aqualon edição 05 - out / nov / dez 2009

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  • 8/8/2019 Aqualon Edio 05 - Out / Nov / Dez 2009

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    Ano IINmero 5Outubro/Novembro/Dezembro/2009

    Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza

    Distribuio

    Gratuita Expedio emIgarap-miri

    Microterrrio numa

    Bolacheira

    Peixes da bacia do rio Tibagi

    Characiformes

    Tingimento de

    peixes ornamentais

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    EditorialComeamos este editorial com a difcil misso de

    contemplar, em to pouco espao, todos os aconteci-mentos do aquarismo. So muitas as alegrias que nosmotivam a continuar falando sobre o hobby.

    Comeamos com o maravilhoso Encontro de Aqua-ristas de Londrina e Regio de 2009, com 119 amigosrepresentando 06 estados e 22 cidades do nosso pas.Foram momentos mpares de descontrao e trocasde conhecimentos. As palestras deste ano carampor conta de Ameri-co Guazzelli, sobrePlantados, e DaltonNielsen, sobre Killis.Na ocasio, tive-mos o anncio doRanking Paranaensede Aquapaisagistas

    com o CPA 2009,contando com 36trabalhos inscritospor 34 participan-tes, que represen-taram 10 cidadesespalhadas peloEstado. O nvel doconcurso aumentouconsideravelmen-te, o que representa a evoluo do aquapaisagismoparanaense, enquanto importante parte do nacional.

    Isso porque o Brasil esteve bem representado pelos

    concursos interna-cionais que at agoraocorreram, como oIAPCL, Acuavida eAquatic Scapers Eu-rope. Encerrando oassunto concursos,a g ua r d a m o sansiosamentea divulgaodo resultadodo concursonacional, oCBAP 2009.Temos certe-za que no dia0 1 / 1 2 / 2 0 0 9

    c o n f i r m a r e -mos essa evoluo, momento em que conheceremosnovas montagens que sempre nos surpreendem.

    Em um momento de tantas realizaes dentro donosso hobby, no h como no falar da base que sus-tenta tudo isso: aqueles que colocam a mo na massapara a realizao dos eventos e as empresas que osapiam, viabilizando os projetos. Todos os agradeci-mentos no so sucientes diante de tanta importn-cia que esse apoio possui.

    Encerramos com a notcia do lanamento do siteda Aqualon Aquarismo em Londrina, que vem se

    juntar revista como forma de divulgao de infor-maes sobre o hobby e como meio de integrao dosacionados. O site disponibiliza informaes sobre osacontecimentos, alm de notcias importantes. Tam-bm registra os eventos, como os encontros e concur-sos promovidos pela Aqualon. Por m, chas de plan-tas e fotos dos amigos aquaristas ilustram a pgina.Visitem www.aqualon.com.br!

    Um abrao da Equipe Aqualon.

    Sumrio4 - Expedio em Igarap-miri

    Dennis Quaresma

    9 - Microterrrio numa... Bolacheira!!!Rony Suzuki

    12 - Galeria de Peixes

    Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich

    13 - Galeria de Plantas Aquticas

    Rony Suzuki

    15 - Peixes da bacia do rio Tibagi II:

    Characiformes

    Oscar Akio Shibatta

    18 - Tingimento de peixes ornamentais

    Daniel Machado

    Revista Aqualon 3

    Esquerda pra direita: Evandro Romero, Dalton Niel-sen (Palestrante) e Americo Guazzelli (Palestrante)

    Andr Longaro (Aquabase)

    Foto Ocial do Encontro de 2009

    Aqurio vencedor do CPA 2009

    Esquerda pra direita: Luca Galarraga (Juiz), Rony Suzuki(Organizador), Reinaldo Uherara (Juiz), Luidi Rafael de Souza

    Doim (Campeo do CPA 2009) e Andr Longaro (Juiz)

    foto:GustavoTokoro

    foto:LuidiR.deS

    ouza

    foto:ChantalW.Kornin

    foto:ChantalW.Kornin

    foto:ChantalW.Kornin

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    Expedioem

    Igarap -mir iTexto: Dennis Quaresma

    Fotografa: Douglas Bastos

    Igarap-Miri, que em Tupi-Guarani signica Caminho de CanoaPequeno, um municpio localizado no nordeste do estado do Par, a

    aproximadamente 78 km da capital, Belm. A regio, como o nome su-gere, entrecortada por abundantes rios e igaraps que so uma fontede renda e lazer para a populao do municpio.

    Para mim, tambm os Igaraps foram uma fonte de lazer.Passei boa parte de minha infncia visitando a cidade, que obero de minha famlia e por muito tempo os Igaraps foram opalco de minhas frias, onde eu costumava brincar com primose amigos.

    Desta vez, porm, eu voltei cidade com a inteno de co-

    nhecer uma parte desses igaraps que eu ainda no conhecia,a parte abaixo da linha da superfcie dgua e descobrir oque aquelas guas escondem.

    Samos de manh cedinho de Belm. Ento, Douglas eeu, nos direcionamos direto para a nossa primeira parada:o Igarap Mucajateua [Foto 1]. Perfeito bitopo amaznico, gua cor

    Revista Aqualon4

    Foto 1

    Foto 2

    Foto3

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    de ch, tingida com o tanino das mui-tas razes submersas [Foto 2]. guaque apesar da cor ainda muito cris-talina, possibilitando a visualizaoperfeita da fauna e ora do lugar.

    Como de praxe, a ora submersa bastante limitada. Na maioria, apenas

    Nynphaea espalhando suasfolhas que provem abrigo para todos ostipos de peixes [Foto 3]. J a fauna surpreendentemente abundante, ciclde-os, caracdeos e principalmente Siluri-formes.

