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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO FLÁVIA FINTELMAN DA SILVA PROFESSORA ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ Brasília-DF 2015

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Page 1: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO...na organização e tomada de decisões no processo de produção, divisão do lucro, bolsa de estudo, seguro de vida, plano de saúde e outros. Qualidade

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

FLÁVIA FINTELMAN DA SILVA

PROFESSORA ORIENTADORA:

FABIANE MUNIZ

Brasília-DF

2015

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

FLÁVIA FINTELMAN DA SILVA

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez do Mestre como requisito parcial

para a obtenção do título de especialista

em GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS.

PROFESSORA ORIENTADORA:

FABIANE MUNIZ

Brasília-DF

2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço pela Sabedoria, dada por Deus!

Aos meus filhos Yasmin e Nicolas!

A professora, Fabiane Muniz pela orientação.

Ao meu marido Marcelo, que sempre esteve ao meu lado me apoiando e

incentivando.

E todos aqueles que me apoiaram.

Muito obrigada!

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DEDICATÓRIA

A Deus: principal fonte de inspiração e sabedoria!

Aos meus filhos Yasmin e Nicolas!

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RESUMO

O estudo foi identificar qual a percepção dos empregados de uma Empresa na

área de saúde, com relação ao programa de Qualidade de Vida no trabalho. O

objetivo do estudo, para esta pesquisa de campo, foi utilizado o estudo de

caso, por meio de um questionário aplicado para 10 funcionários, em seu local

de trabalho. A proposta básica foi identificar o envolvimento dos funcionários

nos programas de Qualidade de Vida no Trabalho da empresa, suas

perspectivas ou frustrações.

A pesquisa evidenciou a necessidade de compreender o processo do trabalho

e seus impactos na vida do funcionário, tanto no lado profissional: quer seja

pela produtividade e quanto no lado pessoal: doenças, insatisfações conflitos

internos dentre outros.

Os resultados obtidos estatisticamente irão comprovar a realidade de

Qualidade de Vida no Trabalho para os funcionários da empresa que

responderam o questionário. Percebe-se que o tema estudado é de interesse

dos funcionários da empresa.

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METODOLOGIA

As metodologias utilizadas foram:

a) Pesquisa bibliográfica – desenvolvida a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos, a saber: (FERNANDES,

Eda Conte. Qualidade de Vida no Trabalho – Como Medir para Melhorar. Casa da

Qualidade, 1996. SUCESSO, Edina de Paula Bom. Relações Interpessoais e

Qualidade de Vida no Trabalho. Edição 2002: QualityMark; CAMPOS, Elizabet Garcia.

Qualidade de Vida – Experiências de Sucesso. Instituto Brasileiro de Qualidade de

Vida. Edição 2007 e demais livros da bibliografia).

b) A definição da empresa a ser objeto de pesquisa obedeceu dois

critérios: adequação dessa empresa aos propósitos da pesquisa, por ser,

focará na melhoria da qualidade de vida em sociedade e por ser meu local de

trabalho, onde executo atividades relacionadas à gestão de recursos humanos

e percebo a importância do programa de QVT.

c) Na Pesquisa de Campo foi utilizado um estudo de caso, onde foi

aplicado um questionário de 20 questões para 10 (dez) funcionários de

diferentes idades, sexos e níveis culturais, que atuam nos cargos de médicos,

gerente, secretárias e atendentes do quadro de funcionários da empresa. O

questionário foi entregue para cada empregado em seu local de trabalho, com

prazo de uma semana para a sua resposta e devolução, sem identificação.

Ao adotar esses métodos o objetivo do questionário foi o de permitir um amplo

e detalhado conhecimento quanto à percepção de cada um em relação à

qualidade de vida pessoal e ao programa de QVT da empresa. Os resultados

foram analisados e calculados estatisticamente, por meio de gráficos, para

interpretação e conclusão dos resultados obtidos e a finalização deste trabalho

monográfico. Questionário e gráficos ficarão em anexos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1. A Importância da Qualidade de Vida no Trabalho 10

1.1. Origem e evolução da Qualidade de Vida no Trabalho 12

1.2. Século XX e o desenvolvimento dos modelos clássicos de Organização

Científica do Trabalho 13

CAPÍTULO 2. O que é Qualidade de Vida no Trabalho? 20

2.1 Vencendo os desafios: O papel da empresa nos Programas de Qualidade

de Vida no Trabalho 22

2.2. O papel dos funcionários quanto à aceitação e participação nos Programas

25

CAPÍTULO 3. O Humano: a importância do bem estar físico e mental dentro da

organização 30

3.1. Atividades que poderiam dar certo: relatos dos funcionários 34

3.2. Quais as atividades mais indicadas para que um Programa de QVT seja

um sucesso tanto para organização para os funcionários 35

CAPÍTULO 4. Como atingir o maior número de pessoas nos Programas de

Qualidade de Vida 36

4.1. Qual a percepção dos funcionários sobre QVT 39

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA e WEBGRAFIA 44

ANEXOS 47

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INTRODUÇÃO

A gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) vem ganhando importância

no âmbito das organizações e espaços nas discussões acadêmicas

empresariais. De um lado o acirramento da competição e da competitividade a

qualquer custo que impõe a necessidade de refletir sobre suas influências nas

organizações e na sociedade; de outro, a maior conscientização dos

trabalhadores, dos consumidores e dos cidadãos a respeito do stress e da

importância crescente da qualidade de vida no trabalho, das novas condições

do mercado de trabalho e, sobretudo, quanto às questões ambientais e de

responsabilidade social que colocam imensos desafios a gestão organizacional

nesses novos tempos.

A QVT faz parte das mudanças pelas quais passam as relações de trabalho na

sociedade moderna, em rápida transformação. Na sociedade moderna é cada

vez maior o número de empresas que investem na qualidade de seus produtos

e serviços. Para proporcionar condições de melhoria nas condições de trabalho

dentro de uma relação social que possibilite a Qualidade de Vida dos

empregados, centenas de empresas preocupadas com esta questão e

principalmente com a saúde dos seus trabalhadores, têm utilizado estratégia

para favorecer estas condições, como por exemplo, a ginástica laboral, período

de descanso dentro da rotina do trabalho, trabalho em equipe, encontro

familiares, lazer em grupos, jogos internos, maior participação do trabalhador

na organização e tomada de decisões no processo de produção, divisão do

lucro, bolsa de estudo, seguro de vida, plano de saúde e outros.

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): entendendo como uma proposta de

humanização que visa tratar de aspectos do ambiente ocupacional com o

intuito de proporcionar satisfação aos funcionários e aumentar a produtividade

na empresa. Na verdade deve ser vista como uma necessidade a ser

priorizada para o alcance do bem estar dos funcionários e o desenvolvimento

da organização.

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A partir desta problemática, a proposta da pesquisa originou-se em analisar a

percepção dos empregados do atendimento da empresa, sobre o tema

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): entendendo como uma proposta de

humanização que visa tratar de aspectos do ambiente ocupacional com o

intuito de proporcionar satisfação aos empregados e aumentar a produtividade

na empresa.

A importância do bem estar físico e mental dentro da organização evidencia

que as atividades indicadas nos programas de QVT, estão sendo bem

desenvolvidas dentro da empresa, tornando assim um ambiente mais saudável

e produtivo.

O tema será abordado a partir de um estudo de caso, por meio de um

questionário, aplicado aos funcionários do atendimento da empresa de

atendimento médico (CARDIOCENTRO) situada no Setor Hospitalar Sul

Quadra 716 em Brasília-DF.

O cotidiano dos empregados relaciona-se com o tema abordado, pois suas

visões sobre QVT, suas perspectivas e/ou frustrações com relação ao

programa, e a maneira que a empresa pode ou não investir na qualidade de

vida, afeta diretamente a rotina e o rendimento das atividades por eles

desenvolvidas. Considerando o empregado de forma humana e completa,

preocupando-se com o seu bem estar físico e mental dentro da organização.

Pesquisaremos o nível de importância dos Programas de QVT, tendo em vista

que o homem já não trabalha apenas por remuneração, logo, os programas

que procuram valorizar o trabalhador e os fatores humanos, como a autoestima

e auto realização, reforçam o comprometimento, sendo essenciais e

indispensáveis no cotidiano do trabalhador.

Portanto, ao conceituar a qualidade de vida e sua origem, esta monografia

pretende identificar as dificuldades empresariais e as possíveis resistências

dos funcionários na aceitação e participação destes programas, entendendo

que a participação é um dos principais fatores para a QVT, envolvendo fatores

físicos e psicossociais.

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CAPÍTULO 1

A Importância da Qualidade de Vida no Trabalho

Há algum tempo, o termo qualidade de vida está presente no dia-a-dia das

pessoas, que buscam uma melhoria nas condições de vida e um maior bem

estar e sensação de satisfação. Qualidade de vida não se refere somente a

prática de exercícios físicos e cuidados com a saúde, mas também a diversos

fatores que determinam se uma pessoa leva ou não uma vida adequada, de

acordo com seus padrões pessoais. A QVT é um tema em constante discussão

por diversos autores quanto à definição e à origem do termo já difundido nas

empresas e em artigos acadêmicos em diferentes áreas do conhecimento, tais

como: Psicologia e Administração (BARROS, 2012).

