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UM ESTUDO ACERCA DO PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTOS EM BENS PRODUTIVOS E O DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA - ESTUDO CONCENTRADO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SEGMENTO DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO COM ESTRUTURA FAMILIARTRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ PÓS-GRADUAÇÃO
MBA – FINANÇAS EMPRESARIAIS E CONTROLE
VALDEILTON BANDEIRA DE SOUSA
UM ESTUDO ACERCA DO PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTOS EM BENS PRODUTIVOS E O DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA
- ESTUDO CONCENTRADO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SEGMENTO DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO COM ESTRUTURA FAMILIAR
SANTO ANDRÉ 2010
VALDEILTON BANDEIRA DE SOUSA
UM ESTUDO ACERCA DO PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTOS EM BENS PRODUTIVOS E O DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA
- ESTUDO CONCENTRADO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SEGMENTO DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO COM ESTRUTURA FAMILIAR
Monografia apresentada como exigência
parcial para obtenção do título de MBA em
Finanças Empresariais e Controle ao Centro
de Pós Graduação Pesquisa e Extensão do
Centro Universitário Fundação Santo André.
Professor Orientador:
MS. Walter Luiz Quaglio
SANTO ANDRÉ 2010
Sousa, Valdeilton Bandeira de Um Estudo Acerca do Processo de Decisão de Investimento em Bens Produtivos e o Dimensionamento dos Fluxos de Caixa- Estudo Concentrado em Empresa de Pequeno Porte do Segmento de Fundição de Alumínio com Estrutura Familiar./ Valdeilton Bandeira de Sousa - Santo André, 2009. – Quantidade de folhas f.77 Monografia – Centro Universitário Fundação Santo André.Pós graduação. MBA em Finanças Empresariais e Controle Orientador: Prof. MS. Walter Luiz Quaglio 1.Fluxo de Caixa 2.Investimentos I. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
PÓS-GRADUAÇÃO
MBA – FINANÇAS EMPRESARIAIS E CONTROLE
UM ESTUDO ACERCA DO PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTOS EM BENS PRODUTIVOS E O DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA
- ESTUDO CONCENTRADO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE DO SEGMENTO DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO COM
ESTRUTURA FAMILIAR
Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do titulo de MBA em
Finanças Empresariais e Controle ao Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e
Extensão do Centro Universitário Fundação Santo André.
Data: _____/_____/_____
______________________________
Aluno: Valdeilton Bandeira de Sousa
________________________________
Orientador: Prof. Ms. Walter Luiz Quaglio
_________________________________
Nota
__________________________________
Coordenador: Prof. Msc. Primo Falcini
DEDICATÓRIA
A meus colegas de curso que muito me
apoiaram e me ajudaram a crescer como
pessoa e também como profissional.
AGRADECIMENTOS
A Alexandra pela amizade e ajuda nos momentos de dúvida.
Aos mestres pelo empenho e dedicação em nos transmitir os conhecimentos que
adquirimos no curso.
Aos colegas do Centro Universitário Fundação Santo André.
Em especial ao Prof. Ms. Walter Luiz Quaglio, pela total colaboração na orientação
desta monografia.
EPÍGRAFE
“NOVA GESTÃO: O novo ambiente econômico e competitivo
que as empresas vivem demanda um novo
tipo de empresa, com executivos
preocupados com o crescimento, escala,
eficiência e geração de valor para os
acionistas.”
Aswath Damodaran
SOUSA,Valdeilton Bandeira de. Um Estudo Acerca do Processo de Decisão de
Investimentos em Bens Produtivos e o Dimensionamento dos Fluxos de Caixa-
Estudo Concentrado em Empresa de Pequeno Porte do Segmento de Fundição de
Alumínio com Estrutura Familiar, apresentado ao curso de MBA em Finanças
Empresariais e Controle do Centro Universitário Fundação Santo André.2009
RESUMO
Numa economia cada vez mais acirrada, as empresas precisam dispor de
instrumentos eficazes de controle econômico e financeiro que subsidiem as tomadas
de decisões.
O fluxo de caixa é um desses instrumentos que auxilia o administrador financeiro na
tomada de decisões, pois reflete e prevê o que ocorrerá com as finanças da
empresa em um determinado período.
Este trabalho tem por objetivo abordar a necessidade de um planejamento e controle
adequado do fluxo de caixa para uma melhor gestão dos recursos maximizando o
valor econômico da empresa.
Palavras Chave: Fluxo de Caixa, Investimentos
SOUSA, Valdeilton Bandeira. A Study About Decision-making for investments in
productive assets and the sizing of Cash Flows-Study Concentrate on Small
Businesses in the segment of Aluminum Casting with Family Structure, presented to
the MBA in Corporate Finance and Control University Center Foundation Holy
André.2009
ABSTRACT
In an increasingly fierce, companies must have effective tools for economic and
financial control which support the decision-making.
Cash flow is one of those tools that helps the financial manager in decision-making,
because it reflects and predicts what will happen to the company's finances in a
given period.
This paper aims to address the need for planning and proper management of cash
flow for better management of resources by maximizing the economic value of the
company.
Keywords: Cash Flow, Investments
LISTA DE SIGLAS CFC - Conselho Federal de Contabilidade CMPC – Custo Médio Ponderado de Capital DOAR - Demonstração das Origens e Aplicações DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa PL - Patrimônio Líquido
LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: COMPONENTES DO FLUXO DE CAIXA FIGURA 2: FLUXO DO PROCESSO PRODUTIVO FIGURA 3: INTERAÇÃO DOS PROCESSOS DO SISTEMA DE QUALIDADE FIGURA 4: ESTRUTURA DE MISSÃO E VALOR DA ALUMEC FIGURA 5: ORGANOGRAMA QUADRO 1: MÉTODO FLUXO DE CAIXA DIRETO QUADRO 2: MÉTODO FLUXO CAIXA DIRETO QUADRO 3: ALTERNATIVA DE INVESTIMENTO QUADRO 4: COMPOSIÇÃO DOS COLABORADORES QUADRO 5: RESULTADO SEM E COM O NOVO INVESTIMENTO QUADRO 6: FLUXOS DE CAIXA INCREMENTAIS
LISTA DE TABELAS TABELA 1: CÁLCULO DO PAYBACK DESCONTADO TABELA 2: CÁLCULO DO TIR TABELA 3: VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MÉTODOS TABELA 4: PROJEÇÃO DA ALUMEC ANTES DO INVESTIMENTO TABELA 5: AMORTIZAÇÃO DO INVESTIMENTO TABELA 6: PROJEÇÃO DA ALUMEC COM NOVO O INVESTIMENTO TABELA 7: PROJEÇÃO DOS FLUXOS INCREMENTAIS DA ALUMEC TABELA 8: PAYBACK DESCONTADO DA ALUMEC TABELA 9: CÁLCULO DO VPL DA ALUMEC TABELA 10: CÁLCULO DO VPL DA ALUMEC EM HP12C TABELA 11: CÁLCULO DA TIR DA ALUMEC TABELA 12: CÁLCULO DA VPL PELA TIR
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
1.1 Considerações Iniciais ................................................................................ 16
1.2 Objetivos e Justificativas do Trabalho ...................................................... 16
1.2.1 Objetivo Acadêmico ................................................................................. 16
1.2.2 Objetivo Profissional ................................................................................ 17
1.2.3 Relevância do Estudo .............................................................................. 17
1.3 Metodologias Aplicadas no Desenvolvimento do Trabalho .................... 17
1.3.1 Definição do Assunto ............................................................................... 17
1.3.2 Identificação da Situação Problema ....................................................... 18
1.3.3 Formulação da Hipótese .......................................................................... 18
1.3.4 Delimitação do Trabalho .......................................................................... 18
1.4 Estrutura do Trabalho ................................................................................. 18
2 FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO E CONTROLE ..... 20
2.1 Objetivo do Capítulo ................................................................................... 20
2.2 Aspectos Conceituais do Fluxo de Caixa ................................................. 20
2.3 Objetivos do Fluxo de Caixa....................................................................... 22
2.4 Aspectos Legais e Normativos do Fluxo de Caixa ................................... 22
2.5 Componentes do Fluxo de Caixa ............................................................... 23
2.6 Métodos do Fluxo de Caixa ........................................................................ 26
2.6.1 Método Direto ........................................................................................... 26
2.6.2 Método Indireto ......................................................................................... 29
2.7 Modelo Exemplificativo do Método do Fluxo de Caixa – Direto .............. 31
2.8 Modelo Exemplificativo do Método do Fluxo de Caixa – Indireto ........... 32
3 INVESTIMENTO EM BENS PATRIMONAIS – FATORES DE DECISÃO ....... 33
3.1 Objetivo do Capítulo ................................................................................... 33
3.2 Projeto de Viabilidade Econômica e Financeira ....................................... 33
3.2.1 Origens das Propostas de Investimentos .............................................. 34
3.3 Principais Métodos de Avaliação Econômica de Investimentos............. 35
3.3.1 Períodos de Payback .............................................................................. 36
3.3.1.1 Período de Payback Simples ...................................................................... 36
3.3.1.2 Período de Payback Descontado ............................................................... 38
3.3.2 Taxa Interna de Retorno ( TIR ) ............................................................... 40
3.3.3 Valor presente líquido ( VPL) ................................................................... 41
3.4 Tipos de Investimentos ............................................................................... 45
3.4.1 Investimentos economicamente independentes ................................... 46
3.4.2 Investimento com restrição orçamentária.............................................. 46
3.4.3 Investimentos economicamente dependentes ...................................... 47
3.4.4 Investimentos mutuamente excludentes................................................ 47
3.4.5 Investimentos com dependência estatística .......................................... 48
4 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE FUNDIÇÃO NO SEGMENTO DE ALUMÍNIO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE E ESTRUTURA FAMILIAR ..... 49
4.1 Objetivo do Capítulo ................................................................................... 49
4.2 Sistema Empresa......................................................................................... 49
4.3 Sistema Físico Operacional ........................................................................ 50
4.4 Política da Qualidade .................................................................................. 53
4.5 Missão e Valores da Alumec ...................................................................... 53
4.6 Organograma ............................................................................................... 54
5 CORRELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTO E DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA .................................................... 56
5.1 Objetivo do Capítulo ................................................................................... 56
5.2 Fluxo de Caixa Incrementais ...................................................................... 56
5.2.1 Desembolsos ou investimento inicial ..................................................... 57
5.2.2 Receitas operacionais .............................................................................. 58
5.2.3 Custos e despesas operacionais ............................................................... 59
5.2.4 Despesas não desembolsáveis e Imposto de Renda ............................... 59
5.2.5 Vendas de Ativos......................................................................................... 60
5.2.6 Sinergia de Projetos .................................................................................... 60
5.3 Mensuração do Fluxo de Caixa Incremental para as Decisões de Investimento ............................................................................................................ 61
5.4 Exemplificação de Projeção e Mensuração do Fluxo de Caixa para as Decisões de Investimentos .................................................................................... 65
CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
Numa economia cada vez mais acirrada as empresas precisam dispor de
instrumentos eficazes de controle econômico e financeiro que subsidiem as tomadas
de decisões.
O fluxo de caixa, como uma das ferramentas de gestão financeira, possibilita
conhecer o volume de recursos necessários para honrar os compromissos
societários, demonstrando as alocações de recursos nas diversas atividades que
compõem o sistema da entidade.
A idealização, construção e gestão do fluxo de caixa são essenciais para o
planejamento financeiro da empresa. Esta ferramenta quando bem utilizada poderá
auxiliar o administrador na tomada de decisão, tanto na manutenção das atividades
como em investimentos em novos projetos.
O presente trabalho aborda a necessidade de um planejamento e controle
adequado do fluxo de caixa para uma melhor gestão dos recursos, maximizando o
valor econômico da empresa.
1.2 Objetivos e Justificativas do Trabalho
1.2.1 Objetivo Acadêmico
A presente pesquisa está inserida no tema de “Planejamento e Controle
Orçamentário”, que tem por objetivo compreender os aspectos de se planejar e
controlar a gestão dos recursos de uma companhia com o intuito de maximizar seu
valor econômico.
