ravista agricultura natural África

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Agricultura Natu ral AFRICA n o 1 – Fevereiro 2013 Alimentos A manipulação correta é fundamental para evitar doenças Confecção de horta na África do Sul Teoria & Prática Antes de começar uma horta, deve-se escolher e preparar o terreno A manifestação da força original do solo

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Edição 01-português

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Page 1: Ravista Agricultura Natural África

Agricultura NaturalAgricultura NaturalAfricA

no 1 – Fevereiro 2013

Alimentos A manipulação correta é fundamental para evitar doenças

Confecção de horta na África do Sul

Teoria & Prática Antes de começar uma horta, deve-se escolher e preparar o terreno

A manifestação da força original do solosolo

Page 2: Ravista Agricultura Natural África

AssociAção pArA o desenvolvimento dA AgriculturA nAturAl, dA Arte e dA culturA AfricAnA

Quer conhecer +sobre

Agricultura & Alimentação Natural?Então, leia!!!

Foto da capa:

Horta de Agricultura Natural – Cunene, Angola

ASCOM – AFriCArte

SUM

ARIO

AfricArte ANgolAemail: [email protected]

AfricArte MoçAMbiqueemail: [email protected]

AfricArte ÁfriCA do Sul email: [email protected]

AfricArte repúbliCA deMoCrÁtiCA do CoNgo email: [email protected]

AfricArte São toMé e príNCipeemail: [email protected]

MiSSão Concretizar a trilogia Verdade-Bem-Belo da Filosofia de Mokiti Okada, a fim de criar o mundo ideal. Para isso, alicerça-se na elaboração, no desenvolvimento e na execução de projetos sustentáveis nas áreas da agricultura, educação, saúde, meio ambiente, assistência social, arte e cultura. Projetos que promovam a verdadeira saúde, a prosperidade e a paz.

ViSão Por sua filosofia, pelo bem-estar que promove na sociedade africana, pela sua gestão empresarial espiritualizada e por seus projetos, é uma instituição de expressão mundial. Identifica-se com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo ideal através do respeito à Lei da Natureza, cuja verdade se manifesta em autêntico bem e se materializa em autêntico belo.

VAloreS Respeito às Leis da Natureza.

Page 3: Ravista Agricultura Natural África

Vírus, fungos e bactérias pegam boleia nos alimentos.

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5 Filosofia de Mokiti Okada

A força do Solo

6 Mensagem do Presidente da AFRICARTEMudança de paradigma

7 Presidente MundialA expansão das hortas caseiras

10 Hortas no mundoestados unidos, Canadá, portugal e itália

13 Sabores da terraMorango: benefícios com aroma, sabor e beleza

14 FormaçãoAngola investe na formação de uma nova liderança

11 Caseplantação de tomate resiste à ação do vírus da mosca branca

16 AlimentaçãoA importância do manipulador de alimentos

18 Teoria & PráticaA escolha da área para desenvolver uma horta caseira ou escolar

SUM

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o sabor adocicado do morango produzido em solo

arenoso em Moçambique Página 13

Alimentos da Agricultura Natural Página 10

inauguração da escola de Agricultura Natural Mokiti okada

Página 14

Page 4: Ravista Agricultura Natural África

4 Fevereiro 2013

Perpetuação da

espécie HuMANA Revista produzida pela AfriCArte – Associação para o desenvolvimento da Agricultura Natural, da Arte e da Cultura Africana – Rua da Escola 28 de Agosto – Futungo 2Bo Kawelele – Luanda – AngolaCx. Postal: 1310registo: MCS – 390/b/2004

Presidente: Claudio Cristiano leal pinheiro

Vice-Presidente: Marques Zambo bambi

Diretores: ernestina olinda p. Coimbra, Afonso quifuta pereira, Jaime fortuna, roberto l. C. Cândido, João José da Cruz

Assessoria de Comunicação: gilmar dall’Stella

edição e editoração electrónica: Ana Cristina Stabelito

Conselho editorial: Alberto faria da Silva Suzano, Alexandre bertoldo da Silva, Adriana t. otutumi, Antonio bento Carlos, felipe tuta tuta e Juliana S. r. de Castro

Colaboradores: Avelino da Costa, domingos Sebastião Álvaro, João José tavares, João Mavinga, José Armando estrela, Maria do Céu, Silvério txixi e telma trindade

Distribuição: AfriCArte

impressão: damer

tiragem: 3 mil exemplares

Periodicidade: quadrimestral

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l Agricultura NaturalAgricultura NaturalAfricA

Fale connoscodê sugestões, faça críticas, pergunte, tire suas dúvidas, ajude a fazer a próxima edição

[email protected]

Nos últimos tempos, muito se tem falado em extinção de animais, empobrecimento do solo, superaquecimento solar, destruição da camada de ozono, contaminação dos lençóis freáticos... Sem con-tar o problema da fome. Essas questões tem sido debatidas em todo o planeta e a busca por soluções eficazes é prioridade mun-dial, mas é preciso ir ao ponto vital. Não basta apenas minimi-zar os problemas com determinações percentualmente insignifi-cantes. Afinal, segundo especialistas, é a agricultura a atividade humana que mais deixa rastros e causa desarmonia ambiental. Assim, nada mais coerente do que voltar os olhos para ela e de-senvolvê-la de modo a devolver a força do solo, a sua capacidade natural de germinar e gerar vida. Porque, por maior que seja a quantidade da safra obtida, o homem só saciará a sua fome se puder nutrir o seu corpo com alimentos saudáveis e naturalmente ricos em vitaminas e sais minerais.

