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Faculdade Ietec Pós-graduação
Engenharia do Planejamento - Turma nº14
21/02/2018
Título
QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE A PARTIR DA TEORIA DAS
FILAS: um estudo de caso no SAAE da cidade de Sete Lagoas
Isabella Cunha Avelar
RESUMO
Este trabalho é um estudo de campo desenvolvido Serviço Autônomo de
Água e Esgoto (SAAE) de Sete Lagoas, interior de Minas Gerais com objetivo geral de
estudar o atendimento ao público do SAAE, identificando oportunidades de melhoria. A
coleta de dados aconteceu ao longo de 29 dias, nos horários de 09:00 às 11:00 e
14:00 as 16:00. A partir da tabulação dos dados, obteve-se uma amostra de 56 filas,
separadas em fila A (01 servidor); fila B (02 servidores) e fila C (03 servidores).
Dessas, 57,15% (32 filas) apresentaram taxa de utilização do sistema superior a 1,0, o
que significa que a fila cresce indefinidamente. As demais 24 filas foram analisadas e
resultados comparados com valores reais. Foi possível perceber que de modo geral o
atendimento do SAAE apresenta oportunidades claras de melhoria, discutidos no
decorrer do trabalho e em sua conclusão.
Palavras chave: Teoria das filas. Qualidade do Atendimento. Operações de
Serviço
1 Introdução
O processo de urbanização iniciado no período da Revolução Industrial e
intensificado pela globalização tem gerado problemas nos setores de atendimento ao
público, fruto da ampliação da demanda por bens e por serviços. No atendimento ao
cliente, profissionais depara-se com consumidores/clientes que apresentam
expectativas e desejam que elas sejam supridas. Um mau atendimento, um
atendimento demorado, ineficiente, pode acarretar a geração de uma imagem negativa
da organização.
É necessário que as empresa busque uma aproximação entre as
expectativas dos clientes e a percepção dos mesmos acerca dos serviços, buscando
assim atender às necessidades externas. Não basta haver canais de atendimento ao
cliente, ou pesquisa de satisfação, etc. é necessária a busca por soluções efetivas.
Diante dessas considerações, essa temática foi escolhida no contexto
deste Artigo, estudando-se especificamente o atendimento ao cliente no Serviço
Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), uma Autarquia, vinculada a Administração
Pública, de uma cidade do interior de Minas de Gerais, que tem sofrido com
congestionamento e sobrecarga de seus canais de atendimento gerando insatisfação
nos clientes
Diante o estudo de planejamento, emerge a seguinte situação: Como o
engenheiro de planejamento pode otimizar o atendimento ao público no Serviço
Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sete Lagoas/MG a partir da aplicação da
teoria das filas?
O estudo das filas surge como uma alternativa para a busca de soluções e
ações planejadas e sistematizadas para alcançar a satisfação dos clientes, reduzir
reclamações e tempo de espera para atendimento, minimizar filas para acesso a
serviços, etc. motivo pelo qual o estudo é relevante.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Atendimento ao cliente
O atendimento significa “ato ou efeito de atender; dar ou prestar atenção;
tomar em consideração; levar em conta; ter em vista; considerar”. Genericamente, o
atendimento ao cliente envolve a relação interpessoal entre o funcionário de uma
organização e o receptor do serviço ou bem de consumo. Atendimento do cliente é
algo multidimensional e envolve vários funcionários e setores da empresa,
independentemente do nível hierárquico do funcionário. Todos, sem exceção, que
apresentem contato direto ou indireto com o cliente participam do seu atendimento
(FERREIRA, 1988; PILARES, 1989).
2.1.1 Estrutura de uma atendimento
A estrutura de um atendimento é composta por recursos humanos e
infraestrutura (instalações físicas e equipamentos), que devem apresentar uma
sinergia para o bom desempenho do serviço. Por isso, quando o objetivo é aprimorar o
atendimento, o administrador poderá atuar em elementos que ampliam o desempenho
dos atendimentos (ANDRADE, 2009; LACHTERMACHER, 2002).
