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8/8/2019 RÁDIO E JUVENTUDE: Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem Comunitária em p… http://slidepdf.com/reader/full/radio-e-juventude-analise-dos-programas-desenvolvidos-pelos-jovens-da-associacao 1/53 Wagner Henrique Verediano RÁDIO E JUVENTUDE: Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem Comunitária em parceria com a Rádio Educativa UFMG Belo Horizonte Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) 2010

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Wagner Henrique Verediano

RÁDIO E JUVENTUDE:Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem

Comunitária em parceria com a Rádio Educativa UFMG

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

2010

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Wagner Henrique Verediano

RÁDIO E JUVENTUDE:Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem

Comunitária em parceria com a Rádio Educativa UFMG

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social,do Departamento de Ciência da Comunicação do CentroUniversitário de Belo Horizonte – UNI-BH, como requisitoparcial para obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

Orientador(a): Prof.(a) Nair Prata

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)

2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade concedida. Agradeço à minha família, em especial aos

meus pais, que doaram e acreditaram nesta oportunidade para nossas vidas. Agradeço à minha

namorada, Luciana, que mesmo chegando à reta final me deu forças e alimentou meu espírito.

Agradeço, ainda, aos colegas, amigos e amigas que fiz e entrevistei para trabalhos afins.

Agradeço, principalmente, aos professores e professoras que, com paciência, clareza e,

principalmente, sinceridade, lecionaram da melhor forma possível para chegar onde

chegamos. Agradeço, também, aos inimigos que, de certa forma, alimentaram minha força e

vontade de viver. Agradeço à Lua e ao Sol que brilham sempre no céu mostrando qual

caminho a seguir. Obrigado a tudo e a todos que, de certa forma, contribuíram para este

momento. Deus abençoe nossas vidas.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Temas abordados ............................................................................................... 48

Quadro 2 – Número de participantes .................................................................................... 48

Quadro 3 – Participação do público ...................................................................................... 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 7

2 A MÍDIA E A POLÍTICA .......................................................................................................... .9

2.1 A relação das mídias e a política ................................................................................................. .9

2.2 A importância de se fazer Comunicação Comunitária ................................................................. 14

3 JUVENTUDE E JUVENTUDES ................................................................................................ 18

3.1 Afinal, qual a definição de jovem no mundo de hoje? ................................................................. 18

3.2 A juventude no desenvolvimento sustentável .............................................................................. 21

4 ASSOCIAÇÃO IMAGEM COMUNITÁRIA (AIC) E RÁDIO UFMG EDUCATIVA:PROTAGONISMO JUVENIL E POLÍTICAS PÚBLICAS DE JUVENTUDE .......................... 25

4.1 Metodologia de análise ............................................................................................................... 25

4.2 Associação Imagem Comunitária: uma trajetória em favor do direito de comunicar .................... 27

4.3 Rádio UFMG Educativa – 104,5 FM .......................................................................................... 29

4.4 Levantamento de dados .............................................................................................................. 30

4.5 Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem Comunitária emparceria com a Rádio Educativa UFMG ........................................................................................... 47

4.5.1 Temas abordados ..................................................................................................................... 48

4.5.2 Número de participantes .......................................................................................................... 48

4.5.3 Participação do público ........................................................................................................... 48

4.5.4 Conteúdo tratado ..................................................................................................................... 49

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 52

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 54

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1 .INTRODUÇÃO

A juventude vem sendo agenda de vários órgãos governamentais e não governamentaisespalhados pelos quatro cantos da Terra. Conferências, Fóruns, Seminários, programas,

projetos, dentre outras atividades formais e não formais vêm ampliando ainda mais as

políticas públicas deste segmento. Paralelo a esta temática, encontra-se o desenvolvimento

sustentável, uma questão de prioridade nas ações para os setores que compõem nossa

sociedade.

Realizar uma análise sobre o papel da juventude e sua relação com a mídia, a relação dos

meios de comunicação com a política e com os jovens, e, ainda, verificar a contribuição da

  juventude para o desenvolvimento sustentável, é uma atividade complexa e prazerosa que

decorre do presente trabalho. A presente monografia tem como objetivo mostrar como os

 jovens podem utilizar os rádios em prol do desenvolvimento sustentável e ampliar os debates

em prol de políticas públicas.

No primeiro capítulo intitulado   A mídia e a política, é apresentada aos leitores a relação

harmônica dessas duas ciências. A política e os meios de comunicação sempre estiveram

presentes na vida e nos debates públicos. Das primeiras diretrizes e instâncias que

organizaram a vida social e pública, a política se fez presente. Das células que formam o

corpo humano às primeiras falas do seres humanos, a comunicação, também, se fez presente.

O processo de evolução da humanidade ampliou as formas de utilização das mídias.

Determinados grupos apoiaram-se nos meios de comunicação de massa para consolidar e

expandir seus poderes e explorar, ainda, mais a relação opressor e oprimido.

Entretanto, com o advento da democracia, a história ganha novos personagens e novas formas

de manifestação das classes sociais. O papel das mídias foi e vem sendo essencial para

minimizar este desafio. Entre Aristóteles, Bobbio, Rubim, Peruzzo e outros pesquisadores e

escritores, o primeiro capítulo visa mostrar a influência da política na mídia e vice-versa.

No segundo capítulo intitulado  Juventude e Juventudes é apresentada aos leitores a definição

de jovem no mundo ocidental de hoje. O conceito de juventude foi amplamente modificadono decorrer dos séculos. A cada época, a definição deste segmento traz questionamentos aos

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órgãos governamentais e não governamentais de nossa sociedade. Contudo, com o passar dos

anos, a necessidade de compreender, ouvir, delimitar e proporcionar aos jovens o dever e o

direito de exercer a cidadania é consolidada e conquistada.

Para compreender melhor o papel da política, da mídia e da juventude sobre o meio ambiente,

foi selecionado o projeto da organização não governamental Associação Imagem Comunitária

(AIC). Em parceria com a Rádio UFMG Educativa, a entidade realizou uma apresentação de

cinco programas executado e apresentado por jovens. O recorte da análise compreende entre

os dias 22 a 26 de outubro de 2007.

O terceiro capítulo, intitulado   Associação Imagem Comunitária (AIC) e Rádio UFMGEducativa: protagonismo juvenil e políticas públicas de juventude ¸ aborda o surgimento da

AIC, o histórico da rádio e atuação de ambas as entidades no fomento do protagonismo

  juvenil e políticas públicas de juventude. Desde 1993 a entidade vem contribuindo para o

envolvimento e desenvolvimento de políticas públicas de comunicação social e juventude.

A rádio UFMG Educativa, fundada em setembro de 2005, busca ser uma opção para os

ouvintes da Grande BH. A programação é composta por programas jornalísticos queapresentam os principais fatos e acontecimentos. Além de conhecer um pouco mais sobre o

universo da Universidade, o ouvinte também tem acesso às notícias nacionais e locais que

influenciam no seu dia-a-dia.

Por fim, o recorte feito nos programas exibidos pela emissora de rádio deu ênfase à

metodologia de análise. Para o objeto empírico de análise foram observados os temas

abordados, os participantes dos programas, as músicas apresentadas, parceiros entre outrascaracterísticas do projeto executado no ano de 2007 pelos jovens.

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2 . A MÍDIA E A POLÍTICA

Este capítulo pretende fazer uma reflexão sobre a relação da política e as mídias1.

Compreender essa relação, suas origens, seu surgimento na história e sua contribuição para ahumanidade será de fundamental importância para esta monografia. A ação da política e dos

meios de comunicação, em determinadas sociedades, mostra certa dependência entre essas

duas ciências.

2.1 A relação das mídias e a política

Para compreender a relação das mídias e a política buscou-se, através dos autores Rubim

(2006), Haussen (2001), Novaes (2003) e outros pesquisadores, argumentos, informações e

dados para melhor explanar sobre essa relação. Como falar de mídia sem mencionar a

política? O rádio, a TV e jornais, entre outras tecnologias sociais2, são construídos e utilizados

pela política no dia-a-dia.

O advento da política na história da humanidade, segundo pensadores como Platão e

Aristóteles, século V a.C, vem do adjetivo  politikós, originado na  polis. A principal obra

sobre esse campo do saber foi a de Aristóteles denominada de Política. Para autores como

Górgias de Leontini, citado por Rubim (2000), a política proposta e apresentada por

Aristóteles surge como técnica de convencimento pelo acionamento de procedimentos

discursivos.

A política nasce como prática específica de resolução da questão do (poder) político,que requisita a atuação dos cidadãos e o exercício de um debate público para criar eimplementar alternativas de governo da sociedade (CASTORIADIS3, apud RUBIM,2000, p.18).

Para Bobbio (2002), na tradição clássica, que se encontra especificamente na Política de

Aristóteles, eram consideradas três formas de poder: o poder paterno (o poder do pai sobre os

filhos), o poder senhorial e/ou despótico (do senhor sobre os escravos) e o poder político (o de

governantes sobre governados). Além disso, a distinção se baseia no interesse daquele em

1  Definimos como mídia tudo e todo instrumento e/ou veículo de comunicação capaz de emitir e receber

informações, dados e/ou conhecimentos.2 Considera-se tecnologia social todo o produto, método, processo ou técnica, criado para solucionar algum tipo

de problema social e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e impacto socialcomprovado. - http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia_social 3 RUBIM, Antônio Albino Canelas. Comunicação e política. São Paulo: Ed. Hacker, 2000.

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benefício do qual se exerce o poder. O autor faz uma reflexão do exercício da política e sua

relação com o poder.

O conceito de política, entendida como forma de atividade ou de práxis humana,está estreitamente ligado ao de  poder . Assim, o poder é definido, por vezes, comouma relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade e lhedetermina malgrado seu, o comportamento (BOBBIO, 2003).

Com a evolução das sociedades, ou melhor, da  polis, conforme cita Bobbio (2003), o

elemento específico do poder político seria o critério de classificação que se baseia nos meios

de que se serve o sujeito ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito

passivo.

Dessa forma, é possível distinguir três grandes classes: o poder econômico (o poder que se

vale na posse de certos bens), o poder ideológico (se baseia na influência de ideias) e o poder

político (baseado na posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física).

Para Ribeiro (1988), a política refere-se ao exercício de alguma forma de poder e,

naturalmente, às múltiplas consequências desse exercício. Segundo o autor, o ato político

possui dois aspectos, primeiro o interesse e, segundo, a decisão. Dessa forma, segundo oautor, a política passa a ser entendida como um processo através do qual interesses são

transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos à formulação e tomada de decisão

efetivas, decisões que “vinguem.” 

A política terminou por torna-se uma profissão, a profissão dos que se dedicam ainfluenciar, de diversas maneiras e em vários níveis, a condução da coletividade emque vivem seja por iniciativa própria, seja representando outros interesses(RIBEIRO,1988, p. 17).

Nesse contexto, Charaudeau (2007) compara a manipulação das mídias sobre a sociedade e o

poder político sobre os cidadãos. De acordo com o autor, para que haja manipulação é preciso

alguém (ou uma instância) que tenha intenção de fazer crer a outro alguém (ou uma outra

instância) alguma coisa (que não é necessariamente verdadeira), para fazê-lo pensar (ou agir)

num sentido que traga proveito ao primeiro.

Chauí (2000) ressalta que a política é uma profissão entre outras e uma ação que todos os

indivíduos realizam quando se relacionam com o poder. A política refere-se às atividades degoverno e toda ação social que tenha como alvo ou interlocutor o governo ou o Estado.

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A política foi inventada pelos seres humanos como o modo pelo qual podemexpressar suas diferenças e conflitos, sem transfomá-los em guerra total, no uso daforça e extermínio recíproco. Inventada como o modo pelo qual a sociedade,

internamente dividida, discute, delibera e decide em comum para aprovar ou rejeitaras ações que dizem respeito a todos os seus membros (CHAUÍ, 2000, p. 474).

