quando os demÔnios fazem morada na religiÃo

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    QUANDO OS DEMNIOS FAZEM MORADA NA RELIGIO

    Jesus falou pouco a respeito da possesso demonaca explicita. Sim! Ele falou pouco sobre o assunto.Todavia, expulsou todos os demnios que como tais se manifestaram diante dEle. Entretanto, Ele

    tratou bastante do assunto das possesses sutis, que so as piores, pois, em geral, podem ser maisculturas espirituais que demnios que se manifestem como tais; muito ao contrrio. No so,necessariamente, o demnio, mas so demonacos!

    Nos textos que seguem, Jesus abordou o tema da possesso demonaca em dois nveis: um existencial eoutro generacional.

    Primeiro leia o texto generacional:

    Quando o esprito imundo sai do homem, anda por lugares ridos procurando repouso, porm no encontra.Por isso diz: Voltarei para minha casa donde sa.

    E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada.Ento vai, e leva consigo outros sete espritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o ltimo estado daquele homemtorna-se pior do que o primeiro. Assim tambm acontecer a esta gerao perversa.

    Aqui a nfase recai sobre esta gerao perversa!...

    Agora, leia o mesmo texto em Lucas e veja a concluso existencial:

    Quando o esprito imundo sai do homem, anda por lugares ridos, procurando repouso; e, no o achando, diz:Voltarei para minha casa donde sai.E, tento voltado, a encontra varrida e ornamentada. Ento vai, e leva consigo outros sete espritos, piores do que ele, e,

    entrando, habitam ali; e o ltimo estado daquele homem se torna pior do que o primeiro.

    Se voc me pergunta se creio que h diferena entre as duas coisas, minha resposta sim e no. Sim,apenas porque se um indivduo est possesso, isto no significa que todos esto possessos de suapossesso. E tambm porque como veremos mais adiante neste livro, toda possesso individual tambm projeo das possesses coletivas e vice versa.

    Em ambos os textos tudo igual. O esprito imundo sai de um homem. Procura lugar de pouso e noencontra. Ento diz: Voltarei para a minha casa de onde sa. E o faz trazendo consigo novosinquilinos e, assim, o segundo estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro.

    A diferena est apenas no aplicativo de Mateus: Assim tambm acontecer a esta gerao perversa.

    Desse modo, a nica diferena entre uma possesso individual e uma coletiva que no primeiro caso ohomem perde o controle de si e, por vezes, perde sua conscincia individual. J no segundo caso, aconscincia dos indivduos fica suficientemente cnscia de si, mas no discerne o poder de conexoinvisvel e que, escondido no coletivo, age como um sentir unnime e, em geral, mobiliza a maioriacom alguma causa de vida ou morte, sendo que o efeito nunca vida, sempre morte!

    Jesus no faz muitas aluses explicitas quela gerao. No entanto, Ele fala em abundncia sobre quemela era, mas no usa muitas vezes a palavra gerao.

    Afinal, no precisa estar escrito para estar dito!

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    Assim que Jesus compara aquela gerao a meninos que sofrem de um mal-humor crnico econtnuo, alm de ser indefinido. Era raiva da vida e da liberdade de ser dos outros. E tanto fazia qualfosse a expresso de ser do outro em observao. Eles odiavam a quebra dos padres denormalidade conforme o fizeram tanto Jesus quanto Joo Batista. Ambas, eram, em si mesmas,existncias antitticas em relao a sua gerao, embora, os dois, fossem tambm diametralmentediferentes em seus comportamentos em relao um ao outro.

    A segunda referncia significativa quela gerao acontece num sanduche de fariseus e escribas da Leitentando provoc-Lo. Ele vinha de expulsar um demnio vista da mesma assemblia de religiosos.Foi objeto da mais terrvel interpretao no seu ato: Este no expele os demnios seno pelo poder deBelzebu, maioral dos demnios. A esses, Jesus diz o seguinte:

    1. Satans no cometia burrices daquele tipo. Portanto, sugere que a presena de Satans noestava na diviso causada por Jesus em seu reino, mas, ao contrrio, estava estabelecida namonoliticidade do corpo de pensamento daquela gerao, agora, sim, dividido pela presenaantittica de Jesus. Eles eram os demnios atingidos!

