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Revista de Imprensa02-06-2015
1. (PT) - i, 02/06/2015, Prevenar passa a ser comparticipada 1
2. (PT) - Correio do Minho, 01/06/2015, Especialistas debatem efeitos das vacinas na prevenção de doenças 2
3. (PT) - i, 02/06/2015, Meio século de vacinas... ainda bem! 3
4. (PT) - Jornal de Notícias, 02/06/2015, Preso com tuberculose na cadeia de Guimarães 4
5. (PT) - Correio da Manhã, 02/06/2015, Unidade de saúde 6
6. (PT) - Correio do Minho, 02/06/2015, Hospital assinala Dia Mundial da Criança com várias actividades 7
7. (PT) - Público, 02/06/2015, Enfermeiros em greve na quinta e sexta-feira 8
8. (PT) - Correio da Manhã, 02/06/2015, Menos espanhóis a dar consultas 10
9. (PT) - Jornal de Notícias, 02/06/2015, Aumentam encargos com medicamentos 11
10. (PT) - Público, 02/06/2015, Instituto adia outra vez decisão sobre dádiva de sangue por gays 13
11. (PT) - i, 02/06/2015, Cancro agressivo. Sucesso de novo tratamento gera onde de entusiasmo 16
12. (PT) - Correio do Minho, 02/06/2015, UMinho aponta novos marcadores para a doença obsessivo-compulsiva
19
13. (PT) - Metro Portugal, 02/06/2015, Novo despiste para as perturbações na fala 20
14. (PT) - Correio da Manhã, 02/06/2015, Vacina nasal contra o antraz 21
15. (PT) - Público, 02/06/2015, No mundo das doenças cardiovasculares 22
16. (PT) - Correio do Minho, 02/06/2015, Doença inflamatória intestinal 24
17. (PT) - Público, 02/06/2015, A solução fácil: matar o mensageiro 25
18. (PT) - Público, 02/06/2015, O que a morte de John Nash nos ensina sobre a esquizofrenia 26
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No dia 3 de JunhoEspecialistas debatem efeitos das vacinas na prevenção de doençasA vigilância das doenças evitáveispela vacinação, os 50 anos do Pro-grama Nacional de Vacinação eas novas vacinas, são os temasque vão estar em debate na mesaredonda que vai decorrer naquarta-feira, pelas 9.30 horas, noFórum Municipal Rodrigues Sam-paio, em Esposende. O encontro insere-se na terceiraReunião da Unidade CoordenadoraFuncional (UCF) da Criança e doAdolescente do Hospital SantaMaria Maior - Agrupamentos deCentros de Saúde de Barcelos//Esposende. As vacinas são o meio mais eficaz eseguro de protecção contra certasdoenças. Mesmo quando a imunidade não é total, quem está vacinado temmaior capacidade de resistência na eventualidade de a doença surgir.
DR
Vacinas ajudam a prevenir doenças
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DIA DA CRIANÇA| Paula Maia |
Assinalou-se ontem uma das da-tas mais especiais para os uten-tes de palmo e meio do Hospitalde Braga: o Dia Mundial daCriança. Um dia de animaçãoque envolveu as crianças do ser-viço de Pediatria, desde o Inter-namento, passando pela Consul-ta Externa, Neonatologia e Ur-gência Pediátrica.
Para celebrar a efeméride, ohospital preparou um programaespecial, contando com a cola-boração de várias entidades.
Desde manhã cedo que os peti-zes participaram em várias acti-vidades, a começar pela impres-são das mãos e entrega de pe-quenas lembranças pelo grupode Voluntariado do Hospital.
O período da manhã foi aindapreenchido com pinturas faciaise modeladores de balões, comapoio do Braga Retail Center.
Já no período da tarde, o hospi-tal recebeu um grupo da Asso-ciação de Reformados do CentroHistórico de Braga que entregouroupas de bebé no serviço deNeonatologia.
Durante a tarde, tempo aindapara os petizes assistir à actua-ção do projecto ‘Espaço Musi-cal’ protagonizado pelos Volun-tários do Agrupamento de Es-colas de Maximinos.
Outro ponto alto do programafoi a apresentação da peça deteatro ‘O traseiro do senhor Ti-tus Satrius’, protagonizada peloMuseu de Arqueologia D. Diogode Sousa e da Jovemcoop, umapeça que animou o serviço de
Pediatria.A programação encerrou com
um lanche-convívio no interna-mento da pediatria.
Além deste leque de activida-des destinado aos mais novos, asáreas pediátricas do hospital es-tiveram decoradas com balõescoloridos, no sentido de humani-zar os serviços, aliás, um objec-tivo que o Hospital de Braga temcumprido em todos os serviços.
Madalena Lopes, enfermeirachefe do Serviço de Pediatria daunidade bracarense referiu aoCM que o programa contou coma participação de entidades quedurante o ano colaboram com aunidade em várias actividades.
A responsável diz que todo oprograma foi concebido de mo-do a que as crianças que tenhamrecorrido ao hospital neste dia,e, especialmente, as que estãointernados, ficassem com estadata gravada na memória.
“ Alegria começou logo de ma-nhã quando começamos a en-cher os balões. As crianças colo-caram-se de imediato à nossavolta”, referiu Madalena Lopes.
A enfermeira chefe falou aindada importância de humanizar osserviços hospitalares, nomeada-mente a Pediatria, lembrandoque o hospital tem estabelecidoprotocolos com várias entidades,como as Guias de Portugal, a Bi-blioteca Lúcio Craveiro da Sil-va, o Agrupamento de Maximi-nos e, a mais antiga, a ‘OperaçãoNariz Vermelho’, que protagoni-zam várias iniciativas “em ti-mings diferentes”
Hospital assinala Dia Mundial da Criança com várias actividadesUTENTES de palmo e meio usufruíram de um programa especial que abrangeu a área da Pediatria,desde o Internamento, passando pela Consulta Externa, Neonatologia e Urgência Pediátrica.
DR
A animação estendeu-se às consultas externas onde as crianças receberam pinturas faciais e balões
DR
Pais e crianças internadas no serviço de Pediatria participaram na peça apresentada pelo Museu D. Diogo de Souda e a JovemCoop
Madalena Lopes,enfermeira chefe do Serviçode Pediatria da unidadebracarense referiu ao CMque o programa contou coma participação de entidadesque durante o anocolaboram com a unidadeem várias actividades.
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Os centros de saúde e hospitais vão
funcionar no fi nal da semana ape-
nas com serviços mínimos, devido a
uma greve nacional de dois dias con-
vocada pelo Sindicato dos Enfermei-
ros Portugueses (SEP) para quinta e
sexta-feira. Em causa está a “neces-
sidade de valorização económica da
carreira de enfermagem”, adiantou
ao PÚBLICO o presidente do SEP,
que salientou que “as condições de
trabalho têm vindo a degradar-se”
ainda mais nos últimos meses.