De acordo com a autora, a política introduz a prática da publicidade, isto é, a exigência de que

a população conheça as deliberações e participe delas. Além disso, a existência do espaço

público de discussão significa que a sociedade está aberta à mudança, que uma decisão pode

mudar outra. As definições para a palavra política variam de autor para autor. Entretanto, é

possível perceber que determinados autores, como Chauí (2000) e Bobbio (2003) inter-

relacionam a política e o exercício do poder.

O poder político pertence à categoria de poder do homem sobre o homem; não à dopoder do homem sobre a natureza. Essa relação de poder é expressa de mil maneiras,nas quais se reconhecem fórmulas típicas da linguagem política: como relação entregovernantes e governados; entre soberanos e súditos; entre Estado e cidadãos; comorelação que implica autoridade e obediência, etc. (BOBBIO, 2003, p. 35).

As definições, conceitos e relações da política, sua forma de atuação e formas de poder

citados anteriormente mostram a complexidade de se compreender o verdadeiro papel da

política em uma sociedade. Da Grécia antiga aos dias atuais, a política é essencial para o

debate público, para inovações e evoluções de determinada sociedade.

Para Charaudeau (2007), para que haja uma relação entre a política e a mídia, é preciso

reconhecer que, apesar de todos os defeitos que se queira lançar sobre as mídias, elas

desempenham um papel importante de informação no funcionamento da democracia.

As mídias relatam fatos e acontecimentos que se produzem no mundo, fazemcircular explicações sobre o que se deve pensar desses acontecimentos, e propiciamo debate. Além disso, as mídias mantém um espaço de cidadania, sem o qual não hádemocracia razoável, e não podem ser taxadas, como se fazia em determinada época(CHARAUDEAU, 2007, p. 252).

O autor ressalta que as mídias são utilizadas pelos políticos como um meio de manipulação da

opinião pública, ainda que o sejam para o bem estar do cidadão. “As mídias são um suporte

organizacional que se apossa dessas noções, “informações e comunicações” (p. 15), para

integrá-las em suas diversas lógicas: econômica (fazer viver uma empresa); tecnológica

(estender a qualidade de sua difusão) e simbólica (servir á democracia cidadã) (p. 15) .” É  justamente neste ponto que se tornam objeto de todas as tensões: do mundo político, que

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  precisa delas para sua própria “visibilidade social” (p. 15) e as utiliza com desenvoltura (e

mesmo com certa dose de perversidade) para gerir o espaço público.

Para Rubim (2000), a relação da mídia e a política se dá devido à circunstância

contemporânea, referenciada pelo autor, como impregnada pela “revolução” (p.8) das

comunicações, “crise” (p.8) da política e pelos desafios da democracia. Esse parece ser o

ambiente ideal para redimensionarmos a relação entre comunicação e política. Rubim (2006)

ressalta que a mídia não assume, mas faz política o tempo todo.

Quanto à política, a mídia a influencia das formas mais variadas. Por exemplo, amídia cria determinados espaços públicos  – que no caso do Brasil são pouquíssimos

democráticos  –  de publicização da sociedade. Parte da política precisa muito devisibilidade. A eleição, por exemplo, é, por excelência, publicizada. Então, a políticadepende muito de visibilidade. Assim, temos uma dependência forte da política emrelação à mídia (Rubim, 2006, p. 4/5).

Dar visibilidade e popularidade aos programas e projetos relativos a coletividade é uma forma

de compreender a dependência existente entre a política e mídia. De acordo com Rubim

(2000), antes se deve propor uma disputa persistente entre a comunicação e a política para

assegurar o predomínio de um dos campos sobre o outro. A assimilação deste caráter de

permanente disputa não pode, entretanto, obscurecer que o relacionamento do campo da

política e do campo da comunicação realiza-se não só como conflito, mas também como

complementariedade, como campos que necessitam interagir com o(s) outro(s) campo(s) para

se efetivar socialmente.

A política nasce como prática específica de resolução da questão do (poder) político,que requisita a atuação dos cidadãos e o exercício de um debate público para criar eimplementar alternativas de governo da sociedade (CASTORIADIS, apud RUBIM,2000, p.18).

Um exemplo da utilização das mídias pela política vem de Haussen (2001). Segundo a autora,

desde sua consolidação, a partir dos anos 30/40, o rádio tem sido utilizado das mais diversas

formas, com as mais diferentes finalidades: pelo Estado; por guerras de independência e

resistência; por partidos políticos e sindicatos; por movimentos sociais, religiosos e

ecológicos. Para que se compreenda o seu real significado, no entanto, é necessário estudar-se

a fundo o contexto em que atua – as condições sócio-político-econômicas e culturais. É nesse

universo da utilização do rádio pelos movimentos sociais, governamentais e nãogovernamentais, que tratará a presente monografia.

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A evolução das mídias não veio pelos planos de governos, e sim pelas pesquisas científicas e

tecnológicas. Após sua utilização conforme Haussen (2001) cita, “pelo Estado; por guerras de

independência e resistência; por partidos políticos e sindicatos; por movimentos sociais,religiosos e ecológicos,” (p. 16) os profissionais políticos viram nesse veículo de

comunicação uma forma de expor seus anseios.

Um dos acontecimentos mais recentes sobre a relação da mídia e a política foi a eleição para

presidente do ano de 2002  – 2005. A mídia de certa forma tentou, diretamente, pautar temas

que atrapalhassem a reeleição do presidente Lula. No entanto, o presidente foi reeleito com

uma votação bastante grande (Fonte: Revista do Fórum Nacional pela Democratização daComunicação, outubro de 2007, nº6).

Outro exemplo é a relação do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e a mídia. Na

revista do projeto Manuelzão (nº 56, ano 13, março de 2010), durante solenidade de

inauguração da estação de tratamento do esgoto do Rio Onça, o ex-governador se diz estar

pronto para nadar no Rio das Velhas.

Para Lima (2001), muitos estudos sobre a relação entre mídia e política acabam por descartar

a possibilidade de que, ela própria (mídia), com frequência e deliberadamente distorce, omite

e promove informação com objetivo político. Esse objetivo, segundo o autor, pode ou não

estar alinhado com os interesses do regime, numa determinada circunstância e num

determinado momento.

Não surpreende, portanto, que a mídia tenha também se transformado em palco eobjeto privilegiado das disputas pelo poder político na contemporaneidade e,consequentemente, em fonte primeira das incertezas com relação ao futuro dademocracia (LIMA, 2001, p. 21).

Rubim (2000) ressalta que a mídia é utilizada pela política como um instrumento de

visibilidade de ações individuais ou coletivas.

A comunicação sempre foi percebida e utilizada como mero instrumento do campo

político. Nesta perspectiva, tanto os jornais que proliferaram em torno da RevoluçãoFrancesa e de suas lideranças, quanto os pasquins políticos do século 19 no Brasil,por exemplo, atuavam como meros amplificadores das opiniões e idéias políticas e

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não como meios submetidos a alguma lógica oriunda da comunicação, a não seraquela elementar que garantia a comunicabilidade (RUBIM, 2000, p.18).

Haussen (2001) afirma que o surgimento do rádio foi fundamental para a gestação do

sentimento nacional, na tradução da ideia de nação em sentimento e cotidianidade.

Dessa forma, observa-se que a relação entre a mídia e a política se dá em uma questão de

oportunidade e de diversas maneiras. Há quem utiliza dessa relação para ter benefícios a si

próprios. Entretanto, há, também, aqueles que utilizam essa relação para fortalecer, ainda

mais, a coletividade.

2.2 A importância de se fazer Comunicação Comunitária

No item anterior foi apresentada a estreita relação da mídia e a política, uma relação precisa e

importante para o avanço dos estudos da comunicação social. Neste tópico pretende-se fazer

uma reflexão do significado da Comunicação Comunitária e ressaltar sua real importância

para os mais variados segmentos de nossa sociedade.

As mídias locais e/ou internacionais, ao transmitir determinado fato, dependendo da narrativa

da matéria, podem contribuir significativamente para a cidadania. Entender o que é e como se

faz comunicação comunitária no dia-a-dia é para autores, como Peruzzo (2003), Valentim

(2003), entre outros, um compromisso e uma responsabilidade diante do mundo da

informação.

Lima (2001) chama a atenção para a origem da palavra comunicação. Segundo o autor, um

dos maiores problemas para as teorias de comunicação é o próprio significado da palavra.

Comunicação tem sua origem etimológica no substantivo latino communicationem (século

XV), que significa a ação de tornar comum.

Com essa origem, a palavra comunicação carrega até hoje uma ambigüidade nãoresolvida na ação implícita de seu significado original. Essa ambigüidade érepresentada, em seus extremos, por transmitir , que é um processo unidirecional, ecompartilhar , que é um processo comum ou participativo (LIMA, 2001, p. 24).

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De acordo com Lima (2001), a ação de tornar comum a muitos pode ser resultado tanto de

uma transmissão como de um compartilhamento, que são pólos opostos de uma ação de

comunicar.

Partindo para a comunicação comunitária, Peruzzo (2003) argumenta que este tipo de

comunicação, que faz jus ao nome, é facilmente reconhecida pelo trabalho que desenvolve,

pois transmite um discurso de interesse social vinculado à realidade local, não tem fins

lucrativos, contribui para ampliar a cidadania, democratizar a informação, melhorar a

educação informal e o nível cultural dos receptores sobre temas diretamente relacionados às

suas vidas.

A comunicação comunitária permite ainda a participação ativa e autônoma daspessoas residentes na localidade e de representantes de movimentos sociais e deoutras formas de organização coletiva na programação, nos processos de criação, noplanejamento e na gestão da informação a transmitir (PERUZZO, 2003, p.116).

Com o mesmo raciocíno de Peruzzo (2003), Valentim (2003) ressalta que o tema

comunicação comunitária sugere a inevitável relação com as possibilidades de construção de

espaços públicos democráticos, tanto para o debate amplo de temas e interesses, geralmente

excluídos da agenda pública, quanto para a participação da sociedade civil na gestão estatal.

Peruzzo (2003) cita que pode notar-se o envolvimento social, político e econômico que este

tipo de comunicação pode oferecer para determinadas sociedades (p.118). Segundo a autora,

as pessoas se interessam pela realidade onde vivem, pelas políticas que as afetam e pela

cultura local.

Às pessoas não interessam somente as questões de âmbito universal e nacional, mastambém os acontecimentos, as organizações, e as relações sociais que lhes estãopróximos. Interessam-lhes os assuntos que dizem respeito à vida do bairro, da vila,da cidade ou do município onde vivem (PERUZZO, 2003, p. 123).

Peruzzo (2003) ressalta que a comunicação comunitária acaba por se revelar um fenômeno

complexo, pois não tem a visibilidade amplificada, como acontece na grande mídia, além de

poder ser compreendida de diferentes maneiras. Além disso, ressalta que as diferentes

manifestações de comunicação que ocorrem em nível local são colocadas

indiscriminadamente sob o rótulo de comunitárias, que pode gerar distorções na compreensão

de seu conceito.

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A comunicação comunitária diz respeito a um processo comunicativo que requer oenvolvimento das pessoas de uma “comunidade”, não apenas como receptoras demensagens, mas como protagonistas dos conteúdos e da gestão dos meios decomunicação (PERUZZO, 2003, p. 121).

Rubim (2006) ressalta que reconhecer que a comunicação, ao transmitir informações, sem

dúvida aparece como um dos requisitos essenciais para a realização da cidadania. Pois sem

informação livre, plural e disponível, sem um conhecimento consistente do mundo e de seus

assuntos, fica inviável a constituição de opiniões legítimas e independentes.

