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REGIÃO DE TURISMO DA SERRA DA ESTRELA ? TEM OS DIAS CONTADOS Quando começou ainda i não havia estradas na serra /* ¦ Foi criada há quase 89 anos pela vontade de pessoas da Covilhã que sentiram a necessidade de promover a Serra da Estrela. Agora, o Governo ditou o seu fim... Romão Vieira -JF DESTAQUE OS PRESIDENTES DO TURISMO DA SERRA DA ESTRELA João Alves da Silva - 1 929 a 1934; Augusto Jaime de Almeida Campos-1934a1938; José Ranito Baltazar- 1 938 a 1 942 e 1946 a 1949; Rafael Pessoa D'Amorim Mo- râo- 1942 a 1946; Carlos Coelho -1949 a 1951 e 1958 a 1974; José Alberto Seco de Oliveira - 1 95 1 a 1 954; António Leão Ferreira de Almeida - 1 954 a 1 958; José da Cruz Pinto de Sousa - 1 974 a 1 98 1 ; Alberto Alçada Rosa - 1 981 a 1 983; Alfredo Pinto da Silva - 1983 a 1 998; Jorge Manuel Patrâo -1 998 até à presente data. Integram actualmente o PTSE os concelhos de Almeida, Belmonte, Celoricoda Beira, Fornos de Algodres, Guarda, Manteigas, Meda, Sabugal, Seia e Trancoso.

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Page 1: Quando TURISMO DA começou SERRA ainda i havia estradas na · QUANDO, em Maio de 2007, a Região de Turismo da Serra da Es- trela (RTSE) comemorava 50 anos, o actual presidente, Jorge

REGIÃO DE TURISMO DA SERRA DA ESTRELA ? TEM OS DIAS CONTADOS

Quando começou ainda inão havia estradas na serra /*¦ Foi criada há quase 89 anos pela vontade de pessoas da Covilhã que sentirama necessidade de promover a Serra da Estrela. Agora, o Governo ditou o seu fim...

Romão Vieira -JF

DESTAQUE

OS PRESIDENTESDO TURISMO DASERRA DAESTRELA

João Alves da Silva - 1 929 a1934;Augusto Jaime de Almeida

Campos-1934a1938;José Ranito Baltazar- 1 938 a

1 942 e 1946 a 1949;Rafael Pessoa D'Amorim Mo-râo- 1942 a 1946;Carlos Coelho -1949 a1951 e 1958 a 1974;

José Alberto Seco de Oliveira - 1 95 1 a 1 954;António Leão Ferreira de Almeida - 1 954 a 1 958;José da Cruz Pinto de Sousa - 1 974 a 1 98 1 ;

Alberto Alçada Rosa - 1 981 a 1 983;Alfredo Pinto da Silva - 1983 a 1 998;Jorge Manuel Patrâo -1 998 até à presente data.

Integram actualmente o PTSE os concelhos de Almeida,Belmonte, Celoricoda Beira, Fornos de Algodres,Guarda, Manteigas, Meda, Sabugal, Seia e Trancoso.

Page 2: Quando TURISMO DA começou SERRA ainda i havia estradas na · QUANDO, em Maio de 2007, a Região de Turismo da Serra da Es- trela (RTSE) comemorava 50 anos, o actual presidente, Jorge

QUANDO, em Maio de 2007, a

Região de Turismo da Serra da Es-trela (RTSE) comemorava 50 anos,o actual presidente, Jorge Patrão,afirmava, peremptório, que a enti-dade estava de "boa saúde e reco-menda-se". Quase cinco anos de-

pois, a instituição, actualmente de-nominada Pólo de Turismo da Ser-ra da Estrela (PTSE), parece ter os

dias contados. De facto, no âmbitode uma reforma preconizada peloGoverno, anunciada há poucos dias

pela secretária de Estado do Turis-mo (SET), Cecília Meireles, o

PTSE deverá ser extinto e agrega-do à Região do Turismo do Centro.Neste novo quadro administrativo,prevê-se a criação de cinco novasregiões de turismo com base nasNUT II (Norte, Centro, Lisboa,Alentejo e Algarve), que irão con-centrar as competências de estrutu-

