cartilha idosos finalizada

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Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso Cartilhas Série Extrem(as) Idades

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Page 1: Cartilha idosos finalizada

Garantia de Direitos e

Violência Contra o

Idoso

Cartilhas

Série Extrem(as) Idades

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

2012

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Expediente

Universidade Federal Fluminense

Reitoria: Reitor: Roberto de Souza Salles

Vice-reitor: Sidney Luiz de Matos Mello

Escola de Serviço Social

Direção: Maria Thereza Cândido Gomes de Menezes

Vice-diretora: Ana Paula Ornellas Mauriel

Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Políticas Públicas Espaços Públicos e Serviço Social

Coordenação: Profª Drª Deise Gonçalves Nunes

Profº Drº Serafim Fortes Paz

Elaboração desta Cartilha

Coordenação e Revisão Vol. 2

Profº Drº Serafim Fortes Paz

Cláudio Alves de Melo – Assistente Social

Organização do Conteúdo:

Cláudio Alves de Melo – Assistente Social

Colaboradores:

Francyellen da Motta Soriano – Iniciação Científica FAPERJ

Nethania dos Santos Clementino – Iniciação Científica PIBIC/UFF

Danielle Azevedo de Souza – Estagiária Espaço Avançado/UFF

Agradecimentos:

Aos idosos usuários do Espaço Avançado – UFF que avaliaram, opinaram e contribuíram com sugestões.

Ilustrações:

As ilustrações numeradas 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10 estão disponíveis na internet e são de

autoria do Cartunista Donald Soffritti que nasceu em 11 de abril de 1967 e atualmente mora na Bolonha,

Itália. O ilustrador trabalhou para vários jornais e revistas. Um dos seus trabalhos mais interessantes são

ilustrações com versões de diversos heróis e vilões em idade bastante avançada, isto é, tais ilustrações

fazem alusão à velhice, a qual é um estado biológico inerente a qualquer ser vivo inclusive os super heróis

e super vilões. A velhice é o estágio final do processo do envelhecimento que começa quando nascemos e

termina quando morremos. Portanto, partindo do princípio de que todos nós estamos em um contínuo

processo de envelhecimento, o qual nos leva ao estado da velhice; vamos respeitar os direitos legítimos

das pessoas idosas.

As ilustrações não numeradas foram retiradas de sites que disponibilizam imagens e gifs gratuitamente.

Tipo de Publicação:

Online

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra para fins acadêmicos, desde que citada a fonte. Não é

permitida a reprodução parcial ou total desta obra para fins de comercialização.

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Garantia de Direitos e

Violência contra o

Idoso

Apoio Institucional

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Mensagem

Carta de um Idoso escrita a um filho

O dia em que este velho não for mais o mesmo têm paciência e, compreende-me;

Quando eu derramar comida na minha roupa e me esquecer de como apertar os sapatos, tem

paciência comigo e lembra-te das horas que passei a ensinar-te a fazer as mesmas coisas;

Se, quando ao conversares comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como

termina não me interrompa e escuta-me;

Quando estivermos reunidos e sem querer, fizer as minhas necessidades, não fiques com vergonha e

compreende que eu não tenho culpa disto, pois já não as posso controlar;

Pensa quantas vezes, quando criança, te ajudei, estando pacientemente ao teu lado esperando que

terminasses o que estavas a fazer;

Não te sintas triste, enojado ou impotente por me ver assim;

Dá-me o teu coração, compreende-me e apoia-me como eu fiz quando começaste a viver;

Da mesma maneira que te acompanhei no teu caminho, peço-te que me acompanhes para terminar o

meu;

Dá-me amor e paciência, que eu te devolverei gratidão e sorrisos."

Autor Desconhecido

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do

Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a

efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à

cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à

convivência familiar e comunitária”.

(Estatuto do Idoso – Título I, art. 3º)

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Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Apresentação

série de Cartilhas NUPPESS, denominada “Extrema Idades” tem por objetivo socializar

informações buscando fortalecer a efetivação dos direitos das crianças de 0 à 6 (Vol. 1), das

pessoas idosas (Vol. 2), no âmbito das Políticas de Educação da criança de 0 à 6 e de Atenção

e Proteção à pessoa idosa, bem como dos espaços públicos de luta e defesa de direitos. Em tais instâncias

permeia um conjunto de diretrizes que estabelecem um arcabouço de leis e propostas de ações que,

quando implementadas, consolidam espaços de luta e garantia de direitos. Ao mesmo tempo impulsionam

os movimentos sociais e as classes trabalhadoras na busca de novas configurações para o alargamento do

sentido do direito social, político e de novas perspectivas de luta.

Para a promoção da garantia de direitos referentes à educação das crianças de 0 à 6 e da atenção e

proteção das pessoas idosas é necessário que lhes sejam garantidos condições de utilização plena dos

serviços institucionais, em espaços públicos e privados, com ou sem fins lucrativos, bem como de

utilização de serviços sociais diversos vinculados ou não ao campo institucional e necessários ao modo de

vida de cada um destes segmentos proporcionando-lhes, autonomia e segurança. Ao mesmo tempo é

necessário fomentar a participação destes grupos ou, no caso das crianças, de seus representantes, em

movimentos sociais diversos, que se constituam como espaços públicos de luta e organização autônoma e

representativa dos interesses das classes trabalhadoras.