Dessa forma, “tentar” aumentar a produtividade da terra a curto prazo, danificando as suas propriedades naturais definitivamente, é o mesmo que condená-la à extinção, pois estaremos diminuindo a sua biodiversidade.

Com a terra improdutiva, torna-se impossível alimentar o corpo. Desnutrido, o ser humano não tem como trabalhar, pensar ou sentir. Não tem sequer como viver. Por isso, esse é o momento de realmente se comprometer com o futuro e garantir a preservação da raça humana, do solo fértil, do respeito à grande NATuREzA.

É o momento de vivificar a terra, juntando os espaços aprovei-táveis e aumentando a sua capacidade produtiva, ou promovendo a sua regeneração, onde ela já estiver improdutiva. O alimento colhido na hora fornece muito mais energia e nutrientes ao corpo e à alma de quem irá consumi-lo, além de propiciar uma substan-cial economia no orçamento doméstico.

Por isso, escolha um local – a matéria das páginas 18 e 19 ensina exatamente isso –, comece a plantar e a disseminar esperança. Experimente a singular sensação (um misto de técnica e sinceri-dade) de colocar uma semente no solo e vê-la germinar. Acom-panhe o seu crescimento, o florescer de uma planta, de um vaso, de um canteiro ou de um hectare... Não importa o tamanho do seu espaço. Afinal, o sentimento não tem medidas métricas ou números exatos.

Ana Cristina Stabelito

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5AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

A força do Solo O princípio básico da Agricultura Natural con-siste em fazer manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de adu-bos e acabou por colocá-lo numa situação de to-tal dependência em relação a eles, tornando essa prática uma espécie de superstição.

No começo, por melhor que eu explicasse o pro-cesso da Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para ano, aumenta o contingente de praticantes do novo método, mesmo porque as colheitas, em toda parte, vêm dando prodigiosos resultados. Ainda que a maio-ria pertença à esfera dos fiéis de nossa Igreja, em várias regiões já está aparecendo, fora dessa esfera, um número considerável de simpatizantes e prati-cantes da Agricultura Natural, número este que tende a aumentar rapidamente. Já se pode imagi-nar que não está longe o dia em que a veremos praticada em todo o território japonês. Falando abertamente, a divulgação do nosso método de agricultura poderá ser definida como “movimen-to para destruir a superstição dos adubos”.

Não usando absolutamente nada daquilo a que se dá o nome de adubo, seja de origem animal ou química, pois é um cultivo que utiliza apenas compostos naturais, o método é, realmente, o que seu nome diz: Agricultura Natural. As folhas e capins secos formam-se naturalmente, ao pas-so que os adubos químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha, assim como os resíduos de peixe, carvão de madeira, etc., não caem do

céu, nem brotam da terra: são transportados pelo homem. Portanto, não é preciso dizer que são an-tinaturais.

Nada poderia existir no Universo sem os benefí-cios da Grande Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria sem os três elementos bási-cos: o fogo, a água e a terra. Em termos científicos, esses elementos correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. To-dos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles. Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as espécies de cereais e ver-duras que constituem a alimentação do homem. Seguindo a lógica, tudo será perfeitamente com-preendido. Não seria absurdo se Deus criasse o homem e não providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida? Logo, se determinado país não consegue produzir os alimentos necessários à sua população é porque, em algum ponto, ele não está de acordo com as leis da Natureza criada por Deus. Enquanto não se atentar para isso, não se poderá sequer imaginar uma solução para o pro-blema da escassez de alimentos.

A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o princípio citado. O empobrecimen-to e as dificuldades dos agricultores serão solucio-nados satisfatoriamente com a adoção desse mé-todo. Deus deseja corrigir a penosa situação em que eles se encontram, e por isso está se dignando, com Sua benevolência e compaixão, a revelar e fazer propagar o princípio da Agricultura Natu-ral, através de mim, para todo o mundo. Urge, portanto, que os agricultores despertem o mais rápido possível e adotem esse novo método agríco-la. Só assim eles serão verdadeiramente salvos.

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6 Fevereiro 2013

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Parabéns pelo primeiro número da nossa revista de Agricultura Natural! É a con-cretização de um sonho que já existe há muito tempo. um sonho do nosso querido Presidente Francisco Jésus Fernandes (in memorian), a quem dedico esta edição. O seu maior desejo era que a Agricultura Natural se expandisse pelo continente africano, para proporcionar alimento, saúde, sustentabilidade e riqueza ao povo.

Por isso, parabéns e muito obrigado pelo vosso apoio ao adquirir esse exemplar e apoiar a divulgação do método agrícola preconizado por Mokiti Okada!

Realmente estamos a viver uma fase em que a base da sobrevivência humana, que é a alimentação, encontra-se a cada dia em um beco sem saída maior.

O fantasma da segurança alimentar assombra todos os países do mundo. Alguns pelo medo da escassez de alimentos e outros pela contaminação dos mesmos.

Recentemente, a Associação Americana de Pediatria divulgou um relatório a alertar os pais sobre o perigo dos pesticidas e recomendando que eles tentem reduzir o contacto com os mesmos, pois existem fortes evidências que associam a exposição aos pesticidas com o surgimento de câncer (mais especificamente tumores cerebrais e leucemia), baixo desenvolvimento intelectual, autismo e hiperactividade.

Isso é algo que nos leva a reflectir mais profundamente sobre a nossa relação com a produção e o consumo dos alimentos, sobre o que nós, nossos familiares, amigos e toda a sociedade está a ingerir no dia a dia.

Mokiti Okada nos alertou que chegaríamos a esse ponto e ao mesmo tempo nos indicou a solução desse problema através do método agrícola que respeita as leis da natureza e reconhece que somos parte dessa natureza.

