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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DIEGO DIAS DA SILVA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS INDICADORES ECONÔMICO- FINANCEIROS DE EMPRESAS QUE PRESTAM SERVIÇOS À SAÚDE PÚBLICA E PRIVADA CANOAS, 2008

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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DIEGO DIAS DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE EMPRESAS QUE PRESTAM SERVIÇOS À SAÚDE

PÚBLICA E PRIVADA

CANOAS, 2008

DIEGO DIAS DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE EMPRESAS QUE PRESTAM SERVIÇOS À SAÚDE

PÚBLICA E PRIVADA

Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação do Prof. Ms. Jessé Alencar da Silva.

CANOAS, 2008

Dedico esta pesquisa a população de

Guaíba, que diariamente enfrenta um

transporte coletivo deficitário e oneroso,

para buscar conhecimento e renda nas

cidades vizinhas, principalmente em Porto

Alegre.

Primeiramente, quero agradecer ao senhor Deus, pelo dom da vida e por todas as

bênçãos que me concedeste.

À minha família, meu pai, minha mãe, meu irmão, meu sogro, e a Silvia minha noiva,

pelos vários momentos de apoio e dedicação durante a trajetória da graduação.

Aos meus professores que sempre desempenharam um excelente papel de educadores e

que considero como amigos e futuros colegas de profissão. Saliento agradecimento em

especial ao professor Jessé, por ter me orientado na jornada do Trabalho de Conclusão de

Curso.

Por fim, quero agradecer a todos que acreditaram em mim, por oportunizar sustentação

e amparo nos momentos de dificuldade; aos que duvidaram, pelo estímulo a ultrapassar todos

os desafios; ao Juarez e a Vanessa, que realizaram a revisão dessa monografia; a cidade de

Guaíba, RS, que me acolheu e a meus colegas de curso e de trabalho, pelas amizades.

“O que habita no esconderijo do Altíssimo, e

descansa à sombra do Onipotente, diz ao

Senhor: Meu refugio e meu baluarte, Deus

meu, em quem confio.” (BÍBLIA

SAGRADA).

RESUMO

Todas as empresas buscam a excelência na administração de seus ativos, e para atingir um elevado grau de satisfação, os administradores financeiros dispõem de uma vasta possibilidade de ferramentas de análise e controle. A contabilidade se apresenta através de suas Demonstrações Contábeis como importante ferramenta gerencial, que sendo corretamente analisadas possibilita relevantes informações para a empresa. No negócio da Saúde, a visão dos gestores não pode ser diferente, com isso o presente estudo buscará dissertar sobre a análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros de empresas que prestam serviços à saúde pública e privada. Apresentará um breve histórico da contabilidade e da análise das Demonstrações Contábeis. Irá discorrer sobre a constituição, análise e representatividade dos índices econômico-financeiros. Descreverá a importância da Análise das Demonstrações Contábeis para as empresas prestadoras de serviços de saúde. Demonstrará alguns usuários das informações provenientes das análises das peças contábeis. Versará historicamente sobre alguns fatos que influenciaram a atual saúde pública e privada brasileira. Evidenciará, teoricamente sobre os custos e despesas em saúde e os diferentes tipos de prestação de serviços de saúde. E por fim, apontará a relação dos diferentes tipos de prestação de serviços e sua contribuição no desempenho dos indicadores econômico-financeiros. Palavras-chave: Análise comparativa. Indicadores econômico-financeiros. Prestação de serviços de saúde.

ABSTRACT

All companies seeking excellence in managing their assets, and to achieve a high degree of satisfaction, the financial administrators have a wide scope of tools for analysis and control. The accounts are presented through its Financial Statements as an important management tool, which allows being properly analyzed relevant information to the company. In the business of Health, the vision of managers can not be different, thus the present study seek expatiate on the comparative analysis of the economic-financial indicators of companies that provide services to private and public health. Submit a brief history of accounting and analysis of Financial Statements. It will discuss the constitution, analysis and representation of economic and financial indices. Describe the importance of the Review of Financial Statements for companies providing health services. Demonstrate some users of information from the analysis of the parts accounting. Commenting on some historical facts that influenced the current public health and private Brazilian. Show, theoretically on the costs and expenses in health and the different types of provision of health services. And finally, heading a list of different types of services and its contribution in carrying out economic and financial indicators. Keywords: Benchmarking. Economic and financial indicators. Provision of health service.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Balanço Patrimonial ................................................................................................25

Figura 2 – Índice de liquidez corrente ......................................................................................30

Figura 3 – Índice de liquidez seca ............................................................................................31

Figura 4 – Índice de liquidez imediata .....................................................................................32

Figura 5 – Índice de liquidez geral ...........................................................................................33

Figura 6 – Índice de endividamento geral ................................................................................34

Figura 7 – Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros...................................35

Figura 8 – Composição do endividamento...............................................................................36

Figura 9 – Giro de contas a receber..........................................................................................37

Figura 10 – Giro de contas a pagar...........................................................................................37

Figura 11 – Giro do Ativo total ................................................................................................38

Figura 12 – Margem de Lucro..................................................................................................39

Figura 13 – Retorno sobre Ativo Total.....................................................................................40

Figura 14 – Retorno sobre Patrimônio Líquido........................................................................40

Figura 15 – Variáveis e cálculo do fator de insolvência de Kanitz ..........................................42

Figura 16 – Variáveis e fator de insolvência de Altman. .........................................................43

Figura 17 – Fluxo das informações contábeis ..........................................................................45

Figura 18 - Características do sistema de saúde brasileiro.......................................................53

Figura 19 - Gráfica dos beneficiários de planos de saúde - Brasil - 2000-2008.......................54

Figura 20 – Convênios atendidos pelo HED ............................................................................62

Figura 21 – Balanço Patrimonial do Hospital Ernesto Dornelles.............................................63

Figura 22 – Análise vertical do Ativo – HED ..........................................................................64

Figura 23 – Análise vertical do Passivo – HED.......................................................................64

Figura 24 – Demonstrativa do Resultado do Exercício do Hospital Ernesto Dornelles...........65

Figura 25 – Indicadores de liquidez - HED..............................................................................66

Figura 26 – Indicadores de endividamento - HED...................................................................67

Figura 27 – Indicadores de atividade - HED............................................................................68

Figura 28 – Indicadores de rentabilidade - HED......................................................................68

7

Figura 29 – Capital Circulante Líquido - HED ........................................................................69

Figura 30 – Fator de insolvência – modelo Kanitz - HED .......................................................70

Figura 31 – Balanço Patrimonial do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A..............71

Figura 32 – Composição do Balanço Patrimonial ....................................................................72

Figura 33 – Demonstrativa do Resultado do Exercício do Serviço de Investigação Diagnóstica

SIDI S/A ...................................................................................................................................72

Figura 34 – Indicadores de liquidez do SIDI S/A ....................................................................73

Figura 35 – Indicadores de endividamento do SIDI S/A .........................................................74

Figura 36 – Indicadores de atividade do SIDI S/A...................................................................75

Figura 37 – Indicadores de rentabilidade do SIDI S/A ............................................................75

Figura 38 – Capital circulante líquido do SIDI S/A .................................................................76

Figura 39 – Grau de insolvência do SIDI S/A..........................................................................76

Figura 40 – Balanço Patrimonial do HCPA .............................................................................79

Figura 41 – Composição do Balanço Patrimonial - HCPA......................................................80

Figura 42 – Demonstração do Resultado do Exercício - HCPA ..............................................80

Figura 43 – Indicadores de liquidez - HCPA ...........................................................................81

Figura 44 – Indicadores de endividamento - HCPA ................................................................82

Figura 45 – Indicadores de Atividade - HCPA ........................................................................82

Figura 46 – Indicadores de rentabilidade - HCPA ...................................................................83

Figura 47 – Capital circulante líquido - HCPA........................................................................83

Figura 48 – Fator de insolvência - HCPA ................................................................................84

Figura 49 – Balanço Patrimonial da I.S.C.M.P.A. ...................................................................86

Figura 50 – Composição do Balanço Patrimonial – I.S.C.M.P.A. ...........................................87

Figura 51 - Demonstração do Superávit do Exercício da I.S.C.M.P.A. ...................................88

Figura 52 – Indicadores de liquidez da I.S.C.M.P.A................................................................89

Figura 53 – Indicadores de endividamento da I.S.C.M.P.A.....................................................89

Figura 54 – Indicadores de atividade da I.S.C.M.P.A..............................................................90

Figura 55 – Indicadores de rentabilidade da I.S.C.M.P.A........................................................91

Figura 56 – Capital Circulante Líquido da I.S.C.M.P.A. .........................................................91

Figura 57 – Fator de insolvência da I.S.C.M.P.A.....................................................................92

Figura 58 – Balanço Patrimonial do Hospital Fêmina S/A ......................................................93

8

Figura 59 – Composição do Balanço Patrimonial do Hospital Fêmina ...................................94

Figura 60 – Demonstração do Resultado do Exercício do Hospital Fêmina S.A.....................95

Figura 61 – Indicadores de liquidez do Hospital Fêmina S/A..................................................95

Figura 62 – Indicadores de endividamento do Hospital Fêmina S/A.......................................96

Figura 63 – Indicadores de atividade do Hospital Fêmina S.A. ...............................................96

Figura 64 – Indicadores de rentabilidade do Hospital Fêmina S/A..........................................97

Figura 65 – Capital circulante líquido do Hospital Fêmina S/A ..............................................98

Figura 66 – Fator de insolvência do Hospital Fêmina S/A.......................................................98

Figura 67 – Balanço Patrimonial do HNSC S/A....................................................................100

Figura 68 – Composição do Balanço Patrimonial do HNSC S/A ..........................................101

Figura 69 – Demonstração do Resultado do Exercício do HNSC S/A ..................................101

Figura 70 – Indicadores de liquidez do HNSC S.A................................................................102

Figura 71 – Indicadores de endividamento do HNSC S.A.....................................................103

Figura 72 – Indicadores de atividade do HNSC S.A..............................................................103

Figura 73 – Índices de rentabilidade do HNSC S.A...............................................................104

Figura 74 – Capital circulante líquido do HNSC S/A ............................................................104

Figura 75 – Fator de insolvência do HNSC S/A ....................................................................105

Figura 76 – Comparativo entre indicadores de liquidez.........................................................106

Figura 77 – Comparativo entre indicadores de endividamento geral.....................................107

Figura 78 – Comparativo entre indicadores de garantia do capital próprio ao capital de ......108

Figura 79 – Comparativo entre a composição do endividamento ..........................................109

Figura 80 – Comparativo entre o goro e os dias de atividade ................................................109

Figura 81 – Comparativo entre o giro do Ativo total.............................................................110

Figura 82 – Comparativo entre as margens de lucros ............................................................111

Figura 83 – Comparativo entre o retorno do Ativo total ........................................................111

Figura 84 – Comparativo entre o retorno do capital próprio..................................................112

Figura 85 – Comparativo entre o capital circulante líquido ...................................................113

Figura 86 – Comparativo entre o fator de insolvência ...........................................................114

Figura 87 – Baixa liquidez das empresas prestadoras de serviços a saúde pública................117

Figura 88 – Ratificação da defasagem das receitas SUS........................................................118

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AH – Análise Horizontal

ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar

AV – Análise Vertical

BP – Balanço Patrimonial

CCL – Capital Circulante Líquido

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

Cia – Companhia

CLD – Crédito de Liquidação Duvidosa

CMR – Giro de Contas Médicas a Receber

CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde

DRE – Demonstração do Resultado de Exercício

EBAS – Entidades Beneficentes de Assistência Sócia

GCP – Giro das Contas ou Fornecedores a Pagar

GCR – Giro das Contas a Receber

GHC – Grupo Hospitalar Conceição

HCPA – Hospital de Clínicas de Porto Alegre

HED – Hospital Ernesto Dornelles

HNSC – Hospital Nossa Senhora da Conceição

I.S.C.M.P.A. – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo

Hospitalar Santa Casa)

IAP – Instituto de Aposentadorias e Pensões

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ILC – Índice de Liquidez Corrente

ILG – Índice de Liquidez Geral

ILI – Índice de Liquidez Imediata

ILS – Índice de Liquidez Seca

IPERGS – Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul

MESP – Ministério da Educação e Saúde Pública

10

PIB – Produto Interno Bruto

PL – Patrimônio Líquido

S/A – Sociedade Anônima

SIDI – Serviço de Investigação Diagnóstica S/A

SUS – Sistema Único de Saúde

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................14

1.1 Contextualização...............................................................................................................14

1.2 Definição do problema .....................................................................................................15

1.3 Objetivos............................................................................................................................16

1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................17

1.3.2 Objetivos específicos......................................................................................................17

1.4 Delimitação do estudo ......................................................................................................17

1.5 Relevância do estudo ........................................................................................................18

1.6 Estrutura do estudo..........................................................................................................19

2 CONTABILIDADE E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBE IS...............21

2.1 Histórico da contabilidade e da análise das demonstrações contábeis ........................21

2.1.2 Conceito de análise das demonstrações contábeis (análise de balanços) ........................22

2.2 Demonstrações contábeis de empresas do ramo da saúde............................................23

2.2.1 Balanço patrimonial de empresas prestadoras de serviços de saúde...............................23

2.2.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) de empresas prestadoras de serviços de

saúde .........................................................................................................................................26

2.3 Indicadores econômico-financeiros aplicáveis a empresas prestadoras de serviços de

Saúde........................................................................................................................................28

2.3.1 Análise horizontal e vertical ............................................................................................29

2.3.2 Índices de liquidez de empresas prestadoras de serviços de saúde .................................29

2.3.2.1 Índices de liquidez corrente (ILC)................................................................................30

2.3.2.2 Índice de liquidez seca (ILS) ........................................................................................31

2.3.2.3 Índice de liquidez imediata (ILI) ..................................................................................32

2.3.2.4 Índice de liquidez geral (ILG) ......................................................................................33

2.3.3 Índices de endividamento de empresas prestadoras de serviços de saúde ......................33

2.3.3.1 Índice de endividamento geral ou participação de capitais de Terceiros sobre recursos

totais .........................................................................................................................................34

2.3.3.2 Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros ........................................34

12

2.3.3.3 Índice de composição do endividamento......................................................................35

2.3.4 Índices de atividade de empresas prestadoras de serviços de saúde................................36

2.3.4.1 Giro de contas a receber (GCR) ...................................................................................36

2.3.4.2 Giro de contas a pagar (GCP).......................................................................................37

2.3.4.3 Giro do ativo total.........................................................................................................38

2.3.5 Índices de rentabilidade de empresas prestadoras de serviços de saúde .........................38

2.3.5.1 Margem de lucro...........................................................................................................39

2.3.5.2 Retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento...........................................39

2.3.5.3 Retorno sobre o patrimônio líquido ou capital próprio ................................................40

2.3.6 Fator de insolvência.........................................................................................................41

2.3.7 A Importância da análise das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de

serviços de saúde ......................................................................................................................43

2.3.8 Usuários das Análises das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de

serviços de saúde ......................................................................................................................44

2.3.9 Histórico da saúde no Brasil ............................................................................................49

2.3.10 Tipos de prestação de serviços de saúde (tipos de receitas de saúde) ...........................52

2.3.10.1 Receitas SUS ..............................................................................................................53

2.3.10.2 Receitas de saúde suplementar ...................................................................................54

2.3.10.3 Receitas de saúde particulares ....................................................................................55

2.3.10.4 Subvenções para custeio e repasses transferidos........................................................55

2.3.11Gastos em saúde (custos e despesas)..............................................................................56

3 METODO DE PESQUISA .................................................................................................57

3.1 Quanto aos procedimentos...............................................................................................57

3.2 Quanto aos objetivos ........................................................................................................58

3.3 Quanto à abordagem do problema .................................................................................58

3.4 Quanto à prática do estudo..............................................................................................59

4 ANÁLISE DOS DADOS .....................................................................................................61

4.1 Hospital Ernesto Dornelles ..............................................................................................61

4.1.1 Demonstrações em estudo do Hospital Ernesto Dornelles..............................................62

4.1.2 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Ernesto Dornelles................................65

4.2 Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A...............................................................70

4.2.1 Tipos de receitas do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A..............................70

4.2.2 Demonstrações em estudo do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A...............71

13

4.2.3 Indicadores econômicos financeiros do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A73

4.3 Hospital de Clínicas de Porto Alegre ..............................................................................77

4.3.1 Tipos de receitas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre .............................................77

4.3.2 Demonstrações em estudo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre ..............................78

4.3.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital de Clínicas de Porto Alegre ................81

4.4 Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo Hospitalar Santa

Casa) ........................................................................................................................................84

4.4.1 Tipos de receitas da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre ................85

4.4.2 Demonstrações em estudo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

..................................................................................................................................................86

4.4.3 Indicadores econômico-financeiros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre..............................................................................................................................88

4.5 Hospital Fêmina S.A.........................................................................................................92

4.5.1 Tipos de receitas do Hospital Fêmina S.A. .....................................................................93

4.5.2 Demonstrações em estudo do Hospital Fêmina S.A. ......................................................93

4.5.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Fêmina S.A. ........................................95

4.6 Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.....................................................................99

4.6.1 Tipos de receitas do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A....................................99

4.6.2 Demonstrações em estudo do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. ....................99

4.7 Análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros ....................................105

4.7.1 Análise comparativa entre indicadores de liquidez .......................................................106

4.7.2 Análise comparativa entre indicadores de endividamento ............................................107

4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de atividade .....................................................109

4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de rentabilidade ...............................................110

4.7.4 Análise comparativa entre o capital circulante líquido .................................................113

4.7.4 Análise comparativa entre o fator de insolvência..........................................................114

5 CONCLUSÃO....................................................................................................................116

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................116

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Verifica-se atualmente a crescente concorrência entre as empresas prestadoras de

Serviços de Saúde, que cada vez mais buscam informações que possam prospectar vantagens

estratégicas e mercadológicas a seu favor. A contabilidade tem se mostrado como importante

aliada aos usuários preocupados com a afirmação da empresa frente à concorrência nacional e

internacional.

A partir da contabilidade e de seu “produto final”: as Demonstrações Contábeis

(financeiras), que surge no século XIX a moderna análise de Balanços. Que originalmente

constituiu-se dentro de instituições financeiras norte-americanas, onde os Bancos (detentores

do capital) passaram a solicitar Balanços às empresas que buscavam recursos (tomadores de

empréstimos). Matarazzo (2003, p.15) afirma que “As demonstrações financeiras fornecem

uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços

transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores

informações reproduzir”.

Assim o contador deve preocupar-se com a integralidade dos dados e das informações,

pois as Demonstrações e suas Análises irão influenciar diferentes usuários, da mesma forma

menciona Iudícibus (1998, p. 19) “[...] uma boa análise de balanços é importante para os

credores, investidores em geral, agências governamentais e até acionistas, ela não é menos

necessária para a gerência: apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão

diferenciados".

15

Com isso verifica-se a relevante importância da contabilidade na construção das

demonstrações, na constituição dos indicadores e através da emissão das análises realizadas,

objetivando a qualidade da informação que será disponibilizada para os diferentes usuários da

contabilidade. Verifica-se que as Análises das Demonstrações Financeiras (Contábeis) das

empresas Prestadoras de Serviços de Saúde são utilizadas como fonte de informações não

somente pela empresa que a representa, mas continuamente servem de amparo para

fornecedores, clientes, pesquisadores, acadêmicos e a sociedade em geral.

A comparação entre empresas, a necessidade de medição da eficiência financeira e

conjuntamente a busca de informações para projeções de longo prazo, mostram-se como

relevantes técnicas de análise financeira Hospitalar, que Martins conceitua como:

A necessidade de comparação do desempenho financeiro atual com o histórico do hospital, e também com o desempenho de outros hospitais, é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiência financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. A avaliação por meio de índices financeiros é adequada para análises históricas do hospital e também para análises comparativas de hospitais de quaisquer tamanhos. (2005, p.41)

A necessidade de informações fidedignas acompanha os anseios do mundo empresarial,

e “a necessidade de analisar as demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga quanto a

própria contabilidade” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 17). Busca-se utilizar da Análise das

Demonstrações Contábeis como ferramenta a subsidiar amparo na definição das decisões

estratégicas e mercadológicas, a comparação científica com os concorrentes e a análise de

viabilidade da empresa. Conjuntamente influenciará na valorização e ampliação do campo de

atuação do profissional contador, através da emissão de informações gerenciais hospitalares e

demonstrará a sociedade em geral, governo e entidades de classe a real situação dos hospitais

prestadores de serviços públicos e privados.

1.2 Definição do problema

Diante da intensa necessidade da busca de informações, para amparar cientificamente as

decisões estratégicas das empresas Prestadoras de Serviços de Saúde, a contabilidade vem

demonstrando relevante importância na geração desse conhecimento.

A partir de 1840, uma nova fase da história da Contabilidade teve início, a Contabilidade no mundo contemporâneo. Atrelada aos conhecimentos desse momento, em que a ciência representava o papel de legitimadora não mais apenas

16

dos eventos físicos da natureza, mas também das relações sociais, dos aspectos políticos, religiosos e culturais, a Contabilidade passou a ser enfocada pelos teóricos sob a perspectiva de uma ciência (BEUREN, 2008, p.25).

No segmento da saúde verifica-se que algumas empresas se sobressaem em relação a

outras, o que busca-se compreender, é que se o motivo da efetiva prosperidade patrimonial e

financeira está ou não relacionada com as fontes de receitas (tipos de prestação de serviços de

saúde).

Nota-se, principalmente por notícias vinculadas na mídia, que muitas empresas

Prestadoras de Serviços de Saúde, principalmente as filantrópicas, vêm apresentando

resultados financeiros insatisfatórios, verifica-se também a formulação de várias campanhas a

favor da revitalização dos valores e repasses pagos aos procedimentos médico-hospitalares,

como por exemplo, a campanha Mais Saúde para os Hospitais, que questiona os valores da

Tabela Unificada do SUS e os tetos financeiros impostos pelos gestores Federais, Estaduais e

Municipais. Por outro lado identificam-se hospitais e clínicas prósperos, inaugurando novas

unidades de tratamento, ampliando o atendimento, investindo em tecnologia em diagnósticos,

internações e tratamentos ambulatoriais. Diante desta explanação surge o questionamento:

Qual o motivo de empresas apresentarem resultados insatisfatórios e outras

demonstrarem relevante prosperidade patrimonial e financeira? Quais as fontes de receita

(atendimento) que uma empresa no ramo de saúde tem a sua disposição? Existe relação entre

os indicadores Econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de Saúde (tipos de

receitas)?

Este estudo irá dissertar sobre estes questionamentos, para isso buscará analisar

empresas com diferentes tipos de atendimento, prospectando a identificação através da

Análise das Demonstrações Contábeis, o fator chave da diferenciação do desempenho

econômico-financeiro. Pretende-se também constituir Relatório das Análises em linguagem

corrente e com auxilio de ferramentas gráficas, buscando a simplificação e o pleno

entendimento de todos os possíveis usuários desse estudo.

1.3 Objetivos

A seguir será apresentado o Objetivo Geral e os objetivos específicos da presente

pesquisa.

