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Questionário-roteiro Immanuel Kant Crítica da Razão Pura FAJE - História da Filosofia Moderna II Prof. Édil Guedes 1) Esclareça a seguinte passagem da Introdução da Crítica da Razão Pura (segunda edição): “Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo conhecimento começa com ela. Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso ele se origina justamente da experiência” (B 2) 2) Quais são os tipos de conhecimento para Kant e quais são as suas características fundamentais? 3) “A Matemática dá-nos um esplêndido exemplo de quão longe conseguimos chegar no conhecimento a priori independentemente da experiência. Na verdade, a Matemática se ocupa com objetos e conhecimentos apenas na medida em que se deixam apresentar na intuição. Mas essa circunstância é facilmente descurada, porque mesmo tal intuição pode ser dada a priori e, portanto, dificilmente é distinguida de um simples conceito puro. Tomado por tal prova da razão, o impulso de ampliação não vê mais limites. Enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, a leve pomba poderia representar-se ser ainda mais bem sucedida no espaço sem ar. Do mesmo modo, Platão abandonou o mundo sensível porque este oferece limites tão estreitos ao entendimento, e sobre as asas das idéias aventurou-se além do primeiro no espaço vazio do entendimento puro. Não observou que por meio de seus esforços não ganhava nenhum terreno, pois não possuía nenhum ponto em que, como uma espécie de base, pudesse apoiar-se e empregar as forças para fazer o entendimento sair do lugar. (B 8) Comente a passagem acima, refletindo sobre a importância dessas considerações em relação ao projeto da crítica da razão especulativa em Kant. 4) Quais são os tipos de juízo? Explique-os, enfatizando também os seus produtos próprios. 5) Os juízos da aritimética e da geometria são de que tipo? Por quê? 6) Qual é o problema geral da razão pura? Por que a resposta humeana para ele não pode ser aceita? 7) O que significa a afirmação de que a Metafísica, quanto ao seu fim essencial, não confirma a sua possibilidade, ao contrário do que ocorre à Fisica e à Matemática? 8) Qual é o objeto de uma crítica da razão pura, e em que ela se distingue do ceticismo e do dogmatismo?

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Page 1: Questionário-roteiro Immanuel Kant Crítica da Razão Pura · Questionário-roteiro – Immanuel Kant – Crítica da Razão Pura FAJE - História da Filosofia Moderna II – Prof

Questionário-roteiro – Immanuel Kant – Crítica da Razão Pura

FAJE - História da Filosofia Moderna II – Prof. Édil Guedes

1) Esclareça a seguinte passagem da Introdução da Crítica da Razão Pura (segunda

edição): “Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a

experiência, e todo conhecimento começa com ela. Mas embora todo o nosso

conhecimento comece com a experiência, nem por isso ele se origina justamente da

experiência” (B 2)

2) Quais são os tipos de conhecimento para Kant e quais são as suas características

fundamentais?

3) “A Matemática dá-nos um esplêndido exemplo de quão longe conseguimos chegar no

conhecimento a priori independentemente da experiência. Na verdade, a Matemática

se ocupa com objetos e conhecimentos apenas na medida em que se deixam

apresentar na intuição. Mas essa circunstância é facilmente descurada, porque mesmo

tal intuição pode ser dada a priori e, portanto, dificilmente é distinguida de um simples

conceito puro. Tomado por tal prova da razão, o impulso de ampliação não vê mais

limites. Enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, a leve pomba

poderia representar-se ser ainda mais bem sucedida no espaço sem ar. Do mesmo

modo, Platão abandonou o mundo sensível porque este oferece limites tão estreitos

ao entendimento, e sobre as asas das idéias aventurou-se além do primeiro no espaço

vazio do entendimento puro. Não observou que por meio de seus esforços não

ganhava nenhum terreno, pois não possuía nenhum ponto em que, como uma espécie

de base, pudesse apoiar-se e empregar as forças para fazer o entendimento sair do

lugar”. (B 8)

Comente a passagem acima, refletindo sobre a importância dessas considerações em

relação ao projeto da crítica da razão especulativa em Kant.

4) Quais são os tipos de juízo? Explique-os, enfatizando também os seus produtos

próprios.

5) Os juízos da aritimética e da geometria são de que tipo? Por quê?

6) Qual é o problema geral da razão pura? Por que a resposta humeana para ele não

pode ser aceita?

7) O que significa a afirmação de que a Metafísica, quanto ao seu fim essencial, não

confirma a sua possibilidade, ao contrário do que ocorre à Fisica e à Matemática?

8) Qual é o objeto de uma crítica da razão pura, e em que ela se distingue do ceticismo e

do dogmatismo?

