questao urbana joselia alves
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PROJETO MEGAM
CURSOACADEMIA AMAZNICAUFAC/MMA/GTZ
DESENVOLVIMENTO URBANO NA AMAZNIA : Planos Diretores , reas de Preservao Permanente (APP) e os desafios para a sustentabilidade.
Joslia AlvesUFAC [email protected] Rio Branco AC, novembro / 2007
A urbanizao brasileira
O Brasil um dos paises que mais rapidamente se urbanizaram em todo mundo
Em 50 anos nos transformamos em um pas rural para um pas urbano
Foi um processo predatrio, desigual e sobretudo injusto
A urbanizao brasileira
Produo de diversas formas de impacto ambiental negativo, como : poluio do ar e dos recursos hdricos, a impermeabilizao do solo, devastao de mangues, dunas, matas e nascentes devido falta de controle sobre o uso do solo.
Esta presso crescente sobre a terra urbana e seus recursos tem ganhado peso maior no que toca aos processos de produo da moradia.
Entre 40 % e 80 % da populao brasileira est vivendo ilegalmente nas reas urbanas. Na maioria das grandes e mdias cidades brasileiras marcante a presena de assentamentos populares, precrios e irregulares, nas reas ambientalmente frgeis.
Dois aspectos que se configuram numa situao duplamente desastrosa:
- A condio da populao que ocupa as reas inadequadas.
- A agresso ambiental de sistemas vitais para o equilbrio ecolgico, como os fundos de vales, margens dos rios e crregos.
A questo ambiental urbana um problema de carncia de uma poltica consistente de acesso habitao de interesse social. . Os conflitos da resultantes colocam na ordem do dia a necessidade do dilogo entre a agenda ambiental e a agenda urbana.
A Amaznia UrbanaA Amaznia legal apresenta:
O maior ritmo de crescimento urbano do pas, ou seja uma mdia anual de 4,82 % na dcada de 91 a 2000 ;
Uma populao total estimada em 20 milhes de habitantes;
Cerca de 68 % desta populao reside em cidades - quase quatorze milhes de habitantes;
Distribuio da populao : em poucas cidades grandes (ultrapassando a faixa de 500 mil hab e em dezenas de pequenas ou mdias cidades (de 20 a 250mil hab.)
A especificidade de ser um espao altamente urbanizado com seus 792 municpios
Um vazio demogrfico com uma densidade inferior 5 hab/km
A Amaznia UrbanaA Amaznia legal apresenta:
O maior ritmo de crescimento urbano do pas, ou seja uma mdia anual de 4,82 % na dcada de 91 a 2000 ;
Uma populao total estimada em 20 milhes de habitantes;
Cerca de 68 % desta populao reside em cidades - quase quatorze milhes de habitantes;
Distribuio da populao : em poucas cidades grandes (ultrapassando a faixa de 500 mil hab e em dezenas de pequenas ou mdias cidades (de 20 a 250mil hab.)
A especificidade de ser um espao altamente urbanizado com seus 792 municpios
Um vazio demogrfico com uma densidade inferior 5 hab/km
A moradia desprovida de sistemas de infra-estrutura adequada e equipamentos urbanos.
Carncia de servios para atendimento populao;
- apenas 8% do territrio urbano amaznico atendido por esgotos sanitrios;
- apenas 36% do lixo coletado e desses, a maioria (97%), depositados a cu aberto ou em reas alagadas.
Os ndices de atendimento dos servios urbanos esto muito abaixo da mdia brasileira. A situao da educao e da renda urbana so muito precrias.
Problemas ambientais urbanos na Amaznia
Problemas ambientais urbanos no Acre
Saneamento ambiental:
Acesso rede de gua : Acre apenas 34% da populao Rio Branco : 50,32%
- Cobertura de esgoto e fossa sptica : Acre- 28,7%/Rio Branco 37,02% (mdia brasileira 59,2% e mdia da regio Norte 33,5%). Grande parte a rede de esgotamento sanitrio no recebe qualquer tipo de tratamento antes do seu destino final , bem como os residuos slidos recebem destino , na maioria das vezes imprprio.
- Coleta de resduos slidos : Acre - 52% / Rio Branco 83,2 %
Problemas ambientais urbanos no Acre
Quase todas cidades apresentam significativas reas alagadas e/ou represadas e estagnadas, provenientes das guas de chuvas e de uso domstico.Contribuem para esta situao tambm, as ligaes clandestinas de esgoto rede de drenagem.
Alagamento parcial das reas urbanas durante os perodos de enchente. Na cidade de Rio Branco as inundaes atingem 87% da rea urbana do Segundo Distrito ( margem direita do rio Acre) e 15% do Primeiro Distrito ( margem esquerda do rio )
Dficit habitacional : 19.605 moradias - mais da metade em Rio Branco.
