade. É o que provavelmente nos ensina a obra Trajetória de Empreendedoras e Empreendimentos em Tapejara.

Trata-se da primeira edição de um trabalho que pretende ser desenvolvido do resgate dos Empreendedores e Empreendimentos de Tapejara a ser executado e editado em parceria do Po-der Público e iniciativa privada, que procurará identi�icar e resgatar o universo sócio-cultural produzido pelas imigrantes e suas descendentes no município iniciado em meados do século XIX e que se estende até hoje.

As fotos que compõem a obra representam e exempli�icam alguns momentos e acontecimen-tos dos segmentos investigados na pesquisa e nos relatos narrados pelas empreendedoras.

Como considerações �inais, quero agradecer todas as empreendedoras que se dispuseram a reconstituir a sua trajetória. O agradecimento se estende aos parceiros, colaboradores �inancei-ros públicos e privados, elaboradores e o editor da Revista Comunicação que apostaram na ini-ciativa e assim, tornaram possível colocar o resultado, a edição, nas verdadeiras mãos que são as da sociedade.

Cledi Fáti ma HanelPresidenta da Câmara de Vereadores de Tapejara Gestão 2010 e 2011

Page 13: Mulheres Empreendedoras 11

13Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Nos primórdios no anonimato desa� ando tempos difíceis

A Saga das Imigrantes e Descendentes

A partida: O começo do calvário

Imigrantes italianos aguardando a hora do embarque. Itália, 1896 Autor: Angiolo Tomasi, Galeria de Arte Moderna de Roma. Acervo: Memorial do Imigrante.

Resgatar a trajetória das primeiras empreendedoras e empreendimentos em Tapejara remete a remontar o processo de imigração e as imigrantes em sua partida tendo como marco inicial a espera de ordem para pas-sageiras e passageiros entrarem no navio, os poucos pertences estufando as malas, arca e baús trazidos de longe para o porto de Genova. Entre o burburinho das que aguardavam impaciente a chamada, as mulheres conferiam mais uma vez as passagens para a travessia do Oceano Atlântico. Os bilhetes garantiam acomoda-ção na terceira classe. As mulheres usavam lenços na cabeça, chales cobrindo os ombros, saias compridas que

desciam até as botinas. Elas sabiam que deixariam para trás o povoado, da província, na região. Não era possível continuar vivendo no lugarejo italiano. Acostumadas com arado, enxada e ancinho e forjadas de sol a sol, não viam mais perspectivas de permanecerem onde nasce-ram.

Ao partirem de Genova em 1875 enfrentaram o cal-vário das primeiras italianas vindas ao Rio Grande do Sul. As que lotavam a terceira classe saíram das regiões como Vêneto, Trento, Lombardia, Vicenza e Verona. Ou-tras deixaram Cremona, Mântova e parte da Bróscia.

Page 14: Mulheres Empreendedoras 11

14Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

A viagem nas águas revoltas A travessia do Oceano Atlântico durava mais de um mês, em navios so-

brecarregados e as passageiras recebendo alimentação precária, sem as-sistência médica, sem camas. Elas carregavam consigo �ilhas e �ilhos com poucos anos de vida. Entre muitas imigrantes, estava Bianca Filomena Dami, casada com Pedro Spader e junto de seus �ilhos Giordano, com 6 anos, Pedro, 4 anos, Etorre, 2 anos e a �ilha Petronilha, com 1 ano de idade, que partiram do porto de Genova. Outra imigrante era Luigia Merotto mu-lher de Paolo Merotto e os dois �ilhos, Adino e Agostinho Merotto, de dois anos e seis meses respectivamente.

O imigrante italiano Ângelo Bortolo Dallagasperina chegou ao Brasil com seus familiares em 1876, com quatro anos de idade. Seus familiares receberam um pequeno lote do Governo do Estado na localidade de Caxias do Sul, no então Distrito de Ana Rech, e permaneceram lá até o �inal do ano de 1918. Ali casou com a �ilha de imigrantes, Anna Martini Dallagasperina que ali havia chegado por volta de 1883. Seu �ilho João Batista, certa fei-ta contou para a Professora Ignêz Maria Canalli Comiran, “que quando a família partiu da Itália estava bem de �inanças, mas gastou muito na viagem devido à demora em chegar ao Brasil”. “Vendeu tudo para os compadres e saiu bastante logrado. Sua mãe era de família muito pobre”.

Ângelo Bortolo e Anna, casados em Caxias do Sul, por volta de 1919 se deslo-cam para a então sede da Colônia do Rio do Peixe na procura de mais e melhores terras. A viagem foi feita de carroça e de-morou cerca de sete dias.

Outros imigrantes quando deixaram as terras italianas lá deixaram todos seus bens e a mulher com os �ilhos com pou-cos anos de idade. Como o caso de Beja-min Marsiglio e Ângela Fortunata Corso Marsiglio. O �ilho mais novo Guerino Gio-vani Marsiglio certa feita contou para a Professora Ignêz Maria Canalli Comiran, “quando abandonaram a Itália deixaram lá todo o seu capital”. “O pai veio seis meses antes, pois de repente quis vir para o Brasil”. “A mãe Ângela preocu-pada com a vida dos �ilhos Antônio, Ângelo, Eliseu e Guerino Giovani na viagem doou a Nossa Senhora um colar de ouro que deu umas quantas voltas em seu pescoço, oferta para obtenção de graça de uma boa via-gem.

Durante a travessia do mar a embarcação enfrentava os ventos e tempestades e sofria avarias. Eram momentos de tensão e risco real de perder a vida em alto mar. Entretan-to através da fé das tripulantes mulhe-res, o medo e temor da população nestas situações adversas eram superados em parte. Guerino Marsiglio, descendente de imigrantes italianos contou, “... na metade da viagem o navio descontou, durante três horas �icou parado em alto mar e, em determinado momento, começou afundar. Os marinheiros começaram a gritar para os que pudessem se salvar, o sino começou badalar to-que de morte. Porém por iniciativa das mulheres, inclusive de sua mãe, Ângela Corso Marsiglio começaram a rezar. Passado algum tempo, o navio começou novamente se erguer e não acontecendo mais nada de grave prosseguiu a viagem rumo ao Brasil”.

Passaporte de Bianca Filomena Dami e Pedro Spader

Família de Bortolo Ângelo Dallagasperina e Anna Marti ni DallagasperinaDa esquerda para a direita de pé: Joanina, Gema, Amabile, Ângelo, João Bati sta, Herminio,

Egide, Aurora. Sentados Tereza, Maria, Anna Marti ni, Bortolo Ângelo, Rosina, Victória, Assunta. Vila Tapejara meados de 1950.Fonte:Arquivo Amélia Scariot Damett o.

Guerino Giovani Marsiglio, funcionário público, tratorista, do município de Tapejara na abertura de estradas em meados de 1960.

Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Page 15: Mulheres Empreendedoras 11

15Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Outras tripulantes na tenra idade durante a viagem eram acometidas por moléstias ou acidentes, mas con-seguiram superar a adversidade e viver por muitos anos. Como o caso de Rosina Fabiane irmã do imigrante Giacomo Fabiane conforme contou em certa feita o seu sobrinho Máximo Agostinho Fabiane para a Professora Ignêz Maria Canalli Comiran, “A Rosina com apenas 2 anos de idade perdeu a visão devido ao vapor que era expelido pelo navio”. “Mas com muita vontade e dispo-sição viveu 86 anos, dos quais 84 no Brasil. “Ela fazia todo o serviço de casa como qualquer outra pessoa que tivesse as vistas boas”.

O desembarque e a quarentenaPara quem chega de navio, o Rio de Janeiro oferece

paisagens deslumbrantes. Mas preocupadas com o de-sembarque as imigrantes não conseguiram apreciar a praia e os morros. Foram levadas para a casa do Imi-grante, onde deveriam �icar em quarentena por vários dias. Novo período de sacri�ícios. Os alojamentos eram pequenos. Não cabiam todas e todos. À noite tinham que dormir fora do prédio, nas calçadas em torno dos prédios. Pelo menos não fazia frio, o Rio de Janeiro está sempre no verão.

Embarcadas em vaporesCumprida a quarentena, as imigrantes acompanha-

ram o grupo que seria embarcado em vapores para Porto Alegre, passando por Rio Grande e pela Lagoa dos Patos. Mais angústia, outros dias de navegação, nova espera sem qualquer conforto na capital da Província. As imigrantes e os companheiros de viagem tinham que dormir em recantos do cais e nas ruas mais próximas. Fazia frio, protegiam-se como podiam enroladas em ca-pas e cobertores. Agora era João Morello quem murmu-rava, pois não queria incomodar os poucos funcionários escalados para receber o grupo:

- Onde está a fartura tão falada? Eu me sinto comple-tamente abandonado. Disseram que vão nos meter em barquinhos até um lugar chamado Caí. Ninguém nos dá informação certa.

Parecia coisa aprontada pelo sanguanel. Todos os ita-lianos sabiam que o duende é malvado, atormentava a qualquer um. À noite, mamava o leite das vacas, invadia os galinheiros para devorar os ovos, trançava as crinas dos cavalos, assustava as crianças, fazia mil travessuras e desaparecia sempre rindo. Luiza Dalsaço se benzia, pedia ajuda para Nossa Senhora da Saúde, de quem era fervorosa devota.

Caminhando pelas picadas e pernoitando na escuridão do mato

Depois de São Sebastião do Caí as imigrantes e os imi-grantes seguiam por terra. Alguns conseguiam adquirir mulas para carregar a bagagem. Mas a maioria tinha

que ir caminhando em procissão pelas picadas abertas na mata. Luiza Dalsaço e João Morello na escuridão da noite estavam preocupados e temiam que saltasse de qualquer canto algum bicho. A imigrante revelou o seu temor e esperança:

- Pior é essa escuridão, que mete medo. Luiza estava apavorada com os barulhos desses bichos ali por perto. Não quero nem ver se aparecerem no caminho cobras ou alguma fera que a gente nunca viu.

Assentadas em lote de pouca terra e acidentada

A espera das imigrantes aconteceu no Campo dos Bu-gres, depois Caxias do Sul, e as recém criadas Colônias Dona Isabel e Conde D’Eu, mais tarde Bento Gonçalves, Garibaldi e Antônio Prado, bem diferente do oferecido pela propaganda feita na Itália, pois as melhores terras para o cultivo estavam ocupadas. Quando chegaram aos lotes entregues por agrimensores do governo, as imi-grantes e os imigrantes abriram clareiras e construíram moradias provisórias. Começaram a erguer pequenas choupanas de pau-a-pique na beira do caminho que levou aos lotes onde outras e outros colonas e colonos faziam a mesma coisa. As árvores do mato a ser derru-bado para o plantio forneciam as paredes e cobertura. A caça e a coleta de pinhão garantiam alimento; onde era possível, as lavouras eram cultivadas. Chão arado, e sementes lançadas.

Carreta e terno de mulas - 1920.Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

Fonte: Arquivo Público, Porto Alegre.

Page 16: Mulheres Empreendedoras 11

16Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Renasce a esperança: recomeça a peregrinação

João Batista Dalzotto, �ilho de imigrantes italianos contou em certa feita que estabelecidos no Campo dos Bugres, Caxias do Sul, ali possuíam um lote de terra acidentada, onde havia muitas pe-dras e que apresentava inúmeras di�iculdades para o desenvolvi-mento da atividade agrícola. Ele �icou sabendo que estava surgin-do uma nova Colônia situada no Norte do Estado do Rio Grande do Sul e suas glebas de terras estavam sendo dividas em lotes e neles começavam a surgir núcleos de colonizadores. Por volta de mea-dos de 1916, passou o lote para um vizinho e juntou uma pequena quantia de utensílios, roupas, a mulher e seus �ilhos numa carroça puxada por um terno de mulas e partiu em busca de melhores ter-ras e melhores condições de vida, rumando para a sede da Colônia do Rio do Peixe, onde adquiriu um lote no então Núcleo Itália.

Com um número elevado de �ilhas e �ilhos e a incapacidade de aumentar a propriedade na medida de sua prole e as precárias condições e infertilidade das terras, as imigrantes e os imigran-tes e descendentes das primeiras colônias, além de precisar mais espaço, necessitavam de melhores terras para o cultivo, por isso partiram e se deslocaram onde poderiam conseguir áreas mais ex-tensas e terras férteis. Como o caso de Giovana Marangoni, viúva de Mathias Spanhollo, assentada num lote em Antônio Prado, que em meados de 1916, com suas �ilhas Ursolina e Catarina com pou-ca idade e os �ilhos Antônio, Matteo e Nicoletto, passou o lote por um pequeno valor a um lindeiro, juntou os poucos utensílios e, munida de informações, embarcaram numa carroça puxada por um terno de mulas com o acompanha-mento de dois cachorros rumando para a sede da Colônia do Rio do Peixe.

Mapa de localização da anti ga Colônia Rio do Peixe - Município de Passo Fundo 1915.

Mapa da Colônia Rio do PeixeFonte: Adaptado por Glória Col Debella.

Mapa da Colônia do Rio do Peixe Município de Passo FundoFonte: Adaptado por Glória Col Debella e Ivanete Baroni.

Page 17: Mulheres Empreendedoras 11

17Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

A Colonização da Colônia do Rio do Peixe ocorreu en-tre 1890 e 1930. Foi nesse período que os imigrantes alemães e italianos e seus descendentes procedentes de São Leopoldo, Novo Hamburgo, São Sebastião do Caí e os Italianos das Colônias de Caxias, Ana Rech, Antônio Prado, Conde D’Eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gon-çalves) e Guaporé chegaram à sede da Colônia do Rio do Peixe, o então distrito de Passo Fundo denominado Sete de Setembro, atual Município de Charrua, na busca de melhores condições de vida e trabalho.

Na busca de novas terras para os colonos e com re-lação à venda de lotes, existia, na época, a Empresa Colonizadora da Colônia Particular do Rio do Peixe, de propriedade de Alberto Schmidt, de Cruz Alta, por volta de 1910 a 1913, mais tarde denominada Colonizadora Rio Grandense, que comercializava grande quantidade de lotes. As terras da Colônia Rio do Peixe eram consi-deradas, na sua grande maioria, como devolutas (terras desocupadas e/ou do Governo); começaram a ser colo-nizada em 1890 até meados de 1930, quando toda a Co-lônia estava dividida em secções e polígonos, sendo que uma secção podia ser constituída por vários polígonos, dividindo assim, uma área de terra em diversos lotes.

As picadas abertas, construída a morada e a organização do lote

As picadas abertas para a demarcação dos limites do travessão ou do “meio travessão” deram início às pri-meiras estradas da Colônia. Na sede da Colônia do Rio do Peixe foi construído um barracão de tábua de pinho lascado onde os imigrantes e descendentes eram obri-gados a �icar precariamente até de�inirem-se na escolha de seu lote. No lote era aberta uma clareira na densa mata verde onde predominavam os pinheiros. Do pró-prio pinho, madeiras de fácil manejo devido as suas �i-bras terem conformação retilínea eram lascadas pran-chas para a construção de um pequeno abrigo, que foi a primeira casa do imigrante ou do descendente. Media normalmente 4,0 m x 6 m², com uma porta, uma janela ou duas, cobertura de tábuas lascadas, feitas retangula-res que colocadas em escadas davam perfeito estanque da chuva. Neste espaço desenvolviam precariamente to-das as funções de habitação.

Alojado neste primeiro abrigo iniciava a organização do lote rural com o plantio de milho e trigo. Enquan-to esperavam a colheita, eram implementados outros componentes como paióis, estábulos, chiqueiros, tan-que, lantrina, horta, pomar. O espaço do lote rural propi-ciou o distanciamento necessário entre a casa e outras atividades cujas características de ordem higiênica ou de segurança tornava preferível a separação. Assim a cozinha, local em que tudo terminava por estar coberto pelo negro �ino de fuligem, passou a ser um componente em separado da casa de dormir, para onde a colona e o colono só se dirigiam após a janta. O mesmo aconteceu com os chiqueiros e estábulos os quais levaram consigo

o paiol e o celeiro de grão para os animais.

A organização da casa novaAo escolher o lote rural para implementar a colônia,

a imigrante ou descendente recebia pronta ou fazia sua pequena casa que servia invariavelmente para todas as funções: comer, dormir, estar. Ao fazer a casa nova, a função da cozinha por muitas vezes continuou sendo na casa primitiva. Com o decorrer do tempo começava a mudar. As mudanças acompanhavam a evolução dos fo-gões. Após o fogo de chão do início foram construídos os “focolaro”, “focoler” ou “larin” assim chamados na épo-ca. Era uma plataforma elevada no chão, tipo caixão raso cheio de terra, ao centro o fogo, mais tarde a plataforma de tijolos provida de coifa e chaminé. No centro em um dos barrotes de cobertura era pendurada corrente para prender a panela. Em seguida o fogão de chapa, plata-forma de tijolos provida de chapa de ferro sob a qual se fazia o fogo. E �inalmente o fogão a lenha e a gás.

Na medida em que acontecia esta evolução, que é tam-bém o modo de cozinhar, a cozinha foi se aproximando da casa de dormir até incorporar-se de�initivamente à casa aculturada. Esta aproximação deu-se inicialmente com a construção de uma cobertura que unia a casa de dormir com a casa de cozinha. Normalmente este cor-redor era ornamentado com lambrequin e provido de balustre, madeira trabalhada com serra manual. Tempo depois a cozinha integrou na casa de dormir em forma de meia água ou corpo de baixo menor. Em muitas casas a cozinha continuou separada, porém sofreu melhora-mentos, e a ela foi incorporado o lavador de louças (“ce-cier”, “combarin”) como peça em separado de uma sala ampla de estar/jantar às vezes protegida por alpendre.

A casa de dormir, somente depois do cultivo da videi-ra é que a semelhança de condições e atividades pro-dutivas permitiu o reconhecimento de uma organização espacial típica. Localizada geralmente numa encosta apresentava no mínimo três pavimentos. Na parte mais baixa, a cantina que tinha a porta de acesso oposta a porta principal do térreo, residia à função industrial do-méstica que foi por muitos anos o alicerce de funciona-mento da colônia. Era um espaço completamente livre tendo apenas algumas colunas de madeira que ajudavam suportar o barroteamento do piso do andar de cima. Lá se faziam e armazenavam o vinho. Num canto eram pen-durados os varais de queijo, copa, salame e toucinho. Ao térreo, que era a casa de dormir propriamente, tinha-se o acesso por porta ampla, de duas folhas a qual dava di-reto ao salão (“saloto”) e deste formando duas alas uma a direita e a outra a esquerda, onde desenvolviam-se os dormitórios. Por um destes dormitórios que era trans-formado em pequena despensa, por uma pequena es-cada, tinha-se o acesso ao sótão, um espaço totalmente livre, provido de ventilação permanente que servia para a conservação dos grãos, depósito e eventualmente um ou dois dormitórios.

Page 18: Mulheres Empreendedoras 11

18Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

A Colonização do Núcleo ItáliaO núcleo colonizado de Sede Teixeira, era marco inicial de

uma área ocupada chamada Núcleo Itália, constituído de pio-neiros imigrantes, descendentes italianos provenientes das Colônias de Caxias (Ana Rech), Antônio Prado, Conde D’Eu (Garibaldi).

Surgiu logo depois que Antônio dos Santos Bonetes e sua mulher Sera�ina Garcia Viera venderam as terras de posse legitima para Manoel Amâncio Teixeira e Julião Luiz de Al-meida, dividindo as terras em três glebas e vendendo-as nas datas de 30 de agosto de 1915, 20 de março de 1917, e a últi-ma em 18 de dezembro de 1920.

Um plano desenvolvido pela Companhia Colonizadora em 1915 contemplava a existência de uma Igreja que deveria ser construída defronte a Praça Teixeira da nova urbanização, Sede Teixeira.

Na antiga posse de Antônio dos Santos Bonetes, instala-va-se de�initivamente a família de Manuel Amâncio Teixeira e era implantada a colonização pelos pioneiros com a derruba-da dos pinheirais, e o desenvolvimento das atividades agrí-colas de subsistência e exercendo o�ícios que davam suporte para as famílias dos imigrantes colonizadores.

Herdeiras e herdeiros da tradição católica

Logo que as primeiras famílias colonizadoras chegaram, não existia edi�icada uma capela no Núcleo Itália que pudes-se acolher a tradição católica trazida pelas Italianas e Italia-nos, para expressarem suas convicções religiosa, herdadas de seus antepassados no velho mundo. A família de João e Clementina Rombaldi eram descendentes de imigrantes Ita-lianos, que chegaram ao Núcleo em meados de 1914 proce-dentes de Antônio Prado. João que nasceu na colônia de Ca-xias em 24 de junho de 1889. Em seguida com seus pais foi morar em Vila Ipê, Antônio Prado. Filho de Antônio Rombal-di e Antonieta Sandini Rombaldi naturais da Itália. A família chegou constituída dos �ilhos Antônio, João, Antonieta, mais os irmãos adotivos Albino e Pedro.

Colônia do Rio do Peixe – Planta Núcleo Itália / 1927

Mapa com a Posse de Antônio dos Santos Bonetes 1915.

Casal João Rombaldi e Clementi na Cambrussi Rombaldi. Doaram a Imagem de Nossa Senhora da Saúde da Matriz,

trazida de carroça de Caxias do Sul, fabrica Zambelli.Fonte:Paróquia Nossa Senhora da Saúde.

Page 19: Mulheres Empreendedoras 11

19Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Herdeiros de tradição religiosa e católicos pratican-tes, nos �inais de semana cediam espaço em sua casa para as demais pessoas que quisessem se encontrar para rezar, e de tempos em tempos, conseguiam um Pa-dre para presidir missa. Contribuíram para a constru-ção da primeira capela, buscaram de carroça até Caxias do Sul a doação da primeira réplica da imagem de Nossa Senhora da Saúde. Mais tarde, na então Vila Teixeira, ce-deram espaço em sua moradia para os ensaios da Ban-da Santa Cecília, composta por vinte e cinco integrantes. Por muitos anos João integrou diretorias e foi mantene-dor da capela posteriormente elevada a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em 30 de dezembro de 1926. João e Clementina tiveram 12 �ilhos, Maria, Almerinda, Gaspa-rina (esposa de Antônio Mânica), Dileta, Bon�ilho, Alvi-na, Silvestre, Ivã, Domingos, Angelina, Ângelo e Evaristo. João Rombaldi faleceu em 19 de julho de 1949, aos 60 anos, na Vila Tapejara.

Como não havia local adequado e nem missa todos os �inais de semana, muitas famílias que chegaram aos primeiros anos de 1900, como a de Luiza Dalsaço e João Morello, todos os domingos, quando o tempo permitia, participavam de missas no atual Município de Sanan-duva, localidade que pertencia à Colônia de Campos de Cima da Serra, Vacaria. O deslocamento era feito por Sete de Setembro (Charrua) tendo como meio de transporte o cavalo. Na garupa de cavalos, pais e �ilhos tinham de sair nas primeiras horas do dia de domingo para poderem assistir à missa das 10 horas.

Pelos idos de 1914, os colonizadores em mutirão conseguiram com muito esforço e com a colaboração da grande maioria das famílias edi�icarem a primeira cape-la no núcleo que estava em franca colonização. Toda de madeira com 8 metros x 12 metros de corpo, 5 metros x 7 metros de coro e cinco metros de altura, toda forra-da com tábuas aplainadas. A invocação recaiu sobre a denominação de Nossa Senhora da Saúde. A devoção à Padroeira remontava que tinha sido trazida pelos imi-

grantes Italianos que em meio às di�iculdades, se re-cordaram dos antepassados que foram libertos de uma epidemia onde morreram muitas pessoas na Itália, e lá construíram o Santuário dedicado a mesma, que existe até hoje em frente à Praça em Veneza na Itália.

Em certa feita Amábile Girardi contou para Maristela Bianchini: “As Missas só existiam uma vez por mês, com um padre que vinha de Erexim”. “Quando chegou a no-tícia que iria vir um Padre para a Sede Teixeira, fomos buscá-lo em Getúlio Vargas, a cavalo”.

A edi�icação da Capela proporcionou unir e congre-gar os pioneiros colonizadores, ela começava a servir de Centro Religioso, Cultural e Político na Sede e, em anexo, e sob sua administração e responsabilidade �icava o ce-mitério. Ainda a Capela abarcava a comunidade que no território podia no caso de necessidade, dar ajuda soli-dária às famílias em di�iculdade e começava a promoção de festas de tempo em tempo, que reanimavam as rela-ções necessárias das famílias para desenvolvimento da comunidade.

Mais tarde, por volta de 1927, eram mobilizadas as famílias das comunidades pertencentes à recém criada Paróquia Nossa Senhora da Saúde, a �im de construir a primeira Igreja Matriz na então Sede Teixeira. A primei-ra iniciativa foi a realização de campanha de arrecada-ção de trigo e milho para a construção e colocar em fun-cionamento uma olaria para produzir os tijolos usados na edi�icação do templo. Somente em �inal de janeiro de 1929 tiveram início as escavações para o assentamento dos alicerces para a construção da Igreja. Em 15 de fe-vereiro lançou-se a primeira pedra fundamental com a primeira Missa Campal e bênção pelo Bispo Diocesano D. Eusébio. Em meados de junho 1932, eram concluídas as obras e, em 1935 ingressou no interior o novo altar central e os laterais construídos por José Ferrari. Em 1939 são colocados em um campanil de 3 sinos pesan-do 1880 quilos adquiridos na empresa Ângelo Angeli de São Paulo.

Fonte: Paróquia Nossa Senhora da Saúde.

Primeira Igreja Matriz Vila Teixeira Primeira Casa Paroquial Vila Teixeira 1937

Page 20: Mulheres Empreendedoras 11

20Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

A idéia da atual Igreja Matriz surgiu por volta de 1948, às escavações para o assentamento dos alicerces no início do ano de 1949 e o lançamento da pedra fun-damental em 28 de agosto de 1949, pelo Bispo Dioce-sano D. Antônio Reis. Depois de um longo tempo, com a ajuda em serviços, produtos agrícolas, contribuição das famílias da Paróquia foi concluído o templo da Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Saúde em meados de 1968.

A assinatura do contrato de compra e venda, registro e organização do lote

Foi na então sede da Colônia do Rio do Peixe, Sete de Setembro, junto à colonizadora Riograndense, que Gio-vana Marangoni Spanhollo, viúva de Mathias Spanhollo, falecido em Antônio Prado, que havia chegado ao Núcleo Itália em meados do ano de 1916 e com os �ilhos Antô-nio e Nicoletto Spagnol �irmaram o contrato de compra e venda de dois lotes de terra, com área calculada em 479,820 m² no denominado então Núcleo Italiano. O contrato de promessa de venda era assinado a rogo de Giovana e �ilhos Antônio e Nicoletto em 24 de julho de 1917. Foi somente em 15 de março de 1921 que foi la-vrada pelo Registro de Geral de Torrens de Passo Fundo a escritura pública de lotes de número 69 e 70 tornando proprietários Antônio Spagnol e Nicoletto Spagnol com o auxílio de sua mãe Giovana Marangoni Spanhollo, a qual teria o usufruto dos lotes enquanto vivesse.

Contrato de Compra e Venda Lavrado em 1917.

Fonte:Arquivo de Jovania de Fáti ma Baseggio.

Escritura Pública Lavrada em 1921. Fonte: Jovania de Fáti ma Baseggio.

Nestes lotes, o chão era arado e as sementes lançadas ao solo e logo poderiam colher o que semearam. Além dos alimentos, trigo e milho dariam a palha para trançar e fazer chapéus, melhor proteção sob o sol forte. Moídos, os cereais iam se transformar em pão e farinha para a polenta, da mesma forma que se alimentavam seus an-tepassados na Itália. Das parreiras sairiam as uvas que, esmagadas com os pés, virariam vinho, essencial em cada mesa. O linho des�iado traria a possibilidade de te-cer roupas e panos para uso doméstico. Sem esquecer o que aprendeu com seus antepassados, Giovana poderia ensinar suas �ilhas Ursolina e Catarina, que também po-deriam enfeitar a casa com cortinas e toalhas bordadas de crochê ou com delicadas �iligranas do �ilé.

A família criava galinhas, porcos, alguns bois para pu-xar o arado, a carroça e vacas leiteiras, obtendo assim ovos, leite, queijo, manteiga, banha toucinho, salame, lingüiça e presunto. Com o cultivo de laranjeiras, berga-moteiras, �igueiras, parreirais e mamoeiros e macieiras eram preparados doces como geléias e compotas.

Família de Giovana.Fonte: Jovania de Fáti ma Baseggio.

Margarida Costa Marcolin, �ilha de imigrantes Italia-nos em certa feita, contou a Ignez Maria Canalli Comi-ran. Vieram da Colônia Conde D’Eu (Garibaldi) para o Núcleo Itália em 1918, tinha na época 12 anos. “A famí-lia partiu de trem da estação ferroviária localizada na Sede da Colônia Conde D’Eu (Garibaldi) até a então Es-tação José Bonifácio, atualmente Município de Estação. Ali desembarcaram e adquiriram uma carroça com um terno de mulas e seguiram para a Sede da Colônia onde adquiriram terras no Núcleo Itália para onde se deslo-caram dias depois”.

Page 21: Mulheres Empreendedoras 11

21Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Desenho que representa o transporte por terno de mula. Citado no livro de Monte Cuco a Vanini - pág. 58, desenho de Jorge Luis Astolfi , Guaporé/RS - 1988.

A imigrante Italiana Anna Martini Dallagasperina, mulher de Ângelo Bortolo Dallagasperina, contou em certa feita para Ignez Maria Canalli Comiran que a famí-lia de Ana Rech, partiu por volta de 1919, da localidade então pertencente à Colônia de Caxias, passando por Antônio Prado, em seguida Lagoa Vermelha. Dali tomou a estrada para Sananduva que levava em direção a Sede da Colônia do Rio do Peixe (Sete de Setembro). Ali per-maneceram por alguns dias para descansar e tratar de adquirir terra no Núcleo Itália. Viajaram sete dias em carroças puxadas por um terno de mulas.

Sede Teixeira – 1922.Fonte: Arquivo Mário José Felini

Com o desenvolvimento do Núcleo Itália, passou denominar-se Sede Teixeira 18º Secção do Distrito de Coxilha (Passo Fundo) em meados de 1922, logo em seguida passou a 11º Distrito de Sete de Setembro (Charrua).

A Sede Teixeira apresentou-se como um pequeno povoado com casas de madeira e traçado característico eviden-te de uma urbanização através de grelha com 4 ruas na direção nordeste, sudoeste e 7 ruas na direção nordeste-sudeste em meados de 1922.

Page 22: Mulheres Empreendedoras 11

22Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

No ano de 1922, chegou a Sede Teixeira a descenden-te de imigrantes italianos Maria Costela Ughini, casa-da com o também descendente de Italianos Valeriano Ughini, e instalaram uma bodega e um armazém na área central da Sede Teixeira.

Maria Menegaz em certa feita contou para Maristela Bianchini que a família de Valeriano Ughini morava em Colônia Lângaro, e mudou-se para a Sede Teixeira cons-truindo uma casa grande para moradia e negócios. Os seus �ilhos eram carroceiros. A colônia era forte e havia bastante produção para ser transportada. As carroças eram grandes, puxadas por sete mulas. A vida era di�ícil, por isso a mãe Maria Costela Ughini carregava a carroça à noite enquanto os �ilhos descansavam, para no clarear do dia, iniciar a caminhada rumo a Passo Fundo, único lugar de comércio da região. Quando chovia, o Rio Car-reteiro e o Rio do Peixe não davam passo, �icando então o carreteiro vários dias parados.

Assumindo risco de vida no local de trabalho do marido

Lá pelos idos de março de 1922, chegou, na Sede Tei-xeira, um grupo das forças da Revolução Federalista. A partir desta data os moradores da Sede começaram a viver sem sossego, porque, quase diariamente, chega-vam grandes ou pequenas forças armadas de fuzil. Elas entravam nas casas e tiravam tudo o que encontravam. Os homens se escondiam nas matas com os animais, ca-valos, mulas; e as mulheres �icavam nas casas porque as forças não faziam nada para elas. Quando as forças partiam os homens voltavam para o trabalho.

Maria Menegaz foi uma de muitas que vivenciaram essa situação nesta época. Em certa feita contou para Maristela Bianchini que certo dia chegou à selaria o che-fe de um grupo, Marcos Bandeira, e se apoderou de um selim muito bonito, todo prateado, que era encomenda de um campeiro. Ele saiu com o selim em suas mãos dizendo que depois voltaria pagar, o que na realidade, não aconteceu. E em uma tarde chuvosa, passa pela Sede uma grande força, todos estavam molhados e com muita fome. Passando pela selaria invadiram a mesma em busca de alimentos. Haviam acabado de fazer uma cestada de pães no forno de pedras, distribuíram-nos todos, �icando sem nenhum para o consumo da família. As forças acampavam perto do centro. Matavam gado, quando encontravam, para se alimentar.

E ainda lembra que, em um outro dia chegou um ho-mem que acompanhava uma força, louco de fome pediu comida e contou que morava na região de Paiol Grande (Erechim) e que possuía uma bodega bem variada de produtos e pasto para a venda. As forças entraram na sua casa e tiraram tudo o que o mesmo possuía. Então o mesmo a carroça e as mulas, então ele vendeu o que sobrou e resolveu acampar com as forças.

Margarida Marcolin Costa, �ilha de Sebastião Marco-lin, casada com João Costa era outra que também sofreu nesta época. Ela contou em certa feita para Maristela Bianchini: “Quando os revolucionários aqui chegaram, meu marido João Costa, trabalhou três dias para eles. Os revolucionários roubavam cavalos e matavam as vacas, e obrigavam as pessoas a trabalhar para eles”.

Sede TeixeiraDe dia ocupada com os afazeres da casa e a noite carregando peso

Casa Comercial de Valeriano Ughini - 1948. Fonte Arquivo Público Porto Alegre.

Page 23: Mulheres Empreendedoras 11
Page 24: Mulheres Empreendedoras 11
Page 25: Mulheres Empreendedoras 11

25Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

A Revolução Federalista

Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

A revolução não durou muito, atuando ora aqui ora ali, porém, deixando os moradores com medo, causan-do muito sofrimento, preocupação e fome nesse tempo. Essa Revolução tinha origem no desentendimento políti-co de dois grupos, os Borgistas, a favor de Borges de Me-deiros e os inimigos, a favor de Assis Brasil, por isso as forças eram conhecidas Borgistas e Assistas. Enquanto as condições nacionais e internacionais possibilitaram a expansão da produção do Rio Grande do Sul, através

da agro-exportação, o domínio do Partido Republicano Riograndense e de Borges de Medeiros mantiveram-se sem maiores contestações.

A partir da crise econômica do pós-guerra os grupos da elite do Rio Grande do Sul que perderam com o �im das exportações de carne, não tinham suas reivindica-ções atendidas pelo Governo de Estado e procuraram alternativas

Políticas, então, para si. Começa-se, assim, a oposição ao Partido Republicano Riograndense, com a movimen-tação para acabar com Borges de Medeiros.

O Partido Republicano Riograndense indicara Borges de Medeiros pela quinta vez para o Governo do Estado, a oposição devido à crescente crise econômica do pós-guerra não mais aceitava a ditadura, e articulava-se em torno do nome de Assis Brasil. A eleição de novembro de 1922 já se assinalava pela violência e, com o resul-tado, Borges de Medeiros conseguiria os três quartos de votos necessários para sua reeleição. Contudo, a oposição tentava invalidar, e um tribunal de Honra foi organizado para a recontagem dos votos, a questão era que os membros do tribunal eram ligados ao PRR, con-�irmando o resultado e a vitória de Borges de Medeiros. Assis Brasil não aceitou o resultado e organizou tropas que iniciaram um movimento armado pelo interior, co-nhecido como Revolução de 1923, onde os Maragatos (Assis Brasil) lutaram contra os Chimangos (termo pe-jorativo a Borges de Medeiros). O movimento não durou muito, na medida em que todo o aparato militar do PRR estava consolidado. Em Pedras Altas foi feito o acordo de término do movimento, onde o PRR prometeu não indicar mais Borges para a reeleição e sim um candidato neutro, o primeiro a ser lançado foi Getúlio Vargas, cria do PRR.

Sede Teixeira para Vila Teixeira

Ao fundo vista parcial da Vila Teixeira – 1935.Fonte: Arquivo Mário José Felini.

Page 26: Mulheres Empreendedoras 11

26Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Mais tarde, durante a visita da Pastoral do novo Bispo Diocesano Dom Antônio Reis, da Diocese de Santa Ma-ria na então Vila Teixeira, em 10 de novembro de 1932, foi constituída a Liga Eleitoral Católica. A Liga tinha a incumbência de divulgar as diretrizes e as tomadas de posição da Igreja Católica entre os �iéis e canalizar vo-tos dos eleitores católicos em favor de candidatos dos diferentes partidos que estivessem prontos a susten-tar as posições católicas em questões delicadas, como a indissolubilidade do casamento, ensino religioso em escolas públicas, assistência religiosa aos militares, en-tre outras. Entre as católicas escolhidas para integrarem a diretoria em suas Secções, estiveram à frente: Emma Sandini, Ermelinda Busatto, Jovania Biazus, Jose�ina Rech, Elza Bertoldo, Margarida de Quadros, e Augusta Zanatta.

A missão de forjar o caráter e transmitir os conhecimentos

A primeira escola colocada em funcionamento acon-teceu em 1927, um ano após a criação da Paróquia pelo Pe. Júlio João Marin, que fundou a Escola Paroquial Nossa Senhora da Conceição. As primeiras aulas foram ministradas pelo próprio Pároco, nas dependências da nova Casa Canônica onde, todos os dias que podia, le-cionava para as crianças fundamentos de instrução re-ligiosa e lições elementares. No �inal do ano, a escola contava com 101 alunos.

Na oportunidade, muitos pais deram assistência e as aulas foram encerradas no dia 11 de dezembro de 1927 para um breve descanso. Em meados do ano de 1928 continuaram com as atividades, porém, com um núme-ro maior de alunos – cerca de 132. Com o aumento do número de alunos, o Pe Júlio contratou os professores Eduardo Damiani, Primo Guadanin e Valentim Núncio, que desenvolveram, além do Ensino Religioso, incentivo a leitura, promovendo concurso literário, ensino de gra-mática e cálculos, geogra�ia e história. No �inal do ano, foi aplicada uma prova onde 77 alunos foram aprova-dos.

Em meados de 1923 até o �inal de 1930, o território da Sede Teixeira estava cada vez mais ocupado e povoa-do devido à chegada de mais famílias de colonizadores e moradores atraídos pelas notícias dos pioneiros que acabaram por in�luenciar a vinda de nova leva para a localidade; e os que estavam estabelecidos de se orga-nizarem no cultivo na terra, incrementar o comércio, di-versi�icação de o�ícios, instalações de serrarias, criação

da Paróquia Nossa Senhora da Saúde e intensi�icado o assentamento e funcionamento de diversas Capelas em diversos pontos do território da localidade. Esse desen-volvimento conquistado era reconhecido pelas autori-dades da Intendência de Passo Fundo que em meados de 1929 elevou a então Sede Teixeira a categoria de 14º Distrito de Passo Fundo, denominando Vila Teixeira.

Militância política em favor de posições católicas

Liga Eleitoral Católica – 1932. Fonte: Arquivo José Sebben.

Primeiro Prédio do Colégio Medianeira, por volta de 1940.Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

Ampliação do Prédio do Colégio Medianeira em meados de 1950.Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Page 27: Mulheres Empreendedoras 11

27Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Entretanto, com o passar do tempo e o aumento da procura pelo ensino, a Escola Paroquial não conseguia dar conta da demanda que vinha crescendo a partir da metade da década de 1930. Surgiu no meio da socieda-de Teixeirense o sonho de ver construído e colocado em funcionamento um Colégio Administrado e dirigido por Religiosas e um grupo Escolar Público. Foi nesta época que o sonho tornou-se realidade na então Vila Teixeira. Depois de inúmeras viagens e tentativas, em 10 de feve-reiro de 1938, o Padre Paulo Chiaramonte deslocou-se até Passo Fundo, para buscar as Irmãs pioneiras Maria Alfredis, Imaculada Norbertila e Heloisa Galgoni que, depois de 8 (oito) horas de viagem, chegaram à Vila Tei-xeira.

Depois de uma campanha promovida pela Paróquia Nossa Senhora da Saúde, o povo com entusiasmo con-tribuiu para o assentamento e construção do Colégio, com madeira e dinheiro, antes mesmo das Irmãs terem chegado à Vila Teixeira. Logo que chegaram foi mobi-liado e pronto para funcionar com recursos �inanceiros despendidos pela Paróquia. As aulas iniciaram em 1º de março de 1938 com 120 alunos e já em abril o Colégio estava com cerca de 160 alunos. Ficou determinado como data de fundação o dia 10 de fevereiro de 1938.

Neste mesmo ano, em 19 de setembro, foi instalado e colocado em funcionamento o Grupo Escolar de Vila Teixeira, pela Diretora contratada Maria Isabel Crosset-ti, estando presente a professora contratada Maria Juria Dipp e 20 alunos matriculados. Encerrou o ano letivo em 15 de dezembro de 1938 com 28 alunos. No dia 02 de setembro de 1941 foi inaugurado o novo prédio do Grupo Escolar assentado onde hoje está o prédio da Prefeitura Municipal de Tapejara.

Grupo Escolar em meados de 1950.Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

No ano de 1963, estavam matriculados neste estabe-lecimento 199 alunos e no ano de 1969, a Escola já con-tava com 430 alunos, sendo 30 alunos do curso Supleti-vo. Neste ano de 1969 foi elaborado o Estatuto do CPM e Regimento do Grupo Escolar e Estatuto da Biblioteca. No dia 10 de março de 1968 foi realizada a inauguração

do novo prédio onde se localiza até hoje.Os nomes que a Escola teve desde a inauguração

até os dias atuais foram, Grupo Escolar de Vila Teixei-ra (1937 a 1955), Grupo Escolar de Tapejara (1955 a 1964), Grupo Escolar Fernando Borba (1964 a 1984), Escola Estadual Fernando Borba 1ª a 4ª série (1983 a 1986), Escola Estadual 1° Grau Incompleto Fernando Borba (1986 a 2001. As Diretoras desta Escola a par-tir do ano de 1937 foram, Maria Isabel Crossetti, Olga Selligman Carpilovski, Zulma B.Abott, Serenita Doring Muxfeldt, Nazy Borges Kraid, (interina), Catarina Borba, Therezinha Adelina Cauduro Pina, Maria de Lourdes Fe-lini, Marilei C. S. Rovani, Geni Firentin, Marilena Dorini de Quadros, Zabelita Bevilácqua, Marlene de Amarante Dametto, Marilene Ghidini, Márcia Terezinha Anzilieiro, Maria de Fátima Rodrigues Daré, Nelci Corral Heredia e Maria Angélica Pozzer. A Diretora atual é a profes-sora Marlene do Amarante Dametto. As vices foram as professoras, Patrícia Marie Martinelli Scariot e Andréa Bichet. E hoje a atual Diretora é Marlene do Amarante Dametto e a Vice-Diretora é a Daniela Tavares.

Atualmente a Escola Fernando Borba situa-se na Rua do Comércio n° 1589 no Centro da cidade. O prédio escolar está assentado em um terreno de 3000m², do-ado pelo Município representado na época pelo então Prefeito em exercício Dr. Johnny Dorval Zoppas, para o Estado do Rio Grande do Sul, conforme o registro no Cartório em 10 de junho de 1981, sendo 793 m² de área construída e 2207m² de área para recreação.

Construído em pavimento térreo o mesmo possui 8 (oito) salas de aula, refeitório, sala da direção, secreta-ria, cozinha, uma sala conjugada servindo de sala dos professores e atividades múltiplas. Em 2007 foi instala-do um laboratório de informática com 10 (dez), compu-tadores e com a reforma de uma sala onde funcionava um depósito que se transformou em sala de aula aos alunos com di�iculdades de aprendizagem.

Nos primeiros anos a proposta das autoridades, lide-ranças e população era estruturar de forma adequada as Escolas Municipais e interceder junto ao Governo Estadual, a �im de que �izesse o mesmo com as de sua responsabilidade. No entanto, todas eram de Ensino Primário. Diante desta realidade, os alunos que com-pletavam seus estudos primários tinham di�iculdade quanto à continuidade dos mesmos, pois, encontravam inúmeras di�iculdades de ir até Passo Fundo, Erechim, Getúlio Vargas ou a qualquer outro Município para es-tudar.

Em 15 de janeiro de 1960, representantes de diversas entidades e instituições do Município, com a presença do Prefeito Municipal, Severino Dalzotto, e pelo Pároco Pe. Carino Corso reuniram-se no Salão de Festas do Clu-be Comercial, a �im de discutir a possibilidade de consti-tuição de uma Sociedade Civil para criação de um Giná-sio. Em 07 de fevereiro de 1960 criou-se uma diretoria provisória para tratar das providências iniciais para o licenciamento do Ginásio, �icando assim composta, Pre-

Page 28: Mulheres Empreendedoras 11

28Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

sidente Pe Carino Corso, Primeiro Vice-Presidente Dr. Celso Domingues, Segundo Vice- Presidente Tranquilo Basso, Secretário Alceu Basso. Nesta mesma data �icou decidido que o Ginásio seria mantido por uma entidade particular e seria o ensino gratuito, dependendo de ver-bas e subvenções federais e estaduais.

Não havia local para esta Escola funcionar. O Pároco, desta forma, cedeu as dependências do Salão Paroquial para o funcionamento provisório do Ginásio.

Salão Paroquial em meados de 1950. Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Organizado o Estatuto, escolhido o Corpo Docente, aprovados os papéis, foram encaminhados junto a Ins-petoria Seccional do Ministério de Educação e Cultu-ra em Santa Maria. Em 25 de março de 1961, Gildásio Amado, Diretor de Ensino Secundário do MEC, expede a portaria n°244 criando o�icialmente o primeiro Educan-dário em Tapejara, o Ginásio Pio XII.

Para resolver os problemas de falta de material de expediente, pagamento de luz, compra de quadro verde, apagador e giz entre outros, alunos, pais e professores organizaram quermesses e reuniões dançantes para ar-recadar fundos para compra dos mesmos. Para organi-zar estas atividades foi fundado o CPM (Circulo de Pais e Mestres) cuja primeira diretoria �icou assim constituída, Presidente João Roman Vieda, Secretário David Silveira, Tesoureiro José Maria Vigo da Silveira, Conselho Fiscal: Diter Adolfo Bauermann, Catarina Dalla Costa, Leorindo Cavichioli, Pedro Sitta e Alfredo Campiol.

Entre as professoras que formaram o primeiro qua-dro de Recursos Humanos do então Ginásio Pio XII, cabe destacar as seguintes, Serenita Doring Muxfeldt (Dire-tora), Catarina Dalla Costa (Francês), Jovina Noeli dos Anjos Ferreira (História do Brasil), Maria D. Muxfeldt (Desenho).

