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que bicho é esse? 2014 Ana Paula Rezende Macedo Maria Clara Tomaz Machado Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes Prefeitura de Uberlândia | Secretaria Municipal de Cultura | Diretoria de Memória e Patrimônio Histórico EDIÇÃO ATUALIZADA Catupé da Martins |Uberlândia|MG

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2 0 1 4Ana Paula Rezende MacedoMaria Clara Tomaz MachadoValéria Maria Queiroz Cavalcante LopesPrefeitura de Uberlândia | Secretaria Municipal de Cultura | Diretoria de Memória e Patrimônio Histórico

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Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio (inclusive digital)sem a autorização dos autores.Proibida a venda dos exemplares, conforme art. 14, II, do Decreto nº10.693, de23/05/2007.

Projeto Gráfico:Núcleo de Programação Visual - Secretaria Municipal de CulturaImpressão:GráficaEndereçoCEP - Cidade - UFFone/Fax: e-mail: Registro no ISBN 000-00-00000-000 de 00/00/00Revisão: Secretaria Municipal de Cultura Capa: Foto: Secretaria Municipal de Comunicação SocialTiragem: 1.000 exemplaresAno da publicação: 2014

Patrimônio Cultural - Que bicho é esse? / Ana Paula Rezende Macedo,Maria Clara Tomaz Machado e Valéria Maria Queiroz Cavalcante LopesUberlândia, Secretaria Municipal de Cultura/Diretoria de Memória e Patrimônio Histórico, 2014. 60 p.: il.

1.Patrimônio Cultural - Uberlândia I. Título. PATRIMÔNIO CULTURAL QUE BICHO É ESSE?

CDD - 344.09481519

ISBN: 000-00-00000-00-0

Ficha Catalográfica

Elaborado pela Biblioteca Municipal de UberlândiaCatalogação e Classificação - mg/000/2014

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Sum

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Apresentação............................................................................................... 05

Patrimônio Cultural......................................................................................06

Mas, o que é Cultura ? ..................................................................................07

Identidade Cultural................................................................................... 07

Patrimônio Cultural Imaterial.....................................................................09

Memória........................................................................................................10

Patrimônio Cultural Material................................................................. 11

A preservação do patrimônio cultural....................................13

Educação Patrimonial.................................................................................13

Legislação do tombamento.................................................................14

Uberabinha: A semiologia de um passado .................................................17

Conhecendo o nosso patrimônio tombado e registrado.................20

Vamos exercitar............................................................................................53

Brincando também se aprende.................................................................54

Saiba que.......................................................................................................55

Saiba quantos e quais foram nossos prefeitos .........................................56

Bibliografia................................................................................................... 59

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oPelo próprio nome quer dizer que patrimônio cultural não é “bicho de sete cabeças”. Está ao alcance de qualquer um. Por isto, a pretensão primeira desta publicação é desmistificar e simplificar conceitos de patrimônio cultural e acentuar a importância das diversas maneiras e instrumentos disponíveis para preservação.A primeira edição da Cartilha foi em 2007 e no ano de 2010 esse importante instrumento de educação patrimonial foi revisto, atualizado e ampliado. Nesse ano de 2014, tendo em vista as ações desenvolvidas desde então, tornou-se necessário essa nova reedição que foi novamente revista e atualizada a fim de se consolidar como material de referência para que professores, alunos e comunidade em geral possam usufruir de seu conteúdo, experimentando ações que valorizem a informação/formação como dimensão necessária à defesa e preservação dos bens materiais e imateriais. Para quem trabalha com educação patrimonial e preservação de bens culturais existe uma preocupação recorrente com relação às ações que promovem a descaracterização ou agressão às diversas categorias de bens culturais, sejam eles arquitetônicos, arquivístico, natural ou das tradições culturais, num processo frenético e, por vezes, irreversível de destruição da memória histórica e cultural.A falta de conhecimento sobre o que é patrimônio, por que e como preservá-lo talvez seja uma das maiores dificuldades encontradas para garantir a sua proteção. A preservação de um bem cultural está diretamente vinculada à importância que a comunidade lhe atribui. Conhecer o patrimônio cultural e apropriar-se dele são caminhos possíveis que viabilizarão a sua proteção, seja através de instrumentos legais como o inventário, tombamento, registro, ou com ações que objetivam a sua promoção e valorização.Neste esforço para promover meios de se trabalhar a educação patrimonial em Uberlândia, divulgar o patrimônio local e esclarecer dúvidas frequentes de professores e alunos é que a Prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Universidade Federal de Uberlândia uniram esforços para publicar este instrumento de trabalho, partindo do conceito de que o patrimônio cultural de uma sociedade, seu passado, história e memória formam um espaço de sentido múltiplo, onde diferentes versões se contrariam porque saídas (oriundas) de uma cultura plural e conflitante. A noção de “patrimônio histórico” deveria evocar estas dimensões múltiplas da cultura como imagens de um passado vivo: acontecimentos e coisas que merecem ser preservadas porque são coletivamente significativas em sua diversidade.Esperamos que este material seja aproveitado no sentido ampliado da reflexão e aprendizagem, porque a política de preservação não será eficaz sem a contribuição relevante do cidadão, principal sujeito e agente das transformações culturais.

Secretaria Municipal de Cultura

1 - PAOLI, Maria Célia. Memória , História e Cidadania: O direito ao Passado. In: O Direito à Memória – Patrimônio Histórico e Cidadania/ Departamento do Patrimônio Histórico São Paulo. São Paulo: DPH, 1992, pag. 25

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l Seja bem-vindo, caro leitor, a esta nossa conversa que vem tratar de nosso Patrimônio Cultural.

Patrimônio são os bens pertencentes a uma pessoa, a uma família ou a uma comunidade. Patrimônio é sinônimo de riqueza desde que entendida como expressão de uma tradição, de uma identidade cultural, das crenças e valores cultivados coletivamente.

O patrimônio pessoal é a sua riqueza e constitui-se de bens materiais e imateriais que você e sua família acumularam; diz respeito a suas raízes culturais, independente de ser apenas um cobertor ou uma grande fazenda. Faz parte de seu patrimônio aquilo que lhe é precioso, que tem um significado e que o faz relembrar do seu passado ou de seus descendentes.

O Patrimônio Histórico-Cultural tem que representar um passado e, ao mesmo tempo, um aspecto de uma determinada cultura.

Cozinha Mineira - exposição Museu Municipal de Uberlândia

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Mas, o que é cultura?Cultura são os costumes, as tradições de um lugar. Cultura é sinônimo de produção, diz respeito às artes de fazer que estão entranhadas no cotidiano de uma comunidade. É como uma colcha de crochê, no vaivém da linha se estabelecem as relações humanas. Ao tecer a sua trama, os homens tecem simultaneamente a sua cultura, lugar onde estão as suas experiências de vida, os seus sentimentos e tudo aquilo que fazem e constroem e têm significado para a sua comunidade. Todavia, a cultura não é uma ação estática, ela se reinventa, porque é parte de um processo histórico em transformação.

Mas, o que é cultura?

Acervo é o conjunto de bens em posse de particulares, de museus, arquivos, ou de outras instituições públicas ou privadas, podendo estar em exposição ou guardado. Monumentos são estátuas, esculturas, grandes construções feitas com o objetivo de se tornarem marcos de uma época.Doação, aqui se refere a deixar algo como herança em arquivos, museus públicos ou outras instituições que simbolize marcos, raízes de seu passado.

Se nossa identidade pessoal são as referências às coisas que dão significado para nossas vidas, a identidade cultural refere-se a todos os aspectos que caracterizam uma comunidade, como a língua, as religiões e suas manifestações, a organização educacional, familiar, religiosa, etc.As nossas amizades, os nossos parentes são indispensáveis para que gostemos ou não de um lugar. Nossa identificação com o lugar vem também de nossas relações pessoais.

Patrimônio Cultural diz respeito à identidade cultural de um povo e da humanidade. Ele é o conjunto de todas as expressões e manifestações culturais. Nesse sentido, as peças de acervos em museus, documentos guardados em arquivos, bens antigos, casas, prédios, monumentos, objetos, hábitos alimentares, vestimentas, modos de vida, fazeres e saberes manuais, artesanais, crenças, dentre outras tradições, constituem e constroem nossa identidade cultural.Da mesma forma que um indivíduo seleciona e acumula bens para doá-los à família, a sociedade elege alguns exemplos como os mais representativos da sua cultura, de sua história, de sua arte e de sua memória. Mas lembrem-se, todos os bens particulares e públicos e as manifestações culturais dessa sociedade são seu patrimônio cultural, pois trazem quase sempre suas características.

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Eu viajei pra muito longe atrás de um mundo novo e me realizar.

E quanto mais distante eu fui mais perto eu me encontrei aqui do meu lugar.

Se deita na minha lembrança, correnteza mansa, águas do meu riacho.

Espelhos nos igarapés quando lavava os pés e a sombra por debaixo.

Progresso eu sei é necessário, mas não há salário que pague o que eu tenho.

Indústria que tudo refina, mas só me fascina o doce do engenho.

Inconscientemente o povo corre atrás do novo e perde o endereço.

Ninguém trará de volta a feira, a roça e a cachoeira, tudo tem seu preço.(Apreço ao meu lugar – Paulo Matricó)

Toda comunidade possui um tesouro que é o seu patrimônio cultural e que também pode ser reconhecido como tesouro da humanidade. Por isto deve ser preservado.

A sociedade é como uma árvore: quanto mais forte e profundamente estiverem suas raízes cravadas no passado, tanto mais poderá desenvolver no presente a copa e o tronco, permitindo que o futuro seja florescente e frutífero. (Tesouros do Brasil)

Damos o nome de Patrimônio Cultural ao conjunto de bens mais caros à sociedade, aqueles que constituem a herança recebida de gerações anteriores.Você já parou para pensar que uma lembrança, para ser inesquecível, deve ser boa? O conhecimento de uma receita culinária, passada de geração em geração, é um conhecimento precioso. Conhecer os cânticos da Folia de Reis, saber tocar um instrumento, compreender e respeitar essa prática cultural, do capitão ao palhaço, ou seja, o que eles representam, também é uma riqueza, uma forma de preservar sua tradição.Mas aqui estamos falando de uma riqueza que não são os bens materiais. É abstrata, é imaterial. O Patrimônio Cultural Imaterial.

O galo cantou no Oriente

Surgiu a estrela da guia

Anunciando à humanidade

Que o Menino Deus nascia

Em uma estrebaria.(Folia dos Santos Reis – Autor desconhecido)

Paulo Matricó8

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Um bem imaterial é um bem abstrato, não é uma matéria ou um objeto, é um valor, um conhecimento, um sentimento. A cultura de um local se constitui de bens materiais e imateriais.

Patrimônio Cultural Imaterial são as formas de expressão de um povo, aquilo que é intangível, que não se pode tocar. São saberes e fazeres transmitidos de geração para geração, como as tradições, a língua, os modos de ser e de viver, o conhecimento culinário, as celebrações, as manifestações culturais e religiosas.

Os “modos de fazer” devem ser preservados como pequenas pedras preciosas e divulgados para que o povo brasileiro possa recordar-se de aspectos de sua vida que tendem a desaparecer. Sem eles ficamos órfãos de memória, de história, sem nossas raízes culturais.Preservar um bem imaterial não significa impedir o seu desaparecimento concretamente, porque cultura é dinâmica. Preservar é, antes de tudo, impedir o seu esquecimento. Contudo, não basta guardar este bem na memória. Por isto, a necessidade das imagens, de gravar as histórias orais dos nossos avós, as amostras, os repasses ou receitas de saberes e fazeres de tempos imemoriais.

O Patrimônio Cultural representa a memória do lugar. Os lugares em que vivemos são cheios de significados para nós, para a comunidade, para o bairro e para a cidade na qual moramos. São construções, árvores, praças, fotografias, costumes, sabores e saberes. No seu todo ou em cada detalhe existe uma história que se expressa como um significado, uma explicação de um lugar ou de um objeto que faz sentido para a comunidade.Essas histórias, muitas vezes, não foram vividas por nós, mas assim mesmo as conhecemos, e quando as recontamos é como se delas participássemos, aproximando-nos daquele tempo por meio do conhecimento de outras memórias.

Terno Moçambique Estrela Guia - Uberlândia

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E as boiadas vêm descendo do sertão!Safra, entressafra... Mato Grosso. Minas. Goiás.Caminhos recruzados. Pousos espalhados.Estradas boiadeiras. Aguada...Pastos e gerais.Cerrados. Cerradões. (...)Cercados. Aramados. (...)Boiadeiros. Fazendeiros (...)Trem de gado ronceiro... Jogando, gingando,Nos cilindros, nos pistões, nas bielas, e nos truques.Rangendo, chocalhando,Estrondando nas ferragens.(...)Trem de gado engaiolado, parado,Na plataforma, na esplanada.Gente que passa – pára.(...)...e o boi se deita exausto...(Trem de Gado – Cora Coralina)

A memória é a capacidade que temos de lembrar ou esquecer (às vezes independentemente de nossa vontade) as experiências vividas, apreendidas, percebidas, captadas, observadas ou com as quais, por diversas maneiras, temos contato.Um objeto, um aroma, uma imagem, um som, uma pessoa pode avivar a nossa memória. Na verdade, há uma infinidade de fatores que podem trazer à tona uma lembrança. Uma mesma paisagem pode trazer diferentes lembranças para diferentes pessoas, mas também pode ter o mesmo significado para um mesmo grupo.O respeito à memória é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Os lugares comuns, uma praça, um coreto, um cinema, uma rua, uma casa são também patrimônios histórico-culturais. Mesmo não sendo institucionalizados ou legitimados como tal, são lugares de memórias, cheios de valores, de significados e de lembranças.

Sibipiruna - Praça Adolfo Fonseca - Uberlândia-MG

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Cora Coralina10

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O Patrimônio Cultural Material pode ser classificado de acordo com as seguintes definições:

Patrimônio edificadoSão os locais que os homens, transformam a natureza para construir espaços para morar, para se divertir, para rezar, tornam significativos, como, por exemplo: prédios, casas, igrejas, escolas, construções arquitetônicas, públicas, etc.

Patrimônio urbanísticoDiz respeito à dinâmica de organização e constituição de um município ou de um centro urbano. As cidades têm histórias: umas nascem da doação de terras (sesmarias) à Igreja Católica, outras foram pontos de passagens ou registro para as minas de ouro e diamante e, outras, ainda foram planejadas e construídas tal como Goiana ou Brasília. E a sua, como nasceu?No cenário das cidades se delimita o urbano, constituído de ruas, avenidas, lojas, centros de diversão, templos, praças, jardins, escolas. No mundo rural se evidenciam as terras cultivadas, as fazendas, os currais, o paiol, o chiqueiro, a casinha de queijo, o quintal, a horta, todos espaços extensivos ao cotidiano do campo.

Nesses dois universos – o rural e o urbano – encontramos os bens imóveis. Eles podem ser uma data, um terreno, uma casa, uma fazenda, que podem ser adquiridos, comprados ou mesmo herdados. E os bens móveis são os objetos de uso pessoal, utensílios domésticos, ferramentas de trabalho, um instrumento musical, entre outros.

Patrimônio Histórico Cultural não são apenas peças de museus, documentos reconhecidos como tal ou grandes e antigas construções, ele também pode ser identificado por paisagens, lugares aparentemente banais, mas cheios de significados e experiências sociais. São 'lugares de memória', compreendidos pelas mais diversas formas da atividade humana.

Patrimônio naturalSão os relevos naturais, os rios, nascentes, as cachoeiras, os parques, as reservas, etc. Locais nos quais podemos contemplar a beleza, o esplendor ou a força da natureza, que podem ser valorizados ou não pelo homem.

Uberlândia Clube - Rampa de acesso

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Cachoeira da Rocinha - Distrito de Tapuirama

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Patrimônio documentalPode ser escrito, sonoro, audiovisual, eletrônico, digital ou imagético. Registra um tempo, uma época. Os escritos são geralmente confeccionados em papéis, como certidões, livros, cartas e guardam parte da memória de uma pessoa ou de uma comunidade. Os imagéticos são aqueles que revelam por meio de fotografias, filmes, folders, obras de arte a história de um lugar, de uma família, de um país, de uma festa, de comemorações ou mesmo de eventos marcantes para uma sociedade.

Bens integradosSão os bens associados a outros bens, como o altar de uma igreja, o pomar de uma fazenda, o quintal ou jardim de uma casa, uma viela de uma cidade, o coreto de uma praça, ou até mesmo o mobiliário de uma instituição ou residência, compondo o ambiente

Lei nº 5, de 15 de setembro de 1898, que regulamenta a criação de cabras, cabritos e carneiros no município de Uberabinha.

Lei nº 13, de 13 de janeiro de 1899, que regulamenta o comércio de “carne verde” no Município.

