reação de biginelli: uso de ácidos p-sulfônico-calix[n]arenos como

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UFMG/ICEX/DQ.849ª D. 487ª DANIEL LEITE DA SILVA Reação de Biginelli: uso de ácidos p-sulfônico-calix[n]arenos como catalisadores na síntese de 3,4-diidropirimidinonas de interesse biológico Belo Horizonte 2011 Dissertação apresentada ao Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Química - Química Orgânica.

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UFMG/ICEX/DQ.849

D. 487

DANIEL LEITE DA SILVA

Reao de Biginelli: uso de cidos p-sulfnico-calix[n]arenos

como catalisadores na sntese de 3,4-diidropirimidinonas de

interesse biolgico

Belo Horizonte

2011

Dissertao apresentada ao Departamento de Qumica do Instituto de Cincias Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Qumica - Qumica Orgnica.

Silva, Daniel Leite da,

Reao de Biginelli: uso de cidos p-sulfnico-calix[ n]arenos como catalisadores na sntese de 3,4-diidropirimidinonas de interesse biolgico / Danie l Leite da Silva. 2011. xiii, 178 f. : il. Orientador: ngelo de Ftima. Co-orientador: Ado Aparecido Sabino. Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de Qumica.

Bibliografia: f. 170-178.

1. Qumica orgnica - Teses 2. Sntese orgnica Teses 3. Reao de Biginelli Teses 4. Atividade antiproliferativa Teses I. Ftima, ngelo de, Orientador II. Sabino, Ado Aparecido, Co-orientador III. Ttulo.

CDU 043

S586r 2011 D

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeo a Deus, por estar ao meu lado, por me sustentar e

guiar em todos os momentos da minha vida.

Aos meus amados pais Valceni e Zilda, pelo exemplo de vida, pelo amor, pelo

apoio incondicional em todos os momentos e por sempre acreditarem nos meus sonhos.

s minhas irms Denise e Danielle, pelo incentivo em todos os momentos.

Ao professor ngelo de Ftima, pela orientao, pela amizade e pelos bons

conselhos durante o perodo de curso.

Ao professor Ado Sabino pelo auxlio na realizao deste trabalho.

s professoras Rosemeire Brondi Alves e Lucienir Pains Duarte pelas valiosas

sugestes.

A professora Luzia Valentina Modolo pelas sugestes e pelo grande auxlio na

escrita deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico e a

Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior pela concesso da bolsa

de mestrado.

Aos amigos do Grupo de Estudos em Qumica Orgnica e Biolgica (GEQOB).

Aos meus amigos do Departamento de Qumica pelos bons momentos vividos.

Aos irmos da Igreja Crist Maranata pelas contnuas oraes e por estarem

sempre ao meu lado em todos os momentos.

E a todos que de alguma forma contriburam para que eu alcanasse mais essa

grande vitria.

SUMRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS................................................................................................... viii LISTA DE ESQUEMAS............................................................................................... viii LISTA DE SMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS............................................ ix RESUMO...................................................................................................................... xii ABSTRACT.................................................................................................................. xiii CAPTULO I - SNTESE DE COMPOSTOS DE BIGINELLI EMPREGANDO-SE CALIXARENOS COMO CATALISADORES ......... 1 I.1. Introduo................................................................................................................ 2 I.1.1. Reao Multicomponente de Biginelli................................................................. 2 I.1.1.1. Mecanismo da Reao de Biginelli................................................................... 5 I.1.1.2. Condies e Catalisadores Empregados em Reaes de Biginelli................... 8 I.1.2. Calixarenos........................................................................................................... 9

I.1.2.1. Uso de Calixarenos em Catlise........................................................................ 10

I.2. Objetivos................................................................................................................. 12

I.3. Resultados e Discusso........................................................................................... 12

I.3.1. Sntese dos Calix[n]arenos................................................................................... 12

I.3.1.1.Snteses dos p-terc-Butilcalix[n]arenos............................................................. 13

I.3.1.2. Sntese dos Calix[n]arenos (H4 e H6)............................................................... 20

I.3.1.3. Sntese do cidos p-sulfnico Calix[n]arenos CX4 e CX6.............................. 24 I.3.2. Sntese das Diidropirimidinonas Empregando-se Calixarenos como Catalisadores.................................................................................................................. 29

I.3.2.1. Caracterizao das Diidropirimidinonas........................................................... 34 I.4. Concluses.............................................................................................................. 45 CAPTULO II - ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE ADUTOS DE BIGINELLI ........................................................................................................ 47 II.1. Introduo.............................................................................................................. 48 II.2.Atividades Biolgicas de Adutos de Biginelli........................................................ 51 II.3. Objetivos................................................................................................................ 54 II.4. Resultados e Discusso.......................................................................................... 54 II.5. Concluses............................................................................................................. 57

CAPTULO III - SEQUESTRO DE RADICAIS DPPH. POR ADUTOS

DE BIGINELLI ......................................................................................................... 65 III.1. Introduo............................................................................................................. 66 III.2. Objetivos............................................................................................................... 68 III.3. Resultados e Discusso......................................................................................... 68 III.4.Concluses........................................................................................................ 73 CAPTULO IV - PARTE EXPERIMENTAL ................................................ 75 IV.1. Materiais e Mtodos............................................................................................. 76 IV.1.1. Generalidades Metodolgicas........................................................................... 76 IV.1.1.1. Cromatografia em Camada Delgada ............................................................. 76 IV.1.1.2. Temperaturas de Fuso................................................................................... 76 IV.1.1.3. Anlise Elementar.......................................................................................... 76 IV.1.2. Tcnicas Espectroscpicas e Espectromtricas................................................. 77 IV.1.2.1. Infravermelho ................................................................................................ 77

IV.1.2.2. Ressonncia Magntica Nuclear.................................................................... 77

IV.1.2.3. Espectrometria de Massas.............................................................................. 77

IV.1.3. Procedimentos Sintticos.................................................................................. 77

IV.1.3.1. Sntese do p-terc-Butilcalix[4]areno (T4)...................................................... 77

IV.1.3.2. Sntese do Calix[4]areno (H4)........................................................................ 78

IV.1.3.3. Sntese do cido p-sulfnico Calix[4]areno (CX4)....................................... 79

IV.1.3.4. Sntese do p-terc-Butilcalix[6]areno (T6)...................................................... 80

IV.1.3.5. Sntese do Calix[6]areno (H6)........................................................................ 81

IV.1.3.6. Sntese do cido p-sulfnico Calix[6]areno (CX6)....................................... 82

IV.1.3.7. Sntese das Diidropirimidinonas via Reao de Biginelli.............................. 82

ANEXO: ESPECTROS SELECIONADOS.............................................................. 109

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 170

i

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Primeira reao de Biginelli relatada (BIGINELLI, 1893).......................... 2 Figura 2: Exemplos de aldedos utilizados em reaes de Biginelli............................ 3 Figura3: Compostos 1,3-dicarbonlicos e anlogos que so utilizados em reaes de Biginelli......................................................................................................................... 4 Figura 4: Urias/tiourias e guanidina utilizadas em reaes de Biginelli.................. 4 Figura 5: Intermedirios de reao de Biginelli propostos por Folkers e Johnson (1933).............................................................................................................................

5

Figura 6: Mecanismo via iminium (A), enamina (B) ou de Knovenagel propostos para a reao de Biginelli..... 6 Figura 7: Estrutura dos intermedirios observados na reao entre benzaldedo e uria (DE SOUZA et al., 2009)..................................................................................... 7 Figura 8: Estrutura do intermedirio de m/z 219......................................................... 7 Figura 9: Estruturas dos intermedirios de m/z 191 e 173........................................... 7 Figura 10: Estrutura dos catalisadores quirais empregados por Chen e colaboradores (2006; A) e Wang e colaboradores (2009; B)................................................................................................................................... 9 Figura 11: Modelo molecular para o tetrmero cclico (calix[4]areno) e sua semelhana ao formato do vaso grego calix crater....................................................... 10 Figura 12: Exemplo de reaes empregando-se calixarenos sulfonados como organocatalisadores. A) Reao de condensao do tipo Mannich; (B) Reaes de substituio aromtica eletroflica.................................................................................

11

Figura 13: Mecanismo representativo para a formao de T4 e T6............................ 14 Figura 14: Espectro no IV (ATR, cm-1) do calixareno T4........................................... 15 Figura 15: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de T4................................... 17 Figura 16: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de T6................................... 17

ii

Figura 17: Espectro de RMN de 13C (abaixo; 50 MHz; CDCl3) e subespectro DEPT 135 (acima) do calixareno T4......................................................................................

19

Figura 18: Mecanismo para formao a dos calixarenos H4 e H6.............................. 20 Figura 19: Espectro no IV (ATR, cm-1) de H4............................................................ 22 Figura 20: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de H4................................... 23 Figura 21: Espectro de RMN de 13C (50MHz; CDCl3) de H4..................................... 24 Figura 22: Mecanismo para obteno dos calixarenos sulfonados CX4 e CX6.......... 25 Figura 23: Espectro no IV (ATR, cm-1) do calixareno CX4........................................ 26 Figura 24: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; D2O) do calixareno CX4.................. 27 Figura 25: Espectro de RMN de 13C (abaixo; 50 MHz; D2O) e subespectro DEPT 135 (acima) de CX4.....................................................................................................

28

Figura 26: Reao-modelo empregada nos estudos das condies timas para a reao de Biginelli sobre catlise dos calixarenos.........................................................

29

Figura 27: Espectro no IV (ATR, cm-1) obtido para o produto da reao- modelo........................................................................................................................... 35 Figura 28: Espectro de RMN de 1H obtido para o produto da reao-modelo............ 36 Figura 29: Mapa de contornos COSY obtido para o produto da reao-modelo......... 37 Figura 30: Espectro de RMN de 13C (abaixo) e subespectro DEPT 135 (acima), (50 MHz, DMSO) para o produto da reao-modelo..........................................................

38

Figura 31: Espectro no infravermelho do tio-aduto de Biginelli................................. 39 Figura 32: Espectro de RMN de 1H obtido para o tio-aduto........................................ 40 Figura 33: Mapa de contornos COSY obtido para o tio-aduto.................................... 41 Figura 34: Espectro de RMN de 13C (abaixo) e subespectro DEPT 135 (acima), (50 MHz, DMSO) obtido para o tio-aduto...........................................................................

