queixa crime fátima travassos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO. THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO, brasileira, solteira, Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Maranhão, Carteira de Identidade nº 341.721 SSP-MA e CPF nº 118.703.303, com endereço profissional à Rua Osvaldo Cruz nº 396 centro, nesta capital, e RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO FILHO, brasileiro, casado, Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado do Maranhão, Carteira de Identidade 034.091.962.007-2 SSP-MA e CPF nº 044.875.173-72 com endereço profissional nesta cidade de São Luís, à Rua 1

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Page 1: Queixa crime fátima travassos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO.

THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO,

brasileira, solteira, Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do

Maranhão, Carteira de Identidade nº 341.721 SSP-MA e CPF nº 118.703.303,

com endereço profissional à Rua Osvaldo Cruz nº 396 centro, nesta capital, e

RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO FILHO, brasileiro, casado, Procurador

de Justiça do Ministério Público do Estado do Maranhão, Carteira de Identidade

nº 034.091.962.007-2 SSP-MA e CPF nº 044.875.173-72 com endereço

profissional nesta cidade de São Luís, à Rua Osvaldo Cruz nº 396 centro, vêm,

respeitosamente, perante Vossa Excelência, através de seus advogados

legalmente constituídos, instrumento de procuração em anexo (doc.01), nos

termos do art. 30 do Código de Processo Penal, apresentar

QUEIXA CRIME1

Page 2: Queixa crime fátima travassos

Contra MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO,

brasileira, viúva, filha de Maria José Rodrigues Travassos e Manoel Travassos,

Procuradora de Justiça, atualmente no exercício do cargo de Procuradora-

Geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Maranhão, com endereço

profissional à Rua Osvaldo Cruz, 1396, Centro, CEP 65020-910, nesta capital,

pelos fatos e fundamentos a seguir narrados.

DOS FATOS

Em 03.10.2011, realizou-se, no âmbito do Ministério

Público do Estado do Maranhão, eleição para escolha dos membros do

Conselho Superior do Ministério Público, em cujo pleito concorreram estes

querelantes, dentre outros Procuradores.

Com o objetivo de denegrir a imagem dos querelantes,

para, dessa forma, influenciar negativamente nas suas candidaturas, na quinta-

feira, ou seja, dia 29.09.2011, quatro dias antes do pleito eleitoral, começou a

circular um e-mail apócrifo, enviado ao e-mail institucional dos CAOPs (Centro

de Apoio Operacional) e a vários Promotores e Procuradores de Justiça,

fazendo indevidas acusações acerca de uma suposta irregularidade praticada

pela primeira querelante, enquanto Assessora Especial do Procurador-Geral de

Justiça, à época, Raimundo Nonato de Carvalho Filho, segundo querelante.

As supostas irregularidades descritas no e-mail se

referem a pagamentos indevidos efetuados à primeira querelante, a título de

serviços extraordinários, no percentual de 37% (trinta e sete por cento),

enquanto estava afastada para estudo no exterior, na Espanha (doc.02).

Referido e-mail foi enviado, seguramente, por remetente criado com o uso de

identidade falsa, em cujo texto afirmava, inclusive, que se fazia acompanhar de

cópia das Portarias atinentes aos números de Portarias mencionadas no corpo

2

Page 3: Queixa crime fátima travassos

da citada mensagem eletrônica, o que não é verdade, isto é, o e-mail não se

fazia acompanhar dos anexos a que se referia.

Em razão do relatado na referida mensagem eletrônica

estar causando prejuízos à honra dos querelantes, a primeira querelante,

Themis Maria Pacheco de Carvalho, respondeu aos colegas, afirmando não ser

verdadeiro o articulado na mensagem, para tanto, anexou as provas, isto é,

cópias das Portarias de quando se afastou da Assessoria Especial do então

Procurador-Geral Raimundo Nonato de Carvalho Filho, segundo querelante.

Cujo afastamento se deu, primeiramente, em gozo de férias e licença especial.

Posteriormente, quando autorizada a se afastar para estudos deixou de

perceber a referida gratificação por ter sido exonerada, a pedido, do cargo de

Assessora Especial.

A mensagem acima referida teve o teor abaixo transcrito:

“Colegas,

Está circulando um e-mail com remetente seguramente falso, no qual são feitas acusações falaciosas a mim e ao colega Raimundo Nonato, enviei uma resposta, em nome do respeito que tenho por todos os colegas, aos destinatários do referido e-mail, no entanto, hoje fui surpreendida com a postagem do referido e-mail em um blog, desta feita enviado por uma outra identidade falsa.

Os fatos ali articulados são mentirosos e levianos, se quem os faz tivesse certeza e documentos que comprovassem suas alegações, certamente buscaria os meios cabíveis, procurar desestabilizar um processo eleitoral legítimo criando factóides não é o canal adequado para punir quem se está acusado de cometer improbidade, ainda mais sem mostrar a própria cara.

Com relação ao blog já encaminhei ao responsável pelo mesmo um pedido de publicação de minha resposta, quero fazer uso do direito de resposta, mas este até o momento não publicou a mesma, não creio que o faça, uma vez que parece estar a serviço de alguém. Eu, na terça feira, qualquer que seja o resultado da eleição adotarei as providencias cabíveis contra o Sr. Caio Hostilio, por dar divulgação a fato inverídico e que atentam contra a minha honra e estou adotando providencias para identificar os remetentes dos e-mails postados.

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Page 4: Queixa crime fátima travassos

Peço desculpas pelo incomodo de invadir suas caixas de e-mail com assunto tão desagradável e que demonstram uma grave falha de caráter de alguns que, infelizmente, integram nossa classe, mas temos que seguir em frente certos de que somos, na verdade, um microcosmo da sociedade, com suas virtudes e mazelas.grata.Themis” (doc.03)

Na mesma senda, o segundo querelante, Raimundo

Nonato de Carvalho Filho, também candidato ao Conselho Superior do

Ministério Público, defendeu-se das acusações de que fizera pagamento

indevido, enviando e-mail aos membros do parquet maranhense com o

seguinte teor:

