fauna piscicola

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MANUAL PARA A AVALIAO BIOLGICA DA QUALIDADE DA GUA EM SISTEMAS FLUVIAIS SEGUNDO A DIRECTIVA QUADRO DA GUA

Protocolo de amostragem e anlise para a FAUNA PISCCOLA

Fot. Joo Pdua

JANEIRO DE 2008 MINISTRIO DO AMBIENTE, DO ORDENAMENTO DO TERRITRIO E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

MANUAL PARA A AVALIAO BIOLGICA DA QUALIDADE DA GUA EM SISTEMAS FLUVIAIS SEGUNDO A DIRECTIVA QUADRO DA GUA

Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola

Grupo de Trabalho:Joo Manuel Bernardo (Coordenao) Maria Ilhu Paula Matono Rui Cortes Maria Teresa Ferreira Jos Maria Santos Nuno Formigo Pedro Raposo de Almeida Bernardo QuintelaDepartamento de Ecologia, Universidade de vora Departamento de Ecologia, Universidade de vora Departamento de Ecologia, Universidade de vora Departamento Florestal da Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro Instituto Superior de Agronomia, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto Superior de Agronomia, Universidade Tcnica de Lisboa Departamento de Zoologia e Antropologia da Faculdade de Cincias da Universidade do Porto Universidade de vora-Instituto de Oceanografia Universidade de vora-Instituto de Oceanografia

Este documento deve ser citado do seguinte modo: INAG, I.P.2008. Manual para a avaliao biolgica da qualidade da gua em sistemas fluviais segundo a Directiva Quadro da gua Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola. Ministrio do Ambiente, do Ordenamento do Territrio e do Desenvolvimento Regional. Instituto da gua, I.P.

MINISTRIO DO AMBIENTE, DO ORDENAMENTO DO TERRITRIO E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Edio Instituto da gua, I.P . Coordenao Maria Helena Alves Produo grfica Carla Santos Impresso e acabamento Ncleo de Documentao Diviso de Informao e Tecnologias Departamento de Servios Gerais Instituto da gua, I.P . Janeiro, 2008

NDICE

1. Introduo 2. Amostragem 2.1 poca de amostragem 2.2 Material e equipamento 2.3. Seleco dos locais de amostragem 2.4. Comprimento do troo a amostrar 2.5 Procedimento de amostragem 2.6 Procedimentos aps amostragem 3. Processamento laboratorial 3.1 Material e equipamento 3.2 Mtodos 4. Apresentao de dados 4.1 Informao relativa a capturas 4.2 Informao de fontes complementares 5. Controlo de qualidade 6. Referncias bibliogrficas 7. Glossrio Anexo I Ficha de campo Anexo II Equipamento de laboratrio

1 1 1 2 4 4 4 9 12 12 12 12 12 13 13 14 15

Anexo III Lista de espcies referenciadas para o pas segundo ICN (2005)

1.Introduo A Directiva n 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2000 (Directiva Quadro da gua - DQA), transposta para a legislao nacional pela Lei da gua, Lei n58/2005, de 29 de Dezembro e pelo Decreto-Lei n77/2006, de 30 de Maro, veio tornar mais premente a necessidade de, a nvel nacional, se desenvolver um esforo de normalizao quanto a mtodos de amostragem de elementos de qualidade biolgicos designadamente na perspectiva dos programas de monitorizao. Na elaborao do presente protocolo para a fauna pisccola teve-se em conta a Norma EN 14011 (2003) Water quality - Sampling of fish with electricity com as necessrias alteraes dadas as caractersticas dos cursos de gua portugueses e a necessidade de produzir um protocolo na medida do possvel simples, claro e objectivo. A enorme disparidade de condies possveis no meio aqutico e a elevada capacidade de deteco da presena humana ou do equipamento de colheita por parte dos peixes criam particulares dificuldades amostragem deste grupo. As indicaes gerais includas constituem procedimentos a adoptar na generalidade dos casos, sem prejuzo da avaliao que a equipa de amostragem dever efectuar em cada situao adoptando as estratgias precisas mais adequadas aos objectivos, i.e. que maximizem a eficcia de captura com a menor perturbao dos especmenes. O objectivo, no mbito da DQA - qualidade ecolgica, para o elemento de qualidade biolgico fauna pisccola consiste na caracterizao da composio especfica, abundncia e estrutura populacional (estabelecida idealmente com base na idade, e mais pragmaticamente com classes de comprimento). 2. Amostragem 2.1. poca de amostragem: A amostragem deve ser efectuada quando j no se verifiquem caudais elevados e ainda no se observe a forte reduo estival de caudais e se mantm uma elevada diversidade fsica no curso. , conveniente, amostrar fora do perodo das migraes potamdromas, antes das migraes no Sul, e depois das migraes e da desova

