Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 • nº1598

Janeiro/2015

Sou Rosinelia Santos Guedes, tenho 37 anos. Nasci na comunidade de Junco Município de Cafarnaum, Bahia. Moro há 22 anos em Grama II mesmo município. Sempre fui apaixonada pela plantas, pelo meio ambiente, pela natureza, por vida, a vida que falo não é só a nossa. As plantas também vivem e elas dependem da gente e nós delas, só que para nos beneficiarmos das plantas, primeiro temos que beneficiar e cuidar delas.

Quem tem água, planta!

Cafarnaum

O meu pai gostava muito de plantar frutas. Todo caroço de manga ele plantava! Acho que isso é uma herança de família, gostar das plantas, querer fazer mudas. Em 2010 eu, revoltada com os políticos da minha cidade, arrumei um trabalho em Lapão, em um restaurante, fui ser ajudante de cozinha. Não era minha intenção, fui pra Lapão por causa dos meus filhos. Quero dizer que nem todo mundo quer ser agricultor. Ser agricultor é bom mas pra quem gosta, pra quem ama. Eu já tinha um terreno lá e uma casinha de dois cômodos. Aí, em 2011, levei meus 02 filhos. Eles foram fazer o curso técnico no CETEP. Eu fiquei 01 mês trabalhando no restaurante. Quando o cara veio me pagar eu fiz as contas e estava ganhando 12 reais por dia. Eu falei: o quê? Não tou doida, eu vou pra cebola que eu ganho 17, 18 reais por dia. Depois de uns 15 dias, meu tio trabalhava no parque da cidade e perguntou se eu não queria ir trabalhar com ele enchendo saquinhos de mudas, eu disse vou...Lá eu tive o prazer de conhecer Dom Tomasso, o bispo de Irecê, que ia buscar as plantas ornamentais. Fiquei por lá mais ou menos 1 ano e meio. O meu objetivo eu tinha alcançado: deixar os meus filhos adaptados e fazendo o curso técnico em Agropecuária. Eu sempre acompanhei a sessão da câmara dos vereadores. Lá fiquei sabendo que ia ter

seletiva para o Mais Educação. M e s m o j á c a l e j a d a e desacreditada com a politica do município, providenciei os documentos e fiz a minha inscrição. Aguardei o resultado

Rosinelia na frente do calçadão de sua cisterna adquirida pelo P1+2

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Realização Apoio

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mais sagrando que vou cuidar bem das minhas cisternas. Dos meus 37 anos, esse ano que passou foi o ano que fui mais presenteada. Sobre a seleção de mudas, eu sou amante de todas, todas têm vida! Agora para comecializar, eu prefiro plantas nativas porque são muito mais resistentes e procuradas, junto com as plantas ornamêntais que também tem uma boa saída. Cultivo o Nim, ele não é da região, é uma planta exótica e serve para várias

atividades como fabricação de defensivo e óleo. Para cerca viva, eu tenho a murta é bem perfumada e o pingo de ouro, tenho a aroeira chorona e aroeirinha dos frutos vermelhos que servem para fazer temperos. Tenho também cactos variados, dos mandacarus do mato aos ornamentais. Pelas rosas eu sou apaixonada e futuramente quero fazer a muda enxertada. Agora com as condições que tenho e com o viveiro que a comunidade recebeu do P1+2, as mudas vão melhorar bem. Quero crescer a produção em uns 90 cento. Como mensagem quero dizer para os agricultores e agricultoras que persistam, insistam e não desistam nunca de plantar, cuidar e colher. Água é vida quem tem água planta.

e depois fiquei sabendo que fiquei selecionada em primeiro lugar na área de agroecológia. Hoje, recebo os meninos na minha propriedade pois tenho plantas frutíferas, areas de hortaliças e planatas ornamentais. Agora, eu tenho certeza que minha renda vai melhorar. Em 2014, eu ganhei o maior presente do ano. Antes eu tinha só um tanquinho, mas não tomava água doce, só água salobra. Recebi no mesmo ano a minha cisterna de consumo e logo depois a de produção. Fui beneficiada com as 2 e elas estão me ajudando muito. Juro pelo que há de

Frente da casa de Rosinelia

Na imagem acima foto da pitangueira do quintal de Nelinha e abaixo foto do viveiro de mudas coletivo adquirido pelo P1+2 financiado pela FBB.