José Carlos Martins explicou que
a decisão de avançarem para a pri-
meira greve sectorial do ano aconte-
ce depois de terem apresentado ao
Ministério da Saúde um conjunto de
medidas em Abril e que “não mere-
ceram qualquer contraproposta” no
último encontro, que decorreu a 13
de Maio. O sindicalista especifi cou
que o ministério de Paulo Macedo
“apenas se mostrou disponível para
negociar o Acordo Colectivo de Tra-
balho”, mas o enfermeiro assegura
que tal deixa de fora o mais funda-
mental: carreiras e salários.
O presidente do SEP reforçou que
“os enfermeiros são os profi ssionais
da administração pública mais mal
remunerados” e criticou a tutela por
não reforçar os hospitais e centros
de saúde com mais recursos hu-
manos. Para José Carlos Martins, a
contratação desde o início do ano
de “mais 700 enfermeiros é mani-
festamente insufi ciente”, ainda que
Enfermeiros em greve na quinta e sexta-feira
positiva, justifi cando que continuam
a sair muitos profi ssionais por refor-
mas antecipadas e emigração e que
há também casos de licenças de ma-
ternidade e baixas e que as pessoas
não são prontamente substituídas.
Ainda sobre os concursos, o repre-
sentante dos enfermeiros destacou
os “grandes atrasos” na admissão
dos profi ssionais, numa referência
ao procedimento que decorre pa-
ra admitir mais 1000 profi ssionais
de enfermagem para os cuidados
de saúde primários. Segundo os
valores apresentados na conferên-
cia de imprensa onde foi exposta a
convocação da greve, o SEP estima
que faltem 25 mil enfermeiros em
todo o país.
Por outro lado, o SEP acusa o Mi-
nistério da Saúde de, ao mesmo tem-
po que não actualiza salários, pou-
par com “injustiças” feitas à custa
dos enfermeiros e que nas contas do
sindicalista ascendem a 190 milhões
de euros em cada ano, tendo apenas
em consideração o aumento não pa-
go dos horários de trabalho de 35
para 40 horas semanais, o congela-
mento de escalões e o não pagamen-
to das chamadas horas de qualidade.
José Carlos Martins alerta ainda
para os “custos elevados” da “não
valorização dos enfermeiros”, re-
forçando que os “profissionais
exaustos” prestam um pior serviço
e correm um maior risco de erro. O
enfermeiro garante que a contrata-
ção de mais especialistas permitiria
evitar a degradação das condições
de saúde dos idosos e doentes cró-
nicos e que “pouparia milhões ao
Estado” em reinternamentos e si-
tuações agudas. As contas apontam
para uma redução da despesa em
30% só em infecções hospitalares
e situações como quedas, interna-
mentos e mortes com a “dotação
correcta” de enfermeiros.
A última greve convocada pelo
SEP aconteceu em Novembro de
2014 e contou com uma adesão na
ordem dos 75%. A paralisação fi cou
marcada por trocas de críticas entre
o SEP e o Ministério da Saúde, com
a tutela a acusar o sindicato de “ir-
responsabilidade” por ter mantido o
protesto que decorreu em pleno sur-
to de Legionella do concelho de Vila
Franca de Xira. Paulo Macedo avan-
çou mesmo com a publicação de um
despacho em que declarou o surto
“uma situação grave de emergên-
cia de saúde pública” e estabeleceu
uma lista de hospitais na região da
Grande Lisboa onde os enfermeiros
tiveram de se apresentar ao serviço,
apesar da greve nacional.
SaúdeRomana Borja-Santos
Paralisação contra degradação das condições de trabalho. Serviços mínimos nos hospitais
Enfermeiros de novo em greve Página 8
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Paralisação contra degradação das condições de trabalho p5
Enfermeiros em greve na quinta e sexta-feira
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Instituto adia outra vez decisão sobre dádiva de sangue por gays
Foi novamente ultrapassado o prazo
para apresentação de conclusões do
grupo de trabalho do Instituto Portu-
guês do Sangue e da Transplantação
(IPST) que estuda os critérios de ex-
clusão de dadores de sangue homo e
bissexuais. O ministro da Saúde tinha
revelado a 7 de Maio, em declarações
aos jornalistas na Assembleia da Re-
pública, que o grupo de peritos deve-
ria apresentar conclusões até ao dia
31. “A discussão terá lugar neste mês
pelo grupo de peritos e esperemos
que se chegue a uma conclusão”,
afi rmou Paulo Macedo. Passaram-se
já dois anos desde o primeiro prazo
indicado pelo ministério.
Actualmente, os homens que de-
claram nos inquéritos obrigatórios
de triagem de dadores ter tido rela-
ções sexuais com outros homens são
excluídos da dádiva de sangue. Os
adversários desta política, seguida
em muitos outros países europeus,
consideram-na discriminatória, por
ela alegadamente se basear na orien-
tação sexual dos potenciais dadores
e não nos comportamentos de risco
que estes tenham tido.
Segundo Diamantino Cabanas,
assessor de imprensa do IPST, a ela-
boração do relatório fi nal “está em
curso”. O documento terá ainda de
ser revisto e aprovado por todos os
peritos do grupo de trabalho e depois
submetido ao presidente do IPST,
que o enviará ao ministro. Diaman-
tino Cabanas diz não existir qualquer
prazo para que tal aconteça.
O PÚBLICO sabe que o grupo de
trabalho teve uma reunião a 20 de
Maio, durante a qual foi alcançado
um consenso preliminar, tendo fi -
cado assente que cada membro do
grupo iria apresentar por escrito a
sua opinião e que a versão fi nal do
relatório a enviar ao ministro deverá
estar pronta antes do fi m de Junho.
O Grupo de Trabalho sobre Com-
portamentos de Risco com Impacto
na Segurança do Sangue e na Gestão
de Dadores tomou posse em Dezem-
bro de 2012 e deveria ter apresentado
conclusões até Junho de 2013, como
à época informou Luís Vitório, che-
fe de gabinete de Paulo Macedo. De-
zembro de 2014 foi depois indicado
pelo IPST como novo prazo, mas tam-
bém este foi ultrapassado. Desta vez,
o dia 31 de Maio foi estabelecido pelo
próprio titular da pasta da Saúde.
O grupo foi nomeado pelo IPST na
sequência de uma resolução da As-
sembleia da República, apresentada
pelo Bloco de Esquerda e aprovada
em Abril de 2010 sem votos contra,
segundo a qual o ministério deveria
“combater a actual discriminação
dos homossexuais e bissexuais nos
serviços de recolha de sangue”, o
que passaria, diz o texto da resolu-
ção, pela eliminação de uma pergun-
ta dos inquéritos de triagem (“sendo
homem, teve contactos sexuais com
homens?”) e pela elaboração de um
“documento normativo que proíba
expressamente a discriminação dos
dadores de sangue com base na sua
orientação sexual”.
