raio-x, nº 6

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A MELHOR TURMA DO INTERMED Cerco aos professores fantasmas Com talento e criatividade, a 84 domina o Intermed e conquista dois títulos: campeonato feminino e melhor torcida. Confira o desempenho de todos os times. Levantamento inédito revela o regime de trabalho de todos os 101 docentes dos cinco departamentos médicos da Ufes. Em agosto, o neurocirurgião e professor José Carlos Saleme foi punido com demissão. O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES Julho/Agosto/Setembro 2010 - Edição 6 Dúvidas sobre Residência Médica? RAIO-X preparou um guia completo sobre a especialização médica considerada padrão-ouro A lista e o ranking das especialidades e áreas de atuação reconhecidas. O perfil, as etapas e os critérios de avaliação dos concursos mais concorridos e procurados pelos alunos da Ufes em 2009. As dicas preciosas de Marcelo Muniz e Marcelo Masruha para garantir uma carreira de sucesso. “Já encaminhei ao reitor três relatórios sobre a obra do Elefante Branco, e o último também dirigido ao Ministério Público Federal, acusando o prefeito de Vitória por descumprimento de contrato” EXCLUSIVO DOIS ANOS ...E o descaso da Prefeitura de Vitória completa Carlos Alberto Redins Diretor do CCS ESPECIAL “O que posso afirmar é que cheguei onde jamais sonhei há 15 anos. Nunca imaginei ter os cargos, funções e status que tenho hoje. Não com 37 anos.” Gustavo Peixoto Cirurgião e professor

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O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES. Edição 6: Jul/Ago/Set 2010

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Page 1: Raio-X, nº 6

A MELHOR TURMA DO INTERMED

Cerco aos professores fantasmas

Com talento e criatividade, a 84 domina o Intermed e conquista dois títulos: campeonato feminino e melhor torcida. Confira o desempenho de todos os times.

Levantamento inédito revela o regime de trabalho de todos os 101 docentes dos cinco departamentos médicos da Ufes. Em agosto, o neurocirurgião e professor José Carlos Saleme foi punido com demissão.

O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES Julho/Agosto/Setembro 2010 - Edição 6

Dúvidas sobre Residência Médica?

RAIO-X preparou um guia completo sobre a especialização médica considerada padrão-ouro A lista e o ranking das especialidades e áreas de atuação reconhecidas.

O perfil, as etapas e os critérios de avaliação dos concursos mais concorridos e procurados pelos alunos da Ufes em 2009.

As dicas preciosas de Marcelo Muniz e Marcelo Masruha para garantir uma carreira de sucesso.

“Já encaminhei ao reitor três relatórios sobre a obra

do Elefante Branco, e o último também dirigido ao

Ministério Público Federal, acusando o prefeito

de Vitória por descumprimento

de contrato”

EXCLUSIVO

DOIS ANOS...E o descaso da Prefeitura de Vitória completa

Carlos Alberto RedinsDiretor do CCS

ESPECIAL

“O que posso afirmar é que cheguei onde jamais sonhei há 15 anos. Nunca imaginei ter os cargos, funções e status que tenho hoje.Não com 37 anos.”

Gustavo PeixotoCirurgião e professor

Page 2: Raio-X, nº 6

Caro leitor,O jornalismo acadêmico é uma área em franca expansão, mas ainda pouco valorizada. A fal-ta de interesse dos leitores por esse meio de comunicação não pode ser encarada como único

fator para explicar tal processo. Aliás, a explicação mais coe-rente passa pela lógica inversa. Isto é, o jornalismo acadêmico é que não fascina o público, talvez pelo linguajar excessivamente técnico, pela falta de sensibilida-de para cativar o leitor ou pela carência de atrativos visuais e

Informe. Toda quarta-feira, as 12h30, tem reunião no DAMUFES. Participe!

EXPEDIENTE. RAIO-X O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES. Publicação do Diretório Acadêmico de Medicina da UFES. Editor Wagner Knoblauch Textos Wagner Knoblauch (T80), Leonardo Tafarello (T80), Victor Cobe (T80), Jequélie Cássia (T80), Constan-ce Dell’Santo (T80), Gustavo Franklin (T83), Luana Gaburro (T79), Ivan Nogueira (T82) Crédito das fotos Equipe RAIO-X, Arquivo e Internet Diagramação Equipe RAIO-X Impressão Gráfica UFES Tiragem 500 exemplares Fale com o editor (27) 8153-3178 - [email protected]

Redação. Mande sua sugestão de reportagem, crítica e comentário para [email protected]. Ajude a fazer o RAIO-X.

Nós, médicos, representados no XII Encontro Nacional de En-tidades Médicas (ENEM), de 28 a 30 de julho de 2010, em Brasília, reiteramos nosso com-promisso ético com a população brasileira. Neste ano, no qual o futuro do país será decidido pelo voto, apresentamos à nação e aos candidatos às próximas eleições nossa pauta de reivindicações, que necessita ser cumprida ur-gentemente, para não agravar ainda mais a situação que já atinge setores importantes da as-sistência em saúde. Esperamos respostas e soluções aos proble-mas que comprometem os rumos da saúde e da Medicina, contri-buindo assim, para a redução de desigualdades, para a promoção do acesso universal aos serviços públicos e para o estabelecimen-to de condições dignas de traba-lho para os médicos e de saúde à população, para que este seja realmente um país de todos.

1. É imperioso garantir a aprova-ção imediata da regulamentação da Emenda Constitucional 29, que vincula recursos nas três es-feras de gestão e define o que são gastos em saúde. Esse adiamen-to causa danos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e compromete sua sobrevivência.

2. O Governo Federal deve asse-

gurar que os avanços anunciados pela área econômica tenham re-percussão direta no reforço das políticas sociais, particularmente na área da saúde, que sofre com a falta crônica de recursos, gestão não profissionalizada e precari-zação dos recursos humanos.

3. São urgentes os investimentos públicos em todos os níveis de assistência (atenção básica, mé-dia e alta complexidade) e pre-venção no SUS. O país precisa acabar com as filas de espera por consultas, exames e cirurgias, com o sucateamento dos hospi-tais e o estrangulamento das ur-gências e emergências, além de redirecionar a formação médica de acordo com as necessidades brasileiras.

4. A Agência Nacional de Saú-de Suplementar (ANS) precisa assumir seu papel legítimo de espaço de regulação entre em-presas, profissionais e a popu-lação para evitar distorções que penalizam, sobretudo, o pacien-te. A defasagem nos honorários, as restrições de atendimento, os descredenciamentos unilaterais, os “pacotes” com valores pre-fixados e a baixa remuneração trazem insegurança e desqualifi-cam o atendimento.

5. O papel do médico dentro do SUS deve ser repensado a partir

do estabelecimento de políticas de recursos humanos que garan-tam condições de trabalho, edu-cação continuada e remuneração adequada.

6. A proposta de criação da Car-reira de Estado do Médico deve ser implementada, como parte de uma necessária política pública de saúde, para melhorar o acesso da população aos atendimentos médicos, especialmente no inte-rior e em zonas urbanas de difícil provimento. No Brasil, não há falta de médicos, mas concentra-ção de profissionais pela ausên-cia de políticas – como esta – que estimulem a fixação nos vazios assistenciais, garantindo a equi-dade no cuidado de Norte a Sul.7. A qualificação da assistência pelo resgate da valorização dos médicos deve permear outras ações da gestão nas esferas pú-blica e privada. Tal cuidado visa eliminar distorções, como con-tratos precários, inexistência de vínculos, sobrecarga de trabalho e ausência de estrutura mínima para oferecer o atendimento ao qual o cidadão merece e tem di-reito.

8. Atentos ao futuro e à qualidade do exercício da Medicina, exigi-mos aprofundar as medidas para coibir a abertura indiscriminada de novos cursos, sem condições

de funcionamento, que colocam a saúde da população em risco. De forma complementar, é pre-ciso assegurar que a revalidação de diplomas obtidos no exterior seja idônea e sem favorecimen-tos, assim como oferecer a todos os egressos de escolas brasilei-ras vagas em Residência Médi-ca, qualificadas pela Comissão Nacional de Residência Medica (CNMR), entidades médicas e sociedades de especialidade.

9. Num país de extensões con-tinentais, torna-se imperativo trabalhar pela elaboração de políticas e programas de saúde que contemplem as diversidades regionais, sociais, étnicas e de gênero, entre outras, garantin-do a todos os brasileiros acesso universal, integral e equânime à assistência, embasados na efici-ência e na eficácia dos serviços oferecidos, convergindo em de-finições claras de políticas de Estado para a saúde.

Preocupados com o contexto da Saúde no Brasil e com o des-cumprimento de suas diretrizes e princípios constitucionais, nós, médicos, alertamos aos governos sobre seus compromissos com a saúde do povo brasileiro.

Associação Médica BrasileiraConselho Federal de Medicina

Federação Nacional dos Médicos

Manifesto dos Médicos à Nação

Médicos de todo o país cobram respostas dos gestores para problemas estruturais do Sistema Único de Saúde e clamam por urgentes investimentos públicos em todos os níveis de assistência (atenção básica, média e alta complexidade) e prevenção no SUS. Esta e outras manifestações foram publicadas em “Manifesto dos Médicos à Nação”. O documento traz propos-tas de soluções aos problemas que comprometem os rumos da saúde e da Medicina, contribuindo para a redução de desi-gualdades, a promoção do acesso universal aos serviços públicos e para o estabelecimento de condições dignas de trabalho para os médicos e de saúde à população. O Manifesto é uma síntese dos debates do XII Encontro Nacional das Entidades Médicas (ENEM), realizado entre 28 e 30 de julho, em Brasília (DF), onde participaram 700 lideranças das entidades médi-cas – Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Federação Nacional dos Médicos (FE-NAM). O texto foi encaminhado aos representantes dos Três Poderes e aos principais candidatos à Presidência da República.

didáticos para facilitar a leitu-ra. Desde a primeira edição, em março de 2009, RAIO-X tenta romper tais barreiras. E nesta edição, duas reportagens - nosso destaque de capa sobre os pro-fessores fantasmas e o especial sobre residência médica - e uma seção - a Verborragia, agora fixa

na última página - têm por obje-tivo, além de informar, estreitar o laço entre a equipe que produz o jornal - composta por alunos, e os leitores - alunos, professores e demais pessoas que circulam no campus. O jornalismo, inclusive o acadêmico, deve sempre estar a serviço de seus leitores.

Page 3: Raio-X, nº 6

A agonia dos hospitais-escolaIgnorados pelo governo, com falta de funcionários e subfinanciados, hospitais de ensino lutam para sobreviver.

“Nestes primeiros 21 dias de administração, deparamos com situações crônicas e, acredito algumas insolúveis, em vista da política de saúde do governo fe-deral”. A declaração é do ex-di-retor superintendente do Hucam, Gerson Marino, no auge da cri-se enfrentada pelo hospital. Em março de 2008, Marino pediu demissão. Permaneceu pouco mais de dois meses na direção. Em maio do mesmo ano, Emílio Mameri assumiu a superinten-dência do Hospital das Clínicas. Na época, o hospital acumulava uma dívida de R$ 6 milhões e um déficit mensal que chegava a R$ 800 mil, e já apresentava uma severa defasagem na área de recursos humanos. Por conta dessa situação, e por orientação do Ministério Público Federal (MPF/ES), duas auditorias foram realizadas no Hucam durante o ano de 2008, uma tocada pelo Ministério da Saúde e outra pela Secretaria de Estado da Saúde. Em fevereiro de 2009, o pro-curador da República André Pi-mentel Filho ajuizou ação civil pública, com base nos dados das auditorias, na qual obriga a União e a Ufes a realizar concurso pú-blico para o preenchimento de 688 vagas na estrutura de pesso-al do hospital. Entre os cargos há 50 vagas para médicos, 56 para enfermeiros e 283 para técnicos em enfermagem. A escassez de recursos humanos é evidente. Segundo o diretor Emílio Mame-ri, apesar do Hucam ser um hos-pital universitário federal, atu-almente tem funcionários com oito vínculos empregatícios di-ferentes. “O hospital evoluiu em várias áreas, mas continua com o mesmo quadro de funcionários de 15 anos atrás”, pondera. Para contornar a situação, o hospital recorre à contratação de pessoal por meio da fundação (antes a Sahucam, e hoje a Fahucam) e à solicitação de servidores do Es-tado e do município de Vitória. Todos os funcionários que atuam na limpeza e na alimentação, por exemplo, são terceirizados. O mais grave é que o custeio de re-cursos humanos, consome, todo mês, cerca de 35% do orçamento do hospital. Verba esta que pode-ria ser investida na infraestrutura e compra de equipamentos.

Desde o início do ano, por mo-tivos judiciais, 85 funcionários do Estado foram afastados do hospital, o que acarretou no fe-chamento da maternidade de alto risco e na redução de metade dos leitos da UTI neonatal, serviços em que o Hucam é referência. No momento, a direção negocia com o Estado a cessão de 400 a 500 servidores. No campo de recursos humanos, o hospital se vê obrigado a viver de “esmo-las”, há anos, porque o gover-no federal não realiza concurso público. Para o MPF, “o Hucam sempre fica a mercê de soluções paliativas que duram somente até a eclosão da próxima cri-se (...). Os recursos estadual e municipal são desviados para a manutenção de um hospital fe-deral (...). O fato é que a União vem se omitindo gravemente no enfrentamento do problema”. Segundo apuração de RAIO-X, a ação civil pública foi encami-nhada para sentença em julho e deve ser julgada ainda neste ano pelo juiz Alexandre Miguel, da 4ª Vara Federal Cível. Dos cerca de 7 mil hospitais brasileiros, apenas 2,3% são hospitais universitários (HUs), mas eles são responsáveis pelo uso de um em cada dez leitos, e de 25% dos leitos de UTI. Além disso, mais de 37% de transplan-tes de alta complexidade ocor-rem em HUs. Todavia, todos os

46 hospitais-escola federais do país estão em crise, por falta de funcionários e de verba. Para o diretor Mameri, que é membro da Abrahue (Associação Brasi-leira de Hospitais Universitários e de Ensino), a situação do Hu-cam é uma das mais amenas. “O Hucam fechou 2009 sem dever nada a ninguém, com as contas em dia. O maior desafio é falta de pessoal, não de verba”, salien-ta o diretor. Em relatório divul-gado recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) foi taxativo: há uma crise de gestão e custos nos HUs. Para o TCU, há três principais problemas que precisam ser resolvidos de ime-diato: “A insuficiência e a preca-riedade de pessoal; a questão de financiamento; e a necessidade de os hospitais terem autonomia gerencial”. O próprio Ministério da Educação (MEC) admitiu que “é preciso contratar emergencial-mente 7.659 trabalhadores para manter o serviço como está, sem fechar mais leitos, nos 46 HUs. De 2008 para cá, quase 300 lei-tos foram desativados, e o total já chega a 1.400”. No Hucam, são quase 100 leitos inativos. O MPF/ES não foi o único a ajuizar ação contra a União e em prol de um hospital-escola federal. Em relação aos recur-sos humanos, há um “jogo de empurra”, como classificou o procurador André Pimentel, en-

tre o MEC e o Ministério do Pla-nejamento, Orçamento e Gestão. Em relação ao financiamento, o impasse ocorre entre o MEC e o Ministério da Saúde. Pressio-nado, o presidente Lula assinou, em janeiro de 2010, o decreto que instituiu o Rehuf (Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Fede-rais). De acordo com o governo federal, o Rehuf “prevê condi-ções materiais e institucionais para que os HUs possam cum-prir plenamente suas funções de ensino, pesquisa e extensão, além da assistência à saúde”. Em julho, o Ministério da Saúde liberou R$ 100 milhões para 45 hospitais-escola federais. Essa é a primeira parcela de um total de R$ 300 milhões, que devem ser liberados ainda este ano. O Hucam recebeu cerca de R$ 2,6 milhões, referentes à primeira parcela, que serão investidos na reforma do refeitório e cozinha, do setor de farmácia e do antigo centro cirúrgico. Para Mameri, “o Rehuf é bastante amplo e se fosse colocado em prática todos os problemas dos HUs estariam resolvidos”, mas o diretor admi-te que não está contando com o dinheiro do programa. Enquanto os hospitais-escola agonizam, os alunos, professores, profissio-nais de saúde e pacientes amar-gam prejuízos. (com reportagem de Wagner Knoblauch)

Page 4: Raio-X, nº 6

Aos 16 anos, Gustavo Peixoto Soares Miguel passou no Ves-tUfes para Medicina. Aos 30, Peixoto assumiu a chefia do Programa de Transplante He-pático do Espírito Santo. Hoje, com 37 anos de idade e 15 de carreira, ele chefia o serviço de Cirurgia Geral do Hucam e coordena o programa de resi-dência médica de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hucam. Gustavo Peixoto, que também é professor da Ufes pelo depar-tamento de Clínica Cirúrgica, concluiu a graduação com 22 anos e conheceu rápido o sig-nificado de sucesso profissio-nal. Com uma carga de traba-lho que ultrapassa facilmente incríveis 100 horas semanais, Peixoto, pai de três filhos, é um dos cirurgiões mais competen-tes, requisitados e admirados da atualidade. É referência quando o assunto é cirurgia do aparelho digetivo, sobre-tudo transplante hepático e cirurgia bariátrica. O médico conversou com o editor Wag-ner Knoblauch no Hucam em uma noite de sexta-feira, nas férias de julho, único horário livre disponível para entrevis-ta, após duas horas de reunião com residentes, penúltimo compromisso do dia. Finaliza-da a entrevista, depois das 21h, Peixoto seguiu para visitar um paciente no Cias, a pedido de um colega. No sábado seguin-te, cirurgia bariátrica mar-cada para as 7h da manhã no hospital Meridional.

