quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas...

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Governo de Dilma vira o governo do “vai fazer” O governo de Dilma Rousseff gover- na um país real, mas com um conjunto de realizações fictícias, além de outras de custo zero, que o negócio é fazer po- lítica de fachada. As ações constituem- se em muita pompa, muito cerimonial e poucos resultados. Parece até que o im- portante é estar na mídia, que, muitas vezes subserviente e em outras até denuncista quando contrariada em seus interesses, apressa-se a divulgar as "ini- ciativas" do governo petista. Se formos olhar mais detidamente, veremos que tudo não passa de presti- digitação. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) patina sem avançar, com apenas um terço das obras em an- damento. A promessa de baixar a conta de luz está ficando no escuro. Tem até mesmo uma pirotecnia de construir 800 aeroportos regionais enquanto as estra- das agonizam e fazem agonizar diante do sucateamento. Agora mesmo, tudo in- dica que o escoamento da safra será pe- noso, com um custo muito alto por con- ta da inércia governamental, que não Megalupa completa um ano de um jornalismo dinâmico, independente, crítico e atuante Editor: Landro Oviedo Número 12 Dezembro/2012 Contatos: (51) 3227-6065 [email protected] www.megalupa.zip.net Colaboração: R$ 1,00 Porto Alegre-RS www.megalupa.zip.net www.landrooviedo.com www.landrooviedo.com O jornal Megalupa está completando um ano em dezembro. Foram, ao todo, doze edições mensais trazendo um ân- gulo diferenciado dos fatos, além de apoi- ar a cultura e trazer artigos exclusivos, como o que estamos publicando neste número sobre a guarânia. Nesse tempo todo, o jornal cumpriu com seu compro- misso de combater a corrupção, denun- ciar a camarilha petista que tomou de assalto os cofres públicos, apontar a múltiplas falcatruas que os governantes têm perpetrado contra o Erário, revelar as insanidades do governo cleptopetista, como a Lei do Desarmamento, que libe- rou a bandidagem para roubar e assal- tar a população. Também a indústria da multa de trânsito sempre foi um alvo, com foco no desmonte do discurso enviesado sobre salvar vidas por parte de um go- verno inepto que corta verbas para a saúde e só quer mesmo é aumentar a arrecadação. "Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.” (Joseph Joubert) Campanha continua. Assine, participe. Peça mais informações: [email protected] * MEDICINA - A avaliação dos alunos do curso de medicina mostrou que eles não estão preparados para exercer a pro- fissão. Contudo, há uma distorção: eles não são os culpados, mas as vítimas. O responsável pelo vexame é o governo federal, que fica inventando uns exa- mes para saber o que nós todos já sabe- mos em vez de investir em educação. * PISO DOS PROFESSORES - O governo de Tarso Genro (PT-RS) com- prou briga com os professores para não pagar o piso nacional da categoria. É realmente lastimável que as priorida- des não sejam aquelas que interessam à maioria da população. É por isso que a saúde está no caos atual e os níveis de aprendizado ao rés do chão. O ego do governador chegou ao governo, mas a sua capacidade técnica ainda não foi encontrada. Procura-se. * SALVADOR - Em passagem por Sal- vador, reserva cultural do Brasil, fiquei surpreso com o abandono da cidade. O prefeito João Henrique está em final de governo, com as contas reprovadas, e sua credibilidade hoje não vale um acarajé amanhecido. Tampouco a de Jaques Wagner (PT), que viu seu can- didato ser derrotado na Capital. * MP x POLÍCIA - Seria um caso de polícia se não fosse de mau gosto o fato de as polícias quererem para si o mo- nopólio da investigações. Comandadas pelos governadores e pelo Palácio do Planalto, todas as iniciativas contra os poderosos seriam abortadas. Se não fosse a intervenção do Ministério Pú- blico, até hoje os assassinos de Celso Daniel (PT-SP) estariam impunes. (Landro Oviedo) Caderno de notas construiu as obras necessárias para que a produção pudesse ser transportada. Outra medida de fachada é o desar- mamento da população. Os bandidos re- ceberam carta branca para agir e estão fazendo reféns, invadindo casas, sítios e até se apropriando de pequenas cida- des para praticar roubos a banco e as- saltos. Também a Lei Seca vem sob o pretexto de salvar vidas, mesmo depois do corte de R$ 5,4 bilhões da saúde, mas esconde o intuito de faturar alto para a indústria da multa de trânsito. Sem fa- lar nas cotas, que são verdadeira excrescência social. Em vez de garantir vagas para todos nas universidades, o governo federal coloca o roto para bri- gar com o esfarrapado, além de aviltar o mérito. E a corrupção? Bem, essa aí passou a ser a segunda pele dos petistas. Dilma, Dilma, Dilma: só mesmo o Ibope para transfigurar a realidade a teu favor. O velho algoz dos petistas pas- sou a ser o mais novo instrumento para revigorar a cretinice instalada no Palá- cio do Planalto. Em nossas páginas também fizemos a denúncia do jornalismo e inidôneo antiético do Grupo RBS, que chegou ao ponto de entrevistar pessoas com doen- ças incuráveis num Dia de Finados, além de agora estar preparando mais um de seus jornalistas (já foram Antônio Britto e Yeda Crusius), Ana Amélia Lemos, para terminar de quebrar o Rio Grande do Sul. São matérias como essas que fizeram com que o Megalupa conseguisse um público fiel, que não é de muita gente, mas que é de pessoas que não vão a cabresto dos poderosos ou que sabem que as ideias e os protestos fazem toda a diferença no cotidiano de um país que ainda olha para clichês como se eles fos- sem novidades. Obrigado a todos os nossos leitores, o Megalupa é de vocês.