Cada um de nós pode fazer uma grande diferença nessa mudança de paradigma através da prática da horta no nosso lar, por menor que seja o tamanho da horta e de expandirmos essa prática para a nossa vizinhança, de forma que o maior número de pessoas possa resgatar essa relação com a natureza através do cuidado com a horta e do consumo de alimentos saudáveis, que gerem saúde e felicidade.

Muito obrigado,

Claudio Cristiano Leal Pinheiropresidente da Africarte

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7AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

Em primeiro lugar, quero parabenizar todos os agricul-tores que praticam a Agricultura Natural e também to-das as pessoas que estão fazendo a horta caseira.

Em 2012 completamos 130 anos do nascimento de Mokiti Okada. Ele afirmou que, quando a Agricultura Natural começar a se expandir, as pessoas vão querer saber mais sobre a filosofia de Mokiti Okada.

Só que antes de falar sobre a Agricultura Natural, eu gostaria de apresentar a realidade da sociedade moder-na. Muitos cientistas têm alertado para o fato de que a espécie humana está a caminho da extinção, principal-mente por causa do seu hábito alimentar... A maioria das pessoas não imagina o perigo que está correndo, porque nem sabe o que está comendo.

Muitas grandes empresas falando que vão melhorar e aumentar a produção de comida começaram a fazer várias pesquisas com sementes, fertilizantes e agrotóxi-cos. Assim, elas acabaram criando no laboratório as se-mentes transgênicas, sem garantia nenhuma, de que no futuro, não farão mal para a saúde humana.

Essas sementes transgênicas, criadas fora da Lei da Na-

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A expansão das

hortascaseiras

por Tetsuo Watanabe*

“Precisamos mostrar o

verdadeiro caminho da

agricultura, que é produzir

eternamente alimentos

seguros para toda a

Humanidade. Por isso,

atualmente tenho orientado

as pessoas no mundo inteiro

a fazer a horta caseira, seja

num canto do jardim ou

num vaso na varanda do

apartamento.”

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8 Fevereiro 2013

tureza, só conseguem dar colheita se forem usados adu-bos químicos e agrotóxicos. Essa é a base da agricultura convencional.

Vale lembrar que o perigo dessa agricultura convencional não está só na contaminação dos alimentos que come-mos, mas também na degradação do meio ambiente.

Muita gente fala que é importante preservar as flores-tas, os rios... Mas, na prática, se o homem continuar fazendo a agricultura convencional, usando fertilizante químico e agrotóxico, vai estar sujando tanto o solo, como também as águas do lençol freático, dos rios e do mar. Essa é a pior forma de agredir o meio ambiente!

Hoje, muitas pessoas não dão valor a isso porque as con-sequências não estão aparecendo. Mas vai chegar uma hora que muitos problemas começarão a aparecer. Só que nessa hora pode ser tarde demais...

Eu pergunto: “Quantos países ou instituições estão aler-tando as pessoas para esse grave problema da agricultura convencional?” Pouquíssimos, eu acho...

Há muitos anos, Mokiti Okada já alertava sobre isso. Ele dizia: “Chegará o dia em que haverá uma montanha de comida, mas tudo sem condição para o homem comer.”

Mokiti Okada recebeu a inspiração Divina para ensinar as pessoas sobre o método da Agricultura Natural. Mas

antes de ensinar, Ele mesmo, como mo-delo, praticou a Agricultura Natural num pedaço de terra de apenas dez metros quadrados, para mostrar às pessoas o que Deus havia lhe revelado. Hoje, em mais de 60 países, há pessoas divulgando a Agricultura Natural. Isso poderá se tor-nar a Arca de Noé do século 21!

Eu sei que a maioria da população não é formada por agricultores, mas por consumidores, assim como eu. Sei tam-bém que muitas pessoas já estão procu-rando colocar na mesa alimentos mais saudáveis, produzidos pela Agricultura Natural ou orgânicos. É importante ter essa consciência.

É preciso difundir para o maior número de pessoas o que Mokiti Okada ensinou

Namíbia

Cunene

benguela

Zâmbia

Page 9: Ravista Agricultura Natural África

9AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

sobre a Agricultura Natural. Nesse sentido, eu queria dizer que não estamos aqui só para criticar a agricultura convencional. Precisamos mostrar o verdadeiro caminho da agricultura, que é pro-duzir eternamente alimentos seguros para toda a Humanidade. Por isso, atualmente tenho orien-tado as pessoas no mundo inteiro a fazer a horta caseira, seja num canto do jardim ou num vaso na varanda do apartamento.

Na África, 45 mil famílias e mais de 150 enti-dades públicas, como hospitais, escolas, etc. estão praticando a horta caseira. No Brasil, também há muitas pessoas fazendo a horta caseira e con-seguindo ótimos resultados. Gostaria de contar uma experiência interessante que ouvi.

Uma senhora membro da Igreja Messiânica Mun-dial (fundada em 1935 por Mokiti Okada, cujo nome religioso é Meishu-Sama) sempre quis mi-nistrar Johrei (canalização da energia vital através da imposição das mãos) para a vizinha, mas nunca teve uma chance para oferecer. Então ela começou a fazer uma horta caseira, plantando um pé de tomate cereja num vaso, na varanda do seu apar-tamento. Quando começou a colher os tomati-nhos, resolveu oferecer um pouco para a vizinha, dizendo: “Olhe, você não quer experimentar esse tomate? Foi plantado por mim, na horta casei-ra que estou fazendo. Não usei nenhum adubo químico nem agrotóxico. É totalmente natural e purinho! Não quer experimentar?”