Sua equipe realizou recente-mente uma cirurgia no Hucam que o senhor anunciou no twit-ter como “abordagem hepáti-ca por single port”. Um feito inédito? Sim, a cirurgia foi um cistohepático por single port e é inédita. Até o momento, só vi um único relato na literatura, de um cirurgião japonês. É raro. Nós vamos publicar esse caso. Aqui no Estado, não há notícias de ou-tra equipe que esteja fazendo ci-rurgias por incisão única. Nossa equipe já fez colecistectomias, apendicectomias e cistohepáti-co por SILS (single incision la-paroscopic surgery, ou cirurgia laparoscópica de incisão única),

que seria colocar todos os portais dentro do umbigo para esconder a cicatriz. É uma técnica nova e muito promissora, até mesmo porque já existem no mercado pinças cirúrgicas articuladas (an-tes todas eram retas), então não é preciso fazer mais do que uma incisão. Fiz um curso no Chile para aprender a técnica.

O que precisa mudar no setor de cirurgia do Hucam? A pri-meira coisa é infraestrutura. A direção já tomou as providências e está reformando o setor. A se-gunda se refere às rotinas e aos protocolos, que não são padroni-zados. Estão em fase de produ-ção 25 protocolos para permitir a padronização das condutas do serviço de cirurgia do hospital. A ideia é fazer um manual de cirurgia com todas as condutas. Dessa forma, o residente, mes-mo que não tenha estudado na Ufes, chega ao Hucam sabendo a nossa forma de trabalho. A terceira é o problema de pesso-al, agravado pela aposentadoria de professores. Com esses itens resolvidos chegamos a um nível bom. Na verdade, o serviço não é o tijolo, é quem trabalha. Mesmo com estrutura relativamente pre-cária, sem luxos, se há protoco-los e padronização de condutas é possível produzir muito e com qualidade. Mesmo com metade dos leitos, por conta das obras, estamos com o mesmo volume de cirurgias do ano passado.

O serviço de cirurgia do Hu-cam é referência em que? São 5 frentes: fígado, vias biliares, pâncreas, cirurgia laparoscópica e bariátrica, o carro-chefe. Todas são cirurgias de alta complexida-de do aparelho digestivo. Desde o ano passado, o dr. Marcos Reuter retomou as CPRE (colangiopan-creatografia retrógrada endos-cópica, um exame do aparelho digestivo), que muitas vezes evitam cirurgias de grande porte. Além do SILS, também fazemos anastomoses biliodigestivas por videocirurgia, cirurgias de Whi-pple (duodenopancreatectomia), que que só era realizada uma ou duas no ano, hoje fazemos até duas por semana, e outras abor-dagens avançadas. Atualmente é

muito comum a transferência de pacientes graves de vários pon-tos do estado, e até de Minas e da Bahia, para o nosso serviço. E, de fato, o Hospital Universitá-rio deve ser terciário e quaterná-rio, em sua essência. E deve ter esse grau de resolutividade. Na verdade, reassumimos um papel que sempre foi nosso. Hoje acei-tamos os doentes do aparelho digestivo, independente da gra-vidade e complexidade, e dentro das possibilidades, resolvemos todos casos.

O senhor também faz parte de uma equipe de transplante de fígado que está na contagem regressiva para a centéssima cirurgia. Exato. Alguns mé-dicos e residentes do Hucam, principalmente os R5, operam conosco. Todos os transplantes são realizados no Meridional, mas das 97 operações feitas até o momento, 94 foram realizadas em pacientes do SUS. Essa equi-pe é responsável por mais 90% dos transplantes hepáticos reali-zados no Estado (há uma equi-pe no Vitória Apart Hospital). O primeiro transplante hepático da nossa equipe, e do Estado, foi feito em 12 de janeiro de 2005. A expectativa é completar 100 operações em agosto.

Um de seus maiores aliados nos transplantes hepáticos é o twitter... Sim, o twitter é muito importante. Antes, quando sur-gia a notícia de um potencial do-ador, era preciso ligar ou enviar torpedo para toda a equipe, o que consumia muito tempo. Hoje, eu coloco a informação no twitter e todos recebem na hora, porque grande parte da equipe tem smar-tphone. Coloco os dados impor-tantes na internet e não preciso perder tempo repassando a mes-ma informação para cada um. O twitter é o canal de comunicação oficial da equipe. Só preciso li-gar para a hepatologista, porque ela não é ligada nessas redes so-ciais e novas tecnologias.

Se tivesse que escolher ago-ra entre cirurgia bariátrica e tranplante hepático, qual dei-xaria de lado? O transplante está na minha essência de cirurgião e

dentro daquilo que planejei para minha carreira. A cirurgia bari-átrica foi quase que imposta na minha vida. Foi uma coisa que aprendi a gostar e que me dá um retorno financeiro muito bom. Quando terminei a residência no Hospital do Servidor Públi-co Estadual fui para Hospital Ipiranga ser staff e coordenar o setor de videocirurgia. O diretor do hospital viu no meu currículo que eu tinha experiência em ba-riátrica e me convidou para ini-ciar o programa dessa cirurgia. No início, não gostava muito. Depois, surgiu a oportunidade, e decidi voltar para trabalhar em Vitória. Além disso, eu não acei-to bem a perda de um doente. Perder um paciente com câncer ou transplantado não é tão trau-matizante, no caso do cirurgião, do que perder um da bariátrica. Aqui em Vitória, a história se repetiu. Também fui convidado para iniciar o programa de cirur-gia bariátrica. Topei, mas com a condição de que operaria uns 20 ou 30 doentes, que seria o suficiente para treinar a equipe. Fiz 20, 30, 40 e, de repente, meu consultório encheu de gordinhos e eu virei o Gustavo Peixoto da bariátrica. Em seguida, veio o doutorado, que eu sempre quis fazer em transplante hepático, mas não havia volume de pa-cientes, e na bariátrica tinha. Fiz, então, o doutorado em bariátrica. Hoje, gosto bastante da cirurgia bariátrica porque visualizo com mais clareza o outro lado. Uma comparação: faço 100 cirurgias de Whiplle hoje. Daqui 5 anos, só 20 pacientes estarão vivos. Isso gera sofrimento para o ci-rurgião, que se dedica tanto e vê os doentes morrerem por conta da recidiva do câncer e compli-cações em geral. Agora, se opero 100 gordinhos hoje, quase sem-pre todos estarão vivos, felizes e saudáveis daqui 5 anos. Isso tem uma recompensa muito grande para o cirurgião. A felicidade do gordinho depois da bariátrica equilibra a dor e tristeza que en-caro com os óbitos por câncer de pâncreas, fígado. Um compensa o outro.

O Sr. tem idéia de quantas horas semanais trabalha? Eu

No topo, antes dos 40O cirurgião e professor da Ufes Gustavo Peixoto, 37, é referência em tranplante de fígado e cirurgia bariátrica.

ANAMNESE

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durmo de 5 a 6 horas por noite, em média. No restante do tem-po, eu trabalho. As tardes de domingo eu me obrigo a passar com meus filhos, dedico-me à família. Tempo de trabalho é uma questão relativa. Tem gente que gosta de sair para dançar no sábado à noite. Eu também, uma vez ou outra na vida. Geralmente dedico a noite de sábado para ler um artigo científico recente, que também é uma atividade pra-zerosa. O fato de minha esposa ser médica (a otorrinolaringo-logista Kátia Portinho Miguel) facilita essa minha dedicação os-tensiva. Ela compreende e apoia. Realmente trabalho demais, aci-ma da carga horária normal, mas na metade do tempo, ou mais, divirto-me, como nas visitas de enfermarias com residentes ou nas reuniões científicas do servi-ço. O excesso de trabalho em si não me desgasta, porque é gra-tificante e faço com prazer. As tarefas administrativas é que me desgastam. Mas confesso que a carga semanal de trabalho pode-ria ser 5% menor.

Quando o Sr. tirou férias pela última vez? Tirei uma semana de férias em 2006. E estava de férias na primeira semana de agosto, cumprido a promessa que fiz a meus filhos. Mais do que sete dias de férias enjoa. Na verdade, no Brasil, é difícil você não descansar durante o ano, por conta dos feriados e, nesse ano, a Copa.

Arrepende-se de ter escolhido a cirurgia e não a clínica? Eu, na verdade, ia ser patologista. Acompanhava o Paulo Merçon (professor do departamento de Patologia). No 9º período, du-rante uma cirurgia de Whiplle com o dr. Olívio, fiquei encanta-do com o ato cirúrgico e resolvi me dedicar a isso. Achei muito mais legal do que fazer autópsia na patologia. Meu histórico aju-dou. Fui monitor de anatomia, patologia e técnica operatória, e fiz mais de 100 necrópsias com o Merçon. Eu era cirurgião des-de o começo e não sabia. A vo-cação surgiu ao longo do curso. Foi bom ter sido assim porque quando passei pela pediatria, por exemplo, estudei como se qui-sesse ser pediatra. O momento ideal para escolher a especiali-dade, ao meu ver, é no internato.

Como se preparou para as pro-vas de residência? Não fiz med-curso (cursinho preparatório).

Tinha um grupo de estudos na minha sala. Durante todo o curso, estudava para fazer prova, lendo os cadernos que os nerds copia-vam, e estudava para aprender, nos livros. Eu fiz o resumo do tratado de cirurgia e dois amigos traduziram o tratado de clínica médica. Dividimos pediatria e ginecologia/obstetrícia. Nossa estratégia era a seguinte: as pro-vas de clínica médica e pediatria são mais complexas, e não dá pra fechar. Cirurgia, epidemiolo-gia e ginecologia/obstetrícia são mais fáceis, e dá pra fechar. Deu certo. Fui aprovado em Cirurgia Geral aqui no Hucam (2º lugar), no Hospital do Servidor Público de São Paulo (1º lugar), no SUS-SP (2º lugar) e no Hospital Asa Norte – Brasília (1º lugar). Esco-lhi o Hospital do Servidor Públi-co, porque tem grande volume e o residente opera. Tive dúvida se ficava em Vitória ou ia para São Paulo porque toda minha família é capixaba e gosto muito daqui. O próprio dr. Olívio me motivou a ir embora, mas com a promes-sa de que voltaria para a Ufes depois.

Considera-se realizado profis-sionalmente? Ou ainda falta algo? Falta eu ver as coisas anda-rem sem a minha presença. Se eu não estiver na sala de cirurgia, o transplante vai acontecer, mas a equipe vai me ligar várias vezes, sem dúvida. Quer dizer, ainda é mais prático eu estar presente sempre. O serviço deve funcio-nar sem depender de ninguém. Por exemplo, o Hospital das Clí-nicas, que é hospital-escola, pas-sou por uma crise de identidade durante muitos anos. As pessoas esqueceram que a missão do Hu-cam é ensino, pesquisa, extensão e assistência. Todo professor deve ser cobrado quanto a isso. O sentimento de que aqui tudo dá errado, de que falta tudo, não há protocolos de conduta, nin-guém publica nada são rótulos colocados e que foram aceitos. Basta não aceitar esses rótulos. Falo pelo serviço de cirurgia. Agora, já temos publicações, re-ativamos a monitoria e a inicia-ção científica, temos uma linha de pesquisa e os nossos residen-tes operam. O professor tem o dever de ensinar, criar linhas de pesquisa para atrair os alunos e fazer assistência. Enfim, não es-tou plenamente realizado porque isso significa problema, como-dismo. O que posso afirmar é que cheguei onde jamais sonhei há 15 anos. Nunca imaginei ter

os cargos, funções e status que tenho hoje. Não com 37 anos. Entrei na Ufes com 16 anos e me formei com 22. Tudo aconteceu de forma precoce.

Na sua opinião, qual a receita do sucesso profissional? Fazer o que gosta, não pensar somen-te em dinheiro, trabalhar com intensidade e tentar sempre ser o melhor na sua área. Quando escolhi a cirurgia ouvi muitas opiniões negativas, do tipo “o mercado está saturado e você não terá onde trabalhar”. Mas eu não queria fazer uma área que não gostava. Nessas horas, é importante contar com uma boa estrutura familiar. No meu caso, meus pais me ajudaram bastante e me aconselharam a fazer o que eu gostava mais, que é cirurgia geral. E deu certo. Na minha opinião, a cirurgia geral não serve para as mulheres, pelo excesso de trabalho e de esfor-ço físico. Elas acabam ficando para trás quando engravidam. Minha esposa queria ser cirurgiã mas também desejava casar e ter filhos. Se nós dois fossemos ci-rurgiões, com carga de trabalho excessiva, isso não seria pos-sível. Ela, então, se convenceu a fazer uma especialidade que tinha procedimentos cirúrgicos, para sua satisfação profissional, só que mais tranquilos. Por isso ela escolheu a otorrino. Aliás, conheci minha esposa na patolo-gia. Eu estava no 7º período e ela no 4º. O Merçon pediu para que eu a orientasse. Não poderia ter sido diferente, já que vivíamos no hospital. Uma mensagem final? Sempre digo que na medicina, em situa-ções de dúvida, é preciso focar o paciente. Em decisões do tipo “opero ou não” você deve pen-sar: “se fosse minha mãe, ope-raria?”. Quando você é bom do ponto de vista técnico-científico e sempre pensa no melhor para o paciente, o retorno é garantido. E em relação aos profissionais, a mensagem é a seguinte: cada médico tem sua função, mas nem sempre isso é valorizado. No papel de jornalista médico, você, por exemplo, exerce um papel na área de comunicação muito importante para todos os médicos. Às vezes, o cirurgião se acha mais importante. Hoje os cargos políticos estão subvalori-zado, as entidades médicas estão enfraquecidas e o resultado é a perda de credibilidade da medi-cina perante a sociedade.

