a inclusão escolar de deficientes mentais

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CENTRO UNIVERSITRIO DA FUNDAO EDUCACIONAL GUAXUP

MARIA ANCILA JACON

A INCLUSO ESCOLAR DE DEFICIENTES MENTAIS

GUAXUP 2011

MARIA ANCILA JACON

A INCLUSO ESCOLAR DE DEFICIENTES MENTAIS

Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Centro Universitrio da Fundao Educacional Guaxup, como exigncia parcial para concluso do Curso Capacitao em Educao Especial e Inclusiva. Orientadora: Prof. Jurema de Oliveira Mattos

GUAXUP 2011

ATA DE APROVAO

minha querida me, Maria Teresa Mizurini Jacon, educadora nata, brilhante em tudo que fazia.

AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que me ajudaram nessa caminhada, meus familiares, professores e minha querida amiga Marcela Navarro Zonaro Anequini.

"S h duas opes nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu no vou me resignar nunca.

(Darcy Ribeiro)

RESUMO

JACON, Maria Ancila. A incluso escolar de deficientes mentais. 2011. 34 f. Trabalho de concluso de curso (Capacitao em Educao Especial e Inclusiva) Centro Universitrio da Fundao Educacional Guaxup, Guaxup, 2011.

Esta pesquisa utilizou-se da pesquisa bibliogrfica, realizada em artigos, textos e livros, sobre a incluso escolar de deficientes mentais e, nessa direo, seu contedo aborda: algumas consideraes sobre a deficincia mental; o deficiente mental e a famlia; incluso escolar de indivduos com deficincia intelectual. As consideraes finais evidenciam que os deficientes mentais, estado onde existe uma limitao funcional em qualquer rea do funcionamento humano, considerada abaixo da mdia geral das pessoas pelo sistema social onde a pessoa est inserida, o ambiente familiar essencial para seu desenvolvimento. Portanto, a famlia do indivduo com deficincia mental deve trabalhar na organizao de suas atividades de vida diria e no processo de estimulao, com vistas sua integrao social, pois so merecedores de uma vida digna, onde possam exercer o direito cidadania como qualquer cidado, para o que a incluso escolar contribui efetivamente.

Palavras-chave: Ambiente Escolar; Deficincia Mental; Processo Inclusivo.

SUMRIO

INTRODUO .................................................................................................................................... 08

1 ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE A DEFICINCIA MENTAL ........................................ 09

2 O DEFICIENTE MENTAL E A FAMLIA ...................................................................................... 14

3 INCLUSO ESCOLAR DE INDIVDUOS COM DEFICINCIA INTELECTUAL ..................... 19

CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................... 24

REFERNCIAS .................................................................................................................................... 25

ANEXOS .............................................................................................................................................. 27

08

INTRODUO

De acordo com Mantoan (1989), a histria da deficincia mental marcada pela hegemonia das cincias mdicas e paramdicas. Esse fato influiu significativamente na explicitao do significa da deficincia e encaminhou sua abordagem para uma linha mais teraputica que educacional. De fato, no sculo XVI, Cardano e Paracelso, como afirma Mantoan (1989), j registravam as primeiras contribuies para a Medicina na interpretao do comportamento de pessoas deficientes mentais. Misturadas com muita superstio, as ideias sobre a deficincia mental avanaram: de fora sobrenatural transformaram-na em doena. Com isso, os deficientes mentais passaram a receber cuidados e assistncia que outrora lhes eram negados. Muito embora esse fato j se configurasse num grande avano na evoluo da compreenso da deficincia mental, com o advento do naturalismo humanista que se registram as primeiras manifestaes de interesse pelo lado educacional da questo. Na segunda metade do sculo XVIII, sob o clima ideolgico dos enciclopedistas franceses, do pensamento de Rousseau e de Locke e, principalmente, da reao Inquisio e Reforma, o homem passou a ser visto como sendo naturalmente bom, puro e generoso. Essas novas ideias deram deficincia mental a to almejada oportunidade de ser encarada do ngulo educacional, apesar de ainda fortemente influenciada pela viso mdica e com vistas a confirmar as mximas do ideal naturalista (MANTOAN, 1989). A opo por focalizar esse tema surge da compreenso de que de mxima relevncia refletir sobre a incluso escolar de pessoas com deficincia mental ou intelectual, conhecida, conforme Santana (2007), por problemas com origem no crebro e que causam baixa produo de conhecimento, dificuldade de aprendizagem e um baixo nvel intelectual. Busca-se nesse trabalho discorrer sobre a incluso escolar de indivduos com deficincia mental. Para tanto, os objetivos especficos tratam de: apresentar algumas consideraes sobre a deficincia mental; analisar o deficiente mental e sua famlia; abordar a incluso escolar de indivduos com deficincia intelectual. Para a elaborao deste estudo, utilizou-se a pesquisa bibliogrfica, realizada em artigos, textos e livros, sobre a relao familiar e deficiente mental, por considerar ser esta uma forma efetiva de buscar mais conhecimentos e informaes na elaborao da pesquisa.

09

1 ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE A DEFICINCIA MENTAL

Fica bem salientado por Marques (2001) que a deficincia representa, na trama das relaes sociais, um fato merecedor de uma anlise profunda por parte dos estudiosos do comportamento humano. Em suas palavras:

inegvel o fato de que a sociedade enfrenta enormes dificuldades para lidar com o que diferente, com tudo aquilo que se afasta dos padres estabelecidos como normais. Todas as categorias sociais que no se enquadram nesses padres so, de alguma forma, identificadas como desviantes e colocadas margem do processo social (MARQUES, 2001, p. 35).