A presente publicação da Série de Cartilhas NUPPESS “Extremas Idades” é um dos resultados do

bem sucedido Projeto “0 à 6 e mais de 60: As extrem(as)idades da existência social: movimentos sociais,

direitos e novas dimensões da cidadania”, que reúne estudos e resultados de pesquisas desenvolvidas no

Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Políticas Públicas Espaços Públicos e Serviço Social, com apoio da

Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro – FAPERJ.

Pretende-se que esses conhecimentos socializados contribuam para a consolidação de uma cultura

de respeito aos direitos humanos através da garantia absoluta da promoção e concretização dos programas

de atenção, proteção e educação aos dois dos segmentos sociais mais frágeis da sociedade: crianças de 0 à

6 anos e pessoas idosas.

Equipe NUPPES

A

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Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Sumário

1 - Prefácio..................................................................................................................................................08

2 - Introdução.............................................................................................................................................10

3 - As Violências Perpetradas Contra a População Idosa......................................................................11

4 - Dimensões da Violência........................................................................................................................17

4.1 - Dimensões da Violência Sociopolítica..............................................................................................17

4.2 - Dimensões da Violência Institucional..............................................................................................18

4.3 - Dimensões da Violência Intrafamiliar.............................................................................................19

4.4 – Dimensões da Violência Simbólica..................................................................................................19

4.5 - O Bullying é uma Dimensão da Violência.......................................................................................20

4.6 - Verdades e Mentiras sobre o Bullying.............................................................................................21

5 – Violência e a Saúde do Idoso...............................................................................................................22

6 - Denuncie................................................................................................................................................23

7 - Telefones Úteis......................................................................................................................................24

8 - A Participação Política dos Idosos......................................................................................................25

9 - Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Rio de Janeiro...............................25

10 - Fórum PNEI-RJ..................................................................................................................................27

11 - Conclusão............................................................................................................................................29

12 - Bibliografia..........................................................................................................................................31

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Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Prefácio

este século XXI em que se considera o „século do envelhecimento‟, o Núcleo de Pesquisa e

Extensão sobre Políticas Públicas, Espaços Públicos e Serviço Social (NUPPESS), publica a

série Cartilhas de Direitos. Uma voltada para a Pessoa Idosa, com mais de 60 e a outra para a

Infância Pequena 0 a 6. Essas Cartilhas estão disponíveis na rede social, através da página do NUPPESS

na internet.

As duas Cartilhas são de iniciativa do Assistente Social Claudio de Melo, que atua como AT/NS

no NUPPESS. Em especial, propõe a Cartilha para Pessoas Idosas que se dá exatamente quando o mundo

inteiro experimenta esse fenômeno do envelhecimento e da velhice. No cenário mundial acentua-se o

envelhecimento e a longevidade tanto nos países mais desenvolvidos quanto nos menos desenvolvidos

que evidenciam o aumento de suas populações com mais de 60 anos.

O Brasil, contraditoriamente, se posiciona dentre os 10 países mais ricos, ao mesmo tempo, é um

dos principais em desigualdades sociais, pobreza e injustiças. Com essa contradição, tornar-se-á em 2025

o 5º país do mundo com 32 milhões de pessoas idosas. Também prevêem que em 2050 terá uma

população de mais de 65 milhões de pessoas idosas.

Essa realidade do envelhecer brasileiro promove, na mesma proporção de seu crescimento não

somente transformações demográficas, mas, trazem repercussões nas questões existentes e novas

demandas da velhice, principalmente na construção de novos direitos, defesa dos direitos já existentes e

por necessárias e urgentes políticas públicas.

Desde os anos 60, do século passado, à medida que a população iniciou esse aumento

populacional temos assistido, na mesma proporção, a ausência de ações, aumento da violência, e, dentre

outras a constante violação de direitos conquistados, principalmente, na Constituição Federal de 1988, na

Lei 8842/94 (que implanta a Política Nacional do Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso) e na Lei

10.741 de 2003 (que cria o Estatuto do Idoso e assegura direitos).

Isso nos faz repensar sobre outras questões também interligadas, principalmente, a necessidade

urgente de políticas de atenção e cuidado quanto aos princípios humanos e éticos, respeito, direitos e

cidadania. E o de analisar no dia a dia como se produz o desrespeito, a violação e violência, de como se

constroem ou se reproduzem identidades, imagens, relações entre os cidadãos de diferentes grupos e

idades.

Neste aspecto, a velhice apresenta questões da violência contra a pessoa idosa e de como devemos

prevenir e combatê-la apoiando-se na legislação brasileira, em especial, sobre a PNI (1994) o Estatuto do

N

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Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Idoso (2003), em que se garanta os serviços e ações como campo multiprofissional, multidisciplinar e

interdisciplinar de conhecimentos e práticas na perspectiva de produzir programas e ações públicas que

garantam os direitos da pessoa idosa.