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no Norte. Poder ser aconselhvel amostrar os pequenos cursos de gua mais cedo do que os grandes. A amostragem dever ser efectuada na Primavera em: Maro Abril para os cursos de gua a Sul do Rio Tejo; nos cursos de gua ou em anos que em Abril o caudal se mantm ainda demasiado elevado, a amostragem dever ser executada em Maio; Abril - Julho para os cursos de gua a Norte do Tejo, dependendo das condies de caudal. 2.2 Material e equipamento equipamento de pesca elctrica, DC ou PDC, fixos com gerador (para operar da margem ou a partir de embarcao) ou de transporte dorsal com motor a exploso ou de bateria, sendo as caractersticas aconselhadas: 200-1000V, potncia 0.8 - 2.5 KVA; nas guas muito pouco condutivas (existentes sobretudo no Norte e Centro montanhoso) colocam-se srios problemas em termos de eficcia de pesca, o que justifica a utilizao de equipamento com amplificao; camaroeiros de malha e dimetro compatvel com a dimenso dos peixes a capturar; redes de malha fina para barramento do curso quando necessrio; redes de emalhar multi-pano com as seguintes caractersticas: 2m de altura, 50m de comprimento ligando grupos de 3 panos em que nas extremidades os panos so de malha 20 (n a n) e tm 15m de comprimento e na parte central o pano de malha 30 (n a n) e tem 20m de comprimento; embarcaes leves e de elevada estabilidade de tipo pneumtico, semirgido, ou outro, com motor elctrico ou de exploso se necessrio, das caractersticas quando as do curso; aconselha-se do curso o a utilizao dependendo pesca

alternativa de 2 embarcaes: uma pequena para transporte do aparelho de elctrica caractersticas justificarem (embarcao de cerca de 2m de comprimento) e outra maior para o aparelho e mais 3 pessoas (embarcao para 3-4 pessoas se se tratar de um aparelho de bateria ou 4-5 pessoas se for um aparelho de maiores dimenses, de gerador); botas altas de borracha e luvas de borracha no condutoras de electricidade;____________________________________________________________________________________ Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola - 2 -

extintor de incndios; mquina fotogrfica; GPS; vara graduada, fita mtrica (50m); equipamento pH); de medio de parmetros fsico-qumicos da gua (temperatura, condutividade, velocidade de corrente, oxignio dissolvido,

disco de Secchi; cordas; placa com mola para preenchimento das fichas; lpis; ictimetros ou rguas plsticas (50cm mnimo); placas plsticas ou de material lavvel (do tipo das utilizadas para corte de alimentos); luvas aderentes, se necessrio, para manipulao de peixes de maiores dimenses na fase de medio; panos; caixas plsticas (tipicamente 60 x 50 x 35cm) para manter os exemplares at identificao e medio; baldes de plstico; material de ensombramento (caso em colheitas de Vero seja necessrio criar sombra para manter os peixes em melhores condies nas caixas plsticas);

arejadores portteis; mangas em rede para manuteno dos exemplares capturados; sacos de plstico; etiquetas de papel vegetal; bidons com tampa estanque; malas trmicas e acumuladores; Fixador (lcool a 90 ou soluo de formaldedo a 37%); gua destilada.

Normas de segurana Dada a natureza txica da soluo de formaldedo a 37%, em caso de utilizao deve tomar-se algumas precaues, nomeadamente trabalhar em ambientes bem ventilados e usar luvas.____________________________________________________________________________________ Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola - 3 -

A soluo a utilizar na conservao de peixes ser uma soluo de formalina tamponada a 10%. Para tal deve ser efectuada uma diluio de aproximadamente 10ml de formaldedo (37%) em 900ml de gua destilada. Para tamponar esta soluo, aconselha-se a utilizao de uma das seguintes misturas: 4g de NaH2PO4H2O e 6,5g de Na2HPO4; 4,5g de fosfato de sdio (monobsico) e 3,6g de hidrxido de sdio.