2.2 Teoria das filas
De uma maneira geral, a teoria das filas descreve a dinâmica desde o
momento de chegada de um cliente a um sistema de atendimento para receber
serviços, executados por uma gama de servidores até a finalização do atendimento.
Por isso, filas podem se formar quando a demanda momentânea por um serviço é
maior do que a capacidade de atendimento de um sistema (MOREIRA, 2010). Quando
um sistema tem demanda superior à capacidade, não há formação momentânea de
filas mas a formação de filas que crescem infinitamente.
2.2.1 Modelagem das Filas
2.2.2 Filas do tipo M\M\1∞\ FIFO
De acordo com a notação de Kendallessa fila apresenta intervalos entre
chegadas e tempos de atendimento exponenciais (M), existe apenas 01 servidor
para realizar atendimentos de uma população infinita, em que o atendimento é feito
por ordem de chegada (Figura 6) (GUTAM, 2006).
Figura 6 – Sistema fila M/M/1
Chegada de
clientes
Formação de
filas
Canal de
atendimento
Saída do
cliente
Fonte: Adaptado de Andrade (2009).
2.2.3 Filas do Tipo M/M/S/∞/FIFO
Outro modelo similar ao anterior é o chamado M/M/S/∞/FIFO, com a
diferença de que não há somente um, mas vários canais de atendimento, como
mostrado em Figura 7.
Pelo exposto, no modelo M/M/S parte-se do pressuposto que as
distribuições são independentes e distribuídas por modelo exponencial, ou seja,
conforme processo de Poisson de modo que todos os tempos de serviço são
independentes e identicamente distribuídos exponencialmente, e que o número de
servidores. O “S” representa que há mais de um servidor responsável pelo
atendimento (COSTA s.d.).
Figura 7 – Sistema de fila M/M/S
Fonte: Adaptado de Andrade, 2009.
2.2.4 Filas do tipo M/G/1
O modelo M/G/1 tem como característica modelar a chegada de clientes
por um processo probabilístico de Poisson, enquanto a distribuição dos tempos de
atendimento é representada por uma distribuição genérica. Existe apenas 01 servidor
para realizar atendimentos de uma população infinita, em que o atendimento é feito
por ordem de chegada (Figura 6) (GUTAM, 2006).
2.2.5 Filas do tipo G/G/S
As filas do tipo “G” representam filas que apresentam distribuição de tempo
de chegada e distribuição de tempo de atendimento são controlados por uma
distribuição geral com variáveis aleatórias identicamente distribuídas. O “S” representa
que há mais de um servidor responsável pelo atendimento. Esse tipo de filas, portanto,
Chegada de
clientes
Formação de
filas
Canal de
atendimento
Canal de
atendimento
Canal de
atendimento
Saída do
cliente
descreve serviços em que há uma chegada aleatória e geral e o tempo de
atendimento e entre atendimento é também aleatória e geral e, todos os servidores do
sistema são capazes de prestar atendimento (COSTA s.d.).
2.3 Teste de Poisson e Teste Exponencial
De acordo com o apresentado até o momento, para a caracterização de
uma fila é necessário identificar se distribuições de probabilidade dos tempos de
chegada e tempo de atendimento podem ser consideradas distribuições de Poisson e
Exponencial.
Em estatística aplicada, as variáveis que seguem a distribuição de Poisson
são aquelas variáveis aleatórias discretas, expressas pela probabilidade de uma série
de eventos ocorrerem num certo período de tempo se estes eventos ocorrem
independentemente de quando ocorreu o último evento. Ela parte de um pressuposto
que ao considerar uma data inicial, chamada de t=0 e, N(t) o número de eventos que
ocorrem até certa data t. Para realizar-se o experimento de Poisson, considera-se que:
(I) a probabilidade de uma ocorrência é a mesma para quaisquer intervalos de tempo;
(II) a ocorrência ou não ocorrência em qualquer intervalo é independente da
ocorrência ou não ocorrência em qualquer intervalo; (III) o evento em cada
subintervalo é independente de outros subintervalos, o experimento aleatório é
chamado de teste de Poisson (NORMANDO, 2010).