42

Figura 35: Espectro no IV obtido para o oxo-aduto derivado do butanal.................... 43

iii

Figura 36: Espectro de RMN de 1H obtido para o oxo-aduto derivado do butanal...... 44 Figura 37: Espectro de RMN de 13C (acima) e subspectro DEPT 135 (abaixo) obtidos para o oxo-aduto derivado do butanal...............................................................

45

Figura 38: Estrutura qumica de alguns quimioterpicos antiblsticos........................ 49 Figura 39: Estrutura de alguns adutos de Biginelli com atividades biolgicas promissoras.................................................................................................................... 51 Figura 40: Estrutura do aduto de Biginelli monastrol.................................................. 52 Figura 41: Estrutura geral dos adutos de Biginelli sintetizados por Kumar et al. (2009)............................................................................................................................. 53 Figura 42: Estrutura da bis-diidropirimidinona (9) estudada por Azizian et al. (2010) considerada a mais ativa contra algumas linhagens de clulas tumorais...........

54

Figura 43: Grfico representativo da interpretao das curvas de porcentagem de crescimento versus concentrao................................................................................... 55 Figura 44: Efeito dos adutos AB1 a AB6 na proliferao de clulas tumorais humanas......................................................................................................................... 59 Figura 45: Efeito dos adutos AB7 a AB12 na proliferao de clulas tumorais humanas......................................................................................................................... 60 Figura 46: Efeito dos adutos AB13 a AB18 na proliferao de clulas tumorais humanas......................................................................................................................... 61 Figura 47: Efeito dos adutos AB19 a AB24 na proliferao de clulas tumorais humanas......................................................................................................................... 62 Figura 48: Efeito dos adutos AB25 e AB26 na proliferao de clulas tumorais humanas. Doxorrubicina (DOX) foi utilizada como frmaco-referncia...................... 63 Figura 49: Estrutura dos compostos mais ativos estudados por Stefani et al. (2006).. 67 Figura 50: Estrutura dos adutos de Biginelli sintetizados por Kumar et al. (2009) e considerados mais ativos no sequestro de radicais DPPH............................................ 67

Figura 51: Reao do radical DPPH com um dado agente antioxidante..................... 68

Figura 52: Triagem de adutos de Biginelli derivados de uria (A) ou da tiouria (B) 69

iv

quanto ao sequestro de radicais DPPH.........................................................................

Figura 53: Percentual de sequestro de radicais DPPH como funo da concentrao dos aduto de Biginelli AB7 e AB8................................................................................ 70 Figura 54: Percentual de sequestro de radicais DPPH como funo da concentrao dos aduto de Biginelli AB13-AB16............................................................................... 71 Figura 55: Cintica de sequestro de radicais DPPH por adutos de Biginelli.............. 73 Figura 56: Espectro no IV (ATR, cm-1) de T6............................................................. 110 Figura 57: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; CDCl3) de T6.................................... 111 Figura 58: Espectro no IV (ATR, cm-1) de H6............................................................ 112 Figura 59: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de H6................................... 113 Figura 60: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; CDCl3) de H6.................................... 114 Figura 61: Espectro no IV (ATR, cm-1) de CX6.......................................................... 115 Figura 62: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; D2O) de CX6.................................... 116 Figura 63: Espectro de RMN de 13C (abaixo; 50 MHz; D2O) e subspectro DEPT 135 (acima) de CX6...................................................................................................... 117 Figura 64: Espectro de massas obtido para o calixareno CX4..................................... 118 Figura 65: Espectro de massas obtido para o calixareno CX6..................................... 119 Figura 66: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB1........................... 120 Figura 67: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB1............................ 121 Figura 68: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB2........................... 122 Figura 69: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB2............................ 123 Figura 70: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB5........................... 124

v

Figura 71: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB5............................ 125 Figura 72: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB6........................... 126 Figura 73: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB6............................ 127 Figura 74: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB7........................... 128 Figura 75: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB7............................ 129 Figura 76: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB8........................... 130 Figura 77: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB8............................ 131 Figura 78: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB9........................... 132 Figura 79: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB9............................ 133 Figura 80: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB10......................... 134 Figura 81: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB10.......................... 135 Figura 82: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB11......................... 136 Figura 83: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB11.......................... 137 Figura 84: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB12......................... 138 Figura 85: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB12.......................... 139 Figura 86: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB13......................... 140 Figura 87: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB13.......................... 141 Figura 88: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB14......................... 142 Figura 89: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB14.......................... 143 Figura 90: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB15......................... 144 Figura 91: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB15.......................... 145

vi

Figura 92: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB16......................... 146 Figura 93: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB16.......................... 147 Figura 94: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB17......................... 148 Figura 95: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB17.......................... 149 Figura 96: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB18......................... 150 Figura 97: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB18.......................... 151 Figura 98: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB19......................... 152 Figura 99: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB19.......................... 153 Figura 100: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB20....................... 154 Figura 101: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB20........................ 155 Figura 102: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB21....................... 156 Figura 103: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB21........................ 157 Figura 104: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB22....................... 158 Figura 105: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB22........................ 159 Figura 106: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB24....................... 160 Figura 107: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB24........................ 161 Figura 108: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB25....................... 162 Figura 109: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB25........................ 163 Figura 110: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB26....................... 164 Figura 111: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB26........................ 165

vii

Figura 112: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB27....................... 166 Figura 113: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB27........................ 167 Figura 114: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; DMSO-d6) de AB28....................... 168 Figura 115: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; DMSO-d6) de AB28........................ 169

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Rendimentos obtidos na reao-modelo utilizando diversos calixarenos como catalisadores......................................................................................................... 30 Tabela 2: Efeito do solvente sobre o rendimento da reao empregando CX4 como catalisador...................................................................................................................... 32 Tabela 3: DHPMs sintetizadas empregando CX4 como catalisador............................ 33 Tabela 4: Estrutura qumica dos adutos de Biginelli avaliados para a atividade antiproliferativa contra clulas tumorais....................................................................... 58 Tabela 5: Valores de concentrao (CI50 em g/mL) dos adutos necessrias para inibir a proliferao de clulas tumorais humanas* em 50%........................................ 64 Tabela 6: Concentrao de adutos de Biginelli necessria para capturar 50% (CI50) de radicais DPPH.......................................................................................................... 72

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1: Sntese geral de calixarenos...................................................................... 9 Esquema 2: Estratgia geral para obteno dos calixarenos........................................ 12 Esquema 3: Sntese dos calixarenos p-terc-butilcalix[n]arenos T4 e T6. 13 Esquema 4: Sntese dos calixarenos H4 e H-6............................................................ 20 Esquema 5: Obteno dos cidos p-sulfnico calix[n]arenos...................................... 24 Esquema 6: Sntese das diidropirimidinonas............................................................... 82

ix

LISTA DE SMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

APTS cido p-toluenosulfnico

ATR reflectncia total atenuada

C graus Celsius

CCD cromatografia de camada delgada

CFM Conselho Federal de Medicina

CPQBA Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Qumicas, Biolgicas e Agrcolas

CI50 concentrao da substncia em teste que inibe 50% do crescimento celular

CS50 concentrao necessria para sequestro de 50% de radicais

COSY Correlation Spectroscopy

d dupleto

dd dupleto duplo

DEPT Aumento sem distoro por transferncia de polarizao com pulso de

135 (Distortionless enhancement by polarization transfer)

DHPM diidropirimidinona

DMSO dimetilsulfxido

DPPH 2,2-difenil-1-picrilidrazil

DQ departamento de qumica

DOX doxorrubicina

ee excesso enantiomrico

ERO Espcie Reativa de Oxignio

ERN Espcie Reativa de Nitrognio

ESI Infuso direta por electrospray

HeLa clulas de carcinoma cervical humano

HT-29 clulas de carcinoma de clon humano

Hz hertz

INCA Instituto Nacional do Cncer

IARC International Agency for Research on Cancer (Agncia Internacional

para pesquisa em Cncer)

IV espectroscopia na regio do infravermelho

J constante de acoplamento escalar

LS-180 carcinoma de clon humano

x

m multipleto

MCF-7 clulas de tumor de mama

min minuto

mg miligrama

mmol milimol

m/z relao massa/carga dos fragmentos do EM

MHz megahertz

mL mililitro

NCI-ADR/RES ovrio resistente a mltiplos frmacos

NCI-H460 clulas no-pequenas de pulmo

nm nanmetro

nmol nanomol

OMS Organizao Mundial da Sade

OVCAR-3 clulas de cncer de ovrio humano

pg. Pgina

PC-3 clulas de cncer de prstata humano

PPM partes por milho

PTBP p-terc-butilfenol

q quarteto

Raji linfoma de Burkitt

RMC reao multicomponente

RMN ressonncia magntica nuclear

RMN de 13C ressonncia magntica de carbono 13

RMN de 1H ressonncia magntica de hidrognio

s simpleto

sl simpleto largo

SKOV-3 adenocarcinoma

SUS Sistema nico de Sade

t tripleto

t.a. temperatura ambiente

Tf temperatura de fuso

U251 clulas de glioma humano

UV ultravioleta

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

xi

W watts

786-0 carcinoma de rim

aquecimento

deslocamento qumico

s deformao angular simtrica

comprimento de onda

g micrograma

M micromolar

L microlitro

nmero de onda

xii

RESUMO

Calix[n]arenos, macrociclos constitudos de unidades fenlicas ligadas por

unidades metilnicas, so amplamente empregados como ligantes para a construo de

catalisadores organometlicos. Porm, o uso destes macrociclos em Organocatlise

ainda pouco explorado. Este estudo visou sntese de seis calix[n]arenos e seus

possveis empregos como organocatalisadores na reao de Biginelli. O cido p-

sulfnico calix[4]areno (0,5 mol% em etanol) apresentou maior eficincia cataltica

aps 8 horas de reao entre diferentes aldedos (aromticos e no-aromticos), uria

(ou tiouria) e acetoacetato de etila. Na reao de Biginelli aldedos aromticos

proporcionaram melhores rendimentos (49-92%) que os no-aromticos (31-38%). Esta

metodologia permitiu a obteno de 28 diidropirimidinonas, que foram testadas quanto

atividade antiproliferativa de clulas tumorais humanas e ao sequestro de radicais 2,2-

difenil-1-picril-hidrazil (DPPH). Os adutos AB17 e AB26 apresentaram grande

espectro de ao frente s linhagens de cncer quando empregados a 10 g/mL. Os

adutos AB10 (CI50 = 0,99 g/mL), AB13 (CI50 = 0,25 g/mL), AB26 (CI50 = 0,42

g/mL) foram to potentes quanto o frmaco-referncia doxorrubicina contra as clulas

de cncer de ovrio (OVCAR-03), ovrio-resistente (NCI-ADR/RES) e prstata (PC-3),

respectivamente. Quanto ao sequestro de radicais DPPH, os adutos AB7, AB8, AB15 e

AB16 apresentaram valores de CS50 menores que o controle positivo resveratrol (34,4

M). Os oxo-adutos (AB7 e AB15) apresentaram maiores velocidades que seus tio-

anlogos, quanto ao sequestro de DPPH. O aduto AB15 foi o que apresentou maior

velocidade na captura de radicais (527,3 25,7 pmol/min) enquanto que o AB16 foi o

mais lento (369,8 6,4 pmol/min). Em resumo, um mtodo eficiente para a preparao

de adutos de Biginelli foi desenvolvido empregando-se o cido p-sulfnico

calix[4]areno como organocatalisador. Os adutos de Biginelli sintetizados mostram-se

como potenciais-candidatos para o desenvolvimento de novos agentes antiproliferativos

e antioxidantes.

