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ISBN978850263729-0

Ramos,PatriciaPimenteldeOliveiraChambersPoderfamiliareguardacompartilhada:novosparadigmasdodireitodefamília/PatriciaPimenteldeOliveiraChambersRamos.–2.ed.–SãoPaulo:Saraiva,2016.Bibliografia1.Guardadefilhos2.Guardadefilhos-Brasil3.Guardacompartilhadadefilhos4.Guardacompartilhadadefilhos-BrasilI.Título.CDU-347.635-347.635.1

Índicesparacatálogosistemático:

1.Guardacompartilhadadefilhos:Direitodefamília347.635

2.Guardadefilhos:Direitodefamília347.635.1

DireçãoeditorialFláviaAlvesBravinGerênciaeditorialThaísdeCamargoRodriguesAssistênciaeditorialPolianaSoaresAlbuquerqueCoordenaçãogeralClarissaBoraschiMaria

PreparaçãodeoriginaisMariaIzabelBarreirosBitencourtBressaneAnaCristinaGarcia(coords.)

ArteediagramaçãoLaisSorianoRevisãodeprovasAméliaKassisWardeAnaBeatrizFragaMoreira(coords.)|Paula

BritoConversãoparaE-pubGuilhermeHenriqueMartinsSalvador

ServiçoseditoriaisElaineCristinadaSilva|KelliPriscilaPinto|MaríliaCordeiroCapaAeroComunicação/DaniloZanott

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Datadefechamentodaedição:20-10-2015

Dúvidas?

Acessewww.editorasaraiva.com.br/direito

Nenhumapartedestapublicaçãopoderáser reproduzidaporqualquermeioouformasem a prévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos direitos autorais é crimeestabelecidonaLein.9.610/98epunidopeloartigo184doCódigoPenal.

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Sumário

Agradecimentos

Prefácioda2ªedição

Prefácioda1ªedição

Introdução

Capítulo1-Afamília

1.1.Aspectosgerais

1.2.Brevesconsideraçõessobreaevoluçãohistóricadafamília

1.3.Aatualvisãoeudemonistadafamília

1.4.Adisciplinacivil-constitucionaldafamília

Capítulo2-Opoderfamiliar

2.1.Definição

2.2.Características

2.3.Doexercíciodopoderfamiliar

2.4.Princípiodaigualdadeentreospais

Capítulo3-Aguardacompartilhada

3.1.Aguarda

3.2.Aguardacompartilhada

3.2.1.Conceito

3.2.2.Agestãocolegiada

3.2.3.Requisitosdaguardacompartilhada

3.2.4.Litígioeguardacompartilhada

3.2.5.Aptidãoparaoexercíciodopoderfamiliaredaguardacompartilhada

3.3.Aguardaunilateraleasprerrogativasdonãoguardião

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3.4.Aguardacompartilhadacomoefeitodadespatrimonializaçãododireitocivilevaloraçãodasrelaçõespessoaisnoâmbitofamiliar

3.5.Odireitoconstitucionalàconvivênciafamiliar

3.6.Oespecialdestaqueparaadignidadedapessoahumanaedaéticanasrelaçõesfamiliares

3.7.Aguardacompartilhadaeoprincípiodomelhorinteressedacriança

3.8.Alimentosnaguardacompartilhada

Capítulo4-Alienaçãoparental

4.1.Conceito

4.2.Atosdealienaçãoparental

4.3.Intervençãojudicialealteraçãodaguarda

Capítulo5Hipótesesdeinviabilidadedaguardacompartilhada

Capítulo6AsquestõesfamiliaresnoNovoCódigodeProcessoCivil

Conclusão

Referências

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PATRICIAPIMENTELDEOLIVEIRACHAMBERSRAMOS

PromotoradeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.

MestreemDireitoCivilpelaUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro.

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Dedicoaobraaosmeusfilhos,MariaLuisaeCarlosEduardo,àminhaenteada,Isabela,aosmeus

sobrinhos,LucaseBruno,bemcomoatodasascriançasepaisqueprezamoconvíviofamiliar.

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Agradecimentos

Aosmeuspais,JoséEduardoeEunice,porteremsempresidopresentesnaminhavida.

Aomeumarido,Guilherme,eàminhaenteada,Isabela,porcomprovaremqueaguardacompartilhada

épossível,mesmonolitígio,evidenciandoqueoslaçosentrepaisefilhosprecisamseralimentadospela

convivência.

ÀsamigasRosanaBarbosaCiprianoSimão,KátiaReginaFerreiraLoboAndradeMacieleBeatrice

MarinhoPaulopelolindotrabalhonaáreadainfânciaeporacreditarememmimenasminhasideias.

AosamigosdoColégiodeDiretoresdeEscoladeMinistérioPúblico(CDEMP)pelocarinhocomque

sempremetrataram,renovandominhacrençanaimportânciadoaperfeiçoamentoinstitucional.

AosamigosAnaldinoRodriguesPaulinoNetoeRaquelPachecoRibeirodeSouza,pormedaremforça

e se dedicarem ao tema com tanta sensibilidade na defesa da convivência familiar entre pais,mães e

filhos.

Aos amigos José Antônio Daltoé Cezar e Chris Newlin, por memostrarem o caminho a seguir na

proteçãodecriançaseadolescentesvítimasdeabusosexual.

ÀamigaLúciaIloísio,pormefazerestaratentaàquestãodaviolênciacontraamulher.

ÀminhairmãFlávia,aosmeusfamiliares,àminhaamigaRenataGraçaMelloeaosdemaisamigos,

poracreditaremnaminhacapacidade.

Aosmeusfilhos,CarlosEduardoeMariaLuisa,porteremreforçadoaimportânciadaparentalidade.

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Prefácioda2ªedição

Este livro brinda os operadores do Direito com a sistematização de todo o pensamento moderno

atinenteàaplicaçãodosprincípiosconstitucionaisàsdinâmicasfamiliares.Trata-sedeumavisãoprática

daconstitucionalizaçãododireitocivilcomomarcoteóricobemdefinidoparaembasarsoluçõespráticas

aosinúmeroscasosquebatemàsportasdoJudiciárioenvolvendolitígiosfamiliaresemgeralequestões

deguarda/visitação/alimentos/alienaçãoparentalemespecial.

Tendoemvistaasmudançassocioculturaisquedãobaseàsuperestruturajurídica,passou-seacentrar

asatençõesnarealizaçãodohomemenquantopessoa,sujeitodedireitos,sejaemsedededireitopúblico,

sejaemsedededireitoprivado.

Paulatinamente, houve umamudança de paradigmas, deslocando-se o enfoque jurídico das relações

patrimoniais para as pessoais, é dizer, foram-se incorporando no arsenal político e juridicamente

organizado valoresmetaindividuais, de valorização do ser humano, de busca da realização da pessoa

atravésdaproteçãodedireitosinerentesàpersonalidade.

O homem (e não a propriedade) é o centro do Direito, e, nesse aspecto, todas as circunstâncias

necessáriasparasuarealizaçãopessoaleafirmaçãocomoserhumanosãoenfatizadas.

Naatualidade,aideiadeentidadefamiliarnãoestáassociada,necessariamente,aocasamentoenem

este, ao mero objetivo de procriação ou legitimador de relações sexuais geradoras de uma filiação

denominada legítima. É viável a existência de casamento sem procriação; procriação sem casamento;

relaçõessexuaissemcasamentoeatémesmoprocriaçãosemrelaçõessexuais(emrazãodasinovadoras

técnicasdereproduçãoassistida).

Medianteainterpretaçãosistemáticadetodasasnormasconstitucionais,tem-sequereferidaproteçãoé

devida a todas as formas de intenção familiar (desde que presentes os requisitos legais) e enquanto

subsistiroafetoeoapoiorecíprocoentreosmembrosdafamília.Poresseelo,osintegrantesdafamília

(sejaelaconstituídaporpaisefilhos,somenteoscônjuges,umdoscônjugeseorebento,conviventes,

irmãosetc.)envidamesforçosparapermitirarealizaçãodecadaumcomoserhumanoreafirmandoseus

respectivos direitos de personalidade. Cessado esse elemento subjetivo, não mais se justifica a

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manutençãodadisciplinareferenteàinstituiçãofamiliar.

Mudam-seconceitos,paradigmas,objetivos;afamíliaépalcoderealizaçãodeseusintegrantes,sede

demanifestaçãodeafetosnaqualéprotagonistaoamoretambémgeradordeefeitosjurídicos.

Assumea família seupapel social enquanto sustentáculoe fontedeapoioparaa realizaçãode seus

integrantes.

Para a efetivação desse novo pensamento, foram sendo incorporados nos textos legislativos regras

programáticas (de conteúdonormativo) garantidoras da proteçãodos direitos da personalidade, sendo

certoquenodireitopátriooápicedessemovimentodepositivaçãodosnovosanseiossociaiseculturais

foiobtidocomapromulgaçãodaConstituiçãodaRepúblicaFederativadoBrasil em5deoutubrode

1988.

De fato, a Constituição da República de 1988 é um grandemarco na democratização e difusão da

justiçasocialnoBrasil.ReferenteCartaMagnapositivaosfamigeradosdireitoshumanos(queemsede

constitucionaladotamafeiçãodedireitosfundamentais).

Verifica-se,portanto,preocupaçãocomapessoahumana,surgidacomasDeclaraçõesdeDireitos,a

partir da necessidade de proteger o cidadão contra o arbítrio doEstado totalitário, emais, limitando

também as relações jurídicas patrimoniais. Tutelam-se, pois, direitos inerentes ao ser humano não

somente na esfera de direito público (proteção da pessoa humana contra arbitrariedades e violações

praticadaspeloEstado), como tambémno âmbitododireito privado.Osdireitos fundamentais sãoos

direitoshumanosedireitosdapersonalidadepositivadosnaConstituiçãodaRepública.

O princípio daDIGNIDADEDA PESSOAHUMANA pode ser considerado uma cláusula geral de

tuteladosdireitosdapersonalidade.Encontra-seexpressamenteprevistonaConstituiçãodaRepública

FederativadoBrasilcomoumdeseusfundamentos.

Nessecontexto,atéemrazãodanecessáriatuteladosdireitosdepersonalidadedosfilhosdeumcasal

quesesepara,nãoécompatívelcomosistemadegarantiadedireitosqueogenitorouagenitorapassea

ser um mero visitante quinzenal, mas devem exercer em plenitude o seu múnus constitucional e

existencial,comobemanalisaaautoraaolongodesuaexposição.Porinspiraçãodoprincípiodomelhor

interessedapessoadosfilhoseproteçãointegralàscriançaseadolescentes,parte-sedapremissadeque

cercear a rotina da criança em companhia de seus entes parentais pela falência da relação de

conjugalidadefaztransbordarparaaparentalidadeumfelqueinaceitavelmentesóvemapunirofilho.

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A promulgação das recentes leis sobre guarda compartilhada e alienação parental reflete essa

preocupação do legislador na absorção das novas demandas sociais e desses novos paradigmas de

concretizaçãode Justiça, seja apartirdaperspectivadosnovosarranjos familiares, seja em razãodo

foco no superior interesse das crianças/adolescentes envolvidos nas relações familiares desfeitas, ou

melhor,reorganizadas.

Aautora,comavastaexperiênciapráticaquepossui,mormentenaapreciaçãodecasosconcretosdas

VarasdeFamília ede Infância e Juventude emque atuoucomoPromotorade Justiça, fazumaanálise

precisa do panorama jurídico-existencial dos afetos desfeitos ou das famílias reorganizadas (pós-

separação),sobaperspectivadaconstitucionalizaçãododireitocivil.

Sob esse viés, verifica-se que o Código Civil deixa de ser diploma e fonte única legislativa para

aceitar cotejo com Microssistemas que prestigiam a proteção dos direitos de personalidade,

especialmente a dignidade do ser humano. A partir dessa premissa, analisa a autora as recentes leis

concebidasnocenáriojurídiconaáreadodireitodefamília.

Aautora,queelaborouoprimeiroprojetodeleisobreguardacompartilhadanoBrasil,reconhecimento

queconstadositedaAssociaçãodePaiseMãesSeparados(APASE)1,comsensibilidadeeacuidade

jurídica,atualizouolivropublicadonoanode2005,abordandoarecenteleidaguardacompartilhadano

contextodessasnovastransformaçõesdodireitodefamília.

Opensamentoexpostonolivropossuiacoerênciajurídicaeacoragemnecessáriasparaenfrentamento

dequestõesimportantes,dentreasquaisacompreensãodequeaimposiçãodaguardacompartilhadairá

minorara“enxurrada”dealegaçõesedeclaratóriasincidentaisdealienaçãoparental;dequequandonão

há consenso, a pormenorizada especificação dos momentos de convívio parental tende a diminuir os

conflitos, porquanto há uma prévia definição do convívio do filho com cada ente parental; a

independência temática entre “guarda compartilhada” e “pensionamento alimentício”, dentre outros

aspectos.

O direito constitucional à convivência familiar, os requisitos da guarda compartilhada, alimentos,

violência doméstica, alienação parental, litígios recorrentes e mediação receberam especial cuidado,

demonstrandoaimprescindibilidadedaleituradolivropelosprofissionaisdaáreadodireitodefamília.

Janeirode2015.

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RosanaBarbosaCiprianoSimão

1Videwww.apase.org.br/41000-projetogc.htmdisponívelnadatade7-1-2015.

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Prefácioda1ªedição

Afamíliavempassandodesdemeadosdoséculopassadoporprofundastransformações,sejanoque

respeita à suaconstituição, sejaquantoà suadissolução.Entidades familiares, rejeitadasno iníciodo

século,passaramaseracolhidaspeloordenamentojurídico.Alteraram-seasrelaçõesentreoscônjuges,

oscompanheiros,ospaiseosfilhos,eentreosfamiliares.Oestudodosmúltiplosaspectosdessanova

famíliatornou-seimperativo,nãosóparaacompreensãoeoadequadodimensionamentodosdireitosque

cabem a cada um dos seus integrantes, mas principalmente para harmonização dos interesses em

confronto.

Nessecontextoemquepaiemãetêmassegurados,emigualdadedecondições,seusdireitos,tornou-se

cada diamais complexa a decisão sobre atribuição da guarda dos filhos, nos casos de separação.O

direitodospais em teros filhos emsuacompanhiadeve ser conjugadocomodireitodo filhode ser

criadoporseusgenitores.

Estaobratrata,essencialmente,daanálisedeumanovaconcepçãodeguardadefilhosnoordenamento

jurídico brasileiro, relativa aos pais separados, que possibilite o convívio constante do menor com

ambososseusgenitores,fatorindispensávelparaoplenodesenvolvimentodesuaspotencialidades.

Concebida originalmente como dissertação para obtenção do título de Mestre em Direito pela

FaculdadedeDireitodaUERJ,aobrarevela,primordialmente,asensibilidadedaautora.

Emborajovem,aautorasoubeabordarodelicadotemacomlucidezematuridade.Desuaexperiência

como Promotora de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, atuando como substituta junto a Varas de

Família e titular da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca da Capital, soube colher preciosos

elementosqueconferiramsólidaestruturaàsuaobra.

Comamodificaçãodospapéisdohomemedamulhernasociedademoderna,opaivemdemonstrando

maior interessenoconvíviocomo filho.Contudo,omodelo tradicionalmenteadotadopelosTribunais

não acompanhou essa troca de papéis, gerando grande insatisfação para o genitor não guardião,

representado,namaioriadoscasos,pelafiguramasculina.

Oingressodaforçafemininadeformaintensanomercadodetrabalhoacabouporatribuiràmulhero

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papelde“chefedefamília”,atéentãoreservadoaoshomens.Ohomem,porsuavez,passouaestarmais

disponíveleinteressadoemexercerapaternidade,assumindo,nãoraro,olugarprivativodamulherno

cuidadoeeducaçãodosfilhos.Avontadedopaideestarpertodosfilhosmanifesta-senãosóduranteo

casamento,mastambém,etalvezdemodomaisforte,apósaseparação.

Pesquisas realizadas pela autora junto a psicólogos atuantes nas Varas de Família e da Infância e

Juventudedemonstraramqueosistemadevisitasalternadas,emgeralquinzenais,vemsendocriticado,

principalmentequandohá litígioentreospais.Emtalcaso,oafastamentodonãoguardiãoexacerbaa

dificuldade no relacionamento pai-mãe-filho, acirra as disputas entre os pais, trazendo graves

consequênciaspsicológicasparaascrianças.

Conformedestacaaautora,osofrimentodessespais,privadosdoconvívioconstantecomseusfilhos,

vemimpulsionandodiversosmovimentosemtodoomundonabuscadesoluçõesqueproporcionem,tanto

paraospaisquantoparaosfilhos,umaaproximaçãofrequenteedireta,nocasodeseparaçãodospais.

Nessecenário,aguardacompartilhadasurgecomosoluçãopossível.

No Brasil, vem se destacando o movimento de pais separados (APASE), na defesa da guarda

compartilhadaentrenós.

Constata-sequeapresenteobra,alémde ter feição interdisciplinaredealinhar-secommovimentos

internacionais, traduz, demodo claro e preciso, a doutrina que preconiza a imperiosa necessidade de

reformulação dos critérios interpretativos adotados emmatéria de direito civil, especialmente no que

concerneàdisciplinadafamília,apósapromulgaçãodaConstituiçãodaRepúblicade1988.

Diante dos princípios estabelecidos pela Lei Maior, instaurou-se um movimento crescente de

despatrimonialização do direito civil, e, consequentemente, do direito de família. As questões

patrimoniais passaram a ter papel secundário, havendo uma valorização dos aspectos pessoais, dos

sentimentos de carinho e afeto, da promoção da dignidade de cada um dos membros da família e,

principalmente,dagarantiadeprioridadeaomelhorinteressedascriançaseadolescentes,reconhecidos

comosujeitosdedireito.

A guarda compartilhada harmoniza-se com os novos paradigmas aplicáveis ao direito de família,

notadamente sob aperspectiva constitucional.Naverdade, segundoa autora,aguarda compartilhada

existedeformaimplícitaemnossoordenamentojurídico,namedidaemqueopátriopoderoupoder

familiardosgenitoresnãoseanulacomaseparaçãoouodivórcio,easuaadoçãovemfundamentada

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no princípio do melhor interesse da criança. Em outras palavras, a proposta encontra pleno

embasamentoemnossoordenamento.

Aleituradestelivro,porseusfundamentos, torna-seobrigatóriaparatodososqueseinteressampor

novassoluçõesparaumdosmaisantigosproblemasdafamília.

Dezembrode2002.

HeloisaHelenaBarboza

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Introdução

AorigemdestaobradecorreudedissertaçãoapresentadanaUniversidadeEstadualdoRiodeJaneiro

(UERJ),visandoàobtençãodomestradoemDireitoCivilnoanode2002,quandoseabordouotemado

poderfamiliaredaguardacompartilhadanoordenamentojurídicobrasileiroantesdapromulgaçãodas

leissobreGuardaCompartilhada.Oprimeirolivrofoilançadonoanode2005.

Decorridosmais de dez anos da 1ª edição, lança-se esta 2ª edição. O tempo foi suficiente para o

amadurecimentodeideiasedajurisprudênciasobreoassunto.

Ressalte-seque,noperíodo,forampublicadasduasleissobreguardacompartilhada(anosde2008e

2014),umaleisobreviolênciadoméstica(anode2006)eoutrasobrealienaçãoparental(anode2010).

OEstatutodaCriançaedoAdolescentefoiatualizadopelasLeisn.12.010em2009e13.010em2014.

ONovoCódigodeProcessoCivil(Lein.13.105)foisancionadoem2015.OSupremoTribunalFederal,

noanode2011,reconheceu,comoentidadefamiliar,auniãoestávelhomoafetiva(ADPF132-RJ,ADI

4277-DF), e, no ano de 2013, oConselhoNacional de Justiça (CNJ) publicou aResolução 175, que

oficializaacelebraçãodocasamentocivildepessoasdomesmosexo.

A família vempassandopor profundas transformações, seja noque respeita à sua constituição, seja

quanto à sua dissolução. Entidades familiares outrora rejeitadas passaram a ser acolhidas pelo

ordenamentojurídico.Alteraram-seasrelaçõesentreoscônjuges,oscompanheiros,ospaiseosfilhos,e

entreosfamiliares.Oestudodosmúltiplosaspectosdessanovafamíliatornou-seimperativo,nãosópara

acompreensãoeoadequadodimensionamentodosdireitosquecabemacadaumdosseusintegrantes,

masprincipalmenteparaharmonizaçãodosinteressesemconflito.

Assim, ainda que espaço privilegiado de convivência, afeto, acolhimento e educação, não se pode

ignorar a realidade de conflitos e desentendimentos nos relacionamentos entre seus componentes.

Forçoso reconhecer, destarte, que não existe a família ideal, mas sim a família real. Não se pode

ignoraraexplosãodesentimentoseemoçõesqueultrapassamasfronteirasdarazãonumlitígiofamiliar.

E,concomitantementeaofimdorelacionamentoconjugal,deve-sedefinirdivisãodepatrimônio,pensão

alimentíciaeguarda.Nomeiodesseturbilhãodeproblemasaseremresolvidos,estãosereshumanosem

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desenvolvimento,vulneráveis,carentesdeamoredecarinhodeseuspais.Eaprincipalpreocupaçãode

todososoperadoresdodireitodeveser,prioritariamente,garantirosdireitosdecriançaseadolescentes,

vistoqueointeressedosfilhosdeveestaracimadointeressedeseuspais,considerandooprincípioda

proteçãointegraleodaprioridadedeseusinteresses.Mascomoagirparaconcretizartalmandamento

constitucional?

Sendo tarefa da ordem jurídica harmonizar as relações sociais intersubjetivas a fim de ensejar a

máximarealizaçãodosvaloreshumanoscomomínimodesacrifícioedesgaste,asquestõesfamiliares

trazemumademandaespecíficaparaanálisedoprocesso judicial tradicional.Asemoçõese angústias

decorrentes dos litígios familiares não raro são potencializadas no processo judicial tradicional,

fundamentado no conceito “perde-ganha”,maximizando demandas distintas e incessantes, contribuindo

paraosofrimentoeainfelicidade,oquenãoéobjetivodafunçãojurisdicional.

O operador do direito deve estar atento aos mecanismos jurídico-processuais de pacificação dos

conflitosfamiliaresqueenvolvemoconvíviofamiliar,considerando,nessecontexto,asleissobreguarda

compartilhada (Lei n. 13.058/2014 e Lei n. 11.698/2008), a lei da alienação parental (Lei n.

12.318/2010), as medidas protetivas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (como a

imposição de tratamento psicológico às partes pelo Juiz), a lei da violência doméstica (Lei n.

11.340/2006)eamediação,reconhecidaeestimuladapeloNovoCódigodeProcessoCivil, tudoàluz

dos princípios constitucionais da dignidade humana, da prioridade do interesse das crianças, da

igualdadeentreosfilhos,daigualdade(substancial)entrehomememulher,dodevidoprocessolegal,do

contraditório,daampladefesa,darazoabilidade,daimpessoalidade,daeficiência,daduraçãorazoável

doprocesso,datutelaespecíficaetempestiva,doacessoàordemjurídicajusta,doprincípiodaboa-fée

dacooperaçãointersubjetiva.

Asrupturasconjugaisconflituosasqueaportamnojudiciáriodemonstramclaramenteadificuldadedos

envolvidos em lidar com suas próprias demandas, transferindo para terceiros, no caso o Estado-Juiz,

decisõesquecaberiamaocasal.Competiçõesefrustraçõesdarelaçãoconjugal(casal)sãotransferidas

para a relação parental (pais/mães/filhos), causando sofrimento para todos os membros da família,

notadamente para as crianças envolvidas, situação que causa violência psíquica e não raro física. O

resgatedodiálogoeapromoçãodoentendimentoedorespeitoentreosmembrosdessafamília,quese

modifica, mas permanece (a ruptura de uma relação conjugal com filhos não extingue a família, que

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apenassetransforma),fazempartedafunçãodepacificaçãodosconflitosedodeverdoEstado,previsto

noart.226,§8º,daConstituiçãoFederal,decoibiraviolênciadoméstica.

OPoderJudiciário,quedeixadeintervirquandoháconsensonodivórcioeinexistemfilhosmenores,

hajavistaapossibilidadededivórcioatravésdeescriturapúblicalavradaemCartório(art.1.124-Ado

CódigodeProcessoCivilde1973,art.733doNovoCódigodeProcessoCivileEmendaConstitucional

n. 66), ainda é o responsável pela dissolução dos vínculos familiares quando há conflitos e/ou filhos

incapazes,processosnosquaisaintervençãodoMinistérioPúblicosefazobrigatória.

A Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça enfatizou a conciliação e a mediação como

instrumentosefetivosdepacificaçãosocial, soluçãoeprevençãode litígios,oque foiconsagradonos

arts.165a175doNovoCódigodeProcessoCivil.

Nesse sentido, a mediação é instrumento importante para a solução dos conflitos familiares,

notadamenteparaaaplicaçãodaguardacompartilhadaquandonãoháconsenso.

Assim, conquanto haja uma tendência de evitar a judicialização das demandas, existe uma pressão

social por uma intervenção judicial mais efetiva na promoção dos direitos e deveres parentais, na

efetivagarantiadodireitodacriançaaoconvíviofamiliarsadio.

Os princípios constitucionais da paternidade responsável (arts. 226, § 7º, e 229), da dignidade da

pessoa humana (art. 226, § 7º), da prioridade dos direitos da criança (art. 227), da igualdade entre

homensemulheres(art.226,§5º)edaigualdadeentreosfilhos(art.226,§6º)inspiraramalegislação

infraconstitucionalnosentidodeexigiraatuaçãodoEstadonoresgateàresponsabilidadedospaispela

criaçãodosfilhos.

OEstatuto daCriança e doAdolescente (Lei n. 8.069/90) prevê que toda criança temdireito a ser

criadanoseiodesuafamília(art.19),queopoderfamiliaréexercidoemigualdadedecondiçõespelo

paiepelamãe(art.21),queaospaisincumbeodeverdesustento,guardaeeducaçãodosfilhosmenores

(art. 22) e que a perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em

procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de

descumprimentoinjustificadodosdevereseobrigaçõesaquealudeoart.22(art.24).

O art. 129 doEstatuto daCriança e doAdolescente prevê que sãomedidas aplicáveis aos pais ou

responsável:

I–encaminhamentoaprogramaoficialoucomunitáriodeproteçãoàfamília;II–inclusãoemprogramaoficialoucomunitáriodeauxílio,

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orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV –

encaminhamento a cursosouprogramasdeorientação;V–obrigaçãodematricular o filhooupupilo e acompanhar sua frequência e

aproveitamentoescolar;VI–obrigaçãodeencaminharacriançaouadolescenteatratamentoespecializado;VII–advertência;VIII–

perdadaguarda;IX–destituiçãodatutela;X–suspensãooudestituiçãodopoderfamiliar.

ALein.12.318/2010,chamadaLeidaAlienaçãoParental,prevênoart.6ºqueoJuizpoderá,emação

autônomaou incidental,cumulativamenteounão,semprejuízodadecorrente responsabilidadecivilou

criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos,

ampliaroregimedeconvivênciafamiliaremfavordogenitoralienado(incisoII),estipularmultaao

alienador (inciso III), determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial (inciso IV),

determinaraalteraçãodaguardaparaguardacompartilhadaousuainversão(incisoV)edeclarara

suspensãodaautoridadeparental (incisoVII). Foram concedidos amplos poderes ao Juiz para atuar

quando verificar a prática de ato de alienação parental, respeitando os princípios de ampla defesa e

contraditório.

Asdemandasjudiciaistornam-secomplexasnamedidaemqueaomagistradonãobastadizerodireito,

mas,decertamaneira,promoverodireito.

Cabe aoDireito, enquanto ciência social, e,mais particularmente, aodireitode família debruçar-se

sobreessanovarealidadeeacompanharaevoluçãodasociedade.

Constata-sequeasinovaçõestrazidaspeloEstatutodaCriançaedoAdolescente(anode1990),pelas

LeisdaGuardaCompartilhada(anosde2008e2014)epelaLeidaAlienaçãoParental(anode2010)

aindanãoforamincorporadaspelosoperadoresdodireito.

Os instrumentoscriadospelasnovas legislaçõesaindacausamperplexidade,questionamentose,não

raro,poucaaplicação.Poressarazão,nãoobstanteaaprovaçãodaLeidaGuardaCompartilhadanoano

de2008,foinecessáriaumanovaleinoanode2014,aLein.13.058,de22dedezembrode2014,para

explicitaroóbvio:aguardacompartilhadadeveseraplicadaaindaquehajalitígioentreospais.Não

haveria necessidade de recorrer ao Poder Judiciário para a solução de uma demanda se houvesse

consenso.

Nesse sentido, aMinistraNancyAndrighi, do Superior Tribunal de Justiça, vem ressaltando, como

relatoraemdiversosacórdãos,jáhámaisdetrêsanos,queainviabilidadedaguardacompartilhada,por

ausência de consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente por um dos pais,

frisandoquea imposição judicialdasatribuiçõesdecadaumdospaiseoperíododeconvivênciada

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criança sob guarda compartilhada, quando não houver consenso, são medidas extremas, porém

necessárias2.

ConformeconcluioSuperiorTribunaldeJustiça,éprecisoumnovoolharparaessasquestõesparaque

nãosefaçadotextolegalletramorta.

Oafetoéoprincipalenfoquenodireitodefamília.Oamornãonascedesimpleslaçosbiológicos,mas

simda convivência e do cuidado.Éprecisodar oportunidade aospais paraque cuideme criem seus

filhos,fazendoflorescerefortaleceroamorentreeles.

Nesse sentido, é preciso estar atento aos novos arranjos familiares e à importância do convívio da

criança com todos aqueles que contribuem para o seu bem-estar, sejam o pai e a mãe numa família

tradicional,sejamospaisoumãesnumafamíliaconcebidasoboviéshomoafetivo,sejamospadrastose

asmadrastasnafamíliareconstruída,sejamosavósedemaisparentespresentesnodiaadiadoinfante.

Por sua vez, o princípio do acesso à justiça, outrora concebido apenas como o direito de o

jurisdicionado propor ou contestar uma ação, ganhou, em nossos dias, contornos mais amplos3. Na

atualidade,oacessoàjustiçadeveserentendidocomooacessoàordemjurídicajusta,demonstrandoa

preocupaçãonãocomamerapossibilidadeformaldeingressoperanteoPoderJudiciário4,mas,muito

além,comarealizaçãodejustiçaemsentidosubstancial5.

Diantedisso,emergeaindagação:oquedizerarespeitodocrescentenúmerodedemandasfamiliares

semfim?

Aguardaúnicaouunilateral,regrageraladotadapornossalegislaçãoatéoadventodasLeisn.11.698,

de 13 de junho de 2008, e Lei n. 13.058, de 22 de dezembro de 2014, não se demonstrou eficaz e

satisfatória para a harmonia da família quando ambos os pais buscam continuar convivendo e

participandodavidadofilho,notadamenteporprivilegiarumdelesnacriaçãoeeducaçãodacriançae

afastaronãoguardiãodoconvívio.

Odireitodevisitasexercidoemfinsdesemanasalternados,de15em15dias,estásetornandomedida

obsoletaparagarantirconvivência.

Onãoguardião,representado,namaioriadoscasos,pelafiguramasculina,vemdemonstrandomaior

interessenoconvíviocomofilho, impulsionadopelamodificaçãodospapéis“masculino-feminino”na

sociedade moderna, o que enseja grande insatisfação com o modelo tradicionalmente adotado pelos

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Tribunaispátrios.

O sofrimento desses pais, privados do convívio constante de seus filhos, impulsionou diversos

movimentosemtodoomundonabuscadesoluçõesqueproporcionem,tantoparaospaisquantoparaos

filhos, uma aproximação frequente e direta. Esses movimentos formados por pais não guardiões

contribuíramsignificativamenteparaamudançadavisãojurídico-legislativaemdiversospaíses,entreos

quais os EstadosUnidos daAmérica, que dispõem de legislação específica em vários Estados como

CalifórniaeColorado6,quepriorizamaadoçãodaguardacompartilhadanodivórcioentreosgenitores.

AAmericanBarAssociation(órgãodedisciplinaedefesadosadvogadosnosEUA,semelhanteànossa

OAB)criouumcomitêespecialmenteparaestudaracustódiadecrianças(oChildCustodyCommitee)7.

No Brasil, o movimento de pais e mães separados (inclusive através de organizações como a

“APASE”,“PaiseMãesparaSempre”,“PaiLegal”,entreoutros)alcançougrandedestaquenocenário

nacional,comoaumentodeassociadosearticulaçãocomdiversossetoresdasociedade,contribuindo

paraaaprovaçãodasLeisn.11.698,de13dejunhode2008(1ªLeidaGuardaCompartilhada),12.318,

de26deagostode2010(LeidaAlienaçãoParental),eLein.13.058,de22dedezembrode2014(2ªLei

daGuardaCompartilhada).

Oafastamentodonãoguardiãogeraumadificuldadenorelacionamentopai-mãe-filhoeacirradisputas

entre os pais, trazendo graves consequências psicológicas para as crianças, notadamente quando os

genitoresnãomantêmbomrelacionamentoentre si.Comohábitodecriticarumaooutroe sempre se

posicionandocomovítimas,ospais litigantesencontramrespaldonomodelo tradicionalmenteadotado

por nossos Tribunais referente à guarda unilateral para privar a criança de seu direito fundamental à

convivência familiar, com reflexos bastante prejudiciais ao seu crescimento harmônico e saudável.O

guardião, procurando valorizar a si próprio, costuma criticar o outro genitor, incutindo na criança o

sentimentodequeooutronãosaberiaeducá-latãobemquantoelepróprio,queonãoguardiãonãopaga

pensão alimentícia suficiente, que o não guardião valorizamais a sua nova família em detrimento da

criançaetc.Essapostura,muitofrequentenoguardiãoúnico,faznascernacriançaumsentimentodeque

onãoguardiãoaamamenosouéirresponsável,eacabaporafastaraindamaisofilhodonãoguardião,

seja por repulsa da própria criança ou atémesmo pelo desgaste emocional do não guardião, que, em

razãodetodaaproblemáticavivenciada,evitaesseconvívio.Ascríticasaooutro,porsuavez,também

partemdonãoguardião,que,privadodoconvíviofrequentecomofilho,reclamadaeducaçãoqueestá

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sendodadaàcriançapeloguardião,dotratamentoqueédispensadopelonovocônjugeoucompanheiro

doguardiãoaoinfante,dasobrecargadapensãoalimentíciaedosinconvenientesgeradospeloguardião

nasdisputasjudiciais.Ébastantecomum,ainda,queaspartes,jámuitodesgastadasentresi–oguardião

sesentindosobrecarregado,eonãoguardiãosesentindoinjustiçadopelopoucoconvíviocomofilho–,

busquem diversos caminhos para se agredirem mutuamente, utilizando a criança como objeto e

instrumentodedisputa.

Asintensasmodificaçõesocorridasnasúltimasdécadasnoâmbitododireitodefamília,notadamente

comaevoluçãodoscostumesehábitosdasociedade,comapromulgaçãodaConstituiçãodaRepública

de 1988, e aprovaçãodas recentes leis, indicam inegável transformaçãoda estrutura familiar a impor

radicalreformulaçãodoscritériosinterpretativosadotadosemmatériadefamília8.Eessaéaóticaque

deve ser dada à legislação, com especial atenção ao princípio do melhor interesse da criança e ao

princípiodapacificaçãosocial,comabuscadasoluçãodeconflitosatravésdaincorporaçãodaguarda

compartilhadacomoregra,alémdoinstitutodamediação.

Háummovimentocrescentededespatrimonializaçãododireitocivile,consequentemente,dodireito

de família, de modo que as questões patrimoniais adquirem uma função secundária, inferiorizada,

sobrelevandoosaspectospessoais,ossentimentosdecarinhoeafeto,apromoçãodadignidadedecada

um dos membros da família e, principalmente, o reconhecimento da prioridade dos interesses das

crianças,quepassamaser tratadascomosujeitosdedireitos,protagonistasde todooprocessodesua

formaçãoeducacional.

Ohomemeamulher,comaConstituiçãoFederalde1988,adquiriramdireitosedeveresiguais.Há,na

atualidade, aliás, uma crescente valorização da mulher no campo profissional e uma profunda

reformulaçãodaestrutura familiar,deixandoomaridodeserochefedasociedadeconjugalnãosóde

direitocomodefato,poisamulher,possuindoautonomiafinanceiraprópria,passaaterindependência

paratomarsuasprópriasdecisõessemainfluênciadomarido.

Oingressodaforçafemininadeformaintensanomercadodetrabalho,dadaasuaelevadacapacidade,

sensoderesponsabilidadeecompetência,acirrouadisputaprofissional,enãoéraro,hojeemdia,que

muitasmulheressejamverdadeiraschefesdefamília,emrazãodaausênciadomarido,dodesempregoou

dabaixaremuneraçãodeste.Muitastêmsemostradoflexíveiseinteressadasemcompartilharosônusda

criaçãodosfilhoscomospaisdestes.

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Ohomem,porsuavez,temsemostradodisponíveleinteressadoemexercerapaternidade,cuidando

dosfilhoseparticipandoativamentedesuaeducação.Avontadedeestarpertoemanteresseconvívio

comosfilhosmanifesta-senãosóduranteocasamento,mastambémapósaseparação.Conformeexpõea

psicólogaEvaniZambonMarquesdaSilva,“asvisitasantesconcedidasparaospaisquenãoficavam

comaguardaeraagarantiamínimadeumgenitorparaseavistarcomseusfilhos.Hoje,eles‘nãoquerem

visitas,masoportunidadesiguaisparacriá-los’”9.

Éimprescindível,naatualidade,aparticipaçãodeumaequipeinterdisciplinar,compostadeassistentes

sociais e psicólogos, atuando junto ao Poder Judiciário, fornecendo elementos de convicção e

fundamentaçãoparaqueMagistradosePromotoresdeJustiçaaprofundem-senasquestões familiarese

realmente proporcionem Justiça para a família litigante. A superficialidade na condução dos litígios

demonstra-senefastaparaafamília,jáqueasconsequênciasfatalmenteatingirãoascriançasenvolvidas

eraramenteouvidas.

Omodelo tradicionalmente adotado por nossos Tribunais, estancando em setores diversos a guarda

(sempreúnicaouexclusiva),odireitodevisita(finaisdesemanasalternadosparaonãoguardião)eos

alimentos(pagospelonãoguardiãoelivrementeadministradospeloguardião),nemsempreésatisfatório

naprevençãodelitígiosevemdemonstrandoinconvenientes,dandoensejoadiversasdemandasjudiciais

queacabamseeternizando,emprejuízodasaúdefísicaementaldosagentesenvolvidos.Privilegia-se

umdospais(oguardião)nacriaçãoeeducaçãodoinfante(exacerbandooseupoderdedecisãosobreo

futurodofilho),afasta-seonãoguardiãodocontatocomacriançaetrazintermináveislitígiossobreo

valor da pensão alimentícia, notadamente quando o não guardião exerce suas funções laborativas no

mercadoinformal,semcarteiraassinadaecomremuneraçãovariável(oqueéextremamentecomumna

economiabrasileira).

Oaumentodonúmerodosdivórcios,adiminuiçãodonúmerodecasamentoseaapariçãodasnovas

entidadesfamiliarestrouxeram-nosumanovarealidade,naqualoqueeraexceçãonopassadoacontece

comfrequência:osfilhossãoeducadosecriadossemqueseuspaismoremjuntos.

E,emboraospaissejamseparados,todossabemosaimportânciaparaodesenvolvimentoharmonioso

dacriança,paraoseunormalcrescimentoafetivo,queestapossaseidentificarcomaquelesqueaamam,

na formaçãode seu caráter, nos seus comportamentos e nas relaçõesquemantêmcomcadaumdeles.

ConformeexpõeSérgioEduardoNick10,“sabemoshojequeémuito importanteparaacriança terem

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menteumcasaldepaisemquemelapossaespelhar-se”.

Estaobrasepropõeaanalisarosinstrumentosedispositivosconstitucionaiselegaisdisponíveispara

minimizar esse conflito familiar pai-mãe-filho, através da guarda compartilhada, notadamente sob o

enfoquedosnovosparadigmasdodireitode família,valorizandooconvíviodo infantecomambosos

genitores,buscandoatenderaoprincípiodomelhorinteressedacriança.

OCapítulo1discorresobreafamília,asuaevoluçãohistóricaeavisãoatualeudemonista.

OCapítulo2tratadoinstitutodopoderfamiliar,suascaracterísticaseseuexercício.

A seguir, no Capítulo 3, será abordado o tema da guarda compartilhada sob o enfoque dos novos

paradigmasaplicáveisaodireitodefamília,notadamentesobaperspectivaconstitucional.

OCapítulo4trataráarespeitodaalienaçãoparentaledasacusaçõesarespeitodeabusosexual,bem

comodasmedidasjudiciaisaplicáveis.

OCapítulo5mencionaassituaçõesnasquaisaguardacompartilhadasemostrainviável.

OCapítulo6trataarespeitodasquestõesfamiliaresnoNovoCódigodeProcessoCivil.

Àguisadeconclusão,serãosistematizadas,deformaobjetiva,astesessustentadasaolongodaobra.

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Capítulo1Afamília

1.1.Aspectosgerais

Reconhecida como a célulamater da sociedade, a família é fundamental para a sobrevivência da

espécie humana. É a referência existencial do ser humano, caracterizando-se pela união de pessoas

vinculadasporlaçosdeafeto(realoupresumido)numcontextodeconjugalidadeouparentalidade11.

Afamíliarespondeanecessidadeshumanasesociaisrelevantes,umavezqueoserhumanonãoexiste

sozinho,masemrelaçãocomoutro,numcomplexosimbólicoesimbiótico.Simbólicoporqueaideiade

famíliaéimportantemesmoquandoseestádistante,poisestápresentecomorealidadequedeterminao

sentidoexistencialdaspessoas,confortandooserhumanopelasimplesconstataçãodequeelenãoestá

só,afetivamente,nouniverso,masquealguémsepreocupacomasuaexistência.Esimbióticoporque

aglomerarelaçõesdereciprocidadeafetiva(nemsempreequivalentes)12.

Comoorganismosocial,que temo seu fundamentonanaturezaenasnecessidadesnaturaisdaunião

sexual,naprocriação,noamormútuo,naassistência,naconfiançaenacooperação,quesãoasrazõesde

suaexistência,a família temnotável influênciadareligião,docostumeedamoral,nosquaisencontra

grandepartedesuaregulamentação.Eantesdejurídico,afamíliaéumfatosociológico.

Avisãodessaorganizaçãofamiliar,dequalquerforma,devesempreconsiderarocaráternacionaldo

direitode família, diantedas especificidadesde cadapaís, asdiversas culturas, civilizações, regimes

políticos, sociais e econômicos, o que repercute diretamente nas relações familiares13, embora as

características principais da família transbordem quaisquer fronteiras, visto que inerentes à condição

humana.

Afamília,conformelecionaMariadoRosárioLeiteCintra,emseuscomentáriosnaobraEstatutoda

CriançaedoAdolescentecomentado14,

éo lugarnormalenaturalde seefetuaraeducação,de seaprenderousoadequadoda liberdade, eondeháa iniciaçãogradativano

mundodo trabalho.Éondeo ser humanoemdesenvolvimento se senteprotegido edeonde ele é lançadopara a sociedade eparao

universo.

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O direito de família nitidamente se destaca e separa dos restantes ramos do direito privado: a sua

história,ofundamentoracionalesocialdosseusinstitutos,aprevalênciadopontodevistaéticonassuas

normas,oreconhecimentodequestõesemocionaisedesobrevivência,bemcomoasuagrandeligação

comodireitopúblico.

João Baptista Villela verifica que: “Assentados os deveres do Estado social em relação à família,

reconhecidaauniãodefato,acolhidoodivórcioepopularizadasuaprática,aConstituiçãode1988,mais

uma vez, consagrou o óbvio e o inevitável: a Família não é apenas o conjunto de pessoas onde uma

dualidadedecônjugesoudepaisestejaconfigurada,senãotambémqualquerexpressãogrupalarticulada

porumarelaçãodedescendência”15edeafeto,acrescenta-se.

TambémassinalaaprofessoraHeloisaHelenaBarboza:

Como se vê está delineado o novo perfil da família,mas a grande pergunta, aquela cuja resposta conterá o rumo a ser trilhado pelo

Direito,aindanãofoirespondida:Qualafunçãoatualdafamília?Seécertoqueelaéabasedasociedade,qualopapelqueaelacumpre

desempenhar,jáquenãotemmaisfunçõesprecipuamentereligiosas,econômicasoupolíticascomooutrora.Qualabasequesedevedar

à comunidade familiar para que alcance a tão almejada estabilidade, tornando-a duradoura? Devemos reunir todas essas funções ou

simplesmenteconsideraroseuverdadeiroetalvezúnicofundamento:acomunhãodeafetos?16

1.2.Brevesconsideraçõessobreaevoluçãohistóricadafamília

A origem da família, como instituição grupal, conforme expõe Guilherme Calmon Nogueira da

Gama17,ébastantecontrovertida,adespeitodeinúmerosestudosepesquisasinvestigatórias.

Consoante estudos de sociólogos, embora a família seja objeto de referência sobre aglomerados

humanos que congregam certo vínculo de união, com relativa duração e sentimento de convívio em

comum, há fortes indícios de que a família não tenha sido o primeiro aglomerado humano, diante da

existência de certas características no grupo familiar que são consideradas inerentes a grupos mais

evoluídosdoqueaqueles formadoscombasesimplesmenteno instintosexual18.Asuaorigemremota

estaria relacionada à promiscuidade sexual originária, segundo Mac Lennan e Morgan19, mas sua

estruturaatualtemcomoreferênciaodireitoromano.

A família, no direito romano, que tanto influenciou a família ocidental, caracteriza-se por ser

rigidamente patriarcal e por constituir um agrupamento que goza de relativa autonomia em relação ao

Estado.OEstadoRomanonãointerferianasquestõessurgidasnoseiodafamília.

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Nodireitoromano,aestruturafamiliarerabaseadanummodeloessencialmentepatriarcal,tendocomo

figura principal da família romana o pater familias, enfeixando em suas mãos todos os poderes

necessáriosàboamanutençãodafamília.

Opaterfamiliaseraochefeabsoluto,sacerdoteincumbidodeoficiaraveneraçãodospenates,deuses

domésticos.Comochefedogrupofamiliar,exercentedopodermarital,tinhadireitosabsolutossobrea

mulher e os filhos, inclusive com direito de vida e morte sobre os últimos, decorrente do jus vitae

necisque.Opaterfamiliaseratitulardojusnoxaedandi,consistentenoabandonoreparatóriodofilho

emfavordavítimaquehouvessesofridoprejuízocomapráticapelofilhodeumilícitoprivado.Podia

tambémexercer o jus vendendi,que era a faculdade de alienar o filho,mediantemancipatio a outro

pater familias.Subespéciedo jusvitaenecisqueerao jusexponendi, faculdadedopater familiasde

abandonar o filho recém-nascido ao seu destino. Só o pater familias tinha patrimônio, exercendo a

domenicapotestas.Amulhereraconsideradainabilitadaparaosnegóciosdavidaforense.Daíacapitis

deminutiodequepadecia,querepercutiunafamíliamoderna20.

Odireito romanonãochegouaconhecero institutodamaioridade,peloqual,nodireitomoderno,o

filho,aoatingirumaidadedeterminada,desvincula-sedopátriopoder.

Com o tempo, as necessidadesmilitares estimularam a criação de patrimônio independente para os

filhos, e, a partir do século IV, como ImperadorConstantino, a concepção cristã da família passou a

exercergrandeinfluêncianodireitoromano,prevalecendopreocupaçõesdeordemmoral.

O direito de família no Brasil sofreu grande influência do direito romano e do cristianismo,

notadamentedeconcepçõesdaigrejacatólica.

ÀépocadoiníciodavigênciadoCódigoCivilde1916,afirmava-sequeomatrimônioeraoassento

básicodafamília21,demodoqueodireitodeveriaocupar-sebasicamentedasrelaçõesfamiliaresque

compreendiamocasamentoeopátriopoder,umavezqueerasobreocasamentoquerepousavaaprópria

sociedadecivil, sendoqueomatrimônioera indissolúvel.Conforme regra jurídicaquealcançounível

constitucional a partir da Constituição de 193422, a família legítima era constituída por meio do

casamento, entendimento seguido pelas Constituições posteriores (193723, 194624, 196725) até a

Constituiçãode1988,querompeucomareferidaconcepção,reconhecendocomofamíliaauniãoestável

entreumhomemeumamulhereacomunidadeformadaporqualquerumdospaiseseusdescendentes.

Comodecorrerdosanos, a famíliavemalcançandocontornosaindamaisamplos,numa interpretação

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extensivadaConstituiçãoFederal26.

PeloCódigoCivilde1916, amulher, ao se casar, tornava-se relativamente incapaz,passandoa ser

assistidapelomaridonosatosdavidacivil.Aomaridocompetiaachefiadasociedadeconjugal,coma

atribuiçãodeestabelecerodomicílioconjugal,administraropatrimôniofamiliar,nestecompreendidos

osbensdocasal,alémderegerapessoaeosbensdosfilhosmenores,namedidaemquedetinha,com

exclusividade,opátriopoder.Aestruturajurídicadafamíliaemmuitoseaproximavadafamíliaromana.

Os direitos concedidos à mulher casada tinham cunho protecionista e lhe atribuíam nítido caráter de

inferioridadenasociedadeconjugal.

Asrelaçõessemcasamentoerammoral,socialecivilmentereprovadas,atingindodiretamenteosfilhos

que eram classificados e consequentemente discriminados em função da situação jurídica dos pais.

Legítimoseramosfilhosconcebidosnaconstânciadocasamento. Ilegítimos,osquenãoprocediamde

justasnúpcias.Distinguiam-seos filhos ilegítimosemnaturais, assimconsideradososquenasciamde

homem emulher entre os quais não havia impedimentomatrimonial, e os espúrios, denominação que

designava aqueles que descendiam de pessoas impedidas de casar, seja por parentesco, afinidade ou

casamento subsistente – filhos adulterinos e incestuosos. Esses últimos não podiam nem sequer ser

reconhecidos27.

Tratava-se de uma família hierarquizada, chefiando omarido amulher e os filhos, no exercício do

poder marital e do pátrio poder. Os filhos, enquanto menores, sujeitavam-se ao pátrio poder,

dispensando-lhesaleicivilproteçãotraduzidanosdeveresinerentesaopátriopoder.Aesposa,somente

em 1962, com o Estatuto daMulher Casada, deixou de ser relativamente incapaz e detinha o poder

doméstico,quelheconferiaumpapelpequenonasociedadefamiliar.

OmodelodefamíliaconstituídonoséculoXIX,queinspirouonossoCódigoCivilde1916,tinhaas

características, segundo leciona a professora Heloisa Helena Barboza28, de nuclear, heterossexual,

monógama,patriarcal,dominadapela figuradopaiqueencarnavaasuahonra,dando-lhenome,sendo

seu chefe e gerente, representando o grupo familiar, cujos interesses sempre prevaleciam sobre as

aspiraçõesdosmembrosqueacompunham.

A Constituição Federal de 1988 trouxe inúmeras inovações na estrutura familiar. E, dentre elas, a

famíliaganhoudestaque,emvirtudedasprofundasmodificaçõesquesofreu.

Enquanto a família presente no Código Civil Brasileiro de 1916 é fundada no casamento, havendo

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distinção quanto aos filhos, com característica essencialmente patrimonialista e patriarcal, a família

contemporânea, fruto da evolução da sociedade e da própria legislação, agora regulada pelo Código

Civilde2002,interpretadoàluzdaConstituiçãoFederalde1988,ébaseadanoamor,napromoçãoda

dignidadedeseusmembros,comoreconhecimentodeoutrasformasoumodelosdeentidadesfamiliares

alémdocasamento,comoasuniõesestáveiseaquelasformadaspelauniãodequalquerdospaisesua

prole (famíliasmonoparentais), reconhecendodireitos iguaisa todosos filhos, sejamelesoriundosou

nãodocasamento,eigualdadeentreohomemeamulher.

Antes de 1988, pouco importava se os membros da família estavam felizes ou não, visto que a

infelicidade não era motivo para a dissolução da sociedade conjugal. A dignidade dos membros da

famíliaeraumdadosecundário.Oque,defato,“setornavarelevanteeraamanutençãodapazdoméstica,

o equilíbrio, a segurança, a coesão formal da família,mesmoemdetrimentoda realizaçãopessoal de

cada um dos seus integrantes, principalmente amulher”29. A subordinação e o sofrimento damulher

seriamrecompensadoscomumvalordemaiorimportância:amanutençãodovínculofamiliar.

Aevoluçãohistóricadafamílianostraz,assim,oafetocomocentrodadiscussãojurídica.

Alémdegarantidaadignidadedapessoahumanaemcadaumdosmembrosquecompõemafamília,

respeitando-se sua individualidade, o respeito à diversidade também se projeta. Reconhece-se um

número não limitado de entidades familiares, nestas incluídas a união estável homoafetiva (Supremo

TribunalFederal–ADPF132-RJ,ADI4.277-DF)eapossibilidadedocasamentocivilentrepessoasdo

mesmo sexo (Resolução 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)). Até mesmo o concubinato

impuro30 vem recebendo proteção do direito.Com a utilização das técnicas de reprodução assistida,

exames precisos de DNA e reconhecimento da filiação socioafetiva, abre-se o caminho para a

pluriparentalidade.

Sãonovasdiscussõesenovasperspectivasdeabordagemdafamíliaqueseapresentamcomodecorrer

dosanos.Enessenovocontextofamiliarasquestõesreferentesàconjugalidadedevemsertratadascom

distinçãoemrelaçãoàparentalidade.

1.3.Aatualvisãoeudemonistadafamília

Aevoluçãododireitodefamília,comaconsagraçãodosprincípiosprevistosnaConstituiçãoFederal,

transformouocasamentoeafamíliaemgeraleminstrumentodefelicidadeepromoçãodadignidadede

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cadaumdeseusmembros,fulcradanorespeitoenarealizaçãopessoaldestes.

Assim, o reconhecimento desse direito à felicidade individual, o princípio da dignidade da pessoa

humanaeaafirmaçãodosdireitosfundamentaisdetodososmembrosdafamília,inclusiveodecrianças

eadolescentes,desaguamnoprincípiodaafetividade,quevemorientandoainterpretaçãodosmúltiplos

aspectosdaregulamentaçãojurídicadavidafamiliar.

Essa busca pela felicidade e realização pessoal é amparada pelo Direito, dando ensejo à visão

eudemonistadafamília.Trata-sedeumconceitomodernoqueserefereàfamíliacomoespaçodebusca

darealizaçãoplenadeseusmembros,caracterizadapelacomunhãodeafetorecíproco,consideraçãoe

respeitomútuoentreosmembosqueacompõem.

Nemsempre,todavia,afamíliaéesseespaçoidealizadodeafetoeharmonia.Éexatamentedentrode

suas próprias casas que mulheres e crianças correm o maior risco de serem “agredidas, estupradas,

ameaçadasemortas”31.Eissoocorreemtodasasclassessociais.

NaavaliaçãodeStelaValériaSoaresdeFariasCavalcanti,

enquantoaviolêncianasruaseocrimeorganizadovêmsendotemasdemuitasdiscussões,essaviolênciadentrodaestruturafamiliaré

aindaintocável,protegidasobomantodosilêncio,pelomitodequetodafamíliaéamorosaeprotetora,nãosendocapazdemaltratarseus

própriosmembros32.

Nessesentido,ointérpreteprecisaestaratentoàssituaçõesdeviolênciadoméstica,nasquaisaruptura

dorelacionamentoéinviabilizadapeloagressor,sejaemrazãodeameaças,perseguiçãooudificuldade

daprópriavítima33.

Afamília,comoespaçodecuidado,afetoefelicidade,pressupõealiberdadedeseusmembros.Nesse

contexto, deveoEstadopromoverpolíticaspúblicasvisandoà segurançadaspessoas contra todas as

formasdeagressão,violaçãoeviolência.Nãosepodepensaremummundomaispacíficoenquantonão

seconseguirgarantiratodosumainfânciaderespeitoeumavidadignajuntoàsuafamília34.

ConformeassinalaBasíliodeOliveira35,sãosignificativasasmudançasetransformaçõesdoconceito

defamília,gerandonovasvertentesdeorganizaçõesfamiliares,ocorridasnasúltimasdécadas,comojá

mencionadoreconhecimento jurídicodasuniõesestáveiseo incrementodefamíliascompostasporum

únicogenitor(paioumãe)comofilhooufilhoscujaguardaassumiu(famíliamonoparental)36.

Nãohá,portanto,comodissertaGuilhermeCalmonNogueiradaGama,

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como negar a existência de profundas transformações no seio da família, não somente sob o prisma externo como também, e,

principalmente,levandoemcontaasrelaçõesinternasmantidasentreospartícipes.Ora,avisãoatualeconsentâneacomarealidadenão

pode olvidar que as uniões formadoras da família espelham a própria formação democrática do convívio em sociedade, sob o prisma

político-ideológico,alémdesefundarememvalorespsíquicoseprópriosdosubjetivismohumano.Ossentimentosdeafeição,decarinho,

de respeito, de compreensão, de comunhão d’almas tomam o lugar dos elementos autoritários, tiranos, materiais, não somente nas

relações entre os partícipes das uniões sexuais, como também no tocante à prole gerada, fruto de sentimentos tão nobres, dignos de

reconhecimento37.

Por sua vez, existe uma prevalência das relações estritamente pessoais e não econômicas sobre as

patrimoniaiseeconômicasnoâmbitodafamília38.

Os novos paradigmas relativos à família consubstanciam-se em um fenômeno mundial, impondo a

alteração da legislação de diversos países39. Conforme ensina Guilherme de Oliveira, professor

catedráticodaFaculdadedeDireitodaUniversidadedeCoimbra,

oDireitodeFamíliatendeaconformar-sesobainspiraçãodeumprincípiodeverdade:asprescriçõesjurídicastendemareconheceras

aspirações,asnecessidadeseasituaçãoreal,biológicaeafectiva,dosmembrosdacomunidadefamiliar.Pensandonodireitomatrimonial,

verifica-se que a alteração mais profunda na concepção da família consiste no reconhecimento de um direito à felicidade individual

conjugal40.

A realização afetiva dos parceiros matrimoniais liberta-se do constrangimento imposto pela ideia

societáriadafamília, tidacomoumentesupraindividual.Naatualidade,o“bemdafamília”resultado

somatóriodobemdecadaumdeseusmembros,dafelicidadequeoagregadofamiliarpodeproporcionar

a cadaum,quepassa a ser “senhor enão servidordaFamília”41.E não se pode esquecer, ainda, os

progressos globais no sentido da dignificação da pessoa humana e da afirmação de seus direitos

fundamentais.

Assim, o reconhecimento desse direito à felicidade individual, o princípio da dignidade da pessoa

humanaeaafirmaçãodosdireitosfundamentaisvêminspirandoolegisladoreorientandoainterpretação

dosmúltiplosaspectosdaregulamentaçãojurídicadavidafamiliar.

Considerandoalegitimidadeelegalidadedodivórcio,estenãopodesignificarpenalidadeouumfardo

insuportáveldeservivenciado.Aproteçãodafamíliaeapreservaçãodadignidadedapessoahumana

em cada um dos membros da família existem não só na família matrimonializada, como também na

famíliamatrimonialdesfeitaenasdemaisformasdeentidadefamiliar.

A criança e o adolescente, qualquer que seja a forma da família em que estejam inseridos, hão de

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sentir-se protegidos, confortados, respeitados, gozando de todos os seus direitos fundamentais. Não

podem ser tratados comoobjeto de disputa, pormero capricho, de pais ou familiares, nemvivenciar,

continuamenteesemperspectivadefim,eternosconflitosentreospais.

Estandoambososgenitoresaptosaexerceropoder familiar,devemestarpresentesnoprocessode

formação do filho, em igualdade de condições para exercerem essemunus, notadamente em face dos

comandosconstitucionaisdeigualdadeprevistosnoart.5º,I,eart.226,§5º.Aseparaçãodospaisnão

podesignificarparaacriançaumarestriçãoaoseudireitoàconvivênciafamiliarnemàsuaintegridade

biopsíquica,cabendoaoEstadocriarmecanismosdeharmonizaçãodafamíliaemconflito.

1.4.Adisciplinacivil-constitucionaldafamília

Embora seja um documento legal, e como tal deva ser interpretado, a Constituição merece uma

apreciaçãodestacadadentrodosistemaemrazãodoconjuntodepeculiaridadesquesingularizamsuas

normas, quais sejam: a superioridade hierárquica, a natureza da linguagem, o conteúdo específico e o

caráterpolítico42.

AsupremaciadaConstituiçãoéanotamaisessencialdoprocessodeinterpretaçãoconstitucional.Eé

esseprincípioqueconfereàCartaMagnaocaráterparadigmáticoesubordinantedetodooordenamento

jurídico. A natureza da linguagem constitucional, própria à veiculação de normas principiológicas e

esquemáticas, faz com que estas apresentem maior abertura, maior grau de abstração e,

consequentemente, menor densidade jurídica. O conteúdo específico significa que grande parte das

disposições materialmente constitucionais foge à estrutura típica das normas dos demais ramos do

direito. Há, em seu interior, normas de direito material (gerando direitos e obrigações), normas de

organização e normas programáticas. A Constituição resulta do poder constituinte originário – poder

político fundamental – representando um momento político na sua essência, mas jurídico no seu

resultado.

A interpretação da Constituição é uma tarefa jurídica, sujeitando-se aos cânones de racionalidade,

objetividadeefundamentação.

Segundo ensinamentos de Peter Häberle, em sua obra Hermenêutica constitucional (A sociedade

aberta dos intérpretes da Constituição: contribuição para a interpretação pluralista e

“procedimental”daConstituição), “no processo de interpretação constitucional estão potencialmente

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vinculadostodososórgãosestatais,todasaspotênciaspúblicas,todososcidadãosegrupos,nãosendo

possível estabelecer-se um elenco cerrado ou fixado com numerus clausus de intérpretes da

Constituição”43.Ainterpretaçãoconstitucionaléaumsótempoelementoresultantedasociedadeaberta

eumelementoformadorouconstituintedessasociedade.

Emmatériadedireitodefamília,aConstituiçãoFederalde1988trouxeinúmerasmodificações44,com

umanovatábuadevaloresainformartodooordenamentojurídico,ainterpretaçãodasleispeloPoder

Judiciárioenovosparadigmasaseremseguidospelolegislador.

Com a nova ordem jurídica implantada pela Constituição Federal de 1988, conforme assinala o

professor Gustavo Tepedino45, o centro da tutela constitucional deslocou-se do casamento para as

relações familiares, que nãomais se esgotam no casamento.A proteção da instituição familiar, como

centrodeproduçãoereproduçãodosvaloresculturais,éticos,religiososeeconômicos,deulugaràtutela

jurídica da família como núcleo de desenvolvimento da personalidade dos filhos e de promoção da

dignidadedeseusmembros.

Efetivamente, os filhos, até 1988, não tinham vida jurídica própria, visto que o seu status jurídico

encontrava-se atrelado à situação civil-familiar dos pais: se estes fossem casados, os filhos eram

legítimos, tendoplenosdireitos;senãocasadososgenitores, ilegítimoseramosfilhos,comdiferentes

direitos,vedadaemalgunscasos(comonafiliaçãoadulterinaeincestuosa)aprópriaaquisiçãodoestado

defilho.

Alterou-se o conceito de unidade familiar, antes considerado aglutinação formal de pais e filhos

legítimosbaseadanocasamento,paraumconceitoflexíveleinstrumental,fulcradonoliamesubstancial

depelomenosumdosgenitorescomseusfilhos,comorigemnãosónocasamento,masemoutrostipos

deentidadesfamiliares,evoltadoparaarealizaçãoespiritualeodesenvolvimentodapersonalidadede

seusmembros,comaequiparaçãodosdireitosedeveresdohomemedamulher.

CoubeàConstituiçãode1988promoveraplenaequiparaçãodosfilhos,desvinculando-osdasituação

jurídica dos pais, que passaram a ter o dever de assistir, criar e educar os filhos menores,

independentementedeseremounãocasados.

A Constituição Federal, centro reunificador do direito privado, consagrou uma nova tábua de

valores46.Oconstituinte,logonoart.1º,III,entreosprincípiosfundamentaisdaRepública,consagrouo

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princípiodadignidadedapessoahumana,trazendocomoconsequênciaanãoadmissãodasuperposição

dequalquerestrutura institucionalà tuteladeseus integrantes.Afamília,embora tenhaampliadooseu

prestígioconstitucional,deixadetervalorintrínseco,comoinstituiçãocapazdemerecertutelajurídica

pelosimplesfatodeexistir,passandoaservaloradademaneirainstrumental,tuteladasomentenaexata

medidaemqueseconstituaemumnúcleointermediáriodedesenvolvimentodapersonalidadedosfilhos

edepromoçãodadignidadedosseusintegrantes.

A isonomiados filhos,maisdoque simplesmente igualardireitospatrimoniais e sucessórios, traduz

umanovatábuaaxiológica,comeficáciaimediataparatodooordenamentojurídico,cujacompreensão

sefazindispensávelparaacorretaexegesedanormativaaplicávelàsrelaçõesfamiliares.