“Caro (a) colega,

Sem querer importunar o seu descanso semanal e o seu precioso tempo de convívio familiar, dirijo-me a você para informar que, lamentavelmente, às vésperas de um dia de eleição, sou vítima de calúnias produzidas por pessoas a quem a transparência e a honestidade incomodam.Numa instituição democrática o anonimato serve a quem não tem condições morais de expor suas idéias, a quem teme a verdade, a quem teme o próprio passado.As gratificações fixadas a todas os assessores da Procuradoria-Geral de Justiça, quando das administrações que presidi, foram concedidas mediante devido processo administrativo, sob o controle interno e externo e devidamente publicadas em Diário Oficial sem que, até esta data sofressem qualquer questionamento.Sempre zelei pela impessoalidade no tratamento dado a todos os assessores, como não poderia ser diferente da minha formação moral e profissional, e deles próprios, em sua maioria, Promotores(as) de Justiça. Por isso caluniosa a informação propalada de que algum assessor tenha recebido gratificações indevidas durante os anos em que estive na chefia da Procuradoria-Geral.Acredito que você, membro do Ministério Público, consciente da realidade que vivemos, saberá avaliar a postura de quem, às vespéras de uma eleição, distorce fatos e os denuncia levianamente, usando-se de informações cujo acesso decorre de sua condição funcional, ou facilitada por outro agente público, ato esse no mínimo incompatível com a dignidade do cargo que exerce.É também para combater condutas como essa, que candidatei-me ao Conselho Superior do Ministério

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Page 5: Queixa crime fátima travassos

Público, num momento em que a imagem da nossa Instituição, construída com tanto esforço e sacrifício, não vive seus melhores dias.Por último, informo que solicitarei ao Conselho Nacional do Ministério Público que promova inspeção administrativa na folha de pagamento do Ministério Público do Maranhão, nos últimos dez anos, para dissipar qualquer dúvida sobre a legalidade de todos os atos praticados.Agradeço sua atenção e conto com seu voto e, se possível, a divulgação desta mensagem aos outros colegas.Um abraço do Raimundo Nonato de Carvalho Filho”. (doc.04)

Em resposta ao e-mail enviado pelo segundo querelante,

Procurador de Justiça, Raimundo Nonato de Carvalho Filho, a ora querelada,

Procuradora-Geral de Justiça, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS

CORDEIRO, no sábado 01.10.2011 às 18:58, encaminhou em resposta,

também via mensagem eletrônica endereçada aos querelantes e a toda a

classe de Procuradores e Promotores de Justiça do Ministério Público do

Estado do Maranhão, e particularmente a [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected] e

também ao blog [email protected], mensagem com o seguinte

teor:

“Caro colega, fui surpreendida, mais uma vez, com uma carta anonima protocoloda no setor de protocolo da PGJ,, agora, desta feita acompanhada de copias de portarias, denunciando possiveis irregularidades de sua administracao, pagamentos indevidos a titulo de gratificacao por servicos extraordinarios a membro

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Page 6: Queixa crime fátima travassos

assessor afastado de suas funcoes para curso no exterior. Ao tomar conhecimento tive o cuidado de solicitar informacoes acerca da autenticidade dos docs em copias, bem como do pagamento, os quais ja foram confirmados existentes pela CGP e pela FP, visando resguardar a administracao superior, quanto a transparencia e temeridade de denuncias descabidas. informo ao colega que tudo sera apurado aqui pela PGJ como de praxe e o agir desta PGJ. E se necessario o CNMP de tudo tera ciencia. Os tempos atuais, ilustre colega, sao outros. Agora ha portal de transparencia, o que anos atras não existia. Sua indignacao e a mesma minha. Abomino anonimato, calunias, injurias e difamacoes. Nisto estamos solidários” .(erros gramaticais conforme o original). (doc.05)

Do texto acima vê-se que a querelada, MARIA DE

FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO, afirma ser verdadeiro o

alegado no e-mail apócrifo recebido pelos membros do Ministério Público,

informando, outrossim, que à ela, o relatado no e-mail foi comunicado através

de documento enviado via protocolo, que se fazia acompanhar de cópias dos

documentos e cuja autenticidade documental e do seu conteúdo foram

confirmadas pela querelada.

Anote-se, que na mensagem eletrônica - e-mail - acima

transcrita, a querelada afirma que as acusações que diz ter recebido contra os

querelantes são verdadeiras. Isto é, afirma a querelada, que mesmo afastada

para estudo no exterior, recebia a primeira querelante, a Procuradora de

Justiça Themis Maria Pacheco de Carvalho, gratificação por serviços

extraordinários. Afirmando, ainda, a querelada, que recebeu cópias de

documentos funcionais, inclusive relacionados a pagamentos que

comprovavam todo o alegado.

Observe-se que alguns documentos relacionados a

servidores, dada à sua natureza, são protegidos por sigilo. No caso em

questão, na qualidade de gestora do órgão, os referidos documentos, inclusive

relacionados a pagamentos, estão sob sua guarda, isto é, sob a guarda da

querelada, a Procuradora-Geral de Justiça, Maria de Fátima Rodrigues

Travassos Cordeiro.

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Page 7: Queixa crime fátima travassos

As alegações na referida mensagem eletrônica, - e-mail,

que a Sra. Procuradora-Geral de Justiça diz serem verdadeiros, não o são, e

ela bem o sabe. Não recebeu a primeira querelante, após afastada para

estudos na Espanha, qualquer vantagem a título de gratificação por serviços

extraordinários.

É inegável que toda essa polêmica causada pelo texto do

e-mail enviado em resposta pela Sra. Procuradora-Geral de Justiça na ante-

véspera de uma eleição ao Conselho Superior, no qual concorriam dois de

seus opositores, tinha o fim torpe e vil de tentar influir no ânimo daqueles que

compõem o colégio eleitoral, uma vez que lançava sobre os querelantes

suspeitas de condutas ilícitas e ímprobas.

Evidentemente, que na qualidade de gestora do órgão

ministerial e, portanto, com dever de cuidar de todos os documentos que

compõem o acervo da vida funcional dos membros e servidores desta

instituição, isto é, do Ministério Público Estadual, principalmente aqueles

relacionados a salários, tem a querelada o dever de guardá-los e arquivá-los de

forma devida, não permitindo o manuseio destes, por estranhos que possam

utilizá-los indevidamente, como o foi, no caso presente, cabendo a todos os

que os manipulam, e, inclusive, principalmente à gestora, ora querelada, o

dever de sigilo em face das informações constantes nos documentos sob sua

guarda.