Vivemos numa sociedade em mudanças e num momento excitante para as

organizações. A sociedade percebe que a Qualidade de Vida e a Saúde são

ativos importantes, envolvendo dimensões física, intelectual, emocional,

profissional, espiritual e social. Práticas inadequadas no ambiente de trabalho

geram impacto negativo na saúde física e emocional dos empregados e na

saúde financeira das empresas. Baixa motivação, a falta de atenção,

diminuição de produtividade e alta rotatividade criam uma energia negativa que

repercute na família, na sociedade e no sistema médico.

As necessidades das pessoas e os novos desafios no trabalho têm estimulado

a estruturação das atividades de qualidade de vida nas empresas,

caracterizando uma nova competência, uma nova especialização gerencial. Na

sociedade moderna em que vivemos é possível atribuir à preocupação

crescente com QVT devido à maior conscientização dos trabalhadores e ao

aumento das responsabilidades sociais da empresa, conforme a opinião de

autores como Huse e Cumimings (1985). Dessa maneira é cada vez maior o

número de empresas que investem na qualidade de seus produtos e serviços.

Para proporcionar condições de melhoria nas condições de trabalho dentro de

uma relação social que possibilite a Qualidade de vida dos empregados,

centenas de empresas preocupadas com esta questão e principalmente com a

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saúde dos seus trabalhadores, têm utilizado estratégia para favorecer estas

condições.

Qualidade Vida no Trabalho é importante em suas atividades, garantindo

melhores resultados e, consequentemente, segurança e sucesso para

organizações e profissionais.

A observação em qualquer ambiente de trabalho leva a identificação de uma

gama relativamente grande de informações relacionadas à qualidade de vida

no trabalho. Há inquietudes, individuais e coletivas, quanto a pressões,

conciliação de expectativas de trabalho, família e consumo, sinais de stress,

hábitos alimentares e cuidados físicos, estilo de vida, impactos tecnológicos.

Tudo desperta para a vontade de bem–estar no trabalho. Esses fatos

provocam novas atitudes das empresas e mudanças no modo de vida das

pessoas, abrindo espaços continuamente para a discussão e a busca de

qualidade de vida dentro e fora do trabalho.

As empresas devem investir em educação, formação e capacitação dos

trabalhadores, através da criação de programas que colaborem na

sensibilização e reeducação de hábitos do trabalhador, fator fundamental neste

momento. Sensibilizar e motivar funcionários e familiares para a organização

no trabalho, no lar, saúde, através da segurança no trabalho e hábitos

saudáveis, através de modelos de vida saudáveis, autonomia, autoestima,

integração social na empresa, não desperdício, valorização das condições do

trabalho e outros. Deve ainda ser considerada a relação saúde mental e

trabalho, uma vez que se tem elevado o número de pessoas acometidas,

principalmente por distúrbios leves, como indivíduo refletindo em seu

desempenho no trabalho.

Com as novas formas de organização do trabalho, que buscam tornar trabalho

e vida pessoal, devemos dar a devida atenção a diversos fatores, além

daqueles presentes na organização, que interferem na satisfação do

funcionário.

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Qualidade de Vida é uma tendência que só recentemente tem sido aplicada à

situação de trabalho; passou a ser um meio para alcançar o engrandecimento

do ambiente de trabalho e obtenção de maior produtividade e qualidade do seu

resultado, sendo hoje vista como um conceito global e como forma de

dimensionar tais fatores, adotando filosofia e métodos para uma maior

satisfação do trabalhador em sua atividade profissional.

Na Administração, o construtor de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem

sido utilizado desde a década de 1960, com o objetivo de compreender o que

motiva o trabalhador, determinando seu comportamento na empresa e o que

pode ser feito para conciliar a produtividade no trabalho e qualidade de vida

dos trabalhadores (SILVA e FERREIRA, 2013).

Na década de 60 as preocupações com os efeitos do trabalho na saúde e no

bem-estar geral dos trabalhadores e com as formas de se melhorar o

desempenho das pessoas no trabalho, ganharam vigor. Principalmente por

meio de iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e

governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho a fim de

minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e bem-estar geral dos

trabalhadores. Essa fase do movimento estendeu-se até 1974, quando o

assunto começou a perder interesse em virtude de questões econômicas.

A qualidade de vida no trabalho (QVT) é decorrente de uma perspectiva da

administração de ceder prioridades das máquinas e produção ao fator humano

e grupos sociais, denominado como Abordagem Humanística. Embora em

1789, Robert Owen, já se preocupasse e lutasse por melhorias no sistema de

trabalho dos seus conterrâneos escoceses, apenas a partir de 1930, as

ciências sociais, notadamente a Psicologia, começaram a se preocupar

definitivamente com as pessoas através de conclusões sobre relações

interpessoais, motivação e treinamento.

1.1 Origem e evolução da qualidade de vida no trabalho

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O conceito da evolução do trabalho e o seu significado ao longo do tempo:

Entre os séculos XVIII e XIX, a Revolução Industrial teve grande importância na

alteração do conceito e significado de trabalho. Segundo Taylor (1856), Fayol

(1941) e Weber (1864) apud Ferreira (2001), esta evolução surgiu através de:

* Mudanças sociais e econômicas;

* Introdução de máquinas no processo produtivo;

* Desenvolvimento da burguesia mercantil e abertura de novos mercados;

* Aumento da procura de novos produtos e mercados;

* Necessidade de aumentar a capacidade de resposta de produção e

substituição do modelo artesanal pela produção em oficinas e posteriormente a

mecanização das fábricas;

* Aumento da circulação de pessoas, bens e produtos, desenvolvimento dos

meios de distribuição;

* Estímulo ao consumo com consequente reforço do ciclo produtivo;

* Vagas migratórias do campo para cidade, aumento da procura de trabalho

nas fábricas, geralmente em condições precárias e difíceis;

* Exigência do desenvolvimento de formas de “gerir” esta mão de obra pouco

qualificada e sem hábitos de trabalho de forma organizada;

* Aparecimento dos modelos clássicos de administração e organização do

Trabalho, separação entre o trabalho físico e o trabalho mental,

desenvolvimento de mecanismos de supervisão e controle, definição das

estruturas organizacionais com muitos níveis hierárquicos.

1.2 Século XX e o desenvolvimento dos modelos clássicos de

Organização Científica do Trabalho

Apresentaremos filosofias de gestão centradas na produtividade do trabalhador

e padronização das tarefas – Frederick Taylor (1856-1915) com continuidade

através de Henry Ford (1863-1947): Segundo Taylor, (1965 Apud Ferreira,

2001 p. 10-11) temos os seguintes Princípios taylorismos:

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* Princípio do planejamento – criação de métodos, científicos de estudo

exaustivo, dos processos de trabalho, procurando eliminar o efeito de fatores

individuais nesses processos;

* Princípio da preparação – selecionar de forma criteriosa os trabalhadores

que mais se adequaram às características dos processos de trabalho;

* Princípio do controle – controle sistemático dos trabalhadores tendo em

conta os processos, requisitos científicos exigidos;

* Princípio da separação entre a concepção e a execução do trabalho –

divisão clara das tarefas intelectuais associadas à concepção e planejamento,

das tarefas físicas associadas à execução das tarefas.

Ford (1863-1947) vai dar continuidade aos princípios tayloristas,

desenvolvendo, no entanto, uma nova forma de organização dos processos

produtivos – a produção em linha sequencial e a fixação dos trabalhadores.

A organização científica do trabalho gera organizações extremamente

piramidais e complexas do ponto de vista hierárquico devido às necessidades

crescentes de mecanismos de supervisão e controle – gerando o conceito de

Organização Burocrática no início do Século XX, considerada, por Max Weber

(1864-1920), como a forma mais lógica, racional e eficiente de estruturar o

trabalho humano nas grandes organizações.

A Escola das Relações Humanas surge na sequência da necessidade de rever

o sistema mecanicista, tendo sido iniciada por Elton Mayo (1880-1949) que a

partir dos estudos realizados na General Electrics, em Hawthorne, revelaram a

importância dos aspectos psicológicos no trabalho. Nesta introdução de

alterações em aspectos organizacionais, influenciadores da satisfação e

motivação no trabalho (Ferreira, 2001) podemos perceber que o trabalho é o

elemento mais importante da produção social. Ele exige certa quantidade de

energia física e psíquica, que, nesse processo é chamada de força no trabalho.

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O marco dos estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho teve início na

década de 1950, principalmente no que se refere à satisfação do trabalhador

com a organização e com a tarefa que executa. Embora os estudos sobre QVT

tivessem evoluindo na década seguinte, pode-se perceber que em meados da

década de 1970 verificou-se uma desaceleração nos estudos desta área em

virtude de problemas econômicos da época, como a crise do petróleo e a alta

da inflação.