Afinal, até o advento daConstituição de 1988, pelas regras doCódigoCivil de 1916, só omarido

representavaafamília(art.233,I),eraoresponsávelpelosustentodela,administravaosbenscomunse

atémesmoosparticularesdamulhersegundooregimematrimonialadotado(art.233,II),alémdedetero

direitodefixarodomicíliodafamília(art.233,III)eafaculdadedeautorizaramulherapraticaruma

sériedeatosdavidacivil (art.242).Omaridoerao“chefe”da sociedadeconjugal, funçãoquesóa

partirdoEstatutodaMulherCasada(Lein.4.121/62)passouaexercercomacolaboraçãodamulher.O

pátriopodereraexercidopelomarido,cabendoàmãeumafunçãosecundária,cuidandodosfilhosmas

sempoderdedecisãosobreofuturodeles.Emnomeda“pazdoméstica”,oantigoCódigoCivilnegava,

ainda,qualquerproteçãoaofilhoadulterino,quenemsequerpodiaserreconhecido,tratandoosfilhosde

maneiradesigual,dependendodaformacomoforamconcebidos.

A Constituição de 1988 altera o objeto da tutela jurídica no âmbito familiar, antes voltada para a

máximaproteçãodadenominada“pazdoméstica”,funcionalizandoafamíliaparaodesenvolvimentoda

personalidadedeseusmembrosepreservando-atãosomentecomoinstrumentodetuteladadignidadeda

pessoahumana.

OEstado,conformedispõeoart.226,§8º,daCartaMagna,assumearesponsabilidadedeassegurar

assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a

violêncianoâmbitodesuasrelações.

Admite-seodivórciodesvinculadodoconceitodeculpa(art.226,§6º,daCF,comaredaçãodada

pelaEmendaConstitucional66/2010,quenemsequerprevêlapsotemporaldeseparação).Reconhece-

se,aoladodocasamento,entidadesfamiliaresformadaspelauniãoestávelepelacomunidadeformada

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porqualquerdospaiseseusdescendentes.Osdireitosedeveresreferentesàsociedadeconjugalpassam

aserexercidosemigualdadedecondiçõespelohomemepelamulher(art.226,§5º).Osfilhos,havidos

ou não da relação do casamento ou por adoção, têm os mesmos direitos e qualificações, proibidas

quaisquerdesignaçõesdiscriminatóriasrelativasàfiliação(art.227,§6º).

A nova tábua de valores instituída pelaConstituição Federal de 1988 estabelece, assim, no âmbito

familiar, novos critérios interpretativos da legislação infraconstitucional, de modo que a leitura do

CódigoCivilde2002deveserfeitasobessaótica.

Nãosepodeadmitirqualquerinterpretaçãolegalqueprivilegieumdosfilhosemdetrimentodeoutro,

quevisetutelarovínculoconjugalemsacrifíciodealgumdoscônjugesoudosfilhos47ouqueestabeleça

umafastamentodeumdosgenitoresemvirtudedaseparaçãoconjugaloudissoluçãodauniãoestável.

Tantoosdireitosquantoosdeveresdeverãoserexercidosigualmenteentreosconsortes.Todososfilhos

deverão ser tratados de maneira igualitária, cabendo aos genitores assisti-los e zelar por sua boa

formaçãoeducacional.

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Capítulo2Opoderfamiliar

2.1.Definição

Despiciendoérepisaraassertivadequeoinstitutodopátriopodersofreugrandeevoluçãoaolongoda

história,afastando-sedeseucaráterdespóticooriginalparaganharumaconotaçãoprotetivaeconstrutiva

notocanteàprole.

Diante da nova dimensão adquirida pelo aludido instituto, abandonou-se a denominação tradicional

“pátrio poder” ante os resquícios da patria potestas romana, preferindo-se substituí-la por “poder

familiar”48, expressão adotada pelo Código Civil, em 2002, ou “responsabilidade parental”, “poder

parental”,“autoridadeparental”ou“pátriodever”,conformeadoutrinafazreferência.

Conceituandooinstituto,primeiramenteconvémsertranscritooensinamentodograndemestrecivilista

ClóvisBeviláqua49sobaóticadoCódigoCivilde1916,paraquemopátriopoderéo“conjuntodos

direitosquealeiconfereaopaisobreapessoaeosbensdeseusfilhoslegítimos,legitimados,naturais

reconhecidos ou adotivos”. A concepção é ultrapassada, visto que inspirada no conceito patriarcal,

patrimonialistaediscriminativodosfilhos,doantigoCódigoCivil.

WaldyrGrisardFilhonos trazumaexcelentedefinição, de autoria de JoséAntôniodePaulaSantos

Neto:

Opátriopoder é o complexodedireitos e deveres concernentes aopai e àmãe, fundadonoDireitoNatural, confirmadopeloDireito

Positivoedirecionadoao interessedafamíliaedofilhomenornãoemancipado,que incidesobreapessoaeopatrimôniodestefilhoe

servecomomeioparaomanter,protegereeducar50.

OprofessorCaioMáriodaSilvaPereira assimdefineo instituto: “Complexodedireitos edeveres

quantoàpessoaebensdofilho,exercidospelospaisnamaisestreitacolaboração,eemigualdadede

condiçõessegundooart.226,§5º,daConstituição”51.

Opoderfamiliaré,assim,umconjuntodeprerrogativaslegaisreconhecidasaospaisparaacriação,

orientaçãoeproteçãodosfilhosmenoresde18(dezoito)anos.

OrlandoGomes,emsuaobraDireitodefamília52,aduzqueoinstitutoperdeuaorganizaçãodespótica

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inspirada no direito romano, e deixou de ser um conjunto de direitos do pai sobre a pessoa do filho,

amplos e ilimitados, para se tornar um complexo de deveres. Essa evolução orientou-se,

fundamentalmente,emtrêspontos:a)limitaçãotemporaldopoder;b)limitaçãodosdireitosdopaiedo

seuuso;c)colaboraçãodoEstadonaproteçãodofilhomenoreintervençãonoexercíciodopátriopoder

paraorientá-loecontrolá-lo.

ConformeexpõeAnaCarolinaBrochadoTeixeira53,

o antigo pátrio poder tinha como principal escopo a gerência do patrimônio dos filhos, além de sobrelevar seu aspecto formal, de

representaçãoouassistênciadosmenoresparaapráticadeatosjurídicos.Suaessênciaeramarcadamentepatrimonial,poisoprocesso

educacionalnãotinhatantorelevo,umavezqueseperfazianaautoridadepaternaenodeverdeobediênciadofilho.Essaascendência

eranaturaleinquestionada,alémdeserfundamentadanadesigualdadepaterno-filial.

Na atualidade, a concepção do poder familiar é instrumental e democrática, funcionalizada para a

promoção e desenvolvimento da personalidade do filho, visando à sua educação e criação de forma

participativa, com respeito à sua individualidade e integridade biopsíquica, e, sobretudo, pautada no

afeto.

Nessamodernaconcepção,aresponsabilidadeparentalsemoconcomitantecontatoentrepaisefilhos

estaria esvaziadada suaprincipal funçãodepromoçãododesenvolvimentodapersonalidadedo filho

comamor,carinhoeparticipação,poisépeloconvívioquefloresceoamor,quesetrocamexperiências,

sefortalecemosvínculosparentaiseseedificaapersonalidadedofilho54.

Amodernavisãodaautoridadeparentalexigequeospaissefaçampresentesnavidadeseusfilhos

ainda que sejam separados e haja conflito familiar entre eles.Não basta simplesmente pagar umbom

numerário de pensão alimentícia e fiscalizar, ao longe, a criação e educação dada ao filho por uma

terceirapessoa.Éprecisoconvívio,interação,trocadeexperiências,atençãoeresponsabilidadeporter

trazido aomundo um ser humano que não pediu para nascer.As questões patrimoniais adquirem uma

relevânciasecundária,sobrelevandoosaspectosexistenciaisvinculadosàdignidadedapessoahumana,

ocarinhoeaafetuosidadecultivadanocontatocomosfilhos55.

Assim, a educação do filho, como uma das facetas dos deveres decorrentes do poder familiar, não

consiste apenas na obrigaçãode zelar para que ele receba instrução escolar ou profissional.Consiste

também na transmissão de valores morais e éticos. Os pais são responsáveis pela formação de seus

filhos,inclusiveporatosilícitosporelespraticados.Assim,nãobastaaeducaçãoformal,éprecisoque

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o filhosejaeducadoparaviveremsociedade,aprendendoa respeitaropróximo,aagircorretamente,

sendo repreendidopormaucomportamento.Nenhumacriançanasceeducada, sendonecessárioqueos

pais,numesforçoquotidiano,formem-lheocaráterelheinfundambonsprincípios.Comopoderáopai

ouamãeafastadodofilhocontribuirnatransmissãodeseusvalores?Oexemplodospaisdesempenha

umpapelimportantenaformaçãopsíquicadofilho.Asuaparticipaçãonoprocessoeducacionaldofilho

édeverasimportante,aindaquenãosejaperfeita.Muitomaisdoquebônus,aautoridadeparentaléum

ônus, um dever jurídico imposto aos pais na criação dos filhos visando à plena formação espiritual,

educacionalemoraldestes.

Ao contrário do que se observava no modelo original da patria potestas romana, no qual cabia

unicamenteaopateroexercíciodapotestasnafamília,oCódigoCivilBrasileirode1916,emseutexto

original,jáhaviatemperadoaexclusividadedaatuaçãopaterna,dedicandoumrestritoespaçoàmãe.

DuranteoséculoXX,nocursodaevoluçãolegislativaqueveioamodificaroscontornosjurídicosda

família, adicção legaldo instituto foi alterada.Oalcanceda igualdadeentreoscônjuges, introduzido

pelo Estatuto da Mulher Casada (Lei n. 4.121/62), aumentou a esfera de atuação materna, e, na

atualidade, o poder familiar ou parental é exercido em igualdade de condições tanto pelamãe quanto

pelopai.

Essa igualdadeamplaconsagradapelaConstituiçãoFederalde1988,apartirdoquepaiemãe,em

idênticas condições, passaram a atuar para concretizar todos os aspectos da autoridade que lhes é

conferida por força da relação paterno-filial, foi reafirmada nos dispositivos infraconstitucionais

posterioresàConstituição,sejaoEstatutodaCriançaedoAdolescente,sejaoCódigoCivilde2002,

com as atualizações decorrentes das leis sobre guarda compartilhada (Leis n. 11.698/2008 e n.

13.058/2014). Aliás, amãe sempre foi aquela commaior contato com os filhos e responsável direta

pelos cuidados do dia a dia, encarregada por nutri-los, vesti-los e orientá-los,mas destituída, via de

regra,depoderesdecisórios.A igualdadededireitosoperoumudanças tantoparaopaiquantoparaa

mãe.

Os filhos, conforme lecionaLuizEdsonFachin56, não são, nempoderiam ser, objeto da autoridade

parental. Constituem um dos sujeitos da relação derivada do poder familiar, não sendo objetos nem

sujeitospassivos,massimosdestinatáriosdoexercíciodessaincumbênciadospais,namodalidadede

umaduplarealizaçãodeinteressesdofilhoedospais.

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OCódigoCivilportuguêsutilizaaexpressão“responsabilidadeparental”,econsagra,expressamente,

odeverdospaisdevelarpelasegurançaesaúdedosfilhos,proverseusustentoedirigirasuaeducação,

devendo,deacordocomamaturidadedosfilhos,levaremcontaasuaopiniãonosassuntosfamiliares

importantesereconhecer-lhesautonomianaorganizaçãodaprópriavida(art.1.878ºdoCódigoCivil

português).Consigna,ainda,edemaneiraexpressa,queospaisnãopodeminjustificadamenteprivaros

filhosdoconvíviocomosirmãoseascendentes(art.1887-A).

Aautoridadeparental,dessaforma,traduzumarelaçãonaqualpaiemãedirigemseusesforçospara

proporcionaraosfilhostodasascondiçõespossíveisenecessáriasdecriaçãoedesenvolvimentodesuas

personalidades,direcionadanointeresseexclusivodofilho,servindocomomeiodeprotegê-loseeducá-

los.

De qualquer forma, o poder familiar é um conjunto de prerrogativas inerentes à maternidade e à

paternidade que não surge com o nascimento do filho, mas com o seu registro civil. O filho não

reconhecidopelopai,naformadoart.1.633doCódigoCivil, ficasobopoderfamilliarexclusivoda

mãe.

2.2.Características

Opoder familiarouautoridadeparental, conformedissertaCarlosAlbertoBittar57, consiste emum

conjunto de prerrogativas legais reconhecidas aos pais para a criação, a orientação e a proteção dos

filhos, durante a respectiva menoridade, cessando com o implemento da idade58 ou com a

emancipação59.Éirrenunciável60,inalienáveleimprescritível.

É caracterizadomais como ummunus legal do que propriamente um poder, e por isso as críticas

existentesàexpressão“poderfamiliar”pois,concomitantementeaocomplexodeprerrogativassobrea

pessoaeosbensdosfilhos,correspondeaosdeveresdecriação,educaçãoesustento.Éfunçãoexercida

no interesse dos filhos, diante da personalização operada namatéria e do reconhecimento de direitos

própriosdosfilhos.Émissãoconfiadaaospaisparaaregênciadapessoaedosbensdosfilhos,desdea

concepção à idade adulta, que representa mais um ônus do que privilégios, daí a expressão “pátrio

dever”.

Emregra,comosistemadeproteçãoedefesadosfilhos,opoderfamiliarduraportodooperíododa

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menoridade.Todavia,háhipótesesemquepodesersuspenso,destituídoouextintoantesdamaioridade.

Asuspensãoétemporáriaeadmitereintegração.Dá-sepordecisãojudicial61,quandoopaiouamãe

abusaremdeseupoder,faltandoaosseusdeveresouarruinandoosbensdosfilhos,assimquandoopai

ouamãeforemcondenadosporsentençairrecorrívelemcrimecujapenaexcedadoisanosdeprisão.A

regra,determinadapeloart.394doCódigoCivilde1916,foimantidapeloart.1.637doCódigoCivilde

2002. Havendo motivo grave, a suspensão do poder familiar poderá ser decretada liminar ou

incidentalmente,atéojulgamentofinaldacausa(art.157doECA)ounashipótesesdealienaçãoparental

grave(art.6º,VII,daLein.12.318/2010).

Adestituiçãoédefinitivaeocorrequandoumouambosospais incidememfaltagraveaosdeveres

inerentesàautoridadeparental,consistentenocastigoimoderadodofilho62,abandonodeste63,prática

de atos contrários à moral e aos bons costumes64, ou incidir reiteradamente em abuso ou falta dos

deveres inerentes à autoridade parental (art. 395 do Código Civil de 1916 e 1.638 do Código Civil

atual),descumprindoosdeveresdesustento,guardaeeducação(art.22doECA).Afaltaoucarênciade

recursosmateriaisnãoconstituimotivosuficienteparaperdaouasuspensãodopoderfamiliar(art.23do

ECA).Acondenaçãocriminaldopaioudamãenãoimplicaráadestituiçãodopoderfamiliar,excetona

hipótesedecondenaçãodecrimedoloso,sujeitoàpenadereclusão,contraoprópriofilhooufilha(art.

23§2º,doECA,incluídopelaLein.12.962/2014).

A destituição do poder familiar, assim como a suspensão, só pode ser determinada por decisão

judicial.Oprocedimento é obrigatoriamente sujeito aoPoder Judiciário, comas garantias efetivas do

contraditórioeampladefesa65,exigindo-secitaçãopessoal,salvoseesgotadostodososmeiosparasua

realização (art.158,§§1ºe2º, doECA)enão forpossível localizarogenitor, oportunidadenaqual

ocorreráasuacitaçãoporedital.

A suspensão ou destituição não afeta o dever de prestar alimentos ao filho, pois se trata de uma

penalidadeimpostaaogenitor.Assim,emboranãoexistanormaexpressaarespeito66,todaasistemática

de nosso direito indica que o dever subsiste, visto que a sanção imposta ao genitor não poderia

prejudicar a criança ou o adolescente. Ainda que destituído o genitor do poder familiar, o dever de

prestar alimentos somente cessa se a criança ou adolescente for adotada, substituindo-se a figura

parental,ocasiãonaqualextinguir-se-áopoderfamiliaroriginal.

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Aextinçãodecorredamortedeumdospolosdarelaçãojurídica,daemancipaçãodoinfante,desua

adoção (nesse último caso é necessária a destituição do poder familiar dos pais biológicos, se

conhecidos67,porsentençapréviaouconcomitanteaoprocessojudicialdaadoção,ouaconcordância

deles68)edamaioridade69.

A paternidade ou maternidade socioafetiva, aliada ao abandono do genitor biológico, faz nascer o

legítimointeressenaaçãodedestituiçãodopoderfamiliarparafinsdeadoção70.

O poder familiar não se extingue com a separação, o divórcio ou dissolução da união estável. A

autoridadeparentalprevalece,emigualdadedecondiçõesparaambosospais,duranteocasamento,ena

famíliamatrimonialdesfeita, assimcomoemqualquermodelo adotadode família, sendonecessárioo

ajuizamentodeaçãodedestituiçãodopoderfamiliar(ouexpressacondenaçãocriminal)paraaretirada

dessaautoridadeparental.

2.3.Doexercíciodopoderfamiliar

Aantigaconcepçãodo“pátriopoder”,vistocomoumpoder-sujeição,nasliçõesdePietroPerlingieri,

estáemcrise,porque,emumavisãodeigualdade,participativaedemocráticadacomunidadefamiliar,a

sujeiçãonãomaiséadmitida.Arelaçãodaautoridadeparental“nãoémaisentreumsujeitoeumobjeto,

masumacorrelaçãodepessoas,ondenãoépossívelconceberumsujeitosubjugadoaoutro”71.

Ao lado da equivalência de atuação dos genitores e da maior participação do filho, na moderna

concepçãodemocráticadafamília,dentrodaqualaopiniãodosfilhostemsidoconsideradapornossos

Tribunais72, informado ainda pelos princípios constitucionais balizadores da família igualitária e

eudemonista,oinstitutovemassumirmaisumafunçãoeducativaquepropriamentedegestãopatrimonial,

eéummunusfinalizadoàpromoçãodaspotencialidadescriativasdosfilhos.

Cuida-sedeproporcionaràcriançatodososmeiosnecessáriosparasuacompletaformação,passando

necessariamente pela instrução básica e preparação para todos os aspectos da vida, desde os mais

simples aos mais complexos. Essa noção de educação consiste em participar da vida do filho,

protegendo-o,dando-lheliberdade,colocandolimitesemsuasações,respeitando-oeportando-secomo

exemplo.

O exercício irregular do poder familiar pelo pai ou pela mãe pode ensejar a aplicação da multa

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previstanoart.249doEstatutodaCriançaedoAdolescente73,alémdeoutrasmedidas74comoaperda

daguarda,previstanoart.129,VIII,domesmodiplomalegal75.Conformejáexposto,opoderfamiliar

consiste em um munus, um poder-dever exercido em favor e no interesse do filho, que impõe aos

genitores o dever deprestar-lhe assistência, respeitá-lo, zelar por sua educação e integridade física e

psíquica,alémdeproporcionar-lhetodaaproteçãopossívelparaomaiscompletodesenvolvimentodo

infante.

Comrelaçãoàpessoadosfilhosmenores,competeaambosospais,qualquerquesejaasuasituação

conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em (art. 1.634 do Código Civil, com a

redaçãodadapelaLein.13.058/2014):

I–dirigir-lhesacriaçãoeeducação;II–exerceraguardaunilateraloucompartilhadanostermosdoart.1.584;III–conceder-lhesou

negar-lhesconsentimentoparacasarem;IV–conceder-lhesounegar-lhesconsentimentoparaviajaremaoexterior;V–conceder-lhes

ounegar-lhesconsentimentoparamudaremsuaresidênciapermanenteparaoutroMunicípio;VI–nomear-lhestutorportestamentoou

documento autêntico, se o outrodospais não lhe sobreviver, ouo sobrevivonãopuder exercer o poder familiar;VII – representá-los

judicial e extrajudicialmente atéosdezesseis anos,nosatosdavidacivil, e assisti-los, apósessa idade,nosatos emque forempartes,

suprindo-lhesoconsentimento;VIII–reclamá-losdequemilegalmenteosdetenha;IX–exigirquelhesprestemobediência,respeitoeos

serviçosprópriosdesuaidadeecondição.

Entreospoderes/deveresdospais,portanto,estão:aguardadosfilhos76,aresponsabilidadesobrea

educaçãodestes,odeferiroconsentimentomatrimonial,cujadenegaçãoadmiteosuprimentojudicial,a

nomeaçãodetutor,arepresentaçãoseforocasodeabsolutamenteincapaz,aassistênciaserelativamente

incapaz,aboaadministraçãoeusufrutodosbens,a responsabilidadecivilporatos ilícitospraticados

pelofilho77,odeverdezelarparaqueofilhonãosejaencontradoemsituaçãoderisco78etc.

A autoridade parental é exercida, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe79, cabendo a

qualquerumdelesrecorreraoPoderJudiciárioparaasoluçãodedivergência(CódigoCivil,art.1.631,

parágrafo único).A separação ou o divórcio dos pais não altera a responsabilidade parental (Código

Civil, art. 1.579). Conforme leciona Carlos Alberto Bittar, é de ambos o exercício, em paridade de

condições,sobocontrolejudicial(Lein.8.069/90,art.22),nãosealterandoasrelaçõescomosfilhos

emrazãodaseparaçãodospais,senãoquantoaodireitodetê-losemsuacompanhia80(CódigoCivil,

art.1.632).

Nodireitoargentino,conformeconstadoart.264,inc.2º,doCódigoCivil,“lapatriapotestapertenece

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alpadreomadrequeejerzalegalmentelatenencia”81.Nessepaís,aseparaçãooudivórcioimplica,em

regra,aperdadepartedopoderfamiliarparaogenitorquenãoexerceaguardadofilho.Aseparaçãoou

divórcioacarreta,assim,aatribuiçãodaguardadofilhoasomenteumdospais,quepassaaexercera

denominada “tenencia” e o exercício do poder parental, sendo o genitor contínuo, que goza do tempo

principaldacriança.Onãoguardiãodetémtãosomente“eltiemposecundario”,elheassiste“elderecho

detenercomunicaciónconsuhijoycontrolarsuconductayeducación”82.

NaArgentina,dequalquerforma,épossívelquehajaoexercíciocompartilhadodaautoridadeparental

desde que seja estabelecido entre os pais, não havendo vedação legal para a estipulação da guarda

compartilhada,conformedissertaMauricioLuisMizrahi:

Delosarts.206,parte2ª;231,párr.2º;264,inc.2º,y271del.Cód.Civil,surgiriaquelaleyvigentesoloháprevistolaguardauniparental.

PerodelodichonoeslícitodeducirqueelCódigoprohíbaqueloscónyugesdivorciados“compartan”latenenciadesushijos,sobretodo

porquenoresultaindispensableunaexpresanormaautorizante.

Detodosmodos,creemosquehaperdidoimportanciaeldebateacercadesilaguardaalternadapuedeserdispuestaoconvenidaatenor

delospreceptosdelCódigoCivil;ellohabidacuentalasdisposicionesdelaConvenciónsobrelosDerechosdelNiño(art.3º,1).Esdecir

quelacuestiónsedesplazaahoraadeterminarencadacasosiaquellaformadetenenciapreservalosinteresesdeloshijos,yunicamente

enfuncióndeestecriteriorectorlostribunaisestaránllamadosadecidir...

Nos parece que un asunto previo a resolver es cuándo debemos interpretar que estamos ante una guarda alternada. El punto reviste

importanciaantelanecesidaddediscerniraquiéncorrespondeatribuirenelcasoconcretoelejerciciodelapatriapotestad.Enefecto,

porelart.264,inc.2º,del.Cód.Civil,dichoejerciciopertenece“alpadreomadrequeejerzalegalmentelatenecia”.Demaneraquesilos

exespososhanconvenido–oháresueltoeltribunal–unsistemadeguardacompartida,aambososprogenitoresentoncescorresponderá

imputarelejerciciodelapatriapotestad83.

Em Portugal, após a ruptura da sociedade conjugal, as responsabilidades parentais relativas às

questõesdeparticular importânciaparaavidado filhosãoexercidasemcomumporambos, salvono

caso de urgência manifesta, em que qualquer dos genitores pode agir sozinho, devendo prestar

informações ao outro logo que possível (art. 1906º, 1). O exercício das responsabilidades parentais

relativas aos atosdavida correntedo filhocabeaoprogenitor comquemele residehabitualmenteou

àquelecomquemseencontra temporariamente,masestenãodevecontrariarasorientaçõeseducativas

maisrelevantesdefinidaspelogenitorcomquemofilhoresidehabitualmente(1906º,3).OTribunal,de

qualquer forma, deve promover e aceitar acordos ou tomar decisões que favoreçam amplas

oportunidades de contato com ambos os progenitores e partilha de responsabilidades entre eles (art.

1906º,7,doCódigoCivilportuguês).

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NaItália,emregra,opoderparentalédeferidoàquelequeexerceaguarda,comagarantiadequeo

outrogenitorpoderáinterferirnasdecisõesdemaiorinteresseparaofilho(arts.155e317doCódigo

Civilitaliano).Háapossibilidade,dequalquerforma,deoMagistradodeferiraambososgenitoreso

exercíciodopoderfamiliar84.

NaFrança,emregra,aautoridadeparentalnãosealteracomaseparaçãodospais,demodoqueseu

exercíciocontinuarácomambososgenitores(art.373-2doCódigoCivilfrancês).Todavia,estepoderá

ser deferido a somente um dos genitores, a critério do Juiz, no interesse da criança (art. 373-2-1 do

CódigoCivilfrancês).AssimdispõeoCódigoCivilfrancês:

Art.373-2.Laséparationdesparentsestsansincidencesurlesrèglesdedévolutiondel’exercicedel’autoritéparentale.

Chacundespèreetmèredoitmaintenirdesrelationspersonnellesavecl’enfantetrespecterlesliensdecelui-ciavecl’autreparent.Tout

changementderésidencedel’undesparents,dèslors’quílmodifielesmodalitésd’exercicedel’autoritéparentale,doitfairel’objetd’une

information préalable et em temps utile de l’autre parents. Em cas de désaccord, le parent le plus diligent saisit le juge aux affaires

familialesquistatueseloncequ’exigel’intérêtdel’enfant.Lejugerépartitlesfraisdedéplacementetajusteenconséquencelemontant

delacontributionàl’entretienetàl’educationdel’enfant.

Art.373-2-1.Sil’intérêtdel’enfantlecommande,lejugepeutconfierl’exercicedel’autoritéparentaleal’undesdeuxparents.

Emnossopaís,odivórciodospais,comaatribuiçãodaguardadacriançaasomenteumdosgenitores,

não priva o genitor não guardião do exercício da autoridade parental. Este pode, juntamente com o

guardião,tomardecisõessobreofuturodofilho,cabendoaqualquerdelesrecorreraoPoderJudiciário

nahipótesededivergência.

Atitularidadeeoexercíciodaautoridadeparental,umavezexistentesnaesfera jurídica,constituem

regrageral.Osgenitoresdesempenhamospapéisdepais,qualificadospelaautoridade,atéqueosfilhos

atinjamamaioridadecivil.Qualquermodificaçãonessa regradequeaautoridadeparentaléexercido

porambosospaisconfiguraexceçãoeexigepronunciamentoespecífico85.

Onãoguardiãoestáemigualdadejurídicaparaoexercíciodopoderparental,poisestáprivadotão

somentedocontatodiáriocomseufilho.Este,etãosomenteeste,éofatoquedificultaoexercíciopleno

daautoridadeparentaldonãoguardião,sendooinstitutodaguardacompartilhadaummecanismoparao

plenoexercíciodopoder familiar, resgatandoo interesse e a autoestimadogenitornãoguardiãopara

colaborarnaeducaçãodeseufilho,participandoativamentedeseudiaadia.

ConformeexpõeEduardodeOliveiraLeite,aseparaçãoouodivórcioseparamaridoemulher,mas

nãoanulaoslaçosquevinculamospaisaseusfilhos,demodoquearupturadocasalnãotemocondão

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deprovocara rupturados laços jurídicosdafiliação,quepersistemimutáveis, independentementedos

acontecimentos86.

2.4.Princípiodaigualdadeentreospais

Entre um dos novos princípios consagrados expressamente pela Constituição Federal encontra-se o

princípiodaigualdadeentreohomemeamulher,e,portanto,entreospais,oquedeveserinterpretado

soboseuprismasubstancial,enãomeramenteformal.

Tal princípio vem estabelecido logo no início da Carta Magna, no Título referente aos direitos e

garantiasfundamentais(art.5º,I,daCF),aoassegurarigualdadededireitoseobrigaçõesentrehomense

mulheres,etambémnoCapítuloespecíficoquetratadafamília,dispondooart.226,§5º:“Osdireitose

deveresreferentesàsociedadeconjugalsãoexercidosigualmentepelohomemepelamulher”.

Essa igualdade entre os pais deve levar em consideração as diferenças de gênero homememulher,

notadamente no mercado de trabalho, nas diferenças físicas e questões emocionais, com vistas a

promover um equilíbrio e o reconhecimento de uma igualdade substancial, com vistas à proteção,

inclusive,contraaviolênciadoméstica.

OCódigoCivildispõenoart.1.511:“Ocasamentoestabelececomunhãoplenadevida,combasena

igualdadededireitosedeveresdoscônjuges”.

Conforme lecionaLuizEdsonFachin87, aConstituição de 1988 estabeleceu a direção diárquica da

famíliaàluzdaigualdade,contrapondo-seàdireçãounitáriaconsagradapeloCódigoCivilde1916.

No Código Civil de 1916, a família era matrimonializada, hierarquizada, patriarcal e de feição

transpessoal.Omaridoestabeleciaodomicílioda família,coerentecomadireçãounitáriadomodelo

familiar, era o chefe da sociedade conjugal, comodever de sustento damulher e da prole, titular do

poder marital e do quase ilimitado pátrio poder. O vínculo matrimonial era indissolúvel, com a

subordinação da mulher casada ao cônjuge varão, exercendo este a chefia da sociedade conjugal de

maneiracentralizada,comexcessivospoderesdefinidoresdopátriopoder.

A Constituição de 1988 altera o objeto da tutela jurídica no âmbito familiar, conforme já exposto,

funcionalizandoa famíliaparaodesenvolvimentodapersonalidadede seusmembrosepreservando-a

tão somente como instrumento de tutela da dignidade da pessoa humana. Surge um novo conceito de

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família, baseada na pluralidade familiar (não apenas amatrimonialização define a família), igualdade

substancial(enãoapenasformal),direçãodiárquicaedetipoeudemonista.

O vínculo matrimonial, só por si, não há de ser resguardado, senão como instrumento de

desenvolvimentodapersonalidadedoscônjugesedosfilhos.Adireçãodafamíliaéexercidaigualmente

pelomaridoepelamulher.

O Código Civil, no art. 1.567, dispõe que “a direção da sociedade conjugal será exercida, em

colaboração,pelomaridoepelamulher,semprenointeressedocasaledosfilhos”.Oparágrafoúnico

estabeleceque,havendodivergência,qualquerdoscônjugespoderárecorreraojuiz,quedecidirátendo

em consideração aqueles interesses. O art. 1.568 determina que ambos os cônjuges são obrigados a

concorrer,naproporçãodeseusrecursos,paraosustentodafamíliaeeducaçãodosfilhos,qualquerque

seja o regime patrimonial. E o art. 1.569 prevê, em consonância com o princípio constitucional de

igualdade, que o domicílio do casal é escolhido por ambos os cônjuges, e não, como outrora,

estabelecidopelomarido(art.233,III,doCódigoCivilde1916).

Apossibilidade de acrescer o sobrenomedo outro, em tese já permitida pela igualdade de direitos

estabelecida pelaConstituiçãoFederal de 1988, foi expressamente consagrada no art. 1.565, § 1º, do

CódigoCivil.

A igualdade de direitos também está presente no exercício da responsabilidade parental, que é

praticadaemigualdadedecondiçõestantopelamãequantopelopai,separadosounão.

Situações de violência doméstica, contudo, dificultam o exercício igualitário de direitos e deveres

entre o homem e a mulher. A fragilidade feminina é fato incontroverso, que muitas vezes dificulta o

rompimento conjugal. BárbaraMusumeci Soares ressalta fatores que dificultam a separação, como o

isolamentodamulher,aviolênciaintercaladaporpedidosdeperdão,anegaçãosocialouminimização

doproblemapelosprofissionais,oriscodeassassinato,aausênciadeautonomiaeconômicadamulher,

entreoutros88.

Nãobastareconhecerdireitosiguaisentrehomensemulheressemcriarmecanismosdeefetivação.

Assim, o direito de família precisa estar atento às vulnerabilidades dos membros da família,

equilibrandoospapéisparentais,comenfoquenaproteçãocontraaviolênciaeprioridadenointeresse

dascrianças.

Certodesequilíbrioemocionaldemulheresvítimasdeviolênciaoumenorremuneraçãodasmulheres

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não pode ser fundamento para privá-las da guarda dos filhos.Mecanismos de apoio oferecidos pelo

Estado e pagamento de alimentos pelo varão à ex-mulher com vistas a reequilibrar a desigualdade

existente não afrontam o princípio da igualdade, que deve ser visto sob o enfoque substancial e não

meramenteformal.

Aigualdadededireitospressupõequeambosospaisestejampresentesnaformaçãodofilho,tendoo

legisladordadopreferênciaàguardacompartilhada,conformeserámaisadianteexplanado.

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Capítulo3Aguardacompartilhada

3.1.Aguarda

Estaobrafocalizaaguardadecorrentedasrelaçõesentrepaisefilhos,inseridanodireitodefamília,

não tratando da guarda decorrente da colocação da criança em lar substituto, prevista nos arts. 33 e

seguintesdoEstatutodaCriançaedoAdolescente.

Assim,comoprimeiraabordagem,fala-searespeitodaguardanatural,quedecorredoreconhecimento

dofilho,naformadoart.1.612doCódigoCivil.Aoefetuaracertidãodenascimentodofilho,amãe,o

pai ou ambos garantem-lhe o direito ao nome, à nacionalidade, vínculos familiares e direitos daí

decorrentes,bemcomotornam-setitularesdopoderfamiliar.Aguardanaturaléatributodecorrentedo

poderfamiliar89,comprevisãonoart.1.634,II,doCódigoCivil.Ofilhonãoreconhecidopelopai,na

formadoart.1.633doCódigoCivil,ficasobopoderfamiliarexclusivodamãe.

Nomodelo de família constituída pelo casamento ou pela união estável, no qual o casal divide os

direitoseobrigações relativamenteaos filhos, falamosemguardacomumouconjunta,quedecorredo

deverconjugaldesustento,guardaeeducaçãodosfilhos(arts.1.566,IV,e1.724doCódigoCivil).

Quandoospaisnãomoramjuntos,sejaporquenuncamoraramousesepararam,usamosaterminologia

“guardaunilateral”ou“guardacompartilhada”parasereferiraomodelodecuidadoeresponsabilidade

emrelaçãoàcriançaouaoadolescente.

Aguardaunilateraléaquelaatribuídaaumsódosgenitoresouaalguémqueosubstitua.Eaguarda

compartilhadaéaresponsabilizaçãoconjuntaeoexercíciodedireitosedeveresdopaiedamãequenão

vivamsobomesmoteto,concernentesaopoderfamiliardosfilhoscomuns(art.1.583doCódigoCivil).

De maneira geral, a guarda, independentemente de ser guarda comum, unilateral ou compartilhada,

conformeexpõeSilvanaMariaCarbonera,é

um instituto jurídicoatravésdoqual seatribuiaumapessoa,oguardião,umcomplexodedireitosedeveresa seremexercidoscomo

objetivode proteger e prover as necessidades de desenvolvimentode outra quedele necessite, colocada sob sua responsabilidade em

virtudedeleioudecisãojudicial90.

GuilhermeGonçalvesStrengerforneceaseguintedefinição:“Guardadefilhosoumenoreséopoder-

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deversubmetidoaumregimejurídico-legal,demodoafacultaraquemdedireitoprerrogativasparao

exercíciodaproteçãoeamparodaquelequealeiconsiderarnessacondição”91.

J.M.LeoniLopesdeOliveiraassimadefine:“Aguardaéumconjuntodedireitosedeveresquecertas

pessoasexercem,pordeterminaçãolegal,oupelojuiz,decuidadopessoaleeducaçãodeummenorde

idade”92.

Aguarda,dessaforma,

consistenumcomplexodedireitosedeveresqueumapessoaouumcasalexerceemrelaçãoaumacriançaouadolescente,consistindo

namaisamplaassistênciaàsuaformaçãomoral,educação,diversãoecuidadosparacomasaúde,bemcomotodaequalquerdiligência

que se apresente necessária ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades humanas,marcada pela necessária convivência sob o

mesmoteto,implicando,inclusive,naidentidadededomicílioentreacriançaeo(s)respectivo(s)titular(es)93.

Outrossimplesmenteadefinemcomoumconjuntoderelaçõesjurídicasqueexistementreumapessoae

ummenorde18(dezoito)anos,dimanadosdofatodeestarestesobopoderecompanhiadaquela,eda

responsabilidadedaquelaemrelaçãoaeste,quantoàvigilância,direçãoeeducação.

Aguarda,examinadasobaperspectivadopoderfamiliar,étantoumdevercomoumdireitodospais:

dever pois incumbe aos pais criar e educar os filhos, sob pena de estarem deixando o filho em

abandono94;direitonosentidodeospaisparticiparemdocrescimentodosfilhos,orientá-loseeducá-

los,exigindo-lhesobediência,podendoretê-losnolar,conservando-osjuntoasi,sendoindispensávela

guardaparaquepossaserexercidaavigilância,umavezqueogenitorécivilmenteresponsávelpelos

atosdofilho.

Comodecorrênciadopoderfamiliar,“ospaistêmodireitoàconvivênciacomosfilhoscomoformade

realizaçãoecrescimentopessoal,concretizadonoscuidadoseeducaçãodosmesmos”95.

A guarda, todavia, não é da essência do poder familiar, podendo ser deste destacada e atribuída a

somente um dos genitores ou atémesmo a terceiros96, dando ensejo à denominada guarda unilateral,

únicaouexclusiva.

Conforme destaca Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel, há que se fazer a distinção entre

guardaecompanhia:“enquantoaguardaéumdireito/dever,acompanhiadizrespeitoaodireitodeestar

junto,convivendocomofilho,mesmosemestarexercendoaguarda”97.

Assim,nemsempreofilhovivesoboscuidadosdeambososgenitores,notadamentenashipótesesde

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divórcio, separação judicial ou separaçãode fato dos pais, situaçãona qual é comum seja adotadoo

sistemadaguardaúnicaouunilateral.

Essaguardaunilateral,tradicionalmenteadotadapelosTribunaispátrios,contudo,viaderegra,trazo

inconvenientedeafastarooutrogenitordoconvíviocomofilho,exacerbandoospoderesdoguardiãoem

relaçãoàeducaçãoecriaçãodoinfante.

As visitas quinzenais típicas dos arranjos jurídicos relativos à guarda unilateral trazem um efeito

perniciososobreorelacionamentopais-filhos,umavezquepropiciamumafastamento,tantofísicocomo

emocional,devidoaangústiasemfacedosencontroseseparações,levandoaumdesinteressedefensivo

dogenitornãoguardiãodeestabelecercontatocomosfilhos98.

LeilaMariaTorracadeBrito99,professoradoInstitutodePsicologiadaUniversidadedoEstadodo

Rio de Janeiro e do Curso de Especialização em Psicologia Jurídica, citando pesquisas de diversos

autores nacionais e estrangeiros, verificou que muitos pais acabam por desaparecer da vida de seus

filhospornão suportaremosdesentendimentos intermináveis coma ex-esposa epornãoconcordarem

comopapeldepaiseventuaisaquesãorelegados.Amaioriadascriançasfilhasdepaisseparadosesob

a guarda única acaba por perceber de forma mais positiva o genitor que detém a guarda, fazendo

“alianças” comele e tendo a visão do outro comoumvilão.Na realidade, “não existemmães e pais

ideais, só existem mães e pais presentes e ausentes e, certamente, sempre é melhor que estejam

presentes”100.

Diversassãoascríticasaosistemalegaldeimposiçãodaguardaunilateral,eentreelas101existea

contestação à primazia reconhecida àmãe em relação ao direito de ser sempre detentora legítima da

guarda(oquesósejustifica,deformagenérica,nostrêsprimeirosanosdevidadacriança)102,ofatode

queadesigualdadeentreoscônjugesfoiexpulsadoordenamento jurídico,a redistribuiçãodospapéis

familiares,comoacessodamulheraomercadodetrabalhoeoredimensionamentodapaternidadenuma

estruturaqueapenaslheasseguravaumafunçãosecundária.

Convém ser transcrita a manifestação de uma mãe guardiã, extraída de trabalho publicado pela

professora LeilaMaria Torraca de Brito103, na obra Temas de psicologia jurídica, em que aquela,

contandocom46anosenívelsuperior,assimdeclarou:

Quandome separei fiquei com a guarda de meus filhos, que eram pequenos, e só deixava meu ex-marido vê-los nos dias de visita

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estabelecidosjudicialmente.Elesemprefoimuitocarinhosocomascrianças,maseuestavacommuitaraivaenãooqueriaporperto,por

issoacabeiafastandooconvíviodascriançascomele.

ConformeexpõeEduardodeOliveiraLeite104,

talvez,de todasasmudançassentidas,aqueprovocaimpactomaiornaquestãoderesponsabilidadeparental,aredescobertado“amor

paterno”sejaamaisimportante.Os“novospais”,porqueenvolvidosnumapaternidademaispróximaaseusfilhos(enãoapósumacerta

idade, como ocorria até recentemente), reclamam cada vez mais o seu papel nas famílias desunidas, e não se contentam com as

“migalhas”quelhessãoatribuídasporumatitularidadedeautoridadequeencontraóbicesnoexercíciocotidianodapaternidade.

A ruptura da sociedade conjugal não precisa, necessariamente, vir acompanhada de frustração e

incompatibilidade105, com um dos genitores na posição de vencedor, titular da guarda única ou

unilateral,compoderesdefatoparaestarpermitindoedeterminandocomosedaráavisitaçãodooutroe

prerrogativaspara,representandoofilho,ingressarcontraooutronaJustiçaparaafixação(quantomaior

melhor)dapensãoalimentíciaeque,muitasvezes,nãotraduzasreaispossibilidadesdonãoguardião,

dandoensejoaincidentescomoaprisãocivildele106.Muitossãoosquestionamentos,nãosónacionais

comoestrangeiros,arespeitodessesistema.OsEstadosUnidos,quecontêmgrandenúmerodeadeptos

daguardacompartilhada,jápossuemlegislaçãoexpressaemváriosEstadosdandopreferênciaàguarda

compartilhada,sendousuaisascríticasaosistemadeguardaúnica.Arespeitodoassunto,convémser

transcritoumcomentárioretiradodeumsitejurídicoamericano107:

Punitivefinancialarrangements;oftentimesunreasonable,oreven impossible,childsupportawardswhichdonotconsider the individual

needsofthefamiliesinvolved.Duetotheaforementionedconflictofinterest,famillycourthasavestedinterestinmaximizingthechild

supportaward,ratherthanmaximizingthechild’sacesstobothparents.Currentlawsarewritteninsuchawaythatchildsupportwerean

adequatereplacementforalovingparent108.

Éumafrustração,ademais,paraogenitornãoguardiãonãopoderprestaralimentosaseusfilhosde

maneira direta. Via de regra, o numerário da pensão alimentícia, já fixado no limite máximo do não

guardião,deveserdepositadointegralmentenacontacorrentedoguardiãodomenor,vedando-seaonão

guardiãoapossibilidadede,emsuadefesanaexecuçãodealimentos,abaterdototalpagamentosfeitos

diretamenteembenefíciodofilho109.

Assim,paraonãoguardião,oexercíciodopoder familiarpraticamente se resumeaopagamentoda

pensãoalimentícia,aodireitodevisita(normalmenteinsuficienteparagarantirumbomconvíviodonão

guardiãoeseufilho)eaopoderdefiscalizaraguardaexercidapelooutro(CódigoCivil,art.1.583,§

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5º).

Ressalte-sequeodireitodevisitaeopoderdefiscalizaraguardasãoatributosnãonecessariamente

decorrentesdaautoridadeparental.Odireitodevisitaéextensívelaqualquerparente,comotioseavós

(CódigoCivil,art.1.589,parágrafoúnico),eatémesmoa terceirosnãoparentesquepossuamvínculo

afetivo com a criança110, como as figuras da madrasta ou do padrasto, que, muitas vezes, são

considerados pelos infantes verdadeiros pais (maternidade ou paternidade socioafetiva). O poder de

fiscalizar a guarda (verificando como o filho está sendo tratado e relatando à autoridade competente

qualquerirregularidade)éextensivoaqualquerparenteeatémesmoaterceiros,comousemvínculocom

acriança,comonahipótesedeumvizinhoquedenunciamaus-tratosàsautoridadescompetentes.

Quantoaopoderdefiscalizaraguarda,antesdaLein.13.058/2014nãoseexigiadoguardiãoodever

deguardarasnotasfiscaisdasdespesasefetuadascomofilho,havendoumapresunçãolegalaseufavor

de que utilizou a pensão alimentícia em benefício do filho. As prestações de contas somente tinham

efeitosjurídicospráticosquandooguardiãonãoeraparentedacriançaoueraseututor.

Comanovaredaçãodoart.1.583,§5º,doCódigoCivil,ficouexpressoodireitodesupervisãodonão

guardião,queépartelegítimaparasolicitarinformaçõesouprestaçãodecontas,objetivasousubjetivas,

emassuntosousituaçõesquediretaouindiretamenteafetemasaúdefísicaepsicológicaeaeducaçãode

seusfilhos.Dessaforma,incumbeaoguardiãoguardarasnotasfiscais,osexamesmédicos,receituários,

boletinserelatóriosescolares,bemcomoquaisquerdocumentosquedigamrespeitoàsaúdeeeducação

dosfilhos.

Dequalquerforma,conquantoonãoguardiãonãopercaopoderfamiliar,ospoderesdecadaumdos

genitorescomaatribuiçãodaguardaunilateral,únicaouexclusivasãodesiguais.

Osprocedimentos jurídicos junto à família que se separa, nomodelo tradicional doperde-ganhana

guarda única, reforçam a disputa entre os cônjuges111, um afastamento do não guardião, e vêm

acarretandosériosdesgastesemocionaisaosmembrosdessafamília112,gerandosériosprejuízosparaas

criançasenvolvidas113.

3.2.Aguardacompartilhada

3.2.1.Conceito

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Conforme já exposto, o grande marco legislativo da alteração da concepção da família foi a

promulgaçãodaConstituiçãodaRepúblicaFederativadoBrasilem5deoutubrode1988,trazendouma

novarealidadeaxiológicanainterpretaçãodalegislaçãodefamília,rompendodrasticamentecomavisão

excludente,desigualediscriminatóriadeoutrora.

Destafeita,cominovaçãoàordemjurídicaanterior,foiestabelecidopelaConstituiçãodaRepública

FederativadoBrasilde1988oprincípiodadignidadedapessoahumana,oprincípiodaigualdadeentre

oscônjuges,oprincípiodaigualdadeentreosfilhos,oprincípiodapaternidaderesponsável,oprincípio

daprioridadedosinteressesdascriançaseadolescentes,oprincípiodorespeitoàindividualidadeenão

discriminação,entreoutros.

Reconheceu-se o direito à felicidade individual nas relações afetivas, permitindo-se o divórcio

desvinculadodequalquernoçãodeculpa,e,ainda,houveaprevisãoconstitucionaldeoutrasformasde

entidadesfamiliaresalémdocasamento,comoasuniõesestáveiseasfamíliasmonoparentais(aquelas

formadaspelauniãodequalquerdospaisesuaprole),garantindo-seaproteçãolegaldoEstado.Foram

asseguradosdireitosiguaisatodososfilhos,sejamelesoriundosounãodocasamento,eigualdadeentre

ohomemeamulher.Casadosounão,ospaistêmodeverdeassistir,criareeducarosfilhosmenores.

Dentro da perspectiva da guarda legal, compreendida como a modalidade decorrente da relação

paterno-filialeexercidapelospaissemanecessidadedeintervençãojudicial,colocam-seemdebate,na

hipótesedeausênciaourupturadavidaconjugal,asexpectativasdospaisdeexercerem,comamaior

amplidãopossível,opoderfamiliareoseudesejoinerenteàpaternidadedecriareeducarosfilhos.

Assim,surgemosseguintesquestionamentos:dequemaneiraaatribuiçãodaguardaexclusivaaumdos

genitores, quer decorrente do fim da união, matrimonializada ou não, quer de demanda que trate

exclusivamentedaguarda, afeta a autoridadeparentaldonãoguardião?Emqueconsiste exatamente a

guardacompartilhada?

A expressão “guarda compartilhada” de crianças refere-se à possibilidade de os filhos de pais

separados serem assistidos por ambos os pais114.Nela, os pais têm efetiva e equivalente autoridade

legal, não só para tomar decisões importantes quanto ao bem-estar de seus filhos, como também de

convivercomessesfilhosemigualdadedecondições.

NadefiniçãodonossoCódigoCivil,aguardacompartilhadasignificaaresponsabilizaçãoconjunta

eoexercíciodedireitosedeveresdopaiedamãequenãovivamsobomesmoteto,concernentesao

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poder familiardos filhos comuns (art. 1.583), demodoqueo tempode convívio comos filhos seja

dividido de forma equilibrada entre mãe e pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os

interessesdosfilhos(§2º).

Nadefiniçãodeguardacompartilhada,encontram-sedoisconceitos:aguardajurídicacompartilhadae

aguardafísicacompartilhada.

Assim, em primeiro lugar, faremos a distinção entre joint legal custody (guarda jurídica

compartilhada)ejointphysicalcustody(guardafísicaoumaterialcompartilhada),terminologiaadotada

pelospaísesdelínguainglesa.

SegundooDr.HenryS.Gornbein115, jurista americanoespecialistanamatéria, o termo joint legal

custody refere-se à prerrogativa de “tomar decisões em conjunto”, o que significa que, mesmo em

situaçõesdedivórcio,ambosospaispossuemodireitodetomarasdecisõessobreofuturodosfilhos,

emboraacriançaresidaunicamentecomumdospais,queexerceasuaguardafísica.

Jáajointphysicalcustodyéumarranjoparaqueambosospaispossamestaromaiortempopossível

comseusfilhos,apresentando-sesobasmaisdiversasmodalidades,nasquaisacriançaficapraticamente

ametadedeseutempocomcadaumdeles.

Aguarda jurídicacompartilhada jáera reconhecidapornossoordenamento jurídicoantesmesmoda

primeira lei sobre guarda compartilhada (Lei n. 11.698/2008), pois, em nosso país, a separação e o

divórcionãoalteramosdireitosedeveresdecorrentesdopoderfamiliar(CódigoCivil,art.1.579116).

ALein.13.058/2004,dequalquerforma,alterouaredaçãodosarts.1.583e1.634doCódigoCivil

parainstituir,expressamente,tantoaguardajurídicacompartilhadaquantoaguardafísicacompartilhada.

O art. 1.634, que trata a respeito da autoridade parental, ganhou a expressão “qualquer que seja a

situação conjugal dos pais”, ao mencionar caber a ambos o pleno exercício do poder familiar,

consagrandoaguardajurídicacompartilhada.

Assim, cabe a ambos os pais, independentemente do relacionamento quemantêm entre si, dirigir a

criaçãoeeducaçãodosfilhos,conceder-lhesconsentimentoparacasarem,viajaremaoexterior,mudarem

residênciaparaoutroMunicípio,nomearemtutor,representaremouassistiremosfilhosnosatosdavida

civileexigir-lhesobediência,respeitoeserviçosprópriosdaidade.Emcasodediscordância,caberáao

PoderJudiciáriodefiniracontrovérsia,naformaquejáeraestabelecidapelosarts.21doECAe1.631,

parágrafoúnico,doCódigoCivil.

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Mesmoquenãohajaaguardafísicacompartilhada,aguardajurídicacompartilhadaseconfundecomo

pleno exercício do poder familiar.Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar

informaçõesaqualquerdosgenitoressobreosfilhosdestes,sobpenademultadeR$200,00(duzentos

reais)aR$500,00(quinhentosreais)pordiapelonãoatendimentodasolicitação(art.1.584,§6º,do

CódigoCivil).

Aguardafísicaoumaterialcompartilhada,instituídapelaLein.11.698/2008,foisedimentadanoart.

1.583, § 2º, do Código Civil pela nova redação dada pela Lei n. 13.058/2014, que expressamente

menciona a necessidade de que o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma

equilibradaentremãeepai.Aplacandoascontrovérsiasda lei anterior, anova legislação fazmenção

expressaàimportânciadoequilíbriodotempodeconvívioentreosgenitores.

Comavigência daConstituiçãoFederal de 1988, a tutela da dignidade e o princípio quegarante a

integralproteçãoàscriançaseadolescentesganharamespecialdestaque.

A criança e o adolescente são sujeitos de direito com prioridade em relação aos demais. Os seus

interesses estão acima dos interesses dos pais. A responsabilidade conjunta e o carinho com o filho

devem ser exercidos por ambos os genitores. Presumiu o legislador que a guarda compartilhada é a

guardaquemelhoratendeaosinteressesdacriança.

Ao reconhecer o direito à felicidade individual nas relações afetivas, permitindo-se o divórcio

desvinculado de qualquer noção de culpa, assegurados direitos iguais a todos os filhos, sejam eles

oriundosounãodocasamento,e igualdadeentreohomemeamulher,ocuidadonacriaçãodosfilhos

pressupôs-sedeverdeambosospais.Casadosounão,ospaistêmodeverdeassistir,criareeducaros

filhosmenores.

3.2.2.Agestãocolegiada

ACartaMagna,noTítuloreferenteaosdireitosegarantias fundamentais (art.5º, I,daCF),garantiu

igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres, e, no Capítulo específico que trata da

família,dispôsnoart.226,§5º,que“osdireitosedeveresreferentesàsociedadeconjugalsãoexercidos

igualmentepelohomemepelamulher”.ConformelecionaLuizEdsonFachin117,aConstituiçãode1988

estabeleceu a direção diárquica da família à luz da igualdade, contrapondo-se à direção unitária

consagradapeloCódigoCivilde1916.

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Assim, ficou estabelecido no texto constitucional e corroborado pela legislação infraconstitucional

posterior (art. 21 do ECA118 e art. 1.631, parágrafo único, do Código Civil) um colegiado para o

exercíciodaautoridadeparental,doqual fazemparteamãeeopai, semsobreposiçãodeumsobreo

outro,asseguradoodireitoderecorreraoPoderJudiciárioemcasodedivergência.

E, se estamos falando em igualdade entre os pais, em gestão colegiada da autoridade parental, em

direitoaodivórcioeàfelicidadeindividual,nãopodemosretirardopaioumãeseparadoatitularidadee

oexercíciodopoderfamiliarnem,principalmente,retirardofilhodepaisseparadosaconvivênciaea

proteção decorrente da autoridade parental de seus pais. Afinal, o amor nasce da convivência, da

cumplicidadeedoscuidadosdodiaadia.

Agestãocolegiadadopoderfamiliar,quandoemtemapaisseparados,aindacausaaalgunsoperadores

dodireitomuita resistência, talvezporumavisãoarcaicaeconservadoranaqualsepriorizaodireito

dospais–deignoraroex-consorte–emdetrimentodofilho,quepassaasereducadosomenteporumde

seus pais com seu eventual novo companheiro, sob o argumento de necessária “paz doméstica”. Esse

mesmo raciocínio, voltado à paz doméstica, levou muitos a defenderem a chefia centralizadora da

sociedadeconjugalpelomarido,aindaquehouvesseosacrifíciodamulheredosfilhos,poisassimse

evitariamlitígiosedesavençasnoâmbitofamiliar,supostamenteatendendoaosinteressesdosfilhoseda

instituiçãofamília.Felizmente,essavisãofoisuperada,consagrando-seaigualdadeentreohomemea

mulhernosistemajurídicobrasileiro.

Oexercícioda responsabilidadeparental é igualitário e conjuntodospais, sejamestesumcasal ou

não, visto que, desde 1988, a relação existente entre os pais (se são casados ou não, se têm bom

relacionamentoounão)nãopodeprejudicarnemminimizarosdireitosdos filhosparacomseuspais,

tampoucorestringirarelaçãodeconvivênciaeafetoentreeles.

A gestão ou administração colegiada não é novidade no Direito. As decisões dos nossos órgãos

jurisdicionais superiores são, de umamaneira geral, produto de uma decisão colegiada. E o Júri nos

Estados Unidos? Imagine-se o quão difícil há de ser um consenso entre doze integrantes. Muitas

sociedadescomerciaise,principalmente,fundaçõescostumamestabeleceremseusatosconstitutivosuma

diretoriacolegiada,naqualaadministraçãoeagestãofinanceira(comoassinaturadecheques)devam

seremconjuntooupelomenoscomaassinaturademaisdeummembrodadiretoria.Nãoé,portanto,

nenhumabsurdo jurídicoqueonovodireitode família tenhaestabelecido,emmatériadeexercícioda

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autoridadeparental,umadireção“diárquica”dopoderfamiliar,demodoqueambosospais,casadosou

não, juntos ou separados, devam somar-se e tolerar-se para a educação do filho, respeitando-se e

concentrandoosseusesforçosparaproporcionarbem-estaràcriança.

Acresce-se,ainda,queapardocolegiadoexistenteentreospaisoEstado,porforçadoprincípioda

proteçãointegral,deveintervirnarelaçãodecorrentedaautoridadeparental,paraevitarabusosdospais

e contribuir para que os atritos sejamminimizados em prol da criança, garantindo-se a ela o direito

fundamentalàconvivênciafamiliarcomambosospais,numaduplarealização,dospaisedosfilhos.O

legislador,aocriaroarcabouçoprincipiológicodegarantiasparaacriançaeoadolescente,ofezpara

permitir que o ser humano emmomento tão peculiar de formação estivesse protegido, e convocou a

família,asociedadeeoEstadoapromoveremtalproteção119.

AprimeiraetapadaintervençãodoEstadosedánapromoçãodecondiçõesbásicasdesaúdeparaa

gestante, aindana fasepré-natal, a fimdequeo serhumanoemcrescimentodentrodoventrematerno

recebaoscuidadosmínimosnecessários.

A segunda etapa da intervenção do Estado, através de seus agentes, e neles incluído o próprio

MinistérioPúblico,devesergarantirumregistrocivilnoqualconsteonomedamãeedopaiparatodas

as crianças, conforme determina a Lei n. 8.560/92. A legitimidade do Ministério Público para a

proposituradaaçãodeinvestigaçãodepaternidadedecorredointeressedasociedade,edessedeverdo

Estado,nosentidodequetodasascriançastenhampaiemãeregistrados.Maisdoquedireitosubjetivo,

a criança tem uma necessidade subjetiva de proteção, justificada pelo natural impedimento de

reivindicar,porsisó,orespeitoaosseusdireitos120.

Nasetapasseguintes,semumaordempreconcebida,existeodeverdoPoderPúbliconapromoçãode

políticaspúblicasdepromoçãodafamília,dapaternidaderesponsável,nooferecimentodeeducaçãoe

saúde de qualidade, e criação demecanismos de proteção da criança e do adolescente. Há interesse

público na existência dasVaras de Família e na intervenção doMinistério Público nos processos de

divórcioeseparaçãojudicialcomfilhosmenores,alimentos,guarda,regulamentaçãodevisitas,vistoa

situaçãodevulnerabilidadequearupturadasociedadeconjugaltrazparaosmenoresenvolvidos,haja

vistaodesgasteemocionaldeseuspaiseosconflitosfamiliaresdaídecorrentes.

Nessecontexto,énecessárioterumolharatentodosoperadoresdodireitoparaestimularoexercício

dopoderfamiliareoexercícioresponsáveldasresponsabilidadesparentais.OMagistrado,aoreceber

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umprocessojudicialdedivórcioeregulamentaçãodoconvíviofamiliarentrepaisefilhos,devefocarno

melhorinteressedascrianças,priorizandooconvíviofamiliar,conformeoidealestabelecidopelaNova

LeidaGuardaCompartilhada,aindaquenãosejaexatamenteesseopedidodeduzidoemJuízo121.

3.2.3.Requisitosdaguardacompartilhada

Sãorequisitosdaguardacompartilhada:

1)maternidadeoupaternidadejurídica(normalmentedemonstradacomoregistrocivildofilho);

2)aptidãoparaoexercíciodopoderfamiliar;

3)vontadedeexerceraguarda.

Otextolegalmencionaexpressamenteafiguradopaiedamãe,quepormeiodaguardacompartilhada

têm responsabilidade conjunta e exercem os direitos e deveres decorrentes do poder familiar em

igualdadedecondições.

É pelo registro civil, pela lavratura da certidão de nascimento, como dever que decorre do poder

familiar, que os pais oficializam a paternidade ou a maternidade, dando ao filho um nome e lhe

garantindodiversosdireitos122.

Conquantoolegisladortenhamencionadopaiemãe,éimportanteressaltarqueaguardacompartilhada

tambémseaplicaaoscasaishomoafetivos123,podendoseraplicadanamaternidade124oupaternidade

socioafetiva, notadamente nas hipóteses de adoção125, ressaltando que o companheiro da mãe126,

especialmente quando a criança não tem pai registrado, exerce nítida função parental, e que outros

familiares,comoatia127eaavó128,tambémpodemexerceraguardacompartilhadacomospais.

Nota-sequeospais (pai emãe) têmpreferênciade exercer aguarda em relaçãoaos avós129, haja

vistaosdireitosedeveresquedecorremdopoderfamiliar.Quandoacriançaatingeaadolescência,os

avósidososnemsempreconseguemexerceracontentoaguarda,sendoimportantequeoslaçosdeafetoe

autoridadedospaissejamsedimentadosduranteseucrescimento.Nadaimpede,dequalquerforma,que

sejaestabelecidaaguardacompartilhadaentremãe/paieavóouavô,ouentreumatiaeumaavó,poisa

divisãodasfunçõesdecuidadoemrelaçãoàcriança,comdivisãodetempodeconvívio,muitasvezes

atende aomelhor interesse da criança.Não é incomumqueo exercício de atividades de trabalhodos

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pais, fragilidades emocionais ou psíquicas, necessidade de representação escolar ou outras situações

peculiaresimponhamoreconhecimentodeumaguardacompartilhadanoâmbitofamiliarmaisamplo.

Porsuavez,otextolegaltambémmencionaqueénecessárioqueambososgenitoresestejamaptosao

exercíciodopoderfamiliar(CódigoCivil,art.1.584,§2º).Essaaptidãoépresumidacomamaternidade

ou paternidade. Fatos que desabonem a conduta dos pais no exercício do poder familiar devem ser

suficientemente provados. Note-se que são fatos graves que inviabilizam a parentalidade (o pleno

exercíciodamaternidadeoupaternidade),equenãodizemrespeitoaolitígiodospaisentresi.Ésempre

relevante ressaltar a diferença entre conjugalidade e parentalidade. Bons pais ou boas mães não

necessariamentesãobonsmaridosouboasesposas.Ofracassodarelaçãoentreocasal,aindaqueum

delessejaconsideradoculpado,nãotemrelevânciaparaoestabelecimentodaguarda.

O uso de drogas130, a existência de problemas psiquiátricos graves e um ambiente hostil ao

desenvolvimentodacriançasãofatoresaseremconsideradospara impediraguardacompartilhadado

filho.

A transmissibilidade de bons valores, o estímulo do convívio familiar comos pais, avós, irmãos e

demaisparentes,norespeitoàfiguraparentaldooutrogenitor,nocuidadoedisponibilidadeafetiva,num

ambiente saudável, são elementos a serem considerados. É importante que os genitores tenham

consciênciadoseupapeldeeducadores,deexemploparaofilhoedanecessidadedeestarempresentes

eaindarespeitaremaconvivênciafamiliardofilhocomseusdemaisparentescomoestímuloparaoafeto

entreeles.Afinal,conformejáexposto,aafetividadeflorescenaconvivência,noscuidadosdodiaadia,

emambientedesolidariedadeeresponsabilidade.

Dequalquerforma,ébomrepisarqueoconsensonãoérequisitodaguardacompartilhada131.

Confome consta do texto legal, a guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser requerida, por

consenso,pelopaiepelamãe,ouporqualquerumdeles,emaçãoautônomadeseparação,dedivórcio,

dedissoluçãodeuniãoestávelouemmedidacautelar(CódigoCivil,art.1.584,I).O§2ºdoart.1.584

doCódigoCivil,aliás,foiexpressoaomencionarque

quandonãohouver acordoentre amãeeopaiquanto àguardado filho, encontrando-se ambososgenitores aptos a exerceropoder

familiar,seráaplicadaaguardacompartilhada,salvoseumdosgenitoresdeclararaomagistradoquenãodesejaaguardadofilho.

Porfim,terceirorequisitoéavontadedeexerceraguardadofilho.Muitospais,emrazãodehorário

detrabalho,dafaltademoradiaadequadaoureestruturaçãofamiliar,podemoptarpelonãoexercícioda

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guarda física compartilhada do filho. Assim, opta-se pela guarda unilateral do filho, estabelecendo o

direito de visitas, sem prejuízo da guarda jurídica compartilhada. Mesmo nas hipóteses de guarda

unilateral, o genitor que não exerce a guarda deve supervisionar os interesses dos filhos e é parte

legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou

situaçõesquediretaouindiretamenteafetemasaúdefísicaepsicológicaeaeducaçãodosfilhos(Código

Civil,art.1.583,§5º).

Estandopresentes os três requisitos acimamencionados, a guarda (física) compartilhadapoderá ser

decretadadeofíciopelojuiz,ematençãoaoprincípiodomelhorinteressedacriança,considerandoas

necessidadesespecíficasdo filho,ouemrazãodadistribuiçãode temponecessárioaoconvíviodeste

comopaiecomamãe(CódigoCivil,art.1.584,II).