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Bandeira do TernoCatupé Azul e Branco

Oratório em madeiraFazenda do Letreiro

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Meu verso é como a sementeque nasce arriba do chão;Não tenho estudo nem arte,A minha rima faz parteDas obras da Criação.Patativa do Assaré

A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL:O CONHECIMENTO É O PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO

Hoje, a falta de conhecimento sobre o que é patrimônio, por que e como preservá-lo talvez seja uma das maiores dificuldades encontradas no processo que busca resgatar e proteger os nossos bens culturais.Nossa sociedade valoriza o que é novo, e a pressa do dia a dia, a correria devido às inúmeras tarefas que temos a fazer contribui para que valorizemos em demasia o descartável, as celebridades instantâneas, das quais no próximo ano não nos lembraremos mais. Esta emergência do imediato ressalta a importância da educação patrimonial. A crescente desvalorização da memória em nossa sociedade, na qual o moderno, o novo, o “tecnológico” ocupam o lugar da história, nos leva a jogar no “cesto do lixo” as nossas raízes culturais e tradições como coisas arcaicas, ultrapassadas e antigas. Essas atitudes se evidenciam no descaso aos idosos, na predominância dos bens descartáveis, na derrubada de arquiteturas antigas e até mesmo na demasiada exploração da natureza e no descaso e ignorância em relação as culturas indígenas ou dos descendentes africanos no Brasil. A memória histórica é desvalorizada porque muitas vezes não é considerada uma atividade essencial para o conhecimento. O antigo é visto como dispensável ou apenas objeto de decoração, o que contribui para o desconhecimento do processo histórico do qual é parte essencial. Tal fato impede que valorizemos o saber fazer do passado, o seu significado e a sua beleza. É necessário cultivar na infância o gosto pelos bens de nossa cultura, perceber como eram ou como os modos de vida ocorriam, permite não só visualizar o processo histórico, como também encontrar nossas raízes identitárias.

A educação patrimonial nos ensina a valorizar o que é nosso a partir da localidade onde moramos e das pessoas com as quais convivemos, estendendo-se tal ação em nível estadual e nacional. As culturas locais e regionais encontram-se entranhadas no cotidiano dos moradores e são parte constituinte da diversidade de nossa cultura nacional. Ao conhecer a nossa história e a nossa cultura, somos capazes de reconhecer as semelhanças e diferenças entre as práticas culturais deste Brasil tão rico, tão igual e, ao mesmo tempo, tão diverso. Mas para começar é necessário primeiro saber reconhecer e valorizar o que é característico de cada ambiente, de cada região, de cada município. Além disso, é importante perceber que o patrimônio cultural material ou imaterial é vivo e dinâmico. Nem tudo o que é velho é patrimônio cultural, e patrimônio cultural não é só o que é antigo e velho.

Preservar é toda ação empreendida no sentido de proteger e, portanto, impedir a degradação do bem cultural de uma comunidade. A preservação deve incluir alguns métodos, tais como: classificação, identificação, conservação, proteção, restauração, renovação, manutenção, revitalização e o próprio uso consciente do bem, independente de lei ou método.

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LEGISLAÇÃO DO TOMBAMENTO

O tombamento, embora não prive o dono do bem do direito à propriedade, restringe a sua ação, pois ele não poderá realizar qualquer ato que possa degradar, desfigurar ou alterar a integridade ou autenticidade desse bem.Após o tombamento, o bem pode ser alugado ou mesmo vendido, porém o órgão municipal responsável deverá ser comunicado. O tombamento não impede que o bem passe por projetos de modernização, desde que sejam respeitados os motivos que justificaram o tombamento e resguardadas as suas características originais. No entorno ou vizinhança de um bem tombado fica restrita qualquer construção que impeça ou reduza a visibilidade do bem, ou ainda, que restrinja a harmonia de sua ambiência, conforme definido pela Legislação de Preservação Patrimonial. O Dossiê de Tombamento especificará os perímetros da proteção, bem como as restrições específicas. A comunidade sempre será a principal guardiã do seu Patrimônio Cultural. As ações de proteção e valorização de bens culturais se relacionam aos interesses da própria comunidade. Quem conhece seus valores não permite que eles sejam destruídos.

Em Uberlândia, a obrigação no âmbito do poder público, no que diz respeito a preservação e valorização do seu patrimônio cultural, cabe a Secretaria Municipal de Cultura, auxiliada pelo COMPHAC - Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural. Tem ainda o Ministério Público a função de fiscalizar a ações relacionadas a preservação do patrimônio cultural que pertence à comunidade, portanto, é também de responsabilidade de todos.A Secretaria Municipal de Cultura elaborou um plano de inventário para a cidade que é ao mesmo tempo um instrumento legal e um programa dinâmico e sistemático que fornece bases para definição de políticas públicas locais e, nesse sentido, busca identificar, dentro do Município, os bens culturais de natureza material e imaterial. O principal objetivo do Inventário é compor um banco de dados que revelará o patrimônio cultural existente em Uberlândia, possibilitando valorizar e salvaguardá-lo por meio do planejamento e pesquisa, conhecimento de potencialidades e educação patrimonial.Para a proteção de bens imateriais usa-se o registro, pois o tombamento é utilizado apenas na proteção de bens de natureza material e esse é apenas o reconhecimento de sua importância e valor cultural. Como exemplo, podemos citar a produção de queijo mineiro, reconhecido internacionalmente.

Tombar é inventariar (levantamento de dados relativos aos bens), registrar e classificar os bens culturais, reconhecendo-os como integrantes do patrimônio nacional, estadual ou municipal. O tombamento é um instrumento legal de preservação, um ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, realizado pelo poder público por meio de leis.

Vista do Palacete Naguettini

Década de 1930

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A HISTÓRIANo Brasil, os esforços de preservação de bens tiveram início entre os anos de 1910 e 1925, quando surgiram as primeiras ideias neste sentido. Logo depois surgiram vários projetos que tinham como objetivo salvar bens culturais da destruição decorrente da expansão urbana, como forma de exaltar o passado materializado pelos monumentos históricos.A implantação da lei de tombamento foi feita na Constituição de 1934, no governo de Getúlio Vargas, que subordinou o direito de propriedade privada ao interesse social e coletivo. O que quer dizer que a preservação da história, da arquitetura de uma casa histórica pode ser mais importante que o valor financeiro desta casa para seu dono. Além disso, era necessário mostrar que as autoridades nacionais começavam a perceber a importância do patrimônio na construção de uma nova identidade para o Brasil. Assim, em 12 de julho de 1933 Vargas decretou a cidade de Ouro Preto como monumento nacional, o primeiro a ser legitimado como tal. Este fato reconhecia a cidade pelos seus aspectos arquitetônicos neocoloniais e pelos acontecimentos de alto valor histórico, como a mineração no período colonial e, principalmente, a Inconfidência Mineira que, para alguns, se consolidava como a primeira luta pela instituição do governo republicano no Brasil. O primeiro órgão de preservação foi criado em 1937, pelo Decreto Lei nº25, o Serviço do Patrimônio Histórico Nacional - SPHAN - que sofreu inúmeras reestruturações no que diz respeito as suas concepções, conceitos e condições financeiras. Hoje não se tomba um bem apenas considerando sua beleza arquitetônica, mas antes de tudo sua relevância social, o significado que o lugar tem para a sociedade onde se encontra inserido. Por exemplo, parte do Complexo do Carandiru está sendo preservada para nos lembrar das violências ali perpetradas.Esses esforços de preservação não ocorreram apenas no Brasil. O próprio modelo brasileiro se deu sob a influência da experiência francesa instituída em 1793. Atualmente a Unesco exerce um papel importante na mundialização das referências ocidentais para a preservação do patrimônio histórico. Um exemplo disso foi a criação, em 1972, da categoria de “patrimônio cultural da humanidade” com o objetivo de consagrar internacionalmente bens, cujo valor cultural é reconhecido pelo poder público nacional e ou internacional. Como modelo, a cidade de “Goiás Velho”, antiga capital do Estado, que possui um conjunto arquitetônico colonial relevante para a história do país. No Brasil, a lei de tombamento é muito democrática: qualquer pessoa pode pedir a proteção de qualquer bem. Avaliar este pedido é um dever do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN que é a instituição responsável pela legislação sobre o patrimônio histórico cultural no País. No Estado, existe o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico - IEPHA - e no Município existe o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia - COMPHAC - que desempenha as funções de fiscalizar, orientar e aprovar tombamentos de bens culturais em nível municipal em consonância com a Secretaria Municipal de Cultura. Todavia, este procedimento democrático não é tão acessível aos bens de natureza imaterial. O Decreto do Patrimônio Imaterial, criado no ano de 2000, tem a função de documentar e não de proteger, ele não pode impedir que determinada manifestação cultural desapareça, pois não há mecanismos legais que assegurem a permanência de fazeres, saberes e mesmo de outras atividades de interesse coletivo.

IPHAN – é ligado ao Ministério da Cultura e orienta as ações relativas à preservação do patrimônio cultural no país. O município e o Estado devem se responsabilizar pela preservação de seus bens culturais, formando técnicos e incentivando as escolas a discutirem essa questão.Um bem patrimonial tombado é atração turística de uma cidade, podendo, inclusive, atrair visitantes e trazer rendimento financeiro ao município.

A HISTÓRIA

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A proteção efetiva dos bens históricos culturais exige a ação fiscalizadora dos órgãos públicos.O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – é o órgão federal que centraliza as ações de avaliação, catalogação, organização e de preservação dos bens patrimonializados. Também coordena a ação das superintendências regionais e estaduais. Em Minas Gerais, é a Superintendência Regional do IEPHA a responsável em nível estadual, contando com o apoio das Secretarias ou outros orgãos de cultura dos municípios para a preservação local.O órgão internacional responsável pela preservação do patrimônio histórico nacional é a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO –, mas a grande responsável, porque interessada, tem de ser a sociedade.

As leis não bastam Os lírios não nascem das leis.Carlos Drummond de Andrade

A sociedade sempre será a principal guardiã de seu Patrimônio Cultural. A comunidade deve ficar atenta a situações que ameacem esse patrimônio, seja ele material ou imaterial. Preservar é mais que um dever, é um direito de cidadania e é uma ação importante na afirmação de nossa identidade. Devemos lembrar que nenhum bem tombado hoje pode ficar estático, apenas como lugar de "coisas mortas" para visitação pública. Qualquer bem tombado deve e pode ser utilizado pela comunidade como lugar de lazer, sociabilidade e aprendizagem.

Balé Folclórico da Bahia - Praça Rui Barbosa | Igreja do Rosário

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UBERABINHA: A SEMIOLOGIA DE UM PASSADO

A fazenda São Francisco foi a sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro entrante (entradas e bandeiras) a fixar residência nesta região.A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família, que aportou por essas plagas no início do século XIX, aproximadamente em 1818. Naqueles anos, este sertão era um espaço ermo que os tropeiros denominaram de “O Sertão da Farinha Podre”.Por volta de 1835, vieram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira, parte de suas terras para formar as respectivas propriedades de Olhos D'Água, Lage, Marimbondo e Tenda; ainda hoje elas permanecem na zona rural do Município. Felisberto Alves Carrejo tornou-se proprietário da Fazenda da Tenda e lá abrigou as suas atividades profissionais.Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de terra de cultura, nas imediações do Córrego Das Galinhas (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de D. Francisca Alves Rabelo, então viúva de João Pereira da Rocha. Naquela ocasião, esta porção de terra já era habitada por um pequeno número de pessoas, este local, atualmente, corresponde ao Bairro Tabajaras.Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada a Nossa Senhora do Carmo.

Maquete exposta no Museu Municipal de Uberlândia

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Ela foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas formas mais simples em termos arquitetônicos. Para viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela adquiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das Galinhas e São Pedro.Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente, corresponde à parte central da cidade de Uberlândia. O Arraial recebeu, então, o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava a sua volta uma faixa de terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.A cidade de Uberlândia nasceu pequena, acanhada, no entorno de uma capela, às margens de um caminho conhecido no século XIX como Estrada Salineira. Quando o Arraial passou à sede do Distrito, esta estrada recebeu o nome de Rua Sertãozinho, posteriormente Rua Tupinambás e, atualmente denomina-se Rua José Ayube. Foi nas imediações deste caminho que a comunidade edificou a pequenina e tosca capelinha, dando início à formação do Município que, em 1929, passou a se chamar Uberlândia.As raízes da cidade estão em um bairro conhecido hoje por Fundinho.O pequeno burgo era despertado pelo insistente sino da igreja, que determinava o amanhecer..., o ranger do carro de boi e das carroças marcando a rotina do dia..., o arrebol do entardecer..., as noites que se arrastavam em silêncio..., em um espaço que, de forma pragmática, foi sendo moldado segundo uma intencionalidade estética da urbanística moderna, acoplada as necessidades dos modos de viver que iam se impondo.Quando os braços da moderna Estrada de Ferro Mogiana alcançaram estas plagas em 1895, o espaço urbano sofreu grandes transformações. Uma “cidade nova” foi desenhada em 1898 pelo engenheiro da Mogiana, o inglês James John Mellor.Em oposição às pequenas e tortuosas ruas do Fundinho, foram traçadas seis largas e simétricas avenidas, avançando o cerrado e indo ao encontro da Estação. Estas avenidas foram abertas a partir do ponto onde terminavam as construções da “cidade velha”, sendo que os terrenos da Praça Clarimundo Carneiro delimitavam este espaço. O “Patrimônio da Santa” foi sendo continuamente remodelado, racionalizado, impregnado de sinais que foram conferindo significados à paisagem. A Praça da Matriz, a cartografia dos primitivos caminhos e trilhas do Arraial, a construção de casas comerciais ou residenciais, os códigos de postura regulamentando as questões de ordem social e econômica do Município, são todos testemunhos de um passado inscrito no território urbano. As pequenas e tortuosas ruas que entrecortavam o Município se formaram ladeadas pela sequência das casas, quintais e antigos muros que emprestaram à geografia urbana o seu sentido.Pelos idos de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da cidade.

Detalhe da Maquete

Museu Municipal de Uberlândia18

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Em 1943, após a inauguração da imponente Matriz de Santa Terezinha na Praça Tubal Vilela, ela foi demolida e em seu lugar foi construído um prédio para abrigar a Estação Rodoviária, eram novos tempos....Buscar este passado é andar por caminhos diversos, pois a história da cidade está diluída, em fragmentos de documentos, na literatura, na poesia, nas lembranças, nos relatos e imagens que se transformam em ferramentas de trabalho para que o historiador entenda o presente. Na medida em que estes testemunhos vão sendo revestidos de significados, o passado se dá a conhecer.Os hábitos, costumes e tradições são vestígios de sociabilidades envoltas nas brumas do tempo, nos revelando os sujeitos sociais das épocas. Os documentos nos remetem a um lugar, no qual os testemunhos parecem congelados na arquitetura, nas ruas de terra marcadas com as rodas de carro de boi, nas formas de trajar, nos pés descalços, em uma cartografia que esconde e revela a história econômica e a história das estruturas sociais desta comunidade.Os primeiros registros históricos da cidade de Uberlândia nos ajudam a entender como o seu espaço urbano foi sendo cotidianamente pensado, inventado e construído. Uma história que, desde o início, foi escrita com os símbolos da ordem, progresso e modernidade. A cidade de Uberlândia foi emancipada no último ano do Brasil Império e recebeu toda a carga simbólica daquele momento. Com a República, novos nomes foram escolhidos para nomear ruas e praças. Era o grande desafio das reformas, da liberdade e independência.Naquele contexto histórico, o Município foi se mostrando entre praças ladeadas por imponentes casarões, antigos quintais e pequenos casebres, em um movimento contínuo de construção, pois é na urdidura do cotidiano que se realiza o sonho.Do passado, emerge uma cidade pautada na simetria e linearidade que escondem comportamentos, costumes, fazeres e saberes que adormecem no tempo; cidades invisíveis que escondem passados. Viajando no tempo, é possível caminhar pelas ruas da antiga São Pedro de Uberabinha e ler, a partir de uma rede de símbolos e significados, a existência de retalhos de histórias reveladoras de sentimentos, sociabilidades e formas de convivência que se faziam também pelos gestos, pela cortesia e pelo caminhar. Também é possível vislumbrar os conflitos sociais, as disputas políticas, os instrumentos da ordem que instituiam o controle social, deixando a imagem de uma sociedade harmoniosa.Um lugar que tinha nos nomes das ruas e marcação do sentido de suas vidas. Rua das Pitangas, Rua do Pasto, Rua da Direita, Rua da Chapada, Rua do Rosário, Rua São Pedro, Rua Boa Vista, Largo da Cavalhada, entre outras, são exemplos que nos permitem pensar a história desta sociedade atrelada às questões relativas à memória e ao esquecimento.São Pedro de Uberabinha não era um lugar conhecido, nem o maior ou o mais antigo, mas se tornou, em pouco tempo, ponto de referência na região. Uberabinha era um lugar que, a cada dia, se dedicava de forma mais intensa ao comércio. Através dos documentos, escritos e imagéticos, é possível ler, nos vestígio da cidade, os símbolos e sinais desta história.Nos primórdios da construção do Município, a atividade comercial ocupou um lugar de destaque no cenário urbano. O Largo do Comércio, hoje denominado praça Dr. Duarte, era um ponto estratégico para as trocas comerciais. No Largo das Cavalhadas, hoje praça Coronel Carneiro, também existiram casas comerciais que abasteciam a cidade e a região com artigos locais ou vindos de outras paragens. Velhos tempos!Os indícios desta história sobrevivem em ruínas. Na cadência dos passos, os lugares se apresentam significativos e possuidores de registros escondidos. É impossível pensar que não houvesse transformações, porém necessário se faz conhecer as múltiplas histórias que foram, ao longo do tempo, sendo apagadas, esquecidas, demolidas e (re)escritas.