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Governo de Dilma vira ogoverno do “vai fazer”

O governo de Dilma Rousseff gover-na um país real, mas com um conjuntode realizações fictícias, além de outrasde custo zero, que o negócio é fazer po-lítica de fachada. As ações constituem-se em muita pompa, muito cerimonial epoucos resultados. Parece até que o im-portante é estar na mídia, que, muitasvezes subserviente e em outras atédenuncista quando contrariada em seusinteresses, apressa-se a divulgar as "ini-ciativas" do governo petista. Se formos olhar mais detidamente,veremos que tudo não passa de presti-digitação. O Plano de Aceleração doCrescimento (PAC) patina sem avançar,com apenas um terço das obras em an-damento. A promessa de baixar a contade luz está ficando no escuro. Tem atémesmo uma pirotecnia de construir 800aeroportos regionais enquanto as estra-das agonizam e fazem agonizar diantedo sucateamento. Agora mesmo, tudo in-dica que o escoamento da safra será pe-noso, com um custo muito alto por con-ta da inércia governamental, que não

Megalupa completa um ano de um jornalismodinâmico, independente, crítico e atuante

Editor: Landro Oviedo Número 12Dezembro/2012Contatos: (51) [email protected]ção: R$ 1,00Porto Alegre-RS

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O jornal Megalupa está completandoum ano em dezembro. Foram, ao todo,doze edições mensais trazendo um ân-gulo diferenciado dos fatos, além de apoi-ar a cultura e trazer artigos exclusivos,como o que estamos publicando nestenúmero sobre a guarânia. Nesse tempotodo, o jornal cumpriu com seu compro-misso de combater a corrupção, denun-ciar a camarilha petista que tomou deassalto os cofres públicos, apontar amúltiplas falcatruas que os governantestêm perpetrado contra o Erário, revelaras insanidades do governo cleptopetista,como a Lei do Desarmamento, que libe-rou a bandidagem para roubar e assal-tar a população. Também a indústria damulta de trânsito sempre foi um alvo, comfoco no desmonte do discurso enviesadosobre salvar vidas por parte de um go-verno inepto que corta verbas para asaúde e só quer mesmo é aumentar aarrecadação.

"Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés.” (Joseph Joubert)

Campanha continua. Assine,participe. Peça mais informações:[email protected]