A guarda (física) compartilhada não significa apenas equilibrar tempo de convívio, mas dividir

responsabilidades, como buscar e levar o filho na escola, alimentá-lo, ajudar nas tarefas escolares,

acompanhar a criança ao médico, dentista e atividades extracurriculares, conversar, proporcionando

carinho,afetoeatenção.

Anovaredaçãodoart.1.584,§2º,doCódigoCivil,determinadapelaLein.13.058/2004,queimpõea

guarda compartilhada mesmo no litígio, vem reforçar a importância do equilíbrio no exercício das

funções parentais, rompendo o raciocínio de várias decisões judiciais que traziam o consenso como

requisitodaguardacompartilhada132.

Aguardafísicacompartilhadaviabilizaaguardajurídicacompartilhada,namedidaemqueoconvívio

possibilitará a educação, a escolha de atividades extracurriculares, o acompanhamento ao médico, a

imposiçãode limites,ooferecimentodealimentos saudáveisnas refeições, a fiscalizaçãodosestudos

etc.

Éexpressaapreferênciadadapelolegisladoraocompartilhamentodaguarda,cabendoaomagistrado,

naaudiênciadeconciliação,informaremobilizarospaisemrelaçãoaoseubenefícioeaplicá-laainda

quehajalitígioentreosgenitores.

ConformeressaltaaMinistraNancyAndrighi133,anãoaplicaçãodaguardaporausênciadeconsenso

fariaprevaleceroexercíciodeumpoderinexistenteporumdospais.Aguardacompartilhadaéoideala

ser buscado no exercício do poder familiar entre pais separados, mesmo que demande deles

reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua

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formação,doidealpsicológicodeduploreferencial.Apesardeaseparaçãooudodivórciousualmente

coincidiremcomoápicedodistanciamentodoantigocasalecomamaiorevidenciaçãodasdiferenças

existentes, omelhor interesse domenor, ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada como

regra,mesmonahipótesedeausênciadeconsenso.EconcluiaMinistra:

Aimposiçãojudicialdasatribuiçõesdecadaumdospais,eoperíododeconvivênciadacriançasobguardacompartilhada,quandonão

houver consenso, émedida extrema, porém necessária à implementação dessa nova visão, para que não se faça do texto legal, letra

morta.

Assim,seaguardacompartilhadanãoforsolicitadaporambosospaisnaaudiênciadeconciliação,o

juizos informaráo significadodaguarda compartilhada, a sua importância, a similitudededeveres e

direitosatribuídosaosgenitoreseassançõespelodescumprimentodesuascláusulas(CódigoCivil,art.

1.584,§1º).

Éimportantequeconstemdascláusulasdoarranjoarespeitodaguardacompartilhada:

a)osperíodosdeconvíviodecadaumdosgenitorescomofilhooufilhos,deformaequilibradaentre

paiemãe,considerandoarotinadacriançaeohoráriodetrabalhodospais;

b)asresponsabilidadesdeambosospaisemrelaçãoaosalimentos,aodeslocamentodofilhoparaa

escolaeatividadesextracurricularesedesaúde,bemcomoparaaresidênciadooutrogenitor;

c)compromissodecomunicaçãosobrefatosrelevantesarespeitodesaúdeeeducaçãodacriança,com

especificaçãodetelefonesee-mailsdecontato;

d)compromissoderespeitarafiguraparentaldooutroeobem-estardacriança;

e)aescolha,sepossível,deumaresidênciaprincipal;

f)assançõespelodescumprimentodascláusulas.

Nãohavendoacordoentreamãeeopai,encontrando-seambososgenitoresaptosaexerceropoder

familiaredeclarandoointeressenaguardadosfilhos,ojuiz,deofícioouarequerimentodoMinistério

Público, poderá basear-se em orientação técnico-processual ou de equipe interdisciplinar, que, para

estabelecer as atribuições do pai e damãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada,

deverávisaràdivisãoequilibradadotempocomopaiecomamãe(CódigoCivil,art.1.584,§3º).

Via de regra, deve-se procurar seguir a rotina da criança na época durante a qual seus pais ainda

moravam juntos, garantindo a convivência que era desfrutada no ambiente familiar. Se os pais nunca

moraramjuntoseoestabelecimentodasregrasdeconvivênciaforumanovidade,caberáàspartestentar

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chegaraumconsenso, sejacomaajudadaequipe interdisciplinaroudamediação, tendoemvistaos

horáriosdetrabalhoeoscompromissosdacriança.Umestudosocialcomvisitadomiciliarnacasade

ambosospais,alémdoestudopsicológicocomescutadetodaafamília,faz-sealtamenterecomendável.

De qualquer forma, em sede de medida cautelar de separação de corpos134, em sede de medida

cautelardeguardaouemoutrasedede fixação liminardeguarda,adecisãosobreaguardade filhos,

mesmoqueprovisória,seráproferidapreferencialmenteapósaoitivadeambasaspartesperanteojuiz

(CódigoCivil,art.1.585),que,apósouvi-las,decidirásobreosperíodosdeconvívio,dandopreferência

à guarda compartilhada provisória ou à regulamentação ampla do direito de visitas135, para fins de

melhor análise da dinâmica familiar e evitando o afastamento da criança em relação a um de seus

genitores.

Essa guarda compartilhada ou ampliação do direito de visitas deferida liminarmente136 é

consequência lógica da preferência dada pelo legislador à guarda compartilhada, e não comporta

visitaçãovigiada137,salvoemcasosexcepcionaisdealegaçãodegraveinfraçãodosdeveresparentais,

como exposição da criança a perigo, maus-tratos e abuso sexual, ou nas situações de violência

doméstica.

Nassituaçõesdeviolênciadoméstica,conformeconstadaLein.11.340/2006,ojuizpoderáaplicarao

agressorasmedidasprevistasnoart.22,entreasquaisoafastamentodolar,proibiçãodecontatocom

aofendidaeseusfamiliares,bemcomoarestriçãooususpensãodevisitasaosdependentesmenores,

ouvidaaequipedeatendimentomultidisciplinarouserviçosimilar(art.22,IV,daLein.11.340/2006).

Nas situaçõesdepericulosidade,é indicadaavisitavigiada,mas jamaisocompletoafastamentoda

criançaporperíodolongo,pois,seogenitorforinocentado,essaausênciadecontatopodesignificara

completarejeiçãodofilho,sedimentandoumaalienaçãoparental138.Afiguradogarantidordessavisita

pode ser umparente ou um amigo de confiança das partes139, como também um profissional (p. ex.:

psicólogo,assistentesocial,babá,segurança).

Assim, em situações excepcionais, a guarda compartilhada não poderá ser estabelecida de plano,

dependendodeestudospsicossociais140,oquenãoéaregra.

Comaseparação,odivórcioouadissoluçãodauniãoestável,é interessante, tantoquantopossível,

manterumambientesemelhanteaoqualacriançaestavahabituada,desdequenãofosseumespaçode

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violência.Assim,apermanênciadacriançanamesmaescolaésemprerecomendável.Damesmaforma,

se ambos os pais eram presentes, amorosos e disponíveis para o filho, a guarda compartilhada vem

atenderaosanseiosdebem-estardacriançaaomanteroseuconvíviocomambosospais.

Esse amplo convívio com ambos os seus genitores decorrente da guarda compartilhada não impede

sejaestabelecidaumareferênciaderesidênciaprincipaldacriança141.Essaresidênciaprincipalseráa

cidadebasedemoradiadosfilhos,naformadoart.1.583,§3º,doCódigoCivil.

A diferença de cidades, estados ou países não impede a guarda compartilhada, devendo ficar

estabelecidaabasedemoradiadosfilhoscomoaquelaquemelhoratendaaosseusinteresses.Ocontato

como outro genitor deve ser facilitado pelosmeios de comunicação como telefone, Skype e internet,

cabendo ao genitor responsável pelo afastamento, via de regra, promover e financiar a convivência

familiardooutro,arcandocomoscustosdecomunicaçãoedeslocamento142.

Ofundamental,ecadacasoéumcaso,havendodiversasmodalidadesdearranjosparaoexercícioda

guardacompartilhada,équehajaadivisãodotempodeconvíviodofilhodemaneiraequilibrada.Viade

regra,emummêsdetrintadias,dosquaisapenasquatrodiasseriamotempodeconvíviodofilhomenor

com o não guardião, em decorrência do tradicional direito de visita quinzenal (finais de semana

alternados),háumaumentodotempodeconvívio,sejanainclusãodeumdiaoudoisduranteasemana,

alémdosfinaisdesemanaalternados,sejaaoestabelecertrêsfinaisdesemanaestendidospormês(final

de semana estendido significa com início na sexta-feira e final na segunda-feira), seja com a

responsabilidadediáriadelevarebuscarofilhonaescolaetc.

Muitospaistentammorarpróximosunsdosoutros,facilitandoodeslocamentodacriança,ficandoum

delesresponsávelporlevaracriançanasatividadesdesegundaequarta-feiras,enquantoooutrocomas

atividadesdeterçaequinta-feiras,alternando-seosfinaisdesemana.Enfim,cadafamília,considerando

suaprópriarotina,ohoráriodetrabalhoeotempodisponível,deveestabeleceroconvíviofamiliarda

melhormaneirapossível.

E, na hipótese de pais que residem em cidades diversas143, pode-se adotar o criticado sistema de

guarda alternada, desdeque indicadopela equipe técnica144, ou então ser compensado o afastamento

com a estadia da criança durante as férias escolares em período integral na residência do genitor

afastado, sem prejuízo da utilização das novas tecnologias para a comunicação entre pais e filhos,

conforme jámencionado. Ainda que não haja guarda compartilhada, o convívio do não guardião que

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resideempaísdiversodeveserviabilizadoparaestreitaroslaçosdeafeto145.

Éimportantequeassançõespelodescumprimentodascláusulasdoarranjosobreguardacompartilhada

sejam especificadas no momento do seu estabelecimento, tais como multa, diminuição do amplo

convívio,reversãoparaguardaunilateralououtra,demodoqueaspartesenvolvidasestejamcientesdas

consequênciaspelodescumprimento.

Assim,aalteraçãonãoautorizadaouodescumprimentoimotivadodecláusuladeguardaunilateralou

compartilhadapoderáimplicarareduçãodeprerrogativasatribuídasaoseudetentor(CódigoCivil,art.

1.584,§4º).

Seojuizverificarqueofilhonãodevepermanecersobaguardadopaioudamãe,deferiráaguardaa

pessoaque revelecompatibilidadecomanaturezadamedida,considerados,depreferência,ograude

parentescoeasrelaçõesdeafinidadeeafetividade(CódigoCivil,art.1.584,§5º).

A lei, parao exercíciodaguarda, dáprioridade a ambosospais, elegendoaguarda compartilhada

comoomelhormodelo.Nãosendopossívelaguardacompartilhadaentreospais,aleipriorizaqueum

dos pais exerça a guarda unilateral ou, nas hipóteses de guarda de fato exercida por um dos avós, o

compartilhamentocomeste146.

Seaguardaunilateralnãopuderserexercidaporumdospais, serádeferidaauma terceirapessoa,

preferencialmente parente da criança, e que com esta tenha relação de afinidade e afetividade.Nesse

sentido,umparente,sejaporlaçosbiológicosouporafinidade(madrastaoupadrastoporexemplo),que

jáconvivacomacriança,ecomelatenhalaçosdeafeto,tempreferênciaemrelaçãoaoutroparenteque

nuncaconviveu.Porsuavez,senenhumdosparentestemlaçosdeafeto,aguardadacriançapoderáser

atribuídaaterceiros,comoumamigodospais,aprofessora,umvizinhoououtremcomquemacriança

tenharelaçãodeafetividade.

3.2.4.Litígioeguardacompartilhada

Conforme mencionado, a conjugalidade deve ser tratada distintamente da parentalidade. A falta de

amorentreoscônjugesnãopodeafetarouatrapalharosvínculosafetivosdepaisefilhosnemprivá-los

dodireitoaoconvíviofamiliarcomambos.

SegundoaconcepçãoprivatistaemquesefundavaoCódigoCivilde1916,seospaisnãopraticassem

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nenhumatocaracterizadordeilícitoqueautorizasseasuspensãoouadestituiçãodaautoridadeparental,

nãopoderiaoEstadoimiscuir-senaquelarelação,queeraessencialmentedomésticaeprivada147.

A família ganhou expressa tutela do Estado, e as regras familiares, hoje em dia, têm nítido caráter

público. O Estado intervém para regulamentar, além do casamento, as uniões livres e a própria

autoridade parental. A família “deixou de ter um regime submetido à vontade dos indivíduos”148. A

ConstituiçãoFederalde1988impôsaoEstadoodeverdeassegurarproteçãoàfamílianapessoadecada

umdosmembrosqueaintegram,criandomecanismosparacoibiraviolênciadoméstica(art.226,§8º).

Édevernãosódospais,masdetodaafamília,dasociedadeedoEstado,

assegurar à criança e, ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização,àcultura,àdignidade,ao respeito,à liberdadeeàconvivência familiarecomunitária,alémdecolocá-losa salvode

todaformadenegligência,discriminação,exploração,violência,crueldadeeopressão.(CFart.227).

Aautoridade parental é, na atualidade,mais umdever do que umpoder. E cabe aoEstado intervir

nessarelação,eaindacriarmecanismosdeparticipaçãodeambosospaisnoconvíviocomofilho.

Oprincípio da proteção integral da criança e do adolescente impõe que oEstado preste-lhes tutela

“independentedeestaremascriançassoboabrigodafamíliaouexpostasàdurezaecrueldadedasruas.

Àpessoa,empeculiarfasededesenvolvimento,édirecionadaàproteçãointegral”149.

A mera constatação jurídica de que a autoridade parental é igualitária, garantida a ambos os pais

mesmoapósarupturadasociedadeconjugal,nãogarante,porsisó,aparticipaçãoeefetivaconvivência

dospaisnavidadeseusfilhos.Aliás,semconvivência,arelaçãodeafetoseenfraquece.

Os litígios familiares, acentuados pela crise econômica que se estabeleceu no país em função do

desemprego, ausência de escola e saúde da qualidade, e ainda pela revolução de papéis na família,

crescemgradativamentesemumasoluçãoatualacontentodosagentesenvolvidos.

ExpõeElianaGiusto150,commuitasensibilidade,aproblemáticaatualdonossosistema,que,embora

clame pela promoção da dignidade da pessoa humana, pela igualdade de direitos entre o homem e a

mulherepelapaternidaderesponsável,tendeaexcluiropaiseparado,amorosoepresente,doconvívio

comseufilho:

Aigualdadedecondiçõesentrepaiemãegeralmentedáavitóriaàmulher,discriminandoohomem.Nestescasos,ocontraditórionemse

estabelece.Abemdaverdade,istofereprincípioconstitucional,podendoensejar,naesferaprocessual,recursoatéoSupremoTribunal

Federal.

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Nalideforense,sabe-sequeadisputaprocessual,queéresolvidaapenascomorecursoàsuperiorinstância,nocasoreferidoaoSTF,

duraváriosanos.E,quandoamatériadizrespeitoàguardadefilhos,nestesanosemqueadisputaseprolonga,elescrescem,perdendo-

seoobjetoda lide.Os filhos cresceram, foramcuidados e educadospelamãe, quandonãopela avóoupela babá, e todas as teorias

psicológicasquantoàpresençadopainasuaeducaçãoeformaçãodecaráter,personalidadeeidentidadesexualseperderamnotempo.

Resta,então,comoumúltimorecurso,naesferapessoal,aterapiapsicológica,quenemsempreébuscada,oumesmoeficaz.

(...),paispresentesexistem.Sãoamorosos,responsáveisebatalhadores,massofremaindagravesdiscriminações.Eparaobemdeseus

filhosedeumasociedademelhor,devemseracolhidospelosistema jurídico,aomenoscomigualdadeemrelaçãoàmulher,quandose

tratadequestõesdeguarda.

Naverdade,tudoissoéparadizerquecuidandomelhordestesassuntos,teremoscomoresultadoumasociedadeconstituídadepessoas

maisequilibradas,maissadiasemaisfelizes.

Eavidadetodoequalquerserhumanonãoseresumenabuscaconstantedafelicidade?

Adorpeloafastamentodofilhoésentidapelonãoguardião,independentementedesereleopaioua

mãe.Ainda nãohá, sema guarda compartilhada,mecanismos jurídicos seguros que garantamumbom

convívioentrepaisseparadoseseusfilhos.

Compartilharaguardasignificapartilharemconjuntoaeducaçãoecriaçãodofilho,sobosaspectosde

assistênciamaterial,moraledeconvivência.Éacorresponsabilidadeecoparticipaçãonavidadofilho.

A guarda compartilhada é uma alternativa aplicável não somente aos casos em que há uma certa

preservação do relacionamento entre as partes, mas também, e sobretudo, conforme expressamente

previstonoart.1.584,§2º,doCódigoCivil,comaredaçãodadapelaLein.13.058/2004,comosolução

para os litígiosmais acirrados nos quais as partes não estejam conseguindo separar os conflitos e as

dificuldadesadvindosdaconjugalidadedesfeitadoexercíciodaparentalidade.

As recentes alterações legislativas no âmbito familiar ainda não foram capazes de modificar a

mentalidadedegrandepartedapopulaçãobrasileira,notadamentedeoperadoresdodireitoaindapresos

acritériosestabelecidosnoantigoCódigoCivilde1916,quetinhaumadefiniçãorígidadospapéisdo

homem e da mulher no âmbito familiar, e que veem, com muita resistência, a possibilidade de

convivênciaparticipativadeambososgenitoresnacriaçãodofilhoquandohálitígioentreeles(ospais).

AintervençãodoEstadosefazaltamentenecessáriaeimportanteparaamenizaresseslitígios,aparando

asarestasdaspartesemproldeumobjetivocomum:oconvívio,acriaçãoeafelicidadedofilho.

Por sua vez, grande relevância nos meios acadêmicos e doutrinários tem-se dado ao tema da

maternidadeepaternidadesocioafetiva.Mãesepaisafinspassamaterosdireitosinerentesàautoridade

paternal,comumagrandevantagemsobreopaioumãenãoguardião:elestêmaconvivência.Eseéda

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convivência que nasce o amor, e exercida de fato a responsabilidade parental, se não houver um

mecanismo realdeparticipaçãodopaioudamãenãoguardiãonavidade seu filho,havendo litígios

familiares com o guardião, há um forte risco de alteração da referência paterna ou materna para a

criança,estimulada,muitasvezes,pelopróprioguardiãoemfavordeseunovoconsorte.Avisitafixada

emfinaisdesemanaalternadoséummétodoultrapassadodegarantirumbomconvíviodonãoguardião

comseufilho.

Estabelecendo-seumcorteepistemológiconosistemavigentedeguardaunilateralpararecepcionara

guarda compartilhada, viabiliza-se a definição de regras, no caso concreto, possibilitando um maior

contatodosfilhoscomambosospaisapósarupturadocasalconjugal,comumasolução,dadoorigor

dasnormasdeprocesso civil, naqual se tornaviável, emumúnicoprocesso judicial deguarda, seja

garantidooconvíviodeambosospais,semnecessidadeformaldaexistênciadeoutroprocessojudicial

deregulamentaçãodevisitas,alémdequebrareventuaispreconceitoseresistênciasparaumaresposta

judicialrápidaemrelaçãoaoconvíviodonãoguardião.Afinal,asregrasprocessuaisrelativasaodireito

à convivência familiar devem ser interpretadas com elasticidade, haja vista o princípio do melhor

interessedacriança151.

Nocontextodelitígiofamiliar,nota-seainter-relaçãoexistenteentreasVarasdeFamíliaeasVarasda

Infância e Juventude. Por conta do litígio exacerbado entre os pais em si, muitas crianças têm seus

direitosameaçadosouvioladosporabusodeles,ensejandoasituaçãodescritanoart.98,II,doEstatuto

da Criança e doAdolescente. Os pais, por sua vez, descumprindo os deveres inerentes à autoridade

parental, poderão responder pela infração administrativa prevista no art. 249 do diploma legal

mencionado.

Aguarda compartilhada pode revelar,muitas vezes, umpoder de conseguir que os pais sejammais

próximoseparticipativosdavidadosfilhosdoqueeramantesdaseparaçãodocasal,validandoopapel

parental de ambos com igualdade de importância e de relevância, incentivando-os ao envolvimento

próximo,contínuoeestávelcomavidaeobem-estardosfilhos.

Aprevisãolegislativadaguardacompartilhadareforçaaimportânciadaparticipaçãodeambosospais

navidadeseusfilhos.Antesdequalquerefeitojurídico,játemumimpactonamentedospaisenvolvidos

queevitaosentimentodeperda,naturalemprocessosjudiciais,quandoaguardadofilhoéconcedidaao

outro.

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Éde todo interessantequeosprofissionaisdodireitoedaequipe técnicasaibamdestacara raizdo

litígio: frustração pessoal com a separação, novo relacionamento afetivo do ex-parceiro, discussão

quantoaovalordapensãoalimentícia152epartilhadebensNÃOsãomotivosparainviabilizaraguarda

compartilhada.

Aliás,aguardacompartilhadanãopodesertrazidapelaspartescomomotivoparafomentarlitígiosou

reduzir o valor dos alimentos, inviabilizando a sobrevivência do grupo familiar, mas tem como

fundamentoaimportânciadoconvíviodacriançacomambosospais.

ConformenosensinaLenitaPachecoLemosDuarte153,pormeiodaaplicaçãodesuasleis,oDireito

representa uma forma de barrar a tendência do homem a fazer do outro o objeto de suas pulsões

destrutivas.AJustiçatemafunçãodeinterdição,namedidaemque“vemlimitarebarraroexcessodo

gozo, frear ou conter os impulsos, principalmente para aqueles que não conseguem fazê-los por si

próprios”154.Amencionadapsicanalista,quedefendeaguardacompartilhadanolitígio,temesperança

nosentidodequesejamminimizadososefeitosconhecidosdeabusodopodereamanipulaçãodosfilhos

peloguardiãoúnico,quemuitasvezesprovocaoafastamentodooutroefomentasituaçõesdealienação

parental155.

Assim,desdequeaptosparaoexercíciodopoder familiar,o litígiodocasalnãopode interferirno

direitodeconvivênciadofilhocomambosseusgenitores156.

A participação dos pais em reuniões de conscientização a respeito do poder familiar, o

encaminhamentodestesparatratamentopsicológicooupsiquiátrico,naformadoart.129,III,doECA,e

o encaminhamento da família para a mediação são importantes mecanismos de auxílio quando existe

litígio. A guarda compartilhada é a regra, e as desavenças e os ressentimentos dos pais devem ser

trabalhadosindividualmentepelosex-cônjugesnasearaadequada157.

3.2.5.Aptidãoparaoexercíciodopoderfamiliaredaguardacompartilhada

Viaderegra,ospaisestãoaptosparaoexercíciodopoderfamiliaredaguardacompartilhada.

Note-sequeasdecisõesarespeitodaguardadefilhoslevamemconsideraçãooprincípiodomelhor

interessedacriança.

Dodireitoanglo-saxãovemaexpressãobestinterestofthechild,epodem-sedestacar,deformanão

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exaustiva,aspectosgeraisaseremconsideradosquandodaanálisedointeressedofilhoparafixaçãoda

guarda:oamoreoslaçosafetivosentreogenitoreacriança;ahabitualidadedogenitoremdaràcriança

atençãoeorientação;asaúdedogenitor;omeioemqueacriançavive,compreendidopor lar,escola,

comunidade e laços religiosos; a opinião da criança; a habilidade do genitor de respeitar a figura

parentaldooutroparaacriançaeencorajaracontinuidadedarelaçãodacriançacomoele.

Assim, de umamaneira geral, verificam-se as condições pessoais e características específicas dos

pais, abrangendo a capacidade para satisfazer as necessidades dos filhos, o tempo que podem a eles

dedicar,asaúdefísicaemental,oafetodemonstradopelofilho,aocupaçãoprofissional,aestabilidade

doambientequecadaumpodefacultaraosfilhos,avontadequecadaumdelesmanifestademantere

incentivararelaçãodosfilhoscomooutrogenitor158.

ALei n. 13.058/2014presumiuque, estando ambos os pais aptos ao exercício do poder familiar, a

guardacompartilhadadeveseraplicadacomodecorrênciadomelhorinteressedacriança.

NoBrasil,conquantoodivórcioconsensualsemfilhospossaserhomologadoperanteoCartório,sem

intervenção judicial,na formadoart. 1.124-AdoCódigodeProcessoCivilde1973,mantidaa regra

peloart.733doNovoCódigodeProcessoCivil,odivórcioconsensualcomfilhosdeveserlevadopara

homologaçãojudicial(mantidaaregrapeloart.731doNovoCódigodeProcessoCivil).

Havendo consenso entre os pais, caberá aoMagistrado, com intervenção obrigatória doMinistério

Público,homologaroacordoquantoàguardadosfilhos,naformadoart.1.584doCódigoCivil.Nessas

situações,deveráestaratentoàexistênciadecláusulasquantoaosalimentoseaotempodeconvíviode

ambososgenitorescomacriança,sejaaguardaunilateraloucompartilhada.

Havendoacordo,presume-sequeninguémmelhorqueosprópriospaisparaconheceradinâmicada

vidafamiliareaaptidãodecadaumparaoexercíciodaguardaeovalordaprestaçãodosalimentos,

optandopelaguardacompartilhadaoupelaguardaunilateral.

Naaudiênciadeconciliação,conformeodispostonoart.1.584,§1º,doCódigoCivil,ojuizinformará

ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e

direitosatribuídosaosgenitoreseassançõespelodescumprimento.

Não havendo acordo, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada desde que ambos os genitores

estejamaptosaoseuexercícioetenhaminteressenoexercíciodaguarda.

ConformeserávistonoCapítulo5,existemsituaçõesnasquaisaguardacompartilhadasedemonstra

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inviávelportotalinaptidãodeumouambososgenitores,notadamenteseestiverenvolvidocomdrogas,

praticarviolênciadomésticaeseforincapazdeproporcionarumambientesaudávelparaacriaçãodo

filho.

Via de regra, tais situações são comprovadas através do depoimento de testemunhas, registros

policiais,estudospsicossociaisouquaisqueroutrosmeiosdeprova.

A vontade do filho e os laços de afetividade também são fatores a ser considerados para o

estabelecimentodaguarda.

Nasdisputasjudiciaisquepodemimplicaroafastamentodogenitor,aconsultaàvontadedofilhoestá

previstapelainterpretaçãodosarts.45,§2º,e161,§3º,doEstatutodaCriançaedoAdolescenteedo

art. 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, que entrou em vigor pelo Decreto n.

99.710/90159.

Dequalquerforma,énaturalqueacriançasesintaconstrangidaenãoqueiraoptarentreumououtro

dospais,preferindoestarcomambos.Aliás,imporaumfilhoessaescolhanãoérecomendável,poiso

outro genitor pode se sentir diminuído, motivando um afastamento que não atende aos interesses da

criança.Poroutrolado,existemsituaçõesnasquaisavontadedofilhoestácomprometidaemrazãoda

alienaçãoparental.

Assim,nãosedeveperguntaraofilho,sobretudomenorde12anos,comquemelequermorar.Éuma

grande responsabilidade para ele, que não tem maturidade para essa decisão e ainda pode fomentar

mágoaouressentimentodogenitorpreterido.Asperguntasdevemserefetuadasdeformaaberta,sobreo

ambientefamiliar,oquegostadefazer,comointeragecomospais,comoéocuidadonodiaadiaetc.Os

maioresde12anos,poroutrolado,commaismaturidade,podemexpressarmelhorseupontodevista,de

modoquesuaopiniãodeveserlevadaemconsideração,sobretudonashipótesesprevistasnoart.13da

ConvençãodeHaiasobreosequestrointernacionaldecrianças160.

Aguardafísicacompartilhada,dequalquerforma,significaumrespeitoaotempodoinfante,namedida

emquepossibilitaoconvíviopermanentedospaiscomosfilhos,evitandotraumaspelaausênciadeum

delesduranteoperíododecrescimentoeformaçãodacriança.

Semoportunidade do exercício da guarda compartilhada entre os pais, que deve ser fixada logo no

início do processo judicial, para fins de avaliação da dinâmica familiar, não se pode presumir a sua

inviabilidade161.

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Aguardafísicacompartilhada,assim,éaregra,semprejuízodapossibilidadedeserestabelecidaa

guardafísicaunilateral,reconhecendo-seaguardajurídicacompartilhada.

Todavia,omeroreconhecimentodaguardajurídicacompartilhada,comodireitodecorrentedopoder

familiarparatomardecisõesarespeitodavidadofilho,époucosatisfatórioparaoplenoexercíciodo

poderparental,e,notadamente,dodireitofundamentaldacriançaàconvivênciafamiliarcomambosos

pais, pois não garante, por si só, o convívio paterno-materno-filial, tendo sido necessária a expressa

previsão legal da guarda física ou material compartilhada (joint physical custody), conforme o art.

1.583,§2º,doCódigoCivil,naredaçãodadapelaLein.13.058/2014,emarranjosdefinidosnocaso

concreto.

Paraoexercíciodaguardafísicacompartilhadaésuficienteocarinho,adisponibilidade,oamorpelos

filhos,apossibilidadededaràcriançaatençãoeorientação,aindaqueasaúdementalestejaumpouco

abalada por conta da separação. Nem sempre, num primeiro momento, o(a) genitor(a) será capaz de

incentivar a relação da criança com o outro,mas deve ser advertido(a) para não incidir em uma das

hipótesesdealienaçãoparental.

Emboraosantigosincisosdoart.1.583,§2º,tenhamsidorevogadospelanovaredaçãodadapelaLei

n. 13.058/2014, podemos afirmar ser importante, na guarda física compartilhada, estar assegurados à

criança, no ambiente familiar de ambos os pais, afeto nas relações com o genitor e o grupo familiar,

saúde,segurançaeeducação.

Aliás,ospaisdevemzelarparaqueofilhofrequenteaescolae,sendoaadolescênciaépocademuita

rebeldia,devemtercuidadoparanãoseremmanipuladospelosfilhos,deixando-ostrocarderesidência

ao seu bel-prazer, mas sim, dentro do contexto da guarda compartilhada, serem fixadas

responsabilidades162.

Assim, é importante quehaja a efetiva participaçãode ambosos genitores no cotidianoda criança,

transmitindoaofilhomenorosseusvalores,possibilitandoqueacriançase identifiquenãosócomos

pais,mascomsuasnovasfamílias,enovosirmãos,criandovínculosdeafetividadeeafinidade,coma

plenainserçãodacriançanosnovoscontextosfamiliares.

Deumamaneirageral,nosdiasdaconvivênciafamiliar,nãocabeaooutrogenitormarcaratividades

extracurricularesdofilho163.Cadagenitordeveestabelecerasregraseasatividadesnosseusdiasde

convivência.

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Muitospaisseparados,por reconhecerema importânciadoconvíviodofilhocomambos, jávinham

adotandoosistemadaguardacompartilhada,mesmosemacordoescritoedecisãojudicial.

Dequalquerforma,oPoderJudiciáriopodeedeveestabelecer,comauxíliodaequipeprofissional,e

apósesgotadasas técnicasde soluçãoamigáveldoconflito,mesmosemacordoentreosgenitores,os

diasdeconvívio,garantindoodireitodacriançaàconvivênciafamiliar164.

A intervenção de uma equipe interdisciplinar, formada por assistentes sociais e psicólogos, faz-se

altamenteútilenecessária,sejaantesouapósaintervençãodeummediador,nahipótesederesistência

deumdospais,possibilitandoqueosarranjosatendamaosinteressesdafamíliaeàspeculiaridadesdo

casoconcreto,garantindoaoinfanteoseubem-estareodireitoàconvivênciafamiliar.

3.3.Aguardaunilateraleasprerrogativasdonãoguardião

ÉimportanteressaltarquenoBrasil,aocontráriodoqueocorreemoutrospaíses,aguardaunilateral

nãoretiradogenitorquenãoaexerceoexercíciodopoderfamiliar,quepermaneceintactonaseparação

dospaisounodivórcio165.Independentedaguardafísicacompartilhada,normalmenteconstituídapor

decisãojudicialouacordodaspartes,aguardajurídicacompartilhadadecorrediretamentedalei.

Ambos os genitores, mesmo separados, com um deles exercendo a guarda física exclusiva (guarda

únicaouunilateral)dacriança,estãoteoricamenteemigualdadedecondiçõesparaoexercíciodopoder

familiar,quesomentesealteraemrelaçãoao fatodequeacriançanãomaisestaráemtempo integral

comambososgenitores.Haverá sempreomomentoemqueacriançaestarácomsomenteumde seus

pais,sejaporqueéeleoguardião,sejaemrazãodoexercíciododireitodevisitadonãoguardião.

A autoridade parental não é retirada do genitor não guardião, que continua podendo, ao lado do

guardião,tomardecisõessobreofuturodoinfante.

Dequalquerforma,quandosetratadaguardaunilateralpresume-sequeadecisãodoguardiãoéaque

prevaleceatéquesejacontestadapelonãoguardião.

Oguardiãounilateralégeralmentequemdefineaescola,asatividadesextrajudiciais,ficaresponsável

peloscuidadosalimentaresedesaúde,pelodeslocamentodacriançadecasaparaaescolaedaescola

paracasaetc.

Assim, havendo divergência, caberá ao não guardião buscar o Poder Judiciário nas hipóteses de

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divergência,naformadoart.1.631,parágrafoúnico,doCódigoCivileart.21doEstatutodaCriançae

doAdolescente,exercendooseudireitoquedecorredopoderfamiliar.

Aliás, a titularidade e o exercício da autoridade parental, uma vez existentes na esfera jurídica,

constituemregrageral,demodoquequalquermodificaçãonessa regraconfiguraexceção,previstaem

lei,queexigepronunciamentoespecífico166.

Dessa forma, conforme já mencionado, o poder familiar somente é retirado do genitor por

descumprimentogravedosdeveresinerentesaopoderparental167edentrodeumprocessojudicial168

quelhegarantaampladefesaecontraditório169,conformedispõemosarts.155eseguintesdoEstatuto

daCriançaedoAdolescente,oucomodecorrênciade sançãopenal impostaporumJuizCriminalem

consequênciadapráticadecrimecometidocontraofilho(art.92,II,doCódigoPenal).

Nas situações de violência doméstica, por força damedida protetiva prevista no art. 22 da Lei n.

11.340/2006, o direito de visitas poderá ser restringido ou suspenso, o que não impede a retomada

gradativadocontatoentrepaiefilhos,desdequeaaproximaçãonãoimpliqueriscoàvidadamulherou

dosprópriosfilhos.

Foraessashipóteses,nãoháfalaremperdaoususpensãodopoderfamiliar,estandoonãoguardiãoem

plena igualdade jurídica para o exercício da responsabilidade parental, visto que privado está tão

somentedocontatodiáriocomseufilho170.

Aseparaçãoouodivórcioseparammaridoemulher,nãoanulandoos laçosquevinculamospaisa

seus filhos, de modo que a ruptura do casal não abala os laços jurídicos da filiação, que persistem

imutáveis171,naformadoart.1.632doCódigoCivil.

Ajointlegalcustody,portanto,comoodireitodeambosospaistomaremasdecisõessobreofuturo

dos filhos, embora possa a guarda física da criança ser submetida a somente um deles, já existia no

Brasil,comacontemplaçãoexpressadonossoordenamentojurídico,jáqueonãoguardiãocontinuava

noexercícioplenodaautoridadeparental.Ogenitornãoguardiãonãoestáprivadodopoderfamiliare

podetomardecisõessobreofuturodeseufilho.

Dessaforma,podeogenitornãoguardião,concorrenteeparalelamentecomoguardião,representaro

filho em ações judiciais, proibir ou autorizar a participação do infante em espetáculos públicos, em

novelas,empeçasdeteatro,ouadivulgaçãodesuaimagem,representarperanteaautoridadecriminal

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noscrimesdeaçãopenalpúblicacondicionadosàrepresentação172,oferecerqueixanoscrimesdeação

penal privada, não autorizar casamento ou viagens do infante para o exterior (sendo necessária a

intervençãodoPoderJudiciárioparaosuprimentodaautorização),discordardepedidodeadoçãode

suaproleetc.173,naformadoart.1.634doCódigoCivil.

Onãoguardiãojápodiaainda,emtese,interferirnaescolhadaescoladeseufilho,doseumédico,do

planodesaúdeetc.,oquesetornavadifícilnapráticaanteainexistênciadaprevisãolegalarespeitoda

guardacompartilhada.

ALein.13.058/2014alterouoart.1.634doCódigoCivilparaincluiraexpressãocompetea“ambos

ospais,qualquerquesejaasuasituaçãoconjugal,oplenoexercíciodopoderfamiliar”.

Éimportanteressaltarque,deacordocomapersonalidadedecadagenitor,emboraambosestejamno

exercício pleno do poder familiar, como quando casados, é natural que umdeles ceda e o outro faça

prevalecerassuasescolhas.Assim,mesmojuntosouseparados,umdosgenitoresnormalmenteseimpõe

efazprevalecerasuavontade.Mesmoresidindonamesmacasa,háaquelequeestabeleceasuaescolha

quantoàescoladacriança,àreligião,aoplanodesaúde,àatividadeesportivadofilho,àalimentação

etc.Ambos estão no exercício igualitário do poder familiar, cabendo a qualquer um deles recorrer à

autoridadejudiciáriaparaasoluçãodequalquerdivergência,naformadosarts.1.631,parágrafoúnico,e

1.634doCódigoCivileart.21doEstatutodaCriançaedoAdolescente.

Particularmentesetratandodepaisseparados,adiscordânciaentreelesseacirra,eoqueocorre,na

prática,équeopainãoguardião,privadodoconvívioconstantecomofilho,nãotinhaoportunidadepara

levaracriançaàescolaqueentendeadequada,aoseventosesportivosquejulgasaudáveis,aosmédicos

que reputa melhores etc. Deixava, assim, de participar de suas atividades escolares, esportivas,

religiosas,passandooguardiãoúnicoaexercer,nomundofáticodacriança,aexclusividadeaparentedo

poder familiar, tomando todas as decisões importantes sobre o futuro da criança sem consultar o não

guardião, que se sentia numpapel secundário, responsável única e exclusivamente pelo pagamento da

pensão alimentícia (livremente administrada pelo genitor guardião), comumdireito de visita variável

casoacasoesomenteregulamentadoquandoumouambososgenitoresingressavamemJuízo.

Éimportantefrisarquesemoingressodeumaaçãojudicialprópriaonãoguardiãotinhaumdireito

genérico a visitar seu filho (comumdireito correspondente deste de ser visitado), que não podia ser

executado judicialmente caso houvesse proibição do guardião, sem prévia ação ordinária de

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regulamentaçãodevisitasouhomologaçãojudicialdeacordo.

Essa proibição do guardião único de permitir a visita do outro genitor ou de familiares deste,

ignorando-os,comaLeidaAlienaçãoParental,tornou-seindíciodequenãoexerceacontentoaguarda

unilateraldo filho,vistoqueestariadificultandoocontatodacriançacomooutrogenitor,oquepode

gerarpuniçõesaoguardião174comoaaplicaçãodemultaouainversãodaguardaunilateral175.

Por sua vez, a Lei n. 13.058/2014 garantiu ao não guardião o direito/dever de supervisionar os

interessesdosfilhos,sendopartelegítimaparasolicitarinformaçõese/ouprestaçõesdecontas,objetivas

ousubjetivasquediretaouindiretamenteafetemasaúdefísicaepsicológicaeeducaçãodeseusfilhos

(art.1.583,§5º).

Qualquerestabelecimentopúblicoouprivado,aliás,éobrigadoaprestarinformaçõesaqualquerdos

genitores, independentemente de exercerem a guarda ou não, sobre os filhos destes, sob pena de

aplicaçãodemulta(art.1.584,§6º).

Demaneira geral, se há amizade e bom convívio entre os genitores,mesmo na guarda unilateral, a

criançatemaoportunidadedeconvivercomambosospaisecrescerdeformasadia.Aboarelaçãodos

pais permite a interação da criança com os familiares, e, na prática, mesmo com a nomenclatura de

guarda unilateral, ocorre uma verdadeira guarda compartilhada. Se há amizade, diálogo, respeito,

consensoeresponsabilidadedospais,aintervençãodoPoderJudiciárioédespicienda.

Poressarazão,éjustamentequandoaspartesrecorremaoPoderJudiciáriodeformanãoconsensual

quese indicaquealgonãoestábemequeseráprecisoumolharcuidadosodosoperadoresdodireito

para garantir tanto aos pais quanto aos filhos o direito à convivência familiar e o respeito aos

poderes/deveresdecorrentesdopoderfamiliar.

NessesentidoconvémsercitadaaprofessoraSilvanaMariaCarbonera176,queassimdisserta:“Não

existindoconsenso,onãoguardiãopoderárecorreraojuizparaque,emseuentender,oqueéointeresse

do filho seja preservado ou concretizado, utilizando todos os meios processuais disponíveis e

possíveis”.

Afinal,nãosepoderesumirarelaçãodemãe,paiefilhoaumaversãosimplistadedoispontos:1º)

quempossuiaguarda judicialdefine todososaspectosdavidado infante, administrandoonumerário

recebido a título de pensão alimentícia; 2º) quem não possui a guarda paga pensão alimentícia e tem

direitodevisita(geralmentefixadoemfinaisdesemanaalternados–15em15dias).

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A Lei n. 13.058/2014 veio ampliar os poderes do não guardião, reconhecendo o seu direito à

supervisão(CódigoCivil,art.1.583,§5º),alémdeenfatizaraideiadequeosdireitosdecorrentesdo

poderfamiliarsãoaplicáveisaindaqueospaisnãoresidamjuntos(CódigoCivil,art.1.634),reforçando

aassertivadeque,independentementedaguardafísicacompartilhada,onossodireitoconsagrouaguarda

jurídicacompartilhada.Mesmoqueaguardafísicasejaunilateral,odireitodeparticipardasdecisões

sobreofuturodofilhopermanece.

Dequalquerforma,considerandoqueaautoridadeparentalpermaneciaintactacomaseparaçãoouo

divórcio, a denominada guarda jurídica compartilhada, restrita ao reconhecimento de que ambos os

genitorestêmodireitodetomardecisõessobreofuturodacriança(jointlegalcustody),semestabelecer

expressamente o convívio contínuo do infante com ambos os pais, sempre existiu, mesmo na guarda

unilateral.

A previsão legislativa explícita, de qualquer forma, foi um importante avanço na medida em que

reforçouaigualdadedopoderfamiliar,impondoàquelequeconvivecomofilhoorespeitoaooutroeàs

suas opiniões, sepultando qualquer dúvida quanto à possibilidade de o Poder Judiciário adentrar na

controvérsia existente e dirimir eventuais litígios entre os genitores, desvinculando-se da questão de

quemexerceaguardafísicadacriança.

A guarda unilateral somente será exclusiva e desvinculada do outro genitor quando inexistente o

reconhecimento da paternidade oumaternidade (por falta de registro civil, por exemplo) ou quandoo

poderfamiliarestiversuspensooudestituído.Hápresunção(relativa)dequeoguardiãounilateraltoma

decisõesemfavordacriança,oquepodesercontestadoemjuízo.Dequalquerforma,qualqueracordo

deguardaunilateralqueexcluaooutrogenitor,instituindoumdireitopotestativodoguardiãoúnicopara

permitirounãosuasvisitas,fereaordempúblicabrasileira177.

3.4.Aguardacompartilhadacomoefeitodadespatrimonializaçãododireitocivilevaloraçãodasrelaçõespessoaisnoâmbitofamiliar

AConstituiçãode1988alterou radicalmenteo sistemaanterior, consagrando, alémda isonomiados

filhos, a isonomia dos cônjuges, a tutela de núcleos familiares monoparentais (formado por um dos

ascendentescomosfilhos)eextramatrimoniais(nãofundadosnocasamento).

Antes da Constituição de 1988, havia uma preocupação exagerada do legislador civil para com os

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aspectospatrimoniaisdasrelaçõesentreoscônjugesedefiliação,manifestadanasrestriçõesimpostasà

mulher,nodeverdomaridodesustentodafamília,nasucessãohereditáriaenasnormasreguladorasdo

pátriopoder.

Poder-se-ia dizer que a disciplina do Código Civil de 1916, pela qual a tutela de filhos estava

vinculadaàespéciederelaçãopreexistenteentreseuspais,respondiaaumalógicapatrimonialistabem

definida.Emprimeirolugar,osbensdeveriamserconcentradosecontidosnaesferadafamílialegítima,

assegurando-seasuaperpetuaçãonalinhaconsanguínea,comoqueresguardadospeloslaçosdesangue.

Em seguida, e em consequência, por atrair o monopólio da proteção estatal à família, o casamento

representava um valor em si, identificava-se com a noção de família (legítima), de sorte que a sua

manutençãodeveriaserpreservadaatodocusto,mesmoquandoopreçodapaz(formal)domésticafosse

osacrifícioindividualdosseusmembros,emparticulardamulheredosfilhossobopátriopoder178.

Esseeraofundamento,essencialmentepatrimonialista,dasregrasdoCódigoCivilde1916referentes

à indissolubilidade do vínculo matrimonial, ao poder marital, à subordinação da mulher casada ao

cônjuge varão, à chefia centralizadora da sociedade conjugal atribuída ao marido, aos excessivos

poderesdefinidoresdopátriopoder,àpresunçãodapaternidadedomaridoeaodever,correspondente

domarido,deseroprovedordafamília,fornecendosuportefinanceiroparaosustentodamulheredos

filhos,exigindodestesrespeitoeobediênciaabsoluta.

Os novos paradigmas do direito de família determinam uma valorização do aspecto afetivo e da

dignidadedecadaumdosmembrosquecompõemaentidadefamiliar.

A “repersonalização” ou despatrimonialização do direito de família significa, basicamente, que as

alteraçõeshavidastêmporescopofazercomqueodireitodefamíliapasseagirarfundamentalmenteem

tornodefenômenoshumanos,ligadosàesferaafetiva,espiritualepsicológicadaspessoasenvolvidas,e

não de facetas de natureza predominantemente patrimonial179. Fala-se, assim, em princípio da

afetividade180.

Notam-segrandesalteraçõescomportamentaisnasuniõesconjugais,comavalorizaçãodosentimento

afetivoemdetrimentoda relaçãodepoder, comumcrescente incrementodonúmerodedissoluçãode

casamentos.Considerandoqueafamíliapassaaservistasobprismadiversodaqueleatéentãoexistente,

deixandode serum fimemsimesmapara transformar-se emmeiode realizaçãoe felicidadede seus

membros,amanutençãodovínculoconjugaltãosónessesentidosejustifica.

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Assim,chega-seàconclusãodequeasuniõesformaisounão,bemcomoamanutençãodelasentreos

seuspartícipes,

se fulcramnosvalorosos sentimentosmútuosde cadaumem relação aooutro: no amor, no respeito, na afeição, na compreensão, na

solidariedade, na confiança, no auxíliomaterial emoral, na fidelidade, enfim, sentimentos que vinculam duas pessoas para a vida em

comum181.

Prioriza-se o aspecto afetivo, sentimental, em detrimento do aspecto patrimonial. E, como

consequência,

dar-semaisimportânciaaoaspectoafetivodasrelaçõesentreosfamiliareséatitudequetemreflexosnãosónasrelaçõesdedireitode

famíliapuro,mastambémnasrelaçõesdedireitopatrimoniaisquenascemnafamília182.

Litígios intensos em razãode elevadosvaloresdepensão alimentícia tendema serminimizados, de

modo que os alimentos judiciais devem refletir os gastos essenciais do filho, deixando-se para a

convivênciadodiaadiaopagamentodealimentosinnatura.

Porfim,aofocaraquestãosocioafetiva,nãopodemosestarlimitadosàtríadepai/mãe/filho.Épreciso

considerar os múltiplos arranjos familiares e o aspecto emocional no estabelecimento do convívio

familiar pós-ruptura conjugal e/ou na ocasião de litígio entre os adultos. É preciso resguardar os

interesses dos filhos de casais homoafetivos, que, além de exercerem a guarda compartilhada, devem

contribuirparaosustentodacriança183.

Valorizandooamoreaconvivência,alémdospais,ocontatoentreavósenetosdeveserpreservadoe

estimulado (art. 1.589, parágrafo único, doCódigoCivil – Lei n. 12.398/2011), garantindo-se, ainda,

direitodevisitasaopadrastoeàmadrasta,aos tioseàs tias,bemcomoaoutrosque tenhamvínculos

afetivoscomacriança.

3.5.Odireitoconstitucionalàconvivênciafamiliar

Aguardacompartilhadadecorredodireitoconstitucionalàconvivênciafamiliar,direitofundamentale

constitucionalmente assegurado e previsto no art. 227 daCartaMagna, que consiste no direito de ser

criadoeeducadonoâmbitodaprópria família.Háumanecessidadeprementedesebuscaruma inter-

relação axiológica visando à unidade sistemática e à efetiva realização dos valores estabelecidos na

CartaMagnadiantedodireitoinfraconstitucional184.

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O centro da tutela constitucional, conforme já exposto, deslocou-se do casamento para as relações

familiares,dandoensejoaumatutelaessencialmentefuncionalizadaàdignidadedeseusmembros.

Considerandoserafamíliaolugarnaturalondeoserhumanoemdesenvolvimentosesenteprotegidoe

aprendeosconceitosbásicosparaavida,nãosepodeconcebê-lasobumaspectomeramenteunilateral

quandoocorreaseparaçãodospais.

Tantoopai quanto amãe, querendo e podendo, devemestar presentes noprocessode formaçãodo

filho,eestãoemigualdadedecondiçõesparaexerceressemunus,notadamenteemfacedoscomandos

constitucionaisdeigualdadeprevistosnosarts.5º,I,e226,§5º.

Aseparaçãodospaisnãopode significarparaacriançauma restriçãoao seudireitoàconvivência

familiar.Ocontatocomambosospaiséextremamentebenéficoparaoseudesenvolvimento.

ConformeexpõeFlávioGuimarãesLauria185,

duranteainfânciaeaadolescência,oserhumanoseencontraemumafasepeculiardesuaexistênciaeasexperiênciasquevaivivenciar

aolongodestaetapadavidaterãorepercussãonaformaçãodesuaestruturapsíquica.Dentreosfatosmaisimportantesdestemomento

tãopeculiar estão aqueles quedizem respeito ao relacionamentoda criança com seupai e suamãe e que terão ligaçãodireta como

exercíciodasrespectivasfunçõesmaternaepaterna.

Háunanimidadeemreconhecerqueorelacionamentodacriançacomambosospaisédefundamental

importânciaparaoseuplenodesenvolvimento186.

TarcísioJoséMartinsCostaapontaqueodireitoàconvivênciafamiliar,antesdeserumdireito,éuma

necessidadevitaldacriança,nomesmopatamardeimportânciadodireitofundamentalàvida187.

Seécertoquenosprimeirosmesesdevidaarelaçãomãe-bebêéúnica,extremamenteimportantepara

a criança, não se pode excluir a triangulação com o pai, e que representa, numa das etapas mais

importantes do desenvolvimento humano, conforme estudos de Sigmund Freud, uma “interferência na

relaçãosimbióticaentreamãeeacriança,nofenômenoidentificadocomo‘ComplexodeÉdipo’”188.O

pai,vistopelacriançacomoumintruso,vaidividirodesejomaterno,imprimindoaprimeiralimitação

aoseudesejo,peloqualacriançacomeçaaperceberqueoseudesejodependedodesejodooutroecom

isso se humaniza e encontra condições de se relacionar com os outros. “O pai intruso se torna pai

simbólico e, com isso, liberta o filho para que se dirija aomundo.”189Um complexo de Édipomal

resolvidopodeserfontedeumasériedeproblemaspsicológicosaolongodetodaavidadapessoa.

Frisa-sequedecorredopoderfamiliaraobrigaçãodeestarpresentenoprocessodedesenvolvimento

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do filho. Afinal, o poder familiar é ummunus, um poder-dever, um conjunto de direitos e deveres

atribuídos aos pais, em relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a

proteçãodestes.

DispõeaConstituiçãoFederal:

Art.227.Édeverdafamília,dasociedadeedoEstadoasseguraràcriança,aoadolescenteeaojovem,comabsolutaprioridade,odireito

(...)àconvivênciafamiliar.

Art.229.Ospaistêmodeverdeassistir,criareeducarosfilhosmenores(...).

OEstatutodaCriançaedoAdolescente:

Art. 21.Opoder familiar será exercido, em igualdadede condições, pelo pai e pelamãe, na formadoquedispuser a legislação civil,

assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da

divergência.

EoCódigoCivil:

Art.1.634.Competeaambosospais,qualquerquesejaa suasituaçãoconjugal,oplenoexercíciodopoder familiar,queconsisteem,

quantoaosfilhos:

I–dirigir-lhesacriaçãoeaeducação;

II–exerceraguardaunilateraloucompartilhadanostermosdoart.1.584.

Art.1.589.Opaiouamãe,emcujaguardanãoestejamosfilhos,poderávisitá-losetê-losemsuacompanhia,segundooqueacordar

comooutrocônjuge,ouforfixadopelojuiz,bemcomofiscalizarsuamanutençãoeeducação.

Parágrafoúnico.Odireitodevisitaestende-seaqualquerdosavós,acritériodojuiz,observadososinteressesdacriançaouadolescente.

Assim,quandoogenitornãodetémaguardafísicadofilho,sejaporquefoiamesmaatribuídaaooutro

genitor ou a um terceiro (avô ou avó, tio, tia, abrigos públicos ou privados), compete-lhe o dever,

inerenteaopoderfamiliar,devisitaracriançacomfrequência.

Essedever-direitodevisitadogenitor,quecorrespondeaumdireitoindisponíveldacriança,nãopode

ser obstacularizado pelo outro190.Na hipótese de descumprimento do direito de convívio, seja pelo

genitorvisitante,sejapeloguardiãounilateralounaguardacompartilhada,háconsequênciasjurídicasas

mais diversas, entre as quais se destacam a aplicação demulta processual àquele que não permite a

visitação até que viabilize o contato da criança com o outro (execução de obrigação de fazer)191,

redução de prerrogativas ao detentor da guarda (Código Civil, art. 1.584, § 4º), ampliação da

convivênciadooutrogenitor,condenaçãodoausenteapagarindenizaçãopordanosmoraiscausadosao

filhoemrazãodesuaomissão192, revogaçãodaguardadaquelequenãopermiteavisitação193 e até

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mesmoaresponsabilizaçãoperanteaVaradaInfânciaeJuventudeemrazãodainfraçãoadministrativa

previstanoart.249doEstatutodaCriançaedoAdolescentedirecionadaapais,tutoreseguardiães.

Aguardafísicacompartilhadavemaserumaampliaçãododireitodevisitasacrescidadedeveres,em

quea convivência como filho se intensifica, impondo-se a ambosospaisumônusno sentidodeque

participemativamentedodiaadiadofilho,comconsequênciasinclusivenaresponsabilidadecivilpor

eventuais atos ilícitos praticados por ele. Na realidade, deixamos de utilizar a expressão “direito de

visita”parausaraterminologiaconstitucional“convivênciafamiliar”.Nessesentido,oMagistradodeve

estabelecerasregrasdaconvivênciafamiliarenãomero“direitodevisitas”.

SegundooentendimentodoprofessorWaldyrGrisardFilho,

aguardacompartilhadaassumeumaimportânciaextraordinária,namedidaemquevalorizaoconvíviodamenorcomseusdoispais,pois

mantém, apesar da ruptura, o exercício em comum da autoridade parental e reserva, a cada um dos pais, o direito de participar das

decisões importantesquese referemàcriança.Seguindoa trilhaabertapelosdiplomas internacionaisepela legislaçãoalienígenamais

avançada,oDireitobrasileiroigualmenteelegeuointeressedomenorcomofundamentalparareduzirosefeitospatológicosqueoimpacto

negativodassituaçõesfamiliaresconflitivasprovocanaformaçãodacriança194.

Os fundamentospsicológicosdaguarda compartilhadapartemda convicçãodeque a separação eo

divórciodospaisacarretamumasériedeperdasparaacriança,comoanaturalquedadopadrãodevida,

litígiosentreospais,divisãodebensetc.,eprocuramamenizá-las,namedidaemqueacriançamanterá

oconvíviocomambososgenitores.Acriançasebeneficiapoisreconheceterdoispaisenvolvidosem

suacriaçãoeeducação,nãosedistanciandodeles.

Aguardacompartilhada,assim,éexpressãododireitoàconvivência familiareprincípiodomelhor

interessedacriança195.Alémdegarantiràcriançaocontatodiretocomambososgenitores,possibilita

ummaior controle de sua educação, saúde, alimentação, integridade física e formação, diminuindo os

riscosdosdesmandosdeumadaspartes.

3.6.Oespecialdestaqueparaadignidadedapessoahumanaedaéticanasrelaçõesfamiliares

AConstituiçãode1988promoveadignidadedapessoahumanacomovalormáximodoordenamentoe,

emconsequência,princípioorientadordetodainterpretaçãodalegislaçãoinfraconstitucional.

Apersonalidadehumanaseapresentacomoumvalorjurídicoasertuteladonasmúltiplassituaçõesem

queohomempossaseencontraracadadia,demodoqueoquesebuscaésalvaguardarapessoahumana

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sobtodososaspectos.

A nova tábua de valores definida pela Constituição, baseada no princípio da dignidade da pessoa

humana, no ápice do ordenamento jurídico, traz três traços característicos, já indicados por diversos

estudiososdoassuntoemmatériadedireitodefamília:1.afuncionalizaçãodasentidadesfamiliaresà

realizaçãodapersonalidadede seusmembros, emparticulardos filhos;2. adespatrimonializaçãodas

relaçõesentreosconsorteseentreospaiseosfilhos;3.adesvinculaçãoentreaproteçãoconferidaaos

filhoseaespéciederelaçãoexistenteentreosgenitores.

O vínculo matrimonial, só por si, não há de ser resguardado, senão como instrumento de

desenvolvimentodapersonalidadedoscônjugesedosfilhos.

A comunidade familiar, por sua vez, informada pelo preceito fundamental da dignidade da pessoa

humanaepelaabsolutaprioridadereservadaàcriançaeaoadolescente(art.227daCF),transformou-se

emsociedadedemocrática196.

Aestruturaçãodemocráticaquedevepermearasociedadefamiliarestádemonstradapeloart.226,§

5º,daCartaMagna,quedispõequeosdireitosedeveresreferentesàsociedadeconjugalsãoexercidos

igualmentepelohomemepelamulher,pelosarts.16,28,§1º,111,V,161,§2º,e168doEstatutoda

CriançaedoAdolescente, que asseguramodireito àopinião e expressãodos filhos197, bem como a

determinaçãoexpressadequeaautoridadeparentaléexercidaem igualdadedecondiçõespelospais,

princípiotambémconsagradonoCódigoCivil.

O Código Civil estabeleceu, no art. 1.566, como deveres de ambos os cônjuges o respeito e

consideraçõesmútuos, alémdosdeveres tradicionais de fidelidade recíproca, vida emcomum,mútua

assistênciae sustento,guardaeeducaçãodos filhos, reforçando, assim,o respeitoeconsideraçãoque

devepautararelaçãoconjugal,combasenoprincípiodadignidadedapessoahumana.

O respeito e a consideração, decorrentes do princípio da dignidade da pessoa humana, aindamais

presentesnarelaçãofamiliar,trazemapossibilidadedeindenizaçãopordanomoralaserpostuladapor

qualquerumdoscônjuges,emfacedooutro,nahipótesedeviolaçãodosdireitosdapersonalidade198.

Relevantíssimaé,outrossim,atuteladapessoahumanaemdesenvolvimento,essênciaebasedenossa

sociedade,fundamentalparaaconstruçãodeumasociedadelivre,justaesolidária,objetivofundamental

previstonoart.3º,I,daConstituiçãoFederal.

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Não se pode jamais esquecer que a questão da criança foi tratada como prioridade absoluta na

Constituição,sendosuaproteçãodeverdafamília,dasociedadeedoEstado.

Todacriançaouadolescente temodireito à convivência familiar (art. 19doECA), à liberdade, ao

respeito,àdignidadecomopessoahumanaemprocessodedesenvolvimentoecomosujeitosdedireitos

civis,humanosesociais,garantidosnaConstituiçãoenasleis(art.15doECA),assimcomoàliberdade

de opinião e expressão, participação na vida familiar e comunitária (art. 16 do ECA), além de

inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, à preservação da imagem, da identidade, da

autonomia,dosvalores,ideiasecrenças(art.17doECA),sendodeverdetodosvelarpeladignidadeda

criançaedoadolescente(art.18doECA).

Conformejáexposto,aConstituiçãonãoexisteapenasparalimitaraatuaçãodoPoderPúblico,masé

tambémtarefa,e,nessamedida,deveregularrelaçõesprivadaseasociedadecivil.

AsVarasdeFamília,muitasvezespalcodeperseguiçãodeumdoscônjugesemfacedooutro,indicam

opatamarinstitucionalparaoqualosindivíduoscaminhampornãomaisconseguiremexerceracondição

de “sujeitos da própria história”. O Poder Judiciário, conforme expõe a psicóloga Evani Zambon

MarquesdaSilva199,vemocuparalacunadopensareagirdosprópriosindivíduos.Eobservaque

a riqueza e os bensmateriais, assim como os filhos, vistosmuitas vezes como objetos nomeio da relação conjugal interrompida, são

fatores que acabam tomando uma dimensão maior do que as próprias necessidades internas das pessoas, a ponto delas precisarem

continuarreprimindonãosótaisnecessidadescomotambémossentimentosparavivenciaroqueéculturalmentevalorizado200.

Areorientaçãoparadigmáticaqueenvolveaconstitucionalizaçãododireitoprivado,aproveitando-se

dacargavalorativaeprincipiológicadaConstituição,impõeumareleituradodireitoprivadoapartirdas

novascoordenadasestabelecidas.

Todosospoderesestãovinculadosaosdireitosfundamentais,sendoquetantoaConstituiçãoquantoos

direitos fundamentais sãonormaeaomesmo tempo tarefa.Dianteda forçanormativadaConstituição,

todooordenamento jurídicoestatal,enesteentenda-seoPoderExecutivo,aoaplicaras leis,oPoder

Legislativo, ao elaborar as leis, e o Poder Judiciário, ao interpretar as leis, deve buscar a ótica da

axiologia,materialidadeejurisdicidadeconstitucional,bemcomoaprópriasociedadedeveadequar-se

aosnovosparâmetrosfamiliares.

Surge,assim,anecessidadedesebuscarumainter-relaçãoaxiológicavisandoàunidadesistemáticae

àefetivarealizaçãodosvaloresestabelecidosnaCartaMagnadiantedodireitoinfraconstitucional201,

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notadamentequantoaodireitodofilhoàconvivênciafamiliar,aoseurespeitoeàsuadignidade,coma

concretizaçãodoprincípiodaafetividade.

Aseparaçãodospais,conforme jáexposto,nãopodesignificarparaacriançaumarestriçãoaoseu

direitoàconvivênciafamiliar.Umagranderelaçãodeproximidadecomospaiséextremamentebenéfica

paraoseudesenvolvimento.

Ocomportamentoéticonasrelaçõesfamiliares,notadamenteparaobomexercíciodaguarda,sejaesta

unilateraloucompartilhada,éfundamental.

Há uma tendência de expansão, cada vez maior, das normas éticas para o mundo jurídico,

principalmente no direito de família, considerando a preocupação do direito contemporâneo com a

proteçãodapessoahumanaemsuacompletude.Jásefala,hojeemdia,doprincípiodaeticidade,dadaa

relevânciadocomportamentoéticoedaboa-fénasrelaçõesjurídicas.

A tutela da dignidade humana encontra-se no vértice do nosso ordenamento jurídico, dada a sua

previsão constitucional destacada, e é princípio orientador de toda a interpretação da legislação

infraconstitucional.Apersonalidadehumanaéumvalorjurídicoasertuteladonasmúltiplaserenovadas

situaçõesnasquaisapessoapossaseencontraracadadia.

Osdireitosdapersonalidadesãodireitossubjetivos,absolutos,oponíveisergaomnes,atípicos (não

taxativos), imprescritíveis, irrenunciáveis, inalienáveis e que não sofrem restrição nas relações

familiares.Muito pelo contrário, a consideração e o respeitomútuo são exigíveis dos cônjuges202, e

companheiros203,depaisefilhos204,edeex-consortes,dadaaproteçãoconstitucionalprevistanoart.

1º, III,eart.5º,X,aplicáveisaqualquerpessoahumana,corroborada,emrelaçãoà família,peloart.

226, §§7º e 8º, entre outros.É desnecessário discutir se há umúnico direito ou classificarmúltiplos

direitosdapersonalidade,poisoquesebuscaésalvaguardarapessoahumanasobtodososaspectos205.

Écomportamentoesperadodospaisnocampoéticoqueseexpandeparaomundojurídico:respeitaro

filhoeafiguraparentaldooutrogenitor,nãocriarobstáculosparaoacessodooutrogenitoràcriança,

permitiroconvíviodofilhocomosavósedemaisparentes,pagarpensãoalimentíciacompatívelcomas

reaispossibilidades,reconhecerofilhovoluntariamente,amparar,protegeresefazerpresentenavidado

filho, entre outros. Percebemos, todavia, no cotidiano dos Tribunais, o constante desrespeito a essas

diretrizes. A doutrina vem construindo o caminho para a proteção jurídica de tais valores, que vêm,

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gradativamente, sendo amparados pela jurisprudência206 e legislação contemporânea, incluindo-se a

guardacompartilhadacomomaisumaarmanadefesadessaspremissasessenciaisparaaboaformação

dacriança.

