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A Elaboração da Folha de Pagamento (parte 1)

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A Elaboração da Folha de Pagamento (parte 1)

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A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e

treinamento de agentes públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras,

câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos, consórcios, institutos, fundações e

empresas estatais nos municípios.

Os Cursos

Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a

escola investe na qualidade e seriedade, garantindo aos alunos:

- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público

- Certificados de Participação

- Tira-dúvidas após a realização do curso

- Controle biométrico de presença (impressão digital)

- Corpo docente especializado e atuante na área

- Atendimento personalizado

- Rigor no cumprimento de horários e programações

- Fotografias individuais digitalizadas

- Material de apoio de qualidade

- Coffee Breaks em todos os períodos

-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno) onde será disponibilizado o certificado de

participação para impressão, grade programática, apostila digitalizada, material

complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat com outros

alunos e contato direto com professores.

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Público Alvo

- Servidores públicos municipais (secretários, diretores, contadores, advogados,

controladores internos, assessores, atuantes na área de licitação, recursos humanos,

tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .

- Vereança e Prefeitos (a)

Localização

Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao

Calçadão da XV, na Rua Clotário Portugal nº 41, com estrutura apropriada para realização de

vários cursos simultaneamente.

Feedback

Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando

índice médio de satisfação 9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada

ao trabalho.

Transparência

Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da

transparência de seus atos mantendo em sua página eletrônica um espaço específico para esse

fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos e notas de avaliação dos alunos, todas as

certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

Qualidade

Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços

públicos, a Unipública investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério

define seu corpo docente.

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Missão

Preparar os servidores municipais, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e

específicos sobre suas respectivas áreas de atuação e contribuir com:

a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos

b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto

para a população quanto para os agentes públicos

c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão

Visão

Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade

proporcionando satisfação aos seus alunos e equipe de colaboradores.

Valores

Reputação ilibada

Seriedade na atuação

Respeito aos alunos e à equipe de trabalho

Qualidade de seus produtos

Modernização tecnológica de metodologia de ensino

Garantia de aprendizagem

Ética profissional

SEJA BEM VINDO!

BOM CURSO!

Telefone (41) 3323-3131 Sede Própria: Rua Desembargador Clotário Portugal, n° 39, Centro.

www.unipublicabrasil.com.br

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Programação

A Elaboração da folha de pagamento (parte 1)

1 Informações obrigatórias e acessórias

2 Demonstrativo de pagamento

3 Regras sobre descontos:

a) faltas

b) atrasos

c) decisão judicial (arresto, seqüestro, penhora, alimentícia...)

d) imposição legal

e) indenizações

f) reposições

4 Incidências:

a) FGTS

b) previdenciárias (RGPS e/ou RPPS)

c) IRRF

5 Composição remuneratória, para:

a) teto salarial

b) 13º salário (gratificação natalina)

c) 1/3 férias constitucional

d) adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade

e) adicional noturno

f) horas extras

6 Consignações obrigatórias e facultativas:

a) imposto de renda retido na fonte e RRA

b) contribuição previdenciária (RPPS e RGPS)

c) pensão alimentícia

d) saldo devedor do servidor

e) auxílio-transporte

Professor(a):

Ângela Renata Brunosky: Contadora, formada pela Universidade

Estadual de Ponta Grossa, especialista em Contabilidade Pública.

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A ELABORAÇÃO DA FOLHA DE

PAGAMENTO

(PARTE 1)

Ângela Renata Brunosky

A folha de pagamento é uma declaração mensal e coletiva dos créditos de

remuneração a que fazem jus todos os servidores do órgão ou entidade, nominalmente

identificados nesse documento. Na realidade, a folha de pagamento sintetiza os registros

efetuados no mês de referência no cadastro financeiro.

Para facilitar a elaboração da folha de pagamento, convém que os problemas relativos

às ausências dos servidores sejam resolvidos na oportunidade em que ocorrerem tais

ausências.

A bem dizer, a atividade de elaboração da folha de pagamento é diretamente

dependente da atividade de apuração de freqüência, daí por que a adoção do procedimento de

cômputo da freqüência de um mês para realização dos créditos de remuneração do mês

imediatamente subseqüente, ou seja, a freqüência apurada em março, por exemplo, é tomada

como base para cálculo dos créditos a serem liberados na folha de abril.

Encerrado o mês, verifica-se o número de faltas injustificadas que o servidor tenha

registrado, a fim de que se procedam os respectivos descontos.

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O aviso de crédito (contracheque) deverá conter o discriminativo das importâncias

pagas, dos valores descontados e do liquido a receber, registrados em campos próprios, para

facilitar a visualização e conferência dos cálculos.

Assim, o aviso de credito conterá, além da identificação funcional do seu destinatário

(matricula, nome , cargo, nível e local de trabalho), três campos distintos, na seguinte ordem:

1. VENCIMENTOS E VANTAGENS, que correspondem aos CRÉDITOS, abrangendo:

1.1.Valor bruto do vencimento atribuído ao cargo ocupado pelo servidor;

1.2.Gratificações pessoais reconhecidas, discriminadas por titulo (adicionais por tempo de

serviço, vantagem incorporada etc);

1.3.Gratificações de serviço (horas extras, gratificações outras);

1.4.Adicionais de insalubridade, periculosidade etc;

1.5.Salário família;

1.6.Outras vantagens legais;

1.7.Total bruto, representando a soma dos valores indicados nos itens acima.

2.DESCONTOS

2.1.Contribuição previdenciária;

2.2.Consignações autorizadas pelo servidor, indicando-se correspondentes títulos e valores;

2.3.Faltas injustificadas ao serviço;

2.4.Imposto de Renda na fonte;

2.5.Outros descontos legais;

2.6.Total das parcelas a serem descontadas.

3.LÍQUIDO A RECEBER

Subtrai-se do total bruto o total das parcelas a serem descontadas, obtendo-se, desta

forma, o valor liquido devido ao servidor.

Para o pagamento efetuado por crédito em conta corrente, a relação de líquidos

bancários será encaminhada ao estabelecimento financeiro credenciado, a quem caberá

realizar os créditos nas contas indicadas.

1. INFORMAÇÕES OBRIGATÓRIAS E ACESSÓRIAS

Os incisos III e IV do art. 32 da lei nº 8.212/91 referem-se ao cumprimento das

obrigações acessórias e principais relativas aos fatos geradores das contribuições

previdenciárias, bem como da disponibilização de toda a documentação que serviu de base

para a escrituração contábil. Dentre as informações cadastrais, financeiras e contábeis de

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interesses dos órgãos de fiscalização da Previdência e do Ministério da Fazenda, podemos

citar:

- Registro de empregados;

- GFIP – Guia de recolhimento do FGTS e informações à previdência social;

- GRFP – Guia de recolhimento da rescisão contratual e informações à previdência social;

- GPS – Guia da previdência social;

- DARF – Documento de arrecadação de receitas federais (recolhimento do IRPF)

- Holerites;

- CAGED – cadastro geral de empregados e desempregados;

- RAIS – relação anual de informações sociais;

- Rescisões de contratos de trabalho.

A folha de pagamento é composta de duas partes principais que são: vantagens ou

proventos e descontos.

a) Vantagens ou Proventos:

- salário;

- gratificações;

- comissões;

- horas extras;

- adicional de insalubridade;

- adicional de periculosidade;

- adicional noturno;

- férias;

- 13º salário;

- salário maternidade;

- salário família;

- ajuda de custo.

b) Descontos:

- adiantamentos;

- faltas injustificadas e atrasos;

- contribuição previdenciária;

- contribuição sindical;

- IRRF;

- vale transporte;

- pensão alimentícia;

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- empréstimos;

- plano de benefícios sociais.

Além desses dois elementos principais, a folha de pagamento deve indicar, também, o

valor líquido a ser pago aos segurados. Outras informações importantes também são

necessárias para a elaboração completa da folha de pagamento como: nome dos segurados,

identificação da empresa (nome e CNPJ), mês de referencia, total bruto da folha de

pagamento, total dos descontos, total líquido da folha, os encargos patronais de FGTS, INSS,

contribuições para terceiros, seguro de acidente de trabalho e total de encargos.

2. DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO

Exemplo:

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgou seu

demonstrativo de pagamento do mês de maio na internet. O documento encontra-se

hospedado no site do Tribunal Superior Eleitoral (STE), órgão do qual Cármen é presidente.

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3. REGRAS SOBRE DESCONTOS

Nos termos do art. 462 da CLT, somente poderão ser descontados do salário dos

empregados os adiantamentos e os descontos expressamente previstos em Lei ou convenção

coletiva. A legislação em vigor permite os seguintes descontos:

- adiantamentos (CLT, art. 462);

- falta injustificada e respectivo descanso semanal remunerado correspondentes àquela

semana;

- reparação por dano doloso (CLT, art. 462);

- reparação por dano culposo, desde que essa possibilidade tenha sido acordada (CLT, art.

462);

- contribuições previdenciárias e sindicais (CLT, art. 578)

- imposto de renda retido na fonte;

- prestação de alimentos (CPC, art. 734);

- pagamento de multa criminal (CP, art. 50);

- prestações correspondentes ao pagamento de dívidas contraídas para aquisição de unidade

habitacional no Sistema Financeiro de Habitação (Lei nº 5725/71, art. 1º);

- compensação por falta de aviso prévio do empregado demissionário (CLT, art. 487);

- adiantamento da 1ª parcela do décimo terceiro salário no caso da extinção do contrato de

trabalho, por justa causa, antes de 20 de dezembro (Lei nº 4749/65, art. 3º).

Os tribunais admitem outros descontos, a exemplo do desconto de assistência médico-

hospitalar, odontológica, de seguro, de previdência privada, de entidade cooperativa, etc.,

desde que haja autorização prévia e por escrito do empregado desde que não fique

configurada a existência de coação ou de outro defeito que torne o ato jurídico sem efeito,

conforme o disposto no enunciado 342 do TST.

Pode o empregador efetuar descontos nos salários dos empregados, desde que

observado o disposto no artigo 462 da CLT, que assim dispõe:

"Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado,

salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo."

Portanto, qualquer desconto sofrido pelo empregado, se legalmente previsto, não

implicará em prejuízo, alteração contratual ou fraude às leis trabalhistas.

As partes (empregado e empregador) deverão pactuar, com a devida anuência do

primeiro, todo e qualquer desconto salarial, não acarretando assim, alteração unilateral do

contrato individual de trabalho, prevista no artigo 468 da CLT.

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A responsabilidade por esta situação está nas mãos do Gestor de RH, a quem cabe,

antes de aceitar qualquer solicitação de desconto, orientar e alertar o empregador dos riscos

de se ter que devolver valores que foram descontados ilegalmente.

Há inúmeras situações em que as empresas, unilateralmente, acabam por descontar

valores nos salários dos empregados sem se precaverem da formalidade do desconto, seja

pela falta do documento que autoriza o desconto, seja pela falta de previsão legal,

convencional ou de acordo entre as partes.

A Súmula 342 do TST, por exemplo, estabelece que todo desconto para ser integrado

em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, seguro de vida, previdência

privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores,

em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, desde

que com autorização prévia e por escrito do empregado.

Esses tipos de descontos são os mais comuns e geralmente não comprometem a

legalidade perante a Justiça do Trabalho, pois as empresas já estão mais habituadas a estas

situações e são descontos voltados a beneficiar o trabalhador e sua família.

a) FALTAS

- Faltas justificadas:

São faltas que não serão descontadas da remuneração mensal. A Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT) prevê algumas faltas em que o trabalhador pode deixar de

comparecer ao serviço sem que a mesma seja descontada do salário. Essas faltas são

denominadas de faltas justificadas ou admissíveis. São casos em que a ausência do

trabalhador deve ser abonada, ou seja, o empregador tem que pagar pelo(s) dia(s) não

trabalhado(s):

Nos casos de contratos por prazo determinado:

- em caso de falecimento do cônjuge, ascendentes (pais, avós etc.), descendentes (filhos,

netos etc.), irmãos ou pessoas que, declaradas em documento, vivam sob dependência

econômica do empregado - é permitida a falta em até dois (2) dias consecutivos;

- na ocasião do casamento do empregado – é permitido faltar por três (3) dias seguidos;

- no decorrer da primeira semana do nascimento de filho – a falta é permitida por cinco (5)

dias;

- em caso de doação voluntária de sangue, devidamente comprovada - por um (1) dia em

cada doze (12) meses de trabalho;

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- para se alistar como eleitor, nos termos da lei respectiva - até dois (2) dias, consecutivos ou

não;

- quando o empregado tiver de se apresentar ao órgão de seleção do serviço militar

obrigatório ou cumprir demais exigências para o alistamento, também poderá faltar,

conforme a letra "c" do Artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço

Militar). Neste caso, a comprovação deve ser fornecida pelo respectivo órgão;

- nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para

ingresso em estabelecimento de ensino superior;

- quando o empregado for arrolado ou convocado para comparecer à Justiça como

testemunha poderá faltar as horas que forem necessárias;

- por motivo de doença, com a apresentação de atestado médico;

- por motivo de gravidez, dispensa do horário de trabalho para a realização de, no mínimo, 6

consultas médicas e demais exames complementares.

Nos casos de servidores efetivos:

- em caso de falecimento de ascendentes (avós, etc.), descendentes (netos etc.), irmãos ou

pessoas que, declaradas em documento, vivam sob dependência econômica do empregado - é

permitida a falta em até dois (2) dias consecutivos;

- em caso de falecimento do cônjuge, filhos e pais é permitida a falta em até dois (8) dias;

- na ocasião do casamento do empregado pelo prazo de 8 dias;

- na ocasião do casamento do empregado – é permitido faltar por três (3) dias seguidos;

- no decorrer da primeira semana do nascimento de filho – a falta é permitida por cinco (5)

dias;

- em caso de doação voluntária de sangue, devidamente comprovada - por um (1) dia em

cada doze (12) meses de trabalho;

- para se alistar como eleitor, nos termos da lei respectiva - até dois (2) dias, consecutivos ou

não;

- quando o empregado tiver de se apresentar ao órgão de seleção do serviço militar

obrigatório ou cumprir demais exigências para o alistamento, também poderá faltar,

conforme a letra "c" do Artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço

Militar). Neste caso, a comprovação deve ser fornecida pelo respectivo órgão;

- nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para

ingresso em estabelecimento de ensino superior;

- quando o empregado for arrolado ou convocado para comparecer à Justiça como

testemunha poderá faltar as horas que forem necessárias;

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- e, a partir de 12.05.2006, por força da Lei 11.304/2006, pelo tempo que se fizer necessário,

quando, na qualidade de representante de entidade sindical, o trabalhador estiver participando

de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro.

- Por motivo de doença, com a apresentação de atestado médico.

- Por motivo de gravidez, dispensa do horário de trabalho para a realização de, no mínimo, 6

consultas médicas e demais exames complementares.

As faltas podem acarretar em prejuízo nos benefícios (14º, férias, prêmio assiduidade,

etc.)

Leis: artigos 471 a 476 da CLT e Lei Orgânica do Município, inciso XIX art. 7º da

CF, e art. 10, § 1, do Ato das Disposições Constituições Transitórios – ADCT.

- Faltas injustificadas:

São faltas que serão descontadas dos vencimentos mensais. As faltas injustificadas

são aquelas que não estão relacionadas no item anterior, bem como as faltas relacionadas

acima quando não há a apresentação de documento que comprove sua legitimidade. As faltas

acarretam em prejuízo nos benefícios (14º, férias, prêmio assiduidade, etc.)

Leis: artigos 471 a 476 da CLT e Lei Orgânica do Município.

Conforme verificamos, quando o empregado falta ao trabalho por motivo

justificado, de acordo com o previsto na Legislação, terá suas faltas abonadas e não

interferirão no decorrer do seu contrato de trabalho.

Já quando o empregado falta sem justificativa admitida pela Legislação, ou seja,

com algum amparo legal, pode trazer consequências, como, por exemplo, o período de

férias também é reduzido em razão do número de faltas injustificadas, redução para

perceber o décimo terceiro salário e até mesmo um agravo maior, demissão por justa

causa.

Empregador e empregado devem ficar atentos à Legislação, para que ambos

possam desfrutar de seus direitos e deveres.

Jurisprudências:

DESCONTO FALTAS JUSTIFICADAS - DEVOLUÇÃO. Não tendo a empresa

sequer provado que o reclamante faltara ao trabalho, já que não trouxe aos autos o controle

de frequência do autor, correta a sentença que determinou a devolução dos descontos

efetuados no salário do empregado a título de faltas injustificadas. Nº processo: 00202/2006-

005-07-00-9. Acordão de Tribunal Regional do Trabalho - 7ª Região (Fortaleza), 1º Turma,

11 de Janeiro de 2007.

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DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA - DESÍDIA - FALTAS INJUSTIFICADAS -

CABIMENTO. As reiteradas faltas do empregado ao serviço, sem justificativa, ensejam

a penalidade de dispensa por justa causa, mormente quando o empregador observa a

gradação na aplicação das penalidades, sem a presumida retratação do obreiro.

