razão e emoção -...
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RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 18 PÁG: 1
Razão e Emoção
Novela de
Rômulo Guilherme
RAZÃO E EMOÇÃO CAPÍTULO 18 PÁG: 2
CENA 01. JOALHERIA. SALA DORA. INTERIOR. TARDE
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
Lucas e Dora estão se beijando. Quem aparece nesse exato
momento na porta da sala é Sílvia, que vê toda a cena, mas
não é vista pelos dois. Sílvia fica chocada com que está
vendo.
CENA 02. JOALHERIA. SALA SÍLVIA. INTERIOR. TARDE
Sílvia entra, ainda mexida com o que acaba de ver.
SÍLVIA - (debochando) Quem diria que de santa
minha irmãzinha não tem nada. Está
traindo o Maurício com o pescador.
Sílvia começa a rir.
SÍLVIA - Isso está ficando cada vez melhor!
CENA 03. JOALHERIA. SALA DORA. INTERIOR. TARDE
Dora e Lucas acabam de se beijaram. Eles se afastam, ambos
envergonhados, sem jeito.
LUCAS - Não sei o que deu em mim...
DORA - Tudo bem, Lucas. Isso não devia ter
acontecido, mas como aconteceu, vamos
tratar de esquecer. Sou uma mulher
casada.
LUCAS - Claro. Você tem toda razão. Só espero
que isso não mude nada no nosso acordo.
DORA - Não se preocupe. É melhor você ir
agora. Depois nos falamos.
LUCAS - Tudo bem.
Lucas caminha em direção a porta. Dá uma última olhada em
Dora, antes de sair da sala. Dora fica ali, tentando se
recompor, ainda sem acreditar no que acabou de acontecer.
CENA 04. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. ANOITECENDO
Corta para:
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CENA 05. BAR. EXTERIOR. NOITE
Ricardo e Maurício tomam um chopp e beliscam alguma porção.
RICARDO - Como é bom ficar assim relaxado,
despreocupado, esquecer dos problemas,
dos estresses diários...
MAURÍCIO - Nada melhor do que um chopp bem
gelado pra isso, meu amigo.
RICARDO - Tá tudo tão corrido pra mim, que
tinha até esquecido o gosto de um chopp
como esse.
MAURÍCIO - Mas também com a vida que você leva.
Ser pai e mãe do Théo, além do
trabalhar, não sei como você agüenta.
RICARDO - Essa é a realidade da grande maioria
dos brasileiros, Maurício: trabalhar,
cuidar dos filhos e da casa.
MAURÍCIO - Te admiro muito. É bonito ver o amor
que você tem pelo Théo. A dedicação que
você tem por ele.
RICARDO - O Théo é tudo na minha vida. É por
ele que agüento minha relação com a
Sílvia.
MAURÍCIO - Já te disse, Ricardo: o bem estar de
um filho não vale uma infelicidade
pessoal.
RICARDO - Você fala isso porque você ainda não
é pai, Maurício. Inclusive, uns dias
desses pra trás, eu estava questionando
a Dora sobre ela ser mãe novamente.
MAURÍCIO - A Dora não tem mais idade pra isso,
Ricardo.
RICARDO - Naturalmente falando seria uma
gravidez de risco. Mas tem outras
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formas de ser mãe, como adotar uma
criança.
MAURÍCIO - Adoção? Mas é tão complexo.
RICARDO - Dá pra ver como a Dora sofre pela
perda da Tabata. Claro, completamente
compreensível. E dar todo esse amor que
ela ainda tem pela filha pra uma
criança, faria bem tanto pra ela,
quando pra criança que ela e você
adotariam.
MAURÍCIO - Eu não tinha pensado nisso.
RICARDO - E nem ela, pelo jeito que ela reagiu
quando lhe disse isso. Tenho certeza
que um filho na vida de vocês iria
fazer muito bem.
CENA 06. CASA CLÓVIS. SALA. COZINHA. INTERIOR. NOITE
Clóvis acaba de chegar do trabalho, olha pro móvel onde
está a bebida que escondeu e segue pra cozinha, onde
Virgínia está preparando o jantar.
VIRGÍNIA - Demorou.
CLÓVIS - O trânsito está um caos, devido
atropelamento que aconteceu.
VIRGÍNIA - Que horror.
CLÓVIS - Só Deus pra nos proteger.
VIRGÍNIA - Mas como foi o trabalho?
CLÓVIS - Foi tudo tranqüilo.
VIRGÍNIA - Toma um banho antes do jantar. Já
está quase pronto. Fiz aquela carne de
panela que sei que você adora.