Marques (2001) afirma que o discurso e a prtica sociais de atendimento pessoa com deficincia passam primeiramente pelos interesses das classes sociais dominantes de identificar e manter o desviante segregado em uma instituio especializada. Figueira apud Marques (2001) destaca que desde o incio dos tempos em todo o mundo, essas pessoas foram alijadas do convvio social, impedidas de participar e de desenvolver sua capacidade como indivduo e cidado. Os registros histricos do conta de que, segundo Marques (2001), as sociedades sempre tiveram muita dificuldade para lidar com a diferena imposta pela deficincia, pois a prtica da discriminao das pessoas com deficincia remonta s remotas eras da humanidade, o que confirmado por Figueira apud Marques (2001, p. 36) ao relatar:

A histria conta e a antropologia est a para quem quiser confirmar! Nas antigas civilizaes (e em algumas sociedades tribais nos dias atuais), a prtica de eliminao pura e simples de seus membros que nasciam ou adquiriam deficincias atravs de doenas, acidentes rurais ou de caa. Usavam como argumento para o sacrifcio a ideia de que o indivduo iria sofrer ao longo de sua vida as condies precrias da poca, alm da eliminao da vtima em funo da coletividade. Naqueles tempos, j existia o conceito da inferioridade; um sujeito com algum tipo de deficincia, na viso pr-concebida de sua tribo, nunca seria um bom caador, no poderia ir para o campo de batalha, no era digno de uma esposa, nem de gerar novos e bons guerreiros, etc. J existia a discriminao e segregao.

Nota-se que a deficincia esteve sempre revestida de uma imagem negativa, muitas

10 vezes maligna, cuja origem, cuja origem estaria ligada a atos pecaminosos dos homens ou a arbitrariedades e foras superiores. Nos dizeres de Fonseca apud Marques (2001, p. 37):

Desde a seleo natural, alm da seleo biolgica dos espartanos, que eliminavam as crianas mal formadas ou deficientes, passando pelo conformismo piedoso do cristianismo, at a segregao e marginalizao operadas pelos exorcistas e exconjuradores da Idade Mdia, a perspectiva da deficincia andou sempre ligada a crenas sobrenaturais, demonacas e supersticiosas.

Rodrigues (2005) ratifica que antigamente, e por muito tempo, os indivduos com deficincia viveram em condies desfavorveis e excludas da sociedade. Tambm muitas eram, e ainda so, protegidas em demasia por seus familiares, outras em total abandono e descaso. Ballone (2005), tambm abordando a deficincia mental, discorre que a partir do sculo XX comeou-se a estabelecer uma definio para o deficiente mental e essa definio diz respeito ao funcionamento intelectual, que seria inferior mdia estatstica das pessoas e, principalmente, em relao dificuldade de adaptao ao entorno. Figueira apud Rodrigues (2005) acredita que as entidades, associaes e profissionais que lidam com as deficincias, devem trabalhar para apresentar uma imagem positiva destas pessoas, substituindo temores, preconceitos e permitindo que as pessoas as vejam como: - seres humanos como quaisquer outros, nas suas necessidades e sentimentos; - pessoas que podem aproveitar o que a vida oferece e trazer felicidade para aqueles que a conhecem; - pessoas que com ajuda adequada, podem crescer em habilidades e fazer as suas prprias contribuies para a famlia e a comunidade; - seres humanos que merecem o mesmo respeito que qualquer outro ser humano. Para Rodrigues (2005) o conceito de deficincia mental, com o decorrer dos anos, tem passado por diversas definies e terminologias para caracteriz-la, tais como: oligofrenia, retardo mental, atraso mental, deficincia mental, etc. No conceito de Krynski et al. apud Rodrigues (2005), a deficincia mental um vasto complexo de quadros clnicos, produzidos por vrias etiologias e que se caracteriza pelo desenvolvimento intelectual insuficiente, em termos globais ou especficos. Tal deficincia pode ou no ser acompanhada por manifestaes patolgicas.

11 Rodrigues (2005) informa, ainda, que, segundo o DSM-IV-TR-TM (2002), os critrios para o diagnstico da deficincia mental so: - Funcionamento intelectual significativamente inferior mdia; - Dficits ou prejuzos concomitantes no funcionamento adaptativo atual; - Incio inferior aos 18 anos. No tocante ao primeiro critrio, a autora citada ensina que considerado desempenho significativamente inferior mdia, ou seja, um escore de 70 ou menos obtido em um teste de QI administrado. Quanto ao segundo, os dficits so analisados em relao a efetividade da pessoa em atender aos padres esperados para a sua idade e por seu grupo cultural em pelo menos duas das seguintes reas: -Comunicao; -Cuidados Pessoais; -Vida Domstica; -Habilidades Sociais e interpessoais; -Uso dos Recursos Comunitrios; -Independncia; -Habilidades Acadmicas; -Trabalho; -Lazer; -Sade e Segurana. De acordo com Ajuriaguerra apud Rodrigues (2005), as principais causas da deficincia mental podem ser divididas em dois grandes grupos: 1. deficincia mental subcultural. 2. doenas orgnicas. A deficincia mental Subcultural compreende: a) herana de inteligncia inferior, (tambm conhecido como retardo mental primrio) b) ambiental, sendo esta relacionada com: -privao psicossocial; -prticas educacionais restritas e -deficincia nutricional. Causas Gerais Pr, Peri e Ps-natais que podem levar deficincia mental, segundo Diament & Cypel apud Rodrigues (2005):

12 Causas Pr-Natais: - Aberraes autossmicas: autossmicas sexuais - Causas gnicas - Malformaes cerebrais Ambientais: - Infecciosas (rubola, CMV, HIV, toxoplasmose, sfilis, listeriose) - Drogas Teratgenicas (lcool, tabaco, cocana e anti-epilpticos) - Outras condies (desnutrio intra-uterina, radiaes).

