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Informativo 550-STJ (19/11/2014) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 Márcio André Lopes Cavalcante Julgados não comentados por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: REsp 1.330.611-DF; REsp 1.338.292-SP; Leia-os ao final deste Informativo. ÍNDICE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERVENÇÃO FEDERAL Deferimento de intervenção envolvendo descumprimento de decisão judicial de reintegração de posse em invasão do MST. DIREITO ADMINISTRATIVO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO PROPOSTA PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Prazo prescricional da ação ajuizada pelo INSS contra o empregador. CÓDIGO DE TRÂNSITO (PERMISSÃO PARA DIRIGIR) Recusa à expedição de CNH definitiva não depende de prévio procedimento administrativo. DIREITO CIVIL CONTRATO DE SEGURO Morte decorrente de AVC não está abrangida em seguro de acidentes pessoais. CONTRATO DE CAPITALIZAÇÃO Devolução de valores aplicados em título de capitalização. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO A quitação do saldo residual é de responsabilidade do mutuário nos contratos sem FCVS. DPVAT Acidente envolvendo máquina colheitadeira USUFRUTO Usufrutuário possui legitimidade e interesse para propor ação reivindicatória. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA É nula a notificação extrajudicial se constar nome diverso do real credor. ALIMENTOS Juizado da Violência Doméstica possui competência para executar alimentos por ele fixados. DIREITO DO CONSUMIDOR RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO Dano moral in re ipsa em caso de atraso de voo, seguido de falta de informação e de assistência aos passageiros.

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Info 550 Stj Intervenção Federal

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  • Informativo 550-STJ (19/11/2014) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 1

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Julgados no comentados por terem menor relevncia para concursos pblicos ou por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: REsp 1.330.611-DF; REsp 1.338.292-SP; Leia-os ao final deste Informativo.

    NDICE DIREITO CONSTITUCIONAL

    INTERVENO FEDERAL Deferimento de interveno envolvendo descumprimento de deciso judicial de reintegrao de posse em invaso

    do MST.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    AO DE INDENIZAO PROPOSTA PELA ADMINISTRAO PBLICA Prazo prescricional da ao ajuizada pelo INSS contra o empregador. CDIGO DE TRNSITO (PERMISSO PARA DIRIGIR) Recusa expedio de CNH definitiva no depende de prvio procedimento administrativo.

    DIREITO CIVIL

    CONTRATO DE SEGURO Morte decorrente de AVC no est abrangida em seguro de acidentes pessoais. CONTRATO DE CAPITALIZAO Devoluo de valores aplicados em ttulo de capitalizao. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAO A quitao do saldo residual de responsabilidade do muturio nos contratos sem FCVS. DPVAT Acidente envolvendo mquina colheitadeira USUFRUTO Usufruturio possui legitimidade e interesse para propor ao reivindicatria. ALIENAO FIDUCIRIA nula a notificao extrajudicial se constar nome diverso do real credor. ALIMENTOS Juizado da Violncia Domstica possui competncia para executar alimentos por ele fixados.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIO Dano moral in re ipsa em caso de atraso de voo, seguido de falta de informao e de assistncia aos passageiros.

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    DIREITO EMPRESARIAL

    PROPAGANDA COMPARATIVA Em regra, lcita a propaganda comparativa. PATENTES Requisitos para a concesso da patente pipeline. FALNCIA No pedido de falncia desnecessria a demonstrao da insolvncia econmica do devedor. Pedido feito com base no art. 94, I, no pode ser considerado abusivo mesmo que a devedora possua grande

    capacidade econmica. RECUPERAO JUDICIAL Crditos que esto sujeitos e excludos da recuperao judicial. DIREITO AMBIENTAL INFRAO ADMINISTRATIVA ENVOLVENDO ANIMAIS SILVESTRES Posse irregular de animais silvestres por longo perodo de tempo

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    PRAZOS PROCESSUAIS Suspenso dos prazos prescricionais durante o recesso. EXECUO FISCAL O redirecionamento da execuo no exclui a responsabilidade tributria da pessoa jurdica.

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    HABEAS CORPUS No cabe habeas corpus para questionar a pena imposta de suspenso do direito de dirigir DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR

    COMPETNCIA Dever ser apurado na Justia Comum a conduta do militar que atira contra civil mesmo ainda no se tendo

    certeza se a sua inteno era matar

    DIREITO TRIBUTRIO

    CERTIDO NEGATIVA Impossibilidade de expedir certido positiva com efeitos de negativa caso a penhora tenha sido insuficiente.

    DIREITO PREVIDENCIRIO

    AUXLIO-RECLUSO Baixa renda para fins de concesso do benefcio. PREVIDNCIA COMPLEMENTAR No aplicao da Smula 289 do STJ em caso de migrao dos participantes ou assistidos para outro plano de

    benefcios da mesma entidade.

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    DIREITO CONSTITUCIONAL

    INTERVENO FEDERAL Deferimento de interveno envolvendo descumprimento de deciso judicial de reintegrao de

    posse em invaso do MST

    Importante!!!

    A Unio poder intervir no Estado ou DF para prover (garantir) a execuo de ordem ou deciso judicial que esteja sendo desrespeitada (art. 34, VI, da CF/88). Ocorrendo esse descumprimento, o STF, o STJ ou o TSE, a depender de qual ordem/deciso judicial esteja sendo desatendida, ir requisitar do Presidente da Repblica a interveno federal.

    Se o Estado/DF estiver descumprindo uma deciso de juiz ou Tribunal de 2 instncia, o Tribunal local dever fazer uma representao ao Tribunal Superior competente (STF, STJ ou TSE) solicitando a interveno. Se o Tribunal Superior concordar, ele ir requisitar ao Presidente da Repblica a interveno.

    Para saber qual o Tribunal Superior ser competente, dever ser analisada a matria discutida e para quem seria dirigido o eventual recurso.

    Compete ao STJ julgar pedido de interveno federal baseado no descumprimento de ordem de reintegrao de posse de imvel rural ocupado pelo MST expedida por Juiz Estadual e fundada exclusivamente na aplicao da legislao infraconstitucional civil possessria. Isso porque a deciso descumprida analisou tema relacionado com direito civil privado, no tendo feito consideraes sobre questes constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a deciso, quando o processo superasse as instncias ordinrias e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de recurso especial. No caberia, no caso, recurso extraordinrio ao STF, razo pela qual esta Corte no seria competente para julgar o pedido de interveno relacionada com o desatendimento da deciso.

    Quanto ao mrito, na situao concreta envolvendo ocupao de stio pelo MST, tendo sido deferida deciso judicial para a retomada do imvel h muitos anos, o que no foi cumprido, dever ser deferida a interveno federal?

    O STJ possui precedentes em sentidos opostos:

    NO: STJ. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1/7/2014. Neste precedente, entendeu-se que, como j se passaram muitos anos desde que a deciso judicial foi descumprida, a remoo das diversas famlias que vivem no local, se fosse feita hoje, iria causar um enorme conflito social, at mesmo porque no existe lugar para acomodar de imediato, de forma digna, essas pessoas. Logo, apesar de tecnicamente, a situao se enquadrar em uma hiptese de interveno federal, esta no deveria ser decretada, devendo se considerar que as fazendas ocupadas foram afetadas ao interesse pblico e que a questo dever ser resolvida em reparao a ser buscada via ao de indenizao (desapropriao indireta) promovida pelo interessado.

    SIM. IF 107-PR, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 15/10/2014. A Corte decidiu que deve ser deferido pedido de interveno federal quando verificado o descumprimento pelo Estado, sem justificativa plausvel e por prazo desarrazoado, de ordem judicial que tenha requisitado fora policial para promover reintegrao de posse em imvel rural ocupado pelo MST, mesmo que, no caso, tenha se consolidado a invaso por um grande nmero de famlias e exista, sem previso de concluso, procedimento administrativo de aquisio da referida propriedade pelo Incra para fins de reforma agrria. certo que a ocupao de grande nmero de famlias sempre um fato que merece a considerao da autoridade encarregada da desocupao, mas no em si impeditiva da interveno. A inrcia do Estado-executivo em dar cumprimento deciso do Estado-juiz enfraquece o Estado de direito, que caracteriza a Repblica brasileira.

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    STJ. Corte Especial. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1/7/2014 (Info 545).

    STJ. Corte Especial. IF 107-PR, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 15/10/2014 (Info 550).

    PRINCPIO DA AUTONOMIA DOS ENTES A Unio, os Estados, o DF e os Municpios so autnomos (art. 18 da CF/88). A autonomia dos entes manifestada pelas seguintes capacidades que possuem: a) Auto-organizao: capacidade de os Estados elaborarem suas prprias Constituies e de o DF e os

    Municpios elaborarem suas Leis Orgnicas; b) Autogoverno: prerrogativa que os entes possuem de elegerem os seus respectivos governantes

    (Governadores, Prefeitos, Deputados, Vereadores); c) Autoadministrao: capacidade que os entes possuem de dirigirem os seus prprios rgos e servios

    pblicos e de exercerem suas competncias, sem interferncia de outro ente. Assim, por exemplo, as decises administrativas do Estado-membro X so tomadas exclusivamente por este Estado-membro X, sem que possam sofrer a interferncia da Unio, de outros Estados-membros ou de Municpios;

    d) Autolegislao: prerrogativa dos entes de editarem suas prprias leis, de acordo com as competncias fixadas pela CF.

    EQUILBRIO FEDERATIVO (PACTO FEDERATIVO) Apesar de serem autnomos, os entes da Federao tm que obedecer aos princpios e regras da CF/88 a fim de manter o equilbrio federativo. INTERVENO: INSTRUMENTO PARA MANTER O EQUILBRIO FEDERATIVO A CF/88 prev que, se houver risco manuteno do equilbrio federativo, possvel a utilizao de um mecanismo chamado de interveno. A finalidade da interveno proteger a estrutura constitucional federativa contra atos destrutivos de unidades federadas. CONCEITO DE INTERVENO A interveno ... - uma medida de natureza poltica, - excepcional, - prevista taxativamente na CF/88, - consistente na incurso (intromisso) de um ente superior em assuntos de um ente inferior - restringindo temporariamente a autonomia deste - com o objetivo de preservar o pacto federativo - e fazer cumprir os demais princpios e regras constitucionais.

    PRINCPIO DA NO-INTERVENO A regra que um ente no pode intervir em outro. A interveno de um ente em outro excepcional. Somente fatos de enorme gravidade justificam essa medida extrema.

    ESPCIES DE INTERVENO: H dois tipos de interveno em nossa Federao: a) Interveno da Unio nos Estados, no Distrito Federal ou nos Municpios localizados em Territrios

    (interveno federal) art. 34 da CF; b) Interveno dos Estados nos Municpios (interveno estadual) art. 35 da CF.

