boletim comemorativo 2010

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Regimento de Artilharia N. º 4 Regimento de Artilharia N. º 4 Boletim ‘10 Boletim ‘10

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Boletim Comemorativo do 83º aniversário do Regimento de Artilharia N.º 4, correspondente ao ano de 2010, sob a direcção do Coronel de Artilharia José da Silva Rodrigues.

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Regimento de Artilharia N. º 4Regimento de Artilharia N. º 4

Boletim‘10Boletim‘10

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Page 3: Boletim Comemorativo 2010

3BOLETIM 2010

MENSAGEM DO COMANDANTE DA BRIGRR

EDITORIAL

LEIRIA E O REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

UMA VISÃO

AFEGANISTÃO - A PRIMEIRA MISSÃO

MISSÃO NO LÍBANO

M119 105MM LIGHT GUN/30/M98

LIÇÕES APRENDIDAS

INVESTIR

RETROSPECTIVA ANUAL DE ACTIVIDADES

4

5

6

8

14

19

23

30

36

43

Boletim Comemorativo 2010Propriedade do Regimento

de Artilharia N.º 4

Direcção, Redacção e AdministraçãoRua D. José Alves Correia da Silva

Cruz D’Areia2410-120 Leiria

Telefone: 244822026/434400 [email protected]

DirectorCOR ART José da Silva Rodrigues

Coordenação 1SAR ART Anjos Das Neves

Articulistas TCOR ART Norberto SerraTCOR ART Octávio Avelar

CAP ART Sandro GeraldesCAP ART Álvaro Santos

1SAR ART Rui Fernandes1SAR ADMIL Robert Branco

SOLD RC Filipe Brilhante

Revisão de TextoDR.a Sara Sofia Gonçalves

Projecto Gráfico e PaginaçãoCarlos Neves, IDEA

Marta Silvério, Jornal de Leiria1SAR ART Anjos Das Neves, RA4

FotografiaRicardo Graça

SOIS, RA4

Impressão e AcabamentoMX3 - Artes Gráficas, Lda

EdiçãoJorlis, Edições e Publicações, Lda

Depósito Legal278676/08

Tiragem400 Exemplares

SUMÁRIOSUMÁRIO

Page 4: Boletim Comemorativo 2010

4 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

Brigada de Reacção Rápida (BrigRR) é uma das mais recentes Grandes Unidades doExército Português e teve como sua antecessora a Brigada Aerotransportada Independente(BAI), a qual por sua vez tinha sido criada em 01 de Janeiro de 1994, resultante da extinção

do Corpo de Tropas Pára-Quedistas, então na Força Aérea, e do Regimento de Comandos, no Exército.Desde logo, aquando da sua génese, foi equacionado dotar a BAI com uma valência de apoio de fogos

condizente com o carácter expedicionário da Brigada e assim, em simultâneo, surgiu o Grupo de Artilhariade Campanha (GAC), equipado com o Obus M119 105mm Light Gun/30/m98. A presença da Artilhariana BrigRR foi todavia interrompida, tendo esta valência sido transferida para a Brigada Intervenção.Entretanto, o Exército iniciou um processo de análise das implicações operacionais de tal decisão e, em boahora, reverteu novamente para a BrigRR esta capacidade, essencial para o seu possível empenhamento.

A missão do Regimento de Artilharia N.º 4 (RA4) não se esgota. Porém, com a tarefa de garantira prontidão do GAC, missão que cumpre de forma exemplar conforme foi testemunhado quando doaprontamento da NATO Response Force 14 (NRF14), em que o Regimento participou activamente, coma dinâmica adequada de uma Unidade da Estrutura Base, através de um calendário operacional exigentee conferindo àquela sub-unidade um carácter assumidamente expedicionário.

A forma expedita, séria e rigorosa como se empenha, quando lhe são cometidas missões, constituipara mim um indicador de excelência, consubstanciado recentemente em público reconhecimentoatravés da condecoração do seu Estandarte Nacional com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos e pelaatribuição da Medalha de Ouro da Cidade de Leiria.

Contudo, os desafios são constantes e, neste momento, o RA4 constitui-se como uma unidade devanguarda ao introduzir no seu planeamento anual a gestão por objectivos. É a primeira unidade doExército Português a utilizar no seu encargo operacional o sistema AFATDS (Advanced Field ArtilleryTactical Data System), que constitui uma ferramenta de comando e controlo relevante para uma respostaeficaz aos desafios do moderno Campo de Batalha.

Importa, por fim, identificar os objectivos a alcançar no futuro. Estes passam por acompanhar econtribuir afincadamente para os estudos em curso no Exército e que avisadamente apontam no sentidode dotar uma das Baterias do GAC com uma dupla valência de armas Obus/Morteiros Pesados,permitindo, assim, uma maior flexibilidade de utilização do apoio de fogos, consoante as característicasda missão. Passarão, ainda, por qualificar em pára-quedismo todo o efectivo dessa Bateria, emconsonância com a já corrente e idêntica qualificação dos Observadores Avançados do Grupo.

Termino, evocando a divisa Fortes e Leais deste insigne Regimento, que traduz na perfeição tudoo que anteriormente referi.

MENSAGEM DO COMANDANTE MENSAGEM DO COMANDANTE DA BRIGADA DE REACÇÃO RÁPIDADA BRIGADA DE REACÇÃO RÁPIDA

O COMANDANTE DA BRIGRR

Raul Luís de Morais Lima Ferreira da CunhaMGEN

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5BOLETIM 2010

este ano de 2010 e no âmbito das comemorações do 83º aniversário do Regimento deArtilharia N.º 4, dá-se continuidade à publicação do seu Boletim, o qual constitui,naturalmente, um reportório das diversas actividades, motivações e experiências que

caracterizam, em termos globais, a actividade de todos aqueles que servem este Regimento ao longodeste último ano.

De forma a dar corpo a esta publicação, a mesma integra num espírito de partilha, detransmissão do conhecimento e de experiências vividas, um conjunto de artigos. Por um lado,transmitem a actividade, as preocupações e a procura de soluções por parte do Regimento e, poroutro, permitem, com base no enriquecimento intelectual, a disseminação do conhecimento comoelemento decisivo do engrandecimento humano e a transmissão de experiências vividas em missõesexteriores ao território nacional. Estas referências constituem só por si motivos fortes, de realce edignos de publicação.

A continuidade da exploração e rentabilização do Sistema Automático de Comando e Controlo,como “Área de Excelência” e como elemento potenciador da capacidade operacional do Grupo deArtilharia de Campanha, continua a merecer um cuidado especial e particular por parte do Regimento.Acompanhando de forma persistente a sua integração com os modernos sistemas de comunicações,através de acções de continuidade na formação dos quadros, numa perspectiva de sustentabilidade efiabilidade do sistema global, sedimenta-se a referência que continua a ser neste domínio.

No âmbito das outras missões, muitas foram as actividades desenvolvidas, quer no contexto dasua missão primária às actividades militares, quer no apoio à comunidade civil, onde o Regimento, nãoobstante as dificuldades e limitações existentes, sempre assinou o nome da “Artilharia 4” com letramaiúscula. Para além do referido, e objecto do reiterado sentido de missão que ao longo dos anoscaracterizaram os que por aqui têm passado, foi com elevado e sentido orgulho que o Regimento foidistinguido com duas condecorações: A Medalha de Serviços Distintos – Grau Ouro e a Medalha deOuro da Cidade de Leiria.

Assim, ao comemorar-se mais um aniversário do Regimento, é com particular satisfação eregozijo que manifesto o apreço e o reconhecimento público pela dedicação, entusiasmo e elevadosentido de missão de todos os militares e civis que nele servem. Neste ano de grande e significativaactividade souberam dar resposta adequada às diversas solicitações, estando certo que, com adeterminação, espírito de bem servir e a competência que os caracteriza, continuaremos a afirmar oRegimento e saberemos enfrentar as dificuldades e encarar os novos desafios, com elevado sentido deresponsabilidade, optimismo e confiança no futuro.

O COMANDANTE

José da Silva RodriguesCOR ART

EDITORIALEDITORIAL

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6 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

onge vão os tempos em que o comum cidadão olhava, por vezes com desconfiança, paraaquelas enormes instalações na Cruz d’Areia, que serviam de aquartelamento a váriascentenas de homens que se refugiavam no seu interior e cujas populações limítrofes

aprenderam, pelos horários a que os ouviam, a destrinçar o toque da alvorada do toque para formar, paracomer e até para dormir, através de um clarim que fazia ecoar com estridência tais sons.

Os contactos com as gentes do quartel eram praticamente inexistentes. No longínquo ano de 1926,altura em que foi criado o quartel, ninguém ousava enfrentar a sisudez daqueles militares, cuja obrigaçãoera agir em missão de defesa, alheando-se da chamada sociedade civil. Ainda que sentissem algumaanimosidade em relação aos homens que dirigiam os quartéis, tinham a convicção de que eram seresautoritários, cuja preocupação era apenas a guerra.

E, durante anos e anos, décadas atrás de décadas, os militares do Regimento de Artilharia de Leiriaviveram de costas voltadas para as populações, pois, repete-se, era assim que lhes era ordenado pelahierarquia. Que ninguém se abeirasse da “Porta de Armas”, mesmo sem malévolas intenções, bastandoa mera curiosidade de espreitar para o interior para tentar perceber como seria por dentro aquelecasarão.

Surge então a “Revolução dos Cravos”, levada a cabo por militares com uma visão que eraantagónica da dos seus antepassados, acabando com um poder ditatorial que estava enraizado nasociedade portuguesa, o que originou injustiças, perseguições e até mortes. E foi a partir do glorioso dia25 de Abril de 1974, que entra uma lufada pelas portas dos quartéis, varrendo o bafiento odor que até aliestava “armazenado”, nas instalações de aspecto sinistro e lúgubre.

O Regimento de Artilharia N.º 4 (RA4) de Leiria não foi excepção à regra, mas foiinequivocamente um dos que mais sobressaiu, abraçando a modernidade, envolvendo-se em constantesacções com as populações, franqueando as suas portas para as mais díspares actividades, tendo semprecomo lema a aproximação da sociedade civil. Hoje, graças a quem o tem gerido nos últimos anos, é umexemplo com uma panóplia de missões que lhe estão adstritas e que são sempre desenvolvidas emespírito de comunhão com um objectivo: servir as populações integradas na sua área geográfica comdesvelo, lealdade e prontidão.

E os exemplos são muitos, destacando-se a sua intervenção em missões de interesse público,participando nos planos de protecção civil. De realçar o “Plano Vulcano”, que consiste em manteroperacional uma equipa de sapadores para a defesa florestal contra incêndios na Mata Nacional do Urso,contribuindo para a melhoria das acessibilidades para o combate aos incêndios florestais e para o reforçodo sistema de aceiros que evitem a propagação/aumento do número e da dimensão dos incêndiosflorestais, ao realizar a vigilância móvel e o combate em primeira intervenção. Os outros dois exemplossão o “Plano Lira” e o “Plano Aluvião”, que disponibilizam meios humanos, materiais e instalações, paraapoio das populações em caso de calamidades.

Não fica por aqui a actividade do Regimento de Artilharia de Leiria em prol da sociedade civil. ORegimento participa, também, em diversas comissões ao nível da administração local, numa conjugação

LEIRIA LEIRIA E O REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4E O REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

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7BOLETIM 2010

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE LEIRIA

Raúl Miguel de Castro

de esforços com o Governo Civil, integrando o Gabinete Coordenador de Segurança Distrital, aComissão Distrital de Fogos Florestais e mantendo, também, um oficial de ligação no Centro Distritalde Operações e Socorro. O Regimento de Artilharia N.º 4 de Leiria integra as comissões municipais dedefesa da floresta contra incêndios do distrito de Leiria, abrangendo os concelhos de Leiria, MarinhaGrande, Pombal e Porto de Mós e, do distrito de Coimbra, os concelhos de Miranda do Corvo, Figueirada Foz e Lousã.

São inúmeros os protocolos de colaboração que o RA4 tem estabelecido com diversas instituições.São merecedores de distinção: o que vigora com o Centro de Emprego e Formação Profissional, com acedência de instalações que integram seis salas de aulas para ministrar diversos cursos de formação; oque foi estabelecido com a União Desportiva de Leiria, facultando a utilização das infra-estruturasdesportivas para treinos do escalão juvenil; e, ainda, o levado a cabo com o Clube de Orientação doCentro (COC), uma vez que é nas suas instalações que a sede social deste clube está implantada,apoiando também todas as manifestações de índole desportiva por si organizadas.

O Regimento de Artilharia N.º 4 de Leiria tem a constante preocupação em manter e desenvolverlaços de cooperação e aproximação com a sociedade civil que o envolve, tendo materializado diversasacções e apoios, de que são exemplo a cedência de tendas, alojamento com fornecimento de refeições aperegrinos, a jovens das cidades com as quais Leiria está geminada e a estudantes, cedência de diversomaterial, designadamente, colchões, camas, cobertores, almofadas, redes de camuflagem, tribunas, etc.,contemplando tais cedências um número invulgar de beneficiários.

Reconhece-se que, actualmente, os quartéis têm uma missão diferente da que tinham há algumasdécadas, sendo usual este tipo de práticas noutras cidades onde se mantêm forças militares. Mas Leiriapode orgulhar-se, até à saciedade, de que o “seu” Regimento de Artilharia N.º 4 é um caso invulgar deentrosamento com a sociedade civil que o envolve e, por isso, um exemplo a ser seguido.

Face ao entrosamento existente entre o Regimento de Artilharia N.º 4 de Leiria e a sociedade civilque atrás se alude, a Câmara Municipal de Leiria na sua reunião de 11 de Maio de 2010 deliberou, porunanimidade fundamentada no regulamento da “Medalha da Cidade”, atribuir ao RA4 a “Medalha daCidade de Leiria”, insígnia de 1ª. Classe (Ouro), em cerimónia realizada no dia 22 de Maio, “Dia daCidade”.

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8 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

TEATROS COM PRESENÇA PORTUGUESA

Bósnia e Herzegovina

partir do século VII, várias partes daregião que hoje correspondem à Bósnia eHerzegovina foram tomadas pelos sérvios,

croatas, húngaros, venezianos e bizantinos. Noséculo XII, o Reino da Hungria passou a governar oterritório, delegando o poder a vice-reis distritais de

origem bósnia, croata e húngara. Anos depois, aregião foi invadida pelo Império Otomano e, apósvárias batalhas, tornou-se uma província turca.Depois da Guerra Russo-Turca, entre 1877 e 1878, aBósnia e Herzegovina fez parte do Império Austro--Húngaro, tendo sido anexada em 1908. A novaConstituição dividiu o eleitorado em ortodoxo,católico e muçulmano, o que não contribuiu paratravar o crescente nacionalismo sérvio.

Em 1914, o arquiduque austríaco Francisco

UMA VISÃO EXPERIÊNCIAS E FUNÇÕES DE UM SOLDADO

REGIMENTO DE ARTILHARIA Nº 48

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9BOLETIM 2010

Fernando foi assassinado em Sarajevo por umnacionalista sérvio. Esse acontecimento despoletou aPrimeira Guerra Mundial. Em 1918, a Bósnia eHerzegovina foi anexada à Sérvia como parte doReino dos sérvios, croatas e eslovenos. Em 1946, osdois territórios formaram a República SocialistaFederativa da Jugoslávia, regime comunista sob ocomando de Josip Broz (Tito).

