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RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 46 PÁG: 1

RAZÃO E EMOÇÃO

Novela criada e escrita por:

Rômulo Guilherme

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CENA 01. CASA LUCAS. INT. NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo

anterior. Dora e Lucas na porta.

Dora - Que certeza é essa de que eu viria?

Não liguei nem nada.

Lucas - Meu coração me disse. E pelo visto ele

não se enganou.

Trocam sorrisos.

Lucas - Entra.

Dora entra e Lucas fecha a porta.

Lucas - Como você está?

Dora - De coração leve. Como se tivessem

tirado uma tonelada das minhas costas.

Lucas - Eu te disse que o destino se

encarregaria de nos unir novamente, não

falei?

Dora - (brinca) Você é um bruxo, vidente, que

prevê as coisas, e eu não sei?

Lucas segue falando no tom de brincadeira.

Lucas - Fiz um feitiço pra você se apaixonar

por mim. Pena que você descobriu (risos)

Dora - Feitiço forte esse, pois me fez ficar

perdidamente apaixonada.

Dora aproxima-se mais de Lucas. Eles trocam um olhar

profundo, intenso. Lucas acaricia Dora.

Lucas - Te amo!

Dora - Promete que nada mais vai nos separar?

Sofri tanto sem ter você, Lucas.

Lucas - Prometo! Não vou deixar você se

afastar nunca mais de mim.

Lucas e Dora aproximam-se seus rostos em SLOW, até que

se beijam. Um beijo intenso, cheio de sentimentos.

Corta para:

CENA 02. QUARTO LUCAS. INT. NOITE

Dora deita na cama, Lucas vem por cima lhe beijando.

Vão desfazendo de suas roupas, sem praticamente se

largarem. O desejo, a saudade, os consomem. Momento

intenso, delicado, sensível.

Corta para:

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CENA 03. JOALHERIA. CARRO MAURÍCIO. EXT. INT. NOITE

Maurício impaciente dentro do carro.

Maurício - Se eu tiver sorte, hoje eu te pego,

vagabunda!

Segundos se passam, até que Sílvia saí da joalheria e

vai até seu carro, já parado na porta. Ela entra e

saí. Maurício dá um tempinho, liga o carro e vai atrás

dela.

Corta para:

CENA 04. RUAS CARIOCAS. EXT. NOITE

Maurício persegue o carro de Sílvia, sem deixar ser

percebido, mas atento pra não perdê-la de vista. Viram

uma rua, outra... Instantes.

Corta rápido para:

CENA 05. MOTEL. CARRO MAURÍCIO. EXT. INT. NOITE

Sílvia chega ao motel. Maurício para afastado e

observa o carro dela entrando. Pega seu celular e

disca.

Corta para:

CENA 06. AP. DORA. SALA. INT. NOITE

Ricardo em frente ao seu notebook, falando no celular.

Ricardo - (cel.) Oi, Maurício.

Intercalar com cena anterior.

Maurício - (cel.) Acabei de ver a Sílvia entrando

no motel.

Ricardo reage.

Ricardo - (surpreso/cel.) No motel? (t) Sei qual

é sim. Estou voando praí.

Ricardo desliga.

Ricardo - (furioso) Eu te mato, Sílvia. Vou

acabar com você e com seu amante.

Corta para:

CENA 07. MOTEL. QUARTO. INT. NOITE

Sílvia tira seu salto, fica mais a vontade. Leonel

abre um champagne e serve as taças, ficando com uma e

pegando outra. Conversa iniciada.

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Leonel - Não tem medo do que o Maurício possa

fazer com você? Ele deve estar querendo

se vingar, já que deve imaginar que você

está metida em toda essa confusão até o

último fio do seu cabelo.

Sílvia - Maurício é um frouxo, um fraco. Cão

que ladra mas não morde, sabe? Além do

mais, ele não é pairo pra mim. Vai ter

que comer muita farinha pra conseguir me

ferrar.

Leonel - Se eu fosse você não ficava com toda

essa certeza e ficava sim mais atenta.

Ele agora não tem nada a perder. E ter

um inimigo nunca é bom, independente de

quem seja.

