camila pinheiro

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA CAMILA PINHEIRO SANTOS PEREIRA UMA ANÁLISE DA PROPOSTA CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNEB DE ALAGOINHAS. ALAGOINHAS 2010

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Page 1: Camila Pinheiro

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CAMILA PINHEIRO SANTOS PEREIRA

UMA ANÁLISE DA PROPOSTA CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNEB DE

ALAGOINHAS.

ALAGOINHAS 2010

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CAMILA PINHEIRO SANTOS PEREIRA

UMA ANÁLISE DA PROPOSTA CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNEB DE

ALAGOINHAS.

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Campus II, Alagoinhas, como requisito parcial para obtenção de grau de licenciada em Educação Física. Orientador Prof. Ms. Luiz Carlos Rocha.

ALAGOINHAS

2010

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DEDICATÓRIA

A

Lucinalva, querida MÃE, obrigada pelo exemplo!

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AGRADECIMENTOS

A minha família pelo apoio e incentivo, pai, mãe e irmão. A minha mãe Lucinalva pelo exemplo que me deu ao se formar pela UNEB, superando expectativas, com duas crianças pequenas para criar e ainda assim teve muita vontade para conseguir ter seu curso superior. Lembro várias vezes de vê-la estudando até tarde da noite debruçada sobre os livros e uma maquina de escrever que comprou exclusivamente para que ela pudesse datilografar seus textos. Aos amigos que contribuíram sempre com palavras de incentivo. Em especial a Leu que me ajudou muito durante todo o trajeto, ajudando seja com palavras ou com uma tradução ou correção para algum trabalho (risos). Aos colegas e hoje amigos de turma, pela dúvida tirada, ajuda com alguma atividade, pelas viagens que foram da preocupação aos risos e principalmente por me ajudar a crescer como ser humano mais crítico e compreensivo. Aos professores pelo conhecimento passado, por me mostrarem como ser e não ser uma boa professora. Ao meu orientador Luiz Carlos Rocha o qual me ensinou bastante não só neste momento (monografia), mais foi da matéria que ele me ensinou (Lazer e Meio Ambiente) que tive o primeiro trabalho aprovado em um evento acadêmico. Obrigada!

Page 5: Camila Pinheiro

4

[...] está centralmente envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos,

naquilo que nos tornaremos. O currículo produz. O currículo nos produz.

Silva, 2003

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LISTA DE SIGLAS

CFE Conselho Federal de Educação

CNE Conselho Nacional de Educação CONFEF Conselho Federal de Educação Física CREF Conselho Regional de Educação Física EF Educação Física IES Instituição de Ensino Superior LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação PROGRAD Pró Reitoria de Graduação UNEB Universidade do Estado da Bahia

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RESUMO

O objetivo do estudo foi fazer uma analise da proposta curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da UNEB de Alagoinhas. A pesquisa documental buscou revisar todo o histórico das leis, resoluções e pareceres que vigoraram no país e que interferiram diretamente os moldes da Educação Física. O esclarecimento do currículo de modo geral não só o da EF mais também a importância de sempre se discutir o currículo dos cursos das IES. Permeou-se pelos entraves da segregação da EF em bacharelado e licenciatura. Por fim chegamos ao foco principal à análise da proposta onde se procurou perceber a organização do projeto deste curso, o projeto político pedagógico, a concepção de Educação Física do curso e identificar as áreas de atuação dos estudantes. Constatando que o projeto do curso tem na sua proposta curricular formar professores de Educação Física capazes de problematizar e solucionar demandas sociais baseados num trabalho pedagógico numa conjuntura de ensino pesquisa e extensão. Palavras – chave: Proposta Curricular, Licenciatura em Educação Física, UNEB.

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SUMÀRIO

1. INTRODUÇÃO 8 2. CAPÍTULO TEÓRICO 11 2.1. CURRÍCULO: dialogando sua importância 11 2.2. O histórico das Leis nos currículos da Educação Física 17 2.3. Formação Profissional 24 3. METODOLOGIA 27 4. ANÁLISE DE DADOS 29 4.1. Breve histórico da construção da Proposta do Curso 29 4.2. Discutindo o projeto político-pedagógico e a proposta curricular. 32 4.3. Caracterizando a concepção de Educação Física do curso. 39 4.4. Quais as possibilidades de atuação no campo 40 profissional dos estudantes do curso. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS 43

Page 9: Camila Pinheiro

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema: “Uma análise da proposta curricular do curso de

Licenciatura em Educação Física da UNEB de Alagoinhas”, e estabeleceu como

problemática central da pesquisa uma investigação sobre “Quais os processos que

levaram a organização da proposta curricular do curso de Licenciatura em Educação

Física da UNEB de Alagoinhas?”.

Portanto, é a partir dessa perspectiva de discussão que surge o interesse de

pesquisar sobre a temática na tentativa de compreender de maneira aprofundada os

processos que orientaram a implantação e organização desse curso, tomando como

ponto de referência para entendimento do objeto o documento que originou a

proposta curricular.

Pretende-se desta forma, identificar os motivos que levaram a idealização, bem

como, seus desdobramentos no desenrolar da implantação, diagnosticando as

influencias sofrida pelo contexto histórico, pelo ordenamento legal, pelas condições

concretas de implantação frente a uma instituição como a Universidade do Estado

da Bahia.

Assim esperamos contribuir de maneira significativa para qualificar a proposta

curricular do curso de Licenciatura em Educação Física do Departamento de

Educação, Campus II, Alagoinhas da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, na

medida em que ao nos debruçarmos sobre os documentos legais, identificaremos as

potencialidades, mas também fragilidades, que permearam a implantação do curso,

para que a partir de um processo discutido e coletivo se proponha ações para

qualificar a construção do conhecimento na formação dos professores da área. Para

tanto, é necessário analisar os pressupostos que orientam a formação e suas

conseqüências acadêmicas, criando possibilidades que nos coloquem diante de

perspectivas de mobilização e transformação dos sujeitos a partir de um consistente

processo formativo.

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Considerando, portanto, a complexidade do objeto de estudo, o percurso

metodológico trilhou pela pesquisa documental que buscará analisar não só a

proposta curricular e o projeto político-pedagógico do curso, mas ainda, todo o

conjunto legal que orientou a elaboração destes documentos naquele momento

histórico como as leis, resoluções, diretrizes, regulamentos da instituição, etc. Desta

forma, esperamos estabelecer uma discussão profunda e detalhada sobre o objeto

em análise.

Justifica-se o presente estudo pelo interesse de se compreender quais os processos

que orientaram a implantação e organização da proposta curricular do curso de

Licenciatura em Educação Física da UNEB de Alagoinhas. Decorre também da

necessidade de se verificar o impacto proporcionado na região com a formação de

novos professores na área e pela significativa relevância social do tema.

Espera-se ainda, contribuir com o processo de reflexão e avaliação da proposta

curricular, identificando os pontos mais significativos e aqueles que necessitam de

ajustes para uma maior e melhor intervenção junto às demandas da região e da

Educação Física.

A pesquisa se estrutura em Introdução, capítulo teórico que se desmembra nos

seguintes tópicos são eles: O Currículo: dialogando sua importância, busca mostrar

a necessidade de avaliá-lo, bem como, analisar a educação física e seu

distanciamento desta discussão, o currículo oculto, a pesquisa e extensão e a

influência da economia na construção de um currículo. O histórico das leis nos

currículos da Educação Física, propõem relatar as leis que regem a Educação Física

brasileira e os acontecimentos que decorrem dela. O tópico Formação Profissional

traz um breve debate entre as leis que regem a Educação Física. Em seguida o

capítulo metodológico retrata a referência metodológica abordada e traça o percurso

investigativo da pesquisa. Depois partimos para a apresentação dos dados

coletados onde entre outras coisas analisamos os dados a luz dos autores citados

no referencial teórico. E, por fim, trazemos as conclusões preliminares do estudo.

Desta forma, esperamos contribuir para uma reflexão sobre o processo de formação

no campo da Educação Física, particularmente, no Curso de Educação Física do

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Departamento de Educação - Campus II – Alagoinhas, da Universidade do Estado

da Bahia – UNEB, com a finalidade de atender aos objetivos do nosso trabalho, ou

seja, qualificar a avaliação sobre a proposta do referido curso.