Se os peixes a conservar forem de dimenso mdia ou grande aconselha-se a injectar a soluo de formalina na cavidade abdominal e na massa muscular para evitar problemas de conservao e/ou elevar a concentrao da soluo. 2.3. Seleco de locais de amostragem A seleco de locais de amostragem decorre dos objectivos subjacentes, ou seja, avaliao da qualidade ecolgica com vista realizao de uma monitorizao de vigilncia, operacional ou de investigao. O troo a amostrar dever ser representativo do sector do curso abarcando a mxima diversidade fsica existente e conter pelo menos um riffle, se existir no sector. Em todas as situaes, a amostragem dever englobar todos os tipos de habitats existentes no troo com excepo das zonas muito profundas. Os troos de amostragem devem ser fotografados e georeferenciados com recurso a GPS, de modo a que possam a ser facialmente reconhecidos. 2.4. Comprimento do troo a amostrar O comprimento mnimo do troo a amostrar dever ser pelo menos 20 vezes a largura do rio e no inferior a 100m. Para os grandes rios, de largura superior a 30m, a amostragem dever ser efectuada num troo de comprimento 10 vezes a largura do rio. 2.5.Procedimento de Amostragem As amostragens sero efectuadas com pesca elctrica, sendo o tipo de aparelho e as caractersticas da corrente elctrica definidas em funo de cada situao concreta no sentido de elevar a eficcia de captura (Figura 1.). s equipas menos____________________________________________________________________________________ Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola - 4 -

familiarizadas com este tipo de amostragem aconselha-se a consulta de obras sobre pesca elctrica, por exemplo Cowx (1990) ou Cowx & Lamarque (1990).

Figura 1. Aparelho de pesca elctrica e material de amostragem.

Nos diferentes tipos de curso de gua, as equipas devero, sem comprometer a necessria eficcia de pesca, utilizar um tipo de corrente elctrica que no cause leses ou mortalidade nos peixes. Assim, e no que diz respeito a voltagem e pulsos, devero comear por testar valores baixos e, caso a eficcia de pesca seja reduzida, aument-los. De um modo geral mas sobretudo nos locais onde possam ocorrer espcies com estatuto de conservao, reduzir ao mnimo os riscos de mortalidade. Nesse sentido dever comear por ser utilizada corrente contnua (CC, em ingls DC, Direct Current) e, se se verificar insucesso, passar ento para PDC (Pulsed Direct Current) que tem efeitos mais nocivos sobre os peixes. Consoante o valor da condutividade elctrica da gua, aconselham-se as seguintes voltagens mximas: < 100 S/cm 100 - 300 S/cm > 300 S/cm 1000 V (ou 1100V se o equipamento o permitir) 800 V 400 V

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Caso se utilize corrente do tipo PDC, aconselha-se que a regulao inicial seja 500 s (pulse width) e 30 Hz (pulse rate) e, sendo necessrio elevar os valores para aumentar a eficcia de pesca, no devero estes ultrapassar 5 ms e 70 Hz. Para cursos de gua de largura mdia superior a 15m, aconselhvel a amostragem ser efectuada utilizando 2 nodos. Para os grandes rios (largura > 30m) a amostragem com pesca elctrica dever ser complementada com amostragem com redes de emalhar. As redes devem ser colocadas no ocaso e levantadas ao incio da manh, sendo as pescas idealmente efectuadas nas fases da lua entre o quarto-minguante e o quarto-crescente de modo a evitar as condies de luminosidade que possibilitem aos peixes detectar mais facilmente as redes. Nunca a amostragem dever ser efectuada por uma nica pessoa. Tipicamente uma equipa ser constituda por 3-6 pessoas: 1-3 elementos a operar com o aparelho de pesca elctrica e 2-3 elementos de apoio na colheita ou recepo dos exemplares colhidos, transporte, identificao e medio.

Cursos de gua ou locais de profundidade inferior a 0,8m nos cursos de gua de muito pequena largura, deve-se pescar

preferivelmente a partir da margem de jusante para montante, com imerso rpida do nodo com corrente j ligada, devendo antes, o operador ter o cuidado de evitar denunciar a respectiva presena; nos cursos de gua de maior largura, as colheitas devero ser efectuadas com os operadores percorrendo lentamente a p o curso para montante descrevendo um zig-zag entre as 2 margens, cobrindo todos os habitats existentes e fazendo sair os peixes que se encontrem abrigados (Figura 2.).

