quem conta um conto, ajuda um pouco. vol. i

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QUEM CONTA UM CONTO, AJUDA UM POUCO VOLUME 1

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Page 1: Quem conta um conto, ajuda um pouco. Vol. I

QUEM CONTA UM CON TO,AJUDA UM POUCO

VOLUME 1

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Este livro de contos é-vos destinado para um dia saberem que serão

mais e melhores pessoas se souberem dar muito mais do que o que

recebem. Estes contos foram feitos por um grupo de autores e por um

ilustrador a quem Médicos do Mundo agradece profundamente. Estes

autores e ilustrador também foram meninos e meninas como vós e

hoje estão a oferecer-vos um pouco de si.

Um dia um menino nasceu e viveu em várias cidades e vilas de

Portugal. Esse menino cresceu e acompanhou a sua mãe, que era

Assistente Social, em muitas visitas a famílias que viviam em extrema

pobreza. Esse menino brincou com muitos outros meninos que viviam

nesses bairros e fez aí muitos amigos. Um dia, o menino estava a ser

atacado pelos seus colegas de escola, de quem era amigo e com quem

vivia no mesmo bairro. Ao ser atacado pelos seus colegas, aproximou-se

um menino seu amigo e do bairro que sua mãe visitava e defendeu-o

dos seus próprios amigos. Digam lá quem foi o verdadeiro amigo? Se

tiverem dúvidas procurem conhecer os meninos de outros bairros.

Sejam felizes e façam muitos amigos.

Rui Portugal - MédicoPresidente de Médicos do Mundo - Portugal

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FI CH A T É C NIC A

título

Quem conta um conto, ajuda um pouco

edição

Médicos do Mundo - Portugal

autores dos contos

António Torrado

Clara de Sousa

Miguel Vale de Almeida

Rosa Lobato de Faria

Rui Zink

ilustrações

João Alves Baptista

design

Patrícia Flôr

Sónia Henriques

ideia original

Enrique Mazzarelli

coordenação editorial

Florbela Cordeiro

Sandra Costa

angariação de patrocínios/apoios

Rosa Pereira

Sara Peres

impressão

Sersilito - Empresa Gráfica, SA

exemplares

5000

ISBN

972-95606-3-3

ISBN-13

978-972-95606-3-7

depósito legal

978-972-95606-3-7

Médicos do Mundo - Portugal 2006

NOT A D O E DI TOR

A edição deste livro decontos infantis resulta dotrabalho voluntário de um conjuntode profissionais que contribuíram com o seutalento e experiência para tornar este projecto umarealidade. Os autores ofereceram a Médicos do Mundo um conto original, excepção feita no caso do conto “O cão e o gato”,de António Torrado, anteriormente publicado no sitewww.historiadodia.pt. O ilustrador concebeu a totalidade dosdesenhos deste projecto. O design é de duas voluntárias que jáparticiparam em edições anteriores de Médicos do Mundo –Portugal. Nos contactos com os escritores contámos com o apoio de Ivone Dias Ferreira e Marta Curto.

A todos os que contribuíram para esta edição e às entidades queapoiaram a sua produção o nosso muito obrigado.

Os fundos angariados com a venda deste livro serão canalizados parao projecto de saúde materno-infantil "Casa das Mães", que Médicosdo Mundo desenvolve em Timor-Leste.

Contamos com o seu apoio.

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O pardal que queria ser anjo R O S A L O B A T O D E F A R I A

O cão e o gatoA N T Ó N I O T O R R A D O

M I G U E L V A L E D E A L M E I D A

O mais melhor bom reino da bolaR U I Z I N K

C L A R A D E S O U S A

6

O arco e o Marco

26

20

36

50

A escola do arco-íris

Sobre Médicos do Mundo

Sobre os autores

58

60

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6

Há dois dias que a Joana não aparecia na escola. As amiguinhas dela,

a Vera e a Madalena, começaram a ficar preocupadas, pensando que

poderia estar doente. Sabiam onde ela morava porque às vezes o pai

da Vera dava-lhe boleia até casa. A Joana não tinha pai nem ninguém

que a fosse buscar à escola: a mãe tinha dois empregos e não conse-

guia despachar-se a tempo.

Foram então as duas lá a casa, ao último tempo, quando a professora

faltou. Pelo caminho entretiveram-se num banco a comer o lanche.

Nesse instante, nas costas do banco, pousou um pardal.Elas admiraram-se porque os pardais são muito assustadiços e nunca

pousam tão perto das pessoas. Mas ficaram quietinhas na esperança

que ele não fugisse.