Em seguida ao recebimento de falaciosa noticia criminis e

baseada em documentos extraídos do arquivo pessoal da primeira querelante

que estão sob a guarda da Procuradoria- Geral de Justiça, órgão gerido pela

autoridade ora querelada, Procuradora-Geral de Justiça Maria de Fátima

Rodrigues Travassos Cordeiro, que propalou 1 , divulgou 2 noticias ofensivas à

honra dos querelantes, mesmo sabendo não serem verdadeiras. Embora

sabedora da inverdade enviou através de mensagem eletrônica transmitida de

seu aparelho funcional blackberry, e do seu endereço de e-mail privado,

correspondência via e-mail endereçada aos querelantes, a toda a classe de

1 Tornar público, divulgar, espalhar. Dicionário HOUAISS. 2 Tornar pública alguma coisa desconhecida por outrem, propagar, publicar, espalhar, propalar. (idem).

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Page 8: Queixa crime fátima travassos

Procuradores e Promotores de Justiça do Ministério Público do Estado do

Maranhão, e aos particulares acima identificados e também ao blog

[email protected].

Na mensagem enviada aos destinatários acima descritos

e ao blog, a querelada repisa sobre a veracidade da notícia recebida através do

protocolo, afirmando que já fizera um juízo de avaliação preliminar, quando

solicitara “informacoes (sic) acerca da autenticidade dos docs em copias(sic),

bem como, do pagamento, os quais ja(sic) foram confirmados existentes pela

CGP e pela FP”, configurando-se tal assertiva em crime contra a honra dos

querelantes.

As supostas irregularidades narradas nos documentos

que foram supostamente enviados à querelada, a Procuradora-Geral de

Justiça, Maria de Fátima Rodrigues Travassos Cordeiro, deram origem ao

Processo Disciplinar nº 7554AD/2011 – 1º vol. “DENÚNCIA, documento de

origem: PGJ, autuado em 28/09/2011 Hora: 09:50:04, interessado: Marco

Antonio de Sousa”, tendo o ali articulado sido divulgado pela querelada através

de mensagem de correio eletrônico endereçada ao segundo querelante, com

cópia, repita-se, para todos os membros do Ministério Público do Maranhão e

ao blogs. Em cuja mensagem afirmava que após receber a referida carta

anônima, com notícias de “irregularidades de sua administracao, pagamentos

indevidos a titulo de gratificacao por serviços extraordinarios a membro

assessor afastado de suas funcoes para curso no exterior. Ao tomar

conhecimento tive o cuidado de solicitar informacoes acerca da autenticidade

dos docs em copias, bem como do pagamento, os quais já foram

confirmados existentes pela CGP e pela FP” (grifos nosso e erros

gramaticais no original), constituem-se em crimes contra a honra dos

querelantes, pois, seguramente, com o objetivo de influir no pleito que se

realizaria no dia 03.10, ou seja, apenas dois dias depois do envio do e-mail.

Sob nenhum aspecto, nenhum setor da Procuradoria-

Geral de Justiça informou à querelada nos documentos e manifestações

constantes da averiguação preliminar que esta, “teve o cuidado de solicitar”,

que o narrado na correspondência anônima, que, coincidentemente, vazou no 8

Page 9: Queixa crime fátima travassos

mesmo dia para a imprensa era verdadeiro, conforme se verifica da

documentação acostada aos autos do Processo Administrativo de nº

7554AD/2011, vol 1, cuja cópia segue em anexo (doc.15), vejamos:

Foi a primeira querelante, a Procuradora de Justiça

Themis Maria Pacheco de Carvalho, nomeada Assessora Especial da

Procuradoria-Geral de Justiça, pelo ATO nº 2961, de 17.06.2002,

posteriormente, por Portaria de nº 1338, de 01 de julho de 2002, lhe foi

concedida gratificação adicional por serviços extraordinários no percentual de

100% (cem por cento) incidente sobre o valor da representação do cargo em

comissão. Por Portaria de nº 1421, de 09.07.2003, juntamente como os

Promotores de Justiça, também Assessores, Martha Helena C. Ribeiro Freitas

e Antonio Augusto N. Lopes lhe foi concedida gratificação adicional por

Serviços Extraordinários, no percentual de 37% às duas primeiras e 46% para

este último, (doc.06).

Por Portaria de nº 2181, de 21.11.2001, foi concedida à

primeira representante, Themis Maria Pacheco de Carvalho, 118 (cento e

dezoito) dias de férias. Em seguida, por Portaria nº 0577 de 13.03.2003, foi-lhe

concedido mais 60 (sessenta) dias de férias. Posteriormente, por Portaria nº

1567, de 30.07.2003 foram-lhe concedidos 20 (vinte) dias de licença para

tratamento de saúde, que foram prorrogados por mais 30 (trinta) dias, através

da Portaria de nº 1785, de 25.08.2003. Através da Portaria de nº 1966, de

18.09.2003, foi-lhe concedido o gozo de 150 (cento e cinqüenta) dias de

licença especial.

Por Portaria de nº 0219 de 20.01.2004, foi autorizado o

afastamento da Promotora de Justiça, primeira querelante, Themis Maria

Pacheco de Carvalho, para “freqüentar o Programa de Doutorado e Diploma de

Estudos Avançados em “PROBLEMAS ACTUALES DEL DERECHO PENAL Y

DE LA CRIMINOLOGIA” na Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha-

Espanha pelo prazo de 2 (dois) anos, a partir de 14 de fevereiro de 2004”.

(doc.02).

9

Page 10: Queixa crime fátima travassos

Por Ato de nº 3344, de 14 de fevereiro de 2004, mesmo

dia em que autorizado o afastamento, foi a primeira representante

EXONERADA, a pedido, do Cargo em Comissão de Assessor Especial.

(doc.07).

Foram anexados aos autos do processo originado com a

estranha e apócrita carta, denúncia, por determinação da querelada, as

FICHAS FINANCEIRAS da primeira querelante referente aos anos 2002/2011.

A ficha financeira da primeira querelante referente ao ano

de 2004 comprova que esta apenas percebeu gratificação adicional por

serviços extraordinários no percentual de 37% apenas até o mês de janeiro de

2004, do mesmo modo como ocorreu com a percepção da gratificação de

representação do cargo em comissão.

Assim, inegável que a Portaria de nº 2131/2006-GPGJ, de

14.08.2006, fazendo cessar os efeitos da Portaria de nº 1421, datada de

14.07.2003, era um ato que nenhum efeito produziu em relação à primeira

querelante, uma vez que esta, desde o longínquo mês de fevereiro/2004 não

mais percebia a referida gratificação. Com isso, fica demonstrada a deliberada

má fé da querelada em denegrir a honra dos querelantes, e com isto ter

influenciado no pleito eleitoral.