Bahia (2003) chama nossa atenção sobre as dificuldades que rondam o movimento das rádios

comunitárias brasileiras. Segundo a autora, estas emissoras guardam semelhanças com o de

outros países da América Latina, região conhecida por suas ricas experiências na área. Para a

autora, acredita-se que tais similaridades possam estar relacionadas com o passado histórico

de ditaduras militares que despertaram nas populações desejo de expressar-se após longos

períodos de imposição de silêncio.

Para Peruzzo (2003), a importância da comunicação comunitária enquanto meio facilitador do

exercício dos direitos e deveres de cidadania é inegável em muitas localidades no Brasil e por

onde a comunicação comunitária se efetiva na perspectiva de uma comunicação pública.

Uma comunicação que é chamada de comunitária, popular, participativa oualternativa e que tem como finalidade a transformação dos mecanismos opressores eo desenvolvimento integral das pessoas. Desenvolvimento de suas capacidadesintelectuais, artísticas, de convívio social, aprimoramento para o exercício deatividades profissionais e para a melhoria das condições de existência (PERUZZO,2003, p.153).

A autora ressalta, ainda, que o exercício das atividades de comunicação comunitária requer a

preparação das pessoas para o uso das técnicas e tecnologias. Há, portanto, a necessidade de

se adquirir competências, o que agrega a noção do direito ao acesso ao conhecimento técnico

e especializado em comunicação. Infere-se que o direito à comunicação se vincula à educação

formal, não-formal e informal, numa clara demonstração de como os direitos se entrelaçam.

No próximo capítulo será abordado qual a definição de juventude no mundo de hoje e o

conceito de desenvolvimento sustentável. A proposta é compreender o universo dos jovens, o

que fazem, onde se encontram e como atuam em sua realidade. Além disso, ver qual a

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contribuição e papel dos jovens na consolidação de um desenvolvimento sustentável ao

planeta Terra.

3. JUVENTUDE E JUVENTUDES

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Juventude tem sido tema de várias agendas públicas. Ações governamentais e não

governamentais estão sendo executadas pelos quatro cantos do mundo, expandindo ainda

mais essa nova temática. Este capítulo busca mostrar qual a definição de jovem no mundo de

hoje e sua relação com o desenvolvimento sustentável.

3.1. Afinal, qual a definição de jovem no mundo de hoje?

Chegar a um consenso sobre a definição de juventude , ou melhor, “o que é ser jovem” é

levantada por pesquisadores e políticos. Definir a faixa etária do segmento juvenil tem sido

uma dificuldade quando se quer falar de jovem no Brasil. A infância e a juventude são hoje,

no cenário político, mais um segmento de nossa sociedade, que requer atenção e,

principalmente, políticas públicas.

Para tentar explicar o conceito de juventude no Brasil, buscamos em Deboni (2006),

Abramovay (2007) e pesquisas a respeito do assunto, entre outros textos e artigos que

contribuíssem de certa forma para uma aproximação.

Segundos dados da pesquisa4 feita pela Secretaria Nacional de Juventude, na década

de 90, em um mundo que experimenta mudanças cada vez mais profundas eaceleradas, tem sido recorrente indagar qual o lugar social está reservado aos jovens.Novos cenários globais e locais conduzem à necessidade de um olhar muito apuradosobre esse amplo universo, profundamente diversificado, formado por mulheres ehomens jovens. Com suas trajetórias circunscritas a processos sociais extremamentericos e complexos, que se alteram conforme os espaços, tempos e contextos em queestão inseridos, diferentes segmentos juvenis explicitam demandas e constroeminéditas identidades e outros caminhos para sua emancipação (UNESCO, 2004,p.23).

Para definir o jovem no mundo de hoje, Abramovay (2007) afirma que o governo brasileiro

parte de uma definição predominantemente etária, abrangendo o ciclo que vai dos 15 aos 29anos5, cuja principal característica é a sua transitoriedade, razão pela qual está fadada a ser

perdida com o passar dos anos.

A juventude congrega cidadãos e cidadãs entre os 15 e 29 anos. Nesse caso podemser considerados jovens os adolescentes-jovens (entre 15 e 17), os jovens-jovens(entre 18 e 24 anos) e os jovens-adultos (entre 25 e 29 anos). Com essa definição, ogoverno está decidindo a quem serão destinados recursos, sob a forma de políticas

4 Pesquisa Juventude, Juventudes: o que une e o que separa (ABRAMOVAY e CASTRO, 2006). 

5 “É comum o uso da faixa de 15 a 24 anos para definição de juventude. No debate contemporâneo sobre juventude, não são

raros aqueles que defendem a extensão dessa faixa etária para além dos 24 anos, uma vez que a construção da autonomia  –  característica fundamental dessa existência  –  avança crescentemente sobre os anos a partir desse ciclo etário (Livro:

 Juventude: outros olhares sobre a diversidade, 2007, p. 23).

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públicas de juventude (DOCUMENTO BASE DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONALDE JUVENTUDE, 2008, p. 8).

O Documento Base da 1ª Conferência Nacional de Juventude, Brasília 2008, define o jovem

como aquele que completa etapas determinantes de socialização e desenvolvimento corporal

(físico, emocional, intelectual), passando a desfrutar de crescente autonomia em relação à sua

família.

Esse momento é único na vida de uma pessoa. É preciso reconhecer essasingularidade: como segmento social, que partilha de uma identidade geracional, os  jovens têm questões próprias, que são diferentes das questões de outros gruposetários (DOCUMENTO BASE DA 1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DEJUVENTUDE, 2008, p. 12).

Abramovay (2007) ressalta que a realidade social demonstra, no entanto, que não existe

somente um tipo de juventude, mas grupos juvenis que constituem um conjunto heterogêneo,

com diferentes parcelas de oportunidades, dificuldades, facilidades e poder nas sociedades.

Nesse sentido, a juventude, por definição, é uma construção social, ou seja, aprodução de uma determinada sociedade originada a partir das múltiplas formascomo ela vê os jovens, produção na qual se conjugam, entre outros fatores,estereótipos, momentos históricos, múltiplas referências, além de diferentes e

diversificadas situações de classe, gênero, etnia, grupo, etc (ABRAMOVAY, 2007,p. 25).

Para Pais (1997), as representações mais correntes do que compreende por ser jovem podem

ser traduzidas e agrupadas em duas grandes linhas. Uma que considera a juventude como

grupo social homogêneo, composto por indivíduos cuja característica mais importante é

estarem vivenciando certa fase da vida. A segunda representação é de caráter mais difuso, que

em função de reconhecer a existência de múltiplas culturas juvenis, formadas a partir de

diferentes interesses e inserções na sociedade (situação socioeconômica, oportunidades,

capital cultural, etc).

Abramovay (2007) afirma que existem muitos e diversos grupos juvenis, com características

particulares e específicas, que sofrem influências multiculturais e que, de certa forma, são

globalizados.

Portanto, não há uma cultura juvenil unitária, um bloco monolítico, homogêneo,

senão culturas juvenis, com pontos convergentes e divergentes, com pensamentos eações comuns, mas que são, muitas vezes, completamente contraditórias entre si(ABRAMOVAY, 2007, p. 27).

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 Para Ribeiro (2006), a construção de políticas púbicas para a juventude tem demonstrado que,

por exemplo, para se pensar em ações destinadas a jovens, é necessário conhecer que

diversidade essas juventudes se constroem, ou seja, estar atento para o fato de que não existeum modo único de vivência do tempo de juventude. Para a autora, nessa linha vem se

tornando cada vez mais corriqueiro o emprego do termo  juventudes, no plural, no sentido não

de se dar conta de todas as especificidades, mas, justamente, apontar a enorme gama de

possibilidades presentes nessa categoria.

Novaes (2007) chama a atenção sobre os dilemas e as perspectivas da juventude

contemporânea. Segundo a autora, os jovens estão inscritos em um tempo que conjuga umacelerado processo de globalização e crescentes desigualdades sociais. Pelo mundo afora, são

os jovens os mais atingidos: tanto pelas transformações sociais, que tornam o mercado de

trabalho restritivo e mutante, quanto pelas distintas formas de violência física e simbólica, que

caracterizaram o final do século XX e persistem neste início do século XXI.

De acordo com a autora, a partir dos anos 80, em vários países do mundo proliferaram

iniciativas governamentais e não-governamentais voltadas para a inclusão econômica,

societária e cultural de segmentos juvenis.

No Brasil, o debate ganhou força nos anos 90. Nesta época, pesquisadores,organismos internacionais, movimentos sociais, gestores municipais e estaduaispassaram a enfatizar aspectos singulares da experiência social dessa geração,identificando suas vulnerabilidades, demandas e potencialidades (NOVAES, 2007,p. 253).

Para o presidente do Conselho Nacional de Juventude6, Danilo Moreira (2008), a juventude

não é apenas uma passagem para o mundo adulto. A criação do CONJUVE oportunizou

demais regiões do Brasil a dar outro olhar para o jovem. Por exemplo, os Conselhos

Municipais de Juventude e as Secretarias Estaduais de Juventude.

6 O Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE – é um espaço de diálogo entre a sociedade civil, o governo ea juventude brasileira. É um órgão consultivo e tem por objetivo assessorar o governo federal na formulação dediretrizes da ação governamental, além de promover estudos e pesquisas acerca da realidade socioeconômica

  juvenil, assegurando que a Política Nacional de Juventude do Governo Federal seja conduzida por meio doreconhecimento dos direitos e das capacidades dos jovens e da ampliação da participação cidadão  –  Fonte:http://www.juventude.gov.br/conselho 

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Mais do que uma preparação para o futuro, a vivência juvenil é uma realidade nopresente. Os jovens vivem num espaço (a cidade ou o campo) e num tempo (agora)muito bem definidos. E sua história de vida não pode ser separada em capítulos: aescola, o trabalho, a cultura e as tecnologias da informação estão intimamenterelacionadas, especialmente a partir das transformações sociais e dos avanços

científicos dos últimos vinte anos. Por ser complexo e envolver essas muitasdimensões é que dizemos que o desenvolvimento dos jovens deve ser umdesenvolvimento integral (MOREIRA, 2008  – Documento Base da 1ª ConferênciaNacional de Juventude, 2008).

Abramovay (2007) ressalta que, sob esse aspecto, pode-se perceber que a definição de

  juventude ou juventudes despontou de tempos em tempos. A juventude já foi associada à

ameaça social, à criminalidade, à delinquência, como se o ser jovem implicasse, de forma

potencializada e direta, no desvio e na transgressão criminosos, cujos desdobramentos seriam

capazes de colocar em risco tanto a sua própria integridade física e moral quanto de toda asociedade.

3.2 A juventude no desenvolvimento sustentável

Uma questão que vem sendo abordada em fóruns, seminários, planos de governo e,

principalmente, no cenário internacional, é a sustentabilidade do planeta Terra. Diante de

dados, informações e resultados sobre o desenvolvimento capitalista existente no mundo, o

acesso a informação, o direito de viver, o consumo de produtos e serviços vem modificando

devido à necessidade de se garantir um futuro às próximas gerações.

Para garantir um futuro digno vários atores entram em cena para contribuir com o

desenvolvimento sustentável, inclusive as crianças e os jovens.

De acordo com a Agenda 217 Global, é imperioso que a juventude de todas as partes do

mundo participe ativamente em todos os níveis pertinentes dos processos de tomada de

decisões, pois eles afetam sua vida atual e têm repercussões em seu futuro. Além de sua

contribuição intelectual e capacidade de mobilizar apoio, os jovens trazem perspectivas

peculiares que devem ser levadas em consideração.

7 A Agenda 21 é um documento que está voltado para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda,

de preparar o mundo para os desafios do presente século. Reflete um consenso mundial e um compromissopolítico no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de suaexecução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, osplanos, as políticas e os processos nacionais.

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A humanidade se encontra em um momento de definição histórica diante da criseambiental global. Defrontamos-nos com a perpetuação das disparidades existentesentre as nações e no interior delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças

e do analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que dependenosso bem-estar (AGENDA 21 GLOBAL).

