que fatores levam as empresas a adotar mídias sociais em ... · sociais combinam diversos recursos...
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v.13, n.6 Vitória-ES, Nov-Dez. 2016
p. 270 - 303 ISSN 1807-734X DOI: http://dx.doi.org/10.15728/bbr.2016.13.6.5
Recebido em 09/09/2015;Revisado em 29/09/2015; Aceito em 20/10/2015; Divulgado em 01/11/2016
*Autor para correspondência:
†. Doutor em Administração.
Vínculo: Universidade Nove de Julho - UNINOVE.
Endereço: Rua Comendador Roberto Ugolini, 549 – São Paulo –
SP - Brasil.
E-mail: [email protected]
Doutora em Administração pela FEA/USP,
Engenheira pela POLI/USP.
Vínculo: Universidade Federal do ABC – CECS -
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais
Aplicadas.
Endereço: UFABC – Campus São Bernardo - Rua
Arcturus, 3 - Jardim Antares - São Bernardo do
Campo – SP – Cep. 09606-070.
E-mail: [email protected] ou
Nota do Editor: Esse artigo foi aceito por Bruno Felix.
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
270
Que Fatores Levam as Empresas a Adotar Mídias Sociais em seus
Processos: Proposta e Teste de um Modelo de Medição
Jozé Braz de Araújo †
Universidade Nove de Julho- UNINOVE
Silvia Novaes Zilber Ω
Universidade Federal do ABC - UFABC
RESUMO
O objetivo deste estudo foi compreender que fatores levam as empresas a utilizarem mídias
sociais para alcançar resultados. Para isso, um modelo teórico foi proposto e testado. Os dados
foram coletados por meio de uma pesquisa que investigou 237 empresas. A análise utilizou a
técnica de modelagem de equações estruturais. Os resultados mostram que a vantagem
relativa da mídia social e sua possibilidade de observação foram fatores importantes para a
adoção dessa inovação por organizações. Verificou-se também que as grandes empresas com
Estrutura Organizacional (EO) mais formalizada tendem a adotar as mídias sociais mais do
que as pequenas empresas sem EO formalizada. As empresas estudadas mostraram forte
disposição organizacional para a adoção dessa inovação.
Palavras-chave: Mídia social; Inovação; Adoção de modelo de mídia social organizacional.
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1 INTRODUÇÃO
s mídias sociais promovem uma nova forma de comunicação entre
pessoas e entre pessoas e empresas utilizando ferramentas e serviços
disponíveis na Internet, como o Facebook, LinkedIn, Twitter, Blogger,
Wikipedia e YouTube. A utilização dessas ferramentas pode alterar
significativamente a relação entre a empresa e seus fornecedores,
clientes, funcionários e stakeholders, bem como com o público em geral,
que não tem relação direta com a organização mas quer ou pretende ter
essa relação, assim como candidatos a emprego, clientes ou fornecedores
potenciais e a imprensa. De acordo com Ngai et al. (2015), “o advento da mídia social mudou
substancialmente a maneira pelas quais muitas pessoas, comunidades e/ou organizações se
comunicam e interagem”.
De acordo com Safko (2010), as mídias sociais são formadas por inúmeros sites que
promovem comunicação e conversas entre milhões de pessoas, mas também são utilizados
para atingir o público-alvo de uma empresa. Os meios de comunicação envolvidos nas mídias
sociais combinam diversos recursos que compõem as plataformas de mídia social, incluindo a
publicação e o compartilhamento de conteúdo, tais como textos, vídeos, fotos e música. As
mídias sociais também incluem jogos casuais, sociais ou multiplayer em massa; comércio,
envolvendo a revisão de compras, recomendação de loja virtual e o compartilhamento de
compras; locais de evento e guias de localização; e redes sociais pessoais, profissionais ou
informais (CAVAZZA, 2012).
De acordo com dados da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico
(OCDE) em seu relatório de 2012 sobre a Economia da Internet, em média, 96% das empresas
da amostra, em países selecionados, utilizaram a Internet, e 69% possuíam seus próprios sites
em 2011. Além disso, uma porcentagem cada vez mais elevada de indivíduos utiliza a
Internet, especialmente as mídias sociais, para a comunicação, compras, aprendizagem,
relacionamentos sociais, serviços bancários, e muitas outras funções (OCDE, 2012). De
acordo com a OCDE (2012), na Europa, quase metade de todas as pessoas empregadas estão
conectadas à Internet no trabalho.
Em muitas partes do mundo, as empresas estão adotando a mídia social como uma
solução para várias questões caracterizadas como problemáticas, tais como a melhoria das
relações com os clientes (BRYNJOLFSSON, 2011), a promoção de novos produtos
A
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(CHAUHAN, 2011; FURLAN, 2011; FOLDEES, 2012), a divulgação de informações aos
empregados (SAFKO, 2010) e o recrutamento de empregados (FOLDEES, 2012).
Estes exemplos mostram de que forma a mídia social pode ser entendida como uma
inovação organizacional, conforme prescrito pelo Manual de Oslo (OCDE 2005), pois se a
inovação inclui a primeira utilização de novos métodos organizacionais em práticas de
negócios, seja na organização no local de trabalho ou nas relações externas da empresa, esta
inovação pode ser considerada como uma inovação organizacional.
De acordo com He et al. (2013), as empresas utilizam a mídia social para obter valor,
especialmente em termos de marketing, tais como aumentar a fidelização e retenção dos
clientes, melhorar a satisfação do cliente, entre outros. Culnan et al. (2010) também
argumentam que as grandes empresas podem obter valor a partir da mídia social, mas
afirmam que devem desenvolver estratégias de implementação baseadas em três elementos
(adoção consciente, capacidade de absorção e construção da comunidade). He et al. (2013)
também declaram que a inovação é uma atividade típica apoiada pelas mídias sociais.
O próprio ato de utilização das mídias sociais como uma ferramenta para obtenção de
valor pode ser considerado como uma adoção da inovação. Neste sentido, em nosso estudo, a
adoção da inovação (mídia social) refere-se à decisão dos indivíduos ou da organização em
utilizar uma inovação (ROGERS, 1983). Na verdade, Zhu et al. (2006) asseguram que as
inovações habilitadas pela Internet são os principais condutores da produtividade industrial;
no entanto, a menos que essas inovações prometidas sejam amplamente adotadas, os
benefícios serão reduzidos. Em seu estudo, os autores tentaram entender como algumas
variáveis (estar preparados para a tecnologia, a integração tecnológica, o tamanho da empresa,
o escopo global, os obstáculos administrativos, a intensidade da concorrência e
regulamentação do ambiente) influenciam a assimilação do e-business ao nível da empresa.
Os autores descobriram que a concorrência afeta a adoção no começo; também descobriram
que as grandes empresas apresentam vantagens de recursos no início, mas devem superar a
inércia estrutural nas fases posteriores. A última descoberta de Zhu et al. (2006) refere-se ao
fato de que em questões ambientais econômicas o ambiente regulatório desempenha um papel
mais importante nos países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos.
Portanto, é importante a compreensão do processo de adoção de mídias sociais
(entendidas como uma inovação) pelas organizações, inovação esta capaz de melhorar os
processos da empresa e sua produtividade.
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Neste sentido, realizaram-se vários estudos para investigar as características da adoção
de inovação por parte das organizações (ROGERS, 1983; MEYER; GÓES, 1988; SANKAR,
1991). No entanto, muitos desses estudos se limitaram a apenas transferir os modelos e
metodologias desenvolvidas para analisar a adoção individual de inovação tecnológica
(DAVIS, 1989; MOORE; BENBASAT 1991; AJZEN, 1991; THOMPSON et al. 1991;
DAVIS et al., 1992; TAYLOR; TODD 1995; COMPEAU; HIGGINS 1995; VENKATESH;
DAVIS, 2000; VENKATATIONS ESH et al., 2003; VENKATESH et al., 2012).
Em particular, na busca de artigos na base de dados Web of Science, nota-se também
que existem poucos estudos sobre a adoção de mídia social; e ao analisar os artigos mais
citados, pode ser visto que a maioria deles está focada na aceitação individual da mídia social
(CURTIS et al., 2010; EYRICH, 2008) em vez da adoção organizacional.