Sílvia - Não tenho medo de nada e nem ninguém,

Leonel. O que eu quero mesmo é comemorar

essa vitória. A derrocada da Dora já

começou. Ela vai perder tudo. Já começou

com seu casamento, que foi pro espaço.

Logo, logo, vai perder a joalheria pra

mim, que vou assumir essa empresa como a

única dona. Um brinde.

Sílvia levanta sua taça. Leonel faz o mesmo e eles

brindam, dando um gole na bebida.

Leonel - Agora chega de papo. Não viemos no

motel pra ficarmos conversando como duas

comadres. Vamos botar fogo nessa cama,

que hoje estou daquele jeito que você

sabe bem.

Sílvia - Então vem, pois estou pegando fogo,

cheia de más intenções com você.

Sílvia já tasca um beijo em Leonel, que lhe envolve em

seus braços e eles rolam na cama, movidos pelo desejo

selvagem que toma conta deles.

Corta para:

CENA 08. CASA LUCAS. QUARTO. INT. NOITE

Lucas e Dora acabam de se amarem. Estão juntinhos.

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Lucas - Por mim não deixava você ir embora

daqui nunca mais. Trazia sua filha pra

cá e ficávamos morando aqui, como uma

família.

Dora - Bem que eu queria mesmo, levar essa

vida tranqüila e sossegada que você tem

aqui, diferente da vida corrida da

cidade.

Lucas - Sossegada entre aspas, já que a sombra

daquele maldito dono da construtora, que

cismou com esse terreno, sempre ronda.

Dora - Parece que ele desistiu, né?

Lucas - Deve estar preparando o bote, como um

animal selvagem, que primeiro estuda sua

vítima, espera, pra depois atacar de

forma certeira. Mas não quero falar

disso. Quero falar da gente. O que acha

da minha proposta?

Dora - De me mudar com a Letícia pra cá?

Lucas - Isso.

Dora - Vamos com calma, Lucas. Tenho minha

vida no Rio de Janeiro. Não posso largar

tudo assim. Além do mais tudo ainda está

muito recente. Nem me separei do

Maurício no papel ainda. Entende?

Lucas - Não vamos mais esperar nada, Dora. Já

esperamos de mais pra ficarmos juntos,

sem você ficar-se condenando, com a

consciência pesada.

Dora - Agora tudo é diferente. Podemos viver

nosso amor em toda plenitude que ele

merece ser vivido, como deveria ter sido

desde o começo quando nos conhecemos.

Lucas - Mas a vida quis que primeiro

passássemos por todas essas provações,

pra agora nos recompensa.

Dora - O que importa é que passou! Vamos

esquecer tudo o que aconteceu, virar

essa página e recomeçar nossa história,

onde só terá amor, carinho e felicidade.

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Lucas - E também muito...

Lucas fala sem áudio no ouvido de Dora.

Dora - (rindo) Safado!

Lucas - É você quem me deixa assim.

Eles riem. Lucas envolve Dora novamente e eles se

beijam apaixonados.

Corta para:

CENA 09. CASA CHICO. COZINHA. INT. NOITE

Suelen cozinha pensativa, distante.

Suelen - (voz) Deixa que eles achem que

venceram, que vão viver essa história de

amor de quinta categoria. Só quero ver

quando eu soltar o segredo bombástico

que eu sei e que vai fazer um estrago na

vida desse casalzinho patético, como as

bombas que acabaram com Hiroshima e

Nagasaki.

Chico aparece. Suelen volta a si.

Chico - E essa janta saí ou não saí?

Suelen - Tá quase, pai.

Chico - Tô morrendo de fome.

Chico volta pra sala.

Corta para:

CENA 10. AP. LUÍZA. INT. NOITE

Luíza abre a porta. É Heitor.

Luíza - Entra.

Heitor, sem graça e constrangido, entra. Luíza fecha a

porta. Ficam sem jeito um com o outro. Aquele clima

estranho.

Luíza - Estou uma pilha de nervos.

Heitor - Confesso que também estou, mesmo sendo

algo simples que vou fazer.