Palavras Chave: Calixareno, Organocatlise, Reao de Biginelli.

xiii

ABSTRACT

Calix[n]arenes, macrocyclic compounds of phenolic units linked by methylene

groups at 2,6-positions, are widely used as ligands for obtaining organometalic

catalysts. Their use as organocatalysts is, however, poorly explored. This study focused

on the synthesis of six calix[n]arenes and their possible use as organocatalysts in

Biginelli reactions. The p-sulfonic acid calix[4]arene (0.5 mol% in ethanol) exhibited

the highest catalytic efficiency in 8 h-reaction performed with various aromatic or non-

aromatic aldehydes, urea (or thiourea) and ethyl acetoacetate. In Biginelli reaction

aromatic aldehydes provided better yields (49-92%) than did non-aromatic ones (31-

38%). This approach allowed obtaining 28 dihydropyrimidinones that were further

investigated for the antiproliferative activity against human cancer cells and also the

ability to scavenger 2,2-diphenyl-1-picryhylidrazyl (DPPH) radicals. Adducts AB17 e

AB26 presented a broad spectrum of action when used at 10 g/mL. Compounds AB10

(CI50 = 0.99 g/mL), AB13 (IC50 = 0.25 g/mL), AB26 (IC50 = 0.42 g/mL) were as

potent as the reference drug doxorubicin against ovarian (OVCAR-03), drug-resistant

ovarian (NCI-ADR/RES) and prostate (PC-3) cancer cells, respectively. For the DPPH-

scavenging activity, the adducts AB7, AB8, AB15 and AB16 were the most promising,

presenting CS50 values lower than that of the positive control resveratrol (34.4 M). The

oxo-adducts (AB7 and AB15) were faster in scavenging DPPH when compared with

the corresponding thio-adducts (AB8 and AB16, respectively). Indeed, AB15 was the

fastest adduct (527.3 25.7 pmol of DPPH/min) while AB16 was the slowest one

(369.8 6.4 pmol of DPPH/min). Overall, an efficient method for obtaining Biginelli

adducts was developed based on the use of p-sulfonic acid calix[4]arene as a catalyst.

Some of the synthesized adducts were found to be promising for the development of

new antitumor and antioxidant agents.

Keywords: Calixarene, Organocatalyst, Biginelli Reaction.

1

CAPTULO I - SNTESE DE COMPOSTOS DE BIGINELLI

EMPREGANDO-SE CALIXARENOS COMO

CATALISADORES

2

I.1. Introduo

I.1.1. Reao Multicomponente de Biginelli

Uma reao multicomponente (RMC) definida como um processo em que trs

ou mais reagentes so combinados em uma nica etapa para formar um produto que

incorpora as caractersticas estruturais de cada reagente. As RMCs oferecem como

vantagens a simplicidade e a eficincia sinttica. Alm disso, praticamente todos os

tomos dos reagentes so incorporados no produto (economia atmica) e geralmente

bons rendimentos so descritos (GANEM, 2008; TEJEDOR e GARCIA-TELLADO,

2007; WEBER, 2002).

Em 1893, o qumico italiano Pietro Biginelli relatou a reao multicomponente

de ciclocondensao catalisada por cido envolvendo acetoacetato de etila, benzaldedo

e uria (BIGINELLI, 1893). A reao foi realizada por simples aquecimento de uma

mistura dos trs componentes dissolvidos em etanol, na presena de uma quantidade

cataltica de cido clordrico, em temperatura de refluxo. O produto desta reao de trs

componentes foi identificado como sendo uma 3,4-diidropirimidin-2(1H)-ona (DHPM,

Figura 1). Tal procedimento hoje conhecido como reao de Biginelli, condensao de

Biginelli ou sntese de diidropirimidinona de Biginelli (KAPPE, 2000).

OH

EtO

Me

O

OOH2N

NH2+ +

NH

NH

O

EtO

OHCl, EtOH

refluxo

DHPM

Figura 1: Primeira reao de Biginelli relatada (BIGINELLI, 1893).

Os primeiros exemplos desta ciclocondensao envolviam tipicamente

cetosteres, aldedos aromticos e uria. Porm, o escopo desta reao foi

substancialmente explorado, variando-se os substratos empregados.

Dos trs substratos envolvidos na reao de Biginelli o aldedo o componente

que pode ser variado em maior extenso (Figura 2, pg. 3). Em geral, a reao funciona

melhor com aldedos aromticos, podendo estes apresentar substituintes em posies

orto, meta ou para. Aldedos aromticos apresentando grupos doadores ou retirados de

3

densidade eletrnica nas posies meta ou para normalmente fornecem os produtos

desejados em bons rendimentos. Para aldedos contendo substituintes volumosos em

posio orto, os rendimentos podem ser substancialmente menores. Aldedos

heterocclicos, como furano e derivados de anis piridnicos tambm podem ser

empregados, enquanto que o emprego de aldedos alifticos fornece os produtos

correspondentes em rendimentos moderados (KAPPE, 2003).

N

CHO

CHO

CHO

OCH3

CHOCHO

CHO CHO

OHH3CO

CF3

SCHF2

CHO

CHO NO2 F

O

CHO

OBn

HBnO

BnOOBn OO2N

CHO

CHOCHO

Figura 2: Exemplos de aldedos utilizados em reaes de Biginelli.

Tradicionalmente, acetoacetatos de alquila simples so empregados como

substratos na reao de Biginelli. -Ceto-tiosteres e acetoacetatos substitudos tambm

podem ser utilizados, com sucesso, como substratos (KAPPE, 2003). A utilizao de

benzoilaceto steres, contudo, fornece os produtos em baixos rendimentos. Acetoamidas

podem ser usadas em substituio aos cetosteres para produzir piridino-5-

carboxamidas. Substratos como -dicetonas, cclicas e acclicas, tambm so viveis em

reaes de Biginelli (Figura 3, pg. 4).

4

EtO

Me

O

O Me

O

O

Me

Me

O

O

Et2N

Me

O

O

O

O O O

OH

EtO

O

OBr OMe

O2N

EtO

Ph

O

O

EtS

Me

O

O

O

Me

O

O

ClMeO

MeO

O

OMe

Figura 3: Compostos 1,3-dicarbonlicos e anlogos que so utilizados em reaes de

Biginelli.

Dos componentes da reao de Biginelli, a uria o que apresenta maiores

restries em termos de variao estrutural (Figura 4). A maioria dos exemplos envolve

a uria como substrato. Entretanto, urias substitudas tambm fornecem bons

rendimentos. Tiourias e tiourias substitudas tambm so largamente empregadas,

embora os rendimentos obtidos sejam normalmente menores e os tempos de reao

maiores quando comparados uria correspondente. H relato do emprego de

guanidinas nestas reaes (KAPPE, 2003).

SH2N

NH2SHN

NH2

SHN

NH2

Me PhNHH2N

OMe

NHH2N

NH2

NHH2N

S OMeOHN

NH2

Figura 4: Urias/tiourias e guanidina utilizadas em reaes de Biginelli.

5

I.1.1.1. Mecanismo da Reao de Biginelli

Aps seu relato em 1893, diversos mecanismos foram propostos para a reao de

Biginelli. Na dcada de 1930, Folkers e Johnson propuseram a formao de trs

possveis intermedirios chave (1-3) para a reao (Figura 5) (FOLKERS e JOHNSON,

1933). Esses autores defendiam a formao preferencial do intermedirio 1 em relao a

2 e 3 a partir da condensao de uma molcula de aldedo com duas molculas de uria.

NH

NH

O

NH2

O

H2N

EtO

O

NH

O

NH2 OEt

O O

1 2 3

Figura 5: Intermedirios de reao de Biginelli propostos por Folkers e Johnson (1933).

Anos depois, Sweet e Fissekis propuseram que o intermedirio 3 (aduto de

Knoevenagel) seria formado preferencialmente atravs de uma reao aldlica entre o

benzaldedo e o acetoacetato de etila, catalisada por cido (SWEET e FISSEKIS, 1973).

Os mecanismos propostos envolvendo os trs intermedirios ficaram ento conhecidos,

respectivamente, como mecanismo via iminium (A), mecanismo via enamina (B) e

mecanismo de Knoevenagel (C) (Figura 6, pg. 6).