Já a distribuição Exponencial, pode-se dizer que é o inverso da distribuição
de Poisson, ou seja, ela analisa o experimento de forma inversa, ou seja, um intervalo
ou espaço para ocorrência do evento. Nesse sentido, a distribuição exponencial
depende somente da suposição de que o evento ocorra seguindo o processo de
Poisson. Nesse sentido, a distribuição exponencial é um tipo de distribuição contínua
de probabilidade. Assim, quando se deseja analisar as variáveis exponenciais, tem-se
o chamado teste Exponencial (NORMANDO, 2010).
Outro teste estatístico relacionado à avaliação Exponencial e Poisson é a
estatística de Anderson-Darling (AD), que mensura o quão bem os dados seguem uma
distribuição em particular. Assim, para um conjunto de dados e distribuições
específicas, quanto melhor a distribuição se ajusta aos dados, menor será essa
estatística. Suponha-se um teste genérico (g) para determinar se os dados atendem à
suposição de normalidade, seguindo as hipóteses (AD) (D’AGOSTINO; STEPHENS,
1986):
- Ho – os dados seguem uma distribuição específica;
- H1 – os dados não seguem uma distribuição específica.
Nesse sentido, deve ser atribuído um p-value (valor de probabilidade) para
testar se os dados vêm da distribuição escolhida. Nesse caso, se o p-value for menor
que um valor alfa escolhido (normalmente 0,05 ou 0,10) rejeita-se a hipótese como
nula de que os dados vêm de distribuição (D’AGOSTINO; STEPHENS, 1986).
O valor de P é a área direita (expresso em probabilidade) da estatística de
teste em um teste unilateral direito ou é igual a área esquerda da estatística de teste
de um teste unilateral esquerdo ou é igual a duas vezes a área da região extrema
delimitada pela estatística de teste em um teste bilateral. Basicamente, a regra para
utilizar o valor p para se definir em rejeitar ou não a hipótese nula do teste de hipótese
(CARNEIRO, 2007):
Se o P-value é menor que o nível de significância valor de (p<a), rejeita-
se a hipótese nula.
Se o P-value é maior que o nível se significância valor de (p> a), não se
rejeita a hipótese nula.
Geralmente, o nível de significância utilizado na maioria dos testes de
hipótese é de 5% (a=0,05), o que será utilizado neste trabalho. Assim, um valor de P
maior que 0,05 que não deve rejeitar a hipótese nula. Alguns textos trazem que o bom
valor P seria maior que 0,1. A conclusão sobre o valor de um valor P é que quanto
maior seu valor, mais distante se estar de rejeitar a hipótese nula, significando que as
distribuições dos dados que estão sendo testados podem ser aceitas com um modelo
(CARNEIRO, 2007).
2.4 Gráfico Input/Output
Considere um sistema de atendimento bancário em que clientes entram e
saem durante o período de atendimento. Considera-se que nesse sistema bancário,
pretende-se estudar a fila de atendimento do caixa. Desenha-se o fluxo desse
processo quando o cliente chega à agência, retira a senha, aguarda o atendimento, é
atendido e, saí do sistema. Nesses vários pontos, considera-se a entrada o momento
em que retira a senha de atendimento (linha A) e a saída o momento que ela se retira
do caixa (linha B) – Figura 9.
Assim, quando se desenha um diagrama de fluxo para um dado processo
é possível selecionar vários pontos e começar a contar elementos que fluem através
deles, sendo possível determinar o número de clientes que fluem através desses
pontos, em uma escala de tempo. A partir desses pontos de chegada e saída
determinados em função do tempo é possível desenvolver um diagrama que mostre
de forma acumulada para os pontos A e B, mostrando quantos clientes passaram por
esses pontos ao longo do tempo, conforme Figura 9 (RIBERO; GRASAS, 2002) e em
qualquer instante determinar o número de clientes esperando e até mesmo o tempo de
espera. Essa representação é chamada de diagrama Input/output.