Novaes (2003) ressalta que o desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender às

necessidades das atuais gerações sem comprometer os direitos das futuras gerações. Segundo

o autor, a humanidade precisa adotar formatos de viver  – padrões de produção e consumo

sustentáveis, que não consumam mais recursos do que a biosfera terrestre é capaz de repor.

Para que tudo isso possa acontecer, será indispensável que o conceito desustentabilidade inclua muitas vertentes: ecológica; ambiental; social; política;econômica; demográfica; cultural; institucional e espacial. Por isso, os critérios deeficiência econômica não poderão basear-se em ganhos de produtividade apenas, esim na capacidade de atender às necessidades das pessoas, com o menor custoecológico e humano (NOVAES, 2003, p.12).

Para o autor, o maior desafio está em pensar simultaneamente as dimensões global, nacional,

regional e local.

O desenvolvimento sustentável pode ser entendido como um processo de afirmaçãodas diferenças nacionais, regionais e locais no interior da unidade mundiallocalizada. A construção do desenvolvimento sustentável é uma tarefa para toda asociedade nacional, não apenas para os governos. Exigirá o empenho dosempresários e de todos os outros setores. Exigirá o engajamento de cada cidadão(NOVAES, 2003, p. 14).

Seguindo a linha de raciocínio da Agenda 21 sobre o desenvolvimento sustentável, e da

identificação do público jovem em nossa sociedade, percebe-se a essência e importância da

construção de planos de governos, programas, projetos e ações que atendam a juventude

brasileira.

De acordo com o IBGE8 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 50,5

milhões brasileiros, um quarto da população do país tem entre 15 e 29 anos. Segundo o

documento, a participação da juventude atual na tomada de decisões sobre meio ambiente e

desenvolvimento e na implementação de programas é decisiva para o sucesso a longo prazo.

8 Documento Base da 1ª Conferência Nacional de Juventude – Levante sua bandeira (p. 6, 2008).

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Para Deboni (2006), os jovens de hoje já encontraram um ideário ecológico e econômico, com

suas muitas e diferentes versões espalhadas pelo mundo. Para o autor, todo um trabalho de

sensibilização foi feito por organizações não governamentais, empresariais e organismos de

direitos humanos, para que a questão ambiental fosse paulatinamente incorporada à agenda

pública.

Segundo o autor, as preocupações com a juventude e o meio ambiente se transformaram em

moedas políticas que circulam em espaços governamentais e não-governamentais, na

sociedade civil e no mercado. Deboni (2006) ressalta que podem ser usadas de diferentes

maneiras, oportunas e oportunistas. Podem ser usadas apenas como um apelo comercial, pois

afinal, o ecológico está na moda.

A juventude enfrenta o desafio de estabelecer um diálogo entre as gerações. Canaisde comunicação devem ser estabelecidos para que os jovens possam ofertar suaperspectiva geracional ambientalista para renovar o histórico movimentoambientalista (DEBONI, 2006, p. 8).

De acordo com o Documento Base da 1ª Conferência Nacional de Juventude, Brasília 2008,

entre os desafios de estudar, trabalhar, divertir e segurança, os jovens preocupam com o meio

ambiente. A juventude percebeu que os problemas ambientais estão relacionados ao modelo

de sociedade de consumo, de economia e de desenvolvimento existente. Além de sofrer com

as conseqüências dos abusos e da falta de consciência ambiental das gerações passadas, recai

hoje sobre os jovens a tarefa inadiável de transformar a dívida que receberam em crédito para

as próximas gerações.

Deboni (2006) afirma que o ambientalismo também pode ser um importante instrumento para

aproximar e ampliar o diálogo entre as diferentes juventudes afastadas por desigualdades e

diferenças sociais. Por isso, segundo o autor, é necessário e urgente que os diferentes

segmentos juvenis se escutem mutuamente e encontrem caminhos comuns para dar conta de

seus problemas específicos, fazendo de forma articulada a busca comum da sustentabilidade

socioambiental.

Diante do exposto no decorrer do capítulo pode-se perceber que o desenvolvimento

sustentável é responsabilidade de todos. As ações governamentais e não-governamentais

devem ser unificadas, com um único objetivo, isto é, a busca pelo equilíbrio da vida. O

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próximo capítulo terá como assunto a metodologia de análise adotada para a monografia e

estudo de caso dos programas produzidos pelos jovens da Associação Imagem Comunitária

(AIC).

4.ASSOCIAÇÃO IMAGEM COMUNITÁRIA (AIC) E RÁDIO UFMG EDUCATIVA:PROTAGONISMO JUVENIL E POLÍTICAS PÚBLICAS DE JUVENTUDE

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 4.1 Metodologia de análise

Os cincos programas produzidos e apresentados na Rádio Educativa UFMG pelos jovens daAssociação Imagem Comunitária (AIC), entre os dias 22 e 26 de outubro de 2007, serão

analisados sob a ótica documental, do conteúdo e do discurso. Vale ressaltar que o período de

execução dos programas foi de cinco dias no mês de outubro no ano de 2007. O principal

objetivo deste trabalho é mostrar como os jovens podem utilizar os rádios em prol do

desenvolvimento sustentável e ampliar os debates em prol de políticas públicas.

De acordo com Lopes (2001) apud Moreira (2006), na análise documental, a comunicação por

natureza deve recorrer a vários níveis de análise, não teria um só método apropriado. Para o

pesquisador, a análise documental representa uma entre as técnicas disponíveis aos

pesquisadores para qualificar o seu trabalho e, como tal, sofre influência dos campos

científicos que a empregam sistematicamente.

Segundo Moreira (2006), a análise documental compreende a identificação, a verificação e a

apreciação de documentos para determinados fim. A autora diz que este tipo de análise

processa-se a partir de semelhanças e diferenças, é uma forma de investigação que consiste

em um conjunto de operações intelectuais que tem como objetivo descrever e representar os

documentos de maneira unificada e sistemática para facilitar a sua recuperação.

A análise documental, muito mais que localizar, identificar, organizar e avaliartextos, som e imagem, funciona como expediente eficaz para contextualizar fatos,situações, momentos. Consegue dessa maneira introduzir novas perspectivas emoutros ambientes, sem deixar de respeitar a substância original dos documentos(MOREIRA, 2006, p. 276).

A metodologia deste trabalho envolve, também, uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil

(1999), é um material elaborado, principalmente a partir de livros, textos e artigos científicos.

De acordo com o autor, a vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de possibilitar ao

pesquisador uma cobertura mais ampla do assunto do que aquela que ele poderia pesquisar

diretamente.

Outro passo para nossa metodologia é a análise de conteúdo. Conforme Fonseca Júnior(2006), a análise de conteúdo é impossível de ser ignorada. Segundo o autor, este tipo de

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análise se refere a um método das ciências humanas e sociais destinado à investigação de

fenômenos simbólicos por meio de várias técnicas de pesquisa.

De acordo com Fonseca Junior (2006), embora seja considerada uma técnica híbrida por fazer

ponte entre formalismo estatístico e a análise qualitativa de materiais, a análise de conteúdo

oscila entre esses dois pólos, ora valorizando o aspecto quantitativo, ora o qualitativo,

dependendo da ideologia e dos interesses do pesquisador.

A análise de conteúdo é sistemática porque se baseia num conjunto deprocedimentos que se aplicam da mesma forma a todo o conteúdo analisável. Étambém confiável – ou objetiva  – porque permite que diferentes pessoas, aplicandoem separado as mesmas categorias à mesma amostra de mensagens, possam chegar

às mesmas conclusões (FONSECA, 2006, p. 286).

A análise do discurso, segundo Pêcheux apud  Fonseca Junior (2006), possui uma estreita

ligação com a análise do conteúdo. Para Pêcheux, um discurso é determinado pelas suas

condições de produção e por um sistema lingüístico.

De acordo com Manhães (2006), discurso é a linguagem em curso, ou seja, em movimento.

Para o autor, o discurso implica a compreensão de que a mensagem é construída no interior deuma conversa e é a concretização de um ato.

A linguagem é um instrumento de comunicação que está sempre em atividade, sejanas relações cotidianas, coloquiais, seja nas interações institucionais, formais.Discurso, enfim, é a apropriação da linguagem (código, forma, abstrato e impessoal)por um emissor, o que confere a este um papel ativo, que o constitui em sujeito daação social (MANHÃES, 2006, p. 305).

Para a realização das análises foi gravado uma série de cinco programas apresentados pela

Associação Imagem Comunitária, ano de 2007, em parceria com a emissora 104,5FM Rádio

UFMG Educativa.

4.2 Associação Imagem Comunitária: uma trajetória em favor do direito de comunicar9 

A Associação Imagem Comunitária (AIC), fundada no ano de 1993, realiza produções

audiovisuais, eletrônicas e impressas em parceria com grupos voltados à promoção da

9 Título do artigo escrito por Rogério Faria Tavares, livro   Mídias comunitárias, juventude e cidadania,organizado por Rafaela Lima, 2. ed. Revista e atualizada – Belo Horizonte: AIC, 2006.

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cidadania, encontros e seminários de discussão de temas ligados à democratização da

comunicação, além de fomentar a criação de meios comunitários.

Desde então, a entidade envolve e desenvolve oficinas e cria meios de comunicação que

contam com a participação de diversos grupos, como população de rua, usuários de serviços

de saúde mental, moradores de vilas e favelas, escolas, ONGs e iniciativas comunitárias de

defesa dos direitos humanos e que realizam projetos de cultura e mobilização social.

No livro “Mídias Comunitárias, Juventude e Cidadania,” Rogério Faria Tavares (2006)

relembra o processo histórico de surgimento da Associação Imagem Comunitária (AIC) na

capital mineira. Segundo Tavares (2006), para retratar e explanar melhor o advento da AIC, oautor afirma que há a necessidade de contextualizar o “Direito de Comunicar” (p.13).

Para o autor, faz-se essencial, primeiramente, relacionar o campo da comunicação ao campo

do Direito, mais especialmente do Direito Internacional Público, ambiente em que floresceu

relevante debate sobre este bem jurídico a que chamamos de comunicação. Segundo Tavares

(2006), o Direito Internacional Público é o ramo da Ciência Jurídica que regula as relações

entre Estados Nacionais e, modernamente, as relações entre Estados e organizaçõesinternacionais, organizações internacionais entre si, e entre indivíduos, Estados e

organizações.

A necessidade de que os temas centrais da vida internacional sejam examinados eregulados pelo Direito Internacional há muito tempo motiva vários dos integrantesda sociedade jurídica a debaterem a questão da comunicação (TAVARES, 2006,p.14).

Entre UNESCO, Organização Mundial do Comércio, União Internacional de

Telecomunicações e outros órgãos governamentais e não governamentais, Tavares (2006)ressalta que o processo de tornar o direito de comunicar aos países do terceiro mundo e das

nações em desenvolvimento sempre foi debate no cenário internacional. O autor chama

atenção ressaltando que a comunicação não pode permanecer confinada à esfera dos

interesses privados, e sim um dever e direito de todos.

De acordo com Tavares (2006), no Brasil é possível afirmar que o trabalho empreendido pela

Associação Imagem Comunitária concretiza em suas práticas, os ideais desenhados pelosformuladores do Direito de Comunicar.

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A cena institucional brasileira dos últimos anos não pode ser compreendidacorretamente se não houver um estudo rigoroso da atuação das ONG s. Com a criseenfrentada pelos canais tradicionais de participação popular, como os sindicatos e os

partidos políticos, tais organizações se firmaram como modelos capazes de agregarcidadãos em torno de causas comuns, quase todas envolvendo a implementação dedireitos garantidos pelo ordenamento jurídico e não efetivados pela ação dosgovernos (TAVARES, 2006, p.20).