* MEDICINA - A avaliação dos alunosdo curso de medicina mostrou que elesnão estão preparados para exercer a pro-fissão. Contudo, há uma distorção: elesnão são os culpados, mas as vítimas. Oresponsável pelo vexame é o governofederal, que fica inventando uns exa-mes para saber o que nós todos já sabe-mos em vez de investir em educação.* PISO DOS PROFESSORES - Ogoverno de Tarso Genro (PT-RS) com-prou briga com os professores para nãopagar o piso nacional da categoria. Érealmente lastimável que as priorida-des não sejam aquelas que interessamà maioria da população. É por isso quea saúde está no caos atual e os níveisde aprendizado ao rés do chão. O egodo governador chegou ao governo, masa sua capacidade técnica ainda não foiencontrada. Procura-se.* SALVADOR - Em passagem por Sal-vador, reserva cultural do Brasil, fiqueisurpreso com o abandono da cidade. Oprefeito João Henrique está em final degoverno, com as contas reprovadas, esua credibilidade hoje não vale umacarajé amanhecido. Tampouco a deJaques Wagner (PT), que viu seu can-didato ser derrotado na Capital.* MP x POLÍCIA - Seria um caso depolícia se não fosse de mau gosto o fatode as polícias quererem para si o mo-nopólio da investigações. Comandadaspelos governadores e pelo Palácio doPlanalto, todas as iniciativas contra ospoderosos seriam abortadas. Se nãofosse a intervenção do Ministério Pú-blico, até hoje os assassinos de CelsoDaniel (PT-SP) estariam impunes.

(Landro Oviedo)

Caderno de notas

construiu as obras necessárias para quea produção pudesse ser transportada. Outra medida de fachada é o desar-mamento da população. Os bandidos re-ceberam carta branca para agir e estãofazendo reféns, invadindo casas, sítiose até se apropriando de pequenas cida-des para praticar roubos a banco e as-saltos. Também a Lei Seca vem sob opretexto de salvar vidas, mesmo depoisdo corte de R$ 5,4 bilhões da saúde, masesconde o intuito de faturar alto para aindústria da multa de trânsito. Sem fa-lar nas cotas, que são verdadeiraexcrescência social. Em vez de garantirvagas para todos nas universidades, ogoverno federal coloca o roto para bri-gar com o esfarrapado, além de aviltaro mérito. E a corrupção? Bem, essa aípassou a ser a segunda pele dos petistas. Dilma, Dilma, Dilma: só mesmo oIbope para transfigurar a realidade a teufavor. O velho algoz dos petistas pas-sou a ser o mais novo instrumento pararevigorar a cretinice instalada no Palá-cio do Planalto.

Em nossas páginas também fizemosa denúncia do jornalismo e inidôneoantiético do Grupo RBS, que chegou aoponto de entrevistar pessoas com doen-ças incuráveis num Dia de Finados, alémde agora estar preparando mais um deseus jornalistas (já foram Antônio Britto eYeda Crusius), Ana Amélia Lemos, paraterminar de quebrar o Rio Grande do Sul.São matérias como essas que fizeramcom que o Megalupa conseguisse umpúblico fiel, que não é de muita gente,mas que é de pessoas que não vão acabresto dos poderosos ou que sabemque as ideias e os protestos fazem todaa diferença no cotidiano de um país queainda olha para clichês como se eles fos-sem novidades. Obrigado a todos osnossos leitores, o Megalupa é de vocês.

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Cavaleiros do Rio Grande querem cavalovia

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RITMOS E VOZES DE FRONTEIRA

A guarânia e suas origens

Já que a moda agora é criminalizar osmotoristas, que não devem ser boa gentepelo fato de serem proprietários de umveículo, os cavaleiros do Rio Grande doSul também querem uma via para seus

Ao embalar este tom musical, ou-vimos algo na voz do tempo, tão"hermanado" na nossa memória quevenceu todos os preconceitos, dorese silêncios para continuar sendo me-lodia em forma de sentimento de umpovo que sobreviveu a guerras e per-seguições, teimando em ser guaranina nossa America morena, índia ebranca. Sua trilha sonora vem de har-pas, polcas, galopas e galoperas e,finalmente, a guarânia de vencedorese vencidos que também cantam a suahistória. Junto com os paraguaios, vieramsuas tradições, sua música regional,as polcas, guarânias, o tereré, a chipa(o pão de queijo em formato de meialua) e a harpa paraguaia, dentre ou-tros costumes que muitos dos fãs deviola conhecem, mas não sabem mui-to bem como chegaram aqui.Enfim, naquele período na regiãocentral existiam muitos tropeiros vin-dos do interior paulista que busca-vam bois para levar às fazendas dooeste paulista e, posteriormente, aosfrigoríficos. O contato entre essesboiadeiros paulistas e os trabalhado-res paraguaios e mato-grossenses aju-dou a espalhar os ritmos paraguaiospela região Centro-Oeste e Sudeste.Aos poucos, esses ritmos espalhadosnos lombos das mulas começaram aganhar as principais radiodifusorastambém do sul do pais. A primeira notícia histórica sobrea guarânia nos relata uma versão len-ta da polca, gênero musical de ori-gem paraguaia, em andamento lentoe geralmente em tom menor.Desde a sua criação, a guarânia tor-nou-se o mais importante fenômenomusical do Paraguai no século XX,popularizando temas como "Índia", Ogênero seduz especialmente as popu-lações urbanas. Isso se deve, prova-velmente, ao interesse dessas pesso-as por estilos mais rápidos como apolca paraguaia, o "purahéi". A pri-