ração da oferta e das promoções in-terna e externa, antes atribuídas às

entidades regionais de turismo, aos

pólos de desenvolvimento e às

agências regionais de promoção tu-rística, ou seja, estruturas que são

agora extintas. Por outro lado,está previsto que as equipas di-rectivas do turismo sejam tam-bém reduzidas. Os actuais pó-los de turismo tinham cinco asete dirigentes, três dos quaispodiam ser remunerados.Com as novas regiões, have-rá apenas três dirigentes porentidade, podendo apenasumdeles ser remunerado, ASETadmite que "até ao fim deste semes-tre" será possível por a funcionar as

direcções instaladoras das cinco no-vas regiões turísticas.

Com o fim à vista, importa fazerum breve historial da RTSE/PTSEe, por outro lado, apurar se o turis-mo da Serra da Estrela, perde, ouganha, com a ligação a uma entida-de centralizada em Coimbra. As

opiniões dividem-se (conforme a

cor política. . .) mas a maioria sus-tenta que o organismo, tal comoestá, se tornou uma "máquina pe-sada". E que a centralização pode-rá trazer a dinâmica que o turismoda região carece.

Criada pelas pessoas da CovilhãA entidade foi formalizada em

1957, como Comissão Regional deTurismo. Só anos mais tarde, na dé-cada de 70, passou a Região de Tu-rismo da Serra da Estrela. A partirde 2008, durante o Governo de Jo-sé Sócrates, institucionalizou-se

como Pólo de Tu-j rismo, manten-

do a mesma autonomia. No entan-to, a sua origem data de 1923. De-nominava-se, então, Comissão deIniciativa da Serra da Estrela(Cl-SE) e teve como primeiro respon-sável João Alves da Silva. Quandotudo começou não havia sequer es-tradas na Serra nem aproveitamen-to turístico. De resto a CISE resul-tou da "vontade de pessoas da Co-vilhã que sentiram a necessidadede promover a Serra da Estrela",lembra Alberto Alçada Rosa, anti-

go presidente da RTSE.A partir dos anos 50, com Carlos

Coelho na liderança, a CTSE pas-sou a ter uma maior abrangênciaterritorial. "Teve uma acção fun-damental na região, foi ele que pelaprimeira vez conseguiu, de algumamaneira, espalhar e promover o

conceito Serra da Estrela, retiran-do a ideia que era apenas Covilhã",sublinha Alçada Rosa.

De resto é ainda no tempo deCarlos Coelho, que também foipresidente da Câmara da Covilhã,que se forma a Turistrela, estrutu-ra que visa controlar o turismo no

maciço central, desde a Varandados Carqueijais. A Turistrela foicriada com apoio do Estado e dainiciativa privada. Neste caso a

Torralta teve um papel preponde-rante.

A primeira profissionalização daentidade foi com Alfredo Pinto da

Silva, em 1983. "Foi a primeirapessoa a receber salário como pre-sidente da Região de Turismo", re-corda Alçada Rosa que, no entan-to, faz questão de frisar, que Pintoda Silva "por iniciativa própria, au-feria um ordenado baixo, muitoaquém do estava regulamentado".Foi o único, aliás.

Após a saída de Pinto da Silva, a

RTSE "tornou-se uma estrutura de-masiado pesada". Alçada Rosa sus-

tenta que nos últimos anos "houveum retrocesso quando as Regiõesde Turismo começaram a burocra-tizar-se e a 'engordar', com o au-mento de pessoas e funcionários".

Alçada Rosa diz estar de acordocom uma reestruturação do sectordo turismo, de forma a haver "al-guma recentragem, que, novamen-te, as posições e complementarida-de entre as Câmaras seja adquiri-da" e que as estruturas "possam serreduzidas no sentido de diminuircustos".

De alguns anos para cá e "inde-pendentemente de quem estava à

frente", as Regiões de Turismo nãotinham meios financeiros. "O or-çamento esgotava-se nas própriasdespesas de funcionamento". Poroutro lado o antigo presidente daRTSE vê vantagens numa centra-lização na região centro, nomeada-mente na divulgação da Serra daEstrela no estrangeiro. "A RTSEnão tinha meios para conseguir fa-zer acções capazes de dinamizar oturismo. É fundamental que hajauma integração neste esforço das

Câmaras e das entidades privadas,que haja uma complementaridade.De alguma maneira fazer o queexiste noutros países, com os cha-

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mados sindicatos de iniciativa tu-rística, em que realmente estão me-tidos os diferentes intervenientes",sustenta Alçada Rosa que, no en-tanto, sublinha a necessidade de se

preservar e promover a "marca Ser-

ra da Estrela".