No twitter. Siga o médico no microblog e fi-que por dentro das novidades da Medicina (@gustavo_peixoto).

No centro cirúrgico. Referência em transplante de fí-gado e cirurgia bariátrica, Peixo-to opera quase todos os dias, no Hucam e no Meridional.

No consultório. Conheça a equipe da cirurgia ba-riátrica no site oficial do médico: www.drgustavopeixoto.com.br.

No congresso. A tese de doutorado de Peixoto, desenvolvida no Hucam, aponta a gastrectomia vertical como op-ção no tratamento da obesidade.

ANAMNESE

Page 6: Raio-X, nº 6

A SAÚDE NO PALANQUE

Quem deve solicitar exames e prescrever medicamentos?

A cronologia da polêmica.1986. A Lei 7.498/86 e o Decre-to 94.406/87 foram criados para regulamentar a Enfermagem. O enfermeiro tem autonomia, como integrante da equipe de saúde, de prescrever remédios. No entanto, os limites legais para a prática des-sa ação são os Programas de Saú-de Pública e rotinas que tenham sido aprovadas em instituições de saúde, pública ou privada.1997. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) criou uma resolução na qual o enfermeiro, além de prescrever remédios, também pode solicitar exames de rotina e complementares.2002. A Secretaria Municipal de Saúde de Vitória criou uma por-taria, atualizando a normatização das atividades do enfermeiro na Capital. O profissional passou a ter autonomia para solicitar exa-mes e prescrever medicamentos. Em 2006, foi a vez de a Prefeitura de Vila Velha fazer o mesmo.2008. Após solicitação do Sindi-cato dos Médicos do ES, a Justiça concedeu liminar suspendendo os efeitos das portarias criadas pelos dois municípios. Apenas Vila Ve-lha acatou a decisão. 2010. A Justiça decidiu que en-fermeiros de Vitória e Vila Velha podem prescrever remédios e so-licitar exames. O Tribunal Regio-nal Federal da 2ª Região foi favo-rável ao Cofen, contrariando ação do Ministério Público Federal que pretendia invalidar portarias que normatizam competências técni-cas e legais dos enfermeiros. A decisão ainda cabe recurso.

corrida presidencial, listamos as promessas de campanha de Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva. E na disputa ao governo do Estado do Espírito Santo, apresentamos as pro-postas de Renato Casagrande, Luiz Paulo e Brice Bragato. É importante salientar que ne-nhum eleitor deve orientar seu voto com base apenas em um conjunto restrito de propostas. RAIO-X deu destaque às pro-messas dos candidatos para o setor de saúde, mas reconhece que é imprescindível analisar o programa de governo como um todo.

“Os enfermeiros não conhecem a fundo os princípios ativos, doses, metabolização dos medicamentos no organismo. A preparação tam-bém não é suficiente para pedir e interpretar exames. É claro que eles tem entendimento sobre isso, mas não são preparados para tan-to. Isso diferencia um curso do ou-tro. O médico diagnostica e pres-creve medicamentos e exames, e o enfermeiro cuida do paciente”Carlos Alberto RedinsDiretor do CCS da Ufes

“O enfermeiro na sua formação tem farmacologia geral e em várias outras disciplinas do curso de En-fermagem da Ufes o conhecimen-to farmacológico é aplicado. Dessa forma, o enfermeiro está capacita-do a prescrever medicamentos no contexto dos programas de saúde. No entanto, devemos refletir e abrir para discussão as seguintes questões: em que contexto surge o ato médico? O seu surgimento ad-vém da necessidade de haver uma legislação sobre a profissão ou como mecanismo de polarização de poder e reserva de mercado? Faz-se necessário discutir o pro-cesso de trabalho em saúde, a pres-crição de remédio pelo enfermeiro no âmbito dos programas de aten-ção básica e o crescimento natural das profissões da área da saúde” Maria Edla Bringuente eMaria Cristina RamosColegiado de Enfermagem da Ufes

“Tenho respeito pelos enfermei-ros, mas temos que reconhecer que o curso de Enfermagem não contempla conhecimentos a ponto

de o profissional saber interpretar um exame. Acho que, se você pede um exame, tem que ter conheci-mento para entender o resultado”Aloísio Faria de SouzaPresidente do CRM-ES

“A consulta do enfermeiro se faz cada vez mais necessária. Nós mé-dicos estamos nos reduzindo cada vez mais a prescritores e tomadores de decisões, deixando os pacientes sem nenhum conhecimento sobre sua doença e cheios de dúvidas e medos. Antes de discutir o que não é função do enfermeiro, que tal discutir o que já é função dele?” Luciano Nader de AraujoMédico de Família e Comunidade

“O enfermeiro não quer substituir o médico. Ele vai dar continuida-de ao tratamento e, em caso de alguma intercorrência, o médico faz uma nova avaliação do pa-ciente. A ação do enfermeiro não é isolada. Essa resolução diz que o enfermeiro pode prescrever exa-mes e receitar medicamentos, de

acordo com o que é estabelecido em programas de saúde pública do Ministério da Saúde, como o de DST/AIDS e de pré-natal, ou em rotinas aprovadas pelas secre-tarias de Saúde dos municípios”Wilton José PatrícioPresiente COREN-ES

“Essa decisão fere o código mé-dico. Já recebemos denúncias de que situação semelhante em Vitó-ria e Vila Velha estava acontecen-do também em outros municípios, mas não vamos permitir isso. En-viamos ofícios para as prefeituras para que informem sobre a existên-cia de portarias que possibilitem essas atividades, mas já deixamos claro que, se houver, vamos entrar na Justiça. Qualquer pessoa além do médico que tenta se aventurar na relação com o paciente com a intenção de diagnosticar e tratar está ultrapassando os limites da profissão. O enfermeiro é um par-ceiro fundamental, mas é preciso separar os papéis de cada um”Otto Fernando BaptistaPresidente do SIMES

“Enfermeiros têm competência legal e técnica para atuar na pres-crição de medicamentos. Cabe aos conselhos trabalharem junto com seus profissionais para ter cons-ciência e limite dessa ação. Caso contrário, vai ter enfermeiro agin-do, trabalhando e se comportando como se fosse médico e aí a coisa vai ficar feia porque já vimos isso acontecer em São Paulo e naquela ocasião foi preciso intervir”Cláudio PortoPresidente COREN-SP

Médico ou enfermeiro? A polêmica se acirrou (e muito!) em julho, depois da Justiça decidir que os enfermeiros da rede pública de Vitória e Vila Velha podem prescrever remédios e solicitar exames.

Dilma Rousseff (PT)Aprimorar a eficácia do siste-ma de saúde, garantindo mais recursos para o SUS, reforçan-do as redes de atenção à saúde e unificando as ações entre os diferentes níveis de governo; de-dicar uma atenção ainda maior aos hospitais públicos e conve-niados, às novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ao SAMU e a programas como o Saúde da Família, o Brasil Sorri-dente e a Farmácia Popular.

José Serra (PSDB)Formar 250 mil auxiliares de en-fermagem; reduzir a mortalidade infantil; rxaminar a proposta de planos de carreira para os traba-lhadores da saúde; rlevar os in-vestimentos para R$2,5 bilhões por ano; investir em saneamento básico para as populações caren-tes; atenção especial à saúde da mulher, especialmente na mater-nidade: médicos, hospitais, exa-mes pré-natais (6 no mínimo) e pós-natal; ampliação dos sistemas de atenção básica e o PSF; interna-ção de dependentes químicos pelo SUS; criar 154 ambulatórios de medicina especializada, atenden-do 25 áreas médicas.

Em outubro, 134 milhões de eleitores brasileiros vão às urnas escolher um novo pre-sidente da República, e 27 go-vernadores, 54 senadores, 513 deputados federais e 1059 es-taduais. RAIO-X faz sua parte e publica ao lado as principais propostas na área de saúde dos três candidatos à presidência da República e ao Palácio An-chieta com maiores índices nas pesquisas eleitorais. No caso da

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A reorganização recente dos processos de trabalho em saúde assistiu à formação das equipes de saúde, notadamente no âmbi-to da atenção primária. Isto não deve surpreender a coletividade dos participantes do setor saúde, uma vez que já está consolidado o conceito de que a saúde huma-na depende de atitudes ativas em múltiplos campos da vida huma-na. Agora, cria-se o falso dilema de que há a necessidade de afir-mação de um chamado “ato mé-dico” para que o profissional da medicina não seja desvalorizado. Vamos observar com atenção o que está por trás desta manobra reacionária. O panorama social do Brasil é marcado pela forte clivagem entre as classes sociais. Às clas-ses desfavorecidas, embora haja evidências recentes de reversão do processo, ainda é conferido o destino de gueto, sendo-lhes ne-gada a maior parte dos direitos no que diz respeito à cidadania e ao acesso aos produtos e servi-ços. O Estado, para essas classes, ainda se faz presente mais como aparelho repressor do que como promotor de igualdade e justiça. Neste panorama, há uma ambi-guidade, dentro da qual existem práticas públicas diferenciadas para cada setor social. Tal não é diferente para o setor saúde. Existem duas saúdes no Brasil. Uma é pública, gratuita, pro-motora, preventiva e com pro-blemas de qualidade, tecnologia e acesso. A outra é privada ou conveniada, comercial, curativa e desigual, de acordo com o po-

der aquisitivo de seus usuários. O profissional médico no Bra-sil, formado no contexto da cli-vagem social que permeia nosso processo histórico, é moldado pela maior parte das escolas mé-dicas dentro de uma ótica elitista e excludente. Predomina a visão de que o conhecimento técnico, de ordem essencialmente bioló-gica, é a única condição necessá-ria para o exercício competente e eficaz da profissão. A distorção de sua formação o leva para a busca de uma prática profissio-nal que atenda as necessidades da classe privilegiada, uma vez que a outra, na visão ambígua do Estado, não possui os mes-mos direitos de assistência. Se o profissional médico é conduzido para atender as demandas da clas-se mais favorecida, em qual das duas saúdes ele espera se realizar profissionalmente? Obviamente na saúde privada ou conveniada. O futuro idealizado pelo médico egresso da maior parte das esco-las médicas do país, portanto, é o futuro de um próspero comer-ciante, que vende seu produto (conhecimento técnico) por um alto preço e goza de bem-estar e “status” social. Neste contexto, qualquer interferência de outras áreas pode ser danosa. Se você vende camisas em uma loja, vai achar ruim se alguém abrir um estabelecimento com o mesmo propósito próximo ao seu. Se você é médico e cuida de úlceras crônicas de membros inferiores, vai achar ruim se aparecer um enfermeiro que faz a mesma coi-sa que você.

Aqui se instala o conceito de “ato médico”. Em uma total subversão do que é a verdadeira natureza da promoção da saúde. Em primeiro lugar, como disse-mos no princípio, promover a saúde é uma atitude diversifica-da, que envolve múltiplos conhe-cimentos e inserções. Em segun-do lugar, nós médicos não somos comerciantes e nem temos que disputar espaço com colegas de outras áreas que tem formações próximas à nossa. Em terceiro lugar, e muito pelo contrário, nosso verdadeiro objetivo, que é o pleno bem-estar físico, psíqui-co e social das comunidades, só será atingido com a colaboração e a partilha de responsabilidades entre os diversos profissionais da área da saúde. Se superarmos a visão estreita e tacanha de uma medicina praticada entre quatro paredes para um paciente isolado de seu contexto social e humano, com o objetivo mesquinho de atender nossos anseios de ascen-são social e “status”, passaremos a ter uma perspectiva diferente. Veremos que é perfeitamente cabível a participação do cole-ga enfermeiro nos cuidados de pré-natal e atenção ao parto, do colega fisioterapeuta no suporte ao paciente com dor crônica e de todos os profissionais na aborda-gem à família, espinha dorsal da estratégia de promoção à saúde que se busca hoje no âmbito da atenção primária. Entregaremos, inclusive, com alegria, os cuida-dos àquele paciente com úlcera crônica de membro inferior nas mãos do colega enfermeiro, se

elas forem mais habilidosas que as nossas neste campo específico. Grandes países do mundo, como Canadá, Inglaterra e Fran-ça, se estruturaram tendo como base um sistema público e uni-versal de saúde. Os Estados Uni-dos, que não seguiram o mesmo caminho, sofrem hoje com as contradições de seu sistema. Se quisermos um rumo progressista e a construção de um país mo-derno e desenvolvido, temos que abandonar as idéias retrógradas. Se o SUS ainda é deficiente, isso se deve à ambiguidade do Estado e às atitudes dos grupos elitistas que minam os esforços para conferir qualidade ao que é público. O desafio dos novos profissionais médicos é o de re-jeitar o papel de comerciantes da saúde e dedicar seu empenho e sua competência à construção de um sistema único, público, igua-litário e multiprofissional. A defesa do ato médico é ex-tremamente importante, mas não como forma de reprimir a legítima atuação profissional de nossos colegas de outras disci-plinas. A defesa do ato médico deve ser a defesa do acesso justo da população aos nossos cuida-dos, sem que precise recorrer às crendices e aos inescrupulosos, como os balconistas de droga-rias. A defesa do ato médico deve ser a defesa do princípio de interdisciplinaridade e multi-disciplinaridade na promoção da saúde às populações do Brasil.

Crispim Cerutti Júnior Médico e Professor da Ufes

Ato Médico e Trabalho Multidisciplinar: conceitos complementares ou antagônicos?

ARTIGO Crispim Cerutti Júnior

Marina Silva (PV)Atualizar a questão da aposenta-doria em função da longevidade; unir medicamentos à acupuntura e homeopatia; saúde e bem-estar humano como valores centrais; promoção da saúde e da inter-setorialidade; universalização e melhoria dos serviços de atenção básica; rede de serviços de aten-ção à saúde integral e familiar; garantir o financiamento estável do SUS; sistema de saúde suple-mentar; assistência farmacêuti-ca, acesso e produção de medi-camentos.

Renato Casagrande (PSB)Fortalecimento da atenção pri-mária; implantação das redes regionais de serviços de saúde; descentralização administrativa e de serviços/municipalização; redução da mortalidade infantil; melhoria do atendimento; uni-versalização do abastecimento de água potável; saneamento bá-sico; programa habitacional.

Luiz Paulo (PSDB)A superlotação dos hospitais só pode ser resolvida com a univer-salização da prevenção e atenção básica; Os municípios com bai-xa arrecadação têm que receber ajuda do Estado para cobrir os custos com o PSF; cada uma das 12 microrregiões deve ter estrutura que resolva a maioria das demandas de especialidades e de procedimentos de média e alta complexidade; a meta é re-duzir em 50% as necessidades de deslocamentos dos pacientes do SUS.