Causas Perinatais - Anoxia ou hipoxia (asfixia, trauma de parto, encefalopatia hipxico-isqumica) - Prematuridade - Baixo peso - Infeces (HSV, estreptococo beta-hemoltico, listeria)

Causas Ps-natais - Infeces (meningencefalites e encefalites) - Traumas cranianos - Desmielinizaes (primrias e ps-infecciosas) - Desnutrio proteco-calrica e privao econmico-scio-afetivo-cultural - Intoxicaes exgenas(CO, Pb) - Radiaes - Convulses: (status epilepticus, crises febris prolongadas, sndromes de West e LennoxGastaut). A deficincia mental apresenta como causas mais comuns os fatores de ordem gentica, as complicaes ocorridas ao longo da gestao ou durante o parto e as ps-natais. O diagnstico precoce fundamental para oferecer criana uma melhor qualidade de vida e resultados mais eficientes estas tcnicas de deteco prematura, realizadas por vrios profissionais ligados aos campos da reabilitao e da puericultura, so conhecidas como Avaliao do Desenvolvimento e Estimulao Precoce. Ballone (2005) enfatiza que, de modo geral, costuma-se ter como referncia para avaliar o grau de deficincia, mais os prejuzos no funcionamento adaptativo que a medida do QI. Por funcionamento adaptativo entende-se o modo como a pessoa enfrenta efetivamente as

13 exigncias comuns da vida e o grau em que experimenta uma independncia pessoal compatvel com sua faixa etria, bem como o grau de bagagem sociocultural do contexto comunitrio no qual se insere. A deficincia mental caracteriza-se por um funcionamento global inferior mdia, junto com limitaes associadas em duas ou mais das seguintes habilidades adaptativas: comunicao, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilizao da comunidade, sade e segurana, habilidades escolares, administrao do cio e trabalho (BALLONE, 2005). Ao comentar sobre os fatores de risco e causas pr-natais, Ballone (2005) observa que so os fatores que incidiro desde a concepo at o incio do trabalho de parto: - Desnutrio materna; - M assistncia gestante; - Doenas infecciosas na me: sfilis, rubola, toxoplasmose; - Fatores txicos na me: alcoolismo, consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos (medicamentos teratognicos), poluio ambiental, tabagismo; - Fatores genticos: alteraes cromossmicas (numricas ou estruturais), ex.: Sndrome de Down, sndrome de Matin Bell; alteraes gnicas, ex.: erros inatos do metabolismo (fenilcetonria), Sndrome de Williams, esclerose tuberosa, etc. Sobre os fatores de risco e causas peri-natais, Ballone (2005) comenta que so os fatores que incidiro do incio do trabalho de parto at o 30 dia de vida do beb: - m assistncia ao parto e traumas de parto; - hipxia ou anxia (oxigenao cerebral insuficiente); - prematuridade e baixo peso (PIG - Pequeno para idade Gestacional); - ictercia grave do recm nascido - kernicterus (incompatibilidade RH/ABO). J acerca dos fatores de risco e causas ps-natais, o mesmo autor aponta que so aqueles que incidiro do 30 dia de vida at o final da adolescncia, podendo ser: - desnutrio, desidratao grave, carncia de estimulao global; - infeces: meningoencefalites, sarampo, etc.; - intoxiaes exgenas (envenenamento): remdios, inseticidas, produtos qumicos (chumbo, mercrio); - acidentes: trnsito, afogamento, choque eltrico, asfixia, quedas, etc.; - infestaes: neurocisticircose (larva da Taenia Solium).

14

2 O DEFICIENTE MENTAL E A FAMLIA

Ter uma criana deficitria na famlia provoca em seus membros, segundo Johnson et al. (1982), reaes emocionais que afetam o modo de criar o beb. Os mesmos autores creem que a reao inicial dos pais de uma criana com deficiente pode ser um misto de choque e negao da situao, o que se constitui um mecanismo de defesa que possibilita aos pais enfrentarem o fato. Johnson et al. (1982) relatam que durante as reaes iniciais da famlia, importante que haja apoio emocional aos pais e ajud-los a realizar avaliaes objetivas, seja dos recursos da criana, seja de suas dificuldades. Tem-se que:

Um dos mais importantes objetivos na lida com casais que tm uma criana deficitria o de aumentar seus sentimentos de adequao como indivduos e como pais. Com isto quer-se dizer que se deve ajud-los a saber como responder a uma criana cujo desenvolvimento e conduta diferem do normal. medida que a famlia desenvolve maior objetividade, torna-se mais capaz de se envolver eficientemente nos planos para aumentar o nvel de funcionamento da criana. Os pais devem ser parte de qualquer plano de trabalho com a criana. O cuidar e criar o filho responsabilidade deles. A orientao de outrem deve ser dirigida no sentido de auxili-los a se tornarem melhores pais (JOHNSON et al., 1982, p. 213-214).

Pode-se afirmar que todo programa de trabalho com a criana deficiente precisa levar em conta as necessidades de todos os familiares e ter continuidade dentro deste contexto. Ou seja, fundamental considerar as condies fsicas e mentais dos pais, suas personalidades, os problemas do marido e da esposa e outras exigncias que enfrentam, afetam seu envolvimento no trabalho com a criana. A descoberta de que tm um filho com deficincia um momento em que os pais apresentam sempre muitas dvidas, sentem-se perdidos e precisam de tempo para elaborar a ideia. Ocorrem dvidas quanto vida e ao futuro do filho e, tambm, do seu relacionamento com a sociedade na qual est inserido. Contudo, de acordo com Milhare apud Gananian (2008) no adianta querer que a sociedade aceite seu filho se dentro da famlia no houver compreenso e aceitao. Deve-se partir do micro para o macro, isto , a sociedade s vai mudar e permitir uma maior integrao se dentro de casa existir esta possibilidade (MILHARE apud GANANIAN, 2008, p. 01).