Preservar a marca Serra da Es-trela

Face à anunciada reestruturaçãodo sector, o presidente do pólo tu-rismo da Serra da Estrela disse es-

perar que o Governo tenha "o bom--senso de não acabar com marcasturísticas importantes" para o País.

À Lusa, Jorge Patrão defendeu,recentemente, a "autonomia das

marcas territoriais que são umamais- valia para Portugal, como é o

caso da Serra da Estrela: se as per-dermos, é o País inteiro que perde".Por outro lado, "se regiões que são

marcas, como esta, ficarem depen-dentes do Litoral, é mais uma ma-chadada no interior. A última foitermos ficado com as portagensmais caras do país". Jorge Patrãoreceia que a Beira Interior possaperder a autonomia "do último sec-tor estratégico que resta: depoisdisto só falta levarem as universi-dades e institutos politécnicos".

Recorde-se que a SET, CecíliaMeireles já garantiu que "todas as

marcas turísticas vão ser mantidas,mas uma entidade pode trabalharvárias marcas, poupando na estru-tura e ganhando na eficiência".

Por sua vez o presidente da Câ-mara da Covilhã, cidade que é

a principal porta de entra-da na Serra da Estrela,saudou a reforma doturismo e garantiuque continuará a

haver uma forte dinamização da-

quele destino de montanha. CarlosPinto realçou a iniciativa do Go-verno ao considerar que vai "reti-rar a componente partidária" dosector. "Existem meros lugarespara serem ocupados por algunspseudotécnicos com cartão parti-dário na mão", referiu o autarca.

Para Pedro Farromba, responsá-vel do pelouro do turismo na Câ-mara da Covilhã, as perspectivasiniciais do desenvolvimento daSerra da Estrela foram "altamentefomentadas pela antiga Região deTurismo" mas nos últimos anos"sentiu-se um decair dessa dinâmi-ca e hoje aquilo que existia era umainstituição meramente burocrati-zada, bastante partidarizada e quemais não fazia que gerir um orça-mento corrente do dia-a-dia". O

que prevê a nova legislação é quea marca Serra da Estrela "continuea manter-se embora integradanuma outra estrutura que possacom outra dinâmica e outros recur-

sos, dinamizar a região".Amândio Melo, presidente da

Câmara de Belmonte, sobre a

anunciada extinção do PTSE con-sidera que "o trabalho que fazia era

importante para a região, não hádúvidas disso e ninguém o podecontestar. Receio que saiamos pre-judicados desta situação, porquevamos ficar integrados numa esca-

la muito maior, numa escala doCentro, e temo que percamos for-ça. Por isso terão de ser os Municí-pios locais a organizar-se, porquecom esta situação voltamos a ficarperiféricos. É mais um serviço quesai daqui do Interior e que vai cer-tamente dar prioridade ao Litoral",conclui.

O presidente da Câmara da Guar-da também já disse temer que a

reorganização das estruturas do tu-rismo venha a "prejudicar" a reali-zação de investimentos na regiãoda Serra da Estrela. Joaquim Va-lente (PS) discorda da decisãoanunciada pelo actual Governo edefende a manutenção do pólo deturismo da Serra da Estrela.

Para Luís Veiga, administradordo grupo IMB Hotéis, os pólos deturismo foram criados por razões"meramente políticas" e a existên-cia de cinco organismos em Portu-

gal, um por cada região, "é o for-mato mais ajustado porque com os

privados não há política no meio evão desde Aveiro até à Serra da Es-trela defender a promoção do ter-ritório".

Também o deputado do PSD,Carlos São Martinho, já veio a pu-blico realçar a nova reforma do tu-rismo. Na sua opinião a existênciado PTSE "é um erro já denuncian-do há muito e que por exemplo os

municípios do Fundão e Covilhãsempre contestaram".

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