Mas o pardal não queria fugir, queria conversar, o que era ainda mais

estranho.

- Olá, disse ele.

O pardal que queria ser anjo

R OSALOBATO D E FAR I A

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- Olá. Queres uma migalhinha de pão?

- Não. Quero ser anjo.

As duas amigas iam caindo do banco de tanto espanto.

- Tu falas e ainda por cima queres ser anjo?

- Todos falamos, mas são raras as pessoas que nos entendem.

- E para que é que queres ser anjo?

- Para fazer bem aos outros. Afinal eu também tenho asas e bom

coração, que é basicamente o que têm os anjos. Se as minhas asas cres-

cessem e ficassem mais branquinhas eu bem podia ser anjo.

boas acções posso eu fazer?

- Vem connosco, disse a Madalena. Vamos agora mesmo visitar a

nossa amiga Joana que deve estar com um problema qualquer, pois

há dois dias que não vai à escola. Quem sabe, talvez possas ajudar...

Foram os três.

O pombo, que empoleirado numa árvore ouviu toda a conversa,

ficou cheio de raiva.

- E o que tencionas fazer?

- Entrei a voar na igreja e perguntei ao Santo António se havia uma

receita especial, e ele disse-me: faz boas acções. Mas que

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- Que pretensioso, aquele pardal idiota. Vou chamar o meu "gang" e

fazer tudo para impedir "as boas acções" daquele palerma. Ele vai ver.

Quando chegaram a casa da Joana perceberam qual era o problema dela.A mãe estava de cama e como trabalhava a dias não ganhava nada há

quase uma semana e elas não tinham o que comer.

A casa era muito pobre. Entrava frio por todos os lados e por um

vidro partido e a mãe da Joana tinha apanhado uma pneumonia. Não

queria ir para o hospital porque as crianças não podiam ficar sozinhas:

além da Joana havia um pequenino e um bebé que tinha de mamar.

O pai tinha ido procurar trabalho para Espanha e há que tempos que

não dava notícias.

As meninas repararam que já não estava frio. O pardal

como quem faz um ninho. Depois saiu e trouxe uma maçã no bico. E

depois outra e depois outra. Foi buscá-las a uma quinta ali perto onde

não morava ninguém. Porque as coisas que se vêem do ar são uma

grande ajuda para quem se encontra no meio de uma aflição.

Chegou a vizinha, que era uma curandeira, e disse:

- Se eu tivesse a erva "salsiprata" fazia-lhe um chá que a curava

num instante. Mas essa erva só há na montanha fora da cidade:

tinha tapado o buraco do vidro com palhinhas e pauzinhos

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é verde e prateada e tem uns bagos

cor de mel.

Mal ela disse isto o pardal saiu a voar

pela porta fora e as meninas disseram à

amiga:

- Este pardal é mágico. Não viste como

ele consertou a janela? Como trouxe as

maçãs para a tua mãe? Ele agora foi

buscar a erva que a há-de curar. É só

esperar que ele não se demora.

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Com o que o pardal não contava era com a maldade do pombo e

do seu grupo. Seguiram-no até ao alto da montanha e quando o pardal

já estava a vislumbrar a erva lá em baixo, começaram a atacá-lo até que

o pardal caiu, muito ferido e sem forças nenhumas.

- Ai querias ser anjo, não querias? Pois agora és o anjo caído! E a rir

às gargalhadas foram-se embora e deixaram-no num buraco da

montanha.

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Entretanto a Vera e a Madalena juntaram uns dinheirinhos que ainda

tinham da semanada e foram à farmácia comprar aspirinae à mercearia buscar leite e cereais. Não chegou para mais nada, mas

pelo menos a Joana, o irmão e a mãe não iriam dormir sem comer.

Depois conseguiram finalmente telefonar aos pais para avisar que as

fossem buscar ali e não à escola.

Veio o pai da Vera. Chegou com dois sacos de supermercado e a

promessa de voltar no dia seguinte com um médico.

- O que será feito do pardal? perguntavam elas. De certeza

que ele traz a erva, a menos que lhe tenha acontecido alguma coisa...

O pobrezinho estava muito mal porque lhe tinham partido as asas

e não podia voar. Mesmo assim foi a pé, com os seus passinhos peque-

ninos até junto da erva, que já tinha avistado do ar e, como pôde,

colheu um grande ramo com o bico. Depois ficou exausto e deitou-se

a pensar como é que o havia de transportar para casa da Joana.