Os nomes dos peritos do grupo de
trabalho foram mantidos em segredo
até há pouco tempo, noticiou o PÚBLI-
CO a 27 de Março. Na sequência da no-
tícia, o grupo parlamentar do Bloco de
Esquerda chamou Hélder Trindade,
presidente do conselho directivo do
IPST, para uma audição na Comissão
de Saúde, que decorreu a 29 de Abril.
O IPST é tutelado pelo Ministério da
Saúde e responsável pela coordena-
ção nacional da colheita de sangue.
Hélder Trindade disse aos deputa-
dos que o atraso se deveu fundamen-
talmente a uma resolução do Con-
selho da Europa de Março de 2013,
mas não clarifi cou a relação entre
os dois factos e os deputados não o
questionaram sobre isso. Acabou por
revelar os nomes dos sete peritos do
grupo de trabalho e disse que, sen-
do “pessoas externas”, o IPST “não
pode apontar pistolas às pessoas” e
exigir que apresentem conclusões.
“Eles fazem o favor de estar a traba-
lhar”, sublinhou, adiantando que os
peritos “não são remunerados” por
este trabalho.
As sete pessoas em causa são Ana
Paula Sousa (IPST), Ricardo Camacho
(virologista), Lucília Nunes (vice-pre-
sidente do Conselho Nacional de Éti-
ca para as Ciências da Vida, que subs-
Ministro da Saúde prometeu conclusões até 31 de Maio. Grupo de peritos que estuda o assunto ainda não escreveu o relatório fi nal e não há data ofi cial para que tal aconteça
SaúdeBruno Horta
tituiu Cíntia Águas), Fernando Araújo
(director do Serviço de Imuno-he-
moterapia do Centro Hospitalar de
São João), António Diniz (director do
Programa Nacional para a Infecção
VIH/sida), Nuno Janeiro (infecciolo-
gista) e Isabel Elias (Comissão para
a Cidadania e Igualdade de Género).
LARA JACINTO
IPST é tutelado pelo Ministério da Saúde e responsável pela coordenação nacional da colheita de sangue
Durante a audição parlamentar,
Hélder Trindade disse ainda que só
pode dar sangue o dador que “admi-
te que é homossexual mas não ad-
mite que teve práticas sexuais com
homens”. As associações de defesa
de direitos de minoriais sexuais ILGA
— Portugal, Rumos Novos — Homosse-
xuais Católicos e Panteras Rosa con-
sideraram “discriminatórias” e “re-
trógradas” as palavras do presidente
do IPST. Para o secretário-geral da
Juventude Socialista, João Torres, os
critérios do IPST “violam o princípio
constitucional da não-discriminação
em função da orientação sexual”.
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PERGUNTAS E RESPOSTAS: DÁDIVAS DE SANGUE POR GAYS
Porque é que se utiliza a expressão “homens que têm sexo com homens” (HSH)?O termo apareceu nos anos 90 e, de acordo com a Foundation for AIDS Research, de Nova Iorque, é utilizado pelos epidemiologistas para descrever comportamentos e não identidades, porque há homens que têm relações sexuais com outros homens que podem não se identificar como homossexuais. É verdade que a Comissão Europeia também recomenda a exclusão?Depende do ponto de vista. A 29 de Abril, no mesmo dia em que o presidente do IPST foi ouvido na Assembleia da República a pedido do Bloco de Esquerda, o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu que a suspensão definitiva de HSH sexualmente activos, prevista numa directiva da Comissão Europeia de 2004, pode ser adoptada por um Estado-membro, mas apenas “quando se demonstre, com base nos conhecimentos e em dados médicos, científicos e epidemiológicos actuais, que tal comportamento sexual expõe essas pessoas a um risco elevado de contrair doenças infecciosas graves que podem ser transmitidas pelo sangue”. Ou seja, fica ao critério das autoridades nacionais. A directiva em causa (2004/33/EC) contém um anexo onde se lê que estão “suspensas permanentemente”, como dadoras, “pessoas cujo comportamento sexual as coloque em risco elevado”, mas não indica o sexo ou a orientação sexual dessas pessoas. E a Organização Mundial de Saúde (OMS)?Também recomenda a suspensão dos HSH. “Continuam a ser a principal fonte de novas ou antigas infecções, em países desenvolvidos”, afirma ao PÚBLICO o médico Junping Yu, da OMS. A utilização de preservativo “reduz a transmissão de infecções”, mas não é considerada totalmente segura, porque “os preservativos
podem deslizar ou romper-se”, diz Junping Yu. “Uma possível alternativa à actual proibição é a aplicação de critérios baseados no cálculo individual de risco, o que, ainda assim, apresenta desafios técnicos e práticos na aplicação de questionários, pois envolveria perguntas detalhadas sobre assuntos sensíveis relacionados com a intimidade do comportamento sexual”, acrescenta. Paulo Côrte-Real, da ILGA, sugere que os serviços de sangue perguntem de forma clara se o candidato a dador praticou sexo anal. “Aparentemente, é chocante para a moral vigente fazer uma pergunta sobre sexo anal, mas não é chocante fazer uma pergunta a eliminar todos os gays”, escreveu recentemente no blogue Jugular. Quais são as regras em vigor neste momento em Portugal?Teoricamente, os HSH não estão proibidos de dar sangue. Na prática, estão. Uma resolução de há cinco anos da Assembleia da República (39/2010, de 8 de Abril), levou o IPST, em Janeiro de 2013, a eliminar dos inquéritos de triagem de dadores a pergunta escrita “sendo homem, teve contactos sexuais com homens?”. Era considerada discriminatória por alegadamente não apurar de forma objectiva eventuais comportamentos de risco e remeter, sim, para a orientação sexual dos candidatos a dadores. Acontece que os serviços de colheita mantêm a pergunta, fazendo-a verbalmente na triagem, confirmou Hélder Trindade no Parlamento. Quem responde afirmativamente, fica proibido em definitivo.
A prevalência de VIH é mais elevada entre gays e bissexuais?Sim. Há uma “tendência crescente no número de casos decorrentes de relações sexuais entre homens”, o que corresponde a um “aumento considerável da proporção de casos na categoria homo/bissexual”, de acordo com o
relatório Infecção VIH/sida: A Situação em Portugal a 31 de Dezembro de 2013, publicado em Novembro de 2014 pelo Instituto de Saúde Ricardo Jorge. São três as principais categorias de transmissão definidas pelos médicos: “heterossexual”, “toxicodependente” e “homo/bissexual”. “Prevalência” é o número de casos acumulados, o que em Portugal corresponde a registos desde 1985 e totalizava 47.390 pessoas até 2013. “Incidência” é o número de novos casos notificados a cada ano. Ainda de acordo com aquela fonte, os três distritos do país com maior prevalência são os de Lisboa, Porto e Setúbal.