A documentação acostada à presente queixa crime

demonstra que a primeira querelante, Themis Maria Pacheco de Carvalho, não

recebeu gratificação por serviços extraordinários, ou a qualquer outro título,

enquanto esteve afastada, por autorização do Conselho Superior do Ministério

Público, para estudos no exterior, muito embora exista previsão legal para que

tal ocorra, uma vez que é direito assegurado pela LC 075/1993 no seu art. 204

e §2º, que prevê que o membro do Ministério Público pode se afastar de suas

funções sem prejuízo dos vencimentos, vantagens ou qualquer direito inerente

ao cargo3.

3 Art. 204. O membro do Ministério Público da União poderá afastar-se do exercício de suas funções para:I - freqüentar cursos de aperfeiçoamento e estudos, no País ou no exterior, por prazo não superior a dois anos, prorrogável, no máximo, por igual período;§ 2º Os casos de afastamento previstos neste artigo dar-se-ão sem prejuízo dos vencimentos, vantagens ou qualquer direito inerente ao cargo, assegurada, no caso do inciso IV, a escolha

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Page 11: Queixa crime fátima travassos

No mesmo sentido, a Resolução de nº 01/99 do Conselho

Superior do Ministério Público, que regulamentava à época, o afastamento de

membros do Ministério Público para freqüentar cursos ou seminários de

aperfeiçoamento e estudo, dispõe no seu art. 7º que “As autorizações para

afastamento serão concedidas sem prejuízo dos vencimento e vantagens a que

faz jus o interessado” (doc. 08).

No entanto, ao contrário de fazer uso do permissivo legal

previsto em lei e na resolução que regulamenta a matéria, que permitia à

primeira querelante continuar a perceber as vantagens do cargo em comissão,

optou esta por pedir exoneração do cargo de Assessora Especial no mesmo

dia em que teve autorizado seu afastamento (doc. 07).

O afastamento em férias4, com a percepção de todas as

vantagens é direito assegurado pelo Estatuto do Servidor Público do Estado do

Maranhão, legislação que pode ser usada subsidiariamente, em caso de

omissão de nossa Lei Complementar.

Portanto, senhor Desembargador Presidente, nenhuma

ilegalidade ou irregularidade foi praticada pelos querelantes com relação a

pagamentos efetuados pelo segundo querelante, Raimundo Nonato de

Carvalho Filho, a qualquer título, à primeira querelante, Themis Maria Pacheco

de Carvalho, em especial, a título de gratificação por serviços extraordinários,

conforme afirmado e propalado pela querelada.

Ao lançar suspeitas sobre os nomes dos querelantes, e

tentar macular a credibilidade e respeitabilidade que estes gozam junto à

classe e, à população em geral, com divulgação de inverdades, das quais sabe

a querelada Maria de Fátima Travassos Rodrigues Cordeiro, serem os

querelantes inocentes, uma vez que toda a documentação que determinou

fosse juntada aos autos lhes demonstraram o contrário do narrado na

documentação apócrifa que diz ter recebido, e, ainda assim, sabendo falsa a

da remuneração preferida, sendo o tempo de afastamento considerado de efetivo exercício para todos os fins e efeitos de direito.4 Art. 110 Lei 6.107/1994. “Durante as férias o servidor terá direito todas as vantagens do seu cargo”.

11

Page 12: Queixa crime fátima travassos

afirmação, haver dado divulgação a estes, alegando que foi confirmada a

autenticidade dos documentos, “bem como do pagamento, os quais foram

confirmados existentes pela CGP e pela FP”, praticou a querelada crime contra

a honra destes querelantes.

A conduta imputada aos querelantes pela querelada, isto

é, a imputação de que a primeira recebeu indevidamente verbas públicas

pagas pelo segundo, o então Procurador-Geral de Justiça Raimundo Nonato de

Carvalho Filho configura-se, em tese, no delito tipificado no art. 312 do Código

Penal.

As aleivosias articuladas pela querelada, Procuradora-

Geral de Justiça, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO,

através do seu e-mail [email protected], cuja cópia segue em anexo,

e cujo e-mail foi enviado ao TODOS os membros do parquet maranhense, a

alguns particulares e inclusive a blogs, o que amplia em esfera não mensurável

a divulgação, pois ao propalar, divulgar que a primeira querelada apropriou-

se de dinheiro público que lhe foi pago em virtude de desvio praticado pelo

segundo querelado, o então Procurador-Geral de Justiça Raimundo Nonato de

Carvalho Filho, quando este efetuava pagamento de gratificação por serviços

extraordinários, no percentual de 37% à primeira, muito embora estivesse a

primeira querelante afastada do cargo de Assessora Especial, em razão de

afastamento autorizado para freqüentar curso no exterior, a querelada MARIA

DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO propalou e divulgou

que ambos os querelantes praticaram o ato ilícito tipificado como peculato,

ofendendo, desse modo, dolosamente, a reputação de ambos.

Divulgar e ou propalar por qualquer meio a imputação de

crime, no caso peculato, cuja autoria atribuiu aos querelantes, muito embora

tivesse convicção de que o articulado na carta anônima que diz ter chegado às

suas mãos através de protocolo, é falso, configurando-se, dessa forma, na

prática de fato típico e antijurídico definido como crime de calunia5. A ciência

5 Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga

12

Page 13: Queixa crime fátima travassos

de que o articulado não era verdade deve-se, principalmente, em virtude do

resultado da averiguação preliminar que a querelada diz ter mandado fazer, e

cujos documentos nada comprovaram nesse sentido (doc. 05).

Do mesmo modo e no mesmo ato incidiu ainda a

querelada na prática do crime de difamação6, quando imputou aos querelantes

a prática de atos ofensivos às suas reputações, configurando-se nos delitos

tipificados nos arts. 138 § 1º e 139 do Código Penal, calúnia e difamação,

incidindo sobre estes as causas de aumento de pena previstas nos incisos II e

III do art. 141 do Código Penal, em virtude do alegado contra os querelantes ter

sido formulados em razão do cargo que estes exercem e, portanto, na condição

de funcionários públicos, além da utilização de meio que facilitou a divulgação

da calunia e difamação praticadas contra os mesmos.