Tododireitopossuiumelementoformaleoutroaxiológico,deconteúdovalorativo.Quandooelemento

formaléofendido,estamosdiantedeumailegalidade,mas,quandoofundamentoaxiológicoéatingido,

estaremosdiantedeumabusododireito207.Aomissãodoafetonoexercíciodaautoridadeparentalea

criaçãodeobstáculosparaoexercíciodavisitaçãodoex-consortesãoexemplosdeabusonoexercício

daautoridadeparental,equedevemsercombatidoscommecanismosseguros.Dentrodopodergeralde

cauteladoMagistradoexisteapossibilidadedefixarmultanabuscadeviabilizarodireitodeconvívio

dooutrogenitor.Háapossibilidade,ainda,deserimpostaainversãodaguardaemfavordogenitormais

flexível e comcomportamento éticomais adequado.Não se descarta, ademais, o pagamentodedanos

moraisemrazãodaviolaçãodedireitosdapersonalidadenoâmbitofamiliar,comoaatitudededenegrir

a imagem do outro genitor perante o filho, que configura ato de alienação parental. São situações

existenciaisquemerecemproteçãojurídica.

Na sociedade atual émuito comumque ambos os pais, tanto o homemquanto amulher, busquem a

realização profissional fora de casa, longe do ambiente residencial. Por certo que, se os pais são

separados,eoguardiãoexercefunçõeslaborativasausentando-sedecasa,permitiroconvíviodofilho

comogenitor,avósedemaisfamiliaresdurantesuaausência,namedidaemqueiráreforçarosvínculos

deafetividade, serámuitomaisproveitosoparaa criançadoquedeixá-la aoscuidadosdeumababá,

empregadaouemumacreche,vistoquearelaçãoestabelecidaentreessesúltimosédecunhofinanceiro,

enãoafetivo.Dividirmomentosdelazer,nosfinaisdesemana,emacréscimo,serásalutarparaambos.

Nãosejustifica,portanto,aresistênciaaumbomconvívioentrepaisefilhosquandoexistepossibilidade

evontadedessaaproximação.

Leila Maria Torraca de Brito208, desmistificando a resistência existente à guarda conjunta ou

compartilhada,assinalaque

acriançadevesesentiremcasatantonaresidênciadeseupaiquantonadesuamãe,identificandocadaumdessesespaçoscomoum

portoseguroondesentefirmezaparaancorarsuasalegrias,tristezasedificuldades.(...)torna-secomumobservarmosbebêscompoucos

mesesdeidadejálevadosparaascreches–ondepassamgrandepartedodia–comsuasroupaseobjetosdeusodiárioacondicionados

emmochilas.Podemosobservar,assim,quejáfrequentamespaçosfísicosdistintoselocaisondepossuempertencesespecíficos.Nesse

sentido,pode-sequestionar:oqueofereceacrechequeacasadopainãopodeoferecer?

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Assim, como nem todos querem viabilizar demaneira espontânea o convívio do filho com o outro

genitor,éindispensávelarmardemecanismosjurídicosadefesadoconvíviofamiliar,afimdequepossa

serexigidocoercitivamente,semresistênciaemorosidadepeloPoderJudiciário.Nessesentido,asLeis

da Guarda Compartilhada e da Alienação Parental sedimentaram diversos mecanismos, como a

prerrogativadeoPoderJudiciáriofixaraguardacompartilhadamesmonolitígio,aaplicaçãodemulta,o

acompanhamentopsicológicooubiopsicossocialdospais,aadvertênciaeainversãodaguarda.

Dospais se exigemuitomaisdoque simplesmente criaros filhos.Énecessário criá-los comamor,

ética e responsabilidade, preparando-os satisfatoriamente para a vida adulta. Os problemas e as

frustraçõespessoais dospais, numcontextode litígio, devem ser contidos, poupando-seos filhosdos

desgastes na medida do possível. O respeito à pessoa humana do filho e a preocupação com a sua

felicidade, o estímulo e zelo pelo bom convívio do filho com o outro genitor e demais familiares, a

educação,osustento,atransmissãodebonsvalores,enfim,sãopreocupaçõesquedevemestarpresentes

na consciência dos pais, num rol extenso, não exaustivo, que se amplia a cada dia, e que vem

encontrando, nos estudiosos do direito protetivo de crianças e adolescentes, uma gama de

responsabilidadesoutrorajamaisimaginada.

3.7.Aguardacompartilhadaeoprincípiodomelhorinteressedacriança

Oprincípiodomelhorinteressedacriançatemnorteadotratadoseconvençõeshumanitáriasemtodoo

mundo. Sua origem prende-se ao instituto do parens patriae, utilizado na Inglaterrra como uma

prerrogativadoReidaCoroaafimdeprotegeraquelesquenãopodiamfazê-loporcontaprópria209.O

princípiodobestinterestofthechildnasceudaideiadequeoEstadopodeexercersuaautoridadesobre

a criança que pratica um comportamento contrário à lei, na ausência ou incapacidade dos pais de

proveremsuanecessáriaassistência210.

Oparenspatriae seriaaautoridadeherdadapeloEstadoparaatuarcomoguardiãodeumindivíduo

comumalimitaçãojurídica,mecanismoqueautorizaoEstadoaassumirasregrasdeorientaçãopaternal

e definir a custódia de uma criança quando ela se tornava delinquente, abandonada ou precisava de

cuidadosespeciaisqueospaisbiológicosnãoestavamemcondiçõesdeoferecer.

ConformeexpostoporTâniadaSilvaPereira211,sãomarcosdajurisprudênciainglesaocasoFinlay

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v. Finlay, julgado pelo Juiz Cardozo, em que ficou ressalvado que, ao exercitar o parens patriae, a

preocupação não deveria ser a controvérsia entre as partes adversas nem mesmo tentar compor a

diferençaentreelas,massimobem-estardacriança,quedeveriasobrepor-seaosdireitosdecadaum

dospais,destacando-seoscasosRexv.DelavaleBlisset,julgadospeloJuizLordMansfieldem1763,

comoosprecedentesdoDireitoCostumeiroInglêsdoprincípiodaprimaziadointeressedacriança.Em

1836esseprincípiotornou-seefetivonaInglaterra.

NosEstadosUnidos,oprincípiodobestinteresttambémsevinculouàsatribuiçõesdoJuizquantoao

parens patriae, emanando da função tradicional do Estado de guardião dos legalmente incapazes. O

guardião,quetemumarelaçãodesubordinaçãoparacomaCorte,éodelegadodaparenspatriae,sendo

aprópriaCortea“guardiãsuprema”.

OprincípiofoiintroduzidonosEstadosUnidos212em1813,nojulgamentodocasoCommonwealthv.

Addicks, da Corte da Pensilvânia, no qual havia a disputa da guarda de uma criança numa ação de

divórcioemqueocônjuge-mulherhaviacometidoadultério.

ACorte considerouque a conduta damulher em relação aomaridonão estabelecia ligação comos

cuidados que ela dispensava à criança. Naquela época, foi introduzida a doutrina da Tender Years

Doctrine,aqualconsideravaque,emrazãodapoucaidade,acriançaprecisavadoscuidadosdamãe,de

seucarinhoeatençãoe,portanto,seriaapessoaidealparaexerceraguarda.

Essa doutrina proliferou-se por todo o país, passando a vigorar uma “presunção de preferência

materna”,que sódeixoudeprevalecernoúltimoséculo, apartirdoqualocorreuumamodificaçãona

orientaçãodamaioriadosEstadosamericanos,quepassaramaadotarodenominadotiebreaker–teoria

segundoaqualtodososfatoresdevemserigualmenteconsiderados,prevalecendoumaaplicaçãoneutra

doprincípiodomelhorinteressedacriança213.

A preocupação de reconhecer em documentos internacionais a proteção especial para a infância já

aparecenaDeclaraçãodeGenebrade1924,naqualfoideclaradaa“necessidadedeproclamaràcriança

uma proteção especial”, e em documentos posteriores, como na Declaração Universal dos Direitos

Humanos dasNaçõesUnidas de 1948, que destaca para a criança “o direito a cuidados e assistência

especiais”,enotadamentenosespecíficosTratadosarespeitodaInfância:aDeclaraçãoUniversaldos

DireitosdaCriançade1959eaConvençãoInternacionaldosDireitosdaCriança,em1989,ratificadae

integradanosistemajurídicobrasileiropeloDecreton.99.710/90,nosquaisháreferênciaexpressaao

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princípiodomelhorinteressedacriança.

A Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 menciona em seu Preâmbulo que ela é

proclamadaafimdequeacriançatenhaumainfânciafeliz,eapelaqueospais,entreoutros,empenhem-

senaobservânciadosdireitoseliberdadesdosfilhos.Constado6ºPrincípioqueacriançadeve,tanto

quantopossível,crescersobasalvaguardaeresponsabilidadedospaise,emtodocaso,numaatmosfera

de afeição e segurançamoral ematerial.Há apreocupaçãodeque a criançadebaixa idadenão seja

separadadesuamãe,salvoemcircunstânciasexcepcionais214.

A Convenção Internacional dos Direitos da Criança de 1989, incorporada no sistema jurídico

brasileiropeloDecreton.99.710/90,ressaltaemseuPreâmbuloqueacriançadevecrescernoseioda

família,emumambientedefelicidade,amorecompreensão.

E,consoanteprevisãodoart.3º,“todasasaçõesrelativasàscrianças,levadasaefeitoporinstituições

públicasouprivadasdebem-estarsocial, tribunais,autoridadesadministrativasouórgãoslegislativos,

devemconsiderar,primordialmente,ointeressemaiordacriança”(thebestinterestsofthechildshall

beaprimaryconsideration).

Noart.5ºestáadeterminaçãodequeosEstados-Partesrespeitemasresponsabilidades,osdireitose

osdeveresdospaisdeproporcionaràcriançainstruçãoeorientaçãoadequadas.

Oart.9ºmencionaqueosEstados-Partesdevemzelarparaqueacriançanãosejaseparadadospaise

quedeveráserrespeitadoodireitodacriançaqueestejaseparadadeumouambosospaisdemanter

regularmenterelaçõespessoaisecontatodiretocomambos (item3).Ainda,consoanteconstadoart.

10,item2,acriançacujospaisresidamemEstadosdiferentesteráodireitodemanter,periodicamente,

relações pessoais e contato direto com ambos. É previsto, em acréscimo, que toda solicitação

apresentadaporumacriança,ouporseuspais,paraingressarousairdeumEstado-Partecomvistasà

reuniãodafamíliadeveráseratendidapelosEstados-Partesdeformapositiva,humanitáriaerápida.

Oprincípiodomelhorinteressedacriançasemprefoioprincipalfundamentoparadecisõesjudiciais

em matéria de guarda. Embora o direito brasileiro contivesse disposição legal que determinava a

atribuição da guarda ao cônjuge inocente, a jurisprudênciamajoritária já fazia uma distinção entre as

relaçõesconjugaisdas relaçõesparentais (defiliação),considerandoqueocomportamentoreprovável

deumdoscônjugesperanteooutronãoimplicavaoexercícioreprováveldapaternidadeoumaternidade.

Demonstrado sermelhor ao interessedos filhos sermantido como cônjuge considerado culpadopela

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separação, a este era atribuída a guardados filhos215, combasenoprincípiodomelhor interesseda

criança,emborahouvessedispositivoexpressoemfavordocônjugeinocentenoart.326doCódigoCivil

de1916enoart.10daLein.6.515/77,queregulavaodivórcio.

AnossaConstituiçãodaRepúblicade1988consagrouoprincípiodomelhorinteressedacriançade

maneiramaisamplaaoadotaradoutrinadaproteçãointegral.Dispõeoart.227daConstituição:

édeverdafamília,dasociedadeedoEstadoasseguraràcriança,aoadolescenteeaojovem,comabsolutaprioridade,odireitoàvida,à

saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão.

Foi a primeira vez que umaConstituição brasileira abordou a questão da criança como prioridade

absoluta, e estabeleceu, de forma incontestável, a doutrina da proteção integral216. A proteção da

criançaedoadolescentefoiestabelecidacomoprioridade,sendodevernãosódafamília,mastambém

dasociedadeciviledoEstadoasseguraregarantirosdireitosfundamentaisdoinfante.

Anormajurídicaextraídadoart.227daConstituição,conformeexplanaFlávioGuimarãesLauria217,

consagraumprincípio jurídico, pois anormaemcontento temelevadograudegeneralidade e caráter

fundante, o que implica a sua irradiação por todo o ordenamento jurídico pátrio, orientando decisões

judiciaiseaprópriaatividadelegislativa.

Várias sãoasdecisões judiciais, emmatériadeguarda, anteriores aoCódigoCivilde2002,que já

buscavamfundamentaçãonoprincípiodomelhorinteressedacriança218.

OCódigoCivilde2002,emsuaprimeiraredação,adotouoprincípiodomelhorinteressedacriança

nosentidodequeaguardaseriadeferidaaquemrevelassemelhorescondiçõesdeexercê-la(antigoart.

1.584).Todavia,chegou-seàconclusãodequeadisputaalternativaentreospaisparademonstrarqual

delesteriamelhorescondiçõesdecriareeducarofilhotrazdesgastefamiliaresomenteprejudicariaa

criança,nãoalcançandoosfinspropostosdeatenderaoseumelhorinteresse.

Assim,oCódigoCivilfoimodificadoem2008pelaLein.11.698,queinstituiuaguardacompartilhada

noBrasil,ematençãoàmelhorinterpretaçãodoprincípiodobest interestof thechild,umavezquea

presençadeambosospais,numaseparaçãocooperativaenãoadversarial,beneficiaacriançaemelhor

atendeaosseusinteresses.

Posteriormente, no ano de 2014, através da Lei n. 13.058/2014, o Código Civil foi novamente

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modificadopara incluir a possibilidadedaguarda compartilhadano litígiodospais, esclarecer que a

guarda compartilhada é a regra, alémde fazer constar, expressamente, a necessidade de equilíbrio no

convívioentremãeepai(sedimentandoaguardafísicacompartilhada).

Note-se que um dos segmentos do universo jurídico no qual se observam profundas mudanças nos

últimos tempos é, indubitavelmente, o direito de família. Tal fato se dá, essencialmente, diante do

redirecionamentodasrelaçõespolíticas,econômicas,sociais,quevemdesaguarnasrelaçõesfamiliares.

Busca-se o fundamento das relações pessoais contemporâneas nos ideais e valores de pluralismo,

solidarismo, democracia, igualdade, liberdade e humanismo219, com especial relevância para o

princípiodadignidadedapessoahumanaeprincípiodaafetividade.

Namedidaemqueumdospaiséafastadodoconvíviocomofilhoemrazãodoexercíciodaguarda

única, assegurada a visitação tão somente a cada quinze dias, menos oportunidade a criança terá de

receber atenção, carinho, amor e educação por parte desse genitor.Menos chances a criança terá de

demonstrar a esse genitor a problemática vivenciada na escola, nas ruas e dentro de sua própria

residência.

E, segunda crítica de diversos especialistas, principalmente aqueles da área de saúde mental, a

interpretaçãodequeomelhor interessedacriançaseencontraatravésdabuscaalternativadeumdos

paisqueapresente“melhorescondições”paraacriaçãodos filhoscontribui significativamenteparao

incremento de tensões, hostilidades, angústias e agressividade entre as partes, trazendo “repercussões

nefastasànovaformaderelacionamentonecessáriaapaisefilhosapósaseparação”,conformeexpõe

LeilaMariaTorracadeBrito220.Essapseudonecessidadedeque seja “aferido”qualdospaispossui

melhorescondiçõesparaexerceraguardacertamentesócontribuiparaaumentar,consideravelmente,os

conflitosnasVarasdeFamília,alémdemanteraunificaçãodasquestõesconjugaisàsparentais.

Verifica-se que é cada vez mais frequente a participação e o interesse de ambos os pais no

desenvolvimentodeseusfilhos221,desdeamaistenraidade,oquevemtrazendoaosgenitoreshomens

grandesfrustraçõespelapreferênciadenossosTribunaispelaguardaunilateraledadaàmãe.Aausência

demecanismosde participaçãona vida do filho termina por afastar esses pais, por não suportaremo

papelsecundárioaquesãorelegados.Opagamentodedanosmoraisnãocompensaoamor,ocarinhoea

atençãoqueforamsubtraídosdofilhoduranteoperíododesuaformação.

Nagrandemaioriadoscasos,aseparaçãoconjugalestáfortementevinculadaàsfrustraçõespessoaise

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mágoasentreoscônjuges,oquenãoospermiteenxergarosaspectospositivosdooutro,trazendoalume

acusações recíprocas e desqualificações pessoais, dificultando o estabelecimento de um convívio

adequadoparaacriaçãoparticipativadosfilhos.

Énecessáriaacriaçãodemecanismosqueasseguremaproteçãodoinfante,oseudireitoàconvivência

familiar com ambos os pais, e ainda aumentem o espectro de controle da família, da sociedade e do

Estado.

LeilaMariaTorracadeBrito222,autorajácitada,concluiemseuartigo

queadeterminaçãodaguarda conjunta é indispensávelparaque as funçõespaterna ematernapossamsergarantidas às criançasde

nossasociedade,comsuportessociaissimbólicosquedevemsustentaradimensãoprivadadaparentalidade,jáqueosmenoresdeidade

necessitam de pai e mãe para seu completo desenvolvimento. Políticas públicas e legislações que se preocupem em não afastar os

genitoresdosfilhosdevemserimplementadas,facilitandoinclusiveaestruturaçãodeprogramasqueauxiliemospaisnocumprimentoda

guardaconjuntaapósaseparação,incentivandooconvíviodepaisefilhos223.

Afinal,apesardeestarconsignadoquedeveprevalecer,únicaeexclusivamente,ointeressesuperior

dacriança,osadultosreivindicam,frequentemente,um“direitoàcriança”,comoseestasetratassede

umobjeto,nãoestandomotivados,muitasvezes,pelaproteçãodointeressedesta,masapenaspelafonte

de reconhecimento social que a guarda da criança simboliza e contribuir, de alguma forma

egocentricamente,paraasuarealizaçãoesatisfaçãopessoal.

A interpretação atual do princípio do melhor interesse da criança deve considerar todos esses

aspectos,notadamenteanecessidadedemanutençãodosvínculosfamiliares.

Nessesentido,alémdaLein.11.698/2008,foipromulgadaaLein.13.058/2014parareforçaraideia

dequeéaguardacompartilhadaquemelhoratendeaosinteressesdecrianças,aindaquehajalitígioentre

ospais.Apósanosdediscussões,oCongressoNacional,comaaprovaçãodaPresidentedaRepública,

traz-nos a nova lei a fimde que a sociedade, em especial o Poder Judiciário, efetivamente aplique a

guardacompartilhada,permitindooconvíviodeambosospaiscomacriança.

Talentendimentojávinhasendoreconhecidoporpartedajurisprudência,sendointeressantereproduzir

aíntegradaementadoacórdãodoSTJ,queressaltaaguardacompartilhadacomoexpressãodomelhor

interessedacriança:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA

COMPARTILHADA. CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DO MENOR. POSSIBILIDADE. 1.

Ausente qualquer um dos vícios assinalados no art. 535 do CPC, inviável a alegada violação de dispositivo de lei. 2. A guarda

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compartilhadabuscaaplenaproteçãodomelhorinteressedosfilhos,poisreflete,commuitomaisacuidade,arealidadedaorganização

socialatualquecaminhaparaofimdasrígidasdivisõesdepapéissociaisdefinidaspelogênerodospais.3.Aguardacompartilhadaéo

ideal a ser buscado no exercício do Poder Familiar entre pais separados,mesmo que demandemdeles reestruturações, concessões e

adequaçõesdiversas,paraqueseusfilhospossamusufruir,durantesuaformação,doidealpsicológicodeduploreferencial.4.Apesarde

a separação ou do divórcio usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do antigo casal e com amaior evidenciação das

diferençasexistentes,omelhorinteressedomenor,aindaassim,ditaaaplicaçãodaguardacompartilhadacomoregra,mesmonahipótese

de ausência de consenso. 5.A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência de consenso, faria prevalecer o exercício de uma

potestadeinexistenteporumdospais.Ediz-seinexistente,porquecontráriaaoescopodoPoderFamiliarqueexisteparaaproteçãoda

prole. 6.A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o período de convivência da criança sob guarda compartilhada,

quandonãohouver consenso, émedidaextrema,porémnecessária à implementaçãodessanovavisão,paraquenão se façado texto

legal, letramorta.7.Acustódiafísicaconjuntaéoidealaserbuscadonafixaçãodaguardacompartilhada,porquesuaimplementação

quebra a monoparentalidade na criação dos filhos, fato corriqueiro na guarda unilateral, que é substituída pela implementação de

condiçõespropíciasàcontinuidadedaexistênciadefontesbifrontaisdeexercíciodoPoderFamiliar.8.Afixaçãodeumlapsotemporal

qualquer,emqueacustódiafísicaficarácomumdospais,permitequeamesmarotinadofilhosejavivenciadaàluzdocontatomaternoe

paterno,alémdehabilitaracriançaaterumavisãotridimensionaldarealidade,apuradaapartirdasíntesedessasisoladasexperiências

interativas.9.Oestabelecimentodacustódiafísicaconjunta,sujeita-se,contudo,àpossibilidadepráticadesuaimplementação,devendo

serobservadasaspeculiaridadesfáticasqueenvolvempaisefilho,comoalocalizaçãodasresidências,capacidadefinanceiradaspartes,

disponibilidadedetempoerotinasdomenor,alémdeoutrascircunstânciasquedevemserobservadas.10.Aguardacompartilhadadeve

sertidacomoregra,eacustódiafísicaconjunta–semprequepossível–comosuaefetivaexpressão.11.Recursoespecialnãoprovido

(SuperiorTribunalde Justiça.REsp1.251.000/MG.RecursoEspecial2011/0084897-5.Rel.Min.NancyAndrighi.Datado julgamento:

23-8-2011.Datadapublicação:31-8-2011).

Tal fundamentação foi reproduzida em diversos outros acórdãos por todo o país224, indicando um

novoolhardoPoderJudiciárioarespeitodaquestão.

Com o reconhecimento positivo do instituto, parece terem sido rompidas as barreiras outrora

existentes,maisnaáreajurídicadoquenapsicologia,dequeoconvíviointensodacriançacomambos

osseusgenitorespossacausaralgumaconfusãoousejaprejudicialaoseucrescimento.

Ospaislitigantesdevemseradvertidosdanecessidadedeparticipaçãodeambosnavidadosfilhos,

encaminhados àmediação ou a tratamento psicológico direcionado a fazê-los cooperar, a fim de que

cheguemaumconsensonoqualestabeleçamporsiprópriososdiasdeconvíviocomofilhodemodo

eficienteparaoexercíciodaparentalidade.

Oprincípiodomelhorinteressenãotemapenasafunçãodeestabelecerumadiretrizvinculativapara

seencontrarassoluçõesdosconflitos,mas,também,“implicaabuscademecanismoseficazesparafazer

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valer,naprática,essasmesmassoluções”225.

Assim,assoluçõesparaassituaçõesdeconflituosidadeenvolvendocriançaseadolescentesdevemse

adequar ao princípio domelhor interesse da criança, garantindo-se a sua prioridade sobre quaisquer

outros interesses, com a inafastável necessidade de recursos a outros ramos do conhecimento como a

psicologia,apedagogiaeoserviçosocial,paraencontrar respostasvinculadasàsparticularidadesdo

casoconcreto,buscandoassegurarsempreedemodoeficienteodireitofundamentaldoconvíviofamiliar

doinfantecomambososseusgenitores.

A interpretação domelhor interesse da criança noBrasil deve considerar os aspectos previstos na

nossa legislação, não sendo hipótese de homologar sentença estrangeira sem citação válida das

partes226,possibilidadededefesaouquenãogarantaumconvíviomínimoentrepaisefilhos.

3.8.Alimentosnaguardacompartilhada

Alimentossãoasprestaçõesdevidasfeitasparaquequemosrecebepossasubsistir,istoé,mantersua

existência, realizar o direito à vida, tanto física como intelectual e moral227. Constituem uma

modalidade de assistência imposta por lei, de ministrar os recursos necessários à subsistência e à

conservaçãodavidadeoutremecompreendemtudooqueénecessárioparaaexistênciadessapessoa:

vestimenta,habitação,alimentação,remédios,educação,cuidadoscomsaúde,divertimentosetc.

Ospais,emdecorrênciadopoderfamiliar,têmaobrigaçãolegaldeprestarassistênciamaterialaseus

filhos,e,portanto,fornecer-lhesalimentosparaquepossamsubsistir.

Quandoospaismoramjuntoseresidemcomseusfilhos,aprestaçãodessesalimentosfaz-sedeforma

direta,nãohavendo,emregra,nenhumainterferênciajudicial.

Todavia,quandoospaisnãomoramjuntos,édetodoconveniente,paragarantirasubsistênciadofilho,

que haja a regulamentação judicial dessa prestação alimentícia, possibilitando que ela seja exigida

judicialmentenahipótesededescasodogenitor.

Assim,ambososgenitoresdevemcontribuirparaosustentodosfilhos,naproporçãodeseusrecursos

financeiros228.

Naguardacompartilhada,ocontatofrequentecomofilhonãoafastaanecessidadedaregulamentação

judicialdosalimentos229,evitandoqueacriançafiquedesassistidaequeumdospaisempurreparao

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outroopagamentodasdespesasnecessáriasparaasuasubsistência.

Éimportantequehajaaestipulaçãodoquantumqueserádestinadoaofilho,tantopelopaiquantopela

mãe, de acordo comaspossibilidadesde cadaum, atribuindo a cadaumdeles a responsabilidadede

pagá-la,assimcomoaprerrogativadecobraraprestaçãodooutro230.

Adiferençadosalimentosnaguardacompartilhadaéque,comamaiorconvivênciadeambosospais

comos filhos, algumasdespesas sãopagasdiretamentee,dependendodoacordodeconvivênciaeda

situação financeira dos pais, podem ser abatidas do montante dos valores devidos a título de

alimentos231,oquenãoexcluianecessidadedefixaçãodosalimentos232paraototaldasdespesasdos

filhos(educação,saúde,vestuário,medicamentos,transporte,livrosetc.),namedidadapossibilidadede

cadaumdospais233.

Porsuavez,aconcessãodaguardacompartilhadanãosubtraiaobrigaçãoalimentardogenitorquetem

melhor situação financeiradegarantir umamoradiadigna, pois “o filhomerecedesfrutarde condição

semelhante na residência de ambos”234. Afinal, grandes diferenças no padrão de vida das famílias

podemensejararejeiçãodofilhoaogenitorcommenosrecursos.Acriança,seraindaemformação,tem

a tendência de se deixar seduzir por um espaço onde desfrute demelhor conforto, brinquedos, jogos

eletrônicos,computador,internet,oqueprejudicariaoconvíviodogenitormenosfavorecidosenãolhe

forgarantidoumvalormínimoparasustentaracriançaemsuaresidência.

Havendoequilíbrionosrendimentosdospais,pode-seestipularumadivisãoequânimedasdespesas

dosfilhos.Comoexemplo,umdospaisficariaresponsávelpelopagamentodasmensalidadesescolarese

gastos com educação, incluindo uniforme, material escolar, cursos extracurriculares, e, ao outro, os

gastos com saúde, comomédicos, dentistas emedicamentos, arcando cada qual comos gastos de sua

residênciae alimentação.Tambémépossívelqueum fique responsávelporgastos fixos (mensalidade

escolar,planodesaúde,telefonedofilho,cursodelínguas)eooutroporgastosvariáveis,nemsempre

previsíveisdeantemão.

Dequalquer forma, tambémpodeserestabelecidoumparâmetroemsaláriosmínimos235, incluindo

aindaosgastoscomalimentação,vestuárioeoutrasatividades,considerandoasnecessidadesdo filho

menoreaspossibilidadesdogenitorqueosdeveprestar236.

Osalimentostambémpoderãoseguirocritériousualde20%(vinteporcento)dosrendimentos237de

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ambosospaisemfavordacriança,sendofilhoúnico;15%(quinzeporcento)sendoduascrianças238;

10%(dezporcento)sendotrêsfilhos,eassimpordiante.Ovalorpodeserdepositadoemcontacorrente

e administrado por um dos pais, cabendo ao outro a possibilidade de pedir prestação de contas na

hipótese de entender que o numerário não está sendo direcionado ao filho. Nesse caso, o valor dos

alimentos poderá ser cobrado por qualquer um dos pais, representando ou assistindo o filho, caso

entenda que o outro genitor não está cumprindo com a sua parte. Em sua defesa, o genitor executado

poderátrazeraosautosnotasfiscaisdosgastoscomacriançacomofitodecomprovararegularidadeda

prestaçãoalimentícia.

Naguardacompartilhada,oMagistradodevefixararesponsabilidadedeambos,aindaqueumdospais

fique responsável por pagar os alimentos na conta corrente do outro239, pois o genitor que recebe o

dinheirodeveassumirocompromissodepagarasdespesasdiretasprincipaisdofilho.

Via de regra, as partes devem seguir o que ficou estabelecido judicialmente, pois os alimentos não

pagosensejamapossibilidadedeexecuçãocomriscodeprisão,naformadodispostonaLein.5.478/68

eart.733doCódigodeProcessoCivil.

Os Tribunais não têm permitido ao alimentante, caso seja sujeito passivo de uma execução de

alimentos,comprovaropagamentodeformadiretaaofilho,demaneiradiferentedaqueficouestipulada

emJuízo240.

Casooalimentantesesintasobrecarregadoeresponsáveldiretopelasdespesasprincipaisdofilho,é

importanteingressarcomaçãorevisionaldealimentos241,poistaisquestõesexigemdilaçãoprobatória

enãodevemserdiscutidasemsededehabeascorpus242.

Frisa-se que nem sempre a guarda compartilhada implicará a redução dos alimentos anteriormente

fixados243equeoequilíbrionaprestaçãodosalimentosporambosospaisnemsempreocorrerá,pois,

infelizmente,asmulheresnoBrasilaindasãomalremuneradasoutêmsuavidaprofissionalprejudicada

embenefíciodafamília,numavisãomachistadasociedade,queimpõe-lhesumasobrecargadetrabalhos

domésticosepoucosuportefamiliarparaosucessonomercadodetrabalho.

Será preciso, assim, estar atento, numa separação ou divórcio na qual se estabeleça a guarda

compartilhada, quanto à distinção entre os alimentos devidos aos filhos e os alimentos devidos à ex-

mulher244.Osalimentosdevidosàex-mulherpodemserfixadosporumperíodocurto245ouportempo

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indeterminado,considerando,sobretudo,aidadedamulher,otempodecasamento,acontribuiçãoparao

sucessofinanceirodomarido,oprejuízoàsuaprópriacarreiraprofissional,entreoutrosfatores,quenão

interferemnapossibilidadedaguardacompartilhada.

Porfim,impõeressaltarqueéimprescindívelqueambosospaisestejamparticipandoativamentedo

diaadiadofilho,desuasatividadesescolareseextracurriculares,desuasidasaomédicooudentista

etc.,deacordocomoarranjodeguardacompartilhada fixado, a fimdequenãohajaa sobrecargade

nenhum dos genitores, sob pena de quebra do sistema da guarda compartilhada, que pressupõe

maturidade,confiançaeresponsabilidadedosgenitoresemrelaçãoaofilhomenor,aindaquehajalitígio

entreospaisemsi.

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Capítulo4Alienaçãoparental

4.1.Conceito

Otermo“alienaçãoparental” temorigemnosestudosdopsiquiatraamericanoRichardGardner,nos

idos de 1985, ao conceituar uma característica, nominada por ele como “síndrome da alienação

parental”, percebida após vinte anos de experiência em avaliar disputas de guarda e publicar artigos

sobre o tema em revistas especializadas, diante da qual a criança é programada a odiar um de seus

genitores.

Gardner246 ressalta que a síndrome resulta de uma campanha para denegrir, sem justificativa, uma

figuraparentalboaeamorosa,consistindonacombinaçãodeumalavagemcerebralparadoutrinaruma

criança contra essa figura parental e da consequente contribuição da criança para atingir o alvo da

campanhadifamatória.

RosanaBarbosaCipriano Simão, uma das pioneiras noBrasil a trazer soluções judiciais concretas

contraapráticadaalienaçãoparental,comparticipaçãoefetivanaelaboraçãodaLein.12.318/2010247,

ressaltaque“ogenitoralienadorlançasuasprópriasfrustraçõesnoqueserefereaoinsucessoconjugal

no relacionamento entreogenitor alienadoeo filhocomum”, eo seuobjetivo édistanciaro filhodo

outro,exercendoabusivamenteopoderparental,conscienteouinconscientemente248.

ALein.12.318/2010definecomoatodealienaçãoparental

ainterferêncianaformaçãopsicológicadacriançaoudoadolescentepromovidaouinduzidaporumdosgenitores,pelosavósoupelos

que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao

estabelecimentoouàmanutençãodevínculoscomeste(art.2º).

Nesse sentido, a prática do ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do

adolescentedeconvivênciafamiliarsaudável,prejudicaarealizaçãodeafetonasrelaçõescomogenitor

ecomogrupofamiliar,constituiabusomoralcontraacriançaouoadolescenteedescumprimentodos

deveresinerentesàautoridadeparentaloudecorrentesdetutelaouguarda.

A alienação parental não se instala repentinamente, podendomanifestar-se em variados contextos e

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situações249,apresentando-seemdiversosgraus.

Analisandoodispositivolegal,vislumbramosqueaalienaçãoparentalpressupõeumacondutaativado

alienador, ainda que seja inconsciente.O alienador age demaneira a prejudicar o relacionamento da

criança com um ou ambos os genitores. O elemento subjetivo do tipo, ou seja, o dolo, a vontade de

praticaraalienação,nãoérequisitoparaqueelaaconteça.Tantoéassimqueumadasmedidasaserem

aplicadaspeloMagistrado,aoidentificaraalienaçãoparental,seráadvertiroalienador(art.6º,I,daLei

n.12.318/2010),conscientizando-odeseusatos.

Outra característica que se vislumbra é que, pela definição legal, o sujeito passivo da alienação

parentaléogenitor(umouambos).Dequalquerforma,deve-seinterpretarogenitordemaneiraampla,a

incluirnãosomenteospaisbiológicoseregistrais,mastambémospaissocioafetivos.

Osujeitoativodaalienaçãoparental,quempraticaaalienação,consoantedefinidoemlei,seráumdos

genitores,osavósouaquelequetenhaacriançaouadolescentesobsuaautoridade,guardaouvigilância.

Oespecial fimde agir, ou seja, a finalidadeda alienaçãoparental, oobjetivodoalienador éque a

criançarepudieogenitoroucausarprejuízoaoestabelecimentoouàmanutençãodevínculoscomeste.

Nota-sequeaalienaçãoparental,muitocomumquandohálitígiosapósaseparaçãoconjugal,também

podeocorrerduranteocasamentoouuniãoestável.Afinal,éainterferênciapromovidaouinduzidapor

aquele que tenha a criança sob sua autoridade, guarda ou vigilância para que ela repudie um dos

genitoresouquecauseprejuízoaoestabelecimentoouàmanutençãodevínculoscomeste.

Nessesentido,éimportanteressaltarque,emboraespaçodeafetoeproteção,afamíliatambémpode

serpalcodeviolênciaedesgasteemocional.

Aalienaçãoparentalé facilmentevislumbradaapósaseparação judicial,poisosânimosestãomais

acirradoseaspartestêmmaisoportunidadesdepromovercampanhasdedesqualificaçãoeoafastamento

dooutro.

Todavia, ainda durante o casamento ou união estável, é possível que uma das partes promova

campanhadifamatóriadooutrogenitor.

Essacampanhadedesqualificaçãodacondutadagenitoranoexercíciodamaternidadeémuitocomum

nassituaçõesdeviolênciadoméstica.

Afinal, a violência doméstica não se limita a atos de agressões físicas, mas engloba também as

violênciaspsicológicaemoral,quenemsempresãopercebidaspelosmembrosdafamíliacomoatosde

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violência,mastrazemreflexosnodesenvolvimentopsicológicodosfilhos.

Quando uma criança visualiza uma agressão física praticada por um dos pais contra o outro, logo

identifica o agressor.A violência física é transparente para todos, tanto para a vítima quanto para os

demaisfamiliares.

Aviolênciapsicológicaoumoralésubliminaremuitasvezesnãoénemsequerpercebidapelaprópria

vítima,quiçápelosfilhos.

ALeiMariadaPenha(Lein.11.340/2006)definecomoformadeviolênciadomésticaefamiliarcontra

amulher,noart.7º,II,aviolênciapsicológicasendo“qualquercondutaquelhecausedanoemocionale

diminuiçãodaautoestimaouquelheprejudiqueeperturbeoplenodesenvolvimentoouquevisedegradar

ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,

humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,

ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause

prejuízoàsaúdepsicológicaeàautodeterminação”,bemcomo,noart.7º,V,aviolênciamoral,entendida

“comoqualquercondutaqueconfigurecalúnia,difamaçãoouinjúria”.

Ora,seumacriançacresceouvindooseupaixingarsuamãe,ridicularizá-la,persegui-la,denegrirsua

imagem,atrapalhandooexercíciodamaternidade,aautoridadeeorespeitonecessários,ocorreprejuízo

aoestabelecimentoouàmanutençãodosvínculosentremãeefilho,sendonãoraroorepúdiodofilhoa

essamãevitimizada.

Porsuavez,conformeexpõeMariaBereniceDias

muitasvezesarupturadavidaconjugalgeranamãesentimentodeabandono,derejeição,detraição,surgindoumatendênciavingativa

muito grande. Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, de

desmoralização,dedescréditodoex-cônjuge.(...)Nestejogodemanipulações,todasasarmassãoutilizadas,inclusiveaassertivadeter

sidoofilhovítimadeabusosexual250.

Nota-se, assim, que os transtornos conjugais são projetados na parentalidade e um dos genitores

“programa”ofilhoparaqueodeieooutro251.

Ora,ointérpreteprecisaestaratentoatodasessasquestões,conscientedequesãoinúmerasasformas

dapráticadaalienaçãoparental.

E,conformeanteriormentemencionado,existemdiversosgrausdealienação,eparacadaumexistem

medidasprotetivasdiversasaseremaplicadas,conformeseráexpostonotranscorrerdotexto.Somente

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aos casos mais graves, que alguns entendem como efetivos atos de alienação parental252, é que se

aplicammedidasmaisenérgicas,conformegradaçãoprevistanoart.6ºdaLei.

4.2.Atosdealienaçãoparental

Aalienaçãoparental,quetemcomofinalidadecausarprejuízoaoestabelecimentoouàmanutençãode

vínculosentregenitor(a)efilho(a),alcançandoseuápicequandoacriançarepudiaessafiguraparental,

podesemanifestardediversasformas.

Ressalta-se que é preciso identificar a alienação e avaliar o seu estágio, pois asmedidas a serem

aplicadasparareverteroquadrodealienaçãovariamdeacordocomograuapresentado.

A lei trazumrolnão taxativodeexemplosdeatosdealienaçãoparental,quepodemserpraticados

diretamenteoucomauxíliodeterceiros:

a) Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou

maternidade.

Esse primeiro exemplo mencionado pela lei é o mais comum. Ocorre não somente na hipótese de

separaçãodospais,maspodeperdurardurantearelaçãoconjugal.

A criança é levada a crer que o(a) genitor(a) é irresponsável, temproblemas e não pode exercer a

paternidadeoumaternidadeacontento.

Numestágioinicial,odiscursopodeserinconsciente.

A cultura machista, tão arraigada na sociedade brasileira, dá ensejo a muitos comportamentos

prejudiciaisaodesenvolvimentodosfilhos.

Porumlado,muitasmãesefamiliaresentendemque“painãosabecuidardosfilhos”.Talvisão,que

partedeumpréconceito(preconceito),nãorarodificultaoexercíciodapaternidade,oqueseintensifica

apósarupturaconjugal,prejudicandoocontatoentrepaiefilho.

Por sua vez, também por conta da cultura machista, a mãe/mulher é muitas vezes diminuída pelo

pai/marido,nãorarovítimadeviolênciapsicológicae/oumoral,conformemencionadoacima.Ofatode

trabalhar ou discordar do marido, não tendo uma postura submissa, dá ensejo a brigas e agressões

verbaisdohomem,comaconivênciade familiares,que reprovamacondutadamulher.Aausênciada

mulheremrazãodeseu trabalhoeanão realizaçãode tarefasdomésticas,aocontráriodoqueocorre

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comohomem,sãomuitasvezesmotivodesuadesqualificaçãopessoal.Agressõesverbaismuitasvezes

interferemna estrutura emocional damulher, e os filhos são levados a crer que amãe temproblemas

psíquicosqueaimpedemdeexerceracontentoamaternidade.

Nem sempre as questões são levadas ao Poder Judiciário e os próprios envolvidos na alienação

parentalconseguemreverteroquadronumestágioinicial.

Todavia, a campanha de desqualificação pode se tornar insuportável, alcançando proporções que

inviabilizemoexercíciodamaternidadeoupaternidade.

Complexa se torna a questão quando os ânimos estão acirrados, as partes não reconhecem a

importância do outro na criação dos filhos, nem tampouco a necessidade de preservar a integridade

biopsíquicadestes.

Na separação judicial, novos fatos ligados à conjugalidade, como traição, novo(a) namorado(a),

desapreço, insegurança, insultos,discussão ligadaaalimentosoupartilhadebens, são trazidosparaa

criançacomomotivosainviabilizaroexercíciodapaternidadeoumaternidade.

Quandofatosgravesrelacionadosàparentalidadesãoreais,énecessárioprudêncianaabordagemcom

acriança.

Frise-se que se um dos pais é usuário de drogas, praticou maus-tratos253, abuso sexual, tem

envolvimentocomatividades ilícitas,deixaacriançadesassistida, a expõeaperigo, entreoutrosatos

querealmenteinviabilizemoexercícioplenodapaternidadeoumaternidade,osfatosdevemserlevados

aoconhecimentodoJuízoenãoreiteradamentemencionadosparaacriança,quetemodireitodecrescer

semverafiguradogenitorougenitoraserconstantementedenegrida.

Ainsistêncianadesqualificaçãodooutroparaacriançaeaprivaçãodocontatosãoprejudiciaisao

filho,notadamentequandonenhumfatodesabonadoréprovado254.

b)Dificultaroexercíciodaautoridadeparental.

Existem diversas formas para dificultar o exercício da autoridade parental, que devem ser aferidas

casoacaso.

Demaneira geral, além da campanha de desqualificação, o alienante costuma dizer para a criança

ignorarasorientaçõesdo(a)genitor(a);reclamadefatosirrelevantesparaacriançabuscandocondenar

qualquer atitude do outro; reverte qualquer castigo ou limite dado pelo outro à criança como fim de

convencer a criança de que o genitor é exagerado ou chato; propositadamente oferece alimentos ou

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programas que o outro reprova; cria incidentes infundados para justificar a falta de comunicação;

apresentaonovocompanheiroàcriançacomoseunovopaioumãe;apresentaàcriançaoseudesagrado

quandoesta,dealgumaforma,manifestasatisfaçãooucontentamentodeestarcomooutrogenitoroucom

algo a este relacionado; recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos pelos quais

deverá ficar aborrecida com o outro genitor; faz comentários desagradáveis ou depreciativos sobre

presentesouroupascompradospelooutrogenitor;dáemdobroouemtriploonúmerodepresentesquea

criançarecebedooutrogenitoretc.

c)Dificultarcontatodacriançaouadolescentecomogenitor.

Inúmeras são tambémasmaneirasdeagirparadificultarocontatodacriançaouadolescentecomo

genitor.Nessesentido,pode-secitar:impediracriançaouadolescentedetelefonarparaooutro;viajare

não informar o local;mentir dizendo que a criança não está quando o pai oumãe telefona; deixar de

repassar recados para a criança ou para o(a) genitor(a); impedir a criança de participar de festas da

famíliaextensapornãoestaremexpressamenteprevistasnoacordojudicial;organizadiversasatividades

paraodiadevisitasdooutro,demodoatorná-lasdesinteressantesoumesmoinviabilizá-las;transforma

acriançaemespiãdavidadoex-cônjuge;danifica,destrói,escondeoucuidamaldospresentesqueo

outrodá; ignoraemencontroscasuaisquandojuntocomofilhoapresençadooutrogenitor, levandoa

criançaatambémignorá-lo;etc.

d)Dificultaroexercíciododireitoregulamentadodeconvivênciafamiliar.

Éonãocumprimentodoacordo judicial firmadoquantoàconvivênciae/ouvisitas, sejademaneira

direta,sejademaneiraindireta,nãosomenteemrelaçãoaumdosgenitores,masemfavordosavós255e

outros.

Na forma direta, o alienante simplesmente não cumpre o acordado, não entrega a criança ou não

aparece para buscá-la (como forma de puni-la por estar com o outro), não cumprindo as obrigações

estipuladas.

Naformaindireta,oalienantecriasubterfúgiosparanãocumpriroacordo.Inventaviagens,atividades

oumédicosparaofinaldesemanaestipuladoparaooutro;mentequeacriançaestádoenteparajustificar

asuanãoida;nãoavisaofilhoqueooutroestáesperando;deixaacriançabrincarnacasadeumamigo

nos dias estipulados de convivência; atrasa demasiadamente omomento acordado para o encontro ou

controlaexcessivamenteoshoráriosdavisita;trocamensagensetelefonaincessantementeparaofilhono

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períododeconvivênciacomooutroetc.

e)Omitirdeliberadamenteagenitor informaçõespessoaisrelevantessobreacriançaouadolescente,

inclusiveescolares,médicasealteraçõesdeendereço.

Independentemente de ter ou não a guarda do filho, os pais,mesmo separados, continuam no pleno

exercício do poder familiar e, por tal razão, têm o direito e o dever de acompanhar as atividades

escolares,estarcientesdequestõesmédicas,bemcomosaberoendereçodofilho.

Aliás,oart.1.584,§6º,doCódigoCivil,comaredaçãoquelhedeuaLein.13.058/2014,determina

que qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos

genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00

(quinhentosreais)pordiapelonãoatendimentodasolicitação.

Assim,quandoumdospais,sobretudoquandoexerceaguardadacriança,propositadamentenãoavisa

aooutroarespeitodereuniõesescolares,festadeencerramentodoanoletivo,omiteoboletimescolar,

submete a criança a alguma cirurgia sem prévia comunicação,muda a escola, altera o endereço, está

incidindonapráticadealienaçãoparental.

Acomunicaçãodoguardiãopodeserefetivadapore-mail,pormensagemouportelefone.

Nas situações de violência doméstica, a mudança de endereço, sem prévia comunicação, pode ser

efetivadacomautorizaçãojudicial,desdequehajariscoparaamãeeosfilhos.

f) Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou

dificultaraconvivênciadelescomacriançaouadolescente.

Éumadasformasmaisgravesdepráticadealienaçãoparental.Alémdecausarintensodesgasteparao

acusado e seus familiares, a apresentação de falsa denúncia criminal implica a movimentação

desnecessária do aparato policial e judicial, prejudicando não somente o filho, o(a) genitor(a), seus

familiaresetodaasociedade.

A questão da falsa denúncia a respeito de abuso sexual é uma das mais tormentosas e cruéis,

configurandoocrimededenunciaçãocaluniosa256.

Aacusaçãodeabusosexual,notadamentequandooacusadoépai, trazumamanchaindelévelparaa

suaimagem.Dentrodeumasociedadesadia,aviolênciasexualpraticadacontracriançaséconsiderada

algoignóbil,quemerecerepúdioemecanismossériosdeproteçãodavítima.

Otemaécomplexoumavezqueidentificaraautoriaeamaterialidadedoabusosexualnãoésimples.

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Acriançavítimadeabusosexualpodenãoapresentarsintomasfísicos,masapenaspsicológicos.

Somada à complexidade do tema, uma rede deficiente para a apuração do abuso sexual e

esclarecimentodosfatossomenteagravaasituação.

Asresistênciasarespeitododepoimentosemdano257esobreaimplantaçãodassalasdedepoimento

especial258atrasamaconstruçãodeumaredecoesaeinterligada,pois,atéadatade2014,poucossão

osTribunaisdeJustiçaquecontamcomsalasdedepoimentoespecialparaescutadecrianças,alémde

ausentescentrosde referênciaespecializadosemabuso sexualquegravemaentrevistadacriançapor

profissional devidamente capacitado nas questões de violência e alienação parental, e contem com

períciamédica,psicológicaesocial.

Alémdeumaescutaqualificadadacriança,noiníciodeseurelatosobreoassunto,porprofissional

habilitado, deve-se complementar a avaliação com uma análise biopsicossocial259, ou seja, uma

avaliação biomédica realizada por ummédico legista ou similar260, verificando se existem vestígios

materiaisdocrimenocorpodacriança,alémdeumestudopsicossocialcomentrevistadosfamiliares,

examededocumentos,históricodorelacionamentodocasaledaseparação,avaliaçãodapersonalidade

dosenvolvidoseexamedaformacomoacriançasemanifestasobreaacusação.

Ora,quantomaisprofissionalerápidaaabordagemdacriança,maioroêxitonoesclarecimentodos

fatos,evitandooafastamentodoinvestigadoeaimplantaçãodasfalsasmemórias.

Note-sequequalquerprocessojudicialédesgastante,exigegarantiasdecontraditórioeampladefesa

para o acusado e convencimento do juiz quanto ao abuso sexual narrado.Não se pode condenar uma

pessoaàprivaçãodeliberdade,àrestriçãodoconvíviocomofilho,àmanchaindelévelàsuaimageme

honrasemsuporteprobatório.Quandosetratadecrimessexuais,praticadossemapresençadequalquer

testemunha, semdeixar vestígios físicos, o relato da vítima é fundamental e o aspecto psicológico na

abordagemdeumacriançaéumaprovaextremamenterelevantedoprocesso.

Oprofissionalcapacitadodevefazerperguntasabertasenãoindutivas,deixandoacriançaconfortável.

Indica-se um espaço acolhedor, com apenas duas poltronas. Além da escuta gravada da criança,

garantindo a transparência do procedimento, seja na entrevista prévia, seja através do depoimento

especial, é indicado que a avaliação seja complementada pelo laudo pericial, com análise

biopsicossocial.

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Duranteoperíododeinvestigação,nãosepodeprivaroacusadodoconvíviocomofilho,alimentando

aalienaçãoparental,masdeve-segarantiràcriançaouadolescenteeseugenitorumagarantiamínimade

visitação assistida, ressalvados os casos emquehá iminente riscode prejuízo à integridade física ou

psicológicadacriançaouadolescente,atestadoporprofissionaleventualmentedesignadopelojuizpara

acompanhamentodasvisitas(art.4ºdaLein.12.318/2010).

É importantequeosprocessos judiciaisnão seeternizem,poisumaprestação jurisdicional céleree

justaéconsectáriodeumEstadoDemocráticodeDireitonoqualosdireitoshumanossãorespeitados.

Nesse sentido, o art. 5º, § 3º, da Lei n. 12.318/2010 fixa o prazo de 90 (noventa) dias para

apresentação do laudo pelo perito ou equipe multidisciplinar, prorrogável exclusivamente por

autorizaçãojudicialbaseadaemjustificativacircunstanciada.

g)Mudarodomicílioparalocaldistante,semjustificativa,visandodificultaraconvivênciadacriança

ouadolescentecomooutrogenitor,comfamiliaresdesteoucomavós.

De umamaneira geral, as pessoas são livres paramorar onde quiserem.Quando nascem os filhos,

buscam,emgeral,apoiofamiliareumambientefavorávelparaodeslocamentoescolardacriança.

Numaseparaçãojudicial,ospaisnãoestãoproibidosdemoraremlocaldistanteumdooutro.

Ofatodemorarempróximosfacilitaoexercíciodaguardacompartilhada,masestatambémpodeser

exercidaquandoospaismorarememlocaldistante,conformejávistonoCapítulo3.

Configura-se alienaçãoparentalquandoodomicílioou residênciaprincipaldacriançaé transferido

paralocaldistantesemjustificativa,dificultandoaconvivênciadacriançaouadolescentecomooutro

genitor.

Éamudançadeliberadacomopropósitodeafastarooutroguardiãoeseusfamiliares, impedindoo

convíviodacriança.

Talnãoocorreseumdosgenitoresmuda-separaoexteriorparaestudarporumperíododeterminado,

comprometendo-seaarcarcomoscustosdecomunicaçãoedaviagemdacriançanasférias.Afinal,uma

experiêncianoexteriorébenéficaparaa formaçãodacriança,eospaisnãopodemestarprivadosde

prosseguircomsuasvidasnemseregoístasnosentidodeinviabilizarumaexperiênciainternacionalao

filho.

4.3.Intervençãojudicialealteraçãodaguarda

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AintervençãojudicialnassituaçõesdealienaçãoparentalnormalmenteétrazidaaoPoderJudiciário

pelo genitor alienado ou é percebida pelo próprio Juiz ouMinistério Público nas ações judiciais de

guardaouregulamentaçãodevisitas.

Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, emqualquermomento

processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz

determinará,comurgência,ouvidooMinistérioPúblico261,asmedidasprovisóriasnecessáriasparaa

preservação da integridade psicológica da criança ou adolescente, inclusive para assegurar sua

convivênciacomgenitorouviabilizaraefetivaaproximaçãoentreambos,seforocaso.Éimportanteque

a questão seja apreciada, ainda que mencionada como um dos fundamentos em ações de guarda ou

regulamentaçãodevisitas,sobpenadenulidadedasentença262.

Comvistasàproteçãodo interessedacriança,opróprioMinistérioPúblicoéparte legítimaparaa

proposituradeaçãodemodificaçãodeguarda263,naformadaLeidaAlienaçãoParentaledoart.201,

III,doEstatutodaCriançaedoAdolescente.

Questionadaaaptidãoparaoexercíciodopoderfamiliar,assegurar-se-áàcriançaouadolescenteeao

genitorgarantiamínimadevisitaçãoassistida264,poisosvínculosdacriançacomseuspaisnãopodem

ser rompidos subitamente.Aliás, retirar crianças do convívio de seu guardião, com quem têm grande

vínculo de afetividade, pode gerar graves sintomas psicológicos, até mesmo físicos, por conta do

sofrimentocomaseparação.Éumacrueldadecomumacriançaprivá-ladoconvíviofamiliar,quenãose

justifica a não ser em casos excepcionais de iminente risco de prejuízo à integridade física ou

psicológica,atestadoporprofissionaldevidamentehabilitado.

Havendoindíciodapráticadeatodealienaçãoparental,ojuiz,deofícioouarequerimentodeumadas

partes ou do promotor de justiça, pode determinar a realização de perícia psicológica ou

biopsicossocial.Essaperíciadeveserrealizadaporprofissionalouequipemultidisciplinarhabilitada,

comaptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmicopara diagnosticar atos de alienação

parental.

O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso,

compreendendo, inclusive,entrevistapessoalcomaspartes,examededocumentosdosautos,histórico

do relacionamentodocasal eda separação, cronologiade incidentes, avaliaçãodapersonalidadedos

envolvidoseexamedaformacomoacriançaouadolescentesemanifestaacercadeeventualacusação

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contraogenitor.

Operitoouequipemultidisciplinardesignadaparaverificaraocorrênciadealienaçãoparental terá

prazode90(noventa)dias,prorrogávelporautorizaçãojudicial,conformejámencionado.

A situaçãode alienaçãoparental pode servisualizadadeprontopelosprofissionaisdodireito, sem

necessidadedeavaliaçãopsicológicaoubiopsicossocial.

Nessesentido,ojuizpoderádesdelogoadvertiroalienador,conscientizando-odesuaconduta.

De qualquer forma, a avaliação é importante não somente para diagnosticar a alienação, mas para

fornecersubsídiosaomagistradovisandoàaplicaçãodasmedidasprotetivasprevistasnoart.6ºdaLei

n.12.318/2010.

Assim, constatada a alienação parental, o juiz a declarará, e, de acordo com o grau de alienação,

poderáaplicarasseguintesmedidas,semprejuízodaresponsabilidadecivil265oucriminaledaampla

utilizaçãodeinstrumentosprocessuaisaptosainibirouatenuarseusefeitos:

a)advertência;

b)ampliaçãodoregimedeconvivênciafamiliar266emfavordogenitoralienado267;

c)estipularmultaaoalienador268;

d)determinaroacompanhamentopsicológico269e/oubiopsicossocial,inclusivepararesgataroslaços

deafetividadeentreacriançaeogenitoralienado270;

e) alterar a guarda unilateral para guarda compartilhada271 ou sua inversão272 em favor do

alienado273;

f) determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente, evitando sua mudança de

cidade;

g)declararasuspensãodaautoridadeparental;

h)inverteraobrigaçãodelevarparaouretiraracriançaouadolescentedaresidênciadogenitor,por

ocasiãodasalternânciasdosperíodosdeconvivênciafamiliar.

Note-se que a suspensão da autoridade parental, com restrição ao convívio familiar, é hipótese

excepcionalíssima, somente justificada se a criança estiver sofrendo comesse convívio e jamais para

beneficiar o outro genitor, ainda que seja vítima de alienação parental. Visitas vigiadas somente se

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justificamnashipótesesderiscosdeviolênciafísicaousexual.

Conformeacimaexposto,numprimeiromomento,aadvertênciaeaampliaçãodaconvivênciafamiliar

jápoderãodemonstrar-sesuficientesparainibiratosdealienação.Aguardacompartilhada,aaplicação

demultaeoencaminhamentopsicológicosãoexcelentesmedidasdeprevençãoereversãodaalienação

parental. A inversão da guarda e a suspensão da autoridade parental sãomedidas extremas, somente

aplicáveisquandoasanterioresnãosurtiremefeito.

Aliás, a inversão da guarda ou suspensão da autoridade parental não pode implicar anulação da

convivência familiardoalienador,pois,geralmente,acriança tem laços fortescomesteepodesofrer

profundamente com a situação. Qualquer forma de exclusão de um dos pais em razão da alienação

parental, ou impedimento de contato, deve ser rechaçada, pois a regra é garantir a convivência

familiar274,mesmonashipótesesdeguardaunilateralesuspensãodaautoridadeparental.

Asdiscussõessobreguardaeregulamentaçãodevisitasdevemserpropostasnoforodedomicílioda

criançaouadolescente,queéoforodedomicíliodoguardião275.Aalteraçãodessedomicílio,apósa

proposituradaação,éirrelevanteparaadeterminaçãodacompetênciarelacionadaàsaçõesfundadasem

direitodeconvivênciafamiliar,naformadoart.8ºdaLein.12.318/2010.

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Capítulo5Hipótesesdeinviabilidadedaguardacompartilhada

Infelizmente,nemsempreserápossívelaimplantaçãodaguardacompartilhada.

Emprimeirolugar,conformejámencionado,énecessáriaaaptidãodospaisparaoexercíciodopoder

familiareavontadedeexerceraguarda.

Aaptidãodospaisparaoexercíciodopoderfamiliarépresumida,masadmiteprovaemcontrário.

Conforme exposto nos capítulos anteriores, o uso de drogas276, a existência de problemas

psiquiátricosgraves,umambientehostilaodesenvolvimentodacriança,areiteradapráticadealienação

parental grave, maus-tratos e abuso sexual, atos comprovados de violência doméstica com agressões

físicaseriscodemortesãorazõesqueinviabilizamaguardacompartilhada.

Quando se menciona um ambiente hostil ao desenvolvimento da criança é aquele com ausência de

afeto.Afetoéocentrododireitodefamíliaearazãodeserdaguardacompartilhada.Épeloconvívio

queoamorentrepaise filhos irá se fortalecer.Éoamorosentimentomaisnobreeedificantedoser

humano,queopreparaparaavidaadultadeformaresponsávelesaudável.Recebendoamor/cuidado,a

criançasepercebevalorizadaepodeinternalizarbonssentimentos.Nãosãosituaçõesdeprobrezanem

emrazãodolitígioentreospaisqueacriançaperderáoseudireitoàconvivênciafamiliar.

Assim, num primeiro momento, considerando que o exercício do poder familiar é presumido, não

havendo indicação de situações que inviabilizem a guarda compartilhada comomencionado acima, é

precisoquesejadadaaoportunidadeàspartesparaoexercíciocompartilhadodaguardadofilho,em

benefíciodacriança277.

Aindaquehajalitígiodospaisentresi,sejaquantoaovalordapensãoalimentícia,sejapelapartilha

dos bens, seja em razão da inclusão de umnovo parceiro na relação, a guarda compartilhada, como

estabelecimentodediasdeconvíviodofilhocomcadaumdosseusgenitores,deveserasseguradano

processojudicial,preferencialmentenoseuinício278.

Considerando que cada vezmais as decisões judiciais dependem de seu cumprimento pelas partes

envolvidas,aefetividadedaprestaçãojurisdicionalpassaaestardiretamenterelacionadaàcooperação

dosjurisdicionados.

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A Constituição Federal de 1988, ao prever, no art. 5º, XXXV, a inafastabilidade do controle

jurisdicional, não reconheceu apenas formalmente o direito à prolação de uma sentença judicial,mas,

substancialmente,odireitofundamentalàefetividadedaprestaçãojurisdicional.

A tutela jurisdicional efetiva é não apenas uma garantia, mas, ela própria, também um direito

fundamental,cujaeficáciairrestritaéprecisoassegurar,emrespeitoàprópriadignidadehumana.Afinal,

aprestaçãojurisdicional,paraserefetiva,deveseraptaaseconcretizar,ouseja,aalterararealidade

sensível,aalcançarosresultadospráticosesperados.

Aimportânciadamediaçãonosconflitosfamiliares,porsuavez,porenvolveraspartesnaresolução

final do conflito, ganha especial relevo nesse contexto da efetividade, tendo sido consagrada pela

Resolução125doConselhoNacionaldeJustiçaeabraçadapeloNovoCódigodeProcessoCivil.

O paradigma litigioso, que se consubstancia num jogo de sobreposições de razões, impedindo a

compreensãoefetivadoconflito,emqueserepassaaumterceiroestranhoàrelação(JuizdeDireito)a

responsabilidadededizerdequeméodireito,tem-semostradoineficazemgerirosproblemasafetivo-

emocionais,quesãonamaioriadasvezesbasedasdemandasjudicantesfamiliares.

Asentençajudicial,apesardesolucionarformalmentealidepostaemJuízo,muitasvezesnãoresolve

a problemática subjacente de pacificação social, fomentando uma competição entre os sujeitos

envolvidosnoperde-ganhadosTribunais.

DevemosatentarparaofatodequeoacessoàJustiçaégêneronoqualaprestaçãojurisdicionalea

mediação são formas de alcançá-la. A mediação, como complemento ou como alternativa ao Poder

Judiciário,constituiummeiodeefetivoacessoàJustiçanamedidaemquedifundeumaculturadepaz,

devolvendo às partes conflitantes a autonomia de conduzir seus impasses, visando restabelecer a

comunicação entre elas, estimulando a continuidade dos vínculos pessoais, familiares ou negociais,

possibilitandoqueoeventualacordotenhamaiorprobabilidadedesercumpridoespontaneamente.

Amediaçãocompreendeoconflitocomoalgonatural,ou seja,própriodo relacionamentohumanoe

necessário para o aprimoramento das relações. A questão é saber como gerenciá-lo demodo que as

partesenvolvidasnolitígiosaiamganhandoprodutivaeeficazmente.Nãorarooconflitoexteriorizado

nãorefleteoconflitoreal.

Amediaçãoéummecanismoquecolocaaspartesenvolvidasnolugardeprotagonistas,estimulandoo

diálogo e a discussão profunda sobre o problema, desobstruindo a comunicação entre osmediandos,

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aperfeiçoandoaescutadooutro.Nessecontexto,fazgerararedescobertadedesejosefrustrações,que

quando bem trabalhados pelo mediador podem levar os envolvidos a uma nova elaboração de seus

conflitosinternosesubsequentetransformaçãodesentimentoseatitudes.

Oprincipal objetivodamediação é facilitar o diálogo, auxiliando as pessoas a exprimir suas reais

necessidades,bemcomoesclarecerseusinteresses,estabelecendolimitesepossibilidadesparacadaum.

Amediaçãoassumeumimportantepapelnoresgateàparticipaçãodaspessoasnaefetivasoluçãodeseus

problemas.Pormeiododiálogo,diminui-seaatribuiçãodeculpasparaseanalisararesponsabilidade

dosatosdecadaindivíduo,quepassaaquestionarsuasatitudesenãomaisapenasasaçõesdooutro.

Conformeserávistonocapítuloseguinte,oNovoCódigodeProcessoCivildáespecialdestaquepara

amediaçãodeconflitos.Essapráticainterdisciplinartemporobjetivoaconstruçãoeampliaçãodeum

espaço de interlocução entre as pessoas, para que possam perceber e reconhecer suas diferenças,

discutindo as divergências e negociando as convergências possíveis, no intuito de criar vínculos,

transformar as possibilidades em ações concretas, reconhecendo a si mesmo e ao outro como

protagonista de experiências e comportamentos que, transformados, os levarão ao consenso e à

preservaçãodorelacionamento,convertendoocontextoadversarialemcolaborativo.Éumprocessonão

adversarial dirigido à desconstrução de impasses que imobilizam a negociação, transformando um

contexto de confronto em contexto colaborativo. É um processo confidencial e voluntário no qual um

terceiro imparcial facilita a negociação entre duas oumais partes, e um acordomutuamente aceitável

podeserumdosdesfechospossíveis.Afinal,ojuiznemsempreconsegueextinguirafontedolitígio,pois

existeumproblemadecunhoafetivo-emocionalimplícito.

