quintas josé silva - introdução à gestão ambiental pública

102

Upload: bio-uneb

Post on 17-Dec-2015

14 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Livro Gestão Ambiental Pública

TRANSCRIPT

  • IMPORTANTE!

    Este material foi disponibilizado EXCLUSIVAMENTE para uso pessoal e no comercial. Caso

    seja utilizado parte dele cite a fonte com a sua devida referncia. Veja outras publicaes em:

    http://geografiaacademicadownload.blogspot.com.br/

    Curta nossa pgina no Facebook para receber as atualizaes

    https://www.facebook.com/geografiaacademica

    Siga-nos no Twitter https://twitter.com/GeoAcademica

  • Introduo Gesto

    Ambiental Pblica

    Jos Silva Quintas

  • Ministrio do Meio AmbienteMarina Silva

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenovveisMarcus Luiz Barroso Barros

    Diretoria de Gesto EstratgicaEason Ferreira do Nascimento

    Diretoria de Desenvolvimento SocioambientalPaulo Henrique Borges de Oliveira Jnior

    Coordenao-Geral de Educao AmbientalJos Silva Quintas

    EdioInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    Diretoria de Gesto EstratgicaCentro Nacional de Informao, Tecnologias Ambientais e Editorao

    SCEN - Trecho 2 - Bloco BCEP 70818-900, Braslia, DF - Brasil

    Telefone: (61) 3316-1065E-mail: [email protected]

    SCEN - Trecho 2 - Bloco B - CEP 70818-900, Braslia, DF - BrasilTelefone: (61) 3316-1065Fax: (61) 3316-1249

    Impresso no BrasilPrinted in Brazil

  • Braslia, 2006

    Educador do Ibama

    Introduo Gesto

    Ambiental PblicaJos Silva Quintas

    2 edio

  • Coordenao Cleide PassosEdio e Reviso Vitria Rodrigues

    Maria Jos TeixeiraEnrique Calaf Calaf

    Capa e Diagramao Paulo LunaCarlos Jos

    Normalizao bibliogrfica Helionidia C. Oliveira

    Catalogao na FonteInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    Q7i Quintas, Jos SilvaIntroduo gesto ambiental pblica / Jos Silva

    Quintas. 2 ed. revista. Braslia : Ibama, 2006.134p. ; 21 cm. (Coleo Meio Ambiente. Srie Educao

    ambiental, 5)

    Inclui BibliografiaISSN 0104-7892ISBN 85-7300-215-8

    1. Gesto ambiental. 2. Educao ambiental. I. InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenovveis. II. Ttulo. III. Srie.

    CDU (2 ed.) 502:35

  • O artigo 225 da Constituio Federal, ao mesmo tempo em queestabelece o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito ecomo bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida,tambm impe ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo epreserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    Para garantir a efetividade deste princpio, a Constituiodetermina sete incumbncias ao Poder Pblico e somente a ele. Nestasincumbncias, que vo desde a preservao e restaurao de processosecolgicos at a proteo da fauna e da flora, destaca-se a educao ambientalcomo instrumento estratgico para a concretizao do controle social sobreo processo de acesso e uso do patrimnio ambiental brasileiro.

    a partir desta perspectiva que o Ibama vem construindo umaproposta de educao ambiental transformadora e emancipatria e, assim,contribuindo para que os ditames da Poltica Nacional de EducaoAmbiental, instituda pela Lei n 9795/99 e regulamentada pelo Decreto n4281/02, se efetivem.

    Ao lanarmos mais uma publicao da Srie EducaoAmbiental, da Coleo Meio Ambiente deste Instituto, esperamos estarfortalecendo cada vez mais este propsito.

    Coordenao-Geral de Educao Ambiental

    Apresentao

  • Algumas palavras quanto ao nosso objetivo comum

    s trabalhadores de rgos de gesto ambiental (prefeituras,rgos estaduais e municipais de meio ambiente e Ibama) emilitantes de entidades da sociedade civil, que atuam na rea

    (ONGs ambientalistas, movimentos sociais, associaes comunitrias,entidades de classes etc.), costumam tomar conhecimento diariamentede agresses e ameaas ao meio ambiente. De vrias formas chegamdenncias e informaes de desmatamentos ilegais, aterramento demanguezais, derramamento de leo no mar, pesca predatria, trficode animais silvestres, lixes, lanamento de esgotos domstico eindustrial sem tratamento no mar e nos rios, destruio das nascentes,funcionamento de empreendimentos potencialmente poluidores semlicena ambiental e outras ocorrncias, que pem em risco a integridadedos ecossistemas e interferem negativamente na qualidade de vida daspopulaes afetadas. H casos em que os prprios trabalhadores observamas agresses, no percurso dirio de casa para o trabalho.

    Muitas vezes existe um sentimento de angstia e impotnciadiante das dificuldades e do tamanho dos problemas. Os tcnicos dos rgospblicos convivem com uma srie de dificuldades para agir no cumprimentoda legislao ambiental. So obstculos de toda ordem, que vo desde a faltacrnica de condies de trabalho (meios materiais, equipe tcnica adequada,recursos financeiros, instalaes, acesso s informaes tcnicas, apoio da

    o

  • chefia etc.) at a ausncia pura e simples de vontade poltica dos governantespara tornar o rgo presente e atuante na sociedade.

    Apesar de todos os esforos para vencer as barreiras e brigarpara trabalhar, muitas vezes, os tcnicos so rotulados de corruptos,perseguidores dos pequenos ( comum ouvir comentrios do tipo elesno mexem com os grandes), incompetentes, omissos e descomprometidoscom a causa ambiental. Diante disso, nos sentimos incompreendidos einjustiados, principalmente pelas crticas aos rgos ambientais que, emvrios casos, no levam em conta as dificuldades e os esforos dos seusservidores. De tanto apanhar, tem horas que d vontade de desistir umdiscurso comum no meio.

    Quando atuamos em entidades da sociedade civil, nosdeparamos, em muitos casos, tanto com omisso, incapacidade e, s vezes,conivncia dos rgos pblicos, quanto com indiferena, incompreenso edesinteresse da populao diante de ameaas e agresses ao meio ambiente.Como se isso no bastasse, h situaes onde tambm os rgos pblicosno se entendem: o chamado jogo de empurra. Um rgo, quando cobradopara tomar determinada providncia, diz que tal assunto de competnciado outro que, por sua vez, discordando ou alegando falta de condies,passa o problema para frente, ou senta em cima ou, ainda, devolve a batataquente ao remetente. Enquanto isso, nada se resolve, o agressor vai levandovantagem e a degradao ambiental vai crescendo cada vez mais. O piorde tudo que h muitos problemas ambientais cuja soluo exige aparticipao de vrios rgos pblicos. o caso de muitas questes darea costeira, que pelo menos exigem a interferncia da Secretaria dePatrimnio da Unio (gesto dos terrenos de marinha), Ibama (gestoambiental dos bens da Unio) e rgo Estadual de Meio Ambiente (gestoambiental em rea fora da jurisdio do Ibama).

    Ver Glossrio

  • Por outro lado, todos ns sabemos que nos rgos pblicos hservidores e servidoras profundamente comprometidos com a causa ambientale que na sociedade civil h muitas entidades que, mesmo reconhecendo asfragilidades, limitaes e defeitos do nosso Servio Pblico, lutam pelo seufortalecimento, em lugar do seu enfraquecimento, e buscam o trabalho emparceria, deixando de lado a competio.

    Afinal, no possvel visualizarmos, numa sociedadedemocrtica, a prtica da gesto ambiental sem a presena do Estado e dasociedade civil. Da a minha convico (e acredito que tambm a sua) de que,no terreno da gesto ambiental, Poder Pblico e sociedade civil no se opem,mas se complementam. Portanto, devem trabalhar preferencialmente em aescompartilhadas, a partir de objetivos comuns.

    A esta altura voc pode estar pensando que isto muito bom emuito bonito, mas muito difcil de acontecer na realidade. Disso eu no tenhodvidas. Entretanto, ns tambm sabemos que h muitos lugares em que aparceria Poder Pblico sociedade civil acontece. Voc j deve ter notadoque as questes abordadas at aqui apenas evidenciam a complexidade daproblemtica ambiental. Como sabemos, a complexidade inerente questoambiental. Portanto, o caminho buscar prticas que contribuam para processosde gesto ambiental participativos.

    Um trabalho dessa natureza no acontece em um passe de mgicae no h receita pronta para sua realizao. Sua efetivao exige das pessoas eorganizaes envolvidas objetivos comuns, compromisso com a causaambiental, transparncia, humildade e postura negociadora. Tudo isso o quese pode considerar condies necessrias ou condies para incio de conversa.Entretanto, mesmo que essas condies estejam estabelecidas, h ainda aconsiderar a necessidade daqueles diretamente envolvidos nos trabalhos. Sopessoas que precisam, necessariamente, dos conhecimentos e habilidades pararealizarem a to sonhada parceria Poder Pblico sociedade civil.

  • Como autor deste trabalho, espero que voc, ao concluir o seuestudo, tenha adquirido ou ampliado a sua capacidade para aplicarconhecimentos e habilidades que facilitem o desenvolvimento de aesconjuntas, Poder Pblico sociedade civil na gesto ambiental, noseu lugar de atuao, seja como servidor pblico, seja como membrode entidade da sociedade civil.

    Mesmo reconhecendo o carter introdutrio desta publicao,foi esta a perspectiva assumida na sua elaborao.

    O livro constitui uma verso atualizada do texto sobre gestoambiental pblica, produzida para integrar o Curso Bsico de EducaoAmbiental a Distncia, realizado pelo Ministrio do Meio Ambiente no ano2000, com apoio do Ibama, em parceria com o Laboratrio de Educao aDistncia da Universidade Federal de Santa Catarina. Ao fazer a sua revisoe atualizao, mantive a caracterstica original de material didtico paraeducao a distncia, por acreditar que neste formato os contedos abordadosficam mais compreensveis.

    A deciso de public-lo como texto autnomo decorre da grandedemanda, da Coordenao-Geral e Ncleos de Educao Ambiental doIbama, de rgos pblicos e de entidades da Sociedade Civil, para us-lo emaes de capacitao.