Formatura da 1ª Turma do Anti go Ginásio Pio XII -1964.Paraninfo da Turma: Alceu Basso. Fonte: Gloria Col Debella e Neuza

Marchiori.

Pelo decreto nº 15.076 de 22 de abril de 1963, o en-tão Governador Ildo Meneghetti criou o Ginásio Estadu-al de Tapejara, que continuou nas instalações cedidas pela Mitra Diocesana, contando com 135 alunos. Em maio deste mesmo ano �irmou-se convênio entre a So-ciedade Educacional Tapejarense e a Secretaria de Edu-cação pela então Secretária de Ensino dos Negócios de Educação e Cultura, Zilah Mattos Totta, onde o acervo do Ginásio Pio XII, inclusive professoras e professores e alunas e alunos, foram transferidos para o recém criado Ginásio Estadual.

A cada início de ano letivo o número de alunas e alu-nos aumentava, tornando inviável o local utilizado pelo Ginásio Estadual de Tapejara; a então diretora Serenita D. Muxfeldt, em 27 de abril de 1964, com 200 alunos matriculados solicitou a construção de novas instala-ções para suprir a demanda. O Município de Tapejara adquiriu uma área de 100mx100m para a construção do prédio escolar. Em 18 de dezembro de 1972 o Mu-nicípio fez doação dos terrenos, perfazendo um total de 10.000 m² ao Governo do Estado do RS que assentou os prédios onde hoje está instalada a escola denominada Escola Estadual de Ensino Fundamental Severino Dal-zotto, situada na Rua Coronel Gervásio nº 697, esquina com a atual Rua Júlio de Castilhos.

Construção da atual escola - meados de 1967 e 1968Fonte: Gloria Col Debella e Neuza Marchiori.

Page 29: Mulheres Empreendedoras 11

29Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Na trajetória do então Ginásio Pio XII, sendo chama-do posteriormente Ginásio Estadual e hoje Escola Es-tadual de Ensino Fundamental Severino Dalzotto, que comemora o�icialmente meio século de vida em 25 de março de 2011. Inúmeras professoras, professores e funcionários marcaram presença no estabelecimento. Entre as professoras e funcionárias entre outras, Ca-tarina da Silva, Berta Hanel, Clair Terezinha Crespan, Dalva Bisognin, Dirce Maria Formigheri, Elóa Muxfeldt, Elza Anna Col’Debella, Ema Vargas Viegas, Esmeralda Muxfeldt, Eva Carissimi, Geraldina Spader, Gioconda Carniel Antônio, Grasira Batochio, Glória Col’Debella, Inês Maria Canali Comiran, Ione Ana Col’Debella, Ires Campiol Moretti, Inês Gardelin, Julieta de Oliveira, Lourdes Muxfeldt Zanini, Lúcia Ghidini, Maria Muxfeldt Basso, Maria de Lourdes Felini, Maristela Dorini, Meire Salete Marcolin, Mercedes Cogo, Neusa Inês Marchiori, Osana Lidia Coronetti, Pierina Paulina Morello, Rejane Liska, Rejane Sonia Faccio, Sara Busato, Sely Antonia Dall’olivo, Serenita D. Muxfeldt, Silvia Regina Lindner Urbanski, Suzete Antonieta Rietjens, Tercila Rebeschini, Thereza Muxfeldt.

Curso para Diretoras e Diretores em Porto Alegre (Professora Serenita D. Muxfeldt)

Fonte: Gloria Col Debella e Neuza Marchiori.

Alunos e Alunas desfi le de Sete de Setembro de 1966.Fonte: Gloria Col Debella e Neuza Marchiori.

As Diretoras e Vice- Diretoras do estabelecimento no decurso do tempo foram, Serenita D. Muxfeldt de 1º de maio de 1963 a 30 de dezembro de 1967, Gioconda Carniel Antonio de 10 de agosto de 1983 a 05 de outu-bro de 1983 sendo Vices Eliane Langaro e Lúcia Ghidini, Ione Ana Col’Debella de 21 de dezembro de 1983 a 06 de agosto de 1986 tendo como Vice Lúcia Ghidini, Vices Suzete Antonieta Rietjens e Celia Maria Rech de 07 de agosto de 1986 a 17 de agosto de 1988, Dirce Cauduro sendo Vice Sonia Mari Dalla Costa Sousa de 18 de outu-bro de 1988 a 14 de dezembro de 1991, Noema Capra tendo como Vices Lidia Rombaldi, Lourdes Muxfeldt Za-nini, Dely T. de Oliveira Simionato de 15 de dezembro a 11 de agosto de 1994, Dely T. de Oliveira Simionato e Vices Lourdes Muxfeldt Zanini, Ilse Bé Rebesquini, Ma-

rilene Girotto e Glória Col’Debella de 01 de setembro de 1994 a 30 de dezembro de 1997, Vices Vera Lúcia Sanson Cadini, Rosangela Hanel Dias, , Elisa Regina Sitta Bacega, Dely T. Oliveira Simionato de 30 de dezembro de 1997 a 30 de dezembro de 1999 e retornaram de 31 de dezembro de 1999 a 30 de dezembro de 2001, Neu-sa Inês Marchiori e Vices Marilene Girotto e Jaqueline Palma de 11 de dezembro de 2001 a 30 de dezembro de 2003, Dely T. de Oliveira Simionato tendo como Vices Daneide Piffer Pasquali e Maria de Lourdes Rech de 01 de janeiro de 2004 a 30 de março de 2006, Vices Jovania de F. Bassegio, Daneide Piffer Pasquali, Maria de Lour-des Rech de 01 de abril de 2006 a 11 de dezembro de 2006, Daneide Piffer Pasquali de 1° de janeiro de 2007 a 31 de dezembro 2009 com as Vices Ilse Bé Rebeschini e Ana Amélia Barizon Melara. A atual direção da escola na data de 01/01//2010 a 31/12/2012 é constituída pela Diretora Catarina Mazutti e as Vices-Diretoras Gabriela Bée Manente, Ilse Bée Rebeschini e Daneide Piffer Pas-quali.

O universo dos primeiros alunos que ingressaram no 1º ano de funcionamento do então Ginásio Pio XII so-mavam 88, divididos em alunos e alunas. Eles foram di-vidos nas três primeiras séries. A primeira série “A” que funcionou no turno da manhã, com aulas de segunda a sexta feira, era um grupo de 26 alunos, estando presen-tes alunas como, Cleci Marcolin, Eunice Rodrigues, He-

Page 30: Mulheres Empreendedoras 11

30Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

lena Borgo, Ida Jacobsen, Ivanira Baseggio, Juriane Fer-nandes da Silveira, Leda Maria Ghidini, Natalina Variza, Osana Lidia Dametto, Silvia Regina Simon, Zélia Cam-piol. A 1ª série “B”, também funcionava no turno mati-nal e a turma era composta por 27 alunos entre eles as seguintes alunas: Ana Maria Domingues, Ana Odila Ber-ton, Carmen Scariot, Clair Terezinha Crespan, Cleomar Busato, Daisy Mary Borges, Dionéia Maria Petrini, Gelsi Reni Sager, Ilse Costa, Lenir Salete Ughini, Nelcy Cecilia

Hall, Neusa Inês Bamberg, Sara Busato, Seni Verena Hall. A 1ª série “C” por sua vez funcionava no turno da noite e era formada por um contingente de 35 alunos e nele fazia parte as alunas, Adir Maria Cauduro, Ana Maria Casa, Avani Basso, Carmen Baseggio, Elza Zimmerman Doring, Elza Anna Col’Debella, Ercilia Scheleder, Eunice Basso, Helena Maria Girardello, Magali Maria Faé, San-tina Zanini, Valdereza Pivetta Girardello, Maria Fanny Tabbal/aluna ouvinte.

Vila TapejaraA partir do decreto lei nº. 729, de 29 de dezembro

de 1944, assinado pelo Prefeito Municipal Arthur Fer-reira Filho, a Sede Distrital de Vila Teixeira 14º Distri-to de Passo Fundo passou a denominar-se de Vila Ta-pejara. Naquela ocasião os limites �ísico-territoriais de urbanização apresentaram-se próximos das décadas anteriores, entretanto o desenvolvimento foi marcado pela qualidade e quantidade das edi�icações. Foi inten-si�icado o comércio e a vida social. Desenvolvido a partir do projeto inicial de 1915, o traçado se mantém �iel a grelha, apresentando pequenas distorções devidas aco-modações do traçado no crescimento espontâneo.

Foi aproveitando a denominação que os índios Cain-gangues, primeiros povoadores do território, deram ao Rio Carreteiro. O nome Tapejara, desmembrado signi-�ica, Tape que quer dizer “caminho” e “yara” que quer dizer “senhor”, ou seja, “Senhor dos Caminhos”.

Vila Tapejara – 1950. Fonte Itamar Antonio Spanhol.

Recepção do Dr. Sawa Lachno em Vila Teixeira em 1932. Fonte: Hospital Santo Antonio.

Inauguração da Casa Comercial de Angelo Dalzott o e Aquilino Cavichiolli por volta de 1920, na então Sede Teixeira. O prédio estava assentado na atual Rua XV de Novembro onde hoje se encontra o Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de Tapejara.

Primeiro hospital

Por volta do começo dos anos 30, os irmãos Giácomo Marin e Bejamin Marin adquiriram o antigo casarão de madeira que até então era ocupado por uma Casa Co-mercial e, fazendo as devidas reformas transformaram-no no primeiro Hospital em Vila Teixeira. A edi�icação estava localizada na zona central da Vila, denominado Hospital Santo Antônio e dispunha de 14 quartos, 25 leitos, sala de operação. A direção médica estava a cargo do Dr. Ivanorich Sawa Lachus (russo) auxiliado pelo Dr. A. Dabem Capilavischy e como administrador Bejamin Marin.

Na metade da década de 30, o Distrito de Teixeira vinha experimentando um surto de crescimento e o desenvolvimento da população foi calculado em cerca de 8.200 habitantes. Era Sede do Distrito “Vila Teixei-ra”, um núcleo com edi�icações distribuídas sobre uma colina. A Sede, muito povoada e com um comércio �lo-rescente, contava com casas comerciais pertencentes a famílias de imigrantes e descendentes, entre os quais, Ughini, Busatto, Dalzotto e o�ícios de carpintaria e ferra-ria entre as quais de José Zanini e Marcos Menegaz.

Page 31: Mulheres Empreendedoras 11

31Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Existiam no distrito outros centros povoados por famílias de colonizadores, que desenvolviam, além das atividades agrícolas, a exploração do pinheiro (serra-rias, engenhos) e moagem de grãos, milho, trigo (moi-nhos coloniais) entre os quais, São Silvestre, Carreteiro, São Domingos, Linha Glória, São Jacob (Linha Três), Rio Coroado, Paiol Novo, Santa Terezinha, Nossa Senhora do Carmo e Sede Rocha, localidades, na sua maioria, batizadas com o nome dos padroeiros e padroeiras das capelas que ali surgiram da manifestação e sentimen-to religioso das famílias dos colonizadores que são, na quase maioria, de origem Italiana. Nessa época, o sub-prefeito e subdelegado era Antonio Franklin da Silva, com suplente Aquilino Cavichiolli, Juiz distrital Arman-do Bertoldo, suplente José Zanini, Pároco Pe. Calógero Tortoricci e Cooperador Pe. Paulo Chiaramonte.

A missão de cuidado e assistência ao povo

Diante do surto de crescimento e desenvolvimento do Distrito de Vila Teixeira o atual Hospital não conse-guia suportar a demanda da população que a ele recor-ria a �im de obter a assistência e aos cuidados de Saúde. Surgiu na oportunidade um movimento, integrado por agricultores, comerciantes e religiosos preocupados com essa situação e dispostos a constituir uma Socieda-de que objetivava a construção de um grande Hospital.

As fundadoras

Herminia Parizzott o Bée (ao centro) e sua família Sócia Fundadora do Hospital Santo Antônio - meados de 1940.

Fonte Hospital Santo a Antônio

Entre as sócias fundadoras contribuintes do Hos-pital Santo Antônio cabe destacar, Heminia Parizzotto Bée, Jose�ina de Rossi, Maria Koch, Maria Vechi Momo, Teolinda Lamb, Tereza Zanini, V.vª Bruno Bertoto, V.vª Genoveva Germano Prante. O Hospital Santo Antônio foi fundado no dia 02 de janeiro de 1938 e inaugurado e colocado em funcionamento em 24 de maio de 1942.

A missão de cuidados a vida desenvolvida no hospital Santo Antônio

Hospital Santo Antônio - Vila Tapejara 1950. Fonte : Arquivo Público Porto Alegre.

As tratativas que antecederam e a chegada das Ir-mãs de Nossa Senhora em Vila Teixeira para prestarem serviços no Hospital Santo Antônio está registrado nos Anais da Congregação. Os acontecimentos ocorridos na época do ponto de vista das Irmãs pioneiras na íntegra são os que seguem:

Dois anos antes da abertura, as Irmãs do Colégio de Vila Teixeira a�irmaram que seria construído um novo hospital e que passaria aos cuidados de nossas Irmãs. No dercorrer de 1941 vieram senhores de Passo Fundo às superioras pedindo as Irmãs, porém, estando para ser abertas várias novas �iliais, faltaram Irmãs e as su-perioras se viram impossibilitadas de fazer ao pedido. Eis que o Pe. Paulino Chiaramonte, segundo Sacerdote de Vila Teixeira, se apresenta em Passo Fundo pedindo com tanta insistência de liberar Irmãs, já não encon-trando mais resistência, já que a abertura do Hospital de Carazinho parecia estar retardando. Após o retiro, em fevereiro de 1942, foram escolhidas as Irmãs M. Te-onilda, M.Adelheide e M. Filipa para dar início Hospital Santo Antônio.

No dia 27 de fevereiro, após terem arrumado malas e caixas, iniciaram a viagem de ônibus. Irmã M. Engelfrie-da as acompanhou por uns dias para assisti-las nas di�i-culdades iniciais. Ir. M. Ernestin e M. Norbertila, do co-légio, as esperavam na rodoviária. Ficaram uns dias no Colégio até poderem instalar-se no novo edi�ício. Após a primeira noite participaram da Santa Missa. Já chegou o Pe. Paulino de auto, para levá-las ao alto do monte ao novo prédio. Alegramo-nos com esta feliz localização da casa. O edi�ício, pintado com cores claras, parecia convi-dativo. Estava completamente vazio, nada para as Irmãs e há 3 semanas a M. M. Valeriana indicara onde queria a clausura e qual seria a mobília. Somente o farmacêutico Mario José Ferreira já se mudara da Vila ao Hospital e se instalou. Teve a visível proteção de Deus, pois umas ho-ras após a mudança, durante a noite, sua casa queimou completamente.

Em todos os corredores e cantos viu-se a sujeira da

Page 32: Mulheres Empreendedoras 11

32Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

construção. De início as Irmãs se entristeceram, mas aos poucos esse sentimento transformou-se em vonta-de de trabalhar. Não se podia pensar em morar no edi-�ício, mas pretenderam acelerar o dia. À tarde se infor-maram com os Srs. da diretoria a respeito da compra do mais necessário. Os Srs. entenderam que os pedidos das Irmãs eram justos e necessários. Na cozinha viu-se um grande fogão com um grande recipiente que aguarda-ram serem montados. Faltou o essencial, a água. A no-viça Ir. M. Felipa costurou no Colégio lençóis, fronhas, aventais para auxiliares e a Ir. M. Adelheide providen-ciou, também no Colégio, as frutas. Ir. Engelfrieda e M. Teonilda �izeram as compras necessárias. Em março se meteram todas as Irmãs à limpeza das janelas e dos as-soalhos. Quando, em abril parecia possível iniciar o fun-cionamento, faltou o médico. Havia dois no lugar, mas a diretoria quis um terceiro.

As Irmãs de Nossa Senhora designadas pela Congre-gação para prestarem serviços no Hospital ao iniciaram suas atividades encontraram uma realidade e situação de carência de meios para desenvolverem suas tarefas. Essa situação foi registrada nos Anais da Congregação. Entre os quais o ocorrido em 8 (oito) de abril de 1942 quando o primeiro doente acessou os serviços do então não ainda inaugurado Hospital Santo Antônio. O episó-dio foi assim descrito:

Inesperadamente trouxeram ao hospital uma crian-ça doente que não pôde �icar no hotel devido ao perigo de contágio “difteria”. Assim com o isolamento abriu o funcionamento da casa. A diretoria se viu obrigada a li-gar a água e montar o fogão. Mais dois dias recebemos a comida do colégio. Uma cama e uma cadeira foram to-madas emprestadas da farmácia. Nem copo, nem xícara, nem colher! O farmacêutico ajudou onde só podia. Os parentes do doente já quiseram retirar-se, mas chegou o médico. Após três dias a criança voltou curada para casa. As Irmãs encheram-se de coragem e continuaram com a limpeza do prédio.

No mês de abril foram atendidos 21 doentes. O mês de junho trouxe tanto trabalho com pneunomia e gri-pe que dia e noite as Irmãs não tiveram calma. Nem no onomástico da Rvma. Madre �icou sem ser interrompi-do nas refeições. A 13 de julho nos surpreendeu a M. M Valeriana. Trouxe a Irmã M. Friedegund para ser in-troduzida na farmácia, pois a diretoria pretendeu abrir uma por conta própria. Em setembro veio para a mes-ma �inalidade a Ir. M. Reinoldis, mas devia voltar à Casa Provincial. Uma postulante adoeceu seriamente. Em ou-tubro, mês do rosário, conseguimos revezar-nos para a devoção com benção na Igreja.

Empregadas e aprendizes do Frigorí� co São Paulo S/A

Em meados do ano de 1940 foi criada a Associação de Defesa Ativa Colonial na então Vila Tapejara, poste-riormente Frigorí�ico São Paulo S/A, por iniciativa, no começo, de um grupo de pequenos agricultores anima-dos e desa�iados por Tranqüilo Translati de Passo Fun-do, que desenvolvia atividade de abate e comercializa-ção de produtos suínos. A Associação de Defesa Ativa Colonial tinha como �inalidade congregar um grupo de agricultores que criavam suínos e quando estavam ap-tos para o abate eram comercializados em Passo Fundo, Sananduva e Erechim. A idéia da associação tinha como �inalidade, em médio prazo, instalar um Frigorí�ico na Vila Tapejara para abater, industrializar e comercializar derivados de suínos.

Cada membro, inicialmente, colocou certa quantia de recursos �inanceiros para aquisição do local, dependên-cia e equipamentos. O primeiro presidente escolhido em assembléia pelos sócios foi Tranqüilo Translati, a sociedade congregava aproximadamente mil sócios.

No �inal de 1951 foi convidado a trabalhar na Asso-ciação Vergelino Eron Borges, vindo de Joaçaba, Santa Catarina, onde havia adquirido uma larga experiência administrativa na �irma de Saulo Pagnocelli. Em segui-da, chegaram Ernesto Canali e Primo de Carli, também com experiência administrativa, e com o passar do tempo, a diretoria convocou uma assembléia e propôs transformar a entidade em uma empresa S/A, com a denominação de Frigorí�ico São Paulo S/A, aceita pelos sócios presentes na assembléia onde também elegeram a primeira diretoria no �inal de 1953, assim constituí-da, Presidente Primo de Carli Diretor Comercial Mário Dal’Pont e Diretor Gerente Ernesto Canali. Com muito dinamismo, trabalho e apoio de seus auxiliares conse-guiram agregar mais sócios para a entidade, entre as quais, as �irmas Ughini, Gaúcha Madeireira de Passo Fundo de Tadeu Nedeff, e a empresa de Transportes Su-lina dos Irmãos Zaffari de Passo Fundo, que vieram para reforçar o capital da empresa para modernizar equipa-mentos e possibilitar a industrialização e a expansão da comercialização de derivados de suínos.

Quadro de Funcionárias e Funcionário do Hospital Santo Antônio por volta dos primeiros anos da década de 1960. Da esquerda para direita

de pé: Leonilda Volpatt o, Reni Biasutti , Terezinha Volpatt o, Adelaide Rigon, Valdereza Girardello, Avani Basso, Délcia, Adélia Posser, Ivanilde

Artusi. Sentados: Antônio Lovatt o, sem identi fi cação, Irmã Eberta – diretora, Irmã Ubaldina - adjunta da diretora, Irmã Anites.

Fonte: Família Antônio Lovatt o.

Page 33: Mulheres Empreendedoras 11

33Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Instalações do Frigorífi co por volta de 1950. Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

O Movimento Pró-emancipação de Tapejara origina-se do processo de constituição da estrutura agrícola-comercial, alicerçada no desenvolvimento, estruturação das atividades e empreendimentos agrícolas, comer-ciais, sociais, culturais e medidas Político-Administrati-vas entre as quais delimitação e demarcação do territó-rio ocupado gradativamente pela população no decurso do tempo, a partir do Núcleo Itália para Sede Teixeira pertencente ao Distrito de Sete de Setembro, atual Mu-nicípio de Charrua. Com o desenvolvimento provocado pelos colonizadores por volta de 1929 foi elevada a ca-tegoria de 14° Distrito de Passo Fundo com a denomi-nação de Vila Teixeira. O aumento da população juntan-do-se aqueles já estabelecidos e instalados determinou ativa participação de segmentos na implementação da agricultura, comércio, pequenas indústrias de trans-formação dos grãos e frutas produzidas na localidade e melhorias no ensino e assistência a saúde contribuíram para que em meados de 1940 a Vila Teixeira continuas-se Distrito de Passo Fundo, mas com nova denomina-ção de Vila Tapejara. Além disso, começaram a surgir ao mesmo tempo Partidos Políticos no Distrito os quais no decurso do tempo elegeram Vereadores para compo-rem a Câmara de Vereadores de Passo Fundo até a data de instalação do Município em 1° de janeiro de 1956.

Na Legislatura de 28 de novembro de 1947 a 31 de dezembro de 1951 foram eleitos Tranqüilo Basso, da Coligação UDN (União Democrática Nacional) com o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) com apoio da Fir-ma Irmãos Ughini & Bertoldo e Cia Ltda que obteve cer-ca de 300 (trezentos) votos, Dr. Miguel Tabbal represen-

Entre o mês de novembro de 1953 a agosto de 1955 o número de empregados registrados que desempenha-vam suas atividades no então Frigorí�ico São Paulo S/A era de aproximadamente de 30 (trinta) empregados. O universo de empregados era dividido em um grupo

de 20 (vinte) homens e 10 (dez) mulheres. Elas eram admitidas no quadro de colaboradores, a primeira foi a partir de 11 de dezembro de 1953 e a última em 02 de agosto de 1955.

As empregadas registradas que trabalharam no esta-belecimento, então Frigorí�ico São Paulo S/A no inter-valo de 11 de dezembro de 1953 a 04 de julho de 1953 foram cerca de 10 (dez), sendo que seis (seis), aprendi-zes, Geni Menegaz e Neuza Rodrigues ambas com a ida-de de 14 anos, Zita Canali com idade de 15 anos, Edda Diniz Girardello e Elza Marsiglio com 16 anos de idade, Rosalina Brunetto com a idade de 17 anos, Rita Rodri-gues com idade de 19 anos, Zelinda Kunz, 20 anos, Circe Lopes, 21 anos, Setembrina Alves de Souza com 27 anos de idade.

O movimento pró-emancipação de Tapejara

tante do PDS (Partido Democrático Social) obteve mais de 400 (quatrocentos) votos com apoio de José Zanini, industrial e líder comunitário ligado a Igreja Católica e um dos idealizadores e empreendedores do novo e re-cente inaugurado Hospital Santo Antônio e Carino Ca-nali representando a coligação PRP (Partido de Repre-sentação Popular) e PL (Partido Libertador) com mais de 200 (duzentos) votos com o apoio do meio agrícola. Na Legislação de 1° de janeiro de 1952 a 31 de dezem-bro de 1955, o Distrito de Tapejara garantiu a eleição de um representante na Câmara de Vereadores de Passo Fundo. Era eleito, para a legislatura, Tibério Francisco Amatéa, representante da aliança PDS (Partido Demo-crático Social) e PL (Partido Libertador), com apoio do comércio e meio agrícola local.

Desencadeado o processo emancipatório

Esse processo evolutivo que acabou desaguando em meados de 1950 favoreceu o surgimento na Vila Tape-jara de manifestações de lideranças respaldadas por parcelas da população para encetar o Movimento Pró-Emancipação em meados de 1953. O objetivo era con-quistar a emancipação do Distrito de Tapejara inicial-mente, 1953, incluídas as Vilas de Ibiaçá (do Município de Lagoa Vermelha), Charrua (do Município de Getúlio Vargas); e Água Santa (do Município de Passo Fundo). Mais tarde, em meados de 1955, na fase derradeira, o movimento perdeu Ibiaçá que era anexado no novo Mu-nicípio de Sananduva.

Page 34: Mulheres Empreendedoras 11

34Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Para alcançar o �im que se destinava o movimento (emancipação político-admi-nistrativo do Distrito de Tapejara) foram desenvolvidas inúmeras atividades, conta-tos e reuniões preparatórias nos Distritos, a �im de mobilizar a população para uma As-sembléia Geral. A Assembléia Geral ocorreu em 20 de agosto de 1953 nas dependências do Salão Paroquial. A �inalidade do evento era constituir a Diretoria do Movimento que até então vinha sendo coordenado por algumas lideranças. Na oportunidade do ato foi proposta e apresentada pelo Pe. Raimundo Damin um elenco de lideranças para integrarem a Diretoria que segue: Presidente: Olmar Domingos Simoni, Vi-ce-Presidente: Dr. Miguel Tabbal, 2° Vice-Presidente: Alcides Bertoglio, 1° Secretá-rio Tranqüilo Basso, 2° Secretário Tibério Amatéa, 1° Tesoureiro Giacómo Marin, 2° Tesoureiro Vendelino Tresel. A Diretória foi aceita e aclamada pela maioria dos presentes e foi imediatamente empossada, passando a presidir a reunião o novo presidente Olmar Domingos Simoni. Na Assembléia compareceram cerca de 94 lideranças do Distrito de Tapejara, 11 do Distrito de Água Santa, 6 do Distrito de Charrua e 20 do Distrito de Ibiaçá. Foi decido pela maioria dos presentes autori-zar a Diretória iniciar o trabalho de propaganda objeti-vando a Emancipação do Distrito de Tapejara incluídas as Vilas de Ibiaçá (do Município de Lagoa Vermelha); Charrua (do Município de Getúlio Vargas) e Água Santa (do Município de Passo Fundo). Em obediência a auto-rização delegada pela Assembléia, no dia seguinte a Di-retoria através dos membros da secretária solicitaram a impressão, na Grá�ica e Tipogra�ia Nelhs, de folhas de papel sob forma de requerimento com linhas verticais para coletar assinaturas dos partidários à Emancipação. O material em forma de requerimento, encabeçado por pedido de emancipação do Distrito de Tapejara, incluiu os Distritos de Água Santa (do Município de Passo Fun-do); Charrua (do Município de Getúlio Vargas) e Ibiaçá (do Município de Lagoa Vermelha). Logo que impresso foi distribuído às lideranças dos Distritos para a cole-ta das assinaturas a �im de constituir a moção popular Pró-emancipação do Distrito. Depois de coletadas as as-sinaturas e preenchidas, as listas eram entregues para a secretaria da Diretoria do Movimento. Os membros da secretaria levavam o material para o Cartório Distrital, local onde era reconhecida a �irma das assinaturas. O Cartório despachava para a Sub-Delegacia (Vila Ta-pejara) ou Sub-Prefeitura (Vila Água Santa, Charrua e Ibiaçá), ali era veri�icado se os que haviam assinado a moção popular residiam no respectivo Distrito. Numa das primeiras listas apresentadas, datada de 7 (sete) de outubro de 1953, foi constatada pela autoridade Policial (Sub-Delegado), que Leorindo Cavichioli na época resi-dia em Lages, Estado de Santa Catarina.

A Militância no movimento de emancipação

A tabela abaixo estampa o universo de eleitoras sig-natárias que assinaram o Requerimento pela Emancipa-ção do Distrito de Tapejara.

Distrito Total de eleitores EleitorasTapejara 676 157

Àgua Santa 268 67

Charrua 272 26

Ibiaçá 123 19

Total 1339 269Fonte: Arquivo Público de Porto Alegre

Os signatários que assinaram o requerimento pela emancipação no Distrito de Tapejara foram aproxima-damente 676, constituídos por 516 eleitores e 157 elei-toras. Dentre as eleitoras, Helena Damin Rocha, Gema Dalzotto, Elza Anna Col Debella, Maria Luiza Carlotto Zanatta, Mafalda Damin, Margarida Etelvina Sitta, Ma-ria Rovani, Anna Lângaro, Terezinha Arcari Gasperin, Emilia Miloca Dall’olivo, Anna Luiza Bacega, Constância Fardo Marcolin, Alzira Sandini Zen, Serenita D. Muxfel-dt, Gemila Maria Costa Pirolli, Irica Crescencia Klein Hall, Wilma Lângaro Ughini, Irma Zanini, Francisca Cos-ta Zanini, Italina Marcolin, Catarina Fazolin Debastiani, Maria Gema Spader, Terezinha Elizabete Spader, Edel�i-na Ernesta Gandini Variza, Milena M. Bernardes, Maria Lucion, Florentina Jouris, Ida Menegaz, Maria Spagnol, Edy Quintina Zambenedetti, Saide Adaime, Maria Za-natta, Maria Mocelin, Lúcia Zanini, Thereza Marchiori, Clarinda Maria Marchiori, Irmã Dalbosco Costa, Gemma Tereza Paviani, Amabile Maria Canali, Maria Peronilia Friederich., Lucinda Souza Borges, Cecília Sitta Gandini, Terezinha Zapani, Norma Cadore, Jovelina Maria Lucion, Ida Menegaz, Armelinda Pirolli, Angelina Zoldan.

Foram 268 eleitores, constituídos por 67 eleitoras e

Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Page 35: Mulheres Empreendedoras 11

35Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

201 eleitores que subscritaram o Requerimento que de-sejavam a incorporação do Distrito de Água Santa (Pas-so Fundo), ao futuro município de Tapejara. Entre as eleitoras moradoras do Distrito de Água Santa assina-ram o Requerimento, Celestina Dorini Lângaro, Tereza Dalzotto Ughini, Santa Girardi, Dileta Rosalina Bragnolo, Catarina Dalmina, Tereza Peruzzo, Rosalina Miorando Manica, Ângela Meneghini, Ema Pegoraro Zotti, Regina Bianchi Peruzzo.

Cerca de 272 eleitores alistados no Distrito de Char-rua (Getúlio Vargas), composto de 26 eleitoras e 246 eleitores, assinaram pela agregação do Distrito ao futu-ro município de Tapejara. Dentre as eleitoras que assi-naram: Maria Corrêa Hoffmann, Joana Zanella Peruzzo, Ernestina Almeida Domingues, Tridalina Bruch Lang, Graciosa Dal Pizzol, Dileta Roncalho.

Aproximadamente 123 eleitores inscritos no Distrito de Ibiaçá (Lagoa Vermelha), também, assinaram e dese-java a anexação do Distrito ao futuro município de Tape-jara. Entre os quais 19 eleitoras e 104 eleitores. Dentre as eleitoras: Beatriz L. Ughini, Rosalda Dalzotto Pinzon, Angelina Maria Baroni Rossi, Celina Fachinello Marchio-ri, Amabile Maria Maito, Aldina Pierozan.

Primeira tentativa - arquivamentoConcluída a coleta, reconhecidas as assinaturas e

com posse das listas, a secretária do Movimento elabo-rou requerimento com o abaixo-assinado encabeçado por petição endereçado ao Presidente da Assembléia do Estado do Rio Grande do Sul e foi protocolado na Se-cretaria da Assembléia em �inal de outubro de 1953. A Secretaria despachou o expediente para a presidência que acolheu e em seguida como era de praxe despachou para a Comissão Especial de Divisão Territorial. A Co-missão era constituída por deputados e obedecia a sua organização: Presidente, Vice-Presidente, Secretário e Relator. Os expedientes eram distribuídos para o Rela-tor, que após um período de estudos, elaborava relató-rio que apresentava na sessão da Comissão Especial de Divisão Territorial que se reunia de tempos em tempos para apreciarem matérias de sua competência.

A tabela abaixo mostra o valor das receitas dos Dis-tritos apresentadas pelo Movimento e a demonstração pela Comissão Especial. Resultou num dos motivos para que a primeira tentativa do Movimento Emancipacio-nista fosse derrotado.

Distrito Movimento ComissãoTapejara 191.964,20 157.548,00

Ibiaçá 174.164,00 174. 164,00

Charrua 155.792,00 157.952,00

Água Santa 78.082,40 62.660,30

Total 600, 002.60 551.164,70Fonte: Arquivo Público - Porto Alegre.

Na sessão da Comissão no dia 19 de novembro de 1953 o relator apresentou o expediente n° 1142 que tra-ta da Emancipação do Distrito de Tapejara. O relatório apresentado na oportunidade considerou que a moção popular que constituiu a petição inicial não obedeceu a formalidades legais do art.16° da Lei que regula a ma-téria. A Comissão Pro-Emancipação foi noti�icada para cumprir por despacho de providências as formalidades, a �im de juntar certidão para comprovar que as assi-naturas da petição de folhas eram eleitores residentes nas áreas emancipandas, de cuja lista são signatários da moção popular. Feita a diligência no que tange ao reco-lhimento em notas públicas das assinaturas da moção popular, resultou no integral cumprimento da mesma em relação aos signatários do pedido de Tapejara, Água Santa e Ibiaçá e o não cumprimento em relação a Char-rua, cuja escrivã achava-se enferma conforme atestado médico.

Conforme os documentos apresentados, a recei-ta apresentou Tapejara Cr$ 191.964,20, Água Santa Cr$ 78.082,40, Charrua Cr$ 155.792,00, Ibiaçá Cr$ 174.164,00. O total perfaz Cr$ 600, 002,60. O Estudo considerava Tapejara satisfatória, quanto à receita, a exi-gência legal na hipótese de serem hábeis os documentos apresentados, mas cumpre notar que o documento refe-rentes a Tapejara e Água Santa, fala em arrecadação to-tal o que está em desconformidade com o estabelecido no inciso II do Art. 8° da Lei que versa sobre a matéria, também, no que tange o documento do Distrito de Char-rua fala em arrecadação total. Foi então requerida uma diligência, no sentido de esclarecer os dados, referen-tes à receita tributária- impostos e taxas de Tapejara, Água Santa e Charrua, veri�icou-se que, foi con�irmada a receita discriminada de impostos e taxas do Distrito de Charrua, segundo não foi satisfatória a diligência em relação a Tapejara e Água Santa. A verdadeira situação da receita tributária, impostos e taxas dos Distritos. Do Distrito de Tapejara era cerca de Cr$ 157.548,00, Água Santa Cr$ 62.660,30, Charrua Cr$ 157.792,00, Ibiaçá Cr$ 174.1164,00. Total Cr$ 551.164,70. O parecer do Relator foi que os Distritos emancipandos tinham, pois receita tributária inferior a Cr$ 600.000 mínimo legal exigido. Quanto à população dos Distritos que perfa-ziam cerca de 24.820 (vinte e quatro mil e oitocentos e vinte) habitantes para o Relator Tapejara não necessita-va propriamente da população de Ibiaçá, mas atraves-sava o Rio Apuaê (Ligeiro) para buscar receita su�icien-te. Segundo o Relator a Comissão Revisora da Divisão Territorial do Estado em seu parecer no expediente de Emancipação de Sananduva opinou contrariamente a Emancipação de Tapejara, pois entendia, por motivo de ordem técnica e de ordem territorial, que Ibiaçá devia ser incluído na organização de Sananduva. Embora se-jam favoráveis, ao maior número de Emancipações não podiam concordar, após estudos dos expedientes de Ta-pejara e Sananduva, no momento, com a Emancipação de Tapejara. Alegavam não só em face dos defeitos que

Page 36: Mulheres Empreendedoras 11

36Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

apresentava o expediente, ferindo o Art. 16°, no que tan-ge o reconhecimento direto das assinaturas e ainda por-que não cumpria o estabelecido no inciso II dos Arts. 2° e 8° de Lei que se referia à receita tributária. Nessas cir-cunstâncias a Comissão conclui pelo arquivamento do expediente número 1142 que tratava de Emancipação de Tapejara. Era o expediente arquivado em 19 de no-vembro de 1953. Resultava travar a marcha do processo Pró-Emancipação do Distrito de Tapejara incluídos os Distritos de Ibiaçá (do Município de Lagoa Vermelha), Charrua (do Município de Getúlio Vargas), e Água Santa (do Município de Passo Fundo).

A luta pela emancipação continuaEntretanto a vicissitude, travar a marcha do processo

Pró-Emancipação do Distrito de Tapejara imposta pelas autoridades competentes em �iel obediência a Lei não desmobilizou o movimento. Pelo contrário, possibilitou e permitiu o fortalecimento e busca de novo foco de luta a �im de conquistar a Emancipação Político-Administra-tiva de Tapejara. Para reforçar era criado e elaborado em meados de 1955 um Informativo, distribuído para a população, que tinha como �inalidade informar a im-portância e dos bene�ícios que viriam com a emanci-pação. Um dos primeiros Informativos foi o que segue. Por que queremos emancipar-nos? A �im de esclarecer ao povo de Tapejara sobre as vantagens da Emanci-pação lançamos esta folha volante. Por que queremos Emancipar-nos? Por que nisso só vemos vantagens não só para alguns em particular, mas para todos em geral. Emancipar-se é, em primeiro lugar, seguir a lei básica do progresso, lei que não podemos fugir se não quisermos ser taxados de retrógrados.

Antes de nós muitos outros distritos se Emanciparam e todos, sem exceção progrediram. Não estamos, por-tanto, aventurados, mas sim, seguindo por um caminho trilhado. Por que queremos Emancipar-nos? Por termos a renda mais do que su�iciente para a nossa manuten-ção. Emancipando-nos, 30% do imposto de vendas e consignações, voltará para o novo Município. Emanci-pando-nos receberemos cada ano do Governo Federal a importância, Cr$ 150.000,00 (Cruzeiros). A renda total do novo Município, contando só com o movimento atu-al será de, aproximadamente, Cr$ 1.800.000,00 (Cruzei-ros), o que dispensa a criação de novos impostos.

A criação do Município será um estimulo poderoso para o desenvolvimento de maiores indústrias que, fu-turamente, trarão maiores rendas. Quanto menor um município, com tanto que possa manter-se, tanto mais fácil será atendê-lo. O Município de Tapejara terá um ca-ráter eminentemente colonial, o que facilitará o contato dos colonos com os administradores.

Criado o Município, estabelecer-se-ão imediatamente, as coletorias Federal e Estadual dispensando, em parte, as atuais viagens longas e demoradas. Para muitos uma

viagem a cidade é embaraçosa, por falta de conhecimen-to do manejo das coisas públicas. Em Tapejara, pelo con-trário, todos têm conhecimento com os quais podem se esclarecer. Os terrenos urbanos têm valorização imedia-ta. Um Município permite aos Governantes um contato mais direto com os Governados. Qualquer reclamação poderá chegar mais rapidamente aos ouvidos dos res-ponsáveis. Estradas, pontes, pontilhões, bueiros, etc. Es-tarão por assim dizer continuamente debaixo dos olhos dos encarregados. O ensino Municipal será favorecido, o controle será mais fácil. A Emancipação Municipal de-senvolverá a indústria e o comércio, introduzindo maior concorrência. As questões Judiciárias e Políticas serão solucionadas aqui, dispensando gastos, perda de tempo em viagens, etc. Praticamente todo o colono de Tapeja-ra, pode sair de cavalo de sua casa, atender os seus ne-gócios na Sede Municipal e de noite estar de volta. Nem todas as vantagens serão imediatas. Futuramente, visto o louvável incremento que o Governo está dando a agri-cultura, será mais fácil organizar-se aqui um tal Posto de Fomento Agrícola com orientações úteis e concretas aos agricultores. O mesmo se pode dizer da suinocultu-ra; será mais fácil a presença de entendidos no ramo, a �im, de aos poucos, orientar os criadores para raciona-lizar cada vez mais, a criação e defendê-la de doenças com processos seguros. Quanta falta não faz, por exem-plo, em Tapejara, um Ginásio... Com a Emancipação fa-cilitar-se-á em um Educandário desta natureza. Com o ocorrer dos anos muitos outros melhoramentos serão implementados. Basta olhar os Municípios criados. O �i-lho que sai da família para viver por conta própria, não usufrui logo de todas as vantagens. O único argumento dos que combatem a Emancipação é o argumento dos impostos. É, porém argumento que só pode embaraçar os incautos. Alguns temem esse aumento por desconhe-cimento do assunto. Outros exploram esse assunto por mero interesse particular.

Devemos notar que os impostos federais e estaduais não dependem do Município e que impostos municipais maiores dos que são cobrados atualmente, não necessi-taremos para nossa manutenção. Por que será que o Go-verno facilita tanto a criação de novos municípios? Por que será que todos os distritos que, no passado, luta-ram pela sua emancipação, houve a quase totalidade de votos a favor? Se nós de Tapejara deixarmos fugir esta oportunidade, seremos, talvez, mais tarde, obrigados a unirmos a algum outro município que se formasse ao nosso redor. Poderíamos continuar enumerando vanta-gens. Cremos, porém, serem estas mais do que su�icien-tes. Quem, dentro de nosso Distrito, trabalhar a favor da Emancipação, trabalhará para o próprio interesse e, ao mesmo tempo, para o interesse comum. Quem, pelo con-trário, trabalhar contra a Emancipação, só poderá ser porque desconhece as vantagens ou consulta interesses meramente pessoais e, esses mesmos, transitórios. Con-citamos, portanto, a todos unirem-se nesta campanha.

Page 37: Mulheres Empreendedoras 11

37Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Nossa luta de hoje será a vitória de amanhã. Dentro da lei trabalharemos pela nossa Emancipação. Olmar Si-moni- Presidente da Comissão de Finanças, Dr. Miguel Tabbal- Presidente da Comissão Técnica, Eugênio Za-natta- Presidente da Comissão de Propaganda, Alcides Bertoglio- Presidente da Comissão do Secretariado, Pe. Raimundo Damin Assistente Eclesiástico.

Além disso, as direções dos Partidos Políticos, locais, através de folha volante distribuída para a população manifestaram publicamente a causa Emancipacionista em 22 de junho de 1955. Os partidos e seus respecti-vos dirigentes na época que subscreveram o manifesto foram: Partido Libertador- Eugênio Zanatta, Silvestre Sandini, Nelson A. Zanatta, Eugênio Felini, Herculino Potrick, Egidio Zanatta, Primo Biassutti; União Demo-crática Nacional- Tranqüilo Basso, Olmar D. Simoni, Alcebíades Silochi, Walter Antônio de Mattos, Altério João Zoldan, Ângelo Berton, Eberildo Borges, Guilherme Hall; Partido Trabalhista Brasileiro- Arnildo Bamberg, Vergelino Borges, Adelino Cauduro, Dinísio Bertoglio, João Antônio Bertoglio; Partido Social Democrático- Gi-ácomo Marin, Ciro Bueira de Almeida, Leopoldo Muxfel-dt, Silvio Ughini, Aquilino Cavichioli, Affonso Muxfeldt, Ardolino Lângaro.

Manifesto dos Parti dos Políti cos do Distrito de Tapejara 1955. Fonte: Esmeralda Muxfeld Bianchin.

Com relação ao foco de luta do Movimento, Diretória, foi centralizar a atenção e acompanhar a evolução dos procedimentos e pareceres efetuados pela Comissão Especial da Divisão Territorial do Estado e as alterações da legislação que regula a matéria referente das Eman-cipações.

Atentando para a situação como aquela em que se encontrou a área territorial que devia formar o Muni-cípio de Tapejara com exclusão do referido Distrito de Ibiaçá, foram os legisladores tiveram a iniciativa de pro-moverem a alteração do Art. 9° e 12° da Lei n° 2116, aprovando um projeto que se converteu em Lei n° 2624 em 17 de maio de 1955. Tratava da comprovação da re-ceita para criação do Município. A inovação consistia no disposto no inciso III parágrafo único, apresentados no mesmo artigo 9°. O inciso III com base na capacidade orçamentária de Zona Emancipanda, calculada sobre tributos usuais em zonas semelhantes e não cobrados, no município ou municípios desmembrados. O parágra-fo único, a comprovação dos incisos II e III fazer-se-á mediante parecer prévio do Tribunal de Contas. A outra inovação é a do parágrafo único acrescentado pela alu-dida Lei (Art. 2°) ao Art. 12° da Lei n° 2116, dispõe esse parágrafo que “a Assembléia Legislativa poderá, em qualquer tempo, durante o qüinqüênio, reexaminar os pedidos de alteração encaminhados tempestivamente”.

Foi com base na citada Lei n° 2624 que a Comissão Pró-Emancipação buscou destravar o processo que es-tava arquivado. Em �inal de maio de 1955, formulou e ingressou com pedido de reexame fundamentado nos dispositivos novos permitidos pela mesma Lei, relativo à condição concernente à receita. Com relação aos mo-dos de comprovação dessa receita, prevista nos incisos I e II do supracitado Art. 9° da Lei n° 2116, com alteração, nele introduzida, alegava que as provas respectivas se encontram no processo n° 1142 e já foram devidamen-te apreciadas pelas comissões, cabe, agora, em face do parágrafo único, do mesmo Art. 9, derivado da alteração operada que o Colendo Tribunal de Contas se pronun-cie em parecer sobre provas documentais, emanadas de repartições públicas, existentes naquele expediente, n° 1142 ao se fazer revisão do mesmo. Em relação à com-provação da Receita Tributária a inovação mais impor-tante é a que permite que essa seja comprovada “com base na capacidade orçamentária da zona Emancipada, calculada sobre tributos usuais em zonas semelhantes e não cobrados no Município ou Municípios desmembra-dos” (inciso III do Art. 9°).

Era considerada de medida justa, porquanto viria proporcionar elementos para a Emancipação de Zonas Territoriais dotadas de capacidade de autodetermina-ção, todavia devido as de�iciências tributárias, oriundas de defeituoso sistema tributário dos Municípios a que pertenciam, defrontavam com obstáculos, por elas irre-corríveis, que as impediam de encetar vida independen-te, que as demais condições demográ�icas, econômicas e sociais, orientavam.

Page 38: Mulheres Empreendedoras 11

38Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Alega que a comprovação dessa capacidade orça-mentária da Zona Emancipada, calculada sobre tributos adotados em Zonas Semelhantes, só poderia ser feita em termos de comparação, capazes somente de oferecerem dados aproximados. Apontava que alguns Municípios, que constituem Zonas Semelhantes à Emancipada, com respectiva receita geral proveniente da cobrança de Taxa Rodoviária, de Rodágio ou de Conservação e Me-lhorias de Estradas. Essa Taxa como se comprova pelo exame das leis orçamentárias incluídas, não é cobrada pelo Município de Passo Fundo. O valor da Taxa Rodovi-ária é calculado sobre a extensão da propriedade e esse tributo é devido pelos ocupantes de terras rurais, sejam eles proprietários ou arrendatários. Em geral cobra-se uma taxa �ixa e outra variável. Cita que na época em La-goa Vermelha era cobrada na zona agrícola, uma taxa �ixa de Cr$ 140.00 (cento e quarenta cruzeiros) por ano e outra variável, proporcional a área de terras ocupadas pelo contribuinte.