17

1.3.1 Objetivo geral

Analisar comparativamente os indicadores econômico-financeiros das empresas

prestadoras de serviços à saúde pública e privada, buscando identificar a possível influência

dos tipos de receitas de saúde no desempenho econômico e financeiro das empresas em

estudo.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Explanar teoricamente sobre as Demonstrações Contábeis, vigentes até 31/12/2007;

b) Revisar a literatura pertinente a Análise das demonstrações contábeis, análise de

balanços e análise de indicadores econômico-financeiros;

c) Verificar e analisar as peças contábeis publicadas, referentes ao ano base 2007 dos

hospitais e clínicas em estudo;

d) Identificar os Tipos de receitas auferidas pela empresas em estudo;

e) Constituir os indicadores econômico-financeiros das empresas analisadas,

organizando-os de forma a facilitar a comparação;

f) Constatar a possível relação entre os indicadores econômico-financeiros e os tipos de

receitas de saúde.

1.4 Delimitação do estudo

O estudo pretende verificar e analisar, as peças contábeis (Balanço Patrimonial,

Demonstrativo do Resultado do Exercício ou similar, Notas explicativas e Relatório da

Auditoria) do ano base 2007 dos seguintes hospitais e clinicas de Porto Alegre, RS, Serviço

de Investigação Diagnóstica SIDI S/A, Associação dos Funcionários Públicos do Estado do

Rio Grande do Sul (Hospital Ernesto Dornelles) Hospital Nossa Senhora da Conceição S/A,

Hospital Fêmina S/A, Hospital das Clinicas de Porto Alegre e Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de Porto Alegre, separando-os por percentual de atendimento ao SUS.

18

O trabalho não irá discorrer sobre aspectos legais e tributários, mantendo-se focado na

análise e interpretação dos indicadores econômico-financeiros. Não pretende-se identificar

obrigações acessórias ou principais de empresas que eventualmente sejam consideradas do

Terceiro Setor (Hospitais Filantrópicos).

Quanto aos Indicadores de Atividade, adotou-se o critério de considerar integralmente

os valores das contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde. O referido critério

foi utilizado por não ter sido possível a identificação dos Serviços Prestados a Crédito e das

Compras a Prazo nas peças contábeis analisadas. Pretende-se, através da constituição de

indicadores, apresentar tendências e possíveis posicionamentos da empresa frente à política de

liberação de crédito.

Para evidenciar e analisar os indicadores de Insolvência, será adotado o método das

Variáveis e Termômetro de Kanitz.

A presente pesquisa apresentará as Demonstrações em estudo conforme estabelecido na

Lei Nº. 6.404/76, Legislação do Imposto de Renda e Legislação Própria das Entidades

Beneficentes de Assistência Social, não utilizando para adequação o disposto na Lei

11.638/2007, tendo em vista que as peças contábeis em estudo representam o ano de 2007, ou

seja, um período anterior ao início da validade da nova legislação, que passou a vigorar a

partir de 01 de janeiro de 2008.

1.5 Relevância do estudo

No ano de 2001 o IBGE realizou pesquisa, onde demonstrou que no Brasil existem

6.663 hospitais, que disponibilizam 593.363 leitos. Sendo 2.282 hospitais públicos, 4.224

privados e 157 universitários.

O estudo se mostrará de relevante importância, pois poderá proporcionar aos gestores

hospitalares amparo na definição das decisões estratégicas e mercadológicas, a comparação

científica com os concorrentes e a análise de viabilidade da empresa (através da identificação

de bases negativas de rentabilidade, retornos indesejáveis e tendências negativas de

atividade). Conjuntamente influenciará na valorização e ampliação do campo de atuação do

profissional contador, através da emissão de informações gerenciais hospitalares e

19

demonstrará a sociedade em geral, governo e entidades de classe a real situação dos hospitais

prestadores de serviços ao Sistema Público e Privado.

1.6 Estrutura do estudo

No capítulo um, busca-se fazer uma explanação teórica de forma a demonstrar a

importância da contabilidade quanto ao fornecimento de informações, a necessidade dos

diferentes usuários da contabilidade, um breve histórico do surgimento da Moderna Análise

de Balanços, enfatizar a integralidade das informações contábeis visando à responsabilidade

do profissional contador e conjuntamente demonstrar a problematização do estudo, os

objetivos (geral e específicos), a delimitação da pesquisa e a sua relevância como ciência para

a sociedade.

O Capítulo dois será abordado um breve histórico da contabilidade e da Análise das

Demonstrações Contábeis, irá discorrer sobre a constituição, análise e representatividade dos

índices econômico-financeiros, descreverá a importância da Análise das Demonstrações

Contábeis para as empresas prestadoras de serviços de saúde, demonstrará alguns usuários das

informações provenientes das análises das peças contábeis das empresas prestadoras de

serviços de saúde, irá discorrer historicamente sobre alguns fatos que influenciaram a atual

saúde pública e privada brasileira, versará sobre os custos e despesas em saúde e os diferentes

tipos de prestação de serviços de saúde.

A trajetória metodológica a ser percorrida por este trabalho será enfatizada no capítulo

três. Demonstrando a caracterização da pesquisa como Monografia, o enquadramento de

pesquisa descritiva quanto a tipologia de pesquisa em relação aos objetivos, versará sobre a

modalidade de abordagem tipo estudo de caso, utilizará de quantificação em relação a

abordagem do problema e conjuntamente irá explanar a forma prática que a pesquisa será

realizada.

No capítulo quatro será apresentado as Demonstrações Contábeis das empresas

analisadas e os indicadores econômico-financeiros constituídos a luz das demonstrações em

estudo. Diante da constituição dos indicadores, preocupa-se em interpretar e realizar as

devidas análises, comparações e as primeiras conclusões ainda que sem a devida amplitude.

20

Por fim, o capítulo cinco, através da Conclusão, pretende-se discorrer sobre a possível

relação entre os indicadores econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de

saúde e apresentará as efetivas conclusões do estudo realizado.

2 CONTABILIDADE E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBE IS

A seguir o estudo irá expor a evolução histórica da contabilidade e das Demonstrações

Contábeis, irá apresentar as Demonstrações em estudo com base na legislação vigente até 31

de Dezembro de 2007 e os indicadores Econômico-financeiros constituídos.

2.1 Histórico da contabilidade e da análise das demonstrações contábeis

Com o desenvolver da civilização, as pessoas começaram a necessitar de mecanismos

de controle e acompanhamento de seus ativos, bens e direitos, bem como suas obrigações

(Passivo). E diante dessa necessidade surge e se desenvolve ao longo do tempo a

contabilidade.

No entendimento de Marion

Se nos reportarmos para o início provável da Contabilidade (+ ou – 4000 a. C) em sua forma primitiva, encontraremos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza (variação do rebanho). (2006, p.20).

Verifica-se que o desenvolver da contabilidade acompanha a trajetória evolutiva da

humanidade e conjuntamente a Análise de suas demonstrações. Iudícibus relata que:

A necessidade de analisar as demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças. Nós primórdios da Contabilidade, quando esta se resumia, basicamente, a realização de inventários, já o “analista” se preocupava em anotar as variações quantitativas e qualitativas das várias categorias de bens incluídos em seu inventário. É muito provável que já realizasse algum tipo de análise horizontal ou vertical. (1998, p.17)

Com os avanços da ciência, principalmente das ciências matemáticas, no período

medieval (pode-se considerar como pré-moderna) a contabilidade auferiu grandes avanços.

22

“Nessa época, em que foram introduzidas importantes técnicas matemáticas que versavam

sobre pesos, medidas e câmbio, o homem passou a dominar melhor os conhecimentos

comerciais e financeiros.” (DRUMMOND apud BEUREN,2008, p. 24).

Identifica-se a relevante ligação entre registrar os fatos e acontecimentos patrimoniais e

a necessidade de analisá-los. Essa importante ligação se acentua no surgimento da Moderna

Análise de Balanços, originalmente impulsionada pela exigência dos Agentes Bancários

norte-americanos das demonstrações contábeis para concessão de empréstimos.

Todavia, remonta de época mais recente o surgimento da análise das demonstrações contábeis de forma mais sólida, mais adulta. É no final do século XIX que observamos os banqueiros americanos solicitando as demonstrações (praticamente o Balanço) às empresas que desejam contrair empréstimos. (MARION, 2006, p.21).

Nota-se que o sistema bancário contribuiu positivamente para o aprimoramento

contínuo da Análise das Demonstrações contábeis. Com a proliferação dos Bancos e

Instituições Financeiras pelos países as técnicas de Análise das peças contábeis começaram a

se difundir em diferentes culturas e nações, e com isso novas técnicas e formas foram

consolidando e aprimorando o conhecimento da contabilidade.

Hoje, a doutrina contábil ainda não está completa. Como em qualquer outra ciência, quando se conclui um estudo, um novo horizonte é vislumbrado pelos pesquisadores. Por se tratar de uma ciência inserida em um contexto dinâmico, dificilmente sua amplitude poderá ser delimitada. (BEUREN, 2008, p.26).

E dessa maneira progressiva a Contabilidade se perpetua ao longo do tempo e vem

apresentando importantes avanços no mundo Contemporâneo.

2.1.1 Conceito de Análise das Demonstrações Contábeis (Análise de Balanços)

A análise das Demonstrações Contábeis pode ser considerada como um, dos vários

ramos do conhecimento contábil, que transmite informações científicas, embora que em

muitos casos seja necessário a presença de elementos subjetivos na emissão do relatório das

análises. Iudícibus (1998, p.20) caracteriza a Análise das Demonstrações Contábeis como

sendo:

[...] “a arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Consideramos que a análise de balanços é uma arte, pois, embora existam alguns cálculos razoavelmente formalizados, não existe forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmo conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeira ou até completamente diferenciadas. É provável, todavia, que dois analistas experimentados, conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas) sobre a situação

23

atual da empresa, embora quase sempre apontariam tendências diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento.

A subjetividade e o bom senso fazem parte da análise das peças contábeis, um bom

analista além de desenvolver facilidades matemáticas e estatísticas, mas também deve se

preocupar com a qualidade das informações intrínsecas aos cálculos exatos.

2.2 Demonstrações contábeis de empresas do ramo da saúde

As empresas prestadoras de serviços de saúde apresentam aos usuários da contabilidade

o resultado da gestão e a situação patrimonial, através de instrumentos conhecidos como

Demonstrações Contábeis.

No macro-entendimento as Demonstrações Contábeis representam um conjunto de

informações relevantes que as empresas devem, quando optarem ou forem obrigadas, divulga-

las e publicá-las. Nada mais é que o resultado da escrituração dos fatos contábeis ocorridos

em um determinado período.

Segundo Marion

Indubitavelmente, todas as Demonstrações Contábeis (DC) devem ser analisadas: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR); • Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (ou Mutações do PL); • Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC); • Demonstrativo do Valor Adicionado (DVA). Maior ênfase é dada para as duas primeiras demonstrações, uma vez que, por meio delas, são evidenciadas de forma objetiva a situação financeira (identificada no BP) e a situação econômica (identificada no BP e, em conjunto, na DRE). (2006, p.21-22).

As Demonstrações Contábeis desempenham o papel de transmitir os dados e

informações do cotidiano da organização aos diferentes usuários da contabilidade.

2.2.1 Balanço patrimonial de empresas prestadoras de serviços de saúde

No Balanço Patrimonial é demonstrado de forma estruturada e legal, os Bens, Direitos e

obrigações das empresas. Através do Balanço Patrimonial verifica-se a posição patrimonial e

financeira de uma organização em um espaço de tempo, igualmente, Martins (2005, p.22)

menciona que “O Balanço Patrimonial mostra convenientemente os investimentos do hospital

24

(seus ativos), os financiamentos do hospital (seus passivos) e a diferença entre eles (seu

patrimônio líquido) em dado momento”.

Com isso nota-se que através da simples verificação do Balanço patrimonial o usuário

das Demonstrações Contábeis pode realizar algumas pequenas análises, como por exemplo, a

verificação do Passivo a Descoberto, ou seja, mesmo com a plena liquidação do ativo

(investimentos) o valor não reflete a totalidade do passivo (financiamentos).

O Balanço Patrimonial das empresas prestadoras de serviços de saúde compreendem os

Ativos, os Passivos e o Patrimônio Líquido. Entende-se por Ativo o conjunto de bens e

direitos avaliáveis em dinheiro e que podem se transformar em fluxos futuros de caixa.

No ativo relacionam-se todas as aplicações de recursos efetuados pela empresa. Esses recursos poderão estar distribuídos em ativos circulantes, assim denominados por apresentarem alta rotação, como valores em caixa, valores a receber a curto prazo etc.; em ativos realizáveis a longo prazo, e em ativos classificados como permanentes, como: prédios, terrenos, máquinas, equipamentos etc., os quais irão servir a vários ciclos operacionais. O ativo permanente, ainda, é subdividido em investimentos, imobilizado e diferido. (ASSAF NETO, 2002, p. 58-59).

Ainda sobre o Ativo, Santos e Schmidt acrescentam:

No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, ou seja, deve ser classificada no início da demonstração a conta caixa por representar o numerário em poder da empresa, justamente por ser o bem mais líquido, e assim sucessivamente, de acordo com o prazo em que o bem ou direito se converterá em moeda. (2002, p. 15).

Com isso verifica-se que a classificação das contas no ativo devem prospectar a futura

realização desse bem ou direito. Esta classificação deve ser feita primeiramente nas contas

que mais representam a imediacidade de conversão em dinheiro.

No passivo são alocadas as exigibilidades e obrigações da empresa, igualmente,

representa as origens dos recursos que serão disponibilizados no ativo.

Passivos hospitalares são as obrigações do hospital para com terceiros e são classificados como passivos hospitalares circulantes e passivos de longo prazo. Os passivos circulantes hospitalares informam as obrigações do hospital que devem ser pagas num prazo inferior a um ano, e os passivos hospitalares de longo prazo informam as obrigações do hospital que devem ser pagas num prazo superior a um ano. (MARTINS, 2005, p. 23).

Ajustando o macro-entendimento exposto por Martins, contabilmente entende-se como

passivo circulante todas as obrigações vencíveis antes do término do exercício seguinte. E

Passivo Exigível a longo prazo, as obrigações que devem ser realizadas após o término do

exercício seguinte.

O Patrimônio Líquido pode ser evidenciado através da diferença entre o ativo e o

passivo, é a forma de representar os recursos provenientes dos proprietários e o capital da

entidade sob o ponto de vista das origens dos recursos. Martins também relata que:

25

Patrimônio líquido hospitalar ou capital próprio hospitalar representa os investimentos realizados pelos proprietários do hospital e, por definição, é a diferença entre o total dos ativos hospitalares (circulantes de longo prazo), e o valor dos passivos hospitalares (circulantes de longo prazo). Esta parte do balanço patrimonial hospitalar reflete a hipótese de que, se o hospital liquidasse todos os seus ativos e usasse o dinheiro para pagar todas as suas obrigações de curto e longo prazos, a sobra pertenceria aos proprietários do hospital. Nesse sentido, o balanço hospitalar reflete a identidade patrimonial, em que a soma dos ativos hospitalares é igual à soma das obrigações hospitalares de curto e longo prazo e o patrimônio líquido hospitalar. (2005, p.23).

O Patrimônio Líquido das empresas pode sofrer alterações basicamente de duas formas.

Uma seria aumentando os investimentos dos sócios na empresa e a segunda seria através dos

rendimentos provenientes dos investimentos realizados (Lucro resultante, em determinado

espaço de tempo pela empresa). Abaixo pode-se verificar a representação gráfica do BP.

Figura 1 – Balanço patrimonial Fonte: Iudícibus, 1998, p.40.

A figura exposta acima demonstra o BP de forma sintética. Obviamente se for

verificado analiticamente será evidenciado a existência dos grupos e subgrupos de contas.

Matarazzo (2003, p.44), em conformidade com a lei nº 6.404/76, vigente até 31 de dezembro

de 2007, expressa os grupos e subgrupos de contas que podem conter no BP:

ATIVO ATIVO CIRCULANTE • Disponibilidades. • Direitos Realizáveis no curso do exercício social seguinte. • Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO • Direitos Realizáveis após o término do exercício seguinte. • Direitos Derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou

controladas, diretores, acionistas, ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.

ATIVO PERMANENTE Investimentos • Participações Permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza,

não classificáveis no Ativo Circulante, ou Realizável a Longo Prazo que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa.

Imobilizado • Direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da

companhia ou empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade comercial ou industrial.

Diferido • Aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado

de mais um exercício social, inclusive juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.

PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE • Obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de bens do

Ativo Permanente quando vencerem no exercício seguinte. PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO • Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte.

26

RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS • Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social • Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada. Reservas de Capital • Ágio na emissão de ações ou conversão de debêntures e partes beneficiárias. • Produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. • Prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções para

investimentos. • Correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizada. Reservas de Reavaliações • Contrapartida do aumento de elementos do Ativo em virtude de novas avaliações,

documentadas por laudo técnico. Reservas de Lucros • Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia. Lucros ou prejuízos acumulados • Lucros gerados pela companhia, que ainda não receberam destinação específica.

O BP demonstra a situação patrimonial da empresa de forma analítica e específica. No

grupo do Patrimônio Líquido, verifica-se, entre outras coisas, as informações de resultado.

Estas informações são extraídas da Demonstração do Resultado do Exercício que se apresenta

como outra importante peça contábil.

2.2.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) de empresas prestadoras de serviços de

saúde

A DRE apresenta a situação econômica de empresa em um determinado espaço de

tempo. Nessa demonstração são alocadas todas as contas de resultado da empresa,

objetivando a identificação do resultado econômico efetivo da organização.

Santos e Schmidt (2005, p.26) se referindo a DRE ressaltam que:

A demonstração do resultado do exercício destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício, mediante confronto das receitas e ganhos com as despesas e perdas incorridas no exercício. Essa demonstração deve ser apresentada na posição vertical, e discriminados seus componentes de forma ordenada, de maneira tal que fique evidenciado o resultado operacional, o resultado após as receitas e despesas não operacionais, o resultado antes do Imposto de Renda e contribuição social, o resultado antes das participações e o lucro líquido do exercício da entidade.

Diante dessa afirmativa, verifica-se que a DRE é o resultante de receitas, custos e

despesas incorridos pela empresa, visando o fornecimento dos resultados auferidos em

determinado exercício social. No que tange as empresa de saúde, Martins (2005, p.26)

complementa:

27

Uma demonstração de resultados hospitalares elaborada de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos registra as receitas hospitalares quando estas forem auferidas e não necessariamente recebidas. A regra geral é reconhecer as receitas médicas no momento da emissão da nota fiscal, quando o procedimento médico é finalizado, e não necessariamente no momento do recebimento do dinheiro (princípio da realização). Os custos registrados na demonstração de resultados hospitalares são baseados no regime de competência, que significa que são considerados no momento de seu consumo independentemente do momento em que serão efetivamente pagos.

Para efeito de publicação a Lei nº. 6.404/76 estabelece uma seqüência para a

apresentação dos elementos da DRE, sendo que estes elementos são alocados de forma

dedutiva permitindo a subtração entre as receitas e despesas, objetivando a indicação do

lucro/superávit ou prejuízo/déficit. Abaixo verifica-se o Quadro 1 que demonstra a estrutura e

a descriminação dos elementos da DRE:

Quadro 1 – Demonstração do resultado do exercício

Fonte: Matarazzo 2003, p.46.

Conforme exposto por Matarazzo em seu quadro explicativo, a DRE está disposta de

forma a evidenciar o “caminho” a ser percorrido para identificar o Lucro ou Prejuízo do

Exercício. Evidencia-se que o início advém das receitas das vendas ou prestação de serviços,

e que somente após uma série de subtrações de despesas e custos conjuntamente com as

inclusões de receitas não operacionais e financeiras (estas quando existirem) a empresa

identificará seu resultado do exercício, se Lucro ou Prejuízo.

28

2.3 Indicadores econômico-financeiros aplicáveis a empresas prestadoras de serviços de

saúde

As empresas prestadoras de serviços de saúde devem apresentar suas demonstrações

contábeis (financeiras) da mesma forma que as outras empresas, de outros ramos de atividade,

apresentam (desde que estejam orientadas pela mesma lei). Por conseguinte, a análise através

de indicadores econômico-financeiros tem por finalidade identificar e prospectar informações

de relevante importância para os diversos usuários das informações. Matarazzo (2003, p. 147)

ensina que “A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação

econômica ou financeira da empresa.”, portanto, entende-se que através da amplitude que os

indicadores apresentam podem-se verificar alguns problemas para investigação mais

aprofundada e identificar soluções a possíveis questionamentos que venham a existir.

Assaf Neto complementa que:

A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa. (2002, p.48)

O exposto por Assaf Neto, vem novamente ressaltar a importância da integralidade das

informações dispostas nas peças contábeis. Se a empresa que está demonstrando sua atividade

e seu patrimônio estiver agindo de má fé, ou seja, expondo para a sociedade informações

inverídicas e “maquiadas” fatalmente a análise das demonstrações contábeis (financeiras)

chegará a conclusões equivocadas e imprecisas. Nota-se também que a análise, desde que bem

estruturada, pode transmitir informações do que já ocorreu na empresa, do que está ocorrendo

e do que irá ocorrer, e dessa constatar amplamente da situação da empresa.

O mesmo autor ressalta

Em verdade, a preocupação do analista centra-se nas demonstrações contábeis da sociedade, das quais extrai suas conclusões a respeito de sua situação econômico-financeira, e toma (ou influencia) decisões com relação a conceder ou não crédito, investir em seu capital acionário, alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem administrada, identificar sua capacidade de solvência (estimar se irá falir ou não), avaliar se é uma empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos gerados internamente etc. (ASSAF NETO, 2002, p.49).

As conclusões evidenciadas pelo analista sem dúvida nenhuma, desde que bem

fundamentadas, irão influenciar os diversos usuários das informações das análises. Podendo

29

alterar alguns processos e/ou políticas internos da empresa, melhorar ou denegrir a imagem da

organização junto a sociedade e investidores, ampliar ou reduzir a disponibilidade de crédito

junto a fornecedores entre outros. Verifica-se através dessa reflexão a importância da

utilização do bom senso para a emissão das análises oriundas de interpretação subjetiva, que

não caracterizam-se pela exatidão ou análise do espaço amostral confiável. Entende-se que o

analista deve responsavelmente concluir suas análises sem subavaliar ou superavaliar a

empresa e suas informações.

2.3.1 Análise horizontal e vertical

A análise Horizontal ocorre quando em um determinado ano a empresa deseja verificar

o seu crescimento ou retração dos itens das demonstrações, em comparação a algum outro ano

base (normalmente o ano anterior ao analisado). “Basea-se na evolução da cada conta de uma

série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma

demonstração financeira básica.” (MATARAZZO, 2003, p.245). Caracteriza-se pela

verificação da evolução de cada conta do Balanço e/ou elementos da DRE, buscando

identificar as tendências de aumento ou diminuição das informações dispostas.

Análise Vertical verifica a representatividade, em valores percentuais, de uma conta ou

elemento em relação a um valor base. “Este tipo de análise é importante para avaliar a

estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo.” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 93).

Através da Análise Vertical é possível localizar onde a empresa está priorizando suas

atividades, como por exemplo: um elevado percentual de representatividade nas contas de

estoque em relação o Ativo Total, significa que a empresa está comprando mais mercadorias

para revenda.