Brice Bragato (PSOL)Reforçar investimentos na aten-ção primária; fortalecer a estru-tura hospitalar para atender a média complexidade, com novas construções ou convênios com os filantrópicos das microrregi-ões; dotar os serviços de equi-pamentos, exames, insumos e medicamentos; criar incentivos aos profissionais para trabalha-rem no interior; implantar um efetivo controle social do SUS, assegurando protagonismo dos movimentos sociais

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As 10 especialidades...(ou áreas de atuação)

Mais concorridas

Menos concorridas

Com mais médicos(Brasil)

Com menos médicos(Brasil)

Com mais médicos(Espírito Santo)

Com menos médicos(Espírito Santo)

Dermatologia Hepatologia Cirurgia Geral Medicina Esportiva Pediatria Angiologia/C.VascularRadiologia Pat.Clínica/Med.Lab. Clínica Médica Cirurgia da Mão Medicina do Trabalho Broncoesofagologia

Oftalmologia Pneumologia Pediatria Eletroencefalografia Obstetrícia UltrassonografiaClínica Médica Med.Prev. e Social Gineco/Obstetrícia Medicina do Tráfego Cirurgia Geral Genética Clínica

Otorrinolaringologia Nutrologia Anestesiologia Nutrologia Ginecologia Oncologia CirúrgicaAnestesiologia Genética Médica Cardiologia Broncoesofagologia Clínica Médica Genética Médica

Neurologia Reumatologia Ped. Urologia Hemoterapia Cardiologia Med.Prev. e SocialCirurgia Geral Psicogeriatria Ortopedia e Trauma Medicina Legal Anestesiologia Pat.Clínica/Med.Lab.Neurocirurgia Psicoterapia Dermatologia Mastologia Ortopedia e Trauma Geriatria/Gerontologia

Endocrinologia Med. do Adolescente Psquiatria Neurofisiologia Clínica Oftalmologia Oncologia Pediátrica

Residência Médica

REPORTAGEM ESPECIAL

Fonte: relação candidato/vaga da 1ª fase da Ufes, Usp e Unifesp 2009

Fonte: estatísticas CFM Fonte: estatísticas CRM-ES

Preparamos um guia especial com tudo o que você precisa saber para fazer sua carreira decolar.

Acontece no próximo dia 28 a II Jornada de Especialidades Médicas do DAMUFES. O evento abordará aspectos rela-cionados à atuação, residência médica e mercado de traba-lho. Serão nove especialidades em debate: neuro, psquiatria, otorrino, oftalmo, cirurgia cardíaca, cirurgia pediátrica, urologia, medicina nuclear e medicina intensiva. A jornada é uma realização da assessoria científica do Diretório Acadê-mico de Medicina da Ufes e tem por objetivo dar maiores esclarecimentos aos estudantes sobre as especialidades mé-dicas, 53 ao todo. Mais infor-mações pelo email [email protected] e no DAMUFES, toda quarta-feira, as 12h30.

Ser médico residente é o maior sonho de grande parte dos estu-dantes de medicina. A residência médica (RM), cursada após os seis anos da graduação, é consi-derada o padrão-ouro da especia-lização na medicina. A conquista de uma vaga em um programa de RM é, independentemente da especialidade, sempre árdua e muito mais difícil do que passar nos vestibulares mais concor-ridos. Isso porque o número de formandos é superior ao núme-ro de vagas oferecidas todos os anos nos hospitais, graças ao excesso de escolas médicas no país, 180 ao todo. Ante à defasagem atual, lutar pela garantia de uma vaga de RM para cada egresso dos cursos de medicina é a solução que passou a ser assumida pelas entidades, juntamente com o fortalecimento da especialização alinhada com as reais necessidades do sistema de saúde, e não submissa aos in-teresses do mercado. Ainda na graduação, todavia, sobram dúvidas sobre a residên-cia médica entre os acadêmicos. Muitos desconhecem informa-ções básicas. Você sabe, por exemplo, quantas especialidades reconhecidas existem no país? Já ouviu falar sobre áreas de atua-ção? Sabe quais especialidades têm pré-requisitos e quais são eles? Conhece o funcionamento dos concursos de residência mé-dica? Sabe quais são as especia-lidades mais concorridas? RAIO-X preparou um guia especial com informações úteis e indispensáveis a todo estudante de medicina – e com as respostas às perguntas acima!

180escolas médicas

O Brasil conta atualmente com 180 cursos de medicina (102 particulares, 7 munici-pais, 24 estaduais e 48 fede-rais). Na comparação mun-dial, o país só perde para a Índia, que contabiliza 272 escolas. Os Estados Unidos, na 4ª colocação, somam 133 cursos. As informações são do site escolasmedicas.com.br

15.969vagas na graduação

As 180 escolas médicas do país somam hoje quase 16 mil va-gas, todos os anos, para o 1º ano da graduação em medici-na. São Paulo, com 30 escolas, lidera o ranking com 2.686 va-gas. O Espírito Santo é o 10º, com 500 vagas anuais. Amapá, Roraima e Acre tem apenas 1 escola cada um e somam, jun-tos, 98 vagas de 1º ano.

11.322vagas na residência

No ano passado, o Brasil abriu mais de 11 mil vagas de R1. No total, consideran-do todos os anos da residên-cia médica (R1 a R6), foram oferecidas 27.343 vagas. Fica evidente, portanto, que não existem vagas suficientes para todos os formandos nos programas de residência mé-dica do país.

A matemática da medicina no paísCom excesso de cursos e alunos, faltam vagas nos programas de residência médica.

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Com acesso direto: Acupuntura, Anestesiologia, Cirurgia Geral, Ci-rurgia da Mão, Clínica Médica, Der-matologia, Genética Médica, Home-opatia, Infectologia, Medicina de Família e Comunidade, Medicina do Tráfego, Medicina do Trabalho, Me-dicina Esportiva, Medicina Física e Reabilitação, Medicina Legal, Me-dicina Nuclear, Medicina Preventiva e Social, Neurocirurgia, Neurologia, Ginecologia e Obstetrícia, Oftalmo-logia, Ortopedia e Traumatologia, Otorrinolaringologia, Patologia, Patologia Clínica/Medicina Labo-ratorial, Pediatria, Psiquiatria, Ra-diologia e Diagnóstico por Imagem, Radioterapia.Com pré-requisito em Clínica Mé-dica (CM): Alergia e Imunologia, Angiologia, Cancerologia/Clínica, Cardiologia, Endocrinologia, En-

A lista completa dos pré-requisitos

O que é Residência Médica (RM)? É uma modalidade de ensino de pós-graduação desti-nada a médicos, sob a forma de especialização. Funciona em ins-tituições de saúde, sob a orien-tação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional (preceptores). É o “padrão ouro” da especialização médica, instituída no Brasil em 1977, quando foi criada a Co-missão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Como surgem as especialidades médicas? É função da CNRM. Desde 2002, porém, existe a Co-missão Mista de Especialidades (CME), criada por meio de um convênio entre o Conselho Fede-ral de Medicina (CFM), a Asso-ciação Médica Brasileira (AMB) e a CNRM. Hoje, é a CME que define os critérios para reconhe-cimento e denominação de es-pecialidades médicas e áreas de atuação, bem como a forma de concessão e registros de títulos de especialista.

Quais especialidades e áreas de atuação são reconhecidas? A lista atual conta com 53 espe-cialidades médicas e 53 áreas de atuação (confira nesta página). A relação é renovada e republi-cada periodicamente. A Comis-são Mista de Especialidades só analisa propostas de criação de novas especialidades e áreas de atuação mediante solicitação da sociedade de especialidade, por meio da AMB.

Posso me tornar um médico es-pecialista sem fazer RM? Sim. Existem outros cursos de espe-cialização médica ministrados por instituições universitárias com programas idênticos ou até superiores aos cursos de residên-cia. No entanto, os formandos não têm validação ou equiva-lência ao título de RM. O título de especialista pode ser obtido após a conclusão da residência ou através de concurso de título de uma sociedade de especiali-dade médica. Atenção: existem pós-graduações médicas que não conferem status de especialista, como a medicina estética.

Quem conclui os seis anos de graduação em medicina se tor-na clínico geral? Não. Quem termina o curso recebe o título de médico generalista. Para se tornar um clínico geral é preciso fazer, pelo menos, dois anos de residência em Clínica Médica ou obter o título por meio de con-curso da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

O que são pré-requisitos da RM? Para entrar numa residên-cia de cardiologia, por exemplo, o médico é obrigado a cursar, pelo menos, dois anos de RM em Clínica Médica. É a CME que define todos os pré-requisitos. A lista completa está publicada na íntegra nesta página. Das 53 especialidades reconhecidas, 29 não têm nenhum pré-requisito, isto é, são classificadas como “acesso direto”.

Tire suas dúvidas sobre Residência Médica

As 53 especialidades médicas reconhecidas1. ACUPUNTURA

2. ALERGIA E IMUNOLOGIA

3. ANESTESIOLOGIA

4. ANGIOLOGIA

5. CANCEROLOGIA

6. CARDIOLOGIA

7. CIRURGIA CARDIOVASCULAR

8. CIRURGIA DA MÃO

9. CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO

10. CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO

11. CIRURGIA GERAL

12. CIRURGIA PEDIÁTRICA

13. CIRURGIA PLÁSTICA

14. CIRURGIA TORÁCICA

15. CIRURGIA VASCULAR

16. CLÍNICA MÉDICA

17. COLOPROCTOLOGIA

18. DERMATOLOGIA

19. ENDOCRINOLOGIA

20. ENDOSCOPIA

21. GASTROENTEROLOGIA

22. GENÉTICA MÉDICA

23. GERIATRIA

24. GINECOLOGIA/OBSTETRÍCIA

25. HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA

26. HOMEOPATIA

27. INFECTOLOGIA

28. MASTOLOGIA

29. MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

30. MEDICINA DO TRABALHO

31. MEDICINA DE TRÁFEGO

32. MEDICINA ESPORTIVA

33. MEDICINA FÍSICA E REABILITAÇÃO

34. MEDICINA INTENSIVA

35. MEDICINA LEGAL

36. MEDICINA NUCLEAR

37. MEDICINA PREVENTIVA E SOCIAL

38. NEFROLOGIA

39. NEUROCIRURGIA

40. NEUROLOGIA

41. NUTROLOGIA

42. OFTALMOLOGIA

43. ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

44. OTORRINOLARINGOLOGIA

45. PATOLOGIA

46. PATOLOGIA CLÍNICA/ MEDICINA LABORATORIAL

47. PEDIATRIA

48. PNEUMOLOGIA

49. PSIQUIATRIA

50. RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

51. RADIOTERAPIA

52. REUMATOLOGIA

53. UROLOGIA

Fonte: Comissão Mista de Especialidades (CFM, AMB e CNRM)

As 53 áreas de atuação reconhecidas1. ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE

2. ALERGIA E IMUNOLOGIA PEDIÁTRICA

3. ANGIORRADIOLOGIA E CIRURGIA ENDOVASCULAR

4. ATENDIMENTO AO QUEIMADO

5. CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA

6. CIR. CRÂNIO-MAXILO-FACIAL

7. CIRURGIA DA COLUNA

8. CIRURGIA DERMATOLÓGICA

9. CIRURGIA DO TRAUMA

10. CIR. VIDEOLAPAROSCÓPICA

11. CITOPATOLOGIA

12. COSMIATRIA

13. DENSITOMETRIA ÓSSEA

14. DOR

15. ECOCARDIOGRAFIA

16. ECOGRAFIA VASCULAR COM DOPPLER

17. ELETROFISIOLOGIA CLÍNICA INVASIVA

18. ENDOCRINO PEDIÁTRICA

19. ENDOSCOPIA DIGESTIVA

20. ENDOSCOPIA GINECOLÓGICA

21. ENDOSCOPIA RESPIRATÓRIA

22. ERGOMETRIA

23. FONIATRIA

24. GASTRO PEDIÁTRICA

25. HANSENOLOGIA

26. HEMATO PEDIÁTRICA

27. HEMODINÂMICA E CARDIO INTERVENCIONISTA

28. HEPATOLOGIA

29. INFECTOLOGIA HOSPITALAR

30. INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA

31. MAMOGRAFIA

32. MEDICINA DE URGÊNCIA

33. MEDICINA DO ADOLESCENTE

34. MEDICINA FETAL

35. MEDICINA INTENSIVA PEDIÁTRICA

36. NEFROLOGIA PEDIÁTRICA

37. NEONATOLOGIA

38. NEUROFISIOLOGIA CLÍNICA

39. NEUROLOGIA PEDIÁTRICA

40. NEURORRADIOLOGIA

41. NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL

42. NUTRIÇÃO PARENTERAL E ENTERAL PEDIÁTRICA

43. NUTROLOGIA PEDIÁTRICA

44. PNEUMOLOGIA PEDIÁTRICA

45. PSICOGERIATRIA

46. PSICOTERAPIA

47. PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

48. PSIQUIATRIA FORENSE

49. RADIO. INTERVENCIONISTA E ANGIORRADIOLOGIA

50. REPRODUÇÃO HUMANA

51. REUMATO PEDIÁTRICA

52. SEXOLOGIA

53. ULTRA-SONOGRAFIA EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

doscopia, Gastroenterologia, Geria-tria, Hematologia e Hemoterapia, Nefrologia, Pneumologia, Reuma-tologia.Com pré-requisito em Cirurgia Geral (CG): Cirurgia Geral (Pro-grama Avançado), Cancerologia/Cirúrgica, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Ci-rurgia do Aparelho Digestivo, Cirur-gia Pediátrica, Cirurgia Plástica, Ci-rurgia Torácica, Cirurgia Vascular, Coloproctologia, Urologia.Com pré-requisito em GO ou CG: Mastologia.Com pré-requisito em Anestesio-logia, CM ou CG: Medicina Inten-siva.Com pré-requisito em Pediatria: Cancerologia/Pediátrica.Com pré-requisito em CM ou CG: Nutrologia.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Para 2010, a UFES abriu 65 va-gas em 22 áreas no Hucam.- Áreas e vagas: Clínica Médica (11); Cirurgia Geral (8); Obste-trícia e Ginecologia (5); Pediatria (4); Anestesiologia (3); Patologia (2); Infectologia (2); Oftalmologia (1); Dermatologia (2); Radiologia e Diagnóstico por Imagem (4); Urolo-gia (3); Cirurgia Vascular (2); Gas-troenterologia (1); Mastologia (2); Medicina Intensiva (2); Cirurgia do Aparelho Digestivo (2); Reumatolo-gia (2); Nefrologia (2); Cardiologia (2); Neonatologia (3); Hepatologia (1); Ultra-sonografia em Obstetrícia e Ginecologia (2). - Taxa: R$ 200,00 - Seleção. O candidato pode escolher 2 especialidades na inscrição. O processo de sele-ção envolve duas etapas, com avaliação de questões objetivas, prova prática e análise de currí-culo. Na 1ª etapa, Acesso direto: 100 questões sobre áreas básicas (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obs-tetrícia e Medicina Social), de caráter eliminatório e classifica-tório. Especialidade com pré-re-quisito: 50 questões sobre o res-pectivo pré-requisito, de caráter eliminatório e classificatório. Na 2ª etapa, Prova prática: 10 ques-tões com duração de 4 minutos para cada uma. Análise de currí-culo: itens de pontuação incluem monitorias, iniciação científica, projetos de extensão ou estágio, publicações e participação em congressos médicos científicos. Pesos. Prova objetiva: 50%. Pro-va Prática: 40%. Análise Curri-cular: 10%.