Se o sangue é analisado, por que é que há inquéritos de triagem de dadores?O sangue é analisado depois da colheita, sobretudo tendo em atenção a hepatite B e C e o VIH 1 e 2, mas os inquéritos pré-dádiva são recomendados pela OMS desde os anos 70. Fazem parte da triagem clínica de dadores, que inclui uma entrevista feita por enfermeiros ou médicos — descrita pelo IPST como uma “avaliação clínica personalizada face a face”. “Devemos utilizar vários instrumentos para minimizar ao máximo alguns riscos”, explica o médico Kamal Mansinho, director do serviço de doenças infecciosas do Hospital Egas Moniz, em Lisboa. “É importante fazer a co-relação entre os dados da análise laboratorial ao sangue com a informação que o dador prestou
no inquérito”, acrescenta, dando um exemplo: “Posso ter tido um comportamento de risco dois ou três dias antes de dar sangue e, nesse caso, as análises serão seguramente negativas para o VIH, mas se no inquérito tiver sido apurado que tive um comportamento de risco, essa informação deve ser tomada em conta na análise final sobre o estado e a utilização do sangue.” Ou seja, os inquéritos são uma forma de tentar contornar o período-janela, durante o qual algumas infecções são indetectáveis. “Quando o nosso corpo contacta com um agente de doença, os linfócitos actuam para evitar que o corpo fique doente, mas, até que o corpo produza os anticorpos que o protejam do ataque desse agente, decorre o chamado período-janela, que é período de resposta biológica”, de acordo com a médica Gracinda de Sousa, do IPST. Neste momento, a exclusão dos HSH em Portugal é temporária ou definitiva?Não se sabe. Das declarações de Hélder Trindade, conclui-se que é definitiva: homo e bissexuais nunca poderão dar sangue se praticarem algum acto sexual. No entanto, o Manual de Triagem do IPST, com data de Outubro de 2014, fala em exclusão temporária: quem reportar contacto sexual com portador do VIH fica impedido de dar sangue por seis meses após o contacto e será sujeito a “avaliação analítica posterior”.
E noutros países?Não há consenso. A OMS descreve o acto sexual entre homens como “comportamento de alto risco” e num livro de normas sobre doação de sangue, de 2012, estabelece que a “suspensão definitiva” de HSH, sem excepções, “continua a ser acolhida como a decisão certa”. No Reino Unido, desde 2011, homo e bissexuais só podem dar sangue se estiverem pelo menos12 meses sem praticar aco sexual anal “com ou sem preservativo”. É a mesma regra que existe na Finlândia e na Suécia. Em França, os HSH não podem dar sangue e o mesmo se passa, por exemplo, na Alemanha, na Áustria e na Dinamarca, o que tem sido criticado por gays. Espanha questiona comportamentos de risco e não a orientação sexual. Nos EUA, todos os HSH estão proibidos de dar sangue, mas a autoridade de saúde, Food and Drug Administration (FDA), tem um documento em consulta pública até Julho, o que poderá alterar as regras já este ano. A Associação Médica Americana classifica como “discriminatória” a actual política da FDA e entende que a avaliação de dadores deve ter por base “comportamentos individuais” e não a orientação sexual. Portugal vai mudar as regras? Quando?Não se sabe. Ao PÚBLICO, o secretário de Estado Leal da Costa, médico hematologista, refere que “a posição dos serviços do Ministério da Saúde deverá ter sempre em consideração, acima de tudo, a segurança da transfusão”, daí que “o ponto mais importante seja o cálculo de risco em função de comportamentos declarados” pelos dadores. O mesmo responsável mostra-se contra a resolução de 2010 da Assembleia da República: “A resolução determina sobre aspectos da medicina transfusional, o que ultrapassa as capacidades técnicas do Parlamento.” “Esta questão não é política, mas sim técnica”, justifica Leal da Costa.
31o grupo de peritos deveria apresentar conclusões até ao dia 31 de Maio. Passaram-se já dois anos desde o primeiro prazo indicado pelo ministério
7As sete pessoas do grupo são Ana Paula Sousa, Ricardo Camacho, Lucília Nunes, Fernando Araújo, António Diniz, Nuno Janeiro e Isabel Elias
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Ministro tinha prometido conclusões para 31 de Maio, mas não há relatório nem data para apresentação p8/9
Adiada outra vez uma decisão sobre dádiva de sangue por gays
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Pág: 3
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Área: 22,60 x 31,50 cm²
Corte: 2 de 3ID: 59541352 02-06-2015
Página 17
Tiragem: 16000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Área: 17,94 x 18,15 cm²
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Página 18
A19
Tiragem: 8000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 8
Cores: Preto e Branco
Área: 16,16 x 32,55 cm²
Corte: 1 de 1ID: 59542935 02-06-2015
INVESTIGAÇÃO| Redacção |
Talvez conheça pessoas que, re-petidamente, lavam as mãos, ve-rificam a porta trancada, põemcoisas simetricamente ou acu-mulam objectos que não preci-sam. E, embora aceitem que es-tes gestos são desnecessários ouabsurdos, repetem-nos na mes-ma, para aliviar a ansiedade.Trata-se da doença obsessivo-compulsiva, que afecta 4,4 porcento da população portuguesa(2 por cento no mundo) e é dasque mais dias de vida saudávelperdidos representa.
Uma equipa do Instituto de In-vestigação em Ciências da Vidae Saúde (ICVS) da Universidadedo Minho e do Centro ClínicoAcadémico- uma parceria daUMinho com o Hospital de Bra-ga - está a contribuir para desen-volver terapêuticas que reduzamos sintomas e o sofrimento des-tes doentes. A primeira parte dotrabalho em curso foi dos dez ar-tigos mais lidos do ano na revis-ta ‘Frontiers in Psichiatry’ e a se-gunda parte foi premiada comomelhor poster no 5º Curso Avan-çado de Psicofarmacoterapia,
em Atenas, Grécia, e como me-lhor comunicação no III FórumNeurociências Janssen, em Lis-boa.
Em concreto, os investigadoresPedro Morgado, Paulo Marques,José Miguel Soares, João Cer-queira e Nuno Sousa descobri-ram como o stress pode influen-ciar ou agravar a doença e comose alteram os mecanismos deresposta do paciente perante ostress.