15 Desse modo, fica claro que cabe famlia oferecer ao deficiente um ambiente acolhedor, estimulante harmonioso. Entretanto, segundo Gananian (2008), os pais devem ficar atentos para nunca superproteger o filho com deficincia. De forma semelhante, importante o envolvimento dos irmos para colaborar em determinadas situaes, sendo sempre correto que os pais promovam um equilbrio que deve ser conseguido dando a cada um dos filhos - de forma individual - o suporte e o acompanhamento de que necessitam (GANANIAN, 2008). Deve-se estabelecer limites para todos os irmos, pois s assim eles se sentiro realmente seguros. O deficiente precisa de um cuidado maior, mas isso no significa que no ser magoado ou que no encontrar outras dificuldades na vida (GANANIAN, 2008, p. 02). Alguns dos mais correntes padres de reao chegada de uma criana deficiente a uma famlia so, de acordo com os autores citados: - encarar o problema de um modo realista; - negao da realidade da deficincia; - lamentaes e comiserao dos pais com a sua prpria sorte; - ambivalncia em relao criana ou sua rejeio; - projeo da dificuldade como causa da deficincia; - sentimentos de culpa, vergonha e depresso; - padres de mtua dependncia. Contudo, os autores frisam que nenhuma dessas reaes peculiar aos pais em geral ou aos pais de crianas deficientes; so as reaes comuns de pessoas normais frustrao e conflito. Esses sentimentos, na explicao dos referidos autores: - Encarar os problemas da criana deficiente de um modo realista: Existem pais que so capazes de enfrentar de um modo salutar e construtivo os problemas apresentados pela presena de uma criana deficiente. Muitas pessoas encaram as decises iniciais e as tenses adicionais de uma forma realista e bem integrada, tal como encaram as outras crises e tenses em suas vidas.

- Negao da deficincia da criana: Com exceo das incapacidades mais bvias, a maioria dos pais reage com alguma negao evidncia da inadequao de seu filho.

16 H poderosas foras sociais e pessoais motivando os pais a negarem as provas da deficincia de seus filhos. O esteretipo cultural da criana ideal, a expectativa dos pais de que seus filhos desempenharo com xito os papis que a sociedade e os pais lhe atribuem, as esperanas destes de que seu filho atinja ou ultrapasse os seus prprios empreendimentos, tudo contribui para a sua reao isto no pode ser, quando a criana aparentemente deficiente. Por vezes, amigos compassivos, parentes e at profissionais sustentam,

inadvertidamente, a negao dos pais da inadequao de seus filhos. Eles realam os aspectos positivos da criana e minimizam as suas limitaes. Destacam as dificuldades de diagnstico, as incertezas das tendncias do desenvolvimento e as limitaes dos conhecimentos (TELFORD & SAWREY, 1978).

- Autocomiserao: Com exceo de quando os pais esto aptos a assumir e manter uma atitude realista e objetiva em relao deficincia do filho, bastante provvel que alguns sentimentos de comiserao por si mesmos e de lamentao da sua prpria sorte sejam

experimentados pelos pais. A ameaa ao prestgio dos pais ou da famlia, representada pela presena de uma criana deficiente, paira na maioria dos lares da classe mdia ou superior (TELFORD & SAWREY, 1978, p. 138).

- Sentimentos ambivalentes em relao aos deficientes: As atitudes parentais, ainda que dominantemente positivas, sempre tm algumas tonalidades de ressentimento e rejeio. As restries de atividades, as responsabilidades adicionais, os pequenos desapontamentos da paternidade e maternidade, as angstias e as irritaes que constituem uma parte normal da criao dos filhos produzem, inevitavelmente, reaes parentais ambivalentes. Os pais aceitam e amam, mas tambm rejeitam e detestam seus filhos (TELFORD & SAWREY, 1978, p. 138). Essas reaes negativas variam muito, desde o desejo aberto e consciente de que a criana morresse ou nunca tivesse nascido, at a reprimida, irreconhecida, velada e simblica hostilidade e rejeio (TELFORD & SAWREY, 1978, p. 138). Em qualquer caso, os sentimentos ambivalentes originam reaes de culpa que, por

17 sua vez, resultam comumente em superproteo, excessiva solicitude e uma vida parental de martrio que constitui uma tentativa de negao ou compensao dos sentimentos hostis de que a pessoa se envergonha.

- Projeo: Este sentimento trata-se de uma defesa comum contra os sentimentos de ansiedade. A ansiedade relativa culpa pessoal, ou sentimentos inaceitveis de ressentimento e hostilidade, pode ser diminuda responsabilizando outrem pela situao ameaadora. Os pais angustiados com as condies decorrentes da existncia de um filho deficiente projetam frequentemente as causas das deficincias da criana em conveniente bodes expiatrios (TELFORD & SAWREY, 1978). O ressentimento e a hostilidade podem ser dirigidos aos outros filhos, esposa, ao mdico, ao professor, ao conselheiro ou sociedade em geral.

- Culpa, vergonha e depresso: Segundo Telford & Sawrey (1978), culpa e vergonha so componentes de muitos padres de reao. Entretanto, eles so suficientemente importantes per se para justificar um exame mais detalhado. A vergonha refere-se ao o que as outras pessoas pensam e dizem. Os sentimentos de culpa, ou de auto-recriminao, com a ansiedade e a depreciao pessoal concomitantes, resultam em depresso. Alguns sentimentos de culpa ou vergonha so experincias comuns dos pais de crianas deficientes.

- Padres de dependncia mtua: Na opinio de Telford & Sawrey (1978) os pais e a criana, mais frequentemente a me e o filho deficiente, desenvolvem padres de mtua dependncia que a si prprios se perpetuam. A criana, ou atravs de suas necessidades reais ou do exagero de suas necessidades pelos pais, torna-se dependente de um deles. Este, por sua vez, precisa da sua excessiva assistncia e dependncia da criana para provar que um pai (ou uma me) adequado. Os pais, ao dedicarem to grande parcela de seu tempo e energia criana deficiente, investem tanto de si mesmos nesse desgnio que toda a sua vida passa a ficar concentrada na criana (TELFORD & SAWREY, 1978, p. 142). Fica o entendimento de que muito importante a participao dos pais no

18 desenvolvimento dos filhos e, quando se trata de uma criana com deficincia, o mesmo deve ocorrer, sendo primordial que os pais se envolvam cada vez mais na aprendizagem de como avaliar a conduta do filho e de como adquirir uma base para distinguir as capacidades normais da criana, de como construir sobre estas bases, e de como lidar com os problemas resultantes de sua condio.