Para o autor, as ONGs nasceram pela necessidade de agir em instâncias em que os governos

não quiseram ou não conseguiram atuar, caracterizando-se como grupos de pressão,

articulados para influir na tomada de decisões sobre temas de seu interesse. Tavares (2006)

afirma, ainda, que todas as considerações sobre o surgimento das ONGs no cenário

internacional é de suma importância para compreendermos o nascimento da Associação

Imagem Comunitária.

Dito isto, posso tocar no que é o ponto central de proposta da AIC: educar o povopara o exercício da comunicação como um direito de cidadania. A entidade optoupor investir na formação de agentes que sejam autores de seu destino, e nãotelespectadores ou ouvintes passivos do desenrolar da história (TAVARES, 2006,p.22).

Em síntese percebe-se que a AIC foi fundamental para a expansão das políticas públicas decomunicação social no Brasil e, principalmente, em Belo Horizonte. A autonomia da

Associação na produção de informação foi o diferencial de muitas organizações não

governamentais. A divulgação, manifestação entre outras ações que são mantidas pelas

mesmas ganharam visibilidade e popularidade nos meios de comunicação de massa

ampliando ainda mais o debate e ambiente público.

4.3 Rádio UFMG Educativa  – 104,5 FM

Inaugurada oficialmente no dia 6 de setembro de 2005, a UFMG Educativa é uma opção paraos ouvintes da Grande BH. A programação é composta por programas jornalísticos que

apresentam os principais fatos e acontecimentos. Além de conhecer um pouco mais sobre o

universo da Universidade, o ouvinte também tem acesso às notícias nacionais e locais que

influenciam no seu dia-a-dia.

A programação é variada, com pílulas sobre diversos assuntos e programas diários produzidos

em parceria com alunos e professores da UFMG e entidades do terceiro setor.

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A composição de funcionários varia de jornalistas a publicitários. Ao todo são 11

profissionais com funções distintas e específicas, sendo distribuídos entre: Diretor Executivo,

Coordenação de Programação Musical, Produtor Executivo; Coordenação de Jornalismo;

Coordenação Técnica, Coordenação de Publicidade e Spots, Locutores, Engenharia;

Coordenação de Núcleo de Tratamento da Informação, Motorista e Coordenação de Parcerias.

Para considerar a emissora como rádio educativa é preciso todo um processo burocrático e

 jurídico conquistado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com a

legislação de telecomunicações brasileira, cada município tem o direito de possuir uma

emissora de rádio educativa em sua região demográfica.  

Segundo dados do Ministério das Comunicações, a definição indica os serviços de

radiodifusão: sonora (rádio) e de televisão (de sons e imagens - TV), estão disponíveis a

qualquer pessoa do povo, livre e gratuitamente, bastando, para recebê-los, que o interessado

adquira, em lojas especializadas, os aparelhos próprios à sua recepção, para utilização em

residências, carros ou mesmo à mão (equipamentos portáteis), sem ter que pagar pelo acesso à

programação.

É importante frisar que os serviços de radiodifusão, como definidos na ConstituiçãoFederal, têm por fundamento filosófico a finalidade educativa e cultural, a promoçãoda cultura nacional e regional e o estímulo à produção independente que objetive suadivulgação, a regionalização da produção cultural, artística e jornalística e o respeitoaos valores éticos e sociais da pessoa e da família, sendo permitida a exploraçãocomercial deles/desses serviços, na medida em que não prejudique esse interesse eaquela finalidade (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES, 2010).

De acordo com o Ministério das Comunicações, o serviço em caráter educativo não há

procedimento específico estabelecido na legislação, sendo observada a precedência do pedido,

ou seja, a ordem de sua entrada no Protocolo junto do Ministério. Podem executar o serviço

educativo a União, os Estados, Territórios e Municípios, as Universidades brasileiras e as

Fundações constituídas no Brasil cujos estatutos não contrariem o Código Brasileiro de

Telecomunicações.

4.4 Levantamento de dados

Programa I

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O primeiro programa apresentado no dia 22/10/2007 teve duração de vinte e seis minutos e

quarenta e sete segundos, dividido em dois blocos, tendo como tema “Conselho Municipal da

Juventude de Belo Horizonte.” O programa inicia com uma vinheta onde vários jovens

falando ao mesmo tempo dão o efeito hipnótico e confuso. Além disso, o som de interferência

ou congruência de ondas eletromagnéticas ao fundo ajuda nesta sensibilização de efeito

magnético das ondas. A composição do primeiro programa é de um locutor, operador de mesa

de áudio e convidados em estúdio e um via telefone.

Dando início ao programa, após a vinheta de abertura, o locutor Clebinho inicia apresentando

os convidados no estúdio: Roberto Emanuel e Frederico. Em seguida, Clebinho ressalta emsua fala sobre a temática do dia, Conselho Municipal de Juventude de Belo Horizonte. Em

seguida solta uma sonora de uma entrevista com o Roberto Emanuel a respeito do assunto.

Na sonora, Roberto Emanuel, membro do Coletivo Hip Hop Chama, inicia o debate sobre a

temática do Conselho Municipal de Juventude expondo o que é o conselho e seu

funcionamento. Segundo Roberto, é um espaço de reflexão, de amadurecimento de idéias, de

proposições políticas.As pessoas aprendem a discutir política. Não é igual a um conselho de educação esaúde que deliberam. O importante é você ter setores da sociedade refletindo sobrecertos assuntos que a afetam. É importante ter um setor da juventude refletindosobre o que a cidade esta fazendo para a juventude. É importante colocar a sociedadea par das coisas. E de certa forma se organizar e mobilizar consegue fazer um lobbye aprovar projetos com a Prefeitura para a juventude (Fala do convidado Roberto). 

Voltando para os estúdios, Clebinho pede aos convidados antes de iniciarem o debate do dia

que se apresentem e falem da relação que os grupos que participam têm com o Conselho.

De acordo com Frederico, integrante do grupo NUC e do Coletivo Hip Hop Chama . A relação

de seu grupo com o Conselho se dá por que o NUC tem uma preocupação de participar na

vida ativa da sociedade.

Discutir juventude, cultura, periferia é importante, e o espaço do conselho é ondecolocamos idéias e opiniões e levando um pouco do olhar de nossas vivências (Falado convidado Frederico).

Segundo Roberto, sua participação no Conselho inicia em sua estruturação.

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Eu participei da estruturação do conselho/nomeação dos conselheiros e conferências.A relação com o conselho é a luta pelos direitos da juventude na cidade de BH, é deestar participando e levando resoluções e propostas para a agenda pública domunicípio (Fala do convidado Roberto).

Fazendo a moderação do programa Clebinho pergunta para Frederico, um dos convidados,

qual e a função dele dentro do Conselho.

Segundo Frederico, ele foi eleito no conselho a representar à promoção da igualdade racial.

Eu já vinha participando de outros movimentos da cidade. O mais marcante, há 10anos, é o Movimento da Juventude Negra e Favelados, que organiza diversascomunidades, vilas e favelas para discutir políticas públicas. Pra mim está sendo

importante, pois estou levando algumas propostas deste movimento e ver o que osoutros jovens da cidade estão fazendo e pensando a respeito (Fala do convidadoFrederico).

Com a palavra Clebinho pergunta como está o funcionamento do Conselho hoje, sendo a data

referente 22 de outubro de 2007. De acordo com Roberto, o funcionamento do conselho se dá

através de reuniões temáticas de políticas públicas de juventude divididas em quatro eixos.

Ele está no início de sua gestão, cinco a seis meses de funcionamento. Sua sede é em

Belo Horizonte. A partir de agora vai fazer debate e discussão em torno das políticaspúblicas de juventude que existem na cidade (Fala do convidado Roberto).

Dando sequência, Clebinho pergunta “como as pessoas fazem para acessar o local e demandar 

o conselho. Até então sabe-se que o conselho foi eleito mas que não tem apropriação direta

destas pessoas,” ressalta.

Com a palavra Roberto Emanuel responde que:

o processo de participação da vida pública da cidade não é fácil. Não é elegendo edando representantes a um conselho que já está mil maravilhas. Ele é um conselhonovo e está se estruturando, e as pessoas que foram eleitas não têm muitaexperiência para trabalhar com esta temática da juventude, que é muito nova. Eupercebo que as pessoas estão empenhadas. Para os demais interessados é buscarinformações sobre o Conselho (Fala do convidado Roberto).

Com a palavra Frederico diz concordar com a opinião do Roberto.

O Conselho é um espaço novo. Houve um processo de mobilização, diversos jovensda cidade sabem deste espaço criado. A apropriação é um processo também. É umconselho que não delibera, ele é consultado e faz proposições para encaminhar as

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políticas públicas que atendam a juventude de Belo Horizonte (Fala do convidadoFrederico). 

Em seguida o locutor pergunta se o conselho pode propor? De acordo com Roberto Emanuel,

sim.

Ele não é um espaço de execução de políticas públicas. É um espaço de proposição.Se em Belo Horizonte irá criar uma pesquisa sobre o perfil da juventude de cidade, oconselho vai opinar sobre a pesquisa (Fala do convidado Roberto).

Para encerrar o primeiro bloco é apresentada um música do grupo NUC. Logo em seguida é

colocado a sonora do apoio cultural sobre Campanha alimentação saudável da Câmara dos

Deputados e do Ministério da Saúde.

Voltando para o estúdio e iniciando o segundo bloco  Clebinho lembra o nome dos convidados

e pessoas presentes na estrutura do programa. Chama atenção para participação de uma jovem

convidada, que pelo telefone, contribui para o debate. Em seguida o locutor contextualiza a

convidada sobre a temática e pede para falar de seu papel no conselho.

A convidada Áurea Carolina é uma jovem que participa de movimentos de juventude em Belo

Horizonte. Além disso, é Secretária Executiva do Conselho Municipal de Juventude. Sua

função é tomar notas e ajudar a moderar as atividades do Conselho. Áurea ressalta que parte

do Conselho é eleita pela sociedade e parte pelo governo municipal.

A interação entre os convidados também é realizada, pois Roberto Emanuel pergunta a Áurea

sobre a metodologia para o próximo encontro do Conselho. Respondendo, Áurea ressalta que

o Conselho está tentando criar um espaço novo que tenha a cara dos jovens.

Neste primeiro encontro, com um ciclo de debates, vamos discutir juventude,participação e democracia, buscar refletir com os demais jovens sobre o especo doconselho o que significa participação social. Como os jovens podem se interagir esua opinião influenciar. Queremos fazer um encontro descontraído. Terá umconvidado para falar da experiência e facilitar toda a discussão (Fala da convidadaÁurea).

Para encerrar o programa, Clebinho despede da Áurea e agradece a participação. Pede aos

convidados no estúdio que deixem um recado para os ouvintes.

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Roberto despede ressaltando que o espaço do conselho não foi dado, foi conquistado e

reivindicado pelos movimentos de juventude de Belo Horizonte e região metropolitana

através do Fórum de Juventude10. Frederico agradece ao programa e diz que o conselho é

importante para que a juventude se apodere do espaço do conselho.

É colocada a vinheta de encerramento falando em seguida da realização do projeto e os

parceiros envolvidos, sendo a Associação Imagem Comunitária, Rádio UFMG Educativa  –  

Centro de Divulgação de Comunicação da UFMG e Petrobrás.

Programa II

O segundo programa apresentado no dia 23/10/2007 teve duração de vinte e nove minutos e

vinte segundos, divididos em dois blocos, com o tema “Políticas Públicas de Juventude.” O

programa inicia com uma vinheta onde vários jovens falando ao mesmo tempo dão o efeito

hipnótico e confuso. Além disso, o som de interferência ou congruência de ondas

eletromagnéticas ao fundo ajuda nesta sensibilização de efeito magnético das ondas. Após a

vinheta, o locutor Clebinho inicia o programa apresentando os convidados: Giovanna, ÁureaCarolina, Samuel e Igor. Para dar atenção aos convidados o locutor Clebinho divide a

participação dos mesmos entre os blocos, sendo no primeiro bloco Igor e Giovanna, e no

segundo Áurea e Samuel.