Figura 9 – Modelo diagrama input/output
Fonte: Ribero; Grasas, 2002.
2.4.1 Ciclo PDCA
O Ciclo do PDCA talvez seja uma das mais famosas ferramentas para um
controle de processo. Foi levado ao Japão por Deming e amplamente empregada
naquele país. O ciclo do PDCA é um princípio de melhoria continuada formado por um
conjunto de ações ordenadas e interligadas entre si, o ciclo não pressupõe
isolamentos entre uma etapa e outra; ao contrário elas constantemente se
intercomunicam e se retroalimentam. Tem por princípio tornar mais claros e ágeis os
processos envolvidos na execução da gestão de projetos. As siglas do PDCA tem os
seguintes significados:
Planejar (PLAN): significa definir os objetivos ou metas e as estratégias ou
métodos para alcança-los.
Executar (DO): Colocar o planejamento em prática, observando e medindo
cada etapa a fim de coletar dados para a verificação do processo.
Checar (CHECK): analisar os dados gerados pelo processo a fim de
verificar se sete está adequado ao resultado pretendido.
Agir (ACT): efetivar as mudanças propostas na etapa anterior , voltando á
primeira etapa e corrigindo o método ou as metas no planejamento.
O ciclo do PDCA pode ser usado tanto para controlar um processo quanto
para o aperfeiçoá-lo, visando á melhoria continua.
Figura 10 – Modelo do ciclo do PDCA
3 METODOLGIA
Por método científico ou metodologia científica entende-se o caminho e o
instrumental para proceder e validar as mais diversas formas de pesquisa. Isso indica
que a metodologia não é normativo nem prescritivo, mas sim orientadora, porque
mostra como a pesquisa foi realizada (MICHEL, 2009).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A realização do estudo de caso foi feito de acordo com o estudo do Ciclo
PDCA, diante da metodologia apresentada pressupõe o uso da primeira etapa onde é
representada pela etapa planejar (PLAN), que tem por objetivo demostrar onde o
estudo será realizado, hora e dia para as coletas de dados e tipos de atendimento que
serão coletados.
O atendimento ao cliente do SAAE de Sete Lagoas e composto por vários
tipos de serviço. Dentre eles (Consumo, Parcelamento, Fiscalização, Religação, ITBI e
Preferencial e 2ª vias).
Os dados foram coletados considerando o atendimento dos clientes nos
seis canais disponíveis. Todos os atendimentos foram registrados quanto à hora de
chegada do cliente, a hora que o cliente foi atendido e a hora que o cliente finalizou o
atendimento. O sistema de atendimento do SAAE é composto por um atendimento
inicial, no qual o cliente chega e apresenta sua demanda a uma atendente, para
retirada da senha para o atendimento desejado. Após esse processo, o cliente
permanece na sala de espera até a chamada de sua senha.
Neste estudo foram consideradas as filas para os quatro canais de
atendimento, aplicados aos serviços de consumo e aos serviços de parcelamento
de contas, aos serviços de religação e a fila de preferencial. A fila de 2ª vias não
apresenta tempo de atendimento, porque a pessoa que entrega a senha aos clientes é
a mesma pessoa que tira segunda via, dada a simplicidade do atendimento. Sendo
assim, a fila de segundas vias não há tempo de espera. As filas de Fiscalização e ITBI
não compuseram a base de dados e foco do estudo, em função de serem localizadas
em diferentes salas o que dificultaria a coleta manual dos dados.