    O livro representa um acmulo da prtica dos educadores doIbama que exercem seu ofcio na Coordenao-Geral de Educao Ambiental,na Administrao Central, nos Ncleos de Educao Ambiental dasGerncias- Executivas nos Estados e Distrito Federal, em Escritrios Regionaisno interior do Brasil e em Unidades de Conservao Federais. Esta prtica,que se configura nos Cursos de Introduo Educao no Processo de GestoAmbiental para formao de educadores e nas aes educativas desenvolvidascom comunidades pesqueiras, comunidades ribeirinhas, com assentados da

  • reforma agrria e outros produtores rurais, comunidades afetadas porempreendimentos em processo de licenciamento ambiental com populaestradicionais, comunidades residentes no entorno e no interior de Unidadesde Conservao, busca antes de tudo contribuir para a instituio do controlesocial nas decises do Poder Pblico sobre acesso e uso do recursos ambientais( conservao) e, assim, criar condies para que a coletividade tambmcumpra o seu dever de preservar e defender o meio ambiente ecologicamenteequilibrado, conforme determina a Constituio.

    Nesta perspectiva, considero-me muito mais umsistematizador do que um autor deste livro, que, como j foi dito, umaessncia da produo coletiva realizada pelos educadores e outrosservidores do Ibama, em diferentes lugares do Brasil.

    O autor

  • Sumrio

    Unidade I Bases para a Gesto Ambiental Pblica .............15

    Introduo .............................................................17

    1. A Questo Ambiental ...........................................19

    Auto-avaliao ....................................................22

    2.Meio Social .......................................................23

    Auto-avaliao .....................................................27

    3.Gesto Ambiental como Mediao de Conflitos ..................29

    Auto-avaliao ....................................................33

    Glossrio .................................................................35

    Unidade II Problemas e Conflitos Ambientais .........................57

    Introduo ................................................................59

    1. Caracterizao de Problemas e Conflitos Ambientais ...........63

    2. Estudo de um Problema Ambiental e do Processo de

    Socializao de sua Existncia...................................69

  • Auto-avaliao ...........................................................88

    Glossrio ................................................................91

    Referncias bibliogrficas .................................................97

  • Unidade I

    Bases para a Gesto

    Ambiental Pblica

  • bordaremos a problemtica ambiental do ponto de vista darelao sociedade-natureza. No primeiro momento

    examinaremos alguns aspectos relevantes desta relao, oportunidade emque voc dever analisar a questo ambiental a partir da interao entre os meiossocial e fsico-natural. Aqui estaremos concluindo o captulo 1 e voc ter atingidoo primeiro objetivo da Unidade.

    Nos captulos 2 e 3, ainda abordando a problemtica ambientalna tica da relao sociedade-natureza, estudaremos a gesto ambientaltendo como referncia as prticas do meio social que afetam positiva ounegativamente a qualidade do meio ambiente. Tendo como base os aspectossociais, econmicos, polticos e legais, voc analisar as principais relaesque se instituem no processo decisrio sobre acesso e uso dos recursosambientais no Brasil. Neste momento, voc estar atingindo o segundoobjetivo desta Unidade.

    Introduo

    Ver Glossrio

    Voc j conheceos principais

    recursos ambientaisexistentes

    em seu municpio?

    A

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    19SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    1. A Questo Ambiental

    Era uma vez um gro de onde cresceu uma rvoreque foi abatida por um lenhador e cortada numaserrao.Um marceneiro trabalhou-a e entregou-a aum vendedor de mveis. O mvel foi decorar umapartamento e mais tarde deitaram-no fora. Foiapanhado por outras pessoas que o venderam numafeira. O mvel estava l no adeleiroadeleiroadeleiroadeleiroadeleiro, foi compradobarato e, finalmente houve quem o partisse para fazerlenha. O mvel transformou-se em chama, fumo ecinzas. Eu quero ter o direito de refletir sobre estahistria, sobre o gro que se transforma em rvoreque se torna mvel e acaba no fogo, sem ser lenhador,marceneiro, vendedor, que no vem seno um segmentoda histria.

    Edgar Morin

    A chamada questo ambiental diz respeito aos diferentesmodos pelos quais a sociedade, atravs dos tempos, se relaciona com omeio fsico-natural. O ser humano sempre dependeu dele para garantir

    Ver Glossrio

    Negociante deobjetos usados

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    20SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    sua sobrevivncia. Em nenhum momento de sua histria, a humanidade viveusem o auxlio do meio fsico-natural. O seu uso, como base material desustentao da existncia humana, bem como as alteraes decorrentes desteuso so to antigos quanto a prpria presena do homem no planeta Terra.

    Da relao, (em diferentes pocas e lugares) dos seres humanos entresi e com o meio fsico-natural emerge o que se denomina neste texto de meio ambiente.Diferente dos mares, dos rios, das florestas, da atmosfera, que nonecessitaram da ao humana para existir, o meio ambiente precisa do trabalhodos seres humanos para ser construdo e reconstrudo e, portanto, para terexistncia concreta. No existe meio ambiente sem o trabalho dos seres humanos.

    RRRRReflexoeflexoeflexoeflexoeflexo

    Alm da gua doce, do arAlm da gua doce, do arAlm da gua doce, do arAlm da gua doce, do arAlm da gua doce, do ar, do solo que voc deve, do solo que voc deve, do solo que voc deve, do solo que voc deve, do solo que voc deveter indicadoter indicadoter indicadoter indicadoter indicado, por serem imprescindveis , por serem imprescindveis , por serem imprescindveis , por serem imprescindveis , por serem imprescindveis manuteno da vida, existem outros recursosmanuteno da vida, existem outros recursosmanuteno da vida, existem outros recursosmanuteno da vida, existem outros recursosmanuteno da vida, existem outros recursosambientais que funcionam como ambientais que funcionam como ambientais que funcionam como ambientais que funcionam como ambientais que funcionam como base materialbase materialbase materialbase materialbase materialpara atividades econmicas (pesca, turismopara atividades econmicas (pesca, turismopara atividades econmicas (pesca, turismopara atividades econmicas (pesca, turismopara atividades econmicas (pesca, turismo,,,,,maricultura, transformao de produtosmaricultura, transformao de produtosmaricultura, transformao de produtosmaricultura, transformao de produtosmaricultura, transformao de produtosflorestais, cermica, artesanato etc.), na reaflorestais, cermica, artesanato etc.), na reaflorestais, cermica, artesanato etc.), na reaflorestais, cermica, artesanato etc.), na reaflorestais, cermica, artesanato etc.), na reade sua atuao?de sua atuao?de sua atuao?de sua atuao?de sua atuao?

    Por tudo isso, afirma-se que meio natural e meio social so facesde uma mesma moeda e assim indissociveis. Na medida que o ser humano parte integrante da natureza, e ao mesmo tempo ser social e, por conseqncia,detentor de conhecimentos e valores socialmente produzidos ao longo doprocesso histrico, tem ele o poder de atuar permanentemente sobre sua

    Somos um entre vriosseres vivos que moram

    no planeta Terra

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    21SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    base natural de sustentao, alterando suas propriedades, e sobre o meio socialprovocando modificaes em sua dinmica.

    No processo de transformao do meio ambiente, de sua construo ereconstruo pela ao coletiva dos seres humanos so criados e recriados modosde relacionamento da sociedade com o meio natural (ser humano-natureza)e no seio da prpria sociedade (ser humano-ser humano). Ao se relacionarcom a natureza e com outros homens e mulheres, o ser humano produz culturaevidenciada por suas manifestaes, ou seja, cria bens materiais, valores,modos de fazer, de pensar, de perceber o mundo, de interagir com a prprianatureza e com os outros seres humanos, que constituem o patrimnio culturalconstrudo pela humanidade ao longo de sua histria.

    A concepo de que a questo ambiental diz respeito relaohomem-natureza no suficiente para direcionar um processo de anlise ereflexo que permita a compreenso deste relacionamento em toda a suacomplexidade. necessrio, ainda, assumir-se que a construo doconhecimento sobre esta relao se realiza sob a tica dos processos queocorrem na sociedade. Isso significa que a chave do entendimento da problemticaambiental est no mundo da cultura, ou seja, na esfera da totalidade da vida em sociedade.Contudo, no se est afirmando que o conhecimento do meio fsico-naturalno seja importante para uma compreenso da problemtica ambiental. mais do que importante, fundamental para verificarmos as implicaes daao do homem no meio natural, para o prprio meio e para o meio social.Afinal, so as prticas do meio social que determinam a natureza dosproblemas ambientais que afligem a humanidade. Obviamente no estamosfalando daquelas catstrofes provocadas pela natureza, como terremoto,furaces, erupo vulcnica etc.

    neste contexto que surge a necessidade de se praticar a GestoAmbiental Pblica.

    Exemplos demanifestaes culturais

    no so somente osconhecimentos

    produzidos peloscientistas, mas tambm os

    conhecimentos dospescadores, dos povosda floresta, dos mdicos

    populares e outrasmanifestaes da cultura

    popular.

    A demolio de casas paraconstruo de tneis, viadutos,avenidas, a criao de plos

    comerciais, industriais e tursticosso exemplos de aes que

    podem gerar modificaes nadinmica do meio social?

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    22SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Auto-avaliao

    Verifique se voc entendeu o texto desta seo. Marque (F) falsoou (V) verdadeiro nas proposies abaixo:

    a. ( ) O ser humano sempre usou os recursosambientais para satisfazer suas necessidades;

    b. ( ) A criao de elementos do meio fsico-naturaldepende do trabalho dos seres humanos;

    c. ( ) Os Oceanos so uma manifestao culturalporque os seres humanos navegam nele;

    d. ( ) O Canal do Panam, construdo no sculopassado, uma manifestao cultural.

    e. ( ) So as prticas do meio social que produzemalteraes na qualidade ambiental.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    23SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    2. Meio Social

    gora que ficou claro para voc, o que so as prticas do meiosocial que produzem mudanas (positivas ou negativas) na

    qualidade do meio ambiente, necessrio entender um pouquinho como este tal de meio social. Para isso preciso dar uma olhada nele por dentro. Feitoisto, logo se descobre que o meio social no homogneo. Da mesma formaque falamos em biodiversidade quando nos referimos ao ambiente fsico-natural,tambm, podemos falar em sociodiversidade para caracterizar o meio social.Observado pela tica de sua organizao, nele podemos encontrar atores sociaisna esfera da sociedade civil e do Estado que passam a ter existncia a partirde variadas motivaes (interesses, valores, necessidades, aspiraes, ocupaodo mesmo territrio etc.)

    Na sociedade civil so encontrados como atores sociaissindicatos (trabalhadores e patres); federaes (trabalhadores e patres);centrais sindicais; partidos polticos; grupos organizados por gnero(mulheres), por gerao (terceira idade, jovens), por etnia (negros, ndios,descendentes de imigrantes etc.); associaes (moradores, profissionais,assistenciais, produtores etc.); congregaes religiosas (terreiros decandombl e de umbanda, catlicas, evanglicas, espritas etc.); clubes;blocos carnavalescos; escolas de samba; entidades ambientalistas;cooperativas; empresas (rurais, comerciais, industriais etc.); bancos;comunidades de determinada localidade sem organizao formal (rua,

    Ver Glossrio

    A

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    24SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    povoado, vila, bairro etc.); movimentos sociais e outras formas que aspessoas inventam para se agrupar e agir no mundo real.