Recurso ordinário não provido, por unanimidade. TRT-24 - RECURSO ORDINARIO:

RO 915006020085247 MS 91500-60.2008.5.24.7.

b) ATRASOS

Assunto frequente do cotidiano empresarial, o atraso do empregado ao serviço sempre

causa dúvidas entre os profissionais de RH e também aos funcionários.

Trazemos uma aqui uma visão interpretativa da fundamentação legal desta matéria,

seguida de algumas soluções práticas para casos comuns.

- Fundamentação Legal: Artigo 58 E § 1º da CLT.

A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) traz em seu artigo 58 e § 1º, o seguinte:

“Art. 58 – A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade

privada, não excederá de 08 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente

outro limite.

§ 1º – Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as

variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o

limite máximo de dez minutos diários”

- Alteração Promovida pela Lei 10.243/2001:

A Lei n.º 10.243, de 19.06.2001, publicada no de DOU 20.06.2001, foi que

acrescentou o parágrafo 1º ao artigo 58 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), para

dizer, dentre outras coisas, que os atrasos dos empregados teriam sua tolerância quanto à

possibilidade de desconto salarial.

- Atrasos não Excedentes de Cinco Minutos:

Não serão descontadas do empregado que se atrasa ao serviço, as variações de horário

no registro de ponto não excedentes de cinco minutos.

- Limite de Dez Minutos Diários:

As variações de horário no registro de ponto que representem atraso do empregado

para chegar ao trabalho, que não excedam cinco minutos na jornada do dia, não serão

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descontadas desde que também seja observado o limite máximo de dez minutos no mesmo

dia.

- Impossibilidade de retornar o empregado à residência por atraso superior a quinze

minutos:

Os empregados que se atrasam mais do que quinze minutos para voltar ao trabalho

não podem ser mandados de volta para suas casas. Trata-se de um mito que prevalece até

hoje e que precisa ser derrubado. A empresa que insistir neste procedimento será condenada a

pagar o restante do dia que o empregado foi impedido de trabalhar, e de indenização por

danos morais no próprio processo de reclamatória trabalhista, na forma da súmula 392 do

TST (Tribunal Superior do Trabalho):

“SÚMULA 392 DO TST: DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 327 da SBDI-1) – Res. 129/2005,

DJ 20, 22 e 25.04.2005. Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é

competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando

decorrente da relação de trabalho. (ex-OJ nº 327 da SBDI-1 – DJ 09.12.2003)”.

- Vedação para compensação com banco de horas:

Por definição legal na forma do artigo 59, § 2º, da CLT, o banco de horas é a

compensação de horas extras com posterior descanso.

Sendo assim, torna-se impossível compensar os atrasos do empregado ao serviço com

o desconto de horas para descanso acumulados no banco.

Agindo desta forma a empresa estaria contrariando totalmente a Consolidação das

Leis do Trabalho, tornando-se passível de aplicação de multa pelo Ministério do Trabalho de

no mínimo de 37, 8285 a 3.782,8472 UFIRs, dobrado na reincidência, oposição, ou desacato.

Tudo isto, de acordo com a Portaria MTE 290/97.

- Proibição de compensação com férias:

As férias constituem um direito inamovível do empregado, e não podem ser reduzidas

a menos que o mesmo tenha se ausentado injustificadamente no período aquisitivo, ou seja,

que não tenha justificado suas faltas por atestados médicos (Decreto 27.048/49, artigo 12).

Desta forma, os minutos e horas de atrasos não podem diminuir as férias. Somente os

dias de faltas sem justificação é que poderiam reduzir as férias, no modo do artigo 130 e § 1º

da CLT.

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SÚMULA Nº 366 DO TST: As orientações jurisprudenciais da SDI – 1 (Sessão de

Dissídios Individuais – 1) nºs 23 e 326 foram convertidas na súmula 366 do TST (Tribunal

Superior do Trabalho):

“SÚMULA 366 DO TST: CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS.

MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (conversão

das Orientações Jurisprudenciais nºs 23 e 326 da SDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e

25.04.2005. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as

variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o

limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como

extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal. (ex-Ojs da SDI-1 nºs 23 – inserida

em 03.06.1996 – e 326 – DJ 09.12.2003)”.

- Metodologia de controle de atrasos:

É correto afirmar que a única metodologia eficaz para o controle dos atrasos a fim de

precisar exatamente os minutos ou horas de desídia, e aplicar penalidades disciplinares

e descontos, é o controle de jornada de trabalho.

Seja este controle manual, mecânico, ou eletrônico, deve servir às empresas que tem

mais ou menos de dez empregados por estabelecimento, para atingir a finalidade de coibir

atrasos.

O artigo 74, e § 2º da CLT traz o controle de jornada obrigatório para empresas com

mais de dez empregados por estabelecimento. Todavia, sabemos que se a empresa quiser

estabelecer um controle preciso de seus trabalhadores, deverá impor o controle de horário de

trabalho a qualquer número de empregados, com a liberdade de escolher a forma de exercê-lo

(cartão-ponto, livro-ponto ou SERP – Sistema de Registro Eletrônico de Ponto).

- Lei Orgânica do Município:

A Lei Orgânica do Município não pode conter cláusulas mais rígidas do que o artigo

58 e § 1º da CLT, quanto a não descontar os atrasos do empregado nas variações de horário

no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez

minutos diários.

Como forma de disciplinamento dos empregados, a Lei Orgânica não pode ser mais

rigorosa do que a lei trabalhista vigente.

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- Aplicação de penalidades:

Penalidades disciplinares, tal como a advertência por escrito, deve ser aplicada como

forma de conter o abuso dos empregados quanto ao permanente estado de atrasos ao serviço,

cumulado com o desconto das horas e/ou minutos do salário, e ainda o desconto do descanso

semanal remunerado.

Por outro lado, a suspensão, será tratada como dupla penalização.

c) DECISÃO JUDICIAL (ARRESTO, SEQUESTRO, PENHORA,

ALIMENTÍCIA, ETC.)

Ante a proteção constitucional e o caráter alimentar dos vencimentos, salários e

subsídios, a legislação não admite sua penhora, arresto ou seqüestro (arts. 649, IV, 821 e 823,

CPC). Nas relações de emprego, tem-se o princípio da intangibilidade salarial.

A preocupação do constituinte com a subsistência do servidor fizeram com que os

créditos de natureza alimentar fossem excluídos do sistema geral de pagamento dos créditos

contra a fazenda pública – sistema de precatórios, assim considerados aqueles decorrentes de

salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios

previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil,

em virtude de sentença transitada em julgado (art. 100, § 1º-A, CF).

O subsídio não foi previsto expressamente pelo constituinte no § 1º-A do art. 100,

mas, considerando a sua natureza remuneratória e alimentar, não há motivos para que

créditos dele decorrentes também não sejam postos fora do sistema de precatório geral.

Também é absolutamente impenhorável a quantia depositada em caderneta de

poupança até o limite de 40 salários-mínimos (art. 649, X).

Dentro do sistema de proteção, o art. 114, Lei nº 8213/91, prevê que o benefício

previdenciário, exceto quanto a valor devido à Previdência Social, a descontos autorizados

por lei e derivados da obrigação de prestar alimentos reconhecida em sentença judicial, “não

pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro, sendo nula de pleno Direito a sua venda ou

cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes

irrevogáveis ou em causa própria para o seu recebimento.”

O próprio legislador excepcionou a regra do Código de Processo Civil, ao admitir a

penhora no caso de pagamento de prestação de natureza alimentícia (art. 649, § 1º, CPC, com

redação da Lei nº 11.382/06).

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Poderá também sofrer seqüestro ou perdimento de bens o servidor que pratique crime

que resulte em prejuízo para a Fazenda Pública ou que promova seu enriquecimento ilícito

(arts. 16 a 18, Lei nº 8.429/92).

Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens

inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia (art. 650, CPC, com a

nova redação dada pela Lei nº 11.382/06).

O entendimento jurisprudencial dominante é no sentido de que a proteção salarial é

absoluta, não admitindo exceções, além das hipóteses expressamente previstas em lei.

“MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA SOBRE PARTE DOS SALÁRIOS.

ILEGALIDADE. Os salários são alcançados pela impenhorabilidade absoluta prevista no

artigo 649, inciso IV, do Código de Processo Civil. Portanto, reveste-se de ilegal a

determinação de penhora dos salários recebidos por sócio da empresa Executada, ainda que

limitada a determinado percentual dos valores recebidos mensalmente. Recurso ordinário

conhecido e provido” (TST – SDI-II – ROMS nº 284.2006.000.10.00 – Rel. Min. Emmanoel

Pereira – j. 20/11/2007 – DJ 14/12/2007).“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE

SEGURANÇA. ORDEM DE PENHORA DE PROVENTOS DE APOSENTADORIA DAS

EXECUTADAS. CABIMENTO DO WRIT. IMPOSSIBILIDADE DA PENHORA. VEDAÇÃO

EXPRESSA NO INCISO IV DO ART. 649 DO CPC. Recurso Ordinário interposto contra

acórdão que extinguiu o feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC,

por considerar incabível no caso dos autos o mandado de segurança contra ato da Juíza da

5ª Vara do Trabalho de Goiânia que determinou a penhora e o bloqueio de 10% (dez por

cento) dos proventos mensais das Executadas, considerando haver recurso próprio para

atacá-lo. Este TST tem admitido que se ultrapasse a barreira de cabimento do writ em

hipóteses excepcionais onde a inexistência de remédio jurídico imediato possa causar dano

de difícil reparação e seja flagrante a ilegalidade ou abusividade do ato impugnado. O art.

649, IV, do CPC contém norma imperativa que não admite interpretação ampliativa, no

sentido de se permitir a penhora de salários e proventos do executado, para pagamento de

créditos trabalhistas, ainda que considerada a sua natureza alimentar. Recurso Ordinário

provido” (TST – SDI-II – ROMS nº 407.2005.000.18.00 – Rel. Min. José Simpliciano

Fontes de F. Fernandes – j. 13/3/2007 – DJ 23/3/2007).

“PROVENTOS DE APOSENTADORIA. IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA. Nos

termos do art. 649, inciso IV, do CPC, de aplicação subsidiária à esfera trabalhista,

consoante o art. 769/CLT, são absolutamente impenhoráveis os vencimentos, subsídios,

soldos, salários, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias

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recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os

ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal. A

impenhorabilidade absoluta dos bens enumerados no art. 649 do CPC é norma de ordem

pública, não subsistindo a penhora sobre valores que decorrem de remuneração, salário,

aposentadoria ou pensão paga a qualquer título, pois provisão de subsistência do seu

beneficiário. Ademais, a pretensão do exeqüente encontra óbice nos termos do artigo 114 da

Lei 8213/91, in verbis: „o benefício não pode ser objeto de penhora, arresto ou seqüestro,

sendo nula de pleno Direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre

ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria para o seu

recebimento‟. Recurso a que se nega provimento” (TRT – 3ª R – 4ª T – Proc. nº

00746.1995.032.03.00.1 – Rel. Júlio Bernardo do Carmo – DJMG 12/10/2007 – p. 14).

Independentemente de alterações legais, no curso da execução trabalhista, é possível

da penhora parcial do salário, vencimentos, aposentadoria e pensão em situações

excepcionais, como ocorre quando o mesmo é do empregador que deixou de cumprir as

obrigações trabalhistas e não existem outros bens a serem penhorados.

Justificam a nossa posição os preceitos constitucionais de valorização do trabalho

humano, bem como a natureza alimentar do crédito e sua abrangência definida no art. 100-A,

§ 1º-A, da CF, a efetividade das decisões judiciais, o princípio da razoabilidade e a

responsabilidade pelo cumprimento da obrigação trabalhista (art. 50, CC).

A restrição legal de impenhorabilidade não pode ser vista de forma absoluta dentro do

sistema jurídico. Não se pode admitir a prevalência de um bem jurídico protegido pelo

sistema normativo sobre outro bem jurídico também protegido pelo sistema.

A penhora parcial do salário deve observar o quantum recebido mensalmente e o

valor devido podendo, inclusive, ser fixada em prestações mensais, até a devida satisfação do

crédito trabalhista que esteja sendo executado.

Nesse sentido, temos algumas decisões dos Tribunais Regionais do Trabalho:

“PENHORA EM SALÁRIO. PAGAMENTO DE DÍVIDA TRABALHISTA. ART. 649,

IV, DO CPC. Quando o art. 649, IV, do CPC, determina a impenhorabilidade dos salários,

faz a ressalva quanto ao pagamento de prestação alimentícia. A interpretação da expressão

„prestação alimentícia‟ deve ser buscada no art. 100, § 1º-A, da Constituição Federal.

Assim, e em face dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, é passível de

penhora os salários do executado quando a dívida se refere ao pagamento de títulos

trabalhistas, no limite de 15% do valor salarial percebido pelo executado, mensalmente, até

a integral satisfação do crédito exeqüendo” (TRT – 3ª R – 3ª T – Proc. nº

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00634.2002.022.03.00.3 – Rel. César Pereira da Silva Machado Júnior – DJMG 24/6/2006 –

p. 8).

“MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA. CONTA-SALÁRIO. Embora o art. 649,

IV, do CPC verse acerca da ilegalidade da penhora salarial, este Relator entende que a

imunidade versada no dispositivo civil adjetivo não pode ter aplicação ampla irrestrita em

sede trabalhista, por uma só razão: se de natureza alimentícia se reveste o salário do

executado, esta é também e exatamente a qualidade inerente ao crédito exeqüendo. Creio,

ademais, que tão-logo transferida à entidade bancária a remuneração perde sua

intangibilidade, deixa de se revestir de tais honras, passando a configurar numerário

comum, sujeito a gravame, cf. Precedente 60, da SDI-2/TST. Ademais, a impenhorabilidade

não é regra absoluta, devendo ser examinado individualmente cada caso. Invocando a

sabedoria popular „sempre pertinente –, de que não se pode despir um santo para vestir

outro, limito a 50% do saldo a ordem de penhora da conta-salário‟” (TRT – 3ª R – SDI –

MS nº 00461.2005.000.03.00.9 – Rel. Fernando Antonio Veigas Peixoto – DJMG 15/7/2005

– p. 6).

“EXECUÇÃO TRABALHISTA. PENHORA DE SALÁRIO. PERCENTUAL. O

bloqueio judicial de 20% do salário da Executada para o pagamento de débitos trabalhistas

não viola o princípio da dignidade da pessoa humana, pois visa resguardar as condições de

sustento e sobrevivência do Exeqüente, possuindo também natureza alimentícia. Ademais,

esta Egrégia Turma vem decidindo no sentido de que a penhora referente a 30% do salário

está em consonância com as disposições legais e constitucionais que regem a matéria.

Recurso a que se nega provimento” (TRT – 10ª R – 1ª T – AP nº 01317-1998-018-10-00-0 –

Rel. Oswaldo Florêncio Neme Junior – J. 13/9/2006).

“MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA DE SALÁRIO EXISTENTE EM

CONTA-CORRENTE BANCÁRIA. POSSIBILIDADE A EGR – 2. Seção Especializada desde

Regional firmou posicionamento no sentido de que a penhora mensal de parcela até 30% do

salário do Executado, respeitado o limite do valor da execução, não configura ofensa ao

inciso IV do artigo 649 do CPC. Tal entendimento se assenta no fato da penhora realizada

nessas circunstâncias visar o pagamento de parcela de mesma natureza daquela penhorada,

qual seja: Salário. Além disso, a incidência da penhora apenas sobre pequeno percentual do

salário do devedor, preserva seu poder aquisitivo frente a suas necessidades básicas, bem

como garante ao empregado credor a satisfação das mesmas necessidades vitais (Precedente

- MS 00347-2005-000- 10-00-0 - Redator Designado Juiz Pedro Foltran - Julgado em

14.03.2006). Ordem denegada” (TRT –10ª R – 2ª SE – MS nº 00106-2006-000-10-00-2 –

Relª Heloisa Pinto Marques – j. 4/7/2006).

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“DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. PENHORA DE BENS

DOS SÓCIOS. ESGOTAMENTO DOS MEIOS CONTRA A PESSOA JURÍDICA.

PROCEDIMENTO. NÃO ENCONTRADOS BENS PERTENCENTES À PESSOA JURÍDICA,

AUTORIZADA ESTÁ A CONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO DOS SÓCIOS. O pedido do

benefício de ordem formulado pelo sócio deve vir acompanhado do endereço e da indicação

de bens da pessoa jurídica suficientes para o pagamento da dívida, do contrário, a alegação

cai no vazio e não pode ser atendida. Sendo este o caso dos autos, não há como atender a

pretensão da agravante. Penhora de salários para saldar dívida trabalhista. Possibilidade.

Legalidade. A impenhorabilidade prevista no art. 649, IV, do CPC, cede na presença de

débito de natureza alimentícia. Os créditos trabalhistas têm natureza alimentícia (art. 100.

