radis comunicação em saúde - nº 1 ago-2002

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Health & Medicine


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memóriamemóriamemóriamemóriamemória

Todos já sabem, o Radis está fazen-do 20 anos. Uma maneira dentre

tantas de comemorar a data épinçar de algumas das cerca de 2 milpáginas publicadas até hojeum assunto, um texto,uma imagem, um arti-go que, ao mesmo tem-po em que nos permitauma saudosa lembrança– uma espécie de Vale aPena Ler de Novo –, nosremeta à contextualidadee a um certo fio históricoda área da Saúde. Isto é oque você encontrará nesseespaço, em todas as Radisque você receber este ano.

Para inaugurar a seçãoRadis 20 Anos, fomos ao jornalProposta 19, de novembro de1989. O ano era de eleições pre-sidenciais, como agora, e nossojornal tablóide publicou em cin-co páginas as propostas de gover-no dos candidatos à Presidênciada República. Como agora igualmen-te publica a revista Radis. Dos dezcandidatos de 1989, quatro estãonovamente se candidatando a car-gos eletivos em 2002, dois ao Go-verno de um estado (Maluf e Collor),um ao Senado Federal (Brizola) eum à Presidência da República(Lula); dois exercem mandato: umé senador (Roberto Freire) e outroé deputado federal (Ronaldo Caia-do); dois estão fora da política (AfiffDomingos e Aureliano Chaves) e doisestão mortos (Ulysses Guimarães eMário Covas).

Escolha seu Candidato.

Jornal Proposta, novembro de 1989

RADIS é uma publicação da FundaçãoOswaldo Cruz, editada pelo ProgramaRadis (Reunião, Análise e Difusão de In-formação sobre Saúde), da Escola Nacio-nal de Saúde Pública (Ensp).

Periodicidade: MensalTiragem: 42 mil exemplaresAssinatura: GrátisPresidente da Fiocruz: Paulo BussDiretor da Ensp: Jorge Bermudez

PROGRAMA RADISCoordenador: Rogério Lannes RochaEditor: Caco XavierRedação: Daniela Sophia, Ana Beatriz de

Noronha e Katia Machado (reportageme redação) e Aristides Dutra (projetográfico)

Administração: Luis Otávio e VanessaSantos

Estudos, Pesquisas e Projetos: Justa He-lena Franco (gerência de projetos)

EndereçoAv. Brasil, 4036 sala 515 – ManguinhosRio de Janeiro – RJ / CEP 21040-361Telefone: (21) 3882-9118Fax: (21) 3882-9119

E-Mail: [email protected]/publi/radis/prgradis.htmImpressão e FotolitoEdiouro Gráfica e Editora S.A.

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpediente

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cacocacocacocacocaco

editorialeditorialeditorialeditorialeditorial

Em suas mãos, a primeira revistaRadis, concebida com o mesmo

carinho e seriedade que as 172 edi-ções de Súmula, Tema, Dados, Pro-posta e Jornal do Radis. Mais que afusão das revistas anteriores, commaior flexibilidade editorial e gráfi-ca, esperamos que ela seja uma al-ternativa de jornalismo em saúdepública e ciência e tecnologia coma voz dos atores sociais, acadêmi-cos e políticos no campo da saúdee muita participação dos leitores.Escreva, telefone, envie e-mails:comente nossas reportagens, dêsua opinião sobre as questões emdebate, sugira novos temas e maté-rias, troque informação com os ou-tros leitores, exerça seu direito decomunicar.

Por falar em direitos, você sabiaque pode escolher entre seis candi-datos à Presidência da República? Aopublicar as propostas, para a Saúde,de todos e não apenas dos ‘princi-pais’ candidatos, o Radis o faz cons-cientemente, não só porque, sendoum organismo de Estado, a Fiocruz

Nosso candidato é o cidadãonão pode privilegiar candidaturas, mastambém porque queremos expor aparcialidade da mídia, que sempreusou estratagemas para ‘vender’ seuscandidatos e agora inova com o pro-cedimento indecente de cobrir erealizar debates com apenas algunsconcorrentes à Presidência e aosgovernos estaduais, sob o silêncio daJustiça Eleitoral.

A saúde da população dependede todas as ações que resultem emmelhor qualidade de vida, além depressa e aperfeiçoamento na implan-tação do Sistema Único de Saúde. Areceita de secretários de saúde detodo o país, reunidos em Blumenau/SC, é assegurar recursos ao SUS, apoi-ar os municípios e gerir o sistema jun-tamente com trabalhadores e usuári-os. Está em suas mãos também, leitor– cidadão e eleitor –, a oportunidadede votar (ou não) para presidente,governador e parlamentares compro-metidos com este objetivo.

Rogério Lannes RochaCOORDENADOR DO RADIS

Memória 2

! Jornal Proposta, novembro de1989: ‘Escolha seu candidato’

Editorial 3

! Nosso candidato é o cidadão

Caco 3

Cartas 4

! O leitor quer saber: Programasdo Governo Federal para a áreada Saúde.

Súmula da Imprensa 5

Matéria de Capa 7

! A hora sagrada e secreta dovoto

! As propostas dos candidatos àPresidência da República para aárea da saúde

! O perfil dos candidatos

! Carta de Blumenau, enviadapelos Secretários de Saúde aoscandidatos à Presidência daRepública e ao governo dosestados.

CONASEMS 15

! XVIII Congresso Nacional dosSecretários Municipais de Saúde

! Secretários discutem gestãodo SUS, questionando algumas‘vacas sagradas’ da administraçãopública.

! A importância da Organização daAtenção Básica e da Informaçãoem Saúde.

Serviços 18

Pós-Tudo 19

! A Grande Saúde

Ora, Pílulas... 19

No 1 – Agosto de 2002

Capa: Aristides Dutra

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RADIS 1 ! AGO/2002

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PRÊMIO 100 ANOS OPAS

Ofato de as publicações enca-minhadas ao concurso estarem

todas colocadas entre as melhores daetapa nacional do Prêmio de Jornalis-mo em Saúde promovido pela Opas, porocasião do centenário, mostra a exce-lência da equipe e da cobertura doseventos mais importantes no setor, fei-ta de maneira adequada e de fácil co-municação com os leitores. Vamos con-tinuar com essa garra e entusiasmo,buscando a consolidação do ProgramaRadis, buscando as parcerias capazesde viabilizar o crescimento e expansãocom solidez e sustentabilidade.

Jorge Bermudez – Diretor da EscolaNacional de Saúde Pública (Ensp)

Parabéns muito sinceros pelo me-recido Prêmio 100 anos Opas re-

cebido. Este reconhecimento é umorgulho para a Fundação. Os longosanos de trabalho qualificado de in-formação à população são a base paraa premiação. Muitos anos de vidapara o Radis!

Paulo Buss – Presidente da Funda-ção Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Parabéns pelo prêmio tão merecidoda Opas! Com certeza vocês con-

tribuem para divulgar informações crí-ticas e de qualidade na área da saúde.

Gladys Miyashiro – Escola Politécni-ca de Saúde Joaquim Venâncio

Quem já influenciou um textoconstitucional tem que ser re-

conhecido sempre. Além da qualida-

ccccc ararararartttttasasasasas

de e quantidade (barba, cabelo e bi-gode), o prêmio atesta a permanentededicação de uma equipe coesa e vi-toriosa. Quando lembro do início, emque uma fotografia da Isabel do vôlei,musa de então, ornava a única salaonde eram concebidas e produzidasas publicações do Radis, vejo o quan-to se andou e o quanto de caminhoestá aberto para novas andanças e des-cobertas. Um abraço forte e cheio deorgulho para toda a equipe!

Arlindo Fábio Gomez de Sousa –Superintendente do Canal Saúde

O LEITOR QUER SABER

PROGRAMAS NA ÁREA DA SAÚDE

Sou auxiliar de enfermagem há qua-tro anos e recebo as publicações

do Radis há cerca de dois anos. Gos-taria de presentear minha equipe doPSF com assinaturas das revistas, poistenho certeza que isso será muito im-portante para todos. O trabalho devocês é maravilhoso, educativo e, aci-ma de tudo, informativo. Havia mui-tas coisas sobre saúde que eu nemsabia que existiam e agora posso con-versar e até explicar para as pessoasque me perguntam alguma coisa arespeito.

Se possível, gostaria de obter maisinformações sobre os programas Saú-de da Família (PSF), de Combate às Ca-rências Nutricionais (PCCN), de Incen-tivo à Assistência Farmacêutica Básica/Farmácia Básica e de Incentivo às AçõesBásicas de Vigilância Sanitária.

Patrícia Merlo (Brusque – SC)

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

O PSF foi criado em 1994 com opropósito de reorganizar as práticasde atenção à saúde. No PSF, as priori-dades são as ações de prevenção, pro-moção e recuperação da saúde daspessoas, de forma integral e contínua,buscando a criação de vínculos de co-responsabilidade que permitam aidentificação e proponham possíveissoluções para os problemas de saúdeda comunidade. O atendimento éprestado na unidade básica de saúdeou no domicílio pela equipe de Saúdeda Família e por agentes comunitári-os de saúde.

PROGRAMA DE COMBATE ÀS CARÊNCIASNUTRICIONAIS (PCCN)

O PCCN é de responsabilidade daSecretaria de Políticas de Saúde/MS,por meio de sua Área Técnica de Ali-mentação e Nutrição e tem por obje-tivo combater a desnutrição e a defi-ciência de ferro e vitamina A nascrianças de seis a 23 meses que apre-sentem risco nutricional. As criançasselecionadas recebem um litro de lei-te integral (ou 120g de leite em póintegral) por dia e uma lata de óleode soja por mês. As prefeituras queimplantam o Programa recebem anu-almente do Ministério da Saúde aquantia R$ 180 (incentivo básico) porcriança cadastrada. Adicionalmentepodem ser atendidas gestantes, ido-sos e crianças de 24 a 59 meses.