Luíza - Não vai ser “algo simples” que você

vai fazer, Heitor. Pode até parecer que

doar sêmen é algo bobo, mas não é! Você

estará realizando meu sonho de ser mãe e

isso é um ato grandioso, do qual nunca

vou esquecer.

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Heitor - E como vamos fazer?

Luíza - O frasco pra coleta do sêmen está na

bancada no banheiro. É colher e deixar

lá, que o resto é comigo.

Heitor - Tudo bem.

Luíza - Quer tomar uma bebida pra relaxar um

pouco.

Heitor - Pode ser.

Luíza - Uísque?

Heitor - Duplo, por favor.

Luíza serve uísque pra Heitor, que bebe de uma golada

só. Ele respira fundo.

Heitor - Pronto. Agora sim, me sinto mais

relaxado.

Luíza - Lembra onde é o banheiro?

Heitor concorda e vai pro banheiro. Luíza está muito

nervosa.

Luíza - Vai dar certo. Vai dar certo.

Corta para:

CENA 11. CASA CAZÉ. COZINHA. INT. NOITE

Cazé faz um mexido, enquanto conversa com Lupe. No

meio da conversa eles se servem e jantam.

Cazé - Mas ficaram só no beijo? (debocha) Ta

fraco, hem, Lupe.

Lupe - A Melissa se tornou uma grande amiga,

que está me dando muito força, Cazé. Não

quero estragar essa amizade. Se tiver

que acontecer, vai acontecer, mas estou

na minha. Tanto que foi ela quem me

beijou primeiro.

Cazé - Deve tá caidinho por você.

Lupe - Além de gata, ela é muito gente boa,

tem um papo legal.

Cazé - (provoca) Tu ta parecendo é mineiro,

que come quieto e pega todas.

Lupe - Quero é focar no meu grafite, fazer

uns cursos, arrumar mais trabalho. A

Melissa me deu a levantada que eu estava

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precisando, depois que eu e a Nicole nos

afastamentos.

Cazé - É assim que se fala. Não tem que ficar

sofrendo por mulher nenhuma. Na verdade

por ninguém! Temos é que nos valorizar.

Lupe - Ela me disse que vai me ajudar na

divulgação do meu trabalho, com a página

na internet. Vai pintar mais trabalho.

Cazé - Daqui a pouco tu larga a loja e vai

viver só com seu grafite.

Lupe - É meu grande sonho. Poder viver da

minha arte, do que sei e gosto de fazer.

Cazé - Quem sabe é a Melissa o grande amor da

sua vida, enquanto a Nicole foi só um

amor passageiro, que veio e passou?

Corta para:

CENA 12. AP. LUÍZA. INT. NOITE

Luíza sentada no sofá, esperando o retorno de Heitor.

Ele aparece, Luíza levanta.

Heitor - Pronto!

Luíza sorri, feliz.

Luíza - Nem sei o que falar, Heitor.

Heitor - Não precisa falar nada, Luíza. Esse

brilho, essa felicidade nos seus olhos

já dizem tudo, Luíza.

Luíza abraça Heitor.

Heitor - Preciso ir.

Luíza - Claro.

Luíza abre a porta.

Luíza - Obrigada, Heitor.

Heitor - Espero que dê tudo certo.

Luíza - Vai sim... Já está dando.

Heitor vai embora. Luíza fecha a porta.

Luíza - Chegou à hora. Agora é com você,

Luíza.

Luíza segue pro interior do seu apartamento.

Corta para:

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CENA 13. MOTEL. RUA. EXT. NOITE

Maurício está próximo do seu carro esperando por

Ricardo. Olha as horas. Ricardo chega. Para seu carro,

desce e vai até Maurício visivelmente nervoso.

Ricardo - Ela ainda está aí?

Maurício - Está.

Ricardo - (raiva) Vagabunda! Agora eu pego essa

piranha. Vou acabar com essa palhaçada

de uma vez por todas.

Maurício - Eu vou com você.

Ricardo - Não precisa, Maurício. Você já me

ajudou muito.

Maurício - (firme) Faço questão!