17
A pesquisa apresenta correlação com as seguintes disciplinas do Curso de
MBA em Finanças Empresariais e Controle do Centro Universitário Fundação Santo
André:
a) Controle de Gestão
b) Gestão dos Recursos – Curto e Longo Prazo
1.2.2 Objetivo Profissional
Com a crescente profissionalização das empresas de pequeno porte, se faz
necessário a especialização dos profissionais que atuam neste segmento. Dentro
deste contexto o objetivo idealizado, quando da escolha do tema da pesquisa, é um
aprofundamento do conhecimento adquirido durante o curso para uma maior
projeção profissional na empresa de atuação.
1.2.3 Relevância do Estudo
A pesquisa contida no presente estudo é relevante por sua atualidade de
acordo com as últimas alterações das normas contábeis e por não haver na
empresa foco deste estudo a utilização deste instrumento de grande importância
para a gestão e controle de seus recursos operacionais.
1.3 Metodologias Aplicadas no Desenvolvimento do Trabalho
Este estudo trata de um trabalho de abordagem dedutiva utilizando-se do
método histórico que utilizará a técnica documental para captação de informações e
teorias já existentes.
1.3.1 Definição do Assunto
O assunto trata de um processo de decisão de investimentos de bens
produtivos e o dimensionamento do fluxo de caixa para esta decisão através do
18
estudo de sua correlação com enfoque em uma empresa de fundição de alumínio de
pequeno porte.
1.3.2 Identificação da Situação Problema
Existe uma correlação entre o processo de tomada de decisões em
investimentos de bens produtivos e o dimensionamento do fluxo de caixa?
1.3.3 Formulação da Hipótese
As empresas de pequeno e médio porte, muitas vezes, são caracterizadas
pelo exercício funcional dos seus principais responsáveis, cabendo-lhes o sucesso
ou ônus da empresa sob as óticas econômicas e financeiras.
Neste sentido, como apoio aos responsáveis pela empresa no exercício das
melhores práticas e decisões, é que encontramos a ferramenta denominada fluxo de
caixa que demonstra de forma prática e objetiva a obtenção e utilização dos
recursos, visando a maximização do valor da empresa.
1.3.4 Delimitação do Trabalho
O presente trabalho utilizará como estudo de caso uma empresa do segmento
de fundição de peças em alumínio, de gestão familiar, localizada no município de
Diadema.
1.4 Estrutura do Trabalho
O trabalho é composto de 5 partes:
Capítulo 1: Neste encontramos a introdução à pesquisa, fazendo uma abordagem
geral e as linhas de metodologia da pesquisa.
19
Capítulo 2: Neste capítulo encontramos os aspectos conceituais sobre fluxo de
caixa, mostrando através de pesquisa bibliográficas os modelos de fluxo de caixa e
seus aspectos legais.
Capítulo 3: Este capítulo dedica-se ao estudo dos tipos de investimentos e seus
principais métodos de avaliação.
Capítulo 4: Neste capítulo demonstra-se a caracterização da atividade da fundição
de alumínio.
Capítulo 5: Neste capítulo apresenta-se a correlação entre o processo de decisão e
o dimensionamento do fluxo de caixa com a exemplificação de projeção e
mensuração de fluxo de caixa.
20
2 FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO E CONTROLE
2.1 Objetivo do Capítulo
Este capítulo tem por objetivo com base em pesquisa bibliográfica apresentar os
principais conceitos sobre fluxo de caixa e os métodos existentes para sua
construção.
2.2 Aspectos Conceituais do Fluxo de Caixa
Podemos definir Fluxo de Caixa como as entradas e saídas de caixa em
determinado período, além do equivalente de caixa.
Entendemos como equivalente de caixa as aplicações financeiras de curto
prazo de alta liquidez, os saldos em bancos e valores disponíveis no caixa da
entidade.
Segundo Silva (2004), o fluxo de caixa pode ser considerado por alguns
analistas como um dos principais instrumentos de análise, propiciando-lhes
identificar o processo de circulação do dinheiro.
A análise do fluxo de caixa examina a origem e a aplicação do dinheiro que
transitou pela empresa.
De acordo com Matarazzo (2003, p.309),
O fluxo de caixa de uma empresa não depende exclusivamente do
administrador financeiro, pois decorre de múltiplas decisões (de diferentes
áreas), como nível de estocagem, prazos concedidos aos clientes, prazos
obtidos de fornecedores, expansão, estabilização ou redução do volume de
atividades, investimentos no ativo permanente, bem como as possibilidades
de aportes de capital.
21
Segundo Falcini (1995), cash flow, ou fluxo de caixa é utilizado para
referenciar cifras de diferentes origens e ajustes, na tentativa de localizar um lucro
real e economicamente adequado para a estimativa do valor econômico das
empresas.
De acordo com Zdanowics (2000 p, 33), o fluxo de caixa é o instrumento que
demonstra as operações financeiras que são realizadas pela empresa, o que
permite uma melhor análise e decisão quanto à aplicação dos recursos disponíveis.
Definir fluxo de caixa parece ser uma tarefa razoavelmente fácil, entretanto
os profissionais de contabilidade têm desenvolvido numerosos métodos para
descrever o procedimento.
Diante de tantas definições pode-se conceituar fluxo de caixa como um
controle financeiro gerencial com a finalidade de auxiliar no processo decisório
buscando atingir metas que maximizem o valor econômico da empresa.
Desta forma, a Demonstração de Fluxo de Caixa visa mostrar o confronto
entre as entradas e saídas de caixa, fornecendo uma visão das atividades
desenvolvidas sob a ótica financeira.
Assim as empresas devem elaborar demonstrações de fluxo de caixa de
acordo com os requisitos e apresentá-los como parte integrante das demonstrações
contábeis divulgadas no final de cada período.
As informações de fluxo de caixa são utilizadas como indicador de valor da
empresa dos fluxos de caixa futuro.
22
2.3 Objetivos do Fluxo de Caixa
O objetivo básico da função financeira é prover a empresa de recursos caixa
suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos e promover a
maximização da riqueza dos acionistas.
É neste contexto que se destaca o fluxo de caixa como um instrumento que
possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros da empresa,
tornando-se indispensável no processo de tomada de decisões financeiras.
As informações sobre os fluxos de caixa de uma empresa são uteis para
proporcionar aos usuários das demonstrações financeiras uma base para avaliar a
capacidade da empresa em gerar caixa e as necessidades da empresa para utilizar
esses fluxos.
A DFC (Demonstração de Fluxo de Caixa) propicia aos analistas financeiros
bem como a outros usuários uma fonte segura para entendimento da forma com que
a empresa gerou e utilizou os recursos financeiros.
É também informação básica dessa demonstração as evidências da
capacidade de gerar recursos e expandir o nível de investimento, sempre
considerando que as dívidas estarão suficientemente amortizadas, tanto no curto
como no longo prazo.
2.4 Aspectos Legais e Normativos do Fluxo de Caixa
A DFC no plano internacional foi normatizada pelo pronunciamento do
Financial Accounting Standards Board (Fasb), pelo boletim n.95, que instituiu o fluxo
de caixa em substituição à Demonstração de Origem e Aplicação dos recursos
(Doar), datado de novembro de 1987, sendo colocado em vigor a partir de junho de
1988.
23
O Brasil passou a utilizar de forma não obrigatória, mas até mesmo por
aconselhamento da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), a partir de 1992, com
a revisão da Norma Internacional de Contabilidade-NIC, que recebia a denominação,
até então, de Demonstração das Mutações na Posição Financeira, que fora
aprovada em junho de 1977.
Com a alteração da Lei n.6404 de 1976 promulgada pela Lei n.11638 de
2007, que trata da divulgação das demonstrações Financeiras, a DFC passou a ser
obrigatória a todas as empresas de capital aberto ou fechado com patrimônio liquido
(PL) superior a R$2.000.000,00 (dois milhões de reais), estando dispensada a sua
elaboração por empresas com PL inferior.
A Deliberação CVM 547/2008 aprovou o Pronunciamento Técnico CPC1 03
que trata a DFC.
De acordo com a Resolução 1.125/2008 do Conselho Federal de
Contabilidade, as informações do fluxo de caixa são úteis para proporcionar aos
usuários das demonstrações contábeis uma boa base para avaliação da capacidade
de uma companhia gerar caixa.
Conforme o CFC2 n.1.125, as empresas devem elaborar a DFC de acordo
com os requisitos da norma e apresentar como parte integrante das demonstrações
contábeis divulgadas ao final de cada período.
2.5 Componentes do Fluxo de Caixa
Os fluxos de caixa das empresas podem ser divididos em (1) fluxos
operacional, (2) fluxos de investimento e (3) fluxos de financiamento.
De acordo com Gittman(2004) entende-se como fluxo operacional todas as
entradas e saídas que são diretamente associados à venda e produção de bens e
serviços pela empresa. Os fluxos de investimento são os fluxos associados à 1 CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis 2 Resolução do Conselho Federal de Contabilidade
24
compra e a venda de ativos imobilizados e participações em outras empresas. Os
fluxos de financiamento resultam em operações de captação de recursos de
terceiros e a capital próprio.
O CFC n.1125 descreve e classifica as Atividades Operacionais, Atividades
de Investimento e Atividade de Financiamento como segue:
1 Atividades Operacionais: São as principais atividades geradoras de receita
das entidades e outras atividades diferentes das de investimento e
financiamento. Exemplo:
a) Recebimento de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de
serviços;
b) Recebimento de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e
outras receitas;
c) Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;
d) Pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados.
2 Atividades de Investimento: são as referentes à aquisição e a venda de
ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos
equivalentes de caixa. Exemplos:
a) Pagamento de caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangível e
outros ativos de longo prazo;
b) Recebimento de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado,
intangível e outros ativos de longo prazo;
c) Pagamentos para aquisição de ações ou instrumentos de dívida de outras
entidades e participações societárias em joint venture ( exceto
desembolsos referentes a títulos considerados como equivalentes de
caixa ou mantidos para negociação imediata ou venda futura);
d) Recebimentos de caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos
de dividas de outras entidades e participações societárias em joint venture
(exceto recebimentos referentes aos títulos considerados Omo equivalente
de caixa e os mantidos para negociação).
25
3 Atividades de Financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no
tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da
entidade, não classificadas como atividade operacional. Exemplos:
a) Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos
patrimoniais;
b) Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da
entidade;
c) Amortização de empréstimo e financiamento, incluindo debêntures
emitidas, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;
d) Pagamento de caixa por arrendatário, para redução do passivo relativo a
arrendamento mercantil financeiro.
De maneira sintetizada a DFC busca demonstrar as entradas e saídas de
caixa em determinado período.
A figura 1 classifica as entradas (fontes) e saídas (aplicações) básicas de
caixa.
26
Figura 1: Componentes do Fluxo de Caixa
Fonte: Gitman (2004, p.87)
2.6 Métodos do Fluxo de Caixa
2.6.1 Método Direto
O método direto caracteriza-se por apresentar os componentes dos fluxos por
seus valores brutos dos recebimentos e pagamentos.
27
De acordo com Marion3 apud Jaime (2008), o método direto é o verdadeiro
fluxo de caixa, porque são demonstrados todos os pagamentos e recebimentos que
concorreram para a variação de disponibilidade no período.
Este método demonstra os pagamentos e recebimentos decorrentes das
atividades operacionais da empresa ao invés do lucro líquido ajustado. Demonstra
efetivamente as movimentações dos recursos financeiros no período.
Estrutura do Método Direto (Baseado no FASB 95)
1- Fluxo de Caixa das atividades operacionais Recebimento de clientes
Dividendos recebidos
Juros Recebidos
Recebimentos por reembolsos de seguros
Recebimentos de lucros de subsidiárias
Pagamentos a fornecedores
Pagamentos de salários e encargos
Imposto de Renda
Juros Pagos
Outros recebimentos ou pagamentos líquidos
Caixa líquido das atividades operacionais
2- Fluxo das atividades de investimento Alienação do imobilizado
Alienação de investimentos
Aquisição de imobilizado
Aquisição de investimentos
Caixa líquido das atividades de investimento
3- Fluxo das atividades de financiamentos Integralização de capital
3 MARION,J.C & ASSAF Neto,A. Administração Financeira,as finanças das empresas sob condições inflacionarias.São Paulo, Atlas 2002
28
Juros recebidos de empréstimos
Aumento de capital social
Pagamento de leasing (principal)
Pagamento de lucros e dividendos
Juros pagos por empréstimos
Pagamento de empréstimos e debêntures
Caixa líquido das atividades de financiamentos
Aumento ou redução do capital
Saldo de Caixa – Inicial
Saldo de Caixa – Final
Conciliação do Resultado líquido com o caixa líquido das atividades operacionais.
