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Page 1: QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS … · das hortaliças comercializadas na feira agroecológica da UNICENTRO, campus CEDETEG, ... processadas e analisadas no laboratório

Anais do 9º Salão de Extensão e Cultura

22 a 24 de novembro de 2016, UNICENTRO, ISSN - 2238-4464

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS NA

FEIRA AGROECOLÓGICA DA UNICENTRO

Área Temática: Tecnologia e Produção.

Autores: Raphael de Miranda1, Josué Clock Marodin2, Giovana Carla Spassin3, Katielle

Rosalva Voncik Córdova4, Juliano Tadeu Vilela de Resende5.

RESUMO: A qualidade microbiológica é um fator de grande importância em conservação de

vegetais minimamente processados. Muitos micro-organismos podem-se afetar adversamente

a qualidade e a segurança desses produtos, se considerando que micro-organismos

patogênicos, que normalmente não estariam presentes, passam a compor a microbiota

contaminante decorrente do que são submetidos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a

qualidade e a segurança microbiológica das hortaliças comercializadas na feira agroecológica

da UNICENTRO, campus CEDETEG, além da orientação da produção, transporte e

distribuição dos produtos. Observou-se que se apresentaram contaminadas com coliformes

fecais, mesmo passando pelo processo de sanitização ainda permaneceram contaminadas pelo

patógeno. É de fundamental importância que a água usada para estes fins seja potável, o

substrato seja tratado e adubação seja comercial, para baixa contaminação por coliformes e

outros gêneros. Nessas hortaliças foram isolados coliformes, no exame microbiológico. Em

50% das amostras encontrou-se contaminação por coliformes fecais nas. Considerando a

presença de coliforme fecal e o risco de doenças veiculadas pelas hortaliças comercializadas e

consumidas, sugere-se uma maior concentração no meio do sistema de vigilância sanitária no

âmbito comercial, assim como é de importância que haja ações básicas de higiene as pessoas

que ali manuseiam as hortaliças, orientando sobre a importância de uma boa lavagem das

folhas de alface e rúcula antes do consumo.

PALAVRAS-CHAVE: Doenças parasitárias; Sanidade; Saúde humana; Verduras.

1. INTRODUÇÃO

Os hábitos alimentares estão mudando rapidamente em decorrência principalmente do

estilo de vida da população aliado a crescente preocupação com a saúde e a segurança

alimentar. Dentre eles, a preferência pelo consumo de alimentos frescos, tem levado a uma

crescente popularidade de frutas, vegetais e hortaliças minimamente processadas (MORETTI,

2007).

A alface (Lactuca sativa) é a hortaliça folhosa mais consumida no País e no mundo. Os

hábitos alimentares da população evidenciam essa condição que é favorecida pela fácil

1 Acadêmico do curso de graduação em Agronomia da UNICENTRO. [email protected] 2 Pós graduando do curso em Agronomia da UNICENTRO. [email protected] 3 Bolsista técnica do curso em Ciências Biológicas da UNICENTRO. [email protected] 4 Professora do Departamento Engenharia de Alimentos da UNICENTRO. [email protected] 5 Professor de agronomia do Departamento de Olericultura da UNICENTRO. [email protected]

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aquisição do produto, pelo seu sabor, pela qualidade nutritiva e por ser uma hortaliça de baixo

custo (ABREU, 2010).

A rúcula é uma hortaliça herbácea anual consumida principalmente nas Regiões Sul e

Sudeste do Brasil, sendo considerada moderadamente sensível à salinidade, de acordo com

estudos realizados (SILVA, 2009).

Ressalta-se que muitas hortas brasileiras são irrigadas com água contaminada por

pesticidas e material fecal. Por isso, o consumo de hortaliças cruas é um importante meio de

transmissão de doenças infecciosas e parasitárias na população (ABREU, 2010).

Para a produção de hortaliças por hidroponia são necessários mais cuidados do que em

culturas normais até mesmo pelos operários, e quando tomados os devidos cuidados, tem-se

produtos de qualidade.

Na produção orgânica se tem produtos de maior qualidade, porém esses produtos estão

mais propícios à contaminação, pela não utilização de defensivos químicos. Em plantio

orgânico em relação à contaminação por contagio de coliformes como previsto, é mais alta.

Através dessa pesquisa, visou-se a avaliar a qualidade e a segurança microbiológica

das hortaliças comercializadas na feira agroecológica da UNICENTRO, campus CEDETEG,

além da orientação da produção, transporte e distribuição dos produtos.

2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA

Foi coletada uma amostra de cada hortaliça para o sistema convencional e

hidropônico, obtidos em estabelecimentos na cidade de Guarapuava-PR e duas amostras de

alface em sistema orgânico, obtidas de diferentes produtores de hortaliças participantes da

feira agroecológica da UNICENTRO. As coletas foram realizadas no dia 20/09/16, sendo

processadas e analisadas no laboratório de microbiologia do departamento de Engenharia de

Alimentos da UNICENTRO – campus CEDETEG. A finalidade foi verificar a presença e

contaminação por Coliformes Fecais das amostras.