Por conseguinte, existe uma lacuna em termos de desenvolvimento e testes de um
modelo para verificar quais fatores afetam a adoção de mídias sociais por organizações como
um todo, e não apenas por um indivíduo. Tornatzky e Fleischer (1990) desenvolveram um dos
modelos mais conhecidos para analisar a adoção organizacional da inovação tecnológica, o
modelo Technology, Organization and Environment (TOE): o qual identifica três aspectos do
contexto de uma empresa que influenciam o processo pelo qual ele adota e implanta uma
inovação tecnológica: o contexto tecnológico, o contexto organizacional e o contexto
ambiental. A fim de ampliar o modelo TOE, Frambach e Schillewaert (2002) desenvolveram
um modelo conceitual multinível para verificar o comportamento da organização em termos
de adoção de inovações, incluindo alguns aspectos como as características percebidas do
adotante (a predisposição de inovar, por exemplo), participação na rede, entre outros.
Contudo, esses autores não desenvolveram nenhuma escala, a fim de medir efetivamente o
seu modelo para identificar os principais fatores que levam as empresas a adotar uma
inovação tecnológica.
Neste contexto, o objetivo da pesquisa foi “identificar quais são os principais fatores
que levam as empresas a adotar as mídias sociais para processos de negócios”.
A principal contribuição deste artigo está relacionada ao fato de que, apesar dos vários
estudos sobre a adoção individual de mídia social, existem poucos estudos sobre a adoção
pela empresa, tomada como um todo, compreendendo quais os fatores são percebidos como
cruciais a fim de adotar essa ferramenta em seus processos de negócios.
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Um modelo teórico foi proposto e testado para responder à questão da pesquisa para
avaliar os fatores que influenciam a adoção de mídia social pelas organizações. Para
responder ao objetivo da pesquisa, realizou-se um estudo empírico utilizando um
levantamento junto a 237 empresas que adotaram mídia social em seus processos de negócios.
Analisou-se o modelo com emprego da modelagem de equações estruturais, e nesta análise
buscou-se identificar o grau dessa adoção, que é entendida em termos da intensidade de sua
utilização em diversas áreas da empresa ou do negócio.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Por meio da inovação, as empresas visam atender à demanda dos consumidores por
eficiência e capacidade de resposta, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do
produto e reduzir o ciclo do projeto para permanecer à frente da concorrência.
O Manual de Oslo (OCDE 2005, p. 46) define o termo inovação como “a
implementação de um produto novo ou significativamente melhorado (bem ou serviço), ou
um processo, ou um novo método de marketing ou um novo método organizacional para
práticas de negócios, organização no local de trabalho ou nas relações externas”.
Um aspecto importante da inovação é a sua difusão, a qual é definida por Rogers (1983)
como o processo pelo qual uma inovação é adotada e aceita pelos membros de uma
determinada comunidade.
Um modelo amplamente utilizado de adoção de inovação é a Teoria Unificada de
Aceitação e Uso de Tecnologia (UTAUT), desenvolvido por Venkatesh et al. (2003), em que
os autores analisaram oito modelos proeminentes da adoção de inovações e propuseram o
modelo UTAUT. Todavia, mesmo esse modelo leva em conta a decisão individual na adoção
de uma inovação. Neste modelo, Venkatesh et al. (2003) observaram que, apesar da
Tecnologia da Informação (TI), a aceitação da pesquisa gerou muitos modelos concorridos, e
alguns aspectos eram ainda inexplorados; assim, desenvolveram uma profunda pesquisa sobre
a literatura da aceitação do usuário, discutindo oito modelos, entre eles, a teoria social
cognitiva. De acordo com Venkatesh et al. (2003), uma das mais poderosas teorias do
comportamento humano é a teoria social cognitiva.
Neste sentido, de acordo com Ratten (2014), o processo de adoção e implementação de
um serviço de tecnologia permite uma avaliação das intenções comportamentais dos
consumidores em relação à inovação. Ainda segundo Ratten (2014), existem três fases
principais da abordagem de processo: iniciação, processo e implementação, e utiliza teorias de
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intenção comportamental do modelo de aceitação da tecnologia e da teoria social cognitiva
para desenvolver e testar uma série de hipóteses destinadas a compreender os fatores que
influenciam a intenção de utilizar serviços de computação em nuvem (cloud computing) por
indivíduos. Ratten e Ratten (2007) utilizaram a teoria social cognitiva em outro estudo sobre a
adoção do Protocolo de Aplicativos sem Fio (Wireless Application Protocol - WAP) bancário
por jovens, mostrando que essa teoria poderia ser útil para compreender o comportamento de
aceitação. De fato, em seu estudo, descobriram que a decisão de adoção foi influenciada por
valores de resultado que indivíduos dão a um novo produto ou serviço, corroborando outras
teorias de aceitação.
Os modelos prévios mostrados acima foram relacionados com o comportamento
individual em termos de adoção de tecnologia, mas não consideram o comportamento
organizacional. Nesses termos, o modelo mais utilizado para analisar a adoção da tecnologia
por organizações foi o modelo TOE (TORNATZKY; FLEISCHER, 1990). Esse modelo é
muito semelhante ao de Rogers (1983), mas também inclui um novo e importante
componente, o contexto ambiental. Ele apresenta tanto as barreiras quanto as oportunidades
para a inovação tecnológica. No modelo TOE, o ambiente é definido pelas características da
indústria e estrutura de mercado, infraestrutura tecnológica de suporte e regulamentação do
governo; o contexto da organização é definido por estruturas de ligação formais e informais,
processos de comunicação, seu tamanho e flexibilidade. A tecnologia é definida pela sua
disponibilidade e características. Além disso, numa tentativa de alargar o âmbito do indivíduo
para o ambiente organizacional, Frambach e Schillewaert (2002) propõem um modelo
multinível de adoção de inovação que incorpora determinantes organizacionais e individuais.
Esse modelo considera os seguintes construtos determinantes da decisão organizacional à
adoção de uma inovação: características percebidas da inovação, características do adotante e
influências ambientais. As características percebidas da inovação são influenciadas pelo
esforço de marketing dos fornecedores e da rede social da organização e sofre influência do
ambiente.
As características de uma inovação que são percebidas pelos potenciais adotantes estão
no centro desse modelo. As variáveis componentes desse construto são as vantagens relativas
oferecidas pela inovação (que é considerada o elemento mais importante na decisão da
organização para adotá-la), a compatibilidade (de acordo com os valores existentes,
experiências passadas e necessidades dos potenciais adotantes) e a complexidade (o grau no
qual uma inovação é percebida como difícil de entender e utilizar). Outras variáveis que
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compõem as características percebidas da inovação são: a possibilidade de experimentação
(em uma escala limitada), a observabilidade (os resultados de uma inovação são visíveis para
os outros) e a incerteza (a falta de conhecimento a priori do resultado ou o efeito de adoção
de uma inovação).
De acordo com Frambach e Schillewaert (2002), as características do adotante (uma
organização) são identificadas em termos do tamanho da empresa (medida pelo volume de
vendas ou número de empregados da organização) e da estrutura organizacional (envolvendo
complexidade da estrutura, o grau de formalização e centralização das decisões). A última
variável que identifica as características do adotante é a capacidade de inovação da
organização ou a postura estratégica (o grau em que uma organização é receptiva a novos
produtos ou ideias). As influências ambientais são caracterizadas pelos seguintes fatores: a
externalidade da rede (organizações inter-relacionadas no ambiente de mercado que adotaram
a inovação) e as pressões competitivas que o mercado exerce na empresa. O esforço de
marketing pelos fornecedores pode ser observado no foco do fornecedor em inovação, ao
comunicar a capacidade e habilidade e a redução dos riscos associados à adoção da inovação
promovida pelo fornecedor. A rede social é caracterizada pela interconectividade da
organização com outras organizações e o compartilhamento de informação da organização.
Antes da adoção da mídia social para utilização em processos organizacionais ser
considerada uma inovação, o conceito deve ser previamente definido. De acordo com Boyd e
Ellison (2008), as mídias sociais são serviços baseados na web que permitem aos indivíduos
construir um perfil público ou semi público dentro de um sistema limitado, articular uma lista
de outros usuários com quem compartilham uma conexão, visualizar e buscar em sua lista de
conexões listas feitas por outros dentro do sistema. Bhagat, Klein e Sharma (2009) dão um
passo além: para esses autores, as mídias sociais são as tecnologias on-line e práticas que as
pessoas utilizam para compartilhar opiniões, ideias, experiências e perspectivas.
Segundo Kaplan e Haenlein (2010), a mídia social é um grupo de aplicações baseadas
na internet que foram construídas sobre os fundamentos ideológicos e tecnológicos da Web
2.0, as quais permitem a criação e a troca de conteúdo gerado pelo usuário (user-generated
contents – UGC). Os indivíduos fazem uso do UGC de maneiras diferentes para diferentes
finalidades, como por exemplo, para obter informações, para o entretenimento, para interação
com o conteúdo da web e com outros seres humanos e para produzir seus próprios conteúdos
em sites gerados pelo usuário para a autoexpressão e autorrealização (SHAO, 2009).