CLÓVIS - Vou mesmo. Esse calor está de mais.
Clóvis saí da cozinha, seguindo até a sala. Ele olha pros
lados certificando que não tem ninguém e se aproxima do
móvel, retirando de lá a garrafa de pinga que escondeu.
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Instantes. Ele encara a bebida e resolveu levá-la pro
banheiro.
CENA 07. CASA CLÓVIS. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE
Clóvis entra, fecha a porta e fica ali parado, segurando a
garrafa.
CLÓVIS - (voz) É só um golinho, não vai me
fazer mal. Eu estou no controle!
Clóvis abre a garrafa. Quando se prepara pra tomar um pouco
alguém bate na porta.
Corta para:
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CENA 08. CASA CLÓVIS. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE
É Cínara quem bate na porta. Clóvis sem reação.
CÍNARA - (off) É o senhor quem está aí, pai?
Clóvis fica gelado.
CLÓVIS - (gaguejando) Sou eu sim, Cínara.
CENA 09. CASA CLÓVIS. CORREDOR. INTERIOR. NOITE
Cínara enrolada em uma toalha, na porta do banheiro.
CÍNARA - É que eu já ia tomar banho. Mas tudo
bem. Espero o senhor acabar.
CENA 10. CASA CLÓVIS. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE
Clóvis senta na tampa do sanitário, muito abalado, mexido e
começa a chorar copiosamente.
CENA 11. CASA CLÓVIS. COZINHA. INTERIOR. NOITE
Virginia mexendo nas panelas. Cínara aparece.
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CÍNARA - Acho que o pai está com dor de
barriga, mãe. Tem um tempão que ele
está no banheiro.
VIRGINIA - Deixa seu pai, Cínara. Ele está
precisando relaxar e nada melhor do que
um bom banho.
CENA 12. MANSÃO RAUL. SALA JANTAR. INTERIOR. NOITE
Raul e Carolina jantam.
CAROLINA - Foi uma tarde adorável. Fizemos
compras, conversamos... Senti minha
filha próxima de mim novamente.
Raul está distante e nem presta atenção no que Carolina
fala.
CAROLINA - Estou falando com você, Raul.
RAUL - (voltando a si) Desculpa, Carolina.
Estava pensando na empresa.
CAROLINA - Problemas na construtora?
RAUL - Um pepino enorme, com nome e
sobrenome, que vai ser duro de digerir.
CAROLINA - Mas você sempre soube resolver esses
pepinos. Se não hoje você não seria o
empresário rico e bem sucedido que é.
RAUL - Espero que tudo o que eu construí não
se perca depois da minha morte.
CAROLINA - Credo, Raul. Falar de morte na mesa
do jantar.
RAUL - Meu sonho era que o Gustavo pudesse
comandar a construtora. Assumisse meu
lugar. Mas pelo que parece isso não vai
acontecer.
CAROLINA - Você me critica tanto por querer ver
a Lívia longe da Inês, mas estou vendo
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que se frustra com relação ao que
queria pro Gustavo.
RAUL - Mas eu me controlo, não forço a barra
e nem tento interferir na vida dele
como você faz com a Lívia.
CAROLINA - Só queremos a felicidade dos nossos
filhos, meu querido. Só isso!
CENA 13. APARTAMENTO DORA. QUARTO DELA. INTERIOR. NOITE
Dora entra. Se aproxima da janela, ainda mexida com o beijo
que trocou com Lucas. Insert da cena dos dois se beijando.
DORA - O que deu em mim pra fazer isso?
Dora fica ali refletindo sobre o que aconteceu, quando
Maurício entra.
MAURÍCIO - Oi, Dora.
Maurício dá um selinho em Dora.
DORA - Estava bebendo?
MAURÍCIO - Eu e o Ricardo estávamos tomando um
chopp e jogando conversa fora. (tempo)
Aproveitando a deixa, ele me contou da
conversa que tiveram sobre adotarmos um
filho.
DORA - Fiquei mesmo pensando no assunto.
MAURÍCIO - E chegou a alguma conclusão?
DORA - É uma idéia que ele sugeriu e que eu
acabei me interessando muito,
refletindo melhor. Ia conversar com
você sobre isso, mas é tanta coisa
acontecendo ao mesmo tempo...
MAURÍCIO - Você sempre soube que eu quis ter um
filho com você, Dora. Nunca escondi
isso.
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DORA - Não seria uma gravidez fácil,
Maurício. E já estamos tentando, mas
sem sucesso.
MAURÍCIO - Não estou te cobrando nada, Dora.