    2. Se o argumento deles fosse vlido, ento, antes de julgarem a procedncia do poder queemanava de Jesus, eles teriam que explicar a fonte do poder utilizado pelos seus prprios filhos,que tambm expulsavam demnios. Em no o fazendo, estavam reconhecendo o poder deBelzebu como a fora operativa tambm entre eles.

    3. Se no podiam responder sem se acusar, ento, que admitissem que em Jesus o podermanifesto era o do Reino de Deus que estava, em Jesus, no meio deles.

    4. Nesse caso, diz Jesus, o que estava acontecendo era um saque divino nos cativeiros de Satans,pois sua casa havia sido invadida por Algum que lhe era superior, com poder, inclusive, deamarr-lo e saquear-lhe os bens.

    5. Desse ponto em diante Ele traz a espada e divide a assemblia dizendo -lhes que qualquerdeclarao que sasse de suas bocas com aquele tipo de contedo e que no correspondesse a

    verdade de seus coraessendo, apenas, portanto, uma utilizao poltica do tema

    espiritual, carregando uma calnia contra Jesus e uma blasfmia contra o Esprito de Deusque Nele agiaseria considerado um pecado sem perdo! Ou seja: se conscientemente elessabiam que Jesus era enviado de Deus, mas, em razo da des-construo institucional que Jesustrouxera com Sua mera presena entre eles, haviam optado pelo caminho da negao da Graaque em Jesus os visitava; ento, pela fria opo pela manuteno do poder que julgavampossuir, eles se colocavam cometendo a pior blasfmia: negar que a mo de Deus seja a mosoberana em ao, preferindo caluniar o agente da Graa, cometer um blasfmia contra oEsprito, mas no perderem seu poder temporal que, em Jesus, eles viam ameaado. Essa era apossesso que os possua.

    6. Na seqncia Jesus adverte sobre as palavras como sendo o resultado da escolha existencialdo homem, do que ele tira ou no de seus bas do corao: se busca seus valores nos cofres da

    verdade ou nos sombrios e secretos ambientes de sua perversidade interior. E conclui de modoa vaticinar um terrvel juzo sobre toda palavra frvola dita pelos homens em relao a Deus e aoprximo.

    Ora, neste ponto da batalha que os adversrios chegam, cinicamente, com uma prola tirada domau tesouro de suas almas:

    Mestre, queremos ver de tua parte um sinalpediram eles!

    Ele, porm, lhes respondeu:

    Uma gerao m e adltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe ser dado, seno o do profeta Jonas.

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    O que segue Jesus afirmando que tanto os Ninivitas dos dias de Jonas quanto os Etopes dos dias deSalomo e da rainha de Sab, eram seres infinitamente mais abertos Deus que os arrogantes filhos da

    Teologia Moral de Causa e Efeito, os mesmos que agora queriam tent-lO, pedindo-lhe umademonstrao visvel de um efeito confirmador da causalidade divina de Jesus. Enfim, outro pedidosemelhante ao feito por Satans no Pinculo do Templo.

    Ora, nessa viagem que entra o tema da gerao que se tornara Casa de Espritos Maus, conformeo relato de Mateus acerca da possesso generacional.

    Se voc for verificar a mesma passagem do Evangelho em Lucas, voc ver que o contexto antecedente exatamente o mesmo. Em Lucas, todavia, a seqncia do contexto imediatoou seja, o que vemdepoisfala de maneira ainda mais clara dos espritos que haviam se instalado no inconscientecoletivo daquela gerao, formando uma rede de pensamentos e sentimentos contrrios Graa deDeus e sua revelao em Jesus.