Com o colapso do comunismo, em 1989-1990, aJugoslávia mergulhou numa onda de nacionalismoextremo. Depois da Croácia abandonar a federação,os croatas bósnios e os muçulmanos aprovaram umreferendo a favor da criação de uma repúblicamultinacional e independente. Mas os sérviosbósnios recusaram separar-se da Jugoslávia que,nessa altura, se encontrava sob o domínio da Sérvia.A morte de Tito e a queda dos "Regimes de Leste"(comunistas) precipitaram a crise. Os problemas porresolver e os velhos ódios vieram ao de cima. Nadécada de 1990, com as limpezas étnicas, a Bósnia eHerzegovina foi arrastada para uma guerra civilsangrenta e devastadora, em que as populaçõesacabaram por ser saneadas das regiões tomadas porcada uma das nações. Ao mesmo tempo que ossérvios avançavam, iniciaram um autêntico echocante processo de limpeza étnica, recordando oshorrores nazis. Vivia-se o período dos snipers,atiradores furtivos emboscados nas montanhascircundantes de Sarajevo e que indiscriminadamenteatiravam sobre alvos civis não sérvios, provocandouma mortandade atroz e constante. Em 1995 foiassinado o Acordo de Dayton e, desde essa altura, asforças da Organização das Nações Unidas (ONU)encontram-se no território para garantir ocumprimento dos acordos de paz.

Quanto às condições meteorológicas, devereferir-se que o clima desta região é continental,caracterizado por uma forte amplitude térmicaanual. Os verões são quentes e húmidos e os invernosrigorosos, com queda de neve e chuvas regulares.

Kosovo

Em 1912, apesar de ser uma zona de maioriaalbanesa, o Kosovo foi integrado na Sérvia e não noprincipado da Albânia, criado apenas naquele ano.Em 1991 declarou a independência, mas não foireconhecida pela comunidade internacional. Atensão entre separatistas de origem albanesa e ogoverno central da Jugoslávia, liderado pelopresidente nacionalista Slobodan Milosevic,

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10 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

aumentou no decorrer de 1998. No ano seguinte, umgrupo de líderes jugoslavos, da comunidade albanesado Kosovo, e representantes das principais potênciasmundiais reuniram-se para negociar um acordo depaz que colocasse fim aos conflitos entre osguerrilheiros do Exército de Libertação do Kosovo(ELK) e as forças jugoslavas de Slobodan Milosevic.A reunião, em Fevereiro de 1999 em França,fracassou. A Organização do Tratado do AtlânticoNorte (NATO) atacou a Jugoslávia em 24 de Marçode 1999, dando início à Guerra do Kosovo.Seguiram-se os conflitos entre a guerrilha albanesa eas forças sérvias. A 3 de Junho de 1999, líderesocidentais e jugoslavos chegaram a acordo para o fimà guerra. A 10 de Junho, foi assinado o acordo paraencerrar o conflito. O Parlamento sérvio a 27 deDezembro de 2007 votou, por ampla maioria, amoção de condenação contra qualquer tentativa deindependência do Kosovo. A província tem sidoadministrada pelas Nações Unidas, através da Missãode Administração Interina, e pela NATO, desde aguerra de 1999 entre os sérvios e albaneses étnicosseparatistas. Após a falha das negociaçõesinternacionais para atingir um consenso sobre oestado constitucional aceitável, o governo provisório

do Kosovo seria declarado definitivamenteindependente pela ONU a 17 de Fevereiro de 2008,sendo reconhecido no dia seguinte pelos EstadosUnidos e por alguns países europeus como França eAlemanha. Porém, o território ainda é reivindicadopela Sérvia.

A maior parte do terreno kosovar é montanhosoe o pico mais alto do país é Deravica, com 2.656metros. O clima é continental, com verões quentes einvernos frios, com neve.

Afeganistão

Desde a Antiguidade que a guerra é umaconstante nesta região onde se situa, actualmente, oAfeganistão. Este local está ocupado desde o séculoVI a.C. pela civilização bactriana, formada por umpovo que incorporava elementos das culturas hindu,grega e persa. Depois disso, o território foi atacadopor sucessivos invasores.

O Afeganistão foi invadido e ocupado pela UniãoSoviética em 1979. Mas, apesar da destruição maciçaprovocada pela sustentação logística, lutassubsequentes entre as várias facções dos Mujahidinpermitiram que os fundamentalistas Talibã se

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apropriassem da maior parte do país. Em 1997, asforças talibã mudaram o nome do país de EstadoIslâmico do Afeganistão para Emirado Islâmico doAfeganistão.

Há dois anos que o país sofre com a seca,circunstâncias que conduziram três a quatro milhõesde afegãos a sofrerem de inanição.

Em resposta aos ataques terroristas de 11 deSetembro de 2001 às Torres Gémeas (World TradeCenter) em Nova Iorque e no Pentágono, cuja autoriafoi reivindicada por Osama Bin Laden no dia 7 deOutubro de 2001, os Talibã reconheceram o líder daAl Qaeda como herói. Os Estados Unidos e as forçasaliadas lançaram uma campanha militar como parteda sua política antiterrorismo, capturando eprendendo suspeitos de actividades terroristas noAfeganistão

É um país montanhoso, com 85 por cento do seuterritório formado por montanhas, embora hajaplanícies no norte e no sudoeste e poucas depressões.O ponto mais alto do Afeganistão, o Nowshak, temuma altitude de 7.485 metros. Grandes extensões dopaís são secas e o fornecimento de água doce élimitado. O Afeganistão tem um clima continental,com verões quentes e invernos frios.

MILITAR - UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA

Funções e experiências

A 3 de Abril de 2000 assentei praça no Batalhãode Serviço de Saúde (BSS) em Coimbra, paracumprir o serviço militar obrigatório, onde fiz arecruta e a especialidade de Socorrista.

Posteriormente, fui colocado no Regimento deInfantaria N.º 14 em Viseu, tendo como missão sersocorrista dessa unidade até Fevereiro de 2002,data em que iniciei a preparação paraintegrar as Forças Nacionais Destacadas, no2º Batalhão de Infantaria/Brigada Ligeirade Intervenção/Stabilisation Force inBósnia Herzegovina (2ºBI/BLI/SFOR). Em Julho de 2002 partipara o Teatro de Operações(TO) da Bósnia, onde fuisocorrista e condutor domódulo sanitário, re-gressando em Janei-ro de 2003.

Fui, colo-

cado, em Junho de 2004, no Regimento de ArtilhariaN.º 4, em diligência, a fim de prestar serviço deguarda de honra ao Túmulo do SoldadoDesconhecido, no Mosteiro de Santa Maria daVitória. Em Dezembro de 2005 passo a exercer asfunções de socorrista da unidade. Em Dezembro de2007 e por infelicidade de um camarada, fuichamado para o render no Kosovo, ondedesempenhei as funções da minha especialidade. EmJunho de 2008, integrei, a convite, a SecondOperational Menthor and Leasion Team (2ndOMLT), tendo sido projectado no TO doAfeganistão em Outubro de 2008, onde permaneciseis meses. Foi a missão mais exigente e, ao mesmotempo, a mais gratificante, porque além de cumpriras funções de socorrista do módulo sanitário,colaborei com o Hospital Francês em CampWarehouse, nas áreas de urgência e internamento.Durante o período em apreço participei na Acção de

BOLETIM 2010 1111

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12 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

Assessoria no Centro de Treino Médico (TrainingMedical Center) na Guarnição de Pol-e-Charky, naárea da Saúde, inserida no âmbito da Formação eMentoria ao Exército Nacional do Afeganistão(ANA). De regresso a território nacional, volto àminha anterior função na enfermaria regimental até25 de Abril de 2010, data em que passei àdisponibilidade.

Militar e Enfermeiro: uma profissão de género

A profissão militar, tradicional bastião mascu-lino, vai sendo progressivamente conquistada pelasmulheres. O princípio da igualdade é um princípiofundamental da Constituição da RepúblicaPortuguesa consagrado no seu Artigo 13º, ponto 2:“Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,prejudicado, privado de qualquer direito ou isento dequalquer dever em razão de ascendência, sexo (…)”.Área, por excelência, masculina. Tradicional esecularmente, um universo masculino, as Forças

Armadas experimentam uma adaptação àsexigências dos novos paradigmas introduzidos pelasprofundas transformações sociais ocorridas ao longodo séc. XX, no quadro dos valores de uma cidadaniaplena. A História portuguesa da presença femininanas Forças Armadas inicia-se em 1961, em Tancos,com as pioneiras “seis Marias”, o primeiro grupo depára-quedistas mulheres. Todas as enfermeirasdesenvolveram inúmeras missões de acompanha-mento de feridos e doentes evacuados do Ultramarpara Lisboa. Foi num cenário de combate que estasmulheres socorriam os militares feridos; estava-se,então, na chamada Guerra Colonial.

A enfermagem, nos seus primórdios tinha umaestreita relação com a maternidade e era exclusi-vamente feita por mulheres. Hoje em dia o sexofeminino também predomina, sendo o masculinominoritário na prática de cuidados.

Perante estas duas profissões, temos a certeza quemuito existe ainda por fazer na igualdade de géneroe de oportunidades. Apesar das mudanças que foramocorrendo ao longo do tempo, a enfermagem foi umaprofissão ligada às mulheres durante séculos,enquanto ser militar era uma profissão do sexomasculino. Só lentamente se conseguirão mudar asmentalidades, de forma a criar igualdade entrehomens e mulheres.

E agora… De socorrista a futuro enfermeiro

O Socorrista é toda e qualquer pessoa comhabilitação para prestar socorro. Um médico, umenfermeiro, um bombeiro ou um paramédico, nãodeixam de ser socorristas pelo facto de possuíremoutro título profissional. No momento em queprestam socorro são socorristas, independentementeda sua categoria profissional ou título académico.

Como socorrista, ao longo destes anos em queestive nas Forças Armadas, tive como missãofundamental assegurar a manutenção do maiselevado estado sanitário dos militares, para que estesse mantivessem em operacionalidade plena, aomelhor nível de bem-estar físico e psicológico. Aprestação de primeiros socorros, de cuidadosimediatos e de suporte de vida, promoção evigilância da saúde, organização da enfermaria,esclarecimentos de dúvidas relativas às ocorrênciasde saúde mais frequentes, formação contínua noâmbito da “Educação para a Saúde” (importância dasregras básicas de assepsia e de higiene recomendadaspara todas as Unidades de Prestação de Cuidados de

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13BOLETIM 2010

Saúde), foram algumas das actividades que, ao longodestes anos, fui desenvolvendo como socorrista,visando o bem-estar físico e psíquico.

A Enfermagem, arte de cuidar, é também umaciência, cuja essência e especificidade é o cuidado doser humano, individualmente, na família ou emcomunidade, de modo integral e holístico (num todoindivisível), desenvolvendo de forma autónoma ouem equipa, actividades de promoção, protecção,prevenção e recuperação da saúde. Muito maishaveria a dizer sobre uma profissão tão ligada aosofrimento humano, em que todos os dias se têm degerir os próprios sentimentos, colocar de partepreconceitos, religião, credos e ideologias. Osenfermeiros são também seres humanos e devemcuidar de todos aqueles que apresentam alteraçõesdo estado de saúde, mesmo quando os próprios nãoo sabem. A enfermagem moderna, com as suas basesde rigor técnico e científico, começou a desenvolver--se no século XIX, através de Florence Nightingale,que estruturou o seu modelo de assistência, depoisde ter trabalhado no cuidado de soldados durante aGuerra da Criméia.

Do exército rumo à vida civil

Cumprido o tempo máximo em Regime deContrato no Exército Português, é com pena quedeixo a vida de militar, não podendo darcontinuidade ao trabalho até aqui desenvolvido. Masnós, os “contratados”, sabemos que se nãoconseguirmos entrar no Quadro Permanente doExército, esta passagem é curta e rápida. É uma portaque se fecha, com a certeza que muitas outras se

abrirão. Ao fim de quase uma década nas ForçasArmadas parto com a satisfação de dever cumprido,por ter servido o país que me viu nascer. Pelotrabalho que desempenhei, ao longo destes anos, massobretudo pelos camaradas e amigos que ganhei parao resto da vida, de certeza que estes anos vão ficarpara sempre na minha memória.

Quero agradecer a todos, porque com todosaprendi alguma coisa e todos me ajudaram a crescercomo militar e como pessoa.

Muito mais havia a dizer a respeito das missõesque desempenhei, mas as linhas já se tornam muitase extensas. Em suma, foi uma experiênciaprofissional e pessoal muito enriquecedora.

Fortes e Leais… Até Sempre.

Referências Bibliográficas:http://pt.wikipedia.org/wiki/afghani http://pt.wikipedia.org/wiki/bosnia http://pt.wikipedia.org/wiki/Kosovo http://www.mdn.gov.pt

SOLD RC Filipe BrilhanteSocorrista da BCS/RA4

Page 14: Boletim Comemorativo 2010

A OMLT KCD

Operational, Menthor and Leasion Team/Kabul Capital Division 01/02(OMLT/KCD 01/02)1 integra a estrutura

operacional da Força Internacional de Apoio àSegurança (International Security Assistance Force -ISAF), para treinar, orientar e ensinar osprocedimentos de Estado-Maior (EM), com vista aoemprego operacional da KCD do Exército NacionalAfegão (Afghan National Army - ANA). À ordem,acompanha a KCD em operações. Relativamente àfunção desempenhada, numa primeira fase,definiram-se objectivos que passaram por alargaráreas de mentoria,2 tais como o DepartamentoReligioso e Cultural, as Relações Públicas, o Treino e,dentro da área da Artilharia, apoiou-se o Oficial deApoio de Fogos da Divisão. Concretamente, podemosespecificar os conhecimentos sobre o funcionamentoda Artilharia Afegã, bem como do seu armamento: osfamosos Obuses D-30 122mm que equipam oExército Nacional Afegão.

Na Divisão, sentiu-se uma enorme necessidade departilhar e coordenar informações, privilegiar asrelações, apostar na responsabilização e investir nascapacidades.

No âmbito das actividades desenvolvidassalientam-se as prioridades estabelecidas em prol daassessoria:

– fazer do Centro de Operações Táctico (TacticalOperations Center - TOC) o Centro deGravidade da Kabul Capital Division;

– desenvolver as Normas de ExecuçãoPermanente (NEP) e Descrições de Cargos;

– implementar Ritmo de Batalha (Battle Rhythm)e rotinas de coordenação de EM;

– garantir o planeamento paralelo com asunidades subordinadas;

– efectuar a ligação entre a ISAF e a KCD:conceito One Team, entre os vários “actores”presentes na KCD.

14 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

AFEGANISTÃO A PRIMEIRA MISSÃOUMA EXPERIÊNCIA ÚNICA E INESQUECÍVEL

Page 15: Boletim Comemorativo 2010

Nesta área realço a importância do diálogo entretodas as partes envolvidas, sendo esta a chave dosucesso para que todos os objectivos tenham sidoatingidos por parte da nossa Força.

PRINCIPAIS OPERAÇÕES REALIZADAS

Em diversas operações realizadas pela OMLT KCD01/02 destacam-se a tomada de posse do PresidenteKarzai, o planeamento e a coordenação de patrulhasconjuntas de forças Afegãs e Turcas, o apoio emoperações de Cerco e Busca, no qual a Divisão esteveenvolvida, os reconhecimentos terrestres/aéreos e,principalmente, a área Civil-Military Co-operation(CIMIC), uma das funções que me foram atribuídas.