    Logo de cara encontramos algumasdas espcies predominantes nos Igara-

    ps: tetras, como oHyphessobrycon heterorhabdus[Foto 4], e uma segunda espcie de Tetra que apenasnos arriscamos a supor que seja umHyphessobryconda famlia dos Rosy Tetras [Foto 5]. interessanteobservar a diferena de comportamento entre duasespcies bem semelhantes, osH. heterorhabdus se en-contravam sempre em pequenos grupos, pouco agita-dos e mais prximos superfcie. Em contrapartida,osHyphessobryconsp. sempre nadando, mais agita-

    dos e em cardumes maiores.Os cicldeos tambm so bem abundantes, pude-mos verCrenicichlamuito bonitos [Foto 6], alm de, claro, muitosApistogramma, sendo oApistogram-ma agassizio mais comum [Foto 7]. Uma varieda-de muito bonita, em tons amarelos e laranjas. Comosempre, muito bonito ver o espetculo da reprodu-

    Revista Aqualon 5

    Foto 4

    Foto 5

    Foto 6

    Foto 7

    Foto 8

    Foto 9

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    o dos peixes e dessa vez fomos presenteados comuma fmea deAcaronia nassacuidando da sua nu-merosa e ainda diminuta prole [Foto 8].

    Vrias outras espcies muito interessantes habi-tam o igarap, algumas bem diferentes como oPo-tamorrhaphis guianensis [Foto 9], um peixe muitobonito, chamado popularmente de agulhinha e que

    pode ser visto sempre a nadar bem colado super-fcie, assim como os borboletas, Carnegiella strigata[Foto 10].

    Alguns so bem difceis de serem vistos, como oBu-nocephalus sp., o Banjo [Foto 11]. Um peixe muitocalmo que durante o dia raramente se movimenta,podendo at ser tocado ou pego com a mo e o noto dcil, mas igualmente perfeito em se camuar,Monocirrhus polyacanthus, o Peixe-Folha [Foto12]. Este se faz confundir com as folhas secassempre presentes na gua para que suas presas possam se aproximar desavisadamente ecair em seu bote incrivelmente rpido.

    Aps algumas boas horas explorando oigarap, era hora de almoar e se prepa-rar para mais igaraps. No dia seguinte,visitamos um igarap chamado Moleza

    [Foto 13], a gua estava um pouco tur-va, mas ainda assim foi possvel mergu-lhar e apreciar um pouco a fauna local.

    O que mais chamou a ateno nesseigarap foram os numerosos cardumesde Mesonauta festivus [Foto 14] comvrios indivduos, sempre nadando em

    Revista Aqualon6

    Foto 10

    Foto 11

    Foto 12

    Foto 13

    Foto 14

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    meio s folhas dasNynphaea, muitas vezes juntamente comHeros severus [Foto 15],que tambm eram bastante abundantes nolugar. Na superfcie havia vriasNynphaeaem perodo de orao e as margens eramrepletas deToninaem forma emersa [Foto16].

    Para nalizar, h um fato muito interes-sante que eu gostaria de comentar. Essa via-gem foi feita no nal de Novembro de 2008,na poca da seca na Amaznia, quando asguas dos rios e igaraps esto muito bai-xas ou at completamente secas, como pre-senciamos em muitos locais. Onde na pocada cheia se encontram cursos da gua, nsencontramos corredores deNynphaeasecasno cho [Foto 17]. Pudemos notar que os prprios peixes estavam bastante magros,vivendo do pouco alimento que conseguiame de suas reservas corporais adquiridas napoca de cheia.

    Foi fascinante poder ver todos os lugaresantes visitados na infncia por um ngulodiferente. Toro para que a populao des-

    se municpio to querido por mim possa terconscincia e manter sempre preservadosesses parasos de diversidade aqutica quefazem parte do seu dia-a-dia e muitas vezespassam despercebidos aos nossos olhos e queeles sejam uma herana para ser admiradapor nossas futuras geraes.

    Revista Aqualon 7

    Foto 15

    Foto 16

    Foto 17

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    Microterrrio numa...

    BOLACHEIRA !!!

    Texto e fotos:

    Rony Suzuki

    nova matria...Na poca, eu havia montado outra bola-

    cheira e tirado fotos para um passo a passo decomo montar um microterrrio na bolacheira,por falta de tempo acabei deixando o projetode lado. Mas revendo os meus arquivos foto-grcos eu resolvi partilhar com vocs o pas-so a passo que pretendia postar na internet halguns anos atrs...

    Revista Aqualon 9

    H alguns anos, eu postei na internet, umtpico que se chamava Era pra ser s HC...onde eu mostrei atravs de muitas fotos umabolacheira que havia comprado nessas famo-sas lojas de R$ 1,99, s que essa bolacheirano possua bolachas e sim, plantas vivas! euhavia feito um arranjo de pequenas rochas eplantas com folhas pequenas, a maioria erammusgos, esses musgos no so nada especiais,

    so esses que a gente acha no quintal ou nosvasos de samambaias e orqudeas de casa.

    Essa pequena montagem, junto com ou-tras loucuras que eu e o meu amigo FbioYoshida zemos, repercutiu atravs da inter-net por um bom tempo, chegando at mesmoa ser motivo de uma matria na famosa revistaamericana Tropical Fish Hobbyist, mas es-sas outras loucuras so motivos para uma

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    1 Passo - Essa a bolacheira que ser utilizada, ainda

    com a tampa. Existem diversos tipos de bolacheiras,

    escolha as que tiver uma bandeja com bordas mais altas

    e a tampa bem transparente.

    2 Passo -Antes de montar, escolha as rochas (nada

    mais so, do que pequenas pedras) que sero utilizadas

    com antecedncia. Aqui na foto, eu simulo mais ou me-

    nos a altura mxima em que a rocha poder fcar, isso

    facilita muito na hora de preencher o substrato.

    3 Passo -Aps visualizar a montagem, coloque um

    substrato frtil. Nesse caso, coloquei hmus de minhoca

    tratado misturado com um pouco de areia.

    4 Passo - Coloque a areia lavada cuidadosamente para

    no revolver o substrato.

    5 Passo - Aps a colocao da areia, faa o arrranjo

    da pedra principal, ela a fcar mais alto.

    6 Passo - Coloque a tampa para certifcar-se que est

    na altura correta. Seria muito desagradvel fazer toda

    a montagem e na hora de colocar a tampa, ver que ela

    no teve altura sufciente.