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2. CAPÍTULO TEÓRICO

2.1. CURRÍCULO: dialogando sua importância.

O que se pretende neste momento é explicitar a importância de se discutir os

currículos educacionais, focando nos currículos universitários. Estudos nesta área

são sempre pertinentes para que se possa questionar e sugerir mudanças na

formação não só acadêmica, mas também escolar. Discutir novas possibilidades

para um currículo ou redefinir as propostas já existentes tende a trazer melhorias no

ensino-aprendizagem de novos profissionais. Esses profissionais que irão atualizar o

campo do trabalho e da pesquisa na Educação Física. Iremos dialogar com autores

que falam sobre a pesquisa e extensão como forma de aprendizagem tantos outros

que dialogam a respeito do currículo oculto o qual está inserido no dia-dia das aulas.

Enfim debater as diferentes formas de se adquirir e ampliar o conhecimento na

graduação.

Mas a Educação Física possui um histórico de poucos debates relacionados ao

currículo acadêmico, sem grandes produções acadêmicas de qualidade, décadas se

passaram e com poucos encontros realizados para se dialogar sobre o tema, a

Educação Física tentou se legitimar como ciência por meio da saúde, conforme

menciona Taffarel citada por Prudente (2007).

[...] relativamente afastada das discussões sobre as licenciaturas, o que é evidenciado na produção acadêmica e na apresentação de trabalhos em eventos científicos da área [...] (p.1-2). [...] graças a esta sua superficialidade teórica e, na tentativa de uma real valorização, buscou-se na saúde motivos que a fortalecessem como ciência. (MOCKER apud PRUDENTE, 2007, p. 2) Há quase três décadas que estudos rigorosos envolvendo o currículo da formação de professores têm despontado na literatura científica. Contudo, com uma presença bem tímida nos fóruns acadêmicos, os resultados de pesquisas sobre os currículos da formação para a docência em Educação Física são ainda incipientes. (NEIRA, 2009, p. 121)

Segundo Montenegro e Resende (2001), no fim da década de 80 representantes da

elite acadêmica da Educação Física se opuseram a uma abordagem tecnicista que

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já reinara durante anos e assumem um compromisso teórico com autores marxistas

europeus. As analises criticas feitas das tendências anteriores foram embasadas na

postura dialética oriunda do marxismo, essas analises tinham a intenção de fazer

possíveis contribuições e superar limitações e falhas com novas propostas.

A Proposta curricular de um curso de formação de professores deve passar por

vários campos do conhecimento, sobretudo, porque estes serão os futuros

formadores de opinião na sociedade. Portanto, proporcionar um currículo amplo que

possibilite discussões pertinentes a sociedade, centrada numa visão crítica é

fundamental para assegurar o direito a igualdade social.

A perspectiva crítica da educação defende uma noção ampliada de currículo, que trata as práticas e os saberes escolares orientados para a construção de uma prática pedagógica ancorada, fundamentalmente, na cultura e nos interesses das classes populares. Sua maior ambição é criar condições para o surgimento de uma nova cidadania popular, consciente da necessidade de lutar pela organização social na defesa da igualdade de direitos e de

oportunidades [...]. (GONZALEZ, 2005, p.120-121)

O currículo dos cursos das IES no momento de sua construção e execução poderia

e deveria abranger maneiras diferenciadas da obtenção do conhecimento para os

estudantes. O saber não se consegue comumente por meio da leitura, mas por meio

da prática, da execução daquilo já conhecido e discutido em sala e de experiências

adquiridas fora da universidade através da extensão universitária também.

É preciso uma retroalimentação curricular constante, a partir das vivências profissionais, de estágio e de extensão, bem como, de novas investigações que se fizerem em cada uma das áreas que compõem o currículo. Um projeto curricular, portanto, nunca termina, encontra-se em permanente estado de reconstrução e avaliação. Cada membro da comunidade é, no melhor sentido, ator e autor da proposta. (NEIRA, 2009, p. 123)

O processo de graduação de um aluno na universidade, ou seja, a construção do

conhecimento e sua aquisição podem ir além de uma sala de aula com velho

professor na frente de um quadro discorrendo todo o seu conhecimento e

colocando-se como o único ser pensante na aula e detentor de todo o saber. A

formação de um indivíduo o qual um dia se tornará um professor pode ir mais além

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das quatro paredes da universidade e de paginas e paginas de livros de autores

renomados.

Conseguir entrar numa universidade e simplesmente acreditar que é somente

através do saber dos professores que a graduação será e estará completa é o

estudante está negando ser capaz de contribuir para sua própria formação. O corpo

docente deve estimular a investigação, a pesquisa o questionamento como

observado por Moreira (1995), mas há a necessidade dos estudantes se

posicionarem nos momentos de ensino aprendizagem de forma que possam expor

suas experiências enriquecendo o próprio processo de formação;

[...] que os/as professores/as universitário/as, orientados/as por uma concepção de prática docente como contexto produtor e não apenas consumidor de conhecimentos, colaborem com os/as futuros/as professores/as em estudos que os/as ajudem a refletir sobre seus processos de ensino e de aprendizagem, estimulando-os a investigar seus desempenhos ou a participar de pesquisas já em andamento. (MOREIRA, 1995, p. 18)

Nos debates e reuniões são discutidos os conhecimentos que estarão sendo

produzidos nas universidades, mas nem sempre o tema da prática docente nas

universidades é tratado com a importância necessária.

[...] percebemos que as universidades não dão a este tema, a prática docente na universidade, a importância que merece. Talvez por entender que não existe este problema em suas salas de aula, isto é

assunto superado para o ensino no 3º grau (quando supomos estar

ali porque sabemos ensinar o que aprendemos!). (MONTENEGRO;

RESENDE, 2001, p. 4)

Essa relação de ensino aprendizagem ultrapassa a fronteira onde apenas um fala e

o outro escuta, tende a surgi daí as relações interpessoais que não estão presentes

nos regimentos universitários ou em suas propostas curriculares, mas que são de

suma importância para a ampliação do saber.

Estudiosos no campo da educação concordam que o termo currículo pode assumir

diferentes sentidos a depender do contexto histórico. Segundo Palafox et al (2006),

Bobbitt se baseou nos princípios de organização, da administração cientifica para

pensar o currículo enquanto um campo especializado. Partindo dessa primeira

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concepção denominada técnico-linear, o currículo passou a ser entendido como o

organizador, o gestor, e o controlador do sistema educativo, regulando e controlando

os saberes escolares.

Segundo o autor, essa concepção técnico-linear centrada no controle social recebeu

críticas dos estudiosos sobre currículo pelo seu caráter instrumental, apolítico e

ateórico, bem como, por esta visão considerar o currículo ciência. Tal concepção

desencadeou em um movimento critico que se colocou frente aos modelos

conservadores e autoritários de educação e práticas curriculares, buscando

alternativas as propostas hegemônicas. Daí aparece às teorias que tratam do

currículo oculto e da sua importância na formação dos sujeitos.

O autor, ao abordar o currículo oculto, analisa-o como sendo aquele que, embora não faça parte do currículo escolar, encontra-se presente nas escolas através de aspectos pertencentes ao ambiente escolar e que influenciam na aprendizagem dos alunos.

(BERNSTEIN apud CEREZER, 2007, p. 4)

O currículo oculto como mostra Cerezer e outros autores que defendem a existência

de um aprendizado para além da sala de aula e do conhecimento do professor ou

das matérias descritas no fluxograma das propostas curriculares, é a possibilidade

do estudante adquirir conhecimento por meio do ambiente de estudos e de

conversar informais com outros estudantes, professores e funcionários da instituição

durante seu período de formação. Os conhecimentos adquiridos não são

necessariamente específicos do curso podendo ser também de diversas áreas do

conhecimento e até de situações da vida. Conhecimentos que possam vir a

contribuir com a formação deste indivíduo.

Propostas curriculares são expostas as políticas econômicas vividas pela sociedade.

Os currículos escolares e universitários sofrem influências fortes da forma como o

capital está inserido na sociedade. Ferreira e Vilarinho Neto (1998), falam das reais

intervenções que as políticas econômicas exercem sobre a educação na sociedade.

A força de trabalho possui um novo padrão de exploração trazendo então uma

reconfiguração do capitalismo pelo modelo toyotista.

[...] tem-se o processo de alienação do homem e da mulher fundado nas diferentes formas de organização social do trabalho no sistema

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capitalista; produzido e reproduzido, nas suas especificidades, no âmbito da educação escolar. (FERREIRA; VILARINHO NETO, 1998, p. 5)

Michael Apple citado por Cerezer (2007) aponta também que essa forma econômica

existente na sociedade possui interferência na composição de currículo educacional.

Com essa interferência o currículo não é imparcial, ele sofre transformações das

estruturas econômicas e sociais prevalentes.