Perante tanta miséria, poder ajudar em algo fazia--me sentir útil por ver pessoas necessitadas a sorrir comtão pouco, mas que para eles significava tanto…

É nestes momentos que valorizamos outro tipo derealidades e principalmente o nosso querido Portugal.Ao estar nestes locais, ver com os próprios olhos e sentirestes problemas, tudo se torna diferente, pois nãoconseguimos ficar indiferentes a tanto drama,desgraças e dor, e sentir algumas limitações em ajudareste povo.

A OMLT apoiou e coordenou quatro operaçõeshumanitárias na cidade de Cabul:

- duas de apoio a Campos de Refugiados oriundosdo Paquistão e da Província de Helmand, comcomida, tendas e cobertores (um “cabaz” comcobertores, 5kg de arroz, 5kg de farinha de milho,5kg de trigo, 5kg de feijão, 5l de óleo e chá), a maisde 400 famílias, num total de cerca de 2.000pessoas;

- uma operação humanitária numa escola ondeforam distribuídas mochilas, cada uma comblocos de notas, canetas de várias cores, lápis,borrachas, uma lanterna que não necessita depilhas (de longe o bem mais apreciado pois namaioria das casas não há luz), garrafas de água echocolate;

- uma operação humanitária num bairrodegradado em Cabul onde foram distribuídas, acerca de 100 famílias, cobertores, roupas, botas(galochas para os mais pequenos) e termos paramanter o chá quente;

- uma distribuição de medicamentos e dealimentos;

- e um projecto de longo prazo que consiste naconstrução de uma escola. A escola existente não

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tinha janelas, portas, paredes, electricidade, água,casa de banho, chovia lá dentro, havia constantescorrentes de ar e só existiam bancos para asturmas dos mais velhos, os mais novos sentavam--se no chão, na terra, ou em cima de uns panosimprovisados.

Quando fui informado da reconstrução desta escolasenti que a nossa missão foi preponderante, pois onosso trabalho marcou a diferença naquele povo.Conseguimos algo que, para mim, considerava muitodifícil de obter, mas que foi conseguido com acredibilidade demonstrada pela nossa equipa.

Referência ainda, à Transferência de Autoridade(TOA) que teve lugar no dia 12 de Outubro de 2009, emCamp Warehouse na cidade de Cabul, Afeganistão. Estacerimónia de TOA foi feita em simultâneo para as trêsForças Nacionais Destacadas (FND) no Teatro deOperações (TO) do Afeganistão.

UMA VIVÊNCIA PARTICULAR

Tudo começou no início de 2009, quando decidioferecer-me para uma missão no Afeganistão. Surgiuuma oportunidade e lembro-me que quando tomei adecisão, senti um calafrio cá dentro… Falei com a

minha família e senti o apoio de que precisava, o “sim”.Mas não foi dessa vez que concretizei esse sonho a nívelprofissional. Assim, fui sempre estando atento ao quese passava no Afeganistão nunca pensando em desistire, apesar de estar consciente dos riscos que se corriamnum cenário tão hostil, a vontade de ir prevaleceu.Depois do convite feito pelo Comandante da 2ªOMLT/KCD 01/02, o Coronel Correia, muita coisamudou na minha vida. Toda a minha concentraçãoestava focada na ida para o Afeganistão. De imediato,informei a minha família que, finalmente, ia à minhaprimeira missão. Já em Vila Real, no Regimento deInfantaria N.º 13, após o primeiro contacto com aequipa, senti-me bem e cada vez com mais vontade departir para esta missão. Nós vamos, acima de tudo,contribuir para o desenvolvimento das capacidades doExército Afegão. Todavia, sabemos que o cenário podetornar-se hostil e, por isso, estamos preparados parareagir a um ambiente complexo e imprevisível no (TO).Estas palavras, proferidas pelo Coronel Correia,transmitiam o sentido da nossa missão, bem como aperfeita noção do que nos poderia esperar em situaçõesanómalas.

O dia 21 de Setembro de 2009 aproximava-serapidamente. A partida foi adiada uma semana. Fiquei

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ansioso. Estava em casa à espera e tudo me faziaesquecer os perigos daquele território, sempre naexpectativa de viver e sentir todos aqueles sentimentos,pela primeira vez. Por um lado, houve um aspectomuito positivo: vi o meu filho Guilherme a andar, actoque não ia presenciar se o avião fosse no dia previsto.Por outro lado, senti algum receio e muita ansiedade.Levava a família ou não? Como iria reagir o meu filhomais velho? Tentei junto de alguns camaradas, com essaexperiência, resolver esta indecisão. As opiniõesdivergiam. Fiz então o que o coração mandou, estarjunto deles na hora do adeus.

O dia finalmente chegou. Na manhã de 28 deSetembro partimos com destino ao Afeganistão. Umalonga viagem de três dias em avião militar. Apesar de játer viajado várias vezes de avião comercial, era a minhaprimeira vez dentro de um C-130.

No primeiro dia rumámos com destino à Grécia.Após seis horas a bordo do C-130 foi muito bom podersaborear a comida grega, passear pelo centro deTessalónica e repousar um pouco.

No segundo dia voámos para Baku, Azerbaijão.Já não estávamos definitivamente na Europa. Trêshoras para sair do aeroporto, uma língua estranha,uma cidade com enormes edifícios e auto-estradas

rodeadas de velhos edifícios, ao estilo soviético.Ao terceiro dia chegámos a Cabul. Se tivéssemos

dúvidas sobre o local para onde íamos, as últimas duashoras em “voo táctico” davam-nos as boas-vindas aoAfeganistão.

Em território Afegão, ainda dentro do aeroporto,sentia-se um cheiro desagradável e uma poeira, queanda sempre pelo ar a estas altitudes. Blocos decimento, arame farpado, paredes de betão e muitaprotecção ao nosso redor. Comecei a sentir o ambienteque iria viver nos seis meses seguintes. Os nossoscamaradas estavam à nossa espera, ansiosos pela nossachegada, pois daí a alguns dias iriam eles fazer a viagemde regresso à Pátria, para poderem reencontrarem assuas famílias.

Estando a transferência de autoridade feita e com amissão da OMLT bem assimilada, era hora de começara trabalhar. Foram dias intensos, as horas passavam acorrer e chegava-se ao fim do dia com a sensação que osdias eram curtos.

No dia 14 de Abril de 2010 estava finalmente deregresso a Portugal. Sensação agradável. Um diamuito esperado pois, se antes o tempo voava, naúltima semana com a ansiedade de regressar, os diaspareciam anos.

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Conhecendo o que seria a viagem de regresso,longa e muito cansativa, tentei mentalmentepreparar-me para permanecer tantas horas a bordodo C-130. Sem dúvida que tudo se tornava mais fácila cada quilómetro que passava, por nosaproximarmos de Portugal. Em Baku, de novo trêshoras para sair do aeroporto. Na Grécia, sentia-se acrise pois, ao passearmos nas avenidas de Tessalónica,deparámo-nos com uma manifestação de rua, muitapolícia de choque e muita confusão. O melhor era sairdali, pois com cabelo curto ainda nos podiamconfundir.

Da Grécia a Portugal seria a parte mais longa,mais de seis horas de voo. Mas mais nada importava.Já nada mais doía. O importante era chegar. Antes determinar esta aventura fui premiado na aterragem doavião e convidado a ver Lisboa junto do piloto. Sãoimagens inesquecíveis. Sem dúvida a melhor formade encerrar este capítulo da minha vida.

Sabia quem me esperava. Era o que mais euqueria. Poder ver e abraçar a minha mulher e os meusfilhos.

Aconteceu o que já temia. O Guilherme, de umano de idade, ficou muito tempo a olhar para mim,apesar de me ver todos os dias através de um monitordo computador. E naquele momento, estar à suafrente, deve ter sido confuso para uma mente tãojovem.

Foi, sem dúvida, uma experiência única comhistórias para mais tarde recordar. Longas conversasirão surgir e, bem longe de lá, relembrarei algumasdas que se passaram, porque são estas histórias queme fazem evoluir como homem e como militar, umavez que irei olhar para o futuro de uma formadiferente.

Deixo uma mensagem de esperança aos amigosque lá deixei, desejando que tudo lhes corra pelomelhor, esperando, quem sabe, um dia lá voltar e verum novo Afeganistão.

À OMLT KCD 01/02 o meu obrigado por tudo e,como o Coronel Correia disse: Vamos 17 e iremosregressar os mesmos 17, mas… Amigos!

Um agradecimento especial ao Regimento deArtilharia N.º 4, por todo o apoio demonstrado peloseu Comandante, o Coronel Rodrigues.

Não posso deixar de agradecer à minha mulherque, durante quase sete meses, também teve a sua«missão», a de estar sozinha com duas crianças. E aoresto dos amigos que, apesar de longe, sempretorceram para que tudo corresse bem.

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1SAR ART Rui FernandesSargento de Apoio de Fogos/GAC

1 Não havendo tradução directa, poder-se-á designar comoEquipa Operacional de Ligação e Assessoria Militar, daDivisão em Cabul.

2 Adaptação do estrangeirismo correspondente, sinónimo deassessoria.

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United Nations Interim Force InLebanon (UNIFIL) é uma missão demanutenção de paz (PeaceKeeping),

constituindo-se numa força militar das NaçõesUnidas, que foi criada em 1978, através da resolução425 do Conselho de Segurança das Nações Unidas(UNSCR 425), com o objectivo de monitorizar econfirmar a retirada das Forças Israelitas do Sul doLíbano.

Em Julho de 2006, após um confronto armado de48 dias que opôs as Forças Israelitas à MilíciaArmada Hezbollah (Partido de Deus), é prorrogado omandato da UNSCR 425 através da UNSCR 1701,com tarefas adicionais e um aumento considerável deforças participantes.

É neste contexto que Portugal é levado aparticipar nesta missão da Organização das NaçõesUnidas (ONU), desde Dezembro 2006, com umaUnidade de Engenharia Militar e com cinco oficiaispara o Comando da UNIFIL, no qual fui integrado.

Há muito para dizer acerca da riquíssima econturbada história do Líbano, com a elevadaquantidade de religiões ali existentes e as suasdiferenças, sobre a organização e missão da UNIFILe os diversos actores presentes no Teatro deOperações (TO), tais como as Forças Armadas

Libanesas (Lebanese Armed Forces - LAF), as Forçasde Defesa Israelita (Israeli Defense Forces - IDF), oHezbollah e, ainda, as diversas organizaçõesPalestinianas. Assim, opta-se por restringir estetema, única e exclusivamente, a uma experiênciapessoal no âmbito das funções que foramdesempenhadas ao longo de um ano de missão naUNIFIL.

A minha nomeação, em Novembro de 2008, pordespacho do General Chefe do Estado-Maior doExército, para desempenhar funções de Gestão dosRequisitos de Informação (Request for Information -RFI Manager), na UNIFIL, trouxe, por um lado,alguma apreensão e por outro, a serenidade eimportância da participação, e a oportunidade deintegrar um contingente português que, durante umano, permitiria dar o meu contributo nareconstrução e manutenção da paz neste local doMédio Oriente.

A chegada ao TO efectivou-se a 16 Janeiro de2009 e, à chegada a Beirute e ao AeroportoInternacional Rafik Hariri (Rafik HaririInternational Aerport - RHIA), deparavam-se asprimeiras e grandes diferenças: forma de vida;cultura; sensações diversas que iriam caracterizar amissão, para as quais haveria que criar um processo

MISSÃO NO LÍBANOUMA PARTICIPAÇÃO NA UNITED NATIONS INTERIM FORCE IN LEBANON

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de habituação e, ao mesmo tempo, de integração a estarealidade; forças militares, não só libanesas como daUNIFIL, entre a população civil; as mulheres trajando astípicas burkas (véu que é utilizado pelas mulheres que cobreo cabelo); o intenso cheiro a fumo das narguilas (típicocachimbo do médio Oriente); o som vindo dos altifalantes,colocados nos altos minaretes das mesquitas, entoandopassagens do Al-Corão. Tudo isto confirmava que estavanum país completamente diferente, no Médio Oriente e noMundo Islâmico, num território que, desde a suaindependência, já tinha sido assolado por diversos conflitosinternos e externos, e onde, com o sentido de missão bempresente, pretendia dar o meu contributo para odesenvolvimento e manutenção da paz, numa perspectiva deprojectar a política externa de Portugal.

A função a desempenhar foi a de Oficial de Estado--Maior/Gestão dos Requisitos de Informação (Staff OfficerRFI Manager) e de Adjunto do Chefe da Secção de Pesquisa,Coordenação e Documentação das Informações (Collection,Coordination, Intelligence Requirements Management[CCIRM] Deputy). Apesar de alguma investigação préviasobre a função, a mesma continuava a apresentar contornosde desconhecimento acentuado, concretamente, norespeitante aos deveres e tarefas inerentes ao cargo, pelo queestava bastante apreensivo e ansioso para a iniciar e mefamiliarizar com a mesma.

Após todas as tarefas administrativas e de processamento(inprocessing), apresentei-me na minha secção (branch), aSecção de Informação Militar J2 (J2 Military IntelligenceBranch), chefiado por um Coronel Espanhol e ondeprestavam serviço militares de diversos países (Espanha,França, Itália, Croácia, Bélgica, Índia, Coreia do Sul,Alemanha, China, Polónia e Indonésia).

Destinado a prestar serviço na Secção CCIRM, chefiadapor um Tenente-Coronel Sul Coreano, cedo me apercebi dequanto iria ser interessante e enriquecedor o ano que seavizinhava, tanto a nível cultural como profissional. Estafunção estava inserida numa área que, em Portugal, poucostêm oportunidade de trabalhar, as Informações Militares(Military Intelligence) e que, certamente, representava umamais-valia profissional.

A função primária e essencial da J2 é fornecer estudos eavaliações (estudo, análise e avaliação da ameaça e de todosos actores presentes na Área de Operações [AO]) aoComandante da Força (Force Commander - FC) e a toda aestrutura militar da UNIFIL, de forma a garantir umconveniente e adequado planeamento de todas as operaçõesa desenvolver e, essencialmente, garantir a devida Protecçãoda Força (Force Protection) a todas as unidades pertencentesà UNIFIL.

A J2 é constituída por quatro secções distintas: a Secção

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CCIRM, a Secção de Planos (Plans), a Secçãode Análise (Analysis) e a Secção de Avaliação

(Assessment).A CCIRM faz toda

a pesquisa, atribui astarefas de pesquisa,

e constitui, as-sim, a “portade entrada e desaída” de todaa Informação

dentro da J2.A Secção de Planos é responsável

pela elaboração de todos osplanos essenciais ao funcio-namento da J2 e, principal-mente, a elaboração eactualização do Plano deArquivo de Informação

(Intelligence Collection Plan -ICP).

A Secção de Análise édividida consoante os

actores presentes na AO,por analistas do Hezbollah, da IDF, dos

Palestinianos, das LAF e da população. Cadaespecialista, no desempenho da sua actividade, éresponsável por estudar ao pormenor e analisarconvenientemente a sua área, de forma a poderfornecer análises fundamentadas da mesma.

A Secção de Avaliação (Assessment) é responsávelpor receber as análises e informação das outrassecções e elaborar as diversas avaliações (assessments)para cada situação específica.

No entanto, apesar de cada oficial ter uma funçãoespecífica, devidamente descriminada no seudesempenho de função (Job description), desde oprimeiro momento o Coronel, chefe da J2, incentivoutodos os militares pertencentes a esta secção a serem

analistas de informações e a contribuírem semprecom a sua própria avaliação para todas as situações.Este facto levava a que todos, os que pertenciam à J2,tivessem um árduo mas interessante trabalho e, semdúvida, a um conhecimento mais profundo dassituações.