Na mesma medida, refletir sobre os caminhos da sociedade atual no campo da seguridade social

(assistência social, saúde e previdência) e dos demais setores sociais, econômicos, culturais, educacionais,

políticos e etc, que entre si devem estar necessariamente interligados e articulados a fim de contemplar a

principal tarefa da PNI o de prevenir a “Institucionalização” em suas diferentes faces: o isolamento, o

„asilamento‟ e o „exilamento social‟. A não institucionalização de velhos e velhas se conquistará desde

que cumpridos os 03 principais eixos da PNI: a Intersetorialidade, a Interdisciplinaridade e a

Intergeracionalidade.

Isto nos leva a pensar a velhice dentro de uma perspectiva da „questão social‟, ou seja, com menos

desigualdade social, pobreza e injustiças sociais, etc., para dar conta dos novos enfrentamentos sociais

diante dos novos arranjos familiares, das fragilidades e vulnerabilidades sociais de muitos idosos, mas

que buscam mais espaço de participação e de controle social, como sujeitos sociais e cidadãos, a exigir

cada vez mais um Estado Democrático e responsável na efetivação de direitos e implantação de políticas

sociais.

Nessa direção é que essa Cartilha foi apresentada ao conjunto de sujeitos do NUPPESS e também

aos idosos da Oficina Protagonismo, Direitos e Cidadania vinculada tanto ao NUPPESS quanto ao

Programa UFF Espaço Avançado - UFFESPA, onde contribuíram com suas opiniões, sugestões e decisão

da mesma. Aproveitamos para expressar o agradecimento do NUPPESS à equipe de pesquisadores de

Iniciação Científica vinculados à linha de pesquisa e extensão do campo do envelhecimento do NUPPESS

e aos estagiários e pessoas idosas do UFFESPA.

Espera-se que a Cartilha seja acessada e compartilhada por muitas pessoas idosas, profissionais,

estudantes e pessoas de todas as idades interessadas na questão dos direitos e políticas, principalmente,

voltadas para as pessoas idosas e que não sirva apenas para informar direitos, serviços e locais de

atendimento aos interessados, mas, também, de observar a diversidade, diferenças, particularidades,

respeito aos diferentes segmentos e grupos sociais, uma vez que na perspectiva da cidadania

emancipatória prime pela protagonização, unidade de luta, fortalecimento de movimentos sociais que se

afinem nas lutas, se articule e convirja no debate, discussão, reflexão tanto sobre o envelhecimento e

velhice, quanto possa contemplar todas as idades que compõem a sociedade brasileira.

Profº Drº Serafim Fortes Paz

Coordenador do NUPPESS e Pesquisador na área de Gerontologia

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Introdução

as últimas décadas aumentou consideravelmente o número de estudos e análises sobre o

universo do envelhecimento, e entre esses estudos existem aqueles que comprovam um

inegável aumento da população idosa em todo o mundo, inclusive no Brasil, fazendo surgir

desafios tanto para o Estado, para a sociedade e para a família do idoso, e porque não dizer para o próprio

idoso, tornando-se necessário criar leis mais específicas para o segmento idoso.

Sendo assim, após tramitar durante sete anos no Congresso Nacional, foi aprovado em outubro de

2003, entrando em vigor, no dia 1º de Janeiro de 2004, o Estatuto do Idoso (Lei Federal nº 10.741/2003).

O mesmo chegou em um momento que a população idosa crescia intrigantemente. Sendo assim, com um

maior número de pessoas idosas na sociedade cresceu também as demandas referentes a este segmento,

frente ao Estado, a família e a sociedade. No decorrer deste processo os direitos da população idosa foram

amplamente divulgados e de certo modo legitimados perante a Sociedade Civil, os quais legalmente

garantem várias penalidades para quem não proteger, atentar e respeitar qualquer pessoa idosa.

O Estatuto do Idoso dá garantias de direitos ao segmento idoso (pessoas com mais de 60 anos),

que, em sociedades capitalistas como a nossa, são colocadas em um “gueto social1”, ou seja, são

isoladas, esquecidas e vistas como um fardo social, tanto profissional quanto familiarmente.

Em nossa sociedade capitalista, culturalmente, quem envelhece é posto como já dissemos em um

“gueto social”. A margem da sociedade os idosos são considerados caretas e obsoletos – uma prática

totalmente oposta ao que vemos ao longo dos artigos do Estatuto do Idoso.

Consideramos o Estatuto do Idoso, o qual podemos dizer que possui limites e possibilidades, uma

tentativa de resgate do respeito às pessoas do segmento idoso. Ele mexe diretamente com as relações

sociais dos idosos entre a sociedade, a família e o Estado. Vejamos:

Coíbe abusos na cobrança das mensalidades das pessoas com mais de 60 anos;

Garante a distribuição gratuita de remédios;

Assegura às pessoas com mais de 65 anos, que não possuem condições financeiras

próprias de se manterem, o direito de receber mensalmente um salário mínimo;

1 Termo criado para referir-se aos idosos que são marginalizados, desrespeitados, esquecidos e colocados a margem da

sociedade, vistos como fardos pesados.