    7 Passo -Molhe a areia bem devagar. Como o recipien-te muito pequeno e, qualquer jato de gua poder re-

    volver a areia, eu acho melhor molhar com uma seringa

    para no revolver o substrato.

    8 Passo - Com o uso de uma pina com ponta bem fna,

    plante as plantas de frente, nesse caso a Hemianthuscallitrichoides cuba.

    9 Passo -Depois, v colocando os musgos e as demais

    plantas cuidadosamente e bem posicionadas entre as

    pedras.

    Revista Aqualon10

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    10 Passo -Vale lembrar que todos esses musgos foram

    coletados no quintal aqui de casa, s as plantas compri-

    das (Eleocharis minima) e as Hemianthus callitrichoi-

    des Cuba que foram adquiridas fora.

    O microterrrio nalizado

    Revista Aqualon

    Outro microterrrio

    11

    P

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    Peixes

    Danio chopraeHora, 1928

    Revista Aqualon12

    Nome Popular: Danio Choprai - Glo-wlight DanioFamlia: CyprinidaeOrigem: sia/MianmarTamanho: Aproximadamente 3 cm.Comportamento: No param quietos,literalmente, sempre esto nadando ati-vamente na parte superior e mdia doaqurio. Os machos se exibem abrindoas nadadeiras e curvando o corpo. For-mam um cardume belssimo e coeso seem grande nmero.Agressividade: Peixes pacficos.Manuteno: Aqurio plantado comgua cristalina e bastante espao para na-dar. ideal ser tampado, pois so bonssaltadores.

    Temperatura: 20 a 25 CpH: 6,0 a 7,0Alimentao: Onvoro. Aceita bem qual-quer tipo de rao. Sempre devem seroferecidos alimentos vivos para a sadee incentivo reproduo.Dimorfismo Sexual: Fmeas tem o ven-tre mais rolio e a cor mais plida.Reproduo: Em casal em um aquriomdio de 50 cm. Devem ser colocadas

    plantas flutuantes ou bruxinhas (mop) del. Os parmetros de gua ideais so pHde 6.8 a 7.0, dureza baixa e temperaturaquente (26 - 28 C).Outras Informaes: No um peixe

    novo, cientificamente, mas s recente-mente tem ganho destaque no aquarismo.E merece, pois uma espcie belssima.Como so rpidos, com uma ampla gamade cores iridescentes, muito difcil con-seguir uma foto que faa jus sua bele-za.

    Tucanoichthys tucanoGry & Rmer, 1997

    Por: Chantal Wagner Kornin

    &

    Cinthia C. Emerich

    Nome Popular: Tetra TucanoFamlia: CharacidaeOrigem: Amrica do Sul/Bacia do RioNegro e Rio Uaups.Tamanho: Aproximadamente 2 cm.Comportamento: So peixes cardumei-ros.Agressividade: So peixes calmos e pa-ccos.Manuteno: So timos peixes paraplantados e melhores ainda para nano-aqurios, devido ao seu diminuto tama-nho.Temperatura: 24 a 28 CpH: 5,0 a 6,5Alimentao: Onvora. Aceita de tudo,mas, se quiser incentivar a reproduo e

    manter seus tetras saudveis e com belascores, recomendado oferecer alimentosvivos ao menos uma vez na semana. Tam-bm importante acrescentar rao basede vegetais/algas sua dieta para ofereceruma maior variedade de nutrientes.Dimorfsmo sexual: O macho ligeira-mente menor, com o ventre mais magro,retilneo e apresenta uma pequena modi-cao no primeiro raio da nadadeira anal,

    que se assemelha ao formato de um gan-cho. J a fmea o contrrio, um poucomaior e possui o ventre volumoso e roli-o, principalmente em poca de desova.Reproduo: Ovparo, so consideradosdisseminadores livres, pois a fmea liberaos ovos na gua e o macho nada em voltafertilizando-os. Os ovos eclodem em al-gumas horas quando mantidos em tem-peratura mais alta. Aps dois ou trs diasda ecloso os alevinos j consumiram ocontedo do saco vitelino e comeam anadar.No ocorre o cuidado parental entre ospeixes desta espcie, a partir do momentoem que os lhotes apresentam nado livrepode-se dar raes especcas para alevi-

    nos de ovparos e alimentos vivos comonuplios de artmia e infusrios. Confor-me os lhotes forem crescendo, alimentosvivos maiores podem ser oferecidos.Recomenda-se usar ltro interno de espu-ma ou ento colocar perlon na entrada degua do ltro externo para evitarsugar oslhotes quando em aqurios prprios parareproduo.

    foto:CinthiaEmerich

    foto:ChantalWagnerKornin

    foto:Chanta

    lWagnerKornin

    Fmea, provavelmente.

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    Plantas aquticasCladophora aegagropila

    (Linnaeus) RabenhorstFamlia: HypnaceaeOrigem: Europa e siaHbito: Submersa livreTamanho: 30 cm de dimetroTemperatura: 5 a 28 CIluminao: Baixa a moderadapH: 6 a 9Manuteno: FcilCrescimento: Muito lento

    Propagao: Reproduz-se atra-vs de fragmentao vegetativa.Plantio: Basta deix-la solta noaqurio.

    Talvez seja a planta mais inte-ressante de todas, devido ao seuformato nada comum, sua formaarredondada, criando uma bola, natural. A Cladophora serveapenas como uma planta curiosa ou para

    coleo, pois no se encaixa em nenhumtipo de decorao de aqurios plantados, ano ser que se desfaa a bola e prenda seuspedaos em troncos ou outros objetos. Euainda no conheo muito bem essa plan-ta, portanto, no posso dizer como ela irreagir depois de desmembrada, mas j vialguns aqurios montados dessa forma eaparentemente o resultado fantstico.