Na dcada de 1990, o mecanismo da reao de Biginelli foi re-investigado,

empregando como ferramenta de anlise a ressonncia magntica nuclear (RMN) de 1H

e 13C (KAPPE, 1997). A investigao baseou-se no estudo de reaes entre

uria/aldedo, acetoacetato de etila/uria e aldedo/acetoacetato de etila empregando-se

CD3OH como solvente (KAPPE, 1997). Ao realizar o acompanhamento da reao

temperatura ambiente entre benzaldedo e acetoacetato de etila no foi verificada

nenhuma evidncia de uma condensao aldlica (formao do intermedirio 3) ou

outra reao entre os dois componentes. Observou-se a formao do acetal resultante da

reao entre o benzaldedo e o solvente empregado (Ph-CH(OCD3)2). Aps 12 horas de

reao, os sinais correspondentes ao acetoacetato permaneceram nas mesmas posies e

com a mesmas intensidades apresentadas no incio do experimento (KAPPE, 1997). A

presena do intermedirio 2 foi observada por Kappe na reao entre uria e

acetoacetato. Entretanto, este intermedirio rapidamente sofre hidrlise nas condies

6

da reao de Biginelli, sendo o equilbrio da reao deslocado no sentido de formao

dos materiais de partida (KAPPE, 1997).

PhH

HO NH2

O NH2

Ph

O

H+

H2N

O

NH2

Ph

HN

H

NH2

O O

OEt

OH

EtO

O

O

NH

Ph

NH2

O

H

NHH2N

O

NHPh

O NH2

EtO

O

O

NH

Ph

NH2

O

NH

NH

Ph

O

O

EtO

EtO

O

O

NH2

Ph

NH2

O

H

EtO

O

O

Ph

EtO

O

O

Ph

OH

Ph

O

H+

EtO

O O

EtO

O

O

Ph

EtO

O

O

Ph

H

Ph

OH

N

EtO O

O

NH2

H

EtO

O HN NH2

O

EtO

O HN NH2

O

EtO

O H2N NH2

O

HO

EtO

O O

+ H2N NH2

O

H+

H+

H+

H+

H+

H+

H+

H+

H+

H+

-H2O

-H2O

-H2O

-H2O

-H2O

Mecanismo via iminium (A)

Mecanismo via enamina (B)

Mecanismo de Knovenagel (C)

H2N

O

NH2

H2N

O

NH2

PhCHO

(1) (3)

(2)

Figura 6: Mecanismos via iminium (A), enamina (B) ou de Knovenagel (C) propostos

para a reao de Biginelli.

A formao do intermedirio 1 foi observada por Kappe atravs da reao entre

uria e benzaldedo, com a precipitao do composto 1 aps um perodo de 15-20

minutos de reao. Na presena de acetoacetato de etila observou-se a formao da

diidropirimidinona aps um perodo de 1-2 horas de reao (KAPPE, 1997). Os

resultados obtidos por Kappe permitiram ento supor que a adio da primeira molcula

de uria ao aldedo o passo determinante, e que tanto a desidratao catalisada por

cido quanto a adio de uma segunda molcula de uria so etapas muito rpidas,

permitindo apenas a deteco de 1 (KAPPE, 1997).

Recentemente, a reao de Biginelli foi monitorada empregando a tcnica de

espectrometria de massas com infuso direta por electrospray (ESI-MS) (DE SOUZA et

al., 2009). Atravs dessa tcnica foi possvel estudar a formao dos intermedirios

catinicos da reao, bem como realizar a sua interceptao e caracterizao

empregando a tcnica de ESI-MS/MS.

7

Inicialmente, atravs da reao entre benzaldedo e uria observou-se a formao

dos ons com razo m/z 209, 167 e 149 (Figura 7). Estes mesmos intermedirios foram

observados, quando a reao entre os trs substratos (uria, benzaldedo e acetoacetato)

foi monitorada.

m/z = 209

Ph NH2

OH

NH2

O

m/z = 167 m/z = 149

Ph N

H

NH2

O

H

H2N

O

NH2

Ph NH

O

NH2

Figura 7: Estrutura dos intermedirios observados na reao entre benzaldedo e uria

(DE SOUZA et al., 2009).

ons que deveriam ser observados no mecanismo de Knoevenagel, como o

carboction de m/z 219 (intermedirio 3 protonado) (Figura 8) no foram detectados

pela tcnica de ESI-MS, mesmo aps um perodo de 6 horas de reao sob

monitoramento contnuo. Estes ons foram apenas observados aps 24 horas de reao,

demonstrando sua lenta formao em relao aos tempos empregados rotineiramente em

uma reao de Biginelli (8-12h).

EtO

O

O

Ph

EtO

O

OH

Ph

m/z 219

Figura 8: Estrutura do intermedirio de m/z 219.

Atravs da reao entre uria e acetoacetato (mecanismo via enamina), o

intermedirio de razo m/z 191 (Figura 9) foi detectado, enquanto que o intermedirio 2

em sua forma protonada (m/z 173) era ausente. A no-deteco do intermedirio 2 foi

atribuda por de Souza e colaboradores ao pequeno tempo de existncia deste on no

meio de reao.

H2N

OH

OEt

O

NH2O

m/z 191

HN OEt

O

NH2O

m/z 173

Figura 9: Estruturas dos intermedirios de m/z 191 e 173.

8

Assim, atravs das evidncias experimentais obtidas tanto por Kappe quanto por

de Souza e colaboradores, pode-se verificar o prevalecimento do mecanismo via

iminium conforme proposto por Folkers e Johnson (FOLKERS e JOHNSON, 1993).

I.1.1.2. Condies e Catalisadores Empregados em Reaes de Biginelli

Diversas modificaes nas condies empregadas nas reaes de Biginelli foram

realizadas. Tais alteraes foram necessrias uma vez que a sntese original apresentava

limitaes tais como, uso de tempos prolongados de refluxo, uso de cido clordrico

concentrado com catalisador, alm de baixos rendimentos quando aldedos alifticos

eram empregados como substratos (KULKARNI et al., 2009).

Nos ltimos anos diversos cidos de Brnsted e de Lewis foram relatados como

catalisadores para essa reao (KOLOSOV et al., 2009). Ademais, uma grande

variedade de substncias no-cidas, como lquidos inicos (PENG e DENG, 2001),

grafite (ZHANG et al., 2005) e at mesmo fermento biolgico (KUMAR e MAURYA,

2007), foram relatadas como catalisadores para a reao de Biginelli.

Mirza-Aghayan e colaboradores (2004) relataram o uso de radiao de micro-

ondas na ausncia de solvente para a promoo da reao de Biginelli. Foroughifar e

colaboradores (2003) relataram a obteno dos produtos da reao de Biginelli em

condies de irradiao de luz visvel (100W) na ausncia de catlise cida. Alm disso,

o emprego de cidos de Lewis ou de Brnsted quirais como catalisadores nesta reao

resultou na obteno dos produtos com boa enantiosseletividade. Recentemente, Chen e

colaboradores (2006) descreveram pela primeira vez o uso de cidos fosfricos

estruturalmente baseados na forma enantiomericamente pura do (R,R)-1,1-bi-2-naftol

(Figura 10A, pg. 9). Os organocatalisadores (cidos de Brnsted-Lowry) empregados

por Chen e colaboradores foram eficientes para a preparao enantiosseletiva das

diidropirimidinonas (rendimentos: 40-86%; ee: 88-97%). Wang e colaboradores (2009)

descreveram a obteno de diidropirimidinonas em bons rendimentos com alta razo

enantiosseletiva (rendimentos: 51-96%; ee: 67-99%) empregando como catalisador uma

amina quiral derivada de tiouria (Figura 10B, pg. 9).

9

O

OP

O

OH

(R,R)

S

NH

HNO

OAc

OAc

AcOAcO NH2

A) B)

Figura 10: Estrutura dos catalisadores quirais empregados por Chen e colaboradores

(2006; A) e Wang e colaboradores. (2009; B).

I.1.2. Calixarenos

Calixarenos so compostos macrocclicos resultantes da orto-condensao

direta, em meio bsico, de fenis para-substitudos com formaldedo (Esquema 1).

OH

R

+ HCHO HO-

CH2

R

OH n

Esquema 1: Sntese geral de calixarenos.

Historicamente, a descoberta dessa classe de substncias iniciou-se h mais de

um sculo a partir de estudos realizados pelo grupo do qumico Adolph von Baeyer. Em

1872, visando sntese de corantes a partir de reaes envolvendo fenis com uma srie

de aldedos e cetonas, Baeyer aqueceu pela primeira vez formaldedo aquoso com fenol,

o que resultou em um produto resinoso, sem possibilidade de caracterizao na ocasio

(LAZZAROTTO el al., 1995).

J no sculo 20, Leo Baekeland, usando pequena quantidade de base na

condensao de fenol e formaldedo, obteve um material resinoso e elstico que foi

ento comercializado com o nome de bakelite (MARCOS e FLIX, 2007). Diversas

pesquisas passaram ento a ser realizadas visando obteno destes compostos. Durante

as dcadas de 1940 e 1950, Alois Zinke e Erich Ziegler substituram o fenol por fenis

para-substitudos. Zinke e Ziegler condensaram vrios p-alquilfenis com formaldedo

aquoso e hidrxido de sdio, obtendo produtos insolveis com elevados pontos de

10

fuso. Zinke ento determinou a massa molecular do produto de ciclizao acetilado

derivado do p-terc-octilfenol e atribuiu queles produtos estruturas tetramricas cclicas

(ZINKE et al., 1952).

No incio da dcada de 1970, David Gutsche, interessado na construo de

simuladores enzimticos, pensou nos tetrmeros cclicos de Zinke como substncias

contendo cavidades apropriadas para esse fim. Suas pesquisas demonstraram que a

condensao direta de fenis para-substitudos com formaldedo em condies bsicas

conduzia geralmente a misturas de oligmeros cclicos com anis de vrios tamanhos.

O nome calixareno foi ento sugerido por Gutsche devido semelhana por ele

encontrada entre o modelo molecular de um dos confrmeros do tetrmero cclico

(Figura 11) e o formato do vaso grego calix crater (GUTSCHE, 1998). Assim, calix

vem de vaso e areno indica a presena de anis aromticos. Para adaptar este nome a

outros oligmeros cclicos, o tamanho do macrociclo indicado por um nmero entre

colchetes, inserido entre as palavras calix e areno.

Figura 11: Modelo molecular para o tetrmero cclico (calix[4]areno) e sua semelhana

ao formato do vaso grego calix crater.

I.1.2.1. Uso de Calixarenos em Catlise

Os ltimos 20 anos marcaram o uso de calixarenos como ligantes em

catalisadores organometlicos. Estes catalisadores so empregados em diferentes tipos

de reaes tais como: alquilao/alilao, aminao, formao de ster, polimerizao

de olefinas dentre outras (amplamente revisado por HOMDEN e REDSHAW, 2008).