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- Se eu fosse anjo, pensava ele, se em vez de ter asas pequenas e casta-

nhas tivesse asas brancas e grandes, punha-me lá em duas ou três

esvoaçadelas. Mas assim, tão pequenino e com as asas partidas,não posso fazer boas acções nem que o meu coração esteja a trans-

bordar de amor. Talvez eu tenha sido demasiado ambicioso. Talvez eu

tenha pensado que tinha forças para tarefas que afinal não tenho. Fui

pretensioso e agora recebi o castigo. O pior é que a mãe da Joana

também está a ser castigada por minha culpa. Sou um pardal muito

estúpido, que não devia querer ser mais do que um simples pardal.

O pombo é mau, mas tem razão.

E nisto alguma coisa tapou o sol e eram as asas abertas de um Anjo

que pousou junto dele e o segurou com muito cuidado nas mãos

quentes.

- Pardalito, disse o Anjo. Ganhaste as tuas asas de "anjo - enfer-

meiro" por teres tanto amor no coração e tanta vontade de ajudar os

outros. Vou curar-te e levar-te, a ti e às tuas ervas, a casa da Joana. E

amanhã, quando nascer o sol, verás como as tuas asas são brancas e

o teu coração terá o dom de curar.

Disse-lhe ainda que ia castigar os pombos: ia tirar-lhes as asas e trans-

formá-los em ratos. Mas o pardal pediu por tudo ao Anjo que não o

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uma questão de amor. Amem, ajudem, sejam solidários

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branca junto à cama, a tomar a temperatura à testa da doente.

Pensaram que era um médico com a sua bata branca, mas então ele

abriu as grandes asas que encheram todo o quarto e disse:

- Não se assustem, sou apenas o pardal.

Qualquer pardalito medroso se pode transformar em anjo. É somente

fizesse, porque ele agora sabia por experiência própria o horrível que é

ter asas e perdê-las, trocar a liberdade do céu pela sujidade do esgoto.

Que ninguém merece tal castigo e há sempre

esperança de que um malvado se possa emendar.

O Anjo sorriu de tanta generosidade e pensou que o pardal mere-

cia bem ganhar as suas asas brancas.

Deixou-o na beira da cama da doente com o seu molho de ervas e

a vizinha apressou-se a preparar o chá que não tardou a fazer efeito.

De manhã muito cedo a Vera e a Madalena, antes de irem para a escola,

foram a casa da Joana para saber notícias e ver se era preciso alguma coisa.

A situação tinha melhorado muito.

Mas o que mais as encantou foi ver uma silhueta, toda

e verão como as vossas asas brancas podem transformar o mundo.

Os maiores voos estão no coração.

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O cão e o gato não eram amigos, mas faziam de conta. Viviam

ambos abrigados no casebre de uma pobre velha, que com eles repar-

tia o pouco que tinha.

- Sejam amiguinhos. Sejam amiguinhos- estava sempre ela a dizer-lhes.

Pela comida e dormida os dois incorrigíveis inimigos aturavam-se.

Que remédio.

Um dia, a velhota morreu. Vieram os filhos, vieram os netos e enxo-

taram-nos do casebre.

Cão e gato, tristes por terem perdido a sua protectora e o mínimo

de conforto que ela lhes proporcionava, ficaram a rondar a casa, mas

cada um para seu lado. "Sejam amiguinhos. Sejam amiguinhos", ainda

lhes soava nos ouvidos.

Choveu. Fazia frio. Tiritantes e cheios de fome,acolheram-se a uma gruta. Era uma gruta muito comprida, tão comprida

O cão e o gato

AN

TÓNIO T ORRA

DO

que eles se internaram por ela adentro, à procura nem sabiam de quê.

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Cada vez mais fundo,cada vez mais longe do mundo que conheciam, foram ter a

uma clareira iluminada. No meio, sentado nas pernas cruzadas,

estava o Génio das Cavernas.

- O que querem de mim? - perguntou-lhes o Génio.

A bem dizer, eles não queriam nada a não ser um dono, comida,

calor, carinho. Foi o que pediram.

- Concedido - disse-lhes o Génio - Com uma única condição: cada

um transforma-se no outro.

Eles, a princípio, nem entendiam a proposta, mas quando percebe-

ram que o gato tinha de passar a cão e o cão, a gato, protestaram com

toda a gana.

- Eu não quero ser cão - bufou o gato.- Eu não quero ser gato - rosnou o cão.

Nada feito. Ou aceitavam a troca ou acabariam por morrer, à fome

e ao frio.

Lá se resignaram à mudança, já que a alternativa também não era

muito apetecível.

O Génio executou a magia e o gato passou para a pele de cão e o

cão para a pele de gato. Esquisito.

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- Que cãozinho e que gatinho tão bonitos. Posso levá-los para casa? - perguntou uma menina ao pai.