Giovanna é do Grupo Cultural ENTREFACE. A jovem teve uma participação no processo de

construção da Rede Jovem de Cidadania, projeto da entidade Associação Imagem

Comunitária. Segundo Giovanna, o grupo tornou autônomo na produção de comunicação etrabalha com projetos de comunicação em escolas, buscando levar a comunidade para dentro

da escola.

Áurea Carolina é membro do Coletivo Hip Hop Chama e participa de outros movimentos de

  juventude como o Grupo de Rap Dejavu. Além disso, é Secretária Executiva do Conselho

10 O Fórum da Juventude da Região Metropolitana de Belo Horizonte foi criado a partir do Programa“Observatório da Juventude da UFMG”, iniciado em 2003. O fórum situa-se no contexto das políticas de açõesafirmativas, apresentando uma proposta de extensão articulada com ações de pesquisa e ensino em torno datemática educação, cultura e juventude – Fonte http://www.fae.ufmg.br/objuventude/quemsomos.php 

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Municipal de Juventude de Belo Horizonte. Junto com os membros do Grupo realiza ações de

formação em comunidades a jovens de Belo Horizonte.

Samuel é membro do Grupo Ofusca ligado à Igreja Católica e realiza outras atividades sociais

 junto da comunidade onde mora.

Igor é, também, membro do Grupo Ofusca ligado à Igreja Católica e realiza outras atividades

sociais junto da comunidade onde mora.

O locutor Clebinho inicia o programa com uma pergunta para o ENTREFACE e Ofusca:

como é trabalhado a temática Políticas Públicas de Juventude nos respectivos grupos?

Com a palavra, Igor ressalta que o grupo trabalha com a metodologia de conquistar as coisas

em conjunto.

O deixa de ser um sonho pessoal, agente se reúne, através dos diálogos e discussõessendo as bases para conquistar os objetivos levantados pelo próprio grupo, porexemplo, a educação, meio ambiente e saúde pública do bairro (Fala do convidadoIgor).

De acordo com Giovana, o grupo que participar a todo o momento tenta interagir com os

demais movimentos e comunidades. “A todo tempo em construção coletiva e mobilização de

pessoas para conseguirmos as coisas,” diz.

Fazendo a moderação, Clebinho diz que tem várias coisas previstas em leis que não são

cumpridas. Chama atenção dos convidados para as políticas públicas que não são cumpridas,

e pergunta como o grupo reage diante de determinada situação.

Para Igor, na realidade o jovem não conhece tão profundamente dos deveres e direitos que

tem. Principalmente envolvendo a questão quando o jovem forma o 2º grau e vai para o nível

universitário.

Ele passa por um processo seletivo como o vestibular e não consegue, por ele não terrenda e condições de terminar o nível superior. A gente faz essa reflexão com os jovens na comunidade (Fala do convidado Igor).

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O locutor Clebinho pergunta para Igor se ele tem outro exemplo de como o grupo (Ofusca)

tenta fazer com que os jovens discutam essas temáticas. Com a palavra Igor diz que o Grupo

criou o pré-vestibular comunitário.

À medida que os jovens vão adquirindo experiência na universidade vão passandopara os demais. O grupo busca sempre trabalhar a reflexão de manter os jovensinformados para conseguir alcançar seus objetivos (Fala do convidado Igor).

Moderando a participação dos convidados Clebinho pergunta para Giovana como é no grupo

ENTREFACE, a atuação na escola e como leva a discussão das políticas públicas, “e se

leva”, para dentro das escolas que atua. Giovana diz que a todo o momento o grupo tenta

levar a discussão para dentro da escola e, ainda, tenta fazer com que os professores entrem nodebate.

A nossa vontade é que a escola se forme como um todo, um trabalho junto. Convidaa comunidade, pois esta faz uma falta nas discussões. A participação da juventudepode causar certa confusão, o não discernimento da política partidária e a política dodia-a-dia. O acesso a informação leva a induzir o jovem a participar. Não só deportuguês e matemática deve ser a escola, mas da realidade social dos jovens (Falada convidada Giovana).

Em seguida Clebinho insere outro assunto em debate para os convidados. O locutor ressalta

os movimentos de juventude na década de 60, regime militar, dizendo que “os jovens de antes

lutavam mais”, sempre buscam referência nos mais antigos, na época da ditadura, e pergunta

o que os convidados podem opinar a respeito.

Igor ressalta que primeiro tem de saber como essa informação chega ao jovem de hoje.

Saber discernir a política da época e a política de hoje. Várias decisões foramtomadas, e que influenciam tanto na educação e saúde, e os jovens estão presentesnesta área. Reunir as pessoas para uma manifestação é legal, mas ao mesmo tempo o

  jovem entre si devem estar bem articulado para conseguir alcançar seusobjetivos/direitos. É difícil comparar o jovem antes com os de hoje. A realidade nãoé a mesma (Fala do convidado Igor).

Dando sequencia Clebinho pergunta para Igor como é possível trabalhar a potencialidade do

  jovem hoje sem ficar comparando com os jovens de antes. Igor diz que o jovem precisa de

uma assessoria, uma pessoa com experiência e metodologia para formar esse jovem.

O jovem sozinho não tem referência!. Com a assessoria de uma pessoa, capaz de

capacitá-los para a multiplicação dos grupos. O acessor é uma mera peça e ospróprios jovens dão conta do recado de organizarem (Fala do convidado Igor).

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Após a resposta do convidado Igor, o locutor chama para o intervalo do primeiro bloco. Em

seguida é colocada a vinheta de dicas de saúde com o Doutor Dráuzio Varela sobre os riscos

na gravidez. Para o segundo bloco os convidados são Áurea e Samuel.

Clebinho pergunta para Áurea o que é políticas públicas. Respondendo Áurea diz que são

ações governamentais voltadas pra efetivação de direitos sociais, fundamentais das pessoas.

Uma política tem de ser executada pelo Estado. A gente pode participar apontando eacompanhando todo o processo de construção, quais são as reais necessidades, otempo inteiro acompanhar, mas a execução passa por um órgão governamental (Falada convidada Áurea).

Em diálogo com Áurea, Clebinho pergunta como se faz para conseguir implementar,

conquistar, essa política pública e pede um indicativo que o grupo tenha para exemplificar.

Com a palavra Áurea ressalta que o processo de formação da política é muito mais amplo do

que chegar ate o governo com uma ideia formatado do que deve ser a política.

Desde o nosso cotidiano, o que pensão os amigos na escola e idéias no nosso dia-a-dia. O que deve ou não ser construído. Além disso, existem os espaços como osconselhos, fóruns entre outros espaços públicos que podem ser encaminhado osprojetos. Há várias instâncias que são inacessíveis, mas à medida que vamosconhecendo temos a maior chance de influenciar (Fala da convidada Áurea).

Trazendo o convidado Samuel para o debate, Clebinho pergunta como o grupo Ofusca

trabalha a relação entre a Igreja e as políticas públicas de juventude. Samuel comenta que o

grupo trabalha com uma metodologia de pertencimento e protagonismo.

Cle binho insere no debate sobre o “Fórum de Entidades” que acontece em Belo Horizonte e

pergunta para Áurea quais são as bandeiras defendidas no Fórum. Respondendo, Áurea diz

que o Fórum de Entidades e Movimentos Juvenis da Região Metropolitana de BH é umespaço de convergências entre organizações de juventude e que trabalham com juventude,

formal e informal.

A discussão do acesso da juventude à cidade, conseguimos concretizar em três focoso acesso da juventude a cidade: passe livre transitar a juventude pela cidade(mobilidade urbana); enfrentamento a violência policial (vários casos de violênciana região) e a maioridade penal (redução da pena) - (Fala da convidada Áurea).

Ainda sobre o Fórum, Clebinho pergunta como os jovens podem acompanhar as discussões

do Fórum. Segundo Áurea, o Fórum tem criado os espaços para que os jovens participarem,

Seminários e pequenas ações para ouvir ainda mais os jovens, sem complicar o discurso. “A

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gente tem buscado espaços culturais e jogos para descontrair a participação nos encontros.

Estamos buscando desdobrar em mais outras ações”, diz Áurea.

Programa III

O terceiro programa apresentado no dia 24/10/2007 teve duração de 25’26 vinte e cinco

minutos e vinte e seis segundos, divididos em dois blocos, com o tema “Produção

Independente.” O programa inicia com uma vinheta onde vários jovens falando ao mesmo

tempo dão o efeito hipnótico e confuso. Além disso, o som de interferência ou congruência de

ondas eletromagnéticas ao fundo ajuda nesta sensibilização de efeito magnético das ondas.Após a vinheta, o locutor Clebinho inicia o programa apresentando os convidados: Warley

“Mosquito” e Jeferson “MC Jefinho.” 

O convidado Warley “Mosquito” é representante do Grupo Literário “Sociedade da Palavra”,

da comunidade Vila Maria. O grupo iníciou os seus trabalhos no final de outubro de 2006

tentando lançar um livro totalmente independente. Além disso, o grupo atua com intervenções

dentro e fora da comunidade e com projetos para captação de recurso.

O convidado Jeferson é músico e conhecido entre os jovens por “MC Jefinho.” O convidado é

integrante do Movimento Funk Queda de Braço. O grupo tem onze anos de atuação no

movimento funk.

Dando sequência ao programa Clebinho pergunta para os convidados quais são as (os)

dificuldades e/ou desafios para alcançarem um produto final, no caso um livro e/ou cdindependente.

Respondendo Mosquito ressalta que a dificuldade que o grupo tem encontrado é que tudo

precisa escrever projeto e concorrer com vários outros, dentre os de Belo Horizonte e região

metropolitana. “Temos que estar estruturado para saber escrever um projeto. A falta de verba,

recurso, também é uma das dificuldades”, comenta Mosquito.

MC Jefinho diz que a falta de apoio para escrever projetos é o principal desafio do movimento

que participa. “Sempre tem amigos que ajudam-nos com alguma coisa, e isso é que nos dá

força para continuar os trabalhos,” diz

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Em seguida Clebinho pergunta para MC Jefinho como foi finalizar o cd queda de braço sem

esse apoio e base que ele ressaltou. De acordo com Jefinho, são amigos que ajudam com

alguma coisa. “Tenho amigos produtores onde cada um se propôs a produzir uma faixa do cd.

Cada um que ajudava entrava com a logomarca no encarte do CD.

De acordo com Mosquito, o grupo tem desenvolvido várias coisas com parcerias. Por

exemplo, o Produto Tosco, é um parceiro, um selo. Este selo é para que as pessoas que não

tem acesso e recurso para viabilizarem seus trabalhos.

Dentro da proposta do Produto Tosco, a gente está viabilizando um projeto na áreado audiovisual para dar visibilidade para os trabalhos que são produzidos e não tem

o reconhecimento maior em Belo Horizonte (Fala do convidado Warley Mosquito).

Para encerrar o primeiro bloco  Clebinho chama para o intervalo e anuncia aos ouvintes a

música do Queda De Braço, movimento funk que Jefinho participa. Logo em seguida é

colocada a sonora de dicas de saúde, esta sobre nutrição, uma espécie de apoio cultural, sendo

uma campanha da Câmara dos Deputados e do Ministério da Saúde

Abrindo o segundo bloco Clebinho anuncia a participação do Coordenador do processo de

migração da Rede Minas para TV digital e jornalista, Israel do Vale. Além disso, o convida

para contextualizar aos ouvintes e convidados sobre o que é produção independente.

Com a palavra Israel do Vale inicia com a pergunta “o que entendemos de produção

independente?.” Segundo Vale, o mercado de audiovisual no Brasil ele foi estruturado numa

lógica que é uma distorção em relação ao que se passa no resto do mundo. Isto por que quem

imprimiu essa lógica foi o modelo de TV comercial no Brasil, que é qual: a TVs exibem o que

elas produzem um modelo verticalizado.