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9) Quais as diferenças entre uma crítica da razão pura e uma completa filosofia

transcendental?

10) Como Kant julga ser possível determinar o caminho seguro da ciência?

11) “A razão tem de ir á natureza tendo em uma das mãos os princípios unicamente

segundo os quais os fenômenos concordantes entre si podem valer como leis, e na

outra [mão] o experimento que ela imaginou segundo aqueles princípios; na verdade

[tem de fazê-lo] para ser instruída pela natureza, não na qualidade de um aluno que se

deixa ditar tudo o que o professor quer, mas na de um juiz nomeado que obriga as

testemunhas a responder às perguntas que lhes propõe”. (B XIII-XIV)

Explique o sentido da “revolução copernicana” de Kant, segundo a interpretação que

dela nos oferece o seu próprio autor, à luz da passagem citada acima.

12) Considere o seguinte esquema:

Explique-o cuidadosamente, levando em consideração a afirmação de François

Châtelet de que a faculdade da sensibilidade, a primeira etapa para o conhecimento

de objetos, tem o caráter de uma passividade conformadora.

13) O que significa a distinção entre matéria e forma na Crítica da razão pura ter caráter

dinâmico e funcional?

14) A partir da consideração de que o espaço não ocupa espaço e o tempo não sofre

alterações no tempo, pode-se ainda afirmar que o espaço e o tempo são, eles próprios,

objetos?

15) Quais são os principais argumentos das exposições metafísica e transcendental do

conceito de espaço?

16) Quais são os principais argumentos das exposições metafísica e transcendental do

conceito de tempo?

17) O que significa dizer que o tempo é a forma do sentido interno? Como as conclusões

de Kant em relação à exposição do conceito de tempo levam à afirmação de que, se o

espaço é a condição formal a priori de todos os fenômenos externos, o tempo é a

condição formal a priori de todos os fenômenos em geral?

18) O que é e quais são os propósitos de uma analítica transcendental? Por que ela se vê

em Kant como uma lógica da verdade?

INTUIÇÃO

TIPO (Dimensão) EMPÍRICA (SENSAÇÃO) PURA (A PRIORI)

ELEMENTO CORRESPONDENTE MATÉRIA (MÚLTIPLO) FORMA (ESPAÇO E TEMPO)

OBJETO FORNECIDO FENÔMENO

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19) A analítica dos conceitos define-se por Kant como sendo a decomposição do próprio

poder do entendimento. O que isto significa?

20) O que são e qual é a relação entre as categorias e os juízos? (Não se pede aqui para

relacionar exaustivamente cada categoria a cada juízo correspondente em seus

quadros respectivos, mas para tratar de sua significação específica e de sua

reciprocidade fundamental)

21) De que maneira a intuição sensível aceita os conceitos puros do entendimento, apenas

por meio dos quais elas podem ser pensadas? Em outras palavras, o que é e aonde

leva a dedução transcendental daqueles conceitos puros?

22) “ESTA UNIDADE, que precede a priori todos os conceitos de ligação, NÃO É AQUELA

CATEGORIA DA UNIDADE, pois todas as categorias fundam-se sobre funções lógicas

em juízos, mas nestes já é pensada a ligação e por conseguinte a unidade de conceitos

dados. Portanto, a categoria já pressupõe a ligação. Conseqüentemente, precisamos

procurar esta unidade (como qualitativa) mais acima ainda, a saber, naquilo que

propriamente contém o fundamento da unidade de diversos conceitos em juízos,

portanto da possibilidade do entendimento, até mesmo em seu uso lógico”. (B 131)

Explique a representação eu penso e o seu papel na Crítica da razão pura. Qual é a

natureza desta autoconsciência para Kant?

23) O que é o esquema transcendental? Explique e exemplifique. Qual é o papel do

esquematismo na produção do conhecimento?

24) A lição básica da Estética e da Lógica Transcendentais se resume no seguinte princípio

fundamental: “as condições da possibilidade da experiência em geral são, ao mesmo

tempo, as condições da possibilidade dos objetos da experiência”. (B 197) Reflita sobre

se este princípio fundamental da Crítica tem um caráter lógico-ontológico, e (se sim ou

se não) em que sentido.

25) Qualquer aplicação das categorias aos fenômenos será sempre, precipuamente,

determinação do tempo? Como isto se revela na apresentação dos esquemas

transcendentais e na tábua dos princípios?

26) O que é o númeno? Ele pode ser conhecido? Se a resposta é não, pode-se então

concluir que na Crítica, Kant nega a sua existência? Ou mesmo que pode prescindir de

postular sua existência?

27) Por que um conhecimento puramente conceitual não é possível?