raiz forte

3
RAIZ FORTE A mandiocultura é a base econômica de muitas comunidades e famílias de pequenos produtores rurais. E o Sebrae tem investido em projetos para o desenvolvimento da atividade em todo o país NOVEMBRO/2012 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800 utritiva, versátil, saborosa, a mandioca é um alimento valioso na dieta de milhões de brasilei- ros. E uma atividade que vem se tornando mais e mais rentável para quem aprende a inovar, criar e buscar parcerias, novas formas de comercialização e de utilização de seus derivados. Em Sergipe, por exemplo, os produtores da Associação para o Desenvolvimento Comunitário do Povoado Pau Ama- relo, de Umbaúba, a cerca de 90 quilômetros de Aracaju, estruturaram um Arranjo Produtivo Local (APL) e consegui- ram colocar o produto na merenda escolar de toda a rede municipal. “A criançada tem gostado da novidade. E há op- ções de consumo em forma de bolos, beijuzinhos coloridos, beiju de coco, farinhas. Foi uma iniciativa bem recebida”, conta o presidente da associação, o produtor João Bilanga, que chegou à região em 1976 e acabou se tornando filho da terra. “Vim de Alagoas com um grupo para ensinar o pessoal daqui a plantar fumo e acabei ficando”, relembra. N

Upload: midia-plano

Post on 06-Mar-2016

286 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Informe Empreender, encarte do Sebrae na revista Globo Rural, edição novembro de 2012

TRANSCRIPT

Page 1: Raiz Forte

novembro de 2012 1

Raiz foRtea mandiocultura é a base econômica de muitas comunidades e famílias de pequenos produtores rurais. e o Sebrae tem investido em projetos para o desenvolvimento da atividade em todo o país

NOVEMBRO/2012 – sEBRaE.cOM.BR – 0800 570 0800

utritiva, versátil, saborosa, a mandioca é um alimento valioso na dieta de milhões de brasilei-ros. E uma atividade que vem se tornando mais e mais rentável para quem aprende a inovar,

criar e buscar parcerias, novas formas de comercialização e de utilização de seus derivados.

Em Sergipe, por exemplo, os produtores da Associação para o Desenvolvimento Comunitário do Povoado Pau Ama-relo, de Umbaúba, a cerca de 90 quilômetros de Aracaju,

estruturaram um Arranjo Produtivo Local (APL) e consegui-ram colocar o produto na merenda escolar de toda a rede municipal. “A criançada tem gostado da novidade. E há op-ções de consumo em forma de bolos, beijuzinhos coloridos, beiju de coco, farinhas. Foi uma iniciativa bem recebida”, conta o presidente da associação, o produtor João Bilanga, que chegou à região em 1976 e acabou se tornando filho da terra. “Vim de Alagoas com um grupo para ensinar o pessoal daqui a plantar fumo e acabei ficando”, relembra.

N

Page 2: Raiz Forte

EMPREENDER // SEBRAE2

a MaNdiOcultuRa VEM sE tORNaNdO Mais E Mais RENtáVEl paRa quEM apRENdE a iNOVaR, cRiaR E BuscaR paRcERias, NOVas fORMas dE cOMERcializaçãO E dE utilizaçãO dE sEus dERiVadOs

//a s s ocia t iv ismo//

Hoje com seis filhos bem criados, sua lavoura e o entusiasmo de quem vê a agricultura familiar se diversificar e se desenvolver, Bilanga só tem a comemo-rar. “Começamos o APL com o incentivo do Sebrae e já temos uma cozinha es-pecializada, o Centro Técnico Especia-lizado em Mandioca e Derivados, onde oferecemos cursos para merendeiras, por exemplo, para que aprendam a cozinhar pratos com o produto”, explica. O apoio ao projeto veio não só do Sebrae, mas também da prefeitura municipal e tem servido de exemplo para produtores de outros municípios. “É importante que o produtor aprenda a diversificar sua pro-dução e encontre novos meios de se co-locar no mercado” sentencia ele.

