rc sefaz nº 114 - rj

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RESOLUÇÃO CONJUNTA SEFAZ/PGJ N.º 114 DE 03 DE JUNHO DE 2011 Fixa normas de cooperação técnica entre o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Fazenda no combate aos crimes contra a ordem tributária. O SECRETÁRIO DE ESTADO DE FAZENDA e o PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, CONSIDERANDO: - que os crimes contra a ordem tributária acarretam graves prejuízos à sociedade fluminense, demandando uma resposta ágil e eficiente dos agentes incumbidos de sua persecução; - que se faz necessária a fixação de critérios de atuação conjunta para a repressão a tais crimes, com o implemento de medidas eficazes de combate à evasão fiscal; - que também se faz necessária a padronização de procedimentos para a formulação de representações criminais referentes a fatos que se enquadrem na tipologia dos crimes contra a ordem tributária, conforme dispõe a Lei n.º 8.137 , de 27 de dezembro de 1990; - ser atribuição privativa do Ministério Público a propositura da ação penal nos crimes de sonegação fiscal; RESOLVEM: CAPÍTULO I

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RESOLUO CONJUNTA SEFAZ/PGJ N.114 DE03 DE JUNHO DE 2011

Fixa normas de cooperao tcnica entre o Ministrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Fazenda no combate aos crimes contra a ordem tributria.