REAS DE PRESERVAO PERMANENTE
Nos termos do Cdigo Florestal, art. 2, consideram-se reas de preservao permanente as florestas e demais formas de vegetao:
ao longo dos rios ou de qualquer curso dgua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura varia de 30 (trinta) metros a (500) metros, proporcionalmente largura do rio;
ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios dgua naturais ou artificiais;
nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos dguas, num raio mnimo de 50 (cinqenta) metros de largura;
REAS DE PRESERVAO PERMANENTE
A vegetao nestas reas seja em reas rurais ou urbanas, deve ser mantida intacta , tendo em vista garantir a preservao dos recursos hdricos, da estabilidade geolgica e da biodiversidade, bem como o bem estar das populaes humanas.
A Lei bem clara: as reas devem ficar intocveis, admitida excepcionalmente a supresso da vegetao apenas nos casos de utilidade pblica ou interesse social legalmente previstos( Resoluo CONAMA, 369/2006
Utilidade Pblica: obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos servios pblicos de transporte, saneamento e energia; implantao de rea verde pblica em rea urbana
Interesse Social : a regularizao fundiria sustentvel de rea urbana; e a interveno ou supresso de vegetao eventual e de baixo impacto ambiental.
Crticas Lei
Por um lado :
No foi considerado a existncia do homem e sua influncia na dinmica da paisagem.
Fundamentao da lei das APPs por profissionais das reas de cincias naturais
Por outro:
Flexibilizao
rea de preservao ou de conservao permanente?
O PAPEL DAS APPS NO AMBIENTE URBANO
O uso adequado das APPs ambientalmente falando pode promover, para alm da preservao de recursos naturais, a melhoria da qualidade de vida dos habitantes, em funo de outros benefcios gerados pelo equilbrio de sua funo ambiental.
No meio urbano estes espaos tm o potencial de funcionar como amenizadores de temperatura (controle climtico), diminuir os rudos e os nveis de gs carbnico (melhoria da qualidade do ar), promover equilbrio de distrbios do meio (proteo contra enchentes e secas), proteger as bacias hidrogrficas para o abastecimento de guas limpas (controle e suprimento de guas), promoverem a melhoria da sade mental e fsica da populao que as freqenta (funo recreacional e cultural), alem de contribuir para o melhoramento esttico da paisagem
Especificidade das cidades amaznicas
Incompatibilidades ganham maiores propores :
Aspectos ecolgicos do stio urbano e clima
Aspectos histricos e culturais morar na beira do rio
Sustentabilidade Urbana
Encontro poltico entre a agenda ambiental e agenda social -indissociabilidade entre os fatores sociais e os ambientais
Degradao do meio ambiente enfrentada juntamente com o problema da pobreza
Sustentabiliade como processo
O que uma cidade?
fruto do trabalho coletivo de uma sociedade
Nela est materializada a histria de um povo, suas relaes sociais, polticas, econmicas e religiosas
Sua existncia ao longo do tempo determinada pela necessidade humana de se agregar, de se interrelacionar, de se organizar em torno do bem estar comum; de produzir e trocar bens e servios, de criar cultura e arte; de manifestar sentimentos e anseios que s se concretizam na diversidade que a vida urbana proporciona
CIDADES SUSTENTVEIS
Marco terico
Aps as conferncias Rio-92 (Agenda 21) e Habitat II- Istambul,1996 , mudana na abordagem da problemtica urbana e sua relao com o mundo rural, em funo de 2 fatores :
a) -O fracasso das polticas de fixao da populao rural em todo o mundo .
b)-A efetividade do fato de que a cidade parece ser a forma que os seres humanos encontraram para viver em sociedade e prover suas necessidades.
Estatuto da Cidade
Diretrizes Gerais
A Lei n. 10257 de 10 de julho de 2001- Estatuto da Cidade - regulamenta os art. 182 e 183 da Constituio Federal de 1988, relativo a Poltica Urbana.
O artigo 182 a poltica de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e da propriedade, garantrir o bem-estar de seus habitantes, definindo o Plano Diretor como instumento bsico da poltica de desenvolvimento urbano.
PLANO DIRETOR DE RIO BRANCO
Lei n. 1.611 de outubro de 2006 revisou o Plano Diretor elaborado em 1986, adequando s determinaes do Estatuto da Cidade .
Participao da Populao
Reformulao do permetro urbano
Zoneamento - definio de AEIS
Aplicao de instrumentos para controle e uso do solo
Instncias Participativas do Plano Diretor de Rio Branco
ZONAS DE ESPECIAL INTERESSE SOCIAL - ZEIS
So permetros demarcados em lei, onde se aplicam regras especiais para favorecer a produo de Habitao de Interesse Social- HIS, ou para sua regularizao , quando se tratam de reas de assentamento informal. Tem por objetivo que a habitao social esteja inserida no tecido urbano, evitando remoes e/ou sua segregao para os limites mais remotos da cidade.
Pouco aprofundada no momento da construo constitucional, toda questo da HIS e particularmente das ZEIS, mostram-se cada vez mais como o ponto em que a agenda Urbana e Ambiental se tocam.