PROGRAMA DE AÇÕES BÁS ICAS DEVIGILÂNCIA SANITÁRIA (PAB/VISA)

O incentivo às ações básicas devigilância sanitária busca a moderni-zação das ações de fiscalização e con-trole sanitário em produtos, serviçose ambientes sujeitos à vigilância sa-nitária, bem como o desenvolvimen-to de atividades educacionais sobrevigilância sanitária. Os municípiosque desenvolvem o programa recebemdo governo federal R$ 0,25 por habi-tante/ano.

Está nos planos do Radis fazeralgumas reportagens sobre esses pro-gramas. Enquanto as matérias nãovêm, os interessados podem obtermais informações no site do Minis-tério da Saúde (www.saude.gov.br –‘Profissional de Saúde’ – ‘Por den-tro do Sistema de Saúde’), no siteda Secretaria de Políticas de Saúde(www.saude.gov.br/sps), pelos tele-fones e e-mails abaixo:

Programa de Incentivo à Assistên-cia Farmacêutica BásicaTel: (61) 315-2848 / 315-2245 /315-2800Fax: (61) 315-2307e.mail: [email protected]

Programa Saúde da FamíliaTel: (61) 315-2542 / 315-2562Fax: (61) 325-2094e.mail: [email protected]

Programa de Combate às Carênci-as NutricionaisTel: (61) 448-8229 / 448-8226 /448-8310

PRÊMIO

JORNALISMO

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RADIS 1 ! AGO/2002

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MINISTÉRIO DA SAÚDE LANÇA O SISTEMADE CADASTRAMENTO DE HIPERTENSOS EDIABÉTICOS.

OMinistério da Saúde está dispo-nibilizando para os municípios o

Sistema de Cadastramento e Acompa-nhamento dos Portadores de Hiperten-são Arterial e Diabetes mellitus. O Sis-tema HiperDia permitirá a identificaçãoprecoce dos casos e evitará osurgimento e a progressão das compli-cações, reduzindo o número deinternações hospitalares e a mortali-dade devidas a essas doenças. Os pro-fissionais da rede básica e gestores doSUS poderão fazer o acompanhamentoe cadastramento dos portadores em to-das as unidades ambulatoriais do Siste-ma Único de Saúde, gerando informa-ções para os gerentes locais, gestoresdas secretarias municipais, estaduais epara o próprio Ministério da Saúde.

Hoje, as doenças do aparelho cir-culatório constituem-se a primeira cau-sa de morte no Brasil. Em 2000,corresponderam a mais de 27% do to-tal de óbitos, ou seja, nesse ano 250mil pessoas morreram em conseqüên-cia de doenças do aparelho circulató-rio. Saiba mais sobre o HiperDia: http://dtr2003.saude.gov.br/hipertensao/

PESQUISA MOSTRA QUE PLANOS DE SAÚDEAINDA RESTRINGEM TRATAMENTO

Ainsatisfação dos profissionais desaúde e pacientes, em relação às

restrições e limitações de procedi-mentos médicos pelas operadoras, foialvo de uma pesquisa feita a pedidoda Associação Paulista de Medicina(APM) e da Associação Médica Brasi-leira (AMB). De acordo com o presi-dente da AMB, Eleuses Vieira, “osdados coletados deixam claro que osmédicos são pressionados pelos pla-nos e, conseqüentemente, a quali-dade do atendimento prestado aopaciente é reduzida”.

Durante a coleta de dados, fo-ram realizadas 2160 entrevistas emtodas as regiões do país. Desse total,1% dos médicos considerou os planosde saúde ótimos; 11% bons; 44% regu-lares; e 44% ruins ou péssimos. Po-rém, o mais importante, na opiniãodo presidente da AMB, é que 93% dosparticipantes informaram estar so-frendo grande interferência na suaautonomia como médico. Hoje, algu-

mas empresas chegam a exigir redu-ção do tempo de internação do pa-ciente, além de não autorizarem tra-tamento de doenças preexistentese execução de procedimentos pré-operatórios.

Problemas com planos de saúdedevem ser notificados à Agência Na-cional de Saúde Suplementar (ANS),pelo telefone gratuito 0800-7019656ou pelo formulário disponíveel no sitewww.ans.gov.br.

UM TERÇO DOS CASOS DE CÂNCER PO-DERIA SER EVITADO

Divulgado recentemente, o rela-tório da OMS ‘Problemas do Con-

trole Nacional do Câncer’ aponta queum terço dos 10 milhões de novoscasos de câncer diagnosticados acada ano em todo o mundo poderiaser evitado, e outro terço, curado.O documento ressalta a importânciade programas de prevenção mais efi-cazes, aliados ao diagnóstico preco-ce da doença, reforçando que cam-panhas antifumo e que incentivemhábitos mais saudáveis de vida são ca-pazes de reduzir o número de casos.

Entre as sugestões para os paí-ses mais pobres estão limitar hábitoscomo fumar e comer muito. Para ospaíses com situação econômica inter-mediária, o relatório faz essas reco-mendações, mas também orienta queseja dada ênfase na detecção pre-coce da doença. Países ricos devemmanter programas completos de pre-venção e diagnóstico precoce parao câncer. O documento está disponí-vel para download no endereçow w w 5 . w h o . i n t / c a n c e r /main.cfm?s=0009

1 BILHÃO A MAIS:PAÍSES POBRES TERÃO 1 BILHÃO DEPESSOAS A MAIS EM 2015

E studo promovido pelas NaçõesUnidas e divulgado no Dia Mundi-

al da População, comemorado em11 de julho, revelou que os paísesem desenvolvimento terão um bi-lhão de pessoas a mais em 2015,apesar do ritmo de crescimentodemográfico mundial estar diminuin-do. Outro dado divulgado diz respei-to às nações menos desenvolvidas,onde se espera que a populaçãotriplique nos próximos 50 anos, pas-

sando de 658 milhões a 1,8 bilhão depessoas.

O Dia Mundial da População tevecomo tema desse ano ‘Reduzir a po-breza – Melhorar a saúde reprodutiva’,focalizando o planejamento familiar,a maternidade segura e a prevençãoda AIDS. Para o secretário geral dasNações Unidas, Kofi Annan,“o índicede natalidade está diminuindo mais ra-pidamente do que o previsto em mui-tos países em desenvolvimento e ocrescimento da população está setornando mais lento”. Segundo ele,um dos elementos-chave para queisso ocorra é a saúde reprodutiva.Mais informações: www.unfpa.org/modules/wpd02/index.htm

1 BILHÃO A MENOS:SAÚDE TERÁ MENOS 1 BILHÃO NO ORÇA-MENTO DA UNIÃO EM 2003

Foi sancionado no dia 30 de julho,pelo Presidente Fernando Henri-

que, a Lei de Diretrizes Orçamentá-rias (LDO), com um orçamento pre-visto de R$ 322 bilhões, que vai servirde base para a elaboração do Orça-mento da União para o ano que vem.O governo acabou vetando o artigoque garantiria verba adicional de R$1 bilhão para a saúde. Outro vetoimportante foi um artigo negociadono Congresso que destinava R$ 5 bi-lhões para financiar o aumento dosalário-mínimo para até R$ 240 em2003. Caso o Congresso não encon-tre outras fontes de receita, o mí-nimo só será reajustado em cercade 4%, passando para R$ 208 no pró-ximo ano.

REPASSES PARA CONSULTAS DO SUSAUMENTAM 196%

OMinistro da Saúde, Barjas Negri,assinou uma portaria que reajus-

ta em 196%, a partir de 1° de julho,

SÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSASÚMULA DA IMPRENSA

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RADIS 1 ! AGO/2002

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o valor pago pelo Sistema Único deSaúde (SUS) por consultas médicasem áreas especializadas, comocardiologia e neurologia. Antes des-se aumento, cada consulta dessesespecialistas valia R$ 2,55. Isso mes-mo: a consulta valia menos que duaspassagens de ônibus em muitos muni-cípios do país. Com esse aumento, osgovernos estaduais e as prefeiturasreceberão, por consulta feita por mé-dicos especialistas, R$ 7,55. A porta-ria cria também o Piso para ConsultasEspecializadas (PCE), que será de R$3,39. Com essas mudanças, o Ministé-rio da Saúde repassará aos Estados eaos municípios recursos adicionais deR$ 163 milhões por ano.

BRASIL OFERECE REMÉDIOS GENÉRICOSAOS PAÍSES POBRES

OBrasil decidiu ajudar dez dos pa-íses mais pobres do mundo a

combaterem a epidemia de Aids. Ogoverno ofereceu remédios genéri-cos e técnicas de produção de me-dicamentos às nações sem condiçõesde tratar os pacientes da doença. Oprojeto brasileiro foi lançado em Bar-celona (Espanha), no início da 14ªConferência Internacional da ONUsobre Aids.

O país, pioneiro na produção degenéricos para Aids, destaca-se naluta global contra a doença. Apesardos protestos da indústria farmacêu-tica, o Brasil quebrou a patente dosremédios e passou a distribuí-los deforma gratuita, melhorando seus ín-dices de tratamento. Agora, segundoo governo, é hora de compartilhar aexperiência brasileira com outros pa-íses pobres.

ESTUDO REVELA FALHA EM ESTATÍSTICADE MORTALIDADE INFANTIL NO PAÍS

Divulgada recentemente, uma pes-quisa realizada pela Fiocruz a

pedido do Ministério da Saúde, mos-trou que existem falhas nas taxas demortalidade infantil. A pesquisa é deautoria dos professores CéliaSzwarcwald, Maria do Carmo Leal,Paulo Frias e Silvana Gama, do Depar-tamento de Informações em Saúde daFundação.

Segundo o estudo, apenas 10,7%dos municípios do Brasil, onde vivem47,8% da população, apresentam es-tatísticas com padrões totalmenteadequados. Em 59,7% das cidades,habitadas por 40,1% dos brasileiros, odado é parcialmente adequado, en-quanto em 29,5% dos municípios, ondevivem 12,1% dos brasileiros, é total-

mente inadequado. Os números ofi-ciais indicam que, a cada mil crian-ças nascidas vivas, 29,6 morrem atécompletar um ano de idade.