Características da sua época:

Concepções evolutivas da QVT Características ou visão

* QVT como uma variável (1959 a

1972)

* Reação do indivíduo ao trabalho.

Investiga-se como melhorar a

qualidade de vida no trabalho para o

indivíduo.

* QVT como uma abordagem (1969 a

1974)

* O foco era o indivíduo antes do

resultado organizacional, mas ao

mesmo tempo, buscava-se trazer

melhorias tanto ao empregado como a

direção.

Eles ressurgiram na década de 1980 com a política desenvolvimentista

japonesa e a competição internacional que valorizavam a busca da

produtividade em detrimento da humanização do ambiente de trabalho. O

Brasil despertou tardiamente para a importância dos programas de QVT.

Talvez por isso muitas de nossas instituições ainda encontrem dificuldades em

realizá-la. Somente a partir da década de 1980 pesquisas foram realizadas

abordando o tema e envolvendo várias categorias profissionais e ocupacionais

nas áreas de construção civil, educação, saúde, dos ramos imobiliários e

financeiros, prestação de serviços, microinformática e etc.

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Segundo Eda (1996, p.40), considerando-se “qualidade de vida no trabalho” um

tema novo na literatura nacional, justifica-se a inclusão, neste texto, de alguns

aspectos relativos ao referencial teórico que embasa a tecnologia de QVT.

Apesar da preocupação voltada para organizar o trabalho ter sido uma

constante as empresas vêm-se preocupado com a satisfação do trabalhador na

execução de suas tarefas, como requisito para atingirem altos índices de

produtividade.

Conforme FRANÇA (1997, p.80), “Qualidade de vida no trabalho (QVT) é o

conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e

inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente do trabalho. A construção da

qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a

empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de “enfoque

biopsicossocial”, isto é, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais

que respondem simultaneamente às condições de vida.

Deve-se salientar que é possível encontrar vários programas, estudos e

pesquisas relacionadas à QVT que visam integrar o homem ao seu trabalho e

que buscam um ambiente de maior satisfação e motivação para o trabalhador

em sua função e na realização de sua tarefa. O pressuposto é de que um

ambiente de trabalho saudável gera ações que priorizam a saúde do

trabalhador. A satisfação no trabalho deve estar alinhada a outras estratégias

que possam evitar o estresse negativo (COCCHIARA et al., 2013, p.97).

Outro fator relevante sobre QVT é que não se trata de um conceito fixo, mas

sim de uma realidade diacrônica, que pode ser vista hoje como uma grande

solução para maiores produtividades e no futuro não passar de um modismo

sem uma solução considerável. Evolução do Conceito de QVT (Nadler e

Lawler, 1983).

A revisão da literatura sobre o tema mostra que, embora os autores

apresentem enfoques diferentes ao conceituar a expressão “Qualidade de Vida

no Trabalho”, algo que parece comum a todos – a meta principal de tal

abordagem – volta-se para a conciliação dos interesses dos indivíduos e das

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organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do

trabalhador, melhora a produtividade da empresa.

Para Hackman & Suttle (1977), a qualidade de vida refere-se à satisfação das

necessidades da pessoa. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentos, tais

como criatividade, vontade de inovar ou aceitar mudanças capacidade de

adaptar-se a mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna

para o trabalho, que são fatores importantes para a produtividade do indivíduo.

Entretanto, afirmam os autores que a qualidade de vida no trabalho não é o

único nem o mais importante determinante da produtividade do indivíduo.

Segundo os mesmos autores, a QVT está muito ligada ao desenvolvimento

organizacional, isto é, voltada para aos aspectos de satisfação no cargo e

trabalho humano. No propósito de expor melhor o fenômeno, eles apresentam

oito categorias conceituais de Walton (1974), que caracterizam as experiências

do indivíduo no seu ambiente de trabalho. São elas;

• Compensação adequada e clara – refere-se a salário justo ou à

adequação entre o trabalho e o pagamento nos seus diversos níveis,

relacionados entre si;

• Ambiente seguro e saudável – é aquele que preserva a saúde e o bem

estar do empregado;

• Desenvolvimento de capacidades humanas – pressupõe a divisão de

tarefas para os diversos cargos nas áreas de planejamento e de execução;

• Crescimento e segurança – refere-se à valorização do empregado

através das oportunidades para manifestação e expansão de potencialidades,

bem como avanço na carreira ocupacional;

• Integração social – é sentir-se em sua própria casa. Ocorre quando o

empregado atinge o estágio de autoestima, num ambiente sem preconceitos,

de senso comunitário, franqueza interpessoal, fraca estratificação e existência

de mobilidade ascendente;

• Constitucionalismo – diz respeito aos direitos do empregado e como

eles podem ser garantidos;

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• O total espaço de vida – significa que o trabalho, muitas vezes, absorve

parte da vida extraorganização do empregado (tempo de lazer e de dedicação

à família);

• Relevância social – refere-se ao empenho ou comprometimento do

empregado, no sentido de que, socialmente, a empresa não favoreça a

depreciação do seu trabalho e da sua profissão.

De acordo com este modelo, a qualidade de vida no trabalho é definida como o

grau de satisfação das necessidades pessoais de cada membro através de

suas experiências, expectativas de crescimento e valorização pelas atividades

bem executadas na empresa. Entender as necessidades de cada empregado é

uma tarefa para um bom gestor, que observa os pontos fortes e fracos dos

integrantes de sua equipe.

Desta forma podemos questionar quais são as necessidades importantes para

os empregados de forma individual. Esta é uma questão difícil de ser

respondida, visto que nenhuma classificação de necessidades humanas

(McClelland, 1972, Maslow, apud Herse & Blanchard 1977) se aplica

plenamente todos os casos. A importância de qualquer necessidade varia de

acordo com o tempo e com a cultura do indivíduo e da organização. Portanto, a

qualidade de vida no trabalho não é determinada isoladamente por

característica pessoal (necessidades, expectativas, valores) ou situacional

(tecnologia, sistema de recompensa e de motivação, estado geral da

economia), mas pela interação desses dois conjuntos de fatores: indivíduo e

organização.

Destaca-se, ainda, a definição de Bergeron (1982), particularmente

interessante por sua abrangência, segundo a qual QVT consiste “na aplicação

concreta de uma filosofia humanista pela introdução de métodos participativos,

visando modificar um ou vários aspectos do meio ambiente de trabalho, a fim

de criar uma nova situação mais favorável à satisfação dos empregados e à

produtividade da empresa”.

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Enfim, QVT deve ser considerada como uma gestão dinâmica porque as

organizações e as pessoas além de mudarem constantemente, também

possuem objetivos e constructos particulares; e é contingencial porque

depende da realidade de cada empresa no contexto e na cultura em que está

inserida.

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CAPÍTULO 2

O que é qualidade de vida no trabalho?

Uma fadiga nervosa pode nascer de uma atenção visual continuada. Daí a

importância de uma boa iluminação, em quantidade e qualidade. Uma

iluminação adequada é, pois uma condição imprescindível para a obtenção de

um bom ambiente de trabalho. A inobservância de condições ótimas para o

desenvolvimento das atividades profissionais constitui riscos acrescidos para

acidentes de trabalho que acarretam custos á saúde e á integridade física,

psicológica e social dos colaboradores e avultados prejuízos às empresas. Na

implementação dos programas, deve envolver todos os colaboradores da

empresa, sem exceção, de modo a ser aceite e cumprida por todos através do

diagnóstico, avaliação e monitoração dos riscos, instalação de mecanismos de

proteção individual e coletiva regras de reforço e formação das pessoas.

Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais,

médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, quer eliminando as

condições inseguras do ambiente quer instruindo ou convencendo as pessoas

sobre a implantação de práticas preventivas. “Segurança e higiene no trabalho

são atividades interligadas que repercutem diretamente sobre a continuidade

da produção e sobre o moral dos empregados” (Chiavenato. 2004,p.352). A

segurança no trabalho está relacionada com a prevenção de acidentes e com

administração de riscos ocupacionais. Sua finalidade é profilática no sentido de

antecipar-se para que os riscos de acidentes sejam minimizados. Ela envolve

três áreas principais de atividade: prevenção de acidentes, de incêndios e etc.

Compensação justa e adequada: Justa, se o que é pago ao empregado é

apropriado para o trabalho executado se comparado a outro trabalho.

Adequada, se a renda é suficiente quando comparada com os padrões sociais

determinados ou subjetivos do empregado. Segundo Walton (1973), não há

nenhum consenso em padrões objetivos ou subjetivos para julgar a

compensação adequada, afirmando serem questões parcialmente ideológicas.

