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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS CAMPUS DE CAICÓ JOSÉ BENTO DA SILVA NETO FLUXO DE CAIXA: IMPORTANTE FERRAMENTA GERENCIAL PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL DE CAICÓ. CAICÓ RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS

CAMPUS DE CAICÓ

JOSÉ BENTO DA SILVA NETO

FLUXO DE CAIXA: IMPORTANTE FERRAMENTA GERENCIAL

PARA O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL DE CAICÓ.

CAICÓ – RN

2015

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JOSÉ BENTO DA SILVA NETO

FLUXO DE CAIXA: IMPORTANTE FERRAMENTA GERENCIAL

PARA O MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL DE CAICÓ.

Monografia apresentada ao Departamento de

Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino

Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel

em Ciências Contábeis.

Orientador: Profº. Esp. Celso Luiz Souza de Oliveira

CAICÓ – RN

2015

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Silva Neto, José Bento da. Fluxo de caixa : importante ferramenta gerencial para omicroempreendedor individual de Caicó / José Bento da SilvaNeto. - Caicó: UFRN, 2015. 50f: il.

Orientador : Celso Luiz Souza de Oliveira.

Monografia (Bacharel em Ciências Contábeis) UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior doSeridó - Campus Caicó.

1. MEI. 2. Fluxo de caixa. 3. Gerência. I. Oliveira,Celso Luiz Souza de. II. Título.

Catalogação da Publicação na FonteUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

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JOSÉ BENTO DA SILVA NETO

FLUXO DE CAIXA: IMPORTANTE FERRAMENTA GERENCIAL

PARA O MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL DE CAICÓ.

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino

Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título

de Bacharel em Ciências Contábeis.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof.ª Esp. Celso Luiz Souza de Oliveira - UFRN/CERES

Orientador

_______________________________________________________

Prof.º Me. Alex Sandro Macedo de Oliveira - UFRN/CERES

Examinador

________________________________________________________

Prof.º Esp. Ney Fernandes de Araújo - UFRN/CERES

Examinador

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A Deus por toda força dada para sua

realização. À minha mãe e demais familiares,

que acredito ser a minha base para tudo.

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AGRADECIMENTOS

A entrada na faculdade foi uma porta que se abriu e trouxe além de conhecimentos e

aprendizados outras riquezas essências para minha formação profissional, social e acadêmica.

Agradeço a Deus por toda fé e força para a concretização deste trabalho, sendo sempre meu

guia e meu norte na obtenção de meus objetivos.

À minha mãe, Francisca Benta Filha, por ser sempre exemplo para tudo em minha vida, suas

batalhas e dificuldades enfrentadas sempre me motivaram a querer buscar o melhor pra nós

dois. Ela foi e sempre será a merecedora, ou melhor, o verdadeiro motivo de minhas vitórias.

A todos os meus familiares, em especial a Nelson dos Santos e Josefa Nenê pela criação e

educação dada ao longo de todos esses anos.

Às minhas queridas e amadas irmãs: Francisca Nelsonete dos Santos, Maria Nelsimone dos

Santos e Vitoria Santos. Sempre ao meu lado independentemente da situação, me motivando e

mostrando sempre as opções mais corretas. Me faltam palavras pra definir o quão importante

são para mim.

A um grande amigo: João Paulo Lucena de Medeiros. Este desde o segundo período do curso

esteve comigo, sua experiência, paciência e companhia foi de grande importância para o meu

crescimento. Suas palavras de motivação apontando caminhos certos me levaram a lugares que

acreditaria nunca chegar. Obrigado por tudo.

Aos colegas de sala e em especial: Jésica, Mariana, Jayne, Talita, Tatiana, July, Laís e Jayza.

Estas, hoje, muito mais que amigas, são pessoas que sei que poderei contar para o resto de

minha vida.

Aos amigos que durante esses anos entenderam minhas ausências e que vibrarão comigo minhas

conquistas.

A todos os professores que no decorrer destes cinco anos muito se esforçaram para nos passar

todos os conhecimentos possíveis, seus aprendizados hoje nos tornas contadores cientistas. Em

especial, quero agradecer a Celso Luiz Souza de Oliveira, meu professor orientador que muito

admiro desde o primeiro semestre de curso, seu talento e sua vontade de ensinar Contabilidade

sempre me motiva a gostar cada vez mais do curso, muito obrigado por toda ajuda para a

conclusão deste trabalho.

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A contabilidade é um antídoto à saúde

financeira de qualquer empresa, independente

do porte ou da formatação jurídica.

SCHNORR, P. W.

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RESUMO

O presente trabalho tem como tema a importância do uso do fluxo de caixa na gerência contábil

para as empresas optantes do sistema MEI. O objetivo é identificar se essa ferramenta está

sendo utilizada na gerência contábil destes gestores, auxiliando para fins decisórios na sua

empresa. Além de perceber se estes costumam registrar suas entradas e saídas monetárias, a fim

de um maior controle dos seus gastos e ganhos e, ainda, verificar se conhece a ferramenta fluxo

de caixa e se encontra alguma dificuldade na sua elaboração. Para enfim, diagnosticar se o MEI

utiliza as informações fornecidas por este método na sua gerência para a tomada de decisões.

A necessidade de entender como o MEI se utiliza de tal ferramenta para gerir seu negócio foi

uma das motivações da pesquisa. A metodologia utilizada foi de pesquisa bibliográfica e o

método de abordagem foi o indutivo e estudo de campo (monográfico), mediante aplicação de

um questionário, contendo treze perguntas, destinados a vinte e cinco microempreendedores

individuais. Atualmente, a Contabilidade é um grande auxílio, tanto para seu controle interno,

quanto na orientação nas suas decisões, logo, é através de ferramentas, como o fluxo de caixa,

que a contabilidade gerencial propicia uma maior certeza na obtenção dos resultados desejado.

Palavras-chave: MEI. Fluxo de caixa. Gerência.

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ABSTRACT

This work has as its theme the importance of using the cash flow in the accounting management

for companies opting MEI system. The goal is to identify whether this tool is being used in the

accounting management of these managers, assisting for decision-making purposes in your

company. In addition to understand whether these usually register their receipts and

disbursements in order to better control of your spending and earnings, and also verify that

knows the cash flow tool and is some difficulty in its preparation. To finally diagnose the MEI

uses the information provided by this method in its management for decision making. The need

to understand how the MEI uses such a tool to manage his business was one of the motivations

of research. The methodology used was literature and the method of approach was inductive

and field study (monograph) by applying a questionnaire with thirteen questions intended to

twenty-five individual microentrepreneurs. Currently, Accounting is a great help for both its

internal control, as the guidance in their decisions, so is through tools such as cash flow, which

management accounting provides greater certainty in achieving the desired results.

Keywords: MEI. Cash flow. Management.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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Figura 01 – Conteúdo do Balanço ............................................................................................ 25

Figura 02 – Demonstração de Resultados ................................................................................ 26

Figura 03 – Fluxo de Caixa. ..................................................................................................... 29

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Sexo ..................................................................................................................... 33

Gráfico 02 – Idade .................................................................................................................... 34

Gráfico 03 – Grau de escolaridade. .......................................................................................... 34

Gráfico 04 – Satisfação pós-formalização ................................................................................ 35

Gráfico 05 – Possui funcionário? ............................................................................................. 35

Gráfico 06 – Sente dificuldades na gerência? .......................................................................... 36

Gráfico 07 – Todas as entradas e saídas monetárias são registradas? ...................................... 36

Gráfico 08 – Conhece a ferramenta fluxo de caixa? ................................................................ 37

Gráfico 09 – O fluxo de caixa é realizado com frequência? .................................................... 37

Gráfico 10 – Tem dificuldades na elaboração da DFC? ........................................................... 38

Gráfico 11 – Alguém auxilia na elaboração da DFC? .............................................................. 39

Gráfico 12 – Os dados gerados pela DFC são utilizados para tomada de decisões? ................ 39

Gráfico 13 – Acredita que o uso do fluxo de caixa facilita a gerência empresarial? ............... 40