FOME PROVOCA PIOR CRISE EM DEZANOS NA ÁFRICA

Pela primeira vez, em uma década,uma severa epidemia de fome está

varrendo o sul da África. A ONU dizque dois anos de condições climá-ticas erráticas – alternando enchen-tes e secas – junto com o maugerenciamento dos suprimentos decomida, deixaram sete milhões depessoas em seis países sob o riscode morrer de fome.

Malauí, Zimbábue, Zâmbia eLesoto já declararam desastre nacio-nal e Moçambique e a Suzilândia tam-bém estão em situação precária. Se-gundo a ONU, mais quatro milhões depessoas devem necessitar de ajudaemergencial nos próximos meses,quando as magras colheitas desta es-tação chegarem ao fim.

NOVA TERAPIA CONTRA LESHMANIOSE

Um grupo de cientistas anunciouum novo tratamento para as

500 mil pessoas que contraem aleshmaniose visceral a cada ano. Onovo medicamento, a miltefosina,poderia evitar a maior parte das 60mil disfunções anuais associadas aessa enfermidade parasitária. A novadroga vai permitir a redução da mor-talidade pela doença e facilitar aluta contra a pobreza causada porproblemas de saúde. Para sabermais: www.who.int/home-page/index.es.shtml

POR DENTRO DAS LEIS

CÂMARA APROVA PROJETO DE LEI QUECRIA CATEGORIA DE AGENTE DE SAÚDE

ACâmara dos Deputados aprovou,no dia 20 de junho, o Projeto de

Lei que cria a categoria profissional deAgente Comunitário de Saúde. O pro-

jeto foi encaminhado ao congresso pelopresidente Fernando Henrique no iní-cio do ano, por ocasião da comemora-ção da existência de 150 mil agentesem todo o país. Depois de aprovadopela Câmara, o Projeto de Lei depen-de ainda da votação no Senado Fede-ral para ser sancionado.

O Programa de Agentes Comuni-tários de Saúde (PACS), criado em1991, tem hoje 163.923 participantes.Eles acompanham mais de 85 milhõesde pessoas em 4,9 mil municípios. Ouseja, a cada dois brasileiros, um re-cebe a visita periódica de um agen-te. Saiba mais sobre a Lei: Assessoriade Imprensa do Ministério da SaúdeTel: (61) 315-2968/2005/2748

FIM DO CHEQUE-CAUÇÃO NO RIO DEJANEIRO

No município do Rio de Janeiro,já está em vigor a Lei nº 3.359,

publicada no Diário Oficial municipal,no dia 09 de janeiro deste ano. A Leiproíbe a exigência de depósito de qual-quer natureza para internamento dedoentes em hospitais da rede priva-da. Se o usuário comprovar a cobran-ça do chamado cheque-caução, o es-tabelecimento será obrigado adevolver em dobro o valor deposita-do. De acordo com a Lei, os hospitaistambém são obrigados a fixar essa in-formação em local visível, mas a maio-ria não cumpre a determinação, im-pedindo os usuários de conheceremseus direitos.

NOVA LEI PARA INTERNAÇÃO POR PRO-BLEMA MENTAL

No Rio de Janeiro, foi aprovadauma lei que garante aos pacien-

tes internados em instituições paratratamento de problemas mentais,odireito de acompanhar o próprio tra-tamento e de manter contato comparentes e amigos.

A Lei, de autoria do deputadoestadual Carlos Minc (PT), prevê queos pacientes só poderão ser inter-nados se forem informados sobretodas as etapas de seu tratamento.Isso inclui saber quais medicamen-tos serão ministrados, seus riscos eefeitos colaterais e, ainda, quais al-ternativas poderão ser adotadaspara substituir os medicamentosprescritos.

A nova lei, que precisa aindaser sancionada pela governadoraBenedita da Silva, também prevê a re-dução do prazo de comunicação deinternação compulsória ao MinistérioPúblico de 72 para 48 horas.

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cccccapapapapapaaaaa

O RADIS ADVERTE

A ordem das matérias com ospresidenciáveis foi decididapor sorteio. Mas o Radis ad-verte: Não tente fazer isso emcasa, muito menos na hora dovoto, pois pode ser perigosopara a saúde do país. Infor-me-se para escolher consci-entemente o seu candidato.E lembre-se: o bom eleitornão joga dados.

Como se diz corriqueiramente, a história se repe-te. Mais uma vez, estamos em ano de eleiçõespresidenciais e o Radis resolveu buscar para seusleitores informações que ajudassem na hora do

voto. A tarefa de apresentar as propostas para a área dasaúde de cada candidato à presidência, que inicialmenteparecia tão simples, não foi, no entanto, assim tão fácil.

A primeira decisão dizia respeito aos próprios presi-denciáveis. Seria correto com nossos leitores reproduzir aopção dos grandes veículos de comunicação que simples-mente resolveram ignorar a existência de dois dos seis can-didatos? Certamente não. Nossa opção foi tratar com amáxima isenção e igualdade todos os postulantes ao cargode Presidente da República. A todos foi dado o mesmo es-paço e a mesma oportunidade de exporem suas propostas.

O passo seguinte seria procurar as assessorias de im-prensa dos candidatos. Simples, não? Realmente não, poisa resposta não foi a esperada. A solução? Visitar os sites doscandidatos e recorrer aos programas de governo, observaros famosos debates televisivos e ler atentamente entrevis-tas e matérias publicadas em revistas e jornais. O proble-ma? Nem todos os candidatos tinham propostas prontaspara a área da saúde e nem sempre o tema conseguia omerecido espaço de divulgação, sendo constantementepreterido em favor das propostas para a área econômicaou até mesmo das intrigas e acusações mútuas.

A equipe do Radis, no entanto, é teimosa e tanto fezque conseguiu recolher aquilo que seria o básico dos pro-jetos de cada candidato para a área da saúde. Das assesso-rias de imprensa, recebemos material de José Maria, RuiCosta e Garotinho. Dos programas oficiais de governo, reti-ramos as propostas de Lula e Ciro Gomes. A coleta de mate-rial previamente divulgado nos permitiu traçar o esboço doprograma de José Serra. Nas páginas seguintes, você pode-rá ter uma idéia do que pensam os candidatos sobre oassunto. Bom proveito!

A hora sagrada e secreta do voto

O RADIS ADVERTE

A ordem das matérias com ospresidenciáveis foi decididapor sorteio. Mas o Radis ad-verte: Não tente fazer isso emcasa, muito menos na hora dovoto, pois pode ser perigosopara a saúde do país. Infor-me-se para escolher consci-entemente o seu candidato.E lembre-se: o bom eleitornão joga dados.

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Ao entender a saúde como produto da qualida-de de vida de um povo, o programa de gover-no de Antony Garotinho, candidato do PartidoSocialista Brasileiro (PSB) tem como objetivo

diminuir as desigualdades na área relacionadas ao acessoaos serviços, criando mecanismos mais humanos e éti-cos de atenção aos usuários. O programa defende amanutenção e o fortalecimento dos princípios do Sis-tema Único de Saúde (SUS), como a eqüidade e a uni-versalidade, e prevê que as ações na área sejam execu-tadas respeitando-se a pactuação com o setor privado.

Partindo desse panorama, sete diretrizes marcam a pro-posta, disponível em: www.garotinho40.com.br

1 – Fortalecer, a partir de negociações produtivas, aregulação do setor privado em favor do beneficiário,de forma semelhante a que ocorreu no estado do Riode Janeiro quando o atendimento nas clínicas priva-das de assistência aos bebês foi assegurado a todosaqueles que apresentaram risco de vida.

2 – Honrar o pacto federativo entre o Ministério daSaúde, os governos estaduais e as prefeituras munici-pais na gestão do Sistema, priorizando as açõesintersetoriais indispensáveis para promover o bem-es-tar da população.

3 – Romper com práticas de saúde que variam em funçãodo poder econômico e político do cidadão, executandopolíticas que garantam resultados concretos. Para alcan-çar essa meta, os recursos do Ministério da Saúde serãoampliados, com alcance gradativo de 8% do PIB.

4 – Criar uma política de recursos humanos que bene-ficie o trabalhador da saúde e os usuários do Sistema,porque não há serviço de qualidade com profissionaisinsatisfeitos e sem condições adequadas para o exer-cício da função.

5 – Investir em saneamento, sobretudo em abasteci-mento de água potável e em esgotamento sanitário,como a melhor forma de economizar recursos comatendimento ambulatorial e hospitalar.

6 – Criar uma política agressiva em nível nacional, quedê sustentação aos sistemas estaduais e municipais. Aopção por esse tipo de política deve-se ao fato de oBrasil conviver hoje com extremos decorrentes de umpaís com sérios problemas de pobreza.

7 – Formar políticas específicas que atendam a saúde dagestante, do recém nascido, da criança, do idoso e dosportadores de necessidades especiais, cujos resultadosserão monitorados e acompanhados pela sociedade.

A política de saúde do candidato priorizará to-das as ações relacionadas com a medicina preventi-va, com os programas de vacinação da população, pro-gramas de controle de vetores responsáveis pelatransmissão de doenças como a febre amarela, den-gue, malária, entre outros, sem descuidar da melhoriado atendimento médico e hospitalar, conforme asse-gurado na Constituição Brasileira e nas Leis Orgâni-cas da Saúde. Os surtos epidêmicos recentes e o res-surgimento de doenças que se imaginava erradicadassão exemplos de que as ações de saúde pública de-veriam ter caráter permanente, atendendo a neces-sidades preventivas e obedecendo a uma visão estra-tégica de combate às principais endemias que afetama população.

Garotinho

“”

O Brasil entra no terceiro milênio dominado por uma elite patrimonialista e conser-vadora, com indicadores de exclusão social profunda. Nós temos um desafio a enfren-tar: superar a iníqua distribuição da saúde no solo brasileiro.