    Interveno FEDERAL Unio intervm nos Estados.

    Interveno ESTADUAL Estados intervm nos Municpios. (Obs: a Unio no intervm em Municpios, a no ser que estejam em Territrios).

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    HIPTESES DE INTERVENO FEDERAL As hipteses excepcionais de interveno federal esto previstas taxativamente no art. 34 da CF/88. Vejamos cada uma delas, analisando o procedimento adotado:

    HIPTESES PROCEDIMENTO

    A Unio poder intervir nos Estados/DF se essa medida for necessria para: 1) manter a integridade nacional. Ex: um determinado Estado-membro inicia um forte movimento para se separar do restante do Brasil.

    O Presidente da Repblica, ao perceber que est ocorrendo alguma dessas hipteses, dever decretar a interveno, mesmo que no tenha sido solicitada por ningum. Em outras palavras, a interveno ser decretada de ofcio (de forma espontnea). O Presidente decreta a interveno por meio de um Decreto Presidencial, que dever trazer as regras sobre a interveno (amplitude, prazo, condies). No Decreto, o Presidente poder nomear um interventor para administrar o Estado, caso entenda necessrio. O Decreto dever ser submetido apreciao do Congresso Nacional, no prazo de 24 horas. A doutrina chama isso de controle poltico da interveno. Se o Congresso no estiver funcionando, o Presidente do Senado dever fazer uma convocao extraordinria. Antes de decretar a interveno, o Presidente consultar o Conselho da Repblica e o Conselho de Defesa Nacional, sendo tais manifestaes apenas opinativas (no vinculantes).

    2) repelir invaso estrangeira ou de uma unidade da Federao em outra. Ex: a Colmbia decide conquistar Tabatinga (AM).

    3) pr termo (acabar) a grave comprometimento da ordem pblica. Ex: o Estado-membro no est conseguindo controlar o crime organizado.

    4) reorganizar as finanas do Estado/DF caso ele tenha: a) suspendido o pagamento da dvida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de fora maior; b) deixado de entregar aos Municpios as receitas tributrias, dentro dos prazos estabelecidos em lei.

    5) A Unio poder intervir no Estado/DF para garantir o livre exerccio de qualquer dos Poderes nas unidades da Federao.

    Se o Poder Executivo ou Legislativo estadual estiver sendo coagido/impedido, dever solicitar (pedir) ao Presidente da Repblica que intervenha no Estado. Se o Poder Judicirio estiver sendo coagido/impedido, deve solicitar providncias ao STF. Se o STF concordar com o pedido, ir requisitar do Presidente da Repblica a interveno (a requisio vinculante). O Decreto de interveno tambm ser submetido apreciao do CN, no prazo de 24 horas.

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    6) A Unio poder intervir no Estado/DF para prover (garantir) a execuo de ordem ou deciso judicial que esteja sendo desrespeitada.

    A decretao da interveno depender de requisio do STF, do STJ ou do TSE. Assim, o STF, o STJ ou o TSE, a depender de qual ordem/deciso judicial esteja sendo descumprida, ir requisitar do Presidente da Repblica a interveno federal. Assim, p. ex., se a deciso do TSE que foi descumprida, o Presidente desta Corte ir requisitar a interveno ao Presidente da Repblica. E se o Estado/DF estiver descumprindo uma deciso de juiz ou Tribunal de 2 instncia? Nesse caso, o Tribunal local dever fazer uma representao ao Tribunal Superior competente (STF, STJ ou TSE) solicitando a interveno. Se o Tribunal Superior concordar, ele ir requisitar ao Presidente da Repblica a interveno. Para saber qual o Tribunal Superior ser competente, dever ser analisada a matria discutida e para quem seria dirigido o eventual recurso. Ex1: caber ao STJ o exame da interveno federal nos casos em que a matria infraconstitucional (legislao federal) e o possvel recurso deva ser encaminhado ao STJ. Ex2: se a questo for constitucional, o pedido de interveno ser julgado pelo STF. Obs: NO necessria a apreciao pelo CN, tendo em vista que a interveno foi determinada pelo Poder Judicirio em julgamento de ao judicial.

    7) A Unio poder intervir no Estado/DF para prover (garantir) a execuo de lei federal que esteja sendo desrespeitada.

    A decretao da interveno depender de provimento (deciso julgando procedente), pelo STF, de representao do Procurador-Geral da Repblica. Assim, verificando a ocorrncia de uma dessas duas hipteses, o PGR dever propor uma representao de inconstitucionalidade interventiva (ao direta de inconstitucionalidade interventiva) junto ao STF. Se o STF julgar a ao procedente, dever levar ao conhecimento do Presidente da Repblica para que este, no prazo improrrogvel de at 15 dias, tome as seguintes providncias: a) Expea decreto de interveno; b) Nomeie, nesse mesmo decreto, o interventor

    8) A Unio poder intervir no Estado/DF para assegurar a observncia dos princpios constitucionais sensveis, que so os seguintes:

    a) forma republicana, sistema representativo e regime democrtico;

    b) direitos da pessoa humana;

    c) autonomia municipal;

    d) prestao de contas da administrao pblica, direta e indireta.

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    e) aplicao do mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e desenvolvimento do ensino (25%) e nas aes e servios pblicos de sade.

    (se couber). Vale ressaltar que nem sempre haver a nomeao de interventor. O procedimento est previsto na Lei 12.562/2011. Obs1: a decretao da interveno vinculada, cabendo ao Presidente a mera formalizao da deciso tomada pelo STF. Obs2: o decreto deve limitar-se a suspender a execuo do ato impugnado, se essa medida for suficiente para o restabelecimento da normalidade. Obs3: NO necessrio que a interveno seja apreciada pelo Congresso Nacional.

    O no-pagamento de precatrio pode, em tese, ensejar interveno federal? SIM. O fato de o Estado-membro deixar de pagar precatrio configura descumprimento de deciso judicial transitada em julgado e, portanto, pode, em tese, autorizar a interveno federal com base no art. 34, VI, 2 parte, da CF/88.

    O simples no-pagamento de precatrio j enseja a interveno federal? NO. Segundo a jurisprudncia consolidada do STF, pressuposto indispensvel ao acolhimento da interveno federal que reste demonstrada a atuao estatal voluntria e dolosa com objetivo de descumprir deciso judicial transitada em julgado. Em outras palavras, necessrio que tenha havido, por parte do Estado, descumprimento voluntrio e intencional da deciso judicial. A ausncia de conduta dolosa do ente estatal em descumprir a ordem judicial no autoriza o deferimento do pedido de interveno. Se ficar demonstrado que o Estado-membro no pagou os precatrios por conta de dificuldades financeiras, tal circunstncia revela, segundo o STF, que no houve inteno estatal de se esquivar ao pagamento. STF. Plenrio. IF 5101/RS, IF 5105/RS, IF 5106/RS, IF 5114/RS, rel. Min. Cezar Peluso, 28/3/2012. INTERVENO FEDERAL COMO LIMITAO CIRCUNSTANCIAL AO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL A Constituio Federal no poder ser emendada na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio (art. 60, 1). HIPTESES DE INTERVENO ESTADUAL As hipteses excepcionais de interveno nos Municpios esto previstas taxativamente no art. 35 da CF/88. Vale ressaltar que a Constituio estadual no pode trazer outras situaes de interveno estadual diferentes daquilo que foi insculpido na CF/88 (STF. Plenrio. ADI 336, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 10/02/2010). o Estado-membro quem tem a possibilidade constitucional de intervir nos Municpios. Em regra, a Unio no intervm em Municpios, a no ser que estejam em Territrios.

    Art. 35. O Estado no intervir em seus Municpios, nem a Unio nos Municpios localizados em Territrio Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de fora maior, por dois anos consecutivos, a dvida fundada; II - no forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

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    III - no tiver sido aplicado o mnimo exigido da receita municipal na manuteno e desenvolvimento do ensino e nas aes e servios pblicos de sade; (Redao dada pela EC n 29/2000) IV - o Tribunal de Justia der provimento a representao para assegurar a observncia de princpios indicados na Constituio Estadual, ou para prover a execuo de lei, de ordem ou de deciso judicial.

    INVASO DE FAZENDA PELO MST Imagine a seguinte situao adaptada: Determinado stio foi invadido por membros do MST. O proprietrio ajuizou ao de reintegrao de posse, tendo o juiz de direito concedido a liminar para desocupao da rea, requisitando, para tanto, fora policial. O magistrado determinou por vrias vezes a intimao dos agentes pblicos estaduais responsveis (Governador do Estado, Secretrio de Segurana, Comandante da PM etc.) para que encaminhassem ao local fora policial, no entanto, as seguidas ordens judiciais foram descumpridas. Diante da inexecuo da ordem judicial por vrios anos, o proprietrio do imvel apresentou ao Presidente do Tribunal de Justia pedido de interveno federal. O TJ concordou com o autor e determinou a remessa do pedido de interveno ao STJ. O STJ era competente para julgar esse pedido de interveno? SIM. Cabe ao STJ o exame da Interveno Federal nos casos em que a matria infraconstitucional (envolvendo legislao federal) e o possvel recurso deva ser encaminhado ao STJ. No presente caso, a deciso descumprida uma sentena em ao de reintegrao de posse na qual se discutiram temas relacionados com direito civil privado, no tendo feito consideraes sobre questes constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a deciso, quando o processo superasse as instncias ordinrias e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de recurso especial. No caberia, no caso, recurso extraordinrio ao STF, razo pela qual esta Corte no seria competente para julgar o pedido de interveno relacionada com o desatendimento da deciso. A parte autora (no caso, o proprietrio) poderia ter representado ao STJ pedindo a interveno? Isso seria correto? NO. A representao ou requisio de Interveno Federal constituem providncias que cabem aos Tribunais e no parte interessada. Isso porque a interveno federal, no caso de descumprimento de deciso judicial, no um instrumento de realizao do direito do particular vitorioso no caso. Trata-se de um mecanismo de afirmao da autoridade do rgo judicirio cuja ordem ou deciso esteja sendo descumprida. Em outras palavras, no um instrumento de defesa do direito da parte, mas sim de garantia da independncia do Poder Judicirio. No caso concreto, a parte autora fez o correto. Provocou o Tribunal de Justia e este representou ao STJ pedindo a interveno federal. Vale ressaltar que o autor no cometeu nenhuma irregularidade ao formular o pedido ao TJ porque este Tribunal local poderia at mesmo de ofcio pedir a interveno ao STJ. Ora, se ele poderia faz-lo de ofcio, nada impede que a parte o provoque. E se a deciso descumprida fosse do STJ ou do STF? Ento, nesse caso, a parte poderia dirigir-se ao prprio STJ ou STF pedindo a interveno. No mrito, o que decidiu o STJ? O pedido de interveno foi aceito? A situao acima narrada aconteceu no apenas em um, mas em vrios stios no interior do Paran. Isso gerou vrias aes judiciais e diferentes pedidos de interveno federal. No ano de 2014, a Corte Especial analisou dois desses pedidos. O primeiro deles foi rejeitado. Alguns meses depois, houve outro pleito de interveno, referente a um stio diferente e, neste segundo caso, o STJ concedeu a interveno. Vale ressaltar que os relatores foram diferentes, mas a composio da Corte Especial praticamente a mesma.