Comvistas a esse aspecto complexo dos conflitos familiares, arraigados de emoções e sentimentos

ocultos, amediação familiar encontra suamais adequada aplicação, pois contribui para a criação e a

manutençãodas relaçõesde colaboraçãoentreos casaisdivorciados com filhospreservandoos laços

familiaresapesardarupturadovínculoconjugal.

A relação processual é plurissubjetiva, complexa e dinâmica, e o processo em si mesmo deve se

desenrolarcomrespeitoàdignidadehumanadetodososcidadãos,especialmentedaspartes,detalmodo

que a “justiça do seu resultado esteja assegurada pela adoção das regras mais propícias à ampla e

equilibradaparticipaçãodosinteressados,àisentaeadequadacogniçãodojuizeàapuraçãodaverdade

objetiva:ummeiojustoparaumfimjusto”279.

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Oprocessosomenteconstituirágarantiadatutelaefetivadosdireitosseforcapazdedaraquemtem

direito tudo aquilo a que ele faz jus de acordo com o ordenamento jurídico. Por isso, a moderna

concepção da efetividade do processo impõe o adequado cumprimento das sentenças judiciais, a

oportunaproteçãodassituaçõesjurídicassuficientementefundamentadascontraosriscosdademorana

prestação jurisdicional (tutela da urgência ou tutela cautelar) e a tutela específica do direitomaterial,

especialmente nas questões ligadas ao direito de família, com a consagração da guarda

compartilhada280.

Decorridos dois meses de exercício da guarda compartilhada, a situação deve ser avaliada pelas

partes,pelaequipetécnica,pelopromotordejustiçaepelojuiz.

Novosarranjospodemsertentados,comoauxíliodamediação,paraviabilizaraconvivênciapacífica,

mas é preciso que o litígio tenha fim, sob pena de causar desgaste emocional excessivo para os

envolvidos.

Frustradaa tentativade implantaçãodaguardacompartilhada,emrazãodecausarsofrimentoparaa

criança281,caberáaoPoderJudiciáriosuspendê-la282edeterminaraguardaunilateral,semprejuízode

estabelecerodireitodevisitasaooutrogenitor283.

Nãoéolitígioinicial284queinviabilizaaguardacompartilhada,massimumlitígiopermanenteapós

suaefetivação.

Anãosuperaçãodolitígioapósaimplantaçãodaguardacompartilhada285ouaincrementaçãodesse

litígio durante o período da convivência familiar da criança com seu genitor não atende aos seus

interesses.

Assim,importanteidentificaracausaeocausadordolitígio.

Nesse sentido, conforme previsto no art. 7º da Lei n. 12.318/2010, a atribuição da guarda ou sua

alteração dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou

adolescentecomooutrogenitornashipótesesemquesejainviávelaguardacompartilhada.

Ogenitormaisflexível,maisamorosocomacriança,querespeitaafiguraparentaldooutroedeseus

familiares,queproporcionabem-estar,segurança,saúdeeeducaçãoparaofilho,éaquelequedeveráser

oseuguardiãounilateral,apósfrustradaaguardacompartilhada.

Dessa forma,ogenitor alienadorouquepratica atosdeviolênciadoméstica286, que não conseguiu

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superarasprópriasdificuldadesapósaintervençãojudicial,nãopreencheosrequisitosnecessáriospara

oexercíciodaguardacompartilhada.

Osprocessosjudiciaisqueenvolvemodireitoconstitucionalàconvivênciafamiliar,considerandoas

leisdaguardacompartilhadaedaalienaçãoparental,demandarãotemporelativamentesuperioraodos

demais para sua extinção, haja vista a tentativa de se estabelecer uma convivência pacífica entre as

partes, recorrendo-se àmediaçãoou a encaminhamentospsicológicos, oque exigeumnovoolhardos

operadoresdodireito.

AConstituiçãobrasileiragaranteumprocessohumanizadoegarantístico,notadamenteanalisandoos

incisosXXXV,LIVeLVdoart.5º,queconsagramasgarantiasdainafastabilidadedatutelajurisdicional,

dodevidoprocessolegal,docontraditório,daampladefesaedapossibilidadedeproduçãoadequadade

provas, relevando a participação de uma equipe interdisciplinar, composta de assistentes sociais e

psicólogos, atuando junto ao Poder Judiciário para fornecer elementos de convicção e fundamentação

pararealmenteproporcionarJustiçaàfamílialitigante.

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Capítulo6AsquestõesfamiliaresnoNovoCódigodeProcessoCivil

ALein.13.105,de16demarçode2015,instituiuoNovoCódigodeProcessoCivil,queentraráem

vigoremmarçode2016.

Anova legislaçãoprocessual trazgrande inovaçãoparaodireitode família,namedidaemquedeu

ênfaseparaamediação,conformesenotadaredaçãodosarts.165a175,punecommaisrigorolitigante

de má-fé, o que pode ser verificado pela análise dos arts. 79 a 81, bem como traz dispositivos

específicosarespeitodasaçõesdefamília(arts.693a699)ehomologaçãodeacordos(arts.731a734).

ÉimportantenotarnoNovoCódigodeProcessoCivilumrespeitomaioràautonomiadasparteseà

esperançadequeconsigamsolucionarsuasdiferençasporsipróprias,auxiliadasporuma intervenção

técnicaespecífica.

Talespíritoéprecebidologonoart.3º,§§2ºe3º,aomencionarqueoEstadopromoverá,sempreque

possível, a solução consensual dos conflitos e que a conciliação, a mediação e outros métodos de

soluçãoconsensualde conflitosdeverão ser estimuladospor juízes, advogados, defensorespúblicos e

membrosdoMinistérioPúblico,inclusivenocursodoprocessojudicial.

Porsuavez,aspartestêmodireitodeobteremprazorazoávelasoluçãointegraldomérito,incluídaa

atividadesatisfativa(art.4º),oquetrazumaperspectivapositivaparaos litígiosfamiliares,emqueo

tempo temumaspectofundamental,notadamenteemrelaçãoàsdiscussõesquantoaoconvíviofamiliar

comosfilhos,poisumafastamentoprolongadopodesedimentarumasituaçãodealienaçãoparentalde

difícilreversão.Todosossujeitosdoprocessodevemcooperarentresiparaqueseobtenha,emtempo

razoável, decisãodemérito justa e efetiva (art. 6º), e os juízes e tribunais devemvelar pela duração

razoáveldoprocesso(art.139,II)eobedeceràordemcronológicadeconclusãoparaproferirsentença

ouacórdão(art.12).

Aquelequedequalquerformaparticipadoprocessodevecomportar-sedeacordocomaboa-fé(art.

5º),expondoosfatosconformeaverdade(art.77,I),cumprircomexatidãoasdecisõesjurisdicionais,de

naturezaprovisóriaoufinal,enãocriarembaraçosàsuaefetivação(art.77,IV),evitandoasmanobras

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procrastinatóriaseacusaçõeslevianasquetrazemtantodesgasteesofrimentonasrelaçõesfamiliares.A

éticaérequisitodobomexercíciodamaternidadeoupaternidade.

OCódigodeProcessoCivilde2015pretendeevitarsituaçõesdesurpresa,vedandoaoJuizproferir

decisõescontraumadaspartessemqueelasejapreviamenteouvida(arts.9ºe10),salvonashipóteses

deurgência(art.9º,parágrafoúnico),devendogarantir,sempre,ocontraditórioeaampladefesa.

Embora os direitos no âmbito da família sejam na sua maioria indisponíveis, como o direito a

alimentos dos filhos menores e o direito à convivência familiar, o seu modo de exercício pode ser

convencionadoentreaspartes.

Nesse sentido, conforme o espírito conciliador mencionado acima, os Juízes devem promover, a

qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores

judiciais (art. 139,V), e os Tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos,

responsáveispelarealizaçãodesessõeseaudiênciasdeconciliaçãoemediaçãoepelodesenvolvimento

deprogramasdestinadosaauxiliar,orientareestimularaautocomposição(art.165).

Aliás,oCódigodeProcessoCivilde2015foiexpressoaomencionarque“nasaçõesdefamília,todos

os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendoo juiz dispor do

auxíliodeprofissionaisdeoutrasáreasdoconhecimentoparaamediaçãoeconciliação”(art.694).

Recebidaapetiçãoiniciale,seforocaso, tomadasasprovidênciasreferentesàtutelaprovisória,o

juiz,na formadoart.695,ordenaráacitaçãodoréuparacompareceraumaaudiênciademediaçãoe

conciliação.

Com o nítido propósito de evitar desgastes inúteis que poderiam inviabilizar um futuro acordo, o

CódigodeProcessoCivilde2015prevêqueomandadodecitaçãoconteráapenasosdadosnecessários

à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição inicial. Essa prudência se faz

recomendávelenecessária,notadamentenasdisputasdeguarda,umavezque,nomodelotradicionalda

guarda única ou unilateral, com o propósito de convencer o juízo de que o requerente temmelhores

condições de exercer a guarda, a petição inicial é geralmente redigida com referências negativas a

respeitodooutro,criandoumclimadesfavorávelparaqualqueracordo.

Aaudiênciademediaçãoeconciliaçãopoderádividir-seemtantassessõesquantassejamnecessárias

para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo de providências jurisdicionais para evitar o

perecimentododireito.

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Ojuiz,arequerimentodaspartes,podedeterminarasuspensãodoprocessoenquantooslitigantesse

submetemamediaçãoextrajudicialouaatendimentomultidisciplinar(art.694,parágrafoúnico).

Omediador,queatuarápreferencialmentenoscasosemquehávínculosentreaspartes,auxiliaráos

interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, nem sempre percebidos por eles

próprios. Assim, embora, por exemplo, amãe reclame que a partilha dos bens não foi justa, poderá

perceber que, na realidade, o que pretende é ficar no apartamento que era do casal, abrindomão de

outrosbensquepodemsuperarfinanceiramenteemmuitooreferidoimóvel,satisfazendoointeressede

ambososlitigantes.

Amediação,conformeexpressamentemencionadonalei,temcomoobjetivopropiciarumespaçopara

que as partes restabeleçam a comunicação, identificando, por si próprias, soluções consensuais que

gerembenefíciosmútuos.

Importantefrisarqueaconciliaçãoeamediaçãosãoinformadaspelosprincípiosdaindependência,da

imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da

decisão informada. Essa confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do

procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa

deliberação das partes. Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o

mediador,assimcomoosmembrosdesuasequipes,nãopoderãodivulgaroudeporacercadefatosou

elementosoriundosdaconciliaçãooumediação(art.166,§§1ºe2º,doCódigodeProcessoCivilde

2015).Esseaspectopermitequeaspartespossamtrazersuasinquietações,refletireesclarecer,entresi,

asquestõesdeembateparaqueconstruamumcaminhodeconsenso.

Afinal, as rupturas conjugais conflituosas que aportam no judiciário demonstram claramente a

dificuldadedosenvolvidosemlidarcomsuasprópriasdemandas,transferindoparaterceiros,nocasoo

Estado-Juiz,decisõesquecaberiamaocasal.Competiçõesefrustraçõesdarelaçãoconjugal,docasal,

são transferidas para a relação parental (pai/mãe/filho), causando sofrimento para todos da família,

notadamenteparaascriançasenvolvidas.

Nãoobtidooacordo,incidem,apartirdeentão,asregrasdoprocedimentocomum,observadooart.

335,facultandoaoréuofereceracontestaçãoaopedido.

Porsuavez,oCódigodeProcessoCivilde2015permiteàspartes,aindaqueoacordonãotenhasido

obtidonumprimeiromomento, fixarumcalendárioparaapráticadosatosprocessuais(art.191),bem

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comoestipularmudançasnoprocedimentojudicialparaajustá-loàsespecificidadesdacausa(art.190),

oquepermiteapaisemãesoptarporumatentativadaguardacompartilhadaprovisória,semqueestejam

abdicandodeoutrapretensãoformuladaemjuízo.

Sendo tarefa da ordem jurídica harmonizar as relações sociais intersubjetivas a fim de ensejar a

máximarealizaçãodosvaloreshumanoscomomínimodesacrifícioedesgaste,asquestõesfamiliares

trazemumademandaespecíficaparaanálisedoprocessojudicial.

Asemoçõeseangústiasdecorrentesdos litígiosfamiliaresnãorarosãopotencializadasnoprocesso

judicialfundamentadonoconceito“perde-ganha”,contribuindoparasofrimentoeinfelicidade,oquenão

éobjetivodafunçãojurisdicional.

Nesse sentido, a consciência da imposiçãodaguarda compartilhada e o recurso àmediaçãopodem

resgatarodiálogoeapromoçãodoentendimentoedorespeitoentreosmembrosdessafamília,quese

modifica,maspermanece.Afinal,sendoaguardacompartilhadaaregra,impostamesmonolitígio287,é

necessáriooesclarecimentodosdireitosedeveresdeladecorrenteseaconscientizaçãodosenvolvidos

paraumaposturacooperativa.

Porsuavez,sendoumadashipótesesdeinviabilidadedaguardacompartilhadaoualienaçãoparental,

omagistrado, na formado art. 699doCódigodeProcessoCivil de2015, ao tomarodepoimentoda

criança ou adolescente, deverá estar acompanhado de especialista (art. 699 do CPC/2015), o que

demonstraumapreocupaçãodoNovoCódigocomaatuaçãoprofissionaldosoperadoresnacondução

doslitígios.

Assim, conquanto haja uma tendência de evitar a judicialização das demandas, existe uma pressão

social por uma intervenção judicial mais efetiva na promoção dos direitos e deveres parentais, na

efetivagarantiadosdireitosdacriançaàproteçãocontraaviolênciaeaoseuconvíviofamiliarsadio.

A Constituição Federal de 1988, ao prever, no art. 5º, XXXV, a inafastabilidade do controle

jurisdicional, não reconheceu apenas formalmente o direito à prolação de uma sentença judicial,mas,

substancialmente,odireitofundamentalàefetividadedaprestaçãojurisdicional.

A tutela jurisdicional efetiva é não apenas uma garantia, mas, ela própria, também um direito

fundamental,cujaeficáciairrestritaéprecisoassegurar,emrespeitoàprópriadignidadehumana.Afinal,

aprestaçãojurisdicional,paraserefetiva,deveseraptaaseconcretizar,ouseja,aalterararealidade

sensível,aalcançarosresultadospráticosesperados.

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Dito isso, considerando-seque, cadavezmais, asdecisões judiciaisdependemde seu cumprimento

pelaspartesenvolvidas,aefetividadedaprestação jurisdicionalpassaaestardiretamenterelacionada

comacooperaçãodosjurisdicionados.Nãosemostramaissuficienteapenasdeclararodireito,massim

darefetividadeaele.

Odireito processual procura, assim, disciplinar o exercício da jurisdição pormeio de princípios e

regrasqueconfiramaoprocessoamaisamplaefetividade,ouseja,omaioralcancepráticoeomenor

custopossível.

A relação processual é plurissubjetiva, complexa e dinâmica, e o processo em si mesmo deve se

desenrolarcomrespeitoàdignidadehumanadetodososcidadãos,especialmentedaspartes,detalmodo

que a “justiça do seu resultado esteja assegurada pela adoção das regras mais propícias à ampla e

equilibradaparticipaçãodosinteressados,àisentaeadequadacogniçãodojuizeàapuraçãodaverdade

objetiva:ummeiojustoparaumfimjusto”288.

AConstituiçãobrasileiragaranteumprocessohumanizadoegarantístico,notadamenteanalisandoos

incisosXXXV,LIVeLVdoart.5º,queconsagramasgarantiasdainafastabilidadedatutelajurisdicional,

dodevidoprocessolegal,docontraditório,daampladefesaedapossibilidadedeproduçãoadequadade

provas,sendorelevanteaparticipaçãodeumaequipetécnicacapacitadaparaauxiliaromagistradonos

provimentosjurisdicionais,oquefoiconsagradonoCódigodeProcessoCivilde2015.

Porsuavez,todoprovimentojurisdicionaldevesermotivado,apresentandojustificaçãosuficientedo

seuconteúdoeevidenciandoorespeitoaocontraditórioparticipativoatravésdoexameeconsideração

detodasasalegaçõeseprovaspertinentesapresentadaspelaspartes.Amotivaçãogaranteodireitode

conhecer as razões que sustentam a decisão e de verificar se essa fundamentação é logicamente

consistente, demonstrando que o Juiz examinou os argumentos relevantes de fato e de direito

apresentados pelas partes. A fundamentação do julgamento deve permitir que os jurisdicionados

entendam de que modo foram avaliadas as provas produzidas. O sistema processual deve oferecer

respostasàsexpectativasdasociedade.

Afinal,oprocessosomenteconstituirágarantiadatutelaefetivadosdireitosseforcapazdedaraquem

temdireito tudo aquilo a que ele faz jus de acordo comoordenamento jurídico.Por isso, amoderna

concepção da efetividade do processo impõe o adequado cumprimento das decisões judiciais com a

tutelaespecíficadodireitomaterial,especialmentenasquestõesligadasaodireitodefamília,obrigações

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defazerenãofazer.

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Conclusão

Asrelaçõesentrepaise filhos,considerandoaConstituiçãoFederalde1988, foramfuncionalizadas

para o amor, a proteção e o cuidado. Princípios de cunho participativo, democrático, igualitário,

includente, de paternidade responsável, de gestão colegiada da guarda e autoridade parental, da

prioridadedos interessesdos filhos,de respeitoà condiçãoespecialdepessoasemdesenvolvimento,

comaproteçãodetodososaspectosinerentesàpersonalidadesãodiretrizesaseremseguidas.Abusca

alternativadeumdospaisqueapresente“melhorescondições”paraacriaçãodosfilhoscontribuiparao

incrementodetensõeseagressividadeentreaspartes,prejudicandoaeducaçãoparticipativadosfilhos.

Amodernavisãodaguardaedopoderfamiliardemonstraumavançonaconcepçãodosinstitutos,que

impõem mais deveres aos pais do que poderes em relação ao filho. Exige-se que os pais se façam

presentes na vida dos filhos com responsabilidades, como oportunidade para o fortalecimento dos

vínculosafetivos,ecomocompromissopelobem-estarefelicidadedofilhoerespeitoàfiguraparental

do outro genitor, ainda que haja litígio entre os pais em si. O direito atual apresenta um avanço na

proteçãodafiguradapessoahumanaenorespeitoàsuadignidade.

Aguardacompartilhada,quesignificaapossibilidadedeosfilhosdepaisseparadosseremassistidos

porambososgenitores,garantindo-seaestesodireitodetomardecisõesquantoaofuturodosfilhosem

igualdade de condições (guarda jurídica compartilhada), bem como de conviver com esses filhos de

formaequilibrada(guardafísicacompartilhada),participandodiretamentedeseucrescimentoeformação

educacional, traduz-se na mais moderna expressão dos novos paradigmas do direito de família

consagrados pelas Leis n. 11.698/2008, 12.318/2010 e 13.058/2014, em conformidade com a

Constituiçãode1988.

Aéticanas relações familiares eno exercíciodaguarda compartilhada é elemento importante a ser

considerado.Ospaisprecisamestarconscientesdesuasresponsabilidadescomoeducadoreseexemplo

devidaparaofilho,respeitandosuaintegridadefísicaepsíquica,estimulandoaconvivênciafamiliardo

filho e a imagem do outro genitor e demais parentes. As recentes leis, no esteio da tutela da

personalidadehumana,dadoutrinadoabusododireitoedaproteçãodointeressesuperiordacriança,

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fornecemsubsídios legaispara coibiro abusodospais evalorizaro comportamentoéticodeles,que,

afinal,sãooprimeiroeprincipalexemplo–maiorreferêncianavidadofilho.Atravésdospais,osfilhos

constroemasuapersonalidadeeseucaráter,eseprojetamparaavida,levandoconsigoosvaloresque

foramplantados.

Aguardacompartilhadavalorizaopapeldecadaumdosmembrosdafamília,permitindosejaexercido

naplenitudeodireitodacriançaedoadolescenteàconvivênciafamiliar.Éexpressãodofenômenoda

despatrimonializaçãododireitocivil,daigualdadeentreoscônjugesedavisãoeudemonistadafamília.

Aguardacompartilhadapressupõeproteção,carinhoeresponsabilidadedosgenitorese,consoanteo

sistema consagrado da guarda, pode ser revogada, a qualquer tempo, quando demonstre não estar

atendendoaos finsaque sedestina,deproteçãoegarantiadaconvivência familiar sadiaentrepais e

filhos.

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2 CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA

COMPARTILHADA.CONSENSO.NECESSIDADE.ALTERNÂNCIADERESIDÊNCIADOMENOR.POSSIBILIDADE.1.Ausente

qualquerumdosvíciosassinaladosnoart.535doCPC,inviávelaalegadaviolaçãodedispositivodelei.2.Aguardacompartilhadabuscaa

plenaproteçãodomelhorinteressedosfilhos,poisreflete,commuitomaisacuidade,arealidadedaorganizaçãosocialatualquecaminhapara

ofimdasrígidasdivisõesdepapéissociaisdefinidaspelogênerodospais.3.Aguardacompartilhadaéoidealaserbuscadonoexercíciodo

PoderFamiliarentrepaisseparados,mesmoquedemandemdeles reestruturações,concessõeseadequaçõesdiversas,paraqueseus filhos

possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico de duplo referencial. 4. Apesar de a separação ou do divórcio usualmente

coincidiremcomoápicedodistanciamentodoantigocasalecomamaiorevidenciaçãodasdiferençasexistentes,omelhorinteressedomenor,

aindaassim,ditaaaplicaçãodaguardacompartilhadacomoregra,mesmonahipótesedeausênciadeconsenso.5.Ainviabilidadedaguarda

compartilhada, por ausência de consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente por um dos pais. E diz-se inexistente,

porquecontráriaaoescopodoPoderFamiliarqueexisteparaaproteçãodaprole.6.Aimposiçãojudicialdasatribuiçõesdecadaumdospais,

e o período de convivência da criança sob guarda compartilhada, quando não houver consenso, é medida extrema, porém necessária à

implementaçãodessanovavisão,paraquenãose façado texto legal, letramorta.7.Acustódia físicaconjuntaéo ideala serbuscadona

fixação da guarda compartilhada, porque sua implementação quebra amonoparentalidade na criação dos filhos, fato corriqueiro na guarda

unilateral,queésubstituídapelaimplementaçãodecondiçõespropíciasàcontinuidadedaexistênciadefontesbifrontaisdeexercíciodoPoder

Familiar.8.Afixaçãodeumlapsotemporalqualquer,emqueacustódiafísicaficarácomumdospais,permitequeamesmarotinadofilho

sejavivenciadaàluzdocontatomaternoepaterno,alémdehabilitaracriançaaterumavisãotridimensionaldarealidade,apuradaapartirda

síntesedessasisoladasexperiênciasinterativas.9.Oestabelecimentodacustódiafísicaconjunta,sujeita-se,contudo,àpossibilidadepráticade

sua implementação, devendo ser observadas as peculiaridades fáticas que envolvem pais e filho, como a localização das residências,

capacidadefinanceiradaspartes,disponibilidadedetempoerotinasdomenor,alémdeoutrascircunstânciasquedevemserobservadas.10.A

guardacompartilhadadevesertidacomoregra,eacustódiafísicaconjunta–semprequepossível–comosuaefetivaexpressão.11.Recurso

especialnãoprovido(SuperiorTribunaldeJustiça.REsp1.251.000/MG.RecursoEspecial2011/0084897-5.Rel.Min.NancyAndrighi.Data

dojulgamento:23-8-2011.Datadapublicação:31-8-2011).

3CAPPELLETTI,Mauro;GARTH,Bryant.Acessoàjustiça.PortoAlegre:SergioAntonioFabris,1998.p.9-13.

4 WATANABE, Kazuo. Acesso à justiça e sociedade moderna. In: GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel;

WATANABE,Kazuo(Orgs.).Participaçãoeprocesso.SãoPaulo:RevistadosTribunais,1988.p.128-135.

5CARNEIRO,PauloCezarPinheiro.Acessoà justiça.JuizadosEspeciaisCíveiseAçãoCivilPública.Umanovasistematizaçãoda

teoriageraldoprocesso.2.ed.RiodeJaneiro:Forense,2000.

6SérgioEduardoNick,Guardacompartilhada:umnovoenfoquenocuidadoaosfilhosdepaisseparadosoudivorciados,inAnova família:

problemaseperspectivas(Org.VicenteBarreto).RiodeJaneiro:Renovar,1997,p.140.

7Ob.cit.,p.133.

8GustavoTepedinoemAdisciplinacivil-constitucionaldas relações familiares, inAnova família: problemas e perspectivas (Org.Vicente

Barreto).RiodeJaneiro:Renovar,1997,p.47.

9Paternidadeativanaseparaçãoconjugal.SãoPaulo:JuarezdeOliveira,1999,p.8.

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10Guardacompartilhada:umnovoenfoquenocuidadodosfilhosdepaisseparadosoudivorciados,inANovafamília,p.134.

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11 RAMOS, Patricia Pimentel de Oliveira Chambers. A moderna visão da autoridade parental, in Guarda compartilhada: aspectos

psicológicosejurídicos.PortoAlegre:Equilíbrio,2005,p.98.

12PETRINI, JoãoCarlos.Notas para umaAntropologia daFamília, inTemas atuais de direito e processo de família (Coord. Cristiano

ChavesdeFarias).RiodeJaneiro:LumenJuris,2004,p.53.

13 BARBOZA, Heloisa Helena. Família – casamento – união estável: conceitos e efeitos à luz da Constituição de 1988. Revista da

FaculdadedeDireitodaUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro(1),p.124.

14Estatuto daCriança e do Adolescente comentado, coordenadores:Munir Cury,Antônio Fernando doAmaral e Silva, EmílioGarcia

Mendez.SãoPaulo:Malheiros,p.84.

15VILLELA,JoãoBaptista.Asnovasrelaçõesdefamília.AnaisdaXVConferênciaNacionaldaOAB,FozdoIguaçu,1994,p.641.

16BARBOZA,HeloisaHelena.Novastendênciasdodireitodefamília.RevistadaFaculdadedeDireitodaUERJ(2),1994,p.232.

17Princípiosconstitucionaisdedireitodefamília.SãoPaulo:Atlas,2008.

18DANTAS,SanTiago.Direitosde famíliaedassucessões.2.ed. rev.eatual.porJoséGomesBezerraCâmaraeJairBarros.Riode

Janeiro:Forense,1991,p.3.

19ApudPEREIRA,CaioMáriodaSilva.Instituiçõesdedireitocivil.11.ed.RiodeJaneiro:Forense:1999,v.V,p.17.

20LIRA,RicardoPereira.Breveestudosobreasentidadesfamiliares,inAnovafamília:problemaseperspectivas.

21BARBOZA,HeloisaHelena.O direito de família brasileiro no final do séculoXX, inA nova família: problemas e perspectivas (Org.

VicenteBarreto).RiodeJaneiro:Renovar,p.87.

22ConstituiçãodaRepúblicade1934,art.144.

23ConstituiçãodosEstadosUnidosdoBrasilde1937,art.167.

24ConstituiçãodosEstadosUnidosdoBrasilde1946,art.163.

25ConstituiçãodoBrasil,de1967,art.167.

26 (...). PROIBIÇÃODEDISCRIMINAÇÃODASPESSOASEMRAZÃODOSEXO,SEJANADICOTOMIAHOMEM/MULHER

(GÊNERO),SEJANOPLANODAORIENTAÇÃOSEXUALDECADAQUALDELES.APROIBIÇÃODOPRECONCEITOCOMO

CAPÍTULODOCONSTITUCIONALISMOFRATERNAL.HOMENAGEMAOPLURALISMOCOMOVALORSOCIOPOLÍTICO-

CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSERIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS

FUNDAMENTAISDOINDIVÍDUO,EXPRESSÃOQUEÉDAAUTONOMIADAVONTADE.DIREITOÀINTIMIDADEEÀVIDA

PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. (...) TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A

CONSTITUIÇÃOFEDERALNÃOEMPRESTAAOSUBSTANTIVO“FAMÍLIA”NENHUMSIGNIFICADOORTODOXOOUDA

PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SOCIOCULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO

SUBJETIVODECONSTITUIRFAMÍLIA.INTERPRETAÇÃONÃOREDUCIONISTA(STF.ADPF132/RJ,julgamentoem5-5-2011).

27CódigoCivilde1916,art.358(revogadopelaLein.7.841/89):Osfilhosincestuososeosadulterinosnãopodemserreconhecidos.

28BARBOZA,HeloisaHelena.OEstatutodaCriançaedoAdolescenteeadisciplinadafiliaçãonoCódigoCivil,inOmelhorinteresseda

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criança:umdebateinterdisciplinar.RiodeJaneiro:Renovar,p.109.

29ALVES,LeonardoBarretoMoreiraAlves.Oreconhecimentolegaldoconceitomodernodefamília:oartigo5º,II,parágrafoúnico,daLei

n.11.340/2006(LeiMariadaPenha).RevistaBrasileiradeDireitodeFamília,PortoAlegre,n.39,p.131-153,dez./jan.2007.

30 O STF reconheceu a existência de repercussão geral em casos de rateio de pensão por morte de servidor público, na existência de

concubinatoimpurodelongaduração(noquetangeàproteçãodoEstadoexpressanoart.226,§3º,daConstituiçãoFederal)(RE669465RG,

Rel.Min.LuizFux,julgadoem8-3-2012,AcórdãoEletrônicoDJe-20215-10-2012).

31 SOARES, Bárbara Musumeci.Mulheres invisíveis – violência conjugal e novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira,1999,p.23.

32CAVALCANTI,StelaValériaSoaresdeFarias.Violênciadoméstica.3.ed.Salvador:JusPodivm,2010,p.75.

33“Intimidação, coação, ameaças,negaçãoouminimizaçãodoabuso, culpabilizaçãodavítima, isolamento,dominação, controleeconômico,

manipulaçãodosfilhoseabusosexualsãooselementosda‘pedagogiadaviolência’,quetemcomoresultadoasrespostasdemedo,depressão,

culpa,passividadeebaixaautoestimadesenvolvidaspelasvítimas”contribuindoparaociclodeviolênciaquedificultaorompimentodarelação

conjugal(SOARES,BárbaraMusumeci.MulheresInvisíveis–violênciaconjugalenovaspolíticasdesegurança.RiodeJaneiro:Civilização

Brasileira,1999,p.131).

34CAVALCANTI,StelaValériaSoaresdeFarias.Ob.cit.,p.75.

35OLIVEIRA,Basíliode.Guarda,visitaçãoebuscaeapreensãodefilho.RiodeJaneiro:Destaque,p.74.

36Essanovaentidadefamiliar,denominada“famíliamonoparental”,caracteriza-seporumdosgenitoresesuadescendência.Éahipóteseda

mãe (oupai), por exemplo,quevive sozinhacomseus filhos,hajaounãoo reconhecimentodapaternidadedestes, sejaporque sempre foi

solteira,sejaporqueseseparoujudicialmente,divorciou-seoutornou-seviúva;deumdosavós(sejamaternooupaterno)eseusnetos;dopai

oudeumamãeadotivacomoseurespectivofilhoadotado.

37DissertaçãodeMestrado“OCompanheirismo”(transformadaemlivro),ob.cit.,p.65.

38RessaltaRobertodeRuggiero,Instituiçõesdedireitocivil, traduçãodePaoloCapitanio,atualizaçãoporPauloRobertoBenasse,p.34,

que, dentroda família, as situaçõespessoais podem resultar, e de fato resultam, em relações econômicas epatrimoniais, que são asque a

doutrinadenominadireitosfamiliares-patrimoniais,emcontraposiçãoaosfamiliarespuros.Todavia,anaturezadocréditoédiferentedaquele

que seoriginadeumcontratooudeumdelito.ConformeexpõeRobertodeRuggiero, “éque, aindaquandoas relações tenhamemsium

conteúdoeconômico,oordenamentooperaaquiforadasuaesferanormal‘domeu’e‘doteu’,vistoseorientaressencialmentepelafinalidade,

que ultrapassa fins individuais, e querer proteger os interesses superiores da família, como organismo, e não o interesse particular do

indivíduo”.

39As reformas no direito de família na França, em 1972, e em Portugal, em 1977, trouxeram grande influência para a disciplina jurídica

constitucionalizadaecontemporâneadoBrasil.

40OLIVEIRA,Guilhermede.Temasdedireitodefamília.2.ed.Coimbra:CoimbraEd.,2001,p.9.

41OLIVEIRA,Guilhermede,ob.cit.,p.9.

42BARROSO,LuísRoberto.InterpretaçãoeaplicaçãodaConstituição.SãoPaulo:Saraiva,1996,p.101.

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43Ob.cit.,p.13.

44Aconstitucionalizaçãododireitode famíliaé fato recente.AConstituiçãode1824 tratava somenteda família imperial, e,proclamadaa

República,aConstituiçãotraziaapenasumdispositivosobreamatéria,tentandooperarumaseparaçãoentreopoderdaIgrejaeopoderdo

Estado; até aConstituição de 1988, a lei fundamental da família era oCódigoCivil brasileiro. Em1988, há uma guinada fundamental e a

legislação infraconstitucional passa a ter validade somente se interpretada em consonância com o disposto na Constituição Federal, e, na

hipótesede incompatibilidade,nãoháa recepçãoda legislação infraconstitucional (FACHIN,LuizEdson.Elementoscríticosdodireitode

família.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.36-37).

45TEPEDINO,Gustavo.Adisciplinacivil-constitucionaldasrelaçõesfamiliares,inTemasdedireitocivil.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.

349-350.

46TEPEDINO,Gustavo.Ob.cit.,p.348.

47TEPEDINO,GustavoemAdisciplinacivil-constitucionaldasrelaçõesfamiliares,ob.cit.,p.357.

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48Háseverascríticasaotermo“poder”,umavezqueoinstitutotemcunhoessencialmenteprotetivo.

49BEVILÁQUA,Clóvis.Direitodefamília.7.ed.RiodeJaneiro:FreitasBastos,1943,p.363.

50GRISARDFILHO,Waldyr.Guarda compartilhada: um novomodelo de responsabilidade parental. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2000,p.27.

51PEREIRA,CaioMáriodaSilva.Instituiçõesdedireitocivil.11.ed.v.V.RiodeJaneiro:Forense,p.240.

52GOMES,Orlando.Direitodefamília.14.ed.RiodeJaneiro:Forense,2001,p.389.

53TEIXEIRA,AnaCarolinaBrochado.Família,guardaeautoridadeparental.RiodeJaneiro:Renovar,2005,p.128.

54 RAMOS, Patricia Pimentel de Oliveira Chambers. A moderna visão da autoridade parental, in Guarda compartilhada: aspectos

psicológicosejurídicos.PortoAlegre:Equilíbrio,2005,p.103.

55 EMENTA: INDENIZAÇÃODANOSMORAIS – RELAÇÃO PATERNO-FILIAL – PRINCÍPIODADIGNIDADEDA PESSOA

HUMANA – PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à

convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa humana (TAMG.

ApelaçãoCíveln.408.550-5.7ªCâmaraCíveldoTribunaldeAlçadadoEstadodeMinasGerais.Rel.Des.UniasSilva,decisãoem1º-4-

2004).“Noseiodafamíliadacontemporaneidadedesenvolveu-seumarelaçãoqueseencontradeslocadaparaaafetividade.Nasconcepções

maisrecentesdefamília,ospaisdefamíliatêmcertosdeveresqueindependemdoseuarbítrio,porqueagoraquemosdeterminaéoEstado.

Assim,afamílianãodevemaisserentendidacomoumarelaçãodepoder,oudedominação,mascomoumarelaçãoafetiva,oquesignifica

daradevidaatençãoàsnecessidadesmanifestaspelosfilhosemtermos,justamente,deafetoeproteção.Oslaçosdeafetoedesolidariedade

derivamda convivência enão somentedo sangue.Noestágio emque se encontramas relações familiares eodesenvolvimento científico,

tende-se a encontrar a harmonização entre o direito de personalidade ao conhecimento da origem genética, até como necessidade de

concretizaçãododireitoàsaúdeeprevençãodedoenças,eodireitoàrelaçãodeparentesco,fundadonoprincípiojurídicodaafetividade.O

princípio da afetividade especializa, no campo das relações familiares, omacroprincípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, da

ConstituiçãoFederal),quepresidetodasasrelaçõesjurídicasesubmeteoordenamentojurídiconacional.”

56FACHIN,LuizEdson.Elementoscríticosdodireitodefamília.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.223.

57Direitodefamília.2.ed.RiodeJaneiro:ForenseUniversitária,1993,p.245.

58Art.1.630doCódigoCivil:Osfilhosestãosujeitosaopoderfamiliar,enquantomenores.

59Odireitoromanonãochegouaconheceroinstitutodamaioridade,peloqual,nodireitomoderno,ofilho,aoatingirumaidadedeterminada,

desvincula-sedopátriopoder.

60Direitocivil.Pátriopoder.Deverirrenunciáveleindelegável.Destituição.Consentimentodamãe.Irrelevância.Hipótesesespecíficas.Art.

392 do Código Civil. Contraditório. Necessidade. Arrependimento posterior. Adoção. Situação de fato consolidada. Segurança jurídica.

Interesses do menor. Orientação da Turma. Precedentes. Recurso parcialmente provido. I – O pátrio poder, por ser “um conjunto de

obrigações,acargodospais,notocanteapessoasebensdosfilhosmenores”éirrenunciáveleindelegável.Emoutraspalavras,porsetratar

deônus,nãopodeserobjetoderenúncia.II–Ashipótesesdeextinçãodopátriopoderestãoprevistasnoart.392doCódigoCivileasde

destituiçãono395, sendocertoquesãoestasexaustivas,adependeremdeprocedimentopróprio,previstonosarts.155/163doEstatutoda

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CriançaedoAdolescente,consoantedispõeoart.24domesmodiploma.III–Aentregadofilhopelamãepodeensejarfuturaadoção(art.45

doEstatuto),e,consequentemente,aextinçãodopátriopoder,masjamaispodeconstituircausaparaasuadestituição,sabido,ademais,que“a

falta ou a carênciade recursosmateriais não constituimotivo suficiente para a perdaou a suspensãodopátriopoder” (art. 23domesmo

diploma). IV – Na linha de precedente desta Corte, “a legislação que dispõe sobre a proteção à criança e ao adolescente proclama

enfaticamenteaespecialatençãoquesedevedaraosseusdireitoseinteresseseàhermenêuticavalorativaeteleológicanasuaexegese”.V

–Situaçãodefatoconsolidadaensejaoprovimentodorecursoafimdequeprevaleçamossuperioresinteressesdomenor(SuperiorTribunal

deJustiça,REspn.158.920-SP(1997/0090947-6),4ªTurma.Rel.Min.SálviodeFigueiredoTeixeira.Datadojulgamento:23-3-1999.DJ24-5-

1999,p.172.RSTJ118/313,RT768/188).

Adoção.Pátriopoder.Destituição.Irrenunciabilidadedodireito.Art.395.C.C.nãoconfiguração.Reformadasentença.Provimentoparcial.

Apelação.Açãodeadoçãocompedidocumulativodedestituiçãodopátriopoderdepaiemãedemenor.Sentençadeprocedênciaparcialdas

pretensões,impondoasançãodeperdadopátriopoderàmãedacriança.Inconformaçãodosautores,reivindicantesdaadoção,eda2ªR.,a

genitoradamenor,rérevel,citadaporeditalepatrocinadaemjuízopelaCuradoriaEspecial.Opátriopoderéirrenunciáveleasuaperdasóse

impõe judicialmentemedianteprovaconcludenteedecisivadealgumdos requisitosdoart.395doCódigoCivil. Inexistenteacomprovação

clarasobrequalquerdascondiçõeslegais,demanter-seopátriopoderearelaçãodoestadodefiliaçãonaturalouconsanguíneadapessoa.

Nãocaracterizaoabandonodequefalaalei(C.Civil,art.395,II),ofatodeopai,comoconsentimentodamãe,permitirqueofilhomenor

viva,pormaistempo,nacompanhiadostios,semquehajasofridoprivações–RT138/215.Provimentodosegundoapeloeimprovimentodo

primeiro.Reformaparcialdasentença(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro,ApelaçãoCíveln.1999.001.12974.Dataderegistro:

27-3-2002.6ªCâmaraCível.Rel.Des.RonaldValladares.Julgadoem22-11-2001).

61 Pátrio Poder. Controle jurisdicional. Suspensão. Os direitos da criança e do adolescente devem ser garantidos judicialmente, quando

demonstradoqualquer risco à sua integridade física, psíquicaoumoral.A submissãodopátriopoder ao controleda autoridade jurisdicional

constituiumdostraçosmaisavançadosdasocializaçãododireitoeéindiscutívelqueparaobomexercíciodestecontroledeveomagistrado

atentar,preferencialmente,paraobem-estardacriançaedoadolescente,destinatáriosmaioresdesuadecisão.Demonstradoqueaentregaao

vícioalcoólicoeaposturaviolentaadotadapelopaicontraosfilhoséincompatívelcomoexercíciodopátriopoder,aplica-se-lheasuspensão

previstanoart.394doCódigoCivilenaLein.8.069/90.Nega-seprovimentoaorecurso(TribunaldeJustiçadeMinasGerais.Processon.

260392-6/00(1).Rel.Des.AlmeidaMelo.Datadoacórdão:14-3-2002.Datadapublicação:4-4-2002).

62Pátriopoder.Destituição.Maus-Tratos.Configuração.Adoção.Admissibilidade.Direitodefamíliaedomenor.Pátriopoder.Destituição.

Adoção. Prova documental e pericial robusta no sentido de ter a genitora infligido castigos à menor, com extrema crueldade, eis que

representados por queimaduras em todo o corpo, o que, inclusive, foi objeto de ação penal, com condenação da genitora pormaus-tratos.

Laudomédico-legal que constata ser amãe portadora de perturbação da saúdemental, noticiada, ainda, a prática de atos de violência ao

restante da prole. Hipótese expressamente elencada nos artigos 395, I, do Código Civil e 24 do Estatuto da Criança e doAdolescente a

conduziraprocedênciadopedidodedestituiçãodopátriopoder.EstudoSocialqueapontaapresentaraadoção,naespécie,reaisvantagens

paraamenor,respeitado,assim,ointeressesuperiordacriança,alémdefundar-seemmotivoslegítimos.Sentençamantida.Desprovimentodo

recurso(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.19959.Dataderegistro:16-5-2001.17ªCâmaraCível.

Rel.Des.MariaInesGaspar).

63Pátriopoder.Perda.Menorabandonadopelamãe.Adoção.Interessedemenor.Art.395.C.C.earts.22,23e43doEstatutodaCriançae

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doAdolescente.Pátriopoder.Perda.Abandonodafilha.Adoção.Longoconvívio.Interessedamenor.I.Oabandono,parafinsdeperdado

pátrio poder, fica caracterizado sempre que amãe biológica deixa de assistir à filha, deixando-a, por quase cinco anos, em companhia de

terceirossemmanifestarnenhuminteresseconcretopelamanutençãoebem-estardainfanta.II.ParaodeferimentodaadoçãooJuizdeve

considerar,alémdoslaudospericiaisedosdepoimentospessoais,asituaçãodamenor,quejáconvivecomosrequerentesdesdepoucosmeses

de idade. Interpretaçãodos arts. 395doCCc/c22, 23 e43doECA. III.Apelaçãodamãebiológicanãoprovida (Tribunal de Justiçado

EstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1999.001.17400.Dataderegistro:18-4-2000,fls.32.022-32.031.ComarcadeOrigem:Niterói.

12ª Câmara Cível. Unânime. Rel. Des. BernardoGarcez. Julgado em 8-2-2000). Pátrio poder. Destituição. Abuso sexual. Comprovação.

Abandonomaterial.EstatutodaCriançaedoAdolescente.C.C.Art.395,inc.II.Recursodesprovido.Açãodedestituiçãodepátriopoder.

Abusossexuaisperpetradosporcompanheirodagenitoradamenor.Abandonomaterialdamesma. Incidênciadasdisposiçõescontidasnos

artigos 24, 155 a 163 e 249 do Estatuto da Criança e doAdolescente. Artigo 395, II, do Código Civil. Fatos efetivamente comprovados.

ManutençãodaSentença.RecursoImprovido(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.04909.Datade

registro:31-5-2001.3ªCâmaraCível.Rel.Des.AntonioEduardoF.Duarte.Julgadoem20-3-2001).

Pátriopoder.Destituição.AçãopropostapeloMinistérioPúblico.Violênciamoral.EstatutodaCriançaedoAdolescente.DireitodaCriançae

doAdolescente.AçãodedestituiçãodopátriopoderajuizadapeloMinistérioPúblico,sobofundamentodeviolênciapsicológicaeabandono

moralematerial.Requerimentoderealizaçãodeestudosocialatualizado,aserefetivadopeloConselhoTutelarmaispróximodafamília,órgão

comunitário noticiador da situação de risco a que expostos os menores e commais amplas possibilidades de atuação. Caracterização de

cerceamentoprocessualpelasentençaque,apesardereconhecerodescumprimentodosdeveresdesustento,guardaeeducação(art.22do

ECA),deixadeexaminaropedidodediligência, emcontrariedadeaodispostonoart.182,§1º, doECA, enapresençade circunstâncias

demonstradorasde suanecessidade, aindaquea famílianão seencontreementidadedeabrigo.Esgotamentodosmeiosdeefetividadedo

processonabuscadeproteçãoaosdireitosfundamentaisdacriança.Anulaçãodasentençapararealizaçãodoestudosocial.Provimentodo

apelo(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2001.001.04975.Dataderegistro:5-12-2001.3ªCâmaraCível.Rel.

Des.LuizFernandodeCarvalho.Julgadoem18-9-2001).

64 Pátrio poder. Destituição. Ação proposta pelo Ministério Público. Menor impúbere. Abuso sexual. Procedência parcial. Reforma da

sentença.Recursoprovido.AçãodedestituiçãodopátriopoderpromovidapeloMinistérioPúblicofaceàcomprovaçãodeabusosexualdas

filhasmenoresimpúberesporpartedogenitoredeomissãoporpartedagenitora,querecomendouàsfilhasquenadadissessemsobreofato.

Sentença que julgou o pedido parcialmente procedente, para suspender o pátrio poder, até que cada uma complete 16 (dezesseis) anos de

idade. Reforma da sentença para julgar procedente na íntegra o pedido de destituição, diante da gravidade dos fatos relatados nos autos,

considerandooriscoqueasmenorespoderãocorrerserestabelecidoopátriopoder,justamentequandotiverematingidoapuberdade,oque

poderáestimular,aindamais, futurosabusossexuais,comgravesconsequênciasaodesenvolvimentodasmenores, inclusivepossibilidadede

gravidez.ConhecimentoeprovimentodaapelaçãodoMinistérioPúblico(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.Ementário:11/2002,

n. 25, 25-4-2002.ApelaçãoCível n. 2001.001.03152.Data de registro: 21-3-2002, fls. 40.382-40.386.Comarca deOrigem:Capital.Órgão

Julgador:16ªCâmaraCível.Unânime.Rel.Des.MarioRobertMannheimer.Julgadoem29-11-2001).

65 Pátrio poder. Destituição. Requisitos. Estatuto da Criança e do Adolescente. Fundamentação da sentença. Inocorrência. Nulidade da

sentença.RecursodoM.P.RecursoProvido.Direitocivil.Tutelaepátriopoder.Institutosquenãopodemcoexistir.Art.36,parágrafoúnico,

daLein.8.069/90.Adestituiçãodopátriopoderdependedeprocedimentorígido,observando-seocontraditórioeosrequisitosdalegislação

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civiledaLein.8.069/90,porsermedidaextremamentedrástica.RequisiçõesdoMinistérioPúblicoquenãoforamatendidas.Ausênciade

provasnecessáriasà fundamentaçãoda sentença.Nulidade.Provimentodo recursoparaanularo feitodesde fls.15,baixando-seosautos

paraqueseprocedadeDireito(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2001.001.05990.Dataderegistro:14-11-

2001.16ªCâmaraCível.Rel.Des.NagibSlaibiFilho.Julgadoem21-8-2001).

66OCódigoCivilportuguês temregraexpressaarespeito:“art.1917º.Ainibiçãodoexercíciodasresponsabilidadesparentaisemnenhum

casoisentaospaisdodeverdealimentaremofilho”.

67Adoção.Preliminardeinépciadainicial.Rejeição.Interessedemenor.RecursodoM.P.Recursodesprovido.Sentençaconfirmada.Direito

civil. Adoção. Desnecessidade de instaurar-se procedimento contraditório para destituir genitores desconhecidos do pátrio poder. Petição

inicial regular.Rejeição da preliminar de inépcia. Pedido de adoção deferido corretamente pela sentençamonocrática, atenta ao art. 3º da

ConvençãoSobreosDireitosdaCriança.Depoimentodamenor,hojecom15anosdeidade,prestadono2ºgraudejurisdição,mostrandoa

necessidadedePrevalênciadodecisum recorrido.Desprovimentodaapelação (TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.Apelação

Cíveln.2001.001.04693.Dataderegistro:13-11-2001.5ªCâmaraCível.Rel.Des.HumbertodeMendonçaManes.Julgadoem25-9-2001).

68EstatutodaCriançaedoAdolescente:“Art.45.Aadoçãodependedoconsentimentodospaisoudorepresentantelegaldoadotando.§1º

Oconsentimentoserádispensadoemrelaçãoàcriançaouadolescentecujospaissejamdesconhecidosoutenhamsidodestituídosdopoder

familiar”.

69Alimentos.MaioridadedoAlimentando.PátrioPoder.Família.Alimentos.Aobrigação, em razãodoparentesco,dentrodopátriopoder,

cessa comamaioridade, éunilateral, resultadosdeverespaternos e independedoprincípioda condicionalidade. Já aobrigaçãodeprestar

alimentos fora do pátrio poder é recíproca entre pais e filhos e depende do princípio da condicionalidade. Segundo o princípio da

condicionalidade, o alimentado só poderá fazer jus aos alimentos se comprovar que deles necessite e se provar que o alimentante tem

possibilidadedepagá-los.Cessadaamenoridade,podeofilhopleiteardopai,oudequaisquerdeseusparentes,alimentos,sendoequivocadoo

entendimentodequetalpercepçãosomenteacabaquandocompletar24(vinteequatro)anos.Provimentodoagravo(TribunaldeJustiçado

EstadodoRiodeJaneiro.Rev.DireitodoTJERJ,v.43,p.193.AgravodeInstrumenton.1999.002.06977.Dataderegistro:16-6-2000,fls.

25.363-25.370.Órgão Julgador: 1ª Câmara Cível. PorMaioria. Des. Paulo Sergio Fabião. Julgado em 19-4-2000. Vencido o Des. Benito

Ferolla).

Alimentos. Filhomenor.Maioridade do alimentando. Obrigação alimentar. Cessação da obrigação. Restabelecimento de pensão alimentar.

Necessidadedeaçãoprópria.Alimentos.Postulação,emfacedamãe,porfilhasmenores,navigênciadopátriopoder.Adventodamaioridade

das alimentandas, no curso do processo. Automática extinção da obrigação alimentar decorrente do pátrio poder. A obrigação alimentar

decorrente do pátrio poder cessa automaticamente com o advento da maioridade dos alimentandos. O advento da maioridade dos

alimentandos,noentanto,nãoextingueaobrigaçãoalimentarmaisgeral,dopaiedamãe,deprestaralimentosaosfilhosevice-versa,forado

pátriopoder,pois,aobrigaçãoalimentar,entreparentes,duraavidainteira.OJuiz,noentanto,nãopodetransformarumaação–adepedir

alimentosdentrodopátriopoder–emoutra–subordinadaaprincípiosdiferentes–adepediralimentosforadopátriopoder.Assiméporque

aobrigaçãoalimentar,dentrodopátriopoderéuma,estásujeitaadeterminadosprincípioseimuneaoutros,comoodacondicionalidade,ea

obrigaçãoalimentarforadopátriopoderéoutra,sujeitaaoutrosprincípios,inclusiveaodacondicionalidade.Paraobteracondenaçãodamãe,

nopagamentodealimentos,asfilhasmaioresprecisamfazerprovadequenecessitamdosalimentospleiteadosporquenãopodemproverà

própria mantença, com o produto do seu trabalho. Apelação desprovida. Sentença confirmada (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de

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Janeiro.ApelaçãoCíveln.1999.001.09535.Dataderegistro:15-5-2000,fls.43.151-43.157.ComarcadeOrigem:VoltaRedonda.4ªCâmara

Cível.Unânime.Des.WilsonMarques.Julgadoem29-2-2000).

70Direitocivil.Família.Criançaeadolescente.Adoção.Pedidopreparatóriodedestituiçãodopoderfamiliarformuladopelopadrasto

emfacedopaibiológico.Legítimointeresse.Famíliasrecompostas.Melhorinteressedacriança.–Oprocedimentoparaaperdadopoder

familiarteráinícioporprovocaçãodoMinistérioPúblicooudepessoadotadadelegítimointeresse,quesecaracterizaporumaestreitarelação

entreointeressepessoaldosujeitoativoeobem-estardacriança.–Opedidodeadoção,formuladonesteprocesso,funda-senoart.41,

§1º,doECA(correspondenteaoart.1.626,parágrafoúnico,doCC/02),emqueumdoscônjugespretendeadotarofilhodooutro,

o que permite ao padrasto invocar o legítimo interesse para a destituição do poder familiar do pai biológico, arvorado na

convivência familiar, ligada, essencialmente, à paternidade social, ou seja, à socioafetividade, que representa, conforme ensina

TâniadaSilvaPereira,umconvíviodecarinhoeparticipaçãonodesenvolvimentoeformaçãodacriança,semaconcorrênciado

vínculobiológico (Direito da criança e do adolescente: uma proposta interdisciplinar. 2ª ed.Rio de Janeiro:Renovar, 2008. p. 735). –O

alicerce, portanto, do pedido de adoção reside no estabelecimento de relação afetiva mantida entre o padrasto e a criança, em

decorrênciadeterformadoverdadeiraentidadefamiliarcomamulhereaadotanda,atualmentecompostatambémporfilhacomum

docasal.Dessearranjofamiliar,sobressaiocuidadoinerenteaoscônjuges,emreciprocidadeeemrelaçãoaosfilhos,sejaaprolecomum,

sejaelaoriundaderelacionamentosanterioresdecadaconsorte,considerandoafamíliacomoespaçoparadarerecebercuidados.–Sobessa

perspectiva,ocuidado,naliçãodeLeonardoBoff,“representaumaatitudedeocupação,preocupação,responsabilizaçãoeenvolvimentocom

ooutro;entrananaturezaenaconstituiçãodoserhumano.Omododesercuidadorevelademaneiraconcretacomoéoserhumano.Sem

cuidado ele deixa de ser humano. Se não receber cuidado desde o nascimento até amorte, o ser humano desestrutura-se, definha, perde

sentidoemorre.Se,ao largodavida,nãofizercomcuidado tudooqueempreender,acabaráporprejudicarasimesmopordestruiroque

estiveràsuavolta.Porissoocuidadodeveserentendidonalinhadaessênciahumana”(apudPereira,TâniadaSilva.Op.cit.p.58).–Com

fundamento na paternidade responsável, o poder familiar é instituído no interesse dos filhos e da família, não em proveito dos

genitoresecombasenessapremissadeveseranalisadasuapermanênciaoudestituição.CitandoLaurent,Opoderdopaiedamãenão

éoutracoisasenãoproteçãoedireção.(PrincipesdeDroitCivilFrançais,4/350),segundoasbalizasdodireitodecuidadoaenvolveracriança

e o adolescente. –Sob a tônica do legítimo interesse amparado na socioafetividade, ao padrasto é conferida legitimidade ativa e

interessedeagirparapostularadestituiçãodopoderfamiliardopaibiológicodacriança.Entretanto,todasascircunstânciasdeverão

seranalisadasdetidamentenocursodoprocesso,comanecessáriainstruçãoprobatóriaeamplocontraditório,determinando-se,outrossim,a

realizaçãodeestudosocialou,sepossível,deperíciaporequipe interprofissional,segundoestabeleceoart.162,§1º,doEstatutoprotetivo,

sem descurar que as hipóteses autorizadoras das destituição do poder familiar que devem estar sobejamente comprovadas são aquelas

contempladasnoart.1.638doCC/02c.c.art.24doECA,emnumerusclausus.Istoé,tãosomentediantedainequívocacomprovação

de umadas causas de destituição do poder familiar, emque efetivamente seja demonstrado o risco social e pessoal a que esteja

sujeita a criança ou de ameaça de lesão aos seus direitos, é que o genitor poderá ter extirpado o poder familiar, em caráter

preparatórioàadoção,aqual temacapacidadedecortarquaisquervínculosexistentesentreacriançaea famíliapaterna. –O

direito fundamentaldacriançaedoadolescentedesercriadoeeducadonoseiodasua família,preconizadonoart.19doECA,englobaa

convivência familiar ampla, para queomenor alcance em suaplenitudeumdesenvolvimento sadio e completo.Atento a isso é queo Juiz

deverá colher os elementos para decidir consoante o melhor interesse da criança. – Diante dos complexos e intrincados arranjos

familiares que se delineiam no universo jurídico ampliados pelo entrecruzar de interesses, direitos e deveres dos diversos

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componentes de famílias redimensionadas, deve o Juiz pautar-se, em todos os casos e circunstâncias, no princípio do melhor

interessedacriança,exigindodospaisbiológicosesocioafetivoscoerênciadeatitudes,afimdepromovermaiorharmoniafamiliar

e consequente segurança às crianças introduzidas nessas inusitadas tessituras. – Por tudo isso – consideradas as peculiaridades do

processo–,équedeveserconcedidoaopadrasto–legitimadoativamenteedetentordeinteressedeagir–odireitodepostularemjuízoa

destituição do poder familiar – pressuposto lógico da medida principal de adoção por ele requerida – em face do pai biológico, em

procedimentocontraditório,consonanteoqueprevêoart.169doECA.–Nadahápara reformarnoacórdão recorrido,porquantoa regra

insertanoart.155doECAfoidevidamenteobservada,aocontemplaropadrastocomodetentordelegítimointeresseparaopleitodestituitório,

emprocedimentocontraditório.Recursoespecialnãoprovido(RecursoEspecialn.1106637/SP(2008/0260892-8)–T3–3ªTurma.STJ.Rel.

Min.NancyAndrighi.Julgamento:1º-6-2010).[g.n].

71PERLINGIERI,Pietro.Perfisdodireitocivil.RiodeJaneiro:Renovar,1997,p.258.

72ApelaçãoCível–Processualcivil–Açãodemodificaçãodecláusula–Legitimidadeadcausam–Matériajádecididanosaneador–Não

impugnação–Preclusão–Caracterização–Decisãoestabilizada–Preliminarrejeitada–GuardadeFilhos–DivergênciadeVontadesentre

os Pais – Prevalência de Vontade doMenor – Convencimento daMelhor Guarda – Transferência da Guarda para o Genitor –Medida

ExcepcionalJustificada–SentençaCorreta–ApelaçãoConhecidaeImprovida.1.Rejeita-seapreliminardeilegitimidadeadcausamquando

amatériajáfoidecididanosaneador,querestouestabilizadoporfaltaderecursoordinário.2.Ointeressedospaisnãoésuperiorenempode

prevalecersobreavontadedosfilhosdesdequeoexamedaprovadosautosleveaomagistradooconvencimentodamelhorguarda.3.Na

divergênciadavontadeentreospaisprevaleceadosfilhosmenoresdesdequeapresenterazõesjustificandoamedidaexcepcional.4.Coma

certezadequeaconvivênciasocialimpõeamodificaçãodaguarda,corretaéasentençaquetransfere,retirando-odogenitorparaagenitora.

5.Conhece-sedaapelação,negando-lheprovimento.Conclusão:AcordaaEgrégiaPrimeiraCâmaraCívelnaconformidadedaataenotas

taquigráficas da sessão, que integram este julgado: não conhecer da preliminar e negar provimento ao recurso à unanimidade (Tribunal de

Justiça do Espírito Santo. Processo n. 035940000561, Apelação Cível. 1ª Câmara Cível. Rel. Des. Arione Vasconcelos Ribeiro. Data do

julgamento:14-5-1996.Dataleitura:28-6-1996).

73 Menor. Abuso sexual. Conselho Tutelar. Representação. Genitora. Sentença confirmada. Abuso sexual, menor de idade. As provas

colhidas no curso do processo são suficientes para a condenação da genitora que foi omissa no caso. Casos em que a menor, após a

instauraçãodoprocesso,épressionadapelosprópriosfamiliaresamentir.Prevalênciadoparecerdaquelesquetiveramcontatodiretocoma

menor.Recursoconhecido,porém,desprovido(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2001.001.11010.Datade

registro:5-4-2002.11ªCâmaraCível.Des.JoãoCarlosGuimarães.Julgadoem5-12-2001).

74Buscaeapreensãodemenor.ConselhoTutelar.Ministroevangélico.Denúncia.Abusosexual.Pedidogenérico. Inc. IIArt.286C.P.C.

ProvaTestemunhal.EstatutodaCriançaedoAdolescente.BuscaeapreensãodemenorsobpátriopoderajuizadapeloMinistérioPúblico.

Legitimação concorrente. Exegese da norma do incisoVIII do artigo 201 daLei n. 8.069/90.A legitimação concorrente visa propiciar ao

MinistérioPúblicointervirsemprequesedeparecomsituaçãoquereveletransgressãoaosdireitosegarantiasdemenores,parafazercessar

situaçãode ilicitude,ocorridacomaconivênciadospais,por ignorância,credibilidadeououtrarazãoqualquer,anãopermitirquese inibaa

atuação doparquet. O pedido genérico, sem determinação de todas as crianças envolvidas, tem amparo no artigo 286, II, do Código de

ProcessoCivil.Nulidadedasentença,quenãoseacolhe.Nomérito,apuradoqueasdenúnciasdeabusosexualede trabalho,assimcomo

dispersãodefamíliatinhamrazãodeser,corretooacolhimentodopedido.Acolhimentodorecursonoqueconcerneàmulta,nessaparteextra

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petita a sentença. Quanto aomais, a sentença fez correta apuração das provas, a merecer confirmação. Provimento parcial do recurso

(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.05439.Dataderegistro:2-10-2000,fls.91.446-91.455.Comarca

deOrigem:Capital.4ªCâmaraCível.Unânime.Rel.Des.CeliaMeligaPessoa.Julgadoem15-8-2000).

75 Guarda de menor pelo tio. Revogação. Restabelecimento. Guarda de menor. Entrega dos pais. Estudo social. Necessidade. Guarda.

Decisãoquedeterminaoretornodascriançasaolardeseuspais,revogandoaguardadeferidaaostiospaternos.Paisque,anteriormente,em

representaçãocível,pormaus-tratospsicológicosinfringidosàsfilhas,foramapenadoscomamedidadoartigo129,III,doECA.Situaçãoque

recomendaarealizaçãodeestudosocialparaaverificaçãodascondiçõesnecessáriasaorestabelecimentodoconvíviofamiliar,nãobastando

amanifestação de vontade dos interessados. Provimento do recurso (Tribunal de Justiça do Estado doRio de Janeiro.ApelaçãoCível n.

1999.001.15570.Data de registro: 22-3-2000, fls. 21.711-21.713.Comarca deOrigem:Capital. 15ª CâmaraCível. Unânime.Des.Adriano

CelsoGuimarães.Julgadoem9-12-1999).

76 Guarda de menor. Modificação. Pais separados. Família substituta. Pátrio poder. Filho menor sob a guarda do pai. Admissibilidade.

ApelaçãoCível.AçãoOrdináriademodificaçãodeguardademenor.Separaçãodospaisquedurantemeiadúziadeanosviveramem

concubinato.Desfeitaaunião,acriançafoiacolhidapelatiamaterna,aoscuidadosdequemseencontrava,poriniciativadaprópriagenitora.

SegundooEstudoSocial, os tios dispensavamà criança todoo afeto possível, como se fossempais substitutos.Entretanto,malgrado essa

circunstância,nãosepodenegaraogenitor,detentordopátriopoder,odireitodeteracriançaemsuacompanhia,atéporquereúnetodasas

condições para bem educá-la, conforme se infere da prova produzida. Infelizmente, a mãe, segundo a mesma prova, não reunia essas

condições. Portanto, é em benefício da própria criança que a guarda seja deferida ao próprio genitor, conforme decidido em 1º grau.

Desprovimentodorecurso.Sentençamantida(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.00696.Datade

registro: 26-10-2000, fls. 101.448-101.453.ComarcadeOrigem:Arraial doCabo. 13ªCâmaraCível.Unânime.Des.MauricioG.Oliveira.

Julgadoem31-8-2000).

Guarda de menor. Suspensão do pátrio poder. Descabimento. Posse e guarda de neto. Improcedência do pedido. Guarda. Avó materna

pretendendoguardadeneto.Pedidoimprocedente.Sentençaconfirmada.Aanálisedolastroprobatórioapontaainferênciadequeomenor

vivesoboscuidadoseamordosseuspais,quesãojovensesaudáveis,equedevemcontinuarnoexercícioplenodopátriopoder,respondendo

porestedever.Afigura-seelogiáveleedificante,apretensãodaavómaterna,deprodigalizarmaisefusivamenteseucarinhoparacomoseu

neto.Masnãoháprovaque juridicamenteembaseessepedido.Memore-sequeoartigo33,§2º,daLein.8.069,de13-7-1990,preceitua:

“Art. 33.A guarda obriga à prestação de assistênciamaterial,moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o

direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. § 1º ‘Omissis’. § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e

adoção,paraatenderasituaçõespeculiaresousuprirafaltaeventualdospaisouresponsável,podendoserdeferidoodireitoderepresentação

paraapráticadeatosdeterminados”.Comosepercebe,ahipótesequeseaninhanestesautos,àluzdaprova,nãoseajustaaocaixilhodalei,

peloqueaoapelodevesernegadoprovimento(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1997.001.03756.Datade

registro:3-5-1999,fls.31.252-31.256.ComarcadeOrigem:Capital.6ªCâmaraCível.Votação:Unânime.Des.AlbanoMattosCorrea.Julgado

em10-11-1998).