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Igreja Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 1.650 de 14/10/1968Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição I, pág. 03.

A igreja Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga é uma construção do período compreendido entre os anos de 1850 a 1852, quando foi construída a primeira capela no Distrito de Santa Maria, hoje Miraporanga.Recebeu primeiramente o nome de Capela de Nossa Senhora das Neves, construída sob o oráculo de Nossa Senhora do Carmo e Santa Maria Maior, sendo a 15º Capela edificada no Sertão da Farinha Podre e a única remanescente nos dias atuais.O início da construção contou com a orientação do então vigário da cidade do Prata, o Padre Antônio Dias de Gouvêia. O Padre Gouveia era uma figura irrequieta, proprietário de enormes fazendas, com uma intensa atuação política, foi vítima, dentro de sua própria Igreja, na cidade do Prata, de um atentado a tiros, no qual saiu ileso.Abandonou desgostoso a sua paróquia, retirando-se para sua fazenda do Espraiado. A construção da "Capelinha de Santa Maria" foi finalizada em 1852, sob orientação do Padre Jerônimo Gonçalves Macedo. No ano de 1865, a Capela construída por escravos, serviu como lugar de repouso para os integrantes da Coluna do Mato Grosso, composta de cerca de 3.000 homens, que seguiam rumo à Guerra do Paraguai.Em 30 de julho de 1986, houve a alteração no nome da Capela Nossa Senhora das Neves, que passou a denominar-se Igreja Nossa Senhora do Rosário. A mudança foi feita devido às discussões acerca das várias padroeiras da Capela e realizada através de uma votação do Conselho Comunitário de Miraporanga.Neste mesmo ano, a Igreja Nossa Senhora do Rosário de Miraporanga sofreu um processo de restauração, executado pelas Secretarias de Cultura e de Obras, da Prefeitura de Uberlândia contando com assessoria técnica do IEPHA-MG.No período de 1999 a 2001, a Igreja sofreu nova restauração, visto que foram verificados na edificação problemas relacionados à infiltração de águas pluviais pela cobertura, deterioração da estrutura autônoma de madeira e das alvenarias de adobe e má conservação geral do imóvel, dentre outros problemas. Devido ao seu valor histórico enquanto marco do núcleo que originou a cidade de Uberlândia, assim como a sua importância arquitetônica como referência do estilo colonial primitivo, hoje raridade no Brasil, é que foi tombada como Patrimônio local no ano de 1968.

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Conjunto Praça Clarimundo Carneiro,Edifício da Câmara Municipal e Coreto

A Praça Clarimundo Carneiro ocupa a área onde foi construído o segundo cemitério da cidade. Esse cemitério foi desativado em 1898 e, a partir de 1908, iniciou-se o processo de regulamentação da área junto ao Bispado objetivando desapropriar terrenos no seu entorno para a construção de um Jardim Público no local, assim como de um prédio para abrigar o Paço Municipal. O primeiro nome que a praça recebeu foi Praça da Liberdade. Esta denominação talvez esteja em sintonia com o momento histórico nacional tendo em vista que o país estava vivendo os primeiros anos da Proclamação da República. Posteriormente, o local passou a denominar Praça Antônio Carlos (1929) e, novamente, podemos relacionar ao momento político que o país passava, pois este era o nome do Interventor do Estado daquele período, que ficou conhecido também como “Era Vargas”. Passados aqueles anos, em 1961, a praça passou a se chamar Praça Clarimundo Carneiro, em homenagem a um importante empresário local que desenvolveu suas atividades em Uberlândia nos primeiros anos do século XX. A praça foi projetada pelo construtor Cipriano Del Fávero e tinha como finalidade oferecer ornamentação paisagística ao edifício do Paço Municipal, cujo projeto também foi de sua autoria. Inicialmente estava previsto, além do Paço, a construção de dois coretos. Na década de 1920 foi cogitada a idéia de se construir o edifício do Fórum na praça, em lugar desses coretos. Entretanto, optou-se pelo Coreto, sendo construído apenas um, entre os anos de 1925 e 1927. Ao longo dos anos, devido às questões relacionadas ao tráfego urbano, a Praça sofreu várias interferências no seu contorno e em seu paisagismo. A alteração mais significativa foi a modificação de seus canteiros originais, com troca das espécies de médio porte para plantas de pequeno porte. O argumento para tal reforma, feita também em outras praças da cidade, foi diminuir a violência que ocorria no interior dos jardins escuros, cuja vegetação obstruía a visibilidade de quem andava ao seu redor.Esse conjunto - Praça, Coreto e Edifício da Câmara (Palácio dos Leões) - é um espaço muito importante e significativo da cidade, pois representa o esforço de se construir uma cidade pautada nos atributos da urbanística moderna. Em 25 de setembro de 1985, ficou reconhecido o valor deste conjunto que foi tombado por lei municipal e oficialmente nomeado Patrimônio da cidade.

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 4.209 de 25/09/1985Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição II, pág. 04.

Praça Clarimundo Carneiro s/n

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O Museu Municipal ocupa o prédio que foi construído para abrigar o Paço Municipal da cidade que até 1929 era conhecida pelo nome de Uberabinha. O município de Uberlândia foi criado pela Lei nº 3.643 de 31 de agosto de 1888, sua instalação se deu em 14 de março de 1891, tendo como sede um casarão alugado, no qual funcionava o Poder Judiciário, o Legislativo e o Executivo, pois naquela época o Presidente da Câmara era também o Agente Executivo. Nos últimos anos do século XIX, após a Proclamação da República, decidiu-se que a cidade deveria ter um prédio imponente, que correspondesse aos ideais de beleza e modernidade que o momento exigia. Assim, em 1898 foi elaborada a Lei Municipal nº7, que determinou a construção de um edifício par abrigar o Paço Municipal. O local escolhido, atual Praça Clarimundo Carneiro, criou polêmica porque, parte do terreno havia sido ocupado por um cemitério. O projeto e a construção ficaram a cargo de Cipriano Del Fávero, e a sua inauguração se deu em 1917. Foi o primeiro edifício de dois pavimentos na cidade e, durante algum tempo, o único.Com o crescimento das atividades administrativas do Município, o espaço físico do prédio tornou-se insuficiente. Por isso, as atividades foram transferidas e, em 1993, quando o Poder Legislativo ocupou as novas instalações do Centro Administrativo, o prédio passou a abrigar o Museu Municipal. O estilo arquitetônico do prédio é conhecido como eclético, pela mistura de diversos outros que compõem sua construção, característica do século XIX no Brasil.

O Coreto integra o conjunto urbanístico formado pela Praça Clarimundo Carneiro, constituído pela própria praça e o Palácio dos Leões. A obra foi inaugurada em julho de 1925, durante a administração do Agente Executivo Sr. Eduardo Marquez (1923–1927). Este administrador tinha uma atenção especial com os jardins públicos e, desta forma, sua gestão ficou conhecida pela população como o “Governo das Flores”. Em uma de suas visitas a São Paulo, Eduardo Marquez se encantou com o coreto de um jardim público. Decidiu então construir aqui, em Uberabinha, uma obra parecida. Trouxe consigo fotografias e plantas que o ajudariam na execução do projeto. Chegando aqui, procurou o construtor Américo Zardo que o informou que a obra ficaria em cinco contos de réis. Achou muito caro e, por falta de recursos, desistiu. José Andraus Gassani, um empresário sírio-libanês local, não aceitando o desânimo do amigo, resolveu abraçar a causa e fez uma relação das pessoas que poderiam colaborar. Ele e o Agente Executivo foram os primeiros nomes da lista doando cinquenta mil réis cada um. A construção foi feita em frente ao Paço Municipal que já havia sido inaugurado em 1917, quando a praça ainda se chamava Praça da Liberdade. Em 1929, o lugar passou a se denominar Praça Antônio Carlos e, em 1961, Clarimundo Carneiro. O Coreto sofreu poucas alterações ao longo dos anos. As mais significativas, em épocas não determinadas, foram a instalação de banheiros no térreo, a redução dos pilares de alvenaria que tinham prolongamentos decorativos no nível do solo e delimitavam espaços entre os quais eram colocados bancos, a alteração das portas do primeiro pavimento e a retirada do forro de madeira.A restauração de 1986 preservou os elementos originais, com exceção das portas do pavimento térreo, que foram substituídas por portas metálicas. Em 2006, foi revitalizado através de um processo de pintura total do bem.

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A Casa da Cultura foi construída entre os anos de 1920 a 1924 pelo Sr. Eduardo Marquez, Agente Executivo do Município nos anos de 1923 a 1926. O projeto arquitetônico da residência foi inspirado em um palacete paulista, que o Sr. Marquez conheceu em uma de suas viagens a São Paulo, de onde trouxe fotografias e desenhos.O projeto foi confiado ao engenheiro Fernando Paes Lemes, e a construção ficou a cargo do empreendedor Américo Zardo. Esta foi uma edificação muito imponente para a época, pois empregava materiais oriundos do exterior e de outros estados, tornando-se destaque no cenário urbano.O edifício tem características do estilo eclético agrupando em sua linguagem elementos característicos de estilos historicistas, em voga nos grandes estados brasileiros como o clássico frontão e ornamentos que remetem ao bucolismo romântico, não se esquecendo o corredor alpendrado que faz alusão à tradicional varanda colonial. O porão apresenta apenas um pavimento com alicerces de pedra moída e alvenaria estrutural de tijolos maciços, acompanhando, quase totalmente, o volume da casa com esquadrias de madeiras aliadas ao vidro, cujo gradil aparece apenas no porão. As esquadrias do primeiro piso têm portas de madeira e janelas de madeira e vidro, compostas de duas folhas. Neste pavimento, o piso em parquete apresenta madeira trabalhada em tons claro e escuro; no salão lateral direito e no salão principal, tanto o piso como o forro possuem tratamento diferenciado, observado pelo primor na colocação das peças, originando desenhos trabalhados. As paredes internas são revestidas por pintura em tom pastel, apresentando um tom ocre nos barrados e em alguns cômodos existem pinturas ornados por pinturas decorativas de tema floral. No ano de 1937, a casa foi vendida ao médico Laerte Vieira Gonçalves, e o imóvel passou por algumas intervenções visando adequá-lo para acomodar uma Casa de Saúde e sua residência.Posteriormente, para servir somente como Casa de Saúde e Maternidade foi construído um anexo lateral, destinado a abrigar uma sala de cirurgia e uma de esterilização. Tal construção efetivou-se, provavelmente, entre as décadas de 1940 e 1950. Em princípios de 1960, o palacete foi vendido ao Governo do Estado de Minas Gerais e passou a sediar a Delegacia Regional de Polícia Civil e, mais tarde, o Centro Regional de Saúde. Em seguida, o imóvel sediou, até 1983, a Superintendência Regional da Fazenda Estadual. Quando ocorreu a mudança do órgão para nova sede, a casa passou a funcionar como depósito de material apreendido.Em maio de 1984, o Estado doou o imóvel ao município de Uberlândia, em regime de comodato, destinando-o a implantação da Casa da Cultura.

Casa da CulturaTombada como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 4.217 de 15/10/1985. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição III, pág. 05.

Praça Coronel Carneiro, 89 - Fundinho

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A Oficina Cultural é formada por um complexo de prédio datado do início do século XX, ligados à história da energia elétrica da cidade, inaugurada em 1909.A primeira companhia de energia elétrica de Uberlândia - Companhia de Força e Luz de Uberabinha - foi implantada em 1912. Em 1929, foi criada a Companhia Prada de Eletricidade, que comprou o patrimônio da Cia. de Força e Luz. O imóvel de dois pavimentos foi construído em terreno da esquina da Praça Clarimundo Carneiro para alojar a administração da Cia. Prada. Na mesma época, no terreno ao lado voltado para a Rua Tiradentes, o Coronel Clarimundo Fonseca Carneiro, um dos fundadores da Companhia, construiu sua residência. O conjunto ainda é integrado pelo pátio com três anexos: um construído no alinhamento do terreno voltado para a Praça Clarimundo Carneiro, outro nos fundos do terreno e o terceiro, entre este e a antiga residência.De 1936 a 1973, foi utilizada para residência dos gerentes da Prada Eletricidade. Neste período, no pátio formado pelo restante do terreno funcionou um posto de abastecimento dos veículos da firma e, no anexo construído nos fundos, foram instaladas uma oficina mecânica, uma marcenaria e uma carpintaria.Em 1973, a CEMIG encampou a Prada Eletricidade. Com essa incorporação a casa deixou de ter uso residencial para abrigar funções administrativas.Em 1993, todos os terrenos que compunham o conjunto foram retificados com relação às suas medidas e confrontações, passando a se constituir num único imóvel.O imóvel foi adquirido em 1995 pela Prefeitura Municipal para ser ocupado com as instalações da Oficina Cultural de Uberlândia, com programações gratuitas enfatizando ensino / aprendizagem das artes e atividades de difusão cultural, tais como shows, teatro, exibições de filmes, dentre outras.

Oficina Cultural

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 4.217 de 15/10/1985. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição IV, pág. 06.

Praça Clarimundo Carneiro, 240 - Fundinho

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Igreja Nossa Senhorado Rosário

A Igreja do Rosário se constitui referência para a cultura local não só porque abriga a Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito mas, também, por ser o prédio religioso mais antigo no espaço urbano de Uberlândia. A primeira edificação de uma Igreja do Rosário na cidade foi pensada em 1876, para ser executada na atual Praça Doutor Duarte, por isto o lugar ficou conhecido na época como Largo do Rosário. Em 1891, o Sr. Arlindo Teixeira, membro da Comissão Procuradora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, propôs uma mudança de endereço para a construção da Capela. Desta forma, ela foi iniciada em 1893 em um terreno vago que atualmente se denomina Praça Rui Barbosa que, naquela época, eram lotes que estavam afastados do centro urbano. Era uma construção modesta, com estrutura autônoma de madeira e fechamento em tijolos de adobe, frontispício voltado para o antigo ribeirão São Pedro. Contava com três portas, sendo uma central mais larga e, duas laterais, além das janelas com balaústre de madeira recortadas no nível do coro. Nos anos seguintes, o centro urbano cresceu geograficamente, e as imediações da Igreja do Rosário tornou-se um lugar no qual as famílias tradicionais começaram a edificar suas residências. Existia um descontentamento da população com aquela construção que era considerada acanhada. Desta forma, por iniciativa de Cícero Macedo, formou-se uma comissão encarregada da construção de uma nova Capela que fosse “mais condizente com a época”. A comissão conseguiu recursos da população local e viabilizaram entre os anos de 1928-1931 a construção da nova Capela que foi inaugurada em maio de 1931.Anualmente é celebrada a Festa do Congado, que reúne centenas de membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Nesses dias, as imagens de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário são preparadas em seus andores para que possam abençoar a festa. Essa festa é uma das mais representativas da cultura afrodescendente de Uberlândia.

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 4.263 de 09/12/1985. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição V, pág. 07.

Pça Rui Barbosa - Centro

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A construção do prédio do Mercado Municipal de Uberlândia está diretamente relacionada com a história política do País, pois esta obra faz parte de um tempo em que as decisões sobre a construção de prédios públicos estavam diretamente relacionadas às deliberações de Interventores Estaduais e Municipais.Naqueles anos, final da década de 1930, era hábito e costume da população local um comércio ambulante, feito por chacareiros que colocavam sobre os ombros as gamelas com a “carne verde” ou empurravam pelas ruas seus carrinhos de mão com frutas e verduras. O pão e o leite eram colocados pelo charreteiro sobre os muros das residências. Um cotidiano pautado pela cadência de passos que permitiam a convivência, a cortesia dos gestos e o sonho de construção de uma cidade moderna.Na urdidura deste cotidiano, o Interventor Municipal solicitou em 1939 que a Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado enviasse projetos para a construção de um prédio para abrigar o Mercado Municipal de Uberlândia, procurando regulamentar as questões relacionadas às exigências sanitárias na cidade, ao mesmo tempo em que atendia a uma antiga aspiração local, pois desde o ano de 1923 a comunidade já havia aprovado uma Lei Municipal que autorizava a sua construção. A inauguração deste prédio, onde ainda hoje funciona o Mercado Municipal, ocorreu dia 25 de dezembro de 1944. O Mercado foi construído para abrigar o comércio local de hortifrutigranjeiro e, desta forma, funcionou por mais de seis décadas. Neste período, passou por algumas adequações e ampliações, mas permanece como representação da arquitetura moderna. O artista local Geraldo Queiroz pintou em algumas paredes externas do prédio representações dos comerciantes e trabalhadores comuns que utilizavam este espaço para as suas atividades.

(Conjunto das edificações que compõem o Mercado, seu calçamento de pedras e a árvore Figueira Branca)

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 8.130 de 29/10/2002. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição VII, pág. 09.