2.3.2 Índices de liquidez de empresas prestadoras de serviços de saúde

Os indicadores de liquidez preocupam-se em demonstrar a situação financeira da

empresa frente aos seus compromissos, apresentando as reais condições que a empresa possui

para saldar suas dívidas junto a terceiros.

30

Marion ressalta que os Índices de liquidez:

São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. (2006, p.83).

Os indicadores de Liquidez estão divididos em quatro grupos, sendo: Índices de

Liquidez Corrente (ILC), Índice de Liquidez Seca (ILS), Índice de Liquidez Imediata (ILI) e

Índice de Liquidez Geral (ILG).

2.3.2.1 Índices de liquidez corrente (ILC)

O quociente de Liquidez Corrente demonstra a capacidade da empresa realizar seus

ativos circulantes, tornando-os líquidos para cumprir com o pagamento das dívidas de curto

prazo.

Iudícibus (1998, p.100) realça

Este quociente relaciona quantos reais dispomos, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e freqüentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como: disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluídas as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. No quociente de liquidez é preciso, como de resto para muitos outros quocientes, atentarmos para o problema dos prazos dos vencimentos das contas a receber e das contas a pagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade do quociente como indicador de liquidez.

Conforme mencionado por Iudícibus, deve-se observar a sincronização entre os

recebimentos e os pagamentos da empresa, para que seja possível a verificação da adequação

do recebimento a tempo de cumprir com as obrigações a curto prazo. Nota-se também, que a

presença, na base de cálculo, dos estoques pode vir a refletir de modo a elevar a Liquidez

Corrente, devido a possível presença de estoques superavaliados ou obsoletos. Para cálculo do

índice, deve ser realizado por meio da fórmula:

Figura 2 – Índice de liquidez corrente Fonte: Iudícibus, 1998, p.100.

Quando o quociente for igual a um pode significar que a empresa possui a mesma

quantidade de Ativo Circulante para saldar o Passivo Circulante. Se o resultado da equação

31

for maior que um, entende-se que deve representar que a empresa possui mais recursos em

seu Ativo Circulante que as obrigações dispostas no Passivo Circulante.

Por outro lado, se o resultado da divisão do Ativo Circulante pelo Passivo Circulante,

demonstrar resultado menor que um, pode significar que a empresa está em descompasso com

suas obrigações, e que seu Ativo Circulante não dispõe de recursos para saldar as dívidas a

curto prazo.

2.3.2.2 Índice de liquidez seca (ILS)

O quociente de Liquidez Seca busca representar, de forma conservadora, a efetiva

liquidez da empresa. Martins (2005, p.44) relata que “O índice de liquidez seca é semelhante

ao índice de liquidez corrente, com a diferença de que os estoques são excluídos do ativo

circulante do hospital.” O mesmo autor acrescenta “quanto maior o índice de liquidez seca,

maior a liquidez do hospital.”

Este índice busca representar o encerramento das atividades econômicas da empresa, ou

a total desvalorização do estoque, prospectando a efetiva reação da empresa frente as dívidas

de curto prazo.

Marion complementa

O índice de Liquidez Seca, por fim, é bastante conservador para que possamos apreciar a situação financeira da empresa. O banqueiro gosta muito desse índice, porque se eliminam os estoques. O Estoque é o item mais manipulável no balanço. O estoque pode tornar-se obsoleto (antiquado) a qualquer momento. Ele ainda é, às vezes, perecível. (2006, p.89)

Através desse entendimento verifica-se que desconsiderando o estoque, o analista

elimina as incertezas, as influências e as distorções que os diferentes critérios de avaliação dos

estoques podem ocasionar e influenciar na análise. A metodologia de cálculo desse índice

caracteriza-se pela expressão:

Figura 3 – Índice de liquidez seca Fonte: Iudícibus, 1998, p.102.

32

2.3.2.3 Índice de liquidez imediata (ILI)

O indicador de Liquidez Imediata busca informar quanto as disponibilidades existentes

de imediato (caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata) podem saldar as

dívidas de curto prazo.

Assaf Neto , sobre a Liquidez Imediata, complementa:

Revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade. (2002, p.172).

Contudo, entende-se que mesmo com a baixa representatividade que normalmente o

indicador de Liquidez Imediata demonstra, a utilização pode servir como auxilio para

verificação de tendências e comparação com outras empresas.

Iudícibus ressalta:

[...] Considere-se que a composição etária do numerador e denominador é completamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. No denominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, e até 365 dias. Assim, a comparação mais correta seria com o valor presente de tais vencimentos, ou colocando-se no denominador o valor que pagaríamos se nos dipuséssemos a pagar as dívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obeteríamos um desconto. Este quociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado financeiro e de capitais era restrita. Hoje, sem desprezar-se certo limite de segurança que irá variar de acordo com a natureza do empreendimento, com o tamanho de empresa e o “estilo” da administração, sem dúvida que, na verdade, se procura ter uma relação disponível/passivo corrente a menor possível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar com disponibilidades quando as dívidas vencerem. (1998, p. 99-100).

Conforme a explanação de Iudícibus entende-se que diante das vastas opções de

investimentos existentes seria desaconselhável a empresa alocar recursos maiores que o

suficiente (margem de segurança) para saldar as dívidas vencíveis atualmente. Contudo

identifica-se que os recursos excedentes podem ser melhores aproveitados se destinados a

investimentos que gerem juros e rendimentos superiores aos de liquidez imediata.

Quanto à expressão para se obter o quociente de Liquidez Imediata está representada

abaixo:

Figura 4 – Índice de liquidez imediata Fonte: Iudícibus, 1998, p.99.

33

2.3.2.4 Índice de Liquidez Geral (ILG)

Este indicador detecta a situação da empresa frente as suas dívidas a longo prazo,

conforme Marion (2006, p. 89) “Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo

Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro ( a Curto e Longo Prazo),

relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida ( a Curto e Longo Prazo)”.

Outrossim, o quociente realiza a soma do Ativo Circulante com o Ativo Realizável a Longo

Prazo, buscando identificar a totalidade dos recursos disponíveis e a receber de curto e longo

prazo com a totalidade das dívidas de curto e longo prazo.

A fórmula para cálculo do quociente de Liquidez Geral é apresentada da seguinte

forma:

Figura 5 – Índice de liquidez geral Fonte: Iudícibus, 1998, p.102.

2.3.3 Índices de endividamento de empresas prestadoras de serviços de saúde

Os indicadores de Endividamento apresentam a posição do capital próprio em relação

ao capital de terceiro. Demonstram de forma muito clara a dependência da empresa no que se

refere aos compromissos assumidos com terceiros.

Marion (2006, p1 104) complementa:

É por meio desses indicadores que apreciaremos o nível de endividamento da empresa. Sabemos que o Ativo (aplicação de recursos) é financiado por Capitais de Terceiros (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) e por Capitais Próprios (Patrimônio Líquido). Portanto, Capitais de Terceiros e Capitais Próprios são fontes (origens) de recursos. Também são os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a Curto Prazo (Circulante) ou a Longo Prazo (Exigível a Longo Prazo).

Os indicadores de Endividamento são relevantes ferramentas de análise das origens dos

recursos da empresa, possibilitando ao analista a compreensão não só do efetivo

endividamento, mas do modelo de gestão aplicado na organização. Se este mais conservador

34

(utilizando maiores recursos próprios) ou de maior propensão a riscos (buscando recursos de

terceiros) e dessa forma tentando aumentar a renovação dos ativos e tornando-os mais

competitivos.

2.3.3.1 Índice de endividamento geral ou participação de capitais de terceiros sobre recursos totais

O Indicador de Endividamento Geral procura demonstrar a representatividade do capital

próprio em relação ao Capital de Terceiros.

Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona o Exigível Total (capitais de terceiros) com os Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros). Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do ativo total financiada com recursos de terceiros. (IUDÍCIBUS, 1998, p.103).

Através deste indicador pode-se compreender e identificar a posição do capital próprio

da organização, relacionando-os com o capital de terceiros alocados na empresa. E com isso

evidenciando a dependência da empresa frente aos seus financiadores externos (capital de

terceiros).

A fórmula para cálculo do quociente de Endividamento Geral pode ser demonstrada da

seguinte forma:

Figura 6 – Índice de endividamento geral Fonte: Marion, 2006, p. 107.

2.3.3.2 Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros

Por meio do indicador de Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros, a

moderna análise das demonstrações contábeis busca apresentar quanto de capital próprio à

empresa tem a seu dispor para garantir o capital de terceiros que se encontra aplicado na

organização. Podendo ser calculado através da seguinte expressão:

35

Figura 7 – Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros Fonte: Marion, 2006, p. 107.

Quanto aos efeitos do indicador, Iudícibus ressalta:

[...] o cuidado que deve ser tomado com relação à projeção de captação de recursos quando vislumbrarmos uma necessidade ou uma oportunidade de expansão. Deverão ser na medida do possível, projetados os efeitos (sobre os demonstrativos financeiros futuros) das políticas alternativas de captação de recursos próprios (capitais de risco) e de terceiros ou uma combinação de ambos que, às vezes, é a melhor alternativa. (1998, p. 104).

Contudo, verifica-se através do disposto por Iudícibus, que a empresa deve se preocupar

com o efeito que a excessiva captação de recursos de terceiros pode vir a afetar a análise de

Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros. Entende-se que para o indicador manter-

se “alinhado”, ou seja, dentro dos parâmetros de satisfação, a melhor estratégia é o

crescimento combinado dos recursos de terceiros e próprios.

2.3.3.3 Índice de composição do endividamento

A Composição do Endividamento vem a demonstrar quanto de dívida a curto prazo a

empresa possui para saldar.

Representa a composição do Endividamento Total ou a parcela que se vence a Curto Prazo, no endividamento Total. A empresa em franca expansão deve procurar financiá-la, em grande parte, com endividamento de longo prazo, de forma que, á medida que ela ganhe capacidade operacional adicional com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos de produção, tenha condições de começar a amortizar suas dívidas. Por isso é que se deve evitar financiar expansão com empréstimos de curto prazo, a não ser que o período de Payback dos ativos seja curtíssimo, fato que raramente ocorre. (IUDÍCIBUS, 1998, p.104)

A relevante importância do indicador de Composição do Endividamento está situada

principalmente pela transmissão de informações das dívidas de Curto Prazo. Verifica-se que é

extremamente onerosa (na maioria das vezes) a captação de recursos com terceiros vencíveis

antes do término do exercício seguinte, pois a empresa possui pouco tempo para alcançar o

máximo do retorno que o investimento venha a trazer.

Para cálculo do indicador de Composição do Endividamento, pode-se utilizar a seguinte

expressão:

36

Figura 8 – Composição do endividamento Fonte: Marion, 2006, p. 108.

2.3.4 Índices de atividade de empresas prestadoras de serviços de saúde

Através dos Indicadores de Atividade (Rotatividade) pode-se analisar o desempenho

operacional da empresa e as necessidades de investimentos em capital de giro. Em outras

palavras, objetivam medir a qualidade e a intensidade que os ativos da empresa giram e

influenciam no Fluxo de Caixa.

Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que os elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionados de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, tais quocientes envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo de resultado, simultaneamente. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 105).

Com isso identifica-se que os indicadores de Atividade (rotatividade) apresentam em

determinado espaço de tempo, utilizando as demonstrações contábeis, a estrutura de

rotatividade da empresa e se esta rotatividade está ou não compatível com a estrutura de

pagamentos.

2.3.4.1 Giro de contas a receber (GCR)

O quociente de Giro de Contas a Receber busca elucidar a velocidade com que as contas

a receber são cobradas e que consecutivamente a empresa concede crédito novamente.

Conforme Martins (2005, p.44) “[...] o giro de contas médicas a receber informa quantas

vezes no ano as contas médicas a receber se transformam em dinheiro. Quanto maior o giro de

CMR, melhor.”. Este indicador pode ser de relevante importância na análise da política de

credito adotada pela empresa.

37

Para cálculo do Giro das Contas Médicas a Receber pode-se utilizar o seguinte método:

Figura 9 – Giro de contas a receber Fonte: Martins, 2005, p. 45.

Diante da expressão para cálculo, verifica-se intensa dificuldade para identificar os

Serviços Prestados a Crédito nas demonstrações contábeis. Marion (2006, p.121), relata que:

[...] Se quisermos trabalhar com prazo médio de recebimento de vendas a prazo, teremos

muitas dificuldades, pois nem sempre (quase nunca) encontraremos discriminado o total das

vendas a prazo. O mesmo esquema é válido para as compras. (2006, p.121).

Complementando o que foi mencionado por Marion, a dificuldade para identificar as

Vendas é igualmente válida para a identificação dos Serviços prestados a Crédito. A falta de

informações dispostas nas peças contábeis obstrui a precisão das análises do Giro de

Recebimento.

2.3.4.2 Giro de contas a pagar (GCP)

Busca demonstrar quantas vezes a empresa salda suas contas a pagar ou fornecedores,

Martins (2006, p.45) complementa: “o giro de contas a pagar informa quantas vezes no ano o

hospital pagou sua contas. Quanto menor o giro de contas a pagar, melhor.”. Portanto, nota-se

que a através do referido índice pode-se elucidar a quantidade média de pagamentos efetuados

em um período de tempo.

Seu cálculo pode ser expresso da seguinte forma:

Figura 10 – Giro de contas a pagar Fonte: Martins, 2005, p.45.

No entanto, conforme já exposto por Marion (2006, p.121), identifica-se relevante

dificuldade para constatar as Compras a Prazo (da mesma forma que as Vendas a Prazo) nas

demonstrações em análise. Compreende-se que a melhor forma de aquisição destas

informações seria através da disponibilização, por parte da empresa, o que por muitas vezes

não seria realizado.

38

2.3.4.3 Giro do ativo total

O indicador de Giro do Ativo Total pretenciona demonstrar o retorno que a empresa

está alcançando sobre os investimentos. De forma muito objetiva busca medir a eficiência da

administração em relação à otimização dos recursos do Ativo.

Este quociente de atividade expressa quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelas vendas. Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas/Ativo Circulante, Vendas/Ativo Permanente etc. No numerador, podemos utilizar vendas brutas ou, como variante, vendas líquidas.Existe um grande interesse da empresa em vender bastante com relação ao valor do ativo. Quanto maior o “giro” do ativo pelas vendas, maiores as chances de cobrir as despesas com uma boa margem de lucro. (IUDÍCIBUS; SÉRGIO, 1998, p. 108).

E com esse entendimento, muitas empresas buscam a máxima diminuição dos

investimentos em, por exemplo, estoques, objetivando não somente a diminuição dos custos

com armazenagem, mas também melhores indicadores de giro do Ativo.

Figura 11 – Giro do Ativo total Fonte: Silva, 2007, p. 26.

2.3.5 Índices de rentabilidade de empresas prestadoras de serviços de saúde

Os indicadores de Rentabilidade visam apresentar informações de natureza econômica

da empresa analisada. Todavia, estes indicadores podem demonstrar informações mais ou

menos aprofundadas, dependendo do usuário e da intenção da análise. A Rentabilidade,

através de seus indicadores, vislumbra o potencial da empresa para gerar resultados e obter

retorno sobre os investimentos. Quanto às empresas prestadoras de serviços de saúde, Martins

(2005, p. 46) relata:

A rentabilidade do hospital pode ser avaliada em relação a suas receitas médicas, ativos e patrimônio líquido. Em conjunto, essas medidas permitem ao administrador avaliar os resultados financeiros do hospital em relação às receitas médicas, aos investimentos e retornos dos proprietários.

As empresas prestadoras de serviços de saúde carecem das mesmas informações

gerenciais que as empresas de outros ramos de atividade, e o acionista busca os mesmos

patamares de retorno que outros segmentos da economia resultam (opções de investimento).

39

Os quocientes (indicadores) de Rentabilidade oportunizam aos diferentes usuários da análise

“medir” o retorno que a empresa está disponibilizando ou demonstrando.

A combinação de itens do Ativo é que gera Receita para a empresa. Na verdade, o Ativo significa investimentos realizados pela empresa a fim de obter Receita e, por conseguinte, Lucro. Assim, podemos obter a Taxa de Retorno sobre investimentos. Isso representa o poder de ganho da empresa: quanto ela ganhou por real investido. (MARION, 2006, p. 139).

Com o exposto por Marion, consegue-se analisar cronologicamente a formação ou

identificação do Lucro, e assim analisar o retorno sobre os investimentos.

2.3.5.1 Margem de lucro

A Margem de Lucro é um indicador muito variável, no que tange comparação entre

segmentos diferentes da economia. A relação entre o Lucro e as Vendas da empresa

oportuniza a identificação da Margem de Lucro obtido no exercício.

Por alguns autores denominados simplesmente Margem Operacional, este quociente compara o lucro com as vendas líquidas, de preferência. É interessante, todavia, controlar o montante de deduções de vendas com relação às vendas brutas, numa análise à parte. Entretanto, também tem validade o cálculo dos quocientes deste tópico com vendas brutas, com interpretação ligeiramente modificada. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 110-111).

Para cálculo deste indicador, pode-se utilizar a seguinte expressão:

Figura 12 – Margem de Lucro Fonte: Silva, 2008, p.6.

Quanto ao resultado do quociente de Margem de Lucro, nota-se que pode variar de

exercício para exercício, isso só depende da empresa aumentar sua margem nas vendas,

melhorar os seus controles internos de custos e despesas, agregar mais valor ao produto,

identificar nichos de mercado pouco explorados e etc.

2.3.5.2 Retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento

O presente indicador busca medir o desempenho da administração da empresa no que

tange a conversão dos investimentos dispostos no Ativo em Lucros. Martins (2006, p.47)

40

acrescenta: “a taxa de retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento do hospital

mede a eficiência global da administração na geração de lucros com seus ativos. Quanto

maior essa taxa, melhor.”.

Quanto à importância do indicador Iudícibus ensina que: “É provavelmente, o mais

importante quociente individual de toda a análise de balanços”. Todavia, percebe-se que o

quociente de Retorno sobre o Ativo Total prospecta relevante contribuição a análise das

Demonstrações Contábeis.

Para encontrar o Retorno sobre o Ativo Total, pode-se utilizar a seguinte expressão:

Figura 13 – Retorno sobre Ativo Total Fonte: Iudícibus 1998, p. 112.

2.3.5.3 Retorno sobre o patrimônio líquido ou capital próprio

O Retorno sobre o Capital Próprio mede a relação entre o capital investido pelos sócios

ou acionistas e o retorno que a empresa aufere a eles “a taxa de retorno sobre o patrimônio

líquido mede o retorno obtido pelos proprietários, e, quanto maior essa taxa,

melhor.”(MARTINS, 2005, p. 47).

Os proprietários da empresa desejam saber quanto de retorno a empresa está

proporcionando em relação ao capital que eles (os proprietários) investiram. E para isso,

utiliza-se a o seguinte cálculo:

Figura 14 – Retorno sobre patrimônio líquido Fonte: Iudícibus, 1998, p. 114.

Quanto à importância do quociente, Iudícibus discorre:

A importância do Quociente de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (QRPL) reside em expressar os resultados globais auferidos pela gerência na gestão de recursos próprios e de terceiros, em benefício dos acionistas. A principal tarefa da administração financeira ainda é a de maximizar o valor de mercado para o possuidor das ações e estabelecer um fluxo de dividendos compensador. No longo prazo, o valor de mercado da ação é influenciado substancialmente pelo quociente de retorno sobre o patrimônio líquido. (1998, p. 116).

41

Através desse entendimento, verifica-se que satisfatórios indicadores de retorno sobre o

Patrimônio Líquido, influenciam positivamente na definição da “imagem” da empresa frente

ao mercado financeiro, podendo garantir melhores expectativas tanto para os acionistas ou

sócios (com a valorização das ações ou quotas) quanto para a própria empresa que pode

garantir melhores condições de financiamento.

2.3.6 Capital circulante líquido

O Capital Circulante Líquido é extraído através da subtração do Ativo Circulante pelo

Passivo Circulante, e pode demonstrar a margem de segurança da empresa a curto prazo.

Matarazzo (2003, p. 170) relata que “o Capital Circulante Líquido, que é a folga

financeira a curto prazo [...]”.

Entende-se que este indicador ratifica os resultados obtidos com os quocientes de

liquidez, apresentado a situação financeira para pagamentos a curto prazo. Martins (2005, p.

43) acrescenta “[...] quanto maior esse índice, maior a liquidez do hospital.” Portanto, nota-se

a importante ligação entre os indicadores de liquidez e o Capital Circulante Líquido.

42

2.3.7 Fator de insolvência

Para analisar a Solvência ou a Insolvência das empresas pode-se utilizar o método de

análise de Kanitz ou de Alteman. Pretende-se através da análise do fator de insolvência,

verificar o risco de falência que a empresa está ou não incorrendo.

O fator de Insolvência de Kanitz busca demonstrar a faixa de risco que a empresa se

encontra, através da ponderação de índices padrões.

Como base de julgamento do fator de insolvência, Kanitz constituiu uma escala de valores para indicação da maior ou menor possibilidade de falência ou concordata de empresa. A escala de valores estabelecida por Kanitz é a seguinte: a) (-3 a -7), denomina-se faixa de pré-insolvência; b) (0 a -3), considera-se faixa de penumbra; c) (1 a 7), chama-se faixa de solvência. (ZDANOWICZ, 1998, p.120-121).

Para cálculo do Fator de insolvência de kanitz, utilizam-se cinco variáveis, e a elas se

atribui diferentes pesos para ponderação. Sendo assim demonstrado:

Figura 15 – Variáveis e cálculo do fator de insolvência de Kanitz Fonte: Zdanowicz, 1998, p.121.

O resultado obtido através do cálculo exposto acima, deve ser comparado com a escala

determinada por Kanitz, e assim, efetivamente realizar a análise de solutibilidade ou

insolutibilidade das empresas em estudo.

Existe, por outro lado, a metodologia de análise do fator de insolvência de Altman, onde

também foram estabelecidas cinco variáveis para evidenciar o Fator de Insolvência.

O fator de insolvência de Altman foi adaptado a realidade brasileira em 1968, por ocasião de sua visita a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Altman utilizou as Demonstrações Contábeis de 58 empresas nacionais, das quais 23 empresas com sérios problemas financeiros. (ZDANOWICZ, 1998, p.120-121).

As variáveis determinadas por Altman podem ser demonstradas da seguinte forma:

43

Figura 16 – Variáveis e fator de insolvência de Altman. Fonte: Zdanowicz, 2008, p. 122.

Para Altman as empresas que venham a apresentar valores abaixo de 1,81 estão

eminentemente correndo riscos de insolvência. Já as empresas que em uma faixa de 1,81 até

2,99, mas próximos ao limite de fronteira de 2,67 apresentam situação financeira aceitável.

E as empresas que demonstram o resultado maior que 2,99 podem estar em plena

situação de solvência.

2.3.8 A Importância da análise das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de

serviços de saúde

Há poucos anos, em comparação com outros ramos de atividade, o negócio saúde vem

se descobrindo e se posicionado frente às tendências do mercado. O que antigamente existia

vasta demanda por serviços, hoje percebe-se crescente concorrência, principalmente na saúde

privada.

