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Aula 02 Direito Constitucional p/ XX Exame de Ordem - OAB Professores: Diego Cerqueira, Ricardo Vale

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Direito Constitucional p/ XX Exame de Ordem - OAB

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AULA 02 – DIREITO CONSTITUCIONAL

Sumário 1.Direitos Sociais .................................................................................... 2

1.1. Introdução: ................................................................................... 2 1.2. Os direitos sociais (art. 6º): .......................................................... 2 1.2.1. Os direitos sociais e a "reserva do possível" .............................. 3 1.2.2. Os direitos sociais e o "mínimo existêncial" ............................... 3 1.2.3. A vedação ao retrocesso ............................................................ 4

2. Nacionalidade ..................................................................................... 6 2.1. Introdução .................................................................................... 6 2.2. Atribuição de Nacionalidade pelo direito brasileiro ....................... 7 2.3. Portugueses Residentes no Brasil ............................................... 12 2.4. Condição Jurídica do Nacionalizado ............................................ 12 2.5. Perda da Nacionalidade ............................................................... 14 2.6. Língua e Símbolos Oficiais .......................................................... 16

3. Direitos Políticos ............................................................................... 25 3.1. Conceitos Iniciais ........................................................................ 25 3.2. Direitos Políticos Positivos .......................................................... 26 3.3. Direitos Políticos Negativos ........................................................ 33 3.4. Princípio da anterioridade eleitoral ............................................. 46

4. Partidos Políticos .............................................................................. 46 5. Caderno de prova .............................................................................. 51 6. Gabarito.............................................................................................56

Olá, meus amigos, tudo bem?

Hoje vamos dar continuidade ao estudo dos direitos fundamentais. Falaremos sobre os direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos e os direitos relacionados à organização e funcionamento dos partidos políticos.

Um grande abraço e bons estudos!

Diego e Ricardo

*Para tirar dúvidas e ter acesso a dicas e conteúdos gratuitos, acesse nossas redes sociais: Facebook do Prof. Diego Cerqueira: https://www.facebook.com/coachdiegocerqueira Periscope: @dcdiegocerqueira Instagram: @coachdiegocerqueira Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q Periscope do Prof. Ricardo Vale: @profricardovale

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1. Direitos Sociais

1.1. Introdução:

Ao estudarmos os direitos de 1ª geração, vimos que estes buscam restringir a ação do Estado sobre os indivíduos, limitando o poder estatal. Trata-se de uma obrigação de não-fazer, de não intervir na órbita privada.

No caso dos direitos sociais, temos uma natureza jurídica diversa. São os chamados direitos de 2ª geração, que impõem ao Estado uma “obrigação de fazer”, de ofertar prestações positivas visando concretizar a igualdade material e possibilitar melhores condições de vida aos indivíduos.

A constitucionalização dos direitos sociais foi resultado da mudança do papel do Estado, que, ao final da 1ª Guerra Mundial, passou a atuar como agente do bem-estar e da justiça social.1 Aparece em um contexto de crise do Estado liberal, marcado por reivindicações trabalhistas e doutrinas socialistas.

Constatava-se que a mera consagração da igualdade formal não era suficiente para realizar a igualdade material. Como grande marco dos direitos sociais, citamos a Constituição de Weimar de 1919. No Brasil, a Constituição de 1934 foi a primeira que previu normas sobre a ordem social.

Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais estão relacionados nos art. 6º - art. 11. Há, também, outros dispositivos do texto constitucional que versam sobre os direitos sociais. É o caso, por exemplo, do art. 194 (que trata da seguridade social), art. 196 (direito à saúde) e art. 205 (direito à educação)

1.2. Os direitos sociais (art. 6º):

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

No texto original da Constituição Federal, não se fazia menção à alimentação, à moradia e ao transporte, cuja inserção na Carta Magna foi obra do Poder Constituinte Derivado. A moradia foi inserida pela EC nº 26/2000; a alimentação, pela EC nº 64/2010; e o transporte, mais recentemente pela EC nº. 90/2015. Tenham uma especial atenção quanto a esses três direitos sociais, meus amigos! As bancas examinadoras adoram cobrá-los, especialmente pelo fato de eles não fazerem parte do texto original da CF/88.

1 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium. Salvador: 2012, p. 1301.

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Em relação ao rol instituído pelo Constituinte no art. 6º, o STF entende que se trata de rol exemplificativo2, pois há outros direitos sociais espalhados ao longo da CF/88. Destaque-se que os direitos sociais do art. 6º são, todos eles, normas de eficácia limitada e aplicabilidade mediata, dependendo, para sua concretização, da atuação estatal, seja através da edição de leis regulamentadoras, seja através da oferta de prestações positivas.

Uma das discussões mais relevantes sobre os direitos sociais diz respeito, justamente, à sua concretização. e efetividade. Para estudarmos essa problemática é necessário conhecermos três importantes princípios: i) o princípio da “reserva do possível”; ii) o princípio do “mínimo existencial” e; iii) o princípio da vedação do retrocesso. É o que faremos a seguir.

1.2.1. Os direitos sociais e a “reserva do possível”:

A teoria da reserva do possível consiste na ideia de que cabe ao Estado efetivar os direitos sociais, mas apenas “na medida do financeiramente possível”. A teoria serve, portanto, para determinar os limites em que o Estado deixa de ser obrigado a dar efetividade aos direitos sociais.

Não é lícito ao Poder Público, todavia, simplesmente alegar que não possui recursos orçamentários; é fundamental que o Poder Público demonstre objetivamente a inexistência de recursos públicos e a falta de previsão orçamentária da respectiva despesa.

A formulação e execução de políticas públicas são tarefas que competem, primariamente, ao Poder Executivo e ao Legislativo. No entanto, segundo o STF, é possível que o Poder Judiciário determine, em bases excepcionais, a implementação, pelos órgãos inadimplentes, de ações destinadas à concretização dos direitos sociais. O Poder Judiciário poderá determinar, por exemplo, que o Estado conceda tratamento de câncer a um indivíduo3.

Mas, importante ressaltar que a atuação do Poder Judiciário na concretização dos direitos sociais não é ilimitada; ao contrário, encontra limites na cláusula da reserva do possível. Assim, a cláusula afasta a aptidão do Poder Judiciário para intervir na efetivação de direitos sociais. No entanto, para que esse limite à ação do Judiciário seja válido, é necessário que se comprove objetivamente a ausência de recursos orçamentários suficientes.4

1.2.2. Os direitos sociais e o mínimo existencial:

Os direitos sociais, na condição de direitos fundamentais, são indispensáveis para a realização da dignidade da pessoa humana. O Estado, na sua tarefa de concretização desses direitos, deve garantir o mínimo existencial. Considera-se

2 STF, ADI nº 639, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005. 3 STF, RE 436.996 – AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005. 4 ADPF 45 MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 29.04.2004, DJ 04.05.2004.

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mínimo existencial o grupo de prestações essenciais que se deve fornecer ao ser humano para que ele tenha uma existência digna.

O princípio do mínimo existencial é compatível e deve conviver com a cláusula da reserva do possível. O Estado, na busca da promoção do bem-estar do homem, deve proteger os direitos individuais e, além disso, garantir condições materiais mínimas de existência aos indivíduos.

Segundo o Supremo, o mínimo existencial é uma limitação à cláusula da reserva do possível.5 A reserva do possível só poderá ser alegada pelo Poder Público como argumento para a não concretização de direitos sociais uma vez que tenha sido assegurado o mínimo existencial pelo Estado. A garantia do mínimo existencial é uma obrigação inafastável do Estado.

O Poder Judiciário, com vistas à concretização dos direitos sociais e à garantia do mínimo existencial, tem adotado inúmeras decisões relacionadas ao direito à saúde. Nesse sentido, entende-se ser possível a determinação para que a Administração Pública forneça medicamentos e tratamento médico a indivíduos portadores de doença, inclusive com a manutenção de estoque mínimo de medicamento ou, até mesmo em bases excepcionais, a determinação judicial para o bloqueio e o sequestro de verbas públicas como forma de garantir o fornecimento pelo Poder Público.6

No âmbito da política de segurança pública, o STF já decidiu que o Poder Judiciário pode determinar à Administração que execute obras emergenciais em presídios a fim de proteger os direitos fundamentais dos detentos, assegurando-lhes a sua integridade física e moral.7

1.2.3. A vedação ao retrocesso:

O princípio da vedação ao retrocesso busca evitar que as conquistas sociais já alcançadas pelo cidadão sejam desconstituídas. Segundo Canotilho, os direitos sociais, uma vez tendo sido previstos, passam a constituir tanto uma garantia institucional quanto um direito subjetivo. Há uma limitação do legislador e a exigência de uma política condizente com esses direitos, sendo inconstitucionais quaisquer medidas estatais que violem o seu núcleo essencial. Segundo o STF:

“cláusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado”. 8

5 STF, RE 639.637. AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 15.09.2011 6 REsp 1.069.810/RS. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. 23.10.2013. 7 RE 592.581/RS. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. 13.08.2015. 8 STF, RE 436.996 – AgR. Rel. Min. Celso de Mello. 22.11.2005.

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Meus amigos, ficamos por aqui com o que pode ser cobrado em matéria de direitos sociais para fins de prova em Constitucional. As disposições do art. 7º a 11º da CF/88 são temas com enfoque para a prova de Direito do Trabalho.

1. (FGV/ TJ-BA – 2015) A respeito dos direitos sociais, é correto afirmar que:

a) sempre exigirão uma omissão por parte dos poderes constituídos;

b) podem ser vistos como a primeira dimensão ou geração dos direitos fundamentais;

c) nunca dependem da disponibilidade de recursos financeiros para a sua implementação;

d) podem exigir o oferecimento de prestações específicas;

e) somente devem ser atribuídos às pessoas naturais, jurídica e economicamente classificadas como necessitadas.

Comentários:

A letra A está incorreta. Como vimos, os direitos sociais geralmente exigem uma ação (e não uma omissão!) dos poderes constituídos.

A letra B está incorreta. Os direitos sociais pertencem à segunda dimensão ou geração dos direitos fundamentais.

A letra C está incorreta. Esses direitos dependem, geralmente, da disponibilidade de recursos financeiros para sua implementação.

A letra D está correta. Os direitos sociais podem, sim, exigir prestações específicas para sua implementação. É o caso do direito à saúde, por exemplo.

A letra E está incorreta. Os direitos sociais podem ser atribuídos a todas as pessoas naturais.

O gabarito é a letra D.

2. (FUNCAB / PC-ES – 2013/ Adaptada) São direitos sociais preceituados na Constituição de 1988:

a) a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

b) a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

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c) a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

d) o direito de herança, a intimidade, a privacidade, a informação dos órgãos públicos.

e) a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer, ou dele sair com seus bens.

Comentários:

Segundo o art. 6º, CF/88, são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. A resposta, portanto, é a letra A.

2. Nacionalidade

2.1. Introdução

Segundo a doutrina dominante, os elementos constitutivos do Estado são território, povo e governo soberano. Dentre esses, o povo é o que constitui a dimensão pessoal do Estado. Ao contrário da população (composta pelo conjunto de pessoas que habitam o território de um Estado), o povo compõe-se dos seus nacionais, independentemente do local em que residam.

A nacionalidade é justamente o vínculo jurídico-político entre o Estado soberano e o indivíduo, que torna este um membro integrante da comunidade que constitui o Estado.

Segundo Mazzuoli, a nacionalidade comporta duas dimensões: a dimensão vertical e a horizontal.9 A dimensão vertical da nacionalidade impõe obrigações ao indivíduo perante o Estado, próprias de uma relação de subordinação. Já a dimensão horizontal, pressupõe uma relação sem grau hierárquico, isto é, uma relação paritária do indivíduo com a comunidade.

Compete a cada Estado legislar sobre sua própria nacionalidade, respeitando os compromissos gerais e particulares aos quais tenha se obrigado. O Estado soberano é o único outorgante possível da nacionalidade. É ele quem tem poder para determinar quem são seus nacionais, quais as condições de aquisição da nacionalidade e, ainda, disciplinar sua perda. A concessão de nacionalidade é ato de manifestação da soberania estatal.

9 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

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Nacionalidade não se confunde com cidadania. A cidadania é um atributo que diferencia aqueles que possuem pleno gozo dos direitos políticos daqueles que não possuem esse direito. Já a nacionalidade é o que diferencia os nacionais dos estrangeiros, isto é, diferencia os indivíduos que possuem uma ligação pessoal com o Estado daqueles que não o tem. O conceito de nacionalidade é mais amplo que o de cidadania.

Como regra geral, todos aqueles que possuem cidadania brasileira também possuem nacionalidade brasileira. Já o contrário nem sempre é verdade! Uma criança de 5 anos de idade possui nacionalidade brasileira, mas não possui cidadania, pois ainda não goza plenamente de seus direitos políticos.

2.2. Atribuição de Nacionalidade pelo direito brasileiro:

A doutrina fala na existência de dois tipos de nacionalidade: a nacionalidade originária (primária) e a nacionalidade derivada (adquirida ou secundária).

A nacionalidade originária é aquela que resulta de um fato natural, o nascimento; diz-se, portanto, que é uma forma involuntária de aquisição de nacionalidade. É atribuída ao indivíduo em razão de critérios sanguíneos (“jus sanguinis”), territoriais (“jus soli”) ou mistos. Os brasileiros que recebem a nacionalidade originária são chamados de “brasileiros natos”.

