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33 – As empresas precisam ter estratégias para aquisição de bens materiais. Partes vitais do produto final eram produzidas, na maioria das vezes, internamente, mas essa concepção está mudando para parcerias estratégicas. Duas estratégias operacionais são empregadas para a decisão das aquisições de bens materiais: a verticalização e a horizontalização. Esta última significa: A) Independência de terceiros na composição do produto. B) Compra de terceiros dos itens que compõem o produto final. C) Domínio da tecnologia do produto final. D) Maior autonomia da elaboração do produto final. E) Aumento da estrutura organizacional da empresa. Comentário: A horizontalização da produção industrial de que trata esta questão se fará com a compra dos itens necessários á produção final a terceiros, conforme corretamente responde a alternativa “B”. Esta questão remete à de nº 32, quando foram abordados aspectos relativos à economicidade no processo produtivo das empresas. Sob este aspecto, o que se percebe nesta questão é o foco de otimização dos recursos das empresas, aonde se vai buscar parceiros para o processo produtivo, que passam a operar de forma sistemática e ajustada. Um exemplo desta forma operacional é a chamada “planta petroquímica”, processo operacional que rege os Polos Petroquímicos, onde empresas produzem diferentes produtos que são transferidos para outras como insumos, as quais promovem novas interferências gerando outros produtos. O processo forma uma teia operacional, onde um determinado produto é final em uma e matéria prima na seguinte e assim sucessivamente, compondo o que se poderia chamar de “cadeia produtiva”.

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33 – As empresas precisam ter estratégias para aquisição de bens materiais. Partes vitais do produto final eram produzidas, na maioria das vezes, internamente, mas essa concepção está mudando para parcerias estratégicas. Duas estratégias operacionais são empregadas para a decisão das aquisições de bens materiais: a verticalização e a horizontalização. Esta última significa:

A) Independência de terceiros na composição do produto.

B) Compra de terceiros dos itens que compõem o produto final.

C) Domínio da tecnologia do produto final.

D) Maior autonomia da elaboração do produto final.

E) Aumento da estrutura organizacional da empresa.

Comentário:

A horizontalização da produção industrial de que trata esta questão se fará com a compra dos itens necessários á produção final a terceiros, conforme corretamente responde a alternativa “B”.

Esta questão remete à de nº 32, quando foram abordados aspectos relativos à economicidade no processo produtivo das empresas.

Sob este aspecto, o que se percebe nesta questão é o foco de otimização dos recursos das empresas, aonde se vai buscar parceiros para o processo produtivo, que passam a operar de forma sistemática e ajustada.

Um exemplo desta forma operacional é a chamada “planta petroquímica”, processo operacional que rege os Polos Petroquímicos, onde empresas produzem diferentes produtos que são transferidos para outras como insumos, as quais promovem novas interferências gerando outros produtos. O processo forma uma teia operacional, onde um determinado produto é final em uma e matéria prima na seguinte e assim sucessivamente, compondo o que se poderia chamar de “cadeia produtiva”.

34 – Um órgão governamental arrecadador de tributos foi estruturado de forma a atender à desconcentração das atividades da organização e às peculiaridades locais. Este tipo de departamentalização é por:

A) Clientes.

B) Área geográfica.

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C) Funções.

D) Projetos.

E) Processo.

Comentário:

Os estudiosos da departamentalização oferecem seis possibilidades de agrupamento com vistas ao melhor aproveitamento das disponibilidades de pessoal, de material, recursos financeiros, bem como a otimização operacional, quais sejam: por função, por produtos ou serviços, por base territorial, por clientela, por processo e por projeto.

A estruturação empresarial é por função quando constituída com base no agrupamento de atividades similares. Assim, compor segmentos individualizados as atividades de finanças, recursos humanos, vendas, produção, etc. Este modelo reflete a ênfase dada na independência de cada grupo, sendo propício para o desenvolvimento de carreiras especializadas dentro de cada área definida. É o modelo mais tradicional de estruturação, quando se têm uma linha descendente composta, por exemplo, de uma Diretoria, com Departamentos (Produção, Vendas, Finanças, etc) que lhe são diretamente subordinados, que por sua vez possuem Setores que representam as diversificações de suas ações (Matérias-Primas, Produtos Acabados, Mercadorias para Vendas, Contabilidade, Contas a Pagar, etc).

O agrupamento por produtos ou serviços ocorre quando as empresas visam uma estruturação focada em atividades setoriais, observando a especialização de cada segmento, sendo a partir do seu segundo nível direcionada para atividades especificas. Assim, em uma industria poderia haver uma Divisão Farmacêutica, cujos Departamentos seriam definidos de acordo com os grupos de medicamentos produzidos (Analgésicos, Antibióticos, etc), ou uma Divisão de Produtos Veterinários, com Setores de Vacinas e de Inseticidas ou ainda uma Divisão Química, com Setores de Tintas e de Solventes, etc. A estruturação por área geográfica, também chamada por base territorial é definida a partir das localidades onde a empresa desenvolve suas atividades, sendo que cada unidade funciona de forma independente, respeitando-se características específicas de cada região para a definição das linhas de ação. Entretanto, embora exista liberdade operacional, ela é limitada às definições políticas definidas pela sede da empresa. Neste modelo, a regionalização pode ocorrer parcialmente, sendo definida para algumas regiões de caráter mais específico, ou para todos os níveis da empresa. Segmentos próprios para adotar este modelo são o tributário, previdenciário e de controle externo, que no âmbito

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federal podem definir diretorias regionais (Regional de Pernambuco, da Bahia, de São Paulo, etc) sendo suas ações distribuídas por representações em cada Estado, que podiam ter denominação de cidades ou de regiões (Escritório de Recife, de Olinda, da Zona da Mata, etc; Escritório de Salvador, de Feira de Santana, da Chapada Diamantina, etc; Escritório de São Paulo, de Santos, do ABC, etc.). Ele também pode ser aplicado em multinacionais, quando definem diretorias para atuarem em alguns países ou grupos de países, tipo a Ford, que dispõe, entre outras, de uma Diretoria para a América Latina.

O agrupamento por clientes é mais utilizado em lojas de departamentos ou grandes magazines, em razão da diversidade de produtos e serviços oferecidos. Estas empresas precisam dispor de uma estrutura que lhes possibilite conhecer o desempenho de cada grupo de produtos para melhor orientação do processo de planejamento operacional. Aqui também as unidades funcionam de forma autônoma, embora ligadas a uma estrutura centralizada que define as políticas gerais. Neste tipo de instituição os departamentos são definidos de acordo com a clientela (Departamento Feminino, Departamento Masculino, Departamento Infantil, etc.) e a detalhamento de cada um deles por setores ou seções. As denominações variam de empresa para empresa, de acordo com os produtos específicos a cada segmento (Seção de Perfumaria, de Langerie, de Calçados, de Brinquedos, etc).

O agrupamento por processo contém uma estruturação cujas características são mais aplicáveis às empresas industriais, cujo esquema de produção vincula-se a produtos específicos, particularmente aquelas que operam com linha de montagem. Levando-se este modelo para a industria automobilística, ter-se-ia departamento de Carros de Passeio, Utilitários, etc., cujas ações seriam desmembradas em setores de Montagem, Pintura, etc.

A estruturação é por projeto é definida para atender metas definidas dentro de uma outra estrutura empresarial, sendo desenvolvido por grupos de especialistas, sendo suas características principais a flexibilidade na adaptação a situações imprevistas e temporalidade de duração. A utilização deste tipo de departamentalização é usual em empresas que trabalham com obras de infra-estrutura, grandes edificações ou até construção individual de prédios que, ao vencerem uma licitação pública ou definirem a realização de um empreendimento, utilizam-na para aquela demanda específica, sendo que o projeto se extinguirá ao final da obra. Assim, seria definida uma estrutura de gerência de projeto, dividida nos segmentos que se fizessem necessários para o seu desenvolvimento, tais como: Setor de Projetos, Setor de Compras, Setor de Acompanhamento de Obras etc.

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Feitas estas observações, chega-se à conclusão que a resposta correta à questão é a da alternativa “B”, ou seja, ocorreu uma departamentalização observando-se a área geográfica.

35 – A direção executiva de uma organização contratou a elaboração de um manual para ser lido e utilizado pelos funcionários, em prol da organização. Definiu que o manual deveria explicitar processo decisório, delegação de autoridade, coordenação global, intervenção ambiental. Tal manual será o instrumento de orientação dos executivos na forma de gerenciar a empresa dentro e fora de seus limites. Esse é o típico manual de:

A) Instruções.

B) Formulários.

C) Métodos operacionais.

D) Processo.

E) Política.

Comentário:

A questão é diretamente especifica quanto à finalidade do manual, ao estabelecer que será um instrumento de orientação dos executivos na forma de gerenciar a empresa dentro e fora de seus limites. Ora, se será instrumento orientador dos executivos, está claro que seu conteúdo é pleno em definições do que a empresa pretende atingir com sua operação, tanto que definiu o processo decisório, delegação de autoridade, coordenação global e intervenção ambiental.

Sendo assim, este manual não foi um produto saído das bases para instrumentalizar as ações dos diversos níveis da empresa. Ele saiu da cúpula, definindo de uma maneira geral o que deverá ser feita para atingir a missão e a visão da empresa. Sendo assim, a alternativa que responde corretamente ao questionado é a da letra “E”, posto que ele é um manual de política empresarial.

30 – A Lei 8.666/93, seção V, §8º estabelece que o recebimento do material de valor superior ao limite estabelecido no art. 23 da Lei, na modalidade de convite, deverá ser confiado ao(a):

A) Diretor de suprimentos.

B) Chefe do setor de compras.

C) Qualquer servidor do setor de compras.

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D) Uma comissão de, no mínimo, dois membros.

E) Uma comissão de, no mínimo, três membros.

Comentário:

Antes de entrar no mérito da questão, necessário se faz registrar que o §8º a que ela se refere, é o do artigo 15, transcrito a seguir:

SEÇÃO V

Das Compras

Art. 15. As compras, sempre que possível deverão:

.....

§ 8° - O recebimento de material de valor superior ao limite estabelecido no art. 23 desta lei, para a modalidade de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.

Feito este esclarecimento, pouco resta para interpretar a questão, já que o citado parágrafo por si só responde-a, o que nos leva a alternativa “E”, como a que a responde corretamente.

Quanto ao limite para compras citado, que também não está indicado claramente, o valor é R$80.000,00, conforme alínea “a” do inciso II, do caput do artigo 23, transcrito a seguir:

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

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c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) .(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

31 - A empresa X utiliza o sistema de reposição periódica de estoque. O pedido de reposição da peça M34 é feito no dia 20 dos meses pares do ano. O estoque existente no dia do pedido é de 1.250 unidades. O estoque da peça não pode ultrapassar 3.500 unidades. A quantidade a ser pedida, em unidades, é de:

A) 2.250

B) 2.350

C) 2.450

D) 2.650

E) 2.700

Comentário:

A questão nos fornece algumas condições para que seja processada a reposição de estoques, quais sejam:

1. A reposição é feita nos meses pares, ocorrendo, portanto, a cada 2 meses, sendo 6 por ano;

2. O estoque que existia no dia do pedido era de 1.250 unidades;

3. O estoque máximo da peça é de 3.500 unidades.

Com base nos dados fornecidos, a análise a ser feita é simples. Assim, como ficou claro que existe uma quantidade limite que deve ficar em estoque, a quantidade máxima a ser pedida será apurada subtraindo-se a quantidade existente do limite possível a ser estocado, ou seja:

Limite de estoque – estoque atual = 3.500 - 1.250 = 2.250

Assim, é a alternativa “A” aquela que responde corretamente a questão.

Entretanto, em um processo de efetiva definição de quantidades de reposição de estoque, onde a análise deveria ser realizada sob uma ótica mais apropriada, seria necessário que fossem fornecidas as seguintes indicações:

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• Quantidade consumida no período de dois meses, que é o intervalo para reposição do estoque;

• Estoque mínimo a ser mantido.

Com estas informações o quantitativo a ser calculado levaria em consideração uma garantia para possíveis atrasos na entrega do pedido, como precaução para evitar paralisação da produção, se for peça de produção de bens, ou atraso na conclusão de serviços, se for peça a ser utilizada em manutenção de equipamentos, etc.

32 – Estoques são considerados um dos ativos mais importantes das empresas porque representam a possibilidade de conseguir uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Para efeito contábil, os estoques são classificados em cinco categorias. Aquela que diz respeito aos itens utilizados nos processos de transformação em produtos acabados é:

A) Em trânsito

B) Em consignação

C) Matérias-primas

D) De produtos em processo

E) De produtos acabados

Comentário:

É bastante simples a resposta desta questão, observado-a sob a visão direta do que ela pretende, que é identificar qual tipo de estoque responde-lhe. Como está sendo questionado qual estoque supre as necessidades do processo de transformação, fica claro que a alternativa “C” é a que responde corretamente a questão, já que é dele que sairão os materiais a serem incorporados aos produtos em processo para dar como resultante os produtos acabados.

Entretanto, uma análise mais minuciosa nos alerta para uma situação diferente da que o conteúdo da questão nos acena. Na verdade, nestes tempos em que o alto custo do dinheiro e a otimização do processo produtivo têm levado as empresas a uma nova dinâmica operacional, não se pode pensar em estoque como fator de acumulação de capital dentro da empresa. O modelo que vem sendo adotado no processo produtivo visando a otimização dos recursos financeiros e materiais é o da aplicação do just-in-time, cuja lógica é que as unidades operacionais funcionem com estoques mínimos e os fornecedores de matérias-primas façam as entregas de acordo com a demanda do processo produtivo.

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Assim, os produtores de bens e serviços transferem para seus fornecedores a responsabilidade pela reposição do estoque. Chega a tal ponto esta relação que muitas empresas industriais desenvolveram programas de reposição em conjunto com seus fornecedores, nos quais estão definidas as características dos produtos a serem manufaturadas e as necessidades irão sendo sinalizadas ao fornecedor, pelo sistema, à medida que o processo produtivo se desenvolve.

Portanto, não há mais que se falar em estoques como meio de conseguir vantagem competitiva. Esta ocorrerá em razão da capacidade da empresa em atender ao mercado com preços menores e estes só serão conseguidos se os custos forem reduzidos, e este ganho passa pela eliminação dos estoques paralisados, onde as empresas sempre lidaram com desperdícios relativos a perdas por danos e obsoletismo, o que não ocorre com a utilização do just-in-time ou modelo assemelhado. Este mesmo raciocínio já se aplica também ao estoque de produtos finais.

Atualmente, algumas empresas, que buscam os métodos mais modernos e econômicos de operar, procuram definir as quantidades a serem produzidas de acordo com a demanda, sendo que muitas desenvolvem seu processo produtivo a partir dos pedidos recebidos. Não fora assim e não teríamos, constantemente, notícias de empresas que estão operando com capacidade produtiva ociosa. Desta forma, o que se depreende é que não havendo pedidos definidos ou fortes possibilidades deles ocorrerem, a programação da produção é reduzida.

27 - O art. 7º, parágrafo 2º, da Lei nº 8.666/93 estabelece quatro condições fundamentais para o administrador público licitar obras e serviços, sob pena da infringência do disposto neste artigo implicar a nulidade dos atos ou contratos realizados: (1) existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os custos, (2) houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes, (3) o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso, e (4):

A) Houver projeto básico aprovado pela autoridade competente.