Resultado liquido
(+) Ajuste que não representa entrada ou saída de caixa
(+) Depreciação ou amortização
(+) Provisão para devedores duvidosos
(±) Resultado na venda de imobilizado
(±) Aumento ou diminuição das contas a receber
(±) Aumento dou diminuição dos estoques
(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas
(±) Aumento ou diminuição dos passivos
(±) Aumento dou diminuição de outros ajustes
(=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais
Segundo Azevedo & Alves (2003, p.15), ao realizarmos a elaboração do fluxo
de caixa pelo método direto estaremos convertendo os dados do Balanço
Patrimonial e da DRE, apresentados pelo regime de competência para o regime de
caixa, que é a essência da DFC.
29
2.6.2 Método Indireto
O método indireto apresenta o fluxo de caixa das atividades operacionais de
forma indireta, realizando ajustes ao lucro líquido do exercício.
É semelhante ao DOAR principalmente pela sua parte inicial, exigindo do
usuário um bom conhecimento de contabilidade.
De acordo com o CFC n.1125, no método indireto os fluxos de caixa líquido
das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro líquido ou prejuízo
quanto aos efeitos de:
a) Mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a
receber e a pagar;
b) Itens que não afetam o caixa, como depreciações, provisões, impostos
diferidos, variações cambiais não realizadas, resultado de equivalência
patrimonial em investimentos e participações de minoritários quando
aplicável; e
Todos outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa
decorrentes das atividades de financiamento e investimento.
Estrutura do Método Indireto (baseado no FASB 95)
1- Fluxo das Atividades Operacionais
Resultado Líquido
(±) Ajustes que não representam a entrada ou saída de caixa
(+) Depreciação ou amortização
(+) Provisão para devedores duvidosos
(±) Resultado da venda de imobilizado
(±) Aumento ou diminuição de contas a receber
(±) Aumento ou diminuição de estoques
(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas
(±) Aumento ou diminuição de passivos
(±) Aumento ou diminuição de outros passivos
(=) Caixa líquido das atividades operacionais
30
2- Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento (+) Alienação de imobilizado
(+) Alienação de investimentos
(-) Aquisição de imobilizado
(-) Aquisição de investimentos
(=) Caixa líquido das atividades de investimento
3- Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamentos
(+) Integralização de capital
(+) Juros recebidos de empréstimos
(+) Empréstimos tomados
(+) Aumento de capital social
(-) Pagamento de leasing (principal)
(-) Pagamento de juros e dividendos
(-) Juros pagos por empréstimos
(-) Pagamentos de empréstimos debêntures
(=) Caixa líquido das atividades de financiamentos
O DFC montado pelo método indireto é de mais fácil compreensão para quem
já conhece a DOAR, entretanto o método direto é de mais fácil entendimento para
aqueles que não conhecem a DOAR.
31
2.7 Modelo Exemplificativo do Método do Fluxo de Caixa – Direto
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa R$ Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais: Recebimento de Vendas (+) Recebimento de Juros de clientes (+) Recebimento de Duplicatas Descontadas (+) Pagamentos de impostos s/ vendas (-) Pagamentos a fornecedores (-) Pagamentos a empregados (-) Pagamento despesas antecipadas (-) Pagamento de juros (-) Pagamento de impostos s/lucro (-)
66.523,00
450,00 7.500,00
(2, 024,00) (15.000,00) (31.500,00)
(3.900,00) (1.500,00) (3.000,00)
Caixa Líquido das Atividades Operacionais (+/-) 17.549,00 Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento: Vendas de Imobilizado (+) Aquisição de Imobilizado (-) Aquisição de Outras Empresas (-)
22.500,00
(30.000,00) -
Caixa Líquido das Atividades de Investimentos (+/-) (7.500,00) Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento: Pagamento de juros e amortização (-) Pagamentos de dividendos (-) Contratação de novos financiamentos (+) Integralização de Capital (+)
(2.250,00) 15.000,00 15.000,00
Caixa Líquido das atividades de Financiamento (+/-) 27.750,00 Aumento/Diminuição do Caixa e Equivalente de Caixa Caixa/Equivalente de Caixa – início de ano Caixa/Equivalente de Caixa – final de ano
8.400,00
46.199,00
Quadro1: Método Fluxo de Caixa Direto
Fonte: Modelo adaptado de Alves & Azevedo (2003, p.23)
32
2.8 Modelo Exemplificativo do Método do Fluxo de Caixa – Indireto
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa R$ Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais: Lucro Líquido Depreciações e amortizações (+) Resultado na venda do ativo permanente (-) Lucro Ajustado Aumento de Duplicatas a receber (-) Aumento de duplicatas descontadas (+) Aumento dos estoques (-) Aumento de Despesas Pagas antecipadamente (-) Aumento de Fornecedores (+) Aumento Imposto s/ vendas a pagar (+) Diminuição de tributos a pagar (-) Diminuição de Salários a Pagar (-)
22.250,00 2.250,00
(4.500,00) 3.600,00
(15.000,00) 8.250,00
(4.500,00) (3.000,00) 19.500,00
249,00 (1.050,00)
(10.500,00) Fluxo de Caixa das Atividades operacionais (+/-) 17.549,00 Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento: Vendas de Imobilizado (+) Aplicação em Ativo Permanente (-)
22.500,00
(30.000,00) Fluxo de Caixa líquido das Atividades e Investimentos (+/-) (7.500,00) Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento: Empréstimos e Financiamentos obtidos (+) Distribuição de Dividendos (-) Aumento de Capital em Dinheiro (+)
15.000,00 (2.250,00) 15.000,00
Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento (+/-) 27.750,00 Aumento/Diminuição do Caixa e Equivalente de Caixa Caixa/Equivalente de Caixa – início de ano Caixa/Equivalente de Caixa – final de ano
8.400,00
46.199,00 Quadro 2: Método Fluxo de Caixa Indireto
Fonte: Modelo adaptado de Alves & Azevedo (2003, p.23)
33
3 INVESTIMENTO EM BENS PATRIMONAIS – FATORES DE DECISÃO
3.1 Objetivo do Capítulo
Este capítulo tem por objetivo demonstrar os tipos de investimentos e seus
métodos de avaliação.
3.2 Projeto de Viabilidade Econômica e Financeira De acordo com Assaf (2007, p.342), as decisões de investimento de capital
são amplas e complexas e envolvem inúmeros métodos e critérios de análises.
O investimento é um fator de alta relevância no processo de tomada de
decisões empresariais. Com certa freqüência, objetivos estratégicos apresentam-se
como fatores de decisão relevante na escolha de projetos de investimentos.
Em determinado instante uma empresa pode ser vista como um conjunto de
projetos de investimentos em diferentes momentos de execução. Seu objetivo para
finanças corporativas ao avaliar as alternativas de investimentos é a maximização
dos recursos de capital, promovendo o incremento da riqueza líquida.
Todas as decisões de investimento envolvem a elaboração, avaliação e
seleção de propostas (projetos) de aplicação de capital efetuadas com o objetivo
normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos
proprietários de ativos.
Todo processo de avaliação e seleção de alternativas de investimento de
capital envolve alguns aspectos básicos de estudo:
a) dimensionamento do fluxo de caixa gerado por cada proposta de
investimento;
34
b) avaliação econômica destes fluxos de caixa tendo como base a aplicação de
técnicas de análise de investimentos;
c) definição da taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital e a
aplicação de critério de aceitação dos investimentos;
d) introdução do risco no processo de avaliação dos investimentos
3.2.1 Origens das Propostas de Investimentos
De acordo com Assaf (2007, p.318):
As propostas de investimentos de capital de uma empresa podem ser
enquadradas segundo suas diversas origens, isto é, de acordo com os
motivos internos que determinaram seus estudos. Apesar de as técnicas de
avaliação econômica assumirem consistência com as diferentes decisões
de investimentos, é interessante a identificação dos diferentes tipos de
investimentos que ocorrem no âmbito de uma empresa.
As propostas de investimentos podem ser classificadas em quatro principais
modalidades como segue:
a) Ampliação do volume de atividade: esta proposta de investimento é
comumente utilizada quando a capacidade de produção e venda de uma
empresa não for mais suficiente para atender a uma demanda atual ou
projetada de seus produtos. Normalmente as aplicações de capital nessa
situação são realizadas em aquisição de máquinas, equipamentos e
instalações, ou também na aquisição de outra empresa.
b) Reposição e modernização de ativos fixos: esta proposta de investimento
normalmente ocorre em empresas que já adquiriram um crescimento e
amadurecimento de suas atividades operacionais, demandando desta forma a
substituição de seus ativos fixos que se tornaram obsoletos ou desgastados
pela sua utilização.
É importante que seja realizada periodicamente a avaliação do estado físico
dos bens produtivos a fim de evitar-se transtornos no funcionamento normal
da atividade da empresa, como por exemplo, elevação nos níveis de rejeição
dos produtos fabricados, interrupções mais frequentes no processo produtivo,
35
além de onerar o lucro da empresa em decorrência do crescimento
desproporcional dos custos.
c) Arrendamento ou aquisição: esta proposta na verdade é um processo
comparativo, onde se confronta os desembolsos e os benefícios que
ocorrerão ao longo do tempo de uso dos ativos fixos.
d) Outras Origens: nesta categoria podem ser incluídas todas as modalidades
que não foram enquadradas nas classificações anteriores, principalmente as
decorrentes de serviços externos de assessoria, pesquisa e desenvolvimento,
publicidade etc. Esses investimentos visam a geração de benefícios futuros
provenientes de maior eficiência e controle das operações da empresa.
3.3 Principais Métodos de Avaliação Econômica de Investimentos De acordo com Damodaram (2008, p.9), se o objetivo principal das finanças
corporativas é a maximização do valor da empresa4·, o relacionamento entre as
decisões financeiras, a estratégia corporativa e o valor da empresa têm que ser
delineados.
O valor de uma empresa pode ser diretamente ligado às decisões relativas
aos projetos que ela empreende, como realiza o seu financiamento e sua política de
dividendos. A compreensão deste relacionamento é a chave para a tomada de
decisões que adicionam valor e reestruturação financeira sensata.
Existem muitos métodos de avaliação econômica de investimentos, entretanto
a avaliação não é um exercício objetivo, e quaisquer preconcepção e preconceito
que o analista trouxer para o processo serão incorporados ao valor.
De acordo com Padovezze (2007,p.465), todos os métodos para decisão de
investimento e mensuração do valor da empresa levam em consideração o valor a
ser investido ou atualmente investido, os fluxos futuros de benefícios, a quantidade
de tempo em que estes fluxos ocorrerão e o custo do dinheiro no tempo.
4 Grande parte da teoria financeira se baseia nessa premissa.
36
Os métodos para decisão de investimento partem da ideia de verificar a
viabilidade econômica de um investimento antes de sua implantação.
De acordo com Assaf (2007,p.343) os métodos quantitativos de análise
econômica de investimentos podem ser classificadas em dois grandes grupos: os
que não consideram o valor do dinheiro no tempo e os que consideram essa
variação por meio do critério do fluxo de caixa descontado. Em razão da importância
para as decisões de longo prazo, preferencialmente dá-se atenção para os métodos
que compõem o segundo grupo.
Em verdade, a avaliação de um ativo é estabelecida pelos benefícios futuros
de caixa trazidos a valor presente mediante uma taxa de desconto que reflete o risco
da decisão.
Entretanto é feita uma exceção ao método do tempo de retorno do
investimento (período de payback), o qual apesar de estar formalmente enquadrado
no primeiro grupo, tem uma grande importância decisória e permite, ainda, seu
cálculo em termos de valor atualizado.
3.3.1 Períodos de Payback
3.3.1.1 Período de Payback Simples
O período de payback de uma aplicação consiste na determinação do tempo
necessário para que o capital investido seja recuperado por meio dos fluxos de caixa
promovidos pelo investimento.
De acordo com Assaf (2007,p.343) normalmente são utilizadas duas
metodologias de cálculo do período de payback: médio e efetivo.Caso os fluxos de
caixa sejam iguais os dois critérios produzirão resultados idênticos.
O quadro a seguir ilustra duas alternativas de investimentos para serem
avaliadas por meio de payback.