Devido à complexidade da situação vivida noLíbano, à quantidade de actores presentes na AO(UNIFIL, LAF, IDF, Hezbollah, Palestinianos e umapopulação com enormes diferenças religiosas:Cristãos Maronitas, Protestantes e Romanos,Muçulmanos Xiitas e Sunitas, e ainda Druzes,referindo as mais significativas, visto que, no Líbano,se encontram mais de 18 credos diferentes), aosistema político único no Mundo (Acordo de TAIF,que estabelece a divisão de poderes e cargos políticospelas diversas religiões) e, ainda, aliando a história,extremamente conturbada, deste país, os primeirostempos exigiam a necessidade de conhecer a situaçãoe os actores. Por seu turno, é previdente ter emconsideração alguns elementos históricos associados,de forma a constituir um background deconhecimento que permitisse analisar, comparar,relacionar e prever as situações que, futuramente,iriam surgir.

Quanto mais informação recebia, mais tempopassava e o conhecimento era cada vez maior.Fundamentava a certeza que a situação na região eraextremamente complexa, tendo, por vezes, algumadificuldade em entender o rumo e a razão dosacontecimentos.

Constituía preocupação e actividade diária aanálise de todas as fontes de informação livres (OpenSources - jornais, televisão, Internet, população), aparticipação em reuniões com a Secção deInformação da LAF (LAF Intelligence), participação eplaneamento em patrulhas aéreas e terrestres,atribuição de tarefas de pesquisa de informação àsunidades subordinadas e a preparação de todas as

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22 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

reuniões desta comunidade de informações (IntelCommunity).

Quanto mais o tempo passava, maior a motivaçãono interessante trabalho que me estava adstrito e que,por razão da função, levava ao conhecimento de todaa AO, quase todo o Líbano e ainda a algumas zonas deIsrael e da Síria.

Para além do anteriormente referido, aconvivência e o excelente ambiente de trabalho na J2,com militares de 12 países diferentes, constituiu umenriquecimento profissional e pessoal relevantes,levando a adquirir experiências fantásticas, quer anível de cultura, hábitos, costumes e religião, quer anível linguístico.

Esta missão foi, sem dúvida, uma experiênciaúnica, que em muito contribuiu para a minhaformação militar e cívica, permitindo uma troca deexperiências invulgares e uma mais-valia profissionalinquestionável, particularmente na área dasInformações Militares.

Para além deste apontamento e da vivência nestamissão, refiro com particular orgulho e satisfação demilitar e de português, que os nossos militares estão

ao nível dos melhores, quer em termos de formação,quer na sua capacidade de adaptação às mais diversascircunstâncias, desenvolvendo empatia com osdemais indivíduos da região e posicionando a nossabandeira em lugar de destaque.

CAP ART Sandro GeraldesOficial de Pessoal e Logística/GAC

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Introdução

Obus M119 105mm Light Gun/30/m98entrou ao serviço do nosso Exército em1998, como nos indica a sua

nomenclatura. Foi adquirido ao Reino Unido, com aparticularidade de ter sido o primeiro obus cujaaquisição resultou de um programa incluído numa Leide Programação Militar, para completar e reequipar oGrupo de Artilharia de Campanha (GAC) da BrigadaAerotransportada Independente (BAI), que tinha sidocriada em Janeiro de 1994. Na altura, concluiu-se quenenhum dos materiais de Artilharia que equipavam onosso Exército possuía as características ideais para aespecificidade daquela Grande Unidade. Foi assimadquirido pela primeira vez um obus, sem que o seu

resultado fosse decorrente de um processo de aquisiçãobaseado na recepção de materiais que já estavamultrapassados nos países de origem.

Os testes para a aquisição do obus decorreram noprimeiro trimestre de 1996, apenas aos dois obuses quetinham ultrapassado as fases prévias do concursopúblico: o nosso M119, da firma inglesa RoyalOrdnance e o obus LG1, da fábrica francesa GiatIndustries. Após estes rigorosíssimos testes, a escolharecaiu no M119 inglês.

Este obus, originalmente com a designação de L118,começou a ser produzido para o Exército Britânico nadécada de 70 do século passado, mais precisamente em1975, para substituir o obus Oto Melara, de origemitaliana, pois a sua falta de alcance (10,5Km) tornava-opotencialmente vulnerável aos fogos de contra-bateria e

M119 105MM LIGHT GUN/30/M98UM OBUS MODERNO E ACTUAL

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a sua pouca robustez não lhe granjeava popularidade. OL118 foi largamente exportado, inclusive para os EUA,onde foi modificado para a conhecida versão M119A1e depois A2. Foram, portanto, muitos os países queadquiriram este material, cerca de vinte espalhadospelos cinco continentes e, curiosamente, o mesmotambém aconteceu com o LG1 francês.

Podemos afirmar que, no nosso Exército, o M119 jáserviu em três Brigadas, ou melhor, o mesmo Grupo jápertenceu à BAI, à Brigada de Intervenção e,actualmente, é orgânico da Brigada de Reacção Rápida(BrigRR).

Onze anos ao serviço do nosso Exército

Muitos foram e continuam a ser os exercíciosefectuados com este material, mostrando sempre, a

nível artilheiro, ser uma arma bastante precisa. Noentanto, foram surgindo alguns problemas no âmbitoda sua manutenção, cuja análise cuidada, que aqui sepretende efectuar, permite optimizar alguns aspectos,para futuras aquisições da mesma natureza.

Chegado o material ao nosso País no início de 1999,decorreu na Escola Prática de Artilharia durante duassemanas, um estágio ministrado por militares inglesespara os utilizadores do M119, ou seja, para o pessoalresponsável pela Manutenção de Unidade (ocorrespondente à manutenção de 1º e 2º escalão). Esteestágio envolveu cerca de dez militares, entre os quais,curiosamente, apenas se encontravam três primeiros--sargentos mecânicos de armamento pesado, sendofrequentado também por sargentos mecânicos dearmamento ligeiro, entre outros, que nunca viriam aestar ligados a este material. Duas semanas depois,

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decorreu na ex-Escola Prática do Serviço de Material,agora Regimento de Manutenção, um Curso deManutenção Intermédia (correspondente ao 3ºescalão), ministrado por civis da Royal Ordnance, sópara militares do Serviço de Material (SM) e dois civisdas Oficinas Gerais de Material de Engenharia(OGME). Depois deste curso foram, ainda, frequentaro curso de Light Gun a Inglaterra, cinco militares do SM(apenas três mecânicos de armamento pesado) e umcivil das OGME, que ficaram aptos a realizar aManutenção de Depósito (correspondente ao 4ºescalão). Porém, dos três primeiros-sargentos do SM(mecânicos de armamento pesado), actualmente,apenas um está ligado à manutenção deste obus.

Com o M119 ao serviço do Exército desde 1998, sóem 2004, seis anos depois, se iniciaram acções deformação para os técnicos do SM, mas que apenashabilitava, até há muito pouco tempo, para a realizaçãoda Manutenção de Unidade (1º e 2º escalão) e não paraa realização da Manutenção Intermédia, nem deDepósito (3º e 4º escalão). Isto significa que, e oRegimento de Artilharia N.º 4 é exemplo disso, duranteseis anos, os mecânicos de armamento pesado nãopossuíam qualquer formação para efectuarem a devidamanutenção aos obuses.

Desta forma, não foi por acaso que em 2005 osingleses da Royal Ordnance, na altura já com o nome deBritish Aerospace (BAE) Systems, vieram a Portugalporque os obuses apresentavam uma série de

problemas, principalmente ao nível do sistema detravagem e na componente Ligação Elástica. Dos 21obuses adquiridos estavam inoperacionais cerca deuma terça parte.

Após esta inspecção aos obuses, os técnicos da BAESystems fizeram um relatório onde elencaram osprincipais problemas e elaboraram uma lista dematerial que deveria ser substituído. Recomendaram,inclusivamente, que fosse constituída uma Lista deNíveis Orgânicos das peças de maior consumo. Porém,o resultado final foi a não aquisição dos sobressalentesque eram secundárias para a execução do tiro, refira-se:foles de protecção, vedantes, rebites, cavilhas, etc., que,efectivamente, foram sendo adquiridos, mas nomercado civil.

Os ingleses da BAE Systems propuseram, também, aaquisição de um compressor próprio, exclusivo destesistema de armas, que permite atestar com arcomprimido (com um grau de pureza muito específico)o reservatório de ar comprimido, elemento integranteda Ligação Elástica. Este compressor permite aindaencher as botijas de ar comprimido, que fazem parte dapalamenta e que se destinam a atestar os níveis de arcomprimido, apenas em situações pontuais (quandoem exercícios de campo ou em combate). Ainda assim,é com estas botijas, carregadas em firmas civis, que oExército tem, normalmente, atestado os reservatóriosde ar da Ligação Elástica. Actualmente, algunsreservatórios já não têm no seu interior ar comprimido,

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como determina o fabricante, mas sim azoto, por serconsiderado que tem o mesmo efeito. Tal significa quealguns dos obuses do GAC/BrigRR têm arcomprimido na ligação elástica e outros têm azoto,com as consequências que esta arbitrariedade podetrazer. Coincidência ou não, os principais problemasdeste material estão na componente Ligação Elástica,principalmente, no Cilindro Recuperador, quetrabalha com ar e óleo, com a deterioração dosretentores/vedantes que deixam, assim, que o ar semisture com o óleo.

Portanto, no que se refere aos sobressalentes, apolítica adoptada desde que o Light Gun entrou aoserviço no nosso Exército, foi a de não existência dequaisquer stocks no Depósito Geral de Material doExército, adquirindo-se as peças com base emrequisições, depois do levantamento das deficiências,o que resulta numa demora na ordem dos seis a setemeses. Todavia, apesar do referido, salienta-se que oM119 é um excelente material; versátil, preciso no querespeita ao tiro e, em termos mecânicos, muito fiável.

Light Gun nos Exércitos Americano e Inglês

No Exército Americano, o obus M119 equipatodas as Divisões Ligeiras: 10th Mountain Division(Light Infantry), 25th Infantry Division, 82ndAirborne Division, 101st Airborne Division, 173rdAirborne Brigade Combat Team e alguns GAC daNational Guard. Por sua vez, no Exército Inglês,equipa o 7th Parachute Regiment Royal HorseArtillery da 16th Air Assault Brigade, o 29thCommando Regiment Royal Artillery do 3rdCommando Brigade Royal Marines e o 40th Regiment

Royal Artillery da 19th Light Brigade da 3rdMechanized Division.

Nestes exércitos é rotineiramente lançado emoperações aerotransportadas e helitransportado emhelicópteros Chinook e Blackhawk em operações deassalto aéreo. Tem, continuamente, provado ser, face àsrestrições próprias do transporte aéreo, o material deArtilharia mais adequado para estas operações,principalmente, devido ao seu baixo peso. Integradonestas unidades, tem tido bons desempenhos,recentemente, no Iraque e no Afeganistão.

O futuro do Obus M119 Light Gun

Ao calibre 105mm está associada uma maiormobilidade, atendendo a que as armas são mais leves ecompactas, podendo ser facilmente transportadas emmeio aéreo ou rebocadas por um simples jipe 4x4 e opeso das suas munições, relativamente baixo, permite otransporte em maior número. Assim, cada vez mais, osexércitos reconhecem o valor dos materiais maisligeiros, em detrimento das armas mais letais.

O Exército Inglês, por exemplo, tenciona manter oL118 até 2033, com as devidas actualizações, claro.

Durante a década de 90 já equipou todos os seusL118 com um velocímetro. Em 2002, o aparelho depontaria dos L118 foi substituído pelo LINAPS ArtilleryPointing System (APS), um sistema auto-suficiente quepermite navegar, apontar e gerir o sistema de armas,possibilitando uma rápida e precisa entrada emposição, sob quaisquer condições meteorológicas, querde dia, quer à noite, tendo sido utilizado com bastantesucesso no Iraque, durante a Segunda Guerra do Golfo.Este sistema não necessita de levantamento topográfico

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prévio, não requer pontos de referência ou pontosafastados conhecidos, permite uma maior rapidez naentrada em posição e precisão na localização da boca--de-fogo tornando desnecessário o Goniómetro-Bússola para a pontaria inicial. Tudo isto resulta, emúltima análise, numa redução dos custos de treino.Também em 2007 foi iniciado um programa visando oincremento de capacidades, no sentido de melhoraralguns componentes e de reduzir o peso, através dasubstituição de alguns componentes em aço por titânio.

Assim, num futuro próximo, quer no ExércitoInglês quer no Americano, não se perspectivamalterações no âmbito dos sistemas de armas, mantendo--se, ao serviço, os actualmente existentes, nomea-damente o Obus L118/M119 105mm Light Gun. Odesenvolvimento previsto incidirá, por sua vez, nasmunições (com o desenvolvimento de dispositivos deprecisão, a acoplar às munições 105mm existentes), nosSistemas Automáticos de Comando e Controlo e naAquisição de Objectivos.

Podemos considerar que o nosso obus M119 é umaarma actual, perfeitamente adequada ao emprego quedela se pretende na BrigRR e que, à semelhança deexércitos mais evoluídos, devemos mantê-la e actualizá--la tendo em vista o incremento do seu desempenhooperacional.

No caso português, para além das actualizações aefectuar no obus, é fundamental ser equacionada asubstituição da viatura que o reboca, uma vez que oUnimog 1100 L, sendo na altura a solução possível,encontra-se actualmente desajustado às exigências deprotecção da força.

Conclusão

Considerando que a manutenção é fundamentalpara garantir a prontidão e a longevidade do material, éimperativo que em futuras aquisições seja adquiridotodo o completo do material e que, antecipadamente,seja definida uma política de formação ecomprometimento dos técnicos do Serviço de Materialque ficarão ligados à manutenção de determinadosistema de armas.

Quanto aos sobressalentes é fundamental aexistência, para disponibilização imediata, das peças demaior consumo pois, sem estas, a prontidão é muitoafectada.

Finalmente, o obus M119 105mm Light Gun/30/m98 é um sistema de armas actual com provas dadasem várias campanhas, devidamente adequado àscaracterísticas da BrigRR, não havendo, presentemente,necessidade da sua substituição. Porém, é determinanteiniciar o processo da sua modernização, não devendoser esquecida a questão das viaturas que o rebocam.

TCOR ART Octávio AvelarComandate do GAC

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operacionalização do Sistema Automáticode Comando e Controlo (SACC)constitui, para o Grupo de Artilharia de

Campanha (GAC), para a Brigada de ReacçãoRápida (BrigRR) e, em última análise, para aArtilharia, uma evolução tecnológicafundamental na resposta aos requisitos técnicosexigidos às forças que fazem parte da AliançaAtlântica.

É um sistema composto por quatrosubsistemas:

- o Sistema Táctico Avançado de Dados daArtilharia de Campanha (Advanced FieldArtillery Tactical Data System - AFATDS),que equipa o Elemento de Apoio de Fogos(EAF) da Brigada e dos Batalhões, o PostoCentral de Tiro (PCT) do GAC, a Secção deOperações e a Secção de Informações, que sedestina a efectuar a Direcção Táctica do Tirode Artilharia;

- o Sistema Computorizado da Bateria (BatteryComputer System - BCS), que equipa o PostoCentral de Tiro das Baterias de Bocas de Fogo,tem como missão efectuar a Direcção Técnicado Tiro de Artilharia;

- o Sistema Avançado de Observação (ForwardObserver System - FOS), que equipa asEquipas de Observação Avançada, faz acondução de Missões de Tiro de Artilharia e oplaneamento de Apoio de Fogos nassubunidades de manobra;

- o Terminal de Dados do Obus (Gun DisplayUnit/Replacement - GDU-R), que equipa asSecções de Bocas de Fogo, tem como função arecepção de elementos de tiro (direcção,elevação e graduação de espoleta), paraapontar, carregar e disparar os obuses.