A contabilidade, como ciência social aplicada, está acompanhando a trajetória evolutiva

da sociedade, e com o percorrer da humanidade, novas necessidades de informações de

diferentes usuários estão surgindo. Como por exemplo:

Numa economia de mercado bastante desenvolvida, uma razoável parcela dos motivos que levam o investidor a adquirir ações da empresa A e/ou da empresa B reside nos resultados da análise realizada com relação aos balanços das empresas, demais peças contábeis e avaliação das perspectivas do empreendimento. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 19).

A análise das Demonstrações Contábeis, já transcendeu a mera utilização por parte dos

bancos (na avaliação dos empréstimos). Atualmente a análise dos indicadores extraídos das

peças contábeis são utilizados e consultados pelos mais diferentes interessados na empresa.

Quanto à análise das peças contábeis Iudícibus acrescenta

44

Alguns administradores de empresas chegam a admitir que a mesma deveria montar um verdadeiro sistema de informações, não somente no que se refere aos concorrentes, mas também no que se refere a todos os grupos de pessoas e interesses externos à empresa que possam ter ou vir a ter influência sobre a empresa, em virtude de mudanças em suas orientações e comportamentos. (1998, p. 20).

Conforme Iudícibus, alguns administradores identificaram relevantes benefícios das

informações atraídas das Demonstrações Financeiras. Benefícios que provavelmente supriram

alguma necessidade ou realizaram esclarecimento de algum questionamento.

No ramo da saúde, as empresas prestadoras de serviços apresentam várias necessidades

entre elas:

A necessidade de comparação do desempenho financeiro atual com o histórico do hospital, e também com o desempenho de outros hospitais, é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiências financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. A avaliação por meio de índices financeiros é adequada para análises históricas do hospital e também para análises comparativas de hospitais de quaisquer tamanhos. Em geral, os índices financeiros são agrupados em quatro categorias: índices de liquidez, índices de atividades, índices de endividamento e índice de lucratividade. (MARTINS, 2005, p.41-42).

Com o que foi discorrido por Martins verifica-se a importância dos Indicadores

Econômicos Financeiros das empresas prestadoras de serviços de saúde, tanto para auxiliar na

tomada de decisão dos administradores como amparo histórico quanto para ajudar a delinear

futuras tendências. E assim, influenciando e contribuindo para a formação das estratégias da

empresa. É possível identificar a relevante influência dos indicadores econômico-financeiros

nas decisões dos investidores de capital, onde com o auxilio desses quocientes pode-se tentar

identificar a situação atual e projetada da empresa.

2.3.9 Usuários das análises das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de serviços

de saúde

De forma muito particular a Análise das Demonstrações Financeiras busca a atender

diferentes usuários. E esses usuários apresentam interesses distintos, em outras palavras, cada

“classe” de usuário necessita de informações diferentes.

A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoante os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. (ASSAF NETO, 2002, p.52).

45

As intenções para analisar uma empresa que presta serviços de saúde podem ser as mais

variadas possíveis, seja pela necessidade do pleno entendimento da funcionalidade da

empresa, pela verificação das tendências futuras, pela fixação de uma medida de tendência de

longo prazo, para analisar-se comparativamente com outras empresas do mesmo ramo de

atividade ou concorrente indireto, pela realização de estudos acadêmicos ou até mesmo para

verificação de concessão de crédito e etc.

A Análise de Balanços permite uma visão da estratégia e dos planos da empresa analisada; permite estimar o seu futuro, suas limitações e suas potencialidades. É de primordial importância, portanto, para todos que pretendam relacionar-se com uma empresa, quer como fornecedores, financiadores, acionistas e até como empregados. A procura de um bom emprego deveria sempre começar com a análise financeira de empresa. O que adianta um alto salário inicial se as perspectivas da empresa não são boas. (MATARAZZO, 2003, p. 28).

De forma a facilitar o pleno entendimento e a visibilidade do fluxo das informações e da

forma cronológica que ocorre transmissão das análises para os usuários, abaixo está

demonstrado o fluxograma.

Figura 17 – Fluxo das informações contábeis Fonte: Autoria própria, 2008.

Conforme visto na figura acima, os usuários estão no último nível do fluxograma, onde

dependem permanentemente das informações dispostas pela empresa. O que nos leva a

novamente enfatizar a responsabilidade da contabilidade em apresentar informações integras e

transparentes. Em uma sociedade que busca identificar empresas que respeitem os

consumidores (sejam eles consumidores de produtos ou informações) mantém relevante

vantagem estratégica frente aos concorrentes.

Diante da vasta existência de usuários das Análises das Demonstrações Contábeis,

Assaf Neto (2002, p.52) caracteriza alguns como mais importantes: “Os usuários mais

Empresas de Saúde

Demonstrações Contábeis

Análises (Índices)

Usuários das

46

importantes da análise de balanços de uma empresa são os fornecedores, clientes,

intermediários financeiros, acionistas, concorrentes, governo e seus próprios

administradores.”.

Os fornecedores das empresas prestadoras de serviços de saúde, na maioria das vezes,

buscam informações referentes a capacidade de pagamento. Desejam identificar se a empresa

irá conseguir cumprir com suas dívidas e se possuem capacidade financeira de assumir novos

compromissos junto aos fornecedores.

Geralmente os fornecedores observam alguma coisa além da liquidez, visto que os balanços são divulgados uma vez por ano e a análise precisa proporcionar-lhe segurança pelo prazo de sua validade, ou seja, até a análise do balanço seguinte. Por isso, não observam pura e simplesmente índices de liquidez, mas alguma coisa além, como a rentabilidade e o endividamento. (MATARAZZO, 2002, p. 29).

Matarazzo expôs que as necessidades dos fornecedores transcendem a verificação da

atual ou imediata capacidade de pagamento das dívidas, os fornecedores se interessam em

manter suas vendas a médio e longo prazo. E através de outros indicadores as empresas ou

pessoas físicas responsáveis pelo fornecimento de material médico, insumos para exames,

equipamentos e etc., podem constatar se a organização consumidora apresenta tendência de

perdurar ou não com a sua atual capacidade financeira, influenciando assim as vendas de seus

insumos.

Os clientes podem e devem analisar a empresa que lhe prestará a algum atendimento de

saúde, seja ele ambulatorial ou de internação hospitalar. Na maioria das vezes, uma empresa

quando apresenta satisfatórios indicadores econômico-financeiros é porque provavelmente

presta um bom serviço e os quocientes das demonstrações contábeis, simplesmente refletem a

intensa demanda pelos serviços especializados e de qualidade oferecidos pela empresa.

[...] é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiência financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. (MARTINS, 2005, p.41).

Portanto, não só nas empresas prestadoras de serviços de saúde, mas praticamente em

todas em empresas, dos mais diversos ramos de atividade, quanto melhores os seus

indicadores, melhores são os produtos fabricados pela indústria, melhores as mercadorias

vendidos pelo comércio e melhores são os serviços oportunizados pela empresa que o prestou.

Entende-se por Intermediários Financeiros os fornecedores de capital e prestadores de

serviços financeiros que desenvolvem sua atividade junto às pessoas jurídicas e físicas.

Normalmente os Intermediários Financeiros são caracterizados pelos bancos comerciais e de

investimentos. Assaf Neto (2002, p. 53) disserta sobre o interesse dos Bancos (Intermediários

Financeiros):

47

Os interesses dos bancos, em geral, incluem o conhecimento da posição de curto e longo prazos da empresa. Mesmo que a operação de crédito se verifique a curto prazo, o relacionamento entre bancos e clientes é geralmente visto também no longo prazo em razão das possibilidades de renovação do empréstimo, do interesse em manter determinada empresa como cliente etc. Dessa forma além dos aspectos tradicionais da análise de balanços a curto prazo, o grau de endividamento, solvência, rentabilidade, entre outros, assume também grande importância no processo de avaliação.

Os Intermediários Financeiros desejam que as empresas do ramo da saúde continuem

tomando os serviços oferecidos por eles, ou seja, os bancos querem perpetuar as relações

financeiras entre ele banco e os tomadores de recursos. E para isso, analisam profundamente a

situação atual e prospectam as tendências futuras da empresa, visando não somente as

possibilidades atuais da clínica ou do hospital, mas conjuntamente as possibilidades futuras

que possam vir a existir. O papel dos intermediários financeiros para as empresas que têm em

seu negócio a saúde é de extrema importância, pois estas empresas devem continuamente

investir nas aquisições de novos equipamentos em diagnóstico por imagem, modernização das

áreas de recepção, reformas e construção de prédios, alas para o atendimento médico etc., e o

recursos para tais investimentos muitas vezes é oriundo de empréstimos ou financiamentos de

Intermediários Financeiros.

A capacidade de gerar lucros a apresentar retornos sobre os investimentos frente aos

recursos próprios caracteriza-se como a principal necessidade dos Acionistas. Para efetuar as

transações de compra e venda das ações (quando a empresa for S/A de capital aberto) os

acionistas utilizam os serviços das corretoras de valores que agem, conforme Matarazzo

(2003, p. 34) “As corretoras, como agentes dos investidores, preocupam-se basicamente com

a rentabilidade de empresa.”. Nas empresas de saúde limitadas, existe um acompanhamento

maior por parte dos sócios, onde o interesse ultrapassa a simples necessidade de rentabilidade

e segue na linha de estimar a perpetuação da empresa no longo dos anos. E nas empresas que

são caracterizadas como EBAS, a principal intenção é a prestação de serviços de qualidade á

sociedade, auferindo os resultados suficientes para manter a sua estrutura e realizar

investimentos na própria entidade.

Analisar o Concorrente na atual conjuntura econômica é extremamente importante para

as empresas prestadoras de serviços de saúde. Através da análise dos concorrentes as clínicas

e hospitais podem gerar conhecimentos profundos que acarretam a diversificação das

estratégias.

A análise de concorrentes é muito importante à medida que a empresa possa melhor conhecer seu mercado e comparar sua posição econômico-financeira (liquidez, rentabilidade, crescimento de vendas etc.) em relação a seu setor de atividade (empresas concorrentes). Por essa análise de toda a concorrência, é possível a

48

construção de índices-padrão indispensáveis a uma auto-avaliação. (ASSAF NETO, 2002, p. 54).

Com a análise comparativa entre empresas do mesmo segmento mercadológico, pode-se

estabelecer metas a serem atingidas em detrimento a algum concorrente melhor situado no

mercado.

Através do estudo das Demonstrações Contábeis dos concorrentes, as empresas se

permitem avaliar e identificar se as ações realizadas pelo concorrente estão apresentando

resultados positivos, e a partir dessa informação estabelecer estratégias de forma a inibir,

alcançar ou acompanhar a concorrência. Sem dúvida nenhuma, muitos investimentos são

realizados após a análise da concorrência, como por exemplo: a compra de equipamentos de

diagnósticos por imagem, a ampliação de determinada área para atendimento de clientes

portadores de planos de saúde privados ou atendimentos particulares etc.

Um outro usuário das demonstrações contábeis e dos indicadores extraídos das

demonstrações contábeis é o Governo. E governo está se referindo ao sentido amplo da

palavra, sendo Federal, Estadual e Municipal; ao governo interessa a análise dos indicadores

econômicos financeiros das empresas que trabalham com a saúde em virtude de conhecer e

identificar à efetiva situação da saúde pública e suplementar oferecida a população.

O governo também avalia as empresas para a concessão de concorrências abertas, e com

as informações dos quocientes das análises, pode-se verificar a capacidade da empresa em,

por exemplo, atender a todos os pacientes (clientes) portadores de tuberculose pulmonar de

determinada região do país, tornando este hospital centro de referência. Contudo a intenção do

governo é garantir que o prestador de serviço consiga suprir as necessidades da população, e

com isso melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O governo utiliza intensamente a Análise de Balanços em diversas situações. Por exemplo, numa concorrência aberta, provavelmente escolherá entre duas propostas semelhantes, apresentadas por empresas em determinada concorrência, aquela que estiver em melhor situação financeira. Além disso, o governo acompanhará a situação financeira da empresa vencedora da concorrência ao longo do desenvolvimento dos trabalhos para obter informações sobre a possibilidade de a empresa continuar os trabalhos para os quais se candidatou. (MATARAZZO, 2003, p.36-37).

A questão da concorrência aberta caracteriza uma das necessidades do governo, mas

não se pode esquecer que o governo é proprietário de muitos hospitais e clínicas públicos, e

como acionista/sócio mantém interesses na manutenção dos serviços prestados pela empresa.

Por último, mas não menos importante tem-se os Administradores das empresas

prestadoras de serviços de saúde, que necessitam das informações das análises para o

acompanhamento e avaliação das decisões estratégicas. Iudícibus afirma:

49

Mas, se uma boa análise de balanços é importante para os credores, investidores em geral, agências governamentais e até acionistas, ela não é menos necessária para a gerência: apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão diferenciados. Para a gerência, a análise de balanços faz mais sentido quando, além de sua função de informar o posicionamento relativo e a evolução de vários grupos contábeis, também serve como “painel geral de controle” da administração. (1998, p. 19).

Com isso entende-se que a administração apresenta interesse na amplitude dos

indicadores econômico-financeiros, desde a simples análise horizontal e vertical até a

solvência da empresa.

O administrador financeiro de um hospital toma decisões em nome dos proprietários e ambos tomam decisões que atendam às necessidades dos pacientes, que são as de que os serviços hospitalares sejam resolutivos, qualitativos e de baixo custo. Nesse sentido o administrador financeiro do hospital deve atuar de acordo com os interesses dos proprietários e dos pacientes. Ao tomar decisões que minimizam os custos dos recursos organizacionais sem prejuízo da resolutividade e da qualidade, atendem à expectativa de maximizar o valor do capital próprio do hospital e minimizar os preços dos serviços hospitalares para os pacientes. (MARTINS, 2005, p.20)

E diante dessa gama de decisões que o administrador das empresas de saúde deve

tomar, é imprescindível a utilização de recursos que sirvam como amparo à tomada científica

das decisões. Por meio da análise das demonstrações contábeis os gestores podem identificar

o retorno dos investimentos realizados, a rentabilidade da empresa e a rentabilidade do capital

próprio, o quanto o ativo contribui para gerar lucros, as dívidas a curto e longo prazo e entre

outros avaliarem o desempenho futuro instituição.

2.3.10 Histórico da saúde no Brasil

A saúde no Brasil começou a demonstrar os primeiros movimentos de iniciação em

1808, com a vinda da corte portuguesa, pois até então praticamente não existia escolas de

medicina devido à proibição do ensino superior nas colônias. A partir desse evento foram

fundadas as academias médico-cirurgicas no Rio de Janeiro e na Bahia que logo se tornaram

as duas primeiras escolas de saúde do País.

Por volta de 1829, foi criada a junta de Higiene Pública, que se mostrou pouco eficaz e, apesar de várias reformulações, não alcançou o objetivo de cuidar da saúde da população. No entanto, é o momento em que instâncias médicas assumem o controle das medidas de higiene pública. Seu regulamento é editado em 20 de setembro de 1851 e a transforma em Junta Central de Higiene Pública. Tem como objetivo a inspeção da vacinação, o controle do exercício da Medicina e a polícia sanitária da terra, que engloba a inspeção de alimentos, farmácias, armazéns de mantimentos, restaurantes, açougues, hospitais, colégios, cadeias, aquedutos, cemitérios, oficinas, laboratórios, fabricas e, em geral todos os lugares de onde possa

50

provir dano à saúde pública. (MACHADO apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 17).

Verificou-se que a Junta Central de Higiene Pública não conseguiu resolver os

problemas de saúde da população, mas estabeleceu um novo marco na organização da higiene

pública no Brasil. Essa situação prevaleceu durante todo o século XIX, e com o fim da fase

imperial novas tentativas de promover a saúde da coletividade foram realizadas, mas não

obtiveram sucesso.

A proclamação da República em 1889 foi embalada na idéia de modernizar o Brasil. A necessidade urgente de atualizar a economia e a sociedade, escravistas até pouco antes, com o mundo capitalista mais avançado favoreceu a redefinição dos trabalhadores brasileiros como capital humano. Essa idéia tinha por base o reconhecimento de que as funções produtivas são a fontes geradoras da riqueza das nações. Assim, a capacitação física e intelectual dos operários e dos camponeses seria o caminho indicado para alterar a história do País, considerado no exterior como “região bárbara”. Nesse contexto, a medicina assumiu o papel de guia do Estado para assuntos sanitários, comprometendo-se a garantir a melhoria da saúde individual e coletiva e, por extensão, a defesa do projeto de modernização do País (BERTOLLI FILHO apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 18).

Com o evento da Constituição de 1891, ficou estabelecido que seria de responsabilidade

dos estados as ações de saúde, saneamento e educação. E com isso cada estado aplicava o

modelo que bem entendia.

A falta de um modelo sanitário para o País, deixava as cidades brasileiras à mercê das epidemias. No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro apresentava um quadro sanitário caótico caracterizado pela presença de diversas doenças graves que acometiam à população, como a varíola, a malária, a febre amarela e, posteriormente, a peste. Este quadro acabou gerando sérias conseqüências, tanto para a saúde coletiva quanto para outros setores como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em razão da situação sanitária existente na cidade. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE , 2008, p. 118-19).

E quando os efeitos da péssima saúde pública passaram a prejudicar os interesses

econômicos da nação o governo elaborou um plano de combate às enfermidades que reduziam

a vida produtiva da população. Com essa contínua intervenção do estado (nação) nas questões

de saúde acabou evoluindo para a criação de uma “política nacional de saúde”.

No primeiro governo de Getúlio Vargas foi instituído o Instituto de Aposentadorias e

Penções (IAP), que organizava os trabalhadores urbanos em categorias profissionais. Os

trabalhadores chamados informais, aqueles que não tinham vínculo com a medicina

previdenciária passaram a contar com as ações realizadas pelo Ministério da Educação e

Saúde Publica (Mesp).

Com a promulgação da Constituição de 1946 o Brasil passou a ser considerado

democracia e a saúde pública teve sua estrutura centralizada e com a criação de vários

programas de campanhas e ações sanitárias.

51

Os marcos institucionais1 desse período foram: 1. Criação do Ministério da Saúde, em 1953, velha aspiração dos médicos da saúde pública. 2. Reorganização dos serviços nacionais no Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), em 1956. 3. Implementação da campanha nacional contra a lepra e das campanhas de controle e erradicação de doenças, como a malária, de 1958 a 1964. 4. Realização da 3ª Conferência Nacional de Saúde, em 1963. Estes marcos reforçavam aspectos importantes, tais como: 1. permanência da disjunção entre saúde pública e assistência médica com ênfase da primeira nas populações rurais; 2. foco das ações sobre doenças específicas; e 3. deslocamento do processo de discussão e decisão para arenas fora da burocracia pública, tais como o Congresso Nacional e a politização da saúde nos congressos de higiene e nas conferências nacionais. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p.23).

Em 1964, iniciou o regime militar, onde foram implantadas reformas institucionais que

afetaram intensamente a saúde pública do país.

A saúde pública, relegada ao segundo plano, tornou-se uma máquina ineficiente e conservadora, cuja atuação restringia-se a campanhas de baixa eficácia. A carência de recursos — que não chegavam a 2% do PIB — colaborava com o quadro de penúria e decadência, com graves conseqüências para a saúde da população. Os habitantes das regiões metropolitanas, submetidos a uma política concentradora de renda, eram vítimas das péssimas condições de vida que resultavam em altas taxas de mortalidade. Este quadro seria ainda agravado com a repressão política que atingiu também o campo da saúde, com cassações de direitos políticos, exílio, intimidações, inquéritos policial-militares, aposentadoria compulsória de pesquisadores, falta de financiamento e fechamento de centros de pesquisas. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE , 2008, p.24).

Com o fracasso das políticas de saúde, passou-se a rearticular os movimentos sociais,

que por sua vez tornaram-se mais freqüentes a denúncias sobre a situação caótica dos serviços

de saúde.

Nesse contexto, sindicatos das diversas categorias profissionais da saúde — principalmente médicos, acadêmicos e cientistas — debatiam em seminários e congressos as epidemias, as endemias e a degradação da qualidade de vida do povo. Um movimento pela transformação do setor saúde fundiu-se com outros movimentos sociais, mais ou menos vigorosos, que tinham em comum a luta pelos direitos civis e sociais percebidos como dimensões imanentes à democracia. (ESCOREL; NASCIMENTO; EDLER apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 26).

Em 1974, com o governo de Geisel, com a iniciação a abertura da inflexão política

oportunizou ao movimento sanitarista a realização de propostas afim de democratizar a saúde

e promover o assistencialismo para as pessoas mais carentes.

Durante o governo Figueiredo, muitas ações começadas pelo general Geisel

continuaram a serem realizadas, entre elas a efetiva abertura política.

52

Com a abertura política, vários cargos de representatividade foram assumidos por

profissionais da saúde, e diante de muitas propostas e projetos chegaram a criação do Sistema

Único de Saúde.

Como resultado das diversas propostas em relação ao setor de saúde apresentadas na Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição Federal de 1988 aprovou a criação do Sistema Único de Saúde, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade, eqüidade, integralidade e organizado de maneira descentralizada, hierarquizada e com participação da população (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2003 apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 32).

E com a aprovação da Constituição Federal de 1988, foi estabelecidos através da lei N°

8.080/90 que a direção do SUS seria compartilhada entre a União, Estados e Municípios.

Embora a história da saúde no Brasil tenha sofrido várias intervenções e que muitos

projetos e propostas foram e estão sendo realizados até os dias de hoje, verifica-se que o país

ainda encontra sérios problemas no que compete a saúde pública, como por exemplo, filas,

demora para realização de consultas com especialistas, precariedade nas instalações de postos

de saúde e hospitais, poucos remédios à disposição para distribuição as pessoas carentes, entre

outros. E a partir desses problemas, identifica-se a grande expansão da saúde suplementar,

desempenhado papel alternativo de complementação privada dos deveres do governo.

2.3.11 Tipos de prestação de serviços de saúde (tipos de receitas de saúde)

A prestação de serviços de saúde é dividida em dois subsistemas: o público, que é o

Sistema Único de Saúde (SUS), e o privado, constituído por dois sub-setores: o da Saúde

Suplementar, que é o predominante nesse subsistema, composto pelos serviços financiados

pelos planos e seguros de saúde, e o liberal clássico, composto pelos serviços particulares

autônomos.

Abaixo se expressa a característica do sistema de saúde brasileira

53

Figura 18 - Características do sistema de saúde brasileiro Fonte: Conselho Nacional de Secretários de saúde, 2008, p.69.

Nota-se no quadro que os subsistemas apresentam diferentes características para a

mesma função, promover a saúde dos indivíduos. Um outro aspecto que se diferenciam é a

questão dos resultados, o setor público deseja diminuir ao máximo os gastos, sem intenção de

auferir lucros (no máximo uma economia de recursos), já a iniciativa privada, na maioria das

vezes, almeja resultados (lucros).

2.3.11.1 Receitas SUS

O Sistema Único de Saúde caracteriza-se pelo direito igualitário e integral a todo o

cidadão brasileiro ao atendimento universal de saúde, através das unidades de saúde,

ambulatórios e hospitais, sem que seja necessário nenhum pagamento proveniente ao

atendimento.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de serviços de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência Social. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 33).