Corta para:


Sílvia está fazendo um “showzinho” pra Leonel, o

provocando, de forma bem picante e sensual. Estão de

roupas íntimas. Instantes. Eles riem, se divertem.

Alguém bate na porta.

Leonel - Deve ser a outra garrafa de champagne

que pedi.

Leonel pula da cama e vai abrir a porta. Leva um

grande susto ao ver Maurício e Ricardo, que já vão

entrando de rompante no quarto. Sílvia reage surpresa

ao ver os dois.

Ricardo - Te peguei, Sílvia.

Corta para:

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COMERCIAL 1

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Cont. imediata. Mesmos personagens.

Ricardo - Sua piranha! Demorou, mas descobri que

você não presta, que não passa de uma

puta.

Sílvia olha pra Maurício.

Sílvia - Tem dedo seu nisso, não tem?

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Maurício - (satisfeito) A mão toda.

Leonel - Vou chamar o segurança!

Leonel faz menção de sair, quando Maurício cresce pra

cima de Leonel o impedindo de fazer qualquer coisa.

Maurício bate a porta.

Maurício - Fica na sua cara, pra não sobrar pra

você também.

Leonel recua, intimidado.

Ricardo - Não tem vergonha, Sílvia? Uma mulher

casada, mãe, vice-presidente de uma

grande empresa, nessa situação ridícula,

com esse michê?

Leonel - (reage) Michê não!

Ricardo - (tom) Cala a boca, seu merda!

Sílvia - Pra mim você nunca foi um homem de

verdade, Ricardo. Sempre te achei um

banana, um fraco, um otário!

Ricardo - Sempre tentei ser o melhor marido do

mundo pra você. Mas você nunca me

valorizou, Sílvia.

Sílvia - Se não me separei até hoje foi pra

evitar de ter que ficar com o Théo.

Cuidar desse menino que você transformou

num garoto chato e mimado, que vai ser

um fracassado como você.

Ricardo dá um tapa bem forte em Sílvia, que reage

assustada.

Ricardo - (tom) Nunca mais fale assim do nosso

filho. Théo fugiu de casa, correu risco,

por sua causa, que nunca foi uma mãe de

verdade pra ele.

Sílvia - Você vai se arrepender por esse tapa,

Ricardo.

Ricardo - Me arrependo de não ter colocado um

ponto final no nosso casamento até hoje.

Eu e o Théo não merecemos você em nossas

vidas. Seremos muito mais felizes sem

você, vagabunda.

Sílvia - É um favor que você me fará.

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Ricardo - Sinto nojo e desprezo por você,

Sílvia.

Ricardo dá uma cusparada no rosto de Sílvia e depois

vai até Leonel. O encara.

Ricardo - E quanto a você.../

Leonel - (corta) Isso é problema de marido e

mulher.

Ricardo - Não quero falar nada com você. Só

quero te dar isso...

Ricardo dá um soco em Leonel, que caí no chão. Com o

soco Leonel perde um dente da frente. Ricardo saí,

seguido de Maurício, batendo a porta. Sílvia se limpa

possessa de raiva, revoltada.

Sílvia - (raiva) Desgraçado!

Leonel - (desesperado) Perdi meu dente!

Corta para:

CENA 16. RUA. EXT. NOITE

Maurício e Ricardo estão próximos dos seus carros.

Maurício - Gostei de ver, Ricardo. Botou pra

quebrar lá dentro.

Ricardo - Falei tudo o que estava entalado na

minha garganta há anos.

Maurício - E como está se sentindo?

Ricardo - De alma lavada! Vingado depois de

tantos anos agüentando as humilhações e

o desprezo da Sílvia.

Maurício - Então vamos beber. Encher a cara, que

estamos precisando e merecendo.

Corta para:


Leonel em frente ao espelho aflito, desesperado sem o

seu dente. Sílvia senta na cama.

Leonel - Perdi meu dente, Sílvia. Você não

ouviu?

Sílvia - Problema é seu.

Leonel - Me ajuda a procurá-lo.

Leonel começa a procurar seu dente.

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Sílvia - (revoltada) Você é um merda, Leonel.