Coliformes fecais foram determinados pelo método do NMP (Número Mais Provável),

pela técnica dos tubos múltiplos, que consta de duas fases distintas: a fase do teste presuntivo

e teste confirmativo Silva, Junqueira e Silveira (1997). O Teste Presuntivo fornece uma

estimativa preliminar da densidade do grupo bacteriano baseada no enriquecimento em meio

minimamente restritivo. O Teste Confirmativo é a segunda fase do NMP. Os tubos

considerados positivos no teste anterior são inoculados em tubos de meio mais seletivo e

inibidor. As reações positivas são lidas e a densidade calculada com a ajuda da tabela NMP.

A técnica NMP é um método que permite estimar a densidade de microrganismos

viáveis presentes em uma amostra. Esta técnica não permite a contagem "fixa" de células

viáveis ou de unidades formadoras de colônias (UFC), como acontece com a técnica de

contagem em placas.

Através da determinação do NMP, o número de células viáveis foi obtido por meio de

três diluições decimais sucessivas e transferência de alíquotas determinadas (também

decimais, como 10 e 1,0 mL) de cada diluição em séries de tubos.

Os intervalos de confiança 95% constantes das tabelas de NMP ofereceram a

informação de que, em pelo menos 95% das vezes, há a chance de concentração real de o

micro-organismo alvo estar incluído no intervalo de confiança calculado para cada arranjo de

tubos positivos.

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3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

No presente trabalho foi avaliada a produtividade da cultura da alface e rúcula

submetida a diferentes níveis de salinidade em cultivo hidropônico, convencional e orgânico, utilizando água subterrânea, substratos e adubos convencionais. Quando feita uma analise

quantitativa no resultado, o que apresentou maior índice de contaminação foi o plantio

convencional, contendo uma visão menos detalhada sobre o assunto, constou que na preparação do solo a presença de patógenos é aumentada, sendo assim o aumento das

contaminações. Já nos outros plantios apresentou-se contagio por coliformes, mais baixas, tendo

aparição significativa, em exceção dos convencionais.

TABELA 1 - Contaminação de hortaliças por Coliformes a 45 °C (Fecais)

AMOSTRAS COLIFORMES 45 ºC (NMP.g -¹)

Alface convencional > 150

Alface hidropônica < 3

Alface orgânica1 > 150

Alface orgânica2 < 3

Rúcula hidropônica < 3

Rúcula convencional > 150 *NMP = número mais provável

A Legislação RDC nº12/2001 estabelece que para a hortaliça ser adequada ao

consumo deve ser de limite máximo até 100 NMP.g-1 para Coliformes à 45 ºC.

A alface convencional, a alface orgânica1 e a rúcula convencional estão acima do

limite estabelecido pela legislação, indicando que não estão adequadas para o consumo.

Os Coliformes presentes nessas hortaliças, especialmente a Escherichia coli, podem

atuar como um organismo comensal, colonizando o intestino humano algumas horas após o

nascimento. Essa interação com as células epiteliais intestinais é benéfica e, nesse contexto, E.

coli atua por competição, impedindo a colonização por patógenos, também podem se

comportar como um organismo oportunista, ocasionando doenças em hospedeiros suscetíveis

e infecções em órgãos ou tecidos normalmente estéreis. Podem agir como um patógeno

extremamente especializado, ocasionando doenças em hospedeiros sadios. Infecções

ocasionadas por E. coli podem ser limitadas à colonização de superfícies mucosas ou podem

se disseminar através do organismo, tendo sido implicadas em processos de infecção,

meningite e infecções gastrointestinais. Uma vez que é fácil a ingestão de patógenos com o

alimento ou água, o trato gastrointestinal humano é susceptível às infecções por categorias

diarreiogênicas de E. coli. (SOUZA, 2006).

A alface hidropônica, alface orgânica2 e a rúcula hidropônica apresentaram-se dentro

do limite máximo estabelecido pela legislação, indicando que estão adequadas para o

consumo.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a presença de coliforme fecal e o risco de doenças veiculadas pelas

hortaliças comercializadas e consumidas, sugere-se uma maior concentração no meio do

sistema de vigilância sanitária no âmbito comercial, assim como é de importância que haja

ações básicas de higiene as pessoas que ali manuseiam as hortaliças, orientando sobre a

importância de uma boa lavagem das folhas de alface e rúcula antes do consumo.

REFERÊNCIAS ABREU I. M. de Oliveira; Qualidade microbiológica e produtividade de alface sob adubação química e orgânica. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 30 (Supl.1): 108-118, maio 2010.

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