Para Michael Apple, o currículo representa, de forma hegemônica, as estruturas econômicas e sociais mais amplas. Assim, o currículo não é neutro, desinteressado. O conhecimento por ele corporificado é um conhecimento particular. Importa saber qual conhecimento é considerado verdadeiro. A reprodução social não se dá de forma tranqüila, há sempre um processo de contestação, conflito, resistência. (CEREZER, 2007, p. 2)

O capitalismo está de maneira fortemente associada na construção do projeto

político pedagógico dos cursos de Educação Física e não é difícil perceber como a

formação de professores tende a obedecer às regras do capitalismo e do mercado

de trabalho.

O processo de organização social do trabalho pedagógico no interior dos currículos dos cursos de formação de professores para a área de Educação Física, conforme Taffarel (s.d). apresenta fortes vínculos com a organização do trabalho na sociedade capitalista. (FERREIRA; VILARINHO NETO, 1998, p. 5-6)

As universidades públicas são afetadas por essa visão de construção curricular

capitalistas mais muitos dos cursos ainda buscam uma formação voltada para o

senso critico, para o desafio de mudanças na sociedade. Já as universidades

privadas pelo que se vê é a lei do comercio, quem paga tem razão, não se importam

tanto com a qualidade do currículo e dos profissionais. Dessas realidades existem

exceções respectivas.

Chegando a um denominador comum que os componentes curriculares não podem

ser apenas estruturas fixas na qual ninguém poderá intervir, é por meio de

discussões, analises e estudos que podemos encontrar maneiras, modos de fazer a

educação, levando-se então a uma grande probabilidade de aperfeiçoamento da

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proposta curricular do curso. Portanto, devemos entender o currículo como um

processo permanente e dinâmico de discussões coletivas, que tem a finalidade de

aproximar o conhecimento acadêmico da realidade social, na perspectiva de

contribuir para resolução de alguns problemas sociais que estão ai colocado na

contemporaneidade e que numa formação crítica, comprometida, ética, centrada

numa formação sólida e ampla, pode nos ajudar a superar.

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2.2 O histórico das Leis nos currículos da Educação Física

O texto busca fazer um breve histórico dos fatos marcantes ocorridos na Educação

Física brasileira. Fatos estes que demarcam momentos de mudanças no

comportamento dos cursos de Educação Física na formação de professores.

Até se chegar as últimas leis e resoluções que regem os cursos de Educação Física

do Brasil, sendo a mais atual a Resolução nº 07/04, decorreram-se décadas de

debates, encontros e seminários. Apesar disso, nem sempre essas discussões

ocorreram com a freqüência e isenção necessária ao aprofundamento da questão,

de maneira que a formação fosse colocada como o foco. Com isso, queremos dizer

que muitas vezes esses debates foram movidos muito mais pelos interesses de

grupos envolvidos com a questão.

A Educação Física foi citada em leis, mas só teve seu destaque mesmo com o

surgimento da primeira escola no Rio de Janeiro em 1939. Leis, pareceres, decretos

e projetos relacionados à Educação Física já eram postos em discussão desde o

século XIX no Brasil, quando em 1851 a lei n° 630 de 17/09/1851 inclui a ginástica

nas escolas primarias. Em 1876 o decreto nº 6370 que inclui a ginástica e o ensino

dos princípios gerais da Educação Física em Escolas Normais para a formação de

professores primários. No projeto de 21/09/1905 de autoria do Deputado Jorge de

Morais a Educação Física ganha uma importância maior diante do governo. Esse

projeto indica a criação de duas escolas para a formação de professores de

Educação Física é o que nos mostra Cantarino Filho e DaCosta (2006).

Na Universidade do Brasil no Rio de Janeiro a Escola Nacional de Educação e

Desportos foi criada com o decreto-lei nº 1.212 de 1939, nessa escola os

diplomados teriam habilitação para Licenciado em Educação Física, Normalista

Especializado em Educação, Técnico Desportivo, Treinador e Massagista Desportivo

e Médico Especializado.

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Após os surgimentos de vários cursos e escolas de ensino superior para Educação

Física foi aprovado um parecer para existência de um currículo mínimo nas

instituições.

No sentido de aprimorar a formação oferecida nos Cursos Superiores de Educação Física, em 17 de novembro 1962, o Conselho Federal de Educação aprovou o Parecer nº 298/62, estabelecendo o currículo mínimo para os Cursos de Educação Física e Desportos. De acordo com esse Parecer, os Cursos Superiores de Licenciatura em Educação Física seriam desenvolvidos em 03 (três) anos e apresentariam na grade curricular 13 (treze) disciplinas, acrescidas das matérias pedagógicas, podendo ainda, para que o profissional se tornasse Técnico Desportivo, haver o acréscimo de 02 (duas) matérias referentes a desportos para a especialização. Para o desenvolvimento do curso exclusivo de Técnica Desportiva existiam 12 (doze) matérias, não havendo necessidade de inclusão das matérias pedagógicas. (ANDERAOS, 2005, p.59)

Com a Reforma Universitária de 1968 os cursos de formação de professores e

técnicos em desportos obtiveram mudanças, foram incorporadas então matérias

pedagógicas para haver uma melhor qualificação dos professores para o mercado

de trabalho. A Resolução 69/69 baseada no Parecer nº 894/69 de 2 de dezembro,

abrangendo a Educação Física relatada pelo Conselho Federal de Educação, é a

resolução que estabeleceu a formação de Licenciado em Educação Física e

Técnicos em Desportos por meio dos cursos de graduação. Matérias básicas foram

definidas pelo parecer nº 672/69 como “Psicologia da Educação, Didática, Prática de

Ensino através de Estágios Supervisionados e Estrutura de Ensino de 1º e 2º

graus.”. A duração do curso é de 3 a 5 anos e de no mínimo 1800 horas.

O Conselho Federal de Educação aprova no dia 4 de agosto de 1976 o Parecer nº

2.676/76, após a publicação da Lei Federal nº 5.692 de 11 de agosto de 1971 que

fixou as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus no país. O Parecer nº

2.676/76 proporciona a habilitação de Técnico em Desportos, é atualizado pelo

Parecer nº 861/77, em 10 de março de 1977, que permiti uma formação em Técnico

em Desportos por duas vias; estudando por três anos consecutivos ou por meio de

exames específicos. Em 1978 na Resolução nº 06/78 de 13 de julho institui a

habilitação de Professor de Educação Física ao Nível de 2º Grau baseado no artigo

77, da Lei nº 5.692/71 e no Parecer nº 548/77- CFE.

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De 1978 a 1984 ocorreram reuniões e seminários como um encontro promovido pelo

Departamento de Educação Física e Desportos (DED), do Ministério da Educação e

Cultura, um novo projeto surgiu contrario ao que já existia considerado então um

anteprojeto;

O Anteprojeto propunha a graduação do Licenciado em Educação Física com uma habilitação específica, possibilitando, ao estudante, escolher uma das seguintes: Habilitação em Desportos, Habilitação em Rítmica e Ginástica, Habilitação em Recreação, e Habilitação em Aptidão Física e Saúde. As matérias estariam agrupadas no Núcleo Comum, para todas as habilitações, e mais as matérias específicas para cada habilitação. (CANTARINO FILHO, DACOSTA, 2006, p. 6)

Segundo Cantarino Filho e DaCosta (2006) a Secretaria de Educação Física e

Desportos (SEED), do Ministério da Educação e Cultura e a Universidade Federal de

Santa Catarina realizaram um seminário de discussão do Currículo Mínimo para os

cursos de Educação Física com o objetivo de adquirir sugestões e novas formas de

currículo, isso ocorreu no ano de 1981. Em 1982 em Curitiba o “Seminário sobre o

Currículo Mínimo para a formação de Docentes em Educação Física”, trás uma

proposta considerada inovadora, sugeriu-se que as disciplinas fossem agrupadas

nas áreas do Conhecimento do Homem, da Sociedade, do Filosófico e do Técnico.

O Curso prepararia o Licenciado em Educação Física, com capacidade de análise e síntese, ampla visão da realidade e com atitude crítica; ser consciente das necessidades e possibilidades do cidadão; ter espírito inovador, criador e democrata; possuir conhecimentos, métodos e técnicas, a fim de desenvolver a sua área de atuação. (CANTARINO FILHO, DACOSTA, 2006, p. 6)

Depois de vários seminários a respeito da estrutura curricular que os cursos

deveriam seguir para a formação de novos docentes na área da Educação Física a

Resolução n° 03, de 16 de junho é publicada no Diário Oficial da União em 10 de

setembro de 1987, surgida a partir do Parecer 215/87 de 11 de março. Essa

resolução permitiu as Escolas de Educação Física à independência da criação de

seus próprios currículos.