MOBILIDADE URBANA

meira guarânia foi uma versão lentad a p o lca p a ragu aia "Ma'e ráp aReikuaase". Foi criada em Assunçãopelo músico José Asunción Flores,Acredita-se que a Guarânia tenhasido introduzida no Brasil pelos pró-prios paraguaios, especialmente nadivisa com o Mato Grosso do Sul,quando vieram para o Brasil a traba-lho, durante o ciclo da erva mate, noséculo 19. Há naquele estado traçospredominantes na música folclóricaque se enquadram perfeitamente naharmonia da guarânia. A guarânia foi introduzida na mú-sica popular brasileira através do tra-balho de pesquisa realizado por RaulTorres, Ariovaldo Pires, Mário Zane Nhô Pai, envolvendo sucessivasviagens ao Paraguai. Torres foi res-ponsável por uma das guarânias demaior sucesso no Brasil, "Colcha deRetalhos", gravada por Cascatinha eInh an a. A mesma d u pla fez u mmegassucesso com outra guarânia,"Índia", de José Asunción Flores eManuel Ortiz Guerrero, em versão deJosé Fortuna. A partir da década de1940, tornou-se um dos gêneros maisutil izados pelos compositores damúsica sertaneja, mais uma forma defazer sucesso. Ganhou mais popula-ridade a partir da gravação, em 1951,do disco 78 rpm, com "Índia" comosegunda música e a canção tambémparaguaia "Meu P rimeiro Amor"("Lejanía"), ambas com versão deJosé Fortuna. Milionário e José Ricotambém fincaram o ritmo no Brasil,com a maioria de suas canções sen-do guarânias e huapango, ritmo tam-bém latino com influências indíge-nas. Na biblioteca do Instituto deBiociências, Letras e Ciências Exa-t as , da Un iver s id ad e Est ad ua lPaulista - UNESP, de São José do RioPreto-SP, há uma dissertação demestrado, "Cascatinha e Inhana: umahistória contada às falas e mídia", deautoria de Alaor Ignácio dos Santos

Júnior, cujo tema é abordado compropriedade. Podemos ainda destacar algunscantores famosos com suas grava-ções:Águas Passadas - Fafá de Belém eZezé Di Camargo & LucianoÍndia - Cascatinha & InhanaLiberdade - Roberta MirandaPé de Milho - Leandro & LeonardoFio d e cab e lo - Ch i tã o zin h o &XororóJá no Paraguai, temos os seus conhe-cidos expoentes da guarânia:José Asunción Flores.Agustín Barboza.Demetrio Ortiz.Eladio Martínez.Emigdio Ayala Báez.Florentín Giménez.Herminio Giménez.Maneco Galeano.Mauricio Cardozo OcampoEpifanio Méndez Fleitas No Rio Grande do Sul, a guarâniatambém esteve presente no repertó-rio de Noel Guarany, o grande can-tor missionário da pampa gaúcha.

cavalos, que, afinal de contas, são muitomais importantes que as bicicletas nacriação do Rio Grande do Sul. Bem es-creveu Apparício Silva Rillo, na compo-sição de Pedro Ortação, em "Timbre de

galo", "Rio Grande, berro de touro/Qua-tro patas de cavalo". Alugue seu cavalo ebom passeio. As tiras são de Sávio Moura(www.saviomoura.com.br) e esta foi fei-ta especialmente para o Megalupa.

LP de Noel Guarany (parceria com JaymeCaetano Braun), com a gravação de “RioManso”, de Cholo Aguirre.

Luiz Fernando Carvalho Moreira(articulista e pesquisador)E-mail: [email protected]