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    Como as situaes so muito parecidas, aparentemente, devemos entender que o STJ mudou de opinio e passou a entender que a situao acima narrada enseja sim interveno. No entanto, isso no ficou expresso porque no segundo voto o Relator no mencionou o primeiro precedente. Veja o quadro comparativo: Na situao acima narrada, o pedido de interveno foi aceito?

    NO: STJ. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1/7/2014 (Info 545).

    SIM: STJ. IF 107-PR, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 15/10/2014 (Info 550).

    O STJ entendeu que, como j havia se passado muitos anos desde que prolatada a deciso judicial descumprida, a remoo das diversas famlias que vivem no local, se fosse feita hoje, iria causar um enorme conflito social, at mesmo porque no existe lugar para acomodar de imediato, de forma digna, essas pessoas. O Ministro salientou que, tecnicamente, a recusa do Estado em fornecer fora policial para a desocupao ordenada pelo Poder Judicirio caracteriza a situao prevista no art. 36, II, da CF, pois h desobedincia ordem judiciria, o que justificaria a interveno (art. 34, VI) para prover a execuo da ordem ou deciso judicial. Entretanto, a situao em anlise revela quadro de invivel atuao judicial, assim como no recomenda a interveno federal para compelir a autoridade administrativa a praticar ato do qual vai resultar conflito social muito maior que o suposto prejuzo do particular. Pelo princpio da proporcionalidade, no deve o Poder Judicirio promover medidas que causem coero ou sofrimento maior que sua justificao institucional e, assim, a recusa pelo Estado no ilcita. Para o Ministro, houve a afetao do bem por razes de interesse pblico, razo pela qual a questo dever ser resolvida em reparao a ser buscada via ao de indenizao (desapropriao indireta) promovida pelo interessado. Assim, o STJ negou o pedido de interveno federal contra o Estado, considerando que houve a perda da propriedade por ato lcito da administrao, no remanescendo outra alternativa a no ser respeitar a ocupao dos ora possuidores, como corolrio dos princpios constitucionais da dignidade da pessoa humana, de construo de sociedade livre, justa e solidria com direito reforma agrria e acesso terra e com erradicao da pobreza, marginalizao e desigualdade social.

    O STJ decidiu que deve ser deferido pedido de interveno federal quando verificado o descumprimento pelo Estado, sem justificativa plausvel e por prazo desarrazoado, de ordem judicial que tenha requisitado fora policial (art. 34, VI, da CF/88) para promover reintegrao de posse em imvel rural ocupado pelo MST, mesmo que, no caso, tenha se consolidado a invaso por um grande nmero de famlias e exista, sem previso de concluso, procedimento administrativo de aquisio da referida propriedade pelo Incra para fins de reforma agrria. Interveno federal medida de natureza excepcional, porque restritiva da autonomia do ente federativo. Da serem as hipteses de cabimento taxativamente previstas no art. 34 da CF. Nada obstante sua natureza excepcional, a interveno se impe nas hipteses em que o Executivo estadual deixa de fornecer, sem justificativa plausvel, fora policial para o cumprimento de ordem judicial. certo que a ocupao de grande nmero de famlias sempre um fato que merece a considerao da autoridade encarregada da desocupao, mas no em si impeditiva da interveno. Ademais, a suposta ocupao por considervel contingente de pessoas pode ser resultado da falta de cumprimento da deciso judicial em tempo razovel. No estado democrtico de direito, crucial o funcionamento das instituies, entre elas, os rgos do Poder Judicirio. A inrcia do Estado-executivo em dar cumprimento deciso do Estado-juiz enfraquece o Estado de direito, que caracteriza a Repblica brasileira.

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    DIREITO ADMINISTRATIVO

    AO DE INDENIZAO PROPOSTA PELA ADMINISTRAO PBLICA Prazo prescricional da ao ajuizada pelo INSS contra o empregador

    Ateno! Concursos federais

    Se o INSS paga penso por morte aos dependentes do segurado que morreu em virtude de acidente de trabalho, a autarquia poder ajuizar ao contra o empregador pedindo o ressarcimento desses valores (art. 120 da Lei 8.213/91).

    O prazo prescricional dessa ao de 5 anos, contados da data da concesso do benefcio.

    Deve-se chamar ateno para o fato de que, passados os 5 anos, haver a prescrio do prprio fundo de direito.

    STJ. 1 Turma. REsp 1.457.646-PR, Rel. Min. Srgio Kukina, julgado em 14/10/2014 (Info 550).

    Imagine a seguinte situao hipottica: Joo era empregado de uma metalrgica e morreu, em 2008, em virtude de um acidente de trabalho. Maria, sua dependente, passou a receber, em 2009, penso por morte paga pelo INSS. O INSS quer agora (em 2015) propor uma ao contra a empresa pedindo o ressarcimento dos valores que pagou e ainda ir pagar a Maria a ttulo de penso por morte. Qual o fundamento jurdico utilizado pelo INSS? O art. 120 da Lei n 8.213/91, argumentando que a empresa foi negligente nos padres de segurana, o que ocasionou o acidente. Confira:

    Art. 120. Nos casos de negligncia quanto s normas padro de segurana e higiene do trabalho indicados para a proteo individual e coletiva, a Previdncia Social propor ao regressiva contra os responsveis.

    Essa demanda do INSS ser proposta na Justia do Trabalho ou Justia Comum? Justia COMUM FEDERAL. Compete Justia comum processar e julgar ao proposta pelo INSS objetivando o ressarcimento dos valores despendidos com o pagamento de peclio e penso por morte acidentria, em razo de acidente de trabalho ocorrido nas dependncias da empresa r, por culpa desta. O litgio no tem por objeto a relao de trabalho em si, mas sim o direito regressivo da autarquia previdenciria, que regido pela legislao civil (STJ. 2 Seo. CC 59.970/RS, Rel. Min. Castro Filho, julgado em 13/09/2006). Trata-se de competncia da justia federal porque o INSS uma autarquia federal (art. 109, I, da CF/88). Em sua defesa, a empresa alegou que paga regularmente a contribuio para o SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) destinada a custear benefcios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doena ocupacional. Logo, o INSS no poderia cobrar dela o ressarcimento pelos valores pagos da penso por morte considerando que isso j estaria coberto pelo SAT. Tal tese aceita pela jurisprudncia? NO. Segundo o STJ, a contribuio ao SAT no exime o empregador da sua responsabilizao por culpa

    em acidente de trabalho, conforme art. 120 da Lei n. 8.213/1991 (STJ. 2 Turma. AgRg no AREsp 294.560/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/03/2014). Qual o prazo prescricional dessa ao proposta pelo INSS contra a empresa? 5 anos. O prazo prescricional das aes propostas contra a Fazenda Pblica de 5 anos, com base no Decreto 20.910/1932. Logo, para o STJ, em respeito ao princpio da isonomia, quando a demanda indenizatria for ajuizada pelo ente estatal contra o particular, o prazo prescricional tambm dever ser o mesmo, ou seja, 5 anos.

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    No se aplicam, assim, os arts. 103 e 104 da Lei n. 8.213/1991, uma vez que a referida lei regula apenas as relaes entre os segurados, seus dependentes e a Previdncia Social, no atingindo terceiros que no integram esse especfico regime jurdico. Qual o termo inicial do prazo prescricional: o dia da morte ou a data da concesso do benefcio? A data da concesso do benefcio. Em nosso exemplo acima, como a penso por morte foi concedida em 2009 e ao foi proposta somente em 2015, conclui-se que se passaram 6 anos, de forma que a pretenso est prescrita. O INSS alegou, contudo, o seguinte: o pagamento da penso por morte feito mensalmente; logo, esse prazo prescricional seria mensalmente renovado para as parcelas pagas; desse modo, a autarquia defendeu que somente estariam prescritas as parcelas anteriores a 2010 (5 anos antes do ajuizamento da ao); as demais poderiam ser cobradas da empresa. Em suma, o INSS argumentou que a prescrio seria progressiva. O STJ aceitou essa tese? NO. Para o STJ, o termo a quo da prescrio da pretenso deve ser a data da concesso do benefcio previdencirio e, quando ocorre a prescrio, ela atinge o fundo de direito. Trata-se de prescrio do fundo de direito (e no a prescrio de trato sucessivo). Prescrio do fundo de direito x prescrio de trato sucessivo Existe uma classificao da prescrio que a divide em:

    Prescrio do fundo de direito (prescrio nuclear)

    Prescrio progressiva (Prescrio de obrigaes de trato sucessivo)

    Ocorre quando o direito subjetivo violado por um ato nico, comeando a a correr o prazo prescricional que a pessoa lesada tem para exigir do devedor a prestao. Esgotado esse prazo, extingue-se a pretenso e o credor no mais poder exigir nada do devedor. Em palavras mais simples, aquela que atinge a exigibilidade do direito como um todo. Ex: o devedor combinou de pagar a dvida em uma s vez, em fev/2008. Se ele no pagou, iniciou-se o prazo prescricional, que terminou em fevereiro/2013.

    Ocorre quando a obrigao do devedor de trato sucessivo, ou seja, contnua. Em outras palavras, o devedor, periodicamente, deve fornecer aquela prestao ao credor. Toda vez que no o faz, ele viola o direito do credor e este tem a pretenso de exigir o cumprimento. Em palavras mais simples, aquela que atinge apenas as parcelas (e no o direito como um todo). Ex: o devedor combinou de pagar uma indenizao ao credor at o fim de sua vida. Essa verba paga em prestaes (fev/2008, fev/2010, fev/2012 etc). Imagine que ele no tenha pago nenhuma. A prescrio quanto a fev/2008 e fev/2010 j ocorreu. Persistem, no entanto, a prestao de fev/2012 e as seguintes.

    Deve-se chamar ateno para o fato de que o STJ afirmou que, passados os cinco anos, haver a prescrio do prprio fundo de direito.