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A avaliação do trabalho específica relacionamentos entre o pagamento e os

fatores tais como a responsabilidade requerida, treinamento do trabalho e a

nocividade de condições de funcionamento. Por outro lado, a compensação

justa pode estar associada à capacidade de pagar (empresas mais lucrativas

deveriam pagar mais) e também quando mudanças nas formas de trabalhar

ocasionam aumento de produtividade (é justo que os ganhos obtidos sejam

divididos com os funcionários envolvidos).

Segurança e saúde nas condições de trabalho: envolvem variáveis como horas

razoáveis de trabalho, pagamentos de horas extras requeridas, condições

físicas do trabalho que minimizem risco de doenças relacionadas ao trabalho e

acidentes de trabalho. A imposição de limite de idade quando o trabalho é

potencialmente destrutivo para o bem-estar das pessoas abaixo ou acima de

certa idade.

A oportunidade imediata, para uso e desenvolvimento da capacidade humana,

cinco variáveis são necessárias para que haja, este desenvolvimento, afetando

a participação da autoestima e mudanças no trabalho: (a) autonomia - quando

o trabalho permite a autonomia e autocontrole das atividades; (b) habilidades

múltiplas - quando o trabalho permite ao empregado usar suas habilidades; (c)

informação e perspectiva - está relacionada à obtenção de informações

significativas sobre o processo total do trabalho e os resultados de sua própria

ação, tal que permita ao funcionário apreciar a relevância e as consequências

destas ações; (d) tarefas completas - se o trabalho envolve uma tarefa

completa ou é apenas uma parte significativa desta; e, (e) planejamento - se o

trabalho envolve o planejamento e implementação do próprio trabalho.

Na oportunidade futura para crescimento e segurança continuados, os

aspectos observados referem-se à oportunidade de carreira no emprego,

como: (a) desenvolvimento - intensidade com que as atividades atuais,

atribuições de trabalho e atividades educacionais; (b) aplicação futura - a

expectativa de utilizar conhecimentos avançados ou novos conhecimentos e

habilidades em futuros trabalhos; (c) oportunidades de progresso -

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disponibilidade de oportunidades de avançar em termos organizacionais ou de

carreira reconhecidos por pares, por membros da família, ou por associados;

(d) segurança - emprego ou renda segura associada ao trabalho.

Constitucionalismo na organização do trabalho: está relacionado aos direitos e

deveres que um membro da organização tem quando é afetado por alguma

decisão tomada em relação a seus interesses ou sobre seu status na

organização, e a maneira como ele pode se proteger. Os seguintes aspectos

são elementos chaves para fornecer qualidade de vida no trabalho: (a)

privacidade - direito de privacidade pessoal, por exemplo, não revelando

informações do comportamento do empregado fora do trabalho ou de membros

da sua família; (b) liberdade de expressão - direito de discordar abertamente

da visão de seus superiores, sem medo de represálias; (c) equidade - direito a

tratamento igual em todos os aspectos, incluindo sistema de compensação,

premiações e segurança no emprego; (d) processo justo - uso da lei em caso

de problemas no emprego, privacidade, procedimentos de processos e

apelações.

O trabalho e o espaço total de vida: a experiência individual no trabalho pode

trazer efeitos positivos ou negativos na vida pessoal e nas relações familiares.

Prolongados períodos de trabalho podem causar sérios danos na vida familiar.

O trabalho encontra-se em seu papel de maneira equilibrada quando as

atividades e cursos requeridos não excedem ao tempo de lazer e o tempo com

a família.

2.1 vencendo os desafios: o papel da empresa nos programas

de qualidade de vida no trabalho.

Definiremos a missão para apresentar o contexto e a visão do departamento

responsável pelo programa de QVT e os benefícios concedidos aos

funcionários.

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Nota-se o crescimento de notícias, eventos, estudos e publicações

relacionadas à qualidade de vida no trabalho, pois é um tema que tem

despertado o interesse por parte do empresariado brasileiro, provavelmente

pela possível ligação com a satisfação do empregado e a consequente perda

ou aumento de produtividade que possa surgir dessa associação. Novas

síndromes, como lesão por esforço repetitivo (LER), síndrome do desamparo

(medo da empregabilidade e do emprego), depressão, violência e novas

formas de estresse ocupacional, fazem parte dos desafios da gestão de

qualidade de vida no trabalho.

Segundo o Decreto nº 3048, em vigor desde maio de 2000, as doenças como

alcoolismo, arritmia cardíaca, hipertensão, estresse e síndrome do

esgotamento profissional (incapacidade de trabalho devido à sobrecarga de

atividades e ao estresse intenso) entraram oficialmente, no ano de 2000, para a

lista do Ministério da Saúde como “doenças do trabalho”, tão grande é a sua

relevância na vida do profissional de hoje.

Para a empresa proporcionar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, é

importante que todas as partes estejam comprometidas com o mesmo

propósito, se isto não ocorrer essa ideia não passa de sonhos escritos na

missão da organização. É primordial o compromisso da empresa com a

qualidade de vida dos seus profissionais. Atualmente, fala-se muito que o

capital humano é o maior bem das empresas, mas o que vemos são pessoas

sugadas ao máximo, algumas, literalmente, até a morte. E os profissionais que

não conseguem entrar no ritmo de entrega dos resultados são jogados fora

como papéis de rascunho.

A empresa ideal acredita que o profissional deve ter um tempo para aumentar

sua criatividade, reciclar-se, recarregar sua bateria para não ser levado à

exaustão. A proposta da pesquisa de campo é exatamente para verificar se no

Cardiocentro o empregado é valorizado como pessoa, se os programas de

QVT estão realmente preocupados com o bem estar físico e mental dos

empregados e se funcionam como motivadores profissionais. Infelizmente a

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gestão na maioria das empresas desestimula o empregado pela rigidez da

organização do trabalho e a pouca possibilidade de crescimento.

Para Eda (1996), a tecnologia de QVT pode ser utilizada para que as

organizações renovem suas formas de organização no trabalho, de modo que,

ao mesmo tempo em que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve

também a produtividade das empresas, como resultados de maior participação

dos empregados nos processos relacionados ao seu trabalho.

Percebe-se que a qualidade de vida só é alcançada quando há

comprometimento com a vida e com o trabalho. Assim, quando

adequadamente proposto, um programa de QVT tem como meta gerar uma

organização mais humanizada, na qual o trabalho envolva, simultaneamente,

relativo grau de responsabilidade em nível do cargo, recebimento de recursos

de “feedback” sobre o desempenho, com tarefas adequadas, variedade,

enriquecimento do trabalho e com ênfase no desenvolvimento pessoal do

indivíduo.

Evidentemente, não há a pretensão de que todos os problemas de

produtividade das empresas e que todas as insatisfações dos empregados

sejam resolvidas pelo incentivo a QVT. Entretanto, obteremos, sem dúvida,

melhores desempenhos ao priorizar esses programas, ao mesmo tempo em

que evitamos maiores desperdícios, reduzindo os custos operacionais, isto é,

acima de tudo, valorizar o empregado que “queira fazer” mais e melhor em

suas atividades do que aquele que de fato esteja “pronto e instruído” para fazer

algo. Através do comprometimento das pessoas com as propostas da empresa

e que os resultados serão atingidos com sucesso.

Ciente da importância de assegurar aos empregados mecanismos que

incrementem a qualidade de vida no trabalho e a prevenção de problemas de

saúde, a empresa tem direcionado ações à qualidade de vida, segurança e

saúde no trabalho.

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Além das exigências previstas na legislação trabalhista, a empresa segue uma

tendência da maioria das organizações, não só no Brasil, mas em todo o

mundo, de criar condições de ambiente de trabalho adequadas à maximização

da satisfação, bem estar e potencial de capacidade e criatividade do

empregado e à minimização dos riscos de originarem-se danos à saúde e

outros fatores prejudiciais ao seu desempenho.

Os principais instrumentos institucionais voltados à saúde e qualidade de vida

do empregado são:

a) Plano de Assistência Médica: é um plano criado no intuito de contribuir

para a melhoria dos padrões de assistência médica dos empregados da

empresa e seus dependentes. Subsidia o atendimento médico de acordo com a

tabela da Associação Médica Brasileira e do Comitê de Integração de

Entidades Fechadas de Assistência Médica à Saúde. O empregado não custeia

as despesas. Os exames médicos periódicos são custeados em 100% pela

Empresa;

b) Vale-alimentação ou Vale-refeição: concede aos seus empregados

conforme as normas vigentes, com jornada de 40 horas semanais. Os valores

do vale alimentação/refeição são definidos anualmente, no custeio dos

mesmos, varia conforme o nível salarial e o percentual ajustado.

c) Transporte: a empresa disponibiliza mensalmente o vale transporte

para as linhas de ônibus, conforme determinação legal;

2.2 O papel dos funcionários quanto à aceitação e participação nos

programas: MOTIVAÇÃO X QVT

De modo geral, motivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de

determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão a um

comportamento específico, podendo este impulso à ação ser provocado por um

estímulo externo (provindo do ambiente) ou também ser gerado internamente

nos processos mentais do indivíduo (CHIAVENATO, 1999).