GAROTINHO, no 40

Partido: PSB Coligação: PSB/PST/PSL

Vice: José Antônio de Almeida (PSB)

Gasto máximo na campanha, notificado ao TSE:R$25 milhões

Tempo na TV e no rádio: 2 minutos e 13 segundos

Anthony William Garotinho Matheus de Oliveiraé radialista, nasceu no dia 18 de abril de 1960, emCampos, no Rio de Janeiro.

Carreira política:Prefeito da cidade de Campos (RJ) por dois manda-tos (1988/1996). Em 1993, assumiu a Secretaria deEstado de Agricultura, Abastecimento e Pesca doEstado do Rio de Janeiro. No ano seguinte,candidatou-se ao governo do Estado, ficando emsegundo lugar com uma diferença de 4% dos vo-tos válidos. Em 1999, foi eleito governador do Riode Janeiro.

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A s propostas para a área da saúde no pro-grama de governo de Rui Costa Pimenta, can-didato à Presidência da República pelo Par-tido da Causa Operária (PCO), divulgadas

no site www.pco.org.br, estão baseadas em cincodiretrizes:

1 – Estatizar o sistema de saúde, oferecendo aten-dimento gratuito para todos e destinando as verbaspúblicas somente para os serviços públicos presta-dos à população. A saúde (assim como o acesso à

educação, moradia e salário digno) só será garanti-da à maioria pobre através da luta.

2 – Legalizar a prática do aborto por meio de umatendimento imediato pela rede SUS dos casos jáprevistos em lei e diminuir a estimativa atual donúmero de cirurgias clandestinas realizadas nopaís, hoje estimadas em 1,5 milhões, dos quais 400mil terminam em internação e um grande númeroem morte. A proposta da legalização está baseadaem uma pe squ i s a f e i t a pe lo I n s t i t u t o A l anGuttmacher. De acordo com a pesquisa, nos paísesonde a interrupção da gravidez é permitida porlei, as mulheres têm 275 vezes mais chances desobreviver do que nas nações onde a prática éproibida. As estatísticas sobre a taxa colocam oBrasil no ranking mundial em número de mortesmaternas decorrentes da falta de condições téc-nicas e de higiene durante a cirurgia. O Brasil estáentre os 25% dos países onde a legislação é maisrestritiva em relação ao aborto. Previsto pelo Có-digo Penal de 1940, em seu artigo 128, a interrup-ção da gravidez é permitida em casos de violênciasexual ou quando gera riscos para a mãe. Mesmodiante dessa situação, com raras exceções, aindahoje a rede pública de saúde não consegue aten-der os casos já descritos na lei.

3 – Assegurar uma legislação trabalhista que atendaintegralmente às necessidades da gestante e da mãepor uma licença–maternidade de 6 meses, da cria-ção de creches em todas as empresas e escolas eda redução da jornada de trabalho para lactantes.A mortalidade materna é um indicador de fundamen-tal importância para determinar o nível econômicoe social de um povo. Hoje, o país apresenta o índi-ce de 110 mortes para cada 100 mil nascidos vivos,quando os níveis permitidos pela Organização Mun-dial de Saúde (OMS) variam entre 10 e 20 mortes.

4 – Promover saneamento básico, pois na área dasaúde o país convive com a volta de doenças doinício do século, como a malária e o sarampo, típi-cas não só da pobreza, mas também da falta de sa-neamento. Hoje, apenas42,4% dos domicílios do país estão ligados à redecoletora de esgotos, de acordo com a Pesquisa Na-cional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 1998,elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE).

5 – Acabar com as privatizações e cancelar as quejá foram realizadas. Em nome da estabilização, vie-ram medidas como as privatizações, o arrocho sala-rial, os cortes de gastos públicos e a abertura domercado nacional aos grandes monopólios estran-geiros, gerando com isso uma recessão avassaladorae um conseqüente aumento no índice de desem-prego, hoje na casa dos 20%.

Rui Costa

RUI COSTA, no 29

Partido: PCO Coligação: nenhuma

Vice: Pedro Paulo de Abreu Pinheiro (PCO)

Gasto máximo na Campanha, estimado ao TSE:R$ 200 mil

Tempo na Tv e no rádio: 1 minutos e 23 segundos

Rui Costa Pimenta, paulista, 45 anos, é jorna-lista, tradutor, professor e escritor. Entre osl ivros publ icados destacam-se O que é oTrotskismo, André Breton e o Surrealismo, Aon-de vai a esquerda e O que foi a Revolução Rus-sa de 1917.

Carreira política:Presidente nacional do Partido da Causa Operá-ria (PCO), é também editor responsável do jor-nal Causa Operária. Rui Costa iniciou a vida polí-tica participando das mobilizações estudantiscontra a ditadura militar no final dos anos 70.

A saúde de qualidade tornou-se, no Brasil, um privilégio dos poucos que ainda con-seguem gastar altas somas com planos médicos particulares. O serviço público foi pro-gressivamente desmantelado.”

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Em defesa da vida, nosso governo trabalhará para garantir acesso universal, equâni-me e integral às ações e serviços de saúde, promovendo políticas sociais e econômicasque reduzam o risco de adoecimento e que promovam a qualidade de vida.

Oprograma de governo de Lula, do Partido dosTrabalhadores (PT), para a área da saúde, rea-firma o Sistema Único de Saúde (SUS) comouma conquista, como o espaço de se entender

a saúde de uma forma mais ampla, definida constitucio-nalmente como direito de todos e dever do Estado. Nessesentido, a saúde deve ser financiada por toda a socie-dade, mediante recursos provenientes dos orçamentosda União, dos estados, do Distrito Federal e dos municí-pios, além de contribuições sociais e outras fontes pro-venientes do chamado Terceiro Setor e das Organizações

Não-Governamentais (ONGs), complementando a ação doEstado. Suas propostas na área da saúde são:

A ORGANIZAÇÃO DO SUSA direção do SUS deverá ser descentralizada efetiva-

mente para que os municípios e os estados desenvolvamcondições técnicas, financeiras e políticas para coorde-nar a organização dos serviços no seu território, exercera gestão, prestar contas e implementar as deliberaçõesdos Conselhos de Saúde.

Os vínculos dos hospitais universitários com o SUSserão fortalecidos, recompondo-se os quadros de servi-dores desses hospitais. Já a relação do SUS com os servi-ços privados de saúde respeitará a prioridade definidalegalmente para os serviços de natureza filantrópica eserá formalizada mediante contratos e convênios.

A política de pessoal do SUS será fundamentada nahumanização do atendimento, na implantação do sistemademocrático de relações de trabalho (definido por umamesa nacional permanente de negociação, com repre-sentação das três esferas de governo e dos trabalhado-res), na formação e na valorização profissional.

Os recursos financeiros do SUS deverão ser repassa-dos diretamente do Fundo Nacional de Saúde para os Fun-dos Estaduais e Municipais de Saúde, que devem ser geridospelo respectivo gestor do SUS em conformidade com osplanos de saúde (estadual ou municipal), sob acompanha-mento e fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde.

A FUNÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDEO Ministério da Saúde fará efetivamente a gestão

nacional do SUS, sem concorrer com os estados e muni-cípios. Uma das estratégias fundamentais para induzir aimplementação do SUS será capacitar estados e municí-pios no planejamento de seus sistemas de saúde, a fimde que possam identificar corretamente os problemas eprioridades, tornar mais eficientes os recursos finan-ceiros e assistenciais existentes, ampliar os serviços nasáreas de carência e avaliar e regular as ações e os ser-viços oferecidos.

A regulação das ações e serviços suplementares nainstância federal será subordinada integralmente ao Mi-nistério da Saúde e englobará todos os aspectos econô-micos, jurídicos e assistenciais, com ação sobre as ope-radoras e todos os seus prestadores credenciados.

Caberá também ao MS a organização de um SistemaNacional de Informações em Saúde que tenha uma polí-tica nacional de disseminação de informações, bem comode capacitação de trabalhadores de saúde, gestores eusuários.

CONTROLE SOCIALDe acordo com o programa, a política de saúde do

governo de Lula pretende ampliar o controle social, ado-tando as Conferências de Saúde como prática regularpara a avaliação da situação de saúde, de discussão edeliberação de diretrizes para a formulação das políticassetoriais e estabelecendo medidas para fortalecer osConselhos de Saúde.

Lula

LULA, no 13

Partido: PT Coligação: PT/PL/PC do B /PMN

Vice: José Alencar (PL)

Gasto máximo na Campanha, notificado ao TSE:R$ 36 milhões

Tempo na TV e no rádio: 5 minutos e 19 segundos

Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em Garanhuns,no sertão de Pernambuco, há 56 anos. Filho depai e mãe analfabetos, concluiu o curso detorneiro mecânico.

Carreira política:E le ito pres idente do S indicato dos Meta-lúrgicos de São Bernardo e Diadema (1975). Em1978, comandou as pr imei ras g reves demetalúrgicos do regime militar. Eleito deputa-do federal constituinte (1886). Candidato a pre-sidente da República pela quarta vez conse-cutiva (1990, 1994, 1998 e 2002).

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Ciro Gomes

”O Brasil tem a melhor concepção de saúde do mundo em desenvolvimento,

a idéia do SUS, um sistema unificado, descentralizado, orientado preventivamente.O problema é que esse modelo foi lançado e ficou a meio caminho.

De acordo com o programa de governo deCiro Gomes, do Partido Popular Socialista(PPS), disponível em www.cirogomes.com.br,suas propostas para a área da saúde basei-

am-se em cinco diretrizes:

1 – Privilegiar as iniciativas de saneamento básico,complementação alimentar, difusão de práticas de higie-ne e vacinação, que produzem o máximo de resultadocom o mínimo de custo.

2 – Elevar gradativamente o investimento per capita em

saúde no Brasil, considerado baixo quando comparadocom muitos outros países em condições semelhantes dedesenvolvimento.

3 – Assegurar que, de acordo com a idéia original, a maiorparte dos recursos destinados ao Sistema Único de Saú-de (SUS) permaneça no sistema público, financiando suaexpansão e melhoria, em vez de ser desviado para os pro-vedores privados que só deveriam exercem funções com-plementares. Essa medida, segundo Ciro, seria necessáriapara corrigir a distorção que existe atualmente, quandoa rede privada recebe a maior parte do dinheiro públicodedicado à saúde, aumentando o risco de corrupção.