// VersatilidadeDiversificar é também o conceito com que o Sebrae tem trabalhado nos pro-jetos para este setor. De acordo com o gerente de agronegócios, Ênio Queijada, há muitos usos que ainda precisam ser explorados e desenvolvidos na mandio-cultura. “A mandioca tem um potencial quase desconhecido na nutrição ani-mal. Se os suinocultores conhecessem e usassem mais este produto, talvez a dependência do milho fosse menor, o que poderia diminuir a forte compres-são das margens de lucro do setor. Sem uma postura ingênua ou ufanista do setor, a mandioca pode se tornar a com-modity do século 21, basta saber apro-veitar as oportunidades existentes.”

Outra forma diferenciada – e recente – de uso é para a fabricação de sabão, utilizando a manipueira, um subpro-duto da mandioca. As mulheres da comunidade de Patauateua, localiza-da no município de Ourém, no Pará, a 182 quilômetros da capital, Belém, vêm investindo com sucesso na fabricação de sabão para melhorar o sustento de suas famílias. O diferencial do produto destas mulheres está na base: o sabão

João Bilanga: mandioca e derivados na merenda

escolar municipal por meio de um arranjo Produtivo Local (aPL) e aposta na

especialização, com o Centro técnico especializado em

Mandioca e Derivados

Alfr

edo

Mor

eira

Page 3: Raiz Forte

novembro de 2012 3

Empreender – Informe Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de administração e finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. endereço: SGAS 605, Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF,CEP: 70.200-645 – fone: (61) 3348-7494 – Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae

de Patauateua, ou de tucupi, como é chamado na região, é feito com mani-pueira, resíduo do processo de fabrica-ção de farinha e fécula da mandioca, muitas vezes desprezado pelos produ-tores. Além de fonte de renda, o uso do resíduo evita problemas ambientais. É que, quando não tem um destino ade-quado, a manipueira é descartada no meio ambiente sem nenhum tipo de tratamento, provocando poluição do solo e dos rios.

A cadeia produtiva da mandioca é a principal atividade econômica da comunidade, favorecendo cerca de 40 famílias da região. Com o apoio de insti-tuições como Sebrae, Emater, Embrapa, governo do Pará, prefeitura de Ourém e Universidade Federal do Pará, os pro-dutores já conseguiram montar uma unidade de beneficiamento, que pro-duz, em média, 3 toneladas de farinha por semana. A fabricação de sabão co-meçou a partir de oficinas ministradas junto à comunidade.

Para o analista de Agronegócios do Sebrae, Rafael Hermógenes, a ini-ciativa da comunidade de Patauateua pode servir de exemplo para diversos mandiocultores do Brasil. “A experiência dos produtores desta comunidade po-de, muito em breve, servir de referência para as demais comunidades que têm interesse em reaproveitar a manipueira de forma sustentável”, ressaltou.

// Força no varejoAtualmente o Sebrae tem dez proje-tos ligados à mandiocultura em sete Estados (Alagoas, Bahia, Pará, Piauí, Rondônia, Rio Grande do Norte e Ser-gipe), apoiando 5.883 empreendimen-tos. Números significativos para um setor que vem ganhando relevância e cujos produtos diferenciados começam a ocupar as gôndolas dos supermer-cados e do varejo, tornando-os mais acessíveis e atraentes.

Caso dos beijus coloridos produzidos por um grupo de mulheres da região de Capanema, a cerca de 150 quilômetros de Belém. “O nosso gestor do Sebrae conheceu o projeto de produção do beiju colorido da Embrapa, na Bahia, e

nos sugeriu a ideia. Gostamos e come-çamos a aprender, nos preparar e nos capacitar”, conta a diretora de vendas do grupo, Francisca de Aguiar Lima.

Assim, há dois anos as empreen-dedoras iniciaram uma história de su-cesso que hoje pode ser vista na maior rede de supermercados da região, com estande de degustação próprio, emba-lagens atraentes e quatro sabores, que vêm conquistando o paladar dos con-sumidores. “Nos aperfeiçoamos, busca-mos cursos técnicos e gerenciais, tive-mos todo o apoio do Sebrae para nosso empreendimento e os resultados estão aí. Estamos nos supermercados, temos consumidores satisfeitos e perspectivas excelentes para o futuro.”

acima, Maria Célia Souza (3ª da esq. para a dir.) e suas sócias: investimento na capacitação para crescer, com o sabão de tucupi;ao lado, os beijus coloridos de francisca aguiar Lima

Olav

o Ra

mos

Jún

ior