Para tal, os cientistas associa-ram um marcador biológico(cortisol) e um marcador psico-lógico (escala do stress percebi-do). Os níveis elevados de cor-tisol e stress percebido correla-cionaram-se com a gravidade dadoença, nomeadamente com oseu componente obsessivo. Poroutro lado, a equipa encontroudiferenças na activação de algu-mas áreas do cérebro dos doen-tes, como o córtex orbitofrontale a amígdala, em comparaçãocom voluntários saudáveis. “Es-tes dados são um contributo va-lioso para a investigação e de-senvolvimento de novas estraté-gias terapêuticas”, diz PedroMorgado, que dedicou o dou-toramento ao tema.
Esta doença é um dos diagnós-ticos psiquiátricos mais frequen-tes. Caracteriza-se por pensa-mentos repetidos e intrusivosque causam ansiedade (obses-sões) e provocam a necessidadede acções repetidas para aliviaro sofrimento (compulsões). Ma-nifesta-se em todas as idades,sobretudo em adultos jovens, eafecta igualmente homens e mu-lheres. A Organização Mundialda Saúde considera-a uma dasdez patologias mais incapacitan-tes na redução da qualidade devida e dos rendimentos.
Estima-se que só um terço dospacientes recebe tratamento far-macológico adequado, referePedro Morgado. O desconheci-mento e o estigma associadotambém diminuem a procura deajuda especializada. Cerca de60 por cento dos doentes melho-ram após tratamento, que podeenvolver meios psicofarmacoló-gicos, psicoterapêuticos ou, emcasos graves, terapêuticas físicas(estimulação cerebral profunda).No Hospital de Braga funcionauma consulta especializada nodiagnóstico e no tratamento dasperturbações do espectro obses-sivo-compulsivo.
UMinho aponta novos marcadores para a doençaobsessivo-compulsivaESTUDO PREMIADO foi dos mais lidos do ano na ‘Frontiers in Psichiatry’.Quatro por cento dos portugueses perdem qualidade de vida ao repetirrituais sem sentido.
DR
Quatro por cento dos portugueses perdem qualidade de vida ao repetir rituais sem sentido
Página 19
A20
Tiragem: 68147
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 3
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Corte: 1 de 1ID: 59541170 02-06-2015
Saúde
Novo despiste para
as perturbações na fala
Um novo teste desenvolvido pelaUniversidade de Aveiro e pelo Insti-tuto Politécnico de Setúbal permiteavaliar, em cinco minutos, se ascrianças desenvolveram a linguagemadequada à sua idade. O instrumen-to chama-se Rastreio de Linguageme Fala (RaLF) e é o único preparadopara crianças que tenham o portu-guês europeu como língua materna.
Página 20
A21
Tiragem: 149680
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 22
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Página 21
A22
Tiragem: 36557
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 12
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Área: 25,15 x 31,00 cm²
Corte: 1 de 2ID: 59541063 02-06-2015
No mundo das doenças cardiovascularesOs números têm melhorado muito na última década, mas as doenças do aparelho circulatório ainda são as que mais matam em Portugal, acima do cancro ou da diabetes. Em 2013, morreram no país 4348 pessoas na sequência de enfartes agudos do miocárdio. Porém, o principal problema ainda está nos acidentes vasculares cerebrais (AVC), que mataram
13.020 pessoas nesse mesmo ano − apesar de uma redução de quase 50% na última década. Estas são as duas principais patologias do aparelho circulatório, mas com uma grande diferença no comporta-mento: no caso da doença isquémica (insuficiente fornecimento de sangue), onde está o enfarte, Portugal tem dos melhores resultados da União Europeia a
27, sendo depois de França o país com uma taxa de mortalidade mais baixa. No AVC, o cenário é o inverso, surgindo o país como o oitavo com piores resultados, após a Bulgária, Roménia, Letónia, Lituânia, Hungria, Eslováquia e Estónia. Ainda assim, há grandes diferenças nos últimos anos. A mortalidade prematura por estas doenças (de pessoas com menos
de 70 anos) caiu 18% desde 2008. Olhando só para o AVC, a queda na mortalidade destas pessoas é de 15%. Isto apesar de no país se estimar que há 40% de hipertensos e que pelo menos metade não sabe que tem a doença. O PÚBLICO faz uma radiografia destas doenças no país. Desde as estatísticas de mortalidade, aos sintomas, factores de risco e principais
formas de tratamento, são vários os dados para ficar a conhecer melhor esta realidade e saber prevenir a aterosclerose, uma doença que silenciosamente cria as condições tanto para o enfarte como para o AVC.
Célia Rodrigues, José Alves e Romana Borja-Santos
44,4%
30,4%
40
30
20
10
0
1988 20001997 20091994 20061991 2003 2012
Artéria carótidacomum
Artéria subclávia
Artéria vertebral
Carótidainterna
Carótidaexterna
Morte decélulas
As doenças cardiovasculares são o conjunto de doenças que afectam o coração e os vasos sanguíneos. São causadas pela acumulação de gorduras na parede dos vasos sanguíneos, a que se chama aterosclerose. As duas maiores consequências são o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral
A aterosclerose é o estreitamento das artérias
Factores de risco
Uma lesão altera o revestimento interior da artéria permitindo que as partículas de colesterol entrem para baixo do revestimento interior
Tabagismo Predisposição genética SedentarismoPressão arterial alta Infecções Dieta rica em gorduras
Elementos transportados pelo sangue
Fluxo sanguíneo
Artéria
Cápsula fibrosa que cobre a placa e mantém o colesterol no seu interior
A inflamação da parede interior da artéria, associada a uma dieta rica em gorduras, propicia o crescimento de uma placa de gordura e tecido fibroso no interior da artéria, dificultando o fluxo sanguíneo
Depósito de gordura
AVC embólico
O coágulo forma-se numa artéria do cérebro. É o tipo de AVC mais comum
AVC trombótico
Acidente vascular cerebralISQUÉMICOS
SINTOMAS PRINCIPAIS
Dificuldade em falarBoca ao ladoFalta de força num braçoVómitos ou náuseas
As cinco principais causas de morte em PortugalEvolução em percentagem do total
Mortes por doenças cardiovasculares por regiões OMS% sobre o total de mortes
Outrascausas
Doençascardiovasculares31,4%
28,5%
Principais causas de morteEm 2012 no mundo
AcidentesDoenças
respiratórias
Doençasinfecciosas e
parasitárias
Cancro
6,7% 7,2%
11,5%
14,7%
A artéria fica obstruída por coágulos de sangue, bactérias ou células inflamatórias que circulam e podem chegar ao cérebro
Doenças do aparelho circulatório
Doenças do aparelho respiratório
Diabetes tipo 2Doenças do aparelho digestivo
Cancro
África
Europa
PacíficoOeste
AméricaMediterrâneo
SudoesteAsiático
47,9
41,429,5
27
26,810,7
HEMORRÁGICOS
Pressão arterial muito alta, vulnerabili-dade das artérias e aneurismas podem provocar a ruptura de artérias ou vasos sanguíneos no cérebro
Página 22
Tiragem: 36557
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 13
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Área: 25,70 x 31,00 cm²
Corte: 2 de 2ID: 59541063 02-06-2015
Imagens: Patrick J. Lynch (coração); Creative Commons: _DJ_ (cérebro)Fontes: INE − Estatísticas da Saúde em Portugal; Organização Mundial da Saúde (OMS); Direcção-Geral da Saúde; Harvard Medical School; http://www.associacaoavc.pt/; Fundação Portuguesa de Cardiologia; Sociedade Portuguesa de Aterosclerose
Artérias coronárias
Artériaaorta
3763Total9663
2012
4596Total9716
2013
2012 2013
11551314
2012 2013
1523 1596Via Verde(INEM) A terapêutica fibrinolítica (destruição
de um coágulo) tem de ser feita nas três primeiras horas após o início dos sintomas. Implica arealização de tomografias axiais computorizadas (TAC) cranioencefálicas e equipas multidisciplinares. Não é indicada para todos os doentes
Em2013
12 horasTempo para aplicar o tratamento
3 horas
37%
Via Verde(INEM)
Morte decélulas
15
00750
Doenças cardiovasculares mais mortíferas em Portugal (2013)
Variação2012/2008
-9,51%
2008 2009 2010 2011 2012
Evolução da mortalidadeTaxa (100.000 hab.)