A vizinha aceitou e falou que ia usar na salada, no mesmo dia. No dia seguinte, foi à casa da senhora messiânica e comentou: “Olhe, aquele tomate es-tava muito saboroso! Nunca comi um tomate tão gostoso assim... me mostre como você plantou isso na sua casa...”

Ela mostrou o pé de tomate no vaso e disse para a vizinha: “Se você quiser, pode plantar igual a mim... Eu te ensino a fazer. Não é difícil, não.... Você também consegue.”A vizinha aceitou ime-diatamente e, assim, nasceu uma grande amizade entre elas. No outro dia, a vizinha perguntou: “De onde veio esse conceito de horta caseira?”A mes-siânica respondeu: “Isso foi idealizado por Mokiti

Okada há mais de 70 anos.”A vizinha continuou: “Será que tem algum livro de Mokiti Okada para eu saber mais?” A messiânica emprestou-lhe um; a vizinha foi ficando empolgada e lendo outros livros, até que leu sobre o Johrei e quis saber mais. Foi aí que a messiânica conseguiu ministrar o seu primeiro Johrei na vizinha. Parece que agora, ela está frequentando o Johrei Center e fazendo uma horta caseira.

Achei muito interessante esta experiência, pois mostrou claramente aquilo que Mokiti Okada falou há anos atrás: através da Agricultura Natu-ral, as pessoas vão querer saber mais sobre Mokiti Okada e acabarão conhecendo o Johrei.

Foi exatamente isso o que aconteceu. Essa se-nhora, por meio da horta caseira, conseguiu ser “a número um da felicidade de uma pessoa”.

Um ponto importante na hora de praticar a horta caseira é procurar fazer junto com os filhos e netos, pois dá para ensiná-los, de maneira bem simples, como respeitar as Leis da Natureza. Primeiro, en-sine-os a agradecer a Deus, que nos deu a terra, a água e o sol. Depois, mostre que é preciso cultivar sempre com muito amor, até conversando com as plantinhas. É assim que irá conseguir transmitir às crianças, a filosofia de Mokiti Okada, natural-mente.

Através da prática da horta caseira, cultivando a felicidade dentro do seu lar, o voluntário messiâ-nico também conseguirá dar mais valor ao Johrei e ainda poderá descobrir o verdadeiro Belo, ensi-nado por Mokiti Okada.

Essa prática da horta caseira vai contribuir mui-to para mudar o paradigma da alimentação, da saúde do homem e do meio ambiente. Por isso, vamos praticar a Agricultura Natural para cons-truir a “Arca de Noé” do século 21, por nossas próprias mãos.

* Tetsuo Watanabe preside o desenvolvimento da Agricultura Natural em âmbito mundial.

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itália realiza vivência

Decidido a iniciar a prática da Agricultura Natural através do projeto da Horta Ca-seira, orientado pelo Presidente Mundial, Tetsuo Watanabe, Carlos Eduardo Luciow, coordenador das atividades rela-cionadas a Mokiti Okada na Itália, convidou o responsável pela Agricultura Natural (AN) na França, Paulo Oyama, para transmitir a sua experiência e orientação.

Assim, no último mês de Setembro, ele, que já vem desenvolvendo a AN há mais de trinta anos na França, após atuação no Brasil, esteve em Roma, Milano, Bergamo e Torino. Nestes lugares, 88 pessoas puderam conhecer melhor o conceito da AN e realizar uma vivência em vaso. Segundo Carlos, o objetivo de sensibilizar as pessoas que estão a viver na cidade e, dessa forma, perdendo a relação com a terra, foi alcançado. “um jovem relatou que esta foi a primeira vez que não sentiu nojo ao tocar na terra”, contou.

portugal desenvolve oficinas

Em Portugal, os responsáveis pela divulgação da filosofia de Mokiti Okada estão desenvolvendo oficinas de Ikebana e de Horta Caseira na frente de suas unidades para que as pessoas que passam nas calçadas possam ter esse primeiro contato com as atividades relacio-nadas a essa filosofia.

euA aposta na sociabilidade, na diversidade de culturas e investe no preparo do solo

em Charlotte, Carolina do Norte, a prática da horta reúne familiares e amigos.

em Miami, Florida, os praticantes da Agricultura Natural investem na diversidade de culturas.

em Kackensak, Nova Jersey, está havendo um cuidado especial no preparo do solo.

Canadá enaltece a produção natural

Em Toronto, a prática da horta enriquece ainda mais a ótima gastronomia canadense.

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11AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

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plantação de tomate resiste à ação do vírus da mosca branca

A Agricultura Natrural propor-ciona não só uma alimentação saudável, ela respeita a natureza do solo, promove as suas carac-terísticas e ainda torna as plantas resistentes às pragas. Por isso, no ano passado, o Pólo Agrícola do Bom Jesus, da AFrICArTE, foi a única propriedade da região a não ser atingida pela infestação

de mosca branca e assim con-seguiu colher tomate.

Além disso, a colheita não foi pequena. Enquanto a produção média na agricultura familiar, segundo dados do Ministério da Agricultura, é de 7 a 10 mil qui-los por hectare, o Pólo de Bom Jesus conseguiu colher aproxima-

por Marques Zambo Bambi

Diferentemente dos produtores de tomate da comuna do Bom Jesus que amargaram severos prejuízos devido à grave infestação da mosca branca, o plantio na unidade agrícola da AfricArte, que utiliza o método da Agricultura Natural obteve uma colheita acima da média.

damente 14,5 toneladas em 8.215 m2, ou seja, alcançou uma quanti-dade superior à média local.