Longe disso. No caminho pra casa fiquei
pensando sobre o assunto e a
possibilidade de adotar uma criança,
que não tem um pai, uma mãe, uma
família, me tocou. Me sensibilizou.
DORA - Isso quer dizer que você aceita
adotarmos um filho?
MAURÍCIO - Um filho que mesmo não tendo nosso
sangue, mas que vamos chamar de nosso.
Que vamos criar, dar muito amor e
carinho. Topa?
DORA - (emocionada) É claro que sim,
Maurício.
Dora abraça Maurício. Ambos bem emocionados e felizes com a
decisão que tomaram.
CENA 14. ANGRA. PRAIA. EXTERIOR. NOITE
Corta para:
CENA 15. CASA CHICO. INTERIOR. NOITE
Chico e Suelen estão jantando, quando alguém bate na porta.
CHICO - Deve ser o Binho querendo filar o
jantar.
Suelen vai abrir a porta.
SUELEN - Tomará que seja o Lucas.
É Lucas. Suelen lhe abraça forte.
SUELEN - Fiquei com medo que tivesse lhe
acontecido alguma coisa. Demorou tanto
e não atendia o celular.
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LUCAS - Acabou a bateria. Mas está tudo bem,
Suelen.
CHICO - Senta com a gente e vamos jantar,
Lucas. Faz o prato dele, filha.
SUELEN - É pra já!
Corta para Lucas jantando, sentado junto com Suelen e
Chico.
SUELEN - Mas ele disse isso? Que não tem nada
a ver com o incêndio?
LUCAS - Com a maior cara de pau do mundo.
CHICO - E você, Lucas?
LUCAS - Me controlando pra não dar um soco
bem no meio da cara dele.
SUELEN - Bem que ele merecia.
LUCAS - Mas aproveitei e já resolvi tudo.
CHICO - Como assim? Não vai me dizer que
resolver vender o terreno?
LUCAS - Na verdade aceitei a proposta que a
Dora me fez de sermos sócio no
restaurante. Ela vai me ajudar a
reerguer o Cheiro Verde.
Suelen não gosta nada do que escuta.
SUELEN - (enfezada) De novo essa mulher!
CHICO - Se controla, Suelen.
LUCAS - Dora é uma boa amiga. Eu lhe ajudei
quando ela mais precisava e agora ela
está fazendo o mesmo, nesse momento
complicado que estou passando.
CHICO - Ainda existe almas boas nesse mundo.
Suelen levanta.
SUELEN - Perdi a fome.
Lucas e Chico se olham. Suelen vai pro seu quarto.
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CENA 16. CASA CHICO. QUARTO SUELEN. INTERIOR. NOITE
Suelen encostada na janela, observando a noite,
visivelmente enfezada, virada de raiva. Lucas bate na porta
que está um pouco aberta. Suelen olha.
SUELEN - Me deixa, Lucas!
Lucas entra de mancinho.
LUCAS - Volta pra mesa, termina seu jantar.
SUELEN - Já disse que perdi a fome.
Lucas se aproxima mais dela.
LUCAS - Ficou assim porque falei da Dora?
SUELEN - Você está gostando dela, Lucas. Só um
cego pra não enxergar isso!
LUCAS - Mas se eu tiver? Qual é o problema?
Isso é algo que desrespeita apenas a
mim, Suelen.
SUELEN - Você sabe que eu gosto de você. Nunca
escondi meus sentimentos.
LUCAS - Nunca te dei esperanças de nada,
Suelen. Pelo contrário, sempre deixei
bem claro que vejo você como uma grande
amiga, com quem sempre posso contar.
SUELEN - A gente não escolhe quem amar, Lucas.
E não ser correspondido é uma das
piores dores do mundo.
CENA 17. MADUREIRA. EXTERIOR. NOITE
Corta para:
CENA 18. CASA VÍRGINIA. COZINHA. INTERIOR. NOITE
Virgínia está terminando de arrumar a mesa do jantar.
Clóvis aparece e vai até a geladeira beber um pouco de
água.
VIRGÍNIA - Tava onde?
CLÓVIS - Fui colocar o lixo lá fora.
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VIRGÍNIA - Mas hoje nem é dia do lixeiro passar.
CLÓVIS - O lixo do banheiro estava cheio.
Virgínia fica cismada. Clóvis senta e já começa a se
servir.
VIRGÍNIA - Vou chamar as meninas.