    As denuncias que Jesus faz quela gerao so as seguintes:

    1. Os pagos sempre haviam sido mais abertos revelao do que eles. E a prpria resposta dosgentios que encontraram com Jesus nas narrativas dos evangelhos demonstram isto.2. No adiantava que seus adversrios dissessem que eles eram o Povo da Luz, pois, esta, quando

    habita algum, aparece sempre. Alm disso, a luz de um ser no vem de fora, nem de seussupostos encontros-de-hora-marcada com a luz. A verdadeira Luz nasce nos ambientesinteriores e gera uma nova maneira de enxergar a vida. Aqui Ele associa a luz do ser ao modocomo a pessoa interpreta a vida, a Deus e ao prximo. E mais: Ele diz que a luz do ser vemtambm dele no negociar com suas sombras, escondendo-as, pois, nesse caso, o que deveriaser a fonte de luzo interior e seus bons pensamentos e interpretaes da vida, passa a ser ogerador das trevas no interior humano.

    Agora, no mesmo contexto imediatoou seja: Ao falar Jesus estas palavras, um fariseu o convidoupara ir comer em sua casa; ento, Jesus, entrando, tomou lugar mesa.

    O problema que Jesus entrou, sentou e comeu!

    Que problema!

    Ele no havia lavado as mos antes de comer!

    O fariseu no agenta a transgresso cerimonial cometida por Jesus. Afinal, Jesus era o mesmo que eles,coletivamente, haviam acusado de ser instrumento de Satans.

    Agora, preste ateno como toda a conversa que se segueque comea numa casa, volta da mesa,com servio de lavagem cerimonial disponvel, com copos, pratos e moblias, e se transforma naanalogia perfeita da casa vazia, varrida e ornamentada, pois, o tema volta nos lbios de Jesus.

    O Senhor, porm, lhes disse: Vs, fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior est cheio derapina e perversidade.

    Para mim fica impossvel no associar a analogia da casa vazia, varrida e ornamentada com limpais oexterior do copo e do prato, mas o vosso interior est cheio de rapina e perversidade.

    O resto da fala de Jesus continua a denunciar a mesma conexo entre ambas as imagens depossesso:

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    1. Exterior limpo, interior habitado por rapina e perversidade.2. Quem fez o exterior o mesmo que fez o interior de todas as coisas. E, para Ele, o amor

    solidrio aquilo que torna o mundo puro para os puros.3. As exterioridades do culto moblia e aos ornamentos exteriores do ser eram o deus deles. Por

    essa razo eles davam devocionalmente a Deus apenas aquilo que contribua para a propaganda

    de como sua casa estava varrida e ornamentada, enquanto negligenciavam as verdades dointerior, que so aquelas que enchem a casa daquilo que bom. E a prova desse culto casa

    varrida e ornamentada aparecia at mesmo nas obviedades de seus cdigos de valores eimportncias: todos ligados a imagem e s suas pretensas distines entre os homens.

    Naquela assemblia reunida na casa do fariseu no havia apenas religiosos zelosos das exterioridades daLei, como os fariseus, havia ali tambm alguns telogos, ou seja: interpretes da Lei. E, deles que agora

    vem a confisso de que as palavras de Jesus os ofendiam tambm. Passaram um recibo autenticadono Cartrio da Culpa.

    E o que Jesus diz esses telogos, os interpretes da Lei?

    Ai de vs tambm, interpretes da Lei! porque sobrecarregais os homens com fardos superiores s suas foras, mas vsmesmos, nem com o dedo os tocaisafirmando que a moblia da casa varrida e ornamentada erapatrocinada por eles, ao construrem uma teologia para estivadores, sem a misericrdia de perceberque aquela tarefa que eles impunham sobre os outros era mais que desumana, e, alm disso, dava a eleso poder satnico de, em nome de Deus, oprimirem o prximo com aquilo que eles mesmos noagentavam bancar nem nos ambientes de seus prprios coraes.