O estudo dos horários para a coleta foi selecionado de acordo com os
horários em que S (nº de atendentes) permanece constante durante o período de
coleta. Para a aplicação de qualquer modelo de filas, o S deve permanecer constante,
conforme apresentado no referencial teórico. Como o atendimento ao cliente do SAAE
apresenta dois turnos diferentes de funcionários e, em cada turno trabalham cinco
horas e meia por dia, os únicos horários em que S era constante são de 09:00 ás
11:00 e de 14:00 ás 16:00. A coleta de dados aconteceu do dia 05/01/2016 até o dia
03/03/216.
A segunda etapa do estudo é prosseguir com o ciclo do PCDA, depois de
ter planejado o estudo, em relação dia e horário e tipos de serviços que seriam
analisados e local, foi realizado a segunda etapa o ciclo que é representado pela sigla
executar (DO).
A coleta foi executada com sucesso durante os três meses, podendo
observar os períodos de mais frequência dos clientes e menos frequência em relação
a todo o mês. Podendo também analisar períodos chuvosos onde a demanda de
clientes diminui, e períodos ensolarados onde a demanda de clientes são sempre
grandes.
O sistema computacional do SAAE só apresenta o tempo que os clientes
ficam aguardando na fila, porém para o mesmo cliente, o sistema computacional não
apresentava o tempo que os atendentes gastam para atender aqueles clientes. Esses
dados foram coletados manualmente.
A terceira etapa do estudo é prosseguir com o ciclo do PCDA, depois de
ter planejado o estudo, executado o planejamento do estudo, foi realizado a terceira
etapa do ciclo que é representado pela sigla Checar (CHECK).
Durante os três meses de coleta de dados houve variação de números de
atendentes, e, por esse motivo, o estudo apresenta três tipos de filas: fila A, B e C:
Fila A é a fila que apresenta um único atendente (s=1) durante toda a
coleta de dados.
Fila B é a fila que apresenta dois atendentes (s=2) durante o período de
coleta.
Fila C é a fila que apresenta três atendentes (s=3) durante a coleta de
dados.
Para prosseguir com o estudo da fila segundo (GUTAM, 2006) devemos
conhecer e entender o procedimento para uma modelagem das filas, o primeiro passo
é conhecer a sua taxa de atendimento e entender os seus requisitos.
O sistema de filas se encaixa em um modelo que acabará por chegar a uma
condição de estado estacionário. Porém, quando a taxa de chegadas de clientes é
maior ou igual à taxa de atendimento, significa que a chegada de clientes excede a
taxa média de serviço, ou seja, será maior que 1,0 para esses casos a modelagem
das filas não apresentam solução, a modelagem das filas só apresentam solução para
as filas que sua taxa média de atendimento é menor do que 1,0. Nesse caso, quando
a fila apresenta uma taxa de atendimento maior do 1,0 a fila “explode” e cresce sem
limites, de modo que um sistema que inicia com zero chegada mantem seu
atendimento equilibrado durante um curto período, pois em longo prazo ele degenera-
se, e as filas crescem (GUTAM, 2006).
Durante toda a coleta de dados houve 11 dias em que as filas se formaram e
apresentou uma característica da fila A( 1 atendente) conforme citado no texto acima,
apresentou a taxa de atendimento maior do que 1,0 em todos os dias estudados. Isso
significa que o sistema de filas degenera-se, e a fila tende ao crescimento
indeterminado, não havendo solução analítica para esses casos. Infere-se que nesse
tipo de fila, a demanda de atendimento supera a capacidade de atendimento em todos
os dias e filas são geradas não por uma falta momentâneas de capacidade de
atendimento, mas por um problema sistêmico de demanda superior à capacidade de
atendimento, com filas crescendo durante todo o período de ocorrência.
Durante toda a coleta de dados houve 16 dias em que as filas se formaram e
apresentou uma característica da fila B( 2 atendente) segundo citado acima. Diante
disso as 16 filas das quais 7 (43,75% das filas B) serão analisadas, uma vez que as
demais 9 filas (56,25% das filas B) apresentaram uma taxa de atendimento do sistema
superior a 1,0 que, conforme o texto acima crescem indefinidamente e não serão o
foco desse estudo.