    Portanto, pode-se entender atores sociais como agrupamento depessoas, (coletivos) com formas de organizao variadas e caractersticasespecficas, que destinguem um grupo de outro, seja a partir do ponto devista dos seus componentes (perteno ao Sindicato de Servidores PblicosFederais e no ao Sindicato dos Servidores Pblicos Estaduais; sou membroda Associao dos Madeireiros e no da dos Lojistas etc.), seja a partir doponto de vista de outros segmentos sociais ou da sociedade como um todo(o Sindicato dos Servidores Pblicos Federais defende/representa osinteresses dos funcionrios federais e no dos funcionrios estaduais, aAssociao dos Madeireiros defende/representa interesses dos madeireirose no dos lojistas etc.). Dependendo de sua forma de organizao, o atorsocial pode ser representado por presidente, diretoria, diretoria colegiada,comisso, grupo de trabalho ou qualquer outro arranjo organizacional queseus integrantes inventem.

    No caso da esfera estatal, os atores sociais so instncias dosPoderes Pblicos:

    Executivo (Unio, Estados e Distrito Federal, eMunicpios);

    Legislativo (Cmara dos Deputados, Senado Federal,Assemblias Legislativas e Cmaras de Vereadores);

    Judicirio (Federal e Estadual).

    No Poder Executivo esto os rgos que compem asAdministraes Pblicas Federal, Estadual e Municipal (Ministrios,Secretarias, Institutos, Fundaes, Autarquias, Empresas Pblicas,

    Ver Glossrio

    possvel listar osprincipais atores sociaisdas esferas estatal eno estatal que atuam

    nos municpios ondevoc trabalha?

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    25SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Ministrios Pblicos etc.) das quais fazem parte aqueles integrantes do Sisnama.Neste universo, bom lembrar a existncia dos Ministrios Pblicos da Unio(Federal, do Trabalho, do Distrito Federal e Territrios) e dos estados quetm desempenhado papel fundamental na proteo do meio ambiente do pas.

    Outra evidncia da heterogeneidade do meio social, so os conflitossociais e polticos que ocorrem no seu cotidiano. Segundo Bobbio, Matteucci& Pasquino, 1992, conflito (social e poltico) uma forma de interao entreindivduos, grupos, organizaes e coletividades que implica choques para o acesso e adistribuio de recursos escassos. Obviamente, o conflito apenas uma das possveisformas de interao entre indivduos, grupos, organizaes e coletividades. Uma outraforma possvel de interao a cooperao.

    De acordo com este entendimento, todo conflito tem como objeto dedisputa algum tipo de recurso escasso. No caso de uma eleio, exemplo de umconflito poltico, as organizaes (partidos polticos) interagem disputandorecursos escassos (cargos de Presidente da Repblica, Governador, Prefeito,Deputados etc.). Nas situaes de conflitos fronteirios entre dois pases, adisputa geralmente pelo controle do territrio e a interao entre eles podese efetivar por via pacfica (negociao) ou por meio da violncia (guerra).Em um campeonato de futebol, em uma luta de boxe, em uma olimpada, oumesmo numa partida de futebol, os recursos escassos em disputa so ttulos, medalhas,classificaes etc. Via de regra, o controle dos recursos escassos est associado aopoder, riqueza e ao prestgio. Tambm na rea ambiental, a idia de conflitoest associada ao controle de recursos que hoje sabe-se que so limitados eno podem ser utilizados indiscriminadamente. So eles os recursos ambientaiscujo uso intensivo tem provocado tanto a sua escassez quanto ocomprometimento da qualidade ambiental.

    Outro aspecto importante a ser considerado, quando se analisamconflitos sociais e polticos, ter em mente que eles so inerentes prpriaexistncia do meio social. No se tem notcia de sociedade sem conflitos.

    H ao de rgos doSisnama

    (veja Glossrio)na rea onde voc atua?

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    26SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    De acordo com Quintas & Gualda, 1995, a sociedade no o lugar da harmonia,mas, sobretudo, o lugar dos conflitos e confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas(da poltica, da economia, das relaes sociais, dos valores, etc.). Para Bobbio,Matteucci & Pasquino, 1992) um conflito social e poltico pode ser suprimido, isto, bloqueado em sua expresso pela fora, coercitivamente, como o caso de muitossistemas autoritrios e totalitrios, exceto o caso em que se reapresente com redobradaintensidade num segundo tempo. A supresso , contudo, relativamente rara. Assimcomo, relativamente rara a plena resoluo dos conflitos, isto , a eliminao dascausas, das tenses, dos contrastes que originaram os conflitos (quase por definio, umconflito social no pode ser resolvido).

    Visto que no se pode acabar com conflitos no meio social,segundo esses autores, o processo ou a tentativa mais freqente de proceder regulamentao dos conflitos, isto , formulao de regras aceitas pelosparticipantes, que estabelecem determinados limites aos conflitos. A tentativa consiste

    no em pr fim aos conflitos, mas regulamentar suas formas, de modo que suas

    manifestaes sejam menos destrutivas para todos os atores envolvidos... O ponto

    crucial que as regras devem ser aceitas por todos os participantes e, se mudadas,

    devem ser mudadas por recproco acordo. Quando um conflito se desenvolve segundo

    regras aceitas, sancionadas e observadas, h a sua institucionalizao. Dessaforma, a disputa pelo uso e acesso aos recursos ambientais, um conflitoinstitucionalizado, quando ela ocorre segundo as regras que estoestabelecidas na legislao ambiental.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    27SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Auto-avaliao

    1. Para verificar se voc entendeu o contedo deste captulo,marque entre os itens abaixo aqueles que so exemplos deatores sociais.

    a. ( ) Associao de moradores;

    b. ( ) Colnia de pescadores;

    c. ( ) Clube de mes do bairro;

    d. ( ) Cooperativa de taxistas;

    e. ( ) Rdio FM que sintonizada na comunidade;

    f. ( ) Vereador do Partido x;

    g. ( ) Comisso de Meio Ambiente da AssembliaLegislativa;

    h. ( ) Padre da Parquia x;

    i. ( ) Parquia x;

    j. ( ) Prefeitura Municipal;

    k. ( ) Prefeito do Municpio;

    l. ( ) Juiz de Direito da Comarca;

    m. ( ) Promotor de Justia da Comarca;

    n. ( ) Auxiliar de Contabilidade da Cooperativa deTaxistas;

    o. ( ) Porteiro da Prefeitura;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    28SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    p. ( ) Grupo de trabalhadores rurais sem terraacampados na margem da rodovia;

    q. ( ) Secretaria Municipal do Meio Ambiente;

    r. ( ) Secretrio Municipal do Meio Ambiente.

    2. Marque entre os itens abaixo aqueles que so exemplosde conflitos institucionalizados.

    a. ( ) Disputa entre vrias chapas para Diretoria deuma Associao de Moradores;

    b. ( ) Disputa entre 20 clubes de futebol de umcampeonato;

    c. ( ) Greve de policiais militares, por melhores salrios;

    d. ( ) Greve de professores municipais, por reposiosalarial;

    e. ( ) Guerra entre dois pases por disputa de territrio;

    f. ( ) Negociao entre dois pases, conduzida pormediador escolhido em comum acordo por eles;

    g. ( ) Grupo de entidades ambientalistas se ope proposta de diminuio da rea de reserva legal(vide glossrio) defendida pelos membros dabancada ruralista, durante a tramitao noCongresso Nacional da Medida Provisria quemodifica o Cdigo Florestal (Lei n0 4.771/65).

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    29SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    3. Gesto Ambiental como Mediao

    de Conflitos

    Constituio Federal, ao consagrar o meio ambienteecologicamente equilibrado como direito de todos, bem de

    uso comum e essencial sadia qualidade de vida, atribuiu a responsabilidadede sua preservao e defesa no apenas ao Poder Pblico, mas tambm coletividade.

    Entretanto, mesmo conferindo coletividade, tambm, a obrigaode proteger o meio ambiente, a Constituio de 1988 fez do Poder Pblico oprincipal responsvel pela garantia, a todos os brasileiros, do direito ao meioambiente ecologicamente equilibrado. Para isso, ela determina seteincumbncias ao Poder Pblico (e somente a ele) para assegurar a efetividadedesse direito. Mas, a mesma sociedade (coletividade) que deve ter asseguradoo seu direito de viver num ambiente que lhe proporcione uma sadia qualidadede vida, tambm precisa utilizar os recursos ambientais para satisfazer suasnecessidades bsicas. E, como todos sabemos, no possvel vida digna esaudvel sem o atendimento dessas necessidades. Na vida prtica, o processode apropriao e uso dos recursos ambientais no acontece de forma tranqila.H interesses e conflitos (potenciais ou explcitos) entre atores sociais, queatuam de alguma forma sobre os meios fsico-natural e construdo, visando aoseu controle ou sua defesa e proteo.

    AArtigo 225, 1 daConstituio Federal,

    1988 (ver Glossrio)

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    30SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Como principal responsvel pela proteo ambiental no Brasil,cabe ao Poder Pblico, por meio de suas diferentes esferas, intervir nesteprocesso, de modo a evitar que os interesses de determinados atores sociais(madeireiros, empresrios de construo civil, industriais, agricultores,moradores etc.) provoquem alteraes no meio ambiente que ponham emrisco a qualidade de vida da populao afetada.

    Gesto ambiental, portanto, vista aqui como o processo demediao de interesses e conflitos (potenciais ou explcitos) entre atores sociais queagem sobre os meios fsico-natural e construdo, objetivando garantir o direitoao meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme determina aConstituio Federal.

    Como mediador principal deste processo, o Poder Pblico detentor de poderes e obrigaes estabelecidos na legislao, que lhe permitempromover desde o ordenamento e controle do uso dos recursos ambientais(incluindo a criao de incentivos fiscais na rea ambiental) at a reparaoe a priso de indivduos pelo dano ambiental. Neste sentido, o Poder Pblicoestabelece padres de qualidade ambiental, avalia impactos ambientais,licencia e revisa atividades efetiva e potencialmente poluidoras, disciplinaa ocupao do territrio e o uso de recursos naturais, cria e gerenciareas protegidas, obriga a recuperao do dano ambiental pelo agentecausador, promove o monitoramento, a fiscalizao, a pesquisa, aeducao ambiental e outras aes necessrias ao cumprimento da suafuno mediadora.