ZONEAMENTO DO MUNICPIOMACROZONAS
ZONEAMENTO DO MUNICPIO
ZONEAMENTO DO MUNICPIO
ZONEAMENTO DO MUNICPIO
Meio Ambiente
A noo de meio ambiente associada a uma idia de natureza e de natural - uma natureza boa e acolhedora , na qual as coisas se encontram em equilbrio, devendo ser mantidas resguardadas e apartadas do mundo da civilizao necessariamente mau e destruidor.
Ao separar o meio ambiente como natureza idealmente boa, de um lado , e o urbano idealmente mau, de outro , essas noes reforam rupturas que indicam como possvel a imbricao entre a antropizao e o suporte, e mais que isto, que a urbanizao, per si, sempre irremediavelmente o algoz do suporte e da qualidade de vida.
CONFRONTO E TENSO ENTRE AGENDAS
Lado urbano : ZEIS, no Estatuto das Cidades e aprovadas por PDs, como forma de viabilizar a regularizao e permanncia dos assentamentos informais.
Lado ambiental : mesmas restries para novas implantaes quanto para reas j densamente ocupadas.
Lado econmico-financeiro : cidade competitiva que assegura condies de qualidade funcional e ambiental e infra-estrutura apenas para parcelas reduzidas do seu territrio.
CIDADES SUSTENTVEIS
O Estatuto da Cidade, Lei Federal n.10.257(2001), estabelece entre as diretrizes gerais da Poltica Urbana a garantia do direito a cidades sustentveis entendido como :
o direito terra urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, ao transporte, e aos servios, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras geraes .
CIDADES SUSTENTVEIS
Para o Banco Mundial CIDADE SUSTENTVEL aquela que apresenta :
Competitividade - mercado de terras eficaz,sistema de circulao eficiente, sistema de comunicao amplo e disponvel,
Qualidade de vida padro de vida digno, capacidade de superar degradao urbana e do meio ambiente, oferta de recursos culturais e de amenidades
Administrao eficiente simplificar e reduzir trocas/fluxos de deciso, superar a corrupo, ter regras explcitas ,
Confiana junto aos bancos
Credibilidade como tomadora de emprstimos
APPS URBANAS
IGARAP FUNDO
Intervenes em APPs Urbanas
O PAPEL DAS APPS PARA A SUSTENTABILIDADE URBANA NA AMAZONIA
At que ponto as ocupaes em APPs pode se dar de forma sustentvel de acordo com o definido no Estatuto da Cidade ?
Quais os pressupostos bsicos ou quais as condies necessrias e suficientes para que isto ocorra?
De que forma as intervenes do poder pblico poderiam se tornar mais adequadas ocupao das APPs urbanas numa cidade amaznica ?
O modo de vida e o lugar em que queremos viver
Qual sustentabilidade defendemos?
Em nome de que futuras geraes estamos protegendo exatamente o qu e quem ?
O desenho urbanstico destas cidades a ltima coisa a ser feita, pois como diz YAZIGI(1972), antes de tudo preciso escolher um modo de vida e ter meios para satisfaz-lo
A Plataforma Socioambiental Urbana da Amaznia Contribuio Poltica Nacional de Desenvolvimento Urbano
Polticas, programas e projetos oriundos do governo federal para o urbano ainda no tratam adequadamente as questes regionais.
Relao rural-urbano pouco trabalhada - o Estatuto da Cidade, que determina que o plano diretor deve englobar todo territrio do municpio (urbano e rural) no dispe de dispositivos aplicveis s reas rurais/florestais dos municpios amaznicos.
Os recursos concentrados nas regies de economia mais dinmica as polticas governamentais da Unio e dos Estados, priorizam as grandes cidades e as regies metropolitanas em detrimento das pequenas e mdias cidades.
A fragilidade financeira e institucional dos municpios amaznicos, o tamanho de seus territrios e a complexidade da questo fundiria no recebem tratamento adequado, incidindo negativamente no planejamento governamental, entre outros problemas.
As diretrizes para a concesso de financiamentos e de crditos para habitao e saneamento ambiental tambm precisam ser adequadas realidade regional;
As questes de gnero e etnico-racial tambm no so incorporadas nas diretrizes da PNDU. Resultado disso a completa ausncia de aes voltadas s populaes indgenas e remanescentes de quilombos, por exemplo, que mantm intensa relao com as areas urbanas, ou nelas vivem.
Plataforma Socioambiental Urbana da Amaznia Contribuio Poltica Nacional de Desenvolvimento Urbano
O Programa de Acelerao do Crescimento - PAC
- No dimensiona os impactos da implementao dos grandes projetos de infra-estrutura sobre o urbano regional.
- Mobilidade urbana - destina recursos para a ampliao dos metrs nas grandes metrpoles e no faz nenhuma referncia ao transporte fluvial to importante para a mobilidade de quem vive na Amaznia (fundamental para a conexo entre as reas urbanas e rurais).