A nacionalidade derivada, por sua vez, aquela cuja aquisição depende de ato de vontade (ato volitivo), praticado depois do nascimento; diz-se que a nacionalidade derivada é obtida mediante a naturalização. Os brasileiros que recebem a nacionalidade derivada são chamados “naturalizados”.

Conforme já havíamos comentado, a nacionalidade originária pode ser estabelecida tanto pela origem sanguínea da pessoa (“jus sanguinis”) quanto pela origem territorial (“jus soli”). Pelo primeiro critério, é nacional todo aquele filho de nacionais, independentemente de onde tenha nascido. Já pelo segundo, é nacional quem nasce no território do Estado que o adota, independentemente da origem sanguínea dos seus pais.

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A CF/88 adotou em regra o “jus soli”. Há, entretanto, exceções, nas quais predomina o “jus sanguinis”. Vamos à análise do art. 12 da CF?

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

No art. 12, inciso I, estão as hipóteses de aquisição de nacionalidade originária; em outras palavras, é esse dispositivo que define quem são os brasileiros natos. Tente memorizá-las, caro (a) aluno (a), pois elas são constantemente cobradas nos concursos em sua literalidade.

Na alínea “a”, a Constituição adotou o critério “jus soli”, sendo brasileiro nato qualquer pessoa nascida em território nacional, mesmo que de pais estrangeiros. Entretanto, há uma exceção: se o nascido no Brasil for filho de estrangeiros que estejam a serviço de seu Pais, não será brasileiro nato.

Suponha que Diego e Martha, casal de argentinos, venha ao Brasil passar suas férias. Martha está grávida, se empolga com umas “caipirinhas” e acaba entrando em trabalho de parto. Pronto! Nasceu Dieguito Jr! Trata-se de nascido no Brasil, filho de pais estrangeiros que não estavam a serviço de seu País (estavam de férias!). Será, então, brasileiro nato.

Agora, imagine que Vladislav Spetanovich, diplomata russo, venha servir aqui no Brasil, junto com sua esposa Marianova Chevichenko. Marianova engravida e nasce, aqui no Brasil, o filho do casal, Vladislav Jr. Apesar de ter nascido em território brasileiro, Vladislav Jr. é filho de pais estrangeiros que estavam a serviço da Rússia. Portanto, ele não será brasileiro nato.

Importante destacar, segundo Marcelo Novelino10, que o critério do art. 12, I, a, CF não se aplica apenas quando ambos os pais estiverem a serviço. Pode ser aplicada também quando um deles estiver acompanhando o outro, como é muito comum a situação da esposa que está acompanhando o embaixador alemão a serviço de seu país, por exemplo. Agora, muito cuidado, se a esposa for brasileira, como por exemplo, um embaixador que se casa aqui no Brasil com brasileira, o filho poderá obter dupla nacionalidade.

10 NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional, 11ª ed. Salvador: Editora JusPodium, 2016, pág. 482-483.

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Dados esses exemplos, podemos resumir a aplicação da alínea “a”, vislumbrando três situações possíveis:

a) Um filho de pai ou mãe brasileiros, ou ambos, nasce em território brasileiro: será brasileiro nato.

b) Um filho de estrangeiros que estão a serviço de seu país nasce em território brasileiro: não será brasileiro nato. Trata-se de uma regra consuetudinária de direito internacional que os filhos de agentes de Estados estrangeiros, como diplomatas e cônsules, sejam normalmente excluídos da atribuição de nacionalidade pelo critério “jus soli”.

c) Um filho de estrangeiros que não estão a serviço de seu país nasce em território brasileiro: será brasileiro nato.

Vale destacar que o conceito de território brasileiro abrange as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas, o mar territorial e espaço aéreo.

Na alínea “b”, a Constituição estabelece que são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil. O legislador constituinte adotou o critério “jus sanguinis”, prevendo, todavia, um requisito adicional: o fato de qualquer um dos pais (ou ambos) estar a serviço da República Federativa do Brasil, aqui entendido qualquer serviço prestado por órgão ou entidade da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

Suponha que Miguel, diplomata brasileiro, vá servir na Alemanha. Lá ele conhece a alemã Denise Fürst e com ela tem um filho: Miguel Jr. Apesar de ter nascido no exterior, Miguel Jr. é filho de pai brasileiro que estava a serviço da República Federativa do Brasil. Ele será, portanto, brasileiro nato.

Resumindo o que dispõe a alínea “b”, a aquisição de nacionalidade por essa regra depende do cumprimento cumulativo de dois requisitos:

a) Ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, ou de ambos.

b) O pai ou a mãe, ou ambos, deverão estar a serviço do Brasil no exterior.

“Mas, professores, e se o indivíduo que nascer no exterior for filho de pai ou mãe brasileira e estes não estiverem a serviço do Brasil?” Na alínea “c”, a Constituição estabelece que são brasileiros natos:

“os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”.

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Há duas possibilidades diferentes de aquisição de nacionalidade quando o indivíduo nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira que não estão a serviço do Brasil:

a) O indivíduo é registrado em repartição brasileira competente ou;

b) O indivíduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Na primeira possibilidade, o registro do indivíduo perante repartição competente é condição suficiente para que ele seja considerado brasileiro nato. Na segunda possibilidade, o indivíduo precisa residir no Brasil e, além disso, manifestar sua vontade. É a chamada nacionalidade potestativa.

Ressalte-se que essa manifestação de vontade somente poderá ocorrer após a maioridade. A opção pela nacionalidade brasileira deverá, nesse último caso, ser feita em juízo, em processo que tramita perante a Justiça Federal.

“E se o filho de brasileiros que não estejam a serviço do Brasil e que tenha nascido no exterior vier a residir no país ainda enquanto menor?

Excelente pergunta! Nesse caso, o menor será considerado brasileiro nato. Entretanto, a aquisição definitiva de sua nacionalidade dependerá de sua manifestação após a maioridade. Uma vez tendo sido atingida a maioridade, fica suspensa a condição de brasileiro nato, enquanto não for efetivada a opção pela nacionalidade brasileira. A maioridade passa a ser, então, condição suspensiva da nacionalidade brasileira.

Dando continuidade à análise do art. 12, que tal verificarmos as condições para a aquisição secundária (derivada) da nacionalidade?

Art. 12. São brasileiros: (...) II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

No Brasil, a aquisição de nacionalidade derivada somente se dará por manifestação do interessado (sempre expressa), mediante naturalização.

Na alínea “a”, temos a hipótese de naturalização ordinária, concedida aos estrangeiros que cumpram os requisitos descritos em lei (Estatuto do Estrangeiro). No caso de estrangeiros originários de países de língua

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portuguesa, o processo de naturalização é facilitado, sendo apenas exigidos dois requisitos:

residência no Brasil por um ano ininterrupto;

idoneidade moral.

Cabe destacar que o mero cumprimento dos requisitos não assegura ao estrangeiro a concessão da nacionalidade brasileira. A concessão da naturalização ordinária é ato discricionário do Chefe do Poder Executivo, ou seja, depende de uma análise quanto à conveniência e à oportunidade.

Na alínea “b”, está prevista a naturalização extraordinária, que depende do cumprimento de 3 (três) requisitos:

Residência ininterrupta no Brasil por mais de quinze anos;

Ausência de condenação penal;

Requerimento do interessado.

Ao contrário da naturalização ordinária, cumpridos esses três requisitos, o interessado tem direito subjetivo à nacionalidade brasileira. Portanto, não pode ser negada pelo Poder Executivo; É ato vinculado do Presidente.

O STF já referendou esse entendimento. A Corte analisou o caso de uma estrangeira que residia há mais de 15 anos ininterruptos no Brasil e sem condenação penal aprovada em concurso público. Obtida a aprovação, apresentou requerimento da sua naturalização extraordinária. Na data da posse, todavia, a sua nacionalidade ainda não tinha sido reconhecida pelo Estado brasileiro. Diante dessa situação, seria nula a posse no cargo público?

Segundo o Supremo, o reconhecimento da naturalização pelo Poder Executivo gera efeitos declaratórios (e não constitutivos), retroagindo à data de apresentação do requerimento. Assim, o requerimento da naturalização extraordinária seria suficiente para viabilizar a posse no cargo.11

Por último, o Supremo já entendeu também que não se revela possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil”12.

Brasileiros natos

Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (critério “jus soli”) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (critério “jus sanguinis”)

11 RE 264.848-5 / TO. Rel. Min. Carlos Ayres Britto. Julgamento em 29.06.2005. 12 Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-6-2010.

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Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (nacionalidade potestativa)

Brasileiros naturalizados

Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária – concessão ato discricionário do Presidente da República)

Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (naturalização extraordinária – concessão é direito subjetivo do interessado)

2.3. Portugueses Residentes no Brasil

Art. 12........................................................................................... (...) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

A Constituição Federal estabelece condições favoráveis para os portugueses, que receberão tratamento igual ao de um brasileiro naturalizado. Para isso, todavia, é necessário o cumprimento de dois requisitos:

a) os portugueses deverão ter residência permanente no Brasil

b) deverá haver reciprocidade de tratamento em favor dos brasileiros, ou seja, Portugal deverá conferir os mesmos direitos aos brasileiros que lá residam.

Perceba que não há atribuição de nacionalidade aos portugueses nem aos brasileiros que residam em Portugal. O português vivendo com ânimo permanente no Brasil continua português; o brasileiro vivendo em Portugal continua brasileiro. O que existe é tão somente concessão de direitos inerentes aos nacionais do Estado. Dessa forma, não é necessário que um português se naturalize brasileiro para que possa gozar dos mesmos direitos que um brasileiro naturalizado, pois, sem fazê-lo, já deles pode usufruir.

2.4. Condição Jurídica do Nacionalizado

Segundo o art. 12, § 2º, CF/88, “a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.” Em outras palavras, os brasileiros natos e os brasileiros naturalizados devem ser tratados com isonomia. Somente poderá haver discriminação entre um e outro nos casos previstos na própria Constituição.

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Uma das principais distinções entre brasileiros natos e naturalizados diz respeito à ocupação de alguns cargos, conforme art. 12, § 3º, CF/88:

Art. 12............................................................................................ (...) § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Os cargos acima fazem parte de uma lista taxativa, caro (a) aluno (a)! Quem não está na lista não precisa ser brasileiro nato para assumir o cargo. E como decorar a lista, professor? Achando a lógica dela! Vamos à explicação...

O legislador constituinte buscou assegurar que o Presidente da República fosse brasileiro nato para garantir a soberania nacional, ou seja, para garantir que o Chefe do Executivo não usaria o cargo para servir a interesses de outros Estados. Para isso, também só permitiu a brasileiros natos o acesso a cargos que podem suceder o Presidente: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Ok?

Também em nome da defesa da soberania nacional restringiu o acesso à carreira diplomática. Isso porque o diplomata representa o Brasil em outros Estados, e poderia mais facilmente sucumbir aos interesses destes se fosse naturalizado. Seria difícil para um argentino naturalizado brasileiro celebrar um tratado que favorecesse o Brasil em detrimento da Argentina, por exemplo.

A explicação para o acesso somente de brasileiros natos ao cargo de oficial das Forças Armadas ou Ministro do Estado da Defesa é ainda mais óbvia! Imagine as Forças Armadas pedirem a um naturalizado que bombardeie a terra em que nasceu. E o Ministro da Defesa? Como planejaria usar as Forças Armadas brasileiras contra seus próprios conterrâneos?

1) O Senador ou Deputado Federal não precisa ser brasileiro nato. Apenas devem ser brasileiros natos o Presidente da Câmara dos Deputados e o Presidente do Senado Federal.

2) O único Ministro de Estado que dever ser brasileiro nato é o Ministro da Defesa. Os outros Ministros podem ser brasileiros naturalizados.

3) Os portugueses equiparados não podem ocupar cargos privativos de brasileiro nato. Isso porque eles recebem o

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tratamento de brasileiro naturalizado.

Há, ainda, outras distinções entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados:

a) O art.89, inciso VII, da CF/88 estabelece que 6 (seis) vagas do Conselho de República, órgão superior de consulta do Presidente da República, foram reservadas para brasileiros natos.

b) O art. 5º, inciso LI, da CF/88 estabelece que os brasileiros natos não serão, em hipótese alguma, extraditados. Já os brasileiros naturalizados poderão ser extraditados em caso de crime comum cometido antes da naturalização ou de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.

c) O art. 222 da CF/88 estabelece restrições ao direito de propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora de sons e imagens. Só poderão ser proprietários desse tipo de empresa brasileiros natos ou os naturalizados há mais de 10 anos. Se essa empresa for uma sociedade, pelo menos 70% do capital total e votante deverá pertencer a brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos. Um brasileiro naturalizado há menos de 10 anos também não poderá participar da gestão desse tipo de empresa.