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A motivação está ligada ao processo de compreensão do comportamento

humano e por serem as pessoas diferentes, a motivação varia de indivíduo

para indivíduo, as necessidades e expectativas variam, produzindo diferentes

padrões de comportamento, valores sociais, expectativas e o que é mais

complexo e que estes variam na mesma pessoa ao longo do tempo.

Não há como abordar o tema QVT sem mencionar a motivação e a satisfação

das necessidades dos funcionários que compõem a empresa, como aspectos

preponderantes para a qualidade de vida dos profissionais no ambiente de

trabalho.

Dessa maneira motivar os colaboradores e alcançar os resultados desejados e

necessários tem sido tema de preocupação entre as organizações, pois os

resultados operacionais dependem em grande parte dos recursos humanos

nas organizações. Esta motivação tem duas vertentes teóricas, a behaviorista,

onde a motivação pode vir do ambiente e o enfoque comportamental, em que

se deve buscar uma energização dos funcionários. Porém estes enfoques nem

sempre são comprovados. As empresas buscam atualmente a aplicação de

programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) como forma de alavancar

estes resultados.

A fragmentação e a degradação do trabalho e consequentemente do

trabalhador, vem obrigando as organizações a buscarem formas de fazer cada

vez mais atividades em um menor tempo e a um custo competitivo com o que o

mercado quer pagar. Para manter o nível de produtividade, as empresas

lançam mão de toda sorte de mecanismos para aumentar a chamada

“motivação” da equipe.

Consagrada inicialmente pela Psicologia, as teorias motivacionais, ou que

buscavam estudar este efeito no trabalhador e sua produtividade, pularam

também no âmbito das ciências administrativas. Vários teóricos dedicaram-se

ao estudo do tema como Maslow e Herzberg. Qualquer tentativa de se falar em

gestão motivacional está ligada tanto às práticas organizacionais quanto às

expectativas daquelas pessoas nelas envolvidas. Desta forma, as organizações

vêm buscando oferecer uma série de “prêmios” para motivar no trabalhador

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esta vontade de fazer. As áreas de RH nas empresas seriam as patrocinadoras

desta empreitada.

Com este cenário desenhado, várias atividades vêm ganhando corpo nas

empresas, o que se convencionou chamar de Programas de Qualidade de Vida

no Trabalho (QVT): atividades esportivas, eventos culturais e de turismo,

avaliação de desempenho são apenas alguns citados como formas de

aplicação de programas de QVT. Estes programas devem ser ligados aos

objetivos empresariais, fazendo uma perfeita simbiose entre as metas

organizacionais e os interesses dos trabalhadores. Entretanto, a mensuração

destes programas à satisfação do empregado e sua correlação com os

resultados operacionais ainda se encontram difíceis de quantificar.

As práticas voltadas à melhoria da qualidade de vida no trabalho impactam

positivamente a produtividade através de um maior comprometimento,

fidelidade à empresa, melhoria do clima interno, maior disposição para o

trabalho e maior atratividade da empresa por conta dos benefícios oferecidos

por esta. No entanto, fica claro também que existe uma lacuna a ser

preenchida no que se refere à divulgação dos programas de QVT. Parece

ainda não estar claro para os trabalhadores, até mesmo por desconhecimento

das ações, as atividades oferecidas nestes programas, o que pode acarretar

numa diminuição de sua efetividade na percepção dos empregados.

De qualquer forma, deve-se lembrar que o período em que se passa na

organização é quase ou superior até mesmo o que se passa com familiares e

amigos. Dessa maneira é fundamental para o desenvolvimento do trabalho que

os colaboradores estejam motivados e convivam em um ambiente

organizacional com um mínimo de conforto físico e psíquico.

A verdadeira motivação só é efetivamente conseguida, quando os

colaboradores conseguem realizar suas necessidades e seus objetivos de vida,

dentro e através da própria empresa, através de ambientes em que confiança e

lealdade estejam no centro das relações da empresa. Onde prevaleça a ética e

o respeito mútuo entre as pessoas. Onde haja esforço contínuo para

compatibilizar objetivos pessoais com os objetivos empresariais.

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Uma das dificuldades de medir e melhorar a qualidade de vida no trabalho

reside na "diversidade das preferências humanas e diferenças individuais dos

valores pessoais e o grau de importância que cada trabalhador dá às suas

necessidades, implicando provavelmente em denotado custo operacional"

(Quirino e Xavier, 1986)

Devido a essa dificuldade, de medir e melhorar a qualidade de vida no trabalho

existem indicadores que são ferramentas de planejamento e decisão que

permitem clareza de critérios: objetividade de avaliação, facilidade de

levantamento de informações, visibilidade de dados, efeitos de determinadas

ações. A idéia é com o auxilio de indicadores viabilizar maior capacidade

estratégica, gerencial e operacional para questões de Qualidade de vida no

Trabalho.

O papel dos funcionários é fundamental, pois no estudo da qualidade de vida

pessoal é indispensável adotar a visão biopsicossocial. Esse conceito originou-

se na medicina psicossomática, com Lipowiski, nos anos 1970, com resgate da

visão integrada, holística do ser humano em oposição à abordagem cartesiana,

que divide o ser humano em partes. O ser humano se divide e toda

manifestação é complexa e interligada. Cada pessoa é como um complexo

biopsicossocial composto de interfaces biológicas, psicológicas e sociais que

reagem simultaneamente aos estímulos recebidos.

Segundo (LIMONGI-FRANÇA, 2002):

• A esfera biológica refere-se a características físicas como metabolismo

ou vulnerabilidade dos órgãos herdados ou adquiridos no decorrer da vida.

• A esfera psicológica envolve as características que formam a

personalidade de cada indivíduo. Incluem-se nessa categoria todos os

processos afetivos, emocionais e de raciocínio.

• A esfera social relaciona os aspectos culturais da pessoa, com seus

valores, suas crenças e os papéis no trabalho e na família.

Baseando-se nessas esferas, o indivíduo deve ser visto como um todo,

adotando uma visão moderna e ampla do conceito de saúde. A saúde não é

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apenas a ausência de doença, mas também o completo bem estar biológico,

psicológico e social, como estabeleceu a Organização Mundial de Saúde nos

anos 1980.

O empregado deve se preocupar com sua saúde em geral, começando pelo

físico (fazer uma simples refeição), sua relação com os colegas de trabalho e

sua participação nas atividades propostas pela empresa com relação à sua

qualidade de vida no trabalho.

Alguns funcionários não acreditam no programa de QVT, não se esforçam para

participar das atividades, ficando estagnados e sem perspectivas de mudança

dentro da empresa. Por mais que a empresa se proponha a oferecer o

programa, os funcionários por sua vez devem participar e apostar que a

mudança pode ocorrer a partir dessas iniciativas. É preciso um equilíbrio entre

oferta e procura.

Segundo Eda (1996), apesar de toda a badalação em cima das novas

tecnologias de produção, ferramentas da Qualidade e etc., é fato facilmente

constatável que mais e mais os trabalhadores se queixam de uma maior rotina

de trabalho, de uma substituição de suas potencialidades e talentos, e de

condições de trabalho inadequadas. Estes problemas ligados à insatisfação no

trabalho têm consequências que geram um aumento do absenteísmo, uma

diminuição do rendimento, uma rotatividade mais elevada de mão de obra,

reclamações e greves mais numerosas, tendo um efeito marcante sobre a

saúde mental e física dos trabalhadores e em decorrência, na rentabilidade

empresarial.

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CAPÍTULO 3

O Humano: a importância do bem estar físico e mental dentro

da organização

A satisfação do indivíduo terá destaque neste capítulo. O estudo do

comportamento humano, da motivação para a obtenção das metas

organizacionais e da Qualidade de Vida no Trabalho e como os programas de

QVT interferem no bem estar físico e mental de cada um, serão os assuntos

aqui estudados.

Para SUCESSO (1988), pode-se dizer, de maneira geral, a qualidade de

vida no trabalho abrange:

• Renda capaz de satisfazer às expectativas pessoais e sociais;

• Orgulho pelo trabalho realizado;

• Vida emocional satisfatória;

• Autoestima;

• Imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;

• Equilíbrio entre trabalho e lazer;

• Horários e condições de trabalhos sensatos;

• Oportunidades e perspectivas de carreira;

• Possibilidade de uso do potencial;

• Respeitos aos direitos e Justiça.

De acordo com Matos (1997), os fatores que influem, decisivamente, sobre a

motivação humana são:

• Trabalho em grupo;

• Reconhecimento;

• Segurança e integração ao grupo;

• Necessidades fisiológicas;

• Necessidades de segurança material;

• Necessidades sociais;

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• Necessidades do ego e;

• Necessidades de realização pessoal.