De acordo com o Coordenador, as TVs tem uma comunicação permanente com o mercado

independente. Empresas que criam vídeos, por exemplo, a BBC.

O que acontece no Brasil é que a produção independente tem dificuldades de seestabelecer até os dias de hoje. O Ministério da Cultura tentou abrir as portas paraestabelecer um diálogo, um relacionamento novo entre as TVs comerciais e aprodução independente através de editais. Ao mesmo tempo a produçãoindependente tem tentado se estruturar de outra forma, como inclusão de novos

agentes que querem dar seu recado através dos vídeos, como o youtube. Isso mostraque a sociedade quer ver e ouvir a sua voz nas grandes TVs, ou seja, expressaremseu ponto de vista. Eu sou um grande entusiasta que acredito nos caminhos que

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podem inovar a TV é a produção independente (Fala do convidado-participação aovivo Israel do Vale).

Para ampliar, ainda mais, a discussão Clebinho pergunta a Israel, qual o caminho que você

enxerga, um indicativo para a galera que está chegando que pode percorrer vir a dar certo

neste cenário. Israel ressalta que estamos vivendo a “Era do Descontrole.”

Não adianta mais as empresas darem regras, pois valem até certo ponto. Por que asociedade está utilizando os instrumentos de comunicação, câmeras fotográficas,celulares, etc, com mais freqüência. Todo mundo esta experimentando a produção.O caminho é esse. É muito mais fácil produzir. Não dá para se inibir, tem demanifestar e mostrar as habilidades e avançar para a profissionalização. Acapacidade das pessoas mostrarem a história através do audiovisual é muitoimportante (Fala do convidado-participação ao vivo Israel do Vale).

Em seguida Clebinho agradece a participação e volta para os estúdios perguntando para os

convidados como ambos se comportam diante das tecnologias.

MC Jefinho concorda com os argumentos de Israel e diz que o movimento funk, dentre outros

movimentos, tem de dar as caras mesmo. Para Jefinho, são vários os locais onde podemos

postar nossas idéias. Por exemplo, o vídeo de nosso clipe postado no youtube, temos de ser

autônomo nas produções.

De acordo com Mosquito, o grupo literário tem uma comunidade no Orkut, site de

relacionamento muito utilizado por jovens. Além disso, o grupo em parceria com Associação

Imagem Comunitária produziu alguns documentários, fazendo uso e desuso das tecnologias.

Após anunciar o encerramento do programa, Warley pede para o locutor recitar um poema de

sua autoria.

Poema recitado por Mosquito durante o terceiro programa

Opressores dos desmoralizadosÉ tudo cinza dentro de baleias de aço nessa selva de pedraSobrevivo como um eremita relíquia de um homem só Buscando a felicidade embaixo de cada pedra que tropeçoQuem saiba você um dia realmente reconhece o que é represáliaUm homem descalço vivendo em cima de muro pisando em navalhas Meu sonho é do tamanho de uma gota de chuva despercebida na enxurrada

Tocando as faces de uma retina doente na cidade escura Nessa vida de refrões censurados onde chora os corações ecoadosOs meus acusados e acusadores são vitimas da minoria que se intitulaSistema, do mesmo jeito o crime me frusta também, é foda

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Escravizam as crianças e desrespeito o senhor e a senhora  Não me confunda, eu sou um cara que mente demente, um vira-lata que tearreganha os dentesUm louco admirável que compõe a luz dos dedos...

Encerrando o programa Clebinho despede dos convidados e ouvintes. Antes de colocar a

vinheta de encerramento do programa é apresentada uma música, porém sem identificação

pelo locutor. Logo em seguida é colocada a vinheta de encerramento.

Programa IV

O quarto programa apresentado no dia 25/10/2007 teve duração de trinta e três minutos e

vinte e um segundos, dividido em dois blocos, tendo como tema “Redes.” O programa inicia

com uma vinheta onde vários jovens falando ao mesmo tempo dão o efeito hipnótico e

confuso. Além disso, o som de interferência ou congruência de ondas eletromagnéticas ao

fundo ajuda nesta sensibilização de efeito magnético das ondas. Após a vinheta, o locutor

Clebinho inicia o programa apresentando os convidados: Diogo de Paula e Michel.

Diogo de Paula é representante do movimento Fave Rock e integrante da banda Insolidum.

Além disso, participa de movimentos sociais do aglomerado da Serra, bairro na Zona Sul de

Belo Horizonte, é oficineiro de rádio em escolas através do projeto Rede Jovem de Cidadania

da Associação Imagem Comunitária.

Michel é representante e integrante de vários coletivos, trabalha na Associação Imagem

Comunitária e faz parte da banda Coletivo Dinamite, além de, ser membro de outras redes.

Dando início ao programa Clebinho pergunta para Michel qual das redes tem mais a ver com

o perfil dele. Michel responde que é a Rede Jovem de Cidadania e o Centro de Mídia

Independente. Com a palavra Clebinho pergunta para Diogo como conseguiram consolidar o

movimento musical Fave Rock.

Diogo responde que o movimento teve início em 1999 com quatro bandas . “A ideia inicial era

de tocar e mostrar o som que expressavam. Depois outras bandas começaram a procurar o

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movimento para realização de apresentações musicais e isso fez com que o movimento

surgisse.

Em diálogo com Diogo, Clebinho pergunta quais as dificuldades e como é a idéia de fazer um

movimento de rede de bandas. Diogo ressalta que a necessidade de expressar o som é de

várias bandas.

Nem todo mundo esta disposto a correr atrás, isso pode desmobilizar a galera. Pormais bandas que tenham, tem muitos que trabalham demais outros trabalham pouco(Fala do convidado Diogo).

Moderando o debate Clebinho pergunta para Michel se existe alguma formula para uma rededar certo. Michel responde que Não e complementa a resposta dizendo que depende dos

participantes, da cooperação e participação dos membros da rede.

Saber respeitar o tempo e consenso do coletivo onde todos se sentem contemplados.Cooperação e consenso é a melhor forma de todos sentirem contemplados (Fala doconvidado Michel).

Em seguida Michel explica como funciona a rede “Um  Milhão de Histórias.” De acordo com

Michel, é uma rede onde jovens relatam histórias de vidas e compartilham pela internet esse

conteúdo para demais jovens e por todo o Brasil através do portal

www.ummilhaodehistoria.org.br 

Dando sequência ao programa Clebinho chama para o intervalo com e anuncia uma música do

movimento Fave Rock. Após a música e colocada a sonora de dicas de saúde na gravidez com

orientações do Doutor Dráuzio Varela. Retornando para o segundo bloco, Clebinho anuncia a

participação, via telefone, de Rafaela Lima, sócio fundadora da Associação ImagemComunitária. Pede para a convidada explicar o que é rede para ela, ou seja, o que ela

compreende por rede

Para Rafaela Lima, rede é o que possibilita a construirmos coisas bacanas nesse nosso mundo

hoje.

No mundo que esta tão pautado no individualismo por idéias como o consumismo,rede nos permite acreditar que conseguimos construir coisas juntos. De conexão devarias ideias e iniciativas a gente consegue pensar em coisas mais interessantes (Falada convidada-participação ao vivo Rafaela Lima).

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Ampliando a participação da mesma Clebinho pergunta qual a política, ou metodologia, que a

Rede Jovem de Cidadania usa para fortalecer suas ações e ter mais gente participando.

Rafaela Lima ressalta que numa rede não existe essa ideia da rede ter centro.

O que a gente busca é que seja um projeto realizado e socializado com mais grupos  juvenis da região metropolitana e de Belo Horizonte. Através de convocaçãopublicada em nosso portal, convidamos as pessoas para interagir e participar daRede (Fala da convidada-participação ao vivo Rafaela Lima).

Com a palavra Clebinho pergunta como os grupos podem chegar até a Rede Jovem de

Cidadania. Rafaela Lima diz que a rede tem uma reunião mensal que acontece na sede da

Associação Imagem Comunitária. Além disso, a Associação recebe matérias da agência de

notícias que envia sobre informações e iniciativas que estão sendo empreendidas pela

 juventude da cidade. “Muita gente por conta da agência acaba nos conhecendo nos eventos de

 juventude e nas rodadas que fazemos no movimento,” fala Rafaela.

Voltando a atenção para os convidados no estúdio Clebinho pergunta para Diogo se o

movimento Fave Rock tem alguma articulação para voltar a funcionar. Segundo Diogo, no

atual momento o movimento não tem nada planejado. “Temos algumas bandas que estão

tentando resgatar, mas que nada para consolidar de vez a volta.”

Participando do debate Michel pergunta para Diogo se entre as bandas independentes existe

uma articulação. Diogo ressalta que as bandas por mais que se articulem, são ainda um pouco

individualista. “Isto é uma dificuldade de muitas bandas que conhecemos. Não existe de fato

uma união entre as bandas,” diz.

Após esse debate entre os convidados Clebinho anuncia o encerramento do programa,agradece os presentes e aos ouvintes. Em seguida é colocada uma música do Coletivo

Dinamite e a vinheta de encerramento após a música finalizando o quarto programa.

Programa V

O quinto e último programa apresentado no dia 26/10/2007 teve duração de vinte e oito

minutos e dez segundos, dividido em dois blocos, tendo como tema “Acesso Público.” O

programa inicia com uma vinheta onde vários jovens falando ao mesmo tempo dão o efeito

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hipnótico e confuso. Além disso, o som de interferência ou congruência de ondas

eletromagnéticas ao fundo ajuda nesta sensibilização de efeito magnético das ondas. Após a

vinheta, o locutor Clebinho inicia o programa apresentando os convidados: Valéria, Poliane e

Thiago.

Valéria é integrante da Associação Cultural de Orixás e Cia de Dança Bataca.

Poliane é estudante de Ciências Sociais, é integrante do Coletivo Hip-Hop Chama, cantora e

participante de alguns movimentos sociais e de juventude.

Thiago, apelidado de Doug, é membro do Hip-Hop Chama e outros grupos de jovens desde

2000 com objetivo de fortalecer a cultura em Belo Horizonte.

Iniciando a discussão no estúdio Clebinho pergunta aos convidados o que é acesso público.

Thiago responde ressaltando ser tudo que esta posto ai posto pra gente . “Temos acesso, todo

mundo acessa de uma forma ou outra, mas ocupar de forma produtiva estes espaços não é a

mesma coisa,” fala Thiago.

Valéria responde com uma pergunta “para qual tipo de público é realizado esse acesso?” A jovem com sua resposta leva para outra discussão.

Às vezes não temos acesso por não ter informação ou conhecer. Dependo de comochega a população as informações sobre acesso, principalmente aos jovens, derepente não chega isso (Fala da convidada Valéria).

De acordo com Valéria o Palácio das Artes é um exemplo.

Muitas pessoas nem sabe o que se passa e como ter acesso ao espaço destinado aarte e cultura. Quem não conhece pensa que não pode entrar ali, ai torna o lugarelitizado (Fala da convidada Valéria).

Para Thiago, o pertencimento é o principal fator e instrumento para termos acesso.

Moderando o debate Clebinho intervém alimentando a discussão. Segundo o locutor, tem

gestão pública e privada que não torna visível para outras pessoas a questão do acesso. Para

que enxerguem de outra forma o acesso e espaço público, como vocês tem acessado a mídiarádio TV, etc.

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De acordo com Thiago, o acesso se dá com a prioridade das pessoas.

A molecada tem que estudar, trabalhar e acabam não tendo acesso. Para nós do

movimento o acesso é maior devido a participação. Agente acaba conseguindoacessar estes espaços por causa disso. Mas para a grande maioria da juventude deperiferia é irreal, não existe de forma clara (Fala do convidado Thiago).

Com a palavra Clebinho anuncia a música e em seguida convida a Poliane, que chegou

atrasada, para entrar no debate. Para Poliane, acesso é ocupar, ter contato, pensar os lugares

de forma critica.