Ficou parado igual um dois de paus sem

fazer nada. Devia ter quebrado a cara do

Ricardo e do Maurício.

Leonel - Eu ia era apanhar mais. E você tem que

brigar não é comigo não. Tem que é

brigar com seu marido, que te disse

poucas e boas, além do tapão e da

cusparada que ele lhe deu.

Sílvia - Confesso que me surpreendi com o

Ricardo. Mas deixa-o achar que saiu por

cima, vitorioso, que conseguiu me

humilhar... Não custa dar uma alegria se

quer praquele pobre coitado!

Leonel - Coitado de mim, que levei um belo de

soco e agora vou ter que caçar um

dentista pra colar meu dente... Achei!

Leonel pega seu dente no chão.

Sílvia - O Maurício não demorou pra colocar as

manguinha de fora.

Leonel - Eu avisei. Se me escuta mais.

Sílvia - Deixa estar. Vamos ver quem vai rir

melhor por último.

Corta para:

CENA 18. BAR. CALÇADA. EXT. NOITE

Maurício e Ricardo estão levantando um brinde com

copo de cerveja.

Maurício - Um brinde aos mais novos solteiros do

Rio de Janeiro.

Ricardo - Um brinde ao recomeço.

Eles brindam e bebem.

Maurício - Sabe o que eu estava pensando? Que

podíamos alugar um apartamento e

morarmos juntos, já que continuar no

apartamento da Dora você não vai, né?

Ricardo - Nem parei pra pensar nisso ainda.

Maurício - Sempre nos demos bem mesmo, acho que

seria uma boa, Ricardo, tanto pra mim

quanto pra você. O que acha?

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Ricardo - (animado) Eu topo. Vai ser uma bela

economia que vou fazer dividindo apê com

você.

Maurício - Enquanto não olhamos isso, tu pode

ficar no flat que aluguei.

Ricardo - Obrigado pela força, Maurício.

Maurício - Amigos é pra isso, Ricardo. Um dando

força e apoio pro outro.

Corta para:

CENA 19. BOATE ECLIPSE. EXT. NOITE

Corta para:

CENA 20. BOATE ECLIPSE. INT. NOITE

Túlio e Marcos bebem, enquanto conversam. Música

animada ao fundo. Jovens dançando.

Túlio - O material chegou ontem.

Marcos - Pegou pra mim como te pedi?

Túlio - Tá lá no meu apê. Saímos daqui e vamos

pra lá.

Marcos - Estou precisando dar uma aliviada. O

treinador está na minha cola, qualquer

falha ele já dá bronca e arruma aquela

falação toda.

Túlio - Tô pensando em não só usar como vender

também.

Marcos - (surpreso) Traficar?

Corta para:

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COMERCIAL 2

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CENA 21. BOATE ECLIPSE. INT. NOITE

Cont. imediata. Túlio e Marcos.

Túlio - Vender pra algumas poucas pessoas,

selecionadas, de confiança, entende?

Marcos - Acho que tu vai ser arriscar muito,

Túlio. Tem que ter toda maldade, os

contatos certos...

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Túlio - Uma grana extra é sempre bem vindo,

cara. Não quer entrar nessa comigo?

Rachamos os lucros

Marcos - Isso não é pra mim. Vou continuar só

usando e pronto.

Marcos e Túlio vão pra pista de dança. Duas gatas

aproximam-se deles e começam a dançaram juntos.

Túlio - Não vai dar mole igual o Maurício.

Marcos - Camisinha sempre. E só as que eu

comprar.

Risos. As gatas os envolvem, cheias de malícias e eles

não resistem. Bebem mais, dançam.

Corta para:

CENA 22. APÊ TÚLIO. INT. NOITE

Música jovem tocando ao fundo. Túlio e uma das gatas

da boate dançam, enquanto Marcos está com a outra

usando cocaína. Os quatro riem, se divertem, movidos

pelos efeitos da droga. Tempo.

Fusão para:

CENA 23. ANGRA. EXT. AMANHECENDO

Takes da cidade, das praias e suas belas paisagens.

Corta para:

CENA 24. QUARTO LUCAS. INT. DIA

Dora dorme. Lucas entra com uma bandeja de café da

manhã.