2.5. Perda da Nacionalidade:

A perda da nacionalidade é a extinção do vínculo patrial que liga o indivíduo ao Estado. No Brasil, a perda da nacionalidade ocorrerá:

Art. 12............................................................................................ (...) §4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Conforme é possível depreender a partir da análise do dispositivo supracitado, há duas hipóteses de perda da nacionalidade:

a) Cancelamento de naturalização (art.12, §4º, I): O cancelamento de naturalização será determinado por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Uma vez que tenha transitado em julgado essa ação, o indivíduo somente poderá readquirir a

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nacionalidade brasileira mediante uma ação rescisória, não sendo possível uma nova naturalização. Destaque-se que, como não poderia deixar de ser, essa primeira hipótese de perda de nacionalidade somente se aplica a brasileiros naturalizados.

b) Aquisição de outra nacionalidade (art.12, §4º, II): Aqui a perda de nacionalidade se aplica tanto a brasileiros natos quanto a brasileiros naturalizados. É o que a doutrina denomina de perda-mudança ou de perda da nacionalidade por naturalização voluntária. A reaquisição de nacionalidade brasileira no caso de perda por naturalização voluntária será feita mediante decreto do Presidente da República, se o indivíduo estiver domiciliado no Brasil.

Nessa situação, perderá a nacionalidade brasileira aquele que adquirir voluntariamente outra nacionalidade, salvo nos seguintes casos:

Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira. Suponha, por exemplo, que Giani Canavarro (brasileiro nato) seja filho de pai italiano e tenha direito, pela lei italiana a ser também italiano nato. Nesse caso, a lei estrangeira está reconhecendo nacionalidade originária. Portanto, ao adquirir a nacionalidade italiana, Giani não perderá a nacionalidade brasileira. Terá uma dupla nacionalidade.

Imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Ex: Lei de um país “X” determina que o indivíduo somente poderá se casar com uma nacional daquele país caso obtenha sua naturalização. A naturalização está sendo imposta como uma condição para o exercício de um direito civil. Neste caso, não haverá a perda da nacionalidade brasileira. O indivíduo ficará com dupla nacionalidade.

Notícia fresquinha! Agora em abril/2016, no MS 33.864/DF, o STF apreciou um caso interessante. Uma brasileira nata havia se naturalizado norte-americana, o que resultou na perda da nacionalidade brasileira mediante Portaria do Ministério da Justiça.

Os EUA pleitearam a extradição dessa mulher. Ela, então, ingressou com mandado de segurança pedindo a revogação da Portaria do Ministério da Justiça. Argumentou que a obtenção da nacionalidade norte-americana tinha como objetivo o pleno gozo de direitos civis, inclusive o de moradia.

O STF denegou o mandado de segurança, reconhecendo a possibilidade de extradição. Ficou consignado que, no caso, a aquisição da nacionalidade norte-americana havia ocorrido por livre e espontânea vontade, uma vez que ela já tinha o green card, o que lhe assegurava o direito de moradia e trabalho legal nos EUA.

*Com esse entendimento do STF, pode-se afirmar que é possível a extradição daquele que perdeu a condição de brasileiro nato pela aquisição de outra nacionalidade.

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2.6. Língua e Símbolos Oficiais:

Só para cobrirmos qualquer surpresa na prova, peço que leia o art. 13, transcrito a seguir, que somente poderá ser pedido em sua literalidade.

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

3. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado – 2015) Alessandro Bilancia, italiano, com 55 anos de idade, ao completar 15 anos de residência ininterrupta no Brasil, decide assumir a nacionalidade “brasileira”, naturalizando-se. Trata-se de renomado professor, cuja elevada densidade intelectual e capacidade de liderança são muito bem vistas por um dos maiores partidos políticos brasileiros. Na certeza de que Alessandro poderá fortalecer os quadros do governo caso o partido em questão seja vencedor nas eleições presidenciais, a cúpula partidária já ventila a possibilidade de contar com o auxílio do referido professor na complexa tarefa de governar o País.

Analise as situações abaixo e assinale a única possibilidade idealizada pela cúpula partidária que encontra respaldo na Constituição Federal.

a) Alessandro Bilancia, graças ao seu reconhecido saber jurídico e à sua ilibada reputação, poderá ser indicado para compor o quadro de ministros do Supremo Tribunal Federal.

b) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de deputado federal e ser eleito, poderá ser indicado para exercer a Presidência da Câmara dos Deputados.

c) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de senador e ser eleito, pode ser o líder do partido na Casa, embora não possa presidir o Senado Federal.

d) Alessandro Bilancia, dada a sua ampla e sólida condição intelectual, pode ser nomeado para assumir qualquer ministério do governo.

Comentários:

Letra A: errada. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato. Logo, se Alessandro se naturalizar brasileiro, não poderá ser Ministro do STF.

Letra B: errada. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de brasileiro nato.

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Letra C: correta. De fato, Alessandro Bilancia poderá ser eleito Senador e, ainda, ser o líder do partido nessa Casa Legislativa. Ele só não pode ser Presidente do Senado Federal, que é um cargo privativo de brasileiro nato.

Letra D: errada. Alessandro Bilancia não poderá ser nomeado para o cargo de Ministro da Defesa, pois trata-se de cargo privativo de brasileiro nato.

O gabarito é a letra C.

4. (FGV / XV Exame de Ordem Unificado – 2014) A CRFB/88 identifica as hipóteses de caracterização da nacionalidade para brasileiros natos e os brasileiros naturalizados. Com base no previsto na Constituição, assinale a alternativa que indica um caso constitucionalmente válido de naturalização requerida para obtenção de nacionalidade brasileira.

a) Juan, cidadão espanhol, casado com Beatriz, brasileira, ambos residentes em Barcelona.

b) Anderson, cidadão português, domiciliado no Brasil há 36 dias.

c) Louis, cidadão francês, domiciliado em Brasília há 14 anos, que está em liberdade condicional, após condenação pelo crime de exploração sexual de vulnerável.

d) Maria, 45 anos, cidadã russa, residente e domiciliada no Brasil desde seus 25 anos de idade, processada criminalmente por injúria, mas absolvida por sentença transitada em julgado.

Comentários:

Letra A: errada. Ser casado com brasileira não é requisito suficiente para a concessão de naturalização.

Letra B: errada. A naturalização de indivíduos originários de países de língua portuguesa depende de residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Letra C: errada. A naturalização extraordinária depende de residência no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e ausência de condenação penal.

Letra D: correta. Maria já reside no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e não teve condenação penal. Ela até foi processada, mas foi absolvida por sentença transitada em julgado. Logo, faz jus à naturalização extraordinária.

O gabarito é a letra D.

5. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado – 2013) João, 29 anos de idade, brasileiro naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 2010, ao cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. Eleito, e após ter tomado posse, foi escolhido para Presidir a

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Câmara dos Deputados. Com base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta.

a) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, uma vez que esse é um cargo privativo de brasileiro nato.

b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na carreira diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato.

c) João poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem como ser eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente da Câmara dos Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por brasileiro nato.

d) João não poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas poderia ter se candidatado ao cargo de Senador da República, mesmo sendo brasileiro naturalizado.

Comentários:

Letra A: errada. João poderia, sim, ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal. Esse cargo não é privativo de brasileiro nato.

Letra B: errada. Os cargos da carreira diplomática são privativos de brasileiro nato. João poderia ser Deputado Federal, mas não poderia ingressar na carreira diplomática.

Letra C: correta. O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de brasileiro nato. João poderia até ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas não poderia exercer a Presidência da Câmara dos Deputados.

Letra D: errada. Os cargos de Deputado Federal e de Senador não são privativos de brasileiro nato. Assim, João poderia ter se candidatado aos dois cargos.

O gabarito é letra C.

6. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) A Constituição de 1988 proíbe qualquer discriminação, por lei, entre brasileiros natos e naturalizados, exceto os casos previstos pelo próprio texto constitucional. Nesse sentido, é correto afirmar que somente brasileiro nato pode exercer cargo de:

a) Ministro do STF ou do STJ.

b) Diplomata.

c) Ministro da Justiça.

d) Senador.

Comentários:

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Dentre as opções apresentadas, é privativo de brasileiro nato o cargo de diplomata. O gabarito é a letra B.

7. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado – 2012) João, residente no Brasil há cinco anos, é acusado em outro país de ter cometido crime político. Nesse caso, o Brasil:

a) pode conceder a extradição se João for estrangeiro.

b) pode conceder a extradição se João for brasileiro naturalizado e tiver cometido o crime antes da naturalização.

c) não pode conceder a extradição, independentemente da nacionalidade de João.

d) não pode conceder a extradição apenas se João for brasileiro nato.

Comentários:

Pegadinha! Estão lembrados do tema da aula anterior? Segundo o art. 5º, LII, não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião. O gabarito é a letra C.

8. (FGV / V Exame de Ordem Unificado – 2011) No que tange ao direito de nacionalidade, assinale a alternativa correta.

a) O brasileiro nato não pode perder a nacionalidade.

b) O filho de pais alemães que estão no Brasil a serviço de empresa privada alemã será brasileiro nato caso venha a nascer no Brasil.

c) O brasileiro naturalizado pode ser extraditado pela prática de crime comum após a naturalização.

d) O brasileiro nato somente poderá ser extraditado no caso de envolvimento com o tráfico de entorpecentes.

Comentários:

Letra A: errada. O brasileiro nato pode, sim, perder a nacionalidade. Isso ocorrerá quando houver aquisição voluntária de outra nacionalidade.

Lera B: correta. São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. Como os pais alemães não estão no Brasil a serviço da Alemanha, seu filho será brasileiro nato.

Letra C: errada. O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em caso de crime comum praticado antes da naturalização.

Letra D: errada. Não é admitida a extradição de brasileiro nato.

O gabarito é letra B.

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9. (FGV/SUDENE – 2013) De acordo com a Constituição Federal, assinale a alternativa que apresenta uma condição para ser considerado brasileiro nato. a) Os que são originários de países de língua portuguesa com residência no Brasil por um ano ininterrupto.

b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptamente.

c) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que um deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

d) Os portugueses com residência permanente no Brasil.

e) A nova legislação não estabelece distinção entre brasileiros natos e naturalizados.

Comentários:

A letra A está incorreta. Trata-se de condição de brasileiro naturalizado (art. 12, II, “a”, CF), exigindo-se, ainda, a idoneidade moral.

A letra B está incorreta. Trata-se de condição de brasileiro naturalizado (art. 12, II, “b”, CF), desde que não tenham sofrido condenação penal e requeiram a nacionalidade brasileira.

A letra C está correta. É o que prevê o art. 12, I, “b”, da Carta Magna.

A letra D está incorreta. Os portugueses com residência permanente no Brasil, desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, gozam da condição de “portugueses equiparados”. A eles são atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado (art. 12, § 1º, CF).

A letra E está incorreta. A legislação pode, sim, estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, nos casos previstos na Constituição (art. 12, § 2º, CF).

A letra C é o gabarito.

10. (FGV / TJ-AM – 2013) Cada Estado nacional tem a liberdade de definir aqueles que serão os seus nacionais por meio do estabelecimento de regras gerais quanto ao direito à nacionalidade. No caso do Brasil, são considerados brasileiros:

a) os nascidos no estrangeiro, de pais de qualquer nacionalidade, desde que qualquer um deles estivesse a serviço da República Federativa do Brasil.

b) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que registrados em repartição brasileira competente.

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c) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que venham a residir no país e optem, antes de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

d) os nascidos no estrangeiro, sem qualquer outra condição, desde que filhos de pai e mãe brasileiros.

e) os nascidos em país com o qual o Brasil mantenha tratado de dupla cidadania.

Comentários:

Letra A: errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

Letra B: correta. É isso mesmo. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (art. 12, I, “c”).

Letra C: errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir no país e optem, em qualquer tempo, após atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Letra D: errada. Se um indivíduo nascer no estrangeiro, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira, há 3 (três) possibilidades de que ele seja brasileiro nato:

- o pai brasileiro ou a mãe brasileira estiverem a serviço da República Federativa do Brasil;

- o indivíduo seja registrado em repartição brasileira competente;

- o indivíduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, após a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Letra E: errada. Essa não é uma hipótese de atribuição de nacionalidade brasileira.

11. (FGV / TJ-AM – 2013) Tendo em vista o que dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil, assinale a alternativa que apresenta um caso de atribuição da nacionalidade brasileira.

a) Kevin, nascido no Brasil, filho de pais canadenses a serviço do Governo do Canadá.

b) Jonas, hoje com 21 anos, residente na cidade de São Paulo, nascido e registrado no Japão, filho de Marcos e Márcia, domiciliados naquele país, onde trabalham em uma empresa multinacional.

c) José, português, domiciliado na cidade de Manaus há seis meses.

d) Mark, alemão, domiciliado na cidade de Aracajú há 10 anos, e que hoje está em liberdade condicional, após condenação pelo crime de tráfico de drogas.

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e) Luigi, italiano, residente em Milão, casado com Joana, que lá reside com ele.

Comentários:

Letra A: errada. Kevin nasceu no Brasil, mas é filho de pais estrangeiros que estavam a serviço do seu país. Portanto, ele não será brasileiro.

Letra B: correta. Jonas nasceu no exterior, filho de pai brasileiro e mãe brasileira que não estavam a serviço da República Federativa do Brasil. Como ele foi registrado em repartição brasileira competente (é o que dá a entender o enunciado!), ele será brasileiro nato.