- Os cães e os gatos não se dão bem uns com os outros - apressou-

se a explicar o pai.

- Mas estes dão-se. Tão juntinhos. Tão amigos -

disse a menina.

Era verdade. Cada um olhava para o outro como se fosse ele próprio.

Ora, como é que uma pessoa ou um bicho pode dar-se mal com ele

mesmo?

E assim o gato-cão e o cão-gato arranjaram uma

nova dona. À noite, enroscados um no outro,

não se sabe onde começa o cão e acaba o gato.

Até pode acontecer que, um dia, o Génio das

Cavernas lhes devolva as respectivas identidades

e o cão volte a ser cão e o gato volte a ser gato.

Mas valerá a pena?

Fizeram-se, realmente, amigos.

Correram ambos na direcção da entrada da gruta, ainda assarapan-

tados.

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Como é costume dizer-se, "era uma vez"... Era uma vez uma escola

chamada Escola do Arco-Íris. A professora Ana gostava muito das

crianças e estas davam-se muito bem entre si. Quer dizer, às vezes

zangavam-se - ui, se se zangavam! - como todas as

criaturas grandes e pequenas, mas no fim lá faziam as pazes e iam fazer

coisas bem mais interessantes, como correr,saltar

e pregar partidas.As crianças também gostavam muito da professora e poucas vezes

se portavam mal. Quer dizer: portavam-se mal às escondidas, que é

uma coisa que as crianças sabem fazer muito bem... Mas a verdade é

que não queriam perder pitada das histórias que ela contava. Sim,

porque a professora Ana passava a vida a contar histórias:

ensinava as contas de dividir com uma história sobre um grande bolo

A escola do arco-íris

MI G UE L VALE DEALM

EIDA

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Certo dia, a professora Ana disse: "Meninos, este fim-

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A vida na escola do Arco-Íris era muito divertida

de aniversário e o número de crianças que o iam comer; ensinava a

gramática com uma história sobre um menino que ninguém enten-

dia até que lhe ensinaram a dizer as coisas como deve ser; até ensi-

nava as ciências da natureza com uma história muitoengraçada sobre uns pinguins que se tinham perdido no

mar e tinham ido parar a um sítio muito quente que não era nada

bom para eles e que ficavam muito contentes ao voltarem para a sua

terra muito fria.

porque a professora Ana, além de contar histórias, também pedia às

crianças para contarem as suas. Todos os dias cada uma das crianças

tinha que trazer uma história preparada para contar. Às vezes as crian-

ças traziam histórias sobre o que quisessem: sobre uma ida à praia,

sobre uma visita ao jardim zoológico, sobre um sonho que tivessem

tido... e às vezes até sobre algum pesadelo, que a melhor maneira de

o esquecer era contá-lo para toda a gente se rir daquelas histórias de

monstros e fantasmas.

de-semana quero que escrevam uma história sobre as vossas famílias.

Escrevam sobre o vosso pai e a vossa mãe. Assim quando chegar o

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e o Dia do Pai já têm uma história bonita para lhes dar de

presente". A criançada ficou toda satisfeita. Afinal, haverá coisa melhor

do que escrever sobre as pessoas de quem mais se gosta? Claro que

Dia da Mãe

não - e ainda por cima era fácil! E não era preciso inventar nada!

Quando, na segunda-feira, as crianças voltaram à escola, traziam

todas as suas histórias muito bem escritas. Quer dizer: escritas com

uma letra ainda um bocadinho esquisita mas, que diabo!, ainda esta-

vam a aprender. "Escreveram as histórias sobre o Pai e a Mãe?", pergun-

que sim e puseram o dedo lá bem no ar.

A Sandra, que levantou o dedo e o braço e o corpo todo

mais alto que os outros, levantou-se logo, pegou na folha

de papel que trazia consigo e começou a ler em voz bem

alta: "O meu pai chama-se Rodrigo e a minha mãe

chama-se Rita. O meu pai trabalha todo o dia no escri-

tório e quando chega a casa eu já tomei banho e ele

ajuda-me a pôr a mesa para ojantar. O meu pai é muito divertido e gosto

muito de andar de bicicleta com ele. A minha mãe

tou a professora Ana. As crianças gritaram entusiasmadas

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é muito, muito bonita. Gosto quando ela conta a história de como

eu nasci da barriga dela depois de o meu pai ter lá

posto uma semente. A minha mãe também trabalha num escritório

e quando chega a casa dá-me banho e faz o jantar e à noite conta-me

uma história".

Depois foi a vez do Sérgio:

"A minha mãe é a Cristina. Eu gosto muito dela.