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    CDIGO DE TRNSITO (PERMISSO PARA DIRIGIR) Recusa expedio de CNH definitiva no depende de prvio procedimento administrativo

    No depende de prvio procedimento administrativo a recusa expedio da CNH definitiva motivada pelo cometimento de infrao de trnsito de natureza grave durante o prazo anual de permisso provisria para dirigir (art. 148, 3, do CTB).

    STJ. 2 Turma. REsp 1.483.845-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/10/2014 (Info 550).

    Imagine a seguinte situao hipottica: Eduardo completou 18 anos e submeteu-se a todos os exames exigidos pelo DETRAN, sendo devidamente aprovado. Com isso, Eduardo recebeu uma permisso para dirigir, com validade de 1 ano. Segundo o CTB, Eduardo somente receber a Carteira Nacional de Habilitao (CNH) aps este perodo de um ano e desde que ele no tenha cometido nenhuma infrao de natureza grave ou gravssima ou seja reincidente em infrao mdia (art. 148, 3). Caso Eduardo pratique falta grave ou gravssima ou ento seja reincidente em infrao mdia, ele no receber a CNH e ter que se submeter a um novo processo de habilitao, com novos exames (art. 148, 4). Prtica de falta grave O que mais se temia aconteceu. Eduardo praticou uma falta grave. Diante disso, o DETRAN recusou a expedio da CNH definitiva. Eduardo, por meio de advogado, ajuizou ao alegando que essa recusa foi indevida considerando que no houve prvio processo administrativo com contraditrio e ampla defesa. A tese do autor foi aceita? NO. Segundo decidiu o STJ, no depende de prvio procedimento administrativo a recusa expedio da CNH definitiva motivada pelo cometimento de infrao de trnsito de natureza grave durante o prazo anual de permisso provisria para dirigir (art. 148, 3, do CTB). O direito obteno da habilitao definitiva somente se perfaz se o candidato, aps um ano da expedio da permisso para dirigir, no tiver cometido infrao de natureza grave ou gravssima e no for reincidente em infrao mdia, segundo disposto no 3 do art. 148 do CTB. Assim, a expedio da CNH mera expectativa de direito, que se concretizar com o implemento das condies estabelecidas na lei. Havendo o cometimento de infrao grave, revela-se desnecessria a instaurao de prvio processo administrativo, considerando que a aferio do preenchimento dos requisitos estabelecidos pela lei para a concesso da CNH definitiva se d de forma objetiva.

    DIREITO CIVIL

    CONTRATO DE SEGURO Morte decorrente de AVC no est abrangida em seguro de acidentes pessoais

    Determinada pessoa contratou um seguro de acidentes pessoais por meio do qual seus herdeiros receberiam a indenizao caso ele falecesse em decorrncia de morte acidental.

    Se essa pessoa falecer por causa de um AVC, seus herdeiros no tero direito a indenizao. Isso porque o bito decorrente do AVC no pode ser caracterizado como morte acidental, sendo hiptese de morte natural.

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    A Resoluo CNSP n 1172004 do Conselho Nacional de Seguros Privados traz a definio do que seja acidente pessoal.

    A distino bsica entre a morte acidental e a morte natural est no fato de que a primeira decorre de um evento diretamente externo enquanto que a segunda causada por um fator de natureza interna, como o caso das doenas.

    Para que seus herdeiros tivessem direito indenizao pela morte decorrente do AVC, essa pessoa deveria ter feito um seguro de vida.

    STJ. 1 Turma. REsp 1.443.115-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 21/10/2014 (Info 550).

    NOMENCLATURAS UTILIZADAS NOS CONTRATOS DE SEGURO Risco: a possibilidade de ocorrer o sinistro. Ex: risco de morte. Sinistro: o sinistro o risco concretizado. Ex: morte. Aplice (ou bilhete de seguro): um documento emitido pela seguradora no qual esto previstos os riscos assumidos, o incio e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prmio devido e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficirio. Prmio: a quantia paga pelo segurado para que o segurador assuma o risco. O prmio deve ser pago depois de recebida a aplice. O valor do prmio fixado a partir de clculos atuariais e o seu valor leva em considerao os riscos cobertos. Indenizao: o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro). Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situao adaptada: Joo fez um seguro de acidentes pessoais por meio do qual a seguradora se obrigava a pagar a indenizao aos seus herdeiros caso ele falecesse decorrente de morte acidental. Dois anos depois, Joo sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) que resultou em sua morte. Os herdeiros do falecido pediram o pagamento da indenizao, tendo a seguradora recusado sob o argumento de que a morte por AVC classificada como morte natural (e no morte acidental). A tese da seguradora foi aceita? A recusa ao pagamento foi legtima? SIM. O Conselho Nacional de Seguros Privados, por meio da Resoluo CNSP n 1172004, traz a definio do que seja acidente pessoal (art. 5, I). Ainda de acordo com a Resoluo, excluem-se do conceito de acidente pessoal as doenas. Desse modo, se a pessoa morre em virtude de doena, tal fato no caracterizado como acidente pessoal para fins de seguro. O AVC, apesar de ter o nome de acidente vascular cerebral, uma patologia (doena), ou seja, no causado por causa externa, mas sim por fatores internos e de risco da sade da prpria pessoa que levam sua ocorrncia. A distino bsica entre a morte acidental e a morte natural est no fato de que a primeira decorre de um evento diretamente externo enquanto que a segunda causada por um fator de natureza interna, como o caso das doenas. Como, no caso concreto, Joo havia feito o seguro apenas para acidentes pessoais (garantia por morte acidental), conclui-se que o evento causado (morte por AVC) no est coberto pelo contrato.

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    CONTRATO DE CAPITALIZAO Devoluo de valores aplicados em ttulo de capitalizao

    A capitalizao um contrato por meio do qual uma das partes (aderente/prestamista) se compromete a pagar, durante um prazo fixado no ajuste, prestaes pecunirias mensais a uma sociedade de capitalizao (capitalizadora) e esta, em contrapartida, se obriga a realizar sorteios peridicos nos quais o aderente poder ser contemplado com prmios ou, ento, ao final do ajuste o contratante receber de volta parte ou a totalidade das prestaes efetuadas (isso ir depender das condies contratuais). Ex: Tele Sena.

    Alguns ttulos de capitalizao permitem o resgate dos valores antes do fim do prazo. No entanto, a maioria dos contratos possui clusula prevendo um prazo de carncia, ou seja, um perodo inicial em que o capital fica indisponvel, no podendo ser resgatado pelo aderente.

    vlida a clusula contratual que estipula prazo de carncia para o resgate?

    SIM. Desde que redigida em estrita obedincia ao previsto na legislao vigente, vlida a clusula contratual que prev prazo de carncia para resgate antecipado dos valores aplicados em ttulo de capitalizao. A clusula que estipule prazo de carncia nos contratos de capitalizao deve ser clara e precisa, a fim de atender todas as diretrizes insculpidas no Cdigo de defesa do Consumidor e garantir transparncia suficiente nas relaes jurdicas estabelecidas entre aderente e sociedade de capitalizao.

    STJ. 2 Seo. EREsp 1.354.963-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 24/9/2014 (Info 550).

    O que o contrato de capitalizao? A capitalizao um contrato por meio do qual uma das partes (aderente/prestamista) se compromete a pagar, durante um prazo fixado no ajuste, prestaes pecunirias mensais a uma sociedade de capitalizao (capitalizadora) e esta, em contrapartida, se obriga a realizar sorteios peridicos nos quais o aderente poder ser contemplado com prmios ou, ento, ao final do ajuste o contratante receber de volta parte ou a totalidade das prestaes efetuadas (isso ir depender das condies contratuais). O contrato de capitalizao gera um ttulo que fica em poder do contratante (aderente). Em uma primeira anlise, o contrato de capitalizao parece ser vantajoso, mas, segundo os economistas, trata-se de um pssimo negcio, considerando que a rentabilidade acaba sendo menor do que outros investimentos bem modestos, como a prpria poupana. Apesar disso, muitas pessoas acabam sendo atradas por causa dos sorteios, sendo, portanto, um tipo de aplicao bastante procurada. O ttulo de capitalizao mais famoso do Brasil a Tele Sena, emitido pela Liderana Capitalizao S.A, integrante do Grupo Slvio Santos. O que o ttulo de capitalizao? Consiste em um documento entregue pela capitalizadora ao aderente e que serve como prova do contrato. Nele constar o nome do aderente, os nmeros ou letras utilizados para os sorteios e as clusulas e condies do contrato. Nesse sentido: FIUZA, Csar. Direito civil: curso completo. 15 ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2011, p. 740-741. O ttulo de capitalizao um ttulo de crdito? NO. Para o Min. Luis Felipe Salomo e a doutrina majoritria, o ttulo de capitalizao no possui a natureza jurdica de ttulo de crdito. Trata-se to somente de um instrumento que prova a existncia do contrato de capitalizao e no qual esto previstas as clusulas contratuais. Qual a legislao que rege o tema?

    O Decreto-Lei n. 261/67 que, no entanto, delegou ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) a competncia para fixar as normas da poltica de capitalizao e regulamentar as operaes das sociedades

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    do ramo (art. 3, 1). A Susep o rgo executor da poltica de capitalizao traada pelo CNSP ( 2). Desse modo, tanto a CNSP como a Susep possuem atos normativos infralegais que trazem as regras para o funcionamento dos contratos de capitalizao. O aderente poder desistir do contrato e pedir de volta os valores que pagou mesmo antes do fim do prazo? Em palavras simples, o ttulo pode ser resgatado a qualquer momento? Depende. Alguns ttulos de capitalizao permitem o resgate dos valores antes do fim do prazo. No entanto, a maioria dos contratos possui clusula prevendo um prazo de carncia, ou seja, um perodo inicial em que o capital fica indisponvel, no podendo ser resgatado pelo aderente. vlida a clusula contratual que estipula prazo de carncia para o resgate? SIM. vlida a clusula contratual que prev prazo de carncia para resgate antecipado dos valores aplicados em ttulo de capitalizao, devendo, no entanto, esta clusula ser redigida em estrita obedincia legislao vigente. A clusula que estipule prazo de carncia nos contratos de capitalizao deve ser clara e precisa, a fim de atender todas as diretrizes insculpidas no Cdigo de Defesa do Consumidor e garantir transparncia suficiente nas relaes jurdicas estabelecidas entre aderente e sociedade de capitalizao. Segundo decidiu o STJ, a estipulao de clusula de carncia para resgate tem por objetivo proteger os recursos da capitalizao, a fim de impedir que a desistncia de algum dos aderentes prejudique os demais detentores de ttulos dentro de uma mesma sociedade de capitalizao, impedindo o cumprimento de obrigaes previstas pela companhia como, por exemplo, o pagamento da premiao por sorteio. O desfalque repentino do plano, caso no haja clusula estipulando a carncia, poder impossibilitar o funcionamento das sociedades, prejudicando os demais detentores de ttulos de capitalizao e colocando em risco a prpria atividade econmica. Em outras palavras, se muitas pessoas desistirem no meio do contrato, no haver recursos para pagar a premiao dos sorteios. A legislao permite expressamente tal clusula? SIM. O art. 71, 1, da CNSP 15/1992 admite, genericamente, a estipulao de prazo de carncia e o art. 23, 1 e 2, da Circular Susep 365/2008, de forma expressa, permite a fixao de prazo de carncia no superior a 24 meses, contados da data de incio de vigncia do ttulo de capitalizao. Tais atos normativos so vlidos porque derivam da delegao feita pelo art. 3 do Decreto-Lei 261/1967. Para o STJ, eles no violam nem o CC nem o CDC, j que o sistema de proteo ao consumidor busca conferir equilbrio relao entre consumidor e fornecedor, no tendo, todavia, o objetivo de criar ou proteger situao em que o consumidor leve vantagem indevida sobre o fornecedor.

    SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAO A quitao do saldo residual de responsabilidade do muturio nos contratos sem FCVS

    Ateno! Concursos federais

    Nos contratos de financiamento celebrados no mbito do Sistema Financeiro de Habitao (SFH), sem clusula de garantia de cobertura do Fundo de Compensao das Variaes Salariais (FCVS), o saldo devedor residual dever ser suportado pelo muturio.

    STJ. 2 Seo. REsp 1.447.108-CE e REsp 1.443.870-PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 22/10/2014 (recurso repetitivo) (Info 550).

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    Saldo devedor residual: No contrato de financiamento celebrado no mbito do Sistema Financeiro de Habitao (SFH), algumas vezes o muturio (pessoa que tomou o emprstimo para comprar seu imvel) surpreende-se, ao final das prestaes, com o chamado saldo devedor residual, tambm conhecido como saldo residual ou simplesmente resduo. Em outras palavras, o muturio combinou de pagar o financiamento em 60 parcelas, por exemplo. Ao final, mesmo tendo pago todas elas, descobre que ainda dever quitar o resduo. Isso ocorre porque, em diversos contratos, o valor das prestaes eram reajustados com base em ndices mais baixos (ex: na variao salarial dos muturios). No entanto, o saldo devedor (o montante ainda a ser pago) era corrigido por ndices mais altos (ex: poupana). Tal situao fazia com que, mesmo pagando as prestaes combinadas, o valor total da dvida diminusse muito pouco. Assim, quando a pessoa acabava de pagar todas as parcelas, descobria que tinha um resduo. FCVS Pensando em resolver esse problema, h muitos anos (na dcada de 60) foi institudo o Fundo de Compensao de Variaes Salariais (FCVS), que, em sntese, seria uma espcie de seguro destinado a cobrir o valor eventualmente remanescente quando do trmino do contrato (o resduo). Dessa forma, o muturio tinha que pagar, mensalmente, alm do valor das prestaes, uma contribuio destinada ao FCVS. Essa contribuio mensal do muturio e o aporte de recursos do extito Banco Nacional da Habitao - BNH alimentavam o FCVS. Sucede que o dinheiro no foi suficiente e o FCVS foi mergulhado em uma grave crise financeira, porque o que era para ser excepcional (existncia de resduo nos contratos) tornou-se a regra. Crise do FCVS Diante desse cenrio, no final da dcada de 80, decidiu-se que, em regra, os contratos de financiamento no poderiam mais conter a clusula de cobertura pelo FCVS. Ocorre que os resduos continuaram existindo. Os contratos de financiamento do SFH passaram a prever que, como no havia mais a cobertura pelo FCVS, a responsabilidade pelo resduo deveria ser do muturio. Explicado brevemente esse panorama, indaga-se: Essa clusula vlida? No contrato de financiamento celebrado no mbito do Sistema Financeiro de Habitao (SFH), no coberto pelo FCVS, vlida a clusula que estabelece que o pagamento do saldo devedor residual aps o trmino do pagamento das prestaes ser suportado pelo muturio? SIM. Nos contratos de financiamento celebrados no mbito do Sistema Financeiro de Habitao (SFH), sem clusula de garantia de cobertura do Fundo de Compensao das Variaes Salariais (FCVS), o saldo devedor residual dever ser suportado pelo muturio. A previso do saldo devedor residual decorre da insuficincia das prestaes pagas pelo muturio em repor o capital mutuado, pois o reajuste das prestaes vinculadas aos ndices aplicados categoria profissional nem sempre acompanha o valor da inflao, o que cria um desequilbrio contratual capaz de afetar, em ltima anlise, a higidez do prprio sistema de financiamento habitacional. Ao lado de tal circunstncia, destaca-se o fato de que o art. 2 do Decreto-Lei 2.349/87, legislao especfica sobre a matria, claro a respeito da responsabilidade dos muturios pelo pagamento do saldo devedor residual: Nos contratos sem clusulas de cobertura pelo FCVS, os muturios finais respondero pelos resduos dos saldos devedores existentes, at sua final liquidao, na forma que for pactuada, observadas as normas expedidas pelo Conselho Monetrio Nacional. Em suma: Se o contrato tiver sido celebrado sem a cobertura do FCVS, a quitao do saldo residual de responsabilidade do muturio.

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    DPVAT Acidente envolvendo mquina colheitadeira

    possvel o pagamento de indenizao do DPVAT em caso de acidente envolvendo mquina colheitadeira?

    Depende. Apesar de a mquina colheitadeira ser tambm veculo automotor agrcola, no se pode sempre enquadr-la como veculo automotor para fins de indenizao pelo DPVAT:

    Se essa mquina colheitadeira era suscetvel de trafegar por via pblica: SIM, ser devido o DPVAT.

    Se no houver possibilidade de que essa mquina ande em via pblica: NO. No ser devido o DPVAT.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.342.178-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 14/10/2014 (Info 550).

    Em que consiste o DPVAT? O DPVAT um seguro obrigatrio de danos pessoais causados por veculos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou no. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veculo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenizao do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. Ex: dois carros batem e, em decorrncia da batida, acertam tambm um pedestre que passava no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram invlidos. Os herdeiros dos motoristas recebero indenizao de DPVAT no valor correspondente morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre recebero indenizao de DPVAT por invalidez. Para receber indenizao, no importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes recebero a indenizao normalmente. O DPVAT no paga indenizao por prejuzos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. O lesado poder receber o seguro DPVAT ainda que estivesse trabalhando no momento do acidente? Em outras palavras, o seguro DPVAT pago mesmo em casos de acidente de trabalho envolvendo veculo automotor? SIM. A jurisprudncia do STJ entende que a caracterizao do infortnio como acidente de trabalho, por si s, no afasta a cobertura do seguro obrigatrio (DPVAT). possvel o pagamento de indenizao do DPVAT em caso de acidente envolvendo veculo automotor que ocorra na rea rural? SIM. Para que haja o pagamento do DPVAT no se exige que o acidente ocorra em via pblica. A exigncia de que o acidente envolva veculo automotor que pode circular em via pblica. Ex: acidente envolvendo uma picape que trafegava no campo agrcola. possvel o pagamento de indenizao do DPVAT em caso de acidente envolvendo veculo automotor agrcola? SIM. Em princpio, os sinistros que envolvem veculos agrcolas passveis de transitar pelas vias terrestres esto cobertos pelo DPVAT. Ex: trator. Imagine agora a seguinte situao: Joo estava trabalhando com uma mquina colheitadeira, no campo, quando sofreu um acidente e teve sua mo direita esmagada.

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    possvel o pagamento de indenizao do DPVAT em caso de acidente envolvendo mquina colheitadeira? Depende. Apesar de a mquina colheitadeira ser tambm veculo automotor agrcola, no se pode sempre enquadr-la como veculo automotor para fins de indenizao pelo DPVAT:

    Se essa mquina colheitadeira era suscetvel de trafegar por via pblica: SIM, ser devido o DPVAT.

    Se no houver possibilidade de que essa mquina ande em via pblica: NO. No ser devido o DPVAT. Essa diferenciao necessria porque existem algumas mquinas colheitadeiras que no podem circular em via pblica porque no preencheram os requisitos para fins de licenciamento (exs: farois, lanternas, controle de rudo etc.). Dessa feita, caso a colheitadeira, em razo de suas caractersticas, jamais venha a preencher os requisitos normativos para fins de trfego em via pblica (s podendo ser transportada embarcada em caminho), no h como reconhecer o direito ao seguro DPVAT em situaes de acidente envolvendo essa mquina.

    USUFRUTO Usufruturio possui legitimidade e interesse para propor ao reivindicatria

    Usufruto o direito real e temporrio de usar e fruir (retirar frutos e utilidades) coisa alheia (bem mvel ou imvel), de forma gratuita, sem alterar-lhe a substncia ou destinao econmica.

    O usufruturio detm a posse direta do bem. Alm disso, como se trata de direito real, ele tambm possui o poder de sequela, podendo perseguir a coisa, aonde quer que ela v.

    Como o usufruturio detm a posse direta do bem, bvio que ele pode se valer das aes possessrias caso esteja sendo ameaado em sua posse. No entanto, como o usufruto um direito real e como o usufruturio detm poder de sequela, a doutrina e a jurisprudncia tambm admitem que ele ajuze ao reivindicatria de carter petitrio com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito sobre o bem, seja contra o nu-proprietrio, seja contra terceiros.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.202.843-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 21/10/2014 (Info 550).

    Para entender o julgado, precisamos relembrar o que o USUFRUTO. CONCEITO Usufruto o direito real ... e temporrio ... de usar e fruir (retirar frutos e utilidades) ... coisa alheia (bem mvel ou imvel), ... de forma gratuita, ... sem alterar-lhe a substncia ou destinao econmica. EXEMPLO A me tinha uma casa e resolve doar para seu filho. Ao fazer a doao, contudo, a me estabelece seu direito real de usufruto sobre o imvel enquanto viver (usufruto vitalcio). Assim, a me ter o direito real de usar e fruir da casa (no caso, morar) at que venha a falecer.

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    PARTES

    Usufruturio Nu-proprietrio

    o titular do direito real de usufruto. o titular do domnio.

    o detentor do domnio til do bem, uma vez que a ele pertencem o uso e o gozo sobre a coisa.

    Tem apenas a nua propriedade, despida dos direitos de usar e fruir. O nu-proprietrio mantm apenas os direitos de dispor e reivindicar o bem.

    Tem a posse direta do bem. Tem a posse indireta do bem.

    Em nosso exemplo, a me. Em nosso exemplo, o filho.