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3 INCLUSO ESCOLAR DE INDIVDUOS COM DEFICINCIA INTELECTUAL

Na viso de Martins & Sarres (2003), o aluno com deficincia mental, ao ficar distante do trabalho acadmico, apresenta uma perda dos contedos escolares aprendidos, como tambm no estabelece vnculos com seus novos aprendizados. Mantoan (1989) relata que a escola com vista incluso de alunos com deficincia mental deve trabalhar a partir dos seguintes princpios: - Integrao: Implica articular a condio excepcional tendo como base o que h de comum entre as pessoas deficientes e as consideradas normais. - Normalizao: Esse princpio diz respeito ao oferecimento, s pessoas deficientes, de oportunidades, condies e padres de vida to prximos quanto possvel aos do meio em que vivem. - Individualizao: Refere-se necessidade de atender s diferenas entre normais e deficientes. Ramos (2010), ao analisar a educao inclusiva e a deficincia mental, frisa que constitui-se um grande desafio para os educadores a implementao de polticas pblicas que busquem a incluso educacional, uma escola efetivamente para todos, que acolha no somente os alunos que apresentam deficincias, como tambm aqueles que tm algum tipo de necessidade, podendo ser temporrias ou permanentes. A incluso no contexto escolar engloba, segundo Ramos (2010), o direito de acesso e permanncia dos indivduos que apresentam deficincia mental nas classes comuns do ensino regular, assegurado por lei. Como destaca a referida autora, a educao inclusiva alicera-se em leis, que podem ser verificadas atravs da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional Lei 9.394/96 (LDB) e de outros documentos que foram criados, como o Plano Nacional de Educao (PNE), aprovado pela lei n.10.172/ 2001. Uma das vertentes idealizadas nesse plano a generalizao do atendimento dos alunos que apresentam necessidades especiais na educao infantil e no ensino fundamental, podendo ocorrer atravs de consrcios entre municpios (RAMOS, 2010, p. 04).

20 De forma semelhante, o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, no artigo 54 assegura o atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL apud RAMOS, 2010, p. 04). Nesse contexto, ressaltado por Ramos (2010, p. 05) que:

Para garantir que a lei seja cumprida, as escolas necessitam adaptar-se a proposta da incluso. Algumas transformaes so preciosas para efetivar a educao inclusiva, como desenvolver novos projetos pedaggicos, reestruturao do ambiente fsico escolar, adaptando, possibilitando e facilitando o acesso s dependncias da escola, qualificao dos professores e funcionrios envolvidos que atuem direta ou indiretamente com os alunos, formao continuada aos docentes, organizao dos recursos e servios existentes.

Refletindo sobre a escola e a educao inclusiva, Ramos (2010) orienta que na tica inclusiva, o deficiente mental visto como autnomo e independente em relao assimilao do novo conhecimento, de acordo com as possibilidades e limitaes de integr-lo ao conhecimento que j possui, sendo que a adaptao ao contedo programtico feita por ele, de forma a atingir sua emancipao intelectual. Na orientao de Ramos (2010, p. 07):

Para obter sucesso dentro dessa proposta educacional, a escola deve estar aberta a professores, alunos e comunidade. O professor deve contar com o suporte da direo da escola e de especialistas da rea da educao. Cabe ao professor a autonomia para criar e experimentar alternativas de ensino. A gesto escolar deve ser imparcial, adotando uma postura participativa, descentralizada, aberta s novas idias, buscando melhoria da qualidade na educao e atendimento aos educandos.

A mesma autora tambm afirma que o ambiente inclusivo configura-se o meio mais adequado para que as habilidades necessrias construo das relaes humanas sejam desenvolvidas, para, assim, ser possvel combater posturas discriminatrias, ao mesmo tempo que incentiva a criao de comunidades acolhedoras, surgindo, desse modo, uma sociedade inclusiva na qual a educao seja igualitria. Esse ambiente permite que o aluno aproveite sua vivncia, experincia e que se manifeste de forma autnoma e criativa no processo de construo do conhecimento, podendo se mobilizar e buscar o atendimento de suas necessidades [...] (RAMOS, 2010, p. 08). O propsito da educao inclusiva que o aluno com deficincia construa sua

21 inteligncia, a partir de seus conhecimentos prvios, mesmo que limitados por uma deficincia, tornando-se um agente ativo, adquirindo habilidades que sero exigidas no exerccio da desejada liberdade e autonomia do deficiente (RAMOS, 2010). Tambm analisando a incluso de pessoas com deficincia mental, Pletsch & Braun (2008) confirmam que a educao inclusiva considerada um processo amplo, no qual a instituio escolar deve oferecer condies estruturais (fsicas, de recursos humanos qualificados e financeiros) para acolher e promover condies democrticas de participao dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais no processo de ensino e aprendizagem. Ou seja: um processo no qual a escola possa promover no s o acesso e a permanncia, mas tambm o aproveitamento social e escolar, levando em considerao as singularidades de cada um, com ou sem apoio especializado (PLETSCH & BRAUN, 2008, p. 01). Especificamente sobre o desenvolvimento e o processo de ensino-aprendizagem de crianas com deficincia mental, as autoras citadas frisas que os indivduos com deficincia mental no so um grupo homogneo entre si, ou seja, h necessidade de clareza de que so diferentes entre si e, em havendo diferena, preciso considerar as singularidades de cada indivduos, conhecendo, inclusive, suas histrias de vida. Na explicao das autoras, compreende-se que muito importante estar ciente de que a criana com deficincia mental apresenta alteraes nos processos mentais que interferem no processo de aquisio da leitura, dos conceitos lgico-matemticos, na realizao das atividades da vida diria, no desempenho social, entre outras habilidades. No entender de Pletsch & Braun (2008), a escola e o papel do professor so centrais para o desenvolvimento da criana, na medida em que pode proporcionar novas formas de construo do conhecimento, superando os conceitos simplesmente espontneos ou elementares e chegando a conceitos cientficos ou superiores, que se constituem na interao social e escolar. Considerando que a incluso de educandos com deficincia mental nas escolas regulares um grande desafio, Silva (2008) considera que a famlia e a escola so os dois principais norteadores do desenvolvimento afetivo e social dessas crianas. Isto porque a autora acredita que a famlia deve exercer papel fundamental na educao da criana e a escola deve estar em constante sintonia com a famlia para, assim, melhorar e contribuir da melhor forma possvel com o desenvolvimento da criana.