Variação2012/2008-6,96%
2008 2009 2010 2011 2012
Variação2012/2008-0,92%
13.994 13.688 13.86712.690 13.020
2008 2009 2010 2011 2012
316,4 313,3 317,1299,9
313,5
12.273 6936
6911 5362 3225 3711
72997115 7082
65826605
85 e +80-8475-7970-7460-6950-5940-4930-3920-29
85 e +80-8475-7970-7460-6950-5940-4930-390-29
Por mêsda morte
JAN
ABR
AGO
OUT
3288959
727556
417582
323119262
1611712408
1882186022
42
36791497
89037229710158134
18591190907523548
219901610
Total106.876
Outras70,5%75.348
Representam quase 30%do total das mortes
29,5%31.528
7271282
2000
3000
7505 00
17.547 13.98185 e +80-8475-7970-7460-6950-5940-4930-390-29
anosanosanos9750
36522075
887755
118263
3215
47822976
219013441546
746304
6430
Isquémicas do coraçãoCerebrovascularesPor faixa etária
Total de óbitos por doenças do aparelho circulatório em Portugal (2013)
Inflamações e outras alterações celulares degradam a cápsula e esta pode romper-se
O coágulo não bloqueia por completo a artéria ou acaba por se soltar na corrente sanguínea
Angina de peitoO coágulo bloqueia por completo a artéria. A interrupção do fluxo sanguíneo causa a morte das células nas áreas que deixaram de ser irrigadas
Enfarte do miocárdio
Via Verde Coronária (através do 112)Via Verde AVC (através do 112)Doentes admitidos em unidades de tratamento de AVC nos hospitais do SNS
Tratamentos por fibrinólise Doentes com enfarte agudo do miocárdio admitidos em unidades coronárias do SNS
Tratamentos por angioplastia
Pressão arterial
O que é o colesterol
Coágulo numa artéria coronáriaQuando se forma um coágulo, as plaquetas vão actuar no local da ruptura, criando um coágulo
Peso no peitoNáuseas ou vómitosSuores friosDor que irradia para as costas
SINTOMAS PRINCIPAIS
O colesterol é uma substância natural produzida em grande parte pelo fígado e presente em todas as células do corpo. Em quantidades normais é fundamental: ajuda na digestão das gorduras e entra na constituição das hormonas sexuais e das membranas das
células. O LDL é conhecido como mau colesterol, visto que oxida e se deposita nas paredes das artérias. Já o HDL ajuda a remover o LDL do sangue e das paredes das artériase pode ser aumentado com exercício físicoe uma alimentação diversificada
Pressão exercida pelo fluxo sanguíneo nas artérias
É a pressão medida quando o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para o resto do corpo
Sistólica ou “máxima”
Pressão medida quando o coração relaxa, permitindo a entrada do sangue das aurículas para o ventrículo esquerdo
Diastólica ou “mínima”
31.528
Em 2013, foram submetidos 3524 doentes à angioplastia primária, o melhor tratamento para o enfarte agudo do miocárdio. Não é indicadapara todos os doentes.
Valores “normais”Até 14 na máxima e 9 na mínima
Página 23
A24
Tiragem: 8000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Regional
Pág: 28
Cores: Preto e Branco
Área: 10,94 x 26,85 cm²
Corte: 1 de 1ID: 59543234 02-06-2015
A doença inflamatória intestinal caracteriza-se por uma inflama-ção intestinal crónica, sendo subdividida em Doença de Crohn eColite Ulcerosa.
A Doença de Crohn é uma inflamação crónica que pode afetarqualquer parte do tubo digestivo. Atinge com mais frequência ointestino delgado no seu segmento terminal, o íleo. A doença ge-ralmente tem períodos de surto e remissão.
Os sintomas são vários uma vez que pode afetar qualquer partedo tubo digestivo. Os mais frequentes são diarreia, dor abdominale perda de peso. Pode haver também dores nas articulações e le-sões na pele. Na região perianal, pode surgir fissuras, fístulas(aberturas anormais do intestino na superfície da pele, perto doânus) e abcessos.
A Colite Ulcerosa afeta a camada interna (mucosa) que reveste ointestino grosso (cólon), apresentando-se com inflamação e úlce-ras que podem causar perdas de sangue e muco. Tem períodos desurtos e remissão em que a doença fica adormecida.
A sintomatologia passa por dejeções diarreicas, com sangue, có-licas abdominais e urgência para defecar. Pode também haverqueixas de dor nas articulações e lesões na pele.
A origem desta patologia ainda não está totalmente esclarecidamas pensa-se que estão presentes componentes genéticos e am-bientais.
Para o diagnóstico desta doença efectuam-se exames de sanguee colonoscopia com biópsia das áreas suspeitas. Pode ser necessá-rio realizar outros exames consoante as queixas do doente.
O tratamento passa por medicação que permite diminuir a infla-mação do intestino. Existem diferentes tipos de medicamentossendo selecionados consoante os sintomas e a agressividade dadoença.
Apesar de se tratar de uma doença crónica com surtos e remis-sões esta é controlada através da medicação sendo a cirurgia dire-cionada para os casos mais graves.