    Por: Rony Suzuki

    foto:RonySuzuki

    foto:RonySuzuki

    Detalhe da Cladophora

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    Revista Aqualon14

    P d b d T b Characiformes a ordem de peixes de gua doce

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    Peixes da bacia do rio Tibagi II:

    CharaciformesOscar Akio Shibatta

    Universidade Estadual de Londrina

    Fotografias: Rony Suzuki

    Characiformes a ordem de peixes de gua docecom maior nmero de espcies na regio Neotro-pical. Porm, ocorrem 47 espcies na bacia do rioTibagi, um nmero pouco inferior ao de Silurifor-mes. Geralmente so peixes com escamas, boca noprotrtil, dentes desenvolvidos e nadadeira adiposa(pequena nadadeira dorsal posterior). Ao contrriodos Siluriformes, esses peixes nadam ativamentena coluna da gua e possuem atividade diurna, nose escondendo entre rochas e frestas de troncos. O

    padro de colorido do corpo pode conter castanhos,amarelos, vermelhos, azuis ou verdes iridescentes.Por isso, so muito apreciados pelos aquaristas.

    Algumas espcies dessa ordem so muito popu-lares como, por exemplo, as piranhas Serrasalmusmaculatus e traras Hoplias malabaricus, que po-dem morder o pescador quando manipuladas semcuidados. Outras participaram de nossas pescariasinfantis, como o lambari-de-rabo-amareloAstyanaxaltiparanae (g. 1), ou so comestveis, tais comoo dourado Salminus brasiliensis, o pacuPiaractusmesopotamicus e a piaparaLeporinus obtusidens.

    Lambari o nome popular de vrias espcies depeixes que tambm so conhecidas internacional-mente como tetras. Elas pertencem a uma das fam-lias com o maior nmero de espcies Neotropicaisconhecida como Characidae. Freqentemente, es-pcies coloridas recm descobertas da regio ama-znica so comercializadas no mercado aquarista,podendo ocorrer de algumas nem possurem nomecientco e serem desconhecidas dos ictilogos. Nogrupo esto includos os gnerosAstyanax, Bryco-namericus, Hemigrammus, Hyphessobrycon e

    Moenkhausia, apenas para citar os que ocorrem nabacia do rio Tibagi. Nessa bacia tambm ocorremvrias espcies muito belas, como o caso do mato-grossoHyphessobrycon eques (g. 2), de coloraoavermelhada, nadadeira dorsal com uma manchanegra e as margens das nadadeiras plvicas e analde um branco quase puro. possvel que essa esp-cie tenha sido introduzida na bacia por aquaristas,porque no guravam nas coletas antigas realiza-das na bacia do alto rio Paran (que se estendia des-

    de Braslia at as extintas Sete Quedas) Entretanto de Anostomidae Seu colorido listrado com as naCh if

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    de Braslia at as extintas Sete Quedas). Entretanto,como no existem coletas no passado que atestem asua ausncia na bacia do rio Tibagi, no possvelarmar. Mesmo assim, necessrio ressaltar queessa questo da introduo de espcies exticas sria, devido possvel competio por recursosalimentares e espaciais com as espcies nativas, etambm introduo de parasitas e doenas novasao ambiente. Para se ter uma idia da dimenso doproblema, a introduo de espcies exticas a se-

    gunda maior causa de extino de espcies nativas,perdendo apenas para a destruio de hbitats. Se omato-grosso uma espcie introduzida, no se sabeat que ponto ela competiu ou prejudicou outras es-pcies do gnero, porm nativas da bacia, que soH. anisitsi eH. boulengeri. Estas so mais raras emais discretas em relao ao padro de colorido,mas mesmo assim belas. Hyphessobrycon anisitsitem o corpo prateado e as nadadeiras plvicas eanal avermelhadas. J H. boulengeri tem o corpocastanho claro com a borda das escamas escuras,formando um padro reticulado.

    To bela quanto essas espcies Hemigrammusmarginatus (g. 3), um lambarizinho muito comumna bacia, principalmente em ambientes lnticos,como as lagoas marginais em Jataizinho. O colo-rido do corpo de um castanho amarelado, comolhos superiormente avermelhados e nadadeiracaudal com os lobos escurecidos e com manchasavermelhadas.

    A beleza de todos esses lambarizinhos se destacaainda mais nos aqurios plantados, onde se sentiroseguros, exibindo todo o seu colorido. Tons deli-

    cados e iridescncias podero se ressaltar, surpre-endendo at mesmo o aquarista menos observador.Como na natureza se alimentam de insetos e micro-crustceos, no ameaam a integridade das plantasaquticas.

    Ao contrrio desses lambaris, o ferreirinha Le- porinus octofasciatus (g. 4), da famlia Anosto-midae, herbvoro, no sendo indicado para essesaqurios plantados, assim como as demais espcies

    de Anostomidae. Seu colorido listrado com as na-dadeiras avermelhadas o tornam inconfundvel eornamental. Na bacia do rio Tibagi est presentenas corredeiras e em locais com abundante vege-tao marginal.

    A mocinha,Leporinus striatus (g. 5), da mes-ma famlia do ferreirinha, tem esse nome populardevido mancha vermelha na borda do lbio, comomarca de batom. outro peixe de corredeiras e aslistras provavelmente servem para o camuar no

    ambiente.Outra espcie conhecida como mocinha Cha-racidium aff. zebra (g. 6), da famlia Crenuchi-dae, com uma listra negra ao longo do tronco enove faixas transversais de colorao acinzentada.Tambm vive em corredeiras e o seu corpo alon-gado, assim como as nadadeiras peitorais baixas eamplas, permitem que se mantenha no fundo dosrios, sobre o substrato, onde obtm seu alimento. Adieta constituda principalmente de microcrust-ceos e larvas de insetos aquticos.

    Vivendo de forma similar a C. aff.zebra e comconformao de corpo semelhante, so as espciesda famlia Parodontidae, conhecidas como cani-vetes. Parodon nasus apresenta uma listra escuraem forma de zig-zag ao longo do corpo. A posi-o da boca inferior, com a borda da mandbulainferior (dentrio) reta e provida de dentes apenasnas laterais. Os dentes da mandbula superior (pr-maxilar) so espatulados e multicuspidados, espe-cializados para raspar o periton, que so as algasque crescem sobre troncos e rochas. Apareiodonibitiensis tem um padro de colorido com manchas

    escuras ao longo do corpo e, assim comoP. nasus,est amplamente distribuda na bacia, ocorrendoem rios e riachos.