A conduta praticada pela querelada MARIA DE FÁTIMA

RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO sofre ainda a circunstância de

aumento de pena em razão das agravantes contidas no art. 61 incisos, I alínea

“a” (motivo torpe) uma vez que tinha o fim de influir em processo eleitoral,

criando fato que atingisse a honra e dignidade dos querelantes e, ainda mais, a

agravante do inciso II, alínea “g” com abuso de poder e violação de dever -

sigilo - inerente ao cargo, uma vez que não poderia se manifestar publicamente

sobre fatos acerca dos quais tem conhecimento em razão do cargo que ocupa,

todos os artigos são do Código Penal vigente.

DO DIREITO

Diante do exposto, entendem os querelantes, por seus

advogados, que a querelada, Procuradora-Geral de Justiça a Sra. MARIA DE

FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO infringiu o disposto nos

seguintes artigos da Lei Substantiva Penal, vez que ofendeu a honra objetiva e

subjetiva dos querelantes, quando além destes, terceiros tomaram

6 Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.13

Page 14: Queixa crime fátima travassos

conhecimento do irrogado no e-mail enviado ao endereço eletrônico de TODOS

os Promotores e Procuradores de Justiça do Estado do Maranhão, aos

particulares com endereços de e-mail identificados no início desta peça e ao

[email protected] este, com alcance global, através da rede

mundial de computadores:

1. Artigo 138 (Calúnia) do Código Penal brasileiro, ao

imputar falsamente aos querelantes o crime previsto no artigo 319 do mesmo

estatuto (Prevaricação), quando afirma: “Caro colega, fui surpreendida, mais

uma vez, com uma carta anonima protocoloda no setor de protocolo da

PGJ.. agora, desta feita acompanhada de copias de portarias,

denunciando possiveis irregularidades de sua administracao,

pagamentos indevidos a titulo de gratificacao por servicos

extraordinarios a membro assessor afastado de suas funcoes para curso

no exterior. Ao tomar conhecimento tive o cuidado de solicitar

informacoes acerca da autenticidade dos docs em copias, bem como do

pagamento, os quais ja foram confirmados existentes pela CGP e pela

FP”. (erros gramaticais constantes no texto original).

Ney Moura Teles7, ao discorrer sobre o crime de calúnia,

assevera que:

“(..) O agente deve imputar a alguém a prática de um fato definido como crime. Deve ser um fato determinado, certo, exato, preciso, específico. Não é indispensável que, na imputação, estejam descritas todas as circunstâncias que envolveram o acontecimento, mas apenas que ele possa ser perfeitamente compreendido. O fato deve ser um daqueles definidos em lei como crime em uma norma penal incriminadora em vigor, não podendo ser uma contravenção penal. A imputação pode ser falsa porque o fato típico não aconteceu, ou se aconteceu não foi praticado pela vítima. A imputação pode ser direta, explícita ou implícita, ou sub-reptícia. Pode ser também reflexa. Direta quando o agente atribui clara e expressamente à vítima a prática de fato típico de crime (...)”.

7 TELES, Ney Moura. Direito Penal. Parte Especial. Arts. 121 a 234 do CP. São Paulo: Editora Atlas, 2004, p. 261-262

14

Page 15: Queixa crime fátima travassos

A jurisprudência corrobora o que explanado acima, senão

vejamos:

“Para que a calúnia se tipifique, é necessário que tenha sido imputado fato determinado e não apenas atribuída má qualidade, pois o que esta pode configurar é injúria.” (TACrSP, RT 570/336).

“A calúnia se consuma desde que a falsa imputação é ouvida, lida ou percebida por uma só pessoa que seja, diversa do sujeito passivo”. (JTACrim, 41/327).

Tal situação concretizou-se, pois a querelada atribui

imputação criminosa aos querelantes totalmente não consentâneas com a

realidade, e tal imputação amolda-se perfeitamente ao disposto no art. 312, do

Código Penal brasileiro, que assim preconiza:

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Nesta situação, cristalino está que a querelada MARIA

DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO afirma que a primeira

querelante Procuradora de Justiça THEMIS MARIA PACHECO DE

CARVALHO, apropriou-se de dinheiro público em razão do cargo,

enquanto o segundo querelante, Procurador de Justiça RAIMUNDO NONATO

DE CARVALHO FILHO, desviou dinheiro público em proveito alheio, in

casu, em proveito da primeira querelante, dinheiro este, sobre o qual

tinha o poder de gestão em razão do cargo que ocupava à época,

Procurador-Geral de Justiça.

Pelo que foi exposto, vislumbra-se a total incoerência na

atribuição de prática criminosa a alguém que somente cumpriu suas obrigações

de modo correto, no caso do segundo querelante RAIMUNDO NONATO DE

CARVALHO FILHO; de alguém que agiu conforme a lei, e, no caso da primeira

querelante THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO que recebeu a

15

Page 16: Queixa crime fátima travassos

gratificação concedida conforme disposição legal e que, por nenhum lapso

temporal a percebeu enquanto autorizada a se afastar para estudo no exterior.

A lisura das condutas de ambos pode ser atestada pela

aprovação das contas da gestão do segundo querelante quando da apreciação

pelo Órgão competente, o Tribunal de Contas do Estado (doc.09).

Sendo assim, aclarando que seriedade nada tem a ver

com ilegalidade ou arbitrariedades, corrobora-se que a intenção da querelada

foi atingir a integridade e a honra objetiva daqueles que agiram conforme a lei,

ao atribuir a estes a autoria de condutas ilícitas e antijurídicas tipificadas na lei

penal, o que denigre a honra subjetiva e objetiva dos ofendidos.

E nesta senda, como se visualiza claramente, irrefutável é

a existência no envio de e-mail a terceiros contendo informação e imputação

falsa de uma conduta contrária à lei, mais precisamente do crime de

prevaricação, inferindo-se, assim, que a querelada incorreu nas sanções

aflitivas do artigo 138, do Código Penal.