A convite da Direção do Períme-tro Irrigado de Bom Jesus, des-locou-se no último dia 28 de agosto, uma equipe técnica do Ministério da Agricultura de Angola – Proteção de Plantas/

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DNAPF, composta pelos enge-nheiros Júlio José do Nascimento e Bárbara Fernandez Casamayor, e por Emília Pimenta, a fim de constatar in loco os problemas fitossanitários que estão a afectar a cultura do tomate nessa parte do município.

A mosca branca foi encontrada no Perímetro Irrigado do Bom Jesus atacando as solanáceas, brássicas e cucurbitáceas, em particular a cultura do tomate, numa extensão de aproximada-mente 80%, provocando a doen-ça da virose do mosaico, que tem prejudicado o desenvolvimento das plantas logo no fim da flo-ração e início da frutificação, comprometendo assim toda a produção.

Foram visitadas seis áreas onde encontraram-se implantadas a cultura; após exames macroscópi-cos e seguidamente, a colheita de amostras representativas de cada local para análises microscópicas em laboratório, foram obtidos os seguintes resultados:

a) Todas as áreas visitadas da cultura do tomate e pimento es-tavam afectadas;

b) Foram encontradas moscas brancas (ninfas e adultas) – vec-tores do vírus;

c) Também foi detectado o vírus do mosaico, generalizado nos campos devido à ação das moscas brancas;

d) A planta do tomate estava ca-racterizada por um enrugamento das folhas, clorose internerval, encurtamento dos entrenós, fo-

líolos pequenos, crescimento reduzido e folhas avermelhadas, que indica carência nutricional ou insuficiência de fósforo.

Normalmente tenta-se a forma tradicional de combate dessa praga através de defensivos agrí-colas, porém o uso incorreto dos agrotóxicos pode piorar a situa-ção, dificultando a ação dos ini-migos naturais da mosca branca, como os fungos, que se alimen-tam dos ovos, e das ninfas (a mosca na fase jovem).

Já a Agricultura Natural fortale-ce a força original do solo sem

nenhuma aplicação de adubos químicos, mantém a biodiversi-dade vegetal, a biodiversidade microbiana e isso faz com que as plantas tenham maior força de recuperação, resistindo às pragas.

Assim, está explicado porque o solo do Pólo Agrícola do Bom Je-sus – AFrICArTE – foi o único que conseguiu resistir ao ataque da mosca branca e ainda alcançar um expressivo resultado.

O Eng. Agronômo Marques zambo Bambi é o responsável técnico e o vice-presidente da AfricArte

A acção da mosca branca no tomateiro

Na cultura do tomate, os sintomas podem ser manifesta-dos pela liberação de excreções açucaradas que favorecem o desenvolvimento de fumagina nas folhas, reduzindo o processo fotossintético, afetando a produção e a qualidade dos frutos (Salguero, 1993).

A mosca branca é uma praga vetora de vírus, principal-mente os pertencentes ao grupo dos geminivírus. A ação dos vírus, de um modo geral, apresenta sintomatologia característica. A base dos folíolos adquire, inicialmente, uma clorose entre as nervuras, evoluindo para um mosaico amarelo. Posteriormente, os sintomas generalizam-se, as folhas tornam-se coriáceas e com intensa rugosidade, po-dendo ocorrer o dobramento ou enrolamento dos bordos para cima (Lastra, 1993). Nos frutos, os sintomas são eviden-ciados por anomalias ou desordens fitotóxicas, caracteriza-das pelo amadurecimento irregular, causado pela injeção de toxinas durante a alimentação do insecto (Lourenção & Nagai, 1994).

A desuniformidade na maturação dos frutos dificulta o ponto de colheita, reduz a produção e, no caso do tomate para a indústria, a qualidade da pasta. Internamente, os frutos apresentam-se esbranquiçados, com aspecto espon-joso ou “isoporizados”. (Haji et al., 1996a)

(fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Brasil – circular técnica 81)

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por Alexandre Bertoldo da Silva

O morango é uma fruta ver-melha, levemente adocicada e presente na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. É rico em vitaminas e minerais como o ferro, o cálcio, o fósforo e o potássio, promovendo diversos benefícios ao organismo.

Originário da Europa, o mo-rango é um alimento com pou-cas calorias, que também ajuda na prevenção do cancro e pode auxiliar no tratamento de várias doenças, como gota e reuma-tismo. Além disso, aumenta a resistência às infecções, evita a fragilidade dos ossos e a má for-mação dos dentes.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o cultivo do morango pode ser muito sim-ples. Tomados alguns cuidados básicos qualquer pequeno agri-

cultor pode ter seus canteiros de morango nas machambas* ou lavras. Ele pode ser cultivado até mesmo em pequenos vasos nas hortas caseiras de quem mora em apartamentos e flats, o que o ele-va a uma categoria toda especial de plantas presentes nos jardins e hortas de milhares de pessoas.

No caso de agricultores familia-res, o cultivo de morangos pode se tornar uma ótima fonte de receitas oriundas da venda de doces e da fruta ao natural. O morangueiro gosta de áreas fres-cas e pode ser cultivado à meia sombra, podendo ser facilmente adaptado aos sistemas agroflo-restais. Algumas técnicas simples de manejo do solo – a cobertura dos canteiros com material en-contrado facilmente nas zonas rurais como caniço e folhas de coqueiro e bananeiras – pode viabilizar a produção de frutos saborosos e abundantes em espa-ços relativamente pequenos.

presença constante nas hortas caseiras moçambicanas

Introduzido no programa de hortas caseiras em Moçambique no final de 2010, os morangueiros estão presentes no dia a dia de muitas pessoas que praticam a Agricultura Natural em suas casas e jardins.