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Estudos recentes mostram a importância do uso de mídias sociais nos negócios, por
exemplo, para fazer previsões com base em dados coletados a partir das mídias sociais
(KALAMPOKIS et al., 2013), para compreender os fenômenos off-line, por meio de análise
de dados on-line (JUNGHERR; JÜRGENS, 2013 ), ou para avaliar a credibilidade do
conteúdo gerado pelo usuário (CASTILLO et al., 2013). Isso revela que as novas tecnologias
e novos sistemas que podem ser acessados por meio das mídias sociais mudam a forma como
as empresas e as corporações utilizam habilidades de conhecimento e inovação para criar
valor, afetando todos os aspectos gerenciais.
3 MODELO DE PESQUISA E HIPÓTESES
O objetivo proposto para esse artigo foi analisar que fatores determinam a adoção de
mídia social pelas organizações e identificar o grau de sua adoção. Esse grau é entendido em
termos da intensidade de sua utilização em diversas áreas da empresa ou processos de
negócios. Com isso em mente, o Modelo de Adoção de Mídias Sociais Organizacional foi
desenvolvido com base em Frambach e Schillewaert (2002), Tornatzky e Fleischer (1990) (o
modelo TOE), Venkatesh et al. (2003) e Ratten e Ratten (2007) (Figura 1).
Figura 1 - Modelo de pesquisa e hipóteses
Incerteza
H1
H3
Compatibilidade
Características
do Adotante
Pressão
Competitiva
Externalidade De Rede
Adoção de
Mídia Social
Estrutura
Organizacional
Tamanho da
Organização
Capacid. de
Inovação
Vantagem Relativa
Observabilidade
Influências
Ambientais
Características Percebidas da
Inovação
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No modelo TOE (TORNATZKY; FLEISCHER, 1990) os autores propõem que a
tecnologia, o meio ambiente e os contextos organizacionais influenciam a adoção de uma
inovação, mas não consideram as características do adotante, que é considerado no modelo de
Frambach e Schillewaert (2002). De acordo com Ratten e Ratten (2007), seu modelo proposto
“é consistente com os fundamentos sociais da teoria cognitiva social em que os indivíduos
adquirem novas ideias e conhecimento de novas práticas de seu ambiente, por meio da mídia
e pela observação de outras pessoas”, o que pode ser visto no modelo proposto na variável
“Influências ambientais”.
A análise da adoção deve ser adaptada à inovação relevante ou tecnologia
(FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002) e assim, as variáveis nos modelos originais
utilizados foram ajustadas para abordar o grau de utilização de mídia social e sua adaptação a
essa realidade específica. Desse modo, os indicadores dos construtos “características
percebidas da inovação”, “características do adotante” e “influências ambientais” sofreram
alguns ajustes que serão explicados nas próximas seções.
De acordo com o Modelo para Adoção de Inovação (FRAMBACH; SCHILLEWAERT,
2002), esses construtos têm uma relação direta com a decisão de adotar uma inovação. No
modelo proposto, o foco foi a adoção organizacional, não sendo avaliado o próximo passo,
qual seja, a aceitação dessa inovação pelo indivíduo dentro da organização.
3.1 CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DA INOVAÇÃO
O construto “características percebidas da inovação” no modelo multinível de Adoção
de Inovação (FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002) identifica os benefícios e as
dificuldades percebidas pelo adotante da inovação. No modelo original, as variáveis
“vantagem relativa”, “compatibilidade”, “observabilidade”, “incerteza”,
“experimentabilidade” e “complexidade” definem esse construto. As mídias sociais são
difundidas e disponibilizadas livremente, e podem ser encontradas em qualquer momento e
apresentam uma interface que é fácil para os usuários gerenciarem (SAFKO, 2010). Assim, os
construtos “complexidade” (o grau em que uma inovação é percebida como difícil de
compreender e utilizar) e “experimentabilidade” (o grau em que uma inovação pode ser
testada em uma escala limitada) foram considerados como não tendo influência no caso da
inovação ser uma mídia social, sendo desconsiderados neste trabalho. Este estudo considera
os construtos “vantagem relativa”, “compatibilidade”, “observabilidade” e “incerteza”
definidos abaixo na seção 2, como influência à variável “características percebidas da
inovação”.
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De acordo com Frambach e Schillewaert (2002), corroborando os resultados do trabalho
realizado por Rogers (1983) e Moore e Benbasat (1991), a percepção que os membros de uma
organização possuem a respeito de uma inovação afeta sua propensão para adotá-la. Portanto,
propôs-se o seguinte:
Hipótese 1 – As características percebidas da inovação influenciam positivamente a
adoção de mídias sociais pela organização.
A variável “características percebidas da inovação” é formada pelos seguintes
construtos: “Vantagens Relativas”, “Compatibilidade”, “Observabilidade” e “Incerteza”. As
“Vantagens relativas” referem-se aos benefícios percebidos a partir da adoção de redes sociais
virtuais pela organização. Uma melhor compreensão da vantagem gerencial de uma inovação
aumenta a probabilidade de alocação dos recursos gerenciais, financeiros e tecnológicos
necessários para utilizar a inovação (ROGERS, 1983). Diversos autores (TAN; THOEN,
2001; TEO; POK, 2003; PAPIERS; CLEMENT, 2008) identificaram que a vantagem relativa
é um fator importante na adoção de inovações baseadas em Tecnologia da Informação (TI).
De acordo com Venkatesh et al. (2003), referente ao Sistema de Informação, “Moore e
Benbasat (1991) adaptaram as características da inovação presente em Rogers e
aperfeiçoaram um conjunto de construtos que poderiam ser utilizados para estudar a aceitação
da tecnologia individual”. Ainda a esse respeito, Moore e Benbasat (1991) afirmam que,
embora houvesse muitas pesquisas em termos de identificação dos elementos que conduzem à
adoção de inovação em Tecnologia da Informação (TI), as escalas não tinham a validade e a
confiabilidade necessária. Sendo assim, Moore e Benbasat (1991) decidiram medir a
percepção potencial dos adotantes da tecnologia em vez da percepção da própria inovação.
Um dos construtos que formam a variável “características percebidas da inovação” é a
construção “Compatibilidade’ que pode ser expressa “como o grau em que uma inovação é
percebida como sendo consistente com os valores existentes, experiências passadas e
necessidades dos potenciais adotantes” (MOORE; BENBASAT, 1991, p. 195). Uma ideia
incompatível com os valores e as normas de um sistema social não será aprovada tão
rapidamente como uma inovação compatível (ROGERS, 1983). De acordo com Ilie et al.
(2005), a compatibilidade entre a inovação adotada e o ambiente de negócios permite que a
inovação seja interpretada como familiar. Como a inovação estudada são as mídias sociais,
pode-se dizer se o adotante potencial visualiza a mídia social como algo compatível para as
outras ferramentas de TI, então, esta característica percebida conduzirá à adoção de mídia
social.
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A “Observabilidade” permite que os resultados de uma inovação sejam visíveis a outros
(MOORE; BENBASAT, 1991). Essa visibilidade estimula o debate entre pares de uma nova
ideia, por exemplo, com os parceiros do adotante (ROGERS, 1983). De acordo com Moore e
Benbasat, (1991), observabilidade refletirá a capacidade de medir, observar e comunicar os
resultados de utilização da inovação. No caso em estudo, a observabilidade da mídia social
está relacionada com os resultados que podem ser observados na utilização de mídias sociais:
por exemplo, se uma empresa tem uma conta no Facebook, esse fato pode gerar mais
interação com seus consumidores. Então, essa característica percebida pode levar à adoção de
mídia social. Assim, a observabilidade dos resultados incentiva ainda mais a adoção de
inovações, tais como a mídia social.
De acordo com Frambach e Schillewaert (2002), as “incertezas” podem ser
classificadas em três categorias:
a) Técnica, expressando a dificuldade experimentada pelo adotante potencial em
determinar a confiabilidade e a funcionalidade de uma inovação;
b) Financeira, expressando a dificuldade de determinar se a adoção será
financeiramente atraente, e
c) Social, entendida como a aceitabilidade dos conflitos relacionados com a
potencial adoção de uma inovação no ambiente organizacional do adotante. Essas incertezas
diminuem a propensão à adoção de uma inovação, tal como a mídia social.