    Por outro lado, observa-se, no Brasil, que o poder de decidir eintervir para transformar o ambiente (ou mesmo para evitar suatransformao), fsico-natural ou construdo, e os benefcios e custos dele(do uso do poder) decorrentes, esto distribudos social e geograficamente na

    Voc conhece algum tipode incentivo fiscal emseu estado ou municpiopara a rea ambiental?

    (ver Glossrio)

    Ver Glossrio

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    31SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    sociedade de modo assimtrico. Por serem detentores de poder econmico ou depoderes outorgados pela sociedade, determinados atores sociais possuem, por meiode suas aes, capacidade variada de influenciar direta ou indiretamente natransformao (de modo positivo ou negativo) da qualidade ambiental. ocaso dos empresrios (poder do capital); dos polticos (poder de legislar); dosjuzes (poder de condenar e absolver etc.); dos membros do Ministrio Pblico(o poder de investigar e acusar); dos dirigentes de rgos ambientais (poder deembargar, licenciar, multar); dos jornalistas e professores (poder de influenciarna formao da opinio pblica), das agncias estatais de desenvolvimento(poder de financiamento, de criao de infra-estrutura) e de outros atores sociaiscujos atos podem ter grande repercusso na qualidade ambiental econseqentemente na qualidade de vida das populaes.

    Entretanto, esses atores, ao tomarem suas decises, nem semprelevam em conta os interesses e necessidades das diferentes camadas sociaisdireta ou indiretamente afetadas. As decises tomadas podem representarbenefcios para uns e prejuzos para outros. Um determinadoempreendimento pode representar lucro para empresrios, emprego paratrabalhadores, conforto pessoal para moradores de certas reas, votos parapolticos, aumento de arrecadao para Governos, melhoria da qualidadede vida para parte da populao e, ao mesmo tempo, implicar prejuzo paraoutros empresrios, desemprego para outros trabalhadores, perda depropriedade, empobrecimento dos habitantes da regio, ameaa biodiversidade, eroso, poluio atmosfrica e hdrica, desagregao sociale outros problemas que caracterizam a degradao ambiental.

    Portanto, a prtica da gesto ambiental no neutra. O Estado,ao tomar determinada deciso no campo ambiental, est de fato definindoquem ficar, na sociedade e no pas, com os custos e quem ficar com osbenefcios advindos da ao antrpica sobre o meio fsico-natural ouconstrudo. Da a importncia de se praticar uma gesto ambiental participativa.Somente assim possvel avaliar custos e benefcios de forma transparente.

    Ver Glossrio

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    32SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    RRRRReflexoeflexoeflexoeflexoeflexo

    VVVVVoc conhece comunidades da sua regio queoc conhece comunidades da sua regio queoc conhece comunidades da sua regio queoc conhece comunidades da sua regio queoc conhece comunidades da sua regio quesofreram sofreram sofreram sofreram sofreram impactos ambientaisimpactos ambientaisimpactos ambientaisimpactos ambientaisimpactos ambientais? Sabe a razo? Sabe a razo? Sabe a razo? Sabe a razo? Sabe a razodos impactos? Existem dos impactos? Existem dos impactos? Existem dos impactos? Existem dos impactos? Existem unidades de conservaounidades de conservaounidades de conservaounidades de conservaounidades de conservaona regio onde voc atua? Vna regio onde voc atua? Vna regio onde voc atua? Vna regio onde voc atua? Vna regio onde voc atua? Voc lembra quaisoc lembra quaisoc lembra quaisoc lembra quaisoc lembra quaisso? Vso? Vso? Vso? Vso? Voc sabe quais os rgos pblicosoc sabe quais os rgos pblicosoc sabe quais os rgos pblicosoc sabe quais os rgos pblicosoc sabe quais os rgos pblicosresponsveis por elas?responsveis por elas?responsveis por elas?responsveis por elas?responsveis por elas?

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    33SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Auto-avaliao

    Verifique sua aprendizagem sobre o contedo desta seo.

    1. Escolha as afirmaes que voc considera exemplos do papelde mediador exercido pelo Poder Pblico na gesto ambiental.Use (F) para as afirmaes que voc considerar falsas e (V)para as que considerar verdadeiras.

    a. ( ) rgo de meio ambiente nega licena ambiental para implantao de uma indstria;

    b. ( ) rgo de meio ambiente concede licena ambientalpara implantao de uma indstria;

    c. ( ) rgo de meio ambiente ignora a poluio do arprovocada por uma fbrica;

    d. ( ) rgo do meio ambiente embarga o funcionamentode uma indstria ao constatar a falta delicenciamento ambiental para o empreendimento;

    e. ( ) O Juiz de Direito da Comarca suspende o embargodo funcionamento da indstria feito pelo rgoambiental, atendendo solicitao dos seusproprietrios;

    f. ( ) Governador decreta a desapropriao de uma reapara criao de um parque estadual;

    g. ( ) Governo Federal decide realizar a transposio do rio So Francisco;

    h. ( ) Ibama promove um Seminrio, envolvendo vriosatores sociais da Regio Nordeste para discutir atransposio do rio So Francisco;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    34SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    i. ( ) Ministrio dos Transportes decide construir aHidrovia Tocantins Araguaia;

    j. ( ) Incra realiza o assentamento de 10.000 famliasde trabalhadores rurais sem terra;

    k.( ) Ibama realiza audincias pblicas (ver glossrio)nos municpios afetados pela construo daHidrovia Tocantins Araguaia.

    2. Apesar de no desempenharem o papel de mediadorprincipal na gesto ambiental, comumencontrarmos na vida real atores sociais com grandepoder para influenciar em decises que afetam dealguma forma a qualidade ambiental. Pensando nisto,escolha a seguir, usando a escala de 1 a 6 (1 para omais influente e 6 para o menos), aqueles atoressociais que, na sua experincia, tm demonstradomaior poder para influir nas decises de rgosintegrantes do Sisnama. (obs: podem ocorrer casosque dois atores tm a mesma capacidade de influirem decises).

    a. ( ) Comunidades locais desorganizadas, diretamenteafetadas por impactos ambientais;

    b. ( ) Grandes empresas;

    c. ( ) ONGs com atuao local (municpio);

    d. ( ) Pequenos e mdios empresrios;

    e. ( ) ONGs com atuao e visibilidade nacional;

    f. ( ) Comunidades locais organizadas, diretamenteafetadas por impactos ambientais.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    35SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Glossrio

    TERRENOS DE MARINHA So terrenos de marinha:

    a) os terrenos em uma profundidade de 33 metros medidoshorizontalmente, para a parte da terra, da posio da linha de preamarmdio de 1831, situados no continente, na costa martima e nas margensdos rios e lagoas, at onde se faa sentir a influncia das mars;

    b) os terrenos em uma profundidade de 33 metros medidoshorizontalmente, para parte da terra, da posio da linha de preamardo mdio de 1831, que contornam as ilhas situadas nas zonas onde sefaa sentir a influncia das mars (definio legal, ver Moreira, 1990).

    BENS DA UNIO So bens da Unio (art. 20 da Constituio Federal):

    I os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribudos;

    II as terras devolutas indispensveis defesa das fronteiras, dasfortificaes e construes militares, das vias federais de comunicaoe preservao ambiental, definidas em lei;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    36SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    III os lagos, rios e quaisquer correntes de gua em terrenos de seudomnio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limitescom outros pases, ou se estendem a territrio estrangeiro ou deleprovenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

    I V as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases;as praias martimas; as ilhas ocenicas e as costeiras, excludas, destas,as reas referidas no art. 26, II;

    V os recursos naturais da plataforma continental e da zonaeconmica exclusiva;

    V I o mar territorial;

    VII os terrenos de marinha e seus acrescidos;

    VIII os potenciais de energia hidrulica;

    IX os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

    X as cavidades naturais subterrneas e os stios arqueolgicos e pr-histricos;

    XI as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios.

    RECURSOS AMBIENTAIS atmosfera, as guas interiores, superficiais e subterrneas,os esturios, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera.(Definio legal estabelecida no art. 3 da Lei n0 6.938, de 31/08/81).

    Note que aqueles elementos do meio fsico-natural que possuem valorde uso e/ou de troca, atribudos pelos seres humanos, passam a serdenominados de recursos.

    BIOSFERA a fina camada de cobertura do planeta que contm e sustenta a vida.Alguns autores distinguem a biosfera (vida), a hidrosfera (gua), a atmosfera e

    litosfera (rocha, crosta terrestre). (UICN/PNUMA/WWF, 1991).

    refere-se aosbens dos Estados

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    37SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Para uma descrio mais completa dos quatro sistemas que compemo que se denomina meio fsico-natural ou meio ambiente terrestre,consultar Oliveira, 1996.

    BIODIVERSIDADE ou DIVERSIDADE BIOLGICA a variedade dos seres vivosem todas as formas, nveis e combinaes. Inclui: diversidade deecossistemas, diversidade de espcies e diversidade gentica.

    ECOSSISTEMAS sistema aberto que inclui em uma certa rea, todos os fatoresfsicos e biolgicos (elementos biticos e abiticos) do ambiente e suas interaes,o que resulta em uma diversidade bitica com estrutura trfica claramentedefinida e na troca de energia e matria entre esses fatores .(Morais, 1990).

    MEIO FSICO-NATURAL no texto, conjunto de recursos naturais renovveise no-renovveis, ou seja, os recursos ambientais.

    SOCIEDADE CIVIL a esfera das relaes entre indivduos, entre grupos, entre classessociais que se desenvolvem margem das relaes de poder que caracterizam as instituiesestatais. Em outras palavras, sociedade civil representada como o terreno dos conflitoseconmicos, ideolgicos, sociais e religiosos que o Estado tem ao seu encargo resolver,intervindo como mediador ou suprimindo-os... (Bobbio, Matteucci &Pasquino, 1992).

    ESTADO conjunto organizado das instituies polticas, jurdicas, policiais,administrativas, econmicas etc, sob um governo autnomo e ocupandoum territrio prprio e independente. Diferentemente de governo (conjuntodas pessoas s quais a sociedade civil delega direta ou indiretamente o poderde dirigir o Estado). (Japiassu & Marcondes, 1991).

    No caso do Brasil, a Constituio de 1988 define que a RepblicaFederativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados eMunicpios e do Distrito Federal, constitui um Estado democrtico de direitoe tem como fundamento:

    Se voc quer saber maissobre biodiversidade,consulte Wilson,1997,citado na Bibliografia ouo site do Ministrio do

    Meio Ambiente/Secretariade Biodiversidade e

    Florestashttp://www.mma.gov.br

    Para saber mais sobreecossistema, consultar

    Odum, 1998.