Rua Olegário Maciel, 255 - Centro

Mercado Municipal

Croqui de gravuraexposta nas paredes doMercado Municipal

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Sendo este o único estabelecimento do gênero, à medida que a cidade crescia, a sua ampliação tornou-se necessária. Na administração do Prefeito Tubal Vilela da Silva (1951-1955), foi construído um prédio anexo, voltado para a Av. Getúlio Vargas para abrigar um restaurante popular e uma estufa para o amadurecimento de verduras. Este local se constituía em um pavimento térreo encimado por um terraço aberto que dava acesso à três salas cobertas com laje, situadas na extremidade esquerda da fachada voltada para a Avenida Getúlio Vargas. O acesso ao segundo pavimento se dava pela rampa lateral ao prédio. O projeto de extensão não foi concluído e o lugar foi transformado em um local para novas lojas no pavimento térreo. O pavimento superior foi cedido à UESU (União dos Estudantes Secundaristas de Uberlândia) até o ano de 1964. Posteriormente, foi ocupado por outras atividades como a Banda Municipal que ali ensaiava seu repertório, Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas. Em 1959, na gestão do Prefeito Geraldo Ladeira, foram construídos seis cômodos, na lateral esquerda do prédio principal, destinados à instalação de açougues, além de novos sanitários localizados no pátio. Em 1972, no governo do Prefeito Virgílio Galassi foi construído um cômodo para o depósito de frutas anexo às lojas do fundo. Com a criação da Central de Abastecimento Regional do Triângulo - CEART, em 1977, o Mercado Municipal perdeu sua função de concentrador do comércio atacadista hortifrutigranjeiro, ficando apenas com o comércio varejista.Em 1985, foi criado mais um anexo em seu pátio, destinado a receber a administração, o PRONAV - Programa Nacional de Voluntários e um cômodo para depósito. A partir de 1995, nas gestões dos Prefeitos Paulo Ferolla da Silva e Virgílio Galassi os prédios centrais, laterais direito e dos fundos foram restaurados.No ano de 2009, o prédio passou por um processo de restauração e em 2013 foi realizada a troca do telhado, troca do forro e a manutenção da pintura. Hoje, além do comércio com frutas, verduras e produtos artesanais, os frequentadores do Mercado também consomem Cultura e Arte. Parte do prédio que, por muito tempo, era utilizado para fins diversos agora foi destinado a abrigar uma Galeria de Arte e um Teatro de Bolso para 100 pessoas e outras atividades culturais.As obras de arte, que foram feitas nas paredes externas do prédio quando construído, foram restauradas e são motivos de admiração por parte da população que as conheceram no passado, como também daquelas pessoas que as desconheciam e passaram a admirá-las.Para a realização desse trabalho, os engenheiros e arquitetos se preocuparam em recuperar a arquitetura do edifício porque perceberam o sentimento de pertencimento e a memória da população local que, cotidianamente, paravam frente às obras e recordavam os tempos de quando brincavam naquele lugar ou acompanhavam seus país ou avós nas compras, ou mesmo quando simplesmente ficavam olhando o artista trabalhar naqueles paredes que estavam alojadas nas suas lembranças agora tão vivas.A restauração e recuperação do prédio do Mercado é parte de um esforço contínuo de mostrar à população seu passado, suas histórias e a determinação em construir uma cidade pautada no futuro, considerando a importância de nosso passado. A inauguração do Mercado nos anos 1944 deu início a um processo de substituição de um sistema de vendas itinerante e informal por um sistema organizado em espaço institucional. A sua arquitetura marcou também a mudança que a paisagem urbana começava a sofrer, com a introdução de novas técnicas construtivas e formas mais lineares e simplificadas, em substituição aos edifícios ornamentados que caracterizavam as construções anteriores.O Mercado tornou-se referência para um comércio regular que acontecia em seu interior ao lado daquele informal que se espalhava em sua área externa, evidenciando ser um lugar de atração econômica e social para a população local.

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Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 9.183 de 02/06/2003. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição VIII, pág. 11

Não há documentação que informe a data exata da Residência Chacur. No entanto, suas características arquitetônicas e o fato de sua primeira transferência de venda datar de 1927 indicam que sua construção se deu no início da década de 1920. Os primeiros proprietários foram o Sr. Francisco Moyulba e sua esposa. Os proprietários seguintes foram o Sr. Setrack Naccachi e sua esposa e, em 1927, passou para Salomão Attiê & Cia. Em 1932, em consequência da dissolução da firma Salomão Attiê e Cia. e para o saldo de uma hipoteca, a residência foi vendida ao Sr. Aníbal Guimarães e sua mulher que, em 1934, a transferiram para o Sr. Miguel Jacob. Posteriormente, em 1936, a residência voltou às mãos da família Attiê, uma vez que o Sr. Jacob a vendeu aos filhos do Sr. Salomão Attiê, Jorge Salomão e Adib Salomão, ainda menores de idade.Em 1944, o imóvel foi vendido para o Sr. Aladim José Bernardes, que a transferiu, em 1962, a Adel Elias El Rassi e Abrahim Elias Rassi. Neste período, efetivou-se uma divisão no imóvel, ficando uma parte com nove cômodos e a outra com sete. Enfim, em 1966, as duas partes do imóvel passaram para o Sr. Said Chacur e sua esposa, Sra. Albertina Chacur.Com a morte do Sr. Said, seus herdeiros Sra. Albertina e seus filhos Bacima, Nádia, Nazira e Marco Antônio tornaram-se os responsáveis pelo imóvel. Em 1984, a residência passou por uma reforma, em que se acrescentou ao volume da cozinha uma varanda e uma garagem, e parte do piso fora trocado. Em uma das salas, o forro, anteriormente de madeira, foi substituído por um de gesso e algumas esquadrias também foram substituídas. O imóvel situa-se em um terreno de aproximadamente 428m2, na esquina da Rua Vigário Dantas com a Rua Marechal Deodoro da Fonseca, no Fundinho. A residência possui, em sua fachada, características neoclássicas expressas pela clareza construtiva e por uma simplicidade formal. O ritmo mantido pela disposição das janelas e de outros elementos afirma tal peculiaridade. O edifício foi construído no alinhamento do lote, tanto em relação à Rua Vigário Dantas como em relação à Rua Marechal Deodoro, sem afastamento frontal. Estão distribuídas nas fachadas nove janelas ornadas por arcos plenos, cujas bandeiras constituem-se de vidro pintado. Este mesmo ornamento aparece na porta principal da casa. O imóvel se constitui importante exemplo de construção no século XX.

Rua Vigário Dantas esquina com Rua Marechal Deodoro da Fonseca - Fundinho

Residência Chacur

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Praça Tubal Vilela

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 9.676, de 22/11/2004. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição IX, pág. 12.

A Praça Tubal Vilela é parte dos projetos urbanísticos elaborados no final do século XIX objetivando a construção de uma cidade moderna. No ano de 1898, o engenheiro da Mogiana, o inglês, James John Mellor que estava na cidade para implantação da estação ferroviária, foi contratado pela comunidade para desenhar a planta do espaço urbano que ficou conhecido como a “Cidade Nova”.O projeto previa a abertura de seis avenidas entre a parte mais antiga da cidade e a Estação da Mogiana. O quarteirão mais central dessa expansão, atual Praça Tubal Vilela, foi destinado à construção de um jardim, que recebeu o nome de Praça da República. Este local era usado, anualmente, para encontro de grupos de congado que se dirigiam à Igreja do Rosário, situada nas proximidades e, nos anos de 1915, fora utilizada como campo de futebol.Entre os anos 1912 – 1922, a cidade teve como administrador o Sr. João Severiano Rodrigues da Cunha que, para embelezá-la plantou de oito a dez moitas de bambu gigante que cresceram espantosamente e davam sombra magnífica em qualquer hora do dia e agasalho a milhares de passarinhos que sonorizavam as madrugadas da primavera e do verão. A praça continuou a ser oficialmente Praça da República, mas o povo passou a denominá-la de “Praça dos Bambus".Em 1925, uma lei municipal determinou que a praça e as ruas circundantes: as avenidas Afonso Pena e Floriano Peixoto, as ruas Visconde de Rio Branco (atual Duque de Caxias) e Luziânia (atual Olegário Maciel) fossem destinadas à construção de um parque municipal.Em 1938, o Interventor Municipal Vasco Giffoni confiou ao técnico de Belo Horizonte Júlio Steinmetz, o trabalho de execução de uma planta para a construção de um novo projeto de jardim, com características classicizantes. Este projeto apresentava uma organização parcelada em canteiros ordenados em quadrículas, com tratamento paisagístico elaborado a partir do conceito de jardins europeus e o uso de plantas exóticas, porém com algumas espécies nativas. A proposta contemplava vários passeios internos, com uma fonte localizada em seu centro, nas extremidades de um lado alguns bustos e de outro um coreto. O jardim ficou pronto e, em plena era Getuliana, a Praça recebeu o batismo de Praça Benedito Valadares como tributo ao Interventor.A sucessão dos acontecimentos nos levam ao ano de 1945 e ao fim do governo de Vargas, quando a Praça volta a se chamar Praça da República. No ano de 1958, o lugar recebeu o nome de Praça Tubal Vilela, em homenagem ao ex-prefeito de Uberlândia.

Praça Tubal Vilela – Centro

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Em janeiro de 1959, o prefeito Geraldo Ladeira levantou problemas referentes à remodelação urbana e convidou o arquiteto João Jorge Coury para trabalhar na configuração desse espaço. Neste projeto, ele teve como colaboradores o arquiteto Ivan Rodrigues Cupertino, os irmãos engenheiros Rodolfo e Roberto Ochôa e Sebastião da Silva Almeida. Entre o desenvolvimento do projeto e a construção da praça, executada pelo próprio escritório de João Jorge Coury e Rodolfo Ochôa, foram dois anos de trabalho.A praça foi inaugurada no aniversário da cidade, em 31 de agosto de 1962. Está localizada no centro da cidade, em um quarteirão de forma retangular (102 x 142m), com uma área de 14.484 m2 e inserida na malha urbana de traçado xadrez, com uma topografia plana e suave. João Jorge Coury concebeu a praça como um espaço de convivência e manifestação pública, onde o centro livre sobressai na sua organização, que é enfatizado através da forte paginação de piso e dos acessos em “X”, diagonais que convergem das esquinas para este centro. Possui um programa diversificado, com equipamentos comunitários tais como: concha acústica, fonte sonoro-luminosa, espelhos d’água, instalações sanitárias, grandes bancos contínuos e estacionamentos. A organização determina setorizações que podem ser definidas pelos elementos construídos ou pelo paisagismo, buscando tirar partido dos aspectos visuais ou explorando a visibilidade, permitida com o uso de espécies vegetais em três níveis de abordagem: forrações, arbustos e árvores, que sugerem as possibilidades cênicas e volumétricas entre piso, barreiras e coberturas.O projeto dispõe os equipamentos comunitários em ambientes, sem obstruir as linhas de comunicação espontâneas ou o centro livre. A concha acústica frontal ao centro livre está colocada no eixo central da Avenida Afonso Pena. Sua volumetria destaca-se por sua proporção e por sua elevação em relação ao solo. A consequente leveza é reforçada pelo espelho d’água, que separa a plateia do palco; o acesso ao palco é feito pelo lado posterior da concha e por duas rampas externas, laterais ao palco, que se apresentam totalmente integradas ao conjunto. A fonte sonoro-luminosa é o elemento plástico mais audacioso: um volume em forma de um prato de concreto iluminado, assentado sobre um outro de forma triangular envolvido por um espelho d’água.Esses volumes destacam-se por suas superfícies tecnicamente trabalhadas. A utilização de bancos contínuos e coletivos, executados em concreto, com moderno despojamento, sem ornato, em substituição aos tradicionais, inova ao propor dimensões de até 50 metros. Quanto à sua implantação, estão associados ao próprio traçado urbano: a maioria penetra nos grandes canteiros, exceção feita aos bancos centrais, que auxiliam na delimitação física do centro livre, direcionando o fluxo do caminhante. A pavimentação emprega a pedra portuguesa, trabalhando a superfície em faixas brancas e pretas dispostas paralelas e longitudinalmente à Praça acentuando sua horizontalidade, que só é rompida pelos grandes canteiros e pelos bancos contínuos.Várias modificações em seu projeto original foram realizadas desde então. Entretanto, a Praça nunca deixou de ser o "cartão-postal" da cidade de Uberlândia e, além de ser espaço urbano de lazer e convivência, tem sido também ao longo dos anos palco para múltiplas manifestações políticas e culturais.

Detalhe chafarizPraça Tubal Vilela – Centro

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Escola Estadual de UberlândiaTombada como Patrimônio Histórico Municipal pela Decreto nº 9.904 de 13/06/2005 Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição X, pág. 15.

A Escola Estadual de Uberlândia tem sua história iniciada em 1915 com a instalação do Ginásio de Uberabinha, instituição particular que funcionava de forma provisória em uma casa alugada, em condições precárias em local inadequado, sob a direção de Antônio Luiz da Silveira. Esta Instituição preparava os estudantes de Uberabinha para irem à cidade de Ribeirão Preto prestarem exames educacionais em outro colégio que era equiparado ao Colégio D. Pedro II, considerado referência nacional.

Naqueles anos, algumas pessoas de grande influência política e econômica da cidade decidiram que era necessário a construção de um prédio novo, comprometido com a arquitetura moderna, com as questões relacionadas à higiene, com os ideais de progresso e modernidade, que fosse amplo, arejado, adequado às necessidades de um Gymnasio.Assim sendo, se organizaram e criaram a Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha”, com o objetivo de construir uma edificação destinada exclusivamente a abrigar uma escola, no caso, o Gymnasio de Uberabinha. O primeiro grande desafio da empreitada era a elaboração de um projeto que atendesse aos interesses do grupo.Desta forma, o Sr. Carmo Giffone, juntamente com outros, encomendaram, pelo valor de 1$000:000 (um conto de réis), em São Paulo, a referida planta que era de autoria do Sr. J. Sachetti. Quando chegou à Uberabinha o trabalho ficou exposto nas vitrines da famosa casa comercial “Casa Americana”.Para administrar a obra foi contratado, em novembro de 1919, o construtor Sr. Ernesto Giovanini. Posteriormente, um segundo empreiteiro, o Sr. Eduardo Boroni, assumiu os trabalhos e, finalmente, nos anos de 1920 o empreiteiro Hermenegildo Ribas foi contratado pela Sociedade e concluiu a obra.Em agosto de 1921 a edificação estava pronta e custou oficialmente 235:796$000 (duzentos e trinta e cinco contos e setecentos e noventa e seis mil réis) à Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha “ e ocupou a área de 935 m2 dos 4.150 m2 da área total do terreno.O colégio funcionou até 1929 em regime particular. Nos primeiros anos sob a administração do Sr. Antônio Luiz Silveira que deixou o empreendimento nos anos de 1925. Desta data até nos anos de 1927 o Ginásio foi administrado pelo Sr. José Avelino e, posteriormente, de 1927 até final do ano de 1928, pelo Sr. José Ignácio de Souza. Esta sucessão de administradores se deve às dificuldades financeiras da instituição.No início dos anos de 1929 o prédio foi doado ao Estado de Minas Gerais, sem ônus para o Governo, para a instalação do Gymnásio Mineiro de Uberabinha. O Ginásio foi criado em 03 de janeiro de 1929 pelo Decreto Estadual nº. 8.958 e ofereceu internato para 120 alunos com capacidade para atender também alunos externos.O prédio da Escola Estadual de Uberlândia pode ser considerado o melhor exemplar da arquitetura institucional eclética, com forte presença estilemas neoclássico. Sua fachada é marcada pela presença da porta central com verga de arco pleno encimada por duas janelas no nível do segundo pavimento, também com verga em arco-pleno, que se abrem para um pequeno balcão. De cada lado das aberturas centrais, há seis janelas, de vergas de arco abatido, distribuídas em dois panos marcados por pilastras, no centro, apresenta-se um frontão de perfil recortado, tendo na parte superior a Estrela da República e, abaixo, o ano de inauguração do prédio (1921).Sua planta organiza-se em um volume horizontal que constitui a fachada frontal e três pavilhões iguais, dispostos paralelamente, que se articulam em posição ortogonal ao volume frontal, formando um “E” deitado. Sua construção emprega estrutura autoportante de tijolos maciços, alicerces de pedra.