Para 2010,a USP abriu 384 va-gas em 52 áreas no Hospital das Clínicas da FMUSP. - Áreas e vagas: Clínica Médica (41); Cirurgia Geral (33); Obste-trícia e Ginecologia (14); Pediatria (36); Medicina de Família e Comu-nidade (6); Medicina Preventiva e Social (5); Anestesiologia (18); Pa-tologia (5); Infectologia (6); Oftal-mologia (10); Dermatologia (6); Ra-diologia e Diagnóstico por Imagem (12); Medicina Física e Reabilitação (6); Medicina do Trabalho (1); Me-dicina Nuclear (4); Neurocirurgia (4); Ortopedia e Traumatologia (8); Otorrinolaringologia (3); Psiquiatria (11); Radioterapia (3); Medicina Legal (1); Patologia Clínica/Medi-cina Laboratorial (3); Neurologia (6); Acupuntura (2); Medicina Es-portiva (1); Genética Médica (1); Cirurgia de Cabeça e Pescoço (4); Cir. Cardiovascular (3); Cir. Pe-diátrica (1); Cir. Plástica (9); Cir. Torácica (4); Urologia (3); Cir. do Ap. Digestivo (5); Coloproctologia (1); Cirurgia Vascular (5); Cir. Ge-ral – Prog. Avançado (6); Alergia e Imunologia (2); Cardiologia (18); Gastroenterologia (4); Hematologia e Hemoterapia (6); Nefrologia (8); Pneumologia (6); Reumatologia (6); Cancerologia Clínica (10); Endocri-nologia (10); Geriatria (8); Cancero-logia Pediátrica (4); Mastologia (2); Nutrologia (1); Medicina Intensiva (6); Neurologia Pediátrica (2); Ci-rurgia da Mão (2). - Taxa: R$ 590,00- Seleção. O candidato se ins-creve apenas em um programa de RM. O processo de seleção envolve três etapas, com prova discursiva, prova prática e aná-lise de currículo. 1ª etapa (peso 5): prova escrita de respostas curtas, eliminatória e classifica-tória, com 20 questões de cada uma das áreas básicas (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pedia-tria, Ginecologia e Obstetrícia e Medicina Preventiva e Social). 2ª etapa (peso 4): prova prática sobre as cinco áreas básicas. 3ª etapa (peso 1): Análise e argui-ção de currículo (sob responsa-bilidade de cada programa, que decide os critérios avaliados).

Para 2010, o IAMSPE (Instituto de Assitência Médica ao Servi-dor Público Estadual) abriu 92 vagas em 19 áreas no Hospital do Servidor Público Estadual. - Áreas e vagas: Cirurgia Geral (16); Clínica Médica (18); Obste-trícia e Ginecologia (6); Pediatria (7); Acupuntura (1); Anestesiolo-gia (7); Dermatologia (3); Infec-tologia (3); Med. Trabalho (1); Neurocirurgia (2); Neurologia (2); Oftalmologia (4); Ortopedia e Traumatologia (5); Otorrinola-ringologia (3); Patologia (2); Pa-tologia Clínica/Med. Laboratorial (2); Psiquiatria (5); Radiologia e Diagnóstico por Imagem (4); Ra-dioterapia (1). - Taxa: R$ 265,00 - Seleção. O candidato se ins-creve apenas em um programa de RM. A prova consta de 100 questões objetivas, com pesos variáveis, abrangendo temas re-ferentes a Cirurgia Geral, Clíni-ca Médica, Medicina Preventiva e Social, Obstetrícia e Gineco-logia e Pediatria, além de uma prova dissertativa, com cinco questões sobre temas relativos às mesmas áreas.

Para 2010, a UNIFESP abriu 311 vagas em 64 áreas no Hospital São Paulo. - Áreas e vagas: Anestesiologia (7); Cirurgia Geral (16); Clínica Médica (30); Dermatologia (9); Genética Mé-dica (2); Infectologia (5); Med. Espor-tiva (5); Med. de Família e Comunida-de (4); Med. Física e Reabilitação (4); Neurocirurgia (3); Neurologia (5); Gi-necologia e Obstetrícia (10); Oftalmo-logia (13); Ortopedia e Traumatologia (13); Otorrinolaringologia (4); Patolo-gia (3); Patologia Clínica/Med. Labo-ratorial (1); Pediatria (23); Psiquiatria (11); Radiologia e Diagnóstico por Imagem (12); Radioterapia (1); Cir. Ap. Digestivo (3); Cir. Cabeça e Pes-coço (2); Cir. Cardiovascular (2); Cir. Pediátrica (1); Cir. Plástica (4); Cir. Torácica (2); Cir. Vascular (2); Uro-logia (3); Cancerologia Clínica (2); Cardiologia (8); Endocrinologia (4); Gastroenterologia (2); Geriatria e Ge-rontologia (4); Hematologia e Hemote-rapia (5); Nefrologia (8); Pneumologia (6); Reumatologia (6); Mastologia (3); Medicina Intensiva (4); Neurologia Pediátrica (2); Cancerologia Pediátrica (5); Cirurgia da Mão (3); Ano opcio-nal: CM (3), Pediatria (1); Cardiologia Pediátrica (1); Transplante de Medula Óssea (1); Endoscopia Digestiva (1); Hepatologia (1); Áreas em Pediatria: Alergia e Imunologia (1), Endócrino (1), Gastro (2), Hemato (2), Infecto (2), Med. Adolescente (2), Med. Inten-siva (9), Nefro (2), Neonatologia (10), Nutrologia (2), Pneumo (2), Reumato (1); Ano opcional GO (3); Med. Fetal (1); Reprodução Humana (1). - Taxa: R$ 450,00 - Seleção. O candidato se inscre-ve apenas em um programa de RM. A seleção é feita em duas fases, sendo a nota final o re-sultado da pontuação obtida em cada fase: 1ª fase - prova escrita (peso 5); 2ª fase - prova prática (peso 4) + entrevista (peso 1). A prova escrita consta de 125 questões sobre as áreas básicas da medicina. A prova prática envolve questões sobre Clínica Médica, Cirurgia Geral, Obste-trícia e Ginecologia, Pediatria e Medicina Preventiva e Social. A entrevista consiste na avaliação do histórico escolar e currículo (sob responsabilidade de cada programa, que decide sobre os critérios avaliados).

UNIFESPIAMSPEUSP UFES

Um raio-x dos 4 concursos mais disputados pelos alunos da UfesUm dos maiores focos de dúvi-das e medos entre os estudan-tes de medicina diz respeito aos concorridíssimos concursos de residência médica. Alguns acadêmicos desconhecem, por exemplo, que a maioria dos exames compreendem três eta-pas: prova escrita (objetiva e/ou discursiva), prova prática e análise de currículo (com

ou sem entrevista presencial). Não existe, no entanto, um modelo único ou uma fórmula-padrão. Cada instituição tem absoluta autonomia sobre to-das as fases do processo seleti-vo. Portanto, cabe ao aluno se informar a respeito do perfil das provas e quais são os cri-térios de avaliação levados em consideração. No intuito

de auxiliar a comunidade dis-cente, RAIO-X organizou um guia detalhado sobre os quatro principais concursos disputa-dos pelos formandos da Ufes, conforme apuração feita com os estudantes que concluiram a graduação no ano passado. São eles: Usp, Ufes, Iamspe e Unifesp. Todas as informações publicadas nesta página foram

retiradas dos editais lançados em 2009. Para cada instituição, listamos, entre outros dados, as áreas e vagas oferecidas, a taxa de inscrição e as etapas do processo seletivo. E aqui vai uma grande dica: familiarize-se com os editais dos concursos de residência médica e evite surpresas desagradáveis na véspera dos exames.

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REPORTAGEM ESPECIAL

Marcelo MunizComo foi a decisão para escolha da especialidade? Quando isso aconteceu? Embora meu interesse pela minha especialidade, tivesse sido despertado pela neuroanato-mia, ainda no primeiro período, a opção por aquela especialidade consolidou-se somente no interna-to. Os fatores determinantes para esta escolha foram a afinidade pela área e a inspiração contagian-te de minha mestra, Dra Vera Lu-cia Vieira.

Como se preparou para as pro-vas de residência médica? A estratégia que adotei para os con-cursos de residência baseou-se no estudo equânime das grandes áreas da medicina. Selecionei um livro básico de cada área e pro-curei extrair as informações de

relevância prática, tais como o diagnóstico e o tratamento das do-enças mais prevalentes. À ocasião da preparação para os concursos, selecionei algumas instituições e me empenhei para conhecer o es-tilo de suas provas. Para este fim, analisei as provas de concursos anteriores e consultei colegas que já haviam ingressado nas mesmas. Como ilustração, no Hospital das Clínicas de SP as questões das áreas clínicas têm enfoque práti-co: geralmente são expostos casos clínicos sucintos, cujas perguntas se referem às condutas propedêu-tica e terapêutica. Nesta mesma instituição, valoriza-se o conhe-cimento de epidemiologia e de metodologia de pesquisa. De sorte que é importante que o candidato conheça o perfil da instituição que pretende ingressar.

Marcelo MasruhaComo foi a decisão para escolha da especialidade? Quando isso aconteceu, em que período do curso? Durante o primeiro ano do curso, após tornar-me monitor da disciplina de anatomia humana, passei a ter especial interesse pela neuroanatomia. A partir do tercei-ro ano, com o início do ciclo clíni-co e da prática hospitalar, comecei a acompanhar os ambulatórios da Professora Vera Lúcia Ferreira Vieira, cujo exemplo foi decisivo para a escolha da minha especiali-dade. Interessei-me especialmente pelo Ambulatório de Cefaléias, repleto de casos interessantes de pacientes com cefaléias atípicas e enxaquecas refratárias. Nesse mesmo período também comecei a acompanhar meu pai, o Profes-sor Murilo Gimenes Rodrigues, do Departamento de Pediatria, no Ambulatório de Neurologia Pediá-trica e na Unidade de Neuroinfec-ção do HINSG, instituição na qual eu viria a fazer um ano de internato voluntário durante o quarto ano do curso médico. Foi nessa unidade que aprendi a realizar punções li-qüóricas, bem como tomei contato com inúmeras crianças com neu-roinfecções. Como na ocasião eu ainda tinha dúvidas se queria atuar profissionalmente como clínico

ou cirurgião, decidi fazer o inter-nato opcional, no 12º periodo, em neurocirurgia, sob a orientação do Professor João Batista Valladares, que muito me estimulou a seguir sua especialidade. Entretanto, ao término do estágio, eu já estava decidido a seguir na profissão como clínico.

Como se preparou para as pro-vas de residência médica? Assim como a grande maioria dos alunos da Ufes, habituei-me a estudar diariamente, ou quase diariamen-te, durante os seis anos do curso. No último ano, me dediquei prin-cipalmente a leitura do livro “Atu-alização Terapêutica” e do Manual Merck. Ambos são livros voltados para o diagnóstico e tratamento das doenças.

Em que escolas tentou? Onde foi aprovado? Fui aprovado na Universidade Federal de São Pau-lo (Escola Paulista de Medicina) - UNIFESP, Universidade de São Paulo - USP, Universidade Esta-dual de Campinas - UNICAMP e nos Hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo. Não prestei prova em outros locais.

Como escolher a melhor escola? Converse com profissionais que

Em que escolas tentou? Onde foi aprovado? Prestei os concur-sos da USP de São Paulo, USP de Ribeirão Preto, Escola Paulista de Medicina e Servidor Estadual de São Paulo e obtive êxito em todos eles. Optei pelo programa de resi-dência do Hospital das Clínicas da USP (São Paulo) por sua tradição no ensino e pesquisa de medicina.

Como escolher a melhor escola? A escolha do programa de resi-dência, ao meu ver, deve se basear na qualidade dos preceptores e na estrutura hospitalar. Deve-se prio-rizar as instituições vinculadas à universidade e com tradição em pesquisa.

Quais dicas passa aos alunos que querem seguir o mesmo caminho que o Sr. trilhou até aqui? Qual

a receita do sucesso profissional, na sua opinião? Inspiro-me nos médicos que admiro para respon-der a esta pergunta. Para ser um bom médico é necessário ter afi-nidade, preferencialmente paixão, pela profissão e gostar de gente. Sem estas qualidades, não se pode ser verdadeiramente um médico. Adiciono a isto disciplina para estudar e obediência aos preceitos éticos imanentes à profissão. Es-pecificamente para o aluno de me-dicina, é primordial saber estudar, o que, ao meu ver, não se resume em obter êxito em provas. O alu-no deve ter consciência de que o aprendizado médico é dinâmico e requer leitura crítica de textos re-levantes e, sobretudo, a aplicação prática do conhecimento teórico, a qual é lograda por meio do contato com pacientes.

já estudaram nessas instituições. Eles devem apontar pontos fortes e fracos, pois mesmo as grandes instituições não são perfeitas. Desconfie quando só falarem coi-sas boas a respeito de um lugar. Se possível, visite ou, ainda melhor, faça um estágio curto (basta um mês). Nunca escolha baseado na opinião de uma só pessoa, pois o que foi bom para ela pode não ser bom para você. Há que se levar em conta o aspecto da dinâmica psicológica do local; por exemplo, um determinado hospital pode ter uma boa reputação, porém os chefes são pouco acessíveis aos residentes, há competição desle-al entre os residentes incentivada de forma velada pelos chefes, etc. Resumindo: não há o melhor local. Há locais bons, sendo que você deverá perceber em qual deles se adaptará melhor.

Quais dicas passa aos alunos que querem seguir o mesmo cami-nho que o Sr. trilhou até aqui? Seja confiável. Ser confiável, na minha opinião, significa estar atento aos prazos e ao cumpri-mento de suas obrigações. Quan-do te pedirem algo, faça. Se achar que não poderá fazer, recuse. Mas nunca diga que vai fazer se não pode. Seja pontual, assíduo e estu-

dioso. Quando seu chefe perceber que pode confiar em você, ele dei-xará você assumir cada vez mais responsabilidades. Quando seus colegas perceberem que você é confiável, eles encaminharão seus pacientes à você. Tudo que o pa-ciente quer é poder confiar em um médico. E lembrem-se: a imagem profissional de vocês começa na faculdade. Você levaria sua mãe para se consultar com um colega de faculdade que faltava a maior parte das aulas, não gostava de frequentar o hospital, era desleixa-do, preguiçoso? Qual a receita do sucesso pro-fissional, na sua opinião? Existe uma piada sobre o que é sucesso, que ilustra como a vida é cíclica: aos 4 anos, fazer sucesso é não fa-zer xixi nas calças; aos 12, fazer sucesso é ter amigos; aos 20, fazer sucesso é ter relações sexuais; aos 35, fazer sucesso é ter dinheiro; aos 65 anos, fazer sucesso é ter relações sexuais; aos 75, fazer su-cesso é ter amigos (vivos!); final-mente, aos 85, fazer sucesso é não fazer xixi nas calças. Ter sucesso é ser feliz. Busquem a felicidade trabalhando dignamente, de forma ética, com aquilo que vocês gos-tam de fazer. A felicidade/sucesso é uma consequência natural.

SUCESSO PROFISSIONAL

Ex-alunos da Ufes, Marcelo Muniz, neurologista, e Marcelo Masruha, neuropediatra, são professores do

departamento de Clínica Médica e médicos experientes e renomados. Eles contam como escolheram a residência

médica e dão dicas preciosas para alcançar uma posição de destaque no mercado de trabalho. Marcelo Masrhua Marcelo Muniz

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Greve!Médicos residentes de todo o país cruzam os braços em agosto por tempo indeterminado.