De fácil cultivo e propagação de mudas, a planta se revelou numa forte aliada à expansão do trabalho com as hortas, não só nas residências como também em

várias escolas que adotaram o programa de hortas da Agricultura Natural. Localizada no bairro Magoanine-C, periferia da Cidade de Maputo, capital de Moçambique, a Escola Secundária Samora Moiséis Machel já é reconhe-cida pela comunidade local como a “Escola do Morango”, onde a fruta tem um destaque todo especial em meio às várias hortículas cultivadas pelos alunos e professores daquela escola pelo método da Agricultura Natural.

Produção de Morango

Benefícios com aroma, sabor e beleza

Moçambique utiliza técnicas agrícolas inovadoras

embora bastante arenoso, o solo do Pólo Agrícola de Moçambique vem atingindo um grau de ativi-dade microbiológica excepcional, devido ao uso de uma grande quantidade de matéria orgânica e de algumas técnicas inovadoras para manter a sua umidade e res-friamento. O caniço (foto acima), por exemplo, está sendo emprega-do como cobertura dos canteiros. Muito usado na região para a construção de casas, além de evi-tar as perdas excessivas de água por evaporação, o caniço também ajuda a manter o solo dentro de uma faixa estável de temperatura, o que favorece o pleno desenvolvi-mento microbiano e um resultado bastante satisfatório.No início desta produção, utilizou-se esteiras trançadas, típicas do país, mas em pouco tempo os en-genheiros perceberam que o uso do caniço seria mais eficiente, em-bora outras alternativas naturais não sejam descartadas, como é o caso de um projeto na província de Inhambane.

(*) Machamba é o termo usado em Mo-çambique para designar uma pequena lavra ou campo de produção agrícola familiar.

esmeralda Vilanculo é estudante de gestão Agrícola da universidade São tomás de Maputo e gerente de produção agrícola da AfriCArte –

Moçambique

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Angola investe na formação de uma nova liderança

Escola de Agricultura NaturalMokiti Okada

Numa área de 177 hectares, a Escola de Agricultura Natural Mokiti Okada foi inaugurada no último dia 10 de Novembro como um Centro de Formação Profissional na região da Funda, município de Cacuaco, província de Luanda, Angola. Ela foi cons-truída em 296 m2 e conta com duas salas de aula com capacidade para vinte alunos cada, uma bi-blioteca, uma sala de informática e uma para a administração.

O estabelecimento, gerido pela AFrICArTE – Associação para o Desenvolvimento da Agricul-

tura Natural, da Arte e da Cultura Africana, foi credenciado pelo INEFOP (Instituto Nacional de Emprego e Formação Profission-al) do Ministério da Administra-ção Pública, Emprego e Seguran-ça Social, em Novembro passado, como instituição vocacionada pa-ra a formação profissional.

Para a atividade prática, foram destinados quinze hectares, onde já é possível fazer a observação e o aprendizado do plantio de cebola, banana, couve, tomate, repolho, quiabo, feijão, milho, batata-rena, beringela, manga, abacate, etc.

O Conteúdo Programático de 900 horas irá gerir o ensino de: História da Agricultura, Filosofia da Agricultura Natu-ral (princípios e conceitos da Agricultura e da Alimentação Natural), Horta Caseira, Gestão Ambiental, Metodologia do Projecto, Impacto Ambiental da Atividade Agrícola, Ambiente e Cidadania e Instrumentalização Agrícola (técnicas de irrigação). Além de propiciar a gestão da Prática e dos Estágios.

Por ter as questões ambientais como um foco do aprendizado,

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15AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

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a atividade de reflorestamento já teve início no local, com o plan-tio de 10.845 espécies, sendo 10.176 florestais e 669 frutíferas. Ainda há 1.785 mudas em vi-veiro para serem plantadas pos-teriormente. Mas o objectivo é a plantação de duzentas mil mudas de espécies florestais e frutíferas em dois anos.

Todo o ambiente é propício para que a aprendizagem seja um misto de teoria e prática, onde a atividade agrícola possa ser de-senvolvida em harmonia com a Grande Natureza.

De acordo com o presidente da AFrICArTE, Claudio Cristia-no Leal Pinheiro, e o Director Geral do Centro de Formação, Marques Zambo Bambi, dentro de dois anos será realizado no mesmo local a inauguração do Instituto Superior Politécnico Mokiti Okada, cujas instalações irão permitir a implantação de outros cursos, assim como rece-ber alunos de localidades distan-tes e até de outros países.

A inauguração em CacuacoA inauguração em Cacuaco

Localizada na região da Funda, mu-nicípio de Cacuaco, na província de Luanda, a Escola de Agricultura Na-tural Mokiti Okada foi naugurada no dia 10 de Novembro de 2012, com a presença do governador da província de uíge, Paulo Pombolo, do director-adjunto em Angola do Fundo das Nações unidas para a Alimentação (FAO), engenheiro Paulo Vicente, dos secretários geral e adjunto da Associa-ção dos Professores de Angola, Julião João Jerónimo e Domingos Marcos, respectivamente, da autoridade tradi-cional da região da Funda, Miguel Francisco João, e de outras persona-lidades governamentais de Luanda e do resto do país.

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16 Fevereiro 2013

Hoje em dia a pressa e a correria tem tomado conta da vida das pessoas, o que tem contribuído para a mudança dos hábitos ali-mentares no que diz respeito ao que será consumido, quanto ao seu preparo e até no próprio ato de comer. O momento da refeição tem sido cada vez me-nos valorizado, e comer está se reduzindo a um ato automático com o único objetivo de saciar a fome. Entretanto, a finalidade não é simplesmente alimentar o homem, mas bem alimentá-lo.