Praça Adolfo Fonseca, 141 - Centro

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A instalação se deu em 30 de março de 1930. Ainda em 1930, durante a Revolução Constitucionalista, o prédio foi transformado em quartel general das Forças Revolucionárias do Triângulo Mineiro. Em 1942, na administração do Prof. Osvaldo Vieira Gonçalves, foram construídos um galpão com palco e um campo de basquete iluminado para uso noturno, calçou-se os pátios e foram feitos pintura e reparos gerais no prédio. Em 1973, o edifício passou por uma reforma geral, dentro do programa CARPE, do Estado de Minas Gerais, quando o assoalho de madeira foi retirado e substituído por cerâmica, a escada de acesso do primeiro ao segundo pavimento, de madeira, foi substituída por outra, de concreto.Em 1980 foram feitas várias intervenções: pintura geral, colocação de guarda-corpo de metal na escada interna, grades de proteção na portaria, o patamar de acesso à porta lateral esquerda do prédio foi fechado com alvenaria para instalação de uma copiadora, alteração nos usos de salas, colocação de grades nas janelas da fachada frontal do primeiro pavimento.Em 1992 o prédio foi novamente pintado. No terreno dos fundos, foram construídos vários anexos ao longo dos anos: cozinha, depósito, casa do zelador, marcenaria, uma quadra poliesportiva coberta com estrutura metálica (1974) e salas para laboratórios (1981). A fachada ainda conserva todos os elementos decorativos originais.Em 2006 o prédio passou por uma reforma geral. Nesta ocasião, os profissionais responsáveis tiveram a sensibilidade de fazer as intervenções respeitando a originalidade do bem. Durante as obras foram encontradas pinturas no roda teto da entrada principal, porém, como não estava previsto trabalho de restauro, os responsáveis pela obra, juntamente com Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia - COMPHAC - optaram por não realizar nenhuma intervenção para que, futuramente, pudesse ser elaborado um projeto com profissionais qualificados para fazerem a prospecção e restauração, identificando, se possível, o artista.Na trajetória histórica, o primeiro diretor do colégio, no regime estadual, foi Mário Guimarães Porto, seguido por Luiz da Rocha e Silva, Aniceto Maccheroni, João Siqueira, Osvaldo Vieira Gonçalves (Prof. Vadico), Saint-Clair Netto, Celso Correa dos Santos, Gláucia Santos Monteiro, Sâmia Mameri Ferreira, Arlete Lopes Buiatti, Dilma de Paula Sagatto e, a atual diretoria, Yolanda de Leva Bernardes.A construção da Escola Estadual de Uberlândia faz parte de um momento histórico em que a comunidade uberlandense estava empenhada na edificação de obras públicas que representassem os ícones de uma cidade progressista e moderna. Nos anos de 1917, havia sido inaugurado o prédio do Paço Municipal suntuosamente erguido na Praça da Liberdade (atual Praça Clarimundo Carneiro). Na década de 1920 foi erguida a da Casa da Cultura, a Oficina Cultural e o Fórum, construído no entorno da Praça Tubal Vilela e demolido nos anos 1970 e ainda em 1929 houve a alteração do nome da cidade para Uberlândia.Todas as obras edificadas, assim como os projetos urbanísticos implementados na cidade, são vestígios que nos possibilitam perceber a importância dessas construções. Este prédio, construído com a única finalidade de abrigar uma instituição de ensino na cidade, denota o momento histórico no qual a cidade estava alicerçando o discurso para se tornar referência entre as cidades mineiras.

(As informações sobre a historicidade da Sociedade Anonima “Progresso de Uberabinha” assim como as informações referentes à construção do edifício da Escola Estadual de Uberlândia foram retiradas da dissertação de Mestrado: EDUCAÇÃO E O PROGRESSO: O GYMNASIO DE UBERABINHA E A SOCIEDADE ANONYMA PROGRESSO DE UBERABINHA (1919 – 1929) - Willian Douglas Guilherme).32

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Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de UlhôaTombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.216, de 27/03/2006. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XI, pág. 16.

A Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa teve sua construção iniciada em 1926 com verba do Governo Estadual, durante a gestão de Antônio Carlos de Andrade e a obra foi concluída em 1930 mas só entrou em funcionamento em 1932 com o nome de "Grupo Escolar Minas Gerais". Em 1934, passou a chamar-se Grupo Escolar Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa, em homenagem ao Juiz de Direito da Comarca de Uberlândia.A escola foi construída com uma arquitetura também presente em outras cidades do Estado. No padrão das construções escolares da época, sua planta desenvolve-se em “U”, com um pátio na área central. A fachada tem como característica principal a simetria e a regularidade, é marcada por um frontão neoclássico sobreposto a um frontão recortado e este elemento central arremata e recebe a escadaria de acesso principal ao hall de entrada. A partir desse hall, desenvolvem-se, para cada lado, dois corredores abertos voltados para a rua, que sustentam cinco colunas e fazem a ligação com os corredores laterais que dão acesso às cinco salas e um banheiro dispostos em cada uma das duas extremidades formando as alas perpendiculares. Essas alas definem o partido da planta em formato de “U”.Em 1963, foi construído um anexo para abrigar a cantina, composta de um galpão e uma cozinha e ainda uma residência para o zelador. Em 1974, em decorrência da Resolução 269 de 04/09/73, a escola passou a oferecer as oito séries do ensino fundamental. Foi, então, construído um novo anexo que ocupou o fundo do terreno paralelo à fachada principal, promovendo o fechamento do pátio central. Em 1984, a Escola recebeu novo acréscimo com a construção de um galpão para abrigar novas salas de aula e a biblioteca, paralelamente ao anexo anterior.Em 1987, a escola contava com 1.200 alunos quando, no dia 4 de outubro, sofreu um grande incêndio decorrente de um curto circuito na fiação precária, provocando grave destruição. No mesmo mês, no dia 28, o então Governo do Estado liberou recursos para a reconstrução do prédio. As atividades escolares foram retomadas em 1989.A Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel de Ulhôa foi construída segundo projeto oferecido pelo Governo Estadual e apresenta o mesmo padrão arquitetônico de outras escolas construídas nas cidades vizinhas, no mesmo período em que se destacam o porão alto e as tendências neoclassizantes.

Av. Vasconcelos Costa, 78 - Martins

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Edifício Uberlândia Clube e Mobiliário

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.223 de 29/03/2006. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XIII, pág. 20

O Uberlândia Clube Sociedade Recreativa é um clube privado com seu quadro de sócios constituído por famílias representativas da elite social uberlandense. A atual sede foi inaugurada em 26 de janeiro de 1957, na gestão do Sr. José Rezende Ribeiro - sócio proprietário e diretor do Clube. Esta edificação foi construída para substituir a primeira sede, localizada na Avenida Afonso Pena esquina com Olegário Maciel, que se tornara pequena para as atividades do clube com o número crescente de sócios. A construção se deu com capital dos sócios proprietários, em terreno doado pelo Estado de Minas Gerais.O projeto é de autoria do engenheiro Almôr da Cunha, escolhido através de concurso. A decoração ficou por conta do decorador e artista plástico Sérgio de Freitas, indicado por Almôr. O edifício possui linhas arrojadas de tendência moderna, associadas a elementos do art déco.O corpo do edifício é um volume regular de três pavimentos, construído nos limites frontal e laterais do terreno. O térreo apresenta pilotis altos, de seção circular, revestidos de pastilhas azuis que ampliam o passeio, rompendo com a linearidade da elevação e criando uma área diferenciada no centro da cidade para a qual se abrem uma galeria de lojas dispostas em dois corredores que adentram o terreno. Seu piso é revestido por pedras portuguesas, branca e preta, que formam desenhos de formas amebóides.A fachada frontal do segundo pavimento é marcada pela presença de um pano de vidro em toda sua extensão, protegido por brise-soleis azuis. No centro, dividindo-a simetricamente, encontra-se um grande vitral côncavo de vidro jateado. No térreo, há uma grande porta de vidro central que serve de acesso ao interior do Clube propriamente dito; esta porta é marcada por uma cobertura rebaixada que chega até a fachada, abre-se para um hall que possui um painel de pastilha, um pequeno espelho d'água e uma suntuosa rampa circular que leva a outro hall no segundo pavimento, no qual se distribuem os ambientes: dois salões de festas, sanitários, restaurante, bar e boite.

Rua Santos Dumont, 517 - Centro

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O terceiro pavimento é acessado por uma escada que parte do bar. Nele encontram-se a sala da diretoria, a biblioteca, dois sanitários e um segundo salão de festas, resultado de uma adaptação posterior a sua inauguração, no lugar do terraço jardim original.A decoração do edifício é minuciosa, com grande variedade de materiais e acessórios, possuindo, no entanto, uma forte e agradável unidade estilística. Chama a atenção, sobretudo, a decoração do salão nobre em tons de azul e branco com detalhes que se espalham pelos pilares, em um interessante jogo com o forro rebaixado em gesso, trabalhado também nas mesmas cores, com sancas que escondem a luz indireta, também presente em outros espaços. Tanto no projeto arquitetônico quanto nos detalhes da decoração ficam evidenciados os propósitos de uma representação da modernidade e sofisticação pelas quais as elites de Uberlândia ansiavam.O Clube ainda conserva um acervo original de mobiliário, luminárias e adornos da época de sua inauguração, sendo uma importante referência da arquitetura e da ambientação dos anos 1960, bem como da própria sociedade local.Hoje o edifício não mais é restrito aos sócios, seus salões são alugados para diversas festas, assim como o restaurante, o bar e a boite. Vale lembrar que o Uberlândia Clube trouxe como consequência mais próxima para a história social da cidade, a desativação da zona boêmia que existia no seu entorno, com o discurso poético de “higienizar” o espaço urbano, nesse contexto, a zona de boemia foi transferida para as imediações das avenidas Cesário Alvim com João Naves de Avila e Rondon Pacheco, local que ficou conhecido “rua Uberaba”. Todavia, frente a valorização imobiliária, a partir da década de 1970, aquele espaço urbano foi reformulado.Foram tombados como Bens Móveis Integrados ao edifício do Uberlândia Clube e estão registrados no Livro Artes Aplicadas os seguintes bens:

Inscrição I: A Biblioteca “Luís Soares de Pádua”, pág. 03Inscrição II: Balcão - Móvel de apoio, pág. 05 Inscrição III: Sofá – Móvel de descanso, pág 06Inscrição IV: Sofá – Móvel de descanso, pág 07Inscrição V: Poltrona - Móvel de descanso, pág. 08 Inscrição VI: Cadeira – Móvel de descanso, pág 09Inscrição VII: Sofá – Cadeira – Móvel de descanso, pág 11Inscrição VIII: Cadeira – Móvel de descanso, pág. 12 Inscrição IX: Cadeira com braços, pág 13Inscrição X: Poltrona - Móvel de descanso, pág 14Inscrição XI: Poltrona - Móvel de descanso, pág.15 Inscrição XII: Poltrona - Móvel de descanso, pág 16Inscrição XII: Bar – Móvel de apoio – balcão e prateleiras para apoio, pág 17Inscrição XIII: Balcão – Hall - Móvel de apoio, pág.18 Inscrição XIV: Mesa – compõe o conjunto de mesas e cadeiras do piano bar restaurante, pág19Inscrição XV: Mesa – compõe o conjunto de mesas e cadeiras do Salão Nobre, pág 20Inscrição XVI: Luminária – material de iluminação, pág.21 Inscrição XVII: Painel Parietal “”Arlequim e Colombina”, 22Inscrição XVIII: Vitral, pág 23

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Estação Sobradinho(Companhia Mogiana de Estradas de Ferro)

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.228 de 31/03/2006.Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XII, pág. 18

As ferrovias começam a ser implantadas no Brasil em meados de 1852, quando Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, uniu esforços para melhorar a ligação da produção do interior do país com o Porto de Mauá, na Bahia de Guanabara. Na mesma data, foi implantado o primeiro ramal férreo do país, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. O período áureo das lavouras cafeeiras, entre as décadas de 1890 e 1920, correspondeu ao apogeu das construções de ferrovias no Brasil, quando milhares de quilômetros de ramais férreos foram instalados.A Companhia Mogiana, criada em 1872, assinou contrato com estado de Goiás, em 1890, para estender sua linha até Catalão, passando por Nova Ponte e Estrela do Sul ou Miraporanga e Monte Alegre de Minas. O projeto original foi alterado e a cidade de São Pedro de Uberabinha foi privilegiada com a construção de uma estação de trem no seu espaço urbano e outras na zona rural. Uma delas foi a Estação Sobradinho, inaugurada em 15 de novembro de 1896. A Estação Sobradinho integra o ramal de Catalão, da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que partia de Campinas passando por Delta, Uberaba, Uberlândia e Araguari.A definição deste percurso deveu-se ao Coronel José Teófilo Carneiro que, através de sua influência política, conseguiu fazer com que a Cia. Mogiana passasse esta linha por Uberlândia e Araguari.A inauguração da Estação Ferroviária Sobradinho data de 15 de novembro de 1896, época que marca o período áureo das Estradas de Ferro no Brasil.As demais estações que compunham a Linha de Catalão, entre Uberlândia e Araguari são Uberabinha, Stevenson, Irara, Burity, Palestina, Mangabeira e Jiló (Araguari), sendo que destas somente as estações Stevenson, Irara e Sobradinho ainda existem.Durante muitos anos, este ramal foi uma das principais fontes de deslocamento, tanto de passageiros quanto de mercadorias entre o Centro-Oeste brasileiro e o Sudeste do país, tornando-se rota indispensável de bens de consumo e matérias primas.

Fazenda Sobradinho, Km 662,358 – Linha Catalão

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A estação de Uberabinha, na Zona Urbana, e Sobradinho na Zona Rural foram as grandes responsáveis pela ascensão do Município no mercado regional e nacional, porém após o declínio do café e do crescente aumento dos veículos automotores, o transporte ferroviário de passageiros entrou em colapso, forçando as empresas a diminuírem suas linhas e otimizarem seus serviços. Neste período, em 1971, a Estação Sobradinho foi desativada. Os trilhos da estação, no entanto, só foram retirados no período de 1981 a 1983, sendo recolocados na Casemg de Uberaba, MG, de acordo com o relato de Onírio Reis Barbosa, ex-chefe de setor da Fepasa.A Estação Sobradinho ainda resguarda muitas de suas características originais, constituindo um dos principais exemplares da arquitetura típica das estações ferroviárias da Mogiana, construídas no século XIX. O conjunto arquitetônico da Estação Sobradinho era composto, originalmente, da edificação principal da Estação, por um depósito de areia e uma caixa d'água situados do lado esquerdo da construção principal e pela casa do telégrafo, situada ao lado direito da mesma. A Estação com 129,11m² e a caixa d'água com 3,15m² preservam as características originais de sua construção, apresentando apenas algumas intervenções pontuais. No entanto, são encontrados apenas vestígios do depósito de areia e nenhuma evidência da existência da casa do telégrafo.A Estação é uma construção típica das estações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, apresentando esquema construtivo simples, com tijolos aparentes vindos diretamente da Inglaterra e cobertura de telhas francesas, apoiada em estruturas de madeira. A fachada principal, voltada para a plataforma de embarque, possui uma porta de correr à direita da composição, uma porta de madeira com fechamento de vidro, postigo almofadado e quatro janelas do tipo guilhotina na parte esquerda.Na parte esquerda do conjunto há um pátio com muro arrematado com o mesmo trabalho de tijolos aparentes. Nesse pátio encontra-se um anexo construído aproximadamente na década de 1960. O edifício da estação é organizado em seis cômodos que se articulam de forma linear, sendo que o depósito situado à extremidade direita da composição possui duas aberturas: uma de frente para a plataforma de embarque e outra situada na fachada oposta.A caixa d'água possui o tanque de ferro fundido com placas de 112mx112m, importadas da Inglaterra, suportado por estrutura de tijolos aparentes.A edificação sofreu algumas modificações ao longo dos anos, sendo que a mais significativa foi a construção do banheiro em anexo. A estação passou por reforma de sua parte elétrica, o piso foi substituído por cerâmica e o forro original por madeira. Atualmente, o bem necessita de intervenções que garantam a sua preservação.A estação ferroviária é um importante referencial que mantém viva na memória dos habitantes de Uberlândia a sua relação com o passado, tendo em vista que a Mogiana se constituiu um dos elementos que propiciaram o desenvolvimento do Município e criou a possibilidade para que se transformasse, desde o século XIX, em ponto privilegiado no interior das Gerais.

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PalaceteÂngelo Naghettini

Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.230 de 03/04/2006. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XIV, pág. 21

O Palacete Ângelo Naghettini foi construído entre os anos de 1925 e 1927 por um construtor alemão que se encontrava na cidade a serviço da Prefeitura Municipal, cujo nome não pôde ser identificado.O edifício, com três pavimentos, era o mais alto da cidade na época de sua construção e um dos mais requintados. Empregou tecnologia inovadora utilizando cimento importado, novos materiais nos acabamentos, mobiliários e ornamentos também importados.Foi projetado para abrigar a residência da família Naghettini e o estúdio de fotografia, que ocupavam o primeiro pavimento. Alguns cômodos comerciais no térreo foram usados para outros empreendimentos do proprietário, tais como empresa funerária, ótica (a primeira da cidade), loja de jóias e fábrica de molduras de quadros e espelhos (também a primeira da cidade). O terceiro pavimento constituía-se de um mirante e sótão, que durante algum tempo foi utilizado como estúdio fotográfico.Depois da morte do Sr. Naghettini, em 1970, a divisão dos cômodos do térreo foi alterada e alugados para estabelecimentos comerciais. O primeiro e o segundo pavimentos permaneceram desocupados até 1983, quando o imóvel foi arrematado em leilão pelo Sr. Victório Siquieroli.Após esta data, o primeiro e segundo pavimentos também foram redivididos e passaram a ser alugados para lojas. O proprietário do imóvel adquiriu o terreno da lateral esquerda e o transformou em estacionamento para as lojas. Em 2000, todo o edifício foi reformado. O edifício de três pavimentos possui planta regular, é alinhado à calçada, tem acesso pela avenida Afonso Pena, através do pavimento térreo. Possui uma escada lateral nos fundos, datada da época da construção, que leva ao segundo pavimento onde se localizavam as demais dependências da residência.Esse edifício marca o início das construções no espaço urbano de Uberlândia que ficou conhecido como “Cidade Nova”. Sua beleza e excentricidade nos dá mostra dos projetos arquitetônicos que estavam sendo incorporados e implementados em Uberabinha no início do século XX.