Uma das maiores influências que podem existir na produtividade organizacional

é a qualidade da relação entre as pessoas que trabalham e as tarefas que

realizam. Quando há boa aderência entre as pessoas e os seus trabalhos,

então pouco deve ser feito para alcançar alta motivação e satisfação, a não ser

continuar dando subsídios para que os trabalhadores continuem tendo a

relação saudável de pessoa-trabalho já existente (Hackman & Oldham, 1980).

Os autores acrescentam que muitos problemas relacionados às pessoas e

seus trabalhos podem, em muitas ocasiões, ser remediados pela

reestruturação das tarefas efetivamente desenvolvidas, sendo a variedade das

tarefas, a sua significância, a autonomia do trabalho, o mecanismo de feedback

e a participação. Fatores fundamentais para motivar ou envolver as pessoas no

trabalho.

O desempenho das pessoas está atrelado a fatores distintos, intrínsecos e

extrínsecos. Por fatores extrínsecos entendem-se todos aqueles que são

externos ao trabalho em si, tendo como base um referencial ambiental, como o

relacionamento com a chefia, as recompensas materiais e as políticas de

recursos humanos. São os chamados fatores de satisfação. Já por fatores

intrínsecos, têm-se todos os ligados diretamente ao trabalho realizado, às

tarefas, como por exemplo, o grau de responsabilidade atribuído ao trabalhador

para realizar seu trabalho e o sentimento de realização com as tarefas. São

fatores que proporcionam significância ao trabalho executado, já que estão

intimamente ligados a ele, também chamados de fatores de motivação.

Fatores motivacionais e de satisfação no trabalho

Motivação

(Intrínsecos às Tarefas)

Satisfação

(Extrínsecos às Tarefas)

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• Reconhecimento • Políticas organizacionais

• Responsabilidade • Supervisão

• Realização • Salário e planos de

pagamentos/benefícios

• Progresso • Condições de trabalho

(ambiente)

• Crescimento pessoal • Prestígio

Hackamn & Oldham (1980) afirmam que a ideia principal do significado do

trabalho é inserir nas tarefas atributos que criem condições para um trabalho

mais motivado, satisfeito e produtivo. É nessa hora que apontam os Programas

de Qualidade Total (PQT) como possíveis fatores de estímulo, já que sua

adoção pressupõe, antes de qualquer coisa, mudança na forma de trabalhar e

tarefas com mais sentido, podendo ter como consequência trabalhadores mais

motivados.

As premissas referentes à motivação ressaltam que as pessoas buscam no

trabalho não apenas o sustento para si e os seus, mas também a oportunidade

de demonstrar competência, crescer profissionalmente e realizar-se. O sucesso

dos funcionários está cada vez mais dependente da existência de

oportunidades para aprender e praticar novas habilidades e utilizar a

criatividade, otimizando recursos e tecnologia. Têm-se, assim, os dois pilares

básicos de desenvolvimento deste estudo: os Programas de Qualidade e a

Motivação do ser humano para o trabalho, salientada pelo significado do

Trabalho.

Para Maslow (1954), que se ocupou com os fatores motivacionais ligados às

necessidades humanas, com reflexos no desempenho e na auto realização do

indivíduo, os valores destas necessidades estão hierarquizados. O

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entendimento da Pirâmide de Maslow foi essencial à elaboração do

questionário entregue aos empregados do atendimento, pois, a partir das

prioridades traçadas na teoria, vemos as escolhas práticas de cada pessoa

dentro de um ambiente de trabalho. Quando a base fisiológica de um indivíduo

está em risco todos os outros níveis de sua “pirâmide” também podem ser

prejudicados.

Na esfera econômica, considera-se a equidade salarial, a remuneração, os

benefícios, o local de trabalho, a carga horária e o ambiente externo. As

disfunções, neste sentido, acarretariam uma percepção de injustiça por parte

do empregado, detectáveis através de alguns indicadores como nível de

insatisfação, greves e sabotagens. O agente responsável por soluções neste

sentido é, segundo o autor, o sindicato, cujas propostas perpassariam a

cooperação entre os agentes, divisão de lucros e acordos de produtividade. A

dimensão política refere-se, basicamente, à segurança no emprego, à atuação

sindical, à retro-informação, à liberdade de expressão, à valorização do cargo e

ao relacionamento com a chefia. Problemas nesta área gerariam sentimentos

de insegurança no trabalhador, manifestos também via insatisfação, greves e

sabotagens. Os partidos políticos são considerados os responsáveis pela

administração de conflitos nesta área. Auto-supervisão do trabalho e a

formação de conselhos ou comissões de trabalhadores são as propostas do

autor. O autor afirma que tanto a insegurança como a injustiça são decorrentes

da concentração do poder e dos lucros e, assim, da exploração dos indivíduos

no ambiente de trabalho. Justiça e segurança relacionam-se diretamente com

satisfação.

Em termos psicológicos, baixos níveis de realização do potencial, de desafio,

de desenvolvimento pessoal e profissional, de uso de criatividade, da variedade

e da identidade das tarefas, enfim, de auto-avaliação, trariam como

conseqüência a alienação do trabalhador. Segundo o autor, essa alienação é

resultante de características desumanas que o trabalho assumiu devido à

complexidade das organizações, e leva a uma ausência de significado do

trabalho. Sua exteriorização viria, portanto, sob a forma de desinteresse,

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absenteísmo e rotatividade de pessoal. O enriquecimento das tarefas é a

proposta-chave para problemas nesse sentido. Já o indicador sociológico

engloba a participação dos empregados nas decisões, o grau de

responsabilidade, a autonomia, o relacionamento interpessoal e o valor

pessoal. Desajustes nessas questões levariam, de acordo com o autor, à

anomia, ou seja, a uma falta de envolvimento moral com o próprio trabalho. Os

indicadores deste desajuste, ou seja, o sentimento de falta de significado do

trabalho e o absenteísmo seriam analisados pelos grupos de trabalho,

responsáveis pela solução, cuja orientação seria a auto-estruturação nos

moldes sócio-técnicos. O autor afirma que alienação e anomia estão

relacionadas com o comprometimento do empregado.

A concepção de WESTLEY (1979) é uma das mais abrangentes, pois leva em

consideração aspectos internos, e externos à organização onde o trabalhador

está inserido. Portanto, e diversamente de HACKMAN & OLDHAM (1975),

WESTLEY (1979) é o primeiro autor a abordar as questões psicológicas,

sociais, econômicas e políticas de forma mais integrada, na análise da QVT.

Torna-se, assim, uma das mais interessantes metodologias disponíveis, daí

sua incorporação neste estudo. A pesquisa de MARQUES (1993) vem ao

encontro dessa perspectiva, complementando o arcabouço teórico desse tema

nesta pesquisa no que diz respeito a algumas variáveis de situação de

trabalho.

3.1 Atividades que dariam certo: Relatos dos funcionários

Após aplicação do questionário, citaremos algumas atividades consideradas

pelos respondentes como “atividades de sucesso e que dariam certo”, sendo o

funcionário liberado mais cedo do trabalho:

• Caminhada – três dias na semana em contato com a natureza,

caminhada leve, média e pesada, de acordo a escolha do funcionário;

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• Cinema – uma vez por mês, exibição de um filme previamente

escolhido por meio de pesquisa via e-mail encaminhado a todos os

funcionários;

• Massagens terapêuticas – um dia por quinzena, para melhorar a

circulação e dar mais tranquilidade;

Em relação a integração social na organização do trabalho: Segundo Walton

(1973, p.15) “desde que o trabalho e a carreira sejam perseguidos tipicamente

dentro da estrutura das organizações sociais a natureza dos relacionamentos

pessoais transforma-se numa outra dimensão importante da qualidade de vida

no trabalho.

3.2 Quais as atividades mais indicadas para que o Programa de

QVT seja um sucesso tanto para a organização quanto para os

funcionários?

As datas comemorativas poderiam também ser destaque no Cardiocentro. A

cada ano uma nova atividade e comemoração:

• Dia das mães – tarde da pizza, confraternização entre as

mulheres/mães, momento para descontrair, divertir e saborear as delícias da

tarde;

• Dia dos pais – lanche da tarde, um delicioso coffe break para os

homens/pais, com homenagens e sorteios;

• Dia internacional da mulher – “Homenagens a mulher, no cenário

profissional”.

A relevância desse tipo de atividade gera a autoestima do trabalhador podendo

ser modelo para esses critérios apresentados e são intervenientes na

qualidade de vida no trabalho de modo geral. Tais aspectos são determinantes

dos níveis de satisfação experimentados pelos clientes internos, repercutindo

nos níveis de desempenho.

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CAPÍTULO 4

Como atingir o maior número de pessoas nos programas de

qualidade de vida.

Cabe ao gestor e aos próprios colegas de trabalho ter consciência, sobre a

importância das atividades de Qualidade de Vida no Trabalho, propiciando

mecanismos que incrementem a QVT e a prevenção de problemas de saúde.