Art. 2º Os currículos plenos dos cursos de graduação em Educação Física serão elaborados pelas instituições de ensino superior, objetivando.

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a) possibilitar a aquisição integrada de conhecimentos e técnicas que permitam uma atuação nos campos de Educação Física Escolar (pré - escolar 1º, 2o e 3o graus) e Não - Escolar (academias, clubes, centros comunitários, condomínios e etc.);

b) Desenvolver atitudes éticas, reflexivas, críticas, inovadoras e democráticas;

c) prover o aprofundamento das áreas de conhecimento, de interesse, e de aptidão do aluno, estimulando-o ao aperfeiçoamento contínuo;

d) propiciar a auto-realização do estudante, como pessoa e como profissional.

Art. 3º Os currículos plenos para os cursos de graduação em Educação Física terão duas partes:

a) Formação Geral (humanística e técnica)

b) Aprofundamento de Conhecimentos (RESOLUÇÃO Nº 03, DE 16 DE JUNHO DE 1987)

Resolução 03/87 é vigente em todo território nacional, oportunizando a cada IES

(Instituição de Ensino Superior) implantar nos cursos a cultura de cada região onde

a instituição está inserida, tranzendo um enrriquecimento muito maior para os

discentes. A Resolução 03/87 faz a separação entre o licenciado e o bacharel,

“Art.1o A formação dos Profissionais de Educação Física será feita em curso de

Graduação que conferirá o título de Bacharel e/ou Licenciado em Educação Física.”,

dando autonomia para as IES escolherem qual título terá sua graduação. Autores

como Rodrigues (1998), Taffarel e Lacks(2001), Santos Junior (2005), discutem

sobre a divisão que passa a existir com essa nova resolução.

Esta Resolução extinguiu o currículo mínimo, orientou a organização do currículo pleno por campos de conhecimento, bem como proporcionou dois tipos de titulação: licenciado e bacharel. (TAFFAREL, LACKS, 2001, p.5)

Vamos tratar mais especificamente sobre os entraves da separação “bacharel e

licenciado” mais adiante.

O currículo mínimo é extinto a partir da lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 que

substitui o Conselho Federal de Educação pelo Conselho Nacional de Educação.

Anderáos (2005) dialoga sobre a lei 9394/96, fazendo uma comparação entre a

Resolução CFE nº 03/87 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB

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de 1996. Ela mostra modificações feitas nesta nova lei que permite uma separação

entre os ensinos; superior e básico e também analises dos cursos a partir de agora.

Existindo uma clara separação entre as Câmaras de Ensino Superior – CES e Câmara de Ensino Básico – CEB, possuindo na sua composição membros indicados pela sociedade e credenciamento periódico das Instituições e seu conseqüente recredenciamento, o que significa a renovação de reconhecimento de curso, embutida dessa forma a idéia de avaliação, visando a que se examine a qualidade do ensino oferecido, exatamente o que faltou na Resolução CFE nº 03/87. (ANDERAOS, 2005, p. 68)

Anderaos (2005) se utiliza das Diretrizes Curriculares Nacionais para poder expor as

modificações surgidas a partir da Lei 9394/96. A elaboração dos currículos das IES

serão orientadas pela LDB. A autora exibe um comparativo entre os currículos

mínimos e as Diretrizes Curriculares Nacionais. Os currículos mínimos estabeleciam

e definiam; concepção de exercício profissional, disciplinas ou matérias

profissionalizantes obrigatórias e uma grade curricular com mínimos obrigatórios. Já

as Diretrizes respectivamente definem; uma concepção de formação de nível

superior como processo contínuo, autônomo e permanente, uma formação sólida

com competência teórico-prática e que forme profissionais que sejam capazes de

assumir as novas demandas da sociedade.

Os profissionais de Educação Física são reconhecidos pelo Conselho Nacional de

Saúde como profissionais de saúde de nível superior por meio da Resolução nº

218/97. Abre-se um leque de opções no campo do trabalho para um novo

profissional reconhecido pela Lei Federal 9696/98 e a partir dessa lei um Conselho

Federal e tantos outros Regionais são criados no país que; “[...] tem por finalidade

promover os deveres e defender os direitos do Profissional de Educação Física [...]”

Brasil (2004, p.8) citado por Anderáos (2005, p. 71).

No Parecer nº 9/2001 o Conselho Pleno do Conselho Nacional de Educação

constitui a distinção clara entre Bacharelado e Licenciatura.

Dessa forma, a Licenciatura ganhou, como determina a nova legislação, terminalidade e integralidade própria em relação ao Bacharelado, constituindo-se num projeto específico. Isso exige a definição de currículos próprios da Licenciatura que não se

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confundam com o Bacharelado ou com a antiga formação de professores que ficou caracterizada como modelo “3 + 1”. (Parecer CNE/CP nº 9/2001). (ANDERAOS, 2005, p. 73)

Baseado nos Pareceres nº 09/2001 e nº 27/2001 é promulgada a Resolução de 01

de 18 de fevereiro de 2002 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

graduação de professores de Educação Básica, declara características gerais para

os cursos de Licenciatura e somente professores formados por esses cursos

poderiam atuar da Educação Infantil ao Ensino Médio, ou seja, os professores

perdem um espaço de atuação que abrangia todas as possibilidades, segundo

Pereira e Moreira (2008).

Pereira, Moreira e Nista-Piccolo (2007) lembram que logo após os cursos de

Licenciatura em Educação Física adquiriram sua própria legislação, em 31 de março

de 2004 a Resolução nº 07/04 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os

cursos de graduação plena em Educação Física, que indica finalidades e

características para cursos conhecidos como Bacharelado.

As IES devem preocupar-se com seu papel social, ao passo que se a formação for de má qualidade, haverá grande chance de a atuação profissional futura seguir os mesmos passos. Necessita-se de maior incentivo, mais dedicação e, não somente, maiores lucros e benefícios. De nada adianta mudar a lei se a postura institucional não

acompanhar esses avanços. (PEREIRA; ET AL, 2007, s.p)

As mudanças ocorridas nas leis não deveriam ser embasadas a priori por interesses

financeiros lucrativos ou porque a sociedade impõe um tipo de organização

economica, as Instituições de Ensino Superior devem se preocupar mais com o

social, se questionar se seus cursos são capazes de formar professores e

profissionais competentes e preocupados com a sociedade se ao sair com um titulo

de graduado esses novos professores e profissonais possuem conhecimento e

esclarecimentos a ponto de poderem interferir de maneira a acrescentar para a

construção de uma sociedade melhor, mais justa e igualitária.

Conclui-se então que a Educação Física teve muitas alterações nas leis que a rege,

essas alterações já possuiu momentos de separação do curso em algumas

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vertentes de formação proporcionando várias habilitações, como: Desportos, Rítmica

e Ginástica, Recreação e Aptidão Física e Saúde. Em outras epocas foi a formação

baseada em curriculos minimos e agora uma a discussão entre bacharel e

licenciado. Pode-se dizer que dessa maneira a Educação Física se descarecteriza e

acaba se perdendo o foco da sua formação.

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2.3. Formação Profissional

Neste texto a intenção é exibir os trabalhos acadêmicos que discutem os entraves

que ocorrem com a separação da Educação Física em atuação como Bacharel e

Licenciado, consequentemente tendo que haver duas formas de graduação por força

das leis exibidas no tópico anterior e agora discutidas.

Em 1987 a Resolução nº 03/87 do Conselho Federal de Educação que declara: “Art.

1o A formação dos Profissionais de Educação Física será feita em curso de

Graduação que conferirá o título de Bacharel e/ou Licenciado em Educação Física.”,

permite a dicotomização da formação em Educação Física e assim criam-se mais

discussões em torno de uma formação de educadores ou de profissionais, já que

segundo Marinho (1984 apud Anderáos (2005)), debates sobre a regulamentação da

profissão é advinda da década de 40 com a fundação da Federação Brasileira das

Associações de Professores de Educação Física (FBAPEF) em 1946.

Como o Conselho Nacional de Saúde através da Resolução nº 218/97 reconhece o

profissional de Educação Física inserido em ambientes da promoção ou prevenção

da saúde da comunidade, abre-se um espaço maior para a atuação do profissional.

Conforme Anderáos (2005) a formação de novos Licenciados que atuam nas

escolas e de técnicos desportivos não daria conta da nova demanda mercadológica.