1º-a, da CF), portanto, autorizada está a penhora de salários para saldá-los. A

determinação de penhora de trinta por cento dos salários da executada para saldar dívida

trabalhista está em consonância com as disposições legais que regem a espécie, não havendo

falar em violação dos artigos 5º, II, LIV, LV, da CF e 649, IV, do CPC. Agravo conhecido e

não provido” (TRT – 10ª R – 1ª T – AP nº 01185-1998-015-10-00-7 – Relª Cilene Ferreira

Amaro Santos – j. 22/3/2006).

“Penhora de salários para saldar dívida trabalhista. Possibilidade. Legalidade. A

impenhorabilidade prevista no artigo 649, IV, do CPC, cede na presença de débito de

natureza alimentícia. Os créditos trabalhistas têm natureza alimentícia (artigo 100, § 1º-A,

da CF), portanto, autorizada está a penhora de salários para saldá-los. A determinação da

penhora de trinta por cento dos salários da executada para saldar dívida trabalhista está em

consonância com as disposições legais que regem a espécie, não havendo falar em violação

dos artigos 5º, II, LIV, LV, da CF e 649, IV, do CPC. Agravo conhecido e não

provido” (TRT – 10ª R – 1ª T – AP nº 1002/2001.007.10.85-8 – Relª. Cilene Ferreira A.

Santos – DJDFJ 2/12/2005 – p. 7).

“Salário. Impenhorabilidade. Possibilidade. A norma contida no art. 649, IV, do

CPC, tem o condão de proteger o trabalhador, impedindo que se avilte o seu direito ao

salário. Entretanto, a natureza prospectiva das normas permite ao julgador reavaliar seu

entendimento para melhor adequação da norma frente ao contexto social. Não havendo

dúvida sobre a natureza jurídica do crédito trabalhista, possível é a penhora de parcela do

salário para pagamento de crédito trabalhista, desde que observado o respeito a um mínimo

que garanta a subsistência do devedor. Recurso conhecido e ao qual se nega

provimento” (TRT – 10ª R – 2ª T – Proc. nº 1400/1997.001.10.00-6 – Rel. Mário Macedo F.

Caron – DJ 12/5/2006 – p. 23).

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“Penhora sobre salário. Possibilidade. A impenhorabilidade absoluta dos salários

prescrita no art. 649, IV, do CPC encontra exceção exclusivamente nas prestações

alimentícias. Sendo incontestável o caráter alimentício do crédito do exeqüente, correto o

enquadramento desse na exceção prevista na citada norma. Agravo de petição conhecido e

desprovido” (TRT – 10ª R – 3ª T – Proc. nº 941/1998.018.10.00-0 – Rel. Braz Henriques de

Oliveira – DJ 17/3/2006 – p. 27).

“Penhora em conta corrente destinada ao recebimento de aposentadoria. Crédito de

natureza alimentar. Exceção à regra. A impenhorabilidade dos vencimentos e pensões dos

servidores públicos é excepcionada pela própria lei quando o crédito for de natureza

alimentar, neste incluído o decorrente de sentença trabalhista, como preconizado no § 1º-A

do artigo 100 da Constituição da República” (TRT – 15ª R – 1ª T – Proc. nº

499.199.019.15.00-1 – Rel. Eduardo B. de O. Zanella – DJSP 6/5/2005 – p. 12).

A 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, quando da análise de um

caso concreto, determinou a penhora parcial dos subsídios recebidos por um vereador (Proc.

nº 01931.2000.079.03.00.5 – Rel. Bolívar Viégas Peixoto – j. 17/5/2006 – DJMG 3/6/2006 –

p. 9).

d) IMPOSIÇÃO LEGAL

Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá

sobre a remuneração ou provento.

Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em

folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de

custos, na forma definida em regulamento.

Lei Nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990

e) INDENIZAÇÕES E REPOSIÇÕES

As hipóteses mais comuns em que a administração pública efetua ou tenta efetuar

restituição ou reposição de valores são as seguintes:

a) valores recebidos em razão de decisão liminar, tutela antecipada ou sentença revogada ou

rescindida;

b) erro quanto à apuração das parcelas remuneratórias;

c) erro da administração no processamento da folha;

d) interpretação errônea da administração quanto a determinado dispositivo legal;

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e) desacerto na interpretação ou má aplicação da Lei pela administração;

f) valores pagos em duplicidade pela administração, por erro de procedimento;

g) prática de ato de improbidade administrativa pelo servidor;

h) contribuição do servidor para o cometimento de equívocos que importem em concessão de

vantagens ilícitas e indevidas; e,

i) dolo ou má-fé do servidor.

Normalmente o fundamento da atuação estatal é o art. 46, caput e parágrafos, da Lei

n.° 8.112/90. Em suas redações originais, os dispositivos legais estabeleciam que:

art. 46. As reposições e indenizações ao erário serão previamente comunicadas ao servidor e

descontadas em parcelas mensais em valores atualizados até 30 de junho de 1994.

§ 1º A indenização será feita em parcelas cujo valor não exceda dez por cento da

remuneração ou provento.

§ 2º A reposição será feita em parcelas cujo valor não exceda 25% da remuneração ou

provento.

§ 3º A reposição será feita em uma única parcela quando constatado pagamento indevido no

mês anterior ao do processamento da folha.

No entanto, a Medida Provisória n.º 2.225-45/2001 (DOU 05.09.2001 - Ed. Extra),

em vigor conforme o art. 2º da Emenda Constitucional n.º 32/2001, deu nova redação aos

dispositivos, que passaram a estabelecer o seguinte:

art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão

previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento,

no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1º O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da

remuneração, provento ou pensão.

§ 2º Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da

folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 3º Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimento a decisão liminar, a

tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados

até a data da reposição.

Pois bem. Não obstante o princípio da legalidade, que deve nortear e pautar toda a

atuação da administração pública, entendemos que existem, ainda, duas outras questões a

serem devidamente valoradas e consideradas quando da implementação da restituição,

reposição ou indenização ao erário de valores recebidos "indevidamente" por servidores: o

princípio da boa-fé e a natureza dos valores recebidos "indevidamente".

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Em que pese o teor do art. 46, caput e parágrafos, da Lei n.º 8.112/90, que possibilita

e autoriza expressamente (na nova redação), inclusive, o desconto dos valores recebidos

pelos servidores públicos em virtude de liminar, tutela antecipada, sentença/acórdão

rescindido, mister deixarmos consignado que o referido dispositivo fere o princípio da boa-fé

e o ordenamento jurídico vigente, além de por em risco até a segurança jurídica.

Ora, a interpretação literal das normas, tal como normalmente defende a

administração pública, é inaceitável atualmente. Deve-se buscar a integração de todo o

ordenamento jurídico, valorizando-se a boa-fé e a segurança jurídica.

A norma legal deve ser interpretada levando-se em conta todas as leis vigentes e, em

especial, a Constituição Federal e os princípios do direito, entre os quais está incluído o da

boa-fé.

Assim, e apesar de estar esculpido no caput do art. 37 da Constituição Federal que a

administração pública obedecerá ao princípio da legalidade, o princípio da boa-fé, na

qualidade de princípio jurídico, deve ser observado e sobreposto em relação aquele, conforme

as regras de hermenêuticas. Deve ser feito, em cada caso concreto, a ponderação de interesses

e princípios.

Portanto, de acordo com o ordenamento jurídico vigente, entendemos que, nesse

particular, o princípio da boa-fé deve prevalecer em relação ao da legalidade na atuação da

administração pública.

Esse é o entendimento do eminente Professor e Juiz Federal Edílson Pereira Nobre

Júnior:

Da mesma maneira, a sujeição à legalidade não motiva o afastamento do Poder Público das

exigências da boa-fé, justamente porque, numa perspectiva mais larga e atual, o cânon da

legalidade exprime a concepção de conformidade ao Direito (universo sabidamente mais

vasto que o dos atos legislativos e regulamentares), ou como sentencia Eduardo García de

Enterría & Tomás Rámon Fernandes, "os atos e disposições da Administração, todos devem

"submeter-se ao Direito", devem ser "conformes" ao Direito.

Em outra passagem, na mesma obra, o ilustre Professor observa que:

Embora se constate ponto de vista divergente, a jurisprudência, de forma majoritária,

prestigia a interpretação que, em razão da boa-fé, apregoa o abrandamento do rigor que a

Administração tem procurado legar ao art. 46 da Lei 8.112/90. Pode-se referenciar algumas

situações concretas: (...) h) a suspensão de decisão liminar, em virtude de recurso de

pessoa jurídica de direito público, não permite que esta desconte dos vencimentos do

servidor as importâncias que este auferira por força de ato judicial, uma vez tratar-se

de recebimento de boa-fé. (negrito acrescido).

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As lições transcritas acima são plenamente aplicáveis à situação em análise, uma vez

que nem todos os valores recebidos e tidos posteriormente como "indevidos" devem ser

restituídos.

Em muitos casos, inclusive naqueles referidos expressamente no art. 46, §3º, da Lei

n.° 8.112/90 (decisão liminar, tutela antecipada ou sentença revogada ou rescindida), embora

se conclua posteriormente que os valores pagos não eram devidos aos servidores, entendemos

que não pode haver restituição, afinal, durante o período em que os servidores receberam os

valores havia uma decisão judicial que assegurava este direito. Portanto, os valores recebidos

por servidores em razão de decisão judicial posteriormente reformada não devem ser

restituídos ao erário.

O mesmo deve ocorrer com valores "indevidamente" pagos nas seguintes hipóteses:

a) erro quanto à apuração das parcelas remuneratórias;

b) erro da administração no processamento da folha;

c) interpretação errônea da administração quanto a determinado dispositivo legal;

d) desacerto na interpretação ou má aplicação da Lei pela administração; e,

e) valores pagos em duplicidade pela administração, por erro de procedimento.

Portanto, caso a administração pública constate que está havendo um erro no

pagamento da remuneração de um determinado servidor, com pagamento a maior, aquela tem

o poder-dever de corrigir o equívoco; no entanto, os efeitos financeiros devem ser

corrigidos ex nunc, ou seja, para o futuro, com a supressão da parcela ou valor excedente ao

efetivamente devido. Não pode haver, assim, restituição ou reposição do que já foi recebido

pelo servidor de boa-fé.

No âmbito da administração pública federal, os casos de pagamentos indevidos feitos

em decorrência de desacerto na interpretação ou má aplicação da Lei estão devidamente

regulados pela Lei n.º 9.784/99, nos seguintes termos:

Art. 2º. (...)

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios

de:

(...)

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do

fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. (destaques

acrescidos)

Assim, nos casos em que há desacerto na interpretação ou má aplicação da Lei pela

administração pública, a nova ou correta interpretação não pode retroagir para alcançar

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situações já consolidadas. A correção, no caso, também deve ser ex nunc, ou seja, para o

futuro.

Dessa forma, como os servidores agiram, nesses casos, de boa-fé, ou seja, agiram de

forma leal e honesta, da maneira como agiria um homem normal na mesma circunstância,

entendemos que os valores percebidos não podem nem devem ser restituídos aos cofres

públicos, integrando, assim, de forma definitiva o patrimônio jurídico daqueles. Ademais,

segundo a mais balizada doutrina, a boa-fé do servidor público para com a administração é

presumida, cabendo a esta a prova da má-fé.

Além disso, não podemos esquecer que os vencimentos dos servidores públicos têm

natureza alimentar, sendo, por isso, irrepetíveis e irrestituíveis, conforme remansosa doutrina

e jurisprudência. Os vencimentos são, na verdade, consumíveis.

Os Tribunais brasileiros têm adotado, em reiteradas manifestações, o entendimento

ora defendido. Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO – ADICIONAL DE INSALUBRIDADE – BENEFÍCIO

RECEBIDO DE BOA-FÉ – INEXIGIBILIDADE DE REPOSIÇÃO AO ERÁRIO –

REMESSA OFICIAL IMPROVIDA – A disposição contida no art. 46, da Lei nº 8.112/90,

que trata das hipóteses de reposição e indenização ao erário, não autoriza a Administração a

proceder ao desconto em folha de pagamento. Os valores percebidos de boa fé pelo servidor,

seja por erro da Administração, seja em razão de decisão judicial posteriormente reformada,

não se submetem a reposição. Precedentes desta Corte. Remessa Oficial improvida. (TRF 5ª

R. – REOMS 2005.82.00.010397-0 – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Conv. Ivan Lira de Carvalho –

DJU 27.02.2007 – p. 605)

CONSTITUCIONAL – ADMINISTRATIVO – PROFESSOR COM DEDICAÇÃO

EXCLUSIVA – OUTRO VÍNCULO – IMPOSSIBILIDADE – RECEBIMENTO

INDEVIDO – DEVOLUÇÃO DE VALORES PERCEBIDOS DE BOA-FÉ –

IMPOSSIBILIDADE DE DESCONTOS COM BASE NO ART. 46, DA LEI Nº 8.112/90 –

Os valores pretéritos percebidos de boa-fé, a título de acumulação de cargos não devem ser

descontados do servidor, pois que percebidos por interpretação errônea da Administração.

Constatado o equívoco no pagamento dos valores, os efeitos financeiros devem ser corrigidos

ex nunc. Remessa oficial improvida. (TRF 5ª R. – REOMS 2006.82.00.001882-0 – 4ª T. –

Rel. Des. Fed. Marcelo Navarro Ribeiro Dantas – DJU 09.02.2007 – p. 591) JRJU.46

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. DESCONTO EM FOLHA DE

PAGAMENTO REFERENTE A PAGAMENTO EFETIVADO EM VIRTUDE DE

DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E REFORMADA POR MEIO

DE AÇÃO RESCISÓRIA. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES

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RECEBIDOS POR FORÇA DE SENTENÇA. O PERICULUM IN MORA ESTÁ

CONFIGURADO JÁ QUE OS VENCIMENTOS E VANTAGENS DEVIDOS AOS

SERVIDORES PÚBLICOS CONSTITUEM DÍVIDA DE VALOR, COM NÍTIDA

NATUREZA ALIMENTAR. A FUMAÇA DO BOM DIREITO TAMBÉM ESTÁ

PRESENTE NA MEDIDA EM QUE NÃO EXISTE PREVISÃO LEGAL QUE AUTORIZE

O REFERIDO DESCONTO. AGRAVO PROVIDO. (TRF - QUINTA REGIÃO Classe: AG

- Agravo de Instrumento – 26808 - Processo: 9905625739 UF: PB Órgão Julgador: Segunda

Turma - Data da decisão: 02/05/2000 Documento: TRF500042248 - DJ DATA:27/10/2000

PAGINA:1569 – Rel. Desembargador Federal Lazaro Guimarães) (destaques acrescidos).

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.

VERBA ALIMENTAR. IMPOSSIBILIDADE. - Remessa necessária e apelações em

mandado de segurança, interpostas pelo IBAMA, INCRA e União Federal, face à sentença

que concedeu a segurança pleiteada, para que as autoridades impetradas deixem de

efetuar descontos nos vencimentos dos Apelados, a título de ressarcimento ao erário, de

valores recebidos por força de decisão judicial transitada em julgado que,

posteriormente, fora desconstituída por força de ação rescisória. - Legitimidade das

autoridades apontadas como coatoras, eis que as mesmas são as responsáveis concretas, em

virtude das funções que exercem, pela prática dos atos impugnados, bem como possuem

poderes de se absterem de praticá-los. - Afastado o alegado cerceamento de defesa, tendo em

vista a desnecessidade de produção de provas na presente ação, por se tratar de matéria

meramente de direito. - Diante do caráter alimentar da verba, recebida de boa-fé,

verifica-se a impossibilidade da devolução, conforme precedentes do Supremo Tribunal

Federal. - Recursos e remessa necessária improvidos." (Origem: TRF - SEGUNDA

REGIÃO Classe: AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA – 43671

Processo: 200202010209431 UF: ES Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA Data da decisão:

17/12/2002 Documento: TRF200093272 - DJU DATA:14/05/2003 PÁGINA: 64 – Rel.

JUIZA REGINA COELI M. C. PEIXOTO)" (destaques acrescidos).

Esse também é o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal

de Justiça, "in verbis":

FUNCIONALISMO. VENCIMENTOS (RESTITUIÇÃO). EXECUÇÃO. 1. Indevida

a devolução de vencimentos, não só quando percebidos por força de decisão em mandado de

segurança, como em decorrência de execução em ação ordinária. 2 – Vencimentos e salário

têm privilégio de verba destinada a alimentos (CPC, art. 649, IV), não devendo impor-se a

sua restituição. 3 – Precedentes do Supremo Tribunal Federal: RE 80.913/RS – Pleno,

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13.02.78. 4 – Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF - RE n.º 88.110 – Distrito

Federal – Rel. Ministro Rodrigues Alckimin)"

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.