Letra C: errada. Para que um português adquira a nacionalidade brasileira, ele precisa fixar residência no Brasil por um ano ininterrupto e ter idoneidade moral.

Letra D: errada. Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal poderão requisitar a naturalização.

Letra E: errada. O simples fato de ser casado com uma brasileira não resulta na atribuição de nacionalidade.

O gabarito é a letra B.

12. (FGV / TRE-PA – 2011) A Constituição de 1988, em relação à nacionalidade, determina que:

a) são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal, assim como os Ministros do STF e do STJ.

b) perde a nacionalidade brasileira aquele que adquirir outra nacionalidade, sem exceções.

c) é considerada brasileiro nato a pessoa nascida na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros a serviço de seu país.

d) os estrangeiros aqui residentes há mais de 10 (dez) anos ininterruptos, sem condenação penal, podem requerer a cidadania brasileira, tornando-se brasileiros naturalizados.

e) é brasileiro nato aquele nascido no estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

Comentários:

Letra A: errada. O cargo de Ministro do STJ não é privativo de brasileiro nato.

Letra B: errada. É possível que um brasileiro adquira outra nacionalidade e, mesmo assim, não perca a nacionalidade brasileira. Isso pode ocorrer em dois casos:

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- quando houver reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

-quando houver imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

Letra C: errada. O nascido no Brasil e que for filho de pais estrangeiros que aqui estavam a serviço do seu País não será brasileiro nato.

Letra D: errada. São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Letra E: correta. É exatamente o que prevê o art. 12, I, “b”. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

13. (FEPESE / ISS-SC – 2014) Em atenção à nacionalidade, de acordo com a Constituição da República:

1. São brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.͒ ͒

2. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. ͒ ͒

3. Salvo os casos previstos na Constituição da República, serão atribuídos aos portugueses com residência permanente no País os direitos inerentes ao brasileiro, se houver reciprocidade em favor de brasileiros. ͒ ͒

4. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade em decorrência de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira.͒ ͒

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.͒

a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.

b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.

c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.

d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

Comentários:

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A primeira assertiva está errada. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

A segunda assertiva está correta. É isso o que prevê o art. 12, I, “c”.

A terceira assertiva está correta. Segundo o art. 12, § 1º, CF/88, aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

A quarta assertiva está errada. Se houver reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira, não será declarada a perda da nacionalidade brasileira.

O gabarito é a letra B.

14. (FEPESE / UDESC – 2010) Sobre os direitos de nacionalidade, é incorreto afirmar:

a) A Constituição brasileira consagra conjuntamente os critérios jus soli e jus sanguinis para atribuição da nacionalidade.

b) É privativo de brasileiro nato o cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal.

c) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.

d) Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, a Constituição brasileira exige a aquisição de nacionalidade brasileira há mais de dez anos.

e) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de dez anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Comentários:

Letra A: correta. De fato, a CF/88, ao atribuir nacionalidade, utilizou em conjunto os critérios jus sanguinis e jus soli.

Letra B: correta. O cargo de Ministro do STF é privativo de brasileiro nato.

Letra C: correta. Aqueles que nascerem no Brasil são brasileiros natos, salvo os filhos de estrangeiros que aqui estejam a serviço de seu País.

Letra D: correta. Segundo o art. 222, CF/88, somente poderão ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de imagens brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos.

Letra E: errada. São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos

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ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

O gabarito é a letra E.

15. (FGV/ TJ/PI - Analista Judiciário - 2015) Adalberto é brasileiro nato e vive há quinze anos em um determinado País da Europa. Em determinado momento, foi editada uma lei nesse País que exigia a naturalização dos estrangeiros ali residentes há mais de dez anos para que pudessem permanecer em seu território. Em razão dessa exigência, Adalberto requereu e teve deferida a nacionalidade desse País. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que Adalberto: a) deve ser declarada a perda da nacionalidade brasileira por ter obtido, a partir de requerimento seu, a nacionalidade estrangeira. b) somente não perderia a nacionalidade brasileira caso fosse naturalizado estrangeiro por força de lei do respectivo País, sem qualquer requerimento nesse sentido. c) não perderia a nacionalidade brasileira se estivesse no estrangeiro, de maneira impositiva, a serviço da República Federativa do Brasil. d) não perderá a nacionalidade brasileira, pois a naturalização foi imposta, pela norma estrangeira, como condição para permanência no território do respectivo País; e) perderá a nacionalidade brasileira, pois a hipótese versa sobre reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira

Comentários:

Meus amigos, a questão cobrou exatamente o conhecimento do art. 12, 4º, II, b, da CF/88. Como Adalberto estava residindo em País, que por meio de lei passou a exigir dele a naturalização como condição de permanência em seu território, temos aqui a exceção prevista na Constituição. Neste caso, não haverá declaração de perda da nacionalidade. O gabarito é letra D.

3.Direitos Políticos

3.1. Conceitos Iniciais

Direitos políticos são aqueles que garantem a participação do povo na condução da vida política nacional. Segundo o Prof. Alexandre de Moraes, “são o conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania

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popular”. São direitos relacionados ao exercício da cidadania e, segundo Gilmar Mendes, formam a base do regime democrático.13

Os direitos políticos são, portanto, instrumentos de exercício da soberania popular, característica dos regimes democráticos. Esses regimes podem ser de três diferentes tipos:

a) Democracia direta: é aquela em que o povo exerce o poder diretamente, sem intermediários ou representantes;

b) Democracia representativa ou indireta: é aquela em que o povo elege representantes14 que, em seu nome, governam o país;

c) Democracia semidireta ou participativa: é aquela em que o povo tanto exerce o poder diretamente quanto por meio de representantes. É um sistema híbrido, com características da democracia direta e indireta. É adotada no Brasil, que utiliza certos institutos típicos da democracia semidireta, como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular de leis.

Os direitos políticos podem ser de duas espécies: positivos e negativos. Os direitos políticos positivos estão relacionados à participação ativa dos indivíduos na vida política do Estado. São direitos relacionados ao exercício do sufrágio. Por outro lado, direitos políticos negativos são as normas que limitam o exercício da cidadania, que impedem a participação dos indivíduos na vida política estatal. São as inelegibilidades e as hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos.

3.2. Direitos Políticos Positivos

A essência desses direitos é traduzida pelo art. 14, incisos I a III, CF/88.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular.

Estão relacionados ao exercício do sufrágio. Ao contrário do que muitos pensam, sufrágio não é sinônimo de voto. O sufrágio é um direito público e subjetivo. Por sua vez, o voto é o instrumento para o exercício do sufrágio.

Direito de sufrágio é a capacidade de votar e de ser votado; em outras palavras, o sufrágio engloba a capacidade eleitoral ativa e a capacidade 13 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, pp. 715. 14 Na representação, o representante exerce um mandato e não fica vinculado à vontade do povo (mandato livre), diferentemente do que ocorre no mandato imperativo, em que o representante se vincula à vontade dos representados, sendo apenas um veículo de transmissão desta. Além disso, ele não representa apenas os seus eleitores, mas toda a população de um território (mandato geral).

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eleitoral passiva. A capacidade eleitoral ativa representa o direito de alistar-se como eleitor (alistabilidade) e o direito de votar; por sua vez, a capacidade eleitoral passiva representa o direito de ser votado e de se eleger para um cargo público (elegibilidade).

De acordo com a doutrina, o sufrágio pode ser de dois tipos:15

a) Universal: quando o direito de votar é concedido a todos os nacionais, independentemente de condições econômicas, culturais, sociais ou outras condições especiais. Os critérios são não-discriminatórios. A CF/88 consagra o sufrágio universal, assegurando o direito de votar e de ser votado a todos os nacionais que cumpram requisitos de alistabilidade e de elegibilidade.

b) Restrito (qualificativo): quando o direito de votar depende do preenchimento de algumas condições especiais, sendo atribuído a apenas uma parcela dos nacionais. Pode ser censitário, quando depender do preenchimento de condições econômicas (renda, bens, etc.) ou capacitário, quando exigir que o indivíduo apresente alguma característica especial (ser alfabetizado, por exemplo).

Voltando ao art. 14, da CF/88, percebe-se que a CF/88 explica que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis.

O voto, como já se disse, é o instrumento para o exercício do sufrágio. A CF/88 estabelece que este deverá ser direto, secreto, universal, periódico (art. 60, § 4º, CF), obrigatório (art. 14, § 1º, I, CF) e com valor igual para todos (art. 14, caput). Dentre todas essas características, a única que não é cláusula pétrea é a obrigatoriedade de voto, ou seja, é a única que pode ser abolida mediante emenda constitucional.

Já o plebiscito e o referendo são formas de consulta ao povo sobre matéria de grande relevância. No plebiscito, a consulta se dá previamente à edição do ato legislativo ou administrativo; já no referendo, a consulta popular ocorre posteriormente à edição do ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo ratificar (confirmar) ou rejeitar o ato.16

15 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, pp. 716. 16 No Brasil, já se utilizou o referendo por ocasião da edição da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). Na ocasião, 63,94% dos eleitores foram contra a proibição da comercialização de armas. O plebiscito também já foi utilizado, no ano de 1993, para definir a forma de governo (república ou monarquia) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) a vigorar no Brasil.

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3.2.1. Capacidade eleitoral ativa:

A capacidade eleitoral ativa é a aptidão do indivíduo para exercer o direito de voto nas eleições, plebiscitos e referendos. No Brasil, a capacidade eleitoral ativa é adquirida mediante a inscrição junto à Justiça Eleitoral; depende, portanto, do alistamento eleitoral, a pedido do interessado. É com o alistamento que se adquire, portanto, a capacidade de votar.

Além da capacidade de votar, a qualidade de eleitor dá ao nacional a condição de cidadão, tornando-o apto a exercer vários outros direitos políticos, como ajuizar ação popular ou participar da iniciativa popular de leis. Destaque-se, todavia, que o alistamento eleitoral, por si só, não é suficiente para que o indivíduo possa exercer todos os direitos políticos. Com o alistamento eleitoral, o cidadão garante seu direito de votar, mas não o de ser votado, uma vez que o alistamento é apenas uma das condições de elegibilidade.

No art. 14, CF/88, encontramos as situações em que o alistamento eleitoral é obrigatório, facultativo ou mesmo proibido. Vejamos:

Art. 14............................................................................................ §1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

A Constituição Federal determina que apenas brasileiros (natos ou naturalizados) poderão se alistar; os estrangeiros são inalistáveis e, portanto, não podem votar e ser votados. Em outras palavras, não podem ser titulares da capacidade eleitoral ativa, tampouco da capacidade eleitoral passiva. Todavia, os portugueses equiparados, por receberem tratamento equivalente ao de brasileiro naturalizado, poderão se alistar como eleitores.

O alistamento eleitoral também é vedado aos conscritos, durante o serviço militar obrigatório. Para seu melhor entendimento (e memorização), esclareço que conscrito, em linhas gerais, é o brasileiro chamado para a seleção, tendo em vista a prestação do serviço militar inicial obrigatório. Além disso, o TSE considera conscritos os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar obrigatório.17

O alistamento eleitoral é obrigatório para os maiores de 18 (dezoito) anos. Por outro lado, será facultativo para os analfabetos, os maiores de 70

17 Resolução do TSE no 15.850/89.

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(setenta) anos e os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. Considera-se que terão direito a votar aqueles que, na data da eleição, tenham completado a idade mínima de 16 anos.18

O TSE adotou posição importante sobre o voto dos portadores de deficiência grave cuja natureza e situação impossibilite ou torne extremamente oneroso o exercício de suas obrigações eleitorais. O Tribunal editou a Resolução TSE nº 21.920/2004, que dispõe que: “não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do voto”. Vale frisar, todavia, que a própria resolução fez questão de destacar que o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para todas as pessoas portadores de deficiência.

Outra questão relevante analisada pelo TSE, que deu origem à Resolução no 20.806/2001, considerou que somente os índios integrados (excluídos os isolados e os em via de integração) seriam obrigados à comprovação de quitação do serviço militar para poderem se alistar. 19

16. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) De acordo com a Constituição da República, são inalistáveis e inelegíveis:

a) somente os analfabetos e os conscritos.

b) os estrangeiros, os analfabetos e os conscritos.

c) somente os estrangeiros e os analfabetos.

d) somente os estrangeiros e os conscritos.

Comentários:

São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos. Por consequência, serão inelegíveis. Para os analfabetos, o alistamento eleitoral é facultativo. A resposta é a letra D.

18 Resolução TSE nº 14.371. 19 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 10a edição. São Paulo, Saraiva: 2015, pp. 718.

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17. (FGV / DPE-RJ – 2014) Direitos políticos são instrumentos previstos na Constituição, através dos quais se manifesta a soberania popular, viabilizando a participação do cidadão na coisa pública. Como exemplo desses direitos políticos, a Constituição assegura:

a) o voto indireto e secreto, com valor igual para todos.

b) o sufrágio universal e o voto direto, obrigatório para os maiores de dezoito anos e menores de sessenta anos.

c) o voto facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos, bem como pessoas maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

d) a ação popular, que consiste em um processo iniciado por, no mínimo, 1% do população nacional, para destituir administradores ímprobos.

e) o plebiscito ou o referendo, nos quais o cidadão decide diretamente qual será o rumo legislativo sobre matéria de relevância nacional, sem qualquer participação do Poder Legislativo durante o processo legislativo.