3.2 CARACTERÍSTICAS DO ADOTANTE
A variável “características do adotante” é composta dos construtos “tamanho da
organização”, “estrutura organizacional” e “capacidade de inovação organizacional”. De
acordo com Rogers (1983), Tornatzky e Fleischer (1990) e Frambach e Schillewaert (2002),
as características do adotante são primordiais para a adoção da inovação, razão pela qual se
pode supor a seguinte hipótese:
Hipótese 2 - As características do adotante influenciam positivamente a adoção de
mídia social pela organização.
Em relação ao construto “tamanho da organização”, de acordo com Rogers (1983) e
Damanpour (1996), as grandes empresas apresentam uma maior propensão a adotar inovações
do que as empresas menores, porque elas tendem a desfrutar de uma maior quantidade de
recursos. “O tamanho (da empresa) é provavelmente uma medida substituta das diversas
dimensões que levam à adoção de inovação: os recursos totais, os recursos de flexibilidade e a
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experiência e técnica do trabalhador (...)” (ROGERS, 1983, p. 379). Estudos realizados por
Zhu, Kraemer e Xu (2006) também observaram essa relação. A adoção das redes sociais
virtuais nos processos de negócios empresariais requer o empenho de recursos técnicos e
gerenciais. Portanto, as organizações maiores são mais propensas a adotar as mídias sociais
devido às suas vantagens de recursos.
O construto “Estrutura Organizacional” pode ser definido como um conjunto de tarefas
formais atribuídos aos indivíduos e departamentos; relacionamentos formais de comando, que
incluem as linhas de autoridade, a responsabilidade de decisão, o número de níveis
hierárquicos e extensão do controle gerencial; e os projetos de sistemas, para assegurar a
coordenação eficaz dos funcionários entre os departamentos (DAFT, 2005). Em uma
organização com uma estrutura organizacional centralizada, os funcionários podem ser
incapazes de absorver adequadamente as inovações, gerando falta de capacidade em reagir
rapidamente a mudanças de paradigmas (CALANTONE et al., 2002;. HULT et al., 2002). De
acordo com Chen e Chang (2012), numa estrutura organizacional centralizada, a
complexidade e o excesso de regras e de formalismo afetam a capacidade de adoção da
inovação pela organização, bem como dificultam a absorção do conhecimento produzido pela
sua adoção. Assim, uma organização que tem um alto grau de centralização na tomada de
decisões e de formalismo e é organizacionalmente complexa pode complicar a adoção das
mídias sociais em processos de negócios.
A “Disposição Organizacional para Inovação” refere-se à disposição da empresa para
apoiar a criatividade e a experimentação no desenvolvimento de novos produtos, a adoção de
tecnologia e os processos e procedimentos internos, refletindo uma prontidão para afastar-se
do status quo e adotar novas ideias (LUMPKIN; DESS, 1996). De acordo com Carayannis e
Provance (2008), a capacidade de inovação envolve a capacidade de a empresa capitalizar sua
posição baseada na aceitação cultural da inovação, refletida em processos, rotinas e
capacidades da empresa. No contexto da adoção da mídia social corporativa, a capacidade de
inovação pode ser medida pela necessidade de inovação para a sobrevivência da empresa e
pela participação ativa dos trabalhadores na adoção da inovação.
3.3 INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS
Frambach e Schillewaert (2002) afirmam que o ambiente pode afetar a adoção de duas
maneiras:
1- Derivando de benefícios de parceiros de negócios, que já adotaram a inovação (em
uma forma de externalidade da rede); 2- A pressão competitiva pode promover a adoção.
282 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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De acordo com Rogers (1983), Tornatzky e Fleischer (1990) e Ratten e Ratten (2007), o
ambiente externo influencia a adoção da inovação, levando à seguinte hipótese:
Hipótese 3 – As influências ambientais exercem uma influência positiva na adoção de
mídia social pelas organizações.
Portanto, no modelo proposto, a variável “influências ambientais” compreende as
variáveis “pressões competitivas” e “externalidades da rede”.
As “pressões competitivas” podem ser definidas como “o grau em que uma empresa é
afetada pela concorrência de mercado” (ZHU et al., 2006, p. 1564). O efeito das pressões
competitivas na utilização de redes sociais virtuais pode variar dependendo de quando essa
adoção progride para uma fase mais abrangente. A concorrência pode influenciar as empresas
a adotarem as inovações para manterem uma vantagem competitiva.
Porter (2001) argumenta que, integrando processos de negócios com atividades on-line,
as empresas podem mudar as regras da concorrência, afetando a estrutura da indústria e
alavancando novas maneiras de superar seus rivais. Com base em ferramentas disponíveis na
Internet, a utilização de redes sociais virtuais pode ajudar as empresas a melhorarem a
capacidade de resposta do mercado e a transparência das informações (ZHU, 2004),
aumentando a eficiência operacional (ZHU et al., 2006) e a retenção de clientes (TAPSCOTT;
WILLIAMS, 2007): iniciativas-chave que permitem que uma empresa mantenha a sua
vantagem competitiva (PORTER, 2001).
As “Externalidades da rede” ocorrem quando a demanda exercida por uma pessoa ou
organização pode ser influenciada por outros consumidores que já compraram o produto
(PINDYCK; RUBINFELD, 2005). Transferindo o conceito de externalidade da rede para
adoção da inovação, o valor de uma inovação e sua probabilidade de adoção são determinados
intrinsecamente por outros usuários, que tanto fazem parte da rede de relacionamentos de uma
empresa quanto da mesma cadeia de valor em que a empresa adotante opera.
4 MÉTODO E ESTUDO EMPÍRICO
De acordo com as classificações de pesquisa apresentadas por Gil (2002) e Malhotra
(2004), esta pesquisa é classificada como descritiva e tem um caráter causal, pois visa
identificar os fatores que determinam a adoção de mídias sociais corporativas. No presente
trabalho, o “grau de intensidade” foi utilizado para medir a extensão em que a mídia social
tem sido adotada dentro de uma empresa. Esse grau variou de utilização em apenas uma das
áreas da empresa ou processos de negócios até a utilização em diversas áreas ou processos de
283 Araújo, Zilber
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negócios. A utilização em apenas uma área corresponde à menor intensidade na adoção, e
quanto mais áreas ou processos utilizam esses meios, maior o grau de adoção dessa inovação.
No que se refere ao objetivo, esta pesquisa possui um caráter explicativo ou
explanatório, buscando explicar as relações entre as variáveis (GIL, 2002). De uma
perspectiva temporal, o estudo caracterizou-se como transversal (MALHOTRA, 2004), com a
utilização do método de pesquisa por meio da aplicação de um questionário online usando
“SurveyMonkey”, uma ferramenta para o desenvolvimento e distribuição de questionários.
4.1 DESENVOLVIMENTO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
Para definir as escalas utilizadas na construção do questionário, esta pesquisa baseou-se
em diversos estudos encontrados na literatura acadêmica e utilizados no quadro teórico
proposto na seção revisão da literatura deste artigo. A escolha foi feita para medir construtos
do modelo utilizando indicadores ordinais, que consiste em uma escala de Likert de sete
pontos, variando de “discordo totalmente” (valor = 1) a “concordo totalmente” (valor = 7).
Além das variáveis indicadoras dos construtos a serem medidas, as variáveis relacionadas à
identidade dos respondentes foram incluídas no instrumento de coleta de dados. Essas
variáveis foram:
(a) O setor econômico, identificado de acordo com a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE), (b) o ramo de atividade, que é uma desagregação do setor
econômico da empresa, (c) a origem do capital ou do controle acionário da empresa e (d) a
posição equivalente ao cargo ocupado pelo respondente do questionário. Esse método resultou
em um questionário composto de 17 perguntas e 52 indicadores relacionados com as variáveis
no modelo teórico. O Quadro 1 lista a medição dos indicadores utilizados no questionário, e
mostra a fonte teórica desses indicadores.
Variável Construto Indicadores Fonte Teórica
Vantagem
Relativa
VR1
O uso das mídias sociais melhora
exposição à marca (s) ou produto
(s) da empresa.
Rogers (1983); Frambach e
Schillewaert (2002); Tan e
Thoen (2001); Teo e Pok
(2003); Papiers e Clement
(2008)
VR2
A incorporação de mídia social
em processos de negócios da
empresa diferencia a empresa de
seus concorrentes.
VR3
O uso das mídias sociais produz
um aumento no faturamento da
empresa.
VR4
O uso das mídias sociais permite
à empresa operar em nichos de
mercado inexplorados.
VR5 O uso das mídias sociais melhora
o relacionamento com clientes.