EstatutodaCriançaedoAdolescente.Guarda.Nãose justifica sejadeferidaaguardadacriançaa terceiro,apenasparaquepossaobter

benefício da previdência do Estado, evidenciado que, em verdade, se acha sob a guarda damãe que detém o pátrio poder. Recurso não

conhecido (SuperiorTribunal de Justiça.REsp n. 94.535-RJ.RecursoEspecial 1996/0026019-2. 3ª Turma.Min. EduardoRibeiro.Data da

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decisão:22-9-1997.DJ24-11-1997,p.61.193;LEXSTJv.104,p.191).

AçãodePosseeGuardadeMenor.BenefícioPrevidenciário.PátrioPoder.ImprocedênciadoPedido.Guarda.Art.33doECA.Deacordo

comodispositivo,aguardadeveserconcedidapararegularizarapossedefato,nosprocedimentosdetutelaeadoçãoou,excepcionalmente,

paraatenderasituaçõespeculiaresdecriançaseadolescentes.Odeferimentodaguardademenoresqueseencontramsobpátriopoder,fora

dassituaçõesprevistasnaLei,parafinsprevidenciários,desvirtuaoInstitutoesobrecarregaaPrevidênciaSocial,queéfinanciadaportodos.

Sentençacorreta.Apelaçãodesprovida(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1999.001.13823.Dataderegistro:

28-4-2000,fls.35.872-35.873.ComarcadeOrigem:Capital.16ªCâmaraCível.Unânime.Des.CarlosC.LavignedeLemos.Julgadoem29-

2-2000).

EstatutodaCriançaedoAdolescente.Posseeguardadeneto.Benefícioprevidenciário.Improcedênciadopedido.EstatutodaCriançaedo

Adolescente. Guarda. Postulação de avô em relação a seu neto. Fatos denunciadores de inadequação da hipótese à previsão da lei.

Improcedênciadopedido.Sentençaconfirmada.Quandoomenorvivecomosseuspais,quesãosaudáveiseaptosparaotrabalho,emclima

deamorecarinho,asuaguardanãodeveseratribuídaaoavô,aindaqueesteajudenasustentaçãodoneto.Opedidodeguardadeneto,com

o primacial objetivo de abiscoitar efeitos previdenciários, nãomerece o apoio da lei, embora respeitáveis vozes destoem desse pensar. A

colocaçãoemfamíliasubstituta,medianteguarda–artigo28,daLein.8.069,de13-7-90(ECA)–sóexcepcionalmentedeveseracolhida,

quando seofereceo casode abandono,dedestituiçãodopátriopoder ede situaçõesdegritantegravidade, emhipótesesmodeladaspelos

fatos e autorizada nos termos do § 2º, do artigo 33, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que traça a orientação, nestes termos:

“Excepcionalmente,deferir-se-áaguarda,foradoscasosdetutelaeadoção,paraatenderasituaçõespeculiaresousuprirafaltaeventualdos

paisouresponsável,podendoserdeferidoodireitoderepresentação,paraapráticadeatosdeterminados(TribunaldeJustiçadoEstadodo

RiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1998.001.00171.Dataderegistro:15-3-1999,fls.15.843-15.847.ComarcadeOrigem:Capital.6ªCâmara

Cível.Votação:Unânime.Des.AlbanoMattosCorrea.Julgadoem20-10-1998).

Guarda provisória de menor. Menor sob a guarda dos avós. Preclusão. Transferência. Filho menor sob a guarda do pai. Concessão do

benefícioprocessualcivil.AgravodeInstrumento.Guardaprovisóriademenor.Anteriordecisão,querestoupreclusa,concedendoaopaio

direito de guarda.Menor, de quatro anos que, longe dos pais, vivia em companhia dos avós.Conveniência de sua permanência, ainda que

provisória, junto aopai e à irmã até que se aprecie omérito da separação ajuizada.Agravo aque senegaprovimento. I –Adespeitoda

durezaquesetraduzaretiradadeumfilhodoconvíviomaterno,revela-sejustaadecisãojudicialquedeterminaareuniãodeambososirmãos,

atéquesedecidaoméritodaaçãodeseparaçãoajuizada,mesmoporqueomenorjánãoseencontravasoboscuidadosmaternos.Entreopai

eosavós,cabeaopaiodireitodeguarda,resultandoembenefíciooconvíviofraternoenacidadeondeseencontraaprópriagenitora;II–

Retiraromenordoconvíviopaterno,afastando-odairmãedevolvê-loaosavósmaternos,emcidadedistante,édecisãoquenãosecompagina

comamelhor justiçaecomospreceitosqueregema legislaçãomenorista; III–Agravoaquesenegaprovimento(TribunaldeJustiçado

Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento n. 2000.002.08826. Data de registro: 18-12-2000. 9ª Câmara Cível. Rel. Des. Ademir

Pimentel.Julgadoem31-10-2000).

DireitodeFamília.Pedidodeguardae responsabilidadedemenor impúbere,por tia-avó, comconfessadopropósitodela, senhoraprovecta,

semherdeirosou sucessoresquantoaosbenefíciosde suaaposentadoriacomo funcionáriapública inativada,emampararacriançaque se

acha sob o pátrio poder dos pais de sangue, e na companhia destes residindo. O objetivo nobre não pode servir de pódio à burla da lei,

mormentecriandoencargosparaoerárioouinstituiçõespúblicasprevidenciárias.Decisãocorretaeapelodesprovido(TribunaldeJustiçado

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EstadodoRiode Janeiro.ApelaçãoCíveln.1995.001.07062.Datade registro:11-4-1996.1ªCâmaraCível.Des.EllisHermydioFigueira.

Julgadoem19-12-1995).

DireitoCivil.Efeitoseobrigaçõesdoparentescoconsanguíneo.EstatutoMenorileoinstitutodaguarda,emparceriacomatutelaeadoção.

Incomportabilidadequandoofimvisado,tãosó,édeanteparoprevidenciário.Oinstitutodaguarda,assimcomoodatutelaeadoção,acha-se

inseridonoconceitodadenominada“famíliasubstituta”(art.33doEstatutodaCriançaedoAdolescente),cuidando-sedepessoaestranhae

integrar o seio de uma família, o que não se coaduna com o parentesco consanguíneo, tanto mais quando a criança posta no vértice do

anteparo se acha sob o pátrio poder damãe, desimportando que o pai não cumpra como seu natural e inabdicável dever, batendo-se em

retirada,semserchamadoàrazão,eamãeefilhabuscandoabrigoedependêncianaarcadoprogenitor.Odeverdeassistênciaeanteparo

econômicoérecíprocoemqualquerlinha,obedecidososgraus,quersetratededescendenteouascendente(arts.396-399),unsnafaltados

outros,nosustentáculodeseualtosentidosocialemoral,aindaqueselheaditeumapitadadesal.Nessalinhaderaciocínio,temaneta,por

direitoprópriodoparentesco,emfacedoavô, tododireitoassistencialna faltados seusgenitoresoudianteda impossibilidadematerialdos

mesmosaocumprimentodosdeveresdaconcriação.Nãohádesecogitardeguardasemresponsabilidade,nemdeguardadeumacriança

sobolegítimopátriopoder.Apelodesprovido(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1996.001.02566.Datade

registro:25-7-1996.1ªCâmaraCível.Rel.Des.EllisHermydioFigueira.Julgadoem4-6-1996).

77Aresponsabilidadecivilexiste,deacordocomoart.932,I,doCódigoCivil,pelosfilhosmenoresqueestiveremsobsuaautoridadeeem

suacompanhia.

78Eracomum,na1ªVaradaInfânciaeJuventudedaComarcadaCapitaldoRiodeJaneiro,nosidosde2000a2003,comacoordenaçãodo

JuizentãoTitular,Dr.SiroDarlandeOliveira,aconvocaçãodeambosospais, independentementedofatodemoraremjuntosounão,para

assistirempalestraseseremadvertidosdaresponsabilidadedezelarpelaintegridadeeformaçãodosfilhosquandoestessãoencontradosem

situaçãoderisco,eissoinclui,alémdeestarememlocaisinadequadosàfaixaetária,estaremfazendousodecigarrosoubebidasalcoólicas,

cujavendaéproibidaparamenoresdeidade.

79Dispõeoart.21doEstatutodaCriançaedoAdolescente:“Opoderfamiliarseráexercido,emigualdadedecondições,pelopaiepelamãe,

naformadoquedispuseralegislaçãocivil,asseguradoaqualquerdelesodireitode,emcasodediscordância,recorreràautoridadejudiciária

competenteparaasoluçãodedivergência”.

80BITTAR,CarlosAlberto.Direitodefamília,p.247.

81MIZRAHI,MauricioLuis.Familia,matrimonioydivorcio.BuenosAires:Astrea,1998,p.420.

82Ob.cit.,p.397.

83Ob.cit.,p.419-420.

84TEPEDINO,Gustavo.Adisciplinadaguardaeaautoridadeparentalnaordemcivil-constitucional.RevistaTrimestraldeDireitoCivil.

RiodeJaneiro:Padma,ano5,v.17.jan./mar.2004,p.33-49.

85CARBONERA,SilvanaMaria.Guardadefilhosnafamíliaconstitucionalizada.PortoAlegre:Fabris,2000,p.79.

86LEITE,EduardodeOliveira.Famíliasmonoparentais:asituaçãojurídicadepaisemãessolteiros,depaisemãesseparadosedosfilhos

narupturadavidaconjugal.SãoPaulo:RevistadosTribunais,1997,p.192.

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87FACHIN,LuizEdson.Elementoscríticosdodireitodefamília.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.47.

88 SOARES, Bárbara Musumeci.Mulheres Invisíveis – violência conjugal e novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira,1999,p.149.

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89Filhomenor.Posseeguarda.Pátriopoder.Art.384,inc.II,C.C.Guardaepossedefilhomenor–Detémamãeaguardaepossedofilho,

porforçadopátriopoder,decorrênciadodispostonoartigo384,incisoII,doCód.Civil.Equívoconaafirmaçãodequesuaposseédefato,

quandoé,induvidosamentededireito,independentementedeprovimentosentencial.Decisãoconfirmada(TribunaldeJustiçadoEstadodoRio

deJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.12748.Dataderegistro:17-4-2001.4ªCâmaraCível.Rel.Des.JairPontesdeAlmeida.Julgadoem6-

3-2001).

90CARBONERA,SilvanaMaria.Aguardadefilhosnafamíliaconstitucionalizada.PortoAlegre:Fabris,2000,p.47.

91STRENGER,GuilhermeGonçalves.Aguardadefilhos.SãoPaulo:LTr,1998,p.32.

92OLIVEIRA,J.M.LeoniLopesde.Guarda,tutelaeadoção.RiodeJaneiro:LumenJuris,1997,p.53.

93LAURIA,FlávioGuimarães.Aregulamentaçãodevisitaseoprincípiodomelhorinteressedacriança.RiodeJaneiro:LumenJuris,

2002,p.62.

94 Adoção. Pátrio Poder. Destituição. Abandonomaterial. Recurso provido. Adoção. Destituição do pátrio poder. A alegação do genitor

naturaldequeabandonouofilhoporqueamãeoimpediadevê-lonãoéargumentoquejustifiqueoabandono,porquehámeiosjudiciaispara

se evitar tal situação. Ademais, a incerteza dele quanto a permanecer com o pátrio poder, ora aceitando ver-se destituído dele, ora

arrependendo-se,demonstraqueoréunãotemomenorinteressepelofilhoe,nestasquestões,ointeressemaioréodacriançaque,nocaso,é

cuidadodesdeostrêsmesespelomaridodamãenaturalesequerconheceopai.Todaasuarelaçãoafetivaécomopaiadotivo.Nestepasso,

dá-seprovimentoaorecursoparaseadmitiraadoçãoedestituir-seopaidopátriopoder(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.

ApelaçãoCíveln.2000.001.13715.Dataderegistro:4-6-2001.2ªCâmaraCível.Rel.Des.GustavoKuhlLeite.Julgadoem19-12-2000).

95CARBONERA,SilvanaMaria,ob.cit.,p.75.

96Guardademenor.Criançacriadapelosavósmaternos.Reconhecidopelasinstânciasordináriassermelhorparaomenorpermanecerna

companhiadosavósmaternos,comquemsempreviveueaquemfoiconcedidaaguardadepoisdamorteprematuradamãe,nãocaberevera

matériaemrecursoespecial, sejaporquese tratadematériade fato, sejaporqueestãopreservadosos interessesdacriança.Recursonão

conhecido(SuperiorTribunaldeJustiça.REspn.280.228-PB(2000/0099383-2)4ªTurma.Unânime.Rel.Min.RuyRosadodeAguiar.Data

dadecisão:28-11-2000.DJ12-2-2001,p.125).

97MACIEL,KátiaReginaFerreiraLoboAndrade.Cursodedireitodacriançaedoadolescente.7.ed.SãoPaulo:Saraiva,2014,p.152.

98NICK,SérgioEduardo.Guardacompartilhada:umnovoenfoquenocuidadoaosfilhosdepaisseparadosoudivorciados,inAnovafamília:

problemaseperspectivas,p.131.

99 BRITO, Leila Maria Torraca de. De competências e convivências: caminhos da psicologia junto ao direito de família, in Temas de

psicologiajurídica.RiodeJaneiro:RelumeDumará,1999,p.175-177.

100RIVAS,MariaFernanda.Elvisitante,unanuevamiradaalpadreenloscasosdefamilia.Encuentros,Argentina,nov.1995,v.4,p.29.

101SALLES,KarenRibeiroPachecoNioacde.Guardacompartilhada.RiodeJaneiro:LumenJuris,2001,p.86.

102 Agravo. Busca e apreensão de menor. Guarda provisória. Constatado o clima de hostilidade existente entre o casal separando, e

apresentandoamãerazoáveiscondições,aeladeveserdeferidaaguardaprovisória,mormentetratando-sedecriançadetenraidade(umano

e cincomeses).Desproveram.Unânime (Tribunal de Justiça doRioGrande doSul.Agravode Instrumento n. 70003221413.Comarca de

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Origem:SãoLeopoldo.7ªCâmaraCível,Rel.Des.LuizFelipeBrasilSantos,julgadoem14-11-2001).

103ProfessoradoInstitutodePsicologiadaUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiroedoCursodeEspecializaçãoemPsicologiaJurídica,

UERJ,emseutextoCompetênciaseconvivências:caminhosdapsicologiajuntoaodireitodefamília,inTemasdepsicologiajurídica.Riode

Janeiro:RelumeDumará,1999,p.171.

104LEITE,EduardodeOliveira.Famíliasmonoparentais,p.253.

105LEITE,EduardodeOliveira.PrefáciodaobraGuardacompartilhada,deWaldyrGrisardFilho,SãoPaulo:RevistadosTribunais,2000.

106 Alimentos. Execução. Prisão civil. Dívida pretérita de alimentos. Agravo de Instrumento. Agravo provido. Agravo de instrumento

alimentos–Execuçãodecretaçãodaprisãocivildoalimentante–decisãoquedecretouaprisãocivildoagravantepeloprazode30dias,em

razãodedébitodeprestaçõesalimentíciaspretéritas.Agravovisandoareformaparcialdadecisãoparaqueaprisãodecretadaabranjaapenas

astrêsúltimasparcelasvencidas,deacordocomoentendimentodominantenoEgrégioSuperiorTribunaldeJustiça,aprisãocivilpordívida

alimentícia tem por pressuposto a atualidade do débito, devendo a constrição limitar-se ao adimplemento das três últimas mensalidades

anterioresaopedidodeexecução.Ademais,nahipóteseemexame,osmenoresestiveramdurantecertoperíodosobaguardadopaiedeseus

familiares, enquanto a genitora foi viver no Japão.Provimentodo recursopara restringir a decretaçãodaprisão ao adimplementodas três

últimasparcelasvencidas(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.AgravodeInstrumenton.2000.002.07140.Dataderegistro:12-

12-2000.18ªCâmaraCível.Unânime.Des.CassiaMedeiros.Julgadoem7-11-2000).

107 Comentário retirado do site www.custodyreform.com, que trata das reformas das leis de custódia de crianças nos Estados Unidos,

acessadodia4-1-2002.

108“Ajustesfinanceiroscomcaráterpunitivo,muitasvezesexacerbados,ouatémesmoimpossíveis,traduzempensõesalimentíciasquenão

correspondemàsnecessidadesdafamíliaenvolvida.Devidoaosconflitosdeinteresses,asCortesdeFamíliapossuemumobscurointeresse

emmaximizarapensãoalimentíciadoquemaximizaroacessodacriançaaambosospais.Odireitocorrenteé feitodemaneiradequea

pensãoalimentíciasejaumadequadosubstitutoaoamordospais”(traduçãolivre).

109Alimentos (Prestação). Execução.Compensação.No STJ há precedentes pela não compensação da dívida alimentar: REsp-25.730 e

RHC-5.890,DJsde1-3-93e4-8-97.DeacordocomaopiniãodoRelator,admite-seacompensaçãoemcasoexcepcional(enriquecimento

sem causa da parte do beneficiário). 2.Caso emque não era lícito admitir-se a compensação, àmíngua da excepcionalidade. 3.Recurso

especialconhecidoeprovido(SuperiorTribunaldeJustiça.REspn.20.2179-GO(1999/0006882-3).3ªTurma.Rel.Min.NilsonNaves.Data

dadecisão:10-12-1999.DJ8-5-2000,p.90;JSTJ17/2.620;RSTJ141/361).

Agravo.ExecuçãodeAlimentos.Compensação.Apretensãodoagravantedeobteracompensaçãodasdespesasefetuadascomaeducação,

alimentação e vestuário do agravado, não tem respaldo legal, posto que os alimentos são incompensáveis. Yussef Said Cahali, invocando

CarvalhodeMendonça,asseveraqueessaexclusãodecompensaçãoé,naverdade,umaexceçãocaracterística,poisquenofundo,elas(as

dívidas de alimentos) são sempre dívidas de dinheiro. Sua natureza especial, porém, exige o pagamento efetivo, emmãos do credor; são

prestaçõesurgentes,umdireitopersonalíssimodoalimentando(DosAlimentos,p.88,1ªedição,RT).Poroutrolado,oartigo1.015,incisoII,

doCódigoCivil,prevêque“asdiferençasdecausanasdívidasnãoimpedemacompensação,exceto:II–seumaseoriginardealimentos.”

Recursoconhecidoeimprovido(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.Processo:2000.002.07688.Dataderegistro:9-11-2000.11ª

CâmaraCível.Rel.Des.ClaudiodeMelloTavares.Julgadoem14-9-2000).

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Família.Açãodeclaratóriaquantoàprescrição,exoneraçãoesubstituiçãodepensãoalimentícia.Procedênciaparcialdopedido.Compensação

indevida. Desoneração a exigir ação própria. A guarda da filha concedida à mãe, não retira o pátrio poder do pai que, assim, não pode

pretender compensar o pagamento demensalidades escolares nas prestações de pensão alimentícia, entendendo-se tal atitude comomera

liberalidade.Somenteatravésdaaçãoprópria,demodificaçãodecláusuladoacordocelebradoquandohomologadadaseparaçãoconsensual,

ovarãopodepostularexoneraçãodaobrigaçãodeprestaralimentosàex-mulher(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.Apelação

Cíveln.1999.001.16048.Dataderegistro:25-2-2000.5ªCâmaraCível.Rel.Des.JoseAffonsoRondeau.Julgadoem18-1-2000).

110Menor–Direitodevisita–Concessãoaoutrosparentesquenãoospaisepessoasestranhasaoparentesco–Admissibilidade,emcasos

especiais, ainda que inexistente expressa previsão legal – Necessidade apenas de que o interesse sentimental emoral domenor esteja a

indicarodeferimento(TribunaldeJustiçadoEstadodeSãoPaulo.RT675/97).

111“Asíndromedoperde-ganhadostribunaisprovocaumverdadeirodesastrenumafamíliaquesedesfaz.Nãoexisteadevidapreocupação

dosresponsáveiscomasconsequênciasdesuasdecisões.Nãoqueocomportamentoseconstituaemdesleixo,masporqueosconflitos,com

envolvimento de questões familiares, raramente podem ser resolvidos a contento de todos os envolvidos, sem uma intervenção criteriosa”

(SERPA,MariadeNazareth.Mediaçãodefamília.BeloHorizonte:DelRey,1999,p.18).

112Menor–Guardapaterna–Pretendidamudançaemfavordagenitora–Inadmissibilidade–Comprovaçãodasboascondiçõesdevidados

menores,sendoinclusive,oréumerecedordeelogios–Hipóteseemque,ademais,hánotíciasdedesequilíbriosnervososetentativadesuicídio

daautora–Prevalênciadointeressedosfilhos–Recursonãoprovido(TribunaldeJustiçadeSãoPaulo.ApelaçãoCíveln.140.149-1.Rel.

Des.GodofredoMauro,21-8-91).

Guardademenor.Filhomenorsobaguardadopai.Interessedemenor.Genitora.Regulamentaçãodevisitas.Visitamonitorada.Provimento

parcial.Guardadefilhodetenraidaderequeridapelamãesobalegaçãodequeteriasidoexpulsadolareimpedidadelevaromenoremsua

companhia. Permanência da criança com o pai parece ser a soluçãomais adequada para omomento.Negar a visitação damãe ao filho

significaráumvazioemocionalparaomenor.Fixadoum regimedevisitaçãodamãe, a criança tenderáamelhoraro seudesenvolvimento

emocional e contribuirápara restabelecerosvínculos entremãee filho.Concessãodavisitaçãona formaapontadaanteoprecário estado

mental da apelante. Afastada a litigância demá-fé, dá-se provimento parcial ao apelo (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

ApelaçãoCíveln.2001.001.18707.Dataderegistro:22-3-2002.17ªCâmaraCível.Des.RaulCelsoLinseSilva.Julgadoem12-12-2001).

113NICK, Sérgio Educardo.Guarda compartilhada: um novo enfoque no cuidado aos filhos de pais separados ou divorciados, in A nova

família,p.133.

114 NICK, Sérgio Eduardo. Guarda compartilhada: um novo enfoque no cuidado aos filhos de pais separados ou divorciados, in A nova

família,p.135.

115ApudSérgioEduardoNick,ob.cit.,p.135.

116 Art. 1.579 do Código Civil: “O divórcio nãomodificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos. Parágrafo único. Novo

casamentodequalquerdospais,oudeambos,nãopoderáimportarrestriçõesaosdireitosedeveresprevistosnesteartigo”.

117FACHIN,LuizEdson.Elementoscríticosdodireitodefamília.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.47.

118Dispõeoart.21doEstatutodaCriançaedoAdolescente:“Opoderfamiliarseráexercido,emigualdadedecondições,pelopaiepela

mãe,na formadoquedispuser a legislaçãocivil, asseguradoaqualquerdelesodireitode, emcasodediscordância, recorrer à autoridade

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judiciáriacompetenteparaasoluçãodedivergência”.

119 GOMES, Roberto de Almeida Borges. Aspectos gerais da investigação de paternidade à luz do princípio constitucional da proteção

integral,inTemasatuaisdedireitoeprocessodefamília,RiodeJaneiro:LumenJuris,2004,p.470.

120Nessesentido,interessantesosprojetos“PaiPresente”doCNJe“Emnomedopai”doMinistérioPúblicodoRiodeJaneiro.

121ApelaçãoCível.Direitodefamília.Guarda.Açãodeinversãoc/cpedidodeexoneraçãodealimentos.Alegaçãodenegligênciamaterna

não demonstrada. Ausência de justificativa para amodificação da guarda. Necessidade de ampliação da visitação paterna. Sentença que

estabelece aguarda compartilhada entreosgenitores, fixandooshoráriosde convivênciado autor.Apeloda répelanulidadeda sentença,

alegandojulgamentoultrapetita, e,nomérito,pelo retornoaoantigo regimedevisitação. Inconformismoquenãoprospera.1Princípioda

supremacia do interesse do menor que autoriza o magistrado a regulamentar o direito de visitas de acordo com os parâmetros do caso

concreto,aindaquedeformadiversadavontadeexternadaporumouporambososgenitores.2Pedidodeguardaquepossuinaturezaaberta,

podendo o juízo decidir dentre todos os institutos jurídicos previstos aquele que melhor se coaduna com o caso concreto, o que vai da

improcedência dopedido até a inversãodaguarda em favor dogenitor que a pleiteia.Preliminar que se rejeita. 3Estudopsicossocial que

indica a necessidade de ampliação do regime de visitação paterna, atestando ainda a plena capacidade do genitor de ter amenor consigo

duranteosdiasdeterminados.4Alegaçãodeanimosidadeentreosgenitoresquenãojustificaarestriçãodoconvívio,especialmentequandoa

sentençabem resolveuaquestãodos conflitos,determinandoqueogenitorbusqueedevolva a criançadiretamentenoestabelecimentode

ensino. 5 Recurso a que se nega provimento para manter a sentença combatida (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0044613-

59.2012.8.19.0203–Apelação.Des.EduardoGusmãoAlvesdeBrito.Julgamento:14-4-2015.DécimaSextaCâmaraCível).

122MACIEL,KátiaReginaFerreiraLoboAndrade,ob.cit.,p.139.

123 AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDA DE MENOR. CASAL HOMOAFETIVO. ALTERAÇÃO DA GUARDA

COMPARTILHADA A FIM DE ATENDER O MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO.

NECESSIDADE DE MAIOR DILAÇÃO PROBATÓRIA. ALIMENTOS PROVISÓRIOS MANTIDOS. A guarda deve atender,

essencialmente,aointeressedomenor,devendopermanecerostatusquoquandonãohámotivosparaalteração.Quantumalimentarfixado

demaneiraadequada,emrespeitoaobinômionecessidades-possibilidades.Situaçãoquerecomendaoarbitramentodealimentosprovisórios

commoderaçãoeematençãoaoqueconstanosautos,atéque,comasprovasqueaindaserãoproduzidas, restemelhorvisualizadaareal

situação financeira do alimentante e as necessidades do alimentando. Ademais, pertence ao alimentante o ônus da prova acerca de sua

impossibilidadedeprestarosalimentosnovalorfixado.Agravodeinstrumentodesprovido(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.Agravo

deInstrumenton.70062288584.SétimaCâmaraCível.Rel.JorgeLuísDall’Agnol.Julgadoem17-12-2014).

124 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA AJUIZADA PELO GENITOR. MATERNIDADE

SOCIOAFETIVADACOMPANHEIRADAMÃEBIOLÓGICA. LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO. 1 –Ação de guarda

compartilhadac/cregulamentaçãodeconvivênciaajuizadapelogenitor (paibiológico). Irresignaçãodaparte ré (mãebiológica)emfacedo

indeferimento do pedido de inclusão no polo passivo de sua companheira (mãe socioafetiva). 2 – Relevância da paternidade/maternidade

socioafetiva e sua preponderância à biológica, como fruto das relações sociais civis contemporâneas e ao novo conceito de família,

consagrandoovalorfundamentaldadignidadedapessoahumana,aquedeudestaqueaCartaSocialde1988.3–Consoanteanormadoart.

1.593 do CC/02, o parentesco pode ser natural ou civil, caso resulte de consanguinidade “ou de outra origem”, abrangendo esta última a

paternidadesocioafetiva,queencontraabrigonoart.227,§6º,daCFRB/88.4–Menorconcebidoatravésde inseminaçãoartificialcomo

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materialgenéticodoAutoredaRé,amboshomossexuais.5–Àépocadainseminaçãoaréjáviviaemuniãoestávelháalgunsanoscomsua

companheira,fatoqueopróprioAgravadoreconheceeestácomprovadoporescriturapública.6–Inegávelointeressedacompanheirana

ação de guarda proposta pelo genitor (art. 1.854, inciso I, doCódigoCivil). 7 –Mera ausência de vínculo biológico não temo condão de

afastarodireitodamãesocioafetivadeexerceradefesadeseusinteresses.8–Decisãoquesurtiráefeitostantoparaamãebiológicacomo

paraasocioafetiva.Litisconsórciopassivonecessário(art.47,doCPC)emrazãodanaturezadarelaçãojurídicaemtela,considerandoquea

mãesocioafetiva,àtodaevidência,seráafetadaemsuaesferajurídicapeloprovimentojurisdicionalnaaçãodeguardaajuizadapelogenitor.9

–Harmonizaçãodaestruturafamiliarcriadapelaspartesconstituídadeumpaieduasmães,predominandotantooslaçosbiológicoscomoos

afetivos. 10 –Solução que tutela commais amplitude os direitos da personalidade, o princípio da dignidade da pessoa humana e omelhor

interesse do menor. 11 – Reforma da decisão. 12 – Provimento do recurso (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Processo 0054488-

46.2013.8.19.0000–AgravodeInstrumento.Rel.Des.TeresaCastroNeves.Julgamento:30-4-2014.SextaCâmaraCível).

125 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ADOÇÃO COM GUARDA COMPARTILHADA E REGULAMENTAÇÃO DO

DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR. INSURGÊNCIA DA PARTE AGRAVANTE CONTRA DECISÃO QUE DEIXOU DE

RECEBERORECURSODEAPELAÇÃOINTERPOSTO.CERTIDÃOCARTORÁRIAINDICANDOAINTEMPESTIVIDADEDO

APELO,NAFORMADOART.198,II,DOECA.JURISPRUDÊNCIADOSTJNOSENTIDODEQUEALUDIDOPRAZOAPLICA-

SESOMENTEAOSPROCEDIMENTOSESPECIAISPREVISTOSNOSARTS. 152A 197DOECA. –As partesmantiveram união

homoafetivapeloperíodoaproximadodecincoanose, apósumanode relacionamento,decidiramconjuntamenteaconcepçãodeumfilho,

sendoaagravadaamãebiológica.–Emcontestação,arequeridainformaqueconcordaexpressamentecomopleitoapresentadoporsuaex-

companheiranosentidodaadoçãodeK.G.M.C.,especialmenteporexistirfiliaçãosocioafetiva.–Defato,nãoseestádiantedenenhumdos

procedimentosespeciaisprevistonosarts.152a197doECA.Aocontrário,cuida-sededemandaquetramitapeloritoordinário,razãoporque

incideoprazogeralprevistonoart.508doCódigodeProcessoCivil.Provimentodorecursopordecisãomonocrática(TribunaldeJustiçado

Rio de Janeiro. 0049775-91.2014.8.19.0000 –Agravo de Instrumento. Des. Flavia Romano de Rezende. Julgamento: 1º-10-2014. Décima

SétimaCâmaraCível).

126Menor–Guardacompartilhada–Pedidoefetuadopelocompanheirodagenitoradacriança–Estudosocialconclusivoaobenefícioeà

estabilidadefamiliarproporcionaisà infante–Improcedênciaafastada–Recursoprovido(TribunaldeJustiçadeSãoPaulo.Apelaçãocom

revisão5303814200.5ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.AntonioDimasCruzCarneiro–14-5-2008).

127 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA REQUERIDA PELA TIA PATERNA COM A

CONCORDÂNCIADOSGENITORES.GENITORESQUEREALIZAMTRATAMENTOPSIQUIÁTRICO.TIAQUEJÁEXERCEA

GUARDA COMPARTILHADA. SITUAÇÃO FÁTICA QUE REVELA O BEM-ESTAR DA MENOR COMO CIRCUNSTÂNCIA

PREEXISTENTEAOPEDIDODEGUARDA.TIAQUESERESPONSABILIZOU,DESDEONASCIMENTODOMENOR,PELO

SUSTENTOMATERIAL,EDUCAÇÃOEEQUILÍBRIOEMOCIONALDOSOBRINHO,AQUEMCONSIDERACOMOFILHOE

QUE A CHAMA DE MÃE. ESTUDO SOCIAL E PROVA TESTEMUNHAL QUE DEMONSTRAM A EXISTÊNCIA DE FORTE

VÍNCULO SOCIOAFETIVO ENTRE A CRIANÇA, OS GENITORES E A TIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA QUE SE

REFORMA.AFASTADAAALEGAÇÃODEQUESETRATADEEFEITOMERAMENTEPREVIDENCIÁRIO.RECURSOQUESE

DÁ PROVIMENTO, NOS TERMOS DO ARTIGO 557, § 1º-A, DO CPC (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Processo 0144420-

96.2011.8.19.0038–Apelação.Des.PlinioPintoC.Filho.Julgamento:6-5-2014.DécimaQuartaCâmaraCível).

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128AgravodeInstrumento.Direitodefamília.Guardaprovisóriarequeridapelaavómaterna,emrazãodofalecimentodamãedosmenores.

Decisãoagravadaindeferitóriadopedidodeguarda,pornecessidadededilaçãoprobatória.Alegaçãorecursaldequeopaiédomiciliadoem

Brasília,equeosmenorestêmmaisafinidadecomaavó.Decisãoreformada.Preponderânciadomelhorinteressedomenor.1.Nodireitode

família,aguardaécertamenteumdostemasmaistormentososparaojuiz,dadaadificuldadenaturaldemensurarasrelaçõesdeafetividadee

afinidadeentreosparentes.Ésempremaisindicadoqueosimpassessejamresolvidosconsensualmenteentreosfamiliares,emcomunhãode

esforços,visandoessencialmenteobem-estardosmenores.2.Nostermosdoart.1.583,parágrafo1º,doCódigoCivil,aguardacompartilhada

consistenaresponsabilizaçãoconjuntaeoexercíciodedireitosedeveresentredopaiedamãe,ouaalguémqueossubstitua,notadamente

alguémquerevelecompatibilidadecomanaturezadamedida,observando-seograudeparentescoeasrelaçõesdeafinidadeeafetividade

(art.1.584,parágrafoquinto,doCódigoCivil).3.Incasu,asoluçãomaisadequada,porora,émanterosmenorescomaavómaterna,mas

estabelecendo-se a guarda compartilhada e ampla visitação do pai, para fortalecimento gradual dos vínculos familiares. 4. Provimento do

recurso (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Processo 0020366-70.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Des. Luciano Rinaldi.

Julgamento:27-8-2014.SétimaCâmaraCível).

129 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÕES DE GUARDA. DISPUTA ENTRE A GENITORA E A AVÓ PATERNA DAS MENORES.

PREVALÊNCIA DOS PRECÍPUOS INTERESSES DAS INFANTES. PRECEDENTES. SENTENÇA CONFIRMADA. As crianças

necessitamdeumreferencialseguroparaviveresedesenvolvereseubem-estardevesesobrepor,comoumvalormaior,aqualquerinteresse

outro.Ajulgarpeloselementosconstantesnosautos,especialmenteosulterioresestudosocialelaudopsicológico,agenitoraapresentaplenas

condições de exercer o poder familiar e, especificamente, a guarda dasmeninas,medida recomendada para a preservação da integridade

emocionaldasinfantes,asquais,enquantopermaneceramsobaguardadaavó,apresentaramfortesindíciosdedesenvolvimentodachamada

síndromedaalienaçãoparental.Nãoseverificamrazõesplausíveisparaquesejaoperadareformanasentença,cujasoluçãoéaquemelhor

atende ao interesse das infantes, preservando-lhes a segurança e o bem-estar físico e emocional, inclusive no que pertine à restrição do

exercício do direito de visitas pela avó, condicionado à submissão a tratamento psicológico. APELODESPROVIDO (Apelação Cível n.

70059431171.SétimaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.SandraBrisolaraMedeiros.Julgadoem26-11-2014).

130 APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE REGULARIZAÇÃO DE GUARDA E ALIMENTOS. PEDIDO DE GUARDA

COMPARTILHADAEREDUÇÃODEALIMENTOSPELOGENITOR.I–Nãoprocedeopedidodeguardacompartilhada,porquantoo

genitor não possui condições para exercer o compartilhamento. É usuário de drogas e não adere ao tratamento proposto. II – A verba

alimentardeveserfixadanaproporçãodasnecessidadesdoreclamanteedosrecursosdapessoaobrigada,oquesignificadizer,poroutras

palavras, queos alimentosdevemser fixadosobservando-se aobinômionecessidade-possibilidade.Nocaso, sopesadoobinômioalimentar,

bem equacionados os alimentos.RECURSODESPROVIDO (Tribunal de Justiça doRioGrande doSul.ApelaçãoCível n. 70062424791.

SétimaCâmaraCível.Rel.LiselenaSchifinoRoblesRibeiro.Julgadoem17-12-2014).

131ApelaçãoCível.Ação demodificação de guarda.Autora que busca alterar o sistemade guarda da sua filha que foi estabelecida em

acordo,homologadoemjuízo,comoréu.Sentençaqueacolheparcialmenteopedidodeterminandoqueaguardaserácompartilhadaefixando

regrassobreo lapsode tempoemqueamenor ficarácomcadaumdeseusgenitores.Apelodeambasaspartes.Sentençaquedeveser

mantida, eis que observou omelhor interesse damenor de ter a sua guarda exercida de forma compartilhada por ambos os pais.Guarda

compartilhadaquefoiintroduzidaemnossoordenamentojurídicopelaLein.11.698/08equeéaregra,deacordocomoexpostonoart.1.584,

§2º,doCC.Nãoservedeempecilhoparaoestabelecimentodaguardacompartilhadaafaltadeconsensoentreosgenitores,issoparaquese

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prestigieomaior interessedacriançadenãoserprivadadaconvivênciacomambososgenitores.Apossibilidadedeseestabelecer regras

sobre o lapso de tempo em que amenor ficará com cada genitor também não desfigura a guarda compartilhada. Estudo Social e Laudo

Psicológicoquedãocontadointeressedacriançademanterasuarotina,apenastendomaistempocomamãe.Sentençaquefoirazoável,

postoquediminuiuaconvivênciacomopai,doperíododedoisdiasnasemanaparaumdiaeooutrodiaalternado.Inexistênciadeofensaao

princípiodaigualdadeentreospais,eisqueseobservouoprincípiodomelhorinteressedacriança.Ausênciadeprejuízoamenor,poiscaberá

aogenitorqueestivercomacriançarealizaraorientaçãoeducacional,inclusive,noqueserefereàstarefasescolares.Primeiroapeloaquese

dáparcialprovimentoapenasparadeterminararealizaçãodeacompanhamentopsicológicodamenoredosgenitores,medianteprofissionala

ser indicado pelo juízo. Segundo recurso a que se nega provimento (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0245534-92.2011.8.19.0001 –

Apelação.Des.CarlosJoseMartinsGomes.Julgamento:24-6-2014.DécimaSextaCâmaraCível).

132 GUARDA. ALTERAÇÃO. DESCABIMENTO. 1. Em regra, as alterações de guarda são prejudiciais para a criança, devendo ser

mantidaainfantesobaguardapaterna,ondejáseencontraevemsendobemcuidada.2.Éointeressedacriançaquedeveserprotegidoe

privilegiado.3.Achamadaguardacompartilhadanãoconsisteemtransformarofilhoemobjeto,queficaadisposiçãodecadagenitorporum

determinadoperíodo,masumaformaharmônicaajustadapelosgenitores,quepermitaaofilhodesfrutartantodacompanhiapaternacomoda

materna,numregimedevisitaçãobastanteamploeflexível,massemqueofilhopercaseusreferenciaisdemoradia.4.Paraqueaguarda

compartilhada seja possível e proveitosaparao filho, é imprescindível que exista entre os pais uma relaçãomarcadapela harmonia e pelo

respeito,ondenãoexistamdisputasnemconflitos,masnocaso,diantedosconflitos,aguardacompartilhadaédescabida.Recursodesprovido

(Tribunal de Justiça doRioGrande do Sul.ApelaçãoCível n. 70062393152. SétimaCâmaraCível. Rel. Sérgio Fernando deVasconcellos

Chaves.Julgadoem:17-12-2014).

133 CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA

COMPARTILHADA.CONSENSO.NECESSIDADE.ALTERNÂNCIADERESIDÊNCIADOMENOR.POSSIBILIDADE.1.Aguarda

compartilhadabuscaaplenaproteçãodomelhorinteressedosfilhos,poisreflete,commuitomaisacuidade,arealidadedaorganizaçãosocial

atualquecaminhaparaofimdasrígidasdivisõesdepapéissociaisdefinidaspelogênerodospais.2.Aguardacompartilhadaéoidealaser

buscado no exercício do Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações, concessões e adequações

diversas,paraqueseusfilhospossamusufruir,durantesuaformação,doidealpsicológicodeduploreferencial.3.Apesardeaseparaçãoou

dodivórciousualmentecoincidiremcomoápicedodistanciamentodoantigocasalecomamaiorevidenciaçãodasdiferençasexistentes,o

melhorinteressedomenor,aindaassim,ditaaaplicaçãodaguardacompartilhadacomoregra,mesmonahipótesedeausênciadeconsenso.4.

Ainviabilidadedaguardacompartilhada,porausênciadeconsenso,fariaprevaleceroexercíciodeumapotestadeinexistenteporumdospais.

Ediz-seinexistente,porquecontráriaaoescopodoPoderFamiliarqueexisteparaaproteçãodaprole.5.Aimposiçãojudicialdasatribuições

decadaumdospais,eoperíododeconvivênciadacriançasobguardacompartilhada,quandonãohouverconsenso,émedidaextrema,porém

necessáriaàimplementaçãodessanovavisão,paraquenãosefaçadotextolegal,letramorta.6.Aguardacompartilhadadevesertidacomo

regra, eacustódia físicaconjunta– semprequepossível–comosuaefetivaexpressão.7.Recursoespecialprovido (SuperiorTribunalde

Justiça.Processo:REsp1428596/RS.RecursoEspecial.2013/0376172-9.Rel.Min.NancyAndrighi.ÓrgãoJulgador:TerceiraTurma.Data

dojulgamento:3-6-2014.Datadapublicação:DJe25-6-2014).

134AGRAVODEINSTRUMENTO.AçãodeSeparaçãodeCorpos,compedidodeafastamentodolar,c/cGuarda.Decisãoquedefereo

pedidode liminar, determinandoo afastamentodocônjugevarãodo imóvelque serviade residência ao casal e à filha comum.Fixaçãoda

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guardacompartilhada,comoestabelecimentodaguardafísicacomagenitoraearegulamentaçãodavisitapaterna.Quadroquerecomendao

prestígiodadecisãodeprimeirograu,emquesedispôssobreapermanênciadamenorsoboscuidadosmaternos.Desprovimentodorecurso

(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.Processo0020116-37.2014.8.19.0000–AgravodeInstrumento.Des.CesarFelipeCury.Julgamento:

20-8-2014.DécimaPrimeiraCâmaraCível).

135AGRAVODEINSTRUMENTO.AÇÃODEGUARDACOMPARTILHADACUMULADACOMREGRASDECONVIVÊNCIA.

ANTECIPAÇÃODETUTELA.REGULAMENTAÇÃODAVISITAÇÃO.Nãosemostra teratológica,nemcontráriaà leiouaevidente

provasdosautos,decisãoqueconcedeaopai,antecipadamente,avisitaçãoafilhadedezanosdeidade,emfinsdesemanaalternadoseàs

quartas-feiras,apósasaídadocolégio,bemassim,queestendeeregularizaaconvivênciatambémemdiasdeferiados,aniversárioseférias

escolaresdamenor,configurando-secomoinjustificadaaresistênciadagenitora,quenãoapresentouconcretasrazõesparasuainsurreição.

Recursoconhecido,quesenegaseguimento,comfulcronoart.557,caput,doCPC(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.Processo0004490-

75.2014.8.19.0000–AgravodeInstrumento.Des.RicardoCouto.Julgamento:2-5-2014.SétimaCâmaraCível).

136 AGRAVO DE INSTRUMENTO – PROCESSUAL CIVIL – DIREITO DE FAMÍLIA – AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE

VISITAS–DECISÃOQUEAMPLIOUDIREITODEVISITAÇÃODOGENITOR–AUSÊNCIADECARÁTERTERATOLÓGICO.

MANUTENÇÃODODECISUM.1.Insurge-seoagravantecontradecisão,quenosautosdaaçãoderegulamentaçãodevisitas,ampliouos

efeitos da tutela antecipada anteriormente concedida para estabelecer o convívio do agravado com amenor, semanalmente, alternando-se

sábadosedomingos,das10hàs17h.2.Direitofundamentalde todacriançaeadolescentemanteroconvíviocomafamília,principalmente

coma figuradosgenitores,paraque tenhaumdesenvolvimentosaudável,umavezquese fundananecessidadedecultivarafetoe firmar

vínculosfamiliares.3.ConvíviofamiliarqueéumagarantiaprevistanaConstituiçãodaRepúblicaenoEstatutodaCriançaedoAdolescentee

temcomoobjetivoatender aomelhor interessedomenor.4.De fato, em regra, é salutarpara as criançaso convívio regular comospais,

sendo rechaçadopelo Judiciárioo afastamento injustificadodesde convívio, a fimde se evitar a chamada “alienaçãoparental”. 5.Parecer

Ministerial favorável à manutenção do decisum. 6. Neste sentido, e considerando inexistir caráter teratológico à concessão deferida em

primeira instância, mantenho a decisão recorrida. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Processo: 0034031-56.2014.8.19.0000 –Agravo de Instrumento.Des.Marcelo LimaBuhatem. Julgamento: 7-10-2014.Vigésima Segunda

CâmaraCível).

137AgravodeInstrumentocompedidodeefeitosuspensivo.Direitodefamília.Açãodeguardacompartilhadac/cregulamentaçãodevisitas

proposta pelo pai. Decisão interlocutória de deferimento liminar da guarda compartilhada da criança estabelecendo horário de visitação.

Inconformismo da genitora. Entendimento desta Relatora quanto à admissibilidade do agravo na sua forma instrumental em virtude da

manutençãodadecisãoagravadapoderserconsideradacomocircunstânciacapazdecausaràpartelesãograveededifícilreparação.Artigo

522,doCPC,modificadopelaLein.11.187/2005.Quantoaomérito,estaRelatoracompartilhacomoentendimentoadotadopeloDoutoJuízo

Singularquedeferiuopedidodeantecipaçãode tutela requeridopeloagravado.Nãoseolvidequeo interessedamenordevepreponderar

sobreointeresseparticulardosseusgenitores,bemcomoprimarpelasuaproteçãointegral,naformadoartigo227daConstituiçãoFederal,

dosartigos1.574,parágrafoúnico,1.586e1.612doCódigoCivileEstatutodaCriançaedoAdolescente.Aliás,comobemressaltouoIlustre

Procurador de Justiça, a decisão recorrida fixou ummaior convívio da criança com sua genitora, sendomedida quemelhor se amolda ao

interesse da menor, ante a sua tenra idade, não deixando de manter a participação efetiva do pai, sendo certo que ambos exercerão

conjuntamenteaguarda jurídicade sua filha.Nestepasso,aLein.12.318/2010,artigo6º,prevêautilizaçãode instrumentospara inibirou

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atenuarseusefeitosdequalquercondutaquedificulteaconvivênciadacriançaouadolescentecomalgumdosgenitores(alienaçãoparental).

Ademais, tambémnãodeveprosperaraalegaçãodenecessidadedeacompanhamentodebabáduranteavisitaçãodogenitoràmenor,vez

que inexistemprovasdesua inabilidadecomopainoconvíviocomacriançaa justificarapresençade terceirapessoaduranteavisitação.

Com efeito, o julgado guerreado deu a adequada solução à controvérsia apresentada nos autos originários, pois sua decisão considerou a

necessidade latente damenor de possuir uma rotina estável e saudável aos cuidados de sua genitora, sem, contudo, deixar de prestigiar o

convíviopaterno.Poroutrolado,emquepeseàalegaçãodaAgravantenosentidodainexistênciadeumarelaçãoharmônicaentreaspartes,

talfatonãoconstitui,porsisó,óbiceaodeferimentodoinstitutodaguardacompartilha-

da,comose inferedodispostonoartigo1.584,§2º,doCódigoCivil. Incidênciadasúmulan.59doTJERJ.Somentesereformaadecisão

concessivaounãodaantecipaçãodetutela,seteratológica,contráriaàleiouàevidenteprovadosautos.AcolhimentointegraldoParecerdo

IlustreProcuradordeJustiça.PrecedentesdoTJERJ.Agravodeinstrumentocujasrazõessemostrammanifestamenteimprocedenteseem

confrontocoma jurisprudênciadominantedesteEgrégioTribunaldeJustiça.RECURSOAQUESENEGASEGUIMENTO,na formado

artigo557,caput,doCPC(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.Processo0056258-74.2013.8.19.0000–AgravodeInstrumento.Rel.Des.

ConceicaoMousnier.Julgamento:11-9-2014.VigésimaCâmaraCível).

138Art.4º,parágrafoúnico,daLein.12.318/2010(LeideAlienaçãoParental).

139Ésempremelhorumparenteouamigo,quepodeestabelecerlaçosdeafetividadeeconfiançacomacriança,doqueumterceiro.

140AGRAVODEINSTRUMENTO.MODIFICAÇÃODEGUARDA.DECISÃOQUEEMSEDEDEANTECIPAÇÃODETUTELA

FIXOUAGUARDACOMPARTILHADA. RECURSODAGENITORA PRETENDENDOAREFORMADADECISÃO.DECISÃO

PROFERIDAEMAUDIÊNCIA,APÓSAOITIVADASPARTESEDOADOLESCENTEEMQUESTÃO.NOTÍCIASNOSAUTOS

DE FATOS QUE INDICAM A IMPRESCINDIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE ESTUDO SOCIAL E PSICOLÓGICO.

NECESSIDADE DE MAIOR DILAÇÃO PROBATÓRIA. NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO MELHOR

INTERESSEDACRIANÇA,DECORRENTEDADOUTRINADA PROTEÇÃO INTEGRAL, CONSUBSTANCIADANANORMA

CONTIDA NO ART. 227, DA CR/88 E CRISTALIZADO NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, LEI 8.069/90,

SENDO DE RIGOR QUE, EM DEMANDAS QUE ENVOLVAM OS INTERESSES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, O

APLICADORDODIREITODEVEBUSCARASOLUÇÃOQUEPROPORCIONEMAIORBENEFÍCIOAOINFAN-

TE. APLICAÇÃO DA SÚMULA n. 59 DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, NOS

TERMOSDOARTIGO557,CAPUT,DOCPC(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0042709-60.2014.8.19.0000–AgravodeInstrumento.

Des.JaimeDiasPinheiroFilho.Julgamento:30-9-2014.DécimaSegundaCâmaraCível).

141APELAÇÃOCÍVEL.DIREITODEFAMÍLIA.AÇÃODEMODIFICAÇÃODECLÁUSULADEGUARDADEFILHOMENOR.

PRIORIDADEDO INTERESSEDOADOLESCENTE.MANUTENÇÃODASENTENÇA.1.Aguardade filhomenordeve levar em

contanãoaconveniênciadospais,maso interesseebem-estardacriançaoudoadolescente,desprezando-seadisputa travadaentreseus

genitores. 2.Considerando tudo o que dos autos consta, verifica-se que a guarda compartilhada dos pais em relação aomenorV., com a

fixaçãodesuaresidênciacomopai,atendeaoprincípiodomelhorinteressedoadolescente,eisquelevaemcontaasuavontademanifestada

noestudosocialrealizado.3.Desprovimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0013313-34.2011.8.19.0003–Apelação.Des.

LeticiaSardas.Julgamento:2-7-2014.VigésimaCâmaraCível).

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142 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE SUPRIMENTO JUDICIAL PARA MORADIA NO EXTERIOR. ESTUDO SOCIAL E

PSICOLÓGICOFAVORÁVEISAAMBOSOSGENITORES.VINDADACRIANÇAAOBRASILNOPERÍODOESTABELECIDO

PARACONVIVERCOMOPAI.PREVALÊNCIADOINTERESSEDACRIANÇAQUERECOMENDASUAPERMANÊNCIACOM

AGENITORA.HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS.Inviávelaguardacompartilhadadafilhadocasal,hojecomseteanosincompletos,por

ter sua genitora fixado residência nosEstadosUnidos, onde constituiu novo núcleo familiar. Pretensão da genitora de suprir a autorização

paternapararesidênciadacriançanoexterior,vindoaoBrasilemperíodosestipuladosparaconvivênciacomogenitor.Avaliaçãopsicológicae

deestudosocialdaspartes restandodemonstradoqueambososgenitorespossuemcondiçõesdecriaramenor, sendodestacadooestreito

vínculo afetivo que tem com a mãe. Melhor interesse da menor que recomenda sua permanência com a genitora, assegurando-lhe uma

convivência saudável. Assegura-se o direito do genitor de visitação à filha menor sendo, indiscutivelmente, inerente ao poder familiar

estabelecidonoart.1.630doCódigoCivile,nocaso,estandoafilhacomumdosgenitoresimplicanecessariamente,noreconhecimentoao

outrododireitodevisitá-la,devendoainfanteregressaraoBrasil,àsexpensasdamãe,nosperíodosestabelecidos,afimdeconvivercomo

genitor.Oshonoráriosadvocatíciosdevemserestabelecidosemconformidadecomodispostonoart.20,§3º,suasalínease§4ºdoCPC,

impondo-sesuamajoração.RECURSOPARCIALMENTEPROVIDO(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0007089-10.2012.8.19.0209–

Apelação.Des.ElisabeteFilizzola.Julgamento:6-8-2014.SegundaCâmaraCível).

143Civil.Família.Separação Judicial.GuardadosFilhos enquantoTramita aAção.MudançadeDomicílio.HabeasCorpus. 1. Enquanto

tramitaaaçãodeseparaçãojudicial,épossível,desdelogo,entregaràmãeaguardaprovisóriadosfilhos.2.Desdequeamãedigaparaonde

vai,podeelafixarnovodomicílio, levandoosfilhos,emqualquerpartedo territórionacional.Direitoconstitucionalde locomoção.3.Ordem

deferida para suspender a determinação de retorno dos filhos, ora pacientes, à cidade de residência do pai,mantendo, por conseguinte, a

guardaprovisóriacomamãenacidadeondeseencontra (SuperiorTribunaldeJustiça.HCn.7.670-BA(1998/0045852-2).5ªTurma.Rel.

Min.EdsonVidigal.Datadadecisão:6-10-1998.Unânime.DJ3-11-1998,p.181;LEXSTJ115/40;RMP11/488;RSTJ114/328).

ModificaçãodeCláusuladoAcordo.GuardadeMenor.ResidêncianoExterior.TutelaAntecipada. Indeferimento.Agravode Instrumento.

ProvimentoParcial.AgravodeInstrumento.Decisãoqueindefereantecipaçãodetutelaemaçãodemodificaçãodecláusula.Pretensãodo

agravanteaserautorizado judicialmentepara levaremsuacompanhia filhoadolescenteparacomele residirnoCanadá, juntamentecoma

atual companheira e filhos da mesma. Propósito de fixação de domicílio no exterior. Indeferimento pelo juízo monocrático. O fato de o

agravantepassararesidiremoutropaísimpõeaojuízocertascautelas,quedevemserconsideradas,apósouvir-seorganismocompetente,que

hajafeitolevantamentodaefetivasituaçãodefato,econcluasobreaconveniênciaounãododeferimentodapretensão.Nocasoconcretofoi

realizadadiligênciaatravésdoServiçoSocialdesteTribunal,aqualconcluiuqueapretensãomanifestadapeloagravantebuscaobem-estardo

menorcomsuapermanênciatransitórianaquelepaís.Provimento,emparte,dorecurso,invertendo-setransitoriamenteaguardadomenorem

favordoagravante(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.AgravodeInstrumenton.2001.002.01332.Dataderegistro:5-12-2001.

12ªCâmaraCível.Rel.Des.GersonArraes.Julgadoem:23-10-2001).

144Olaudopericial,elaboradoporpsicólogoseassistentessociais,poraprofundar-senocasoconcreto,podeconcluirseresteosistemamais

adequado,notadamentequandoolitígioeosofrimentodafamíliasãoprofundosemrazãodoafastamentodacriança,notadamentequandoo

guardiãomuda-separalonge.

145APELAÇÃOCÍVEL.DIREITODEFAMÍLIA.GUARDAEVISITAÇÃO.GENITORQUERESIDENOEXTERIOR.GUARDA

COMPARTILHADAQUENÃOSEREVELAPOSSÍVELNOPRESENTECASO,TENDOEMVISTAOLOCALDERESIDÊNCIA

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DOPAI,BEMCOMOAUSENTE,INCASU,ACONVIVÊNCIAPACÍFICAENTREOSGENITORES,PRESSUPOSTOLÓGICODA

GUARDA COMPARTILHADA, CONSIDERANDO-SE QUE AS DECISÕES MAIS IMPORTANTES SOBRE A CRIAÇÃO DOS

FILHOSDEVERÃO SER TOMADAS EMCONJUNTO. GUARDADACRIANÇAQUEDEVERÁ SER EXERCIDA PELAMÃE.

TODAVIA, O CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS COMPROVA A ALIENAÇÃO PARENTAL, NOS TERMOS DA LEI

12.318/2010,PORPARTEDAGENITORA.ADEMAIS,AFIMDESEPRESERVARAVISITAÇÃOPATERNA,ECONSIDERANDO

QUEASCONCLUSÕESDAPERÍCIADÃOCONTADEQUEACONVIVÊNCIADOFILHOCOMOPAIÉUMANECESSIDADE

QUE NÃO PODE SER ADIADA, DEVENDO SER URGENTEMENTE INICIADA A SUA AMPLIAÇÃO, BEM COMO

INEXISTINDOQUALQUERCONTRAINDICAÇÃOÀVIAGEMDACRIANÇAAOSESTADOSUNIDOS,ONDEOPAIRESIDEE

TRABALHA LEGALMENTE COMO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, PARA ESTAR COM ELE DURANTE AS FÉRIAS,

MANTÉM-SE A AUTORIZAÇÃO DE VIAGEM ÀQUELE PAÍS DURANTE AS FÉRIAS DA CRIANÇA, OBSERVADA A

LIMITAÇÃO TEMPORAL ORA IMPOSTA, BEM COMO A NECESSIDADE DE ACOMPANHAMENTO DO INFANTE.

ADEQUAÇÃODOPERÍODODEVISITAÇÃONATALINAPELOPAI.QUANTOAOACOMPANHAMENTOPSICOLÓGICOA

QUEAGENITORADEVERÁSESUBMETERNÃOSETRATADEPUNIÇÃO,MASSIMDEMEDIDAACOLABORARCOMA

RECUPERAÇÃOEOEQUILÍBRIOPSICOLÓGICODESEUFILHO,NÃOHAVENDORAZÕESPARAOSEUAFASTAMENTO.

MANUTENÇÃODOSDEMAISTERMOSDASENTENÇADE1ºGRAU.PARCIALPROVIMENTODOSRECURSOS(Tribunalde

JustiçadoRiodeJaneiro.0195500-84.2009.8.19.0001–Apelação.Des.GuaracideCamposVianna.Julgamento:7-10-2014.DécimaNona

CâmaraCível).

146DIREITODEFAMÍLIA–GUARDA–MÃEEMLOCALINCERTO–USUÁRIADEDROGAS–GUARDADEFATODAAVÓ–

PAIQUERESIDEJUNTO–GUARDACOMPARTILHADAQUESEDEMONSTRARECOMENDADA.Aregraéquesemantenhaa

guardacomumdosgenitores.Comprovadoporémqueaavómaternajámantémaguardadefato,criando,educandoeficandocomasnetas

durantetodoodia,equeoseufilho,paidascrianças,contraquemnadaseapurou,comelatambémmora,chegandoporémsomenteànoite,

revela-seprudentedeferiraambosaguardacompartilhada,soluçãoqueirácriarumadiretrizcomumparaaeducaçãodascrianças,poissabe-

sequesemprehaverádiferenças,importantesounão,quantoàdisciplinaedemaishábitosdarotinadascrianças,mesmoentreaavópaterna

eopai.Seéaavóqueoscria,queestáaoseu ladodiuturnamente,na rotinaenasdificuldadesdodiaadia,deverá termeios legaispara

enfrentarasdificuldadesdiáriaserotineiras,sejaperanteterceiros,sejaperanteaescolaouemqualquersituaçãoimprevistaquesurjanesse

mister,oquerecomenda,nestecasoespecial,aguardacompartilhadaentreopaieaavópaternadascrianças(TribunaldeJustiçadeMinas

Gerais.Processo1.0702.11.039713-1/001–ApelaçãoCível.Rel.Des.VanessaVerdolimHudsonAndrade.Data de julgamento:29-7-2014.

Datadapublicação:6-8-2014).

147SILVA,MarcosAlvesda.Dopátriopoderàautoridadeparental.RiodeJaneiro:Renovar,2002,p.120.

148FACHIN,LuizEdson.Elementoscríticosdodireitodefamília.RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.44.Emboraassinaleoautorque,não

obstanteapublicização,oconjuntodeprincípiose regrasquedizem respeitoà famíliaainda seenquadranodireitoprivado, caso sequeira

manteressadistinçãoentredireitopúblicoedireitoprivado(p.45).

149SILVA,MarcosAlvesda.Dopátriopoderàautoridadeparental.RiodeJaneiro:Renovar,2002,p.138.

150GIUSTO,Eliana.Guardadefilhosquandooshomenstambémsãodiscriminados.RevistaBrasileiradeDireitodeFamília,n.3,out.-

nov-dez.99.p.67-71.

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151ApelaçãoCível.Açãodeguardaeregulamentaçãodevisitaajuizadapeloapeladocontraaapelante.Sentençadeprocedênciadopedido

inicial, estabelecendoaguardacompartilhadae fixando regimedevisitaçãoquinzenal,deixandodecondenara réaopagamentodascustas

judiciais, tendoemvistaaausênciadeoposiçãoaopedido.Apelodaré,alegandoqueasentençateriaincorridoemjulgamentoultra petita

(sic)aoestabelecerregimedevisitaçãoquenãoteriasidorequeridopeloautor.Autorqueemendouainicialpararequererafixaçãodoregime

devisitação.Respeitadooprincípiodacongruência.ParecerdaProcuradoriadeJustiçapelodesprovimentodorecurso,destacandoamaior

elasticidade dos julgados emmatéria de guarda, em vista do princípio domelhor interesse da criança.Ação de regulamentação de visitas

ajuizadapelaapelanteapóstersidocitadanapresente.Visitaçãoquinzenalfixadaemtermosquepodemserconsiderados“padrão”.Corretaa

sentençarecorrida.Precedentesilustrativos.RECURSOAQUESENEGASEGUIMENTO(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.Processo:

0049693-91.2013.8.19.0001–Apelação.Des.PatriciaSerraVieira.Julgamento:28-1-2014.DécimaCâmaraCível).

152 AÇÃO DE DIVÓRCIO. ALIMENTOS. FILHAMENOR. PEDIDO DE REDUÇÃO. GUARDA COMPARTILHADA. LITÍGIO

ENTREOSGENITORES.DESCABIMENTO.JUNTADADEDOCUMENTOSCOMAAPELAÇÃO.1.Descabejuntarcomaapelação

documentosquenãosejamnovosourelativosafatosnovossupervenientes.Inteligênciadoart.397doCPC.2.Cabeaambososgenitoresa

obrigaçãodeproverosustentodosfilhosmenores,devendocadaqualconcorrernamedidadaprópriadisponibilidade,e,enquantoamãe,que

éguardiãprestaosustentoinnatura,cabeaopai,nãoguardião,prestaralimentosinpecunia.3.Ovalordosalimentosdevesersuficiente

paraatenderosustentodafilha,masdentrodascondiçõeseconômicasdogenitor,nãomerecendoreparoafixaçãoempercentualsobreos

ganhosdeste,quesemostraafeiçoadaaobinômiopossibilidadeenecessidade.4.Nãoéaconveniênciadospaisquedeveorientaradefinição

daguarda,masointeressedafilha.5.Achamadaguardacompartilhadanãoconsisteemtransformarafilhaemobjeto,queficaadisposição

de cada genitor por um determinado período, mas uma forma harmônica ajustada pelos genitores, que permita à filha desfrutar tanto da

companhiapaternacomodamaterna,numregimedevisitaçãobastanteamploeflexível,massemquea infantepercaseusreferenciaisde

moradia.6.Paraqueaguardacompartilhada sejapossível eproveitosaparaa filha, é imprescindívelqueexistaentreospaisuma relação

marcada pela harmonia e pelo respeito, onde não existam disputas nem conflitos, mas, quando o litígio é uma constante, a guarda

compartilhadaédescabida.Recursodesprovido(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul–ApelaçãoCíveln.70062745229.SétimaCâmara

Cível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.SérgioFernandodeVasconcellosChaves.Julgadoem:17-12-2014).

153DUARTE,LenitaPachecoLemos.Aguardadosfilhosnafamíliaemlitígio:umainterlocuçãodapsicanálisecomodireito.3.ed.Rio

deJaneiro:LumenJuris,2009,p.69-70.

154DUARTE,LenitaPachecoLemos.Aguardadefilhosnafamíliaemlitígio.RiodeJaneiro:LumenJuris,2009,p.70.

155DUARTE,LenitaPachecoLemos.ob.cit.,p.234.