2. Artigo 139 (Difamação) do Código Penal, dando

continuidade à análise do documento – e-mail - elaborado e enviado pela

querelada MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO,

através do seu aparelho blackberry, de uso funcional e usando do seu

endereço eletrônico, [email protected], e-mail este de conteúdo

agressivo, desrespeitoso e desonroso, temos a atribuição ao mesmo de

infração ao artigo 139 (Difamação) do Código Penal brasileiro, haja vista que

a querelada imputa aos querelantes o fato de praticarem crime - peculato -

beneficiando-se de possível sigilo existente anteriormente “anos atrás” na

administração do Ministério Público, em proveito próprio ou alheio, neste caso,

da primeira querelante THEMIS MARIA PACHECO DE CARVALHO, sugerindo

que na administração do segundo querelante, RAIMUNDO NONATO DE

CARVALHO FILHO, não havia respeito aos princípios da legalidade e

publicidade que regem a administração pública, o que lhe permitiu desviar

recursos públicos em favor da primeira querelante, ao dizer textualmente, como

claramente descrito no texto enviado pela querelada “...denunciando

16

Page 17: Queixa crime fátima travassos

possiveis irregularidades de sua administracao, pagamentos indevidos a

titulo de gratificacao por servicos extraordinarios a membro assessor

afastado de suas funcoes para curso no exterior. Ao tomar conhecimento

tive o cuidado de solicitar informacoes acerca da autenticidade dos docs

em copias, bem como do pagamento... Os tempos atuais, ilustre colega,

sao outros. Agora ha portal de transparencia, o que anos atras não

existia...”(erros gramaticais no original).

A situação acima aludida é concreta, pois existe, nas

palavras da querelada, claro sentido ofensivo, e como – há muito tempo –

ensinava e continua ensinando Nelson Hungria8:

“A difamação consiste na imputação de fato que, embora sem revestir caráter criminoso, incide na reprovação ético-social e é, portanto, ofensivo à reputação de quem se atribui.”

Quando a querelada MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES

TRAVASSOS CORDEIRO afirma que “os tempos atuais são outros” e que

“agora ha um portal da transparência, o que anos atras não existia (sic)”, atribui

a ambos os querelantes um caráter vil de conduta não condizente com a

realidade do comportamento destes, e com o conceito que gozam na

sociedade.

Na situação presente, vê-se que a intenção da querelada

era ferir a honra dos querelantes, questionando suas condutas, enquanto

membros em exercício de cargos na administração superior do Ministério

Público Estadual, à época gerido pelo segundo querelante, RAIMUNDO

NONATO DE CARVALHO FILHO, tendo esta dolosamente arrogado-lhe fato

inverídico, apontando que os querelantes se mostraram dissimulados, que

tiveram conduta nebulosa e arbitrária na gestão pública durante a

administração do segundo querelante RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO

FILHO, em que a primeira querelante THEMIS MARIA PACHECO DE

CARVALHO serviu como Assessora Especial antes de ser exonerada, a

8 HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 4ª ed., v. VI. Rio de Janeiro: Forense, 1958, p. 84-85

17

Page 18: Queixa crime fátima travassos

pedido, e afastar-se, em seguida, para a realização de curso de pós-graduação

no exterior. Em tal contexto, os Tribunais pátrios assim se posicionam:

“Na difamação há afirmativa de fato determinado”. (TACrSP, RT 498/316)

“A difamação requer intenção dolosa”. (STF, Pleno- RT 612/395)

“O ânimo de difamar é elemento subjetivo que está implícito no tipo”. (TACrSP, RT 612/314)

Inquérito 2543/AC-ACRE INQUÉRITORelator(a):  Min. MARCO AURÉLIOJulgamento:  19/06/2008           Órgão Julgador:  Tribunal Pleno

Ementa INJÚRIA VERSUS DIFAMAÇÃO. A difamação pressupõe atribuir a outrem fato determinado ofensivo à reputação. Na injúria, tem-se veiculação capaz de, sem especificidade maior, implicar ofensa à dignidade ou ao decoro. Difamação é um termo jurídico que consiste em atribuir a alguém fato determinado ofensivo à sua reputação, honra objetiva, e se consuma, quando um terceiro toma conhecimento do fato. De imputação ofensiva que atenta contra a honra e a reputação de alguém, com a intenção de torná-lo passível de descrédito na opinião pública. A difamação fere a moral da vítima, a injúria atinge seu moral, seu ânimo.

Deste modo, como aposto anteriormente, vislumbra-se

perfeitamente, na conduta da querelada MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES

TRAVASSOS CORDEIRO, autora dos delitos, a intenção clara de difamar e de

tentar desacreditar a reputação dos querelantes, construída e sedimentada na

sociedade em virtude de tantos anos de trabalho desenvolvidos com a maior

retidão, não apenas na esfera pública, como também na esfera privada.

Deve ser ressaltado que a querelada MARIA DE FÁTIMA

RODRIGUES TRAVASSOS, anteriormente tinha opinião diversa acerca da

conduta e honra da primeira querelante, o que caracteriza o dolo específico no

presente caso, quanto à Procuradora de Justiça THEMIS MARIA PACHECO

DE CARVALHO, uma vez que enquanto Presidente da Associação do

Ministério Público do Estado do Maranhão - AMPEM - nomeou esta para dirigir

o Departamento Cultural durante a sua gestão que se estendeu até o ano de

2003, quando ainda não considerava incompatível atuar em Diretoria de órgão

18

Page 19: Queixa crime fátima travassos

por ela dirigido e ser Assessora do então Procurador-Geral de Justiça, o

segundo querelante Raimundo Nonato de Carvalho Filho, (doc.10).

Bem assim, como já agora, como Procuradora-Geral de

Justiça convidou e indicou à primeira querelante para coordenar o Centro de

Apoio Operacional da Infância e Juventude durante o período 07.05 a

20.10.2009 (doc.11), cargo que a primeira querelante renunciou,

posteriormente, em virtude de divergências quanto ao modo operacional. A

primeira querelante foi ainda designada pela querelada para integrar comissão

processante (doc.12), recebeu também delegação de atribuições para assinar

Protocolo de Intenções da Rede Maranhense de Justiça Juvenil, representando

a Procuradora-Geral de Justiça, ora querelada (doc.13).

Demonstram os documentos retro mencionados que a

querelada confiava na primeira querelante a ponto de delegar-lhe atribuições

para assinar protocolos em seu nome, para designá-la para compor comissão

processante e Coordenar Centro de Apoio Operacional. Já, agora, ao divulgar

comentários caluniosos e difamatórios sobre a mesma, bem revela de forma

inequívoca a existência dos animus caluniandi e animus difamandi.

Portanto, vê-se que as inverdades articuladas pela

querelada MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO, que

atingiram a honra objetiva e subjetiva dos querelantes tinham o fim de influir no

processo eleitoral, de criar dúvidas acerca da retidão moral e de suas

condutas, evidenciando que todo o alardeado coaduna-se improcedente,

merecendo portanto a querelada, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES

TRAVASSOS CORDEIRO punição rigorosa pelas inverdades proferidas, bem

como pelo alcance dado às mesmas.