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BP Balanço Patrimonial

CFC Conselho Federal de Contabilidade

COFINS Contribuição Para Financiamento da Seguridade Social

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CRC Conselho Regional de Contabilidade

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DFC Demonstrativo Fluxo de Caixa

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EPP Empresa de Pequeno Porte

FASB Financial Accounting Standards Board

IASB Intenational Accounting Standard Board

IASC Intenational Accounting Standard Committee

Ibracon Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IFRS International Financial Reporting Standards

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IOSCO International Organization of Securities Commissions

IPI Imposto Sobre Produtos Industrializados

ISS Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza

Ltda. Sociedade Limitada

ME Microempresa

MEI Microempreendedor Individual

PIS Programa de Integração Social

PME Pequena e Média Empresa

S.A Sociedade Anônima

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 122

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 155

2.1 ORIGEM DA CONTABILIDADE. ................................................................................. 155

2.2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE. ...................................................... 16

2.3 CONTABILIDADE E GERÊNCIA. ................................................................................ 188

2.4 MEI (MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL) ......................................................... 200

2.5 DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA PEQUENOS NEGÓCIOS. ...................... 233

2.6 FLUXO DE CAIXA. ........................................................................................................ 267

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 300

3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA. ................................. 300

3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO ........ 311

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DE DADOS ......................................... 311

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 333

4.1 PERFIL DO MEI. ............................................................................................................. 333

4.2 MEI E O USO DA FERRAMENTA FLUXO DE CAIXA. ............................................ 366

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 411

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 433

APÊNDICE

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1 INTRODUÇÃO

A Contabilidade, no passado era vista apenas como um sistema tributário e escriturário,

hoje, é uma ferramenta de extrema importância para o gerenciamento empresarial. Assim relata

Katsumi (2010), Até a década de 70, esta ciência foi marcada pela forte influência da legislação

tributária e, a partir de 1976, foi deixando essa finalidade fiscal em decorência do grande

crescimento econômico da época e da criação da CVM. Nesse atual contexto de dificuldades

enfrentadas, diante dos impactos da crise nos mercados financeiros, a informação contábil

torna-se de extrema importância para o exercício adequado da classe administrativa

empresarial. Para Atkinson et al. (2000, p. 37), “a informação contábil gerencial é um dos meios

primários pelo qual gestores recebem feedback sobre seus desempenhos, capacitando-os a

aprenderem com o passado e melhorarem para o futuro”. Com o Microempreendedor Individual

(MEI) não ocorre diferente, mesmo que o porte da empresa seja micro, é importante conhecer

seus resultados.

A criação da Lei Complementar nº 128/08 que alterou a Lei nº 123/06 do Código Civil,

possibilitou aos trabalhadores que permaneciam no mercado de modo informal a se legalizarem

e, ao mesmo tempo em que possibilitou a entrada desse tipo de empresário no mercado formal,

criou limites para que o empreendedor pudesse permanecer usufruindo dos direitos e obrigações

do MEI. Uma dessas obrigações está relacionada a um limite de lucro bruto que o MEI não

poderá ultrapassar durante o exercício, se deseja continuar neste sistema tributário. Em 2008 o

rendimento bruto anual não poderia ultrapassar a faixa dos 36 mil reis, e em 2012 esse valor

aumentou para 60 mil reais.

A cidade de Caicó, localizada no interior do estado Rio Grande do Norte, até março de

2015, contava com 1.817 MEIs, de acordo com o site Portal do Empreendedor. É uma

quantidade pequena se comparada ao número total do estado que é de 64.236, atingindo um

percentual apenas de 2,8%. Essa proporção muda quando comparada somente ao número de

empresas dessa cidade, que segundo o site Empresômetro (2015), no início de abril, havia um

total de 4.623, levando em consideração todas as atividades. Logo, percebe-se que os MEIs

representam 39,3% do valor total de empresas situadas em Caicó/RN. Nota-se, portanto, que

quase 40% das atividades comerciais estão ligadas a esse regime tributário, com isso fica claro

a relevância desse tipo de negócio.

Domingos (1995, p. 43-48) ressalta a importância das pequenas empresas quando afirma

que “em grande parte do mundo, a micro, pequenas e médias empresas representam 90% dos

empreendimentos, contribuindo de forma expressiva na geração de empregos e produtividade.”

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Desta forma, as micro, pequenas e médias empresas, destacam-se no cenário socioeconômico

mundial. Em relação às dificuldades da permanência no mercado, “estima-se que

aproximadamente 80% de todos os novos empreendimentos no Brasil fecham suas portas nos

primeiros dois anos e muitos não chegam nem mesmo a completar um ano de atividade.”

(RESNIK, 1990, p. 2). Diante das estatísticas afirmadas pelos autores, nota-se que, ao mesmo

tempo em que a maioria das empresas abertas no país, em geral pequenas, são as mesmas que

fecham sem obtenção de êxito nos seus primeiros anos de gestão, evidenciando, assim, o déficit

na gerência desses negócios.

Isto posto, percebe-se a importância dos MEIs, porém deve-se ter a necessidade de

entender como é organizado esses pequenos negócios e como estes empresários realizam suas

gerências.

O fluxo de caixa, uma demonstração simples e grande responsável no planejamento

financeiro da empresa, é a melhor opção para auxiliar esses gerenciadores, tendo em vista que

nesta ferramenta está contido o registro de todas as entradas e saídas de recursos do caixa que

tenha ocorrido em determinado tempo. Diante disto, faz-se o seguinte questionamento: o MEI

realiza o registro de todas as suas entradas e saídas monetárias?

Para o MEI, é importante saber onde se está em termos de lucro, para que não exceda

seus limites, nem deixe de investir em sua empresa por medo de ultrapassá-los, acarretando,

assim, num lucro abaixo do desejado. Para isso, é necessário que conheça suas receitas.

Contudo, para chegar a essas informações e conhecer todas as receitas, um simples fluxo de

caixa apontaria bem todo o lucro obtido até aquele período.

Conforme aponta Chiavenato (2005), o caixa é o órgão responsável pela efetivação de

pagamentos e liquidação de dívidas, bem como dos recebimentos das receitas empresariais.

Logo, o fluxo de caixa seria o registro dessas entradas e saídas monetárias para um maior

controle administrativo. Partindo dessa premissa, chega-se a outra indagação: o MEI conhece

a ferramenta fluxo de caixa; e, se conhece, encontra alguma dificuldade na hora de sua

elaboração?

Tratando-se de fluxo de caixa,

O que importa é o volume de caixa. Se uma empresa anuncia lucros elevados,

mas não está gerando caixa, provavelmente não está gerando lucro nenhum.

E bom ter em mente que as empresas não quebram por falta de lucro. Elas

quebram por falta de caixa. (SMITH, 1994, p. 42)

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Logo, o fluxo de caixa é um demonstrativo que tem como finalidade apresentar todos

os pagamentos e recebimentos da empresa em determinado período de tempo, apresentando,

assim, a situação financeira real do empreendimento, e apontando de forma direta suas

necessidades ou seguranças. Deste modo, esta ferramenta realizada de forma interna pelo

próprio empresário, seria de grande ajuda quando do confronto das receitas e despesas,

disponibilizando entre outros fatores, o lucro.

O auxílio deste demonstrativo torna a gerência mais confortável, dando o suporte

necessário para tomada de decisões, além de possibilitar um gerenciamento mais claro e

confiável. Expostas tais ideais chega-se a um último ponto dos objetivos do trabalho que é:

verificar se os gestores MEI estão utilizando as informações geradas pelo fluxo de caixa para o

auxílio nas suas tomadas de decisões.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ORIGEM DA CONTABILIDADE

Os primeiros indícios de Contabilidade surgem no período paleolítico, onde o homem

ainda era primitivo e não tinha conhecimento da escrita. Diante disto, Sá (2010, p. 21)

afirma que

Há mais de 20.000 anos, no paleolítico superior, quando era ainda primitiva a

civilização, mas já havia a indústria de instrumentos, como forma de uso de

uma inteligência já desenvolvida, segundo Morgan, surgiram as observações

do homem em relação as suas provisões que eram sua riqueza.