A minha mãe trabalha muito. Ela trabalha

num banco e vem sempre buscar-me à escola.

No caminho para casa vamos ao café. Ela

bebe uma bica e a mim compra-me um gelado.

Ficamos a conversar sobre o que eu fiz na

escola. Em casa fazemos o jantar e depois ela

ajuda-me com os trabalhos de casa. Ela é

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muito bonita e muito simpática e eugosto muito dela. Ela diz que eu

não tenho pai porque quis ter um filho sozi-

nha. O meu tio Jorge e o meu tio Alberto

gostam muito de mim e é como se fossem

os meus pais".

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Depois foi a vez da Sara:

"O meu pai chama-se Luís e eu chamo-lhe Pai. O meu outro

Clotilde é que é o meu pai e a minha mãe. Ela é uma

avó muito linda e é professora. Ela diz que o meu pai e a

minha mãe morreram porque as pessoas não têm

cuidado a guiar os carros e fazem coisas perigosas. A

minha avó é a minha pessoa favorita neste mundo e foi ela

que fez esta camisola que eu vesti hoje".

são muito simpáticos e eu gosto muitodeles. Eu nasci em África e a minha mãe bio... ai!" -

hesitou a Sara com aquela palavra complicada - "...bioló-

gica não podia ficar comigo. Os meus pais adoptaram-me

para eu ter uma vida boa. Os meus pais são as pessoas mais

queridas do mundo e aos fins-de-semana vamos a casa da avó

Maria e lá estão as minhas tias e os meus primos e

primas".

E a seguir foi a Salomé:

"Eu não tenho pai e não tenho mãe. A minha avó

pai chama-se Manuel e eu chamo-lhe Papá. O Pai e o Papá

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Depois calhou a vez à Sílvia:

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e às vezes deixa-me ir com ela. Eu gosto muito de vê-la com a sua farda

porque fica ainda mais bonita. Aos fins-de-semana vou para casa do

meu pai e dos meus irmãos. Os meus irmãos são filhos da mulher do

"A minha mãe é condutora de autocarros

meu pai, que é a Susana. Aos fins-de-semana divertimo-nos muito

me ajuda com os trabalhos de casa e gosto muito de jogar futebolcom ele. As minhas mães dizem que vou ter um mano ou uma mana

e que desta vez é a mãe Manuela que vai ter o bebé".

e depois volto para a minha mãe e fico também muito contente

porque tenho um quarto só para mim."

Por fim, foi o Sebastião a contar a sua história:

"A minha mãe é a Luísa e eu nasci da barriga dela. E tenho mais uma

mãe que é a Manuela e não nasci da barriga dela. A minha mãeLuísa e a minha mãe Manuela têm uma loja de roupa

para crianças. Elas são muito divertidas e gostam muito de me

levar de férias para a praia. Acampamos numa tenda. Quando elas têm

que ficar na loja até tarde eu vou para casa do tio Zé. O tio Zé é que

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Quando as crianças acabaram de contar as suas histórias, a profes-

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chama Arco-Íris? Porque temos todos famílias muito dife-

rentes mas, afinal, muito iguais". Ouviram-se muitos"vivas!" e a criançada saiu para o recreio. Quer dizer: desataram

a correr, no meio duma grande algazarra, que a escola do Arco-Íris é

uma escola igual às outras e não se aguenta uma criança quieta por

muito tempo. Nem com uma bela história.

sora Ana perguntou-lhes: "Já viram porque é que a escola se

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O mais melhor bom reino da bola

Esta história passou-se há muito, muito tempo, num tempo em que

todos os meninos eram príncipes e todos os príncipes eram meninos.

Sim, esta história passou-se há muito, muito tempo: mais ou menos

há quinze dias. Não se espantem. Quinze dias é muito quando se é um

príncipe. Eu ainda me lembro da história, mas isso é porque? ai ai? já

não sou nem príncipe nem menino.

Esta história passou-se há muito tempo e não foi num só, mas em

quatro reinos diferentes. Era pois não uma vez um reino, mas uma vez

quatro reinos que...

No reino da Pimpinela, um príncipe jogava à bola. E que bela bola esta

bola era! Uma bola de borracha, saltitona, daquelas de praia. Até pare-

cia que ainda tinha areia dentro. E de cada vez que a chutávamos,

ouvíamos o marulho do mar.

No reino do Arco-íris, um outro príncipe

jogava à bola. E que bela bola ela era! Uma bola de cabedal, cheia, com

desenho de marca, exactamente como as dos jogadores a sério. Uma

verdadeira bola profissional.