4 – Organizar práticas que vinculem as famílias, inclusiveas de classe média – que se transformariam em fiadoras daqualidade dos serviços e se livrariam do ônus dos planosde saúde – ao sistema público, generalizando no país osistema, já experimentado com êxito em vários estados emunicípios. Cada família, em cada comunidade, deve teruma equipe médica, chefiada por um clínico geral, queatuará como seu ponto de contato. Caso esse profissio-nal esteja ausente, um procedimento na rede públicaprovidenciará rapidamente um médico substituto. A ade-são das famílias seria realizada, sempre que possível, pormeio de correntes de famílias e associações que sirvamtambém como elos entre o sistema público e a populaçãolocal ou pelos agentes comunitários de saúde.

5 – Defender o interesse popular diante dos empresáriosprivados da saúde e da indústria farmacêutica, quer pelaregulamentação mais rigorosa dos planos privados de saú-de, quer pela produção pública de genéricos.

A política da saúde seria desenvolvida com apoio dos‘colegiados transfederais’ e se utilizaria dos mecanismosde redistribuição de recursos dentro da Federação parasocorrer os estados e os municípios menos favorecidos.

Os ‘colegiados transfederais’, entidades caracte-rísticas de um federalismo flexível, reuniriam o governofederal, os estados e os municípios em órgãos comuns eatuariam nas áreas de saúde e educação, estabelecen-do tanto o investimento mínimo a ser feito, por alunoou usuário do sistema público de saúde, quanto o míni-mo de desempenho por unidade escolar (determinadopor provas uniformes) ou por unidade de saúde (deter-minado por avaliação independente). Esses colegiadosinterviriam pontual e corretivamente quando qualquerum dos dois mínimos deixar de ser atendido, assumindoa direção da parte falha do sistema – quando a origemdo problema for administrativo – ou promovendo, deacordos com critérios a serem estabelecidos, aredistribuição de recursos e quadros dos estados e mu-nicípios mais ricos, se o problema resultar de faltainsanável de recursos financeiros ou humanos por partede estado ou município mais pobre.

Além disso, o candidato propõe que se crie uma le-gislação que permita ao cidadão recorrer ao Judiciáriona defesa dos mínimos de investimento ou desempenho,regulamentando-se o mandado de injunção, previsto naConstituição, para servir a esse objetivo.

CIRO GOMES, no 23

Partido: PPS Coligação: PPS/PDT/PTB

Vice: Paulo Pereira da Silva (PTB)

Gasto máximo na Campanha, notificado ao TSE:R$ 25 milhões

Tempo na TV e no rádio: 4 minutos e 17 segundos

Ciro Ferreira Gomes é advogado, nasceu em 06 denovembro de 1957 em Pindamonhangaba (SP). Foi cri-ado em Sobral (CE), onde sua família está na políticahá cem anos.

Carreira política:Deputado estadual pelo PDS (1982), reeleito peloPMDB (1986). Em 1988, indicado por Tasso Jereissati,tornou-se prefeito de Fortaleza. Eleito governadordo Ceará pelo PSDB (1990), deixou o governo em 1994para assumir o Ministério da Fazenda do governoItamar Franco. Candidato a presidente da Repúblicaem 1998, ficou em terceiro lugar com 11% dos votos.

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A situação da saúde no Brasil pode ser exemplificada com a epidemia da dengue, quese alastrou rapidamente em 2002 porque a Funasa investiu apenas R$ 1,5 bilhões nessesquatro anos, três vezes menos do que o previsto para a erradicação do mosquito.

Zé Maria

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O programa de saúde do candidato nãocontemplou todo o espaço reservadona página. Como forma de manter o mes-mo tamanho para todos e entendendo

que a saúde é garantida também através de políti-cas sociais e econômicas (como descrito no artigo196 da constituição), o Radis apresentará o progra-ma para a área de saúde e posteriormente aprovei-tará o espaço restante para apresentar outras pro-postas do candidato. O programa de governo deJosé Maria de Almeida, do Partido Socialista dos

Trabalhadores Unificado (PSTU), em www.pstu.org.br,para a área privilegia o acesso democrático, iguali-tário e gratuito aos serviços de saúde. Seu progra-ma está baseado em três diretrizes:

1 – Estatizar o Sistema de Saúde, sem indenizaros planos de saúde e hospitais particulares.

2 – Elevar o investimento na área de saúde dosatuais R$ 27,9 bilhões para R$ 55,8 bilhões pormeio de uma transferência de recursos destina-dos ao pagamento da dívida interna e externa.

3 – Diminuir o índice de mortalidade infantil, pois nãohouve mudanças significativas com o atual governo. Ocandidato acredita que, se fosse implantada uma po-lítica diferente, a realidade poderia ser outra. Hoje,a taxa de mortalidade infantil é de 29,6 por mil nasci-mentos vivos. Mas ao estabelecer um termo de com-paração, países como o Paraguai possuem uma taxamais baixa, 24 por mil, e o Chile, 10 por mil. E, nospaíses imperialistas, essa taxa é de apenas 5 por milcrianças nascidas vivas. Zé Maria acha que a pequenaqueda da taxa de mortalidade infantil apresentada peloatual governo como demonstração de melhoria socialjá havia sido prevista há décadas como um subprodutoda urbanização do país.

Para o candidato, a saúde será prejudicadase os pagamentos das dívidas interna e externacontinuarem a ser efetuados. A solução, para ele,seria um rompimento com o Fundo Monetário In-ternacional (FMI), e o calote das dívidas externae interna, para que seja possível se investir nasnecessidades sociais do povo brasileiro. Na opi-nião de Zé Maria, a diminuição das verbas destina-das à saúde foi uma opção consciente do atualgoverno, que precisava gerar um superávit primá-rio nas contas públicas para cumprir as metas doFundo e pagar os juros das dívidas aos banquei-ros, mesmo que isso acabasse sacrificando a edu-cação e a saúde da população.

OUTRAS PROPOSTASA meta da política seria construir um gover-

no dos trabalhadores, com ênfase na populaçãonegra ou ‘afrodescendente’, que constitui a mai-or parte dos assalariados. O governo incentiva-ria a conscientização desta parcela da popula-ção e demonst ra r ia que negros e negras sãocapazes e devem lutar para cumprir um papel di-rigente neste país, em aliança com os explora-dos de outras raças e todos os que são vítimasda opressão, como mulheres e homossexuais. Ou-tro ponto do programa privilegiaria a criação deuma política de obras públicas e beneficiamentosque visem dar emprego e melhores condições devida às populações negras que se concentram nosgrandes bolsões de miséria em todo o país.

ZÉ MARIA, no 16

Partido: PSTU Coligação: nenhuma

Vice: Dayse Oliveira (PSTU)

Gasto máximo na campanha, estimado ao TSE:R$200 mil

Tempo na tv e no rádio: 1 minuto e 23 segundos

José Maria de Almeida nasceu em 02 de outubrode 1957, em Santa Albertina, São Paulo.

Carreira políticaSindicalista, atuou no movimento operário em San-to André na década de 70, e foi um dos fundadoresda Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em 1984,funda a Federação Democrática dos Metalúrgicosde Minas, filiada à CUT. Em 1994, cria o PSTU. Candi-dato a presidente da República em 1998, ficou emsétimo lugar com pouco mais de 200 mil votos. Atu-almente, dedica-se à campanha contra a Área deLivre Comércio das Américas (Alca).

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Na Saúde, eu percorri o Brasil de ponta a ponta. Agora, eu não sou ouvido apenassobre economia, administração, mas sobre questões da saúde. No Ministério da Saúde,eu fiz um pós-doutorado em pessoas.

Segundo o coordenador executivo da campanha deJosé Serra, candidato do Partido da Social Demo-cracia Brasileiro (PSDB) à presidência da Repúbli-ca, Milton Seligman, o programa de governo do can-

didato não será divulgado de uma só vez. Isso porque nãoé um produto acabado, mas um processo que ainda estásendo discutido com a sociedade e será divulgado no dia-a-dia de sua candidatura. De acordo com Luiz Paulo VellozoLucas, coordenador do programa de governo de Serra eprefeito de Vitória, a pressa não se justifica, porque o can-didato tucano representa a continuidade do governo de

Fernando Henrique Cardoso. Por esse motivo, alguns pon-tos de seu projeto já estão definidos. O governo deSerra teria por base a manutenção dos princípios dapolítica macroeconômica do governo de FernandoHenrique, a reforma tributária, o reforço das políticas soci-ais e o investimento na área de segurança. Para a área dasaúde, as principais propostas são:

1 – Ampliar o Programa de Saúde da Família (PSF) paraque atinja 150 milhões de pessoas até o final de seugoverno. Hoje, o programa – mantido com verbas do Sis-tema Único de Saúde (SUS) e que consiste em agentescomunitários e equipes médicas que visitam as pessoasem suas casas – atende 50 milhões de pessoas. QuandoJosé Serra assumiu o Ministério da Saúde, eram cincomilhões. Os recursos para que esse projeto seja execu-tado viriam da vinculação das verbas da Saúde, atravésda emenda constitucional aprovada quando José Serraestava no MS. Se hoje o governo federal gasta R$ 1 bi-lhão com o programa para atingir o objetivo propostopor Serra, os gastos deverão passar para R$ 3 bilhões.

2 – Exigir o cumprimento da emenda constitucional, apro-vada pelo Congresso, que aumenta em R$ 17 bilhões asverbas destinadas à saúde até 2004.

3 – Encorajar parcerias com a iniciativa privada, para nãodeixar todas as ações de saúde nas mãos do governo.

4 – Privilegiar as iniciativas de saneamento básico. Se-gundo José Serra, o Ministério da Saúde gastou durantesua gestão R$ 3 bilhões em quatro anos por causa dafalta de saneamento. No Brasil, há de dois a três milhõesde casas sem banheiro. A proposta é estender a rede deágua potável a 100% das cidades brasileiras, duplicar otratamento do esgoto que hoje só atinge 20% de moradi-as e aumentar de 47% para 80% a percentagem da popula-ção com acesso à rede de saneamento urbano.