A cota �ixa era cobrada em serviço, prestando o con-tribuinte 40 horas de serviço a razão de Cr$ 3.50 (três mil e cinqüenta cruzeiros) por hora. A Taxa variável é cobrada a razão também de Cr$ 3.50 (três mil e cinqüen-ta cruzeiros). No Município de Getúlio Vargas vigorava já há algum tempo a Taxa de Cr$ 8.00 (oito mil cruzei-ros) por hectare, sendo esta média cobrada nas Zonas Adjacentes, sem o pagamento em serviço que deve ser facultativo. Conforme certidão fornecida pelo Departa-mento Estadual de Estatística em meados de outubro de 1953, a área em hectare das propriedades agrícolas dos Distritos de Tapejara, Água Santa e Charrua, incluídos na Zona Emancipanda, é, respectivamente, de 28.900, 25.900 e 28.500 hectares. Somam a área total das pro-priedades agrícolas na referida zona 83.300 hectares.

A Comissão Emancipacionista argumenta que se de-duzindo um terço dessa área total para fazer-se um cál-culo certamente muito baixo da realidade que �ica imune à incidência da Taxa Rodoviária, teremos uma extensão de 55.534 hectares, na qual sem sombra de dúvida, in-cidirá a aludida Taxa. Aplicando-se a média inferior de Cr$ 6.00 (seis cruzeiros) por hectare, sem prestação de serviço como forma de pagamento, veri�icava-se que a cobrança da Taxa Rodoviária na Zona Emancipanda poderia carrear para os cofres do futuro Município de Tapejara por ano num cálculo muito inferior as proba-bilidades a importância de Cr$ 333,204.00 (trezentos e trinta e três mil e duzentos e quatro cruzeiros). Confor-me o quadro abaixo: 55.534 hectares – Cr$ 6.00, taxa por hectare – arrecadação de Cr$ 333.204,00. A receita tri-butária, impostos e taxas, segundo cálculo constante no parecer da Comissão Especial da Divisão Territorial, nos três Distritos Tapejara, Água Santa e Charrua é de Cr$ 376.000,00. Adicionando-se a essa receita o produto da arrecadação da Taxa Rodoviária na Zona Emancipanda, veri�ica-se um total de renda tributária anual que atin-giria a importância de Cr$ 709.204,00: Receita de Im-posto Cr$ 376.000,00 - Taxa Rodoviária Cr$ 333.204,00.

Total da Renda Tributária Cr$ 709.204,00.

Hec

tare

s

Taxa

por

he

ctar

e

Arre

cada

ção

por

hect

are

Impo

stos

e

taxa

s

Tota

l ren

da

trib

utár

ia

55.534 Cr$ 6,00 Cr$ 333, 204 Cr$ 376.000,00 709.204

Fonte: Arquivo Publico – Porto Alegre.

Prova da capacidade Orçamentária da Zona Emanci-panda composta dos Distritos de Tapejara, Água Santa e Charrua – 1955. Para isso era indispensável e imperioso o Poder Executivo enviar a Câmara de Vereadores para ser apreciado, votado e aprovado um Projeto de Lei criando a Taxa Rodoviária, nas bases do estudo técnico apresentado pela Comissão Pró-Emancipação de Tape-jara no elenco tributário do novo Município.

A Comissão Especial enfatizou que em face dos da-dos enumerados, veri�icou-se, pois, que estava provada a capacidade orçamentária da Zona Emancipanda, com-posta dos Distritos de Tapejara, Água Santa e Charrua. Os dois primeiros pertencentes ao Município de Passo Fundo e o último ao de Getúlio Vargas. Como vimos, a sua receita tributária anual poderia atingir segundo cál-culo pessimista, a soma de Cr$ 709.204,00 (setecentos e nove mil e duzentos e quatro cruzeiros), superior ao estabelecido na Constituição Estadual e na Lei n° 2116.

Em cumprimento ao dispositivo do parágrafo único do Art. 9° da Lei n° 2116 era despachado e submetido o expediente ao parecer do Tribunal de Contas para que esse órgão se pronunciasse sobre “capacidade or-çamentária da Zona Emancipanda. Calculada sobre tri-butos usuais em zonas semelhantes e não cobradas no Município ou Municípios desmembrados”. O Tribunal de Contas em parecer n° 474 de 3 de junho de 1955, adotou o parecer do Gabinete de Estudos Econômicos e Financeiros do mesmo Tribunal, o qual assim concluiu que, para a Zona Emancipanda atingir o limite mínimo de receita ou seja Cr$ 600,00, era indispensável e impe-riosa a criação da Taxa Rodoviária, nas bases do estudo técnico apresentado pela Comissão Pró- Emancipação de Tapejara, que militavam fatores ponderáveis para a instituição da Taxa Rodoviária no elenco tributário do novo Município, tais como: a sua efetiva cobrança den-tro da própria Zona Emancipanda isto é, no Distrito de Charrua pode ser de efetiva cobrança nos territórios Municipais circunvizinhos e �inalmente, adicionando-se o valor de estimativa teórica ao da efetiva arrecadação em 1954, ter-se-á uma Receita Tributária em potencial na ordem de Cr$ 700.000 a Cr$ 800.000.

A Lei n°. 2624 acrescentou um novo elemento para o cálculo da receita tributária- impostos e taxas- permitin-do a sua comprovação também “com base na capacida-de orçamentária da zona emancipanda, calculada sobre tributos usuais em zonas semelhantes e não cobrados no Município ou Municípios desmembrados”. Esse novo

Page 39: Mulheres Empreendedoras 11

Fornecedor de grandes empresas AGCO, Randon e Motocana.

www.aral.ind.br(54) 3344-0022

INDÚSTRIA DE CABINASPARA COLHEITADEIRAS E

TRATORES EM TAPEJARA/RS.

CAMA | MESA | BANHO | TECIDOS | CONFECÇÕES

Rua 15 de Novembro, 03 - Centro - Tapejara - RSFone (54) 3344.1819 - email: [email protected]

INVERNO 2011Revendedor exclusivo: Baumgarten Camisas: Marinello Malhas: Dianna: Kacyumara

Alma de Mulher

Nada mais contraditório do que ser mulher...Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.Que vive milhões de emoções num só dia e transmite cada uma delas, num único olhar.Que cobra de si a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros, daqueles a quem ama.Que hospeda no ventre outras almas, dá a luz e depois �ca cega, diante da beleza dos �lhos que gerou. Que dá as asas, ensina a voar mas não quer ver partir os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba mais tais detalhes.Que como uma feiticeira transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma, só pra ninguém notar.E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros para quem neles precise chorar.Feliz do homem que por um dia souber, entender a Alma da Mulher !!! Parabéns a todas as mulheres que ajudaram a construir o nosso município.

Page 40: Mulheres Empreendedoras 11

Nossa homenagem à todas as mulheres maravilhosas e empreendedoras de Tapejara.

Sempre guerreira, mãe, amante e amiga.Ela é a dona da casa, pro�ssional, intuitiva.Cuida das suas crias, de seus amores e suas dores.Sofre calada, ri quando está triste, só para não preocupar os outros...Ela é nosso socorro, nosso porto seguro, nosso norteEla é a muralha e a �or. A mão que bate, afaga e constrói.Ela é o amor incondicional, a ausência que dói.Mesmo frágil, muitas vezes com medo,Ela tem dúvidas e inseguranças,Mas ela arrisca e ousa, ela vai em busca.E ela sempre alcança.Porque ela é sempre ela,Ela é sempre grande,Sempre Mulher.”

Page 41: Mulheres Empreendedoras 11

41Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

critério veio permitir o reexame do pedido de criação do Município de Tapejara, em face do disposto no pa-rágrafo único acrescentado pela referida Lei ao Art. 12° da Lei de n° 2116, de acordo com a qual “a Assembléia Legislativa poderá em qualquer tempo, durante o qüin-qüênio, examinar os pedidos de alteração encaminha-dos tempestivamente”. Em 6(seis) de julho de 1955, o Tribunal de Contas do Estado expediu o�icio n° 406, referente, ao processo, n° 4454/2.8.55, endereçado ao Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Victor Graeff comunicando que o Tribunal de Contas, apre-ciando o expediente relativo a Capacidade Tributária da Zona Emancipanda- Tapejara – aprovou o parecer sob o n° 474 do ministro relator. O expediente foi acolhido pela presidência e despachado para a Comissão Espe-cial Revisora, e distribuído para o Relator. Na sessão de 8 (oito) de julho de 1955 era apresentado o relatório. A conclusão dos membros da Comissão Especial Revisora diante do parecer do Tribunal de Contas foi pela realiza-ção da Consulta Plebiscitária.

A consulta plebiscitáriaAssim a Comissão Pró-Emancipação conquistou no

ano de 1955, em poucos meses, a autorização para efe-tivar a Consulta Plebiscitária, marcada para 10 de julho de 1955. Pelas autoridades competentes foram solici-tadas aos cartórios eleitorais de Passo Fundo e Getúlio Vargas, medidas adequadas para efetivar a consulta. Os cartórios já haviam certi�icado e autenticadas parcelas de eleitores e eleitoras da 33° Zonas dos Distritos de Ta-pejara e Água Santa e 70° Zona Eleitoral do Distrito de Charrua eram os que na ocasião subscreveram o Reque-rimento pela Incorporação dos Distritos de (Água Santa, Charrua) e Distrito (Tapejara) ao futuro Município de Tapejara. A 33° Zona, Eleitoral do Distrito de Tapejara era integrada por 11° (onze) secções (1° a 11°); Distrito de Água Santa composta por 6 (seis) secções (12° a 17°). A 70° Zona Eleitoral do Distrito de Charrua constituída de 5 (cinco) secções (18° a 22°). Em meados de outubro e novembro de 1953 os Cartórios de Passo Fundo e Getúlio Vargas haviam informado que existiam naquela época 2.178 eleitores alistados do Distrito de Tapejara; 1.215 do Distrito de Água Santa e 1.041 do Distrito de Char-rua inscritos. Dos inscritos daquela época 2.178 do Distrito de Tapejara, signatários que assinaram o reque-rimento pela emancipação foram 676 constituídos por 516 eleitores e 157 eleitoras; do Distrito de Água Santa foram 268 que subscreveram, formado por 201 eleitores e 26 elei-toras que desejavam a incorporação do Distrito ao futuro Município de

Tapejara e do Distrito de Charrua foram 272, feitos de 246 eleitores e 26 eleitoras que assinaram o requeri-mento pela agregação do Distrito ao futuro Município de Tapejara.

Os Cartórios Eleitorais em obediência a Lei n° 2635, aprovada pela Assembléia Legislativa em 17 de junho de 1955 que determinou para �ins de constituir um novo Município a realização de uma Consulta Plebis-citária junto aos eleitores dos Distritos de Tapejara e Água Santa pertencentes ao município de Passo Fundo e do Distrito de Charrua ao Município de Getúlio Vargas em 10 de julho de 1955 tomaram na ocasião as provi-dências e medidas adequadas em conformidade com a legislação vigente para a realização efetiva da Consulta Plebiscitária. Finalmente chegou o dia 10 de julho, com muita chuva, com a realização da Consulta Plebiscitária. As urnas para a coleta dos votos estavam instaladas em locais previamente preparados com os respectivos me-sários para desenvolverem as suas devidas atribuições em cada Distrito, nas secções correspondentes. Os tra-balhos de coleta de votos iniciaram às 08h:30min, sem intervalo ao meio-dia e se estenderam até às 17 horas, transcorrem normais sem qualquer incidente.

No dia seguinte, 11 de julho, às 9 horas na Vila Ta-pejara foram instalados na sede do Clube Comercial os trabalhos para apuração da Consulta Plebiscitária reali-zada no dia anterior, 10 de julho de 1955, nos Distritos de Tapejara, Água Santa e Charrua. Os resultados apu-rados eram os seguintes. Compareceram e votaram mil oitocentos e noventa e dois eleitores (1.892) eleitores, sendo que mil e quinhentos e cinqüenta e cinco (1.555) das secções eleitorais, e trezentos e trinta e sete (337) votantes em separado. Deixaram de comparecer, dois mil setecentos e sessenta e seis (2.766) eleitores. Houve catorze (14) votos em branco quanto a Emancipação, e vinte cinco (25) nulos. Houve seiscentos e sessenta e três (663) votos em branco e vinte dois (22) votos nu-los quanto a Sede do Município. Houve mil e duzentos e

Clube Comercial em meados de 1950. Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

Page 42: Mulheres Empreendedoras 11

42Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

três (1.203) votos a favor da Emancipação e seiscentos e cinqüenta (650) votos contra. Votaram a favor de Ta-pejara como sede do Município um mil e duzentos e sete (1.207) eleitores. Os resultados por Distritos foram: Nas onze (11) secções (1° a 11°) e em separado do Distrito de Tapejara- 906 sim (novecentos e seis) votos; não: 79 (setenta e nove) votos; sede em Tapejara – oitocentos e noventa e sete (897) votos; total de votantes um mil e dois (1.002). Nas seis (6) secções (12° a 17°) e em sepa-rado do Distrito de Água Santa pelo sim: cento e sessen-ta (160) votos; pelo não: trezentos e trinta e três (333) votos; sede em Tapejara: cento e setenta e dois (172) votos; total de votantes quinhentos e dois (502). Nas cinco (5) secções (18° a 22°) e sem separado do Distrito de Charrua pelo sim: cento e trinta e sete (137) votos; não: duzentos e trinta e oito (238) votos; Sede Tapejara: cento e trinta e oito (138) votos. Total de votantes tre-zentos e oitenta e oito (388).

Distritos

Favo

r

Cont

ra

Nul

o

Bran

cos

Voto

s Vá

lidos

Tapejara 906 79 985

Água Santa 160 333 493

Charrua 137 238 375

TOTAL 1203 650 25 14 xxxx

NOTA: Pelo critério da maioria simples o resultado foi favorável á criação do Município de Tapejara

(Art. 3° da Lei n° 2116 de 24 de setembro de 1954). Fonte: Arquivo Público Porto Alegre.

A proclamação o�icial da Consulta Plebiscitária acon-teceu no dia 11 de julho de 1955 às 16h30min horas,nas dependências da sede do Clube Comercial, Vila Tapeja-ra, com a presença de membros da junta apuradora. Coube ao escrivão eleitoral da 33° Zona de Passo Fun-do, Rui Vergueiro proclamar os resultados da Consulta. Achando-se presente o Dr. Victor Graeff presidente da Assembléia Legislativa do RS. O juiz presidente depois de ressaltar a honra e o fato inédito de sua presença numa Sessão de Proclamação dos Resultados de um Plebiscito, solicitou-lhe que proclamasse os resultados �inais da Consulta Plebiscitária. Os resultados foram então, anunciados pelo Presidente da Assembléia Legis-lativa Estadual. Na oportunidade estiveram presentes, também, autoridades civis, eclesiásticas, lideranças lo-cais e grande número de populares.

Era mais um passo conquistado rumo à Emancipa-ção do Distrito de Tapejara. Entretanto foi necessário, do mesmo modo, o parecer da Comissão Especial Terri-torial sobre os resultados da Consulta Plebiscitária. Em parecer �irmado na Sessão Ordinária da Comissão ocor-rida em 20 de julho de 1955 assim se posicionou.

Veri�ica-se que essa Consulta teve os seguintes resul-tados, o total de votantes foi de 1.892 eleitores, sendo 1.555 das secções eleitorais e 337 em separado, 14 vo-tos em branco, e 25 nulos. O resultado global da Zona Emancipanda, foi de 1.203 votos a favor da Emanci-pação e 650 contra, votando a favor de Tapejara para a sede do Município 1.207 eleitores. O resultado por Distritos foi o seguinte: Distrito de Tapejara: sim: 906 votos; não: 79 votos; sede em Tapejara 897 votos; total de votantes 1.002. Distrito de Água Santa: sim 160 vo-tos: não 333 votos; Sede em Tapejara 172 votos; total de votantes 502. Distrito de Charrua: sim 137 votos: não 238; Sede em Tapejara: 138; total de votantes: 338. Dei-xaram de comparecer 2.761 eleitores, havendo uma ele-vada abstenção, que a Junta Apuradora atribuiu ao mau tempo reinante, com intensa precipitação pluvial, com chuvas que caíram ininterruptamente durante os dias e as noites de sábado e domingo, 9(nove) e 10(dez) do corrente mês e que tornaram impraticáveis as estradas em toda a Zona da Consulta Plebiscitária. Como se viu, o resultado global do Plebiscito na Zona Emancipanda, apurada na forma da Lei n° 2.116 de 24 de setembro de 1954, Art. 31° pelo critério da maioria simples, foi favorável à criação do Município de Tapejara, bem como à escolha do Distrito deste nome para a sede da nova comuna. Os resultados relativamente desfavoráveis das áreas distritais de Água Santa e Charrua, não se apre-sentam como características capazes de determinar a aplicação do disposto nos incisos I e II, do Art. 22° da-quela Lei, eis que a sua incorporação ao novo município é indispensável para o preenchimento dos requisitos referentes à renda provável calculada nos termos da Lei n° 2.624, de 16 de maio de 1955, e a possibilidade de desenvolvimento.

Por outro lado, deve ser levada em consideração à norma que exige que fosse regular a con�iguração ao Município e tanto quanto possível natural as suas divi-sas, norma essa que seria in�ligida pela não incorpora-ção da área total, ou parte dela, dos distritos mencio-nados. Tal circunstância já havia sido acentuada pela própria Comissão Revisora da Divisão Territorial do Estado, quando examinara o pedido inicial da Comis-são Pro - Emancipação de Tapejara, dando como terri-tório indicado para formar esse novo Município a área constituída pelos três precitados Distritos. A população da área Emancipanda é de 19.687 habitantes, devendo a Câmara de Vereadores do novo Município, portanto, compor-se de sete (7) membros.

Ao concluir a sessão era apresentado o incluso proje-to de Lei de criação do novo município de Tapejara. Em poucos dias foi aprovado pela Assembléia Legislativa e posteriormente enviado ao Poder Executivo que assina e promulga a Lei n° 2.667 em 9(nove) de agosto de 1955 criando o Município de Tapejara. Nesta Sessão estive-ram presente os Deputados membros da Comissão que em sua maioria aprovaram os resultados da Consulta Plebiscitária e projeto de Lei. Os deputados na ocasião

Page 43: Mulheres Empreendedoras 11

43Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

presentes foram: Lauro Leitão, Lamaison Porto, Solano Borges, Múcio de Castro, Domingos Francisco Spolidoro (restrição a anexação de Charrua).

Lei de criação do município de Tapejara

Em 25 de julho de 1955, a Comissão Especial ende-reçou requerimento para o presidente da Assembléia Legislativa com o pedido de urgência para a imediata discussão e votação do projeto de Lei 197/55 – Criar o município de Tapejara. O Requerimento era assinado pelo relator da Comissão, deputado, Solano Borges e o Vice-Presidente Lamaison Porto. Em 27 de julho foi endereçado outro Requerimento desta vez solicitando a dispensa de interstícios para a votação da redação da aludida Lei. Eram atendidos os pedidos, discussão e apresentação do Projeto de Lei 197/55 e dispensa do intervalo para a votação da aludida Lei. Em seguida o expediente foi encaminhado para o Executivo para assi-natura e promulgação. O Executivo assina e promulga a Lei n° 2.667 em 9(nove) de agosto de 1955- Criação do Município de Tapejara. A Lei de criação na sua integra:

Lei n° 2.667, de 9 de agosto de 1955 - Criação do Município de Tapejara

Ildo Meneghetti - Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

Faço saber, em cumprimento ao disposto nos artigos 87°, inciso II e 88° inciso I da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que a Assembléia Legislativa aprova e eu assino e promulgo a Lei seguinte:

Art. 1° – É criado o Município de Tapejara, com sede na localidade do mesmo nome, constituído dos atuais Distri-tos de Tapejara, Água Santa e Charrua e cuja instalação far-se-á no dia 1° de janeiro de 1956.

Art. 2° – O território do Município tem as seguintes di-visas: ao norte, com o Município de Getúlio Vargas – da con�luência do Rio do Peixe com o Rio das Pedras, se-guindo por este até encontrar uma sanga, no qual segue até encontrar uma linha seca e reta que liga ao Arroio Fogaça, seguindo por este até encontrar sua con�luência com o Rio Apuaê (ex-Ligeiro); a leste, com o Município de Sananduva, começando na con�luência do Arroio Fogaça com o Rio Apuaê, seguindo por este até o ponto fronteiro á barra do Arroio Nicofé, daí por uma sanga até encon-trar uma linha seca e reta que o liga ao Rio Santo Antô-nio; ao sul, com o Município de Passo Fundo, começando no ponto de encontro de uma linha seca com o Rio Santo Antônio, seguindo por este até encontrar o Arroio Macha-do, pelo qual sobe até encontrar o Arroio Santa Cecília e adiante uma linha seca e reta, pela qual, até a nascente do Arroio Caraguatá, indo por este até a sua con�luência com o Rio Carreteiro, daí descendo até encontrar uma li-nha seca e reta seguindo por esta até encontrar o Rio do Peixe; a oeste com o Município de Passo Fundo, começan-do no ponto descrito, onde alinha seca e reta encontra o Rio do Peixe, sobe pelas águas desse rio até encontrar o

Rio das Pedras, ponto inicial. Art. 3° – O Município de Tapejara constituirá comarca

de primeira ordem, considerando-se termo da comarca de Passo Fundo, enquanto aquela não for instalada.

Art. 4° – A Câmara Municipal para o primeiro perío-do legislativo será composta de sete (7) membros, cujos mandatos �indarão a 31 de dezembro de 1959.

Art. 5° – O mandato do primeiro Prefeito e vice-prefei-to terminará a 31 de dezembro de 1959.

Art. 6° - Revogadas as disposições em contrário esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Palácio Piratini, em Porto Alegre 9 de agosto de 1955.Fonte Assembléia Legislati va Rio Grande do Sul.

A constituição do poder legislativo e poder executivo

Conquistada a Emancipação a ocupação da Comis-são Pró-Emancipação não cessou. Era imediatamente imprescindível constituir o Poder Executivo (Prefeito e Vice-Prefeito) e Legislativo (Câmara de Vereadores) de acordo com os dispositivos legais que haviam criado o Município, ou seja, com o mandato do primeiro prefei-to e vice e o primeiro período legislativo composto por sete (7) vereadores, que iniciaria em 1° de janeiro de 1956 e �indariam em 31 de dezembro de 1959. Em �inal de agosto até meados de dezembro foram intensi�icadas as tratativas nos Partidos Políticos, Entidades Associa-ções e Instituições em busca dos primeiros nomes para compor a dobrada no Executivo e a Nominata do Elenco para compor a Câmara de Vereadores e como se faria a escolha dos primeiros representantes Públicos.

Os debates resultaram na escolha pela grande maio-ria nos nomes do Senhor Tranqüilo Basso (Prefeito) e Sr. Ângelo Ughini (Vice-Prefeito) e para Vereadores foram recomendados pelos Partidos os Srs. Dino Borela Rech, Olmar Domingos Simoni, Severino Dalzotto, Dr. Miguel Tabbal, Anildo Cavichioli, Dionísio Novello e Vergilino Eron Borges. Esse arranjo foi anunciado apresentado para comunidade local e dos distritos que aprovaram com isso não era necessário realizar eleição.

Page 44: Mulheres Empreendedoras 11

44Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Sessão solene de instalação do município

En�im, chegou o

dia 1° de janeiro de 1956, foi instalado o�icialmente o Muni-cípio de Tapejara. Na ocasião ocorreram solenidades e festivi-dades populares na Sede. As festividades começando às 6 ho-ras, com o espocar de centenas de fogos de arti�ícios e bada-ladas de sinos. Mais tarde ocorreu missa na Igreja Matriz ce-lebrada por religio-sos naturais da Sede e dos novos Distritos presidida pelo Emancipacionista Pe. Raimundo Damin.

Concluída a Missa a população foi convidada a diri-gir-se ao Salão Paroquial, segundo piso, para acolher as visitas, autoridades, que estavam chegando para assis-tirem os atos solenes de instalação do Município. Entre as autoridades que vieram prestigiar o acontecimento estavam o Juiz de Direito da Comarca de Passo Fundo, o Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul o deputado Dr. Victor Graeff, o ex-Depu-tado Estadual Sr. Odalgiro Corrêa, o Deputado Estadual da região Lameson Porto, Passo Fundo. As solenidades iniciaram pela metade da manhã com a Sessão de Posse da Primeira Legislatura que constituiu a Câmara de Ve-readores naquela oportunidade por 7 (sete) Vereadores sendo assim distribuídos: pelo PSD (Partido Social De-mocrático) Partido que liderava a Frente Democrática, base de sustentação do Prefeito Municipal os seguintes vereadores, Dino Borela Rech, Olmar Domingos Simo-ni, Severino Dalzotto, Dr. Miguel Tabbal e Anildo Cavi-

Padre Raimundo Damin - 1955.Fonte: Jornal O Tapejarense de 1980.

Tranquilo BassoFonte: Jornal O Tapejarense de 1980.

chioli e a minoria era composta pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) in-tegrada por: Dioni-sío Novello e Vergi-lino Eron Borges.

Em seguida foi escolhida e dada posse a primeira mesa diretora da Câmara de Verea-dores. A primeira mesa diretora �icou assim formada. Presidente Dr. Miguel Tabbal, Vice-Pre-sidente Severino Dalzotto, 1° Secretário Olmar Domin-gos Simoni, 2° Secretário: Dionísio Novello. Os manda-tos eram gratuitos e seus serviços reconhecidos como “relevantes” a sociedade. Em seguida o Presidente da Câmara no uso das suas atribuições legais solenemente dava Posse ao novo Governo Municipal Senhor Tranqüi-lo Basso (Prefeito) e Sr. Ângelo Ughini (Vice-Prefeito) que prestaram solenemente juramento. Além disso, no-meou e saudou as autoridades e população presente na solenidade e fez o pronunciamento.

Novos desa� os Com a instalação do Município de Tapejara em 1°

de janeiro de 1956, iniciava-se uma nova fase do povo do lugar. As relações com o Poder Público deixavam de ser indiretas, para assumirem um caráter mais concre-to, mais pessoal e com perspectivas reais de solução de problemas que vinham prejudicando o bem estar e qua-lidade de vida da população. O sonho de ver Emancipa-do o território do então Distrito de Tapejara, que muitos embalaram por muitos anos, despertava para uma reali-dade que prometia ser melhorada, mas, que era preciso ter os pés no chão e lançar os alicerces da construção dessa nova etapa da vida do povo.

Superando o anonimatoe rompendo o silêncio

Avança o desenvolvimento: marcas no tempo e espaços

Quando foi criado o Município de Tapejara já haviam diversas Casas Comerciais espalhadas pelo centro e ar-redores da cidade, bem como as situadas em diversos pontos do território do novo Município, em especial

nos Distritos de Água Santa, Charrua e Colônia Lângaro. Nestes estabelecimentos em seus negócios e em sua ad-ministração estavam os empreendedores. Em que pese havia a atuação ativa de inúmeras empreendedoras, que passaram pelos armazéns, outras que estavam surgindo e iniciando a sua trajetória na atividade no comércio e davam conta de seu encargo no anonimato.

Entre as Casas Comerciais, sucessoras dos antigos ar-

Page 45: Mulheres Empreendedoras 11

45Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

mazéns, no período em que evoluíam, cabe destacar as pioneiras e pioneiros, descendentes de imigrantes das famílias Ughini, Dalzotto, Busatto, Sitta entre outras. Nestes estabelecimentos começavam despontar o ros-to das mulheres. Neste tempo nas Casas Comerciais a maioria das mulheres assumia o encargo de dar conta da oferta e venda de tecidos e confecções e raras eram as que ousavam a intervir nos negócios mais gerais do empreendimento.

Entre outras poucas pioneiras que desenvolveram suas atividades nestes estabelecimentos por muitos anos cabe destacar as que resgataram sua trajetória que ora serão veiculadas nesta edição, as seguintes, que du-rante a série de sucessões e a evolução do respectivo empreendimento estiveram vínculas. Entre as mulheres que por muitas décadas desenvolveram suas atividades na Casa Comercial da família Dalzotto Ghidini e Cia Ltda. Destacamos Maria Dalzotto irmã de Mario Dalzotto, Se-verino Dalzotto, Armando Dalzotto, Gema Dalzotto, Te-reza Dalzotto. Ela era muito procurada pelas agriculto-ras e moradoras da vila e posteriormente cidade.

A maioria das mulheres quando fazia a compra de te-cidos, botões, linhas, forros e roupas íntimas, procura-vam ser atendida pela balconista Maria Dalzotto. O mo-tivo era, conforme Edy Quintina Spanhol relatou: “é que

além de desempenhar a função de balconista ela exercia o o�ício de costureira em casa nos seus momentos de folga, �inal de semana e feriados”.

Em Tapejara, nas últimas cinco décadas e meia, por conta das Políticas Públicas e a iniciativa de famílias no incentivo e fomento agrícola, comercial e prestação de serviços nas primeiras décadas e meia após a Emanci-pação Política surgiram inúmeros empreendimentos e com o despontar de novas lideranças empreendedoras, em meados dos anos de 1980 houve a criação do em-brião, que contribuiu para encetar por volta do ano de 1990, a arrancada industrial – agroindustrial que por sua vez deixou como legado as bases consolidadas para na aurora do novo milênio de 2000, a dinamização e possibilidade de expraiar pelos quatro cantos do Muni-cípio o desenvolvimento sócio– econômico - cultural do Município.

Casa Dalzott o - 1958.Fonte: Arquivo Público Porto Alegre. Momento Histórico da aprovação do projeto de industrialização de

Tapejara em 1991. Fonte: Folha Regional de 1991.

Fonte: Folha Regional de 1991.

Da esquerda para direita-Gema Dalzott o, Santi na Conte, Maria Dalzott o - 10 de março 2008 - Fonte Arquivo Gema Dalzott o

Page 46: Mulheres Empreendedoras 11

46Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

No bojo deste processo de desen-volvimento do novo Município começa-ram a despontar um processo no qual cada vez mais as mu-lheres não se encon-travam tão amarra-das e con�inadas nos afazeres domésticos para assumirem uma que outros pos-tos no mercado ou ainda de serem pro-tagonistas de seus empreendimentos. Além disso, na presença histórica das mulheres nos estabelecimentos de Ensino e Saúde foi ampliada e em outros setores que

surgiram no decurso do tempo, além das mulheres que se estabeleceram em Escritórios, Consultórios e Escolas como pro�issionais desempenhando diferen-tes pro�issões liberais instalados em diversos pontos da cidade.

Pietrobon

Bom Gosto

Medicina

Alimentação

Plasbil

Danieli

Fontes: Jornal Novo Tempo e Jornal A Nota.

Fonte: Prefeitura de Tapejara.

A trajetória das empreendedorasAssociativismo

Amélia Gajardo Sossella

1. Relate, em breves palavras, sua trajetória pes-soal:

Meu nome é Amélia Gajardo Sossella, nasci em Vila Campos, Tapejara, no dia 07/06/1952. Cresci brincan-do com meus amigos, convivendo com minha família e aprendi desde criança os costumes de rezar, cantar,

trabalhar em casa e na lavoura. Cursei até a 5a série do Ensino Fundamental. Mesmo sendo de família humilde, sempre me interessei por boas leituras, na época, lia ma-teriais assinados pela família. Fui a primeira presidente da Associação de Jovens Rurais de Tapejara (AJRT) da qual também �izeram parte Adagir Coronetti, Idilia Gas-parin e Amelide Bortolini, Fui catequista por 20 anos, ajudei na formação das equipes de liturgia, grupos de

Page 47: Mulheres Empreendedoras 11

47Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Jovens e Mulheres. Fiz os cursos de Educação Familiar e Agente de Pastoral, além do Curso Interdiocesano de Formação Cristã e Política, entre outros. Casei-me aos 24 anos com Valmor Sossella e da nossa união nasceram três �ilhos. Entrei no Movimento Sindical onde partici-pei das Comissões Municipal, Regional, Estadual e Su-plente de Federal das Mulheres Trabalhadoras Rurais. Fiz parte da Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e das Comissões de Política Agrícola e Conselho Municipal de Saúde. Fui vereadora de 1997 a 2000.

2. Recorde um fato da realidade de Tapejara que não esquece no tempo que criou, instalou ou come-çou a desenvolver a sua atividade:

O fato que jamais esqueci foi que quando iniciamos o trabalho com os jovens e formamos a AJRT, tendo sido eleita a Primeira Presidenta, me questionei sobre se iria ter capacidade para desenvolver um bom trabalho a frente do cargo. Então, busquei ajuda junto ao Pe. Valter Baggio, à época, nosso orientador e motivador. Pronta-mente, ele me desa�iou, enfatizando que eu daria conta de fazer. Sai da Casa Paroquial apreensiva, porém, isso me deu forças para continuar o trabalho.

3. Conte como surgiu a idéia de desenvolver tal atividade ou criar um empreendimento em Tapeja-ra?

Em minha adolescência aconteceu o Concílio Vatica-no II em Roma. Logo procurei colocar-me ao par des-ta grande renovação da Igreja Católica. Sentindo a ne-cessidade da mudança e pensando em contribuir para melhorar a vida da comunidade e dos leigos, arregacei as mangas e junto a minha família e demais pessoas da comunidade e Paróquia, incentivadas pelas Santas Mis-sões, na época, começamos o trabalho comunitário, que resultou posteriormente na formação das equipes de liturgia, jovens e mulheres.

4. Quem foram as entidades ou pessoas que lhe ajudaram a desenvolver tal atividade ou criar e co-locar em funcionamento o seu empreendimento?

O trabalho do qual participei sempre foi coletivo, mas não poderia deixar de mencionar algumas entidades e pessoas que comigo levaram adiante a missão: Igreja, a qual destaco a pessoa do Pe. Valter Baggio, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, AJRT, além de, Mario Mauri-na, Elso Scariot, Anadir Danielli, Beatriz Kunkel e Gio-vani Cherini – todos no Movimento Sindical. Na Política também contei com a ajuda de Melânia e Gilmar Sos-sella, Vaime Sossella, Isolda Menegaz, Jaqueline Palma, Jurandir Bogoni, meus irmãos, esposo e �ilhos, entre tantas outras pessoas.

5. Como conseguiu conciliar a função na família e mulher no mercado de trabalho?

Com muito amor, diálogo, trabalho e persistência, valorizando-me como mulher, lutando por motivos justos e urgentes na época, merecendo assim o apoio e con�iança da família, o que para mim sempre foi muito importante.

6. Quais as di�iculdades e soluções que a ativida-de ou empreendimento lhe trouxe?

No trabalho na AJRT, as principais di�iculdades fo-ram: poucos recursos, distância para trabalhar com os jovens, conscientizar algumas famílias mais conserva-doras para darem aos jovens o direito de se organizar, enfrentar o machismo e críticas por ser mulher “meti-da”.

As soluções: maior conscientização pessoal dos jo-vens sobre seu valor, participação em entidades como AJRT (Associação de Jovens Rurais de Tapejara) que entre tantas conquistas destacamos a mobilização dos jovens juntamente com várias entidades, que resultou na ligação asfáltica entre os municípios de Tapejara a Coxilha, STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ta-pejara), diretorias de comunidades, fundação de novas cooperativas, grupos de canto, teatro, maior valorização no trabalho. O grupo de teatro e canto de vila campos apresentou-se em diversas comunidades, e na igreja matriz nossa senhora da saúde.

Um fato interessante aconteceu em um Congresso de Jovens Rurais em 1976 onde alem do grenal de futebol

Grupo de Jovens da Vila Campos: Da esquerda para à direita, Cleonice Panisson, Milena Fontana, Pe.Pedro Gajardo, Jacira Ribeirro, Margarete

Angelieiro, Paulo Gajardo, Marildes Oliboni, Amélide Bortolini, Moacir Gaiardo, Amélia Gajardo, Luiz Gajardo e Mario Canli.

Amélia com Dirigentes do Sindicato Rural, Religiosos, da Associaçãode Jovens Rurais de Tapejara. De pé da esquerda para à direita, Aff onso

Muxfeld, Pe. Adalibio Barth, Gilberto Lângaro, Divino Calegari, Luiz Gasparin, Anildo Milani, Adagir Coronetti , Dirceu Denardi, Pe. Pedro

Gajardo, Antenor Marcon. Sentados, Isolda Favarett o, Isabel Lucion, Nair Pegoraro,Ilanir Zotti e Amélia Gajardo.

Page 48: Mulheres Empreendedoras 11

48Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

masculino, começou a ser disputado também o femini-no. No time feminino do internacional haviam 13 joga-doras, e como nenhuma queria �icar no banco de reser-vas entramos todas em campo, porém, a malandragem durou pouco tempo, pois logo veio a reclamação do time e da torcida adversária e tivemos que tirar uma jogado-ra.

No Movimento Sindical, as maiores di�iculdades: dei-xar muitas vezes a família, e os �ilhos pequenos por di-versos dias devido às viagens.

Soluções na atividade: ter participado com tantas trabalhadoras e trabalhadores das reivindicações, lutas e conquistas, tais como, aposentadoria do homem ru-ral aos 60 anos (antes era 65); aposentadoria para as mulheres rurais aos 55 anos (antes não existia); salá-rio maternidade; auxílio-doença; reconhecimento da pro�issão de trabalhadoras rurais e pensão aos viúvos. Depois de muita luta, todas essas conquistas e muitas outras �izeram parte da Constituição Federal, aprovada em 1988, e em vigor até hoje.

Um fato que acho importante destacar foi quando o sindicato organizava o trabalho com algumas mulheres, a Emater também fazia trabalho com os clubes de mães, e, ainda havia o curso de educação familiar do qual fa-zia-mos parte. Os três grupos faziam um bom trabalho, porem de forma isolada. Em um encontro de alunas e ex-alunas do curso levamos a idéia de uni�icar os três grupos para somar forças, tendo sido aprovada e forma-da a Comissão de Mulheres Trabalhadoras Rurais atra-vés do Sindicato surgindo, assim, o Grupo de Mulheres Trabalhadoras Rurais em cada comunidade.

7. Recorde dois acontecimentos importantes que ocorreram no desenvolvimento de sua atividade ou no seu empreendimento, que repercutiram na so-ciedade tapejarense:

Primeiro: Após aprovada as leis da aposentadoria para as mulheres realizaram, como forma de comemo-rar a conquista, um Encontro Municipal de Mulheres, em Linha Calegari, oportunidade em que, de forma sim-bólica, foram entregues os primeiros carnês às bene�i-ciadas. O momento foi de muita satisfação, demonstran-do que o trabalho realizado havia gerado bons frutos e, além disso, começava a despertar nas mulheres uma maior motivação por ver reconhecida o seu trabalho de uma vida toda.

Segundo: Ainda quando estávamos no movimento sindical, detectamos a necessidade de ter um aparelho de mamogra�ia em Tapejara. Após muitas lutas, abaixo-assinados, reivindicações junto ao poder público e mo-bilização de entidades e mulheres do campo e da cidade, hoje o aparelho é uma realidade, prevenindo o câncer de mama de mulheres de toda a região.

8. Quais as próximas iniciativas em prol do seu

empreendimento ou atividade e colaboradores? Atualmente não atuo mais diretamente no movimen-

to sindical e na política por opção de vida. Entretanto, na comunidade e na paróquia continuo a desenvolver com muito zelo minha missão de agente de pastoral, in-tegrante da liturgia e equipe de cantos em Vila Campos. A tarefa é no sentido de sempre motivar as famílias e equipes de trabalho para que mesmo nas diferenças e di�iculdades possamos inovar e nunca desistir.

Time feminino da Associação dos Jovens Rurais de Tapejara. Fonte Amélia Gajardo Sossella.

3º Congresso de Jovens Rurais de Tapejara - Linha Calegari 1976. Fonte: Amélia Gajardo Sossella.

Page 49: Mulheres Empreendedoras 11

49Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Cooperativismo

Coopervita - A Inserção das Mulheres em uma Cooperativa de Produtos Orgânicos

A trajetória da experiência começou em 27 de agosto de 1991, com a denominação de Associação dos Agri-cultores do Condomínio Rural São Domingos, envolveu a organização de 18 famílias com 29 sócios do Distri-to de Vila Campos, Município de Tapejara. O grupo foi constituído com a �inalidade de desenvolver novas ati-vidades produtivas que resultassem no complemento e na melhoria da renda familiar. As agricultoras e agricul-tores desenvolvem atividades coletivas de produção em agroindústria, suinocultura, subsistência e produção ecológica. A experiência resultou na criação da Coo-pervita (Cooperativa de Produção Agropecuária Terra e Vida), implantação de agroindústria e de um condo-mínio de suínos, produção conjunta de alimentos de subsistência de forma ecológica, construção de núcleo habitacional, organização das famílias, emprego, renda e diversi�icação das atividades produtivas.

A Coopervita compreende recentemente 29 associa-dos de 19 famílias diferentes. As famílias são de des-cendência na grande maioria Italiana, a saber, Canali, Gaiardo, Seben, Zulian, Posser, Coronetti, Sbardelotto, Manfron, Vidal e Biolo. E dessa Famílias as mulheres, Jussara Gaiardo, Flavia Zukuian, Claire Terezinha Cana-li, Erma Corona Gaiardo, Marilene Gaiardo, Fernanda Biolo, Maria E.Canli, Herminda Carre Sebbem,Marilha Sebbem, Marilene Mazutti Gaiardo, Loreni Canli, Erma C. Gaiado, Neusa Terezinha Manfron, Rejane S. Vidal, Pamela Canali, Renilda Posser, Solange Maristela Canali, Taciana Viapiana, Loude Z. Seben, Zelinda Coroneti,Zilca F.Gaiardo e Eva Canali, que pertencem e atuam na Co-operativa Coopervita. Elas ocupam doze estabeleci-mentos rurais, próximos uns dos outros, em uma área

de 171,5 hectares, dos quais 8(oito) famílias possuem titulo de propriedade e 4 (quatro) são arrendatários no ano de 2005.

Todas as instalações e moradias estão edi�icadas em área cedida em comodato por um dos associados. Pos-suem energia elétrica, poço artesiano e serviço telefôni-co. A cooperativa, com parte da área e das instalações, tem acesso através de estrada com calçamento de para-lelepípedo, que permite o trânsito em qualquer tempo.

As decisões são tomadas na Assembléia Geral, que é o órgão máximo da Coopervita. Lá são discutidas normas internas, regras de funcionamento, prestação de contas, eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal.

As famílias desenvolvem uma grande gama de ativi-dades coletivas, tais como, criação de leitões (unidade produtiva de leitões com matrizes), terminação de su-ínos (na navalha), pomar diversi�icado, horta comuni-tária para a agroindústria, lavouras experimentais de sementes, produção de subsistência familiar, produção de sementes para o auto-sustento, fábrica de rações, in-dústria de doces e conservas, comercialização conjunta, utilização de máquinas e equipamentos de forma gru-pal, crédito grupal, produção agroecológica.

Há o envolvimento de mulheres e homens no pro-cesso produtivo. Enquanto as mulheres trabalham na indústria de processamento de doces e conservas que surgiu em meados de 1998 ou na horta voltada para a agroindústria os homens trabalham na lavoura própria ou coletiva e na criação de suínos.

Além disso, com o envolvimento de mão de obra da mulher, esta se desenvolvendo a produção de pães casei-ros para o autoconsumo das famílias e comercialização do excedente, inclusive com convênio de fornecimen-to às entidades assistenciais do Município, via CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).

Assembléia Geral da Coopervita 2009 - Fonte: Lara Bauermann.

Page 50: Mulheres Empreendedoras 11

50Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

da para as mulheres. Além de enfrentar esse trabalho extremamente desgastante na esfera produtiva, preci-sam dar conta das tarefas na esfera doméstica. Uma das diferenças fundamentais para os homens e mulheres é que para as mulheres trabalho e família acabam juntas, enquanto para os homens, trabalho signi�ica emprego assalariado e exige tempo fora de casa.

Se no trabalho da Cooperativa o volume e intensidade do trabalho são praticamente os mesmos para homens e mulheres, em casa o trabalho doméstico continua sendo quase que totalmente de responsabilidade da mulher.

A pesquisa demonstrou que os homens realizam ape-nas 15% dos serviços dentro do lar enquanto as mulhe-res arcam sozinhas com 71% desse serviço (os outros 13% são tarefas que as mulheres fazem com a ajuda dos homens, e o 1% são eles que fazem com a ajuda das mu-lheres. Se as atividades em que os homens apenas aju-dam forem contabilizadas juntamente com as atividades realizadas pelas mulheres, essa percentagem sobe para 84% o que equivale à bem mais do que três quartos do total de afazeres domésticos.

A satisfação em trabalhar na Cooperativa entre os principais motivos para essa satisfação está a melhoria de renda da família, a possibilidade de ter sua renda própria, o aprendizado, a satisfação em fazer um traba-lho que seja reconhecido e não invisível como o traba-lho doméstico.

Numa pesquisa realizada em meados do ano de 2009 com um universo de dez mulheres, sendo que cinco de-las são sócias da Coopervita e as outras cinco são traba-lhadoras contratadas a idade delas varia entre 25 e 63 anos, e a maioria encontra-se os 25 anos e 35 anos.

A maioria delas possui baixa escolaridade, apenas duas delas completaram o Ensino Médio, uma comple-tou o Ensino Fundamental e as outras sete possuem En-sino Fundamental Incompleto.

A baixa escolaridade é um dos fatores que elas citam como motivo para trabalhar na Cooperativa. Segundo elas, se não tivesse essa oportunidade, teriam que ir para cidade e lá, em decorrência de seu pouco estudo, as chances não seriam atrativas. Outra motivação para trabalhar na cooperativa é mudar essa realidade em re-lação aos �ilhos, proporcionando a eles a oportunidade de estudar. Portanto a cooperativa aparece tanto como uma oportunidade de emprego diante de uma realidade agrícola não favorável (pouca terra, baixo rendimento da produção agrícola) quanto como uma alternativa de resistência para não ter que ir morar ou trabalhar na cidade.

As mulheres a�irmam que a renda melhorou muito depois de terem começado a trabalhar na Cooperativa. Além disso, elas percebem na cooperativa uma oportu-nidade de emprego garantia para seus �ilhos e para elas mesmas.

A carga de trabalho na Cooperativa é bastante pesa-

Mulheres trabalhando na padaria 2009. Fonte: Lara Bauermann Mulheres trabalhando na agroindústria da Coopervita 2009. Fonte: Lara Bauermann

Comunitária

Regina Campagna Spuldaro

A primeira casa canônica da Paróquia Nossa Senhora da Saúde na Sede Teixeira foi construída pelos imigran-tes e seus descendentes, herdeiros da tradição católica, moradores do interior e dos arredores do centro do po-voado. Em dois meses esteve fechada com tábuas e co-

berta. O primeiro Pároco, Pe. Júlio João Marin, nomeado aos 6 (seis) de dezembro de 1926 e tomou posse dia 23 de janeiro de 1927, transferiu-se da casa alugada de An-dré Suzin para as novas instalações da casa canônica em 10 de agosto de 1927.