Apesar do grande nmero de reaes que empregam catalisadores metlicos baseados

em calixarenos, poucos exemplos relatam o uso de calixarenos por si s como

organocatalisadores (BOZKURT et al., 2008; XU et al., 2008; SHIMIZU et al., 2001;

SHIMIZU et al., 1997; LIU et al., 2008; SHIMIZU et al., 2006).

11

Organocatlise corresponde acelerao de uma reao qumica causada pela

presena de um composto orgnico que no contm traos de grupos metlicos

(DALKO e MOISAN, 2003). O interesse na organocatlise aumenta a cada dia devido

baixa toxidade dos catalisadores usados, baixa sensibilidade dos catalisadores a

presena de ar atmosfrico e a presena de traos de gua, simplicidade operacional e ao

baixo custo da maioria dos catalisadores de origem natural ou sinttica. Alm disso, os

produtos oriundos de reaes catalisadas por compostos orgnicos, por no

apresentarem contaminao por metal, despertam o interesse da indstria farmacutica,

qumica em geral e de perfumes e fragrncias (AMARANTE e COELHO, 2009).

Dentre os calixarenos j empregados como organocatalisadores, destaque dado

queles contendo grupos sulfnicos (SO3H) em sua estrutura devido alta eficincia na

promoo de diferentes reaes. Shimizu e colaboradores (2006) descreveram o uso de

calixarenos sulfonados como organocatalisadores em reaes de condensao

envolvendo aldedos, aminas primrias e enis (Figura 12A). Liu e colaboradores

(2008) empregaram calixarenos sulfonados como organocatalisadores em reaes de

substituio aromtica eletroflica (Figura 12B). Estes catalisadores foram empregados

fornecendo os produtos desejados em altos rendimentos.

R1CHO + R2NH2 +

R3

R4

OH

Catalisador A (10 mol%)R2

HN

R1

R3R4

O

+Ar HPh R

OH

Ph R

ArCatalisador B (5 mol%)

H2O

Catalisador B =CH2

SO3H

OC8H17 6

H2O

Catalisador A =CH

SO3HOHHO

CH34

A)

B)

Figura 12: Exemplo de reaes empregando-se calixarenos sulfonados como

organocatalisadores. A) Reao de condensao do tipo Mannich; B) Reaes de

substituio aromtica eletroflica.

12

Entretanto, at o presente momento no h na literatura relatos do uso de

calixarenos como organocatalisadores na reao de Biginelli. Sendo assim, os

calixarenos e principalmente os calixarenos sulfonados, devido a sua j comprovada

eficincia em diferentes reaes, surgem como potenciais organocatalisadores a serem

empregados na reao de Biginelli.

I.2. Objetivos

Sintetizar os calixarenos T4, T6, H4, H6, CX4 e CX6;

OHOH HOOHn

R R R R n = 1 and R = tBu (T4)n = 3 and R = tBu (T6)n = 1 and R = H (H4)n = 3 and R = H (H6)n = 1 and R = SO3H (CX4)n = 3 and R = SO3H (CX6)

Avaliar a potencial atividade cataltica dos calixarenos sintetizados na reao de

Biginelli.

Sintetizar adutos de Biginelli para avaliar seu potencial biolgico.

I.3. Resultados e Discusso

I.3.1. Sntese dos Calix[n]arenos

Seis calixarenos foram sintetizados neste estudo, empregando-se os

procedimentos descritos por Perret e colaboradores (2006) (Esquema 2).

OH

H H

O

+Condies

experimentais

OHCH2

n

AlCl3, fenol

Tolueno

n = 4 (Base: NaOH, Solvente: ter difenlico, T = 260 oC)

n = 6 (Base: KOH, Solvente: Xileno, T = 140 oC)

H2SO4

n = 4, T4

n = 6, T6

Condies experimentais:

n = 4, H4

n = 6, H6

n = 4, CX4

n = 6, CX6

OHCH2

n OHCH2

n

SO3H

Esquema 2: Estratgia geral para a obteno dos calixarenos.

13

A estratgia de sntese consistiu numa primeira etapa de orto-condensao entre

o p-terc-butilfenol com formaldedo em meio bsico, fornecendo os p-terc-

butilcalix[n]arenos T4 e T6. Na segunda etapa realizou-se uma reao de desalquilao

dos calixarenos T4 e T6 empregando cloreto de alumnio, na presena de fenol,

fornecendo ento os calixarenos H4 e H6. Finalmente os calixarenos CX4 e CX6

foram obtidos atravs de uma reao de sulfonao dos calixarenos H4 e H6,

respectivamente.

I.3.1.1. Snteses dos p-terc-Butilcalix[ n]arenos

A sntese dos p-terc-butilcalix[n]arenos T4 e T6 foi realizada mediante

condensao do p-terc-butilfenol com formaldedo em meio bsico e sob aquecimento,

conforme mostrado no Esquema 3.

OH

CH2O+

para n = 4, NaOH, ter difenlico, T= 260 C

para n = 6, KOH, xileno, T = 140 C

n = 4, T4

n = 6, T6

OHCH2

n

Condies

Esquema 3: Sntese dos calixarenos T4 e T6.

Como apresentado no Esquema 3, condies controladas foram necessrias para

a formao preferencial de p-terc-butilcalix[n]arenos com um nmero especfico de

unidades fenlicas. Para a sntese de T4 foi empregado NaOH como base e ter

difenlico como solvente num sistema que foi mantido a 265 C. Para a sntese de T6

empregou-se KOH como base e xileno como solvente, mantendo-se o sistema a 140 C.

Estas condies foram empregadas por favorecem a formao de T4 e T6 (GUTSCHE

et al., 1981). Segundo Gutsche e colaboradores (1981), a formao do tetrmero cclico

favorecida pela caracterstica do ction da base empregada. Ao empregarmos bases

apresentando ctions de menores dimetros como LiOH ou NaOH, favorecemos a

formao do macrociclo com quatro unidades monomricas enquanto que ao

empregarmos bases com ctions de maiores dimetros, como KOH ou RbOH, os

macrociclos com seis unidades monomricas so formados. Os calixarenos T4 e T6

14

foram obtidos com rendimentos respectivamente de 49% e 41%. Os rendimentos

obtidos esto de acordo com a literatura (Gutsche et al., 1981.

Um mecanismo representativo para a formao de T4 e T6 mostrado na figura

a seguir.

OH

OH

O

H O

HO

HCH2O

OCH2

OH

OCH2

O

OH OOH OH

n = 4, T4

n = 6, T6

OHCH2

n O OH

H+

Figura 13: Mecanismo representativo para a formao de T4 e T6.

A primeira etapa deste mecanismo consiste na abstrao do prton da hidroxila

fenlica, levando formao do fenxido. Ocorre ento um ataque nucleoflico da dupla

ligao do anel aromtico ao carbono do formaldedo, com consequente perda da

aromaticidade do p-terc-butilfenol. A aromaticidade regenerada na etapa posterior,

fornecendo um intermedirio da condensao do p-terc-butilfenol com formaldedo. A

perda da aromaticidade e liberao do grupamento hidroxila do grupo hidroximetil,

fornece ao final, um aduto de condensao do formaldedo com o p-terc-butilfenol (tipo

quinona). A dupla ligao do fenxido presente no meio realiza ento uma adio do

tipo Michael ao aduto quinona, seguido de uma reao cido-base levando a formao

de um dmero de p-terc-butilfenol ligado por uma ponte metilnica. Os calixarenos so

ento formados a partir de sucessivas reaes de condensao entre os dmeros

formados que esto no meio de reao na esfera de coordenao com os ctions

presentes.

A caracterizao estrutural dos calixarenos T4 e T6 foi realizada mediante a

obteno dos espectros no infravermelho e de RMN de 1H e 13C. Devido semelhana

estrutural apresentada por T4 e T6, sero discutidos mais detalhadamente os dados de

15

caracterizao obtidos para T4. Dados necessrios para a distino do tamanho do

macrociclo formado so apresentados.

O espectro no infravermelho de T4 apresentado na Figura 14. A banda em

3231 cm-1 foi atribuda ao estiramento das ligaes O-H do p-terc-butilcalix[4]areno.

Esta banda apresenta-se com um formato um pouco mais estreito e em menor nmero

de onda quando comparada a banda observada para fenis no-condensados (3620-3590

cm-1) (BARBOSA, 2007). Este comportamento ocorreu devido as fortes interaes

intramoleculares do tipo ligao de hidrognio existentes no calixareno. Em 2951 cm-1

observa-se uma banda referente aos estiramentos das ligaes Csp3-H e em 1486 cm-1

uma banda forte relativa ao estiramento das ligaes C=C. A banda intensa em 1202

cm-1 corresponde ao estiramento da ligao C-O, enquanto que as duas bandas em 1391

cm-1 e 1361 cm-1 so caractersticas para a identificao do grupo terc-butil, sendo estas

absores causadas pela deformao angular simtrica (s) das ligao C-H existentes

neste grupo (BARBOSA, 2007).

4000,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650,0

72,4

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

97,2

cm-1

%T

3231

2951

2867

1602

1486

1453

1391

1361

1290

1242

1202

1149

1117

984943

914

874

815

783

748

728690

Figura 14: Espectro no IV (ATR, cm-1) do calixareno T4.

No espectro no infravermelho obtido para T6 (Figura 56, Anexo: pg. 110) as

mesmas bandas caractersticas podem ser observadas, apresentando apenas pequenas

variaes nos valores de nmero de onda.

OH

C=C C-O s grupo t-butil

Csp3-H

16

Ao analisarmos os espectros de RMN de 1H (obtidos em CDCl3) dos calixarenos

T4 (Figura 15, pg. 17) e T6 (Figura 16, pg. 17), observa-se que o espectro de T4

apresenta para os hidrognios do grupo CH2 um par de dupletos em 3,53 e 4,34

(ambos apresentando integrao para 4 hidrognios) com constante de acoplamento (J)

de 12,6 Hz, enquanto que no espectro de T6 observa-se para os hidrognios do CH2

um nico sinal ( 3,89) na forma de simpleto largo integrado para aproximadamente 12

hidrognios. Isso ocorre, pois o calixareno T4 apresenta uma menor liberdade

conformacional o que leva a uma menor velocidade de interconverso entre suas

conformaes, permitindo a deteco dos hidrognios metilnicos (CH2-Ha e CH2-Hb)

em ambientes qumicos diferentes (hidrognios hetereotpicos) e desta forma estes

hidrognios apresentam deslocamentos qumicos diferentes. Os sinais apresentam-se

com dupletos devido ao acoplamento geminal entre os hidrognios Ha e Hb. J para o

calixareno T6 a interconverso ocorre mais rapidamente e os hidrognios do grupo CH2

apresentam-se como um nico sinal.