Com o exposto, entende-se que todo o cidadão brasileiro tem o direito de receber

atendimento de saúde público e gratuito. E para que esse atendimento seja realizado, as

empresas prestadoras de serviços de saúde são credenciadas junto a Ministério da Saúde,

Secretarias Estaduais de Saúde e Secretárias Municipais de Saúde para a realizarem os

atendimentos.

54

Cada atendimento possui um valor agregado, que está estabelecido na Tabela Unificada

do SUS. A remuneração que as empresas prestadoras de serviços de saúde credenciadas

recebem pelo atendimento realizado aos clientes segurados pelo SUS, caracteriza a efetiva

receita SUS.

2.3.11.2 Receitas de saúde suplementar

Com a defasagem do atendimento da saúde pública, muitas pessoas passaram a procurar

serviços privados que possam oferecer melhores condições de qualidade, comodidade e

agilidade.

Poucos setores da economia têm as características do setor de Saúde Suplementar, por tratar-se de um bem credencial e meritório, que envolve ao menos três grandes pólos de tensionamento: as operadoras de planos e seguros, os prestadores e os beneficiários (denominados também usuários ou consumidores). E não se trata, em absoluto, de grandes pólos homogêneos, pois as operadoras disputam entre si os prestadores hospitalares, que nem sempre têm interesses únicos com as entidades de classe e os consumidores contam com diversas instâncias de representação, que nem sempre representam a todos de forma igualitária. (CONASS, 2008, p. 15).

Os atendimentos realizados pelos prestadores de serviços de saúde a indivíduos

“cobertos” por convênios de saúde, caracterizam-se como receita de saúde suplementar. O

mercado da saúde suplementar vem apresentando relevante expansão, conforme pode-se

verificar no gráfico abaixo:

30,7 31,2 31,1 31,533,4

35,237,2

39,3 39,9

2,8 3,2 3,8 4,5 5,5 6,4 7,6 9,2 9,4

33,5 34,4 35,0 36,038,8

41,644,9 48,5 49,3

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

dez/00 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 mar/08

Assistência médica com ou sem odontologia

Exclusivamente odontológico

To tal Figura 19 - Gráfica dos beneficiários de planos de saúde - Brasil - 2000-2008 Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar, 2008.

A demanda por assistência médica e odontológica apresenta elevado crescimento. Se

compararmos, por exemplo, somente a linha da assistência total (convênios médicos com e

sem odontologia e convênios odontológicos), em termos percentuais identifica-se a expansão

de aproximadamente 15,80%.

55

2.3.11.3 Receitas de saúde particulares

As receitas de atendimentos particulares, normalmente, representam uma pequena

parcela do número total de atendimentos, mas demonstram relevantes percentuais quando

comparados com a receita bruta. Isso porque, salvo alguma exceção, os preços dos

procedimentos médicos praticados nos atendimentos particulares são muito maiores que os

valores repassados pelo SUS e por convênios de saúde.

“A Medicina Particular não está baseada em princípios de solidariedade. Ao contrário,

se fundamenta no princípio de que cada um recebe serviços em proporcionais aos pagamentos

realizados.” (COMO..., 2008).

Um atendimento de saúde particular, nada mais é do que a contratação de um serviço

(uma consulta, uma cirurgia etc.) mediante ao pagamento em moeda ou similar (cheque,

cartão de crédito).

2.3.11.4 Subvenções para custeio e repasses transferidos

Algumas empresas vinculadas à Saúde Pública, apresentam em sua Receita Operacional

Bruta expressões a título de Subvenções para Custeio ou Repasses Transferidos.

SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la a fazer face ao seu conjunto de despesas. SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la nas suas operações, ou seja, na consecução de seus objetivos sociais. As operações da pessoa jurídica, realizadas para que alcance as suas finalidades sociais, provocam custos ou despesas, que, talvez por serem superiores às receitas por ela produzidas, requerem o auxílio de fora, representado pelas SUBVENÇÕES. O CUSTEIO representa, portanto, em termos monetários, o reflexo da operação desenvolvida pela empresa. (NOGUEIRA, 2008, grifo do autor).

Portanto, as subvenções ou transferências buscam auxiliar a organização a manter

relação de proporcionalidade com os custos e despesas auferidas no decorrer da atividade

econômica.

56

2.3.12 Gastos em Saúde (custos e despesas)

Os gastos com funcionários, medicamentos, materiais médicos e de enfermagem,

espaços físicos, iluminação, alimentação aos pacientes entre outros representam sacrifícios

assumidos pela organização hospitalar.

Sobre Custos e Despesas hospitalares, Martins (2001, p.51) explica:

A contabilidade de custos é a parte integrante na administração de uma empresa e proporciona à administração do hospital registros dos custos da produção médica, registro das despesas administrativas, comerciais, tributárias, financeiras, permitindo a avaliação dos resultados por meio de comparação dos custos da produção médica, das despesas incorridas e com padrões de custos e despesas previamente estabelecidos. A contabilidade de custos também auxilia a concretização das funções administrativas de planejamento, de organização e de controle, necessárias aos objetivos de gerar serviços médicos com o menor custo possível e nível máximo de qualidade.

Os atendimentos destinados a Saúde Pública são propensos a demonstrar menores

gastos em relação aos atendimentos Privados, por apresentarem a necessidade de se enquadrar

com as Receitas auferidas aos atendimentos, que normalmente são inferiores às adotadas pela

Saúde privada.

Pode-se igualmente constatar, que os custos e despesas assumidos em um determinado

atendimento tendem a apresentar, em organizações distintas, valores e representatividades

diferentes. Por conseguinte, a estrutura que cada empresa busca manter, compreende

diferentes custos e despesas.

57

3 METODO DE PESQUISA

A seguir será apresentado o caminho metodológico percorrido para realização dessa

pesquisa, demonstrará os procedimentos adotados, identificará o objetivo metodológico,

versará sobre a forma de abordagem do problema e discriminará a prática do estudo.

3.1 Quanto aos procedimentos

Identifica-se que o estudo terá abordagem de modalidade tipo estudo de caso, onde

buscará apresentar um número limitado de empresas (seis empresas) divididas em três grupos

de representatividade de atendimento ao SUS.

Segundo Salomon

Estudos de casos (um só caso ou um número limitado de casos leva a personalização do processo): interesse voltado para a história e desenvolvimento do caso: pessoa, família, grupo, instituição social, comunidade. Estuda a interação dos fatos que produzem mudança (2004, p. 161).

O presente estudo procurará identificar empresas de um mesmo segmento econômico

(Serviços de Saúde) e separa-las em três grupos, buscando a interação dos fatos que produzem

a diferenciação da performance econômico-financeira, partindo do pressuposto da influência

dos diferentes tipos de prestação de serviços prestados( tipos de receita).

Gil (1999, p.73) discorre que: “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e

detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de

delineamentos considerados.”. Portanto, da mesma forma, pretende-se de maneira intensa

58

aprofundar-se no estudo comparativo das análises, objetivando o pleno conhecimento

(considerando as delimitações pré-estabelecidas) dos fatos que produzem a mudança.

3.2 Quanto aos objetivos

O estudo terá caráter de pesquisa descritiva, visando à identificação das empresas, a

comparação entre elas, a análise das informações relevantes e o relato (através da emissão de

relatório das análises e informações).

Beuren expõe em sua obra, que a pesquisa descritiva:

[...] configura-se como um estudo do intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem tão aprofundada como a segunda. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos (2008, p. 81).

O objetivo da pesquisa preocupa-se em observar, identificar e analisar as variáveis que

contribuem para o melhor ou pior desempenho das empresas que compõem este estudo,

utilizando técnicas específicas de análise dos dados.

“[...] a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los,

classificá-los e interpretá-los, o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do

mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.”

(ANDRADE apud BEUREN, 2008, p.81).

Pretende-se observar, registrar, classificar e interpretar dados, a fim de encontrar, sem a

manipulação ou alteração, a relação dos fatos com os fenômenos que produzem a mudança.

3.3 Quanto à abordagem do problema

Quanto a tipologia de pesquisa em relação a abordagem do problema, verifica-se que o

estudo será baseado em pesquisa quantitativa.

Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON, 1999, p.70).

Busca-se através da pesquisa quantitativa a disponibilidade de instrumentos estatísticos

a fim de garantir a máxima precisão dos resultados das análises, prospectando elevada

59

margem de segurança em relação às informações estudadas e expostas, almejando a

identificação da relação entre as variáveis e o fenômeno.

“Diferentemente da pesquisa qualitativa, a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo

emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados.”

(BEUREN, 2008, p.92).

Contudo, pretende-se através da ferramenta de delimitação do espaço de amostra,

selecionar precisamente ou com reduzida margem de imprecisão, os dados que serão

analisados. A partir da seleção, verificar os pontos perceptíveis por mecanismos estatísticos e

matemáticos aplicando os conhecimentos disponíveis na literatura consultada.

3.4 Quanto à prática do estudo

Pretende-se constituir um trabalho acadêmico através da aplicação dos padrões

científicos e metodológicos mencionados anteriormente, objetivando primeiramente a

observação das diferentes empresas prestadoras de serviços de saúde, após pretende-se coletar

informações que serão necessárias para análise e a comparação entre os indicadores

econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de saúde (sendo elas: saúde

pública, saúde privada ou ambos). Formando assim, o espaço amostral estratificado que será

classificado em subconjuntos e interpretado. Assim esclarece Beuren:

Há ocasiões em que a população-alvo divide-se em subconjuntos, denominados estratos, para a representação mais homogênea dos elementos. Assim, a amostragem estratificada caracteriza-se pela seleção de um grupo de amostras de cada subgrupo de uma população. (2008, p. 124).

A Classificação e interpretação serão realizadas com o auxilio de ferramentas

estatísticas e matemáticas que proporcionarão comparações entre os subconjuntos em estudo.

Com o auxilio da bibliografia estudada escolheu-se os indicadores que irão compor esta

pesquisa. De forma a demonstrar a Capacidade das empresas em análise saldar suas

exigibilidades será utilizado os indicadores de Liquidez (Corrente, Seca, Imediata e Geral).

Com a intenção de vislumbrar a dependência das empresas frente aos Capitais de Terceiros, o

estudo utilizará a análise do Endividamento, composta da seguinte forma: Índice de

Endividamento Geral, Índice de Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros e

Composição do Endividamento.

60

Pretende-se, averiguar as tendências de desempenho das organizações em sua Atividade

Econômica, e para isso, será feito uso dos Indicadores de Atividade, que são subdivididos em:

Giro das Contas a Receber, Dias das Contas a Receber, Giro dos Fornecedores a Pagar, Dias

dos Fornecedores a Pagar e Giro do Ativo Total.

Igualmente serão constituídos os Indicadores de Rentabilidade, com a pretensão de

medir a performance dos retornos e resultados expressados pelas empresas em estudo. Os

índices de Rentabilidade podem ser subdivididos em Margem de Lucro, Retorno sobre o

Ativo Total e Retorno sobre o Capital Próprio.

De forma paralela será analisado o Capital Circulante Líquido e o Fator de Insolvência,

almejando-se verificar a capacidade das empresas saldarem suas exigibilidades de curto prazo

e de se manterem ativas economicamente, respectivamente.

Após a constituição dos indicadores mencionados, será realizada análise comparativa

entre as empresas pesquisadas através da verificação de gráficos e tabelas. E diante das

constatações evidenciadas, serão apresentadas explanações sobre os resultados obtidos.

4 ANÁLISE DOS DADOS

O presente capítulo versará sobre as empresas prestadoras de serviços à saúde,

demonstrando breve apresentação das empresas, os tipos de receitas (remuneração dos seus

serviços) que as empresas auferem, as Demonstrações Contábeis em estudo de cada

organização e por fim os indicadores econômico-financeiros constituídos através do cálculo

de quocientes (índices).

4.1 Hospital Ernesto Dornelles

Em um terreno doado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com dimensões de

1.1726 metros quadrados, iniciou-se a construção do Hospital Ernesto Dornelles. No dia 13 de

junho de 1961 foi realizada a 1º reunião da Comissão Estruturadora, especialmente composta

para viabilizar a inauguração do hospital.

Em 30 de junho de 1962 foi inaugurado o hospital, que a partir de então passou a

investir na criação e fundação de serviços diferenciados para seus clientes, como por exemplo,

a inauguração em 26 de julho de 1979 da nova Sala de Emergência e em 03 de julho de 1996

o Complexo do Centro de Tratamento Intensivo e Unidade de Cuidados Intermediários, com

características modernas de atendimento, sendo uma das mais completas e equipadas do

Brasil, tendo um funcionário de enfermagem por leito disponível. Onde verifica-se atualmente

relevante pauta pelo pioneirismo em diversas áreas da saúde.

62

4.1.1 Tipos de receitas do Hospital Ernesto Dornelles

O Hospital Ernesto Dornelles atende praticamente clientes oriundos da saúde privada,

onde pode-se identificar que a grande dimensão dos serviços prestados são destinados a saúde

suplementar (clientes portadores de convênios privados de saúde). Como verifica-se na figura

abaixo:

Figura 20 – Convênios atendidos pelo HED Fonte: Hospital Ernesto Dornelles

Diante do exposto pela figura percebe-se que o Hospital Ernesto Dornelles concentra

seus atendimentos no subsistema privado, que normalmente remunera melhor os serviços em

relação à saúde pública.

4.1.2 Demonstrações em estudo do Hospital Ernesto Dornelles

O Hospital Ernesto Dornelles está enquadrado como Entidade Beneficente de

Assistência Social, publicando no dia 14 de maio de 2008 suas demonstrações no Jornal do

Comércio. Segundo a nota explicativa número dois, as Demonstrações Contábeis foram

elaboradas de acordo com as práticas contábeis emanadas da lei n° 6.404/76 e demais

disposições complementares.

Os referidos demonstrativos foram apresentados de forma comparativa às do exercício

anterior, seguindo o disposto na resolução do CFC n° 877/00 e 926/01, alterada pela resolução

CFC n° 966 de 16/05/2003 que estabelece critérios específicos para entidades sem fins

63

econômicos. Quanto às práticas contábeis adotadas, mencionam-se os Princípios

Fundamentais de Contabilidade, enfatizando o Princípio da Competência e as Normas

Brasileiras de contabilidade.

Diante do exposto, apresenta-se o Balanço Patrimonial (BP) do Hospital Ernesto

Dornelles, ressalta-se que as análises Verticais e Horizontais foram acrescentadas ao

demonstrativo original e que a estrutura da demonstração sofreu alguns ajustes para que

melhor fosse evidenciada, preservando a integralidade das informações publicadas.

Figura 21 – Balanço patrimonial do Hospital Ernesto Dornelles Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

Através da Análise Vertical, evidencia-se concentração de 34,81% do seu ativo nas

contas do Circulante, apenas 2,04% estão dispostos no Realizável a Longo Prazo e 63,15%

dos recursos estão no Ativo Permanente. Entre as contas do Ativo Permanente, o grupo do

Imobilizado representa 63,11% do Ativo Total, através desses dados pode-se entender que a

empresa realiza elevados investimentos em infra-estrutura.

Abaixo está expressa graficamente a composição do Ativo Total do Hospital Ernesto

Dornelles:

64

Análise Vertica do Ativo

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2007 2006

Ano BasePercentual

Permanente

Realizavel a LongoPrazo

Circulante

Figura 22 – Análise vertical do Ativo – HED Fonte: Autoria Própria, 2008.

Ao verificar os grupos do Passivo nota-se que o Circulante expressa 33,86% das

obrigações da empresa e o Exigível a Longo Prazo demonstra 1,51% das dividas do hospital.

Cabe ressaltar, que de imediato a empresa possui um elevado endividamento de Curto Prazo,

embora tenha diminuído 7,38% em relação ao ano base 2006.

O Patrimônio Líquido do Hospital Ernesto Dornelles aumentou 22,36% em 2007 e

passou a compor 64,63% dos valores dispostos no Total do Passivo + Patrimônio Líquido.

Composição do Passivo (Análise Vertical)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2007 2006Ano Base

Per

cent

ual Patrimônio Líquido

Exigível a Longo Prazo

Circulante

Figura 23 – Análise vertical do Passivo – HED Fonte: Autoria Própria, 2008.

Da mesma forma apresenta-se o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE),

sendo transcrito as informações na sua integra e incorporando pequenos ajustes na sua

estrutura e acrescentando as análises Verticais e Horizontais.

65

Figura 24 – Demonstrativa do resultado do exercício do Hospital Ernesto Dornelles Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

Destaca-se o aumento de 8,66% da receita de prestação de serviços, impulsionada em

3,52% em atendimentos referentes a internações e 4,29% no aumento da receita ambulatorial.

Com isso, as receitas de Internações e de atendimentos Ambulatoriais passam a expressar

33,82% e 7,7% respectivamente.

Outro ponto importante a ser mencionado é a diminuição do Custo dos Serviços

Prestados em 5,44% no ano de 2007, passando a representar 58,32% do total dos Serviços

Prestados.

De forma geral, o Hospital Ernesto Dornelles, aparentemente, vem apresentando

aumento nas contas do Ativo correlacionado com as contas do Passivo. E está demonstrando

índices crescentes nas Receitas e tendências decrescentes no Custos dos Serviços. Por outro

lado, observa-se elevação significativa (aumento de 153,5%) nas despesas Administrativas e

Gerais, que passam a representar mais de 5% da Receita Bruta.

4.1.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Ernesto Dornelles

A partir dos dados dispostos nas Demonstrações Contábeis em estudo, com o auxilio de

ferramentas estatísticas, matemáticas e tecnológicas constitui-se os indicadores Econômico-

financeiros, transformando os dados em informações relevantes para os diferentes usuários da

66

contabilidade e das análises das Demonstrações contábeis. Utilizando as referidas ferramentas

e critérios metodológicos especificados no capítulo três desse estudo, para apresentar os

indicadores de Liquidez.

Figura 25 – Indicadores de liquidez - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

A figura a cima evidencia os Indicadores de Liquidez, que foram calculados mediante

utilização dos dados alocados no Balanço Patrimonial.

Torna-se evidente a confortável situação da empresa quanto a Liquidez Corrente, o

indicador apresenta para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo a expressão de R$ 1,03 para

salda-la.

Quanto a Liquidez Seca, por desconsiderar o estoque da sua base de cálculo, demonstra

elevado conservadorismo da organização frente as políticas financeiras da empresa,

constatando-se o quociente de R$ 0,95 de recursos para cada R$ 1,00 de dívidas a Curto

prazo. A performance dese indicador pode transmitir aos agentes financeiros tranqüilidade

quanto a Liquidez do Hospital Ernesto Dornelles.

A empresa apresenta pouco interesse em manter recursos em caixa, indicando humildes

valores no Ativo Disponível, por esta razão expõe baixo Indicador de Liquidez Imediata,

demonstrando a quantia de R$ 0,05 para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo.

No que se refere à Liquidez Geral, o Hospital Ernesto Dornelles exibe para cada uma

unidade monetária de real de dívida de curto e longo prazo a quantia de R$ 1,04 para salda-

la.

De forma ampla, os Indicadores de Liquides do Hospital Ernesto Dornelles apresentam

desejáveis níveis de segurança quanto a apreciação da capacidade de saldar suas obrigações

com terceiros.

67

Figura 26 – Indicadores de endividamento - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

Os indicadores de Endividamento buscam através das informações contidas no Balanço

Patrimonial o numerador e o denominador das equações que evidenciam os resultados. Os

quocientes de Endividamento buscam analisar as origens dos recursos, e por essa razão, o

passivo (seja ele exigível ou acrescido do PL) sempre se encontra no denominador.

O Indicador de Endividamento Geral busca demonstrar quanto à empresa está

financiando seus ativos com recursos de terceiros, dessa forma nota-se que o HED financia

com recursos de terceiros 35,37% dos seus ativos e 64,63% dos recursos aplicados na

empresa são próprios. Por conseguinte, verifica-se, atitude conservadora quanto a gestão de

captação de recursos por parte da empresa.

A empresa possui o Patrimônio Líquido cerca de 83% maior que o Passivo Exigível,

demonstrando R$ 1,83 de recuros próprios para cada R$ 1,00 de capital de terceiros alocados

na instituição. Possibilitando a plena garantia dos recursos confiados a organização por parte

dos Financiadores.

Como já havia sido mencionado através da Análise Vertical realizada nas contas do

Passivo, o Circulante da empresa possui relevante participação na totalidade das

Exigibilidades. Essa informação se confirma através do indicador Composição do

Endividamento, que apresenta a expressão de 95,74% das dívidas vencíveis a curto prazo.

Os indicadores de Atividade foram constituídos a partir dos dados demonstrados no

Balanço Patrimonial e no Demonstrativo do Resultado do Exercício, nos indicadores de Giro

de Contas a Receber e Giro de Fornecedores a Pagar adotou-se o critério de considerar

integralmente os valores das contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde,

68

respectivamente. O referido critério foi utilizado por não ter sido possível a identificação dos

Serviços Prestados a Crédito e das Compras a Prazo nas peças contábeis analisadas.

Figura 27 – Indicadores de atividade - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

Os Indicadores de Atividade buscam analisar o desempenho operacional da empresa,

onde identifica-se de forma tendencial que o Hospital Ernesto Dornelles recebe de seus

clientes e concede novamente crédito 6,7 vezes ao ano, isso representa um prazo médio de

recebimento de 54,48 dias.

Por outro lado, a empresa paga seus fornecedores, em média, 16,56 vezes ao ano, o que

condiz com o prazo médio de pagamento de 22,03 dias. Verifica-se que a empresa tente a

encontrar-se em descompasso entre os recebimentos e os pagamentos, e possivelmente fará

uso de elevado capital de giro para inibir os efeitos do descompasso nos prazos de pagamento.

Constata-se através do indicador de Giro do Ativo Total, que a empresa gira seu Ativo

1,34 vezes ao ano, em outras palavras, o ativo se renovou pelas vendas, aproximadamente, a

cada 272 dias. Ressalta-se que quanto maior for o giro do Ativo, maiores são as expectativas

de pagar as despesas (principalmente as fixas) e obter um boa margem de lucro.

Figura 28 – Indicadores de rentabilidade - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

69

A Rentabilidade da empresa é considerada por alguns autores como a principal

preocupação dos acionistas. Para extrair os indicadores de Rentabilidade faz-se uso do Lucro

ou Prejuízo e das Receitas de Serviços Prestados (informações do DRE) e conjuntamente

utiliza-se de informações do BP, como Ativo total e Patrimônio Líquido, todo isso,

objetivando a identificação e mensuração dos retornos a da geração de resultados da

organização.

O Hospital Ernesto Dornelles apresenta satisfatória Margem de Lucro, demonstrando

mais de 9% entre a relação Lucro/Receita. Seria conveniente destacar que a empresa realiza

atendimentos (presta serviços) a saúde privada, onde a remuneração dos procedimentos

médico-hospitalares é melhor em relação à saúde pública.

Verifica-se que o Ativo da empresa apresenta relevante taxa de retorno (12,09% a.a.),

igualmente, os capitais próprios investidos na empresa retornam de forma desejavelmente

expressiva, representando 18,71%, ou em termos nominais cerca de R$ 0,19 para cada R$

1,00 investido.