Page 51: Mulheres Empreendedoras 11

51Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

ASO Pe. Paulo Chia-

ramonte, sobrinho do Pe. Torturicci foi ordenado em 16 de outubro de 1937, em Passo Fundo e rezou a primeira missa em 19 de outubro de 1937 em Vila Teixei-ra. Em seguida era provisionado Pe. Co-adjutor da Paróquia Nossa Senhora da Saúde.

Construção da 1º Casa canônica – 1927.

Da esquerda para a direita: Luiz, Maria Rita, Antônio, Salete e Pe. José. Sentados: Regina e Pedro. 1985.

Turma da Primeira Eucaristi a, 1940. Ao centro, Pe. Raimundo Damin.

De pé, da esquerda para a direita: Regina, Não identi fi cada, Pe. Torturicci, Pe. Paulo Chiaramonte, Guilhermina e Não Identi fi cada. 1938

Da esquerda para a direita: Não identi fi cadas, Pe. Torturicci,

Pe.Paulo, Regina e Guilhermina. 1937

Regina Campagna Spuldaro nasceu no interior de Nova Prata. Veio para a Vila Teixeira muito jovem, trazi-da por sua madrinha Guilhermina, a Nina, que a acom-panhava o Pe. Calógero Torturicci, segundo pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, nomeado em 6(seis) de dezembro de 1930, tomando no dia 8 de dezembro de 1930.

Regina casou-se com Pedro Spuldaro, e mesmo ca-sada, continuou prestando serviços na Casa Paroquial. Pedro era ajudante de Eugênio Felini em sua selaria. Na época, era uma mulher muito elegante e esbelta, sempre bem vestida, com o passar dos anos, �icou vista como “a senhora que usava lenço na cabeça”.

Teve seis �ilhos, hoje vivos ainda são quatro. O �ilho Pe. José Jacó Spuldaro foi ao Seminário ainda novo, com a ajuda de muitas pessoas da comunidade. Ele foi orde-nado padre em 22 de janeiro de 1966, às 17h, e presidiu a primeira missa em 23 de janeiro de 1966, na Igreja de Tapejara, para a alegria de seus pais e de quem o ajudou em sua caminhada, colaborando com dinheiro para seus estudos. Faleceu ainda jovem.

Incentivada a cozinhar muito cedo, Regina foi se aper-feiçoando cada vez mais e quando a Paróquia organiza-va as festas, Primeira Comunhão e a Crisma, que eram festas muito grandes, lá estava ela, à frente dos afazeres da parte da cozinha.

As festas na época começavam com café da manhã e duravam o dia todo, assim faziam desde as bolachas, cucas, pães, tortas, doces, mondongo. E as galinhadas assadas eram atração das festas. Eram arrecadadas as galinhas, porcos e até gado vivo e tudo era abatido e

Page 52: Mulheres Empreendedoras 11

52Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

limpo pelas próprias festeiras e festeiros, com dias de antecedência, devido as di�iculdades que tinham, pois nada se encontrava pronto como hoje. Assim Regina, com a ajuda de outras mulheres da comunidade como Elvira Stelo Borela, Gasparina Rombaldi Mânica (Nona Mânica), Orsolina Spanhol Sandini (Mãe de Joaninha Spanhol Mânica), Emilia Milóca Dal Olivo, desenvolviam suas atividades no antigo Salão Paroquial. Que teve início as suas escavações em 16 de janeiro de 1945 e levantado prédio de madeira medindo 13m x 33m, de dois andares (térreo, cozinha e hotel para festas), o chão era de terra batida, assim as festeiras um dia antes da festa, molhavam o solo para não levantar tanta poeira. O segundo andar era destinado para reuniões, festas e dramas. O salão foi inaugurado em 27 de setembro de 1945 na então Vila Tapejara. Mais tarde, as instalações do segundo andar e parte do térreo passaram por diver-sas reformas e foram instalados em suas dependências o Ginásio Pio XII, que iniciou suas atividades de Ensino em 2(dois) de março de 1961 e permaneceu ativo até meados de 1971.

Nos primórdios, Regina tinha suas tarefas domésti-cas, onde não havia água encanada e nem luz elétrica, precisava então se deslocar para onde existia uma fonte de água, para lavar roupa ou tirar água de poços com muitos metros de profundidade. A luz era provida de velas de sebo e lampiões a querosene.

Celebração dos 60 anos de casamento de Maria Menegaz Felini e Eugênio Felini. 1982. Da esquerda para a direita: Eugênio, Regina, Maria

e Pedro.

Regina com os netos e netas.

Missa dos 50 anos de casamento de Regina e Pedro, presidida pelofi lho Pe. José Jacó Spuldaro, acontecida na Igreja Matriz de

Tapejara, em 1955.

Ela ajudava seu marido a cuidar de seus negócios, Pedro era conhecido pela comunidade como “Polenta”, seleiro, adquiriu a selaria de Eugênio Felini. Ele estava seguido em suas tarefas de curtir os couros para depois trabalhar sobre eles. O serviço de curtimento era feito na chácara de Felini, que era distante de sua casa. Ali era Regina que atendia seus clientes, que chegavam para encomendar as peiteiras, os comatios e outros acessó-rios de uso animal.

Mais tarde, Regina, com a ajuda dos �ilhos mais ve-lhos, Maria Rita e Luiz, tocava a padaria, hoje Pani�i-cadora Dalbosco. Pouco tempo depois, adquiriram um Hotel, construído em madeira de dois andares, hoje edi�icado o prédio de João Albino Valentini, localiza-

do no centro da cidade de Tapejara. Nesse Hotel eram servidas todas as refeições, além de ter a limpeza dos quartos e suas dependências, todos os domingos pela manhã, após a missa, eram servidos para quem quises-se um mondongo bem preparado e temperado, que era muito apreciado pelas pessoas que o degustavam. Nes-se local também eram realizadas festas de casamento, e estas quando não aconteciam lá, ou então Regina se deslocava para a casa dos noivos, onde �icava dias en-volvida, no preparo de doces e toda a comida para a festa do casamento, que também tinha como costume começar com o café da manhã, seguido do almoço, até o café da tarde, com tudo preparado manualmente, sem eletrodomésticos como hoje.

Regina sempre foi, uma mulher de �ibra, de coragem e muito solícita, se dedicando a família, aos amigos e aos serviços comunitários da Paróquia Nossa Senho-ra de Tapejara, sempre com muito apreço e dedicação. É lembrada com muito carinho por aquelas e aqueles que conviveram com ela ou pelas �ilhas e �ilhos destas pessoas que ainda hoje se lembram dela como melhor cozinheira de sua época. Outra recordação dela é o seu lenço na cabeça, como era cozinheira, se acostumou a prender os cabelos, pela higiene necessária ao manuse-ar alimentos.

Page 53: Mulheres Empreendedoras 11

53Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

ridade local para ajudar na reconstrução da pon-te sobre o Rio Carreteiro que havia sido tragada por forte correnteza de-vida ás fortes chuvas. “Era uma época de muita chuva e frio e o pai �icou muito tempo dentro da água acabou contrair uma grave pneumonia e veio falecer logo em se-guida em 24 de março de 1929”. “Assim eu, Josephina, que nasci no dia 30 de mar-ço de 1929 não conheci meu pai bem como ele não me conheceu, pois veio falecer uma semana antes do meu nascimento precisamente no dia 24 de março de 1929”.

Josephina recorda: “o meu irmão mais velho Albino e a irmã Cristina com a mãe tomaram conta dos afazeres da família e dos serviços da roça e criação dos animais por um bom tempo até ins-talarem e colocarem em funcionamento a Gaso-saria”. Incentivados e apoiados pela mãe Lui-za os �ilhos Albino, Tori-no e as �ilhas Angelina e Josephina por volta me-ados dos anos de 1950 contrataram o pedreiro Bruno Bianchini para construir um prédio de alvenaria localizado sua frente com a anti-ga estrada Vila Tapejara, Sede Campos, Nova Fiúme. Foi neste local que os irmãos e irmãs Costa em sociedade com Vitório Dalmina adquiram o maquinário da então desativada Gasosaria de Antônio Poletto e Pedro Poletto e passaram a produzir refrigerante conhecido na época Gasosa no sabor de laranja, guaraná e limão.

Luiza herdou de seus pais imigrantes italianos o lega-do da tradição cristã católica de participação e ajuda na comunidade de Fé, Culto e Caridade. Desde os primeiros anos de vida as suas �ilhas e �ilhos foram ensinados e a praticar a oração, a freqüentar os sacramentos, partici-par e colaborar com as iniciativas de festas e campanhas para as construções dos templos e casa Canônica da en-tão Capela e mais tarde Matriz da Paróquia Nossa Se-nhora da Saùde. Em meados de 1957 eram comprados pela Diretoria da Paróquia os lustres para serem insta-lados no interior da nova Igreja Matriz. Luiza e sua �ilha Josephina e o �ilho Albino doaram certa quantia �inan-ceira para a aquisição dos lustres que foram instalados no novo templo católico assentado em Tapejara.

Na propriedade de Luiza havia uma vertente que jorrava muita água. Uma parte da água abastecia a Ga-sosaria e outra canalizada era transportada para quatro

Família de Luiza – Da esquerda para a direita de Pé: Albino, Cornélio, Torino, Olívio, Angelina, Irma.

Sentados: Ofélia, Josephina, Fidelma, viúva Luiza, Idda, Maria, Cristi na, ausente a fi lha Francisca – meados de 1950.

Regina veio falecer no ano de 2009. Com 95 anos de idade, sem doenças graves, após quatro anos, impossi-bilitada de caminhar por debilitação dos ossos, oriundo da idade. Pode-se dizer que teve uma morte por sim-ples velhice, morrendo serena, como uma vela que vai se apagando.

Luiza Forti Costa Luiza Forti Costa �ilha de descendentes de imigran-

tes Italianos, radicados em Antônio Prado, casada com o também descendente José Costa tiveram as �ilhas e os �ilhos: Albino, Francisca, Cristina, Cornélio, Idda, Maria, Irma, Fidelma, Angelina, Torino, Olívio, Ofélia, Angelina, (falecida – recém nascida) e Josephina.

Foi por volta de 1910 a família constituída em com-panhia dos primeiros �ilhos e �ilhas partiram de Antônio Prado rumo à Colônia do Rio do Peixe. Na então Sede da Colônia, Sete de Setembro adquiriram duas colônias de terras (50.000,00 hectares) situadas no então núcleo que se formando denominado Núcleo Itália.

De acordo com a sua �ilha mais nova Josephina nas-cida em 30 de março de 1929 já na então Sede Teixeira; “as divisas das terras começavam a partir da atual Ave-nida Sete de Setembro na altura da Imobiliária Sebben e alcançavam as divisas das terras da Chácara do Frede-rico Teodoro Nelhs. “A morada, os paióis e o potreiro es-tavam localizados ao lado da atual residência do Pedro Girardi na atual Rua Padre Anchieta”. Ela lembra: “foi ali que com muitas di�iculdades e trabalho nos primeiros anos era da terra tirado o milho, o feijão, o trigo, a cria-ção de porco, galinha, vaca de leite para o sustento da fa-mília que há quase cada ano nascia uma �ilha ou �ilho”.

Luiza perdeu o marido José muito cedo. As �ilhas e �ilhos eram ainda de pouca idade com a mãe tiveram assumir as lidas da casa e tocar os serviços da roça por um tempo até surgir novos negócios na localidade. Jo-sephina conta: “quando a mãe estava nos últimos dias de minha gravidez o pai José foi convocado pela auto-

Albino Costa

Luiza Forti Costa em meados de 1960

Page 54: Mulheres Empreendedoras 11

54Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Luiza teve diversas irmãs e irmãos e tinha a tarefa de ajudar os pais a cuidá-los e assim não teve a oportuni-dade de aprender a ler e a escrever. Entretanto estimu-lava e apoiava as �ilhas e �ilhos para estudar. Josephina conta: “fui matriculada no Grupo Escolar e estudei até o quarto ano primário e o irmão Torino foi estudar por um tempo em Marcelino Ramos no Seminário dos Pa-dres Saletinos”. “Ela fazia chapéus de palha de trigo em-bora sempre usasse lenço para proteger-se do sol em suas caminhadas em visita aos doentes e necessitados”.

Nos últimos dias de vida foi acometida de trombose e teve de amputar uma perna. A cirurgia foi executada pelo Dr. Altair Ughini, �ilho de Ângelo Ughini residente em Passo Fundo. Em 16 de setembro de 1975 Luiza veio a falecer. O seu corpo foi sepultado no Cemitério Muni-cipal João Rombaldi de Tapejara.

Jocelina Vieira Bristott

tanques onde as famílias da redondeza e empregadas do primeiro Hospital da Sede Teixeira de Bejamin Marin e Giácomo Marin, instalado e colocado em funcionamento num casarão de madeira localizado na atual Rua do Co-mércio esquina da Rua Ângelo Dalzotto, vinham lavar as roupas do estabelecimento de saúde e das famílias sem qualquer custo. O seu �ilho Albino contribuiu na Socie-dade pro construção do novo Hospital Santo Antônio na então Vila Teixeira em meados de 1940 conforme de-monstra o documento abaixo.

Contribuição de Albino Costa na Construção do Hospital Santo Antônio 1940.

As duas únicas fi lhas vivas de Luiza: Ofélia Costa Marsiglioe Josephina Costa Sebben. Tapejara 2008.

Jocelina com alunas do curso de corte e costura.

A �ilha Josephina lembra: “a mãe procurava sempre ajudar quem necessitava principalmente os doentes”. “Ela fazia longas caminhadas para visitar e rezar com os que estavam doentes era acompanhada pela Helena Costa Spanhol mulher do Matteo Spanhol”. “Era uma mulher muito religiosa, rezava bastante, devota de Nos-sa Senhora da Saúde e Santo Antônio”.

Natural de Círíaco. Filha de Octávio Antônio Vieira e Isabel Nunes Vieira. Nasceu aos 17 dias do mês de de-zembro de 1928 e faleceu aos 29 dias do mês de agos-to de 2010, com 81 anos de idade Casou-se aos 14 dias do mês de fevereiro de 1952, na cidade de Cìríaco, com Eleutério João Bristott (1930), também natural de Cirí-aco, �ilho de Guido José Bristott e Honorata Guadagnin Bristott. Da união, teve: 06 (seis) �ilhos (Elaine Catarina, Eliana Glória, José Liberato, Paulo Henrique, Maria Isa-bel e Maria Cristina); 09 (nove) netos (Juarez, Juliano, Cibele, Vinícius, Joel Vicente, Luiz Paulo, Mateus, Júlia e José Otávio).

Page 55: Mulheres Empreendedoras 11

55Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

No ano de 1962, o casal escolheu a cidade de Tape-jara para morar a �im de dar continuidade ao desenvol-vimento da família e das pro�issões de costureira e de alfaiate. Um aspecto fundamental para a escolha por Tapejara foi o fato de que a cidade possuía escolas com nível de ensino além dos das séries iniciais, o que asse-gurava a acessibilidade aos estudos dos �ilhos.

Turma de formandas do Curso de corte e costura de Colônia Nova – 04/12/1972

Turma de formandas do Curso de corte e costura de Vila Lângaro – 27/01/1977

Centro de Remédios Alternati vos - Equipe de trabalho

Centro de Remédios Alternati vos – Manipulação de plantas

Turma de Formandas do Curso de corte e costura de Santana de 06/1

Os primeiros dez anos (1962 a 1972), em Tapejara, exerceu a pro�issão como costureira em exercício domi-ciliar e, de 01 de agosto de 1972 a 01 de novembro de 1983, como professora de Corte e Costura pelo Sindica-to dos Trabalhadores Rurais de Tapejara. Neste perío-do, descolava-se da cidade para o interior do Município (Água Santa, Santa Cecília, Charrua Alta, Charrua Baixa, Vila Lângaro, Cachoeira Baixa, Cachoeira - Alta, Santa Rita, São Roque, entre outros). As aulas eram ministra-das nos salões paroquiais ou nas escolas da comunidade e a professora passava o dia com o grupo. Outras vezes, pernoitava no local, quando havia excesso de chuva e não havia transporte.

Posteriormente, o curso de “Corte e Costura” fora ampliado para “Curso de Formação Familiar” e desen-volvido na cidade de Tapejara, em parceria com a Pa-róquia Nossa Senhora da Saúde e com o Colégio Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, das Irmãs de Notre Dame. A mudança visava atender um maior nú-mero de pessoas e oferecer uma infra- estrutura mais adequada para o trabalho. A partir daí, as alunas é que se deslocavam do interior do Município até ao local do curso, o Colégio Medianeira.

Atualmente, observa-se que muitos dos passos evo-lutivos das mulheres de Tapejara iniciaram e foram se-dimentados pelo ato de ensinar e de aprender o corte e a costura e perpetuam-se nas indústrias de confecções do Município.

Após a aposentadoria, continuou trabalhando jun-to ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tapejara como Agente Voluntária de Saúde. Contribuiu com a constituição e com o desenvolvimento do Centro de Re-médios Alternativos, tendo como princípio o bene�ício, o estudo das propriedades e a manipulação de plantas medicinais de forma que sua ação contribuísse, respon-savelmente, com a saúde da população. (O interesse pelo assunto obteve do seu pai Octávio Antônio Vieira o qual se dedicava ao tema).

Page 56: Mulheres Empreendedoras 11

56Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Ela também contribuiu e trabalhou intensamente com a comunidade Tapejarense por meio das ações da Paróquia Nossa Senhora da Saúde e da Prefeitura Muni-cipal participando do Serviço de Liturgia, da Pastoral da Saúde, do Movimento Familiar Cristão, do Grupo de Fa-mília do Bairro são Cristovão, como Zeladora de Capeli-nha, Zeladora da Revista Salette, de Marcelino Ramos e do Grupo da Terceira Idade.

Em conversa ao telefone com o Presidente do Sindi-cato Sr Adagir Coronetti ele disse: “A Jocelina foi um pa-trimônio humano do Sindicato. O trabalho dela foi fun-damental para a economia familiar do município e da região, mas, acima de tudo, para a evolução da mulher tapejarense”.

Centro de Remédios Alternati vos – Horta

Formatura do Curso Primário de Dilva no Grupo Escolar Fernando Borba. Momento do recebimento do diploma das mãos da Professora

Esmeralda Muxfeldt

Turma do Curso de Dati lografi a

Dilva Madalozzo Sasset Nasci em São Isidoro, no interior do Município de Ta-

pejara, hoje, pertencente de Água Santa, no dia 10 de dezembro de 1949. Éramos de uma família com 15 ir-mãos: 12 criados e 03 falecidos ainda quando crianças.

Primeira Comunhão de Dilva Momento do recebimento do Certi fi cado de Conclusão do Curso de Corte e Costura

Fiz o primário na Escola de São Isidoro até a 4ª serie, minha primeira professora foi minha irmã Tarcila. Aos nove anos passei a primeira Eucaristia em São Silves-tre, foram meus primeiros catequistas Sr. José Volpatto e Padre Rubbo. Aos doze anos de idade passei na Admis-são do Ginásio Pio XII, fazendo parte da segunda turma daquela época. Fiz a 5ª serie no Grupo Fernando Borba, tendo como professora a. Esmeralda Muxfeld.

Naquele tempo se fazia o Ginásio em quatro anos, morando com minha irmã mais velha. Nesse meio tem-po �iz Curso de Corte e Costura e também de Datilogra-�ia, com a professora Maria de Lourdes Basso.

Page 57: Mulheres Empreendedoras 11

57Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Casamento de Dilva com João

Catarina Colett e Victorio Migliorini – Pais de Regina Bianchini.

Primeira Missa celebrada por Dom Urbano José Algayer no Pólo Nossa Senhora de Fáti ma

Com dezessete anos de idade assumi a responsabili-dade de cuidar de minha avó Ângela Madalozzo residen-te na cidade de Tapejara. Moramos juntas durante três anos, até que ela veio a falecer em 1969. Por causa disso fui morar com meus pais que residiam na localidade de São Valentin, hoje pertencente à Santa Cecília do Sul.

Em 1970, ano do Tri do Brasil, conheci João, meu ma-rido, namoramos nove meses e em 1971 nos casamos. Moramos cinco anos em São Valentin, onde nasceu nos-sa primeira �ilha Luciana, depois fomos morar em Bom Conselho, Município de Sananduva. Ficamos lá durante quatro anos foi quando nasceu nosso segundo �ilho Lu-ciano. Então decidimos vir morar na cidade de Tapejara e vendemos nossas terras, isso aconteceu por causa de uma grande seca, na época �icou três meses sem chover, nos estávamos desesperados e tivemos que vender até o ultimo grão de milho para conseguir pagar o banco, pois havíamos feito um �inanciamento de um trator. Chega-mos à cidade por volta de 1978, com muita esperança de vencer na vida. Compramos um bodegão, onde tra-balhávamos João e eu juntos, mas tudo era muito di�ícil, nós não conhecíamos ninguém e começamos a vender “�iado”, com isso quase fomos à falência. Nossa grande sorte foi que ainda tínhamos uma reserva da venda da terra, porque senão teríamos voltado para a roça sem

nada.Uns anos depois nasceu nosso terceiro �ilho. Fomos

conhecendo melhor os clientes e então começou nossa busca por uma vida melhor. João resolveu dividir o bar para fazer também um pequeno armazém, o mercadi-nho �icava sob meus cuidados, um tempo depois con-tratamos uma menina, a Samara, que me ajudava meio dia.

Certa noite, bateram na janela de minha casa, fui atender e era o padre Valter Valentim Baggio pedindo para formarmos um Pólo, um lugar para rezar missas naquele tempo, por durante 15 anos rezamos no Bar mesmo, pois era um lugar grande. Fui líder durante todo esse tempo que, aliás, continua até hoje, mas as missas agora são rezadas nas casas. Naquela época teve como orçamento um dinheiro que veio do governo. Foi aí que em comum acordo foi decidido fazer uma doação ao Hospital Santo Antônio.

Continuamos trabalhando com o mercado, pequeno, mas conseguíamos tirar o sustento para nossa família e juntando com o que João ganhava no bar, ainda sobrava, nos �izemos uma poupança e com o tempo ampliamos nosso comercio. Hoje tenho umas dez vezes mais do que antigamente, trabalho com meu marido e mais três fun-cionários, graças a Deus vai indo tudo muito bem, já faz dez anos estamos aqui. Com o grande crescimento da cidade e o progresso tivemos a infelicidade de receber a visita de um assaltante, de mão armada, foi um susto muito grande, mas graças a Deus foi apenas um susto.

Comércio

Regina Migliorini Bianchini

Em 25 de junho de 1929, na cidade de Guaporé – RS nascia Regina, a 10ª e úl-tima �ilha do casal Catarina Collet e Victorio Migliorini.A família estava completa, constituída de cinco meninos e cinco meninas. Moravam no interior da cidade, onde mantinham criações de gado e cavalo.

Uma das diversões de sua infância era acompanhar o pai nas invernadas. Brinca-va muito com seus irmãos e amigos, porém sempre auxiliava sua mãe nos afazeres domésticos e na lida com o gado leiteiro. Intercalava as diversões com as aulas, que eram particulares, pois não havia escolas municipais.

Quando tinha 11 anos de idade, a família mudou-se para a cidade de Vila Maria - RS. Neste ano, alguns de seus irmãos já estavam casados e devido aos problemas de saúde de seu pai, Regina auxiliava nas tarefas para o sustento familiar.

Page 58: Mulheres Empreendedoras 11

58Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Estudou até a 5ª sé-rie do Ensino Funda-mental. Participando, posteriormente, das atividades de famílias de agricultores, assim como seus irmãos. Mantinha em casa uma sala de costuras, que funcionava, também, como salão de beleza, onde Regina cortava e ondulava os cabelos de suas clientes. Os ga-nhos da pro�issão iam para o auxílio na renda familiar. Regina com 15 anos de idade em Vila

Maria – RS.

A 4ª mudança realizada pelo casal. Agora com a construção do prédio para moradia e a loja de calçados e confecções.Casamento em

22/05/1957 de Regina e Antônio Bianchini em Vila Maria – RS.

Regina participava ativamente da comunidade, como as outras moças em Vila Maria – RS. Foi assim que co-nheceu Antônio Bianchini, que estava de passagem na cidade para aprender a pro�issão de sapateiro. Regina e Antônio namoraram durante 06 anos, sendo que, neste meio tempo Antônio mudou-se para Tapejara – RS, a �im de iniciar a atividade independente de sapateiro.

As di�iculdades de transporte eram muitas. A viagem de Tapejara – RS para Vila Maria – RS durava um dia inteiro. E com o passar do tempo a solidão de Antônio fez com que ele fosse buscar Regina. Casaram no ano de 1957, na cidade de Vila Maria - RS. Regina com 26 anos e Antônio com 24 anos.

Após o casamento Regina abandonou a sua atividade pro�issional para ajudar o marido na sapataria. Durante muitos anos, além das tarefas de dona de casa, auxiliava

o marido no o�ício de costura dos calçados. Nestes anos, era normal a fabricação em sapatarias, principalmente de botas de cano longo estilo “gaúcho”.

Em outubro de 1958 nasce o �ilho primogênito, Odil Léo. Sentindo a necessidade de ampliar os negócios da família, em 1959 Antônio e Regina iniciaram a primeira loja, reformando a própria casa para abrigar o estabe-lecimento. Começaram a vender os primeiros calçados que adquiriram em um atacado. Com o tempo, aparece-ram os primeiros “viajantes” representantes comerciais das fábricas de calçados. Regina tomava frente da venda e compra dos produtos.

Mesmo com as atividades da empresa, Regina, junta-mente com o esposo, Coordenava a Educação dos �ilhos que foram nascendo. Cláudio, o segundo �ilho do casal, nasceu em 1962. Mirian, a primeira �ilha mulher, nas-ceu no ano de 1965 e Maristela, a última �ilha do casal, nasceu em 1969. Todos os seus �ilhos foram criados em torno das atividades da família, participando ativamen-te da comunidade e da Igreja.

A cidade começou a crescer e devido à demanda e a necessidade dos clientes, foram introduzidos novos produtos para venda na loja, como confecções, artigos de viagem e artigos de esporte. A loja mudou-se para um local mais apropriado e com maior espaço e visibi-lidade. As atividades da época foram sempre desenvol-vidas com muito amor, mas principalmente com muito sacri�ício. O início foi di�ícil, pois, como a cidade ainda estava em fase de construção, não possuía infra-estru-tura de saneamento e esgoto, o calçamento, a saúde e o transportes eram precários. Um assalto à loja em 1970 durante a noite deixou a família apreensiva, pois leva-ram parte dos poucos produtos que possuíam no inte-rior da loja. Mas, Regina e Antônio sempre muito ligados à fé e com muita garra, souberam enfrentar muito bem a situação.

Page 59: Mulheres Empreendedoras 11

59Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Assalto na loja em 1970.

A alegria sempre esteve presente na vida de Regina, que parti cipava de festas e conti nua se reunindo para viver bons momentos com amigos

que fez em Tapejara - RS

Viagem de conhecimentos com amigos. Itália.

Viagem pela Europa. Farol – Portugal.

Bodas de Ouro. Antônio e Regina.

O casal que sempre foi muito bem acolhido em Tape-jara se adaptou com todas as pessoas, �izeram muitas amizades e compadres por aqui. Em alguns domingos, Antônio e Regina reuniam a família e iam banhar-se nos rios da redondeza com os vizinhos, atividade normal daqueles tempos.

Mas, o jogo de baralho “bisca” foi e continua sendo a principal diversão dos �inais de semana de Regina. Ela e suas amigas formavam grupos de até 03 mesas comple-tas para jogar, riam e se divertiam muito. Quando não jogavam, faziam jantas e aproveitavam o tempo para fazer tricô e crochê, já que não existiam lojas que ven-dessem roupas prontas. Até os dias de hoje o grupo de amiga ainda está constituído, mas todas sentem muitas saudades de algumas amigas que já partiram.

Com o passar do tempo, os �ilhos foram tomando conta da loja e a Regina e o Antônio aproveitaram para conhecer novos lugares. Algumas dessas viagens eram feitas na companhia dos �ilhos. Essas viagens contribuí-ram muito para o enriquecimento cultural e intelectual de ambos, já que em outros países e cidades era possível visualizar os outros segmentos do mercado.

A educação dos �ilhos sempre foi primordial para Regina e Antônio. Incentivavam e muitas vezes exigiam muito deles, pois sentiam que as di�iculdades que eles passaram foram devido a não ter a oportunidade de es-tudar. Formaram os 04 �ilhos pela Universidade de Pas-so Fundo – UPF.

Page 60: Mulheres Empreendedoras 11

60Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Juntamente com os estudos, o trabalho foi sendo in-troduzido. Sem distinção todos os �ilhos ajudavam nas atividades domésticas e nas atividades do comércio. Foram criando gradativamente o gosto pelas atividades, sendo que passaram a ser diversi�icadas com o passar dos anos.

Além do comércio de calçados e confecções a família Bianchini buscou inovar seus negócios e em 1991 cons-tituiu a empresa Bianchini Empreendimentos Imobiliá-rios, a qual atua no ramo de construção civil.

Porém ainda com um olhar empreendedor e futuris-ta, foram mais longe e em 1998 deram início, as ativi-dades da indústria de forros PVC, nascia então a Plasbil Revestimentos.

Mesmo com os novos empreendimentos a família nunca abandonou o sentimento forte pelo ramo de cal-çados e confecções, sempre investindo e modernizando, oferecendo o que há de melhor para o povo que sempre os acolheu desde a Municipalização de Tapejara, ano em que, Antônio Bianchini se �ixou na cidade.

Família reunida, com fi lhos, genros, noras e netos. Bodas de Ouro.

Luiz Girardello e seus fi lhos Edda, Valdereza, Helena, José Carlos ( a mãe Eva estava grávida e não quis ti rar foto) na I festa de São Cristóvão e

construção do I capitel no Bairro São Cristovão em 1952.

Festeiras da festa de São Cristovão em

1955.Da esquerda para

direita: Antoninha, Edda, Elsa, Inês, Ozilda

e Vilma.

Isso é uma prova de como Regina com seu entusias-mo e muita força de vontade criou raízes em Tapejara fazendo muitas amizades. Transformou Tapejara em sua verdadeira “terra”, juntamente com sua amada fa-mília e os amigos que o casal aqui conquistou.

Edda Diniz Girardello Lindner Minha história começa assim: sou Edda Diniz Gi-

rardello Lindner, segunda �ilha de seis irmãos, �ilhos de Luiz Girardello e Eva Piveta Girardello, oriundos de Nova Palma, município de Júlio de Castilhos (1945). A então, Ughini & Bertoldo, empresa de grande conceito, precisava de motorista e assim, e meu pai Luiz (mo-torista pro�issional) foi contratado e veio a se instalar nesta cidade com a esposa e 3 �ilhas. Nossa casa estava localizada onde hoje é o Banco do Brasil.

Minha irmã e eu com idade escolar (7 e 8 anos) fre-qüentamos a escola Medianeira de Todas as Graças até o 5º ano. A família sofreu com a adaptação, porque havia muito barro e frio, acostumados à terra de areia e a um

clima quente.Quando eu tinha doze anos, meu pai quebrou a perna,

então vi a necessidade de ajudar e contribuir nas despe-sas para com minha mãe e comecei a ajudá-la a lavar roupas para a vizinhança, para as internas do Colégio e outras famílias, ajudava também lavando a Igreja (na época na Praça Silvio Ughini) e também fui babá. Com dezesseis anos fui trabalhar no frigorí�ico que estava prosperando muito e tinha em torno de uns 100 funcio-nários. Era localizado no atual Bairro São Paulo, à dois km de distancia de minha casa. No começo ia a pé, saia às seis da manhã levando marmita. Meus colegas (em torno de oito do centro) compraram bicicleta e resolvi comprar também. Primeiro adquiri uma usada e depois uma nova, feminina de varão baixo, pois se andava de saia.

Porém, fui à primeira mulher da cidade a andar de bicicleta e depois a primeira mulher a andar de calças compridas. Enfrentei vários preconceitos por mudar os paradigmas da sociedade da época.

Page 61: Mulheres Empreendedoras 11

61Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Edda, a primeira mulher ciclista de Tapejara -1953.

Funcionárias do Frigorífi co, Bairro São Paulo, ano de 1956. Nesta época o ti me de futebol do frigorífi co fazia seus jogos no interior do município

e a torcida ia toda sobre a carroceria de um caminhão. Em um destes jogos, indo à Linha Quatro, eu também fui e na ocasião encontrei o

meu futuro marido (o Alemão barbeiro) que por sua vez estava indo para cidade quando passou pelo frigorífi co e nos viu e resolveu subir no

caminhão e nos acompanhar. E iniciou o nosso namoro.

Edda (saia preta) e colega entregando o presente para a aniversariante. 1954.

Lembro-me que tinha um pequeno restaurante em frente ao frigorí�ico, de propriedade de Alberto Mene-gaz, que servia refeições aos motoristas que vinham de São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre buscar os produtos do frigorí�ico, que eram bem conceituados no mercado.

Outro fato foi à festa da �ilho de seu Menegaz, Geni Menegaz Fiorentin, que ao completar seus quinze anos fez uma linda festa, em que todos os colegas do frigorí�i-co foram convidados. Foi um grande acontecimento.

Porém, o frigorí�ico entrou em di�iculdades �inancei-ras, pois os produtos estavam com preço muito baixo. Em conseqüência disto, a �irma passou a atrasar os pa-gamentos. Havia muita gente de fora da cidade traba-lhando no frigorí�ico porque aqui não tinha mão de obra su�iciente para as funções que o mesmo necessitava. Uma colega chegou a sugerir que fôssemos no ministé-rio do trabalho para mover uma ação contra a empre-sa. Fomos, então, um grupo a Passo Fundo, quando nos explicaram que provavelmente seríamos demitidos, to-dos resolvemos retirar a queixa e voltarmos ao trabalho até os problemas se resolverem. Resolvido o problema, passamos a receber (o que na época era muito bom) o salário mínimo vigente. Mas nem todas as empresas

pagavam, pois era feito um acordo entre o patrão e em-pregado.

Aos dezenove anos fui convidada a trabalhar na Casa Comercial da �irma Ughini e Irmãos, como vendedora, que na época vendia de tudo, desde pneus, correntes para caminhão até brincos e jóias; trabalhava do nascer do sol até o escurecer. Nos anos sessenta casei-me com Silvino Lindner (então barbeiro no centro). Tivemos três �ilhos: Silvia, Luiz Fernando e Rosane. Nesta época desliguei-me do Ughini por sete anos para cuidar dos �ilhos.

Em 1971 fui novamente convidada a trabalhar na loja Ughini, a agora, Ughini S.A., toda modernizada, com maior espaço �ísico, mercadorias em sessões separadas, horário estipulado para abrir e fechar , direito a décimo terceiro salário e a horas extras.

Surgiram, então, di�iculdades de mãe e esposas, fun-cionária, tudo ao mesmo tempo. Contratei uma domés-tica que, na época, vinham do interior para estudar na cidade e se empregavam em casas de famílias. Quase não valia a pena o meu salário com o gasto com a do-méstica, mas eu pensava em uma aposentadoria para o futuro, pois já existia ali, trabalhar com carteira assina-da. A empresa tinha agora vários setores, tecidos, con-fecções, eletrodomésticos, secos e molhados, armazém, galerias com calçados, depósitos, lancheria, escritório, garagens e até salão de jantas e festas.

Havia também, problemas, como por exemplo, balan-ço com auditoria, encontrando erros nas contagens e tí-nhamos que refazê-lo. Tinha os problemas com ratos nos depósitos que roíam os fogos de arti�ício acontecendo um fato inusitado quando o funcionário Hilário Zanatta levou os lixos para o pátio ateando fogo ao mesmo e os estouros dos fogos começaram a assustar a vizinhança, inclusive os funcionários que estavam construindo o posto Kaninha que saíram todos em disparada assus-tados, o rendeu uma suspensão de oito dias ao funcio-nário Hilário. Quando aconteciam as enchentes muitas

Page 62: Mulheres Empreendedoras 11

62Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

vezes de madrugada e/ou domingos, éramos chamados para salvar as mercadorias possíveis. Isto porque havia um rio que corria embaixo do prédio e que inundava a cidade. Permaneci por dezenove anos nesta empresa.

Silvia, Silvino, Edda, Luiz Fernando e Rosane.

Em 1985, com os �ilhos já adolescentes, meu mari-do veio a falecer tragicamente. Precisei repensar minha vida que �inanceiramente �icou fragilizada. Filhos por fazer a faculdade ganhando um pouca mais que um salá-rio mínimo. Os dois �ilhos mais velhos, Silvia e Fernando já trabalhavam e a Rosane começou a me ajudar na loja, como empacotadeira para ajudar na renda.

Depois de ter me organizado melhor e com a expe-riência que eu tinha em vendas e confecções surgiu a idéia de abrir uma sala de costuras (eu já havia costura-do no tempo em que estava em casa para fazer cortinas e colchas, jogos de cama e cozinha, almofadas. Tudo sob encomenda.

Então criamos coragem e a Rosane pediu demis-são das Lojas Colombo onde trabalhava já há um bom tempo, juntei as poupanças dos �ilhos e comprei uma máquina industrial. E assim, nascia a Criativa Cortina. Alugamos meia sala, onde hoje é a farmácia Agafarma e começamos a trabalhar. Foi muito di�ícil, pois não tí-nhamos capital de giro. Nós duas compramos um car-ro (Chevette marrom) ano 74, para podermos servir as clientes da nossa cidade e cidades vizinhas da região. Trabalhamos muito até em �inais de semana.

Nosso objetivo, comprar materiais direto de fábrica,

cetins, voais, forros, tecidos, varões, trilhos e outros. Chegamos lá, e começamos a ter um lucro mais expres-sivo e a empresa começou a criar visibilidade comercial. A cidade começava a ganhar prédios e se fazia necessá-rio este tipo de serviços. Instalamo-nos na esquina da praça onde hoje é a loja de tintas com uma loja maior.

Foi um tempo de muito crescimento pessoal e pro�is-sional. Participamos de muitos eventos, jantares da Aci-sat, viagens de negócios e compras, des�iles e outros.

No ano de 2000, Rosane casou-se e logo surgiu um emprego para seu marido no Paraguai, e ela se mudou para Foz do Iguaçu. Eu já estava com alguns problemas de saúde que me di�icultavam trabalhar e sem o meu braço direito que era minha �ilha e sócia, vendemos a loja que estava prosperando bem.

Hoje sou aposentada, porém ainda estou ativa social-mente e temos um grupo de costureiras voluntárias e produzimos roupas para doação a bebês de famílias ca-rentes. Além das atividades dos grupos da Terceira Ida-de como no último curso de informática para a Terceira Idade que me formei este ano e graças a este projeto, aprendi a usar esta ferramenta maravilhosa do século XXI, o computador.

Vejo assim minha cidade: em grande desenvolvimen-to e sou feliz por estar participando deste momento da história. Sinto-me orgulhosa de ser daqui e fazer parte da história deste município próspero.

Ivone Rech de Quadros

Eu sou Ivone Rech de Quadros e nasci em 24 de mar-ço de 1945, em Tapejara. Meus pais Vitório Rech que já é falecido há 40 anos e minha mãe, Maria Didomênico Rech ainda vive aos 89 anos e, hoje, sofre com a doença de Alzeimer e não lembra mais de nada. A família é com-pletada com minhas duas irmãs e um irmão.

Ivone em frente da Loja Ughini aguardando a entrada para o serviço do dia. 1968.

Page 63: Mulheres Empreendedoras 11

Fone (54) 3311.6555 - Passo Fundo - RS - www.drbasegio.com.br

Mulheres fracas, fortes. Não importa.

Mulheres mostram que mesmo

através da fragilidade.

São fortes o bastante para

erguerem sempre a cabeça.

Sem desistir, pois sabem que

são capazes de vencer.

Mulheres

Homenagem do Dr. Diógenes Basegio, �lho desta terra, àtodas as mulheres empreendedoras de Tapejara.

Page 64: Mulheres Empreendedoras 11
Page 65: Mulheres Empreendedoras 11

Tapejara-RS

A mulher de sucesso é aquela que acredita em sua capacidade. Ama o que faz e respeita as pessoas que fazem parte da sua vida”.

Homenagem da Cia da Moda para todas as Mulheres que trabalharam pelo desenvolvimento de Tapejara.

Page 66: Mulheres Empreendedoras 11

A Mulher ideal

É aquela que mesmo com o passar dos anos, tenha sempre o sorriso demenina, pois o enrugar da pele é ín�mo perante a alma feminina.

É aquela que se apresenta perante a sociedade como a mais formosa dama.Mas quando na intimidade partilhe todos os segredos..

É aquela que mesmo não sendo Deusa, sabe como ninguém trazer umpedacinho do céu.

Parabéns a todas as Mulheres Empreendedoras de Tapejara

TapejaraFone (54) 3344.1451 (54) 3344.1538

Fone (54) 3616.0018Vila Lângaro

Page 67: Mulheres Empreendedoras 11

67Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Estudei em Tapejara até a 5ª série e dos 11 aos 13 anos fui morar com meus pais no interior de Lages/SC onde cuidavam da serraria da Ughini S/A. Foi neste meio tempo que o Sr. Sílvio Ughini, vistoriando o anda-mento do corte dos pinhais, convidou-me para vir de volta a Tapejara para trabalhar na Loja Ughini, da qual tínhamos uma pequena cota. Comecei a trabalhar aos 13 anos, criei muito amor pelo que fazia neste meu serviço. Meu professor que foi Sílvio Ughini e tive colegas como Ardulino Lângaro, Celestina, Iolanda, Pedro de Quadros, Edda Girardello Lindner e outros tantos. Meu trabalho era ir ao correio ou até a telefônica da Dona Alice enviar telegramas, pois quase não se tinha comunicação, a não ser por telegramas. Além disso, ajudava na arrumação das mercadorias, limpeza e até atender aos clientes.

Lembro-me de uma passagem...Chegaram à loja algumas clientes e todas as atenden-

tes estavam ocupadas e me aproximei daquelas mulhe-res e disse:

- Bom dia! No que posso ajudar. Elas responderam:- Você é muito jovem para atender a freguesia.Nem assim desisti de querer aprender mais e mais e

foi observando os mais experientes que aprendi a ser uma ótima vendedora e também a ser econômica. Na época não existiam sacolas para colocar as mercadorias e assim, aproveitamos todo tipo de papel e caixas para embalar as mercadorias vendidas. Outra qualidade que aprendi com meus chefes era de chegar no horário certo para trabalhar principalmente de manhã às 07h00min e muitas vezes ainda era escuro.

Funcionárias e Funcionários da Loja Ughini Eletrodomésti cos: Da esquerda para a direita: Nazareno Campana, Iraci Valenti ni, Solange

Campana, Cláudia Cauduro, Roseli Rech, Fáti ma Calegari, Ivone Rech, Airton Gasperin, Vilma Bolsonello, Paulo César Lângaro. Setembro de

1975.

Neste meu trabalho passei por muitas pessoas como colegas tais como, Airton Lângaro, Gilberto Zanatta, Mu-rilo Bée, Lourdes Caselani, Santina Zanini, seu Campana, Itacir José Spanhol e muitos outros. Fiz muitas amizades além do trabalho. Nos �inais de semana íamos a bailes, casamentos de amigos, no futebol para torcer pelo Atlé-tico Tapejarense.

Familia de Ivone. Da esquerda para a direita: Ana Carla, Ana Paula, Mário Vitor e os pais Telmo e Ivone.

Neve em Tapejara. 19 e 20 de agosto de 1965.

E foi nestas idas e vindas que conheci o Telmo de Quadros com o qual me casei e constituí família com três �ilhos, duas meninas e um menino. Não foi fácil a vida dupla de mãe e vendedora. Empregadas domésti-cas existiam poucas e o trabalho não permitia mais de três meses junto aos �ilhos. Muitas e muitas vezes a Ana Paula e o Mário Vitor corriam até a cerca da casa da avó Maria e �icavam espiando e chorando ao mesmo tempo dizendo: Mãe, não vai trabalhar! Aquilo me cortava o co-ração. Hoje as mães podem aproveitar um pouco mais os seus �ilhos, observar o seu desenvolvimento e cresci-mento. Eu já não tive esta oportunidade.

Mas falar em Ughini, não posso esquecer as enchen-tes gigantescas, onde muitas pessoas nem imaginam que tiveram, ou então que no centro de Tapejara, embai-xo de edi�ícios e ruas existem dois arroios que cortam a cidade. Quando as chuvas eram torrenciais o escoamen-to �luvial não evacuava de forma su�iciente por falta de planejamento, �icando o centro e principalmente a loja e o supermercado da Ughini alagados. Quantas vezes tra-balhávamos e organizávamos tudo na loja sem energia elétrica, pois quando chovia muito, raramente tínhamos luz.

Page 68: Mulheres Empreendedoras 11

68Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Os invernos eram longos e rigorosos e os dias mais curtos. Porém, o que surpreendeu a todos foi o mês de agosto de 1965. Amanhecia em Tapejara e as pessoas saíam para seus trabalhos com di�iculdades, porque a neve era tanta que era impossível caminhar ou andar de carro. Estimou-se que a neve cobriu ruas e telhados em torno de 50 cm de altura. Naquela época não tínhamos roupas e calçados adequados para o frio. Quase todos os dias às 7 horas em ponto estava na Loja Ughini para mais um dia de trabalho. Lembro-me bem que a preocupação dos clientes era em equipar-se com mantimentos, prin-cipalmente café, açúcar, farinha e sal. Sem contar que o estoque de borracha, capas de chuva e guarda-chuva acabaram rapidamente. Percebia-se que nitidamente as pessoas tinham a sensação que o mundo iria acabar. Tempo bom de muitas vendas e recordações.

Com o passar dos anos fui crescendo gradualmente dentro da minha pro�issão, auxiliar de vendedora para vendedora depois para subgerente e en�im gerente da �ilial nos anos 80. No começo dos anos 90, a Família Ughini passou por um processo de reformulação que-rendo vender as lojas �iliais, �icando apenas com a ma-triz em Porto Alegre.

Assim surge em 30 de julho de 1991 a Loja Rech Ma-gazine. Em amplas instalações onde hoje é atualmente parte do Supermercado Central.

No ano de 2000 a Loja Rech Magazine mudou-se para a Av. 07 de setembro em novas e modernas instalações atendendo a população nos segmentos de cama, mesa, banho, confecção e tecidos.

Com isso no ano de 2010 a loja necessitava de um melhor espaço �ísico mudando-se para a Rua 15 de no-vembro, 03, em um ambiente muito maior onde pode-remos atender nossos clientes com muito mais conforto e facilidade.