* Interna MGF – USF O Basto
DOENÇA INFLAMATÓRIAINTESTINAL
VOZ À SAÚDE | FÁTIMA COSTA*
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A25
Tiragem: 36557
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 41
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Área: 19,85 x 23,25 cm²
Corte: 1 de 1ID: 59541134 02-06-2015
A solução fácil: matar o mensageiro
José Vítor Malheiros
Ninguém gosta de trabalhar numa
organização que é acusada de ser
sede de actos de corrupção, ainda
que sejam “de pequena escala”.
Menos ainda quando se diz que
esses actos não são esporádicos,
mas, pelo contrário, “permeiam
toda a instituição”. É natural. Mas,
quando surgem acusações desse
tipo à luz do dia, seria também
natural que os dirigentes da instituição em
causa tentassem averiguar da sua veracidade
e recolher o máximo de informação, para
poder confi rmar ou desmentir a acusação e
resolver os problemas detectados.
Não foi essa a atitude que entendeu ter
o conselho de administração do Centro
Hospitalar de Lisboa Norte, de que fazem
parte os hospitais Pulido Valente e Santa
Maria, quando, na semana passada, foram
publicadas notícias sobre um estudo realizado
para a Fundação Francisco Manuel dos
Santos que punha em causa o funcionamento
do Hospital de Santa Maria e o acusava
de ser palco de actos do género e de estar
sob a infl uência de “uma teia de lealdades
ideológicas associadas a partidos políticos, a
lojas maçónicas e a organizações católicas”.
O conselho de administração, pela boca
do seu presidente, Carlos Martins, disse
aos media ter recebido estas notícias com
“surpresa e indignação” e esclareceu que
não descartava a hipótese de processar a
Fundação Francisco Manuel dos Santos pelo
teor do estudo, da autoria dos investigadores
Alejandro Portes, da Universidade de
Princeton, e M. Margarida Marques, da
Universidade Nova de Lisboa.
Carlos Martins lamentou que “se coloque
em causa, perante um país, uma instituição
com 60 anos”, como se a idade de uma
organização a devesse de alguma forma
isentar de escrutínio ou lhe concedesse
qualquer tipo de privilégio, e terminou
insinuando que as críticas ao hospital pelo
qual é responsável se poderiam inserir numa
campanha política devida ao “momento
politicamente mais quente que o normal”
que vivemos neste ano de eleições ou a uma
campanha interna devido às eleições para a
direcção da Faculdade de Medicina.
O administrador poderia ter-nos dado
algumas informações relevantes. Poderia
ter-nos dito quantas queixas de corrupção
ou de irregularidades foram investigadas
e concluídas nos últimos anos, quantas
sanções foram aplicadas e a quem, que tipo
de procedimentos de controlo e auditoria
foram adoptados nos últimos anos para os
concursos de aquisição de equipamento,
de promoção ou
de contratação
de pessoal e com
que resultados,
etc. Mas, sobre a
matéria substantiva,
o administrador
preferiu nada dizer.
A referência aos
60 anos de vida do
Santa Maria poderia
ter algum sentido
se, ao longo desse
tempo de vida, a
instituição tivesse
sido regularmente
submetida a
rigorosas avaliações
por entidades
idóneas, sempre com
excelentes resultados
ao nível do desempenho clínico, fi nanceiro e
ético e este estudo viesse agora contradizer
todos os anteriores. Aí, o administrador
teria razão para se declarar surpreendido.
Mas essa não é a realidade. Pelo contrário,
o Hospital de Santa Maria sempre tem sido
referido como estando envolvido numa teia
de corrupção, pequena, média ou grande,
que tem resistido a diferentes tentativas
para a destruir. O Hospital de Santa Maria é
aquele hospital que, há alguns anos, mereceu
uma menção pública do ministro da Saúde
a ameaças feitas à integridade física de um
administrador e da sua família devido às
suas tentativas para romper com essa teia de
interesses e infl uências.
Mais: o anterior director clínico do
hospital, Miguel Oliveira e Silva, demitiu-
se há meses e apresentou queixas às
autoridades (ainda não investigadas) devido
a irregularidades na compra de material e
na realização de obras no hospital. “Não
estou surpreendido com as conclusões deste
estudo”, foi o seu comentário.
Mais ainda: confrontado com as
declarações constantes neste estudo, o
bastonário da Ordem dos Médicos declarou:
“Tenho dúvidas de que nos outros hospitais
[a situação] seja substancialmente diferente.”
E mais ainda: Adalberto Campos
Fernandes, que foi presidente do conselho
de admnistração do Santa Maria até 2009,
a quem foi pedido um comentário, quis
apenas declarar-se “solidário com os 95% de
trabalhadores da unidade” que considerou
idóneos.
Ou seja: existem razões para considerar
que a situação no Hospital de Santa Maria,
apesar de poder ser melhor que há dez
anos, é ainda profundamente malsã, que
existem inefi ciências e injustiças no seu
funcionamento, corrupção, privilégios de
grupos e infl uências indevidas de interesses
privados.
E é infeliz que, perante essas razões, o
seu responsável máximo pretenda matar o
mensageiro.
Finalmente, é igualmente infeliz que,
perante a polémica, a Universidade Nova de
Lisboa tenha querido vir a público afi rmar
que o “estudo é da exclusiva responsabilidade
dos investigadores envolvidos e não refl ecte a
posição institucional [daquela] universidade”.
Por um lado, trata-se de declarar o óbvio.
Mas quando uma universidade faz questão,
à cautela, de se dessolidarizar de um
investigador que pode ter pisados alguns
calos, isso não diz bem do seu carácter. Os
hospitais merecem melhores dirigentes e as
universidades também.
[email protected] à terça-feira
Os hospitais merecem melhores dirigentes e as universidades também
Página 25
A26
Tiragem: 36557
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Área: 25,70 x 30,68 cm²
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ENRIC VIVES-RUBIO
O que a morte de John Nash nos ensina sobre a esquizofrenia
Foi com imensa tristeza que
tive conhecimento da morte
recente de John Nash. John
Nash foi em todos os momentos
da sua carreira “uma mente
brilhante”, o título perfeito para
o fi lme baseado na sua vida. Foi
desde cedo evidente que o seu
intelecto era superior, de que é
exemplo a carta de referência que
apresentou no acesso à universidade, onde
um professor seu apenas escreveu: “Este
homem é um génio!”. Aos 21 anos, entrega
a sua tese de doutoramento em Princeton,
um manuscrito de 27 páginas e apenas uma
referência bibliográfi ca. Esta dissertação,
contendo alguns dos princípios matemáticos
da teoria dos jogos, está na base do Prémio
Nobel que lhe é atribuído em 1994.