B) Incluir no objeto da licitação a obtenção de recursos financeiros para a sua execução.

C) Existir projeto de viabilidade econômico-financeira aprovado por autoridade competente.

D) Estabelecer um conjunto de elementos que assegurem o adequado tratamento ambiental.

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E) Contratar a execução dos serviços mediante concorrência pública com ampla divulgação.

Comentário:

A análise das alternativas, sob a fria letra da lei, considerando especificamente o disposto no parágrafo 2º, do artigo 7º transcrito a seguir, não deixa dúvidas de que a alternativa correta é a “A”, que o cumpre fielmente.

§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório;

II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários;

III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;

IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.

Embora a resposta com base no artigo citado seja cristalina, é necessário dar atenção a aspectos da Lei 8.666/93 concernentes à matéria, para que se tenha uma melhor interpretação da sua amplitude.

Primeiro, observe-se seu artigo 6º, que trata das definições, ou seja, que estabelece os significados de todos os itens básicos de sua abordagem que, quanto aos aspectos relativos a obras, serviços e projeto básico, assim estabelece:

Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:

I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta;

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II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:

Este artigo da Lei trás um aspecto que merece muita atenção, que é a diferenciação feita entre obra e serviço. Observe-se que o legislador considerou obra a construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de um bem, e serviço, as demolições, consertos, instalações, montagens, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.

Até aí tudo bem; entretanto, o alerta para se ter cuidado com este artigo é porque, o 23 desta mesma Lei faz uma outra diferenciação para o tema quando trata dos limites para licitar, conforme caput e incisos transcritos a seguir:

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia: (índice e alínea com redação da Lei nº 9.648/98.)

II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (índice e alínea com redação da Lei nº.9.648/98.)

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Observe-se como o legislador buscou diferenciar o foco para aplicação dos limites, ao estabelecer a existência de serviços de engenharia e serviços que não são considerados como tal. Se houve o cuidado para a diferenciação entre estas duas espécies de serviços, está claro que devem ter tratamento diferenciado.

Mediante este dispositivo legislativo, ficou claro que os serviços citados no inciso II do artigo 6º devem ser divididos em dois grupos, os serviços de engenharia (inciso I do artigo 23), ou seja: as demolições, consertos, instalações, montagens, operação, conservações, reparações, adaptações e manutenções, e os serviços não considerados de engenharia (inciso II do artigo 23), quais sejam: transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.

O que transparece claramente na diferenciação estabelecida no artigo 23 é que os serviços enquadrados como de engenharia, por suas características, deverão sempre ter como suporte para a licitação um projeto básico, onde serão definidas todas as características da intervenção que ocorrerá.

Entretanto, o mesmo não ocorre com os serviços não considerados de engenharia, já que possuem características de execução que não demandam uma especificação detalhada como para os outros, tratando-se muito mais de serviços de contratação de frete, locações ou terceirização de mão-de-obra, cujas especificações devem constar da minuta de contrato que deverá acompanhar o processo licitatório, conforme estabelecido no inciso X do artigo 38 da Lei 8.666/93, cujas características estão definidas no §1º do artigo 54, transcritos a seguir:

Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.

§ 1o Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.

28 – Os contratos regidos pela Lei 8.666/93 podem ser alterados unilateralmente pela Administração, com as devidas justificativas, quando:

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A) Houver necessidade de restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, objetivando manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

B) For conveniente a substituição da garantia de execução para preservar os elementos contratuais na sua integralidade.

C) For necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais.

D) For necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado.

E) For necessária a modificação do valor contratual, em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por essa Lei.

Comentário:

O inciso I do caput do artigo 65 da Lei 8.666/93, transcrito a seguir, oferece duas possibilidades para que a administração possa alterar unilateralmente um contrato, o que nos conduz à alternativa “E” como a que corresponde a resposta correta da resposta da questão, já que aqui se trata apenas da aplicação de dispositivo legal.

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei.

Apenas para efeito de melhor percepção do conteúdo deste segmento da lei, é importante observar-se as disposições dos §§1º, 2º e 6º deste artigo, que tratam de aspectos pertinentes à desdobramentos que poderão ocorrer em possíveis alterações contratuais, relativamente ao limite de valor de aditamentos e possíveis acréscimos de obrigações financeiras:

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§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:

I – (Vetado)

II – as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes. (Redação da Lei nº 9.648, de 27/05/98.)

§ 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.

29 – Um administrador público de determinada organização precisa estabelecer o prazo mínimo de recebimento das propostas na modalidade tomada de preços. Esse prazo, a ser contado, em dias, a partir da última publicação do edital resumido, é de:

A) 5

B) l0

C) 15

D) 30

E) 45

Alternativa correta: C

Comentário:

A matéria está disciplinada nos §§ 2º e 3º do artigo 21 da Lei 8.666/93, transcritos a seguir:

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Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:

§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e todas as informações sobre a licitação.

§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será: I - quarenta e cinco dias para:

a) concurso;

b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";

II - trinta dias para:

a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior;

b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";

III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão;

IV - cinco dias úteis para convite.

§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais tarde.

Pelo que a legislação estabelece, percebe-se que esta questão contém uma dúvida de interpretação, já que existe a possibilidade de

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dois prazos para o recebimento da proposta quando se tratar de tomada de preços, sendo que os dois quantitativos de dias encontram-se entre as alternativas. O inciso II, letra “b” aponta o prazo de trinta dias para tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço", ou seja as duas possibilidades de tipos de licitação previstas na legislação; enquanto o inciso III indica quinze dias nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão.

Deste modo, as alternativas “C” e “D” respondem corretamente ao questionado. O que diferencia um prazo do outro é a espécie de licitação, o que não está explicitado na questão.

24. O critério estabelecido no edital de convocação de um processo licitatório foi o de seleção da proposta mais vantajosa para a administração. Essa condição foi explicitada nos contratos, por meio de cláusulas que definem os direitos e obrigações das partes. Cabe ao administrador público conhecer os critérios e formas pelas quais o serviço foi contratado. Neste caso, a modalidade de licitação é do tipo:

A) Melhor técnica;

B) Melhor técnica e menor preço;

C) Menor preço;

D) Menor lance;

E) Técnica e preço.

Comentário:

Uma questão que requer pouco ou nenhum esclarecimento, já que a resposta pedida está explicitada no §1º do artigo 45 da Lei n 8.666/93, onde estão estabelecidas disposições relativas ao julgamento de propostas licitatórias, que em seu inciso I estabelece que será a mais vantajosa para a administração a proposta que apresentar menor preço, sendo, portanto, a alternativa “C” a que corresponde a resposta correta da questão.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira

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a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso.

I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II - a de melhor técnica;

III - a de técnica e preço.

IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.

Na avaliação da aplicação deste artigo deve ser observada a restrição contida no §4º e a vedação do §5º:

§ 4º Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.

§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo.

Importante salientar, ainda, que dentre as quatro modalidades de licitação estabelecidas, a de “maior lance ou oferta” só se aplica nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso e os tipos "melhor técnica" e "técnica e preço” que têm aplicação específica, estão regulamentados no artigo 46 da Lei 8.666/93, cujas peculiaridades estão explicitadas no seu caput e no §3º, transcritos a seguir:

Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão

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utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.

§ 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos neste artigo poderão ser adotados, por autorização expressa e mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade da Administração promotora constante do ato convocatório, para fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções alternativas e variações de execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório.

25. - O administrador público precisa conhecer a lei que rege as licitações para não infringir o disposto no artigo que implica a nulidade de seus atos ou contratos. Obras e serviços licitados deverão ter sua nulidade requerida quando:

A) Estabelecerem o regime de execução ou a forma de fornecimento;

B) Houver aprovação, pela autoridade competente, da execução do projeto básico e do projeto executivo concomitantemente com a execução das obras e serviços contratados;

C) Houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executados no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;

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D) Definirem os preços e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;

E) Definirem a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

Comentário:

O caput e os parágrafos 1º e 2º do artigo 7º da Lei 8.666/93, transcritos a seguir, estabelecem as condições para anulação de licitações e, em seus §§ 6º e 9º, prevê a possibilidade de pedido de nulidade por infringência de quaisquer disposições deste artigo e a abrangência de sua aplicação.

Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência:

I - projeto básico;

II - projeto executivo;

III - execução das obras e serviços.

§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração.

§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório;

II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários;

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III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;

IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.

§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.

§ 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

Pelo que se observa no caput do artigo no que concerne à questão, é que o procedimento licitatório para obras e serviços deve obedecer três fases, a serem executadas uma após a outra: elaboração do projeto básico, a partir dele, elaboração do projeto executivo e, por fim, a execução das obras e serviços, cujas condições serão definidas em um Termo de Contrato.

Já o §2º estabelece, entre outras condições, que as obras e os serviços somente poderão ser licitados quando houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório.

Diante destas disposições fica claro que nenhuma licitação para obra ou serviço poderá ser desenvolvida sem que haja projetos básico e executivo devidamente autorizado pela Administração, sendo, portanto, a alternativa “B” a que corresponde a resposta correta da questão, por não ser admissível a aprovação do projeto básico e executivo concomitantemente à execução das obras ou serviços, já que os dois projetos é que darão os subsídios para que os interessados apresentem seus preços.

Entretanto, no §1º há uma afirmação que a primeira vista parece controversa, que é a condição do projeto executivo poder ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração. Em verdade, o legislador não quis criar controvérsia, o que fez foi chamar a atenção para algumas situações em que ocorre a possibilidade do projeto executivo ser desenvolvido concomitantemente com a obra, que é quando ocorrem

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desdobramentos dos serviços inicialmente contratados que impliquem em aditamentos contratuais. Nestes casos, os projetos executivos só poderão ser aprovados pela administração se estiverem enquadrados em serviços previstos no projeto básico já aprovado. Não ocorrendo tal fato, o aditamento contratual só poderá ocorrer se for respaldado em um projeto básico complementar caracterizando os novos serviços, devidamente aprovado pela administração da contratante, quando deverá ser aprovado, também, um projeto executivo complementar.

26. - Uma Autarquia do Governo Federal licitou uma obra de engenharia cujo objeto foi a reforma da sua unidade de pesquisas. O valor estimado foi de R$1.000.000,00. Esta modalidade de licitação deve ser enquadrada como:

A) Convite;

B) Dispensa;

C) Concurso;

D) Leilão;

E) Tomada de preços.

Comentário:

O artigo 23 da lei 8.666/93, transcrito a seguir, estabelece os limites máximos para os diversos procedimentos licitatórios:

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia (inciso e alínea com redação da Lei nº 9.648. de 27/05/98):

a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais)

c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);

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II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior engenharia (inciso e alínea com redação da Lei nº 9.648. de 27/05/98):

a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 27.5.98)

b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).

A legislação estabelece limites para dois grupos de licitação: obras e serviços de engenharia e compras e outros serviços que não tenham sido considerados no conceito de “serviços de engenharia”.

Como a questão explicita que o valor estimado foi para reforma de uma unidade de pesquisas, fica claro que se trata de serviço de engenharia, enquadrando-se então no primeiro grupo, no limite de tomada de preços, que vai até R$1.500.000,00. Assim é a alternativa “E” é aquela que contém a resposta correta.

Embora o legislador tenha estabelecido limites máximos para cada modalidade, nada impede, entretanto, que seja adotada uma modalidade de licitação relativa a um limite maior para um menor, caso a Administração julgue pertinente. Por exemplo: o Gestor pode utilizar-se de Tomada de Preços para licitar uma obra ou serviço de engenharia cujo valor previsto seja R$140.000,00; Concorrência para uma obra de R$600.000,00; Tomada de Preços para compras de R$70.000,00; etc.

Questão 21 – O decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005, regulamenta o pregão na forma eletrônica para aquisição de bens e serviços comuns. Após a fase preparatória, passa-se à fase externa do pregão, iniciada com a convocação dos interessados por meio de publicação e avisos. Para valores estimados para contratação de até R$650.000,00, devem ser indicados os seguintes meios de divulgação:

A) Diário Oficial da União e jornal local.

B) Diário Oficial da União e meio eletrônico, na Internet.

C) Jornal local e meio eletrônico, na Internet.

D) Jornal de grande circulação local e Diário Oficial da União.

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E) Jornal de grande circulação nacional e meio eletrônico, na Internet.

Comentário:

Há pouco o que se comentar sobre esta questão já que trata, especificamente, das disposições contidas no artigo 17 do decreto nº 5.450/2005, transcrita seguir, na íntegra:

Art. 17. A fase externa do pregão, na forma eletrônica, será iniciada com a convocação dos interessados por meio de publicação de aviso, observados os valores estimados para contratação e os meios de divulgação a seguir indicados:

I – até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais):

c) Diário Oficial da União; e

b) meio eletrônico, na internet;

II – acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) até R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):

c) Diário Oficial da União;

b) meio eletrônico, na internet; e

c) jornal de grande circulação local;

III – superiores a R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais):

c) Diário Oficial da União;

b) meio eletrônico, na internet; e

c) jornal de grande circulação regional ou nacional.

§ 1º Os órgãos ou entidades integrantes do SISG e os que aderirem ao sistema do Governo Federal disponibilizarão a íntegra do edital, em meio eletrônico, no Portal de Compras do Governo Federal – COMPRASNET, sítio www.comprasnet.gov.br.

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§ 2º O aviso do edital conterá a definição precisa, suficiente e clara do objeto, a indicação dos locais, dias e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital, bem como o endereço eletrônico onde ocorrerá a sessão pública, a data e hora de sua realização e a indicação de que o pregão, na forma eletrônica, será realizado por meio da internet.

§ 3º A publicação referida neste artigo poderá ser feita em sítios oficiais da administração pública, na internet, desde que certificado digitalmente por autoridade certificadora credenciada no âmbito da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira? ICP-Brasil.

§ 4º O prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a oito dias úteis.

§ 5º Todos os horários estabelecidos no edital, no aviso e durante a sessão pública observarão, para todos os efeitos, o horário de Brasília, Distrito Federal, inclusive para contagem de tempo e registro no sistema eletrônico e na documentação relativa ao certame.

§ 6º Na divulgação de pregão realizado para o sistema de registro de preços, independentemente do valor estimado, será adotado o disposto no inciso III.

A legislação estabeleceu uma escala de 3 níveis de valor para definir os meios de divulgação do pregão, estando especificado no inciso I o disciplinamento para veiculação relativa a valores até R$650.000,00, que deverá ser no Diário Oficial da União e meio eletrônico na Internet, sendo, portanto, a alternativa “B” a que responde corretamente esta questão.

Entretanto, outros aspectos devem ser observados neste dispositivo legal, posto que, além de estabelecer os níveis para a convocação dos interessados, os parágrafos do artigo definem regramentos relativos ao detalhamento do aviso e horários para apresentação de propostas, dentre outras.

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Acrescente-se ainda, que este Decreto regulamenta pregões realizados por todos os órgãos vinculados ao Governo Federal, direta ou indiretamente, conforme parágrafo único do artigo 1º:

Parágrafo único. Subordinam-se ao disposto neste Decreto, além dos órgãos da administração pública federal direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União.