O SECRETRIO DE ESTADO DE FAZENDA e o PROCURADOR-GERAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuies legais,CONSIDERANDO:- que os crimes contra a ordem tributria acarretam graves prejuzos sociedade fluminense, demandando uma resposta gil e eficiente dos agentes incumbidos de sua persecuo;- que se faz necessria a fixao de critrios de atuao conjunta para a represso a tais crimes, com o implemento de medidas eficazes de combate evaso fiscal;- que tambm se faz necessria a padronizao de procedimentos para a formulao de representaes criminais referentes a fatos que se enquadrem na tipologia dos crimes contra a ordem tributria, conforme dispe aLei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990;- ser atribuio privativa do Ministrio Pblico a propositura da ao penal nos crimes de sonegao fiscal;RESOLVEM:CAPTULO IDAS ATRIBUIES DA SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDAArt. 1.Compete Secretaria de Estado de Fazenda, quando constatar a ocorrncia de crimes contra a ordem tributria:I - formular representao criminal e encaminh-la ao Ministrio Pblico, sempre que for constatado indcio da prtica de crime contra a ordem tributria;II - realizar, com brevidade, as diligncias que forem requisitadas pelo Ministrio Pblico;III - empreender esforos no sentido de priorizar e agilizar o julgamento, na Junta de Reviso Fiscal e no Conselho de Contribuintes, dos processos administrativotributrios que contenham indcios da prtica de crime contra a ordem tributria, buscando, outrossim, agrupar o julgamento dos autos de infrao relativos a uma mesma ao fiscal.Art. 2.Os Auditores Fiscais do Tesouro do Estado do Rio de Janeiro, no exerccio de suas atribuies de fiscalizao, autuao, lanamento e cobrana de tributos, bem como no examede processos administrativo-tributrios em que atuem, devem encaminhar notcia ao Ministrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro e ao titular de suas respectivas unidades fiscais sempre que encontrarem indcios da prtica de ilcitos penais de natureza tributria e conexos, em especial das condutas previstas nos artigos 1. e 2. daLei n. 8.137/1990.1. Verificada a existncia de indcios da prtica dos ilcitos mencionados no caput, os fiscais de renda devero formalizar a notcia atravs de processo administrativo independente, que dever ser instrudo com os seguintes documentos:I - cpia dos autos de infrao;II - cpia reprogrfica das peas do processo administrativo-tributrio necessrias comprovao da autoria e da materialidade da infrao penal;III - relatrio sucinto da infrao, contendo a exposio dos fatos e a relao completa de todos que tenham concorrido para a prtica do crime, com a qualificao e a funo que exercem na empresa, bem como a indicao dos perodos em que fizeram parte da administrao da pessoa jurdica autuada;IV - cpia dos atos constitutivos e respectivas alteraes, relativas ao perodo da prtica da infrao;V - valor do dano causado pelo contribuinte, com especificao do tributo, multas e juros;VI - informao sobre a existncia de recurso do respectivo processo administrativotributrio e sua tramitao. 2. Procedimento idntico ao descrito no 1. deste artigo ser adotado pelos titulares da Unidade Fiscal, de ofcio ou mediante representao do Auditor Fiscal da Receita Estadual da respectiva unidade, e pelos membros da Junta de Reviso Fiscal e do Conselho de Contribuintes, quando verificarem a existncia de indcios da prtica dos ilcitos mencionados no caput deste artigo. 3. Na hiptese do pargrafo anterior, os membros da Junta de Reviso Fiscal e do Conselho de Contribuintes solicitaro aos Presidentes de seus respectivos rgos, sem prejuzo da atuao de ofcio, a formalizao do procedimento administrativo descrito no 1.. 4. A individualizao dos scios, gerentes e administradores ser efetuada com base no contrato social e suas alteraes, ou no estatuto e nas atas das assemblias gerais, das reunies de diretoria e do conselho de administrao, ou na declarao de firma individual, conforme se trate de pessoa jurdica constituda sob a forma de sociedade limitada, sociedade annima ou firma individual. 5. Os documentos probatrios do ilcito tributrio, que tambm constituam provas da materialidade do ilcito penal, sero fotocopiados, sendo os originais juntados ao processo administrativo-tributrio e as fotocpias, devidamente autenticadas, destinadas a instruir os autos da representao criminal.Art. 3.Aps a formalizao da representao criminal, os autos sero encaminhados Subsecretaria Adjunta de Fiscalizao, cabendo ao respectivo Subsecretrio a remessa dos autos ao Ministrio Pblico, no prazo de 60 dias, a contar da data de seu recebimento.Art. 4.Compete, ainda, Secretaria de Estado de Fazenda:I - subsidiar tecnicamente o Ministrio Pblico, mantendo-o informado das alteraes na legislao tributria estadual e das decises do Conselho Estadual de Contribuintes proferidas em processos fiscais;II - possibilitar aos membros do Ministrio Pblico indicados pela Instituio e em atuao no combate Sonegao Fiscal o acesso aos bancos de dados fazendrios, fornecendo-lhes as informaes necessrias instruo dos respectivos processos, as quais sero exclusivamente utilizadas no exerccio de suas funes;III - atender, atravs de suas unidades regionais, as solicitaes de presena de agente do fisco em operaes realizadas pelo Ministrio Pblico;IV - participar de reunies promovidas pelo Ministrio Pblico, visando ao aperfeioamento da cooperao tcnica de que trata a presente Resoluo;V - informar, mensalmente, Coordenadoria do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justia de Investigao Penal e Coordenadoria do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justia Criminais o nmero de notcias de crimes contra a ordem tributria acompanhados de referncias bsicas que permitam a sua organizao estatstica.Art. 5.A Secretaria de Estado de Fazenda disponibilizar funcionrios para a realizao das atribuies previstas no artigo 4..CAPTULO IIDAS ATRIBUIES DO MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROArt. 6.Compete ao Ministrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro a expedio de recomendao aos rgos de execuo para que:I - na fase da suspenso condicional do processo (art. 89 daLei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995), estimulem o ressarcimento do dano tributrio;II - na fase das alegaes finais, quando ocorrer pedido de condenao, seja igualmente postulada a aplicao da pena de prestao pecuniria, prevista no artigo 43, I, c/c o artigo 45, 1., do Cdigo Penal, a ser destinada ao Fisco Estadual;III - requisitem diretamente aos agentes da Secretaria de Estado de Fazenda, especialmente ao Subsecretrio Adjunto de Fiscalizao e aos titulares das unidades de fiscalizao, esclarecimentos, informaes e documentos complementares ou qualquer outro elemento de convico, sempre que necessrios ao oferecimento de denncia ou requerimento de medidas cautelares, ou ainda para instrurem processo criminal em curso;IV - requisitem ao Secretrio de Estado de Fazenda o comparecimento de Auditores Fiscais da Receita Estadual ao Ministrio Pblico, para prestar esclarecimentos ou depoimentos junto ao Promotor de Justia responsvel pela investigao penal.Art. 7.Compete, ainda, ao Ministrio Pblico:I - participar de reunies promovidas pela Secretaria de Estado de Fazenda, visando ao aperfeioamento da cooperao tcnica prevista na presente Resoluo;II - subsidiar tecnicamente a Secretaria de Estado de Fazenda, mantendo-a informada das alteraes na legislao penal tributria;III - informar, mensalmente, Secretaria de Estado de Fazenda o nmero de denncias e arquivamentos formulados, bem como outros dados estatsticos relativos s notcias de crimes contra a ordem tributria remetidas a cada Promotoria de Justia.Art. 8.O Ministrio Pblico designar Promotores de Justia para atuao no combate aos crimes contra a ordem tributria.CAPTULO IIIDA COORDENAOArt. 9. O programa ser Coordenado, em conjunto, pela Subsecretaria Adjunta de Fiscalizao da Secretaria de Estado de Fazenda e pelo Coordenador do COESF Coordenadoria de Combate Sonegao Fiscal do Ministrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro.CAPTULO IVDAS DISPOSIES FINAISArt. 10.Todos os rgos e agentes de que trata a presente Resoluo devem observar, quando do intercmbio de informaes, o sigilo imposto pelo artigo 198 doCdigo Tributrio Nacional.Art. 11.Havendo requisio do Ministrio Pblico, os autos da representao criminal sero imediatamente encaminhados ao Promotor de Justia com atribuio, qualquer que seja a fase em que se encontrem.Art. 12.Havendo indcios da prtica dos crimes tipificados no artigo 3. daLei n. 8.137/1990, por funcionrio ou servidor pblico, a Subsecretaria Adjunta de Fiscalizao e a Corregedoria Tributria do Controle Externo da Secretaria de Estado de Fazenda devero comunicar ao Procurador-Geral de Justia a abertura da respectiva sindicncia administrativa, bem como o seu resultado final.Art. 13.A presente Resoluo Conjunta entra em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio, em especial aResoluo SER/PGJ n. 14de 06 de julho de 2006.Rio de Janeiro, 03 de junho de 2011RENATO AUGUSTO ZAGALLO VILLELA DOS SANTOSSecretrio de Estado de FazendaCLUDIO SOARES LOPESProcurador-Geral de Justia