DIFERENÇAS SALARIAIS RECEBIDAS POR FORÇA DE SENTENÇA TRANSITADA

EM JULGADO. POSTERIOR DESCONSTITUIÇÃO DA DECISÃO EM AÇÃO

RESCISÓRIA. DEVOLUÇÃO DAS VERBAS. IMPOSSIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE

BOA-FÉ. SEGURANÇA JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E

IMPROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça, revendo seu posicionamento, firmou o

entendimento no sentido de que, nos casos em que o pagamento indevido foi efetivado em

favor de servidor público, em decorrência de interpretação equivocada ou de má aplicação da

lei por parte da Administração e havendo o beneficiado recebido os valores de boa-fé,

mostra-se indevido o desconto de tais valores. 2. Hipótese que deve ser estendida aos casos

em que o pagamento indevido deveu-se por força de decisão judicial transitada em julgado,

posteriormente desconstituída em ação rescisória. Aplicação do princípio da segurança nas

relações jurídicas. 3. Recurso especial conhecido e improvido. (STJ – Resp nº 767.729 - RN

(2005/0117344-9) – Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima)

De outra banda, na hipótese de ser comprovada a má-fé (conduta dolosa) do servidor,

é evidente que deve haver, sim, a devida restituição dos valores, posto que não há qualquer

norma ou princípio jurídico que albergue ou proteja a má-fé, ainda mais quando ela implica

em enriquecimento ilícito ou sem causa.

Assim, uma vez comprovado que o servidor deu causa ao pagamento indevido

maliciosamente ou dolosamente, é evidente que a nulidade do ato deve implicar, sim, na

devolução das verbas por ele percebidas. Exemplificando as hipóteses em que se mostra

cabível e devida a restituição, podemos citar o caso de o próprio servidor incluir na folha de

pagamento uma gratificação ou rubrica que não lhe é devida, mediante acesso fraudulento ao

sistema de informática do ente público ou, ainda, subornando a pessoa responsável pela

elaboração da folha.

Outras hipóteses seriam:

a) a prática de ato de improbidade administrativa pelo servidor;

b) a contribuição do servidor para o cometimento de equívocos que importem em concessão

de vantagens ilícitas e indevidas;

c) a apresentação de documento falso para a obtenção de determinada vantagem ou benefício.

Nesses casos a restituição é devida, posto que não houve boa-fé por parte do servidor.

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- Necessidade de processo administrativo prévio:

Feita a análise dos casos em que é possível e cabível a restituição, bem como dos

casos em que esta se mostra impossível e incabível, passamos a analisar um requisito de

suma importância para a implementação da restituição dos valores.

Trata-se do processo administrativo prévio, com a estrita observância dos princípios

do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, onde a administração pode,

inclusive, averiguar e comprovar a boa-fé do servidor.

E assim deve ser em razão do disposto nos incisos LIV e LV do art. 5º da

Constituição Federal, que dispõem:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo

legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral

são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Ora, em razão do disposto no art. 5º, LIV e LV, da Constituição Federal, de

observância obrigatória pela administração pública, todos os atos que tenham reflexos em

interesses, direitos e bens de terceiros devem ser precedidos de processo administrativo, onde

os interessados devem ser ouvidos e, querendo, poderão se manifestar, apresentando defesa e

impugnações cabíveis e pertinentes. Se no geral deve ser assim, com mais razão ainda

quando o ato a ser praticado pela administração importar em redução de vencimentos.

O renomado constitucionalista Alexandre de Morais [03]

entende que:

O devido processo legal tem como corolários a ampla defesa e o contraditório, que deverão

ser assegurados aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

geral, conforme o texto constitucional expresso (art. 5º, LV).

Em outra passagem define ampla defesa e contraditório nos seguintes termos:

Por ampla defesa, entende-se o asseguramento que é dado ao réu de condições que lhe

possibilitem trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade ou

mesmo de omitir-se ou calar-se, se entender necessário, enquanto o contraditório é a própria

exteriorização da ampla defesa, impondo a condução dialética do processo (par conditio),

pois a todo ato produzido pela acusação, caberá igual direito da defesa de opor-se-lhe ou dar-

lhe a versão que melhor lhe apresente, ou, ainda, de fornecer uma interpretação jurídica

diversa daquela feita pelo autor. Salienta Nelson Nery Júnior, que

„o princípio do contraditório, além de fundamentalmente constituir-se em manifestação do

princípio do Estado de Direito, tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do

direito de ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o contraditório e a ampla

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defesa, quer significar que tanto o direito de ação, quanto o direito de defesa são

manifestação do princípio do contraditório‟.

Na seara do direito administrativo, em decorrência dos princípios que norteiam a

administração pública, todos os atos devem ser precedidos de um processo administrativo.

Assim explica Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

Não se confunde processo com procedimento. O primeiro existe sempre como instrumento

indispenável para o exercício de função administrativa; tudo o que a Administração Pública

faz, operações materiais ou atos jurídicos, fica documentado em um processo; cada vez que

ela for tomar uma decisão, executar uma obra, celebrar um contrato, editar um regulamento,

o ato final é sempre precedido de uma série de atos materiais ou jurídicos, consistentes em

estudos, pareceres, informações, laudos, audiências, enfim tudo o que for necessário para

instruir, preparar e fundamentar o ato final objetivado pela Administração.

Inferimos, dessas lições doutrinárias, que todos os atos administrativos devem ser

obrigatoriamente documentados em um processo administrativo, bem como deve ser

assegurada oportunidade de manifestação da parte interessada quando causarem repercussão

no patrimônio jurídico dela.

No caso em análise, a administração pública normalmente atua sempre de maneira

unilateral, discricionária e arbitrária, sem proporcionar qualquer manifestação por parte dos

interessados.

Normalmente é elaborada uma planilha com os valores que devem ser restituídos e o

servidor, em seguida, notificado da realização dos descontos. A notificação normalmente

ocorre poucos dias antes do pagamento, quando a folha mensal (com o desconto) já foi

gerada pelo sistema e devidamente processada, deixando o servidor numa situação difícil e

delicada, na medida em que não tem tempo hábil para adotar as medidas judiciais cabíveis

em tempo de evitar o desconto. Quando o servidor consegue uma liminar ou uma antecipação

de tutela obstando o desconto, este já foi feito, restando, apenas, a execução futura.

Enfim, a administração raramente dá oportunidade para manifestação dos

interessados, apenas comunica que vai efetuar os descontos e, de fato, efetua.

Caso a administração proporcionasse oportunidade de manifestação aos interessados,

estes poderiam argüir, além da boa-fé e da natureza salarial dos valores recebidos, o excesso

do desconto ou até mesmo erro nos cálculos.

Esse modo de agir adotado pela administração pública é arbitrário, ilegal e abusivo.

Fere o direito líquido e certo dos servidores ao devido processo legal, contraditório e ampla

defesa, todos eles assegurados pela Constituição Federal.

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Se o princípio da ampla defesa for desprezado, o ato administrativo se torna nulo de

pleno direito, por se caracterizar em uma terrível arbitrariedade, devendo sofrer o controle do

Poder Judiciário, para que este afaste a chaga da injustiça apontada.

O Supremo Tribunal Federal já apreciou essa questão, tendo decidido que:

DEVIDO PROCESSO LEGAL – VENCIMENTOS – DESCONTOS DE

IMPORTÂNCIAS SATISFEITAS A MAIOR – Descontos de quantias pagas além do devido

pressupõem apuração dos valores em processo administrativo no qual fique assegurado ao

servidor o exercício do direito de defesa ante eventual excesso ou erro de cálculo. (STF –

AGRAG 241428 – 2ª T. – Rel. Min. Marco Aurélio – DJU 18.02.2000 – p. 60)

Seguindo o entendimento do Órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, o

Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região tem decidido reiteradamente que:

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO –

Descontos em vencimentos

por determinação do TCU, à míngua de instauração de processo

administrativo. Ato unilateral da administração. Afronta aos princípios constitucionais

do ampla defesa e do contraditório. Impossibilidade do writ como substitutivo da ação

de cobrança. 1. Ação de segurança impetrada contra ato praticado pelo diretor da

ETFAL, consubstanciado em descontos nos vencimentos do impetrante, realizado à

míngua de procedimento administrativo. 2. O fato de não ter sido instaurado o regular

procedimento administrativo, com a observância do devido processo legal, já é

suficiente para a suspensão do ato aguilhoado, posto que o artigo 5º, LV, da

Constituição Federal, assegura o direito à ampla defesa em processo judicial ou

administrativo. 3. Qualquer que seja o ato administrativo que importe em supressão ou

alteração de vantagem exige, sempre, a observância estrita do devido processo legal e do

contraditório, tal como constitucionalmente concebidos. 4. Impossibilidade jurídica do

writ para a cobrança dos valores descontados antes do ajuizamento da ação de segurança. O

Supremo Tribunal Federal já se pronunciou, mediante as Súmulas 269 e 271, estabelecendo,

respectivamente, que "mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança", e, que

o "não produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser

reclamados administrativamente ou pela via judicial própria". 5. Remessa oficial improvida.

(TRF 5ª R. – REO 0557517 – (9705005478) – AL – 3ª T. – Rel. Juiz Geraldo Apoliano –

DJU 18.06.1999 – p. 810) (destaques acrescidos).

"ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – PAGAMENTO INDEVIDO –

REPOSIÇÃO AO ERÁRIO – DEVIDO PROCESSO LEGAL – NECESSIDADE –

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Desconto em folha de pagamento. Reposição das importâncias pagas a título de vantagem

pessoal da diferença entre os valores das antigas funções comissionadas (fc''s) e dos cargos

de direção (cd''s), por determinação do TCU. Ausência de regular processo administrativo,

ainda que mediante procedimentos resumidos e simplificados. Violação à garantia

constitucional do contraditório e da ampla defesa. Embora observadas as formas e

percentuais de descontos prescritos na Lei nº 8.112/90, é imprescindível que a atuação

administrativa seja transparente, dando-se ciência ao interessado para que a

acompanhe em todos os seus trâmites. (TRF 5ª R. – REO 56.892 – Rel. Juiz Rogério Fialho

Moreira – J. 12.06.1997)" (destaques acrescidos).

Portanto, e de acordo com os preceitos legais, para que haja a restituição, reposição ou

indenização de valores "indevidamente" recebidos pelos servidores (caso permitido pelo

ordenamento jurídico) a administração pública deve instaurar um processo administrativo e

obedecer rigorosamente o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.

Registramos, também, que os princípios da ampla defesa e do contraditório estão

contemplados na Lei n.º 9.784/99, que, ao regular o processo administrativo na administração

pública federal, estabelece que:

Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,

finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,

contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Devemos ressaltar, ainda, que há casos, já citados anteriormente, em que a boa-fé é

manifesta. Neles a restituição não é devida e também não é necessário apurar, em processo

administrativo, a boa-fé. No entanto, caso a administração pública pretenda, mesmo nesses

casos, implementar a restituição, deve instaurar um prévio processo administrativo e

observar, rigorosamente, os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla

defesa. E assim deve ser em razão do disposto no art. 5º, LV, da Constituição Federal.

4. INCIDÊNCIAS

RENDIMENTOS INSS/RPPS FGTS IRRF

Abono pecuniário de férias - CLT - Arts. 143 e 144 não não sim

Adicionais (insalubridade, periculosidade, noturno,

transferência e de função) sim sim sim

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Ajuda de custo não não não

Auxílio-doença

- 15 primeiros dias sim sim sim

- Complementação salarial (desde que o direito

seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa)

não não sim

- Benefício pago pela previdência oficial da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios

não não não

- Benefício pago por entidade de previdência

privada

não não não

Aviso prévio trabalhado sim sim sim

Aviso prévio indenizado (1) sim não

13º Salário

a) 1ª parcela até 30 de novembro não sim não

b) 2ª parcela até 20 de dezembro sim sim sim

Comissões sim sim sim

Diárias para viagem

a) até 50% do salário não não não

b) superiores a 50% do salário (sobre o total) sim sim sim

Estagiários (admitidos na forma das Leis nºs 6.494/77 e

8.859/94)

não não sim

Férias normais gozadas na vigência contrato de trabalho sim sim sim

Férias em dobro na vigência do contrato de trabalho

(CLT, art.137)

sim sim sim

Férias indenizadas pagas na rescisão contratual

(simples, em dobro e proporcionais)

não não sim

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Fretes, carretos ou transporte de passageiros pagos a

pessoa jurídica

não não não

Fretes, carretos ou transporte de passageiros pagos a

pessoa física autônoma

sim não sim

Gorjeta

a) espontânea (estimativa) sim sim sim

b) compulsória sim sim sim

Gratificações ajustadas ou contratuais sim sim sim

Horas extras sim sim sim

Indenização adicional (empregado dispensado sem justa

causa no período de 30 dias que antecede a data de sua

correção salarial - Lei nº 7.238/84, art. 9º

não não não

Indenização por tempo de serviço não não não

Indenização do art. 479 da CLT (metade da

remuneração devida até o término do contrato a prazo

determinado, rescindido antecipadamente)

não não não

Licença-paternidade (CF/88, art. 7º, XIX) sim sim sim

Participação nos lucros não não sim

Prêmios sim sim sim

Quebra de caixa sim não sim

Retiradas (pro labore) de diretores-empregados sim sim sim

Retiradas (pro labore) de diretores-proprietários

(empresários)

sim não sim

Retiradas (pro labore) de titulares de firma individual (2) não sim

Salário-família sem exceder o valor legal não não não

Salário in natura (utilidades) - CLT - art. 458 sim sim sim

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Salário-maternidade sim sim sim

Saldo de salário sim sim sim

Salários atrasados, pagos acumuladamente:

- correspondentes ao ano-base sim sim sim

- relativos a exercícios anteriores sim sim sim

Serviços autonômos de prestador inscrito na Previdência

Social sim não sim

Serviços eventuais sem relação de emprego sim não sim

Vale-transporte (Lei nº 7.418/85 e Decreto nº 95.247/87 não não não

Remuneração indireta (fringe benefits) concedida a

diretores, administradores, sócios e gerentes e aos

assessores dessa pessoas

(3) (3) sim

Salário-educação (pagamento de indenização de

despesas com ensino de 1º grau) - convênio - FNDE

não não sim

Importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a

outras pessoas jurídicas, como remuneração pela

prestação de serviços caracterizadamente de natureza

profissional

não não sim

Pagamentos ou créditos feitos por pessoas jurídicas a

outras pessoas jurídicas, a título de comissões,

corretagens ou qualquer outra remuneração por

representação comercial ou mediação na realização de

negócios civis ou comerciais

não não sim

Serviços de propaganda e publicidade, pagos ou

creditados por pessoas jurídicas a agências de

propaganda

não não sim

Importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a

outras pessoas jurídicas, pela prestação de serviços de

limpeza e conservação de bens imóveis, segurança,

não não sim

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vigilância e por locação de mão-de-obra

Importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a

cooperativas de trabalho, associações e assemelhadas,

relativas a serviços pessoais que lhes forem prestados ou

colocados à disposição por associados destas

não não sim

Importâncias pagas a pessoas jurídicas a título de juros e

de indenizações por lucros cessantes decorrentes de

sentença judicial

não não sim

Nota nº 1

No que se refere à parcela de aviso prévio indenizado para fins de incidência ou não do

encargo previdenciário, constata-se, atualmente, sua inexistência no atual texto do § 9º do art.

28 da Lei nº 8.212/91, com suas modificações introduzidas pela Lei nº 9.528/97 e Medida

Provisória (MP) nº 1.663-10/98 e reedições.

Nota nº 2

Não há específico na área previdenciária. Consultar o INSS local

Nota nº 3

INSS - Na área previdenciária, o subitem 6.1 da Ordem de Serviço INSS/DAF nº 151/96

prevê constituírem remuneração do segurado empresário, dentre outros para fins de

incidência, os ganhos habituais, sob a forma de utilidades.

FGTS - Quanto ao FGTS, as empresas sujeitas ao regime da CLT que equipararem seus

diretores (administradores) não empregados aos demais trabalhadores, para fins do Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço, sujeitam-se ao depósito de 8% da remuneração devida,

incluindo as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT (remuneração indireta). Lei nº

8.036/90, arts. 15 e 16.

5. COMPOSIÇÃO REMUNERATÓRIA

a) Teto salarial

É histórica a complexidade do regime remuneratório dos agentes públicos, que é

marcada pela existência de uma miscelânea de legislações, regras e exceções, tanto no plano

constitucional, quanto na seara infraconstitucional.

Antes da Carta Magna de 1988, inexistiam limites constitucionais aos valores da

remuneração dos servidores públicos, pois competia a cada órgão fixar a forma de

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composição dos proventos. Nesse sentido, prescrevia o art. 98, da Emenda Constitucional nº

01/69:

Art. 98. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão

ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo, para cargos de atribuições iguais ou

assemelhadas.

Parágrafo único. Respeitado o disposto neste artigo, é vedada vinculação ou equiparação de

qualquer natureza para o efeito de remuneração do pessoal do serviço público.