Embora seja um regulamento federal, ele acena para a possibilidade da administração pública estadual e municipal utilizá-lo para suas compras, conforme disposição do §5º do artigo 2º, transcrito a seguir, cabendo ao poder interessado estabelecer regramentos complementares próprios, adaptando as disposições do decreto às suas necessidades e condições operacionais:

Art, 2º.....

§ 5º A Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação poderá ceder o uso do seu sistema eletrônico a órgão ou entidade dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante celebração de termo de adesão.

Ocorrendo esta possibilidade, caberá ao poder interessado estabelecer regramentos complementares próprios, adaptando as disposições do decreto às suas necessidades e condições operacionais.

______________________________________________________________________________

Questão 22 - O contrato assinado entre uma empresa pública e uma empreiteira estabeleceu, com clareza e precisão, as condições para a sua execução. Os serviços serão pagos por preço certo de unidades determinadas. Esse regime de contratação é por empreitada:

A) Mista.

B) Integral.

C) Por tarefa

D) Por preço unitário

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E) Por preço global

Comentário:

Esta questão trás em seu conteúdo um aspecto que deve ser atentamente observado por aqueles que estiverem preparando-se para prestar concurso, que é analisar com cuidado os enunciados propostos para ver da possibilidade de identificar nele indícios da resposta correta.

Nesta questão, esta indicação é bastante clara, já que o enunciado dá a resposta quase explicitamente, ao enfocar que “os serviços serão pagos por preço certo de unidades determinadas”. Ora, se o preço é certo para cada unidades determinadas, está claro que se está tratando de contratação por preço unitário e, portanto, a alternativa que responde corretamente a questão é a “D”.

______________________________________________________________________________

Questão 23 - A autoridade competente de uma autarquia previu no instrumento convocatório de licitação a exigência de garantia na contratação do serviço. Ressalvado o previsto no §3º do art. 56, a garantia estabelecida não poderá exceder, do valor de contrato, a:

A) 15%

B) 12%

C) 10%

D) 7%

E) 5%

Comentário:

Registre-se, de imediato, a falta de clareza da questão, ao não indicar que o artigo a que se refere é componente da Lei 8.666/93, que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, transcrito a seguir:

Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia

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nas contratações de obras, serviços e compras.

§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)

I - caução em dinheiro ou títulos da dívida pública;

II - seguro-garantia;

III - fiança bancária.

§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágrafo 3o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)

§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do contrato. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 8.6.94)

§ 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.

§ 5º Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.

Além do esclarecimento quanto à vinculação do artigo à Lei 8.666/93, nada mais há a comentar, desde que se trata de resposta direta a aplicação de regramento da legislação, estando estabelecido no §2º do artigo 56, que a garantia não poderá exceder a cinco por cento do valor do contrato, sendo portanto, a alternativa “E” aquela que responde corretamente ao questionado.

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Questões 41 a 60

A definição da resposta de uma questão passa pela análise de todas as alternativas apresentadas, devendo o concurseiro observar as características de cada uma delas, eliminando aquelas que obviamente não respondem o quesito e dedicando especial atenção às demais. Assim, na busca da resposta certa muitas vezes são encontradas alternativas que se negam mutuamente e outras que se afirmam, razão porque é necessário fazer-se análises comparadas para que sejam eliminadas as que claramente não correspondem à realidade ou que atendem ao questionado, por serem claramente divergentes das demais. Com este procedimento são reduzidas as alternativas que terão que passar por uma segunda avaliação para chegar-se à resposta correta..

Foi sob esta ótica que analisamos questões da prova 2 de Administração do Concurso para Auditor Fiscal do Trabalho realizado pela ESAF em 2003, que estamos oferecendo aos concurseiros, com um sumário de nosso entendimento.

Carlos Nogueira

1. Questão 41 - Assinale a opção correta.

a) As organizações da iniciativa privada são criadas por lei, destinadas a produzir bens e/ou prestar serviços, tendo como finalidade gerar lucro, atuando num mercado competitivo.

b) As organizações públicas são criadas pelo poder público, destinadas a produzir serviços, bens e utilidades para a população, bem como organizar a realização de finalidades públicas.

c) As organizações públicas se constituem de entes com personalidade jurídica própria, como os estados-membros, sociedades anônimas, sociedades limitadas, fundações.

d) As organizações privadas se constituem de entes com personalidade jurídica própria, como

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autarquias, sociedades de economia mista, fundações.

e) A administração pública se estrutura em conselho de administração e conselho fiscal; e a administração privada em administração direta e indireta.

As organizações da iniciativa privada não são criadas por lei. O documento básico de sua constituição é o contrato social, no qual está estabelecido o valor de seu capital, a composição societária, objetivos, formas de sucessão, distribuição de lucros, entre outras. Já as organizações públicas são criadas por lei, na qual estão estabelecidos seus objetivos, estrutura funcional, competências, área de atuação, vinculação à estrutura de governo, etc...

Criadas com a finalidade de prestar serviços para a população sem o objetivo de lucro, os entes públicos não podem ser confundidos com sociedades anônimas e limitadas que, além de serem uma iniciativa de entes privados tem como finalidade primordial a busca do ganho financeiro para seus proprietários.

Da mesma forma, não se pode confundir as organizações privadas com autarquias, pois estas são entidades eminentemente componentes do setor público e, portanto, sem qualquer objetivo de lucro.

Outro fator diferenciador destes dois segmentos é relativo às suas estruturas. Os entes públicos são componentes da administração direta ou indireta, enquanto a empresas da iniciativa privada se estruturam com Conselho de Administração e Conselho Fiscal.

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Pelo exposto, a alternativa que traz em seu conteúdo a correta caracterização das organizações públicas é a de letra "b".

2. Questão 42 - As opções a seguir apresentam características das organizações da administração pública e do setor privado. Assinale a opção correta.

a) As organizações do setor privado se regem por regulamentos e normas dispostos de forma exaustiva, uma vez que "só podem fazer o que a regra permite". Já as organizações da administração pública podem "fazer tudo, exceto o que as regras coíbem". Portanto, seus regulamentos e normas podem ser mais simples.

b) São princípios das organizações do setor privado a legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, exigindo dos seus gestores a observância de regulamentos e normas.

c) As organizações da administração pública se regem por regulamentos e normas dispostos de forma genérica e simples, exigindo dos seus gestores criatividade e flexibilidade. Já as organizações do setor privado se regem por regulamentos e normas dispostos de forma exaustiva, exigindo de seus gestores capacidade de adaptação.

d) As organizações da administração pública se regem por regulamentos e normas dispostos de forma exaustiva, uma vez que "só podem fazer o que a regra permite". Já as organizações do setor privado podem "fazer tudo, exceto o que as regras coíbem". Portanto, seus regulamentos e normas podem ser mais simples.

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e) São princípios das organizações da administração direta a competitividade, a conquista de mercados e a responsabilidade social, exigindo dos seus gestores criatividade e flexibilidade.

Como são criadas por lei, as organizações públicas estão submetidas aos seus dispositivos, tendo suas ações limitadas ao que a lei lhes permite realizar. Já as organizações privadas tem seus limites no que a lei proíbe. Desta forma o universo de ação da entidade pública é aquele que a lei delimita, enquanto que a inciativa privada pode funcionar em um universo ilimitado no que pertine a suas possibilidades de ação, podendo fazer tudo o que quiser, desde que não transgrida qualquer norma legal.

Quanto aos princípios gerenciais a serem observados na realização dos objetivos, tem-se que os entes públicos devem ter suas ações orientadas pela eficiência, eficácia, economicidade e efetividade, com a finalidade de desenvolver uma capacidade operacional que possibilite a melhoria de seus índices de produtividade, otimizando assim os recursos que lhe são destinados e, por conseguinte, levando benefícios a um número maior de cidadãos.

Diferentemente, as organizações do setor privado por terem características de funcionamento mais dinâmica em face de agirem em um mercado competitivo, não podem orientar-se por regramentos excessivos, necessitando isto sim, de gerentes criativos e flexíveis, pois no mercado de livre concorrência onde operam, seria suicídio não terem estas características como fatores principais na definição do perfil de seus gerentes.

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Fica claro que a opção que apresenta corretamente as diferentes características das organização do setor público e da iniciativa privada é a de letra "d".

3. Questão 43 - A Gestão com foco na qualidade ganha visibilidade a partir das experiências implantadas no Japão. A seguir se apresenta um paralelo entre os princípios que norteiam uma gerência tradicional e aqueles que norteiam uma gerência voltada para a qualidade. Identifique as frases que correspondem à gerência tradicional e à gerência da qualidade. Assinale a opção correta.

I. Erros e desperdícios, se não excederem limites-padrão, são tolerados.

II. Ênfase no trabalho em equipe, incluindo fornecedores e instituições coligadas.

III. Produtos e serviços definidos de forma seqüencial, mas por departamentos.

IV. Os usuários dos produtos e serviços definem o que querem.

a) I – tradicional, II – qualidade, III – tradicional, IV – qualidade

b) I – tradicional, II – qualidade, III – qualidade, IV – tradicional

c) I – qualidade, II – tradicional, III – qualidade, IV – tradicional

d) I – tradicional, II – tradicional, III – qualidade, IV – qualidade

e) I – qualidade, II – tradicional, III – tradicional, IV - qualidade

A seleção da seqüências correta passa pelos principais conceitos da

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administração tradicional e dos princípios que regem a gestão da qualidade total. Assim, analisando as alternativas tem-se que a primeira é cristalinamente uma abordagem tradicional pois, diferentemente da gestão da qualidade que tem como foco a busca da falhas para sua correção, a afirmativa demonstra uma ação de controle a posteriori ou seja, uma ação condenada pela GQT, por considerar que ela produzirá retrabalho, com perda de tempo, esforços físicos e recursos materiais e financeiros. Do mesmo modo, a terceira alternativa leva à administração tradicional, quando enfoca o conceito de produção em linha e departamentalização, características dos modelos gerenciais fechados, diferentemente da ótica da qualidade que prega ações mais dinâmicas e compartilhadas.

Já a segunda e quarta alternativas adentram o campo da qualidade ao abordar aspectos relativos aos trabalhos de equipe, ações entrelaçadas com fornecedores e coligadas, ou seja o envolvimento de todos os interessados no processo para que se consiga resultados mais efetivos, chegando a abrir para os usuários a definição dos produtos e serviços que pretendem adquirir. Esta aí bem caracterizada a máxima defendida pelos seguidores dos princípios da GQT: "o cliente é o rei".

Deste modo, a alternativa correta é a de letra "a", tendo em vista que os itens I e III referem-se ao modelo tradicional de administração e os itens II e IV à gerência voltada para a qualidade.

4. Questão 44 - A melhoria contínua é um dos princípios da gestão para a qualidade. Esta dá mais valor a

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pequenos ganhos, porém constantes e conquistados a partir de uma atenção diária para a maneira como é feito o trabalho. Indique a opção que apresenta corretamente o ciclo de melhoria contínua propostos pelo programa de qualidade.

a) O ciclo de melhoria contínua se compõe de comunicar, fazer, executar e corrigir.

b) O ciclo de melhora contínua se compõe de planejar, rever, fazer e supervisionar.

c) O ciclo da melhoria contínua se compõe de planejar, executar, verificar e agir.

d) O ciclo de melhoria contínua se compõe de fiscalizar, executar, organizar e corrigir.

e) O ciclo de melhoria contínua se compõe de prever, comunicar, verificar e agir.

A gestão da qualidade total sustenta-se em princípios onde estão estabelecidos aspectos que lhe garantirá o alcance dos resultados. Sendo assim, para que se tenha sucesso em uma determinada ação, o primeiro passo a ser dado é relativo a definição do que se pretende realizar, detalhando-se os possíveis prós e contas, as capacidades internas e externas da empresa e do mercado, as possibilidade de aporte de recursos, os custos que serão incorridos e as possibilidades de colocação dos produtos e preços, ou seja, é necessário um estudo detalhado de todos as aspectos que estarão envolvidos, simplificando, é necessário planejar.

Definido o planejamento, o passo seguinte deverá ser a implementação

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do que foi planejado, ou seja, a sua execução. E aqui é que se distingue mais claramente a gerência tradicional da centrada na qualidade. Enquanto aquela utiliza-se de inspeções periódicas para definir ações corretivas, esta implementa um processo de acompanhamento da execução, procedendo a verificações constantes e adotando medidas corretivas imediatas. Desta forma ao invés de estar recebendo produtos fora das especificações para retrabalho, estará corrigindo imediatamente as falhas na execução das tarefas e naturalmente, conseguindo produtos de melhor qualidade com mínimas perdas.

Dentre as alternativas oferecidas, aquela que representa corretamente o ciclo de melhoria contínua é a de letra "c".

5.6.7. Questão 45 - Um dos pontos-chave

da reengenharia é "repensar de forma fundamental e reprojetar radicalmente os processos para conseguir melhorias drásticas". Indique a opção que expressa corretamente a idéia contida nessa afirmativa.

a) Diminuição drástica dos postos de trabalho.

b) Terceirização dos serviços não essenciais ao negócio da organização.

c) Fusão de unidades organizacionais e de empresas.

d) Requalificação da mão-de-obra na busca de empregabilidade.

e) Análise dos clientes, insumos, informações e produtos.

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As empresas que se utilizam da reengenharia tem sido acusadas de desempregadoras, em face de provocarem ocasionais demissões. Entretanto, filosoficamente, a ótica da reengenharia está na busca da definição de uma nova estrutura de empresa que possibilite melhores níveis de produtividade e lucratividade.

O desenvolvimento um processo de reengenharia tem como ponto de partida a realização de uma avaliação de todo o universo operacional da empresa, tanto seu ambiente interno como o externo. A ocorrência de demissões, a terceirização de serviços, a fusão de unidades e requalificação de pessoal são alternativas que poderão ser implementadas, sendo conseqüências naturais dos trabalhos desenvolvidos. É possível que alguns projetos de reengenhartia concluam pela necessidade de adotar todas ou a maioria destas possibilidades no processo de melhoria, enquanto outros poderão definir as linhas de ação por algumas delas e outras ainda, poderão optar por alguma outra não especificada nesta questão.

Sendo assim, é a alternativa de letra "e" que retrata com maior fidedignidade a idéia de reengenharia, já que é ela que aponta os elementos que devem nortear o processo.

8. Questão 46 - Verifique se as frases a seguir são verdadeiras ou falsas. Coloque V ou F nos parênteses e, a seguir, assinale a opção correta.

( ) Com a implantação de programas de qualidade, a administração pública busca maior satisfação dos cidadãos com os serviços públicos e maior eficiência no uso dos recursos.

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( ) As ferramentas mais usadas na implantação de programas de qualidade são: insumos, pessoas, equipamentos e métodos.

( ) Entre outros, o processo de melhoria contínua pode promover aperfeiçoamentos nos fluxogramas e nos diagramas de causa e efeito, possibilitando o controle sobre medições.

( ) Nos programas de qualidade, um usuário é qualquer pessoa que recebe ou use o que é produzido por outro funcionário, havendo na organização clientes internos e externos.