37
FLUXOS DE CAIXA ALTER_ NATIVA
VALOR DO INVESTIMENTO
ANO 1
ANO 2
ANO 3
ANO 4
ANO 5
A - $ 300.000 $ 90.000 $ 50.000 $ 60.000 $ 50.000 $250.000
B - $ 300.000 $ 100.000 $ 100.000 $ 100.000 $100.000 $300.000
Quadro 3: Alternativa de Investimento
Fonte: Assaf (2007,p.343).
O tempo de retorno médio é baseado na relação existente entre o valor do
investimento e o valor médio dos fluxos esperados de caixa.
No exemplo acima para a alternativa A , o investimento é de $300.000 os
fluxos médios atingem $ 100.000, conseqüentemente o payback é de três anos
($300.000 /$100.000), ou seja, a empresa levará em média três anos para recuperar
o investimento efetuado .
Entretanto ao mensurarmos esse tempo de espera de retorno do investimento
em termos efetivos, chega-se a um resultado bem superior ao médio obtido.Dos $
300.000 que foram investidos, $ 90.000 são recuperados no primeiro ano, $140.000
no segundo ano (A1+A2), $ 200.000 no terceiro ano (A1+A2+A3), $ 250.000 no
quarto ano (A1+A2+A3+A4) e os $ 300.00 investidos serão recuperados no quinto
ano com a recuperação integral dos quatro primeiros fluxos de caixa e 20% do valor
esperado do último ano (20% x $300.000=$50.000), ou seja, o período de payback
efetivo da alternativa A alcança 4,2 anos.
Conforme descrito anteriormente quando os fluxos de caixa forem iguais os
períodos de payback, tanto médio como efetivo serão também iguais. No exemplo
acima , para a alternativa B, o tempo de recuperação do investimento (em termos
médio ou efetivo) é de três anos, ou seja, os três primeiros fluxos de caixa de $
100.000 serão suficientes para resgatar o investimento de $ 300.000.
De acordo com Assaf (2007,p.344), em termos de aceitação ou rejeição de
um determinado investimento, o período de payback obtido deve ser comparado
com o padrão-limite estabelecido pela empresa.
38
O período de payback é mais uma medida do indicador do nível de risco do
que propriamente de retorno de investimento, ou seja, quanto maior o prazo do
retorno evidentemente maior será o risco envolvido na decisão.
Um projeto de investimento com payback menor do que outro indica que ele
tem grau menor de risco.
Umas das maiores dificuldades do uso deste método como critério de decisão
a longo prazo consiste na definição do limite-padrão da empresa e sua associação
com seus objetivos de rentabilidade.
O período de payback é uma ferramenta auxiliar nas decisões financeiras de
longo prazo, sendo indispensável o uso simultâneo de outros métodos mais
sofisticados, evitando-se assim que a decisão de investimento seja baseada com
maior intensidade no período de payback.
As principais restrições normalmente imputadas ao método de payback são:
a) Ignora a magnitude dos fluxos de caixa e sua distribuição antes do período de
payback;
b) Ignora os fluxos de caixa depois do período de payback.
3.3.1.2 Período de Payback Descontado
Para se aprimorar o método do payback inclui-se o conceito do valor do
dinheiro no tempo, pois os investimentos gerarão benefícios que ocorrerão após
esse período e sem esta análise o administrador financeiro pode incorrer em
equívocos em sua aceitação por determinado investimento.
A análise é semelhante ao payback simples, só que baseada em valores
descontados, ou seja, a atualização por meio de uma taxa de desconto ( CMPC-
Custo Médio Ponderado de Capital ) que leve em consideração o valor do dinheiro
39
no tempo dos vários fluxos de caixa para o momento inicial e confrontar esse
resultado líquido com o valor do investimento.
A tabela a seguir ilustra o cálculo do payback descontado.
Cálculo do payback descontado ( em R$)
FCL
Original
FCL
Descontado
FCL
Acumulado
Ano 0 (150.000 ) (150.000) (150.000)
Ano 1 56.400 47.797 (102.203)
Ano 2 56.400 40.506 (61.698)
Ano 3 56.400 34.327 (27.371)
Ano 4 56.400 29.090 1.719
Ano 5 56.400 24.653 26.372
CMPC 18%
O payback descontado está entre o terceiro e o quarto ano.
R$ Tempo(ano)
A ser recuperado 27.371 X
Recuperado no terceiro ano 29.090 1
Usando regra de três, temos: 27.371 = x Logo 29.090x=23.371, então x=0,94 anos.
29.090 1
Temos: 0,94x12 = 11,3 meses
0,30x30= 9 dias
Logo: 3 anos,11 meses e 9 dias
FCL descontado = FCL/(1+i)n
Tabela 1 : Calculo Payback descontado
Fonte: Hong Yuh (2007,p.255)
De acordo com Assaf (2007,p.347) mesmo utilizando o conceito de fluxo de
caixa descontado, o método de payback não considera os resultados de caixa que
ocorrem após o período de payback, ou seja, ele não considera o fluxo de caixa
total, por isso é inferior aos métodos de taxa interna de retorno ( TIR ) e do valor
presente líquido (VPL), que consideram o fluxo de caixa total.
40
3.3.2 Taxa Interna de Retorno ( TIR ) Este método é um dos mais sofisticados para quem deseja avaliar propostas
de investimento de capital. Para uma avaliação de proposta de investimento, o
calculo do TIR requer basicamente o conhecimento dos montantes de dispêndio de
capital e dos fluxos de caixa líquidos incrementais gerados pela decisão.
A TIR representa a taxa de desconto que iguala, em um único momento, os
fluxos de entrada com os de saída, ou seja, é a taxa que produz um VPL igual a
zero.
De acordo com Padoveze (2007,p.467), a TIR encontrada para o projeto deve
ser comparada com o custo de capital da empresa. A fórmula da taxa interna de
retorno é a seguinte:
=� � 11 + 1 +
� � 21 + 2 + …… . . +
� � ( )1 +
onde:
Io= montante do investimento no momento zero ( inicio projeto)
FC= Fluxos de Caixa Livre dos períodos 1 a n
i= taxa de desconto que iguala o VPL a zero, isto é a TIR
n= período
Por exemplo, suponha-se que , de um investimento de $ 150.000 sejam
esperados fluxos de caixa de $ 56.400, respectivamente, e a taxa anual de juros que
iguala o investimento ao fluxo futuro descontado é de 18% a.a (CMPC).O projeto
será aprovado caso o TIR seja maior ou igual à taxa de desconto e reprovado caso
seja menor.
Para uma melhor compreensão a tabela a seguir mostra o cálculo do TIR em
uma calculadora financeira:
41
CALCULO DA TIR ( R$ )
150.000 CHS G CF0 (valor de i)
56.400 G CFj (valor de CFL)
5 G Nj (número de FCL)
G IRR* =25,5%(=TIR)
Como TIR > 18% o projeto deve ser aceito.
*IRR = TIR ( taxa interna de retorno)
Tabela 2: Calculo TIR
Fonte: Hong (2007,p.258)
De acordo com Hong (2007,p.258),
· o método da TIR também pode ser aplicado na comparação de
vários projetos quando são considerados investimentos
mutuamente excludentes. Nesse caso você deveria optar pelo
projeto de maior TIR.
· Ao examinarmos um projeto independente, devemos aprová-lo se
ele apresentar uma TIR maior ou igual que o custo de capital. A
única restrição será de ordem orçamentária. Caso a empresa não
tenha recursos para implementar todos os projetos, a preferência
será dada para os que tiverem maior TIR.
· No caso de projetos dependentes, teremos que calcular a TIR dos
demais projetos e no conjunto a TIR terá de ser maior ou igual ao
custo de capital.
3.3.3 Valor presente líquido ( VPL)
O método do valor presente líquido ( VPL) é uma técnica sofisticada de
análise de orçamentos de capital, obtida subtraindo-se o investimento inicial do
projeto do valor presente das entradas de caixa descontadas a uma taxa igual ao
custo de capital da empresa.
De acordo com Hong (2007,p.256), este método é considerado o mais
apropriado não somente por trabalhar com fluxo de caixa descontado, mas também
porque seu resultado, sendo em espécie, revela a riqueza absoluta do investimento.
42
Segundo Assaf (2007,p.358), o VPL não apura diretamente a rentabilidade do
projeto; aos descontar todos os fluxos de entradas e saídas de caixa de um
investimento por uma taxa de desconto mínima aceitável pela empresa, o VPL
expressa em última análise seu resultado econômico ( riqueza ) atualizado.
A fórmula a seguir mostra o cálculo do valor presente líquido:
� � =� � 11 + 1 +
� � 21 + 2 + …… . . +
� � ( )1 + − (0 )
onde: I0 = investimento inicial
FCL = Fluxo de caixa livre
i= taxa de desconto mínima aceitável ( CMPC )
n= período
Para ilustrar, suponha que uma empresa esteja avaliando um investimento no
valor de $ 30.000,00 , do qual se esperam benefícios anuais de caixa de $ 10.000 no
primeiro ano, $ 15.000 no segundo ano, $ 20.000 no terceiro ano e $ 10.000 no
quarto ano.
Admitindo que a empresa tenha definido em 20%a.a sua taxa de retorno
exigida e que o investimento seja desembolsado integralmente no momento inicial,
há o seguinte VPL:
� � � =10.000
1,20 + 15.0001,20 2 +
20.0001,20 3 +
10.0001,20 4 − 30.000
VPL = [8.333,33 + 10.416,67+11.574,07 + 4.822,53 ] – 30.000
VPL = $5.146,60
Observe que mesmo descontados os vários fluxos de caixa pela taxa anual
de 20%, conforme exigido pela empresa, o VPL é superior a zero, demonstrando
43
que o investimento oferece rentabilidade superior a mínima aceitável. Nesta situação
de geração de riqueza líquida positiva a decisão agrega valor econômico à empresa.
De acordo com Assaf (2007,p.359), da mesma maneira do método da TIR, o
VPL pressupõe implicitamente que seus fluxos intermediários de caixa devem ser
reinvestidos à taxa de desconto utiliza na avaliação do investimento, entretanto por
trabalhar com uma taxa de retorno definida pela empresa, o método nesse aspecto é
menos questionável que o anterior, em que a taxa de reinvestimento é a própria TIR
calculada do projeto e não a taxa de desconto mínima aceitável da decisão de
investimento.
Seguindo o exemplo ilustrativo em consideração, se a taxa de retorno
requerida para o investimento for de 20% ao ano, a riqueza líquida gerada pelo
investimento atinge $ 5.146,60, ou seja:
� � � =10.000
1,20 + 15.0001,20 2 +
20.0001,20 3 +
10.0001,20 4 − 30.000
VPL = $5.146,60
Esse resultado revela que o valor do projeto é $ 5.146,60 maior que o
montante despendido em sua implementação o que representa o valor econômico
gerado. No entanto o VPL calculado somente se realiza se a empresa for capaz de
reinvestir seus fluxos intermediários de caixa a taxa de retorno requerida de 20%
a.a. Essa colocação pode ser demonstrada por meio dos seguintes cálculos:
· Montante acumulado pelo reinvestimento dos fluxos de caixa:
FV4= 10.000 x(1,20)3+15.000 x(1,20)2 + 20.000 x (1,20) + 10.000
FV4= 72.880
· Cálculo no NPV de R$72.880 com base em FV4:
� � � = 72.8801,20 4 − 30.000
VPL = $5.146,60
44
Qualquer outra taxa de reaplicação produzirá um resultado presente líquido
diferente.
Diante dos métodos apresentados nos perguntamos qual o melhor a ser
utilizado?
O VPL e a TIR são superiores em função de considerarem o custo do dinheiro
no tempo e a lucratividade dos projetos.
A vantagem do VPL é a simplicidade na obtenção dos resultados, entretanto a
TIR por outro lado produz resultados em termos de porcentagem e esse resultado
deve ser comparado ao custo médio ponderado de capital da empresa antes de
tomar qualquer decisão sobre os projetos apresentados.
De acordo com o TIR os excedentes de caixa serão reinvestidos a uma taxa
de desconto igual à taxa de retorno, por sua vez o VPL prevê que eles serão
reinvestidos a uma taxa mínima aceitável de retorno, isto é ao custo de capital,
usada no desconto do fluxo de caixa.
Os resultados obtidos no período de payback tanto simples como descontado
devem ser utilizados como informações complementares evidenciando o risco do
negócio.