Comentários:

Letra A: errada. O voto é direto, secreto e com valor igual para todos.

Letra B: errada. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos.

Letra C: correta. O voto é facultativo para: i) os analfabetos; ii) os maiores de 70 anos e; iii) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.

Letra D: errada. A ação popular é remédio constitucional que pode ser impetrado por qualquer cidadão. Não há necessidade de que ela seja iniciada por 1% da população nacional. Qualquer cidadão, sozinho, poderá impetrar ação popular.

Letra E: errada. É o Congresso Nacional que autoriza referendo e convoca plebiscito. Portanto, esses instrumentos contam com a participação do Poder Legislativo.

O gabarito é a letra C.

3.2.2. Capacidade eleitoral passiva:

A capacidade eleitoral passiva está relacionada ao direito de ser votado, de ser eleito (elegibilidade). Para que o indivíduo adquira capacidade eleitoral passiva, ele deve cumprir os requisitos constitucionais para a elegibilidade e, além disso, não incorrer em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade, que são impedimentos à capacidade eleitoral passiva.

E quais são as condições (requisitos) de elegibilidade? Art.14, §3º, CF/88:

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§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos para Vereador.

Como se percebe, a elegibilidade somente será possível pelo cumprimento cumulativo de todos os requisitos acima relacionados.

O inciso I exige como requisito a nacionalidade brasileira. Assim, os brasileiros natos ou naturalizados poderão ser eleitos a mandatos eletivos; os estrangeiros, por sua vez, não poderão ser eleitos, ressalvados os portugueses equiparados, que recebem tratamento equivalente ao de brasileiro naturalizado. Cabe destacar, todavia, que há certos cargos políticos que são privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º, CF/88).

O inciso II menciona que o pleno exercício dos direitos políticos é condição de elegibilidade. Os indivíduos que incorrerem em alguma hipótese de perda ou suspensão de direitos políticos não serão elegíveis. Um exemplo de suspensão de direitos políticos é a improbidade administrativa.

O inciso III estabelece que o alistamento eleitoral é um requisito de elegibilidade. Nesse sentido, os inalistáveis (estrangeiros e os conscritos) não serão elegíveis, isto é, não podem ser votados. Percebe-se que a capacidade eleitoral passiva está condicionada ao exercício da capacidade eleitoral ativa.

O inciso IV determina que o domicílio eleitoral na circunscrição é requisito de elegibilidade. Assim, aquele que pretenda se candidatar deve ter seu domicílio eleitoral no local no qual irá concorrer às eleições. Ex: Diego pretende concorrer a Governador da Bahia, logo, ele deverá ter seu título de eleitor naquele Estado. Não se pode confundir domicílio eleitoral com domicílio civil: é plenamente possível que alguém resida em Brasília (domicílio civil), mas seu título de eleitor seja de Salvador (domicílio eleitoral).

O inciso V trata da filiação partidária como condição de elegibilidade. No Brasil, não se admite a candidatura avulsa (desvinculada de partido político). Considerando-se que a filiação partidária é uma condição de elegibilidade, cabe-

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nos questionar o seguinte: haverá alguma repercussão da desfiliação partidária e da infidelidade partidária (mudança de partido) sobre o mandato?

Segundo o STF, em relação aos parlamentares, a desfiliação e a infidelidade partidárias resultarão na perda do mandato, salvo justa causa (por exemplo, desvio de orientação ideológica do partido). Mas, essa regra não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.20

Por último, o inciso VI trata do requisito de idade mínima, que deve ser considerada na data da posse. Vale a pena memorizar esse dispositivo, pois é bastante cobrado em prova! Assim, temos:

18. (FGV / XIII Exame de Ordem Unificado – 2014) No que concerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.

a) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.

b) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.

c) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.

d) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.

Comentários:

Letra A: foi considerada errada pela FGV. Entretanto, não fica claro na questão se José havia cumprido apenas um mandato de prefeito. Se for o caso, ele 20 ADI 5081 / DF, Rel. Min. Luís Roberto Barroso. Julg. 27.05.2015.

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poderá se candidatar à reeleição, mas não precisa se desincompatibilizar. Caso José já tenha cumprido 2 (dois) mandatos consecutivos como Prefeito, ele não poderá, em qualquer hipótese, se candidatar a uma nova reeleição.

Letra B: correta. Para que João se candidate a Prefeito, ele deve ter a idade mínima de 21 anos. Esse requisito é preenchido por João.

Letra C: errada. Os analfabetos são inelegíveis. Logo, Marcos não poderá se candidatar ao cargo de Prefeito.

Letra D: errada. Em razão de Luís ter menos de 10 anos de serviço, Luís terá que se afastar das atividades militares.

O gabarito é a letra B.

19. (FGV/TJ-AM – 2013) A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece as condições para que um cidadão possa se candidatar em uma eleição, sendo certo que a não observância de quaisquer delas é causa de impedimento para a candidatura. Um dos requisitos dispostos é a idade mínima para o exercício de determinados cargos políticos. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. a) A Constituição exige a idade mínima de 18 anos para Deputado Federal.

b) A Constituição exige a idade mínima de 25 anos para Prefeito.

c) A Constituição exige a idade mínima de 30 anos para Deputado Estadual.

d) A Constituição exige a idade mínima de 18 anos para vereador.

e) A Constituição exige a idade mínima de 30 anos para Senador.

Comentários:

A letra A está incorreta. A idade mínima para o cargo de Deputado Federal é de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).

A letra B está incorreta. A idade mínima para Prefeito é de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).

A letra C está incorreta. A idade mínima para Deputado Estadual é de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).

A letra D está correta. É o que prevê o art. 14, § 3º, VI, “d”, da Constituição. A idade mínima para Vereador é 18 anos.

A letra E está incorreta. Para Senador, a idade mínima é de 35 anos (art. 14, § 3º, VI, “a”, CF).

O gabarito é a letra D.

3.3. Direitos Políticos Negativos:

Os direitos políticos negativos são normas que limitam o exercício do sufrágio, restringindo a participação do indivíduo na vida política. Podemos

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dividir os direitos políticos negativos em duas espécies: i) as inelegibilidades e; ii) as hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos.

3.3.1. Inelegibilidades:

A seguir, para cada regra, apresentaremos um exemplo, que permitirá com que você entenda o que pode ser cobrado na prova. Quer um conselho? Foque nos exemplos apenas para entender as regras! Não fique divagando e criando inúmeros outros exemplos na sua cabeça. Se você o fizer, estará perdendo tempo, pois as possibilidades de casos concretos tendem ao infinito! Vamos lá?

As inelegibilidades constituem condições que obstam o exercício da capacidade eleitoral passiva por um indivíduo. As hipóteses de inelegibilidade do art. 14, §§ 4º ao 7º não são exaustivas. Isso porque a própria Constituição expressamente autoriza que lei complementar estabeleça outras hipóteses de inelegibilidade.

Podemos dividir as inelegibilidades em dois grandes grupos:

a) inelegibilidades absolutas: São regras que impedem a candidatura e o exercício de qualquer cargo político. Estão relacionadas a características pessoais do indivíduo. Foram taxativamente previstas pela CF/88 e não podem ser criadas novas pela legislação infraconstitucional.

Segundo o art. 14, §4º, são inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Veja que os analfabetos, apesar de poderem votar (voto facultativo), não podem ser votados. E que, entre os inalistáveis, temos os estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório.

b) inelegibilidades relativas: São regras que obstam a candidatura a certos cargos políticos, em virtude de situações específicas previstas na Constituição ou em lei complementar. Não estão vinculadas à condição pessoal do indivíduo e não resultam em impedimento ao exercício de qualquer cargo.

Podem ser de diferentes tipos: i) por motivos funcionais; ii) por motivo de casamento, parentesco ou afinidade (inelegibilidade reflexa); iii) inelegibilidade relativa à condição de militar.

A inelegibilidade por motivos funcionais está prevista no art. 14, §5º, CF: “o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente”. Nesse sentido, os Chefes do Executivo (Presidente, Governador e Prefeito) somente podem cumprir dois mandatos consecutivos no mesmo cargo.

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Destaque-se que é plenamente possível que alguém cumpra três ou mais mandatos como Chefe do Poder Executivo, desde que estes não sejam consecutivos. Assim, se o terceiro mandato vier alternado com o mandato de outra pessoa, não haverá qualquer vedação à eleição.

A vedação à reeleição para mais de um período subsequente é regra que se impõe somente àqueles que cumpram mandatos de Chefe Executivo. Os mandatos no Poder Legislativo não seguem essa regra: é plenamente possível que um Deputado ou Senador seja eleito para ilimitados mandatos sucessivos.

Segundo o STF, o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de prefeito, ou seja, foi eleito e reeleito, fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em município diferente. Veda-se, com isso, a figura do “prefeito itinerante”, que exerce mais de dois mandatos consecutivos em municípios distintos.21.Há, ainda, outros entendimentos importantes sobre a inelegibilidade por motivos funcionais:

1) O cidadão que já foi Chefe do Poder Executivo por dois mandatos consecutivos não poderá, na eleição seguinte, se candidatar ao cargo de Vice. Exemplo: Lula foi Presidente da República por 2 mandatos consecutivos (2003 – 2006 e 2007-2010). Nas eleições de 2010, ele não poderia ter se candidatado a Vice de Dilma Rousseff.

2) Os Vices também só poderão se reeleger, para o mesmo cargo, por um único período subsequente. Exemplo: Michel Temer foi Vice-Presidente no mandato 2011-2014, sendo reeleito para o mandato seguinte (2015-2018). No entanto, ele não poderá se candidatar a um terceiro mandato consecutivo como Vice-Presidente.

3) Os Vices, reeleitos ou não, poderão se candidatar ao cargo do titular na eleição seguinte, mesmo que o tenham substituído no curso do mandato.

*Um caso importante, que inclusive chegou ao STF, foi o que envolveu o governo de São Paulo. Mário Covas foi eleito Governador de SP em 1994, tendo como Vice Geraldo Alckmin. Em 1998, Covas é reeleito Governador e, novamente, Geraldo Alckmin é o seu Vice. Até aqui, nenhum problema!

O problema foi que, em 2001, no curso do 2º mandato, Covas veio a falecer, ocorrendo a vacância do cargo de Governador. Alckmin assume como Governador em definitivo e completa o mandato de seu antecessor. Em 2002, Alckmin se candidata a um novo mandato como Governador e é eleito. A pergunta que se faz, então, é a seguinte: estaria Alckmin cumprindo um terceiro mandato consecutivo?

O STF então entendeu que Alckmin poderia, sim, assumir o mandato de Governador nesse novo mandato. Isso porque os “Vices, reeleitos ou não, poderão se candidatar ao cargo do titular na eleição seguinte, mesmo que o tenham substituído no curso do mandato”.

21 RE 637485/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º.8.2012. (RE-637485)

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E se o Presidente, Governador ou Prefeito quiser se candidatar a outro cargo, diferente de Chefe do Poder Executivo? Poderá fazê-lo? Sim. No entanto, o art. 14, § 6º, CF/88 determina que “para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.” Essa é a famosa “desincompatibilização”, que busca impedir que o Chefe do Executivo se utilize da “máquina pública” para se eleger.

Cabe destacar que a desincompatibilização não é necessária quando o Chefe do Poder Executivo vá concorrer à reeleição. Só cabe falar em desincompatibilização quando se candidata a um novo cargo. Ex: Governador deseja se candidatar a Senador nas próximas eleições. Para fazê-lo, ele precisará renunciar ao cargo de Governador 6 meses antes do pleito eleitoral.

E os Vices? Precisam se desincompatibilizar? O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão concorrer normalmente a outros cargos, preservando seus mandatos, desde que nos seis meses anteriores ao pleito não tenham sucedido ou substituído22 o titular.

A inelegibilidade reflexa (por motivo de casamento, parentesco ou afinidade) está prevista no art. 14, § 7º, CF/88. Leva esse nome porque ela resulta do fato de que uma pessoa, ao ocupar um cargo de Chefe do Poder Executivo, afeta a elegibilidade de terceiros (cônjuge, parentes e afins).

Detalhe: somente são afetados por essa inelegibilidade o cônjuge, parentes e afins de titular de cargo de Chefe do Poder Executivo; o fato de alguém ser titular de cargo Legislativo não traz qualquer implicação à elegibilidade de terceiros. Se Joãozinho ocupa o cargo de Senador, seu cônjuge, parentes e afins poderão se candidatar normalmente, a qualquer cargo político.

Vejamos, agora, o exato conteúdo da inelegibilidade reflexa:

§7º-São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

A inelegibilidade reflexa alcança somente o território de jurisdição do titular do cargo do Poder Executivo. Suponha que José seja Prefeito de São João del-Rei (MG). Seu cônjuge, parentes e afins, até o 2º grau, ou por adoção, não poderão se candidatar, nas próximas eleições, a qualquer cargo

22 A sucessão ocorre quando alguém (geralmente o Vice do Chefe do Executivo) ocupa o lugar do Chefe do Executivo até o final de seu mandato, passando a ocupar o seu cargo. É o que acontece se, por exemplo, o Presidente da República renunciar. O Vice-Presidente (em regra) passará a ocupar o cargo. Já na substituição, o Vice (ou outra pessoa) ocupa o cargo do Chefe do Executivo apenas temporariamente. É o que acontece quando o Presidente da República viaja para o exterior, por exemplo.