O SACC foi adquirido aos Estados Unidos daAmérica (EUA) para efectuar a Direcção Táctica

e Técnica do Tiro de Artilharia e é uma ferramentacom bastantes possibilidades, no que diz respeito aoplaneamento e execução do Apoio de Fogos, funda-mental para ser utilizado durante o Processo deTomada de Decisão Militar.

O Regimento elegeu em 2007, como “Área deExcelência”, a implementação do SACC. Este tem sidoum processo com várias fases, decompostas no tempo,para que os conhecimentos e a experiência adquiridossirvam de “trave mestra” à operacionalização total destenovo paradigma artilheiro.

Outro aspecto fundamental que os militares daArma de Artilharia não podem ignorar é que, em todosos escalões de comando, existe um artilheiro, cujafunção é aconselhar o Comandante para o Apoio deFogos. É este artilheiro que coordena a aplicação detodos os meios de Apoio de Fogos ao dispor de umcomandante. Neste aspecto, o SACC é uma ferramentade capital importância, desde a fase do planeamento do

LIÇÕES APRENDIDASOPERACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA AUTOMÁTICO DE COMANDO E CONTROLO

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Apoio de Fogos à fase de aplicação de todos os meios deApoio de Fogos de forma racional, para dar resposta àsdirectivas do Comandante na integração do Apoio deFogos na Manobra da Força.

Importa ainda salientar que a principal finalidadedeste artigo é dar a conhecer as actividadesdesencadeadas no último ano no âmbito daoperacionalização do sistema, as dificuldades sentidase, por fim, sensibilizar o Escalão Superior danecessidade de encontrar soluções para os problemasdetectados.

Antecedentes

O SACC, para a Artilharia de Campanha, foirecebido pelo Regimento de Artilharia N.º 4 (RA4) emFevereiro de 2005 no Depósito Geral de Material doExército. Ainda em 2005, decorreu na Escola Prática deArtilharia (EPA) o curso dos vários subsistemas quecompõem o SACC, ministrado por instrutores vindosdos EUA.

Em Março de 2007, decorreu em Santa Margarida averificação final dos equipamentos (sell-off), com vista àaceitação final dos equipamentos por parte do Exército,que contou com a presença dos representantes dasempresas que exportaram os sistemas e, do Exército,

com representantes das Unidades que foramequipadas com o SACC. No sell-off foram feitasdemonstrações de Missões de Tiro apenas com osistema AFATDS, tendo como meio de transmissão dedados o fio WD1-TT, assim como uma sessão de fogosreais com todos os subsistemas, em que os meios detransmissão de dados foram os rádios de origemAmericana que equipam a Brigada Mecanizada.

Ainda, durante o sell-off, foi testada a comunicaçãodigital através do rádio P/PRC 525, entre os subsistemasSACC, mas apenas se obteve sucesso de transmissão dedados entre sistemas AFATDS. Estes testes contaramcom a presença de um representante da Direcção deComunicações e Sistemas de Informação e da Eng.ªCidália, pertencente à EID, empresa que fornece osrádios ao Exército.

Em Dezembro de 2008, o GAC recebeu as viaturasIveco, que transportam as coberturas que albergam osequipamentos SACC. Ainda no mesmo mês, o GAC foiequipado com rádios P/PRC 525, com capacidade deefectuar comunicação digital segura no modo SECOM--V (com salto de frequência e texto cifrado associado auma chave de cifra, antes da transmissão, e uma chavede decifra, após a recepção).

Durante o ano 2009, o GAC utilizou o sistema emtodos os exercícios em que participou.

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Actividades desenvolvidas no último ano

No âmbito da implementação/operacionalizaçãodo SACC, no GAC/BrigRR, têm vindo a serconduzidas algumas experiências em sala, no sentidode criar uma rede (Network) que permita interligartodos os subsistemas, tendo como meio principal detransferência de informação/dados o rádio P/PRC 525.

Das experiências efectuadas, sob orientação doChefe do PCT do GAC, foi elaborado um diagrama decomunicações, tendo como principais objectivospermitir a comunicação entre todos os elementos comintervenção no Apoio de Fogos, adequar e rentabilizaros meios de comunicações disponíveis, colocar omaior número de equipamentos SACC a efectuarcomunicação digital, tendo em vista a troca deinformação com maior celeridade e segurança dascomunicações, e ter como meio de alternativa àscomunicações digitais uma rede analógica/radiofónicapara reactivar as redes de tiro do GAC (T1, T2 e T3)quando necessário.

Após as experiências em sala realizadas comsucesso, para criar a Network atrás mencionada, foramdesencadeados alguns exercícios de campo comexecução de Tiro de Artilharia, onde o SACC foitestado, nomeadamente, na Avaliação de Creditação(CREVAL), efectuada ao desempenho da Bateria deArtilharia de Campanha que foi criada para integraruma Força de Reacção Rápida do Tratado do AtlânticoNorte (BArtCamp/NRF14) em Junho de 2009; noExercício Trovão 092 realizado em Santa Margaridaem Novembro de 2009; no Exercício de Comunicações

no interior do RA4 no início de Fevereiro de 2010; e,ainda no mesmo mês, no Exercício Infront 101 emSanta Margarida.

No final do mês de Fevereiro de 2010, estevepresente no Regimento a Eng.ª Cidália da empresa EIDpara verificar todos os rádios, montagens veiculares ecolocar a última versão de software do rádio disponívelpara o Exército. Foram detectados e identificadosproblemas nas montagens rádio de algumas viaturas,que estão a ser solucionados pela empresa responsável.Foi ainda elaborada uma nova programação dos rádiose posteriormente realizado no Regimento e áreaadjacente um exercício para testar a transmissão dedados, utilizando a nova versão de software do rádio.

O sistema foi utilizado no Exercício Trovão 101realizado em Santa Margarida em Março de 2010, enos Exercícios Eficácia 10 e Rosa Brava realizados emSanta Margarida em Abril de 2010.

Justino Monteiro & Filhos, Lda(VELUDO)

Largo dos Barreiros, 2 - 2410-087 LEIRIATel/Fax 244 833 097 - Email: [email protected]

TROFEÚS E MEDALHAS DESPORTIVAS

REPARAÇÕES EM OURO E PRATA - GRAVAÇÕES

Rede de Apoio de Fogos

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BOLETIM 2010

No que respeita às actividades no âmbito daformação, no início de Janeiro os elementos quedesempenham funções nas Equipas de ObservaçãoAvançada (OAV) e no Posto Central de Tiro dasBaterias de Bocas de Fogo (BBF) frequentaram, naEPA, o curso de FOS e BCS, respectivamente. Duranteos meses de Maio e Junho três sargentos do GACfrequentaram, também na EPA, o curso de AFATDS.

Principais problemas

Quanto às viaturas Iveco têm surgido algunsproblemas mecânicos que as têm tornadoinoperacionais com muita frequência.

No respeitante à transmissão de dados, durante osexercícios, foram observados vários problemas nacomunicação digital, em especial entre o FOS e oAFATDS.

Quando é colocada em funcionamento umaNetwork digital (texto cifrado e salto de frequênciano modo SECOM-V), com equipamentos iguais(AFATDS - AFATDS), a Network funciona semproblemas, a transmissão de dados entreequipamentos é feita com celeridade, segurança esem quebra de comunicação. Porém, quando sepretende conectar sistemas diferentes, emparticular o FOS e o AFATDS, a transmissão dedados não se mostra fiável. Na maioria das vezesnem sequer é conseguida, por falha/quebra decomunicação entre os sistemas;

O BCS não faz comunicação digital quando secoloca o rádio P/PRC 525 no modo SECOM-Vcom TRANSEC e COMSEC (texto cifrado e saltode frequência). Só comunica quando se utilizafrequência fixa com transmissão analógica dedados. A comunicação analógica de dados éfrancamente mais lenta e, do ponto de vista dastransmissões, é uma comunicaçãonão segura, logo, comprometeo cumprimento da missão.

Foram, ainda, detectadosalguns problemas de ordemtécnica no que respeita àexecução de Tiro deArtilharia. Relativamente àsMissões de Tiro de Regulação,Percussão e Tempos, seguidasde Eficácia, quando seregula em percussão e sepassa à regulação da

espoleta de tempos, no BCS aparece de imediato umcomando para efectuar a Eficácia e não continuar aregulação com a granada HE com espoleta deTempos, como seria de esperar. Ou seja, o sistemanão nos está a permitir regular as granadas deTempos para execução de uma rajada com todas asbocas-de-fogo de forma proficiente.

No que confere às Missões de Tiro de Fumos quesão efectuadas com granada HC, quando o OAVacaba de regular a munição HE no ponto inicial deformação de fumos e altera, no seu FOS, de granadaHE para HC com espoleta de Tempos, para poderregular a sua altura de rebentamento, no BCScontinua a aparecer regulação com munição HE eespoleta de Percussão, como se nada tivesse sido feito,pelo OAV, para desenvolver a regulação e ter todos osdados, de modo a obter a cortina de fumospretendida.

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Análise

No que às viaturas Iveco diz respeito, os problemasmecânicos que as tornam inoperacionais estão ademorar muito tempo a ser solucionados, uma vez quea sua reparação excede a capacidade do Regimento.

Quanto aos equipamentos do SACC nos EUA, têmcomo meio de transmissão de dados, os rádios dafamília SINCGARS, rádios que o Exército Portuguêsnão adquiriu por estar a desenvolver o projecto P/PRC525, com capacidade de transmissão de dados. Noentanto, a transmissão de dados entre os váriossistemas SACC, utilizando uma Network digital, nãotem tido a fiabilidade esperada, pelo que se vislumbraa necessidade, urgente e premente, de um estudoexaustivo desta questão. Desta forma, está a serdispendido demasiado tempo a tentar solucionar-se osproblemas com comunicações digitais, com recurso aoP/PRC 525, tornando manifestamente insuficiente otempo disponível para o treino dos operadores.

Os problemas de Comunicações verificados,utilizando uma Network digital, em especial na ligaçãoFOS - AFATDS, podem ter diversas origens, das quais,após se terem efectuado algumas experiências paraeliminar eventuais causas, apontamos como possíveiscausas a utilização de diferentes modems de comuni-cação entre os vários sistemas que pertencem agerações diferentes, problemas entre o software dosequipamentos FOS e o software do rádio P/PRC 525,ou, ainda, problemas de compatibilidade entre oscabos de ligação digital dos rádios Manpack e as caixasde comutação dos rádios das montagens veiculares.

Quanto ao facto do BCS não comunicar utilizandouma rede digital, esta situação ainda não foi totalmenteexplorada, dado que depois da troca de impressões

com a Eng.ª Cidália obtivemos informações de queforam feitos vários testes para colocar o AFATDS, oFOS e o BCS a comunicar digitalmente, o que seconseguiu apenas com os dois primeiros subsistemas.Foi-nos ainda referido que posteriormente viriam a serabandonadas as experiências no sentido de colocar oBCS a comunicar digitalmente, mas que a situaçãopoderia ser novamente estudada, o que traria maiorsegurança das comunicações e maior celeridade natransmissão de dados.

Se os subsistemas SACC não comunicarem numarede digital segura, com texto cifrado e salto defrequência, a transmissão de dados é bastante maislenta, aumentando o tempo de resposta aos pedidos detiro. Acresce, ainda, que empastelar a rede torna-semais fácil, logo a transmissão de dados pode efectuar--se com erros, ou mesmo não existir, acarretandosérias dificuldades à necessária prontidão do Apoio deFogos ao dispor do Comandante da Unidade deManobra Apoiada. A operacionalidade do SACCdepende assim, directamente, da fiabilidade do sistemade comunicações através do qual efectua troca dedados/informação.

No que concerne aos problemas identificados deordem técnica na execução do Tiro de Artilharia, aindanão se conseguiu obter qualquer conclusão. Noentanto, vão continuar a efectuar-se experiências paraque seja encontrada uma solução. Uma possível causapoderá prender-se com a existência de bugs nosoftware do sistema AFATDS.

Face ao exposto, urge providenciar os meiosadequados para a tentativa de resolução dasdificuldades verificadas, passando por um apoiotécnico exterior, quer ao nível internacional, pelaentidade produtora do sistema, quer ao nível nacional,

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pela constituição de uma equipa multidisciplinar deacompanhamento das diversas áreas que,naturalmente, estão interligadas. Paralelamente a estesaspectos apresentados de uma forma resumida,passará certamente, também, pela aquisição dedispositivos e substituição de alguns componentes detransmissão de dados, de forma a potenciar ascapacidades do sistema.

Síntese conclusiva

O paradigma SACC tem que ser encarado de formaglobal, tendo por princípio o treino integrado entre osoperadores dos vários subsistemas de modo aconsolidar conhecimentos técnicos da operação decada subsistema e preparar os operadores para umanova realidade táctica e técnica que o SACC vemimpor. Este trabalho, que se entende ser de equipa, sódará frutos se todos os órgãos que têm intervenção noApoio de Fogos funcionarem em simultâneo.

A evolução táctica e técnica dos operadores dosvários sistemas estão dependentes da resolução dosproblemas de comunicações/transmissão de dados quese têm verificado.

Dado que o SACC é um sistema com bastantesrecursos, para gestão de toda a informação respeitante

ao Apoio de Fogos, é fundamental que os operadoresdos vários subsistemas tenham um treino intensivo epermaneçam em funções por um período mínimo dedois anos.

A implementação/operacionalização do SACC noGAC/BrigRR constituiu um avanço tecnológico, semprecedentes na Artilharia de Campanha Portuguesa,que está a ser condicionado pelos problemasemergentes nas comunicações entre os váriossubsistemas que compõem o SACC. Como tal, énecessário que o Exército, nos seus diversos níveis dedecisão e responsabilidade, potencie e auxilie aresolução dos problemas apresentados, pois, casoassim não aconteça, a completa implementação eoperacionalização do SACC poderá nunca chegar a serconcretizada, não passando assim de uma realidadevirtual.

CAP ART Álvaro SantosChefe PCT/GAC

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prudência, a ponderação e a coragem, paratomar decisões com um risco calculado econtrolado, são qualidades presentes e

inerentes a qualquer militar, que lhe permitemconseguir alcançar determinadas vantagens eobjectivos. Também nas finanças pessoais estasqualidades são necessárias e essenciais para aplicar aspoupanças de forma mais adequada aos objectivospretendidos.

Nas finanças pessoais a poupança corresponde àpreservação dos recursos para consumo no futuro.Sucede, porém, que a inflação pode retirar valor àpoupança se esta não for investida. Se o nossodinheiro estiver “debaixo do colchão”, num depósito àordem, ou mesmo num depósito a prazo, com umataxa de juro inferior à taxa de inflação, então o nossodinheiro está a perder valor, isto é, estamos a pouparmas, no futuro, vamos consumir menos do quepoderíamos consumir hoje, com o mesmo dinheiro.Por seu turno, se o nosso dinheiro estiver aplicado emprodutos financeiros, que permitam umarendibilidade superior à taxa de inflação, podemosentão afirmar que estamos a preservar e a aumentar anossa poupança.