Seria necessária a preparação de profissionais capacitados para o desenvolvimento de ações complexas como o ser humano exige, principalmente quando se está buscando o desenvolvimento de Educação, Cultura e de níveis de informação que permitam a cada participante da comunidade conhecimentos suficientes, que lhe possibilitem adotar um estilo de vida que seja suficientemente ativo. Dessa forma, ficou identificada a necessidade de transformações substanciais no processo de formação de profissionais de Educação Física, o que poderia ser conseguido através do desenvolvimento de cursos de graduação em bacharelado. (ANDERAOS, 2005, p. 71)

Em 1998 a Lei Federal 9696/98 reconhece a Profissão de Educação Física e define

os Conselhos Federal e Regional de Educação Física, que se tornam responsáveis

pela regulamentação da atuação dos profissionais de Educação Física, nos mostra

Anderáos (2005).

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De acordo com Prudente (2007) o CNE convocou uma audiência para a

reformulação das propostas dos cursos de graduação plena (bacharelado). Uma

reunião em Belo Horizonte no ano de 2003 com a presença de representações do

CONFEF, CREFs e das IES em educação física para organizarem as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a preparação de graduados (bacharéis), as propostas

foram feitas e a partir deles se desencadeou o Parecer 058/2004.

Desta forma, o curso de educação física passou a ter que implementar, a partir de 2004, um currículo para a formação em licenciatura plena distinto do currículo de formação em graduação plena (bacharelado). (PRUDENTE, 2007, p. 6)

O surgimento dos Conselhos Federais e Regionais de Educação Física são os

responsáveis pela atuação desse graduado pleno. A dicotomia que a Educação

Física está sofrendo desde o fim da década de 80 e confirmada no fim da década de

90 inicio dos anos 2000, possui defensores e acusadores.

[...] por suas posições corporativas e autoritárias, principalmente em relação aos licenciados e às práticas escolares², pode-se dizer que o sistema CONFEF/CREF´s vem contribuindo para o crescimento do mercado do fitness, do comércio pouco ético e em massa de bugingangas e de subprodutos da indústria capitalista ligada à cultura de consumo[...].Como se tudo isso não bastasse e, o que é ainda mais grave, o conselho profissional tenta interferir na autonomia das universidades, ao imiscuir-se no processo de reestruturação curricular dos cursos de Educação Física. (SILVA; PIRES, 2006, s.p) O grupo favorável à regulamentação defendeu a necessidade de proteger o mercado de trabalho, já que pessoas sem uma formação adequada intervinham nas diferentes áreas que o educador físico atuava, faltando, muitas vezes, postos de trabalho. Com esse instrumento jurídico, é possível minimizar os problemas pertinentes à área de educação física na condução da atividade, afastando os leigos, ex-praticantes e curiosos (ALMEIDA; ET AL, 2009, p. 280)

Além de Silva e Pires (2006) que se coloca contra e Almeida et al (2009) que apóia a existência do conselho temos Prudente (2007) mostra as justificativas de quem defende e de quem se opõe:

[...] com relação à polêmica bacharelado/graduação versus licenciatura na formação de professores de educação física, podemos encontrar duas vertentes: os que defendem e os que criticam a separação dessas modalidades. Para os que defendem, esse empreendimento trará contribuições para a

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qualificação dos profissionais da área, ajudando a construir uma produção científica e elevando o seu reconhecimento na comunidade acadêmica e social (BORGES, 1995). Por outro lado, aqueles que criticam a separação – embora reconheçam a fragilidade dos cursos de formação de professores em educação física –, acreditam que estarão fragmentando ainda mais a formação desses profissionais, promovendo a divisão entre os que produzem e os que transmitem conhecimento (BORGES, 1995). (PRUDENTE, 2007, p. 6)

Nozaki (2004) fala que o Conselho Nacional de Educação Física se apropria da

organização capitalista e buscou se fortalecer financeiramente com isto pode

interferir política e ideologicamente na formação e nas áreas de atuação do

trabalhador de Educação Física. O referido autor discorre sobre esse assunto em

sua obra expõe criticas a forma como o CONFEF se posiciona na regulamentação

da profissão.

O estatuto do CONFEF garantiu à entidade sua conformação enquanto estrutura avançada do capitalismo, na proporção em que buscou se articular com os setores burgueses das práticas corporais. Por outro lado, armou uma defesa contra possíveis resistências internas e, por vezes, extrapolou o próprio plano da legalidade em que foi constituído. (NOZAKI, 2004, p. 214)

Conclui-se que as discordâncias existentes entre docentes, discentes e profissionais

que atuam em áreas ligadas a Educação Física (capoeiristas, lutadores, etc.) vão

acontecer durante muito tempo. Saber em quais áreas de atuação o bacharel ou o

licenciado pode atuar não deve ser o foco principal, mais sim se o processo de

graduação, ou seja, se os currículos das universidades contemplam realmente as

áreas do saber para a formação destes futuros professores e profissionais que

devem estar capacitados para atender e contribuir com a construção da sociedade.

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3. METODOLOGIA

Considerando a complexidade desse objeto de estudo, elegeu-se a pesquisa

documental, como possibilidade investigativa. Sendo esta realizada, sobretudo, a

partir dos documentos, projetos, leis entre outros, que deram suporte a elaboração

da proposta curricular.

A pesquisa documental traz um referencial importante para discussão, onde se pode

analisar de maneira mais detalhada a organização da proposta curricular e seus

desdobramentos, a partir da identificação dos pressupostos que orientaram a

proposta original do curso.

Segundo Gil (2007), a Pesquisa Documental se assemelha muito à Pesquisa

Bibliográfica, a diferença está na natureza das fontes, uma vez que, a Pesquisa

Bibliográfica se utiliza das contribuições de diversos autores e a Pesquisa

Documental, utiliza-se de materiais que ainda não receberam tratamento analítico,

ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

Diz ainda o autor, que o desenvolvimento da Pesquisa Documental está dividida em

duas etapas: Os documentos de primeira mão, aqueles que ainda não receberam

qualquer tratamento analítico. E os documentos de segunda mão, que de alguma

forma já foram analisados.

Para a realização dessa pesquisa foi utilizado diversos documentos que trouxeram

muitas contribuições a análise. A principal fonte utilizada foi o Projeto do Curso de

Licenciatura em Educação Física. Trabalhos acadêmicos que discutem sobre

currículo, formação e leis da Educação Física também foram usados. Outras fontes

de informações importantes foram os documentos legais: a lei 058/2004, a resolução

nº 03/87, a resolução 07/04, as resoluções 01/2002 e 02/2002 e o Regimento da

UNEB, além de livros metodológicos e específicos da área de Educação Física.

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Esperamos, portanto, a partir das contribuições de Gil (2007) e da disponibilização

dos documentos necessários a realização da pesquisa, atingir os objetivos

propostos neste estudo, colaborando para um repensar coletivo sobre o curso.

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4. ANÁLISE DE DADOS

Nesse momento o estudo chega a sua etapa principal a análise da Proposta

Curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física. Após passarmos por um

capitulo teórico em que se buscou uma revisão histórica da Educação Física no

Brasil, é preciso conhecer como se deu e se dá as relações entre as propostas

curriculares, as áreas de atuação do profissional e as leis que proporcionaram fatos

importantes na história da Educação Física brasileira. Sendo assim, passaremos

agora para a análise da Proposta Curricular do Curso de Licenciatura em Educação

Física da UNEB Campus – II da Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Para

tanto, faremos a partir de algumas categorias conforme estruturado abaixo:

4.1. Breve histórico da construção da Proposta do Curso.

Pelo breve histórico relatado na apresentação do projeto do curso, se observa quais

as demandas que orientaram a implementação do Curso de Licenciatura em

Educação Física da Universidade do Estado da Bahia do Campus II - Alagoinhas.

A iniciativa deste curso surge da demanda social apontada em consulta realizada junto aos professores, estudantes, profissionais de diversas áreas da cidade de Alagoinhas e municípios circunvizinhos. Dentre os cursos mais citados o de Licenciatura em Educação Física foi indicado entre os dez mais reivindicados para a cidade e região. (PROJETO DO CURSO, 2005, p.5)

Para a elaboração da proposta foi criada uma comissão composta por professores

do Departamento do Campus II, sendo eles: Augusto Cesar Rios Leiro, Francisco

José Gondim Pitanga, Iracy Gama Santa Luzia, Ires Maia Muller, Joilson Romaná

Severo Borges, José Alves da Silva e Luiz Carlos Rocha. Essa comissão formada

em 10 de julho de 1998 veio a ser surpreendida por um projeto feito sem a

participação da comissão designada para a avaliação e elaboração do mesmo, esse

projeto então foi enviado “Ad Referendum” a Prograd – Pró Reitoria de Graduação

sob a justificativa de que havia uma data limite para implantação de novos cursos, o

que justificaria o envio do documento. Diante do fato uma nova comissão foi

organizada para dar os encaminhamentos necessários ao processo de implantação

do curso de Licenciatura em Educação Física.