Durante toda a coleta de dados houve 29 dias em que as filas se formaram
e apresentou uma característica da fila C(3atendente) segundo citado acima. Diante
das 29, das quais apenas 17 (58,62% das filas C) representam o foco desse trabalho,
pois a taxa de atendimento foi menor que 1,0. As demais 12 filas (41,38% das filas C)
apresentaram taxa de utilização superior a 1,0, crescendo infinitamente e
representando falta de capacidade de atendimento.
Em linhas gerais o presente estudo teve como amostra de 56 filas
distribuídas entre os tipos A, B e C; no entanto, apenas 24 filas (42,85%). As demais
32 filas (57,15%) foram descartadas por não representarem foco do estudo e
possibilidade de análise frente às variáveis da Teoria das Filas. Sendo assim, as filas
em que apresentam a taxa de atendimento < 1,0, buscar-se-á a otimização,
conhecendo os modelos de filas para cada um dos dias.
Em prosseguimento ao estudo da fila segundo (ALMEIDA 2006) devemos
conhecer os modelos analíticos de cada fila, o primeiro passo é realizar o teste de
Poisson e Exponencial para cada fila que apresenta sua taxa de atendimento menor
do que 1,0.
Para realização do teste de Poisson e do teste Exponencial, considerando
todos os dias estudados da fila B (S=2), foi possível encontrar três tipos de filas
diferentes: modelo G/G/S (Filas B.2; B.7 e B.13); modelo M/G/S (Filas B.5 e B.9) e
modelo G/M/S (Filas B.8 e B.15).
Para os modelos G/G/S com S>1 há solução analítica, conforme
apresentado no referencial teórico. Já o modelo M/G/S, considerando um S>1 não
existe uma solução analítica estabelecida, conforme explica Almeida (2014), havendo
um modelo apenas quando S for igual a 1 servidor, conforme apresentado no
referencial. A mesma situação acontece com a fila G/M/S; que apenas apresenta
solução analítica quando S é igual a 1 servidor. Porém, não existe um modelo analítico
quando o sistema apresenta mais de um servidor, que no caso são S=2, uma vez que
a função entre chegadas e tempo de serviço apresenta uma relação de dependência
(PEREIRA, 2009).
Sendo assim, para as filas M/G/S e G/M/S foi necessário realizar uma
aproximação para o modelo analítico da fila G/G/S, uma vez que esse modelo de
aproximação representa uma generalização (G) dessas filas.
Em seguimento ao estudo busca-se apresentar os cálculos preconizados
pela teoria das filas e o cálculo dos valores reais, diferenciando-os. Para determinar o
valor real buscou-se o resgate ao referencial teórico, utilizando-se o gráfico
input/output para conseguir encontrar esses valores reais diários.
Para a fila C também foram aplicados os teste de Poisson e o teste
Exponencial para determinar os diferentes modelos de filas encontrados em cada um
dos dias de análise. Considerando os dias estudados da fila C(S=3) foi possível
encontrar quatro tipos de filas diferentes: modelo G/G/S, modelo M/M/S, modelo
M/G/S, e modelo G/M/S.
Para os modelos G/G/S com S>1 há solução analítica, conforme
apresentada no referencial. Para os modelos M/M/S com S>1 também há solução
analítica, conforme apresentado no referencial. Já o modelo M/G/S, considerando um
S>1 não existe uma solução analítica estabelecida, conforme explica Almeida (2014),
havendo um modelo apenas como S for igual a 1 servidor. A mesma situação
acontece com a fila G/M/S; que apenas apresenta solução analítica quando S é igual a
1 servidor. Porém, não existe um modelo analítico quando o sistema apresenta mais
de um servidor, que no caso são S=3, uma vez que a função entre chegadas e tempo
de serviço apresenta uma relação de dependência (PEREIRA, 2009). Sendo assim,
para as filas em que se encontrou o modelo M/G/S e G/M/S foi necessário realizar
uma aproximação para o modelo analítico da fila G/G/S. Em seguimento a fila C
também foi realizado gráfico input/output para conseguir encontrar esses valores reais
diários.