Investir é das coisas mais importantes quedevemos aprender a fazer. Devemos orientar osnossos investimentos de acordo com os nossosobjectivos, sejam estes a curto, a médio, ou longoprazo. Como investidores, devemos ter semprepresente que o grau de risco de um produtofinanceiro aumenta em função da rendibilidade queele pode proporcionar e vice-versa. Uma das regras deouro para minimizar ou atenuar o risco é adiversificação, ou seja, não devemos “colocar todos osovos no mesmo cesto”. Devemos diversificar,investindo em produtos de risco muito reduzido, emprodutos risco de moderado e em produtos de riscoelevado.

De um modo geral, existem três tipos de perfil de

investidores: o conservador, o moderado e o agressivo. O investidor conservador tem aversão ao risco,

investe em produtos financeiros sem risco, ou de riscomuito reduzido, a médio/longo prazo; não tem pressaem obter ganhos e procura minimizar as perdas ou aausência delas.

O investidor moderado ou equilibrado é aqueleque tem características de investidores conservadorese agressivos.

O investidor agressivo não tem aversão ao risco.Investe em produtos financeiros com risco moderadoe risco elevado, com o objectivo de obterrendibilidades proporcionais aos riscos enfrentados.

INVESTIR CONCEITOS E ALTERNATIVAS DE APLICAÇÃO DA POUPANÇA

Os investimentos de risco são como o «stress»;Como não se pode evitá-lo, mais vale saber geri-lo.

Domitília Santos

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O perfil do investidor depende das característicaspessoais e dos objectivos de cada um. Assim, existemalgumas questões que devem ser analisadas, antes dedefinir um perfil de investidor.

Quanto podemos investir?Deve planear-se objectivos, de acordo com o que

podemos investir. Não adianta investir, actualmente,€20.000,00, se amanhã vamos precisar de o resgatar. Épreferível investir uma pequena parte do valor edeixá-lo aplicado por bastante tempo, do que colocaruma grande quantia e precisar dela depois.

Qual o prazo de investimento que pretendemos?O investidor deve definir um prazo para o

investimento e avaliar o tempo mínimo de aplicaçãoem cada produto financeiro, escolhendo aquele quecondiz com os seus objectivos. A melhor aplicação vaidepender do prazo que o investidor tiver parainvestir.

Qual a rendibilidade que pretendemos alcançar?O investidor deve determinar uma rendibilidade

esperada, tendo sempre em mente que, quanto maiorfor essa rendibilidade, maior será o risco que terá quecorrer. A aplicação em produtos financeiros, quepossam proporcionar rendibilidades de 10% ou 15%,pode originar perdas, por vezes superiores a 20%.

Para saber em que tipode perfil o investidor seenquadra, existem inú-meras páginas na Internetde instituições financeiras1

que, através de questioná-rios e simuladores on-line,determinam o perfil doinvestidor.

Para podermos aplicaras nossas poupanças, emprodutos financeiros eentrarmos no mercado decapitais, necessitamos deum intermediário finan-

ceiro que esteja devidamente autorizado e reguladopela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários(CMVM), e que esteja sujeito à supervisão do Bancode Portugal e da CMVM. Normalmente, osintermediários financeiros são os bancos ou, então, aschamadas sociedades de corretagem. No nosso paístemos bancos como o Banco Best, Banco BIG,Activobank7, BancoInvest e sociedades decorretagem, como a Lisbon Brokers, Dif Brokers,Intervalores e a Orey, que são especializados eminvestimentos de produtos financeiros.

Existem vários produtos financeiros que variamentre si, relativamente à sua complexidade e ao seugrau de risco. Os produtos financeiros maisconhecidos são os Certificados de Aforro, osDepósitos a Prazo, as Obrigações, as Acções, MercadoCambial (Forex), os Fundos de Investimento, osExchange-Traded Funds (ETF), e os Derivados(Futuros, Opções, Swap, CFD), sendo, este último,um produto financeiro de risco muito elevado.

Para termos uma ideia da rendibilidade eretornos que alguns produtos financeiros podemproporcionar, podemos observar o quadro seguinte:

Loja 1:Rua da Maligueira - GÂNDARA DOS OLIVAIS(Com Exposição de Salas de banho) - Tel. 244 827 067

Loja 2: Rua da Maligueira - GÂNDARA DOS OLIVAIS (Com Exposição de Ferragens e Ferramentas)Tel. 244 825 807 - Fax. 244 836 183

Loja 3: Avenida Heróis de Angola, nº 72(Com Exposição de Sanitários) - Tel. 244 828 323

Apartado 3006 - 2401-903 LEIRIA E-mail: [email protected]

FERRAGENS FERRAMENTAS TORNEIRASSANITÁRIOS AZULEJOS PAVIMENTOS

MÓVEIS E ESPELHOS PARA W.C.

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38 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

RENDIBILIDADES MÉDIAS ANUAIS NAS ÚLTIMAS 8 DÉCADAS NOS EUA

Acções 11,82%

Imobiliário 11,11%

Obrigações de Empresas (AAA - nível risco baixo) 8,98%

Títulos do Tesouro/ Obrigações do Estado 5,28%

Inflação 3,1%

Fonte: FED, amostra de 75 anos. Activos em USD

Como podemos observar, os produtos de maiorrisco, como as acções, são os que proporcionam asmaiores rendibilidades. Por sua vez, os produtos derisco muito reduzido, como os títulos do tesouro, sãoaqueles que proporcionam uma rendibilidade menormas, apesar de uma menor rendibilidade, estaconsegue ser superior à inflação.

PRODUTOS FINANCEIROS

Títulos do Tesouro/Obrigações do Estado/Certificados de Aforro

Os Certificados de Aforro ou Obrigações doEstado são títulos de dívida emitidos pelo Estado, quepodemos subscrever e que são reembolsáveis, a partirde um trimestre, após a data de subscrição. É ummeio de financiamento que o Estado utiliza,frequentemente, para fazer face ao défice orçamental,pagando, para isso, uma taxa de juro, acrescida de umprémio de permanência.

Os Certificados de Aforro são considerados, emgeral, o produto financeiro com menor risco, ou seja,um risco quase nulo, originando, consequentemente,remunerações com uma taxa de juro muito reduzida.Como exemplo, a taxa de juro anual bruta, parasubscrições de Certificados de Aforro, em Maio de2010, foi fixada em 0,797%.

Depósitos a Prazo

Os Depósitos a Prazo são uma forma simples esegura de investir o dinheiro, são fáceis de subscrevere não têm custos de abertura. Estes depósitos sãoremunerados através de juros que são pagos no finaldo prazo contratado. Em alguns bancos, os clientespodem escolher o prazo que desejarem, mas osprazos mais frequentes são os de um mês, três meses,seis meses e um ano.

Os Depósitos a Prazo beneficiam de uma garantiade reembolso até ao montante de €100 000,00, dadapelo Fundo de Garantia de Depósitos do Banco dePortugal, razão pela qual estes produtos têmassociado um risco muito reduzido. É um produtonormalmente utilizado e preferido pelos investidorescom um perfil conservador.

Conforme um estudo efectuado pela AssociaçãoPortuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO),em 04 de Abril de 2010, no quadro seguinte, podemosobservar as melhores alternativas para Depósitos aPrazo existentes no mercado.

(1) Taxa de juro anual líquida, uma vez retido oimposto. (2) Só para novos clientes. (3) Só para novoscapitais. (4) Para aniversariantes do mês. (5) Taxamédia.

PAPELARIAS | LIVRARIAS | EQUIPAMENTOS

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39BOLETIM 2010

Obrigações

As Obrigações são títulos de dívida querepresentam uma parte de um empréstimo contraídopor uma entidade e que confere, ao investidor, odireito de receber um juro fixo ou variável, para alémda devolução do capital investido.

Tal como os depósitos a prazo, as Obrigações sãoprodutos de risco reduzido, sendo a taxa de jurotambém reduzida, variando conforme o grau de riscode incumprimento da entidade emitente dasObrigações. Existem Obrigações garantidas eObrigações não garantidas, sendo sempre preferívelsubscrever Obrigações garantidas, pois assim, oinvestidor tem um direito real de hipoteca oupenhora sobre a entidade.

Podemos considerar como exemplo, a recenteemissão de Obrigações pelo Sport Lisboa e Benfica nomontante de €40.000.000,00, à taxa anual bruta de 6%.

Acções

As Acções são títulos que representam uma partede uma Sociedade Anónima e que conferem ao seutitular vários direitos, como o direito à repartição doslucros. Possuir Acções significa ser dono de umafracção da empresa.

Como as empresas, ao longo da sua vida, vãoaumentando ou diminuindo o seu valor - havendoalgumas até que declaram insolvência - também osseus accionistas vão aumentando ou diminuindo ocapital que investiram, o que as torna um produtofinanceiro de elevado risco. Em caso de insolvência,os accionistas devem saber que são os últimoscredores a receber, ou seja, se uma empresa falir,muito dificilmente conseguirão reaver o seu capital.

A História demonstra-nos que as Acções são dosprodutos financeiros mais rentáveis a longo prazo.Para termos uma ideia, o S&P 500 (índice compostopelas 500 empresas mais importantes para o mercadoindustrial, nos Estados Unidos da América) cresceu5.510%, desde o início de 1960 até 6 de Janeiro de2009. O que representa um crescimento médio anualde 7%, mesmo tendo em conta que em 2008 perdeu32%. Para investir em Acções, o investidor deveinvestir, preferencialmente, no longo prazo (mínimo5 anos).

Uma das regras de ouro, que o investidor devesempre respeitar, é a regra de não investir nodesconhecido. Antes de investir em Acções de umaempresa, o investidor deve obter o máximo deinformação sobre a empresa e analisar o seudesempenho. Deve procurar responder a perguntascomo:

• as vendas da empresa estão a crescer e a gerarlucros?

• como é que a empresa está a conseguirfinanciar as suas operações?

• será que vai ser capaz de pagar as dívidas?• a gestão estará a falsificar os números?• a empresa tem crescido, relativamente aos

seus concorrentes?O rendimento de uma Acção tem duas

componentes: o dividendo (lucro distribuído aosaccionistas) e a mais-valia (a eventual diferençapositiva entre o preço de venda e o preço de compra).Um investidor que pretenda investir em Acções, naBolsa, deve respeitar sempre a regra da diversificação(para diminuir o risco) e deve ter em conta os custosde corretagem imputados nas operações de compra evenda, que podem variar entre os €2,00 e os €50,00,dependendo dos mercados accionistas e dos

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40 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

intermediários financeiros. A cotação do preço deuma Acção é formada consoante a oferta e a procurada mesma.

Mercado cambial (Forex)

O mercado cambial ou Forex (Foreign Exchange)consiste na compra e venda de moedas/divisasestrangeiras. É considerado, actualmente, o maiormercado do mundo, funcionando 24 horas por dia etem um volume de transacções diário que ronda os3,2 triliões de dólares.

Os mercados monetários internacionais são dosmais voláteis do mundo, encontram-se sujeitos àsmudanças de taxas de juros e à saúde económica dospaíses. É extremamente difícil prever os movimentosdo mercado monetário, uma vez que existem váriosfactores que determinam a formação dos preços,complexos e difíceis de conhecer. A negociação Forex

deve-se, em parte, ao comércio internacional, cercade 5%. Os restantes 95% devem-se à puraespeculação.

Para o pequeno investidor, o investimento emForex assume um risco que pode ser consideradoexcessivo e pode proporcionar ganhos ou perdaselevadíssimos. Antes de investir neste produtofinanceiro, o investidor deve procurar aconselha-mento profissional e, caso decida investir, deveaplicar apenas uma pequena percentagem desteproduto (5 a 10%), no total da sua carteira deinvestimentos.

Fundos de Investimento

Os Fundos de Investimento são um conjunto decapitais colocados em comum por vários investidores,e são geridos por uma sociedade financeira, a quemsão confiados.

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41BOLETIM 2010

A composição de um Fundo é variada e pode sercomposta por vários produtos financeiros comoAcções, Obrigações e Depósitos, tendo sempre emlinha de conta o prospecto do Fundo. O prospecto doFundo é um documento que faz referência àscondições do Fundo, entidade gestora, política deinvestimentos, autoridade de supervisão, auditores,riscos associados, custos das comissões, regime fiscale perfil de investidor a que se destina. Antes desubscrever um Fundo de Investimento, o investidordeve sempre ler e analisar a informação contida noprospecto.

Os Fundos de Investimentos trazem inúmerasvantagens para os pequenos investidores:

• não é necessária uma quantia elevada parasubscrever um Fundo; pode-se subscrever umFundo desde €250,00;

• são geralmente bem geridos e diversificados(a remuneração das equipas de gestão varia

consoante o desempenho do Fundo);• são bastante acessíveis (ex: Banco Best

disponibiliza cerca de 2.000 Fundos);• têm uma boa liquidez (em regra, o dinheiro

fica disponível na conta quatro a cinco diasapós o resgate/venda);

• permitem reduzir custos e diversificar acarteira com maior facilidade.

O risco associado a um Fundo de Investimentovaria conforme a composição dos produtos que possui.Um Fundo de Investimento composto, na sua maioria,por acções, tem um risco elevado. Um Fundocomposto, na sua maioria, por Obrigações e Títulos doTesouro, tem um risco muito reduzido.

Um investidor deve possuir na sua carteira váriostipos de fundos, de modo a diversificar e a ficar menosexposto ao risco. Podemos observar, na figura seguinte,um exemplo de uma carteira de Fundos deinvestimentos para um investidor de perfil moderado.

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Exchange-Traded Funds (ETF)

Os Exchange-Traded Funds (ETF) são Fundos quereplicam a evolução de um determinado índice, mascom a particularidade de serem transaccionadoscomo as Acções. Isto significa que um investidor, quedecida investir num ETF do S&P 500, terá umaevolução do seu investimento conforme a evoluçãodo índice S&P 500. Como os ETF não são geridosactivamente, as comissões de gestão são muito baixas.

O facto de os ETF serem transaccionados como asAcções, implica que estes estejam sujeitos a custoscom comissões de transacção, na compra e venda, e acomissões de guarda de títulos. Por norma, não sedeve investir em ETF se os custos de transacçãosuperarem os 2% do valor investido.

É possível encontrar ETF para vários tipos deestratégias de investimento. Existem ETF subjacentesa vários índices bolsistas, índices obrigacionistas, ouíndices sectoriais (banca, transportes, energias,tecnologias, etc.). Naturalmente, o risco dos ETF estásubjacente ao risco dos índices que representam.

Derivados (Futuros, Opções)

Os Produtos derivados são instrumentosfinanceiros que assentam numa relação contratual,entre duas ou mais partes, onde todas as condições,inerentes ao pagamento ou qualquer outra acçãofutura, estão previamente estabelecidas. Estesprodutos podem ser transaccionados em mercadosnão organizados e em mercados bolsistas. O valor deum derivado depende do preço do produto financeiroa que está subjacente e de outras variáveis, como astaxas de juro.

Os produtos derivados são produtosextremamente complexos e sujeitos a uma elevadaespeculação. Tal como o Forex, estes produtos podemproporcionar rendibilidades elevadas, mas podem,também, proporcionar perdas dramáticas. São

produtos associados a um risco extremamenteelevado e, somente os investidores experientes, comum elevado nível de informação, se devem aventurarneste tipo de investimentos. Existem vários tipos deProdutos Derivados, tais como os Futuros, as Opções,os Forwards, os Warrants, os Swaps, os CFD, osInverse Floaters e os Strutured Notes. Os maisconhecidos e transaccionados são os Futuros e asOpções.

Futuros - São contratos padrão que representam odireito de comprar ou vender uma determinadaquantidade de produto, ou tipo de produto, numadata específica e a um preço previamente fixado.Quer o comprador, quer o vendedor, têm a obrigaçãode cumprir o contrato.