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Tal comissão após análise das condições estruturais, materiais e humanas percebeu

que não havia na época as condições básicas para a implantação do curso no

departamento. Foi elaborado então um plano de metas como pré – requisito para a

implantação deste, considerando que a oferta do curso deveria atender aos padrões

exigidos para a formação de um professor de Educação Física qualificado e

comprometido com sua atuação profissional, bem como, com as demandas da

sociedade. Entre as principais limitações para a abertura do curso na época estava a

falta de materiais, a infra-estrutura e a qualificação docente, sobretudo, no quesito

titulação que não estava adequado as necessidades de um projeto novo que

pudesse atender as anseios da região, principalmente, na área da Educação Física.

Posteriormente ao cenário mencionado acima um conjunto de procedimentos

realizados pelo Departamento de Educação, permitiu o avanço na implantação do

curso, conforme se verifica:

O alcance das condições infraestruturais básicas, o qualitativo avanço na titulação dos docentes, especialmente os de Educação Física, ao lado da definição das diretrizes para formação superior em Educação Física, somado ao empenho diferenciado das sucessivas direções do Departamento de Educação encerra um longo período de trabalho docente e de esforço institucional. (PROJETO DO CURSO, 2005, p.6)

Desencadeou a formação da comissão para a elaboração do projeto final, sendo

essa comissão formada por: Augusto Cesar Rios Leiro, Francisco José Gondim

Pitanga, Luiz Carlos Rocha e Stela Rodrigues dos Santos. Esta comissão composta

por professores que lecionavam na universidade buscou então:

A comissão do currículo levou em consideração para síntese do seu trabalho o momento histórico que estamos vivendo e os desafios universitários contemporâneos, a indissociável articulação envolvendo ensino, pesquisa e extensão, a experiência curricular em desenvolvimento no campus de Guananbi/UNEB e a formulação curricular em Universos Temáticos capazes de reconhecer o conjunto de conhecimentos e saberes necessários à formação ampliada em Educação Física. (PROJETO DO CURSO, 2005, p.6)

Reconhece também, as possibilidades de atuação do profissional nas áreas de

educação, saúde, esporte e lazer. A comissão da elaboração do projeto final da

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Proposta Curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física minuta; “(...) que

ainda não temos todas as condições acadêmicas e infra-estruturais desejadas, mas

reunimos o básico para iniciarmos a experiência.”.

Os membros da comissão mencionam no projeto que o Departamento de Educação

II, já possuía uma experiência com o Curso de Pós-Graduação (Lato Sensu)

Metodologia em Educação Física e Esporte. Experiência essa que fortaleceu e

contribuiu com o processo de implantação do Curso.

Esse projeto ressalta que para a sua construção e elaboração foram consultados os

pareceres 09/2001 e 058/2004, as resoluções das Diretrizes Curriculares Nacionais

para os Cursos de Licenciatura em Educação Física no Brasil, os documentos

internos da UNEB e além de dialogar com professores de varias áreas do

conhecimento.

A história da UNEB, seu surgimento em 1983, sua trajetória anterior a esta data

onde se verifica o inicio com o Centro de Educação Técnica da Bahia que em 10 de

abril de 1974 foi convertido em Fundação Centro de Educação Técnica da Bahia em

30 de dezembro de 1980 se transformou em Superintendência de Ensino Superior

do Estado da Bahia – SESEB, mais tarde em 1983 criou-se a Universidade do

Estado da Bahia sob um sistema multicampi também está relatado neste

documento.

Todos os campi da UNEB funcionam por meio da divisão dos cursos por

Departamentos “regulamentada pelo Decreto Governamental nº 7.223/98 de 20 de

janeiro de 1998” o Curso de Licenciatura em Educação Física pertence ao

Departamento de Educação – DEDC.

O Campus tem autonomia didático-pedagógica, pois o trabalho de seus docentes é controlado pelos respectivos Departamentos e Colegiados de cursos com autoridade para decidir sobre a programação das matérias/disciplinas, sistemática de avaliação, atividades de Estágio Supervisionado, além de toda uma relação com o corpo docente no que se refere à promoção/participação em eventos e formação continuada de interesse institucional. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 11)

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Na época o Departamento de Educação do Campus II era dirigido pelo professor

José Milton Pinheiro de Souza e o Professor Doutor Augusto Cesar Rios Leiro foi

indicado como primeiro coordenador do colegiado do curso de Educação Física. O

quadro de docentes estipulados no inicio da proposta curricular é de 13 sendo seis

com título de doutorado desses cinco com doutorado na área de educação e um na

área da saúde, 6 com título de mestre, sendo três na área da educação, dois em

áreas diferenciadas e um mestre em nutrição e também um especialista na área de

saúde. Por essa descrição percebe-se que a intenção da comissão foi de

estabelecer um quadro de docência bastante qualificado.

Com a leitura e análise do projeto do curso constatamos fatos que interferiram na

elaboração da proposta curricular. Acontecimentos imprevisíveis, como um projeto

enviado anteriormente a PROGRAD sem conhecimento da comissão responsável,

falta de materiais e estrutura física mínima para as aulas, além do quadro de

docentes com titulação em formação entre outros, foram inicialmente complicadores

para a implantação do projeto, mas posteriormente superados o que tornou

realidade o projeto no Campus II da UNEB.

4.2. Discutindo o projeto político-pedagógico e a proposta

curricular.

Para analisar o projeto político pedagógico e a proposta curricular é necessário

saber quais as justificativas para a implantação do curso e que finalidades nortearam

a formação dos futuros professores de Educação Física.

Na leitura do Projeto do Curso a justificativa exposta é de que após algumas

pesquisas o curso foi um dos indicados a ser implantado na universidade. A outra é

do atendimento a demanda da região que carecia e ainda carece de profissionais

nessa área. Podemos notar os objetivos do projeto na formação dos professores de

Educação Física em alguns trechos do documento:

Educar, produzir e socializar conhecimentos no âmbito da Educação Física em uma sociedade concreta e ideologicamente situada é tarefa do curso, visto que essa área tornou-se socialmente abrangente. [...]

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Assim, a projeção de um perfil para expressar tal pretensão, partiu do pressuposto de que uma formação inicial deve concentrar esforços para explicitar as bases da atuação desse profissional fundadas na compreensão do fenômeno educativo, tendo a docência como fundamento da sua formação. [...]

[...] a articulação entre docência e pesquisa, na medida em que, tal formação proporcione durante todo o curso, a capacidade dos estudantes de perguntar, de instigar o fenômeno da cultura corporal e ao mesmo tempo buscar explicações e propor respostas. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 15-16)

O projeto do Curso tem uma proposta curricular elaborada com a perspectiva de

uma formação considerada ampliada:

O Curso de Licenciatura em Educação Física no Campus II - Alagoinhas da UNEB tem como objetivo a formação de professores para atuarem nos mais diferentes espaços na qual se materializam as aprendizagens relativas as culturas corporais, a partir de uma formação ampliada que possibilite ao licenciando, a luz da realidade social, produzir conhecimentos técnico-científicos, capazes de fundamentar, desenvolver e avaliar sua prática político-pedagógica. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 15-16)

O que notamos que seria essa formação ampliada na visão dessa proposta do

Curso de Licenciatura em Educação Física, é ter no processo de formação as bases

de um ensino que possibilite a atuação do professor tanto em espaços educacionais

como em academias, clubes entre outros ambientes fora da escola, onde a cultura

corporal ocorra ou que a educação física faça acontecer na sociedade. Abrangendo

vários espaços da sociedade, das dimensões pessoais, sociais e culturais

perpassando pela auto-reflexão, cooperação e então problematizar a realidade

sendo capaz de causar mudanças reais na sociedade.