CENA 19. CASA VIRGÍNIA. EXTERIOR. NOITE
Virgínia vai até a lixeira, onde tem apenas um saco de lixo
preto. Ela abre e retira de lá a garrafa de pinga que
Clóvis jogou fora. Reação. Virgínia fica arrasada. Corta
para:
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CENA 20. CARRO HEITOR. FRENTE PRÉDIO CÍNTIA. INTERIOR.
EXTERIOR. NOITE
Heitor no volante. Cíntia do seu lado.
CÍNTIA - Não quer mesmo entrar, pra você
finalmente conhecer meu apartamento?
HEITOR - Vamos marcar esse jantar primeiro pra
que eu e seus filhos nos conheçamos.
Vou me sentir mais confortável.
CÍNTIA - Vou ver quando eles podem e te aviso
o dia.
HEITOR - Tudo bem.
Heitor e Cíntia vão se despedir com um beijo no rosto. Mas
acabam se atrapalhando e eles se beijam. Momento. Eles se
afastam e ficam se olhando.
CÍNTIA - (saindo do carro) Boa noite!
Cíntia saí. Heitor fica anestesiado com beijo que eles
trocaram.
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CENA 21. APARTAMENTO LÍVIA. SALA. INTERIOR. NOITE
Lívia está sentada no sofá, tomando um chá, conversando com
Inês em uma chamada de vídeo pelo celular.
LÍVIA - Como foi o seu dia?
INÊS - Tentando resolver tudo o mais rápido
possível pra voltar pra casa. Estar com
minha família.
LÍVIA - Volta amanhã?
INÊS - Provavelmente. Mas ainda não sei o
horário. Se desse eu voltava agora
mesmo.
LÍVIA - Fica tranqüila aí, que por aqui está
tudo em ordem. Tive um dia bem
agradável com minha mãe.
INÊS - Sua mãe sabe ser agradável e
simpática quando ela quer, Lívia. O
problema é comigo.
LÍVIA - Sei bem a mãe que tenho...
INÊS - E o nosso filho como está?
LÍVIA - Mamou e dormiu.
INÊS - Estou com tanta saudade. Deixa eu vê-
lo.
CENA 22. SÃO PAULO. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE
Inês está sentada em frente ao seu notebook, vendo as
imagens que Lívia mostra do Eduardo dormindo. Logo Lívia
volta a imagem pro seu rosto.
INÊS - Que saudades!
LÍVIA - Só do nosso filho?
INÊS - Claro que não, sua boba! Amanhã eu
volto. Se cuida e cuida do nosso filho.
LÍVIA - Até amanhã. Beijos.
Eles se despendem e Inês fecha o notebook.
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CENA 23. APARTAMENTO DORA. QUARTO SÍLVIA. INTERIOR. NOITE
Sílvia em frente ao seu notebook, concentrada. Ricardo
procurando uma pasta pelo quarto.
RICARDO - Não viu uma pasta azul com alguns
documentos não?
SÍLVIA - (concentrada) Temos um trato de você
não mexer nas minhas coisas e eu não
mexer nas suas, esqueceu?
RICARDO - (procurando a pasta) Só estou
perguntando se viu... (achando) Achei!
Ricardo começa a mexer nos papeis dentro da pasta.
SÍLVIA - (olhando pra tela do notebook) Como a
fatura do seu cartão de crédito veio
alta, Ricardo. Vai abrir uma loja de
roupa?
RICARDO - Roupas e calçados pro nosso filho!
SÍLVIA - Aposto que comprou várias besteiras
pra ele, né? Você mima de mais o Théo,
Ricardo. Tudo o que ele quer você dá.
RICARDO - Ao contrário de você, que nem amor de
mãe você dá.
SÍLVIA - Para de ficar jogando na minha cara
que não sou uma boa mãe. Só não tenho
muita paciência como você.
RICARDO - Não preciso jogar na sua cara,
Sílvia. Isso é algo que todo mundo
mesmo vê. E quem mais sofre nisso tudo
é o Théo. Estou até pensando em levá-lo
no psicólogo.
SÍLVIA - Aí, mais um gasto...
RICARDO - Se você reparasse no seu filho, ia
ver como ele está triste, se isolando
cada vez mais no mundo tecnológico.
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Como se fosse sua rota de fuga diante
do que está sentindo.
SÍLVIA - Dá próxima vez que for fazer essas
compras você me chama. Vamos comprar o
suficiente. Estamos em tempo de crise,
de fazer economias.
RICARDO - Pro Théo nunca farei economia de
nada. E como você acabou de dizer: eu
não mexo nas suas coisas e você não
mexe nas minhas. Quem vai pagar essa
fatura sou eu!
SÍLVIA - Vai ter dinheiro esse mês?