Sendo assim, e percebendo-se, sem sombra de dúvidas,

animus caluniandi e animus difamandi no comportamento ostentado, é

pertinente a atribuição de tal conduta contrária à lei à querelada MARIA DE

FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO.

19

Page 20: Queixa crime fátima travassos

Frise-se que todos os delitos acima nominados devem ser

combinados, também, com o artigo 141, inciso II, do já referido Decreto-Lei,

que afirma:

Art. 141- As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

II- contra funcionário público, em razão de suas funções;

Mediante o que foi narrado, o aumento alardeado se aduz

imprescindível, pois houve uma ofensa leviana a dois Procuradores de Justiça

em razão de suas funções, que se coadunou sem nenhuma procedência.

Magalhães Noronha9, sobre o tema, expõe:

“A pena contra a ofensa que se relaciona ao exercício de suas funções; cogita-se, portanto, da vida funcional, que deve ser mais fortemente defendida, pois, também, a dignidade da função é aqui atingida. Devem, por isso, a injúria, difamação e calúnia assacadas contra o funcionário relacionar-se ao exercício do cargo que exerce”.

E a jurisprudência também aclara:

“Para que incida, não basta que o ofendido seja funcionário público, sendo necessário que a ofensa tenha como alvo e motivação essa qualidade da vítima”. (STF, RT 570/412)

Assim sendo, a incidência do art. 141, inciso II, CPB,

mostra-se necessária, pois há um vínculo entre a ofensa feita e a função

exercida pelos ofendidos, em virtude de todos os atributos colacionados pela

autora das ofensas apresentarem-se contra membros de Instituição Pública, no

caso, do Ministério Público do Estado do Maranhão e, deste modo, arrogarem-

se, exclusivamente, contra as qualidades inerentes de funcionário. E, em vista

disso, aplicarem-se em razão da condição desempenhada, ensejando, por

conseqüência, uma maior reprimenda.

9 MAGALHÃES NORONHA, Edgard. Direito Penal. V.2, 25 ed., São Paulo: Saraiva, 1991, p. 133.

20

Page 21: Queixa crime fátima travassos

Vale lembrar que a querelada MARIA DE FÁTIMA

RODRIGUES TRAVASSOS CORDEIRO tem perfeito conhecimento da

responsabilidade que advêm do uso de expressões afirmativas de suposições

lançadas sobre a honra de outrem. O e-mail enviado pela querelada,

profissional do direito que é, e que, por dever de ofício, deve conhecer a

linguagem técnica viola, na sua investida, a honra dos querelantes THEMIS

MARIA PACHECO DE CARVALHO e RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO

FILHO.

Cabe lembrar a incidência do artigo 70 do já referido

Estatuto Repressivo Penal, em sua última parte, que caracteriza o concurso

formal imperfeito de crimes, verbis:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (grifos nossos)

Por fim, discutindo-se a questão relativa a competência

para processar e julgar o presente feito, não restam dúvidas de ser o foro

competente este Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, como

determina o art. 81, inciso II da Constituição do Estado do Maranhão.

Quanto a competência processual, a jurisprudência do

Superior Tribunal de Justiça é unânime em reconhecer que a exasperação da

pena configurada em casos de concurso formal, afasta de plano a competência

dos Juizados Especiais, transferindo-a para a Justiça Comum, neste caso, a

competência é definida pelo somatório do máximo das penas em abstrato,

cominada aos delitos, cuja autoria se atribui à querelada.

In verbis:

“HABEAS CORPUS PREVENTIVO. INJÚRIA, CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. CONCURSO DE CRIMES. COMPETÊNCIA DEFINIDA PELA SOMA DAS PENAS MÁXIMAS COMINADAS AOS DELITOS. JURISPRUDÊNCIA DESTE STJ. PENAS SUPERIORES A 2 ANOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA

21

Page 22: Queixa crime fátima travassos

ESTADUAL. PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL PARA O PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA CAUSA. 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte de que, no caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material, ou a exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas cominadas aos delitos; destarte, se desse somatório resultar um apenamento superior a 02 (dois) anos, fica afastada a competência do Juizado Especial. 2. No caso dos autos imputa-se ao paciente a prática de crimes de calúnia, injúria e difamação cuja soma das penas ultrapassa o limite apto a determinar a competência do Juizado Especial Criminal. 3. Parecer do MPF pela concessão da ordem. 4. Ordem concedida.”(HC 143500/PE. HC 2009/0147523-5. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. 5ª Turma. DJe 27.06.2011). (grifos nosso).

Por último, quanto ao cabimento de ação penal privada

argüi-se que, não obstante a legislação processual penal tenha previsão de

que em caso de crimes contra a honra praticados em desfavor de funcionário

público, moralmente ofendido em razão de suas funções, a ação penal seja de

ação pública condicionada à representação, o Supremo Tribunal Federal

entende que existe legitimidade concorrente do ofendido, ou seja, que o que

existe é uma alternativa à disposição do ofendido, acerca da conveniência de

este representar por ação publica condicionada e, jamais, como privação ao

direito deste, servidor público, de formular a competente queixa, o que

equivaleria à privação do seu direito de queixa.

As particularidades óbvias do presente caso impõem o

exercício da ação penal privada, uma vez que a autoridade que teria

atribuições para representar criminalmente um Procurador de Justiça, é,

exatamente, aquela autoridade que é representada criminalmente no presente

instrumento como autora dos delitos, ou seja, a Procuradora-Geral de Justiça

do Estado do Maranhão, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS

CORDEIRO.