Av. Afonso Pena, 56 - Centro

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Imagem de Nossa Senhora do Carmo

Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 10.775 de 23/07/2007. Registrado no Livro do Tombo Belas Artes, Inscrição I, pág. 03

A imagem de Nossa Senhora do Carmo é procedente da Igreja de Nossa Senhora do Carmo de São Pedro de Uberabinha (Uberlândia) e esteve, desde o final da década de 1940 quando a Matriz de Nossa Senhora do Carmo de Uberlândia foi demolida, em Miraporanga, Distrito do município de Uberlândia, na Capela de Nossa Senhora do Rosário. A história da origem desta imagem nos leva à Espanha pois existe nela uma inscrição que, provavelmente, indica sua procedência. São as marcas: Artes Religiosas/Olot. Olot é uma cidade da Espanha e sua história é marcada pela presença de ateliês de arte especializados em elaboração de imagens de santos e criação de novas técnicas de escultura e moldagem em pasta de madeira, resina e, atualmente, fibra de vidro. Não se sabe ao certo quando esta imagem chegou à “Uberabinha”. O ateliê que a desenvolveu foi Las Artes Religiosas, fundado em 1902. Assim, as evidências nos levam a crer que ela tenha chegado aqui nos primeiros anos do século XX. É uma imagem confeccionada em resina, com técnica de modelagem em pasta de madeira. Apresenta como atributos o hábito carmelita e dois bentinhos, segurados por ela e pelo Menino Jesus. Em 2001, a imagem passou por sua primeira intervenção de conservação e restauração que alterou irreversivelmente suas características originais, através da remoção quase total de sua policromia, além da supressão de materiais presentes em sua técnica construtiva, como o tecido que foi encontrado em sua mão direita e em sua base.Nesta ocasião, constatou-se que se tratava de uma técnica diferente de fabricação de imagens. Desta forma, foram encaminhadas amostras e

documentação fotográfica ao Museu da Inconfidência em Ouro Preto, para análise do material que verificou tratar-se de uma técnica que utilizava resina de cartilagem de peixe com breu. Um ano depois, em 2002, foi novamente encaminhada para tratamento de conservação e restauro. Desta vez para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), em Belo Horizonte. Após o último tratamento, ela foi recolhida ao prédio da Cúria Diocesana de Uberlândia, sob a responsabilidade do Bispo da época, Dom José Alberto Moura.O tombamento da imagem de Nossa Senhora do Carmo fez dela o primeiro bem móvel não integrado a ser elevado à categoria de patrimônio cultural protegido. O objetivo com o tombamento não é só proteger o bem, mas também tornar públicos os seus valores, sua história e sua riqueza exemplar; fatos e símbolos importantes no processo de formação de Uberlândia.

(Está na Catedral de Santa Terezinha)

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Festa em Louvor à Nossa Senhora do Rosário

Registrada como Patrimônio Imaterial Municipal pelo Decreto nº 11.321 de 29/08/2008. Registrado no Livro das Celebrações, Inscrição I, pág. 03.

A Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Uberlândia começa em meados do mês de agosto, quando são iniciadas as campanhas e ensaios para a realização da Festa. Nesta ocasião, até o início do mês de outubro, os Ternos de Congado visitam devotos, rezam terços e fazem leilões em vários locais da cidade. Os grupos de Marinheiros realizam ensaios de trançar fitas durante o dia, possibilitando uma perfeita sincronia nos momentos de apresentações durante a Festa.Os novenários acontecem, no início do mês de outubro. Os ternos de Congado se encontram na Igreja do Rosário participando das novenas e dos leilões, cujos recursos arrecadados são para ajudar a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito na preparação da Festa. No segundo domingo de outubro, a Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito tem seu início às 6h com salvas de foguetes, anunciando que os tambores estão chegando. Os grupos de Congado saem de seus quartéis, localizados em vinte e cinco pontos diferentes da cidade. Os desfiles dos grupos acorrem no segundo domingo de outubro, na parte da manhã, a partir da Rua Prata, da casa do Presidente da Irmandade, descendo pela avenida Floriano Peixoto até o seu início, quando ocupam a Praça Rui Barbosa e todo o largo e entorno da Igreja do Rosário.Cada grupo se apresenta para o público presente. Há o levantamento dos mastros de Nossa Senhora e São Benedito e a realização do trança-fitas dos Marinheiros. No período da tarde, os grupos retornam à Igreja do Rosário a partir das 15h levando Reis e Rainhas, festeiros de Nossa Senhora do Rosário de diversas partes da cidade. Com a chegada dos grupos à Igreja, tem-se a procissão que percorre as ruas do centro da cidade e retornam à Igreja do Rosário para a Coroação dos Reis e Rainhas do ano seguinte, a coroação de Nossa Senhora do Rosário e o retorno dos grupos de Congados para seus respectivos quartéis.Na segunda feira, durante o dia, há visitas recíprocas entre Ternos e a residências de devotos. No período da noite iniciam seus desfiles de despedidas diante da Igreja do Rosário. Esta celebração por seu valor cultural e histórico foi registrada no Livro das Celebrações como patrimônio cultural e histórico de Uberlândia.

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Prédio daBiblioteca MunicipalTombado como Pa t r imôn io Histórico Municipal pelo Decreto nº 11.632 de 13/04/2009 Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XV, pág. 23.

O Prédio da Biblioteca Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira ocupa um espaço urbano que é referência para a história da cidade pois ali foi construída a primeira Capela que deu origem à formação da cidade de Uberlândia.A construção da primitiva Capela teve início nos anos de 1846. Posteriormente, foi ampliada se transformando em Matriz de Nossa Senhora do Carmo. Em suas proximidades surgiram as primeiras ruas e casas do Arraial que ficou conhecido como Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha, popularmente chamado de São Pedro de Uberabinha. No ano de 1929 a cidade, por sugestão de João de Deus, passou a se chamar Uberlândia. Passado quase um século de sua edificação, a igreja foi demolida com a autorização da Cúria, no ano de 1943 e, no local, teve início a construção de um prédio para abrigar a Estação Rodoviária da cidade, em estilo neocolonial, de planta regular, alongada no sentido norte-sul, de dois pavimentos, possuindo platibanda arrematadas com telhas cerâmicas tipo capa-e-canal. O volume do térreo foi construído nos limites do terreno e, hoje, seus vãos originais são emparedados. O volume, representado pelo andar superior, possui planta em forma de “T”. Ambos os andares possuem platibanda, sendo que a fachada norte do andar superior é coroada com um frontão arqueado na maneira corrente da época. Os interiores não apresentam a configuração original, possuem divisórias provisórias em ambos os andares. O piso é parte cerâmico e vinílico em alguns trechos. O teto do térreo é a laje do andar superior, sendo que o último pavimento é forrado em gesso. As janelas são metálicas do tipo basculante, com vedações em vidro. A estrutura é de concreto com vedações em tijolo cerâmico. A decoração externa é composta de pequenas colunas torsas adossadas e frontões arqueados coroados com telhas tipo capa-e-canal. O jogo de volumes entre os andares, também, é evidente, mas foi prejudicado pelas descaracterizações do térreo. No ano de 1976, a Estação Rodoviária foi transferida para o Bairro Martins, em uma edificação construída para abrigá-la sob a denominação de Estação Rodoviária Presidente Castelo Branco. Com a transferência da Estação para este novo endereço, o antigo prédio localizado na Praça Cícero Macedo foi destinado a ser a Biblioteca Municipal. Após ser reformado, o acervo foi para ali transferido e no dia 31 de agosto de 1976, dia do aniversário da cidade, a Biblioteca foi entregue à comunidade.A partir de 2005, o prédio passou por várias reformas para melhor adequação do seu espaço. Atualmente a Biblioteca Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira desenvolve oficinas e projetos dentro do Programa Ler com Prazer, voltados para o incentivo à leitura e ainda a descentralização dos serviços bibliotecários com a inauguração da Biblioteca Sesi Indústria do Conhecimento no bairro Presidente Roosevelt, em 2009. Através dos programas e projetos, a Biblioteca Pública desenvolve várias atividades atendendo anualmente mais de 20 mil usuários, além de 16 projetos para deficientes visuais.Em 2008, foi inaugurado o Telecentro que disponibiliza 20 computadores, atendendo em média a 800 usuários por mês para pesquisar internet e 38 cursos on-line. Seu acervo que está em torno de 45.000 livros, está sendo informatizado . No Setor de Referência, os usuários podem encontrar um rico material da Cultura Afro.Este espaço no qual surgiu o primitivo núcleo urbano de Uberlândia é referência para a história e memória local, pois, esconde e revela histórias que permanecem diluídas na sua geografia.

Pça Cícero Macedo, s/n - Fundinho

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Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 11.995, de 08/12/2009 . Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XVI , pág. 24.

A Igreja de Nossa Senhora das Dores tem sua história vinculada à criação do Colégio Ressurreição Nossa Senhora, a primeira instituição religiosa de ensino do município de Uberlândia. Sua construção se deu na primeira metade do século XX, pela Madre Maria Villac, uma jovem campineira de 19 anos que tinha como propósito para sua vida servir a Deus em uma congregação na Bélgica. Com o advento da primeira

Guerra Mundial, Maria Villac não pôde sair do país, permanecendo em Campinas. Desta forma, reuniu um grupo de moças da cidade que inicialmente a procurava para receber orientações espirituais, mas também com o mesmo propósito de servir a Deus e ao próximo. O trabalho das Missionárias iniciou-se com os centros de catequese nos bairros periféricos de Campinas, onde trabalhavam com as famílias pobres.No início da década de 1930, o Cônego Pe. Albino Figueiredo Martins Miranda sentindo a necessidade da instalação de uma instituição educacional religiosa na localidade dirigiu-se a Uberaba e apresentou ao Bispo da Diocese Frei Luiz Maria de Santana um projeto para a criação de uma escola católica. Este, sabendo que Dom Francisco Barreto tinha fundado há três anos o Instituto das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado, fez um convite às responsáveis para que estas visitassem Uberlândia a fim de estudar a possibilidade de ali fundar um colégio. Com o convite feito pelo Bispo Dom Luiz Maria de Santana, a Congregação tinha a oportunidade de expandir o propósito da evangelização para o âmbito escolar.Em novembro de 1931, chegam a Uberlândia a Madre Maria Villac, fundadora da Congregação e as Irmãs Josefina Maria do Coração Chagado de Jesus e Amália de Jesus Flagelado, conhecida no âmbito religioso por ter vislumbrado Nossa Senhora das Lágrimas, ficando hospedadas na residência do Sr. Arlindo Teixeira.Após uma criteriosa avaliação do local e atendendo às solicitações das famílias católicas, as Irmãs consideraram a ideia de abrir um colégio religioso na localidade como um projeto viável e que deveria se realizar o mais breve possível. Em 3 de

Rua Dom Barreto nº 60 - Fundinho

IgrejaNossa Senhora das Dores

Detalhe dos vitrais

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fevereiro de 1932, as irmãs chegam à cidade para fundarem o colégio e foram recebidas com grande festividade na Estação Mogiana. Instalaram-se numa casa que ficava na esquina da Rua Vigário Dantas com a Rua Marechal Deodoro e sete dias depois da chegada das Irmãs, na data que a igreja católica comemora o dia de Nossa Senhora de Lourdes, foi fundado, então, o Colégio Nossa Senhora das Lágrimas. A Igreja de Nossa Senhora das Dores foi construída inicialmente para abrigar a Capela do Colégio Nossa Senhora das Lágrimas que funcionava de forma improvisada no auditório da instituição. Em 1935, houve o reconhecimento oficial do Colégio como instituição de ensino e o lançamento da pedra fundamental da Capela que ocorreu em 17 de julho de 1936. Em outubro do mesmo ano, foram demarcados os alicerces e, a partir daí, foram intensos os trabalhos e esforços das irmãs para a construção da Capela.A edificação é um exemplar de arquitetura eclética onde podem ser observadas características da arquitetura românica e paleocristã-carolíngia. Construída, em 1936, meados do século XX, apresenta partido arquitetônico retangular com três volumes.Internamente, a igreja possui três pavimentos com utilização distinta: no primeiro localizam-se as naves definidas pelas arcadas, capela-mor e sacristia. No “mezanino”, localiza-se o coro e no segundo pavimento, o dormitório das freiras com banheiros e cozinha e um balcão com arcada localizado sobre o coro de onde as freiras assistem às missas reunidas. Na nave lateral direita, encontra-se uma escada helicoidal com acesso ao coro. Aos fundos do altar mor, localiza-se a sacristia. No lado direito da sacristia existe uma escada que dá acesso ao pavimento superior que possui uma cozinha e dois banheiros. A igreja não apresenta retábulos e sua decoração interna é realizada através de ornamentos em argamassa localizados no intradorso dos arcos plenos e capitéis dos pilares e mísulas com imagens dos santos de devoção da comunidade. Na nave direita, encontra-se a imagem de São José e, na esquerda, a imagem do Cristo Redentor. Todas as imagens estão pintadas de branco, apenas com as partes de carnação e cabelos coloridas e douramentos nas bordas dos mantos. Isto se deve à exigência por parte da irmandade que administra a igreja. No altar-mor encontram-se as imagens de Cristo Crucificado fixada no altar, e de Nossa Senhora das Dores. Ambas também seguem o mesmo padrão de pintura das demais imagens. A mesa do altar é em granito preto. A Igreja, além de suas características arquitetônicas ecléticas, constitui um elemento que se torna um marco no contexto do bairro Fundinho fazendo parte da história e características do local, onde tinha essa predominância de casarões ecléticos construídos no início do século XX e, que aos poucos, foram sendo substituídos, em sua maioria, por arranha-céus. A comunidade sempre teve uma relação muito forte com a mesma, tendo inclusive participado ativamente das campanhas promovidas pelas irmãs para arrecadação de verbas para sua construção. Prova desta interação está no interior da capela onde nos vitrais que ornamentam suas paredes laterais encontram-se registrado os nomes de algumas famílias que contribuíram, de alguma forma, para a sua construção.Quando em 1969, a Capela foi elevada à condição de Paróquia de Nossa Senhora das Dores esta relação com a comunidade ficou mais forte, uma vez que as atividades religiosas antes destinadas em sua maioria aos estudantes do colégio foram extensivas à toda comunidade local.Atualmente, a Paróquia promove atividades religiosas diariamente com a realização de missas, novenas, terços, dentre outras, além da festa de Nossa Senhora das Dores, comemorada no mês de setembro, quando são realizadas procissões, novenas, quermesses e a coroação de Nossa Senhora, envolvendo toda comunidade católica. Este imóvel, exemplar de arquitetura eclética, foi um marco na história educacional e religiosa do Município, além de ser um testemunho de sua história e desenvolvimento. Portanto, preservar este imóvel é preservar a memória de Uberlândia.

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Tombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.556 de 02/12/2010. Registrado no Livro do Tombo, Inscrição XVII, pag. 26.

A Casa do Operário foi idealizada na década de 1940, para ser sede da organização social então denominada Circulo Operário de Uberlândia. Os Círculos Operários compõem um projeto originário de setores da Igreja Católica Apostólica Romana que desde meados do século XIX preocupam-se com o papel da instituição religiosa como agente social.

Em resposta aos dilemas sociais e políticos que envolviam sobretudo as relações entre trabalhadores e patrões, mediadas pelo Estado, o projeto traçou estratégias para conservar e ampliar a abrangência do ideário cristão sem incitar rompimentos com o Estado ou com a organização capitalista da sociedade. Na prática, isso foi feito com a difusão da ação católica entre os tralhadores, diretamente por meio do movimento circulista, que tornou-se expressivo sobretudo no período entre as décadas de 1930 e 1970 e foi responsável pela criação de centenas de Círculos Operários, muitos deles ativos na atualidade.A Sede do Círculo dos Trabalhadores Cristãos de Uberlândia compreende um conjunto de edifícios que foram construídos em distintos momentos ao longo do tempo, com diferentes graus de qualidade técnica e construtiva.O imóvel, adquirido em 1948, compreendia o terreno, um barracão e uma casa e foi vendido pelo Senhor Joaquim Marquez Póvoa e adquirido pelo Senhor Caio Lima Santa Cecília, representante do Círculo Operário. Logo após a aquisição teve início a mobilização para a construção da sede que, segundo depoimentos teria começado em 1948, entretanto, os projetos encontrados no arquivo da Instituição referentes a este imóvel trazem datas de aprovação junto ao Município no ano de 1951.O imóvel preserva quase integralmente suas características originais, é um dos exemplares da arquitetura Art Déco na cidade que representa um movimento de renovação da arquitetura local, incorporando novas tecnologias e expressões estéticas vinculadas aos ideais de modernidade.Neste sentido, esta edificação é uma importante referência para memória do movimento operário da cidade, assim como, para a história da arquitetura de Uberlândia, revelando-se portadora de valores sociais, históricos e simbólicos que contribuem para o enriquecimento e valorização do patrimônio histórico cultural local.

Sede do Círculo deTrabalhadores Cristãosde Uberlândia

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Sede da Escola EstadualEnéas Oliveira GuimarãesTombada como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 13.585, de 21/08/2012, alterado pelo Decreto 13.792, de 03/12/2012. Registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição XIII, pág. 27.