A quarta etapa do estudo é prosseguir com o ciclo do PCDA, depois de ter
planejado o estudo, executado o planejamento do estudo, e checado os dados, foi
realizada a quarta etapa do ciclo que é representado pela sigla Agir (ACT).
Inicialmente é preciso reconhecer que houve perda amostral significativa,
uma vez que a maioria das filas apresentou um ρ > 1,0, demonstrando que na maioria
das vezes a capacidade de atendimento do SAAE não é capaz de atender à demanda
de atendimento em sistemas com um, dois ou três servidores, sendo que a situação
mais grave ocorre quando o sistema tem um único servidor (fila A) em que todos os
casos apresentaram utilização superior a 1.
. Nesse caso, propõe-se o aumento do número S de servidores, o que
poderia promover uma significativa redução percentual dos tempos de espera no
sistema. Deve-se ressaltar que essa proposta precisa ser avaliada pela diretoria do
SAAE, pois envolve questões relacionadas à custos, alterações na estrutura física e a
própria estratégia de atendimento.
O número de atendentes pode ser aumentado nos momentos de maior
demanda de atendimento, sendo reduzido em outros de menor taxa de chegada de
clientes. Além disso, pode-se atuar nas variáveis da chegada buscando manipular o
ritmo de chegadas de clientes. Isso poderia acontecer caso o atendimento passasse a
ser agendado (uma faixa de horário com janelas de 30 minutos, por exemplo), o que
reduziria a taxa de chegada de clientes e, poderia reduzir a espera.
Ainda pode-se manipular a variável do atendimento promovendo um
treinamento dos funcionários e pelo desenvolvimento de ferramentas que fizessem
com que o tempo de atendimento fosse padronizado (reduzindo sua variabilidade) e
fosse executado em menos tempo, melhorando o tempo de esperada e número de
pessoas na fila.
5 CONCLUSÃO
Ao considerar a teoria das filas e seus modelos analíticos, foi objetivo
desta pesquisa estudar o atendimento ao público do SAAE identificando oportunidades
de melhoria. Pelas configurações do sistema estudado, foi possível identificar
momentos que os modelos com um, dois ou três servidores não foi capaz de atender à
demanda, criando filas que crescem infinitamente.
Foram propostas algumas ações para permitir a melhoria no atendimento
da SAAE pelo aumento do número de servidores, marcação de faixas de horários para
atendimento, padronização do atendimento e redução no tempo de atendimento com o
desenvolvimento de ferramentas que permitam uma aceleração dos processos. .
Cabe ressaltar que esse trabalho gerou reflexões relevantes sobre a
situação atual do atendimento e possibilidades de melhorias. Entretanto, a diretoria do
SAAE e seus competentes profissionais devem analisar o resultado deste trabalho e
considerar outras dimensões não abordadas nesse trabalho (como custos,
disponibilidade de pessoal e espaço físico, etc.) para a efetiva implementação de
ações.
Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se um estudo de maior
duração com o objetivo de entender a existência (ou não) de sazonalidades (horários
do dia em função dos dias da semana, semanas dentro dos meses, meses no decorrer
do ano, por exemplo), com o objetivo de complementar a análise e permitir a
proposição de melhores ações.
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SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da
Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
<<Ano de entrega>>
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BELO HORIZONTE, 05/12/2017
CURSO: Engenharia do Planejamento
SEMESTRE/ANO: 2017
TURMA: 14
TÍTULO DO ARTIGO:
QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE A PARTIR DA TEORIA DAS FILAS:
um estudo de caso no SAAE da cidade de Sete Lagoas
NOME DO AUTOR (LEGÍVEL) ASSINATURA
Isabella Cunha Avelar Isabella
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