    A de vs! Porque edificais os tmulos dos profetas que os vossos pais assassinaram. Assim sois testemunhas e aprovaiscom cumplicidade as obras dos vossos pais; porque eles mataram e vs lhes edificais os tmulosasseverando que aatitude politicamente mais correta e leve dos telogos no escondia da face de Jesus a verdade. Sua

    diplomacia tambm era perversa. Eles eram apenas mais educados em suas atitudes. Mas no seuinterior havia a mesma rapina e perversidade de seus colegas fariseus. Desse modo, Jesus denuncia asetiquetas da religio e seus representantes, que matam os portadores da Palavra, mas sempre, aps aHistria se impor sobre os interesses ento imediatosseus filhos, filhos da mesma escola e alunos damesma teologia, erguiam agora os tmulos do profetas, fazendo reformas histricas, mas que noos colocavam no caminho da obedincia Palavra de Deus falada pelos profetas no dia de Hoje! Assim,eles achavam que construir tumbas em honras dos profetas os diferenciava de seus pais, os assassinosde ontem. A questo, todavia, que Deus Deus de vivos e no de mortos. E Sua real expectativa no que os profetas sejam ou fossem honrados, mas ouvidos!

    Jesus conclui dizendo que eles no se diferenciavam em nada de seus pais. Afinal, eles estavam tendo a

    chance histrica de experimentar o verdadeiro arrependimentoou no era Jesus que eles agorarejeitavam?, mas nem mesmo isto eles enxergavam, fazendo-se, assim, mais cegos e homicidas que osseus pais.

    A questo que aquela no era uma situao estanque ou sequer departamentalizvel. Eles eramparte da mesma gerao. Havia uma conexo simbitica entre elesfosse no passado, fosse nopresente! Portanto, havia uma possesso crescente e cumulativa no processo histrico-religioso. E mais:

    Aquela gerao teria que responder por si mesma e pelo passado, do qual eles faziam um mero replayno presente.

    O pior para Jesus era que os interpretes da Lei diziam possuir a chave da cincia interpretativa.

    Ora, Jesus diz que era baseado nesse auto-enganoou, quem sabe: engano deliberado!, que eles nementravam na Graa e nem deixavam os que a desejavam poderem entrar com as prprias pernas pela

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    Porta. E que pior denuncia pode haver para qualquer tipo de clero?! A separao humana entre Leigose clrigos, em qualquer que seja o nvel ou em qualquer que seja a nomenclatura, um acinte ao puro esimples Evangelho de Jesus!

    O que se segue a isto a declarao explicita de que tanto os letristas-escribas, quanto osescrachadamente legalistas-fariseus, bem como os educadamente Moralistas-interpretes da Lei, agora o

    arguam com veemncia procurando confundi-Lo com muitos assuntos, com o intuito de tirar desuas palavras motivos para o acusar.

    Para Jesus toda discusso sobre a Palavra acaba em confrontos satnicos. Por isto, mesmo havendouma multido interessada no debate, Ele vira e fala apenas com os Seus discpulos, e lhes diz o seguinte:

    Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que a hipocrisiae, assim, Ele lhes diz que os fariseus, semelhanado fermento, eram os mestres do inchao da Lei. Eles eram hipcritas, pois, aumentavam o peso dascoisas que eles sabiam que homem algum poderia carregar. Seu fermento era apenas a capacidade deaumentar as Escrituras sem discernir sequer os contedos da Palavra.

    Nada h encoberto que no venha a ser revelado; e oculto que no venha a ser conhecidorevela agora a certeza deJesus no s sobre o Juzo Final, mas sobre a impossibilidade dos homens se esconderem para sempre!Portanto, diz Ele aos seus discpulos: No sucumbam religio das aparncias. O que , ! E mais:ele retoma ao tema da casa na continuidade do mesmo assunto: os bochichos do interior da casa aindaseriam gritados da varanda.