N

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Obriga as empresas de transportes coletivos a darem gratuidade na passagem, bem como

reservarem 10% dos assentos para idosos;

Assegura 50% de desconto nos ingressos em eventos esportivos e culturais.

Deixar-lhes de prestar assistência em situação de iminente perigo;

Abandonar-lhes em hospitais ou instituições de asilamento;

Não prover-lhes as necessidades básicas;

Por em perigo a integridade e a saúde dos idosos, colocando-lhes em situações

degradantes ou desumanas;

Apropriar-se de bens indevidamente;

Desviar pensão, aposentadorias, proventos ou qualquer outro tipo de rendimento do idoso.

Entre outros.

Porém, se é fato que o Estatuto do Idoso existe, e garante vários direitos as pessoas idosas.

Sabemos, que desde a sua aprovação, o qual completou nove anos, não eliminou os vários tipos de

violências e privações às quais o segmento idoso é diariamente submetido.

As Violências Praticadas Contra a População Idosa

egundo Forasteiro (2003), podemos dizer que nas últimas décadas foi verificado, um aumento

considerável de casos de violência que atingiram todos os segmentos sociais mais vulneráveis

encontrados na sociedade, entre eles, está o segmento idoso.

Destacamos em nossa cartilha um levantamento de dados feito por alguns programas de captação

de denúncias de violência praticadas contra idosos no Estado do Rio de Janeiro. Os dados mostram uma

S

Podemos dizer que qualquer um desses direitos quando desrespeitados ou

infringidos, são considerados legalmente como crimes ou violência praticados

contra a pessoa idosa. Da mesma maneira, é visto também como violação de

direitos e violência praticada contra os idosos quando a família, a sociedade e o

Estado:

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

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incidência muito grande do registro de reclamações sobre os desrespeitos praticados contra a população

idosa em relação ao ambiente externo, principalmente no que diz respeito aos:

Transportes públicos;

Aos acidentes e quedas nas ruas;

Aos acidentes de trânsito, os quais ocasionam a morte do idoso;

Entre outros.

Figura 1 - O Super Herói Demolidor Idoso

Como já vimos anteriormente a população idosa cresce, desta maneira cresce também as

problemáticas que perpassam o universo idoso, dentre as quais a violência contra o idoso toma posição e

proporções assustadoras. Os programas de captação de denúncias em todas as suas variáveis dão conta

que as estimativas referentes aos casos de violência contra os idosos, são difíceis de serem identificados

por possuírem extensões próprias à vítima (idoso), ao agressor, e também as instituições que trabalham

Este sinal está demorando muito. Este

tipo de serviço fere o direito de ir, vir

e estar nos logradouros públicos e

espaços comunitários. Estatuto do

Idoso Art. 10.

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com idosos. Constatamos que a maior parte dos casos de violência praticados contra pessoas idosas são

cometidos pelos próprios filhos. Podemos verificar tal fato através do gráfico seguinte:

Gráfico I – Quem são os Agressores

Quem são os Agressores

50%

20%

10%

10%

5%4% 1%

Filhos Esposas Netos Genros/Noras Terceiros Irmãos Esposos

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) assinala que este goza de todos os direitos inerentes a

pessoa humana e que o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social,

com o correspondente dever do Estado. A respectiva proteção quando os direitos reconhecidos na Lei

forem ameaçados ou violados (art.4º), definindo ainda que “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de

negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação

ou omissão será punido na forma da lei” (art.4º), acrescentando que é dever de todos prevenirem a

ameaça ou violação aos direitos do idoso. Este consagra o paradigma do pacto dos direitos como forma de

combate à violência, mas há uma clara distância entre o formal e o real na implementação desses direitos,

constatando-se a violação destes e a transgressão permanente dos mesmos pelo Estado, pela família e pela

sociedade.

É bom lembrar, que até o Código Penal do Brasil, no art. 136, afirma que:

“Entra no rol dos maus-tratos permitirem que alguém fique exposto a perigo de vida ou saúde quando

estiver sob custódia, tratamento ou vigilância de outrem, privando essa pessoa de alimentação ou cuidados

indispensáveis”. (CÓDIGO PENAL, art. 136).

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

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Verificamos, que em nossa sociedade apenas os casos mais graves de violência contra o segmento

idoso chegam ao conhecimento da sociedade pela mídia. Interessante é que ao mesmo tempo em que o

idoso é vítima ele também pode ser o algoz. Como podemos verificar no gráfico abaixo, construído com

informações de 256 notícias sobre o assunto. Analisemos:

Gráfico II – Reportagens sobre o universo idoso

Ficando assim:

Violência praticada contra a pessoa idosa - 113 casos noticiados - cerca de 44%;

Turismo, laser, educação física, para a pessoa idosa – 91 notícias sobre assuntos gerais –

cerca de 36%;

Violência praticada pelo próprio idoso – 28 casos noticiados – cerca de 11%;

Aposentadoria, rendimentos, finanças do idoso – 24 notícias – cerca de 9%.

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Na realidade, a grande maioria dos casos ainda permanece ocultos no interior das famílias ou das

instituições que trabalham com idosos.