Além disso, no regime constitucional anterior, que legitimava o Estado autoritário

imposto com o golpe militar de 1964, não havia garantia contra a irredutibilidade do valor

dos vencimentos dos servidores públicos estatutários, de modo que o Poder Público poderia

diminuir a remuneração dos agentes estatutários sem provocar lesão a direito. Somente

existia previsão expressa da irredutibilidade de vencimentos dos juízes, cuja prerrogativa foi

estabelecida para possibilitar o desempenho imparcial e independente da função judicante:

Art. 113. Salvo as restrições expressas nesta Constituição, os juízes gozarão das seguintes

garantias:

III - irredutibilidade de vencimentos, sujeitos, entretanto, aos impostos gerais, inclusive o de

renda, e os impostos extraordinários previstos no artigo 22.

Assim, visando à melhor gestão administrativa, à austeridade das contas públicas e à

garantia de direitos mínimos aos agentes públicos estatutários, a Constituição da República

de 1988 estabeleceu teto remuneratório e estendeu a garantia da irredutibilidade dos

vencimentos a todos os servidores públicos, sem qualquer distinção.

- Breves apontamentos sobre o teto remuneratório:

A Constituição de 1988 inovou o sistema jurídico brasileiro ao consagrar, além dos

direitos e garantias fundamentais do cidadão, mecanismos de controle dos gastos para

possibilitar o equilíbrio das contas públicas.

Nesse sentido, foi previsto na redação original do art. 37, XI, um teto limitador da

remuneração dos servidores públicos:

Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:

XI - a lei fixará o limite máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remuneração

dos servidores públicos, observados, como limites máximos e no âmbito dos respectivos

poderes, os valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, por

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membros do Congresso Nacional, Ministros de Estado e Ministros do Supremo Tribunal

Federal e seus correspondentes nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, e, nos

Municípios, os valores percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito;

Essa regra era de eficácia limitada, porquanto sua aplicabilidade dependia da edição

de norma regulamentar. No Supremo Tribunal Federal (STF), a questão relativa ao teto do

funcionalismo público foi discutida pela primeira vez no julgamento da ação direta de

inconstitucionalidade nº 14/89, que foi julgada parcialmente procedente ao determinar a

exclusão das vantagens pessoais do cômputo do limite remuneratório para fins de incidência

do teto.

Como várias parcelas integrantes da remuneração dos servidores públicos poderiam

ser classificadas como vantagens pessoais e, por conseguinte, não estarem sujeitas ao teto, foi

editada a Emenda Constitucional nº 19/98, que, dentre várias inovações administrativas,

alterou a redação do art. 37, caput e inciso XI, da Constituição:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da

administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo

e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,

percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra

natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal;

Tal qual a redação primária da Constituição de 1988, a aplicação do dispositivo

epigrafado também dependia de regulamentação infraconstitucional, posto que se classificava

como norma de eficácia limitada. Por isso, não foram observadas modificações profundas na

questão do teto, permanecendo o entendimento do STF no mesmo sentido da ADI nº 14/89.

A parte final do art. 37, XI, consignava que a remuneração dos agentes públicos não

poderia exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF. Contudo, nos termos

do art. 48, XV, da Constituição de 1988, a fixação do subsídio dos Ministros da Corte

Suprema deveria ser estabelecida por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República,

da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, o que nunca

foi feito.

Diante das dificuldades encontradas para garantir a aplicação fática do teto

remuneratório, especialmente em razão da necessidade de iniciativa quadripartite para

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elaboração do projeto de lei para fixação dos subsídios dos Ministros do STF, foi lançada a

Emenda Constitucional nº 41/03, que alterou as redações dos arts. 37, inciso XI, e 48, XV,

ambos da Carta Magna de 1988:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da

administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo

e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,

percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra

natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos

Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder

Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e

o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e

cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do

Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida

esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência

da União, especialmente sobre:

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que

dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

Destarte, além da melhor especificação do teto remuneratório, que passou a prever a

existência de subtetos, a nova redação constitucional passou a prescrever que a iniciativa para

propositura do projeto de lei para fixação dos subsídios dos Ministros do STF seria de

competência do Congresso Nacional, e não mais Presidentes da República, da Câmara dos

Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal.

- A garantia da irredutibilidade dos vencimentos:

Inovação decorrente da Constituição da República de 1988, a irredutibilidade de

vencimentos, que no regime anterior era uma prerrogativa exclusiva dos membros do Poder

Judiciário e dos Tribunais de Contas, passou a ser estendida a todos servidores públicos

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estatutários, uma vez que os empregados públicos celetistas já possuíam esse direito em razão

da legislação trabalhista.

Estabelece o art. 37, XV, que “o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e

empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e

nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”, razão pela qual não é possível a redução

nominal da remuneração.

Na oportunidade, vale destacar o magistério de José dos Santos Carvalho Filho:

O sentido da irredutibilidade, porém, não é absoluto. Protege-se o servidor apenas contra

a redução direta de seus vencimentos, isto é, contra a lei ou qualquer outro ato que pretenda

atribuir ao cargo ou à função decorrente de emprego público importância inferior à que já

estava fixada ou fora contratada anteriormente. Contudo, os Tribunais já se pacificaram no

sentido de que não há proteção contra a redução indireta, assim considerada aquela em que: 1)

o vencimento não acompanha pari passu o índice inflacionário; ou 2) o vencimento nominal

sofre redução em virtude da incidência de impostos. Nessa linha, aliás, o art. 37, XV, da CF

ressalva expressamente os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, que retratam, respectivamente,

o princípio da igualdade dos contribuintes, a incidência do imposto sobre a renda e proventos

de qualquer natureza e os critérios da generalidade, universalidade e progressividade,

inerentes ao referido tributo.

- O direito adquirido e o teto remuneratório:

Em decorrência das alterações provocadas na Constituição com a edição da Emenda

Constitucional nº 41/03, que, dentre várias modificações, simplificou a iniciativa para

propositura do projeto de lei para fixação dos subsídios dos Ministros do STF, em 27 de julho

de 2005 foi sancionada a Lei 11.143, que regulamentou o valor do teto remuneratório dos

agentes públicos. Como a partir de 1º de janeiro de 2005 o valor do subsídio mensal dos

membros do Pretório Excelso foi fixado em R$ 21.500,00, esse passou a ser a remuneração

máxima no âmbito do Poder Público.

Assim, surgiram dúvidas se os servidores públicos antigos que recebessem valores

superiores ao limite legal deveriam ter suas remunerações reduzidas ao valor do teto ou, se

em razão do direito adquirido e da garantia constitucional da irredutibilidade de vencimentos,

não poderia ser feito o corte.

Partindo de uma interpretação literal do art. 9º, da Emenda Constitucional nº 41, e do

art. 17, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), concluir-se-ia pela

imediata redução do valor das remunerações ao limite máximo do teto, in verbis:

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Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais

Transitóriasaos vencimentos, remunerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e

empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos

detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou

outra espécie remuneratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens

pessoais ou de qualquer outra natureza.

Segundo o art. 17, do ADCT:

Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os

proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição

serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso,

invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.

Todavia, a doutrina e a jurisprudência do STF consideraram a regra acima

inconstitucional, porque a Constituição assegura a irredutibilidade dos vencimentos no art.

37, XV.

O art. 17, do ADCT, foi considerado constitucional quando do advento da

Constituição, visto que o Poder Constituinte Originário inaugura uma nova ordem jurídica e,

por isso, possui atuação ilimitada. Assim, à míngua de limites jurídicos, o legislador

constituinte originário pode restringir direitos.

Além da regra transitória ter sido exaurida no início da vigência da Constituição, o

Poder Constituinte Derivado, que é limitado por natureza, não pode repristinar norma

constitucional de eficácia exaurida, que seja limitadora de direitos previstos na própria

Constituição.

Igualmente, foi o entendimento do STF no julgamento do Mandado de Segurança

24.875/DF[4]

, cuja parte da ementa segue transcrita:

(...). V. Magistrados: acréscimo de 20% sobre os proventos da aposentadoria (Art. 184, III, da

L. 1.711/52, c/c o art. 250 da L. 8.112/90) e o teto constitucional após a EC 41/2003: garantia

constitucional de irredutibilidade de vencimentos: intangibilidade. 1. Não obstante cuidar-se

de vantagem que não substantiva direito adquirido de estatura constitucional, razão por que,

após a EC 41/2003, não seria possível assegurar sua percepção indefinida no tempo, fora ou

além do teto a todos submetido, aos impetrantes, porque magistrados, a Constituição

assegurou diretamente o direito à irredutibilidade de vencimentos - modalidade qualificada

de direito adquirido, oponível às emendas constitucionais mesmas. 2. Ainda que, em tese, se

considerasse susceptível de sofrer dispensa específica pelo poder de reforma constitucional,

haveria de reclamar para tanto norma expressa e inequívoca, a que não se presta o art. 9º da

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EC 41/03, pois o art. 17 ADCT, a que se reporta, é norma referida ao momento inicial de

vigência da Constituição de 1988, no qual incidiu e, neste momento, pelo fato mesmo de

incidir, teve extinta a sua eficácia; de qualquer sorte, é mais que duvidosa a sua

compatibilidade com a "cláusula pétrea" de indenidade dos direitos e garantias fundamentais

outorgados pela Constituição de 1988, recebida como ato constituinte originário. 3. Os

impetrantes - sob o pálio da garantia da irredutibilidade de vencimentos -, têm direito a

continuar percebendo o acréscimo de 20% sobre os proventos, até que seu montante seja

absorvido pelo subsídio fixado em lei para o Ministro do Supremo Tribunal Federal. VI.

Mandado de segurança contra ato do Presidente do Supremo Tribunal: questões de ordem

decididas no sentido de não incidência, no caso, do disposto no artigo 205, parágrafo único e

inciso II, do RISTF, que têm em vista hipótese de impedimento do Presidente do Supremo

Tribunal, não ocorrente no caso concreto. 1. O disposto no parágrafo único do art. 205 do

RISTF só se aplica ao Ministro-Presidente que tenha praticado o ato impugnado e não ao

posterior ocupante da Presidência. 2. De outro lado, o inciso II do parágrafo único do art. 205

do RISTF prevê hipótese excepcional, qual seja, aquela em que, estando impedido o

presidente do STF, porque autor do ato impugnado, o Tribunal funciona com número par,

não sendo possível solver o empate.

O entendimento do STF era pacífico no sentido de que, a fim de respeitar a garantia

da irredutibilidade dos vencimentos, o servidor público que recebesse remuneração superior

ao teto não sofreria redução direta, mas permaneceria com seus vencimentos congelados, sem

ter direito a aumentos, até que o valor ficasse inferior ao limite máximo de pagamento do

funcionalismo público.

Entretanto, no recente julgamento do Recurso Extraordinário 609.381/GO, realizado

em 02 de outubro de 2014, a Corte Suprema, por maioria de votos, mudou o entendimento ao

chancelar a redução do valor da remuneração dos agentes públicos ao limite do teto, pois isso

representa verdadeira condição de legitimidade para o pagamento das remunerações no

serviço público. Como a decisão ainda não foi publicada segue reprodução de parte do

Informativo Semanal de Jurisprudência nº 761:

EC 41/2003: fixação de teto constitucional e irredutibilidade de vencimentos - 1

O teto de retribuição estabelecido pela EC 41/2003 é de eficácia imediata, e submete às

referências de valor máximo nele discriminadas todas as verbas de natureza remuneratória

percebidas pelos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, ainda que adquiridas de acordo com regime legal anterior. Esse o entendimento

do Plenário, que, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário em que se discutia a

aplicabilidade da referida emenda constitucional a servidores públicos que percebessem

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remuneração acima do teto constitucional. Na espécie, servidores estaduais aposentados e

pensionistas, vinculados ao Poder Executivo local, tiveram seus rendimentos submetidos a

cortes, após a vigência da EC 41/2003, promovidos com o propósito de adequar suas

remunerações aos subsídios do Governador. (...)

EC 41/2003: fixação de teto constitucional e irredutibilidade de vencimentos – 2

(...)

Em seguida, e no tocante à aplicabilidade da EC 41/2003, o Plenário asseverou que o teto de

retribuição constituiria norma constitucional de estrutura complexa, porque estabelecida pela

conjunção de diferentes dispositivos do texto constitucional, cujo sentido normativo seria

chancelado por quatro principais ingredientes constitutivos: a) a limitação da autonomia de

cada ente federativo, ao se apresentar um ápice remuneratório que deveria ser obrigatoriamente

seguido; b) a abrangência inclusiva do teto, a compreender tudo o quanto viesse a remunerar o

trabalho do servidor, a qualquer título; c) o recado normativo complementar, presente no

ADCT e nos artigos 29 da EC 19/1998 e 9º da EC 41/2003, a determinar que aquilo que

sobejasse da incidência do teto constituiria excesso, cuja percepção não poderia ser reclamada,

ainda que o direito a ela tivesse sido licitamente adquirido segundo uma ordem jurídica

anterior; e, por fim, d) a disposição, que decorreria do sistema constitucional, no sentido de que

a garantia da irredutibilidade de proventos não ampararia a percepção de verbas remuneratórias

que desbordassem do teto de retribuição. Frisou que esta última assertiva seria depreendida da

parte final do inciso III do art. 95, e da alínea c do inciso I do § 5º do art. 128, todos da CF, em

sua redação originária [“Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: ... III -

irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37,

XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Art. 128. O Ministério Público abrange: ... § 5º - Leis

complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos

Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério

Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: … c)

irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37,

XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I”], e, além disso, da atual redação do inciso XV do art. 37,

também da CF (“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ... XV

- o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,

ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e

153, § 2º, I”). Assinalou que, ao condicionar a fruição da garantia de irredutibilidade de

vencimentos à observância do teto de retribuição (CF, art. 37, XI), a literalidade dos citados

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dispositivos constitucionais deixaria fora de dúvida que o respeito ao teto representaria

verdadeira condição de legitimidade para o pagamento das remunerações no serviço público.

Concluiu que nada, nem mesmo concepções de estabilidade fundamentadas na cláusula do art.

5º, XXXVI, da CF (“a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa

julgada”), justificariam excepcionar a imposição do teto de retribuição.

EC 41/2003: fixação de teto constitucional e irredutibilidade de vencimentos - 3

O Plenário destacou que a garantia da irredutibilidade, que hoje assistiria igualmente a todos

os servidores, constituiria salvaguarda a proteger a sua remuneração de retrações nominais

que viessem a ser determinadas por meio de lei. O mesmo não ocorreria, porém, quando a

alteração do limite remuneratório fosse determinada pela reformulação da própria norma

constitucional de teto de retribuição. Isso porque a cláusula da irredutibilidade possuiria

âmbito de incidência vinculado ao próprio conceito de teto de retribuição, e operaria somente

dentro do intervalo remuneratório por ele definido. Esclareceu que a irredutibilidade de

vencimentos constituiria modalidade qualificada de direito adquirido. Todavia, o seu âmbito

de incidência exigiria a presença de pelo menos dois requisitos cumulativos: a) que o padrão

remuneratório nominal tivesse sido obtido conforme o direito, e não de maneira

juridicamente ilegítima, ainda que por equívoco da Administração Pública; e b) que o padrão

remuneratório nominal estivesse compreendido dentro do limite máximo pré-definido pela

Constituição. Aduziu que os excessos eventualmente percebidos fora dessas condições, ainda

que com o beneplácito de disciplinas normativas anteriores, não estariam amparados pela

regra da irredutibilidade. Ressaltou, ademais, que o pagamento de remunerações superiores

aos tetos de retribuição, além de se contrapor a noções primárias de moralidade, de

transparência e de austeridade na administração dos gastos com custeio, representaria

gravíssima quebra da coerência hierárquica essencial à organização do serviço público.

Lembrou, por fim, que o fato de o art. 9º da EC 41/2003 ser objeto de ação direta de

inconstitucionalidade ainda pendente de apreciação, não impediria, contudo, que o STF

fizesse impor a força normativa do próprio art. 37, XI, da CF, cujo enunciado seria suficiente

para coibir situações inconstitucionais de remuneração excessiva. (...)

Desse modo, nos termos do julgamento do RE 609.381/GO, o atual entendimento do

STF é no sentido de que os servidores públicos antigos que recebem valores superiores ao

limite legal do teto devem ter suas remunerações reduzidas.

Ver:

http://www.infomoney.com.br/carreira/salarios/noticia/3804080/dilma-sanciona-novo-teto-

salarial-publico-763-alta

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b) 13º salário (gratificação natalina)

A Gratificação Natalina, popularmente conhecida como décimo terceiro salário (13o

salário), é uma gratificação instituída em alguns países, a ser paga ao empregado/servidor

pela entidade patronal. O seu valor, embora variável, é geralmente aproximado ao de um

salário mensal, podendo ser paga em uma ou mais prestações, de acordo com a legislação

laboral de cada país.