No espectro de RMN de 1H obtido do calixareno T4 (Figura 15, pg. 17) os

hidrognios CH2-Ha voltados para a cavidade do calixareno apresentam-se mais

blindados ( 3,53), enquanto que hidrognios CH2-Hb que esto voltados para fora da

cavidade do calixareno apresentam-se mais desblindados ( 4,34).

De fato, calixarenos podem apresentar vrias conformaes, sendo estas

resultantes da rotao dos anis em torno das ligaes sigma (metilnicas) presentes

entre as unidades fenlicas. Em geral, o aumento do nmero de unidades fenlicas no

macrociclo leva a um aumento da mobilidade conformacional. Essa caracterstica

empregada como ferramenta para identificao e determinao estrutural destes

macrociclos (MANDOLINI e UNGARO, 2000).

17

Figura 15: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de T4.

Figura 16: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de T6.

Adicionalmente no espectro de T4 observa-se ainda um simpleto em 1,25 que

corresponde aos hidrognios metlicos (H-6) do grupamento terc-butila integrado para

ppm (f1)0.05.010.0

9.6

26

7.1

78

4.3

35

3.5

32

1.2

53

36.00

3.77

3.84

7.59

3.68

OHOHOHOH

HHHH----3333

HHHH----6666

CHCHCHCH2222----aaaaCHCHCHCH2222----bbbb

ppm (f1)3.504.004.50

OHOH HOOH

1

2

3

4

5

6

Ha

Hb

ppm (f1)0.05.010.0

10

.526

7.1

41

3.8

87

1.2

55

0.0

00

11.6

3

6.01

54.0

0

11.5

6

OHOHOHOH

HHHH----3333

CHCHCHCH2222

HHHH----6666

OHOH

OH

OH

OH

OH

1

2

34

5

6

18

aproximadamente 36 hidrognios. O sinal dos hidrognios aromticos H-3 pde ser

observado em 7,18 apresentando integrao aproximada para 8 hidrognios. Enquanto

que em 9,63 encontra-se o sinal correspondente aos hidrognios das hidroxilas

fenlicas, com integrao aproximada para 4 hidrognios.

Uma atribuio semelhante para os hidrognios H-6 e H-3 do calixareno T6

pde ser realizada. Ao analisarmos o espectro de RMN de 1H obtido para T6 (Figura 16,

pg. 17), observamos que os valores de deslocamento qumico de H-6 e H-3 foram

respectivamente 1,26 e 7,14, enquanto os hidrognios das hidroxilas foram

observados em 10,53.

Na Figura 17 (pg. 19) so apresentados o espectro de RMN de 13C (abaixo) e o

subespectro de DEPT 135 (acima) obtidos para o calixareno T4. Nos subespectros de

DEPT 135, apenas carbonos ligados a tomos de hidrognios so observados, carbonos

do tipo CH e CH3 so apresentados com fases positivas e carbonos do tipo CH2 com

fase negativa. Assim, o sinal intenso em 31,7 com fase positiva nos dois espectros

pode ser atribudo aos carbonos metlicos (C-6) do grupo terc-butila. Este sinal

encontra-se ainda numa regio normalmente caracterstica para os sinais de

grupamentos alquila ( 0-45 ppm) (SILVERSTEIN e WEBSTER, 2000). O sinal

presente nos espectros em 32,6 apresenta-se como nico sinal com fase negativa no

espectro de DEPT 135 (acima). Dessa forma, esse sinal pode ser atribudo

inequivocamente aos carbonos das pontes metilnicas do p-terc-butilcalix[4]areno por

se tratarem estes dos nicos carbonos do tipo CH2 presentes na estrutura. Ainda na

regio normalmente atribuda a carbonos de grupamentos alquila, o sinal em 34,3

(ausente no subespectro de DEPT 135) foi atribudo ao carbono quaternrio C-5 do

grupo terc-butila. A ausncia deste sinal no subespectro de DEPT ocorre pelo fato de o

carbono C-5 no apresentar ligaes a tomos de hidrognio.

19

Figura 17: Espectro de RMN de 13C (abaixo; 50 MHz; CDCl3) e subespectro DEPT

135 (acima) do calixareno T4.

Na regio normalmente caracterstica de carbonos aromticos ( 110-170 ppm)

so observados no espectro de RMN de 13C de T4 quatro sinais, enquanto que no

subespectro de DEPT 135 apenas um sinal observado. Desta forma, o sinal em 125,8

(presente nos dois espectros) pode ser atribudo aos carbonos C-3 uma vez que estes so

os nicos carbonos aromticos da molcula que se encontram ligados a tomos de

hidrognio. Com relao aos trs sinais presentes no espectro de RMN de 13C ( 129,0,

145,0 e 146,9) ainda no-atribudos, vemos que o sinal em 129,0 apresenta uma maior

intensidade. Este sinal pode ser atribudo aos carbonos C-2, uma vez que dentre os

carbonos ainda no identificados (C-1, C-2 e C-4), estes se apresentam em maior

nmero na molcula (8 carbonos C-2). O sinal em 146,9 pode ento ser atribudo aos

carbonos C-1 que por estarem diretamente ligados a hidroxilas apresentam-se mais

desblindados. O sinal em 145,0 atribudo aos carbonos C-4.

O espectro de RMN de 13C (50 MHz, CDCl3) e o subespectro de DEPT 135

foram tambm obtidos para T6 (Figura 57, Anexo: pg. 111). Ao compararmos estes

espectros aos do composto anlogo com quatro unidades fenlicas, apenas pequenas

variaes nos valores de deslocamento foram observadas. Uma interpretao de maneira

OHOH HOOH

1

2

3

4

5

6

Ha

Hb

ppm (t1)050100150

14

6.85

51

44.

949

12

8.94

51

25.

761

34

.254

32

.576

31

.713

CCCC----1111

CCCC----4444

CCCC----2222

CCCC----3333

CCCC----5555

CHCHCHCH2222

CCCC----6666

20

similar pode ento ser realizada. Assim, as atribuies dos sinais presentes nos

espectros obtidos para o calixareno T6 foram feitas de maneira anloga, sendo estas

31,44 (C-6), 32,27 (CH2), 33,99 (C-5), 125,50 (C-3), 128,67 (C-2), 144,67

(C-4) e 146,57 (C-1). Estes valores encontram-se de acordo com valores previamente

descritos na literatura (Gutsche et al., 1981).

I.3.1.2. Sntese dos Calix[n]arenos H4 e H6

Os calixarenos H4 e H6 foram obtidos a partir de uma reao de desalquilao

do correspondentes p-terc-butilcalix[n]arenos T4 ou T6, respectivamente.

Para isso, os calixarenos T4 e T6 foram tratados com fenol empregando-se

tolueno como solvente. Cloreto de alumnio (AlCl3) foi empregado como catalisador

nestas reaes e os sistemas foram mantidos sob agitao magntica e atmosfera de

argnio conforme Esquema 4. Os calixarenos H4 e H6 foram obtidos com rendimentos

de 55% e 62%, respectivamente.

OH

AlCl3

Tolueno t.a.

+

n = 4, T4

n = 6, T6

OHCH2

n

n = 4, H4

n = 6, H6

OHCH2

n

Esquema 4: Sntese dos calixarenos H4 e H-6.

Um mecanismo representativo para formao dos calixarenos H4 e H6

mostrado na Figura 18.

OH HO

AlCl3

AlCl3

+

+

O AlCl3H

n = 4, T4

n = 6, T6

OHCH2

nOH

CH2n

H2C

n = 4, H4

n = 6, H6

OHCH2

n

H BaseH

Figura18: Mecanismo para a formao dos calixarenos H4 e H6.

21

Como mostrado, inicialmente ocorre a complexao do AlCl3 com o oxignio da

hidroxila do fenol, aumentando desta forma a polarizao da ligao O-H. Assim, o

hidrognio desta hidroxila torna-se mais susceptvel a um ataque nucleoflico.

Posteriormente este hidrognio sofre um ataque nucleoflico da ligao dupla da

unidade monomrica do calixareno, levando a abstrao do prton, com consequente

perda da aromaticidade desta unidade monomrica do macrociclo. Na etapa seguinte

ocorre a abstrao de um prton do grupamento CH3, levando restaurao da

aromaticidade e formao de 2-metil-propeno (isobutileno).

A caracterizao estrutural dos calixarenos H4 e H6 foi realizada mediante a

obteno dos espectros no infravermelho e de RMN de 1H e 13C. Devido semelhana

estrutural apresentada por H4 e H6, sero discutidos mais detalhadamente os dados de

caracterizao obtidos para H4. Dados necessrios para a distino do tamanho do

macrociclo formado so apresentados. O espectro no infravermelho obtido para H-4

apresentado na Figura 19 (pg. 22). Observou-se uma banda intensa em 3225 cm-1

caracterstica do estiramento das ligao O-H do calixareno H4. Observou-se ainda no

espectro em 3032 cm-1 uma banda relativa ao estiramento da ligao Csp2-H e em 1468 e

1210 cm-1 as bandas caractersticas aos estiramentos das ligaes C=C e C-O,

respectivamente. No espectro obtido para H6 (Figura 58, Anexo: pg. 111) as mesmas

bandas caractersticas do calix[4]areno foram observadas, apresentando apenas

pequenas variaes nos valores de nmeros de onda. As bandas caractersticas dos

estiramentos das ligaes O-H, C=C, C-O foram observadas, respectivamente, em 3279

cm-1, 1461cm-1, e 1217 cm-1.

22

4000,0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650,0

32,6

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

96,3

cm-1

%T

3225

30322953

287616081593

1468

1448

1382

1309

1257

1244

1210

1141

1094

958

916

872

833

787

772

745

717

Figura 19: Espectro no IV (ATR, cm-1) de H4.