No próximo gráfico vamos ver o percentual das formas de violência praticadas contra a pessoa

idosa.

Gráfico III – Violências perpetradas contra a população idosa

As violências perpetradas contra os idosos podem se apresentar de forma sutil ou óbvia, e como já

vimos, a maioria dos casos ocorrem nas residências junto à família, e em segundo lugar ocorrem no

interior das instituições. Portanto, os principais agressores são os familiares, sendo que os filhos estão

quase na totalidade dos casos registrados.

Portanto, deduzimos que a problemática que gira em torno da violência contra o idoso é uma

questão estrutural. Minayo (2005).

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Figura 2 - Super Vilão Doutor Octopos Idoso

Sendo assim, todos os tipos de violência perpetrada contra o segmento idoso pela família, pela

sociedade e pelo Estado são expressões de poder e dominação, os quais geram conflitos sociais e

geracionais.

Segundo Faleiros (2007) a violência perpetrada contra a população idosa possui 4 grandes

dimensões subdivididas em:

Sociopolítica Institucional

Intrafamiliar Simbólica

“estrutural, aquela que ocorre pela

desigualdade social e é naturalizada nas

manifestações de pobreza, miséria e

discriminação; interpessoal nas formas de

comunicação e de interação cotidiana e

institucional, na aplicação ou omissão na

gestão das políticas sociais pelo Estado e

pelas instituições de assistência”.

(MINAYO, 2005: p. 15).

Page 17: Cartilha idosos finalizada

Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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Dimensões da Violência

DIMENSÕES DA VIOLÊNCIA SOCIOPOLÍTICA

elação de poder e força para impor ao idoso a cessão de bens ou submetê-lo à vontade, interesses

e desejos de pessoas ou grupos, em geral, desconhecidos da vítima, ou ainda com relações

próprias dos preconceitos, de negação da personalidade individual ou da identidade da pessoa

idosa, em geral, configurando crimes socialmente reconhecidos como:

Discriminação;

Furto;

Roubo;

Lesões;

Acidentes de trânsito;

Estelionato;

Homicídio;

Assalto;

Perturbação da paz;

Assédio moral;

Ameaça;

Estupro;

Negação de transporte.

Figura 3 - Batman e Robin Idosos

R

Isso mesmo. O Estatuto do

Idoso no Art. 96 diz que

impedir ou dificultar o

acesso de pessoas idosas

aos meios de transporte é

crime. Se tivéssemos mais

transportes públicos não

precisaria empurrá-lo por

toda esta distância.

Vamos Robin!

Estou atrasado para a

reunião da Liga da Justiça.

Hoje vamos discutir sobre

como garantir o direito do

idoso, quando este necessitar

de utilizar algum transporte

público.

Page 18: Cartilha idosos finalizada

Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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DIMENSÕES DA VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL

elação de poder que infringe direitos reconhecidos e garantias civilizatórias de respeito nas

relações profissionais e técnicas, no âmbito de uma instituição ou organização privada ou pública

de prestação de serviços, ferindo, inclusive, o disposto no Estatuto do Idoso. Ela se traduz em:

Mau atendimento;

Falta de contrato ou desrespeito aos contratos;

Condições inadequadas;

Falta de acesso;

Abandono;

Extorsão;

Chantagem;

Negativa de atendimento;

Desrespeito à prioridade legal;

Falta de paciência para se ouvir a pessoa idosa;

Devolução para casa, sem explicação;

Humilhação por ter incontinência ou alguma perda;

Infantilização;

Falta de escuta;

Falta de respeito;

Abuso financeiro;

Negligência em medicamentos;

Negligência em limpeza;

Negligência em atenção;

Negligência na alimentação;

Negligência em cuidados especiais.

Figura 4 - Capitão América Idoso

R

Ninguém liga mais para

mim. No Art. 4º o Estatuto

do Idoso assegura que

nenhum idoso deve ser

objeto de qualquer tipo de

negligência, caso contrário

é crime.

Page 19: Cartilha idosos finalizada

Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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DIMENSÕES DA VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

elação de poder e força para impor ao idoso a cessão de bens ou submetê-lo à vontade e interesses

e desejos de algum membro da família [...]. É a “violência calada”, sofrida em silêncio muitas

vezes, praticada por filhos, filhas, cônjuges, netos, netas, irmãos, irmã, ou parentes próximos,

conhecidos da vítima [...]. Não é raro que essas práticas de violência se combinem, fazendo com que a

pessoa idosa sofra o impacto de uma violência múltipla, [...] mas é fundamental que se dimensione o que

vem sendo predominante. Em geral, as denúncias referem à freqüência de um dos tipos abaixo apontados:

Violência física;

Violência psicológica;

Negligência e abandono;

Violência financeira;

Violência sexual.

Figura 5 - Super Herói Tocha Humana Idoso

DIMENSÕES DA VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

elação de poder concretizada através da prática e difusão de ações de superioridade balizadas

em mitos, símbolos, imagens, mídia, vantagens, estereótipos discriminativos e preconceituosos,

além da legitimação de regras, crenças, valores que “forçam o outro a consentir ou aceitar

determinadas situações”.