A necessidade dos registros fez com que o homem usasse a forma mais antiga de escrita:

a artística. Esta foi essencial para noção de patrimônio que, naquela época, significava o que se

tinha de utilidade.

Ainda sobre o período mencionado, Sá (2010) descreve que o homem primitivo passou

a evidenciar a sua riqueza patrimonial em desenhos nas paredes das grutas, onde realizavam

pinturas referentes a seus bens. Além disso, usavam ossos de rena na forma de risco para a

realização dos registros, no qual o desenho significava a qualidade e os riscos a quantidade

pertencida. Desta forma, consegue-se entender como o homem usava essa forma de escrita

artística para realizar seus fatos.

Essa prática surge a partir do momento que o homem sente a necessidade de saber o

resultado de suas caças, que mais na frente viria ser substituída pelo conhecimento da

quantidade de seu rebanho. Sobre isto, Iudícibus (2004) comenta que os historiadores

descobriram os primeiros sinais da contabilidade com os povos primitivos, que utilizavam

métodos da época para fazer contagens de suas caças e pesca, mostrando que o homem no

passado sentiu que o registro de atos e fatos ocorridos em seu patrimônio lhe dava uma certeza

do que possuía, para mais adiante perceber que a cada período, com o auxílio dos dados

coletados, poderia identificar seus ganhos ou perdas.

Num período mais à frente, na Mesopotâmia, a riqueza e a grande evolução social

daquela área decorreram em um grande desenvolvimento para a contabilidade. A partir daí,

foram evidenciados através da evolução do registro contábil, os primeiros documentos de

escrita contábil. Sá (1997) aponta que os arqueólogos, em sua maioria, estão de acordo que

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foram as imensas riquezas da Suméria, em Uruk, no sopé das montanhas Zagros, entre outras

partes daquela região, que constituíram um ambiente propício para as bases do desenvolvimento

da escrita contábil, que era realizada em plaquinhas de argila. Os desenhos deram espaço a

escrita cuneiforme, utilizando-se de símbolos que serviram de suporte para muitos avanços em

termos de escrita e registro contábil.

2.2 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE

“Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente

associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de mensurar acréscimo e

decréscimo dos investimentos alocados a alguma exploração comercial ou industrial.”

(IUDÍCIBUS, 2010, p.1). No decorrer do tempo, a Contabilidade foi tendo que evoluir para

cada vez mais adequar-se à época, a fim de atender as necessidades exigidas pelo

desenvolvimento econômico, ético, ambiental, social entre outros fatores.

Na Idade Média, o grande crescimento comercial pedia uma maior desenvoltura para os

seus registros, já que simples escrituras contábeis não eram mais suficientes para tanto, atrelado,

ainda, ao desenvolvimento do raciocínio lógico matemático que influenciaram na criação das

partidas dobradas. Sá (1997) destaca os fatos que influenciaram a criação desse método: o

crescimento do capitalismo, a aplicação de números arábicos à escrituração, a maior

necessidade de relevo às contas do lucro e de fazer com que tivessem importância até superior

às contas de natureza creditícia, a ampliação das operações cambiais entre outra.

Após esse período, surgiram as escolas, primeiramente, a Europeia, que tinha como uma

de suas principais características os inúmeros estudos teóricos, era voltada para a criação de

teorias. Um dos seus principais idealizadores foi o Frei Luca Pacioli, que revolucionou a

Contabilidade na época e algumas de suas descobertas são utilizadas até os dias atuais. Sua

facilidade em lidar com a aritmética fez com que muitos pesquisadores acreditassem ser o

criador da partidas dobradas. Diante do exposto, Giminez (2011, p. 3) concorda que “[...] o

religioso franciscano Frei Luca Pacioli (1447-1517) editou a suma aritmética, geometria,

proporção e proporcionalidade, a quem é atribuída a implementação das partidas dobradas na

contabilidade, afirmação contestada por historiadores da contabilidade”. Com a ascensão da

escola Americana ocasiona uma declínio na Europeia, pois voltava-se para as necessidades

práticas dos usuários, enfatizando a informação contábil e abordando a Contabilidade como

ferramenta gerencial utilizada para a tomada de decisões. Sobre isto Gimenez (2011)

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complementa que a Contabilidade usada como linguagem dos negócios ganha grande

relevância no século XX, decorrente do pragmatismo da escola americana que se preocupava

principalmente em tratar aspectos econômicos a se empenhar em grandes discussões teóricas.

Depois de toda evolução teórica e da preocupação em fornecer informações aos seus

usuários, sentiu-se a necessidade de entender a essência dos registros, bem como buscar uma

maior aproximação na forma de como fazer a Contabilidade, para que o registro de um não

divergisse tanto do outro. Com isso, Sá (2010, p. 33) estabelece que foram criadas as doutrinas

e princípios contábeis de modo que

Buscou-se, evidentemente, esclarecer que a contabilidade estava preocupada

com essência da riqueza individualizada e não com a forma de simplesmente

registrar e informar, assim como se preocupava bem localizar a matéria

verdadeira de estudos e seus aspectos predominantes.

Com o avanço da tecnologia, causando a sensação de que o mundo está cada vez menor

e facilitando cada vez mais a interligação entre os mercados mundiais, foi necessário a criação

de órgãos que regulamentassem, criassem e interpretassem esses princípios e doutrinas.

Atualmente, depois da criação dos órgãos como: International Accounting Standards Board

(IASB); Financial Accounting Standards Board (FASB); International Organization of

Securities Commissions (IOSCO); entre outros, e de todas as normas e princípios lançados por

estes, a Contabilidade Internacional encontra-se em um momento “maduro”. Diante do

exposto, os órgãos internacionais buscam uma harmonização mundial das normas e princípios,

a ideia é uma padronização buscando entender as adversidades de cada lugar, a fim de facilitar

a interligação dos mercados mundiais.

De uma forma geral tanto em nível de empresa, entidades profissionais,

clientes, instituições de ensino, há um consenso favorável para uma

harmonização de padrões contábeis que facilite a comunicação e contribuam

para reduzir as diferenças internacionais no financial reporting, permitindo a

comparabilidade das informações. (KATSUMI, 2010, p. 37)

Ainda segundo o autor, desta vez, em relação a história contábil no Brasil, é

imprescindível saber que

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A contabilidade brasileira tradicionalmente foi vinculada à legislação

(originalmente a tributária e depois à societária em conjunto) e à

regulamentação por organismos governamentais (banco central do Brasil,

superintendência de seguros privado, comissões de valores mobiliários, entre

outros) sendo politicamente fraca a influência de órgão de classes ou institutos

representativos da profissão para determinação dos procedimentos contábeis.

(KATSUMI, 2010, p. 2)

O Brasil perde um pouco desse perfil escriturário a partir da década de 70 com a

promulgação da Lei nº 6.404/76 - Lei da Sociedade por Ações, que foi implementada na busca

pela convergência com as normas internacionais e assim abranger o mercado do país. Katsumi

(2010) aponta algumas mudanças a respeito disto: obrigatoriedade das companhias abertas

terem suas demonstrações contábeis auditadas, padronização e estruturação na forma de

apresentar as demonstrações contábeis e estudos sobre os princípios contábeis. Essas

obrigatoriedades fizeram com que a Contabilidade estivesse voltada para a informação contábil,

deixando aquele pensamento de mera escrituraria. Ainda assim, Gimenez (2011, p. 4) aborda

uma perspectiva mais atual:

O grande desafio do Brasil inicia em 2010 com a aplicação das normas

internacionais de contabilidade, a cargo do IASB, entidade constituída em

2001, substituindo o IASC, fundado em 1973, contando inicialmente com

órgãos profissionais dos países Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos,

França, Holanda, Irlanda, Japão, México, Reino Unido. Atualmente, 117 são

signatário deste padrão contábil.