Cabe à empresa criar condições de ambiente de trabalho adequadas à

maximização da satisfação bem estar e potencial de capacidade e criatividade

do empregado e à minimização dos riscos que causem danos à saúde e outros

fatores prejudiciais ao seu desempenho. Realizar pesquisas constantemente

com os funcionários para saber que tipo de atividade eles gostariam que

fossem inseridas, nos programas de QVT, quais as suas perspectivas quanto

ao programa. Fazer propagandas com ênfase no humano, para que as

atividades venham ser desenvolvidas com satisfação acima de tudo. Investir

em qualidade de vida significa investir no progresso da sociedade e da

economia global.

Os líderes visionários são cada vez mais valorizados num mundo que se

transforma a cada instante. Mas, ao contrário do que alguns imaginam, eles

não nascem com uma bola de cristal na mão. Tanto quanto ser líder, ser

visionário é uma capacidade a ser aprendida. (...) São pessoas capazes de

visualizar o futuro e antecipar produtos ou serviços que vão ser desejados no futuro

pelos mercados mais lucrativos, gerando oportunidades para si próprias, suas

organizações e para aqueles que lideram. (GAUDÊNCIO, 2009, p.87).

Somos conscientes de que o trabalho é vital para o ser humano, sendo

necessário torná-lo mais participativos, utilizando potencialidades e talentos,

dando-lhes condições de trabalho adequadas, e isso resultará no aumento da

saúde mental e física dos trabalhadores. Assim, um programa de QVT deve

atingir todos os níveis, direcionando esforços para a canalização da energia

disponível para o comprometimento humano.

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Encorajar a prática da humildade na empresa: cada vez que partilha o crédito

do sucesso com outros, está a reforçar esta qualidade junto dos seus

colaboradores. Pense em aconselhar ou formar potenciais líderes em relação a

esta característica essencial para a liderança. (NOGUEIRA, 2010). O processo

envolve a preparação dos chefes e funcionários. Para que a participação dos

funcionários alcance efetivamente seus objetivos merece reflexão a questão

como: e de que modo “aguçar” o interesse dos funcionários para participar e

expressar suas idéias? Entretanto, participação não é uma questão de

persuasão ou exortação, nem fruto de campanhas panfletárias, mas de

competência gerencial. Não se pode pensar em Qualidade sem envolvimento

advindo do comprometimento de todos. Embora, na maioria das empresas, os

funcionários não estão habituados à participação, e mesmo as chefias não

estão preparadas para acolher a participação dos funcionários.

Eda (1996), diz que é preciso que se busque o maior entendimento possível

para responder a questão-chave, tais como: o que move o homem? O que

mobiliza o indivíduo? O que o leva a envolver-se, comprometer-se, ou seja, que

tipo de necessidades impulsiona sua participação? Que fatores concorrem para

a melhoria de sua qualidade de vida no trabalho, elevando seu nível de

satisfação e participação?

No Brasil, porém, embora algumas empresas se preocupem especialmente

com a questão de participação dos funcionários, infelizmente o discurso se

distancia, e muito, do que se observa em termos de suas condições de

trabalho. Assim, frequentemente ouve-se dizer que a produtividade do

trabalhador brasileiro é muito baixa. Poucos são os que falam, no entanto,

sobre um fator essencial para o incremento dessa mesma produtividade: a

qualidade de vida no trabalho.

Outra relação importante é entre a qualidade e motivação. Especialistas

concordam que a qualidade é obtida pelas pessoas e os programas de gestão

da qualidade total sempre incluem ações no sentido de motivá-las. Por outro

lado, a melhoria da qualidade produziria efeito positivo sobre a motivação e o

moral das equipes.

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38

Segundo Ishikawa (1990), podemos enfocar na qualidade de duas maneiras

distintas. A pequena qualidade é aquela que se limita às características de

produtos e serviços consideradas importantes para seus usuários e

compradores. A grande qualidade envolve a satisfação comum a várias

pessoas, grupos e comunidades envolvidos na vida de uma organização. A

pequena qualidade, em longo prazo, não passa de consequência da grande

qualidade, da qual a motivação é um dos aspectos.

Muitos administradores percebem que a motivação de forma simplista,

visualizando como um ingrediente racional, dependente de fatores estruturais

(remuneração, benefícios, status social, auto imagem e etc.), e que pudesse

ser negociado entre gerência e empregados da empresa. A motivação é, na

verdade, um processo contínuo envolvendo elementos psicológicos e

fisiológicos, individuais e ambientais, conscientes e inconscientes, que

desempenha papel muito importante no comportamento das pessoas.

A palavra motivação vem do latim movere e significa mover. É um processo

essencial na vida de qualquer pessoa. Também pode ser definida como uma

força pela quais os profissionais desenvolvem bem suas atividades para que

sejam promovidos e valorizados. (CRISÓSTOMO, 2010). A motivação deve ser

vista como processo fundamental para o funcionamento adequado da

organização. Quando esse processo deixa de funcionar, o negócio como um

todo acaba afetado. Por esse motivo, é importante que o cuidado com a

motivação ocorra não só em nível corretivo, mas também preventivo.

A motivação é um processo que ocorre tanto em nível individual quanto grupal.

Para ativá-lo e conservá-lo ativo, deve-se empreender uma série de ações

envolvendo o reforço de comportamentos e características integradores,

eliminando os bloqueios causadores de comportamentos negativos. A

metodologia para a execução dessas ações deve observar o próprio ciclo da

qualidade, como a seguir:

• O processo começa pela visão, o que geralmente exige a participação

de pessoas de fora da organização, como professores ou consultores. No final

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desse processo, a visão do que significa a motivação do pessoal da

organização deve estar solidariamente implantada em um grupo importante de

pessoas, situadas em posições estratégicas na organização.

• A implementação significa difundir a visão e agir de acordo com ela.

Esta etapa deve ser feita por pessoas da própria empresa, podendo elementos

externos agir, no máximo, em nível de avaliação.

• O discernimento envolve a visão da cultura da organização e de como

foi afetada pelo programa, de como a motivação está afetando as pessoas e o

grupo como um todo e até que ponto isso é positivo ou negativo. Ponto

fundamental é evitar o falso otimismo, no qual ninguém acredita. O

discernimento deve ser o instrumento utilizado para o aperfeiçoamento do

programa como um todo. O discernimento envolve, mas não se limita a

execução de diagnósticos.

• O ajuste é uma das etapas mais complexas, pois pode envolver

mudanças de estruturas e de relações de poder que, às vezes, são difíceis de

aceitar. A vantagem do enfoque baseado no ciclo da qualidade refere-se ao

fato de poderem as mudanças ser graduais e não abruptas. Podem ser

implementadas pouco a pouco, passando-se para escala maior na medida em

que o próximo ciclo demonstre terem sido elas bem sucedidas.

Enfim, é a motivação que faz o ciclo da qualidade fluir corretamente, de modo

que a organização possa não só funcionar adequadamente, assegurando sua

sobrevivência em condições de equilíbrio, mas, também, e, sobretudo, ser

flexível o bastante para se adaptar às novas circunstâncias que venham a

alterar o meio ambiente.

4.1 Qual a percepção dos funcionários sobre QVT

Todo trabalhador sabe do que precisa em todos os sentidos (físico,

instrumental, técnico, psicossocial e organizacional) para melhorar seu

desempenho profissional. Sabe também quais são suas necessidades para

desempenhar um trabalho melhor, e elevar à sua qualidade de vida dentro da

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40

organização, o que, sem dúvida, refletir-se-á em sua própria vida social.

Portanto a partir das respostas do questionário aplicado analisaremos qual a

percepção dos funcionários, sobre a Qualidade de Vida no Trabalho.

A conclusão será baseada no resultado da pesquisa por meio de um

questionário com apresentação gráfica, que serão extraídos da tabulação das

perguntas, as informações de maior relevância. O que quer dizer que o estudo

desse caso carece de investigação mais aprofundada. Em suma, a pesquisa

permitiu-nos visualizar a importância das empresas acreditarem que quanto

maior for o interesse em melhorar aspectos relacionados à QVT,

consequentemente esses aspectos influirão nos resultados finais da empresa,

pois as pessoas estarão satisfeitas e recompensadas no trabalho e isso irá

repercutir na produtividade e na satisfação laboral.

De acordo com Silveira (2001-2003), o método scoring, consiste basicamente

na atribuição de pontos visando à transformação de uma variável qualitativa

nominal em qualitativa ou mesmo quantitativa. Desta forma a escala de

frequência terá os seguintes valores: Frequentemente, Algumas vezes e

Raramente ou nunca, junto com as questões de escalas de três níveis para

calcular a estatística descritiva. Partindo desse pressuposto de que as

classificações decorrentes do método scoring são arbitrárias, tendo como único

propósito servir de instrumento para organização de diferentes dados da

pesquisa optou-se por uma pontuação conforme segue:

a) Frequentemente = 3;

b) Algumas vezes = 2;

c) Raramente ou nunca = 1.