( ) Nos programas de qualidade há uma reciprocidade entre clientes e fornecedores; sempre quem fornece informações as utiliza no processo de gerar comunicação.

a) V, V, F, F, V

b) F, F, V, V, V

c) V, V, F, F, F

d) F, F, F, V, V

e) V, F, F, V, F

A questão versa sobre o processo de implementação da qualidade total e oferece alternativas que se agregam em dois grupos, um que trata da essência dos programas de qualidade - e por isso verdadeiras - onde o que está em foco é a satisfação das pessoas, seja o cidadão comum, beneficiário dos serviços que são disponibilizados, ou os próprios servidores dos entes públicos, que poderão usufruir de serviços prestados por outros servidores. As outras vão compor o grupo das falsas, já que tratam da especificação de ferramentas, como se o processo de

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qualidade fosse uma condição operacional movimentada por instrumentos rígidos, tão próprios da administração tradicional.

Deste modo, compõe o grupo das opções verdadeiras, por tratarem do processo de implementação de um programa de qualidade, a primeira e quinta alternativas, indo as demais compor o grupo das falsas. Portanto, a alternativa "e" é aquela que contém a disposição correta da combinação de afirmativas verdadeiras e faltas.

Questão 47 - A administração pública gerencial é orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados, enquanto a administração burocrática concentra-se no processo. Assinale a opção que não corresponde a uma atitude da administração voltada para o usuário/cidadão.

a) A administração pública do município de Santa Rosa avaliou a opinião dos cidadãos sobre os serviços de abastecimento de água da cidade.

b) O órgão responsável pela arrecadação de impostos estabeleceu metas a serem atingidas quanto à exatidão das informações fornecidas e ao tempo gasto para se obter uma resposta.

c) A administração pública de um serviço de saúde estabeleceu indicadores para avaliar se melhorou a saúde da comunidade para a qual presta o serviço.

d) A secretaria de educação do município de Alcântara buscou avaliar os investimentos destinados ao ensino fundamental nos últimos três anos.

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e) A secretaria de transportes do município Terra Nova investiu recursos na ampliação de estradas para melhorar o tráfego de mercadorias.

Considerando o enunciado da questão, observa-se que somente a alternativa "d" apresenta uma ação que não condiz com a ótica de administração gerencial, posto que refere-se a uma ação eminentemente burocrática, sem qualquer comprometimento com o cidadão e a busca de resultados. A secretaria da alternativa destacada está buscando simplesmente quantificar o volume de investimentos, sem o indicativo de qualquer ênfase nos aspectos quantitativos e qualitativos que possam ter sido atingidos, não tendo assim enfoque nos princípios da eficiência que devem motivar o serviço público.

Para ser uma ação da administração pública gerencial seria preciso que o processo de avaliação tivesse indicativos de critérios relativos a avaliação objetiva da quantidade dos alunos matriculados, níveis de repetência, gasto por aluno em cada ano, variação do número de matrículas por ano, etc...

9. Questão 48 - Nas atividades empresariais não monopolísticas, o cliente assume vital importância, pois tem poder de escolha, podendo trocar de produto ou serviço. Assinale a opção que explica porque o mesmo não acontece na administração pública.

a) Porque na administração pública as estruturas são horizontalizadas, havendo múltiplos atendentes.

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b) Porque na administração pública há uma preocupação constante em conhecer as necessidades dos usuários.

c) Porque na administração pública as estruturas verticalizadas facilitam a comunicação com o contribuinte.

d) Porque na administração pública nem sempre o contribuinte é usuário do serviço prestado pelo governo.

e) Porque na administração pública os funcionários têm plena consciência de que seu salário é pago pelo contribuinte.

Para chegar a resposta correta primeiro é necessário entender o que é monopólio e o que são organizações monopolistas.

Monopólio é o controle de um segmento de comércio por uma única instituição e a questão trata de entidades não monopolistas, ou seja, entidades que atuam em um sistema comercial aberto de livre concorrência.

Esta situação não se aplica à administração pública, visto que seus órgãos componentes tem como objetivo o atendimento do público, na tendo a visão do lucro, embora em algumas situações possa trabalhar visando produção de alguma receita.

Neste ambiente, as empresas da iniciativa privada necessitam do cliente, posto que depende da venda de seus produtos para sua continuidade, enquanto que a administração pública tem como característica disponibilizar serviços que podem ou não ser usufruídos pelas comunidades, permanecendo sua atividade independentemente de ter ou não uma clientela.

O papel do serviço público é criar serviços a partir de uma demanda da sociedade, que o utilizará a seu exclusivo critério, não sendo a alternativa correta a de letra "d" visto ser a que caracteriza a tipologia do serviço prestado pela administração pública.

Questão 49 - A liderança é uma característica desejada em todos os níveis gerenciais de uma organização, sendo fundamental para a obtenção de melhores resultados junto aos seus recursos humanos. Apesar de sua importância, muitas empresas e profissionais têm dificuldade de discernir as habilidades e competências a serem desenvolvidas se quisermos fomentar líderes.

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Quais das seguintes características básicas pertencem ao conceito de liderança?

I. A liderança é fruto de qualidades especiais inatas.

II. A liderança é uma habilidade humana e gerencial.

III. A liderança é alcançável por pessoas comuns.

IV. A liderança é o uso de poder pessoal para garantir seguidores ou propósitos pessoais.

V. A liderança é a panacéia para a solução de todos os problemas.

VI. A liderança é mágica ou mistério.

VII. A liderança é fruto de habilidades e conhecimentos aprendidos.

Escolha a opção correta.

a) III e VI

b) II, VI e VII

c) I, III, V e VI

d) II, III e VII

e) II e VI

A discussão sobre liderança diz respeito a seguinte questão: líder é aquele que dá ordens ao grupo ou é aquele que é aceito no grupo e a quem seus componentes se reportam para orientar-se?

Observe-se a diferença entre as duas alternativas. Na primeira o que existe é o exercício do poder por recebimento de delegação de autoridade, enquanto que no segundo ocorre o exercício do poder pelo reconhecimento de capacidades próprias.

Analisando de uma forma simplista, o primeiro caso refere-se à figura do chefe, enquanto que no segundo surge a figura do líder.

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Para responder questão deste formato, em que as alternativas oferecidas são dúbias, deve ser observada qual delas é absolutamente verdadeira para descobrir a opção correta.

De início observa-se que em nenhum dos itens consta a alternativa IV, o que significa que ela não pertence ao conceito de liderança, sendo, efetivamente, uma perfeita negação de liderança. Em seguida temos que sem sombra de dúvida o ítem II é uma característica que pertence ao conceito de liderança, visto que contém a combinação de habilidade pessoal e profissional que são requisitos para uma boa liderança, enquanto as V e VI são sua negação, já que não se pode pensar em liderança como um meio por si só de solução dos problemas empresariais, nem como artifício mágico de gerência, pois mágica por suas próprias características é encenação, o que não cabe em um processo gerencial de responsabilidade.

Sendo assim, a alternativa que responde a questão terá que ter o ítem II e não ter o V e VI. Nestas condições a única alternativa que atende estas condições é a de letra "d", cujos itens III e VII que acompanham o II também são claros aspectos de liderança.

Questão 50 - Considerando que a gestão estratégica pensa no futuro da organização prospectando cenários em função de mudanças no contexto e, a partir destes, a organização define estratégias de ação, escolha a opção que apresenta uma visão estratégica da função de recursos humanos.

a) A unidade de recursos humanos define procedimentos de recrutamento, seleção e admissão.

b) a unidade de recursos humanos providencia a contratação de serviços de capacitação para o corpo gerencial.

c) A unidade de recursos humanos estuda o crescimento da organização para dimensionar o quadro de pessoal.

d) A unidade de recursos humanos estabelece critérios para implantar um programa de remuneração variável.

e) A unidade de recursos humanos controla os contratos de trabalho dos funcionários.

A questão nos aponta para uma situação bastante singular. Se houvesse a alternativa "todas as respostas estão certas" não estaria totalmente errado quem pensasse em assinalá-la, pois todas as ações

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previstas na questão, são, de alguma forma, relacionadas com a gestão de recursos humanos.

Então, qual a resposta correta? A resposta está na sutileza do questionamento, que pede uma opção de visão estratégica. Nesta situação tem-se que quatro das alternativas falam de ações operacionais de recursos humanos e, apenas uma, trata de gestão estratégica, que por suas próprias características se sobrepõe às demais.

Sendo assim, a alternativa que atende ao questionado é a de letra "c", que trata de estudos da organização para definir linhas de ação, ou seja, desenvolve processo de avaliação que se vincula ao crescimento da entidade e às suas conseqüências naturais na área de pessoal, sendo as demais resultantes da implementação desta.

Questão 51 - Assinale a opção que completa corretamente a frase a seguir: A gestão estratégica requer que a organização ...

a) dissemine os fundamentos dessa gestão por todos seus níveis hierárquicos.

b) crie órgãos específicos voltados para a definição de estratégias.

c) faça investimentos no levantamento de séries históricas de venda e de clientes.

d) elimine postos de trabalho voltados para as atividades-meio.

e) envolva o conselho de administração e a assembléia no processo.

A situação abordada assemelha-se à questão anterior, enquanto uma alternativa é o efetivo complemento da frase, as demais são ações de caráter operacional.

Quando se pensar em gestão estratégica deve-se estar voltado para o comportamento de todos os membros da empresa na busca de resultados. Pensar em gestão estratégica sem compartilhamento é ter uma visão burocrática do processo gerencial, onde o poder emana da autoridade maior e desce pelos escalões da hierarquia.

Gestão estratégica para ser efetiva precisa de compartilhamento. Sendo assim, é o conteúdo da alternativa "a" que completa o enunciado proposto, pois é com a disseminação dos fundamentos da gestão que se conseguirá incorporar ao processo gerencial as contribuições de todos os empregados que assim, se sentirão peças componentes e importantes da estrutura da empresa e dos resultados por ela alcançados.

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1. Questão 52 - Indique a opção que caracteriza a organização que pensa estrategicamente a gestão de recursos humanos.

a) A área de recursos humanos assume uma função de assessoria à alta administração; institui programas voltados para a formação profissional do quadro funcional; diagnostica os salários pagos pelo mercado e estabelece uma estrutura salarial equivalente.

b) A área de recursos humanos assume uma função de assessoria à alta administração; busca que os empregados, além dos objetivos organizacionais, também atinjam seus objetivos pessoais e profissionais; diagnostica a cultura da organização e busca fortalecer valores e crenças consensadas.

c) A área de recursos humanos assume uma função de linha subordinada à alta administração; cobra somente resultados organizacionais de cada funcionário; diagnostica a cultura da organização e busca fortalecer valores e crenças consensadas.

d) A área de recursos humanos assume uma função de linha subordinada à alta administração; institui programas voltados para a formação profissional do quadro funcional; diagnostica fontes de recrutamento e seleção com vistas a encontrar a pessoa certa para o cargo certo.

e) A área de recursos humanos assume uma função de assessoria à alta administração; cobra somente resultados organizacionais de cada funcionário; diagnostica a cultura da organização e busca fortalecer valores e crenças consensadas.

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Mais uma questão que requer conhecimento não só do que seja atribuições da área de recursos humanos, mas, principalmente uma visão muito consistente do que seja gestão estratégica. E não poderia ser diferente. No contexto empresarial moderno com a universalização das relações comerciais, é fundamento primordial o domínio dos conceitos de gestão estratégica e sua aplicação.

Sendo assim, é necessário buscar, dentre as alternativas aquela que tem embutida em seu conteúdo esta visão.

É foco da gestão estratégica que a empresa não subsiste por si só, é necessário que incorpore aos seus objetivos os de seus colaboradores, valorizando as culturas empresariais e pessoais. A empresa será cada vez mais consistente quanto mais incorpore ao seu modelo gerencial esta prática, até que ela se torne normal e natural.

Deste modo, temos como alternativa correta para esta questão a de letra "b".

2. Questão 53 - Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as afirmações a respeito das mudanças dos conceitos e práticas relativos ao servidor público. A seguir, indique a opção correta.

I. As crescentes demandas sociais exigem um serviço público mais eficiente.

II. Em face do elevado comprometimento orçamentário dos gastos com pessoal do serviço público, entendeu o legislador constitucional de estabelecer limites para a execução desse tipo de despesa.

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III. O modelo caminha para a terceirização plena de todas as atividades do Estado.

IV. O modelo caminha para um aumento de ação do Estado, como agente de contratação e de aumento do volume de emprego, reativando, dessa forma, a economia.

V. Existe a tendência de unificar o regime jurídico de todos os servidores.

a) V, F, V, V, F

b) F, V, F, V, V

c) V, V, F, F, V

d) V, F, V, F, V

e) F, F, V, V, F

Esta questão trata de alguns aspectos que, de alguma forma, traçam um perfil da administração pública moderna.

É verdadeiro reconhecer-se que cada vez mais cresce a demanda por serviços públicos. Estão aí os movimentos cobrando ações governamentais para melhoria, particularmente, daqueles serviços considerados de Estado: saneamento básico, saúde, educação, segurança pública.

Esta demanda, que redunda em maiores custos operacionais, vem sofrendo significativo controle no aspecto do custo de pessoal após a promulgação da Lei Complementar nº.101 - a denominada Lei de Responsabilidade Fiscal -, que estabeleceu critérios disciplinadores dos gastos públicos, particularmente com pessoal, objetivando a criação de excedentes de recursos financeiros para aplicação em atividades operacionais e investimentos.

Outro fator que tem sido discutido no âmbito do Executivo e do Legislativo, já havendo inclusive alguns questionamentos à respeito, é relativo à unificação do sistema jurídico de todas os servidores, como forma de eliminar distorções e favorecimentos.

Por outro lado, não se pode pensar em um modelo estatal de plena terceirização, porque existem ações públicas que são onerosas e não haveria interesse da iniciativa privada em assumi-las, já que não poderiam cobrar valores que remunerassem o capital investido. Além

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disso, o Estado jamais poderá ser encarado como um agente de contratação e, seria um terrível equívoco pensar-se neste expediente como instrumento para reativar a economia.

A situação, em verdade, é diametralmente oposta, o Estado deve buscar meios para dinamizar a economia para que com o seu crescimento sejam gerados os empregos necessários.

Fica claro que a proposição I, II e V são verdadeiras e a III e IV são falsas, sendo a alternativa de letra "c" aquela que apresenta as questões da seqüência correta de avaliação.

Questão 54 - Um dos aspectos mais relevantes da reforma do Estado brasileiro é o pertinente ao regime de pessoal. Esta importância decorre da necessidade de se adequar a questão da redução de despesas públicas com a preservação de quadros de qualidade no serviço público. Em relação ao regime de pessoal, é incorreto afirmar que:

a) Pela regra constitucional da unidade de regime político por ente político, os estados têm autonomia para formulação de suas políticas de pessoal.

b) O regime do emprego público federal subordina o servidor a ele submetido às normas trabalhistas, com algumas regras específicas para observância.

c) As hipóteses de falta grave, previstas na CLT, correspondem basicamente àquelas de falta grave previstas no Estatuto dos Servidores Públicos Federais.

d) A adoção de regime contratual para o servidor público representará uma sensível redução de custos em relação à previdência do setor público.

e) A Lei nº 9.962/2000 não especificou quais seriam as atividades cujos servidores estariam sujeitos ao regime por ela estabelecido.

Quando se iniciaram os estudos para o desenvolvimento de ações que possibilitassem a melhoria do desempenho do serviço público que desembocaram no grande projeto de reforma do estado capitaneado pelo professor Bresser Pereira, o principal foco era a otimização da utilização dos recursos públicos. Neste contexto, o que

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se tinha como modelo era o crescimento da demanda dos serviços em contrapartida à crescente limitação de recursos.