Nesse contexto e sobre forte mudança na economia, o país busca adequar-se às normas

internacionais, juntamente com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que tem como

responsabilidade a convergência dessas normas, além da emissão de pronunciamentos técnicos

na busca de uma uniformização de seus procedimentos contábeis com os internacionais. O país

também investe na profissionalização de seu contador, onde antes a maioria dos profissionais

da área eram apenas técnicos, atualmente a grande maioria possui ensino superior, ficando

nítido o investimento acadêmico.

2.3 CONTABILIDADE E GERÊNCIA

Gimenez (2011, p. 2) admite que “entender contabilidade é ser membro de um grupo

com diversos participantes: empresas, governos, países, órgão reguladores, bancos e cidadãos

[...]”. Logo, percebe-se que é função da Contabilidade é está diretamente inserido em todos os

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departamentos da empresa e conseguir manter um elo que ligue cada um deles, além de levantar

conhecimentos para apoiar o desenvolvimento de informações de mercado, financeiras,

econômicas, governamentais, institucionais, ambientais, para que os profissionais possam dar

continuidade a suas atividades e negócios. No tocante aos usuários da Contabilidade, Ching

(2003, p. 4) afirma que “para poder trabalhar de maneira efetiva, as pessoas em uma

organização precisam constantemente de informação a respeito do montante de recursos

envolvidos e utilizados”.

Uma das ramificações da contabilidade, é a gerencial, muito importante para saúde da

empresa. Sobre este ramo, Marion (2009, p. 23) propõe que

A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar

decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os

monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou

de comunicados, que contribuem sobre maneira para a tomada de decisões.

Neste contexto, entende-se o papel da contabilidade na gerência empresarial, pois com

o suporte oferecido nos resultados apresentados pelos relatórios, o gestor terá mais facilidade

em executar suas decisões. Assim, este ramo da contabilidade está voltado para facilitar o

entendimento dos usuários e dos desafios internos, além de ser o principal suporte para a tomada

de decisão. Então, a partir dos relatórios elaborados é que os empreendedores irão decidir o

rumo de suas empresas. Deste modo, Gimenez (2011) afirma que a Contabilidade Gerencial se

relaciona com o processo decisório, preparando informações com base nas necessidades dos

gestores, em consonância com a missão de sua área de responsabilidade e a missão da empresa,

utilizando-se do sistema contábil.

Kuster et al. (2006) define que o mercado atual exige maior eficiência na gestão

financeira de seus recursos, não havendo dúvidas ou improvisações sobre o que fazer a respeito

disto. O uso econômico e eficaz dos recursos, mais do que em nenhum outro momento da

história, é prioridade. É essencial a precisão nas escolhas, sem abrir espaços para possíveis erros

ou falhas, na hora de geri-los, por isso é necessário um bom gerenciamento.

A maior preocupação dos gestores está relacionada à escassez de recursos. Sobre isto,

Gimenez (2011, p. 23) relata que “nenhum recurso em abundância traduz-se automaticamente

em diferencial competitivo. Este surge da habilidade dos gestores em manusear, criar ou

transformar, e de sistemas de informação integrados aos demais recursos para atender aos

objetivos finais”. Portanto, por maior que seja a quantidade de recursos disponíveis, é

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necessário uma busca cada vez maior para a otimização destes. Todavia, a falta de recursos

expõe a empresa à situações desfavoráveis. Para que isso não ocorra, a Contabilidade trabalha

desde o orçamento, elaborando planejamentos através de fatos ocorridos, tentando prever a

melhor situação futura, passando pelo controle com seus métodos de avalições, como controle

e auditoria e, ainda, auxiliando na melhor captação e investimentos de recursos, para, enfim,

concluir com o produto final. Sendo este o maior suporte para elaboração do preço, fornecendo,

assim, os valores de custos. A respeito do suporte gerencial, Gimenez (2011) ainda afirma que

a contabilidade apoia todo o processo. Na fase de planejamento, disponibiliza informações a

partir de bancos de dados do sistema de informações contábil, nutrindo os gestores com

informações comparativas, permitindo cortejar expectativas e fazer a extrapolação para

períodos futuros. Assim sendo, a contabilidade com todos os seus aparatos é indispensável em

todas as fases dos processos gerenciais, atuando como peça principal para a tomada de decisões.

2.4 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

O número de pessoas ou de pequenos grupos familiares que administravam e

gerenciavam seus micro e pequenos negócios de forma irregular, ou seja, sem cadastro de

pessoa jurídica, era bastante grande. Existem dificuldades na formalização destas empresas, e

uma das principais era a carga tributária cobrada exorbitantemente. Este fator era decorrente de

uma classificação de tributos não adequada para este nível empresarial, tendo em vista que

somente existiam padrões para empresas maiores e, assim, as micro e pequenas empresas não

tinham como arcar com toda essa carga tributária, já que o lucro era proporcional ao tamanho

de cada uma. Isso era muito desvantajoso para o pequeno empresariado, visto que a sua

regulamentação não era apenas um “status”, e a falta de regularidade acarretava em dificuldades

como a captação de crédito e a não participação de licitação, entre outros fatores. Nesse

contexto, Silvera (apud Doellinger, 2011, p. 226) esclarece que “o informal está nesta condição

porque foi empurrado. Ele está ali para sobreviver; não tem como pagar esses

impostos. Se for obrigado, pode ir à falência porque não vai conseguir competir”.

Com isso, o governo percebeu que era preciso olhar com mais atenção para os pequenos

negócios e, então, começou a criar formas de envolvê-los no mercado formal. Evidenciando

essa evolução no processo de formalização o Sebrae Nacional (2015) explica que

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No Brasil, o marco inicial foi a inclusão, dos artigos 170 e 179 na Constituição

de 1988, instituindo que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios

deveriam dispensar às microempresas e empresas de pequeno porte,

tratamento jurídico diferenciado e favorecido, visando a incentivá-las pela

simplificação, eliminação ou redução de suas obrigações administrativas,

tributárias, previdenciárias e creditícias.

Nos anos 90, juntamente com a regulamentação dos artigos 170 e 179 registraram-se a

criação do sistema simplificado de recolhimento de tributos e contribuições federais,

denominado Simples Nacional, e a criação do Estatuto da Micro Empresa (ME) e da Empresa

de Pequeno Porte (EPP). Na época, as novidades trazidas por essas mudanças não foram bem

recebidas, e os estados preferiram não aderir, instituindo seus próprios sistemas de tributação

para as respectivas empresas. Do mesmo modo, foram poucos os municípios que adotaram esse

regime tributário, e aqueles que não aderiram nada criaram a fim de beneficiá-los.

Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, apoiado por entidades de

representação e apoio ao setor de pequenas empresas, buscava-se uma mudança constitucional

no sistema tributário nacional que abrangesse tantos os estados como os municípios. A respeito

dessa mudança, o Sebrae Nacional (2015) expõe que em dezembro de 2003, foi promulgada a

Emenda Constitucional nº 042/2003, modificando tal regime tributário nacional. O artigo 146

previu a criação de Lei Complementar para tratar das normas gerais tributárias, abrangendo o

tratamento diferenciado e favorecido para as ME e EPP.

O grande avanço aconteceu em 14 de dezembro de 2006, quando o então presidente

assinou a Lei Complementar nº 123/06, que tratava de vigorar imediatamente o Simples

Nacional e seu sistema tributário com extensão aos estados e municípios. Esta foi a porta

principal para uma mudança que posteriormente viria a dar prioridade a uma classe ainda

menor. Assim, a Lei Complementar n° 128, de dezembro de 2008, em seu artigo 18-A apresenta

a nova figura titulado de MEI:

Art. 18-A. O Microempreendedor Individual – MEI poderá optar pelo

recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional

em valores fixos e mensais, independentemente da receita bruta por ele

auferida no mês, na forma prevista neste artigo.

§ 1° Para os efeitos desta Lei, considera-se MEI o empresário individual a que

se refere o art. 966 da Lei n° 10.4406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil,

que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$

36.000.00 (trinta e seis mil reais), optante pelo Simples Nacional e que não

esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.