Os 22 mil médicos residentes deflagraram greve em todo o país. A categoria que atua nos serviços ligados ao SUS luta por reajuste de 38,7% na bolsa-auxílio, congelada desde 2006, em R$ 1.916,45. Desde

abril, os residentes buscam negociação com os ministérios da Saúde e da Educação sobre suas reivindicações, mas não até hoje não houve proposta que assegurasse valorização dos profissionais e proporcio-

nasse melhores condições na formação. Os residentes tam-bém reivindicam pagamento de auxílio moradia e auxílio alimentação e do adicional de insalubridade, respeito ao rea-juste anual, instituição da 13ª bolsa-auxílio e aumento da li-cença maternidade de quatro para seis meses. A decisão pela suspensão dos atendimentos por tempo indeterminado, exceção feita à prestação de serviços essen-ciais (urgências, emergências e UTIs), foi tomada pela Comis-são de Greve da Associação Na-cional dos Médicos Residentes

(ANMR) formada por diversos representantes estaduais. “Fizemos de tudo para evi-tar esta medida extrema, mas a falta de valorização do nos-so trabalho por parte dos Ministérios da Educação e da Saúde nos força a apelar para este último recurso”, diz Nivio Moreira, presidente da ANMR. “A rigor, os hospitais não podem depender dos ser-viços dos residentes, mas na prática a história é outra. Não temos como estimar o volume de cirurgias, procedimentos e consultas que corre o risco de cancelamento”.

E a história se repete...A campanha de mobiliza-ção pelo reajuste da bolsa-auxílio ganhou força com paralisações de 24 horas re-alizadas em 23 Estados, de 13 a 15 de abril deste ano. A imagem de fundo desta página mostra o movimento dos residentes de São Paulo. A última greve nacional dos médicos residentes foi em novembro de 2006, após um ano e dois meses de nego-ciações entre a Associação Nacional dos Médicos Re-sidentes e os ministérios da Saúde e Educação. O mo-tivo principal foi o mesmo: reajuste da bolsa-auxílio, congelada, na ocasião, por mais de cinco anos.

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CAMPEÕES do Intermed

FEMININO MASCULINO TORCIDA TURMA1º LUGAR (100pts) 84 78 84 84 (200pts)

2º LUGAR (70pts) 83 86 83 86 (170pts)

3º LUGAR (50pts) 86 79 86 83 (140pts)

O Intermed 2010/1 alcançou marcas impressionantes, além de inéditas, e entrou para a história da MedUfes. Em quase três meses de campeonato, 175 jogadores, distribuidos em 18 times

(12 masculinos e 6 femininos), disputaram 55 jogos e marcaram 406 gols. Em 2010/2, tem mais!

OS NÚMEROS DO CAMPEONATOPor turma. Confira em detalhes o desempenho dos 18 times que disputaram o Intermed 2010/1

FEMININO MASCULINO GERALTimes Atletas Gols Faltas C.A. /

C.V.Class. Atletas Gols Faltas C.A. /

C.V.Class. Gols Faltas C.A. /

C.V.Class. Torc.

Class. Turma

86 6 12 11 0 / 0 3º 10 43 35 5 / 1 2º 55 46 5 / 1 3º 2º85 10 7 8 0 / 0 5º 9 16 10 4 / 0 - 23 18 4 / 0 10º -84 8 31 9 2 / 0 1º 12 20 20 3 / 0 - 51 29 5 / 0 1º 1º83 9 30 19 2 / 0 2º 12 19 35 8 / 1 - 49 54 10 / 1 2º 3º82 - - - - - 11 7 12 1 /1 - 7 12 1 / 1 8º -81 - - - - - 10 33 27 7 /1 - 33 27 7 / 1 7º -80 7 4 4 0 / 0 6º 11 31 20 5 / 2 35 24 5 / 2 6º -79 8 15 4 0 / 0 4º 11 36 27 1 / 0 3º 51 31 1 / 0 5º 5º78 - - - - - 10 53 27 6 / 0 1º 53 27 6 / 0 4º 4º77 - - - - - 12 10 13 1 / 1 - 10 13 1 / 1 11º -

75/76 - - - - - 10 6 10 0 / 0 - 6 10 0 / 0 11º -Prof. - - - - - 10 33 25 2 / 0 - 33 25 2 / 0 9º -Total 48 99 55 4 / 0 - 128 307 261 43 / 7 - 406 316 47 / 7 - -

Legenda: Prof. = time de professores; C.A / C.V. = cartões amarelos / cartões vermelhos; Class. = classificação; Torc. = torcida

Premiação. Conheça os jogadores que se destacaram durante todo o campeonato. FEMININO MASCULINO

Artilheira - Nara Cunha (T84) - 14 gols Artilheiro - Kaio Nicolau (T78) - 21 golsMelhor Jogadora - Francielen Rigo (T77 - time79) Melhor Jogador - Bruno Galvani (T79)

Revelação - Bruna Merlo (T86) Revelação - Pedro Evandro (T83)

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Redins: 14 anos na direção do CCS Em 1972, Carlos Alberto Redins ingressou no curso de Medicina da Ufes. Quase 40 anos depois, Redins mantém um forte vínculo com o campus de Maruípe. Ele se formou em 1977 e, sem exercer a profissão, decidiu pela carreira acadêmica. Entrou no departa-mento de Morfologia, como pro-fessor DE (dedicação exclusiva, 40h semanais), em 1978, onde permaneceu até se aposentar, há dois anos. O professor foi chefe de departamento e alcançou a di-reção do Centro em 1996, como vice-diretor. Redins foi vice por 8 anos e chegou ao posto máxi-mo do CCS somente em 2004, tendo como vice a professora da Odontologia Maria Hermenegil-da Grasseli Batitucci. Neste mês de agosto completa metade do segundo mandato como diretor do Centro e, ao todo, 14 anos no comando do campus. RAIO-X resgatou as promessas da última campanha, 42 no total (tabela ao lado). Em entrevista exclusiva, Redins fala sobre assuntos im-portantes e polêmicos, como os novos cursos e o atraso na obra do Elefante Branco.

O CCS dobrou o número de cursos de graduação nos dois últimos anos, frutos do pro-grama REUNI. O campus está preparado para as novas demandas? Quais são os maio-res desafios? Todas as novas instalações físicas no campus de Maruípe, para atender os no-vos cursos de graduação, foram previstas, planejadas. Contudo, as obras estão atrasadas, já que o ritmo das obras não é o que precisaríamos. Dependemos do órgão da Ufes que cuida desta questão, que é a Prefeitura Uni-versitária.

A obra do Elefante Branco completa dois anos neste mês de agosto. Qual sua postura frente ao descaso da Prefeitu-ra de Vitória, que é responsá-vel pelo projeto? Já encaminhei ao Magnífico Reitor da Ufes três relatórios sobre esta questão, sendo que o último seria tam-bém dirigido ao Ministério Pú-blico Federal, acusando o senhor Prefeito do Município de Vitória por descumprimento de contra-to. Mas, como as relações entre a Ufes e Prefeitura de Vitória vão muito além destas obras, de-

pendo da anuência do Magnífico Reitor para dar prosseguimento a esta questão. As últimas infor-mações que obtive do Magnífico Reitor são de que a Prefeitura de Vitória está licitando a obra.

Dentre as oito graduações do CCS, a Medicina é considerada como curso mais problemático e desorganizado. O Sr. concor-da? Na sua opinião, por que a Medicina tem essa fama? Não está correto falar assim de ma-neira generalizada. O fato é que o curso funciona regularmente, como os demais. Concordo que as questões acadêmicas do curso não são acompanhadas como de-veriam. É preciso envolvimento de todo o corpo docente com questões pendentes como ade-quações curriculares às diretrizes nacionais e os estágios obrigató-rios. É preciso que os docentes se preocupem com a qualidade do ensino oferecido e sobretudo com a melhoria do curso e de seu futuro, sem acompanhar aqueles negativistas que pregam o fe-chamento do curso de Medicina. Não existe nenhum motivo para tanto, o que seria uma declara-ção pública de incompetência de todos nós.

É verdade que o Sr. tem pre-tenções de ser reitor? Pretende disputar as eleições já no pró-ximo pleito, ano que vem, ou vai tentar outra reeleição para diretor do CCS em 2012? (ri-sos) Não tenho nenhuma preten-são política na Ufes, até porque não posso mais ser candidato a nada na Ufes, pois estou apo-sentado desde outubro de 2008. Estou cumprindo mandato de diretor iniciado antes de minha aposentadoria.

Carlos Alberto Redins, diretor do Centro de Ciências da Saúde da Ufes.

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As promessas de RedinsConfira as 42 metas do plano de trabalho da campanha 2008/20121) Ampliar os campos de estágio nas Unidades Municipais e nos hospitais da rede pública de saúde (2009/2012)

2) Coordenar a utilização do campo de estágio da Escola Municipal Santos Du-mont, a ser construida no campus de Maruípe pela Prefeitura de Vitória (2009)

3) Coordenar a utilização do campo de estágio da nova Unidade de Saúde Thomas Tommasi, a ser construida no campus de Maruípe pela PMV (2009)

4) Implantar os cursos de graduação em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (2009)

5) Implantar os cursos de graduação de Nutrição e Fonoaudiologia (2010)

6) Fortalecer os Programas de Pós-graduação do CCS, através de melhorias da área física, equipamentos e de pessoal

7) Implantar o Laboratório de Microscopia Eletrônica do CCS (2009)

8) Implantar o Programa de Pós-graduação em Medicina, nível Mestrado (2010)

9) Organizar indicadores para distribuição de vagas docentes para os atuais cursos do CCS (2008)

10) Elaborar estratégias para ocupação das vagas de docentes dos atuais cursos, de modo a atender novas demandas decorrentes de mudanças curriculares (2008)

11) Promover ações para contratação de docentes para os novos cursos do CCS (2009/2010)

12) Conduzir processo de contratação de servidores em educação para atender antigas, atuais e novas demandas do CCS (2009/2012)

13) Concluir execução do projeto de infraestrutura de rede (2008)

14) Modernizar as instalações e equipamentos das salas de aulas e laboratórios do CCS (2008/2012)

15) Adquirir equipamentos para laboratórios e para a Clínica Integrada / novos cursos (2009/2010)

16) Instalar laboratório de habilidades para cursos de graduação do CCS (2010)

17) Concluir o Plano Diretor Físico do campus de Maruípe visando aperfeiçoar a ocupação do espaço físico do campus, incluindo áreas de estacionamento (2008)

18) Promover ações para elaboração de projeto e obras de urbanização do campus de Maruípe (2009/2010)

19) Concluir obras do prédio do Programa de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas (2008)

20) Concluir obras do prédio da Farmácia. Construção do 2º piso (2008/2009)

21) Concluir obras do prédio do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva - 1º piso (2009)

22) Iniciar e concluir a construção da 2ª etapa do prédio da Anatomia - salas de aulas teóricas e salas de professores para os cursos do CCS (2008)

23) Iniciar e concluir obra de duplicação do número de salas de aulas teóricas do prédio Elefante Branco (2008/2009)

24) Reformar o prédio da Biologia para instalação de novos laboratórios para os cursos do CCS (2009)

25) Iniciar e concluir construção do bloco C do prédio Básico - laboratórios e salas de aulas dos departamentos de Morfologia, Ciências Fisiológicas e Patologia (2009)

26) Iniciar e concluir construção do Centro de Vivência, no espaço do prédio velho da Anatomia (2009)

27) Iniciar e concluir construção de nova cantina/restaurante no área básica (2009)

28) Implantar a Farmácia Escola do CCS no atual prédio da Unidade de Saúde Thomas Tommasi (2009/2010)

29) Iniciar e concluir construção da Clínica Integrada - Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Nutrição e demais cursos do CCS (2010)

30) Iniciar e concluir construção de prédio para instalação de novo Biotério do CCS (2010)

31) Iniciar e concluir construção do prédio do Programa de Pós-graduação em Odontologia (2010)

32) Iniciar e concluir construção do prédio do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (2011)

33) Iniciar e concluir construção de prédio para centralizar a administração do CCS (2010/2011)

34) Expandir a oferta de vagas para a Residência Médica (2008/2012)

35) Criar e implantar a Residência Multiprofissional (2009)

36) Fortalecer a missão do Hucam como hospital-escola do CCS, independente-mente de qualquer mudança na sua natureza jurídica (2008/2012)

37) Promover ações para viabilizar a criação de uma Diretriz de Ensino e Pesquisa Clínica no Hucam (2008/2009)

38) Desenvolver ações para fortalecer condições de ensino no Hucam (2008/2012)

39) Reformar a Clínica Integrada e o Ambulatório I do IOUFES, com substituição dos equipos e aparelhos de raio-x (2009/2010)

40) Adquirir bombas a vácuo para atender ambulatórios do IOUFES (2009)

41) Montar auditório do prédio didático do IOUFES (2008)

42) Informatizar os ambulatórios do IOUFES (2008/2009)

Atrasada e paralisada, a du-plicação do pavilhão de au-las teóricas Elefante Branco completa dois anos neste mês de agosto. Em agosto de 2008, o governo anunciou o prazo de 180 dias para conclusão do prédio, isto é, fevereiro de 2009. Com 17 meses de atraso, porém, a edificação ainda está longe de ficar pronta. Em maio último, a Prefeitu-ra prometeu retomar a obra e conclui-la no prazo de 150 dias, ou seja, em outubro. Até o fechamento desta edição, no fim de julho, entretanto, tudo permanecia completamen-te parado. Três salas de aula continuam interditadas, re-pletas de entulho e com água empoçada, tal como mostram estas fotos recentes.

A obra é uma contrapartida da Prefeitura de Vitória pela ces-são do terreno do campus de Goiabeiras para a duplicação da avenida Fernando Ferrari. A ampliação e reforma do Ele-fante Branco foi uma das 42 promessas de campanha (a de número 23 na tabela ao lado) do então candidato à reelei-ção para a direção do CCS, Carlos Alberto Redins. Em entrevista ao RAIO-X (nesta página), o diretor disse que já encaminhou três relatórios ao reitor da Ufes Rubens Ra-selli. Na avaliação de Redins, é necessário o envolvimento do Ministério Público Federal no caso, já que o prefeito de Vitó-ria, João Coser, descumpriu o contrato e não finalizou a obra no prazo determinado.

ERA UMA VEZ UMA SALA DE AULA...