22 Na afirmao de Silva (2008):

Acredita-se que o objetivo principal da escola, deva ser o da busca por tornar a criana mais autnoma perante o indivduo adulto. No entanto, entende-se que essa autonomia s ir ocorrer atravs do bom relacionamento com outras pessoas. A integrao da escola e da famlia deve ser mais constante nas atividades de socializao das crianas. E, os pais devem estar envolvidos numa procura por bem educar seus filhos (SILVA, 2008, p. 04).

Moura apud Silva (2008) afirma que funo do professor o atendimento comum aos alunos com deficincia mental, sendo que sua atuao deve ser pautada pela compreenso, pela dedicao e pela pacincia. Concordando com esse pensamento, Silva (2008) ratifica que ao professor cabe aceitar as crianas com deficincia mental e atend-las com carinho, ensinando-lhes, inicialmente, as coisas mais fceis e uma parte de cada vez. Indo mais alm, Silva (2008, p. 04) observa que:

O professor conseguir resultados mais positivos de seu trabalho, se associar cada parte as coisas agradveis para a criana. Ele dever elogi-las aps cada item aprendido para que ela se sinta mais capaz e segura. ainda tarefa deste professor, manter a pacincia e a uniformidade de comportamento e, ao avaliar a criana dever evitar fazer comparaes com as demais, alm de que, no poder exigir um rendimento que a criana no poder oferecer. Sendo assim, ficar mais suave o trabalho e o compromisso do educador e a escola estar cumprindo com sua autntica tarefa: a de educar a todos como nos garante a LDB e a Constituio Federal.

Silva (2008) chega concluso de que, embora tenha havido importantes avanos no sentido de promover a incluso, certo que ainda h muito para se conquistar uma escola verdadeiramente para todos, pois esse um processo que requer uma permanente troca de afetividade e sensibilidade de todos para que haja um trabalho voltado construo de uma sociedade mais digna, justa, igualitria e que respeite as diferenas. As escolas enfrentam desafios para a efetivao da incluso que passam por reformulaes nas escolas, que vo desde adaptaes arquitetnicas, adaptaes curriculares, capacitao de professores e mudanas didtico-pedaggica-metodolgicas que possam otimizar o processo de ensino e aprendizagem das crianas com necessidades especiais na rede regular de ensino (SILVA, 2008). Compartilha-se do pensamento da autora ao afirmar que a escola exerce papel de

23 mxima importncia na promoo da formao de pessoas com necessidades especiais que requer, nos dias atuais, uma ressignificao das aes pedaggicas em todo o contexto escolar, alm do compromisso poltico da educao.

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CONSIDERAES FINAIS

O deficiente mental, do mesmo modo que as pessoas normais, capaz de construir sua inteligncia, na medida em que a solicitao do meio escolar desencadeia o processo de equilibrao, que um dos fatores responsveis pelo desenvolvimento cognitivo. Eles so capazes de auferir benefcios de procedimentos educacionais que tm por base a abstrao, processo pelo qual se estrutura o conhecimento. A questo da deficincia mental, do ponto de vista educacional, merece ainda maiores anlises, debates e inovaes, com vistas ao oferecimento de uma proposta pedaggica preocupada com o desenvolvimento global do deficiente mental em seu processo de escolarizao. Verifica-se, tambm, que o indivduo deficiente , como todos os demais, um membro de sua famlia, que o contexto primrio do desenvolvimento de uma pessoa. no sistema familiar que so estabelecidas caractersticas que afetam diretamente os relacionamentos dos indivduos, ou seja, seu ajustamento com a sociedade influenciado pelo seu ambiente familiar. Nesse contexto, os deficientes mentais, estado onde existe uma limitao funcional em qualquer rea do funcionamento humano, considerada abaixo da mdia geral das pessoas pelo sistema social onde a pessoa est inserida, o ambiente familiar essencial para seu desenvolvimento. Portanto, a famlia do indivduo com deficincia mental deve trabalhar na organizao de suas atividades de vida diria e no processo de estimulao, com vistas sua integrao social, pois so merecedores de uma vida digna, onde possam exercer o direito cidadania como qualquer cidado, para o que a incluso escolar contribui efetivamente.

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REFERNCIAS

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26 SANTANA, A. L. O que deficincia mental. Artigo publicado em 2007. Disponvel em www.indianopolis.com.br. Acesso em 13 Jun. 2011.

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TELFORD, C. W.; SAWREY, J. M. O indivduo excepcional. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1978.