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Figura 2. Pesca com aparelho dorsal em curso de gua de baixa ordem: os operadores vadiam abrangendo a totalidade da largura do troo. Nos cursos com gua de grande transparncia e com muito baixo valor de abrigo, o que se traduz num muito elevado comportamento de fuga por parte dos peixes, devero os operadores proceder descarga de corrente aps perodo de imobilizao (mnimo de 20 - 30 s) com os elctrodos na gua. Nestes casos e em todas as situaes em que a grande maioria dos peixes tenda a escapar-se para montante evitando a captura devido a condies de muito baixo valor de abrigo e inexistncia de barreiras naturais, sugere-se que, se possvel, o troo seja previamente seccionado nos extremos com rede de malha fina (de 5 n a n, ou prxima) de modo a elevar a eficcia da pesca. Cursos de gua de profundidade superior a 0,80 m as colheitas devero ser efectuadas a partir de barco (Figura 3.), restringindo-se as colheitas a p s margens e zonas de baixa profundidade; em situaes com baixas velocidades de corrente, o barco poder deslocarse para jusante ao sabor da corrente, eventualmente controlando os movimentos com remos ou cordas a partir da margem; em correntes mais rpidas ser aconselhvel utilizar motor para manobrar o barco mas por forma a que este se desloque sensivelmente mesma velocidade a que os peixes imobilizados pela descarga elctrica derivam para jusante.

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Nos casos em que so vistos peixes mas no se efectuam capturas, apesar da adopo das estratgias de pesca mais eficazes, dever ser registada nas fichas a ocorrncia de peixes, discriminando-se os taxa (espcie ou famlia) se tal for possvel.

Figura 3. Pesca com barco em curso de profundidade superior a 0,8m.

Normas de Segurana So vrios os riscos associados s operaes de amostragem de ictiofauna: - risco de electrocusso; - risco de acidente por queda ou na manipulao da embarcao e do equipamento; - risco de afogamento; - risco de insolao, desidratao, queimadura solar; - risco de contrair doenas associadas a guas contaminadas; H que seguir as regras de segurana e os princpios do bom senso de modo a evitar qualquer tipo de acidentes; - no pescar em tempo de chuva ou durante trovoadas; - para as operaes de pesca no rio utilizar botas altas impermeveis ou bota-cala com alas de plstico, borracha ou PVC e luvas de borracha;

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- avaliar cautelosamente as condies do rio antes de iniciar as colheitas, designadamente as condies de corrente e a existncia de fundes ou as caractersticas do substrato que possam provocar quedas; - os operadores dos nodos (i.e., camaroeiro) devero assegurar-se, antes de activar o equipamento, de que no h qualquer risco de afectar os elementos da equipa ou qualquer outra pessoa na zona; para tal poder ser necessrio afastar pescadores, banhistas ou animais domsticos que se encontrem prximo da rea a amostrar; - em rios contaminados h que seguir os mais rigorosos procedimentos em matria de cuidados de higiene em termos pessoais e relativamente a todo o material utilizado, designadamente atravs de lavagem e desinfeco; - utilizar colete salva-vidas se as condies de profundidade e corrente assim o aconselharem e sempre que a pesca seja efectuada a partir de barco; - usar roupa adequada s condies climticas, e chapu e protector solar se necessrio; - seguir as regras de precauo usuais. Em caso de acidente contactar os servios competentes (SOS - 112). Manual e Estojo de primeiros socorros e telemvel so indispensveis; - aconselhvel pelo menos um dos elementos de cada equipa ter preparao de tcnicas de ressuscitao crdio- respiratrias; Para informaes detalhadas relativamente a segurana em pesca elctrica recomenda-se a leitura de Goodchild (1991). 2.6. Procedimentos aps amostragem Condies de manuteno dos peixes Os exemplares colhidos devero ser manipulados cuidadosamente (Figura 4.) No havendo inconveniente, a amostragem dever realizar-se em vrios perodos de durao no superior a 30min. para evitar mortalidade pisccola. Entre a colheita e o respectivo processamento, os peixes devero ser mantidos em aparatos de rede dentro do curso de gua em local no submetido a correntes elctricas ou em caixas plsticas de dimenses apropriadas com gua; deve evitar-se biomassas pisccolas demasiado elevadas para o volume dos recipientes e manter condies que possibilitem o bom estado fsico dos exemplares at respectiva devoluo ao meio aqutico (manter sombra se a radiao solar for forte, renovar a gua,____________________________________________________________________________________ Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola - 9 -

oxigenar por meios mecnicos...). Aps identificao e medio, os exemplares devero ser devolvidos ao meio, cuidadosamente libertados em zonas sem corrente (Figura 5.).