RR U II Z IINNKK

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No reino do Bêabá, um terceiro príncipe jogava à bola. E que estra-

nha bola essa bola era! Umas folhas de jornal amarrotadas dentro de

uma meia velha. Podia não saltitar tanto como as outras, mas servia

para o mesmo que as outras: passes, toques e, claro, marcar golos.

No reino do Salta-enfim, um outro príncipe jogava à bola.

E que linda bola essa bola era! Uma de encher, daquelas com pipo. Uma

pessoa tinha de soprar, soprar e, verdade seja dita, isso dava algum

trabalho. Mas as coisas boas da vida dão sempre algum trabalho - isto

digo eu, claro, que já não sou nem príncipe nem menino. E quando a

bola estava cheia, ficava do tamanho do mundo. O que não era para

admirar: era uma bola com o mundo desenhado. Nela podíamos ver

os continentes, os países, os oceanos. Os oceanos eram azuis, até

mesmo o Oceano Pacífico, que toda a gente sabe ser verde, quando

lhe bate certa luz, e não azul. (Azul só fica quando lhe bate outra luz.)

Os países, esses, eram às cores.

Ora aconteceu que, um dia, o Presidente da Junta de Freguesia

mandou anunciar um estranho concurso: ver qual era a melhor bolade todos os reinos do bairro. Cada príncipe podia trazer a

sua. Mas só o grande vencedor ganhava o apetitoso prémio: uma bola

autografada por todos os jogadores da Selecção.

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Os príncipes ficaram todos encantados: uma bola autografada pelos

jogadores da Selecção? Que fantástico! E cada príncipe pensou: que

bom seria se eu ganhasse aquela maravilhosa bola.

Qual dos príncipes ganharia?À partida, talvez se pudesse pensar que uma bola saltitona teria

vantagem sobre uma bola feita com pedaços de jornal dentro de uma

meia velha. E que uma bola profissional bateria uma boa saltitona. Ou

que uma bola com desenhos dos continentes e dos mares fosse mais

valorizada do que uma bola saltitona. Por outro lado, uma bola de

trapos tinha dentro dela pedaços de jornal que traziam notícias do

mundo - não apenas os desenhos dos países - pelo que alguns lhe reco-

nheceriam uma inaudita superioridade.

Em suma: o concurso estava mais renhido do que pareceria ser à

primeira vista. E como cada príncipe achava que a sua bola era a

melhor... a votação ia ser muito difícil. Mesmo muito difícil, porque...

Porque o concurso tinha uma regra muito estranha: o júri era

composto pelos próprios concorrentes. É verdade. Eles é que tinham

de decidir (entre eles) qual a bola cujo príncipe era merecedor do

título de Dono da Melhor Bola de Todos os Reinos.E se, como o Presidente da Junta receava, cada um votasse em si?

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42Como se desempataria um tal empate entre as bolas dos quatro príncipes?

Eu podia contar o resto da história, mas para quê? Eu já sei quem é o vencedor.E vocês? Vá lá, pensem um bocadinho. Aposto que conseguem acertar.

Não, não foi a bola do príncipe do Arco-íris que ganhou. Era uma

bela bola, de facto, mas era tão profissional que se recusou a sair do

Bom, no dia aprazado os príncipes lá desceram dos seus reinos

(enfim, cada um do seu reino) a fim de participarem no concurso.

Como os reinos ficavam todos na mesma rua, até não tiveram de

viajar muito.

Veio o príncipe do Arco-íris, com a sua bela bola, profissional, de

cabedal. Mas a mãe bem o avisou: Se perdes a bola não te compro

outra.

Veio o príncipe do Bêabá, com a sua magnífica bolafeita de uma meia velha à volta de uns pedaços de jornal. E lá teve de

ouvir: Não venhas tarde para casa.

Veio o príncipe da Pimpinela, com a sua bola de borracha. Cuidado

não partas nenhum vidro, senão depois nós é que temos de pagar!

Veio o príncipe do Salta-enfim, com a sua bola-mundo.

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sítio, por não querer concorrer contra bolas amadoras. Foi a primeira

vez, em toda a rua, que se viu uma bola de nariz empinado. Mas conta

quem sabe que, por esse mundo fora, há mais bolas assim, com a

mania de que são... Enfim, com a mania.

A saltitona? Não, também não foi a saltitona a vencedora. Ao

primeiro toque, foi logo contra a janela de uma vizinha e nunca mais

vê-la. O príncipe da Pimpinela até correu a esconder-se.

Tampouco foi a que tinha o mapa do mundo. O vento levou-a

contra o bico de um gradeamento e logo a bola murchou, o que não

fica bem a um mundo, pois não? Pobre príncipe do Salta-enfim.