Redins: 14 anos na direção do CCS

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professor!Professor Regime

TrabalhoÁrea de Atuação

Vínculo Hucam

Ginecologia e ObstetríciaArnaldo Ferreira Filho 40h G.O.II -

Célia Regina Trindade 20h G.O.I / RM -

Cláudia Therezinha Salviato Mameri 20h RM -

Chiara Musso Ribeiro de Oliveira Souza 20h G.O.I / RM -

Estephan José Moana 40h Estágio Curricular -

Helane Sperandio Silva Alvarenga 40h G.O.I 20h/MS

Henrique Zacarias Borges Filho 40h Estágio Curricular / RM 20h/MS

Justino Mameri Filho 40h Estágio Curricular / RM 20h/MS

Kárin Kneipp Costa Rossi 20h Estágio Curricular / RM -

Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior 40h RM -

Luiz Cláudio França 40h G.O.II / Estágio Curricular -

Luiz Frizzera Borges 40h Estágio Curricular / RM 20h/Ufes

Marcelo Almeida Guerzet 40h Estágio Curricular / RM 20h/Ufes

Maria Angélica Cardoso Belônia 20h Estágio Curricular / RM 20h/Sesa

Marize de Freitas Santos Neves 20h G.O.I / G.O.II / RM 20h/Sesa

Rogério Bermudes de Souza DE G.O.I -

Medicina Especializada

Ângelo Ferreira Passos 40h Oftalmologia -

Diusete Maria Pavan Batista DE Oftalmologia -

Gilberto Malta Leite 40h Ortopedia -

Giulliano Enrico Ruschi e Luchi 20h Otorrinolaringologia -

José Eduardo Grandi Ribeiro Filho 20h Ortopedia -

José Fernando Duarte 40h Ortopedia 20h/MS

José Lorenzo Solino 20h Ortopedia -

Luiz Fernando Soares de Barros 40h Cirurgia Plástica 40h/Sesa

Nilton Gomes Oliveira 20h Ortopedia -

Rodrigo Carvalho Amador (substituto) 40h Oftalmologia 40h/Sesa

Sérgio Ramos 40h Otorrinolaringologia -

PediatriaAparecida das Graças Carvalho Gomes 40h Estágio Curricular / RM -

Ana Daniela Izoton de Sadovsky DE Estágio Curricular / RM -

Ana Karina Soares Nascif DE Estágio Curricular / RM -

Cecília Maria Guimarães Figueira 40h Estágio Curricular / RM 20h/Ufes

Edelweiss Bussinguer Pereira Pegurin 40h 8º período -

Eneida Fardin Perim Bastos 40h Estágio Curricular / RM -

Francisco Luiz Zaganelli 40h 7º e 8º período -

Filomena Euridice Carvalho de Alencar DE Estágio Curricular / RM -

Geisa Baptista Barros DE Estágio Curricular / RM -

Helenice de Fátima Muniz 40h Estágio Curricular / RM -

Jane Tagarro Corrêa Ferreira 40h 7º período 20h/Sesa

Maria da Penha de Mattos Nascimento 40h Estágio Curricular / RM -

Murilo Gimenes Rodrigues 40h Estágio Curricular / RM -

Norma Suely Oliveira DE Estágio Curricular / RM -

Rita Elizabeth Checon de Freitas Silva 40h Estágio Curricular / RM -

Sandra de Souza Martins 40h 8º período 40h/MS

Sérgio Lamêgo Rodrigues DE 7º período -

Severino Dantas Filho 40h Estágio Curricular / RM -

Sperandio Reinaldo del Caro 20h Estágio Curricular / RM 40h/Ufes

Vera Lúcia Maia DE 8º período -

Ao trabalho,

“Queremos rechaçar veementemente a condu-ta abominável de certos médicos que se tornam professores da Universidade e, sem nunca compa-recerem para dar uma aula sequer durante o ano, colhem frutos sem plantar e colaboram decisiva-mente para a falência do ensino público superior”. A declaração forte, ousada e, lamentavelmente, verdadeira é um trecho do discurso de formatu-ra da turma 73 do curso de Medicina da Ufes, que colou grau ano passado. Os professores fantas-mas existem e impregnam as instituições públicas. Na graduação médica, a presença desses maus profissionais traz prejuízos enormes ao ensino, prin-cipalmente no clínico, onde a carga horária de au-las práticas, fundamentais para uma formação ade-quada na área de saúde, é muito significativa. Mas quem são os docentes fantasmas? Muitas vezes, por falta de informação, os estudantes desconhecem os funcionários irregulares. Por isso, RAIO-X publica com exclusividade a relação completa e atualizada dos 101 professores lotados nos cinco departamen-tos médicos (Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Gi-necologia e Obstetrícia, Medicina Especializada e Pediatria). O levantamento inédito, produzido com base nas informações repassadas pelos próprios de-partamentos e pela direção do Hucam, é uma ini-ciativa das assessorias de Comunicação e de Re-presentação Estudantil do Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes. As tabelas contêm o nome com-pleto dos professores (todos são médicos), o regime de trabalho e o vínculo com o Hucam. Do total, 17 docentes estão sob o regime de 20h se-manais e 84, a maioria, sob o regime de 40 horas se-manais, sendo 17 em DE (dedicação exclusiva, isto é, impedidos de exercer outra atividade remunerada). De acordo com o Regimento Geral da Ufes, “nenhum docente poderá ter carga horária de aulas inferior a 8h semanais, em qualquer regime”. O documento também afirma que os professores do regime de 40h devem atuar “em dois turnos diários completos”. No campus, porém, a realidade é outra. A situação é mais crítica na Clínica Cirúrgica. Para se ter uma ideia, o departamento não realiza reuniões há anos, porque nunca há quórum. O chefe João Florêncio afirma que corta o ponto dos professores que não comparecem para ministrar aulas (veja ao lado). A medida deu resultado. O neurocirurgião e ex-presi-dente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia José Carlos Saleme, que não pisa em uma sala de aula do CCS há muito tempo, foi punido com demissão. A decisão foi publicada no dia 2 de agosto no Diário Oficial da União. Os “repórteres” de RAIO-X e os representan-tes estudantis do DAMUFES estão de olho na fre-quência dos docentes. E todos os alunos podem (e devem!) fazer o mesmo. Denunciar os maus profis-sionais, principalmente os fantasmas, é o primeiro passo para garantir a qualidade do curso.

Levantamento inédito revela, com total transparência, os vínculos de trabalho de 101 professores médicos.

Em agosto, um “fantasma” foi punido com demissão.

As estatísticas dos docentesTotal 20h 40h DE

Cl. Médica 29 2 19 8Cl. Cirúrgica 25 4 21 zero

G.O. 16 6 9 1Pediatria 20 1 12 7

Med. Especializada 11 4 6 1TOTAL 101 17 67 17

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Professor RegimeTrabalho

Área de Atuação

Vínculo Hucam

Clínica MédicaAlfredo Nunes Ferreira Filho 40h Cardiologia -

Alípio César Nascimento 40h Pneumologia 20h/MSAna Maria Casati Nogueira da Gama 40h Pneumologia 20h/MSCalipson Tadeu Nogueira da Gama 40h Nefrologia -

Carlos Marconi Pazolini 40h Cardiologia 20h/MSCarlos Sandoval Gonçalves 40h Gastroenterologia 20h/Sesa

César Noronha Raffin DE Neurologia -Eliana Bernadete Caser 20h Medicina Intensiva -

Guilherme Júnior Boechat Póvoa DE Endocrino e Nutrição -Lauro Monteiro Vasconcellos Filho 40h Nefrologia 20h/MS

Liliane Calil Guerreiro da Silva DE Psquiatria -Lúcia Martins Diniz DE Dermatologia -

Luiz Sérgio Emery Ferreira 40h Gastroenterologia 20h/MSMarcelo Masruha Rodrigues DE Semiologia -

Marcelo Ramos Muniz DE Neurologia -Marcos Daniel de Deus Santos DE Hematologia -Maria da Penha Zago Gomes 40h Gastroenterologia 20h/UfesMário Tadeu Penedo Borges 40h Gastroenterologia 20h/MS

Oriovaldo Berald Xavier 40h Semiologia -Paulo Mendes Peçanha 40h DIP 20h/MS

Ricardo Andrade Fernandes de Mello DE Radio e Med. Nuclear -Rubens Costa Júnior 40h Semio/Clínica Médica -

Sérgio Alexandre Hatab 40h Cardiologia -Tânia Queiroz Reuter Motta 40h Semiologia / DIP 20h/Ufes

Thales Gouveia Limeira 40h Hematologia 20h/SesaValdério do Valle Dettoni 40h Pneumologia 20h/SesaVera Lúcia Ferreira Vieira 40h Neurologia 20h/MS

Vitor Buaiz 40h Gastroenterologia -William Assad Sassine 20h Semio/Clínica Médica -

Clínica CirúrgicaAlexander Hatsumura Casini 20h C.C.II

Antônio Augusto Barbosa de Menezes 40h C.C.III / Internato / RM 20h/MSAntônio Roberto Carrareto 20h C.C.I / RMBerilurdes Wallacy Garcia 40h C.C.IV / Internato / RM -

Cláudio Piras 40h C.C.II / Internato / RM -Fábio Antônio Lacerda Pereira 40h C.C.II / Internato / RM -

Fernanda Mendonça (substituto) 40h C.C.I e II -Fernando Antônio Martins Bermudes 20h C.C.I / RM 20h/Ufes

Gustavo Peixoto Soares Miguel 20h Internato / RM -Jhonson Joaquim Gouvea 40h C.C.III / Internato / RM -

João Batista Pozzato Rodrigues 40h Prática Hospitar / RM 20h/UfesJoão Florêncio de Abreu Baptista 40h Prática Hospitar / RM -Jorge Wolmer Chamon do Carmo 40h C.C.I -

José Carlos Saleme 40h C.C.IV -José Manuel Binda 40h RM 20h/Ufes

José Maria Gomez Perez 40h C.C.III / Internato / RM -Joubert de Almeida Esteves 40h C.C.II / Internato / RM -Leonard Hermann Roelke 40h C.C.III / RM -

Luiz Antônio Pôncio de Andrade 40h C.C.II / Internato / RM -Marcelo Miranda (substituto) 40h C.C.III / RM -

Márcio Maia Lamy de Miranda 40h C.C.III / Internato / RM 20h/SesaMarcos Célio Brocco 40h Prática Hospitar / RM 20h/Ufes

Moyses Pedro Amoury Nader 40h C.C.IV / Internato 20h/SesaNelson de Souza Lima Filho 40h Prát.Hospitar / Internato -

Pedro Motta 20h C.C.IV -William Joseph Robinson 40h C.C.III / Internato -

Obs.: o “vínculo Hucam” se refere aos contratos que os professores têm como médicos do hospital, sem relação direta com a docência. Pode ser via Ufes, Ministério da Saúde (MS) ou Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

“A questão de maus professores que não estão pre-sentes em seus compromissos com a Ufes não diz respeito apenas ao CCS. Lamentavelmente isto ocor-re em todos os Centros. Maus profissionais existem em todas as áreas e são estes que mascaram os bons, ficando assim apenas a impressão do que é ruim. Como o CCS é o Centro que tem maior número de professores na Ufes, cerca de 320, pode parecer que este problema é maior aqui. Cabe aos Chefes dos De-partamentos controlar a frequência e as atividades dos docentes. Assim, tenho solicitado aos mesmos, ver-balmente e por escrito, que cortem o ponto daqueles que não estão cumprindo com suas obrigações, sob risco de conivência dos mesmos. Isto tem ocorrido e existem professores respondendo processo discipli-nar por falta ao trabalho, com risco de demissão”CARLOS ALBERTO REDINS Diretor do CCS

“Avalio a frequência dos professores por meio de contato verbal direto com os mesmos. O registro escrito da presença depois é levado ao departamen-to para comprovar a frequência. Quando o profes-sor falta eu “corto o ponto” e registro a ausência. Não temos muitos problemas com frequências, exceto a Ortopedia, cujos problemas estão come-çando a se resolver desde que assumi a direção. Acredito que com o currículo novo os problemas com faltas fiquem cada vez menos frequentes”SÉRGIO RAMOS Medicina Especializada

“Cada coordenador de disciplina envia o controle da frequência dos professores ao departamento. Esta chefia corta periodicamente o ponto de professores que comumente faltam e faz o registro no boletim de frequencia enviado a cada mês ao DRH. Estão nesta situação José Carlos Saleme e Pedro Mota, que têm o ponto cortado desde setembro de 2009”JOÃO FLORÊNCIO Clínica Cirúrgica

“O controle da frequência é feito de acordo com a avaliação realizada pelos coordenadores de cada programa/especialidade, num total de doze. Também levamos em consideração as queixas eventualmente apresentadas pelos discentes. Devemos destacar que o cumprimento de suas obrigações contratuais se re-fere ao ensino, à pesquisa e à extensão, ressaltando que a assistência prestada no Hucam é voluntária, mas faz parte da sua jornada de trabalho. A punição aos faltosos segue os preceitos regimentais, variando de advertência ao corte de ponto, até a comunicação ao DRH por abandono de emprego (no caso de fal-ta por mais de 30 dias). Felizmente não tivemos ne-nhum caso dessa natureza neste departamento”VITOR BUAIZ Clínica Médica

“O controle da frequencia é monitorado pela chefia através das frequências assinadas pelo corpo discente e pela produtividade dos professores nos ambulató-rios e sala de cirurgia. Quando eventualmente ocorre o descumprimento de carga horária, o professor deve justificar sua ausência e repor a atividade não cum-prida. Caso não ocorra uma justificativa adequada, deverá ter seu ponto cortado”JUSTINO MAMERI Ginecologia/Obstetrícia “O controle de frequência é feito por meio de assina-tura de folha mensal. Apesar de ser de minha inteira responsabilidade, entendo que seja extremamente frágil, pois não tenho ciência de cada professor em cada atividade, a não ser os que estão trabalhando comigo na enfermaria ou quando chega ao Departa-mento a informação de falta do mesmo a alguma ati-vidade pelo aluno. Até o momento, sob minha chefia, não tive a situação de cortar ponto de professor por denúncia ou outra forma”CECÍLIA MARIA GUIMARÃES Pediatria

O que dizem a Ufes e os chefes de departamento

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10 dicas para você viajar! O que é CLEV? A Coordenação Local de Estágios e Vivências (CLEV) da Ufes é uma assesso-ria do DAMUFES desde 2005 e integra a Coordenação Na-cional de Estágios e Vivências da DENEM (Direção Nacional Executiva dos Estudantes de Medicina). Por meio da CLEV os alunos podem fazer estágio em outras escolas médicas. São três os principais programas de estágio: Estágio Nacional (EN) e Internacional (SCOPE e SCO-RE). Os EN estão momentane-amente suspensos. Os estágios internacionais, SCOPE (prática médica) e SCORE (pesquisa), ocorrem em parceria com a IFMSA (Internacional Federa-tion of Medical Sudent’s Asso-ciations). Atualmente, os alunos da Ufes estagiam apenas através do SCOPE.

Por que fazer estágio fora do país? Conhecer uma cultura diferente, até mesmo exótica; aperfeiçoar um idioma; fazer amizades; partilhar estilos de vida; trocar experiências profis-sionais; vivenciar uma realida-de social, política e econômica distinta da habitual; adquirir co-nhecimentos práticos e tornar-se cidadão do mundo. Enfim, so-bram motivos para fazer estágio internacional em prática médica. Quem já viajou garante: é uma experiência única, que agrega valores e propicia crescimento pessoal em todos os campos da vida, não só na carreira.

Como faço para concorrer aos estágios? O edital de seleção é um documento importante, di-vulgado anualmente sempre no 2º semestre. Deve ser lido na íntegra porque contém todas as informações sobre a seleção. Todos os alunos da MedUfes podem participar da seleção. Cada escola médica lista pré-re-quisitos que devem ser cumpri-dos pelos candidatos. Antes de escolher o país é imprescindível analisar atentamente as condi-ções de intercâmbio, disponíveis no site da IFMSA. Geralmente, exige-se que o aluno esteja no ciclo clínico do curso. Atenção: caso o aluno não preencha os pré-requisitos o estágio pode ser cancelado, mesmo que o candi-dato tenha sido selecionado.

Que informações há no edital de seleção? Ele traz informa-ções sobre condições gerais, documentos exigidos, taxas, es-tágios disponíveis (vagas e paí-ses), etapas da seleção, prazos, critérios de pontuação, fichas de pontuação e de inscrição, termos de compromisso e responsabili-dade e o passo a passo da pré e pós seleção. Enfim, o edital é o guia dos estágios e a CLEV faz a divulgação quando o ele é lança-do e orienta os estudantes duran-te o processo de seleção.

Quantos pontos preciso juntar? As pontuações de corte variam, as vezes bastante, de um ano a outro para quase todos os países.