    Para saber mais sobresociedade civil,

    consultar Santos, 1996.

    Para saber mais sobreEstado, consultar Bobbio,

    Matteucci & Pasquino,1992.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    38SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    I a soberania;

    II a cidadania;

    III a dignidade da pessoa humana;

    I V os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    V o pluralismo poltico.(art. 1 da Constituio da Repblica Federativa do Brasil).

    MOVIMENTOS SOCIAIS (e comportamentos coletivos) constituem tentativas fundadasnum conjunto de valores comuns, destinados a definir as formas de aosocial e influir nos seus resultados (Bobbio, Matteucci & Pasquino, 1992).

    Os movimentos sociais so necessariamente aes grupais geradas nasociedade civil. Os movimentos sociais podem representar interessespopulares (o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST, queluta pela reforma agrria, o Movimento Nacional dos Pescadores Monapeque luta por melhores condies de vida da categoria e contra a expulsodas comunidades litorneas; o Movimento dos Seringueiros do Acre, queatua contra a destruio dos seringais e a expulso dos seringueiros; oMovimento dos Caminhoneiros que luta contra os preos do pedgio, pormelhores condies das estradas etc.) como tambm podem representarinteresses de grupos econmicos (o movimento de empresrios paradiminuio de impostos, o movimento dos latifundirios contra areforma agrria, durante a Constituinte de 1988, caso da UDR; omovimento patronal pela desregulamentao das relaes de trabalhopara diminuir as obrigaes trabalhistas dos empregadores e facilitar adispensa de trabalhadores e outros).

    Se voc quer saber maissobre movimentos

    sociais, consulte Warren Scherrer &

    Krischke,1987.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    39SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Sisnama segundo a Lei que dispe sobre a Poltica Nacional de MeioAmbiente os rgos e entidades da Unio, dos Estados, do Distrito Federal,dos Territrios e dos Municpios, bem como as Fundaes institudas peloPoder Pblico,

    responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental, constituiroo Sistema Nacional do Meio Ambiente Sisnama, assim estruturado:

    I rgo Superior: o Conselho de Governo, com a funo de assessorar oPresidente da Repblica, na formulao da Poltica Nacional e nasdiretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;

    II rgo Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do MeioAmbiente Conama, com a finalidade de assessorar, estudar e propordiretrizes de polticas governamentais para o meio ambiente e os recursosnaturais e deliberar no mbito de sua competncia, sobre normas epadres compatveis com o meio ambiente ecologicamente equilibradoe essencial sadia qualidade de vida;

    III rgo Central: o Ministrio do Meio Ambiente, com a finalidadede planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como rgofederal,a poltica nacional e as diretrizes governamentais fixadaspara o meio ambiente;

    I V rgo Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renovveis, com a finalidade de executar e fazer executar,como orgo federal, a poltica e as diretrizes governamentais fixadaspara o meio ambiente;

    V rgos Setoriais: os rgos ou entidades integrantes da AdministraoPblica Federal, Direta ou Indireta, bem como as Fundaesinstitudas pelo Poder Pblico, cujas atividades estejam associadas sde proteo da qualidade ambiental ou quelas de disciplinamentodo uso de recursos ambientais;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    40SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    V I rgos Seccionais: os rgos ou entidades estaduais, responsveispela execuo de programas, projetos e pelo controle e fiscalizaodas atividades capazes de provocar degradao ambiental;

    VII rgos Locais: os rgos ou entidades municipais responsveis pelocontrole e fiscalizao dessas atividades, nas suas respectivasjurisdies.

    Pela Medida Provisria n0 2.216-37, de 31/08/2001, as competnciasdo Ministrio do Meio Ambiente so:

    a) poltica nacional do meio ambiente e dos recursos hdricos;

    b) poltica de preservao, conservao e utilizao sustentvel deecossistemas, biodiversidade e florestas;

    c) proposio de estratgias, mecanismos e instrumentos econmicos esociais, para a melhoria da qualidade ambiental e do uso sustentveldos recursos naturais;

    d) polticas para integrao do meio ambiente e produo;

    e) polticas e programas ambientais para a Amaznia Legal;

    f) zoneamento ecolgico econmico.

    Por esta mesma Medida Provisria, o Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renovveis Ibama passa a ter afinalidade de executar as polticas nacionais de meio ambiente, referentess atribuies federais permanentes relativas preservao, conservaoe ao uso sustentvel dos recursos ambientais e sua fiscalizao e controle,bem como apoiar o Ministrio do Meio Ambiente na execuo das aessupletivas da Unio, de conformidade com a legislao em vigor e asdiretrizes daquele Ministrio.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    41SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    De acordo com a Lei n0 9.984, de 17/07/2000, cabe Agncia Nacionalde guas, rgo vinculado ao Ministrio do Meio Ambiente,implementar, em sua esfera de atribuies, a Poltica Nacional de RecursosHdricos integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hdricos.(art. 3o).

    A Lei n0 9.433, de 08/01/97, institui a Poltica Nacional de RecursosHdricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHdricos, cujos princpios so:

    adoo da bacia hidrogrfica como unidade de planejamento;

    os usos mltiplos dos recursos hdricos;

    reconhecimento da gua como um bem finito e vulnervel;

    reconhecimento do valor econmico da gua;

    gesto descentralizada e participativa.

    RESERVA LEGAL rea localizada no interior de uma propriedade ouposse rural, excetuada a de preservao permanente, necessria ao usosustentvel dos recursos naturais, conservao e reabilitao dosprocessos ecolgicos, conservao da biodiversidade e ao abrigo eproteo da fauna e flora nativas (inciso III do 20 do art. 1 da MedidaProvisria n0 2.166-67, de 24/08/01, que altera a Lei n0 4.771/65, ochamado Cdigo Florestal).

    Atualmente, o Congresso Nacional est discutindo a Medida Provisrian0 2.166-67, de 24/08/01 que altera o Cdigo Florestal.

    Art. 225 - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidadede vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever dedefend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    42SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    1 Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe aoPoder Pblico:

    I preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciaise prover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas;

    II preservar a diversidade e a integridade do patrimniogentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico;

    III definir, em todas as unidades da Federao, espaosterritoriais e seus componentes a serem especialmenteprotegidos, sendo a alterao e a supresso permitidassomente atravs de lei, vedada qualquer utilizao quecomprometa a integridade dos atributos que justifiquemsua proteo;

    IV exigir, na forma da lei, para instalao de obra ouatividade potencialmente causadora de significativadegradao do meio ambiente, estudo prvio de impactoambiental, a que se dar publicidade;

    V controlar a produo, a comercializao e o empregode tcnicas, mtodos e substncias que comportemrisco para a vida, a qualidade de vida e o meioambiente;

    VI promover a educao ambiental em todos os nveis deensino e a conscientizao pblica para a preservaodo meio ambiente;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    43SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    VII proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei,as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica,provoquem a extino der espcies ou submetem os animaisa crueldade.

    MEDIADOR inicialmente cabe diferenciar o papel de mediador deinteresses e conflitos que envolvem o interesse pblico (casoda gesto ambiental) daqueles que envolvem to-somente adisputa em torno de interesses no mbito privado.

    No caso da gesto ambiental, por fora do dispositivo constitucional,que coloca o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direitode todos os brasileiros e bem de uso comum, sempre se ter o interesse dacoletividade frente aos interesses de um ou mais atores sociais. Nessacircunstncia, cabe ao Poder Pblico responsabilidade pela defesa dosinteresses coletivos. Assim, no exerccio do seu papel de mediador, apossibilidade de o Poder Pblico propor solues para atender interesses eresolver conflitos est restrita aos limites impostos pela Lei. Nesse sentido,a Lei de Crimes Ambientais considera que comete crime contra aAdministrao Ambiental, o funcionrio pblico que, por exemplo:

    fizer afirmao falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegarinformaes ou dados tcnico-cientficos em procedimentode autorizao ou licenciamento ambiental; conceder licena,autorizao ou permisso em desacordo com as normasambientais, para as atividades, obras ou servios cuja realizaodepende de ato autorizativo do Poder Pblico; ou, ainda,deixar de cumprir obrigaes de relevante interesse ambiental.(Lei n0 9.605/98, artigos 66 a 68).

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    44SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    J nos conflitos restritos esfera privada (entre marido e mulher, irmos,empresas etc.) a soluo do conflito depende apenas da concordnciadas partes envolvidas em aceit-la. Neste caso, o mediador, funcionandocomo facilitador das negociaes, apresenta sugestes e jamais impesolues.

    INCENTIVOS FISCAIS recompensas oferecidas pelos Governos (Federal,Estadual e Municipal), geralmente pela dispensa ou abatimento nosimpostos, ou oferta de bnus para estimular alguma atividade econmicade seu interesse. Na rea ambiental, os mais conhecidos so:

    aumento, pelo Governo Estadual, da percentagem dedestinao do Imposto de Circulao de Mercadorias e Servios(ICMS) s Prefeituras, proporcionalmente ao ndice de seuterritrio transformado em rea protegida. o chamado ICMSverde.

    inseno do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)para rea reconhecida como Reserva Particular do PatrimnioNatural (RPPN).... (art. 11 do Decreto Federal n 1.922, de 5/6/1996).

    RPPN rea de domnio privado a ser especialmente protegida, poriniciativa de seu proprietrio, mediante reconhecimento do Poder Pblicopor ser considerada de relevante importncia pela sua biodiversidade, oupelo seu aspecto paisagstico, ou ainda por suas caractersticas ambientaisque justifiquem aes de recuperao. (Art. 1 do Decreto Federal n1.992, j citado). De acordo com a Lei n0 9.985/2000, que institui oSistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza (SNUC),a RPPN uma categoria de Unidade de Conservao do Grupo deUnidades de Uso Sustentvel. Ver tambm neste glossrio reasProtegidas.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    45SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    PADRES DE QUALIDADE AMBIENTAL condies limitantes da qualidadeambiental, muitas vezes, expressas em termos numricos, usualmenteestabelecidos por lei e sob jurisdio especfica, para proteo da sade e do bem-estar dos homens (Moreira, 1990).

    No Brasil, o Conama o rgo que estabelece padres de qualidadeambiental com validade para todo o territrio nacional. Sobre esteassunto o Conama baixou as seguintes resolues:

    n 20, de 18/06/1986, estabelece a classificao das guasdoces, salobras e salinas;

    n 003, de 28/06/1990, estabelece padres de qualidade doar; e

    n 008, de 16/12/1990, estabelece os limites mximos deemisso de poluentes do ar.

    No caso da gua para consumo humano, a Portaria do Ministrio daSade n0 1.469/GM, de 29/12/2000 (DOU de 02/04/01), fixa aNorma de Qualidade da gua para Consumo Humano.