Figura 29 – Capital circulante líquido - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

O Capital Circulante Líquido pode ser vislumbrado, mediante a subtração do Ativo

Circulante pelo Passivo Circulante. Identifica-se que a empresa apresenta o CCL positivo, o

que comprova as constatações auferidas através dos Indicadores de Endividamento, onde é

verificado a desejável saúde financeira que a empresa incorre, quanto a capacidade do

pagamento das dívidas a curto prazo.

70

Figura 30 – Fator de insolvência – modelo Kanitz - HED Fonte: Autoria própria, 2008.

Conforme a figura a cima, a constituição do Fator de Insolvência é obtida mediante a

ponderação de cinco variáveis seguidos de adições e subtrações entre os quocientes.

Conforme o Termômetro de Kanitz verifica-se que a empresa encontra-se na faixa de

solvência, ou seja, tende a se manter ativa no segmento mercadológico em que atua.

Analisando o contexto geral das informações fornecidas pelos indicadores, considera-se

que o Hospital Ernesto Dornelles apresenta resultados do ponto de vista econômico-

financeiro satisfatórios.

4.2 Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A

O SIDI iniciou suas atividades em 01/09/1987, e desde o início vem trabalhando com

procedimentos de diagnostico por imagem. Atualmente são 16 unidades instaladas na Capital,

região metropolitana e interior do estado apresenta em seu patrimônio equipamentos de

ecografia, ecocardiografia, radiologia, mamografia, densitometria, medicina nuclear,

tomógrafos e de ressonância Magnética.

4.2.1 Tipos de receitas do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A

O SIDI presta serviços exclusivos a saúde privada, sendo atendimentos particulares e

suplementares.

71

4.2.2 Demonstrações em estudo do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A

As demonstrações contábeis do SIDI S/A, de acordo com a nota explicativa n° 2, foram

elaboradas em conformidade com o previsto na Lei n° 6.404/76, apresentando suas Peças do

ano 2007 de forma comparativa ao ano de 2006, enfatizando a utilização do princípio da

Competência.

As demonstrações do SIDI S/A foram consultadas na publicação disponível no Jornal

do Comércio do dia 09 de maio de 2008 e digitalizadas na sua plenitude. Ressalta-se que

foram realizados ajustes na estrutura das demonstrações, a fim de facilitar a elaboração dos

quocientes das análises e foi acrescentado a análise Vertical e Horizontal, sem prejudicar a

veracidade dos dados expostos pela Companhia.

Figura 31 – Balanço Patrimonial do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

O Ativo Total da empresa aumentou 10% em 2007 quando comparado ao ano de 2006,

este aumento foi principalmente impulsionados pelo Circulante que passou a expressar 64%

da totalidade dos recursos. Verifica-se que a companhia não apresenta valores no grupo

Realizável a Longo Prazo, onde pode-se ter idéia das políticas de concessão de crédito

adotadas pela empresa.

O Ativo Permanente, aumentou cerca de 3% , mas diminuiu a sua participação no Ativo

Total para 33%. Isso ocorreu porque as contas do Ativo Circulante aumentaram em maior

proporção que as contas do Permanente, e com isso, a sua participação no Ativo Total passou

de 35% em 2006 para 33% em 2007.

No lado do Passivo, o Circulante aumentou 5% em 2007 e passou a representar 25% do

total das obrigações + Patrimônio Líquido. A empresa apresenta valores estáveis no Exigível

a Longo Prazo, que totalizam 6% das exigibilidades + PL.

72

O grupo do Balanço que mais sofreu alteração foi o Patrimônio Líquido (PL), onde em

2007 aumentou 13%, aumento que foi evidenciado especialmente pela relevante expressão

dos Lucros Acumulados, que representam 41% do Passivo Total + PL.

Abaixo está disposto graficamente a comparação do Balanço Patrimonial, para melhor

elucidar o exposto nos parágrafos acima:

Composição do Ativo e Passivo - 2007

67,33%

32,67%

24,60%

6,14%

69,26%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ativo Passivo

Grupo do Balanço

Per

cent

ual

Patrimônio Líquido

Exigível a Longo Prazo

Circulante

Permanente

Circulante

Figura 32 – Composição do Balanço Patrimonial Fonte: Autoria própria, 2008.

Igualmente ao Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício está

sendo apresentado, com ajustes na estrutura e a análise Vertical e Horizontal, como segue

figura abaixo:

Figura 33 – Demonstrativa do resultado do exercício do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

Ressalta-se a presença de Prestação de Serviços a atendimentos Particulares e

Convênios, não demonstrando valores correspondentes a prestação de serviços a Saúde

Pública.

73

As Receitas de Prestação de Serviços Particulares e de Convênios indicam aumento de

19,16% em 2007 e o Custo dos Serviços Vendidos exibem diminuição de 36,14% no mesmo

ano base. A partir desse entendimento, pode-se verificar que a Cia. aumentou suas receitas e

diminuiu seus custos, essa situação caracteriza-se de relevante importância e extremamente

desejável.

O somatório das Despesas Administrativas e Gerais passaram de 3,38% em 2006 para

26,47% no ano de 2007, demonstrando aumento de 832,10%. Verifica-se que durante este

período a empresa deixou de ser Limitada (LTDA) e passou a ser Sociedade Anônima (S.A.)

onde pode-se compreender que esse fato, possivelmente, intensificou as despesas

administrativas e gerais.

Cabe ressaltar a representatividade do Lucro Líquido do Exercício em relação às

Receitas Totais, chegando ao patamar de 32,03% de margem.

4.2.3 Indicadores econômicos financeiros do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A

A companhia SIDI S/A apresenta indicadores de Liquidez com elevada performance,

capazes de impressionar muitas empresas de outras atividades econômicas e também a

concorrentes. Abaixo verifica-se os quocientes:

Figura 34 – Indicadores de liquidez do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

A companhia demonstra elevado grau de liquidez nos quatro indicadores constituídos.

Na Liquidez Corrente exibe para cada R$ 1,00 de exigibilidade a curto prazo a expressão de

R$ 2,53 para salda-las. Os mesmos valores repetem na Liquidez Seca, devido a inexistência

de estoques publicados pela Cia.

74

Foi possível verificar relevantes valores alocados nas disponibilidades, capazes de

demonstrar indicador de Liquidez Imediata de R$ 1,01 para cada R$ 1,00 de dívidas a curto

prazo. Da mesma forma a SIDI S.A. demonstra capacidade de saldar plenamente as

exigibilidades, apresentando para cada um R$ 1,00 de recursos de terceiros alocados na

empresa (curto e longo prazo) a representatividade de R$ 2,00 para quitá-los.

Através das informações expostas no Balaço Patrimonial, utilizando o auxilio de

ferramentas matemáticas constitui-se os indicadores de Endividamento, que serão

apresentados a seguir:

Figura 35 – Indicadores de endividamento do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

Constata-se que a empresa demonstra elevada representatividade do capital próprio em

ralação ao capital de terceiros, expressando que 32,52% dos Ativos são financiados com

recuros de terceiros. Conjuntamente, a companhia exibe para cada R$ 1,00 dos recursos de

terceiros utilizados para financiar o Ativo o valor de R$ 2,08 para garanti-los.

A empresa apresenta elevada concentração de endividamento a curto prazo,

demonstrando 79,20% do total das exigibilidades. Este fato, possivelmente, deve ter

influenciado a elevada concentração de recursos nas disponibilidades da Clínica e com isso

inviabilizando a realização de investimentos possam propriciar maiores retornos que os de

liquidez imediata.

Por finalidade, o SIDI apresenta a delimitação de suas atividades em procedimentos de

saúde diagnóstica, direcionando seus esforços à prestação de serviços privados. A partir desse

entendimento verificam-se os indicadores de Atividade da companhia, conforme figura

abaixo:

75

Figura 36 – Indicadores de atividade do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

Nota-se descompasso entre os dias de recebimentos de clientes e os dias de pagamentos

de fornecedores. Ressalta-se que a análise torna-se prejudicada pela dificuldade de

identificação dos corretos valores a crédito, mas tende a representar, de forma aproximada, a

necessidade de utilização do capital de giro. Identifica-se giro superior dos Fornecedores a

Pagar (10,92 vezes) em relação ao Giro das Contas a Receber (1,65 vezes), outrossim,

constata-se que os dias de recebimentos (221,21 dias) apresentam maior espaço de tempo em

detrimento aos dias de pagamento (33,42 dias).

Através da análise do quociente de Giro do Ativo Total a companhia apresenta giro de

0,6 vezes ao ano, demonstrando que os recursos dispostos no Ativo poderiam e deveriam se

renovar mais rapidamente. Acrescenta-se que um giro maior do Ativo tende a demonstrarem

melhores e maiores retornos.

Entre outros fatores, todas as empresas buscam, a partir do giro das suas atividades, os

efetivos retornos.

Figura 37 – Indicadores de rentabilidade do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

76

O SIDI S.A. apresenta Indicadores de Rentabilidade elevados e muito satisfatórios,

ostentando uma Margem de Lucro superior a 30%, o que representa a intensa participação da

empresa em seu segmento econômico, demonstrando a representatividade na demanda dos

clientes particulares e portadores de convênios privados de saúde, contribuindo assim para a

obtenção de melhores resultados.

O Ativo apresentou um retorno de 19,18% no ano de 2007 e os recursos próprios

investidos retornaram 27,70% no mesmo ano, tudo isso principalmente ocasionado pela

importante representatividade do Lucro Líquido frente a totalidade das receitas.

Para se avaliar e quantificar a relação entre os bens e direitos de curto prazo com as

obrigações de curto prazo, utiliza-se a análise do Capital Circulante Líquido.

Figura 38 – Capital circulante líquido do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

A empresa apresenta um Capital Circulante Liquido, em termos nominais de R$

20.693.599,01, ratificando a elevada capacidade de pagamento de dívidas a curto prazo e

garantia dos capitais de terceiros.

O analista de uma empresa busca evidenciar, através dos quocientes (indicadores) a

Solvência da organização. É uma tentativa de verificar a capacidade da empresa em se manter

ativa no mercado. Entre os recursos disponíveis para identificar a Solvência da empresa,

pode-se utilizar do método de Kanitz, conforme segue a baixo:

Figura 39 – Grau de insolvência do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.

77

Constata-se a desejável situação quanto à solutibilidade da empresa, demonstrando

intensa capacidade de se manter ativa no mercado.

4.3 Hospital de Clínicas de Porto Alegre

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é uma Empresa Pública de Direito Privado,

criada pela Lei 5.604, de 2 de setembro de 1970. Integrante da rede de hospitais universitários

do Ministério da Educação e vinculado academicamente à Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (Ufrgs), os principais objetivos do Hospital de Clínicas é oferecer serviços

assistenciais à comunidade gaúcha, ser área de ensino para a Universidade e promover a

realização de pesquisas científicas e tecnológicas.

A história do Hospital de Clínicas começa em 1931, no governo de Getúlio Vargas

atendendo a requisição da Faculdade de Medicina de construção de um hospital universitário.

Em 1938, o terreno destinado à realização da obra foi comprado pelo Governo do Estado e,

dois anos mais tarde, doado à Universidade.

Do projeto original até a conclusão do prédio passaram três décadas (década de 40, 50 e

60) e atualmente, o Hospital de Clínicas ocupa plenamente sua área física e seus recursos

humanos, tendo conquistado reconhecimento como centro de referência em assistência, na

formação de profissionais e na geração de conhecimentos.

4.3.1 Tipos de receitas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre apresenta vasta estrutura operacional, onde

realiza atendimentos a clientes da saúde pública e privada. Os atendimentos a saúde pública

(SUS) representam percentualmente cerca de 70% dos atendimentos realizados. Nota-se,

porém, que a companhia oferece relevante quantidade de serviços à saúde particular,

vislumbrando em suas demonstrações importantes percentuais de serviços particulares

autônomos e elevados atendimentos á saúde suplementar. Abaixo estão relacionados os

convênios de saúde suplementar que contratam os serviços do hospital:

78

Quadro 2 – Convênios suplementares atendidos pelo HCPA

Fonte: Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 2008.

Verifica-se nas informações contidas no quadro a vasta amplitude de convênios contratantes dos serviços da empresa.

4.3.2 Demonstrações em estudo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é caracterizado como hospital universtário,

sendo uma empresa pública de direito privado, criado pela Lei n° 5.604, de 02 de setembro de

1970, e está sob supervisão do Ministério da Educação.

Quanto à escrituração contábil e as demonstrações financeiras, a empresa ressalta em

sua nota explicativa n° 2 e alínea A, que foram elaboradas através da adoção das práticas

contábeis emanadas da Lei n° 6.404/1976. A seguir serão apresentadas as demonstrações

publicadas no Jornal do Comércio de 25 de março de 2008, sendo os dados transcritos

integralmente, observa-se que foram realizados ajustes na estrutura das demonstrações e

acrescentado às análises Verticais e Horizontais, sem que estes procedimentos afetassem a

integralidade das informações publicadas.

Conforme discorrido, segue abaixo o Balanço Patrimonial e a Demonstração do

Resultado do Exercício do Hospital de Clínicas de Porto Alegre:

79

Figura 40 – Balanço patrimonial do HCPA Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

O HCPA auferiu aumento de 2,36% no Ativo Total, onde foi principalmente

impulsionado pelo aumento do Permanente em 3,21%, que passou a representar 83,10% do

total dos Bens e Direitos. Por outro lado, nota-se que o Circulante diminuiu em 2007, quando

comparado com 2006, cerca de 1% e sua representatividade passou a ser de 16,23%. Da

mesma forma se comportou o Realizável a Logo Prazo, porém o decréscimo foi maior,

ficando na casa dos 17% e deixando de expressar 0,83% em 2006 para 0,67% em 2007.

Já no Passivo, verifica-se que o aumento de 2,36%, foi instigado pela agregação de

5,64% no Patrimônio Líquido, ocorrido mediante ao aumento do Capital Social (5.514,17%),

o qual pertence integralmente a União Federal e a expressão de 3,51% referente aos

Resultados Acumulados no exercício. Nota-se também, a representatividade de 0,44% a título

de Exigível a Longo Prazo, proveniente da aquisição de um equipamento de angiografia

digital e seis equipamentos de raio-x, verifica-se, conforme nota explicativa n° 3, alínea F ,

que as operações foram realizadas em dólar e ajustadas ao valor em reais pela cotação em

31/12/2007 que era de R$ 1,77.

Para melhor demonstrar os argumentos expostos, apresenta-se graficamente a

composição do Balanço Patrimonial:

80

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Percentual de Participação

Ativo Passivo

Grupos

Composição do Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Exigível a Longo Prazo

Circulante

Permanente

Realizável a LongoPrazo

Circulante

Figura 41 – Composição do balanço patrimonial - HCPA Fonte: Autoria própria, 2008.

As contas patrimoniais transmitem informações financeiras e estão sendo apresentadas

no Balanço Patrimonial da empresa, da mesma forma as contas de resultado, que por sua vez

apresentam informações econômicas, estão alocadas no DRE, conforme segue:

Figura 42 – Demonstração do Resultado do Exercício - HCPA Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

A entidade apresentou no ano de 2007 um aumento nas receitas Brutas de 11,39% em

relação ao ano de 2006, contudo, o Custo dos Serviços Prestados aumentou 8,64% e o

resultado das Receitas e Despesas Operacionais demonstraram aumento nas Despesas de

25,95%.

Mesmo diante da elevação dos custos e despesas operacionais a empresa auferiu um

Resultado Líquido em 2007, superior ao ano de 2006 em 110,77%, passando a representar

3,08% das Receitas Brutas.

Constata-se evolução nas características patrimoniais e econômicas da entidade,

demonstrando tendências otimistas, no que tange a análise Vertical e Horizontal dos dados

estudados.

81

4.3.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Analisando o Balanço Patrimonial pode-se extrair relevantes informações, dentre estas,

identifica-se a Liquidez do hospital. Abaixo segue os indicadores de Liquidez extraídos da

referida demonstração:

Figura 43 – Indicadores de liquidez - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

A entidade apresenta indicadores com elevadíssima liquidez, onde evidencia através do

indicador de Liquidez Corrente R$ 6,63 de capital para saldar a cada R$ 1,00 de dívidas a

curto prazo. Devido a pouca existência de recursos alocados nos estoques o Índice de

Liquidez Seca sofre pouca alteração em relação à Liquidez Corrente, demonstrando a

desejável situação de R$ 5,57 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo.

De forma extremamente conservadora, a empresa dispõem de recursos imediatamente

líquidos a expressão de R$ 1,65 para cada unidade monetária de real caracterizada como

exigibilidade de curto prazo.

E quando se analisa a Liquidez Geral, ou seja, a capacidade da saldar as exigibilidades

de curto e longo prazo, a empresa indica para cada R$ 1,00 de obrigações a expressão de R$

5,85 para realizá-las.

De forma conjunta aos Indicadores de Liquidez, no que tange a utilização do Balanço

Patrimonial como fomentador de informações econômicas e financeiras, ressalta-se sua

utilização, também para constituir os Indicadores de Endividamento:

82

Figura 44 – Indicadores de endividamento - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

Averigua-se que o HCPA opta por utilizar preferencialmente recursos próprios para

financiar o Ativo, onde apenas 2,89% dos Ativos são financiados por terceiros. Verifica-se

que os capitais de terceiros estão plenamente garantidos pelo Capital Próprio existente na

empresa, apresentado para cada R$ 1,00 de Passivo Exigível a expressão de R$ 33,59 para

saldá-lo.

Da totalidade das exigibilidades demonstradas pela entidade, 84,66% estão

compreendidas durante o curto prazo contábil e, por conseguinte, a empresa deverá dispor de

recursos necessários para saldá-las antes do término do exercício seguinte.

Diante dos dados e das informações fornecidos pelas Demonstrações Contábeis,

consegue-se, utilizando o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício

de forma contígua, medir o desempenho do hospital frente ao seu negócio, a saúde. Para isso,

utiliza-se dos indicadores de Atividade.

Figura 45 – Indicadores de atividade - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

Os prazos de pagamentos demonstrados pelos indicadores de Giro de Fornecedores a

Pagar (51,72 vezes) e Dias de Pagamento de Fornecedores (7,06 dias) apresentam melhor

rotatividade e prazos, em comparação ao Giro de Contas a Receber (15,39 vezes) e Dias de

83

Vendas em Contas a Receber (23,72 dias). Outrossim, constata-se tendência de descompasso

entre os prazos de pagamentos e os prazos de recebimentos, acredita-se que possivelmente a

entidade precisará utilizar recursos (capital de giro) para que seja possível saldar os

pagamentos nos devidos prazos.

Os Hospitais almejam apresentar retornos positivos na sua atividade econômica,

prospectando a demonstração de lucros para a empresa e rendimentos (dividendos e

valorização das ações) para os acionistas, ou auto-sustentabilidade para os hospitais

filantrópicos e públicos. Para que seja possível medir a performance da empresa para gerar

resultados, faz-se uso dos Indicadores de Rentabilidade.

Figura 46 – Indicadores de rentabilidade - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa apresenta Indicadores de Rentabilidade positivos, mas relativamente baixos

e pouco desejáveis. A Margem de Lucro demonstra resultado pouco expressivo,

representando a humilde expressão de 3,08%.

O Retorno sobre o Ativo Total se faz presente de forma irrelevante, expondo o retorno

de 3,51%. Da mesma forma comporta-se o Indicador de Retorno sobre Capital Próprio,

indicando a expressão de 3,62% de retorno sobre um PL de R$ 327.400.639,04.

É interesse da administração da empresa verificar e analisar a relação entre os bens e

direitos de curto prazo e as obrigações de curto prazo. Para ajudar na análise do contexto das

estratégias de curto prazo adotadas pela empresa.

Figura 47 – Capital circulante líquido - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

84

Conjuntamente com os indicadores de Liquidez, o Capital Circulante Líquido do HCPA

demonstra saudável capacidade de cobrir as dividas de curto prazo com recursos já existentes

na empresa.

Os usuários dos indicadores Econômico-financeiros constantemente se preocupam em

identificar as possibilidades do hospital perdurar no tempo, em outras palavras, visualizar a

situação de solvência ou insolvência da empresa.

Figura 48 – Fator de insolvência - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.

Verifica-se que a empresa exibe elevado Grau de Solvência, principalmente embasada

pelos desejáveis indicadores de Liquidez apresentados pela entidade.

No contexto global das análises, compreende-se que a empresa está bem estruturada

quanto a Liquidez, Endividamento e Solvência, mas apresenta tendências insatisfatórias

quanto a Atividade e pouco instigantes no que tange a Rentabilidade.

4.4 Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo Hospitalar Santa

Casa)

Fundada em 19 de outubro de 1803, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre faz

parte da história da Capital e do Estado gaúcho, atuando na assistência médico-hospitalar

como uma instituição de direito privado e de caráter filantrópico.

A instituição é formada por um complexo de sete unidades assistenciais, sendo dois

hospitais gerais, um para atendimento de adultos e outro pediátrico; e cinco especializados nas

áreas de cardiologia, neurocirurgia, pneumologia, oncologia e transplantes. A empresa

85

também é certificada como hospital de ensino, onde se desenvolvem várias atividades

vinculadas à saúde e a profissionalização de estudantes de áreas afins, como por exemplo,

programas de residência médica, cursos de especialização e associação a diversas

universidades e faculdades do Rio Grande do Sul e do Brasil.

A instituição oferece serviços de consultas de ambulatoriais eletivas e de urgência e

emergência, serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento, procedimentos cirúrgicos e

obstétricos, internações hospitalares: clínicas e cirúrgicas, entre outros.

4.4.1 Tipos de receitas da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

O Complexo Hospitalar Santa Casa aufere sua receita total de prestação de serviços

através do somatório de receitas vinculadas a saúde pública e privada, sendo que as receitas

oriundas do Sistema Único de Saúde representam mais de 70% da totalidade dos serviços

prestados, e de forma conjunta realiza assistência a clientes da saúde suplementar e particular.

Abaixo verifica-se o quadro dos convênios que originam receitas á empresa:

Quadro 3 – Convênios públicos e privados atendidos pela I.S.C.M.P.A.

Fonte: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, 2008.

86

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre realiza atendimentos em

saúde a vários tipos de convênios, públicos e privados. Cabe ressaltar a importante receita

auferida pelo subsistema liberal clássico, originado pelos atendimentos particulares, o qual

não está demonstrado no quadro acima.

4.4.2 Demonstrações em estudo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

A Irmandade da Santa Casa de Porto Alegre é intitulada como Instituição Filantrópica,

de saúde e assistência social. Reconhecida de utilização pública pelos decretos federal nº.

12.949 de 20/07/1943 e estadual nº. 2.127 de 08/11/1946, e lei municipal nº. 61 de

14/05/1948.

De acordo com a nota explicativa N° 2, as Demonstrações Contábeis foram elaboradas

em conformidade com o decreto 2.536/98 e estão sendo apresentadas de acordo com as

práticas contábeis emanadas pela Lei N° 6.404/76, orientando-se com os Princípios

Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo apresentando

as Demonstrações contábeis em reais.

Segue abaixo o Balanço Patrimonial da empresa referente aos exercícios findos em

31/12/2007 e 31/12/2006.