Após o doutoramento, seguem-se dez
anos de intensa actividade profi ssional,
sendo descrito num artigo, em Julho de
1958, como uma estrela ascendente na área
da matemática. No entanto, meses após
esse artigo, surgem os primeiros sintomas
de doença e, aos 31 anos, é diagnosticado
com esquizofrenia. Os 20 anos que se
seguem são caracterizados por sintomas
psicóticos graves, tais como delírios de
perseguição e alucinações auditivas,
múltiplos internamentos e um infi ndável
número de tratamentos. Durante estes 20
anos perde o emprego, os amigos, a mulher
e torna-se uma sombra do que foi. Somente
aos 55 anos, e de uma forma muito gradual,
se vêem os primeiros sinais de recuperação.
Deixa de se isolar, retoma o contacto com
velhas amizades e colegas de trabalho, e
lentamente retoma uma vida profi ssional
longamente amputada.
Em muitos aspectos, a história de John
Nash é semelhante à de milhares de outras
pessoas afectadas por esta doença. No en-
tanto, por razões que passo a citar, e não
simplesmente por estarmos a falar de um
prémio Nobel, esta é também muito parti-
cular.
Em primeiro lugar, o impacto da doença
na vida profi ssional e pessoal. Apesar de ser
um génio matemático, John Nash não só não
publica mais nenhum artigo científi co após
o diagnóstico, como não obtém nenhuma
posição académica ou profi ssional. Esta
alteração abrupta na sua carreira é a
consequência de muitos factores, tais como
a gravidade dos sintomas, os múltiplos
internamentos, os efeitos secundários da
medicação, mas também devido aos defi cits
cognitivos que são característicos da própria
doença. De forma semelhante, ainda hoje
em dia apenas 10 a 20% dos doentes com
esquizofrenia têm um emprego estável,
e a taxa de empregabilidade tem vindo a
diminuir nos últimos 50 anos. Este declínio
é secundário
a factores não
directamente
relacionados com
a doença, como
as condições de
mercado, exigências
laborais, ausência
de políticas de
integração, entre
outros. A realidade
é que em 60 anos
nada avançámos.
O impacto da
doença na vida
pessoal também
é marcado, e John
Nash e Alicia acabam
por se divorciar
em 1963. De forma
semelhante,
actualmente menos
de 30% dos doentes
mantêm uma relação afectiva estável ou
estão casados. E mesmo entre aqueles
casados a taxa de divórcio é superior à da
restante população.
É a partir daqui que a vida de John Nash
nos ensina algo. Não obstante a ausência de
um emprego formal em Princeton, nunca
lhe foi recusado o acesso à universidade,
sendo frequente durante os anos de doença
vê-lo a vaguear pelo campus universitário e a
frequentar as suas instalações.
Os seus antigos colegas também não o
O percurso clínico de John Nash é uma candeia de esperança para todos os doentes
Médico psiquiatra, senior clinical fellow, Faculty of Medicine, Imperial College, London, e honorary clinical lecturer, King´s College, London
rejeitam, convidando-o a frequentar os seus
seminários, dando-lhe pequenos trabalhos
e apoiando-o fi nanceiramente. Já numa fase
posterior, ajudam a persuadir aqueles que
achavam que o prémio Nobel não deveria
ser dado a alguém com uma doença mental
grave. A própria Universidade de Princeton
contribui para este processo, criando uma
posição académica para John Nash, evitando
que um prémio Nobel fosse dado a um
desempregado.
Por seu lado, Alicia continuou a tratar de
John Nash ao longo dos anos, nunca se tendo
verdadeiramente afastado. Com o passar dos
anos foram-se novamente aproximando e
em 2001 casam de novo, renovando os votos
efectuados mais de 40 anos antes.
O curso da sua doença também
nos mostra que, ao contrário do que
popularmente se imagina, o prognóstico não
é uniformemente mau.
A esquizofrenia é uma doença complexa
e muito heterogénea no seu prognóstico.
Assim, enquanto alguns doentes
apresentam uma doença caracterizada por
múltiplos surtos psicóticos e internamentos,
outros respondem bem à terapêutica, e
aproximadamente 20 a 40% dos doentes
atingem inclusivamente a completa
remissão dos sintomas.
O percurso clínico de John Nash é, pois,
uma candeia de esperança para todos os
doentes. Apesar de um início caracterizado
por sintomas graves, a realidade é que
lentamente estes se foram reduzindo,
Debate SaúdeTiago Reis Marques
culminando quer na recuperação clínica,
quer no funcionamento pessoal, social e
profi ssional.
John Nash morre aos 86 anos num
estúpido acidente de automóvel. Com
uma esperança média de vida nos EUA
de 79 anos, John Nash neste ponto estava
em vantagem em relação ao comum dos
mortais. Infelizmente, esta é uma excepção
à regra. A redução da esperança média
de vida na esquizofrenia é de cerca de
20 anos — igual à existente nos anos 30,
ainda antes da introdução da penicilina.
Muitos factores contribuem para esta
redução, nomeadamente as doenças
cardiovasculares, em resultado da ausência
de exercício físico, tabagismo — 90% dos
doentes fumam — e problemas metabólicos.
No entanto, cerca de 10% dos doentes
encontram no suicídio a sua causa de morte.
Será fundamental que os sistemas de saúde
encontrem forma de reduzir este gap na
mortalidade e que possamos devolver aos
doentes os anos de vida perdidos.
Por fi m, a última lição é indirecta, ao
observarmos a vida do seu fi lho mais velho:
John Charles Nash. Este do seu pai herdou
o primeiro nome, a capacidade matemática
— disciplina onde obteve um doutoramento
— mas também a doença.
Esta trágica situação relembra-
nos do contributo dos factores
genéticos na esquizofrenia. Em termos
epidemiológicos, a existência de um
progenitor com esta doença aumenta o
risco em aproximadamente 10 a 15% na sua
descendência, quando comparado com a
restante população sem história familiar.
Em 1988, em plena epidemia do HIV,
um editorial na revista Nature afi rmava: “A
esquizofrenia é provavelmente a pior doença
que afecta a humanidade...”
É minha convicção que, quase 30 anos
depois, esta frase ainda é verdadeira, e a vida
de John Nash é uma luz sobre os problemas
com que nos debatemos.
É nosso dever, enquanto cidadãos, reduzir
a discriminação, o estigma e a intolerância
associados à doença mental. Este esforço
comum deve envolver as famílias e
associações de doentes, mas também
os serviços clínicos e a comunidade. No
entanto, um maior investimento público na
saúde mental, quer na vertente clínica, quer
na investigação, é fundamental. Por cada
dólar que se gasta em investigação, menos
de 1% é destinado à esquizofrenia e a outras
doenças mentais graves!
Uma vez, ao refl etir sobre a sua doença,
John Nash referiu: “In madness, I thought I
was the most important person in the world”.
A realidade é que era!
Descanse em paz, professor Nash.
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