Para atender às necessidades da população os governos brasileiros sempre lançaram mão de aumento da carga tributária como meio de reforço de caixa, o que ainda fazem hoje, embora este não seja o discurso quando das campanhas políticas.

A utilização deste mecanismo associada a um modelo de política patrimonialista, onde os serviços públicos eram utilizados para dar emprego a apaniguados, familiares e cabos eleitorais levou praticamente à bancarrota a administração pública brasileira, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, havendo casos em que o endividamento com a folha de pessoal era superior à receita auferida, o que inviabilizava investimentos para melhorar a estrutura e qualidade dos serviços.

Foi este quadro que levou à discussão de uma legislação que restringisse os gastos com pessoal, chegando-se em 2000 à promulgação da Lei Complementar nº 101, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal. Com esta lei foram criados limites que restringiram a liberdade que tinham os poderes públicos para gerar despesa, particularmente através da concessão de emprego.

Observe-se ainda, que a Lei 9.962/2000, definiu que o pessoal a ser contratado pela administração federal seria regido pela Consolidação das Leis do Trabalho e que leis complementares disporiam sobre a transformação dos atuais cargos, que são regidos pelo Estatuto dos Servidores Públicos, em emprego. Como se vê, o Governo Federal já deu início ao processo de unificação que ainda levará um longo tempo para ser estabilizado.

Deste modo, a alternativa que representa uma afirmação incorreta sobre a situação do regime de pessoal no serviço público é a de letra "a". posto que a Lei 101/2000 restringiu a autonomia dos estados quando estabeleceu limites para os gastos com pessoal.

Questão 55 - A Emenda Constitucional nº 19, de 1998 (EC 19/98), acrescentou aos princípios constitucionais da Administração Pública o princípio da eficiência, que é composto de algumas características básicas. Entre elas, não se inclui:

a) Direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum.

b) Imparcialidade.

c) Participação e aproximação dos serviços públicos da população.

d) Desburocratização.

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e) liberdade de ação para o servidor.

A Constituição Federal estabelece no caput do seu artigo 37 que a administração pública se regerá pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade e em seus parágrafos e alíneas discorre sobre um sem número de situações que deverão ser observadas pelos agentes públicos. Estes princípios norteavam os gastos públicos no sentido da formatação dos processos sem entrar no seu mérito, ou seja, estando tudo de acordo com estes princípios não era questionada a finalidade da aplicação dos recursos.

Preocupado com esta situação, veio o legislador e através da Emenda Constitucional nº.019/98, especificamente seu artigo 3º, deu nova redação ao caput do citado artigo 37, acrescentando-lhe como princípio constitucional da administração, a "eficiência".

Esta preocupação muito pertinente, trouxe para a administração pública o comprometimento do servidor com os resultados de suas ações. Assim, esta disposição normativa impõe a todo agente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição, rendimento e rapidez. Não basta que o desempenhe suas atividades com a observância da lei, é indispensável que o faça com resultados positivos para o serviço público e com atendimento satisfatório das necessidades coletivas.

Deste modo, suas atividades passam a ser avaliadas do ponto de vista da quantidade e da qualidade do serviço prestado, observando-se o rendimento efetivo, o custo operacional, a real utilização pelos beneficiários, bem como seus efeitos para a administração.

Ora, se a pretensão do legislador foi comprometer a ação do agente público aos objetivos da Administração, fazendo-o responder objetivamente a danos causados a terceiros por sua atuação, não se pode pensar em plena liberdade de ação para ele. O que se pretendeu foi justamente comprometê-lo com os objetivos dos programas de governo. Sendo assim, é a alternativa "e" aquela que não se inclui nas características básicas do princípio da eficiência, posto que todas as demais tratam de aspectos que se referem à prestação de serviços públicos de qualidade.

Questão 56 - Com a disseminação do uso da Internet, aumenta o acesso do cidadão à informação e serviços públicos, indo desde o envio da Declaração do Imposto de Renda até a renovação de documentos, com um grande impacto sobre a cidadania. Sobre este tema, assinale a opção incorreta.

a) As novas tecnologias de informação trazem grandes ganhos de produtividade, facilitando o processo de contenção do gasto público.

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b) A Internet irá substituir todas as outras formas de interação entre o servidor e o cidadão.

c) Em algumas situações, a introdução de novas tecnologias pode facilitar o acesso mas, ao mesmo tempo, dificultar o controle sobre como a informação fornecida pelo cidadão é utilizada.

d) Os custos de aquisição da informação e cruzamento de dados tende a cair, ao mesmo tempo que a precisão e correção dos dados tende a aumentar.

e) A sociedade passa a ter um poderoso instrumento de controle e fiscalização não só sobre as atividades do Executivo, como também sobre o emprego de seus recursos.

A internet não pode ser vista como o único meio de relação entre servidor e cidadão. Pensar assim seria admitir que a máquina substituirá o homem em suas atividades cotidianas e estaria sendo considerado como realidade o universo da Matrix ou a figura do Grande Irmão preconizada por Orwel em seu livro "l984".

Tem-se que pensar na internet como um instrumento que auxilia o indivíduo, acelera os processos gerenciais e disponibiliza significativo volume de informações, entre outras coisas, mas sem deixar de ter em mente que o homem com o seu intelecto sempre será o comandante do processo. A interação dos cidadãos, apoiada por sistemas informatizados sofisticados, possibilitará o desenvolvimento de técnicas para melhorar cada vez mais o nível de atendimento dos serviços.

Assim, é a alternativa "b" aquela que responde a questão, posto que, tê-la como verdadeira seria abrir mão da própria cidadania.

Questão 57 - O desenvolvimento alcançado pelos meios de comunicação coloca ao alcance de parcelas consideráveis da população economicamente ativa, antes marginalizadas do sistema de informação, condições de participação e expressão de direitos alcançados por grupos similares. Neste sentido, assinale a opção correta.

a) Maiores condições de participação e expressão não concorrem, em países em estágio de desenvolvimento econômico menos avançado, para um aumento de aspirações da população.

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b) A tecnologia avançada e especializações mais estreitas geram maior independência entre tarefas e unidades organizacionais.

c) A relação hierárquica já não se resume em transmitir e direcionar o uso de dados, mas inclui a constante negociação sobre novas formas de busca, processamento e uso de informações.

d) O poder hierárquico aumenta, porque o dirigente passa a ter um maior controle de todos os aspectos da organização e das atividades de seus subordinados.

e) A democracia representativa fica enfraquecida, a partir do momento em que o cidadão passa a prescindir da mediação do Estado.

Nessa questão existem algumas alternativas que são a negação da utilização da comunicação como meio de evolução das relações interpessoais.

Como aceitar como verdadeira a possibilidade de cidadãos dos países menos desenvolvidos não poderão ter aspirações quanto à melhoria de suas comunidades a partir da utilização da tecnologia ?

Tudo que as relações tecnológicas avançadas geram é interdependência, pois o processo gerencial se encontra no chamado ambiente de rede, onde empresas se agrupam para dar agilidade a seus modelos operacionais, trocando informações sobre seus mais diversos pontos, sempre buscando meios de redução de custos e otimização de atividades.

Por outro lado, não há aumento do poder hierárquico, posto que com a disseminação da informação, mais pessoas estarão sabendo o que ocorre na empresa, aumentando seu comprometimento com os objetivos e naturalmente, ocorrendo uma democratização do poder.

Finalmente, quando o cidadão passa a tomar conhecimento do que o Estado faz torna-se um crítico mais efetivo e jamais achará que ele é desnecessário, posto que conhecerá sua estrutura e funcionamento e tendo acesso às informações sobre as atividades que são desenvolvidas, terá uma perfeita percepção da importância da existência do aparelho estatal.

Fica claro, portanto, que as relações entre os cidadãos e serviço público serão fortalecidas com a disseminação dos meios eletrônicos

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de comunicação, sendo a alternativa "c" aquela que retrata com propriedade esta situação.

Questão 58 - A preocupação com formas participativas da gestão pública acentuou-se ultimamente em função não só da busca de formas mais democráticas de administrar, em consonância com a evolução social, mas também da tentativa de aumentar a eficácia do poder e do conflito num mundo organizacional mais complexo. Em relação a essa afirmação, assinale a opção correta.

a) A ordem jurídica vigente vai dar espaço aos arranjos realizados no interior de uma comunidade ou grupo, devendo o servidor público estar sensível a esta nova realidade.

b) A consulta popular tenderá a ser ampliada, com a inclusão de referendos periódicos e esvaziamento do Poder Legislativo.

c) Não haverá nenhuma mudança significativa na participação popular, uma vez que sempre existiram formas de mobilização eficientes, tais como partidos políticos e outras agremiações.

d) A sociedade ganha novas formas de controle e pressão, que paulatinamente serão reguladas e assimiladas à Administração Pública e à Legislação vigente.

e) Os conflitos tendem a aumentar, pois quanto maior a participação, maior a dificuldade de se obterem consensos.

O que é demonstrado aqui é um quadro do modelo populista e manipulativo que sempre foi praticado no Brasil, onde alguns caciques políticos mantém o domínio da opinião pública e manipulam suas entidades.

Um modelo participativo trará para o foco das discussões a opinião das minorias, provocando o fortalecimento das representações classistas e possibilitando que as decisões tomadas sejam aquelas que irão atender às comunidades e não a interesses pessoais ou de grupos políticos.

O posicionamento dos diversos segmentos da sociedade sob esta ótica trará mais luz às discussões das questões públicas e,

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naturalmente, será contribuição valiosa para melhorar o nível de sua representatividade.

Um dos quadros indicativos desta nova situação foi o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que traz em seu bojo instrumentos para o controle dos gastos públicos.

Fica claro, portanto, que a alternativa "d" é a que atende corretamente a questão, pois será com este direcionamento que a Administração pública será aprimorada, contando naturalmente com o aperfeiçoamento da legislação.

Questão 59 - A Administração Pública organizou-se historicamente de forma departamentalizada, seguindo basicamente um critério de especialização por função. Desta forma, os órgãos de saúde atendiam simultaneamente a mesma população que os de educação, por exemplo. Recentemente, iniciou-se uma mudança visando a unificação das políticas e programas sociais. Aumentará também a cooperação entre estados, Municípios e Governo Federal. Neste sentido, é incorreta a afirmativa:

a) O Governo Federal tende a concentrar a gestão e implementação dos programas, pois possui os maiores recursos.

b) O servidor passa a fazer parte de uma cadeia de criação de valor, na qual o valor é o serviço público e as etapas transcendem as fronteiras entre municípios, estados e mesmo o setor privado.

c) O foco da gestão pública passa a ser o cidadão, suas aspirações e necessidades; o cidadão passa a ser um problema de todas as esferas do Poder Público.

d) Aumenta a necessidade de profissionais qualificados e da utilização de modernas técnicas de gestão, facilitando a integração com as ONGs e setor privado.

e) Cresce a importância do servidor que presta o serviço público diretamente ao cidadão, pois ele concentra o resultado da cadeia de valor e, ao mesmo tempo, é um dos avaliadores do êxito da política implementada.

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Quando se pensa em otimização dos serviços públicos tem-se que estar atentos a prestação de melhores serviços a um contingente maior de população, por um número cada vez menor de servidores.

Este formato originou o desenvolvimento dos programas de governo que tem o mérito de disciplinar e descentralizar as ações públicas, otimizando-as e levando-as a todos os cidadãos.

Ora, quando se pensa em programa como meio de disseminar as ações de governo não se pode pensar em concentração de ações. Além disso, são muito recentes as críticas feitas ao governo federal que tenta concentrar recurso, manipulando verbas de alguns programas vinculados ao governo federal.

É incorreto, portanto, pensar-se em concentrar recursos para realizar ações públicas, sendo a alternativa "a" a que responde a questão, pois o que ela enfoca é a tentativa de dominação dos modelos federativos pelo poder central através da utilização do orçamento como instrumento de manipulação de recursos financeiros.

Questão 60 - Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as definições sobre as características da comunicação na gestão pública. A seguir, indique a opção correta.

( ) A comunicação deve respeitar e se manter nas esferas de influência federal, estadual e municipal.

( ) O servidor público deve satisfação apenas ao seu superior imediato, que deve arbitrar que informações podem ser passadas para a comunidade.

( ) A comunicação no setor público é mais do que uma necessidade mercadológica; é um direito do cidadão em muitos casos.

( ) As novas tecnologias de comunicação estão mudando a forma como o orçamento e o seu controle são realizados, permitindo uma maior participação da sociedade.

( ) A comunicação na gestão pública cria redes organizacionais que são sempre coordenadas pelo Governo federal.

a) V, F, V, V, F

b) F, V, F, V, V

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c) V, V, F, F, F

d) V, F, V, F, V

e) F, F, V, V, F

Aqui temos enfocado mais uma vez a problemática da comunicação como fator de realização e crescimento do serviço público.

Qualquer afirmativa que defenda limitação de comunicação, rigidez na vinculação hierárquica ou centralização de comando são óticas desvinculadas da comunicação moderna e, portanto, negativas do questionado..

Comunicação tem que ser um processo de crescimento das relações entre os cidadãos e o governo, que através do conhecimento de suas ações será tanto mais crítico como colaborativo.

Portanto, a alternativa que atende a questão é a de letra "e", posto que somente a terceira e quarta assertivas são verdadeiras.

Comentaremos na presente aula algumas questões da parte de Administração Pública do concurso para provimento de cargos de oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores.

As questões em comento são aquelas que, no nosso ponto de vista, de uma forma ou de outra, não estão em consonância com a lei e a melhor doutrina.

A questão 45 tem o seguinte conteúdo:

45 – O poder vinculado, na prática de determinado ato administrativo, consiste em que a autoridade respectiva, fundamentalmente, não tem maior liberdade de escolha, no tocante à (ao):

a) conveniência;

b) oportunidade;

c) competência;

d) conteúdo;

e) modo.

A questão envolve a aplicação ou não da discricionariedade por parte da autoridade administrativa. Temos segundo a doutrina que os

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elementos vinculados de um ato administrativo são a competência, a finalidade e a forma. Já como elementos discricionários temos o motivo (ou causa) e o objeto (ou conteúdo).

Como a questão menciona no cabeçalho - a autoridade, no desempenho do poder vinculado, não tem maior liberdade de escolha – entende-se que, a informação que o examinador deseja saber refere-se aos elementos vinculados do ato, repita-se – competência, finalidade e forma.

O gabarito aponta a alternativa "D" – conteúdo. O conteúdo ou objeto, como acima destacado, é um elemento discricionário do ato, e não vinculado. Ilustra-se o demonstrado com a passagem da eminente doutrinadora Maria Sylvia Di Pietro (2001:199) – "Porém, onde mais comumente se localiza a discricionariedade é no motivo e no conteúdo do ato." (grifo nosso)

A questão 47 tem o seguinte conteúdo:

47 – Não são elementos sempre essenciais à validade dos atos administrativos em geral, cuja preterição acarreta sua nulidade, os relativos à:

a) autoridade competente, objeto lícito e forma própria;

b) objeto lícito, forma própria e motivação;

c) forma própria, motivação e finalidade de interesse público;

d) motivação, objeto lícito, condição e termo (inicial e/ou final);

e) condição, termo e modo.

A questão trata dos elementos dos atos administrativos.