Figura 4. Exemplar de Salmo trutta.

Figura 5. Devoluo gua de exemplar.

Identificao e conservao de sub-amostra A identificao dos exemplares at espcie dever ser efectuada no local, com base em caracteres externos. Os exemplares de pequenas dimenses em que no se diferenciam ainda os caracteres externos especficos sero identificados ao nvel do gnero.

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Para a identificao e informaes diversas sobre as espcies pisccolas recomendase Almaa (1996), Kottelat (1997), Coelho et al. (1998, 2005), ICN (2005) e www.ittiofauna.org/webmuseum/indexwm.htm, www.fishbase.org/. No caso de existirem exemplares de identificao mais problemtica em que possam subsistir dvidas, dever ser guardada uma sub-amostra para posterior identificao em laboratrio. Essa sub-amostra dever ser identificada com uma etiqueta em papel vegetal da qual deve constar: Instituio (designao da Instituio responsvel pela amostragem), local de amostragem (cdigo, designao), curso de gua (designao), coordenadas geogrficas (GPS), data de amostragem (aa-mm-dd) e equipa de amostragem (identificao do operador). A conservao dever ser efectuada em soluo de formaldedo em sacos de plstico mantidos em bidons plsticos com tampa estanque, ou alternativamente em frio sendo transportados em mala trmica se as condies e o perodo que medeia at chegada ao laboratrio o permitirem, sendo posteriormente conservados a -20C. Medio A identificao e medio (comprimento total, mm) dos exemplares dever ser efectuada no local (Figura 6.). Sero medidos apenas os exemplares cujo comprimento seja superior a 40mm; para os indivduos de comprimento inferior a 40 mm ser unicamente registado o nmero de exemplares. Se numa determinada amostragem o nmero de exemplares capturados de uma espcie for muito elevado, s ser medida uma subamostra de 50 indivduos.

Figura 6. Medio de um exemplar.____________________________________________________________________________________ Protocolo de amostragem e anlise para a fauna pisccola - 11 -

No final da amostragem, a ficha de campo dever ser devidamente preenchida (Anexo I). 3. Processamento laboratorial 3.1 Material e equipamento Tinas plsticas Lupas binoculares Luvas Pinas, agulhas, bisturis, tesouras

No Anexo II encontra-se referenciado o material especfico de laboratrio para o procedimento laboratorial das amostras. 3.2 Mtodos No laboratrio, os exemplares conservados em soluo de formaldedo devero ficar em gua corrente algum tempo antes de serem examinados e o espao dever ser arejado (ou mantidos em hotte com extraco forada). Os exemplares devero ser identificados no mais curto perodo de tempo possvel aps as colheitas. 4. Apresentao de dados 4.1. Informao relativa a capturas Os resultados para o troo amostrado devero ser estabelecidos com base na totalidade das colheitas efectuadas nos diversos tipos de habitats presentes. As reas pescadas devero ser calculadas e os valores para cada espcie devero ser apresentados como: Densidade: n de indivduos colhidos / 100 m2 de rea amostrada Captura Por Unidade de Esforo (CPUE): n de indivduos / minuto de pesca No Anexo III inclui-se a lista das espcies referenciadas para o pas segundo ICN (2005).

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A estrutura populacional das espcies relevantes dever ser caracterizada atravs de tabela de classes de comprimento para cada gnero, disponveis em bibliografia da especialidade. As observaes de ectoparasitas, malformaes (coluna, mandbula, etc.), tumores e outras patologias detectadas devem ser indicadas como n de ocorrncias para cada tipo de patologia por espcie e classe de comprimento. 4.2. Informao de fontes complementares Nos casos em que a densidade de determinadas espcies baixa e/ou em que s determinadas artes de pesca (no includas no presente protocolo) so eficazes, devero ser registadas informaes obtidas junto de pescadores (idealmente 2 ou mais para confirmar a qualidade das informaes) relativamente a espcies e nveis de abundncia. designadamente o caso de ocorrncia de migradores didromos (enguia, svel, savelha, lampreia, salmo). Este tipo de informao dever ser desejavelmente apresentado para cada espcie, como n de indivduos capturados nesse troo do rio ou de forma semi-quantitativa (abundncia elevada, mdia, baixa, muito baixa, ausncia). 5. Controlo de qualidade