O espectro de RMN de 1H do calixareno H4 mostrado na Figura 20 (pg. 23).

Neste espectro observou-se um padro semelhante quele presente no espectro do p-

terc-butilcalix[4]areno (Figura 15, pg. 17), uma vez que um par de sinais pode ser

observado para hidrognios dos grupos metilnicos (CH2-Ha em 3,55 e CH2-Hb em

4,35). Assim como ocorrido para o p-terc-butilcalix[6]areno (T6), o espectro de RMN

de 1H do calix[6]areno (H6) (Figura 59, Anexo: pg. 113) apresentou para os

hidrognios do grupo CH2 um nico sinal ( 3,89) na forma de simpleto. Este

comportamento diferente para H4 e H6 pde ser novamente atribudo a menor

mobilidade conformacional do calixareno H4, que permite a deteco dos hidrognios

do grupamento CH2 em ambientes qumicos diferentes.

No espectro de RMN de 1H obtido para o calix[4]areno observou-se ainda na

regio de hidrognios aromticos ( 6-9 ppm) um sinal em 6,71 na forma de um

tripleto (J = 7,6 Hz) que pde ser atribudo aos hidrognios H-4. O sinal em 7,13 na

forma de dupleto (J = 7,6 Hz) referente aos hidrognios H-3, enquanto que o sinal

correspondente aos hidrognios das hidroxilas foi observado na forma de um simpleto

em 10,14.

Para o espectro do calixareno H6 (Figura 59, Anexo: pg. 113) os sinais

correspondentes aos hidrognios H-3 e H-4 foram observados respectivamente em

7,14 e 6,81, enquanto que os hidrognios das hidroxilas fenlicas foram observados

OH

C=C

C-O

23

em 10,39. Os hidrognios H-3 e H-4 apresentaram-se novamente como dupleto e um

tripleto com constante de acoplamento escalar igual a 7,6 Hz.

ppm (t1)0.05.010.0

4.02

4.39

3.54

3.65

8.08

OH H-3

H-4 CH2-Hb CH2-Ha

ppm (t1)6.706.806.907.007.10

Figura 20: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; CDCl3) de H4.

No espectro de RMN de 13C do calixareno H4 (Figura 21, pg. 24) o sinal em

31,9 referente aos carbonos metilnicos. Na regio de carbonos aromticos os sinais

presentes em 122,5, 128,5 e 129,2 podem ser atribudos respectivamente a C-4, C-2 e

C-3. O sinal observado em 149,0 referente C-1, sendo este mais desblindado por

estar diretamente ligado a hidroxila. Para o calixareno H6, apenas pequenas variaes

nos valores de deslocamento qumico dos tomos de carbono foram observadas (Figura

60, Anexo: pg. 114), podendo ser feitas as seguintes atribuies: 32,41 (CH2), 122,06

(C-4), 127,60 (C-2), 129,69 (C-3), 149,84 (C-1). Estas atribuies foram realizadas

comparando-se os espectros obtidos com os dados espectroscpicos previamente

descritos na literatura para estes compostos (RATHORE et al., 2004).

24

ppm (t1)050100150

CH2

C-1

C-3

C-2

C-4

Figura 21: Espectro de RMN de 13C (50 MHz; CDCl3) de H4.

I.3.1.3. Sntese dos cidos p-sulfnico Calix[n]arenos CX4 e CX6

Para a sntese dos calixarenos sulfonados CX4 e CX6, os correspondentes

calixarenos precursores H4 e H6, respectivamente, foram submetidos a uma reao de

sulfonao empregando-se cido sulfrico concentrado (95-98 %) como agente de

sulfonao (Esquema 5). Sob estas condies os calixarenos CX4 e CX6 foram obtidos

com rendimentos de 48% e 62%, respectivamente.

n = 4, H4

n = 6, H6

OHCH2

nH2SO4 (conc.)

80 C

n = 4, CX4

n = 6, CX6

OHCH2

n

SO3H

Esquema 5: Obteno dos cidos p-sulfnico calix[n]arenos.

Um mecanismo geral para a etapa de sulfonao dos calix[n]arenos mostrado

na Figura 22 (pg. 25).

___

31

,91

2

___

12

2.,5

01

___

128

.519

_

__ 1

29,2

32

___

149

.028

25

SO

OOHHO S

O

OOHO

HSO

OOH2HO

OSO

OH-O

SO

OOH2HO S

O

OHO H2O

SO

OOH

n = 4, H4

n = 6, H6

OHCH2

n OHCH2

n

HO3S HH2O

n = 4, CX4

n = 6, CX6

OHCH2

n

SO3H

Figura 22: Mecanismo para obteno dos calixarenos sulfonados CX4 e CX6.

A primeira etapa do mecanismo consiste na autoprotonoo do cido sulfrico.

Posterior perda de gua pelo cido sulfrico protonado leva a formao do eletrfilo +SO3H. Ocorre ento um ataque nucleoflico da dupla ligao de uma das unidades

aromticas do calixareno ao eletrfilo formado, com consequente perda da

aromaticidade desta unidade monomrica. A abstrao do hidrognio do carbono ligado

ao grupo SO3H por molculas de gua leva regenerao da aromaticidade e

formao do anel contendo o grupo sulfnico (SO3H).

A caracterizao estrutural dos calixarenos CX4 e CX6 foi realizada mediante a

obteno dos espectros no infravermelho e de RMN de 1H e 13C. Devido semelhana

estrutural apresentada por CX4 e CX6, sero discutidos mais detalhadamente os dados

de caracterizao obtidos para CX4. Dados necessrios para a distino do tamanho do

macrociclo formado so apresentados.

O espectro obtido para CX4 mostrado na Figura 23 (pg. 26). Observou-se em

3385 cm-1 uma banda larga referente ao estiramentos das ligaes O-H. Em 1152 cm-1

observou-se uma banda larga e forte, relativa ao estiramento da ligao S-O. No

espectro de infravermelho obtido para o calixareno CX6 (Figura 61, Anexo: pg. 115)

estas mesmas bandas caractersticas foram observadas. A banda referente ao

estiramento das ligaes O-H foi observada em 3350 cm-1 e a absoro correspondende

ao estiramento da ligao S-O em 1113 cm-1.

26

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000Wavenumber (cm-1)

8

16

24

32

40

48

56

64

72

80

88

96%

T

33853173

1667 1456

1152

1118

1027

786

Figura 23: Espectro no IV (ATR, cm-1) do calixareno CX4.

Os espectros de RMN de 1H dos calixarenos sulfonados foram obtidos, sendo o

espectro de RMN de 1H do calixareno CX4 mostrado na Figura 24 (pg. 27).

Diferentemente do ocorrido nos espectros de RMN de 1H (obtidos em CDCl3) dos

calixarenos T4 (Figura 15, pg. 17) e H4 (Figura 20, pg. 23), no espectro mostrado na

Figura 24 (obtido em D2O) podemos ver que os hidrognios dos grupos CH2 aparecem

como um nico sinal ( 3,87). Isso ocorre, pois o aumento da polaridade do solvente

utilizado na obteno dos espetros favorece um aumento da mobilidade conformacional

dos calixarenos, desta forma os hidrognios dos grupos CH2 do cido p-sulfnico

calix[4]areno no podem ser detectados em ambientes qumicos diferentes, aparecendo

ento como um nico sinal. Observou-se ainda um simpleto em 7,48 relativo aos

hidrognios dos anis aromticos (H-3). No espectro obtido em gua os hidrognios do

grupo OH e SO3H no foram observados devido ocorrncia do fenmeno de troca

qumica rpida.

OH

S-O

27

Figura 24: Espectro de RMN de 1H (200 MHz; D2O) do calixareno CX4.

No espectro de RMN de 1H obtido para o calixareno CX6 (Figura 62, Anexo:

pg. 116), os sinais dos hidrognios dos grupamentos CH2 ( 3,85) e dos hidrognios H-

3 ( 7,43) foram observados com os mesmos padres aos apresentados no espectro de

CX4.

O espectro de RMN de 13C e o subespectro DEPT 135 obtidos para CX4 so

mostrados na Figura 25 (pg. 28). O sinal presente em 30,47 em ambos, aparece como

nico sinal com fase negativa no subespectro de DEPT 135. Assim, este sinal foi

atribudo aos carbonos das pontes metilnicas do calixareno, por serem estes os nicos

carbonos do tipo CH2 presentes na estrutura. Dos sinais presentes na regio

caractersticas de carbonos aromticos, podemos observar que apenas o sinal em

126,12 est presente em ambos os espectros, podendo ento ser atribudo aos carbonos

C-3 dos anis aromticos, uma vez que estes so os nicos carbonos aromticos

hidrogenados da estrutura. Observou-se ainda na regio de carbonos aromticos trs

sinais ( 127,7, 134,9 e 152,9) presentes apenas no espectro de RMN de 13C. Estes

sinais podem ser atribudos aos carbonos aromticos no-hidrogenados do calixareno.

Dentre os carbonos aromticos no-hidrogenados (C-1, C-2 e C-4), C-2 aquele que se

OHOH HO

SO3HHO3S SO3H

OH

HO3S

1

3

2

4

ppm (t1)0.05.010.0

7.4

76

3.8

68

4.2

5

4.0

0

HHHH----3333

CHCHCHCH2222

28

encontra ligado diretamente a grupos menos eletronegativos (mais blindado) e assim

pode ser atribudo ao sinal de menor valor de deslocamento qumico ( 127,66). O sinal

em 134,98 foi atribudo ao C-4, enquanto que o sinal em 152,89 referiu-se ao

carbono C-1, que por estar diretamente ligado a hidroxila encontra-se mais desblindado.

Para a atribuio dos sinais presentes no espectro de RMN de 13C e no

subespectro de DEPT 135 (Figura 63, Anexo: pg. 117) obtidos para o calixareno CX6

um raciocnio semelhante ao anterior pde ser utilizado, e a sequinte atribuio

realizada: 30,3 (CH2), 126,3 (C-3), 127,9 (C-2), 135,7 (C-4), 151,2 (C-1).

Figura 25: Espectro de RMN de 13C (abaixo; 50 MHz; D2O) e subespectro DEPT 135

(acima) de CX4.