    Devido ao formato circular do corpo, as piranhase pacus, famlia Serrasalmidae, chamam a ateno.Na bacia ocorre uma espcie de piranha, Serrasal-mus maculatus que, quando jovem prateada compintas escuras no tronco, nadadeiras amareladas emargem posterior da nadadeira caudal com uma

    Characiformes

    Characidae

    Fig. 1. Astyanax altiparanae, conhecido popular-mente como lambari-de-rabo-amarelo ou tambi,apresenta uma mancha umeral (prxima cabe-a) elptica e de colorao esverdeada.

    Revista Aqualon16

    Fig. 2. O mato-grosso Hyphessobrycon eques facilmente encontrado nas lojas de aqurios. Acolorao avermelhada pode ser ressaltada comuma alimentao adequada.

    Fig. 3. Hemigrammus marginatus coletado nas la-goas marginais do rio Tibagi em Jataizinho.

    tarja escura Quando adultas se tornam castanhoA t id Serrasalmidae

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    tarja escura. Quando adultas se tornam castanhoescuras com a regio ventral amarelada. Na pocareprodutiva os pais cuidam da prole, tornando-seagressivos. O hbito alimentar carnvoro, devo-rando as nadadeiras de outros peixes e, inclusive,os prprios peixes. O pacuzinhoMetynnis macula-tus (g. 7) tambm possui um padro de coloridosimilar ao da piranha, porm sem a tarja escura nanadadeira caudal. herbvoro e consome avida-mente as plantas do aqurio, sendo, assim como a

    piranha, indicado apenas aos aquaristas especiali-zados e dispostos a t-lo em recipientes particula-rizados.

    Uma espcie relativamente rara na bacia Pyr-rhulina australe, famlia Lebiasinidae, que ade-quada aos aqurios em funo de seu pequenotamanho e comportamento pacco. Formam pe-quenos cardumes e nadam prximos superfcie sealimentando de insetos que caem na gua. O colo-rido ocre, com uma listra escura que comea naponta do focinho, atravessa o olho e atinge a bordado oprculo. Uma mancha esverdeada brilhante or-namenta a regio opercular.

    Finalmente, outro grupo de peixes interessantesso os saguirus, famlia Curimatidae, com dois g-neros na bacia: Cyphocharax e Steindachnerina.Essa famlia constituda por espcies que nopossuem dentes na boca e se alimentam de detritos(matria orgnica particulada que se deposita nofundo dos rios). Junto com as Corydoras, pode serum importante consumidor de restos alimentaresque se acumulam no fundo dos aqurios. Cypho-charax apresenta um padro de colorido pratea-

    do com uma mancha escura na base da nadadeiracaudal e, na espcie Cyphocharax nagelii (g. 8),os lobos caudais so ligeiramente avermelhados.Steindachnerina insculpta castanho clara comuma listra escura ao longo do tronco.

    No prximo nmero essa trilogia sobre os peixesda bacia do rio Tibagi ser nalizada, com comen-trios sobre as ordens Gymnotiformes, Percifor-mes, Cyprinodontiformes e Synbranchiformes.

    Revista Aqualon 17

    Anostomidae

    Fig. 4. O ferreirinha Leporinus octofasciatus ocor-re no rio Tibagi e apresenta um dos padres decolorido mais belos entre os Anostomidae.

    Fig. 5. A mocinha Leporinus striatus possui umamancha vermelha nas laterais do lbio superior eo corpo listrado.

    Crenuchidae

    Fig. 6. Characidium zebra vive nas corredeirasde riachos e rios. O exemplar da foto foi coleta-do no crrego Taquari, em Jataizinho, e tem umacolorao dourada, o que no comum para aespcie.

    Serrasalmidae

    Curimatidae

    Fig. 7. O pacuzinho Metynnis maculatus tam-bm conhecido como CD, por causa do formato epadro de colorido prateado do corpo.

    Fig. 8. Cyphocharax nagelli, por ser um peixe quese alimenta de detritos do fundo dos rios, podeser muito efciente no consumo de restos alimen-tares em aqurios domsticos.

    Ti i t comum entrarmos em lojas e nos depa-

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    Tingimentode Peixes Ornamentais... Isso existe?

    comum entrarmos em lojas e nos depararmos com inmeras variedades de peixesornamentais, sendo que a busca por novida-des constante por parte de aquaristas e for-necedores (criadores, distribuidores e lojistas).Isso algo inerente ao comrcio e no poderiaser diferente no caso dos peixes ornamentais.Porm, at que ponto o lucro deve sobrepujaroutros valores como tica e respeito vida?Todo aquarista conhece a busca constante pornovas espcies de interesse comercial, bemcomo novas variedades, naturais ou desenvol-vidas em cativeiro, de espcies que j fazemparte do mercado de peixes ornamentais. Mase quanto modicao articial e intencionalde peixes, por meio de tingimento, mutilaoe maus tratos? um assunto obscuro, poucodiscutido no Brasil, que objeto do presenteartigo.

    Gostaria de comear esclarecendo um pon-to: No sou contra as variedades de peixesornamentais desenvolvidas em cativeiro ou asmodicaes decorrentes de reproduo se-letiva e direcionada, desde que no compro-metam a sade dos animais. Os espcimesalbinos, de cor realada, corpo modicado,nadadeiras longas e outras peculiaridades noso condenveis, apesar de vrios criadorespreferirem as formas e cores naturais, do pa-dro selvagem da espcie, mas isso outraestria, material para outro artigo especco. Aquesto tratada neste artigo so as modica-es invasivas, intencionais e articiais descri-tas a seguir.