§ 2° No caso de início de atividades, o limite de que trata o § 1° deste artigo

será de R$ 3.000,00 (três mil reais) multiplicados pelo número de meses

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compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano–

calendário consideradas as frações de meses como um mês inteiro.

O Sebrae (2015) afirma que em dezembro de 2009 já existiam mais de 49.000 MEIs

cadastrados. É evidente o quão importante e relevante foi criação dessa Lei. No entanto, tudo

que é novo precisa ser revisto para uma melhor ajuste a realidade. Em 2011, foi criada uma

nova Lei Complementar que alterou a nº 128/08, e sua principal adaptação foi o aumento da

receita bruta mensal, passando de R$ 3 mil para R$ 5 mil. Assim, o art. 18-A § 1º da nova Lei

Complementar nº 139/11 propõe que,

Art. 18-A

§ 1° Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário

individual a que se refere o art. 966 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002

(Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano- calendário anterior,

de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), optante pelo Simples Nacional que

não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.

Neste mesmo ano, a Presidência baixou duas medidas provisórias que beneficiavam as

ME e o MEI, uma que diminuiu a alíquota do INSS de 11% para 5%, e a segunda foi a criação

do Programa Microcrédito CRESCER. A intenção deste programa é que o governo federal em

parcerias com bancos iriam oferecer créditos aos microempreendedores com juros mais baixos

que a média do mercado, facilitando a captação de crédito bancário, tudo na busca de um maior

suporte para o MEI.

Dentre as atividades que se enquadram no MEI, pode-se destacar: manicure,

cabeleireiro, costureiro, adestrador, artesão, verdureiro, vigilante, entre outras. Atualmente, o

MEI tem como dever o pagamento no percentual de 5% sobre o valor do salário mínimo, ou

seja, um total de R$ 39,40, acrescido de R$ 5,00 de ISS, para quem presta serviços, e/ou R$

1,00 de ICMS, para quem comercializa produtos. E, ainda, terá isenção dos tributos federais,

como Imposto de Renda (IRPJ), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o

Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e

Contribuição Social sobre Lucro Líquido o (CSLL). Além disso, terá acesso aos benefícios

previdenciários como auxílio acidente, auxílio maternidade, aposentadoria, entre outros e,

ainda, poderá assinar a carteira de um único empregado.

Em se tratando de ajuda especializada, o MEI pode contar com o auxílio do Sebrae, que

sempre disponibiliza cursos de aprendizado e aperfeiçoamentos, dando todo suporte necessário

para que este empreendedor cresça no mercado. E, ainda, terá direito a assessoria contábil

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gratuita durante um ano, onde o contador realizará as declarações e assessorar o negócio.

Todavia, para isso, o escritório de contabilidade terá que ser optante do Simples Nacional, pois

só este está obrigado a cumprir essas exigências.

2.5 DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PARA PEQUENOS NEGÓCIOS

De acordo com Almeida (2014), o CPC aprovou em dezembro de 2009, no Brasil, o

Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, sendo o

equivalente das International Financial Reporting Standards (IFRS) para PMEs. Entre outros

fatores, esse Pronunciamento tratava da elaboração e publicação das demonstrações. No

entanto, o MEI não está obrigado a divulgação de suas demonstrações contábeis em caráter

fiscal, tirando sua exigência para fins tributários. Mesmo assim, não é interessante deixá-las de

realizar, pois essas tem a função de auxiliar, além da capacidade de mostrar onde se encontra o

trampolim e o entrave da empresa. As demonstrações contábeis

[...] são um conjunto completo de demonstrações destinadas à tomada de

decisão por vasta gama de usuários que não esta em posição de exigir

relatórios sob medida para atender suas necessidades particulares de

informações. Esses usuários, segundo o escopo e necessidade informacional

podem analisa-las em sua totalidade e obterem uma noção clara do negócio.

(GIMENEZ, 2011, p. 92-93).

Desta forma, entende-se por demonstrações contábeis o conjunto de informações de

determinada entidade referentes aos dados nela ocorridos, com o intuito de alimentar

apresentações aos seus usuários.

Um aspecto importante como vantagem oferecida pelas demonstrações é a função

comparativa. Ao confrontar demonstrações de períodos distintos, consegue-se apresentar as

mudanças ocorridas no decorrer do tempo, fazendo assim uma análise horizontal na trajetória

da empresa. Diante disto, Gimenez (2011, p. 95) esclarece que “o objetivo da comparação é

auxiliar ao usuário da informação a fim de entendê-la melhor, acompanhar a mudança nos

valores apresentados, inferir sobre o reflexo dos eventos passados e utilizá-los ou não para

predição do futuro da empresa”.

A partir daí, irá abordar-se dois demonstrativos que junto a Demonstração do Fluxo de

Caixa (DFC), que será tratada em outro momento, poderá dar uma maior clareza à gerência.

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Esses demonstrativos formam o tripé principal necessário para o suporte que as MPEs precisam,

pois os dados por eles gerados serão suficientes para à obtenção das informações desejadas.

Primeiramente, o Balanço Patrimonial (BP) tem como função principal mostrar uma

visão de todo da empresa naquele momento. Quintana (2009, p. 53) comenta que “um balanço

patrimonial evidencia a estrutura de todo o patrimônio ou riqueza de um empreendimento, como

se esta estivesse parada em um dado momento.” Em relação a estrutura deste demonstrativo, é

composto por dois grandes grupos: do lado direito, encontra-se o Ativo (que compõem todos

os bens e diretos referentes a empresa) e do lado esquerdo, o Passivo (constituído por todos os

deveres e obrigações). Cada um desses grupos divide-se em subgrupos denominados circulante

e não circulante.

No modelo brasileiro, o BP segue uma ordem crescente no qual na parte superior estão

as contas de maior liquidez e de mais rápido pagamento. Esse também será o critério para

distinguir uma conta do circulante e do não circulante. Dentro do Passivo encontra-se uma

terceira parte chamada de Patrimônio Líquido, que de forma resumida pode-se dizer que é a

parte que trata das obrigações da empresa com seus sócios.

Figura 01 – Conteúdo do Balanço

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Fonte: ASSEF, 1999, p.92

Por sua vez, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é outro forte auxiliador

na gestão empresarial, Quintana (2009) mostra que observando o princípio da competência, é

realizado o confronto entre as receitas e os respectivos custos e despesas, com a finalidade de

obter o resultado de todas as ações da empresa em determinado período. A estrutura desse

demonstrativo inicia com receita líquida, sendo deduzido o custo dos produtos vendidos, e

somente depois, separadamente, quando já se tem o lucro bruto, é que subtraem as despesas

administrativas. Essa separação é bastante importante, pois dá ao gestor uma maior visibilidade

da diferença entre os custos (diretamente ligados aos produtos) e as despesas (relacionadas a

administração empresarial), ficando mais fácil identificar onde pode e deve-se cortar gastos.

Feitas as deduções, chega-se ao resultado operacional, que segundo Quintana (2009, p. 65):

“[...] é um dos mais importantes elementos de análise da situação da empresa,

pois ele identifica o resultado efetivo somente da parte operacional da

empresa. É obtido pela diferença entre o resultado bruto e as despesas

operacionais, podendo gerar um lucro ou um prejuízo operacional”.

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Logo após, são confrontados com o resultado operacional todas as despesas e receitas

financeiras, para, assim, incidir os impostos, resultando no lucro ou prejuízo do exercício.

Figura 02 – Demonstração de Resultados

Fonte: ASSEF, 1999, p. 92

Percebe-se, então, que os demonstrativos analisados em conjunto oferecem todo aparato

para o suporte de informações necessárias para os gestores do MEI. Sua elaboração e análise

podem facilitar e esclarecer certas dúvidas que talvez apenas a experiência não fosse capaz de

percebê-las.