    IMPACTO AMBIENTAL considera-se impacto ambiental qualquer alteraodas propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, causadapor qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanasque, direta ou indiretamente, afetam:

    I a sade, a segurana e o bem-estar da populao;

    II as atividades sociais e econmicas;

    III a biota;

    IV as condies estticas e sanitrias do meio ambiente;

    V a qualidade dos recursos ambientais.(art. 1 da Resoluo Conama n 001/86)

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    46SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    BIOTA todas as espcies de plantas e animais existentes dentro de umadeterminada rea (Moreira, 1990).

    AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) um instrumento de polticaambiental que toma a forma geral de um processo concebido para assegurarque se faa uma tentativa sistemtica e conscienciosa de avaliar asconseqncias ambientais da escolha entre as vrias opes que se podemapresentar aos responsveis pela tomada de deciso. (Wandesforde Smith,1979 apud Moreira, 1990).

    LICENCIAMENTO AMBIENTAL procedimento administrativo pelo qual o rgoambiental competente licencia a localizao, instalao, ampliao e aoperao de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursosambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelasque, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental, considerandoas disposies legais e regulamentares e as normas tcnicas aplicveis aocaso. (Resoluo Conama n 237/97).

    De acordo com o art. 2 da Resoluo Conama n 001/86, depender deelaborao de estudo de impacto ambiental e respectivo relatrio de impactoambiental Rima, a serem submetidos aprovao do rgo estadual competente,e do Ibama em carter supletivo, o licenciamento de atividades modificadorasdo meio ambiente, tais como:

    I Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;

    II Ferrovias;

    III Portos e terminais de minrio, petrleo e produtos qumicos;

    IV Aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, art. 48, doDecreto-Lei n 32, de 18.11.66;

    V Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores eemissrios de esgotos sanitrios;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    47SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    VI Linhas de transmisso de energia eltrica, acima de 230 Kv;

    VII Obras hidrulicas para explorao de recursos hdricos, taiscomo: barragem para fins hidreltricos, acima de 10 MW,de saneamento ou irrigao, abertura de canais paranavegao, drenagem e irrigao, retificao de cursosdgua, abertura de barras e embocaduras, transposio debacias, diques;

    VIII Extrao de combustvel fssil (petrleo, xisto, carvo);

    IX Extrao de minrios, inclusive os da classe II, definidasno Cdigo de Minerao;

    X Aterros sanitrios, processamento e destino final de resduostxicos ou perigosos;

    XI Usinas de gerao de eletricidade, qualquer que seja a fontede energia primria, acima de 10 MW;

    XII Complexo e unidades industriais e agroindustriais(petroqumicos, siderrgicos, cloroqumicos, destilarias delcool, hulha, extrao e cultivo em recursos hdricos);

    XIII Distritos industriais e zonas estritamente industriais ZEI;

    XIV Explorao econmica de madeira ou de lenha, em reasacima de 100 hectares, ou menores, quando atingir reassignificativas em termos percentuais ou de importnciado ponto de vista ambiental;

    XV Projetos urbansticos, acima de 100 ha ou em reasconsideradas de relevante interesse ambiental, a critrio daSEMA* e dos rgos municipais e estaduais competentes;

    * Secretaria Especial de Meio Ambiente criada no mbito federal, em 1973, e extinta em 1989, com acriao do Ibama.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    48SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    XVI Qualquer atividade que utilize carvo vegetal, emquantidadesuperior a dez toneladas por dia.

    ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL Um dos elementos do processo deavaliao de impacto ambiental. Trata-se da execuo por equipemultidisciplinar das tarefas tcnicas e cientficas destinadas a analisar,sistematicamente, as conseqncias da implantao de um projeto nomeio ambiente, por meio de mtodos de AIA e tcnicas de previso dosimpactos ambientais. O estudo realiza-se sob a orientao da autoridadeambiental responsvel pelo licenciamento do projeto em questo, que,por meio de instrues tcnicas especficas, ou termos de referncia, indicaa abrangncia do estudo e os fatores ambientais a serem consideradosdetalhadamente. O estudo de impacto ambiental compreende, nomnimo: a descrio do projeto e suas alternativas, nas etapas deplanejamento, construo, operao e, quando for o caso, desativao; adelimitao e o diagnstico ambiental da rea de influncia; aidentificao, a medio e a valorao dos impactos; a comparao dasalternativas e a previso de situao ambiental futura, nos casos de adoode cada uma das alternativas, inclusive no caso de no se executar oprojeto; a identificao das medidas mitigadoras e do programa demonitoragem dos impactos; a preparao do relatrio de impactoambiental Rima. (Moreira, 1990).

    Ainda segundo a Resoluo n0 001/86, O estudo de impacto ambiental, almde atender legislao, em especial os princpios e objetivos expressos na Lei daPoltica Nacional do Meio Ambiente, obedecer s seguintes diretrizes gerais:

    I Contemplar todas as alternativas tecnolgicas e delocalizao do projeto, confrontando-as com a hiptese deno-execuo do projeto;

    II Identificar e avaliar sistematicamente os impactosambientais gerados nas fases de implantao e operaoda atividade;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    49SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    III Definir os limites da rea geogrfica a ser direta ouindiretamente afetada pelos impactos, denominada rea deinfluncia do projeto, considerando, em todos os casos, abacia hidrogrfica na qual se localiza;

    IV Considerar os planos e programas governamentais, propostose em implantao na rea de influncia do projeto, e suacompatibilidade. (Art. 5).

    Ainda seguindo os termos dessa Resoluo, O estudo de impactoambiental desenvolver, no mnimo, as seguintes atividades tcnicas:

    I Diagnstico ambiental da rea de influncia do projeto, completadescrio e anlise dos recursos ambientais e suas interaes, talcomo existem, de modo a caracterizar a situao ambiental darea, antes da implantao do projeto, considerando:

    a) o meio fsico o subsolo, as guas, o ar e o clima, destacando osrecursos minerais, a topografia, os tipos e aptides do solo, os corposdgua, o regime hidrolgico, as correntes marinhas, as correntes

    atmosfricas;

    b) o meio biolgico e os ecossistemas naturais a fauna e a flora,

    destacando as espcies indicadoras da qualidade ambiental, de valor

    cientfico e econmico, raras e ameaadas de extino, e as reas de

    preservao permanente;

    c ) o meio socioeconmico o uso e ocupao do solo, os usos da gua e

    a socioeconomia, destacando os stios e monumentos arqueolgicos,

    histricos e culturais da comunidade, as relaes de dependncia

    entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial

    utilizao futura desses recursos.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    50SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    II Anlise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas,atravs de identificao, previso da magnitude e interpretao daimportncia dos provveis impactos relevantes, discriminando: osimpactos positivos e negativos (benficos e adversos), diretos eindiretos, imediatos e a mdio e longo prazos, temporrios epermanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedadescumulativas e sinrgicas; a distribuio dos nus e benefcios sociais;

    III Definio das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entreelas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento dedespejos, avaliando a eficincia de cada uma delas.

    I V Elaborao do programa de acompanhamento e monitoramentodos impactos positivos e negativos, indicando os fatores eparmetros a serem considerados. (Art. 6).

    RELATRIO DE IMPACTO AMBIENTAL Rima O relatrio de impactoambiental o documento que apresenta os resultados dos estudos tcnicos e

    cientficos de avaliao de impacto ambiental. Constitui um documento

    do processo de avaliao de impacto ambiental e deve esclarecer todos os

    elementos da proposta em estudo, de modo que possam ser divulgados e

    apreciados pelos grupos sociais interessados e por todas as instituies

    envolvidas na tomada de deciso. (Moreira, 1990).

    A Resoluo Conama n0 237/97, retomando o tema Licenciamentoambiental, em seu art. 1 adota as seguintes definies:

    Licena Ambiental ato administrativo, pelo qual o rgo ambiental

    competente estabelece as condies, restries e medidas de controle ambiental

    que devero ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fsica e jurdica, para

    localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    51SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    utilizadoras dos recursos ambientais, consideradas efetiva oupotencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possamcausar degradao ambiental.

    ESTUDOS AMBIENTAIS so todos e quaisquer estudos relativos aosaspectos ambientais relacionados localizao, instalao, operaoe ampliao de uma atividade ou empreendimento, apresentadoscomo subsdio para anlise da licena requerida, tais como: relatrioambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatrio ambientalpreliminar, diagnstico ambiental, plano de manejo, plano derecuperao de rea degradada e anlise preliminar de risco.

    IMPACTO AMBIENTAL REGIONAL todo impacto ambiental que afetadiretamente (rea de influncia direta do projeto), no todo ou em parte, oterritrio de dois ou mais Estados. (Resoluo Conama n 237/97).

    Esta Resoluo estabelece, ainda, que compete:

    a) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenovveis Ibama, rgo executor do Sisnama, o licenciamentoambiental, a que se refere o Art. 10 da Lei n0 6.938, de 31 de agosto de1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambientalde mbito nacional ou regional, a saber:

    I localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e empas limtrofe; no mar territorial; na plataformacontinental; na zona econmica exclusiva; em terrasindgenas ou em unidades de conservao do domnio daUnio;

    II localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados;

    III cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limitesterritoriais do Pas ou de um ou mais Estados;

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    52SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    IV destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar,transportar, armazenar e dispor material radiativo, emqualquer estgio, ou que utilizem energia nuclear emqualquer de suas formas e aplicaes, mediante parecer daComisso Nacional de Energia Nuclear CNEN;

    V bases ou empreendimentos militares, quando couber,observada a legislao especfica. (Art. 4).

    b) ao rgo ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamentoambiental dos empreendimentos e atividades:

    I localizados ou desenvolvidos em mais de um Municpio ouem unidades de conservao de domnio estadual ou doDistrito Federal;

    II localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formasde vegetao natural de preservao permanente relacionados noArt. 2 da Lei n0 1.965, e em todas as que assim foremconsideradas por normas federais, estaduais ou municipais;

    III cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limitesterritoriais de um ou mais Municpios;

    I V delegados pela Unio aos Estados ou ao Distrito Federal,por instrumento legal ou convnio. (Art. 5).

    c ) ao rgo ambiental municipal ouvidos os rgos competentes daUnio, dos Estados, e do Distrito Federal, quando couber olicenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impactoambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado porinstrumento legal ou convnio. (Art. 6).

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    53SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    A Resoluo Conama n0 237/97 apresenta, tambm, no anexo I, umarelao de "Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao LicenciamentoAmbiental" (1 do artigo 2). Esta nova relao detalha a anterior, queconsta da Resoluo n0 001/86 (caput do artigo 2).