156ApelaçãoCível.Ação demodificação de guarda.Autora que busca alterar o sistemade guarda da sua filha que foi estabelecida em

acordo,homologadoemjuízo,comoréu.Sentençaqueacolheparcialmenteopedidodeterminandoqueaguardaserácompartilhadaefixando

regrassobreo lapsode tempoemqueamenor ficarácomcadaumdeseusgenitores.Apelodeambasaspartes.Sentençaquedeveser

mantida, eis que observou omelhor interesse damenor de ter a sua guarda exercida de forma compartilhada por ambos os pais.Guarda

compartilhadaquefoiintroduzidaemnossoordenamentojurídicopelaLein.11.698/08equeéaregra,deacordocomoexpostonoart.1.584,

§2º,doCC.Nãoservedeempecilhoparaoestabelecimentodaguardacompartilhadaafaltadeconsensoentreosgenitores,issoparaquese

prestigieomaior interessedacriançadenãoserprivadadaconvivênciacomambososgenitores.Apossibilidadedeseestabelecer regras

sobre o lapso de tempo em que amenor ficará com cada genitor também não desfigura a guarda compartilhada. Estudo Social e Laudo

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Psicológicoquedãocontadointeressedacriançademanterasuarotina,apenastendomaistempocomamãe.Sentençaquefoirazoável,

postoquediminuiuaconvivênciacomopai,doperíododedoisdiasnasemanaparaumdiaeooutrodiaalternado.Inexistênciadeofensaao

princípiodaigualdadeentreospais,eisqueseobservouoprincípiodomelhorinteressedacriança.Ausênciadeprejuízoamenor,poiscaberá

aogenitorqueestivercomacriançarealizaraorientaçãoeducacional,inclusive,noqueserefereàstarefasescolares.Primeiroapeloaquese

dáparcialprovimentoapenasparadeterminararealizaçãodeacompanhamentopsicológicodamenoredosgenitores,medianteprofissionala

ser indicado pelo juízo. Segundo recurso a que se nega provimento (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0245534-92.2011.8.19.0001 –

Apelação.Des.CarlosJoséMartinsGomes.Julgamento:24-6-2014.DécimaSextaCâmaraCível).

157Apelaçãocível.DireitodeFamília.Guardacompartilhadadefilhasmenores.Desistênciadopedidodeautorizaçãoformuladopelamãe

paramanutenção das filhas no ao exterior. Prosseguimento do feito no que tange à guarda. Responsabilização conjunta dos genitores no

exercíciodosdireitosedeveres,àinteligênciado§1ºdoart.1.583CC.Compartilhamento.Direitofundamentalàconvivênciadospaiscomos

filhos.Princípiodomelhorinteressedacriança.Estudosocialquedemonstraoafetoqueasfilhastêmporambososgenitores,nãoapontando

qualquer fator que afaste a possibilidade da guarda compartilhada. Guarda compartilhada, que assegura o melhor interesse da criança.

Dificuldadedeconsensoemrelaçãoàeducaçãoeàmútuaconvivênciacomosfilhosdecorrentededesavençaseeventuaisressentimentosdo

ex-casal que deve ser trabalhada individualmente pelos ex-cônjuges, na seara adequada.Apelo desprovido (Tribunal de Justiça doRio de

Janeiro.0045003-53.2012.8.19.0001–Apelação.Rel.Des.CristinaTerezaGaulia.Julgamento:7-4-2015.QuintaCâmaraCível).

158CARBONERA,SilvanaMaria,ob.cit.,p.128.

159“Art.12.1.OsEstados-Partesgarantemàcriançacomcapacidadedediscernimentoodireitodeexprimirlivrementeasuaopiniãosobre

asquestõesquelhjerespeitem,sendodevidamentetomadasemconsideraçãoasopiniõesdacriança,deacordocomasuaidadeematuridade.

2.Paraestefim,éasseguradaàcriançaaoportunidadedeserouvidanosprocessosjudiciaiseadministrativosquelherespeitem(...)”.

160DIREITOINTERNACIONAL.CONVENÇÃODAHAIASOBREASPECTOSCIVISDOSEQUESTROINTERNACIONALDE

CRIANÇAS.COOPERAÇÃOJURÍDICAENTREESTADOS.BUSCA,APREENSÃOERESTITUIÇÃODEMENORES.GUARDA

COMPARTILHADA.OCORRÊNCIADERETENÇÃOILÍCITADOSFILHOSPORUMDOSGENITORES.PAÍSDERESIDÊNCIA

HABITUAL. JUÍZO NATURAL COMPETENTE PARA DECIDIR SOBRE A GUARDA. PRESENÇA DE HIPÓTESE

EXCEPCIONAL. CESSAÇÃO DOS EFEITOS DA CONVENÇÃO PARA OSMAIORES DE 16 ANOS. IRMÃ COM 17 ANOS E

IRMÃO COM 15 ANOS E MEIO. CESSADOS OS EFEITOS DA CONVENÇÃO EM RELAÇÃO À IRMÃ. REPATRIAMENTO

ISOLADOAPENASDOIRMÃOMAISJOVEM.PROVIDÊNCIAMERECEDORADEBOMSENSOEPRUDÊNCIA.OITIVADO

ADOLESCENTEQUANTOAODESEJODERETORNOAOPAÍSDERESIDÊNCIAHABITUAL.NECESSIDADE.1.Nocaso,os

menores,portadoresdeduplacidadania,tinhamresidênciahabitualnaIrlanda,sobaguardacompartilhadadamãe(cidadãbrasileira)edopai

(cidadãoirlandês).EmviagemaoBrasil,amãereteveascriançasnestepaís, informandoaoseuentãoesposoqueelaeosfilhosnãomais

retornariam à Irlanda. 2. Nos termos do art. 3º da Convenção da Haia sobre Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, o

“sequestrointernacional”dizrespeitoaodeslocamentoilegaldacriançadeseupaíse/ousuaretençãoindevidaemoutrolocalquenãoode

suaresidênciahabitual.3.OescopodaConvençãonãosevoltaadebaterodireitodeguardadacriança,mas,sim,aasseguraroretornoda

criançaaopaísderesidênciahabitual,oqualéojuízonaturalcompetenteparajulgaraguarda.4.Apresunçãoderetornodacriançanãoé

absoluta,masoônusdaprovadaexistênciadeexceçãoquejustifiqueapermanênciadomenorincumbeàpessoafísica,àinstituiçãoouao

organismo que se opuser ao seu retorno. Ademais, uma vez provada a existência de exceção, o julgador ou a autoridade tem a

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discricionariedade de formar seu convencimento no sentido do retorno ou da permanência da criança. 5. A partir de uma interpretação

técnico-jurídica, se oBrasil aderiu e ratificou formalmente aConvenção sobre osAspectosCivis do Sequestro Internacional deCrianças,

deverácumpri-ladeboa-fé,respeitadas,obviamente,eventuaisexceções.6.AConvençãosobreosAspectosCivisdoSequestroInternacional

deCriançasnãomaisoperaseusefeitosquandoacriançacompletadezesseisanos,nostermosdoart.4ºdoreferidodocumento.7.Nocaso,

aConvençãocessouseusefeitosemfacedajovemde17anos;porém,aindaoperaseusefeitosnotocanteaojovemde15anos.Hipóteseem

queseadotaoentendimentosegundooqual repatriaraapenaso irmão,enquantoa irmãpermaneceránoBrasil, soaprejudicialaomelhor

interesse daquele, pois, não bastasse a alienação reprovável promovida pela sequestradora, o menor seria submetido também ao

distanciamento geográfico da irmã. Em observância ao bom senso e à prudência, a oitiva do jovem de 15 anos sobre eventual desejo de

retornaraopaísde residênciahabitualeaavaliaçãopericialdesuascondiçõespsicológicassãomedidasquese impõem.Recursoespecial

conhecido em parte e, nesta, provido (Superior Tribunal de Justiça. REsp 1196954/ES Recurso Especial 2010/0100918-0.Min. Humberto

Martins.ÓrgãoJulgador:SegundaTurma.Datadojulgamento:25-2-2014.Datadapublicação:DJe13-3-2014).

161Agravode Instrumento–DIREITODEFAMÍLIA–MODIFICAÇÃODAGUARDADEMENOR–MELHOR INTERESSEDA

CRIANÇA – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – DEFERIMENTO PARCIAL – GUARDA COMPARTILHADA – Na guarda

compartilhadapaiemãeparticipamefetivamentedaeducaçãoeformaçãodeseusfilhos–Considerandoquenocasoemapreço,ambosos

genitoressãoaptosareceberaguardadofilho,equeadivisãodedecisõesetarefasentreelespossibilitaráummelhoraportedeestrutura

paraacriaçãodacriança,aopossibilitaracompanhamentoescolarmais intensoeotratamentodesaúdenecessário, impõe-secomomelhor

soluçãonãoodeferimentodeguardaunilateral,masdaguardacompartilhada(TribunaldeJustiçadeMinasGerais.AgravodeInstrumento-Cv

1.0702.14.001707-1/001. 0268791-15.2014.8.13.0000 (1). Rel. Des. Dárcio Lopardi Mendes. 4ª Câmara Cível. DJ 28-8-2014. Data da

publicação:3-9-2014).

162MENOR–Guarda–Buscaeapreensãodemenores–Sentençadeimprocedência,concedidaaguardaàgenitora–Casoemqueambos

os genitores têm condições de permanecer com os menores – Possibilidade de a mudança constante de residência implicar em eventual

chantagemporpartedosadolescentesemrelaçãoaospais–Relevânciadofatomencionadonosautos,referenteàdecisãodeumdosjovens

denãofrequentaraescola–Enquantoopaitentaobrigá-lo,háindíciosrazoáveisdequeamãenãoofaria,mostrando-seflexível–Situação

queapenasfavoreceo interessesubalternodos jovens,nãoaquelegarantidoconstitucionalmente–Necessáriaa intervençãodomagistrado

paradefiniraguardacompartilhada (LeiFederaln.11.698/08)eevitaraalienaçãoparental– Imposiçãodaguardacompartilhada,nomais

breve espaço de tempo, fixando o domicílio dos filhos e com estipulações sobre a responsabilidade dos pais – Recurso provido, com

determinações(TribunaldeJustiçadeSãoPaulo.Apelação990105068251.Itu–8ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.CaetanoLagrastaNeto–

4-5-2011.VotaçãoMaioriadevotoscomvotodeclarado–Voton.:22519).

163 MENOR – Guarda – Ação de modificação de guarda e regulamentação de visitas – Guarda dos menores com a mãe que está

consolidadadesdeadatadasentença–Menorcomidadesuperiora12(doze)anos–Prevalênciadavontadedosmesmosnaescolhadeficar

comesteouaquelegenitor,cujosinteressesdevemserrespeitados,porquesãoosqueestãoemjogoenãoocaprichodospais–Regimede

visita–Permanênciadoestipuladonasentença,vedadaatividadesextracurricularesouesporteouensinodelínguasestrangeirasnasquartas-

feiras, dia da visita do autor – Guarda assistida – Descabimento – Partes que poderão futuramente, se for o caso, acolher a guarda

compartilhadaquandooprocessovoltaràorigem,porpetiçãoconjunta–Apelodarédesprovidoedadoparcialprovimentoaoapelodoautor,

comobservação(TribunaldeJustiçadeSãoPaulo.ApelaçãocomRevisão4535034000.8ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.JoséAguiarPupo

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RibeirodaSilva–5-8-2009).

164ApelaçãoCível.Açãoderegulamentaçãodevisitaeguardacompartilhada.Ritoordinário.Sentençaquejulgaimprocedenteopedidode

guardacompartilhadaeparcialmenteprocedentearegulamentaçãodevisitas.Recursodeambasaspartes.Parteréquefazjusàgratuidade

dejustiça,anteasprovasqueconstamdosautos.Motivosalegadospelaréquenãoservemdeempecilhoparaqueopaitenhacontatocomo

seufilho.Cuidadoscomacriançaquepodemserexercidospelopaiduranteavisitação.Ausênciadequalquerprovanosautosqueindiquem

queoautorsofredequalquerproblemaqueoimpeçadeexerceravisita.DoisPareceresPsicossociaiseumLaudoPsicológicoquesãono

sentidodequeoautorestáaptoaestarcomoseufilho.Necessidadedesemodificarasentençaparaespecificarasregrasdavisitaçãoafim

desetentarevitarodesgasteentreaspartes,daseguinteforma:“nossábadosedomingosenasdatasespecificadasnasentençaopaificará

com o filho, o horário será das 10 horas às 20 horas; os feriados (Nacional, Estadual ouMunicipal) não discriminados na sentença serão

alternadosentreopaieagenitora(emdeterminadoferiadoacriançaficarácomumdospais,então,nopróximo,independentementequalseja

omenorficarácomooutro);nasfériasescolaresdomeiodoano,opaificarácomacriançanaprimeirametadenosanospares,apartirdos

trêsanosdeidade;nasfériasescolaresdefinaldeanoomenorpassarácomopaiaprimeirametadenosanosímpareseasegundametade

dospares,apartirdostrêsanosdeidade,obedecendo-seohorárioestabelecidoparaosferiados;nodiadoaniversáriodopaiedoirmão(filho

doautorcomasuaatualcompanheira),independentementedeseranoparouímpar,omenorficarácomopaiapósohorárioescolaratéàs20

horas ou, quando não estiver na escola, das 17 horas às 20 horas.Apelos a que se dá parcial provimento (Tribunal de Justiça doRio de

Janeiro.1028318-82.2011.8.19.0002–Apelação.Des.CarlosJoséMartinsGomes.Julgamento:15-7-2014.DécimaSextaCâmaraCível).

165 Direito civil. Pátrio poder. Guarda. Permuta de imóveis mediante alvará. Não audiência do pai separado. Anulação do ato jurídico.

Recursonãoconhecido. I–Não tendoopai, judicialmenteseparado,sidoouvidoquantoàconveniênciadapermutaenvolvendo imóveisde

seusfilhosmenores,mesmoestandoestessobaguardadamãe,viciadoseapresentaoatojurídico,praticadoemofensaaoinstitutodopátrio

poder. II – A legislação que rege o pátrio poder recebeu consideráveis alterações em face do Estatuto da Criança e do Adolescente e,

especialmente,doprincípiodaigualdadejurídicadoscônjuges,agasalhadonaConstituiçãovigente(SuperiorTribunaldeJustiça.REsp7659/SP

[1991/0001312-9].Datadojulgamento:16-4-1991.DJ20-5-1991,p.6.536.4ªTurma.Rel.Min.SalviodeFigueiredoTeixeira.Unânime).

166CARBONERA,SilvanaMaria.Guardadefilhosnafamíliaconstitucionalizada.PortoAlegre:Fabris,2000,p.79.

167Açãodedestituiçãodopátriopoder.Inexistênciadeprovadosfatosimputadosaoréu,decondutadesabonadoraemrelaçãoàenteada,

bemcomoimprocedenteéaalegaçãodeabandonointelectualematerialdafilhadocasalvistoqueaelaprestaalimentos.Improcedênciado

pedidodedestituiçãodopátriopoder,anteaausênciadeprovadosfatosalegados.Tantomaisqueindispensávelparaamenoréoconvíviodo

pai,queapenasdeveserimpedidoanteacomprovaçãoexpressadoprejuízoqueaelapossacausar(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiode

Janeiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.08491.Dataderegistro:13-11-2000.1ªCâmaraCível.Rel.Des.MariaAugustaVaz.Julgadoem:26-9-

2000).

Açãodeposseeguardademenor.Filhomenor sobaguardadopai.Pátriopoder.Destituição.Direitodevisita a filho.Visitamonitorada.

Recursodesprovido.Direitodefamília.Açãodeinversãodeposseeguardacumuladacomdestituiçãodepátriopoder.Adestituiçãodopátrio

poderémedidadeextremagravidade,quesomentesejustificaemcasosexcepcionaisanteaprovainduvidosadefatosquepossamprejudicar

os filhos, física ou moralmente. Confirmação da sentença que com base no relatório de estudo social e no laudo psicológico, julgou

improcedente o pedido de destituição de pátrio poder e procedente o pedido de inversão de posse e guarda, a fim de que os menores

permaneçamnacompanhiadopai,sobcujaguardadefatojáseencontram,autorizandoamãeavisitarosmenoresnapresençadopaioude

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outrapessoaporeleindicada.Desprovimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2001.001.06710.

Dataderegistro:28-11-2001.18ªCâmaraCível.Des.CassiaMedeiros.Julgadoem:6-11-2001).

168 Pátrio Poder.Destituição. Requisitos. Estatuto daCriança e doAdolescente. Fundamentação da sentença. Inocorrência.Nulidade da

sentença.RecursodoM.P.Recursoprovido.Direitocivil.Tutelaepátriopoder.Institutosquenãopodemcoexistir.Art.36,parágrafoúnico,

daLein.8.069/90.Adestituiçãodopátriopoderdependedeprocedimentorígido,observando-seocontraditórioeosrequisitosdalegislação

civiledaLein.8.069/90,porsermedidaextremamentedrástica.RequisiçõesdoMinistérioPúblicoquenãoforamatendidas.Ausênciade

provasnecessáriasà fundamentaçãoda sentença.Nulidade.Provimentodo recursoparaanularo feitodesde fls.15,baixando-seosautos

paraqueseprocedadeDireito(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2001.001.05990.Dataderegistro:14-11-

2001.16ªCâmaraCível.Des.NagibSlaibiFilho.Julgadoem:21-8-2001).

169Direitodefamília.Posseeguardademenorimpúbere,aosprimeirosdiasdenascidopelopaiconfiadoaterceiro,retirando-odosbraços

maternos,jovenssolteirosedesataviadososconcebentesdacriança.Mandadodesegurançaobjurgatórioàmedidaliminardeferida,comgalas

deprocedimentoautônomo,ensejandooretornodacriançaaoaconchegodamãe,recolhidaestaàcasapaterna.Legalidadedoprocedimento

daautoridadejudiciária,positivamentecauta.Éregrajurídicainscritanocapítulododireitodefamília,aoabrigodadisciplina“dopátriopoder

quanto à pessoa dos filhos”, competir aos pais dirigir-lhes a criação e educação e tê-los em sua companhia e guarda (art. 384, II, CC),

princípios imanentesaoprópriodireitonatural,oqualseobservaatéentreosanimais irracionais.Aperdadessedireito-deversóocorreem

casosexcepcionais,comosançãoprevistanosarts.394-395,dovetustoDiplomaCivil,assimmesmomedianteoprocessolegal.Ausênciade

direito tutelável pelo remédio heroico a indicar improsperação do reclamomandamental (Tribunal de Justiça doEstado doRio de Janeiro.

MandadodeSegurancan.1994.004.00704.Dataderegistro:21-7-1995.1ªCâmaraCível.Rel.Des.EllisHermydioFigueira.Julgadoem:11-

4-1995).

170Direito de visita a filho. Frustração de acordo sobre guarda e visita de filhos.Direito à guarda de filho. Revogação. Possibilidade da

medida. Descumprimento de determinação judicial. Cumprimento de obrigação de visitação, estabelecido em acordo homologado

judicialmente. Direito-dever do pai em conviver com os filhos. Óbices criados pela mãe que tem a guarda dos menores. Igualdade de

condições no exercício do pátrio poder e obrigação de cumprir as determinações judiciais – artigos 21 e 22 do ECA. Possibilidade de

revogaçãodaguardanahipótesedeviolaçãodosdireitossuperioresdacriança.Provimentoparcialdorecurso(TribunaldeJustiçadoEstado

doRiodeJaneiro.AgravodeInstrumenton.2000.002.03450.Dataderegistro:4-9-2000,fls.36.191/36.196.ComarcadeOrigem:Capital.5ª

CâmaraCível.Unânime.Des.RobertoWider.Julgadoem:27-6-2000).

171LEITE,EduardodeOliveira.Famíliasmonoparentais,p.192.

172ProcessualPenal.Representação.Crimecontraoscostumes.Admite-searepresentaçãoformuladaporpessoaque,dequalquerforma,

seja responsável pelo menor, ainda que momentaneamente. A finalidade da representação não é acautelar os interesses do réu em ficar

impune,masosdaofendidaedesuafamília,quepodempreferirosilêncioaoestrepitusjudicii(RTJ61/343).RecursoEspecialconhecidoe

provido(SuperiorTribunaldeJustiça.REspn.120.698-DF(1997/0012473-8).5ªTurma.Rel.Min.JoséDantas.Datadadecisão:21-10-1997.

Unânime.DJ24-11-1997,p.61.264.RSTJ105/400).

173“Nãoexistenenhuma relação entreodireito-deverde administrar osbensdomenor eo fatode tê-lo, ounão, sob suaguarda.Nãoé

precisoserguardiãoparaseradministrador.Ora,édopátriopoderquederivaafunçãoadministrativa,enãodaguarda”(SANTOSNETO,

JoséAntôniodePaula.Dopátriopoder.SãoPaulo:RevistadosTribunais,1994,p.151).

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174Art.6ºdaLein.12.318/2010(LeidaAlienaçãoParental).

175 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL. REVERSÃO DA GUARDA DA FILHAMENOR EM

FAVORDOGENITOR.MANUTENÇÃO.Casoemque,diantedaconstataçãodequeagenitoraestavacriandoobstáculosàconvivência

paterno-filialequeseucomportamentosugereaocorrênciadealienaçãoparental, restourevertidaaguardadainfanteemfavordogenitor,

arranjo que se estabeleceu há dez meses, razão por que deve ser mantido, não havendo sequer notícia de que possa estar submetida a

qualquersituaçãoderisco.AgravodeInstrumentoDESPROVIDO(AgravodeInstrumenton.70062402672.OitavaCâmaraCível.Tribunal

deJustiçadoRS.Rel.RicardoMoreiraLinsPastl.Julgadoem:18-12-2014).

176CARBONERA,SilvanaMaria.Guardadefilhosnafamíliaconstitucionalizada,p.89.

177HOMOLOGAÇÃODESENTENÇAESTRANGEIRACONTESTADA.DIVÓRCIO.ARTS.5ºE6ºDARES.N. 9/2005DOSTJ.

REQUISITOSLEGAISDEVIDAMENTEPREENCHIDOS.CLÁUSULAATINENTEÀGUARDAEVISITAS.OFENSAÀORDEM

PÚBLICAEBONSCOSTUMES.HOMOLOGAÇÃOPARCIAL.1.Mostra-secabívelahomologaçãodesentençaestrangeiradesdeque

observadososrequisitosprevistosnoart.5ºdaRes.n.9/2005doSTJ,enãoconfiguradanenhumadashipótesestrazidasnoart.6ºdomesmo

regramento.2.Nocaso,busca-sehomologarsentençaestrangeiradedivórcio,guardaealimentos,proferidapeloJuízodePrimeiraInstância

daVaradeSucessõeseFamília,DivisãodeBarnstable,EstadosUnidosdaAmérica,aqualjulgouprocedenteopedido,concedendoodivórcio

eatribuindoaguardade formaexclusivaà requerente,comdireitodevisitasacritériodapostulante.3.Noquediz respeitoàguardaeao

direitodevisitas,verifica-sequeaditacláusulaofendeordempúblicaebonscostumes,porconferiràgenitoraverdadeirodireitopotestativo,

nãocondizentecomo sistemaconstitucionale legal,oqualentendeque taisdireitosdevemservistos soboprismadomelhor interessedo

menor.Deve-se,pois,garantiràcriançaouadolescenteaamplaconvivênciafamiliar,salvoexceçõesdecomprovadosmalefíciosnocontato

comgenitor(a). 4. Pedido de homologaçãoparcialmente deferido (STF,Sec 10411 /EXSentençaEstrangeiraContestada 2014/0005609-1,

Min.OgFernandes,CE–CorteEspecial,Datadojulgamento5-11-2014).

178TEPEDINO,Gustavo.Adisciplinajurídicadafiliaçãonaperspectivacivil-constitucional,inTemasdedireitocivil,p.392-393.

179 ALVIM PINTO, Teresa Arruda. Apresentação, inDireito de família – aspectos constitucionais, civis e processuais, coord. Teresa

ArrudaAlvimPinto,v.1,SãoPaulo:RevistadosTribunais,1993,p.2.

180InteressantereproduzirparcialmenteobrilhantevotoproferidopeloDesembargadorUniasSilvadoTribunaldeAlçadadeMinasGerais,

noprocessodeApelaçãon.408.550-5,julgadoem1º-4-2004:“Noseiodafamíliadacontemporaneidadedesenvolveu-seumarelaçãoquese

encontradeslocadaparaaafetividade.Nasconcepçõesmaisrecentesdefamília,ospaisdefamília têmcertosdeveresqueindependemdo

seuarbítrio,porqueagoraquemosdeterminaéoEstado.Assim,a famílianãodevemaisserentendidacomoumarelaçãodepoder,oude

dominação, mas como uma relação afetiva, o que significa dar a devida atenção às necessidades manifestas pelos filhos em termos,

justamente,deafetoeproteção.Oslaçosdeafetoedesolidariedadederivamdaconvivênciaenãosomentedosangue.Noestágioemquese

encontram as relações familiares e o desenvolvimento científico, tende-se a encontrar a harmonização entre o direito de personalidade ao

conhecimentodaorigemgenética,atécomonecessidadedeconcretizaçãododireitoàsaúdeeprevençãodedoenças,eodireitoàrelaçãode

parentesco, fundado no princípio jurídico da afetividade. O princípio da afetividade especializa, no campo das relações familiares, o

macroprincípiodadignidadedapessoahumana(artigo1º, III,daConstituiçãoFederal),quepreside todasas relações jurídicasesubmeteo

ordenamentojurídiconacional”.

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181GAMA,GuilhermeCalmonNogueirada.Ocompanheirismo:umaespéciedefamília.DissertaçãodeMestradoemDireitodaCidade,

UERJ,FaculdadedeDireito,junhode1997,p.5.

182ALVIMPINTO,TeresaArruda.Ob.cit.,p.3.

183AgravodeInstrumento.GUARDADEMENOR.CASALHOMOAFETIVO.ALTERAÇÃODAGUARDACOMPARTILHADAA

FIM DE ATENDER O MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO. NECESSIDADE DE MAIOR

DILAÇÃOPROBATÓRIA.ALIMENTOSPROVISÓRIOSMANTIDOS.Aguardadeveatender,essencialmente,aointeressedomenor,

devendopermanecerostatusquoquandonãohámotivosparaalteração.Quantum alimentar fixadodemaneiraadequada,emrespeitoao

binômionecessidades-possibilidades.Situaçãoquerecomendaoarbitramentodealimentosprovisórioscommoderaçãoeematençãoaoque

constanosautos,atéque,comasprovasqueaindaserãoproduzidas,restemelhorvisualizadaarealsituaçãofinanceiradoalimentanteeas

necessidadesdoalimentando.Ademais,pertence aoalimentanteoônusdaprovaacercade sua impossibilidadedeprestaros alimentosno

valorfixado.Agravode instrumentodesprovido(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.AgravodeInstrumenton.70062288584.Sétima

CâmaraCível.Rel.JorgeLuísDall’Agnol.Julgadoem:17-12-2014).

184SCHIER,PauloRicardo.Filtragemconstitucional.PortoAlegre:Fabris,1999.

185Aregulamentaçãodevisitaseoprincípiodomelhorinteressedacriança,p.57.

186GuardadeMenor.Alimentos.DireitodeVisitaaFilho.ProvimentoParcial.GuardaCompartilhada.Cuidados.Menor,nascidoaos23-12-

98,nãomaisnecessitadoscuidadosespeciais,inerentesaosdepoucosmesesdevida.Visita.Imprescindível,nosprimeirosanosdevidado

filho,apresençadopai,pormeiodevisitasregulares,ensejando-lheestabilidadeedelineamentosatisfatóriodapersonalidade,nadajustificando

contato rápido que não possibilitamínimo de convivência.Agravo provido parcialmente (Tribunal de Justiça do Estado doRio de Janeiro.

AgravodeInstrumenton.2000.002.06792.Dataderegistro:10-10-2000,fls.45.787-45.796.ComarcadeOrigem:Niterói.16ªCâmaraCível.

Unânime.Rel.Des.ElyBarbosa.Julgadoem:8-8-2000).

187COSTA,TarcísioJoséMartins.EstatutodaCriançaedoAdolescentecomentado.BeloHorizonte:DelRey,2004,p.38.

188ApudFlávioGuimarãesLauria,citandoSigmundFreud,StandardEditionoftheCompleteWorks,ob.cit.,p.58.

189SAPUCAIA,MadalenaRamirez.Funçãopaternanaeradainseminaçãoartificial.MonografiapelaFaculdadedeDireitodaUERJ

(trabalhonãopublicado),cap.V.AAutoraressalta,ainda,quequandoacriançaéoúnicoobjetododesejodamãe,semintermediação,acaba

ocorrendoumarelaçãopatológica.

190Regulamentaçãodevisitas–AgravodeInstrumento–Diantedapossibilidadederesultarlesãoededifícilreparaçãoaosfilhosdocasal,

provisoriamenteseestabelecequeasvisitasvenhamserfeitasemfinsdesemanaalternadosatéaefetivaentregadaatividadejurisdicional,

ocasiãoemquedeverásolucionardeformadefinitivaodireitodevisitasnosfinaisdeano;fériasescolares;feriados;diasdospaisedasmães

e assim sucessivamente –Direito de visitas é sagrado – Interesse dosmenores deve prevalecer acimados interesses dos próprios pais –

Genitorestêmdireitosidênticosaseremresguardadospordispositivosconstitucionais–Recursoparcialmenteprovido(TribunaldeJustiçado

EstadodeSãoPaulo.AgravodeInstrumenton.130.245-4–Santos.7ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.JúlioVidal–17-11-00–v.u.).

Modificaçãodecláusulasdevisitas–Indeferimentodeoitivadetestemunhasporatrasodapatrona–Necessidadedebuscadaverdadereal–

Admissibilidade–Recursoprovido.Versandoaaçãosobreodireitodogenitoremvisitarseusfilhos,averdaderealdeveriatentarserobtida

portodososmeiospossíveis.Énecessárioseaferiroqueémelhorparaosmenores.E,paraisso,sedevedesdobraromagistrado(Tribunalde

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JustiçadoEstadodeSãoPaulo.AgravodeInstrumenton.26.049-4–SantoAndré.7ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.BeniniCabral–21-5-

97–v.u.).

Separação judicial – Decisão que, cautelarmente, condiciona o exercício do direito de visitas aos filhos à devolução de carro àmulher –

Inadmissibilidade – Desproporcionalidade dos direitos em confronto – Visitas que se realizam também em benefício dos menores –

Legitimidadedeordensaautoridadepoliciaisparaapreensãodoautomóvel–Agravoprovidoparcialmente(TribunaldeJustiçadoEstadode

SãoPaulo.AgravodeInstrumenton.100.117-4–Marília.10ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.MauricioVidigal–27-4-99–v.u.).

191 Flávio Guimarães Lauria defende a aplicação de multa (execução de obrigação de fazer) contra o guardião que dificulta a visita e

indenizaçãopordanosmoraiscontraogenitornãoguardiãoquandoomisso.Videobracitada“ARegulamentaçãodeVisitaseoPrincípiodo

MelhorInteressedaCriança”.

192INDENIZAÇÃODANOSMORAIS–RELAÇÃOPATERNO-FILIAL–PRINCÍPIODADIGNIDADEDAPESSOAHUMANA–

PRINCÍPIODAAFETIVIDADE.Adorsofridapelofilho,emvirtudedoabandonopaterno,queoprivoudodireitoàconvivência,aoamparo

afetivo,moralepsíquico,deveserindenizável,comfulcronoprincípiodadignidadedapessoahumana(TribunaldeAlçadadeMinasGerais.7ª

CâmaraCível.Processon.408.550-5.Rel.Des.UniasSilva.Datadoacórdão:1º-4-2004).

193Guardadefilho.Comportamentodaspartes.Casodeperdadaguardapelamãe,poiselausadeartifíciosilegítimose,dejeitonenhum,

permite que o pai, sequer veja o filho.Deramprovimento (12FLS.) (Tribunal de Justiça doRioGrande do Sul.Agravo de Instrumento n.

70000587964,Comarcadeorigem:PortoAlegre.OitavaCâmaraCível.Rel.Des.RuiPortanova.Julgadoem:15-6-2000).

194GRISARDFILHO,Waldyr.Guardacompartilhada.SãoPaulo:RevistadosTribunais,p.138.

195Uniãoestável–Dissolução–Guardadomenor–Naespécie,aguardacompartilhadaéaqueseapresentacomoasoluçãoquemelhor

atendeaointeressesuperiordomenor,aomenosenquantonãosejamseuspaistrazidosàcompreensãodoquerealmenteéointeressedeste,

garantindo-lheconvivência,formaçãoesobrevivênciasadiasedasquaisnãovenhamamanhãaseenvergonharou,oqueseriapior,acabem

por impedir-lheumdesenvolvimento adequado–Recursoparcialmenteprovidoneste aspecto (Tribunal de JustiçadeSãoPaulo.Apelação

Cível58115445.SãoCarlos–8ªCâmaradeDireitoPrivado.RelatorCaetanoLagrastaNeto–22-10-2008.Voton.:16824).

196GustavoTepedino,Adisciplinajurídicadafiliaçãonaperspectivacivil-constitucional,p.394.

197Medidacautelar.Posseeguarda.Separaçãojudicialconsensual.Filhomenorsobaguardadopai.Acordoentreex-cônjuges.Mudançade

domicíliodamãe.Interessedemenor.Recursoprovido.Açãocautelardeposseeguardadefilhosmenores.Casalseparadoconsensualmente,

ficandoosfilhosmenoresnaposseeguardadopai,peloprazode12meses,conformeacordo.Mudançadedomicíliodamãe,dacidadede

Niterói,ondesempreviverameestudamosfilhos,paraacidadedeCuritiba,noParaná.Relatóriossociaisepsicológicosfavoráveisaogenitor

dosmenores,quemanifestaramodesejodenãoiremparaCuritiba,distante13horasdeviagemdeônibus,dacidadedeNiterói.Interesseem

consideraramanifestaçãodevontadedosmenores,atéojulgamentodacausa.Provimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoEstadodoRio

deJaneiro.Ementário:13/2002,n.15,9-5-2002.AgravodeInstrumenton.2001.002.01994.Dataderegistro:10-4-2002,fls.20.121-20.125.

ComarcadeOrigem:Niterói.6ªCâmaraCível.Unânime.Rel.Des.MariannaPereiraNunes.Julgadoem:18-12-2001).

Pátriopoder.Suspensãodopátriopoder.Guardademenor.Posseeguardadeneto.Medidacautelar inominada.Açãocautelar inonimada.

Suspensãodopátriopodereguardademenor.Procedência.Odescumprimentoinjustificadodosdevereseobrigaçõesaquealudeoart.22do

EstatutodaCriançaedoAdolescente,podejustificaradecretaçãojudicialdasuspensãodopátriopoder.Emsetratandodeadolescente,que

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jáapresentaumaltograudediscernimento,seupronunciamentoperanteomagistradonosentidodepretendercontinuarsobaguardadoseu

avô,épeçaimportantenodeslindedaquestão,porquevemaoencontrodarecomendaçãofeitanosváriosestudossociaiscontidosnosautos

sobre a conveniência da suspensão do pátrio poder.Recurso a que se nega provimento (Tribunal de Justiça doEstado doRio de Janeiro.

Ementário: 4/1998, n. 25, 26-2-1998. Processo Conselho da Magistratura n. 1997.029.00418. Data de registro: 10-11-1997. Comarca de

Origem:Niterói.ConselhodaMagistratura.Unânime.Des.AfrânioSayão.Julgadoem:1º-10-1997).

Guardademenor.Tutelaantecipada.Filhomenorsobaguardadopai.AgravodeInstrumento.Recursodesprovido.Guardademenor.Litígio

entreospais.OitivadafilhadocasalemsegredodeJustiça,semreduçãododepoimentoatermo.Cabimento,parapreservaçãodasrelações

paisefilhos.Adiantamentodetutela.Conveniência,anteadramáticasituaçãoquerepresentaaconvivênciadacriançacomagenitoraviciada

emdrogas(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.Rev.DireitodoTJERJ,v.31,p.176.AgravodeInstrumenton.1996.002.01383.

Dataderegistro:22-10-1996,fls.8.783-8.786.7ªCâmaraCível.Unânime.Des.AureaPimentelPereira.Julgadoem:27-8-1996).

Posse e guarda. Filho menor. Transferência. Maus-tratos. Disputa entre genitores. Escolha pelo menor. Posse e guarda de filha menor.

Criançaqueanteriormenteviviaemcompanhiadesuagenitora,quecomprovadamenteaespancavaeexpunhaacontactocomoamanteque

não a respeitava.Relatório social concordante comos reais anseiosdameninaque claramenteprefere a companhiapaterna.Sentençade

primeirograumantido.NomesmosentidoedomesmoRelatoraApelaçãoCíveln.7.625/95,julgadaeregistradanamesmadata(Tribunalde

JustiçadoEstadodoRiode Janeiro.ApelaçãoCíveln. 1995.001.07624.Datade registro:20-5-1996, fls. 19.191-19.196.7ª CâmaraCível.

Unânime.Des.AureaPimentelPereira.Julgadoem:19-3-1996).

198Artigo publicado na internet, site www.neofito.com.br: Da possibilidade de indenização entre cônjuges por dano à honra, por Patricia

PimenteldeOliveira.

199Paternidadeativanaseparaçãoconjugal.SãoPaulo:JuarezdeOliveira,1999,p.4.

200SILVA,EvaniZambonMarquesda.Ob.cit.,p.5.

201SCHIER,PauloRicardo.Filtragemconstitucional.PortoAlegre:Fabris,1999,p.25.

202CódigoCivilde2002:

Art.1.566.Sãodeveresdeambososcônjuges:

(...)

V–respeitoeconsideraçãomútuos.

203CódigoCivilde2002,art.1.724.

204ConstituiçãoFederal,art.229.EstatutodaCriançaedoAdolescente,arts.15a18.EstatutodoIdoso,art.10.

205GustavoTepedinoemAtuteladapersonalidadenoordenamentocivil-constitucionalbrasileiro,inTemasdedireitocivil.RiodeJaneiro:

Renovar,1999,p.23.

206GUARDADEFILHO.Comportamentodaspartes.Casodeperdadaguardapelamãe,pois elausadeartifícios ilegítimose,de jeito

nenhum, permite que o pai, sequer veja o filho. Deram provimento. (12FLS.) (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de

Instrumenton.70000587964,Comarcadeorigem:PortoAlegre.OitavaCâmaraCível.Rel.Des.RuiPortanova.Julgadoem:15-6-2000).

207SILVA,MarcosAlvesda.Dopátriopoderàautoridadeparental.RiodeJaneiro:Renovar,2002,p.113.

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208Guardaconjunta:conceitos,preconceitosepráticanoconsensoenolitígio,inAfeto,ética,famíliaeonovoCódigoCivil(coordenador:

RodrigodaCunhaPereira).BeloHorizonte:DelRey,2004,p.361-363.

209PEREIRA,TâniadaSilva.Omelhorinteressedacriança, inOmelhor interessedacriança:umdebate interdisciplinar (coordenação:

TâniadaSilvaPereira).RiodeJaneiro:Renovar,1999,p.1.

210 LIBERATI, Wilson Donizeti. Princípio do best interest of the child na justiça juvenil dos Estados Unidos: uma breve análise entre

sistemasjudiciaisjuvenis,inOmelhorinteressedacriança:umdebateinterdisciplinar(coordenaçãoTâniadaSilvaPereira).RiodeJaneiro:

Renovar,1999,p.411.

211PEREIRA,TâniadaSilva.Ob.cit.,p.2-3.

212GRIFFITH,DanielB. TheBest Interests Standard: a comparison of the state’s parens patriae authority and judicial oversight in best

interestsdeterminationsforchildrenandincompetentpatients,inIssuesinLawandMedicine–apudTâniadaSilvaPereira,ob.cit.,p.3.

213VerTâniadaSilvaPereira,ob.cit.,p.3.

214 Recurso Especial. GUARDA DE FILHO. PRECEDENTE DA CORTE. 1. Na linha de precedente da Corte, o art. 10 da Lei n.

6.515/1977,comportatemperamentoconsiderandoointeressedosfilhos,osquais,menores,salvocomprovadainconveniência,apuradapelas

instâncias ordinárias, diante de circunstâncias concretas, merecem o aconchego da guarda materna. 2. Recurso Especial não conhecido

(Superior Tribunal de Justiça. REsp 64254/RO; Recurso Especial (1995/0019569-0). Terceira Turma. Rel. Min. Carlos Alberto Menezes

Direito.Datadadecisão:25-2-1997.Unânime.DJ9-6-1997p.25533).

215 SEPARAÇÃO JUDICIAL. GUARDA DO FILHO. MULHER CULPADA. ART. 10 DA LEI 6.515/77. A mulher culpada pela

separaçãodocasalpodeficarcomaguardadofilhomenor,seassimfor julgadomaisconvenienteaos interessesdacriança,queéovalor

fundamentalapreservar(art.13)(SuperiorTribunaldeJustiça.REsp9389/SP;RecursoEspecial(1991/0005481-0).QuartaTurma.Min.Ruy

RosadodeAguiar.Datadadecisão:23-8-1994.Unânime.DJ10-10-1994,p.27174).

SEPARAÇÃOJUDICIALLITIGIOSA–GUARDADOFILHO–CONCESSÃOÀMÃE,EMBORACULPADAPELASEPARAÇÃO–

ADMISSIBILIDADE–SOLUÇÃOQUEMELHORATENDEAOSINTERESSESEÀSNECESSIDADESDACRIANÇA.Emboraa

esposatenhasidoaculpadapelaseparaçãodocasal,nadaobstaqueaelasejadeferidaaguardadofilho,seestaforamelhorsoluçãopara

atenderaointeresseeàsnecessidadesdomenor.Recursoaquesenegaprovimento(TribunaldeJustiçadeMinasGerais.ApelaçãoCíveln.

000.257.532-2/00–ComarcadeBeloHorizonte.Rel.Exmo.Sr.Des.KildareCarvalho.Acórdão(SegredodeJustiça).

216EstatutodaCriançaedoAdolescentecomentado.Coordenadores:MunirCury,AntônioFernandodoAmaral eSilva,EmílioGarcia

Mendez.SãoPaulo:Malheiros,p.11.

217LAURIA,FlávioGuimarães.Aregulamentaçãodevisitaseoprincípiodomelhorinteressedacriança.RiodeJaneiro:LumenJuris,

2002,p.35.

218DIVÓRCIO.FILHOMENOR.POSSEEGUARDA.DISPUTAENTREGENITORES.INTERESSEDEMENOR.DireitodeFamília.

Posseeguardadefilhos,aindasobopátriopoder,depaisdivorciadoseressentidos.Subsistênciado interessedosmenores,precipuamente

quando estes, dotadosde discernimento,manifestam suas vontades.Nãohá regra absoluta para tais conflitos, e dentro deumuniverso de

circunstâncias há de ser confiado ao prudente arbítrio do Julgador, sopesando a realidade palpitante da vida em seus imprevistos

desdobramentos,demodoquecadahipóteseéumcasodistinto,segundosuaspeculiaridades.Aindarecentemente,emjulgadomemorávelna

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liderançadoMin.MarcoAurélio,proclamouaSupremaCorteque“aspaixõescondenáveisdosgenitores,decorrentesdotérminolitigiosoda

sociedadeconjugal,nãopodemenvolverosfilhosmenores,comprejuízodosvaloresquelhessãoasseguradosconstitucionalmente.Emidade

viabilizadora de razoável compreensão dos conturbados caminhos da vida, assiste-lhes o direito de serem ouvidos e de terem as opiniões

consideradasquantoàpermanêncianestaounaquela localidade,nesteounaquelemeio familiar, e,porconsequência,depermaneceremna

companhia deste ou daquele ascendente...” (RTJ 144/233).Apelo desprovido (Tribunal de Justiça doEstado doRio de Janeiro.Apelação

Cível.NúmerodoProcesso:1994.001.04629.Dataderegistro:30-8-1995.Folhas:20944/20948.ComarcadeOrigem:Capital.ÓrgãoJulgador:

PrimeiraCâmaraCível.Votação:Unânime.Rel.Des.EllisHermydioFigueira.Julgadoem:20-6-1995).

DISSOLUÇÃODEUNIÃOESTÁVEL.DISPUTAPELAGUARDADOSDOISFILHOSDOEX-CASAL.PROVAS.Paraproceder-se

aalteraçãodaguardaqueéexercidafaticamentepelamãe,hánecessidadedeprovaseguradequeopaitemmelhorescondiçõesdoqueela,

queé acusadadecondutadesonrosaquepodecolocar em riscoa integridadee formaçãomoraldos filhos. Improvadasas alegaçõese se

ambosospaisseapresentamcomopessoasigualmenteidôneaseaptasparaassumiraguardaeresponsabilidadesobreseusfilhosmenores,

preferívelmanter-seasituaçãojáconsolidadahádoisanos,desdearupturadaentidadefamiliar,emqueosfilhosseguiramsoboscuidados

maternos,semquenadaemseuprejuízotenhasidoapuradoemdecorrênciadisso.Apeloprovido(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.

ApelaçãoCíveln.70003803236.SegundaCâmaraEspecialCível.Rel.Des.NeyWiedemannNeto.Julgadoem:26-3-2002).

GUARDA DE MENOR. TRANSFERÊNCIA DA GUARDA DE FILHO MENOR DO PAI PARA A MÃE. RESIDÊNCIA NO

EXTERIOR.INTERESSEDEMENOR.Guardademenorimpúbere.Tantoquantoopai,possuiamãeatitularidadedopátrio-podere,assim,

éelapartelegítimaparapleitearaalteraçãodacláusulaque,emseparaçãoconsensual,seavençou.SeopaideixouoBrasilpararesidirnos

EstadosUnidos,entregandoafilhaaoscuidadosdasogra,atendeaosinteressesdamenor,quenocasodevemprevalecer,ainversãododireito

deguarda,dogenitorparaagenitora,constatando-se,diantedaprovaproduzida,suaperfeitaintegraçãonocírculofamiliar.Relacionamento

adequadodamenorcomosparentesdopaiedamãe.Desprovimentodaapelação.Confirmaçãodasentençaquejulgouprocedenteopedido,

formulado pela mãe, de inversão da guarda, a ela se deferindo esse “munus” (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Partes:

SEGREDO DE JUSTIÇA. Tipo da Ação: Apelação Cível Número do Processo: 1997.001.07144. Data de registro: 13-2-1998. Folhas:

2644/2647.ÓrgãoJulgador:QuintaCâmaraCível.Votação:Unânime.Des.HumbertodeMendonçaManes.Julgadoem:16-12-1997).

BUSCA E APREENSÃO DE MENOR. GUARDA PROVISÓRIA DE MENOR. DEFERIMENTO À AVÓ. GENITORA DOENÇA

MENTAL INTERESSE DE MENOR. PREVALÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. Agravo de instrumento contra decisão que

determinouabuscaeapreensãodemenor,comquase3anosdeidade,paraserentregueàguardaprovisóriadaavómaterna.Paidomenor

omisso, tendo pouquíssimo contato com o filho, emãe portadora de doençamental, controlada como uso demedicação adequada e com

acompanhamento psicoterapêutico continuado – Prevalência no caso, dos interesses do menor, em detrimento de quaisquer outros –

Desprovimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.AgravodeInstrumento.NúmerodoProcesso:2001.002.03290.

Dataderegistro:18-4-2002.ÓrgãoJulgador:SextaCâmaraCível.Rel.Des.MariannaPereiraNunes.Julgadoem:18-12-2001).

MEDIDA CAUTELAR INOMINADA. GUARDA DE MENOR. ALTERAÇÃO DE POSSE E GUARDA DE FILHOS.

DEFERIMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO NÃO PROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. Medida Cautelar

Inominada para modificar a guarda do menor. Medida concedida no sentido de inverter a guarda em favor do genitor diante do lastro

probatório juntado aos autos. Reunião das melhores condições em benefício do menor por parte do pai. Recurso não provido. Decisão

confirmada(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.AgravodeInstrumento.NúmerodoProcesso:2001.002.02646.Dataderegistro:

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21-11-2001.ÓrgãoJulgador:OitavaCâmaraCível.Rel.Des.CarpenaAmorim.Julgadoem:25-9-2001).

PEDIDODEGUARDAFORMULADOPELAGENITORA– INTERESSEDOSMENORES–SENTENÇADE IMPROCEDÊNCIA

CONFIRMADA.Merececonfirmaçãoasentençaquemanteveosfilhosemcompanhiadopai,aquemfoideferidaaguarda,porterlevado

em conta a opinião dos filhos e por não ter a mãe provado reunir as condições necessárias para assegurar-lhes bem-estar e educação

(Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Processo n. 241983-6/00 (1). Rel. Des. Aluízio Quintão. Data do acórdão: 21-3-2002. Data da

publicação:23-4-2002).

219GAMA,GuilhermeCalmonNogueirada.Filiaçãoereproduçãoassistida,inProblemasdedireitocivilconstitucional(coordenadopelo

prof.GustavoTepedino).RiodeJaneiro:Renovar,2000,p.515.

220BRITO,LeilaMariaTorracade.Impassesnacondiçãodaguardaedavisitação–opalcodadiscórdia,inFamíliaecidadania–onovo

CCBeavacatiolegis,coordenaçãodeRodrigodaCunhaPereira.BeloHorizonte:IBDFAM/DelRey,2002,p.433-447.

221 APELAÇÃO CÍVEL. INTEMPESTIVIDADE. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR. REJEIÇÃO. AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE

GUARDA,DECOMPARTILHADAPARAUNILATERAL. IMPROCEDÊNCIA.MANUTENÇÃO.REVOGAÇÃODOBENEFÍCIO

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA CONCEDIDA AO DEMANDADO NA SENTENÇA. INVIABILIDADE. 1. A insurgência foi

interposta dentro do prazo legal, incidindo na hipótese aOrdem de Serviço n. 03/2014 da Presidência do TJRS, que prorrogou para o dia

seguinteosprazosquesevenceramemdiasde jogosdaCopadoMundo.Preliminardenãoconhecimento rejeitada.2.Aavaliaçãosocial

realizadanainstruçãorevelaqueoarranjoatual,decompartilhamentodaguarda,estabelecidohámaisdequatroanos,estásendobenéficoà

infante,quetemsuarotinapreservadaeconviveadequadamentecomosgenitores,nãosejustificandoapretendidaalteraçãodaguardapara

unilateral,emfavordagenitora.3.Ogenitordemonstrou fazer jusaobenefíciodaassistência judiciáriagratuita,postuladoemcontestação,

sendo improcedente o pedido de revogação da concessão efetivada na sentença. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO

DESPROVIDA(ApelaçãoCíveln.70061830410.OitavaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.RicardoMoreiraLinsPastl.Julgado

em:11-12-2014).

222Ob.cit.,p.446.

223Idem,ibidem.

224CIVILE PROCESSUALCIVIL.RecursoEspecial. (...) 1.A guarda compartilhada busca a plena proteção domelhor interesse dos

filhos,pois reflete,commuitomaisacuidade,a realidadedaorganizaçãosocialatualquecaminhaparao fimdas rígidasdivisõesdepapéis

sociaisdefinidaspelogênerodospais.2.AguardacompartilhadaéoidealaserbuscadonoexercíciodoPoderFamiliarentrepaisseparados,

mesmoquedemandemdelesreestruturações,concessõeseadequaçõesdiversas,paraqueseusfilhospossamusufruir,durantesuaformação,

doidealpsicológicodeduploreferencial.3.Apesardeaseparaçãooudodivórciousualmentecoincidiremcomoápicedodistanciamentodo

antigo casal e com amaior evidenciação das diferenças existentes, omelhor interesse domenor, ainda assim, dita a aplicação da guarda

compartilhada como regra, mesmo na hipótese de ausência de consenso. 4. A inviabilidade da guarda compartilhada, por ausência de

consenso,fariaprevaleceroexercíciodeumapotestadeinexistenteporumdospais.Ediz-seinexistente,porquecontráriaaoescopodoPoder

Familiar que existe para a proteção da prole. 5.A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o período de convivência da

criançasobguardacompartilhada,quandonãohouverconsenso,émedidaextrema,porémnecessáriaàimplementaçãodessanovavisão,para

quenãosefaçadotextolegal, letramorta.6.Aguardacompartilhadadeveser tidacomoregra,eacustódiafísicaconjunta–sempreque

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possível – como sua efetiva expressão. 7. Recurso especial provido (Superior Tribunal de Justiça. Processo: REsp 1428596/RS. Recurso

Especial. 2013/0376172-9.Rel.Min.NancyAndrighi.Órgão JulgadorTerceiraTurma.Data do julgamento: 3-6-2014.Data da publicação:

DJe25-6-2014).

AGRAVODEINSTRUMENTO–DIREITODEFAMÍLIA–MODIFICAÇÃODAGUARDADEMENOR–MELHORINTERESSE

DA CRIANÇA – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – DEFERIMENTO PARCIAL – GUARDA COMPARTILHADA – Na guarda

compartilhadapaiemãeparticipamefetivamentedaeducaçãoeformaçãodeseusfilhos–Considerandoquenocasoemapreço,ambosos

genitoressãoaptosareceberaguardadofilho,equeadivisãodedecisõesetarefasentreelespossibilitaráummelhoraportedeestrutura

paraacriaçãodacriança,aopossibilitaracompanhamentoescolarmais intensoeotratamentodesaúdenecessário, impõe-secomomelhor

soluçãonãoodeferimentodeguardaunilateral,masdaguardacompartilhada(TribunaldeJustiçadeMinasGerais.AgravodeInstrumento

CVn.1.0702.14.001707-1/001.Rel.Des.DárcioLopardiMendes.Datadejulgamento:28-8-2014.Datadapublicação:3-9-2014).

225LAURIA,FlávioGuimarães,ob.cit.,p.37.

226CONSTITUCIONAL.SENTENÇADEDIVÓRCIONOEXTERIORQUEDEFEREGUARDACOMPARTILHADA.POSTERIOR

ALTERAÇÃO QUE DEFERE GUARDA EXCLUSIVAMENTE AO REQUERENTE, DECISÃO ESTA QUE PRETENDE

HOMOLOGAR.PROCESSOCOMPEDIDOIDÊNTICO–ANTERIOR–QUECONCEDEUAGUARDADOMENORNAVARA

DEFAMÍLIAEINFÂNCIAEJUVENTUDENACOMARCADEPETRÓPOLIS/RJPARAAREQUERIDA.AUSÊNCIADEPROVA

DA CITAÇÃO VÁLIDA DA MESMA NA AÇÃO PROPOSTA PELO REQUERENTE NO JUÍZO ESTRANGEIRO.

IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA, SOB PENA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA

SOBERANIANACIONAL. PRECEDENTES.HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA (Supremo Tribunal Federal. SEC 7218/EU – Estados

UnidosdaAmérica.Rel.Min.NelsonJobim.Julgamento:24-9-2003.ÓrgãoJulgador:TribunalPleno.DJ6-2-2004.Ementvol–02138-04pp

00838.RTJvol.00191-03pp00879).

227CAHALI,YussefSaid.Dosalimentos.3.ed.SãoPaulo:Saraiva,1999,p.16.

228Pensãoalimentícia.Obrigaçãodeprestaralimentoséconjuntadospaisquandoexercematividadesremuneradasedevesersuportadapor

cadaumnaproporçãodesuaspossibilidades,atendidasasnecessidadesdosfilhosmenores.Nãoincidênciasobreasparcelasqueconstituem

verbasdecaráternãosalarial,denaturezaindenizatória,compensatória.Ascontribuiçõesprevidenciárias(PREVI)eassistencial(CASSI)não

devem integrarocálculodapensãoalimentíciapor se trataremdedescontospagospeloalimentante,quebeneficiaosalimentados.Parcial

provimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.1998.001.10122.Dataderegistro:23-3-1999,fls.

18.516-18518.ComarcadeOrigem:Niterói.14ªCâmaraCível.Unânime.Des.RudiLoewenkron.Julgadoem:25-11-1998).

Alimentos.Obrigaçãodecorrentedeparentesco.Valordopensionamento.Igualdadedecontribuiçãodospais.Nãoconhecimentodorecurso

adesivo e parcial provimentodo apelopara reduzir a pensão.Deixandoo recurso adesivodevir acompanhadododevidopreparo, dá-se a

deserção a impedir o seu conhecimento. Como cabe aos pais amanutenção das necessidades do seu filho, na fixação da pensãomensal

devem ser consideradas as possibilidades de ambos, de modo que, mostrando-se excessiva a estabelecida pelo juiz do primeiro grau de

jurisdiçãosuareduçãoseimpõe(TribunaldeJustiçadoEstadodoRiodeJaneiro.ApelaçãoCíveln.2000.001.10808.Dataderegistro:15-12-

2000.5ªCâmaraCível.Des.JoséAffonsoRondeau.Julgadoem:14-11-2000).

229Alimentos.Modificaçãodecláusula.Percentualnãoestipuladonoacordo.Necessidadedefixaçãodosvaloresdevidospelogenitor.Os

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alimentossãoaformapelaqualsegaranteasubsistênciadaquelequeseencontreimpossibilitadodefazê-loporvontadeprópria.Aobrigação

alimentar dos pais resulta de uma contrapartida do poder familiar e não se alteramesmo diante da precariedade da condição econômico-

financeira daqueles. Estes, ainda que possuam parcos recursos, não se isentam da responsabilidade de prestar alimentos, devendo ambos,

como no caso, arcar namedida de suas possibilidades para a mantença da prole. Todavia, é imperioso dizer que a obrigação de prestar

alimentoséproporcionalàsnecessidadesdoalimentandoeàcapacidadeeconômicadequemospresta.OCódigoCivil,conformeoart.1.699,

permite a redução, amajoração ou, atémesmo, a exoneração dos alimentos fixados, desde que ocorramudança significativa na situação

econômica de quem os supre ou de quem os recebe. Para tanto, porém, é necessária a produção de prova irrefutável e convincente da

alteração patrimonial de uma ou de ambas as partes. Na hipótese vertente, a modificação da cláusula alimentar se fazia imperiosa,

considerandoquenoacordocelebradopelosgenitoresda recorridanão semencionaramvalores, tendo sidoconsignadoapenasqueambos

arcariamcomamanutençãodafilha,cujaguardaseriacompartilhada.Defato,conformesalientadopelamagistradasentenciante,aincerteza

quantoaovalordosalimentosacarretagrandedificuldadeparaaorganizaçãoadministrativo-financeiradaapelada,mostrando-seimperiosaa

fixaçãodeumaquantiacapazdaatendersuasnecessidades,respeitando-seascondiçõesfinanceirasdorecorrente.Assim,corretaasentença

aofixaraprestaçãoalimentíciaemvalorequivalentecincosaláriosmínimosmensais,poisbemrespeitouasnecessidadesprópriasdaidadeem

queseencontraaapelada,taiscomogastoscomestudoesaúde,observandotambémaobrigaçãodagenitora,conformeoacordohomologado

porocasiãodaseparação.Recursoaquesenegaseguimento(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0029772-75.2011.8.19.0209–Apelação.

Des.MarioAssisGoncalves.Julgamento:11-8-2014.TerceiraCâmaraCível).

230APELAÇÃOCÍVEL.GUARDACOMPARTILHADA.POSSIBILIDADE.ALIMENTOS.OFERTA.TRINÔMIONECESSIDADE,

POSSIBILIDADE E PROPORCIONALIDADE. PAGAMENTO IN PECUNIA. REDEFINIÇÃO DO QUANTUM. RECURSO

PARCIALMENTEPROVIDO.I.Sobrevindoadissoluçãodovínculoconjugal,deve-seregulamentaraguardadosfilhos,sempreobservando

omelhorinteressedosmenores.II.Aguardadeve,semprequepossível,sercompartilhada,poisospais,conquantoseparadosevivendoem

lares diferentes, continuam sendo responsáveis pela criação, educação e manutenção dos filhos (Lei n. 11.698, de 2008). III. Deve-se

preservar a situação familiar já concretizada quando não hámotivos relevantes para determinar a guarda exclusivamente à genitora; IV.

Conquantoaguardasejacompartilhada,osalimentosdevemserfixadosobservando-seosmesmosprincípioseregrasdodeverdesustento

dos pais aos filhos. V. A fixação dos alimentos deve atender ao trinômio necessidade/possibilidade/proporcionalidade. VI. Como o pai já

contribuicomosalimentosinnatura,poisosfilhoscomeleresidem,porquanto,énessamoradaondesealimentam,tomambanho,descansam

edormem, é prudente que os alimentos inpecunia sejam, de fato, devidos pela genitora em valor a ser depositado diretamente na conta

corrente do pai. VII. Sopesando a ausência de provas dos eventuais proventos da Alimentante e o dever de ambos os pais de prestar

alimentosàprole,aliadosao fatodequeogenitordispõedecondiçãoeconômicamais favorecidaqueamãedosmenores,adefiniçãodos

alimentosem20%(vinteporcento)dosaláriomínimovigenteatende,porora,aotrinômiopossibilidade/necessidade/proporcionalidade.VIII.

Asdecisõessobrealimentosnãoestãosujeitasàcoisajulgadamaterial,podendoserredefinidassemprequehouveralteraçãonascondições

do obrigado a prestá-los, ou nas necessidades dos alimentados (Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Processo: 1.0024.11.200079-9/001.

Apelaçãocível.Rel.Des.WashingtonFerreira.Datadejulgamento:20-8-2013.Datadapublicação:23-8-2013).

231APELAÇÕESCÍVEIS–AÇÃODEALIMENTOS–VALORARBITRADOMODIFICADO–GUARDACOMPARTILHADA–

PRIMEIRO RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO E SEGUNDO DESPROVIDO. – O valor dos alimentos deve ser modificado,

considerandoqueacriançaficadoisdiasdasemanacomopai,conformerestoudemonstrado.–Dessaforma,deveserminoradoovalorda

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obrigaçãoalimentíciaarbitrada,sendoprovidoemparteoprimeirorecursoedesprovidoosegundo–V.v.EMENTA:APELAÇÕESCÍVEIS.

AÇÃO DE ALIMENTOS. VALOR ARBITRADO. NECESSIDADE DO CREDOR E CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO

DEVEDOR. DESEQUILÍBRIO NÃO CONFIGURADO. RECURSOS NÃO PROVIDOS. 1. O valor dos alimentos é arbitrado na

proporçãodanecessidadedocredoredapossibilidadedodevedor.2.Atendidoobinômio,confirma-seoarbitramento.3.Apelaçõescíveis

conhecidasenãoprovidas,mantidaasentençaqueacolheuemparteapretensãoinicial.(DesembargadorCaetanoLeviLopes)(Tribunalde

Justiça de Minas Gerais. Processo: 1.0024.11.193231-5/003. Rel. Des.Caetano Levi Lopes. Data do julgamento: 12-11-2013. Data da

publicação:26-11-2013).

232 AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO DE CONVERSÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM DIVÓRCIO

CONSENSUALMENTE AJUIZADA. DETERMINAÇÃO DE REVISÃO DA CLÁUSULA QUE TRATA DA FIXAÇÃO DE

ALIMENTOS ÀS FILHAS OU DAQUELA QUE TRATA DO ESTABELECIMENTO DA GUARDA COMPARTILHADA.

DESNECESSIDADE. AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE. Inexiste incompatibilidade entre o estabelecimento da guarda

compartilhadaeaestipulaçãodealimentosaseremalcançadosporumdosgenitores,sendodesnecessáriaarevisãodecláusulasdoacordo

entabuladorespeitantesaessasquestões,objetivandoaspartesahomologação.AgravodeInstrumentoProvido(TribunaldeJustiçadoRio

GrandedoSul.AgravodeInstrumenton.70061238838.OitavaCâmaraCível.Rel.RicardoMoreiraLinsPastl.Julgadoem:20-11-2014).

233APELAÇÕESCÍVEIS–AÇÃODEALIMENTOS–VALORARBITRADOMODIFICADO–GUARDACOMPARTILHADA–

PRIMEIRO RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO E SEGUNDO DESPROVIDO. – O valor dos alimentos deve ser modificado,

considerandoqueacriançaficadoisdiasdasemanacomopai,conformerestoudemonstrado.–Dessaforma,deveserminoradoovalorda

obrigaçãoalimentíciaarbitrada,sendoprovidoemparteoprimeirorecursoedesprovidoosegundo–V.v.EMENTA:APELAÇÕESCÍVEIS.

AÇÃO DE ALIMENTOS. VALOR ARBITRADO. NECESSIDADE DO CREDOR E CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO

DEVEDOR. DESEQUILÍBRIO NÃO CONFIGURADO. RECURSOS NÃO PROVIDOS. 1. O valor dos alimentos é arbitrado na

proporçãodanecessidadedocredoredapossibilidadedodevedor.2.Atendidoobinômio,confirma-seoarbitramento.3.Apelaçõescíveis

conhecidas e não providas,mantida a sentença que acolheu emparte a pretensão inicial. (Tribunal de Justiça deMinasGerais. Processo:

1.0024.11.193231-5/003.Rel.Des.CaetanoLeviLopes.Datadojulgamento:12-11-2013.Datadapublicação:26-11-2013).

234DIAS,MariaBerenice.Quempariuqueembale!Disponívelem:<www.mariaberenice.com.br>.Acessoem:28dez.2014.

235Alimentos.Modificaçãodecláusula.Percentualnãoestipuladonoacordo.Necessidadedefixaçãodosvaloresdevidospelogenitor.Os

alimentossãoaformapelaqualsegaranteasubsistênciadaquelequeseencontreimpossibilitadodefazê-loporvontadeprópria.Aobrigação

alimentar dos pais resulta de uma contrapartida do poder familiar e não se alteramesmo diante da precariedade da condição econômico-

financeira daqueles. Estes, ainda que possuam parcos recursos, não se isentam da responsabilidade de prestar alimentos, devendo ambos,

como no caso, arcar namedida de suas possibilidades para a mantença da prole. Todavia, é imperioso dizer que a obrigação de prestar

alimentoséproporcionalmenteàsnecessidadesdoalimentandoeàcapacidadeeconômicadequemospresta.OCódigoCivil,conformeoart.