2.6 FLUXO DE CAIXA

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A função principal deste demonstrativo é a evidenciação das variações do caixa

decorrente das entradas e saídas monetárias. Gimenez (2011) constata que a Demonstração

Fluxo de Caixa representa a variação líquida do saldo de caixa e equivalente, em um período

contábil, detalhando as receitas e despesas, refletindo as mudanças nas atividades operacionais,

de investimento e financiamento. Então, percebe-se que a grande utilidade deste está no

detalhamento das entradas e saídas, enfatizando informações importantes pertencentes a cada

uma delas. Com isto, fica possível a visualização de onde e em qual período teve-se os maiores

e menores gastos e ganhos.

Com um olhar voltado para a gerência, no tocante à disponibilidade de recursos e visão

futura, ambas proporcionadas pela DFC, Braga (1998, p. 124) relata que “as projeções dos

fluxos de entradas e de saídas de numerários constituem um instrumento imprescindível na

administração de disponibilidades”. O autor citado trata de um grande auxílio proporcionado

pelo fluxo de caixa às informações referentes a prevenção na disponibilidade de recursos.

Portanto, é de extrema importância que o gestor tenha recursos próprios disponíveis para arcar

com suas obrigações, ou seja, manter-se sempre com um bom saldo (positivo) de liquidez

(entradas menos saídas). O saldo positivo será útil para manter-lhe informado em uma média

de quanto necessitará de recursos naquele momento, isso resultará numa maneira de prevenir

os gastos, para que não tenha que buscar recursos de terceiros, informando às vezes que serão

necessário o uso deste. Os recursos de terceiros muitas vezes bastante onerosos, traria para o

gestor um menor lucro decorrente do aumento das despesas, resultado dos juros pagos na

captação destes. Para que isso não ocorra, uma projeção do fluxo de caixa demonstraria quanto

o gestor teria para desembolsar com suas despesas naquele instante, dando a opção de estudo

antecipado de seus recursos a fim de optar pela escolha mais saudável a empresa. Sobre os fatos

negativos resultantes da falta de liquidez, Sá (2010) aborda que o desequilíbrio na liquidez tende

a provocar desequilíbrio em outras partes do sistema, por meio da falta de lucro resultando em

aumento de cargas financeiras, limitações de vendas por faltas de estoques, perda de

produtividade e aumento de riscos. Por isso, a DFC demonstra sua importância em ter

informações relevantes de liquidez.

Em relação aos aspectos proporcionados por esse demonstrativo, Santos (2009) aponta

as informações geradas para os usuários avaliarem: a capacidade de geração de caixa nas

atividades operacionais, como a empresa está financiando suas necessidades de capital de giro

e, também, a capacidade de pagamentos e obrigações futuras da empresa. O autor ressalta,

ainda, três aspectos: o primeiro trata dos recursos gerados apenas nas atividades operacionais,

ou seja, aquelas atividades voltadas para a função principal da empresa, logo saberia como elas,

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destacadas das demais, está se saindo; o segundo aborda as formas de conseguir capital de giro,

mostrando a preocupação com o valor gasto pela empresa na obtenção desse capital utilizado

para as necessidades da empresa; e a terceira comenta em que situação se encontrará a empresa

quanto às suas dívidas futuras. Nesse contexto, percebe-se que a DFC tem uma função mais

abrangente, tendo em vista que além de expor as situações presente, proporciona também uma

percepção de como a empresa se encontrará no futuro.

Contudo, nota-se que a DFC está direcionada ao suporte e controle de muitos passos

dados pela a empresa, tendo em vista que até agora foi falado apenas sobre o auxílio nas

atividades operacionais e nas informações oferecidas para captação de recursos. Desta forma, é

necessário que aborde-se mais um dos pontos em que o fluxo caixa é essencial, formando assim

os três principais, por isso Salotti e Yamamoto (2004, p. 7) descreve que este demonstrativo é

uma “valiosa ferramenta para analisar os efeitos das atividades operacionais, de investimento e

de financiamento no fluxo de caixa de um determinado período”.

As atividades de investimentos ocorrem quando se tem um saldo positivo de caixa e este

não será necessário para cobrir nenhuma obrigação de curto de prazo. Logo, para que esse valor

não fique parado é necessário que se aplique a fim de obter um ganho futuro extra operacional.

A respeito dos ganhos futuros decorrentes das atividades de investimentos Quintana (2009)

esclarece os recebimentos de vendas, os ativos permanentes comprados com intuito de venda

futura, entradas monetárias decorrentes de empréstimos a terceiros, e pagamentos antecipados

de dívidas amortizando mais rapidamente o crédito e diminuindo, assim, os juros. Entende-se,

então, que o fluxo de caixa é o demonstrativo que independente do estado financeiro em que se

encontre a empresa, este sempre será uma ferramenta gerencial de grande funcionalidade,

esclarecendo com antecedência o momento que será preciso a captação de recursos de terceiros,

dando, assim, tempo para que o gestor analise a maneira mais benéfica para obtenção desse

recurso. Atuando, ainda, como ferramenta de suporte e controle para as atividades operacionais,

indicando as efetivas entradas e saídas como, por exemplo, um pagamento de um fornecedor e

possibilitando, também, as informações referentes de quando a empresa terá capital suficiente

para uma possível aplicação. Segue um modelo de fluxo de caixa:

Figura 03 – Fluxo de Caixa

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Fonte: GONÇALVES, 2007, p.132

Há ainda outro tipo de fluxo de caixa bem menos utilizado e conhecido pelas empresas,

a DFC indireta. “A diferença efetiva existente entre o método direto e indireto é a estruturação

do fluxo de caixa das atividades operacionais, pois, no indireto, o resultado do período e

ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa ou equivalente de

caixa.” (QUINTANA, 2009, p. 27). Diante do exposto, percebe-se que neste método

evidenciam-se os ajustes ao lucro líquido provenientes da DRE. Enquanto que pelo método

direto, a DFC apresenta uma forma mais clara de evidenciação das saídas e entradas de valores

monetários. Expostas as diferenças entre os dois métodos, pode-se dizer que se tratando de

semelhanças no fluxo nas atividades de investimento e financiamento, tanto uma como a outra

se apresentam de forma igual para ambos.

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3 METODOLOGIA

3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA

Minayo (1993, p.23), define a pesquisa como

“Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É

uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo

intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação

sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação

particular entre teoria e dados”.

Diante disso, o conhecimento científico surge da verificação de fatos reais, investigados

e experimentados através dos métodos científicos, que irão permitir os recursos necessários

para que uma teoria sobre determinado tema seja posta à prova e tenha sua autenticidade

confirmada.

No que se refere à sua natureza, a pesquisa se caracteriza como básica, pois tem como

objetivo alcançar o conhecimentos de seus resultados, e tem como forma de abordagem a

pesquisa quantitativa, tendo em vista que o estudo dar-se-á através de gráficos e das análises

dos mesmos, que segundo Richardson (1999) caracteriza-se pelo emprego da quantificação,

tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de

técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.

Desta forma, a abordagem quantitativa é fundamental para assegurar a precisão dos

resultados, evitando assim, divergências entre a análise e a interpretação dos dados, na busca

pela análise do comportamento de uma população através da amostra.

Quanto aos seus objetivos, a pesquisa é caracterizada como exploratória e descritiva.

Sendo assim, a pesquisa é exploratória quando:

Têm como objetivos proporcionar maior familiaridade com o problema, com

vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que

estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a

descoberta de instituições. (GIL, 1991, p.45)

Consequentemente, esta pesquisa torna-se exploratória porque pretende demonstrar a

importância do problema, levando em consideração as mais variadas perspectivas relativas ao

fato estudado. É ainda descritiva, porque, de acordo com Gil (1991, p. 46), “são juntamente

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com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com

a atuação prática, pois, muitas vezes uma está ligada a outra.”

3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO

A área de abrangência desta pesquisa é a cidade de Caicó, que está localizada no estado

do Rio Grande do Norte, com direcionamento aos microempreendedores individuais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2014), o

município de Caicó possui 62.709 habitantes, apresentando uma área territorial de 1.228,583

km², possui um clima semiárido quente e seu bioma predominante é a caatinga.

Conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em abril de 2015

havia cerca de 4.623 empresas em Caicó/RN, nas quais 1.817 são MEI. Deste total, foi feito

uma amostra, para fins da pesquisa, de 25 microempreendedores.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DE DADOS

A estratégia desta pesquisa é definida como levantamento por amostragem. Conforme

descreve Vergara (2003, p.50) a “população amostral ou amostra é uma parte do universo

(população) escolhida segundo algum critério de representatividade”. Sendo assim, a amostra

caracteriza-se como probabilística, tendo em vista que todos elementos são selecionados

aleatoriamente e possuem probabilidade conhecida de serem escolhidos.

Em relação aos procedimentos técnicos utilizados, fez-se uma pesquisa bibliográfica

para oferecer definições e explicações sobre termos utilizados durante a análise, que de acordo

com Marconi e Lakatos (2007, p.71), “[...] é colocar o pesquisador em contato direto com tudo

o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas

de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas”.

Utilizou-se também, um estudo de caso, que conforme Santos (2004, p.30), consiste em

“selecionar um objeto de pesquisa, restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos

característicos.”

Este tipo de procedimento possibilita maior complexidade do estudo dentro do que se

propõe, além de oferecer procedimentos simples. Porém, há uma dificuldade na generalização

dos dados obtidos.

Os dados foram coletados através de questionários aplicados com os MEI do município

de Caicó/RN, cuja intenção é verificar se o fluxo de caixa está servindo de ferramenta gerencial

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para os empreendimentos destes. Logo, os resultados obtidos serão demonstrados por meio de

gráficos devidamente comentados.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão abordados os dados que foram obtidos na pesquisa, com a ajuda

dos 25 MEI que se disponibilizaram a responder o questionário, tornando possível a coleta

destes dados. Após a análise dos resultados, será identificado a importância do fluxo de caixa

na gerência MEI e o entendimento de algumas de suas dificuldades.

4.1 PERFIL DO MEI

Gráfico 01 – Sexo

Fonte: Dados da pequisa (2015).

O gráfico acima aponta o sexo dos entrevistados, portanto, pode-se observar que o sexo

feminino compõe quase 70% da totalidade. Isso demonstra que a criação do MEI é de grande

importância para a formalização dessas mulheres que fazem do microempreendimento, seu

meio de vida.

32%

68%

Masculino

Feminino

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Gráfico 02 – Idade

Fonte: Dados da pequisa (2015).

O segundo gráfico mostra uma boa distribuição de idades entre os entrevistados, a parte

em que mais se destaca é a que representa os jovens entre 18 e 24 anos representando apenas

4% do total entrevistado. É notório que a maior procura por tornar-se MEI parte das pessoas

acima de 25 anos.

Gráfico 03 – Grau de escolaridade

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Os dados referentes ao 3º gráfico estão relacionados ao nível de formação escolar dos

entrevistados. Pode-se observar que a maioria destes estudaram até o ensino médio,

percentualizando um total de 52%, ou seja, pouco mais da metade concluiram o segundo grau.

Somando-se os níveis médio e fundamental, tem-se um total de 68%, enquanto que apenas 32%

possuem nível técnico ou superior. Portanto, faz-se necessário o incentivo ao estudo para uma

melhor formação desses MEI, a fim de que cada vez mais os gestores sintam-se preparados para

gerenciar seus negócios.

4%

28%

12%28%

28%18 a 24 anos

25 a 30 anos

31 a 35 anos

36 a 40 anos

Acima de 41 anos

16%

52%

12%

20%

Fundamental

Médio

Técnico

Superior

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Gráfico 04 – Satisfação pós-formalização

Fonte: Dados da pequisa (2015).

No 4º gráfico percebe-se que os benefícios da formalização faz com que nenhum

entrevistado sinta-se insatisfeito com ela, pois mostra que 88% estão satisfeito e apenas 12 %

satisfeito em parte. Isso mostra uma excelente aceitação pelo empresariado MEI, enfatizando o

quão benéfico foi a criação do referido nível empresarial.

Gráfico 05 – Possui funcionário?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

O gráfico acima apresenta que quase 70% dos MEIs não possuem funcionário, sendo os

próprios gestores quem administram e trabalham na empresa. Isto quer dizer que, em sua

maioria, os MEIs não contam com a ajuda de algum empregado para colaborar nos seus

negócios.

88%

0%12%

Sim

Não

Em parte

32%

68%

Sim

Não

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Gráfico 06 – Sente dificuldades na gerência?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Os dados esclarecem que apenas 12% dos entrevistados afirmaram sentir dificuldades

em gerir seus negócios, e que 32% sentem, porém com menos frequência. Assim sendo, pode-

se observar que mais da metade dos MEIs tem confiança em sua gerência, visto que 56%

relatam não sentir dificuldades em gerir seus empreendimentos.

4.2 O MEI E O USO DA FERRAMENTA FLUXO DE CAIXA

Gráfico 07 – Todas as entradas e saídas monetárias são registradas?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

O gráfico acima revela que 60% dos entrevistados costumam registrar todas as suas

receitas e despesas. Isto é um ponto positivo, pois o registro das entradas e saídas monetárias é

o início para a realização do fluxo de caixa. Quanto aos 40% que não realizam esse método,

podem comprometer a gerência do seu negócio, logo, estes não tem o suporte para as decisões

e, no caso de uma possível crise ou até mesmo a entrada de concorrentes no mercado, ficaria

difícil manter o equilíbrio diante da falta de informações sobre seu próprio empreendimento.

12%

56%

32%Sim

Não

As vezes

60%

40%Sim

Não

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Gráfico 08 – Conhece a ferramenta fluxo de caixa?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Observando o gráfico, percebe-se que a maioria dos entrevistados conhecem ou já

ouviram falar sobre a ferramenta fluxo de caixa. Portanto, pode-se dizer que eles têm uma idéia

e/ou até mesmo sabem da importância de realizar esse método. Enquanto que apenas 4% da

amostra não conhece o demonstrativo, um valor muito pequeno se comparado com a totalidade

que conhece ou já ouviu falar. Deste modo, se todos esses que conhecem a ferramenta também

utilizarem-a, o trabalho estará completo, senão, é fácil fazê-los utilizar, visto que é bem mais

prático ensinar algo que já se conhece do que apresentar algo novo.

Gráfico 09 – O fluxo de caixa é realizado com frequência?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Apesar do gráfico anterior mostrar estatísticas satisfatórias, o 9º gráfico não demonstra

o mesmo. Esse apresenta que apenas 24% dos entrevistados realizam a ferramenta fluxo de

caixa, um valor considerado muito baixo, menor até mesmo dos que alegam não realizar, já que

representam 32% da totalidade. O maior percentual deu-se nos que declararam realizar com

84%

4% 12%

Sim

Não

Já ouvi falar

24%

32%

44% Sim

Não

As vezes

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menor frequência o uso deste demonstrativo, perfazendo um total 44%. Isso é visto como um

ponto negativo, pois o fluxo de caixa deve ser usado continuamente, ou seja, sua realização tem

que manter-se constante, deixar de realizá-la em determinado momento é um risco, afinal,

perder informações referente a algum período poderá fazer falta no planejamento mais à frente.

Logo, percebe-se que apesar da grande maioria conhecer a ferramenta e, possivelmente, saber

de seus benefícios, 76% dos entrevistados não utilizam-a ou pelo menos não usam da forma

correta, perdendo os ganhos oferecidos por esse demostrativo.

Gráfico 10 – Tem dificuldades na elaboração da DFC?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

O 10º gráfico expõe que quase metade de toda amostra tem dificuldades na elaboração

do fluxo de caixa, o que perfaz um total de 48%. Essa estatística pode ser a explicação para o

resultado negativo do gráfico anterior, visto que as pessoas não elaboram o demonstrativo por

não sentirem-se preparadas. Enquanto que apenas 28% não sentem nenhuma dificuldade em

elaborá-lo, 72% afirmam sentir, por isso, é necessário um trabalho de divulgação da importância

do uso da DFC e ainda de como elaborá-la. Isto poderia ser desenvolvido por entidades de apoio

ao MEI, como é o caso do Sebrae.