R

R

Socorro!

Não suporto mais

cuidar de você.

Estou cansada de

suas

brincadeiras!

Toma isso!

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Cartilha Garantia de Direitos e Violência Contra o Idoso

Cartilhas NUPPESS – Série Extremas Idades – Vol. 1 – Edição Online

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O BULLYING É UMA DIMENSÃO DA VIOLÊNCIA

pesar de o Bullying acontecer geralmente no universo infantil, percebemos que de acordo com

sua conceituação, que veremos a seguir, também acontece com e entre os idosos, como

também em qualquer fase etária da vida do ser humano.

Bullying é uma expressão inglesa usada para caracterizar atitudes violentas, sejam físicas ou

psicológicas, de formas intencionais e repetidas. O Bullying é praticado por uma pessoa ou por um grupo

de pessoas com o intuito de humilhar, intimidar ou agredir outro indivíduo ou grupo de indivíduos

aparentemente incapaz(es) de se defenderem. Portanto, bullying é uma violência. É uma afirmação de

poder.

O Bullying pode assumir diversas formas e diferentes comportamentos, tais como:

Violência e ataques físicos;

Gozações verbais, apelidos e insultos;

Ameaças e intimidações;

Extorsão ou roubo de dinheiro e pertences;

Exclusão de grupos sociais.

Figura 6 - Super Vilã Mulher Gato Idosa

Na grande maioria das vezes, o bullying não está relacionado ao sentimento de raiva, e sim, tem a

ver com o sentimento de desprezo, isto é, um forte sentimento de desgostar de alguém considerado sem

valor, inferior ou considerado alguém que não mereça respeito. Quem pratica bullying, machuca os outros

sem sentir um mínimo de compaixão ou vergonha. Ou seja, possui uma sensação de poder, o que lhe faz

pensar e sentir que possui o direito de ferir e controlar outros indivíduos.

A

Todos me

maltratam. O

Estatuto do Idoso

no Art. 99 diz que

“Expor a perigo a

integridade e a

saúde, física ou

psíquica, do idoso,

submetendo-o a

condições

desumanas ou

degradantes é

crime.

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VERDADES E MENTIRAS SOBRE O BULLYING

Mentira – Bullying acontece somente na infância.

Verdade – Bullying é um comportamento anormal, e não é socialmente aceito. Acontece

entre e com todas as fases etárias dos indivíduos. Inclusive entre e com os idosos.

Mentira – O Bullying piora caso seja denunciado.

Verdade – Os estudos comprovam que o bullying termina quando autoridades se

envolvem.

Mentira – É bom reagir e devolver o bullying.

Verdade – Defenda-se denunciando, pois defender-se devolvendo o bullying as situações

complicam, aumentando as chances de violência física.

Mentira – Bullying acontece somente nas escolas.

Verdade – O bullying acontece em qualquer ambiente social.

Mentira – Os indivíduos já nascem com características de bullies.

Verdade – O Bullying é um comportamento aprendido.

ATENÇÃO

O BULLYING É UMA VIOLÊNCIA E

DEVE SER DENUNCIADO

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VIOLÊNCIA E A SAÚDE DO IDOSO

ão podemos deixar de mencionar sobre o capital cultural da sociedade que vê o idoso como

um fardo social, dificultando o reconhecimento da violência contra o mesmo, pois a sociedade

associa casos de violência à baixa funcionalidade do idoso, a qual é característica inerente à

velhice. Tal fato era constatado em muitos casos de maus tratos que chegavam aos hospitais que não eram

reconhecidos como violência praticada contra o idoso atendido, visto que os geriatras não eram obrigados

a levar possíveis casos de maus tratos ao conhecimento das autoridades, como já o eram os profissionais

de pediatria, porém a Lei 12.461 de 26 de julho de 2011 altera o Art. 19 do Estatuto do Idoso, ficando

assim:

Sendo assim os profissionais de saúde, podem identificar possíveis casos de violência contra os

idosos, uma vez que, uma grande porcentagem dos casos sejam eles simples ou graves são apresentados

primeiramente nas unidades de saúde como postos de saúde e hospitais.

Figura 7 - Homem Aranha Idoso

N

Onde está meu acompanhante.

É meu direito tê-lo sempre ao

meu lado quando hospitalizado.

Pois abandonar o idoso em

hospitais, casas de saúde,

entidades de longa

permanência, ou congêneres, ou

não prover suas necessidades

básicas, quando obrigado por

lei ou mandado também é

crime.

Art. 2o O art. 19 da Lei n

o 10.741, de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 19. Os

casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação

compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão

obrigatoriamente comunicados por eles...”

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Denuncie!

Figura 8 - Super Heroína Electra Idosa

O Ministério Público orienta que, caso

sofra algum tipo de violência ou

perceba que seus direitos foram

violados, procure obter o nome e o

endereço de duas testemunhas que

presenciaram o fato. Logo após faça a

sua denúncia através da Ouvidoria do

Ministério Público, pelo telefone 127,

ou através do site www.mp.rj.gov.br.