5 – Reduzir a mortalidade infantil para um índice abaixode 20 crianças por mil nos próximos quatro anos. Duran-te o tempo em que foi Ministro da Saúde, a mortalidadeinfantil caiu de 48 por mil, em 1994, para cerca de 28por mil, em 2002.

6 – Ampliar a Bolsa Alimentação, criada em sua gestão noMinistério da Saúde.

7 – Combater as epidemias de doenças como a dengue. Ementrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Serra disseque a epidemia da dengue foi sua maior frustração. Deacordo com o candidato, o governo errou no controle daaplicação de recursos de Estados e municípios para o com-bate à dengue, apesar de ter aumentado para R$ 1,6 mi-lhão por dia o dinheiro destinado a esse fim.

8 – Aumentar a participação dos genéricos nas prateleirasdas farmácias, fazendo com que eles representem 40%dos medicamentos vendidos.

José Serra

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JOSÉ SERRA, no 45

Partido: PSDB Coligação: PSDB/PMDB

Vice: Rita Camata (PMDB)

Gasto máximo na Campanha, notificado ao TSE:R$ 60 milhões

Tempo na TV e no rádio: 10 minutos e 23 segundos

José Serra nasceu em 19 de março de 1942, nacidade de São Paulo. É professor licenciado, ten-do obtido um mestrado em Economia e um mestradoe um doutorado em Ciências Econômicas.

Carreira política:Deputado Federal por São Paulo (1987 e 1994).Desde 1995, vem ocupando o cargo de Senadorpor São Paulo. Foi Ministro do Planejamento eOrçamento no primeiro governo de FernandoHenrique Cardoso (de 1995 a 1996) e Ministro daSaúde de 1998 até fevereiro de 2002.

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Como é fácil notar, à exceção os dois candidatosque propõem mudanças rad ica i s com a

estatização total da saúde, os demais apresentam,pelo menos em teoria, propostas bastante semelhan-tes nas quais a tônica é o aperfeiçoamento do SUS,com o aumento de recursos para a área da saúde ea necessidade de estabelecer regras mais precisassobre a função do setor privado no Sistema.

A semelhança das propostas obriga, portanto, auma leitura atenta que permita a observação de suaspequenas particularidades e, dessa forma, uma esco-lha de voto consciente e responsável. A carta que os

Recado final...secretários municipais de saúde escreveram duranteseu XVIII Congresso Nacional aos candidatos à Presi-dência da República e ao governo dos estados (verbox) pode ajudar na identificação de questões im-portantes sobre o tema. Além disso, é preciso ter emmente que a saúde, em seu conceito mais amplo, estádiretamente relacionada a muitos outros aspectos davida e, por esse motivo, é altamente recomendávelanalisar também as propostas dos candidatos com re-lação ao meio ambiente, à educação, à habitação, àsegurança pública e ao trabalho. Boa sorte, ou me-lhor, boa escolha!

Os Secretários Municipais de Saúde do Brasilreunidos de 11 a 13 de julho de 2002 na cidadede Blumenau /Santa Catarina, por ocasião da rea-lização do seu XVIII Congresso Nacional, reafir-mam seu posicionamento em defesa dos princípi-os norteadores do Sistema Único de Saúde, bemcomo seu compromisso com o aperfeiçoamentoda gestão desse sistema. Considerando que:

! as ações e os serviços do Sistema Único de Saú-de – SUS são constitucionalmente definidos comoresponsabilidades dos governos federal, estadu-ais e municipais;

! 99,4% dos municípios brasileiros assumiram res-ponsabilidade de gestão do SUS, conforme pre-conizado pela NOB SUS 01/96;

! os municípios brasileiros são hoje os maioresexecutores de ações e serviços de saúde e osresponsáveis diretos pela contratação do maiorcontingente de trabalhadores de saúde do país;

! os recursos humanos têm importância estraté-gica no processo de consolidação do SUS;

! os recursos financeiros existentes são insufici-entes, comprometendo fortemente o custeio dosistema;

! os municípios não podem continuar assumindoas crescentes despesas com recursos humanos noSUS, inclusive pela obediência à Lei de Responsa-bilidade Fiscal;

! a implementação e a qualificação permanentedas ações e serviços de saúde exigem um maiorvolume de recursos para sua plena viabilização;

! é imperativa a efetiva implantação do comandoúnico da gestão na base territorial do sistema – omunicípio.

Deliberam pelo encaminhamento aos candi-datos à Presidência da República e aos GovernosEstaduais das seguintes proposições:

1. garantia do financiamento para que se cum-pram os princípios legais do SUS, através da ob-servância da EC 29, instituindo medidas que asse-gurem, em particular, a participação dos estadose da União;

2. definição clara de recursos necessários aoenfrentamento das necessidades crescentes doSUS, com ênfase e prioridade na atenção básicae na rede pública de atenção à saúde;

3. reordenamento do Sistema de Saúde com a ga-rantia da regionalização e comando único pelomunicípio em seu território;

4. garantia de negociação tripartite de todos osatos regulamentadores do MS que tenham impli-cação na gestão do SUS, com revisão imediata detodas as portarias que comprometem a autono-mia da gestão municipal;

5. instituição imediata da Comissão GestoraTripartite para Acompanhamento e Avaliação daPolítica Nacional de Recursos Humanos em Saú-de, constituída pela CIT, buscando contemplar asatuais exigências de desenvolvimento de profissi-onais de saúde bem como a superação dos entra-ves existentes no âmbito da gestão do trabalhoem saúde;

6. responsabilização das três esferas de governona manutenção, na reposição e na expansão dostrabalhadores da saúde de acordo com as neces-sidades do SUS.

Blumenau/SC, 13 de julho de 2002

CARTA DE BLUMENAU AOS CAND IDATOSÀ PRES IDÊNC IA DA REPÚBL ICAE AO GOVERNO DOS ESTADOS

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Katia Machado

Tradicionalmente, o Congresso Nacional de Secre-tários Municipais de Saúde é o momento em queanualmente se reúnem os gestores de saúde dopaís para refletir sobre as práticas nacionais e

locais, para trocar soluções e compartilhar experiências.Não foi diferente este XVIII Congresso, realizado em Blumenau(SC), em clima ameno, ao som de banda folclórica e regadoa cerveja alemã. De um total de mais de 1.200 participantes,862 eram gestores ou técnicos de secretarias municipais desaúde. Provavelmente devido à facilidade geográfica, o esta-do de Santa Catarina era o que tinha mais representantes(129), seguido do Rio de Janeiro (76). Estavam presentesgestores de todos os estados brasileiros, mas a voz mais altaera nitidamente a de Minas Gerais, que compareceu com 69gestores, técnicos e muita disposição de ocupar um espaçopolítico de discussão sobre a gestão do SUS.

A discussão mais aprofundada começou logo na pri-meira mesa-redonda – ‘Organização dos Serviços de Saú-de’–, quando o secretário municipal de Patos de Minas,Francisco de Assis Machado, o Chicão, disse ter se assusta-do com o tema do Congresso: Reafirmando os Princípios eAperfeiçoando a Gestão. Para ele, o tema, como está pro-posto, sugere que os princípios e as diretrizes estão cor-retas e que o problema é só a gestão. “Temos que discutiros princípios e as diretrizes do governo para a área dasaúde”, disse o secretário.

Ao final das palestras da manhã e das falas espontâne-as de vários secretários, Luiz Odorico de Andrade, secre-tário municipal de Sobral (CE) e secretário de RelaçõesInternacionais do Conasems, constatou que “temos umaagenda cansada” no que diz respeito às discussões sobre oSUS. “É preciso mexer em algumas ‘vacas sagradas’ de nos-sa compreensão e da prática de gestão”, acrescentouOdorico. Não precisou esperar muito. A seguir, o deputadofederal Arlindo Chinaglia (PT-SP), falando sobre financia-mento, colocou em cheque uma dessas ‘vacas sagradas’, oorçamento participativo:

– Na maioria das gestões que vemos, a população échamada a opinar sobre um cardápio ‘do que sobra’, isto

é, depois de feitas todas as contas, depois de retirados osimpostos e compromissos do município, pergunta-se à po-pulação se vai querer um centro de saúde, ou uma cre-che, ou a pavimentação de uma rua. Penso que esta práti-ca é, na verdade, um freio à verdadeira mobilização popular,porque a sociedade acaba se ocupando do que lhe é ofe-recido, e não do que é realmente necessário.

Para o deputado, o orçamento participativo é a maiorrevolução administrativa do país, mas “não se pode perdero sentido crítico nem cair na burocracia”.

Arnaldo de Souza, secretário de Governador Valadares(MG), estendeu esta crítica também ao governo, lembran-do que os atores políticos, hoje, não têm espaço paradebater as questões de fundo: “Estamos todos de pires namão, restritos às ‘cestas de ofertas’ que nos são postas nafrente”, disse. Para o deputado Arlindo Chinaglia, o SUSrema contra a corrente – “no Brasil, na América Latina, nomundo” – ao buscar a inclusão dos mais pobres e a cons-trução da cidadania, em confronto direto com o que elechamou de ‘fase de unificação de políticas’ implicada naglobalização do capital financeiro. Diz ele que a Organiza-ção Pan-Americana de Saúde (Opas) tem sido a balizadoramundial de técnicas e aprimoramento de políticas na áreada saúde, mas deixou uma questão no ar: “No entanto, na‘hora H’, quem é que tem mais peso, a Opas ou o Bird(Banco Mundial)?”. Chinaglia lembrou, nesse momento, queo Bird insiste na noção de que acesso universal deve se darapenas em relação a serviços básicos, e que os serviçosmais complexos devem ser entregues à iniciativa privada.