As equipas de campo devem integrar obrigatoriamente pelo menos um elemento que tenham recebido formao especfica para este tipo de colheitas ou que, devido sua prtica profissional se possa considerar certificado para coordenar as equipas de campo. Em ambos os casos, deve ter competncias no manuseio de equipamento de pesca elctrica. No que diz respeito formao associada identificao de peixes, cada equipa deve ter pelo menos um elemento com formao especfica nesta rea. Com o objectivo de assegurar a qualidade da amostragem deve estar prevista a realizao de ensaios de auditoria e de intercalibrao.

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6. Referncias bibliogrficas Almaa C. 1996. Peixes dos rios de Portugal. Edies INAPA, Lisboa. Coelho M.M., Bogutskaya N.G., Rodrigues J.A., & Collares-Pereira M.J. 1998. Leuciscus torgalensis and Leuciscus aradensis, two new cyprinids for Portuguese fresh waters. Journal of Fish Biology 52: 937-950. Coelho M.M., Mesquita N. & Collares-Pereira M.J. 2005. Chondrostoma almacai, a new cyprinid species from the southwest of Portugal, Iberian Peninsula. Folia Zoologica 54 (1-2): 201-212. Cowx, I.G. & Lamarque, P. (eds.) 1990. Fishing with Electricity. Fishing News Books, Blackwell Sci. Publ., Oxford. Cowx, I.G. (ed) 1990. Developments in Electric Fishing. Fishing News Books, Blackwell Sci. Publ., Oxford. Goodchild, G.A. 1991. Code of Practice and Guidelines for Safety with Electric Fishing. EIFAC Occasional Paper N24, FAO, Rome. ICN 2005. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal: Peixes dulceaqucolas e migradores, Anfbios, Rpteis, Aves e Mamferos. Instituto da Conservao da Natureza, Lisboa. Kottelat M. 1997. European Freshwater Fishes. Biologia 52 (suppl.5): 1-271.

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7. Glossrio Local de amostragem rea geogrfica onde seleccionado o troo de amostragem. Ectoparasitas parasitas exteriores fixados superfcie do corpo do animal. Helfitos espcies que toleram longos perodos de submerso parcial; as estruturas vegetativas apresentam parte emersa e parte imersa, as estruturas reprodutoras so areas e as radiculares encontram-se em substratos saturados em gua. Hidrfitos - plantas com a totalidade do aparelho vegetativo no interior do plano de gua ou sua superfcie, precisando desta como meio de suporte e para o transporte de plen na reproduo sexuada. De uma maneira geral os hidrfitos passam a estao desfavorvel sob o plano de gua. Sinnimo de plantas aquticas propriamente ditas ou euhidrfitos. Migradores didromos - peixes migradores que desenvolvem parte do ciclo de vida no mar e parte em guas continentais. Migraes potdromas - migraes em guas continentais, ao longo de um curso de gua, ou entre lago (ou albufeira) e curso de gua. Troo de amostragem - extenso de rio onde realizada a amostragem do elemento biolgico considerado o qual referenciado com recurso a GPS. Este troo pode ter um comprimento diferente consoante o elemento biolgico a amostrar. Riffle - habitat associado a correntes rpidas e muito rpidas, com fluxo turbulento, geralmente de pequena profundidade e com substrato grosseiro. Run - habitat geralmente associado a zonas de corrente moderada, em que o fluxo de gua no suficiente para provocar ondulao superior a 1cm. Pool - correspondente a habitats sem corrente. Substrato - material sedimentar.