Então qual foi, qual foi então, a bola que ganhou o concurso

da Mais Bela Bola de Todos os Reinos?

Sim, eu sei o que estão a pensar. E vejo já alguns dedos no ar. A de

trapos, pois então! Até porque é a única a sobrar, não é? Certo, não é?

Errado. Ou as notícias que estavam lá dentro eram más, ou a meia já

estava muito gasta, o certo é que a pobre da bola se desfez logo ali. O

príncipe do Beabá ficou desolado. Mas não mais desolado que o prín-

cipe da Pimpinela, o príncipe do Salta-enfim e o príncipe do Arco-íris.

O Presidente da Junta de Freguesia coçou a cabeça: e agora? Todas

as bolas tinham perdido e nenhuma tinha ganho. Era um caso bicudo.

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Por muito que lhe desse pena, o prémio não poderia ser atribuído.

do Arco-íris?) e disseram em uníssono: foi ele o vencedor.É dele a mais melhor boa bola de todas as bolas.

Têm a certeza?, perguntou o Presidente da Junta de Freguesia, que

estava muito preocupado em seguir as regras todas. Mas olhem que

a bola dele também...

Não, responderam os príncipes, sempre em uníssono e, eu iria jurar,

entre risinhos abafados. É ele o vencedor. A ele deve ser entregue o

prémio de Dono da Mais Bonita Bola de Todos os Reinos.

Foi então que o príncipe da Pimpinela teve uma ideia. Ou não, talvez

tenha sido o príncipe do Salta-enfim. A menos que... Bom, não importa.

Quem teve a ideia não sei, mas sei quem ganhou com a ideia. Os

príncipes cochicharam entre si e, passados uns momentos, anuncia-

ram ao Presidente da Junta de Freguesia que já tinham deliberado e,

por conseguinte, chegado a um veredicto.

Um veredicto é uma coisa a que se chega depois de muito se ter deli-

berado.

Apontaram todos, então, para o príncipe de Beabá (ou terá sido o

Bem, suspirou o Presidente da Junta de Freguesia, se depois

de muito terem deliberado chegaram mesmo a um veredicto....

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E foi assim, assim foi. Entre vivas e palmas, entre palmas e vivas

(lançados pelos povos de todos os reinos e até pelos pais e mães e tios

e avós dos príncipes), o vencedor lá saiu com o prémio entre os braços:

uma bola assinada por todos os jogadores da Selecção!

É claro que, minutos depois, os principescos pés dos quatro prínci-

pes já tinham apagado por completo as assinaturas. Essa é que é essa.

Fim.

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Era uma vez...

um menino muito curioso e traquinas.

Marco Íris tinha nascido numa tarde de Novembro, daquelas tardes

em que as nuvens e o sol gostam de brincar à apanhada.

"Vê se me apanhas, Sol..." gritam elas entusiasmadas enquanto borri-

fam a terra ao de leve com uma chuva miudinha.

E o Sol, sempre a querer brilhar com mais força, lança os seus raios de luzatravés das gotinhas que, dançando no céu, se deixam embalar pelo

calor reconfortante do Astro Rei.

Pois o menino da nossa história nasceu numa dessas tardes.

Os pais decidiram chamar-lhe Marco Íris porque nessa tarde as

nuvens e o sol, enquanto brincavam à apanhada, tinham criado um

impressionante arco, bem definido, de sete cores brilhantes,

que se formou no exacto minuto em que o Marco nasceu.

O arco e o Marco CL

AR

AD

ES

OU

SA

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O Marco foi crescendo e certo dia a mãe e o pai contaram-lhe esta

história.

Ele ficou muito curioso.Tinha de ir conhecer um Arco-Íris! Afinal tinham o mesmo nome e

até dava para brincar com as palavras e fazer rimas:

Numa bela tarde de Novembro

Nasceu o menino Marco ÍrisFoi baptizado se bem me lembro

Em homenagem ao arco-íris.

O Marco estava muito impaciente.

Nos dias de Sol dizia bem alto: "Sol, chama as nuvens e brinquem

para que eu possa ver um arco-íris." Mas nada. O Sol parece que não

o ouvia.

Quando chovia, o Marco dizia: "Então nuvens, deixem o Sol aparecer!"E as nuvens continuavam carregadas e carrancudas a pensar: "Que

menino tão refilão. Agora não podemos dar-te atenção. Temos muita

água nas costas e temos que lançá-la sobre os campos para que a erva

possa crescer."

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"Temos de ir ter com ele" disse entusiasmado.