ANEXOS

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ANEXO 1 LEITURA COMPLEMENTAR AOS PAIS DE CRIANAS COM DEFICINCIA MENTAL E TRANSTORNOS ABRANGENTES DO DESENVOLVIMENTO1

COMO AJUDAR SEU FILHO

Se voc percebeu que seu filho no est se desenvolvendo como as outras crianas, notou que h algo de diferente nele... - Investigue, pois existem muitas alternativas que podem estar ocorrendo. A primeira delas que voc pode estar enganada. No sofra antes da hora. - O prximo passo a ser dado marcar uma consulta no pediatra de sua confiana, pois ele poder orient-lo quanto necessidade de buscar outros especialistas. - O neurologista orientar quanto ao tratamento clnico mais adequado para o seu filho. - Quanto mais cedo iniciar o atendimento, maiores sero as chances de conseguir bons resultados. - A melhor maneira de superar este choque, enfrent-lo. - Pergunte ao mdico e aos terapeutas o que voc dever fazer para ajudar seu filho a cada dia. - Ele precisa brincar com voc e voc pode dar oportunidade para que ele se torne cada vez mais independente. - Famlia e amigos, assistentes sociais, mdicos e terapeutas podem dividir suas preocupaes com voc. - Crianas com necessidades especiais precisam de suporte constante e encorajamento de toda a famlia, me, pai, irmos, irms. - Lembre-se que seu filho far progressos e voc encontrar a felicidade de uma maneira inesperada. - As necessidades de seu filho iro mudar quando ele crescer. Certifique-se que vocs esto completamente informados sobre como estimular seu desenvolvimento e sua independncia. - Se voc tiver dvidas, no hesite, pergunte!

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Fonte: http://www.comvida.org.br

29 ONDE ESCLARECER DVIDAS, A QUEM PROCURAR?

Para que seu filho tenha o melhor desenvolvimento possvel, voc deve recorrer a servios profissionais. Atendimentos mdicos: Pediatra: aquele que atende e acompanha a criana desde o nascimento. Faz diagnstico e tratamento de doenas de uma maneira geral. muito importante a presena de um pediatra na hora do nascimento e no acompanhamento do desenvolvimento da criana.

Neurologista: Tem como especialidade a avaliao e o tratamento de hiperatividade, disfunes cerebrais, problemas de ateno, convulses e problemas motores, entre outros. No caso de ser observada alguma lentido ou anormalidade no desenvolvimento da criana, uma consulta ao neurologista aconselhvel.

Fisiatra: Tem como especialidade o diagnstico e tratamento atravs da medicina fsica, visando a reabilitao.

Psiquiatra: Tem como especialidade o diagnstico e tratamento dos distrbios mentais.

Geneticista: Tem como especialidade o diagnstico das causas e sndromes genticas atravs de exames genticos especficos. Ele ir averiguar se voc corre ou no o risco de ter outros filhos com problemas de ordem hereditria.

Atendimentos Clnicos: Psicologia: Tem como objetivo a avaliao dos aspectos emocionais e intelectuais. o psiclogo que aplica testes de inteligncia e faz psicoterapia, quando necessrio. Em muitos casos os distrbios de conduta podem ser agravados quando se tem um maior nvel de conscincia das prprias limitaes. Esta conscincia pode levar a pessoa a um estado de desorganizao geral ou, ainda, em casos extremos, a um estado depressivo onde o indivduo pode perder o interesse pelo ambiente.

Psicopedagogia: Tem como funo o diagnstico e terapia das dificuldades de aprendizagem.

30 Fonoaudiologia: Tem como funo o diagnstico e o tratamento das alteraes e/ou defasagens do desenvolvimento da fala.

Terapia Ocupacional: O Terapeuta Ocupacional atua na preveno da incapacidade, atravs de estratgias adequadas que visam proporcionar ao indivduo o mximo de desempenho e autonomia em suas funes pessoais, sociais e profissionais. Se necessrio, estuda e desenvolve adaptaes que contribuem para a melhoria da qualidade de vida. Avaliao, tratamento, habilitao e reabilitao de indivduos com disfuno fsica, mental, atraso no desenvolvimento neuromotor e social.

Fisioterapia: Tem como objetivo a reabilitao fsica e o estmulo em caso de atraso no desenvolvimento fsico.

Atendimento Escolar: Existem algumas possibilidades de atendimento escolar para portadores de necessidades especiais: Escolas pblicas/particulares de ensino regular com salas especiais, incluso em salas normais e Escolas Especiais. H ainda as oficinas pedaggicas ou oficinas de trabalho protegido, locais para portadores de deficincia mental j adultos ou menos comprometidos e que possuam habilidades.

A Escola de ensino regular com salas especiais ou incluso em salas normais A educao uma tarefa de muita responsabilidade, no s pela abrangncia de sua esfera de ao mas, principalmente, porque seus resultados so passveis de crtica e de culpabilidade. Pelo fato de cada ser humano ser to diferente e to complexo, pelo fato de serem to imprevisveis as condies que o envolvem, extremamente difcil planejar, antecipadamente, sua educao. As variveis envolvidas so muitas, e as possibilidades de intercorrncias imprevistas tambm. A Prefeitura e Governo do Estado de So Paulo mantm escolas do ensino regular com salas destinadas a portadores de necessidades especiais e, em muitos casos, a incluso realizada nas salas normais, quando o aluno tem a possibilidade de adaptar-se. Escolas particulares tambm oferecem esta possibilidade. preciso sempre analisar a situao sob todos os aspectos, desde a capacidade do aluno em adaptar-se aos mtodos de ensino, at a capacidade da escola em receber e cuidar da melhor forma possvel deste aluno, para que

31 se chegue aos melhores resultados e maiores benefcios para a criana.