Figura 49 – Balanço patrimonial da I.S.C.M.P.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

87

O Complexo Hospitalar Santa Casa obteve relevante elevação do Ativo Total em termos

percentuais de 9,20 em 2007, quando comparado a 2006, fato este que foi imputado

principalmente pelo aumento do Realizável a Longo Prazo, nas contas de Valores a Receber

(1.534,71%) decorrentes de reconhecimento de valores correspondentes a serviços prestados

ao Sistema Único de Saúde que estão sendo cobrados uma parte judicialmente e outra

administrativamente.

O Ativo Circulante da empresa apresentou diminuição de 3,20%, passando representar

22,92% da totalidade do Ativo.

As contas do grupo do Ativo Permanente em 2007 auferiram pequena elevação de

1,18% , em relação ao ano de 2006, onde se destaca o Imobilizado que contribui com 66,97%

da totalidade dos bens e direitos.

No Passivo verifica-se que os principais fomentadores da elevação de 9,20% foram o

Passivo Circulante expressando aumento de 11,23% em relação ao ano de 2006 e o Exigível a

Longo Prazo que aumentou 95,12% em 2007, apresentado 22,64% e 68,03% de representação

ao Total do Passivo + Patrimônio Líquido, respectivamente.

O Patrimônio Líquido do Complexo Hospitalar Santa Casa cresceu 2,4% em 2007 e

participa com 68,03% da totalidade do Passivo e Patrimônio Líquido.

De forma gráfica verifica-se a composição do Balanço Patrimonial da seguinte maneira:

Composição do Balanço Patrimonial

22,92%

9,55%

67,52%

22,64%

9,32%

68,03%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Ativo Passivo

Grupo

Per

centua

l

Patrimônio Líquido

Exigível a Longo Prazo

Circulante

Permanente

Realizável a LongoPrazo

Circulante

Figura 50 – Composição do balanço patrimonial – I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A Demonstração do Superávit do Exercício busca transmitir, nas Entidades

Beneficentes de Assistência Social o resultado econômico do hospital.

88

Figura 51 - Demonstração do superávit do exercício da I.S.C.M.P.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

Averiguando o Demonstrativo do Superávit do Exercício identifica-se desejável

elevação da Receita Operacional Bruta em 6,53%, conjuntamente nota-se que os Custos dos

Serviços Prestados foram elevados em 6,99%, demonstrando aumento dos custos maiores que

a proporcionalidade do aumento das receitas, passando a expressar 94,99% da Receita

Operacional Bruta.

Verifica-se que juntamente com o Custo dos Serviços Prestados, as Despesas

Administrativas evoluíram em 2007 mais de 100% em comparação ao ano de 2006, passando

participar de 5,05% do Total das Receitas Operacionais. Nota-se que mesmo com os

aumentos mencionados, o Complexo Hospitalar Santa Casa elevou o Superávit do Exercício

em 517,65% no ano de 2007, passando a indicar o percentual de 6,28% em detrimento as

Receitas Operacionais Brutas.

4.4.3 Indicadores econômico-financeiros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre

Com o objetivo de identificar a capacidade de saldar as exigibilidades da empresa,

constituem-se os indicadores de Liquidez a partir das informações dispostas no Balanço

Patrimonial.

89

Figura 52 – Indicadores de liquidez da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Complexo Hospitalar Santa Casa apresenta satisfatórios indicadores de Liquidez,

onde demonstra para cada R$ 1,00 de dívida as expressões de R$ 1,01, R$ 0,95 e R$ 1,02 de

Liquidez Corrente, Seca e Geral respectivamente.

Ressalta-se que a empresa demonstra atitude aberta a propensão a riscos, buscando

investimentos que melhor remuneram, incorrendo índices de Liquidez Imediata

financeiramente reduzidos, cerca de R$ 0,02 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo.

Compreende-se que essa atitude pode não ser bem vista pelos agentes financeiros que

operacionalmente preferem indicadores de Liquidez relativamente robustos.

Os indicadores em sua amplitude buscam transmitir informações para os diferentes

usuários. Estas informações evidenciam a situação da empresa e podem ajudar identificar

tendências. Entre as análises, o Endividamento caracteriza-se de relevante expressão

principalmente para fornecedores e agentes financeiros.

Figura 53 – Indicadores de endividamento da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

90

A entidade vislumbra responsáveis indicadores de Endividamento, demonstrando que a

maior parte dos recursos alocados no Ativo são oriundos de recursos próprios e somente

31,97% representam financiamentos de terceiros.

Nota-se que a empresa apresenta recursos suficientes para garantir mais que o dobro das

exigibilidades assumidas, demonstrando R$ 2,13 para cada R$ 1,00 de recursos captados

junto a terceiros.

A empresa possui elevado endividamento de curto prazo, compreendendo 70,84% das

exigibilidades vencíveis antes do término do exercício seguinte.

Verifica-se que muitos usuários externos buscam informações que possam demonstrar o

desempenho da empresa. Mas as análises não são menos importantes para os usuários internos

(a administração). Fazendo-se uso dos indicadores, é possível medir a performance do

hospital frente aos desafios que o ramo de atividade apresenta.

Figura 54 – Indicadores de atividade da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

Nota-se propensão a descompasso entre os pagamentos realizados e os recebimentos

auferidos do Complexo Hospitalar Santa Casa, constatando-se a possível defasagem de

aproximadamente 57 dias entre o desembolso financeiro e o efetivo recebimento dos serviços

a crédito.

Certifica-se que o Ativo Total da entidade girou 0,79 vezes no ano de 2007 e, por

conseguinte, contribuiu humildemente para a geração de resultados.

A partir da performance da atividade hospitalar frente ao seu ramo econômico e de

forma adjunta a administração dos recursos próprios, de terceiros e os acontecimentos

externos à empresa, constituem-se como fatores que contribuem no desempenho dos retornos

da organização.

91

Figura 55 – Indicadores de rentabilidade da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Complexo Hospitalar Santa Casa indica quocientes de Rentabilidade modestos,

expondo uma Margem de Lucro de 6,28%,. Identifica-se também, humilde desempenho da

Administração na geração de Lucros com os recursos do Ativo auferindo retorno de 4,93%.

Quanto ao Retorno sobre o Capital Próprio reside resultado pouco expressivo, retornando

sobre o capital próprio a expressão de 7,25%.

O Complexo Hospitalar Santa Casa possui elevado endividamento em curto prazo, e por

apresentar esta intensa obrigatoriedade, nota-se que o hospital mantem recursos com elevada

taxa de liquidação. Como se pode observar no gráfico do Capital Circulante Líquido.

Figura 56 – Capital circulante líquido da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A necessidade de medir a capacidade de a empresa perdurar e se manter no negócio,

acompanham os anseios dos administradores financeiros. Para que seja possível a

visualização sistêmica do processo de solvência ou insolvência, optou-se fazer uso do cálculo

do Fator de Insolvência, desenvolvido por Kanitz.

92

Figura 57 – Fator de insolvência da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa expressa solvência em seu indicador, demonstrando potencialidade de

manter-se ativa no mercado da saúde.

Os indicadores apresentam, e forma ampla, aos usuários informações complementares

as emitidas pelas Demonstrações Contábeis, ou seja, transmitem de forma adicional relevantes

situações, tendências e comportamentos da organização. O uso científico das análises de

Balanços possibilita o melhor entendimento da empresa frente às adversidades do seu

cotidiano.

Portanto, entende-se que a empresa está consolidada no mercado, manifestando

indicadores de um modo geral satisfatórios, salvo a propensão a descompasso evidenciado nos

prazos de pagamentos e recebimentos e a Rentabilidade pouco expressiva.

4.5 Hospital Fêmina S.A.

O Hospital Fêmina S.A. é uma companhia de capital fechado e também considerado

empresa estatal, e por isso, está sujeita a jurisdição da Lei n° 6.404/76 e a Lei nº 4.320/64. A

empresa segue as diretrizes baseadas nos princípios do Sistema Único de Saúde e nas políticas

do Ministério da Saúde, o qual está vinculado através do Decreto n° 99.244/90.

A companhia tem por finalidade a dedicação à saúde da mulher, contando em sua

estrutura com emergência ginecológica e obstétrica e prestando assistência médica as

gestantes desde o pré-natal até o pós-parto. O Hospital Fêmina é integrante de o Grupo

93

Hospitalar Conceição que conta com mais três hospitais especializados e dedicados

exclusivamente à saúde pública.

4.5.1 Tipos de receitas do Hospital Fêmina S.A.

O Hospital Fêmina presta assistência exclusivamente à saúde pública, ou seja, os

atendimentos realizados pela Cia. são remunerados unicamente através do Sistema Único de

Saúde. Por se tratar de uma empresa estatal, o hospital conta com Subvenções para Custeio,

que somados com as Receitas do SUS e com singelas expressões de Vendas de Mercadorias

constituem a Receita Operacional Bruta.

4.5.2 Demonstrações em estudo do Hospital Fêmina S.A.

Conforme a Nota Explicativa n° 2 (Principais Práticas Contábeis) as Demonstrações

Contábeis foram elaboradas e apresentadas em conformidade com as práticas contábeis

emanada pela legislação societária, Lei n° 6.404/76. E atendo os princípios e normas

fundamentais de contabilidade.

Verifica-se que a empresa apresenta o Passivo a descoberto, que representa o

Patrimônio Líquido negativo da companhia. Tal titulação demonstra-se em conformidade com

a Resolução do CFC nº 1.049/2005.

De acordo com o disposto, previamente mencionado, segue abaixo o Balanço

Patrimonial da companhia:

Figura 58 – Balanço patrimonial do Hospital Fêmina S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

94

O Balanço Patrimonial demonstra de forma sintética a escrituração realizada pela

empresa durante um período de tempo (normalmente um ano).

O Hospital Fêmina S.A. apresentou evolução em seu Ativo Total de 43,60%, fator que

foi influenciado de forma representativa pelas contas do Circulante, que auferiram aumento de

101,57%, passando a expressar 57,91% do total do Ativo. De forma conjunta, o Realizável a

Longo Prazo elevou sua participação nominal em 20,90%, passando a compor 9,43% do

Ativo Total.

O Ativo Permanente demonstrou pequena oscilação de -1,36%, diminuição originária da

atuação do Método Linear da depreciação sobre os bens do Imobilizado. Contudo o

Permanente passou a representar 32,66% da totalidade do Ativo.

De forma análoga o Passivo ostentou seu crescimento de 43,60% com o aumento do

Exigível a Longo Prazo em 61,16%, passando a representar 105,69% do Passivo Total +

Passivo a Descoberto. O fenômeno de um grupo do Balanço Patrimonial representar

percentualmente mais que a totalidade dos recursos, ocorre em situações extremas como a

demonstração de um Passivo a Descoberto.

A companhia apresenta decréscimo de 10% no Passivo Circulante, passando a constituir

121,42% dos recursos demonstrados no Passivo + Passivo a Descoberto.

O Hospital Fêmina S.A. está incorrendo em Prejuízo Acumulado superior a R$

40.000.000,00, onde fatalmente impulsiona a empresa a apresentar o Passivo a Descoberto no

Balanço Patrimonial. Ressalta-se que ocorreu pequena diminuição de 2,86 em 2007, quando

comparado ao ano de 2006, basicamente ocasionada pela realização de Lucros em 2007.

Figura 59 – Composição do balanço patrimonial do Hospital Fêmina Fonte: Autoria Própria, 2008.

A seguir verifica-se a Demonstração do Resultado do Exercício da companhia:

95

Figura 60 – Demonstração do resultado do exercício do Hospital Fêmina S.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

A Demonstração do Resultado do Exercício apresenta, de forma sintética, as contas de

resultado da empresa e evidencia o percurso cronológico da Receita Bruta até o Lucro ou

Prejuízo do Exercício.

A Receita Bruta da companhia aumentou 7,17% e semelhantemente o Custo dos

Serviços Prestados sofreram elevação de 8,58% e que condiz com 52,59% da Receita

Operacional Bruta. Nota-se também, que as Despesas Administrativas sofreram relevante

variação, passando representar 48,91% da Receita Operacional Bruta, auferindo aumento de

43,08% em 2007.

Nota-se que a empresa incorreu em lucro que representa 0,43% da Receita Operacional

Bruta, passando a obter 109,20% de aumento em 2007.

4.5.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Fêmina S.A.

A partir dos dados das Demonstrações Contábeis podem-se extrair várias informações,

entre elas os Indicadores de Liquidez.

Figura 61 – Indicadores de liquidez do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

96

O Hospital Fêmina S.A. apresenta indesejáveis indicadores de Liquidez, demonstrando

valores inferiores ao saldo das exigibilidades de curto prazo.

Verifica-se que a empresa expressa para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo R$ 0,48,

R$ 0,46, R$ 0,12 de Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata, respectivamente.

Quanto a Liquidez Geral para cada R$ 1,00 de exigibilidade de curto e longo prazo, a

companhia demonstra R$ 0,30 para saldá-las.

Da mesma forma, os Indicadores de Endividamento, que são oriundos das contas do

Balanço Patrimonial, apresentam insatisfatórios índices:

Figura 62 – Indicadores de endividamento do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Hospital Fêmina S.A. financia exclusivamente seus Ativos com recursos de terceiros,

chegando à expressão de 227,12%. Constata-se que o hospital não possui recursos próprios

para garantir os capitais de terceiros alocados na Companhia, expondo R$ -0,56 para cada R$

1,00 de dívida. E conjuntamente, constata-se que 53% das exigibilidades venceram a curto

prazo, o que agrava mais a situação financeira do Hospital Fêmina.

Os Indicadores de Atividade buscam demonstrar o funcionamento da empresa frente a

seu segmento econômico.

Figura 63 – Indicadores de atividade do Hospital Fêmina S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

97

Verifica-se propensão a descompasso entre os pagamentos e os recebimentos do

hospital, onde as contas a receber giram 12,96 vezes durante o ano e os Fornecedores a Pagar

giram 47,09 vezes em 2007. Demonstrando assim, maior rotatividade dos Fornecedores a

pagar em detrimento do menor giro dos Clientes a Receber. Acredita-se que a companhia

precisará de elevados recursos a título de Capital de Giro para respaldar suas obrigações.

O Giro do Ativo total representa satisfatório indicador, sendo 2,34 vezes ao ano em

2007, principalmente pela constatação da elevada Receita Bruta Operacional em comparação

a humildes valores do Ativo, demonstrando importante eficiência na otimização dos recursos.

A partir da estruturação do Hospital em relação ao seu ramo de atividade (saúde) é

possível, com auxilio do DRE, constituir os Indicadores de Rentabilidade. Que por sua vez,

irão demonstrar a eficiência da organização em gerar retornos e resultados.

Figura 64 – Indicadores de rentabilidade do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Hospital Fêmina S.A. apresenta péssima Rentabilidade, o Indicador de Margem de

Lucro auferiu resultado pouco expressivo de 0,43%. Verifica-se o humilde desempenho da

Administração na geração de Lucros com os recursos do Ativo demonstrando retorno de

1,00%. E quanto ao retorno sobre o Capital Próprio, a empresa apresenta o indicador negativo

de 0,79%, ou seja, ao invés de obter retorno a empresa apenas diminuiu uma pequena parte

dos prejuízos acumulados.

Com o intuito de avaliar a capacidade de pagamentos a curto prazo da empresa, pode-se

fazer uso do cálculo do Capital Circulante Líquido (CCL).

98

Figura 65 – Capital circulante líquido do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

O cálculo do Capital Circulante Líquido, de maneira suplementar auxilia na análise da

liquidez da Companhia. Nota-se que o Passivo Circulante é maior que o Ativo Circulante e,

por conseguinte, a empresa não possui capacidade de saldar as dívidas de curto prazo.

Com a intenção de evidenciar e prospectar a solidez da organização e a sua capacidade

de perdurar no tempo, utiliza-se o Cálculo do fator de Insolvência.

Figura 66 – Fator de insolvência do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa está situada na faixa de solvência, mas muito próxima à área de penumbra,

entende-se que a companhia apresenta elevados riscos de insolvência, principalmente por

demonstrar indicadores de Endividamento e Liquidez extremamente insatisfatórios, e com

isso, acredita-se que o Hospital Fêmina S.A. deve apresentar dificuldades para obtenção de

linhas de crédito.

99

4.6 Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.

O Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. é uma sociedade de capital fechado e

também considerado empresa estatal, e por isso, está sujeita a jurisdição da Lei n° 6.404/76 e

a Lei nº 4.320/64. A empresa está vinculada diretamente ao Ministério da Saúde Ao qual está

vinculado através do Decreto n° 99.244/90 e tem por objeto a manutenção e administração de

estabelecimento hospitalar na cidade de Porto Alegre, RS.

O Conceição é um hospital generalista, onde oferece todas as especialidades médicas

para tratamentos ambulatoriais, tratamentos com internações e pronto atendimento. O

Hospital Nossa Senhora da Conceição é integrante de o Grupo Hospitalar Conceição (GHC)

que conta com mais três hospitais especializados e dedicados exclusivamente a saúde pública.

4.6.1 Tipos de receitas do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.

O Hospital Nossa Senhora da Conceição presta assistência unicamente à saúde

pública, em outras palavras, os atendimentos realizados pelo hospital são exclusivos e

direcionados a clientes cobertos pelo Sistema Único de Saúde. Por se tratar de uma empresa

estatal, o hospital conta com Subvenções para Custeio, que somando as Receitas do SUS e as

expressões de Vendas de Mercadorias, constituem a Receita Operacional Bruta da empresa.

4.6.2 Demonstrações em estudo do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.

As demonstrações que a seguir serão apresentadas foram elaboradas em conformidade

com as práticas contábeis emanadas da legislação societária (Lei n° 6.404/76 e alterações

subseqüentes).

Ressalta-se que a empresa apresenta o Passivo a descoberto, que representa o

Patrimônio Líquido negativo do Hospital. Tal titulação demonstra-se em conformidade com a

Resolução do CFC nº 1.049/2005.

100

De acordo com o disposto, previamente mencionado, segue abaixo o Balanço

Patrimonial da companhia:

Figura 67 – Balanço patrimonial do HNSC S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

O Ativo Total do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. sofreu elevação de 19,42%

em 2007, comparado ao ano de 2006. A referida evolução no Ativo foi estimulada pela

variação de 43,41% do Circulante, o qual passou a representar 56% da totalidade do Ativo e

pelo acréscimo do Permanente em 21,60% passando a compor 34% do Ativo Total.

O Realizável a Longo Prazo oscilou negativamente 41,24% e com isso, passou a

representar verticalmente 10% da totalidade dos bens e direitos.

As obrigações da empresa aumentaram representativamente no grupo Exigível a Longo

Prazo, devido a constituição da Provisão para Indenizações Cíveis e Trabalhistas, expressando

aumento de 55,38% e passando a representar 88,31% do total das obrigações acrescidas pelo

Passivo a descoberto.

Constata-se aumento de 102,84% no Passivo Circulante, que passou a compor 144,09%

da totalidade do Passivo + Passivo a Descoberto. A intensa variação do Circulante foi

estimulada pela representação da rubrica Obrigações Sociais e Trabalhistas, que sofreu

elevação (5.166,68%) devido a suspensão do pagamento da cota patronal e das contribuições

assistenciais ao INSS e o registro da provisão referente as autuações do INSS ocorridas no

exercício de 2007.

O Passivo a Descoberto aumentou sua rubrica em 200%, principalmente ocasionado

pelo aumento dos Prejuízos acumulados no ano de 2007, que em termos aproximados passam

de 159%.

101

Figura 68 – Composição do balanço patrimonial do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

Seguindo a ordem das demonstrações a analisar, abaixo se verifica o DRE da empresa.

Figura 69 – Demonstração do resultado do exercício do HNSC S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.

A instituição auferiu 11,62% de aumento em suas Receitas Operacionais Brutas, que foi

alavancando prioritariamente pela elevação das Subvenções para Custeio em 13,78%, que

representam transferências realizadas pela União Federal a companhia.

Os Custos dos Serviços Prestados totalizam 83,31% das Receitas Operacionais Brutas e

no ano de 2007 apresentaram aumento de 9,23% em comparação ao ano de 2006.

Igualmente, as Despesas Administrativas evoluíram em mais de 228% e passaram a

compor 58,07% da totalidade das Receitas Operacionais Brutas.

Com o humilde aumento das Receias e a Desordenada evolução dos Custos e Despesas

do Hospital Nossa Senhora da Conceição, verifica-se que a empresa apresentou Prejuízo de

aproximadamente R$ 163.333.000,00 que totaliza -38,24% das Receitas Operacionais Brutas.

Composição do Balanço Patrimonial

-150% -100%

-50% 0%

50% 100% 150% 200%

Ativo Passivo

Grupo

Percentual Circulante

Realizável a Longo Prazo Permanente

Circulante

Exígivel a Longo Prazo

Passivo a Descoberto

102

As Demonstrações Contábeis desempenham papel de fornecedores de dados aos

quocientes das análises. Dessa forma, utilizam-se os dados fornecidos, especialmente pelo

Balanço Patrimonial, para calcular os Indicadores de Liquidez.

Figura 70 – Indicadores de liquidez do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa apresenta indicadores de baixa repercussão quanto a Liquidez, expondo em

todos os indicadores constituídos, valores ilusórios perante as exigibilidades.

Indica-se para cada R$ 1,00 de exigibilidade a curto prazo, a empresa apresenta R$ 0,39

de recursos no Ativo Circulante (Liquidez Corrente) e quando se desconsidera os estoques do

numerador, a situação da companhia demonstra-se ainda mais indesejável, indicando R$ 0,38

para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo.

A empresa expõe para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo R$ 0,07 de recursos de

Liquidez Imediata.

Verificando o contexto atual do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. atenta-se ao

fato que o indicador de Liquidez Imediata demonstra pouca representatividade dos recursos

líquidos da companhia, observa-se que a referida baixa representatividade não condiz com

estratégias que prospectem melhores rendimentos aos recursos próprios, mas sim a

ineficiência da empresa em manter recursos líquidos.

Quanto à análise das dívidas de curto e longo prazo, nota-se que a empresa demonstra

R$ 0,28 para cada R$ 1,00 das exigibilidades totais. Verifica-se que o indicador apresenta

insatisfatória representatividade, demonstrando baixa expressão quanto à potencialidade de

pagamento das dívidas.

Na tentativa de medir a relação da empresa com os seus credores, as técnicas de Análise

das Demonstrações Contábeis utilizam, entre outros, como instrumento de verificação o

cálculo dos Indicadores de Endividamento.

103

Figura 71 – Indicadores de endividamento do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa até o ano de 2007, financiou mais de 232% do seu Ativo com recursos de

terceiros e para esses intensos compromissos assumidos a companhia não possui recursos no

Patrimônio Liquido (neste caso Passivo a Descoberto) para garantir o pagamento das dívidas.

De forma insatisfatória, nota-se que 62% das dívidas (que não possuem garantia) irão

vencer no curto prazo contábil.

Buscando verificar o desempenho do hospital frente ao seu segmento econômico, para a

análise comparativa, constituem-se os Indicadores de Atividade.

Figura 72 – Indicadores de atividade do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

Constata-se que a empresa tende a necessitar de recursos a título da Capital de Giro

devido ao possível descompasso entre os pagamentos (Giro de Pagamento de Fornecedores

43,46 vezes e Dias de Pagamentos 8,4 dias) e os recebimentos (Giro das Contas a Receber

18,32 vezes e Dias em Contas a Receber 19,92 dias).