    O que segue a advertncia de Jesus aos discpulos quanto a no se impressionarem com aquelasPotestades Religiosas e nem Polticas. Elas no deveriam ser temidas. Seu poder de fazer mal nopassava do corpo. E mais: at para exercerem tal poder, tinham que ter semelhana de Satans emrelao J, uma permisso divina. Tudo estava sobre controle. O perigo no vinha deles, mas docorao e de suas produes. Quanto ao poder de oprimir que os Senhores do Saber possuam, Jesus

    diz que no era para se preocupar. Eles contavam com a perversidade satnica para interpretar aexistncia. Os discpulos, no entanto, carregavam a promessa de estarem habitados pelo Esprito da

    Verdade, que lhes ensinaria como no se sujeitarem aos trabalhos forados daqueles donos de pesadasmoblias e que moravam numa casa vazia, varrida e ornamentada!

    A seqncia do texto continua mostrando o significado de ser uma casa vazia, varrida e ornamentada.Isto pode vir da tentao de se aceitar a funo de juiz e repartidor entre os homens. Ou mesmopoderia ser o produto da superficialidade de uma existncia possessa de avareza. Ora, esse espritotambm trs como sua marca distintiva a percepo de valores apenas no mundo das imagens e dasseguranas visveis, enchendo ceLeiros, mas deixando a casa espiritual vazia de Deus.

    Na seqncia, Ele passa a inocular em Seus discpulos alguns anticorpos que pudessem dar a eles aconscincia acerca do enganoso vrus do fermento dos religiosos, filhos da Teologia Moral de Causa eEfeito.

    Jesus prossegue com a temtica das relaes de causa e efeito presentes no pensamento de Seuscontemporneos.

    significativo que logo adiante Jesus expulse um demnio numa sinagoga. Ora, ali est o quadropintado de uma casa vazia, varrida e ornamentada, mas onde o diabo mantinha filhos de Abrao emcativeiro.

    E qual a reclamao do gerente da Casa Vaziaa sinagoga? Seu argumento tem a ver com a bagunaque a libertao causou ordem das coisas na casa bem arrumada, e que fora construda para no ser o

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    lugar da vida, sendo to somente um showroom de religiosidade. Nesse lugar ningum quer saber sevoc est melhor, mas apenas se est tudo em ordem!

    A mim vem agora uma pergunta: o que teria instigado os espritos da casa vazia, varrida e ornamentadaa agirem de modo sete vezes pior?

    No contexto anterior, em Lucas, Jesus envia setenta discpulos para pregarem o evangelho da Graa, aPalavra do Reino, o Evangelho da Salvao.

    Ao retornarem, os discpulos vieram felizes com os resultados: At os demnios se nos submetempelo teu nomedisseram eles!

    Jesus, no entanto, lhes respondeu que Ele mesmo vira Satans ser atingido em cheio pelo resultadodaquela misso, caindo do cu como um relmpago. E mais: que a alegria dos discpulos deveria sempreser a alegria de ser e no a de poder, e tambm jamais deveria se basear no sentimento de prevalnciasobre as foras do mal no outroafinal, raramente se encontra um humilde e sadio exorcistaambulante, mas sim, com o fato de que, pela Graa de Deus, e, em Cristo, seus nomes estavam

    escritos no Livro da Vida, onde tudo o que de fato Deus chama de ser-histria-do-ser est l registradopara o nosso bem.

    O dio de Satans vinha do fato que aquela Casa Vazia, Varrida e Ornamentada pelas Leis, peloscerimonialismos, pelo comportamentalismo exterior, pelas morais homicidas, pelos dias to santos queneles nem o bem cabia, pelos Conclios da Verdade, pelos aparatos das piedades exteriorizadas, e,sobretudo, pela capacidade de jeitosamente desviarem a ateno dos homens dos ambientes docorao para as nulidades das exterioridades da religio e seus infindveis rudimentos.

    Agora, todavia, para horror dos demnios, chegara o mais valente e com Ele vinha o poder deamarrar aquelas foras, a fim de poder encher a casa no com moblia e ornamentos das aparncias

    da piedade exterior, mas com Vida!