Vestiram-se à pressa e saíram a correr em direcção ao belo arco, para

que o Marco o pudesse ver de perto.

"Quero agarrá-lo" disse o menino. Os pais bem lhe diziam que não

era possível, mas o Marco, teimoso e sonhador, pensava que podia

tocar e falar com o arco-íris. Quem sabe, darem umas boas gargalha-

das por terem um nome tão parecido.

Mas quanto mais corriam, mais o arco-íris se afastava.

Por momentos, uma perna do arco parecia que poisava numa casa

majestosa de belo telhado negro e rodeada de árvores. "Está ali" gritava o Marco.Mas o arco-íris continuava a fugir.

Até que, de repente, 'puf', o arco desapareceu sem deixar rasto.

O Sol já brilhava com toda a sua intensidade e as nuvens brinca-

lhonas tinham-se afastado para o mar.

Que triste ficou o Marco.

Mas tantas vezes o Marco falou ao Sol e às nuvens que no dia do

seu 6º aniversário, eles decidiram fazer-lhe uma surpresa.

Quando o Marco acordou e se espreguiçou junto à janela do seu

quarto, olhou para o céu e viu um arco-íris magnífico e foi logo a

correr chamar os pais.

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Afinal o arco-íris, por quem tanto tinha esperado, fugira

sem o cumprimentar.

O que o menino ainda não sabia, porque era muito pequeno para

perceber, é que o arco-íris é daquelas coisas que a Natureza cria, mas

que não se podem agarrar. Existe para ser admirado, para nos fazer

felizes por ser tão belo. Existe para fazer as crianças e os adultos sorrir.

O arco-íris está na fronteira da magia, a meio caminho entre a reali-

dade e a ilusão.

Só o podemos tocar no mundo dos sonhos.Ou em contos como este.

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www.medicosdomundo.pt

S E D E Av. de Ceuta (Sul), lote 4, loja 1, 1300-125 Lisboa

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T. 22 903 90 64 - F. 22 903 90 66 - E-mail: [email protected]

Donativos para Médicos do Mundo:

NIB 0010 0000 9444 9990 00170 (Banco BPI)

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Todas as pessoas devem poder receber tratamento quando estão doentes.

Mas muitas pessoas, em Portugal e no resto do mundo, estão doentes e

não têm quem cuide delas.

Os Médicos do Mundo são um grupo de pessoas que levam apoio

médico às pessoas que dele têm falta. Trabalhamos em Portugal e em países

como Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Timor-Leste e Sri

Lanka.

Além dos cuidados de saúde, fazemos outras coisas, como livros como

este. Para que as crianças como tu (e também os adultos…) saibam que

melhorar o mundo e fazer os outros felizes está nas mãos de cada um de

nós. Quando olhamos em volta e vemos alguém que precisa de ajuda,

podemos continuar o nosso caminho, por acreditarmos que aquele não é

um problema nosso, ou que não temos tempo, ou que… É o que fazemos

muitas vezes, não é? Mas também podemos parar, dar um pouco da nossa

atenção, um pedacinho do que é nosso aos outros.

Somos ajudados por pessoas que, sem receberem qualquer salário, traba-

lham nos nossos projectos. São os chamados voluntários. E por muitas

outras que nos oferecem donativos para podermos continuar a apoiar

aqueles que mais precisam. Com todos eles e, quem sabe, daqui a algum

tempo, contigo, podemos continuar!

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A N T Ó N I O T O R R A D OPoeta, ficcionista e dramaturgo, é particularmente conhecido como escritor delivros para crianças

C L A R A D E S O U S A

Jornalista na SIC, mãe de dois filhos e contadora de histórias nas horas vagas

J O Ã O A L V E S B A P T I S T AArquitecto, participou com Médicos do Mundo numa missão em Timor-Lestecomo coordenador logístico

M I G U E L V A L E D E A L M E I D AAntropólogo, professor no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e daEmpresa, escritor e cronista

P A T R Í C I A F L O RDesigner free-lancer, colabora desde 2004 em edições e exposições dos Médicosdo Mundo, sendo este o terceiro livro cujo grafismo assina em parceria comSónia Henriques

R O S A L O B A T O D E F A R I APoeta e romancista, é hoje uma referência obrigatória na nova ficção portu-guesa

R U I Z I N KEscritor e professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Uni-versidade Nova de Lisboa

S Ó N I A H E N R I Q U E SDesigner na Câmara Municipal de Lisboa, esta é a terceira colaboração editorialcom os Médicos do Mundo, em co-autoria com Patrícia Flor, a par da concep-ção de algumas exposições

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