Portanto, nestes cinquenta anos que trabalhei de ven-dedora, gerente e dona de loja, cada dia é uma lição de vida e somando novas amizades e tendo certeza de sem-pre fazer bons negócios, com qualidade e preço justo.

Hoje Ivone e Telmo constituem uma família formada por Mário Vitor, Engenheiro de Automação, residindo e trabalhando em Erechim, Ana Paula, professora de Educação Física e ajudando na loja, Ana Carla, formada em Enfermagem, morando em Bento Gonçalves e traba-lhando no Hospital Tachini da mesma cidade. Também

temos uma neta de 04 anos de idade, com o nome de Karen Turella de Quadros, �ilha do Mário Vitor e sua esposa Jocelene Turella.En�im, essa é minha histó-ria de vida com muitos de-sa�ios superados e muitas alegrias com minha família.

Karen Turella de Quadros neta de Ivone Rech de Quadros.

Lair Loiva Schimitt Taube

Lair Loiva Taube no interior da Loja. 2005.

Edgar Taube no interior da Loja. 2009.

Nossa vinda a Tapejara foi em janeiro de 1973. Ví-nhamos de Humaitá com dois �ilhos pequenos, a Nica-ela e o Robinson, continuar a nossa vida no comércio. Eu já havia deixado o Magistério para trabalhar com o Edgar que já era pro�issional no ramo de relojoaria e ouriversaria. Chegando aqui não gostei da cidade, mas gostei das pessoas e, em poucos dias, sentimo-nos em casa. Nascemos em Augusto Pestana e Porto Lucena, respectivamente.

A relojoaria foi adquirida por Nazareno Caselani e Sérgio Zoldan, que na época partiam para o comércio de automóveis. Ainda nasceram aqui a Alexandra e a Gio-vana, e todos estudaram na Escola Medianeira de Todas as Graças. Gostamos, também, da nossa Igreja Nossa Se-nhora da Saúde, obra maravilhosa dos antepassados que nos legaram esta relíquia e a quem devemos ser eterna-

Page 69: Mulheres Empreendedoras 11

69Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Casarão de Will Frantz Nehls 1940.

Ricardo Dallagasperina e Terezinha Dallagaperina expo – Tapejara 2010

Itamar Margarete e Mauro Dallasparina

mente gratos. Lembro-me dos Drs. Johnny D. Zoppas, Demétrio V. Gonzáles e Lincoln Nardin que na época, sem dúvida, foram o “alicerce” do Hospital Santo Antô-nio, pela dedicação, trabalho árduo, humano e, sobretu-do pela maneira como acolheram os jovens médicos e, assim, formar aqui um ponto de referência em saúde na região. Talvez num futuro não muito distante, tenhamos uma UTI para completar um atendimento que acredito ser um anseio da população tapejarense. Não podemos esquecer que nas últimas décadas o progresso em todas as áreas fez de Tapejara uma cidade economicamente desenvolvida, com futuro promissor, cultura, indústrias, comércio e uma agricultura forte e moderna.

Também deixa saudades o Casarão dos Nehls, onde nossos �ilhos Nicaela e Robinson brincavam de deteti-ve com os amigos e amigas. Para complementar temos também os netos, Dimitri, �ilho da Alexandra e do Már-cio, as gêmeas Luana e Gabriela e o Rafael, �ilhos do Ro-binson e Márcia Rejane, além da Maria Antônia, �ilha de Giovana e Ricardo. Todos nos deixam muito orgulho e nos fazem felizes.

Margarete Dallagasperina Sbeghen

A partir de meados de 1980 a �irma Ricardo Dallagas-perina, começou com venda de tintas, a partir daí ,tam-bém com venda de ferragens, material de construção e vidraçaria, nesta época quem tocava a empresa era o proprietário Ricardo Albino Dallagasperina com o auxí-lio dos �ilhos Roberto, Itamar e Mauro.

Em 1982 veio auxiliar na parte do comércio sua �ilha Maria Ignez, trabalhando em vendas e administração, Da parte comercial, com auxilio de mais um funcionário contratado.

Em 1987 também colaborando com as vendas e ad-ministração a �ilha Margarete, durante um período de 5 anos.

Em 1996 novamente Margarete retornou a trabalhar na empresa, tomando a frente da administração da par-te comercial da �irma, já que Maria Ignez iria dividir seu tempo, entre a empresa e exercício de sua pro�issão de advogada, que tomava parte de seu tempo.

Conforme lembra, o seu reingresso na �irma foi devido ao crescimento e necessidade de mais funcionários para tocarem as atividades comerciais. Neste retorno iniciou como vendedora, após compradora e atualmente como administradora. Ao longo destes anos tornou-se neces-sário estudos e aperfeiçoamentos buscados através de Cursos, Feiras, Seminários, promovidos pela Acisat e outras entidades do município e outras cidades.

A empresa e seus funcionários participam de feiras realizadas no Município, campanhas, eventos comuni-tários e sociais , promovidos por entidades locais e re-gionais.

Margarete concilia seu trabalho na empresa, na famí-lia e na sociedade. Durante a semana dedica seu maior tempo junto as atividades da empresa.No �inal de sema-na dedica seu tempo a família e eventos sócias.

Uma das di�iculdades é conciliar trabalho na empre-sa com a família. Pois o dia a dia do trabalho exige mui-to bem como a família também mas consegue conciliar tudo e garante um tempo para ela.

A Empresa RICARDO DALLAGASPERINA, quando de sua fundação em 01 de setembro de 1967, vinha se dedicando em atender as necessidades da comunidade tapejarense e de municípios de toda a nossa região com a fabricação de móveis e também bene�iciamento de madeira e fabricação de aberturas para as construções daquela época.

Nos últimos anos com o desenvolvimento de nosso município tornou-se necessário que a empresa passas-se a diversi�icar os produtos a serem comercializados, para atender os consumidores cada vez mais exigentes em matéria de qualidade e bom gosto.

Em razão disto foi uma das primeiras a comercializar

Page 70: Mulheres Empreendedoras 11

70Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Eliana Piroli A minha caminhada pro�issional teve início quando

eu contava com 12 anos de idade. De manhã estudava e à tarde trabalhava numa malharia da cidade. Ao comple-tar 15 anos passei a estudar à noite e fui admitida numa loja de eletrodomésticos. Em 1986, ao completar 21 anos, iniciei minha atividade na extinta loja Ughini. Na época era a maior loja da cidade e contava com diversos departamentos, tais como: supermercado, eletrodomés-ticos, tintas, confecções, calçados, cama, mesa, banho e tecidos. Foram 6 anos de serviço que me possibilitaram um grande e variado aprendizado. Naquela época, a em-presa encerrou suas atividades e eu consegui um em-prego numa agropecuária. Quando completei 1 ano de trabalho, minha irmã e eu que sempre fomos ligadas ao comércio, �icamos sabendo que estava à venda uma pe-

quena loja de confecções. A decisão foi muito rápida. Em 3 dias fechamos o negócio, que ocorreu em 16.05.92. No dia 18.05.92, abríamos o nosso pequeno negócio com o nome de Cia da Moda e se situava numa sala comercial do Sr. Edgar Taube. O começo foi de di�iculdades, pois tínhamos experiência, mas faltava capital de giro. Na época vendíamos confecções femininas e masculinas. Desde o início da nossa loja, sempre priorizamos o bom atendimento aos nossos clientes, oferecendo a nossa amizade e produtos de qualidade para satisfazer as ne-cessidades deles. Essa dedicação nos proporcionou um bom crescimento que ao completarmos 7 anos de ativi-dades, em 1999, adquirimos através de �inanciamento, uma sala comercial que estava em construção. Um ano mais tarde, em 21.09.2000, inauguramos a Cia da Moda, maior e mais moderna para receber os nossos clientes que são merecedores do nosso carinho. Em 2004, sen-timos que Tapejara já merecia uma loja exclusivamente masculina. E assim foi inaugurada na Cia da Moda Ho-mem que é administrada pela minha irmã Pepita.

Eliana e colaboradoras da Loja

Fachada da empresa (antes)

Fachada da empresa (atualmente)

Eliana e fi lhos

A Cia da Moda está prestes há completar 19 anos. Ao re�letir sobre a minha trajetória, consigo visualizar uma vida com muito trabalho, compromisso com os clientes e com a comunidade. Todo esse histórico se torna ain-da mais signi�icativo quando considero os meus �ilhos Willian e Martina que me acompanharam e apoiaram durante toda a minha vida.

Considero importante termos superado as grandes di�iculdades do início e marcado nossa história com a

tintas imobiliárias, em seguida materiais de construção, materiais de acabamento, produtos para decoração, persianas, metais sanitários, material elétrico e hidráu-lico, e principalmente desenvolveu o ramo de vidraçaria utilizando as tecnologias mais avançadas, atenta sem-pre às últimas tendências nesta área.

O interesse da empresa sempre foi atender as exigên-cias e os anseios da população tapejarense e das comu-nidades vizinhas, por isto busca sempre as novidades que o mercado oferece e traz até seus clientes.

Por esta razão a empresa tem como slogan:“Dallagasperina tintas e vidraçaria RD, sempre com

você!”

Page 71: Mulheres Empreendedoras 11

71Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Presidenta da Acisat

Enilde Spagnol no escritório da empresa em 1995

Eventos sociais

Expo-Tapejara 2008

parceria constante de nossos clientes, sem os quais não teríamos conquistado o sucesso de hoje e é por isso que cada vez mais buscamos a excelência no atendimento de todos.

A idéia de termos o nosso próprio negócio, nasceu da necessidade de um novo emprego e a vontade de ter em empreendimento próprio e principalmente, baseadas no nosso amor pela pro�issão.

A fé em Deus e os nossos clientes é que �izeram cres-cer o nosso empreendimento. Temos clientes que são �iéis desde o início do negócio.

Conciliar a família e o trabalho é uma tarefa que exige muita atenção. Diariamente, nós mulheres, temos que fazer escolhas que podem acabar prejudicando a família ou o negócio. Em minha vida, busquei atender priori-tariamente os meus �ilhos e hoje sei que foi a melhor opção.6. As di�iculdades são as que praticamente todas as empresas enfrentam. As soluções foram acontecendo à medida que os obstáculos se apresentavam.

O comércio sempre esteve presente em minha vida pro�issional. Esse aspecto, mais a vontade de sempre melhorar a minha capacitação pro�issional e pessoal fo-ram os motivos que me incentivaram a participar em di-versas diretorias da Acisat. Em 2005 fui convidada para

presidir a Acisat para o ano de 2006. Esse fato me enche de orgulho, ainda mais consideran-do que tive o privilégio de ser a primeira mu-lher a dirigir a maior Associação do Municí-pio.

Presidir a Acisat me proporcionou um crescimento pessoal e pro�issional que poderia comparar com um curso de nível superior. Além desse crescimento, tive a satisfação de trabalhar pela comunidade da qual me orgulho e faço parte. Como agradecimento de todo o bene�ício que obtive, continuo participando das Expo Tapejara e das diretorias que me sucederam.

Con�io em Deus acima de tudo e tenho muito orgulho de ser Tapejarense.

Enilde Melara Spagnol Nasci no dia 11 de setembro de 1952, na cidade de

São José do Cerrito, distrito de Lajes, em Santa Catari-na. Sou a quinta de onze �ilhos de João Melara e Adelina Thereza Melara, ambos já falecidos, casei aos vinte e um anos com Mauro Spagnol (falecido), �ilho mais velho do Sr. João Spagnol (falecido) e Itália Maria Adelaide Spag-nol. Iniciei meus estudos no ano de 1959, na Escola Es-tadual Fernando Borba que estava localizada onde hoje é a nossa Prefeitura.

Quando foi construída a Escola Estadual Valeriano Ughini, os alunos que moravam próximo foram trans-feridos para lá, posteriormente passei a estudar no Co-légio Medianeira de Todas as Graças, depois no Ginásio Estadual, este funcionava no salão paroquial na praça Silvio Ughini, por último na Escola Técnica de Contabili-dade, hoje escola de 2º grau Senhor dos Caminhos. Meu primeiro emprego foi na casa do Sr. Nehls, na esquina da praça, mais precisamente na Rua Julio de Castilhos, esquina com a Rua Independência, onde funcionava: revenda de medicamentos, livraria, papelaria, venda de guloseimas e a primeira e única Tipogra�ia da cidade, trabalhei também no escritório do Sr. Telmo Dias (fale-

Page 72: Mulheres Empreendedoras 11

72Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

cido) que era casado com Dona Luiza Nehls, eles possu-íam uma representação de medicamentos em sua casa, trabalhei pouco tempo com eles, pois logo se mudaram para Santa Rosa, depois disso fui trabalhar na o�icina de móveis Dalmina, na sessão de pintura. Aos dezes-seis anos fui convidada a fazer um teste no Cartório do Sr. Cícero Domingues, fui aprovada e lá trabalhei até o �inal do ano de mil novecentos e setenta e dois, conta-va na época com vinte anos de idade. No ano seguin-te fui trabalhar no Banco Industrial e Comercial do Sul S/A, posteriormente passou a denominar-se Banco Sul Brasileiro S/A, depois Banco Meridional, e, atualmente Banco Santander. Trabalhei no Banco Sul Brasileiro só por dois anos, e retornei ao Cartório permanecendo lá só por mais um ano.

Festa dos funcionários da empresa em 1979. Ao fundo, João Spagnol (fundador), Ivanir Sbeghen (funcionário) e Mauro Spagnol (sócio-

fundador)

No ano de mil novecentos e setenta e quatro casei com o Mauro Spagnol e em 1975 o Mauro me convenceu a sair para trabalhar com ele na mecânica. No ano de mil novecentos e setenta e seis passei a trabalhar na empre-sa de João Spagnol, num barracão de madeira já prestes a cair, de tão velho. A empresa de João Spagnol surgiu com a dissolução da sociedade da Mecânica Tapejaren-se Ltda, da qual o Sr. João era sócio, e, por ela recebeu parte do terreno de onde está localizada hoje a Mecâ-nica Agrícola Spagnol. O Mauro era jovem, já trabalhava com o pai e gostava muito de mecânica, tinha grande facilidade em aprender e amava o que fazia, tornou-se um excelente mecânico. Logo houve a necessidade de comprar mais uma parte do terreno, pois os clientes au-mentavam e fazia-se necessário um espaço �ísico maior e com melhores condições para o trabalho. Como não conseguiram �inanciamento para construção nos ban-cos daqui, foram até Getúlio Vargas no Banco do Brasil, e, conseguiram �inanciar a construção de uma parte do pavilhão onde hoje é a o�icina propriamente dita.

No ano de mil novecentos e setenta e seis, aos sete dias do mês de agosto, nasceu nosso primeiro �ilho, Tia-go Spagnol, cursou a faculdade de engenharia mecâni-ca, casou-se no ano de mil novecentos e noventa e oito com Sandra Maria Panizzon e têm dois lindos �ilhos, o João Victor com oito anos e o Lucas, com seis. No ano de

Mecânica Spagnol em 1975

Vista aérea da Mecânica Spagnol em 2005

mil novecentos e setenta e oito nasceu nossa segunda �ilha, a Mauren, formou-se em Farmácia e Bioquímica é a proprietária do Laboratório Santo Antônio, casou-se com Daltro Melara e tem uma linda menina chama-da Lara, com seis meses de vida. Em mil novecentos e oitenta e dois nasceu nossa terceira �ilha, a Talita, cur-sou a faculdade de Direito e é a mãe do Maurinho, meu primeiro e lindo neto, ele chegou num momento muito di�ícil, para nossa grande alegria. No ano de mil nove-centos e noventa e um o Mauro foi acometido por um tumor no cérebro, e após sete anos da doença passou para a outra morada. O ano de mil novecentos e noventa e oito foi muito pesado para minha família, pois tivemos três grandes perdas, o Sr. João faleceu no dia primeiro de março, meu pai no dia treze de agosto e o Mauro no dia seis de dezembro, todos no mesmo ano. Dispostos a dar continuidade ao trabalho que o Mauro desempe-nhava, optamos por comprar a parte do Vô João, mais a do João Carlos e desde então estamos sempre amplian-do e inovando nossa o�icina. O Tiago e eu temos muita

Mecânica Spagnol em 1970

Page 73: Mulheres Empreendedoras 11

73Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Formatura Enilde – junto a seus fi lhos

Coral Estrela da Luz. 2005.

coragem, determinação, dedicação, força de vontade e muito amor para levarmos adiante o que foi a vida do Mauro.

Acredita-se que grandes negócios só são realizados por homens, mas como mulher não tive medo de as-sumir o compromisso de nova proprietária de uma empresa da qual 99% dos clientes são homens, pois já trabalhava com o Mauro há mais de vinte anos e era co-nhecida e respeitada pelos nossos clientes. Logo após a morte do Mauro prestei vestibular para Direito na UPF e fui aprovada, então passei a ir para Lagoa Vermelha to-das as noites para cursar a faculdade. Quando o Mauri-nho nasceu tranquei o semestre e depois para cada neto que nasceu, também tranquei, por isso levei muito tem-po para me formar e com isso pude me dedicar melhor para ambas as atividades, concluí o curso de Direito no ano de 2008. Trabalhar naquilo que se ama é muito gra-ti�icante, porém, as grandes di�iculdades que encontra-mos são as altas cargas tributárias que nós trabalhado-res temos que pagar. Nossa empresa investe em nossos funcionários, proporcionando-lhes quali�icação, através de modernos cursos pro�issionalizantes, em tecnologia

de última geração, garantindo com isso a �idelidade de nossos clientes.

Cultura

Marta Bruch 1. Relate em breves palavras a sua trajetória pes-

soal:Quando se fala em trajetória pessoal não é possível

falar em singular, pois todos nós somos a soma de nos-sas relações e encontros que tivemos ao longo da vida. Ninguém é uma ilha, todos fazem parte do continente. Minha trajetória é composta de conhecimentos compar-tilhados, de vozes entrelaçadas compondo belas harmo-nias, de cenas divididas contando dramas ou comédias, de personagens que criaram vida e coloriram o imagi-nário cênico, de dedos ágeis arrancando maravilhosos sons de cordas tencionadas, de pés feito plumas na magia da dança. É interessante lembrar uma das bases do paradigma do desenvolvimento humano, que pode ser resumida assim: “Aquilo que uma pessoa se torna ao longo da vida depende fundamentalmente de duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez”. De fato, se pensarmos bem, cada um de nós é fruto das oportunidades que tivemos e das escolhas que fo-mos fazendo ao longo da vida. E algumas escolhas são determinantes em nossa trajetória pessoal. A minha com certeza começou ainda no colo de minha mãe que me ensinou o gosto pela leitura, a paixão pela música e o encantamento por toda e qualquer expressão de arte. O meu rumo foi sendo traçado naturalmente e creio que em busca de mim mesma deparei-me com a arte e aca-bei irremediavelmente apaixonada por ela e todas as

suas manifestações. Entre elas aportei nas letras escre-vendo inúmeras peças teatrais e o livro infantil O Dragão Fervendo Pimenta, editado pela Editora Sinodal; subi ao palco encarnando diversos personagens, os quais me trouxeram muitas alegrias e dois prêmios de reco-nhecimento: Melhor Atriz do Festival de Teatro Amador Gaúcho de 1998 e de 2001; diretora e atriz do Grupo Teatral Thelema e subseqüentemente da Trupe Teatral Fora do Sério desde 1992; Coordenadora Cultural por doze anos, Radialista do Programa Ciranda Cultural, na Rádio Tapejara há três anos e atualmente sigo no traba-lho das artes cênicas e na composição de peças teatrais além de trabalho voluntário com o Coral Estrelas de Luz,

Page 74: Mulheres Empreendedoras 11

74Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

da terceira idade e o Gitidance, Grupo de Dança também da terceira idade. Tenho como lema de vida curvar-me diante da arte que é um lampejo da divindade do ho-mem e de não deixar passar a �lor do mundo que, a cada manhã, desabrocha em nossas vidas.

2 – Recorde um fato da realidade de Tapejara que não esquece no tempo que criou, instalou ou come-çou a desenvolver a sua atividade em Tapejara:

John Muir escreveu que todos precisam da beleza na mesma medida em que precisam de pão, locais de lazer e de prece, onde a natureza possa curar, alegrar e forta-lecer corpo e mente. O Brasil é um país de rica identi-dade cultural, no entanto pouco se sabe sobre o “Fazer Cultura,” e Tapejara não era excessão. Na verdade não existia uma cultura homogênea e sim um grande mo-saico de diversas vertentes. Descobrir e aglutinar essas expressões, dar-lhes vez e expressão foi como lapidar um diamante bruto. Foi como adentrar em terreno des-conhecido e lançar as sementes, na esperança de que brotássem, vescejássem e dessem frutos.

Fora do Sério. Grupo Teatral Fora de sério.Da esquerda para à direita, Marlene Sacon, Giovani Rodrigues, Luciane

Schimit, Silvio Pozzer, Larissa de Souza, Édina Pereira, Christi an Wolff Vieira, Jovania Favarett o, Adriane Maito, Daiane Antunes, Simone

Pelissaro, e em frente, Rodrigo Maito e Marta Bruch.

Peça Teatral Morte e Ressurreição de Cristo. 2010.

Cantata Natalina Aurora da Graça Redentora - Marta Bruch. 2008.

3 - Conte-nos como surgiu a idéia de desenvolver tal atividade ou criar um empreendimento em Ta-pejara:

Jorge Coli, historiador da arte, em uma de suas entre-vistas quando foi inquirido sobre a cultura no Brasil, ex-pressou-se genialmente, dizendo que ela era pobre, uma cultura de muitos limites e muito tênue. Se alguém lhe perguntasse em que pé estamos, ele diria que num pé só e sempre a beira de uma crise. Na verdade ela é vista como algo menor. E enquanto tivermos essa mentalida-de pobre continuaremos sendo o quintal dos fundos do primeiro mundo. Empreender a cultura tapejarense foi

muito mais do que um convite do então Prefeito Gilmar Sossella, foi uma missão. Uma missão que foi aceita exi-gindo-se uma contrapartida: a construção de um centro cultural que abrigasse todas as expressões culturais de Tapejara e região. Contrapartida essa que hoje é a guar-diã das artes e fortalece as suas expressões.

4 – Quais foram às entidades ou pessoas que lhe ajudaram a desenvolver tal atividade ou criar e co-locar em funcionamento o seu empreendimento:

Quem efetivou a possibilidade do trabalho na área cultural de forma abrangente foi a Administração Gilmar Sossella e Ildo Aldino Lamb e posteriormente a Admi-nistração de Juliano Girardi e Elso Scariot, ou seja, eles avalizaram estas ações como Poder Público, no entan-to, esta página foi escrita por cada cidadão tapejarense que carrega a sua bagagem cultural, preservando a sua identidade e raízes. Quem deu a verdadeira dimensão à cultura tapejarense foram os autores culturais, a mim coube apenas o papel de gestora deste rico manancial.

5 – Como conseguiu conciliar a função na família e mulher no mercado de trabalho:

O desa�io da mulher contemporânea é socializar o trabalho doméstico, além de alcançar a autonomia eco-nômica. A responsabilidade pela casa e �ilhos, ainda é concentrada na mulher. No meu caso foi a de mantene-

Page 75: Mulheres Empreendedoras 11

75Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Peça Teatral “Sopa de Viti mas” Apresentação Feirra do Livro.Da esquerda par à direita, Marlene Saccon, Silvio Pozzer, Marta Bruch,

Rodrigo Maito, e Christi an Wolff Vieira.

dora e cuidadora de pais idosos. A mulher atualmente possui vida pro�issional e pessoal, uma jornada dupla. Conciliar as duas é muito di�ícil. Já no tocante à atuação da mulher no mercado de trabalho na sociedade atual, pode-se a�irmar que é cada vez mais forte. Nos últimos anos, percebe-se um acelerado crescimento da partici-pação delas em todos os setores, mas apesar das con-quistas históricas, ainda existem barreiras, que impe-dem a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Muitas mulheres atingem posições de destaque, mas há desigualdade salarial entre homem e mulher num mes-mo cargo. O caminho do sucesso no mundo dos negó-cios é tortuoso para homens e mulheres, mas com cer-teza elas são obrigadas a enfrentar alguns obstáculos a mais.

6 - Quais as di�iculdades e soluções que a ativida-de ou o seu empreendimento lhe trouxe:

A grande di�iculdade com certeza é conseguir in-vestimentos e parceiros para os projetos culturais. Em nosso país há di�iculdades em todo e qualquer empre-endimento cultural. Você quer editar um livro? Se você não for uma Clarisse Lispector, uma Zélia Gatai ou um Jorge Amado com certeza vai enfrentar inúmeras di�i-culdades, principalmente �inanceiras, e até mesmo os imortais da Academia de Letras as enfrentaram no iní-cio de suas carreiras. Você quer gravar um CD? Prova-velmente terá que bancar a gravação e ainda vender o seu trabalho. Você quer ser um dançarino ou dançarina? Lembre-se, o Bolschoi é tão distante dos nossos sonhos como a Rússia. A maioria dos bailarinos e bailarinas tem pro�issões paralelas para poder sobreviver. Você que ser pintor ou pintora? Como se diz em tom de brincadeira: “É melhor ser pintor de paredes.” É uma arte pouco va-lorizada e reconhecida. Quem entre os nossos estudan-tes sabe quem é Van Gogh, Leonardo Da Vinci ou Di Ca-valcanti? Você quer aprender música erudita? Se você se aventurar nesta arte saiba que é extremamente di�ícil. Há pouco campo de trabalho e poucos apreciadores. Já fui a inúmeros concertos e presenciei pessoas entedia-das bocejando, sem compreender o grau de di�iculdade e de beleza desta arte. Você quer ser ator ou atriz? Como já dizia Shakespeare na tragédia de Hamlet: "Ser ou não ser, eis a questão.” A questão com certeza é di�ícil. A ver-dade é que se investe muito pouco em cultura. A cultura é uma obra que não aparece. E enquanto falta o estímu-lo à cultura as pessoas se alienam diante da enxurrada de programas televisos sem conteúdo, grosseiros e com apelos sensuais. Uma das soluções mais compensadoras foi investir nas crianças e adolescentes. Ao estimulá-los em serem os agentes da cultura e envolvê-los em vários projetos, os mesmos se tornavam os grandes mobiliza-dores culturais, envolvendo a família e amigos e esti-mulando-os a freqüentarem espaços culturais. Outra faixa etária que se envolveu na dinâmica dos trabalhos culturais e �loresceu sob a égide de Apolo deus grego

das artes e da beleza, foi à terceira idade. En�im, Tape-jara tornou-se um pólo cultural, onde os municípios vi-zinhos buscavam e contribuíam no fazer cultural. Creio que a base foi lançada e já criou raízes e fruti�icou. Para que ela continue avançando, basta que os agentes cul-turais reconheçam as potencialidades, saibam aglutiná-las e desenvolvê-las, oferecendo condições e estímulos, traçando novos rumos e metas.

7 - Recorde dois acontecimentos importantes que ocorreram no desenvolvimento de sua atividade ou no seu empreendimento que repercutiram na socie-dade tapejarense:

A primeira ação que com certeza repercutiu na so-ciedade tapejarense foi identi�icar, organizar, valorizar e preservar os diversos saberes culturais existentes em nosso município. Na verdade as potencialidades eram tímidas e quando não escondidas. Oportunizar estas ex-pressões foi a grande virada cultural tapejarense.

O segundo acontecimento naturalmente foi à coroa-ção do primeiro: a criação de um espaço de manifesta-ções artísticas como o Centro Cultural José Maria Vigo da Silveira. Ao receber o convite para trabalhar como

Centro Cultural José Maria Vigo da Silveira. Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Page 76: Mulheres Empreendedoras 11

76Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Coordenadora Cultural de Tapejara aceitei-o mediante o compromisso da construção de um local que pudesse tornar-se um templo cultural. A Administração vigente fez o seu papel e assumiu este importantíssimo projeto que foi o divisor de águas e tornou possível Tapejara na-vegar rumo a novos horizontes culturais. Não podemos negar que o Centro Cultural é um marco. Os cidadãos tapejarenses passaram a se identi�icar culturalmente através deste espaço que impulsionou as mais diversas expressões culturais.

8 – Quais as próximas iniciativas em prol do seu empreendimento ou atividade e colaboradores?

Creio que sou uma arquiteta de sonhos e nunca se-rei capaz de abandoná-los. Eles são parte intrínseca de mim mesma. Mas o trabalho e os avanços na cultura são

a passo de formiguinha. Há que ter paciência e deter-minação. A semeadura é grande e a colheita ao futuro pertence. Farei o que sempre �iz: estimular, transformar e dar a minha pequena parcela de contribuição para um mundo melhor e com mais perspectivas. E naturalmen-te, sempre estarei aberta há novos desa�ios e possibi-lidades. E para todos aqueles que vestem a cultura e a compreendem como o grande elemento transformador de uma sociedade, eu os saúdo reverente. Com a arte a pessoa se torna inteira e busca bens maiores. A cultura, continua, organiza pensamentos e sentimentos e, por isso, é tão vital. Sintetizo numa frase: a função da arte e da cultura não é outra senão permitir a construção emocional do humano, pronto a ser uma eterna meta-morfose ambulante, como nos revelou a arte e a obra de Raul Seixas.

Educação

Aurora Braganhollo da Silva Nasceu em 23 de julho de 1928 na comunidade de

São Miguel, então Distrito de Água Santa pertencente ao Município de Passo Fundo. Filha de David Bragnolo e Joana Simoneto Bragnolo descendentes de imigrantes italianos, que vieram de Veranópolis, morar na localida-de em meados de 1924. Ali adquiriram uma área de ter-ras e cultivaram arroz, milho, trigo e criação de animais domésticos, galinha, porco, vacas de leite, cavalos juntas de bois, puxarem o arado e a carroça para transportar os produtos, e para o cultivo da terra.

Família Bragnolo em frente do povoado de São Miguel 1925.

Irmãs de Aurora. Da esquerda para a direita; Maria, Aurora, Dileta, Glória, Odila -1960

A nona �ilha de uma família de doze irmãos, sendo sete homens e cinco mulheres, Rafael, Alfredo, Casimi-ro, Adozio, Giacomo, Maria, Armando, Otávio, Aurora, Dileta, Glória e Odila. Até seus 10 anos trabalhava na roça capinando, plantando milho, colhendo, e ajudando na limpeza da casa, lavando roupa, e cozinhando. Come-çou estudar aos nove anos na Escola Basílio da Gama na localidade de São Miguel, sob comando de Valentina De Rossi sua primeira professora, vinda de Sananduva e que residia na casa de uma prima em São Miguel. Na Escola a escrita era feita na lousa com pena, quando caia

no chão tanto a lousa quanto a pena quebrava. A profes-sora preocupada com os alunos por quebrarem a lousa, no dia da criança, presenteou Aurora com uma bolsa de pano, como reconhecimento por já sabe ler. Esta foi sua professora por dois anos, logo após Bernardina Liss, vinda de Água Santa passou a ser sua professora e como Aurora possuía boa caligra�ia, convidou-a para ajudá-la no ensino dos demais alunos no ato de ler, escrever e re-solver contas, em uma turma de 20 alunos. Aurora Che-gou a escola sabendo ler e escrever pela in�luencia dos irmãos mais velhos, que observava realizando o tema de casa.Não demorou muito e ela já estava inclusive acompanhando o jornal Correio Rio-Grandense, jornal de Caxias do Sul, dos Freis capuchinho, na época escrito em italiano.

Aos 12 anos fez a catequese, com a catequista Ade-laide Miorando, solteira, moradora da localidade. A catequese realizava-se sempre após o terço da comuni-dade as 15:00hs. Nas aulas religiosas aprendiam o Pai

Page 77: Mulheres Empreendedoras 11

77Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Casamento de Aurora com Dorival Pereira da Silva realizado em 25 de outubro de 1947 na Igreja Matriz Santo Antônio do Distrito de Água

Santa.

Escola Basílio da Gama 1978.

Nosso e Ave Maria, Santo Anjo, Creio, Salve Rainha, Ato de Fé, Ato de Esperança, Ato de Caridade, e Contrição, com duração de dois anos, sendo uma vez por semana. A Primeira Comunhão ocorreu em uma das missas cele-bradas na comunidade, pela parte da manhã, presidida pelo Padre Calogero Torturicci, com Con�issão no dia anterior. Após a celebração, os pais serviram uma mesa, com café e doces no salão da comunidade. Aurora lem-bra que toda preparação de catequese foi realizada em língua Italiana.

Casou-se muito jovem com 19 anos de idade, com Do-rival Pereira da Silva na época com 30 anos, conhecen-do-o na própria comunidade. Namoraram por dois anos antes do casamento, um fato marcante de seu namoro foi um presente que ganhou do namorado, um corte de tecido de seda no qual mandou fazer um vestido. Para retribuir o presente fez uma manta de tricô feita por ela mesma, com lã comprada na Casa Comercial Ughini. O matrimonio aconteceu na Igreja Matriz de Santo Antô-nio, no dia 25 de outubro de 1947, num sábado á tar-de celebrado pelo Padre Julio Marin. Após a celebração foi oferecido um churrasco na casa da mãe de Aurora, Giovana Simonetto Bragnolo, “a festa foi até a tardinha”, lembra ela. Depois de casada, Aurora foi residir em uma casa cedida pela serraria da �irma Anoni, dos patrões do marido, localizada na comunidade de São Miguel. A casa possuía dois quartos, cozinha, sala, despensa e um poço fora da casa, nesta casa viveram por dois anos, mudan-do-se para Ibiraiaras então Distrito de Lagoa Vermelha, no ano de 1952, onde o marido iria trabalhar na empre-

sa Getuliense também serraria, lá seu esposo trabalha-va com três juntas de bois, para transportar toras que seriam transformadas em madeira. Ao redor da serra-ria possuía um povoado com casas sendo propriedades do dono da empresa. Em certo dia o esposo Dorival, ao percorrer seu caminho pela mata, feriu-se com o facão que carregava para abrir caminho, voltando às pressas para a serraria, aonde seu chefe o conduziu ao Hospital em Ibiraiaras acompanhado pela esposa. Aurora ao en-trar na sala de curativos, desmaiou após observar o san-gue que corria de seu esposo, não sendo um ferimento grave, que foi curado em pouco tempo. Residiu por três anos na mesma. Todos os domingos bem cedo, o gerente da serraria, por ser muito religioso incentivava todos os empregados a participava da missa do domingo na igre-ja matriz de Ibiraiaras São José que �icava ele os levava no reboque do caminhão e todos se agarravam no cabe-çalho e onde podiam. Residiram três anos em Ibiraiaras e voltando a São Miguel em 1955, onde começaram a trabalhar na terra arrendada, com cultiva de milho, ar-roz, feijão.

Em 9 (nove) de agosto de 1955 Tapejara se eman-cipou, os professores que lecionavam nas Escolas que pertenciam ao Distrito de Água Santa abandonaram as Escolas do local, umas foram para Passo Fundo, Sanan-duva, pelo fato de que temiam que o novo Município não fosse pagar um bom salário, com isso faltaram muitos professores, o Sub-Prefeito de Água Santa Armando Esburgue que percorreu as localidades onde havia os professores chegando junto às famílias para ver se não havia um pessoa com capacidade de assumir a escola e dar aula. O primeiro convite foi na casa da família da viúva Giovana Bragnolo, sendo que o primeiro convite não foi para Aurora e sim para irmã Odila, pois Odila estudou mais que Aurora, porém sua mãe não aceitou, indicando a casa de Aurora já casada. Chegando lá, fei-to o convite, Aurora foi contratada ali mesmo residin-do seu contrato no ato, sendo então o quarto contrato do município, na época então pelo primeiro Prefeito de Tapejara Tranquilo Basso e seu vice Angelo Dalzotto,

Page 78: Mulheres Empreendedoras 11

78Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

apartir daí Aurora começou a lecionar nas proximida-des de sua casa, para um grupo de alunos de 1°, 2°, 3° e 4 série todas na mesma sala, ensinando, português, matemática, história, geogra�ia, ciências e religião, tra-balhando com contrato por um ano, no �inal daquele ano houve um curso de atualização para professores no Salão Paroquial localizado na praça central. Como no curso obteve bom rendimento, foi efetivada como professora do município, trabalhando na mesma escola em que começou e a mais antiga do município, onde se aposentou aos 56 anos de idade no ano de 1981, após 27 anos de trabalho dois anos a mais previstos na lei, alterada de 30 para 25 anos de trabalho. Em seus anos de sala de aula, trabalhou com alunos de várias idades, e classes sociais, usando como meio de alfabetização os jornais, vindos como embrulho de mercadoria da Casa Comercial dos Irmãos Ughini, chegando a trabalhar com 30 alunos. Nas reuniões escolares, nem todos os pais se faziam presente, fazendo assim com que Aurora buscas-se cada vez a participação dos pais na escola. Para tanto, como eram realizadas festas em comemoração ao Dia das Mães, Aurora decidiu realizar uma festa para os pais em um sábado á noite, nesta o fato que mais marcou foi uma rosa entregue ao pai com mais idade Honorato Miorando, que se emocionou muito, pois jamais espe-rou este ato.

Aurora recebendo Menção Honrosa do Governador Amaral de Souza – Solenidades alusivas aos 25 anos de emancipação políti ca administrati va

de Tapejara em 09 -08 – de 1980 – Centro Comunitário de Tapejara.

Aurora recebendo Menção Honrosa pelo Vereador da Câmara de Vereadores de Tapejara José Carlos Cauduro em 09 – 08 – 1980.

Integrantes da Pastoral da Saúde. 2006.

Em meados de 1970, quando o então Pefeito Gueri-no Aldino Langaro, e o Vice-Prefeito Ardulino Lângaro a antiga escola passou a ser uma bodega, construindo-se assim uma nova escola de alvenaria. A professora Au-rora aproveitou todos os pedaços de materiais da cons-trução para desenhar o mapa do Rio Grande do Sul, e ao lado a bandeira do Município e a bandeira do Brasil no pátio da Escola, preparando-a para sua inauguração. Na inauguração da Escola estiveram presentes o Depu-tado Estadual Eden Pedroso, o prefeito e vice prefeito e demais autoridades, após a inauguração as autoridades parabenizaram a professora Aurora pelo belo trabalho ministrado no pátio da Escola.

No ano de 1973 houve a vinda da plantação de soja, e neste período até os anos de 1980, a mecanização do plantio, e assim os pequenos produtores começaram a vender suas terras a produtores maiores, acarretan-do assim uma evasão, pois estas famílias mudaram-se para o meio urbano, diminuindo o número de alunos do meio rural. É importante destacar que o então Prefeito José Maria Vigo da Silveira se preocupava em investir na Educação de crianças e jovens, sendo o Prefeito que im-plantou o transporte universitário. Neste período houve um fato marcante na carreira de professora de Aurora, a liberação da aposentadoria da mesma que foi entregue em mãos pelo prefeito.

Mudou-se para a cidade de Tapejara no ano de 1979, residindo na Rua Aquilino Cavichioli no Bairro Nazaré, nome sugerido pela própria Aurora, entre tantos como: Santo Antônio, Santa Lucia, São Luiz até a sugestão de Aurora Pólo Nazaré sugeridos pelos demais morado-res em uma reunião de um grupo de famílias depois de pedido do Padre Valter Valentim Baggio, e escolhido o nome Pólo Nazaré, hoje Bairro Nazaré, onde Aurora re-side atualmente. O Salão do Bairro foi construído anos mais tarde, em um terreno doado por João Bernardes membro do Bairro, localizado na Rua Tupinambá, para sua construção houve o auxilio dos moradores do pró-prio Bairro. Nestes últimos 20 anos de salão passaram diversas Diretorias entre elas a mais marcante a do pri-meiro Presidente Balduíno Zotti. Este local é usado para celebração de Missas e Festas.

Page 79: Mulheres Empreendedoras 11

79Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Encontro Estadual de Agentes da Pastoral da Saúde realizadoNa Assembléia Legislati va do RS. Da esquerda para a direita:

Ofélia, Neli, Aurora. 2010

Formatura de Serenita na Escola Complementar de Passo Fundo, Hoje Escola Estadual Nicolau Araujo Vergueiro- 1931.

Passeio de Aurora com o Grupo da Terceira Idade. Casa da Pedra em Bento Gonçalves. 2003.

Logo que veio morar na cidade, ingressou na Pastoral da Saúde, onde visitava os doentes, e famílias carentes nas quais eram entregues doações de alimentos e me-dicamentos. Depois de um tempo a própria pastoral co-meçou a produzir medicamentos sendo eles xaropes e ervas. Atualmente a Pastoral da Saúde juntamente com Agentes de Saúde, construíram um centro de produtos preventivos a saúde, com produção de essências, chás, e sabão medicinais que são vendidos com baixo preço à população da cidade e demais regiões. A sala em que é usada como centro foi cedida pelo Sindicato de Tra-balhadores Rurais de Tapejara, onde ainda as contas de água e luz são pagas pelos mesmos, a limpeza do local é feita pelos próprios funcionários do centro entre as quais Aurora.

Outra entidade da qual Aurora faz parte é o Grupo da Terceira Idade, o qual foi ampliado com sua sugestão. Neste grupo são realizados trabalhos como coral, via-gens, festas e bene�ícios a saúde incluindo exercícios �í-sicos. Durante os passeios e apresentações da entidade, principalmente o coral a amizade entre os integrantes e as pessoas que conhecem são muito importantes.

Assim sendo, todos os dias, agradeço a Deus por cada dia alcançado, cada experiência vivida e por ter chegado

a esta idade de 82 anos e por mais tantos que poderão vir.

Serenita Doring Muxfeldt Serenita Doring Muxfeldt nasceu em 03 de março de

1915, na localidade de Bugre Morto nas proximidades de Passo Fundo. Filha de uma família numerosa com-posta de doze irmãos. Com cinco anos de idade foi mo-rar com a sua avó na cidade de Passo Fundo, pois ela tinha só um �ilho e queria que uma neta morasse junto com ela. Em Passo Fundo estudou na Escola Comple-mentar Nicolau de Araújo Vergueiro fazendo parte da primeira turma de alunas que se formaram em magisté-rio. Hoje a Escola passou a ser Escola Estadual Nicolau de Araujo Vergueiro.

Foi nomeada com 17 anos no Grupo Escolar do Mu-nicípio de Nonoai. Naquela época havia ônibus de Passo Fundo que passava por Nonoai uma vez por semana. Ela foi nomeada e precisava ir a Nonoai. Porém teve de en-frentar uma série de obstáculos para chegar ao destino e assumir a missão de ensinar.

Ela reconstitui as vicissitudes experimentadas na jornada: “Naquela época uma moça de 17 anos não via-java sozinha”. “Então o meu bisavó ia comigo de ônibus”. “Só que na rodoviária o ônibus encheu de gente e não teve mais lugar para mim”. “Mas eu tinha que estar lá, senão perderia a nomeação”. “Foi então que meu bisa-vô, que era ainda um homem forte na época, conseguiu uma charrete puxada por um cavalo e �izemos uma co-mitiva”. “Meu primo ia a cavalo e eu e meu bisavô fomos de charrete, que na época chamávamos de aranha”. “No primeiro dia, fomos até Pontão, ele tinha uma �ilha lá e pernoitamos na casa dela”. “No segundo dia percorren-do pelo meio do mato, pois toda a estrada era ladeada por mato cerrado, chegamos até Passo da Entrada”. “En-tão pernoitei num quarto de hotel que havia lá, e meu bisavô e meu primo dormiram perto do fogo de chão”. “E no outro dia chegamos a Nonoai, portanto três dias de viagem”. “Chegando lá tive uma surpresa, todos estavam esperando a professora, com uma grande festa”. “Mas eu

Page 80: Mulheres Empreendedoras 11

80Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

era muito Jovem e acanhada e nem sabia o que fazer”. “Teve um jantar, uma bela recepção”. “No domingo me levaram conhecer a cidade, a cascata e assim fui me am-bientando”. “Na segunda feira eu estava lá assumindo meu posto”. “Morei lá até os 28 anos de idade”. “Conheci muitas pessoas lá e conservo amizades até hoje”.

Momentos de leitura e estudos com a prima Olmira Chagas- 1935

Serenita e Aff onso com a bisneta Vanessa

Curso para Diretoras e Diretores em Porto Alegre (Professora Serenita D. Muxfeldt)

Família de Serenita e Aff onso. Em pé da esquerda para direita Inêz, Eloá, Isabel, Anita, Maria, Lourdes, Teresa. Sentados Serenita e Aff onso-1997.

Em 1943, precisamente no dia 26 de fevereiro de 1943, chegaram á então Vila Teixeira Serenita Doring Muxfeldt e Affonso Muxfeldt. Que se hospedaram no Hotel Aurora, prédio de madeira, assentado na zona central, de propriedade de Taudelino Antunes de Qua-dros, Serenita recorda: “O Sr. Taudelino nos disse que não hospedava casais por muito tempo em seu hotel”. “Então moramos um tempo numa casa de madeira, onde é hoje a Joalheria de Edgar Taube”. “Precisamos de um lugar para morar e começamos a procurar”. “Foi então que o Affonso encontrou uma casa de madeira ao lado do Grupo Escolar, onde hoje é a Prefeitura Municipal”. “E compramos a casa”.

Em sua atividade docente Serenita participou da evo-lução da então Vila Teixeira que partir de 29 de dezem-bro de 1944 foi elevado a Distrito de Tapejara e poste-riormente Município de Tapejara Emancipado em 9 de agosto de 1955. Ela lecionou por muitos anos no Grupo

Escolar, hoje Escola Estadual Fernando Borba, e tam-bém foi diretora do referido estabelecimento de Ensino. Lembra: “Quando comecei a lecionar havia 104 alunos e quando me aposentei o Grupo já tinha mais de 400 alunos”.

Serenita Doring Muxfeldt exerceu, também, o cargo de Diretora do então Ginásio Pio XII no período de 1º de maio de 1963 a 30 de dezembro de 1967. Em recente depoimento em obra que trata de resgatar parte da his-tória do desenvolvimento educacional-tapejarense que foi marcada pela primeira escola de ensino secundário do Município manifestou o sentido e importância do Gi-násio para Tapejara.

A criação desta Escola foi um ato muito importan-te para Tapejara. Deu oportunidade para adolescentes daqui poderem estudar mais, porque nem todos talvez uma minoria pudesse se deslocar para estudar fora. Foi um ato de coragem, pois outros Colégios consultados não se dispuseram a assumir esta tarefa. Os professo-res da época foram verdadeiros abnegados, porque não eram bem remunerados. Graças ao nosso esforço inicia-mos uma nova época para o nosso Município. E, hoje, vendo o progresso do ensino em Tapejara nos sentimos

Page 81: Mulheres Empreendedoras 11

81Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Serenita e Aff onso com netos em reunião de família-1980.

Serenita com netos, bisnetos, cunhados, noras e genros no aniversário dos seus 90 anos 1995.

Desfi le de Sete de Setembro na Rua do Comércio, esquina com a XV de Novembro. Da esquerda para a direita: Café Bertoglio e o prédio da Casa

Comercial de Ughini Bertoldo e Cia Ltda. 1947

Turma de alunos do Grupo Escolar. Meados de 1940, em Vila Tapejara.

felizes e orgulhosos por termos colaborado e feito parte desta história, pois sem cultura não existe progresso.