No Brasil, a gratificação natalina foi instituída pela Lei Federal nº. 4.090, de

13/07/1962, regulamentada pelo Decreto 57.155, de 03/11/1965 e alterações posteriores.

Deve ser paga ao empregado em duas parcelas até o final do ano, no valor corresponde a 1/12

(um doze avos) da remuneração para cada mês trabalhado.

A base de cálculo da remuneração é a devida no mês de dezembro do ano em curso

ou a do mês do acerto rescisório, se ocorrido antes desta data e deverá ser considerado o valor

bruto sem dedução ou adiantamento. Ao contrário do cálculo feito para férias proporcionais,

o Décimo Terceiro é devido por mês trabalhado, ou fração do mês igual ou superior a 15

dias. Desta maneira, se o empregado trabalhou, por exemplo, de 1º. de janeiro a 14 de março,

terá direito a 2/12 (dois doze avos) de 13º proporcional, pelo fato da fração do mês de março

não ter sido igual ou superior a 15 dias. Desta forma, o cálculo é feito mês a mês, observando

sempre a fração igual ou superior a 15 dias.

- Valor do 13º salário:

A Gratificação de Natal corresponde a 1/12 da remuneração integral devida ao

empregado em dezembro, por mês de serviço do ano correspondente, sendo a fração igual ou

superior a 15 dias de trabalho considerada como mês integral.

- Adicionais:

Quando o empregado receber, além do salário base estabelecido no contrato de

trabalho, parcelas adicionais, estas devem ser incluídas na base de cálculo do 13º salário pelo

seu total ou pela média, quando variáveis.

Caracterizam-se como adicionais, dentre outras, as remunerações de horas extras,

adicional noturno, insalubridade, periculosidade e repouso semanal.

- Remuneração variável:

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Para os empregados que percebem remuneração variável, deve ser apurada a média

dessas parcelas, para pagamento da 1ª, 2ª e 3ª parcelas do 13º salário.

Nestes casos, a parte fixa do salário contratual do empregado, se houver, será

acrescida ao resultado obtido pela média das parcelas variáveis.

- Momento do pagamento:

A parcela adicional deve ser considerada na base de cálculo mesmo que, no momento

do pagamento do 13º salário, o empregado não esteja percebendo.

Isto porque a integração ou não do adicional, deve levar em conta a habitualidade com

que o mesmo foi pago durante o ano.

No caso do empregado que não esteja percebendo o adicional por ocasião do

pagamento do 13º salário, a empresa deve adotar o critério mais benéfico de inclusão dessa

parcela na base de cálculo, observando o que estabelece a norma coletiva da categoria.

Ressaltamos que em se tratando de horas extras, a média deve ser realizada pela

quantidade de horas prestadas no ano, aplicando-se o valor do salário-hora da época do

pagamento do 13º salário.

- Faltas:

No cálculo do 13º salário somente poderão ser deduzidas as faltas não justificadas. Já

as faltas não descontadas da remuneração do empregado serão consideradas como

justificadas.

- Faltas legais:

Os períodos de ausência do empregado no trabalho que constituem faltas legais não

devem ser deduzidos por ocasião do cálculo do 13º salário, dentre os quais podemos citar:

licença paternidade e casamento, falecimento, doação voluntária de sangue, alistamento

militar, dentre outras.

Para conhecer as demais situações que são consideradas faltas legalmente justificadas,

consultar o artigo 473 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho.

- Desconto de faltas:

A fração igual ou superior a 15 dias de serviço é considerada como mês integral, para

efeito de pagamento do 13º salário. Assim, o empregado somente perde o direito ao “avo”

daquele mês, ou seja, a parcela da gratificação, quando o número de dias trabalhados, no

respectivo mês, for inferior a 15.

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- Pagamento da primeira parcela

Entre os meses de Fevereiro e Novembro de cada ano, o empregador deve pagar de

uma só vez, como adiantamento da Gratificação de Natal, metade do salário recebido pelo

empregado no mês anterior. Entretanto, o empregador não está obrigado a pagar a 1º parcela

do mesmo mês a mês a todos os seus empregados, podendo pagá-la em meses diversos, desde

que até 30 de Novembro de cada ano.

O valor da 1º parcela do 13º salário corresponde à metade da remuneração percebida

pelo empregado no mês anterior aquele em que se realizar o seu pagamento.

- Pagamento da segunda parcela:

O pagamento da 2ª parcela do 13º salário deve ser realizado até o dia 20 de Dezembro

de cada ano, sendo antecipado se este dia não for útil. O valor da 2ª parcela do 13º salário é

determinado pela apuração da diferença entre a importância correspondente à 1ª parcela, paga

até 30 de Novembro, e a remuneração devida ao empregado no mês de Dezembro,

observando o tempo de serviço do empregado no respectivo ano.

- Pagamento da terceira parcela:

A 3º parcela somente vai existir para os empregados que recebam parcelas variáveis,

pois neste caso, a empresa não tem como apurar até o dia 20 de Dezembro o valor exato da

remuneração devida. Para estes empregados, o pagamento da 3ª parcela, que na verdade se

constitui na diferença das variáveis apuradas a seu favor, quando for o caso, ou do

ressarcimento a empresa do valor pago a maior, terá de ser efetuado até o dia 10 de Janeiro

do ano seguinte, sendo antecipado se este dia não for útil.

O valor da 3ª parcela é determinado pela apuração da diferença entre a importância

correspondente à 2ª parcela, paga até 20 de Dezembro, e a remuneração devida ao empregado

no último dia do mês de Dezembro, observando o tempo de serviço do empregado no

respectivo ano.

- Admissão no curso do ano:

Quando o empregado tiver sido admitido no curso do ano ou não tiver permanecido à

disposição do empregador durante todos os meses, o valor da 1ª, 2ª ou 3ª parcela, se for o

caso, corresponderá a 1/12 “avos” da remuneração, por mês efetivo de serviço ou fração igual

ou superior a 15 dias, calculados separadamente sobre cada parcela.

- Incidência do INSS:

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43

A remuneração paga ou creditada a título de 13º salário integra o salário-de-

contribuição para fins de incidência da contribuição previdenciária, exceto quanto ao valor da

1ª parcela. A incidência ocorrerá, inclusive, quando se tratar de recisão de contrato de

trabalho.

A contribuição do empregado é calculada com base nas alíquotas de 8%, 9% ou 11%,

aplicadas de forma não cumulativa de acordo com a faixa em que esteja situado o valor bruto

do 13º salário, sem a compensação dos adiantamentos pagos, independentemente do salário

do mês de Dezembro ou do mês de rescisão do contrato de trabalho, devendo ser observado o

limite máximo previdenciário. Desta forma, a base de cálculo da contribuição previdenciária

no mês de pagamento ou crédito da gratificação natalina será o valor bruto do 13º salário, ou

seja, na base de cálculo não será incluído o valor da remuneração do mês, pois esta será

calculada separadamente.

- Prazo para recolhimento do INSS:

A contribuição incidente sobre o 13º salário deve ser recolhida até o dia 20 de

Dezembro, antecipando-se o prazo para dia útil imediatamente anterior se não houver

expediente bancário neste dia. A partir desta data, as contribuições serão acrescidas de juros e

multa.

Na hipótese de haver ajuste no valor do 13º salário (3º parcela- diferença de parcelas

variáveis), a contribuição deverá ser recolhida junto com as contribuições relativas à

competência de Dezembro, ou seja, paga no mês seguinte, na GPS normal da própria

empresa.

- Incidência do IRRF:

O 13º salário é tributado separadamente dos demais rendimentos recebidos no mês,

aplicando-se as alíquotas e as parcelas a deduzir da Tabela Progressiva do Imposto de Renda

vigente no mês da respectiva quitação, sendo devido o recolhimento de qualquer valor,

mesmo que inferior a R$ 10,00.

O fato gerador ocorre na data do pagamento da 2ª parcela do 13º salário, não sendo

devido por ocasião adiantamento (1ª parcela).

- Penalidade:

O empregador que deixar de cumprir as normas para pagamento do 13º salário fica

sujeito a multa, podendo ser dobrada em caso de reincidência.

As penalidades relacionadas ao 13º salário são:

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- Deixar de efetuar o pagamento, a título de adiantamento do 13º salário, entre os meses de

Fevereiro e Novembro de cada ano;

- Deixar de efetuar o pagamento do adiantamento do 13º salário, por ocasião das férias,

quando requerido no mês de Janeiro do correspondente ano;

- Deixar de efetuar o pagamento do 13º salário até o dia 20 de Dezembro de cada ano, pelo

seu valor integral;

- Deixar de computar parcela variável da remuneração para cálculo do 13º salário;

- Deixar de completar o pagamento do 13º salário, referente ao salário variável auferido no

mês de Dezembro, até o dia 10 de Janeiro do ano subsequente.

c) 1/3 férias constitucional

Férias é o direito constitucional de repouso temporário do trabalhador, com o fito de

garantir-lhe um descanso relativamente prolongado proporcionando ao trabalhador a

recuperação das forças físicas e mentais despendidas com o labor. Ressaltamos que para

todos os efeitos, referido período é considerado como de efetivo exercício da atividade.

O direito ao descanso de férias, como descrito, é de índole constitucional, sendo uma

garantia de natureza social. A Constituição Social, como sabido, visa delinear os fins

programáticos da República, cuja finalidade primordial é o bem-estar-social. Os Direitos

Sociais, incluindo os direitos dos trabalhadores em sentido amplo, enquadram-se nos

denominados direitos fundamentais de segunda geração, pela qual há intervenção estatal no

sentido de se atingir a denominada igualdade material, proporcionando ao cidadão meios que

o subsidiem nas desproporções das relações sociais e econômicas.

Assim, a finalidade é possibilitar ao trabalhador um período maior de descanso para

recuperar as funções sintomáticas após um período desgastante de trabalho. Trata-se do

período de descanso remunerado.

O inciso XVII do art. 7ª da Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 é o

primeiro que, topograficamente, e de acordo com o afunilamento normativo trata do direito

às férias:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria

de sua condição social:

(...)

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário

normal;

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O § 3º do art. 39 da Constituição estende a aplicação dessas regras aos servidores, aplicando-

se a estes o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,

XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a

natureza do cargo o exigir.

Os artigos 77 a 80 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, tratam do assunto em

nível infraconstitucional.

Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo

de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja

legislação específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97).

§ 1º Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.

§ 2º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.

§ 3º As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo

servidor, e no interesse da administração pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)

Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do

início do respectivo período, observando-se o disposto no § 1º deste artigo. (Férias de

Ministro - Vide)

§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa

ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por

mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, de

13.8.91)

§ 4º A indenização será calculada com base na remuneração do mês em que for publicado o

ato exoneratório. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13.8.91)

§ 5º Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional previsto no inciso XVII

do art. 7º da Constituição Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela

Lei nº 9.525, de 10.12.97)

Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias

radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade

profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97).

Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública,

comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do

serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº

9.527, de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide).

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Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez, observado o

disposto no art. 77. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97).

O servidor público fará jus a 30 (trinta) dias de férias, que poderão ser acumuladas até

no máximo dois períodos.

O conceito de servidor é amplo, abrangendo servidores efetivos e comissionados,

além de algumas categorias de agentes políticos. O art. 2º da Orientação Normativa SRH nº

2, de 23 de fevereiro de 2011 abarca no conceito:

a) o Ministro de Estado;

b) o servidor efetivo e;

c) o servidor comissionado.

Passados o interstício mínimo de doze meses do início do exercício, ressalvando

alguns casos que suspendem o lapso temporal, o servidor terá incorporado a garantia e o

direito às férias.

Verificamos a possibilidade de se acumularem os períodos. A cumulatividade

somente é possível no caso de necessidade do serviço. Significa que em razão dessa

necessidade o servidor poderá deixar de usufruir as férias de um dado exercício para exercê-

la em outro posterior. A limitação temporal de dois períodos tem a finalidade de proteger o

servidor de abusos por parte da Administração Pública, que poderia se utilizar deste critério

discricionário e enclausurar o servidor na repartição.

Desta feita, as férias relativas ao primeiro período aquisitivo corresponderão ao ano

civil em que o servidor completar doze meses de exercício.

Não podemos olvidar que o período de doze meses não pode ser interpretado como

exercício efetivo. Referir-se ao “efetivo exercício” pode ensejar a interpretação de que o

servidor que esteve de licença, por exemplo, não poderia emendar com o período de férias.

Seria o caso, por exemplo, da licença para tratamento de saúde que será computado para

aposentadoria, licença prêmio, férias etc. Tal período será contado para todos os efeitos.

Portanto, em razão do cômputo de alguns períodos de licença para todos os efeitos, não

poderíamos exigir legislativamente que o exercício desse período fosse efetivamente de doze

meses. O servidor licenciado para o tratamento da própria saúde, se não ultrapassar o lapso

de 24 meses, não necessitará completar o período legal para o perfazimento do direito.

O servidor que não tenha completado doze meses de efetivo exercício e que entrar em

licença por um dos motivos abaixo especificados deverá, quando do retorno, completar o

referido período:

I - para tratamento de saúde de pessoa da família;

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II – para atividade política, a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao

da eleição, somente pelo período de três meses;

III - para tratamento da própria saúde que exceder o prazo de 24 meses;

IV - por motivo de afastamento do cônjuge.

Assim, licenciado ou afastado, o servidor fará jus às férias relativas ao exercício em

que se der o seu retorno. Na hipótese em que o período coincidir, parcial ou totalmente, com

o período da licença ou afastamento as férias serão reprogramadas, vedada, salvo nos casos

expressos, a acumulação para o exercício seguinte.

No caso de licença para capacitação ou afastamento para a participação em programa

de pós-graduação stricto sensu no País o servidor fará jus às férias do exercício em que se der

o seu retorno.

A transferência de férias, em sua integralidade ou etapas, para o exercício seguinte,

será autorizada por absoluta necessidade do serviço, mediante publicação de Portaria pela

autoridade competente, a ser encaminhada ao Gestor de Recursos Humanos.

Na interrupção das férias por motivo de calamidade pública, comoção interna,

convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço, o restante do

período integral ou etapa, será gozado de uma só vez, sem qualquer pagamento adicional

dentro do mesmo exercício.

Conforme o art. 3º da Orientação Normativa SRH nº 2, de 23 de fevereiro de 2011 as

férias poderão iniciar-se até 31 de dezembro de cada exercício e terminar no início do outro.

Além disso, as férias serão reprogramadas na hipótese em que o período coincidir,

parcial ou totalmente, com o período da licença ou afastamentos legalmente instituídos,

vedada a acumulação para o exercício seguinte.

Ressalvamos, entretanto, que poderão ser acumuladas as férias nos casos de licença à

gestante, licença a paternidade e ao adotante. Esta última regra tutela a família como bem

jurídico primário da sociedade e os direitos relacionados ao poder familiar de assistência ao

nascituro e aos filhos.

O primeiro período aquisitivo somente incorporará ao direito do servidor após doze

meses de labor. Não é possível, portanto, o gozo do período de férias antes desse prazo

mínimo. Como veremos, caso o servidor seja exonerado ou demitido do cargo em momento

anterior a esse interstício fará jus tão somente à indenização proporcional ao período

trabalhado e não ao período de descanso. Em verdade será ele indenizado proporcionalmente

ao período que, em tese, teria direito.

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A Lei possibilita o gozo parcelado das férias em três etapas, desde que requerido pelo

servidor e que a administração concorde. O indeferimento do pleito terá por base a

discricionariedade da Administração fundamentada na indispensabilidade do serviço.

Como sabido, o servidor apenas fará jus ao primeiro período aquisitivo de férias após

doze meses de serviço. Caso o servidor venha a ser exonerado ou demitido do cargo em

momento anterior, perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e

ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração

superior a quatorze dias. Vejamos que o servidor aqui não tem o direito às férias, mas à

indenização proporcional do que em tese faria jus, na proporção de 1/12 avos de cada mês

trabalhado.

O servidor que tiver suas férias fracionadas deverá dar início ao gozo da última

parcela dentro do respectivo exercício, ou seja, até 31 de dezembro (art. 3º da Orientação

Normativa SRH nº 2, de 23 de fevereiro de 2011). Tal regra limita o gozo das férias ao

talante do servidor. Não olvidamos que o interesse público deve prevalecer em toda decisão

administrativa. Exigir que a última parcela tenha início no mesmo ano completa o raciocínio

levado a cabo em outra regra de que o término deverá ser no início do exercício posterior.

- Reprogramação de férias:

Como sabido, o período de férias (integral ou parcelado) deve obrigatoriamente

constar na programação anual de férias, previamente elaborada pela chefia imediata. A

critério desta mesma chefia, em razão do interesse público, as férias podem ser

reprogramadas, desde que a solicitação seja feita em tempo razoável para a análise de sua

conveniência e oportunidade.

Caso o servidor figure como réu em Processo Administrativo Disciplinar o Presidente

da Comissão poderá solicitar à chefia imediata do servidor a reprogramação de férias.