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Telefones Úteis

Alô Idoso da Assembléia legislativa - RJ: 0800 0239 191

Ambulância: 192

Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Idosa do Rio de Janeiro: (21) 2532-6359 ou 2333-

0190

Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa: 0800 282

5625

Comissão Permanente do Idoso: 0800 282 2899 ou (21) 3814-2121

Corpo de Bombeiros: 193

Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro: 0800 285 2279

Defesa Civil: 199

Delegacia especial de Atendimento à Pessoa Idosa: (21) 2235-3097 / 2235-3140 / 2548-

7769

Denúncia ônibus / Ouvidoria DETRO: (21) 2332-9535 / 2332-9538

Disque-Denúncia: (21) 2253-1177

Disque-Saúde: 0800 611 997

Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso do rio de Janeiro: (21) 2210-

1050

Ministério Público: (21) 2550-9050 / 2550-9015

Núcleo Especial de Atendimento à Pessoa Idosa (21) 2332-6342 / 2332-6343

Policia Militar: 190

Previdência Social: 135

Rio Card: 4003-3737

SEESQV: (21) 2503-2402 / 2503-2892

Vigilância Sanitária: (21) 2503-2280

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A Participação Política dos Idosos

s idosos e seus representantes necessitam de estímulos e condições que favoreçam o alcance de

um desenvolvimento adequado suficiente para tais indivíduos atuarem na dinâmica social e

política fazendo com que se reconheçam como sujeitos políticos propositivos, conscientes e

críticos. Só assim, os idosos alcançarão sua integração plena aos processos decisórios. Conheça os

principais espaços de participação política dos idosos e seus representantes.

Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Rio de Janeiro –

CEDEPI-RJ

Órgão de Controle Social e Democrático da Garantia de Direitos

Lei Estadual 2.536/96

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa – CEDEPI é um órgão normativo,

consultivo, deliberativo e fiscalizador da Política Estadual da Pessoa Idosa, de composição paritária entre

governo e sociedade civil, no âmbito da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Foi instituído pela

Lei Estadual 2.536, de 1996.

ORGANIZAÇÃO

O CEDEPI-RJ é organizado por:

I- Plenário

II- Diretoria Executiva

III- Comissões Permanentes

IV- Comissões Especiais

V- Membros de Apoio

O

PAPEL E PERFIL

Tem caráter público. É um

instrumento democrático.

Integra a Rede de Defesa dos

Direitos da Pessoa Idosa.

Exerce o controle social e

democrático. É autônomo.

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COMPETÊNCIAS

Convocar reuniões ordinárias e extraordinárias;

Apreciar as propostas orçamentárias, anual e plurianual;

Orientar e controlar a gestão do Fundo de Apoio e Assistência ao Idoso;

Acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas voltadas para o idoso;

Normatizar as ações e regular a prestação de benefícios;

Propor campanhas preventivas e de divulgação dos direitos do idoso;

Receber e encaminhar petições e denúncias;

Fiscalizar o cumprimento do Estatuto do Idoso.

OBJETIVOS

Defender os direitos da pessoa idosa, previstos em lei;

Exercer o controle democrático das ações e omissões do poder público e da sociedade referentes

aos direitos e bem-estar dos idosos;

Zelar pelo cumprimento dos princípios da descentralização político-administrativa e da

participação popular, assim como pela realização efetiva do comando único das ações governamentais

e não-governamentais, voltadas para o envelhecimento;

Exercer intermediação estratégica entre os demais mecanismos de participação democrática com

os quais compõe a cadeia gestora da política e dos planos de ação para os idosos.

As reuniões do CEDEPI - RJ acontecem toda segunda 3ª feira do mês.

Horário das 14h às 17h.

Rua da Ajuda, nº 5 - 11º andar - sala 1108

Centro - Rio de janeiro - RJ

Tels.: (21) 2299-3398 / 2532-6359

Email: [email protected]

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Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso no Estado do Rio de

Janeiro - Fórum PNEIRJ

Foi criado em 1996 com a finalidade de acompanhar a implementação de políticas publicas e as

questões relacionadas ao envelhecimento e aos direitos da pessoa idosa.

O Fórum Permanente da Política Nacional e Estadual do Idoso

no Estado do Rio de Janeiro - Fórum PNEIRJ, é um espaço de

articulação política e mobilização de organizações da sociedade civil na

perspectiva de protagonização e participação social por conquista e

defesa dos direitos da pessoa idosa e orienta-se pela PNI, pelo Estatuto

do Idoso e pela Carta do Ceará.

É um espaço amplo e aberto, uma “escola de cidadania” e politização;

Desenvolve práticas políticas em defesa dos direitos da pessoa idosa pela implementação

efetiva da Política Nacional do Idoso no estado do Rio de Janeiro e pelo cumprimento integral do Estatuto

do Idoso;

Sensibiliza a sociedade a combater todas as formas de discriminações praticadas contra a

pessoa idosa;

Articula-se nas três esferas do governo propondo projetos de lei e emendas que beneficiem as

pessoas idosas;

Articula-se com os demais fóruns em encontros municipais e nacionais e incentiva a formação

de novos fóruns;

Promove a articulação entre os diversos conselhos setoriais e de direitos e demais fóruns de

segmentos sociais na perspectiva das lutas gerais e pela cidadania emancipada;

Cumpre a incumbência legal de eleger os membros não-governamentais do Conselho Estadual

de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa – CEDEPI (Lei Estadual nº 3468/00).