Para uma visão mais geral, a seguir uma tabela apresentando as principais
características dos métodos de análise de investimentos apresentadas:
45
Resumo dos métodos de análise de investimentos
Método Vantagens Desvantagens
Payback Simples
· Simplicidade
· Cálculo rápido
· Não considera os fluxos
de caixa após o período
de payback
· Não considera o custo
do dinheiro no tempo
Payback descontado
· Simplicidade
· Cálculo rápido
· Considera o custo do
dinheiro no tempo
· Não considera os fluxos
após o período de
payback
Valor Presente Líquido ( VPL)
· Considera o custo do
dinheiro no tempo
· Fornece a idéia de
riqueza absoluta
· Realista, uma vez que
considera que os fluxos
líquidos de caixa serão
reaplicados ao custo
médio de capital da
empresa.
Taxa Interna de Retorno
(TIR)
· Considera o custo do
dinheiro no tempo
· Limitações
matemáticas quando o
fluxo de caixa não é
convencional
· Não muito realista, pois
considera que os fluxos
líquidos de caixa serão
reaplicados a taxa
interna de retorno do
projeto.
Tabela 3 : Vantagens e Desvantagens dos métodos
Fonte: Hong (2007, p.259)
3.4 Tipos de Investimentos
Segundo Padovezze (2007,p.138)
46
As possibilidades de investimentos são infinitas e podem ocorrer de forma
ininterrupta e variada para as pessoas físicas dentro das empresas e
corporações. Podemos investir em ativos financeiros (títulos do
governo,títulos de renda fixa, ações de empresas, derivativos, mercado
futuro, etc.), em commodities (metais, produtos agropecuários, minerais,
etc.), no mercado imobiliário, em artes etc.
Mas o que nos interessa é o ambiente empresarial, no qual podemos
vislumbrar quatro grandes principais tipos de investimentos:
I Aquisição de uma empresa já existente
II Investimento em nova empresa
III Investimento da empresa em nova unidade de negócio ou novo
produto
IV Investimento da empresa em ativos específicos.
De acordo com Assaf (2007,p.320), os aspectos que envolvem os tipos de
investimento de uma empresa dizem respeito às diferentes situações com que se
podem defrontar no momento de tomarem suas decisões. Essas situações ocorrem
sempre que forem apresentadas à empresa uma gama maior de propostas do que
ela esta disposta (condições físicas ou orçamentárias) a aceitar, podendo-se criar
assim várias inter-relações entre as mesmas.
Os principais tipos de investimento com os quais uma empresa pode se
defrontar são os seguintes:
3.4.1 Investimentos economicamente independentes De acordo com Assaf (2007,p.320) entende-se como projeto de investimento
independente, quando a aceitação de um não implica a desconsideração dos
demais e, ao mesmo tempo, não ocorrerem interferências nas receitas e nos custos
da várias propostas em estudo quando se decidir por uma delas.
3.4.2 Investimento com restrição orçamentária
Muitas vezes, duas ou mais propostas de investimento independente não
podem ser simultaneamente implementadas pela empresa por causa de condições
47
de restrições orçamentárias ou, ainda, na situação dos custos de maiores captações
atingirem valores que não são compatíveis com os retornos produzidos pela
alocação desses recursos.
Nessas condições, ainda que vários investimentos sejam definidos como
independentes, a limitação orçamentária da empresa poderá inviabilizar a aceitação
de todos restringindo-se a decisão somente a um (ou alguns) deles.
3.4.3 Investimentos economicamente dependentes
Entende-se como investimento dependente, todo projeto que dependa de
outro para ser aceito.
De acordo com Assaf (2007,p.321), para que dois ou mais investimentos
sejam considerados economicamente dependentes, é necessário ocorrer uma das
seguintes situações:
a) a aceitação de um investimento exerce influência negativa sobre os
resultados líquidos dos demais, seja reduzindo as receitas ou elevando os
custos ou despesas. Nessa situação os investimentos são chamados de
substitutos;
b) a aceitação de um investimento exerce uma influência positiva sobre os
demais, seja pelo incremento das receitas ou decréscimo dos custos e
despesas. Neste caso os projetos são chamados complementares.
c) a aceitação de um investimento depende rigorosamente da implementação de
outro, seja essa dependência definida em termos tecnológicos ou
econômicos.
3.4.4 Investimentos mutuamente excludentes
Os investimentos mutuamente excludentes são os que possuem a mesma
função, desta forma a aceitação de um elimina a consideração de todas as outras
propostas em análise.
48
Por exemplo, visando modernizar determinada linha de produção uma
empresa possui duas propostas de aquisição de um novo equipamento de diferentes
fabricantes, diz-se que esse investimento é mutuamente excludente, pois , mesmo
que sejam economicamente atraentes a aceitação de um deles não deve ser
concretizada à medida que se decida pelo outro.
De acordo com Assaf (2007,p.321), os investimentos mutuamente
excludentes constituem-se em uma forma de dependência econômica extrema,
entretanto devido a sua importância para a análise de investimentos, optou-se por
descrevê-los a parte.
3.4.5 Investimentos com dependência estatística
Os investimentos com dependência estatística são aqueles que apresentam
variações conjuntas em seus resultados ao longo do tempo.
As elevações ou reduções nos benefícios de caixa de um investimento são
precedidos de variações nos benefícios de outros. Por exemplo, a produção de
carros de luxo e jóias estão classificadas originalmente como independentes
economicamente, entretanto o desempenho dessas duas alternativas está
associado ao mesmo evento externo (os dois negócios são dirigidos ao mesmo
segmento de mercado), desta forma são considerados como estatisticamente
dependentes.
49
4 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE FUNDIÇÃO NO SEGMENTO DE ALUMÍNIO EM EMPRESA DE PEQUENO PORTE E ESTRUTURA FAMILIAR
4.1 Objetivo do Capítulo
O objetivo deste capítulo é demonstrar a caracterização da atividade de
fundição de alumínio.
4.2 Sistema Empresa
A Alumec Ind. Com. Ltda. foi fundada em abril de 1988 por Orlando Tomaz e
sua esposa Neusa Maria Teixeira, com o objetivo de fornecer peças injetadas em
alumínio sob pressão. No inicio de suas atividades fornecia apenas peças pequenas
que eram produzidas em máquinas de pequeno porte.
Atualmente a empresa está capacitada a produzir peças desde 0,100kg até
5,0 kg atendendo a demanda de pequenas, médias e grandes empresas.
A empresa possui um sistema familiar de administração, onde os proprietários
são responsáveis pelas áreas de direção administrativa e industrial.
Sua estrutura administrativa e operacional é composta de 130 colaboradores
distribuídos da seguinte forma:
50
Setor Colaboradores
Departamento de Compras 01
Departamento Pessoal 02
Faturamento 01
Vendas 03
Financeiro 02
PCP 01
Qualidade 06
Laboratorio 01
Engenharia 01
Fundição 34
Manutenção 06
Acabamento 50
Usinagem 06
Ferramentaria 10
Expedição 04
Transporte 02
Quadro 4: Composição dos colaboradores
Fonte: Alumec
4.3 Sistema Físico Operacional
A empresa está situada na Av. Presidente Café Filho, 474- Jd. Casa Grande-
Diadema-SP, com uma estrutura física de 4.300 m².
Por estar localizada na região do ABCD, considerada o maior pólo
metalúrgico do país, berço das grandes montadoras de veículos e caminhões e
também de grandes fabricantes de autopeças possui uma logística privilegiada para
o escoamento de sua produção por estar próximo as rodovias Anchieta e Imigrantes
e também do Porto de Santos, por onde libera as exportações realizadas para a
Europa e Estados Unidos.
Atualmente a empresa conta com 17 máquinas injetoras, 2 fornos de
fusão, 1 equipamento de FDU5, 2 centros de usinagem, um laboratório de metrologia
5 FDU- Equipamento utilizado para purificação do Alumínio em estado líquido.
51
e espectrometria além de equipamentos utilizados para acabamento superficial das
peças.
Um dos diferenciais da empresa no seu mercado de atuação é seu corpo
técnico, composto de profissionais altamente qualificados e a rapidez na solução dos
problemas apresentados por seus clientes em virtude de sua estrutura.
O processo de produção da Alumec pode ser visualizado na seguinte figura:
Figura 2: Fluxo do Processo Produtivo
Fonte: Alumec
A Alumec está apta a fornecer peças, como fundição sob pressão e usinagem
em alumínio e zamak, utilizando equipamento sofisticado que assegura a qualidade
do processo, desde a matéria prima até o produto final. Conquistou então clientes de
diferentes segmentos entre automobilístico, eletromecânico, eletrodoméstico,
metalúrgico, ciclístico, informática, eletrônico e iluminação pública.
Seu departamento técnico preocupa-se em assessorar cada cliente, analisando
em conjunto cada caso específico, apresentando sugestões para viabilizar os
diversos projetos, com total segurança e confiabilidade na prestação de serviços.
Sua ferramentaria tem a responsabilidade da manutenção e construção de
moldes, orientação técnica no desenvolvimento e alteração de moldes e peças, além
do controle de qualidade específico desde o início da produção até o produto final.
52
Diretrizes e Profissionais Capacitados & Instalações, estrutura e equipamentos.
A Alumec é certificada ISO-9001:2008. A figura a seguir ilustra a interação entre
os processos do Sistema da Gestão da Qualidade.
Figura 3: Interação dos Processos do Sistema de Gestão de Qualidade Fonte: Alumec
Satisfação do Cliente
NECESSIDADES ENTENDIDAS E DESDOBRADAS
CONTRATO ANALISADO E ACEITO
PROGRAMAÇÃO ANALISADA E ACEITA COTAÇÃO/ PROPOSTA
ENVIADA NO PRAZO E
DE ACORDO COM OS
REQUISITOS
FATURAMENTO DE ACORDO COM CONDIÇÕES COMERCIAIS ACORDADAS
PRODUTO COM
QUALIDADE
ENTREGUE NA
QUANTIDADE E NO
PRAZO
RECLAMAÇÕES, SOLICITAÇÕES E DEVOLUÇÕES TRATADAS E COMUNICADAS.
DESENVOLVIMENTO
ADEQUADO E
VALIDADO
Necessidades (Entradas)
NECESSIDADES / EXPECTATIVAS CONTRATO/ PEDIDO APROVADO PROGRAMA SOLICITADO NECESSIDADES / REQUISITOS DE COTAÇÃO REQUISITOS DE FATURAMENTO, CONTRATO, ACORDAM DE PEÇAS. NECESSIDADE DE PRODUTO COM QUALIDADE, ENTREGUE NA QUANTIDADE E NO PRAZO. NECESSIDADE DE ANÁLISE E SUPORTE REQUISITOS TÉCNICOS DE APLICAÇÃO.
Gestor: Dir. Presidente.
Estratégia/
- Projeções econômicas financeiras curtas e longo
prazo disponibilizado - Capacidade de geração
de caixa monitorada
Gestor: Enc. de RH.
Gestão de R.H.
Gestor: Ger. Man.
Manutenção
Profissionais Capacitados
Gestor: Comprador (a)
COMPRAS
Gestor: Ger. Prod.
Operacional/
Ferramentaria
Gestor: Processista
Desenvolvimento
Gestor: Rep. De Vendas
Vendas Processos definidos
Especificações Controladas
- Previsão atualizada - Necessidades e
expectativas entendidas e comunicadas
Mater.. / Serv.no prazo Mater/ Serv. C/ qualidade
Progr. Prod. Atualizado
Nec. Produto / Serv. C/
qualidade e prazo
Tabela de Preços Atualizada
Analise de Mercado
Analise Critica de Venda
COP – Customer Oriented Process Interfaces do COP monitoradas pela Pesquisa de Satisfação do Cliente: Vendas / Desenvolvimento / Faturamento / Assistência Técnica
SOP – Support Oriented Process
MOP – Management Oriented Process
PROCESSO – Direção / SGQ / Recursos
PROCESSO – Compras e Recebimento
PROCESSO – Produção e Expedição
PROCESSO – Vendas e Desenvolvimento
PROCESSO – Direção / SGQ / Recursos
PROCESSO – Compras e Recebimento
PROCESSO – Vendas e Desenvolvimento PROCESSO – Produção e
Expedição
Entrada: Necessidades de Clientes / Requisitos solicitados e Estratégia da empresa relacionada ao seu propósito
ENTRADA: COTAÇÕES DE CLIENTES E ACORDOS TÉCNICOS COMERCIAS & ESPECIFICAÇÕES / DESENHOS DOS PRODUTOS.