O curso oportuniza ao egresso o desenvolvimento de experiências teórico-práticas acerca do movimento humano e suas relações com a sociedade através de métodos, técnicas e instrumentos que permitam ao egresso planejar, orientar, executar e avaliar as atividades em Educação Física. Permite também aprofundar estudos e vivenciar a pesquisa e a extensão sobre distintos temas e linguagens referentes ao campo da Educação Física: a ginástica, o esporte, o jogo, a luta, a dança, de modo articulado com as demais áreas de conhecimento. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 21)

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Analisando a proposta vimos que a sua finalidade é formar profissionais que tenham

senso critico, valores éticos, estéticos e políticos. E que também tenham a

possibilidade de atuar nas várias áreas do conhecimento da Educação Física. O

que se percebe nas aulas é a tentativa de estimular nos alunos a compreensão

critica dos fenômenos, ou seja, como a Educação Física pode por meio da sua

prática pedagógica intervir nos ambientes onde está inserida trazendo novas

perspectivas.

Os cursos de formação superior são orientados por leis, realidade que abrange

também o curso em análise, que também precisa estar fundamentado a partir de um

conjunto legal que possibilite sua existência e funcionamento. Neste sentido, no

procedimento de investigação se buscou saber em que base legal a proposta do

curso esta fundamentado, como se percebe na citação:

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96); Parecer 09/2001 e as resoluções CNE/CP (01/2002 e 02/2002) “que versam sobre as diretrizes curriculares para a formação de professores da Educação Básica”, bem como o Parecer 058/2004 e a resolução 07/2004, “que estabelece diretrizes curriculares para os cursos de formação profissional em Educação Física”, além de documentos unebianos importantes na elaboração da proposta do curso. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 22)

Na citação acima se observa a vigência da LDB com seus pareceres e o CNE/CP

com as resoluções mais recentes, que regem as diretrizes dos currículos das IES e

dos cursos de graduação plena em Educação Física. As IES possuem total

liberdade de produção dos seus currículos, um curso de licenciatura em educação

física com bases nas Diretrizes para Graduação em Educação Física, Parecer

058/2004;

Art. 6º Parágrafo 3º - A definição das competências e habilidades gerais e específicas que caracterizarão o perfil acadêmico-profissional do Professor da Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física, deverá pautar-se em legislação própria do Conselho Nacional de Educação. (BRASIL, 2004)

Observa-se assim que as leis que organizam o curso de Licenciatura em Educação

Física são as Leis de Diretrizes e Bases da Educação e o Conselho Nacional de

Educação isso quer dizer que a formação pode-se considerar ampliada do ponto de

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vista que o campo do saber dos futuros professores se ampliará, não só se

resumindo a planos pedagógicos e práticas didáticas, mais expandindo o saber para

áreas que seriam especificas dos formados pela graduação plena. Pois para que um

licenciado possa atuar nos ambientes de trabalhos designados pelo Sistema

CONFEF/CREF’s ele deve conseguir um bacharelado em Educação Física.

O processo de aprendizagem do Curso foi planejado para acontecer dentro de

quatro universos temáticos, que podemos aqui observar;

Os componentes curriculares do UNIVERSO TEMÁTICO I estão compreendidos como os fundamentos basilares do curso e contemplam campos de estudos [...]. O UNIVERSO TEMÁTICO II compreende os componentes curriculares que articulam o conhecimento das diversas especificidades do campo da Educação Física com suas respectivas metodologias, de modo a possibilitar a elaboração de projetos de intervenção, com um leque ampliado de práticas educativas. O UNIVERSO TEMÁTICO III está focado na sistematização do conhecimento, mediante a oferta de disciplinas que favoreçam a reflexão sobre a produção do conhecimento, a elaboração de projetos de pesquisa e sua execução, bem como a socialização de produções parciais na forma de resumos, resenhas, artigos e seminários, culminando com o Trabalho de Conclusão do Curso (monografia). O UNIVERSO TEMÁTICO IV contempla a práxis pedagógica e preocupa-se com a criação de situações de aprendizagem para mobilizar os conhecimentos relativos ao trabalho intelectual, articulado, mas não reduzido, ao mundo do trabalho. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 24-25)

Segundo a proposta curricular esses “universos temáticos” facilitariam a orientação

do quadro docente. Possibilitando uma melhor interpretação dos componentes pelos

professores. Analisando as matérias dispostas nesses universos temáticos existe um

vasto campo de ensino que elas proporcionam. Percebem-se disciplinas que

pertencem a cultura corporal mais nem sempre estão colocadas nos currículos dos

cursos de formação, são elas; “Conhecimento e metodologia da capoeira” e “Oficina

II – Biodança.”, a inclusão dessas disciplinas traz novos conhecimentos sobre a

cultura corporal presente na região. A inclusão dessas matérias só é permitida

devido à autonomia curricular estabelecida em lei.

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Apesar do projeto declarar que a intenção é formar professores capazes planejar,

avaliar e executar atividades na área da Educação Física e que possua ética, mas

não se observa nos universos temáticos a disciplina que possa de um jeito mais

claro e especifico, expandir a ética profissional dentro da Educação Física. Por mais

que se possa falar em outras disciplinas sobre o comportamento do profissional a

aula de ética traria uma discussão mais ampla e consistente.

A Educação Física precisa da teoria para se discutir e consolidar pensamentos e

propostas das aulas que os futuros professores irão ministrar nos ambientes de

trabalho, mas só a teoria não é suficiente para que toda a dinâmica do ensinar

existente na EF seja absorvida pelo alunado são necessárias aulas práticas que

oportunizem visualizar e experimentar momentos que eram debatidos em aulas

teóricas e técnicas. No projeto a proposta é oportunizar o teórico-pratico nas aulas,

disciplinas que estão envolvidas diretamente com o movimento corpóreo devem

buscam lincar teoria e pratica, mas nem sempre isso ocorre, seja pela insuficiência

de aulas práticas, pela impossibilidade de experimentar as diferentes possibilidades

metodológicas de ensino, pelas condições reais do processo de ensino-

aprendizagem etc. É o que se verifica nas aulas de estágio que normalmente se

limita as atividades obrigatórias previstas na proposta curricular que prevêem

experiências vinculadas nas escolas, não oportunizando vivências em outras áreas,

chamada não escolares, que o projeto do curso prever como campo de atuação do

professor de Educação Física, embora não haja restrições para que tais

experiências possam ser vivenciadas durante o transcorrer do curso, sobretudo,

junto aos componentes curriculares diretamente vinculados ao campo de atuação

não formal, bem como, pelos projetos de extensão e pesquisa.

A uma contradição quando a proposta se mostra aberta a dialogar com o máximo

dos possíveis campos de atuação da Educação Física. Em várias disciplinas

observadas no fluxograma do curso as atividades práticas não acontecem na forma

de estágio, ficando apenas uma experiência prática rápida que a disciplina pode ou

não proporcionar, a partir do planejamento do professor.

As atividades práticas muitas vezes são realizadas fora do campus da universidade

por falta de estrutura e equipamentos adequados e necessários as atividades. As

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37

aulas dos componentes da área da saúde que requerem aparelhos específicos, são

agendadas em ambientes dentro e fora da cidade que disponham desses

equipamentos. As aulas de natação, por exemplo, são realizadas fora da

universidade pela ausência da piscina, que está em fase de construção no

momento. Desde o inicio do curso há um crescente número de materiais como

bolas, cordas, anilhas, balanças, bonecos anatômicos, etc, oportunizando aulas

mais vivênciais. As aulas práticas de dança, capoeira e lutas são realizadas em

salas comuns, pela falta de construções especificas para essa finalidade, embora

dados colhidos através de conversas informais com o coordenador do curso,

apontem para a pretensão de construção de laboratórios diversos que possam

contemplar não só as práticas corporais, mas tantas outras atividades.

O conhecimento específico da Educação Física não deve ser o único, a práxis

pedagógica também faz parte dos conhecimentos na formação de um professor,

como está disposto no texto do Projeto que é preciso: “Pesquisar, conhecer,

compreender, analisar e avaliar a realidade social, e a escola em particular (...)”,

também deve “Participar, estimular, assessorar e coordenar experiências de

atividades físicas em diferentes espaços de aprendizagem da cultura corporal (...)” e

“Planejar, gestar, assessorar, supervisionar e avaliar projetos e programas de

esporte & lazer de forma a ampliar e diversificar a cultura (...)”.

O curso surgiu após o “Seminário de Educação Física” já possuir várias edições, no

entanto o seminário torna-se uma porta de estimulo aos alunos a ajudarem a

planejar, assessorar a supervisionar um evento acadêmico, a produzir pesquisas

para exposição ao publico mesmo sendo uma experiência de curto prazo traz

benefícios a formação do individuo.