    REA PROTEGIDA uma rea dedicada fundamentalmente proteo e apreciao de herana natural e cultural, manuteno da biodiversidadee/ou manuteno dos sistemas de sustentao da vida (UICN/PNMA/WWF, 1991).

    SISTEMAS DE SUSTENTAO DA VIDA processos ecolgicos que mantm oPlaneta adequado para a vida. So eles que determinam o clima, limpam oar e a gua, regulam o fluxo de gua, reciclam os elementos essenciais,criam e regeneram o solo, e permitem a auto-regulao dos ecossistemas(UICN/PNUMA/WWF, 1991).

    No Brasil, a Constituio Federal de 1988 remete ao Poder Pblico atarefa de definir os espaos territoriais e seus componentes a serem especialmenteprotegidos (ver pargrafo 1 do art. 225). Para cumprir este preceitoconstitucional so criadas, pelo Poder Pblico, as Unidades de Conservao.De acordo com a Lei n 9.985/00, que institui o Sistema Nacional deUnidades de Conservao da Natureza (SNUC), as unidades de conservao(UC) esto classificados em dois grandes grupos: o de Unidades de ProteoIntegral e o de Unidades de Uso Sustentvel (art. 7).

    O grupo das Unidades de Proteo Integral composto pelas seguintes categorias:Estao Ecolgica (ESEC); Reserva Biolgica (REBIO); Parque Nacional(PARNA); Monumento Natural e Refgio de Vida Silvestre (art. 8).

    No caso do Parque Nacional, quando criado pelo Estado ou Municpio,receber a denominao respectivamente de Parque Estadual e ParqueNatural Municipal ( 4, art. 11).

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    54SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    J o grupo das Unidades de Uso Sustentvel integrado pelas seguintescategorias: rea de Relevante Interesse Ecolgico (ARIE); FlorestaNacional (Flona); Reserva Extrativista (Resex); Reserva de Fauna;Reserva de Desenvolvimento Sustentvel e Reserva Particular dePatrimnio Natural (RPPN). (Art. 14).

    A Lei n 9.985/00 tambm define o objetivo, o modo de uso e apropriedade da terra (se pblica ou privada) de cada uma das categoriasde UC dos dois grupos.

    No que se refere sua composio, o SNUC " constitudo peloconjunto das unidades de conservao federais, estaduais e municipais,de acordo com o disposto nesta Lei" . (Art. 3).

    MONITORAMENTO processo de observaes e medies repetidas, de um ou maiselementos ou indicadores da qualidade ambiental, de acordo com programaspreestabelecidos no tempo e no espao, para testar postulados sobre o impactodas aes do homem no meio ambiente (Moreira, 1990).

    Faz-se monitoramento da qualidade do ar, da gua, de praias etc.

    EDUCAO AMBIENTAL " processos por meio dos quais o indivduo e acoletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes

    e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso

    comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    (Artigo 1 da Lei n0 9.795/99 que institui a Poltica Nacional deEducao Ambiental).

    No contexto dessa lei, a Educao Ambiental um direito de todos; "parte do processo educativo mais amplo", "devendo estar presente, de forma articulada,em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal". (Artigos 3 e 4).

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    55SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Para saber mais, ler otexto, Por uma

    educaoambiental emancipatria:consideraes sobre aformao do educadorpara atuar no processode gesto ambiental

    no Anexo

    Ao definir as obrigaes de vrios atores sociais (Poder Pblico,instituies educativas, meios de comunicao de massa, empresas,entidades de classe etc.) com a prtica da Educao Ambiental, a leiincumbe, explicitamente, "aos rgos integrantes do Sistema Nacionalde Meio Ambiente promover aes de educao ambiental integradasaos programas de conservao, recuperao e melhoria do meioambiente (inciso III, do art. 3, grifo nosso).

    Sobre este assunto, o Decreto n 4.281 de 25/06/2002 que regulamentaa Lei n 9.795/99 estabeleceu (...) devero ser criados, mantidos eimplementados, sem prejuzo de outras aes, programas de educao

    ambiental integrados: (...) s atividades de conservao da biodiversidade,

    de zoneamento ambiental, de licenciamento e reviso de atividades efetiva

    ou potencialmente poluidoras, de gerenciamento de resduos, de

    gerenciamento costeiro, de gesto de recursos hdricos, de ordenamento

    de recursos pesqueiros, de manejo sustentvel de recursos ambientais,

    de ecoturismo e melhoria de qualidade ambiental, (...).

    neste contexto que o Ibama, como rgo integrante do Sisnama vemimplementando a proposta de Educao no Processo de Gesto Ambiental,construda ao longo dos ltimos 10 anos por seus educadores, que atuamna Coordenao-Geral de Educao Ambiental (Sede), nos Ncleos deEducao Ambiental (NEAs) das Gerncias-Executivas (Estados e DF)e nos Centros de Pesquisas da rea pesqueira e em vrias unidadesdescentralizadas (UC, escritrios multifuncionais).

    ASSIMETRIA ( o oposto de simetria) Diz-se que simtrica uma relao entre doistermos nos dois sentidos: por exemplo, relao entre irmos. (Abbagnano, 1998).

    Assim, se Maria irm de Joo, Joo tambm irmo de Maria.

    No contexto da gesto ambiental, assimetria na distribuio de podersignifica que, em se tratando de decidir e intervir para transformar oambiente, uns podem mais do que outros. Se estivssemos examinando o

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    56SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    processo eleitoral brasileiro, que elege o Presidente da Repblica, osGovernadores, os Deputados etc., poderamos dizer que, em se tratandoda escolha de Governantes, todos os eleitores podem igualmente. Nessecaso possvel dizer que simtrica a distribuio do poder de elegerentre o conjunto dos eleitores: a cada um deles corresponde um voto.Porm, considerando-se que os menores de 16 anos no podem votar,quando tomamos toda a populao brasileira, podemos afirmar que assimtrica a distribuio do poder para eleger governantes.

    AUDINCIA PBLICA Segundo a Resoluo Conama n 009, de 03/12/1987,A Audincia Pblica, referida na Resoluo/Conama N 001/86, tem porfinalidade expor aos interessados o contedo do produto em anlise e do seu referidoRIMA, dirimindo dvidas e recolhendo dos presentes as crticas e sugestes arespeito. (Art. 1).

    De acordo com o art. 2, sempre que julgar necessrio, ou quando forsolicitado por entidade civil, pelo Ministrio Pblico, ou por 50 (cinqenta)ou mais cidados, o rgo do meio ambiente promover realizao deaudincia pblica.

  • Unidade II

    Problemas e Conflitos

    Ambientais

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    59SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Introduo

    uem atua no campo ambiental sabe da dificuldade de aspessoas visualizarem as causas e conseqncias relacionadas coma ao humana no meio ambiente. O processo de contaminao de umrio, por exemplo, muitas vezes est distante dos indivduos no espao (oslanamentos dos dejetos so feitos a muitos quilmetros rio acima do lugaronde a pessoa mora) e no tempo (comeou h muitos anos e ningum lembraquando). Para complicar, este processo no apresenta um efeito visvel eimediato (a gua no muda de gosto e nem de cor, mas pode estarcontaminada com metal pesado, por exemplo).

    Outro complicador a tendncia de as pessoas assumirem umaidia de que certos recursos ambientais so infinitos. comum ouvir que um granderio jamais vai secar (at que fique visvel a diminuio do volume de suas guas)ou, ainda, que uma floresta to imensa no vai acabar ou que os peixes continuaroabundantes todos os anos, at que a realidade mostre o contrrio.

    A postura do sou igual ao So Tom, s acredito vendo provoca umimenso desafio para a Educao Ambiental: a necessidade de desenvolver atitudese prticas preventivas na nossa sociedade diante das questes ambientais.

    A outra dificuldade para as pessoas se envolverem comas questes ambientais est na sensao de impotncia diante delas.A ocupao desordenada do litoral, que resulta em destruio de dunas,aterramento de mangues, expulso das comunidades, e privatizao de

    Q

    Ver metais pesados noGlossrio no fim da

    unidade

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    60SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    praias, por exemplo, envolve grandes interesses de grupos econmicose polticos e faz o indivduo se sentir pequenininho, perante o poderdos atores sociais responsveis pela degradao daquele ambiente.

    Em razo da complexidade da questo ambiental, hnecessidade de os processos educativos proporcionarem condies paraas pessoas produzirem e adquirirem conhecimentos, habilidades edesenvolverem atitudes para poderem intervir de forma participativaem processos decisrios que implicam a alterao, para melhor ou pior, daqualidade ambiental.

    Nesse sentido, esta Unidade foi planejada para que, aps arealizao das atividades programadas, voc passe a dominar um instrumentalque lhe facilite caracterizar um problema ambiental e envolver outras pessoasna sua discusso. Isto quer dizer que, a partir de um problema ambientalobservado, voc dever:

    identificar os principais atores sociais envolvidos e suas formasde organizao;

    relacionar os efeitos sobre o meio fsico-natural com ameaa qualidade de vida dos grupos sociais afetados;

    identificar o posicionamento dos atores sociais envolvidosou afetados;

    identificar os aspectos da legislao ambiental federalrelacionados (ao problema) e s possibilidades de sua utilizaopelo rgo ambiental e por organizaes da sociedade civil;

    aplicar procedimentos que facilitem a participao dosdiferentes atores sociais no seu estudo e na busca de soluo(do problema), bem como na difuso dos resultadosencontrados.

    Ver participao noGlossrio no fim da

    unidade

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    61SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Provavelmente, no seu dia a dia, voc tem lidado com amaioria dos contedos abordados aqui. Na verdade, o que faremos seruma sistematizao, uma forma mais clara de visualizar o problema deforma global. Alm de facilitar a nossa compreenso, possibilita oenvolvimento de outras pessoas para estudarem o problema. O ideal que esta atividade seja realizada em grupo formado por colegas dos vriosrgos ambientais, de ONGs, de Movimentos Sociais e de outrasorganizaes existentes na Comunidade.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    63SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    1. Caracterizao de Problemas e

    Conflitos Ambientais

    omo voc viu na Unidade anterior, no processo de apropriaoe uso dos recursos ambientais, esto sempre em jogo interesses

    da coletividade, cuja responsabilidade pela defesa do Poder Pblico, einteresses especficos de atores sociais que, mesmo quando legtimos, nemsempre coincidem com os da coletividade.

    Estes atores sociais podem possuir grande capacidade para influir(a seu favor) nas decises dos rgos de meio ambiente, sobre a destinaodos recursos ambientais, seja pela via da presso poltica direta, seja pormeio da divulgao sociedade sobre a importncia econmica e social doseu empreendimento (gerao de empregos um dos fortes argumentos), oupelas duas formas.