Armando Raggia acrescenta dois dedos a esta discus-são, dizendo que a saúde é a missão do SUS, e que a doen-ça é a contingência. Para ele, ‘regular’ é compensar aquiloque espontaneamente não pode ocorrer, face à políticade mercado do país. E sentencia:

– O SUS tem que fazer uma escolha: ou bem é promo-tor da cidadania – onde a questão da proteção é das maisimportantes –, ou é distribuidor de bens e serviços, o quevale dizer mero agente de mercado.

Luiz Odorico, entusiasta das idéias e práticas preco-nizadas pelo movimento Cidades Saudáveis, finaliza desta-cando alguns problemas ainda insolúveis, como a práticaintersetorial. “Este é um grande desafio nosso”, disse,

Secretáriosdiscutem gestão do SUS

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O ministro da Saúde Barjas Negriparticipou da mesa de abertura

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Jacobo Finkelman, Arlindo Chinaglia,Luiz Odorico e Armando Raggia,na mesa-redonda Organizaçãodos Serviços de Saúde

“porque só a intersetorialidade de fato pode criar tal sis-tema de proteção”. A ‘juventude’ do SUS e a complexida-de da organização geopolítica brasileira não foram esque-cidas pelo secretário de Sobral (CE):

– A saúde produziu, em alguns municípios, a reformado Estado; mas é preciso lembrar que, em outros, ela teveque produzir até mesmo a própria construção desse Esta-do. Por isso, acredito que várias questões importantes emnossa área não poderão ser plenamente resolvidas sem quehaja um profundo diálogo com outros setores.

ATENÇÃO BÁSICAA Atenção Básica foi outra questão de destaque no

Congresso e ficou claro que a maior preocupação dosgestores municipais de saúde está em adequar os serviçosdesta área à realidade atual. Definida como ‘ações situadasno primeiro nível dos sistemas de saúde voltadas para aprevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação docidadão’, a Atenção Básica trabalha diretamente sobre aqualidade de vida das pessoas e do seu meio ambiente.

A organização da Atenção Básica, com base na Lei Or-gânica de Saúde 8.080, tem como fundamento os princípi-os do SUS, que são: saúde como direito fundamental doser humano; integralidade, universalidade e eqüidade naassistência à saúde por meio de ações e serviços priorizadossegundo as situações de risco, das condições de vida e desaúde de determinados indivíduos e grupos de população;assistência integral, contínua, resolutiva e de boa qualida-de a todas as pessoas; desenvolvimento de ações integra-das entre os serviços de saúde e outros órgãos públicos,com a finalidade de articular políticas e programas de inte-resse para a saúde; estreitamento do vínculo entre os pro-fissionais de saúde e a população; e a participação da po-pulação na gestão da saúde por meio do controle social.

Para o secretário de Políticas de Saúde do Ministérioda Saúde, Cláudio Duarte da Fonseca, presente na mesa-redonda ‘Modelos de Atenção a Saúde e Importância daAtenção Básica na Organização do Sistema Municipal deSaúde’, os serviços de atenção básica cumprem papel im-portante na prevenção das principais causas de morte nasociedade atual, como as doenças cardiovasculares, as

neoplasias e a violência. “Quando discutimos Atenção Bási-ca, estamos recuperando o conceito da Declaração deAlma Ata (fruto da Conferência Internacional sobre Aten-ção Primária à Saúde, ocorrida em 1978), ao pedir atençãoprimária à saúde, ação programada, preocupação com omeio ambiente, participação e mobilização do cidadão eintervenção sobre os determinantes fundamentais daquiloque provoca a morte das pessoas”, explicou.

A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICAOs serviços de atenção básica devem ser organizados

pelos municípios, segundo a Norma Operacional Básica doSistema Único de Saúde (NOB-SUS 01/96). Cada gestor mu-nicipal deve assumir gradativamente a responsabilidade deorganizar e desenvolver o sistema municipal de saúde, ondese insere o conjunto de ações que caracterizam a AtençãoBásica, como a implantação do Programa Saúde da Família(PSF) e Agentes Comunitários (Pacs). Cláudio Duarte diz quea NOB 96 além de reafirmar os princípios constitucionais,também permitiu que os municípios agissem sobre as famí-lias, os ambientes em que vivem e os riscos de saúde.

Muitos fatores influenciam a organização da AtençãoBásica nos municípios. Entre as mudanças sociais, econô-micas, demográficas, políticas e culturais enfrentadas nosúltimos 30 anos no país, a concentração urbana é a ques-tão que mais tem interferido nesta prática.

– Mais de 80% da população vivem em grandes cidadese esse processo já começa a se interiorizar. Hoje você temum conjunto de municípios importantes localizados no in-terior do país, como Corumbá, Petrolina e Goiânia. Cercade 86 milhões de habitantes estão concentrados em 250municípios com mais de cem mil habitantes. Além disso, apopulação brasileira cresce, em média, 25% a cada dez anos.Esse quadro traz profundas mudanças na relação saúde-doença – informou Cláudio Duarte.

Outro fator determinante na organização da AtençãoBásica são as mudanças epidemiológicas. Houve redução dataxa de natalidade, diminuição da mortalidade infantil e au-mento da expectativa de vida. Além disso, nos últimos vinteanos, houve mudanças profundas nos padrões de mortalida-de causadas pelo aumento das doenças cardiovasculares edas neoplasias ou provocadas pela violência urbana. Segun-do o secretário, situações como essas representam um gran-de desafio para os gestores municipais na organização dosserviços públicos necessários ao enfrentamento de agra-vos, danos e doenças e, sobretudo, na formulação de políti-cas públicas que possam intervir de maneira sistemática acurto, médio e longo prazo sobre os determinantes funda-mentais do padrão atual de mortalidade.

Para Otaliba Libânio Neto, secretário municipal desaúde de Goiânia, o fortalecimento da Atenção Básica de-pende ainda da capacidade de se: promover financiamen-to equilibrado tanto para a Atenção Básica, quanto para osserviços de média e alta complexidade; de se reorganizaros processos de trabalho, visando a promoção da saúde;de se utilizar as informações epidemiológicas nos serviçosde saúde com o objetivo de monitorar e intervir no pro-cesso saúde-doença da população; e de se investir na for-mação de recursos humanos.

NOB 96 OU NOAS? EIS A QUESTÃOEsta foi uma questão que mexeu com os participantes

do Congresso. Resultado de um processo de descentralizaçãona saúde, a Norma Operacional Básica (NOB 96) é considera-da por muitos gestores da saúde um avanço no Sistema Úni-co de Saúde (SUS), pois regulamentou a transferência paraos estados e municípios das responsabilidades e dos recur-

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Cláudio Duarte, secretáriode Políticas de Saúde do MS

sos para a efetivação do sistema. Apesar disso, alguns pro-blemas permaneceram, como a falta de integração entre ossistemas municipais e de critério de alocação de recursos,evidenciando a dificuldade que muitos municípios tiveramde gerir sozinhos um sistema completo.

Na mesa-redonda ‘Regionalização e Organização daAssistência’, José Ênio Servilha Duarte, secretário munici-pal de saúde de Marília (SP), lembrou que a NOB 96 deixoude estabelecer como os municípios deveriam organizar aassistência à saúde. Para dar conta desta falha, a porta-ria 95 do Ministério da Saúde estabeleceu em janeiro de2001 a Norma Operacional da Assistência à Saúde (Noas),cujo objetivo é dar continuidade ao processo dedescentralização e organização do SUS, ampliando as res-ponsabilidades dos municípios na Atenção Básica, definin-do o processo de regionalização da assistência, criandomecanismos para o fortalecimento da capacidade de ges-tão do SUS e atualizando os critérios de habilitação deestados e municípios. “A Noas traz à tona a questão daintegração entre sistemas municipais e resgata o papelcoordenador e mediador do estado”, ressaltou.

Apesar dos esforços, muitos municípios ainda encon-tram muitas dificuldades na área da saúde. De acordo comSival, presidente do Conselho Municipal de Saúde deAlagoas, os municípios não têm recursos suficientes paradar conta das responsabilidades impostas pela lei. “Nãopodemos negar a importância dos Programas Saúde da Fa-mília (PSF) e dos Agentes Comunitários (PAC), mas não po-demos negar o peso imposto aos municípios para dar contada Atenção Básica”, disse.

CARTA DE BLUMENAU

Aplenária final marcou o último dia do Congresso.Em defesa dos princípios do SUS, os participantes –

em sua maioria secretários municipais de saúde – apro-varam dois documentos chamados ‘Cartas deBlumenau’. Uma foi entregue ao Ministério da Saúde(MS) e ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde(Conass) e a outra enviada aos candidatos à Presidên-cia da República (veja na página 14). A Carta deBlumenau ao MS e ao Conass traz resumidamente assugestões dos gestores municipais para a melhoria do

Sistema de Saúde, e podem ser encontradas no sitewww.conasems.com.br/congresso.htm. Foram ao todo17 propostas aprovadas com unanimidade, pedindo au-mento dos recursos da saúde repassados aos municí-pios, instituição da Comissão Gestora Tripartite paraAcompanhamento e Avaliação da Política Nacional deRecursos Humanos em Saúde, implantação do CartãoNacional de Saúde, incentivo à assistência farmacêu-tica, maior atenção à região Norte e legalização defóruns de pactuação do SUS.

INFORMAÇÃOA informação se transforma numa ferramenta estraté-

gica quando contribui para o desenvolvimento dos profissi-onais da saúde e para o exercício do controle social. Essafoi a conclusão de Beatriz Figueiredo Dobasho, secretáriade saúde do município de Campo Grande, no Mato Grossodo Sul, durante a sua participação na mesa-redonda ‘Infor-mação em saúde enquanto elemento estratégico para ogestor’. Ela ainda ressaltou a necessidade de se construirum sistema de informação em saúde que faça uso de umatecnologia avançada de informática, que tenha planeja-mento institucional e conhecimento epidemiológico e quepermita uma avaliação permanente das ações executadaspelos gestores.