- Faltas:

Quando o § 2º do art. 77 da lei dispõe que seria vedado levar à conta de férias

qualquer falta ao serviço, a regra se referiu unicamente às férias e não a remuneração

percebida no mês de trabalho. Conforme o inciso I do art. 44 da Lei nº 8.112, de 1990 um

servidor que tenha faltado ao serviço em três oportunidades no mês, sem justificativa, terá

perda remuneratória dos dias em que houver faltado. Contudo, tais descontos não irão refletir

no percebimento da remuneração de férias.

Caso o servidor venha a receber o valor integral da remuneração a reposição será feita

imediatamente em uma única parcela (§ 2º do art. 46 da Lei nº 8.112, de 1990).

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- Servidor exonerado:

Devemos ficar atentos à regra emanada do § 4º do art. 78, pois a indenização será

calculada com base na remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório.

Se um servidor X exerceu dois cargos comissionados em um período de 10 meses:

a) Cargo A por um período de sete meses;

b) Cargo B por um período de 3 meses.

Tal servidor foi exonerado. A indenização será devida na proporção de 10/12 avos

que terá como base de cálculo a remuneração do Cargo B, ainda que este seja de valor

inferior, pois, será calculada a indenização com base na remuneração do mês em que for

publicado o ato exoneratório. Caso tenha recebido antecipadamente o adicional de férias com

1/3 proporcional à remuneração do Cargo “A” deverá restituir o valor a maior.

O servidor que tenha ingressado por meio de concurso público e não foi aprovado no

estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente

ocupado. Nestes casos, conforme o § 3º do art. 78, acima transcrito, será devida indenização

relativa ao período das férias a que teria direito e ao incompleto na proporção de 1/12 avos

por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. Se a comissão de avaliação

do estágio não aprova o servidor por inassiduidade, indisciplina ou improdutividade,

homologado o ato e servidor será exonerado. Contudo fará jus à indenização conforme o

período efetivamente laborado na proporção de 1/12 por mês em exercício, tendo por base a

remuneração da data do ato que publicou a exoneração.

d) Adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade

A Constituição Federal de 1988 foi um marco no que se refere à garantia de direitos

sociais. A Carta Magna elencou uma série de direitos trabalhistas, estabelecidos nos incisos

do artigo 7º. Dentre tais garantias estão o direito ao pagamento de adicional de remuneração

para as atividades penosas, insalubres ou perigosas (inciso XXIII). Destaque-se o preceito

constitucional elucidado:

Artigo 7º: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social.

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na

forma da lei.

A Lei 8.112, de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos

civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, na sua Subseção IV, que

trata dos adicionais de insalubridade, periculosidade ou atividades penosas, define claramente

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em seu artigo 68, que os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou

em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus

a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.

O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá

optar por um deles, sendo que o direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa

com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão, devendo

haver permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais considerados

penosos, insalubres ou perigosos.

Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de

periculosidade, serão observadas as situações estabelecidas nas legislações específicas do

Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério da Previdência Social – Instituto Nacional

da Seguridade Social.

Já a Lei 8.270, de 1991, que dispõe sobre o reajuste da remuneração dos servidores

públicos, corrige e reestrutura as tabelas de vencimentos, define em seu artigo 12 que os

servidores civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais perceberão

adicionais de insalubridade e de periculosidade, nos termos das normas legais e

regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral e calculados com base nos seguintes

percentuais:

I – cinco, dez e vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimo, médio e

máximo, respectivamente;

II- dez por cento, no caso da periculosidade.

Os percentuais fixados acima incidem sobre o vencimento do cargo efetivo.

A Lei 6.514, de 1977, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à

Segurança Medicina do Trabalho, na sua Seção XIII – Das Atividades Insalubres ou

Perigosas, artigo 189, define que serão consideradas atividades ou operações insalubres

aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a

agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da

intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

O artigo 193, da referida lei, define que são consideradas atividades ou operações

perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que,

por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis

ou explosivos em condições de risco acentuado e sendo facultado às empresas e aos

sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a

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realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e

classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas.

Em relação às atividades penosas, prevê o art. 71 da referida Lei nº. 8112/1990:

Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas

de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e

limites fixados em regulamento.

Extrai-se do dispositivo as duas hipóteses que justificam o pagamento do adicional de

penosidade, quais sejam, o exercício de atividade em zonas de fronteira ou em localidades

cujas condições de vida são nocivas ao servidor público, e que deveriam ser complementadas

por regulamentos administrativos.

No entanto, passados quase vinte e quatro anos do reforço desse direito, a

administração pública federal não editou nenhum ato regulamentar para o devido pagamento

do adicional por atividade penosa.

Somente o Ministério Público da União, mediante a publicação da Portaria PGR/MPU

633, foi o único, até o momento, a regulamentar a matéria. Este regulamento tem servido de

base para ações judiciais em que servidores de outros órgãos pedem a aplicação analógica

desse normativo.

Por meio desta análise pudemos verificar que, em pese exista a previsão

constitucional de um direito dos trabalhadores em geral ao adicional de remuneração pelo

exercício de atividades penosas, apenas um pequeno universo faz jus, na prática, a este

pagamento.

f) Adicional noturno

O adicional noturno celetista é de 20% sobre o valor da hora diurna e está previsto no

artigo 73 , da CLT , in verbis:

"Art. 73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno

terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo

de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

§ 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta e dois)

minutos e 30 (trinta) segundos.

§ 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entreas

22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.( vinte e duas)

§ 3º - O acréscimo a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que

não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito tendo em

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vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às

empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será

calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder

desse limite, já acrescido da percentagem.

§ 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e

noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.

§ 5º - Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste Capítulo." (grifo

nosso).

Já o adicional noturno do servidor estatutário está previsto no estatuto de cada

servidor público. Veja como exemplo o artigo 75 , da Lei 8.112 /90 que estabelece como

valor para o adicional noturno o acréscimo de 25% sobre o valor hora diário. In verbis:

"Artigo 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e

duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25%

(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta

segundos.

Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata

este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73." (grifo nosso).

Portanto, para saber qual o valor do adicional noturno de determinado servidor

público, você deverá verificar o estatuto próprio do referido servidor.

g) Horas extras

A jornada de trabalho no serviço público, via de regra, tem duração de 40 horas

semanais, tendo os limites mínimo e máximo diários fixados entre seis e oito horas. Ao

menos é o que vale para os servidores federais, conforme artigo 19 da Lei 8.112/90 e artigo

7º, XIII da CF/88. Importante destacar que tais limites não são aplicáveis a duração de

trabalho estabelecida em lei especial, ou seja, leis que disponham sobre determinada função

pública podem estabelecer jornada de trabalho diversa.

Nesse viés, vale destacar que esses parâmetros gerais da jornada de trabalho dos

servidores públicos foram reproduzidos pelo artigo 1º do Decreto 1590/1995, que

regulamentou o art.19 da Lei 8112/90. Ocorre que citado Decreto inovou ao prever, em seu

artigo 3º, a possibilidade de flexibilização de jornada de trabalho do servidor, para 30 horas

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semanais, para aqueles que exerçam funções de atendimento ao público em regime de

escalas, em período igual ou superior a 12 (doze) horas ininterruptas.

Tal redução depende da discricionariedade dos Chefes máximos dos órgãos e

entidades, que, por ato administrativo, adequarão a jornada diferenciada de acordo com o

funcionamento da unidade, a teor da regra prevista no art. 5º do Decreto 1590/1995.

Frise-se que o estabelecimento de jornada de trabalho diferenciada no serviço público

não implica na redução de remuneração do servidor, exceto nos casos em que o próprio

servidor ocupante de cargo efetivo solicitar a redução de sua jornada de trabalho, como

facultado pelo art. pelo art. 5º do Decreto nº 2.174/01, de oito horas diárias e quarenta

semanais para seis ou quatro horas diárias e trinta ou vinte horas semanais, ocasião em que

este passará a receber remuneração proporcional.

Nesses termos, cabe a lei especial regulamentar a jornada de trabalho reduzida do

servidor público, prevendo a possibilidade de compensação, a exemplo dos profissionais que

prestam serviços na área de saúde, como médicos, enfermeiros, além das carreiras de

magistério no setor público e carreira policial.

A título exemplificativo, as jornadas diferenciadas poderão ser estabelecidas entre

12×24 horas; 12×36 horas; 24×24 horas; e 24×48 horas.

Em que pese a possibilidade do exercício de jornada de trabalho reduzida, tal fato não

exime a Administração Pública de arcar com o pagamento de adicional noturno ao servidor,

nas hipóteses em que houver a prestação de serviço no horário noturno, compreendido entre

as 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte, eis que tais pagamentos são devidos por

força de lei, conforme prevê ao art. 75 da Lei 8112/90, o qual repetiu a previsão

constitucional do art. 7, IX. Tal adicional corresponde ao acréscimo de 25% sobre o valor da

hora normal, sendo a hora computada a cada cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.

Importante destacar que esse direito é amplamente reconhecido pelos Tribunais,

sendo questão pacífica no Superior Tribunal de Justiça, no sentido de ser devido o pagamento

de adicional noturno aos servidores que, ainda que prestem serviço em jornada diferenciada,

também desempenhem a função pública em horário noturno. O tema, inclusive, deu origem a

edição da Súmula 213 do STF: É devido o adicional noturno, ainda que sujeito o empregado

ao regime de revezamento.

Assim, resta claro que o servidor que exerce jornada de trabalho diferenciada também

faz jus à percepção de adicional noturno, desde que exerça atividade em horário noturno.

Por outro lado, há divergência quanto a possibilidade de pagamento de horas extras

aos servidores que exercem suas funções em jornada diferenciada. Via de regra, será devido o

pagamento de horas extras a todo servidor que desempenhar serviço extraordinário, ou seja,

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aquele desempenhado para atender situações excepcionais e temporárias, limitadas a 2 horas

diárias, situação em que farão jus a percepção de acréscimo de 50% em sua remuneração, nos

termos do art. 73 da Lei 8112/90.

Ocorre que, em princípio, a fixação de jornada diferenciada de trabalho no serviço

público não ocorre para atender situações temporárias ou excepcionais, mas sim são

estabelecidas de acordo com a atividade desempenhada pela repartição, não havendo razão,

num primeiro momento, ao pagamento de horas extras.

Além disso, as leis que dispõe sobre os critérios a serem observados no desempenho

da jornada de trabalho diferenciada estabelecem a possibilidade de compensação, o que

excluiria eventual direito à percepção de horas extras. No entanto, a jurisprudência tende a

reconhecer o direito ao pagamento de hora extra aos servidores que, mesmo que prestem

serviço em jornada diferenciada, quando o tempo de serviço prestado ultrapassar as 40 horas

semanais.

- Informações gerais:

- Prestar serviços em tempo excedente ao da duração normal da jornada de trabalho

estabelecida para a categoria funcional ocupada;

- A comprovação da realização de horas extras é de responsabilidade exclusiva da chefia

imediata e do Diretor da Unidade;

- Somente será permitido serviço extraordinário para atender situações excepcionais e

temporárias, respeitando o limite de duas horas diárias (Art. 74 da Lei nº 8.112, de

11.12.1990);

- A previsibilidade orçamentária;

- Além do limite de 2 (duas) horas diárias, deve também ser respeitado o limite mensal de 44

(quarenta e quatro) horas e o anual de 90 (noventa) horas, podendo ser acrescido de 44

(quarenta e quatro) horas, com devida autorização do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão (Art. 3º do Decreto nº 948, de 05.10.1993);

- O cálculo da hora extra incide sobre o valor da remuneração a que o servidor faz jus (Art.

73 da Lei nº 8.112, de 11.12.1990);

- É vedado o pagamento de horas extras aos docentes;

- O Adicional por Serviço Extraordinário é incompatível com a percepção de Gratificação de

Raios X;

- Se à hora extra for noturna (prestada entre as 22 horas de um dia e às 5 horas do dia

seguinte), o percentual de 25% (vinte e cinco por cento) incidirá sobre o valor da hora diurna

acrescida de 50% (cinquenta por cento) (Art. 75 da Lei nº 8.112, de 11.12.1990)

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6 CONSIGNAÇÕES OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS

DECRETO Nº 6.386, DE 29 DE FEVEREIRO DE 2008.

Regulamenta o art. 45 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e dispõe sobre o

processamento das consignações em folha de pagamento no âmbito do Sistema Integrado de

Administração de Recursos Humanos - SIAPE.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.

84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 45 da Lei no 8.112, de 11 de

dezembro de 1990,

DECRETA:

Art. 1o O processamento dos descontos obrigatórios e facultativos de que trata o art.

45 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, em relação aos servidores do Poder

Executivo e às consignações em folha de pagamento no âmbito do Sistema Integrado de

Administração de Recursos Humanos - SIAPE, ficam regulamentados segundo as

disposições deste Decreto.

Art. 2o Considera-se, para fins deste Decreto:

I - consignatário: pessoa física ou jurídica de direito público ou privado destinatária dos

créditos resultantes das consignações compulsória ou facultativa, em decorrência de relação

jurídica estabelecida por contrato com o consignado;

II - consignante: órgão ou entidade da administração pública federal direta ou indireta, que

procede, por intermédio do SIAPE, descontos relativos às consignações compulsória e

facultativa na ficha financeira do servidor público ativo, do aposentado ou do beneficiário de

pensão, em favor do consignatário;

III - consignado: servidor público integrante da administração pública federal direta ou

indireta, ativo, aposentado, ou beneficiário de pensão, cuja folha de pagamento seja

processada pelo SIAPE, e que por contrato tenha estabelecido com o consignatário relação

jurídica que autorize o desconto da consignação;

IV - consignação compulsória: desconto incidente sobre a remuneração, subsídio ou provento

efetuado por força de lei ou mandado judicial;

V - consignação facultativa: desconto incidente sobre a remuneração, subsídio ou provento,

mediante autorização prévia e formal do interessado, na forma deste Decreto;

VI - suspensão da consignação: sobrestamento pelo período de até doze meses de uma

consignação individual efetuada na ficha financeira de um consignado;

VII - exclusão da consignação: cancelamento definitivo de uma consignação individual

efetuada na ficha financeira de um consignado;

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VIII - desativação temporária do consignatário: inabilitação do consignatário pelo período de

até doze meses, vedada inclusão de novas consignações no SIAPE e alterações das já

efetuadas;

IX - descredenciamento do consignatário: inabilitação do consignatário, com rescisão do

convênio firmado com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, bem como a

desativação de sua rubrica e perda da condição de cadastrada no SIAPE, ficando vedada

qualquer operação de consignação no SIAPE pelo período de sessenta meses; e

X - inabilitação permanente do consignatário: impedimento permanente de cadastramento do

consignatário e da celebração de novo convênio com o Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão para operações de consignação.

Art. 3o São consignações compulsórias:

I - contribuição para o Plano de Seguridade Social do Servidor Público;

II - contribuição para a Previdência Social;

III - obrigações decorrentes de decisão judicial ou administrativa;

IV - imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza;

V - reposição e indenização ao erário;

VI - custeio parcial de benefício e auxílios concedidos pela administração pública federal

direta e indireta, cuja folha de pagamento seja processada pelo SIAPE;

VII - contribuição em favor de sindicato ou associação de caráter sindical ao qual o servidor

seja filiado ou associado, na forma do art. 8o, inciso IV, da Constituição, e do art. 240, alínea

“c”, da Lei no 8.112, de 1990;

VIII - contribuição para entidade fechada de previdência complementar a que se refere o art.

40, § 15, da Constituição, durante o período pelo qual perdurar a adesão do servidor ao

respectivo regime;

IX - contribuição efetuada por empregados da administração pública federal indireta, cuja

folha de pagamento seja processada pelo SIAPE, para entidade fechada de previdência

complementar;

X - taxa de ocupação de imóvel funcional em favor de órgãos da administração pública

federal direta, autárquica e fundacional;

XI - taxa relativa a aluguel de imóvel residencial de que seja a União proprietária ou

possuidora, nos termos do Decreto-Lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946; e

XII - outras obrigações decorrentes de imposição legal.