Lucas - Bom dia.

Dora acorda lentamente e fica surpresa ao ver a bela

bandeja de café da manhã que Lucas preparou.

Dora - Meu Deus! Café da manhã na cama? Não

mereço esse mimo.

Lucas - Merece esse e muitos outros mais.

Dora - É um banquete.

Lucas - Temos que repor as energias que

perdemos ontem com a noite intensa de

amor que tivemos.

Dora - (sem jeito) Assim você me deixa sem

graça, Lucas.

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Lucas - Foi uma noite maravilhosa. E espero

que tenhamos muitas outras noites iguais

a que tivemos ontem.

Dora - Estou pensando seriamente em aceitar a

proposta de me mudar pra cá: café da

manhã na cama, um homem lindo do meu

lado, carinhoso, cheio de amor... O que

mais posso querer?

Lucas - (provoca) Aproveita viu, que homens

como eu estão em falta no mercado.

Dora - (rindo) Convencido.

Lucas - Depois do café vamos dar um passeio.

Dora - Tenho que voltar pro Rio, Lucas.

Lucas - Não sem antes conhecer o lugar

incrível que quero te levar.

Corta para:

CENA 25. CASA CÍNTIA. INT. DIA

Cíntia toma café, preocupada. Olha as horas.

Cíntia - (reclamando) Marcos nunca atende esse

raio de celular...

Marcos entra, com uma expressão cansada, de quem não

dormiu nada. Segue pro seu quarto.

Cíntia - Espera, Marcos.

Cíntia levanta e vai até ele.

Marcos - Que foi?

Cíntia - Custava avisar que ia dormir fora? Dar

um telefone sequer pra me deixar menos

preocupada? Parece que não vê as

notícias de como essa cidade está

violenta.

Marcos - (ríspido) Para de me tratar como

criancinha, mãe. Cresci, já sou adulto.

Não tenho que ficar dando satisfação do

que faço e do que deixo de fazer.

Cíntia - Sou sua mãe, Marcos. Sempre vou me

preocupar com você, independente da

idade que você tiver.

Marcos - Mas não precisa, tá bom? Vai cuidar do

seu namorado e me esquece.

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Cíntia - (assustada) Não te reconheço mais,

Marcos. Você nunca falou assim comigo.

Nunca me tratou desse jeito grosseiro,

mal educado. O que está acontecendo com

você, meu filho?

Marcos - (nervoso) Para, mãe. Me deixa. Minha

cabeça está doendo. Só quero dormir.

Cíntia - Me fala, se abre comigo, deixa eu

tentar te ajudar se você tiver com algum

problema.

Marcos - Sabe o que tenho vontade de fazer?

Meter o pé. Sair daqui, morar em outro

lugar. Só assim vou ter paz e com essa

encheção de saco.

Marcos vai pro seu quarto. Cíntia fica completamente

abalada. Não agüenta e desaba a chorar. Nicole aparece

e fica assustada vendo Cíntia chorando copiosamente.

Nicole - (preocupada) Que foi, mãe?

Cíntia - Seu irmão. Não conheço mais o meu

filho.

Nicole - Calma, mãe. Vai ficar tudo bem!

Nicole abraça forte Cíntia, tentando lhe passar força,

apoio.

Corta para:

CENA 26. CASA MAFALDA. INT. DIA

Mafalda e Jeferson tomam café.

Mafalda - E como vai o namoro com a Nicole?

Jeferson - As mil maravilhas. Melhor impossível.

Mafalda - Que bom, meu filho. Faço gosto dessa

relação. Adoro a Nicole.

Jeferson - Estou até pensando em me casar.

Mafalda - (engasga, surpresa) Casar?

Jeferson - Noivar e depois casar, como manda o

protocolo.

Mafalda - Não acha que está se apressando de

mais não, Jeferson?

Jeferson - A senhora sempre achou que eu não iria

me casar e agora que estou animado com a

idéia parece que não gostou.

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Mafalda - Não falei isso. Só acho que ainda está

muito cedo pra você e a Nicole casaram.