    Quem imaginaria que aqueles peixinhoschamativos, de colorido forte, incomum, comnomes de forte apelo comercial, passarampor um processo cruel e abusivo, onde gran-de parte dos exemplares morre no decorrer doprocedimento ou logo aps o mesmo? Peixesdiferentes, com termos tipo color ou eletricno nome, padres exticos de colorido, dese-nhos... Por que tanto alvoroo? Perguntariammuitos lojistas, criadores e aquaristas. Anal

    Texto e fotos:

    Daniel Machado

    Revista Aqualon18

    s um pouco de tinta e os peixinhos caram cauda, prximo coluna vertebral, de onde o injees, individualmente, em cada peixe. O

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    p pto bonitinhos com essa cor nova, alegre! In-felizmente, no h nada de alegre nisso queobservamos.

    Normalmente so escolhidas as variedadesde cor clara, espcimes albinos ou espcies decorpo transparente ou semitransparente paraque o pigmento que mais visvel e o coloridomais denido. O exemplo mais clssico o pei-xe-vidro, Parambassis ranga, antigamente de-nominado Chanda ranga, que vemos no Brasilcom o nome de peixe vidro color e manchasslidas de cores uorescentes, como azul, ver-de, roxo e vermelho, na base das nadadeirasdorsal e/ou anal, muitas vezes com uma corem cada rea. O corpo translcido dessa es-pcie a torna um objeto ideal para ser pin-tado. O processo tradicional de tingimento depeixes ornamentais se d atravs da injeode corantes no corpo do animal, em diversoslocais. Normalmente, so dadas injees sub-cutneas (logo abaixo da pele, entre a mesmae a musculatura) com o pigmento, em vriospontos, at formar o padro desejado. Em es-pcies de corpo fusiforme, como os lbeos, ouprovidos de couraa, como as Corydoras al-binas, a injeo de corante feita na base da

    , p ,pigmento se espalha para outras partes do cor-po. A maioria das informaes que temos hojese refere injeo de pigmento, havendo m-todos mais modernos, mais elaborados, quesero discutidos mais frente.

    Intrigados com o aparecimento dos peixes-vidro pintados ou disco shes (em aluso ssuas cores uorescentes, parecidas com as lu-zes utilizadas nas discotecas), nos anos 80, osDrs. Stan McMahon e Peter Burgess conduzi-ram uma investigao e uma pequena pesqui-sa sobre os mesmos, sua origem e o processopelo qual adquiriram a colorao estranha. Al-guns espcimes de Parambassis ranga tingi-dos foram anestesiados e observados atravsde lupa binocular, em laboratrio. Foi consta-tado que a tinta no aplicada sobre a pele,estando situada debaixo da epiderme. Quan-do a rea colorida era levemente pressionada,podia-se observar a tinta, uida, se movendoligeiramente, o que sugeria que a mesma foiinjetada em vrios pontos para formar o padrode cor observado. Isso pde ser conrmadoanos depois, quando os autores deste estudotiveram acesso a fotograas que mostravamo processo de aplicao de tinta atravs de

    j , , pprocedimento realizado em empresas de al-gumas regies da sia, e o nome pintados uma descrio cruel e enganosa do que ocor-re. Em relao ao tamanho dos peixes-vidro, aagulha utilizada teria dimetro equivalente aode um lpis caso o processo fosse efetuadoem seres humanos. A realizao de um proce-dimento invasivo como esse em animais de topequeno porte, em larga escala, causa a mor-talidade de grande parte dos peixes injetados,estimada atualmente em cerca de 80% (oitentapor cento).

    Os Drs. MacMahon e Burgess realizaramoutra pesquisa referente s condies de sa-de dos peixes-vidro pintados, no sul da Ingla-terra, e descobriram que cerca de 40% (qua-renta por cento) destes apresentam infestaopor Lymphocystis, vrus que se manifesta pelosurgimento de pequenas manchas ou pontosbrancos no corpo e nadadeiras dos peixes in-festados, enquanto a proporo de ocorrnciada doena em espcimes no tingidos era de10% (dez por cento), na regio. Como umamesma agulha utilizada para injetar tinta emdezenas, ou mesmo centenas de peixinhos,existe a possibilidade de a transmisso dovrus ser facilitada pelo processo. Outra expli-cao encontrada por eles de que o stressinerente ao procedimento, que realizado semo uso de anestesia, provoque a queda da imu-nidade natural dos peixes, tornando-os maissuscetveis a contrair doenas, em particular alinfocistose.

    Dentre as inovaes nessa rea, temos atatuagem dos peixes, por meio de laser pti-co, que tinge a pele e as escamas atravs dadestruio dos pigmentos naturais ou da mo-dicao da colorao local. Essa tcnica per-mite a criao de desenhos mais elaborados,de trao mais denido, possibilitando inclusivea gravao de letras, nmeros e smbolos nospeixes. No exterior, pode-se encontrar animaiscom ores, ou a frase eu te amo (em diversas

    Revista Aqualon 19

    graas) tatuada nos ancos, para que os mes- mesmos, como um meio de criar diversidade

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    g ) p qmos sejam dados como presentes do dia dosnamorados, por exemplo. H inclusive umaempresa especializada na sia, mais precisa-mente em Hong Kong, que aceita encomendasde frases para serem escritas nos peixes, deacordo com o gosto do comprador. Aparen-temente, os animais so anestesiados antesdo procedimento, em funo do maior custodo processo e do maior valor dos produtos,mas isso no muda o fato de que o laser pti-co destri as clulas epiteliais, nem de que setrata da banalizao da vida, pois um ser vivopassa a ser visto como um presente, ou umproduto para ser adquirido por pessoas dispos-tas a dar algo diferente para algum especial.Vale salientar ainda que essa tcnica exige queos animais permaneam fora da gua por umlongo tempo, inigindo um stress prolongado edesnecessrio aos mesmos.

    Outra tcnica de tingimento citada so osbanhos seriados. O animal seria mergulhadoem uma soluo que remove seu muco prote-tor e em seguida transferido para uma soluoconcentrada do pigmento que penetraria napele, brnquias, nadadeiras, e at mesmo nosolhos do peixe. Da seguiria para uma soluocustica, que, ao irritar a pele, estimula a rpi-da produo de muco, preservando o pigmentoabsorvido. No h, no entanto, nenhuma evi-dncia slida que conrme a existncia de talprocedimento at o momento.