Opções - São contratos padrão que dão aocomprador um direito, mas não uma obrigação, decomprar ou vender um produto financeiro, numadata e a um preço previamente fixado.

Resumindo, é essencial que um investidor tenhaem atenção aspectos como o risco que está disposto acorrer, rendibilidades que pretende alcançar, prazosde aplicação para os seus investimentos, adiversificação e o seu lugar no mercado. O investidordeve conhecer-se a si próprio, ter consciência do seuperfil de investidor, lembrar-se que o mercado éactivo e que pode ser flexível. Citando um dosensinamentos de Sun Tzu:

Se conheces o inimigo e te conheces a ti mesmo, nãoprecisas temer o resultado de cem batalhas. Se teconheces, mas não conheces o inimigo, por cada vitóriasofrerás também uma derrota. Se não conheces, nem oinimigo nem a ti mesmo, perderás todas as batalhas.

1SAR ADMIL Robert BrancoSargento de Vencimentos/RA4

1 Banco BIG; Banco BEST e Activobank7.

Page 43: Boletim Comemorativo 2010

43BOLETIM 2010

CREVAL À BARTCAMP/NRF14

De 16 a 17 de Junho de2009, a Bateria de Artilharia

de Campanha/NATO ResponseForce 14 (BArtCamp/NRF14 -Bateria inclusa na 14ª Força deReacção Rápida da Organização doTratado do Atlântico Norte) foisubmetida a uma avaliação daprontidão para o combate(CREVAL) com vista à CertificaçãoNacional.

Esta avaliação foi dividida emduas partes: uma, no Regimento deArtilharia N.º 4 (RA4), para avalia-ção da componente documental e doplano de carregamento da bateria e,outra, no Pinhal de Leiria/Área deAtribuição e Missão, onde foiavaliada a conduta no terreno, face aincidentes criados pela equipa deavaliação.

RETROSPECTIVA ANUALDE ACTIVIDADESSITREP 2009/2010

COMEMORAÇÕES DO 82º ANIVERSÁRIO

DO REGIMENTO

De acordo com astradições da Instituição

Militar, o Regimento celebra o seudia festivo em 29 de Junho.

O programa das comemora-ções contemplou actividades deOrientação, na zona da Praia daVieira, um concerto da OrquestraLigeira do Exército na Cidade deLeiria e a Cerimónia Militar, a 2 deJulho de 2009, no Quartel doRegimento.

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44 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

EXERCÍCIO APOLO 09

O actual quadro de confli-tualidade em inúmeras regiões

do globo e a probabilidade de empregode Forças Nacionais nesses teatros,determinou que o conceito do ExercícioApolo 09 assentasse na preparação daBrigada de Reacção Rápida (BrigRR)como Força de Reacção Inicial (InitialEntry Force) de uma Força de TarefaCombinada Conjunta (Combined JointTask Force).

Nesse sentido, o Grupo deArtilharia de Campanha (GAC)participou, de 20 a 27 de Junho de2009, no exercício APOLO 09, tendocomo objectivos:

- utilizar o Sistema TácticoAvançado de Dados da Artilhariade Campanha (Advanced FieldArtillery Tactical Data System -AFATDS) na condução de FogosReais, garantindo o C2 aoGAC/BrigRR;

- treinar procedimentos técnicos etácticos de Artilharia deCampanha, no apoio de fogos àsUnidades da BrigRR, emOperações Convencionais,Especiais e de Evacuação de Não--Combatentes;

- treinar a BArtCamp/NRF 14.

VISITA DE ESTUDO DOS ALUNOS DO 4º ANO DO CURSO DA ACADEMIA MILITAR, DA ARMA DE ARTILHARIA

A 16 de Julho de 2009, Cadetes Alunos do 4º ano de Artilharia daAcademia Militar visitaram o Regimento de Artilharia N.º 4,

onde tiveram oportunidade de tomar contacto com as mais recentesarmas e meios técnicos da Artilharia Portuguesa.

COMEMORAÇÕES DO 624º ANIVERSÁRIO DA BATALHA DE ALJUBARROTA

Comemorou-se, a 14 de Agosto de 2009, o 624º Aniversário daBatalha Real ou de Aljubarrota. As comemorações tiveram lugar

no Campo Militar de S. Jorge e no Mosteiro de Santa Maria da Vitória.Para a Cerimónia de Homenagem aos Mortos esteve presente um Ternode Clarins deste Regimento.

Page 45: Boletim Comemorativo 2010

45BOLETIM 2010

LizqueimaComércio de Combustíveis e Lubrificantes, Lda

Rua de Alcobaça 32/36 | 2400-086 LEIRIATel. /Fax: 244 833 270 | Email: [email protected]

VISITA AO REGIMENTODO GOVERNADOR CIVIL

DE LEIRIA

A 24 de Setembro de2009, o Governador

Civil de Leiria, Professor DoutorJosé Humberto Paiva deCarvalho, realizou uma visita aoRegimento de Artilharia N.º 4em Leiria. Foi recebido peloComandante da Unidade,Coronel José da Silva Rodrigues.

Na Biblioteca da Unidade foifeita a apresentação de cumpri-mentos e de boas-vindas por

uma delegação de Oficiais,Sargentos, Praças e Funcio-nários Civis. Seguiu-se umavisita ao Quartel com o intuitode proporcionar ao GovernadorCivil um conhecimento geral detodas as infra-estruturas doRegimento.

O Professor Doutor Paiva deCarvalho não deixou o Regi-mento sem antes assinalar a suapresença, deixando uma mensa-gem no Livro de Honra e ex-pressando a sua satisfação peloque lhe foi dado a apreciardurante a sua visita.

PLANO VULCANO

O Regimento, de acordo com o protocoloestabelecido entre o Comando Operacional e

a Autoridade Florestal Nacional, desenvolveu, de 1 de

Julho a 30 de Setembro de 2009, acções de vigilânciamóvel e combate ao fogo, em primeira intervenção,através da actuação de duas Equipas de SapadoresFlorestais, na Mata Nacional do Urso, no Concelho dePombal.

Page 46: Boletim Comemorativo 2010

46 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

EXERCÍCIO ORION 09

O Exercício ORION 09 tevecomo finalidade testar

algumas das capacidades da ForçaOperacional Permanente do Exército(FOPE), designadamente a conten-ção de acções terroristas e de ajudaem situação da calamidade pública,durante a condução de umaOperação de Resposta a Crises(CRO).

O Regimento esteve empenhadono exercício, que decorreu de 6 a 16de Outubro de 2009.

VISITA AO REGIMENTO DO BISPO DE LEIRIA-FÁTIMA

S. Ex.ª Reverendíssima, oBispo de Leiria-Fátima,

D. António Marto, visitou o Regi-mento de Artilharia N.º 4, a 14 deOutubro de 2009. D. AntónioMarto foi recebido à Porta deArmas pelo Comandante doRegimento, Coronel de ArtilhariaJosé da Silva Rodrigues.

De seguida, S. Ex.ª Reveren-díssima recebeu na Biblioteca daUnidade a apresentação de

cumprimentos de uma represen-tação de Oficiais, Sargentos,Praças e Civis que prestam serviçonesta Unidade. Fez uma visitapelas diversas instalações doRegimento, onde D. AntónioMarto, de uma forma amigável, foi

conversando com os diversosmilitares. Depois do almoço,servido na Messe de Oficiais,D. António deixou expresso noLivro de Honra da Unidade o seutestemunho pelo que lhe foi dadoapreciar durante a sua vista.

DIA DO EXÉRCITO

O dia do Exército come-mora-se a 24 de Outubro,

data que celebra a tomada deLisboa, em 1147, pelas tropas de D.Afonso Henriques, Patrono doExército Português. O Regimentoparticipou nas actividades do Diado Exército que decorreram nacidade de Braga de 20 a 25 deOutubro de 2009, com os seguintesmeios:

• participação na exposiçãomilitar de capacidades emeios, com um Obus 105mmLight Gun, uma viatura média,uma rede de camuflagem para

o Obus, dois Sargentos equatro Praças;

• estandarte Nacional e Herál-dico do RA4, integrando oBloco de Estandartes Herál-dicos;

• participação no desfile moto-

rizado com seis ObusesRebocados 105mm Light Gun,quatro Sistema AFATDS, umaviatura ligeira e uma viaturapronto-socorro M-816;

• uma unidade, de escalãocompanhia, no desfile apeado.

Page 47: Boletim Comemorativo 2010

47BOLETIM 2010

EXERCÍCIO ARCADE FUSION 09

No período de 1 a 12 deNovembro de 2009,

realizou-se no Centro de Treino deSennelager Padderborn, Alemanha,o exercício anual do Corpo deExército Aliado de Reacção Rápida(Allied Rapid Reaction Corps -ARRC) da Organização do Tratadodo Atlântico Norte (NATO) -Arcade Fusion 09 - com o objectivode treinar a estrutura e capacidadeoperacional do Quartel-General doARRC, como Comando da compo-

nente terrestre de um Teatro deOperações semelhante ao da ISAF,tendo em vista a futura projecçãodo Quartel-General (QG) ARRCpara o Afeganistão, em 2011. Noexercício participaram 1500 mili-tares e civis de diferentes naciona-lidades, realçando-se a presença doantigo secretário-geral da NATO(Lord Robertson, no papel deenviado especial das NaçõesUnidas), representantes das NaçõesUnidas, representantes de Departa-mentos Governamentais dosEstados Unidos da América e ReinoUnido, Programa Mundial de Ali-

mentação (World Food Programme)e Companhias Militares Privadas(Private Military Companies). OQG do ARRC constituiu aAudiência de Treino Primária,sendo, as quatro Divisões e trêsBrigadas Independentes envol-vidas no exercício, a Audiência deTreino Secundária. A BrigRRparticipou, no exercício, comelementos do seu Estado-Maior,integrando dois militares doRegimento de Artilharia N.º 4 (2ºComandante do GAC e Sargento deInformações do GAC), ao nível dasInformações e do Apoio de Fogos.

REUNIÃO DA COMISSÃOEXECUTIVA DA REVISTA DE ARTILHARIA NO RA4

Presidida pelo Tenente-General Joaquim Formeiro

Monteiro, Quartel-Mestre General eDirector Honorário da Arma deArtilharia, a Comissão Executiva da

Revista de Artilharia realizou, nodia 29 de Outubro de 2009, umareunião ordinária no Regimento deArtilharia N.º 4.

Após a reunião de trabalhorealizou-se um jantar na Messe deOficiais, com todos os oficiais doRegimento, proporcionando umagradável momento de convívio

Artilheiro entre oficiais de diversasgerações.

O Tenente-General FormeiroMonteiro não deixou o Regimentosem antes deixar mensagem noLivro de Honra expressando o seutestemunho pelo que lhe foi dado aapreciar durante a sua permanênciano Regimento.

Page 48: Boletim Comemorativo 2010

48 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

EXERCÍCIO MULTINATIONALMOVEMENT &

TRANSPORTATION LOGFASDATABASE BUILDING

FOR NRF14

O exercício teve comoobjectivo a construção de

uma Base de Dados NATO para aNRF14 e decorreu no período de 16a 19 de Novembro de 2009, naTurquia, tendo participado noexercício um oficial do Regimento.

COMEMORAÇÕES DO 90º ANIVERSÁRIO

DO ARMISTÍCIO DA GRANDE GUERRA

A 11 de Novembro de 2009,o Regimento de Artilharia

N.º 4 participou nas cerimónias dehomenagem aos Combatentes daGrande Guerra, promovidas pelosnúcleos da Liga dos Combatentesde Leiria e da Batalha.

As Cerimónias tiveram lugarno Mosteiro de Santa Maria daVitória junto ao Túmulo doSoldado Desconhecido e no Largo

de Infantaria 7, em Leiria, junto aoMonumento dos Combatentes.

Na prestação das HonrasMilitares o Regimento participou

com o Estandarte Regimental,uma força de efectivo Pelotão, oSargento Clarim e um Terno deClarins.

DIA DE FINADOS

O Exército prestouhomenagem aos militares

falecidos, por ocasião do Dia deFinados, a 2 de Novembro de 2009,através da sua participação nascerimónias promovidas pela Ligados Combatentes.

O Regimento de Artilharia N.º 4associou-se a esta homenagem e, emcoordenação com a Liga dosCombatentes, executou HonrasMilitares nas cerimónias quetiveram lugar nos cemitérios deBatalha e de Leiria. Na prestação dasHonras Militares participou com oEstandarte do Regimento, umaforça de efectivo Secção, o SargentoClarim e um Terno de Clarins.

Page 49: Boletim Comemorativo 2010

49BOLETIM 2010

EXERCÍCIO TROVÃO 092

O exercício decorreu noperíodo de 23 a 27 de

Novembro de 2009 no CampoMilitar de Santa Margarida(CMSM). Este exercício teve comofinalidade treinar procedimentostécnicos e tácticos de Artilharia deCampanha da BArtCamp/NRF14,conduzir as sessões de fogos reaiscom o Sistema Automático deComando e Controlo, manter asqualificações das guarnições dasSecções Bocas-de-Fogo da 2ª BBF,efectuar tiro de LAW e efectuarlançamento de granadas de mãoofensivas, de instrução e reais.

DIA DA ARMA DE ARTILHARIA

O Regimento de ArtilhariaN.º 4 comemorou o Dia da

Arma de Artilharia a 4 deDezembro de 2009, associando-seàs cerimónias na Escola Prática deArtilharia, onde fez deslocar umabateria e o Estandarte da Unidade e,realizando uma Cerimónia Militarno Quartel em Leiria, a que se

associaram muitos dos Oficiais eSargentos oriundos da Arma, dasguarnições de Leiria e Coimbra.Após a chegada dos convidados, foicelebrada, na Capela do Regimento,uma missa de sufrágio pelosArtilheiros falecidos. Seguiu-se, naparada da Unidade, uma CerimóniaMilitar de homenagem aosArtilheiros do Regimento mortosem defesa da Pátria.

A encerrar as comemorações

teve lugar o habitual almoço deconfraternização, durante o qual osmais jovens tiveram oportunidadede trocar impressões e o privilégiode ouvir os conselhos doscamaradas mais antigos num climade sã convivência, de marcadoespírito de corpo, no mesmosentido e na procura da preservaçãoconstante das tradições e dosvalores que caracterizam a culturaartilheira.

Page 50: Boletim Comemorativo 2010

50 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

NATAL NO REGIMENTO DEARTILHARIA N.º 4

No dia 18 de Dezembro de2009, o Regimento festejou

o Natal. A Festa de Natal, que édedicada especialmente aos filhos detodos os que servem nesteRegimento, foi conduzida pela nossa“Mãe Natal” e por um grupo de

palhaços que, de uma formaanimada, entreteram os presentes.

Durante a festa fomos brindadoscom várias demonstrações de talento,várias crianças e militares queproporcionaram momentos musi-cais, as danças de Salão doEntroncamento demonstraram a suaclasse em diversas músicas e tivemosa oportunidade de assistir a um

espectáculo de fantoches intitulado“A Verdadeira História do Natal”.Quando o “Pai Natal” apareceu todasas crianças vibraram com a entregados presentes. Às 12h30 deu-se inícioao tradicional almoço-convívio. Paraculminar a festa realizou-se um jogode “Bingo” onde alguns tiveram asorte de gritar a palavra que dá nomeao referido jogo.