Mal aproveitam a vida pra já se

prenderem assim.

Jeferson - A Nicole é a mulher da minha vida,

mãe. Não me vejo casado, tendo filhos,

uma família, com outra mulher a não ser

com ela. Nascemos pra ficarmos juntos. É

a mulher da minha vida. Pela Nicole sou

capaz de tudo.

Mafalda fica impressionada com o jeito que Jeferson

fala.

Mafalda - Às vezes tenho medo do jeito que você

fala, Jeferson. Muitas vezes soa como

uma obsessão. E isso me preocupa, se

realmente é amor o que você sente por

ela.

Jeferson - (tom) Nunca mais duvide do que eu

sinto pela Nicole, mãe. Nunca mais!

Mafalda - Desculpa, Jeferson. Só comentei.

Jeferson - Vamos combinar o seguinte, mãe: a

senhora não se intromete na minha

relação com a Nicole e eu não me

intromete no seu caso com o Raul.

(levanta) Vou pra praia.

Jeferson pega sua mochila e saí, batendo a porta.

Corta para:

CENA 27. PRAIA. EXT. DIA

Melissa e Nicole.

Melissa - Fiquei tão feliz quando me ligou.

Nicole - Esta sentindo falta de conversar com

você.

Melissa - Também estava. Mas como você ficou

toda estranha, resolvi ficar na minha.

Nicole - Preciso te contar um susto que eu

passei.

Melissa - O que aconteceu?

Nicole - Achei que eu estava grávida.

Melissa - (surpresa) Grávida?

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Nicole - Eu fiquei apavorada.

Melissa - Mas também não é pra menos.

Nicole - Graças a Deus não passou de um grande

susto, que eu não quero ter mais.

Melissa - Depois você tem que ir lá no meu

apartamento ver como está ficando o

grafite que o Lupe está fazendo no meu

quarto.

Nicole - (reage) O Lupe?

Melissa - Ele é um artista. Tem o dom pro

grafite. Pena que nesse país artistas

como o Lupe e tantos outros são

discriminados, taxados como pichadores.

Poucos reconhecem e admiram o trabalho

deles.

Jeferson chega.

Jeferson - Que sorte a minha encontrar com duas

belas gatas.

Jeferson beija Nicole.

Jeferson - Oi, Melissa... Estou atrapalhando o

assunto de vocês?

Melissa - Estava comentando com a Nicole de como

está ficando bonito o grafite que o Lupe

está fazendo no meu quarto. Quando tiver

pronto, vocês vão lá ver.

Jeferson - Nunca gostei desse tipo de arte, mas

ele é bem talentoso. (pra Nicole) Vamos

cair no mar?

Nicole - Deixa eu tomar um pouco de sol.

Melissa - Vai amiga. Vai curtir seu namorado.

Jeferson - Vem...

Jeferson deixa sua mochila, tira sua blusa e saí

puxando Nicole em direção ao mar. Eles caem na água.

Melissa observa, achando graça deles.

Corta para:

CENA 28. MAR DE ANGRA. ILHA. BARCO. EXT. DIA

Lucas e Dora no barco. Música tema deles. Lucas

pilotando o barco. Dora curtindo a paisagem, a vista,

feliz. Ela olha pra Lucas e sorri, recebendo um

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sorrisão de volta. Corte descontínuo para Lucas

desligando o barco. Eles chegam à ilha tranqüila e

deslumbrante que Lucas queria mostrar pra Dora.

Lucas - É aqui. Não é lindo?

Dora - (encantada) É maravilhoso. Parece que

foi feito a mão.

Lucas - Vamos dar um mergulho?

Dora - (se anima) Vamos.

Corta rápido para Lucas e Dora de mãos dadas, se

preparando pra pular na água. Eles se olham, sorriem e

pulam na água. Sorriem, felizes, unidos, cúmplices.

Tempo.

Corta para:

CENA 29. QUARTO SÍLVIA. INT. DIA

Ricardo entra no quarto. Acha que Sílvia não está, mas

é surpreendido quando ela saí da suíte. Eles se

encaram.

Corta para:

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FIM DO CAPÍTULO

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