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ANEXOS

____________________________________________________________________________________ Anexo I Ficha de Campo Pgina 1 de 5

____________________________________________________________________________________ Anexo I Ficha de Campo Pgina 2 de 5

____________________________________________________________________________________ Anexo I Ficha de Campo Pgina 3 de 5

____________________________________________________________________________________ Anexo I Ficha de Campo Pgina 4 de 5

____________________________________________________________________________________ Anexo I Ficha de Campo Pgina 5 de 5

Instrues para o preenchimento da Ficha de Campo da Fauna Pisccola A. Identificao do local de amostragem 1. Cdigo: indicar o cdigo para a designao do local de amostragem. 2. Designao do local: indicar a designao do local de amostragem (ex. Moinho das Barcas). 3. Curso de gua: indicar a designao do curso de gua onde se situa o local de amostragem (ex. rio Guadiana). 4. Bacia Hidrogrfica: indicar a designao da Bacia Hidrogrfica qual pertence o curso de gua (ex. Bacia Hidrogrfica do Guadiana). 5. Localizao: indicar a localizao do local de amostragem em relao a um referencial seleccionado (ex. distncia a ponte). 6. Coordenadas (GPS): retirar as coordenadas do local de amostragem (ponto jusante do troo). 7. Data da amostragem: indicar a data da amostragem (aa-mm-dd). 8. Hora: indicar as horas do incio e do fim da amostragem (incio - fim). 9. Equipa de amostragem: identificar as pessoas que fazem parte da equipa de amostragem. 10. Condies atmosfricas: indicar as condies de nebulosidade e de vento e se estas condicionam a amostragem. 11. Outras informaes: registar informaes que se considerem importantes para a identificao do local de amostragem. B. Caracterizao do troo de amostragem

6. Transparncia: relacionada com a visibilidade do substrato submerso no momento da amostragem. Escolher uma das trs opes presentes na Ficha de Campo: Transparente o substrato submerso visvel em todas as profundidades presentes no troo; Turva ligeiramente turvo com slidos suspensos moderados, o substrato submerso difcil de visualizar; Muito Turva grande quantidade de slidos em suspenso, impossvel visualizar o substrato submerso.

8. Comprimento: assinalar o comprimento total do troo amostrado em metros. 9. Largura da gua: largura do leito molhado no momento da amostragem, registar o valor mdio estimado para o local de amostragem, segundo as cinco classes referidas na Ficha de Campo (< 1m; 1-5m; 5-10m; 10-20m; > 20m).

10. Profundidade da gua: no momento da amostragem, registar os valores mdios estimados para o local de amostragem, segundo as quatro classes indicadas na Ficha de Campo (< 0,25m; 0,25-0,5m; 0,5-1m; > 1m).

11. Ensombramento: observado para o local de amostragem. Escolher uma opo de acordo com as quatro opes indicadas na Ficha de Campo (ausente; < 30%; 30-60%; > 60%) 12. Tipo de corrente: Assinalar o tipo de corrente no ponto central do trajecto do arrasto de acordo com a tabela seguinte:

Tipo de corrente Sem corrente Reduzida

Definio Situao que corresponde a total ausncia de corrente Situao em que o fluxo de gua no suficiente para provocar ondulaes superficiais (fluxo laminar)

Moderada

Situao em que se observa ondulao superficial pequena, simtrica e com altura de 1cm.

Rpida

Situao em que se observa ondulao superficial (ondas estacionrias a ondas quebradas)

Muito rpida

Situao que corresponde aos rpidos, em que o fluxo superficial catico com formao de espuma

13. Proporo de cada tipo de habitat: deve ser assinalada em percentagem a proporo de cada tipo de habitat de acordo com a seguinte classificao: Pool correspondente a habitats sem corrente; Run habitat geralmente associado a zonas de corrente moderada, em que o fluxo de gua no suficiente para provocar ondulao superior a 1cm.

Riffle - habitat associado a correntes rpidas e muito rpidas, com fluxo turbulento, geralmente de pequena profundidade e com substrato grosseiro; 16. Continuidade da galeria ribeirinha: formaes lenhosas presentes no local da amostragem. Seleccionar uma das cinco classes presentes na Ficha de Campo: Contnua galeria sem interrupes; Semi-contnua galeria em mais de 75% de comprimento do troo; Interrompida galeria em mais de 50% de comprimento do troo; Esparsa galeria constituda por rvores isoladas; Ausente ausncia de vegetao arbrea e/ou arbustiva/ herbceo.

D. Dados da fauna pisccola 5. Espcie: deve ser indicado o nome cientfico; CT (mm): deve ser anotado o comprimento total de cada exemplar em milmetros.