Nesse sentido, o Conselho Nacional dos SecretáriosMunicipais de Saúde (Conasems), em parceria com o Con-selho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e gestoresde informação do Ministério da Saúde, organizou recente-mente uma oficina de trabalho para discutir um novo pro-cesso de gestão da informação em saúde. Durante a ofici-na foi criado um Fórum Tripartite da Gestão da Informaçãoe Informática em Saúde que estabeleceu como açõesprioritárias a construção do Sistema de Informação em Saúde(SIS) – que faça uso de uma tecnologia compatível às ne-cessidades dos gestores de saúde e ofereça mecanismosde controle da informação – e a melhoria na infra-estrutu-ra de telecomunicação.

Segundo o diretor do Departamento de Informáticado SUS (Datasus) do Ministério da Saúde, Arnaldo Machadode Sousa, isso não está longe de acontecer. Ele informouque todos os sistemas de informações coordenados peloMS estão ganhando tecnologia mais avançada. A começarpelo Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), cujoobjetivo é dar suporte operacional e gerencial ao trabalhode coleta de dados realizados pelos agentes comunitáriosde saúde e pelas equipes de saúde da família e gerar infor-mações essenciais para as Secretarias Municipais e Estadu-ais e para o Ministério da Saúde. “A idéia é juntar os Pro-gramas de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e Saúdeda Família (PSF) em um único lugar, simplificando a vida dosmunicípios”, explicou.

Vale lembrar que o Datasus (www.datasus.gov.br) éresponsável por coletar, processar e difundir informaçõessobre saúde, possibilitando aos órgãos do SUS o acesso atodos os sistemas de informação em saúde disponíveis efornecendo suporte de informática necessários ao pro-cesso de planejamento, operação e controle do Sistema.Sua atividade consiste em realizar a manutenção de basesde dados nacionais, fornecer apoio e consultoria na im-plantação de sistemas e coordenar as atividades deinformática inerentes ao funcionamento do SUS.

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PRÊMIOS

2° P R Ê M I O FU N D A Ç Ã O OS W A L D OCRUZ/GRUPO EMS-SIGMA PHARMA DECIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SAÚDE

AFundação Oswaldo Cruz e o Gru-po EMS-Sigma Pharma lançaram a

segunda edição do Prêmio de Ciên-cia & Tecnologia em Saúde, comoestímulo a pesquisadores que atuamna área.

O concurso é aberto a todosaqueles que estejam desenvolvendoestudos ou atividades de pesquisa emuniversidades, institutos, núcleos oucentros nacionais, públicos ou priva-dos. As inscrições vão até o dia 1 deoutubro. Saiba mais sobre o concursopelo e-mail [email protected] por telefone: (0xx21) 2590-4712 –FAX: (0xx21) 2590-9741.

CURSOS

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

AEscola Nacional de Saúde Pública(Ensp) da Fiocruz anuncia a aber-

tura do período de inscrições paraseus cursos de pós-graduação strictosensu. Entre os cursos lato sensu, anovidade um o curso de Atualização:Comunicação e Informação na Promo-ção da Alimentação e Nutrição Sau-dáveis, cujas inscrições vão de 3 dejunho a 4 de outubro de 2002. O cur-so acontecerá entre 18 e 29 de no-vembro deste ano.Mais informações: SecretariaAcadêmica da Escola Nacionalde Saúde PúblicaLigação Gratuita: 0800 230085Tel.: (21) 2598-2557/2558Telefax: (21) 2598-2557Site: www.ensp.fiocruz.brE-mail: [email protected]

NA INTERNET

PROGRAMA DISTRIBUÍDO PELO MINIS-TÉRIO DA SAÚDE

AOrganização Pan-Americana deSaúde e o Ministério da Saúde

estão distribuindo para prefeitu-ras e governos estaduais o pro-grama ‘Sala de Situação de Saú-de’, para auxiliar o planejamentoe ações dos gestores. O progra-ma é uma evolução informatizada

do conceito ‘Sala de Situação’,pelo qual os administradores pú-blicos monitoram, por meio depa iné i s temát icos , d inâmicascomo oferta e demanda de lei-tos hospitalares, atendimentoambulatorial, receita e despesa nasaúde, situação epidemiológica,entre outros. O programa, de fá-cil instalação, facilita os diagnós-ticos com base na captura auto-mática de dados do Sistema deInformação de Saúde (SIS) de BaseNacional e formula indicadorespara anál i se dos gestores. Ospedidos devem ser enviados parao e-mail [email protected] s g e s t o r e s t a m b é m p o d e mbaixar o programa do s i te daOPAS, no endereço eletrônico:www.opas.org.br/software.cfm

PESQUISA DIVULGADA PELA OPAS ESTÁDISPONÍVEL

Olivro Medindo as Desigualdadesem Saúde no Brasil – Uma Pro-

posta de Monitoramento, resulta-do de pesquisa desenvolvida noInstituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), foi divulgado re-centemente por iniciativa da Or-ganização Pan–Americana de Saú-de (Opas) . O estudo ava l ia aevolução das desigualdades emsaúde nos primeiros dez anos doprocesso de construção do SUS,desenvo lve metodo log ia demonitoramento e estimula a rea-lização de pesquisas similares nasesferas estaduais e municipais degoverno. A publicação está disponí-vel no endereço www.opas.org.br/publicacoes2.cfm?codigo=41

ssssserererererviçviçviçviçviçososososos

EVENTOS

II MOSTRA NACIONAL DE EXPERIÊNCIASBEM SUCEDIDAS EM EPIDEMIOLOGIA

AFundação Nacional de Saúde, pormeio do Centro Nacional de

Epidemiologia (Cenepi), realizará a IIMostra Nacional de Experiências BemSucedidas em Epidemiologia, Preven-ção e Controle de Doenças, visandoa divulgar os serviços de saúde dopaís que se destacaram nessa área,no período 2001/2002. A mostra ocor-rerá no período de 17 a 20 de se-tembro de 2002, em Fortaleza, Cea-rá. O prazo para envio de resumos játerminou, mas os interessados em as-sistir a Mostra deverão preencher umformulário eletrônico no endereçohttps://sis.funasa.gov.br/expoepi/ficha_inscricao.aspPara saber mais sobre a II Expoepi:[email protected]

VÍDEO

VÍDEO DA FIOCRUZ É SELECIONADO EMFESTIVAL DE GRAMADO

Selecionado recentemente parao Gramado Cine Vídeo, evento

que acontece junto ao festival deCinema de Gramado, o vídeo Par-to de Mim apresenta o trabalhode pré-parto e parto humanizadorealizado em maternidades públi-cas. O material foi produzido peloDepartamento de Comunicação eSaúde da Fundação Oswaldo Cruzem conjunto com a SecretariaMunicipal de Saúde do Rio de Ja-neiro. Outro programa sobre omesmo tema, dessa vez feito apartir do Congresso InternacionalEcologia do Parto e Nascimento,tem como eixo central os deba-tes ocorridos durante o evento.O vídeo apresenta ainda entre-vistas com participantes do Con-gresso e depoimentos do obste-tra francês Michel Odent e daantropóloga americana RobbieDavis Floyd. O material integra oacervo da VideoSaúde-Distribui-dora da Fiocruz, e pode ser ad-quirido por instituições públicasou entidades privadas pelo tele-fone 2280 -9441 , po r e –ma i l([email protected]) ou pelahome pagewww.fiocruz.br/videosaude

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Caco Xavier

Uma crônica sobre saúde. Ta-refa difícil para um leitor das

letras que Graciliano, Rubem Braga,Carlos Drummond, Machado e Joãodo Rio imprimiram nos jornais doBrasil. Tarefa quase impossível paraum leitor de Nelson Rodrigues. Avida como ela é, as pessoas comoelas são. Pretensão. Como uma bor-boleta amarela e estúpida que, nomeio do dia, bem nos caminhos ver-des da Fiocruz, perde o rumo e cho-ca-se atabalhoadamente contrameu rosto, roça meus lábios e se-gue em seu voejar hesitante. Umcronista de verdade extrairia destebreve encontro uma página sobreum inseto que beija um homem.

Imagine: uma borboleta que viveum único dia e que, neste dia, nes-ta sexta-feira ensolarada e seca desua existência plena, neste ínfimoinstante em que vive a sua eterni-dade particular, essa borboleta ama-rela e comum escolhe beijar-me.Beijando-me, torna incomum o meudia e talvez toda a minha vida, es-premida numa sexta-feira ensolaradae seca em que também eu vivo mi-nha ínfima eternidade particular.

(Aos olhos de Aeón, lembremo-nos, um dia ou cem anos são amesmíssima coisa ínfima.) O quenão diria Borges de um encontrocomo esse! Que mundos sem-tem-po não imaginaria no espaço deum beijo de borboleta! Mas, ah,não eu. Minha tarefa é apenasproduzir uma crônica sobre saú-de. "A grande saúde é ser beija-do por uma borboleta no seu úni-co dia de vida", diria o bigodudoNietzsche se escrevesse crôni-cas, permitindo, na construção

A Grande Saúdeda frase, a ambigüidade de estar fa-lando da vida breve da borboleta,ou da minha, ou de ambas. E diriaainda mais: "Esse dia há de retornar,meu querido, eternamente!".

Tudo isso para dizer, cara lei-tora, caro leitor, que não esperecrônicas de verdade neste peque-no espaço. Tudo o que posso ofe-recer são banalidades da vidacomo eu penso que ela seja. Aexpressão do discípulo mais famo-so de Zaratustra não me sai dacabeça. Que diabos vem a ser essatal 'Grande Saúde'? Descubro aospoucos, e compartilho: hoje, porexemplo, a grande saúde foi tersido beijado por uma borboletaamarela em seu único dia de vida.E nada mais digo. Se uma coisaaprendi com as boas letras, é queo cronista diz o que vê (e seus olhossão o que há de comum entre astantas coisas no mundo), mas ja-mais atreve-se a insinuar que nadasabe. Aqui entra a tarefa de quem-me-lê, completar a crônica com suasede de sentido. Portanto: ao tra-balho, sequiosa mente leitora! Façacom que esta breve página, maisbreve que um beijo de borboleta,e ainda mais leve e hesitante, ga-nhe algum sentido!

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PÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDOPÓS-TUDO