QUEM COORDENA O FÓRUM?

O Fórum PNEIRJ é coordenado pelos membros efetivos, representantes da sociedade civil.

O Fórum PNEIRJ reúne-se toda primeira 4ª feira do mês.

Horário de 09:30h as 12:30h.

Av. General Justo, 275 - sala 515 – Centro

CEP 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

E-mail: [email protected]

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A participação política nos espaços citados anteriormente deve ser encarada como parte de um

instrumental que favoreça a reciprocidade entre os atores sociais (Estado/Sociedade Civil) melhorando a

qualidade dos processos de construção das políticas públicas. Finelli (2003) diz que:

Figura 9 - Homem de Ferro Idoso

Sendo assim, não podemos esquecer as características diversificadas da Sociedade Civil, buscando

uma interação com o Estado, tendo em vista a garantia efetiva da participação do segmento idoso e dos

seus representantes nos processos decisórios referentes às políticas públicas e sociais, diminuindo com as

antigas práticas do representativismo, do assistencialismo e, do populismo da política que se movimenta

de acordo com os interesses particularistas, características da política brasileira.

"Tanto é assim que, para Gramsci, a capacidade de um grupo

social subalterno de subtrair-se à dependência ideológica do

grupo dominante, produzindo assim uma ideologia própria,

autônoma e mais adequada à sua própria realidade, é a marca

fundamental do tornar-se si mesmo, ou seja, do constituir-se

como sujeito histórico, [...], propondo um programa de vida

que, ao mesmo tempo que defende o próprio particular, gera o

universal no que se refere ao consenso e ao reconhecimento de

possíveis grupos sociais afins ou aliados." (FINELLI, 2003: p. 107)

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Conclusão

endo por fundamento a discussão dos resultados acima, concluímos que o nosso foco principal

de problematização no desenrolar da nossa cartilha vislumbrou efetivamente o universo do

envelhecimento, porém esse vislumbramento vai muito além do fenômeno do envelhecimento,

quando nos sugere analisar sistematicamente as várias faces desse envelhecer vinculados a uma questão

sócio-política. Percebemos que para tentar explicar e entender a premissa de transferência do atendimento

e até de responsabilidades, com a devida qualidade, pensa-se que os sistemas de atenção e proteção a

pessoa idosa e instâncias reguladoras determinem normas e diretrizes que visem garantir de fato o caráter

de atenção e proteção da pessoa idosa

No entanto, percebemos que a integração desses programas à esfera da proteção não vem se

processando com a eficácia desejada. Seja por questões políticas que envolvam poder de decisão em

relação a políticas públicas e, até a prática assistencialista, ou também por problemas administrativos que

circulam o processo de construção das políticas públicas. Esses modelos de programas de atenção e

proteção da pessoa idosa ocorreram num contexto de desigualdades sociais com crescentes números da

população idosa e precarização dos serviços sociais na esfera pública, desqualificando o atendimento aos

idosos e deslegitimando a ideia de direito.

Para pensarmos programas como os de atenção e proteção a pessoa idosa; caracterizando-os como

públicos, gratuitos e de qualidade para todos os idosos, como prevê as leis é necessário que a estrutura

desses programas incorpore a preocupação de resolver de fato os problemas que giram em torno das

denúncias e, não somente captá-las.

Além disso, a premissa de universalidade apresentada pelo Estatuto do Idoso esbarra em

especificidades de cada localidade, no que se referem às questões históricas, estruturais, políticas, sociais

e culturais, pois percebemos que o universo histórico-sócio-político é diferenciado em cada região,

possuindo assim correlação direta com o trajeto do atendimento a pessoa idosa e o desenvolvimento desta

população, caracterizando diferenças e semelhanças significativas. Entretanto, não podemos perder de

vista que, existem no Brasil muitos desafios que barram a garantia dos direitos.

Assim sendo, com tudo que foi destacado, consideramos que a atenção e proteção da pessoa idosa

devem andar em conjunto com a luta pela garantia de direitos gerais do idoso, especialmente do idoso que

sofre algum tipo de violência que se encontra mais vulnerável ao aumento das desigualdades sociais e

especificidades de cada região.

T

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Trazendo para a ótica do Serviço Social, este tema não pode fugir aos olhos dos Assistentes

Sociais, como principais atores no processo de implementação de políticas públicas, dentre elas as que

abrangem a atenção e proteção, representadas pelos programas de captação de denúncias de violência

praticada contra a pessoa idosa.

Figura 10 - Homem Shock Idoso

Pense nisso,

Assistente Social!

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Projeto “0 à 6 e mais de 60: As extrem(as)idades

da existência social: movimentos sociais, direitos

e novas dimensões da cidadania

Produção

Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre Políticas Públicas Espaços Públicos e

Serviço Social