Acerca da possibilidade de ação penal privada em casos

em que se procede mediante representação, ou seja, em caso de ação penal

pública condicionada a representação, em face de funcionários públicos

22

Page 23: Queixa crime fátima travassos

atingidos em sua honra, em razão do seu cargo, assim tem se posicionado o

Supremo Tribunal Federal:

“EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS-CORPUS. AÇÃO PENAL PRIVADA.CRIMES CONTRA A HONRA. OFENSA PROPTER OFFICIUM. LEGITIMIDADE CONCORRENTE. A legitimidade para a propositura da ação penal privada nos crimes contra a honra é, via de regra, do ofendido. Essa regra sofre exceção quando o crime é praticado contra servidor público, em razão do exercício do cargo, dada a necessidade de tutelar outro bem jurídico, que é o prestígio da Administração Pública. Nessa circunstância a ação penal passa a ser pública condicionada à representação. Contudo, para dar efetividade ao preceito constitucional que tutela a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, a legitimidade deve ser concorrente, cabendo tanto a ação penal privada, quanto a ação penal pública condicionada à representação do funcionário. Recurso ordinário em habeas-corpus ao qual se nega provimento” (RHC 82549 / PA - PARÁ RECURSO EM HABEAS CORPUSRelator: Min. EROS GRAUJulgamento: 24/08/2004 Órgão Julgador: Primeira Turma. (sem grifos no original)

EMENTA: HABEAS-CORPUS. QUEIXA-CRIME OFERECIDA PELO CRIMECALÚNIA E RECEBIDA, PELO TRIBUNAL COATOR, PELO DE INJÚRIA. AÇÃOPENAL PRIVADA E AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA, NO CASO DE OFENSA PROPTER OFFICIUM: LEGITIMIDADE ATIVA CONCORRENTE. 1. Não pode o juiz, na fase processual do recebimento da queixa, desclassificar o crime nela indicado, dando nova definição jurídica ao fato, pois só o autor da ação penal tem poderes para tanto; pode o magistrado, contudo, faze-lo ao proferir a sentença (CPP, art. 383). Precedentes. 2. Têm legitimidade concorrente para propor a ação penal por crime contra a honra, no caso de ofensa propter officium, tanto o ofendido, por meio de queixa-crime (ação penal privada), como o Ministério Público, acolhendo representação (ação penal pública condicionada). Precedentes. 3. O rito especial e sumário do habeas-corpus não se compadece com o reexame de fatos e provas. 4. Habeas-corpus conhecido e deferido, em parte. (HC 76024 / RJ - RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUSRelator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊAJulgamento: 16/12/1997 Órgão Julgador: Segunda Turma) (original sem grifos).

23

Page 24: Queixa crime fátima travassos

DAS PROVAS

Além da documentação que acompanha a presente

representação, protesta-se por todos os meios de provas admitidas, em

especial, periciais, testemunhais, documentais, depoimentos pessoais da

querelada e de todos os envolvidos na lide.

Requer-se ainda, que seja determinado à querelada, que

apresente as imagens do serviço de segurança do prédio da Procuradoria

Geral de Justiça para que seja identificada a pessoa que deu entrada no

protocolo do órgão, do documento em questão, isto é, a “carta anônima”, cuja

autoria foi atribuída a alguém denominado Marco Antonio de Sousa, que não é

servidor do Ministério Público conforme faz prova a relação de funcionários do

Ministério Público do Estado do Maranhão (doc.14), fato este que dificulta

ainda mais o acesso a documentos sigilosos sob a guarda da Procuradoria

Geral de Justiça.

DO PEDIDO

Assim, Excelentíssimo Senhor Presidente do Egrégio

Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, THEMIS MARIA PACHECO DE

CARVALHO e RAIMUNDO NONATO DE CARVALHO FILHO, através de seus

advogados legalmente constituídos, requerem a Vossa Excelência que, nos

termos do artigo 396, do CPP, receba a presente QUEIXA-CRIME oferecida

contra a querelada MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES TRAVASSOS

CORDEIRO, como incursa nas penas dos artigos 138 § 1º e 139 do Código

Penal, calúnia e difamação, incidindo sobre estes as causas de aumento de

pena previstas no art. 141 incisos II e III do Código Penal, em virtude dos fatos

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Page 25: Queixa crime fátima travassos

alegados contra os querelantes terem sido formulados em razão do cargo que

exercem e, portanto, na condição de funcionários públicos, além da utilização

de meio que facilitou a divulgação da calunia e difamação praticadas contra os

querelantes, sobre a qual incide, ainda, a circunstancia de aumento de pena

em razão das agravantes contidas no art. 61 incisos, I alínea “a” (motivo torpe)

uma vez que tinha o fim de influir em processo eleitoral, criando fato que atingiu

a honra e dignidade dos querelantes, e também, a agravante do inciso II, alínea

“g” com abuso de poder e violação de dever - sigilo - inerente ao cargo, todos

do Código Penal vigente.

Passo seguinte seja ordenada a citação da querelada

para, em querendo, no prazo de 10 dias, apresentar resposta à acusação,

consoante art. 396-A do CPP.

Demais disso, requer-se, ainda, nos termos do art. 50 da

LC 13/1991, a notificação e oitiva das testemunhas abaixo arrolada, a fim de

que reste, devidamente, comprovado o intento vil posto em curso pela

querelada.

Por fim, nos termos do art. 387, do CPP, seja fixado, em

seguida, valor para reparação dos danos causados aos querelantes.

N. Termos,

P. Deferimento.

São Luis, 04 de novembro de 2011

Fernanda Jorge Lago Athos de Carvalho de Melo e Alvim

Advogada 0AB-MA 6836 Advogado 0AB-MA 10.007

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Page 26: Queixa crime fátima travassos

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. Sandra Soares Pontes, Promotora de Justiça da comarca de Pedreiras;

2. Tarcisio José Sousa Bonfim, Promotor de Justiça da comarca de João

Lisboa;

3. Paulo Roberto Saldanha Ribeiro, Procurador de Justiça.

4. Núbia Zeile Pinheiro Gomes, Promotora de Justiça da comarca de São Luís;

5. Lítia Teresa Costa Cavalcanti, Promotora de Justiça da comarca de São

Luís;

6. José Márcio Maia Alves, Promotor de Justiça da comarca de Barreirinhas;

7. Luís Fernando Cabral Barreto Júnior, Promotor de Justiça da comarca de

São Luís;

8. José Walter G. Silva Júnior, Coordenador da Folha de pagamento da

Procuradoria Geral de Justiça, com endereço profissional nesta cidade de São

Luís, à Rua Osvaldo Cruz nº 396 centro.

9. Ivoneide Queiroz Santos, Coordenadora de Gestão de Pessoas da

Procuradoria Geral de Justiça, com endereço profissional nesta cidade de São

Luís, à Rua Osvaldo Cruz nº 396 centro.

São Luis, 04 de novembro de 2011

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Fernanda Jorge Lago Athos de Carvalho de Melo e Alvim

Advogada 0AB-MA 6836 Advogado 0AB-MA 10.007

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