284 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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Variável Construto Indicadores Fonte Teórica
Características
Percebidas da
Inovação
VR6
O uso das mídias sociais melhora
o relacionamento com os
fornecedores.
VR7
O uso das mídias sociais melhora
o relacionamento com os
funcionários.
VR8
O uso das mídias sociais melhora
o processo de contratação de
novos funcionários.
VR9
O uso das mídias sociais aumenta
a quantidade de informações
fornecidas aos clientes sobre os
produtos comercializados.
Compatibilidade
CP1
A tecnologia utilizada pelas
mídias sociais é compatível com
ambiente tecnológico da
empresa.
Rogers (1983); Frambach e
Schillewaert (2002); Ilie et
al. (2005)
CP2
O uso de mídia social é
compatível com a necessidade de
rapidez na execução de processos
de negócios da empresa.
CP3
O uso de mídia social é
compatível com a forma como os
funcionários se comunicam com
pessoas de fora da empresa.
CP4
O uso das mídias sociais nas
atividades da empresa é
consistente com a forma como os
funcionários se comunicam com
colegas de trabalho.
CP5
O uso das mídias sociais nas
atividades da empresa é
compatível com a necessidade da
empresa para obter informações
fora do ambiente de trabalho.
Observabilidade
PB1
As vantagens obtidas com o uso
das mídias sociais são
amplamente comentadas por
clientes da empresa.
Rogers (1983); Frambach e
Schillewaert (2002); Moore
and Benbasat (1991) PB2
A empresa começou a utilizar as
mídias sociais em seus processos
de negócios devido aos
resultados obtidos pelos seus
concorrentes com esta
ferramenta.
PB3
Os resultados da adoção de mídia
social pela empresa são
percebidos pelos clientes.
PB4
Existe confiança na utilização das
mídias sociais nos processos de
negócio da empresa devido aos
resultados obtidos em testes da
empresa utilizando esta
ferramenta.
Rogers (1983); Frambach e
Schillewaert (2002); Moore
eBenbasat (1991)
285 Araújo, Zilber
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Variável Construto Indicadores Fonte Teórica
PB5
A cobertura da mídia sobre a
utilização da mídia social
promove a confiança na
utilização desta ferramenta nas
atividades da empresa.
PB6
A aceitação de clientes,
fornecedores e funcionários é
visível por meio do uso de mídia
social pela empresa.
Incerteza
IN1
Os custos de adoção de mídias
sociais em atividades da empresa
são difíceis de mensurar.
Frambach e Schillewaert
(2002)
IN2
Os resultados obtidos a partir da
incorporação das mídias sociais
nas atividades da empresa são
pouco conhecidos.
IN3
Os potenciais riscos de segurança
e privacidade impedem o uso das
mídias sociais nas atividades da
empresa.
IN4
Existem importantes questões
legais sobre o uso de mídia social
que continuam por resolver.
IN5
Não há garantia de que as mídias
sociais atualmente disponíveis
estarão disponíveis no futuro.
IN6
A atual compatibilidade com o
ambiente tecnológico necessário
para a adoção da mídia social
pode não existir no futuro.
IN7
O uso das mídias sociais nos
processos de negócio da empresa
pode gerar conflitos devido à
atual cultura organizacional.
Características
Do Adotante Tamanho da
Organização
TO1 Menor ou igual a R$ 2,4 milhões
Rogers (1983); Damanpour
(1996); Frambach e
Schillewaert (2002); Zhu,
Kraemer e Xu (2006)
TO2 Superior a R$ 2,4 milhões e
menor ou igual a R$ 9 milhões.
TO3 Superior a R$ 9 milhões e menor
ou igual a R$ 16 milhões.
TO4
Superior a R$ 16 milhões e
menor ou igual a R$ 150
milhões.
TO5
Superior a R$ 150 milhões e
menor ou igual a R$ 300
milhões.
TO6 Superior a R$ 300 milhões e
menor ou igual a R$ 1 bilhão.
TO7 Superior a R$ 1 bilhão.
Estrutura
Organizacional
EE1
A decisão de adotar inovações é
sempre centralizada no mais alto
nível de decisão da empresa. Calantone, Cavusgil e Zhao
(2002); Frambach e
Schillewaert (2002); Hult,
Ferrell e Hurley (2002);
Daft (2005); Chen e Chang
(2012)
EE2 A empresa possui uma estrutura
organizacional rígida.
EE3
A decisão sobre a forma como as
mídias sociais são utilizadas na
empresa é centralizada ao mais
alto nível de decisão da empresa.
286 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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Variável Construto Indicadores Fonte Teórica
EE4
A empresa possui diversas
unidades com diferentes
propósitos (produtos, diferentes
serviços, etc.).
EE5
A empresa possui diversas
unidades organizacionais, plantas
produtivas ou escritórios
geograficamente distantes.
EE6 A empresa possui mais de três
níveis gerenciais.
EE7
A empresa estabeleceu
formalmente políticas e
procedimentos.
EE8
As regras e procedimentos da
empresa são rigidamente
controlados.
EE9
A empresa incentiva o
relacionamento formal entre os
funcionários de diferentes níveis
hierárquicos.
Disposição à
inovação
organizacional
PI1
A adoção de uma inovação é
necessária à sobrevivência da
empresa.
Lumpkin e Dess (1996);
Frambach e Schillewaert
(2002); Carayannis e
Provance (2008)
PI2
As sugestões apresentadas por
funcionários ou clientes são
prontamente aceitas pela
administração.
PI3
A empresa investe em
treinamento de funcionários para
produzir soluções criativas para
os processos de negócios.
PI4
A empresa frequentemente
procura idéias inovadoras para
aplicar às suas atividades.
PI5 A cultura da empresa busca
inovar constantemente.
Influências
Ambientais
Pressões
Competitivas
PC1
Os produtos comercializados pela
empresa são semelhantes a outros
no mercado.
Porter (2001); Frambach e
Schillewaert (2002); Zhu
(2004); Zhu, Kraemer e Xu
(2006); Tapscott e Willians
(2007);
PC2 Existem muitos concorrentes no
setor em que a empresa opera.
PC3
Existe grande concorrência para
vender produtos a um preço mais
baixo do que concorrentes no
mercado em que a empresa
opera.
PC4
Existe uma grande competição
para ter um produto de melhor
qualidade do que os concorrentes
no mercado em que a empresa
opera.
PC5
Existe uma grande competição
para ter uma maior variedade de
produtos do que os concorrentes
no mercado em que a empresa
opera.
287 Araújo, Zilber
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Variável Construto Indicadores Fonte Teórica
PC6
Há uma grande competição para
oferecer um melhor serviço pós-
venda do que os concorrentes no
mercado em que a empresa
opera.
PC7
As ferramentas que a empresa
disponibiliza na Internet são um
fator de diferenciação entre as
empresas no segmento da
empresa.
Externalidades da
Rede
ER1
A empresa começou a usar a
mídia social que os seus
concorrentes estavam usando
Frambach e Schillewaert
(2002); Pindyck e
Rubinfeld (2005); Ratten
and Ratten (2007)
ER2
A empresa começou a usar a
mídia social que seus clientes
estavam usando.
ER3
A empresa começou a usar a
mídia social de seus fornecedores
estavam usando.
ER4
A empresa começou a usar a
mídia social que seus
funcionários estavam usando.
Quadro 1 - Medição das variáveis independentes
Para manter a compatibilidade com a escala de 7 pontos de medição utilizada em outros
indicadores, a variável “tamanho da organização” foi medida conforme descrita na tabela 1.
A variável dependente “Adoção de Mídia Social” foi considerada uma variável proxy e
foi medida de acordo com a intensidade do grau de adoção. Esse grau variou de utilização em
apenas uma das áreas da empresa ou processos de negócios para utilizar em diversas áreas ou
processos de negócios. A utilização apenas em uma área que corresponde à menor intensidade
de adoção e à medida que mais áreas ou processos utilizam esses mídias sociais, maior o nível
de adoção. O Quadro 2 mostra os indicadores desta variável.
Variável Indicadores Tipo de variável
Adoção de
Mídias
Sociais (variável
dependente)
MS1
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
marketing da empresa.
Variável proxy
MS2
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
recursos humanos da empresa.
MS3
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
vendas da empresa.
MS4
As mídias sociais são usadas
extensivamente em departamento de
logística da empresa
MS5
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) da
empresa.
288 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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MS6
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento
financeiro da empresa.
MS7
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
produção da empresa.
MS8
As mídias sociais são usadas
extensivamente no departamento de
comunicação da empresa.
MS9
As mídias sociais são usadas
extensivamente para o desenvolvimento
de produtos.