Para os calixarenos CX4 e CX6 foram obtidos tambm os espectros de massas

(ESI-MS) (Figuras 64 e 65, pg. 118 e 119, respectivamente) estando os dados

espectromtricos de acordo com a literatura (Perret et al., 2006).

OHOH HO

SO3HHO3S SO3H

OH

HO3S

1

3

2

4

ppm (t1)050100150

152.

891

134.

980

127.

664

126.

124

30.4

69

CHCHCHCH----2222

CCCC----3333

CCCC----2222

CCCC----4444CCCC----1111

ppm (t1)050100150

29

I.3.2. Sntese das Diidropirimidinonas Empregando-se Calixarenos

como Catalisadores

Uma vez concluda a sntese dos calixarenos, iniciaram-se os estudos sobre a

potencial aplicao dessas substncias como organocatalisadores na reao de Biginelli.

Os efeitos do tempo (t) de reao, da quantidade de catalisador e do solvente na reao

de Biginelli sob catlise dos calixarenos sintetizados foram avaliados. Para tal, a reao

entre o 4-hidroxibenzaldedo, acetoacetato de etila e uria foi estabelecida como modelo

desses estudos (Figura 26).

CHO

OH

+H2N NH2

O+

O

OEt

O

OH

NH

NH

O

EtO2C

Catalisador

solvente, t (h)

Figura 26: Reao-modelo empregada nos estudos das condies timas para a reao

de Biginelli sob catlise dos calixarenos.

O primeiro parmetro avaliado foi a eficincia cataltica dos calixarenos

sintetizados e para tal optou-se por utilizar uma concentrao inicial de 0,15 mol% dos

catalisadores. Para esta avaliao foi escolhido etanol como solvente por se tratar de um

solvente comumente empregado na reao de Biginelli e pelo fato dos calixarenos

estudados serem solveis ou parcialmente solveis nesse solvente. Os resultados obtidos

so apresentados na Tabela 1 (pg. 30).

A reao realizada sem a presena dos calixarenos forneceu apenas 12% do

produto esperado (Tabela 1, Experimento 1). Na presena de terc-butilcalixarenos (T4

ou T6), observou-se um aumento no rendimento da reao, sendo o produto desejado

obtido com rendimentos de 56% e 51% (Tabela 1, Experimentos 2 e 3,

respectivamente). Resultados similares foram obtidos quando do emprego dos

calixarenos H4 (Tabela 1, Experimento 4) e H6 (Tabela 1, Experimento 5). Esses

resultados indicam que no h influncia significativa sobre a ao cataltica dos

calixarenos quando substituimos o grupo terc-butil por hidrognio. Alm disso, os

rendimentos foram muito semelhantes para calixarenos com quatro (T4 ou H4) ou seis

unidades fenlicas (T6 ou H6). Diferentemente, o uso dos calixarenos CX4 e CX6

permitiu a obteno do produto de Biginelli em bons rendimentos (77% e 72%) (Tabela

30

1, Experimentos 6 e 7, respectivamente). De fato, os calixarenos sulfonados (CX4 e

CX6) so os cidos mais fortes entre os calixarenos estudados, e essa caracterstica se

deve a presena de grupos -SO3H. Um aspecto interessante sobre os resultados obtidos

o fato de que o rendimento obtido para CX4 foi ligeiramente superior aquele

apresentado para CX6.

Tabela 1: Rendimentos obtidos na reao-modelo utilizando diversos calixarenos como

catalisadores.

EtO

Me

O

OOH2N

NH2+ +

NH

NH

O

EtO

OCatalisador

EtOH, Refluxo

CHO

OH

OH

Experimento Catalisador (mol%) Tempo (h) Rendimento (%)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

--

T4 (0,15)

T6 (0,15)

H4 (0,15)

H6 (0,15)

CX4 (0,15)

CX6 (0,15)

CX4 (0,50)

CX6 (0,50)

APTSb (0,50)

APTSb (2,0)

APTSb (2,5)

PTBFc (0,15)

APTS/PTBF (2,0:2,0)

24

24

24

24

24

24

24

8

8

8

8

8

24

8

12

56

51

54

53

77

72

81

75

57

73

64

29

72

Reagentes e condies: 4-hidroxibenzaldedo:acetoacetato de etila:uria (razo molar = 1:1.5:1.5). b cido

p-tolueno sulfnico (APTS).c p-terc-butilfenol (PTBF)

O uso de uma maior quantidade (0,50 mol%) dos calixarenos CX4 e CX6

permitiu a obteno do produto desejado aps 8 horas de reao sem prejuzo do

rendimento (Tabela 1, Experimentos 8 e 9). Este resultado implica numa reduo

31

significativa do tempo de reao. Novamente, observou-se um melhor rendimento para

a reao quando empregou-se o calixareno contendo quatro unidades fenlicas (CX4).

O efeito da influncia da organizao das unidades monomricas dos calixarenos

em sua atividade cataltica tambm foi verificado ao realizar a reao-modelo

empregando-se como catalisadores o cido p-tolueno sulfnico (APTS) e o p-terc-

butilfenol (PTBF). Os resultados obtidos demonstraram que os calixarenos foram mais

eficientes como catalisadores quando comparados aos seus anlogos monomricos. De

fato, o uso do p-terc-butilfenol como catalisador forneceu o produto desejado em apenas

29% de rendimento (Tabela 1, Experimento 13) e os calixarenos T4 e T6 rendimentos

de 56% e 51%, respectivamente (Tabela 1, Experimentos 2 e 3, respectivamente). O

emprego do APTS como catalisador em diferentes concentraes (Tabela 1,

Experimentos 10-12) forneceu o produto de Biginelli em rendimentos inferiores aos

obtidos quando os calixarenos CX4 e CX6 foram empregados como catalisadores.

Alm disso, ao realizarmos a reao-modelo na presena da mistura APTS/PTBF

(2,0:2,0 mol%) (Tabela 1, Experimento 14) o produto foi obtido com 72% de

rendimento, sendo o rendimento novamente inferior ao obtido para reaes na presena

de CX4. Esses resultados sugerem que a presena de grupos sulfnicos e grupamentos

hidroxila na estrutura do calixareno CX4 no so as nicas caractersticas estruturais

responsveis por sua atividade cataltica.

Em geral, o calixareno CX4 foi o mais eficiente organocatalisador entre os

calixarenos estudados, fornecendo o produto de Biginelli em 81% de rendimento aps 8

horas de reao (Tabela 1, Experimento 8). Assim, nossos esforos foram direcionados

para o estudo do efeito do solvente no rendimento da reao catalisada por CX4

(Tabela 2). Na presena de THF (Tabela 2, Experimento 2) ou hexano (Tabela 2,

Experimentos 6) no observou-se a formao do produto desejado. Rendimentos

inferiores aos obtidos em etanol foram observados com outros solventes como 1,4-

dioxano, acetonitrila e metanol (Tabela 2, pg. 32). Esses resultados confirmam que,

entre os solventes testados, o etanol mais adequado para a reao catalisada com

calixarenos.

32

Tabela 2: Efeito do solvente sobre o rendimento da reao empregando CX4 como

catalisador.

Experimento Solvente Rendimento (%) 1

2

3

4

5

6

EtOH

THF

1,4-Dioxano

CH3CN

MeOH

Hexano

81

----

18

31

52

----

Em resumo, os resultados obtidos permitiram estabelecer as condies

experimentais mais adequadas para a realizao da reao de Bigineli. So elas:

utilizao de 0,50 mol% do catalisador CX4, um perodo de 8 horas de reao e etanol

como solvente.

Uma vez definidas as melhores condies de reao, o cido p-sulfnico-

calix[4]areno (CX4) foi, ento, empregado como catalisador em uma srie de reaes,

nas quais variaram-se os aldedos utilizados. Nestas reaes foram empregados ainda

acetoacetato de etila, uria ou tiouria. Uma variedade de aldedos aromticos

apresentando grupos doadores e/ou retiradores de densidade eletrnica foram utilizados

e os rendimentos obtidos para os produtos registrados na Tabela 3 (pg. 33). Ao

analisarmos os rendimentos obtidos empregando-se os aldedos aromticos vemos que a

presena de substituintes com diferentes efeitos sobre a densidade eletrnica do anel

aromtico no afetou substancialmente os rendimentos das reaes. Os produtos

derivados de uria foram em geral obtidos em melhores rendimentos que seus anlogos

derivados de tiouria. Esse comportamento pode ser atribudo facilidade de

precipitao dos oxo-adutos. Aldedos no-aromticos mostraram-se menos reativos e

proporcionaram rendimentos moderados (Tabela 3, Experimentos 23-26). Novamente,

os rendimentos dos produtos obtidos empregando-se uria (Tabela 3, Experimentos 23 e

25) foram superiores aos obtidos empregando-se tiouria (Tabela 3, Experimentos 24 e

26)

EtO

Me

O

OOH2N

NH2+ +

NH

NH

O

EtO

OCX4 (0,5 mol%)

Solvente,Refluxo (8h)

CHO

OH

OH

33

Tabela 3: DHPMs sintetizadas empregando CX4 como catalisador.

Reagentes e condies: aldedo/acetoacetato de etila/uria ou tiouria (razo molar = 1:1.5:1.5).

Linha Cdigo R X Rendimento (%)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

AB1

AB2

AB3

AB4

AB5

AB6

AB7

AB8

AB9

AB10

AB11

AB12

AB13

AB14

AB15

AB16

AB17

AB18

AB19

AB20

AB21

AB22

AB23

AB24

AB25

AB26

AB27

AB28

C6H5

C6H5

4-OH-C6H4

4-OH-C6H4

3-OH-C6H4

3-OH-C6H4

3,4-OH-C6H3

3,4-OH-C6H3

4-OCH3-C6H4

4-OCH3-C6H4

3-OCH3-C6H4

3-OCH3-C6H4

4-OH-3-OCH3-C6H3

4-OH-3-OCH3-C6H3

3,5-OCH3-4-OH-C6H2

3,5-OCH3-4-OH-C6H2

4-SMe-C6H4

4-SMe-C6H4

3,4-(OCH2O)-C6H3

3,4-(OCH2O)-C6H3

4F-C6H4

4F-C6H4

C3H7

C3H7

C6H11

C6H11

3-NO2-C6H4

4-OCH3-3-BrC6H3

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

S

O

O

69

63

81

77

79

52

56

49

89

78

78

74

76