    Tm aparecido nas lojas do Brasil espci-mes de tetra-rosa (bem como outras espcies)

    com desenhos elaborados no corpo, sendomuito freqentes os peixes com um coraode cada lado, em cores berrantes. De acordocom informaes que obtive, os mesmos se-riam pintados com marcadores permanentes,em territrio nacional. No foi possvel conr-mar tal informao nem vericar o local exatode deposio da tinta at o presente momento,mas para que fosse possvel o uso dos mar-cadores, os animais teriam que ter seu muco

    retirado (de forma qumica ou mecnica) parase fazer os desenhos e teria que se permitir asecagem da tinta antes de devolver os peixes gua. Novamente, um procedimento poucorecomendvel e fonte de grande stress.

    No ano passado, foi publicado um artigo so-

    bre cirurgia cosmtica em peixes ornamen-tais, em uma revista de Singapura chamadaFish Love Magazine. O artigo em questo en-sina, passo-a-passo, a remoo cirrgica dacauda dos peixes e a aplicao de corante nos

    e adicionar cor vida dos peixes. A ampu-tao da cauda vai de encontro informaode que as variedades sem cauda (como ospapagaios tail-less, v-tail, snakeskin oulove heart) seriam frutos de seleo gen-tica, como se acreditava. Ensina-se, ainda,como transformar os peixes atravs da inje-o de corantes. A banalizao tamanha queos autores dizem que comparar as cirurgiasdos peixes com as operaes plsticas do Mi-chael Jackson como comparar um pequenomonte ao Himalaia, e consideram o processoensinado por eles como algo criativo. Since-ramente, depois de ver as fotos detalhadas docorte da cauda de um lhote de ower horn, difcil at mesmo achar interessante um esp-cime sem cauda venda nas lojas. No artigoda Fish Love Magazine no h sequer menoa anestsicos, em nenhuma etapa da cirurgiacosmtica que ensinada.

    A nova onda da modicao de peixes or-namentais a colocao de piercings nos pei-xes, na boca, nos oprculos e mesmo no dorsodos animais. Alm da agresso integridadefsica do animal, a presena de um corpo es-tranho pode vir a machucar as brnquias, bemcomo impedir a alimentao ao ferir a boca dopeixe. Isso sem falar no aspecto esttico duvi-doso e na existncia de um ferimento perma-nentemente aberto, porta de entrada para fun-gos e bactrias, comprometendo a sade doexemplar. Felizmente, ainda no se tem notciade tais espcimes no Brasil.

    Esse show de aberraes ocorre com umnico objetivo: o lucro. Tornar os peixes maisatrativos a consumidores em potencial, com oaparecimento de novidades, cores chamativas,desenhos exticos e at personalizados. Infe-lizmente, a grande maioria dos compradores(estima-se que este percentual chegue a 97%)sequer imagina o que acontece para que es-ses diferenciais apaream, nem que somente20% dos peixes tingidos sobrevivam ao pro-

    Revista Aqualon20

    cesso e cheguem s lojas. Pior ainda, muitosb d i i id

    cargo dos lojistas e consumidores a aceitaod i i i id /

    brasileiros.d f i

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    no sabem que em 100% dos peixes tingidos atinta metabolizada e excretada, normalmentelevando a uma perda total do pigmento apsalguns meses. O desgaste siolgico envol-vido na metabolizao da tinta leva a uma di-minuio considervel da expectativa de vidados animais tingidos, apesar de no afetar seucomportamento.

    Legalmente, no Brasil, esses procedimentoscaracterizam crime, com base na legislao vi-gente. A Lei de Crimes Ambientais (Lei n 9.605/1998), em seu Artigo 32 (caput e 1) prevdeteno de trs meses a um ano e multa paraquem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferirou mutilar animais silvestres, domsticos oudomesticados, nativos ou exticos, bem comorealizar experincia dolorosa ou cruel emanimal vivo. Essa Lei regulamentada peloDecreto n 6.514/ 2008, que estabelece paraeste crime multa dequinhentos a trs milreais por indivduo, ouseja, cada animal quetenha sido vtima (Ar-tigo 29). O problema que as sanes pre-vistas s podem seraplicadas pessoaque executa o proce-dimento em si, nosendo extensveis aquem importa ou co-mercializa esses ani-

    mais. O mesmo ocor-re em outros pases,onde a realizao dosprocedimentos cita-dos constitui crime,mas a importao evenda dos espcimesmutilados no con-siderada ilegal. Esseentrave legal deixa a

    ou no de peixes ornamentais tingidos e/oumutilados.

    A revista inglesa Practical Fishkeeping ini-ciou uma campanha em 1996 contra a vendade peixes tingidos no Reino Unido. Resumida-mente, consistia de um manifesto contra a ven-da desses espcimes, que deveria ser assina-do por todos os lojistas. Em 2005, metade doslojistas do Reino Unido tinha assinado o mani-festo. Ainda h muitos que consideram essespeixes como parte importante de suas vendas.No vejo possibilidades de sucesso de umacampanha como essa, no Brasil, infelizmente.H, no entanto, uma campanha de divulgaoem andamento em fruns de discusso e si-tes de aquarismo, na internet, sendo disponi-bilizadas informaes e fotograas de peixestingidos e mutilados, de modo a mostrar a durarealidade desse procedimento aos aquaristas

    Ento, o que podemos fazer para evitar quea crueldade continue? Devemos nos recusara adquirir espcimes tingidos e informar os lo-

    jistas acerca do que acontece para que essasbelas cores surjam. E quanto quelas lojasque insistem em trazer e expor venda peixestingidos, mesmo depois de ter conhecimentode todo o processo? Boicote a loja. Se o lojis-ta realmente no se importa com o sofrimentodesses animais, como podemos acreditar queele se importa com o bem-estar dos outros?Sem demanda, no se justica a oferta... Notraro peixes tingidos se no houver quemcompre. A informao dos aquaristas, com-pradores em potencial, acerca do sofrimentoinigido aos animais para que eles adquiramas cores chamativas, a divulgao do processode tingimento e suas conseqncias vida e sade dos animais, pode mostrar s pessoasque no se trata de algo natural ou aceitvel,ao contrrio do que sugerem os nomes pelosquais esses animais so ofertados em listas eem lojas. Anal, no h nada de colorido nissotudo.