MS10
As mídias sociais são usadas
extensivamente em outro dos
departamentos da empresa.
Departamento.
Quadro 2 - Medição das variáveis dependentes
É importante notar que o desenvolvimento dessa escala é uma contribuição deste
trabalho.
O questionário (escalas) foi validado através de uma avaliação conduzida por três
especialistas acadêmicos em estratégia e inovação, além da aplicação presencial do
questionário em três empresas que incorporam mídia social em seus processos de negócios.
Ademais, um teste piloto realizado em 10 empresas permitiu responder ao questionário sem o
monitoramento do pesquisador para assegurar a adequação e a compreensão dos conceitos
empregados.
4.2 COLETA DE DADOS
Por uma questão de conveniência, o critério não probabilístico foi utilizado para obter a
amostra (COOPER; SCHINDLER, 2003). O universo da pesquisa foi composto por empresas
estabelecidas no Brasil que incorporaram as mídias sociais em seus processos de negócios. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2010), existem cerca de
cinco milhões de empresas no Brasil e, de acordo com a Deloitte (2010), 70% das empresas
estabelecidas no Brasil utilizam alguma forma de mídia social.
Schumacker e Lomax (2004) mencionam que 100 observações é o tamanho mínimo da
amostra necessária para realizar uma análise com modelos de equações estruturais. De acordo
com Chin (1998), utilizando-se o método de análise dos mínimos quadrados parciais, a
amostra deve apresentar, pelo menos, 10 elementos para cada relação ou o caminho do
modelo de equações estruturais estudado. Segundo Hair Junior et al. (2009) e Schumacker e
Lomax (2004), não há consenso sobre a forma de calcular o tamanho ideal da amostra, e uma
regra geral seria entre 15 e 20 observações por variável, o que resulta em uma amostra entre
195 e 260 empresas a serem pesquisadas.
289 Araújo, Zilber
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O acesso a empresas foi obtido em três fases:
1. Durante a fase de preparação da coleta de dados, foram identificadas as empresas que
incorporam mídia social em seus processos de negócios. Para isso, utilizaram-se o
ranking “Maiores e Melhores” fornecido pela Revista Exame (2012) (médio ou
grande), o estudo “As PME com crescimento mais rápido no Brasil”, elaborado pela
Deloitte (2012) (pequenas e médias), e um banco de dados de 1.258 micros e pequenas
empresas, fornecido por meio de uma parceria com a Associação Comercial de São
Paulo. O tamanho da companhia foi identificado utilizando a classificação com base
nas receitas anuais, estabelecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES 2011). Para identificar as empresas que incorporam as
mídias sociais em seus processos de negócios, a pesquisa foi realizada nos sites de
mídia social Facebook, LinkedIn, Orkut e Twitter para verificar se as empresas
listadas durante as fases anteriores usavam essas mídias.
2. Utilizando os sites de mídia social, Facebook e LinkedIn como canais de comunicação,
durante a segunda fase, um total de 473 mensagens foram enviadas para as pessoas
que eram responsáveis pelo processo de adoção ou utilização das mídias sociais nas
empresas selecionadas e tinham algum contato com o pesquisador. Noventa e quatro
respostas fornecidas sem o apoio do pesquisador foram coletadas durante um período
de duas semanas, o que corresponde a uma quota de 20% dos questionários enviados.
3. Na terceira etapa, foram realizados contatos telefônicos com 105 respondentes que
haviam recebido o questionário através de redes sociais, mas não haviam concluído
para a coleta de dados com o apoio do pesquisador. O contato também foi realizado
com 243 empresas que não receberam o questionário via Internet, e esses
questionários também foram monitorados para a conclusão.
Como resultado, o questionário foi enviado para 821 empresas e foram obtidos 271
questionários, resultando numa taxa de resposta de 33%. Após eliminar os incompletos, 237
completamente preenchidos permaneceram constituindo a amostra final.
É importante destacar que foram abordadas apenas as pessoas responsáveis pelo
processo de adoção de mídia social ou pela utilização das mídias sociais na organização.
Das empresas pesquisadas, um total de 27% é do setor de serviços, 24% do comercial,
14% do industrial, 12% do setor de informação e comunicação, 5% do financeiro, e 18% são
de outros setores da economia. As microempresas foram responsáveis por 24% das empresas
290 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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pesquisadas, 21% são pequenas, 18% são médias, e 37% são grandes. As empresas de
investimentos estrangeiros compõem 24% da amostra, formando principalmente o grupo de
grandes empresas.
As relações entre os construtos latentes propostos neste artigo foram testadas com a
utilização de procedimentos estatísticos conhecidos como Modelagem de Equações
Estruturais (Structural Equation Modeling - SEM). Primeiramente, avaliou-se a
multicolinearidade pelo exame da tolerância e do fator de inflação da variância (Variance
Inflation Factor - VIF); A tolerância para valores VIF foi inferior a 10, e a tolerância para os
valores de tolerância foi superior a 0,1 (HAIR JUNIOR et al., 2009). Em seguida, realizou-se
o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, o qual mostra que todas as variáveis testadas
foram significativas (p <0,05), e isso indica que toda a distribuição do modelo não era normal.
Esse resultado indica ser a análise dos mínimos quadrados parciais (Partial Least Squares -
PLS) o melhor método de avaliação do modelo proposto (CHIN, 1998).
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os dados foram analisados por meio de modelagem de equações estruturais, uma
técnica estatística multivariada aplicada utilizando o software Smart PLS 2.0. Os resultados
mostrados na Tabela 1 foram obtidos após quatro interações estatísticas. Observa-se que, dado
que o tamanho da organização é medido mediante um único indicador, não faz sentido relatá-
lo na tabela 1.
Tabela 1 - Análise da Validade Convergente
Construto AVE √ Confiabilidade
Da Composição Comunalidade Redundância
Vantagem Relativa 0,54 0,73 0,85 0,54 0,00
Compatibilidade 0,77 0,88 0,94 0,77 0,00
Observabilidade 0,81 0,90 0,96 0,81 0,00
Incerteza 0,62 0,79 0,77 0,62 0,00
Estrutura Organizacional 0,64 0,80 0,91 0,64 0,00
Disposição à Inovação Organizacional 0,66 0,81 0,90 0,66 0,00
Pressão Competitiva 0,65 0,81 0,92 0,65 0,00
Externalidade da Rede 0,81 0,90 0,90 0,81 0,00
Adoção de Mídia Social 0,65 0,81 0,94 0,65 0,22
Os índices encontrados indicaram resultados satisfatórios para AVE (acima de 0,50), e
redundância (máximo de 0,50), de acordo com os índices recomendados por Chin (1998).
Com base nos resultados encontrados, o modelo foi considerado com validade convergente.
291 Araújo, Zilber
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Para a verificação de desempenho discriminante, foram consideradas as anotações
necessárias de distinção entre as variáveis latentes para a validação discriminante do modelo,
como mostrado na Tabela 2.
Tabela 2 - Análise de Validade Discriminante
Construto VR CP PB IN TM EE PI PC ER MS
Vantagem Relativa 0,734
Compatibilidade 0,502 0,876
Observabilidade 0,718 0,397 0,901
Incerteza 0,148 0,265 0,315 0,788
Tamanho da Organização 0,407 0,193 0,419 0,140 1,000
Estrutura Organizacional 0,558 0,160 0,643 0,166 0,699 0,799
Disposição à Inovação
Organizacional 0,617 0,631 0,718 0,272 0,398 0,550 0,810
Pressão Competitiva 0,396 0,662 0,240 0,243 0,092 0,051 0,575 0,808
Externalidade da Rede 0,006 0,581 -0,078 0,228 -0,203 -0,375 0,231 0,620 0,902
Adoção de Mídia
Social 0,676 0,378 0,673 0,197 0,387 0,575 0,655 0,305 0,004 0,804
Nota:
CI Características de Inovação Percebida EE Estrutura Organizacional
VR Vantagem Relativa PI Capacidade de Inovação
CP Compatibilidade IA Influencias Ambientais
PB Observabilidade PC Pressão Competitiva
IN Incerteza ER Externalidade da Rede
CA Características do Adotante MS Grau de Adoção de Mídias Sociais
TM Tamanho Raiz quadrada da AVE do construto
Uma vez que os índices foram examinados, não se observou a ocorrência de valores de
correlação entre as variáveis que fossem superiores ao valor da “raiz quadrada da AVE” dos
construtos. Dado esse resultado, o modelo foi considerado com validade discriminante.