48%

28%

24%

Sim

Não

As vezes

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Gráfico 11 – Alguém auxilia na elaboração da DFC?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Este gráfico explana que 48% dos entrevistados não possuem nenhum auxílio para

elaboração do fluxo de caixa, enquanto que 52% buscam ajuda para executá-lo. Deste modo,

entende-se que para auxiliar nas dificuldades, pouco mais da metade dos MEIs questionados,

procuram ajuda para a realização deste demonstrativo. Destes, apenas 24% recorrem ao

contador, por isso, observa-se a necessidade da proximidade deste profissional junto aos

microempresários, que tanto podem precisar de sua colaboração.

Gráfico 12 – Os dados gerados pela DFC são utilizados para tomada de decisões?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Os dados acima apresentam com maior destaque que 44% dos MEIs nunca utilizaram

os dados gerados pelo fluxo de caixa, ou seja, sequer buscaram informações na DFC para algum

suporte gerencial. Logo, entende-se que quase metade dos entrevistados gerenciam seus

estabelecimentos sem nenhum auxílio desta ferramenta. Dessa forma, deixam de obter

informações bastante relevantes para o desenvolvimento de seu negócio, impedindo-os de

24%

28%

48%Sim, meu contador.

Sim, conhecidos.

Não

28%

44%

28%

Sempre

Nunca

Só quando necessário

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realizar um bom planejamento. Enquanto que 28% tiram proveito dos dados gerados por esse

demonstrativo para a tomada de decisões, o restante utiliza-os quando acham necessário o uso

destes.

Gráfico 13 – Acredita que o uso do fluxo de caixa facilita a gerência empresarial?

Fonte: Dados da pequisa (2015).

Apesar de alguns resultados anteriores apresentarem percentuais negativos quanto ao

registro, realização e utilização dos dados gerados, neste último gráfico pode-se perceber um

resultado bem diferente. O gráfico mostra que 92% dos entrevistados acreditam que a

ferramenta fluxo de caixa pode sim facilitar a gerência, tornando, assim, o resultado bastante

satisfatório para a pesquisa, pois aponta que os MEIs acreditam nos benefícios que essa

ferramenta propõe e reconhecem que o seu uso ajudaria no suporte necessário para gerenciar

seu empreendimento. Os demais afirmaram não acreditar que esta ferramenta pode facilitar

pouco.

92%

0%

8%

Sim

Não

Pouco

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho teve como objetivo mostrar a relação entre o MEI e a DFC, tendo em vista

que a proposta era apontar este demonstrativo como uma ferramenta indispensável para uma

gestão empresarial eficiente, buscando entender até que ponto o gestor utilizava-a como suporte

no auxílio de suas decisões.

Para alcançar os resultados, foi necessário a colaboração de 25 microempreendedores

da cidade de Caicó/RN que se dispuseram a responder o questionário, contribuindo, assim, com

a arrecadação dos dados. Sobre microempresas Gomes (2004) discorre que um fator importante

característico deste tipo de empresa é a estratégia utilizada, geralmente formulada pelo seu

dirigente principal, que por sua vez, é também o proprietário que na maioria das vezes não tem

acesso a técnicas modernas de administração e planejamento financeiro. O MEI como sendo

também um tipo de microempresa, não foge a essas características, por isso a DFC, como

ferramenta de uso simples e prático, é um instrumento se encaixa bastante com tais empresas.

Portanto, o motivo dessa pesquisa é verificar o grau de utilização, compreensão e aplicação de

tal ferramenta por parte dessa classe empresarial a favor da gestão empresarial.

Os dados revelaram algumas situações adversas quanto ao uso do demonstrativo.

Iniciando pelos registros, foi possível perceber que grande parte armazena todo o seu

movimento financeiro em uma agenda de uso pessoal, utilizada para essa finalidade. A partir

disso, cria-se uma boa expectativa, visto que 84% dos entrevistados afirmam conhecer a

ferramenta, assim, atrelado a efetivação do registro, seria um bom começo para a realização

deste demonstrativo.

No entanto, outros dados mostram o inverso, apontado que menos de ¼ dos

entrevistados realizam com frequência a DFC. Pode-se, então, perceber que esse baixo índice

é decorrente das dificuldades encontradas na elaboração desta, visto que 72% das respostas

afirmaram isso. Esse resultado é desfavorável, diante das informações perdidas que poderiam

beneficiá-los.

Foi possível perceber, ainda, que os registros são realizados apenas por motivo de

controle do patrimônio. Esse entendimento surgiu a partir da declaração de alguns

entrevistados, que utilizam os dados gerados apenas para ter um suporte gerencial, ou seja,

aquelas informações são armazenadas somente para saber o movimento ocorrido durante o

período. Ainda assim, os dados coletados mostram que há um interesse pela DFC por parte dos

MEIs. Este fato é comprovado quando 52% demonstraram procurar ajuda na busca da

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efetivação deste demonstrativo, e é reafirmado no instante em que 92% acreditaram que esta

ferramenta facilita a gerência empresarial.

Por fim, chegou-se à conclusão que mesmo acreditando que o uso da DFC facilita a

gerência empresarial ajudando na tomada de decisões, os MEIs, em sua maioria, não realizam

o demonstrativo com frequência. Logo, deixam de usar os resultados gerados pela análise dos

dados fornecidos por essa ferramenta. Observa-se, então, que é necessário um apoio maior dos

órgãos de incentivo a essa classe empresarial, como o Sebrae, casa do empresário e também de

seus contadores na divulgação, elaboração e conscientização de um bom planejamento,

utilizando sempre os meios disponíveis como o fluxo de caixa. O intuito é tentar fazer com que

o MEI consiga cada vez mais manter sua continuidade, aprendendo a superar os momentos

difíceis com um melhor desempenho, e tirar o máximo de proveito nos picos de vendas. Espera-

se, ainda, que essa pesquisa tenha despertado um pouco mais de interesse em todos os

envolvidos, principalmente os MEIs, quanto a importância da ferramenta fluxo de caixa e seus

benefícios para gestão eficiente.

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APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CERES - CAICÓ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MEI – MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS

Caro MEI,

Esse questionário faz parte de um estudo realizado com empresas do MEI – Caicó/RN, como

parte do trabalho de conclusão de curso. Os dados aqui adquiridos são exclusivamente de uso

acadêmico.

Segundo Chiavenato, o caixa é o órgão responsável pela efetivação de pagamentos e liquidação

de dividas, bem como dos recebimentos das receitas empresariais. Logo, fluxo de caixa seria o

registro dessas entradas e saídas monetárias para um maior controle administrativo.

Nome da empresa (fantasia):

Ramo da empresa:

01) sexo?

( ) Masculino ( ) Feminino

02) Idade?

( )18 a 24anos ( )25 a 30anos ( )31 a 35anos ( )36 a 40anos ( )Acima de 41anos

03) Qual seu grau de escolaridade?

( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Técnico ( ) Superior

04) Está satisfeito após sua formalização?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em Partes

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05) Possui funcionário?

( ) Sim ( )Não

06) Senti dificuldades de gerir seu próprio negócio?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

07) Costuma registrar todas as entradas e saídas de dinheiro da empresa?

( ) Sim ( )Não

08) Conhece a ferramenta Fluxo de Caixa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Já ouvi falar

09) Realiza com frequência seu Fluxo de Caixa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

10) Senti dificuldade na elaboração e atualização de dados do fluxo de caixa?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

11) Alguém te auxilia na elaboração do fluxo de caixa?

( ) Sim, meu contador ( ) Sim, conhecidos ( ) Não

12) Utiliza os dados gerados pela ferramenta fluxo de caixa para a tomada de decisões?

( ) Sempre ( ) Nunca ( ) Só quando necessário

13) Acredita que o uso da ferramenta fluxo de caixa facilita a gerência empresarial?

( ) Sim ( ) Não ( ) Pouco

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Modelo 01 - Fluxo de Caixa

REFERÊNCIA

CHIAVENATO, Idalberto. Administração Financeira. Rio de Janeiro: Editora Elsevier,

2005.