RICARDO - Eu te disse que recebi um aumento. E
pro Théo nenhum gasto é de mais.
Os dois se encaram. Ricardo fecha a pasta.
RICARDO - Vou tomar um banho.
Ricardo vai pra suíte e bate a porta.
SÍLVIA - Bundão!
CENA 24. CASA VIRGÍNIA. COZINHA. INTERIOR. NOITE
Virgínia lava vasilha, abatida, com uma expressão de quem
acabou de chorar. Amanda se aproxima e percebe Virgínia
diferente.
AMANDA - Que foi, mãe? Que carinha é essa?
VIRGÍNIA - (desconversando) Não é nada...
Amanda vira Virgínia pra si.
AMANDA - Não mente pra mim, mãe. A senhora
estava chorando?
VIRGÍNIA - Acho que seu pai voltou a beber,
Amanda.
Amanda fica surpresa.
AMANDA - Como assim?
VIRGÍNIA - Ele jogou fora uma garrafa de pinga
que já estava aberta. Estou rezando,
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pedindo a Deus pra que ele não tenha
virado uma gota sequer na boca.
Amanda abraça Virgínia, que não agüenta e começa a chorar.
AMANDA - (confortando) Calma, mãe. Vai ficar
tudo bem! A senhor precisa estar forte
pra que possamos enfrentar tudo isso
novamente se papai voltou a beber
mesmo.
VIRGÍNIA - É esse meu temor, Amanda. Não ter
mais aquela força que eu tinha pra
tirar seu pai desse caminho que parece
que ele voltou a seguir.
AMANDA - Vamos observar. Não fala, não
pergunta nada. Vamos ficar mais atenta
e observar como ele se comporta.
VIRGÍNIA - Que bom que tenho você do meu lado,
filha. Não sei se agüentaria esse fardo
sozinha.
AMANDA - Somos uma família, mãe. Estaremos
unidos em momentos bons e ruins.
Amanda dá um beijo na testa de Virgínia e fica alia,
abraçada com a mãe.
CENA 25. CASA VIRGÍNIA. QUARTO MENINAS. INTERIOR. NOITE
Amanda sentada em sua cama, de frente pra Cínara que está
fazendo unha.
AMANDA - Mamãe está achando que o pai voltou a
beber.
CÍNARA - De novo? Vai
AMANDA - Ela está arrasada.
CÍNARA - Mas o pai não tinha parado?
AMANDA - Alcoolismo é uma doença, Cínara. Como
um câncer. Você pode tratar, mas quando
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menos se espera ela pode voltar com
força total.
CÍNARA - E vamos fazer o quê?
AMANDA - Esperar! Como eu disse pra mãe é
observar e ver realmente se ele voltou
a beber.
CENA 26. APARTAMENTO DORA. QUARTO SÍLVIA. INTERIOR. NOITE
Ricardo na suíte. Chuveiro ligado. Sílvia fecha a porta,
pega seu celular e disca. Sempre falando baixo.
SÍLVIA - Fez tudo como combinamos?
CENA 27. CARRO LEONEL. INTERIOR. NOITE
Leonel no celular.
LEONEL - Fica tranqüila, que logo você vai ter
a notícia que tanto quer ouvir.
CENA 28. APARTAMENRO DORA. QUARTO SÍLVIA. INTERIOR. NOITE
Ricardo vem da suíte. Sílvia desliga o celular.
RICARDO - Desligou por que cheguei?
SÍLVIA - Não tenho nada pra esconder de você,
Ricardo. Nada!
Ricardo fica cismado.
CENA 29. APARTAMENTO GABRIEL. SALA. INTERIOR. NOITE
Gabriel acaba de abrir a porta. É o porteiro, segurando uma
sacola.
PORTEIRO - Acabaram de deixar pro senhor.
GABRIEL - Quem deixou?
PORTEIRO - Um rapaz.
Gabriel pega a sacola, estranhando tudo.
GABRIEL - Obrigado.
Porteiro vai embora. Gabriel fecha a porta. Ele abre a
sacola e retira de lá uma caixa com vários bombons.
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GABRIEL - Isso deve ser coisa da Dora.
Gabriel abre a caixa, retira de lá um dos bombons e se
prepara pra comê-lo. Instantes. Gabriel começa a mastigar o
bombom, quando começa a se sentir mal. Vai sentindo falta
de ar, o coração disparando, a boca secando. Com
dificuldade, ele vai até o telefone interfone e fala com
muito esforço.
GABRIEL - Socorro...
Gabriel acaba perdendo as forças e caí apagado. Momento.
Corta para:
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FIM DO CAPÍTULO
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