Quando utilizadas técnicas de modelagem de equações estruturais, as escalas
construídas foram consideradas válidas para o modelo proposto, após as variáveis serem
limpas, e foram feitos ajustes para o modelo, determinando a validade convergente e a
validade discriminante (CHIN, 1998). Assim, o passo seguinte foi analisar a carga dos
caminhos propostos no modelo utilizando o modelo estrutural mostrado na Figura 2.
292 Rangel Netto, Carneiro, Oliveira, Monteiro
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Figura 2 - Modelo Estrutural de Adoção de Mídia Social por Organizações
O modelo foi bootstrapped de acordo com as recomendações do Hair et al. (2005), com
a utilização em 200 casos com 200 repetições (200 subamostras) para verificar o teste t de
Student, e os caminhos apresentados na Tabela 3 foram assim analisados. Essa análise
permitiu observar que os resultados do teste t dos caminhos indicaram que a relação entre
influências ambientais e a adoção de mídia social não mostrou nenhum resultado significativo
(p> 10%) sendo assim considerada não suportada.
Tabela 3 - Análise Bootstrapping dos Caminhos
Caminhos Amostra
Original
Média de
amostras de
bootstrapping
Desvio
Padrão
Erro
Padrão Teste t Significância
Caract. do Adotante Tamanho
Organizacional 0,724 0,728 0.031 0,031 23,127 p < 0,01
Caract. do Adotante Estrutura
Organizacional 0,925 0,927 0,011 0,011 83,935 p < 0,01
Caract. do Adotante Disposição de
Inovação Org. 0,818 0,822 0,023 0,023 35,525 p < 0,01
Caract. do Adotante Adoção de Mídia
Social 0,385 0,373 0,090 0,090 4,270 p < 0,01
Caract. Perceb. Da Inovação Incerteza 0,383 0,398 0,072 0,072 5,305 p < 0,01
Caract. Perceb. Da Inovação
Observabilidade 0,870 0,873 0,014 0,014 62,978 p < 0,01
Caract. Perceb. Da Inovação Vantagem
Relativa 0,891 0,892 0,015 0,015 59,027 p < 0,01
Caract. Perceb. Da Inovação.
Compatibility 0,750 0,744 0,039 0,039 19,406 p < 0,01
(p<0,01)
(p<0,01)
(p<0,01)
0,786 0,972
0,724 0,925
0,818
Incerteza
0,891 0,750
0,870
0,383 0,431 0,385
-0,041
Compatibilidade
Características
Pressão
Competitiva
Externalidade
Da Rede
Adoção de
Mídia Social
R2 = 0,547
Estrutura
Organizacional
Tamanho da
Organização
Capacid.de Inovação
Vantagem Relativa
Observabilidade
Influências
Ambientais
(p<0,01)
Características Percebidas da
Inovação
(p<0,01)
(p<0,01)
(p<0,01) (p<0,01)
(p<0,01) (p<0,01)
(p>0,10)
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Caract. Perceb. Da Inovação Ad. de
Mídia Social 0,433 0,449 0,116 0,116 3,748 p < 0,01
Infl. Ambientais Pressões Competitivas 0,972 0,973 0,004 0,004 281,647 p < 0,01
Infl, Ambientais. Externalidades da
Rede 0,786 0,791 0,039 0,039 20,232 p < 0,01
Infl. Ambientais Adoção de Mídia
Social -0,041 -0,048 0,066 0,066 0,620 n.s.
Nota: Valores Críticos para t (199g.l.): p < 20% = 0,843; p < 10% = 1,653; p < 5% = 1,972; p < 2% = 2,186 e p
< 1% = 2,601
Dada a importância dos caminhos testados durante a modelagem estrutural, a relação
positiva entre as características percebidas da inovação e as características do adotante com a
adoção da mídia social foi evidente. A relação entre as influências ambientais e a adoção de
mídias sociais, para as quais o caminho não foi significativo, não foi encontrada para ser
positiva.
Na hipótese 1, a relação entre as características de inovação percebidas e adoção de
mídia social pelas organizações foi apoiada corroborando os resultados dos estudos realizados
por Rogers (1983), Moore e Benbasat (1991) e Frambach e Schillewaert (2002).
Entre os fatores componentes do constructo “características percebidas da inovação",
notou-se que a “vantagem relativa” foi identificada como o principal fator. Esse resultado
confirmou as afirmações de Tan e Thoen (2001), Teo e Pok (2003) e Papiers e Clemente
(2008): a vantagem relativa é um fator importante na adoção de inovações de base
tecnológica, uma vez que os benefícios decorrentes da adoção da mídia social em processos
de negócios conduzem a sua ampla utilização na organização.
O observabilidade sobre uso de mídia social também fez uma contribuição importante
para a identificação das características percebidas de inovação, confirmando a sugestão de
Rogers (1983) e Frambach e Schillewaert (2002) de que a visibilidade dos resultados de uma
inovação incentiva a adoção.
A compatibilidade contribuiu significativamente para características de inovação
percebidas, demonstrando a consistência do uso de mídia social com os valores e as
necessidades das empresas. A compatibilidade é assim interpretada como familiar nos
processos de negócios corporativos (ILIE et al., 2005).
As incertezas exibiram uma contribuição positiva moderada, mas significativa para
características percebidas de inovação, demonstrando que os aspectos técnicos, financeiros e
sociais, embora exerçam uma importante influência na decisão para adoção de uma inovação
(FRAMBACH; SCHILLEWAERT, 2002), possuem pouca relevância para a adoção da mídia
social. Isso pode ocorrer porque as mídias sociais foram extensivamente testadas pelo público
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em geral para manter relações pessoais e profissionais (SAFKO, 2010), provando ser uma
ferramenta tecnologicamente fácil de utilizar (BHAGAT et al., 2009), e que não requer
grandes investimentos financeiros para a utilização diária e não promove a criação de
conflitos no ambiente organizacional do adotante.
Na hipótese 2, a relação entre as características do adotante e adoção de mídia social foi
confirmada, descoberta alinhada aos resultados comunicados nos trabalhos de Rogers (1983),
Tornatzky e Fleisher (1990) e Frambach e Schillewaert (2002).
Entre os construtos que formam as variáveis “características do adotante”, o “tamanho
da organização” contribuiu significativamente, confirmando o que Rogers (1983),
Damounpour (1996), OCDE (2012) e Zhu, Kraemer e Xu (2006) indicaram: as grandes
empresas possuem maior propensão a adotar inovações do que as pequenas. No entanto, é
interessante notar que o relatório da OCDE (2012) constatou que as grandes empresas são
mais propensas a adotar mídias sociais (consideradas uma inovação) do que as pequenas
empresas, mas não necessariamente as utilizam mais intensivamente.
A estrutura organizacional apresentou uma forte influência positiva nas características
dos adotantes de mídia social. Assim, os dados da pesquisa apontam para as empresas com
uma forte evidência de complexidade estrutural e formalismo estrutural moderado. Essas
características contribuem para a adoção de mídias sociais, porque são ferramentas que
melhoram as relações e facilitam a comunicação entre os usuários (SAFKO, 2010),
contribuindo para a redução da complexidade da estrutura organizacional.
As empresas estudadas mostraram forte capacidade de inovação organizacional,
contribuindo significativamente para a identificação das características dos adotantes e, assim,
corroboraram a relação apresentada por Frambach e Schillewaert (2002).
Quanto à hipótese 3, não foi encontrada uma relação significativa entre as influências
ambientais e a adoção de mídia social. Os dados mostram que as influências ambientais não
exercem influência positiva na adoção de mídia social e que a relação não é suportada devido
a um nível de significância (p> 0,10) tal como indicado na figura 2; assim, a hipótese de 10
não foi suportada.
Tornatzky e Fleischer (1990) e Frambach e Schillewaert (2002) indicam que influências
ambientais possuem um papel importante na decisão de adotar inovações. No entanto, o
resultado obtido neste estudo revelou que, no caso das mídias sociais, as influências
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ambientais (identificadas pela pressão da concorrência e pela externalidade da rede) não
afetaram o grau de adoção de uma inovação.
De acordo com Balasubramanian e Mahajan (2001), a interação do usuário em mídia
social possui um foco entendido por ambas as partes, que têm um interesse comum ou
objetivo. Assim, podemos concluir que como uma conexão foi estabelecida entre atores de
mídias sociais, as influências ambientais, que são importantes para a decisão da adoção,
perdem força e não influenciam mais a utilização de inovações das empresas. No entanto, essa
é uma relação a ser testada em outros estudos futuros.