O prédio que abriga a Escola Estadual Enéas Oliveira Guimarães foi construído no final do século XIX por Antônio de Rezende Costa, conhecido em seu tempo como Tonico Rezende, natural de Paracatu, que se estabeleceu como comerciante em São Pedro de Uberabinha no final do século XIX. A empresa Antônio de Rezende & Companhia foi instalada em uma região da cidade que, entre o final do século XIX e início do XX, possuiu três nomes: Largo do Rosário, Largo do Comércio e Praça Dr. Duarte. O local passou a ser denominado Largo do Comércio, devido a concentração de várias casas comerciais em seu entorno que comercializava uma grande variedade de produtos, no atacado e no varejo como ferramentas, implementos e suplementos agrícolas, cereais, algodão, borracha, couro, material de construção, apetrechos domésticos, armarinhos, querosene, sal, dentre outros.Estabelecida a casa comercial e vislumbrando a possibilidade de expansão dos seus negócios, Antônio de Rezende procurou ampliá-los construindo um galpão que serviria de depósito para o seu comércio. Optou também por construir ali mesmo, ao lado, a sua residência. A residência foi construída no alinhamento das ruas XV de Novembro e Largo do Comércio, com sua entrada voltada para o Largo. O primeiro bloco que compõem a residência é uma edificação retangular que apresenta influências arquitetônicas do estilo neoclássico (ainda que de forma discreta e incipiente). A organização interna obedece à lógica desse estilo, aplicado à arquitetura residencial: a porta principal dá acesso a um corredor ao longo do qual, quase simetricamente, distribuem-se os cômodos. São três cômodos à direita do corredor (o primeiro a sala de estar e os dois demais dormitórios) e três cômodos à esquerda (um dormitório, o escritório e, no fundo, já incorporando a área que seria a continuidade do corredor, a sala de jantar).A Sala de Estar apresenta forro decorado (pinturas sobre tecido) e paredes também decoradas. Tanto as pinturas do forro quanto as das paredes foram atribuídas ao construtor e pintor Cypriano Del Fávero. Esse bloco foi todo construído em alvenaria estrutural de tijolos maciços. Apresenta porão baixo não habitável. O piso é todo de estrutura de barrotes de madeira sobre a qual foram assentadas tábuas.Também nas fachadas externas há elementos decorativos condizentes com as aspirações do estilo neoclássico. São elementos sóbrios e que buscam um equilíbrio visual. Colunas feitas na própria alvenaria estrutural de tijolos maciços aparecem nos cantos da construção, com dois capitéis cada e acabamento também decorado nas suas partes inferiores. Dos capitéis mais baixos sai uma moldura que envolve toda a casa, e dos mais altos saem as cimalhas sobre as quais se apóiam visualmente as quatro águas do telhado.As janelas e porta principal apresentam molduras decoradas em massa, e cada esquadria apresenta também um elemento decorativo horizontal superior (sobreverga). A porta principal possuia uma bandeira com arco pleno fechada com uma grade de metal. Todas as janelas possuem bandeiras e folhas de veneziana de madeira e de vidro.

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Os vidros, como pode-se constatar nas fotos de época, eram decorados. Verifica-se nas fachadas laterais e de fundos pequenas grades nos vãos de ventilação do porão. A portas internas do bloco eram altas, com bandeiras de vidro. O telhado desse bloco é em estrutura de madeira com tesouras, em quatro águas, e com fechamento em telhas cerâmicas tipo francesa. Sob a estrutura foi instalado forro de madeira.Um segundo bloco (ligado ao primeiro pela sala de jantar) abrigava originalmente cozinha e banheiros. Esse bloco liga morfologicamente a residência e o armazém comercial, existindo entre eles o pátio frontal do conjunto, pelo qual também se acessava a residência. Sua saída posterior dava para o quintal. Tem as características construtivas similares às do primeiro bloco. O telhado também em estrutura de madeira apresenta quatro águas com três calhas ao longo delas, uma no centro e uma em cada lateral. Sob a estrutura também foi instalado o forro de madeira. As telhas também eram de cerâmicas do tipo francesas. A fachada frontal apresenta dois frontões triangulares que emolduram essas quatro águas do telhado. O armazém foi construído perpendicularmente ao então Largo do Comércio e consolidava o conjunto arquitetônico original. Tinha entrada original para o Largo com três portas. Tinha na fachada lateral voltada para o pátio central elementos decorativos e também janelas redondas. O estilo segue a inspiração neoclássica do restante do imóvel. O telhado do bloco é em estrutura de madeira, em 4 águas, e coberto com telhas cerâmicas tipo francesa.O pátio frontal era um acesso alternativo à residência. O fechamento é constituído de duas pilastras, muro baixo e grade metálica. Sobre as pilastras havia dois grandes vasos ornamentais. Haviam também no seu interior canteiros para o cultivo de um jardim.Com as reminiscências de sua infância, passada na casa, Luiz Antônio fez uma detalhada descrição de seus espaços internos e externos e relatou que “para a construção da residência, meu avô, já exercendo atividades pioneiras de importador e exportador, importou grande parte do material de construção, pois se fazia necessário: assim, adquiriu as telhas de Marselha, na França, os vidros da Bélgica, as ferramentas e ferragens, da Inglaterra, as madeiras de pinho de Riga da Lituânia, e as portas e janelas de Portugal. Para pintar e decorar a casa chamou de Franca (S.P.) o pintor Cipriano Del Fávero. Nas paredes ele usou painéis e padrões artísticos que inspiraram posteriormente a pintura de outras casas e também iniciou aqui as técnicas adotadas por outros pintores como o falecido Ido Finotti. Essa casa, hoje centenária, foi a primeira a ter tubulação de água quente no banheiro e cozinha que era, de início, aquecida por serpentinas e, posteriormente, por caixa térmica. Em depoimento informa ainda que “para a inauguração de sua residência em 06 de outubro de 1897, seu avô comprou da França para sua sala de visita, pintada por Cipriano D'el Fávero, o primeiro conjunto estofado da cidade que constava de sofá, duas poltronas, e duas cadeiras estofadas e importou um piano marca G. Schwechten de Berlim – Alemanha...”

Essas são reminiscências que, assim como outras, preservam a história dessa cidade.

Detalhe do teto da sala

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Painéis em Mosaico de vidro Artista Geraldo Queiroz: Ciranda de Crianças, Indígena Brasileiro, Cena Portuguesae Ambiente Rural

No Brasil, a arquitetura moderna se inicia a partir do final da década de 1920, mas seu auge nos grandes centros ocorre a partir de 1950. Os arquitetos brasileiros tiveram influência, principalmente européia, na imagem de Le Corbusier, mas rapidamente seguiram um caminho próprio e, com isso, a arquitetura adquiriu um caráter nacional. A produção moderna brasileira recebeu destaque internacional, principalmente pelo desenvolvimento de inovadora técnica de controle de luz e calor, através do brise-soleil. Sua particularidade também estava no desenvolvido uso do concreto armado e na incorporação de outras manifestações artísticas, valorizando inclusive tradições da arquitetura colonial, como o uso de painéis de azulejos de autoria de importantes artistas, como por exemplo, Cândido Portinari. Vários autores nacionais e internacionais consideram que a Arquitetura Moderna produzida no Brasil foi, sem dúvidas, nacional, refletindo os artistas que a lançaram e recorrendo aos materiais disponíveis, assim como se ajustando ao clima.Nas regiões interioranas, a introdução da nova linguagem moderna se fortaleceu tardiamente, na década de 1960, sendo este o caso do Triângulo Mineiro, região em que se encontra a cidade de Uberlândia. A região se beneficiou da construção de Brasília (1957-60) para seu desenvolvimento. A nova Capital Federal trouxe a modernidade e o progresso que o governo apregoava, incorporados tanto no planejamento urbano e na arquitetura como no imaginário cultural da população. Novas técnicas construtivas, nova plástica, novos usos do espaço, novos modos de morar. Essa arquitetura moderna produzida participou e foi conseqüência do rápido desenvolvimento urbano das cidades interioranas, as quais receberam edifícios residenciais, clubes, instituições públicas e privadas, indústrias, praças, vilas que se implantaram no espaço e foram incorporados fortemente à identidade visual e histórica da região. É o caso do edifício Uberlândia Clube e da Praça Tubal Vilela, ambos situados na cidade de Uberlândia.Especificamente em Uberlândia, a linguagem moderna foi introduzida na década de 1950, época em que ocorreram transformações urbanas de grande importância, decorrência do grande crescimento do município e da inauguração de novos empreendimentos, resultando num processo de urbanização periférica, marcada pela especulação imobiliária e por interesses políticos. Foi ainda nesta década que a área central da cidade sofreu fortes modificações, passando por uma série de melhorias na infraestrutura e iniciando seu processo de verticalização. O arquiteto João Jorge Coury foi uma figura de essencial importância dentro deste contexto, considerado difusor da linguagem moderna na região. Em 1940, dirigiu-se para Uberlândia onde se fixou e traçou uma bela produção em tipologias residenciais, comerciais, urbanísticas, hospitalares e industriais. Sua arquitetura associava os elementos modernos ao caráter regional, com uso de lajes planas, brises, cobogós conciliados à fitocerâmica, os seixos rolados, a granitina, a pedra portuguesa, etc. Era em seu atelier que intelectuais de diversos ramos profissionais se reuniam, valendo-se de discussões dentro do contexto político e dos fatos da época. Coury foi uma espécie de arquiteto-mestre, estimulando o interesse de jovens arquitetos e artistas como foi o caso de Geraldo Queiroz.

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Queiroz trabalhou em conjunto com Coury em diversos projetos como o painel parietal extinto na residência Benedito Modesto (1954), demolida em 2009 e que se localizava a Rua Machado de Assis entre as Avenidas João Pinheiro e Afonso Pena, residência Waldemar Silva (1957), dentre outras, onde uma das características mais significativas da arquitetura moderna brasileira – o uso de painéis decorativos – pôde ser mais facilmente realizada pela colaboração deste artista local, dentre outros. O trabalho em conjunto era importante para destacar as produções, tanto artísticas quanto arquitetônicas, foi muito empregado nos projetos modernistas, principalmente dos arquitetos cariocas, como grandes afrescos confiados a artistas de renome. Uberlândia e região, por meio de atuações de artistas e arquitetos como Geraldo Queiroz e Jorge Coury, insere-se no debate internacional acerca da síntese das artes, discutida por Le Corbusier, Lucio Costa, dentre outros. O artista, que era autodidata e fundador da primeira escola de arte da cidade, é conhecido por sua habilidade em trabalhar com as cores, característica forte em suas obras, reconhecido pela sua sensibilidade de se relacionar com as cores, as formas, as linhas e os volumes. Sem nenhuma formação artística, Geraldo Queiroz, desenvolveu trabalhos em diversas técnicas, como modelagem de bustos em cera com posterior fundição em bronze; cenários para peças de teatro; óleo sobre tela e aquarela; alem de painéis em mosaico de pastilhas de vidro. Muitas vezes, o artista era contratado por uberlandenses para retratar, através da técnica do mosaico, as raízes das famílias uberlandenses, muito comum naquela época, como exemplo, tem-se o painel parietal feito na casa de Oswaldo Garcia, Rua Santos Dumont nº 174, nesse painel ele retratou mulheres portuguesas em trajes típicos e colunas que aferiam a um teatro em Portugal. Na década de 1950, Geraldo Queiroz fundou, com o apoio da administração municipal de Afrânio Rodrigues da Cunha, a primeira escola de arte da cidade. O artista deixou trabalhos em Uberlândia e região, além de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Além de artista, Queiroz também era um crítico e mesmo um autocrítico e escreveu artigos sobre criticas de arte. Além das artes, Queiroz dedicou grande parte de sua vida às causas políticas, sendo atuante dentro do Partido Comunista e, por isso, chegou a ser preso inúmeras vezes. Por muitos anos ele trabalhou como jornalista do jornal comunista “A Voz do Povo”, praticamente como voluntário, pois ganhava muito pouco (salário mínimo). Geraldo praticava artes plásticas apenas como um “passatempo”, até que seu potencial artístico foi reconhecido e valorizado por José de Morais, que foi escalado para confeccionar o mural do Uberlândia Clube. Segundo depoimentos, Geraldo conheceu José de Moraes através do partido comunista, do qual ambos faziam parte. Quando Moraes veio à Uberlândia, contratado para fazer o painel do Uberlândia Clube, procurou no partido alguém que pudesse ajudá-lo, e conheceu então Geraldo Queiroz que até então desenvolvia as atividades de jornalista. Moraes pediu que ele fosse dispensado do partido para dedicar-se somente às artes, podendo então, nos seus últimos anos de vida (1955, 1956 e 1957), produzir um considerável acervo de importantes obras, dentre elas, os seguintes painéis:

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Painel Cena Portuguesa localizado na rua Santos Dumont, 174. Foi Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.904 de 30/06/2011. Está registrado no Livro do Tombo Histórico, Inscrição II, pág. 04 (verso)

Analise Iconológica: O painel ilustra o desejo de ser evidenciada a ascendência européia, já que possui 3,55 x 7,80m e está estampado na fachada frontal da residência, portanto, aberto e exposto para a rua. De herança portuguesa, o proprietário encomendou um mural que retratasse suas origens. As figuras estão vestidas com trajes típicos da cidade natal do proprietário, os arcos fazem alusão aos de um teatro existente em Lisboa e a edificação ao fundo em estilo clássico. A figura central trata-se de um vendedor e remete a importância do comércio para a família.

Painel Ciranda de Crianças localizado na avenida João Pinheiro, 646 - Centro. Foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.905 de 30/06/2011. Está registrado no Livro de Tombo Histórico, Inscrição III, pág. 05 (verso).

Analise Iconológica: O painel remonta à tradicional festa junina muito celebrada na região. Este mural pode ser enquadrado dentro de uma vertente de criação espontânea do artista, já que era habito do mesmo retratar os filhos em situações cotidianas como as brincadeiras. Assim, buscou-se retratar o cotidiano como a ciranda de roda e o regionalismo representado pela festa junina. O regionalismo como tema marca o desejo de criação de uma arte nacional, que, segundo Tadeu Chiarelli (2002), até o final da II Grande Guerra, a arte brasileira mais valorizada era aquela preocupada em caracterizar as peculiaridades locais, já num momento tardio, neste caso, que data da segunda metade da década de 1950. Os símbolos representados como a fogueira, fazem alusão a proteção e purificação do local onde está instalada e o mastro referencia a devoção e agradecimento ao santo.

A ciranda também tem uma conotação importante, pois se trata de uma dança infantil popular que não requer muita destreza e seu ritmo permite a participação de pessoas de várias idades.

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Painel Sahtten - Ambiente Rural localizado na avenida João Pinheiro, 220 - Centro. Foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.913 de 04/07/2011. Está registrado no Livro de Tombo Histórico, Inscrição IV, pág. 06 (verso).

Analise Iconológica:O painel envolve a questão relacionada ao ruralismo, ainda marcante na economia local da época, caracterizando também o poder respaldado pelos fazendeiros e coronéis. A cena representada remonta ao bucolismo e calmaria da natureza. Essa percepção se dá principalmente pelo plano de fundo, com montanhas na cor ocre, mata na cor verde claro e o céu que mistura tons claros e escuros de azul, além de nuvens brancas. Na parte central, demonstrando maior importância, localiza-se um casarão, sem muitos detalhes de fachada, nas cores azul, cinza e telhado mesclando o rosa claro e o marrom. Provavelmente, esta é a casa do fazendeiro Naves, pois é evidente sua hierarquização em face dos outros elementos, como a casa menor à esquerda, com o telhado nos mesmos tons, mas diferenciando a fachada com uma maior mistura de cores, diminuindo sua harmonia e beleza e nos indicando sua menor importância. Neste mesmo plano, ainda vemos uma cerca na cor preta, árvores de fundo e o chão na cor ocre, que faz nítida separação entre o pasto, na cor verde em tons claros e escuros, do primeiro plano. Neste, encontram-se quatro bois malhados. Os dois primeiros em destaque repousam sobre o pasto e são coloridos em tons de marrom, rosa e contorno preto. Mais ao lado e distante, à direita, encontram-se outros dois bois em pé e pastando.

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Painel Indígena Brasileiro localizado na rua 15 de novembro, 743. Foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 13.203 de 21/12/2011. Está registrado no Livro de Tombo Histórico, Inscrição V, pág. 07 (verso).

Analise Iconológica: Mesmo, de acordo com Tadeu Chiarelli (2002), com uma parcela considerável de artistas que vão deixando, a partir da década 1950, de lado a necessidade preconcebida de criação de uma arte nacional, a favor de uma produção disposta a se constituir através de um dialogo direto com as questões da arte contemporânea internacional, percebe-se nesta obra, ainda, a influência do ideal nacionalista. O tema indígena e a natureza tropical representam um ideal, até romântico, de valorização do nacionalismo, que na arte brasileira direcionou vários artistas. Ainda, conforme Chiarelli (2002), preocupados em constituir aprioristicamente uma arte brasileira com características próprias, vários deles deixaram de dar vazão as suas personalidades às questões inerentes à arte para se engajarem naquele programa.