Liga dos Combatentes

COLHEITA DE SANGUE

Decorreu no dia 15 de Dezembro de 2009 uma recolha desangue, levada a cabo pelo Instituto Português do Sangue,

Centro Regional de Coimbra, na Enfermaria do RA4. Esta acção, paraalém de cívica, generosa e consciente, é importante na melhoria dascondições de saúde de uma grande parte da nossa população e a ela seassociaram diversos Oficiais, Sargentos e Praças que prestam serviçonesta Unidade.

Page 51: Boletim Comemorativo 2010

51BOLETIM 2010

EXERCÍCIO TROVÃO 101

O exercício Trovão 101decorreu no período de 15

a 19 de Março de 2010 no CMSM.Foi desenvolvido em duas fases.Este exercício teve como finalidadeo treino dos procedimentostécnicos e tácticos do Grupo deArtilharia de Campanha e foramdesignados três objectivosfundamentais: a condução de fogosreais utilizando o SACC, o treinodos procedimentos de Comando eControlo por parte do Estado-

Maior do GAC e a manutenção dasqualificações das guarnições dasSecções das Baterias de Bocas deFogo (BBF).

O exercício foi dividido em duasfases distintas:

- uma primeira fase, destinada atreinar os procedimentostácticos de Artilharia deCampanha, designadamente oreconhecimento, escolha eocupação de posições (REOP),a execução de fogos reais dediversas posições deArtilharia, com o SACC, o

treino de resposta aemboscadas, a ataques aéreose a ataques nuclearesbiológicos e químicos, o treinodo fluxo de informação entreas Baterias e o Comando doGAC, bem como a resposta adiversos incidentes no âmbitoadministrativo-logístico;

- uma segunda fase, destinadaao treino dos procedimentostécnicos do tiro de Artilhariade Campanha, com fogo realcoordenado e controlado peloSACC.

VISITA DO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LEIRIA AO RA4

A 11 de Março de 2010, o Presidente da CâmaraMunicipal de Leiria, Dr. Raul Miguel de Castro,

realizou uma visita ao Regimento de Artilharia N.º 4. Foirecebido à Porta de Armas pelo Comandante da Unidade,Coronel José da Silva Rodrigues. Seguiu-se umaapresentação de cumprimentos e de boas vindas nabiblioteca, por uma delegação de Oficiais, Sargentos, Praçase Funcionários Civis.

Após um breve briefing sobre as actividades doRegimento, apresentado pelo Comandante, efectuou-seuma visita onde pôde tomar conhecimento das instalações,dos meios materiais existentes, bem como contactar com astarefas do dia-a-dia de uma unidade militar. O Major--General Raul Cunha, Comandante da Brigada de ReacçãoRápida, dignou-se a associar-se a esta visita. Seguiu-se oalmoço, que decorreu na Messe de Oficiais. O Dr. Raul deCastro não terminou a sua visita sem, antes, deixar a suamensagem exarada no Livro de Honra.

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52 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

DIA DO COMBATENTE92º ANIVERSÁRIO DA BATALHA DE LA LYS

Comemorou-se no dia 10 de Abril de 2010 noMosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha,

o 92º Aniversário da Batalha de La Lys e a 74ª Romagemao Túmulo do Soldado Desconhecido, promovidos pelaLiga dos Combatentes, conjuntamente com aAssociação de Combatentes.

As cerimónias militares foram presididas peloPresidente da Republica, Professor Doutor AníbalCavaco Silva, tendo, por esta ocasião, agraciado o RA4com a Medalha de Serviços Distintos – Grau Ouro,pelos importantes serviços que ao longo de váriasdécadas tem prestado ao País, ao Exército e à Liga dosCombatentes, quer na organização das HonrasMilitares às Altas Entidades nas cerimónias anuais doDia do Combatente quer nas Guardas de Honra diáriasque efectua ao túmulo do “Soldado Desconhecido”, noMosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

O RA4 participou activamente na cerimónia militar,com o Comando das Forças em Parada, uma Bateria deBocas de Fogo, para a Guarda de Honra ao Presidenteda República e um Pelotão para a Guarda de Honra aoTúmulo do Soldado Desconhecido, na sala do Capítulo,constituindo-se, naturalmente, por decisão doComando das Forças Terrestres, como a Unidade deapoio à cerimónia.

Após a cerimónia, que decorreu na Batalha, foiservido no RA4 um almoço de confraternização paratodas as delegações da Liga e demais convidados.

VISITA - ABRIL JUVENIL

No âmbito do programa “Abril Juvenil/2010”,organizado pela Câmara Municipal de Leiria,

que tem como finalidade proporcionar aos jovens, emidade escolar, actividades diversificadas nos domínios dasartes, das tecnologias, do desporto e do conhecimento daregião e suas instituições. O Regimento de ArtilhariaN.º 4 associou-se a esta iniciativa, organizando visitasdiárias, de 29 de Março a 1 de Abril de 2010. Durante avisita ao Regimento, os jovens tiveram a oportunidade deseguir um programa previamente preparado para a visita,que constou de uma foto de grupo, uma pequena palestraem sala sobre as Forças Armadas, um lanche no refeitórioe uma visita à Unidade, onde tiveram a oportunidade dever três exposições: uma de armamento; outra detopografia; e outra da ração de combate.

Page 53: Boletim Comemorativo 2010

53BOLETIM 2010

EXERCÍCIOS EFICÁCIA 10E ROSA BRAVA 10

Decorreu no período de 12 a14 de Abril de 2010 no

Campo Militar de Santa Margarida,o Exercício Eficácia 10, com afinalidade de exercitar os Grupos deArtilharia de Campanha do Sistemade Forças do Exército, no planea-mento, controlo e conduta deoperações terrestres; de exercitar osprocedimentos de coordenação deapoio de fogos, incluindo asactividades de Targeting, envol-vendo diferentes meios de execuçãode fogos; e de praticar a integraçãodas diferentes unidades de Apoio deFogos participantes, no exercício.

No período de 20 a 22 de Abrilde 2010 participou no Dia deApresentação às Entidades (Distin-guished Visitor’s Day - DVD) doExercício Rosa Brava 10.

CELEBRAÇÃO PASCAL NO REGIMENTO

No dia 27 de Abril de 2010realizou-se no Regimento

de Artilharia N.º 4, a CelebraçãoPascal presidida por Sua Ex.ªReverendíssima, D. Januário TorgalFerreira, Bispo das Forças Armadas ede Segurança.

Sua Ex.ª Reverendíssima foirecebida pelo Comandante, CoronelSilva Rodrigues, a que se seguiu na

Biblioteca do Regimento umaapresentação formal de cumpri-mentos, por uma representação deOficiais, Sargentos, Praças e Funcio-nários Civis, que prestam serviçoneste Regimento.

A Celebração da Eucaristia eCrisma decorreu na Capela doRegimento onde foram crismadosquinze militares e um civil.Concelebraram a Eucaristia o PadreAmorim, o Frei Teixeira e o PadreBatista.

No final da cerimónia realizou-seno Refeitório Geral um almoço--convívio, onde todos tiveram aoportunidade de comungar doafectuoso convívio proporcionado.

Antes de deixar o Regimento, SuaEx.ª Reverendíssima, D. JanuárioTorgal Ferreira, deixou expresso noLivro de Honra da Unidade o seutestemunho.

INSPECÇÃO-GERALORDINÁRIA (IGO)

Teve lugar, nos dias 5 e 6 deMaio de 2010, uma

Inspecção-Geral Ordinária (IGO) aoRegimento. A IGO destinou-se aanalisar, globalmente, os factores queafectam ou comprometem ocumprimento da missão atribuída aoRegimento, a fim de identificar assuas causas, para posterior correcçãodas deficiências detectadas e verificarainda, se as actividades desenvolvidasestão de acordo com as normas edirectivas aplicáveis.

O RA4 planeou e organizou asacções necessárias, de forma aproporcionar à equipa de Inspecçãoum conhecimento actualizado da suasituação geral e dos seus principaisproblemas e dificuldades.

CERIMÓNIA DE PASSAGEM À RESERVA

Decorreu, no dia 17 deNovembro de 2009, pelas

17h00, na Biblioteca da Unidade, acerimónia de despedida do Sargento--Ajudante de Artilharia, 15651684,José Joaquim Realinho Ricardo, pormotivo da sua passagem à situação deReserva.

Page 54: Boletim Comemorativo 2010

54 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

CERIMÓNIA DE PROMOÇÃO

DO SARGENTO-CHEFE JOSÉ COSTA

Decorreu, no dia 14de Janeiro de 2010 na

Biblioteca da Unidade, aCerimónia de promoção doSargento-Chefe Artilharia,15088078, José Benigno Lopesda Costa. O referido militar foipromovido a Sargento-Mor.Conta a antiguidade desde 12de Dezembro de 2009.

CERIMÓNIA DE PROMOÇÃO

DO SARGENTO- AJUDANTEVÍTOR LOPES

Decorreu, no dia 4 deMarço de 2010 na

Biblioteca da Unidade, aCerimónia de promoção doSargento-Ajudante de Artilharia,05732483, Vítor Mário PiresLopes. O referido militar foipromovido ao posto de Sargento--Chefe, por despacho de 19 deJaneiro de 2010 do General Chefedo Estado-Maior do Exército.

CERIMÓNIA DE PROMOÇÃO

DO MAJOR ANTÓNIOLOURENÇO

Decorreu, no dia 12de Janeiro de 2010 na

Biblioteca da Unidade, aCerimónia de promoção doMajor de Artilharia,10078487, António JoséFerreira Lourenço. O referidomilitar foi promovido aTenente-Coronel por portariade 31 de Dezembro de 2009.Conta a antiguidade desde 7de Setembro de 2009.

Page 55: Boletim Comemorativo 2010

55BOLETIM 2010

CONDECORAÇÃO DO REGIMENTO COM A MEDALHA DE OURO DA CIDADE DE LEIRIA

O Regimento de Artilhara N.º 4 foi agraciado com a Medalha da Cidade Grau Ouro, concedida pela CâmaraMunicipal de Leiria, aprovada em sessão de 11 de Maio de 2010.

A cerimónia de entrega da Medalha decorreu no âmbito da sessão solene do Dia da Cidade de Leiria, que serealizou a 22 de Maio no Teatro José Lúcio da Silva.

CERIMÓNIA DE PASSAGEM À SITUAÇÃO DE RESERVA DE DISPONIBILIDADE

Decorreu, no dia 2 de Fevereiro de 2010 pelas 17h00 na Biblioteca da Unidade, a cerimónia de despedidado 1º Sargento (1SAR) em Regime de Contrato (RC), 01418195, Luís António de Oliveira Carvalho e do

1SAR RC, 08405796, João Miguel Ferreira Simões, por motivo da sua passagem à situação de Reserva deDisponibilidade.

Page 56: Boletim Comemorativo 2010

56 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

DECATLO MILITAR 2009

Com o objectivo de estimular a prática deactividades desportivas, contribuir para o

desenvolvimento das capacidades psicomotoras edesenvolver o espírito decorpo entre todos osmilitares do Regimento,realizou-se, no período de19 a 22 de Outubro de 2009,um campeonato desportivointerno denominado “De-catlo Militar 2009” nasseguintes modalidades:Tiro, Pista de Obstáculos de200m, Subida ao Pórtico,Lançamento de Granadas,Lançamento do Peso, Saltoem Comprimento, Futebolde 7, Tracção à Viatura,Voleibol e Estafeta. Ocampeonato foi ganho pela1ªBBF.

EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOXI GRANDE PRÉMIO

DE ORIENTAÇÃO DO RA4

Integrado nas comemorações do 82ºaniversário do RA4, decorreu na

região da Praia da Vieira o “XI Grande Prémiode Orientação do RA4”, a 27 de Junho de 2009,em coordenação com o Clube de Orientaçãodo Centro (COC).

Page 57: Boletim Comemorativo 2010

57BOLETIM 2010

CAMPEONATO DESPORTIVOMILITAR DE ORIENTAÇÃO

FASE BRIGADA

Por decisão do Major-General,Comandante da BrigRR, o RA4

organizou, no período de 2 a 4 de Marçode 2010, o Campeonato DesportivoMilitar de Orientação - Fase Brigada.Este campeonato decorreu de acordocom o Regulamento Desportivo doExército, sendo constituído por duasprovas individuais e uma prova deestafeta. O Campeonato contou com aparticipação de seis unidades: Unidadede Aviação Ligeira do Exército, Escolade Tropas Pára-Quedistas, Regimentode Infantaria N.º 10, Regimento deInfantaria N.º 15, Bateria de ArtilhariaAntiaérea e RA4, num total de 54 atletas,divididos da seguinte forma: 23 no 1ºEscalão Masculino, 18 no 2º EscalãoMasculino e 13 no Escalão Feminino.

CAMPEONATO INTERNO DE FUTSAL 10

Tendo em vista a promoção da prática de actividades físicas e a sã camaradagem entre todos osmilitares, realizou-se entre 22 e 27 de Março de 2010, o Campeonato Interno de Futsal, com a

participação de 11 equipas.

Page 58: Boletim Comemorativo 2010

58 REGIMENTO DE ARTILHARIA N.º 4

TCOR ART Norberto SerraChefe da SOIS/RA4

OUTROS EVENTOS

COMEMORAÇÕES DO DIA 25 DE ABRIL

A convite do Presidente da Câmara Municipalde Leiria, o Regimento prestou as Honras

regulamentares, no Içar da Bandeira Nacional, quedecorreu na manhã de 25 de Abril, pelas 09h30, navaranda do Município, por ocasião das comemoraçõesoficiais do Dia da Liberdade, na cidade de Leiria. ORegimento participou com um Pelotão e um Terno deClarins.

VISITA À UNIDADE

A 2 de Outubro de 2009, um grupo de 54 alunosda Escola Básica 1 da Azóia, com idades

compreendidas entre os 6 e os 10 anos, visitou a Unidade.

VISITA À UNIDADE

A Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de José Saraiva- Leiria visitou o Regimento com um grupo de 25

alunos, dos 7º e 8º anos, no dia 18 de Fevereiro de 2010.

DIA MUNDIAL DA PROTECÇÃO CIVIL

A 13 de Março, Dia Mundial da Protecção Civil,o Regimento de Artilharia N.º 4 participou na

“Mostra de Meios e Recursos de Protecção Civil” que aCâmara Municipal da Marinha Grande organizou noParque da Cerca.

O Regimento disponibilizou uma ambulância, umpronto-socorro, uma moto-bomba, uma viatura comatrelado de banhos, uma viatura com o atrelado geradore uma tenda de arcos. Para explicar o funcionamentodestes equipamentos estiveram presentes um Sargento eseis Praças.

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Condutor que as nossas peçasVais levar à posição

Tem coragem, não esmoreças,Sossega o teu coração.

Galopa sob a metralha,Voa a caminho da glória

P’ra sairmos da batalhaCom os loiros da vitória.

O 4 de ArtilhariaHá-de ter glória imortal

Caindo morto ou vencendoEm honra de Portugal.

Serventes das guarniçõesSorrindo afrontem o p’rigo,

Façam rugir os canhõesContra o assalto inimigo.

Estoirem com ele à granada,Amachuquem-lhe as fileiras

Para que a sua avançadaNão passe as nossas fronteiras.

O 4 de ArtilhariaHá-de ter glória imortal

Caindo morto ou vencendoEm honra de Portugal.

Portugal no pensamento,Nós havemos de marcar

Como um bravo RegimentoQue ninguém faz recuar.

Aos vivas à Pátria queridaNós juramos bem guardá-la

Com risco da própria vidaDe quem tente conquistá-la.

O 4 de ArtilhariaHá-de ter glória imortal

Caindo morto ou vencendoEm honra de Portugal.

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