Bem alimentar não é somente oferecer uma comida gostosa, mas também segura do ponto de vista higiênico e ausente de

contaminação. Uma refeição ao ser servida poderá apresentar as seguintes situações: boa, aparen-temente boa ou má.

A primeira situação é aquela na qual se proporciona saúde, força e disposição. Deve fornecer ao corpo todos os nutrientes ne-cessários à prevenção e ao desen-volvimento da vida, e também estar livre de contaminação. Para isso, se faz necessário o uso de bons produtos, correta conser-vação, boa técnica no preparo e obedeciência rigorosa às normas de higiene.

Na segunda situação, a refeição cuja aparência, o aroma e o sabor parecem bons, perfeitos e não

possuem características sensoriais alteradas, CUIDADO: ela pode estar contaminada. Essa refeição proporcionará mal-estar, indis-

por Gisele Grube*

A manipulação e o preparo de alimentos devem ser levados a sério!!

quando um alimento é preparado, o responsável pela manipulação torna-se parte da vida de outras pessoas, pois cuida de algo muito importante: a AliMeNtAção.

A importância do

MANipulAdor de AliMeNtoS

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17AgRICuLTuRA NATuRAL AFricA

posição e doença, podendo até levar o indivíduo à morte. Neste caso, a função alimentar não foi cumprida, pois foi bloqueada e prejudicada, trazendo somente prejuízos ao consumidor.

Exemplo marcante são os ali-mentos envolvidos na trans-missão de salmoneloses – Sal-monella spp, cuja preparação não demonstra estar contaminada, mas está. Carnes de aves, outros tipos de carnes e laticínios, como leite cru e queijos feitos a partir de leite não pasteurizado, produ-tos à base de ovos, como saladas, sorvetes e sobremesas de fabrica-ção caseira, que não passam por tratamento térmico ou em que este não atinja temperaturas sufi-cientes, também são importantes veículos de contaminação. O destaque vai para algumas pre-parações cujas receitas podem apresentar estas características, como molho de maionese ca-seira, mousse de chocolate e a sobremesa tiramissu. Medidas como aquecer adequadamente os alimentos (mínimo de 70o

C), armazená-los em temperatu-ras abaixo dos 5o C, evitar que o material usado em alimentos crus entre em contato com o produto final (contaminação cruzada) e

promover os hábitos de higiene apropriados, podem ajudar a con-ter a transmissão por Salmonella.

Com relação à última situação, os seus efeitos à saúde do homem são tão prejudiciais quanto os efei-tos da refeição “aparentemente boa”. Neste caso, a aparência, o aroma e o sabor darão sinais que ela está estragada e imprópria ao consumo, com alteração nas suas propriedades organolépticas (sensoriais).

Para evidenciar as situações – “apa-rentemente boa” ou “má” – basta ocorrer uma falha nas normas de higiene, na técnica de conserva-ção, na escolha dos produtos, na técnica de preparo, e pronto, está espalhada a contaminação! O que existe no alimento que o torna contaminado?

Contaminação microbiana, ou seja, micro-organismo, um cor-po muito pequeno, invisível a olho nu (seria necessário um mi-croscópio de pelo menos mil ve-zes de aumento para enxergá-lo).

Existem micro-organismos que estragam os alimentos, os que auxiliam na produção de alimen-tos e os que causam doenças. Es-tão eles classificados em:

Micro-organis-mos Deterioran-tes – geralmente não patogênicos, estragam o ali-mento, causan-do mau cheiro, sabor ruim e modificações na aparência natu-ral dos alimen-

tos. Algumas vezes, o cheiro ruim da carne estragada, do feijão aze-do são exemplos marcantes da ação de bactérias não patogênicas sobre o alimento. A aparência es-branquiçada ou esverdeada, que se forma sobre o pão e frutas, são exemplos conhecidos da ação dos fungos sobre o alimento;

Micro-organismos Úteis – são aqueles utilizados na fabricação de alimentos, como exemplo lac-tobacilos dos leites fermentados;

Micro-organismos Patogênicos (ou patógenos): é o tipo mais perigoso, ele não estraga o ali-mento, porém, o homem não percebe e come, mas o micro-organismo está lá pronto para atacar, causando sérias complica-ções no seu organismo. Os vírus, alguns tipos de bactérias, fungos patogênicos e parasitas (vermes intestinais) são exemplos dessa classe de micro-organismos que não estragam os alimentos, mas os contaminam.

Pergunta-se então, onde ocorreu a falha? Para o manipulador de alimentos consciente não exis-te a pergunta “onde ocorreu?”, mas sim: “onde ocorrerá a falha? “Quais cuidados tomar para evi-tar a contaminação?”

Cabe ao manipulador de alimen-tos a responsabilidade nas boas práticas de manipulação e obe-diência às normas de higiene, in-gredientes imprescindíveis para uma alimentação segura.

gisele grube é Tecnóloga em Ali-mentos e especialista em Gestão de Qualidade em Alimentos em duas importantes universidades brasileiras

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limpeza e escolha da área

A primeira acentuação para im-plantar uma horta, seja ela casei-ra ou escolar, está relacionada à escolha da área e a limpeza do lo-cal. Primeiramente, deve-se fazer um diagnóstico, verificando, se possível, os seguintes pontos: his-tórico da área (o que foi planta-do ou feito anteriomente, se era um aterro, um antigo cemitério, hospital, etc.); água (proveniên-cia, qualidade, prováveis riscos de contaminação); tipo de solo (arenoso, argiloso, areno-argilo-so); luz solar (sem a presença de luz solar, a planta não consegue realizar a fotossíntese); proteção contra ventos fortes e distância das fossas.