Para Jenize (2004) a extensão universitária contribui para o processo de formação e

produção do conhecimento, flexibilizando a estrutura curricular rígida dos cursos

superiores. E possibilita também uma abertura dos conhecimentos existentes nas

universidades para a sociedade.

O processo da aprendizagem por meio da pesquisa e extensão é incentivado e para

que isso aconteça o projeto do curso propõe que em dez anos o corpo docente seja

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38

por completo titulado ao grau de doutorado. Entende-se essa idéia nas bases do

regimento da UNEB que diz:

Art. 55 - § 2º. O Núcleo de Pesquisa e Extensão será coordenado por docentes, preferencialmente doutores ou mestres com regime de quarenta horas ou de tempo integral com Dedicação Exclusiva, eleitos na forma que dispuser o respectivo Regimento Interno. (REGIMENTO GERAL – UNEB)

O incentivo desta proposta, a pesquisa e extensão como forma de aprendizagem, é

explicitada de maneira clara aos estudantes.

Acrescente-se ainda, outro pressuposto, qual seja, a articulação entre docência e pesquisa, na medida em que, tal formação proporcione durante todo o curso, a capacidade dos estudantes de perguntar, de instigar o fenômeno da cultura corporal e ao mesmo tempo buscar explicações e propor respostas. (PROJETO DO CURSO, 2005, p.16)

A perspectiva de formar professores pesquisadores é clara na citação acima e

quando percebe na proposta trechos falando sobre a extensão que por sua vez pode

vir a trazer inquietação sobre qualquer tema vinculado a EF ao longo da graduação

e daí então o surgimento de trabalhos e artigos acadêmicos ou projetos.

Projetos de atividades de pesquisa e extensão já existem na realidade do curso

podemos ressaltar o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física, Esporte e

Lazer (GEPEFEL) que é organizado pelo curso e dirigido pelo Prof Ms Luiz Carlos

Rocha e composto por dois alunos bolsistas. Um projeto de extensão sobre Cultura

Corporal liderado pelo Prof Ms Ubiratan Menezes abraça alunos para serem

ministrantes de oficinas de futebol, vôlei, massoterapia, dança entre outras. O PIBID

liderado pela Profª Ms Martha Benevides que possibilitou um aporte maior de alunos

na atividade de extensão e bolsistas, e o projeto EPAF – Educar Para Atividade

Física liderado pelo Prof Ms Valter Abrantes. Essas são algumas das iniciativas

existentes que condizem com a proposta curricular de promover a pesquisa e a

extensão como forma de aprendizagem.

Outro incentivo é o da formação continuada, de modo a não se encerrar na

graduação o processo de assimilação do conhecimento, esse incentivo deve ser

garantido por uma política do curso e da instituição que garanta essa formação

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continuada, através de programas como o de Metodologia em Educação Física e

Esporte do Departamento de Educação – Campus II.

4.3. Caracterizando a concepção de Educação Física do curso.

Encontrar a concepção de Educação Física é o alvo nesse momento da análise.

Percebe-se uma concepção de uma Educação Física capaz de interferir de maneira

visível na sociedade. Para o projeto a Educação Física deve alinhar conhecimentos

técnicos e compromisso político. No decorrer do mesmo nota-se uma concepção de

Educação Física bastante preocupada com sua inserção de forma a acrescentar na

cultura corporal da sociedade.

Em tais espaços o que diferencia a atuação do professor de Educação Física dos demais profissionais é a sua ação provocativa no que tange a construção do conhecimento a partir das múltiplas e complexas relações que se estabelecem no processo ensino-aprendizagem no âmbito da cultura corporal. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 17)

O profissional de Educação Física deve sempre se posicionar de maneira a

problematizar e refletir sobre a prática e a cultura corporal existente em toda a

sociedade.

O egresso encontrará uma formação generalista, de concepção humanista e crítica, qualificadoras da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor científico e na história como matriz de estudo e pautada no princípio da ética e da cidadania emancipatória. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 22)

Pode se notar que a citação acima retirada do projeto do curso tem sua fonte no Art

4º das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Educação

Física. E pressupõe uma concepção de Educação Física capacitada para interferir

de maneira ética e independente baseada na ciência e na história.

Chegamos a conclusão que a concepção de EF do Curso de Licenciatura em

Educação Física da UNEB acredita na percepção da sociedade, do dialogo com esta

por meio da ciência de maneira critica. Que a Educação Física de maneira concreta

é competente para realizar benefícios no ambiente em que ela já está inseria ou que

possa a vir se inserir.

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40

4.4. Quais as possibilidades de atuação no campo profissional dos

estudantes do curso.

A proposta do curso é de uma formação ampliada dando então a possibilidade de se

atuar em quaisquer áreas que a Educação Física está inserida.

O campo de atuação do professor de Educação Física se dá de modo coletivo e/ou personalizado na ambiência escolar, podendo ainda ser pedagogicamente desenvolvido em clubes, academias, hotéis, associações comunitária, centro sociais, condomínios, empresas, parques dentre outros, através do ensino, da pesquisa, da coordenação e direção. (PROJETO DO CURSO, 2005, p. 21)

Mais como visto anteriormente pela análise feita o formando pelo curso em estudo

não poderá atuar fora da escola ou fora dos padrões pedagógicos. Para o Sistema

CONFEF/CREF’s todo licenciado deve estar apito para práticas didáticas e

pedagógicas dentro da escola e não em outros ambientes, que normalmente são

destinados aos bacharéis.

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41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho monográfico descrito acima fez uma trajetória investigativa sobre a

história da Educação Física no Brasil, para então, fazer uma análise da Proposta

Curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado

da Bahia – Campus II. Com essa investigação foi possível compreendermos as

imposições previstas nas leis, que influenciaram e continuam influenciando a

organização dos currículos, bem como, as dificuldades e barreiras enfrentadas na

tentativa de implantar um projeto novo de formação, sobretudo, nas condições

oferecidas pela instituição.

Após a pesquisa constatou-se que o projeto do curso tem na sua proposta curricular

a visão de uma educação física inserida na sociedade e capaz de problematizá-la na

busca de soluções para as demandas sociais. Também verificamos a existência de

uma visão focada na formação de um professor generalista, com capacidade de

atuar em vários campos da Educação Física, sejam eles: formais ou não formais.

Deixando claro que a atuação dos egressos deste curso deve estar enquadrada num

trabalho pedagógico.

Constatou-se ainda, que a proposta estimula e busca consolidar através do seu

projeto, uma articulação entre ensino, pesquisa e extensão, no processo de

formação dos graduandos, tomando como referência a realidade concreta e as

possibilidades de intervenção neste contexto. Tal compreensão surge em

decorrência dos diversos projetos de extensão e pesquisa existentes no curso, com

abrangência local, regional e nacional.

Procurou-se ao longo desta trajetória investigativa uma imparcialidade na descrição

e análise da proposta curricular estudada, procurando-se ser fiel ao cenário

encontrado. Considerando os objetivos propostos, tivemos respostas satisfatórias,

mas deixa-se aqui a oportunidade e a liberdade para que esse estudo seja

aprimorado. Espera-se que essa análise possa um dia contribuir com outros estudos

realizados pelos estudantes deste e de outros cursos. E assim enriquecer ainda

mais o estudo na área da Educação Física.

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O Curso de Educação Física da UNEB de Alagoinhas com apenas cinco anos de

implantação trouxe perspectivas diferenciadas a sociedade com a qual busca se

relacionar, isso é percebido pelo número de interessados em cursá-lo e as pessoas

envolvidas na área educacional e da cultura corporal que falam de modo positivo a

existência do curso na região.

Os questionamentos feitos anteriormente a elaboração da monografia surgiram

como uma dúvida da pesquisadora e compartilhada por colegas de graduação.

Através deste trabalho monográfico acredita-se ter esclarecidos os questionamentos

existentes.

Concluímos então que a proposta curricular de qualquer curso deve ser avaliada e

posta em discussão e que as novas possibilidades de mudanças sugeridas sejam

analisadas e postas em prática. Neira (2009) fala dessa importância de se avaliar o

currículo na busca de melhoramentos para o curso e formação de seus egressos. A

extensão e pesquisa também são uma forma de atualização deste currículo o qual

necessita estar se renovando na busca sempre de novas perspectivas. O currículo

acadêmico deve acompanhar a constate modificação da sociedade, para que os

novos profissionais possam contribuir de maneira concreta e consciente na realidade

social. A universidade faz parte da sociedade, ela não pode se colocar superior a

outros conhecimentos que não possuem um olhar acadêmico mais está presente no

dia-dia da população.

Page 44: Camila Pinheiro

43

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