    J vimos tambm que a disputa pelo controle de qualquer recursoescasso prprio da natureza da sociedade. Portanto, o importante que orgo de meio ambiente, no exerccio de sua competncia mediadora, proporcionecondies para que os diferentes atores sociais envolvidos tenhamoportunidade de expor a outros atores sociais e ao conjunto da sociedade, osargumentos que fundamentam a posio de cada um quanto destinaodos recursos ambientais em disputa. As Audincias Pblicas das quais falamos,na Unidade anterior, se bem organizadas, podem proporcionar condiespara que este saudvel embate de posicionamentos acontea.

    Voc pode listar osprincipais problemasambientais que voc

    conhece em sua rea deatuao?

    C

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    64SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Entretanto, entre os atores sociais envolvidos, h aqueles quedispem de conhecimentos e habilidades sobre a problemtica em discusso(os empreendedores, por exemplo), que lhes permitem argumentarem aseu favor. Ao mesmo tempo, h outros que, apesar de afetados pelas decises(por exemplo, comunidades costeiras, no caso da construo de um porto),no tm acesso aos conhecimentos e habilidades necessrias para poderemdefender seus interesses. Em muitas situaes, caso tais interesses sejamcontrariados, este fato ameaa a prpria sobrevivncia da comunidadeatingida.

    A experincia dos educadores tem mostrado que uma ferramentaimportante para compreender a complexidade da questo ambiental o estudode caso, no qual o caso pode ser um problema, conflito ou potencialidadeambiental. Para exemplificar, trabalharemos com a anlise de um problemaambiental. Entretanto, o roteiro adotado para o estudo de problemas e asocializao do seu resultado poder, com alguma adaptao, ser utilizadono estudo de conflitos e potencialidades ambientais.

    O que um problema ou conflito ambiental?O que um problema ou conflito ambiental?O que um problema ou conflito ambiental?O que um problema ou conflito ambiental?O que um problema ou conflito ambiental?Ou melhorOu melhorOu melhorOu melhorOu melhor, o que ns aqui chamaremos de problema, o que ns aqui chamaremos de problema, o que ns aqui chamaremos de problema, o que ns aqui chamaremos de problema, o que ns aqui chamaremos de problemaou conflito ambiental? H diferena entre osou conflito ambiental? H diferena entre osou conflito ambiental? H diferena entre osou conflito ambiental? H diferena entre osou conflito ambiental? H diferena entre osdois?dois?dois?dois?dois?

    O termo problema, no nosso dia a dia, assume vriossignificados. Quando algum fala de um problema financeiro, em geral,est se referindo a idias do tipo falta de dinheiro, dificuldades de pagarcontas etc. Da mesma forma, se uma pessoa fala de um problema desade, pode estar querendo transmitir a idia de risco ou ameaa (esta doenapode deixar fulano sem poder andar pelo resto da vida), de dano temporrio

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    65SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Ver Glossrio

    ou permanente ao organismo (tal enfermidade deixou fulano com o pulmocomprometido para o resto da vida; a fratura deixou sicrano sem poderusar a mo direita por uns tempos etc.). H tambm casos em que otermo est associado ao desafio de realizar uma tarefa prtica (o problemada construo de uma ponte) e h, ainda, muitos outros sentidos.

    Como pessoas envolvidas com o campo da gesto do meioambiente, quando usamos o termo problema ambiental, tambm atribumosa ele vrios sentidos. Ao usar este termo em nossas falas, podemos estarnos referindo a dificuldades (o problema da fiscalizao em alto mar), carncia (o problema da falta de embarcaes para fiscalizar em alto mar),a tarefas prticas (o problema da criao de uma Unidade de Conservao)ou a outros significados. Neste trabalho, estaremos entendendo problemaambiental comoaquelas situaes onde haja risco e/ou dano social/ambiental e no haja nenhum tipo de reao por parte dos atingidos ou de

    outros atores da sociedade civil face ao problema (Carvalho & Scotto, 1995).

    De acordo com esta concepo, podem ser exemplos de problemasambientais: a ameaa ou extino de espcies da fauna e da flora; lixes;desmatamentos; rios e guas subterrneas contaminadas por metais pesados,chorume, esgotos domsticos e industriais, agrotxicos etc.; uso de agrotxicos;contaminao de praias; poluio do ar; e outras formas de poluio.

    RRRRReflexoeflexoeflexoeflexoeflexo

    Apesar dos problemas administApesar dos problemas administApesar dos problemas administApesar dos problemas administApesar dos problemas administrrrrrativos dativos dativos dativos dativos dosososososrgos ambienta i s (fa lta de pessoa l , dergos ambienta i s (fa lta de pessoa l , dergos ambienta i s (fa lta de pessoa l , dergos ambienta i s (fa lta de pessoa l , dergos ambienta i s (fa lta de pessoa l , derecursos recursos recursos recursos recursos materiais e financeiros etc.) influremmateriais e financeiros etc.) influremmateriais e financeiros etc.) influremmateriais e financeiros etc.) influremmateriais e financeiros etc.) influremnegativamentenegativamentenegativamentenegativamentenegativamente na qualidade ambiental, aqui na qualidade ambiental, aqui na qualidade ambiental, aqui na qualidade ambiental, aqui na qualidade ambiental, aquie les no sero cons iderados prob lemase les no sero cons iderados prob lemase les no sero cons iderados prob lemase les no sero cons iderados prob lemase les no sero cons iderados prob lemasambientais.ambientais.ambientais.ambientais.ambientais.

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    66SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    Ver Glossrio

    Em termos prticos, alm de ser uma situao onde se observadano e/ou risco qualidade de vida das pessoas (em decorrncia da ao deatores sociais sobre os meios fsico-natural e/ou construdo), o problemaambiental caracteriza-se, pela ausncia de qualquer tipo de reao dos atingidosou de atores sociais da sociedade civil. Segundo Carvalho & Scotto (1995),so freqentes os casos onde existe apenas uma constatao tcnico-cientfica doproblema exames de laboratrio concluem que o rio est contaminado por metaispesados, por exemplo. Outras vezes, h sugestes de soluo ou de encaminhamentopara uma ao de governo, ou seja, uma poltica ambiental. Evidentemente,condutas do tipo sugerir soluo ao governo no podem ser caracterizadascomo uma ao contrria (reao) quela que est provocando risco e/oudano ao meio ambiente.

    como se a existncia de um esgoto a cu aberto, que um diafoi rio, se transformasse num fato to banal no cotidiano da comunidade,que as pessoas passassem a aceitar o seu mau cheiro, o seu mau aspecto e orisco de contaminao por doenas transmitidas por vetores diversos, comoalgo normal. O fato de o rio contaminado estar l, parece que noincomoda, no interessa, ou seja, no mexe com as pessoas.

    Diferente do problema ambiental, o conflito ambiental aquientendido como aquelas situaes onde h confronto de interessesrepresentados por diferentes atores sociais, em torno da utilizao e/ou gestodo meio ambiente (Carvalho & Scotto, 1995).

    De sada, o conflito ambiental ocorre porque atores sociaisreagem em defesa dos seus interesses, pela utilizao e/ou gesto dos recursosambientais. o caso de moradores que se organizam para evitar areativao de um aterro sanitrio ou a construo de um incinerador delixo pela Prefeitura; de pescadores que se organizam para contestar operodo de defeso decretado pelo Ibama e exigem participar da elaboraode sua Portaria; de grupos ambientalistas que se mobilizam para contestar

    Sentido de Embate(nota do autor)

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    67SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    a construo de uma hidreltrica, de uma estrada; de seringueiros do Acre quenos anos 70 impediram a transformao da floresta em pastagens, em defesa desua potencialidade, e conseguiram a criao de Reservas Extrativistas - Resexpelo Governo Federal; de grandes fazendeiros de soja que lutam pela construode uma hidrovia, que vai facilitar o escoamento de sua produo, e de outrosatores sociais que se organizam para lutar por seus interesses ou da coletividadecontra a realizao do empreendimento.

    Portanto, podemos dizer que todos os conflitosambientais envolvem um problema ambiental ou a disputa em

    torno da defesa e/ou controle de determinada potencialidade

    ambiental, mas nem todo problema ambiental envolve um conflito.

    Estabelecida a diferena entre problema e conflitoambiental, vamos praticar agora o modo de proceder sua anlise e deenvolver o maior nmero de pessoas na sua discusso. A idia queas pessoas, durante o processo de estudo do problema ambiental,percebam os danos e/ou riscos e se motivem para participar doencaminhamento de sua soluo. Assim, partindo-se do exame de umproblema ambiental, espera-se atingir o estgio de conflito ambiental institucionalizado.

    Em muitos casos, necessrio que acontea uma situao deconflito explcito na sociedade civil, entre atores que representam interessescoletivos e atores que defendem interesses privados, para que o Poder Pblicoperceba a existncia de dano e/ou risco ao meio ambiente e tome asprovidncias cabveis.

    Todos ns conhecemos ou j ouvimos falar em manguezaisricos em caranguejos; lagos e esturios onde os peixes so abundantes;florestas com grande variedade de espcies florsticas, lugares compaisagens belssimas e clima agradvel, ilhas ocenicas com praiasparadisacas e outros locais com atributos que despertam o interesse das

    Como voc pode notar,um confl ito ocorrequando atores sociaistomam conscincia dedano e/ou risco ao meioambiente, se mobilizame agem no sentido deinterromper ou eliminar oprocesso de ameaa.

    Ver Glossrio

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    68SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    pessoas. Aos atributos de um ou mais ecossistemas ou de um bioma,passveis de uso sustentvel, denominamos, potencialidade ambiental(Ibama, Programa de Educao Ambiental - Orientaes para Elaboraodo Plano de Trabalho, 200l). As Florestas Nacionais - Flonas, as Resex, eas Reservas de Desenvolvimento Sustentvel, previstas no SNUC soexemplos de Unidades des de Conservao - UC, cuja criao sefundamenta na existncia de potencialidade ambiental.

    Convm ainda observar que um conflito ambiental pode serinstaurado a partir da disputa pelo controle de determinada potencialidadeambiental, submetida ou no a ameaa (risco e/ou dano).

    Ver Glossrio

  • Introduo Gesto Ambiental Pblica

    69SRIE EDUCAO AMBIENTAL

    2. Estudo de um Problema Ambiental e do

    Processo de Socializao de sua Existncia

    O caso da destinao do leo lubrificante queimado

    m problema ambiental freqente no nosso dia-a-dia e quepoucas pessoas tm conhecimento e noo de sua gravidade

    (prova