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dentro do território de São João del-Rei (MG). Não poderão, portanto, se candidatar a Vereador. Entretanto, o cônjuge, parentes e afins, até o 2º grau, ou por adoção de José poderão se candidatar, normalmente, a um cargo eletivo que extrapole o território de São João del-Rei (MG). Poderão, por exemplo, se candidatar a Governador de Minas Gerais, Senador, Deputado Federal. Assim, temos que:

a) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau, ou por adoção de Prefeito não poderão se candidatar a nenhum cargo dentro daquele Município (Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito).

b) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau, ou por adoção de Governador não poderão se candidatar a nenhum cargo dentro daquele Estado. Isso inclui os cargos de Vereador, Prefeito e Vice-Prefeito (de qualquer dos Municípios daquele estado), bem como os cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual e Senador, por aquele estado.

c) O cônjuge, parentes e afins, até o segundo grau, ou por adoção de Presidente não poderão se candidatar a nenhum cargo eletivo no País.

Segundo o STF, a inelegibilidade reflexa alcança também aqueles que tenham constituído união estável com o Chefe do Poder Executivo, inclusive no caso de uniões homoafetivas. Outrossim, a dissolução do casamento, quando ocorrida durante o mandato, não afasta a inelegibilidade reflexa. É o que determina o STF na Súmula Vinculante nº 18:

“A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º, do artigo 14 da Constituição Federal”.

Ainda da jurisprudência do STF, extraímos que, caso um município seja desmembrado, o parente do prefeito do “município-mãe” é afetado pela inelegibilidade reflexa quanto ao “município-filho”, não podendo candidatar-se à Prefeitura deste, por exemplo.

Não menos importante, ao lermos o art. 14, §7º, percebemos, em sua parte final, que há uma exceção à regra da inelegibilidade reflexa: “salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”. Mas o que isso significa?

Significa que a inelegibilidade reflexa não se aplica caso o cônjuge, parente ou afim já possua mandato eletivo; nessa situação, será possível que estes se candidatem à reeleição, mesmo se ocuparem cargos dentro da circunscrição do Chefe do Executivo. Ex: João das Couves seja prefeito do Município de São João del-Rei (MG). Nas próximas eleições, seu irmão se elege Governador de Minas Gerais. João das Couves poderá se candidatar à reeleição no Município de São João del-Rei? Sim, poderá. João das Couves não será afetado pela inelegibilidade reflexa, pois já era titular de mandato eletivo e, agora, é candidato à reeleição.

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Importante registrar entendimento do TSE que se o Chefe do Executivo renunciar seis meses antes da eleição, seu cônjuge, parentes ou afins até o segundo grau poderão candidatar-se a todos os cargos eletivos da circunscrição, desde que ele próprio pudesse concorrer à reeleição. Isso é válido para o próprio cargo do titular.

Suponha, por exemplo, que Alfredo seja Governador de Minas Gerais, cumprindo o seu primeiro mandato. Na próxima eleição, ele poderia se reeleger (seria o segundo mandato consecutivo de Governador). Em virtude da inelegibilidade reflexa, sua esposa, Maria, não poderia se candidatar a nenhum cargo eletivo em Minas Gerais. Entretanto, caso Alfredo renuncie seis meses antes da eleição, Maria poderá candidatar-se ao cargo de Governadora. Isso somente será possível porque Alfredo poderia concorrer à reeleição.

Existe, ainda, a inelegibilidade relativa à condição de militar, a qual está prevista no art. 14, §8º, CF/88:

§8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Percebe-se que apenas são elegíveis os militares que forem alistáveis; nesse sentido, os conscritos (aqueles que cumprem o serviço militar obrigatório), por não serem alistáveis, não serão elegíveis. Entretanto, para que o militar seja elegível, ele deve cumprir certas condições, que variam segundo o seu tempo de serviço.

Se o militar contar menos de 10 anos de serviço, ele deverá afastar-se da atividade. Se contar mais de 10 anos, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação para a inatividade. Nesse caso, o militar se conservará ativo até a diplomação.

Sabe-se que uma das condições de elegibilidade é a filiação partidária. O problema é que o art. 143, §3º, V, CF, veda a filiação do militar a partido político. Porém, o TSE, diante dessa situação, determinou que, caso o militar venha a candidatar-se, a ausência de prévia filiação partidária (uma das condições de elegibilidade) será suprida pelo registro da candidatura apresentada pelo partido político e autorizada pelo candidato.

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Como já mencionamos, a CF/88 prevê que lei complementar nacional23 poderá criar outras hipóteses de inelegibilidade relativa. (§9º, art. 14)

Embora nada tenha sido dito, uma emenda constitucional também pode criar novas hipóteses de inelegibilidade relativa. Com base nesse dispositivo, foi elaborada a LC no 64/1990, que estabeleceu casos de inelegibilidade e determinou outras providências. Essa lei sofreu alteração recente pela Lei Complementar no. 135/2010, a “Lei da Ficha Limpa”, que previu novas hipóteses de inelegibilidade.

23 Note que eu falei em lei complementar (LC) nacional. E qual a diferença entre uma lei nacional e uma lei federal? A nacional abrange todos os entes federados. É o caso do Código Penal, por exemplo. Já a federal, abrange somente a União. Exemplo: Lei 8.112/1990, que institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

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Os dispositivos a seguir são cobrados em sua literalidade:

§10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

20. (FGV/ XII Exame de Ordem – 2013) João, 29 anos de idade, brasileiro naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 2010, ao cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. Eleito, e após ter tomado posse, foi escolhido para Presidir a Câmara dos Deputados, Com base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta. a) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, uma vez que esse é um cargo privativo de brasileiro nato.

b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na carreira diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato.

c) João poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem como ser eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente da Câmara dos Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por brasileiro nato.

d) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas poderia ter se candidatado ao cargo de Senador da República, mesmo sendo brasileiro naturalizado.

Comentários:

A letra A está incorreta. O cargo de Deputado Federal não é privativo de brasileiro nato. Essa restrição aplica-se apenas ao cargo de Presidente da Câmara (art. 12, § 3º, II, CF).

A letra B está incorreta. Como vimos, o cargo de Deputado Federal não é privativo de brasileiro nato, o que já bastaria para a alternativa estar errada. Há, entretanto, mais um erro na questão: o ingresso na carreira diplomática requer a condição de brasileiro nato (art. 12, § 3º, V, CF).

A letra C está correta. É o que prevê a Constituição Federal (art. 12, § 3º, II, CF). O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é privativo de brasileiro nato, motivo pelo qual João não poderá exercê-lo. Quanto ao cargo de Deputado Federal, exige-se idade mínima de 21 anos.

A letra D está incorreta. João poderia candidatar-se a Deputado Federal, mas não poderia se candidatar ao cargo de Senador. O cargo de Senador tem como requisito a idade mínima de 35 anos, o que não é cumprido por João.

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O gabarito é a letra C.

21. (FGV / IX Exame de Ordem Unificado – 2012) José da Silva, prefeito do Município “X”, integrante do Estado “Y”, possui familiares que pretendem concorrer a cargos elegíveis nas próximas eleições. Sobre essa situação, assinale a afirmativa correta.

a) José da Silva Junior, filho de José da Silva, que terá 18 anos completos na época da eleição, poderá se candidatar ao cargo de deputado estadual de “Y”, desde que José da Silva tenha se desincompatibilizado seis meses antes do pleito.

(b) Maria da Silva, esposa de José da Silva, vereadora do município “X”, só poderá concorrer novamente ao cargo de vereadora, se José da Silva se desincompatibilizar seis meses antes do pleito.

c) José da Silva poderá concorrer ao cargo de governador do estado “Z”, não sendo necessário que renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito.

d) Pedro Costa, sobrinho de José da Silva, poderá concorrer ao cargo de Vereador do Município “X” mesmo que José da Silva não tenha se desincompatibilizado seis meses antes do pleito.

Comentários:

Letra A: errada. Não há qualquer óbice a que o filho do Prefeito do Município X se candidate a Deputado Estadual, uma vez que a inelegibilidade reflexa alcança apenas os cargos que estão no território de jurisdição do titular. Assim, o filho do Prefeito do Município X não poderia se candidatar a vereador por esse mesmo Município. Até aqui tudo bem! O problema é que José da Silva Junior tem apenas 18 anos, e a idade mínima para elegibilidade ao cargo de deputado estadual é de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF).

Letra B: errada. Como Maria é candidata a reeleição, não é necessária a desincompatilização de José da Silva. De acordo com o § 7º do art. 14 da Constituição Federal, “são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.

Letra C: errada. É necessário que José da Silva renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito, por determinação do art. 14, § 6º, da Constituição Federal. É que, para concorrerem a outros cargos, os Chefes do Poder Executivo devem renunciar aos seus mandatos até 6 meses antes do pleito.

Letra D: correta. Pegadinha, meus amigos. O sobrinho é parente de 3º grau e, portanto, não é atingido pela inelegibilidade reflexa, que alcança até o 2º grau. Logo, Pedro Costa poderá, sim, candidtar-se a Vereador do Município X.

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O gabarito é a letra D.

22. (FGV / Senado Federal – 2012) A respeito dos direitos políticos previstos na CRFB, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo ou iniciativa popular.

b) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

c) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da posse, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

d) É condição de elegibilidade o domicílio eleitoral na circunscrição.

e) É condição de elegibilidade a idade mínima de trinta e cinco anos para Senador.

Comentários:

Letra A: correta. São instrumentos de participação popular: i) o voto direto, secreto e com valor igual para todos; ii) o plebiscito; iii) o referendo e; iv) a iniciativa popular.

Letra B: correta. Os estrangeiros e os conscritos não podem se alistar como eleitores. Trata-se de hipóteses de inelegibilidade absoluta.

Letra C: errada. O mandato eletivo pode ser impugnado no prazo de 15 dias contados da diplomação (e não da posse!).

Letra D: correta. Uma das condições de elegibilidade é o domicílio eleitoral na circunscrição.

Letra E: correta. Para Senador, a idade mínima é de 35 anos.

O gabarito é a letra C.

3.3.2. Perda e Suspensão dos direitos políticos:

No art. 15, a Constituição traz as hipóteses de privação dos direitos políticos. Esta pode dar-se de maneira definitiva (denominando-se perda) ou temporária (suspensão). Importante ressaltar que a Constituição, em resposta à ditadura que a precedeu, não permite, em nenhuma hipótese, a cassação dos direitos políticos. Que tal lermos juntos o art. 15?

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Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

A Constituição não explicita quais são os casos de perda e quais são os casos de suspensão dos direitos políticos. Entretanto, segundo a doutrina, esses dois institutos apresentam as seguintes diferenças:

a) A perda se dá por prazo indeterminado, enquanto a suspensão pode se dar tanto por prazo determinado quanto por indeterminado;

b) Na perda, a reaquisição dos direitos políticos não é automática após a cessação da causa; na suspensão, a reaquisição é automática.

Desse modo, para a maior parte dos doutrinadores, tem-se a perda nos incisos I e IV do art. 15 da CF e suspensão nos demais incisos. Olha só:

No caso de condenação criminal transitada em julgado, a suspensão dos direitos políticos é imediata, implicando imediata perda do mandato eletivo. Trata-se, segundo o STF, de norma autoaplicável, que independe, para sua imediata incidência, de qualquer ato de intermediação legislativa.24

A prisão de uma pessoa não é suficiente para que ocorra a suspensão de direitos políticos, afinal, há várias situações em que a prisão não é motivada por uma condenação criminal transitada em julgado. É o caso, por exemplo, da prisão em flagrante ou da prisão temporária, que não importarão em suspensão dos direitos políticos.

24 STF, RMS 22.470-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 11.06.96, DJ de 27.09.96.

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É importante ficarmos atentos quanto às consequências dos atos de improbidade administrativas, Segundo o art. 37, § 4º, os atos de improbidade administrativa resultarão na perda do mandato e na suspensão dos direitos políticos. É bastante comum que as bancas examinadoras tentem enganar os alunos dizendo que, no caso de improbidade administrativa, haverá perda do mandato e dos direitos políticos. Isso está errado! Nessa situação, haverá suspensão dos direitos políticos.

A perda do mandato, entretanto, não se aplica a membro do Congresso Nacional. Por determinação do art. 55, § 2º, da CF/88, a perda do mandato será decidida pela Casa a que pertencer o congressista, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.25

23. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado – 2012) A respeito dos direitos políticos, assinale a alternativa correta.

a) O cancelamento de naturalização por decisão do Ministério da Justiça é caso de perda de direitos políticos.

b) A condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, é caso de cassação de direitos políticos.

c) A improbidade administrativa é caso de suspensão de direitos políticos.

d) A incapacidade civil relativa é caso de perda de direitos políticos.

Comentários:

Letra A: errada. O cancelamento de naturalização por decisão (judicial) transitada em julgado é hipótese de perda dos direitos políticos.

Letra B: errada. No Brasil, é vedada a cassação de direitos políticos.

Letra C: correta. De fato, a improbidade administrativa importa na suspensão dos direitos políticos.