Os primeiros anos na então Vila Tapejara, Serenita além de lecionar no Grupo Escolar ela prestava o servi-ço de Catequista da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, preparava as crianças para a Primeira Comunhão, cui-dava de suas �ilhas, trabalhava no escritório da Usina Avante que estava instalado numa das salas de sua nova morada.

A grande parte das alunas e alunos matriculados que freqüentavam o Grupo Escolar eram oriundas de famí-lias necessitadas, dispunham de poucos recursos �inan-ceiros essas condições repercutia no vestuário, unifor-me, afetava a alimentação e o próprio aprendizado das crianças.

Diante desta realidade das alunas e alunos Serenita não se omite e dentro de suas possibilidades toma pro-vidências. Ela conta; “Auxiliava na compra de calçadi-nhos e roupas para alunos que não podiam”. “Se o aluno não tinha dinheiro para comprar o seu uniforme, as pro-fessoras davam um jeito”. “Aqueles que realmente não tinham o que comer no �inal da tarde eu trazia aqui para casa e fazia um cafezão para eles, todos os dias tinham

em média vinte crianças aqui”. “E as crianças que não conseguiam se alfabetizar na média esperada, também vinha para cá no �inal do dia, e eu fazia um intensivo com eles”.

A Professora Serenita revela: “Aluno meu tinha que aprender, e aprendia. Imagina só, se uma pessoa sou-besse ler e escrever, e fazer quatro operações básicas e contas de porcentagem e juros, equivaleria quase a uma com Contábeis hoje”. Ao ser perguntada quanto ao pas-sado responde: “Quando olho para o passado sinto uma alegria muito grande, e vejo que tudo valeu à pena”.

Catharina Borba Cheguei em 1941, em Vila Teixeira, mas sou natural

de Carlos Barbosa. Trabalhei como costureira. O lugar era muito pequeno, não havendo indústrias e o comér-cio era pouco e só havia uma rua na cidade. O Subpre-feito da época, Sebastião Nunes, me convidou para dar aulas em duas Escolas, porque não havia professoras. Tudo era muito longe, mas gostei e me dediquei com muito amor para aquelas crianças. Comecei a fazer cur-sos para dar aos alunos uma boa educação.

Page 82: Mulheres Empreendedoras 11

82Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

No outro ano fui convidada para lecionar no Grupo da Vila Teixeira. Trabalhei por 30 anos com alunos. Le-cionei no Colégio das Irmãs por duas vezes e no Ginásio também. Neste tempo fui convidada para ser Orienta-dora das Escolas do interior pelo Município de Passo Fundo. Durante este tempo �iz cursos no período de fé-rias para melhor ensinar os alunos. Fiz o Magistério por quatro anos, em Carazinho e, sempre estudava durante as férias, pois assim estava mais preparada para traba-lhar com os alunos. Também fui nomeada pelo Estado, mas continuei dando aulas em Tapejara.

Turma da formatura do curso de formação de regentes do curso primário da escola normal de Nossa Senhora da Glória, onde Catharina colou grau de Magistério em 26 de julho de 1957. Catharina é a últi ma

sentada da esquerda para a direita.

Catharina com o marido Antônio Borba no Clube Comercial em meados de 1950.

Outorga do tí tulo de Cidadã Tapejarense para a professora Catharina Borba pelo prefeito Bonfi lho Seben em meados de 1990.

Professora Catharina, a quinta em pé da esquerda para a direita, com um grupo de professores do Grupo Escolar em 1959.

O meu objetivo foi preparar cidadãos honrados, ho-nestos e trabalhadores. Posso me orgulhar que alguns dos meus alunos foram prefeitos, vereadores, empre-sários, grandes agricultores, muitos professores e até sacerdotes. Um dos meus alunos é vigário desta cidade por sinal e está fazendo um bom trabalho. Agradeço a Deus tudo o que �iz pelos meus alunos.

No meu último cargo, fui nomeada Diretora do Grupo Escolar Fernando Borba. Quando assumi a Escola não tinha prédio próprio, pois aquele que havia pertencia a Passo Fundo. Com a ajuda do Prefeito José Maria Vigo da Silveira conseguimos o prédio novo. Foi muito di�ícil, mas hoje, é um orgulho para os estudantes de Tapeja-

ra. Fiquei durante 6(seis) anos na diretoria. Veio minha aposentaria e deixei a direção para outra professora, mas continuei dando aulas particulares para alunos, porque eu gostava muito de meu trabalho.

Como cidadã Tapejarense, trabalhei muito por Tape-jara e pela emancipação deste Município. Eu e meu fale-cido esposo ajudávamos em tudo como as festas religio-sas e outros eventos. Alegramos muita gente através da música nas festas. Fizemos parte do Lions Clube, que é uma entidade que trabalha muito, principalmente para as pessoas mais necessitadas. Ajudamos muito na cons-trução do Banco de Olhos colocado na Universidade de Passo Fundo (UPF).

Na gestão em que administramos o Lions, ajudamos muita gente e conseguimos um parque infantil.

Com orgulho faço parte desta cidade. A maioria dos meus anos passei aqui. Quando cheguei era tudo peque-no, com casas simples. Hoje temos edi�ícios e mais edi-�ícios. Onde era mato, hoje são bairros da cidade. Isso se deve a inteligência e o trabalho dos tapejarenses que lutaram para que as futuras gerações agradeçam e se orgulham dos que tanto �izeram por este município.

Page 83: Mulheres Empreendedoras 11

83Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Turma do Curso de Dati lografi a. 1968.

Turma do Curso de Dati lografi a. 1981

Maria de Lourdes Basso Relate em breves palavras a sua trajetória pesso-

al:Nascida e criada em Passo Fundo, na família de João e

Adelaide Falkembach, estudou o primeiro grau na Esco-la Estadual Protásio Alves. Ainda na juventude, estudou na Escola de Datilogra�ia que se localizava na Rua Pais-sandú, ministrado por Irmãs da Igreja Católica, Paróquia de Passo Fundo. Casou em 1955 com Alceu Basso, pas-sando a residir em Tapejara. Teve cinco �ilhas: Ivaniza, Cláudia, Liliane, Maria Izabel e Maria Adelaide. Vive até a presente data no mesmo endereço onde funcionava a escola, na companhia do seu inseparável marido Alceu e lembra, às vezes, de alguns episódios isolados daquele tempo em que passava as tardes envolvida com o espe-cial o�ício de ensinar.

Recorde um fato da realidade de Tapejara que não esquece no tempo que criou ou começou a de-senvolver a sua atividade em Tapejara:

A aquisição de cinco máquinas de escrever da mar-ca Remington Rand, para a época – 1965 – foi um in-vestimento arrojado, principalmente pela incerteza do retorno. Mas essa incerteza foi logo dissipada, tão logo as primeiras matriculas começaram a se efetivar. A pro-cura pelo aprendizado foi aos poucos se concretizando e os primeiros alunos foram os �ilhos dos empresários e comerciantes da cidade, inclusive estes, buscando apri-morar o seu conhecimento.

Conte-nos como surgiu à idéia de desenvolver tal atividade ou criar um empreendimento em Tapeja-ra:

Tendo residido em Passo Fundo até o casamento, e tendo freqüentado o curso de datilogra�ia naquela cida-de, viu-se em um município novo – Tapejara – apenas envolvida com os afazeres domésticos e a abençoada tarefa de ser mãe e esposa. Cerca de 10 anos depois do casamento e já com três �ilhas, resolveu preencher seu tempo com um investimento que percebeu necessário, mas ainda não desenvolvido no Município. Assim, teve

a idéia de abrir aqui nesta cidade, uma escola de Datilo-gra�ia, visando a preparação dos jovens para enfrentar as di�iculdades futuras. Para o trabalho em escritórios, bancos, lojas e outras atividades, a noção de datilogra�ia começava a ser importante. Surgia, assim, a Escola Re-mington de Datilogra�ia para ampliar os horizontes das pessoas, quali�icando-as ainda mais.

Quem foram as entidades ou pessoas que lhe ajuda-ram a desenvolver tal atividades ou criar e colocar em funcionamento seu investimento.

A principal pessoa foi seu marido – Alceu Basso – au-xiliado pelo sogro Tranquilo Basso. O Sr. Silvio Ughini e dos demais membros dessa família também foram importantes para os primeiros passos da Escola, tendo em vista, principalmente, o alto custo das máquinas. A Municipalidade não mediu esforços para que a Escola-Remington de Datilogra�ia se solidi�icasse.

1) Como conseguiu conciliar a função na família e mulher no mercado de trabalho.

Para a época em que desenvolver tais atividades não era di�ícil conciliar as tarefas de dona de casa, princi-palmente pelo fato de que a Escola funcionava em uma das dependências da própria casa, com entrada priva-tiva, permitindo o controle das tarefas domésticas e as aulas de datilogra�ia. Também deve ser considerado que as aulas funcionavam no turno da tarde, a partir das 14 horas, encerrando-se às 19 horas. Desta forma, as ativi-dades domésticas que eram desenvolvidas com a ajuda de uma pessoa até hoje muito querida Tereza e depois dela muitas outras, era possível o desenvolvimento des-te trabalho e as aulas de datilogra�ia.

2) Quais as di�iculdades e soluções que a ativida-de ou o seu empreendimento lhe trouxe.

Não se pode falar em di�iculdades quando se fala em progresso. O fato de existir no Município uma Escola de Datilogra�ia que era impulsionada pela ânsia de me-lhorar cada vez mais dos seus alunos, abafava todas as di�iculdades. A maior grati�icação conhecida foi perce-ber a importância das noções de datilogra�ia Já exigidas quando da admissão dos funcionários nos estabeleci-

Page 84: Mulheres Empreendedoras 11

84Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

mentos comerciais, bancários, empresariais, escritórios e muitos outros.

Mas o fator preponderante para o término do em-preendimento foi à época da informática. Era chegada a hora de modernizar-se ou encerrar a atividade. Como o tempo já havia passado e a aposentadoria já acenava na porta, resolveu, assim, encerrar sua atividade.

3) Recorde dois acontecimentos importantes que ocorreram no desenvolvimento de sua atividade ou no seu empreendimento que repercutiram na socie-dade tapejarense.

Turma Curso de Dati lografi a. 1993

Colégio Medianeira de Todas as Graças. 1950. Arquivo Público Porto Alegre.

Não é possível lembrar com clareza apenas dois acontecimentos, foram tantos. A Escola Remington de datilogra�ia surgiu como forma de trazer aos Munícipes de Tapejara um novo incremento para quali�icação pes-soal. A aceitação do povo foi maravilhosa, tanto que nos dias atuais - excetuando-se a geração informática - mui-tos pela escola passaram e saborearam as divertidas e também sérias aulas da “Tia Maria”, auxiliada após pela �ilha Cláudia. Lembram todos com saudades das tardes na Escola, em períodos de apenas uma hora para cada turma em cinco dias da semana, curso com duração de quatro meses.

Por �im, acredita-se que a Escola Remington de Dati-logra�ia auxiliou aos pro�issionais que hoje despontam na história deste Município.

“Pelo menos, eles não catam milho quando digitam no teclado de um computador.”

Therezinha Cauduro Pina Therezinha Adelina Pina nasceu em Boa Vista, 12°

Distrito de Garibaldi, Rio Grande do Sul, no dia 10 de agosto de 1936. É a sétima �ilha dos doze �ilhos de Ma-ria Mocelin Cauduro e Adelino Cauduro. Passou a resi-dir com seus pais e irmãos em Vila Teixeira, no ano de 1943, com sete anos de idade.

Aos quatorze anos, com o quinto ano concluído, ini-ciou como professora Municipal na Escola Notre Dame Medianeira de Todas as Graças, num período de cinco anos e meio.

Cursou o Normal Regional no Colégio Notre Dame de Passo Fundo, onde se formou como Regente do Ensino Primário. Mais tarde, cursou o Magistério no Colégio Bom Conselho de Passo Fundo, recebendo a graduação de professora das séries iniciais. Também ministrou aulas particulares, durante algum tempo, em sua resi-dência, aos alunos que fariam a Prova de Admissão para ingressar na quinta serie do Ginásio. Iniciou o Curso de Pedagogia, na Universidade de Passo Fundo, porém não concluiu o mesmo.

Em 1959, foi nomeada professora estadual do Grupo Escolar Fernando Borba, onde trabalhou como alfabeti-zadora na maior parte do tempo, tendo sido designada Diretora, por duas vezes, exercendo o cargo por nove anos.

Aposentou-se em 1982. Realizou trabalho de cate-quese na Pré-Eucaristia.

Foi diretora da Creche Municipal Isabel Basso.Atualmente, reside na Rua Independência, nº 330,

centro e faz a coordenação de um grupo religioso de fa-mílias vizinhas.

É casada com Néli Sérgio Pina, mãe de quatro �ilhos e avó de sete netos.

Fatos da realidade de Tapejara dos quais não esque-ci:

- Lançamento da 1ª pedra fundamental da Igreja Ma-triz;

- Participar do coral de 300 vozes que cantou na Mis-sa dos Cem Anos da Emancipação de Passo Fundo, sen-do que nesta solenidade estava presente o então Presi-dente da República da época Sr. João Goulart;

- Ter votado, pela primeira vez, para emancipação de Tapejara, no ano de 1955;

- Fatos reais como professora:

Page 85: Mulheres Empreendedoras 11

85Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Grupo Escolar Fernando Borba- 1960. Fonte: Prefeitura Municipal de Tapejara.

Professora Therezinha Cauduro, quinta da esquerda para direita, com alunos e alunas do 5° Ano Primário. 1962.

Homenagem das alunas e alunos para a Professora Therezinha Cauduro. 1961

O Grupo Escolar Fernando Borba, funcionava onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal. Era um prédio em madeira, tinha cinco salas de aula, sala de direção, cozinha e banheiros. Eram atendidos cerca de 150 alu-nos que residiam na cidade e também no interior do mu-nicípio. Os alunos usavam uniforme branco, havia uma boa disciplina, porém o professor era quem detinha o saber e as regras. Como material didático havia, apenas, o quadro negro, giz e aquilo que havia aprendido em seu curso de formação. Os alunos usavam caderno, lápis e borracha, tudo muito precário. Merenda escolar, não existia. Só mais tarde, no prédio onde se encontra a Es-cola hoje, é que foi se percebendo que muitos alunos vi-nham para a Escola com fome e que de fato prejudicara a aprendizagem. Então eram realizadas campanhas junto à comunidade para arrecadar mantimentos e também foi criada junto ao terreno da escola uma horta. Assim os alunos começaram a ter como merenda “sopões”.

As crianças só podiam ingressar na escola com sete anos completos. Chegavam à Escola sem nunca ter pe-gado um lápis na mão e ao �inal do ano letivo, de 180 dias, estavam alfabetizados. Toda semana, aos sábados realizava-se a hora cívica da qual os alunos participavam com muito interesse e atenção. Na escola havia também uma pequena banda e eram feitos ensaios de marcha para o tradicional des�ile de 07 de setembro.

A participação dos pais na Escola era pouca, porém sentindo que era muito importante a participação dos mesmos iniciou-se um trabalho de chamamento dos pais traves de reuniões motivadas com palestras. A Es-cola, então, passou a ser olhada diferente e os pais per-ceberam que os professores e direção já haviam sentido que para acontecer uma educação e um ensino aprendi-zagem mais e�iciente, a participação dos pais era funda-mental. Assim, além das reuniões eram realizadas festas e jantares de integração com a comunidade Escolar.

Um fato que gostaria também de destacar, ilustrando ainda mais as di�iculdades da época, é o que ocorreu por volta dos anos 1961 e 1962 quando a Escola �icou sem água, pois o poço que abastecia secou. Então a direção, juntamente com os serventes, buscava água na residên-cia do Sr. Guerino Broch. Essa atividade foi realizada, mais ou menos, por um ano, até um novo poço ser fun-dado.

Como professora esposa e mãe, sempre procurei con-ciliar da melhor forma possível, minha atividade na Es-cola, no lar e ao lado do meu esposo que tinha um bar e uma churrascaria.

Em relação ao meu trabalho especí�ico de educadora, foi um sonho realizado, pois sempre quis ser professora. Sentia-me muito bem na Escola e principalmente reali-zando o trabalho de ensinar crianças o qual procurei me dedicar sempre com amor, bondade, carinho, �irmeza e compreensão. Sinto-me grata a Deus, a minha família, aos meus alunos e a comunidade de Tapejara, pelo tra-balho que pude realizar em prol da educação, sendo que em 2003 recebi o Titulo de Cidadã Tapejarense o qual agradeço especialmente aos Poderes Legislativos e Exe-cutivos da época.

Hoje, com 74 anos, continuo trabalhando ao lado de meu esposo em um pequeno bar, e sempre interessada pela educação, procuro acompanhar através de leituras e diálogo com minhas �ilhas professoras.

Page 86: Mulheres Empreendedoras 11

86Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Loreci Maria Biasi

Nasci em Tapejara, no dia 26 de dezembro de 1969, gêmea com Lori Antônio, �ilha de Antônio e Nair Rodigheri, irmã de Valcir e Waldocir. Casada com Cláudio Antônio Bia-si. Aos sete anos de idade já tive meu primeiro em-prego, no viveiro do Sr. Adelino Zanchetta, aos dez anos comecei a trabalhar na empresa do Sr. Lauro Rosa, aos doze anos fazia faxinas e trabalhava para a empresa Ghi-dini Móveis. Aos dezesseis comecei a trabalhar com o Sr. Neri Girotto, local que ainda hoje trabalho. Estudei o ensino fundamental na Escola Valeriano Ughini, onde me destacava pela declamação de poesias, �iz ensino médio na Escola Senhor dos Caminhos. Em 1989, con-ciliando com o trabalho, comecei a faculdade de Letras, na Universidade de Passo Fundo – UPF, concluindo em 1993. Nestes anos atuei também como catequista na Igreja Matriz. No ano de 94, já prestei concurso público e passei a atuar como professora municipal, na Escola Giocondo Canali, na qual me destacava pelo empenho em desenvolver teatro na escola. Dois anos trabalhei na Escola Catarina Debastiani. Nos anos de 1994 e 1995 publiquei pela Editora Alcance, na Casa Mario Quinta-na, coletâneas nos livros Mil Poetas Brasileiros, Mulher Poeta e Pulsações Reunidas Nos anos de 1998 a 2001 trabalhei na secretaria de educação, como assessora pedagógica. Em 1999 conclui Especialização em Leitura Teoria e Prática. Em 2004 no livro Os mais velhos... em novos tempos, pela editora Berthier, publiquei o texto "Qualidade de Vida e a Arte na holística do Idoso." Em 2006, elaborei o Plano de Educação do município de Tapejara, com plenárias e todas as etapas estabelecidas pela Legislação Federal, vigente até hoje. Em 2009 con-clui o Mestrado em Educação, pela UPF, com a disser-tação ESCOLA, FOLCLORE E CULTURA: PERSPECTIVAS POLÍTICAS E PEDAGÓGICAS

No ano de 1998, comecei a dar aulas para jovens e adultos (EJA) e Cur-so Técnico em Admi-nistração, cursinho pré- vestibular, na Escola Notre Dame Medianeira de Todas as Graças até o ano de 2005.

Loreci e aluna Marivânia na formatura do ensino médio da Escola Notre Dame Medianeira de todas as Graças -2001

Desde 1997 estive juntamente com outros represen-tantes da sociedade buscando instalar uma Universida-de em Tapejara. Assim em 2003, formatei a pedido da Irma Terezinha Barcarolo, o PDI(Plano de Desenvolvi-mento Institucional), para instalação de uma Faculda-de em Tapejara, ou seja um de meus tantos passos em busca de uma Faculdade em Tapejara. Em 2006-2007 elaborei o projeto para busca da instalação de uma Ex-tensão da Universidade de Passo Fundo, apresentada ao reitor com vários representantes da comunidade. Em 2009 iniciei uma especialização em gestão de pólos pela UFPEL e em 2011, ano em que concluo essa pós, inicio graduação em Pedagogia pela UFSM.

Loreci Maria e família: Antônio, Valdocir, Lori, Loreci, Valcir e Nair.

Loreci e seu esposo Claudio Biasi

Recorde um fato da realidade de Tapejara que não esquece no tempo que criou ou começou a de-senvolver a sua atividade em Tapejara:

Um dos fatos importantes dentro de minha pro�issão é falar do ano de 2005 a 2007 e recordar de uma época em que eu trabalhava como coordenadora pedagógica da escola Giocondo Canali, ministrava aulas para alunos da EJA, que era vice-diretora da mesma escola, que cur-sava mestrado em educação e aprendia dia-a-dia, com meus colegas, meus alunos, minha comunidade, esse lugar maravilhoso que é de se morar chamado Tapejara, que em kaingang signi�ica Senhor dos Caminhos.

Entre esses anos o que me marcou foi o dia em que o secretário da educação Eugênio Post, chamou-me a sua sala e disse-me que a Universidade de Santa Ma-ria estava indicando um edital de chamada pública, de 20 de dezembro de 2005, para que se conseguisse implantar um polo de educação a distância,com cursos

Page 87: Mulheres Empreendedoras 11

87Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

1º SEMINÁRIO NACIONAL DE COORDENADORES DE PÓLOS DE APOIO PRESENCIAL - Sistema Universidade Aberta do Brasil

Brasilília - DF - 16 e 17 de janeiro de 2007.

Loreci acompanhada pelos prefeitos de Jales (SP), Foz do Iguaçu (PR), Cachoeira do Sul (RS), Tio Hugo (RS) e São João do Polêsine (RS)

em Florianópolis, assinando o convênio com a Reitora do CEFET-SC, Consuelo Sielski Santos.

superiores, gratuitos, ministrados pela universidades federais. Lembro-me que minha cabeça girava de tan-ta informação, mas encarei o desa�io ... e assim, dias a �io, noites sem �im, leituras, formatação de 9 projetos sobre demanda, cursos, infraestrutura, visita a mais de 20 municípios para angariar apoio, quilômetros roda-dos, sonhos e sonhos. No prazo previsto, entregamos os projetos, e acredite sorrimos, com a sorte lançada. Seremos Polo? Quanta expectativa, quanta divulgação, quanta correria... nos jornais, nas rádios e a ansiedade dos resultados.

Ter um Pólo de Ensino Superior gratuito em Tapeja-ra, através da Universidade Aberta do Brasil - UAB, que é um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camada da popu-lação que têm di�iculdade de acesso à formação univer-sitária, por meio da metodologia da educação a distân-cia seria um dos grandes passos na área de educação tapejarense.

Quando foi gerado o diário o�icial do dia 31 de outu-bro de 2006, nossos olhos deviam estar acompanhando, cada letra, cada linha, de tanta espera, dez meses, que nos saltavam dia-a-dia para um novo começo, diante a nossa vontade política, educacional, social. E lá estava, entre tantos nomes a SENHOR DOS CAMINHOS, a nossa Tapejara.

Assim vieram os desa�ios, o primeiro, coordenador do Polo, seleção e entre os nomes o meu, assim feito uma águia, que se afasta longe a uma montanha, para voltar com mais força estava eu, pela primeira vez, só, de mala, no aeroporto com todos os medos possíveis, já que nunca havia se quer chegado perto de um avião. Mas estava ali, atrás do Polo dos Sonhos e nada me fa-ria voltar atrás! Pensava em quantas pessoas ajudaria, lembrava dos esforços de minha mãe, em pagar minha faculdade, sendo faxineira, e meu pai, mecânico, e ago-ra eu tinha a oportunidade de assumir algo, para que bene�iciasse a quantas Lorecis e quantos, quantos! Hoje 2011, mais de 400 que possuem acesso a um ensino su-perior, gratuito, de qualidade. A mala não era o peso, o peso era a responsabilidade, o compromisso, a dedica-ção que estava sendo proposta a minha pessoa, menina de família pobre, que enchia saquinhos de terra para o plantio de sementes, que empalhava cadeiras, que faxi-nava nas casas, que virou professora, e que queria muito que tudo acontecesse!

Dessa forma, dois dias em Brasília, nem me faziam lembrar do medo que passei no avião, pela ida, pois aprendi tanto, �iz tantos amigos, todos com os mesmos sonhos, todos com a mesma garra, com a mesma polí-tica educacional. Voltava... e trazia comigo, não mais o medo, mas a certeza de que tudo era possível. Nada seria fácil! Bem sabia disso! Mas nunca desisti no meio de uma luta e se preciso fosse, gastaria minhas noites e dias para que tudo desse certo! Apoiada pelo Altemir Abido, Eugënio Post e Juliano Girardi mangas arregaça-

das e empunhando a bandeira da educação superior, se buscava... se buscava.

De janeiro a setembro, não via os dias passarem, tarde e noite, me afundava em organizar o Polo, que se instalaria, através da prefeitura, num escola municipal, com salas pequenas, laboratório pequeno, e acredite a sala de videoconferência acontecia, numa sala, embai-xo das arquibancadas do ginásio de esportes, com um pilar no meio, que digam as di�iculdades os alunos pre-cursores da primeira turma . No inicio, fazia mil papéis, coordenadora, técnica, bibliotecária, secretária, faxi-neira... Na visita de Roberto Cassol, representante do MEC, ele nos disse que tínhamos de resolver logo isso, pois não seria possível ter o Polo ali. Na época, o prefeito Juliano Girardi, se comprometeu em um ano, fazer um polo novo. Assim, se �irmou o primeiro convênio com o Instituto Federal de Santa Catarina no ano de 2007. E estava criada a Lei 3006/2007 do Núcleo de Tecnologia Educacional de Tapejara.

Assim como o prédio do Polo ia sendo construído, o primeiro vestibular acontecia e meus olhos viam os primeiros nomes que seriam a Turma I do polo de Ta-pejara.

Page 88: Mulheres Empreendedoras 11

88Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Logo, chegou setembro, 24 de setembro, mais preci-samente, data de início do primeiro curso e estávamos preparadas, eu, duas tutoras, Elaine Elisa Hanel e Fabia-na Rodigheri, o secretário do Polo, Clairto Aimi e a bi-bliotecária Josara Souto. Pessoas que não mediaram es-forços, em tudo... A noite chegou, no traje bordô que eu usava na noite, não cabia a alegria que sentia, por mim, pela pessoas que con�iaram, pela comunidade e região. Era o Polo que buscava e saia do papel, daquele que em mais de 200 páginas escrevi! Deste momento em diante, as lutas foram diárias! Projetos para livros(hoje mais de 4000), para material de expediente, para infraestrutura, para tudo!As novas experiências, das Universidades que atuavam no Polo, os trâmites de provas, de aulas presen-ciais, de videoconferências, de vídeos-aulas, de como os alunos começarem na modalidade EAD. Pessoas, que eu me re�letia, sem saber onde ligava o computador, com seus medos e angústias do não aprender... e assim lá se ia... dias incontáveis para que um novo Polo, para o POLO DE MUITO SONHOS chegasse à realidade.

Após esse passo tão importante se estabeleceu con-vênios com a UFSC, com cursos de Administração, Con-tábeis e Economia.

Loreci, com coordenadores de Polos e coordenadoras da UFSC, na organização do calendário de cursos.

Loreci e equipe de tutores, funcionários e técnico do Polo UAB

Loreci e alunas e tutoras do Curso de Pedagogia, do Polode Tapejara, na aula inaugural na UFSM

Realidade sim, que aconteceu em 24 de setembro de 2008, um novo Polo, lindo, com toda a infraestrutura necessária, não sabem quanto desejei um elevador, uma rampa, para um dos alunos cadeirantes que tínhamos, sofria com ele, e naquela noite, o Polo estava diante de mim e de todos os que acreditavam na força política do executivo, do legislativo e de todas as pessoas envolvidas com educação em nosso município. Um ano bem certo, depois daquele 2007, via laboratórios grandes equipa-dos, salas bem organizadas, biblioteca, tudo novo, tudo do jeito que sonhava!

Nos anos de 2008, 2009 e 2010 se �irmou parceria com a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM com cursos de graduação e pós-graduação (Agricultura Fa-miliar, Pedagogia, Letras/Português e Letras/Espanhol, Especialização em Gestão Publica e Especialização em Gestão em Saúde).

Entre 2008 a 2010, se buscou mais cursos, e se dava mais oportunidades aos que queriam “ser alguém na vida” assim como eu quando resolvi ser professora. Vie-ram mais computadores, mais livros, recursos huma-nos, ferramentas tecnológicas, melhor internet, cursos, seminários, encontros, aulas presenciais, visitas às uni-versidades, professores, alunos, comunidade, seleção de tutores, capacitações. E veio a primeira turma formada, Gestão Pública, àquela que iniciou lá em 2007 e nos fez �irmar nosso compromisso junto à comunidade e região. A�inal um dos objetivos cumpridos, e era pura realidade o quadro de formandos está lá, brilhando como as estre-las do dia que começou!

Hoje o pólo dos sonhos, conta com mais de 400 alu-nos, de 5 estados, mais de 40 municípios, cursos de gra-

duação, de pós-graduação, conquistas buscadas nesta trajetória.

Um dos fatos marcantes em 2010 foi à visita dos ava-liadores do Ministério da Educação, que pontuaram o Pólo, em nota máxima (5) resultado esse que enraizou

Page 89: Mulheres Empreendedoras 11

Tens a delicadeza das �ores A força de ser mãe, O carinho de ser esposa, Reciprocidade de ser amiga, A paixão de ser amante, E o amor por ser mulher!”

Parabéns, Mulheres Empreendedoras de Tapejara.

Av. Dom Pedro II, 120 - Tapejara - RS - CEP 99.950-000Tel.: (54) 3344.1455 - E-mail: [email protected]

Page 90: Mulheres Empreendedoras 11

São guerreiras, são vencedoras.Distribuem paixão, meiguice, força,

carinho e amor.

São um pouco de tudo.Calmas, agitadas, lentas!

Vaidosas, charmosas, turbulentas.

Mulheres fortes e lutadoras.

Parabéns a todasas mulheres que

�zeram e fazem parte da história de nosso município.

Page 91: Mulheres Empreendedoras 11

91Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Núcleo de Tecnologia Educacional de Tapejara (Centro Acadêmico)

Formatura do curso de corte e costura em 1974

Formatura da I Turma do Polo de Tapejara - novembro de 2009

ainda mais o sonho a ser realidade.No �inal de 2010 fui substituída, no entanto, acredi-

to que como diz Quixote: “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.” e lá �icaram aqueles que iniciaram junto comigo, os tutores, os alunos, os que acreditam que a educação superior na modalidade a distância já tem lu-gar na história do município de Tapejara e no coração dos que tanto lutaram por essa realidade, por isso ain-da vislumbro, mesmo distante, muitos outros prédios, muitos outros cursos, muitos alunos, de todos os luga-res, buscando o seu sonho ser realidade.

Eis o Pólo de nossos sonhos:

Eis a realidade:

Acredito que Tapejara e região mereciam a instala-ção de um Polo de Ensino Superior gratuito, que a busca estava no coração de cada tapejarense e que pude cola-borar com a minha coragem e meu grande entusiasmo com a educação.

Indústria

Olga Menegaz Bortolotto Nasci em Tapejara, no Hospital Santo Antônio. Aqui

me criei e comecei a trabalhar muito cedo e, por volta dos 8 (oito) anos de idade, ajudava meus pais nos tra-balhos da roça, nas tarefas de casa e no moinho de pro-priedade do meu pai.

Estudei na Escola Medianeira e depois no antigo Gi-násio Estadual. Casei em 1976 com Osmar Bortolotto, que na época caminhoneiro. Viajei muito com ele, co-nheci o Norte e Nordeste deste País. Tivemos três �ilhos; Cássio, hoje Arquiteto, Alexandra, Estilista e Paulo, Ad-ministrador.

Viajando para Pira Porã-MG

Como viajamos muito para São Paulo, começamos a comprar mercadorias de vestuário e trazer para reven-der aqui em Tapejara. Num primeiro momento vendía-mos de “porta em porta” como muitos chamam hoje de “sacoleira”. Depois montamos uma loja na sala de nossa casa. Contando sempre com a ajuda de meu marido e minha sogra Zulmira Bortolotto, não tive di�iculdades em conciliar trabalho e família.

Com as mudanças na economia da época, apareceram as di�iculdades. Porém, junto delas veio a criatividade e a força de vontade que nos �izeram superar a crise. Em 1987 começamos a produzir nosso próprio vestuário.

Page 92: Mulheres Empreendedoras 11

92Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Inauguração das novas instalações da indústria-2002

Indústria Bortolott o na Expo -Tapejara- 1999. Exposição da Loja Bortolott o indústria de confecções. Expo - Tapejara

Nesse momento tudo começou a melhorar. Conquis-tamos o prêmio de empresa destaque no de 1989 e daí em diante “graças a Deus” e nossos colaboradores con-seguimos prosperar.

Em 2002 inauguramos a nova indústria no local onde está até hoje já com 26 colaboradores. Em 2003 monta-mos uma loja em Santa Catarina, ampliamos as vendas e o quadro de funcionários. Atualmente, a Bortolotto In-dústria do Vestuário atende, através de representantes, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Para-ná, com marca conhecida pela qualidade do produto e credibilidade.

Hoje nosso objetivo é ampliar a empresa, gerando assim, mais empregos e aumentando a arrecadação de nosso Município.

Com as mudanças na economia da época, apareceram as di�iculdades. Porém, junto delas veio a criatividade e a força de vontade que nos �izeram superar a crise. Em 1987 começamos a produzir nosso próprio vestuário. Nesse momento tudo começou a melhorar. Conquista-mos o prêmio de empresa destaque no de 1989 e daí em diante “graças a Deus” e nossos colaboradores con-seguimos prosperar.

Hoje nosso objetivo é ampliar a empresa, gerando assim, mais empregos e aumentando a arrecadação de nosso Município.

Page 93: Mulheres Empreendedoras 11

93Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Terezinha Gollo Pietrobon Terezinha Gollo Pietrobon, �ilha de José e Maria Gollo,

nasceu em 27 de Janeiro de 1934, no Km 10, pertencen-te ao interior de Erechim.

Filha de agricul-tores conheceu Sr. João Pietrobon em meados de 1954, quando ele saia para trilhar trigo pelas propriedades locais, o�icializaram o início de namo-ro em uma festa da Igreja em Paulo Bento, como mora-vam em localidades diferentes e na épo-ca de di�ícil acesso, encontravam-se no �inal de semana. O namoro durou 3

anos e no dia 25 de maio de 1957 casaram-se em Paulo Bento.

Terezinha

Terezinha e João

Fachada da 1ª Fábrica de 1974.

Vista aérea da Fábrica Pietrobon - 2005

No dia do casamento os noivos e os convidados foram de caminhão, os convidados em cima e os noivos dentro. Após a cerimônia os convidados foram recepcionados com um café da manhã na casa da noiva, e o almoço re-alizado na casa do noivo. Logo no início o casal passou a morar na casa dos pais do noivo, onde permaneceram por 1(um) ano e onde tiveram sua 1º �ilha Zelir em 06 de Maio de 1958.

Trabalharam na agricultura e em 1958 mudaram-se para o Distrito de Rio Erechim, onde também João tra-balhava como ferreiro e barbeiro, onde nasceu o 2º �ilho Valdir no dia 02 de Novembro de 1960.

Em 1960 mudaram-se para a cidade de Campinas

do Sul, onde montaram uma pequena fábrica de balas, mandolates e torrefação de café, juntamente com o ir-mão do noivo Alcides. Ali nasceu o 3º �ilho Anacleto no dia 19 de Fevereiro de 1966.

Em 1966 desfaz-se a sociedade com seu irmão Alci-des e retornaram a agricultura, na localidade da Capela São Ricardo interior de Campinas.

Em 1967 vieram a Tapejara, parando quase que por acaso na cidade. O destino inicial era Sarandi, nesta épo-ca possuíam um caminhão e praticavam a venda de vá-rios produtos a comerciantes da região.

Adquiriram neste mesmo ano uma fábrica de balas e torrefação de café, já existentes no Município, iniciando novamente as suas atividades antigas com produtos de balas, mandolates vassouras de palha e sabão caseiro. E em 22 de setembro de 1971 tiveram o último �ilho Cláu-dio.

Hoje Terezinha e João estão morando a 45 anos em Tapejara sentem-se cidadãos Tapejarenses souberam transformar os obstáculos da vida em pedras preciosas, juntos trilharam e continuam trilhando uma jornada de sucesso, sendo exemplos de vida para �ilhos, netos, pa-rentes e amigos.

Dona Terezinha, mulher batalhadora, esposa e com-panheira, sempre apoiando seu marido, enfrentando desa�ios e di�iculdade do dia-a-dia, mas sempre com es-perança de um dia melhor.

Page 94: Mulheres Empreendedoras 11

94Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Família de Terezinha e João e os fi lhos, Zelir, Anacleto, Terezinha, João Amaro, Claudio e Valdir.

Bodas de Ouro de Casamento de Terezinha e João.

Mulher dedicada, zelando pelos seus �ilhos, enquanto seu marido trabalha em busca do sustento de sua famí-lia, ela está em casa cuidando do lar e ajudando no que for necessário. Foi e sempre será o exemplo de mãe e esposa, ícone de bravura e ternura.

Que a união de vocês perdure muitos anos, parabéns do fundo do coração de toda a sua família e obrigado pelo exemplo.

Iara Gardelin Meu nome é Iara Gardelin,

51 anos e sou natural de Ta-pejara. Iniciei minha trajetó-ria pro�issional com 13 anos, trabalhei como Balconista em Loja de Confecção e Joalheria.

Quando já casada, fui fazer Magistério em Passo Fundo no Colégio Bom Conselho. Com muita di�iculdade para poder pagar os estudos, a Srª Car-men Zanatta, foi até o Colégio Bom Conselho e explicou a minha di�ícil situação �inanceira, e consegui que eles abrissem uma exceção e me dessem um crédito educa-tivo (que no momento que eu me formasse começaria a pagar os estudos).

Quando chegava em casa de Passo Fundo à tarde, cor-ria vender produtos da Avon e Pierre, para poder ajudar em casa. Quando o Sr. José Maria Vigo da Silveira era Prefeito de Tapejara, saiu um concurso na Prefeitura; eu �iz para Escriturária e passei.

Trabalhei em vários setores da Prefeitura, Secretaria de Educação, Pessoal, LBA, Secretaria da Fazenda. For-mada no magistério �iz concurso para professora esta-dual e passei. Lecionei na Escola Valeriano Ughini, como alfabetizadora.

Para aumentar nosso rendimento resolvemos abrir um bar (uma casa de lanches).

Foi onde criamos o Boone’s bar, (que funciona até hoje), onde trabalhávamos das 18 hs horas até de ma-drugada, fazendo lanches.

Alguns anos após, abrimos a Boate Aquários (ao lado do Bonnes Bar). Funcionava todos os sábados à noite, e no domingo, eram feitas sessões de cinema. Na época não existiam em Tapejara, cinemas, vídeo-cassete, DVD etc...(eram raras as pessoas que tinham um vídeo-cas-sete em casa).

De 1989 a 1992 voltei a trabalhar na Prefeitura, cedi-da pelo Estado, e trabalhei como Chefe de Gabinete do então prefeito Bom�ilho Seben. Em novembro de 1992, comecei a trabalhar na Fêmene indústria e comércio de confecções, onde até hoje trabalho, no setor de fatura-mento.

A Fêmene foi criada em 1991, visando algo novo para Tapejara em termos de confecções. Foi a primeira fábri-ca de confecções em couro de Tapejara. Inicialmente as atividades com jaquetas de couro, sendo um produto sazonal, surgiu a necessidade de confeccionar um pro-duto vendável o ano todo. Partiu-se para a confecção em tecido e jeans (calças, bermudas, jaquetas).

Em 2006, a empresa abriu suas portas para o mer-cado de Private Label, atendendo grandes marcas na-cionais e internacionais, onde também deram início as exportações.

Hoje a Fêmene com 20 anos de trabalho, é uma em-presa conhecida nacionalmente, pela qualidade de seus produtos. Desde nova sempre trabalhei, algumas vezes com certas di�iculdades como toda a mulher que tem família e tem que conciliar o trabalho com os �ilhos e a casa. Tive sempre o apoio de meu esposo, Moacir e lutamos e crescemos juntos pro�issionalmente, criamos nossos �ilhos com a ideologia que o trabalho é o que en-grandece e digni�ica o ser humano.

Page 95: Mulheres Empreendedoras 11

95Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Ana Maria Ferenci (bisneta), Ana Cristi na (Neta) e Maria Petronilla

Da esquerda para a direita de pé Bernardete de Souza (neta).Sentada Maria Petronilla e Gilberto Tadeu Felini (neto) .

De pé Ana Maria Ferenci (Neta). 1955

1908: Família de José Zanatt a com duas noras e um neto.Da esquerda para a direita: Maximiano (com a esposa e fi lho),

José, João, Dona Maria Dalla Polla, Ângelo e esposa Augusta,Alfredo, Plácido e Terezinha (Ir. Placidina).

Saúde

Maria Petronilla Pellizoni Maria Petronilla Pellizzoni, que era conhecida pela

população como “Dona Nenê”, nasceu em 22 de agosto de 1903, em São Francisco de Paula, �ilha de Francisco Friederichs e de Maria Volkweis. Tinha três irmãos e era casada com Amancilio Pellizzoni. Em 1923, a �im de bus-car trabalho e uma vida melhor, mudou-se de São Fran-cisco de Paula para a Sede Teixeira, aonde veio exercer a sua atividade do o�ício de Parteira. Seu esposo veio exercer atividade da agricultura e também trabalhar como auxiliar de uma sapataria. Juntos passaram di�i-culdades, aos poucos e com o passar do tempo, adquiri-ram um pedaço de terra, onde tiravam o seu sustento.

Em certa feita sua �ilha Alaides contou para Elói Fi-gueiredo, Dona Nenê adquiriu este apelido, pelo fato de ser parteira, e a mesma nunca mediu esforços em seu o�ício, não tinha horário, sempre disponível, e ás vezes tinha que enfrentar chuva, frio, barro e atoleiros para chegar até a casa onde fora chamada para atender o parto. Os meios de transporte na época eram o cavalo, carroça e charrete, quando não tinha que andar alguns quilômetros a pé, pois até jipe �icava no atoleiro, sendo tirados depois por juntas de bois. Não se sabe precisa-mente quantos partos a Dona Nenê atendeu, mas uma boa parte da população passou pelas mãos da mesma. Sua �ilha Alaíde Felini recorda que: às vezes quando a paciente morava muito longe da Sede e estava preste a ter o bebê, Dona Nenê hospedava a mesma em sua pró-pria casa, até que esta desse a luz. Com o passar do tem-po, foi construído o hospital, passou fazer alguns par-tos no próprio hospital. Em que pese Dona Nenê gostar muito de crianças, não pôde ter �ilhos, com dedicação

criou (5) �ilhos adotivos que são, Alaides Felini, Carmen Toson, Lourdes Maciel, Pedro Bio e Salustiano Menegil-do. A mesma faleceu com 74 anos de idade, no dia vinte um, de maio do ano de mil novecentos e setenta e oito, no Hospital Santo Antônio de Tapejara. Em homenagem a Dona Nenê, foi criada na cidade a Travessa Dona Nenê, em frente à creche Isabel Basso.

Augusta Zanatta

Page 96: Mulheres Empreendedoras 11

96Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Já em meados de 1925, a família de Ângelo Zanatta e Augusta Zanatta atraída pela fertilidade das novas ter-ras do interior de Passo Fundo, zona da mata, onde já morava o primo Augusto Zanatta, emigrou para a Sede Teixeira, embrenhando-se na mata. A nova propriedade distanciava sete km da sede da Colônia, atual comuni-dade de Santana. Enquanto Ângelo construía a casa, a família �icou morando com o primo Augusto.

Ângelo em sociedade instalou uma serraria para o aproveitamento da grande quantidade de enormes pi-nheiros em toda a região. A madeira era transportada por meio de carretas de ternos de mulas até Coxilha.

1957: Família de Augusta e Ângelo Zanatt a:Pe Narciso, Armando, Alberti no, Maria de Lourdes,

Olimpio e Ir. Julieta (Leonora). Sentados: Augusta e Ângelo. Filhos e fi lhas de Catarina, da esquerda para à direita, Julio, Fioravante, Angelo, Valdomiro, Domingos Albert, Catarina, Santi na, Olímpia e Regina

Catarina em serviço de parto com o seu bisneto João Paulo Gardelin 27/06/1982.

Augusta fez promessa de mandar erigir uma capela dedicada a Santa Ana, cuja imagem foi doada pela mes-ma. Depois da inauguração da Capela, passado pouco tempo, a família transferiu-se para o povoado de Sede Teixeira. Depois de residir alguns anos numa casa, a fa-mília adquiriu uma chácara, onde passou a morar. Ela, �ilha de imigrantes italianos, passou toda a infância e adolescência praticamente no meio do mato, onde não havia Escolas. Com o passar dos anos, por própria ini-ciativa, conseguiu alfabetizar-se rudimentarmente, o su�iciente para exercer sua missão de mãe e esposa e o o�ício de Parteira prática. Exerceu esse o�ício durante sua existência tendo atendido grande número de par-tos. Em sua missão percorria a Colônia, a cavalo ou a pé, a chuva ou a sol, de dia e de noite, enfrentando o frio e a ventania, por vezes sozinha, perdendo-se por vezes pelas picadas no meio do mato.

Quando a família se transferiu para Sede Teixeira, obteve o Alvará de Licença para exercer a pro�issão, em 22 de setembro de 1939, fornecida pelo Dr. Armando Vasconcellos, Chefe do Posto de Higiene de Passo Fun-do. Sempre manteve grande disposição à maternidade, às crianças, pobres e velhos desvalidos. Ajudava os Se-minários Diocesanos e Religiosos, a ponto de o Bispo-Prelado de Vacaria, D. Cândido Bampi, deixar escrito no Livro Tombo da Paróquia de Ibiaçá, no dia 30 de abril de 1954 estas palavras: “Agradecemos de coração a D.Augusta Zanatta, o desvelo maternal que mostra para

o Seminário Diocesano.” Em meados de 1970 morava numa casa que o �ilho Padre Narciso Zanatta lhe deu em Palmas, Paraná, bem defronte a Casa Paroquial. Em companhia da neta Vera Lúcia Zanatta passou os últi-mos dias de vida, vindo morrer no dia 6 de novembro de 1971. Em reconhecimento pelo seu trabalho e con-tribuição no desenvolvimento do município de Tapejara uma das creches Municipal leva o seu nome.