Os funcionários pesquisados demonstraram que a empresa é capaz de lhe

proporcionar um ambiente satisfatório de trabalho, onde ele pode se relacionar,

não somente com os colegas de serviço, mas também com a chefia; entender

o trabalho que exerce, participando do mesmo e sentindo-se satisfeito com a

remuneração e compensações recebidas. A empresa demonstra-se também

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eficaz no atendimento das exigências legais, como também aos cuidados com

a saúde de seu colaborador, proporcionando-lhe atendimento médico,

prevenção de doenças profissionais, ritmo de trabalho e carga horária de

trabalho satisfatórios. A empresa também foi altamente pontuado por seus

funcionários com relação à organização do trabalho. No que tange aos

materiais usados, qualidade dos equipamentos, o equilíbrio entre vida

profissional e vida pessoal, dentre outros aspectos, os colaboradores sentem-

se altamente satisfeitos. O estudo reforça as diversas teorias relacionadas à

Qualidade de Vida no Trabalho e a importância da mesma para o

desenvolvimento organizacional. A definição e constatação da mesma é

carregada de subjetividade. Os temas analisados por esta pesquisa revelam

que a qualidade de vida no trabalho dos funcionários está ligada não somente

aos aspectos estruturais e objetivos (legislação, condições de trabalho, etc.),

mas também a fatores subjetivos, como moral, reconhecimento,

relacionamento interpessoal, reputação da empresa dentre outros.

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CONCLUSÃO

A qualidade de vida no trabalho está diretamente associada à satisfação dos

trabalhadores no desempenho de suas funções. A abordagem de aspectos que

afetam positiva ou negativamente a qualidade de vida no trabalho dos

funcionários caracteriza a importância desta pesquisa, podendo propiciar a

criação de estratégias para reestruturação que favoreça a melhoria das

condições de trabalho, com repercussão no aumento de produtividade e na

qualidade de assistência. A satisfação encontrada está diretamente relacionada

ao grau de relacionamento da empresa na organização. Os horários de

trabalho são respeitados e há, portanto, conciliação entre a jornada laboral e o

período de dedicação à família, deixando os trabalhadores satisfeitos.

Os trabalhadores mostraram um alto nível de satisfação com que o trabalho

representa em termos de crescimento e enriquecimento profissionais. De um

modo geral, os trabalhadores mostram-se satisfeitos com o trabalho que

executam, demonstrando que é satisfatória a qualidade de vida no trabalho

indo de encontro aos critérios propostas por Walton (1973). Com relação aos

aspectos internos no ambiente de trabalho dos colaboradores, as condições

físicas onde estes normalmente trabalham são boas, assim como são

satisfatórios o apoio recebido e o relacionamento existente entre os chefes e os

subordinados. A Qualidade de Vida no Trabalho constitui um conjunto de ações

de uma empresa que envolve o diagnóstico e a implementação de melhorias e

inovações de gestão, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de

trabalho no intuito de propiciar condições plena de desenvolvimento humano

para e durante a realização do trabalho.

A abordagem dos diferentes modelos de QVT neste trabalho permitiu-nos

concluir que elas são muito similares e que as divergências residem no

enfoque atribuído a cada dimensão. Assim, a adequação e o enriquecimento

dos cargos, autonomia, desenvolvimento pessoal, inter-relacionamento e

liberdade de expressão são os fatores mais comuns entre os modelos.

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O estudo de caso foi imprescindível para visualizar as respostas referentes à

vida pessoal, a preocupação com a saúde e com a alimentação. O mais

surpreendente foi a questão “Acredito que minha vida tenha propósito e

significado”, tendo como resposta “frequentemente” por 100% dos

entrevistados. Isto nos prova mais uma vez que a qualidade de vida começa na

simplicidade da vida pessoal, nos atos e ações sociais e isto só pode ser

observado pela correlação das perguntas relativas à empresa com as da vida

pessoal.

O Programa de Qualidade de Vida no Trabalho – QVT na empresa estudada

deixou de ser apenas um mito, tornando-se realidade e necessidade na opinião

dos empregados que responderam o questionário. Analisando o conjunto das

informações apresentadas neste trabalho, constatou-se que a empresa

estudada mostra uma grande preocupação com a qualidade de vidas dos

empregados, disponibilizando no dia a dia, atividades de sucesso que agradam

os seus participantes, pois todos os benefícios e atividades extras são

realizadas para garantir o bem estar físico e mental dos empregados e o

desenvolvimento da organização.

O sucesso nos programas de QVT depende não apenas das iniciativas

institucionais, mas sim da colaboração e participação dos empregados na

atividades/eventos.

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ANEXO 1

PIRÂMIDE DE MASLOW

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES HUMANAS

Fonte: http//upload.wikmedia.org/wikpedia/commons/f/f7/Hierarquia das

necessidades de Maslow.png

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ANEXO 2

Você tem qualidade de vida?

O teste a seguir será voltado para a área de desenvolvimento de seu nível de

qualidade de vida. Responda a cada questão, colocando o que descreve

melhor á sua situação atual:

N

°

PERGUNTA FREQUENTEM

ENTE

ALGUM

AS

VEZES

RARAMEN

TE OU

NUNCA

1 Tomo um bom café da manhã, com

frutas, cereais, etc.

2 Como frutas e vegetais crus, pelo

menos duas vezes ao dia.

3 Tomo menos que cinco doses de

bebida alcoólica por semana.

4 Evito comer alimentos doces ou açúcar

no dia-a-dia.

5 Bebo no máximo quatro cafezinhos por

dia.

6 Bebo no mínimo cinco copos de água

por dia.

7 Pratico mais de 30 minutos de atividade

física, pelo menos três

vezes por semana.

8 Evito drogas e tabaco.

9 Quando exposto ao sol, protejo minha

pele com protetor

solar, chapéu, etc..

1

0

Sou capaz de expressar minha raiva ou

meu descontentamento

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a fim de resolver os problemas, em vez

de engoli-los.

1

1

Dedico à meditação ou ao relaxamento

um mínimo de

15 a 20 minutos por dia.

1

2

Durmo bem, no mínimo 6h por dia

1

3

No final do dia estou bem, tenho

energia para atividades extras

1

4

Não me sinto tenso ou ansioso, e gosto

muito da minha vida.

1

5

Acredito que minha vida tenha propósito

e significado.

1

6

O dia-a-dia é uma fonte de prazer para

mim.

1

7

Vejo o futuro como uma oportunidade a

mais de crescimento.

1

8

Tenho uma visão positiva do mundo.

1

9

Tenho atividades sociais, em pelo

menos três dias por sema.

2

0

Harmonia familiar faz parte da minha

vida.

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ANEXO 3

Este gráfico possui coluna de 0 até 100% e na linha vinte perguntas, porém,

expressa somente os números ímpares das questões, facilitando a

visualização. Segue abaixo o gráfico seguido do questionário.

Gráfico: Você tem qualidade de vida?

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ANEXO 4

Questionário

1º - Tomo café da manhã, com frutas, cereais, etc.: 35%, 50% e 15%;

2º - Como frutas e vegetais crus pelo menos duas vezes ao dia: 35%, 45% e

20%;

3º - Tomo menos que cinco doses de bebida alcoólica por semana: 40%, 10%

e 50%;

4º - Evito comer alimentos doces ou açúcar no dia-a-dia: 55%, 25% e 20%;

5º - Bebo no máximo quatro cafezinhos por dia: 15%, 45% e 40%;

6º - Bebo no mínimo cinco copos de água por dia: 75%, 15% e 10%;

7º - Pratico atividade física de 30 minutos ao menos três vezes por semana:

45%, 35% e 20%;

8º - Evito drogas e tabaco: 65%, 0% e 35%;

9º - Quando exposto ao sol, protejo minha pele com protetor solar, chapéu,

etc.: 45%, 30% e 25%;

10º - Sou capaz de expressar minha raiva ou meu descontentamento a fim de

resolver os meus problemas, em vez de engoli-los: 20%, 60% e 20%;

11º - Dedico a meditação ou ao relaxamento um mínimo de 15 a 20 minutos

por dia: 30%, 25% e 40%;

12º - Durmo bem, no mínimo 6 horas por noite: 85%, 10% e 05%;

13º - No final do dia estou bem, tenho energia para atividades extras: 55%,

45% e 0%;

14º - Não me sinto tenso ou ansioso, e gosto muito da minha vida: 70%, 20 e

10%;

15° - Acredito que minha vida tenha propósito e significado: 100%, 0% e 0%;

16º - O dia-a-dia é uma fonte de prazer para mim: 90%, 10% e 0%;

17º - Vejo o futuro como uma oportunidade a mais de crescimento: 85%, 10% e

05%;

18º - Tenho uma visão positiva do mundo: 75%, 15% e 10%;

19º - Tenho atividades sociais em pelo menos três dias da semana: 25%, 45%

e 25%;

20º - Harmonia familiar faz parte da minha vida: 85%, 10% e 05%.