Entrada: Necessidades de materiais e serviços solicitados conforme programações dos clientes.
Entrada: Programa solicitado, planejamento de máquina, prazo e quantia. & posição de estoque.
Saída: Diretrizes e Suporte c/ profissionais capacitados & instalações, estrutura e equipamentos.
Saída: Necessidades e expectativas atendidas, cotação analisada e proposta gerada. -Estabelecimento do SGQ e dos processos necessários para produção, controle e entrega.
Saída: Materiais / Serviços no prazo e quantidade & atendendo as especificações
Saída: Faturamento ao cliente dentro das características Técnicas especificadas, prazo e quantidade.
SGQ
Gestor; Ger Qualidade.
Analise Critica de Venda
53
4.4 Política da Qualidade A Alumec tem como objetivo satisfazer as necessidades e expectativas de
seus clientes.
A efetivação desta política é garantida pelo Sistema da Qualidade Alumec,
que permite a realização de seus objetivos:
Ø Compreender e atender aos requisitos de seus clientes;
Ø Promover a melhoria contínua da eficiência do Sistema de Gestão da
Qualidade;
Ø Desenvolver e capacitar seus colaboradores.
4.5 Missão e Valores da Alumec
Dentro de sua visão administrativa a Alumec possui sua missão e valores que
são os pilares de sua sustentabilidade, como pode ser demonstrado na figura a
seguir:
Figura 4: Estrutura de Missão e Valor da Alumec
TEC
NO
LOG
IA
RES
PON
SABI
LID
AD
E
CO
MPR
OM
ISSO
Excelência em qualidade de produtos
Adaptação a Mudanças
CO
NFI
ANÇ
A
54
Seu modelo de missão e valor é como uma casa, onde o teto representa sua
missão, cada pilar representa uma visão e sua base é a solidez necessária para se adaptar as constantes mudanças do mercado onde atua.
Confiança
· Comunicam os seus colaboradores de forma clara e de maneira mais abrangente possível todas as informações que julgarem importantes para o seu desenvolvimento.
· Trabalham com sugestões de todos os colaboradores da empresa e estão abertos a críticas construtivas e que possam gerar uma melhoria no desenvolvimento da empresa.
· Valorizam e reconhecem todo e qualquer desempenho dos funcionários. Responsabilidade
· Delegam e definem metas para que sejam alcançadas ambiciosamente. · Transmitem confiança para os colaboradores de maneira que eles
tenham voz ativa suficientemente à tomada de decisões de extrema importância.
· O ambiente atual da empresa é totalmente baseado em normas. · Buscam os melhores e mais capacitados profissionais do mercado
Tecnologia
· Buscam a melhor tecnologia atual para a fabricação de produtos com qualidade.
· Todas as máquinas em que trabalham atualmente são de origem internacional e de última geração a fim de atenderem todas as demandas de seus clientes, oferecendo produtos com alta qualidade.
Compromisso
· Tem como missão manterem todos os compromissos em dia, tanto com os clientes internos quanto com os clientes externos, buscando excelência em seu atendimento e em seus produtos.
4.6 Organograma
O Organograma demonstrado a seguir fornece uma visão global da estrutura
administrativa e operacional da empresa.
55
Figura 5: Organograma
Fonte: Alumec
56
5 CORRELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE DECISÃO DE INVESTIMENTO E DIMENSIONAMENTO DOS FLUXOS DE CAIXA
5.1 Objetivo do Capítulo Este capítulo pretende apresentar a correlação entre o processo de
decisão e o dimensionamento do fluxo de caixa com a exemplificação de projeção e
mensuração de fluxo de caixa.
5.2 Fluxo de Caixa Incrementais
O aspecto mais importante de uma decisão de investimento está concentrado
no dimensionamento dos fluxos previstos de caixa a serem produzidos pelas
propostas em análise. Em verdade, a confiabilidade sobre os resultados de
determinado investimento é em grande parte dependente do acerto de seus fluxos
de entrada e saída de caixa que foram projetados.
Em todo processo de decisão de investimento, é fundamental o
conhecimento não só de seus benefícios futuros esperados, expressos em termos
de fluxo de caixa, mas também de sua distribuição ao longo da vida prevista do
projeto. Por exemplo considerar unicamente que determinado investimento irá
proporcionar, ao longo de cinco anos, receitas liquidas de caixa no total de $ 9
milhões é insatisfatório para análise. É imprescindível que se apure, além do valor
do saldo final de caixa, a forma como será distribuído ao longo do tempo.
É importante destacar que os fluxos de caixa são mensurados em termos
incrementais, ou seja, os valores relevantes para a avaliação são aqueles que se
originam em conseqüência da decisão de investimento; por isso, estão
perfeitamente associados ao dispêndio de capital. Pode-se afirmar ainda que ao não
se acionar determinado investimento, os fluxos de caixa diretamente atribuíveis à
proposta deixam de existir integralmente.
Pode-se afirmar ainda, que tudo aquilo que não venha a sofrer qualquer
variação em função da decisão de investimento tomada não apresenta nenhum
57
interesse para o dimensionamento do fluxo de caixa; somente são relevantes
aqueles valores que se alteram na suposição de ser implementada a proposta de
investimento. Da mesma forma, ao se avaliar mais de uma proposta de investimento
aqueles valores que se mantém fixos em todas as alternativas são desconsiderados,
pois não irão exercer qualquer tipo de influência específica nos resultados da
análise.
De acordo com Assaf (2007,p.327), um dos aspectos mais relevantes na
apuração dos fluxos de caixa incrementais é a identificação dos efeitos que o projeto
em avaliação terá sobre os demais resultados da empresa. Por exemplo ao lançar
um novo produto no mercado, o efeito desta decisão pode ser a transferência de
consumidores dos produtos já existentes pra o novo lançamento. Neste caso tem-se
uma transferência dos fluxos de caixa correntes da empresa para o novo projeto. É
fundamental que esses valores sejam mensurados e descontados dos fluxos de
caixa do novo projeto de forma a determinar seu valor incremental.
Apesar da evidente dificuldade de se estabelecer uma regra geral que
envolva todos os possíveis eventos de caixa atribuíveis as decisões de investimento,
apresentam-se a seguir as principais movimentações financeiras que poderão
ocorrer.
5.2.1 Desembolsos ou investimento inicial
O valor de desembolso inicial é o volume de capital comprometido (saída de
caixa) para a geração de resultados operacionais futuros. Neste item são incluídos
todos os dispêndios que tem como características não serem repetitivos, destinados
a produzir benefícios econômicos futuros, tais como incrementos de receita ou
redução de custos e despesas.
Segundo Gittman (2004,p.311),
O termo investimento inicial refere-se, neste caso, às saídas de caixa
relevantes a ser consideradas quando se avalia um gasto de capital
proposto. Como nossa discussão preocupa-se somente com investimentos
58
que possuem fluxos de caixa convencionais, o investimento inicial ocorre na
data zero- o momento no qual o gasto é feito. O investimento inicial é
calculado subtraindo-se todas as entradas de caixa na data zero de todas
as saídas de caixa que ocorrem nesta data .
De forma ilustrativa, podem-se enquadrar como investimento de capital todas
as aquisições de bens permanentes, como por exemplo: máquinas e equipamentos,
terrenos, prédios, entre outros. Esses itens são avaliados por seus respectivos
preços de compra acrescidos de todos os gastos necessários para que entrem em
funcionamento (fretes, seguros, despesas de instalação, etc.), e outras despesas
intangíveis (pesquisas, treinamentos) que eventualmente sejam demandadas no
projeto.
Deve-se atentar, que a necessidade refletida de investimentos adicionais em
capital de giro assume características idênticas à do investimento de capital; desta
forma é considerada como uma saída inicial de caixa. Enquanto os investimentos
em ativo permanente retornam à empresa na forma de despesas não
desembolsáveis (depreciação, amortização e exaustão), as aplicações incrementais
em capital de giro retornam ao caixa da empresa normalmente nos anos finais de
vida útil do projeto.
Tanto o desembolso de capital permanente como o de giro ocorrem
normalmente na fase inicial de implantação do projeto de investimento, podendo-se
verificar logo no primeiro período ou no transcorrer dos anos seguintes.
5.2.2 Receitas operacionais
Representam os volumes periódicos de recebimentos de vendas atribuíveis
diretamente a um projeto de investimento que serão acrescidos ao resultado
operacional da empresa. Os investimentos que geralmente elevam as receitas
operacionais são aqueles implementados para expandir a capacidade física de
produção da empresa ou o lançamento de um novo produto no mercado.
59
5.2.3 Custos e despesas operacionais
Referem-se a todas as alterações verificadas nos dispêndios operacionais de
uma empresa decorrentes pela decisão de implementação de um investimento. É
normal ocorrerem variações nestes valores em propostas que visam incremento de
receitas operacionais de vendas.
Por outro lado, pode-se identificar também projetos que objetivam
exclusivamente a redução de custos e despesas operacionais, o que origina os
benefícios da decisão de aplicação do investimento.
Por exemplo, uma empresa esta avaliando uma alternativa de substituição de
um equipamento antigo por um mais moderno e econômico. O investimento inicial
do projeto reduz-se basicamente aos custos de aquisição do novo ativo fixo,
deduzindo do valor de realização do bem usado. Os fluxos de caixa desse
investimento representam economias de custos que o equipamento em estudo
poderá trazer aos resultados da empresa. Desta forma, se o custo de produção com
o equipamento antigo for de $ 200 mil anuais e, com a introdução do novo, reduzir-
se para $170 mil anuais, pode-se afirmar, mantidos todos os demais valores
operacionais imutáveis que os benefícios econômicos ( fluxos operacionais de caixa)
líquidos da proposta de investimento atingem $ 30 mil ao ano, ou seja, representam
economia gerada nos custos.
5.2.4 Despesas não desembolsáveis e Imposto de Renda
Na avaliação econômica de investimentos, as diversas despesas não
desembolsáveis (depreciação, por exemplo) não devem ser consideradas para o
cálculo dos fluxos de caixa. Esses valores não representam na realidade um
comprometimento de caixa da empresa e são irrelevantes para o dimensionamento
dos benefícios econômicos de uma proposta de investimento. A presença de
despesas não desembolsáveis afeta de maneira indireta os fluxos de caixa, pois
60
como o Imposto de Renda é tratado como um desembolso de caixa efetivo, seu
calculo é processado após a dedução dessas despesas.
A depreciação, amortização e exaustão afetam o fluxo de caixa pela redução
que proporcionam no valor do Imposto de Renda.
É importante salientar, que em todas as decisões de investimento, os fluxos
de caixa devem ser mensurados após a dedução do Imposto de Renda incremental.
O valor calculado deste tributo é relevante para o processo de análise,
principalmente quando a avaliação das alternativas de investimento em
determinadas regiões ou setores de atividade apresentarem incentivos fiscais .
5.2.5 Vendas de Ativos
Esses valores são determinados pela alienação que a empresa efetua de
ativos fixos, sendo o recebimento desta alienação considerado como uma entrada
de caixa.
A venda desses bens pode ocorrer no início do projeto, mediante à
substituição de ativos fixos usados por outros novos, por exemplo, ou ao seu final.
Nas duas situações o valor efetivamente auferido na venda, deve ser
considerado para a determinação dos fluxos de caixa, no qual são incluídas também
todas as despesas que a empresa venha a incluir na operação.
A alienação de ativos também pode exercer influências sobre o lucro
tributável da empresa, devendo ser considerado quando do cálculo do valor da
entrada de caixa, o efeito do Imposto de Renda.
5.2.6 Sinergia de Projetos Verifica-se sinergia de projetos quando um projeto de investimento promove
benefícios de caixa positivos em outros projetos em andamento na empresa. Estes
benefícios incrementais podem surgir por exemplo da elevação de vendas ou
redução de custos.
61
Pode-se também verificar sinergia em resultados negativos. Por exemplo,
uma empresa está avaliando o lançamento de um novo produto que poderá
incrementar as vendas de um produto existente (se for complementar) ou até
mesmo reduzir a demanda, por se tratar de item concorrente. Nestes casos, tanto o
aumento positivo (aumento de receitas) como o negativo (perda de vendas) deve ser
considerado na avaliação do novo investimento.