A escola Especial Quando a criana tem um grau maior de deficincia, quando ela apresenta diferenas mais acentuadas dos padres de normalidade, a complexidade da tarefa de educar pode ficar ainda mais difcil, necessitando a ajuda de especialistas. Depois de passar por diagnstico e atendimento teraputico, a famlia aconselhada a procurar uma Escola Especial. Este um passo muito difcil porque significa assumir uma condio diferente. Para os pais, traumatizados pelo que sentem como rejeio da Escola comum, a Escola Especial uma alternativa. Surgem muitas dvidas e muitas vezes os pais ficam inseguros por no saberem exatamente o que uma escola especial. A Escola Especial a escola que toda criana deveria ter, que considera cada criana um caso especial, portanto, estuda suas reais condies para poder oferecer atendimento adequado s necessidades especficas de seu desenvolvimento. Diferencia-se da escola comum por oferecer atendimento especializado e individualizado. Embora em um ritmo mais lento, de acordo com a possibilidade da criana, seu currculo abrange o mesmo contedo programtico do ensino regular, porm, acrescido de alguns programas especiais. Citamos aqui os aspectos mais enfatizados no atendimento da escola especial, mesmo que nem todas abranjam todos os itens citados. 1. A avaliao para entrada na Escola mais detalhada, pois precisa levantar informaes suficientes para subsidiar o planejamento pedaggico e teraputico individualizado para o aluno, assim como a escolha. 2. Existe maior preocupao com a estimulao do desenvolvimento da criana. 3. O atendimento individualizado, embora a criana seja atendida em pequenos grupos. 4. H maior preocupao com a melhoria da qualidade de vida da criana e de sua famlia. 5. realizado trabalho intenso no sentido de estabelecer hbitos de vida diria e de atividades de integrao social. 6. A criana no tem que adaptar-se ao programa, e sim o programa adaptado ao ritmo da criana. 7. No existem provas mensais e sim acompanhamento atravs de registro de observaes e de avaliaes do desempenho. 8. Existe a preocupao com a construo de um bom autoconceito. 9. H maior integrao com a famlia para proporcionar orientao e apoio de maneira

32 informal. 10. Embora resultados teraputicos possam acontecer, so preservadas as caractersticas de Escola. A ateno dedicada famlia da criana na Escola Especial parte importante para que os pais tenham mais condies de participar no desenvolvimento de seus filhos. Se seu filho j adulto e suas necessidades mudaram ento est na hora de pensar num programa de profissionalizao.

Oficinas Pedaggicas ou Oficinas de Trabalho Protegido Geralmente nas escolas especializadas existem oficinas pedaggicas, locais em que so trabalhadas habilidades motoras bsicas e so descobertos interesses dos aprendizes. Nessas oficinas seu filho estar em contato com diversos materiais diferentes, ferramentas e equipamento simples, que podero experimentar sem compromisso com a produo. Existem, tambm, as oficinas protegidas de trabalho. So locais onde os portadores de necessidades especiais realizam atividades de trabalho em um ambiente protegido. So destinadas a adultos e pessoas com um baixo grau de comprometimento, que possam realizar trabalhos manuais, sob superviso constante. Os objetivos principais deste tipo de oficina so: * Oferecer emprego provisrio como preparao e treinamento para o emprego competitivo. * Oferecer emprego a longo prazo para aqueles que, devido severidade de sua incapacidade, provavelmente no sero capazes de obter emprego competitivo.

Atendimentos Complementares: Brinquedoteca: A Brinquedoteca um espao criado para que as crianas possam brincar bastante. Brincar a atividade educacional mais completa, pois desenvolve os aspectos sociais, cognitivos, motores e afetivos. Para uma criana especial a Brinquedoteca proporciona oportunidade de aprender de maneira ldica, permitindo assim que desenvolva suas potencialidades, brincando. Expresso Corporal: Nosso corpo fonte riqussima de aprendizagem. As crianas portadoras de necessidades especiais apresentam s vezes dificuldades ligadas a rea sensorial. O trabalho mais especfico de expresso corporal auxilia a criana a perceber-se como pessoa e a estabelecer relaes, sejam elas espaciais, temporais ou sociais. Equoterapia: uma forma alternativa de atendimento teraputico na qual se utiliza o cavalo

33 como meio de reabilitao. indicada para pacientes portadores de disfunes do movimento, que incluem paralisia cerebral, esclerose mltipla, e outras afeces que afetam o controle postural e do equilbrio. Natao Especial: realizada com portadores de necessidades especiais que precisam de atendimento individualizado. A gua utilizada como meio teraputico, uma vez que diminui o peso corporal, o que facilita a realizao de exerccios especficos. Por causa da temperatura aquecida, tambm atua como relaxante. Participando da natao especial, os alunos tm condies de melhorar a aptido fsica, a coordenao motora, a capacidade respiratria e a tonicidade muscular. Hidroterapia: uma terapia realizada dentro da gua. indicado para crianas que apresentam deficincias fsicas e motoras. Diferencia-se da natao especial, por no haver o comprometimento com o ensino da natao, e sim com a melhoria de dificuldades especficas. Musicoterapia: a utilizao da msica para possibilitar o desenvolvimento de um processo teraputico, mobilizando aspectos bio-psico-sociais do indivduo com o objetivo de minimizar suas dificuldades. Facilitando a integrao no meio social, a musicoterapia utiliza instrumentos musicais, sons, msicas e o prprio corpo do paciente e do terapeuta. As crianas com dificuldades de comunicao podem encontrar na msica uma nova forma de comunicao e expresso. Informtica O objetivo geral da aplicao da informtica utilizar o ambiente computacional de aprendizagem para pesquisar o papel que o computador desempenha na avaliao e educao das pessoas com necessidades especiais, levando-se em conta os diferentes tipos de dificuldades que pessoas apresentam (problemas sensoriais, motores, cognitivos, neurolgicos, lingsticos, etc.). uma ferramenta que auxilia o processo de aprendizagem, atravs dos softwares educacionais e internet. Atravs de projetos, focalizados em atualidades o aluno tem acesso a todos recursos de pesquisa na web e usa as ferramentas do computador com maior interesse e aceita desafios com tranqilidade, assim, obtm-se maiores resultados no desenvolvimento global. Acompanhante de Lazer: No tem compromisso teraputico. Acompanha a criana em atividades de lazer. Acompanhante Teraputico: O trabalho do acompanhante de auxiliar a criana e adolescente portador de necessidades especiais. feito por profissionais especializados. As atividades so realizadas nas residncias ou em passeios para pessoas impossibilitadas de se relacionar e movimentar-se pelos espaos sociais.

34 Artes: A arte uma forma importante de expresso. A expresso plstica mais uma fonte de comunicao. As crianas especiais podem explorar tintas, argilas, massas e outros materiais que proporcionam oportunidade para desenvolvimento da criatividade, do senso de esttica, da coordenao visomotora, entre outras habilidades.