    INSTRUMENTOS PROCESSUAIS DISPONVEIS AO USUFRUTURIO

    O usufruturio, como vimos acima, possui a posse direta da coisa. Desse modo, se algum tentar ou conseguir turbar essa posse, o usufruturio poder ajuizar aes possessrias contra essa pessoa (ao de manuteno/reintegrao de posse; interdito proibitrio). At aqui, tudo bem. O ponto interessante julgado pelo STJ foi o seguinte: O usufruturrio poder ajuizar ao de carter petitrio (ao reivindicatria)? SIM. O STJ decidiu que o usufruturio possui legitimidade e interesse para propor ao reivindicatria (de carter petitrio) com o objetivo de fazer prevalecer o seu direito de usufruto sobre o bem, seja contra o nu-proprietrio, seja contra terceiros. O usufruturio possui o direito de sequela, ou seja, ele poder perseguir a coisa, aonde quer que ela v. Ex: se o nu-proprietrio vend-la, no se desfaz o usufruto, a no ser que o usufruturio consinta. Logo, mesmo sendo o bem vendido, o novo proprietrio dever respeitar os direitos do usufruturio. Possuindo o direito de sequela, o usufruturio detm legitimidade para reivindicar a coisa, mediante ao petitria. Em resumo: como o usufruturio detm a posse direta do bem, bvio que ele pode se valer das aes possessrias caso esteja sendo ameaado em sua posse. No entanto, como o usufruto um direito real e como o usufruturio detm poder de sequela, a doutrina e a jurisprudncia tambm admitem que ele ajuze aes de carter petitrio contra o prprio nu-proprietrio ou contra qualquer outra pessoa que obstaculize ou negue o seu direito. Na imensa maioria das situaes, o usufruturio ir propor aes possessrias, por serem elas mais cleres. No entanto, pode acontecer de a privao da posse j ter algum tempo e, nesse caso, nada impede que o usufruturio se valha da ao reivindicatria para retomar seus direitos sobre a coisa.

    ALIENAO FIDUCIRIA nula a notificao extrajudicial se constar nome diverso do real credor

    No contrato de alienao fiduciria, a mora decorre do simples vencimento do prazo para pagamento, mas a lei exige que o credor (mutuante) demonstre a ocorrncia desse atraso notificando o devedor.

    Assim, o credor dever fazer a notificao extrajudicial do devedor de que este se encontra em dbito, comprovando, assim, a mora.

  • Informativo 550-STJ (19/11/2014) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 20

    Essa exigncia de prvia notificao est presente tanto no procedimento da alienao fiduciria de bens mveis de que trata o Decreto-Lei 911/69 como tambm na alienao fiduciria de bens imveis (Lei 9.514/97).

    nula a notificao extrajudicial realizada com o fim de constituir em mora o devedor fiduciante de imvel, quando na referida comunicao constar nome diverso do real credor fiducirio. A notificao em questo produz severas consequncias para o devedor, de forma que qualquer vcio em seu contedo hbil a tornar nulos seus efeitos, principalmente quando se trata de erro crasso, como h na troca da pessoa notificante.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.172.025-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 7/10/2014 (Info 550).

    Conceito A alienao fiduciria em garantia um contrato instrumental em que uma das partes, em confiana, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, ficando esta parte (uma instituio financeira, em regra) obrigada a devolver quela o bem que lhe foi alienado quando verificada a ocorrncia de determinado fato. (RAMOS, Andr Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. So Paulo: Mtodo, 2012, p. 565). Regramento O Cdigo Civil de 2002 trata de forma genrica sobre a propriedade fiduciria em seus arts. 1.361 a 1.368-B. Existem, no entanto, leis especficas que tambm regem o tema: alienao fiduciria envolvendo bens imveis: Lei n 9.514/97; alienao fiduciria de bens mveis no mbito do mercado financeiro e de capitais: Lei n 4.728/65 e Decreto-Lei n 911/69. o caso, por exemplo, de um automvel comprado por meio de financiamento bancrio com garantia de alienao fiduciria. Nas hipteses em que houver legislao especfica, as regras do CC-2002 aplicam-se apenas de forma subsidiria:

    Art. 1.368-A. As demais espcies de propriedade fiduciria ou de titularidade fiduciria submetem-se disciplina especfica das respectivas leis especiais, somente se aplicando as disposies deste Cdigo naquilo que no for incompatvel com a legislao especial.

    Resumindo:

    Alienao fiduciria de bens MVEIS fungveis e

    infungveis quando o credor fiducirio for instituio

    financeira

    Alienao fiduciria de bens MVEIS infungveis

    quando o credor fiducirio for pessoa natural ou jurdica (sem

    ser banco)

    Alienao fiduciria de bens IMVEIS

    Lei n 4.728/65 Decreto-Lei n 911/69

    Cdigo Civil de 2002 (arts. 1.361 a 1.368-B)

    Lei n 9.514/97

    Notificao do devedor No contrato de alienao fiduciria, a mora decorre do simples vencimento do prazo para pagamento, mas a lei exige que o credor (mutuante) demonstre a ocorrncia desse atraso notificando o devedor. Assim, o credor dever fazer a notificao extrajudicial do devedor de que este se encontra em dbito, comprovando, assim, a mora. Essa exigncia de prvia notificao est presente tanto no procedimento da alienao fiduciria de bens

    mveis de que trata o Decreto-Lei n 911/69 como tambm na alienao fiduciria de bens imveis (Lei n. 9.514/97).

  • Informativo 550-STJ (19/11/2014) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 21

    Na notificao dever constar o nome correto do credor O STJ decidiu que nula a notificao extrajudicial realizada com o fim de constituir em mora o devedor fiduciante de imvel, quando na referida comunicao constar nome diverso do real credor fiducirio. A notificao em questo produz severas consequncias para o devedor, de forma que qualquer vcio em seu contedo hbil a tornar nulos seus efeitos, principalmente quando se trata de erro crasso, como h na troca da pessoa notificante.

    ALIMENTOS Juizado da Violncia Domstica possui competncia para executar alimentos por ele fixados

    Importante!!!

    O Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher tem competncia para julgar a execuo de alimentos que tenham sido fixados a ttulo de medida protetiva de urgncia fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em conflito.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.475.006-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 14/10/2014 (Info 550).

    Imagine a seguinte situao hipottica: Francisca foi agredida pelo marido no mbito familiar e procurou o Juizado de Violncia Domstica. A juza deferiu diversas medidas protetivas de urgncia, com base no art. 22 da Lei Maria da Penha, dentre elas determinou que o marido agressor pagasse penso alimentcia no valor de 1 mil reais em favor do filho do casal, que permaneceu sob a guarda da me:

    Art. 22. Constatada a prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poder aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgncia, entre outras: (...) V - prestao de alimentos provisionais ou provisrios.

    O marido no pagou a penso alimentcia e Francisca procurou a Defensoria Pblica para que fossem tomadas as providncias necessrias. Diante disso, indaga-se: a ao de execuo dos alimentos fixados dever ser proposta na Vara de Famlia ou no Juizado de Violncia Domstica? No Juizado de Violncia Domstica. O Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher tem competncia para julgar a execuo de alimentos que tenham sido fixados a ttulo de medida protetiva de urgncia fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em conflito. A regra geral que os alimentos sejam fixados pelo juiz das varas de famlia e tambm executados neste mesmo juzo.

    Ocorre que a Lei n. 11.340/2006, em seu art. 14, estabelece que os Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, rgos [...] com competncia cvel e criminal, podero ser criados [...] para o processo, o julgamento e a execuo das causas decorrentes da prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, sem especificar as causas que no se enquadrariam na competncia cvel desses juizados, nas hipteses de medidas protetivas decorrentes de violncia domstica. Portanto, da literalidade da lei, possvel extrair que a competncia desses juizados compreende toda e qualquer causa

  • Informativo 550-STJ (19/11/2014) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 22

    relacionada a fato que configure violncia domstica ou familiar e no apenas as descritas expressamente na referida lei. E assim , no s em razo da lei, mas tambm em virtude da prpria natureza protetiva que ela carrega. O legislador, ao editar a Lei Maria da Penha, o fez para que a mulher pudesse contar no apenas com legislao repressiva contra o agressor, mas tambm visando criar mecanismos cleres protetivos, preventivos e assistenciais a ela. Saliente-se que situao diversa seria a das Comarcas que no contem com Juizado de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher, mas apenas com juzos criminais. A sim, estes teriam competncia apenas para o julgamento de causas criminais, cabendo s Varas Cveis ou de Famlia a fixao e julgamento dos alimentos.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIO Dano moral in re ipsa em caso de atraso de voo, seguido de falta

    de informao e de assistncia aos passageiros

    No caso em que companhia area, alm de atrasar desarrazoadamente o voo de passageiro, deixe de atender aos apelos deste, furtando-se a fornecer tanto informaes claras acerca do prosseguimento da viagem (em especial, relativamente ao novo horrio de embarque e ao motivo do atraso) quanto alimentao e hospedagem (obrigando-o a pernoitar no prprio aeroporto), tem-se por configurado dano moral indenizvel in re ipsa, independentemente da causa originria do atraso do voo.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.280.372-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 7/10/2014 (Info 550).

    Caso concreto O caso concreto tratava de um passageiro da Gol que comprou passagem area para viajar de So PauloSP para PalmasTO. Houve diversas trocas no horrio do voo e atraso de vrias horas. A companhia area no forneceu alimentao nem hospedagem, obrigando o cliente a pernoitar no prprio aeroporto. Alm disso, os funcionrios da empresa no prestavam informaes claras sobre o que aconteceria e se haveria ou no o voo. Diante disso, o consumidor ajuizou ao de indenizao por danos morais. A companhia contestou o pedido, afirmando que essa situao se deu em virtude do caos areo que tinha sido causado por um grave acidente envolvendo avio da TAM e que tinha acontecido trs dias antes, atrapalhando toda a programao das empresas do setor. O STJ concordou com o pedido de indenizao? SIM. No caso em que companhia area, alm de atrasar desarrazoadamente o voo de passageiro, deixe de atender aos apelos deste, furtando-se a fornecer tanto informaes claras acerca do prosseguimento da viagem (em especial, relativamente ao novo horrio de embarque e ao motivo do atraso) quanto alimentao e hospedagem (obrigando-o a pernoitar no prprio aeroporto), tem-se por configurado dano moral indenizvel in re ipsa, independentemente da causa originria do atraso do voo.