Estas sinergias devem ser quantificadas e incorporadas aos fluxos de caixa
do projeto para avaliação.
Uma ocorrência inversa à sinergia positiva é a canibalização de produtos, que
ocorre quando a empresa lança um novo produto e este promove a redução das
vendas de outro existente.
Os fluxos de caixa perdidos pelo efeito negativo determinado pela decisão
devem ser considerados como saída de caixa na análise do novo investimento. Este
tratamento, dependendo da magnitude das vendas, pode levar a rejeição do
lançamento do novo produto.
O importante é sempre avaliar comparativamente o custo de não lançar um
novo produto e aquele determinado pela potencial perda de participação de
mercado.
5.3 Mensuração do Fluxo de Caixa Incremental para as Decisões de Investimento
O modelo de avaliação propõe que os fluxos de caixa a serem considerados
no processo de avaliação de investimentos contenham em termos incrementais,
exclusivamente valores operacionais. Desta forma todos os fluxos financeiros
provenientes das amortizações de empréstimos financeiros contraídos e respectivos
encargos de juros devem ser ignorados.
62
Segundo Solomon e Pringle6 apud Assaf (2007,p.332), quando os juros e o
principal são subtraídos dos fluxos operacionais, os fluxos restantes tornam-se mais
incertos do que os próprios fluxos de caixa das operações, o que complica na
determinação da taxa de retorno apropriada a qual os fluxos líquidos devem ser
descontados.
O valor do bem a qual será analisado o investimento não deve estar vinculado
à forma de seu financiamento, mas depender exclusivamente do volume e
distribuição dos resultados operacionais esperados, pois é a qualidade do
investimento que determina sua atratividade econômica e não sua estrutura de
financiamento.
Desta forma ,segundo Assaf (2007,p.332),os fluxos de caixa para as decisões
de investimento são apurados em valores líquidos, já efetuado a dedução do
Imposto de Renda, e admitindo-se que o projeto em análise seja financiado
integralmente por capital próprio, ou seja, sem a necessidade de utilização de capital
de terceiros.
De acordo com Assaf (2007,p.332), o fluxo de caixa pode ser ilustrado de
maneira genérica da seguinte forma:
∆� � � = ∆� � � − ∆ � � ∆� � � + ∆� � � (5)
onde: ∆� � � = fluxo de caixa operacional incremental;
∆� � � = lucro operacional bruto ;
∆ � � = Imposto de Renda incremental calculado sobre � � � ;
∆� � � = despesas não desembolsáveis incrementais (depreciação, amortização e
exaustão).
De acordo com Assaf (2007,p.333), muitas vezes os fluxos de caixa para as
decisões de investimento são apurados mais rapidamente pelas demonstrações de
resultado com base no lucro líquido.
6 SOLOMON,Ezra;PRINGLE,John J. Introdução à administração financeira.São Paulo:Atlas,1981.
63
Utilizando-se desta forma o cálculo do fluxo de caixa incremental fica
expressa na seguinte expressão:
∆� � � = ∆� � + ∆� � � + ∆� � − � � (∆� � )
Logo:
∆� � � = ∆� � + ∆ � � + [ 1 − � � (∆� � )] (6)
onde: ∆� � = lucro líquido incremental
∆� � = despesas financeiras incrementais consideradas no cálculo do ∆� �
Para ilustrar , admita que uma empresa esteja avaliando seus fluxos de
entrada de caixa provenientes de uma decisão de investimento. O quadro 5 , a
seguir apresenta os vários resultados operacionais apurados antes e após a
aceitação do novo investimento. O investimento tem vida de 5 anos.
Para o processo de análise de investimentos proposto pela teoria de finanças
os fluxos considerados são os resultados operacionais incrementais de caixa líquido
do Imposto de Renda. Para esta finalidade o quadro 6 ilustra o cálculo dos fluxos de
caixa incrementais, obtidos através da diferença entre os valores operacionais
esperados em cada período e aquelas identificadas antes da decisão do novo
investimento.
Resultados Resultados Esperados considerando
o novo investimento
Antes do novo
Investimento Do 1º ao Do 4º ao Do 8º ao R$ 3º Ano 7º Ano 10º Ano Receitas Operacionais 1000 1300 1800 1500 Custos e Despesas Operacionais -400 -500 -650 -600 Depreciações -100 -120 -150 -140 Lucro Operacional Bruto 500 680 1000 760 Despesas Financeiras -200 -230 -250 -260 Lucro Antes do IR 300 450 750 500 IR ( 40%) -120 -180 -300 -200 Lucro Líquido 180 270 450 300
Quadro 5: Resultados sem e com o novo investimento:
Fonte: Assaf ( 2007,p.333)
64
Para uma melhor compreensão da metodologia de cálculo dos fluxos de caixa
incrementais o quadro 6 demonstra sua apuração de forma equivalente utilizando as
fórmulas 5 e 6 enunciadas anteriormente.
Os fluxos de caixa incrementais conforme apurados no quadro 6 devem ser
comparados com o valor do investimento de forma a se avaliar a atratividade
econômica da decisão.
RESULTADOS INCREMENTAIS
ESPERADOS
Do 1º ao 3º Ano
Do 4º ao 7º Ano
Do 8º ao 10º Ano
∆� � � � � � � � � � � çõ� � 20 50 40
∆� � � 180 500 260
IR ( ∆LOP x 40% ) 72 200 104
∆DF ( Despesas Financeiras) 30 50 60
1 − IR X (∆DF ) 18 30 36
∆� � ( � � � � � í � � � � � ) 90 270 120
∆FCO= ∆ � � � − ∆� � ∆� � �
+ ∆� � � ( � � . 5)
128
350
196
∆� � � = ∆� � + ∆ � � �
+ [ 1 − � � � ∆� � ]
128
350
196
Quadro 6 – Fluxos de Caixa Incrementais
Fonte: Assaf ( 2007,p.334)
É importante ressaltar que a avaliação de um projeto de investimento não se
altera com a modificação da estrutura de seu financiamento, tornando-se irrelevante
para o seu dimensionamento dos benefícios econômicos de caixa a natureza de seu
financiamento (própria ou de terceiros), porque a presença de recursos de terceiros
financiando parte dos ativos não exerce influência sobre os fluxos de caixa. O fluxo
de caixa é operacional e deve ser comparado, para definição de sua atratividade
com o total de investimento.
65
5.4 Exemplificação de Projeção e Mensuração do Fluxo de Caixa para as Decisões de Investimentos A Alumec está avaliando uma proposta de investimento visando de forma
hipotética à expansão de sua atividade. Os principais dados do projeto são
apresentados a seguir:
a) Investimento total de $400.000, sendo, $380.000 o custo da máquina e mais
$20.000 o custo de instalação do equipamento. A empresa irá financiar 60%
de seu investimento mediante o levantamento de um empréstimo bancário
sem carência. Os encargos nominais (juros) da dívida atingem uma taxa de
14,5% ao ano. O prazo de financiamento é também de cinco anos e as
prestações são calculadas pelo sistema de amortização constante (SAC),
pagas ao final de cada período.
b) A duração prevista do projeto para fins de avaliação econômica é de cinco
anos, prevendo-se ser nulo o valor residual dos bens fixos;
c) A alíquota de Imposto de Renda a ser aplicada sobre os resultados líquidos é
de 40%.
d) A projeção de aumento das receitas em decorrência do novo equipamento é
de 10%, redução de 5% dos custos de produção e as Despesas Operacionais
(Vendas e Administração) representam 15% da receita bruta.
e) A depreciação do novo equipamento será realizado de forma linear a 20% ao
ano sobre o valor do ativo fixo, ou seja, $ 80.000 (20% x $400.000). Não está
prevista nenhuma alteração nos ativos fixos projetados para o período de
investimento (compra ou venda ).
f) O custo médio ponderado de capital (CMPC) da empresa, que será utilizado
como taxa de desconto dos fluxos de caixa, será demonstrado através dos
cálculos apropriados na sequencia deste capítulo.
Como já descrito, os fluxos de caixa devem ser dimensionados incluindo-se a
dedução do respectivo Imposto de Renda. Como o montante atribuível deve ser
obtido segundo os critérios legais vigentes de apuração dos resultados contábeis,
torna-se indispensável que se projetem também, antes da apuração dos fluxos de
caixa os lucros de cada período.
66
Para mensuramos a projeção dos fluxos de caixa da empresa, antes do
investimento, a apuração será realizada em forma de uma demonstração contábil,
conforme a tabela abaixo:
PROJEÇÕES DE FLUXO DE CAIXA ANTES DO NOVO INVESTIMENTO Ano1 Ano2 Ano3 Ano4 Ano5 Receita de Vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de Produção 700 850 980 1.150 1.500 (=) Lucro Bruto 600 650 820 1.250 1.700 (-) Despesas Operacionais (280) (350) (420) (490) (620) (-) Despesas de Depreciação (80) (80) (80) (80) (80) (=) Lucro Operacional Bruto 240 220 320 680 1.000 (=) Lucro Antes do IR 240 220 320 680 1.000 (-) Imposto de Renda (40%) (96) (88) (128) (272) (400) (=) Lucro Líquido 144 132 192 408 600 Lucro Operacional Líquido 144 132 192 408 600 (+) Depreciação 80 80 80 80 80 (=) Fluxo de Caixa 224 212 272 488 680
Tabela 4: Projeções da Alumec antes do investimento Fonte: o autor
Como descrito nas premissas da projeção a empresa estará
financiando 60% do seu investimento a uma taxa de 14,5% a.a, e as prestações
serão calculadas através do Sistema de amortização constante ( SAC ) e pagas no
final de cada período conforme demonstradas na tabela 5.
AMORTIZAÇÃO DO INVESTIMENTO
Data Saldo
Devedor Amortização Juros Prestação Ano0 240 - - - Ano1 192 48 34 82 Ano2 144 48 27 75 Ano3 96 48 20 68 Ano4 48 48 13 61 Ano5 - 48 7 55 Total 240 101 341
Tabela 5: Amortização do Investimento Fonte: o autor
67
Considerando a tabela acima, utilizaremos os valores de amortização e dos
juros para projetarmos o Fluxo de Caixa com a implantação do novo equipamento.
O fluxo projetado com o novo investimento contemplará um crescimento nas
receitas de 10%, uma redução nos custos de produção de 5% e as despesas
operacionais representarão 15% da receita.
PROJEÇÕES DE FLUXO DE CAIXA COM O NOVO INVESTIMENTO - R$ (MIL) Ano0 Ano1 Ano2 Ano3 Ano4 Ano5 Receita e Vendas 1.430 1.650 1.980 2.640 3.520 Custo de Produção 665 808 931 1.093 1.093 (=) Lucro Bruto 765 843 1.049 1.548 2.428 (-) Despesas Operacionais (215) (248) (297) (396) (528) (-) Despesas de Depreciação (160) (160) (160) (160) (160) (=) Lucro Operacional Bruto 391 435 592 992 1.740 (-) Despesas Financeiras (34) (27) (20) (13) (7) (=) Lucro Antes do IR 357 408 572 978 1.733 (-) Imposto de Renda ( 40%) (143) (163) (229) (391) (693) (=) Lucro Líquido 214 245 343 587 1.040
Investimento (400.000)
(=) Lucro Operacional Liquido 214 245 343 587 1.040 (-) Amortização 48 48 48 48 48 (+) Depreciaçao 160 160 160 160 160 (=) Fluxo de Caixa 326 357 455 699 1.152 Tabela 6: Projeções da Alumec com o novo investimento Fonte: o autor O demonstrativo acima, apresenta os resultados apurados levando-se em
conta a participação do capital de terceiros no investimento. Entretanto para que
seja realizada uma análise da viabilidade econômica da implantação deste
investimento, é necessário a apuração dos fluxos incrementais que este novo
equipamento trará para a empresa.
Os fluxos de caixa incrementais são obtidos com base nas diferenças
encontradas entre os valores operacionais esperados em cada período e aquelas
encontradas antes da decisão do novo investimento.
68
Para uma melhor compreensão a tabela a seguir demonstrará a apuração
destes fluxos incrementais. A apuração foi feita com a utilização de uma planilha de
Excel.
PROJEÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA INCREMENTAL DO NOVO INVESTIMENTO - R$ (MIL)
Ano0 Ano1 Ano2 Ano3 Ano4 Ano5 Receita e Vendas 130 150 180 240 320 Custo de Produção (35) (43) (49) (58) (408) (=) Lucro Bruto 165 193 229 298 728 (-) Despesas Operacionais 66 103 123 94 92 (-) Despesas de Depreciação (80) (80) (80) (80) (80) (=) Lucro Operacional Bruto 151 215 272 312 740 (-) Despesas Financeiras (34) (27) (20) (13) (7) (=) Lucro Antes do IR 117 188 252 298 733 (-) Imposto de Renda ( 40%) (47) (75) (101) (119) (293) (=) Lucro Líquido 70 113 151 179 440
Investimento (400.000)
(=) Lucro Operacional Liquido 70 113 151 179 440 (-) Amortização 48 48 48 48 48 (+) Depreciaçao 80 80 80 80 80
(=) Fluxo de Caixa Incremental (400.000) 102 145 183 211 472
Tabela 7: Projeção dos Fluxos Incrementais da Alumec Fonte: o autor
De acordo com a demonstração de resultados, o investimento é capaz de
gerar fluxos incrementais para a empresa.
Para a determinação da viabilidade econômica da implantação deste
investimento, os fluxos incrementais, conforme mensurados na tabela 6, deverão ser
comparados com o valor do investimento, para avaliarmos a atratividade econômica
da decisão. Para tanto, utilizaremos os métodos de avaliação econômica de
investimentos descritos neste trabalho.
O CMPC é obtido através da apuração do custo de capital próprio e de
terceiros, multiplicando-se cada custo pela sua participação dentro da estrutura de
capital da empresa. Para uma melhor compreensão demonstraremos abaixo a forma
de apuração deste índice.
Para apurar os custo de capital de terceiros, utilizamos a seguinte expressão
algébrica:
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Kd = Ke x (1-T)
Onde:
Kd = custo líquido do empréstimo
Ke = custo do empréstimo antes do Imposto de Renda
T = Alíquota de Imposto Renda
Em nossa análise hipotética, a Alumec está obtendo um empréstimo de R$
240.000 a uma taxa de 14,5% a.a. Neste caso o custo de capital de terceiros depois
do Imposto de renda seria de: 14,5%(1-40%)= 8,7% a.a.
Para a se conhecer o custo de capital próprio de uma hipotética empresa,
com suas ações livremente negociadas no mercado, a formulação seria:
Ks= Krf+ ( Km-Krf) x β
β= Cov(Ka,Km)/ Var(km)
Onde:
Ks= Custo Capital Próprio
Krf = taxa de retorno livre de risco ( títulos públicos )
Km = taxa retorno exigida do mercado de ações
β= Fator Beta; (índice de risco sistemático)
Ka= Taxa de retorno exigida da ação da empresa no mercado
Considerando porém que a empresa deste estudo de caso é uma empresa de
capital fechado, não se dispõe de dados necessários para se conhecer o seu risco
sistemático ( fator Beta=β) pela inexistência da taxa de retorno exigida da ação da
empresa pelo mercado (Ka).
Conforme Falcini (2005,p.90) a taxa de custo do financiamento por títulos de
participação patrimonial ( capital próprio), de empresas alavancadas financeiramente
(ks), pode ser entendida como custo de oportunidade que os proprietários da
empresa de capital fechado têm ao deixar de aplicar seus recursos em outras
opções de investimento de risco idênticos no momento em que decidem aplicar seus
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recursos na empresa de capital fechado, no caso a empresa eleita para este estudo
de caso.
Em outras palavras, esse custo de oportunidade, é o retorno mínimo
esperado pelos proprietários ao investir seus recursos neste tipo de empresa. Assim,
para dar andamento a este estudo de caso, está aqui sendo estimado por hipótese e
apenas para efeito de continuidade dos cálculos do CMPC, que o custo de
oportunidade dos proprietários ou sócios, ou o retorno mínimo por eles exigido neste
investimento adicional, seria de no mínimo 17% a.a., já liquido do imposto de renda
aplicável aos rendimentos desses mesmos proprietários gerados pelo retorno do
investimento. No caso da taxa exigida de retorno pelos proprietários, liquida de
imposto de renda, vier a ser diferente da aqui eleita, os calculosque seguem poderão
ser facilmente refeitos , utilizando-se o modelo adotado neste estudo.
Para nossa análise a empresa está adotando uma taxa de retorno do
mercado de 19%a.a, a taxa de retorno livre de risco será de 10% a.a..
Aplicando a fórmula teremos um custo de capital próprio de:
Ks = 8% + (19%-10%) = 17%
Após apurarmos os custos de capital do capital próprio da empresa e o custo
de capital de terceiros, iremos determinar a porcentagem de cada fonte do
financiamento da empresa .
Como descrito anteriormente a participação de capital de terceiros será 60%
do valor do investimento e os 40% restantes serão de capital próprio.
Assim sendo a fórmula do CMPC é o seguinte:
CMPC= Wd x Kd(1-T) + Wd x Ks
Onde:
Wd = participação do custo dentro da estrutura de capital
Desta forma o custo médio ponderado de capital da Alumec é:
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CPMC= 60%x 8,7% + 40% x 17%
CMPC = 5,22%+6,80%
CMPC = 12,02%
O CMPC será utilizado como taxa de desconto para a análise econômica do
investimento.
Primeiramente iremos analisar o tempo médio de retorno do investimento
através do Payback descontado.
Para esta análise a empresa determina como prazo médio de retorno de seu
investimento o período de 3 anos.
O payback descontado demonstrará o tempo que a empresa levará para
recuperar o valor do investimento trazido a valor presente utilizando o CMPC como
taxa de desconto.
Como já descrito, o período de payback é apenas uma medida de risco , não
podendo ser utilizado isoladamente para a análise de atratividade de um
investimento.
A seguir a tabela do Payback descontado da empresa Alumec.
Payback Descontado - R$ ( MIL ) FCL Original FCL Descontado FCL Acumulado Ano 0 (400) (400) (400) Ano1 102 91 (309) Ano2 145 129 (180) Ano3 183 163 (16) Ano4 211 188 172 Ano5 472 421 593 CMPC 12,02% PDB=3,09 anos
Tabela 8: Payback descontado da Alumec Fonte: o autor
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O prazo encontrado para a recuperação do investimento de $400.000 relativo
à aquisição do novo equipamento está entre o terceiro e o quarto ano.
Para determinarmos o tempo exato da recuperação multiplicamos as casas
decimais pelo numero de meses do ano e depois pelos dias do mês.
0,09 x 12 meses = 1,08 meses
0,08 x 30 dias = 2 dias
Logo o período exato é de 3 anos,1 mês e 2 dias
O prazo encontrado está dentro do tempo de retorno que foi estabelecido pela
empresa que é de 3 anos. O payback descontado é um método que enfatiza a
liquidez do investimento dando uma idéia do risco do projeto.
O método de valor presente líquido (VPL), é considerado o mais apropriado
para análise de investimentos, não apenas porque trabalha com o fluxo de caixa
descontado, mas também porque seu resultado, sendo em espécie, revela a riqueza
absoluta do investimento.
A tabela a seguir demonstrará o valor presente dos fluxos de caixa
incrementais apurados pelo investimento da Alumec. Vale ressaltar que a taxa de
desconto utilizada é o CMPC.
Fluxo de Caixa no final do ano- $ (MIL) Custo de Capital 12,02% Ano Valor Incremental
0 (400) 1 102 2 145 3 183 4 211 5 472
VPL R$ 334 Tabela 9: Cálculo VPL da Alumec Fonte: o autor
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O cálculo foi apurado utilizando-se de uma planilha de Excel. A seguir
demonstraremos a forma do cálculo utilizando uma calculadora financeira.
Utilizando a calculadora financeira- $ (MIL) 400 CHS
F g CF0 400 g CFj 102 g CFj 145 g CFj 183 g CFj 211 g CFj 472 i 12,2 NPV = 334
* NPV = VPL Tabela 10: Cálculo VPL da Alumec em HP12C Fonte : o autor
Como já descrito neste trabalho o VPL é o resultado da diferença entre o valor
dos fluxos livres de caixa trazidos ao período inicial do investimento.
É tomada uma decisão a favor do investimento sempre que o valor presente
líquido for igual ou superior a zero, isto quer dizer que a taxa de retorno é igual ou
maior do que o retorno mínimo exigido pela empresa. Nesta análise o CMPC. Se o
valor presente líquido fosse menor do que zero o investimento seria rejeitado, pois
neste caso a empresa estaria obtendo uma taxa de retorno menor que o seu custo
de capital.
Conforme mostrado nas tabelas 9 e 10, o VPL do investimento da Alumec é
igual a R$ 334.000,00, desta forma o investimento será aceito.
Isto significa que o investimento gerará para a Alumec, além do mínimo
esperado de 12,02%, um resultado excedente em dinheiro de R$ 334.000,00.
Agora iremos efetuar a análise do nosso investimento através da Taxa Interna
de Retorno ( TIR ).
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O modelo de decisão baseado na TIR é uma variação do critério do VPL.
Neste modelo em vez de buscar o VPL do fluxo futuro, busca-se a taxa de juros que
iguala o total dos fluxos futuros descontados a essa taxa de juros, com o valor do
investimento inicial.
A seguir a tabela 10 demonstra a apuração do TIR do nosso investimento.
Fluxo de Caixa no final do ano Ano Valor Incremental
0 (400) 1 102 2 145 3 183 4 211 5 472
TIR 34,80% Tabela 11: Cálculo da TIR da Alumec Fonte: o Autor Na análise do nosso investimento, a taxa de juros que iguala o investimento
ao fluxo futuro descontado é de 34,80% a.a. Para o cálculo da TIR utilizamos esta
função no Excel.
A TIR para efeito de aceitação deve ser comparada com a taxa de desconto
utilizada para o cálculo do VPL, em nosso exemplo o CMPC.
Para aceitação de um investimento a TIR deve ser maior ou igual que o
CMPC, neste caso a TIR está maior, o que representa que o investimento estará
gerando valor para a empresa.
A fim de ilustrar o conceito da TIR apresentaremos na tabela seguinte o
calculo do VPL considerando a TIR de 34,80% calculada anteriormente. Observe
que o VPL encontrado é igual a zero.
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VPL para TIR 34,80% Custo de Capital 34,80%
Ano Valor Incremental 0 (400) 1 102 2 145 3 183 4 211 5 472
VPL (R$ 0) Tabela 12: Cálculo do VPL pela TIR Fonte: o autor
Diante dos resultados apresentados, a Alumec deverá aceitar a proposta de
investimento no novo equipamento, pois ele apresenta um aumento da riqueza da
companhia, gerando fluxos de caixa incrementais e oferecendo uma taxa de retorno
superior ao mínimo exigido pelos proprietários.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração do plano de investimentos de capital faz parte do processo de
planejamento de longo prazo da empresa. A qualidade das decisões gerenciais
pertinentes aos recursos que serão usados em novos investimentos é fator crítico
que afeta o nível de rentabilidade da empresa.
As técnicas de VPL e TIR fornecem os procedimentos úteis para a avaliação
de propostas de investimentos em bens produtivos. Esses métodos levam em conta
o valor do dinheiro no tempo e a questão da lucratividade.
Com o VPL o resultado esperado é expresso em termos monetários, o que
reflete diretamente o aumento da riqueza.
Porém é necessário que se faça um dimensionamento dos fluxos de caixa
esperados com este novo investimento.
A decisão de aceitar ou rejeitar a proposta caberá ao administrador financeiro;
entretanto é necessário envolver várias áreas da empresa para um perfeito
dimensionamento do fluxo de caixa , que demonstrará de forma clara os objetivos, a
obtenção e a utilização dos recursos visando maximizar o valor da empresa.
Em empresas de pequeno porte como a Alumec Ind. Com. Ltda, onde sua
estrutura é familiar, a utilização do dimensionamento do fluxo de caixa para análise
da decisão de investimento é uma ferramenta muito importante e faz-se necessário
a profissionalização destas análises .
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determinação do valor de qualquer ativo. 9 reimpressão-Rio de Janeiro: Qualitymark,
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Gitman, Lawrence Jefrey. Princípios de Administração Financeira. 10 ed.- São
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08.2008 D.O.U.: 26.08.2008
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/resolucaocfc1125_2008.htm> acessado
em 27/08/09 as 10:23
Zdanowics, José Eduardo. Fluxo de Caixa 8 ed. Porto Alegre: Sagra Luzatto, 2000