Não só passar por ali, mas passar e olhar e interpretar o que está acontecendo. Não

pode falar de acesso sem ocupação que é mais importante disso tudo (Fala daconvidada Poliane).

Após a fala da Poliane é colocada a sonora dicas de saúde com o Doutor Dráuzio Varela

dando orientações e riscos na gravidez. Retornando ao segundo bloco Clebinho pergunta aos

convidados quais os impactos que o acesso causa na mídia, como o acesso público interfere

na mídia em geral. 

Para Thiago, há um descaso da mídia de massa em geral em relação à postura que partes dapopulação tomam em relação ao acesso.

A mídia coloca como uma coisa muito banal. O processo de ocupação de qualquerespaço colocam como hábitos em vão etc. Se não fala isso na lata maquiam (Fala doconvidado Thiago).

Em seguida Clebinho comenta que além das praças, existe outros locais que possam ser

ocupados e que já estão sendo acessados mas as pessoas nem sabem que é uma forma de

acesso. Poliane ressalta que o que mais tem são espaços públicos “fechados.”

Não é qualquer pessoa que consegue ocupar determinado espaço, o acesso é umpouco restrito por exemplo a UFMG. Existem os museus, palácio das artes que sãopúblicos. Por mais que existam os acessos eles são um pouco restrito (Fala daconvidada Poliane).

Clebinho comenta que mesmo sendo restrito, o acesso é pouco demandado pela população,

não tem propostas de uso. “Tem vários grupos que reclamam da acessibilidade, mas você

pergunta se tem proposta e não tem iniciativa,” afirma.

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Após a intervenção do locutor, Valéria ressalta que a questão da exclusão social também

influencia no acesso. De acordo com a jovem, quando você não se sente no processo é muito

complicado. Poliane ressalta que a mídia é um veículo extremamente importante para divulgar

a possibilidade deste acesso e fazer cobertura das ocupações que estão acontecendo,

principalmente da galera de periferia que estão fazendo o caminho inverso, de descentralizar.

Sobre a fala da Poliane, Clebinho concorda e argumenta que a gente tem as coisas a serem

propostas, e reafirma que temos de ter estas políticas que incluem os cidadãos nos espaços

 públicos. “Quando você se sente foi excluído, você não vai quere acessar,” opina.

Pela primeira vez o operador da mesa de áudio, Wanderlei, pergunta para os convidados quais

os espaços que estão sendo ocupados por eles e pede para que falem das atividades que estãoacontecendo em Belo Horizonte.

De acordo com Thiago, o grupo que participa está ocupando a Praça da Estação, região

central da cidade de Belo Horizonte, com o   projeto “Duelo de MCs.”, segundo Thiago, a

intenção é ocupar debaixo do viaduto do bairro Santa Tereza também.

Devido ao tempo curto do programa as jovens não puderam responder a pergunta. Em seguidaClebinho pede para os presentes despedirem e deixarem os contatos. Com a palavra o locutor

realiza o agradecimento aos parceiros que ajudaram executar o projeto, e finalizando é

colocada uma música de encerramento.

4.5. Análise dos programas desenvolvidos pelos jovens da Associação Imagem

Comunitária em parceria com a Rádio Educativa UFMG

Os cinco programas produzidos e apresentados pelos jovens contemplados no projeto da

Associação Imagem Comunitária (AIC), entre os dias 22 a 26 de outubro de 2007, serão

analisados sob as seguintes categorias: a) temas abordados; b) número de participantes; c)

participação de ouvintes e d) conteúdo temático dos programas. O principal objetivo deste

trabalho é analisar como os jovens podem utilizar os rádios em prol do desenvolvimento

sustentável e ampliar os debates em prol de políticas públicas.

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4.5.1 Temas abordados

PROGRAMA TEMA ABORDADO

Programa I  Conselho Municipal de Juventude de Belo Horizonte

Programa II  Políticas Públicas de Juventude

Programa III  Produção Independente

Programa IV  Redes

Programa V  Acesso público

4.5.2 Número de participantes

PROGRAMA TEMA ABORDADO

Programa I  Cinco participantes

Programa II  Seis participantes

Programa III  Quatro participantes

Programa IV 

Quatro participantesPrograma V  Cinco participantes

4.5.3 Participação do público

PROGRAMA TEMA ABORDADO

Programa I  Uma participaçãoPrograma II  Nenhuma participação

Programa III  Uma participação

Programa IV  Uma participação

Programa V  Nenhuma participação

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4.5.4 Conteúdo tratado 

A decupagem feita para o processo de análise identificou pontos importantes para o presente

trabalho. O papel da política, das mídias, em nosso caso de estudo o rádio, da juventude em

prol do desenvolvimento sustentável e de políticas públicas mostra a necessidade de uma

transversalidade e unificação de ações, projetos e programas governamentais e não

governamentais que beneficiem não só a juventude, mas a sociedade civil como um todo.

No programa I o conteúdo tratado sobre o Conselho Municipal de Juventude de Belo

Horizonte foi sobre a criação, o funcionamento, representação e principais características do

conselho. Informações a respeito do que é, como acessar, quais as finalidades e quaisatividades estão sendo executadas pelo conselho, puderam ser exploradas no decorrer do

programa. Houve, ainda, um discurso pautado nas Políticas públicas de juventude e os

possíveis órgãos que podem representar este segmento diante da sociedade.

O programa II aborda como determinadas organizações, movimentos, grupos e coletivos,

formais e informais, de juventude trabalham com o tema Políticas Públicas de Juventude em

suas ações, programas e projetos. Para isso os convidados apresentavam e relatavam suasexperiências na elaboração e execução de atividades.

Os temas Conselho Municipal da Juventude de Belo Horizonte e Políticas Públicas de

Juventude, explorados no programa I e II, por exemplo, mostram a necessidade da criação e

implementação de determinados setores, conselhos e secretarias e demais órgãos públicos que

trabalhem e desenvolvam políticas e atividades para a juventude da capital mineira.

O programa III buscou retratar como determinadas organizações, movimentos, grupos e

coletivos, formais e informais, de juventude trabalham e/ou realizam a Produção

Independente. A busca pela Produção Independente de determinados produtos e serviços

como livro, cd, dentre outros, serviram como exemplos para serem debatidos no decorrer do

programa.

O programa IV refletiu como é feita a participação em Redes de determinados jovens

representantes ou não de movimentos, organizações, grupos e coletivos, formais e informais.

Para discutir o tema os convidados eram representantes de movimentos e coletivos e membros

de redes, como “Um milhão de história” e a “Rede Jovem de Cidadania.”  

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O programa V abordou como determinadas organizações, movimentos, grupos e coletivos,

formais e informais, de juventude trabalham a temática “Acesso Público.” O principal objeto

deste programa foi mostrar como os jovens entendem e vem ocupando os espaços públicos

existentes na cidade de Belo Horizonte. No decorrer do programa a temática ressaltou que o

acesso público existe de diversas formas, seja por invasão seja por projetos elaborados.

É possível perceber que temas como saúde, sexualidade, emprego e renda, meio ambiente,

educação, cultura, família, droga, dentre outros não foram explorados. O discurso utilizado

nos programas pelos jovens é simples e objetivo, não há grau de dificuldade para

compreensão e/ou interpretação das falas e palavras anunciadas ora pelo locutor, ora pelos

convidados.

As músicas exploradas nos intervalos também chamam a atenção. Todas são de grupos e

banda de jovens, integrantes de movimentos e coletivos. Percebe-se uma valorização cultural

entre a juventude. Do Rock e Hip Hop tocado a busca pela valorização do artista juvenil e

local é nitidamente explorado durante os programas.

Outro aspecto é a sonoplastia da vinheta. Parece existir uma congruência de ondas, ondevozes de jovens e microfonia se misturam dando a impressão de hipnose.

A parceria com o Ministério da Saúde e a Petrobrás mostra o grau de articulação feita para a

execução dos programas. As dicas de saúde com o Doutor Dráuzio Varella valorizam o

conteúdo dos programas.

Ressaltando a análise de conteúdo e dos programas, o rádio foi um instrumento devisibilidade para o projeto da Associação Imagem Comunitária. Percebe-se, conforme cita

Rubim (2000), que a mídia é utilizada pela política como um instrumento de publicidade de

ações individuais ou coletivas. Neste caso a ação empreendida e desenvolvida pelos jovens

pode de certa forma, dar espaço, credibilidade e popularidade em parceria com a Rádio

UFMG Educativa.

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5. CONCLUSÃO 

Tudo e todo material pesquisado e coletado deu ênfase e base para as considerações a seguir.

Entre pesquisadores e autores analisados percebe-se que a relação entre política e mídia é de

suma importância para a cidadania e o exercício da democracia. Compreender o universo da

  juventude brasileira e seu papel diante da sociedade mostra que cada um tem seu valor e

participação a fazer em prol do desenvolvimento sustentável e das políticas públicas.

O espaço conquistado e tempo destinado nos cinco programas puderam oportunizar aos

 jovens a trabalharem com o veículo rádio e debater temas essenciais à sociedade.

De acordo com a Agenda 21 Global, documento elaborado na Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, na cidade do Rio de Janeiro em 1992, é imperioso

que a juventude de todas as partes do mundo participe ativamente em todos os níveis

pertinentes dos processos de tomada de decisões, pois eles afetam sua vida atual e têm

repercussões em seu futuro. Além de sua contribuição intelectual e capacidade de mobilizar

apoio, os jovens trazem perspectivas peculiares que devem ser levadas em consideração.

Segundo, ainda, a Agenda 21 Global, no desenvolvimento sustentável, cada pessoa é usuário e

provedor de informação, considerada em sentido amplo, o que inclui dados, informações e

experiências e conhecimentos adequadamente apresentados. De acordo com o documento, a

necessidade de informação surge em todos os níveis, desde o de tomada de decisões

superiores, nos planos nacional e internacional, ao comunitário e individual. Nota-se que a

iniciativa dos programas vem valorizar as diretrizes para as juventudes e o desenvolvimento

sustentável.

Confirmando as palavras de Abramovay (2007), existem vários movimentos de juventude, de

várias classes sociais e que lutam por várias bandeiras. Partindo para nosso recorte, os jovens

convidados ao relatarem suas atividades que fazem no dia-a-dia deixam claros os estudos da

autora.

O estímulo e incentivo de veiculação de informações sobre programas, projetos e ações

  juvenis de caráter educativo sobre meio ambiente, participação política, educação ambiental,

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dentre outros temas, em linguagem acessível a todos, pelas rádios comunitárias e/ou

educativas é um instrumento capaz de sensibilizar a juventude sobre seu papel na sociedade.

Conforme cita o Documento Base da 1ª Conferência Nacional de Juventude (2008), em geral

os grandes meios de comunicação consideram pouco o que pensam os jovens, mesmo quando

o assunto que se trata diz respeito a eles diretamente. A iniciativa da Associação Imagem

Comunitária e da Rádio UFMG Educativa mostra que o cenário para o jovem está mudando e

precisa ser mudado.

É possível perceber que a política, a mídia, as juventudes e o desenvolvimento sustentável

caminham lado a lado. Um sistema único de interação onde tudo e todos se fazem presente eessencial para o dia-a-dia. A simples proposta de analisar quantitativamente e

qualitativamente veio confirmar que as relações existentes entre estes segmentos são

fundamentais para o debate e ambiente público.

Em relação à análise realizada dos cinco programas, pode-se concluir que a juventude tem seu

papel a exercer em prol do desenvolvimento sustentável e no debate de políticas públicas. Não

se pode deixar de mencionar a política como um instrumento essencial para o alcance dosobjetivos individuais e coletivos. A utilização do rádio, sobre tudo em uma emissora

educativa e/ou comunitária, mostra sua capacidade e potencialidade na sensibilização e

mobilização de agentes transformadores para determinadas sociedades.

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