Para o edital 2009, por exemplo, só quem acumulou pelo menos 700 pontos conseguiu vaga para países concorridos, como Ale-manha, Áustria, Canadá, Espa-nha, Inglaterra, Itália, Noruega e Portugal. No entanto, não foi preciso somar mais de 400 pon-tos para países como Armênia, Azerbaijão, Bahrain, Colômbia, Equador, El Salvador, Gana, Kwait, Sudão e Tunísia. Uma curiosidade: quase 600 alunos se inscreveram em 2009 para con-correr a 215 vagas em 47 países, entretanto, ninguém optou pela Líbia – havia uma vaga. Dica: Não escolha o destino somente com base nos pontes de corte! Vale a pena arriscar e tentar vaga em países que você realmente quer conhecer.

Como faço para acumular pontos? Existem 14 critérios de pontuação, definidos pela DE-NEM. Confira a relação critério/pontuação abaixo. Como é feita a seleção e quan-do são divulgados os resul-tados? Os prazos e o passo a passo da seleção são detalhados a cada edital. A CLEV da Ufes atua como intermediária, entre a DENEM e os alunos, e fornece todas as informações necessárias com antecedência. Em geral, a primeira convocatória sai um mês após o prazo final da inscri-ção. Uma boa dica é ler todo o edital do ano passado, disponí-vel no site da CLEV.

Quanto vou gastar? O custo inicial, definido pelo edital de seleção, gira em torno de 120 euros. Também é importante avisar que é o aluno quem ban-ca as passagens de ida e volta. Além disso, somam-se os gastos durante as 4 semanas do estágio, a critério do estudante. No país anfitrião, o aluno tem direito à acomodação e duas refeições di-árias. E sempre há um padrinho (estudante de medicina local) que atua como guia acadêmico e turístico.

Se eu não for selecionado pos-so tentar de novo no próximo ano? Meus pontos zeram? Os alunos que não são seleciona-dos, por pontuação insuficiente, podem se inscrever no edital seguinte e também podem apro-veitar os pontos já acumulados, e até somar mais. A pontuação só é zerada quando o estágio é concretizado ou quando o aluno é selecionado, paga a taxa, con-firma interesse, mas não viaja, independentemente do motivo.

Como faço para tirar outras dúvidas e pegar mais dicas? Visite a página da CLEV na in-ternet (www.clevufes.weebly.com) ou fale diretamente com os CLEVs por email ([email protected]). Visite também os sites da DENEM (www.denem.org.br) e da IFMSA (www.ifm-sa.org). Se preferir, toda quarta-feira, as 12h30, tem reunião no DAMUFES. Vá lá!

ESTÁGIO INTERNACIONAL EM PRÁTICA MÉDICA

Tire suas dúvidas, acumule pontos, organize a papelada, escolha o país e arrume as malas.

Confira os 14 critérios de pontuação dos estágios.

1. Ser anfitrião. 1º estudante rece-bido: 5 pontos por dia até o 30º dia e 4pts/dia a partir do 31° dia. 2º estu-dante recebido: 4 pts/dia.

2. Ser padrinho ou madrinha. Pri-meiro afilhado: 3 pts/dia até o 30º dia e 2pts/dia a partir do 31º dia. Se-gundo: 2 pts/dia.

3. Participação em atividades ex-tracurriculares. Tipo A: Monitoria, Extensão, Ligas Acadêmicas, Está-gios Extracurriculares e Projeto de pesquisa/Iniciação Científica (4 pts/mês. No máximo 12 meses por mo-dalidade). Tipo B: Cursos de Ligas, Jornadas, Simpósios e Congressos (4 pts por evento. No máximo 4 de cada modalidade ao ano).

4. Participação em gestão conclu-ída em CA/DA/DENEM. Gestão concluída (150 pts por ano de ges-tão) e gestão atual (12 pts/mês).

5. Participação como colaborador (rede de apoio) em atividades de CA/DA/DENEM. Gestão atual ou gestão anterior: 1 ponto por sema-na.

6. Ser Representante Discente de departamentos ou órgãos colegia-dos da faculdade que atuem como parceiros do CA/DA. Gestão con-cluída: 12 pts/mês. Gestão atual: 5 pts/mês.

7. Publicação de trabalho em re-vistas científicas. 40 pontos por trabalho. (Cada trabalho é válido apenas uma vez. Máximo de 2 pu-blicações por ano).

8. Publicações em anais de Con-gresso, Jornadas e Simpósios ou apresentação de trabalho em Con-gressos, Jornadas e Simpósios. 10 pontos por trabalho (Cada trabalho é contabilizado apenas uma vez, mesmo que tenha sido publicado e apresentado. Máximo de 4 publica-ções por ano).

9. Participação em fóruns e even-tos da DENEM (valem COBREM, ECEM, Seminário do Cenepes, OREM), IFMSA e FELSOCEM. 6 pontos por cada evento. No máximo 1 evento por mês.

10. Participação em fóruns e eventos do CA/DA e atividades culturais reconhecidas pelo CA/DA. 4 pontos por cada evento. No máximo 1 evento por mês. Não são válidas festas e calouradas.

11. Cada semestre avançado no curso médico, incluindo o que está cursando até o momento da ins-crição. 3 pontos por semestre

12. Eventos esportivos promovi-dos por CA/DA/Atléticas. 5 pts/evento. Apenas um por semestre.

13. Cada estudante recebido pela escola através de qualquer um dos programas de estágios e vivências da DENEM nos 12 meses que an-tecedem a seleção. 3 pontos por es-tudante.

14. Ser estudante de uma escola cujo CLEV foi ao Encontro de Capacitação em Estágios e Vivên-cias e do Fórum de Estágios e Vi-vências promovido pela CEV nos últimos 12 meses. 30 pontos por encontro.

Fonte: Edital SCOPE 2009

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Sete intercambistas, 4 países e 1 hospital... A Ufes recebeu em julho sete estudantes de medicina de quatro países: Giedre, Dalva (Lituânia), Agnes, Valentina (Áustria), Johan-na (França), Zoltan e Lasl-zo (Hungria). Os gringos vieram por meio da CLEV (leia mais ao lado) e estagia-ram em diferentes serviços do Hucam, da ginecologia/obstetrícia à cirurgia do aparelho digestivo. Ao todo, a Ufes já recebeu 15 inter-cambistas internacionais. Mais três devem chegar nas próximas semanas. Na outra ponta, o resultado também é satisfatório: 13 acadêmicos da MedUfes já cruzaram a fronteira para 10 destinos distintos, a maioria na Eu-ropa. Quer fazer um estágio internacional em prática mé-dica? Saiba mais na página ao lado! Quer ver mais fotos e conhecer mais detalhes das viagens, dos estágios e dos intercambistas? Então visi-te a página da CLEV-Ufes (www.clevufes.weebly.com) ou fale diretamente com os Clev’s pelo email ([email protected]).

A turma 87 chegou...Mais um início de semestre letivo, mais uma turma nova na MedUfes. Os calouros da 87 foram recebidos no cam-pus de Maruípe no dia 30 de julho na Visita dos Calouros, evento realizado há 10 anos pelo Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes. O roteiro seguiu a linha tradicional: ciclo de palestras, café da manhã, tour pelo campus e churrasco de encerramento. Um dia cheio de atividades, bem movimentado e repleto de novidades. Durante todo o dia, a interação entre calou-ros e veteranos era total. E uma curiosidade: os pais do novatos compareceram em peso na Visita.

OREM 2010...As incrições para as Olimpíadas Regionais dos Estudantes de Me-dicina (OREM) deste ano já estão abertas. As OREM 2010 aconte-cem nos dias 9 a 12 de outubro na cidade de Nova Friburgo (RJ). Oktobermed. Esse é o tema cen-tral da MedUfes para as OREM Friburgo’10. A diversão está ga-rantida! Esporte e entretenimen-to na medida certa. Para mais in-formações sobre o valor e o prazo das inscrições, as modalidades, os treinos, o desing da camisa e da caneca e o histórico da Ufes nas olimpíadas procure a comis-são organizadora das OREM na Ufes, diretamente no DAMUFES ou pelos contatos abaixo.Site: medufesorem.blogspot.comEmail: [email protected]

Acontece nos dias 22 e 23 de outubro o I Simpósio de Neurologia e Psiquiatria do Espírito Santo. O evento é uma realização da assessoria científica do Diretório Aca-dêmico de Medicina da Ufes e conta com a coordenação dos neurologistas Marcelo Muniz e Marcelo Masruha e do psiquiatra Ruy Perini. O Simpósio ocorre no auditório do Elefante Branco, no cam-pus de Maruípe. Informações sobre programação e ins-crições serão divulgadas em breve. As vagas serão limi-tadas. Portanto, fique atento aos emails, cartazes e folders que serão divulgados nas próximas semanas. Se prefe-rir, procure o DAMUFES nas quartas-feiras, as 12h30.

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Inúmeros são os exemplos de invenções que tornaram nossa vida mais confortável e mais simples, principalmente nas últi-mas décadas. Entretanto, há uma invenção cada vez mais adotada em nossas salas de aula que pa-rece ser uma exceção notável a esse fenômeno. Embora alguns considerem um avanço, há mo-tivos suficientes para considerar a disseminação do PowerPoint um retrocesso no ensino e na di-dática. A adoção do programa por uma parcela cada vez maior de professores se justifica: é a ma-neira mais simples e confortável de se elaborar e apresentar uma aula. O projetor pode despejar uma quantidade enorme de in-formação ao toque de um botão, facilitando muito a vida do pro-fessor. As palavras podem ser complementadas por imagens, tabelas, gráficos e pelos mais diversos efeitos especiais, con-forme o gosto de quem elabora o arquivo. Além disso, o professor tem a vantagem de poder ela-borar a aula no conforto de sua casa, recorrendo se preciso à in-ternet ou aos livros. Todas essas vantagens fazem do programa um sucesso entre os professores. Ótimo, não? Agora vejamos o ponto de vista dos alunos: ao assistir uma aula em PowerPoint, eles são submetidos a uma torrente de in-formações, muito maior do que conseguem reter e assimilar. A cada apertar de botão, o profes-sor muda de tela e projeta mais um grande volume de conteúdo, não raro em letras pequenas e de maneira confusa. Os alunos se perdem em um dilema: na impossibilidade física de co-piar e prestar atenção ao mesmo tempo, ou tentam copiar tudo e não conseguem prestar atenção, ou resolvem só prestar atenção e passam a aula inteira com a desagradável sensação de que estão perdendo algo importante. Não raro, tentam fazer as duas coisas e acabam por não fazer nenhuma direito. Convenhamos:

isso é covardia. Disponibilizar os arquivos ao final da aula pode minimizar o problema, mas não eliminá-lo. Por mais que tente acompanhar o professor, o aluno sempre acaba deixando informa-ção importante para trás. Não estou aqui negando a uti-lidade do PowerPoint nas mais diversas áreas. Em palestras, por exemplo, ele é uma ferramenta poderosíssima para os oradores – que precisam transmitir mui-ta informação em pouco tempo (lembrando também que nesses casos supõe-se que os ouvintes já tenham contato razoável com o tema, o que diminui considera-velmente o volume de informa-ção a ser assimilada). Em traba-lhos escolares ou em seminários sua utilização também é muito vantajosa. Também não digo que o programa não deva ser usado durante as aulas. Em disciplinas que dependem de imagens ma-cro ou microscópicas, tabelas ou gráficos, o uso do PowerPoint é muito bem-vindo – desde que ocorra da maneira correta. Infelizmente não é isso que ocorre na maioria das vezes. A maior parte desses adeptos do PowerPoint enchem suas pro-jeções com textos, tópicos, es-quemas e gráficos complexos, e mais toda sorte de informação mal organizada e antididática, tornando-a insuportavelmente chata. Vomitam informação e não dão a menor oportunidade para que o aluno retenha e assi-mile o que está sendo dito. Para assimilar conhecimento um es-tudante precisa de algum tempo, requer que a informação seja repetida algumas vezes e não processa grandes quantidades de matéria instantaneamente – a capacidade de processamento do cérebro humano é limitada. O PowerPoint parece ter sido desenvolvido intencionalmente para arremessar matéria fazendo o oposto de tudo isso. Graças ao conforto propor-cionado aos que elaboram as au-las, o PowerPoint também tem a incrível capacidade de fazer

com que indivíduos que não sa-bem absolutamente nada sobre um assunto pareçam especialis-tas com décadas de experiência, graças a algumas frases bem po-sicionadas, figuras impactantes e alguns efeitos especiais aliados a uma oratória razoável e algumas piadinhas. Notem que desde o início do parágrafo não escrevi a palavra “conhecimento”. E é esse tipo de pseudo-professor que tende a proliferar se essa tendência continuar. Isso sem falar naqueles pro-fessores que usam o PowerPoint como instrumento de terror, ba-seando suas provas exclusiva-mente em suas apresentações e não em outro tipo de bibliogra-fia, justamente para obrigar os alunos a comparecer à sala de aula – já que não possuem ne-nhum talento didático capaz de atraí-los. É claro que não são todos os professores que se deixam limi-tar pelo programa. Aqueles que realmente possuem conhecimen-to e bom-senso o utilizam como apoio nas aulas. Devolvem a ele seu propósito original: ser uma ferramenta de auxílio, um recur-so a ser usado quando houver a necessidade de projetar imagens, gráficos, tabelas e outras figuras – substituindo aquelas transpa-rências com cara de século XIX. Mas infelizmente esses são ex-ceções. Talvez por seu uso ser tão cômodo para o professor, o que era para ser um mero apoio converteu-se na espinha dorsal das aulas de muitos dos que le-cionam. Quem sai prejudicado é o aluno. A relação entre professor e PowerPoint chega, em alguns casos, à mais completa depen-dência. Às vezes tenho a impres-são de que alguns professores são movidos a eletricidade – não conseguem dar aula onde não houver uma tomada. É quase como se o projetor fosse uma extensão de seus corpos – ou não seriam eles próprios meras extensões da máquina, existindo para repetir em voz alta aquilo

que está escrito na tela? Será que esses seres simbiontes não se lembram de como o professor fazia antes de ser inventado o PowerPoint? Quadro, giz, voz... Durante muito tempo era assim que aprendíamos – e tenho a impressão de que aprendíamos muito mais facilmente. Então, o que devemos fa-zer? Banir o programa das salas de aula é impraticável – e seria uma injustiça para com aqueles que sabem usar seu potencial corretamente. O que o profes-sor deve fazer é evitar o seu uso desnecessário. O critério deve ser o bom-senso: aulas com muitas imagens podem (e de-vem) ter o apoio do PowerPoint sempre que possível, mas usar o programa para projetar textos é contra-produtivo. O professor deve limitar as aulas projetadas ao mínimo possível. As alternativas são muitas (como exemplo posso citar a do Dr. Alcary Simões Jr., que após escrever um resumo com termos-chave no quadro, explicava cada um deles, dava um intervalo e só então usava as imagens do pro-jetor para complementar a aula), mas dependem do bom-senso dos professores. A nós alunos resta sugerir, dialogar e cobrar. Os bons professores, mesmo que às vezes abusem do projetor (talvez até sem perceber), costu-mam estar abertos ao diálogo, às sugestões e às críticas construti-vas. Já estou cansado de sair de uma aula cheia de matéria despe-jada sobre minha cabeça através de projeções com textos longos, esquemas confusos e conteúdo mal-ordenado e ficar com aquela sensação de que não aprendi ab-solutamente nada. Algo me diz que não sou o único. Confesso que tenho saudades do meu En-sino Médio, quando os professo-res usavam só a voz e o quadro – quando muito, um projetor de transparências – e nós éramos capazes de absorver quase tudo o que eles diziam. E mais: tínha-mos certeza de que eles sabiam do que estavam falando.

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Antididática.pptVERBORRAGIA por Eduardo Pandini acadêmico da turma 83