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    No importa qual a causa que tenha originado o atraso do voo (acidente areo, sobrecarga da malha area, condies climticas desfavorveis ao exerccio do servio de transporte areo etc.), isso jamais ter o condo de afastar a responsabilidade da companhia area por abusos praticados por ela em momento posterior, haja vista tratar-se de fatos distintos. Diante de fatos como esses (acidente areo, sobrecarga da malha area ou condies climticas desfavorveis ao exerccio do servio de transporte areo), deve a empresa amenizar o desconforto, no podendo, portanto, limitar-se a, de forma evasiva, eximir-se de suas responsabilidades. Alm disso, considerando que o contrato de transporte consiste em obrigao de resultado, o atraso desarrazoado de voo, independentemente da sua causa originria, constitui falha no servio de transporte areo contratado, o que gera para o consumidor direito a assistncia informacional e material. Desse modo, a companhia area no se libera do dever de informao, que, caso cumprido, atenuaria, no mnimo, o caos causado pelo infortnio, que jamais poderia ter sido repassado ou imputado ao consumidor. Ademais, os fatos de inexistir providncia quanto hospedagem para o passageiro, obrigando-o a pernoitar no prprio aeroporto, e de no ter havido informaes claras quanto ao prosseguimento da viagem permitem aferir que a companhia area no procedeu conforme as disposies do art. 6 do CDC. No caso analisado, reputa-se configurado o dano moral, porquanto manifesta a leso injusta a componentes do complexo de valores protegidos pelo Direito, qual a reparao civil garantida por mandamento constitucional, que objetiva recompor a vtima da violao de seus direitos de personalidade (art. 5, V e X, da CF e art. 6, VI, do CDC). Alm do mais, configurado o fato do servio, o fornecedor responde objetivamente pelos danos causados aos consumidores, nos termos do art. 14 do CDC. Sendo assim, o dano moral em anlise opera-se in re ipsa, prescindindo de prova de prejuzo. A ttulo de curiosidade, o valor fixado como danos morais foi de R$ 10.000,00.

    DIREITO EMPRESARIAL

    PROPAGANDA COMPARATIVA Em regra, lcita a propaganda comparativa

    A propaganda comparativa forma de publicidade na qual se compara, explcita ou implicitamente, produtos ou servios concorrentes, a fim de conquistar a escolha do consumidor.

    Em nosso pas, no h lei definindo o que seja publicidade comparativa.

    A doutrina e o Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria do CONAR afirmam que a publicidade comparativa, em regra, permitida, desde que no viole alguns princpios.

    Segundo decidiu o STJ, lcita a propaganda comparativa entre produtos alimentcios de marcas distintas e de preos prximos no caso em que:

    a) a comparao tenha por objetivo principal o esclarecimento do consumidor;

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    b) as informaes vinculadas sejam verdadeiras, objetivas, no induzam o consumidor a erro, no depreciem o produto ou a marca, tampouco sejam abusivas (art. 37, 2, do CDC); e

    c) os produtos e marcas comparados no sejam passveis de confuso.

    A publicidade comparativa no vedada pelo CDC, desde que obedea ao princpio da veracidade das informaes, seja objetiva e no abusiva.

    De igual forma, em regra, a propaganda comparativa no proibida pela Lei 9.279/96 (LPI). Para que a propaganda comparativa viole o direito marcrio do concorrente, as marcas devem ser passveis de confuso ou a meno marca do concorrente deve ser feita de forma depreciativa, acarretando a degradao (desgaste do outro produto) e o consequente desvio de clientela.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.377.911-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 2/10/2014 (Info 550).

    Imagine a seguinte situao adaptada: A Nestl veiculou uma propaganda na TV na qual comparava um de seus iogurtes (Nesvita) com o Activia, produto pertencente Danone. Na pea publicitria eram exibidos os dois produtos e uma atriz dizia que o Nesvita tinha 18% menos calorias e 26% menos gorduras e, alm disso, vinha com 2 vezes mais clcio. A Danone ajuizou ao contra a Nestl requerendo o fim da exibio do comercial, alm do pagamento de indenizao por danos materiais. Segundo a autora, a referida propaganda, ao utilizar, sem autorizao, a marca Activia, violou os arts.

    130, III e 131 da Lei n. 9.279/96:

    Art. 130. Ao titular da marca ou ao depositante ainda assegurado o direito de: (...) III - zelar pela sua integridade material ou reputao. Art. 131. A proteo de que trata esta Lei abrange o uso da marca em papis, impressos, propaganda e documentos relativos atividade do titular.

    Definio legal de publicidade comparativa O tema em questo diz respeito propaganda comparativa. Conforme explicou o Min. Luis Felipe Salomo, a propaganda comparativa forma de publicidade que identifica explcita ou implicitamente concorrente de produtos ou servios afins, consagrando-se, em verdade, como um instrumento de deciso do pblico consumidor. Em nosso pas, no h lei definindo o que seja publicidade comparativa. CONAR A maior parte das disputas envolvendo propaganda e publicidade no Brasil no so resolvidas pelo Poder Judicirio, mas sim pelo CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria), por meio da autorregulao do setor. O CONAR uma organizao da sociedade civil constituda por representantes de setores ligados propaganda e publicidade, tais como: agncias de publicidade, anunciantes, jornais, revistas, emissoras de rdio e TV. Qualquer pessoa pode fazer reclamaes ao CONAR contra anncios e campanhas publicitrias caso entenda que determinada propaganda seja enganosa, ofensiva, abusiva, desleal etc. O Conselho de tica do CONAR analisa e, se concordar com a reclamao, determina a retirada ou fim da pea publicitria, o que atendido voluntariamente pelos jornais, emissoras, agncias e anunciantes. Para todos os envolvidos, prefervel que haja a autorregulao do setor do que deixar que tais decises sejam tomadas pelo Governo ou Poder Judicirio. O atual presidente do CONAR Gilberto Leifert, pai do apresentador de TV Tiago Leifert.

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    O CONAR possui um Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria que no lei (trata-se de um ato interno do CONAR), mas que, apesar disso, fonte do Direito classificada como costume (art. 4 da LINDB). O Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria trata da propaganda comparativa em seu art. 32, permitindo que isso seja feito, mas dizendo quais so os limites para a sua utilizao. Desse modo, em regra, a publicidade comparativa aceita. Voltando ao caso concreto, o que decidiu o STJ? A propaganda veiculada era lcita. Segundo decidiu o STJ, lcita a propaganda comparativa entre produtos alimentcios de marcas distintas e de preos prximos no caso em que: a comparao tenha por objetivo principal o esclarecimento do consumidor; as informaes vinculadas sejam verdadeiras, objetivas, no induzam o consumidor a erro, no

    depreciem o produto ou a marca, tampouco sejam abusivas (art. 37, 2, do CDC); e os produtos e marcas comparados no sejam passveis de confuso. A propaganda comparativa proibida pelo CDC? Em regra no. A publicidade comparativa no vedada pelo CDC, desde que obedea ao princpio da veracidade das informaes, seja objetiva e no abusiva. A propaganda comparativa proibida pela LPI (Lei de Propriedade Industrial)? Em regra, no. Para que a propaganda comparativa viole o direito marcrio do concorrente, as marcas devem ser passveis de confuso ou a meno marca do concorrente deve ser feita de forma depreciativa, acarretando a degradao (desgaste do outro produto) e o consequente desvio de clientela. Entender de modo diverso seria impedir a livre iniciativa e a livre concorrncia, ensejando restrio muito grande atividade econmica e publicitria, o que implicaria retirar do consumidor acesso s informaes referentes aos produtos comercializados e o poderoso instrumento decisrio. Deve-se lembrar que o direito da concorrncia tem como finalidade ltima o bem-estar do consumidor. Caso concreto No caso concreto, o STJ entendeu que as marcas comparadas no tinham nenhuma semelhana fsica, no sendo passveis de confuso entre os consumidores. Alm disso, a comparao feita e os esclarecimentos prestados foram objetivos, sem denegrir a marca da concorrente. Logo, no houve infrao ao registro marcrio nem concorrncia desleal.

    PATENTES Requisitos para a concesso da patente pipeline

    O registro sob o sistema pipeline no se submete regra do art. 8, ou seja, no se exige dele novidade, atividade inventiva e aplicao industrial.

    Os requisitos para a concesso da patente pipeline esto disciplinados nos 230 e 231 da Lei de Propriedade Industrial e, uma vez concedida a patente pipeline por outra jurisdio, ela no poder ser anulada invocando-se a ausncia de um dos requisitos de mrito previstos no art. 8 da LPI para a concesso das patentes ordinrias (novidade, atividade inventiva e aplicao industrial).

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    Assim, uma patente pipeline concedida no exterior e revalidada no Brasil no pode ser anulada ao fundamento de falta de um dos requisitos de mrito do art. 8 da Lei 9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial LPI), mas apenas por ausncia de requisito especificamente aplicvel a ela (como, por exemplo, por falta de pagamento da anuidade no Brasil) ou em razo de irregularidades formais.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.201.454-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 14/10/2014 (Info 550).

    Imagine a seguinte situao adaptada: O laboratrio B, um dos maiores do mundo, registrou no Brasil a patente da substncia di-hidroespirorenona, utilizada na preparao de medicamento anticoncepcional. A substncia foi registrada como patente do sistema pipeline. Patente pipeline Em palavras muito simples, porque o tema bem complexo, a patente pipeline, tambm chamada de patente de importao ou patente de revalidao, aquela em que em fica demonstrado que j houve expedio de patente no exterior, razo pela qual o INPI registra no Brasil essa patente exigindo menores formalidades. O sistema pipeline de patentes, disciplinado no art. 230 da Lei 9.27996, desde que cumpridos requisitos e condies prprias, reconhece o direito a explorao com exclusividade ao inventor cujo invento embora no patentevel quando da vigncia da Lei 5.77271 seja objeto de patente estrangeira. (STJ. 3 Turma. REsp n 1.092.139/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/10/2010). Outra caracterstica da patente do tipo pipeline que ela se refere a substncias, matrias ou produtos que faro parte da frmula de produtos finais que ainda esto em fase de desenvolvimento, ou seja, no se encontram disponveis para o comrcio. Como o produto ainda no est pronto, no poderia ser protegido, mas, mesmo assim, a legislao abre uma exceo e aceita a patente da substncia. Di Blasi, Garcia & Mendes: O termo pipeline - cuja traduo para o portugus seria tubulao - refere-se, no sentido figurado, aos produtos em fase de desenvolvimento e, portanto, ainda na tubulao que liga a bancada de pesquisa ao comrcio. Ou seja, tais produtos e processos no chegaram ao mercado consumidor e, por isso, ainda no podero ser protegidos. O pipeline tambm pode ser chamado de patente de revalidao. (BARBOSA, Denis Borges. Tratado de Propriedade Intelectual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, p. 1.783). As patentes pipelines so muito utilizadas por indstrias farmacuticas, que fazem o registro da patente de determinadas substncias que sero utilizadas em medicamentos que ainda no foram totalmente aprovados pelos rgos de regulao, de forma que, por isso, ainda no esto disponveis ao mercado consumidor. Os autores, em geral, defendem o sistema do pipeline por ser uma forma de proteger os investimentos feitos pela indstria em novas pesquisas, j que tero a garantia de que seus direitos sobre aquele produto sero respeitados quando ele finalmente estiver disponvel para a venda. Outros, no entanto, criticam por afirmar que se trata de uma forma de inibir a concorrncia e a livre iniciativa. A patente pipeline disciplinada nos arts. 230 e 231 da LPI:

    Art. 230. Poder ser depositado pedido de patente relativo s substncias, matrias ou produtos obtidos por meios ou processos qumicos e as substncias, matrias, misturas ou produtos alimentcios, qumico-farmacuticos e medicamentos de qualquer espcie, bem como os respectivos processos de obteno ou modificao, por quem tenha proteo garantida em tratado ou conveno em vigor no Brasil, ficando

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    assegurada a data do primeiro depsito no exterior, desde que seu objeto no tenha sido colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por terceiros, no Pas, srios e efetivos preparativos para a explorao do objeto do pedido ou da patente. 1 O depsito dever ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da publicao desta Lei, e dever indicar a data do primeiro depsito no exterior. 2 O pedido de patente depositado com base neste artigo ser automaticamente publicado, sendo facultado a qualquer interessado manifestar-se, no prazo de 90 (noventa) dias, quanto ao atendimento do disposto no caput deste artigo. 3 Respeitados os arts. 10 e 18 desta Lei, e uma vez atendidas as condies estabelecidas neste artigo e comprovada a concesso da patente no pas onde foi depositado o primeiro pedido, ser concedida a patente no Brasil, tal como concedida no pas de origem. 4 Fica assegurado patente concedida com base neste artigo o prazo remanescente de proteo no pas onde foi depositado o primeiro pedido, contado da data do depsito no Brasil e limitado ao prazo previsto no art. 40, no se aplicando o disposto no seu pargrafo nico. 5 O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo s substncias, matrias ou produtos obtidos por meios ou processos qumicos e as substncias, matrias, misturas ou produtos alimentcios, qumico-farmacuticos e medicamentos de qualquer espcie, bem como os respectivos processos de obteno ou modificao, poder apresentar novo pedido, no prazo e condies estabelecidos neste artigo, juntando prova de desistncia do pedido em andamento. 6 Aplicam-se as disposies desta Lei, no que couber, ao pedido depositado e patente concedida com base neste artigo. Art. 231. Poder ser depositado pedido de patente relativo s matrias de que trata o artigo anterior, por nacional ou pessoa domiciliada no Pas, ficando assegurada a data de divulgao do invento, desde que seu objeto no tenha sido colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por terceiros, no Pas, srios e efetivos preparativos para a explorao do objeto do pedido. 1 O depsito dever ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da publicao desta Lei. 2 O pedido de patente depositado com base neste artigo ser processado nos termos desta Lei. 3 Fica assegurado patente concedida com base neste artigo o prazo remanescente de proteo de 20 (vinte) anos contado da data da divulgao do invento, a partir do depsito no Brasil. 4 O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo s matrias de que trata o artigo anterior, poder apresentar novo pedido, no prazo e condies estabelecidos neste artigo, juntando prova de desistncia do pedido em andamento.

    Mitigao ao princpio da novidade Segundo o STJ, a concesso da patente pipeline representa uma mitigao ao princpio da novidade. Alm disso, nesse sistema de patente no so examinados os requisitos usuais de patenteabilidade. Trata-se, portanto, de um sistema de exceo, no previsto em tratados internacionais, que deve ser interpretado restritivamente, seja por contrapor ao sistema comum de patentes, seja por restringir a concorrncia e a livre iniciativa (STJ. 3 Turma. REsp n 1.145.637/RJ, Rel. Desembargador Convocado Vasco Della Giustina, julgado em 15122009). Voltando ao caso concreto: Aps ser concedida a patente da referida substncia, outro laboratrio, L, ajuizou ao anulatria, afirmando que o registro foi feito de forma indevida, j que no estavam preenchidos os requisitos da

    novidade e da atividade inventiva previstos no art. 8 da Lei n. 9.279/96:

    Art. 8 patentevel a inveno que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicao industrial.

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    A tese defendida na ao anulatria foi acolhida pelo STJ? NO. O registro sob o sistema pipeline no se submete regra do art. 8, ou seja, no se exige dele novidade nem atividade inventiva. Os requisitos para a concesso da patente pipeline esto disciplinados nos 230 e 231 da LPI e, de acordo com doutrina especializada, uma vez concedida a patente pipeline por outra jurisdio, ela no poder ser anulada invocando-se a ausncia de um dos requisitos de mrito previstos no art. 8 da LPI para a concesso das patentes ordinrias (novidade, atividade inventiva e aplicao industrial).

    FALNCIA No pedido de falncia, desnecessria a demonstrao da insolvncia econmica do devedor

    No pedido de falncia, desnecessrio que o requerente demonstre a insolvncia econmica do devedor. Se ele no pagou a dvida e esta se enquadra na descrio dos incisos do art. 94, possvel fazer o pedido de falncia independentemente da condio econmica real do empresrio.

    O pressuposto para a instaurao de processo de falncia a insolvncia jurdica, que caracterizada a partir de situaes objetivamente apontadas pelo ordenamento jurdico no art. 94 da Lei 11.101/2005: a impontualidade injustificada (inciso I), execuo frustrada (inciso II) e a prtica de atos de falncia (inciso III).

    A insolvncia que autoriza a decretao de falncia presumida, uma vez que a lei presume que o empresrio individual ou a sociedade empresria que se encontram em uma das situaes apontadas pela norma esto em estado pr-falimentar.

    bem por isso que se mostra possvel a decretao de falncia independentemente de comprovao da insolvncia econmica, ou mesmo depois de demonstrado que o patrimnio do devedor supera o valor de suas dvidas.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.433.652-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 18/9/2014 (Info 550).

    NOES GERAIS Conceito Falncia o processo coletivo de execuo forada de um empresrio ou sociedade empresria cuja recuperao mostra-se invivel. Finalidade A falncia tem como objetivo reunir os credores e arrecadar os bens, ativos e recursos do falido a fim de que, com os recursos obtidos pela alienao de tais bens, possam os credores ser pagos, obedecendo a uma ordem de prioridade estabelecida na lei. Legislao aplicvel Atualmente, a falncia do empresrio e da sociedade empresria regida pela Lei n 11.101/05. Procedimento

    I PROCEDIMENTO PR-FALIMENTAR II PROCESSO FALIMENTAR

    O procedimento pr-falimentar vai do pedido de falncia at a sentena do juiz. Engloba, resumidamente, trs atos principais: 1) pedido de falncia;

    O processo falimentar vai da sentena declaratria de falncia at a sentena de encerramento.

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    2) resposta do devedor; 3) sentena. Ao final desta fase, a sentena pode ser: denegatria: o processo se extingue sem a instaurao da falncia; declaratria: hiptese em que se iniciar o processo falimentar propriamente dito.

    no processo falimentar propriamente dito que ocorre a verificao e habilitao dos crditos e o pagamento dos credores.

    PEDIDO DE FALNCIA Quem pode requerer a falncia do empresrio ou da sociedade empresria? A pessoa que requer a falncia chamada de sujeito ativo da falncia (deve-se lembrar que a falncia acarreta um processo judicial). Segundo o art. 97 da Lei n 11.101/2005, podem requerer a falncia do devedor: I o prprio devedor; (Obs.: a chamada autofalncia.) II o cnjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; (Obs.: ocorre no caso de empresrio individual que morre e os seus herdeiros percebem que o falecido estava em situao de insolvncia, razo pela qual optam por requerer a falncia.) III o cotista ou o acionista do devedor; (Obs.: ocorre quando o scio da sociedade empresria (seja ele cotista ou acionista) entende que a empresa est insolvente e que o nico caminho a falncia.) IV qualquer credor. (Obs.: a hiptese que ocorre em 99% dos casos.) Hipteses nas quais pode ser requerida a falncia: O art. 94 prev que a falncia poder ser requerida em trs hipteses.

    I Impontualidade injustificada Quando o devedor, sem relevante razo de direito, no paga, no vencimento, obrigao lquida materializada em ttulo ou ttulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salrios-mnimos na data do pedido de falncia. Adotou-se, neste inciso, o critrio da impontualidade injustificada. Obs.1: para pedir a falncia com base neste inciso no necessrio que o requerente tenha tentado executar o ttulo. No se revela como exigncia para a decretao da quebra a execuo prvia. Assim, desnecessrio o prvio ajuizamento de execuo forada para se requerer falncia com fundamento na impontualidade do devedor (STJ. 3 Turma. REsp 1.354.776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014). Obs.2: a duplicata virtual protestada por indicao ttulo executivo apto a instruir pedido de falncia com base na impontualidade do devedor. Logo, se o devedor no pagar uma duplicata virtual em valor superior a 40 salrios-mnimos, possvel que seja decretada a sua falncia (STJ. 3 Turma. REsp 1.354.776-MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014).

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    II Execuo frustrada Quando o devedor executado por qualquer quantia lquida, mas no paga, no deposita e no nomeia penhora bens suficientes dentro do prazo legal. A lei presume que o devedor, ao adotar esse comportamento na execuo contra si proposta, demonstra estar insolvente. Para o legislador, o devedor praticou um ato de falncia, ou seja, um ato de quem est em falncia. Adotou-se, neste inciso, o chamado critrio da enumerao legal. III Atos de falncia Quando o devedor pratica uma srie de atos listados nas alneas do inciso III do art. 94 da Lei n 11.101/2005. Aqui, a lei tambm presumiu que o devedor est falido pelo fato de ter praticado algum dos comportamentos descritos na lei. Assim, tambm se adotou neste inciso o chamado critrio da enumerao legal. Insolvncia jurdica X insolvncia econmica No pedido de falncia desnecessrio que o requerente demonstre a insolvncia econmica do devedor. Se ele no pagou a dvida e esta se enquadra na descrio dos incisos do art. 94, possvel fazer o pedido de falncia independentemente da condio econmica real do empresrio. O pressuposto para a instaurao de processo de falncia a insolvncia jurdica, que caracterizada a partir

    de situaes objetivamente apontadas pelo ordenamento jurdico no art. 94 da Lei n. 11.101/2005: a impontualidade injustificada (inciso I), execuo frustrada (inciso II) e a prtica de atos de falncia (inciso III). A insolvncia que autoriza a decretao de falncia presumida, uma vez que a lei presume que o empresrio individual ou a sociedade empresria que se encontram em uma das situaes apontadas pela norma esto em estado pr-falimentar. bem por isso que se mostra po