Na amostra estudada, as pressões competitivas e externalidades da rede foram
identificadas como tendo um forte efeito positivo nas características das influências
ambientais na adoção da mídia social, confirmando o que ambos Frambach e Schillewaert
postulam em seu modelo multinível para Adoção de Inovação (2002).
Tendo discutido o significado dos caminhos testados e o apoio (ou não, em três casos)
das hipóteses sugeridas para testar o modelo proposto, o modelo teórico do estudo mostrou
ser robusto, o que representa uma situação real no tocante à análise proposta.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou contribuir com a teoria da aceitação da inovação ao propor e testar
um modelo teórico para avaliar a adoção de mídia social pelas organizações, entendida como
uma inovação organizacional.
Os resultados obtidos a partir da análise do modelo proposto mostraram que os
construtos produziram índices consistentes com as normas recomendadas. O teste do modelo,
com base no total da amostra, mostrou que os construtos anteriores à adoção da mídia social
explicaram aproximadamente 55% da variância do último construto e que essa proporção era
consistente com a média dos estudos de adoção de inovação.
Das três hipóteses propostas, duas foram suportadas. A hipótese relacionada às
influências ambientais como fatores determinantes na adoção de mídia social pelas
organizações não foi suportada, por razões expostas na seção anterior.
A validação do modelo teórico do estudo apresentou evidências de que, após a decisão
de adoção das inovações (nesse caso, de mídias sociais), as características percebidas da
inovação possuem uma grande influência na continuidade e na intensidade do uso da
inovação. Estas possuem uma forte influência devido às vantagens relativas adquiridas (a
variável mais importante), à observabilidade eficaz dos resultados obtidos com essa adoção e
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à compatibilidade da inovação com o ambiente e com as necessidades da empresa,
confirmando as relações apresentadas por Frambach e Schillewaert (2002). Por outro lado, as
incertezas relativas à decisão da adoção são diluídas pelo uso da inovação, diminuindo sua
importância para a determinação da adoção de uma inovação.
As características do adotante também possuem uma influência direta na adoção da
inovação, confirmando o que é disposto na literatura: as grandes empresas utilizam mídias
sociais de forma mais intensa, e a capacidade de inovação organizacional do adotante
influencia fortemente a continuidade e a intensidade do uso da inovação. A estrutura
organizacional, identificadas na literatura (CALANTONE et al., 2002; FRAMBACH;
SCHILLEWAERT 2002; HULT et al., 2002; CHEN; CHANG, 2012) como uma influência
negativa na decisão da adoção da inovação, foi apresentada como uma influência positiva na
decisão da adoção da mídia social neste estudo. Esse resultado foi obtido porque as empresas
estudadas apresentam fortes evidências de complexidade estrutural e formalismo estrutural
moderado. Essa complexidade e formalismo contribuem para a utilização das mídias sociais
nos processos de negócios, assim como reforça relacionamentos e facilita a comunicação
entre os usuários, contribuindo para a redução da complexidade da estrutura organizacional.
As influências ambientais, identificadas por Tornatzky e Fleischer (1990) e Frambach e
Schillewaert (2002) como determinantes da decisão de adoção de inovações, não foram
confirmadas para determinar o grau de adoção. Ao invés, as influências ambientais
(identificadas por pressões competitivas e as externalidades da rede) não afetam o grau de
adoção da mídia social, sendo apenas as características percebidas da mídia social e as
características do adotante fatores influentes na continuidade e na intensidade da utilização de
mídia social.
Como a mídia social ainda é um recurso tecnológico recente, a literatura sobre ela é
limitada. A maioria dos textos está preocupada com a gestão ou administração das tecnologias
relacionadas à Internet. Dos artigos e livros que abordam esse assunto, poucos são os
resultados de estudos cientificamente rigorosos realizados no Brasil. Portanto, abordar a
adoção de mídias sociais corporativas por meio de uma compreensão dos fatores que
determinam a sua adoção é importante para a expansão do conhecimento nessa área no
cenário brasileiro.
Mesmo em todo o mundo, a maioria dos artigos sobre a adoção de mídias sociais está
relacionada com a adoção da mídia social individual (CURTIS et al., 2010;. EYRICH, 2008)
Analisando o banco de dados Web of Science, por exemplo, pode-se encontrar que a pesquisa
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sobre adoção de mídia social pelas organizações dependem de estudos qualitativos ou da
utilização de modelos de aceitação individuais (como UTAUT ou TAM) aplicadas às
organizações (MERGEL, 2013; HONG, 2012;. THACKERAY et al., 2012).
Neste contexto, como uma contribuição para a ciência, este trabalho apresenta uma
análise quantitativa dos fatores que influenciam as empresas a adotarem mídia social. Os
modelos de adoção de uma inovação organizacional propostos por Rogers (1983), Tornatzky
e Fleischer (1990), Venkatesh et al (2003) e Frambach e Schillewaert (2002), utilizados como
base para o desenvolvimento deste trabalho, abordam apenas os aspectos qualitativos da
decisão de adoção de inovações. É importante analisar de forma quantitativa os fatores que
influenciam a utilização eficaz dessa inovação e desenvolver escalas que poderiam ser
utilizadas em estudos futuros. Neste sentido, as escalas utilizadas nesta pesquisa foram
testadas e validadas, permitindo sua utilização em pesquisas futuras.
Em termos de contribuições gerenciais, a análise das relações causais entre as variáveis
envolvidas contribui para a compreensão e o controle da adoção da mídia social e utilização,
correspondendo com as expectativas das empresas em relação à obtenção de resultados.
Este estudo, portanto, pode ser útil como uma fundamentação teórica para aqueles que
desejam complementar suas operações virtuais. O estudo visa reduzir custos e conflitos
desnecessários, os quais provavelmente estariam presentes no caso de tentativas puramente
intuitivas na adoção dessas ferramentas.
A utilização das mídias sociais nos processos de negócios ainda está em
desenvolvimento dentro das empresas. Assim, a capacidade de desenvolver um processo tão
complexo impõe limitações que servem como barreiras a serem superadas em futuras
investigações.
Em termos das limitações do estudo, a primeira é a dificuldade de coleta de dados da
pesquisa. A obtenção de respostas consistentes a partir de questionários preenchidos foi difícil
devido ao fator tempo e à disponibilidade dos entrevistados. Mais de 700 empresas que
utilizam as mídias sociais foram contatadas sobre o preenchimento dos questionários, e em
muitos casos os responsáveis pela utilização dessas ferramentas nas empresas recusaram-se a
responder devido ao sigilo comercial das informações coletadas. Outra limitação é o tipo de
utilização de mídia social que ocorre nas empresas. A presença de uma página em um site de
mídia social caracteriza a empresa como adotante, porém não reflete a utilização real.
Diversas micro e pequenas empresas pesquisadas possuem páginas de mídia social e
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fornecem links para informações institucionais em mídias sociais, mas não atualizam essas
informações ou interagem com as pessoas consultando-as. O principal objetivo dos
desenvolvedores de mídia social é interação entre indivíduos ou empresas.
Outra limitação refere-se à variável dependente da adoção da mídia social. Utilizou-se
uma contagem de departamentos que adotaram a mídia social como um indicador proxy para
adoção. No entanto, existe a possibilidade de uma empresa poder utilizar a mídia social em
três departamentos, mas não ser uma usuária intensa de mídia social como outra empresa que
apenas utiliza em marketing, mas a utiliza intensamente. Por conseguinte, a estimativa de
“extensivamente” (como perguntado no questionário) como uma forma de medir o grau de
adoção é subjetiva e pode variar de respondente para respondente. Como outra limitação
pode-se também incluir o fato de este se tratar de um estudo transversal.
Apesar das limitações mencionadas, o estudo forneceu informações relevantes sobre os
fatores determinantes na adoção de mídia social pelas organizações e poderia ser uma base
para futuras pesquisas sobre o assunto.
Pode-se sugerir o seguinte para estudos futuros:
-A aplicação desta pesquisa nos setores econômicos ou localizações geográficas
específicas onde a variável cultura organizacional ou social do segmento pode ser considerada
um fator determinante na adoção de mídia social por organizações.
-O Desenvolvimento de trabalhos que visam avaliar os resultados qualitativos e
quantitativos alcançados pelas empresas pela adoção das mídias de comunicação social para
os seus processos de negócio e da influência desses resultados na continuidade ou a
intensidade de utilização desses meios de comunicação.
-Verificar a influência de variáveis que não foram significativas neste estudo em estudos
futuros em outros países, como o ambiente, por exemplo.
CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES
José Braz de Araújo contribuiu com o desenvolvimento da pesquisa.
Silvia Novaes Zilber orientou a tese que originou o artigo.
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