(Informações retiradas e adaptadas do Dossiê de Tombamento elaborado por Juscelino Machado)

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A Igreja do Espírito Santo do Cerrado foi projetada em 1975 pela arquiteta Lina Bo Bardi a pedido do Frei Egydio Parisi e o Frei Fúlvio. A Igreja foi construída em um sistema de mutirão, realizando-se, assim, um trabalho em conjunto entre arquiteto e mão de obra. De 1975 a 1981, Lina Bo Bardi esteve por diversas vezes em Uberlândia para dar prosseguimento à construção escolhendo os materiais, fazendo todos os detalhamentos in loco e, principalmente, trabalhando diretamente com mestres de obras e os operários locais. Na época foi constituído pelos moradores um “Conselho de Construção” e conseguiu-se uma ajuda substancial da organização alemã Adveniat, sediada em Essen.A Igreja Espírito Santo do Cerrado constitui-se de um conjunto formado pelo espaço de celebração, a igreja propriamente dita, por uma residência para três religiosas, um salão e um campo de futebol. A implantação destes foi realizada através da execução de quatro platôs. Na realização desse projeto, foram utilizados materiais do próprio local, tais como tijolos de barro e a estrutura portante de madeira, em aroeira da região.Restringiu-se o emprego do concreto armado apenas às partes essenciais da estrutura: pilares e vigas dos volumes circulares da igreja e da residência. O volume da Igreja é localizado na parte mais alta do relevo. Seu acesso se dá frontalmente à Avenida dos Mognos, por uma porta de madeira treliçada. O volume é constituído por um círculo, cuja estrutura do telhado é sustentada por oito pilares em madeira, dispostos regular e ortogonalmente. A estrutura do volume apresenta vigas e pilares em concreto armado, aparentes na fachada, com fechamento externo em tijolinho também aparente. Nas paredes internas é visível massa e pintura na cor branca, aplicadas em uma intervenção posterior. O piso é realizado em pedra portuguesa, com pintura na cor rosa, com corredor central com piso com pintura branca e moldura em toda a extensão da circunferência na cor preta. A Igreja não possui forro, ficando aparentes a estrutura do telhado em madeira e o revestimento em telhas capa-e-canal.Pela sua importância arquitetônica a Igreja foi tombada como patrimônio pelo IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico Artístico/ MG)

Av. Dos Mognos, 355 - Jaraguá

Igreja do Espírito Santo do Cerrado (Tombamento Estadual)

Tombamento aprovado pelo IEPHA em 18/02/1997 e homologado em 09/05/1997

Lei Municipal nº 5.207, de 27/02/1991 “Declara de excepcional valor artístico cultural, para fins de preservação, a Igreja do Espírito Santo do Cerrado”.

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Vamos exercitar - Proposta para professores e alunosVOCÊ SABE QUAIS SÃO OS BENS QUE COMPÕEM O PATRIMÔNIO CULTURAL DO LOCAL ONDE VOCÊ MORA OU DE SEU MUNICÍPIO?

A escola, o prédio onde está instalada a biblioteca, a área de lazer, a caracterização destes lugares, uma árvore, uma pessoa, uma casa, uma receita de família, alguém que sabe trabalhar com madeira, com alambique, um cruzeiro, um campo santo.ŸO que esse bem significa? Qual o seu valor?ŸQuais as ações necessárias à sua preservação, manutenção, conservação, restauração, uso, administração?ŸQuais os vestígios que estamos deixando como testemunho de nossa geração? Assim como os povos antigos deixaram vestígios de seus hábitos e costumes, quais os rastros que estamos deixando para o futuro?

Escolha um objeto que fale sobre o passado de sua família ou comunidade. Faça uma pesquisa sobre ele e conheça como e do que ele é feito e para o que era utilizado. Converse com as pessoas mais velhas e busque informações que poderão ser importantes para você compreender como viviam as pessoas no passado.Depois, registre estes objetos através de desenhos, maquetes, fotografias, descrição ou redação e leve para a sua escola. Mostre para seus colegas, discuta com o professor e entenda as formas de viver diferentes de cada comunidade ou cultura.

CADA UM TEM UMA HISTÓRIA

1. Peça aos seus alunos que façam um levantamento dos locais, construções, relevo e recursos naturais do bairro ou da cidade onde moram e, depois, desenhem o que observaram. Proponha que, em grupos, eles montem painéis contando um pouco da história e da geografia do local.2. Num outro dia, organize um estudo sobre alguma cidade histórica próxima a sua (se houver) ou leve para a classe fotos e livros sobre lugares como Olinda (PE) e Parati (RJ). 3. Compare os dados coletados nos dois trabalhos e levante discussões. Por que as construções utilizavam determinados materiais? Por que as casas são diferentes de um lugar para outro? O relevo interfere no modo de vida dos moradores de cada cidade? Os alunos devem pesquisar as respostas. Junto com eles, produza versões, relacionando a arquitetura com a economia, a sociedade, os costumes, o local e a época dos lugares analisados. 4. Peça aos alunos que conversem com pessoas mais velhas (avós, vizinhos) e perguntem como era a cidade na época em que eles eram jovens. Oriente-os a tomar notas, gravar, fotografar e depois, em classe, a compartilhar a experiência com os outros. No final, conclua atentando para a importância da história oral, aquela que não se aprende em livros, mas pela conversa entre as pessoas de diferentes gerações.

QUE TAL FAZERMOS UM INVENTÁRIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO LOCAL ONDE MORAMOS?

Escolha um bem e responda:ŸÉ um bem material ou imaterial?ŸTrata-se de um bem integrado a um imóvel?ŸTrata-se de um bem móvel?ŸQual a localização do bem? Quem é o proprietário? Necessita de proteção?ŸA que se refere o bem imaterial: a saberes, a celebrações, rituais e festas, a formas de expressão, a lugares onde se reproduzem práticas culturais?ŸReproduza em desenho este bem, seja ele uma pessoa, um lugar, um objeto, uma festa ou um conhecimento.ŸFotografe.ŸRelate os detalhes particulares e entrecruzados do valor deste bem. 53

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BRINCANDO TAMBÉM SE APRENDEMÃO NA MASSA DIVULGAR PARA PRESERVAR

Professor, depois de exercitar a valorização do patrimônio cultural através da leitura da cartilha, da prática do jogo e do debate, que tal construir um Museu Temporário com seus alunos? Ele poderá ser realizado no dia do aniversário da escola, por exemplo:

ŸPeça para eles trazerem de casa objetos antigos, fotos de família, receitas culinárias tradicionais, de chás e remédios caseiros. Os alunos poderão contar para a turma a história daquele bem material ou imaterial que trouxeram. Ajude-os a fazer uma ficha de identificação dos objetos e das fotografias, descreva sua utilização, o nome do proprietário e a provável data de fabricação ou de aquisição. Nas fotografias, indique a data, o nome das pessoas retratadas, o local e o nome do proprietário, além do fotógrafo, se possível.ŸMonte um catálogo com plantas regionais, pegue as partes da planta logo que forem colhidas e coloque-as entre folhas de jornal para secá-las, ponha sobre elas um peso que pode ser um livro grosso, por exemplo. Quando já estiverem secas, o que pode demorar cerca de uma semana, fixe-as em uma folha A4 ou em pedaços de papelão com gotas de cola ou faça pequenos furos no papel e amarre-as, crie uma ficha de identificação com o nome popular, o nome científico e sua utilização. Você poderá dispor essas amostras sobre uma mesa ou em painel. Caso queira arquivar estas amostras não as coloque dentro de saco plástico, pois podem gerar mofo, prejudicando sua conservação.ŸOrganize a mesa dos Quitutes Regionais, selecione uma das receitas e faça-a com seus alunos. Peça aos demais que expliquem para todos como realizar as demais receitas que eles trouxeram.ŸPesquise origem e a história de sua família (dos alunos), da cidade e das principais festas populares da região, divulgue essas pesquisas. Incentive seus alunos a escrever poemas sobre o tema e a coletar “causos” da região. Monte um varal de poemas e “causos”.ŸSelecione músicas antigas da região, divulgue a data de composição, o compositor e o cantor. Escute-as enquanto realizam as atividades.ŸPara realizar esta atividade você poderá mobilizar toda a escola. Peça ajuda aos outros professores. Cada turma poderá ficar responsável por uma parte do Museu. Depois do trabalho realizado, converse com seus alunos, peça para eles falarem e registrarem a experiência. Transforme este trabalho em uma valorização do local onde você e seus alunos moram. Cultive o seu patrimônio cultural.

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SAIBA QUESAIBA QUEŸ Somente a partir de 19 de outubro de1929 pela Lei n° 1128, a cidade teve o seu nome mudado para

Uberlândia pois, anteriormente, chamava-se Uberabinha;Ÿ O prédio que abriga a Biblioteca Pública Municipal foi construído para ser a Estação Rodoviária que

foi inaugurada em 1946. Neste local, por volta de 1846 até nos anos de 1940, havia a primitiva Capela do Arraial, posteriormente Matriz e foi dedicada à Nossa Senhora do Carmo;

Ÿ O pátio da Mogiana, as colônias de casas dos operários e a Estação de Trem ocupavam o lugar onde hoje é a Praça Sérgio Pacheco, o Fórum e o Terminal Central;

Ÿ As avenidas João Naves de Ávila e Monsenhor Eduardo eram o caminho dos trilhos do trem de ferro que cruzavam a cidade;

Ÿ A avenida Afonso Pena começou a ser asfaltada em 1956;Ÿ A atual Praça Dr. Duarte, no início do século XX, era conhecida como Largo do Comércio e era ali que

os carros de bois chegavam trazendo mercadorias de outras regiões e adquiriam os artigos que a cidade comercializava;

Ÿ O Teatro São Pedro era de propriedade do Sr. Custódio da Costa Pereira e situava-se na rua Felisberto Carrejo. Era na época um dos principais locais de entretenimento da sociedade uberabinhense e foi inaugurado em 28 de novembro de 1909;

Ÿ A Igreja Matriz de Santa Terezinha foi inaugurada em 25 de novembro de 1941 e quem celebrou o cerimonial foi Monsenhor Eduardo Santos;

Ÿ A Praça Clarimundo Carneiro foi o segundo cemitério da cidade construído em 1880. Entre os anos de 1892 a 1898 este cemitério ficou interditado para ser construído no lugar um jardim público que se chamou Praça da Liberdade. Nesta ocasião, outro cemitério foi construído, onde atualmente está a Vila dos Militares na avenida Afrânio Rodrigues da Cunha;

Ÿ O prédio do Museu Municipal foi construído em 1917 com projeto de Cipriano Del Fávero para abrigar os poderes Legislativo e Executivo, o Coreto entre os anos 1926 - 1927. Em 1929 aquela praça passou a chamar Antônio Carlos e somente em 1961, recebeu o nome de Clarimundo Carneiro;

Ÿ Até o ano de 1930 a cidade era administrada pelo Agente Executivo que era também o presidente da Câmara Municipal;

Ÿ A Praça Tubal Vilela nos primeiros anos do século XX era utilizada como um campo de futebol. Ela era denominada de Praça da República. Porém, por causa das moitas de bambus que foram plantados para sua ornamentação ficou conhecida como Praça dos Bambus;

Ÿ O Mercado Municipal foi construído no ano de 1944 e nas suas paredes externas existem pinturas do artista uberlandense Geraldo Queiroz;

Ÿ A avenida Rondon Pacheco e Getúlio Vargas recobrem os córregos que delimitaram o Patrimônio de Nossa Senhora do Carmo, santa padroeira da cidade de Uberlândia;

Ÿ A cidade de Uberlândia foi emancipada com o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha;

Ÿ Antes da chegada dos homens brancos a esta região aqui era habitado por índios e quilombolas.Ÿ O primeiro homem branco que chegou aqui para morar foi João Pereira da Rocha.Ÿ O edifício Tubal Vilela foi o primeiro da cidade. Antes dele, o maior era o Edifício Drogasil com sete

andares, na Avenida Afonso Pena.55

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Antônio Alves dos Santos 1891 – 1892 Pres. da Intendência(Nomeado pelo Gov. do Estado)

Augusto César Ferreira e Souza 1892 – 1894 Agente Executivo

José Lellis França 1895 – 1897 Agente Executivo

Severiano Rodrigues da Cunha 1898 – 1900 Agente ExecutivoJosé Teixeira de Santa´Anna 1901 – 1903 Agente ExecutivoSeveriano Rodrigues da Cunha 1904 – 1907 Agente Executivo

Alexandre Marquez 1908 – 1912 Agente ExecutivoJoão Severiano Rodrigues da Cunha 1912 – 1922 Agente ExecutivoEduardo Marquez 1923 – 1927 Agente Executivo

Octávio Rodrigues da Cunha 1928 – 1930* Agente Executivo

Lúcio Libânio 1931 – 1932 Prefeito Nomeado

Claudemiro Alves Ferreira 1933 Prefeito Nomeado

Vasco Giffoni 1934 – 1935 Prefeito Nomeado

Vasco Giffoni / Luiz Lisboa 1936 Prefeito NomeadoVasco Giffoni 1937 – 1942 Prefeito NomeadoJosé Antônio de Vasconcelos Costa 1943 – 1945 Prefeito Nomeado

João Paulo Vasconcelos 1946 Prefeito Nomeado

Euclides Gonzaga de Freitas 1946 – 1947 Prefeito Nomeado

Benjamin M. de Oliveira 1947 Prefeito Nomeado

1947 Prefeito NomeadoLuiz Rocha e Silva

Cleanto Vieira Gonçalves 1947 Prefeito Nomeado

José Fonseca da Silva Prefeito Eleito1948 – 1950

Tubal Vilela da Silva 1951 – 1955 Prefeito Eleito

Afrânio Rodrigues da Cunha 1955 – 1959 Prefeito Eleito

Geraldo Mota Batista 1959 – 1962 Prefeito Eleito

Raul Pereira de Rezende 1963 – 1966 Prefeito EleitoRenato de Freitas 1967 – 1970 Prefeito Eleito

Virgilio Galassi 1971 – 1972 Prefeito EleitoRenato de Freitas 1973 – 1976 Prefeito Eleito

Virgilio Galassi 1977 – 1982 Prefeito Eleito

Zaire Resende 1983 – 1988 Prefeito Eleito

Virgilio Galassi 1989 – 1992 Prefeito Eleito

Paulo Ferolla da Silva 1993 – 1996 Prefeito Eleito

Virgilio Galassi 1997 – 2000

Zaire Rezende 2001 – 2004

Prefeito Eleito

Prefeito Eleito

Prefeito EleitoOdelmo Leão Carneiro Sobrinho 2005 – 2012

Gilmar Machado 2013 – Prefeito Eleito

NOME GESTÃO CARGO

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VALE MENCIONAR OUTRAS INSTITUIÇÕES DASECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA PELO APOIO EDESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE PRESERVAÇÃO EEDUCAÇÃO PATRIMONIAL TAIS COMO:

O Arquivo Público de Uberlândia preserva a documentação pública produzida pelo Legislativo e pelo Executivo. Mantém ainda, sob sua custódia, importantes coleções constituídas por: documentos iconográficos, cartográficos, manuscritos, jornais, revistas, provenientes de instituições ou pessoas da comunidade como Prof. Jerônimo Arantes, Osvaldo Naghettini, Jornal o Correio, Roberto Cordeiro dentre outros.O Arquivo Público desenvolve projetos de Ação Cultural, dentre eles o Identificando o Passado que é uma parceria com o Jornal Correio no qual é publicada semanalmente uma fotografia antiga da cidade para que a comunidade a identifique. O projeto visa resgatar a memória e a história local.O projeto Arquivo Escola e Sociedade realiza uma interação entre o Arquivo Público com as escolas locais através de visitas orientadas no espaço do Arquivo. Os alunos além de conhecer os documentos históricos e o trabalho realizado para sua preservação têm a oportunidade de assistir a exibição de um vídeo sobre a história da cidade.

As escolas podem agendar por e-mail: [email protected]: (34) 3232-4744 - Rua Natal, 935 - Bairro BrasilHorário de atendimento ao público: das 8h às 17h de segunda a sexta-feira.

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O Museu Municipal de Uberlândia é um espaço dinâmico que realiza exposições e projetos de ação cultural educativa, possibilitando aos visitantes o conhecimento dos aspectos hitóricos da formação da cidade, assim como os hábitos, costumes, fazeres e modos de vida da população nos seculos XIX E XX. Através de agendamento, oferecemos visitas monitoradas para turmas escolares e outros grupos interessados, que poderão conhecer as exposições do museu, bem como a história do Palácio dos Leões e sua importância enquanto patrimônio local.Nossos projetos de ação educativa incluem oficinas de arte, história, educação patrimonial, entre outros, e são voltados para a comunidade em geral e, epecificamente, ao público escolar, possibilitando o acesso à informação histórica, ao patrimônio museológico e a conscientização acerca da importância de sua guarda e necessidade de sua preservação.Acreditamos que, através do conhecimento e da educação patrimonial, teremos uma população mais interessada no patrimônio cultural da cidade, reconhecendo e praticando seu direito à cidadania.Fazemos agendamentos de visitas monitoradas com escolas, universidades ou grupos interessados.

Praça Clarimundo Carneiro, 67, CentroAtendimento de segunda à sexta – 8h às 18hFone: (34) 3214-0068

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BIB

LIO

GR

AFI

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Page 60: que bicho é esse? - uberlandia.mg.gov.br · conhecimento de uma receita culinária, passada de geração em geração, é um conhecimento precioso. Conhecer os cânticos da Folia

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