    Sites interessantes:

    - Sekai Scapinghttp://sekaiscaping.blogspot.com

    - A Era de Aqurios (portal e frum de discusso)http://www.aquahobby.com/era_de_aquarios.php

    - Frum Aqurio (portal e frum de discusso)http://www.forumaquario.com.br

    - Cicldeos Onlinehttp://www.ciclideosonline.com

    - InfoAqua (portal)http://www.infoaqua.com.br

    - Tingimento e Mutilao... NO! (Comunidade do Orkut)http://www.orkut.com.br/Main#Community.

    aspx?cmm=22800733

    - Monstrolndia (blog)http://monstrolandia.blogspot.com

    - Death by Dyeing (em ingls)http://www.deathbydyeing.org

    Peixe-vidro

    Peixe-gato-de-vidro

    Tetra-negro (rosa)

    Labeo bicolor (albino)

    Labeo frenatus (albino)

    Barbo sumatrano

    Barbo tinfoil

    Carpa/ koi

    Kynguio, peixe japons

    Coridora albinaGourami gigante

    Botia modesta

    Molinsia

    Apaiari/ oscar

    Nigro branco/ white convict

    Papagaio jellybean (hbrido)

    Papagaio (hbrido)

    Parambassis ranga

    Kryptopterus bicirrhis

    Gymnocorymbus ternetzi

    Epalzeorhynchos bicolor

    Epalzeorhynchos frenatus

    Puntius tetrazona

    Barbonymus schwanenfeldii

    Cyprinus carpio

    Carassius auratus

    Corydoras aeneusOsphronemus gorami

    Yasuhikotakia modesta

    Poecilia spp.

    Astronotus ocellatus

    Archocentrus nigrofasciatus

    Archocentrus nigrofasciatusx papagaio

    Amphilophus citrinellum x Vieja synspillum (?)

    Algumas espcies utilizadas no processo de tingimento

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    EXPEDIENTE

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    EXPEDIENTE:

    Revista Aqualon uma publicao da Aqualon - Aquaris-mo em Londrina. Com distribuio gratuita, visa divulgaro aquarismo em todos os seus segmentos, desde os aquriospropriamente ditos at os aspectos ecolgicos que o hobbyabrange.

    Editor: Rony SuzukiCoordenao: Americo Guazzelli e Rony Suzuki

    Projeto grfico e diagramao: Evandro Romero e RonySuzukiPeriodicidade: TrimestralTiragem: 2000 exemplaresReviso: Americo GuazzelliFotografia: Chantal Wagner Kornin, Cinthia C. Emerich,Daniel Machado, Douglas Bastos, Gustavo Tokoro e RonySuzukiColaboraram nessa edio: Chantal Wagner Kornin, Cin-thia C. Emerich, Daniel Machado, Dennis Quaresma, OscarAkio Shibatta e Rony Suzuki

    Para anunciar na revista: [email protected](43) 3026 3273 - Rony Suzuki

    Colaboraes e sugestes: Somente atravs do e-mail: [email protected]

    As matrias aqui publicadas so de inteira responsabilida-de dos autores, no refletindo necessariamente a opinio daRevista Aqualon. No publicamos artigos pagos, apenas oscedidos gratuitamente para desenvolver o aquarismo.

    Permite-se a reproduo parcial ou total dos artigos e outrosmateriais divulgados na revista desde que seja solicitada sua

    utilizao e mencionada a fonte.

    A Revista Aqualon, poder ser baixada gratuitamente em ar-quivo PDF pela internet atravs dos sites:www.aquahobby.comwww.aqualon.com.brwww.aquamazon.com.brwww.aquaonline.com.brwww.forumaquario.com.brwww.xylema.net/

    * No solte peixes, plantas ou qualquer outro ani-

    mal aqutico nos rios ou lagos. A soltura dessesanimais pode causar impactos ambientais muitosrios, prejudicando fauna e ora nativa!

    * No superalimente os seus peixes, pois o excessode alimento pode poluir a gua do seu aqurio.

    * No compre raes vendidas em saquinhos pls-ticos transparentes. A luz retira todas as vitaminase protenas da rao. Estas tambm no possuem

    prazo de validade. Procure comprar raes de boaqualidade que voc notar a diferena na sade de

    seus animais.

    * No Superpovoe o aqurio, pois o excesso depeixes debilitar todo o sistema de ltragem do

    aqurio, podendo levar seus peixes morte.

    * No compre peixes que estejam em aquriosque tenham peixes doentes ou mortos. Eles podemtransmitir doenas para todos os peixes que voc j

    possui em seu aqurio.

    * No compre peixes por impulso. Pesquise antesa respeito da espcie. Muitas podem ser incompa-tveis com o seu aqurio, seja por agressividade,parmetros da gua ou tamanho do aqurio.

    * No coloque juntas espcies de peixes de pH di-ferentes. Certamente uma delas ser prejudicada,podendo adquirir doenas e contaminar todo o res-tante.

    * No inicie o hobby se no estiver disposto a dis-pensar os cuidados bsicos que os peixes exigem.Com pouco tempo de dedicao obter sucesso eisto se transformar em lazer.

    * Seja observador. preciso conhecer o comporta-

    mento dos habitantes de seu aqurio para se anteci-par aos problemas que possam surgir.

    * Lembre-se: Peixes so seres vivos e no merca-dorias que podem ser descartadas a qualquer mo-mento. Preserve a vida!

    * Finalizando, PESQUISE! Atualmente podemosusar a internet como uma forte aliada para alcanarum aquarismo saudvel e consciente. Temos vriossites/fruns que pregam a prtica correta do aqua-rismo. Citaremos apenas alguns dos mais con-veis, em ordem alfabtica:

    www.aquahobby.comwww.aquaonline.com.brwww.forumaquario.com.br

    Seja um aquarista consciente:

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