104

Contudo, identificam-se que o Ativo da companhia apresenta satisfatório giro (2,54

vezes em 2007) ocasionado pelas elevadas expressões dos Serviços Prestados em detrimento a

Totalidade do Ativo.

A partir do desempenho da empresa no seu segmento econômico, das políticas de

crédito e de financiamentos, o Hospital pode analisar de forma conjugada os resultados e

retornos obtidos e demonstrados pelas análises de Rentabilidade.

Figura 73 – Índices de rentabilidade do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.

A empresa não apresenta Rentabilidade, demonstrando índices negativos em todos os

indicadores constituídos.

A Margem de Lucro indica -38,24% de resultado em 2007, configurando-se como

Margem de Prejuízo em relação aos serviços prestados. Nota-se que a empresa obteve gastos

(custos e despesas) maiores que as Receitas e, dessa forma, não rentabilizou sua atividade.

O retorno sobre o Ativo Total foi insatisfatório, demonstrando a ineficiência da

administração na geração de lucros com o Ativo em -97,21%.

De forma ineficaz se constituiu retorno negativo sobre o capital próprio, onde

evidenciou-se resultado de -73,42%.

Figura 74 – Capital circulante líquido do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

105

A companhia apresenta Capital Circulante Líquido negativo, onde identifica-se que as

obrigações a curto prazo são aproximadamente R$ 147.214.000,00 maiores que os bens e

direitos a curto prazo.

As preocupações em manter um empreendimento em atividade, salvo alguns casos

específicos, permeiam as intenções dos investidores, sendo eles públicos e privados. Para

medir a capacidade das empresas em se manter solventes, calcula-se o Fator de Insolvência.

Figura 75 – Fator de insolvência do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. encontra-se dentro dos padrões de

solvência, estabelecidos pelo termômetro de Kanitz, mas deve-se ressaltar que está muito

próximo da área de penumbra. Os insatisfatórios indicadores de Liquidez, a excessiva

capitação de recursos de terceiros e a tendência de baixo desempenho da Atividade conjugado

com Rentabilidade negativa, caracterizam-se como agravantes a solubilidade da companhia.

Ressaltam-se os aumentos desordenados nos custos e despesas hospitalares em

detrimento da Receita Operacional Bruta, caracterizam-se como importantes fomentadores da

atual situação em que se encontra a organização.

4.7 Análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros

A seguir serão realizadas as análises comparativas dos Indicadores Econômico-

financeiros das empresas em estudo. Tem-se por intuito, avaliar o desempenho das empresas

106

em relação aos atendimentos assistenciais em detrimento aos diferentes tipos de receitas de

prestação de serviços auferidos.

4.7.1 Análise comparativa entre indicadores de liquidez

Verifica-se que as empresas que prestam de serviços à saúde privada demonstram

melhores indicadores de Liquidez, como pode-se analisar no gráfico abaixo:

Figura 76 – Comparativo entre indicadores de liquidez Fonte: Autoria Própria, 2008.

Constata-se que as empresas como, Hospital Ernesto Dornelles (HED), Serviço de

Investigação Diagnostica SIDI, Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA) e Complexo

Hospitalar Santa Casa (I.S.C.M.P.A.) apresentam satisfatórios indicadores, que propiciam

maior tranqüilidade as empresas.

O HCPA, que presta serviços à saúde pública e privada, apresenta elevados Índices de

Liquidez, principalmente estimulados pela concentração de recursos no Ativo Circulante que

representa 16,23% de um Ativo Total composto, em termos nominais, por R$ 337.149.017,05.

Outro fato que contribui para a relevante expressão dos Indicadores de Liquidez do HCPA é a

intensa maioria dos valores dispostos do lado do Passivo e Patrimônio Líquido atribuídos as

Contas de Capital Social (93,59%) e Resultados Acumulados (3,51%), remanescendo a

humilde expressão de 2,89% de exigibilidades em relação à totalidade do Passivo +

Patrimônio Líquido.

Identificam-se resultados insatisfatórios obtidos pelos indicadores imputados aos

Hospitais que prestam serviços exclusivos a Saúde Pública, sendo o Hospital Fêmina e o

107

Hospital Nossa Senhora da Conceição. Vislumbra-se que em ambos os hospitais, dentre os

quatro indicadores constituídos, em nenhum demonstraram Liquidez superior a 50% das

exigibilidades.

Atenta-se ao fato que tanto o Hospital Fêmina quanto o Hospital Nossa Senhora da

Conceição embora demonstrem elevadas expressões no Ativo Circulante, apresentam

exigibilidades superiores aos bens e direitos de curto prazo.

4.7.2 Análise comparativa entre indicadores de endividamento

Quanto ao Endividamento à análise será segregada de três formas, primeiramente será

analisado o Endividamento Geral, após, a Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros,

e em seguida a Composição do Endividamento.

No que se refere ao Endividamento Geral, confirma-se que a intensa demanda por

recursos externos advém das empresas que prestam serviços exclusivos a Saúde Pública.

No gráfico abaixo pode-se verificar o exposto:

Endividamento Geral

32,52% 31,97%

232,40%

35,37%

2,89%

227,12%

0%

50%

100%

150%

200%

250%

Índices

Per

centua

l

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 77 – Comparativo entre indicadores de endividamento geral Fonte: Autoria Própria, 2008.

Os Hospitais Nossa Senhora da Conceição e Hospital Fêmina financiaram seus Ativos

com recursos de Terceiros em mais de 200%, em outras palavras, as empresas utilizaram mais

que o dobro de recursos para financiar a totalidade do Ativo. Isso ocorre devido à existência

de dívidas superiores aos bens e direitos totais das companhias (Passivo a Descoberto).

As empresas: Hospital Ernesto Dornelles, Serviço de Investigação Diagnostica e

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre apresentam resultados de

Endividamento Geral na casa dos 30%, permitindo identificar que aproximadamente 70% do

Ativo são financiados por recursos próprios.

108

Ressalta-se que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, expõe estratégia adversa as

demais empresas analisadas, priorizando o financiamento do Ativo com capitais próprios. A

empresa apresenta a expressão de 2,89% de recursos de terceiros em relação à composição do

Ativo.

No tocante da Garantia dos Capitais de Terceiros em Relação ao Capital Próprio,

verifica-se que as empresas que mais demandam recursos de terceiros demonstram menor

desempenho para garanti-los, conforme gráfico abaixo.

Garantia do Capital Prórpio ao Capital de Terceiros

1,83 2,08

33,59

2,13

-0,56 -0,57

-5,00-3,00-1,001,003,005,007,009,00

11,0013,0015,0017,0019,0021,0023,0025,0027,0029,0031,0033,0035,0037,00

Índice

R$

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 78 – Comparativo entre indicadores de garantia do capital próprio ao capital de terceiros Fonte: Autoria Própria, 2008.

Identifica-se que o HCPA por apresentar irrelevante endividamento, expõe elevada

capacidade de garanti-los com capital próprio.

O Hospital Ernesto Dornelles, o Serviço de Investigação Diagnostica e a Irmandade da

Santa Cada de Misericórdia de Porto Alegre demonstram resultados desejáveis, e revelam

satisfatória capacidade de garantia dos capitais de terceiros.

Por outro lado, o Hospital Nossa Senhora da Conceição e Hospital Fêmina, demonstram

reduzida capacidade de garantir as exigibilidades assumidas.

Constata-se que todas as empresas analisadas expressam percentualmente grande

quantidade de exigibilidades realizáveis durante o curto prazo, conforme gráfico abaixo:

109

Composição do Endividamento

95,74%

79,20%84,66%

70,84%

53,46%62,00%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Índice

Perce

ntua

l

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 79 – Comparativo entre a composição do endividamento Fonte: Autoria Própria, 2008.

Visualiza-se que as empresas analisadas indicam resultamos superiores a 50%,

enfatizando a expressão de 95,74% do Hospital Ernesto Dornelles. Ressalta-se que a tomada

de recursos a curto prazo, normalmente apresentam-se mais onerosos que os recursos a longo

prazo em proporção de tempo.

Lembra-se que a constituição de elevadas dívidas vencíveis a curto prazo exigem

maiores recursos líquidos, que poderiam estar melhores alocados e gerando rendimentos

superiores aos de liquidez imediata.

4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de atividade

Constata-se tendência a descompasso entre os recebimentos e os pagamentos nas seis

empresas analisadas. Abaixo verifica-se os Gráficos:

Figura 80 – Comparativo entre o goro e os dias de atividade Fonte: Autoria Própria, 2008.

No que se refere ao Giro das Contas a Receber, os indicadores apresentam menores

resultados que os indicadores de Giro dos Fornecedores a Pagar. E com isso,os prazos de

pagamentos a demonstram prazos inferiores aos prazos de recebimentos.

110

O Serviço de Investigação Diagnostica é a empresa que apresenta maior propensão ao

descompasso entre os recebimentos e os pagamentos (187,79 dias), seguida pela Irmandade

da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre expressando a propensão de 57,36 dias de

descompasso, passando para o Hospital Ernesto Dornelles (32,44 dias), Hospital Fêmina

(20,41 dias), Hospital de Clínicas de Porto Alegre (16,66 dias) e por último o Hospital Nossa

Senhora da Conceição (11,53 dias).

Quanto ao Giro do Ativo Total constata-se que os melhores indicadores foram

apresentados pelas empresas que atendem exclusivamente clientes da Saúde Pública, onde as

apresentam elevados valores a título de Receita Bruta e modesta expressão no Ativo Total.

Giro do Ativo Total

1,34

0,60

1,14

0,79

2,342,54

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

Índice

Vez

es

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 81 – Comparativo entre o giro do Ativo total Fonte: Autoria Própria, 2008.

Ressalta-se a satisfatória expressão de 1,14 vezes do Hospital de Clinicas de Porto

Alegre, principalmente por a empresa demonstrar elevadas expressões de recursos no Ativo

Total.

4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de rentabilidade

Verifica-se elevada oscilação entre os Indicadores de Rentabilidade, originalmente

impulsionadas pela estratégia de cada empresa quanto à prestação de serviços a Saúde

Pública, Privada ou ambas.

111

Figura 82 – Comparativo entre as margens de lucros Fonte: Autoria Própria, 2008.

As empresas que prestam serviços exclusivos a saúde privada apresentam resultados

expressivos de Rentabilidade, nota-se que o Hospital Ernesto Dornelles exibe mais de 9% de

Margem de Lucro e o Serviço de Investigação Diagnostica apresenta a desejável expressão de

32,03% de Lucratividade em sua atividade.

Ressalta-se que os hospitais que prestam serviços de forma conjugada à saúde pública e

privada demonstram lucro em suas peças contábeis, mas apresentam indicadores de Margem

de Lucro pouco expressivos. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre indica 3,08% de Margem

de Lucro e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre a expressa lucro de

6,28% em detrimento as Receitas Operacionais Brutas.

Os Hospitais que atendem exclusivamente clientes vinculados a Saúde Pública expõem

indicadores de rentabilidade indesejáveis, como por exemplo, o Hospital Fêmina que expressa

0,43% de Margem de Lucro de uma Receita Operacional Bruta superior a R$ 65 milhões.

Igualmente o Hospital Nossa Senhora da Conceição, indica prejuízo de -38,24% em relação às

Receitas Operacionais Brutas, que em termos nominais são superiores a R$ 427 milhões.

Figura 83 – Comparativo entre o retorno do Ativo total Fonte: Autoria Própria, 2008.

112

Identificam-se tendências muito próximas do Retorno do Ativo Total em Relação aos

indicadores de Margem de Lucro. Nota-se que as empresas que atendem exclusivamente

clientes portadores de Convênios Privados de Saúde e Particular (Hospital Ernesto Dornelles

e Serviço de Investigação Diagnostica) expressam índices de Retorno do Ativo

relevantemente satisfatório e maiores que os demonstrados pelas outras empresas em estudo.

Verifica-se que o HCPA e a I.S.C.M.P.A. demonstram resultados medianos e pouco

expressivos não excedendo o percentual de Retorno sobre o Ativo Total de 5%.

Conjuntamente certifica-se que o Hospital Fêmina e o Hospital Nossa Senhora da Conceição

apresentam indesejáveis quocientes de retorno, sendo 1% e -97,21%, respectivamente.

Figura 84 – Comparativo entre o retorno do capital próprio Fonte: Autoria Própria, 2008.

No tocante do Retorno sobre o Capital Próprio, o Serviço de Investigação Diagnostica

se mantém na liderança quanto a performance do indicador, apresentando 27,7% de retorno

sobre o Patrimônio Líquido em 2007. Em seguida verifica-se, outra instituição presente no

mercado da saúde privada, o Hospital Ernesto Dornelles demonstra 18,71% da proporção do

Lucro em relação ao Patrimônio Líquido.

Visualizam-se as empresas que prestam serviços a Saúde Pública e Privada apresentam

resultados pouco expressivos. Identifica-se o percentual de 7,25% de Retorno sobre o Capital

Próprio da Irmandade Santa Casa de Porto Alegre e a proporção de 3,62% do Lucro em

relação ao Patrimônio Liquido do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Já os hospitais destinados à saúde pública, demonstram indicadores extremamente

insatisfatórios, condizentes com a baixa lucratividade proporcionada pelos atendimentos ao

SUS.

113

4.7.4 Análise comparativa entre o capital circulante líquido

A análise do Capital Circulante Líquido busca ratificar as explanações discorridas nas

análises de Liquides e Endividamento.

Capital Circulante Líquido

-147.214.000

719.118

20.693.599

46.480.299

1.099.206

-17.693.000

-200.000.000,00

-150.000.000,00

-100.000.000,00

-50.000.000,00

0,00

50.000.000,00

100.000.000,00

Indicador

R$

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 85 – Comparativo entre o capital circulante líquido Fonte: Autoria Própria, 2008.

No que tange a análise do Capital Circulante Líquido, verifica-se que o Hospital de

Clinicas de Porto Alegre exibe elevados recursos. Enfatiza-se que foi mencionado durante a

análise do Endividamento que a empresa optava preferencialmente por financiar seu Ativo

com recursos próprios e, por conseguinte, manifestava reduzidas exigibilidades com terceiros,

esse fato, contribuiu para o desempenho otimista do Capital Circulante Líquido.

Constatam-se satisfatórios resultados demonstrados pelas empresas destinadas ao

atendimento privado da saúde, confirma-se a importante indicação de recursos relativamente

líquidos capazes de saldar as exigibilidades de curto prazo assumidas pelo Hospital Ernesto

Dornelles e Serviço de Investigação Diagnóstica.

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre demonstra satisfatório

Capital Circulante Líquido que em termos absolutos ultrapassam R$ 1 milhão.

Enfatiza-se que os hospitais destinados exclusivamente a Saúde Pública apresentam

expressivos valores negativos na análise do Capital Circulante Líquido. Certifica-se que o

Hospital Fêmina apresenta, em termos aproximados, indicador de R$ -17.693.000,00 e o

Hospital Nossa Senhora da Conceição cerca de R$ -147.214.000,00. Essa situação vem ao

114

encontro das observações realizadas nas análises de Liquidez e Endividamento que

demonstram tendências pessimistas quanto à capacidade de pagamento das referidas

companhias.

4.7.4 Análise comparativa entre o fator de insolvência

Todas as empresas em estudo apresentam indicadores compatíveis com a situação de

solvência, que é representado pelos valores superiores a 1 na escala na análise do Fator de

Insolvência de Kanitz.

Fator de Insôlvencia

3,83

9,45

3,84

1,031,97

22,39

-7,00-6,00-5,00-4,00-3,00-2,00-1,000,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00

10,0011,0012,0013,0014,0015,0016,0017,0018,0019,0020,0021,0022,0023,0024,00

Indicador

Ter

môm

etro

de

Kan

itz HEDSIDI S.AHCPAI.S.C.M.P.A.HOSPITAL FÊMINAHNSC

Figura 86 – Comparativo entre o fator de insolvência Fonte: Autoria Própria, 2008.

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre indica elevada expressão em comparação as

demais empresas analisadas (22,39). Isso porque a entidade demonstra relevantes indicadores

de Liquidez Geral e Liquidez Seca conjuntamente expressando reduzido quociente de

Endividamento.

O Serviço de Investigação Diagnostica exibe bom nível de solvência, de acordo com o

termômetro de Kanitz, indicando resultado de 9,45.

O Hospital Ernesto Dornelles e a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto

Alegre apresentam satisfatórios indicadores, expressando 3,83 e 3,84, respectivamente.

115

Os hospitais dedicados à atenção da Saúde Pública demonstram, no momento,

indicadores compatíveis a níveis aceitáveis de solvência, mas ressalta-se que se encontram

próximos a escala de penumbra ( 0 a -3).

116

5 CONCLUSÃO

O objetivo geral dessa monografia foi contemplado, pois foi realizada uma pesquisa que

possibilitou analisar comparativamente os indicadores econômico-financeiros das empresas

prestadoras de serviços à saúde Pública e Privada. Conjuntamente, identificou-se a intensa

relação existente entre o desempenho dos indicadores e os tipos de receitas auferidos pelas

empresas pesquisadas.

Os objetivos específicos igualmente foram alcançados, sendo que o estudo explorou na

literatura o embasamento teórico necessário quanto à constituição, análise e interpretação das

peças contábeis e seus indicadores de desempenho. Explanou-se sobre os tipos de receitas

auferidas e sua influência nos indicadores econômico-financeiros das empresas em estudo.

Nota-se, principalmente por noticias vinculadas na mídia, a defasagem do SUS frente

aos gastos da saúde, esse entendimento já fazia parte do senso comum das pessoas que

convivem e informa-se sobre questões de Saúde Pública. No entanto, este estudo trouxe

caráter científico ao tema, ratificando os conhecimentos presentes e demonstrando, na maioria

das vezes, a baixa performance dos quocientes das empresas que exclusivamente prestam

serviços ao subsistema público.

Com a constituição dos indicadores de Liquidez, constatou-se o insatisfatório

desempenho das empresas destinadas unicamente a atenção da Saúde Pública. Verificam-se

humildes índices de liquidez, que quando comparados com as demais empresas pesquisadas,

demonstram resultados inexpressivos.

As empresas que direcionaram a estratégia de atender parcialmente ou exclusivamente

clientes do subsistema privado (Convênio privados e liberal clássico) apresentam indicadores

de liquidez satisfatórios em detrimento as exigibilidades.

Essas afirmações, podem ser melhor evidenciadas com a figura abaixo:

117

Desempenho da Liquidez

0,001,002,003,004,005,006,007,00

Índice deLiquidezCorrente

Índice deLiquidez

Seca

Índice deLiquidezImediata

Índice deLiquidez

Geral

Índices

R$

HED

SIDI S.A

HCPA

I.S.C.M.P.A.

HOSPITAL FÊMINA

HNSC

Figura 87 – Baixa liquidez das empresas prestadoras de serviços a saúde pública Fonte: Autoria Própria, 2008.

Sobre o endividamento, constatou-se elevada propensão à captação de recursos junto a

terceiros por parte das empresas que prestam serviços de forma singular ao SUS. Notou-se

que a proporção das dívidas em relação ao ativo excede 200%, caracterizando a identificação

do Passivo a Descoberto. Verificam-se índices negativos quanto a Garantia do Capital Próprio

ao Capital de Terceiros e como agravante, nos dois hospitais que excepcionalmente atendem

de forma exclusiva o SUS as dívidas vencíveis a curto prazo ultrapassam 50% da totalidade.

Por outro lado, nas demais empresas analisadas averiguaram-se endividamento médio e

desejável, demonstrando indicadores não excedentes a 40% de capital de terceiros no Ativo.

Da mesma forma, vislumbra-se saudável capacidade de garantia do capital de terceiros e

intensa representatividade das obrigações vencíveis em curto prazo em relação a totalidade

das exigibilidades.

Atenta-se a impossibilidade de mensuração dos efetivos valores dos Serviços Prestados

a Crédito e das Compras a Prazo, onde se adotou por base de cálculo a integralidade dos

valores dispostos nas contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde (ou

assemelhados), com o intuito de delinear possíveis tendências e projeções.

Enfoca-se a tendência a descompasso entre os pagamentos de fornecedores e

recebimentos de clientes em todas as empresas analisadas, mas em especial no Serviço de

Investigação Diagnostica SIDI, que apresenta mais de 180 dias de defasagem entre os

pagamentos e os recebimentos.

A situação das empresas destinadas a Saúde Pública, mostrou-se agravada com a

tendência de descompasso, prioritariamente pelo fato de apresentarem baixos indicadores de

liquidez e elevados níveis de endividamento.

118

É possível verificar através dos indicadores de Rentabilidade, que a Receita SUS não

apresenta consonância com os atuais custos e despesas hospitalares e conjuntamente os

retornos demonstram índices e pouco expressivos.

De forma adversa, nota-se que as organizações prestadoras de serviços exclusivos a

Saúde Privada auferem maiores rendimentos e retornos que as demais empresas analisadas.

Entende-se que esse fato condiz com a melhor remuneração dos procedimentos médico-

hospitalares por parte de convênios privados e atendimentos liberais clássicos (particular).

Constata-se, nas empresas que atendem de forma conjunta a Saúde Pública e Saúde

Privada, indicadores com resultados medianos, onde um tipo de receita alavanca os

rendimentos (receitas privadas) e outro não contempla a totalidade dos gastos dos

atendimentos (receitas SUS).

A figura abaixo demonstra claramente a defasagem das Receitas SUS em relação aos

Custos da saúde.

Figura 88 – Ratificação da defasagem das receitas SUS Fonte: Autoria Própria, 2008.

As seis empresas presentes neste estudo apresentam, conforme o Termômetro de

Kanitz, indicadores compatíveis com valores aceitáveis de solvência, mas enfoca-se a

proximidade da área de penumbra por parte das empresas direcionadas estrategicamente a

prestação de serviços exclusivos ao SUS.

Quanto à relevância do estudo para as empresas do ramo da saúde entende-se que

poderá proporcionar aos gestores hospitalares amparo científico para a definição das decisões

estratégicas e mercadológicas; e conjuntamente a comparação com os concorrentes.

No que tange a profissão contábil, a pesquisa influenciará na valorização e ampliação do

campo de atuação do contador, onde o profissional deixará de ser apenas dominador de

119

técnicas de escrituração e passará envolver-se também com a emissão e análise de

informações gerenciais no ramo da saúde.

Quanto à representatividade do estudo, demonstrou à sociedade em geral, governo e

entidades de classe a situação dos hospitais prestadores de serviços ao sistema Público e

Privado.

No entendimento global, o mercado da saúde vem apresentando elevada ascensão como

atividade econômica, atualmente, hospitais e clínicas demandam profissionais de várias áreas

do conhecimento humano, para que possam atender as diferentes necessidades apresentadas

pelas empresas.

A Contabilidade dispõe de imprescindíveis conhecimentos que podem suprir várias

necessidades das organizações de saúde, e para isso, é de suma importância que sejam

realizadas pesquisas, estudos, bibliografias próprias da atividade econômica, a fim de

fomentar o interesse da sociedade pelo relevante ramo da saúde.

120

REFERÊNCIAS

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