Temos que a maioria esmagadora da doutrina indica como elementos dos atos administrativos: competência (ou sujeito), forma, motivo, objeto e finalidade.

Ao adotar a opção "E" como verdadeira, o examinador assevera que as outras opções não atendem ao comando da questão. Em outras palavras as opções "A", "B", "C" e "D" estariam incorretas, ou seja todos os elementos ali caracterizados seriam elementos sempre essenciais à validade dos atos administrativos.

Ocorre que nas opções "B", "C" e "D" temos a motivação. A motivação, apesar de algumas divergências doutrinárias, não é elemento sempre essencial à validade do ato, como impõe a questão, pois motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram.

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Motivo, sim, é elemento essencial à validade do ato. Pois, nem sempre a motivação é exigida, como por exemplo, nos atos plenamente vinculados.

Cabe caracterizar, como acima citado, que existem alguns autores que consideram a motivação como essencial, entretanto uma prova de concurso deve ser elaborada de forma que a opção que atenda ao pedido seja pacífica na doutrina e/ou na lei, o que não é o caso da presente matéria.

Dessa forma, estão invalidadas também as opções "B", "C" e "D".

A questão 51 tem o seguinte conteúdo:

51 – A alienação de bens imóveis da União depende de licitação, podendo esta ser dispensável no caso de:

a) terem sido adquiridos por dação em pagamento;

b) sua aquisição haja derivado de procedimento judicial;

c) serem eles destinados a programa habitacional promovido por cooperativa de servidores;

d) serem eles destinados a programa habitacional promovido por associação de poupança;

e) investidura com venda aos proprietários de imóveis lindeiros.

A questão em comento confunde os institutos da licitação dispensada com licitação dispensável.

A lei é clara quando assevera no art. 17, que será dispensada a licitação quando enquadrar-se nos casos do incisos I e II.

Já o art. 24 prevê os casos de licitação dispensável.

Ou seja, no primeiro caso, não temos a possibilidade de discricionariedade do administrador, já no segundo caso temos a faculdade de a autoridade fazer uso de seu poder discricionário.

A questão 52 tem o seguinte conteúdo:

52 – A responsabilidade civil do Estado não inclui a obrigação de ele reparar danos causados a terceiros por seus agentes nessas condições, nos casos de:

a) atos de gestão;

b) atos de império;

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c) culpa do paciente;

d) culpa do agente;

e) defeito em obra pública.

A questão trata dos casos de excludentes da responsabilidade estatal.

Ocorre que a alternativa apontada como correta pelo gabarito – "C" culpa do paciente, não expressa de maneira clara e precisa o pensamento da melhor doutrina, senão vejamos.

A culpa da vítima só pode ser considerada como causa excludente da responsabilidade estatal, ao lado do caso fortuito e da força maior, quando ela for exclusiva da vítima. Se ela for concorrente, a responsabilidade é atenuada, mas não excluída. Destaca-se trecho de Maria Sylvia Di Pietro (2001:519): "Quando houver culpa da vítima, há que se distinguir se é sua culpa exclusiva ou concorrente com a do poder público; no primeiro caso, o Estado não responde; no segundo atenua-se a sua responsabilidade, que se reparte com a da vítima (RTJ 55/50, RT 447/82 e 518/99)."

As questões 53, 55 e 57 asseveram que a Lei n.º 8.112/90 seria o regime jurídico único dos servidores públicos civis da União. Ocorre que desde a implantação da emenda constitucional n.º 19/98, temos que a lei em comento deixou de ser a única a reger os servidores públicos.

Destaca-se que a melhor doutrina adota como classificação de servidores públicos: os servidores estatutários (regidos pela lei n.º 8.112/90), os empregados públicos (regidos pela lei n.º 9.962/00 e CLT) e os servidores temporários (regidos pela lei n.º 8.745/93 e lei n.º 9.849/99).

A questão 60 assevera no comando que a fiscalização da administração pública é atribuída ao TCU. Destaca-se que a Constituição Federal, em seus arts. 70 e 71, determina que a execução dessa fiscalização é de competência (atribuição) do Congresso Nacional, cabendo ao TCU apenas auxiliar o Poder Legislativo federal.

Esperamos com essa poucas linhas ter contribuído para a orientação dos nossos alunos e leitores, e temos a convicção de que a ESAF, órgão com vasta experiência na área de concursos e de incontestável prestígio junto à Administração Pública, vai agir a tempo e modo para reparar os deslizes cometidos.

Foi-me enviada consulta, por um concurseiro, relativa ao significado dos componentes de uma das alternativas apresentadas em questão

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do concurso para o cargo de Analista do MPOG 2000, a qual tinha a seguinte redação:

“A administração pública gerencial deve conservar algumas instituições burocráticas, como o concurso público, as carreiras estruturadas e o sistema universal de remuneração.”

De início, deve-se observar que o foco central da alternativa é a adoção pelos gestores públicos do modelo gerencial de administração, vislumbrando com isso, a possibilidade do direcionamento de suas ações para a ótica da gestão empresarial privada, o que, aliás, tem sido o discurso daqueles que têm pregado mais veementemente a modernização da administração pública. Os defensores da idéia alegam que os gestores públicos, ao adotarem esta modalidade gerencial, passarão a funcionar de maneira mais dinâmica, já que não estarão submetidos aos rígidos ditames da organização burocrática que vem sendo a tônica atual.

Entretanto, por entenderem que esta liberação não pode ser processada em todos os níveis, resguardam algumas situações que devem permanecer e que tratamos a seguir, até porque, se assim não for, as entidades públicas se igualarão às empresas da iniciativa privada, o que não seria apropriado considerando as diferenças entre suas configurações legais.

Concurso público – o instituto do concurso publico tem que ser preservado para que se tenha garantida a eliminação do nepotismo na estrutura governamental, ficando passível de ocupação sem concurso as vagas de primeiro escalão, assessoramento e assemelhadas, que por suas características temporárias pode prescindir dele. Entretanto, não fica descartada a possibilidade destas vagas serem ocupadas por servidores concursados. Para o chamado funcionário de carreira, a única via de acesso terá que ser o concurso público.

Carreiras estruturadas – esta é uma velha reivindicação dos servidores públicos, que estão sempre se movimentando pela definição de suas carreiras, pois esta é a forma de garantir o crescimento funcional. Como a legislação impede que hajam promoções para mudança de cargo por iniciativa pessoal dos gestores ou através de seleção interna, a definição de quadros de carreira criaria a possibilidade de crescimento funcional para os servidores. Não sendo assim, o pessoal de um determinado órgão só conseguirá promoção participando de concurso que será aberto ao público e, naturalmente, com sérios riscos de não conseguir seu intento em face da grande quantidade e qualificação de concorrentes externos.

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Sistema universal de remuneração – esta sistemática está associada ao plano de carreira, onde os salários são estabelecidos observando a importância de cada cargo na hierarquia. O que se pretende com este sistema é que em um mesmo nível de governo, por exemplo, um estado federativo, os cargos das diversas secretarias que tenham atribuições assemelhadas sejam remunerados com valores semelhantes. Utilizando-se esta forma de remuneração, será significativamente facilitada a movimentação de servidores, pois como não haverá choques financeiros, as mudanças, de uma maneira geral, ocorrerão por interesse profissional ou para atender determinada demanda do serviço público. De uma forma ou de outra, não estarão em jogo as questões salariais que sempre dificultaram estas movimentações, já que ninguém aceitava transferir-se de órgão se não houvesse uma expectativa de ganho financeiro.

Como vocês sabem, a ESAF, nos concursos para Auditor da Receita Federal, parece haver consolidado a idéia de inserir o Direito Administrativo em uma disciplina que ela denomina "Ética na Administração Pública". Na verdade, a importância dessa disciplina, nesse concurso, foi significativamente reduzida. Entretanto, em outros concursos, como o do TCU e o do Fiscal do INSS, O Direito Administrativo continua ocupando lugar de destaque. Esse é meu intuito ao comentar as questões de Administrativo elaboradas pela ESAF para o AFRF/2002: auxiliar no estudo desse ramo do Direito visando à preparação para os concursos que estão por vir.

Vamos às questões.

QUESTÃO 46 - O teto remuneratório previsto na Constituição Federal, correspondente ao subsídio mensal do Ministro do Supremo Tribunal Federal, não alcança:

a) o vencimento de servidor público de fundação pública estadual.

b) o provento de aposentadoria de membro do Ministério Público de um Estado federado.

c) o subsídio de Vereador de Câmara Municipal.

d) o salário de empregado de empresa pública federal.

e) a pensão devida à viúva dependente de Delegado de Polícia Federal falecido.

Essa questão trata do teto constitucional de remuneração dos servidores públicos, regra que foi bastante alterada com a EC 19/98 ("Reforma Administrativa"). O dispositivo que estabelece o limite geral de remuneração é o inciso XI do art. 37, transcrito:

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"XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;"

Ao comentar esse dispositivo, no livro "Direito Administrativo", que publiquei em co-autoria com o Vicente Paulo, escrevemos (grifei):

"a) O teto constitucional passou a ser unificado. Não pode nenhum servidor, de qualquer Poder, nas três esferas da Federação, ativo ou aposentado, receber remuneração ou subsídio superior ao percebido, em espécie, pelos ministros do STF;

b) O limite passou a incluir todas as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do valor total percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras;

c) O limite passou a abranger os valores resultantes de acumulação de cargos ou de cargos com proventos da inatividade, seja ou não lícita a acumulação;

(...)

e) Relativamente ao salário dos empregados públicos das empresas públicas e das sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, o teto somente se aplica àquelas que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. Entendemos que os empregados públicos da Administração Direta federal e das autarquias e fundações públicas federais contratados nos termos da Lei nº 9.962/2000 estão submetidos ao teto constitucional, não podendo seus salários ser superiores ao subsídio dos Ministros do STF, uma vez que o inciso, com a redação da EC 19/98, passou a aludir a "cargos, funções e empregos públicos" ;

(...)"

A regra que somente submete os empregados públicos de empresas públicas e das sociedades de economia mista ao teto quando estas receberem recursos públicos para pagamentos de despesa de pessoal ou custeio em geral é bem clara, e se encontra no § 9º do mesmo art. 37 da Carta.

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Observamos, portanto, que somente podemos chegar ao gabarito da questão 46 por eliminação. Todas as alternativas enquadram-se expressamente na vedação constitucional em qualquer caso, menos a alternativa "D".

Com efeito, a alternativa "D" afirma que não está sujeito ao teto o empregado de empresa pública federal. Como vimos, essa é mesmo a regra geral, pois tal empregado somente estará sujeito ao teto caso a empresa pública receba recursos públicos para pagamentos de despesa de pessoal ou custeio em geral, conforme previsto no § 9º do art. 37. O gabarito, assim, ficou sendo letra "D".

QUESTÃO 52 - A espécie de provimento de cargo público que consiste no retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, em decorrência de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo, denomina-se:

a) reversãob) readaptaçãoc) reintegraçãod) reconduçãoe) aproveitament

Essa questão foi extremamente simples. O enunciado apresenta a definição expressa da forma de provimento derivado de cargos públicos denominada "recondução".

A recondução, nos termos do art. 29 da Lei n.º 8.112/1990, é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, podendo decorrer de:

(1) inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; ou

(2) reintegração do anterior ocupante.

A segunda hipótese de ocorrência de recondução não consta do enunciado. A situação nela descrita é a explicada a seguir.

O servidor "X" é demitido e, uma vez vago o seu cargo, a Administração Pública o preenche com o servidor "Y". Num momento posterior, o demitido ("X") consegue, administrativa ou judicialmente, invalidar a sua demissão, obtendo direito de retorno ao cargo (reintegração), com todas as vantagens do período. Com a reintegração de "X", o servidor "Y", que estava ocupando o seu cargo, se estável, será reconduzido ao seu anterior cargo, sem direito a indenização, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, colocado em disponibilidade (neste caso recebendo proporcionalmente ao seu tempo de serviço – CF, art. 41, § 2º, com a nova redação da EC 19/1998).

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A primeira hipótese, inabilitação em estágio probatório, foi a versada no enunciado da questão.

O legislador garante ao servidor já estável sua permanência no serviço público na hipótese de ser considerado, pela Administração, não apto ao exercício do novo cargo para o qual foi aprovado em concurso público.

Esta previsão decorre do fato de ser a estabilidade atributo do servidor, após o preenchimento dos requisitos constitucionais e legais. O servidor não é estável em determinado cargo, mas sim no serviço público. Prova disso é que pode o cargo ocupado pelo servidor ser extinto sem que ele perca sua condição de estável, sendo, então, posto em disponibilidade remunerada (proporcionalmente) ou aproveitado em outro cargo compatível com o extinto.

O estágio probatório é que visa a avaliar a aptidão e capacidade do servidor para o desempenho de determinado cargo. Por isso, cada vez que um servidor seja nomeado para um cargo, necessita cumprir todo o período de estágio probatório a fim de ser considerado apto ao exercício daquele cargo.

Caso já cumprido o estágio probatório em cargo anterior e adquirida, pelo servidor, a estabilidade no serviço público nos termos do art. 41 da CF/1988, pode ocorrer que o servidor seja considerado inapto para o exercício de novo cargo no qual tenha sido nomeado.

Neste caso, de inabilitação do servidor estável no estágio probatório do novo cargo, será ele reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, cargo este em que fora considerado apto por ocasião da conclusão do estágio probatório anterior.

O gabarito da questão é, portanto, letra "D".

QUESTÃO 53 - Assinale, entre os seguintes benefícios da seguridade social do servidor, aquele que não é devido ao seu dependente.

a) auxílio-funeral

b) auxílio-reclusão

c) salário-família

d) assistência à saúde

e) pensão vitalícia e temporária

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Essa questão exigia do candidato pura e simples decoreba. Pare ser sincero, nem eu sei se eu acertaria essa questão no concurso, pois é extremamente raro essa parte da Lei 8.112/1990 ser cobrada, e nunca me preocupei em decorar esses benefícios (quanto mais saber a quem são devidos).

Os benefícios integrantes da seguridade social do servidor público estatutário, bem como seus beneficiários, encontram-se enumerados no art. 185 da Lei, transcrito (grifei):

"Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem: I - quanto ao servidor: a) aposentadoria; b) auxílio-natalidade; c) salário-família; d) licença para tratamento de saúde; e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; f) licença por acidente em serviço; g) assistência à saúde; h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias; II - quanto ao dependente:a) pensão vitalícia e temporária; b) auxílio-funeral; c) auxílio-reclusão; d) assistência à saúde."Observamos que as alternativas A, B, D e E contêm os quatro benefícios a que fazem jus os dependentes do servidor. A alternativa "C" apresenta um benefício, o salário-família, que somente está previsto para o servidor. O gabarito, portanto, foi letra "C".

QUESTÃO 54 - Assinale a afirmativa falsa.

a) A licença para atividade política é concedida a partir do registro da candidatura até o décimo dia após o da eleição, sendo remunerada, somente, pelo período de três meses.

b) A licença para o desempenho de mandato classista pode ser prorrogada, no caso de reeleição, por uma única vez.

c) A licença para capacitação, de até três meses, para participar de curso de capacitação profissional, com remuneração, é concedida, no interesse da administração, após cada qüinqüênio de efetivo exercício.