1.699,permitearedução,amajoraçãoou,atémesmo,aexoneraçãodosalimentosfixados,desdequeocorramudançasignificativanasituação

econômica de quem os supre ou de quem os recebe. Para tanto, porém, é necessária a produção de prova irrefutável e convincente da

alteração patrimonial de uma ou de ambas as partes. Na hipótese vertente, a modificação da cláusula alimentar se fazia imperiosa,

considerandoquenoacordocelebradopelosgenitoresda recorridanão semencionaramvalores, tendo sidoconsignadoapenasqueambos

arcariamcomamanutençãodafilha,cujaguardaseriacompartilhada.Defato,conformesalientadopelamagistradasentenciante,aincerteza

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quantoaovalordosalimentosacarretagrandedificuldadeparaaorganizaçãoadministrativo-financeiradaapelada,mostrando-seimperiosaa

fixaçãodeumaquantiacapazdaatendersuasnecessidades,respeitando-seascondiçõesfinanceirasdorecorrente.Assim,corretaasentença

aofixaraprestaçãoalimentíciaemvalorequivalentecincosaláriosmínimosmensais,poisbemrespeitouasnecessidadesprópriasdaidadeem

queseencontraaapelada,taiscomogastoscomestudoesaúde,observandotambémaobrigaçãodagenitora,conformeoacordohomologado

porocasiãodaseparação.Recursoaquesenegaseguimento(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0029772-75.2011.8.19.0209–Apelação.

Des.MarioAssisGonçalves.Julgamento:11-8-2014.TerceiraCâmaraCível).

236Alimentos.Modificaçãodecláusula.Percentualnãoestipuladonoacordo.Necessidadedefixaçãodosvaloresdevidospelogenitor.Os

alimentossãoaformapelaqualsegaranteasubsistênciadaquelequeseencontreimpossibilitadodefazê-loporvontadeprópria.Aobrigação

alimentar dos pais resulta de uma contrapartida do poder familiar e não se alteramesmo diante da precariedade da condição econômico-

financeira daqueles. Estes, ainda que possuam parcos recursos, não se isentam da responsabilidade de prestar alimentos, devendo ambos,

como no caso, arcar namedida de suas possibilidades para a mantença da prole. Todavia, é imperioso dizer que a obrigação de prestar

alimentoséproporcionalàsnecessidadesdoalimentandoeàcapacidadeeconômicadequemospresta.OCódigoCivil,conformeoart.1.699,

permite a redução, amajoração ou, atémesmo, a exoneração dos alimentos fixados, desde que ocorramudança significativa na situação

econômica de quem os supre ou de quem os recebe. Para tanto, porém, é necessária a produção de prova irrefutável e convincente da

alteração patrimonial de uma ou de ambas as partes. Na hipótese vertente, a modificação da cláusula alimentar se fazia imperiosa,

considerandoquenoacordocelebradopelosgenitoresda recorridanão semencionaramvalores, tendo sidoconsignadoapenasqueambos

arcariamcomamanutençãodafilha,cujaguardaseriacompartilhada.Defato,conformesalientadopelamagistradasentenciante,aincerteza

quantoaovalordosalimentosacarretagrandedificuldadeparaaorganizaçãoadministrativo-financeiradaapelada,mostrando-seimperiosaa

fixaçãodeumaquantiacapazdeatendersuasnecessidades,respeitando-seascondiçõesfinanceirasdorecorrente.Assim,corretaasentença

aofixaraprestaçãoalimentíciaemvalorequivalenteacincosaláriosmínimosmensais,poisbemrespeitouasnecessidadesprópriasdaidade

em que se encontra a apelada, tais como gastos com estudo e saúde, observando também a obrigação da genitora, conforme o acordo

homologadoporocasiãodaseparação.Recursoaquesenegaseguimento(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0029772-75.2011.8.19.0209

–Apelação.Des.MarioAssisGonçalves.Julgamento:11-8-2014.TerceiraCâmaraCível).

237 CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS EM 20% DOS RENDIMENTOS LÍQUIDOS DO

AUTOR EM FAVOR DE SEU FILHO. PRETENSÃO DO AGRAVANTE DE COMPENSAÇÃO EM RAZÃO DE GUARDA

COMPARTILHADA.NÃOACOLHIMENTO.DECISÃOAGRAVADAQUENÃOSEMOSTRATERATOLÓGICA,CONTRÁRIAÀ

LEIOUÀPROVADOSAUTOS.APLICAÇÃODASÚMULA58DESTETRIBUNAL.Aobrigaçãodospaisemprestaralimentosaos

filhosécorolárioindispensávelaoexercíciodopoderfamiliar.Incumbe-lhes,assim,dirigir-lhesacriaçãoeaeducação(art.1.634,I,doCódigo

Civil).Noentanto,osalimentosserãofixadoslevando-seemcontaanecessidadedoalimentandoeapossibilidadedoalimentante.Provisórios

fixadoscorretamentepeladecisão.Incidência,naespécie,daSúmulan.58daJurisprudênciaPredominantedesteTribunal.Ofatodeexistir

guardacompartilhadadomenornãoexcluidoagravantea suaobrigaçãoalimentarparacomomesmo,desdequeestejadeacordocomo

binômio necessidade e possibilidade.Os gastos efetivamente realizados por ambos os genitores serão apreciados no decorrer da instrução

processual a fim de melhor adequar a necessidade alimentar do agravado com os ganhos do agravante. Recurso manifestamente

improcedente. Seguimento negado (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0052883-31.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Des.

LindolphoMoraisMarinho.Julgamento:8-10-2014.DécimaSextaCâmaraCível).

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238 AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. ALIMENTOS. PROVISÓRIOS FIXADOS EM DOIS SALÁRIOS

MÍNIMOS, POSTERIORMENTEALTERADOS PARA 30%DOSVENCIMENTOSDOALIMENTANTE. INCONFORMISMODO

OBRIGADO. Agravante que, em juízo de cognição sumária, não comprovou a alegada incapacidade econômica, pois, apesar de afirmar

possuir a guarda compartilhada dos filhos, não apresenta comprovante do alegado.Não comprovaçãodamesma formade que nãopossui

condições de arcar com o pensionamento fixado, já que afirma efetuar pagamento superior ao fixado, de forma in natura. Valor que se

afigura fixadode formamoderadaparaduas crianças.Necessidadedemaiordilaçãoprobatória comobservânciado contraditório e ampla

defesa.Precedentesdestee.Tribunal.Recursoaquesenegaseguimento,naformadoart.557,caput,doCPC(TribunaldeJustiçadoRiode

Janeiro. 0028099-87.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Décima Sexta Câmara Cível. Rel. Des.Marco Aurelio Bezerra deMelo.

Julgamento:2-12-2014).

239 CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS EM 20% DOS RENDIMENTOS LÍQUIDOS DO

AUTOR EM FAVOR DE SEU FILHO. PRETENSÃO DO AGRAVANTE DE COMPENSAÇÃO EM RAZÃO DE GUARDA

COMPARTILHADA.NÃOACOLHIMENTO.DECISÃOAGRAVADAQUENÃOSEMOSTRATERATOLÓGICA,CONTRÁRIAÀ

LEIOUÀPROVADOSAUTOS.APLICAÇÃODASÚMULA58DESTETRIBUNAL.Aobrigaçãodospaisemprestaralimentosaos

filhosécorolárioindispensávelaoexercíciodopoderfamiliar.Incumbe-lhes,assim,dirigir-lhesacriaçãoeaeducação(art.1.634,I,doCódigo

Civil).Noentanto,osalimentosserãofixadoslevando-seemcontaanecessidadedoalimentandoeapossibilidadedoalimentante.Provisórios

fixadoscorretamentepeladecisão.Incidência,naespécie,daSúmulan.58daJurisprudênciaPredominantedesteTribunal.Ofatodeexistir

guardacompartilhadadomenornãoexcluidoagravantea suaobrigaçãoalimentarparacomomesmo,desdequeestejadeacordocomo

binômio necessidade e possibilidade.Os gastos efetivamente realizados por ambos os genitores serão apreciados no decorrer da instrução

processual a fim de melhor adequar a necessidade alimentar do agravado com os ganhos do agravante. Recurso manifestamente

improcedente. Seguimento negado (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0052883-31.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Des.

LindolphoMoraisMarinho.Julgamento:8-10-2014.DécimaSextaCâmaraCível).

240 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. EMBARGOS A

EXECUÇÃO.PAGAMENTOINNATURA.PEDIDODECOMPENSAÇÃO.IMPOSSIBILIDADE.1.AjurisprudênciadestaCorteestá

sedimentadanosentidodequefixadaaprestaçãoalimentícia,incumbeaodevedorcumpriraobrigaçãonaformadeterminadapelasentença,

não sendo possível compensar os alimentos arbitrados em pecúnia com parcelas pagas in natura. Precedentes. 2. Agravo regimental

desprovido(SuperiorTribunaldeJustiça.AgRgnoREsp1.257.779/MG.AgravoRegimentalnoRecursoEspecial.2011/0095834-8.Rel.Min.

AntonioCarlosFerreira.QuartaTurma.Datadojulgamento:4-11-2014.Datadapublicação:DJe12-11-2014).

241AGRAVODEINSTRUMENTO.PROCESSOCIVIL.AÇÃODEREVISÃODEALIMENTOSAJUIZADAPELOGENITOREM

FACE DA FILHAMENOR. DECISÃO DO JUÍZOAQUO DEFERINDO A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PARA REDUZIR OS

ALIMENTOS DE TRÊS PARA UM E MEIO SALÁRIOS MÍNIMOS, MANTENDO OS DEMAIS VALORES RELATIVOS À

EDUCAÇÃOEÀSAÚDEDARÉ.AGRAVODE INSTRUMENTO INTERPOSTOPELARÉ.PERICULUM INMORA EFUMUS

BONIIURISCONFIGURADOS.NÃOPROVIMENTODOAgravodeInstrumento.Açãorevisionaldealimentosajuizadapelogenitorem

face da filhamenor.Decisão do juízoaquo deferindo a antecipação de tutela para reduzir os alimentos de três para um emeio salários

mínimos, mantendo as demais obrigações relativas à educação, plano de saúde e atividades extracurriculares. Agravo de instrumento

interpostopelaré,requerendoareformadadecisão.OCódigodeProcessoCivildispõequeojuizpoderá,arequerimentodaparte,antecipar,

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totalouparcialmente,osefeitosdatutelapretendidanopedidoinicial,desdeque,existindoprovainequívoca,seconvençadaverossimilhança

da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o

manifestopropósitoprotelatóriodoréu(art.273).Depreende-sequeaplausibilidadedodireitoperseguidopeloagravado(fumusboniiuris)

residirianofatodeque,alémdopensionamentoreduzidoprovisoriamentepara1,5saláriosmínimos,oalimentanteestáobrigadoaarcarcom

asmensalidadesescolares,cursodeinglês,planodesaúdeeatividadesextracurricularesdamenor,mesmopermanecendocomaguardada

menor semanalmente, de terça-feira até quinta-feira, respeitado o horário escolar, e de sexta-feira até às 21:00 horas de domingo, o que

configurapraticamenteumaguardacompartilhada.Jáopericuluminmoraseconsubstanciarianaexistênciadeperigodeirreversibilidadedo

provimentoantecipado,ateordoart.273,I,doCPC,casoindeferidaaantecipaçãodatutelarequerida,anteoriscoquesofreoautordenão

conseguirhonrarcomosalimentosanteriormenteacordadosnaaçãodedivórcioconsensual,faceàsuperveniênciadamodificaçãonassuas

possibilidades.Háquese ressaltarqueaobrigaçãoalimentarnãoéexclusivadoagravado,mormente levando-seemconsideraçãoaampla

visitação,sendotambémdagenitoraque,apesardeprestaralimentosinnatura,devetambémarcarcompartedasubsistênciadaalimentada,

conformeoart.1.703doCódigoCivil.ÉcediçoqueaanálisedasalegaçõesdeambasaspartesnãocabenestaestritasededeAgravode

Instrumento, sendo patente a necessidade de dilação probatória na ação principal, não se podendo, nos limites deste recurso, pretender

substituir a atividade jurisdicional de primeiro grau devidamente prestada, sob pena de subversão do devido processo legal. Aquela é a

instânciaadequadaparaaapreciaçãoliminaresuperficialdalide,porquantoemcontatodiretocomoselementosprobatórioseemmelhores

condições para tal exame.A concessão ou o indeferimento de liminar se insere no âmbito de conhecimento que a lei confere ao julgador

monocrático,demodoquea sua reforma só se justifica se teratológicaadecisão,oumanifestamentecontrária àprovadosautosouà lei.

Inteligência da súmula 59 do TJERJ. Precedentes jurisprudenciais desta Corte. Agravo de Instrumento AO QUAL SE NEGA

PROVIMENTO (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 0043108-89.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Des. Juarez Folhes.

Julgamento:8-10-2014.DécimaQuartaCâmaraCível).

242DIREITOCIVILEPROCESSUALCIVIL.AGRAVOREGIMENTALEMHABEASCORPUS.PRISÃOCIVIL.INADIMPLÊNCIA

DO DÉBITO ALIMENTAR. OBSERVÂNCIA DA SÚMULA N. 309/STJ. REGULARIDADE DA ORDEM DE PRISÃO.

IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVIABILIDADE

NOWRIT.1.Odébitorecente,parafinsdeaplicaçãodoart.733doCPC,compreendeasprestaçõesvencidasnostrêsmesesanterioresà

proposituradaexecução,incluídasasquesevenceremnodecorrerdoreferidoprocesso,conformedispõeaSúmulan.309/STJ.2.Nocaso

emexame,odecretodeprisãonãoserefereaparcelaspretéritas,masasquesevenceramnocursodoprocesso.3.Asquestõesrelativasà

eventualdificuldadeenfrentadapelodevedordealimentosparaoadimplementodaobrigaçãoeàausênciadenecessidadeprementeporparte

da credora dos alimentos devem ser discutidas nos autos da ação revisional de alimentos, tendo em vista a impossibilidade de dilação

probatórianoâmbitodohabeascorpus.4.Agravoregimentalaquesenegaprovimento(SuperiorTribunaldeJustiça.ProcessoAgRgnoHC

302217/SE.AgravoRegimentalnoHabeasCorpus.2014/0212466-0.Rel.Min.AntonioCarlosFerreira.QuartaTurma.Datadojulgamento:

2-10-2014.Datadapublicação/Fonte:DJe10-10-2014).

243 AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO DE CONVERSÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM DIVÓRCIO

CONSENSUALMENTE AJUIZADA. DETERMINAÇÃO DE REVISÃO DA CLÁUSULA QUE TRATA DA FIXAÇÃO DE

ALIMENTOS ÀS FILHAS OU DAQUELA QUE TRATA DO ESTABELECIMENTO DA GUARDA COMPARTILHADA.

DESNECESSIDADE.... Ver íntegra da ementa AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE. Inexiste incompatibilidade entre o

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estabelecimento da guarda compartilhada e a estipulação de alimentos a serem alcançados por um dos genitores, sendo desnecessária a

revisão de cláusulas do acordo entabulado respeitantes a essas questões, objetivando as partes a homologação. Agravo de Instrumento

PROVIDO(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.AgravodeInstrumenton.70061238838.OitavaCâmaraCível.Rel.RicardoMoreira

LinsPastl.Julgadoem:20-11-2014).

244RECURSOEMHABEASCORPUS.EXECUÇÃODEALIMENTOS.SENTENÇAEMREVISIONALEXONERATÓRIAQUANTO

ÀS FILHAS MAIORES. PENSÃO DEVIDA À EX-MULHER. MATÉRIA DE FATO COMPLEXA. RECURSO PARCIALMENTE

PROVIDO.1.Nãocabeaexecução,peloritodoart.733doCPC,deprestaçõesalimentíciasposterioresàdatadacitação,nahipótesedeter

sidojulgadaprocedenteaaçãorevisional.2.Açãorevisionaljulgadaimprocedenteemrelaçãoàex-mulher.Prestaçõescobradasvencidasno

cursodaexecução.Súmulan.309/STJ.Legalidadedodecretodeprisãoquantoaestapartedadívidaalimentar.3.Nãoéohabeascorpusa

via adequada para o exame aprofundado de provas a fim de averiguar a condição econômica do devedor, a necessidade do credor dos

alimentoseoeventualexcessodovalordosalimentos.Precedentes.4.Recursoordinárioparcialmenteprovido(SuperiorTribunaldeJustiça.

RHC31922/PA.RecursoOrdinárioemHabeasCorpus.2012/0004868-7.Rel.Min.MariaIsabelGallotti.QuartaTurma.Datadojulgamento:

16-5-2013.Datadapublicação/Fonte:DJe24-5-2013).

245 Apelação cível. Exoneração de alimentos. Divórcio consensual anterior. Alegação do cônjuge varão de redução das possibilidades

financeiras, por ter assumidoo compromissodepagar sozinhoasdespesasdo filho, apesarde existir guarda compartilhada e ter assumido

váriasdívidas,nãodevendoaobrigaçãoalimentarasuaex-mulhersubsistir,diantedolapsodetempodaprestaçãodaobrigação,porsetratar

demulherjovemesaudável.Sentençadeprocedênciadopedido,aofundamentodequeapensãoalimentíciaobjetivaasseguraraoex-cônjuge

tempo hábil para sua inserção, recolocação ou progressão no mercado de trabalho, sendo o pagamento perpétuo possível em situações

excepcionais, quando há incapacidade permanente ou impossibilidade prática de inserção no mercado de trabalho, o que não se aplica à

hipótese,pordemonstradoquearé,oraapelante,estáinseridanomercadodetrabalho,sendomulherjovem,queporméritoeesforçopróprio

podeascenderemelhorarsuacondiçãofinanceira,tendooautorarcadocomopagamentodapensãopormaisdetrêsanos,temposuficiente

para que a alimentanda revertesse a condição desfavorável, sendo desnecessária a comprovação da alteração do binômio

necessidade/possibilidade,quandoapensãonãoforfixadaporprazocerto,nãotendoaapelantecomprovadooalegadoquadrodedepressão.

Documentostrazidosaosautosquecomprovamnãoteraapelanteenvidadoqualqueresforçoparaobterqualquermelhoriaemsuacondição

financeira,mas,aocontrário,umaintensavidasocial.SentençaemconformidadecomajurisprudênciadoSTJ.Sentençamantida(Tribunalde

Justiça doRio de Janeiro. Recurso 0482238-23.2011.8.19.0001 – Apelação. Des. NanciMahfuz. Julgamento: 7-2-2014. Décima Segunda

CâmaraCível).

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246 GARDNER, Richard. Parental Alienation Syndrome: past, present and future. International Conference on the Parental Alienation

Syndrome. Frankfurt/Main,Germany:October 18-19, 2002.Disponível em: <http://www.rgardner.com/refs/ar22.html>. Acesso em: 13 set.

2007.

247Vide<www.apase.org.br>.

248 SIMÃO, Rosana Barbosa Cipriano. Soluções judiciais concretas contra a perniciosa prática da alienação parental, in Síndrome da

alienaçãoparentaleatiraniadoguardião.PortoAlegre:Equilíbrio,2007,p.15.

249Síndromedaalienaçãoparental:aperspectivadoserviçosocial,inSíndromedaalienaçãoparentaleatiraniadoguardião:aspectos

psicológicos,sociaisejurídicos.PortoAlegre:Equilíbrio,2007,p.83.

250MariaBereniceDiasnoPrefáciodaobraSíndromedaalienaçãoparentaleatiraniadoguardião.PortoAlegre:Equilíbrio,2007,p.

12.

251 Rosana Barbosa Cipriano Simão in Soluções judiciais concretas contra a perniciosa prática da alienação parental, in Síndrome da

alienaçãoparentaleatiraniadoguardião.PortoAlegre:Equilíbrio,2007,p.15.

252 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL QUE OBJETIVA O

RECONHECIMENTODAPRÁTICADEATOSDEALIENAÇÃOPARENTALPORPARTEDAGENITORA.AÇÃOPRINCIPAL

ONDEO PAI REQUERA GUARDADO FILHO COMUM,MENOR IMPÚBERE. SENTENÇAQUE, BASEADA EM ESTUDOS

PSICOSSOCIAIS REALIZADOS NOS AUTOS, JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO. MANUTENÇÃO DO DECISUM.

DESPROVIMENTODORECURSO. – Segundo a Lei 12.318/2010, considera-se ato de alienação parental a interferência na formação

psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou

adolescentesobasuaautoridade,guardaouvigilância,paraquerepudiegenitorouquecauseprejuízoaoestabelecimentoouàmanutençãode

vínculoscomeste.–Muitoemboraosgenitoresdemonstrem travar relaçãoconflituosa,nãosevislumbraramatosdegravidadeapontode

configurarapráticadealienaçãoparental,umavezqueminuciososestudospsicológicosconcluírampelapreservaçãodoslaçosafetivosentre

ofilhoeambosospais.–Paraaconfiguraçãodaalienação,revela-seinsuficienteameratentativaouintençãodeafastamentodooutro,mas

setornanecessárioqueosatosconduzamaovisívelresultadodeaniquilamentodaconvivênciaharmoniosadomenorcomumdosgenitores

(Tribunal de Justiça doRiode Janeiro. 0185123-83.2011.8.19.0001–Apelação.Des.EduardodeAzevedoPaiva. Julgamento: 26-11-2014.

DécimaOitavaCâmaraCível).

253Família.Guardadecriançade6anos.Situaçãoderisco.Deferimentoemfavordopai.Hematomasnobraçodireitodacriançaregistrados

peloConselhoTutelar.Alegadaagressãopraticadapelamãe.Criançaque,atualmente,estámatriculadaem instituiçãodeensinopróximaà

residência do genitor.Descabidamais uma alteração abrupta na rotina do infante. Síndrome de alienação parental que, por ora, não ficou

caracterizada.Alegaçãode incompetênciaabsoluta.Matérianãoapreciadapelo juizdeprimeirograu. Impossibilidadedeconhecimentopor

esteTribunal, sobpenade caracterizar supressãode instância.Prevalênciado interessedomenor. Impossibilidadede,nesta fase inicialdo

processo,oTribunalinterferiremtemasquedemandamproduçãodeprovasduranteainstruçãonaprimeirainstância.IncidênciadaSúmula

58doTJ-RJ.Agravodeinstrumentodesprovido(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0049715-21.2014.8.19.0000–AgravodeInstrumento.

Des.BernardoMoreiraGarcezNeto.Julgamento:10-12-2014.DécimaCâmaraCível).

254APELAÇÃOCÍVEL.ORDINÁRIA.FAMÍLIA.AÇÃODEREGULAMENTAÇÃODEVISITA.MENOR,ATUALMENTE,COM5

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(CINCO)ANOSDEIDADE.DEMANDAMOVIDAPELOGENITOREMFACEDAMÃE,ALEGANDOAPRÁTICADEÓBICESE

IMPEDIMENTOS, PELA RÉ, PARA SUA CONVIVÊNCIA COM O INFANTE. PROVA PERICIAL CONSUBSTANCIADA EM

ESTUDO PSICOLÓGICO, CUJA CONCLUSÃO APONTA PARA A OCORRÊNCIA DE ATOS DE ALIJAMENTO PATERNO,

CONFIGURADORESDEALIENAÇÃOPARENTALPELAGENITORA.SENTENÇADEPROCEDÊNCIAPARCIALDOPEDIDO,

DEFERINDOOCONVÍVIODODEMANDANTECOMOFILHO,COMPERNOITEA PARTIRDOQUARTOMÊS.RECURSO

DEFENSIVO QUE REEDITA ALEGAÇÕES DE MAUS-TRATOS E RISCO À SAÚDE DO MENOR APÓS A PRIMEIRA

VISITAÇÃODOPAI.DETERMINAÇÃOPELOJUÍZODAREALIZAÇÃODEESTUDOSOCIOPSICOLÓGICOCOMOSPAISE

COMOMENOR.LAUDOTÉCNICOELABORADOQUERATIFICAAPOSTURANOCIVAEINADEQUADADADETENTORA

DA GUARDA, CONTRIBUINDO PARA A DEFORMIDADE PSICOEMOCIONAL DA CRIANÇA EM RELAÇÃO À FIGURA

PATERNA, SOBRETUDOTRATANDO-SEDEMENORDOSEXOMASCULINO.QUADROFÁTICOARETRATARHIPÓTESE

DE “SEQUESTRO PSICOLÓGICO”, VIOLANDO OS PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DO MELHOR

INTERESSEDACRIANÇA.NÃOCOMPROVAÇÃODOSFATOSDESCONSTITUTIVOSDODIREITODOAUTOR(ART.333,II,

DOCPC).MANUTENÇÃODASENTENÇA.CONHECIMENTOENEGATIVADESEGUIMENTOAOAPELO(ART.557,CAPUT,

DOCPC) (Tribunalde JustiçadoRiode Janeiro. 0002382-54.2011.8.19.0008–Apelação.Des.MauroDickstein. Julgamento:11-11-2014.

DécimaSextaCâmaraCível).

255ApelaçãoCível.Declaratóriadealienaçãoparentalcompedidodedestituiçãodopoderfamiliar.Avópaternaqueinvocaestarocorrendo

alienaçãoparentalpelo fatodeamãede seunetoestarcolocandoembaraçosparaocumprimentodeacordodevisitaçãohomologadoem

outro feito.Sentençaque,deacordocomparecerdoMinistérioPúblico, indeferiua inicial, entendendoqueopedidodeveria ser formulado

naquelaação.Eventualalienaçãoquedecorreriadatentativadedescumprimentodasregrasdevisitaçãoestabelecidasnoacordoentabulado

entreaspartesnaaçãodevisitação.Matéria,comoumtodo,quedeveserapreciadapeloJuízoquehomologouoreferidoacordo, inclusive

com a eventual declaração de “alienação parental”. Ausência de nulidade na sentença que, assim, deve ser mantida. Desprovimento do

recurso(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0003824-89.2012.8.19.0050–Apelação.Des.GilbertoDutraMoreira.Julgamento:3-12-2014.

DécimaCâmaraCível).

256APELAÇÃOCÍVEL.AÇÃODEGUARDACOMPARTILHADAEVISITAÇÃO.SENTENÇADEPROCEDÊNCIAPARCIAL.

MANUTENÇÃO DA GUARDA DA MENOR COM A GENITORA. INCONFORMISMO DA GENITORA RÉ, ORA APELANTE,

COM OS TERMOS E CONDIÇÕES DA VISITAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE PROVA INEQUÍVOCA A JUSTIFICAR A

SUSPENSÃO, AINDAQUE PROVISÓRIA, DAVISITAÇÃO. ALEGAÇÃO PELAAPELANTEDE PRÁTICADE ESTUPRODE

VULNERÁVEL PERPETRADA PELO GENITOR PAI, ORA APELADO, CONTRA A FILHA MENOR. ARQUIVAMENTO DO

PROCEDIMENTO POLICIAL INVESTIGATÓRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO QUE NÃO VISLUMBROU JUSTA CAUSA PARA

DEFLAGRAÇÃODAAÇÃOPENAL.INDÍCIODEPRÁTICADECRIMEDEDENUNCIAÇÃOCALUNIOSAPELAAPELANTE.

EXTRAÇÃO DE CÓPIAS DO REFERIDO PROCEDIMENTO, COM A CONSEQUENTE REMESSA À DELEGACIA POLICIAL

LOCAL,PARAAPURAÇÃODOSFATOS.DESAPARECIMENTODAGENITORA,ORAAPELANTE,BEMCOMODAMENOR.

INVESTIGAÇÃO DE CRIME DE SUBTRAÇÃO DE MENOR. DESCUMPRIMENTO DOS TERMOS E CONDIÇÕES DA

VISITAÇÃOFIXADOSEMSENTENÇA.INVERSÃODAGUARDAEMFAVORDOPAI,ORAAPELADO.FORTESINDÍCIOSDE

ALIENAÇÃOPARENTAL.INVIABILIDADEDEREALIZAÇÃODEAUDIÊNCIAESPECIAL.CONFIRMAÇÃODASENTENÇA.

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DESPROVIMENTODORECURSO(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.0021010-36.2012.8.19.0209–Apelação.Des.AndréAndrade.

Julgamento:5-11-2014.SétimaCâmaraCível).

257Mecanismo desenvolvido no RioGrande do Sul pelo entãoMagistrado JoséAntonioDaltoé Cezar (atualmenteDesembargador), que

preconizaumaoitivadacriançadeformaresguardada,emsaladiversadasaladeaudiência,acompanhadaporumprofissionaldepsicologia

ouserviçosocial,devidamentecapacitadoparaperguntasabertasenãoindutivas,quebuscaesclarecerosfatosedepoisrepassarperguntas

dojuizeadvogadosatravésdepontoeletrônico,comvistasaevitaraexposiçãodacriançaaperguntasinapropriadas,equeficaregistradano

processo judicial através de gravação emCD. Vide CÉZAR, José Antonio Daltoé.Depoimento sem dano: uma alternativa para inquirir

criançaseadolescentesnosprocessosjudiciais.PortoAlegre:LivrariadoAdvogado,2007.

258Recomendação33/2010doCNJ.

259Art.5º,§1º,daLein.12.318/2010.

260NosEstadosUnidosaavaliaçãofísicadacriançaérealizadaemgrandenúmeroporenfermeirostreinados,quefotografamaslesões,se

houver.

261APELAÇÕESCÍVEIS.FAMÍLIA.AÇÃODEGUARDACOMPARTILHADA.PEDIDOALTERNATIVODEAMPLIAÇÃODO

DIREITODEVISITASDOPAIÀFILHA.ALEGAÇÃODEPRÁTICADEALIENAÇÃOPARENTALPERPETRADAPELAMÃE-

GUARDIÃ. PROVA TESTEMUNHAL. OITIVA DAS PERITAS PSICÓLOGAS E ASSISTENTES SOCIAIS. NECESSIDADE.

AGRAVORETIDO.PROVIMENTO.ANULAÇÃODASENTENÇA.RETORNOÀFASEINSTRUTÓRIA.MINISTÉRIOPÚBLICO.

INTERESSE DE INCAPAZ. INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA. INOBSERVÂNCIA. PRIMEIRO RECURSO PROVIDO. DEMAIS

RECURSOSPREJUDICADOS. I.Considerandoqueseestádiantedos interessesdeumacriançahojecomoitoanosde idade,vítimade

disputaacirrada,conflitosediscórdiastravadasporseuspaisdesdeoseunascimento,asquestõeslevantadaspeloAgravante,emespecial,a

alegada alienação parental, devem ser dirimidas, por meio de provas contundentes, dentre elas, a testemunhal e oitiva de psicólogas e

assistentessociaisqueacompanhamocasoconcreto. II.Aprova testemunhalediligências requeridasconduziriamaumadecisão, sejaem

relaçãoaopedidodeguardacompartilhada,sejaquantoaopedidodeampliaçãododireitodevisita,maisadequadaàrealidadedaspartese,

principalmente,visandoaomelhorinteressedacriança.III.CompeteaoMinistérioPúblicointervirnascausasemqueháinteressedeincapaz.

IV.TendosidomitigadaaoportunidadedoMinistérioPúblicodesemanifestaracercadoméritodospedidosiniciaisdeguardacompartilhada

ouampliaçãodevisitasdopai à filha, adeclaraçãodenulidadedoprocessoémedidaque se impõe,à luzdoart.84doCPC(Tribunalde

JustiçadeMinasGerais.Processo:ApelaçãoCível:1.0024.07.800689-7/003.Rel.Des.WashingtonFerreira.Datadejulgamento:26-3-2013.

Datadapublicação:5-4-2013).

262 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE GUARDA. DISPUTA ENTRE OS PAIS. FILHOMENOR. ALIENAÇÃO PARENTAL NÃO

ANALISADA.PRELIMINARDECERCEAMENTODEDEFESAQUESEACOLHE.Verificadoqueàparteautoranãofoioportunizada

adilaçãoprobatóriaquantoàalegaçãodealienaçãoparental,imperativaadesconstituiçãodasentençaparareabrirainstruçãodoprocesso.

RECURSO DO AUTOR QUE SE DÁ PROVIMENTO. PREJUDICADOO APELO DA PARTE RÉ (Tribunal de Justiça do Rio de

Janeiro.0003764-19.2010.8.19.0008–Apelação.Des.CarlosAzeredodeAraujo.Julgamento:2-12-2014.NonaCâmaraCível).

263AGRAVODEINSTRUMENTO.AÇÃODEMODIFICAÇÃODEGUARDAPROPOSTAPELOMINISTÉRIOPÚBLICO.FILHA

MENOR QUE ESTÁ SOB A GUARDAMATERNA. ALTERAÇÃO DAS VISITAS DO GENITOR. INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO

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PARENTALPERPETRADAPELAMÃE.Amanutençãodasvisitasnaformaestabelecidavisa,primordialmente,àsaúdefísicaementalda

menina,devendopermanecerostatusquo paramelhor analisaros fatos, aguardando-se regular instruçãodo feito.Agravode instrumento

desprovido (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n. 70062038427. Sétima Câmara Cível. Rel. Jorge Luís

Dall’Agnol.Julgadoem:26-11-2014).

264AGRAVOINTERNO.DECISÃOMONOCRÁTICA.AGRAVODEINSTRUMENTO.GUARDADEMENOR.DISPUTAENTRE

OSPAIS.ACUSAÇÃODEALIENAÇÃOPARENTAL.PEDIDOSDEREVERSÃODAGUARDAEDESUSPENSÃODASVISITAS

ATÉCONCLUSÃODOSLAUDOSPSICOSSOCIAIS.DESCABIMENTO.1.Comportadecisãomonocráticaorecursoqueversasobre

matériajápacificadanoTribunaldeJustiça.Inteligênciadoart.557doCPC.2.Oprincipalinteresseaserpreservadoéodacriança,quetem

direitode ter umavidadigna e ser amada e respeitada tantopelopai, comopelamãe, nãopodendo ser transformada emum troféu a ser

conquistado,emmeioaumadisputainsana,comrequintesdedeslealdade.3.Segenitoraexerceaguardadacriança,quelhefoiassegurada

provisoriamenteenãohárazãoparaseralterada,entãocabeaogenitorodireitodetambémconvivercomasuafilha,poisambos,porigual,

devemexerceropoderfamiliar,istoé,acompanharodesenvolvimentofísicoeemocionaldafilha.4.Avisitaçãodeveserexercidacomzeloe

responsabilidadeedeveproporcionarparaafilhamomentosdelazer,afetividadeedescontração,permitindoumaconvivênciasaudávelentrea

filhaeogenitornãoguardião,nãohavendo razãoalgumaparaquesejamsuspensas.5.Casoosestudospericiaisapontemcomportamento

lesivoparaacriança, sejadepartedagenitora, sejadepartedogenitor,providênciasenérgicaspoderão ser adotadas,quepassam tantoa

suspensão das visitas como também a reversão da guarda, pois a criança deverá ser protegida e ter sua integridade física e emocional

preservada. Recurso desprovido (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo n. 70062641675. Sétima Câmara Cível. Rel. Sérgio

FernandodeVasconcellosChaves.Julgadoem:26-11-2014).

265CONFLITONEGATIVODECOMPETÊNCIA.AÇÃOINDENIZATÓRIAINTENTADANOJUÍZODEFAMÍLIA.DECLÍNIODE

COMPETÊNCIAPARAUMADASVARASCÍVEIS.PLEITODECUNHOINDENIZATÓRIOFUNDAMENTADONAPRÁTICADE

ALIENAÇÃO PARENTAL. ATENÇÃO À NORMATIVA INSERTA NO ARTIGO 85, I, ALÍNEA A, DO CODJERJ (CÓDIGO DE

ORGANIZAÇÃOEDIVISÃOJUDICIÁRIADOESTADODORIODEJANEIRO).OJUÍZODEFAMÍLIAÉCOMPETENTEPARA

PROCESSARNÃOSÓASCAUSASRELATIVASAOESTADOCIVIL,MASTAMBÉMASOUTRASAÇÕES FUNDADASEM

DIREITOSEDEVERESDEUMCÔNJUGEEMRELAÇÃOAOOUTROEDOSPAISPARACOMOSFILHOSEDESTESPARA

COMAQUELES.ENUNCIADON.274DASÚMULADESTETRIBUNAL.PROCEDÊNCIADOCONFLITODECOMPETÊNCIA

PARADECLARARCOMPETENTEOJUÍZODEDIREITODA1ªVARADEFAMÍLIADACOMARCADACAPITAL(Tribunalde

JustiçadoRiodeJaneiro.0047488-58.2014.8.19.0000–ConflitodeCompetência.Des.GuaracideCamposVianna.Julgamento:25-11-2014.

DécimaNonaCâmaraCível).

266 AGRAVO DE INSTRUMENTO – PROCESSUAL CIVIL – DIREITO DE FAMÍLIA – AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE

VISITAS–DECISÃOQUEAMPLIOUDIREITODEVISITAÇÃODOGENITOR–AUSÊNCIADECARÁTERTERATOLÓGICO.

MANUTENÇÃODODECISUM.1.Insurge-seoagravantecontradecisão,quenosautosdaaçãoderegulamentaçãodevisitas,ampliouos

efeitos da tutela antecipada anteriormente concedida para estabelecer o convívio do agravado com amenor, semanalmente, alternando-se

sábadosedomingos,das10hàs17h.2.Direitofundamentalde todacriançaeadolescentemanteroconvíviocomafamília,principalmente

coma figuradosgenitores,paraque tenhaumdesenvolvimentosaudável,umavezquese fundananecessidadedecultivarafetoe firmar

vínculosfamiliares.3.ConvíviofamiliarqueéumagarantiaprevistanaConstituiçãodaRepúblicaenoEstatutodaCriançaedoAdolescentee

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temcomoobjetivoatender aomelhor interessedomenor.4.De fato, em regra, é salutarpara as criançaso convívio regular comospais,

sendo rechaçadopelo Judiciárioo afastamento injustificadodesde convívio, a fimde se evitar a chamada “alienaçãoparental”. 5.Parecer

Ministerial favorável à manutenção do decisum. 6. Neste sentido, e considerando inexistir caráter teratológico à concessão deferida em

primeira instância, mantenho a decisão recorrida. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Processo: 0034031-56.2014.8.19.0000 –Agravo de Instrumento.Des.Marcelo LimaBuhatem. Julgamento: 7-10-2014.Vigésima Segunda

CâmaraCível).

267 AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS PATERNAS. DECLARATÓRIA DE PRÁTICA DE

ALIENAÇÃOPARENTAL.Corretasasdecisõesagravadasque“chamaramofeitoàordem”edeterminaramorestabelecimentogradualda

visitação paterna. Com a vinda da avaliação social, realizada por ocasião da primeira visitação paterna, resta atendida a exigência dos

anterioresagravosde instrumento,quedeterminavamarealizaçãodeavaliaçãopsicossocialpararetomadadavisitação.Ademais,deveser

valorizadaaimpressãopessoaldojuizdeprimeirainstância,queestáemcontatocomaspartes,e,principalmente,consideradoofatodeque

não há prova das acusações maternas, de prática de abuso sexual pelo pai. NEGARAM PROVIMENTO (Agravo de Instrumento n.

70062255237.OitavaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.JoséPedrodeOliveiraEckert.Julgadoem:11-12-2014).

268AGRAVODE INSTRUMENTO.AÇÃODEGUARDAEVISITAÇÃO, EM FASEDE EXECUÇÃO PROVISÓRIA. DECISÃO

AGRAVADA QUE INVERTEU A GUARDA DA MENOR, FIXOU MULTA DIÁRIA PELO DESCUMPRIMENTO DA ORDEM

JUDICIÁRIAEDETERMINOUABUSCAEAPREENSÃODAMENOR.ALEGAÇÃODEABUSOSEXUALPERPETRADOPELO

GENITOR, ORAAGRAVADO. DENÚNCIAS QUE SE REPETIRAMAO LONGODO PROCESSO PRINCIPAL E QUE FORAM

AFASTADASPELOCONJUNTOPROBATÓRIO.INDÍCIOSDEALIENAÇÃOPARENTAL.INEXISTÊNCIADEJUSTOMOTIVO

PARA O DESCUMPRIMENTO DA SENTENÇA. AGRAVANTE QUE DESAPARECEU COM A MENOR. DECISÕES QUE SE

REVELAMADEQUADAS.MULTAFIXADAPROPORCIONALMENTE.RECURSOAQUESENEGAPROVIMENTO(Tribunalde

Justiça do Rio de Janeiro. 0032508-09.2014.8.19.0000 – Agravo de Instrumento. Des. André Andrade. Julgamento: 22-10-2014. Sétima

CâmaraCível).

269 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO DE GUARDA. CERCEAMENTO DE DEFESA. PEDIDO DE NOVA

PERÍCIA. GUARDA MATERNA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS EM FÉRIAS E FERIADOS. ALIENAÇÃO PARENTAL.

DETERMINAÇÃODEACOMPANHAMENTOPSICOLÓGICOPELAGENITORANOCREAS.I–Inexistecerceamentodedefesa.A

avaliação psicológica alcançou o objetivo proposto, ainda que não satisfatório à genitora, não existindo razão para ensejar outra perícia,

mormentequandojáconstatadoqueamenorseencontraemocionalmentefragilizadacomasituaçãoqueestávivenciando.II–Asalterações

deguardadevemserevitadastantoquantopossível,poisemregra,sãoprejudiciaisàcriança,quetemmodificadaasuarotinadevidaeos

seus referenciais, gerando-lhe transtornos de ordem emocional. Mantida a guarda materna, por ora. II – A regulamentação de visitas

materializaodireitodosfilhosdeconvivercomogenitornãoguardião,assegurandoodesenvolvimentodeumvínculoafetivosaudávelentre

ambos,massemafetarasrotinasdevidadosinfantes.Nocaso,possívelaampliaçãodasvisitas.Regulamentaçãoemfériaseferiados.III–

ManutençãodeacompanhamentopsicológicodademandadanoCREAS.IV–Reconhecidaapráticadealienaçãoparental,econtinuadaa

conduta alienante da genitora, cabe a aplicação do art. 6º, inciso III, da Lei 12.318/10. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS

(ApelaçãoCíveln.70062154182.SétimaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.LiselenaSchifinoRoblesRibeiro.Julgadoem:26-11-

2014).

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270 AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. ALIENAÇÃO PARENTAL. DETERMINAÇÃO JUDICIAL PARA

TRATAMENTOPSICOLÓGICOVISANDORESTABELECERVÍNCULOAFETIVOENTREPAIEFILHA.MELHORINTERESSE

DOMENORSESOBREPÕEAODOSPAIS.1.AConstituiçãodaRepública,noseuart.227,eoECA,noseuart.19,asseguramodireito

da criança ao convívio familiar.Compete a ambos os pais o exercício do poder familiar, que consiste no sustento, guarda e educação, em

aspectoamplo,dosmenores,afimdeprotegê-loseproporcioná-losomelhordesenvolvimentopossível,tantonocampoafetivo,comosociale

familiar,vistoqueissoéelementofundamentalnodesenvolvimentodapersonalidadedacriança.2.Agravadopretendeestabeleceroconvívio

familiarcomafilhaadolescente,queorepele.Genitorajuizouaçãopararegulamentaçãodevisitasháalgunsanos,quandoafilhaerapequena,

masfoiobstadoporforçadeacusaçãodeabusosexual,quenãofoicomprovado.3.Aleifacultaaojuízotomarmedidaspararepeliraprática

deatosdealienaçãoparentaldeformaincidental(art.6º,caput,daLei12.318/2010).4.Juízoaquoconcluiupelapráticadeatodealienação

parental, por isso determinou acompanhamento psicológico damenor como objeto de restabelecer o vínculo afetivo entre pai e filha, com

fulcronoart.6º, inciso IV, daLei 12.318/2010.Síndromeda alienaçãoparental consiste na utilização, por umdosgenitores, do filho como

instrumentodevingançaemrelaçãoaooutro,implantandofalsasmemóriasnofilho.5.Tratamentopsicológicoémedidadecaráterterapêutico

necessáriaparacombaterosefeitosnefastosdaalienaçãoparentalegarantiraincolumidadepsíquicaedesenvolvimentodamenor.6.Decisão

mantida.7.Desprovimentodorecurso(TribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.Processo:0011808-12.2014.8.19.0000–AgravodeInstrumento.

Des.TeresaCastroNeves.Julgamento:1º-10-2014.SextaCâmaraCível).

271UNIÃOESTÁVEL–DISSOLUÇÃO–GUARDADOMENOR–Naespécie,aguardacompartilhadaéaqueseapresentacomoa

soluçãoquemelhoratendeaointeressesuperiordomenor,aomenosenquantonãosejamseuspaistrazidosàcompreensãodoquerealmente

éointeressedeste,garantindo-lheconvivência,formaçãoesobrevivênciasadiasedasquaisnãovenhamamanhãaseenvergonharou,oque

seriapior,acabemporimpedir-lheumdesenvolvimentoadequado–Recursoparcialmenteprovidonesteaspecto(TribunaldeJustiçadeSão

Paulo.ApelaçãoCível58115445.SãoCarlos.8ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.CaetanoLagrastaNeto–22-10-2008.Voton.16824).

272AGRAVODE INSTRUMENTO.ALTERAÇÃODEGUARDA.LIMINAR.CABIMENTO.Caso no qual restaram bemprovados,

atravésdosrelatosdasConselheirasTutelareseAssistentessociaisdaComarcadeorigem,dandocontadaposturaagressivadogenitoraté

entãoguardião.Ainda,háindicativosdeatosdealienaçãoparentalpraticadospelopai,comacolocaçãodetodootipodeóbiceàvisitação

materna,einclusiveameaçasàintegridadefísicadosenvolvidos.Restoubemdemonstrado,porigual,queagenitoratemcondiçõesdeexercer

a guarda dos filhos. Na hipótese, a reversão da guarda em prol da genitora é a solução mais adequada ao contexto do caso. DERAM

PROVIMENTO (Agravo de Instrumento n. 70061812608. Oitava Câmara Cível. Tribunal de Justiça do RS. Rel. José Pedro deOliveira

Eckert.Julgadoem:11-12-2014).

273 AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL. REVERSÃO DA GUARDA DA FILHAMENOR EM

FAVORDOGENITOR.MANUTENÇÃO.Casoemque,diantedaconstataçãodequeagenitoraestavacriandoobstáculosàconvivência

paterno-filialequeseucomportamentosugereaocorrênciadealienaçãoparental, restourevertidaaguardadainfanteemfavordogenitor,

arranjo que se estabeleceu há dez meses, razão por que deve ser mantido, não havendo sequer notícia de que possa estar submetida a

qualquersituaçãoderisco.AgravodeInstrumentoDESPROVIDO(AgravodeInstrumenton.70062402672.OitavaCâmaraCível.Tribunal

deJustiçadoRS.Rel.RicardoMoreiraLinsPastl.Julgadoem:18-12-2014).

274AGRAVOINTERNO.DECISÃOMONOCRÁTICA.AGRAVODEINSTRUMENTO.GUARDADEMENOR.DISPUTAENTRE

OSPAIS.ACUSAÇÃODEALIENAÇÃOPARENTAL.PEDIDOSDEREVERSÃODAGUARDAEDESUSPENSÃODASVISITAS

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ATÉCONCLUSÃODOSLAUDOSPSICOSSOCIAIS.DESCABIMENTO.1.Comportadecisãomonocráticaorecursoqueversasobre

matériajápacificadanoTribunaldeJustiça.Inteligênciadoart.557doCPC.2.Oprincipalinteresseaserpreservadoéodacriança,quetem

direitode ter umavidadigna e ser amada e respeitada tantopelopai, comopelamãe, nãopodendo ser transformada emum troféu a ser

conquistado,emmeioaumadisputainsana,comrequintesdedeslealdade.3.Segenitoraexerceaguardadacriança,quelhefoiassegurada

provisoriamenteenãohárazãoparaseralterada,entãocabeaogenitorodireitodetambémconviver

comasuafilha,poisambos,porigual,devemexerceropoderfamiliar,istoé,acompanharodesenvolvimentofísicoeemocionaldafilha.4.A

visitação deve ser exercida com zelo e responsabilidade e deve proporcionar para a filhamomentos de lazer, afetividade e descontração,

permitindoumaconvivênciasaudávelentreafilhaeogenitornãoguardião,nãohavendorazãoalgumaparaquesejamsuspensas.5.Casoos

estudos periciais apontemcomportamento lesivo para a criança, seja de parte da genitora, seja de parte do genitor, providências enérgicas

poderãoseradotadas,quepassamtantoasuspensãodasvisitascomotambémareversãodaguarda,poisacriançadeveráserprotegidaeter

suaintegridadefísicaeemocionalpreservada.Recursodesprovido(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.Agravon.70062641675.Sétima

CâmaraCível.Rel.SérgioFernandodeVasconcellosChaves.Julgadoem:26-11-2014).

275EMBARGOSDEDECLARAÇÃO.CONFLITODECOMPETÊNCIA.OMISSÃO.CONTRADIÇÃO.INEXISTÊNCIA.AÇÃODE

MODIFICAÇÃODEGUARDA.AÇÃOPROPOSTAONDEODETENTORDAGUARDANÃOMAISTEMDOMICÍLIO.ENVIO

DOSAUTOSPARAOJUÍZOCOMPETENTE. INEXISTÊNCIADECONFLITO.1.Consoante severificadas informaçõesprestadas

pelosJuízossuscitados,nãohádiscrepânciadeentendimentoacercadacompetênciaparajulgamentodaaçãodemodificaçãodeguarda,não

restandoconfiguradaqualquerdashipótesesdoart.115doCódigodeProcessoCivil.2.Nocaso,tendoadetentoradaguardasemudadopara

outracomarca, aproposituradaaçãodemodificaçãodeguarda, ajuizadapelopainessemesmoperíodo, ládeveria ter sedado, consoante

entenderamosJuízossuscitados.Nãosetratademudançadeendereçodepoisdepropostaaaçãoeefetivadaacitação.Incidênciadoart.

147, I, do Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. Os conflitos de competência apontados pelo embargante como representativos da

jurisprudênciadestaegrégiaCorte, tratam,narealidade,dehipótesesexcepcionais,emqueficaclaraaexistênciadealienaçãoparentalem

razãodesucessivasmudançasdeendereçodamãecomointuitoexclusivodedeslocarartificialmenteofeito,oquenãoocorrenosautos.4.

Destaforma,ausentequalquerequívocomanifestonojulgado,tampoucosesubsumindoairresignaçãoemanáliseaalgumadashipótesesdo

art.535doCPC,nãomereceressonânciaainsurgênciaemquestão.5.Embargosdedeclaraçãorejeitados(SuperiorTribunaldeJustiça.EDcl

noCC108689/PEEMBARGOSDEDECLARAÇÃONOCONFLITODECOMPETÊNCIA2009/0214953-5.Rel.Min.RaulAraújo.S2–

SegundaSeção.Datadojulgamento:10-11-2010.DJe18-11-2010).

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276 APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE REGULARIZAÇÃO DE GUARDA E ALIMENTOS. PEDIDO DE GUARDA

COMPARTILHADAEREDUÇÃODEALIMENTOSPELOGENITOR.I–Nãoprocedeopedidodeguardacompartilhada,porquantoo

genitor não possui condições para exercer o compartilhamento. É usuário de drogas e não adere ao tratamento proposto. II – A verba

alimentardeveserfixadanaproporçãodasnecessidadesdoreclamanteedosrecursosdapessoaobrigada,oquesignificadizer,poroutras

palavras, queos alimentosdevemser fixadosobservando-se aobinômionecessidade-possibilidade.Nocaso, sopesadoobinômioalimentar,

bem equacionados os alimentos.RECURSODESPROVIDO (Tribunal de Justiça doRioGrande doSul.ApelaçãoCível n. 70062424791.

SétimaCâmaraCível.Rel.LiselenaSchifinoRoblesRibeiro.Julgadoem:17-12-2014).

AGRAVO.INVERSÃODEGUARDACOMPEDIDODEREGULAMENTAÇÃODEVISITAS.DECISÃOQUEREGULAMENTOU

PROVISORIAMENTEAVISITAÇÃOPATERNAEMFINAISDESEMANAALTERNADOS,NOMUNICÍPIOONDERESIDEO

MENOR, SEM PERNOITE E SOMENTE AOS DOMINGOS. MELHOR INTERESSE DO ADOLESCENTE. SÚMULA 59 TJRJ.

PRECEDENTES DA CORTE. Como cediço, a guarda provisória, como medida liminar, se insere no poder discricionário do julgador

monocrático,quesómereceinterferênciadainstânciarevisoraquandosetratardedecisãoteratológica,contráriaàleiouàprovadosautos,o

quenãoocorreunahipótese.Adecisãoimpugnadateveporescoposalvaguardarodireitodoadolescenteenvolvido,considerandoavontade

deleprópriomanifestadaemaudiênciaeaexistênciade relatosdeviolênciadomésticacontraagenitoraecontraomenor.Assim,atéque

sejamproduzidasasprovaspertinentes,comexamemaisapuradodasituaçãofáticaenvolvida,noresguardodasupremaciadointeressedo

adolescente,devesermantidaavisitaçãonaformaestabelecida,pelosmesmosfundamentosadotadospelo

magistrado de primeira instância. RECURSOAQUE SENEGA SEGUIMENTONOS TERMOSDOART. 557DOCPC (Tribunal de

Justiça do Rio de Janeiro. 0059554-70.2014.8.19.0000 –Agravo de Instrumento. Des. Ferdinaldo doNascimento. Julgamento: 18-8-2015.

DécimaNonaCâmaraCível).

AGRAVODEINSTRUMENTO.ALTERAÇÃODEGUARDA.LIMINAR.CABIMENTO.Casonoqualrestarambemprovados,através

dos relatosdasConselheirasTutelareseAssistentessociaisdaComarcadeorigem,dandocontadaposturaagressivadogenitoratéentão

guardião.Ainda,háindicativosdeatosdealienaçãoparentalpraticadospelopai,comacolocaçãodetodootipodeóbiceàvisitaçãomaterna,

einclusiveameaçasàintegridadefísicadosenvolvidos.Restoubemdemonstrado,porigual,queagenitoratemcondiçõesdeexerceraguarda

dosfilhos.Nahipótese,areversãodaguardaemproldagenitoraéasoluçãomaisadequadaaocontextodocaso.DERAMPROVIMENTO

(AgravodeInstrumenton.70061812608.OitavaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.JoséPedrodeOliveiraEckert.Julgadoem:

11-12-2014).

277 APELAÇÃO CÍVEL. INTEMPESTIVIDADE. INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR. REJEIÇÃO. AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE

GUARDA,DECOMPARTILHADAPARAUNILATERAL. IMPROCEDÊNCIA.MANUTENÇÃO.REVOGAÇÃODOBENEFÍCIO

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA CONCEDIDA AO DEMANDADO NA SENTENÇA. INVIABILIDADE. 1. A insurgência foi

interposta dentro do prazo legal, incidindo na hipótese aOrdem de Serviço n. 03/2014 da Presidência do TJRS, que prorrogou para o dia

seguinteosprazosquesevenceramemdiasde jogosdaCopadoMundo.Preliminardenãoconhecimento rejeitada.2.Aavaliaçãosocial

realizadanainstruçãorevelaqueoarranjoatual,decompartilhamentodaguarda,estabelecidohámaisdequatroanos,estásendobenéficoà

infante,quetemsuarotinapreservadaeconviveadequadamentecomosgenitores,nãosejustificandoapretendidaalteraçãodaguardapara

unilateral,emfavordagenitora.3.Ogenitordemonstrou fazer jusaobenefíciodaassistência judiciáriagratuita,postuladoemcontestação,

sendo improcedente o pedido de revogação da concessão efetivada na sentença. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO

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DESPROVIDA(TribunaldeJustiçadoRioGrandedoSul.ApelaçãoCíveln.70061830410.OitavaCâmaraCível.Rel.RicardoMoreiraLins

Pastl.Julgadoem:11-12-2014).

278 AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO DE FAMÍLIA – MODIFICAÇÃO DA GUARDA DE MENOR – MELHOR

INTERESSEDACRIANÇA–ANTECIPAÇÃODETUTELA–DEFERIMENTOPARCIAL–GUARDACOMPARTILHADA–Na

guarda compartilhadapai emãeparticipamefetivamente da educação e formaçãode seus filhos –Considerandoqueno caso emapreço,

ambososgenitoressãoaptosareceberaguardadofilho,equeadivisãodedecisõesetarefasentreelespossibilitaráummelhoraportede

estruturaparaacriaçãodacriança,aopossibilitaracompanhamentoescolarmaisintensoeotratamentodesaúdenecessário,impõe-secomo

melhor solução não o deferimento de guarda unilateral, mas da guarda compartilhada (Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo de

Instrumento CV n. 1.0702.14.001707-1/001. Rel. Des. Dárcio LopardiMendes. Data de julgamento:28-8-2014. Data da publicação: 3-9-

2014).

279 GRECO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: o processo justo. Disponível em:

<www.mundojuridico.adv.br/html/artigos/documentos/texto165.htm>.Acessoem:25jun.2012.

280AGRAVODE INSTRUMENTO–AÇÃODEDIVÓRCIOC/CGUARDA– FILHOMENOR–GUARDACOMPARTILHADA

ENTRE OS GENITORES – PEDIDO LIMINAR DE ATRIBUIÇÃO DA GUARDA EXCLUSIVA ÀMÃE – INOCORRÊNCIA DE

SITUAÇÃOGRAVEEEMERGENCIAL–MANUTENÇÃODO“STATUSQUO”–RECURSONÃOPROVIDO.1.Nadefiniçãoda

guarda, aindaqueemcaráter liminar,o julgadordeve levaremconsideraçãoosprincípiosdomelhor interessedacriança,daparentalidade

responsável e da proteção integral, observando as peculiaridades do caso concreto. 2. Ausência de provas, ou indícios, da ocorrência de

situaçãograveeemergencialajustificaramodificaçãoliminardaguardadacriança,exercidaporambososgenitores,poracordocelebrado

hánovemeses.3.Manutençãodo infante sobaguardacompartilhadadosgenitores, atéqueseapurenoprocessodeorigemasmelhores

condiçõesparao seuplenodesenvolvimento.4.Recursonãoprovido (Tribunalde JustiçadeMinasGerais.Agravode InstrumentoCVn.

1.0525.13.018132-0/001–ComarcadePousoAlegre–Agravante(s):S.A.F.R.–Agravado(a)(s):R.F.R.Rel.Des.AureaBrasil.Data de

julgamento:7-8-2014.Datadapublicação:13-8-2014).

281 APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL CUMULADA COM ALIMENTOS, GUARDA E

PARTILHA DE BENS. REDUÇÃO DO QUANTUM ALIMENTAR. DESCABIMENTO. Em ação que envolve pedido de alimentos,

pertenceaoalimentanteoônusdaprovaacercadesuaimpossibilidadedeprestarovalorpleiteado.Paraareduçãodetalverba,énecessário

comprovara impossibilidadedearcarcomomontanteestabelecido.PEDIDODEDEFERIMENTODEGUARDACOMPARTILHADA.

DESCABIMENTO. INTERESSE DA CRIANÇA. A guarda deve atender, primordialmente, ao interesse do menor, o qual demonstrou

sofrimentoquandodoexercíciodaguardacompartilhada,devendosermantidaaguardacomagenitora.Apelaçãocíveldesprovida(Apelação

Cíveln.70062260252.SétimaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.JorgeLuísDall’Agnol.Julgadoem:17-12-2014).

282Menor–Guarda–Suspensãodaguardacompartilhada–Estadodolitígioincompatívelcomoinstituto–Necessidadederegulamentação

das visitas em lugar neutro – Recurso parcialmente provido, com observação (Tribunal de Justiça de São Paulo. Agravo de Instrumento

5640164100.8ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.CaetanoLagrastaNeto–29-7-2009).

283 Agravo de Instrumento. FAMÍLIA. ESTABELECIMENTO DA GUARDA COMPARTILHADA DA FILHA MENOR.

INVIABILIDADE. AMPLIAÇÃO DO HORÁRIO DE VISITAÇÃO. CABIMENTO. 1. Os elementos informativos carreados ao

instrumento,especialmenteoparecersocialelaboradoapartirdeentrevistascomosgenitores,sãosuficientesarevelarainexistênciadeum

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perfeitoentendimentoentreeles,oqueénecessárioaoestabelecimentodocompartilhamentodoencargoda filhamenor,quepororadeve

continuar sendoexercidounilateralmentepelagenitora.2.Viável,noentanto, a fimde fortalecerosvínculosafetivos saudáveisentrepai e

filha,ampliarohoráriodavisitaaserrealizadaaossábadosalternados,semprejuízodavisitanaquarta-feiraqueantecedeofinaldesemana

queameninapermanecerácomagenitora.AgravodeInstrumentoPARCIALMENTEPROVIDO(AgravodeInstrumenton.70061595971.

OitavaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.RicardoMoreiraLinsPastl.Julgadoem:20-11-2014).

284 GUARDA. ALTERAÇÃO. DESCABIMENTO. 1. Em regra, as alterações de guarda são prejudiciais para a criança, devendo ser

mantidaainfantesobaguardapaterna,ondejáseencontraevemsendobemcuidada.2.Éointeressedacriançaquedeveserprotegidoe

privilegiado.3.Achamadaguardacompartilhadanãoconsisteemtransformarofilhoemobjeto,queficaadisposiçãodecadagenitorporum

determinadoperíodo,masumaformaharmônicaajustadapelosgenitores,quepermitaaofilhodesfrutartantodacompanhiapaternacomoda

materna,numregimedevisitaçãobastanteamploeflexível,massemqueofilhopercaseusreferenciaisdemoradia.4.Paraqueaguarda

compartilhada seja possível e proveitosaparao filho, é imprescindível que exista entre os pais uma relaçãomarcadapela harmonia e pelo

respeito,ondenãoexistamdisputasnemconflitos,masnocaso,diantedosconflitos,aguardacompartilhadaédescabida.Recursodesprovido

(Tribunal de Justiça doRioGrande do Sul.ApelaçãoCível n. 70062393152, SétimaCâmaraCível. Rel. Sérgio Fernando deVasconcellos

Chaves.Julgadoem:17-12-2014).

285Menor–Guarda–Fixaçãoprovisóriadeguardacompartilhada–Pretensãodepreservaramenordosconstantesconflitosvivenciadosa

cadacontatodospaisnaretiradaeentregaparavisitação,atéamealhar-semaioreselementossobreogenitorquemelhortemcondiçõesde

atender aos interesses da criança – Inadequação damedida à situação vivenciada nos autos – Disputa acirrada pela guarda, na qual os

contendores demonstram completa falta de comprometimento com os requisitos necessários para a implementação damedida – Atitudes

imaturaseegoísticasdaspartesquenãoautorizamaalternânciaimposta–Menordetenraidadequeestariaaexperimentarmaioresprejuízos

comasoluçãoemprestada,aindaqueprovisoriamente– Inexistênciadecircunstânciasque justifiquemaalteraçãodaguardaexercidapela

mãe–Maus-tratosnãocomprovados–Necessidadedeconscientizaçãodospaisapriorizarasnecessidadesdainfante–Exposiçãodamenor

àsituaçãoderiscodecomprometimentoemocionalepsíquico,quereclamamaimposiçãodamedidaprotetivaprevistanoartigo129,III,do

EstatutodaCriançaedoAdolescente–Recursoprovido,comobservaçãoeimposiçãodemedidaprotetiva(TribunaldeJustiçadeSãoPaulo.

Guaratinguetá.6ªCâmaradeDireitoPrivado.Rel.JoséPercivalAlbanoNogueiraJúnior–12-5-2011–Votação:Unânime–Voton.12605).

286AgravodeInstrumento.ALTERAÇÃODEGUARDA.LIMINAR.CABIMENTO.Casonoqualrestarambemprovados,atravésdos

relatos das Conselheiras Tutelares e Assistentes sociais da Comarca de origem, dando conta da postura agressiva do genitor até então

guardião.Ainda,háindicativosdeatosdealienaçãoparentalpraticadospelopai,comacolocaçãodetodootipodeóbiceàvisitaçãomaterna,

einclusiveameaçasàintegridadefísicadosenvolvidos.Restoubemdemonstrado,porigual,queagenitoratemcondiçõesdeexerceraguarda

dosfilhos.Nahipótese,areversãodaguardaemproldagenitoraéasoluçãomaisadequadaaocontextodocaso.DERAMPROVIMENTO

(AgravodeInstrumenton.70061812608.OitavaCâmaraCível.TribunaldeJustiçadoRS.Rel.JoséPedrodeOliveiraEckert.Julgadoem:

11-12-2014).

Page 184: Ramos, Patricia Pimentel de Oliveira Chambers · 12-11-2014 · A autora, com a vasta experiência prática que possui, mormente na apreciação de casos concretos das Varas de Família

287 AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO DE FAMÍLIA – MODIFICAÇÃO DA GUARDA DE MENOR – MELHOR

INTERESSEDACRIANÇA–ANTECIPAÇÃODETUTELA–DEFERIMENTOPARCIAL–GUARDACOMPARTILHADA–Na

guarda compartilhadapai emãeparticipamefetivamente da educação e formaçãode seus filhos –Considerandoqueno caso emapreço,

ambososgenitoressãoaptosareceberaguardadofilho,equeadivisãodedecisõesetarefasentreelespossibilitaráummelhoraportede

estruturaparaacriaçãodacriança,aopossibilitaracompanhamentoescolarmaisintensoeotratamentodesaúdenecessário,impõe-secomo

melhor solução não o deferimento de guarda unilateral, mas da guarda compartilhada (Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Agravo de

Instrumento-Cv1.0702.14.001707-1/001.0268791-15.2014.8.13.0000(1).Rel.Des.DárcioLopardiMendes.4ªCâmaraCível.DJ28-8-2014.

Datadapublicação:3-9-2014).

288 GRECO, Leonardo. Garantias fundamentais do processo: o processo justo. Disponível em:

<www.mundojuridico.adv.br/html/artigos/documentos/texto165.htm>.Acessoem:25jun.2012.