    Para Jesus, mais vazios que os vazios que eram habitados circunstancialmente por demnios, eramos que propositalmente construam casas religiosas que nada mais eram que lugar de morada dedemnios, tornando a casa cada vez mais mal assombrada! De fato, o que eles chamavam de mobliaornamental, Jesus chamava de rapina e perversidade.

    E aqui voltamos ao nosso tema:

    A Teologia Moral de Causa e Efeito a gestora satnica da Casa Vazia, Varrida e Ornamentada!

    E sabe por qu?

    Ora, Jesus estava falando dos mestres e seus melhores exegetas, os interpretes da Lei; dos melhoresexecutivos devocionais que a tradio judaico-crist j teve, os fariseus; dos mais bem sucedidospolticos da religio, os sacerdotes; e dos depositrios mais fiis da Revelao Escrita, os escribas.

    Todavia, eles eram sepulcros pintados de branco por fora a fim de esconder a podrido que cresciadentro deles.

    Quanto mais Moral o consciente humano, mais adoecidamente tarado, lascivo e perverso o seuinconsciente ser!

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    Eles tinham a casa, o Templo; e possuam o poder de fazer sua gesto; o poder era oriundo dos cargosque ocupavam na manuteno do sistema; e esses cargos eram mais elevados medida que algum seavantajava nas praticas das regulamentaes legais, exteriormente, claro!

    Todavia, eles s tinham copos, pratos, talheres, lavatrios, mesa, comida e a certeza de belosornamentos para a decorao. Afinal, o lixo dos outros eles cobriam com pedras. E os seus prprios,

    eles ocultavam no corao.

    Faltava-lhes tudo!

    Faltava-lhes vida e a real Presena do Deus da Graa em seus coraes!

    Eles haviam sido tragados. Estavam escravizados pelo pecado de sua quase incurvel arrogncia. E setornaram to vazios de amor a Deus e vida, que nem sentiam que no seu zelo, eles se tornavamfreqentes transgressores da Lei e dos Profetas. Ora, eles estavam vazios em seu prprio ser, pois,esvaziaram de tal modo a sua prpria casa-ser, que eram agora capazes de planejar at mesmo a mortede Jesusdepois vieram a consum-la, como tambm tinham consentido com a execuo do ltimo

    profeta, Joo, o Batista!e isto enquanto faziam vista grossa ao comercio nojento e asqueroso no qualo mercado religioso se tornara. E pior: criando uma religio de causa e efeito que permitia ao filhodesonrar aos pais desde que a causa-desculpa gerasse o efeito-contribuitivo para os cofres da Religio.

    Tudo isto feito pelo poder, pelo lucro e pela auto-exaltao, piedosamente admitidas como expressodo zelo pelas coisas de Deus. Esses seres se tornaram to mortalmente vazios que Jesus os chama desepulturas invisveis.

    Todavia, em matria de exterioridades, de moblias morais e religiosas, eles eram os melhores e maisdevotos religiosos que o Ocidente j teve notcia!

    Jesus, entretanto, viria a cham-los de filhos do diabo.

    Aquela gerao tinha a moblia, mas a casa estava vazia de Deus, varrida pela Moral da Lei eornamentada pelo cerimonialismo sacerdotal. Mas era apenas isto!

    Concluso: os demnios voltaram e foram habitar o inconsciente da maioria, criando assim, umaconscincia moralmente rgida, e quanto mais rgida se tornava, tanto mais os demnios lhesatordoavam o interior da casa.

    Estavam literalmente fadados a serem os reis do exemplo, para fora; enquanto, do lado de dentro,viam-se tendo que existir como cativos, sobrevivendo mortalmente entre vos de aves de rapina e besta

    perversas, des-cumprindo assim, interiormente, as Leis que impunham aos outros do lado de fora,que nada mais eram que as Leis da animalidade predatria, escondidas sob os signos da Moral e dareligio. Ora, exatamente conforme os padres das Leis de causa e efeito da natureza cada!

    Caio

    Ttulo: Este texto faz parte do livro Sem Barganhas com Deus Copyright:Caio Fbio DArajo Filho