Catarina De Bastiani

A família de descendentes italianos, Catarina De Bastiani, e Severo De Bastiani se transferiu para Vila Tapejara em meados de 1946. Casados em 24 de julho de 1926 na localidade de Vila Maria, tiveram 14 �ilhos, sendo 6(seis) falecidos e 8(oito) vivos. Em 9(nove) de setembro de 1942 passaram residir em Água Santa e no dia 8 de junho de 1946 vieram residir em Vila Tapejara juntamente com seus 8 �ilhos. Em 17 de novembro de 1946, meses após ir morar na Vila, Catarina perdeu seu esposo Severo, que era de pro�issão carpinteiro. A partir da morte do espo-so e mesmo antes quando morava em Água Santa, Catari-na trabalhava como Parteira, tendo sido discípula de “Mãe Augusta Zanatta”. Além de Parteira, Catarina, para po-der sustentar seus 8 �ilhos que eram todos menores, tra-balhava em casa na

Page 97: Mulheres Empreendedoras 11

97Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

Catarina na Assistência as Parturientes das netas Lenir (neta), (Marilia) na foto abaixo e na foto acima Carlos Barbosa e Rejane (neta) com sua

fi lha Aline nos braços de Catarina.

Madalena avó Juliano (neto) e avó Catarina

Madalena avó Joelma (neta) com a avó Catarina

empalhação de cadeiras para a fábrica de cadeiras co-lonial que existia na época na Av. Sete de Setembro de Gumercindo Ongaratto, mais tarde adquirida por Lauro Rosa.

Durante seus mais de 40 anos de atividade no o�ício de Parteira trabalhou quase que somente para pessoas de baixa renda, que não tinham condições de sequer ir ao hospital, sendo que o atendimento era feito na pró-pria casa da parturiente. Era solicitada para atender partos em toda a localidade, bem como Ibiaçá e Muni-cípios vizinhos. Para chegar até a casa da parturiente ela ia de caminhão, carroça e à cavalo, e muitas vezes tinha que fazer grandes caminhadas para poder chegar à casa, onde �icava não raras vezes, uma noite inteira até a mulher dar à luz.

Nos últimos anos de sua vida, Catarina começou também a prestar serviço no Hospital Santo Antônio, eis que era também solicitada para seus serviços no hospital, sendo que muitas vezes �icava noites em claro

esperando o nascimento da criança. Durante seus mais de 40 anos no exercício do o�ício de Parteira trouxe a luz grande número de crianças que hoje habitam o Mu-nicípio de Tapejara e municípios arredores. No dia 3 de dezembro de 1984, após quase três meses de sua en-fermidade, Catarina De Bastiani veio falecer no Hospital Santo Antônio. E o reconhecimento pelo seu trabalho e contribuição ao desenvolvimento do Município o Poder Público denominou uma escola com o seu nome.

Concheta Maria Sebben Tanto na Itália quanto no Brasil, as benzedeiras com-

partilharam conhecimentos e práticas relativas á saúde e a doença com as freiras, bem como com os padres. Se o discurso o�icial, estes padres que atuavam na região co-lonial Italiana do Rio Grande do Sul combatiam as ben-zedeiras, na prática agiam de forma muito semelhante (Costa Et Al, 1975, De Boni, Costa 1984). Também eles cuidavam dos doentes com bênçãos e rezas, procuran-do entre outras coisas, “facilitar os partos, fazer nascer dentes em crianças e mesmo fazer bom tempo ou cho-

Page 98: Mulheres Empreendedoras 11

98Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

AS

ver” (Alvim 1986, p. 163). Enquanto isso as benzedeiras usavam a simbologia

da Igreja Católica em suas benzeduras: Lumbago, dores nas costas, reumatismo ciático nos músculos eram ben-tos frequentemente, com o sinal da cruz. A maior parte das benzedeiras fazia orações e recomendava orações, o que produzia como resultado alívio da dor e cura das moléstias dos necessitados que as procuravam (De Boni, Costa, 1984, p.176).

Conchett a - 2004

Conforme recorda a sua �ilha “Marizete a sua mãe foi agricultora e morava em Vila Campos, desenvolvia a atividade agrícola para contribuir e aumentar a renda familiar. Entre seus diversos afazeres também ondulava cabelos, costurava vestidos de noiva. E mais tarde ia nas casas das Noivas que iriam casar e ali permanecia por alguns dias para ajudar nos preparos dos quitutes do casamento”. De acordo com sua nora “Cleci casada com o seu �ilho Adair Sebbem, sempre que podia alcançava uma caneca de leite a todas as pessoas carentes e pobres que batiam na sua porta. E quando ela fazia pão, sempre fazia alguns a mais para repartir com as pessoas mais próximas”. “Marizete lembra que essas pessoas ajuda-das procuravam retribuir com a sua ajuda nos cuidados aos �ilhos e �ilhas e nos serviços da roça”.

Conchetta Maria B. Sebben herdou de seus pais os ensinamentos e prática religiosa desde muito cedo e ex-perimentou em sua vida a força e poder do Benzimento e Oração em diversos momentos de di�iculdades atra-vessados por sua família formada por um numeroso nú-mero de �ilhos e �ilhas. Na mesma medida em que estava crescendo cada vez mais a sua crença na Fé aumentava, pois via no testemunho de sua mãe de acolher em sua casa pessoas necessitadas que a procuravam para ali-viar suas dores, sofrimentos e di�iculdades pouco tem-po depois ali voltavam para agradecer pela ajuda que haviam recebido.

Ela quando jovem, além de testemunhar a ajuda aos necessitados procurou saber como a sua mãe conseguia contribuir para aliviar as dores e sofrimentos das pes-soas que ali buscavam o seu bem estar �ísico e psíquico. Sua mãe revelou que tudo era uma questão de Fé, de

acreditar na força e poder do Benzimento e da Oração na cura das dores, enfermidades e moléstias. A receita recomendada era o Benzimento com o Sinal da Cruz e a Oração de uma Ave Maria, um Pai Nosso e um Glória ao Pai e ao Espírito Santo durante três dias seguidos que a dor ou moléstia desapareceria. Esse legado deixado por sua mãe foi continuado e levado adiante por Conchetta que passou também a praticar o Benzimento a partir da sua idade adulta até os últimos dias de sua vida.

Quando procurada por pessoas acometidas de dores e moléstias os acolhia com solicitude em sua morada, atentamente e pacientemente ouvia o relato do neces-sitado em seguida procedia com o Sinal da Cruz o ben-zimento no local onde a dor ou moléstia manifestava o sintoma, em ato contínuo recitava uma reza e por �im recomendava ao necessitado que orasse por três dias seguidos uma Ave Maria, um Pai Nosso e um Glória ao Pai e Filho e Espírito Santo.

Entre os inúmeros acometidos de sintomas do conhe-cido no meio popular de reumatismo ciático no músculo do braço direito que foi aliviado das dores causados por esta moléstia através do Benzimento de Conchetta foi o Itamar Antonio Spanhol. Ele contou em certa feita no velório de Conchetta aos seus familiares: “foi lá por me-ados de 1973, naquele tempo tinha uns vinte e poucos anos, trabalhava na Estação Rodoviária de Tapejara du-rante o dia e à noite estava iniciando o curso de Técnico em Contabilidade na Escola Técnica de Contabilidade de Tapejara. Certa manhã despertei com uma forte dor no músculo do braço direito e o desconforto continuou du-rante o dia. Na metade do dia resolvi dar uma chegada no Hospital Santo Antônio para buscar um medicamen-to que pudesse acalmar a dor que vinha sentindo. O mé-dico de plantão receitou um medicamento para tentar reduzir a dor que vinha me atingindo. Tomei uns três comprimidos e a dor diminuiu durante a noite. Mas no dia seguinte voltou mais forte ainda que o dia anterior. Neste dia o Normélio Fontana, concessionário da Es-tação Rodoviária, meu chefe, me informou que a única maneira de aliviar e curar a dor era procurar o Benzi-mento de Conchetta Maria Sebben. Na ocasião disse que muita gente com o mesmo caso que vinha me atingindo tinham conseguido aliviar e curar as dores através do Benzimento de Conchetta.

“Após a informação não pensei duas vezes e dirigi-me até a morada da Conchetta então localizada na Rua Jú-lio de Castilhos, atualmente nas proximidades da atual residência de Normélio Fontana. Lá cheguei com muita dor suando muito. Conchetta pediu para entrar em sua morada e sentar e em seguida ofereceu-me um copo de água e perguntou a dor que estava sentindo. Relatei da dor e os procedimentos que tinha adotado nos dois últimos dias. Em seguida pediu para estender o braço direito e sobre ele realizou o Benzimento com o Sinal da Cruz e uma reza em silêncio. Depois recomendou que durante três dias seguidos rezasse um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai e Filho e Espírito Santo.

Page 99: Mulheres Empreendedoras 11

99Ed

ição

Esp

ecia

l • M

aio

2011

MULHE

RES EM

PREEN

DEDOR

ASPais de Guilhermina Alvina Bauermann – Frederico Sager e Elisabeth Hoff staeter Gross.

O círculo indica a pessoa de Alfredo Bauermann

Guilhermina e Alfredo.

No �inal perguntei quanto deveria pagar pelo serviço realizado. Ela respondeu: “além de rezar para o alívio e cura de tua dor reze para mim para que possa conti-nuar ajudando os sofredores por muitos anos de vida”. Agradeci e retirei-me voltando ao trabalho e segui sua recomendação. “Na metade do segundo dia já não sentia mais dor, a dor desapareceu por completo no terceiro dia e nunca mais voltou durante estes últimos quase quarenta anos de vida”.

Guilhermina Alvina Sager Bauermann

Guilhermina Alvina Sager, nasceu em 8 (oito) de se-tembro de 1904, na Linha Boa Esperança em Sertão Santana, onde foi Batizada em 18 de dezembro de 1904 e Con�irmada em 8 de abril de 1917 pelo Pastor Koedre, da Paróquia de Barão do Triunfo, que atendia simulta-neamente a Comunidade de Sertão Santana.

Era �ilha de Frederico Sager, de pro�issão marceneiro, nascido em 22 de abril de 1877 na Alemanha; e de Elisa-beth Gross, nascida, em 3 de outubro de 1881, em Nova Petrópolis, então município de São Sebastião do Cai. Seus pais convolaram núpcias em 15 de maio de 1901 em Mariana Pimentel, então Município de Porto Alegre: ele na época, com a idade de 24 anos e ela com 19 anos. Tiveram ao total sete �ilhos. O casal faleceu em Tapejara ele em 10 de julho de 1951, com 74 anos; e ela em 28 de julho de 1957, com 75 anos. Ambos se encontram sepul-tados no Cemitério Municipal dessa localidade.

Guilhermina casou com 20 anos em Sertão Santana, então distrito de Mariana Pimentel com Alfredo Adolfo Bauerman. Nasceu em 10 de janeiro de 1903 em Ivoti e foi ali Batizado em 1 de março de 1903 na Comunidade Evangélica. Casou com 23 anos.

Guilhermina, mais conhecida por Dona Minna, além de ser dona de casa, ajudava o marido na confecção de próteses dentárias e como assistente no gabinete den-tário.

Alfredo Adolfo Bauermann foi dentista. Começou a exercer a pro�issão a partir de 1929. Na época a grande maioria dos dentistas exercia a pro�issão sem a devi-da habilitação pro�issional e implementação legal. Isto porque a Escola de Odontologia, então existente no Es-tado, estava até 28 de novembro de 1934 incorporada no curso de Medicina.

Alfredo depois de ter conseguido aprovação num cur-so de habilitação pro�issional de Dentista, ministrado por professores da referida Escola de Odontologia, e por ter preenchido as exigências do Decreto nº. 20.862, art. I, de 28 de dezembro de 1931, conseguiu em data de 18 de junho de 1934, seu título de habilitação pro�issional, devidamente registrado na Diretoria de Higiene e Saú-de Pública e na Inspetoria de Fiscalização de Medicina e foi depois inscrito no Conselho Regional de Odontologia sob o nº. DPL 132. Desde o início do exercício da sua pro�issão, Alfredo em que pese não aprovasse, confor-me revela o seu �ilho Diter, teve o seu lado Guilhermina como assistente no gabinete e ajuda na confecção de prótese dentária. Ela acompanhou a trajetória do mari-do de 1929 a 1933, nas localidades de Barra do Ribeiro e Sertão Santana, então Município de Guaíba. De 1934 a 1938, em Porto Alegre, primeiramente na Rua Teixei-ra de Freitas nº. 213, no Bairro Partenon, e depois, na Rua Cristóvão Colombo, perto do então Cine Ipiranga. De 1938 a 1944 nos Municípios de Getúlio Vargas, Pas-so Fundo e na cidade de Novo Hamburgo. E, a partir de 1945, na então Vila Tapejara, na atual Rua Cel. Lolico nº.

Page 100: Mulheres Empreendedoras 11

100

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

500, onde residiu e desenvolveu a ati-vidade por aproxi-madamente quase três décadas.

O seu quarto �ilho, Diter Adolfo Bauermann conta: “Quando cursava a faculdade de Direi-to na Universidade de Passo Fundo no período de 1961 a 1964 e em segui-da de 1965 a 1969 a faculdade de Letras, levei inúme-ros modelos de dentaduras feitas pela mãe para serem confeccionadas próteses dentárias em Passo Fundo”. Ele continua: “Quando as pessoas batiam lá casa dos pais de madrugada em busca de socorro, acalmar as dores de dente ela não tinha preguiça”. “Era a primeira levantar da cama e abrir a porta e convidar para entrar e passar no gabinete dentário”. “Ali antes mesmo de o pai chegar ela já tomava as primeiras medidas necessárias no sen-tido de minimizar a dor que a pessoa estava acometida no momento”.

Filhos de Guilhermina e Alfredo

O primeiro �ilho do casal Alfredo Góetz Bauermann nasceu em 26 de março de 1926, as 7: 30 horas em Ser-tão Santana e foi batizado em 15 de janeiro de 1929 na Comunidade Evangélica local pelo Pastor Adolfo Schir-ge de Barra do Ribeiro.

Alfredo Góetz faleceu com 18 anos de idade, em 21 de julho de 1944, em São Leopoldo, onde estudava, em conseqüência da adução anestésica para a extirpação da apendicite. Faleceu no bloco cirúrgico do Hospital Cen-tenário de São Leopoldo, sem ter sido operado. Em face da precariedade dos meios de comunicação da época, e, em especial, por desleixo do portador do telegrama que se esqueceu de entregá-lo ao destinatário, Guilhermina e Alfredo só souberam do falecimento do �ilho, quando ele já se encontrava sepultado no Cemitério Municipal de São Leopoldo.

O segundo �ilho de Guilhermina Alvina e Alfredo foi Frederico Gunter Bauermann, nascido em 13 de abril de 1928, às 22 horas, na Linha Boa Esperança, no Municí-pio de Sertão Santana, então 4º Distrito de Guaíba. Foi Batizado na Comunidade Evangélica local. Desenvolveu por muitos anos a atividade de relojoeiro e ourives na cidade de Tapejara. Casou com 23 anos, em 14 de julho

de 1951, na cidade de Getúlio Vargas, com Ingeburg Ga-elzer, de 21 anos, nascida em 11 de junho de 1929 em Sinimbu. Faleceu em 24 de agosto de 1995. Ingeburg foi sepultada no Cemitério Municipal de Tapejara.

O terceiro �ilho de Guilhermina foi a �ilha Carlota Lea Bauermann, nascida em 15 de setembro de 1930, às 15 horas, em Linha Boa Esperança, Sertão Santana, então 4º Distrito de Guaíba. Foi Batizada na Comunida-de Evangélica local. Carlota Lea faleceu em 4 de abril de 1932 com 1 ano e 7 meses de idade. Seu atestado de óbi-to foi �irmado pelo Dr. Alfredo Henning que deu como causa de morte “pneumonia”. Guilhermina contou certa feita que Alfredo se encontrava, por ocasião do fato, em Porto Alegre, depois de ser localizado, teve que atraves-sar o Rio Guaíba, ás altas horas da noite, numa pequena canoa, por enexistir, na época, a ponte que liga atual-mente Porto Alegre a Guaiba. Carlota Lea foi sepultada no Cemitério Evangélico de Sertão Santana.

O quarto �ilho de Guilhermina Alvina e Alfredo Bauer-mann foi Diter Adolfo Bauermann, nascido em 26 de no-vembro de 1932 às 3h30min, em Linha Boa Esperança, Sertão Santana, então 4º Distrito do Município de Guaí-ba e foi batizado em 19 de novembro de 1933 na Igreja Evangélica local pelo Pastor Fritz Vath. Foi con�irmado em 9 de novembro de 1947 pelo Pastor Hilbk da Comu-nidade Evangélica de São Leopoldo.

Diter Adolfo conta: “quando tinha poucos anos de vida fui acometido de forte “pneumonia”. Fui levado ás pressas ao médico pela mãe”. “O médico fez um rápido exame e disse para minha mãe que eu não tinha cura”. “Diante do diagnóstico do médico a primeira coisa que a minha mãe fez foi fazer uma promessa caso eu con-seguisse superar a enfermidade seria encaminhado em colégio de formação para Pastores da Igreja Evangélica”. “Graças a Deus consegui superar a moléstia e na idade escolar fui encaminhado para o colégio Sinodal em São Leopoldo”. “A mãe me incentiva muito no estudo e um jeito que achou para me motivar mais ainda, era de vez em quando, passar um “troquinho”, pequena quantia de dinheiro, para eu comprar as coisas que gostava”.

O tempo passou e Diter começou a cumprir a pro-messa da mãe ao ingressar na Faculdade de Filoso�ia e Teologia da Igreja Evangélica de Con�issão Luterana do Brasil de São Leopoldo, no período de março de 1953 a novembro de 1955 a junho de 1957 estudava as 4 séries do curso Superior de Filoso�ia e Teologia e em 24 de ja-neiro de 1959 obtinha aprovação em Teologia.

Depois de concluído o curso de Teologia Diter iniciou o seu trabalho pastoral em Paróquias da Igreja de Con-�issão Luterana do Brasil em cidades do Rio Grande do Sul e do vizinho Estado de Santa Catarina. Diter conta a sua trajetória no exercício do Pastoreio na Comunidade Luterana: “O primeiro Pastoreio foi à breve passagem numa das comunidades evangélicas no interior de La-geado”.

Em seguida era transferido para a comunidade evan-gélica da cidade de Piratuba no Estado de Santa Catarina.

Page 101: Mulheres Empreendedoras 11

101

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Nesta época ele revela: “estava pensando em cursar a fa-culdade de Direito”. “Eu pensando isso, enquanto isso a direção de Igreja com sede em Passo Fundo certo dia me convocou para comparecer em Passo Fundo”. “Logo que tomei conhecimento da convocação o que me veio em mente foi ai vem chumbo grosso em minha direção”. “De fato a direção da Igreja tinha decido nomear-me Pastor com a responsabilidade do Pastoreio nas Paróquias de Charrua e Getulio Vargas”. “Aproveitei a oportunidade para revelar o meu desejo de cursar Direito na Universi-dade de Passo Fundo”.

A pretensão de cursar Direito era conseguida por Di-ter que, em �inal de 1964, colou grau de Bacharel em Direito pela Universidade de Passo Fundo. “Foi um pro-cesso no qual cada vez menos estava assumindo res-ponsabilidades com o Pastoreio e cada vez mais com o curso de Direito, pois descobri que estava mais vocacio-nado para advogar do que a pregar, exercer a atividade de advogado do que de pastor”.

Em meados de 1961 entrava em funcionamento o Ginásio Pio XII em Tapejara. Diter era convidado pela então Diretora Serenita Muxfeldt para lecionar a Língua Inglesa. Ele aceitou o convite e iniciou o curso de Letras na Universidade de Passo Fundo. Diter recorda: “Para isso �iz o vestibular para o Curso de Letras e como tinha uma boa formação em Latim e Português consegui tirar o primeiro lugar”. “Na realidade neste período eu estava cursando o Direito, no qual fazia mais cadeiras, e Letras, com menos cadeiras, além de lecionar no Ginásio”.

Diter Adolfo recorda: colei o grau em Bacharel em Direito em �inal de 1964 e em Letras no �inal de 1968 e recebi o registro de professor de Português e Litera-tura e de Inglês e Literatura Inglesa em 24 de julho de 1969. “Neste período exerci a atividade de advocacia em escritório instalado no centro da cidade de Tapejara e lecionava no Ginásio e mais tarde na Escola Técnica de Contabilidade”. Diter foi Regente de classe da primeira turma noturna do então Ginásio Estadual assentado em novas instalações no atual prédio da Escola Severino Dalzotto. A turma era composta por alunos repetentes da 3ª série, ou os que haviam parado de estudar ou tra-balhavam durante o dia. Em meados de 1981 lecionou na então Escola Técnica no curso de Auxiliar de Conta-bilidade, atual Escola Senhor dos Caminhos.

Para Diter, a sua mãe Guilhermina foi muito impor-

tante em sua trajetória pelo incentivo e apoio no estu-do. “Ela deu o primeiro exemplo, aprendeu por esfor-ço próprio o trabalho com o pai no gabinete dentário e aprendeu a ler e escrever alemão por conta própria”. “Os momentos de lazer de Guilhermina eram cozinhar, fazer cucas; ir à horta, cultivar verduras e no jardim, cultivar �lores”.

Alfredo Adolfo Bauermann foi fundador do cinema de Tapejara. Guilhermina Alvina ajudou nos serviços para conservar e manter um ambiente interno das ins-talações em condições de higiene e conforto aos expec-tadores que freqüentavam a sala de espetáculos da sé-tima arte.

O primeiro cinema criado foi o Cine Brasil que funcio-nou de 1947 a 1957. Como a sua sala de espetáculos, no decorrer do tempo, se tornou pequena, o prédio do Cine Brasil foi demolido em meados de 1957 e, no mesmo ano, construído outro, onde funcionou depois o Cine Tamoio que comportava cerca de 250 lugares �ixos, mas permitia-se acrescentar até o dobro em cadeiras moveis. Pronto o prédio foi constituída uma sociedade com Má-rio Marin e Giacómo Marin para a exploração do ramo, sociedade essa que girou sob a razão social “Bauermann & Cia Ltda.” e que exerceu suas atividades até meados de 1977. Um pouco antes de 1977, foi constituída outra so-ciedade, que girou sob a denominação social “Empresa Tapejarense de Cinema Ltda.”, que pretendia construir junto á praça central da cidade, onde atualmente se en-contra o BANRISUL, uma suntuosa casa cinematográ�ica com previsão de mais de 1000 lugares. Iniciada a obra, a maioria dos sócios, em face de prognósticos que o advento da televisão comercial iria rápida e inevitavel-mente cerrar as portas de muitos cinemas, deliberaram a sustação da construção do prédio e a dissolução da sociedade, o que efetivamente aconteceu. E o cinema, para a tristeza de Guilhermina Alvina e Alfredo Adolfo Bauermann, deixou de existir na localidade.

Depois de uma trajetória marcada por intensos mo-mentos no ambiente familiar e ao lado do marido Al-fredo Adolfo em seus empreendimentos, veio falecer Guilhermina Alvina Bauermann. Foi em 10 de setembro de 1977, com 73 anos de idade. Seu atestado de óbito foi �irmado pelo Dr. Demetrio H. Valdivia Gonzáles que deu como causa da morte “uremia”. Ela foi sepultada no dia 11 de setembro, no Cemitério Municipal de Tapejara.

Sindicalismo

Anadir Danieli Marcon Nascida em família humilde e batalhadora, na co-

munidade de São Silvestre, interior de Tapejara, desde bem cedo ajudava meus pais em casa cuidava de meus irmãos. Em torno de 9 a 10 anos de idade, já desempe-nhava várias as tarefas de casa, limpeza, comida e orga-nização. Nesta época assava-se pão em forno a lenha;

lembro-me de que precisava subir em um banquinho para poder varrer dentro do forno, de tão pequena que era.

Acredito que essas experiências e responsabilidades ajudaram a desenvolver o meu lado social. Por 13 anos seguidos fui Catequista na comunidade que morava. Aos

Page 102: Mulheres Empreendedoras 11

102

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Por ser eu bastan-te dedicada às tarefas domésticas, minha Mãe encaminhou-me para o Curso de Educação Familiar realizado no então Colégio Medianeira e coordenado pelas Irmãs Religiosas de Nossa Senhora, com o apoio da Rosân-gela Dallagasperi-na, extensionista da Emater, e de Mário Maurina, presidente

do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Assumi a par-te de culinária e �iquei desempenhando tal atividade por 9(nove) anos, sendo que até hoje encontro alunas que passaram pelo Curso, administrando seus próprios negócios como: restaurante, casa de massas, padaria, confeitaria e até costureiras. Essas jovens recebiam uma preparação básica e importante para os afazeres domésticos e familiares.

16 anos, época em que meu pai faleceu, me sentia bas-tante responsável, até mesmo pela minha mãe e meus irmãos. Também por 18 anos participei da equipe de Liturgia da Igreja, passando assim a integrar o Grupo de Jovens, sendo inclusive Presidente. Também participava da diretoria da Associação de Jovens Rurais de Tapeja-ra.

Diretoria da Associação de Jovens Rurais - 1985

Encontro de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Tapejara. 1986

Curso de Educação Familiar- 1977

Formatura do Curso de Educação Familiar - 1985

Diretoria da Associação de Jovens Rurais - 1985

Nesta época já participava no Sindicato dos Trabalha-dores Rurais e nas lideranças com os grupos de mulhe-res. Fui coordenadora da Comissão de Mulheres aqui do Município e com algumas colegas, também na Regional, fazendo parte da Comissão Estadual de Trabalhadoras Rurais. Até o ano de 1989 morava com a família em São Silvestre e muitas vezes andava 8 km a pé para vir até a cidade cumprir meus compromissos, pois a estrada estava em reestruturação e quando chovia, nem carro, nem ônibus transitava. No ano de 1990 casei-me e fui morar na localidade de Linha Grizon e mais tarde na ci-dade de Tapejara.

Fiz parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais como Secretária na gestão de Elso Scariot, que ao concluir seu mandato convidou-me para ser sua suces-sora. Com o apoio das demais pessoas da diretoria e as-sociados concorri à Presidência, sendo eleita e reeleita por 2(dois) mandatos, de abril de 1991 a abril de 1997.

Muitas vezes nem acreditava estar à frente daquela entidade com tanta representatividade e com tamanha responsabilidade. A coragem e determinação me �ize-ram superar medos e enfrentar desa�ios. Entre tantas conquistas que tivemos, com trabalho participativo, com o apoio da diretoria, associados, lideranças e funcioná-rios, reunimos várias vezes no Salão Paroquial, mais de mil pessoas em Assembléia Geral da entidade.

Entre tantas conquistas, quero ressaltar que até hoje recebo abraços e carinho dos trabalhadores rurais que foram aposentados, durante o meu mandato. Foi nes-te período, conquistada a aposentadoria rural para o

Page 103: Mulheres Empreendedoras 11

103

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Parti cipação de Anadir no Seminário Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais em Brasilia.

homem aos 60 anos e a mulher aos 55 anos de idade, mulher que até então só recebia pensão, quando �ica-va viúva, além do salário maternidade, auxílio doença e aposentadoria por invalidez. Tive a oportunidade de ser a pioneira nos municípios da região, a entregar os pri-meiros carnês de aposentadoria rural a um grupo de 16 pessoas. Processos encaminhados no próprio Sindica-to o qual presidia. Foi um período bastante trabalhoso, pois mais ou menos 1.600 agricultores enquadravam-se nos requisitos para esses bene�ícios. Chamava-mos os trabalhadores para o Sindicato trazer documentos para serem analisados, íamos até as capelas no interior, jun-tava-se documentos, provas e testemunhas, montava-se os processos, levava-se até os Promotores de Justiça para que os mesmos dessem o seu parecer, transpor-tava-se para Passo Fundo os associados e testemunhas para provar junto os INSS a condição de trabalhador (a) Rural para assim usufruírem de seus bene�ícios.

Com as mulheres trabalhadoras rurais tinha um ob-jetivo especial, o carinho, a humildade e a compreensão das di�iculdades, que também enfrentei no meio rural. Cada conquista era uma vitória, cada vitória uma ale-gria e um sentimento de que valeu a pena todo esforço e dedicação. Contava sempre com o apoio de meu esposo Lídio Marcon, presente também nos movimentos, sem-pre paciente com minhas ausências, e mesmo neste en-volvimento no movimento sindical, formamos nossa fa-mília, com 2(dois) �ilhos, Aluísio e Naura, graças a Deus, sempre conciliando família, trabalho, cursos e estudo. Lembro que grávida de 7 meses e participei de um curso de formação com duração de uma semana em Viamão, com coragem e força de vontade para voltar e realizar um bom trabalho junto aos associados, buscando mais conhecimento e maiores recursos para a classe que o sindicato representa.

Concluindo então dois mandatos no Sindicato, consi-derei que era o momento de outras pessoas assumirem e darem sua contribuição. Passei então para uma ativi-dade um tanto diferente, mas não menos prazerosa, que foi ajudar a gerenciar o Supermercado Danieli Ltda. Ne-gócio totalmente estranho, sem nenhuma experiência,

mas, como diz o ditado “quem quer, aprende”, e esse era outro desa�io, que juntamente com o Lídio, encarei. Hoje realizamos nosso trabalho com tranqüilidade e temos o reconhecimento do nosso esforço, recebendo com satis-fação o título de melhor Supermercado de Tapejara.

Como minha meta de vida é nunca parar, novo desa-�io me foi proposto. Participar da Diretoria do Hospital Santo Antonio, como Secretária e conseqüentemente, em 2007, como Presidente da Entidade, juntamente com o Diretor Ildo Costella e outras pessoas da diretoria pelo período de 2 anos. Praticamente sem experiência no ramo, mais uma vez contando com a vontade e a co-ragem de fazer algo para o social, motivei-me a aceitar e a trabalhar com dedicação. Muitas reuniões realizadas e trabalho intenso para elaboração do Plano Diretor, que serviu de base para as obras realizadas de restauração, adequação e hoje, a ampliação da área �ísica construída da Entidade.

Por muitos anos a agricultura predominou em Tape-jara e região, por isso necessitava-se de um Sindicato, como entidade de classe, forte e participativo e foi onde as mulheres começaram a buscar e a conquistar seus espaços. Muitos homens criticavam e chegavam a dizer que teriam di�iculdade de conversar com uma mulher, no caso Presidente do Sindicato, sobre os problemas da roça e as di�iculdades enfrentadas no dia-a-dia. No entanto, como eu também vivia neste meio, �icava mais fácil compreender os problemas e anseios dos trabalha-dores e suas famílias, assim fui conquistando a con�ian-ça dos associados.

A idéia do empreendimento em Tapejara não surgiu por acaso. Minha família sempre trabalhou com cultivo e venda de alimentos como: verduras, legumes, frutas e frangos..., meus irmãos mais velhos vinham vender na cidade o que nós colhíamos e criávamos lá no interior. Amadureceu-se assim a idéia de investir em gêneros alimentícios, e tendo a cidade boa perspectiva de cresci-mento, optou-se por instalar um Supermercado.

A minha família foi a grande incentivadora para o novo empreendimento, com os recursos �inanceiros ne-cessários e todo o apoio possível. As entidades que par-ticipei também tiveram muita importância, pois adquiri conhecimento e autocon�iança, itens importantes para desenvolver um bom trabalho.

Conciliar a função na família com a do mercado de trabalho não é fácil, mas é perfeitamente possível se o �izermos com amor. Ter planejamento é imprescindível, boa vontade, apoio da família e responsabilidade é o que precisamos. Quando ainda bem jovem nunca pen-sei, nem planejei o meu futuro ou a minha vida. Estudei pouco; conclui o 2º grau somente depois de casada. Ti-nha di�iculdade de comunicação e pouco conhecimento, mas sempre com vontade de fazer melhor. Muitas vezes encontrei-me em situações complicadas, porém tinha presente o foco principal, saber o que é melhor para a entidade ou empresa que representa. Tenho como lema: “Ter coragem e querer fazer.” Dois acontecimentos mar-

Page 104: Mulheres Empreendedoras 11

104

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

caram muito minha trajetória. Nos anos 90, fui a primei-ra mulher a assumir a Presidência de uma Entidade, no caso o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a conquista da aposentadoria dos homens e mulheres trabalhadores rurais tornaram-me uma pessoa mais con�iante e reali-zada. Conciliando família e meu trabalho no Supermer-cado, quero continuar dando minha contribuição para

as entidades, na medida do possível, pois o trabalho so-cial voluntário e gratuito faz parte do meu planejamen-to e da minha vida. Com a graça de Deus e apoio dos familiares, amigos e colaboradores, enfrento os desa�ios e as pedras encontradas no caminho, e as conquistas, são apenas conseqüências no nosso dia-a-dia.

Serviços

Irma Kafer Canali Irma Kafer Canali, �ilha de imigrante alemão, e de

uma descendente de alemães, nasceu em Sertão de San-tana, então município de Guaíba em 09 de dezembro de 1925, vindo a residir com seus pais na comunidade de Cachoeira Alta com menos de um ano de idade.

Irma com 14 anos. 1939.

Pais e irmãos de Irma. Da esquerda para a direita em pé: Irma, Helena e Geraldo. Sentados os pais Guilhermina Koch Kefer e Ernest Wilhelm

Kefer. Cachoeira Alta – Vila Tapejara, 1945.

Semana da Pátria no Colégio Centenário de Marcelino Ramos. 1939.

Seu pai se dedicou especialmente a suinocultor. Como agricultor e suinocultor lutou muito. Adquiriu uma co-lônia (de 25 hectares) de terra, pagando em parcelas conforme a produção. Como ele era uma pessoa que lia muito e tinha uma boa instrução, era assim por dizer o primeiro veterinário da região. Entrou em contato com as �irmas de Porto Alegre com isso pode trazer muita ajuda aos colonos. Quando surgiam doenças nos suínos, gado ou galinhas mandava vir remédios, fornecidos pela �irma Lusinger Mandoring de Porto Alegre. Segundo o relato de Irma, certa vez ocorreu uma epidemia nos su-ínos, que anoiteceram sadios, mas pela manhã estavam mortos. O seu pai coletou sangue de um dos animais e mandou para a �irma, que fez exames e enviou os remé-dios para os animais, salvando vários da morte.

Quando criança, Irma acompanhava seus pais no tra-balho da roça, mas sempre os importunava para poder voltar para casa e brincar de ler e escrever sobre os jor-nais que seu pai recebia da Alemanha. Irma foi alfabe-

tizada em Alemão por seu pai, aos seis anos de idade, vindo a aprender o português somente quando entrou na escola com 8(oito) anos de idade.

Foi interna, a partir dos 10 anos, do conceituado Co-légio Evangélico de Marcelino Ramos, onde concluiu seus estudos, e aos retornou a Cachoeira Alta onde foi professora primária, tendo sempre como meta realizar seu grande sonho de se mudar a Porto Alegre e cursar a faculdade de Jornalismo. Desistiu deste sonho quan-do conheceu seu grande amor, Santo, com quem casou

Page 105: Mulheres Empreendedoras 11

Madeira Nobre(54) 3344.2232

Móveis Planejados(54) 3344.1885

Fábrica de Carrocerias(54) 3344.1725

Lojas Menegaz(54) 3344.1885

www.grupomenegaz.com.br

Menegaz Móveis, há 33 anos contribuindocom o desenvolvimento de Tapejara

Grupo

Móveis

O mundo é feito por diversos tipos de mulheres:Mulheres que curam com a força do seu amor...Mulheres que aliviam dores com a sua compaixão...

Mulheres que cantam o que a gente sente...Mulheres que escrevem o que a gente sente...Mulheres glamourosas...Mulheres maravilhosas...Mulheres que nos fazem rir...Mulheres batalhadoras...Mulheres talentosas.

O Mundo também é feito por outros tipos de mulheres,nem tão conhecidas ou famosas...Mulheres que deixam para trás tudo o que têm,em busca de uma vida nova...Mulheres que, todos os dias,

encontram-se diante de um novo começo...Mulheres que sofrem diante das injustiças...Mulheres que sofrem diante de perdas inexplicáveis...Mães amorosas...Mulheres que se submetem a duras regras...Mulheres que se perguntam qual será o seu destino...

TODAS, mulheres especiais...Todas, mulheres tão bonitas quanto qualquer estrela,porque lutam todos os dias para fazer do mundo um lugar melhor para se viver.

Parabéns a todas as mulheres que com a luta do dia-a-dia estão conquistando o espaço com dignidade e respeito.

Page 106: Mulheres Empreendedoras 11

Av. 7 de Setembro, 1000 - Ed. Attualitá - 2º Andar - Sala 206 www.cabiasi.com.br - email: [email protected] - Fone: (54) 3344.2034 - Tapejara - RS

Cláudio Antônio BiasiOAB/RS 35.406

Sandra Maria BressanOAB/RS 70.525

ADVOGADOS:

A Mulher ideal...É aquela que é maravilhosa acima de tudo.Que pode com um sorriso provocar amor e felicidade.

A Mulher ideal...É aquela que é simples por natureza.Que pode explanar com simples gestos toda a sua feminilidade e grandeza.

A Mulher ideal...É aquela que sabe como ninguém entender ossinais do amado antevendolhe os movimentos estando sempre ao seu lado.

A Mulher ideal...É aquela que não seja perfeita, pois somente Deus o é, mas que busque aperfeição em todos os seus gestos.

A Mulher ideal...É aquela que mostra a sua beleza todos os dias, como no primeiro encontro.Fazendo dos momentos com o seu amado um eterno reencontro.

Parabéns às mulheres ideais e empreendedoras de Tapejara.

Mecânica

Peças e Serviços

FIAT - VOLKSWAGEN - GM - PEUGEOT - RENAULT - HONDA - TOYOTATrabalhamos com as linhas:

Mecânica

Peças e ServiçosFIGUEROA

Rua Osório da Silveira, 354 - Tapejara - RSmecanica�[email protected]

Fone: (54) 3344.1799

Hoje a mulher não é só esposa ou �lhaÉ pai, mãe, arrimo de famíliaÉ caminhoneira, taxista, piloto de avião,Policial feminina, operária em construção.Ao mundo pede licença, para atuar onde quiserSeu sobrenome é CompetênciaO nome é Mulher!Parabéns a todas as mulheres que ajudaram a desenvolver nosso município.

Page 107: Mulheres Empreendedoras 11

107

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Em meados de 1953, Irma trabalhou na Casa Comercial de Dalzott o e Ghidini e Cia Ltda. Na época trabalhavam também Dosolina Marin,

Maria Dalzott o, Pedro Girardi, Tranquilo Ghidini, Luiz Miott o, Armando Dalzott o, Mario Dalzott o, Eugênio Zanatt a, Olinto Ghidini e Severino

Dalzott o.

Irma elaborando leis na Prefeitura Municipal de Tapejara em meados de 1960.

Curso de higiene alimentar e indústria caseira, ocorrido no Salão Paroquial em 1957.

Da esquerda para a direita: Dr. Alceu Basso (Acessor Jurídico), José Maria Vigo da Silveira (Prefeito), Dr. Sady Stein (IBGE), professora

Catarina Borba (Diretora do Grupo Escolar Fernando Borba), Irma Kafer Canali (Inspetora Escolar). Sentado: professor Darci Bordignon.

e teve três �ilhos, Celso, Ignez e Gilberto, dos quais foi mãe e pai, já que �icou viúva aos 24 anos de idade.

Mulher guerreira, sempre a frente de seu tempo, con-seguiu driblar as di�iculdades, criar seus �ilhos e admi-nistrar sua casa, trabalhando como professora, balco-nista na antiga Loja Dalzotto.

Finalmente como a primeira Secretária Executiva do Município de Tapejara, cargo que ocupou por 23 anos, sendo a responsável pela nomeação de grande parte das primeiras ruas de nossa cidade, e pela criação do primeiro histórico do Município. Irma conta que no ano de 1956, com a instalação do Município “comecei a trabalhar na Prefeitura no cargo de Auxiliar Adminis-trativo. Eram poucos os funcionários, Celso Signoratti, secretário, Álvaro Domingues, contador, Luiz Dall’igna, tesoureiro, Mires Sitta Pacheco, escrituraria, Eva Fagun-des, servente, Antônio Marchiori, �iscal lotador; Donato Ribeiro, contínuo, Giácomo Marin, secretário de obras, Jesuíno Cauduro, patroleiro; Giovani Marsiglio, trato-rista”. Ela continua: “Em meados de agosto de 1956, com a saída do Sr. Signoratti, eu assumi a secretaria, o cargo que exerci até 1985, mesmo trocando de prefei-to, voltava ao mesmo cargo, que era de con�iança. Para garantir minha estabilidade como funcionária Munici-pal, era concursada no cargo de inspetora escolar. No ano de 1987, me aposentei”. Ela recorda: “Nos primeiros anos, como eram poucas as funcionárias e funcionários, fazíamos muitos serões, pois tudo era feito a mão, uns ajudavam os outros, sem pretender receber hora extra. Todos e todas sempre prontos a colaborar, pois a prefei-tura não possuía recursos”.

A Prefeitura Municipal de Tapejara, em convênio com o Instituto Brasileiro de Geogra�ia e Estatística (IBGE) realizou o censo escolar em meados de 1964. A equi-pe responsável pela execução da referida atividade foi á equipe estampada a baixo:

Em meados de 1957, a Prefeitura Municipal de Ta-pejara promoveu um curso de higiene alimentar e in-dústria caseira. O curso foi realizado nas dependências do antigo Salão Paroquial. Irma ajudou na organização e promoção do evento.

Page 108: Mulheres Empreendedoras 11

108

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Atuou também, voluntariamente, como precursora da antiga LBA em nossa cidade, juntamente com Isabel Basso e Saide Baseggio. Já em 1959, atuou na Comissão de Alistamento Eleitoral, que tinha como objetivo opor-tunizar para que todos os cidadãos pudessem obter o título eleitoral.

Comissão de alistamento eleitoral, 1959. Ao fundo, EscolaBelmiro Braga, distrito de Santa Cecília, em frente ao jipe da Prefeitura

Municipal de Tapejara. Da esquerda para a direita: Irma (Secretária Municipal da Administração), Abelle Policarpo Artusi (Fotógrafo),

Catarina Silva (Professora), Mires Sitt a (Escriturária), Luiz Dall’ Igna (Tesoureiro), Cícero Domingues (Escrivão do Tabelionato de Tapejara).

Santa Cruz de Tenerife, 1967. Da esquerda para a direita, em pé: Frida Kiefer, Irma Kafer Canali, Antonia Maria Scherer e Rosa Maria

Kiefer.

Irma com o primo Ernest no Jardim do Palácio Imperial. 1967

Na década de 60, realizou seu grande sonho de via-jar de navio para a Alemanha, conhecer os familiares de seus pais, com os quais mantém contato ate hoje, retor-nando naquele país em mais duas oportunidades. Ela conta que em junho e julho de 1967 esteve em cidades da Alemanha Ocidental, visitando seus parentes. A par-tida aconteceu no porto de Santos, São Paulo. Durante a viagem, o navio ancorou para fazer Escala em Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias, para o abastecimento, para poder seguir até Portugal. Ali ela desembarcou e tomou um trem e seguiu até a cidade Heilbron, cidade situada ao sul da Alemanha Ocidental.

Na Alemanha, Irma teve a oportunidade de visitar diversos lugares por onde viveram seus antepassados, bem como locais históricos. Um dos locais que visitou, foi o Jardim do Palácio Imperial Ludwigsburg, com seu primo Ernest Munzing, em meados de julho de 1967.

Aposentada há quase 25 anos, leva uma vida tran-quila em companhia dos �ilhos, netos e bisnetos: Celso (�ilho) e Célia (sua nora) suas �ilhas Cristine e Carol; Inês (�ilha) e Antônio (genro), pais de Sheila, Gisele e Eduardo estão morando em Tapejara e Maria Aparecida (nora) e Gilberto (�ilho) com seus �ilhos Alexandre, An-dré e Elisa estão morando nos Estados Unidos.

Irma com a fi lha Inês e os fi lhos Celso e Gilberto. 1960.

Page 109: Mulheres Empreendedoras 11

109

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Selaria de Eugenio Felini. Da esquerda para a direita em pé:Angelo Menegaz, Mascarelo, Armando Felini, Alfonso.

Da esquerda para a direita sentados: Cláudio Felini,Amancilio Pelizzoni, Antônio e Ascari.

Maria Menegaz Felini

Maria Menegaz, �ilha de Fortunato Menegaz chegou aqui na Sede Teixeira no dia 27 de se-tembro de 1920 vinda de Ana Rech com 16 anos de idade. Aos cinco anos �icou órfã de mãe com a epidemia da varíola. Aos seis anos já começou a trabalhar com seus ir-mãos carpindo na roça de pés descalços com geadas brancas e ao re-tornar da roça precisava ajudar nos serviços do-mésticos.

Os fatos que marcaram sua vida foram: a vinda do trem em Caxias do Sul em 1º de junho de 1910, quando a mesma tinha seis anos; o primeiro automóvel vindo da Europa comprado por seu tio João, em que toda a vizi-nhança foi vê-lo e admirá-lo, uma vez que ninguém co-nhecia um automóvel, a estrela-cometa que atravessou a metade do mundo, quando tinha a idade de dez anos, a epidemia da gripe Espanhola em que viveu momen-

Maria Menegaz Felini. Meados de 1950.

Lugar do curtume, onde era preparado o couro. 1935.

tos tristes aos doze anos, da guerra que acabou com a metade da população e Porto Alegre que �icou com ruas sem nenhum morador devido à gripe e a guerra, além desses fatos o término da guerra que foi comemorado com uma festa em que participou em Caxias do Sul.

Em 1921, aos 17 anos casou-se com o seleiro Eugenio Felini conhecido como Gino, indo morar no centro onde atualmente está situada a Praça Sílvio Ughini. Constru-íram uma casa que servia para selaria e moradia, rode-ada por mato.

O seu esposo Eugenio trabalhava na selaria com seus dois irmãos e mais um peão. Moravam todos na mes-ma casa, onde recebiam as refeições, roupas lavadas e pouso.

Maria esposa dedicada à família e ao trabalho, além dos serviços domésticos sempre procurou ajudar seu marido em todos os serviços da selaria. Anos após Eu-genio seu esposo colocou uma fábrica de tamancos, os quais eram feitos por ela. Buscava os cepos para fazer os mesmos na serraria de Marcos Menegaz, seu irmão, a um quilômetro de distância. Fazia quatro dúzias de tamanco por semana que eram vendidos para a �irma Ughini que os revendiam, além disso, fazia todos os afa-zeres domésticos.

Tempos depois, além de todos os afazeres, ainda ia semanalmente até a chácara de seu cunhado, onde seu marido havia instalado um moinho, movido por um ca-valo para moer casca de bugre, anta e araçá, utilizadas para curtir e preparar o couro que era comprado verde, posteriormente o moinho movido a cavalo foi substitu-ído por um monjolo aproveitando-se a água do riacho, trabalhando dia e noite.

Também foi construído um curtume onde tinha seis tanques grandes para o preparo dos couros para serem depois utilizados na selaria.