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d) A licença para tratar de interesses particulares pode ser concedida, a critério da administração, ao servidor ocupante de cargo público, efetivo ou em comissão, pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.

e) A licença por motivo de afastamento do cônjuge, deslocado para outro ponto do território nacional, para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Legislativo ou Executivo, é concedida sem remuneração.

Essa questão exigia o conhecimento de cinco das licenças a que faz jus o servidor público estatutário regido pela Lei 8.112/1990. O assunto é comumente exigido em concursos elaborados pela ESAF. Portanto, embora seja um estudo chato (sejamos sinceros!), é imprescindível. Pede-se a alternativa falsa.

Comentarei sucintamente cada uma das licenças enumeradas nas alternativas, tomando por base o conteúdo do nosso livro (meu e do Vicente Paulo) "Direito Administrativo".

Alternativa A – Licença para atividade política

A licença para atividade política é concedida ao servidor nas seguintes condições:

1) sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. Esse período não é computado como tempo de serviço;

2) com a remuneração do cargo efetivo, a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição. A remuneração somente será paga pelo período de três meses. Caso o período entre o registro da candidatura e o décimo dia seguinte ao da eleição supere três meses, o servidor poderá permanecer de licença, mas sem direito à remuneração. Esse período de licença será computado como tempo de serviço apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade (art. 103, III).

Vemos que a alternativa "A" não parece, na verdade, absolutamente correta. A licença, embora não remunerada, pode ser concedida ao servidor desde sua escolha em convenção partidária, antes, portanto, do registro de sua candidatura. Vejamos, porém, as outras alternativas.

Alternativa B – Licença para o desempenho de mandato classista

O servidor tem direito a essa licença, sem remuneração, para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de

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classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão. A licença somente será concedida se o servidor houver sido eleito para cargos de direção ou representação e se a entidade estiver cadastrada no Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.

A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, por uma única vez. O tempo de fruição da licença é computado como de efetivo exercício para todos os efeitos, exceto para efeito de promoção por merecimento (art. 102, VIII, "c").

Não há qualquer dúvida aqui. A alternativa "B" é absolutamente correta.

Alternativa C – Licença para capacitação

Após cada cinco anos de efetivo exercício, não acumuláveis, o servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para participar de curso de capacitação profissional.A concessão dessa licença é ato discricionário da Administração. Como os períodos não são acumuláveis, não é possível, por exemplo, o servidor, após dez anos de exercício, realizar um curso de seis meses.

Pode-se afirmar que essa licença veio, de certa forma, substituir a licença-prêmio por assiduidade, não mais existente para os servidores regidos pela Lei nº 8.112/1990. A concessão da licença-prêmio era ato vinculado, a ela fazendo jus todos os servidores que preenchessem os requisitos da Lei.

O período de licença para capacitação é considerado como de efetivo exercício para efeito de contagem do tempo de serviço, nos termos do art. 102, VIII, "e" da Lei nº 8.112/1990.

A alternativa "C", portanto, sem qualquer polêmica, é correta.

Alternativa E – Licença por motivo de afastamento do cônjuge

Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.

A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração e o período de fruição não é computado como tempo de serviço para qualquer efeito.

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A Lei prevê a possibilidade de exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, para o cônjuge ou companheiro que também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.

A alternativa "E", portanto, está absolutamente correta.

Alternativa D – Licença para tratar de interesses particulares

Deixei o gabarito para o final. Essa é a alternativa incorreta. Mesmo para quem não soubesse de cor todas as licenças, seria possível desconfiar que configuraria um verdadeiro absurdo que um servidor ocupante de cargo em comissão (provimento de natureza precária e baseado em relações de confiança) pudesse afastar-se do cargo, para tratar de interesses particulares, por três anos!

A Lei 8.112 estabelece que ao servidor ocupante de cargo efetivo, que não esteja em estágio probatório, poderá ser concedida licença não remunerada para tratar de assuntos particulares. A licença poderá durar até três anos e pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.

A concessão dessa licença é ato inteiramente discricionário, podendo, mesmo após concedida, ser interrompida no interesse da Administração, como acima visto. O período de licença, evidentemente, não é computado como tempo de serviço para qualquer efeito.

Essa era, assim, a alternativa falsa. Como o erro nela contido é muito mais evidente do que a impropriedade que consta da alternativa "A", o candidato (que conhecesse a matéria) não deve ter tido dúvida entre as duas. O gabarito, portanto, foi letra "D".

QUESTÃO 55 - Em relação à concessão de serviços públicos, assinale a opção incorreta.

a) A modicidade das tarifas integra o conceito de serviço público adequado.

b) A subconcessão é admitida desde que prevista no contrato de concessão e será precedida por licitação, na modalidade concorrência ou tomada de preços.

c) A extinção da concessão decorrente de inexecução total ou parcial do contrato, pelo concessionário, denomina-se caducidade.

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d) Incumbe ao poder concedente regulamentar o serviço concedido, bem como intervir na prestação dos serviços, nos casos e condições previstos em lei.

e) Na concessão, é válido, no julgamento da respectiva licitação, o critério de oferta de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado.

Essa questão, sem dúvida, fio difícil. Para acertá-la o candidato, obrigatoriamente, teria que conhecer bem a disciplina da concessão de serviços públicos, plasmada na Lei nº 8.987/1995 (com as alterações posteriores), que é nossa lei de normas gerais sobre o regime de concessão e permissão de serviço públicos.

A questão solicitava fosse apontada a alternativa incorreta.

Vejamos cada uma.

Alternativa A

O art. 6º, § 1º, da Lei 8.987/1995 estabelece os requisitos para que o serviço público seja considerado adequado. Segundo esse dispositivo, serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

A alternativa "A" é, portanto, correta.

Alternativa B

A alternativa "B" trata da subconcessão dos serviços públicos.

As concessões de serviços públicos, como todos os contratos administrativos são, em princípio, celebradas intuitu personae, ou seja, o contrato é pessoal, levando em consideração não apenas a melhor proposta oferecida à Administração, mas também características da pessoa jurídica que assegurem estar ela capacitada para a adequada execução do objeto do contrato.

A característica de pessoalidade dos contratos de concessão de serviço público é evidenciada pelo disposto no art. 25 da Lei 8.987, segundo o qual "incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade".

Não obstante, a lei permite que a concessionária, sem que isso afaste sua responsabilidade, contrate com terceiros o desenvolvimento de

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atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados (art. 25, § 1º). A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das normas regulamentares da modalidade do serviço concedido (art. 25, § 3º). Esses contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros serão inteiramente regidos pelo Direito Privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente (art. 25, § 2º).

Pois bem, o art. 26 da Lei nº 8.987/1995 admite a subconcessão de serviços públicos, nos termos previstos no contrato de concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. A subconcessão, entretanto, será sempre precedida de concorrência.

A alternativa "B", portanto, é a que contém a assertiva incorreta, uma vez que a única modalidade de licitação permitida para que seja feita a subconcessão do serviço público é a concorrência (a alternativa menciona, erradamente, a possibilidade de ser utilizada a tomada de preços).

Alternativa C

A caducidade é forma de extinção das concessões de serviços públicos. Extingue-se a concessão por caducidade sempre que houver inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da concessionária. Antes de instaurar-se o processo administrativo de inadimplência, em que deve ser, evidentemente, assegurado à concessionária contraditório e ampla defesa, é necessário comunicar a ela os descumprimentos contratuais que serão objeto do processo administrativo, dando-lhe um prazo para corrigi-los.

Se não ocorrer a correção, o processo administrativo será instaurado e, se comprovada a inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do poder concedente.

As hipóteses que ensejam, a critério da Administração, a decretação de caducidade encontram-se no art. 38 da Lei. A caducidade poderá ser decretada quando:

a) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

b) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão;

c) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

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d) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;

e) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;

f) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço;

g) a concessionária for condenada em sentença transitada em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais; e

h) ocorrer a transferência da concessão (subconcessão) ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente (art. 27).

A alternativa "C" é, portanto, absolutamente correta.

Alternativa D

Essa alternativa enuncia uma regra geral aplicável a todos os serviços públicos, uma vez que sua titularidade é sempre do Poder Público, independentemente da forma de prestação.

O art. 29 da Lei nº 8.987, expressamente enumera:

"Art. 29. Incumbe ao poder concedente:

I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestação;

................................

III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos em lei;

.............................."

A alternativa "D" é, portanto, correta.

Essa alternativa trata dos critérios de julgamento nas licitações que precedem a celebração do contrato de concessão de serviços públicos. Esses critérios encontram-se enumerados no art. 15, e são muito mais numerosos do que os previstos para as licitações que precedem os demais contratos administrativos (nessas, os critérios utilizados dão origem aos denominados "tipos de licitação", expressão, entretanto, não utilizada pela Lei nº 8.987/1995). São eles (grifei):

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"Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios:

I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;

II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão;

III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII;

IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;

V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;

VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela outorga da concessão com o de melhor técnica; ou

VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas.

A alternativa "E" é, assim, correta. O gabarito ficou sendo, então, letra "B".

QUESTÃO 56 - O Decreto do Prefeito Municipal que, desejando aumentar a receita pública local para suprir necessidade de abertura de novas escolas públicas, regulamenta norma tributária, em desacordo com a lei, padece de vício quanto ao seguinte elemento do ato administrativo:

a) finalidade

b) objeto

c) motivo

d) forma

e) competência

Essa foi, em minha opinião, a melhor questão de Direito Administrativo da prova. Não é, entretanto, uma questão muito fácil. Pelo que tenho visto, muitas pessoas acharam que o vício seria de competência. Essas pessoas raciocinaram que, como o aumento de receita tributária somente pode ocorrer por meio de edição de lei, o Prefeito, ao editar o decreto, teria usurpado competência do Poder legislativo e o vício seria, assim, de competência.

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Vejamos o que diz o enunciado, para eliminarmos as alternativas mais fáceis.

A finalidade do decreto era "suprir necessidade de abertura de novas escolas públicas". Como a necessidade, segundo o enunciado, realmente existe, não há vício de finalidade, uma vez que o fim visado pelo ato coaduna-se com o interesse público.

O motivo para a prática do ato foi a necessidade de aumentar as receitas. O motivo é válido, pois a necessidade realmente existe, e o ato, se não houvesse outro vício, realmente acarretaria o aumento. Há, portanto, correspondência entre o motivo (válido) e o conteúdo do ato.

O enunciado nada afirma sobre a forma do ato. Não temos como concluir, portanto, que tenha havido algum vício de forma (pressupõe-se que o decreto seguiu a forma escrita, possui ementa, está dividido em artigos, incisos, alíneas e parágrafos, possui data, assinatura etc.)

Restam, somente, a competência e o objeto.

A autoridade administrativa competente para editar decretos é, exatamente, o prefeito municipal. Decretos, como se depreende do próprio texto constitucional (art. 84), são atos administrativos normativos privativos de chefe do Poder Executivo. O Prefeito, portanto, efetivamente exerceu uma competência que é dele: editou um decreto. Não há vício quanto à competência. O grande problema do decreto editado é que ele tratou de matéria reservada à lei. O enunciado diz que o decreto, a título de regulamentação da lei, trouxe disposições a ela contrárias. O vício, portanto, reside no conteúdo do decreto (é um vício material, ou substancial), ou seja, em seu objeto. Como vocês dever ter visto ao estudar os elementos dos atos administrativos, o objeto do ato confunde-se com seu próprio conteúdo.

A alternativa correta é, portanto, a letra "B".

QUESTÃO 58 - Considerando a legislação sobre improbidade administrativa, Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, assinale a opção incorreta.

a) Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário quando o autor da denúncia o sabe inocente.

b) A perda da função pública só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

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c) A autoridade administrativa ou judicial competente pode determinar o afastamento do agente público de seu cargo, sem direito a remuneração, quando a medida for necessária à instrução processual.

d) A aplicação das sanções decorrentes desta legislação independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.

e) A prescrição para as ações destinadas a efetivar as sanções desta legislação ocorre em até cinco anos após o término do mandato eletivo.

Essa questão pede a identificação da alternativa incorreta relativamente aos atos de improbidade administrativa, conforme disciplinados na Lei nº 8.429/1992. Um pouco antes do concurso, eu publiquei, aqui no site, em um de nossos encontros semanais, um texto exatamente analisando os pontos dessa Lei que considero mais relevantes. Todos os pontos versados nas alternativas foram tratados no meu texto. Por isso, considero ocioso tecer, novamente, os mesmos comentários e recomendo a leitura do meu artigo, que se encontra disponível aqui mesmo no site.

A alternativa que contém a assertiva incorreta é a letra "C". Seria possível acertar a questão mesmo sem nada saber sobre a Lei nº 8.429/1992. Bastaria o candidato ter em mente que os denominados afastamentos preventivos são medidas não punitivas, adotadas no curso de processos disciplinares em geral, visando unicamente a evitar que a presença do servidor na repartição atrapalhe os trabalhos de investigação. Nunca implicam perda da remuneração, justamente porque representam medida não punitiva, do exclusivo interesse da Administração, adotadas ainda na fase de instrução, antes, portanto, que o servidor seja considerado culpado por qualquer infração.

Hoje comentarei a prova de Direito Administrativo do concurso TRF/2002. Como o edital do concurso para o TCU está na praça, o interesse pelo Direito Administrativo aumentou consideravelmente. Além disso, a expectativa a respeito do concurso para fiscal do INSS está no seu auge, o que é outro motivo para uma atenção especial a esse ramo do Direito.

Tenho tido um retorno muito bom dos comentários que venho fazendo às questões de concursos, e recebi muitas solicitações para continuar meus comentários em outras disciplinas. Agradeço de coração as manifestações de apreço e concordo que essa é uma excelente maneira de estudar (questões comentadas são, todavia, material de apoio; exigem conhecimento básico da matéria). Questões reais de concursos comentadas, inclusive quanto a suas eventuais imperfeições (ou mesmo erros), permitem ao candidato que vem realizando um estudo de longo prazo adquirir uma grande

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intimidade com o estilo de determinadas bancas. Além disso, e esse ponto é particularmente importante para as questões das disciplinas jurídicas, a análise das questões reais permite que o candidato compreenda que não há uma verdade absoluta, mas, sim, determinadas correntes jurisprudenciais ou doutrinárias que costumam ser perfilhadas por essa ou aquela banca. Cabe ao bom professor orientar seus alunos quanto a essas correntes de pensamento, conforme o concurso em que esteja focada sua atenção.

Há, entretanto, um ponto que preciso esclarecer. Nesses meus anos de lida na área de preparação para concursos públicos, especializei-me em determinadas disciplinas, nomeadamente, Direito Tributário e Direito Administrativo. Tenho, ainda, o privilégio de trabalhar com o meu amigo Vicente Paulo, um grande especialista também em outras áreas, particularmente Direito Constitucional e Direito do Trabalho, que muito me ensinou sobre elas. Essa parceria tem permitido que nós abordemos um amplo espectro de disciplinas na elaboração de materiais preparatórios específicos para concursos públicos (livros, apostilas, aulas, comentários a questões etc.). Nós dois temos, como bem sabe quem nos conhece, uma imensa preocupação com a qualidade do que oferecemos a nossos leitores e alunos. Por esse motivo, apesar das solicitações, não me proporei comentar, aqui, ao menos por ora, questões de outras disciplinas, nas quais considero existirem professores muito mais habilitados do que eu.