Letra D: errada. A incapacidade civil absoluta é hipótese de suspensão dos direitos políticos.

O gabarito é a letra C.

24. (FGV / IV Exame de Ordem Unificado – 2011) Os direitos políticos não podem ser cassados. Podem, no entanto, sofrer perda ou suspensão à luz das normas constitucionais pelo seguinte fundamento: 25 Nesse sentido, entende o STF que da “condenação criminal transitada em julgado, ressalvada a hipótese do art. 55, § 2º, da Constituição, resulta por si mesma a perda do mandato eletivo ou do cargo do agente político (RE 418.876, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 30..03.04, DJ 04.06.04).

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a) condenação cível sem trânsito em julgado.

b) incapacidade civil relativa, declarada judicialmente.

c) cancelamento de naturalização por decisão administrativa.

d) improbidade administrativa.

Comentários:

Letra A: errada. A condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, importa na suspensão dos direitos políticos.

Letra B: errada. A incapacidade civil absoluta implica na suspensão dos direitos políticos.

Letra C: errada. O cancelamento de naturalização por decisão judicial transitada em julgado leva à perda dos direitos políticos.

Letra D: correta. A improbidade administrativa implica na suspensão dos direitos políticos.

O gabarito é a letra D.

25. (FGV / DPE-RJ – 2014) A mesma Constituição da República que assegura os direitos políticos como instrumentos por meio dos quais se garante o exercício da soberania popular, prevê a perda ou suspensão dos mesmos, no caso de:

a) incapacidade civil relativa, como na hipótese de interdição, na forma da lei.

b) condenação criminal por improbidade administrativa, através de sentença penal transitada em julgado.

c) prática de ato de improbidade administrativa, reconhecida em regular processo administrativo transitado em julgado.

d) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, na forma da lei.

e) condenação criminal por crime hediondo, com decisão judicial transitada em julgado, hipótese em que ocorre cassação dos direitos políticos enquanto durarem os efeitos da condenação.

Comentários:

Letra A: errada. A incapacidade civil absoluta é que implica na suspensão dos direitos políticos.

Letra B: errada. O examinador misturou as coisas. Ocorrerá suspensão dos direitos políticos no caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos. A improbidade administrativa não tem natureza criminal.

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Letra C: errada. A improbidade administrativa, de fato, implica na suspensão dos direitos políticos. No entanto, esta é reconhecida em processo judicial.

Letra D: correta. A recusa de cumprir obrigação legal a todos imposta ou prestação alternativa, na forma da lei, é hipótese de suspensão dos direitos políticos.

Letra E: errada. Não existe cassação de direitos políticos no ordenamento jurídico brasileiro.

O gabarito é a letra D.

3.5. Princípio da anterioridade eleitoral:

No art. 16, CF/88 a Constituição traz o princípio da anterioridade eleitoral:

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

A lei eleitoral tem vigência (“força de lei”) imediatamente, na data de sua publicação. Entretanto, produz efeitos apenas em momento futuro: não se aplica à eleição que ocorrer até um ano da data de sua vigência.

Nesse sentido, o STF26 afastou a aplicação da “Lei da Ficha Limpa” às eleições de 2010. Mesmo essa lei tendo entrado em vigor em 2010, ela não poderia ser aplicada às eleições realizadas naquele ano. Cabe destacar que o STF considera que o princípio da anterioridade eleitoral é cláusula pétrea.

4. Partidos Políticos

Os partidos políticos, instituições essenciais à preservação do Estado democrático de direito, são entidades de direito privado que se organizam em torno de ideias e convicções políticas comuns, almejando a conquista e manutenção do poder por meio das eleições.

A Constituição trata dos partidos políticos em seu art. 17. Vamos à sua análise!

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

Veja que é plena a liberdade de criação dos partidos políticos, desde que resguardados certos valores: a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana (não pode 26 RE 633703/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 23.03.2011, DJe 18.11.2011.

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haver partido nazista ou racista, por exemplo). A seguir, são listados os preceitos a serem observados pelos partidos políticos:

I - caráter nacional;

Não pode haver um partido político envolvendo só um Estado-membro ou município, ou o Distrito Federal. Só poderá ser reconhecido como partido político aquele que tiver repercussão em todo o país. Isso visa evitar que interesses de grupos minoritários tenham legitimidade, em detrimento daqueles que representam toda a sociedade.

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;

A soberania nacional é um princípio que limita o funcionamento dos partidos políticos; não pode haver, portanto, partido político que receba recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro, tampouco que se subordine a estes. Essa proibição visa impedir que os interesses da República Federativa do Brasil fiquem subordinados ao capital estrangeiro.

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

A prestação de contas à Justiça Eleitoral tem como objetivo impedir a existência de “caixa dois” nos pleitos eleitorais. Com isso, as contas dos partidos seriam todas submetidas à fiscalização financeira, em prol da moralidade pública.

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

Trata-se de norma de eficácia limitada, regulamentado pela Lei nº 9.096/95.

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

A autonomia partidária (§ 1º do art. 17) visa impedir qualquer controle do Estado sobre os partidos políticos, criando uma “área de reserva estatutária absolutamente indevassável pela ação normativa do Poder Público, vedando, nesse domínio jurídico, qualquer ensaio de ingerência legislativa do Poder Estatal” (STF, ADI 1.407-MC, DJ de 17.04.2001).

Nesse sentido, garante-se aos partidos a liberdade para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações. Não pode o legislador ordinário interferir nessa matéria, que é de competência dos partidos.

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Destaque-se que, a partir da Emenda Constitucional nº 52/2006, passou a não haver mais, no ordenamento jurídico nacional, a obrigatoriedade de simetria das coligações em âmbito nacional, estadual e municipal. Em outras palavras, não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Assim, uma coligação feita para as eleições nacionais não precisa ser repetida nas eleições estaduais. Não se aplica o princípio da verticalização na formação de coligações.

Visando a democracia foi assegurada autonomia aos partidos políticos, mas exigiu-se que seus estatutos estabelecessem normas de disciplina e fidelidade partidária. Na mesma linha, foram assegurados aos partidos políticos recursos de fundo partidário e acesso ao rádio e à televisão (na forma da lei), vedada a utilização de organização paramilitar pelos mesmos.

§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

A aquisição de personalidade jurídica dos partidos políticos dar-se-á conforme as normas do Código Civil (arts. 45 e 985) e da Lei de Registros Públicos (art. 120). Nesse sentido, a aquisição da personalidade se dá com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Após o Cartório de Registros de Títulos e Documentos aferir se os requisitos legais foram respeitados, resta lavrar o registro dos estatutos do partido político no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).27 Com o registro do estatuto no TSE, o partido irá adquirir capacidade política.

§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

Em relação ao fundo partidário, seu objetivo é garantir o financiamento das atividades dos partidos políticos. Os recursos desse fundo são distribuídos pelo TSE aos órgãos nacionais dos partidos (Lei 9.096/95, art. 41, II). Já o acesso gratuito ao rádio e à TV (§ 3º do art. 17), é instituído pelo legislador ordinário visando estabelecer anualmente os critérios de sua utilização. Seu objetivo é “igualizar, por métodos ponderados, as oportunidades dos candidatos de maior ou menor expressão econômica no momento de expor ao eleitorado suas propostas”.28 É o chamado “direito de antena”.

§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

27 STF, RE 164.458-AgRg, DJ de 02.06.1995. 28 STF, ADI 956, DJ de 20.04.2001.

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Essa proibição se coaduna com o art. 5º, XVII, CF/88, que dispõe que “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar”.

26. (FGV / X Exame de Ordem Unificado – 2013) Apesar da existência de vários partidos políticos por força de questões regionais, conjunturais e do vínculo da fidelidade partidária, é comum a cada ano o surgimento de novas agremiações no cenário nacional. Quanto ao funcionamento dos partidos políticos, à luz das normas constitucionais, assinale a afirmativa correta.

a) Podem receber recursos financeiros de governo estrangeiro.

b) Devem prestar as contas partidárias perante Conselho Especial.

c) Podem ter caráter regional, representando pelo menos duas regiões.

d) Têm acesso gratuito ao rádio e à televisão nos limites legais.

Comentários:

Letra A: errada. Os partidos políticos não podem receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro.

Letra B: errada. A prestação de contas deve ser feita à Justiça Eleitoral.

Letra C: errada. Os partidos políticos devem ter caráter nacional.

Letra D: correta. Segundo o art. 17, § 3º, CF/88, “os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.”

O gabarito é a letra D.

27. (FGV / PC-AP - 2010) Relativamente aos partidos políticos, assinale a afirmativa incorreta.

a) É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o

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regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

b) É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I-caráter nacional; II-proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III-prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV-funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

c) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

d) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, deverão coletar assinaturas de pelo menos 3% (três por cento) dos eleitores regulamente inscritos na justiça eleitoral de no mínimo 7 (sete) Estados ou Territórios para que seus estatutos possam ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral e os partidos sejam como tal reconhecidos pela lei eleitoral.

e) É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

Comentários:

Letra A: correta. É exatamente o que dispõe o art. 17, § 1º, CF/88. Esse dispositivo consagra a autonomia partidária e dispensa a simetria entre as coligações em âmbito federal, estadual e municipal.

Letra B: correta. É isso mesmo. Há liberdade para a criação de partidos políticos, desde que resguardados certos valores (soberania nacional, regime democrático e pluripartidarismo) e certos princípios.

Letra C: correta. Segundo o art. 17, § 3º, CF/88, “os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.”

Letra D: errada. Essa alternativa era bem complexa, pois exigia conhecimento da Lei nº 9.096/95, que dispõe sobre os partidos políticos. Dificilmente, alguém saberia responder essa assertiva. Segundo o art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95, “só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove o apoiamento de eleitores correspondente a, pelo menos, meio por cento dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de um décimo por cento do eleitorado que haja votado em cada um deles.”

Letra E: correta. Segundo o art. 17, § 4º, CF/88, “é vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar”. O gabarito é a letra D.

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5. Caderno de Prova

1. (FGV/ TJ-BA – 2015) A respeito dos direitos sociais, é correto afirmar que:

a) sempre exigirão uma omissão por parte dos poderes constituídos;

b) podem ser vistos como a primeira dimensão ou geração dos direitos fundamentais;

c) nunca dependem da disponibilidade de recursos financeiros para a sua implementação;

d) podem exigir o oferecimento de prestações específicas;

e) somente devem ser atribuídos às pessoas naturais, jurídica e economicamente classificadas como necessitadas.

2. (FUNCAB / PC-ES – 2013/ Adaptada) São direitos sociais preceituados na Constituição de 1988:

a) a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

b) a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

c) a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

d) o direito de herança, a intimidade, a privacidade, a informação dos órgãos públicos.

e) a livre locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer, ou dele sair com seus bens.

3. (FGV / XVI Exame de Ordem Unificado – 2015) Alessandro Bilancia, italiano, com 55 anos de idade, ao completar 15 anos de residência ininterrupta no Brasil, decide assumir a nacionalidade “brasileira”, naturalizando-se. Trata-se de renomado professor, cuja elevada densidade intelectual e capacidade de liderança são muito bem vistas por um dos maiores partidos políticos brasileiros. Na certeza de que Alessandro poderá fortalecer os quadros do governo caso o partido em questão seja vencedor nas eleições presidenciais, a cúpula partidária já ventila a possibilidade de contar com o auxílio do referido professor na complexa tarefa de governar o País.

Analise as situações abaixo e assinale a única possibilidade idealizada pela cúpula partidária que encontra respaldo na Constituição Federal.

a) Alessandro Bilancia, graças ao seu reconhecido saber jurídico e à sua ilibada reputação, poderá ser indicado para compor o quadro de ministros do Supremo Tribunal Federal.

b) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de deputado federal e ser eleito, poderá ser indicado para exercer a Presidência da Câmara dos Deputados.

c) Alessandro Bilancia, na hipótese de concorrer ao cargo de senador e ser eleito, pode ser o líder do partido na Casa, embora não possa presidir o Senado Federal.

d) Alessandro Bilancia, dada a sua ampla e sólida condição intelectual, pode ser nomeado para assumir qualquer ministério do governo.

4. (FGV / XV Exame de Ordem Unificado – 2014) A CRFB/88 identifica as hipóteses de caracterização da nacionalidade para brasileiros natos e os brasileiros naturalizados. Com base no previsto na Constituição, assinale a alternativa que indica um caso constitucionalmente válido de naturalização requerida para obtenção de nacionalidade brasileira.

a) Juan, cidadão espanhol, casado com Beatriz, brasileira, ambos residentes em Barcelona.

b) Anderson, cidadão português, domiciliado no Brasil há 36 dias.

c) Louis, cidadão francês, domiciliado em Brasília há 14 anos, que está em liberdade condicional, após condenação pelo crime de exploração sexual de vulnerável.

d) Maria, 45 anos, cidadã russa, residente e domiciliada no Brasil desde seus 25 anos de idade, processada criminalmente por injúria, mas absolvida por sentença transitada em julgado.

5. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado – 2013) João, 29 anos de idade, brasileiro naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 2010, ao cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. Eleito, e após ter tomado posse, foi escolhido para Presidir a Câmara dos Deputados. Com base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta.

a) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, uma vez que esse é um cargo privativo de brasileiro nato.

b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na carreira diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato.

c) João poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem como ser eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente da Câmara dos Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por brasileiro nato.

d) João não poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas poderia ter se candidatado

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ao cargo de Senador da República, mesmo sendo brasileiro naturalizado.

6. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) A Constituição de 1988 proíbe qualquer discriminação, por lei, entre brasileiros natos e naturalizados, exceto os casos previstos pelo próprio texto constitucional. Nesse sentido, é correto afirmar que somente brasileiro nato pode exercer cargo de:

a) Ministro do STF ou do STJ.

b) Diplomata.

c) Ministro da Justiça.

d) Senador.

7. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado – 2012) João, residente no Brasil há cinco anos, é acusado em outro país de ter cometido crime político. Nesse caso, o Brasil:

a) pode conceder a extradição se João for estrangeiro.

b) pode conceder a extradição se João for brasileiro naturalizado e tiver cometido o crime antes da naturalização.

c) não pode conceder a extradição, independentemente da nacionalidade de João.

d) não pode conceder a extradição apenas se João for brasileiro nato.

8. (FGV / V Exame de Ordem Unificado – 2011) No que tange ao direito de nacionalidade, assinale a alternativa correta.

a) O brasileiro nato não pode perder a nacionalidade.

b) O filho de pais alemães que estão no Brasil a serviço de empresa privada alemã será brasileiro nato caso venha a nascer no Brasil.

c) O brasileiro naturalizado pode ser extraditado pela prática de crime comum após a naturalização.

d) O brasileiro nato somente poderá ser extraditado no caso de envolvimento com o tráfico de entorpecentes.

9. (FGV/SUDENE – 2013) De acordo com a Constituição Federal, assinale a alternativa que apresenta uma condição para ser considerado brasileiro nato. a) Os que são originários de países de língua portuguesa com residência no Brasil por um ano ininterrupto.

b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptamente.

c) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que um deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

d) Os portugueses com residência permanente no Brasil.

e) A nova legislação não estabelece distinção entre brasileiros natos e naturalizados.

10. (FGV / TJ-AM – 2013) Cada Estado nacional tem a liberdade de definir aqueles que serão os seus nacionais por meio do estabelecimento de regras gerais quanto ao direito à nacionalidade. No caso do Brasil, são considerados brasileiros:

a) os nascidos no estrangeiro, de pais de qualquer nacionalidade, desde que qualquer um deles estivesse a serviço da República Federativa do Brasil.

b) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que registrados em repartição brasileira competente.

c) os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde que venham a residir no país e optem, antes de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

d) os nascidos no estrangeiro, sem qualquer outra condição, desde que filhos de pai e mãe brasileiros.

e) os nascidos em país com o qual o Brasil mantenha tratado de dupla cidadania.

11. (FGV / TJ-AM – 2013) Tendo em vista o que dispõe a Constituição da República Federativa do Brasil, assinale a alternativa que apresenta um caso de atribuição da nacionalidade brasileira.

a) Kevin, nascido no Brasil, filho de pais canadenses a serviço do Governo do Canadá.

b) Jonas, hoje com 21 anos, residente na cidade de São Paulo, nascido e registrado no Japão, filho de Marcos e Márcia, domiciliados naquele país, onde trabalham em uma empresa multinacional.

c) José, português, domiciliado na cidade de Manaus há seis meses.

d) Mark, alemão, domiciliado na cidade de Aracajú há 10 anos, e que hoje está em liberdade condicional, após condenação pelo crime de tráfico de drogas.

e) Luigi, italiano, residente em Milão, casado com Joana, que lá reside com ele.

12. (FGV / TRE-PA – 2011) A Constituição de 1988, em relação à nacionalidade, determina que:

a) são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal, assim como os Ministros do STF e do STJ.

b) perde a nacionalidade brasileira aquele que adquirir outra nacionalidade, sem exceções.

c) é considerada brasileiro nato a pessoa nascida na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros a serviço de seu país.

d) os estrangeiros aqui residentes há mais de 10 (dez) anos ininterruptos, sem condenação penal,

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podem requerer a cidadania brasileira, tornando-se brasileiros naturalizados.

e) é brasileiro nato aquele nascido no estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

13. (FEPESE / ISS-SC – 2014) Em atenção à nacionalidade, de acordo com a Constituição da República:

1. São brasileiros naturalizados os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.͒͒

2. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. ͒͒

3. Salvo os casos previstos na Constituição da República, serão atribuídos aos portugueses com residência permanente no País os direitos inerentes ao brasileiro, se houver reciprocidade em favor de brasileiros. ͒͒

4. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade em decorrência de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira.͒͒

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas:

a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.

b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.

c) São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.

d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.

e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

14. (FEPESE / UDESC – 2010) Sobre os direitos de nacionalidade, é incorreto afirmar:

a) A Constituição brasileira consagra conjuntamente os critérios jus soli e jus sanguinis para atribuição da nacionalidade.

b) É privativo de brasileiro nato o cargo de Presidente do Supremo Tribunal Federal.

c) São brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.

d) Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, a Constituição brasileira exige a aquisição de nacionalidade brasileira há mais de dez anos.

e) São brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de dez anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

15. (FGV/ TJ/PI - Analista Judiciário - 2015) Adalberto é brasileiro nato e vive há quinze anos em um determinado País da Europa. Em determinado momento, foi editada uma lei nesse País que exigia a naturalização dos estrangeiros ali residentes há mais de dez anos para que pudessem permanecer em seu território. Em razão dessa exigência, Adalberto requereu e teve deferida a nacionalidade desse País. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que Adalberto: a) deve ser declarada a perda da nacionalidade brasileira por ter obtido, a partir de requerimento seu, a nacionalidade estrangeira. b) somente não perderia a nacionalidade brasileira caso fosse naturalizado estrangeiro por força de lei do respectivo País, sem qualquer requerimento nesse sentido. c) não perderia a nacionalidade brasileira se estivesse no estrangeiro, de maneira impositiva, a serviço da República Federativa do Brasil. d) não perderá a nacionalidade brasileira, pois a naturalização foi imposta, pela norma estrangeira, como condição para permanência no território do respectivo País; e) perderá a nacionalidade brasileira, pois a hipótese versa sobre reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira 16. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) De acordo com a Constituição da República, são inalistáveis e inelegíveis:

a) somente os analfabetos e os conscritos.

b) os estrangeiros, os analfabetos e os conscritos.

c) somente os estrangeiros e os analfabetos.

d) somente os estrangeiros e os conscritos.

17. (FGV / DPE-RJ – 2014) Direitos políticos são instrumentos previstos na Constituição, através dos quais se manifesta a soberania popular, viabilizando a participação do cidadão na coisa pública. Como exemplo desses direitos políticos, a Constituição assegura:

a) o voto indireto e secreto, com valor igual para todos.

b) o sufrágio universal e o voto direto, obrigatório para os maiores de dezoito anos e menores de sessenta anos.

c) o voto facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos, bem como pessoas maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

d) a ação popular, que consiste em um processo iniciado por, no mínimo, 1% do população nacional, para destituir administradores ímprobos.

e) o plebiscito ou o referendo, nos quais o cidadão decide diretamente qual será o rumo legislativo sobre matéria de relevância nacional, sem qualquer participação do Poder Legislativo durante o processo legislativo.

18. (FGV / XIII Exame de Ordem Unificado – 2014) No que concerne às condições de

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elegibilidade para o cargo de prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.

a) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.

b) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito.

c) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.

d) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.

19. (FGV/TJ-AM – 2013) A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece as condições para que um cidadão possa se candidatar em uma eleição, sendo certo que a não observância de quaisquer delas é causa de impedimento para a candidatura. Um dos requisitos dispostos é a idade mínima para o exercício de determinados cargos políticos. A esse respeito, assinale a afirmativa correta. a) A Constituição exige a idade mínima de 18 anos para Deputado Federal.

b) A Constituição exige a idade mínima de 25 anos para Prefeito.

c) A Constituição exige a idade mínima de 30 anos para Deputado Estadual.

d) A Constituição exige a idade mínima de 18 anos para vereador.

e) A Constituição exige a idade mínima de 30 anos para Senador.

20. (FGV/ XII Exame de Ordem – 2013) João, 29 anos de idade, brasileiro naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 2010, ao cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. Eleito, e após ter tomado posse, foi escolhido para Presidir a Câmara dos Deputados, Com base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta. a) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, uma vez que esse é um cargo privativo de brasileiro nato.

b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na carreira diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato.

c) João poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem como ser eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente da Câmara dos Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por brasileiro nato.

d) João não poderia ter-se candidatado ao cargo de Deputado Federal, mas poderia ter se candidatado ao cargo de Senador da República, mesmo sendo brasileiro naturalizado.

21. (FGV / IX Exame de Ordem Unificado – 2012) José da Silva, prefeito do Município “X”, integrante do Estado “Y”, possui familiares que pretendem concorrer a cargos elegíveis nas próximas eleições. Sobre essa situação, assinale a afirmativa correta.

a) José da Silva Junior, filho de José da Silva, que terá 18 anos completos na época da eleição, poderá se candidatar ao cargo de deputado estadual de “Y”, desde que José da Silva tenha se desincompatibilizado seis meses antes do pleito.

(b) Maria da Silva, esposa de José da Silva, vereadora do município “X”, só poderá concorrer novamente ao cargo de vereadora, se José da Silva se desincompatibilizar seis meses antes do pleito.

c) José da Silva poderá concorrer ao cargo de governador do estado “Z”, não sendo necessário que renuncie ao mandato até seis meses antes do pleito.

d) Pedro Costa, sobrinho de José da Silva, poderá concorrer ao cargo de Vereador do Município “X” mesmo que José da Silva não tenha se desincompatibilizado seis meses antes do pleito.

22. (FGV / Senado Federal – 2012) A respeito dos direitos políticos previstos na CRFB, assinale a afirmativa INCORRETA.

a) A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo ou iniciativa popular.

b) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

c) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da posse, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

d) É condição de elegibilidade o domicílio eleitoral na circunscrição.

e) É condição de elegibilidade a idade mínima de trinta e cinco anos para Senador.

23. (FGV / VI Exame de Ordem Unificado – 2012) A respeito dos direitos políticos, assinale a alternativa correta.

a) O cancelamento de naturalização por decisão do Ministério da Justiça é caso de perda de direitos políticos.

b) A condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, é caso de cassação de direitos políticos.

c) A improbidade administrativa é caso de suspensão de direitos políticos.

d) A incapacidade civil relativa é caso de perda de direitos políticos.

24. (FGV / IV Exame de Ordem Unificado – 2011) Os direitos políticos não podem ser cassados. Podem, no entanto, sofrer perda ou

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suspensão à luz das normas constitucionais pelo seguinte fundamento:

a) condenação cível sem trânsito em julgado.

b) incapacidade civil relativa, declarada judicialmente.

c) cancelamento de naturalização por decisão administrativa.

d) improbidade administrativa.

25. (FGV / DPE-RJ – 2014) A mesma Constituição da República que assegura os direitos políticos como instrumentos por meio dos quais se garante o exercício da soberania popular, prevê a perda ou suspensão dos mesmos, no caso de:

a) incapacidade civil relativa, como na hipótese de interdição, na forma da lei.

b) condenação criminal por improbidade administrativa, através de sentença penal transitada em julgado.

c) prática de ato de improbidade administrativa, reconhecida em regular processo administrativo transitado em julgado.

d) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, na forma da lei.

e) condenação criminal por crime hediondo, com decisão judicial transitada em julgado, hipótese em que ocorre cassação dos direitos políticos enquanto durarem os efeitos da condenação.

26. (FGV / X Exame de Ordem Unificado – 2013) Apesar da existência de vários partidos políticos por força de questões regionais, conjunturais e do vínculo da fidelidade partidária, é comum a cada ano o surgimento de novas agremiações no cenário nacional. Quanto ao funcionamento dos partidos políticos, à luz das normas constitucionais, assinale a afirmativa correta.

a) Podem receber recursos financeiros de governo estrangeiro.

b) Devem prestar as contas partidárias perante Conselho Especial.

c) Podem ter caráter regional, representando pelo menos duas regiões.

d) Têm acesso gratuito ao rádio e à televisão nos limites legais.

27. (FGV / PC-AP - 2010) Relativamente aos partidos políticos, assinale a afirmativa incorreta.

a) É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

b) É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

c) Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

d) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, deverão coletar assinaturas de pelo menos 3% (três por cento) dos eleitores regulamente inscritos na justiça eleitoral de no mínimo 7 (sete) Estados ou Territórios para que seus estatutos possam ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral e os partidos sejam como tal reconhecidos pela lei eleitoral.

e) É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

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6. Gabarito

1 LETRA D

2 LETRA A

3 LETRA C

4 LETRA D

5 LETRA C

6 LETRA B

7 LETRA C

8 LETRA B

9 LETRA C

10 LETRA B

11 LETRA B

12 LETRA E

13 LETRA B

14 LETRA E

15 LETRA D

16 LETRA D

17 LETRA C

18 LETRA B

19 LETRA D

20 LETRA C

21 LETRA D

22 LETRA C

23 LETRA C

24 LETRA D

25 LETRA D

26 LETRA D

27 LETRA D

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