Art. 4o São consignações facultativas, na seguinte ordem de prioridade:

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I - contribuição para serviço de saúde prestado diretamente por órgão público federal, ou para

plano de saúde prestado mediante celebração de convênio ou contrato com a União, por

operadora ou entidade aberta ou fechada;

II - co-participação para plano de saúde de entidade aberta ou fechada ou de autogestão

patrocinada;

III - mensalidade relativa a seguro de vida originária de empresa de seguro;

IV - pensão alimentícia voluntária, consignada em favor de dependente indicado no

assentamento funcional do servidor;

V - contribuição em favor de associação constituída exclusivamente por servidores públicos

cuja folha de pagamento seja processada pelo SIAPE, que tenha por objeto social a

representação ou prestação de serviços aos seus associados;

V - contribuição em favor de fundação instituída com a finalidade de prestação de serviços a

servidores públicos ou em favor de associação constituída exclusivamente por servidores

públicos ativos, inativos ou pensionistas e que tenha por objeto social a representação ou

prestação de serviços a seus membros; (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

VI - mensalidade em favor de cooperativa, instituída pela Lei no 5.764, de 16 de dezembro de

1971, constituída exclusivamente por servidores públicos federais com a finalidade de prestar

serviços a seus cooperados;

VI - contribuição ou integralização de quota-parte em favor de cooperativas constituídas por

servidores públicos, na forma da lei, com a finalidade de prestar serviços a seus

cooperados; (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

VII - contribuição ou mensalidade para plano de previdência complementar, excetuados os

casos previstos nos incisos VIII e IX do art. 3o;

VIII - prestação referente a empréstimo concedido por cooperativas instituídas pela Lei nº

5.764, de 1971, constituída exclusivamente por servidores públicos federais com a finalidade

de prestar serviços a seus cooperados;

VIII - prestação referente a empréstimo concedido por cooperativas de crédito constituídas,

na forma da lei, com a finalidade de prestar serviços financeiros a seus

cooperados; (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

IX - prestação referente a empréstimo ou financiamento concedidos por entidades bancárias

ou caixas econômicas; e

IX - prestação referente a empréstimo ou financiamento concedidos por entidades bancárias,

caixas econômicas ou entidades integrantes do Sistema Financeiro da Habitação;

e (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

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IX - prestação referente a empréstimo ou financiamento concedidos por entidades bancárias,

caixas econômicas ou entidades integrantes do Sistema Financeiro da

Habitação; (Redação dada pelo Decreto nº 6.967, de 2009).

X - prestação referente a empréstimo ou financiamento concedido por entidade aberta ou

fechada de previdência privada.

X - prestação referente a empréstimo ou financiamento concedidos por entidade aberta ou

fechada de previdência privada; e (Redação dada pelo Decreto nº 6.967, de 2009).

XI - prestação referente a financiamento imobiliário concedido por companhia imobiliária

integrante da administração pública indireta da União, Estados e Distrito Federal e cuja

criação tenha sido autorizada por lei. (Incluído pelo Decreto nº 6.967, de 2009).

Parágrafo único. Para os efeitos do inciso V do caput, considerar-se-á associação

constituída exclusivamente por servidores públicos as que também mantenham, em seus

quadros, membros que sejam dependentes de servidores públicos ativos, inativos ou

pensionistas e as que possuam sócios a título honorífico, ainda que sem vínculo com o

serviço público. (Incluído pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

Art. 5o Compete à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão efetuar o cadastramento dos consignatários de que trata este Decreto.

Art. 6o O processamento das consignações facultativas de que trata o art.

4o dependerá do ressarcimento dos custos administrativos de cadastramento, manutenção e

utilização do sistema de pactuação contratual entre consignatários e consignados.

Parágrafo único. Caberá à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão disciplinar a forma de cobrança e recolhimento, os prazos

e os valores dos custos de que trata o caput e definir os casos de eventuais isenções em razão

da natureza das consignações.

Art. 7o A habilitação para processamento das consignações facultativas de que trata o

art. 4o dependerá de prévio cadastramento e recadastramento dos consignatários, a ser

realizado a cada doze meses contados da data do cadastramento.

Art. 7o A habilitação para o processamento de consignações dependerá de prévio

cadastramento e recadastramento dos consignatários, a ser realizado anualmente de acordo

com cronograma a ser estabelecido pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão. (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de 2008).

§ 1o O cadastramento de que trata o caput será requerido pelo consignatário ou pelo

consignado, no caso de pensão alimentícia voluntária, conforme exigências disciplinadas em

ato da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

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§ 2o Caso aprovado o requerimento de que trata o § 1

o, a Secretaria de Recursos

Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão firmará convênio com o

consignatário, que disporá sobre os direitos e obrigações das partes e providenciará a criação

de rubrica para aquelas modalidades de consignação ainda não cadastradas no SIAPE.

Art. 8o A soma mensal das consignações facultativas de cada consignado não

excederá ao valor equivalente a trinta por cento da respectiva remuneração.

Art. 8o A soma mensal das consignações facultativas de cada consignado não

excederá a trinta por cento da respectiva remuneração, excluído do cálculo o valor pago a

título de contribuição para serviços de saúde patrocinados por órgãos ou entidades públicas,

na forma prevista nos incisos I e II do art. 4o. (Redação dada pelo Decreto nº 6.574, de

2008).

§ 1o Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se a remuneração a que se

refere o caput a soma dos vencimentos com os adicionais de caráter individual e demais

vantagens, nestas compreendidas as relativas à natureza ou ao local de trabalho e a prevista

no art. 62-A da Lei no 8.112, de 1990, ou outra paga sob o mesmo fundamento, sendo

excluídas:

I - diárias;

II - ajuda-de-custo;

III - indenização da despesa do transporte quando o servidor, em caráter permanente, for

mandado servir em nova sede;

IV - salário-família;

V - gratificação natalina;

VI - auxílio-natalidade;

VII - auxílio-funeral;

VIII - adicional de férias;

IX - adicional pela prestação de serviço extraordinário;

X - adicional noturno;

XI - adicional de insalubridade, de periculosidade ou de atividades penosas; e

XII - qualquer outro auxílio ou adicional estabelecido por lei e que tenha caráter

indenizatório.

§ 2o As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, aos empregados públicos

federais e demais servidores, cujas folhas de pagamento sejam processadas pelo SIAPE,

observado o disciplinamento a cargo do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Art. 9o As consignações compulsórias prevalecem sobre as facultativas.

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§ 1o Não será permitido o desconto de consignações facultativas até o limite de trinta

por cento, quando a sua soma com as compulsórias exceder a setenta por cento da

remuneração do consignado.

§ 2o Na hipótese em que a soma das consignações compulsórias e facultativas venha

a exceder o limite definido no § 1o, serão suspensas as facultativas até a adequação ao limite,

observando-se para tanto, a ordem de prioridade definida no art. 4o.

§ 3o Somente será admitida a operação de consignações facultativas até o limite da

margem consignável estabelecida no § 1o.

§ 4o Não será incluída ou processada no SIAPE a consignação que implique excesso

do limite da margem consignável estabelecida no § 1o, independentemente da ordem de

prioridade estabelecida no art. 4o.

§ 5o Somente poderão ser descontados em folha de pagamento os empréstimos ou

financiamentos realizados pelas entidades a que se referem os incisos VIII, IX e X do art. 4o,

amortizáveis até o limite máximo de sessenta meses.

§ 5o Ressalvado o financiamento de imóvel residencial, os empréstimos ou

financiamentos realizados pelas entidades a que se referem os incisos VIII, IX e X do art.

4o deverão ser amortizáveis até o limite de sessenta meses. (Redação dada pelo Decreto

nº 6.574, de 2008).

§ 5o Ressalvado o financiamento de imóvel residencial e aquele previsto no inciso XI

do art. 4o, os empréstimos ou financiamentos realizados pelas entidades a que se referem os

incisos VIII, IX e X do art. 4o deverão ser amortizáveis até o limite de sessenta

meses. (Redação dada pelo Decreto nº 6.967, de 2009).

§ 5o Ressalvado o financiamento de imóvel residencial e aquele previsto no inciso XI

do caput do art. 4o, os empréstimos ou financiamentos realizados pelas entidades a que se

referem os incisos VIII, IX e X do caput do art. 4o deverão ser amortizáveis até o limite de

noventa e seis meses. (Redação dada pelo Decreto nº 8.321, de 2014).

Art. 10. São requisitos exigidos para fins de cadastramento e recadastramento:

I - de todas as entidades:

a) estar regularmente constituída;

b) possuir escrituração e registros contábeis conforme legislação específica; e

c) possuir regularidade fiscal comprovada;

II - das entidades referidas no inciso V do art. 4o:

a) possuir autorização para funcionamento há pelo menos dois anos; e

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b) possuir e manter número mínimo de setecentos associados, ou número de associados

equivalente a noventa por cento do total de servidores da categoria, carreira ou do quadro de

pessoal que representam;

b) possuir e manter número mínimo de quinhentos associados, ou número mínimo de

associados equivalentes a oitenta por cento do total de servidores da categoria, carreira,

quadro de pessoal ou base territorial ou geográfica que representam. (Redação dada pelo

Decreto nº 6.574, de 2008).

III - das entidades referidas nos incisos VIII e IX do art. 4o:

a) possuir autorização de funcionamento expedida pelo Banco Central do Brasil; e

b) atender a outras exigências previstas na legislação federal aplicável à espécie;

IV - das entidades a que se refere o inciso X do art. 4o:

a) possuir autorização de funcionamento expedida pela Superintendência de Seguros

Privados - SUSEP; e

b) atender a outras exigências previstas na legislação federal aplicável à espécie.

Art. 11. As entidades beneficiárias das consignações de que trata o art. 4o, exceto o

consignatário daquela constante no inciso IV, deverão comprovar, periodicamente, na forma

e prazos estabelecidos em portaria a ser expedida pela Secretaria de Recursos Humanos do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a manutenção do atendimento das

condições exigidas neste Decreto, por intermédio do recadastramento anual, bem como

apresentar quadro demonstrativo de bens e serviços oferecidos aos consignados para

divulgação.

Art. 12. Os consignatários de que tratam os incisos VIII, IX e X do art. 4o deverão,

até o último dia de cada mês, lançar para divulgação em sítio próprio nos termos definidos

em portaria da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão, informação quanto às taxas máximas de juros e todos os demais encargos inerentes à

operação que serão praticados na concessão de empréstimo pessoal no mês subseqüente.

§ 1o As taxas de juros praticadas deverão obedecer ao limite máximo estabelecido em

ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.

§ 2o O não-cumprimento da obrigação prevista no caput implicará desativação

temporária do consignatário até a regularização da situação infracional.

§ 3o A reincidência no descumprimento do disposto no caput em período de doze

meses implicará o descredenciamento do consignatário.

§ 4o A Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão não será responsável pelos dados informados pelo consignatário, competindo-lhe,

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sempre que provocada na forma do art. 13, a adoção de providências nos casos em que as

taxas e encargos praticados divergirem daquelas informadas.

Art. 13. No caso de desconto indevido, o servidor deverá formalizar termo de

ocorrência junto à unidade de recursos humanos a que esteja vinculado, no qual constará a

sua identificação funcional e exposição sucinta dos fatos.

§ 1o No caso de formalização do termo de ocorrência de que trata o caput, a

respectiva unidade de recursos humanos deverá notificar o consignatário em até cinco dias

para comprovar a regularidade do desconto, no prazo de três dias.

§ 2o Não ocorrendo a comprovação da regularidade do desconto, serão suspensas as

consignações irregulares e instaurado processo administrativo para apuração dos fatos.

§ 3o Instaurado o processo administrativo, de que trata o § 2

o, o consignatário terá

cinco dias para apresentação de defesa.

§ 4o No curso do processo administrativo, a autoridade responsável pelo julgamento

poderá suspender a consignação por meio de decisão devidamente motivada.

Art. 14. Os valores referentes a descontos considerados indevidos deverão ser

integralmente ressarcidos ao prejudicado no prazo máximo de trinta dias contados da

constatação da irregularidade, na forma pactuada entre o consignatário e o consignado.

Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput implica desativação

temporária do consignatário, nos termos do inciso IV do art. 18.

Art. 15. A consignação em folha de pagamento não implica co-responsabilidade dos

órgãos e das entidades da administração pública federal direta e indireta, cuja folha de

pagamento seja processada pelo SIAPE, por dívidas ou compromissos de natureza

pecuniária, assumidos pelo consignado junto ao consignatário.

Art. 16. As consignações em folha previstas no art. 4o poderão, por decisão motivada,

a qualquer tempo ser:

I - suspensas, no todo ou em parte, por interesse da administração, observados os critérios de

conveniência e oportunidade, após prévia comunicação à entidade consignatária,

resguardados os efeitos jurídicos produzidos por atos pretéritos, ou por interesse do

consignatário ou consignante, mediante solicitação expressa; e

II - excluídas por interesse da administração, observados os critérios de conveniência e

oportunidade, após prévia comunicação ao consignatário, resguardados os efeitos jurídicos

produzidos em atos pretéritos, ou por interesse do consignatário ou consignante, mediante

solicitação expressa.

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Parágrafo único. As consignações referidas nos incisos VIII, IX e X do art.

4o somente poderão ser excluídas a pedido do consignado mediante prévia aquiescência do

consignatário e decisão motivada do consignante.

Parágrafo único. As consignações referidas nos incisos VIII, IX, X e XI do art.

4o somente poderão ser excluídas a pedido do consignado mediante prévia aquiescência do

consignatário e decisão motivada do consignante.(Redação dada pelo Decreto nº 6.967, de

2009).

Art. 17. Ocorrerá, ainda, a exclusão da consignação nas seguintes hipóteses:

I - quando restar comprovada a irregularidade da operação, que implique vício insanável; e

II - pela não utilização da rubrica pela entidade durante o período de seis meses ininterruptos.

Art. 18. Além da hipótese prevista no § 2o do art. 12, ocorrerá a desativação

temporária do consignatário:

I - quando constatada irregularidade no cadastramento, recadastramento, ou em

processamento de consignação;

II - que deixar de prestar informações ou esclarecimentos nos prazos solicitados pela

administração;

III - que deixar de apresentar o comprovante do recolhimento dos custos de que trata o art. 6o;

e

IV - que deixar de efetuar o ressarcimento ao consignado nos termos previstos no art. 14.

Parágrafo único. A desativação temporária permanecerá até a regularização da

situação infracional do consignatário, observada a hipótese prevista no inciso V do art. 19.

Art. 19. Ocorrerá o descredenciamento do consignatário quando:

I - ceder a terceiros, a qualquer título, rubricas de consignação;

II - permitir que terceiros procedam a consignações no SIAPE;

III - utilizar rubricas para descontos não previstas no art. 4o;

IV - reincidir em práticas que impliquem sua desativação temporária; e

V - não regularizar em seis meses a situação que ensejou sua desativação temporária.

Art. 20. Ocorrerá a inabilitação permanente do consignatário nas hipóteses de:

I - reincidência em práticas que impliquem seu descredenciamento;

II - comprovada prática de ato lesivo ao servidor ou à administração, mediante fraude,

simulação, ou dolo; e

III - prática de taxas de juros e encargos diversos dos informados à Secretaria de Recursos

Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em atendimento à exigência

do art. 12, na concessão de empréstimo pessoal.

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Art. 21. O consignado ficará impedido, pelo período de até sessenta meses, de incluir

novas consignações em seu contracheque quando constatado, em processo administrativo,

prática de irregularidade, fraude, simulação ou dolo relativo ao sistema de consignações.

Art. 22. A competência para instauração de processo administrativo para

cumprimento do disposto nos arts. 16 a 21 será definida em ato do Secretário de Recursos

Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, assegurando-se a ampla

defesa e o devido processo legal.

Art. 23. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão editará ato com normas

complementares necessárias à execução deste Decreto, inclusive em relação aos membros da

Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e, no que couber, dos ex-

Territórios.

Art. 24. O disposto neste Decreto se aplica, também, aos servidores ativos, inativos e

pensionistas de que trata o § 3o do art. 1

o da Lei n

o 10.633, de 27 de dezembro de 2002, e aos

empregados públicos da administração pública federal indireta, cujas folhas de pagamento

sejam processadas pelo SIAPE, excetuados os casos regidos pela Lei no 10.820, de 17 de

dezembro de 2003.

Art. 25. Os consignatários que atualmente operam no SIAPE terão prazo de cento e

oitenta dias contados da vigência deste Decreto para adequação às suas normas.

Art. 25. Os consignatários que atualmente operam no SIAPE terão prazo até 30 de

novembro de 2008 para adequação às normas deste Decreto. (Redação dada pelo Decreto

nº 6.574, de 2008).

§ 1o Os consignatários que não firmarem convênio com o Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão no prazo a que se refere o caput serão excluídos do

SIAPE e ficarão impedidos de realizar novas operações de consignação.

§ 2o As consignações relativas à amortização de empréstimos e financiamentos

firmados na vigência do Decreto no 4.961, de 20 de janeiro de 2004, poderão permanecer no

sistema até o termo final de sua vigência, vedada nesta hipótese a promoção de alterações de

qualquer natureza quanto às operações mantidas.

§ 3o As entidades interessadas somente poderão operar novas consignações no SIAPE

quando cadastradas e habilitadas na forma do art. 7o e mediante celebração de convênio com

o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Art. 26. A partir da data de publicação deste Decreto, não serão firmados contratos

ou convênios, ou admitidas novas consignações, que não atendam às exigências nele

previstas.

Art. 27. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 28. Fica revogado o Decreto no 4.961, de 20 de janeiro de 2004.

Brasília, 29 de fevereiro de 2008; 187o da Independência e 120

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Paulo Bernardo Silva

Parabéns por estudar!

Agora você faz parte da classe capacitada, que contribui para o progresso nos

serviços públicos, obrigado por escolher a Unipública!