Na época só tinha uma rua a atual Rua do Comércio, feita de casco de cavalo, pois somente transitavam ca-

Page 110: Mulheres Empreendedoras 11

110

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

valos e carroças. Depois os moradores melhoraram a rua. Por muito tempo era a rua do povoado.A água para tomarem, fazer comida e limpeza era retirada de uma fonte, onde está localizada a atual escolinha criança Fe-liz. Lavava a roupa no rio que passava no pátio do faleci-do Vergílio Três, apelidado como Chiarelo. Muitas vezes a água do rio estava suja não podendo lavar a roupa. Então ela e seu vizinho Gentil Bertoldo e Joana Biazus resolveram fazer um poço na esquina da atual Praça Sil-vio Ughini. O poço tinha aproximadamente dois metros de profundidade. A água era puxada com uma ripa que continha um gancho na extremidade para pendurar o balde.

A água desta fonte passou a ser utilizada pelo Senhor Nazareno Caselani que a encanou para seu próprio uso, quando Eugenio ao mudou-se para uma chácara pró-xima a atual Gruta Nossa Senhora de Lourdes. A �ilha do casal Maria e Eugenio, Lourdes Felini a�irma que em épocas de muita chuva ainda verte água neste mesmo local, lembrando com orgulho e satisfação que foi sua mãe e as suas vizinhas que cavaram tal poço e que as mesmas com suas famílias se serviram da água deste poço para satisfazerem suas necessidades.

Na divisa do terreno com a selaria encontrava-se a churrasqueira da Igreja, utilizada para as festas, situan-do-se logo acima a igreja e a Casa Paroquial.

No ano de 1922 em 22 de março chegaram à Sede as forças da revolução, a partir dessa data a preocupação passou a ser de todos os moradores, e quase que diaria-mente chegavam grandes ou pequenas forças armadas de fuzis. Elas entravam nas casas e levavam tudo o que encontravam. Era necessário esconder tudo o que ha-via na selaria e mesmo todos os utensílios de cozinha e enxovais escondia-nos no forro da casa, que foi forrada para poder escondê-los e assim salvar alguma coisa. Os homens escondiam-se no mato onde também escon-diam seus animais (cavalos). As mulheres �icavam em casa porque as forças não faziam nada para as mesmas. Quando as forças estavam longe, os homens voltavam para casa.

Neste dia 22 de março de 1922 nasceu o primeiro �i-lho do casal, �icando Maria e seu �ilhinho a sós, pois os homens precisavam esconder-se.

Com as forças estando longe os empregados volta-vam à selaria para trabalhar, mas não podiam acabar nenhuma peça, pelo fato de que se as forças chegassem levavam tudo o que tinha sido acabado.

O casal vivia preocupado sem recursos e sem dinhei-ro para comprar o necessário. Em um determinado dia tinham somente um soldo, o que deu para comprar meia garrafa de petróleo para o lampião e meio quilo de açúcar. Todos os dias uma vizinha Zapani levava uma caneca de leite para o casal e o nenezinho. Em certa oca-sião um campeiro queria comprar um seligote, como não havia nenhum de pronto, Eugenio trabalhou várias horas para terminar um para poder receber com a ven-da um dinheiro para com ele comprar alimentos para

vários dias. Um dia entrou na selaria um homem que acompanhava as forças pedindo comida por estar louco de fome. Disse para Maria não ter medo, que não faria nada a ela, contando que morava no quilômetro doze perto de Erechim e que as forças haviam estado em sua casa de negócios e pouso tirando-lhes tudo o que pos-suía até mesmo a carroça e as mulas. Ele vendo-se sem nada resolveu acompanhar a turma. Em uma tarde de chuva chegou aqui na Sede mais uma força. Estavam to-dos molhados e famintos. Chegaram à selaria e pediram alimentos. Maria tinha feito uma cesta de pão no forno que a distribuiu toda a eles. Acampavam-se sempre per-to do centro a uns dois quilômetros longe. Matavam o gado que encontravam para se alimentar, tiravam o cou-ro e vinham vendê-lo na selaria. Queriam por força que os comprassem, mas ela sem dinheiro �icava com muito medo porque seu marido estava escondido.

A revolução teve a duração de quase dez anos. To-dos os moradores da colônia como dos povoados, vilas e cidades viviam um clima de insegurança e de tensão. Ora os combates eram aqui, ora em outros pontos do Estado. Os revolucionários defendiam a dois partidos os borgistas a favor de Borges de Medeiros e os assissistas a favor de Assis Brasil.

A revolução terminou com a revolta da população, pela morte de dois irmãos, professores mortos a tiros pelas costas, assumindo então o governo do Estado o Senhor Getúlio Vargas, acabando assim com a revolução que fez todos os Rio-Grandenses sofrerem muito.

No ano de 1937, Eugenio comprou a chácara de seu irmão, a qual fazia divisa com a chácara da igreja, atu-almente com a gruta Nossa Senhora de Lourdes, mu-dando-se para lá com sua família. Contavam com cinco �ilhos: Armando, Jose�ina, Cláudio, Homero e Antonio, nascendo mais tarde outros quatro �ilhos: Terezinha, Maria de Lourdes, Ivo Gastone e Mario José. Nesta chá-cara fez a plantação de um grande parreiral e várias outras plantas frutíferas, indo buscar as mudas em Ana Rech – Caxias do Sul, que as transportava de carroça.

Chácara de Eugenio. Ao fundo a moradia e galpão da família Felini. À frente o curtume de couros.

Adquiriram vacas de leite, porcos, galinhas, cavalos e carroça. Todos esses animais eram cuidados por Ma-ria e pelas crianças mais velhas. Vendiam leite para aju-dar nas despesas da casa e comprar roupas para seus �ilhos.

Page 111: Mulheres Empreendedoras 11

111

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Colheita da uva na chácara. Da esquerda para a direita: Maria, Maria Luiza Felini, Mario Felini, Ivone Menegaz, Maria de Lourdes, Terezinha

Basso, Ivo Gastone Felini. Maria com suas netas e netos na chácara.

50 Anos de casamento de Maria e Eugenio. Da Esquerda para a direita: Armando, Josefi na, Cláudio, Homero, Antônio, Terezinha, Maria de

Lourdes, Ivo e Mário. 1975.

Em 1938 Maria foi à cidade de Sananduva, durante uma semana para aprender corte e costura. Adquiriu uma máquina Singer e começou a costurar principal-mente camisas. Fez um acordo com o Senhor Leopoldo Muxfeld, proprietário de uma loja, onde eram vendidos tecidos e mantimentos. Ele fornecia os tecidos que eram costurados em camisas por ela e vendidas na mesma loja.

Os �ilhos estando maiores, Eugenio abriu uma fábrica de chinelos para os mesmos trabalharem, sendo vendi-dos a clientes particulares e também na loja Ughini.

Maria preocupada com seus �ilhos procurou dar-lhes uma boa educação e fortalecer a fé incentivando-os a freqüentar a Igreja Católica e a Escola. Com muito sa-cri�ício boa vontade e trabalho, conseguiu desempenhar o papel de mãe, esposa e a atender a todas as tarefas mencionadas.

Eu, Lourdes que atuo na Pastoral da Saúde aqui na cidade, �ico muito contente ao visitar pessoas mais ido-sas hospitalizadas no Hospital Santo Antonio, as quais relatam que meus pais eram muito amigos de seus pais, conhecidos por todos pelo apelido de Gino. Dizem que eram pessoas muito boas, honestas e trabalhadoras. Aos domingos quando vinham à missa passavam pela selaria em busca de um tento ou um pequeno conserto nos equipamentos utilizados para encilhar os cavalos, único meio de transporte da época.

Neli Olga Rintzel Miotto Comecei muito cedo minha luta de vida, �ilha de pe-

quenos agricultores, com apenas 10 anos sai da casa de meus pais para continuar os estudos na cidade. Morei por 8 anos em casa de família (Dr. Natalino Rovani) que me acolheram como �ilha.

Jogral do Ginásio Estadual em ati vidade de 7 de setembro de 1975.

Com 18 anos consegui meu primeiro emprego como estagiária de um banco (Caixa Federal) contratada por um ano. Depois disto abriram as portas do mercado de trabalho, surgindo diversas oportunidades tais como: vendedora, caixa de loja e outros. Nesta mesma época concluí o ensino médio e por n ter condições �inanceiras não pude fazer o curso superior.

Turma da Escola de dati lografi a da professora Maria de Lourdes Basso. 1981. Neli é a últi ma da direita.

Page 112: Mulheres Empreendedoras 11

112

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Encenação de Natal em meados de 1980. Neli (Maria) e Helfi Bevilaqua (José). Igreja Matriz de Tapejara.

Evento no Clube Comercial de Tapejara. 1996 Neli na cozinha, preparando as iguarias nas dependências do Velho Casarão. 2007.

Com 22 anos casei com Luiz Miotto que nesta época assumiu como ecônomo do Clube Comercial e por isto deixei do meu trabalho para ajudá-lo.

Casamento de Neli e Luiz na Igreja de Tapejara em 7 de novembro de 1987.

Com 24 anos tornei-me mãe, nasceu a nossa �ilha Laiz. Quando ela ainda era pequena passamos por uma grande di�iculdade gerada pela descoberta de uma do-ença rara em meu marido (doença do Crohn). Nesta época nós trabalhávamos na lancheria do Posto ESSO e não foi fácil conciliar a notícia da doença, �ilho peque-no e o trabalho, mas tivemos a ajuda de um amigo que para nós foi como pai (Wilson Casamali) que muito nos ajudou.

Algum tempo depois voltamos a trabalhar como ecô-nomos no Clube Comercial juntamente com um sócio, foi um tempo di�ícil, pois além de muito trabalho teve as várias internações do meu marido Luiz. Após alguns anos e com muita di�iculdade, nos tornamos proprietá-rios de um restaurante de eventos, o Velho Casarão, e assim fomos nos adaptando às necessidades dos clien-tes. Em virtude disto, junto com o restaurante, vende-mos congelados para facilitar o dia-a-dia, principalmen-te, das mulheres que trabalham fora.

Em meio a isto veio morar conosco uma menina, a Marieli, que perdeu sua mãe ainda criança, e hoje faz parte da nossa família. Em 2003 tivemos o nosso �ilho Luiz Pedro. Mas o tempo foi passando e o nosso salão de eventos foi �icando pequeno, nos levando pela necessi-dade das pessoas a fazer eventos de maior porte em ou-tros locais e cidades da região tornando-nos conhecidos e referência em eventos. Realizamos festas de casamen-to, aniversários, reuniões de entidades e outros eventos de grande porte como a Expo Tapejara, e de cidades vi-zinhas, encontros de famílias e outros.

Sinto-me vencedora e também protegida por Deus, pois preciso dar conta de muito trabalho, cuidar da fa-mília e por vezes longas internações do meu marido.

Mas me sinto feliz por minha história, história de luta e superação permanente, de onde vem tanta força? Da minha fé, da oração e do incentivo de muita gente. Meu maior desa�io é conciliar a atividade de empresária, de mãe de mulher e de ser capaz de em meio a tantas di�i-culdades manter o equilíbrio e o bom humor.

Page 113: Mulheres Empreendedoras 11

113

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

rante e suprir as necessidades da família.As reuniões de entidades realizadas por nós, de onde

nascia a idéia que contribuíram o crescimento da nossa cidade. As feiras de grande porte (Expo Tapejara) rea-lizadas nas cidades, que atingem e promovem a movi-mentação de muitas pessoas.

A grande preocupação sempre foi de atender da me-lhor forma possível as necessidades dos clientes, pro-porcionando o conforto e a comodidade de um exce-lente serviço. Desta forma, muitos foram os sonhos de ampliação do restaurante, da construção de uma nova sala, da produção de novos sabores, buscando sempre novidades e aprender mais, para apresentar melhorias e com isto, cativar novos clientes e atingir a excelência na atividade.

Família de Neli. Da esquerda para a direita Mariele, Laiz, Neli, Luiz Pedro e o marido Luiz. 2009.

Evento inauguração da Granja Fontana, com a vinda de Lasier Marti ns – Almoço Organizado pelo Restaurante para Eventos Velho Casarão.

Da esquerda para a direita: Luiz, Lasier, Mariele e Neli.

Parti cipação no curso de gastronomia realizado no Clube Comercial de Tapejara em 1997.

Dedicação e persistência e um grande sonho no cora-ção me conduzem todos os dias para encarar as adver-sidades da vida.

As vindas do asfalto juntamente com a instalação de várias empresas que chegaram com grande espíri-to empreendedor promovendo o progresso da nossa cidade �izeram parte do começo e do desenvolvimento da minha participação na organização e realização do nosso trabalho. Com a chegada do crescimento em to-dos os sentidos da nossa cidade, sentimos necessidade em atender as carências das entidades que organizavam eventos, então surgiu a idéia de desenvolver a atividade, seja ela em casa ou não. Já havia outros que atendiam as pessoas no dia-a-dia, mas faltava alguém especí�ico para organização de eventos de acordo com a referên-cia do cliente. E para facilitar a rotina das mulheres que, em sua maioria trabalham fora, �izemos vários pratos congelados.

Tivemos a ajuda de várias pessoas e entidades, inclu-sive de Municípios vizinhos, tornando complicado citar algum nome, já que todos foram muito importantes na construção do nosso ideal. Muitas vezes me questiono como �iz o que �iz. Mas me sinto protegida por Deus por isto consegui superar todas as di�iculdades, sejam elas de saúde, �inanceiras ou outros, mas nunca me senti só, além de Deus sempre pude contar com a ajuda de pes-soas amigas, não só no trabalho como também na famí-lia e isto tudo sempre me deu muita força para seguir sem jamais pensar em parar.

A grande di�iculdade é superar o cansaço �ísico e men-tal, gerado por várias coisas como o excesso de trabalho, a necessidade de conduzir e administrar em tempo in-tegrar os eventos, juntamente com a rotina familiar, e ainda a falta de pessoas que auxiliem na produção, já que o serviço exige uma carga horária extensa. Apesar das di�iculdades, a certeza de um trabalho bem feito que supere as expectativas do cliente e ofereça segurança, torna o nosso trabalho satisfatório, já que é realizado com muita responsabilidade. Conta-se também com o retorno �inanceiro, necessário para sustentar o restau-

Page 114: Mulheres Empreendedoras 11

114

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Amélia Artusi Eu nasci em 1932 e meus pais, Guilherme e Augusta

Guidini, eram serralheiros e agricultores em Linha Sale-te, Distrito de Tapejara. Com 16 anos e após completar meus estudos como interna no Colégio Nossa Senhora Medianeira, de Tapejara, comecei a trabalhar como ven-dedora na empresa Dalzotto & Guidini, onde permaneci por 5 anos. Naquele tempo, os recursos eram di�íceis e para complementar a renda recebida como vendedora, a Maria Dalzotto e eu aproveitamos nossas habilidades artísticas aprendidas na escola, e começamos uma con-fecção artesanal de coroas de �lores de papel e para�ina,

muito apreciados naque-le tempo, principalmente no Dia de Finados.

Em 1953, houve uma guinada na minha vida, quando me casei com Abele P. Artusi. Abracei a carreira de fotógrafa para dar apoio a ele, o qual já a desenvolvia des-de 1947. O início de uma nova família e de nova atividade pro�issional não foi muito fácil, pois o Abele, naquela época, viajava muito para ou-tras cidades e até outros estados para captar tra-

Casamento de Amélia com Abele. 1953

Evolução da Fotografi a. 1955 com negati vos feitos em fi lmes gelati nosos. 1970 colorida. 2000 digital. 2011.

Caça da onça. Meados de 1970.

balhos fotográ�icos para manter a família. Eu, neste pe-ríodo, �icava em casa sozinha, administrando a família e os trabalhos no estúdio fotográ�ico.

Embora naquela época o ritmo do trabalho não se compare ao de hoje, as di�iculdades que tínhamos eram devidas às grandes distâncias para conserto de equipa-mentos e de falta de infra-estrutura na própria cidade.

Page 115: Mulheres Empreendedoras 11

115

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Quando comecei a trabalhar não existia fotogra�ia colo-rida e as fotos em preto e branco eram gravadas em pla-cas de vidros. Havia toda uma técnica para a confecção das fotogra�ias e que dependiam da presença e atenção do fotógrafo. Como todo o serviço de confecção da foto-gra�ia era manual e feito em local completamente escu-ro, era necessário que fosse feito nas madrugadas, pois este era o único período do dia em que a energia elétrica da cidade não oscilava. Essa também era a maneira de garantir o atendimento aos clientes durante o dia e me dedicar aos �ilhos que já estavam chegando.

Na minha trajetória como fotógrafa, posso dizer que tive o privilégio de acompanhar três grandes fases na evolução desta arte. Uma delas foi à chegada da foto-gra�ia com negativos feitos em �ilmes gelatinosos, em substituição aos negativos em chapas de vidro. Com esta evolução o nosso tra-balho �icou muito mais fácil e prático, tanto na hora de fotografar como nos proce-dimentos para a impressão das fotos. Isso ocorreu mais ou menos em 1955. Outra grande mudança foi a che-gada da fotogra�ia colorida em 1970. Antes desta revo-lução na fotogra�ia, imagens coloridas só eram possíveis com o trabalho de um pintor especializado em rostos hu-manos. Nós trabalhávamos com o artista Lauro Schultz. O pintor Lauro fazia repro-duções em pintura a partir das fotos tiradas pelo Abe-le, quando de suas viagens. Estes são trabalhos muito bonitos e ainda podem ser vistos em algumas residên-cias de antigos tapejaren-ses. Então, com a chegada da fotogra�ia colorida, até os anos 70, nós tínhamos que enviar malotes com os nega-tivos para Curitiba/PR, onde havia laboratório para im-pressão de fotogra�ias colo-ridas. Nesta época, os clien-tes aguardavam cerca de 30 dias para ver suas fotos. A terceira grande evolução na

arte de fotografar de que pude participar já no �inal de minha carreira, foi à chegada da fotogra�ia digital. Essa, sem dúvida, é a maior e acelerou muito a possibilidade do cliente em ver as suas fotos. No início, os clientes ti-nham que esperar cerca de 1 mês para ver suas fotos e eram em preto e branco. Hoje o cliente pode vê-la ins-tantaneamente.

Muitas são as lembranças desses bons tempos. Além das muitas amizades conquistadas, muitos registros fo-tográ�icos de fatos importantes relacionados ao desen-volvimento de Tapejara e região e que constituem parte da história de nossa cidade foram feitos por mim e meu esposo e, continuam sendo feitos por meus �ilhos.

Neve em Tapejara em 19, 20 e 21 de agosto de 1965. Rua do Comércio defronte a atual Praça Silvio Ughini.

Page 116: Mulheres Empreendedoras 11

116

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Um dos fatos de que lembro e que causou grande comoção em Tapejara foi à caça de uma onça que vinha ma-tando animais no interior de Char-rua, hoje município vizinho. Muito se questionou sobre a origem deste animal porque, até então, ninguém havia registrado a presença desta es-pécie de animal. Mais tarde �icamos sabendo da provável perda de uma onça, por um circo que transitou por aqui. Este fato deu a Tapejara o título de “Terra da Onça”.

Lembro-me também de fatos que marcaram nossa cidade. Um deles foi à nevasca de 1965 em que pudemos ver o acúmulo de mais ou menos 50 cm de neve nas Ruas. Do desenvolvi-mento comercial de nossa cidade cito como exemplos, a implantação da in-dústria de confecções da USACON, que incentivou o tra-balho feminino, a Cooperativa COTAPEL e o Frigorí�ico São Paulo S/A. Fatos que visaram à recreação e lazer dos Tapejarenses e que me marcaram foram às construções dos Clubes São Paulo e Comercial e também o Parque Piscina Aquático União, onde somos sócios fundadores. Já, na área da Educação, pude assistir e registrar em fo-tos a implantação das escolas Medianeira de Todas as Graças (hoje Barão do Rio Branco), da escola de 2º Grau Senhor dos Caminhos, Fernando Borba, Valeriano Ughi-ni, Severino Dalzotto e Giocondo Canali. Acompanhei também com satisfação, a reforma do nosso Hospital Santo Antônio. No aspecto religioso, tive o prazer de acompanhar a construção da nossa Igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde, onde também pudemos registrar as Ordenações dos Padres Raimundo Damim (patrono da cidade), Pedro Gajardo, Guerino Parizotto, Nilo Canal, Hélio Marsíglio, José Spuldaro, Evanir Rosa, todos �ilhos da nossa cidade.

Hoje, com 79 anos, não desenvolvo mais trabalhos fotográ�icos preferindo a montagens de quadros em molduras.

Posso dizer que com a arte de fotografar aprendi a ser mais perspicaz para captar os instantes, aprimorei o meu dom artístico, para poder captar os instantes com a melhor composição possível, e treinei persistência e paciência, pois isso tudo nem sempre se consegue na primeira tentativa. Fico muito feliz e satisfeita em ver que a fotogra�ia, pro�issão que meu esposo e eu escolhe-mos, se tornou um exemplo para 04 de meus 08 �ilhos e 02 netos. Eles prosseguem registrando os momentos alegres das pessoas, os fatos históricos importantes, e, porque não, outros não tão gloriosos ou alegres que ocorrem nas regiões de Tapejara, Erechim e Primavera do Leste – Mato Grosso.

En�im, é para mim uma grande satisfação ver que, ao exercer a pro�issão de fotógrafa com amor à arte que lhe e própria, contribui para o sustento de minha família e, ao mesmo tempo, ao fotografar os fatos presentes, re-gistramos parte de nossa história, que é a base para o futuro de Tapejara e de todos que nela vivem.

Amélia com fi lhas e fi lhos. 2008

Casarão de Will Frantz Nelhs. 1990

Alicerces da Atual Igreja Matriz Nossa Senhora da Saúde. Por volta de 1950.

Page 117: Mulheres Empreendedoras 11

117

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Rosa Muxfeldt

Em meados de setembro de 1944, chegou a Vila Ta-pejara, procedente de Nonoai, Rosa Muxfeldt e Leopol-do Muxfeldt. Ela �ilha de Thereza Grins Muxfeldt e Gui-lherme Muxfeldt nasceu em 23 de janeiro de 1902 em Nova Petrópolis. E ele �ilho de Henrique e Leopoldina Muxfeldt nasceu em 29 de maio de 1897, em São Sebas-tião do Caí. O casamento de ambos aconteceu em Ijui a 14 de maio de 1936.

Foi na então Vila Tapejara, em 1944, compraram um terreno de Jacob Barcarollo na área central, atual Rua do Comércio número 1296 onde assentou sua moradia e uma pequena Venda de compra de produtos coloniais e venda de secos e molhados.

A �ilha professora Esmeralda Bianchin conta: “Naque-la época o negócio da mãe e do pai era conhecido como a Venda do Leopoldo. A venda começou a funcionar lá pelo �inal de 1944 até meados de 1949. A compra dos produtos coloniais era feita pelo pai e a venda dos teci-dos, botões, linhas, panelas, pratos, pela mãe, o açúcar, sal, colorau, fermento, fumo, café por ambos. Os colonos moradores no interior e entorno do Distrito de Tapejara traziam os seus produtos, mel, milho, erva-mate, queijo, salame e banha trocavam por tecidos para fazer calças, camisas, enxoval para as moças prestes a casar, chapéus de feltro para homens usar no �inal de semana e em so-lenidades religiosas, missa, casamento, festas, louças, panelas. Além disso, trocava por kg de açúcar, fumo, sal, breu, café, fermento”.

Ela recorda: “A Rosa atendia principalmente a par-te da Venda onde estava os tecidos, botões, brincos e utensílios domésticos, panelas, louças, talheres, co-pos, pratos suas atividades iniciavam as 7h30min da manhã, intervalo ao meio dia, quando o movimento era pouco, e retomando às 13:30 e permanecia com as portas abertas até o sol desaparecer”.

“A mãe era muito preocupada com a vida das fre-guesas e fregueses que se deslocavam até as depen-dências da Venda para negociar seus produtos e com

os artigos ofertados pela casa de negócios”.Defronte do prédio onde estava assentado o estabele-

cimento existia um valo que dividia o terreno com a rua. O mesmo servia para escoar a água em dias de chuva. Quando chovia o valo transbordava e di�icultava o aces-so dos fregueses na Venda. Leopoldo resolveu colocar umas tábuas para facilitar o acesso das freguesas e fre-gueses. Porém com a chuva e a circulação dos fregueses sobre as tábuas as mesmas �icavam lisas e escorrega-dias o que fazia que muitos acabassem por deslizarem e caírem no chão sujando suas roupas além de sofrerem ferimentos.

Conforme lembra Esmeralda: “para evitar os aciden-tes que vinha ocorrendo com os fregueses Rosa pediu providências para o marido. Ela sugeriu para que fos-sem pregados pedaços de ripas uma intercalada da outra de uma ponta a outra das tábuas para evitar os deslizes e quedas dos fregueses. A sugestão foi aceita e o trabalho realizado e a partir daí as freguesas e fregueses puderam ter acesso seguro nos dias de chuva na Venda do Leopoldo”.

Em meados de 1949, Giacómo Marin e Lourenço José Dall’olivo apresentaram às autoridades locais a propos-ta de se instalar um Escritório Bancário em Vila Tapeja-ra, pois para isso tudo dependia de ir Passo Fundo.

Após as tratativas com o Banco Industrial e Comer-cial do Sul S/A, Sulbanco, decidiu este abrir sua repre-sentação em Vila Tapejara e pela larga experiência pro-�issional. Leopoldo Muxfeldt foi indicado por pessoas da comunidade para assumir o posto avançado e foi aceito pelo gerente do Banco de Passo Fundo Lauro Kopper, que passou a ser o primeiro estabelecimento bancário da cidade de Tapejara.

Único funcionário do estabelecimento bancário, era auxiliado por sua mulher Rosa Muxfeldt em diversas atividades no dia a dia conforme relata a sua �ilha pro-fessora Esmeralda: “ela ajudava a transportar corres-pondências no correio e entregar as duplicatas nas Ca-sas Comerciais do Distrito; dentro do estabelecimento consertava o dinheiro rasgado que chegava no estabe-lecimento através de goma arábica que ela mesmo fa-zia tendo como ingredientes breu e água. As notas de dinheiro dani�icadas eram estendidas sobre uma mesa e ali processada a sua recuperação e depois de seca a co-lagem eram recolhidas e organizadas em maços de dez notas cada um. Dias depois as notas recuperadas eram

Da esquerda para a direita: Tereza, João, Maria, Alfredo, Hilda, Rosa, Alina, Ildo, Aff onso, Guilherme. Nova Petrópolis 1915.

Page 118: Mulheres Empreendedoras 11

118

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Construção onde residiram Rosa e Leopoldo de 1953 a 1976 e onde funcionou o Escritório do Banco Industrial e Comercial do Sul S/A de 1953 a 23/03/1961. Em frente os noivos Venício e Elzira – 1958 – menina Marici Ferreira da Silva.

levadas para Passo Fundo tendo como destino a Agên-cia Central do Sulbanco que eram tiradas de circulação através da incineração. Neste trabalho ela tinha a ajuda do Domingos Dallagasperina.”

Entretanto o trabalho no estabelecimento bancário de Rosa não se restringia em circular por ruas do Dis-trito, tampouco e tarefas internas ia além do território do então Distrito de Tapejara de acordo com a sua �ilha professora Esmeralda Bianchin.

A �ilha conta: “diversas foram as idas e vindas do Dis-trito para Passo Fundo e vice-verso realizadas por Rosa transportando quantidades de dinheiro e a viagem era feita por meio do então ônibus do Seu Temisto. Algumas vezes eu ainda muito nova acompanhei nestas viagens. Passei muito medo, pois o dinheiro que ela transportava não era nosso. Mas graças a Nossa Senhora Aparecida e a Deus nunca aconteceu nada de grave”. “Muitas vezes, Rosa disfarçava em uma pessoa comum, transportava elevados valores para Passo Fundo, e vice-versa, entre as hortaliças, pacotes de doces e outros disfarces, os valores iam e vinham sem que alguém descon�iasse da vendedora de hortaliças, �lores, folhagens e doces.

Em meados de 1953, Leopoldo transferiu as instala-ções do Escritório Bancário para a sua nova residência de Alvenaria construída ao lado da outra onde alugou para o Sulbanco uma peça para o seu funcionamento, Rua do Comércio 1296, onde �icou a seu encargo até a

data de 23 de março de 1961, quando se afastou-se das atividades por motivo de saúde.

Durante a sua trajetória, Rosa foi uma mulher que se preocupava, com os estudos da �ilha Esmeralda e �ilho Venício e muito afetuosa com as netas e netos. Venício direcionou a sua trajetória nos estudos e formação pro-�issional na carreira de mecânico. Especializando-se na manutenção e conserto da linha de veículos da marca Volkswagen do Brasil. Ele desenvolveu suas atividades na então revenda autorizada e o�icina especializada Me-cânica Tapejarense situada na Rua do Comércio 1035, por quase quarenta anos. A �ilha Esmeralda cursou o primário no então Grupo Escolar, mais tarde denomi-nado Grupo Escolar Fernando Borba, por cinco anos. Em seguida ingressou no Curso Normal Regional em Carazinho por dois anos e o ano seguinte concluiu no Colégio Notre Dame de Passo Fundo onde colou o grau de professora. Ela recorda: “conclui o Curso Normal com apenas 16 anos de idade, era menor de idade e ain-da não podia ser nomeada tive que esperar um tempo aproveitei para aprender costurar e fazer artesanato de �lores. Depois de atingir a idade chegou o contrato para lecionar em Charrua no Grupo Escolar Inglês de Souza, “demorou 6 meses para receber o meu primeiro salário, ali permaneci por pouco tempo pois, em seguida fui no-meada para o Grupo Escolar que permaneci até a minha aposentadoria”.

Page 119: Mulheres Empreendedoras 11

119

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

O Desa� o de romper preconceitos

O avanço das mulheres no mercado e no protagonis-mo empreendedor Tapejarense é marcado e repercute principalmente no bojo do desenvolvimento Sócio-Eco-nômico-Cultural em que o Município vem atravessando nas últimas três décadas e meia, onde a sua presença tem deixando marcas nos tempos e nos espaços ou ainda moldando esses, assegurando a permanência de diversos empreendimentos de diferentes segmentos e natureza, bem como o surgimento de novos empreen-

dimentos. O estilo feminino, intuição, capacidade de adapta-

ção, aliado ao esforço, força de vontade e determinação das mulheres em colocar em prática a sua competên-cia, tem sido ainda insu�icientemente reconhecido pe-los empreendedores públicos e privados que apostam nesta nova força de trabalho bem como no emergente protagonismo do empreendedorismo em Tapejara.

O avanço e limites das mulheres no mercado e empreendimentos

Rosa e Leopoldo, avós sempre presentes na vida de suas netas e netos. Tapejara 1972.

Rosa e Leopoldo com familiares em suas Bodas de Ouro – 1986.

Leopoldo Muxfeldt faleceu com 91 anos e 6 meses de idade no dia 1° de dezembro de 1988. Rosa Muxfeldt faleceu com 87 anos e 9 meses de idade em 05 de novembro de 1989. Completaram Bodas de Ouro em 1986.

Esmeralda e Venício – Sarandi 1942.

Page 120: Mulheres Empreendedoras 11

120

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

De acordo com estudos em relação à participação das mulheres no mundo do trabalho e serviços e em ini-ciativas de empreendimentos é que a percentagem de mulheres diminui conforme o tamanho do empreendi-mento aumenta. Todavia, o panorama da participação da mulher no mundo do trabalho, serviços e negócios são promissores. Estima-se que daqui, 20 anos, quase 50% dos cargos de comando nos empreendimentos se-rão ocupados por mulheres.

Os índices, um instrumento de medida ou informa-ção, que indica por sua vez em implicar a existência pré-via de uma intenção ou de um interesse: e esse por sua vez pressupõe apontar um valor ou objetivo orientador que de�inem a situação econômica e social de cada país.

Geralmente escondem o valor do trabalho da mulher no lar e em outras atividades não remuneradas. Urge rea-bilitar todas aquelas a quem sido negado o direito de participar plena e totalmente da vida das comunidades a que pertencem.

As mulheres denominadas de “Anjos do Lar”, como se dizia antigamente, responsáveis pelos trabalhos do-mésticos e pela criação dos �ilhos desempenharam pa-pel decisivo em setor fundamental da economia, a re-produção da força de trabalho. A economia doméstica é absolutamente essencial ao funcionamento do sistema econômico. No entanto, a sua função é frequentemente subestimada, quando não esquecida completamente na análise das transações econômicas: as mulheres são es-candalosamente empurradas para a categoria de “mão-de-obra familiar não produtiva”. Pareceria pelo menos nas estatísticas, que elas não prestam nenhuma contri-buição a economia.

A questão então não é apenas saber como podem as mulheres participar do desenvolvimento, mas como de�inir a natureza da economia doméstica no conjunto nacional e avaliar a sua importância. É precisamente por causa do papel que desempenham na economia

htt p://www.google.com.br/imgres?imgurl=htt p://www.estadao.com.br/fotos/domesti ca

Troféu Destaques da ACISAT/SINDILOJAS -2008Na entrega de premiação, Troféu Destaques Empresariais da ACISAT/SINDILOJAS 2008 em 14 de novembro de 2008 num universo total de 65 Troféus,

entregues cerca de 48 eram desti nados para os empresários e 17 para as empresárias. Fonte. Revista Comunicação, nº52, ano V, novembro de 2008, pág. 10-17.

Preconceitos a serem derrotadosEntretanto, ainda restam alguns pontos importantes

a serem conquistados pelas mulheres com relação ao mundo do trabalho, dos serviços e dos negócios. Entre os quais é que ainda existe um preconceito não declara-do em relação às mulheres. Prova disso que ainda raras conseguiram tornaram-se protagonistas de empreendi-mentos e poucas conseguiram ascender à gerência, che-�ia e coordenação. Ainda ganham cerca de dez (10) por cento menos que os homens nas mesmas funções.

O mercado tem algumas justi�icativas para isso, entre as quais: a mulher é uma nova protagonista; a mulher é uma mão de obra nova e ainda é preciso descobrir o seu potencial; semanalmente, elas trabalham cerca de três horas menos que os homens; outras com idade avançada não acompanham a evolução tecnológica não conseguindo dar conta das exigências e necessidades do mercado.

Page 121: Mulheres Empreendedoras 11

121

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

doméstica invisível que as mulheres ocupam os níveis mais baixos dos diversos quadros estatísticos relativa-mente à contribuição social e econômico dos setores produtivos.

A situação da mulher na sociedade rural tradicional, em que a divisão do trabalho por sexo não é claramen-te de�inida, existe certa igualdade fundamental entre os homens e as mulheres, pelo menos no campo eco-nômico. Quando a agricultura de subsistência passa ao nível comercial, quando se volta para o mercado e para as transações em dinheiro, são geralmente os homens que se encarregam das atividades econômicas, princi-palmente como trabalhadores imigrantes, e a situação das mulheres se deteriora.

Quando um trabalho manual é remunerado, geral-mente lhe é atribuído um valor econômico, de maneira que todo labor não remunerado, o trabalho doméstico das mulheres, é desvalorizado economicamente, e em conseqüência desvalorizado também social e cultural-mente. Se, além disso, os índices quantativos elabora-dos para medir os rendimentos da economia desprezar essas realidades, compreende-se que as mulheres sejam sistematicamente declaradas como excluídas de parti-cipação ao desenvolvimento. A não participação é uma coisa; mas excluí-las das atividades que são essenciais à economia, mas que nas sociedades dominadas pelo ho-mem são sistematicamente subestimadas, desprezadas, tratadas injustamente é outra coisa bem diferente.

Costuma-se pensar que a igualdade de gênero será conseguida quando a mulher tiver livre acesso a tudo o que é tradicionalmente considerado como trabalho de homem. Mas pouco se fala de uma responsabilidade

igual do homem ao setor doméstico, como se estives-se implicitamente estabelecido que as mulheres devem continuar cuidando desse setor, que seria próprio delas, além de novas atividades. É evidente que o problema não será resolvido com uma simples troca de papéis, que em muitas sociedades não seria aceito pelos homens, nem por grande número de mulheres, e estaria em contradi-ção com valores culturais que as crianças aprenderam em casa e na escola. Em longo prazo a melhoria da situ-ação da mulher na sociedade requer primeiro e neces-sariamente uma rede�inição social da economia domés-tica de sustentação e das funções da sociedade familiar. Se essa questão raramente vem a baila quando se fala na “integração das mulheres no desenvolvimento” é porque a economia doméstica continua fechada.

Antes do advento da sociedade moderna, urbana e industrial, a família numerosa era a instituição social de base, a unidade econômica fundamental de produção e consumo. Essa família tinha então muitas funções so-ciais: educação, segurança, encargos com doentes e com os velhos, solidariedade, integração a coletividade.

A estrutura familiar atendia à maior parte das neces-sidades de seus membros. Isso ainda acontece em mui-tas regiões, principalmente em zonas rurais de maneira que a família ainda desempenha essas funções tradicio-nais.

A revolução industrial separou radicalmente as ativi-dades econômicas exteriores da vida da família, e outras instituições públicas e particulares, assumiram grande número das funções que a família antes desempenha-va. Enquanto a população masculina era absorvida por essas instituições, as mulheres continuavam tomando

Mulheres em ati vidades no meio rural. Colheita do trigo.

Page 122: Mulheres Empreendedoras 11

122

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

conta do que �icou restando do lar e da família.O novo estudo do IBGE tem como objetivo explorar a

análise sobre atividades domésticas contida na Pesqui-sa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001 e de 2005. Segundo o levantamento, na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, onde a inserção das mulheres nas atividades remuneradas é maior e que coincide com a presença de �ilhos menores, o trabalho doméstico ocu-pa 94,0% das mulheres.

A dupla jornada feminina, de trabalhar fora de casa e realizar afazeres domésticos foi comprovada no estudo. Para a população que tem emprego, o tempo dispensa-do para as tarefas domésticas entre homens e mulheres é de 9,1 horas e 21,8 horas semanais, respectivamente. No entanto, considerando a jornada do trabalho produ-tivo, mais os afazeres domésticos, nos cinco dias úteis da semana, as mulheres, em média, trabalham 11,5 ho-ras por dia, ante 10,6 horas para os homens.

A jornada média das mulheres casadas é cerca do triplo dos homens casados - respectivamente, de 31,1 horas semanais para as esposas; e 10,9 horas semanais para os maridos. Ainda de acordo com o instituto, o fato de a mulher ser ou não casada é outro fator que também interfere no número de horas gastas durante a semana. As que são casadas e tem �ilhos menores de 14 anos têm a maior média, de 29 horas, sendo que entre as não-ca-sadas, este dado é de 22 horas semanais.

O fator renda também foi analisado na pesquisa so-bre afazeres domésticos. O levantamento revelou que,

nas famílias mais pobres, com rendimento familiar de até 1 salário mínimo per capita, o maior tempo obser-vado despendido pelas mulheres em atividades domés-ticas ocorre nas famílias formadas por casal com �ilhos menores de 14 anos (33,2 horas semanais). No caso das famílias com rendimento familiar per capita acima de 3 salários mínimos, a jornada é mais intensa para as mu-lheres em famílias formadas por casal com �ilhos maio-res de 14 anos (26,5 horas semanais).

O cuidado da população com afazeres domésticos au-mentou em todo no País, nos últimos anos. De acordo com a pesquisa, houve um aumento na proporção de pessoas que realizaram tarefas em casa, de 66,9% para 71,5%. Na análise do instituto, este resultado pode ser o re�lexo da ligeira queda no trabalho doméstico remu-nerado de 7,8% para 7,6%, e também na renda real das pessoas de R$ 858 para R$ 763, neste período.

Na sociedade urbana-industrial os velhos conceitos relativos à estrutura social não mais se aplicam, e as mulheres, segundo o modelo que lhes é proposto, são le-vadas a se dividirem entre duas atividades: de um lado, a direção da casa; de outro, a da mulher que trabalha. A situação da mulher na sociedade só mudará para me-lhor quando a família conseguir rede�inir suas funções e quando a economia doméstica invisível for tratada pu-blicamente no mesmo plano da produção de alimento, por exemplo, ou dos problemas de energia.

Reunião da Comissão de Consti tuição da Câmara de Vereadores de Tapejara -2006. Fonte. Revista Comunicação. Ano 3, nº28, outubro de 2006, pág 17.

Page 123: Mulheres Empreendedoras 11

123

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

1. História da Paróquia Nossa Senhora da Saúde. Tape-jara e outros. Pe. Valter Valentin Baggio. Tapejara, 25.11.1999.

2. Tapejara, sua História. Memória Arquitetônica Regio-nal. Monogra�ia Educação Artística, habilitação em desenho. BIANCHINI, Maristela, Universidade de Passo Fundo, 1991.

3. SPANHOL, Antônio Itamar. A Saga dos Imigrantes na Evolução e Estruturação para Emancipação do Mu-nicípio de Tapejara – 1910-1959. In: Sessão Solene da Câmara de Vereadores, Resgate Histórico do Desenvol-vimento do Município 2005, Tapejara, 2005. Comuni-cação em evento.

4. DEBELLA, Glória Col. A gênese da Colônia do Rio do Peixe: subsídios para geo-história territorial de Tape-jara 1900-1930. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, Instituto de Ciências Exatas e Geociências, Pós-graduação em Geogra�ia, 1996.

5. RIO GRANDE DO SUL. Assembléia Legislativa. Direto-ria dos Serviços legislativos. Serviço de Comunicação e Arquivo. Projeto de Lei 197/55. Processo n° 909. Porto Alegre, 22 jul. 1955.

6. BARBOSA, Dalcin, Fidélis, O Pe Narciso Zanatta e N. Sra. Consoladora. Porto Alegre: ESTF. 1986.

7. ANALISE EVOLUTIVA da INDÚSTRIA de Frigorí�icos de Produtos Suínos no Rio Grande do Sul do ano de 1950 até o ano de 2004: declínio ou simples concentração de mercado. Dissertação Departamento de administração, requisito obtenção titulo de mestre em administração. JUNIOR, de Barcellos, Soares, Antônio. Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2004. Disponível htp:// bdt.unisinos.br/td- busca/arquivo.php? codArquivos = 467. Visita 15 - 05 – 2010.

8. SPANHOL. Antonio Itamar. Evolução do desenvolvi-mento local e política de incentivos: protagonistas, normas, instrumentos, programas, fundos e bene�iciá-rios -1956-2007. Manuscrito.

9. PANISSON, Eliane. Na busca do caráter: o caso da Igre-ja Matriz de Tapejara. Rs. in X ENCONTRO DE HISTÓ-RIA E TEORIA DE ARQUITETURA - RS, 2006. Cidades Gaúchas: Transformações e Permanências, 2006.

10. STAVENHAGEN, Rodolfo. A Mulher invisível. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, v.8, n° 9, p. 4-9 set. 1980.

11. ATAS do Hospital Santo Antônio de Tapejara, 1937 a 1991.

12. ANAIS da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Passo Fundo 1940.

13. BAUERMANN, Adolfo, Diter. A nossa árvore genealó-gica (onze gerações) 1623 – 2003. p. 59 – 102. Manus-crito.

14. CANALI, Kafer, Irma. Histórico do município de Ta-pejara, Senhor dos Caminhos, órgão de divulgação do Lions clube de Tapejara, edição comemorativa junho de 1974.

15. MICELI, Sérgio. Intelectuais e classe dirigente no Bra-sil (1920- 1945). São Paulo: Difel 1979.

16. BAUERMANN, Lara. A participação das mulheres em novas formas de organização do trabalho no campo. Monogra�ia apresentada ao Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina, como re-quisito parcial para o titulo de Graduação em Ciências Sociais, Florianópolis, junho 2009.

17. DEBELLA, Glória, Col, MARCHORI, Inês, Neusa. Escola estadual de ensino fundamental Severino Dalzotto. Ta-pejara, Rs. 45 anos, 2007.

18. DAMETTO. André. Persona. Serenita Doring Muxfeldt. Anota! Tapejara, v. 2, n. 19, p.10, abr. 2009.

Fontes

Page 124: Mulheres Empreendedoras 11

124

Ediç

ão E

spec

ial •

Mai

o 20

11MU

LHERES

EMPR

EENDED

ORAS

Pesquisa e texto: Itamar Antonio Spanhol

Licenciatura em Filoso�ia, Bacharel em Direito.

Fotogra� as: Ana Luiza Ferreira Spanhol

Acadêmica em Turismo – Pucrs

Revisão: Marivânia Picolotto - Acadêmica em Letras - UPF

Loreci Maria Biasi - Graduada em Letras, Especialista em Leitura Teoria e Prática e Mestre em Educação

Correção: Morgana Girardi - Acadêmica em Publicidade e Propaganda - UPF

Scanners: Vanderlei Nunes Garcia

Page 125: Mulheres Empreendedoras 11

Mulher,Ama, sonha, luta e conquista.São belezas únicas, cheias de mistérios e encantos.Mulheres devem ser lembradas, amadas e admiradas.

Às mulheresempreendedorasde Tapejara, nossa homenagem.

Parabenizamos as mulheres empreendedoras de Tapejara

Alegres, batalhadoras, � exíveis, amigas, generosas, mães, vaidosas, ousadas, companheiras, inspiradoras…Às vezes se calam. Às vezes falam demais.Choram quando estão tristes. E quando estão felizes também!Têm medo de barata, mas “matam um leão” por dia.Atraem com o olhar, cativam com o sorriso, conquistam com um abraço.Mulheres enigmáticas.

Mulheres emblemáticas.Mulheres que fazem a diferença. Mulheres com o coração maior que o mundo.Mulheres são muitas… Sem nunca deixar de ser únicas!Como costumamos dizer, não há mulheres comuns, mas sim homens que não conseguem ver além do que está aparente.Parabéns, mulheres, e nosso muito obrigado por existirem.

Mulheres…

Page 126: Mulheres Empreendedoras 11

Fone/Fax: (54) 3344.1175 Fone: (54) 3344.2225Rua do Comércio, 993 - Edifício Meridional - Centro - CEP 99950-000 - Tapejara - RS

Bel. Daniel De BastianiCRC-RS 76.612

[email protected]

Bel. Luis Gustavo De BastianiOAB/RS 51.736

[email protected]

Bel. Júlio De BastianiOAB/RS 13.673CRC-RS 15.662

[email protected]

Há 45 anos em Tapejara testemunhando o empreendedorismodas mulheres desta terra.

Elegantes e repletas de inteligência,Com paciência,O mundo soube conquistar.Mulheres duras, fracas.Mulheres de todas raçasMulheres guerreirasMulheres sem fronteiras

Parabéns mulheres empreendedoras de Tapejara!

Mulheres!

Parabéns à todas as

mulheres de Tapejara.

Às mulheres que lutaram

e às que lutam todos os

dias, mesmo que

anônimas, para melhorar

a vida em nosso

município.

Parabéns à todas as

mulheres de Tapejara.

Às mulheres que lutaram

e às que lutam todos os

dias, mesmo que

anônimas, para melhorar

a vida em nosso

município.

À todas nossa singela homenagem.À todas nossa singela homenagem.

Page 127: Mulheres Empreendedoras 11

ASSINELEIA ANUNCIE

Parabéns Mulheres Empreendedoras

Você faz a história.A Revista Comunicação escreve,conta e mostra pra todo mundo.

Page 128: Mulheres Empreendedoras 11