Histórico da área

Para a definição do melhor lo-cal para a implantação da horta, o histórico da área, torna-se ex-tremamente importante, uma

A escolha da área para

desenvolver uma horta caseira ou

escolar

vez que há determinadas situa-ções que podem iniviabilizar a sua implantação. Este fato ocorre devido ao risco de possíveis con-taminações com produtos quími-cos, resíduos de lixo hospitalar ou provenientes de áreas onde havia um cemitério. Além disso, a identificação destas situações-problema auxiliam na escolha da estratégia adequada de manejo do solo.

Água

O desenvolvimento das culturas no campo depende, dentre ou-tros fatores, do fornecimento de água às plantas. Sem água, a planta não tem como absorver e transportar os nutrientes no seu interior. Por isso, é preciso veri-ficar a qualidade e a procedência da água de rega, sendo ideal que esteja próximo à horta para faci-litar o trabalho de manutenção. É bom salientar que águas con-taminadas com esgoto, resíduos de lixo doméstico, fezes, produ-

tos químicos, sabão, inseticidas e combustíveis não são adequadas para a rega das plantas.

Solo

Existem diversos tipos de solo, como o arenoso, o argiloso e o areno-argiloso. As hortaliças, em geral, se adaptam melhor ao solo areno-argiloso. No entanto, com um manejo adequado, os outros tipos de solo também podem permitir um bom desenvolvi-mento das culturas.

luz solar

A luz solar é um fator importantís-simo na condução de uma horta. Em locais sombreados, a planta não realiza a fotossíntese adequa-damente e, assim, paralisa o seu desenvolvimento. Para a escolha da área de plantio é necessário optar por locais que peguem, de preferência, o sol da manhã ou, pelo menos, que receba a luz solar

por Alexandre Bertoldo da

Silva, Adriana Tamie Otutumi,

Juliana da Silva Ribeiro de Castro*

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em um dos períodos do dia.

proteção contra ventos fortes

Em uma horta, a proteção contra ventos fortes torna-se fundamen-tal para o sucesso da produção agrícola. Além de poder causar lesões nas folhas e caules da plan-tas, os ventos fortes tornam-se a porta de entrada para as doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. Contribuem ainda para a perda de água por evaporação. Assim, o sistema de rega torna-se ineficiente e exige que se utilize mais água para garantir o desen-volvimento das culturas.

Definidos os pontos de escolha da área, parte-se para a limpeza

do local onde será implantada a horta. Essa limpeza refere-se à retirada de restos de construção (pedras, arames) e de lixo (garra-fas, plásticos, vidros, etc.).

Vale ressaltar que locais onde foram enterrados materiais con-taminantes – lâmpadas fluores-centes, partes de equipamen-tos eletrônicos, medicamentos, combustíveis e óleos lubrifican-tes, por exemplo – que poderiam contaminar as pessoas através dos alimentos ali produzidos, não poderão ser selecionados para a implantação da horta.

Áreas como as citadas acima de-verão ser destinadas ao plantio de flores, bem como de espécies florestais e árvores nativas, de forma a auxiliar na recomposição da paisagem e na preservação do meio ambiente.

distância das fossas

A avaliação da distância das fos-sas é fundamental na escolha da área, devido à possibilidade de contaminação da horta com os dejetos da casa de banho. Assim, se a fossa não for revestida com betão, é necessário que o local es-colhido para a horta tenha uma distância mínima de 15 metros. No entanto, se o terreno for in-clinado, deve-se tomar o cuida-do, mesmo respeitando a distân-cia de 15 metros, de não colocar a horta em um local mais baixo que a fossa, pois com a chuva, há o risco da água levar os dejetos para a parte baixa do terreno, causando a contaminação.

O Eng. Químico Alexandre Bertoldo da Silva, a Eng. Agrônoma Adriana T. Otutumi e a Bióloga Juliana S. R. de Castro são coordenadores da AfricArte

“Aprendi a me alimentar corretamente”

“Tenho 10 anos e sou aluna da 5ª classe da Escola Meetse-A-Bophelo. Iniciei no projeto da Agricultura Natural no dia 30 de julho de 2011, quando tivemos uma aula sobre a importância dos elementos da Natureza.

Durante as aulas, aprendi sobre como plantar e cuidar das plantas, sobre a importância do sol, da água, da terra e sobre a alimentação natural.

O que aprendi na escola iniciei na minha casa, implantando uma horta caseira. Apesar de ser uma área pequena, fiquei muito feliz.Pedi para a professora Adriana que falasse para a minha mãe so-bre o risco de comer certos tipos de alimentos e beber refrigerante. Quando a professora falou sobre tudo o que eu estava aprendendo na Escola, como respeitar a natureza, preparar o solo, cuidar das plantas e a me alimentar corretamente, minha mãe começou a rir, pois eu já tinha lhe falado que deveria mudar certos hábitos por causa da saúde. Ela se comprometeu em diminuir o consumo destes alimentos e ficou muito feliz com a implantação do modelo.”

A menina r. é aluna da 5ª classe da escola Meetse-A-Bophelo –pretória, África do Sul

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www.africarte.org

AFRICARTE – AssociAção pArA o desenvolvimento dA AgriculturA nAturAl, dA Arte e dA culturA AfricAnA

Agroindústria artesanal

Hortas caseiras e escolares

Grupos Corais

Teatro e Dança

Áreas de atuação

Ikebana Sanguetsu

Saúde Pública e Educação Alimentar

Pólos agrícolas