ANEXO II Equipamento de laboratrio Material especfico de laboratrio (como complemento ao equipamento laboratorial base): Infraestruturas: Hotte com bancada com gua e cuba para lavagens (no caso de se utilizar soluo de formol como conservante) Equipamento: Lupa binocular com iluminao de intensidade regulvel

Material: material de disseco - tesoura, bisturi, pinas e agulhas tinas de plstico (aprox. 25 x 30 cm ou maiores consoante as dimenses dos exemplares) ictimetros ou rguas com 50 cm de comprimento mnimo

____________________________________________________________________________________ Anexo II Equipamento de Laboratrio Pgina 1 de 1

Anexo III Lista de espcies referenciadas para o pas segundo ICN (2005) Espcies Pisccolas Dulceaqucolas e Migradoras e outras espcies marinhas que ocorrem em gua doce. Indicam-se igualmente designaes anteriores de alguns taxa. Petromyzontidae Lampetra fluviatilis (Linnaeus, 1758) Lampetra planeri (Bloch, 1784) Petromyzon marinus Linnaeus, 1758 Acipenseridae Acipenser sturio Linnaeus, 1758 (considerado regionalmente extinto) Anguillidae Anguilla anguilla (Linnaeus, 1758) Clupeidae Alosa alosa (Linnaeus, 1758) Alosa fallax (Lacpde, 1803) Cyprinidae Anaecypris hispanica (Steindachner, 1866) Barbus bocagei Steindachner, 1864 Barbus comizo Steindachner, 1864 (Barbus steindachneri, Barbus comiza) Barbus microcephalus Almaa, 1967 Barbus sclateri Gnther, 1868 Carassius auratus (Linnaeus, 1758) Chondrotoma almacai Coelho, Mesquita & Collares-Pereira, 2005 Chondrostoma arcasii (Steindachner, 1866) (Rutilus arcasi) Chondrostoma duriensis Coelho, 1985 Chondrostoma lemmingii (Steindachneri, 1866) Chondrostoma lusitanicum Collares-Pereira, 1980 Chondrostoma oligolepis (Steindachner, 1866) (Rutilus macrolepidotus) Chondrostoma polylepis Steindachner, 1864 Chondrostoma willkommii Steindachner, 1866 Cyprinus carpio Linnaeus, 1758 Gobio gobio (Linnaeus, 1758) Rutilus rutilus (Linnaeus, 1758) Squalius alburnoides (Steindachner, 1866) (Rutilus alburnoides) Squalius aradensis Coelho, Bogutskaya, Rodrigues & Collares-Pereira, 1998 Squalius carolitertii (Doadrio, 1987) (Leuciscus cephalus cabeda) Squalius pyrenaicus (Gnther, 1868) (Leuciscus pyrenaicus) Squalius torgalensis Coelho, Bogutskaya, Rodrigues & Collares-Pereira, 1998 Tinca tinca (Linnaeus, 1758) Cobitidae Cobitis calderoni Bacescu, 1962 Cobitis paludica (de Buen, 1930) (Cobitis maroccana) Ictaluridae Ameiurus melas (Rafinesque, 1820) Siluridae Silurus glanis Linnaeus, 1758

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Esocidae Esox lucius Linnaeus, 1758 Salmonidae Oncorhyncus mykiss (Walbaum, 1792) Salmo salar Linnaeus, 1758 Salmo trutta Linnaeus, 1758 Atherinidae Atherina boyeri Risso, 1810 Cyprinodontidae Fundulus heteroclitus Linnaeus, 1758 Poecilidae Gambusia holbrooki Girard, 1859 Gasterosteidae Gasterosteus gymnurus Cuvier, 1829 (Gasterosteus aculeatus) Centrarchidae Lepomis gibbosus (Linnaeus, 1758) Micropterus salmoides (Lacpde, 1802) Percidae Perca fluviatilis (Linnaeus, 1758) Sander lucioperca (Linnaeus, 1758) (Stizostedion lucioperca) Cichlidae Cichlasoma facetum (Jenyns, 1842) Mugilidae Liza ramada (Risso, 1810) Blennidae Salaria fluviatilis (Asso, 1801) (Blennius fluviatilis) Pleuronectidae Platichthys flesus (Linnaeus, 1758) Outras espcies marinhas que ocorrem em gua doce nos troos terminais dos cursos: Mugilidae Mugil cephalus (L., 1758) Serranidae Dicentrarchus labrax (L., 1758) Syngnathidae Syngnathus abaster (Risso, 1826)

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