Já comentei todas as questões de Direito Tributário dos concursos AFRF/2002 e TRF/2002. Nos nossos próximos encontros, comentarei as questões de Direito Administrativo dos mesmos concursos (lembro que o AFRF apresentou as questões de Administrativo dentro da disciplina que eles denominam "Ética na Administração Pública").

A prova de Direito Administrativo do TRF foi, em minha opinião, muito boa. As questões foram abrangentes e sua elaboração foi cuidadosa. Não houve anulações ou alterações no gabarito inicialmente divulgado. A única crítica que talvez pudesse ser feita diz respeito à dificuldade; embora não tenham sido, em regra, detalhistas (o que é uma imensa qualidade), algumas questões exigiram o conhecimento relativamente aprofundado de construções doutrinárias algo complexas. De qualquer forma, isso é um fator positivo para quem estava se preparando com maior antecedência.

Vamos às questões.

QUESTÃO 51 - A finalidade, como elemento essencial à validade dos atos administrativos, é aquele reconhecido como o mais condizente com a observância pela Administração do princípio fundamental da

a) legalidade

b) impessoalidade

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c) moralidade

d) eficiência

e) economicidade

Devemos reconhecer que a redação do enunciado está um pouco truncada. Apesar disso, é bastante claro que a questão exige que o candidato faça uma relação lógica entre um requisito dos atos administrativos – a finalidade – e um princípio fundamental da Administração Pública.

Como sabemos, os atos administrativos apresentam cinco elementos, ou requisitos de validade, básicos: (1) competência; (2) finalidade; (3) forma; (4) motivo; e (5) objeto.

O requisito finalidade determina que todo ato administrativo, para ser válido, deve ter por fim o interesse público. A finalidade dos atos administrativos – tutela do interesse público – é requisito sempre vinculado, encontrando-se explícito ou implícito (o que é mais comum) na lei que determina ou autoriza sua prática.

Aí está a ligação entre o requisito e o princípio: a finalidade está sempre prevista na lei, ou seja, são irrelevantes as opiniões, preferências ou vontades da pessoa do agente público. Em poucas palavras, a atuação do agente público deve ser impessoal, sem o escopo de favorecer, prejudicar, beneficiar ou perseguir quem quer que seja.

O requisito finalidade, portanto, vincula-se intimamente ao princípio da impessoalidade, expresso no caput do art. 37 da Constituição. Muitos autores, inclusive, aludem ao fato de que existe um princípio administrativo da finalidade implícito no próprio texto constitucional, e que ele seria nada mais do que um dos desdobramentos do princípio expresso da impessoalidade. Ambos - finalidade e impessoalidade – estabelecem a exigência de que toda e qualquer atuação dos agentes públicos vise exclusivamente à tutela do interesse público, decorrente das disposições da lei, e não de suas opiniões ou paixões.

O gabarito da questão é, portanto, letra "B".

QUESTÃO 52 - A fiscalização dos órgãos da Administração Pública Federal, quanto aos aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade, será exercida pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União – TCU, e pelo sistema de controle interno de cada Poder, sendo que ao TCU compete apreciar as contas anuais do Presidente da República e das suas decisões, em geral, cabe recurso para o Congresso, salvo as de que resulte imputação de débito, porque terão eficácia de título executivo.

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a) Correta a assertiva.

b) Incorreta a assertiva, porque a apreciação das contas presidenciais é da competência exclusiva do Congresso Nacional.

c) Incorreta a assertiva, porque das decisões do TCU não cabe recurso para o Congresso Nacional.

d) Incorreta a assertiva, porque as decisões do TCU imputando débito não têm eficácia de título executivo.

e) Incorreta a assertiva, porque o controle interno se restringe a verificar a regularidade contábil de contas.

Essa questão foi, em minha opinião, um pouco difícil. Todavia, o candidato que conhecesse o funcionamento geral dos mecanismos de controle da Administração Pública e tivesse uma razoável noção geral de Direito Constitucional seria capaz de resolvê-la sem muitos problemas.

Lendo o enunciado, vemos que há referência ao controle interno da Administração (realizado pelo próprio Poder Executivo). Há menção, também, ao controle externo da Administração realizado pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas. Relativamente ao controle externo, há três afirmativas no enunciado: (a) "ao TCU compete apreciar as contas anuais do Presidente da República"; (b) das decisões do TCU, "em geral, cabe recurso para o Congresso"; e (3) as decisões do TCU de que resulte imputação de débito têm eficácia de título executivo, delas não cabendo recurso.

Vejamos como se encontra o tema na Constituição (grifei):

"Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

...........................

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

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............................

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

............................

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo."

Da simples leitura do texto constitucional, conseguimos eliminar as alternativas: "B" (vejam o art. 71, I, acima transcrito); "D" (ver o § 3º do art. 71); e "E" (vejam o caput do art. 70).

Ficamos, então, entre as alternativas "A" (o enunciado estaria correto) e "C" (das decisões do TCU não caberia recurso ao Congresso Nacional).

A leitura dos incisos VIII, IX e X do art. 71 permite-nos afirmar que não existe previsão de recurso ao Congresso Nacional contra decisões do TCU. Vejam que a própria constituição estabelece as competências do TCU e, como não há essa previsão de recurso na Constituição, o legislador não pode estabelecê-la, transferindo ao Congresso Nacional atribuição própria do TCU. Além disso, vejam que o inciso VIII do art. 71 dá competência ao TCU para "aplicar sanções" aos responsáveis por irregularidades (será que o Congresso Nacional poderia, em sede de recurso, cancelar uma sanção aplicada pelo TCU no exercício de suas atribuições constitucionais?). Notem, ainda, que o inciso X dá ao TCU poder para sustar atos ilegais, apenas comunicando ao Congresso Nacional (não há previsão de recurso dessa decisão à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal). Em resumo, a interpretação sistemática do art. 71, bem como a ausência de qualquer previsão expressa de recurso contra decisões do TCU no texto constitucional, permite-nos inferir, com razoável certeza, que das decisões do TCU não cabe recurso (reparem que o enunciado diz que os recursos ao Congresso Nacional seriam uma regra geral, o que reforça a evidência de que incorreta a afirmativa é incorreta).

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O gabarito ficou sendo, portanto, letra "C".

QUESTÃO 53 - As empresas públicas e sociedades de economia mista, no contexto da Administração Pública Federal, detêm alguns aspectos e pontos em comum, juridicamente, mas entre os que lhes são diferentes destaca-se

a) a sua natureza jurídica.

b) o regime jurídico dos seus servidores.

c) o foro de controle jurisdicional.

d) o tratamento fiscal privilegiado.

e) a exigibilidade de licitação.

Essa questão foi razoavelmente simples para quem possuía algum conhecimento acerca das entidades da Administração Indireta. Como vocês devem saber, são pontos comuns às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM), entre outros, os seguintes:

(1) ambas são entidades com personalidade jurídica de direito privado – alternativa (a)

(2) ambas obrigatoriamente contratam seus servidores pela Consolidação das Leis do Trabalho (regime jurídico contratual), ou seja, seus agentes serão, sempre, empregados públicos (celetistas), apesar de a contratação ser forçosamente precedida de aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos - Alternativa (b)

(3) a ambas é expressamente vedada a concessão de tratamento fiscal privilegiado em relação às empresas do setor privado (CF, art. 173, § 2º). A alternativa (d), portanto, menciona uma característica que nenhuma das duas possui.

(4) ambas estão igualmente obrigadas a contratar mediante licitação pública, uma vez que não há exceção prevista no art. 37, XXI, para qualquer das duas. Além disso, o art. 173, § 1º, III, ao dispor sobre as EP e SEM que explorem atividades econômicas, prevê que a lei estabeleça seu estatuto jurídico próprio, dispondo sobre o regime de licitação aplicável às duas, sem distinção entre elas. A alternativa (e), portanto, apresenta, também, um, ponto em comum.

Bem, por eliminação, já é possível termos certeza de que a única alternativa que apresenta diferença entre as EP e SEM será a alternativa (c). Com efeito, o juízo competente para apreciar as causas envolvendo EP e SEM não é o mesmo.

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As causas em que as EP federais forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as de falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, serão processadas e julgadas pela Justiça Federal (CF, art. 109, I).

As EP estaduais e municipais terão suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual.

As SEM federais não foram contempladas com o foro processual da Justiça Federal, sendo suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual. As SEM estaduais e municipais terão, da mesma forma, suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual.

O gabarito ficou sendo, assim, letra "C".

QUESTÃO 54 - Os poderes vinculados e discricionários se opõem entre si, quanto à liberdade da autoridade na prática de determinado ato, os hierárquico e disciplinar se equivalem, com relação ao público interno da Administração a que se destinam, enquanto os de polícia e regulamentar podem se opor e/ou se equiparar, em cada caso, quer no tocante a seus destinatários (público interno e/ou externo) como no atinente à liberdade na sua formulação (em tese tais atos tanto podem conter aspectos vinculados e discricionários, como podem se dirigir a público interno e/ou externo da Administração).

a) Correta a assertiva.

b) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre e necessariamente vinculado, só se dirigindo a público externo.

c) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e necessariamente discricionário, só se dirigindo a um público interno.

d) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre necessariamente discricionário, só se dirigindo a um público interno.

e) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e necessariamente vinculado, só se dirigindo a um público externo.

A questão 54 foi difícil, em minha opinião. É uma questão, como podemos observar, inteiramente doutrinária. Comecemos por analisar cada uma das afirmativas constantes de seu enunciado.

"Os poderes vinculados e discricionários se opõem entre si, quanto à liberdade da autoridade na prática de determinado ato..."

A afirmativa não apresenta polêmica. É exatamente isso que diferencia esses poderes. No exercício do poder vinculado (na

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prática de atos administrativos vinculados), o agente público não possui praticamente nenhuma margem de liberdade em sua atuação, ao passo que existe maior liberdade no exercício do poder discricionário, cabendo ao agente público, nesse caso, sempre respeitados os limites legais, decidir sobre a oportunidade e a conveniência de praticar o ato discricionário, valorando seus motivos e escolhendo seu objeto. As alternativas da questão nem mesmo questionam a validade dessa afirmativa.

"...os (poderes) hierárquico e disciplinar se equivalem, com relação ao público interno da Administração a que se destinam..."

Os destinatários do poder hierárquico e do poder disciplinar são sempre os próprios agentes públicos. Por isso, no exercício desses poderes a Administração estará sempre praticando atos administrativos de efeitos internos. É o caso de uma portaria de delegação de competência ou de avocação (poder hierárquico), de aplicação de penalidade de advertência, ou de demissão (poder disciplinar). As alternativas da questão sequer questionaram a validade dessa afirmativa.

"... os (poderes) de polícia e regulamentar podem se opor e/ou se equiparar, em cada caso, quer no tocante a seus destinatários (público interno e/ou externo) como no atinente à liberdade na sua formulação (em tese tais atos tanto podem conter aspectos vinculados e discricionários, como podem se dirigir a público interno e/ou externo da Administração)."

Essa afirmativa não é nada fácil de analisar. Tanto assim é que todas as alternativas versam sobre ela, ou melhor, basta analisá-la para resolver a questão.

Tradicionalmente, o poder de polícia é apontado como um poder de exercício discricionário. Não há dúvida, entretanto, de que há aspectos vinculados nos atos de polícia (competência, finalidade e forma são sempre elementos vinculados), como assere o enunciado.

O poder regulamentar é de análise muito mais difícil quanto à vinculação ou discricionariedade de seu exercício. Se entendermos que os atos regulamentares somente podem explicitar o que já se encontrava implícito na lei, sem nenhuma margem de escolha ao elaborador do ato (tese extremamente formalista), poderíamos sustentar que não haveria margem de escolha quanto ao conteúdo do ato regulamentar. Entretanto, pelo menos em relação a um ponto há discricionariedade: quanto ao momento da prática do ato (por exemplo, o Presidente da República, regra geral, pode decidir sobre o momento oportuno para editar um decreto regulamentando uma lei).

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Também com relação ao público-alvo, a doutrina tradicional afirma que os atos de polícia são atos de efeitos externos (os atos de aplicação de sanções de efeitos internos seriam os praticados no exercício do poder disciplinar). Entretanto, não é impossível imaginarmos um ato de polícia que tenha como destinatário a própria Administração Pública. Basta imaginarmos a aplicação de multas e outras medidas coercitivas adotadas pelos órgãos de fiscalização ambiental, como o IBAMA, contra uma sociedade de economia mista federal, como a PETROBRÁS.

Por último, afirmar que os atos regulamentares podem destinar-se à própria Administração também parece correto, embora não seja o que normalmente ensina a doutrina. Os atos regulamentares, sendo gerais e abstratos, destinam-se aos administrados, ou seja, são atos externos. Os atos destinados à própria Administração são normalmente classificados como atos ordinatórios e emanam do poder hierárquico, não do regulamentar. Entretanto, embora os atos regulamentares sejam atos externos, não se pode olvidar que eles obrigam a própria Administração, uma vez que são editados exatamente para assegurar a fiel execução das leis (e quem executa as leis no caso concreto é o agente público, que deve obedecer estritamente o que se encontra estabelecido nos atos regulamentares).

Pois bem, tendo em vista todas essas explicações, o gabarito ficou sendo letra "A", ou seja, o enunciado foi considerado correto. Vejam que essa questão poderia ter sido extremamente difícil; só não o foi porque as alternativas "B", "C", "D" e "E" contêm afirmativas que permitiram ao candidato bem preparado eliminá-las com razoável segurança.

QUESTÃO 55 - A presunção de legitimidade é o atributo próprio dos atos administrativos

a) que não admite prova de vício formal e/ou ideológico.

b) que os torna irrevisíveis judicialmente.

c) que impede sua anulação pela Administração.

d) que autoriza sua imediata execução.

e) que lhes dá condição de ser insusceptível de controle quanto ao mérito.

Essa questão versa sobre um dos atributos (características ou qualidades) dos atos administrativos: a presunção de legitimidade.

A presunção de legitimidade é atributo presente em todos os atos administrativos, sem exceção. Essencialmente, a presunção de

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legitimidade permite que o ato administrativo, uma vez editado, seja imediatamente aplicado pela Administração, sem necessidade de apreciação judicial prévia. Além disso, como há presunção de legitimidade em favor do ato, compete ao interessado em ver declarada sua nulidade o ônus da prova da existência de vício no ato.

Cabe lembrar, entretanto, que a presunção de legitimidade não impede que, desde que utilizados os meios corretos, possa o particular sustar os efeitos de um ato administrativo defeituoso. Existem remédios aptos a sustar a produção de efeitos dos atos administrativos reputados defeituosos, como recursos administrativos (quando possuem efeito suspensivo), liminares em mandados de segurança etc.

Apesar da existência de recursos e medidas judiciais com efeito suspensivo, podemos afirmar que, regra geral, o ato administrativo obriga os administrados por ele atingidos, ou produz os efeitos que lhe são próprios, desde o momento de sua edição, ainda que apontada a existência de vícios em sua formação que possam acarretar a futura invalidação do ato. Esse requisito autoriza, portanto, a imediata execução de um ato administrativo, mesmo se eivado de vícios ou defeitos aparentes; enquanto não pronunciada sua nulidade, ou sustados temporariamente seus efeitos, deverá ser cumprido.

A alternativa correta é, portanto, a letra "D".